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FORMAÇÃO AVANÇADA | CARTOGRAFIAS DA EXPERIÊNCIA: DO CORPO À CIDADE – ‘CRIAR CORPO-CRIAR CIDADE’ 1 FORMAÇÃO AVANÇADA | CARTOGRAFIAS DA EXPERIÊNCIA: DO CORPO À CIDADE – ‘CRIAR CORPO-CRIAR CIDADE’ Duração/ ECTS Duas sessões constituídas por 5 módulos de 9 horas cada. 90 horas de contacto lectivo, 150 horas de trabalho - 6 ECTS Datas: 31 de Outubro de a 30 de Novembro de 2013 e 6 de Fevereiro a 8 de Março de 2014 Horário Cada módulo funcionará em seminários de 3 horas, três vezes por semana, em horário póslaboral: 5ªs e 6ªs : 18h-21h, Sábados: 10h – 13h Organização Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa c.e.m. - centro em movimento Núcleo de Estudos Urbanos do Centro de Estudos Geográficos do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa Apresentação do curso "Criar corpo-criar cidade" é um curso teórico-prático que se propõe trabalhar o movimento do corpo (sensação-percepção e gesto) na sua relação com a cidade (espaço-lugar-habitabilidade) analisando e discutindo práticas artísticas no encontro com sistemas de organização política e social que advêm da formatação de determinados corpos e de determinadas cidades. “Percorrer um espaço não é inconsequente. Caminhar na rua propõe uma linguagem de entendimento do espaço. Se se decide ir por uma rua e não por outra, concorre de certeza edifícios, do grau de luz que permitem, da afinidade com as cores e os brilhos, com o espaço que é destinado a andar a pé, e o que exigem em termos de grau de atenção e velocidade no atravessamento desse espaço. Estes factores e tantos outros moldam o corpo, fazem nele fronteiras compatíveis com os lugares que percorre enquanto as está a percorrer, e que se activam e recompõem ao percorrer cada lugar. …” (Estevens, Agostinho e Neuparth (2012)) "Querido, mudei a cidade!" in Le Monde Diplomatique – versão portuguesa, Dezembro, 2012). 2 Numa perspectiva teórica, pretende-se discutir o corpo e a cidade e o modo como se cruzam as diferentes perspectivas encontrando-se, concomitantemente, a prática da reflexão teórica de co-criação corpo-rua/cidade, no espaço do c.e.m. – centro em movimento. Pretende-se que este curso tenha uma abordagem multidisciplinar no olhar o corpo e a cidade e por isso os formadores serão de várias áreas do conhecimento, desde a antropologia à dramaturgia, passando pela literatura comparada, pela geografia ou pela escrita. Destinatários Estudantes e profissionais que tenham interesse em desenvolver conhecimentos na área do movimento do corpo (sensação-percepção e gesto) na sua relação com a cidade (espaço-lugarhabitabilidade). Nº Participantes O número de vagas previsto é de 20 alunos, podendo o curso funcionar com um mínimo de 5. Inscrição/propinas Curso completo com avaliação : 180€ Sessão de 5 módulos com avaliação: 90€ Inscrição por módulo (sem avaliação ou acreditação): 25€ Estrutura curricular O curso organiza-se em duas partes que se complementam, uma leccionada em OutubroNovembro e outra em Fevereiro-Março, ambas constituídas por módulos de 9 horas cada, 5 módulos por secção. Os alunos poderão inscrever-se apenas num bloco de módulos ou em dois. Prevê-se que as aulas decorram em horário pós-laboral às quintas e sextas-feiras (18h-21) e aos sábados (10h-13h). Metodologias de ensino e critérios de avaliação O curso será oferecido através de aulas teórico-práticas que serão leccionadas na FLUL e no Centro em Movimento (algumas sessões de trabalho prático). A avaliação consistirá na realização de um diário de bordo individual, elaborado a par das sessões de contacto efectivo. Este trabalho deverá contemplar as diversas etapas de aprendizagem e deverá ser discutido 3 em cada um dos módulos com o respectivo formador. Poderá ainda incidir particularmente sobre apenas alguns módulos da preferência do formando. O diário de bordo será distribuído e avaliado pelos vários formadores no final do curso. É também possível a frequência do curso sem avaliação. Plano de estudos e calendário 2013 - 2014 MÓDULO DOCENTE DATA Staring at life: a experiência do Peter Hulton (Arts 31 Outubro, 1 e 2 de acontecimento. Práticas de Documentation Unit / Novembro de 2013 documentação University of Exeter) CONVIDADO A prática do corpo escrita Espaços de movimento transição Margarida Agostinho (c.e.m) e Ana Estevens (NETURB-CEG) Vazio e fragmento. Novos paradigmas para uma poética do ser. Textos literários, fotografia, filmes Corpo-(in)disciplina. Entre o estudo do movimento, a escrita, a geografia e a arte pública Narrativas, didascálias incidências 7, 8 e 9 de Novembro de 2013 14, 15 e 16 Novembro de 2013 de 21, 22 e 23 Novembro de 2013 de Sofia Neuparth, Margarida 28, 29 e 30 Agostinho, Ana Estevens e Novembro de 2013 Marta Traquino de Francesca Negro (CEC – FLUL) e Patrícia Portela (escritora e 6,7 e 8 de Fevereiro de dramaturga) 2014 CONVIDADA Corpo-acontecimento Sofia Neuparth (c.e.m) 13, 14 e 15 de Fevereiro de 2014 O corpo como espaço Manuela Carvalho (CEC – 20, 21 e 22 de Fevereiro performativo na literatura e FLUL) de 2014 cultura visual Espaço, Literatura e Género Ana Filipa Prata (CEC-FLUL) 27, 28 de Fevereiro e 1 de Março de 2014 Para a medida da cidade Marta Traquino (FBAUL) 6, 7 e 8 de Março de 4 2014 Conteúdos programáticos Espaços de transição e movimento Ana Estevens (NETURB-CEG) Neste módulo pretende-se, no quadro do debate crítico, discutir a relação entre as transformações das cidades contemporâneas e os diferentes movimentos migratórios. Associado a este debate, tem-se também como objectivo identificar as principais dinâmicas de transformação social nas quais se identificam fenómenos de desigualdade (económica, social, política ou cultural), processos de exclusão e segregação, tal como os efeitos visíveis e invisíveis destas trajectórias. Pontos a abordar: habitar a cidade; as migrações – de um lugar a outro ou a permanência no mesmo lugar?; outros olhares sobre o espaço urbano. Espaço, Literatura e Género Ana Filipa Prata (CEC-FLUL) Este módulo tem como objectivo problematizar os conceitos de género e de gendered space no âmbito dos Estudos de Identidade. Serão consequentemente discutidas não apenas questões relacionadas com o feminismo, mas também com minorias étnico-raciais. Num primeiro momento, serão comentados alguns dos textos teóricos fundadores da área de estudos. Em seguida, serão analisadas obras literárias e cinematográficas, privilegiando uma discussão acerca das práticas de apropriação do espaço social, cultural e geográfico, a partir de uma perspectiva de género. Serão lidos excertos de obras de Virginia Woolf, Maria Velho da Costa, Annie Ernaux, Maria Judite de Carvalho, entre outros. Vazio e fragmento. Novos paradigmas para uma poética do ser. Textos literários, fotografia, filmes Francesca Negro (CEC – FLUL) Este módulo pretende analisar a relação corpo – espaço – situação a partir da consideração da consciência do corpo como nova etapa da evolução cognitiva do homem. O homem e o desenvolvimento da sua imagem, e o homem e a análise da própria maneira de se relacionar com o corpo são assuntos específicos de criação bastante recente. Podemos dizer que a maneira de falar do corpo e o seu papel no âmbito artístico mudaram a partir da segunda metade do século passado. Porquê? Como? Quais os elementos que podem ter influenciado este processo? Mas, sobretudo, de que forma este processo é representado na literatura e nas outras formas artísticas? O corpo reflexo, representado, reconstruído, o corpo manifesto e o corpo metamórfico, o corpo e o seu desconforto em relação ao ambiente: este e vários outros exemplos de declinação do objecto-sujeito-corpo serão abordados durante o curso, passando pelas obras de Pierpaolo Pasolini, Tiziano Scarpa, Annie Ernaux, J.G Ballard, António Lobo Antunes, José Saramago, Lars Von Trier, Spencer Tunick e outros. O corpo como espaço performativo na literatura e cultura visual Manuela Carvalho (CEC – FLUL) Propõe-se analisar o corpo como objecto cultural e espaço performativo que contempla códigos sociais, práticas políticas e artísticas e desafia estereótipos, encenado tanto em textos literários, como no cinema e artes performativas, como ainda no quotidiano das ruas. Pretende-se conjugar a ideia de espaço socialmente construído com o conceito de corpo moldável nas artes e na ciência. Esta temática será abordada através do estudo comparativo 5 de textos literários (excertos), filmes e várias práticas performativas, nomeadamente, A Dama Pé-de-Cabra, de Alexandre Herculano, O Físico Prodigioso, de Jorge de Sena, Titus Andronicus, de William Shakespeare, o filme The Pillow Book de Peter Greenaway e o trabalho artístico de Adrian Piper e Orlan. A prática do corpo escrita Margarida Agostinho (c.e.m) Este módulo irá abordar a escrita e o acto de escrever como modo de integração do conhecimento enquanto decorre a experiência de observação. Apela assim ao fortalecimento das capacidades de percepção em mobilidade, permitindo uma continuidade no acto de conhecer durante todo o processo de observação – percepção – reflexão – retorno à observação. Trata-se, portanto, de um modo de conhecer que não segmenta as partes do acontecimento que se quer compreender, não enquadrando nem fixando com essa acção quer a experiência, quer o próprio observador. Para isso iremos treinar o gesto da escrita enquanto prática corporal, escrever pelo próprio acto de escrever, presenciando o desenrolar da configuração da escrita com papel e caneta na concretização de texto, que não tem como primeira intenção a transmissão de um conteúdo, mas é antes uma escrita-acção e não uma escrita-reacção meramente descritiva. Iremos abordar o lugar do corpo, no sentido de corpo – matéria de existência, a partir do qual se geram diferentes configurações de escrita que potenciam integrações de conhecimento distintas. Iremos também abordar algumas considerações teóricas, relacionando-as com estas práticas de corpo-escrita: o conceito de ‘individuação’ de Peter Pál Pelbart; o ‘espaço liso’ e o ‘espaço estriado’ de Deleuze e Guattari, e a ‘arqueologia do sentir’ de Mario Perniola. Para a medida da cidade Marta Traquino (Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa) Partindo da afirmação de Jonas Mekas, “Abracei a cidade e a cidade abraçou-me,” reflectir-seá sobre as seguintes questões: Como pode uma cidade abraçar uma pessoa? O que leva alguém a sentir-se abraçado por uma cidade? Nas sessões deste módulo discutiremos as possibilidades de resposta a estas perguntas. Tomaremos como coordenadas as questões provocadas por alguns casos da actual prática artística que trabalha com Espaço e Lugar na cidade (europeia), na atenção à qualidade da percepção do indivíduo face ao que o rodeia, relacionando circunstâncias e materialidades que a condicionam, em contraponto com outras que a podem catalisar e levar ao exercício e à prática da subjectividade. Esta deverá ser entendida como uma travessia entre interior e exterior, através dos limites do corpo, um processo que, como tal, necessita de um tempo próprio ao indivíduo. É neste sentido que nos servirá de mote a frase acima citada, enquanto enunciação metafórica que remete para a importância da antecipação de um movimento deliberado do corpo, direccionado à realidade envolvente. Quer seja um movimento corpóreo, ou no plano das ideias, trata-se de experienciar a aproximação através da medida própria, segundo uma direcção que se toma, pois no movimento do abraço vai-se ao encontro do que se quer tornar próximo. Corpo-(in)disciplina. Entre o estudo do movimento, a escrita, a geografia e a arte pública Sofia Neuparth, Margarida Agostinho, Ana Estevens e Marta Traquino Este módulo pretende discutir e reflectir sobre o processo de criação-documentação e organiza-se em torno dos seguintes tópicos: 1. A criação artística a partir dos estudos do corpo e do movimento (criatividade versus criação; a articulação engenhosa de matérias conhecidas e o caminho no desconhecido; o caminho labiríntico da criação artística; a relação entre investigação e criação artísticas; a comunicação ou a espessura da membrana; os mecanismos de ruptura e afinação do corpo enquanto comunica). 6 2. As práticas de documentação (introdução à experiência de ‘ecoador-ressoador’ e de ‘enquanto’; a criação de atmosferas; o corpo que cria mundo e o mundo que cria corpo; introdução à experiência de temporalidade: o tempo devorador - o tempo simultâneo; introdução à experiência de lado-a-lado). Corpo-acontecimento Sofia Neuparth (c.e.m) Este módulo centrar-se-á na discussão dos seguintes tópicos: 1. A ideia de corpo versus a experiência de corpo: o "fazer" do corpo e o mapeamento do percurso da ideia e da representação de corpo no Ocidente, desde a revolução industrial até hoje, bem como as suas repercussões na criação de um corpo específico. 2. O corpo e a presença: a experiência das práticas de movimento e a relação com algumas raízes do pensamento filosófico (Espinoza, Artaud, Hijikata, Tanaka Min, Deleuze-Guattari, Kuniichi Uno, Peter Pál Pelbart, Simondon, Agamben). 3. Os movimentos que criam corpo: análise dos exercícios específicos de algumas das movimentações que sucedem nas primeiras 4 semanas de desenvolvimento embrionário (biologia). 4. O problema da criação de espaço numa concepção de corpo que está em ‘lugar nenhum’: estudo prático-teórico da relação entre a percepção-sensação de corpo e a modulação de atmosferas na criação de espaços. MÓDULOS DOS CONVIDADOS 2013-2014 Narrativas e incidências e didascálias Patrícia Portela (escritora e dramaturga) Este módulo abordará diferentes modelos e processos dramatúrgicos que tenham como ponto de partida não só a palavra, mas também o som, a imagem e o jogo. Através de exercícios de escrita e de improvisação procuraremos, de uma forma prática, mas também reflexiva, estudar diferentes processos, bem como a sua relevância no panorama actual. Como ponto de partida, utilizaremos partituras performativas pré-existentes (como a theatre piece, de John Cage), assim como diferentes modelos de guiões e peças teatrais do século XIX e XX. Staring at life: a experiência do acontecimento. Práticas de documentação Peter Hulton (Arts Documentation Unit / University of Exeter) Este módulo parte da discussão em torno do conceito de ‘documentação,’ cuja origem etimológica é dupla. A palavra documentação deriva de docere (lat.), que significa ‘guiar’ ou ‘ensinar’, de onde surge também a palavra ‘doutor’. Há, contudo, uma outra origem possível para este termo e que se apresenta como mais interessante: decere (lat.), da qual deriva a palavra ‘decente’. Na sociedade inglesa, diz-se de uma pessoa que é um ‘tipo decente,’ i.e., alguém que é aceite pelos outros indivíduos da sua classe. Se seguirmos a palavra decere até à sua raiz sânscrita, veremos que é possível descobrir que ela se refere a uma ‘oferta’ e que esta implica ser aceite pelos deuses. Tendo em conta esta pista importante, a nossa reflexão orientar-se-á segundo a ideia de que a documentação pode relacionar-se com o que se oferece. É talvez por isso que nunca podemos saber ao certo o que estará à nossa espera em cada nova situação que se apresenta, o que quer dizer que precisamos de ouvir com atenção tudo o que estiver disponível - tal será provavelmente bastante diferente daquilo que imaginamos a priori. Isto significa, consequentemente, que teremos de estar preparados para responder a todas as circunstâncias que se possam apresentar. 7 Bibliografia principal BAUMAN, Zygmunt. 2006. Confiança e Medo na Cidade. Lisboa: Relógio D’Água Editores. BROOKS, Peter. 1993. Body Works: Objects of Desire in Modern Narrative. Cambridge, Mass. and London: Harvard University Press. BUTLER, Judith. 1993. Bodies that Matter: On the Discursive Limits of “Sex”. New York and London: Routledge. DELEUZE, Gilles & Felix Guattari. 2008. Mil Planaltos. Capitalismo e Esquizofrenia. Lisboa: Assírio e Alvim. FISCHER-LICHTE, Erika. 1988. The Transformative Power of Performance: A New Aesthetics. London and New York: Routledge. GALLOP, Jane. 1988. Thinking Through the Body. New York: Columbia University Press. JOSIPOVICI, Gabriel. 1982. Writing and the Body. Brighton: Harvester. MASSEY, Doreen. 1994. Space, Place and Gender. Minneapolis: University of Minnesota Press. NEUPARTH, Sofia & Greiner, Christine (orgs). 2011. Arte Agora – Pensamentos enraizados na experiência. Annablume. NEUPARTH, Sofia, M. Agostinho & A. Estevens (orgs). 2013. Pedras 12 - Pessoas e Lugares. Lisboa: edições c.e.m – centro em movimento. NOCHLIN, Linda. 2001. The Body in Pieces: The Fragment as a Metaphor of Modernity. LondonNew York: Thames and Hudson. ONFRAY, Michel. 2009. A Potência de Existir. Lisboa: Campo da Comunicação. PERNIOLA, Mario. 1993. Do Sentir. Lisboa: Editorial Estampa. PIETROMARCHI, Bartolomeo (ed.). 2005. The [un]common place: art, public space and urban aesthetics in Europe. Barcelona: Fondazione Adriano Olivetti and ACTAR. TRAQUINO, Marta. 2010. A Construção do Lugar pela Arte Contemporânea. S/L: Edições Húmus. WEISS, Gail Weiss and Honi Fern Haber, eds. 1999. Perspectives on the Body: the Intersection of Nature and Culture. London: Routledge. Biografias dos formadores Sofia Neuparth tem um percurso singular no seio da Arte Contemporânea em Portugal. Deu forma a um espaço próprio de investigação artística que sustenta as suas práticas nos estudos do corpo e do movimento. É o entendimento que tem do corpo como acontecimento em relação que determina todo a sua acção, quer a nível do trabalho de formação que desenvolve há 34 anos, quer em relação à estrutura profissional que co-criou e dirige – o c.e.m , do festival 8 que programa – Pedras d´Água , da intervenção politica que realiza e das criações que apresenta. O seu percurso tem sido acompanhado por artistas e teóricos como Steve Paxton, Bragança de Miranda, Peter Pal Pelbart, Christine Greiner ou Helena Katz que muito têm contribuído para a divulgação e inscrição dessa singularidade e da sua pertinência na contemporaneidade.Na sequência do exercício de dançar teoria onde se dedica à ligação entre o trabalho de corpo e o estudo da biologia e da filosofia emergiram criações como “mmm-um poema físico”(2005), “práticas para ver o invisível e guardar segredo”(2010), “ 1 ou 2 contentamentos comedidos”(2011) ou “pátio” (2012). Margarida Agostinho integra a equipa do c.e.m desde 2002, onde é gestora artística e investigadora em corpo e escrita. Tem-se dedicado à escrita enquanto lugar de si próprio onde se faz escolhas e se pulsa junto com o mundo. Desde há vários anos que se interessa pelo conhecimento e pela importância que o corpo tem nesse acto, o que a levou à área de estudos da Psicopedagogia Perceptiva, e principalmente a fazer trabalho regular no c.e.m (em corpo e escrita) desde 99 - acompanhando encontros e laboratórios de escrita, bem como aulas regulares de corpo/movimento. Em 2003 integrou a Zona Z (zona de criação artística do c.e.m), e desde aí tem tido uma participação activa na criação e experimentação feita nesta estrutura, tanto em colectivo como individualmente em questões entre o corpo, a escrita e o espaço, interrogando o acto de escrever na rua em espaços públicos e questionando formas de pensar e de enraizar pensamento. Ana Estevens tem estudado Geografia e actualmente termina o seu doutoramento em Geografia Humana. Aí debate a complexidade das relações sociais que se estabelecem na cidade contemporânea, abordando mais especificamente o conceito de conflito. Nesta investigação, utiliza metodologias etnográficas numa abordagem qualitativa, onde privilegia a prática de estar na rua e as experiências sensoriais que daí advém. Esta investigação é feita de um modo comparativo entre dois bairros: a Mouraria, em Lisboa, e o Raval, em Barcelona. Ao longo deste percurso, tem feito investigação no Centro de Estudos Geográficos e leccionado na unidade curricular de Geografia Cultural e Social no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa. Nos últimos dois anos, tem-se dedicado a reflectir sobre o modo de produzir cidade na contemporaneidade, o que a aproximou do trabalho desenvolvido no c.e.m. – centro em movimento e a levou a desenvolver/partilhar ideias de investigação/documentação/criação. Manuela Carvalho, doutorada em Estudos Literários pela Universidade de Birmingham (Reino Unido), é Investigadora Auxiliar no Centro de Estudos Comparatistas (CEC) da Universidade de 9 Lisboa desde 2008, onde desenvolve trabalho de investigação e docência na área da tradução teatral e estudos inter-artes e intermedia. Foi coordenadora científica do projecto TETRA (Teatro e Tradução): para uma história da tradução teatral em Portugal, 1800-2010, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia entre 2008 e 2011 (http://tetra.fl.ul.pt/tetra/pt/). Entre as suas publicações mais recentes destaca-se o volume Depois do Labirinto: Teatro e Tradução (co-organizado com Daniela Di Pasquale) (2012), que reúne resultados e estudos encetados no âmbito do TETRA. Ana Filipa Prata Ana Filipa Prata é investigadora no Centro de Estudos Comparatistas e doutorada em Literatura Comparada pela Universidade de Lisboa, com a seguinte tese “Práticas narrativas da cidade: crónicas urbanas de Carlos Drummond de Andrade, Maria Judite de Carvalho e Jacques Réda” (2011). Encontra-se actualmente a desenvolver um projecto de pós-doutoramento sobre os lugares de espera e de trânsito no imaginário contemporâneo, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Publicou recentemente “Des corps urbains sans lieu ni bornes: Maria Judite de Carvalho et Annie Ernaux”, Maria Judite de Carvalho : une écriture en liberté surveillée. Paris : L’Harmattan, 2012. Francesca Negro Francesca Negro é doutorada em Literatura Comparada e investigadora de pós-doutoramento em Literatura Comparada com projecto: A pele doméstica: o espaço da intimidade na literatura contemporânea. Participa no projecto Lisbon-Log e interessa-se pelos Estudos Comparados Inter-Artísticos ligados ao tema do espaço e da cidade. Neste âmbito desenvolveu a sua pesquisa sobretudo no âmbito do cruzamento entre a literatura e as artes figurativas e do espaço e a ciências cognitivas. Colabora com o Instituto de Urbanismo de Paris e é membro do Centro de Estudos Comparatistas. Biografia dos convidados - Peter Hulton É director da Unidade de Documentação de Actividades Artísticas (Arts Documentation Unit) e Investigador Honorário da Universidade de Exeter, no Reino Unido. 10 Chefiou o Departamento de Teatro e Dança da Escola Superior de Artes de Dartington durante vários anos e leccionou em universidades da Índia e da Coreia. Dirigiu um workshop sobre "Teatro e Comunidades" organizado pelo Council of Europe. Fundou e foi editor de "Theatre Papers"-. Tem artigos publicados na Drama review"(USA), "New Theatre Quaterly (U.K.), "Theatre Papers" (U.K.), "Educational Analysis" (U.K.) e "Pertormance Research" (U.K.). No âmbito dos seus estudos realizou uma investigação em Multimédia em Nova lorque, recebeu formação em Hatha Yoga no Instituto Iyengar, na Índia e em Xintoismo no - Ishikiri Jinja em Osaca. As suas peças/adaptações foram representadas pelas seguintes companhias: - "Freehold Theatre Cornpany", "Medium Fair Theatre Company", "Bristol Old Vic Theatre", "Foco Novo" e "BBC2". É um dos directores do Festival Internacional de Workshops, em Londres, sendo também director consultivo da revista de Investigação da Performance (Performance Research Journal), no Reino Unido. - Patrícia Portela Patrícia Portela nasceu em 1974. Tem o bacharelato em Realização Plástica do Espectáculo da ESTC, em Lisboa, fez o MA of Arts in Scenography na Faculty of Theatre the Utrecht e na Central St. Martins College of Art, e frequentou a European Film College, na Dinamarca. Desde 1994 que se dedica à performance, à instalação, ao cinema e à literatura. Como figurinista ou cenógrafa trabalhou com vários grupos independentes dos quais destaca o teatro da garagem, o projecto teatral ou o teatro meridional e com vários realizadores de cinema como Miguel Gomes ou Luís Alavrães. Foi uma das fundadoras do grupo O Resto em 1996 e da Associação Cultural Prado em 2003. Lecciona com regularidade no Fórum Dança desde 2008. Escreveu e coordenou várias performances como: «Wasteband», 2003 (Prémio Reposição Teatro na Década e Menção Honrosa do Prémio Acarte/Madalena de Azeredo Perdigão); Apresentado em Portugal, Bélgica e Alemanha; «Flatland I», 2004 (Prémio Madalena de Azeredo Perdigão 2004 e considerado um dos melhores espectáculos pela crítica portuguesa e belga) e «Trilogia Flatland» (Menção Especial 11 Prémio da Crítica Portuguesa 2006); itinerância pela Europa, Brasil e Médio Oriente desde 2004; «Banquete», 2007 (menção no top10 dos melhores espectáculos do ano pela critica belga); apresentado em Portugal, Bélgica e em Espanha; “A colecção privada de Acácio Nobre”, 2010, Lisboa, Bruxelas, Leuven, Lublijana, Guarda, Viseu, Guimarães, entre outras cidades; Performances para um público juvenil: «Odília», em parceria com a companhia belga Laika em 2006; em itinerância por Portugal, Bélgica e Noruega; «Anita Vai a Nada», 2008 (em parceria com Cláudia Jardim/Teatro Praga); «O Jogo das Perguntas», 2009 (em parceria com Cláudia Jardim); em itinerância por Portugal e Bélgica; Instalações: “AudioMenus”, instalação sonora para cafés e outros espaços de restauração, 2009; em itinerância por Portugal: “O Chiado de Acácio Nobre”, instalação sonora em colaboração com Christoph de Boeck no Museu do Chiado/Festival temps D’images, 2009; “Hortus” instalação para jardins em parceria com Christoph de Boeck, apresentado em Lisboa, Bruxelas, kortrijk, Lublijana, Londres, Coimbra, Évora, Lille, entre outros lugares. Escreveu ainda os textos para os espectáculos: “Monólogo do Oriente” de Rui Horta para o Ballet Gulbenkian em 2004; “Duas Metades”de Mundo Perfeito na Culturgest em 2007; «Robinson Crusoé» em 2010 (texto encomendado pelo Teatro nacional D. Maria II e encenado por Álvaro Rosendo). Publicações: Operação cardume rosa, Editora Fenda, 1998. Se não bigo não digo, Editora Fenda, 1999. Odília ou a história confusa do cérebro de Patrícia Portela, novela, Editorial Caminho, 2007. 12 «Os escudos humanos», in Panos. Palcos novos, palavras novas, peça teatral juvenil, Culturgest, 2008. “Para Cima e Não Para Norte”, romance, Editorial Caminho, 2008. «Robinson Crusoé», peça teatral juvenil, TNDMII/Bicho do mato, 2010 «O Jogo», conto inserido na colectânea “Fora de Jogo”, Caminho das palavras, 2010 «Babbot», conto inserido na colectânea “O prazer da leitura, vol.3”, Teorema/Fnac; “O caso do cadáver esquisito”, primeiro capítulo de um livro colectivo, primeira edição Prado, 2011; “Obituários”, ensaio para a colectânea KRISIS, projecto sobre a crise europeia por autores europeus, Publicações Astor Forlag, Suécia, 2012; “O Banquete”, romance, Editorial Caminho, 2012. Traduções: “Odilia”, o texto para teatro foi traduzido para Norueguês, edições Apne Teater; 2007; “Escudos Humanos” colectânea de dramaturgia portuguesa em Húngaro, L’Harmatzan, 2012. - Marta Traquino Artista e investigadora. Licenciada em Artes Plásticas - Pintura (FBAUL, 1995), mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação (ISCTE, Dept. Sociologia, 2007) e doutora em Belas-Artes / Arte Pública (FBAUL, 2012) com a tese teórico-prática intitulada "Ser na Cidade — urbanidade e prática artística, percepções e acções". Do seu trabalho artístico destacam-se as instalações “Travessia de Fronteira - Parte II” (2007), “Entre” (2005), “Dentro do Ar” (2004), e as propostas para acção “Livre Acesso” (2012), “Para um estado de encontro” (2011) e “Que cor tem agora o céu?” (2010). A sua investigação centra-se em práticas artísticas de abordagem ao Espaço e ao Lugar na Cidade. É membro do grupo de investigação, internacional e independente, On Walls e participa em conferências nacionais e internacionais para o pensamento crítico sobre a Cidade actual. Destas se destacam: “Relocating Borders” (COST/EastBordNet, Humboldt Univ., Berlim, 2013), “Remaking Borders” (COST/EastBordNet, Monastero dei Benedettini, Catania, 2011) e “Framing the City” (CRESC, Manchester Univ., 2011). Em Abril de 2010, o seu livro “A Construção do Lugar pela Arte Contemporânea” foi editado pela Húmus. Desde 1995, tem leccionado cursos e workshops no domínio prático e teórico da Arte Contemporânea em diversas escolas e outras instituições. Em 2013 inicia o seu 13 projecto de investigação teórico-prática em pós-doutoramento designado "Para a prática reflexiva de uma ‘arte conversável’ no domínio público". 14
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