Elas têm a força e são vitaminadas

O POTENCIAL
DA ALGAROBA
PARA O
FABRICO DE
CARVÃO
VEGETAL
Segurança
A parte florestal produz 40
metros cúbicos de
madeira/hectare, com
expansão prevista para 105
metros cúbicos/ hectare nos
próximos anos. Com
replantio inovador, a
algaroba passará de cultura
extrativista para racional.
400
plantas
serão incorporadas em um
espaço onde havia somente
100: replantio sustentável e
sistematizado (em 5x5)
SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 27/10/2008
Vida útil
500
O tempo de vida varia,
podendo ultrapassar duas
décadas, como as que estão
plantadas no bosque da
Riocon. A desvantagem na
longevidade é que a
produção, passados 20
anos, por exemplo,
começa a definhar
|
RURAL
reais
é quanto um trabalhador
ganha em períodos de safra
boa, chegando a colher até
150 kg de vagens por mês
|
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ALGAROBA ❚ Logo que chegou, planta foi apresentada pelo governo federal como “salvadora” do Nordeste
Elas têm a força e são vitaminadas
JOSÉ SILVA | AG. ATARDE | 15.10.2008
Algarobeiras do sertão nordestino são vistas agora como plantas de futuro. De olho no potencial alimentício, "planta mágica do Nordeste" pode ser transformada até em bebida láctea
JUSCELINO SOUZA
SUCURSAL VITÓRIA DA CONQUISTA
[email protected]
Implantada no Brasil na década
de 1940, a algaroba (Prosopis juliflora), que é originária dos Andes peruanos, produz uma vagem rica em proteínas, fibras,
sais minerais, carboidratos e
açúcares. Desde então, servia
apenas para alimentar caprinos,
ovinos, eqüinos e bovinos.
Naquele período, a algaroba
foi apresentada pelo governo federal como planta salvadora do
Nordeste, mas a proliferação desordenada da planta resultou em
bosques isolados e os produtores
já não sabiam o que fazer diante
dos mitos criados.
Como os animais de maior
porte, como cavalos de competição, apresentam mais vigor após
a ingestão das vagens, o material
deixou o campo e foi parar nas
bancadas de laboratórios até que
as pesquisas finais mudaram o
rumo da atividade.
Recentemente, um estudo feito na Universidade Federal da
Paraíba (UFPB) avaliou o potencial econômico e social da algaroba no semi-árido. A pesquisa
apresentou resultados positivos
em relação à versatilidade da leguminosa também para consumo humano, com potencial para
produção de artigos como farinha, pães, biscoitos, bolo, mel,
vinagre e aguardente.
A algarobeira, que agora é vis-
ta como "planta mágica do Nordeste", pode ser ainda transformada em bebida láctea, por
exemplo, e ser servida na merenda escolar em regiões carentes.
Esta utilização é defendida pelo
engenheiro de alimentos, Clóvis
Gouveia da Silva, um dos autores
da pesquisa.
PRODUÇÃO RACIONAL – Os
primeiros ensaios com farelo de
algaroba triturada ocorreram em
1996, numa pequena fábrica encravada numa das regiões mais
áridas da Bahia, em Manoel Vitorino, sudoeste baiano, a 395 km
de Salvador.
De produção caseira e artesanal para fazer frente à seca, o produto transformado rompeu
fronteiras e já chegou a todo o Estado, além de Pernambuco e norte de Minas Gerais em forma de
suplemento alimentar animal.
Até 2007, os experimentos na
cadeia produtiva da algaroba na
Bahia se valiam apenas de uma
área de 100 hectares porque só se
enxergava a árvore como produtora de vagem e nada mais.
Com a linha de farelos para ração já consolidada, preparando-se para alcançar a plena capacidade instalada de dez mil toneladas até 2010, a empresa investe no desenvolvimento de
uma nova linha, a de goma, a ser
utilizada como aditivo na alimentação humana.
Alessander Davi comemora
os avanços das pesquisas, enfa-
tizando que "o potencial dessa
vertente de alimentação humana (farinha e goma) é tanto que a
Riocon foi contemplada com recursos do edital do Programa Bahia Inovação 2008, de subvenção
econômica para empresas".
O incentivo partiu da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), ligada à
Secretaria Estadual de Ciência,
Tecnologia e Inovação (Secti). Os
técnicos estiveram na propriedade e anunciaram a novidade.
Em linhas gerais, o incentivo
pode ser entendido como a abertura de espaço para parcerias
com a iniciativa pública para resultar em patrocínio para desenvolvimento de novos produtos,
como na alimentação humana.