Análise do nível de ansiedade em atletas de futsal amador antes de
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Análise do nível de ansiedade em atletas de futsal amador antes de
1 FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR NÚCLEO DE SAÚDE - NUSAU CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ANÁLISE DO NÍVEL DE ANSIEDADE EM ATLETAS DE FUTSAL AMADOR ANTES DE UM JOGO EM UMA COMPETIÇÃO OFICIAL ODEVANIA DA SILVA SANTOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Porto Velho/RO 2012 2 ANÁLISE DO NÍVEL DE ANSIEDADE EM ATLETAS DE FUTSAL AMADOR ANTES DE UM JOGO EM UMA COMPETIÇÃO OFICIAL Acadêmica: ODEVANIA DA SILVA SANTOS Orientador: DANIEL DELANI Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Educação Física do Núcleo de Saúde da Fundação Universidade Federal de Rondônia, para obtenção do título de Graduada em Licenciatura Plena de Educação Física. Porto Velho/RO 2012 3 Santos, Odevania da Silva Análise do nível de ansiedade em atletas de futsal amador antes de um jogo em uma competição oficial. Odevania da Silva Santos – Porto Velho/RO: s.n., 2012. 53fl. Trabalho de Conclusão de Curso – Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Curso de Licenciatura Plena em Educação Física. Área de Concentração: Saúde. Orientador: Daniel Delani. 1. Atividade Física. 2. Futsal. 3. Ansiedade précompetitiva. 4 ANÁLISE DO NÍVEL DE ANSIEDADE EM ATLETAS DE FUTSAL AMADOR ANTES DE UM JOGO EM UMA COMPETIÇÃO OFICIAL Data da Defesa: ____/____/____ BANCA EXAMINADORA Prof. Esp. Daniel Delani – Orientador Julgamento: ______________ Assinatura: ___________________________________ Prof. Ms. Silvia Teixeira de Pinho Julgamento: ______________ Assinatura: ___________________________________ Prof. Ms. Ricardo Faria Santos Canto Julgamento: ______________ Assinatura: ___________________________________ 5 Dedico este trabalho aos meus pais, que me deram a vida e me ensinaram a vivê-la com dignidade. A vocês, que iluminaram os caminhos obscuros com afeto e dedicação para que o trilhasse sem medo e cheia de esperança, não bastaria um muito obrigado. A vocês, que se doaram inteiros e renunciaram aos seus sonhos, para que, muitas vezes, pudesse realizar o meu. A vocês, pais por natureza, por opção e amor, não bastaria dizer, que não tenho palavras para agradecer tudo isso. Mas é o que acontece agora, quando procuro arduamente uma forma verbal de exprimir uma emoção ímpar. Uma emoção que jamais seria traduzida por palavras. Amo vocês! 6 Agradecimentos Como Anatole France já dizia: “Para realizar grandes conquistas, devemos não apenas agir, mas também sonhar; não apenas planejar, mas também acreditar”. Neste momento, vivo uma realidade que parece um sonho, mas foi preciso muito esforço, determinação, perseverança, maleabilidade e muita, mais muita paciência para chegar até aqui, e nada disso eu conseguiria sozinha. Minha terna gratidão a todos aqueles que colaboraram para que este sonho pudesse ser concretizado. Agradeço a Deus pelo dom da vida, pelo seu amor infinito, sem Ele nada somos. Seu fôlego de vida foi meu sustento e me deu coragem para viver as realidades das quais já escalei e propondo sempre um novo mundo de possibilidades. Agradeço aos meus pais, José Edmilson e Maria de Lourdes, meus maiores exemplos, apesar do pouco estudo que possuem, têm muita experiência de vida. Com dificuldades financeiras, mas conseguiram sustentar e criar com dignidade e firmeza seus sete filhos. Obrigada pelo incentivo e orientação, pelas orações diárias em meu favor, pela preocupação para que estivesse sempre andando pelo caminho correto. Aos meus irmãos, Odair, Denize, Daise, Dalsin, Denilson e Odaíltonse, por todo amor e carinho e que sempre estiveram presentes, ainda que muitas vezes à distância. A uma pessoa especial que apareceu em meu caminho, Cheverry Netto, por todo amor, carinho, paciência e compreensão que tem me dedicado. Apesar de estar longe neste momento, me dá muita força para seguir nesta caminhada e em outras das quais são prioridades. Ao meu orientador Daniel Delani que, com muita paciência e atenção, dedicou do seu valioso tempo para me orientar em cada passo deste trabalho. A todos os professores do curso de Educação Física, pelos ensinamentos disponibilizados nas aulas, cada um de forma especial contribuiu para a conclusão desse trabalho e consequentemente para minha formação profissional. Aos meus amigos, Juciene Brandão, Clarice Lemos, Gilmara Rabelo e Luan Oliveira, a quem aprendi a amar e construir laços eternos. Obrigada por todos os momentos em que fomos estudiosos, brincalhões, atletas, músicos e cúmplices. Porque em vocês encontrei verdadeiros irmãos. Obrigada pela paciência, pelo sorriso, pelo abraço, pela mão que sempre se estendia quando eu precisava, pois esta caminhada não seria a mesma sem vocês. Juci te agradeço, por todo apoio e cumplicidade. Porque mesmo quando distante, 7 estava sempre presente em minha vida. Por tudo que me ajudou nesses anos de graduação, dentro e fora da Unir. E finalmente, obrigada a todos que, mesmo não citados aqui, tanto contribuíram para a conclusão desta etapa. Um muito obrigado a todos vocês. 8 SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................................ 10 ABSTRACT ........................................................................................................................ 11 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 12 2. OBJETIVOS .................................................................................................................... 15 2.1. Objetivo Geral .......................................................................................................... 15 2.2. Objetivos Específicos ............................................................................................... 15 3. REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................................... 16 3.1. ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA ................................................. 16 3.2. PRÁTICA DESPORTIVA ....................................................................................... 17 3.2.1. Primórdios do Futsal.......................................................................................... 17 3.2.2. Primeiras Entidades Oficiais ............................................................................. 18 3.2.3. Primeiras Regras ................................................................................................ 18 3.2.4. Desenvolvimento do Futsal no Mundo .............................................................. 19 3.2.5. Futsal no Brasil .................................................................................................. 21 3.2.6. Futsal Feminino ................................................................................................. 22 3.3. ANSIEDADE ........................................................................................................... 24 3.4. SINTOMAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO ................................................ 27 4. METODOLOGIA ............................................................................................................ 32 4.1. TIPO DE ESTUDO .................................................................................................. 32 4.2. AMOSTRA............................................................................................................... 33 4.3. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO .................................................................... 34 4.3.1. Questionário de Ansiedade Competitiva (Anexo I) .......................................... 34 4.3.2. Termo de Consentimento da Escola (Anexo II) ................................................ 34 4.3.3. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Atleta (Anexo III) .................. 34 4.3.4. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Pai/Responsável (Anexo IV) . 35 4.4. COLETA DE DADOS ............................................................................................. 35 4.5. TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................... 35 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 37 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 44 7. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 46 ANEXO I - Instrumento de Coleta de Dados ...................................................................... 52 ANEXO II - Termo de Concordância ................................................................................. 53 ANEXO III - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .............................................. 54 9 ANEXO IV - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .............................................. 55 10 RESUMO A ansiedade é um estado psicológico que altera e tem influência na concentração e na performance exigida para a prática esportiva. É uma variável fundamental para um bom desempenho do atleta. Antes de qualquer competição é normal que os esportistas fiquem ansiosos por motivos diversos. Este estudo foi conduzido com o objetivo de analisar os níveis de ansiedade em atletas de futsal, em uma competição oficial, em uma única situação, antes de um jogo. O teste de ansiedade utilizado foi o IDATE (Inventário de Ansiedade Traço-Estado), que foi respondido de acordo com a Escala Likert por doze atletas, uma hora antes da competição, realizado na cidade de Porto Velho/RO, no ano de 2011. Verificou-se que desse total de doze atletas, 75% demonstrou terem tendência à ansiedade, enquanto 25% apresentaram nível normal de ansiedade e nenhuma com tendência para a depressão. Baseado nisso, percebemos que a maioria das jogadoras entrevistadas apresenta tendência à ansiedade. Os resultados obtidos nessa amostra de atletas de futsal apontam para conclusões semelhantes obtidas em estudos sobre ansiedade pré-competitiva: onde o local de competição interfere no estado de ansiedade dos competidores. Ademais, é possível observar que competições fora de casa podem elevar o nível de ansiedade dos atletas prejudicando seu desempenho. E com isso, poderemos desenvolver técnicas com o objetivo de regular o nível de ansiedade, de modo que não influencie negativamente no desempenho dos atletas, ou seja, para uma melhor otimização da performance. Palavras Chaves: Atividade Física, Futsal, Ansiedade Pré-competitiva. 11 ABSTRACT Anxiety is a psychological state that changes and it affects the concentration and the performance required for sports. It is a main key for a good performance of the athlete. Before any competition it is normal that those athletes stay anxious for any reason. This study was conducted with the aim of analyzing the levels of anxiety in amateur indoor soccer players before the game in an official competition of a youth team in the situation just before a game. The test of anxiety used was the IDATE (Anxiety Inventory TraitState). It was responded according to the Likert Scale by 12 athletes, one hour before the competition, in a unique game held in Porto Velho city, Rondonia in 2011. It was verified that of an amount of 12 athletes 75% showed to have the tendency to anxiety while 25% had normal level of anxiety and none of them showed the tendency to depression. Based on this, we noticed that most of the female players interviewed have the tendency to depression. The results obtained in this sample of indoor soccer players point to similar conclusions obtained in studies on anxiety pre-competition: the place of the competition may interfere on the state of anxiety of the competitors; competitions outside their home may elevate the level of anxiety of the athletes, harming their performance, among others. Keywords: Physical activity, indoor soccer game, anxiety pre-competition. 12 1. INTRODUÇÃO A ansiedade e alguns fatores emocionais são reconhecidos há muitos anos, porém, seus estudos com profissionais no esporte tomaram impulso a partir dos anos 60. A ansiedade é uma reação emocional onde o atleta sofre resultados positivos ou negativos, podendo influenciar no seu desempenho durante uma partida de futsal (BRANDÃO, 2004). Esta situação fica, cada vez mais, preocupante se consideramos o atual comportamento e o contexto de nossa atual sociedade. A vida agitada, a pressão e o estresse somam-se gerando esta doença que tanto prejudica a qualidade de vida da população em geral. Hanin (1997) apud Ballone (2008), afirmou que o esportista que consegue interpretar positivamente seus níveis de ansiedade tem maiores possibilidades de alcançar uma melhor atuação, principalmente se confrontando com aquele atleta que tem essa percepção negativamente, e que a quantidade ótima de ansiedade necessária para um bom desempenho depende de cada atleta. O autor afirma que há um nível de ativação ideal para todos os atletas, sendo que alguns, por exemplo, podem ter seu melhor nível de rendimento quando têm um nível baixo de ativação (sentem-se mais relaxados), enquanto outros só podem alcançar o êxito quanto têm um alto nível de ativação (sentem-se mais excitados). Para Ballone (2008), o nível de treinamento, a habilidade (perícia) e o histórico de vitórias anteriores aumentam a sensação de autoconfiança dos atletas e tendem a diminuir sua ansiedade que se observa no período pré-competitivo. A influência da atividade física na melhoria da qualidade de vida e no controle de ansiedade tem sido muito divulgada. Por essa razão, os profissionais da área têm afirmado, com frequência, que uma vida saudável deveria equilibrar uma alimentação balanceada, uma vida familiar e social prazerosa e a prática regular de atividade física. Conforme Coqueiro & Honorato (2008) a psicologia do esporte tem um papel importante no rendimento do jogador dentro de uma partida de futsal, seja ela amadora ou profissional. Para Rubio (1999), há uma percepção da performance sendo afetada pelo que chamam de ansiedade ou excitação antes e durante as competições, e para poder controlar essas situações desenvolvem as mais variadas estratégias como, por exemplo, o desenvolvimento da motivação para o rendimento e a aspiração com hierarquia de motivos. 13 Também podemos destacar o meio social em que o atleta vive e que se manifesta na forma de incentivos, elogios, vizualização, relaxamento muscular e reestruturação cognitiva. O que encontramos na literatura é a necessidade de um estado mínimo de disposição para a competição chamada de ativação, havendo uma relação próxima entre o nível de ativação – que também envolve ansiedade e performance. Sabe-se que ela é necessária e variável de atleta para atleta. A ansiedade também se caracteriza por ser um estado emocional negativo caracterizado por nervosismo e preocupação que está associado à ativação ou agitação do corpo. Ela possui um componente de pensamento, denominado de ansiedade cognitiva, e um grau de ativação física percebida, definida como ansiedade somática (WEINBERG & GOULD, 2001). A ansiedade é um termo de uso corrente na vida moderna e enquadra-se dentro do paradigma evolucionário, aparece com enorme frequência em nosso discurso cotidiano, é um comportamento de defesa com resposta a perigos do meio em que vivemos. É uma atitude normal do nosso organismo, portanto fisiológica, sendo responsável pela sua adaptação a alguma situação nova que está próximo de acontecer. O esporte competitivo apresenta particularidades como confronto, demonstração, comparação e avaliação constante de seus participantes, fazendo da competição uma situação na qual o desenvolvimento e a performance do atleta sejam comparados com algum padrão já existente (ROSE JÚNIOR & VASCONCELOS, 1997). Esse tipo de situação, nos atletas, gera ansiedade, preparando-o para lidar com situações danosas como punições, ou qualquer ameaça pessoal, tanto física como mental. Neste caso a ansiedade prepara o organismo para tomar as medidas necessárias, para diminuir suas consequências, sendo uma reação natural e necessária, para autopreservação (ROSITO, 2008). A ansiedade na competição é um problema preocupante para os indivíduos envolvidos no futsal. Como relatado, a pressão psicológica, imposta pela competição, muitos agentes têm dificuldade em lidar com as exigências competitivas. A maioria dos atletas não consegue controlar sua ansiedade, e dentro de uma determinada partida de futsal acabam cometendo erros de passes, chutes a gol e algumas vezes se tornam até agressivos e violentos. A maior parte dos atletas sente uma pressão muito grande nos jogos e competições, entrando em estado de tensão e preocupação, prejudicando seu desempenho dentro da partida (ROMÁN e SAVOIA, 2003). 14 No futsal existe uma preocupação por parte dos atletas em relação ao seu rendimento nos treinamentos e nas partidas oficiais, se o jogador não estiver bem fisicamente e psicologicamente, corre o risco de ficar fora da escalação para a próxima partida, assim os atletas começam a desenvolver a ansiedade, ficam estressados, e acabam não rendendo o seu melhor, cometendo erros ingênuos que prejudicam a sua equipe. Desta forma Moraes et al (2002), apud Moraes et al (2010) destacam que os índices de ansiedade podem prejudicar o desempenho do atleta, uma vez que essa dimensão apresenta direta relação com processos mentais do atleta. Entretanto, embora a ansiedade possa favorecer a performance e a adaptação do indivíduo às circunstâncias, ela o faz somente até certo ponto, até o ponto onde nosso organismo atinja um máximo de eficiência. A partir desse ponto máximo de adaptação a ansiedade, ao invés de contribuir, promoverá exatamente o contrário, ou seja, poderá resultar na falência da capacidade adaptativa. A partir desse ponto crítico, a ansiedade será tanta que não mais favorecerá a adaptação, promovendo então o esgotamento da capacidade adaptativa o que prejudica o desempenho final do atleta. Precisamos entender que a ansiedade é um fato normal quando não é exagerada. Normalmente é desencadeada quando entramos em contato com situações novas e desconhecidas ou quando contém valor afetivo. O corpo fica tenso, tem-se vontade de se movimentar, a respiração acelera, o pensamento fica agitado (muitas idéias passam pela cabeça). Segundo Rosito (2008), ainda não temos material de pesquisa de estudos da psicologia do esporte suficiente para entender o desempenho dos atletas diante das variáveis psicológicas. Desta forma, este trabalho busca diagnosticar e identificar, em um time amador de futsal, mecanismos de caracterização destes níveis de ansiedade com o intuito de contribuir com o melhor rendimento e desempenho das referidas atletas ampliando a discussão e a evolução da temática no Brasil, e em especial na região Norte. 15 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Analisar o nível de ansiedade em atletas de futsal amador feminino antes de um jogo oficial. 2.2. Objetivos Específicos Explicar como a atividade física e a prática esportiva influenciam na qualidade de vida de uma população; Identificar o nível de ansiedade em atletas de um time feminino de futsal antes de um jogo oficial e como este mecanismo influencia a vida do atleta; Avaliar o nível de ansiedade cognitiva, somática, autoconfiança e o nível de autoeficácia das atletas. 16 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA Uma tendência dominante no campo da Educação Física estabelece uma relação entre a prática da atividade física e a conduta saudável. A fisiologia do exercício nos mostra inúmeros estudos sustentando esta tese. Nesta linha, Matsudo & Matsudo (2000), afirmam que os principais benefícios à saúde advindos da prática de atividade física referem-se aos aspectos antropométricos, neuromusculares, metabólicos e psicológicos. Os efeitos metabólicos apontados pelos autores são o aumento do volume sistólico, o aumento da potência aeróbica, o aumento da ventilação pulmonar, a melhoria do perfil lipídico, a diminuição da pressão arterial, a melhora da sensibilidade à insulina e a diminuição da frequência cardíaca em repouso e no trabalho máximo. Com relação aos efeitos antropométricos e neuromusculares ocorre segundo os autores à diminuição da gordura corporal, o incremento da força e da massa muscular, da densidade óssea e da flexibilidade. No fator psicológico, Matsudo & Matsudo (2000), afirmam que a atividade física atua na melhoria da auto-estima, do autoconceito, da imagem corporal, das funções cognitivas e de socialização, na diminuição do estresse e da ansiedade e na diminuição do consumo de medicamentos. Guedes & Guedes (1995), por sua vez, afirmam que a prática de exercícios físicos habituais, além de promover a saúde, influencia na reabilitação de determinadas patologias associadas ao aumento dos índices de morbidade e da mortalidade. Defendem a inter-relação entre atividade física, aptidão física e saúde, as quais se influenciam reciprocamente. Segundo eles, a prática da atividade física influencia e é influenciada pelos índices de aptidão física, as quais determinam e são determinados pelo estado de saúde. Segundo Berger & Macinman (1993) apud Nunomura et al (2004): “a qualidade de vida reflete a satisfação harmoniosa dos objetivos e desejos de uma pessoa; a qualidade de vida ou “felicidade” seria a abundância de aspectos positivos somada a ausência de aspectos negativos”. Em pesquisa realizada por Woodruff & Conway (1992), e na revisão de literatura de Berger & Macinman (1993) apud Nunomura, et al (2004), verificou que a qualidade de vida é o resultado das condições subjetivas do indivíduo nos vários 17 subdomínios que compõem sua vida, como por exemplo, trabalho, vida social, saúde física, humor etc. O exercício físico influencia diretamente a saúde física, o humor e, indiretamente, a vida social. Além disso, outros estudos indicam que a participação dos fatores psicológicos é fundamental para o desenvolvimento da atividade física, tenha ela indicação preventiva ou terapêutica. No entanto, sendo o ser humano biopsicossocial, não é possível desprezar a importância da obtenção de conhecimentos na área da saúde mental e da qualidade de vida para que se possam compreender os efeitos da atividade física sobre o homem. Por este motivo, as pesquisas nessa área precisam ser fomentadas e intensificadas. Com a necessidade de se ter hábitos saudáveis de vida, a prática de esportes tem sido considerada como meio de combater os danos causados pela vida moderna, como a falta de exercícios físicos regularmente e alimentação incorreta. 3.2. PRÁTICA DESPORTIVA 3.2.1. Primórdios do Futsal A Confederação Brasileira de Futsal – CBFS (2009), nos mostra duas versões sobre o seu surgimento, e, tal como em outras modalidades desportivas, há divergências quanto a sua invenção. Há uma versão que o futebol de salão começou a ser jogado por volta de 1940 por frequentadores da Associação Cristã de Moços (ACM), em São Paulo, pois havia uma grande dificuldade em encontrar campos de futebol livres para poderem jogar e então começaram a jogar suas “peladas” nas quadras de basquete e hóquei. No início, jogava-se com cinco, seis ou sete jogadores em cada equipe, mas logo definiram o número de cinco jogadores para cada equipe. As bolas usadas eram de serragem, crina vegetal, ou de cortiça granulada, mas apresentavam o problema de saltarem muito e frequentemente saiam da quadra de jogo, então tiveram seu tamanho diminuído e seu peso aumentado, por este fato o futebol salão foi chamado de “Esporte da bola pesada” (CBFS, 2009). 18 Há também a versão, de que o futebol de salão foi inventado em 1934 na Associação Cristã de Moços (ACM) de Montevidéu, Uruguai, pelo professor Juan Carlos Ceriani, que chamou este novo esporte de “Indoor-foot-ball” (CBFS, 2009). 3.2.2. Primeiras Entidades Oficiais Para a CBFS (2009), Habib Maphuz é um dos nomes que mais se destaca nos primórdios do futebol de salão. Maphuz era professor da ACM de São Paulo e no início dos anos cinquenta participou da elaboração das normas para a prática de várias modalidades esportivas, sendo uma delas o futebol jogado em quadras, tudo isto no âmbito interno da ACM paulista, este mesmo salonista fundou a primeira liga de futebol de salão, a Liga de Futebol de Salão da Associação Cristã de Moços. Mais tarde o professor se tornou o primeiro presidente da Federação Paulista de Futebol de Salão. Em 28 de Julho de 1954 foi fundada a Federação Metropolitana de Futebol de Salão, atual Federação de Futebol de Salão do Estado do Rio de Janeiro, a primeira federação estadual do Brasil, sendo Ammy de Moraes seu primeiro presidente. Neste mesmo ano foi fundada a Federação Mineira de Futebol de Salão. Em 1955 foi fundada a Federação Paulista de Futebol de Salão. O que se viu a partir de então foi o desencadeamento da origem de federações estaduais por todo o Brasil. Em 1956 as Federações cearense, paranaense, gaúcha e baiana. Em 1957 a catarinense e a norte-riograndense, em 1959 a sergipana. Na década de 60 foram fundadas as Federações de Pernambuco, do Distrito Federal, da Paraíba, enquanto na década de 70 tiveram origem às federações acreana, a do Mato Grosso do Sul, a goiana, a piauiense, a mato-grossense, e a maranhense. Nos anos 80 foram fundadas as federações amazonense, a de Rondônia, a do Pará, a Alagoana, a do Espírito Santo e a Amapaense. E, finalmente, na década de 90 vieram as mais novas: Roraimense e a Tocantinense (CBFS, 2009). 3.2.3. Primeiras Regras As primeiras regras publicadas foram editadas em 1956. As normas foram feitas por Luiz Gonzaga de Oliveira Fernandes, em São Paulo. Juan Carlos Ceriani e Habib 19 Maphuz professores da ACM são considerados os pais do futebol de salão. Este esporte, relativamente novo, é sem nenhuma contestação a segunda modalidade esportiva mais popular no Brasil, somente atrás do futebol, e atualmente o esporte em maior crescimento em todo o mundo (CBFS, 2009). O futebol de salão brasileiro tinha no seu início, em meados dos anos cinquenta, várias regras. Foi então que em 5 de fevereiro de 1957 o então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), Sylvio Pacheco criou o Conselho Técnico de Assessores de Futebol de Salão para conciliar divergências e dirigir os destinos do futebol de salão no Brasil. Foram eleitos para este conselho com mandato de três anos: Ammy de Moraes (Guanabara), Luiz Gonzaga de Oliveira Fernandez (São Paulo), Roberto José Horta Mourão (Minas Gerais), Roberval Pereira da Silva (Estado do Rio), Utulante Vitola (Paraná; CBFS, 2009). 3.2.4. Desenvolvimento do Futsal no Mundo Em 14 de setembro de 1969, em Assunção, Paraguai, com a presença de João Havelange presidente da CBD, Luiz Maria Zubizarreta, presidente da Federação Paraguaia de Futebol, e Carlos Bustamante Arzúa, presidente Associação Uruguaia de Futebol, foi fundada a Confederação Sul-Americana de Futebol de Salão - CSAFS, também representou o Brasil nesta reunião Luiz Gonzaga de Oliveira Fernandes (CBFS, 2009). Em 25 de Julho de 1971, em São Paulo numa iniciativa da CBD e da CSAFS, com a presença de representantes do Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai, Peru, Portugal e Uruguai foi fundada a Federação Internacional de Futebol de Salão - Fifusa, o seu primeiro presidente do conselho executivo foi João Havelange, que comandou de 1971 a 1975, mas devido seus compromissos com o futebol, tanto da CBD, como na Fifa, quem realmente dirigiu a Fifusa neste período foi seu secretário geral Luiz Gonzaga de Oliveira Fernandes. Em 1975, Waldir Nogueira Cardoso assumiu a presidência da Fifusa. A partir de 1980 Januário D'Alécio iniciou sua gestão realizando o 1º Pan Americano de Futebol de Salão no México, com a participação de Brasil, México, Paraguai, Uruguai, Argentina, Bolívia e Estados Unidos, competição vencida pelo Brasil (CBFS, 2009). Em 1982, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, a Fifusa organizou o 1º Campeonato Mundial de Futebol de Salão, com a participação de Brasil, Argentina, Costa 20 Rica, Tchecoslováquia, Uruguai, Colômbia, Paraguai, Itália, México, Holanda e Japão. O Brasil venceu a final do Paraguai por 1 a 0 com gol de Jackson, foram campeões neste mundial Pança, Barata, Beto, Walmir, Paulo César, Paulinho Rosas, Leonel, Branquinho, Cacá, Paulo Bonfim, Jackson, Jorginho, Douglas, Carlos Alberto, Miral, treinados por César Vieira (CBFS, 2009). O primeiro mundial foi um marco, a partir de então o futebol de salão começou a despertar o interesse da Fifa, que começou a criar muitas dificuldades para todas as competições patrocinadas pela Fifusa, e ameaçava nos jornais da época em redigir novas regras para o “futebol de cinco” e noticiava que iria patrocinar um mundial (CBFS, 2009). Em 1985 realizou-se, na Espanha, o 2º Campeonato Mundial de Futebol de Salão organizado pela Fifusa. Novamente o Brasil venceu, e, em 1988 foi realizado, na Austrália, o 3º Mundial, com a vitória do Paraguai. Em setembro de 1988, Álvaro Melo Filho, na qualidade de Presidente da CBFS, face as dificuldades da Fifusa e projetando um futuro melhor para o futebol de salão, aceitou convite para encontro no Rio de Janeiro, arquitetado pelo dirigente do Bradesco Ararino Sallum, iniciando negociações com o então Presidente da Fifa, João Havelange, e seu secretário geral, Joseph Blatter, que veio ao Brasil especialmente para tratar de futsal, visando a que a Fifa encampasse a Fifusa e passasse a comandar, internacionalmente, o esporte (CBFS, 2009). Em janeiro de 1989, Álvaro Melo Filho autorizou a equipe do Bradesco a representar o Brasil, na Holanda, na 1º Copa do Mundo de Futsal da Fifa, obtendo o título de campeão mundial (CBFS, 2009). É interessante assinalar que o Brasil, que havia perdido o último mundial da Fifusa, realizado em novembro de 1988, recuperou o título no primeiro mundial da Fifa, disputado em janeiro de 89, ou seja, menos de dois meses depois. Logo após este mundial Álvaro Melo Filho, contando com a anuência e presença de Januário D'Alécio (Presidente da Fifusa), participou de várias reuniões na Fifa, ao longo do ano de 1989, onde sempre teve presença e atuação destacada, dentre outros, do secretario geral da Fifa, à época, Joseph Blatter, tendo as negociações, ao final, acordado a fusão Fifa/Fifusa, quando então foi constituída, na Fifa, com previsão estatutária, a Comissão de Futsal (CBFS, 2009). Em 02 de maio de 1990 o Brasil oficial e legalmente desligou-se da Fifusa em carta do presidente da CBFS Aécio de Borba Vasconcelos àquela entidade, com o aval das 26 Federações filiadas a CBFS, e, desde então, passou a adotar as novas regras de jogo emanadas da Fifa, tendo sempre como objetivos principais espraiar e desenvolver o Futsal 21 (desporto de criação nacional) no mundo e levar a modalidade a integrar o programa dos Jogos Olímpicos, sonho de todos os salonistas (CBFS, 2009). A partir de 1992 as Copas do Mundo de Futsal da Fifa passaram a ser realizadas de quatro em quatro anos, seguindo o mesmo modelo adotado para o futebol. O domínio brasileiro na modalidade é latente. Os brasileiros, além do título conquistado em 1989, na Holanda, venceram também as edições de 1992 (Hong Kong - China), 1996 (Espanha) e 2008 (Brasil). Enquanto os espanhóis, maiores adversários brasileiros, levantaram a taça em 2000 (Guatemala) e 2004(Taipei-China; CBFS, 2009). TABELA 1 – Galeria de campeões do mundo de futsal Ano Campeão Local Entidade 1982 Brasil Brasil Fifusa 1985 Brasil Espanha Fifusa 1988 Paraguai Austrália Fifusa 1989 Brasil Holanda Fifa 1992 Brasil Hong Kong (China) Fifa 1996 Brasil Espanha Fifa 2000 Espanha Guatemala Fifa 2004 Espanha Taipei (China) Fifa 2008 Brasil Brasil Fifa Tailândia Fifa 2012 3.2.5. Futsal no Brasil Neste mesmo ano de 1957, em Minas Gerais, houve uma tentativa de fundar-se a Confederação Brasileira de Futebol de Salão, a ata foi encaminhada ao Conselho Nacional de Desportos, mas o CND não acatou tal ata que foi registrada dia 30 de setembro de 1957 com o nº 2.551. Esta situação como conselho subordinado a CBD perdurou até 1979. Em 15 de junho de 1979 foi realizada a Assembleia Geral que fundou a Confederação Brasileira de Futebol de Salão, tendo sido eleito, para o período 1980/1983, como presidente, Aécio de Borba Vasconcelos (CBFS, 2009). 22 3.2.6. Futsal Feminino O futsal feminino ganha espaço cada vez maior no Brasil e no mundo. Em terras brasileiras a modalidade entre as mulheres, além de ter campeonatos semelhantes ao masculino na Taça Brasil e no Campeonato Brasileiro de Seleções, desde 2005 é realizada, todos os anos, a Liga Futsal Feminina (CBFS, 2009). A cada temporada o que se vê é o crescimento do número de participantes nos campeonatos, o que eleva a qualidade técnica e o interesse do torcedor. Aos poucos está havendo crescimento do investimento no futsal feminino. O desenvolvimento da categoria entre as mulheres é uma aposta em todo mundo, tanto que a Seleção Brasileira de Futsal feminina já é destaque internacional. A equipe brasileira é bicampeã sul-americana, nas edições realizadas aqui no Brasil, em 2005, e no Equador, em 2007 (CBFS, 2009). As jogadoras, assim como os homens, também ganharam o mundo. Nos campeonatos dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia existem atletas do País atuando (CBFS, 2009). O futsal feminino tem apresentado um crescimento lento atualmente, principalmente devido ao obstáculo social e cultural que não permite o ingresso pleno da mulher ao desporto. Praticado em centenas de países, este esporte desperta tanto interesse em função de sua forma de disputa atraente. E de acordo com os autores o futsal oferece a quem pratica regularmente uma oportunidade excelente para se exercitar, e aumentar o potencial de exercício. Jogar é conseguir satisfazer as necessidades do organismo, não só pelo fator fisiológico que os movimentos propiciam, desencadeando trocas energéticas e ativando reações orgânicas, como para o bom desenvolvimento da mente, visto que, com sua enigmática estrutura, precisa liberar muitos impulsos nervosos para o perfeito funcionamento do corpo. A aplicação de um método de trabalho, associado à rotina dos treinos, faz-se necessário para obter um desempenho de alto nível durante as competições. Há que se levar em conta que, para se alcançar esses objetivos, o profissional deve ter um bom treinamento e de realização de jogos e participações em competições. Outro aspecto que deve ser considerado para a formação do atleta é a questão psicológica, pois a preparação física só apresentará resultados positivos se estiver associada a um bom desempenho emocional. 23 É inegável o papel significativo que o esporte e o jogo têm em qualquer cultura ou sociedade em todo o mundo, capaz de colocar em cena as emoções, os sentimentos, os esforços, o tempo e a energia de uma forma que nenhuma outra atividade possa colocar. Entretanto, os diversos elementos que compõem o cenário esportivo podem tanto auxiliar quanto prejudicar o desempenho do atleta, chegando a alguns casos a provocar emoções não apenas positivas, mas negativas também. Nesse cenário, agressão, ansiedade, estresse, frustração, medo, auto-superação, realização, prazer, alegria e divertimento, aparecem entrelaçados como os principais sentimentos associados a pratica esportiva. (DOBRÁNSZKY & MACHADO, 2001). Quando se trata de participação em jogos, principalmente no primeiro jogo do campeonato, deve-se levar em consideração a influência de determinados fatores incluindo, dentre outros, a pressão, medo e ansiedade causada pela obrigação de vencer, o medo de errar passes, de não conseguir fazer gol, a presença da torcida. Desta maneira, os atletas estão sujeitos a pressões psicológicas, que os levam à ansiedade. Na literatura da psicologia aplicada ao esporte, à ansiedade é vista como uma das principais variáveis que interferem no desempenho dos atletas. (FIGUEIREDO, 2000). Os benefícios para a saúde do exercício físico, assim como seus efeitos psicológicos positivos, estão bem estabelecidos na literatura. Sabe-se que a redução da aptidão física geral, principalmente no componente relacionado à capacidade de resistência cardiorrespiratória, normalmente resulta em complicações na realização de tarefas cotidianas relacionadas à vida profissional e à prática de atividades físicas e de lazer, aumentando as chances que o indivíduo tem de desenvolver doenças crônicodegenerativas, como osteoporose, hipertensão, doenças coronarianas e diabetes mellitus. Também está associada a transtornos psiquiátricos, como ansiedade, depressão e alguns estados negativos do humor. (SÔNIA et al, 2007). Nos últimos anos percebe-se que o avanço tecnológico, assim como as pressões sociais, políticas e econômicas, têm contribuído para o aumento de problemas mentais de ordem emocional. Para Sônia et al (2007), “em situações emocionais, o ser humano pode experimentar basicamente três emoções principais, em resposta a uma situação ameaçadora: raiva dirigida para fora (o equivalente à cólera), raiva dirigida contra si mesmo (depressão) e ansiedade ou medo. Encontrando-se em estado de alerta, o organismo reage com um comportamento de fuga ou de ataque ao agente estressor. Ainda que esta reação seja exacerbada com uma descarga de hormônios mais elevada, poderá ser 24 considerada normal, se logo após esta fase de excitação retornar a seu estado de equilíbrio. No entanto, esta fase pode perdurar, envolvendo outros processos internos até a exaustão; desenvolve-se, então, uma patologia como, por exemplo, os transtornos de ansiedade.” Percebe-se então que a prática regular de exercícios físicos pode produzir efeitos antidepressivos e ansiolíticos e proteger o organismo dos efeitos prejudiciais do estresse na saúde física e mental. 3.3. ANSIEDADE Para Graeff (1999), a etiologia da palavra ansiedade provém do termo grego anshein e refere-se a estrangular, sufocar, oprimir. A palavra angústia, um correlato de ansiedade, tem origem no latim, angor, que significa opressão ou falta de ar, e angere, causar pânico. Ambas são palavras latinas, originaram-se da expressão indo-germânica angh, que significa estreitamento, constrição. Esses termos fazem referência à percepção subjetiva da ansiedade, sempre associada a sintomas corporais. A partir dos estudos de Sigmund Freud a ansiedade assume papel importante na psiquiatria. Freud diferenciou a neurose de ansiedade da neurastenia e fez distinção entre ansiedade crônica e ataques de ansiedade. A partir de estudos mais detalhados, da evolução das teorias de aprendizagem, da etologia e do progresso da neurociência, o estudo da psiquiatria direcionou-se mais à biologia, e estas distinções receberam novas definições, tais como ansiedade generalizada, pânico e fobias (GRAEFF, 1999). Do ponto de vista da perspectiva biológica, Graeff (1999), enquadra a ansiedade dentro do paradigma evolucionário, assim como o medo, e tem suas raízes nos comportamentos de defesa dos animais como resposta a perigos do seu meio ambiente, como forma de manter sua integridade física e consequentemente sua sobrevivência. A etiologia dos transtornos de ansiedade aponta para a interação entre predisposição genética e fatores ambientais precipitantes. Contudo, os transtornos da ansiedade também são determinados por experiências marcantes que o indivíduo tenha sofrido durante o desenvolvimento de sua personalidade, a partir das características ambientais a que esteve exposto (GRAEFF, 1999). Para Galvão & Abuchaim (2001), a ansiedade é um sentimento desagradável, vago, indefinido, que pode vir acompanhado de sensações como frio no estômago, aperto 25 no peito, coração acelerado, tremores e podendo haver também sensação de falta de ar. É um sinal de alerta, que faz com que a pessoa possa se defender e proteger de ameaças, sendo uma reação natural e necessária para a auto-preservação. Não é um estado normal, mas é uma reação normal, esperada em determinadas situações. As reações de ansiedade normais não precisam ser tratadas por serem naturais, esperadas e auto limitadas. Segundo Souza et al (2011), a ansiedade é sempre um estado de alerta do organismo que produz um sentimento indefinido de insegurança, podendo atuar em dois planos imediatos: o físico e o psíquico, o que poderá gerar sintomas de inquietude interior (desassossego, insegurança, pressentimento do nada, medos difusos, expectativa do pior) e de tensão motora (tremores, dores musculares, espasmos, incapacidade de relaxamento, tiques nervosos, rosto contraído). O aumento ou a diminuição da ansiedade tem muito a ver com o nível de informação do indivíduo. Para Spielberger, 1972, apud Gonçalves e Belo, 2007, a ansiedade é um complexo estado ou condição psicológica do organismo humano, constituída por propriedades fenomenológicas e fisiológicas que se diferencia de estados emocionais como o estresse, a ameaça e o medo, pois tais eventos se apresentam como possíveis causadores do estado de ansiedade. Além disso, a ansiedade pode se apresentar de formas distintas como, por exemplo, a ansiedade enquanto estado ou enquanto traço. A ansiedade traço – medidas da personalidade; foco na autoimagem; tendência em perceber como ameaçadoras algumas circunstâncias que não são (como você se sente); ansiedade estado – estado emocional temporário que depende da ação dos estímulos ambientais, com sentimentos de apreensão e tensão conscientes, tais como: taquicardia, sudorese, náuseas e câimbras (como você se sente nesse momento). A ansiedade é uma emoção normal, universal do ser humano, que ocorre quando se antecipa uma situação de perigo. Pode ser benéfica, pois conduz a uma mobilização e preparo para melhor enfrentar esses momentos. De acordo com a literatura, os efeitos benéficos advindos do exercício físico e os transtornos do humor são apontados em diversos estudos que abordam os benefícios psicológicos da prática regular de atividades físicas. Porém, os estudos que tentam investigar os efeitos e mecanismos pelo qual o exercício físico pode promover melhoras psicológicas e fisiológicas nos transtornos de ansiedade ainda são bastante reduzidos. Mas com o passar dos anos e o aumento do interesse esportivo, o esporte passou a receber atenção especial de pesquisadores que procuram desenvolver modelos capazes de 26 compreender como as distintas variáveis psicológicas participam do desempenho de atletas e equipes esportivas. Um dos focos principais dos pesquisadores em psicologia esportiva é o interesse pelo papel que a ansiedade desempenha na performance esportiva. As pesquisas em diversos contextos esportivos contribuem para ampliar esse conhecimento tão pouco desenvolvido e que, contudo registra poucos estudos preocupados em investigar como o ambiente de competição pode afetar a saúde psicológica dos praticantes. Corrêa et al (2002), em um estudo qualitativo que avalia aspectos que influenciam o desempenho de jogadores de futebol, chamou a atenção para fatores contextuais envolvidos na profissionalização destes atletas. E que a partir de boas atuações em peneiras ou em times não conhecidos, tornam-se repentinamente famosos, ganhando popularidade e vivenciando uma exposição de mídia para o qual não estão preparados, pois, são no ambiente esportivo que se busca bons resultados. Um estudo de Rebustini et al (2005), com a seleção paulista feminina infanto juvenil de voleibol procurou averiguar a relação entre a carga de treinamento e os estados de humor das jovens atletas, apontaram que um nível de treinamento moderado está relacionado a melhores indicadores de humor, enquanto que o treinamento intenso parece ser prejudicial aos índices de tensão, depressão, raiva e confusão. O treinamento intenso está relacionado a uma deterioração das variáveis de vigor, fadiga e índice dos estados emocionais atuais. Por estarem em constante avaliação, tendo a necessidade de bom desempenho para a manutenção de sua posição ou conquista de espaço, os atletas costumam apresentar ansiedade vinculada a performance. Um estudo de Román & Savoia (2003) buscou levantar de forma descritiva os pensamentos mais frequentes apresentados por jovens atletas da categoria de base de um clube profissional. O pensamento disfuncional mais frequente apontado foi o de não errar passes e o de não poder desperdiçar oportunidades. Outro pensamento muito relatado foi quanto ao de não poder errar, pois assim prejudicou meu time. Estudo de Petruzzelo et al (1991) pesquisou três metanálises para verificar quantitativamente a literatura de estudos que relacionavam o exercício físico com ansiedade traço e sintomas fisiológicos relacionados a ansiedade. Em todos os casos se verificou que o exercício aeróbico está associado à redução da ansiedade. No que se refere à ansiedade estado, o exercício demonstrou diminuir seus sintomas e para mudanças 27 significativas ocorrerem há a necessidade de programas de no mínimo dez semanas. O estudo não foi claro no que se refere ao tempo mínimo de exercício diário para a obtenção dos benefícios. Metanálises de estudos experimentais conduzida por Guszkowska (2004) correlacionando a prática de exercício físico com estados de ansiedade, depressão e humor, apontou efeitos positivos quanto aos benefícios do exercício para a saúde das pessoas e de populações clínicas. O estudo aponta que mesmo uma única sessão de exercícios apresenta resultados positivos para a ansiedade e depressão, e que a duração destes exercícios pode ser em torno de quinze a trinta minutos. As melhorias psicológicas incluem melhoria na percepção de autoeficácia, distração e dissonância cognitiva. Devemos entender que a ansiedade é como um fenômeno que ora nos beneficia, ora nos prejudica, dependendo das circunstâncias ou intensidade, e que tornar-se patológico, isto é, prejudicial ao nosso funcionamento psíquico e somático. É algo que está presente em nosso desenvolvimento normal, nas mudanças e nas experiências novas e inéditas que ocorrem frequentemente em nossas vidas, em nosso cotidiano. 3.4. SINTOMAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO A pessoa pode sentir tremores, sensação de fraqueza, calafrios, sudorese, mãos frias e úmidas, pouca concentração ou memória prejudicada, inquietação, dor de cabeça, falta de ar, suor em excesso, palpitações, problemas gastrointestinais, tensão ou dor muscular, fadiga, irritabilidade e facilidade em alterar-se, etc. É muito difícil controlar a preocupação, o que pode gerar um esgotamento na saúde física e mental do indivíduo (GALVÃO & ABUCHAIM, 2001). Os sintomas podem ser os mais diversos e vários aspectos pode estar comprometido, o trabalho inicial do médico está em excluir outras doenças que possam ter sintomas semelhantes ao transtorno de ansiedade. Para tanto, alguns exames clínicos podem ser necessários, sendo que mais importante do que isso é o relato detalhado de informações do paciente (GALVÃO & ABUCHAIM, 2001). De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP (2008, p. 4): “No transtorno de ansiedade generalizada, as manifestações de ansiedade oscilam ao longo do tempo, mas não ocorrem na forma de ataques, nem se relacionam com situações determinadas. Estão presentes na maioria 28 dos dias e por longos períodos, de muitos meses ou anos. O sintoma principal é a expectativa apreensiva ou preocupação exagerada, mórbida. A pessoa está a maior parte do tempo preocupada em excesso. Além disso, sofre de sintomas como inquietude, cansaço, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, insônia e sudorese. O início do transtorno de ansiedade generalizada é insidioso e precoce. Os pacientes informam que sempre foram “nervosos”, “tensos”. A evolução se dá no sentido da cronicidade”. Os dois componentes principais do tratamento dos transtornos de ansiedade são o emprego de medicamentos em médio e longo prazo e/ou a psicoterapia cognitivocomportamental. O diagnóstico deve ser abrangente para se elaborar um plano de tratamento com objetivos bem definidos. Os graus de incapacitação variam muito de caso para caso, nos diferentes transtornos de ansiedade. Certos sintomas, mesmo os considerados principais, muitas vezes não resultam em melhora significativa (ABP, 2008). Os medicamentos são antidepressivos e/ou ansiolíticos, utilizados por um determinado período. A maioria das pessoas experimenta uma acentuada redução da ansiedade quando lhes é oferecida a oportunidade de discutir suas dificuldades com um profissional experiente (GALVÃO & ABUCHAIM, 2001). Os pacientes precisam ser informados quanto aos efeitos dos medicamentos, especialmente os indesejáveis. Deve ser explicado que os medicamentos demoram semanas para induzir os efeitos terapêuticos (ABP, 2008). O transtorno de ansiedade generalizada passou a ser considerado um transtorno residual desde a publicação dos critérios diagnósticos da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-IV) e da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde - OMS (CID-10). Essa situação está mudando com a demonstração a partir de estudos epidemiológicos de que o transtorno existe sozinho, é frequente e muito incapacitante (ABP, 2008). Por causa das dúvidas quanto à importância clínica do transtorno de ansiedade generalizada e do predomínio do emprego de outras categorias diagnósticas de ansiedade, poucos estudos controlados foram realizados sobre o tratamento dessa condição (ABP, 2008). O primeiro estudo randomizado, duplocego, placebo-controlado, sobre o tratamento do transtorno de ansiedade generalizada definido de acordo com o sistema DSM-IV, foi realizado com a venlafaxina XR. Três doses de venlafaxina XR, 75, 150 e 225 mg/dia foram superiores ao placebo quanto à eficácia em um período de tratamento de 29 seis meses. Os três níveis de doses foram comparavelmente eficazes e todos superiores ao placebo. Posteriormente, foi bem demonstrada à eficácia da sertralina no tratamento do transtorno de ansiedade generalizada em dois estudos randomizados, duplo-cego, placebocontrolados (ABP, 2008). Pacientes que seriam diagnosticados como sofrendo do transtorno de ansiedade generalizada dos sistemas DSM-IV ou CID-10 são tratados há três décadas, principalmente com os benzodiazepínicos. Em muitos ensaios clínicos randomizados, duplo-cego, placebocontrolados, foi demonstrada a eficácia dos vários benzodiazepínicos no tratamento de pacientes com o antigo diagnóstico de “neurose de ansiedade” que, certamente, incluía os casos atuais de Transtorno de ansiedade generalizada (ABP, 2008). Tanto os resultados de estudos realizados com amostras heterogêneas de casos com transtornos de ansiedade quanto o emprego largamente disseminado dos benzodiazepínicos para o tratamento da ansiedade não são base para a orientação quanto ao melhor tratamento dos pacientes (ABP, 2008). Em função dos níveis (qualidade e quantidade) de evidências científicas (resultados de ensaios clínicos randomizados, duplo-cego, placebo-controlados), descritos, demonstram a eficácia dos medicamentos para o tratamento dos transtornos de ansiedade. Na avaliação de cada paciente, o médico deverá exercer o julgamento clínico e optar por um medicamento. Ansiedade antes ou durante competições atléticas podem dificultar o seu desempenho como atleta. O movimento coordenado exigido por eventos esportivos tornase cada vez mais difícil quando o seu corpo está em um estado de tensão. Um certo nível de excitação física é útil e nos prepara para a competição. Mas quando os físicos sintomas de ansiedade são muito grandes, eles podem interferir seriamente com a sua capacidade de competir. Da mesma forma, uma certa quantidade de se preocupar sobre como executar pode ser útil na competição, mas os sintomas cognitivos graves de ansiedade, tais como padrões de pensamentos negativos e expectativas de fracasso pode trazer uma profecia autorrealizável. Se há uma diferença substancial entre o modo como você executa durante a prática e como você faz durante as competições, a ansiedade pode estar afetando o seu desempenho. Alguns tipos de atletas são mais propensos a sentir os efeitos da ansiedade sobre o desempenho. Atletas amadores são mais propensos do que os profissionais experientes de sofrer de ansiedade que interfere com sua capacidade de executar na competição - isso faz 30 sentido, devido à sua relativa falta de experiência, tanto na competição e na gestão de excitação (CUNCIC, 2009). Os atletas que participam de esportes individuais também foram encontrados para experimentar mais ansiedade do que aqueles que praticam esportes de equipe. O senso comum sugere que ser parte de uma equipe alivia um pouco a pressão experimentada por aqueles que competem sozinho (CUNCIC, 2009). Finalmente, há evidências de que em esportes de equipe, quando um time joga no local da oposição (conhecido como um jogo "fora") os níveis de ansiedade tendem a serem maiores do que quando jogar em casa. Novamente, o bom senso indicaria que ter apoio maior do fã e maior familiaridade com o local desempenha um papel importante nos níveis de ansiedade durante a competição (CUNCIC, 2009). Como são atletas de elite de forma consistente capaz de enfrentar o desafio, quando confrontado com concorrência acirrada? A pesquisa de Cuncic mostra que a autoconfiança desempenha um papel em como você reage aos sintomas de ansiedade durante o desempenho atlético. Pessoas que são confiantes em suas habilidades são mais propensas a ter uma reação positiva para a excitação e ansiedade e prosperar sobre o desafio da concorrência. Os atletas de elite são muitas vezes tão focados em seu comportamento que eles interpretam como excitação ao invés de ansiedade. Em geral, autoconfiança tende a ser maior quando você acreditar em sua capacidade e sentir que devidamente está preparado para uma competição. Preocupação e confiança estão em extremos opostos do espectro, quando a confiança é forte, tende a multidão a se preocupar fora da mente. Podemos usar uma série de estratégias para ajudar a controlar a ansiedade relacionada ao desempenho atlético, incluindo visualização, relaxamento muscular progressivo e reestruturação cognitiva. Se percebemos que os sintomas de ansiedade são graves e não melhoram com o uso de estratégias de autoajuda, deve-se planejar uma visita ao médico para discutir suas preocupações (CUNCIC, 2009). Muitos atletas de elite usam a visualização para melhorar o desempenho, desenvolver a confiança, e controlar a ansiedade. Visualização, também conhecida como imagens ou ensaio mental, envolve imaginar a si mesmo competir com sucesso em um evento atlético (QUINN, 2010). Quanto ao relaxamento muscular progressivo, devemos buscar um lugar tranquilo e alguns minutos livres, enrijecimento dos músculos com os olhos fechados, respiração e expiração tranquilos, e para isso precisa-se somente de um 31 lugar confortável, um pouco de privacidade e alguns minutos (SCOTT, 2008). Já a reestruturação cognitiva, um processo de reconhecimento, desafiando e mudando distorções cognitivas e padrões de pensamento negativos podem ser realizados com a ajuda de um terapeuta treinado em terapia cognitiva ou terapia cognitivo comportamental. No entanto, em muitos casos, os resultados também podem ser alcançados em casa com as informações corretas e compromisso com a mudança (SCOTT, 2007). De acordo com a literatura, percebemos que a ansiedade pode afetar o desempenho atlético de qualquer indivíduo, como uma falta de progresso ou melhoria, diminuição do seu desempenho para a competição e acaba não funcionando como um participante da equipe. Muitas pessoas (treinador, psicólogo, familiares, amigos, etc.) podem contribuir para o elevado nível do atleta, com apoio positivo especialmente durante os períodos de ansiedade, pois percebemos que a autoconfiança, motivação, capacidade de concentração e a habilidade de relaxar sob grande pressão melhoram as habilidades mentais do atleta, o que vai prosperar no desafio, que é o da vitória. 32 4. METODOLOGIA 4.1. TIPO DE ESTUDO O estudo caracterizou-se por ser descritivo-exploratório visando através de fatos e situações (questionários) avaliar a ansiedade e auto-eficácia dos jogadores de futsal, uma hora antes do jogo na competição da qual estavam participando. Segundo Gil (2002), o estudo exploratório aprimora as ideias ou descobre intuições. Geralmente, o estudo exploratório quando há pouco conhecimento sobre o tema a ser abordado (AAKER et al., 2004), que é o caso desta investigação. O presente estudo também se caracteriza como uma pesquisa descritiva, pois tem o objetivo de descrever um determinado fenômeno (GIL, 2002), descrevendo as respostas dos entrevistados e a relação do nível de ansiedade cognitiva, somática, autoconfiança, a autoeficácia e performance dos atletas expostos a um evento com um jogo oficial durante uma competição. Sendo uma pesquisa exploratória e descritiva, a metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa, que, de acordo com Levy (2005), é uma metodologia que vem sendo adotada por diversos autores. O propósito desta metodologia é explorar o subjetivo e pessoal do entrevistado na sua experiência vivida, que será expressada de forma descritiva. Geralmente, a pesquisa qualitativa tem a vantagem de provocar sugestões para futuros estudos gerados ao longo do andamento da pesquisa (KATES, 1998). De acordo com Gephart (2004), a pesquisa qualitativa fornece uma narrativa da visão da realidade dos indivíduos, sendo altamente descritiva. Ela ainda dá uma ênfase aos detalhes situacionais, permitindo uma boa descrição dos processos. Segundo Fraser & Gondim (2004, p. 146): “na abordagem qualitativa, o que se pretende, além de conhecer as opiniões das pessoas sobre determinado tema, é entender as motivações, os significados e os valores que sustentam as opiniões e as visões de mundo. Em outras palavras é dar voz ao outro e compreender de que perspectiva ele fala”. 33 A pesquisa qualitativa é importante para a análise do desempenho esportivo, pois fornece insights que são difíceis de serem obtidos em uma pesquisa quantitativa (GEPHART, 2004; SHAH & CORLEY, 2006). Além disso, a pesquisa qualitativa pode fornecer bases para compreender processos de gestão e pode humanizar a pesquisa realçando as interações humanas e os significados do fenômeno (GEPHART, 2004). Segundo Hanson e Grimmer (2007), a pesquisa qualitativa, além de habilidade de fornecer insights fornece um entendimento mais profundo sobre o que está sendo explorado. Goldman e Mac Donald (1987) apud Casotti (1999) relatam que a metodologia qualitativa produz evidências com maior validade do que os questionários, já que possibilita o aparecimento de dados imprevistos ao longo da pesquisa que os questionários não possibilitam. Um outro aspecto que Goldman e Mac Donald (1987) apud Casotti (1999) abordam é a interação entre pesquisador e pesquisado que permite maior flexibilidade, favorecendo a pesquisa. 4.2. AMOSTRA Participaram do estudo doze atletas de futsal feminino de uma Escola Estadual da Zona Sul de Porto Velho/RO, pertencentes à equipe Juvenil (Sub-17), com idade média de 16,33 anos. O limite máximo de idade é de dezessete anos, completados no ano da competição. A faixa etária está de acordo com as Normas Orgânicas do Futebol Brasileiro, RDI (Resolução da Diretoria) nº 03/91, no que se refere às categorias amadoras: Art. 91 - Os campeonatos de futebol amador, patrocinados e dirigidos pela CBF, federações e ligas, serão organizados mediante o estabelecimento das seguintes categorias: A) Categoria de “juvenil” para as competições cujo limite máximo de idade seja fixado em l7 (dezessete) anos, completados no ano da competição. - Na categoria juvenil, será permitida a participação de três atletas da categoria Infantil (13 a 15 anos), entre titulares e suplentes que assinaram a súmula. - Poderá ser incluído mais um atleta se o Conselho Arbitral da Federação em decisão unânime assim o desejar. 34 4.3. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO 4.3.1. Questionário de Ansiedade Competitiva (Anexo I) O questionário de ansiedade competitiva IDATE (Inventário de Ansiedade Traço Estado) referente à psicologia do esporte tem a finalidade de avaliar o estado de ansiedade pré-competitiva das atletas. O inventário foi traduzido e validado por Biaggio (1999), sendo reconhecido no Brasil. De acordo com Kaipper (2008), ele pode ser empregado em estudos com delineamentos diversos, desde estudos de base epidemiológica até ensaios clínicos. Sua utilização tem como objetivo orientar as condutas terapêuticas. Este instrumento utilizado no estudo serve para medir o nível de ansiedade (somática e cognitiva) e a ansiedade relacionada à autoconfiança dos avaliados. Este instrumento é composto de vinte afirmações, o qual utiliza a escala Likert, aborda itens que incluem a avaliação de sintomas psicológicos, os quais estão relacionados com a ocorrência de ansiedade. Cada pergunta do referido questionário tem quatro possibilidades de respostas, com a seguinte pontuação: absolutamente não (1), um pouco (2), bastante (3) e a muitíssimo (4). A soma dos números marcados em cada uma das linhas da tabela irá determinar o estado do atleta. O valor da média da população é de 40, sendo significativo dois para cima ou para baixo. Acima de 42 tende ansiedade e abaixo de 38 tende a depressão. 4.3.2. Termo de Consentimento da Escola (Anexo II) Declaramos que a Escola estava de acordo com a condução da pesquisa “O nível de ansiedade de atletas de futsal da categoria Juvenil” sob a responsabilidade do Profissional de Educação nas suas dependências. 4.3.3. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Atleta (Anexo III) O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Atleta) convidou o atleta a participar do estudo intitulado “Análise do Nível de Ansiedade em Atletas de Futsal 35 Amador Antes de um Jogo”, onde é explicado todo o teor da pesquisa de campo e seus objetivos. 4.3.4. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Pai/Responsável (Anexo IV) O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Pai/Responsável) é a autorização da participação dos atletas pelo seu responsável na participação do estudo intitulado “A influência da autoeficácia e da ansiedade em jogadores de futsal”, onde é explicado todo o teor da pesquisa de campo e seus objetivos. 4.4. COLETA DE DADOS A coleta de dados foi feita uma hora antes da realização de um jogo oficial de futsal pelo campeonato Metropolitano (Competição Municipal - 2011), através do questionário IDATE, em profundidade guiado por um roteiro de perguntas, que está reproduzido no anexo III. A aplicação deste instrumento ocorreu após a prévia orientação do avaliador de como procederia à avaliação sendo que primeiramente foi preenchido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido seguido do Instrumento de Coleta dos Dados. A seleção da população estudada não atendeu critérios específicos de inclusão e exclusão, ou seja, todas as jogadoras foram convidadas a participar da pesquisa e assim o fizeram. 4.5. TRATAMENTO DOS DADOS O tratamento dos dados foi feito através da leitura e interpretação das respostas que foram tabulados conforme estabelecido pelo instrumento utilizado. Valores relativos e absolutos dos resultados obtidos para todas as variáveis analisadas e estruturadas em tabelas. As etapas de tratamento dos dados foram as seguintes: Separação dos questionários acompanhados da identificação por códigos e tabulação dos resultados observados; 36 Verificação dos questionários para a melhor familiarização com os dados, ver qual seria a melhor forma de interpretá-los e perceber quais eram os pontos principais de cada tópico da pesquisa; Elaboração de um resumo de cada questionário para melhor entender o atleta avaliado; Interpretação dos dados obtidos. 37 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO A fim de verificar a média do grupo estudado quanto à ansiedade competitiva, foi realizado o questionário IDATE (Inventário de Ansiedade Traço Estado), referente à psicologia do esporte para verificação desta ansiedade em atletas amadoras. A tabela 2 apresenta a análise percentual dos fatores investigados no instrumento aplicado. TABELA 2 - Análise do nível de ansiedade em atletas de futsal amador antes de um jogo Ansiedade Estado 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. Sinto-me calmo Sinto-me seguro Estou tenso Estou arrependido Sinto-me a vontade Sinto-me perturbado Estou preocupado com possíveis infortúnios Sinto-me descansado Sinto-me ansioso Sinto-me “em casa” Sinto-me confiante Sinto-me nervoso Estou agitado Sinto-me uma pilha de nervos Estou descontraído Sinto-me satisfeito Estou preocupado Sinto-me superexcitado e confuso Sinto-me alegre Sinto-me bem Absolutamente não 50% 8,33% 16,66% 66,66% 16,66% 58,33% Um pouco Bastante Muitíssimo 50% 41.66% 16,66% 8,33% 16,66% 24,99% 33,33% 41,66% 8,33% 41,66% 16,66% 16,66% 24,99% 16,66% 24,99% - 66,66% 16,66% - 16,66% 24,99% 8,33% 33,33% 16,66% 41,66% 41,66% 24,99% 33,33% 24,99% 24,99% 24,99% 24,99% 49,99% 58,33% 33,33% 24,99% 33,33% 33,33% 24,99% 24,99% 33,33% 8,33% 16,66% 16,66% 16,66% 16,66% 8,33% 16,66% 24,99% 41,66% 8,33% 66,66% 33,33% 8,33% 8,33% 16,66% 33,33% 16,66% 41,66% 41,66% - 16,66% 8,33% - 8,33% 8,33% 24,99% 16,66% 58,33% 74,99% Conforme descrito na tabela 2, nenhuma atleta informou sentir-se “bastante” e/ou “muitíssimo” calma durante a aplicação do questionário. Contudo, 50% das entrevistadas demonstraram estar “um pouco” calmas antes da competição, enquanto 50% não estavam absolutamente calmas. Os dados correspondentes ao informado no item 02, referente a estar se sentindo seguro (a), onde 41,66% informaram estar “um pouco” segura e 33,33% “bastante” segura. Ainda a respeito do item 02, 8,33% informaram não estar se sentindo 38 segura antes da competição, o que demonstra que o estado psicológico estar calmo, não necessariamente implica na manifestação de outro estado psicológico, o de estar seguro. Durante a aplicação do questionário, 41,66% declararam estar “bastante” tensa e 24,99% “muitíssimo” tensa. Continuando a respeito da tensão prévia antes do jogo, 16,66% sentiam-se “um pouco” tensa e as restantes também não sentiam absolutamente nada. Correlacionando ao outro estado de estar arrependido, 66,66% informaram não estarem absolutamente arrependidas e somente 16,66 das atletas informaram estar “muitíssimo” arrependido (a). Percebe-se mais uma vez que os estados psicológicos não implicam em outras respostas ditas anteriormente. Diante do exposto na tabela verificamos que 41,66% estavam “bastante” a vontade, 24,99% “muitíssimo” a vontade. E que somente 16,66% não estavam sentindo-se a vontade naquele momento, pois para muitas, 58,33% sentiam-se perturbardas por estar participando de uma competição. E que nenhuma estava “muitíssimo” perturbada. A tabela também se refere a possíveis infortúnios que poderiam advir da ansiedade que estavam sentindo, mas percebemos que 66,66% não estavam preocupadas com possíveis erros ou problemas que poderiam acontecer e atrapalhar a sua performance. Devemos destacar também que nenhuma atleta sentia-se “bastante” preocupada, mas 16,66% estavam “muitíssimo” preocupadas. Quanto ao fato do descanso, 24,99% não estavam descansadas para o jogo, pois também percebemos neste caso, mais uma tendência da ansiedade. Destaca-se neste caso, que atletas não conseguiram dormir ou dormiram mal esta noite. E que 24,99% das atletas estavam no momento totalmente descansadas. Quanto à questão da ansiedade, 41,66% informaram sentir-se “muitíssimo” ansiosas e que somente 8,33% relataram de estarem totalmente tranquilas e relaxadas no momento. Mas devemos destacar que no item 07 sobre a preocupação com possíveis infortúnios merece destaque, porque delas 41,66% deram destaque ao mostrar no questionário que se sentiam ansiosas. Percebemos que a ansiedade está implicando nos possíveis pensamentos de erros que poderiam advir. Já quanto à questão de estar no local do jogo como se fosse sua própria casa, merece destaque que 8,33% das entrevistadas sentiam “em casa” e que a ansiedade neste momento não implicava em nada. A partir daí percebemos que muitas atletas, 66,66% estavam “muitíssimo” confiantes para a partida que iria acontecer e percebemos que provavelmente estavam pensando positivamente na sua atuação. Mas nenhuma não estava absolutamente confiante na performance. Percebemos nestes dados que a ansiedade para algumas atletas estava 39 sendo superada. Merece destaque também o fato do nervosismo, que 33,33% estavam “muitíssimo” nervosas, e que apesar da confiança na atuação estavam “sim” nervosas, o que é normal em uma competição, somente precisa ser estudada e trabalhada individualmente. Os dados também nos fornecem que nenhuma não estava absolutamente nervosa. Sabemos que em alguns momentos as pessoas sentem-se agitadas quando expostas algo que pode ser bom ou ruim, excelente ou péssimo. O caso a se tratar no momento é o fato de estar agitado antes da partida, onde 58,33% estavam “um pouco” agitadas, mas 8,33% estavam “muitíssimo”. Devemos mostrar que dentre as atletas selecionadas da escola, nesta modalidade, 16,66% “absolutamente não” sentiam-se agitadas. Mas que isso as poderiam deixar uma pilha de nervos, onde o resultado é igual ao estar muitíssimo agitado, 8,33%. E neste caso, para 41,66% delas foi bem melhor se agitar para não ficar uma pilha de nervos. Analisando o questionário e a tabela, no item 15, quanto ao fato de estar relaxado, à vontade, notamos que 41,66% não estavam relaxadas, mas ao contrário, 16,66% estavam totalmente relaxadas. E com isso, 33,33% sentem-se “muitíssimo” satisfeitas do que estão pretendendo participar ou realizar durante o campeonato. E, 24,99% “absolutamente não” estão satisfeitas, mas que provavelmente estavam realizando algo desejado por muitas adolescentes nesta fase. A preocupação às vezes nos leva a casos onde não conseguimos realizar algo que desejamos, a preocupação com algo que ainda não aconteceu, pode prejudicar nossas habilidades que serão aplicadas, neste caso, os erros infantis (erro de passes, perca de gols, etc). Deste critério, 33,33% não sentiam-se absolutamente preocupadas, caso ótimo para um atleta, mas 16,66% estavam “muitíssimo” preocupadas. Quanto ao relatado no item 18, quando se retrata a superexcitação, que é uma intensa agitação provocada pelo nervosismo e por fim acarretando na confusão, foi destacado pelas atletas que 16,66% delas sentiam-se agitadas, mas nenhuma sentia-se nervosa, neste momento algumas podem estar entrando em contradição, pois na tabela percebemos que 41,66% não estão absolutamente superexcitadas e confusas. Também merece destaque, o fato de estar “bastante” excitado e confuso, pois neste momento nenhuma sente-se assim, mas que 16,66% sentem-se agitadas e também nervosas. Apesar das preocupações, do nervosismo, da agitação e outros fatores relacionados, mais da metade das atletas (58,33%) estavam se sentido “muitíssimo” alegre. 40 E também merece outro destaque do que foi estudado e aplicado é que 74,99% das atletas estão “muitíssimo” bem, ou seja, estão tentando construir algo que aspiram. De forma geral, aplicando o índice estabelecido para o grupo de atletas em estudo, verificou-se que 25% estão no nível normal e que 75% tende ansiedade. Nenhuma atleta teve tendência à depressão. 0% 25% Tende a Depressão Nível Normal Tende a Ansiedade 75% GRÁFICO 1 - Gráfico demonstrativo do percentual de ansiedade. Durante a aplicação do questionário as atletas pareciam ansiosas, em geral apresentavam nervosismo, gaguejavam, mãos frias, andavam de um lado para o outro e não sabiam se ficavam sentadas ou em pé, balançavam as pernas e batiam um dos pés no chão, outras estavam tremendo, enquanto umas ficavam quietas e caladas, outras conversavam bastante para talvez tentar deixar de lado o nervosismo oriundo da ansiedade do jogo, da pressão da torcida do adversário, o medo de errar passes e gols, e não conseguir satisfazer o técnico e a torcida da maneira que deseja. Cratty (1997) relata que permanecem incertezas sobre a validade dessas medidas objetivas, em função do grande número de variáveis que podem causar ansiedade em determinada situação e dos inúmeros tipos de situações competitivas que os atletas enfrentam, levando em consideração as diferenças individuais relativamente à ansiedade. O autor traz ainda, que o atleta possui uma tendência a adaptar-se a competições sucessivas, o que, somado à questão anterior, faz a tarefa de avaliar a ansiedade, através de questionários, ser algo muito difícil de alcançar. 41 Já Moraes (1990) afirma que existe evidentemente uma relação entre ansiedade e desempenho, e que esses parecem variar de acordo com vários outros fatores como tipo de esporte, dificuldade da tarefa, traço de personalidade do atleta, ambiente, torcida. Salientando, consequentemente, que técnicas de intervenção podem ajudar os atletas a controlarem seus níveis de ansiedade, contribuindo para um melhor desempenho. Concordando com as afirmações anteriores, Guzmán et al (1995), referem que certamente, nas competições desportistas, um alto nível de ansiedade é fator interveniente no desempenho esportivo. Consideram que a sintomatologia da ansiedade produz efeitos negativos no rendimento do desportista como a inibição de suas habilidades motrizes finas, a diminuição da capacidade de tomada de decisão. Os sintomas que referem ser causados pela ansiedade são físicos e psicológicos, sendo psicológicos divididos em dias anteriores e momentos anteriores à competição. Físicos: aceleração da pulsação por minuto, aumento da pressão sanguínea, aumento da tensão muscular, dificuldades respiratórias, sudorese, enjoos, náuseas e boca seca. Psicológicos momentos antes da competição: desconfiança, pensamentos negativos, preocupação irritabilidade, dificuldades em estabelecer atenção, aumento de conflitos pessoais e diminuição da capacidade de processar a informação. Psicológicos dias antes da competição: alterações de pensamento, diminuição do comportamento de autocontrole, cansaço, insônia, dificuldades de relaxar, distração, preocupação e irritação. Os pesquisadores Marquez & Tabernero (1994) acreditam que aprofundando-se os conhecimentos a respeito das diferentes dimensões da ansiedade e dos instrumentos que a medem, pode-se utilizar técnicas de redução de ansiedade, diminuindo a intensidade da mesma de forma eficaz e individualizada, desta forma, proporcionar-se-á uma otimização do rendimento dos desportistas. Martens (1982) apud Campani et al (2011) considera que existem muitas causas para o aparecimento da ansiedade antes da competição, mas acredita que elas se reduzem a dois fatores: a incerteza que os indivíduos possuem acerca do resultado; e a importância que o resultado representa para os indivíduos. O autor certifica que existe um nível ótimo de ativação para executar as habilidades desportivas, sendo que o mesmo varia para cada modalidade desportiva, e de atleta para atleta. Em função desta variabilidade, pensa que 42 embora muitos investigadores sejam capazes de medir o nível de ativação e ansiedade, até o momento, não se tem sido capaz de determinar os estados ótimos. Não podemos deixar de lado, que a prática de atividade física e uma boa alimentação, além de ajudar a manter a forma e também a diminuição dos riscos de doenças, deixam as pessoas mais animadas, descansadas, etc. Mas, tão importante como o exercício físico e a alimentação, é a saúde mental e emocional, ou seja, o resultado para o bem estar total. Claro, que nesse momento em que as atletas estavam, sentir-se bem não é um estado a que se chegue naturalmente. O esporte competitivo apresenta particularidades como confronto, demonstração, comparação e avaliação constante de seus participantes, fazendo da competição uma situação na qual o desenvolvimento e a performance do atleta sejam comparados com algum padrão já existente (DE ROSE & VASCONCELOS, 1997). Esse tipo de situação gera ansiedade. É importante destacar que para Moraes et al (2002), apud Moraes et al (2010) os índices de ansiedade podem prejudicar o desempenho do atleta, uma vez que essa dimensão apresenta direta relação com processos mentais do atleta. Considerando que os resultados deste estudo indicaram uma média de escore acima da normal, pode-se concluir que as atletas apresentam expectativas negativas de si próprias, propiciando um contexto desfavorável para o desempenho nessa competição. Em estudo De Rose (1998) para avaliação de instrumento de avaliação do estresse em adolescentes esportistas foram usados alguns para a elaboração de um questionário investigativo. Dos sintomas psicológicos presentes no instrumento elaborado existem uma predominância dos sintomas de ansiedade verificada nos adolescentes a partir dos 10 anos, como o medo de perder, dúvida quanto a sua capacidade e excesso de preocupação. Podemos perceber também em um estudo clássico com nadadores, publicado em 1942, pelo professor da Universidade da Pensilvânia, Martin Seligman (tradução de ALBERTO LOPES, 2005). Neste, aponta os otimistas como aqueles para quem a ansiedade serve como aliada. Seligman e sua equipe de pesquisa escolheram trinta e três nadadores, dentre homens e mulheres, de uma equipe profissional e pediram para que simulassem o treino de uma competição. Antes, os atletas responderam ao teste psicológico que classificam pessimistas ou otimistas. Depois da primeira prova, os pesquisadores informaram tempos superiores aos que de fato alcançaram. Se o nadador havia concluído o exercício em um minuto, a equipe de Seligman dizia que havia sido em um minuto e cinco 43 segundos, uma diferença significativa a ponto de colocar o atleta em estado de tensão. Foi neste momento que os pessimistas se deram mal. Entre os otimistas, a ansiedade gerada pelo suposto mau resultado serviu como impulso e eles conseguiram melhorar o tempo na segunda prova. Já os pessimistas tiveram um tempo pior. “Para os pessimistas, esperar o pior leva a não se dedicar como deveriam, de forma que o fracasso se torna uma consequência”, escreveu Seligman e sua equipe. Percebemos neste caso que é como se os atletas tivessem entrado em uma espécie de sofrimento antecipado, ou seja, geralmente tentamos adivinhar às consequências negativas que um fato pode trazer na vida (ansiedade normal), e também muitas vezes superdimensionamos a ameaça (modalidade exagerada), e é como se entrássemos em uma espécie de sofrimento antecipado. Mas, devemos entender que a ansiedade é um fato normal quando não é exagerada. Normalmente é desencadeada quando entramos em contato com situações novas e desconhecidas ou quando contém valor afetivo. O corpo fica tenso, tem-se vontade de se movimentar, a respiração acelera, o pensamento fica agitado (muitas ideias passam pela cabeça). Devemos ter metas e objetivos para atingir, quanto maior a pressa para atingir o objetivo maior será nossa ansiedade. E o mais importante, não se deve abrir mão de nossos objetivos. 44 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com o que foi exposto, os conceitos de ansiedade apontam no sentido de investigar o nível ótimo ou aceitável para um bom desempenho, ou para a manutenção de uma boa qualidade de vida para o atleta. Os dados obtidos permitem concluir que as atletas desta pesquisa apresentaram sintomas que indicam a de ansiedade por ocasião de estréia em campeonato. Através dos resultados obtidos a equipe de dirigentes do time de futebol poderá desenvolver técnicas com o objetivo de regular o nível de ansiedade dos atletas de modo a otimizar o desempenho dos mesmos antes dos jogos. De forma geral, alguns resultados são coerentes com os existentes na literatura, o que sugere a pertinência da presente pesquisa. A ansiedade faz parte do cotidiano de diversas pessoas e, em diferentes momentos de suas vidas, os atletas deparam-se com ela a todo instante. Assim, conhecer como a ansiedade se expressa em relação a diferentes variáveis que envolvem o contexto esportivo é de suma importância para que se criem estratégias de intervenção eficazes, pois os atletas constituem um público específico que necessita ser cuidado, respeitando-se as suas reais condições e estilo de vida. De acordo com o que foi exposto, percebemos que a ansiedade está diariamente em nossas vidas, não somente na dos atletas. Segundo Hueck (2008), todos os motivos que nos preocupam diariamente não apagam um fato: ansiedade às vezes atrapalha. Quem nunca teve um branco na hora de uma prova ou não conseguiu dormir por causa de um problema do qual conseguiu resolver? Essas pequenas preocupações afetam o cérebro e o corpo, e muitas vezes podem até virar doença. Basta pensar nas reações físicas que sentimos quando estamos muito ansiosos: falta de ar, taquicardia, boca seca, tremedeira, sudorese. Sem falar nos problemas psicológicos: insônia, insegurança, irritabilidade, tristeza. São mais de 30 sintomas que podem aparecer do nada. Na maioria dos casos, a ansiedade diminui quando há o enfrentamento direto do problema, ou seja, se a dificuldade estiver no futuro e distante, a inquietação não vai passar. Não tem muito segredo, é só mentalizar que os problemas lá na frente não podem ser tão grandes assim. Infelizmente, não existe uma forma mágica para diminuir a ansiedade, mas o mecanismo é meio parecido com o do pensamento positivo. Pensar que 45 as coisas vão dar certo diminui o pensamento catastrófico e, assim, a ansiedade. E, se os problemas ainda afligem demais, podemos seguir o exemplo de algumas cidades nos EUA. Elas instituíram um dia para extravasar as preocupações, o 9 de março, e o chamaram de Dia do Pânico. Nessa data vale tudo: gritar, espernear, surtar e botar para fora todas as ansiedades. Vale à pena tentar (HUECK, 2008). Sugere-se apresentar os resultados deste estudo a técnicos para que os mesmos possam utilizá-los e evitar que os sintomas de ansiedade constatados influenciem negativamente no desempenho de atletas. 46 7. REFERÊNCIAS AAKER, D. A. KUMAR, V.; DAY, G. S. Pesquisa de marketing. 2ª edição. São Paulo: Atlas, 2004. BALLONE, G. J. Exercícios fazem bem. Exercícios e Transtornos emocionais. 2008. Disponível em: < http://www.psiqweb.med.br>. 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A longitudinal assessment of the impact of health behavior on perceived quality of life. Perceptual and Motor Skills, v. 75, n. 1, p. 3-14, 1992. 52 ANEXO I - Instrumento de Coleta de Dados Questionário IDATE – Inventário de Ansiedade Traço Estado, referente à psicologia do esporte para verificação da ocorrência do ponto de vista da ansiedade estado em atletas amadores. Spielberger et al, apud Biaggio, 1999. Sexo: Masculino Feminino Idade: Leia com atenção cada pergunta e atribua um valor ao lado de cada afirmação, conforme o gabarito abaixo, que melhor indicar como você se sente nesse momento (ansiedade estado). Muitíssimo = 4 Bastante = 3 Um Pouco = 2 01. Sinto-me calmo 02. Sinto-me seguro 03. Estou tenso 04. Estou arrependido 05. Sinto-me a vontade 06. Sinto-me perturbado 07. Estou preocupado com possíveis infortúnios 08. Sinto-me descansado 09. Sinto-me ansioso 10. Sinto-me “em casa” 11. Sinto-me confiante 12. Sinto-me nervoso 13. Estou agitado 14. Sinto-me uma pilha de nervos 15. Estou descontraído 16. Sinto-me satisfeito 17. Estou preocupado 18. Sinto-me superexcitado e confuso 19. Sinto-me alegre 20. Sinto-me bem Absolutamente Não = 1 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 Então, soma-se os números marcados de cada uma das tabelas. O valor da média da população a qual foi aferida é de 40, não sendo significativo dois para cima ou para baixo. Nível normal: 40 ( + ou - 2) Tende a ansiedade: acima de 42 Tende a depressão: abaixo de 38 53 ANEXO II - Termo de Concordância Porto Velho, 12 de maio de 2011 A Escola Assunto: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Venho através deste solicitar da Vossa Senhoria o conecentimento para aplicação, nesta instituição de ensino, do projeto de pesquisa “ANÁLISE DO NÍVEL DE ANSIEDADE EM ATLETAS DE FUTSAL AMADOR ANTES DE UM JOGO” que será desenvolvido pela acadêmica Odevania da Silva Santos, do curso de Educação Física da Fundação Universidade Federal de Rondônia – DEF/UNIR. O objetivo deste estudo é investigar a ansiedade dos atletas de futsal antes de um jogo. Sua participação nesta pesquisa consistirá na colaboração para nossa avaliação final da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso. Os benefícios relacionados com a sua participação irão contribuir para o o melhor desenvolvimento dos praticantes deste esporte. As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidenciais e asseguramos o sigilo sobre sua participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação, pois o questionário apenas consiste se o atleta é do sexo feminino ou masculino e a data de nascimento. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço institucional dos pesquisadores principais, podendo tirar dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Nestes termos. ___________________________________ Responsável __________________________________ Odevania da Silva Santos – Pesquisadora Fundação Universidade Federal de Rondônia 8º Período de Educação Física Telefone: (69) 9231-0632 54 ANEXO III - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido A Pesquisadora da Universidade Federal de Rondônia - UNIR, localizado na cidade de Porto Velho-RO, BR 364, Km 9,5. Cep. 78900-000, vem convidá-lo (a) para participar, como voluntário, no Projeto de Pesquisa para Conclusão do Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado ANÁLISE DO NÍVEL DE ANSIEDADE EM ATLETAS DE FUTSAL AMADOR ANTES DE UM JOGO. Este Projeto pretende esclarecer alguns pontos que dizem respeito às características da ansiedade estado que podem estar favorecendo ao agravamento da saúde das populações que vivem sob o risco de doenças como a ansiedade que posteriormente pode ser configurada como um estresse. Não se trata de Pesquisa com beneficio direto, mas os resultados poderão ajudar na implantação de medidas que podem melhorar as condições do atleta antes de qualquer partida de futsal, além de melhorar seus aspectos emocionais. Além disso, podem indicar caminhos para os futuros profissionais da área e aos que já estão trabalhando e se aperfeiçoando, na busca de melhorias no emocional e na auto-eficácia dos referidos atletas. Se você, colaborador (a), em algum momento quiser não mais participar da pesquisa, comunique-nos (veja os telefones abaixo, ou nos procure pessoalmente na Universidade Federal de Rondônia), e garantimos a sua saída como colaborador. Todo o direito de indenização a danos, falta de cumprimento de nossas afirmações serão atendidas (preservados). Mas tomamos a afirmar que a coleta de dados não oferece nenhum risco. Colocamos nossos nomes e telefones para que possam contatar, quando necessitarem. O endereço é da Fundação Universidade Federal de Rondônia, na BR 364, Km 9,5. Cep. 78900-000, o telefone (69) 2182-2117 / 9231-0632. Se o senhor (a) concorda em participar, e autoriza a participação de pessoas sob sua responsabilidade, por favor, assine este Termo de Consentimento: “Autorizo a pesquisadora do Projeto ANÁLISE DO NÍVEL DE ANSIEDADE EM ATLETAS DE FUTSAL AMADOR ANTES DE UM JOGO, a coletar dados referente à minha ansiedade estado. Estou ciente de que não corro nenhum risco que me prejudique, e autorizo a minha participação. Sei que tenho a garantia de retirar meus dados coletados da Fundação, e, se me sentir prejudicado, sob citar indenização.” ______________________________________________ Local/data ______________________________________________ Nome do colaborador ______________________________________________ Assinatura do colaborador ou responsável ______________________________________________ Odevania da Silva Santos – Pesquisadora Fundação Universidade Federal de Rondônia Telefone: (69) 9231-0632 55 ANEXO IV - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (PAIS OU RESPONSÁVEIS) Autorizo a Pesquisadora da Universidade Federal de Rondônia - UNIR, Odevania da Silva Santos, acadêmica do curso de Educação Física para coletar dados para o Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado ANÁLISE DO NÍVEL DE ANSIEDADE EM ATLETAS DE FUTSAL AMADOR ANTES DE UM JOGO. Este Projeto pretende esclarecer alguns pontos que dizem respeito às características da ansiedade estado, que podem favorecer ao agravamento da saúde das populações que vivem sob o risco de doenças como a ansiedade que posteriormente podem ser configurada como um estresse. Não se trata de Pesquisa com beneficio direto, mas os resultados poderão ajudar na implantação de medidas que podem melhorar as condições do atleta antes de qualquer partida de futsal, além de melhorar seus aspectos emocionais. Além disso, podem indicar caminhos para os futuros profissionais da área e aos que já estão trabalhando e se aperfeiçoando, na busca de melhorias no emocional e na auto-eficácia dos referidos atletas. A referente pesquisa é quantitativa, pois utiliza instrumentos estruturados (questionário) com perguntas fechadas, ou seja, questões objetivas. Todo o direito de indenização a danos, falta de cumprimento de nossas afirmações serão atendidas (preservados). Mas tomamos a afirmar que a coleta de dados não oferece nenhum risco. Colocamos nossos nomes e telefones para que possam contatar, quando necessitarem. O endereço é da Fundação Universidade Federal de Rondônia, na BR 364, Km 9,5. Cep. 78900-000, o telefone (69) 2182-2117 / 9231-0632. Se o senhor (a) concorda e autoriza a participação do menor sob sua responsabilidade, por favor, assine este Termo de Consentimento: “Autorizo a pesquisadora do Projeto, a coletar dados referentes à ansiedade estado. Estou ciente de que o menor que está sob minha responsabilidade não corre nenhum risco que o prejudique, e autorizo sua participação. Sei que tenho a garantia de retirar os dados coletados da Fundação, e, se me sentir prejudicado, sob citar indenização.” ______________________________________________ Assinatura do pai ou responsável