Edição Atual - II Jornada de Análises Clínicas das Missões
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Edição Atual - II Jornada de Análises Clínicas das Missões
• ANAIS • Créditos: Aline Schows Griep • ANAIS • ISSN online: 2447-7311 II JORNADA DE ANÁLISES CLÍNICAS DAS MISSÕES 1ª Edição Santo Ângelo (RS), 2015 DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) Jornada de Análises Clínicas das Missões (2.: 2015: Santo Ângelo, RS). Anais [recurso eletrônico] / II Jornada de Análises Clínicas das Missões, 18-20 de novembro em Santo Ângelo, RS./ Organizadores: Yana Picinin Sandri, Bruna Comparsi, Carine Zimmermann, Caroline Eickcop, Débora Pedroso, Emannuelle K.V. Mallet, Juliana F. Roncato, Mateus B. Fucks, Matias N. Frizzo. – Santo Ângelo, IESA, 2015. ISSN: 1. Evento - Análises Clínicas. 2. Evento – Pesquisa em Saúde. I. Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo. II. Título. CDU: 616-074 Responsável pela catalogação CDU – 37(05) Adriano Dias de Souza Revisão Bruna Comparsi Formatação Bruna Comparsi Publicação IESA Rua Dr. João Augusto Rodrigues, 471 CEP: 98801-015 Santo Ângelo (RS), 2015 COMISSÃO ORGANIZADORA COORDENADORA DO EVENTO Yana Picinin Sandri Lissarassa COMISSÃO Bruna Comparsi Carine Eloise Prestes Zimmermann Carolain Felipin Vincensi Caroline Casalini Débora Pedroso Emanuelle Kerber Viera Mallet Juliana Fredo Roncato Mateus Batista Fucks Matias Nunes Frizzo Yana Picinin Sandri Lissarassa 4 BANCA EXAMINADORA Bruna Comparsi Carine Eloise Prestes Zimmermann Débora Pedroso Juliana Fredo Roncato Yana Picinin Sandri Lissarassa II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 5 SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO..........................................................................9 2 TRABALHOS ORIGINAIS DE PESQUISA..................................10 ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA DE DERIVADOS DE QUINOLINA EM CAMUNDONGOS Márcia Juciele da Rocha; Vanessa Duarte Gonçalves da Silva; Douglas Mroginski Weber; Cristiane Luchese; Ethel Antunes Wilhelm PREVALÊNCIA DE MICRORGANISMOS EM BANDEJAS UTILIZADAS PELA ENFERMAGEM NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM AMBIENTE HOSPITALAR Kelly Kühn; Cristiane Güths de Freitas; Keli Staud; Izabel Almeida Alves EFEITO PROTETOR DO FLAVONOIDE QUERCETINA DIANTE DA AÇÃO DO ESTRESSE TÉRMICO EM CAENORHABDITIS ELEGANS Renata Rodrigues Cardozo; Larissa Marafiga Cordeiro; Danielle Kunzler Monteiro; Bruna Comparsi AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE DA ENZIMA MIELOPEROXIDASE E ENVOLVIMENTO DO SISTEMA SEROTONINÉRGICO NO EFEITO ANTINOCICEPTIVO DE 7-CLORO-4 (FENILSELENO)QUINOLINA EM CAMUNDONGOS Mikaela Pinz; Vanessa Duarte Gonçalves da Silva; Renata Leivas de Oliveira; Cristiane Luchese; Ethel Antunes Wilhelm ANÁLISE COMPARATIVA DE AGENTES MICROBIOLÓGICOS DO COLO UTERINO NA REGIÃO NORTE E NOROESTE DO RS Luana Taís Hartmann Backes, Vanusa Manfredini, Luciane Noal Calil AVALIAÇÃO DOS MECANISMOS ENVOLVIDOS NA AÇÃO ANTINOCICEPTIVA DE 7CLORO-4-(FENILSELENO)QUINOLINA EM CAMUNDONGOS Vanessa Duarte Gonçalves da Silva; Márcia Juciele da Rocha; Mikaela Pinz; Cristiane Luchese; Ethel Antunes Wilhelm AVALIAÇÃO DO EFEITO DE NANOCAPSULAS CONTENDO MELOXICAM NA DERMATITE ATÓPICA INDUZIDA POR 2,4-DINITROCLOROBENZENO EM CAMUNDONGOS Douglas Mroginski Weber; Guilherme Teixeira Voss; Francine Ianiski; Ethel Antunes Wilhelm; Cristiane Luchese AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE ESTIMULADORA DE ANTÍGENOS DE Pythium insidiosum EM LINFÓCITOS E CÉLULAS DENDRÍTICAS Bruna Vargas; Juliana Simoni Moraes Tondolo; Camila Marina Verdi; Érico as Silva Loreto; Carine Eloise Prestes Zimmermann; Janio Morais Santurio; Pauline Christ Ledur NÍVEIS DE ANTI-HBS EM ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE SUBMETIDOS AO ESQUEMA VACINAL PARA IMUNIZAÇÃO CONTRA O VÍRUS DA HEPATITE B Dariane Ramos Abich; Giana Carolina Schulz de Lima; Yana Picinin Sandri Lissarassa; Emanuelle Kerber Viera Mallet; Bruna Comparsi AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO EXERCÍCIO FÍSICO EM PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS Priscila Seibert; Fernanda Bender Ribeiro; Renata Rodrigues Cardozo; Larissa Marafiga Cordeiro; Emanuelle Kerber Viera Mallet; Bruna Comparsi; Yana Picinin Sandri Lissarassa II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 6 FREQUENCIA DE ANTÍGENOS DO SISTEMA RH EM MULHERES EM IDADE REPRODUTIVA Jéssica Silveira; Amanda Tonon; Camila Rodrigues; Francielen Colet; Letícia de Oliveira; Bruna Comparsi POTENCIAL INTERFERÊNCIA DOS MEDICAMENTOS UTILIZADOS POR MULHERES NO CLIMATÉRIO NO EXAME DE GLICEMIA DE JEJUM Daiana Meggiolaro Gewehr; Vanessa Adelina Casali Bandeira; Cristiane Rodrigues Bellinazo; Karla Renata de Oliveira; Christiane de Fátima Colet; Marilei Üecker Pletsch PESQUISA ETINOGRÁFICA: UM PROJETO ESCOLAR INDÍGENA DE EDUCAÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE Jandaia Pauline Girardi; Juliana Posser; Bruna Comparsi; Débora Pedroso EDUCAÇÃO EM SAÚDE: DA TEORIA A PRÁTICA Juliana Posser; Bruna Comparsi; Jandaia Pauline Girardi; Daniela Signori; Débora Pedroso PROPORÇÃO DE IDOSOS NO BRASIL E O REFLEXO SOBRE A QUALIDADE DE VIDA Déborah Thaís Julkowski; Tainara Jungton Bönmann; Carine Eloise Prestes Zimmermann 3 RELATO DE VIVÊNCIA...............................................................89 RELATO DE VIVÊNCIA DE ALUNA DO CURSO DE BIOMEDICINA NO VER-SUS Fernanda Bender Ribeiro; Carine Eloise Prestes Zimermmann AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA VIVÊNCIA DOS ESTUDANTES DE BIOMEDICINA Odacir Júnior Czekalski Santos; Fernanda Sauer Ferreira; Pâmela Dominik Engers Bratz; Priscila Saibert; Carine Eloise Prestes Zimmermann VIVÊNCIA DOS ESTUDANTES DE BIOMEDICINA EM UMA COMUNIDADE TERAPÊUTICA Amanda Carpenedo Tonon; Camila de Souza Rodrigues; Francielen Colet da Silva; Laurence Noetzold Mendes; Carine Eloise Prestes Zimmermann 4 REVISÃO DE LITERATURA......................................................100 O USO INDISCRIMINADO DE ANTIMICROBIANOS COMO UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA Taciana Ribeiro de Cândido Faganello; Pâmela Dominik Engers Bratz; Fernanda Sauer Ferreira; Rafael Pereira; Carine Zimmermann; Caroline Eickhoff Copetti Casalini AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS INTER INDIVÍDUOS NA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR E CREATININA Ieda Dorneles; Angelo Viana Weber; Douglas de Menezes; Fernanda Bender Ribeiro; Andressa Pazzato Ferreira; Débora Pedroso PREVENÇÃO DA INFECÇÃO PELO PAPILOMAVÍRUS HUMANO ATRAVÉS DA VACINAÇÃO Bruna De Almeida Baron; Rejane Madalena Wisniewski; Adriana Catarine Buche; Yana Picinin Sandri Lissarassa ASSOCIAÇÃO DOS GENES PKD1 E PKD2 NA DOENÇA RENAL POLICÍSTICA: UMA REVISÃO Arthur Basso; Angelo Weber; Andressa Munareto; Bruna Vargas; Natália Motter; Matias Nunes Frizzo IMPLICAÇÕES DOS ANTÍGENOS HLA NO TRANSPLANTE RENAL Ângela Port; Andressa Koning Cezimbra; Eliana Durks; Jandaia Girardi; Marceli Werle; Renata Cardozo; Bruna Comparsi II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 7 A QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA Laurence Noetzold Mendes; Ana Paula Martins; Carla Soares Carpes; Nathássia Martins Duarte; Débora Pedroso ALTERAÇÕES ENDOMETRIAIS RELACIONADAS AO USO DO TAMOXIFENO EM TRATAMENTO DE CÂNCER DE MAMA: UMA REVISÃO Tainara Jungton Bönmann; Yana Picinin Sandri Lissarassa INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO NA GESTAÇÃO Andressa Frohlich; Angelita Carnelutti; Débora Pereira; Eduarda Inticher; Maria Helena Ramos; Caroline Eickhoff Copetti Casalini ASPECTOS MOLECULARES DA LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA: UMA REVISÃO Beatriz Sabrina Giebelmeier Bratz; Mônica Gatzke; Matias Nunes Frizzo FERTILIZAÇÃO IN VITRO E O DESTINO DOS EMBRIÕES EXCEDENTES Flávia Suelen De Oliveira Pereira; Angela Maria Blanke Sangiovo; Elisandro Da Silva; Bruna Lanielle Roratto; Yana Picinin Sandri Lissarassa TERAPIA TRANSFUSIONAL EM PACIENTES COM INSUFICIENCIA RENAL CRÔNICA Douglas de Menezes; Evelise Costa; Fabio Fonseca; Jorge Gewehr; Maraísa Somavilla; Bruna Comparsi PESQUISA DE STREPTOCOCCUS AGALACTIAE EM GESTANTES Nathássia Duarte Martins; Amanda Tonon; Camila Rodrigues; Francielen Colet; Jéssica Silveira; Letícia de Oliveira; Carine Eloise Prestes Zimmermann; Caroline Eickhoff Casalini Copetti PROPRIEDADES DO CAENORHABDITIS ELEGANS COMO UM MODELO EXPERIMENTAL ANIMAL PARA INVESTIGAÇÕES BIOLÓGICAS Larissa Marafiga Cordeiro; Renata Cardozo; Débora Pedroso; Juliana Fredo Roncato; Bruna Comparsi AVALIAÇÃO MOLECULAR NO CÂNCER MEDULAR DE TIREÓIDE: UMA REVISÃO Letícia de Oliveira; Matias Nunes Frizzo FATORES ASSOCIADOS À INAPTIDÃO TEMPORÁRIA E PERMANENTE DE CANDIDATOS À DOAÇÃO DE SANGUE Danielle Monteiro; Renata Cardozo; Camila Rodrigues; Bruna Comparsi ESTUDO SOBRE SEPSE: UMA REVISÃO Larissa de Oliveira; Gabriel Fabrin; Bruna Damacedo Vargas; Angelo Weber; Caroline Eickhoff Copetti Casalini ESTUDO SOBRE SEPSE: UMA REVISÃO Larissa de Oliveira; Gabriel Fabrin; Bruna Damacedo Vargas; Angelo Weber; Caroline Eickhoff Copetti Casalini ANEMIA NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: UMA REVISÃO Daniela Signori; Deborah Thais Julkowski; Gabriel Fabrin; Larissa Oliveira; Paola Paulus; Rayane Gomes de Almeida; Matias Nunes Frizzo NEOPLASIAS HEMATOLÓGICAS NO IDOSO: UMA REVISÃO Francielen Colet da Silva; Lucinea da Silva Araújo; Matias Nunes Frizzo CONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA REAGENTE NA HEMODIÁLISE Rejane Madalena Wisniewski; Bruna Baron; Adriana Catarine Buche; Luana Bizzi da Silva; Jéssica Bittencourt; Yana Picinin Sandri Lissarassa II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 8 IMPORTÂNCIA E OCORRÊNCIA DE PARASITOSES EM HORTALIÇAS 2 Natália Motter; Angelo Weber; Douglas de Menezes ; Evelise da Costa; Débora Pedroso PAPILOMAVÍRUS HUMANO E O CÂNCER DE COLO UTERINO Douglas de Menezes; Maraísa Somavilla; Núbia Medeiros; Bruna Roratto; Ieda Dorneles; Juliana Posser PREVALÊNCIA DE ANEMIA FERROPRIVA EM PRÉ-ESCOLARES NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL: UMA REVISÃO Gabriel Fabrin; Angelo Weber; Natália Motter; Bruna Vargas; Juliana Posser; Ieda Dorneles VETORES MECÂNICOS E SEUS AGENTES BACTERIANOS EM INFECÇÕES HOSPITALARES Jéssica Fabíola Fenner; Renata Cardozo; Larissa Marafiga; Priscila Seibert; Caroline Eickhoff Copetti Casalini; Carine Eloise Prestes Zimmermann A IMPORTÂNCIA DA PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS SOBRE O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Fernanda Sauer Ferreira; Fernanda Bender Ribeiro; Yana Picinin Sandri Lissarassa; Carine Eloise Prestes Zimmermann COMPLICAÇÕES DO NÃO TRATAMENTO EM HIPOTIREOIDISMO: UMA REVISÃO Larissa Rolim; Bruna Vargas; Larissa de Oliveira; Gabriel Fabrin; Juliana Posser; Carine Eloise Prestes Zimmermann; Derliane Glonvezynski dos Santos Beck TOXINA BOTULÍNICA TIPO A: ABORDAGENS EM SAÚDE Pâmela Dominik Engers Bratz; Andressa Pazzato Ferreira; Emanuelle Kerber Viera Mallet PROPRIEDADES DO CAENORHABDITIS ELEGANS COMO UM MODELO EXPERIMENTAL ANIMAL PARA INVESTIGAÇÕES BIOLÓGICAS Larissa Marafiga Cordeiro; Renata Cardozo; Débora Pedroso; Juliana Fredo Roncato; Bruna Comparsi TERAPIA TRANSFUSIONAL EM PACIENTES COM INSUFICIENCIA RENAL CRÔNICA Evelise Costa;Douglas de Menezes; Fabio Fonseca; Jorge Gewehr; Maraísa Somavilla; Bruna Comparsi LEVANTAMENTO DAS INFLAMAÇÕES CERVICOVAGINAIS CAUSADAS POR AGENTES MICROBIOLÓGICOS NO SUL DO BRASIL Angelo Viana Weber ; Luana Taís Hartmann Backes REVISÃO: BIOMARCADORES DA FUNÇÃO RENAL EM PACIENTES CARDIOPATAS Camila de Souza Rodrigues; Danielle Kunzler Monteiro; Juliana Foletto Fredo Roncato TOXINA BOTULINÍCA: ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS, IMUNOLÓGICOS E MOLECULARES Adriana Catarine Buche; Rejane Madalena Wisniewski; Bruna de Almeida Baron; Jandaia Pauline Girardi; Maraísa Zysko Somavilla; Amanda Vergilio Martins; Juliana Fredo Roncato ÁCIDO HIALURÔNICO E SUAS ABORDAGENS EM ESTÉTICA FACIAL Andressa Pazzato Ferreira; Pâmela Dominik Engers Bratz; Emanuelle Kerber Viera Mallet CENÁRIO DA ATENÇÃO A SAÚDE DO ÍNDIO NO BRASIL Daniela Signori; Jandaia Pauline Girardi; Juliana Posser; Carine Eloise Prestes Zimmermann; Débora Pedroso II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 9 APRESENTAÇÃO As atividades de pesquisa integram o processo de formação e atualização de profissionais de saúde, estimulando a construção de novas reflexões e de um perfil profissional preocupado com o seu papel social e inserção na comunidade. Os Anais da II Jornada de Análises Clínicas das Missões são publicados em formato on-line, e visam divulgar a produção científica na área de análises clínicas. Os Anais são editados e publicados pela Comissão Organizadora da JACM e pelo curso de Graduação em Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA). Assim, apresentamos os resumos expandidos de trabalhos originais de pequisa, relatos de vivências e revisões oriundos da Mostra Científica da II JACM, desejando a todos uma excelente leitura. Comissão Organizadora II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 10 TRABALHOS ORIGINAIS DE PESQUISA II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 11 ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA DE DERIVADOS DE QUINOLINA EM CAMUNDONGOS1 Márcia Juciele da Rocha2; Vanessa Duarte Gonçalves da Silva3; Douglas Mroginski Weber4; Cristiane Luchese5; Ethel Antunes Wilhelm6 1 Resultados parciais da dissertação de mestrado; Mestranda, [email protected]; 3 Mestranda, [email protected]; 4 Acadêmico, [email protected]; 5 Professora, [email protected]; 6 Professora, [email protected]; 2 Introdução A dor desempenha um papel fisiológico fundamental, uma vez que, é um dos fatores responsáveis pelo controle da homeostasia do organismo. A dor é iniciada a partir de um estímulo nociceptivo que ativa ou sensibiliza os nociceptores gerando um potencial de ação. Adicionalmente a isso, sua manifestação ocorre de forma subjetiva por sofrer influência de experiências prévias que determinaram a individualidade de sua expressão por cada pessoa (MILLAN, 1999). Muitos esforços têm sido dedicados, buscando compreender os mecanismos celulares e moleculares envolvidos na origem da dor e da inflamação, com o objetivo de encontrar drogas eficazes, com baixos efeitos colaterais e que possam ser empregadas nestas circunstâncias (KLECZKOWSKA; LIPKOWSKI, 2013). Neste sentido, derivados quinolínicos que apresentam anel quinolínico heterocíclico com nitrogênio funcional versátil, têm recebido a atenção de pesquisadores devido às suas importantes ações farmacológicas, incluindo propriedades anti-inflamatória, antidepressiva, antinociceptiva, entre outras (SHTRYGOL'SIU et al., 2012; EL-FEKI; THABET; UBEID, 2014; WILHELM et al., 2014). Paralelamente aos derivados de quinolina, destacam-se os compostos orgânicos do selênio e do telúrio, os quais possuem síntese simples e com grau de toxicidade dependente da dose (NOGUEIRA; ROCHA, 2011; PESSOA-PUREUR; HEIMFARTH; ROCHA, 2014). Atualmente é bem conhecido que compostos contendo selênio exercem diversas atividades farmacológicas, tais como, atividade antioxidante, anti-inflamatória, neuroprotetora e antinociceptiva (ABDEL-HAFEZ, 2008; BRÜNING et al., 2010; CHAGAS et al., 2013). Além disso, vários relatórios têm sido publicados mostrando que os organotelúrios também apresentam ações farmacológicas como imunomodulador, antioxidante, anticancerígeno e com propriedades antiinflamatórias (NOGUEIRA; ZENI; ROCHA, 2004; FRIEDMAN et al., 2009). Com base nos resultados descritos aqui, os objetivos do presente estudo foram (i) avaliar a ação antinociceptiva dos compostos 7-cloro-4(fenilseleno)quinolina e 7-cloro-4(feniltelúrio)quinolina através do teste de glutamato; (ii) e avaliar a relação estrutura atividade desses compostos quinolínicos frente a nocicepção induzida pelo glutamato em camundongos. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 12 Metodologia Drogas Os compostos 7-cloro-4(fenilseleno)quinolina (QSe) e 7-cloro4(feniltelúrio)quinolina (QTe) representados na Figura 1, foram sintetizados de acordo com Savegnago e colaboradores (2013) no Laboratório de Síntese Orgânica Limpa da Universidade Federal de Pelotas (RS). Figura 1- Estrutura química de 7-cloro-4-(fenilseleno)quinolina (QSe) e 7-cloro-4-(feniltelúrio)quinolina (QTe). Animais Todos os experimentos que se encontram aqui descritos foram conduzidos de acordo com as normas do Comitê de Ética e Bem-Estar Animal da UFPel (CEEA/UFPel, n° 1987). Foram utilizados camundongos Swiss machos adultos (25-30g) provenientes do Biotério Central da UFPel e mantidos sob condições de temperatura de 22 ± 2ºC, num ciclo de 12h claro/12h escuro e com livre acesso a água e comida. Nocicepção induzida por glutamato O procedimento experimental foi realizado de acordo com Beirith, Santos e Calixto (2002). Os camundongos foram tratados com QSe (0,01 a 25 mg/kg, per oral, p.o.) ou QTe (0,1 a 25 mg/kg, p.o.) ou o veículo (óleo de canola, 10 mg/kg, p.o.) 30 minutos antes da administração do glutamato intraplantar (i.pl.) (30 µMol/pata, 20 µL) na pata traseira esquerda. Os animais foram observados individualmente durante 15 minutos e o tempo em que o animal permaneceu lambendo a pata injetada com glutamato foi cronometrado, sendo considerado como um comportamento nociceptivo. Análise estatística Os dados foram analisados pelo Software GraphPad Prism 5 e expressos como média ± desvio padrão. Os resultados foram analisados utilizando ANOVA de uma via, seguido pelo teste de Newman-Keuls quando apropriado, considerando p <0,05 estatisticamente significativo. Resultados e Discussão A dor é uma das mais prevalentes condições, dispendiosa e incapacitante, o que reduz a qualidade de vida. O maior problema no tratamento da dor é que os analgésicos eficazes podem ter alguns efeitos colaterais desagradáveis. Com base nestas considerações, a investigação que leva ao desenvolvimento de novos analgésicos é de interesse para a saúde pública (CAZACU; MOGOSAN; LOGHIN, 2015). Por conseguinte, considerando que compostos organoselênio e organotelúrio foram relatados como ativos com propriedades farmacológicas (TIEKINK, 2012), estes podem representar uma possível II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 13 ferramenta terapêutica para o tratamento da dor. Verificou-se que o composto QSe (Figura 2) diminuiu a nocicepção induzida pelo glutamato nas doses de 0,1 a 25 mg/kg em camundongos e seu efeito inibitório máximo foi de 95% em relação ao controle. Esse dado foi semelhante a outros estudos que avaliaram a atividade antinociceptiva de compostos orgânicos de selênio. De fato, o composto 3-aquinil selenofeno (3-ASP) demonstrou atividade antinociceptiva em diferentes testes de nocicepção, bem como o composto p-metoxil-difenil disseleneto ((MeOPhSe)2) reduziu a nocicepção induzida pelo glutamato em 94% (JESSE et al., 2009; WILHELM et al., 2009). Okoronkwo e colaboradores (2008) revelaram a ação antinociceptiva de um aquinilselenoálcool no teste do ácido acético nas doses de 1 a 50 mg/kg em camundongos. Figura 2- Efeito do QSe administrado per oral sobre o tempo de lambida induzida pelo glutamato em camundongos. Os asteriscos indicam o nível de significância quando comparado com o grupo controle (ANOVA de uma via seguido pelo teste de Newman-Keuls): * p<0,05, *** p<0,001. No presente estudo também foi possível visualizar que o composto QTe (Figura 3) apresenta atividade antinociceptiva na dose de 25 mg/kg com um efeito inibitório máximo de 77% em relação ao controle. Este é o primeiro estudo que demonstra a atividade antinociceptiva de um composto orgânico de telúrio. De fato, compostos orgânicos de telúrio possuem atividades farmacológicas importantes, que tornam esta classe relevante (AVILA et al., 2012; LEE et al., 2014; QUINES et al., 2015). Além disso, os efeitos observados para os dois compostos podem estar relacionado à estrutura quinolínica, uma vez que, Wilhelm e colaboradores (2014) relataram que 7-cloroquinolina-1,2,3-triazoil carboxamidas apresentam ação antinociceptiva em modelos animais. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 14 Figura 3- Efeito do QTe administrado per oral sobre o tempo de lambida induzida pelo glutamato em camundongos. Os asteriscos indicam o nível de significância quando comparado com o grupo controle (ANOVA de uma via seguido pelo teste de Newman-Keuls): ** p<0,01. De acordo com as Figuras 2 e 3 é possível observar que o QSe apresentou atividade antinociceptiva melhor que o QTe, uma vez que este último apresentou ação somente na sua maior dose. Essa diferença pode ser explicada pela relação estrutura/atividade dos compostos dado que a ligação selênio-carbono é mais estável que a ligação telúrio-carbono (TIEKINK, 2012). Ambos os organocalcogêneos apresentam diversas características farmacológicas importantes, porém o telúrio apresenta um grau de toxicidade maior em relação ao selênio. No entanto, o efeito tóxico associado aos compostos de telúrio depende da forma química e do estado de oxidação (BA et al., 2010). Conclusão Com base nos resultados obtidos pode-se concluir que ambos os compostos apresentaram atividade antinociceptiva avaliada através do teste do glutamato, porém o QSe apresentou efeito a partir da dose 0,1 mg/kg enquanto que, o QTe apresentou efeito somente na dose de 25 mg/kg. Além disso, o fator inibitório máximo do QSe foi superior ao do QTe, assim observou-se um efeito mais pronunciado do QSe em relação ao QTe. Porém mais estudos são necessários para verificar a toxicidade destes compostos, bem como seu mecanismo de ação. Palavras-chave: nocicepção, quinolina, selênio, telúrio. Referências Bibliográficas ABDEL-HAFEZ, S. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 16 Antinociceptive and anti-allodynic effects of 3-alkynyl selenophene on different models of nociception in mice. Pharmacology Biochemistry Behavior, v. 93, n. 4, p. 419-425, 2009. WILHELM, E.; MACHADO, N.; PEDROSO, A.; GOLDANI, B.; SEUS, N.; MOURA, S.; S SAVEGNAGO, L.; JACOB, R.; ALVES, D. Organocatalytic synthesis and evaluation of 7chloroquinoline-1,2,3-triazoyl carboxamides as potential antinociceptive, anti-inflammatory and anticonvulsant agent. RSC Advances, v. 4, p. 41437-41445, 2014. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 17 PREVALÊNCIA DE MICRORGANISMOS EM BANDEJAS UTILIZADAS PELA ENFERMAGEM NA ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS EM AMBIENTE HOSPITALAR1 Kelly Kühn2; Cristiane Güths de Freitas3; Keli Staud4; Izabel Almeida Alves5. 1 Trabalho de Conclusão de curso. Acadêmica do curso de farmácia Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) Campus de Santo Ângelo, RS, Brasil. [email protected] 3 Acadêmica do curso de enfermagem Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) Campus de Santo Ângelo, RS, Brasil. [email protected] 4 Acadêmica do curso de farmácia Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) Campus de Santo Ângelo, RS, Brasil. [email protected] 5 Professora Orientadora, Doutoranda em Ciências Farmacêuticas-UFRGS, Curso de Farmácia URI. [email protected] 2 Introdução Os hospitais constituem importante fonte de infecções, pois, albergam uma vasta gama de microrganismos, principalmente bactérias. Há vários fatores que contribuem para transmissão de microrganismos nos serviços de saúde, como pacientes colonizados e/ou infectados, contaminação das mãos dos profissionais, equipamentos e superfícies inanimadas próximo do paciente que são tocadas pelas mãos dos profissionais e são potenciais reservatórios de microrganismos. Infecção hospitalar (IH) é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifesta durante a internação ou após a alta e, sua prevenção e controle envolvem medidas de qualificação da assistência hospitalar, de vigilância sanitária e outras. Com a lei nº 9.431/97 os hospitais são obrigados a manter um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH). Este programa é o conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares. O termo infecção hospitalar vem sendo substituído nos últimos anos pelo termo Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), no qual a prevenção e o controle das infecções passam a ser considerados para todos os locais onde se presta o cuidado e a assistência à saúde. Sendo assim, o hospital não é o único local onde se pode adquirir uma infecção. Em um estudo realizado em um hospital do interior de Minas Gerais foram avaliados diversos erros de enfermagem. Entre os erros observados os mais frequentes foram à falha na higienização das mãos, contaminações, reutilização de materiais como bandejas, entre outros. Observou-se que as bandejas eram utilizadas várias vezes sem ser realizada a desinfecção necessária, sendo que esses itens merecem uma atenção intensa devido ser um veículo de transmissão de infecção para os pacientes em área hospitalar. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 18 Portanto, conclui que as técnicas corretas de higienização das mãos, materiais hospitalares e ambiente são importantes como medidas de controle de infecção associadas a cuidados em saúde. A limpeza e desinfecção de superfícies em ambientes hospitalares são subsídios elementares e eficazes como medidas de controle para romper a cadeia epidemiológica das infecções. Através da problemática das infecções relacionadas à assistência a saúde (IRAS), e da importância da limpeza das bandejas utilizadas para a administração de medicamentos em hospitais, o trabalho tem por objetivo verificar a prevalência de microrganismos em bandejas utilizadas pela enfermagem para a administração de medicamentos em ambiente hospitalar, através do crescimento dos mesmos por técnicas microbiológicas. Metodologia O estudo foi do tipo transversal de prevalência com abordagem quantitativa, e a pesquisa foi realizada no segundo semestre de 2015, nas unidades de internação de uma Instituição Hospitalar localizada na da região Noroeste do Estado Rio Grande do Sul. A coleta das amostras foram feita por meio de swabs estéreis, deslizando os mesmos nos quatro cantos externos, fundo e centro interno das bandejas utilizadas pela enfermagem para a administração de medicamentos. As coletas foram realizadas durante os turnos da manhã, tarde e noite, em número de duas coletas em cada unidade por turno nas unidades A, clínica médica, unidade D, unidade E, pediatria e maternidade do Hospital Santo Angelo-RS, logo após a utilização das bandejas para o procedimento de administração de medicamentos. As amostras foram cultivadas primeiramente em ágar sangue de carneiro 5% e ágar MacConkey, e incubadas a 37 o C durante 24h (BECTON DICKINSON, 2014). Após o tempo necessário para a incubação, os bacilos Gram-negativos fermentadores, que cresceram apenas nos meio MacConkey, foram identificados através de provas bioquímicas (MIO, LIA, TSI, Citrato e Urease) e os não-fermentadores identificados com uso de um kit NF II (Probac, Brasil) para identificação (BRASIL, 2004). Os microrganismos que atingiram crescimento nas placas ágar sangue de carneiro 5% foram identificados como cocos Gram-positivos, conforme resultado do teste de Gram. Às mesmas foram realizadas para os testes da catalase e coagulase. O teste de catalase consiste em coletar o centro de uma colônia suspeita (devido sua aparência) e esfregá-la em uma lâmina. Colocar sobre este esfregaço uma gota de água oxigenada a 3% e observar a formação de bolhas. Para a família de Estafilococos a prova é geralmente positiva e o teste de coagulase em tubo baseia-se na presença da coagulase livre que reage com um fator plasmático que atua sobre o fibrinogênio formando a fibrina, identificando assim se o estafilococo é S.aureus ou coagulase negativo (BRASIL, 2004). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 19 Resultados e Discussões Em todas as unidade estudadas foram observados crescimento de bactérias patogênicas nas bandejas, conforme pode ser observado na tabela abaixo. Nas unidades apresentadas como amostras microbiológicas, destaca-se que a Uniade D e a Unidade E onde foram as unidades onde se observaram maiores números de microrganismos isolados. A bactéria Staphylococcus é responsável por causar infecções do trato urinário, respiratório, pele e endocardite. As cepas coagulase-negativas são muito comuns na pele, podendo representar 90% da flora normal, são geralmente patogênicas quando a barreira cutânea é rompida ou invadida por procedimentos médicos (TORTORA et. al. 2002). A análise das mãos apresentou 25,6% de contaminação por S. aureus em um estudo feito com trabalhadores da área de enfermagem em um hospital de Pernambuco (SILVA et. al. 2012), evidenciando a transmissão direta de agentes patológicos pelas mãos dos profissionais da saúde. Em uma pesquisa em três UTI (pediátrica e neonatal), foram analisadas amostras de 9 bancadas e destas, 88,9% estavam contaminadas por Staphylococcus coagulase negativa, e, na análise de 10 torneiras, 8 encontravam-se infectadas pela mesma bactéria, assim como 61,1% das almotolias (MORAES et. al. 2013). A UTI Neonatal do hospital em estudo não apresentou nenhum crescimento bacteriano, comprovando a eficácia da higienização da equipe responsável nesta unidade considerada área crítica. Num estudo feito no CTI Adulto do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, a maioria das infecções primárias da corrente sanguínea (IPCS) pelo Catéter Venoso Central (CVC) foi devido ao segundo microrganismo mais encontrado nas análises, o Staphylococcus coagulase negativa (DALLÉ et. al. 2012). A Unidade de Terapia Intensiva requer da equipe multidisciplinar muitos cuidados no que se refere ao paciente e o que está em sua volta, como a higienização das mãos e do mobiliário passivo, bem como a eficácia dos produtos de limpeza. Na Unidade E foi encontrado amostra isolada de Acinetobacter baumannii. Um grande problema de saúde pública é o aumento da frequência de infecções hospitalares associadas a espécies de Acinetobacter e o rápido desenvolvimento de resistência destes microrganismos. Este gênero tem elevada versatilidade nutricional e metabólica, podendo habituar-se facilmente a vários ambientes. As espécies mais comumente encontradas como colonizantes da pele humana são A. baumannii (MARTINS; BARTH, 2013). A Acinetobacter baumannii tem surgido como um importante patógeno nosocomial, responsável por diversos surtos principalmente em UTIs. Devido a sua alta capacidade de mecanismos de resistência, sua disseminação precisa de controle especial devido às poucas opções de tratamentos existentes (MARTINS, 2013). Em adultos admitidos em UTIs de Goiânia e Aparecida de Goiânia, em relação ao sítio de infecção desta bactéria os mais frequentes foram pulmonar, seguido de infecção do sítio cirúrgico e trato urinário (GODOY, 2012). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 20 As Pseudomonas, identificadas na Unidade B e Maternidade, são bacilos gramnegativos aeróbicos espalhados no solo e na água, capazes de sobreviver a ambientes úmidos e em matérias orgânicas incomuns, como resíduos de sabão ou adesivos de tampas de cateteres, capazes até mesmos de se desenvolverem em compostos quaternários de amônio (antisséptico) sendo resistentes a muitos antibióticos e desinfetantes. A P. aeruginosa foi isolada na amostra, trazendo grande preocupação pela sua forma de sobrevivência em meios tão incomuns como antissépticos e sabões. Conforme a análise, portanto, o número total de microrganismos isolados, das 36 amostras, obteve-se o isolamento de 9 (seis) tipos de microrganismos patogênicos. Assim, de acordo com a Tabela 1, pode-se verificar o percentual obtido para cada microrganismo. Tabela 1 Distribuição da coleta das amostras por turnos e crescimento de microrganismos por unidade UNIDADES Amostras por turnos Crescimento bacteriano Microrganismos patogênicos isolados (%) M T 1 N 3 M T - N 2 M 1 T 3 N M 1 1 T 2 N 3 M T N M T N 1 1 1 -Staphylococcus coagulase negativa Staphylococcus coagulase negativa Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa --Staphylococcus aureus Klebsiella ozaenae Staphylococcus coagulase negativo Klebsiella ozaenae Klebsiella oxytoca Staphylococcus aureus Staphylococcus aureus Staphylococcus aureus Staphylococcus aureus Staphylococcus coagulase negativo Pseudomonas stutzeri Staphylococcus coagulase negativo Acinetobacter baumanni -Staphylococcus coagulase negativo --Staphylococcus coagulase negativo Pseudomonas aeruginosa Maternidade Pediatria Unidade D Unidade E Unidade A Unidade B Fonte: KÜHN et al., 20155 Conclusão Perante isso, vale avigorar a importância dos investimentos em programas educativos que sensibilizem os profissionais de saúde para sua prática assistencial, tendo como alvo os processos de limpeza hospitalar do ambiente, II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 21 cuidados com equipamentos. E, especialmente a adoção de boas práticas por estes profissionais como a monitorização sucessiva da higienização das mãos seja entre os profissionais de saúde e também entre pacientes e pessoas que circulam no ambiente de assistência à saúde como forma possível de se reduzir a transferência de patógenos entre profissional, paciente e ambiente. Referências Bibliográficas BECTON DICKINSON GMBH. Instruções de utilização – meios em placas prontos a usar. BD MacConkey II Agar, 2014. BRASIL. Detecção e Identificação de Bactérias de Importância Médica. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2004. CAMERINI FG, SILVA LD. Segurança do paciente: análise do preparo de medicação intravenosa em hospital da rede sentinela. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, 2011 Jan-Mar; 20(1): 41-9. COELHO, MS., SILVA ARRUDA, C., FARIA SIMÕES, SM. Higienização das mãos como estratégia fundamental no controle de infecção hospitalar: um estudo quantitativo. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 22 EFEITO PROTETOR DO FLAVONOIDE QUERCETINA DIANTE DA AÇÃO DO ESTRESSE TÉRMICO EM CAENORHABDITIS ELEGANS1 Renata Rodrigues Cardozo2; Larissa Marafiga Cordeiro3; Danielle Kunzler Monteiro4; Bruna Comparsi5 1 Trabalho de Iniciação científica do curso de Biomedicina – PIBIC/IESA Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, PIBIC/IESA, email: [email protected] 3 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, PIBIC/IESA, email: [email protected] 4 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 5 Docente do curso de Biomedicina, Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica, email: [email protected] 2 Introdução Os flavonoides são constituintes de um grupo de polifenois e estão entre os fitoquímicos mais estudados (LANDETE, 2013). O recente interesse por essas substâncias tem sido estimulado pelos seus potenciais benefícios à saúde (KUMAR; PANDEY, 2013). Muitos estudos observaram as propriedades desses elementos e seus efeitos protetores contra diversas doenças infecciosas e degenerativas, assim como doenças relacionadas com o envelhecimento (DEL RIO et al., 2013; ROBY et al., 2013). A quercetina é um dos mais abundantes flavonoides encontrados, e é conhecida como potente antioxidante natural e eliminador de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio (ROS e RNS). A presença da porção catecol no anel B e grupos hidroxila livres na estrutura de quercetina são responsáveis pelo seu potencial antioxidante e pela capacidade em sequestrar radicais livres (NABAVI et al., 2015). Nesse sentido, há indícios na literatura sobre a capacidade da quercetina em reduzir o estresse causado pelo calor (FITZENBERGER et al., 2014). A variação de temperatura é um dos fatores de estresse mais importantes existentes no ambiente (NOOR et al., 2013). A influência da temperatura acima do tolerado, causa uma condição de estresse oxidativo intracelular, gerando ROS e promovendo danos as células (NOOR, 2015). Uma das estratégias celulares em resposta ao estresse térmico ou oxidativo é a ativação das Proteínas de Choque Térmico (Heat Shock Proteins- HSPs). Estas proteínas possuem a capacidade de interagir de forma reversível com as proteínas que foram danificadas pela ação dos radicais livres em condições de estresse, sua ação promove a proteção e manutenção da atividade proteica (CASTRO et al., 2013). As HSPs são proteínas dependentes do Fator de Choque Térmico-1 (Heat Shock Factors 1- HSF-1) que pode desencadear a transcrição instantânea dos genes de HSPs (CIOCCA; ARRIGO; CALDERWOOD, 2013). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 23 Muitas vias que regulam a resposta ao estresse oxidativo e que influenciam a taxa de envelhecimento em C. elegans estão relacionadas às HSPs (VOLOVIK et al., 2014). No C. elegans a atividade de HSF-1 é altamente conservada e regulada negativamente pelo fator de insulina (IGF-1) semelhante a via de sinalização (IIS). Após a ativação do receptor de IIS, as proteínas DDL-1 e DDL-2 são inibidas e assim ativam o HSF-1 de maneira dependente. Em resposta o HSF-1 realiza um reconhecimento ao DNA específico e ativa rapidamente o HSE e assim a HSP-16.2 é transcrita no citoplasma (CHIANG et al., 2012). Além disso, acredita-se que a HSP-16.2 aumentada por HSF-1 previne a morte celular, assim espera-se que o HSF-1 e HSP-16.2 possam evitar danos ou até mesmo mortes devido ao estresse (MCCOLL et al., 2010). Diante disso, este trabalho tem como objetivo investigar os efeitos do flavonoide quercetina diante da ação do estresse térmico no organismo modelo C. elegans e sua relação com a proteína de choque térmico HSP-16.2. Metodologia Condições de cultura e manutenção Utilizou-se neste estudo cepas selvagem (N2) e mutantes (PS3551 (hsf-1), CL2070 (HSP16.2:: GFP)). Após sincronização os vermes foram mantidos a 20 ºC em meio sólido de crescimento de nematódeos (NGM) semeados com E.coli (OP50) como uma fonte de alimento (BRENNER, 1978). Aos vermes testes além das E. coli, também foi suspenso ao meio a concentração de 200 µM de quercetina. Tratamento com quercetina A quercetina (200 µM) foi dissolvida previamente em dimetil-sulfóxido (DMSO) e armazenada. Após a solidificação das placas contendo o meio NGM, a bactéria foi semeada (E. coli, OP50) e cresceu nas placas por 24 horas (37 ºC). A quercetina foi então distribuída nas placas de tratamento no volume de 200 µL. Os vermes das diferentes cepas em estágio L1 foram transferidos para placas contendo ou não quercetina por 48 horas, além disso vermes em estágio L1 também foram transferidos para placas contendo DMSO (veículo da quercetina) para as análises descritas abaixo. Estresse térmico Para analisar a sobrevivência dos vermes tratados com quercetina por 48 horas frente ao estresse térmico seguimos o protocolo de tratamento abaixo: (1) Estresse térmico; (2) Quercetina 200 µM + Estresse térmico; (3) DMSO 5% (200 µL) + Estresse térmico; (4) Quercetina 200 µM; (5) DMSO 5% (200 µL). Foi observada a sobrevivência em cepas N2 e cepas mutantes PS3551 (hsf1), ambas as cepas em fase larval L4. Os ensaios de choque térmico foram realizados em duplicata. Para realizar esse ensaio 10 nematódeos de cada tratamento foram colocados em microplacas contendo tampão M9 e expostos ou não a 37 ºC durante 1 h. O número de vermes vivos foi contado após o ensaio de estresse térmico. O ensaio foi realizado 3 vezes II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 24 Expressão de Proteínas de choque térmico A fim de avaliar se a quercetina induz a expressão de proteínas de choque térmico, a cepa CL2070 (hsp16.2:: GFP) foi tratada com quercetina conforme descrito no item Tratamento com quercetina. Após 24 horas de tratamento, os vermes foram lavados com M9 em eppendorfs. Então foram transferidos para lâminas microscópicas contendo agarose 2% e anestésico e observados em microscópio de fluorescência. As imagens foram adquiridas utilizando-se uma câmera para fluorescência e o programa ImageJ (NIH) foi utilizado para análise das imagens e densitometria. Tratamento estatístico A análise estatística foi realizada utilizando GraphPad Instat (Versão 5.0, GraphPad Software, San Diego, CA). Diferenças significativas entre as médias foram avaliadas por ANOVA de uma via seguido pelo Tukey multiple comparison test. As análises foram consideradas estatisticamente significativas quando p < 0,05. Resultados e Discussão O efeito protetor da quercetina sobre o parâmetro sobrevivência frente ao estresse térmico foi pesquisado em cepas N2 e PS3551. Entre os vermes de cepas N2 expostos ao calor (grupo HS), pode-se perceber redução de aproximadamente 50% da sobrevivência, demonstrando a fragilidade do C. elegans diante do estresse térmico (Figura 1A). O grupo de vermes submetido ao calor e que recebeu suplementação apenas com DMSO apresentou redução na taxa de mortalidade quando comparado ao grupo HS (Figura 1A), este resultado já foi observado por FRANKOWSKI et al., (2013) durante estudo realizado em C. elegans, os autores relataram que o DMSO, na concentração de 0,9%, aumentou a expectativa de vida do nematódeo em 20% quando comparado ao grupo controle. Os resultados demonstram que o tratamento somente com quercetina (200 µM) ou DMSO não interferiu na sobrevivência da cepa N2 durante o estresse térmico (Figura 1A). Além disso, observou-se que a suplementação com quercetina (200 µM) foi capaz de reduzir a mortalidade em C. elegans após a exposição ao calor (Figura 1A) demonstrando um efeito protetor da quercetina diante deste agente pró-oxidante. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 25 Uma via de toxicidade por estresse térmico é a geração elevada das ROS, pode-se supor que a proteção da quercetina ocorreu através da redução da acumulação das ROS devido a sua atividade antioxidante, entretanto, neste estudo não realizou-se a determinação da produção de ROS (KAMPKÖTTER et al., 2007). Taxas de sobrevivência semelhantes foram verificadas em vermes da cepa PS3551, entretanto, em cepas mutantes o DMSO não apresentou efeito protetor frente a ação pró-oxidante do estresse térmico (Figura 1B). Considerando que a quercetina foi capaz de proteger contra o estresse térmico nesta cepa, podemos sugerir que o mecanismo de proteção da quercetina independe ou depende parcialmente da ativação do fator de choque térmico, ou seja, mesmo na ausência deste fator de transcrição, o efeito protetor é mantido em parte. Em estudo realizado por FITZENBERGER et al., (2014), demonstrou que a quercetina foi capaz de proteger a redução da sobrevivência induzida concomitantemente pela glicose e pelo estresse térmico em C. elegans. Além disso, foi possível observar uma pequena redução na sobrevivência de cepas PS3551 no grupo que recebeu suplementação apenas com DMSO e quercetina (200 µM) (Figura 1B). Porém, a partir dos resultados obtidos pretende-se testar outras doses da quercetina utilizando o mesmo protocolo experimental para esclarecer melhor seus efeitos diante dos parâmetros analisados. Em seguida, testou-se os efeitos do tratamento com quercetina (200 µM) em uma cepa transgênica (CL2070) reguladora de estresse para HSP-16.2 (Figura 2). A cepa foi tratada com quercetina por 24 horas e então observada em microscópio de fluorescência. Observou-se então que o tratamento com quercetina (200 µM) aumentou a expressão da HSP-16.2 na cepa CL2070 (Figura 2C) quando comparado ao grupo controle (Figura 2A). Além disso, II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 26 observou-se também que houve um pequeno aumento na expressão nos vermes tratados com DMSO (Figura 2B) quando comparado ao grupo controle. Diversos estudos disponíveis na literatura relacionam os efeitos protetores de flavonoides e polifenois em C. elegans, como citado anteriormente, vários autores defendem a atividade antioxidante da quercetina, entretanto demonstrou-se aqui pela primeira vez os efeitos da quercetina em cepa CL2070. Conclusão Em conclusão, demonstrou-se que a quercetina foi capaz de aumentar significativamente a sobrevivência em C. elegans frente ao estresse térmico. A capacidade de resistência do verme e o aumento de sua sobrevivência nessas condições podem ser atribuídas a atividade antioxidante da quercetina e também pela regulação da expressão da HSP-16.2 através da modulação da cascata de sinalização insulina IGF-1/ IIS agindo de forma protetora para o verme. Estes resultados sugerem que a quercetina tem efeitos benéficos sobre a sobrevivência de C. elegans em condições de estresse térmico, e que ela pode ter potencial na busca de compostos naturais que atuam contra danos à células relacionados a diversas doenças que envolvem o estresse oxidativo. Palavras-Chave: Ação antioxidante, Proteínas de Choque Térmico, Estresse oxidativo. Referências Bibliográficas CASTRO, V.S. et al. Proteínas de choque térmico hsp 70: estrutura e atuação em resposta ao estresse celular. 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Porém, quando persistente, a dor provoca reações emocionais negativas, tornando-se debilitante e causadora de sofrimento (CHAPMANE GAVRIN, 1999; JULIUS; BASBAUM, 2001; GRIFFIS et al., 2006). Já a nocicepção refere-se apenas a parte fisiológica da dor, sem levar em consideração os aspectos psicológicos que também influenciam na percepção final da mesma (LOESER; TREEDE, 2008). Durante o processo inflamatório, a migração e acúmulo de leucócitos ativados, a vasodilatação, a diapedese e o acúmulo de transudatos comprimindo terminações são evidentes e indicadores do processo. Além disso, a mieloperoxidase (MPO) é uma enzima presente em grânulos azurófilos de células polimorfonucleares, principalmente neutrófilos e macrófagos, que apresenta importante atividade pró-inflamatória e pró-oxidante. Diversos fármacos estão disponíveis para o tratamento da dor e inflamação. Entretanto, a maioria deles causam efeitos adversos relevantes, implicando assim no prejuízo do uso contínuo. Por isso, há um crescente interesse em identificar novos compostos para o tratamento destas enfermidades. Neste sentido, diversos estudos tem demonstrado o efeito farmacológico de compostos sintéticos de síntese simples, tais como os compostos orgânicos de selênio (MULLER et al., 1984; MEOTTI et al., 2004; NOGUEIRA et al., 2004; ZASSO et al., 2005). Alguns destes compostos tem demonstrado ações efetivas sobre a dor e processos inflamatórios em modelos experimentais (NOGUEIRA e ROCHA, 2011). Além destes, os compostos derivados de quinolina também tem demonstrado importantes ações farmacológicas, como propriedades antimaláricas, anti-inflamatórias, antitumorais, hipoglicemiantes, anticarcinogênicas, anti-hipertensivas, anti-asmáticas, anti-histamínicas e antidepressivas (BHASIN et al., 2010, KAUR et al., 2010, MARELLA, 2013; II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 29 SHTRYGOL' SIU et al., 2012), mostrando ser de grande valia sua associação a compostos orgânicos de selênio. Estudos prévios do nosso grupo mostraram que o composto 7-cloro-4(fenilseleno)quinolina (4-PSQ), um derivado de quinolina contendo selênio, demonstrou resultados promissores na redução da nocicepção e inflamação em alguns modelos experimentais. Desta forma, o presente estudo buscou determinar o envolvimento da atividade da MPO e do receptor 5HT 3 do sistema serotoninérgico no efeito anti-inflamatório e antinociceptivo do composto. Metodologia Todos os experimentos foram conduzidos de acordo com as normas do Comitê de Ética e Bem-Estar Animal da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) (CEEA-1987). Foram utilizados camundongos machos adultos da raça Swiss provenientes do Biotério Central da UFPel. Estes foram acondicionados em caixas separadas, sob condições de temperatura de 22 ± 2ºC e mantidos em um ciclo de 12h claro/12h escuro. A dieta foi constituída de ração comercial (GUABI, RS, Brasil) e água fresca ad libitum. O composto 4-PSQ (Figura 1) foi sintetizado de acordo com Savegnago e colaboradores (2013) no Laboratório de Síntese Orgânica Limpa da UFPel. Figura 1- Estrutura química de 7-cloro-4-(fenilseleno)quinolina O teste do edema induzido por óleo de cróton é um modelo inflamatório que foi realizado de acordo com Tubaro et al. (1986) e Romay et al. (1998), com algumas modificações. 4-PSQ (0,1 - 25 mg/kg, per oral (p.o.)), meloxicam (25 mg/kg, p. o.) ou o veículo apropriado foram administrados topicamente 30 minutos antes da aplicação de 2,5% de óleo de cróton em acetona (20 µL / orelha) na orelha direita de cada camundongo. O mesmo volume (20 µL) de acetona foi aplicado na orelha esquerda. Quatro horas após a aplicação do agente flogístico os camundongos foram submetidos à eutanásia e ambas as orelhas foram cortadas na base e a diferença de peso entre as amostras de orelha controle (esquerda) e da orelha tratado com óleo de cróton (direita) foram pesadas em uma balança analítica (SWINGLE et al., 1981). Os resultados obtidos são representados em peso (mg). Subsequentemente, as orelhas foram usadas para determinar a atividade da enzima MPO. A atividade da MPO foi determinada de acordo com o método de Suzuki e colaboradores (1983). A análise cinética desta enzima foi iniciada depois da II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 30 adição de H2O2 (0,01%) e a reação colorimétrica foi medida a 655 nm a 37 °C. Os resultados são expressos como a densidade óptica (OD)/mg de proteína/min. A investigação do possível envolvimento do sistema serotonérgico na ação antinociceptiva do composto 4-PSQ foi realizado através do pré-tratamento dos animais com ondansetron (0,5 mg/kg, intraperitoneal (i.p), antagonista do receptor 5-HT3). Após 15 minutos, os animais foram tratados com 4-PSQ (25 mg/kg, per oral) ou veículo. Trinta minutos após a administração do composto, os animais foram avaliados no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético (1,6%, i.p, 450 μl. Os animais foram colocados individualmente em caixas de vidro e o número de contorções abdominais foi cumulativamente quantificado durante 20 minutos (CORREA, 1996). Resultados e discussão O óleo de cróton aumentou significativamente a atividade da enzima MPO nas orelhas dos camundongos, quando comparado com o grupo controle. O prétratamento com 4-PSQ (25 mg/kg) ou meloxicam (25 mg/kg, fármaco de referência), protegeu contra o aumento na atividade da enzima MPO na orelha de camundongos induzido pelo óleo de cróton, bem como, protegeu contra a formação do edema, conforme observado na Figura 2B e 2A, respectivamente. Figura 2 - Efeito da administração oral de 4-PSQ na formação de edema (A) e a atividade de MPO induzida pelo óleo de croton na orelha direita de camundongos (B). Os dados foram expressos como média ± erro-padrão, foi II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 31 realizado o pós-teste de Newman-Keuls, com *p <0,05, #p <0,01; *** p<0,05 quando comparado com o grupo controle. Atividade da enzima MPO é um marcador de influxo de neutrófilos para o tecido (WERNER e SZELENYI, 1992). Sendo assim, a redução de neutrófilos e macrófagos infiltrados no tecido parece ser um dos possíveis mecanismos envolvidos na atividade antinociceptiva e anti-inflamatória do composto 4-PSQ. Na Figura 3, pode-se constatar que o antagonista ondansetron não reverteu a ação antinociceptiva de 4-PSQ, dessa forma sugerindo que o receptor 5HT3 do sistema serotoninérgico não estaria envolvido na ação antinociceptiva do composto. Porém mais estudos são necessários para avaliar o envolvimento de outros receptores envolvidos na atividade anti-inflamatória e antinociceptiva de 4-PSQ. Figura 3- Efeito do Ondansetron na ação antinocicpetiva de 7-cloro-4(fenilseleno)quinolina (4-PSQ) no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético. Os dados foram expressos como média ± erro-padrão, foi realizado o pós-teste de Newman-Keuls, com *p ≤ 0,001 em comparação ao grupo controle veículo e #p ≤ 0,001 em comparação ao grupo controle Ondansetron. Conclusão Pode-se observar que o composto 4-PSQ possui ação anti-inflamatória pois reduziu a atividade da enzima MPO, a qual está envolvida em processos inflamatórios. Além disso, pode-se sugerir também que o receptor 5HT3 do sistema serotoninérgico não está envolvido na ação antinociceptiva e antiinflamatória deste composto. Palavras-chave: Anti-inflamatório, antinociceptivo, camundongos, selênio Referências bibliográficas BHASIN, K.K. Synthesis and characterization of novel quinolone selenium compounds: X-ray structure of 6-methoxy-3H-[1,2]diselenolo[3,4-b]quinoline. Journal of Organometallic Chemistry, v. 695, p.1065-1068, 2010. CHAPMAN, C.R.;GAVRIN, J. Suffering: the contributions of persistent pain. The Lancet, v. 353, p. 2233 – 2237,1999. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 32 CORREA, C.R.; KYLE, D.J.; CHAKRAVERTY, S.; CALIXTO, J.B. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 33 ANÁLISE COMPARATIVA DE AGENTES MICROBIOLÓGICOS DO COLO UTERINO NA REGIÃO NORTE E NOROESTE DO RS Luana Taís Hartmann Backes2, Vanusa Manfredini 3, Luciane Noal Calil4 1 Trabalho de pesquisa - Curso Técnico em Citopatologia - Pronatec Biomédica, Mestre em Envelhecimento Humano, Especialista em Análises Clínicas e Toxicológicas, Professora no Curso Técnico em Citopatologia no Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo IESA/CNEC - Email: [email protected]. 3 Docente na Universidade Federal do Pampa UNIPAMPA – Email: [email protected] 4 Doutora em Ciências Médicas, Docente na Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS . Email: [email protected] 2 Introdução As inflamações são consideradas um conjunto de fenômenos de reações a qualquer agressão tissular, seja bacteriana, viral, micótica, parasitária, póstraumática, química ou física. Isto é, modificações que ocorrem nos tecidos vivos mediantes a determinados tipos de agressões, sendo uma das principais reações defensivas do organismo (CHIUCHETTA et al., 2002). O trato genital feminino apresenta uma grande suscetibilidade às inflamações que pode variar de acordo com a idade e a localização anatômica. Em mulheres na idade reprodutiva, o epitélio escamoso altamente proliferativo da ectocérvice serve como um excelente meio de barreira contra as lesões, já em crianças e nas menopausadas o epitélio é geralmente atrófico e, essa condição favorece a instalação de reações inflamatórias (PEREIRA et al., 2012). O diagnóstico citológico destas infecções, através do exame de papanicolaou permite determinar facilmente e com pouco custo, parâmetros estatísticos de uma população e assim, estabelecer precocemente a terapêutica e complicações futuras. Um extensivo espectro de agentes patogênicos pode ser detectado na microflora vaginal, isto se dá, provavelmente, por algum desequilíbrio na flora vaginal normal (SÁEZ et al., 2013). Segundo alguns autores, os agentes infecciosos mais comuns são a Gardnerella vaginalis, Trichomonas vaginalis e Candida sp, sendo responsáveis por 90% dos casos de infecções cervicais (MURTA et al., 2001). A Gardnerella vaginalis é o agente causal da vaginose bacteriana e é diagnosticada quando critérios já estabelecidos estiverem presentes, como: pH vaginal maior de 4.5, presença de “clue-cells” ou células-alvo no fluído ou esfregaços vaginais; leucorréia fluída, cinza ou branca. Embora a citologia cervicovaginal não seja o exame de escolha para avaliação da microbiota vaginal,este teste apresenta sensibilidade de 92% e especificidade de 97% para detecção de vaginose bacteriana (RIBEIRO et al., 2007). Trichomonas vaginalis é um protozoário flagelado, comumente encontrado ao nível dos órgão genitais inferiores da mulher, e ao nível de próstata e uretra no II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 34 homem (MURTA et al., 2001; MARTINS et al., 2007). A infecção causada pela Trichomonas vaginalis é transmitida por contato sexual, sendo algumas mulheres assintomáticas. É caracterizada pelo aparecimento de odor fétido, dispareunia, ardência e prurido na região genital (NAI et al., 2007). A candidíase vulvovaginal, causada pela Candida spp. é um distúrbio ocasionado pelo crescimento de fungos do tipo leveduras na mucosa do trato genital feminino. Trata-se de uma infecção de vulva e vagina, causada por leveduras comensais que habitam a mucosa vaginal. Estas leveduras podem tornar-se agressivas quando o sítio de colonização do hospedeiro passa a ser favorável para o seu desenvolvimento; 80 a 90% dos casos são devidos a Candida albicans, e 10 a 20% a outras espécies chamadas não C. albicans (C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C. parapsilosis) (MURTA et al., 2001). Tendo em vista a presença destes microrganismo e da possibilidade de outros agentes acometerem o colo uterino, causando lesões e também doenças precursoras do câncer de colo do útero, o presente estudo tem por objetivo determinar a prevalência dos agentes mais comuns, bem como relacionar os fatores epidemiológicos em exames citopatológico abrangendo a região Norte e Noroeste do estado do RS, contribuindo para o avanço do conhecimento destes problemas, afim de enfatizar a prevenção destas doenças, como uma medida das políticas públicas de saúde. Metodologia Foi realizado um estudo quantitativo, comparativo e restrospectivo através da análise de dados de exames citológicos cervicovaginais obtidos por meio do Sistema SISCOLO do Ministério da Saúde, provenientes de um Laboratório privado da cidade de Erechim – RS, que recebe exames oriundos de 84 Unidades Básicas de Saúde da região do Alto Uruguai do Rio Grande do Sul e de 72 Unidades Básicas de Saúde da região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul representando as duas regiões analisadas, realizado no período de julho a dezembro de 2012. O resultado do diagnóstico citopatológico das pacientes, foi obtido através de uma prévia coleta do material cervicovaginal e obedecendo todas as normas de procedimentos. O material foi coletado nas Unidades Básicas de Saúde a partir da ectocérvice e endocérvice distribuído em lâmina através da espátula de Ayre e citobrush. Os esfregaços foram fixados em etanol a 95%. As amostras encaminhadas ao laboratório foram então coradas pelo método de Papanicolaou. A análise citológica foi realizada pelo Sistema de Bethesda, 2001. Resultados e discussão Foi analisado um total de 9782 exames citológicos cervicovaginais nas duas regiões distintas do estado do Rio Grande do Sul. Na região Norte 6499 exames, onde a flora prevalente foi a flora lactobacilar com 3950 exames (60,8%), seguido pela flora mista com 771 (11,9%), Gardnerella vaginalis com 675 (10,4%), Candida sp com 83 (1,3%) e Trichomonas vaginalis com 25 exames (0,38%). Casos de flora cocóide não foram relatados como pode ser observado na figura 1. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 35 Figura 1- Prevalência de agentes microbiológicos encontrados em exames cervicovaginais na região Norte do estado do RS. Na região noroeste 3283 exames foram analizados, onde a flora prevalente foi a de lactobacilos com 1877 exames (57,2%), seguido por Gardnerella vaginalis com 599 (18,2%), a flora cocóide esteve presente com 532 (16,2%), a flora mista com 158 (4,8%) e, Candida sp com 98 (2,9%) e Trichomonas vaginalis com 19 (0,58%), como pode ser observado na figura 2. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 36 Figura 2 - Prevalência de agentes microbiológicos encontrados em exames cervicovaginais na região Noroeste do estado do RS A predominância dos lactobacilos (Bacilos de Döederlein), produtores de peróxido tem sido reconhecida como responsável pela manutenção do equilíbrio do ecossistema vaginal, mantendo o pH ácido vaginal (pH em torno de 4.5), dificultando a presença de patógenos (CAMPITELLI; HASENACK, 2009). Sendo que a perda dos lactobacilos pode predispor à aquisição de infecções geniturinárias, por esta razão, os lactobacilos auxiliam na restauração da microbiota vaginal e na prevenção de infecções (BECKER, 2011). Verificou-se um predomínio da flora lactobacilar nas duas regiões, na população estudada. As mulheres sexualmente ativas, nas faixas etárias onde a ocorrência de lactobacilos está reduzida, aparece a flora de Candida sp, Gardnerella vaginalis e Trichomonas vaginalis, provocando o surgimento de vaginites. Em trabalho realizado por Silva et al12, no município de Presidente Dutra, estado do Maranhão, foram encontrados percentuais que se assemelham aos resultados do presente estudo, onde Gardnerella vaginalis (22,7%), seguido de Candida sp. (12,5%) e Trichomonas vaginalis (6,6%). Quanto ao Trichomonas vaginalis, sua presença pode estar relacionada à idade, em nosso estudo observou-se que em torno dos 25 anos de idade representauma faixa de ativa, maior número de parceiros sexuais, oque consequentemente predispõe á infecções sexualmente transmissíveis e microrganismos. Neste estudo, observou-se um menor percentual de agentes II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 37 em relação aos demais, o que vem ao encontro dos dados encontrados por (RIBEIRO et al., 2007). Os índices do nosso estudo apontaram diferença estatisticamente significativa (p<0,05) entre as médias de idades. Observou-se que a média de idades foi de 39,4 anos na população feminina diagnosticada da região norte, e na região noroeste a média foi 38,6 anos de idade, como pode-se observar na tabela 1. Tabela 1 Médias de idades das pacientes referentes aos agentes microbiológicos encontrados a partir dos exames cervicovaginais nas duas regiões distintas do estado do RS. Flora Região Norte Região Noroeste Valor de P Lactobacilos 36,8 36,9 P=0,91 G. vaginalis 37,9 40,1 P=0.21 Candida sp. 31,8 30,1 P=0,055 T. vaginalis 29,0 30 P=0,92 Cocos Flora Mista Média Total 55,1 46,0 39,4 56,2 38,4 38,6 P=0,46 P=0,009 P<0.05 Em relação à idade, a amostragem foi de pacientes entre 20 e 49 anos, sexualmente ativas, não havendo diferença estatística entre os grupos. Assim, os dados sugerem que a maior frequência de vaginose bacteriana, pode estar associados ao trato cervicovaginal de mulheres jovens, devido que a maior descarga vaginal acontece nos anos reprodutivos, com maior produção de secreção pelas glândulas cervicais, e pela descamação das células vaginais e também maior presença das bactérias na flora microbiológica (RODRIGUEZ et al., 2010). Conclusão Os sintomas indesejáveis causados pelos agentes infecciosos modificando a flora normal e o controle citopatológico justifica a necessidade do screening periódico, prevenindo o avanço das alterações citopatológicas. Com este estudo concluiu-se que houve uma maior infecção por Cândida sp. principalmente em mulheres com idades mais avançadas, e este microrganismo teve maior prevalência na região Norte do estado do RS, bem como a presença de flora mista que também foi mais relevante nesta população em comparação com a região Noroeste do estado do RS. Este estudo, considerado por relacionar os fatores epidemiológicos em exames citopatológicos abrangendo duas regiões distintas do estado do RS, vem contribuir para o avanço do conhecimento dos problemas públicos de saúde enfrentados pela população, pretendendo enfatizar que a prevenção das patologias de colo de útero são de extrema importância e deveriam ser vistos com maior rigidez afim da promoção de saúde pública nestas regiões. Palavras-chave: Agentes microbiológicos, Exame citopatológico, Prevenção. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 38 Referências bibliográficas BECKER D.L. Correlação entre Infecções Genitais e Alterações Citopatológicas Cervicais em Pacientes Atendidas no Sistema de Saúde Pública de Porto Alegre. Jornal Brasileiro de Doenças Sexualmente Transmissíveis. v. 23, n. 3, p. 116, 2011. CAMPITELLI, D.V.R.; HASENACK, B. S. Prevalência de Trichomonas vaginalis, Candidasp e Gardnerella vaginallis em Esfregaços Cérvico-vaginais de Pacientes Atendidos em uma Unidade Básica de Saúde do Norte do Paraná. Laes & Haes. v.1, n. 1, p. 90, 2009. CHIUCHETTA, G.I.R.; RUGGERI, L.S.; PIVA, S.; CONSOLARO, M.E.L. Estudo das inflamações e infecções cérvico-vaginais diagnosticadas pela citologia. Arquivos de Ciencia e Saúde UNIPAR. v. 6, n. 2, p. 123-128, 2002. MARTINS M.C.L.; BÔER C.G.; SVIDZINSKI T.I.E.; DONIDALG; MARTINS P.F.A.; BOSCOLI F.N.S.; et al. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 39 AVALIAÇÃO DOS MECANISMOS ENVOLVIDOS NA AÇÃO ANTINOCICEPTIVA DE 7-CLORO-4-(FENILSELENO)QUINOLINA EM CAMUNDONGOS1 Vanessa Duarte Gonçalves da Silva2; Márcia Juciele da Rocha3; Mikaela Pinz4; Cristiane Luchese5; Ethel Antunes Wilhelm6 1 Resultados parciais da dissertação de mestrado Mestranda, [email protected]; 3 Mestranda, [email protected]; 4 Iniciação científica, [email protected]; 5 Professora, [email protected]; 6 Professora, [email protected]. 2 Introdução A dor é um dos principais sintomas clínicos para a detecção e avaliação de doenças, pois atua como um mecanismo de defesa para manter a integridade do organismo. Por outro lado, a dor é um fenômeno de suprema relevância uma vez que diminui drasticamente a qualidade de vida de seus portadores. A dor causa reações emocionais negativas e, quando persistente, torna-se debilitante e causadora de sofrimento (MILLAN, 1999; JULIUS e BASBAUM, 2001; GRIFFIS, COMPTON e DOERING, 2006). Muitos esforços têm sido dedicados, buscando compreender os mecanismos celulares e moleculares envolvidos na origem da dor, com o objetivo de encontrar drogas eficazes, com baixos efeitos colaterais e que possam ser empregadas nesta circunstância (SZOLCSÁNYI et al., 2011; WELCH et al, 2012; NADAL et al, 2013). Atualmente não existe tratamento satisfatório e nem medidas adequadas e específicas para o controle da dor, o que motiva novos estudos para a descoberta de tratamentos efetivos. Neste sentido, derivados quinolínicos têm recebido a atenção de pesquisadores devido às suas importantes ações farmacológicas, incluindo as propriedades anti-inflamatória, antimalárica, antitumoral, anticarcinogênica, anti-hipertensiva, anti-asmática, anti-histamínica e antidepressiva (BHASIN et al., 2010, MARELLA, 2012; SHTRYGOL' SIU et al., 2012). Manera e colaboradores (2007) revelaram que derivados de quinolina apresentam ação antinociceptiva in vivo, possivelmente devido a sua alta afinidade por receptores canabinóides. Esta classe de compostos também apresenta potente atividade em modelo de dor neuropática em ratos (BARE et al., 2007). Recentemente, nosso grupo de pesquisa demonstrou as ações antinociceptiva, anti-inflamatória e anticonvulsivante de 7-cloroquinolina-1,2,3-triazoil carboxamidas em camundongos (WILHELM et al., 2014), reforçando o potencial desta classe de compostos. Paralelamente aos derivados de quinolina, destacam-se os compostos orgânicos do selênio, os quais possuem síntese simples e atividades farmacológicas relevantes (NOGUEIRA e ROCHA, 2011). Inúmeros compostos orgânicos de selênio exercem ações efetivas sobre a dor e processos inflamatórios em modelos experimentais (WILHELM et al., 2009; BRUNNING et II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 40 al., 2010). De acordo, Luchese e colaboradores (2012) demonstraram que o disseleneto de difenila, um organoselênio, reduz o processo inflamatório causado por pleurisia induzida por carragenina em camundongos. Neste sentido, nosso grupo de pesquisa tem buscado elucidar as propriedades farmacológicas de 7-cloro-4-(fenilseleno)quinolina (Figura 1). Savegnago e colaboradores (2012) demonstraram que este composto inibe a peroxidação lipídica e possui capacidade redutora do íon férrico, mostrando-se como um potente antioxidante. Recentemente evidenciamos um importante potencial farmacológico de 7-cloro-4-(fenilseleno)quinolina em modelos de nocicepção e inflamação em camundongos. Desta forma, torna-se de grande importância a investigação dos possíveis mecanismos envolvidos nas ações farmacológicas deste derivado quinolínico. Figura 1- Estrutura química de 7-cloro-4-(fenilseleno)quinolina. Metodologia O composto 7-cloro-4-(fenilseleno)quinolina foi sintetizado de acordo com Savegnago e colaboradores (2013) no Laboratório de Síntese Orgânica Limpa da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL-RS). As drogas serão adquiridas da Sigma (St Louis, MO, USA). Todos os experimentos que se encontram aqui descritos foram conduzidos de acordo com as normas do Comitê de Ética e Bem-Estar Animal da UFPel (CEEA/UFPel, n° 8997). Foram utilizados camundongos machos adultos (pesando entre 25 - 30g) da raça Swiss provenientes do Biotério Central da UFPel. Estes foram acondicionados em caixas separadas, sob condições de temperatura de 22 ± 2ºC e mantidos em um ciclo de 12h claro/12h escuro. A dieta foi constituída de ração comercial (GUABI, RS, Brasil) e água fresca ad libitum. A investigação do possível envolvimento do sistema serotonérgico na ação antinociceptiva do composto 7-cloro-4-(fenilseleno)quinolina foi realizado através do pré-tratamento dos animais com pindolol (1 mg/kg, intraperitoneal, antagonista 5-HT1A/1B e antagonista β-adrenérgico), ketanserin (0,3 mg/kg, intraperitoneal, antagonista preferencial dos receptores 5HT2A) ou way100635 (0,5 mg/kg, i.p., antagonista dos receptores 5-HT1A). Após 15 minutos, os animais foram tratados com 7-cloro-4-(fenilseleno)quinolina (25 mg/kg, per oral) ou veículo. Trinta minutos após a administração do composto, os animais foram avaliados no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético. O teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético é descrito como um modelo típico de nocicepção inflamatória visceral e permite avaliar a atividade antinociceptiva de substâncias que atuam tanto em nível central II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 41 quanto periférico. A resposta nociceptiva foi induzida pela injeção intraperitoneal de 450 µl de ácido acético (1,6%). As contorções abdominais consistem na contração da musculatura abdominal juntamente com a extensão das patas posteriores. Após a injeção de ácido acético, os camundongos foram colocados individualmente em caixas de vidro apropriadas e o número de contorções abdominais foi cumulativamente quantificado durante um período de 20 minutos (CORREA, 1993). Resultados e discussão Os resultados demonstrados na figura 2 revelaram que o ketanserin, um antagonista preferencial dos receptores 5HT 2A, reverteu parcialmente a ação antinociceptiva de 7-cloro-4-(fenilseleno)quinolina (25 mg/kg). Como verificado nas figuras 3 e 4, o efeito antinociceptivo do composto foi parcialmente bloqueado pelos antagonistas way100635 (antagonista dos receptores 5-HT1A) e pindolol (antagonista 5-HT1A/1B e β-adrenérgico), respectivamente. Este conjunto de resultados sugere que o sistema serotoninérgico está envolvido na ação antinociceptiva de 7-cloro-4-(fenilseleno)quinolina em camundongos. Number of Writhing 150 Vehicle Ketanserin 100 *# 50 * 0 Control 4-PSQ Figura 2- Efeito de ketanserin na ação antinocicpetiva de 7-cloro-4(fenilseleno)quinolina (4-PSQ) no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético. Os dados foram expressos como média ± erro-padrão, foi realizado o pós-teste de Newman-Keuls, com *p ≤ 0,001 em comparação ao grupo controle veículo e #p ≤ 0,001 em comparação ao grupo controle ketanserin. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 42 Number of Writhing 150 Vehicle Way 100 *# 50 * 0 Control 4-PSQ Figura 3- Efeito de way100635 na ação antinociceptiva de 7-cloro-4(fenilseleno)quinolina (4-PSQ) no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético. Os dados foram expressos como média ± erro-padrão, realizado o pós-teste de Newman-Keuls, com *p ≤ 0,0001 em comparação ao grupo controle veículo e #p ≤ 0,0001 em comparação ao grupo controle way100635. Number of Writhing 150 Vehicle Pindolol 100 *# 50 * 0 Control 4-PSQ Figura 4- Efeito de Pindolol na ação antinociceptiva de 7-cloro-4(fenilseleno)quinolina (4-PSQ) no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético. Os dados foram expressos como média ± erro-padrão, realizado o pós-teste de Newman-Keuls, com *p ≤ 0,0001 em comparação ao grupo controle veículo e #p ≤ 0,0001 em comparação ao grupo controle pindolol. Outros estudos já mostram que compostos derivados de selênio possuem potentes atividades farmacológicas e de baixa toxicidade (NOGUEIRA et al., 2004), bem como, demonstram envolvimento dos mecanismos serotorinérgico, glutamatérgico e nitrérgico (ZASSO et al., 2005; SAVEGNAGO et al., 2007). Por exemplo, o composto disseleneto de difenila (PhSe)2 e alguns de seus compostos relacionados, p-metoxi-difenildisseleneto (p-MeOPhSe)2 e mII Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 43 trifluorometil-difenildisseleneto (m-F3CPhSe)2, foram relatados como agentes antinociceptivos em modelos animais (NOGUEIRA et al., 2003; PINTO et al., 2008 e BRÜNING et al., 2010) e as ações destes derivados envolvem a modulação destes três mecanismos. Recentemente, Sari e colaboradores (2014) demonstraram que o p-cloroselenoesteroide (C34H53ClO2Se), outro composto orgânico de selênio, apresenta ação antinociceptiva em diferentes modelos animais. Os resultados obtidos sugerem que os sistemas adenosinérgicos e dopaminérgicos estão envolvidos nesta ação farmacológica. Conclusão Os resultados prévios sugerem que o sistema serotorinérgico está envolvido na ação antinociceptiva do composto 7-cloro-4-(fenilseleno)quinolina. Outros estudos estão sendo desenvolvidos para avaliar a contribuição do sistema glutamatérgico e da via L-arginina-óxido nítrico na ação antinociceptiva deste composto. Palavras-chave: Antinocicepção, camundongos, selênio Referências bibliográficas BARE, T.; BROWN, D.; HORCHLER, C.; MURPHY, M.; URBANEK, R.; ALFORD V.; BARLAAM, C.; DYROFF, M.; EMPFIELD, J.; FORST, J.; HERZOG, K.; KEITH, R.; KIRSCHNER, A.; LEE, C.; LEWIS, J.; MCLAREN, F.; NEILSON, K.; STEELMAN, G.; TRIVEDI, S.; VACEK, EP, XIAO W. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 44 NADAL, X.; PORTA, C.; BURA, S.; MALDONADO, R. Involvement of the opioid and cannabinoid systems in pain control: New insights from knockout studies. European Journal Pharmacology, v.14, n.2999, p. 180-185, 2013. NOGUEIRA, C.; ZENI, G.; ROCHA, J. Organoselenium and organotellurium compounds: Toxicology and Pharmacology. Chemical Reviews, v.104, p. 6255-6285, 2004. NOGUEIRA, C.; QUINHONES, E.; JUNG, E.; ZENI, G.; ROCHA; J. Anti- inflammatory and antinociceptive activity of diphenyldiselenide. Inflammation Research, v. 52, p.56–63, 2003. NOGUEIRA, C.; ROCHA, J. Toxicology and pharmacology of selenium: emphasis on synthetic organoselenium compounds. Archives of Toxicology, v.85, p.1313–1359, 2011. PINTO, L.; JESSE, C.; NOGUEIRA, C.; SAVEGNAGO, L. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 45 AVALIAÇÃO DO EFEITO DE NANOCAPSULAS CONTENDO MELOXICAM NA DERMATITE ATÓPICA INDUZIDA POR 2,4-DINITROCLOROBENZENO EM CAMUNDONGOS1 Douglas Mroginski Weber2, Guilherme Teixeira Voss3, Francine Ianiski4, Ethel Antunes Wilhelm5, Cristiane Luchese6 1 Resultados parciais da dissertação de mestrado Acadêmico, [email protected]; 3 Iniciação Científica, [email protected] 4 Doutoranda, [email protected]; 5 Professora, [email protected]; 6 Professora, [email protected] 2 Introdução A dermatite atópica (DA) é uma doença alérgica inflamatória crônica e sua morbidade tem aumentado gradualmente em países desenvolvidos e em desenvolvimento. uma doença ue acomete principalmente crianças, sendo ue apro imadamente 50% dos pacientes apresentam o início da doença antes dos 5 anos de vida, podendo persistir até a fase adulta (BIEBER et al.,2012 . aracteri a-se por um estado de iper-reatividade cut nea a estímulos normalmente in cuos a indivíduos não-at picos, ressecamento intenso (xerose), prurido, eritema, níveis elevados de imunoglobulinas e eosinófilia. A etiologia da dermatite at pica é astante comple a, porém vários estudos indicam ue nessa condição cut nea está envolvida a ativação de diferentes vias imunológicas e inflamatórias (BRUIN WELLER et al., 2012). Neste sentido, tendo em vista que o processo inflamatório está envolvido na dermatite atópica, uma alternativa para o tratamento seria utilizar fármacos que agem em enzimas e mediadores pró-inflamatórios que afetam a susceptibilidade desse processo. Deste modo, este trabalho busca fornecer uma possível alternativa para o tratamento da dermatite at pica, usando como ase a redução do processo inflamat rio com um ini idor seletivo da en ima ciclo igenase ( O -2. Um potente ini idor desta en ima é o melo icam, um fármaco pertencente classe dos antinflamat rios não esteroidais (AINEs (AH., 2010 . esmo com um arsenal disponível de antinflamat rios, alguns fatores comprometem a adesão do paciente ao tratamento como o esquema posológico, efeitos adversos indesejáveis, custo elevado do tratamento, etc (GOTTLIEB., 2005). Para isso, aplica-se a nanotecnologia, a qual representa uma abordagem inovadora e promissora para prevenção e tratamento de diversas doenças. As nanopartículas são sistemas de entrega de fármacos na escala manométrica, nas quais o fármaco é dissolvido, aprisionado, encapsulado ou ligado a matriz da nanopartícula (AHAD et al., 2014). A utilização de polímeros biodegradáveis no revestimento das nanopartículas tem atraído importante atenção como dispositivos de distribuição de fármacos, tendo em conta o potencial de suas aplicações na liberação controlada de ativos, bem como sua capacidade de direcionar para determinados órgãos e tecidos. Além disso, as nanopartículas poliméricas quando em contato com fluidos biológicos apresentam maior II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 46 estabilidade do que outros sistemas, e permitem o controle farmacocinético na vetorização de ativos através de possíveis alterações químicas na sua superfície (BENONIO et al., 2014). O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de nanomateriais contendo meloxicam na dermatite atópica induzida por 2,4 dinitroclorobenzeno (DNCB) em camundongos. Metodologia Foram utilizados camundongos machos BALB/c (25-30 g) obtidos do Biotério da Universidade Federal de Pelotas. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Experimentação Animal (CEEA 4294-2015). Os animais foram randomicamente divididos em 5 grupos (n=6): Controle, DNCB, DNCB + nanocápsulas brancas, DNCB + nanocápsulas contendo meloxicam, DNCB + meloxicam livre. Os camundongos foram separados por grupos e alojados em gaiolas ventiladas sob condições livres de patógenos a uma temperatura entre 22 e 24ºC com um ciclo de 12 h entre claro e escuro. A pele dorsal dos camundongos foi raspada para a retirada dos pelos e sensibilizada pela aplicação de DNCB (200 µl, 0,5% em acetona: óleo de oliva (3:1)) nos dias experimentais 1, 2 e 3. Nos dias 14 a 29, os animais receberam a aplicação de 100 µl de DNCB (1%) na orelha direita e nos dias 14, 17, 20, 23, 26 e 29 receberam esta aplicação na região dorsal (previamente raspada e sensibilizada). Os animais do grupo controle receberam apenas a aplicação de acetona: óleo de oliva (3:1). Nos dias 14 a 29, os animais receberam a aplicação tópica (0,5 g) de nanocápsulas com meloxicam, nanocápsulas brancas ou meloxicam livre. No 30º dia, os animais foram submetidos às seguintes avaliações: severidade da dermatite através de escores, edema de orelha e comportamento de se coçar (stratching behavior). Avaliação da severidade da dermatite A severidade da dermatite na pele dorsal foi avaliada no trigésimo dia do experimento de acordo com critério descrito previamente (LEUNG et al., 1990). O escore de avaliação foi: 0 – nenhum, 1 – leve, 2 – moderado, 3 – severo, para cada um dos quatro sinais de sintomas (eritema/hemorragia, edema, escoriação/erosão, ressecamento). Edema de orelha Foi determinado através da diferença de peso entre a orelha direita e a esquerda (LIN et al., 2015). Comportamento de se coçar (stratching behavior) Mensurado o tempo que o camundongo gasta coçando o nariz, as orelhas e a pele dorsal com suas patas por 20 min no último dia de experimento (dia 30) (KIM et al., 2014). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 47 Análise estatística Os dados foram analisados pelo Software GraphPad Prism 5 e expressos como média ± desvio padrão. Os resultados foram analisados utilizando ANOVA de uma via, seguido pelo teste de Newman-Keuls quando apropriado, considerando p<0,05 estatisticamente significativo. Resultados e Discussão Agentes tópicos tais como corticóides, fármacos anti-inflamatórios nãoesteroides, e imunossupressores são atualmente utilizados para o tratamento de várias doenças inflamatórias cutâneas, entre elas a dermatite atópica, mas estes agentes são frequentemente associados com efeitos adversos graves. Neste aspecto, existe uma grande necessidade para o desenvolvimento de terapias novas e eficazes para a DA (YUAN et al., 2010). Nanopartículas ganharam um interesse crescente como formulação de fármacos tópicos, devido ao pequeno tamanho, a biocompatibilidade, a capacidade de incorporar além de moléculas lipofílicas como moléculas hidrofílicas e propriedades de libertação controlada em locais específicos do corpo (KHURANA at al., 2013). A novidade do presente estudo foi examinar o meloxicam nanoencapsulado como uma nova opção para o tratamento da inflamação ocorrida na DA, além, disso foi comparado os efeitos das nanocápsulas de meloxicam com o meloxicam livre. Para avaliar o efeito dos nanomateriais com meloxicam na dermatite atópica induzida por DNCB, foi realizado no 30º dia a avaliação da severidade da dermatite por escore, aonde pode ser comprovado que a pontuação da dermatite foi gradualmente maior em camundongos BALB/c induzidos com DNCB quando comparados com o grupo controle, o tratamento com 0,5 g de nanocápsulas contendo meloxicam na parte dorsal dos camundongos diminuiu significativamente os sintomas clínicos da DA quando comparados com os grupos induzidos por DNCB, e aos grupos tratados com nanocápsulas brancas e meloxicam livre, como demonstrado na Figura 1(A e B). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 48 A B Figura 2- Efeito das nanocápsulas contendo meloxicam (NCM) e do meloxicam livre (ML) na avaliação da severidade da dermatite atópica induzida pelo 2,4 Dinitroclorobenzeno (DNCB). (A)Imagens das lesões da pele dorsal dos camundongos no último dia do experimento (dia 30). (B) Severidade dos sintomas clinicos da dermatite atópica no ultimo dia do experimento. Os dados foram expressos como média ± erro-padrão, foi realizado pós teste NewmanKeuls, com * p <0,05 quando comparado ao grupo controle, # p <0,05 quando comparado ao grupo DNCB e & p <0,05 quando comparado ao grupo ML No teste de edema de orelha foi avaliado a diferença de peso entre a orelha direita (induzida por DNCB) e a esquerda qual não recebeu tratamento com o indutor, sendo que, quanto menor a diferença de peso, maior o potencial de inibição. No dia 30, as orelhas dos camundongos tratados com DNCB foram significativamente mais espessa do que as dos camundongos do grupo controle. Em contraste, as orelhas do grupo tratado com nanocápsulas contendo meloxicam mostraram-se mais leves quando comparadas ao grupo induzido e ao com nanocápsulas brancas mas não houve diferença quando comparado ao grupo tratado com meloxicam livre como pode-se observar na Figura 2. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 49 Figura 3- Efeito das nanocápsulas contendo meloxicam (NCM) e do meloxicam livre (ML) na avaliação do edema de orelha induzido pelo 2,4 Dinitroclorobenzeno (DNCB). O edema de orelha foi verificado no último dia do experimento. Os dados foram expressos como média ± erro-padrão, foi realizado pós teste Newman-Keuls, com * p <0,05 quando comparado ao grupo controle, # p <0,05 quando comparado ao grupo DNCB. LIN et al (2015), ao analisar o efeito anti-inflamatório do extrato de Inula japônica, na dermatite atópica induzida por 2,4 dinitroclorobenzeno em camundongos, usando os testes de avaliação da severidade da dermatite e teste de edema de orelha, constatou que o extrato usado em seu estudo diminui a hipertrofia da pele dorsal, reduzindo assim os sinais clínicos da DA e também comprovou uma diminuição no edema da orelha, esses dados corroboram com os dados encontrados em nossa pesquisa. Para investigar o efeito das nanocápsulas contendo meloxicam sobre o comportamento de coçar induzido por DNCB em camundongos BALB/c, os animais foram monitorados e foi quantificado o tempo que passaram esfregando o nariz, orelhas e pele dorsal com as patas dianteiras e traseiras. Como podemos observar na Figura 3, todos os grupos se mostraram estatisticamente diferente do grupo controle mas não mostraram diferença estatisticamente significante entre si. Isso possivelmente ocorreu pelo fato do meloxicam nanoencapsulado não ser aplicado na orelha e sim apenas pele dorsal do camundongo. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 50 Figura 4- Efeito das nanocápsulas contendo meloxicam (NCM) e do meloxicam livre (ML) sobre o comportamento de se coçar induzido pelo 2,4 Dinitroclorobenzeno (DNCB). O tempo de coçada foi monitorado no último dia do experimento. Os dados foram expressos como média ± erro-padrão, foi realizado pós teste Newman-Keuls, com * p <0,05 quando comparado ao grupo controle. Já em um estudo realizado por KIM et al (2014), que estudou o efeito do 7,8,4´trihydroxyisoflavone (7,8,4´-THIF), um metabolito da isoflavona de soja, sobre os sintomas da DA induzida por aplicações epicutâneas repetidas de 2,4dinitroclorobenzeno (DNCB), aonde ao final do experimento eles avaliaram o comportamento ao se coçar (stratching behavior), ou seja, monitorando os animais e quantificando o tempo que passaram esfregando o nariz, orelhas e pele dorsal com as patas. Assim puderam constatar que o tempo coçando foi significativamente maior no grupo tratado com DNCB quando comparado ao grupo controle, e também puderam comprovar que o grupo tratado com 7,8,4´THIF reduziu o tempo de coçadas quando comparado ao tratado com DNCB. Mas no estudo realizados por eles difere do realizado por nós, por eles também usaram o produto testado na orelha e rosto dos animais. Conclusão Em conclusão, o meloxicam nanoencapsulado teve efeito anti-inflamatório superior ao meloxicam livre pois teve uma diminuição nos sinais clínicos da dermatite atópica induzida por DNCB, apoiando assim que nanocápsulas contendo meloxicam possa ser um possível fármaco para o tratamento dessa patologia. Mais estudos são necessários para determinar a biodisponibilidade do meloxicam nanoencapsulado e para provar que a COX-2 é a enzima envolvida no mecanismo de inibição no presente modelo experimental. Palavras-chave: Dermatite atópica, 2,4 Dinitroclorobenzeno, nanocápsulas e meloxicam. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 51 Referências bibliográficas AH, Y.; CHOI, J.; CHOI, Y.; KI, H.; BAE, J.; A novel transdermal patch incorporating meloxicam: In vitro and in vivo characterization. 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YUAN, X.; LIU, W.; ZHANG, P.; WANG, Y.; GUO, Y.; Effects and mechanisms of aloperine on 2, 4-dinitrofluorobenzeneinduced allergic contact dermatitis in BALB/c mice. European Journal of Pharmacology. V.29, n.6, p. 147-152, 2010. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 52 AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE ESTIMULADORA DE ANTÍGENOS DE Pythium insidiosum EM LINFÓCITOS E CÉLULAS DENDRÍTICAS1 Bruna Vargas2, Juliana Simoni Moraes Tondolo3, Camila Marina Verdi4, Érico as Silva Loreto5, Carine Eloise Prestes Zimmermann6, Janio Morais Santurio7, Pauline Christ Ledur8 1 Trabalho de Iniciação Científica. Acadêmica do 6º semestre do Curso de Biomedicina IESA/CNEC, [email protected] 3 Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, UFSM, [email protected] 4 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, UFSM, [email protected] 5 Pós-doutorando no Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, UFSM, [email protected] 6 Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, UFSM; Professora no Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo, [email protected] 7 Professor do Departamento de Microbiologia e Parasitologia, UFSM, [email protected] 8 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Farmacologia, UFSM, [email protected] 2 Introdução A pitiose é uma doença grave que acomete tanto animais como humanos, sendo comum principalmente em equinos. É causada pelo Oomiceto Pythium insidiosum e infecta os hospedeiros por meio de zoósporos móveis aquáticos. Portanto essa doença é mais comum em regiões alagadas e pantanosas, principalmente de clima tropical e subtropical, onde as altas temperaturas favorecem o desenvolvimento do P. insidiosum (MENDOZA et al., 1993). Apesar dos esforços em se conhecer a biologia deste microrganismo e o desenvolvimento da pitiose no hospedeito, ainda não se tem um amplo conhecimento sobre a doença, tampouco um tratamento eficiente, sendo que muitas vezes essa doença leva a morte de pessoas e animais acometidos. A pitiose ainda é uma doença de difícil tratamento devido às características do P. insidiosum que, embora apresente algumas características semelhantes às de fungos, não é um fungo verdadeiro, não apresentando em sua parede celular o ergosterol, que é o alvo da maioria das drogas antifúngicas (MENDOZA & NEWTON, 2005). Dessa forma, o P. insidiosum apresenta pouca sensibilidade aos fármacos normalmente utilizados no tratamento de doenças fúngicas. Por esse motivo, a forma mais eficiente de tratamento contra a pitiose conhecida atualmente ainda é a excisão cirúrgica de toda a região acometida pela doença, sendo muitas vezes necessária a amputação de membros acometidos (GAASTRA et al., 2010). Em casos em que não ocorre a retirada de todas as hifas do oomiceto, é observada uma grande taxa de recidiva da II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 53 pitiose. Casos mais graves da doença, que acometem regiões vitais do organismo são potencialmente fatais (SANTURIO et al., 2006). A abordagem que mais vem obtendo sucesso no tratamento da pitiose é a imunoterapia, que quando aliada ao diagnóstico precoce e excisão cirúrgica dos tecidos acometidos pelo Oomiceto apresenta as melhores taxas de cura (SANTURIO et al., 2003; WANACHIWANAWIN et al., 2004). Nesse sentido, é necessária uma maior investigação sobre os mecanismos de resposta dos organismos aos antígenos do P. insidiosum, bem como a resposta do organismo aos imunoterápicos. O presente estudo teve como objetivo investigar a capacidade imunomoduladora desencadeada pelo contato de linfócitos e células dendríticas à antígenos de Pythium insidiosum in vitro. Metodologia Os linfócitos e células dendríticas (CDs) usados nos experimentos foram obtidos de voluntários saudáveis após assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido. Foram coletados 20 mL de sangue venoso periférico em tubos com anticoagulante EDTA e posteriormente foi realizada a separação de células mononucleares de sangue periférico (PBMCs) por centrifugação por gradiente de densidade com Ficoll® Paque (Sigma-Aldrich). As PBMCs recolhidas foram submetidas à separação por adesão ao plástico em placas de 24 poços para isolar os monócitos, os quais foram utilizados na diferenciação das células dendríticas. Os linfócitos, fração celular que não aderiu à placa, foram utilizados nas atividades experimentais logo após a coleta. Após a separação, os monócitos isolados foram cultivados em meio RPMI suplementado com 10% de Soro Fetal Bovino e antibiótico penicilina/estreptomicina, além dos fatores de diferenciação para CDs, Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos e Macrófagos (GM-CSF) e Interleucina 4 (IL-4) durante 6 dias. Após esse período as CDs diferenciadas foram utilizadas nas atividades experimentais. Para a realização dos experimentos, as suspensões celulares tanto de linfócitos como de células dendríticas foram ajustadas para uma concentração inicial de 1 x 106 células/mL e plaqueadas em placa de 96 poços, às quais foram aplicados os tratamentos: controle negativo (RPMI), controle positivo (LPS), imunoterápico comercial PitiumVac (400 µg/mL), extraída do micélio do P. insidiosum (400 µg/mL e β-glucana (50 µg/mL). Em seguida a placa foi incubada por 72 horas em estufa umidificada com saturação de 5% de CO 2 à 37ºC. Para fazer a avaliação da viabilidade e proliferação celular foi realizado o ensaio colorimétrico MTT, no qual o sal de tetrazolium, é facilmente incorporado por células viáveis, que reduzem este composto em suas mitocôndrias pela atividade da enzima succinato desidrogenase. Ao ser reduzido, o MTT é convertido em um composto formazan, insolúvel em água e de coloração roxo-azulado, que fica armazenado no citoplasma celular, sendo posteriormente solubilizado, pela a adição do DMSO (dimetilsulfóxido) e II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 54 quantificado através de espectrofotometria em um comprimento de onda de 570 nm, sendo o valor da absorbância proporcional ao número de células viáveis (MOSMANN, 1983). Os resultados obtidos foram convertidos à porcentagem de proliferação em relação ao grupo controle e expressos em média ± desvio padrão, e submetidos à análise de variância ANOVA de uma via seguida de teste de post hoc de Dunnett com nível de significância p < 0,05. Resultados e Discussão O ensaio do MTT revelou que após o período de incubação de 72 horas houve uma e pressiva proliferação dos linf citos umanos tratados com a β-glucana na concentração de 400 µg/mL, havendo um aumento de 26,07% no número de células viáveis. Esse resultado demonstra o potencial uso da β-glucana extraída do micélio do P. insidiosum como tratamento imunoterápico contra a pitiose. Os demais tratamentos não foram estatisticamente significantes (figura 1). Esse resultado corrobora com os resultados obtidos por Tian (2011) que testou a atividade linfoproliferativa de β-glucana particulada extraída de leveduras e sua atividade imunomoduladora. Células Dendríticas Linfócitos 150 *** Percentual de células 100 50 0 100 50 cv 40 a bgl uc an uc gl - 0 bm gl g/ uc m an L a 50 m g/ m L ac S Va C LP on tr ol e L 50 a an a - gl uc an Pi g /m g /m 40 0 Va c m tiu L c va S LP C on tr ol e 0 Pi tiu m Percentual de células 150 Tratamentos Tratamentos Figura 1: Proliferação e viabilidade celular dos linfócitos. O tratamento com βglucanas (400 µg/mL) obteve a maior taxa de proliferação (P < 0,05). Figura 2: Proliferação e viabilidade celular das células dendríticas. Não foi observada diferença estatística entre os tratamentos (P < 0,05). Já as células dendríticas não apresentaram variação na proliferação celular entre os tratamentos (figura 2), o que era esperado visto que as principais funções dessa célula são de capturar os antígenos e transportá-los até os linfonodos e fazer a apresentação de antígenos aos linfócitos T helper virgem (Th0), induzindo uma resposta nos diferentes subtipos: Th1, Th2, Th17 e T regulatória (Treg). Durante o processo de resposta imune e após a ativação, os II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 55 subtipos de células T expressam diferentes citocinas que mediam distintas funções efetoras (MONTAGNOLI et al., 2002). Conclusão Os resultados o tidos demonstram o potencial estimulador das β-glucanas do Oomiceto Pythium insidiosum na resposta imune por meio da estimulação na proliferação de linfócitos. Também pode ser observado que tanto os linfócitos como as células dendríticas permaneceram viáveis após os tratamentos, não revelando toxicidade dos antígenos testados. Mais estudos são necessários para uma melhor compreensão dos mecanismos envolvidos na resposta imune do hospedeiro frente ao Pythium insidiosum para o desenvolvimento de uma abordagem terapêutica mais eficaz. Palavras-chave: Pythium insidiosum, pitiose, linfoproliferação, resposta imune, células dendríticas. Referências bibliográficas GAASTRA, W. et al. Pythium insidiosum: An overview. Veterinary Microbiology, v. 146, n. 12, p. 1-16, 2010. MENDOZA, L.; HERNANDEZ, F.; AJELLO, L. Life cycle of the human and animal oomycete pathogen Pythium insidiosum. Journal of Clinical Microbiology, v. 31, p. 2967–2973, 1993. MENDOZA, L.; NEWTON, J. C. Immunology and immunotherapy of the infections caused by Pythium insidiosum. Medical Mycology, v. 43, p. 477–486, 2005. MONTAGNOLI, C. et al. The interaction of fungi with dendritic cells: implications for Th immunity and vaccination. Current Molecular Medicine, v. 2, p. 507-524, 2002. MOSMANN, T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: Application to proliferation and cytotoxicity assays. Journal of Immunological Methods, v. 65, p. 55–63, 1983. SANTURIO, J. M. et al. Three types of immune therapy against pythiosis insidiosi developed and evaluated. Vaccine, v. 21, p. 2535–2540, 2003. SANTURIO, J. M. et al. Pitiose: uma micose emergente. Acta Scientiae Veterinariae, v. 34, p. 1-14, 2006. TIAN, J. et al. Increased expression of mGITRL on D2SC/1 cells by particulate β-glucan + + impairs the suppressive effect of CD4 CD25 regulatory T cells and enhances the effector T cell proliferation. Cellular Immunology, v. 270, p. 183-187, 2011. WANACHIWANAWIN, W. et al. Efficacy of immunotherapy using antigens of Pythium insidiosum in the treatment of vascular pythiosis in humans. Vaccine, v. 22, p. 3613–3621, 2004. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 56 NÍVEIS DE ANTI-HBS EM ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE SUBMETIDOS AO ESQUEMA VACINAL PARA IMUNIZAÇÃO CONTRA O VÍRUS DA HEPATITE B1 Dariane Ramos Abich2; Giana Carolina Schulz de Lima3; Yana Picinin Sandri Lissarassa4; Emanuelle Kerber Viera Mallet5; Bruna Comparsi6 1 Trabalho de conclusão de curso de Graduação em Biomedicina Acadêmica do Curso de Biomedicina do IESA. Email: [email protected] 3 Biomédica. Email: [email protected] 4 Docente do curso de Biomedicina, Especialista em Análises Clínicas. Email: [email protected] 5 Docente do curso de Biomedicina, Mestre em Diagnóstico Genético e Molecular. Email: [email protected] 6 Docente do curso de Biomedicina, Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica. Email: [email protected] 2 Introdução Em todo mundo, as hepatites virais continuam sendo importantes problemas de saúde pública e cerca de um terço da população mundial já foi infectada pelo vírus da hepatite B (HBV), segundo a World Health Organization (WHO). Pertencente à família Hepadnaviridae, o HBV é envelopado, contém dupla fita de DNA, alta infecciosidade e estabilidade no meio ambiente. Possui tropismo pelas células hepáticas e causa inflamação no fígado, onde a progressão da doença pode ocorrer de forma aguda ou crônica (SILVA et al., 2012; FONSECA, 2007). Entretanto, na maioria (90 a 95%) dos casos a infecção aguda evolui para cura e somente de 5 a 10% dos pacientes apresentam quadros crônicos da infecção (LACERDA et al., 2011). A infecção pelo HBV pode ocorrer pelas vias parenteral, sexual e vertical, e, devido ao alto poder infeccioso, apenas uma partícula viral é suficiente para causar a contaminação de um indivíduo (MAIA; MAIA; CRUVINEL, 2011). A partir de 1994, o Ministério da Saúde incluiu os profissionais de saúde na lista do grupo de risco para contrair hepatite B e eles passaram a receber orientações quanto à necessidade de realização da vacina contra essa enfermidade (BRASIL, 2013). Contudo, pesquisadores julgam esta conduta ainda insuficiente e discutem a necessidade de recomendar a administração de reforço vacinal a cada cinco anos aos profissionais com grande risco de exposição a materiais biológicos (SILVA et al., 2012). A vacina é constituída por um antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBsAg) purificado, obtido por engenharia genética (SES-SP, 2006) e é indicada para proteção de todos os subtipos do HBV. Ela tem a capacidade inclusive de prevenir a infecção pela hepatite D, causada pelo delta-vírus, visto que ele não se desenvolve na ausência de hepatite B (BRASIL, 2015). A orientação para a administração da vacina compreende a realização de três doses respeitando os intervalos de tempo de 30 dias entre a primeira e a segunda dose e de 180 dias entre a primeira e a terceira, sendo indicado II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 57 efetuar a primeira dose logo após o nascimento da criança (BRASIL, 2007). Na medida em que são administradas as doses, o organismo passa a montar uma resposta imunológica contra os antígenos inoculados, produzindo anticorpos específicos (anti-HBs) e de memória que serão responsáveis pela imunidade do indivíduo contra o vírus (FERREIRA; SILVEIRA, 2006). Estando totalmente inseridos nas atividades práticas de ensino, acadêmicos da área da saúde se expõem aos agentes de risco biológico e a uma variedade de patógenos durante a graduação. Devido à importância da vacinação e imunização contra a hepatite B, mostra-se necessário o monitoramento da situação vacinal de profissionais e acadêmicos da área da saúde. Diante disso, objetivou-se identificar a porcentagem de indivíduos imunizados para o HBV em um curso de graduação em Biomedicina, buscando ressaltar a necessidade da imunização ainda nos primeiros semestres da graduação e, assim, evitar o aumento do número de pessoas acometidas pelo vírus da hepatite B. Metodologia Estudo observacional transversal realizado com acadêmicos de um curso de Biomedicina nos anos de 2014 e 2015. O protocolo da pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – CNEC - Bento Gonçalves através do Parecer Número: 890.949 em 28 de nov. de 2014. Os acadêmicos que aceitaram participar assinaram um termo de compromisso livre e esclarecido, foram questionados a cerca da atual situação vacinal contra hepatite B, além de apresentarem sua carteira de vacinação. Na amostra sanguínea obtida dos acadêmicos foram analisados os títulos séricos de anti-HBs através de método imunoenzimático-ELISA indireto (Bioclin®). Os resultados dos níveis de anti-HBs de cada acadêmico foram comparados entre si e entre os outros acadêmicos, estratificados por faixa etária, sexo e outros fatores associados (intervalo entre as doses, tempo após a vacinação, etc) identificados através do questionamento. Os dados foram processados e analisados estatisticamente utilizando-se média ± erro padrão. Resultados e discussão Participaram inicialmente do estudo 133 acadêmicos, no entanto, 14 deles foram excluídos, pois não haviam iniciado o programa de vacinação contra Hepatite B. Portanto, a população analisada incluiu 119 acadêmicos de Biomedicina nos anos letivos de 2014 e 2015, 16 (13,4%) eram do sexo masculino e com idade média de 22 ±1,25 anos, sendo que a maior parcela da população foi do sexo feminino com 103 (86,6%) acadêmicas e idade média de 20 ±0,43 anos. Os níveis de anti-HBs de 103 (86,5%) acadêmicos foram considerados protetores (>10 mUI/ml) e apenas 16 (13,5%) estavam suscetíveis a infecção, com níveis inferiores a 10 mUI/ml, conforme pode ser observado na Tabela 1. Quando foram questionados quanto ao número de doses da vacina, 71 acadêmicos (59,8%) afirmaram ter recebido as três doses, todavia, entre estes, 10 (14,1%) não apresentaram níveis de anti-HBs protetores (<10 mUI/ml). Além disso, 35 (29,4%) acadêmicos não responderam ao número de doses administradas e apenas um informou não ter entrado em contato com a vacina (Tabela 2). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 58 Os dados do estudo de SACCHETTO (2013), obtidos com 179 acadêmicos do 3º ao 9º período de um curso de Odontologia, apresentaram proporcionalidade semelhante. É possível observar no estudo dele que, entre os 143 (79,9%) acadêmicos que confirmaram a realização da vacina, 89 (62,2%) receberam as três doses e que dos 159 acadêmicos submetidos à coleta de material para análise dos níveis de anti-HBs, obteve-se 126 (79,2%) amostras consideradas imunes e 33 (20,8%) amostras com níveis não protetores de anti-HBs. Estudantes de Medicina, seguido dos profissionais auxiliares de enfermagem, são os mais envolvidos em acidentes com materiais perfuro cortantes e fluídos biológicos devido aos procedimentos que realizam entre eles a coleta de exames sanguíneos (SHIMIZU; RIBEIRO, 2002). O estudo de GIR et al., (2008), demonstrou que dos 1.125 casos de exposições com material biológico atendidos em um ambulatório especializado, 170 (15,1%) deles ocorreram com estudantes de graduação na área da saúde. Em mais de 60% dos relatos analisados por GIR et. al (2008) não havia informações sobre o uso de EPIs e referente à imunização da hepatite B, somente para 6,5% foi recomendado completar a vacinação, enquanto outros 5,9% ainda não haviam a iniciado. DUMMER (2006) também reforça que o maior índice de acidentes com material biológico pérfuro-cortante (MBPC) ocorre com manuseio inadequado de agulhas e que 67,5% dos trabalhadores desconheciam seu estado vacinal. A população estudada é considerada jovem, visto que a média das idades foi de 20 ±0,4 anos e não houve grandes variações quando analisadas II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 59 separadamente por intervalo de níveis de anti-HBs. Apenas quatro participantes possuíam idade superior a 30 anos. Não sendo possível, assim, estabelecer significativas relações entre a idade e o grau de proteção imunitária. Todavia, vários estudos indicam associação inversa da idade com os níveis de anti-HBs. PETRY e KUPEK (2006) descrevem que a soro conversão decresceu significativamente em relação à idade dos participantes. No entanto, a efetividade vacinal foi maior em níveis protetores entre 10 e 100 mUI/ml tanto para jovens quanto para maiores de 50 anos. A porcentagem média de imunização foi maior nos semestres iniciais quando comparada aos semestres adiantados do curso, sendo as médias de 90% e 79,8%, respectivamente. Entretanto, a soma da população do 1º e 3º semestre é maior que a soma dos outros dois semestres (Tabela 3). A turma do 4º semestre foi a que apresentou maior porcentagem de não imunização, com 30% dos acadêmicos não imunes, enquanto 90,3% da turma do 3º semestre estavam imunizados. Outra pesquisa em universidades brasileiras informou ter encontrado que alunos do primeiro ano do curso de Medicina tinham menor adesão à vacinação completa e também menor conhecimento sobre sua situação vacinal quando comparados aos alunos dos anos finais (SOUZA; TEIXEIRA, 2014). Conclusão Apesar do estudo não ter evidenciado uma significativa porcentagem de acadêmicos com níveis de anti-HBs não protetores, foi possível notar que muitos não tinham cuidado com a sua situação vacinal antes da pesquisa, além da tendência carencial de informações a cerca da prevenção à hepatite B. Isso ressalta a importância da elucidação do assunto pelas instituições de ensino logo ao ingressar nos cursos de graduação na área da saúde e do incentivo à adesão do esquema vacinal completo. Além disso, é considerável a realização da titulação de anti-HBs para detecção do grau de imunidade dos acadêmicos e, se necessário, orienta-los a aderir ao reforço da vacina. Palavras-Chave: Acadêmicos. Vírus HBV, Vacinação, Anti-HBs, Soro conversão, Referências bibliográficas BRASIL. Boletim Epidemiológico: Hepatites Virais. Brasília, Ministério da Saúde, 2015. BRASIL. Dicas em saúde: Vacinação. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/51vacinacao.html>. Acesso em: jul. 2015. BRASIL. Nota Técnica Conjunta Nª 02/2013. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 60 CAIXETA, Roberta de Betânia; BARBOSA-BRANCO, Anadergh. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 61 AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO EXERCÍCIO FÍSICO EM PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS¹ Priscila Seibert², Fernanda Bender Ribeiro3, Renata Rodrigues Cardozo4, Larissa Marafiga Cordeiro5, Emanuelle Kerber Viera Mallet6, Bruna Comparsi7, Yana Picinin Sandri Lissarassa8 1 Trabalho realizado no Estágio Supervisionado – LAC/IESA ²Acadêmica do 8º semestre do Curso de Graduação em Biomedicina, [email protected] 3 Acadêmica do 8º semestre do Curso de Graduação em Biomedicina 4 Acadêmica do 8º semestre do Curso de Graduação em Biomedicina 5 Acadêmica do 8º semestre do Curso de Graduação em Biomedicina 6 Biomédica, Professora Mestre em Diagnóstico Genético e Molecular, Curso de Biomedicina, [email protected] 7 Biomédica, Professora Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica, Curso de Biomedicina, [email protected] 8 Biomédica, Professora Mestranda em Atenção Integral à Saúde, Curso de Biomedicina, [email protected] Introdução A prática do exercício físico é um hábito importante de quem adota com regularidade podendo trazer grandes benefícios à saúde. Todavia, dependendo de seu tipo, intensidade, frequência e duração, exercem papel-chave na determinação das respostas imunes a um esforço, podendo aumentar ou reduzir a função imune (ORTEGA, 2003; FITZGERALD, 1988). A atividade física regular e de intensidade moderada é habitualmente benéfico para o organismo humano (SMITH et al., 1990; SHEPHARD et al., 1991; SHARP; KOUTEDAKIS, 1992; SUZUKI; MACHIDA, 1995; BURY et al., 1998). No entanto, em certas condições, o exercício pode ser considerado como uma fonte de estresse para algumas estruturas orgânicas (MACKINNON; TOMASI, 1988; RODRIGUEZ et al., 1991), estando dependente da condição física do sujeito (SOARES; DUARTE, 1989). Durante sessões de exercícios físicos intensos instala-se o quadro denominado leucocitose (aumento do número de leucócitos na circulação) sendo as células NK (NIEMAN et al., 2005) as que mais sofrem elevações se comparada a outros linfócitos. As NK (MILES et al., 2002) e os neutrófilos (SAXTON et al., 2003) são as duas células imunes que mais colaboram para ocorrência da linfocitose em resposta ao exercício (BAGANHA, 2009). As reduções observadas no número de leucócitos circulantes sofrem influência do cortisol, particularmente em exercícios de longa duração (JOZSA, 2005; PEDERSEN, 2000). Essas alterações podem ser chamadas de ajustes (respostas agudas) e/ou adaptações (respostas crônicas). Entende-se por respostas agudas aquelas que são encontradas durante e após a realização de exercícios (exercício agudo) e por respostas crônicas aquelas que são encontradas após um período de treinamento (exercício crônico) (BAGANHA, 2009). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 62 Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar os parâmetros hematológicos após o exercício físico de intensidade moderada em jovens estudantes. Metodologia Foram selecionadas 11 acadêmicos entre 20 e 27 anos de idade, sedentárias. Após assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido, as acadêmicas foram convidadas a realizar uma sessão de caminhada em ritmo moderado com duração de 50 minutos e após realizou-se uma coleta de sangue sob jejum de oito horas, antes da realização do exercício. Após a coleta, realizaram a sessão de exercício moderado, modalidade caminhada, por um período de tempo de cinquenta minutos, após este período, permaneceram em repouso por um período de dez minutos, após, foram submetidas a segunda coleta de sangue. As amostras foram coletadas através da punção venosa, em tubos de EDTA para análise hematológica, tubo de fluoreto de sódio para análise glicêmica e por último, tubo sem anticoagulante para as demais análises bioquímicas. Após a colheita, as amostras permaneceram em repouso em posição vertical para retração do coágulo e a seguir foram centrifugadas. As dosagens dos testes bioquímicos foram realizadas por automação, através do equipamento BS-200, no setor de Bioquímica, do Laboratório Escola de Biomedicina – IESA/CNEC. A análise do hemograma foi realizada por automação, através do equipamento ABX Micros 60, no setor de Hematologia, do Laboratório Escola de Biomedicina – IESA/CNEC, os resultados foram confirmados através da análise microscópica, onde também foi realizado o exame Velocidade de Hemossedimentação (VHS). Foram excluídas da pesquisa amostras com lipemia e hemólise. Resultados Os valores obtidos foram comparados com os valores basais e aos resultados posteriores ao exercício físico. A intensidade do exercício provocou alterações em alguns parâmetros hematológicos nos alunos avaliados. Na Tabela 1 são evidenciadas as comparações do hemograma (série vermelha) e na tabela 2 dos leucócitos (série branca). As alterações significativas foram observadas no leucograma, neutrófilos e linfócitos. O valor médio de quando os acadêmicos estavam em repouso foi inferior ao valor após a realização da atividade física, indicando que esta pode causar falsos resultados na avaliação laboratorial. Tabela 1 Comparação na série vermelha do hemograma em acadêmicos em repouso e submetidos ao exercício físico durante 50 minutos Fonte: SEIBERT et al., 2015 II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 63 Tabela 2 Comparação na série branca do hemograma em acadêmicos em repouso e submetidos ao exercício físico durante 50 minutos Fonte: SEIBERT et al., 2015 Discussão Os resultados descritos neste estudo, com jovens acadêmicas, sedentárias, assemelham-se a diversos trabalhos, descritos na literatura atual, que têm investigado mudanças fisiológicas em resposta aos parâmetros hematológicos após a realização do exercício físico em vários tipos de duração e intensidade. Alguns autores têm relatado que exercícios de intensidade moderada parecem exercer um efeito benéfico sobre as células do sistema imunitário, enquanto que outros relatos observaram uma diminuição da resistência imunitária (MALM, 2006; EKBLOM et al., 2006; PEDERSEN; SALTIN, 2006; CURI, 2000; GARCIA et al., 1999). O presente estudo, demonstrou um aumento no leucograma, devido ao fato de que neutrófilos marginados apresentarem um aumento nas concentrações plasmáticas, ou seja, uma leucocitose causada por neutrófilia, não indicando que estes estejam ativos. Nieman e colaboradores (2005) analisaram o efeito do exercício físico sobre a resposta imune de mulheres com idade entre 25 e 55 anos, tendo como modelo de exercício a caminhada em 32 intensidade moderada 60% a 65% do VO2max (Volume máximo de oxigênio) por um período de 30 minutos. As voluntárias já realizavam a caminhada previamente ao estudo por pelo menos 3 meses com uma frequência de 2 a 7 dias por semana. Os resultados apontaram que: a sessão de exercício causou mudanças modestas e temporárias na contagem leucocitária (especialmente neutrófilos e células NK); nenhuma alteração na concentração plasmática de cortisol imediatamente após o exercício em relação à condição basal. Bonsignore e colaboradores (2002) realizaram um estudo com 16 corredores amadores que realizaram meia maratona (8 corredores) e maratona completa (8 corredores) na 5ª Maratona Internacional de Palermo. Para o grupo que realizou a meia maratona não foi encontrada alteração na contagem de neutrófilos pós-corrida e durante a recuperação (manhã seguinte a amanhã da corrida), já para o grupo que realizou a maratona completa foi observado aumento significativo na contagem de neutrófilos pós-corrida com os valores voltando à linha basal após a recuperação. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 64 Segundo Ostrowski et al., (1998) a mobilização de neutrófilos para a circulação é mediada por hormônios e o estresse. De acordo com Nieman et al., 2005 o exercício induz aumento no número de neutrófilos. A neutrofilia durante o exercício ocorre a partir da mobilização do pool marginal (BRENNER et al., 1998), que de acordo com Nagakawa et al., 1998 acontece pelo aumento no débito cardíaco e pelas concentrações aumentadas de cortisol no sangue Conclusão O presente estudo, demonstrou uma leucocitose logo após a seção de exercício físico, devido ao fato de que neutrófilos marginados apresentarem um aumento nas concentrações plasmáticas, assemelhando-se a diversos trabalhos, descritos na literatura atual. Desta maneira, percebe-se que a prática do exercício físico antes da coleta de sangue pode provocar um falso aumento na dosagem de leucócitos, porém, é necessário aumentar o número de indivíduos da pesquisa para obtenção de melhores resultados. Palavras Chave: Atividade física, Respostas Imunológicas, Níveis leucocitários Referências bibliográficas BAGANHA, R. J. Modulações no Leucograma, contagem de linfócitos T CD4+ e CD8+ e níveis séricos de cortisol após treinamento em ciclistas maratonistas 2009. 84 f. (Dissertação de Mestrado). Universidade Metodista de Piracicaba, Faculdade de Ciências da Saúde, Piracicaba, 2009. BONSIGNORE, M.R.; MORICI, G.; SANTORO, A.; PAGANO, M.; CASCIO, L.; BONANNO, A.; ABATE, P.; MIRABELLA, F.; PROFITA, M.; INSALACO, G.; GIOIA, M.; VIGNOLA, A. M.; MAJOLINO, I.; TESTA, U.; HOGG, J. C. Circulating hematopoietic progenitor cells in runners. Journal of Applied Physiology, v. 93, p. 1691 – 1697, 2002. BRENNER, I.; SHEK, P.N.; ZAMECNIK, J.; SHEPARD, R. J. 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Email: [email protected] 2 Introdução O sistema Rh apresenta grande interesse clínico, pois seus anticorpos estão envolvidos em mecanismos de destruição eritrocitária, como a reação transfusional hemolítica e doença hemolítica perinatal (SIMSEK et al., 1995). O principal antígeno eritrocitário responsável por desencadear reações de incompatibilidade é o antígeno D do sistema Rh, mas sabem-se que existem outros 49 antígenos Rh, identificados até agora, e que alguns deles também estão envolvidos nos mecanismos que desencadeiam esta doença, porém em menor taxa de incidência e gravidade (MACHADO, BARINI, 2006). Entre os antígenos do sistema Rh, o antígeno D apresenta maior imunogenicidade e prevalência (85% da população branca) em comparação a outros antígenos do mesmo sistema, como por exemplo, o antígeno C. As hemácias ditas Rh positiva e negativas se referem a presença ou ausência do antígeno D, respectivamente, mas ambas expressam os antígenos C/c e E/e, onde o C é antitético ao c e o E ou e. Isso se deve a base molecular desses antígenos onde cada cromossomo contém os genes C, c, E, e (NARDOSA et al., 2010; SCHMIDT, CORRÊA, LOURES, 2010). Nas prevenções das reações envolvidas na doença hemolítica perinatal e hemolítica transfusional, a compatibilidade para o antígeno d do sistema Rh é fundamental, ainda assim, é desejável que outros antígenos sejam compatíveis, especialmente C, c, E, e do sistema Rh (MARTINS et al., 2009). Diante disso, é importante conhecer a frequências dos antígenos do sistema Rh na população em geral, principalmente em mulheres em idade reprodutiva. Assim este estudo tem como objetivo investigar a frequência dos antígenos do sistema Rh (E, e, C e c) em mulheres em idade reprodutiva e discutir suas implicações em obstetrícia e medicina transfusional. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 67 Metodologia O estudo foi realizado no Laboratório Escola de Análises Clínicas (LAC) no Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA/CNEC) no ano de 2015. Realizou a técnica de tipagem em tubo em uma amostra de sangue total anticoagulado com EDTA seguindo o protocolo descrito a seguir. Preparou-se uma suspensão de hemácias a 5% e identificou-se os tubos com o número da amostra do paciente e as seguintes identificações – Anti-A, Anti-B, Anti-C, Anti-c, Anti-E, Anti-e, Anti-D, Controle(Ctrl). Foi adicionado a cada tubo uma gota dos anti-soros correspondentes e em seguida, uma gota da suspensão de hemácias 5% do paciente foi pipetada aos tubos com os antisoros. Homogeneizaram-se todos os tubos e incubou-se a temperatura ambiente por 1 minuto. Após, todos os tubos foram centrifugá-los por 15 segundos a 3400 rpm. A leitura foi realizada através da leve agitação dos tubos, realizando a leitura, um a um, sobre um fundo branco. Os tubos que demonstrarem um resultado negativo ou questionável foram incubados por 15 minutos a temperatura ambiente, a 4ºC e em banho Maria 37ºC e centrifugados novamente para realizar a leitura. Considerou-se a presença do aglutinogênio ou aglutinina quando ocorreu aglutinação. Resultados e discussão Participaram deste estudo 25 mulheres com idade média de 36,44 anos (± 0,17). A fenotipagem parcial incluiu a pesquisa dos antígenos do sistema ABO e Rh (D, C,c,E,e) através da técnica em tubo utilizando concentrado de hemácias. A tipagem ABO indicou frequência de hemácias do tipo O em 28%, A em 52%, B em 12 % e AB em 8 % (Figura 1). Figura 1 – Frequência dos aglutinogênios do sistema ABO. Fonte: SILVEIRA et al., 2015 A pesquisa de antígenos do sistema Rh revelou presença de D em 88% das pacientes e 12% foram classificadas como Rh negativo, indicando ausência de D na membrana das hemácias (Figura 2), o resultado da prova de tipagem direta para pes uisa de D foi confirmado através da prova de “D fraco”. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 68 Figura 2 – Frequência do aglutinogênio D. Fonte: SILVEIRA et al., 2015 De acordo com BAIOCHI e NARDOZZA (2009) à baixa frequência de aloimunização pelos outros aglutinogênios do sistema Rh (C, c, E, e) e devido a presença de anticorpos não-Rh, as pesquisas para desenvolver protocolos específicos e mais sensíveis são deixadas de lado. Entretanto, SCHIMIDT et al., (2011) destacam a importância da genotipagem RhD extendida (D, c,c,E,e) fetal não invasiva no acompanhamento de gestantes RhD negativo. Ao realizar-se a fenotipagem parcial para pesquisa dos antígenos do sistema Rh (C, c, E, e) a população avaliada apresentou frequência de 80%, 76%, 24% e 96%, respectivamente (Tabela 1). MARTINS et al., (2009) também pesquisou a frequência dos antígenos do sistema Rh em pacientes de ambos os sexos através da técnica moleculare de PCR e seus resultados apontaram uma porcetagem de 45% para C, 10% para c, 55% para E e 10%. Os fatores que podem justificar as diferentes porcentagem relatadas nos estudos provavelmente estão relacionados a etnia da população analisada. Já que o estado do RS apresenta grande miscigenação, a região onde se realizou o estudo foi colonizada principalmente por imigrantes europeus de origem germânica, espanhola, portuguesa, italiana, russa entre outras, e também pela população nativa índios guaranis e também uma contribuição de população negra. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 69 Tabela 1 Caracterização da amostra e fenotipagem Rh Identificação da amostra 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Idade (anos) ABO Antígenos do sistema Rh D 23 B Positivo 20 A Positivo 21 A Positivo 20 A Positivo 22 B Positivo 21 A Positivo 33 A Negativo 24 O Positivo 15 O Positivo 49 A Positivo 50 O Positivo 25 A Positivo 61 O Positivo 46 O Negativo 43 A Negativo 79 A Positivo 59 A Positivo 61 AB Positivo 45 O Positivo 74 A Positivo 21 B Positivo 27 AB Positivo 21 A Positivo 22 A Positivo 29 O Positivo Fonte: SILVEIRA et al., 2015 C,E,c,e C,e C,c,e E,c,e C,c,e E,c,e C,c,e C,c,e C,c,e C,e C,e C,c,e C,c,e C,e c,e c,e C,E,c,e C,c,e C,c,e C,e C,E,c,e C,c,e E,c,e C,c,e C,c,e C,E Estudos apontam que aproximadamente 55% da população de indivíduos Rh-D positivo são heterozigóticos em seu lócus RHD. Já na população negra, 2 terços dela apresentam o pseudogene, o qual leva a não codificação da proteína D, 15% desta mesma população possuem o gene híbrido RH-D-CE-D, o qual não expressa o antígeno D e produz um antígeno C alterado. Em população caucasiana (15% a 17%), ocorre à deleção completa do gene RHD, ou ocorre também uma hibridização a RDH/CE. Em população japonesa a ausência do fenótipo RHD é em torno de 1%. Monteiro et al., (1996) reforça que é necessário, não só investigar o antígeno D, e sim os outros aglutinogênios deste sistema também. Em seu estudo relata 2 casos de recém-nascidos com hiperbilirrubinemia devido a presença de anticorpos irregulares ao sistema Rh (c). Nos 2 casos, ambas as mães eram Rh positivas e os pais Rh negativos. O diagnóstico para anti-c baseou-se na detecção de AC anti-c pela técnica do Combs direto, indireto e identificação através do painel de hemácias. Os pais apresentaram fenótipo ddccee e as mães, DCCee, e o fenótipo das duas crianças foi DdCcee. Ao final, pode-se perceber que o gene c era procedente do pai, e responsável pela sensibilização e produção de anticorpos anti-c maternos. Provavelmente, estas mães, a exemplo da aloimunização Rh pelo alelo D, foram sensibilizadas em gestações anteriores. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 70 SAINT MARTIN et al., (1991) recomenda a realização do rastreamento dos aglutinogênios (C, c, E, e) durante a gestação e demonstram, através da técnica de radioimunoensaio, a preença de aloanticorpos em 7,1% das gestantes, das quais dois terços apresentavam AC dirigidos para AG que não eram o D. Conclusão Medidas preventivas em relação as mulheres em idade fértil e gestantes Rh negativas (com administração de IgG anti-D) são fundamentais para diminuir a isoimunização Rh. Além disso, mães Rh positivas devem ser acompanhadas criteriosamente, no sentido de se conhecer o seu fenótipo, também o do pai e do recém nascido e, com isto, minimizar os efeitos da aloimunização do sistema Rh pelos outros tipos de antígenos. Mesmo afastando a isoimunização por anti-D (Genotipo Rh positivo) em pais Rh negativo, pode ser desencadeada uma reação imunogênica devido à presença de genes irregulares, resultando em aloimunização daquele antígeno. Referências bibliográficas BAIOCHI, E.; NARDOZZA, L. M. M. Aloimunização. Rev Bras Ginecol Obstet. Vol.31, n.6, p.311-319, 2009. MACHADO, I. N.; BARINI, R.. Doença Hemolítica Perinatal : Aspectos Atuais. Rev. Ciênc. Med. Campinas. v. 15, n.1, p. 69-74, Jan/Fev, 2006. MARTINS, M. L.; CRUZ, K. V. D.; SILVA, M. C. F.; VIEIRA, Z.M. Uso da fenotipagem de grupos sanguíneos na elucidação de casos inconclusivos na fenotipagem eritrocitária de pacientes atendidos na fundação Hemominas. Ver. Bras. Hematol. 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[email protected] 5 Farmacêutica, docente do DCVida, orientadora da Bolsista de Iniciação Científica2, [email protected] 6 Farmacêutica, docente do DCVida, e-mail: [email protected] 7 Farmacêutica, docente do DCVida, e-mail: [email protected] Introdução A prevalência do Diabetes mellitus (DM) nas mulheres aumenta no climatério. Isso decorre principalmente pelo declínio gradativo da produção de estrogênio. O DM está entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (FEBRASGO, 2010). Ressalta-se que o DM pode permanecer assintomático por longo tempo e sua detecção clínica é frequentemente realizada, através da identificação dos fatores de risco. Nesse contexto, é importante que as equipes de Atenção Básica estejam atentas, não apenas aos sintomas do DM, mas a prática de hábitos alimentares não saudáveis, sedentarismo e obesidade, que associados a idade são os principais fatores de risco para a DM tipo 2 (BRASIL, 2013). A determinação da glicose sanguínea é um dos ensaios mais frequente em um laboratório clínico (BECHER; VERZELETTI, 2014), no qual o exame de Glicemia de Jejum contribui para o diagnóstico e para a decisão preventiva e/ou terapêutica a ser tomada no caso de tolerância a glicose diminuída ou a DM. Os exames laboratoriais fornecem resultados acurados e precisos de vários parâmetros normais ou patológicos (BARROS, ELVINO; BARROS, 2010), no entanto, podem existir interferentes sobre seus resultados, entre os quais se encontra o uso de medicamentos. A potencial interferência dos medicamentos sobre os exames laboratoriais pode ocorrer através de mecanismos in vivo, desse modo o medicamento interfere na fisiologia do organismo podendo assim modificar os processos biológicos, e in vitro, quando o medicamento ou seus metabólitos presentes na II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 72 amostra biológica interferem na análise do componente durante alguma fase do processo analítico (SILVA, 2012) Desse modo, alguns medicamentos têm potencial para alterar o resultado dos exames e assim, influenciar no diagnóstico clínico-laboratorial (MARTINELLO; SILVA, 2003). No que se refere ao exame de glicemia de jejum, destaca-se a necessidade de resultados adequados, uma vez que a abordagem terapêutica dos casos detectados, o monitoramento e o controle da glicemia, bem como o início do processo de educação em saúde são fundamentais para a prevenção de complicações e para a manutenção da qualidade de vida do usuário (BRASIL, 2013). Neste contexto, o objetivo do presente estudo é verificar a potencial interferência dos medicamentos utilizados por mulheres no climatério no exame laboratorial de glicemia de jejum. Metodologia Estudo transversal, descritivo e retrospectivo, com a população constituída por mulheres na faixa etária de 35 e 65 anos, com cadastro ativo nas unidades de Estratégias Saúde da Família (ESF) 1, 7 e 8 da área urbana do município de Ijuí/RS, pertencentes a pes uisa “Estudo do Envel ecimento Feminino” da UNIJUÍ, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o n° 294.456/2014. Foram incluídas no presente estudo as mulheres participantes da pesquisa supracitada estavam em uso contínuo de no mínimo um medicamento. Os medicamentos identificados foram classificados no primeiro nível (grupo anatômico) da Anatomical Therapeutic Chemical Classification System (ATC) (WHO, 2015). Para verificar as potenciais interferência dos medicamentos no exame de glicemia de jejum foram utilizadas as seguintes referências: BARROS e BARROS, 2010; SANTOS; TORRIANI; BARROS, 2013; XAVIER 2011. Resultados e Discussão O estudo foi constituído por 119 mulheres com idade média de 51,50±7,81 anos, todas usuárias de medicamentos, sendo 11 o número máximo de medicamentos em uso, com média de 3,07±2,26 medicamentos/mulher, totalizado 392 fármacos em uso, sendo 98 fármacos distintos. Em relação aos fármacos que podem interferir no exame de glicemia de jejum, constataram-se 45 (45,9%) potenciais interferências, totalizando 259 fármacos (66,07%). A classe mais prevalente foi dos que atuam no sistema cardiovascular (43,2%), seguido pelo sistema digestivo e metabólico (20,8%), conforme Tabela 1. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 73 Os medicamentos são interferentes importantes nos exames, principalmente devido sua ampla utilização (BARROS; BARROS, 2010). Estes não só podem causar alterações fisiológicas (in vivo), mas também interferir in vitro (REIS, 2005), nesse estudo a prevalência foi a potencial interferência in vivo (35 77,8%), seguida da in vitro (6 -13,4%), ainda quatro (8,9%) medicamentos podem interferir por ambos os mecanismos. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 74 Os medicamentos cardiovasculares foram os mais prevalentes no presente estudo, esses fármacos são amplamente utilizados, já que, as doenças cardiovasculares representam a principal causa de mortalidade atualmente (NOBRE et al., 2010). Entre aqueles com potencial para interferir no exame de glicemia em jejum, observa-se que há fármacos cardiovasculares que podem aumentar os níveis de glicemia como os diuréticos tiazídicos, representados pela hidroclorotiazida, bem como medicamentos que podem diminuir como é o caso dos inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina (IECA) (SANTOS; TORRIANI; BARROS, 2013). Estudo realizado por Gewehr et al. (2015) com a mesma população identificaram que a associação de IECA com diuréticos tiazídico são os mais utilizados, desse modo infere-se que essa associação possa atenuar a potencial inferência no exame de glicemia, uma vez que um medicamento aumenta e o outro diminui seus valores. Nesse contexto, sugerese acompanhamento clinico para verificar a possível interferência desses fármacos utilizados em associação. A interferência dos medicamentos nos testes laboratoriais depende entre outros fatores da dose prescrita, do nível sérico do fármaco e da via de administração, assim um determinado fármaco pode agir aumentando ou diminuindo a glicemia (BARROS e BARROS, 2010). No caso dos preparados hormonais sistêmicos, a dose administrada apresenta importante potencial de influenciar na diminuição da glicemia, quando se utiliza baixas doses do estradiol, por exemplo, e tendência de aumento da glicemia quando se utilizam doses mais altas (ANDERSON, 2000). Em estudo realizado com 76 mulheres pós menopausa, com média de idade de 60,20 anos, revelou que 5,3% apresentavam DM e 10,5% tolerância a glicose diminuída, sendo que 38,2% utilizavam terapia e reposição hormonal (TRH), os autores não verificaram diferença estatisticamente significativa na correlação entre os valores de glicemia e reposição hormonal, porém se observou um maior número de mulheres com tolerância a glicose diminuída e DM nas mulheres que não fizeram uso de TRH, em relação as que fizeram uso desta terapia (BRUINSMA et al., 2011). Os medicamentos utilizados no tratamento da DM são considerados interferentes no exame da glicose plasmática, no entanto, a diminuição da glicemia é o efeito terapêutico desejado. Nesse caso, a glicemia de jejum fornece, juntamente com outros, como o exame da hemoglobina glicada, o controle dos níveis da glicose sanguínea e por consequência permitem que se acompanhe a efetividade do tratamento (BRASIL, 2013). Encontrar, reduzir e eliminar erros em diagnósticos laboratoriais é importante para a saúde do paciente. As boas práticas em análises clínicas e toxicológicas é uma das medidas encontradas para que isto ocorra. Para isso é necessário a educação continuada dos profissionais atuantes nas análises clínicas e toxicológicas (MOURA, 2014) Conclusão A maioria dos medicamentos (66,3%) apresentou potencial de interferir no exame de glicemia de jejum, assim, ressalta-se que a necessidade do usuário II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 75 em informar os medicamentos em uso ao laboratório, bem como, o laboratório estar atendo a esses medicamentos e as potencialidades destes na interferência de exames laboratoriais, principalmente em exames diagnósticos ou de acompanhamento que são ferramentas norteadoras da prescrição tanto não medicamentosas quanto medicamentosa. Da mesma forma, conhecer os medicamentos em uso pelo paciente e o potencial de interferência nos exames laboratoriais se constitui em um indicador de qualidade para o laboratório de análises clínicas no que se refere a prevenção de erros pré-analíticos. Sabe-se que o DM é uma doença prevalente na sociedade e possui implicações importantes nas condições de saúde do indivíduo, com isso, garantir resultados fidedignos nos exames de glicemia em jejum, bem como os demais exames relacionados, permite o manejo adequado destas condições e garante segurança aos pacientes e aos profissionais de saúde. Palavras-Chave: Interferência laboratorial, Diabetes Mellitus, Medicamentos, Glicose. Referências Bibliográficas ANDERSSON B. Hormone replacement therapy in postmenopausal women with diabetes mellitus:a risk-benefit assessment. Drugs Aging. v. 17, n.5, p.399-410, 2000. BARROS, E.; BARROS, H.M.T. Medicamentos na Prática Clínica. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. BECHER, L. A. A.; VERZELETTI, F. B. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 76 PESQUISA ETINOGRÁFICA: UM PROJETO ESCOLAR INDÍGENA DE EDUCAÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE1 Jandaia Pauline Girardi2; Juliana Posser³; Bruna Comparsi4; Débora Pedroso5 1 Trabalho de Iniciação Científica do curso de Biomedicina – PIBIC/IESA Acadêmica do Curso de Biomedicina do IESAl. Email: [email protected] 3 Docente do curso Técnico em Citopatologia (PRONATEC-IESA), Especialista em Análises Clínicas. Email: [email protected] 4 Docente do curso de Biomedicina, Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica. Email: [email protected] 5 Docente do curso de Biomedicina, Mestre em Parasitologia. Email: [email protected] 2 Introdução Entre as formas de prevenção a saúde, a educação é o principal instrumento para o acesso ao conhecimento e conscientização de uma população. Além disso, o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças constituem alternativas importantes para garantir a sua saúde, a redução da morbimortalidade infantil, bem como promover qualidade de vida a esse público (BRASIL, 2009). Mesmo diante das ações de saneamento, as infecções parasitárias, ainda constituem um importante problema de saúde pública. Desta forma, a educação em saúde no âmbito escolar caracteriza-se como colaborador da construção e compreensão crítica e reflexiva do escolar, estas práticas acontecem com o intuito de fornecer informações relativas à promoção, manutenção e recuperação da sua respectiva saúde, familiares e contexto onde está inserido (FOCESI, 1992). Doenças ectoparasitárias, como a pediculose ainda acometem muitos índividuos e são muito comuns em comunidades indígenas no Brasil. É frequente a presença de infestação severa e consequentes complicações. Apesar disso, programas de controle para essas doenças são quase inexistentes. A pediculose é uma ectoparasitose causada pelo artrópode Pediculushumanuscapitis, conhecida vulgarmente por piolho, que acomete o couro cabeludo humano. Em crianças, quando esta doença é associada a condições sociais precárias e dietas inadequadas, pode ser determinante para o desenvolvimento de quadros anêmicos, devido a deficiência de ferro subtraída pela hematofagia exercida pelos piolhos (LINARDI et al., 1995). Outros complicadores que podem surgir são o baixo desempenho escolar por dificuldade de concentração, consequência do prurido contínuo e distúrbios do sono (LINARDI, 2011). Acredita-se que isso se deve a fácil e rápida transmissão entre pessoas, pois é devido ao contato com pessoas infestadas que ocorre a transmissão, ou seja, compartilhando os mesmos objetos, tais como: boné, escovas, roupas, presilhas, etc, o que é bastante comum em crianças na fase escolar. Logo, é onde encontramos as maiores taxas de prevalência e incidência da pediculose, II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 77 sendo que as meninas apresentam um percentual de significância maior quando comparadas aos meninos (BARBOSA et al., 1998) A Educação em Saúde estabelece um conjunto de saberes e práticas voltadas para a prevenção de doenças e a promoção da saúde (COSTA & LÓPEZ, 1996). Estendem-se a um método onde os conhecimentos científicos produzidos no campo da saúde, intermediados por profissionais da área, atingem o cotidiano das pessoas, havendo a compreensão do processo saúdedoença e oferecendo subsídios para a adoção de novos hábitos e condutas de saúde (ALVES, 2005). Segundo Buss (2013), as propostas de promoção de saúde privilegiam ações educativas normativas voltadas para indivíduos, famílias e grupos. Dessa forma, ações sobre a prevenção primária de saúde podem ajudar a população a se prevenir e, ao mesmo tempo, diminuir os gastos dos governos com tratamentos de doenças. Para contribuir no processo ensino-aprendizagem, a utilização de jogos didáticos como prática de ensino se faz presente por ser facilitadora do aprendizado e da compreensão do conteúdo de forma lúdica, motivadora e divertida. É através dessa metodologia que conseguimos criar uma relação dos conteúdos vistos em sala de aula com a vida cotidiana, impulsionando os alunos a pensarem de formas criativas e eficazes para solucionar os problemas (LONGO, 2012). Considerando a importância de desenvolver novas estratégias de ensino que influenciem de maneira decisiva o desenvolvimento da promoção da saúde, o estudo teve como objetivo promover a saúde a partir de uma proposta de aprendizagem lúdico-interativa através de jogos com crianças indígenas guaranis. Metodologia Trata-se de um estudo de caráter qualitativo do tipo exploratório. O método utilizado foi etnográfico com a finalidade de analisar as interações sociais em um determinado contexto cultural. Este trabalho tem a finalidade de descrever as experiências pedagógicas vividas através do projeto de pesquisa intitulado “ onstruções de indicadores de saúde na população indígena guarani da região noroeste do RS, Brasil”, vinculado ao Núcleo de Pes uisa e Iniciação Científica do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo – IESA, com a elaboração de materiais didáticos específicos referente ao tema proposto, vividas na Escola Estadual Indígena Igineu Romeu Kóénju na comunidade indígena Mbyá Guarani de São Miguel das Missões, RS. Para realização da pesquisa inicialmente apresentou-se o projeto de pesquisa à direção da escola e obteve-se autorização para a realização da pesquisa. O trabalho de campo foi realizado em três momentos. No primeiro momento foi aplicado um questionário onde os alunos foram orientados a desenhar e escrever três palavras apartir da visualização da palavra piolho. No segundo momento aplicou-se os jogos didáticos contemplando o tema piolho, educação, promoção da saúde e meio ambiente. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 78 Os jogos didáticos ofertados eram distribuídos de acordo com a faixa etária. Para os alunos de 3-5 anos após a aplicação do questionário, foi utilizado uma TV confeccionada em papel e através dela foi possível contar uma história sobre o piolho. Logo em seguida foi disponibilizado o jogo de memória contendo figuras ilustrativas do parasita e de sua forma de contágio. Para as crianças com idade superior tinha disponível jogos de tabuleiros que retratavam o pilho e sua forma de contágio e prevenção. Além disso, utilizamos o jogo de arca e flecha onde o alvo principal era o piolho, para o reconhecimento estrutural do parasita, com a intenção de manter viva as raízes indígenas no desenvolvimento do projeto. Na próxima etapa do projeto os alunos praticam os jogos didáticos durante o período de um mês para que no terceiro momento possa ser reaplicado o questionário utilizado na primeira etapa da pesquisa. Com isso, espera-se poder verificar a eficácia dos jogos didáticos no processo ensinoaprendizagem utilizados no projeto. Resultados e Discussões A aldeia é constituída atualmente, por 25 famílias, que somam ao total, 150 indivíduos. Na comunidade há uma escola estadual que oferta educação infantil e aos anos iniciais, com 52 alunos matriculados e distribuídos em quatro turmas: pré-escola e 1º; 2º ano e 3º ano 4º e 5º ano, com idades entre 2 e 13 anos. O quadro funcional da escola é composto por duas professoras indígenas, uma diretora e uma merendeira. O material didático utilizado é fornecido pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul, porém esses não diferem do material utilizado nas demais escolas públicas. Uma das limitações na realização do estudo foi que as crianças menores de 9 anos compreendiam apenas a língua guarani, idioma oficial utilizado na aldeia. Diferentes abordagens foram utilizadas para orientação da atividade que seria desenvolvida e a participação das professoras indígenas na tradução das orientações foi fundamental na realização do trabalho. Na primeira etapa, a participação das crianças foi timida, entretanto pode-se perceber mais interesse pela atividade após a realização de um desenho que tinha como objetivo representar a figura do piolho e suas implicações para a saúde (Figura 1). Além disso, surgiram alguns relatos dos estudantes em relação ao piolho, como por exemplo: “o pil o é feio”. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 79 Figura 1: Desenho realizado por um dos estudantes indígenas para representar o piolho e suas implicações para a saúde. FONTE: GIRARDI et al., 2015 Na segunda etapa, os alunos demonstravam maior interesse em realizar as atividades propostas pelos pesquisadores, acredita-se que a forma com que foi apresentado o tema de estudo foi fundamental para estimular este comportamento. A realização de jogos com o objetivo de disfundir e estimular o aprendizado sobre temas de educação em saúde na prevenção da infecção por piolho obtese bastante sucesso e o jogo mais procurado pelos estudantes da foi o de arco e flécha. Os hábitos culturais foram evidentes no comportamento dos estudantes até mesmo na escolha do instrumento didático para realizar a atividade proposta pelos pesquisadores. Este fator reforça a necessidade de elaboração de materiais didáticos específicos para este público levando em consideração suas condições de saúde, aspectos culturais, sociais e faixas etárias. Também foi possível verificar à aceitação destes novos recursos didáticos que foram ofertados aos estudantes. Nos jogos tradicionais, além da experiência proveniente da prática do jogo, obtém-se uma experiência social enriquecedora, pois, ao participar de um jogo, a criança torna-se mais sociável, de modo que mesmo indivíduos mais tímidos desfrutem experiências enriquecedoras. Conclusão Verificou-se que a satisfação dos alunos durante a prática dos jogos educativos em saúde, prevalecendo a cooperação, integração e o trabalho em grupo. A partir desta experiência, sugere-se a elaboração de outros materiais didádicos II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 80 que possam atender as necessidades dos grupos. Espera-se ainda que a prática dos jogos, com a temática do piolho, tenha contribuído para sensibilizar os professores para a importância desses materiais, motivando a elaboração de novos jogos didáticos específicos para atender as necessidades desta população. Referências Bibliográficas AMORIM, F. D. B. et al. Aprender e ensinar parasitologia brincando. XI Encontro de Iniciação à Docência, João Pessoa, 2008. Acesso em: 11 nov. 2015 ALVES, V. S. Um modelo de educação em saúde para o Programa Saúde da Família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface (Botucatu), Botucatu, v. 9, n. 16, p. 39-52, Fev. 2005. Disponível em: < http:// www.scielo.br>. Acesso em: 09 nov. 2015. BARBOSA, J.V.; PINTO, Z.T.; DOS SANTOS, G.C. & TELLES, S.S.A., 1998. Estudo da Pediculose no Estado do Rio de Janeiro. I Bienal de Pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz. p. 200. BUSS, P. M. Uma introdução ao conceito de promoção da saúde. 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Rio de Janeiro: UERJ; 2001. Acessado em: 11 nov. 2015. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 81 EDUCAÇÃO EM SAÚDE: DA TEORIA A PRÁTICA1 Juliana Posser2; Bruna Comparsi3; Jandaia Pauline Girardi4; Daniela Signori5; Débora Pedroso6 1 Trabalho de pesquisa PIBIC/IESA Biomédica. Especialista em Análises Clínicas. Docente do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo, Santo Ângelo, Brasil. Email: [email protected] 3 Professora do Curso de graduação em Biomedicina –IESA. Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica. Email: [email protected] 4 Acadêmica do 4º período do Curso de Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo, Brasil. Email: [email protected] 5 Acadêmica do 6º período do Curso de Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo, Brasil. Email: [email protected] 6 Professora do Curso de graduação em Biomedicina –IESA.Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Parasitologia Universidade Federal de Pelotas, Brasil. Email: [email protected] 2 Introdução As sociedades indígenas, de modo geral, apresentam processos educativos próprios, determinados pela cultura e pelas relações sociais existentes dentro do grupo (ROSA, 2009). A proposta de uma educação escolar indígena diferenciada, estabelecida pela Constituição de 1988, representa um desafio e uma inovação no sistema educacional do país. Assim, pesquisadores têm discutido e proposto caminhos para construção de uma escola abrangendo o caráter de ser bilíngue, específica e diferenciada (BELTRAME, 2013). O espaço físico da escola possui grande importância para o corpo discente, uma vez que este será cenário diário de estudo, discussões, debates, reflexões, convívios sociais e lazer. O espaço deve ser convidativo para os educandos, representando relações de intimidade e afetividade, que pode se manifestar através de apreciação visual ou estética e pelos sentidos a partir de uma longa vivência. A escola possui um potencial para criar vínculos afetivos e possibilitar um ambiente facilitador para o desenvolvimento social, além de estabelecer ou restabelecer valores como preservação e valorização de um espaço público (MATOS, 2007). O espaço escolar é um ambiente formador de personalidades e de representações. Sua infra-estrutura deve ser envolvente para os alunos de forma que eles possam sentir-se à vontade para ampliarem suas atividades socioeducativas e desenvolverem seu pensamento crítico. Assim, o espaço escolar potencializa o desenvolvimento de atividades cognitivas e motoras, tornando-se, cenário de múltiplos interesses (MARQUES, 2010) Considerando a importância do ambiente escolar para a formação dos sujeitos o objetivo desde trabalho é descrever o espaço físico da escola sob um olhar etnográfico para encontrar métodos apropriados para o ensino de educação em saúde. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 82 Metodologia A presente pesquisa é do tipo descritiva com a perspectiva etnográfica. De acordo com Moreira (2011) os estudos etnográficos são utilizados como uma ferramenta para estudar e compreender uma cultura, ou o modo de vida de um grupo de pessoas, isto é, suas crenças, valores, pressupostos e comportamentos. A partir da década de 70 diferentes estudos em educação têm sido desenvolvidos com a proposta etnográfica. Mattos (2001) chama atenção para o fato que trata-se da descrição de um sistema de significados culturais a partir do ambiente natural onde as interações ocorrem. Os dados foram coletados a partir da observação que ocorreu em dois turnos (manhã e tarde) no mês de outubro de 2015, na Escola Estadual Indígena Igineu Romeu Kóénju, localizada na aldeia Alvorecer da comunidade indígena Mbyá Guarani, há 30 quilômetros do município de São Miguel das Missões no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Este estudo faz parte do projeto de pesquisa “ onstruções de indicadores de saúde na população indígena guarani da região noroeste do RS, Brasil”, vinculado ao Núcleo de Pes uisa e Iniciação Científica do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo – IESA. Resultado e Discussão A Escola indígena teve início no ano 2001, há sete anos está na zona rural, instalada em terras indígenas. A estrada que liga o município de São Miguel das Missões à escola é uma estrada de chão batido. Em dias de chuva é difícil o acesso ao local. O espaço físico da escola é constituído em três salas de aula, uma cozinha com refeitório, sala da coordenação pedagógica e área para atividades externas. A primeira sala é da coordenação que também é utilizada pelos quatro professores (dois indígenas), contém “mesa de reuniões”, um computador e um armário. A segunda sala é o espaço utilizado pelos alunos da pré-escola, crianças de 4 a 5 anos que possuem cadeiras e classes são apropriadas para a idade. A professora não possui mesa e cadeira apropriadas para o trabalho. Destaca-se que esse ambiente é dividido em sala de aula, biblioteca, brinquedoteca e videoteca. Observa-se um acervo de livros da pré-escola até o ensino fundamental. A presença de artesanato local ornamenta o ambiente. Na terceira sala e quarta sala estão os alunos do ensino fundamental dos anos iniciais, a salas possuem uadros e uma delas conta com o “canto da leitura” apropriado para a faixa etária. Observa-se que todos os ambientes contam com iluminação artificial e natural. Quando comparadas as salas de aula uma é mais arejada do que a outra. Com relação à cozinha foi possível observar utensílios e equipamentos (fogão, micro-ondas, geladeira e freezer) adequados para a preparação dos alimentos. Tomou-se conhecimento que brevemente a escola ganhará um novo espaço, o refeitório. Atualmente as refeições são realizadas no mesmo ambiente em que é preparada a alimentação. No espaço de lazer (área externa) foi possível ver as crianças brincando de pular cordas e jogando bola, também tem a opção de brincarem no parque infantil. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 83 De acordo com o Guia de Orientações Operacional disponibilizado pelo Ministério de Educação no ano de 2013, a maioria das escolas brasileiras localizadas no campo de maneira geral funcionam em prédios pequenos e muitas vezes em condições inadequadas de ventilação, iluminação, cobertura e piso. O mobiliário escolar desses estabelecimentos de ensino – carteiras, mesas, quadro de giz, armários, estantes, etc., muitas vezes são inapropriados ou não dão condições necessárias ao trabalho dos professores e ao desenvolvimento das atividades educativas com os estudantes. Alertando a adequação desses espaços de aprendizado para contribuir à segurança e à saúde das crianças, adolescentes e jovens e servir de estímulo a sua permanência na unidade escolar. A presença de TV e DVD na escola é um ponto que merece ser destacado, já que diante disso podemos constatar que a escola busca novos meios de comunicação e interação com os alunos para facilitar a transmissão dos mitos e histórias que antes eram contados somente oralmente, dessa forma não precisa haver uma ruptura em relação à escola e a educação tradicional (BORGES, 2007). Segundo Ribeiro (2004) os resultados parciais de estudos-piloto no intuito de conhecer e reconhecer o espaço pedagógico é fundamental para a transferência de conhecimento. Complementa ainda o papel fundamental que a estrutura de uma sala de aula pode exercer no processo de ensino e aprendizagem e sinaliza a necessidade de pesquisas mais profundas nesse campo de investigação visando uma melhor atuação do educador. Conclusões De acordo com o que foi analisado pode-se dizer que teremos uma tarefa complexa, visando de que hoje um dos principais desafios e prioridades para a consolidação de uma Educação Escolar Indígena é pautada por manter os princípios da diferença, da especificidade, do bilingüismo e da interculturalidade. Sabe-se que o que acontece na sala de aula não está desvinculado do que está acontecendo na vida da comunidade e, se acreditarmos que a educação indígena continua existindo como processo pedagógico capaz de fomentar a identidade étnica de um povo, veremos que o que está ocorrendo é uma verdadeira apropriação da escola. Olhar a escola pelas lentes da cultura indígena escolar permite não apenas ampliar nosso entendimento sobre o funcionamento interno da escola da comunidade indígena Mbyá Guarani, com o objetivo de encontrar métodos apropriados para o ensino de educação em saúde como também nos provoca a rever as relações estabelecidas historicamente entre escola, sociedade e cultura. Nessa medida, é no ambiente da sala de aula onde podemos encontrar uma importante ferramenta teórica para explorar o passado e o presente da escola na sua relação com a sociedade e a cultura, no jogo tenso das lutas de poder que perpassam o escolar e expressam nele as contradições sociais. Palavras-Chave: Educação escolar indígena, Educação em saúde, Mbyá guarani. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 84 Referências Bibliográficas BORGES, M.F.V. Inserção da informática no ambiente escolar: inclusão digital e laboratórios de informática numa rede municipal de ensino. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação Tecnológica) – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007. BRASIL. Guia de orientações operacionais. Ministério da Educação, 2013. BELTRAME, B. C. Etnografia de uma Escola Xikrin. São Carlos, Dissertação de Mestrado/UFSCar, 2013. MARQUES C. F. G. As condições do trabalho docente e o processo ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental. Juíz de Fora, Dissertação de Mestrado/ UFJF, 2010. ROSA, H. A. A trajetória histórica da Escola na comunidade Guarani de Massiambu, Palhoça/SC – um campo de possibilidades. Florianópolis, Dissertação de Mestrado/UFSC, 2009. MOREIRA, A. M. Metodologias de Pesquisa e Ensino. 1. ed. São Paulo: Editora Livraria de Física, 2011. MATTOS C. L. G. A abordagem etnográfica na investigação científica. Rio de Janeiro: UERJ; 2001. Acessado em: 11 nov. 2015. MATOS C. M. Espaço Físico Escolar: Objeto Indispensável Para a Educação Física?. XI EnFEFE - Encontro Fluminense de Educação Física Escolar. A educação física contribuindo para os processos políticos na escola. Niterói, 2007. RIBEIRO R. Construção e aplicação de projetos político-pedagógicos: a participação da comunidade escolar. Brasília, Dissertação de Mestrado/UCB, 2004. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 85 PROPORÇÃO DE IDOSOS NO BRASIL E O REFLEXO SOBRE A QUALIDADE DE VIDA1 Déborah Thaís Julkowski2; Tainara Jungton Bönmann2; Carine Eloise Prestes Zimmermann3. 1 Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Biomedicina. Acadêmicas do 8º semestre do curso de Biomedicina CNEC/IESA. [email protected]; [email protected] 3 Professora Orientadora do curso de Biomedicina CNEC/IESA. [email protected] 2 Introdução O envelhecimento populacional está ocorrendo de maneira rápida no Brasil. Além da transição demográfica, vive-se a transição epidemiológica, ou seja, a substituição de um cenário onde prevaleciam as doenças infectocontagiosas por outro onde um maior número de pessoas passa a ser acometido por doenças crônicas não transmissíveis, comuns entre idosos (LITVOC; BRITO, 2004). Sendo assim, lidar com uma população idosa que vem envelhecendo em meio a baixos níveis socioeconômicos e educacionais e grande incidência de doenças crônicas e incapacitantes, será o maior desafio do século XXI (RAMOS, 2003). O crescimento da população idosa é um fenômeno mundial e, no Brasil, as modificações ocorrem de forma radical e bastante acelerada. As projeções mais conservadoras indicam que, em 2020, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos, com um contingente superior a 30 milhões de pessoas. Atualmente o Brasil é um “jovem país de ca elos rancos”, sendo ue a cada ano, 65 mil novos idosos são inseridos à população brasileira, onde a maior parte são portadores de doenças crônicas e outros com algumas limitações funcionais. (VERAS, 2009). O aumento da população com sessenta anos ou mais traz a necessidade de conhecer os múltiplos fatores que determinam suas condições de vida e saúde e de reconhecer a importância das questões psicológicas, ambientais, socioculturais e econômicas, desenvolvendo uma visão integral sobre o envelhecimento (PAPALÉO NETTO, 2006). O envelhecimento ativo reconhece os direitos humanos dos idosos e está baseado nos princípios de participação, dignidade, independência, assistência e autorealização, apoiando a participação dos idosos em questões políticas e outras relacionadas à vida em comunidade. Assim, sendo considerado um processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, tendo por objetivo melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. Onde é aplicado tanto de forma individual quando a grupos populacionais, permitindo que as pessoas percebam o seu potencial para o bem-estar físico, mental e social ao longo do curso da vida (BRASIL, 2006; PAUL, 2005; WHO, 2005). Neste contexto, o processo de envelhecimento ativo tem sido estudado a pouco tempo, bem como, a saúde do idoso que teve uma disseminação maior II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 86 após a criação do Estatuto no ano de 2003. Então, este estudo tem como objetivo verificar a proporção de idosos no Brasil e por região brasileira e discutir a influência do envelhecimento na qualidade de vida da pessoa idosa. Metodologia Trata-se de um estudo do tipo retrospectivo, quantitativo e descritivo. Para tanto, foi realizada uma análise da literatura, centrada no período de 19942015. Já a coleta de dados foi realizada através do Guia de Acesso a Informações para a Gestão do SUS desenvolvido e disponibilizado pelo CONASS, Conselho Nacional de Secretários de Saúde. As informações são referentes a proporção de idosos por estado brasileiro, no período de 2003 a 2012. Utilizou-se a busca por publicações a partir de 1994 por ser o ano de implantação das Estratégias de Saúde da Família, e os dados devido ao marco para a saúde do idoso no ano de 2003, o Estatuto da Pessoa Idosa. A análise dos dados foi realizada com auxílio da estatística descritiva, utilizando Microsoft Office Excel. Os resultados obtidos são apresentados em tabelas cruzada. A proporção de idosos refere-se ao número médio por estado brasileiro e que foram agrupados por região, naquele período. Foi incluído também a percentagem, levando-se em conta a proporção geral do crescimento da população idosa no Brasil (100%). As informações sobre o material bibliográfico concentraram-se nas publicações da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde), Medline (Literatura Internacional em Ciências da Saúde) e SciELO (Scientific Electronic Library Online). Para a consulta nestas bases de dados utilizou-se o descritor: População idosa, conjugado com Atenção à Saúde, saúde do idoso, envelhecimento ativo. Resultados e Discussão O envelhecimento de uma grande proporção da população mundial é um fenômeno recente, resultante da redução da mortalidade infantil, da maior eficácia de novos métodos de diagnóstico precoce e de tratamento de inúmeras doenças. A partir deste estudo, comprova-se que entre os anos de 2003 e 2012, a população idosa foi aumentando ano a ano nas regiões brasileiras e também há diferenças populacionais desta população que são características distintas e regionais. A partir dos resultados obtidos neste estudo, observa-se que todas as regiões brasileiras apresentaram um aumento anual no número de idosos da década em estudo, alguns aumentos discretos outras mais relevantes. Percebe-se que particularmente as regiões sul e sudeste foram as que apresentaram o maior percentual de população idosa nos anos estudados. Também se percebe que as regiões centro-oeste e norte foram as que tiveram a menor população idosa durante o período em estudo, o que não se refere que nestas regiões não tenha ocorrido aumento durante os anos. Veras (2009) aponta que o número de idosos no país passou de 3 milhões em 1960, para 7 milhões em 1975, e 20 milhões em 2008, obtendo assim um aumento gradativo de quase 700% em menos de 50 anos. Por consequência disto, as doenças provenientes do envelhecimento obteram maior expressão no conjunto da sociedade. Já Parahyba e colaboradores (2005) demonstraram II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 87 em seus estudos que as doenças crônicas bem como suas incapacidades, não são consequências obrigatórias do envelhecimento, por isso, a prevenção é eficaz em qualquer nível, mesmo nas fases mais tardias da vida, sendo assim, a relevância na prevenção é a chave para mudar o quadro atual do país. Parahyba e Simões (2006) relatam que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios sobre a saúde da população idosa no Brasil, apontou que no período de 1998 e 2003, houve melhoria nas condições de saúde. Sendo que fatores como melhoria da tecnologia médica, maior acesso aos serviços de saúde, mudanças comportamentais por parte dos idosos, aumento do nível educacional e nível socioeconômico dos idosos, influenciaram nestas condições. Segundo Caradec (2008) e Peixoto e Clavairolle (2005) apontam que a situação e a representação das pessoas idosas vem mudando profundamente, não só em razão da maior longevidade e da transição demográfica, como tam ém das políticas e direitos para essas pessoas. A “terceira idade” passou a representar uma etapa de vida a ser vivida plenamente, no período pósaposentadoria, como também com relações afetivas e amorosas fecundas, diferentemente do retiro, do isolamento e da perda de funções que a velhice representou. Veras e Parahyba (2007) afirmam que um modelo de atenção à saúde do idoso que pretende mostrar efetividade e eficiência, necessita aplicar todos os níveis de prevenção e possuir um fluxo de ações de educação, promoção à saúde, prevenção de doenças que podem ser evitadas. Por isso, Veras e colaboradores (2008) o aumento do número de idosos e a maior utilização do sistema de saúde, consequente do maior tempo de vidas e de doenças crônicas se tornam um desafio para o sistema de saúde. Desta forma, Schoeni e colaboradores (2005) apontam que políticas de promoção e prevenção de saúde têm mostrado efetividade em todo o mundo, Além disso, Veras e Parahyba (2007) também relatam que desta forma, temos um cenário de população idosa mais saudável, apesar das consequências que o processo de envelhecimento acarreta sobre o aumento das doenças crônicas e necessidade de atendimento de saúde da população que envelhece e vive até idades mais avançadas. Figura 1- Proporção de idosos no Brasil e por região entre os anos de 2003 e 2012. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 88 Conclusão Neste contexto, observa-se que a população idosa brasileira manteve-se sempre em crescimento constante durante o período de 2003 a 2012. Sugerese que isso seja reflexo das políticas públicas que assistem a essa população e aos benefícios que foram sendo adquiridos no decorrer dos anos. Também, pode estar relacionada com o comprometimento das entidades que buscam pelo envelhecimento ativo, além do acompanhamento pelas Instituições de Ensino Superior com seus projetos beneficentes e as famílias, que estão valorizando mais seu idoso. Palavras-chave: População idosa, Atenção à Saúde, Saúde do idoso, Envelhecimento ativo. Referências Bibliográficas LITVOC, J.; BRITO, F. C. Conceitos Básicos. In: Envelhecimento: Prevenção e Promoção de Saúde. São Paulo: Editora Atheneu, 2004. RAMOS, L. R. Fatores determinantes do envelhecimento saudável em idosos residentes em centros urbanos: Projeto Epidoso, São Paulo. Cadernos de Saúde Pública, v. 19, n. 3, p. 793798, 2003. VERAS, R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Revista de Saúde Pública, v. 43, n. 3, p. 548-554, 2009. PAPALÉO NETTO, M. 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Estágio de vivência sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) na sua total realidade, participando de uma imersão de estudos, envolvendo discussões sobre o trabalho em equipe, gestão, atenção à saúde, educação, controle social e também como estimular o estudante a trabalhar no SUS. Como funcionou a experiência? O VER-SUS é um programa de Vivências e Estágios na Realidade do SUS, promovido pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Rede Unida e outras entidades, que tem como objetivo aproximar estudantes de projetos que estabelecem uma política de educação para futuros profissionais do SUS. Assim, visando também uma formação de qualidade, capacitando profissionais, estimulando a mudança curricular na graduação e especialização dos cursos da área da saúde, e também a educação popular da saúde (BRASIL, 2004). Foi realizado através de um estágio de vivência de imersão com duração de nove dias, onde participaram vinte pessoas, sendo elas estudantes de graduação de diversas áreas como Biomedicina, Enfermagem, Psicologia, Odontologia, Terapia Ocupacional, Engenharia Civil e também alunos de PósGraduação e Residência Multiprofissional. O VER-SUS é dividido em três classes, que são elas: Viventes, Facilitadores e Comissão Organizadora. Os viventes são os estudantes de graduação, residentes na área da saúde e integrantes de movimentos sociais. Os facilitadores são pessoas que já vivenciaram o VER-SUS, que participaram da organização de movimento estudantil e social e participação em algum outro estágio de vivência, ou seja, pessoas com experiência para poder passar conhecimento aos viventes. A comissão organizadora preferencialmente é formada por coletivos de estudantes, docentes, por representantes da gestão municipal/estadual de saúde e trabalhadores da saúde. A inscrição foi realizada através da plataforma Otics, onde se realiza um cadastro com dados pessoais, e depois deve ser respondido algumas questões II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 91 relacionadas ao conhecimento e opinião sobre o SUS. Durante o período de imersão os participantes ficaram alojados juntos, possibilitando, ao final de cada dia, uma discussão sobre as atividades realizadas, trocando experiências sobre as vivências de cada dia. Todos os dias, ao final das atividades diárias, era realizado um relatório individual, onde relatava-se o dia vivido, opiniões próprias e percepções sobre o local visitado, os profissionais que lá atuavam e etc. Ao final de toda a vivência, os viventes entregaram um relatório final, via plataforma Otics, para validar a participação, para assim obter o certificado de participação. Também ocorreram atividades de aprofundamento teórico, a partir de seminários e oficinas sobre o SUS. Foram visitados entidades do município como Secretaria Municipal de Saúde de Santo Ângelo, 12° Coordenadoria Regional de Saúde, Hospital de Caridade de Santo Ângelo, ESF’s; tam ém foi vivenciado, através de o servação, uma reunião do Conselho Municipal de Saúde – CMS, onde ficou evidente a necessidade de maior engajamento por parte da população nos espaços de discussão e decisão do SUS; também foi realizado uma visita ao município vizinho de Santa Rosa, para conhecermos a realidade da Fundação Municipal de Saúde (FUNSSAR), onde foi a melhor oportunidade para discutirmos os modelos de atenção à saúde, já que o município é um dos únicos do país que não possui uma secretaria municipal de saúde, mas sim uma fundação. Esta Fundação tem caráter de autarquia, de certa forma, a sua estrutura organizacional propicia uma maior agilidade, e o incentivo a qualificação dos profissionais possibilita um maior engajamento e autonomia no trabalho, desde a gestão até a execução das ações e serviços. Além disso, participamos de rodas de conversas: com médicos do programa Mais Médicos, onde debatemos os entraves existentes no Brasil para que a saúde de fato seja de qualidade, universal e equitativa; com Psicólogas, onde o principal debate foi o que falta para que haja de fato um cuidado com a saúde mental. As rodas de conversa também se estenderam a professores de vários cursos como de Direito da URI-Santo Ângelo, onde discutimos a parte jurídica do SUS; debate com professora de Saúde Pública do curso de Biomedicina do IESA, onde debatemos principalmente sobre a importância da equipe multiprofissional e a inserção do profissional Biomédico na Saúde Pública; tivemos a oportunidade de debatermos junto a uma Terapeuta Ocupacional e uma Assistente Social sobre a atenção a saúde da população negra, população indígena, população em situação de privação de liberdade, LGBTT e população em situação de rua. Além das visitas as entidades, foi vivenciado juntamente com as Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) a realidade da atenção as famílias, onde notouse que existe muito ainda a melhorar, como aumento de ESF e a qualificação das estruturas, bem como, o aumento do número de ACS, para que assim as famílias sejam acompanhadas em sua real situação de saúde e ganhem resolução para seus problemas. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 92 Por fim, um aspecto que considero de grande importância, tanto no VER-SUS, quanto nos demais estágios de vivência baseados na imersão prolongada, é a vivência da interdisciplinaridade em sua essência, no sentido do viver em sociedade. A partir do convívio, os estudantes vão quebrando as barreiras e construindo a interdisciplinaridade, que é um processo cotidiano e também estrutural. Além disso, a utilização de metodologias e dinâmicas participativas instiga a construção do senso crítico e humano dos participantes. Desafios para o desenvolvimento? O principal desafio encontrado foi a falta de conhecimento dos demais estudantes de outras áreas sobre o profissional Biomédico, e também da inserção da Biomedicina nas rodas de conversa, que discutiam sobre a equipe multiprofissional, como por exemplo, onde o Biomédico atuaria na Saúde Pública. Quais as novidades desta experiência? As atividades favoreceram o conhecimento de lugares no próprio município, como a Comunidade Terapêutica SOS Vida, também conhecer a FUNSSAR num município vizinho, e a forma de organização e gestão do local. Além da troca de experiências entre todos os participantes, que foi o maior ganho nesta vivência. Alguns participantes já possuíam experiências profissionais na área da Saúde Pública, ou então, já haviam participado de outros estágios do VERSUS, possibilitando uma troca de vivências que engrandeceu muito as discussões. Durante os nove dias de vivência no VER-SUS, aprendi coisas que a faculdade não pode me proporcionar. Dentre inúmeros aprendizados, aprendi a ser mais humana, aprendi a ver a realidade tal qual como ela é, não somente aquela verdade que nos é passada através de jornais e programas de televisão. Vi coisas e conheci pessoas que me emocionaram. Vi realidades de vida que são diferentes da minha, o que fez com que eu aprendesse mais a enxergar e também entender o lado de outras pessoas. Além disso, aprendi um pouco mais a trabalhar em equipe, em ouvir mais o meu colega, conheci diversas profissões, algumas que eu nem imaginava que eu, como futura Biomédica, poderia trabalhar em parceria. Pude observar que o SUS tem sim seus problemas e obstáculos, que falta, principalmente, diálogo e gestão de qualidade, mas também tem suas potencialidades, afinal o SUS é o sistema de saúde mais humanizado do mundo. Tem seus profissionais que tem um certo descaso com sua profissão e com os pacientes que atendem, mas que tem também os profissionais que trabalham por amor a sua profissão, trabalham visando fazer o melhor para seus pacientes. Considerações finais O SUS necessita de profissionais preparados para atuar com competência na área da saúde pública, questão trabalhada nos serviços por meio do desenvolvimento de programas de educação continuada e reuniões técnicocientíficas. Entretanto, ainda é visível na rede pública de saúde o despreparo técnico, científico e político de alguns trabalhadores. Sendo assim, acredito que o VER-SUS é de grande importância para os acadêmicos da área da saúde, II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 93 pois possibilita um conhecimento teórico-prático que não temos a oportunidade de termos durante a graduação. Palavras-chave: VER-SUS; Vivências; Estágios no SUS; Sistema Único de Saúde. Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão de Educação na Saúde. VER-SUS Brasil: Caderno de Textos. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 94 AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA VIVÊNCIA DOS ESTUDANTES DE BIOMEDICINA1 Odacir Júnior Czekalski Santos2; Fernanda Sauer Ferreira2; Pâmela Dominik Engers Bratz2; Priscila Saibert2; Carine Eloise Prestes Zimmermann3. 1 Relato de Vivência. Estágio Supervisionado em Saúde Pública. Acadêmicos do 8° semestre do curso de biomedicina. [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 3 Biomédica. Professora Supervisora do Estágio em Saúde Pública do curso de Biomedicina CNEC/[email protected] 2 Local de experiência: Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, Brasil. Qual foi a experiência desenvolvida? Participação do estudante do curso de Biomedicina em atividades com alunos da escola infantil do Serviço Social do Comércio (SESC), realizados através do estágio supervisionado em saúde pública, o qual proporcionou a inserção da Biomedicina em ações de promoção de saúde para a comunidade. Sobre o que foi? Foi realizado uma gincana educativa, com o intuito de promover a promoção e prevenção da saúde, individual e coletiva, através da realização de ações de informações básicas sobre a higiene bucal, corporal e hábitos alimentares. O público alvo foram crianças entre 3 a 5 anos da escola infantil do SESC. Por meio deste espaço, através do nosso conhecimento, podemos repassar informações e orientações que auxiliam na prática do dia a dia destas crianças. Como funcionou a experiência O ser humano, em todas as fases de sua vida, esta sempre descobrindo e aprendendo coisas novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio sobre o meio em que vive. Ele nasceu para aprender, para descobrir e apropriar-se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isso que lhe garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico e criativo (DALLABONA; MENDES, 2004). Sabe-se que não existe ensino sem que ocorra a aprendizagem, e esta não acontece senão pela transformação, pela ação facilitadora de um profissional, do processo de busca do conhecimento, que deve sempre partir do aluno (VALENTE; DA SILVA, 2005). Neste contexto procuramos ensinar através de estratégias lúdicas educativas, como, músicas, teatros, jogos e vídeos. Na escolinha foram apresentado vídeos e imagens sobre assuntos abordados (higiene corporal, bucal e hábitos alimentares) para facilitar o aprendizado audiovisual. As apresentações tiveram a participação das crianças através de perguntas e respostas; também foi aplicado jogos educativos como jogo da memória e de relacionar as peças corretas. Posteriormente foi apresentado um teatro de fantoches o qual abordava o assunto de higiene bucal, quanto a sua importância e consequências de uma má higiene e ao final desta apresentação. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 95 De uma forma didática e interativa os alunos participaram cantando e dançando paródias elaboradas pelos acadêmicos. Os jogos envolvem crianças de acordo com os versos por elas cantadas. O conteúdo das músicas, teatros e vídeos em concordância com os movimentos, promove o conhecimento natural sobre as noções do ambiente em que estão inseridos. A ação educativa do jogo, enquanto brincadeira é justamente esta, instiga o desenvolvimento das esferas cognitivas, sociais e morais. Desafio para o desenvolvimento Um dos grandes desafios que enfrentamos foi de elaborar maneiras didáticas de transmitir os conhecimentos para um público infantil, o qual ainda não havíamos trabalhado. Trabalhar com crianças exige um aprendizado diferenciado, tanto na forma de diálogo quanto na forma do envolvimento dos mesmos. Esta atividade foi importante para nós futuros biomédicos, pois além de sair da rotina laboratorial a qual estamos presente diariamente, nos deu a oportunidade de conhecer um público diferente do qual estamos acostumados. E consequentemente nos proporcionar uma melhor interação com as crianças, nos ajudando no ambiente laboratorial, principalmente na hora da coleta, onde é o nosso único contato direto com os pacientes e que normalmente é um momento estressante para a criança e podendo provocar algumas alterações laboratoriais. Quais as novidades desta experiência A participação do acadêmico do curso de biomedicina em atividades lúdicas e educativas, que envolvam diferentes públicos, como as crianças. Isso nos proporcionou a melhorar a interação com estes pacientes, o qual facilitará na hora da recepção e coleta. Também nos demonstrou que cada público deve ter um cuidado especial, e que devemos saber transmitir o conhecimento e as informações dependendo da idade e entendimento dos indivíduos, pois de nada adianta passar o conteúdo sem que o público entenda. Considerações finais Para nós, acadêmicos de biomedicina, foi uma grande oportunidade, onde podemos expor e aplicar parte do nosso conhecimento para uma parcela da sociedade, pois isto é uma forma de atuação da saúde pública e coletiva, que pode ser inserida de forma simples, com o objetivo de atenção primaria à saúde, a promoção e prevenção da mesma na comunidade. Também, foi um momento onde tivemos um crescimento pessoal e profissional, pois no inicio parecia difícil e complicado achar formas de nos comunicar e interagir com as crianças, e depois tudo fluiu de forma divertida e recíproca. O que não foi tão difícil como esperávamos, pois sair da rotina laboratorial e ir para dentro de uma sala de aula, não costuma fazer parte do nosso cotidiano. É de extrema importância que todos tenham em mente que a Biomedicina não precisa ser exercida somente dentro de um laboratório, mas também pode ser atuada na Saúde Pública, realizando ações de promoção à saúde. Cabe II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 96 ressaltar que o biomédico pode fazer levantamentos de dados estatísticos para se tomar as medidas necessárias, como tratamento e prevenção, garantindo uma melhor qualidade de vida para as pessoas. Palavras-chave: educação em saúde, biomedicina, saúde infantil. Referências Bibliográficas DALLABONA, S.R.; MENDES, S.M.S. O Lúdico na educação infantil: jogar, brincar, uma forma de educar. Revista de divulgação técnico-científica do Instituto Catarinense de PósGraduação, 2004. http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev04-16.pdf VALENTE, F.A.M.; DA SILVA, F.M. Atividades lúdicas na educação infantil. 2005. 43 f. Tese (Trabalho de Conclusão de Curso) Universidade Candido Mendes. 2005 II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 97 VIVÊNCIA DOS ESTUDANTES DE BIOMEDICINA EM UMA COMUNIDADE TERAPÊUTICA¹ Amanda Carpenedo Tonon²; Camila de Souza Rodrigues²; Francielen Colet da Silva²; Laurence Noetzold Mendes²; Carine Eloise Prestes Zimmermann³. 1 Relato de Vivência. Estágio Supervisionado em Saúde Pública. Acadêmicos do Curso de Biomedicina CNEC/IESA. 3 Biomédica. Professora Supervisora do Estágio em Saúde Pública do curso de Biomedicina CNEC/IESA. 2 Local de experiência: Brasil, Rio Grande do Sul, Santo Ângelo. Qual foi a experiência desenvolvida? Participação de ações informativas e educativas do estudante do curso de Biomedicina, em uma comunidade terapêutica, realizando uma palestra sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Sobre o que foi? Foi realizado através do estágio supervisionado de saúde pública do curso de Biomedicina – CNEC/IESA uma vivência em uma comunidade terapêutica, utilizando-se da estratégia de palestra e indagações ao público alvo, proporcionado informações em educação à saúde, com o propósito de enfatizar o esclarecimento de doenças sexualmente transmissíveis. Tendo em vista que a sexualidade é um aspecto importante de ser analisado, pois a percepção desse tema é formulada a partir de experiências cotidianas, e há a necessidade de aprofundamento sobre ele para uma compreensão efetiva. A estratégia básica para o controle da transmissão das Doenças Sexualmente Transmissíveis é a prevenção pelos meios que permitam atividades educativas que focalizem os riscos inerentes a uma relação sexual desprotegida e o compartilhamento de materiais contaminados (BESERRA; PINHEIRO; BARROSO, 2008). Como funciona (ou) a experiência? Através da experiência podemos constatar a importância de passar informações básicas acerca deste assunto. Quando nos referimos a processo de comunicação, nos remetemos à possibilidade de produzir entendimento por meio do diálogo, dos atos de fala cotidianos que acontecem nas relações face a face (THOMPSON, 2000; DESLANDES et al., 2009; JACOBI, 2004). A palestra gerou entre os participantes, inquietação, algum tipo de linguagem corporal e o questionamento referente à transmissão das DSTs. Foram o servadas fre uentes dúvidas leigas, tais como: “O uso de an eiros coletivos poderiam passar as DSTs?”; “ omo surgiu o vírus?”; “Frutas mac ucadas transmitem as DSTs?”; “Se o compartil amento de cac im o de crack e canudos de cocaína transmitem as doenças?”; entre outras. Na palestra foram abordados os temas como HIV, hepatites, sífilis, herpes e HPV. Dentro destes assuntos, foi dada uma introdução ao agente patológico, II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 98 sua sintomatologia, formas de transmissão, prevenção, o tempo que o vírus sobrevive em ambiente externo, alterações imunológicas, e como funciona o tratamento de tais DSTs. A partir do exposto e segundo o que afirma Braga (2011) e Habermas (1990), a razão comunicativa não se constrói apenas logicamente, mas, antes de tudo, na processualidade do debate. Assim, através desta prática, viçou-se induzir a reflexão nos indivíduos, para que um possível processo de conscientização se formasse. Desafios para o desenvolvimento? Um dos desafios foi a forma de linguagem, abordar conhecimentos científicos de maneira mais simples e sucinta para que os participantes pudessem interagir e compreender as informações ali passadas. Além de capturar a atenção deles, outro desafio foi fazê-los se sentirem confortáveis com o assunto e a participarem da atividade que não faz parte de seu cotidiano. Quais as novidades desta experiência? A principal novidade foi a atuação do estudante do curso de biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo – IESA, na comunidade. Também, a importância do papel do Biomédico na disseminação do conhecimento e do processo de conscientização da população, a respeito das DSTs, abordando a prevenção e sanando dúvidas a respeito. Outra experiência a ser relatada foi a interação entre palestrantes e participantes a respeito da linguagem corporal, isto contribuiu para que a palestra se tornasse mais agradável. Interação com a sociedade, colaborando com a recuperação desses pacientes, já que quando isolados, estes possuem uma dificuldade de se inserirem novamente nesta, como também que ao entrarem em contato com ela, podem ter uma recuperação mais efetiva. Considerações finais A partir desta experiência vivenciada, além de reforçarmos valores em nossas vidas, percebemos o quanto é importante realizar trabalhos na comunidade, principalmente para um público mais seleto. Evidenciaram-se muitas dúvidas, que para nós são simples e nem imaginávamos que havia pessoas que não as sabiam. Foi uma experiência muito válida e enriquecedora, nos sentimos valorizados e ao mesmo tempo concretizamos a teoria na prática, do que adquirimos no decorrer do curso. Palavras-chave: Comunidades Terapêuticas, DSTs, Educação em Saúde. Referências Bibliográficas BESERRA, E. P.; PINHEIRO, P. N. da C.; BARROSO, M. G. T. Ação educativa do enfermeiro na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis: uma investigação a partir das adolescentes. Revista de Enfermagem, v. 12, n. 3, p. 522-28, 2008. BRAGA, J. L. Constituição do campo da comunicação. Verso e reverso, v. 25, n. 58, p. 62-77, 2011. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 99 DESLANDES, S. F. et al. Processo comunicativo e humanização em saúde. Interface Comunidade, Saúde e Educação, v. 13, n. Supl 1, p. 641-649, 2009. HABERMAS, J. T. W. Adorno: pré-história da subjetividade e auto-afirmação selvagem. In: FREITAG, B.; ROUANET, S. (Orgs.). Habermas. São Paulo: Atica, p.139-50, 1990. JACOBI, P. Educação e meio ambiente–transformando as práticas. Revista Brasileira de Educação Ambiental, Brasília, n. 0, p. 28-35, 2004. THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 2000. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 100 REVISÃO DE LITERATURA II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 101 O USO INDISCRIMINADO DE ANTIMICROBIANOS COMO UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA1 Taciana Ribeiro de Cândido Faganello2; Pâmela Dominik Engers Bratz2; Fernanda Sauer Ferreira2; Rafael Pereira2; Carine Zimmermann3; Caroline Eickhoff Copetti Casalini3. 1 Trabalho interdisciplinar, Setor de Saúde Pública e Microbiologia - LAC/IESA Acadêmicos do Curso de Biomedicina do IESA. Email: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]. 3 Professoras, Supervisoras do Estágio em Microbiologia e Saúde Pública do Curso de Biomedicina do IESA. Email: [email protected] 2 Introdução Os antimicrobianos (ATBs) têm grande importância na manutenção da saúde humana para o tratamento de doenças infecciosas. Podem ser classificados em bactericidas, quando têm a capacidade de matar ou lesar irreversivelmente o microorganismo, ou bacteriostáticos, onde atuam na inibição do crescimento microbiano (NICOLINI et al., 2008). Entretanto, os ATBs são utilizados de forma indiscriminada, contribuindo para o aumento progressivo da resistência bacteriana (PAZIAN, 2006). Do ponto de vista clínico e de saúde pública, a resistência aos ATBs apresentase como um sério problema, onde em muitas situações, não se tem tratamento medicamentoso para determinadas infecções. O seu uso indiscriminado acarreta indução de linhagens bacterianas mais resistentes, tornando o medicamento menos eficaz, bem como, o indivíduo mais vulnerável às infecções devido ao uso irracional (PAZIAN, 2006). Diante deste cenário, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), criou uma Resolução-RDC nº 20/2011, onde normatiza a dispensação de ATBs, que somente deverá ser realizada em receituário privativo do profissional gabaritado ou do estabelecimento de saúde (ANVISA, 2011). A resistência microbiana é a capacidade que os microrganismos têm de se multiplicar na presença de concentrações de antibióticos mais altas do que as doses terapêuticas. É um fenômeno biológico de adaptação natural das bactérias que se segue à introdução de agentes antimicrobianos na prática clínica. As bactérias apresentam uma enorme capacidade de adaptação ao meio ambiente, podendo tornar-se resistentes a determinado antibiótico de várias formas (GURGEL et al, 2008). A resistência bacteriana pode ser classificada como natural ou adquirida. A natural corresponde a uma característica de espécie bacteriana, quando estes microrganismos são naturalmente resistentes a certo tipo de antibiótico, tendo características fenotípicas, transmitida apenas verticalmente à prole (TRABULSI, 2002; DEL FIO, 2000). Já a resistência adquirida ocorre por mecanismos genéticos diversos, tais como: produção de enzimas inativadoras, interferência com a entrada e acúmulo de droga na bactéria, alteração do receptor para ação da droga, via metabólica alternativa. Ocorre quando há o aparecimento de resistência em uma espécie bacteriana anteriormente sensível à droga em II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 102 questão. É uma "nova" característica manifestada na espécie bacteriana, característica essa ausente nas células genitoras. É originada através de uma alteração a nível genético da célula, de natureza cromossômica pelos processos de mutação, transdução e transformação ou extra cromossômica (plasmidial) (GURGEL et al, 2008; DEL FIO, 2000). Hoje, a resistência bacteriana já é um grande problema da saúde pública mundial. O avanço das superbactérias está superando as expectativas de pesquisas para novos fármacos, diminuindo assim, esses estudos, pois seu custo torna-se inviável para algumas indústrias. Em geral as bactérias classificam-se como resistentes quando crescem “in vitro”, nas concentrações médias que os antimicrobianos atingem no sangue (SANTOS, 2004). O objetivo do presente estudo é abordar o uso indiscriminado de antimicrobianos na sociedade, e a resistência causada pelo mesmo. Metodologia Trata-se de uma revisão de literatura com a finalidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre determinado tema ou questão, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado. A revisão bibliográfica foi realizada por meio de busca por artigos científicos encontrados em bancos de dados, como: PubMed, Scielo e Medline, utilizando-se dos seguintes descritores: resistência bacteriana, saúde pública, antimicrobianos. Discussão Vivenciamos um momento em que a proliferação e a disseminação das bactérias resistentes estão vencendo os antibióticos, travando com o homem uma batalha que parece sem fim. As bactérias resistentes a múltiplas drogas (BRMD) poderão nos levar à era pós-antibiótica, e se isso acontecer, ficaremos sem qualquer opção de tratamento para os portadores destas cepas (MOURA, 2007). Para combater esta ameaça, os profissionais de controle de infecção devem tratar o problema de modo simultâneo e em várias direções. As principais consequências do avanço da resistência bacteriana é o aumento do custo e do tempo de tratamento, pela utilização de medicamentos mais caros e até mais tóxicos; aumento do tempo de hospitalização; isolamento do paciente; aumento da frequência e da gravidade das infecções hospitalares (TRABULSI, 2002). Segundo PAZIAN (2006) o problema da resistência bacteriana se dá pela utilização sem controle de antimicrobianos, isso acontece, geralmente, por conta de desinformação do usuário, que acha que pode manipular as variáveis da utilização do medicamento. Após a resistência instalada no indivíduo, tornase quase que impossível um tratamento eficaz para controle de tal patógeno. O mesmo autor ainda reforça que o uso irracional torna o indivíduo susceptível a infecções. Muito se tem falado sobre a resistência bacteriana e sua relação entre o uso indiscriminado dos antibióticos. Medidas relacionadas ao controle e restrição dos antimicrobianos se referem a sua otimização quanto à escolha, duração do tratamento, melhorias na prática de prescrição e estabelecimento de sistemas II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 103 de monitoramento específicos para cada instituição hospitalar. Medidas de controle e prevenção são necessárias e englobam o uso correto dos antibióticos e educação dos profissionais da saúde para evitar a disseminação de tais bactérias (MOURA, 2007). A origem dessa resistência acontece por uma cascata de fatores, onde o resultado final será a não eficiência de qualquer tratamento convencional. Fatores que começam no atendimento médico, ao não atendimento. O paciente que procura consulta médica deve ser interrogado e, se necessário, analisado laboratorialmente. Nesse contexto, percebemos que nem sempre funciona assim, ou seja, muitas vezes o paciente já recebe tratamento sem mesmo, o médico ter pedido uma prévia laboratorial. Isso além de gerar custo desnecessário pode estar sendo o principal motivo de resistência bacteriana. Pensemos: um paciente que se queixa de inflamação na garganta e procura um médico. O ideal é que o profissional peça uma cultura com antibiograma para haver a certeza absoluta de sobre qual possível agente patógeno está causando a inflamação. Porém, isso dificilmente acontece. O paciente já sai da consulta com uma prescrição de medicamentos que são uma aposta do profissional consultado para o combate à enfermidade. Talvez a justificativa para tal ato seria o grau em que as pessoas procuram auxílio médico, não havendo tempo para esperar um atendimento laboratorial. Ainda assim, é um risco que todos corremos. Falta muita informação e sobra desleixo de ambas as partes. O paciente também deve dar importância para qualquer sintoma de enfermidade, não deixando o caso se agravar para procurar orientação (PAZIAN, 2006). Conclusões Diante do exposto, verifica-se que a compra e a utilização são negligenciadas, seja por falta de fiscalização, orientação do médico ou até mesmo por não ser realizado um antibiograma a pedido médico, prescrevendo assim, antibióticos sem sua devida necessidade que ocasiona a resistência bacteriana. O alto nível de resistência múltipla apresenta um risco potencial para a saúde pública e pode dificultar o tratamento de doenças, agravando quadros clínicos curáveis. A cautela para prevenir a resistência faz com que profissionais de saúde utilizem drogas de amplo espectro, resultando em gastos mais elevados com o tratamento e o aumento da ocorrência de casos de resistência a antimicrobianos devido a velocidade com que os microrganismos desenvolvem resistência. Para amenizar essa situação é necessário realizar campanhas educativas para conscientizar e orientar os profissionais de saúde para a devida utilização desses antimicrobianos e alertar a população quanto aos riscos da ingestão de subdosagens de antibióticos. Palavras-chave: resistência bacteriana, saúde pública, antimicrobianos. Referências Bibliográficas ANVISA. Nota Técnica sobre a RDC Nº 20/2011, 2013. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 104 DEL FIO, F.S., FILHO, T.R.M., GROPPO, F. C. Resistência Bacteriana. Revista Brasileira de Medicina. V. 57, n.10, p. 1129-1140, 2000. GURGEL, T.C.; CARVALHO, W.S. A assistência farmacêutica e o aumento da resistência bacteriana aos antimicrobianos. Lat. Am. J. Pharm. V. 27, p. 118-123, 2008. MOURA, J.P.; GIR, E. Conhecimento dos profissionais de enfermagem referente à resistência bacteriana a múltiplas drogas. Acta Paul Enferm. Minas Gerais, v. 20, p.351-6, 2007. NICOLINI, P; NASCIEMENTO, J.W.L; GRECO, K.V; MENEZES, F.G. Fatores relacionados à prescrição médica de antibióticos em farmácia pública da região Oeste da cidade de São Paulo. Ciência & Saúde Coletiva. V. 13, p. 689-696, 2008. PAZIAN, G.M; SASS, Z.F.S. Resistência bacteriana a antibióticos. Revista Cesumar Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. V. 11, n. 1, p. 157-163, Jan - jun de 2006. SANTOS, N.Q. A resistência bacteriana no contexto da infecção hospitalar. V. 13, 2004. TRABULSI, L.R; TOLEDO, M.R.F. Resistência Bacteriana a Drogas. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2002. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 105 AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS INTER INDIVÍDUOS NA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR E CREATININA¹ Ieda Dorneles²; Angelo Viana Weber³; Douglas de Menezes³; Fernanda Bender Ribeiro³; Andressa Pazzato Ferreira³; Débora Pedroso4 ¹ Trabalho de pesquisa do curso do Tec. Citopatologia-IESA ²Biomédica, Professora Tec. Citopatologia-IESA 3 Acadêmicos do 6° semestre de Biomedicina [email protected] 4 Professora orientadora do curso de Biomedicina CNEC/IESA. CNEC/IESA. Introdução A Doença Renal Crônica (DRC) é caracterizada por ser uma síndrome que decorre da perda, geralmente lenta e progressiva, das funções renais (BASTOS, 2010; SALGADO; JOSÉ; BRITO, 2006). Nesta condição, de modo geral observam-se rins de dimensões reduzidas ao exame ultrassonográfico. Do ponto de vista bioquímico, detecta-se elevação das escorias nitrogenadas, com destaque para o aumento na concentração sérica de creatinina e uréia, que se constituem importantes marcadores tradicionalmente utilizados para caracterizar o comprometimento da função glomerular (BORTOLOTTO, 2008). Deve-se lembrar que o paciente com DRC apresenta muitas complicações, onde destacam-se anemia e uma série de distúrbios hidroeletrolíticos e osteometabólicos (LUKS; JOHNSON; SWENSON, 2008). Entre os últimos pode-se citar queda dos níveis de cálcio no sangue e aumento dos níveis de fósforo e do hormônio paratireodiano (DELANEY et al., 2006). O declínio da função renal pode estar ligado a diferentes fatores, como por exemplo, hipertensão arterial, diabetes mellitus, distúrbios autoimunes, glomerulonefrite, idade avançada, sobrepeso, fumo, dislipidemia, uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroidais e histórico familiar (BREGMAN, 2004). O processo de envelhecimento é um fator de alto comprometimento renal, visto que pacientes com idade igual ou superior a 40 anos, tendem a diminuir a Taxa de Filtração Glomerular (TFG) em torno de 10mL/min a cada década, sendo que este declínio é ainda maior em indivíduos hipertensos (GUIMARÃES et al., 2007). A doença renal crônica é caracterizada pela diminuição da TFG, sendo assim, a melhor forma de quantificar a função renal é através ao cálculo de clearance, definido como a taxa na qual uma substância é removida do plasma por unidade de tempo, além da creatinina sérica como um dos principais marcadores endógenos (BORTOLOTTO, 2008). A creatinina sérica pode ser analisada isolada ou em ação conjunta com o cálculo do clearence de creatinina com amostra de urina de 24 horas ou 12 horas. Porém, o método de dosagem de creatinina sérica isolada, não é mais considerado um bom parâmetro para avaliação da função renal, devido a variações de resultados de acordo com a idade, peso, sexo, massa muscular e tipo de dieta do indivíduo. Por outro lado, o método de clearence apesar de ser o padrão ouro, apresenta como dificuldade a coleta de urina durante 24 horas pelo paciente, além de variações inter indivíduos, como etnia, idade e sexo, demonstram variações II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 106 que devem ser consideradas na DRC quando for mensurada a TFG e a creatinina (PASSIGATI et al., 2014). Indivíduos que apresentam valores elevados de creatinina sérica geralmente são vistas em portadores de insuficiência renal crônica e indivíduos com grande perda de massa muscular (GIANNA, 2007). Entretanto, os valores de creatinina sérica exercem características próprias entre os indivíduos e seus valores tendem a variar para crianças, mulheres e homens adultos já que a mesma é derivada do sistema muscular (PEREIRA, et al., 2006; PEREIRA, et al., 2006). Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar as diferenças de idade, sexo e etnias envolvidas na TFG e creatinina, através de uma revisão bibliográfica. Metodologia Trata-se de uma revisão bibliográfica com base em artigos acadêmicos, livros, e dados secundários. As informações sobre o material bibliográfico concentraram-se nas publicações da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde), Medline (Literatura Internacional em Ciências da Saúde) e SciELO (Scientific Electronic Library Online). Discussão A função renal na maioria das vezes é avaliada através da TFG, que é acessada pela determinação laboratorial de marcadores endógenos, como a concentração de creatinina sérica (BARRACLOUGH, et al., 2006). Segundo Botev e colaboradores (2009) a avaliação da TFG é de extrema importância para o diagnóstico e tratamento dos pacientes com DRC, e os seus estágios podem ser apurados através da creatinina sérica (TOFFALETTI, 2010). A relação entre creatinina sérica e a TFG segundo Nogueira (2007) é afetada pelas diferenças em sua geração, levando a variações da sua concentração sérica de acordo com a dieta, superfície corpórea, drogas, diferenças em métodos laboratoriais, bem como a idade, sexo e raça do indíviduo (Tabela1). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 107 Tabela 1 Níveis de creatinina sérica basal Fonte: BELLOMO et al. Acute Dialysis Quality Initiative Workgroup. Acute renal failure— Definition, outcome measures, animal models, fluid therapy and information technology needs: The Second International Consensus Conference of the Acute Dialysis Quality Initiative (ADQI) Group. Crit Care, 2004;8:204–212 Segundo estudos de Passigatti e colaboradores (2014), idosos com 60 anos ou mais apresentam baixa filtração glomerular quando comparados a indivíduos de faixas etárias entre 18 a 59 anos. Geralmente, essa situação está relacionada com o envelhecimento humano o que predispõe um fator de risco para a diminuição da filtração glomerular, necessitando um melhor controle da função renal principalmente se associado a outras patologias como a hipertensão e a obesidade (BRASIL, 2006). A redução da filtração glomerular encontra-se principalmente em indivíduos de baixo peso e a pacientes do gênero masculino, do qual não costumam buscar os serviços de saúde e, na sua maioria, mantém maus hábitos de vida, apresentando menor controle de agravos à saúde (FRANÇA, 2010). Contudo, Passos e apoiadores (2003) relatam a dominância do sexo feminino na procura de serviços de saúde quando associados a dificuldades de filtração glomerular, a fim de evitar futuros agravos à saúde. Conclusão O presente estudo identificou que as principais diferenças entre idade, sexo, etnias e nível de creatinina envolvidas na TFG em homens, idosos e indivíduos com baixo peso, mostra a necessidade do monitoramento intensivo da função renal nesses indivíduos, a fim de não somente rastrear, mas acompanhar a função renal e estabelecer condutas conservadoras para o controle dessa função, bem como o encaminhamento dos pacientes, quando necessário, para os serviços especializados e de referência, retardando assim, a insuficiência progressiva do rim e a necessidade de terapia renal substitutiva – diálise ou transplante, aumentando a sobrevida do paciente. Palavras-Chave: DRC, doença renal crônica, TFG, creatinina sérica. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 108 Referências Bibliográficas BASTOS, M. G.; BREGMAN, R.; KIRSZTAJN, G. M. Doença renal crônica: frequente e grave, mas também prevenível e tratável. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 109 PREVENÇÃO DA INFECÇÃO PELO PAPILOMAVÍRUS HUMANO ATRAVÉS DA VACINAÇÃO¹ Bruna De Almeida Baron2; Rejane Madalena Wisniewski3; Adriana Catarine Buche4; Yana Picinin Sandri Lissarassa5. 1 Trabalho de revisão de literatura. ²Acadêmica do 6º semestre do curso de Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo- IESA, [email protected] 3 Acadêmica do 6º semestre do curso de Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo- IESA, [email protected] 4 Acadêmica do 6º semestre do curso de Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo- IESA, [email protected] 5 Biomédica; Mestranda em Atenção Integral à Saúde – PPGAIS; Professora Biomedicina - IESA/CNEC - Santo Ângelo, [email protected] Introdução A família HPV (papilomavírus humano) consiste em mais de 100 vírus de DNA, cerca de 40 tipos podem infectar o trato genital, homens são geralmente assintomáticos, e as mulheres podem desenvolver inflamações no trato reprodutivo, principalmente no colo uterino, podendo levar ao desenvolvimento do câncer (LIMBERGER et al., 2012). Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que todos os anos, no mundo inteiro, 500 mil mulheres são diagnosticadas com a doença. Destas, 270.000, mais da metade, morrerão. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), foram estimados para 2014, 15.590 casos novos (BRASIL, 2014). Em 2011, 5.160 mulheres morreram devido ao câncer de colo de útero (BRASIL, 2011). As doenças do HPV quase sempre estão relacionadas aos HPV tipos 6, 11, 16 e 18 (GIRALDO et al., 2008). O HPV tipos 6 e 11 são responsáveis pelas lesões de baixo grau e 90% das verrugas anogenitais, e os tipos 16 e 18 provocam 70% das neoplasias intraepiteliais cervicais de alto grau e o câncer cervical invasivo (NADAL, MANZIONE, 2006). Existe um grande período de latência entre a infecção pelo HPV e o desenvolvimento do câncer, sugerindo que outros fatores, como comportamento sexual, status imunológico, predisposição genética, nutrição, tabagismo e nível socioeconômico possam estar atuando como cofatores na carcinogênese cervical (BOSCH, 2007). A maioria das infecções por HPV é assintomática e auto-resolutiva, ou seja, pelo menos 80% delas regridem espontaneamente, sem evoluir para infecção persistente, com potencial para evoluir para o câncer. Com a infecção persistente por HPV, e caso não ocorra regressão em fases posteriores, vem a evoluir para um câncer de colo uterino , isso em um prolongado intervalo de tempo, de 10 anos ou mais (SNIJDERS, PJ. et al., 2006). A vacina HPV é destinada exclusivamente à utilização preventiva e não tem efeito demonstrado ainda nas infecções pré-existentes ou na doença clínica estabelecida. Portanto, a vacina não tem uso terapêutico no tratamento do câncer do colo do útero, de lesões displásicas cervicais, vulvares e vaginais de II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 110 alto grau ou de verrugas genitais. Desta maneira, esse trabalho teve como objetivo revisar a literatura sobre a formas de prevenção contra esse vírus através das vacinas. Metodologia Este estudo trata-se de uma revisão da literatura. Foi realizado a partir de leitura, análise e discussão de informações extraídas de artigos através das bases de dados Scielo e Pubmed. Assim como também, dados do Ministério da Saúde, enfocando dúvidas populares. A pesquisa foi realizada a partir dos descritores: Papilomavírus humano; vacinação para HPV; câncer de colo uterino. Foram encontrados 37 artigos nas bases de dados descritas acima e selecionados 15 artigos que contemplavam o objetivo desta revisão. Resultados e discussão Existem hoje dois tipos de vacinas contra o papilomavírus humano em desenvolvimento: a vacina profilática e a vacina terapêutica. A vacina profilática estimula a resposta umoral, pelo contato com “partículas semel antes ao vírus” ou virus-like particles (VLP), que se têm morfologia semelhante ao vírus sem conter o DNA viral, responsável pelos danos da infecção por esse agente. O capsídeo dos papilomavírus contém duas proteínas, a L1 e a L2, onde ocorre a expressão dessas proteínas gera os VLP, que são a principal fonte de antígenos empregadas em ensaios clínicos para o desenvolvimento de vacinas profiláticas. Esses anticorpos induzidos pela vacina são liberados na mucosa genital, impedindo o quadro infeccioso precocemente (SILVA et. al., 2009). A vacina terapêutica estimula o desenvolvimento da resposta imune celular, ao sensibilizar células imunocompetentes para atuar no combate à infecção viral. Encontram-se em fase 1 e 2 de investigação, sendo os resultados de sua eficácia ainda não muito animadores para uso como terapêutica primária e com dados que diferem bastante em função das características da população estudada (SILVA et. al., 2009; BUBENIK, 2008). É a primeira vez que a população tem acesso gratuito a uma vacina que protege contra um vírus que pode causar câncer. As duas vacinas (quadrivalente, aprovada em 2006 e a bivalente, aprovada em 2008) estavam até o ano de 2013 disponíveis somente na rede privada no Brasil, a partir do ano de 2014 é que passou a ser ofertada a vacina quadrivalente na rede pública (ARAÚJO et al ., 2013). A escolha do público-alvo levou em consideração evidências científicas, estudos sobre o comportamento sexual e a avaliação de especialistas que atuam no Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI) vinculado ao Ministério da Saúde. Estimativas indicam que, até 2013, foram distribuídas cerca de 175 milhões de doses da vacina em todo o mundo (BRASIL, 2015). A vacina raramente pode ocasionar reações como dor, inchaço e vermelhidão no local da aplicação. Ocasionalmente, podem ocorrer dor de cabeça, mal estar e desmaios, que são relacionados à ansiedade ou ao medo da aplicação da vacina, reação apresentada por pessoas com alguma particularidade emocional, geralmente desencadeado por dor intensa, medo da injeção ou um II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 111 choque emocional súbito. Até o momento, não há conhecimento de nenhum efeito colateral grave relacionado à vacinação contra HPV (BRASIL, 2015). O custo-benefício segundo Osis, (2014) e Zardo, (2014) fez com que se priorizasse na rede pública a vacinação em meninas que ainda não iniciam a vida sexual, já que a incidência e mortalidade em homens associada a contaminação é muito menor, em adultos que já iniciaram vida sexual não foi priorizada na rede pública pelo alto custo, já que a vacinação não conferiria imunidade a homens e mulheres já expostos ao vírus, porém, preveniria outros subtipos virais de HPV que ainda não tenham sido adquiridos. Sanches (2010), Osis, (2014) e Reis (2010) afirmam que, os níveis de conhecimento sobre o HPV são baixos, mesmo a mídia com seu amplo acesso exercendo um papel preponderante na informação em comparação com a atuação dos serviços de saúde, nem sempre as mensagens transmitidas são adequadas ou suficientes para informar e incentivar a população a adotarem uma conduta de prevenção. Conclusão Sendo o principal causador de doenças virais sexualmente transmissíveis, o papilomavirus humano, está relacionado a quase totalidade dos casos de câncer de colo uterino e tem sido frequentemente associado a casos de tumores em outros sítios como a orofaringe. Desta maneira, novos meios de prevenção e profilaxia são desenvolvidos, como as vacinas. A vacina do HPV, para prevenção, é muito segura, foi desenvolvida pela engenharia genética, onde, podemos ressaltar é altamente efetiva na prevenção de lesões do colo uterino, em relação a possíveis efeitos adversos ainda serão necessários cada vez mais estudos para verificação. Quanto a vacina profilática, ainda encontra-se em desenvolvimento. Deste modo, além da vacina, é muito importante ter alguns cuidados como, por exemplo, manter a higiene íntima, visitar regularmente o médico, como também adquirir conhecimento de cofatores para o risco de seu desenvolvimento, como o tabagismo, doenças venéreas, deficiências nutricionais que resultam na imunidade. Palavras-chave: Papilomavírus humano, vacinação para HPV, câncer de colo uterino. Referências bibliográficas ALTHUIS MD; DOZIER JM; ANDERSON WE et al. Global trends in breast cancer incidence and mortality. Int J Epidemiol, 2005. ARAÚJO, S.C.F; CAETANO, R; BRAGA, J.U, SILVA, F.V.C Eficácia das vacinas comercialmente disponíveis contra a infecção pelo papilomavírus em mulheres: revisão sistemática e metanálise, Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 29 ,2013. BOSCH F.X., de S S. The epidemiology of human papillomavirus infection and cervical cancer. Dis Markers, v.23, n. 4 p.213-27, 2007. BUBENIK J. 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[email protected] 3 Professor do Curso de Biomedicina – CNEC/IESA; [email protected] 2 Email: Email: Introdução As Doenças Renais r nicas (DR s caracteri am-se como uma síndrome meta lica decorrente da perda progressiva, geralmente lenta, da capacidade e cretora renal, levando a um processo de Insufici ncia Renal r nica (IR , a ual, em casos avançados, requer o tratamento dialítico ou o transplante renal. Em função da redução da função renal, identifica-se no organismo a retenção de solutos t icos, geralmente provenientes do meta olismo protéico, ue podem ser avaliados indiretamente através das dosagens da uréia e creatinina plasmáticas, que se elevam progressivamente (LIMA, 2011). Inúmeras são as causas de IR , sendo as mais comuns a glomerulonefrite cr nica, nefropatia tú ulo-instersticial cr nica (pielonefrite), necrose cortical renal, hipertensão arterial grave, processos renais o strutivos cr nicos, dia etes, amiloidose, lúpus eritematoso disseminado e doenças ereditárias, tais como rins policísticos e síndrome de Alport (MOURA, 2007). A causa multifatorial da patologia decorre do papel central desempenhado pelos rins numa variedade de funções fisiológicas, como a regulação dos eletrólitos e do pH, a manutenção da pressão arterial, a regulação do volume, a ativação da vitamina D e a síntese da eritropoetina. Dentre as doenças renais, destacam-se as doenças renais policísticas (DRP), sobretudo as hereditárias: a Doença Renal Policística Autossômica Dominante (DRPAD) e a Doença Renal Policística Autossômica Recessiva (DRPAR) (MALHEIROS, 2012). A DRPAD é a enfermidade renal hereditária mais comum em seres humanos, com prevalência de um caso a cada mil habitantes, sendo responsável por 710% dos pacientes com doença renal em fase terminal (MCGOVERN, 2014). Esta patologia é reconhecida como doença monogênica multissistêmica, sendo caracterizada por progressivo crescimento e desenvolvimento de múltiplos cistos renais bilaterais que destroem o parênquima funcional, bem como por manifestações extrarrenais (cistos em outros órgãos, anormalidade valvular cardíaca, aneurismas cerebrais, hérnias abdominais, dores pelo corpo, colecistopatia calculosa e doença diverticular) (IRAZABEL; TORRES, 2011). A configuração dominante é causada por mutações em genes específicos dos cromossomos 16p 13.3 (PKD1) responsáveis por 85% dos casos; 4q 21-23 (PKD2) com frequência de 10-15% dos casos; e possivelmente em um terceiro gene, PKD3, que ainda não foi totalmente identificado (ALVES et al., 2014). Os genes PKD1 e PKD2 codificam proteínas que participam de processos II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 114 celulares básicos, como a proliferação, diferenciação e transporte de moléculas. Diversas mutações têm sido identificadas nestes genes que codificam as policistinas dos tipos 1 e 2, manifestando uma aparente redução no potencial funcional destas proteínas, promovendo o surgimento da doença renal policística (NUNES, 2002; ROWE et al., 2014). A forma recessiva (DRPAR) está ligada ao público infantil, inclusive em neonatos. A doença é caracterizada por mutações nos genes específicos do cromossomo 6p.21.1-p12 (PKHD1) que é responsável pela codificação de uma proteína integral de membrana que contém 4.074 aminoácidos, denominada de poliductina ou fibrocistina (DIAS et al., 2010). A proteína compõe a estrutura primária dos cílios das células epiteliais tubulares do rim e suas alterações levam a desordens de polaridade e consequentemente ao surgimento de cistos (MALHEIROS, 2012). O tratamento específico e curativo para as DRP’s, ainda não foi desenvolvido, dessa forma são apenas realizados tratamentos sintomáticos dos pacientes através do uso de analgésicos para dor, antibióticos para infecção cística, controle da pressão arterial e evitando-se e/ou controlando os fatores de risco, como hiperlipidemia, tabagismo, sobrepeso, diabetes, cafeína e estrógeno (MALHEIROS, 2012; MCGOVERN, 2014). Diante disso, o presente estudo tem como objetivo realizar uma pesquisa bibliográfica a fim de avaliar os aspectos moleculares dos genes PKD1 e PKD2 na fisiopatologia da doença renal policística. Metodologia O estudo foi desenvolvido através de uma revisão descritiva da literatura científica, abordando o tema associação dos genes PKD1 e PKD2 à doença renal policística. O processo de revisão foi realizado através de uma busca nas bases de dados eletrônicas Pubmed, PNAS e Scielo, a partir de artigos publicados do ano 2000, utilizando os descritores: Rins policísticos (polycystickidneys), genes PKD1 e PKD2 e doenças renais (renal diseases). Foram encontrados 1092 artigos, os quais passaram por uma análise de titulo e resumo, para então refinar aqueles que estavam mais relacionados ao tema pesquisado. Após essa análise, foram selecionados 94 artigos, dos quais foi realizada uma leitura na íntegra, sendo selecionados 21. Os demais artigos, no total de 73, foram excluídos por não abordarem a temática pretendida nesta revisão. Discussão Os genes PKD1 e PKD2 codificam as proteínas policistinas 1 e 2 (PC1 e PC2) respectivamente. Estas proteínas atuam em conjunto na regulação morfológica das células epiteliais e no influxo de cálcio intracelular. Porém, quando há uma anomalia na PC1 ou PC2 o quadro resulta na diminuição do cálcio, aumento dos níveis de AMPc e de receptores da vasopressina, que por sua vez promovem a ativação da adenilato ciclase. Desta forma, os níveis elevados de AMPc promovem a proliferação celular, secreção de fluídos e a migração da aquaporina 2 para a membrana apical, levando as alterações fenotípicas (FERNANDES, 2011). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 115 Antes da identificação das policistinas, três mecanismos eram considerados necessários para a formação e crescimento dos cistos: a proliferação celular, a secreção de fluídos e as interações anormais entre as células. As policistinas regulam cada um desses processos através de complexas vias celulares e tornam-se essenciais para a diferenciação do epitélio tubular. A redução em uma das proteínas resulta na alteração fenotípica dos túbulos renais, que se caracteriza por uma ineficácia em manter a polaridade celular do epitélio do túbulo, apresentando taxas aumentadas de proliferação e apoptose, expressão de um fenótipo secretor e remodelação da matriz extracelular (CHAPMAN, 2007; BRAUN, 2009). As mutações nos genes PKD1 e PKD2 fenotipicamente são indistinguíveis, pois ambas são caracterizadas pela formação bilateral de cistos renais. Fencl et al. (2009) relatam em seus estudos que aqueles indivíduos que apresentarem mutações nos genes PKD1 irão possuir mais cistos renais e que estes serão mais volumosos, sendo também apresentado como consequência a hipertensão arterial (HTA) (BINU; BADE; HEUVEL 2014; GRANTHAM; JAW, 2008). Conclusão É um consenso entre os diversos estudos de que houve um grande progresso na avaliação da PKD, desde a identificação de genes associados à DRPAR e DRPAD. No entanto, ainda existem inúmeras questões a serem elucidadas acerca da patologia renal, como a relação das policistinas com a proliferação celular e o desenvolvimento renal anormal. A resposta a estas perguntas mantém a promessa para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas eficazes para o tratamento de pacientes de PKD. Palavras-Chave: Rins Policísticos, PKD1, PKD2, Doenças Renais. Referências bibliográficas ALVES et al. Doença renal policística autossômica dominante em pacientes em hemodiálise no sul do Brasil. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 36, n. 1, p. 18-25, 2014 . BINU, P. M.; BADE, G.; HEUVEL, V. Kidney: polycystic kidney disease. Wires Developmental Biology, v. 3, n. 2, p.465-487, 2014. BRAUN, W. E. Autosomal dominant polycystic kidney disease: emerging concepts of pathogenesis and new treatments. Cleve Clin J Med, v. 76, n.2, p. 97-104, 2009. CHAPMAN, A. B. Autosomal dominant polycystic kidney disease: time for a change? 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 117 IMPLICAÇÕES DOS ANTÍGENOS HLA NO TRANSPLANTE RENAL1 Ângela Port 2; Andressa Koning Cezimbra3; Eliana Durks4; Jandaia Girardi5; Marceli Werle6; Renata Cardozo7; Bruna Comparsi8 1 Trabalho multidisciplinar do curso de Biomedicina – CNEC/IESA Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 3 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 4 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 5 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 6 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 7 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 8 Docente do curso de Biomedicina, Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica. Email: [email protected] 2 Introdução O transplante renal é considerado como um grande avanço na medicina moderna, pois melhora a qualidade de vida de pacientes com insuficiência renal crônica (GARCIA et al., 2012). É um procedimento cirúrgico que consiste na transferência de um rim saudável de um indivíduo para outro com doença renal crônica, tendo como objetivo compensar ou substituir a função que o órgão doente não pode mais desempenhar (LUCENA et al., 2013). No entanto, o sucesso desse transplante depende de fatores relacionados a compatibilidade tecidual, ou seja, de um complexo chamado Antígeno Leucocitário Humano (HLA) (GUYTON & HALL, 2011). O HLA é composto por um grupo de genes localizado no braço curto do cromossomo 6. Esse complexo genético compreende o complexo maior de Histocompatibilidade (MHC) em humanos (CENTRO DE GENOMAS, 2012). Atualmente existem inúmeras tentativas para prevenir as reações antígenoanticorpo nos procedimentos de transplante, sendo de extrema importância para o paciente a não rejeição. Os principais antígenos que estão envolvidos nestas reações que desencadeiam a rejeição são antígenos que formam o HLA. Alguns destes antígenos estão presentes nas membranas celulares dos tecidos de cada indivíduo, porém existem cerca de 150 antígenos diferentes, o que significa que a menos que a pessoa possua um irmão gêmeo idêntico, é impossível que duas pessoas possuam os mesmos antígenos HLA. Neste caso, pode ocorrer esposta imune significativa e risco de ocorrer rejeição do enxerto/transplante (GUYTON & HALL, 2011). Historicamente Paul Terasaki em 1965 foi o primeiro pesquisador a sugerir uma relação entre o sistema HLA e a sobrevivência de aloenxertos renais (VREDEVOE et al., 1965). Sabe-se que o sistema HLA e diversos outros fatores são determinantes para o sucesso dos transplantes renais. Diante II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 118 disso, o presente estudo pretende revisar quais as implicações dos antígenos HLA nas incompatibilidades e rejeições de transplantes renais. Metodologia Trata-se de uma revisão bibliográfica com base em artigos acadêmicos, livros e dados secundários. As informações sobre o material bibliográfico concentramse nas publicações nas bases de dados Scopus, Lilacs (Literatura LatinoAmericana em Ciências da Saúde), Medline (Literatura Internacional em Ciências da Saúde) e SciELO (Scientific Eletronic Library Online) no idioma português e inglês, além de site do governo federal. O processo de revisão ocorreu no ano de 2015, utili ando os descritores “transplante renal” “Incompati ilidade”, “Rejeição”, “En erto”, “Imunossupressão” e “Antígeno Leucocitário Humano”. Foram selecionados o total de 20 artigos, estes passaram por uma análise de título e resumo, incluindo-se artigos publicados a partir de 2006. Estudos publicados há mais tempo fornecendo conhecimento básico e imprescindível também foram incluídos. Após essa análise foram selecionados 18 artigos para leitura na integra e destes, foram selecionados 14 artigos para redação da revisão de literatura. Discussão A Lei Federal 10.211 de 23 de março de 2001 indica a obrigatoriedade da Tipagem HLA, classe I (A e B) e classe II (DR) em doadores e receptores de transplantes. Segundo Terasaki (2003), o sucesso no transplante renal esta diretamente relacionado ao grau de compatibilidade HLA entre receptordoador, quanto maior a semelhança HLA, melhor a sobrevida do enxerto, especialmente no primeiro ano de transplante. Para verificar a compatibilidade entre os antígenos do doador com os do receptor é realizada uma tipagem para estes antígenos utilizando linfócitos, uma vez que os antígenos HLA ocorrem nas membrana destas células (GUYTON & HALL, 2011). Um dos principais genes responsáveis pelo reconhecimento de antigênicos externos é o MHC, nos seres humanos, estes genes codificam várias proteínas da superfície da membrana celular. Estes alo-antigênicos são conhecidos como HLA, em humanos, e o seu elevado polimorfismo permite ao sistema imunológico reconhecer antígenos próprios e não próprios. As moléculas HLA são divididas em classe I (HLA –A, -B e –C), classe II (HLA-DR, -DQ e –DP) e classe III com base na estrutura e na função de resposta imunológica. A função de HLA-A e B assim como o DR tem como foco principal a verificação de correspondência (OPELZ et al., 2007; PASCUAL et al., 2004; SOLEZA et al., 2008). Os anticorpos HLA causam rejeições renais hiperagudas e permitem o depósitos de células CD4 no tecido renal rejeitado, sendo utilizado como indicador de rejeição aguda pois, sempre aparecem antes das rejeições. A rejeição aguda é um dos principais agravos que podem ocorrer após o transplante renal, sendo classificada de acordo com o mecanismo imunológico envolvido, em rejeição mediada por células ou por anticorpos (OPELZ et al., 2007; PASCUAL et al., 2004; SOLEZA et al., 2008). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 119 Sabe-se que a perda crônica do enxerto é causada por inúmeros fatores, tanto imunológicos quanto não imunológicos, entretanto os mais frequentemente são imunológicos. A avaliação da possível causa imunológica de perda crônica do enxerto deve ser sempre realizada através de biópsia para afastar inflamação com pesquisa de anticorpos anti-HLA circulantes para afastar um componente humoral. A sobrevida do enxerto e do paciente quando relacionadas ao grau de compatibilidade HLA pressupõem um melhor resultado para o transplante (DAVID-NETO et al, 2012; SOLEZA et al., 2008). Diante da necessidade de transplante, assim como na transfusão sanguínea, ocorrem reações transfusionais, pois cada tecido possui seus próprios complementos de antígenos, com consequência disto, ao transplantarmos células e órgãos de uma pessoa para outra são desencadeadas respostas imunes, estas respostas estão relacionadas a defesa de nosso organismo a agentes externos, a corpos estranhos (GUYTON & HALL, 2011). Martins e cols (2001), demonstram a evolução e prognóstico dos transplantes de acordo com a compatibilidade HLA entre doador e receptor (Tabela 1). A rejeição aguda é um dos principais agravos que podem ocorrer após o transplante renal, sendo classificada de acordo com o mecanismo imunológico envolvido. Uma das possibilidades para que não ocorra a rejeição é a supressão do sistema imune por completo, tornando o enxerto bem-sucedido sem o uso de terapia significativa, evitando a rejeição. Atualmente a terapia imunossupressora tenta o equilíbrio entre as incidências aceitáveis de rejeição, com a moderação dos efeitos adversos dos fármacos que atuam na imunossupressão. (BORTOLOTTO et al., 2012; SOLEZA et al., 2008). Conclusão Diante disso, observou-se que o transplante renal continua sendo o tratamento de escolha para pacientes com insuficiência renal crônica. E é de extrema importância a observação de HLA, pois os mesmos estão relacionados a processos de rejeição aguda, onde uma não compatibilidade desencadeia uma significativa imunidade contra um destes antígenos resultando na rejeição do transplante. Além disso, a melhor compreensão das causas da falência do enxerto, auxilia na obtenção de resultados e avanços em terapia farmacológica que possibilitam a supressão do sistema imune prevenindo a rejeição desse enxerto. Assim, com uma maior seguridade de que esse transplante será de sucesso por um longo período de tempo, há também a expectativa do aumento do número de doadores. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 120 Palavras Chave: Incompatibilidade, Rejeição, Enxerto, Imunossupressão. Referências Bibliográficas BORTOLOTTO, A.S et al. HLA-A,-B, and – DRB1 alleic and haplotypic diversity in a sample of boné marrow volunteer donors from Rio Grande do Sul State, Brazil. Hum Immunol, v.73, n.2, p.180-185, 2012. BRASIL. Lei Federal 10.211, de 23 de março de 2001. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 23 mar. 2001. Seção 1, p. 10. CENTRO DE GENOMAS. Antígenos Leucocitários Humanos (HLA). Carta Molecular, n. 23, p. 1-2, 2012. DAVID-NETO, E. et al. The impact of pretransplant donor-specific antibodies on graft outcome in renal transplantation: a six-year follow-up study. Clinics (São Paulo), v. 67, n. 4, p. 355-61, 2012. ECKHOFF, D.E et al. 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A doença renal crônica (DRC) é uma patologia progressiva e debilitante, que causa incapacidades e alta taxa de morbimortalidade (KUSUMOTA; RODRIGUES; MARQUES, 2004). Atualmente a DRC é considerada um problema de saúde pública mundial (BASTOS; BREGMAN; KIRSTAJN, 2010). No Brasil, a incidência e prevalência de pacientes com comprometimento da função renal vêm aumentando progressivamente, a cada ano o número projetado para pacientes em tratamento dialítico e com transplante renal no Brasil está próximo dos 120.000, a um custo de 1,4 bilhão de reais (BASTOS; BREGMAN; KIRSTAJN, 2010). O número de pacientes mantidos em diálise duplicou nos últimos anos e mesmo com os avanços nos métodos dialíticos e do transplante renal, os índices de mortalidade na DRC continuam elevados, especialmente em sua fase terminal, e quando agregadas a patologias comoa hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), glomerulopatias, antecedentes familiares e doenças policísticas (BAUMGARTEM et al., 2012; SCHIFFRIN; LIPMAN; MANN, 2007; ROMÃO JÚNIOR, 2004). Conforme o Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia (2013), atualmente no Brasil existem 100.397 pacientes em terapia renal substitutiva, sendo que a porcentagem de pacientes entre a faixa etária de 65 a 80 anos compreendem 26,7% do total da população depende de dialise e 4,7% acima de 81 anos. Esses números vêm crescendo atualmente devido a maior expectativa de vida que ocorre nos últimos anos. Alterações renais anatômicas e fisiológicas do envelhecimento vêm sendo relatadas a partir dos 40 FRANCO, 2010). A população idosa está sujeita hipertensão arterial, diabetes melittus e insuficiência agravantes para DRC (CARREIRA, 2003). processo normal do anos de idade (SHOLLa comorbidades como cardíaca, fatores esses O tratamento paliativo da DRC ocasiona mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais no cotidiano desses pacientes. A hemodiálise pode ser definida como um processo de transferência de massa fundamentado na difusão entre II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 122 sangue e líquido de diálise, articulado por uma membrana seletivamente permeável, e capaz de corrigir alguns distúrbios metabólicos da DRC (ROMÃO JÚNIOR, 2004; SCHIFFRIN; LIPMAN; MANN, 2007). Observa-se que geralmente as dificuldades de adesão ao tratamento podem estar relacionadas a não aceitação da doença, a percepção de si próprio, dificultando o convívio social, tanto familiar quanto interpessoal (CARREIRA, 2003). Metodologia Revisão descritiva da literatura cientifica, abordando temas referentes à DRC e envelhecimento humano. O processo de revisão foi realizado através de uma busca na base de dados eletrônica, Pubmed e Scielo no ano de 2014, utili ando os descritores “Doença Renal r nica, ualidade de vida e envelhecimento, foram encontrados o total de 5944 artigos, estes passaram por uma análise de titulo e resumo para então selecionar os que estavam relacionados ao tema pes uisado” a relação entre a doença renal crônica no idoso, bem como sua qualidade de vida que foram publicados a partir do ano de 2003. Após essa análise foram selecionados 19 artigos. Discussão Atualmente as doenças crônicas têm recebido maior atenção dos profissionais de saúde. Isso se deve ao importante papel desempenhado na morbimortalidade da população mundial, não apenas privilégio da população mais idosa, mas também atingem os jovens em idade produtiva (TRENTINI, 2004). Dentre essas doenças está a Doença renal crônica (DRC) que é considerada uma condição patológica, de evolução progressiva, causando problemas médicos, sociais e econômicos (DUARTE, 2003; VENDITES; ALMADA-FILHO; MINOSSI, 2010). Pacientes renais com idade superior a 65 anos são afetados em diversos aspectos, tanto pelas complicações e dificuldades que são inerentes a terceira idade, mas também pela dimensão na qual a doença renal se insere (MEDINA et al., 2010). O cotidiano e a qualidade de vida desses doentes devem ser analisados tanto pela equipe multidisciplinar, quanto ao suporte familiar (CARREIRA, 2003). O doente renal crônico dependente de hemodiálise sofre alterações da vida diária em virtude da necessidade de realizar o tratamento contínuo, necessitando de suporte de atenção integral à saúde, vivendo em uma constante dependência da equipe de saúde, da máquina, e de cuidados constantes de um ente familiar (DUARTE, 2003). A qualidade de vida, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), é definida pela percepção da pessoa em relação a sua vida, abrangendo questões culturais, expectativas e preocupações (DE ALMEIDA, 2012; DUARTE, 2003). A qualidade de vida, o aspecto mental deve ser direcionado com o intuito de uma melhor a adaptação psicológica, na qual devem ser utilizadas estratégias racionais para um melhor enfrentamento da doença. Para que isso seja possível, a atuação de uma equipe multidisciplinar é extrema importância, para a manutenção da saúde mental desses pacientes (BASTOS; BREGMAN; KIRSTAJN, 2010). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 123 O idoso por si só apresenta dificuldades no seu cotidiano, a DRC e as complicações do tratamento acarretam uma diminuição e limitação nas atividades de vida diárias, mudanças psicossociais, alteração da imagem corporal, restrições dietéticas, assim com a depressão representa uma das complicações mais comuns em pacientes em Diálise (BASTOS; BREGMAN; KIRSTAJN, 2010; DE ALMEIDA et al., 2012). Ainda assim os pacientes prosseguem com o tratamento, visto que a hemodiálise prolonga a vida do doente, reduz o sofrimento e previne futuras complicações (DE ALMEIDA et al., 2012; TRENTINI, 2004). Esse tratamento é responsável por um cotidiano monótono e restrito, e as atividades limitadas após o início do tratamento. No entanto, os indivíduos ainda reconhecem o tratamento hemodialítico como fator de sobrevivência e garantia da manutenção do bem estar (CARREIRA, 2003; CRUZ; CRUZ; BARROS, 2004). Esses pacientes, que dependem de tecnologia avançada para sobreviver, apresentam limitações no seu cotidiano e vivenciam inúmeras perdas e mudanças biopsicossociais que intervêm na sua qualidade de vida (DE ALMEIDA et al., 2012; FLECK; LOUZADA, 2007; MARTINS; MONTEIRO; PAIXÃO, 2003). Observa-se que o fato de ter uma expectativa de vida maior, não significa ter novamente a mesma qualidade de vida, pois quase sempre há limitações com prejuízos da participação em várias atividades (FLECK; LOUZADA, 2007; LAURENTI, 2003). Conclusões O paciente renal crônico possui um maior vínculo em relação aos seus familiares e aos profissionais da saúde. Sendo assim, é necessário conhecer e avaliar o modo com que cada idoso enfrenta a doença, sua qualidadede vida praticando a terapia renal substitutiva, para então poder orientá-lo a intervir em aspectos que afetam sua qualidade de vida e conservar aquilo que o faz seguir em frente com o tratamento. O envelhecimento traz consigo dúvidas difíceis de serem sanadas, pois são diversas as mudanças com que os idosos se deparam: o organismo já não responde mais como antes, a mudança física é inevitável e em muitos casos ainda há o acréscimo de patologias indesejadas, como a DRC. Neste sentido, esta patologia acaba refletindo diretamente na qualidade de vida dos idosos, pois além do envelhecimento natural os mesmos teem que suportar as consequências da terapia renal substitutiva. Evidencia-se também que é necessário o acompanhamento de um profissional especializado, o qual poderá estabelecer quais as reais necessidades do idoso, além de poder aplicar medidas que visem enfraquecer ou cessar os riscos de saúde que surgem em conjunto com o processo de envelhecimento, oferecendo assim o cuido merecido ao idoso. Visto que trabalhando na prevenção desta patologia pode se evitar complicações mais severas, as quais, além de prejudicarem o idoso em seu II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 124 cotidiano, seu convívio com a sociedade e ambiente familiar, ainda podem se tornar um problema de saúde pública devido ao alto custo do tratamento. Palavras-Chave: Insuficiência Renal Crônica, Idosos, Qualidade de Vida. Referências bibliográficas BASTOS, Marcus Gomes; BREGMAN, Rachel; KIRSZTAJN, Gianna Mastroianni. Chronic kidney diseases: common and harmful, but also preventable and treatable. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 56, n. 2, p. 248-253, 2010. BAUMGARTEM, Maria Cristina et al. Percepção subjetiva e desempenho físico de pacientes com doença renal crônica em hemodiálise. ACTA BRASILEIRA DO MOVIMENTO HUMANOBMH, v. 2, n. 1, p. 5-14, 2012. CARREIRA L, Marcon SS. 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Professora do Curso de Biomedicina, [email protected] 2 Introdução Os moduladores seletivos do receptor de estrogênio (MSRE) são moléculas que se ligam ao receptor estrogênico com ações agonistas e antagonistas, em tecidos específicos. Eles apresentam efeitos estrogênicos e antiestrogênicos em vários órgãos, o que lhes permite diferentes atuações clínicas específicas. As diferenças nas estruturas moleculares conferem propriedades diferentes de ligação ao receptor-alvo, resultando em diferenças nos efeitos terapêuticos e adversos. O Tamoxifeno é um MSRE, utilizado na prevenção e tratamento do câncer de mama com RE + (Receptor Estrogênio Positivo), geralmente na pósmenopausa (FERREIRA et al., 2011). O Tamoxifeno é um agente antiestrogênico comumente utilizado no tratamento do câncer de mama e, mais recentemente, na quimioprevenção em mulheres com elevado risco de desenvolvimento desse tipo de câncer. Sua prescrição se dá na terapia adjuvante sistêmica, que ocorre geralmente após o tratamento cirúrgico ou quimioterápico convencional. Nota-se considerável índice de prescrição do fármaco Tamoxifeno no tratamento de doenças benignas da mama, tais como: alterações fibrocísticas, mastalgia intensa e fibroadenoma. Visto sua capacidade em prevenir a ligação do estrógeno ao tecido alvo, os resultados têm sido bastante satisfatórios até então. Entretanto na literatura observam-se diferentes efeitos relacionados ao tratamento com Tamoxifeno (SILVA et al., 2012). Segundo o Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (2010) e o Dicionário de Administração de Medicamentos na Enfermagem (2011), efeitos colaterais relatados devido à ação antiestrogênica da droga são diversos, destacam-se os principais: ondas de calor, sangramento vaginal, prurido vulvar e corrimento vaginal, entre outros efeitos gerais relatados. Tendo em vista os efeitos colaterais relatados e sabendo que cada indivíduo é único, onde cada organismo responde de uma forma diferente ao tratamento, este trabalho tem por objetivo fazer uma revisão sobre o uso de terapia com Tamoxifeno, mostrando os efeitos colaterais, principalmente as alterações endometrias relacionados à terapêutica. Metodologia No presente estudo, utilizou-se o método de revisão bibliográfica. O levantamento bibliográfico foi realizado por meio de busca por artigos científicos indexados em bancos de dados de ciências da saúde em geral, tais II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 126 como MEDLINE/Pubmed e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), utilizando publicações entre os anos de 2001 a 2015. Os artigos utilizados nesta pesquisa foram buscados através dos descritores: Câncer de mama; Tamoxifeno; Alterações Endometriais. Os critérios de inclusão utilizados para a seleção da amostragem foram: textos disponibilizados na íntegra, através de acesso as bases de dados; e atendimento à análise das variáveis contempladas para o estudo. Resultados e Discussão Segundo o dicionário de Especialidades Farmacêuticas (2010) e o Dicionário de Administração de Medicamentos na Enfermagem (2011), os efeitos colaterais relatados devido à ação antiestrogênica da droga são diversos, sendo os mais frequentemente relatados: ondas de calor, sangramento vaginal, prurido vulvar e corrimento vaginal, dentre tantos outros efeitos colaterais gerais descritos como: erupção cutânea, intolerância gastrintestinal, inflamação do tumor, tontura e, ocasionalmente, retenção de fluidos e alopecia. Um pequeno número de pacientes com metástases ósseas desenvolveu hipercalemia no início do tratamento. Diminuição na contagem de plaquetas, descreveram-se ainda casos de distúrbios visuais, incluindo relatos pouco frequentes de alterações corneanas, catarata e retinopatia. Ainda de acordo com Dicionário de Administração de Medicamentos na Enfermagem (2013) foi relatado fibroma uterino. Tumores ovarianos císticos foram ocasionalmente observados em mulheres na pré-menopausa. Leucopenia, algumas vezes associada à anemia e/ou trombocitopenia. Em raras ocasiões foi relatada neutropenia, que algumas vezes pode ser grave assim como eventos tromboembólicos que ocorreram durante o tratamento, têm sido relatados pouco frequentemente. Quando o Tamoxifeno é usado em combinação com agentes citotóxicos, há um aumento de risco na ocorrência de eventos tromboembólicos. O Tamoxifeno tem sido associado com alterações nas taxas de enzimas hepáticas e, em raras ocasiões, a um espectro mais grave de anormalidades hepáticas, incluindo esteatose hepática, colestase e hepatite. Naufel e colaboradores (2014) em seu trabalho relataram o caso de uma mulher de 55 anos, pós- menopausada com antecedente de câncer de mama, em uso de Tamoxifeno por dois anos, não apresentava história previa ou sintomas sugestivos de endometriose, sem outras comorbidades ou antecedente cirúrgico, que apresentou dor lombar esquerda inespecífica. Após a realização de uma ressonância magnética foi diagnosticada a ocorrência rara de endometriose em sítio não usual. Não é possível excluir a possibilidade de desenvolvimento de foco de endometriose antes não existente, ou mesmo exacerbação clínica de doença até então assintomática, secundários ao uso de Tamoxifeno. Entretanto, como a paciente estava próxima do término do tratamento com o Tamoxifeno, optou-se por suspender a droga, a fim de possibilitar regressão e redução volumétrica espontânea do tecido endometriótico, o que de fato aconteceu. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 127 Na pesquisa de Teixeira e colaboradores (2007), ocorreu a presença de doença endometrial relacionada ao hiperestrogenismo em 53,2% das pacientes (pólipos, hiperplasia e carcinoma endometrial), em concordância com a literatura, apontando que a terapia com Tamoxifeno aumenta a incidência de lesão endometrial relacionada ao efeito agonista do Tamoxifeno, embora a grande maioria não progrida para câncer. Feitosa, Juaçaba e Medeiros (2002) em estudo transversal, com 30 pacientes que usaram Tamoxifeno por 5 anos, realizaram ultra-sonografia transvaginal, histeroscopia, biópsia de endométrio e análise histopatológica de todas as pacientes. Pôde-se constatar que a prevalência geral de alterações endometriais foi de 36,6%. As pacientes com câncer de mama que utilizaram Tamoxifeno por longo período apresentaram frequentemente alterações endometriais; as mais comuns foram atrofia cística (46,6%) e pólipos endometriais (26,6%). As alterações endometriais ocorrem devido ao efeito do Tamoxifeno em outros tecidos que não o mamário, como no útero, por exemplo, ser mais complexo, agindo ao mesmo tempo como potente agonista e antagonista do estrogênio. O mecanismo de ação, como o de outros agentes antiestrogênicos, seria o antagonismo à molécula do estrogênio nos seus receptores específicos. Age ligando-se competitivamente ao receptor de estrógeno no tecido tumoral e em outros tecidos, formando um complexo nuclear que diminui a síntese de DNA, inibe os efeitos do estrógeno e causa a parada de crescimento celular, como no tecido mamário, entretanto, ele pode agir como um agonista parcial, estimulando a proliferação das células endometriais aumentando as chances do desenvolvimento de uma neoplasia endometrial; ou como um agonista nos ossos para intensificar a densidade óssea. Contudo, diversos autores referem que o mecanismo de ação do Tamoxifeno é complexo e ainda não está adequadamente elucidado (VIANA, 2007; NAUFEL et al, 2014). Conclusão O Tamoxifeno é uma excelente opção para o tratamento de câncer de mama, porém tem ação em outros tecidos que não o mamário, assim devido seu método de ação, as pacientes devem ser avaliadas para a utilização do medicamento, sendo necessária a avaliação do risco beneficio em pacientes que já tenham alguma alteração principalmente de endometrio que possa se exacerbar durante o tratamento, além dos demais efeitos adversos relatados na literatura. Palavras chaves: Câncer de mama, Tamoxifeno, Alterações Endometriais. Referências bibliográficas AME: Dicionário de Administração de Medicamentos na Enfermagem. 8 ed. Petrópolis, RJ, 2011. Dicionário de Especialidades Farmacêuticas: DEF 2010/ 11. 39 ed. RJ, 2010. FEITOSA, F.E.L., JUAÇABA, S.F. MEDEIROS, F. C. Alterações Endometriais em Pacientes com Câncer de Mama Tratadas com Tamoxifeno. RBGO. v. 24, n.4, p. 233-239, 2002. FERREIRA, M.C.F.; SOUZA, K. Z.D.D., DUMMONT, J.S.F., BARRA, A. A., ROCHA, A. L. L. , Moduladores Seletivos do Receptor Estrogênico: Novas Moléculas e Aplicações Práticas. Selective Estrogen Receptor Modulators: New Molecules and Practical Uses. Feminina, 2011. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 128 NAUFEL, D.; PENACHIM, T. J.; DE FREITAS, L.L.L.; CARDIA, P.P.; PRADO, A. Endometriose Retroperitoneal Atípica e Uso de Tamoxifeno. RadiolBras. v. 47, n.5, p. 323-325, 2014. SILVA, C.A.; PARDIL, A. C. R.; RIBEIRO, C. B.; ARRUDA, E. J. D.; SEVERI, M.; CHINGUI, L. J. Propriedades Glicostáticas em Eritrócitos de Ratas Tratadas com Tamoxifeno. Saúde Rev., Piracicaba, v. 12, n. 30, p. 27-34, 2012. STAFIN, I.; CAPONI, L.G.F.; DE ARAUJO, J.N.; TORRES, T. P.; GUEDES, V. R. Fatores Prognósticos no Câncer de Mama. HU Revista, v. 38, n. 2, 2014. TEIXEIRA, A.C.; URBAN, D.B.S. L.; SCHWARZ, R.S.; PEREIRA, C.; MILLANI, T.C. C.; PASSOS, A.P. Valor da Ultra-Sonografia na Avaliação das Alterações Endometriais em Pacientes Tratadas com Tamoxifeno. Radiol Bras. v. 40, n. 6, p. 365–369, 2007. VIANA, O. V. Uso do Tamoxifeno no Tratamento de Câncer de Mama. Trabalho apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do curso de Farmácia/ FMU. São Paulo, 2007. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 129 INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO NA GESTAÇÃO¹ Andressa Frohlich²; Angelita Carnelutti²; Débora Pereira², Eduarda Inticher²; Maria Helena Ramos²; Caroline Eickhoff Copetti Casalini³ 1 Trabalho multidisciplinar do curso de Biomedicina – CNEC/IESA ² Acadêmicas do curso de Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA). Santo Ângelo, RS. [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] ³ Farmacêutica Bioquímica, Mestre em Ciências da Saúde. Docente do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo (IESA). Santo Ângelo, RS. Email: [email protected] Introdução Infecções no trato urinário (ITU) são caracterizadas pela presença e replicação de agentes infecciosos no trato urinário, que provocam danos aos tecidos desse sistema (MAZZER, SILVA, 2010). Segundo Mata et al. (2014), as infecções urinárias são muito frequentes em gestantes, acometendo cerca de 20% deste grupo, enquanto 10% são hospitalizadas com complicações maternas ou perinatais, tornando-se então de grande importância o diagnóstico e tratamento precoces. Este trabalho possui objetivo de trazer informações acerca das infecções no trato urinário em gestantes: patogênese microbiológica, diagnóstico clínico e a síndrome clínica envolvendo a repercussão deste sob mãe e filho. Metodologia Revisão descritiva da literatura científica, abordando temas referentes à infecção do trato urinário em gestantes. Para a busca utilizou-se o sistema de banco de dados online como Scielo, CAPES e Bireme. Os artigos foram selecionados conforme relevância e aplicabilidade clínica, contemplando os publicados a partir do ano de 2000. Discussão Durante o período gestacional, a mulher passa a ter mais chances de desenvolver quadros de infecção urinária sintomática. Isso ocorre devido às grandes modificações fisiológicas e anatômicas que ocorrem no trato urinário. Dentre essas mudanças, ocorre dilatação das pelves renais e ureteres, perceptível a partir da sétima semana de gravidez. Essa dilatação procede até o momento do parto e regressa às condições normais até o segundo mês do puerpério (DUARTE, 2004). O aumento nas taxas urinárias de progesterona e estrogênio podem levar à diminuição da capacidade do trato urinário baixo de resistir à invasão bacteriana, uma vez que o hiperestrogenismo gestacional favorece a adesão de certas cepas de E. coli às células uroepiteliais (DUARTE, 2004). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 130 O diagnóstico é feito habitualmente pelo quadro clínico e exame físico. O exame microscópico de urina e a urocultura são considerados padrão-ouro para confirmação da ITU, enquanto a ultrassonografia ou a urografia excretora mostram alterações renais (SPICER, 2000). O exame de urina salienta a presença ou não de numerosos leucócitos e bactérias, muitas vezes acompanhados de proteinúria e hematúria além do pH elevado (STRASINGER, S.K., LORENZO, M.S.D., 2008). Dentre os causadores de ITU na gestante, o uropatógeno mais comum é a Escherichia coli, responsável por aproximadamente 80% dos casos. Outras bactérias aeróbias Gram–negativas contribuem para a maioria dos casos restantes, tais como Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis e bactérias do gênero Enterobacter spp. Bactérias Gram–positivas também causam ITU (prevalência baixa), destacando–se o Staphylococcus saprophyticus, Streptococcus agalactiae e outros estafilococos coagulase negativos, principalmente em casos de infecções complicadas com litíase (formação de cálculos excretores das glândulas – vias biliares, urinárias, etc.) (DUARTE, 2002). Vários são os fatores que fazem com que a infecção no trato urinário crie complicações no período gestacional agravando o prognóstico materno e também perinatal (QUINTANA, 2008). A preocupação dos profissionais da saúde responsáveis pelo pré-natal destas pacientes está relacionada à grande incidência de relatos dessa infecção e em contrapartida a terapia antimicrobiana restrita para este período (DUARTE, 2006). Muitas gestantes apresentam bacteriúria assintomática (BA), que caracterizase pelo crescimento acima de 105 colônias/mL. Acredita-se que muitas gestantes já tinham BA antes da concepção e que, durante a gestação, 30% destes tornam-se sintomáticos. Infecções sintomáticas aparecem com acometimento uretral (disúria e polaciúria). A quantificação de colônias bacterianas/mL de urina cultivado maior que 10 5 (Unidades Formadoras de Colônia por milímetro – UFC/mL) continua sendo o padrão para confirmação desse diagnóstico (NICOLLE, 2006). Outra forma de infecção que pode ocorrer é a cistite, considerada como uma ITU baixa e que compromete a bexiga, incidindo cerca de 1,5% das gestantes. É caracterizada por disúria, polaciúria, desconforto suprapúbico, hematúria macroscópica, urgência miccional e urina de odor desagradável (DUARTE et al, 2008). Casos de urolitíase também são citados como causadores de infecção na gravidez. Este comumente causa dor e internação hospitalar, sendo de mais fácil rastreabilidade e tratamento precoce (COELHO et al, 2008). A pielonefrite é a forma mais grave de ITU, acometendo cerca de 2% das gestantes, aparecendo normalmente na segunda metade da gravidez. É uma infecção sistêmica predominante do rim direito que, dentre seus sintomas, apresenta febre, calafrios, enxaqueca, vômito, mialgia, indisposição, além dos sinais e sintomas das infecções urinárias. Está associada com a bacteriúria assintomática não tratada no começo da gravidez e, se após 72 horas do início II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 131 do tratamento os sintomas persistirem suspeita-se de pielonefrite com cálculo (GADELHA et al, 2008). As complicações maternas das ITU são secundarias ao dano tecidual causado por endotoxinas bacterianas, ocorrendo principalmente nos quadros de pielonefrite (NEAL, 2008). A insuficiência respiratória decorre do aumento da permeabilidade da membrana alvéolo-capilar, resultando em edema pulmonar. O quadro pode ser agravado pelo uso de hiper-hidratação e tocolíticos, frequentemente utilizados para inibição do trabalho de parto prematuro (DUARTE, 2006). Dentre as complicações perinatais das ITUs, destacam-se o trabalho de parto e parto prematuro, recém-nascidos de baixo peso, ruptura prematura de membranas amnióticas, restrição de crescimento intra-útero, paralisia cerebral/retardo mental e óbito perinatal (QUINTANA, CAVALLI, 2008). Mais recentemente, tem sido relatado casos de leucomalácia encefálica, secundários tanto às quimiocitocinas maternas (passagem transplacentária) quanto à septicemia fetal, cuja origem foi a ITU materna (QUINTANA, 2008). Conclusão As infecções do trato urinário são de extrema relevância, principalmente na gravidez, pois podem causar graves danos tanto ao feto quanto à mãe. É muito importante realizar acompanhamento pré-natal juntamente com exames de urocultura para rastreamento e tratamento precoces, evitando assim futuras complicações. A partir dos estudos realizados, ficou claro que a E.coli é o microrganismo mais comumente isolado nos casos de ITUs. Vale destacar também a importância da pesquisa e manejo adequado de pacientes com bacteriúria assintomática, que se não tratada adequadamente poderá progredir para um quadro mais avançado, como a pielonefrite. Palavras-chave: Infecção urinária, gestação, bacteriúria. Referências bibliográficas COELHO, F. et al. Prevalência de infecção do trato urinário e bacteriúria em gestantes da clínica ginecológica do Ambulatório Materno Infantil de Tubarão-SC no ano de 2005. Arquivos Catarinenses de Medicina Vol. 37, no. 3, 2008. DUARTE, G.; MARCOLIN, A.C.; FIGUEIRÓ-FILHO, E.A. CUNHA, S.P. Infecções urinárias. In: Corrêa MD, Melo VH, Aguiar RAP, Correa Jr. MD, organizadores. Noções práticas de obstetrícia. 13a ed. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 133 ASPECTOS MOLECULARES DA LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA: UMA REVISÃO1 Beatriz Sabrina Giebelmeier Bratz2; Mônica Gatzke2; Matias Nunes Frizzo3 1 Trabalho de Conclusão de Curso Acadêmica do Curso de Biomedicina – [email protected] 2 Acadêmica do Curso de Biomedicina – [email protected] 3 Professor do Curso de Biomedicina [email protected] 2 CNEC/IESA. Email: CNEC/IESA. Email: CNEC/IESA. Email: Introdução A Leucemia Linfoide Aguda (LLA) é considerada, atualmente, o câncer mais comum diagnosticado em crianças e representa aproximadamente 25% dos diagnósticos de câncer em crianças menores de 15 anos (TAISAN; GARDNER, 2015). Dantas et al. (2015) descrevem que as LLAs representam 80% das leucemias agudas, com uma perspectiva de cura de 80% diante do tratamento quimioterápico intensivo, já em pessoas adultas, segundo Lamego et al. (2010), ela representa 20% das leucemias agudas com sobrevida global prolongada em torno de 30% a 40%. O diagnóstico e a classificação das leucemias agudas baseiam-se praticamente, a maioria em análise morfológica e citoquímica das células neoplásicas, no entanto à falta de reprodutibilidade desses critérios e a dificuldade para classificar a doença em alguns pacientes demonstra a necessidade de exames complementares para auxiliar no diagnóstico da doença. Dessa forma, o diagnóstico e a classificação das leucemias agudas apoia-se, em grande parte, nos estudos imunofenotípicos por citometria de fluxo, assim como na citogenética clínica e demais exames moleculares para avançar no diagnóstico, prognóstico bem como no tratamento das LLAs (NOVOA et al., 2013). Nos últimos anos, ocorreram inúmeros avanços no campo da biologia molecular, permitindo compreender melhor os aspectos patológicos e diagnósticos das síndromes mielo e linfoproliferativas. A análise molecular se tornou parte essencial tanto no diagnóstico, prognostico ou tratamento desta leucemia, pois apresenta capacidade de detecção singular para anormalidades moleculares associadas ao desenvolvimento da doença (SOMASUNDARAM et al., 2015). Atualmente as técnicas de biologia molecular são mais rápidas, sensíveis e específicas para a detecção de anormalidades moleculares em pacientes com LLA, bem como recentes estudos demonstram que estudos de cariotipagem, FISH (Hibridização in situ por fluorescência) e sequenciamento de DNA podem ser utilizados para predizer o aparecimento da neoplasia antes mesmo que ela se constitua. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo realizar uma pesquisa bibliográfica a fim de avaliar os aspectos moleculares utilizados para II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 134 o diagnóstico, prognóstico e tratamento da LLA, auxiliando assim em uma maior sobrevida desses pacientes. Metodologia Leucemia Linfocítica Aguda (Leukemia Lymphocytic Acute), Diagnóstico Molecular (Molecular Diagnostics), Prognóstico (Prognosis) e Tratamento (Treatment ), Obs: destacando somente artigos publicados a partir do ano 2010. Xx artigosPubmed 58 artigos Xx artigosScielo 26 artigos Xx artigosMedline 23 artigos Encontrados por Título e Resumo Resumo na Íntegra = 21 artigos 22 22 Incluídos por Leitura na Íntegra = 9 artigos EXCLUÍDOS POR LEITURA NA ÍNTEGRA ??? ARTIGOS Artigos Selecionados Resultados e Discussão 26111 A LLA é causada por mutações genéticas que induzem o bloqueio da maturação22 linfoide normal, apoptose e proliferação descontrolada de blastos leucêmicos (JABBOUR et al., 2015). Atualmente verifica-se um aumento nos índices de22 sobrevivência em crianças e adolescentes com câncer. Uma maior compreensão da heterogeneidade biológica da LLA na infância tem facilitado o desenvolvimento de novos regimes de quimioterapia com estratificação de II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 135 risco de administrar a terapia intensiva de forma adequada para cada subgrupo de pacientes (YILMAZ; RICHARD; JABBOUR, 2015). Nesse sentido, os avanços biomoleculares são fundamentais não apenas para um diagnóstico precoce, mas também na identificação de marcadores moleculares específicos das LLAs a fim de desenvolver um tratamento mais específico focalizado especificamente nos clones leucêmicos e na expressão diferencial de oncogenes relacionados à tumorigênese e agressividade da leucemia. Estudos envolvendo a biologia molecular dos rearranjos cromossômicos fornecem a percepção do mecanismo de tumorigênese. A reação em cadeia da polimerase (PCR) é um ensaio molecular que fornece o método mais sensível e rápido para detectar rearranjos genéticos clonais. Translocações que resultam na fusão de genes são adequados, principalmente, para análise com RT-PCR, na qual a fusão do RNAm é transcrita reversamente dentro do cDNA e, então amplificada por PCR usando primers para genes específicos (DANTAS et al., 2015). Também, cabe ressaltar que a biologia molecular não pode ser entendida como uma ferramenta isolada e esta em constante associação tanto com a hematologia quanto com a imunologia, pois segundo o National Cancer Institute - NCI (2015), a citometria de fluxo deve ser realizada para caracterizar a expressão antigênica e permitir a identificação do subtipo especifico de LLA. Além disso, para as doenças de linhagem B, a citometria deve ser complementada obrigatoriamente com ensaios moleculares uma vez que as células malignas devem ser analisadas usando as técnicas de RT-PCR e FISH para evidencia do gene de fusão BCR-ABL. Segundo Wohlfahrt et al. (2015) a citometria de fluxo tem menor sensibilidade e é mais reproduzível nos laboratórios por ter um custo menor que a prova de biologia molecular, apesar de que os métodos moleculares são mais rápidos sensíveis e específicos que a cariotipagem na detecção de anormalidades. Apesar das inúmeras vantagens, os métodos baseados em PCR não podem ser substituídos à análise citogenética devido à presença de aberrações numéricas, translocações balanceadas desconhecidas, hiperploidia e outras anormalidades que não podem ser detectadas por esta técnica. É por esta razão, que a avaliação citogenética é também fundamental para um completo diagnóstico da LLA. Outro aspecto relevante na citometria de fluxo é de que as células leucêmicas expressam antígenos específicos de linhagem, no qual são utilizados para fazer o diagnóstico e definir os subtipos (YILMAZ; RICHARD; JABBOUR, 2015). Os antígenos de superfície e intracelulares podem funcionar como um alvo terapêutico utilizado para o desenvolvimento de novas estratégias de tratamento com anticorpos monoclonais, da mesma forma que os marcadores moleculares e oncoproteínas também são ferramentas para um avanço no tratamento mais eficaz e curativo das LLAs. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 136 Dessa forma, estudos que avaliem os aspectos moleculares/genômicos propiciam implicações diagnósticas, prognósticas e terapêuticas. Elucidar patogênese da leucemia parece ser uma contribuição promissora para estratificação precisa dos pacientes, reduzindo a toxicidade e efeitos adversos causados pela intervenção médica/farmacológica, a fim de personalizar o tratamento e utilizar uma terapia-alvo eficaz, que reduza ainda mais a mortalidade da doença e aumente as chances de cura. Conclusão Embora a LLA tenha a maior incidência na infância, ela pode ocorrer em qualquer idade. Como a causa desta patologia ainda é desconhecida, é provável que seja resultante do acumulo de múltiplos processos e, não somente de um evento isolado. É uma doença de progressão rápida e, por isso necessita de um diagnóstico e tratamento precoces. Sendo assim, para um diagnóstico mais completo é necessário a associação de vários critérios diagnósticos, incluindo, inicialmente, hemograma e, para confirmação realizase o mielograma com análise morfologia complementada por imunofenotipagem, citometria de fluxo e biologia molecular. Nesse sentido, os avanços diagnósticos, nos últimos anos, têm contribuído para um melhor prognóstico e um tratamento mais precoce, tornando cada vez mais possível a cura, com tratamentos mais precisos e menos agressivos e invasivos, baseado nas características de cada individuo. O diagnóstico precoce aumenta a chance de sobrevida destes pacientes, pois a carga tumoral é bem inferior quando comparado a pacientes com diagnóstico tardio. Além disso, um maior conhecimento ainda acerca dos SNPs pode proporcionar a longo prazo um diagnóstico preventivo de leucemia e este talvez seja um dos marcadores moleculares mais promissores uma vez que visa avaliar o paciente ainda sem a doença. Palavras-Chave: tratamento. leucemia linfoide aguda, diagnóstico, prognóstico, Referencias Bibliográficas DANTAS, G. K. S.; SILVA, L. T. A; PASSOS, X. S.; CARNEIRO, C. C. Diagnóstico Diferencial da Leucemia Linfoide Aguda em Pacientes Infanto-Juvenis. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 138 FERTILIZAÇÃO IN VITRO E O DESTINO DOS EMBRIÕES EXCEDENTES¹ Flávia Suelen De Oliveira Pereira2, Angela Maria Blanke Sangiovo3, Elisandro Da Silva4, Bruna Lanielle Roratto5, Yana Picinin Sandri Lissarassa6 ¹Revisão Bibliográfica ²Acad mica do 4˚ Semestre do urso de Biomedicina NE /IESA, [email protected] ³Acad mica do 4˚ Semestre do urso de Biomedicina NE /IESA, [email protected] 4 Acad mico do 4˚ Semestre do urso de Biomedicina NE /IESA, [email protected] 5 Acad mica do 4˚ Semestre do urso de Biomedicina NE /IESA, [email protected] 6 Biomédica, Mestranda em Atenção Integral à saúde, Professora do Curso de Biomedicina CNEC/IESA, [email protected] Introdução A fertilização in vitro é um processo realizado em laboratório, para permitir a fecundação do óvulo com o espermatozóide, fora do corpo da mulher, transferindo os embriões para seu corpo. Entre os principais motivos nos quais um casal procura pela técnica é a infertilidade, que é determinada como a falta de concepção, após, pelo menos, um ano de relações sexuais regulares sem proteção anticoncepcional (CORRÊA; VIZZOTTO; CURY, 2007). Onde um entre cada seis casais apresenta infertilidade e, para 20% deles, o único caminho para obter gestação e, consequentemente, filhos é a reprodução assistida, sendo que nos casos de infertilidade, o fator masculino representa 50% das causas de infertilidade (PASQUALOTTO, 2007). Nas mulheres a fertilidade diminui com o passar dos anos, principalmente pela baixa quantidade de folículos ovarianos, que aos 50 anos chega a um número aproximado de 1.000 folículos (GOMES et al., 2009). De acordo, com a normatização do Conselho Federal de Medicina (CFM) de 1992, o casal pode optar pelo número de embriões a serem transferidos, sendo que os números máximos são de quatro embriões. Ainda, o CFM, estabelece que os embriões que restarem não devem ser descartados, mas sim, criopreservados em tanques de nitrogênio, que só é permitida quando para fim de pró-criação (Resolução F n˚ 1358/92 , sendo ue o índice de sobrevivência pós descongelamento é da ordem de 70-80%. Esses embriões poderão ser doados, sendo sua comercialização proibida no Brasil, somente com a finalidade de procriação, de acordo com a Resolução n˚ 1.358/92 do Conselho Federal de Medicina, item IV1. Hoje, muito se questiona sobre a destinação dos embriões excedentes, gerados para procedimentos de fertilização in vitro, como a criopreservação, doação ou utilização para pesquisas das células-tronco embrionárias. Através dessa revisão, procura-se abordar os principais preceitos éticos envolvidos em pesquisas com células-tronco embrionárias e a possível utilização, para este fim, de embriões excedentes de processos de fertilização in vitro. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 139 Metodologia Trata-se de uma revisão bibliográfica com base em artigos acadêmicos e científicos, livros, códigos de ética entre os anos de 1998 a 2015. As informações sobre o material bibliográfico concentram-se nas publicações da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) nas bases de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde), Medline (Literatura Internacional em Ciências da Saúde) e SciELO (Scientific Eletronic Library Online) no idioma português. Os descritores utilizados foram: fertilização in vitro, bioética, reprodução humana, células-tronco embrionárias. Discussão As células-tronco podem ser embrionárias (CTE) ou adultas (CTA). As CTE são as pluripotentes capazes de se diferenciar em células, das três camadas germinativas: mesoderme, ectoderme e endoderme (CARVALHO, 2014). As CTA são aquelas disponíveis na medula óssea e no sangue do cordão umbilical (PRANKE, 2004). E são classificadas também, de acordo com a sua capacidade de diferenciação em: totipotentes, pluripotentes e multipotentes. Sendo para as CTE, as totipotentes, capazes de se diferencias em todos os tecidos que formam o corpo humano (CARVALHO, 2014). No ano de 1998, James Thomson publicou o primeiro relato, de pesquisa utilizando células-tronco embrionárias humanas (CTE). Ele relatou que essas células possuíam capacidade de auto-renovação e seriam capazes de se proliferar quando injetadas em animais imunodeficientes; além de não apresentarem alterações cromossômicas, mesmo quando eram mantidas por muito tempo em cultura, podendo também, originar vários tipos celulares (THOMSON et al., 1998). Após essa primeira publicação, várias outras pesquisas foram surgindo e novos artigos publicados. Em 2001, foi pulicado um artigo cientifico que apresentou resultados sobre uma pesquisa que utilizou as células-tronco embrionárias, porém através de pagamento pelos óvulos e espermatozoides, utilizados para fins não reprodutivos (ARAÚJO, 2007). Desencadeando várias discussões a respeito da ética na pesquisa, utilizando embriões e células-tronco embrionárias humanas. Para a utilização das CTE, o embrião será obrigatoriamente destruído, após cinco dias de implantação, no estágio de blastocisto, onde as células-tronco irão se diferenciar e formam os três folhetos embrionários ( DE SOUZA et al., 2003). Muitos consideram esse embrião um ser vivo, apesar de representar uma possível expectativa de ali se constituir e ser gerado uma nova forma de vida, a partir de sua implantação ao útero materno. Há várias teorias em torno de quando considerar o início da vida. A teoria genética define que a vida inicia-se, a partir da fecundação do espermatozoide com o óvulo. Já a teoria neurológica, diz que o começo da vida se dá a partir do desenvolvimento da atividade cerebral. E a teoria da nidação, que a partir da fixação do embrião na parede uterina, inicia-se uma vida (TAVARES et al., 2009). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 140 No Brasil, há a Lei n.º 11.105, de 24 de março de 2005, conhecida com Lei de Biossegurança. O artigo 5º, da mesma, dispõe sobre a permissão, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro que não foram utilizados no respectivo procedimento. Para isso os embriões devem ser considerados inviáveis ou que estejam congelados há três anos ou mais. Isso, após o consentimento dos genitores, sendo que esses embriões não poderão ser usados para atividades que envolvam clonagem humana (DINIZ; AVELINO, 2009). Em outros países, como França, Inglaterra e Espanha, o período máximo de criopreservação é de cinco anos. Já na Áustria é de um ano e na Finlândia até quinze anos (GUISE, 2011). O uso de CTE, tem se mostrado uma alternativa, em indivíduos que sofrem infarto agudo do miocárdio (IAM) e tiveram a perda de células cardíacas, já que estas apresentam a capacidade de se diferenciar em qualquer tipo celular, capacitando a regeneração tecidual das células cardíacas, através da melhora do débito cardíaco, contratilidade do miocárdio e perfusão miocárdica na região do infarto (REIS, 2015). Estão sendo estudadas, também, seu uso em pacientes com diabetes mellitus tipo 1 (DM1), doença resultante da destruição das células β do p ncreas. Estudos recentes em camundongos mostraram que CTE podem ser induzidas a se diferenciarem em células β produtoras de insulina (LOJUDICE; SOGAYAR, 2008). Conclusão O uso de CTE tem definido posições diferentes a respeitos do destino dos embriões excedentes e do uso das células-tronco-embrionárias pelo mundo, assim como a definição de forma de vida a respeito desses embriões excedentes. É necessário que as técnicas de fertilização in vitro sejam aprimoradas, visando diminuir esses números excedentes. A utilização das CTE mostra-se como uma grande oportunidade de interferir em doenças degenerativas, restaurando funções de células e tecidos ou induzindo a regeneração de órgãos e tecidos lesados, como o coração, após o infarto do miocárdio e em indivíduos com DM1. Referências Bibliográficas ARAÚJO, S. Associação Médica Mundial: uma breve história dos Códigos de Ética Médica contemporâneos. Boletim da FCM, v.3, n.6. Campinas, 2007. BADALOTTI, M. Aspectos bioéticos da reprodução assistida no tratamento da infertilidade conjugal. Revista da AMRIGS, v.54, n.4, p.478-485, 2010. CARVALHO, H.S. Células-tronco e terapias regenerativas. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 142 TERAPIA TRANSFUSIONAL EM PACIENTES COM INSUFICIENCIA RENAL CRÔNICA¹ Douglas de Menezes2; Evelise Costa3*; Fabio Fonseca4; Jorge Gewehr5; Maraísa Somavilla6; Bruna Comparsi7 1 Trabalho multidisciplinar do curso de Biomedicina Aluno do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 3 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 4 Aluno do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 5 Aluno do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 6 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 7 Docente do curso de Biomedicina, Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica. Email: [email protected] * Autora Apresentadora 2 Introdução A doença Renal Crônica (DRC) é considerada um problema de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, a incidência e a prevalência de falência da função renal são crescentes e o prognóstico ainda é ruim (BASTOS et al., 2010). Diversas são as doenças que levam a insuficiência renal crônica, as três mais frequentes são: a hipertensão arterial, diabetes, glomerulonefrite (SILVA, 2008), e durante o curso da DRC, um achado quase universal entre estes pacientes, é a anemia, com caracterisca normocrômica, normocítica e com contagem de células vermelhas na medula óssea normal ou diminuída, devido ao seu caráter hipoproliferativo (LOBO et al.; 2006), que ocorre devido à deficiência na produção da eritropoietina pelos fibroblastos peritubulares renais (ANTUNES et al., 2008). Além da deficiência de eritropoetina outras situações podem contribuir para o advento de anemia em pacientes DRC, como a deficiência de ferro, deficiência de ácido fólico e vitamina B12; perdas sanguíneas, hemólise e inflamação (ABENSUR, 2005). Nestes casos, a transfusão sanguínea pode ser uma alternativa de tratamento para pacientes que apresentem manifestações patológicas em decorrência da insuficiência renal crônica. A terapia transfusional tem por objetivo repor os níveis de hemocomponentes no organismo, uma vez que os mesmos não estão sendo liberados suficientemente pelo corpo. A produção de eritrócitos é realizada por uma glicoproteína sintetizada pelo rim, órgão responsável por regular 90% da eritropoiese na medula óssea, formando um processo fisiológico responsável por obter resultados satisfatórios em níveis hematimétricos, gerando um controle de uma anemia (GODMAN et al.; 2005). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 143 Tendo como objetivo o presente trabalho buscar discutir critérios para a indicação de transfusão de hemocomponentes em pacientes com DRC e relatar as principais implicações e riscos. Metodologia Revisão descritiva da literatura cientifica, abordando temas referentes ao risco de transfusão de sangue em pacientes com IRC. O processo de revisão foi realizado através de busca na base de dados eletrônica, Scopus, Scielo, Pu med, no ano de 2015, utili ando os descritores: “Doença Renal r nica”, “Transfusão de sangue”, “Risco de Transfusão de sangue”, “Hemocomponentes”. Os idiomas de escol a para a seleção dos artigos foi inglês e espanhol. Foram encontrados ao total de 428 artigos, foram selecionadas apenas as publicações nos últimos 10 anos. Após essa análise foram selecionados 286 artigos, estes passaram por uma análise de titulo e resumo relacionados ao tema pesquisado. Foram selecionados 24 artigos para a leitura na integra. Os demais artigos foram excluídos por não estarem relacionando aos objetivos de pesquisa ou por terem sido publicados em anos anteriores a 2005. Resultados e discussão A decisão da indicação de transfusão em pacientes com DRC e quadros anêmicos deve ser baseada não somente nos níveis de hemoglobina, mas principalmente no quadro clínico do paciente. Considera-se também que para pacientes com doença cardiovascular, como aqueles com idade maior que 65 anos, a transfusão estaria indicada quando a concentração de Hb for <8g/dL (KDIGO, 2012). A Hemoterapia moderna preconiza que seja realizada a transfusão apenas do hemocomponentes necessário. Assim, as anemias com nível de Hemoglobina (Hb) superior a 10g/dL (Hct superior a 30%) a indicação da transfusão é desaconselhada. Por outro lado, ocorre indicação de transfusão de concentrado de hemácias, quando os níveis de Hb são inferiores a 7g/dL, (GUIA PARA O USO DE HEMOCOMPONETES, 2010). A taxa de variação de Hb e o grau de reposição de ferro desempenham papéis relativamente menores na tomada de decisões sobre a transfusão. Entretanto, de acordo com AKIZAWA et al., (2011) as transfusões sanguíneas dever ser recomendadas à pacientes com limitações severas, além do nível de hemoglobina estar abaixo de 7 g/dL. A associação entre DRC e baixos níveis de hemoglobina é bem caracterizada neste grupo de pacientes, complementar a isso, o aumento do risco de sangramento devido à disfunção plaquetaria em cirurgias influência na decisão para a transfusão pré-operatória. Estudo recente sugere que paciente com DRC que apresente taxa de filtração glomerular < 30 mL/min apresentam maior probabilidade de realizar transfusão de sangue independente da anemia préoperatória (GRAVES, et al., 2014). No entanto, estudos que discutem este fator de risco são escassos na literatura e não foram encontrados outros autores que tenham investigado estes fatores. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 144 JOIST et al., (2006) descreve que a transfusão de sangue é raramente requeridas quando são feitas administrações de ferro e EPO, dispensando a necessidade da terapia transfusional e assim evitando o risco de sensibilização e ativação do sistema imune. Segundo ISHIDA (2014), os procedimentos transfusionais com administração de ferro em pacientes com IRC estão diretamente ligados à melhora dos quadros anêmicos graves. Porém, o excesso desta substância reflete diretamente na deficiência da função imunitária do ser humano, favorecendo a promoção do crescimento bacteriano. Entretanto, em uma publicação realizada na revista Kidney International Supplements por ESCHBACH (2006), descreve que não há nenhuma ligação em níveis elevados de ferro e possíveis infecções bacterianas em pacientes com IRC. Desta forma, são importantes mais estudos para esclarecer se os níveis de ferro podem ou não influenciar no risco de infecções neste grupo de pacientes. Outras alterações clínicas são descritas para pacientes que recebem transfusões de sangue, dentre os sinais nota-se febre, calafrios, urticária ou reação hemolítica em decorrência a erros de compatibilidade ABO e fator Rh, além da transfusão de hemoderivados aumentar de forma significativa o risco de transmissão de agentes infecciosos e afetar o perfil imunológico. Para minimizar esses riscos, os estudos de CARAZZONNE (2006) abrangem informações de medidas pré - transfusionais como a captação e seleção de doadores, testes de triagem sorológica, para diminuir sensivelmente a possibilidade de transmissão de doenças por meio de transfusão, mas não isentaria de riscos para os receptores. A redução na necessidade de transfusões de sangue devido ao uso de eritropoietina recombinante reduziu as taxas de sensibilização associada à transfusão. Conclusão A prescrição médica transfusional de hemocomponentes e hemoderivados deve ser baseada principalmente na anamnese do paciente. A maior parte das transfusões sanguíneas resulta em reposição temporária, efetiva e segura de hemocomponentes, entretanto esse procedimento está associado a vários riscos ao paciente. Em pacientes com DRC que apresentem baixos níveis de hemoglobina, é indicado à transfusão de determinados hemocomponentes realmente necessários para manutenção da homeostase corpórea do receptor, tornando-se a melhor alternativa cujo foco visa reduzir os riscos transfusionais e garantir à segurança do paciente. Palavras-chave: Doença Renal Crônica, Transfusão de sangue, Risco de Transfusão de sangue, Hemocomponentes. Referências ABENSUR, H.; Anemia da Doença Renal Crônica. J. Bras Nefrol, v. 26, n. 3, supl.1, 2005. AKIZAWA, T.; GEIVO, F.; NISHI, S. et al. 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Email: [email protected], [email protected] Introdução Os Streptococcus agalactiae, são bactérias Gram-positivas, catalase negativa, anaeróbias facultativas que apresentam forma esférica ou ovóide, são classificados como estreptococos beta-hemolíticos do grupo B (EGB), estão presente na vagina ou no reto de aproximadamente 10 a 30% das gestantes. A presença deste microrganismo no trato genital feminino no momento do parto aponta uma probabilidade de 30% a 70% de transmissão da bactéria para o neonato (NOGUEIRA et al., 2013). De acordo com o Centers of Disease Control (CDC), este tipo de infecção, atualmente, é considerado grave e a colonização pode causar em neonatos a sepse, meningite, pneumonia, sepse neonatal, óbito neonatal, aborto séptico, coriomnionite, endometrite, pielonefrite, celulites, artrite séptica, sepse puerperal, ruptura prematura de membranas, osteomielite entre outras infecções perinatais (CDC, 2010). E, na gestante pode provocar infecção do trato urinário, amnionite, endometrite e bacteriemia (GIBBS; SCHRAG; SCHUCHAT, 2004; EISENBERG et al., 2006). Os exames clínicos indicados para pesquisa de possíveis infectados são colhidos da vagina, cérvice uterina e região anal retal. A coleta deve ser realizada no terço inferior do trato genital (intróito vaginal) e na parte interna do esfíncter anal. A cultura bacteriana é considerada o padrão-ouro para a detecção do EGB, quando se utiliza material obtido de coleta vaginal e anal, semeado em meio de cultura específico. Em recém-nascidos, o material deve ser coletado logo após o nascimento, a partir do cordão umbilical, canal auditivo externo, garganta e reto; e em crianças que apresentam sintomas, devem ser coletados sangue, líquor e urina (TRABULSI, ALTERTHUM, 2005). O procedimento de cultura deve respeitar as seguintes recomendações: retirar o swab do meio de transporte e inocular em caldo Todd-Hewitt, adicionado de gentamicina e ácido nalidíxico ou colistina e ácido nalidíxico. Após incubar de 18-24 horas a 35-37ºC, realizar subcultura no meio de Ágar-Sangue e incubar por 24 horas. Posteriormente, as placas são avaliadas e aquelas sugestivas (cocos gram positivos, colônias acinzentadas, circundadas por halo discreto de hemólise total – B-Hemolítico ou não hemolíticas) devem ser identificadas e testadas (Catalase, Fator CAMP, Hidrólise de Hipurato de Sódio, Hidrólise de II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 147 Bile-Esculina, entre outros). Culturas negativas devem ser incubadas por no mínimo 48 horas (COSTA et al., 2008; CDC, 2010). A detecção do S. agalactiae, tem se mostrado eficiente, porém com algumas limitações: pouca solicitação deste exame pelos médicos, nem todas as gestantes efetuam o controle pré-natal adequado, exame indisponível em laboratórios vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Para superar essa falha de diagnóstico existem sugestões de implantação de testes rápidos para a detecção do S.agalactiae. Apesar de muito específicos, nenhum desses testes apresentou sensibilidade comparável à cultura (BORGER, 2005). Sabendo da importância deste assunto este trabalho tem como objetivo revisar o que há de atual na literatura visando verificar se as condutas estão sendo seguidas conforme as normas e se estão sendo atingidos os objetivos contidos nelas. Metodologia Foi realizada uma revisão bibliográfica, buscando artigos referentes ao tema. A busca dos artigos foi realizada em meios como Biblioteca Virtual em saúde (BVS), MEDLINE, Scielo e GOOGLE ACADÊMICO. Os descritores para a busca foram Streptococcus agalalactiae, gravidez, neonatos. Os métodos de exclusão foram artigos que não retratassem o tema. Discussão FIOLO e colaboradores (2012) realizaram um estudo transversal clínicolaboratorial de janeiro de 2007 a dezembro de 2011, no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti, em Campinas, São Paulo, Brasil; eles analisaram e descreveram os casos e o perfil microbiológico dos sorotipos de S. agalactiae provenientes de recém-nascidos (RNs) neste centro, selecionaram os casos correspondentes às amostras que tiveram cepas de S. agalactiae isoladas de líquidos biológicos, deRNs. Após isolarem sete amostras de sangue, uma de líquor e uma de secreção ocular provenientes de nove recém-nascidos com infecções causadas pelo S. agalactiae, apenas um dos casos foi positivo para amostras pareadas mãe-filho. Ao analisarem um total de 13.749 partos no período, os 7 casos corresponderam a 0,5 caso de infecção precoce por Streptococcus do Grupo B a cada 1 mil nascidos vivos (ou 0,6 casos por 1 mil, incluindo os 2 de infecção tardia), tendo ocorrido 1, 3, 2, nenhum e 3 casos (um precoce e dois tardios), respectivamente, nos anos de 2007 a 2011. Os resultados obtidos foram que, mesmo com casuística limitada, os sorotipos encontrados coincidiram com os mais prevalentes na literatura mundial, mas diferem dos estudos brasileiros, exceto para o sorotipo Ia (FIOLO et al., 2012). TAMITO e colegas (2011), sabendo da importância que a infecção por EGB tem e que é considerada importante problema de saúde pública, realizaram um estudo com o objetivo de determinar a melhor estratégia de rastreamento desta bactéria em gestantes. O estudo teve como propósito avaliar a efetividade das estratégias de rastreamento de EGB e o impacto na redução da incidência de sepse neonatal, e no resultado obtido ficou clara a superioridade da estratégia do screening universal para detecção do EGB em momento oportuno para II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 148 adoção de medidas profiláticas, apontantando que todas as análises foram favoráveis ao programa de screening universal para a redução da incidência de sepse neonatal. Concluíram que evidências obtidas no estudo são sugestivas de que a estratégia de screening universal para as gestantes, associada ao uso de antibiótico profilático, é segura e efetiva (TAMITO et al., 2011). Outro estudo, avaliou a prevalência de colonização estreptocócica materna por comparação de coleta de swab num único local e múltiplos swabs (região perianal retal, introito vaginal e terço distal da parede vaginal). Após análises feitas em várias pacientes o pesquisadores concluíram que em culturas de swabs combinados obtidos em três locais diferentes, a prevalência de colonização materna S. agalactiae foi maior do que a prevalência observada em swabs coletados de um único local, demonstrando a importância da coleta ser em mais de um local (MARCONI et al., 2010). Conclusão Em vista dos argumentos citados acima observa-se que o Streptococcus agalactiae, é um potencial agente causador de infecções neonatais que podem até evoluir para óbito. Nota-se a necessidade de prevenção, divulgação e estudos na área, pois muitas das gestantes são acometidas por infecção provocada por esta bactéria. Destaca-se a necessidade da assistência adequada à gestante no momento do pré-natal, buscando a diminuição de mortalidade de neonatos, assim como a identificação adequada dos fatores de risco. São necessárias políticas de saúde para busca ativa de gestantes colonizadas e conscientização das mães e equipe médica do risco que esta contaminação pode trazer. Palavras chaves: Streptococcus agalalactiae, gravidez, neonatos. Referências bibliográficas BORGER, I. L. Estudo da colonização por Streptococcus agalactiae em gestantes atendidas maternidade escola da UFRJ. [Dissertação de Mestrado] Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2005. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Perinatal Group B streptococcal disease after universal screening recommendations - United States, 2010. COSTA, A. L. R. et al. Prevalência de colonização por estreptococos do grupo B em gestantes atendidas em maternidade pública da região Nordeste do Brasil. Rev. Bras. de Ginecol. Obstet. V. 30, p. 274 – 280, 2008. EISENBERG, V. H. et al. Prevention of early-onset neonatal group B streptococcal infection: is universal screening by culture universally applicable? 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 149 TAMINATO M.; FRAM D.; TORLONI MR.; BELASCO AGS.; Saconato H, Barbosa DA. Rastreamento de Streptococcus do grupo B em gestantes: revisão sistemática e metanálise. Revista Latino-Americana de Enfermagem. v.19, n.6, 2011. TRABULSI LR, ALTERTHUM F. (ORG.). Microbiologia. 5a. ed. São Paulo: Atheneu, 2005. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 150 PROPRIEDADES DO CAENORHABDITIS ELEGANS COMO UM MODELO EXPERIMENTAL ANIMAL PARA INVESTIGAÇÕES BIOLÓGICAS1 Larissa Marafiga Cordeiro2; Renata Cardozo3; Débora Pedroso4; Juliana Fredo Roncato5; Bruna Comparsi6 1 Trabalho de Iniciação científica do curso de Biomedicina – PIBIC/IESA Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, PIBIC/IESA, email: [email protected] 3 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, PIBIC/IESA, email: [email protected] 4 Docente do curso de Biomedicina, Mestre em Ciências Biológicas: Parasitologia. Email: [email protected] 5 Docente do curso de Biomedicina, Mestre em Biologia Celular e Molecular. Email: [email protected] 6 Docente do curso de Biomedicina, Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica. Email: [email protected] 2 Introdução O Caenorhabditis elegans (C. elegans ) é um nematódeo terrestre de vida livre componente da família Rhabditidae. Facilmente cultivado em laboratório em placas de petri contendo ágar semeadas com a bactéria Escherichia coli como alimento. Os vermes atingem a maturidade com 2,5 dias a 25º C e apresentam um tempo de vida curto de 20 dias a 25ºC. O ciclo de vida do animal compreende um período de desenvolvimento embrionário (dentro do ovo), quatro estágios larvais e finalmente o adulto (WORMATLAS, 2014). Do ponto de vista toxicológico o C. elegans é sensível a diversas substâncias, incluindo metais pesados, fosfatos orgânicos e pesticidas (SCHOUEST et al., 2009; LEUNG et al., 2008; WOLLENHAUPT et al., 2014). Vários estudos já demonstraram que o C. elegans é utilizado como modelo para o teste rápido da toxicidade de amostras de solo e água ( I HALSKI, 2010), bem como de compostos farmacêuticos e fitoquímicos (SCHOUEST et al., 2009). Os parâmetros mais relevantes para a triagem toxicológica são a mortalidade (DENGG; VAN MEEL, 2004), a longevidade, o comportamento/movimento, a alimentação, o crescimento e a reprodução (ANDERSON; BOYD; WILLIAMS, 2001). Mudanças no comportamento bem caracterizadas também podem ser avaliadas, pois o C. elegans se move tipicamente de maneira sinusóide em placas com ágar enquanto se alimenta de bactérias. Desta forma, a análise de compostos que alteram tanto o movimento sinusóide quanto o batimento faríngeo dos animais podem ser avaliados (HELMCKE et al., 2009). Os ensaios para avaliar toxicidade também podem ser realizados em animais transgênicos. Cepas transgênicas contendo o gene repórter sob o controle transcricional do promotor do gene “ eat s ock” hsp-16 foram amplamente utilizadas para medir a resposta ao estresse associado à toxicidade de metais pesados, compostos farmacêuticos e amostras ambientais (VAN MEEL, 2004; DAVID et al., 2003; MUTWAKIL et al., 1997). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 151 Diante disso, os objetivos deste estudo se direcionam para a investigação da aplicação do C. elegans como um organismo modelo para estudos, in vivo, que visam pesquisar efeitos biológicos de diferentes moléculas. Metodologia Trata-se de uma revisão da literatura, utilizando-se busca eletrônica de publicações científicas nas seguintes bases de dados: PubMed e Scopus. Foram utili ados os descritores “Caenorhabditis elegans”, “e perimental model”, “ iological properties”, “p armacology” e “to icology”. Foram e cluídos artigos cujos textos completos não foram obtidos. A etapa seguinte consistiu da leitura do título e abstract, quando necessário, após realizou-se a leitura na íntegra dos artigos identificados e selecionados, focando no tipo de estudo, intervenção realizada e avaliação da qualidade metodológica. Discussão O C. elegans é um sistema modelo importante para a pesquisa biológica em muitos campos, incluindo genômica, biologia celular, neurociência e envelhecimento (BRENNER, 1973; BYERLY et al., 1976; WOOD, 1988). Thompson e Pomerai (2005) usaram C. elegans para testar a toxicidade de diferentes álcoois mostrando diferentes toxicidades. Neste ensaio ele foi usado para obter o ponto eco toxicológico. É uma boa alternativa para testar metais pesados e a ação da contaminação por detergentes no ambiente (Harada et al., 2007). Entre as várias características notáveis do C. elegans estão à abundância de recursos genômicos, incluindo o genoma completamente sequenciado (C. ELEGANS SEQUENCING CONSORTIUM, 1998), um banco de dados de bioinformática facilmente acessível (CHEN et al., 2005), microarranjos de DNA (REINKE, 2002 e um cons rcio de construção de mutantes “knock-out”. Estes recursos, associados ao fato de que cerca de 60-80% de genes homólogos aos humanos foram identificados no C. elegans (KALETTA, 2006), têm ajudado a compreender vários processos biológicos comuns a todos os animais, como o metabolismo xenobiótico e o envelhecimento. Por ser um organismo multicelular com sistemas fisiológicos conservados e apresentar um tempo de vida curto, tem sido amplamente utilizado nos estudos de longevidade e toxicidade (AVILA et al., 2012; CORSI, 2006). É um excelente modelo para triagem rápida de compostos naturais ou sintéticos com propriedades biológicas, uma vez que ele dispõe de sistema sensorial e de defesa análago ao dos mamíferos (HASEGAWA et al., 2010). Em resumo, a utilidade deste modelo parece não ter fim, vários pesquisadores utilizaram-o como biossensor para descobrir substâncias que aumentam a longevidade (OLIVEIRA et al., 2010). Entre eles podemos citar a metformina, biguanidina usada para tratamento de diabetes tipo 2 (ONKEN, 2010), os anticonvulsivantes (EVASON et al., 2005), vitamina E (ADACHI, 2000) a quercetina, flavonóide abundante em plantas comestíveis (PIETSCH et al., 2009) e os isotiocianatos, sulforafano e alil isotiocianato (HASEGAWA et al., 2010). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 152 Conclusão A utilização de modelos alternativos para investigações científicas tem sido a alternativa de escolha de muitos grupos de pesquisa atualmente, isso se justifica pela menor implicação ética e pela busca por modelos que possam representar mais fielmente o funcionamento do sistema humano. Assim o Caenorhabditis elegans tem sido extensivamente estudado nós últimos anos e se mostrou útil para estudos em diversas áreas de pesquisa. Palavras-chave: modelo alternativo, Caenorhabditis elegans, estudos in vivo. Referências ADACHI, H; ISHI, N. 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O CT possui prevalência três vezes maior no gênero feminino do que no masculino e a diferença declina após os 48 anos. No Brasil, segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa, para 2014-2015, de novos casos de CT é 1.150 entre homens (1,15/100mil) e 8.050 entre as mulheres (7,91/100mil) (BRASIL, 2014; GERHARD et al., 2010; GIUSTI et al., 2010). Dentre os CT o Carcinoma Medular da Tireóide (CMT) é raro e representa 3% a 10% dos casos de tumores malignos e pode ocorrer sob a forma esporádica (75%) ou familiar (25%). O CMT tem como lesão precursora a hiperplasia das células C apresentando distribuição multifocal e multicêntrica, estando associado a níveis séricos elevados de calcitonina e pode apresentar-se como uma Neoplasia Endócrina Múltipla do tipo II (MEN II –Multiple Endocrine Neoplasia, Type II), caracterizada como uma síndrome tumoral hereditária. É um tumor muito agressivo, e sua agressividade é correlacionada com a mutação do gene RET (rearranged during transfection) que tem ligação ao receptor transmembrana e promove estimulação do sistema tirosina quinase que é responsável por induzir a proliferação celular; e os microRNAs (miRNA), que são pequenos RNAs não codificantes, que não traduzem proteínas, mas que estão ligados a regulação de processos celulares e são considerados como um dos mais atuais biomarcadores moleculares relacionados ao desenvolvimento e agressividade tumoral. Dessa forma, é sempre adequado realizar uma avaliação molecular para as mutações do gene RET assim como o estudo dos miRNAs associados ao desenvolvimento do CMT (EROVIC et al., 2012; WOODRUFF et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2008; SUZUKI et al., 2008). Alterações genéticas em tumores vão desde simples deleções, mutações à translocações e alterações numéricas nos cromossomos, alterações na expressão gênica, como nos miRNAs. O presente estudo tem como objetivo realizar uma pesquisa bibliográfica acerca dos aspectos moleculares relacionados à patogênese, diagnóstico e prognostico do carcinoma medular da tireóide (YIP et al., 2010). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 155 Metodologia Foi realizado um artigo de revisão da literatura, através de uma pesquisa bibliográfica. A busca realizou-se nas bases de dados NCBI, Scielo, PubMed, entre os artigos publicados nos últimos dez anos (2005 - até a atualidade). Utilizaram-se os seguintes descritores: Medullary Thyroid Cancer, miRNAs, diagnosis, treatment. No total de 125 artigos escolhidos pelo título, foi feito leitura do resumo de 95 e selecionou-se 75 para leitura integra, incluindo 44 para o desenvolvimento da pesquisa. Conforme figura I. Resultados e Discussão O primeiro estudo foi realizado por Nikiforova et al. (2008), analisou a expressão dos miRNAs em CMT e demonstrou significativos perfis de expressão de miRNA, ao determinarem e compararem os principais padrões de expressão de miRNA e mutações oncogênicas específicas, descreveram a importância diagnóstica e prognóstica a detecção destes miRNAs na avaliação pré-operatória de nódulos tireoideanos. Encontraram um subconjunto de 10 miRNAs (miR-9, miR-10 a, miR-124 a, miR-127, miR129, miR-137, miR-154, miR-224, miR-323 e miR-370) com significativa desregulação e altos níveis de superexpressão, associados a diversos CMTs, demonstrando a precisão diagnóstica, estabelecendo assim as bases para a utilização de perfis de miRNAs distintos para o CMT como uma ferramenta de diagnóstico eficaz na avaliação pré-operatória de nódulos da tireóide (NIKIFOROVA et al., 2008). Abraham et al. (2011) estudaram o perfil dos miRNAs nos HMTC e nos SMTC, para identificar biomarcadores de prognóstico e potenciais alvos terapêuticos principalmente na forma esporádica da doença. Os resultados obtidos através da detecção em microarray foram comparados entre os SCMT e HCMT e demonstraram a superexpressão dos miR-183 e miR-375, enquanto o miR-9 II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 156 estava sub-expresso em SMTC em comparação com aqueles em HMTC. Os miR- 183 e miR-375 são preditores para presença de metástases em linfonodos laterais, doença residual, metástases a distância, mortalidade e são ligados a agressividade da doença e poderiam ser usados para mudar as diretrizes atuais de gestão e conduta de cirurgia, indicando não só uma tireoidectomia com dissecção central mas também lateral dos linfonodos. E a repressão do miRNA miR-183, induz a morte celular por meio autofagia, indica que ele pode servir como um alvo terapêutico em potencial (ABRAHAM et al., 2011). Ao investigarem a hipótese de diferentes perfis de miRNAs estarem relacionados ao status do gene RET e prognóstico em pacientes com HMTC e com SMTC, Mian e colaboradores (2012) compararam perfis de expressão gênica de amostras normais com as de HMTC e as de SMTC e observaram uma super expressão de 9 miRNAs, no qual o miR-21, chamado Oncomir, está desregulado em vários tecidos, envolvido na carcinogenese de tumores diferenciado e anaplásico e causa a transformação neoplásica da célula por atuar inibindo a atividade dos supressores de tumor, como o PTEN. O miR-224 se diagnosticado na fase inicial e/ou em caso com bom prognóstico durante o seguimento, tem valor de prognóstico pois, altos níveis foram correlacionados a ausência de metástases em linfonodos e menor agressividade do tumor e ao status livre de doença bioquimicamente pela dosagem de calcitonina. Já o miR-127 está super expresso se houver presença de um RET tipo selvagem do que no RET mutado, indicando a sua ligação com o gene RET e o seu papel oncogênico (MIAN et al., 2012). Duan et al. (2014) apontaram que o Mir-129-5p tem regulação negativa na expressão de RET em CMT e que é capaz de induzir a morte celular em células de CT, dando uma característica de biomarcador como um potencial alvo terapêutico, pois tem influência sobre o crescimento celular, indução da célula tumoral a apoptose, expressões dele podem suprimir o crescimento das células CMT através da inibição dos níveis de RET, sendo um potencial supressor (DUAN et al., 2014). Samimi et al. (2013) descreveram a relação dos miRNAs ligados à fascina proteína envolvida no processo de Transição Epitelial Mesenquimal (EMT) e associada aos processos de metástases tumorais. Alterações na expressão gênica que levam ao aumento da fascina no EMT são determinantes no processo metastático e aumento da agressividade das células tumorais. Os miR 200a/200b/429/200c/141 são os mais importantes reguladores na síntese protéica da fascina e o miR-200c com maior atividade de aumento na tradução protéica. Após testes de expressão gênica em células de CMT Hudson et al. (2013) demonstraram que os miR-375, miR- 10a, miR-409-3p, miR-190b, miR-642, miR-99b e miR-889 estão upregulated nas células tumorais enquanto os outros miR-455, MIr-20b e o miR-30a-3p estão downregulated. Em estudo análogo ao de Hudson et al. (2013), Santarpia et al. (2013) avaliaram os miRNAs em células tumorais de CMT com relação a agressividade tumoral, onde os miR10a, miR-200b- 200c, miR-7 e miR-29 estavam downregulated enquanto os II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 157 miR-130a, miR-138, miR-139a-3p, miR-373 e miR- 498 estavam upregulated em metástases. Tendo os miRNAs um papel importante na regulação da atividade metastática, estes foram indicados para serem avaliados como novos alvos terapêuticos no desenvolvimento de fármacos dirigidos as células tumorais, inibindo sua ação proliferativa bem como invasiva, permitindo um tratamento mais eficaz e menos tóxico que os existentes (HUDSON et al., 2013; SANTARPIA et al., 2013). Os dados descobertos sobre miRNAs, bem como os demais oncogenes do CMT demonstram ser potenciais ferramentas para o diagnóstico precoce, estratificação da doença direcionamento clínico prognóstico e tratamento também alvos terapêuticos específicos para novas formas de terapias os quais poderão permitir um tratamento farmacológico direcionado, com ótima resposta clínica e principalmente sem os efeitos tóxicos das drogas atualmente disponíveis, possibilitar um aumento de cura da patologia. Conclusão Os marcadores moleculares tem se consolidado como forma diagnóstica, prognóstica e de modelo para desenvolvimento de novos fármacos. No CMT inúmeros marcadores já tem sido identificados desde oncogenes aos miRNAs. Embora, ainda há um longo caminho para implantar esses marcadores na rotina clínica, é indiscutível que eles são fundamentais, desde o diagnóstico, prognóstico tratamento e para o desenvolvimento de fármacos específicos as linhagens tumorais. As perspectivas promissoras possibilitam que futuramente sejam desenvolvidas terapias farmacológicas que possibilitem a cura destas neoplasias. Palavras Chave: MedullaryThyroidCancer, miRNAs, diagnosis, treatment. Referências bibliográficas ABRAHAM, D.; JACKSON, N.; GUNDARA, J.S.; ZHAO, J.G.; LEIGH D.; ROBINSON, B.G.; SIDHU, S.B. MicroRNA Profiling of Sporadic and Hereditary Medullary Thyroid and Potential TherapeuticTargs. Clinical Cancer Research, v.17, n.14, p. 4772-478, 2011. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE - INCA- Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/estimativa-24042014.pdf. Acesso em jan. 2015. DUAN, L.; HAO, X.; LIU, Z.; ZHANG Y.; ZHANG, G. Mir-129-5p is down-regulated and involved in the growth, apoptosis and migration of medullary thyroid carcinoma cells through targeting RET. FEBS Letters, v. 588, p.1644-1651, 2014. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 159 FATORES ASSOCIADOS À INAPTIDÃO TEMPORÁRIA E PERMANENTE DE CANDIDATOS À DOAÇÃO DE SANGUE1 Danielle Monteiro2; Renata Cardozo3; Camila Rodrigues4; Bruna Comparsi5 1 Trabalho de conclusão de curso de graduação em Biomedicina. Acadêmica do curso de Biomedicina. Email: [email protected] 3 Acadêmica do curso de Biomedicina. Email: [email protected] 4 Acadêmica do curso de Biomedicina. Email: [email protected] 5 Professora do curso de Biomedicina (IESA), Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológicas. Orientadora. Email: [email protected] 2 Introdução O sangue tem a função de manutenção da vida e por isso, torna-se indispensável ao organismo humano. Muitas áreas de pesquisa tem como foco o estudo do sangue e mesmo diante de tantos avanços da ciência e na tecnologia, ainda não se descobriu uma substância equivalente e que pudesse substituí-lo. Então, o único meio de obtê-lo é através da doação entre indivíduos, assim as ações para captação, seleção e proteção de doadores e receptores de sangue são temas que devem ser incansavelmente investigados. Na última década a demanda por sangue e hemocomponentes foi crescente e estimativas indicam que os transplantes de órgãos cresceram 84%, as cirurgias cresceram 619% e os atendimentos de urgências cresceram 627% no mundo. A falta da prática do ato de doação de sangue reforça a necessidade em difundir e conscientizar a população, principalmente os jovens, quanto à necessidade de realizar a doação, e acredita-se que ações direcionadas a este público implicariam em mudanças no perfil e conduta da pulação a longo prazo (MALHEIROS et al., 2014; BRASIL, 2015). Outro fator determinante para o número reduzido de doadores e baixos estoques de sangue nos Hemocentros refere-se ao elevado índice de inaptidão clínica e sorológica entre indivíduos que se dispõem a doar sangue. É, portanto, um dos grandes desafios dos serviços de hemoterapia, a garantia do atendimento da demanda transfusional, aliando a qualidade e segurança transfusional (BRENER et al, 2008). O candidato à doação passa por uma triagem que envolve três etapas: registro do paciente, triagem clínica e sorológica que tem como objetivo garantir a segurança transfusional ao doador e receptor. Os estudos que investigam os fatores que estão associados a inaptidão clínica temporária e permanente, definindo assim o perfil dos candidatos a doação de sangue são importantes para subsidiar as ações de captações e campanhas para que haja um aumento no número de doações. Com isso, este trabalho tem o objetivo de revisar os fatores associados à inaptidão temporária e permanente que mais excluem candidatos à doação de sangue no Brasil. Metodologia II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 160 No presente estudo, utilizou-se o método de revisão bibliográfica. O levantamento bibliográfico desta revisão foi realizado utilizando-se busca eletrônica de publicações científicas nas seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), PubMed, BIREME e Scielo. Foram utilizados os descritores “doação de sangue”, “seleção do doador”, “Inaptidão clínica para doação de sangue”, “inaptidão clínica temporária” e “inaptidão clínica permanente” em portugu s, sem especificar o ano de pu licação (limitando-se a artigos publicados até outubro de 2015). Como critério de inclusão considerou-se os artigos que abordavam o tema proposto no período de 2001 a 2015, publicados no Brasil tanto em português quanto em inglês. As publicações mais relevantes foram selecionadas e seus dados foram analisados e apresentados de forma discursiva. Discussão A doação de sangue deve ser voluntária, anônima, altruísta e não remunerada, direta ou indireta, segundo a legislação vigente no Brasil (BRASIL, 2013). Em acordo com as normas brasileiras, GASPARIN (2005) defende que em casos de doação voluntária é mais fácil avaliar o estado de saúde do doador, pois a probabilidade dele ocultar informações importantes na triagem clínica é menor, quando comparado a um doador remunerado. E é baseada nesta conduta que a legislação Brasileira justifica a proibição da comercialização do sangue e seus componentes atualmente. No que se refere aos requisitos para a doação, a partir de atualização das normas que regulam as ações de envolvem o sangue e hemocomponentes, o candidato à doação deve ter idade mínima de 16 anos (mediante autorização do responsável), e máxima de 69 anos (desde que tenha doado a primeira vez até os 60 anos), portar documento oficial de identidade com foto, estar bem de saúde, pesar no mínimo 50 kg, não estar em jejum, mas evitar ingestão de alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação (BRASIL, 2013). Pacientes com o hematócrito (Ht) baixo comumente apresentam anemia, e o principalmente fator determinante desta condição é a deficiência de ferro, logo, as mulheres tendem a apresentar menores reservas de ferro do que os homens em razão do fluxo menstrual. Outros fatores que também podem diminuir os níveis de Ht são a deficiência de vitaminas e minerais, sangramento recente, cirrose hepática e câncer. Relatos da literatura indicam que o hematócrito baixo é determinante para a inaptidão de grande parcela dos candidatos a doação de sangue. Em uma pesquisa realizada por RAMOS e FERRAZ (2010) no Hemonúcleo de Campo Mourão – PR, no ano de 2008, 255 (41,27%) candidatos foram reprovados em decorrência do Hematócrito baixo. Segundo VIEIRA et al., (2015) destacou-se no seu estudo como a maior causa de recusa, Hematócrito/Hemoglobina (Ht/Hb) abaixo dos níveis aceitáveis, tendo sua prevalência associada à população feminina (VIEIRA et al.;2015). Diferentes fatores de exclusão são citados entre as pesquisas, percebe-se que o local de estudo é determinante para a maior frequência de alguns fatores. No estudo realizado na Fundação Hemominas, por exemplo, o comportamento de risco, reprovou 32,2% dos candidatos sendo a principal causa de exclusão. Já no Hemonúcleo de Campo Mourão apenas 78 candidatos a doação de sangue (12,63%) foram excluídos pelo mesmo motivo (Jornal Hemominas, 2007; II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 161 RAMOS; FERRAZ, 2010). O maior índice de reprovações encontrado na Fundação Hemominas possivelmente possa estar ocorrendo em decorrência da tímida realização de campanhas para a prevenção as doenças sexualmente transmissíveis realizadas pelos sistemas de saúde na região, aponta o autor. Conclusão Os estudos que investigam os fatores que estão associados aos tipos de inaptidões para a doação de sangue ajudam a definir o perfil do doador o que é importante para subsidiar ações de captações e campanhas para aumentar o número de doações e reduzir o número de descarte de bolsas de sangue. Dentre os estudos citados, a principal causa de exclusão de pacientes do sexo masculino foi o comportamento de risco, isso reforça a necessidade de rigor durante a triagem clínica para selecionar candidatos saudáveis, de maiores esclarecimentos sobre as condições necessárias à doação de sangue. Entre a população feminina, a principal causa de inaptidão encontrada foi o hematócrito baixo e/ou anemia e sugere-se a ocorrência de deficiência de ferro neste grupo. Neste contexto, torna-se imprescindível ressaltar que, para garantir segurança e qualidade no processo transfusional, todos os procedimentos que envolvem as etapas de doação devem obrigatoriamente obedecer a rígidos padrões de qualidade, bem como a execução de cada etapa por profissionais capacitados e utilizando técnicas específicas e adequadas. Além disso, foi possível perceber a importância da atualização permanente da legislação que regulamenta os procedimentos transfusionais para garantir o atendimento às demandas atuais. Palavras-chave: Exclusão de doadores, Procedimentos hemoterápicos, Cadastro de doadores. Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da saúde. Campanha de doação de sangue 2014. Brasília, 2014. 1 vídeo (30s). Disponível em: ttps://www.youtube.com/watch?v=OnlzjBWOiuE. Acesso em: 03 out 2015. BRASIL, Ministério da Saúde, portaria número 2712 de 12 de novembro de 2013. BRENER, S.; CAIAFFA, W.T.; SAKURAI, E.; PROIETTI, F.A. 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Embora tenha havido nestes últimos anos avanços significativos no entendimento da sua patogênese, com a melhor compreensão dos mecanismos de ativação das vias da inflamação e da coagulação, e no tratamento, com o desenvolvimento de novos fármacos e recomendação para uso de protocolos baseados em evidências, ainda tem se problemas no seu manuseio clínico (SOARES et al., 2007). A sepse é definida como uma síndrome clínica onde a síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SIRS) está associada à infecção. A sepse representa a principal causa de morte de UTI em todo o mundo. Muitos estudos têm demonstrado um aumento da incidência ao longo do tempo e apenas uma leve redução na mortalidade (BOECHAT; et al., 2010; JÚNIOR, 2006). Segundo Matos (2004) considera-se um caso de sepse, quando a SIRS é decorrente de um processo infeccioso comprovado. Quando esta for de ocorrência grave é associada a manifestações de hipoperfusão tecidual e disfunção orgânica, caracterizada por acidose láctica, oligúria ou hipotensão arterial. Determina-se como choque séptico, quando a hipotensão ou hipoperfusão induzida pela sepse é refratária a reanimação volêmica adequada e com subsequente necessidade de administração de agentes vasopressores. A questão do diagnóstico precoce e preciso da sepse em seus estágios iniciais, é de grande importância onde os resultados terapêuticos são mais favoráveis e também da melhor estratificação dos pacientes, que deve selecionar os pacientes para as novas intervenções de tratamento, ainda encontram dificuldades (SOARES et al., 2007). Dessa forma, este estudo procura explanar características da sepse e o seu diagnóstico, visando à qualidade de vida do paciente e um resultado fidedigno para este quadro clínico. Metodologia Trata-se de uma revisão descritiva da literatura científica. O processo de revisão foi realizado através de uma busca nas bases de dados eletrônicas Pubmed, PNAS e Scielo, utilizando os descritores: Sepse, resposta imune II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 163 inflamatória e choque séptico. Os artigos passaram por uma análise de título, resumo e ano, para então refinar aqueles que estavam mais relacionados ao tema pesquisado. Foram selecionadas publicações a partir do ano 2000. Discussão A sepse está entre a 10ª e a 13ª causas de morte nos Estados Unidos. Nas duas últimas décadas, sua incidência aumentou anualmente a uma taxa de 9%. Angus e colaboradores (2001) estudaram 192.980 casos de sepse grave, compreendidos em uma corte de mais de 6,5 milhões de pacientes internados em 847 hospitais em sete estados americanos e estimaram sua incidência, custo e prognóstico. A incidência de sepse grave foi de três casos por mil habitantes (751.000 casos/ano para a população americana – incidência que se tornou um parâmetro comum nos ensaios sobre sepse), superando a da AIDS e a dos principais tipos de câncer, o que resultaria em 215.000 mortes/ano (28,6% dos casos). Este valor é equivalente ao total de mortes devidas ao infarto do miocárdio. Já no Brasil, os estudos epidemiológicos sobre sepse são escassos. O estudo BASES (Brazilian Sepsis Epidemiogical Study), desenvolvido em 5 UTI dos estados de São Paulo e Santa Catarina, mostrou uma incidência de sepse de 46,9%, sepse grave de 27,3% e choque séptico de 23%. Posteriormente, um estudo epidemiológico multicêntrico em 75 UTI de todas as regiões do Brasil avaliou a incidência de sepse. Em uma população de 3.128 pacientes, 16,7% apresentaram sepse, com uma mortalidade geral de 46,6% (HENKIN, 2009). A sepse é resultante de uma complexa interação entre o microrganismo infectante e a resposta imune, pró-inflamatória e pró-coagulante do hospedeiro. A progressão da sepse ocorre quando o hospedeiro não consegue conter a infecção primária por resistência à opsonização, à fagocitose, a antibióticos e presença de superantígenos. A resposta do hospedeiro e as características do organismo infectante são as principais variáveis fisiopatológicas da sepse (RUSSEL, 2006). A avaliação laboratorial ou complementar é capaz de revelar dois aspectos distintos da sepse. O primeiro é o que se refere à busca ou identificação do agente agressor, através do rastreamento microbiológico do paciente; o segundo, dizem respeito à identificação de alterações metabólicas ou da homeostasia, indicativas de comprometimento sistêmico e de órgãos específicos (CARVALHO, 2003). Para o diagnóstico é recomendada a obtenção de pelo menos duas hemoculturas (uma de sangue periférico e uma proveniente de cateter central, a menos que este tenha sido inserido há menos de 48 horas), além de culturas de prováveis sítios infecciosos (urina, liquor, secreções do trato respiratório, pontas de cateteres) antes do início da antibioticoterapia (CASTRO; et al., 2008). Apesar dos grandes esforços no sentido de isolar os microrganismos, em média, as culturas de sangue são positivas em 34% dos pacientes “sépticos”, variando entre 9% e 64%. ostrando o difícil diagnóstico em casos de sepse (BOCHUD, 2001). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 164 Além dos parâmetros clínicos, hemodinâmicos e laboratoriais convencionais, diversos estudos têm demonstrado ser possíveis caracterizar a SIRS (infecciosa ou não) através da presença ou ausência de determinados indicadores biológicos associados ao processo inflamatório e infeccioso. A figura 1 mostra o espectro da resposta inflamatória e da sepse definida pelo consenso American College of Chest Physicians/ Society of Critical Care Medicine (ACCP/SCCM) de 1991. Apesar de criticado por ser pouco específico, os critérios de SIRS permitem que, com mínimos recursos, seja identificado o paciente com manifestação sistêmica em decorrência da doença crítica e a estratificação da gravidade. Pacientes não infectados com mais de dois critérios de SIRS apresentam uma probabilidade maior de desenvolver sepse grave e choque séptico (HENKIN, 2009). Figura 1- Espectro da resposta inflamatória e da sepse definida pelo consenso American College of Chest Physicians/ Society of Critical Care Medicine. Fonte: Adaptado de HENKIN, 2009. Recentemente diversos estudos têm avaliado o uso da proteína C reativa (PCR) e da pró-calcitonina (PTC), ambas proteínas de fase aguda, na diferenciação entre SIRS de origem não-infecciosa e infecciosa (sepse) (CASTRO; et al., 2008). Outros marcadores também têm sido sugeridos para o diagnóstico precoce da sepse, dentre os quais está a dosagem sérica de algumas citoquinas - interleucina- 1 (IL-1), interleucina-6 (IL-6), interleucina-8 (IL-8) e interleucina-10 (IL-10), fator de necrose tumoral (TNF), de seus respectivos receptores solúveis (receptor do TNF) (CARVALHO, 2003). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 165 A conduta terapêutica, incluindo a antimicrobiana vai diferir, substancialmente, de acordo com o local da infecção primária e a não descoberta deste local possibilitará maior probabilidade de erro terapêutico. Vários trabalhos mostraram que a escolha inicial inadequada do esquema antimicrobiano pode levar ao aumento significativo da taxa de mortalidade em pacientes sépticos (MARRA; et al., 2004). Conclusão A sepse é uma enfermidade de alta morbimortalidade, cujo tratamento envolve altos custos, demanda de um atendimento de excelência nas unidades de emergência e terapia intensiva. É uma síndrome frequente e está associada a fatores que alteram os mecanismos de defesa do indivíduo. O presente estudo demonstrou que existe uma grande dificuldade diagnóstica para esta patologia. Fica claro que existe a necessidade de projetos educacionais, novos avanços diagnósticos e terapêuticos a fim de auxiliar no cuidado do paciente com sepse. Palavras-Chaves: Sepse, Resposta inflamatória sistêmica, Choque Séptico. Referências bibliográficas American College of Chest Physicians/Society of Critical Care Medicine Consensus Conference: definitions for sepsis and organ failure and guidelines for the use of innovative therapies in sepsis. Crit Care Med. 1992;20: 864-74 ANGUS, D. C. et al. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 166 ANEMIA NA DOENÇA RENAL CRÔNICA: UMA REVISÃO¹ Daniela Signori², Deborah Thais Julkowski³, Gabriel Fabrin4, Larissa Oliveira5, Paola Paulus6, Rayane Gomes de Almeida7, Matias Nunes Frizzo8 ¹ Trabalho Interdisciplinar CNEC/IESA. ² Acadêmica do curso Biomedicina - CNEC/IESA, [email protected] ³ Acadêmica do curso Biomedicina - CNEC/IESA, [email protected] 4 Acadêmico do curso Biomedicina - CNEC/IESA, [email protected] 5 Acadêmica do curso Biomedicina - CNEC/IESA, [email protected] 6 Acadêmica do curso Biomedicina - CNEC/IESA, [email protected] 7 Acadêmica do curso Biomedicina - CNEC/IESA, [email protected] 8 Professor do curso de Biomedicina – CNEC/IESA, [email protected] Introdução A anemia é uma das principais complicações decorrentes da doença renal crônica (DRC), estando associada principalmente à deficiência de eritropoetina, hormônio que estimula a eritropoese, assim como a deficiência de ferro de forma absoluta ou funcional (ABENSUR, 2010; LOPEZ et al., 2015).A anemia na doença renal crônica caracteriza-se como normocrômica/normocítica, com reticulocitopenia, capacidade de ligação de ferro e ferro sérico reduzidos, bem como níveis plasmáticos de ferritina normais ou elevados, devido ao processo inflamatório renal (KOURY et al., 2014; HURI; LIM; LIM, 2015). Considerada um problema de saúde pública em todo mundo, a DRC tem tido novos casos a cada ano, inclusive no Brasil, no qual os índices de prevalência e falência renal estão aumentando (BASTOS; BREGMAN; KIRSZTAJN, 2010). A anemia na DRC geralmente surge precocemente, conforme a redução da taxa de filtração glomerular, que é usada para estabelecer estágios da doença renal crônica (PAK et al., 2010; NATIONAL CLINIC GUIDELINE CENTER, 2015). Além disso, o estado inflamatório decorrente da doença renal crônica leva à produção de citocinas pró-inflamatórias e do peptídio hepático hepcidina; ambos convergem à diminuição da disponibilidade de ferro por captura no sistema reticuloendotelial e diminuição da absorção intestinal, respectivamente, diminuição de eritropoetina e aumento na fagocitose de eritrócitos, levando a diminuição da eritropoese (FIGUEIREDO, 2010; RUHAB et al., 2015). O tratamento em pacientes com anemia decorrente de doença renal crônica deve ser baseado primeiramente na investigação dos estoques de ferro no organismo, levando à suplementação intravenosa deste íon, além da administração de medicamentos estimuladores da eritropoese, como a Eritropoetina Recombinante Humana (EPO) (BASTOS; BREGMAN; KIRSZTAJN, 2010). Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica de caráter exploratório descritivo, abordando os aspectos gerais da Anemia na Doença Renal Crônica, fisiopatologia, métodos diagnósticos e tratamentos disponíveis. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 167 Metodologia Revisão descritiva da literatura cientifica, abordando temas referentes aos grupos focais e sua relação com instrumentos de avaliação de qualidade de vida. A busca restringiu-se à artigos publicados a partir do ano de 2010. DESCRITORES: DRC, Anemia, InflamaçãoDescritores: Scielo PubMed 105 ARTIGOS ENCONTRADOS69 Lilacs Artigos 25 ARTIGOS INCLUÍDOS POR TÍTULO E 32 Artigos Incluídos RESUMO 80 ARTIGOS EXCLUÍDOS POR TÍTULO E EXCLUÍDOS POR LEITURA NA ÍNTEGRA: 07 INCLUÍDOS POR LEITURA NA ÍNTEGRA: 18 ARTIGOS Excluídos por Leitura 37 Artigos Excluídos por Título e RESUMO ARTIGOS 18 ARTIGOS SELECIONADOS 9 Resultados e Discussão A doença renal crônica vem aumentando sua prevalência nos últimos anos em todo o mundo, principalmente pela mudança dos hábitos alimentares e sedentarismo. A anemia é uma das complicações mais comuns, geralmente podendo ser explicada pela diminuição na concentração de eritropoetina ou deficiência de ferro, de forma absoluta ou funcional. A diminuição da síntese de eritropoetina é decorrente da lesão renal, e aumenta conforme o estágio da DRC, que é classificada conforme a taxa de filtração glomerular em cinco níveis que vão de TFG normal com alguma evidência de lesão renal até a insuficiência renal terminal ou dialítica. Além disso, o status inflamatório desencadeado pela doença promove um efeito anti-eritropoetico na medula óssea, principalmente mediado pela IL-6 (KOURI et al., 2014; NCGC, 2015). A deficiência absoluta de ferro pode ocorrer pelo aumento de hepcidina, levando à diminuição da absorção intestinal deste íon, ou por perdas sanguíneas, geralmente no processo de hemodiálise, na qual ocorre perda de certas quantidades de sangue entre os filtros utilizados. Pacientes em DRC possuem agregação plaquetária deficiente por alteração do Fator VIII de Von Villebrand (FIGUEIREDO, 2010; GROTTO, 2010; IQBAL et al., 2015). A deficiência funcional do ferro, por sua vez, é causada pelo aumento de citocinas pró-inflamatórias como IL-6, IL-1, IL-18, TNF-α, NFK-β decorrentes do processo inflamatório renal. Essas citocinas ocasionam o seqüestro de ferro nos macrófagos, deixando de haver o repasse do ferro remanescente aos órgãos eritropoéticos. Com isso, aumentam os níveis de ferritina sérica e II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 168 diminui o índice de saturação da transferrina. Além disso, essas citocinas irão estimular o sistema retículo endotelial a aumentar a taxa de fagocitose de eritrócitos, diminuindo a sobrevida dos eritrócitos (Figura 1). Todos esses fatores convergem à diminuição da eritropoese (GROTTO, 2010; GANZ; NEMETH, 2012; LEMOS et al., 2010). Os pacientes que possuem esse quadro clínico deverão receber suplementação de ferro intravenoso em doses pequenas e fracionadas (LEMOS et al., 2010). Figura 1: Fisiopatologia da Anemia nas DRCs. Fonte: Adaptado de Blood, 2015. A anemia na DRC surge normalmente a partir do nível 2 ou 3 da DRC, portanto o diagnóstico precoce é fundamental para pacientes em diálise, onde a avaliação laboratorial é mensal, com programas de avaliação laboratorial mais complexa a cada trimestre, justamente para acompanhar os distúrbios metabólicos e hematológicos desencadeados pela DRC (ABENSUR, 2010; RIBEIRO-ALVES; GORDAN,2014). Na avaliação laboratorial das anemias em pacientes com doença renal crônica o achado predominante é normocitose e normocromia, com reticulocitopenia, saturação de transferrina reduzida e ferritina normal ou elevada (KOURY, 2014; RIBEIRO-ALVES; GORDAN, 2014). Além do diagnóstico laboratorial, é importante observar os principais sinais clínicos da anemia que podem ocasionar impactos negativos na qualidade de vida do paciente (BUENO; FRIZZO, 2014). O tratamento deve levar em conta a fase da DRC e os estoques de ferro disponíveis, avaliando-se parâmetros bioquímicos como ferritina e saturação de transferrina. A reposição de ferro é recomendada a partir dos estágios 1 e 2 da DRC para manter os níveis normais de ferritina sérica e saturação de II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 169 transferrina (RIBEIRO et al., 2015). Outro tratamento disponível que revolucionou o prognóstico de pacientes com anemia na DRC são os medicamentos estimuladores da eritropoese (MEEs), como a Eritropoetina Recombinante Humana (KOURY, 2014; FREITAS et al., 2014) Conclusão A anemia da Doença Renal Crônica demonstra-se um problema de saúde pública atualmente, devido ao envelhecimento da população e pela mudança nos hábitos de vida, observa-se um aumento gradativo da patologia na população. Diante deste cenário, o diagnóstico e acompanhamento destes pacientes são fundamentais para melhor tratamento clínico da anemia, para isso parâmetros bioquímicos e hematológicos são imprescindíveis, além do acompanhamento clínico. A anemia que é desenvolvida ao longo da fisiopatogênese da doença promove redução na qualidade e expectativa de vida dos pacientes, o que justifica a necessidade constante de sua monitorização. Palavras - Chave: Anemia, doença renal crônica, inflamação. Referências bibliográficas ABENSUR, H. Deficiência de Ferro e Anemia na Doença Renal Crônica. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v.32, n.2, p. 84-88, 2010. BASTOS, M.G.; BREGMAN, R.; KIRSZTAJN, G. M. Doença renal crônica: freqüente e grave, mas também prevenível e tratável. Revista Associação de Medicina Brasil, v.56, n.2, p.24853, 2010. BUENO, C. S.; FRIZZO, M. N. Anemia na doença renal crônica em hospital da regiãonoroeste do estado do Rio Grande do Sul. 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Email: [email protected] 2 Aluna do Curso de Biomedicina - CNEC-IESA.Email: [email protected] 3 Professor do Curso de Biomedicina CNEC-IESA.Email: [email protected] 2 Introdução Com o passar dos anos, o organismo humano passa por um processo natural de envelhecimento, gerando modificações funcionais e estruturais. As vias responsáveis pelo equilíbrio corporal também sofrem com o processo do envelhecimento, gerando grande impacto para os idosos. No Brasil há um aumento da expectativa de vida da população nos últimos anos, provocando assim, um aumento na população idosa e dessa forma, aumentando a prevalência das doenças crônicas nesta faixa etária. Um reflexo deste quadro são as visíveis mudanças nas pirâmides populacionais brasileiras, do passado, presente e as projeções para as próximas décadas (RUWER, 2005; MOREIRA et al., 2013). De acordo com os dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 75% das neoplasias ocorrem em indivíduos com mais de 60 anos. O aumento da expectativa de vida não só eleva a exposição do indivíduo aos fatores de risco presentes no meio ambiente e o tempo dessa exposição, como também o envelhecimento oferece a oportunidade do surgimento de neoplasias, que só aparecem mais tardiamente. Entre as afecções neoplásicas hematológicas, incluem-se, mais comumente, as leucemias, linfomas, mieloma múltiplo, etc. Estudos mostram que a ocorrência de tais afecções tem crescido com o passar das décadas e mais frequentemente estão associadas com a idade (BULYCHEVA et al., 2015). O presente trabalho tem por objetivo, realizar uma pesquisa bibliográfica sobre as neoplasias hematológicas no idoso. Mielodisplasia: é um termo empregado para descrever diversas doenças clonais cuja principal característica é a inabilidade intrínseca das células de passar pelo processo normal de diferenciação e maturação da medula. Devido a essa inabilidade de maturação, embora a medula esteja, na maioria das vezes, cheia de precursores, ocorre citopenia no sangue periférico. Essa citopenia pode ser de uma linhagem apenas eritróide, ou afetar as linhagens megacariocítica e neutrofílicas (PALODETTO et al., 2013). Dessa forma, na avaliação do sangue periférico observa-se anemia macrocitica, reticulocitopenia, ferritina aumentada associada a uma trombocitopenia que pode requerer transfusões frequentes. Além disso, o paciente pode apresentar neutropenia propiciando risco elevado de infecções (MELCHARDT et al., 2013). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 172 A história natural da mielodisplasia varia muito, na dependência da alteração citogenética, do numero de linhagens envolvidas, da porcentagem de blastos, podendo lentamente levar a uma progressão fulminante para LMA. Dentre as alterações citogenéticas mais comuns são deleções do cromossomo 5 e 7 e trissomia do cromossomo 8. Estudos recentes demonstram que a doença pode ser consequência de fatores exógenos relacionados aos hábitos de vida (BABUSHOK, 2015; L'ABBATE et al., 2014). Do ponto de vista do tratamento, na maioria dos casos, as respostas a varias drogas usadas é apenas temporário. Devido às transfusões frequentes, os pacientes acabam evoluindo com refratariedade a transfusão, sobrecarga de ferro, disfunção hepática e cardíaca ou progressão para leucemia aguda (TABAK, 2002). Leucemia Linfoide Crônica: é a mais comum e afeta indivíduos geralmente na 7ª década de vida, embora possa ocorrer em indivíduos mais jovens. A patologia é classificada entre as doenças linfoproliferativas de linfócitos B maduros, sendo considerada uma leucemia de evolução insidiosa e incurável. Na maioria das vezes se manifesta com linfocitose, acompanhada ou não de adenopatia, anemia e trombocitopenia (GREGORJ et al., 2007). Metade dos pacientes são diagnosticados durante hemograma de rotina, contudo, alguns exames complementares que devem ser pedidos à pacientes com diagnostico de LLC são: hemograma completo com analise morfológica, imunofenotipagem de sangue periférico, mielograma, dentre outros (MEDINA GOMEZ, 2012). Uma vez confirmado o diagnóstico, sendo a LLC uma doença incurável, somente se deve instituir tratamento se aparecer sintomas e/ou citopenias. A doença em estado mais avançado pode cursar com anemia, trombocitopenia, infecções de repetição e hepatoesplenomegalia (CHIATTONE et al., 2006). Dentre os recursos terapêuticos disponíveis estão quimioterápicos, corticóides e anticorpos monoclonais. O Transplante halogênico pode ser opção curativa, mas é plausível para pouquíssimos pacientes, já que a maioria dos pacientes com LLC tem idade avançada e a morbimortalidade do procedimento ainda é muito alta (LORAND-METZE, 2006). A Leucemia Mielóide Crônica: (LMC) constitui uma desordem mieloproliferativa, na qual há produção excessiva das células granulociticas, em decorrência da expansão clonal da célula progenitora hematopoiética. A manifestação se da por leucocitose, hiperplasia mieloide, basofilia e neutrofilia. A LMC se caracteriza pela presença de uma mutação adquirida que afeta a célula-tronco hematopoiética, apresenta em 95% dos casos, uma alteração genética adquirida, o cromossomo Philadelphia (Ph) (BERGANTINI et al., 2005). O diagnóstico de LMC é baseado no hemograma (leucocitose e frequentemente também trombocitose) e na avaliação diferencial dos leucócitos com desvio a esquerda. A maior parte dos diagnósticos é realizada, ainda, na fase crônica, e o curso clínico típico tem três fases: fase crônica, fase acelerada e fase blástica. Para definição de fase acelerada é necessária a presença de 10% a 19% de blastos no sangue ou na medula óssea, número de II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 173 basófilos >20%, trombocitose ou trombocitopenia não relacionada à terapia, e evolução clonal na avaliação citogenética. A fase blástica caracteriza-se por >20% de blastos ou infiltração blástica extramedular (SOUZA et al., 2013; DI BACCO et al., 2000). Mieloma múltiplo: é uma doença linfoproliferativa de um único clone de células plasmáticas da medula ssea, provocando: comprometimento da função da medula ssea; dano aos ossos adjacentes; li eração da proteína monoclonal na corrente sanguínea com su se ente supressão da função imunol gica (SOUZA, 2004). A etiologia ainda não está em definida, mas fatores genéticos, radiação, en eno, doenças inflamat rias cr nicas, terapia imunossupressor, exposição aos agrotóxicos e doença autoimune parecem desencadear a doença. A incid ncia anual é de 4 casos a cada 100.000 pessoas, sendo mais comum em omens e etnia afrodescendente. A idade média dos acometidos é de 65 anos ao diagn stico e somente 2% tem menos de 40 anos (MAIOLINO &HUNGRIA, 2008). Como a evolução do mieloma é progredir, o alivio da dor e a estabilização da doença em geral indicam algum beneficio terapêutico, sendo a quimioterapia a única forma de tratamento. A abordagem do tratamento tem como objetivos controlar a progressão da doença, mantendo ao menos qualidade de vida do paciente pelo maior tempo possível (VON SUCRO, 2009). Metodologia Foi realizada uma revisão descritiva da literatura cientifica, através de uma busca na base de dados eletrônicas no ano de 2015, utilizando os descritores Neoplasias hematológicas, idoso, Leucemias, Mielodiaspalsias, Mieloma. Foram encontrados o total de 262 artigos, estes passaram por uma análise de titulo e resumo para então selecionar os que estavam relacionados ao tema pes uisado “incidência de neoplasias hematológicas no idoso” e que foram publicados a partir do ano de 2000. Após, foram selecionados 74 artigos. Após a leitura na integra, foram selecionados 18 artigos. Os demais artigos foram excluídos por não abordarem neoplasias hematológicas referentes à população idosa e por data em que foram publicados. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 174 Figura 1 - Fluxograma de análise dos artigos. Resultados e Discussão Estudos epidemiológicos mostram que a idade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer. Indivíduos com idade mais avançada apresentam, geralmente, um aumento na probabilidade de mutações, ou de acúmulo de substâncias com potencial mutagênicos, predispondo assim, o aparecimento de células tumorais. O aumento na incidência de leucemias, mielomas e mielodisplasias no idoso tem se mostrado bastante significativas, principalmente na região sul e sudeste do Brasil. Uma questão a ser levantada sempre é o aumento na expectativa de vida da população o que leva ao aumento nas doenças crônicas não transmissíveis, mas também há de destacar as mudanças na sociedade, como os hábitos de vida da população, assim como, uma exposição cada vez maior as substâncias tóxicas no ambiente com caráter oncogênico. Com relação ao diagnóstico da neoplasia no idoso, um dos maiores problemas que afetam a cura e/ou sobrevida do paciente é o diagnóstico tardio. Tais limitações, muitas vezes, ocorrem pela não valorização das queixas dos II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 175 pacientes dessa faixa etária ou por escassez de estudos e publicações na área de oncogeriatria hematológica, principalmente em âmbito nacional. Além disso, a idade média de acometimento das doenças cr nicodegenerativas, linfoproliferativas e mieloproliferativasêm é de 65 anos. Tratando-se de neoplasias hematológicas os tratamentos com maior eficiência como os transplantes de medula óssea são descartados, restando na maioria das vezes tratamentos quimioterápicos que são de caráter paliativo a esse paciente. Conclusão Dessa forma, não só o diagnóstico tardio, mas principalmente falta de tratamento para estas neoplasias nos idosos são questões que necessitam de investimento em pesquisas e desenvolvimento de novos tratamentos a fim de proporcionar a cura ou ao menos uma melhor qualidade/expectativa de vida no paciente. Palavras-chaves: Envelhecimento, Câncer, Hematologia. Referências bibliográficas BABUSHOK et al. Genetic predisposition syndromes: When should they be considered in the work-up of MDS? Best Pract Res Clin Haematol, v.28, n.1, p. 55-68, 2015. BERGANTINI et al. Leucemia mielóide crônica e o sistema Fas-FasL. Ver Brás de Hematol e Hemoter, v.27, n.2, p.120-125, 2005. BULYCHEVA Myelodysplasia is in the niche: novel concepts and emerging therapies. Leukemia, v. 29, n. 2, p. 259-268, 2015. CHIATTONE Leucemia linfóide crônica: nova visão de uma velha doença (II Encontro Brasileiro de Consenso em LLC-B). Rev Bras Hematol Hemoter, v.27, n.4, p.227-228, 2006. DI BACCO et al. Molecular abnormalities in chronic myeloid leukemia: deregulation of cell growth and apoptosis. The Oncologist, v.5, n.5, p.405-415, 2000. GREGORJ et al. ERK1/2 phosphorylation is an independent predictor of complete remission in newly diagnosed adult acute lymphoblastic leukemia. Blood, v.109, n.12, p.5473-5476, 2007. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 177 CONTROLE DE QUALIDADE DA ÁGUA REAGENTE NA HEMODIÁLISE¹ Rejane Madalena Wisniewski²; Bruna Baron3; Adriana Catarine Buche4; Luana Bizzi da Silva5; Jéssica Bittencourt6; Yana Picinin Sandri Lissarassa7 ¹Trabalho Interdisciplinar curso de Biomedicina CNEC/IESA 2 Acadêmica do 6º semestre do curso de Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo-IESA, [email protected] 3 Acadêmica do 6º semestre do curso de Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo-IESA, [email protected] 4 Acadêmica do 6º semestre do curso de Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo-IESA, [email protected] 5 Acadêmica do 6º semestre do curso de Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo-IESA, [email protected] 6 Acadêmica do 6º semestre do curso de Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo-IESA, [email protected] 7 Biomédica; Mestranda em Atenção Integral à Saúde – PPGAIS; Professora Biomedicina - IESA/CNEC - Santo Ângelo, [email protected] Introdução A hemodiálise ou Terapia Renal Substitutiva é uma alternativa de tratamento para pacientes com Insuficiência Renal Crônica, pois remove as substâncias tóxicas e o excesso de líquido acumulado no sangue/tecidos do corpo em consequência da falência dos rins, através do sistema extracorpóreo (máquina de diálise), retornando, o sangue depurado para o paciente através de uma bomba que impulsiona o tecido sanguíneo para um filtro/dialisador (rim artificial) (BARRETO, 2013) mostrado no esquema da figura 1. Figura 1: Hemodializador. Fonte: http://www.nefron.com.br Acesso: setembro, 2015. A água é o principal componente no tratamento de diálise e deve ser tratada de modo que apresente um padrão de qualidade de acordo com a Resolução RDC nº 154, de 15 de Junho de 2004 da Agência Nacional de Saúde (BRASIL, 2004) relatados na tabela 1. Tabela 1 II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 178 Informações sobre os parâmetros aceitáveis dos compenentas na água. Fonte: RDC nº. 154/04. O controle da qualidade da água é essencial para prevenção de riscos aos pacientes e deve ser feito através do monitoramento periódico das análises microbiológicas e físico-químicas em diferentes pontos de distribuição da água após tratamento. Problemas relacionados à situação da água podem vitimar os pacientes em hemodiálise e trazer complicações importantes e, até mesmo, o óbito (BARRETO, 2013). Nessas condições esse trabalho tem como objetivo revisar a literatura para demonstrar a importância do controle de qualidade da água reagente utilizada nos serviços de hemodiálise. Metodologia O estudo foi realizado a partir de leitura, análise e discussão de informações extraídas de artigos selecionados de revisão bibliográfica sobre o controle de qualidade da água reagente utilizada na hemodiálise. A pesquisa foi realizada no período de agosto e setembro de 2015, nas bases de dados Lilacs, Scielo e Google Acadêmico. A partir das palavras-chave: hemodiálise, controle de qualidade e água reagente, foram encontrados 32 artigos nas bases de dados descritas acima e selecionados 8 artigos que contemplavam o objetivo desta revisão. Discussão O sistema renal é fundamental para a manutenção do equilíbrio do organismo humano, sendo responsável por funções importantes, como, regulatórias, excretórias e endócrinas. Quando o ritmo da filtração glomerular é diminuído no caso da Doença Renal Crônica (DRC), que consiste em lesão renal e perda progressiva e irreversível de suas funções, as quais comprometem o funcionamento de diversos órgãos vitais do organismo, e, em estágio avançado da DRC, os pacientes necessitam de Terapia Renal Substitutiva (LOPES; SILVA; SILVA, 2010). Pacientes submetidos a hemodiálise, são vulneráveis a contaminantes na água utilizada para preparação do dialisato ou na água utilizada no reprocessamento II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 179 dos capilares. Esses pacientes são expostos a grandes quantidades de água e não tem barreiras adequadas nem podem eliminar tais contaminantes, que incluem: alumínio, cálcio, cloro, cloraminas, cobre, fluoretos, magnésio, nitratos, sódio, sulfato e zinco, além de bactérias e endotoxinas (COELHO, 2009). Como relatado por Silva et al., 1996, até a década de 70, acreditava-se que a água potável servisse para a hemodiálise. Porém, com o aumento do número de pacientes em tratamento dialítico e de sua sobrevida, acumularam-se evidências que permitiam correlacionar os contaminantes da água com efeitos adversos do procedimento. Dessa maneira a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por intermédio da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 154, que é o órgão regulamentador para o serviço de diálise no país, que determina parâmetros diversos para funcionamento da clínica de diálise, inclusive a qualidade da água utilizada pelos serviços (BRASIL, 2004). A água tratada produzida é utilizada para abastecer os equipamentos de diálise e na higienização destes e do subsistema de armazenamento de água. A solução diálise é produzida de forma automatizada e proporcional pelas máquinas de hemodiálise (HUNHOFF, 2011). O sistema está constituído de quatro etapas envolvendo filtro físico, carvão ativado, abrandado, osmose reversa e dois tanques de armazenamento. Na primeira etapa, filtro físico, é um filtro multi-meios para remoção de partículas em suspensão e microrganismos, que protege os demais componentes do sistema de tratamento. O carvão ativado remove por absorção de cloro, cloraminas e substancias orgânicas dissolvidas. A seguir um abrandador, faz uma troca iônica cuja resina catiônica troca cálcio, magnésio e outros cátions polivalentes por sódio, protegendo as membranas do sistema de osmose reversa da deposição de cálcio e magnésio, o que poderia levar à diminuição de vazão de um mau funcionamento do sistema. Se a concentração desses cátions for elevada na água de alimentação, a liberação de sódio em alta quantidade pode levar a riscos de hipernatremia, elevada concentração de sódio no sangue (HUNHOFF, 2011). As quantidades permitidas pela RDC 154 estão especificadas no quadro I e na tabela 2. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 180 Tabela 2 Comparação entre alguns parâmetros indicados nas Portarias do Ministério da Saúde Fonte: RDC nº 154/04. Também conforme a P. 2042/96, a água de abastecimento as Unidades de Diálise provenientes da rede pública, deve ter padrão de potabilidade em conformidade com o disposto na P. 36/90, devendo ainda sofrer inspeção e II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 181 tratamento adicional adequado por parte de técnico responsável pela operação do sistema de tratamento de água da clínica antes de ser utilizada na diálise. Nesse sistema, a osmose reversa produz uma água de elevada pureza, sendo capaz de remover 95 a 99% dos contaminantes químicos, além de microrganismos, pirogênese e proteínas de alto peso molecular, no entanto, substâncias voláteis e orgânicas de baixo peso molecular podem permear a membrana (HUNHOFF, 2011). Segundo Sesso e colaboradores (2008) a osmose reversa é uma metodologia de purificação encontrada em 93,7% dos serviços de diálise devido à elevada pureza, a água é adequada ao uso em diálise e está rica em íons e contaminantes diversos que, segundo TAVARES et al. (2004), pode chegar até 75%. A RDC Nº. 154, 15 de junho de 2004, estabelece os limites máximos permitidos para contaminantes inorgânicos e orgânicos na água para diálise, sendo que arsênio, cádmio e chumbo estão entre os principais contaminantes a serem controlados, além de outras substâncias ou microrganismo, os quais fazem parte do programa de controle da qualidade da água para diálise, realizado pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/FIOCRUZ), a fim de monitorar e garantir a segurança deste tratamento (BARRETO, 2013). Conclusão O controle de qualidade da água em hemodiálise é de grande importância, a fim de prevenir riscos aos pacientes, é feito através de um monitoramento realizado em pontos de distribuição da água após o tratamento, que objetiva verificar as condições físicas, químicas e biológicas da água. É muito importante realizar este controle da água da diálise, pois, a mesma não estando adequada poderá trazer graves complicações à saúde dos pacientes, podendo levar a óbito. A purificação feita pela osmose reversa faz com que se obtenha uma elevada pureza tornando a água adequada ao uso em diálise, verificou-se assim que esse é o melhor método para ter uma água de qualidade e garantir a segurança do paciente, assim como a desinfecção, feita com o método de cloração, faz com que diminua a incidência da transmissão de doenças. Palavras-chave: Hemodiálise, Controle de qualidade, Água reagente. Referências bibliográficas BARRETO, A.F.G. et al. Qualidade da Água dos serviços de hemodiálises- Natal/RN. 17ª SENPE, Natal, v.15, n.1, p. 45-48, Jun, 2013. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada 154 de 15 de junho de 2004. Estabelece o Regulamento Técnico para o funcionamento dos Serviços de Diálise. Brasília, 2004. COELHO, A.A.S. et al., Cloração da água utilizada nas sessões de hemodiálise em hospitais da cidade de Recife-Pernanbuco. Acta Paulista de Enfermagem, Recife, v. 22, n. 1, p. 540602, 2009. HUNHOFF, A. F. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 183 IMPORTÂNCIA E OCORRÊNCIA DE PARASITOSES EM HORTALIÇAS1 Natália Motter2; Angelo Weber2; Douglas de Menezes2; Evelise da Costa2; Débora Pedroso3 1 Trabalho Multidisciplinar - IESA. Acadêmicos do Curso de Biomedicina – IESA. [email protected] 3 Mestre em Parasitologia. Professora do Curso de Biomedicina – IESA [email protected] 2 Introdução Há muito tempo acredita-se que o consumo de hortaliças in natura auxilia na prevenção de doenças, porém a relação entre alimentação e saúde nunca foi tão estreita quanto nos dias atuais. Os consumidores, atraídos por hábitos alimentares saudáveis, aliado a alimentos de baixa caloria como as hortaliças, podem se expor a diversas enfermidades entéricas, incluindo as parasitoses que, por sua vez, são capazes de provocar consequências graves, até mesmo a carência de elementos essenciais ao organismo (CARVALHO et al., 2006). As hortaliças, especialmente as consumidas cruas, têm especial importância para a saúde pública, pois são amplamente consumidas pela população e podem conter cistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos, servindo como uma importante via de transmissão de parasitas intestinais (SIMÕES et al., 2001). As enteroparasitoses estão entre os casos mais frequentes de contaminação em hortaliças, além de ser um problema característico de países em desenvolvimento, estando entre os fatores debilitantes da população. Elas causam quadros de diarréia crônica e desnutrição, comprometendo o desenvolvimento físico e intelectual das faixas etárias mais jovens. Em função desses efeitos e dos fatores econômicos, diversas iniciativas têm sido dirigidas para o controle das parasitoses intestinais em diferentes países (RAGAZZI, 2011). Diante disso, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão da literatura de publicações existentes acerca das análises parasitológicas em hortaliças, verificando principalmente a presença dos parasitas nos vegetais e quais agentes etiológicos foram mais encontrados. Metodologia O estudo foi desenvolvido através de uma revisão descritiva da literatura científica. O processo de revisão foi através de uma busca nas bases de dados eletrônicas BVS, Scielo e Google Acadêmico, a partir de artigos publicados no ano 2000, utilizando os descritores: Enteroparasitoses, Hortaliças, Parasitas, Transmissão. Na busca, foram encontrados 60 artigos relacionados ao tema, sendo excluídos 15 artigos por não atenderem aos critérios prévios de inclusão, 10 destes foram publicados antes do ano 2000 e 05 não se enquadravam à temática. A partir desta análise, foram escolhidos 45 artigos para a revisão. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 184 Discussão Na maioria dos artigos pesquisados, ocorreram altos índices de contaminações por formas parasitárias. Esses valores refletem as condições sanitárias, práticas de cultivo, a exemplo da compostagem com fezes de animais, e manipulação pós-colheita inadequadas do ponto de vista higiênico-sanitário (FREITAS, 2004). As características regionais de clima, ambiente, cultura e manejo agrícola também podem influenciar na variabilidade na ocorrência de parasitos, tais como larvas, ovos, oocistos e cistos e sua maior ou menor incidência em hortaliças (ALVES et al., 2013). Estudos realizados têm demonstrado um elevado número de contaminação de alfaces por helmintos e protozoários, por estas apresentarem maior possibilidade de contaminação por água e solo poluído devido à presença de folhas largas, justapostas, flexíveis e estrutura compacta, permitindo maior contato com o solo durante seu cultivo e maior fixação das estruturas parasitárias, propiciando maior resistência aos processos de higienização (RAMOS et al., 2014). Com relação aos parasitos encontrados, os resultados mostraram maior índice de contaminação por Entamoeba sp., seguido de Ascaris sp. e Strongyloides sp. De acordo com Santana et al. (2006), todos os enteroparasitos identificados em hortaliças são de suma importância para a saúde pública, pois indicam contaminação fecal de origem humana e/ou animal, por apresentar espécies de ocorrência nos homens, animais ou em ambos. Segundo Neres (2011), resultados associados à presença de Entamoeba sp. em alimentos são indicadores de baixas condições sanitárias, o que indica forte potencial de contaminação fecal-oral. Já a presença de Strongyloides sp. e Ascaris lumbricoides representa importante problema para a saúde pública, pois desencadeiam transtornos que causam consideráveis perdas econômicas e na produtividade. Além disso, enfermidades intestinais provocadas pelos helmintos são importantes pela facilidade na permanência e transmissão, já que podem contaminar o solo, água e alimentos. Para se obter maior eficiência em diagnóstico parasitológico para contaminação, torna-se ideal o uso de pelo menos duas técnicas com fundamentos diferentes. No estudo de Parteli e Gonçalves (2005), empregouse o método de sedimentação espontânea, o qual se mostrou simples, de fácil execução, apresentando baixo custo e rapidez nos resultados. Porém, os autores enfatizam a necessidade de um método padrão, a fim de correlacionar os resultados e observar a eficiência do método empregado, porque não se tem a certeza da retirada de todas as estruturas parasitárias da amostra. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 185 *continuação na próxima página. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 186 Conclusão A frequência de parasitos em hortaliças apresenta uma grande importância para a saúde pública, fornecendo informações para a vigilância sanitária sobre a situação em que esses produtos se encontram do ponto de vista higiênicosanitário, permitindo o controle das condições de pré e pós-cultivo. Todavia, o controle desses parasitos é um grande desafio, particularmente quando se verifica a inclusão cada vez maior de hortaliças na dieta da população mundial. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 187 Palavras-chave: Enteroparasitas, Hortaliças, Transmissão. Referências bibliográficas ALVES, A.S; NETO, A.C. Parasitos em alface-crespa (Lactuca sativa), de plantio convencional, comercializada em supermercados de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. Rev. Patol. Trop., v. 42, n. 2, p. 217-229, abr/jun. 2013. CARVALHO, P.G.B.; MACHADO, C. M. M.; MORETTI, C. L. Hortaliças como alimentos funcionais. Rev. Horticultura Brasileira, v. 24, p. 397-404, 2006. COSTA, J.R. Ocorrência de Enteroparasitos em amostras de alface (Lactuca sativa L.) comercializadas na feira livre de Pocinhos – PB. Universidade Estadual da Paraíba, 2012 ESTEVES, F. A. M.; FIGUEIRÔA, E. O. Detecção de enteroparasitas em hortaliças comercializadas em feiras livres do município de Caruaru (PE). Revista Baiana de Saúde Pública, v.33, n.2, p. 38-47abr./jun. 2009. FRAVET, A.. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 189 PAPILOMAVÍRUS HUMANO E O CÂNCER DE COLO UTERINO¹ Douglas de Menezes²; Maraísa Somavilla³; Núbia Medeiros³; Bruna Roratto³; Ieda Dorneles4; Juliana Posser5. ¹ Trabalho interdisciplinar de Laudos Citopatológicos e SISCAN ² Aluno do curso Téc. Citopatologia-IESA 3 Alunos Téc. Citopatologia-IESA, [email protected] 4 Biomédica, Professora Téc. Citopatologia-IESA 5 Professora orientadora do curso Técnico em Citopatologia-IESA Introdução O câncer de colo uterino constitui um importante problema de saúde pública nos países subdesenvolvidos. No Brasil, as maiores taxas de incidência e mortalidade concentram-se nas capitais das regiões norte e nordeste (CORRÊA, 2005). A população feminina enfrenta o câncer do colo uterino como a terceira maior neoplasia fatal, perdendo apenas para o câncer de pele e mama. Anualmente, aproximadamente 400.000 novos casos de câncer de colo uterino são diagnosticados e mais de 200.000 mulheres morrem em consequência desta neoplasia (PARKIN et al., 2005). Em média, 80% destes eventos ocorrem nos países em desenvolvimento (MUNOZ, 2003). O câncer de colo uterino é uma doença de evolução lenta que acomete, geralmente, mulheres acima de 25 anos. Frequentemente, os cânceres de colo uterino são incidentes de células escamosas e podem ser classificados em diferentes graus de benignidade e malignidade, entre elas as lesões intraepiteliais de baixo grau (L-SIL) e as lesões intra-epiteliais de alto grau (H-SIL) (BRINGHENTI, 2010; FEDRIZZI, 2008). Uma das descobertas mais importantes da investigação etiológica do câncer nos últimos 25 anos é a relação entre a infecção pelo HPV e o câncer de colo de útero (BRAGAGNOLO, 2010). Além da hereditariedade existem outros fatores de risco para o desenvolvimento de câncer do colo do útero, como o uso constante de tabaco, paridade, uso de contraceptivos orais e a imunossupressão adquirida provocada pela infecção do vírus HIV também se tornam importantes fatores de exposição (GASPAR, 2015; BRASIL, 2010). A idade da sexarca, o número de parceiros sexuais e a história de doenças sexualmente transmissíveis estão ligadas ao processo de aquisição do HPV e não são considerados cofatores para a progressão da infecção pelo vírus (ROSA et al., 2009). Conforme estudos, apenas a infecção pelo HPV não é suficiente para levar a progressão da lesão inicial até o estágio de câncer, pois a história natural das mulheres com diagnóstico de lesões precursoras de baixo grau é caracterizada por regressão espontânea e apenas pequena porcentagem persiste evoluindo para um câncer. Visto isso, a infecção pelo HPV não significa, necessariamente, que a mulher desenvolverá câncer, poderá haver somente manifestações sintomatológicas e a mulher pode ter um sistema imune resistente. Assim, desenvolverá anticorpos para combater e eliminar o vírus, se tratado precocemente (PEDROSA et al., 2008). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 190 O diagnóstico do câncer é realizado através do Papanicolaou, porém esse exame não identifica diretamente a presença do HPV e sim as alterações que ele pode causar na célula. Diante disso, novas técnicas foram criadas para sua detecção em casos de câncer de colo uterino, oferecendo melhor sensibilidade ao diagnóstico. Técnicas como a PCR (reação em cadeia da polimerase) e captura híbrida podem ser utilizadas em associação à citologia do diagnóstico precoce e têm como objetivo a identificação de seu genótipo por meio da amplificação de regiões específicas do DNA viral (BRINGHENTI, 2010; TULIO, 2007). Atualmente, dois tipos de vacinas são comercializados como medidas profiláticas e terapêuticas para o HPV (WOLSCHICK et al., 2007). A vacinação é preventiva e deve ser dada antes da infeção por HPV, a fim de ajudar o sistema imune a reconhecer a infecção viral antes que a doença se estabeleça (BRAGUETO & SUZUKI, 2008). O objetivo deste trabalho é avaliar as perspectivas de prevenção e diagnóstico precoce de infecções por HPV com o objetivo de reduzir o número de incidência e mortalidade por câncer de colo uterino no Brasil através da educação em saúde. Metodologia O presente artigo foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica em literatura específica da área, abrangendo o tema de estudo que é o câncer uterino e HPV, a partir de uma extensa seleção de artigos, obtidos junto aos principais bancos de dados e bibliotecas virtuais de saúde e medicina. Na pesquisa de artigos, seguiram-se critérios de inclusões restritos, como: câncer do colo do útero, vírus HPV, carcinogênese e vacinas profiláticas. As bases de dados utilizados foram Google acadêmico e SciELO (Scientific Electronic Library Online). Discussão Segundo dados, estima-se que pelo menos 50% dos indivíduos sexualmente ativos adquirirá algum tipo de HPV durante a vida, e 80% das mulheres entrarão em contato com algum HPV até os 50 anos de idade (GELLER et al., 2008). Um dos primeiros países a introduzir o exame para a detecção precoce do câncer de colo do útero, o Papanicolau, foi o Brasil em 1940 e, mesmo contando com esse privilégio, essa doença ainda se constitui como um grave problema de saúde pública. O Brasil ocupa uma preocupante posição de destaque no alto índice de contaminação por HPV, uma das conseqüências deste problema é que apenas 30% das mulheres submetem-se ao exame citopatológico pelo menos três vezes na vida, o que resulta em um diagnóstico tardio, em fase já avançada em 70% dos casos (ITO et al., 2010). O diagnóstico precoce é a forma mais eficaz de combater a doença no estágio inicial, pois permite o rastreamento das lesões oriundas de infecção por HPV, que provocam alterações morfológicas nas células e podem ser detectadas em II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 191 citologia de raspados cervicovaginais, caracterizando o exame de rotina para detecção de câncer de colo do útero um importante aliado na redução de casos por essa patologia (VALDERRAMA et al., 2003). É de suma importância cuidados especiais aos fatores relacionados com a evolução da neoplasia cervical, uma vez que sua relação com a persistência da infecção por HPV e progressão para câncer de colo uterino está estabelecida (ITO et al., 2010). Portanto, controle do uso de tabaco, uma dieta com qualidade nutricional e a diminuição do número de parceiros sexuais contribui para a profilaxia e regressão da doença (GUERRA et al., 2005). Conclusão Portanto, oferecer informação para comunidade em geral, visando à conscientização de todos, sobre a importância da detecção precoce, levando informações sobre o tratamento e prevenção, desmistificando, assim, a doença, principalmente em classes econômicas onde as condições de vida são menos favorecidas é de grande importância para a redução dos casos dessa patologia. Palavras-Chave: Câncer do colo do útero, Vírus HPV, Carcinogênese, Vacinas profiláticas. Referencias bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. 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[email protected]; [email protected] Introdução As anemias constituem um sério problema de Saúde Pública no mundo, sobretudo, as anemias carenciais, atingindo mais de 2 bilhões de pessoas, principalmente, em países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), preconiza-se anemia nutricional qualquer situação em que os valores de Hemoglobina (Hb) estejam abaixo de 11 g/dL, levando em consideração a idade, o gênero e o estado fisiológico. Considera-se anemia os valores de Hb que forem inferiores à 13 g/dL para homens, 12 g/dL para mulheres e 11g/dL para gestantes e crianças (CAPANEMA, 2003; UMBELINO, 2006). As anemias nutricionais são causadas pela carência simples ou combinadas de nutrientes, como a vitamina B12, ácido fólico e ferro. A deficiência de ferro que causa um quadro clínico conhecido como Anemia Ferropriva é uma anemia carencial, comum e com abrangência em todo o mundo, principalmente em áreas subdesenvolvidas (OSÓRIO, 2002; BRUNKEN, 2001). Dados mais recentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), estimam que a anemia ferropriva atinja cerca de 50% das crianças em idade pré-escolar e 20% em adolescentes (GOMES, 2013). Embora a anemia atinja todas as camadas sociais, faz-se necessário voltar atenção especial para as regiões brasileiras com maiores desigualdades sociais e econômicas, como o Nordeste do Brasil. Nesta região, a população vive em constante insegurança alimentar e nutricional, abrangendo os municípios de piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil (CAVALCANTI, 2014). A dosagem de Hb é o meio mais comum utilizado no diagnóstico de anemias, entretanto, esse parâmetro, quando usado isoladamente, possui baixa especificidade e sensibilidade, isso porque os níveis de Hb não acompanham a redução do estoque de ferro. Para o diagnóstico correto, os parâmetros que devem ser avaliados na determinação de uma anemia ferropriva são: ferro sérico, ferritina sérica, capacidade de ligação total do ferro, índice de saturação da transferrina, protoporfirina eritrocitária e o recepetor de transferrina (GROTTO, 2010; VERRASTRO, 2002). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 194 Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo realizar uma pesquisa bibliográfica sobre a prevalência de Anemia Ferropriva em pré-escolares na região nordeste do Brasil. Metodologia Trata-se de uma revisão descritiva da literatura científica, abordando temas referentes aos grupos focais e sua relação com instrumentos de avaliação de qualidade de vida. O processo de revisão foi realizado através de uma busca nas bases de dados eletrônicas Pubmed, PNAS e Scielo, a partir de artigos publicados do ano 2000, utilizando os descritores: Anemia, Anemia Ferropriva, Deficiência de Ferro. Foi encontrado um total de 10.600 artigos, estes passaram por uma análise de título, resumo e ano, para então refinar aqueles que estavam mais relacionados ao tema pesquisado. Após essa análise, foram separados 56 artigos, dos quais foi realizada uma leitura na íntegra, sendo selecionados 18. Os demais artigos, totalizando 38, foram excluídos por não abordarem a temática pretendida nesta revisão. Discussão Tem-se observado nas últimas décadas um aumento da gravidade dos casos de anemia ferropriva nos grupos de risco, em todas as regiões do país, independente de seu nível socioeconômico. Essas evidências são de grande importância epidemiológica, na medida em que a anemia exerce efeito negativo no desenvolvimento psicomotor e na aprendizagem da criança e diminui a capacidade de resposta do sistema imunológico (SANTOS, 2007). Após a realização da análise dos artigos, constatou-se através dos trabalhos que avaliavam a anemia ferropriva em crianças na região nordeste do Brasil, que a média regional é de 53% de crianças acometidas pela anemia ferropriva (Tabela 1). Além disso, foi possível analisar a média da faixa etária regional destas crianças, equivalendo, ao público infantil, a 22 meses como o período mais susceptível para a ocorrência desta enfermidade. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 195 Tabela 1 Relação entre artigos consultados e prevalência de anemia. A média nacional de anemia ferropriva em pré-escolares, segundo NutriSUS (2015), é de aproximadamente 50% em todo o Brasil, valor similar encontrado de prevalência da região nordeste, correspondendo a 53%. De acordo com Jordão et al (2009), os fatores associados à maior prevalência de anemia na região nordeste são o baixo consumo de ferro heme devido as precárias condições de pobreza, rede de distribuição pobre em alimentos de origem animal, condições ambientais desfavoráveis para o plantio de frutas e verduras, saneamento básico precário e alto riso de parasitoses. Vide tabela em anexos. A faixa etária média encontrada nos estudos foi de 22 meses, assim como relata Cardoso et al (2008) em seu estudo, onde a faixa etária mais acometida na infância pelo baixo aporte de ferro são crianças entre 6 e 24 meses, em função do crescimento e desenvolvimento acelerado, que exigem necessidades de ferro aumentadas. Além disso, a dieta das crianças nesta faixa etária tende a ser mais monótona com baixo consumo de carnes e alimentos enriquecidos com ferro, associada ao desmame precoce, ou seja, à medida que diminui a duração do aleitamento materno a criança fica mais carente de alguns nutrientes, dentre eles, o ferro (SIILVEIRA et al., 2008). Para Teixeira (2006), os fatores envolvidos na etiologia da anemia ocorrem dentro de um contexto político, econômico e social, que, quando adverso, levam a uma precariedade da qualidade de vida e saúde da população, II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 196 colaborando para o agravamento do quadro de carências nutricionais, principalmente nas crianças. Conclusão Considerando as consequências da anemia ferropriva, ações mais efetivas na saúde pública devem ser promovidas, reforçando as práticas de alimentação de lactentes e crianças, promover o aleitamento materno e orientar a alimentação complementar adequada. A suplementação com sais de ferro e / ou fortificação de alimentos básicos com o objetivo de restaurar as reservas de ferro em populações vulneráveis seria uma estratégia a ser implantada. Palavras-Chave: Anemia, Anemia ferropriva, deficiência, criança. Referências bibliográficas ASSIS, A. M.; BARRETO, M.L.; et al. Childhood anemia prevalence and associated factors in Salvador, Bahia, Brazil. Cad. Saúde Publica. v.20, p. 1633-41, 2004. ASSIS, A. M.; GAUDENZI, E. N.; et al. Hemoglobin concentration, breastfeeding and complementary feeding in the first year of life. Rev. Saúde Publica. v. 38, p. 543-51, 2004. BRUNKEN, Gisela S, et al. Anemia em crianças menores de 3 anos que frequentam creches públicas em período integral. Jornal de Pediatria. Porto Alegre, v. 77, n.1 p. 50-56, agosto 2001. CAPANEMA, Flávio Diniz, et al. Anemia ferropriva na infância: novas estratégias de prevenção, intervenção e tratamento. Rev. Med Minas Gerais., Minas Gerais, v. 13, n. 4, p. 30-34, julho 2003. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 198 VETORES MECÂNICOS E SEUS AGENTES BACTERIANOS EM INFECÇÕES HOSPITALARES¹ Jéssica Fabíola Fenner2; Renata Cardozo²; Larissa Marafiga2; Priscila Seibert2; Caroline Eickhoff Copetti Casalini3; Carine Eloise Prestes Zimmermann3. 1 Trabalho Interdisciplinar – Revisão de Literatura. Setor de Microbiologia e Saúde Pública- LAC/IESA. 2 Acadêmicas do Curso de Biomedicina do CNEC/IESA. [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] 3 Professora Supervisora do Estágio em Microbiologia e Saúde Pública do Curso de Biomedicina do CNEC/IESA. [email protected]; [email protected] Introdução As bactérias são parte natural da vida na terra, podem ser encontradas em qualquer lugar, são imprenscindíveis para manter o equilibrio do organismo humano, revestindo pele, mucosas e trato intestinal (SANTOS, 2004). Em razão de um desequilibrio da flora normal devido ao estado de saúde dos indivíduos ocorrem as infecções cujo mecanismo de defesa contra a mesma fica debilitado (LOPES, 2010). A resistência bacteriana pode ser adquirida ou natural. Considerando a resistência adquirida, a qual ocorre em quase todas as espécies de bactérias, devido aos fenômenos genéticos que estão relacionados à existência de genes contidos no microrganismo que impede a ação das drogas (TAVARES, 2000). Toda essa resistência facilita a disseminação dos microrganismos, principalmente aos hospitais pelo fato de se ter indivíduos vulneráveis à diversas patologias (GURGEL; CARVALHO, 2008). Infecção hospitalar é um problema de saúde pública e considerado um fator preocupante devido ao alto índice de mortalidade. A contaminação contraída no periodo de internação hospitalar, muitas vezes é desenvolvida após o desequilibrio da flora bacteriana, depois do contato com a microbiota hospitalar e procedimentos invasivos. Sendo que o risco de infecções nesse ambiente ocorre devido a reunião de pessoas com diferentes vulnerabilidades à patologias (SAMPAIO; DIAS; DE OLIVEIRA, 2013). Segundo o Ministério da Saúde, na Portaria nº 2.616 de 12/05/1998, que determina que a infecção hospitalar é toda e qualquer infecção adquirida pelo paciente, que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) dá suporte de vida para falências orgânicas, bem como monitorização intensiva para pacientes com quadros graves (MARTINS, 2006). Segundo Moura et al. (2007) os pacientes internados em UTI estão sujeitos a riscos cerca de 10 vezes maiores para adquirir diversos tipos de infecções do que aqueles que estão internados em outras unidades do hospital, e são expostos a maiores fatores de risco devido a II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 199 procedimentos invasivos, drogas imunosupressoras, cirurgias complexas, antimicrobianos e contato direto com equipes de saúde. Cada vez mais, tem se observado que vetores mecânicos são um dos principais causadores de infecções hospitalares, sendo os artrópodes os vetores hospitalares mais importantes. Dentre eles, destacam-se as formigas e as baratas, devido a sua fácil adaptação a diversos ambientes. A presença desses vetores influencia na qualidade do atendimento hospitalar, além de causar diversos danos aos pacientes (JACOBS; ALVES, 2014). Beste contexto, o objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão de literatura abordando alguns vetores mecânicos relacionados a infecções hospitalares e seus principais agentes bacterianos. Metodologia Trata-se de uma revisão bibliográfica com base em artigos acadêmicos e dados secundários. As informações sobre o material bibliográfico concentramse nas publicações da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) nas bases de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde), Medline (Literatura Internacional em Ciências da Saúde) e SciELO (Scientific Eletronic Library Online) no idioma português. Os descritores utilizados foram: Infecções bacterianas hospitalares, bactérias causadoras de infeçcões hospitalares, vetores mecânicos de infecções hospitalares. Foram encontrados o total de 22 artigos, estes passaram por uma análise de título e resumo para então selecionar os ue estavam relacionados ao tema pes uisado “Principais agentes causadores de infecções em ospitais e suas causas” e ue foram publicados nos últimos 20 anos. Discussão Os insetos vetores são artrópodes que transferem o agente infeccioso da fonte de infecção para um hospedeiro suscetível. O vetor mecânico é considerado um vetor acidental, nele os agentes etiológicos não são capazes de multiplicarse, mas quando presentes em grande quantidade no ambiente, podem carregar em partes de seu corpo os agentes etiológicos de um local para o outro (REYS, 2003). A associação entre formiga e bactéria representa um perigo potencial a saúde coletiva, devido a facilidade das bactérias serem carreadas por esses insetos em sua superfície corporal. Com isso formigas presentes em hospitais geralmente apresentam alguma espécie de bactérias patogênicas (MAIA et al., 2009). Segunda Da Costa et al. (2006) relatam que a disseminação de infecções hospitalares tem como vetores mecânicos as formigas, pelo fato das mesmas transportarem microrganismos patogênicos, circularem por vários setores do hospital (LOPES, 2010), possuirem grande mobilidade (TANAKA et al., 2007) e serem carreadas pelo ser humano, de sua residência, até o hospital (SÁ, 2013). De acordo com Lopes (2010) a estrutura dos hospitais favorece o deslocamento das formigas, que podem adquirir bactérias em ambientes contaminados tais como banheiros, cozinha, enfermarias e as carrearem para locais restritos a microrganismos como esterilização, centro cirurgico e UTI. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 200 Um estudo realizado por Jacobs e Alves (2014), os quais determinaram a distribuição de formigas no setor hospitalar, foi observado que havia uma maior quantidade de formigas na unidade Pré/Pós cirúrgica (SUS). Esse resultado vem de encontro com o observado por Lopes (2010), que verificou a clínica cirurgica como o local mais acometido por formigas. Corroborando, Santos, Fonseca e Sanches (2009) observaram a presença de formigas no bloco cirúrgico e em locais de isolamento, sendo esses considerados áreas de risco. Os hospitais oferecem às baratas, além de abrigo, alimentação, através da comida servida aos pacientes e também alimentação através de excrementos e secreções destes, roupas e lixos. Com isso ao percorrer o ambiente hospitalar elas carreiam os microrganismos através das partes de seu corpo, podendo muitas vezes contaminar alimentos dos pacientes, roerem os lábios e ponta dos dedos dos mesmos em busca de alimento (REYS, 2003). Conclusão Diante disso, observou-se que dentre os vários meios de contaminação e disseminação de patógenos nos hospitais, a presença de insetos que agem como vetores mecânicos é preocupante. Sendo importante ressaltar que os insetos podem estar atuando como principais fontes em diversos casos de infecção cruzada, seja diretamente, ao entrar em contato com o paciente ou indiretamente, quando passam por equipamentos médicos que entrarão em contato com o paciente. Cabe então ao setor responsável pelo controle de pragas juntamente com outros setores, não somente com as formigas e baratas mas também ácaros, moscas e outros insetos, tornando assim, o cuidado com infestações, um ato muito importante para a qualidade de atendimento hospitalar e do bem estar dos pacientes. Palavras-chave: hospitalares. Infecções hospitalares, Vetores mecânicos, Bactérias Referências Bibliograficas DA COSTA, S.B. et al. Formigas como vetores mecânicos de microorganismos no Hospital Escola da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 39, n. 6, p. 527-529, 2006. GURGEL, T; CARVALHO, W. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 202 A IMPORTÂNCIA DA PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS SOBRE O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE¹ Fernanda Sauer Ferreira²; Fernanda Bender Ribeiro²; Yana Picinin Sandri Lissarassa3; Carine Eloise Prestes Zimmermann3 1 Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Biomedicina. Acadêmicas do curso de Biomedicina do CNEC/IESA. [email protected]; [email protected] 3 Professora Orientadora do curso de Biomedicina do CNEC/IESA. [email protected]; [email protected] 2 Introdução As transformações que ocorreram no país a partir da inserção do Sistema Único de Saúde (SUS) ocasionaram a busca por uma estratégia prática de reorganização da Atenção Primária a Saúde (APS) e que gerassem resultados sobre o quadro sanitário (PEREIRA, 2014). A Estratégia de Saúde da Família (ESF), junto com o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) apresentaram a familia como parte da ação programática de saúde nas comunidades e não mais somente o indivíduo, sendo assim inserida a cobertura por família (VIANA; DAL POZ, 1998). Visando essas melhorias no atendimento e a valorização dos profissionais da saúde e dos usuários do sistema, em 2003, surgiu a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS – Humaniza SUS (PNH). O qual veio encorajar novos planos de ações para as políticas públicas e também visou transformar o modelo de atenção e de gestão do SUS, priorizando o acolhimento dos cidadãos e fortalecendo a APS (BENEVIDES; PASSOS, 2005). O ato de acolher se refere a reconhecer o que o próximo traz como sua queixa e necessidade de saúde. Através do acolhimento é que se afirma a relação entre equipe/serviço e usuário/comunidade que deve ser oferecido pelo SUS. Ele é realizado de forma coletiva e contínua, a partir da verificação dos processos de trabalho e tem como propósito a implantação de confiança, compromisso e vínculo entre o profissional e o sujeito que necessita de auxilio, para a resolução do seu “pro lema” na rede de saúde (BRASIL, 2003 . Nesse sentido, a PNH também inclui em suas metas ter a educação permanente em saúde como principal estratégia para o progresso nos serviços de saúde. O Ministério da Saúde prioriza o atendimento como qualidade e a participação dos gestores, profissionais e usuários em todo processo, com o propósito de proporcionar a humanização da assistência (BRASIL, 2006; CARVALHO, 2008). O acolhimento tem as práticas relacionadas com as ações de atenção e gestão na saúde, favorecendo a construção de uma relação com confiança e compromisso dos usuários juntamente com as equipes e os serviços, assim gerando a promoção da cultura de solidariedade e legitimação do sistema (BREHMER; VERDI, 2010). Além disso, visa transformar a maneira de II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 203 organizar o funcionamento das instituições de saúde, favorecendo ao usuário entender o sistema e ser beneficiado com o trabalho da equipe multiprofissional, que irá orientar e disponibilizar uma resposta para a queixa do paciente (BRASIL, 2006). A percepção do usuário do SUS é de grande importância para avaliar as ações que são desenvolvidas no setor da saúde pública, seja no âmbito municipal ou estadual, e serve como condutor de direcionamento e planejamento dos serviços. Dessa maneira, a melhoria das ações em saúde pode ser baseada nessas avaliações, que se baseiam totalmente na visão que o usuário teve quando necessitou de atendimento, servindo de orientação para melhoria do sistema. Sendo assim, essas avaliações são uma maneira de acolher o usuário, percebendo suas maiores necessidades e dificuldades, fazendo com que o usuário tenha um vínculo otimizando assim os serviços e facilitando o acesso (ARAKAWA et al., 2012). Neste contexto o presente estudo tem como objetivo discutir sobre a importância da percepção dos usuários sobre o Sistema Único de Saúde. Metodologia Trata-se de uma revisão de literatura com base em artigos acadêmicos, livros, códigos de ética e dados secundários. As informações sobre o material bibliográfico concentraram-se nas publicações da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde), Medline (Literatura Internacional em Ciências da Saúde) e SciELO (Scientific Electronic Library Online). Os descritores utilizados para a busca do material foram: percepção, usuários do SUS, atenção primária a saúde e acolhimento. Discussão De acordo com os princípios do SUS os serviços devem ser direcionados, principalmente, para a prevenção e promoção da saúde, não somente buscando a cura das doenças ou resolutividade de algum problema de saúde. Segundo Ribeiro e colaboradores (2006) o padrão de atendimentos de usuários e não usuários do SUS está ligado ao estado de falta de saúde e também quanto a percepção que estes possuem do sistema. Segundo estudos realizados por Falk e colaboradores (2010) sobre o acolhimento, dentre os usuários entrevistados, 30% deles definiam-o como “atenção”, 27,3% definiram como “rapide e agilidade no atendimento”, 10% entendiam como “resolutividade”. Sc imit e Lima (2004 definem o acolhimento como a escuta qualificada, onde busca-se entender a real necessidade do paciente através de conversas, gerando assim um vínculo entre profissionais, usuários e a comunidade. Quando os profissionais da saúde foram questionados sobre o acolhimento, 27,3% definiriam o acol imento como “encamin amento para outros profissionais”, 27,3% “individualidade e escuta” e 18,2% atenção (FALK et al., 2010 . Perce e-se então que não existe uma definição padrão entre os profissionais, entretanto há uma noção sobre essa ferramenta e a execução da mesma. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 204 Um estudo realizado por Almeida e colaboradores (2009), sobre o ensino nas Instituições de Ensino Superior, constatou que a grade curricular dos cursos são muito importantes para a formação do profissional. Neste mesmo estudo foi pesquisado a relevância da disciplina de saúde pública e a maioria concordou ser “relevante” para as práticas de estágio e futuro profissional. Complementando esse contexto e associando com o cotidiano da saúde pública, percebe-se que nem todos os profissionais conseguem praticar acolhimento e entendem a logística dos serviços, resultando numa percepção não tão positiva para o usuário. O qual julga o serviço como mal organizado e muitas vezes até como desumano quando seu problema não é resolvido. Sendo assim, a possibilidade de analisar a percepção de usuários sobre o SUS é de extrema importância, pois além de avaliarem o seu conhecimento sobre o sistema, transparecem as principais fragilidades do mesmo. Então através dessa discussão forma-se a seguinte questão: Como as Instituições podem colaborar para formar um profissional apto para atender as necessidades do SUS? Segundo Ciuffo e Ribeiro (2008), o SUS deve ser reconhecido como ordenador da formação em todos os cursos da saúde, e Feuerwerker (2002) destaca que isso requer uma mudança nos currículos dos cursos, orientados pela integralidade e pela revisão do trabalho e gestão do SUS. Assim, com profissionais conhecedores da área e preparados para qualificar os serviços de saúde, os usuários terão uma percepção diferente dos serviços e consequentemente uma melhor satisfação. Conclusão O acolhimento torna os processos de atendimentos mais adequado, contribuindo para a satisfação do usuário e também gerando resolutividade do problema, através da escuta qualificada e da criação do vínculo usuário/profissional. A possibilidade de analisar a percepção dos usuários sobre o SUS pode evidenciar as fragilidades do sistema e indicar os pontos que deverão ser fortalecidos na rede de atendimento, da mesma forma pode indicar o nível de qualificação dos profissionais do SUS. Sendo assim, destaca-se a importância da inserção de práticas e vivências, juntamente com o envolvimento em políticas públicas, nas Instituições de Ensino Superior, para que o futuro profissional tenha capacidade de auxiliar na resolutividade do serviço, qualificando o atendimento e o tornando humanizado. Palavras-chave: Acolhimento, SUS, Percepção do usuário. Referências bibliográficas ALMEIDA, A. F. et al. Estudantes da área da saúde vivenciando o SUS: Enfermagem, Farmácia e Psicologia. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, v. 11, n. 4, p. 10-16, 2009. ARAKAWA, A. M. et al. Percepção dos usuários do SUS: expectativa e satisfação do atendimento na estratégia de saúde da família. Revista Cefac, v. 6, n. 14, p.1108-1114. 2012. BENEVIDES R., PASSOS E. Humanização na saúde: um novo modismo? Interface: Comunicação, Saúde e Educação, v. 9, n. 17, p. 398-406. 2005. BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Legislação do SUS / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. v. 20, p. 604. 2003. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 205 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2ed. Brasília: Ministério da Saúde: 2006. BREHMER, L. C., VERDI, M. Acolhimento na Atenção Básica: Reflexões Éticas sobre a Atenção à Saúde dos Usuários. Revista Ciência & Saúde Coletiva, v. 15, n. 3, p. 3569- 3578. 2010. CARVALHO, C. A. P., et al. Acolhimento aos usuários: uma revisão sistemática do atendimento no Sistema Único de Saúde. Revista Arquivos de Ciências da Saúde, São Paulo, v. 15, n. 2, p.5-93. 2008. CIUFFO, R.S; RIBEIRO, V. M.B. Sistema Único de Saúde e a formação dos médicos: um diálogo possível? Interface – Comunicação, Saúde, Educação, n. 24, p. 125-140, 2008. FALK, M. L. R., et al. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 206 COMPLICAÇÕES DO NÃO TRATAMENTO EM HIPOTIREOIDISMO: UMA REVISÃO¹ Larissa Rolim²; Bruna Vargas²; Larissa de Oliveira²; Gabriel Fabrin 2; Juliana Posser³; Carine Eloise Prestes Zimmermann4; Derliane Glonvezynski dos Santos Beck4. ¹Trabalho de Revisão de Literatura. 2 Acadêmicos do curso de Biomedicina CNEC/IESA. [email protected]; [email protected];[email protected] [email protected]; ³Professora do Curso Técnico em Citopatologia PRONATEC/IESA. [email protected] 4 Professoras do Curso de Biomedicina e Fisioterapia CNEC/IESA. [email protected]; [email protected]; Introdução O hipotireoidismo é uma síndrome clínica decorrente da produção ou concentração diminuída dos hormônios tireoidianos. Seus manifestos e sinais incluem ganho de peso, constipação e anemia, entre outros sintomas. Quando mal comedido, caracteriza-se por metabolismo lento, predisposição a obesidade e desordens lipídicas séricas, justificando a indicação a respeito da redução calórica. A manifestação que o hipotireoidismo determina em essência em todos os tecidos não depende da causa, mais sim do grau de deficiência hormonal (SETIAN, 2007; BAGGENSTOSS, 2012; SILVA et al., 2011). Para que haja uma produção precisa e perfeita do hormônio da tiroide, é considerável que o eixo hipotálamo-hipófise-tireóide esteja correto, segurando a sequência das ações do hormônio liberador hipotalâmico (TRH) sobre a hipófise gerando hormônio tireotrófico (TSH), o qual atua na tireóide, gerando os hormônios tireoidianos (HT). A falta de produção ou na ação dos HT leva ao quadro de hipotireoidismo, que é uma das doenças hormonais que pode ocorrer em todas as idades, mas que aparece com maior frequência na faixa etária que vai dos 40 aos 60 anos, numa proporção de 4 mulheres para cada homem. Inicialmente, há uma queixa de cansaço, desânimo e falta de forças para as atividades diárias (SETIAN, 2007). Quando o hipotireoidismo se encontra sem tratamento, a longo prazo, aparece alterações físicas mais excessivas com final grave como mixedema e logo após coma mixedematoso, onde teve seu primeiro relato conhecida como ser uma verdadeira síndrome em de 1874, feita por Gull, sendo que a definição de mixedema foi feita por Ord em 1878. O nome mixedema para a doença permanece durante vários anos, porém Haliburton, em 1893, invocasse a atenção para a carência deste sinal em muitos pacientes. Os quadros clínicos decorrentes da deficiência do HT dependerão da causa, duração, gravidade e fase desta deficiência, atingindo quase que todos os tecidos em maior e menor intensidade. A doença é insidiosa e a aparência pode variar de normal até o mixedema e por último em coma mixedematoso podendo levar a óbito (MINISTERIO DA SAUDE DO BRASIL, 2003). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 207 O mixedema é uma infiltração cutânea causadora de edema firme e elástico nos tecidos, especialmente do rosto e dos membros, acarretada por diminuição da atividade da tireoide (hipotireoidismo), a doença é conhecida como uma desordem que acaba refletindo na pele e nos tecidos. O mixedema pode aparecer por acúmulo de mucopolissacarídeos no tecido celular, subcutâneo e outros tecidos, porém pode ser reversível em adultos, com o tratamento. Já sintomatologia em sua forma mais avançada é a lerdeza de movimentos e dos reflexos osteotendineos, podendo chegar a musculatura cardíaca, que pode ter sua massa aumentada e até derrame pericárdico. Entretanto, o retardo mental e somático pode ser permanente quando associado à deficiência do HT, provocando o cretinismo, efeito grave e irreversível do hipotireoidismo (MACIEL, 2003). Já o coma mixedematoso (CM) é definido como forma extrema de hipotireoidismo, que instala-se na falta de tratamento adequado por longo período e em que os mecanismos de compensação são incapazes de manter a homeostase. Trata-se de uma emergência endocrinológica rara cuja evolução está intimamente ligada ao diagnóstico precoce e à instituição imediata de seu tratamento. No passado, a mortalidade atingia taxas de até 80%, mas atualmente o avanço na capacidade diagnóstica reduziu esses valores para 20% a 40% (SASAZAWA et al., 2013). Neste contexto o objetivo do presente estudo foi realizar uma busca sobre as complicações do não tratamento em hipotireoidismo mostrando a importância de fazer o tratamento adequado melhorando a qualidade de vida do paciente. Metodologia Trata-se de uma revisão descritiva da literatura científica, abordando temas referentes aos grupos focais e sua relação com instrumentos de avaliação de qualidade de vida. O processo de revisão foi realizado através de uma busca nas bases de dados eletrônicas Pubmed, PNAS e Scielo, utilizando os descritores: Hipotireoidismo, mixedema, coma. Foi encontrado um total de 8.930, estes passaram por uma análise de título, resumo e ano, para então refinar aqueles que estavam mais relacionados ao tema pesquisado. Após essa análise, foram separados 67 artigos, dos quais foi realizada uma leitura na íntegra, sendo selecionados 12. Os demais artigos, totalizando 56, foram excluídos por não abordarem a temática pretendida nesta revisão. Discussão O coma mixedematoso é raro e grave. A maioria dos casos é precipitada por infecção aguda, tranquilizantes e sedativos, analgésicos ou anestésicos. A temperatura corporal torna-se bem baixa, a pele é fria e seca, os reflexos osteotendinosos se prolongam. Surge incontinência esfincteriana, hipotensão arterial e coma, as declarações extremas do estado hipotireoideo representado por uma situação clinica incomum, mais potencialmente letal. Pacientes hipotireoideos, graves tem uma história extensa de cansaço, ganho de peso, constipação intestinal e intolerância pelo frio. De acordo com o Ministério da Saúde (2001) na desconfiança de coma mixedematoso, os pacientes deverão ser aceitos em uma unidade de terapia intensiva e para cuidados respiratórios e cardiovasculares. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 208 Existem relatados de casos de pacientes com coma mixedematoso, que evoluiu para óbito após 27 dias de tratamento intensivo. A mortalidade pode chegar a 60% dos casos (MAIA et al., 2001; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). A mensuração do TSH tem sido utilizada como triagem no diagnóstico de disfunção tireoideana, especialmente do hipotireoidismo não suspeitado. O diagnóstico de um verdadeiro hipotireoidismo coexistente às vezes é praticamente impossível em função da ação supressiva sobre o TSH. Por outro lado, o uso do glicocorticoide induz uma queda rápida dos níveis hormonais em pacientes tóxicos com doença de graves (GRAF, 2002; OLIVEIRA et al., 2001). De acordo com Andrade, Gross e Maia (2001), o hipertireoidismo da doença de graves é caracterizado imunologicamente por infiltração linfocitária da glândula tireóide e por ativação do sistema imune com elevação dos linfócitos T circulantes, aparecimento de autoanticorpos que se ligam ao receptor do TSH (TRAb) e que estimulam o crescimento e a função glandular. As razões do desencadeamento deste processo auto-imune ainda não estão completamente entendidas, mas estão possivelmente envolvidos fatores como susceptibilidade genética e fatores ambientais. Sabendo-se que a doença de Graves constitui a forma mais comum de hipertireoidismo, onde três abordagens terapêuticas são atualmente utilizadas, tais como: drogas antitireoidianas (DAT), cirurgia e iodo radioativo. O tratamento baseia-se principalmente na reposição do T4 que possui potência e durabilidade, 80% da dose ingerida é absorvida e pode ser tomada em dose única, cedo e em jejum, meia hora antes da primeira refeição. Se ingerida com alimento pode ter importante diminuição da absorção. Variando-se a quantidade de hormônio durante a vida (CASTRO, 2014). Conclusão O referido estudo evidencia que o hipotireoidismo é uma condição de saúde que exige um olhar amplo das comorbidades a fim de evitar desfechos desfavoráveis no futuro e melhorar a qualidade de vida do paciente. Complementarmente, valoriza um diagnóstico laboratorial eficiente e a utilização de medidas intervencionista como a reposição de levotiroxina. Palavras chaves: Hipotireoidismo, mixedema, coma. Referências bibliográficas ANDRADE, V.A.; GROSS, J.L.; MAIA, A.L. Tratamento do hipertireoidismo da Doença de Graves. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v. 45, n. 6, p. 609-618, Dec. 2001. BAGGENSTOSS, R. O hipotireoidismo e a doença celíaca. Correio Medico Ciencia, Joinville, v.8, n.28, ago. 2012. BRASIL, Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho. Brasília, DF, 2001. 155p. BRASIL, Ministério da Saúde. Profissionalização de auxiliares de enfermagem. Brasília, DF, 2003. 54p. CASTRO, M.P.R.; SOARES, J.C.C. Hipotireoidismo. Moreira Jr. Editora, [S.I], v. 71, n. 14, p.100-105, 01 out. 2014. GRAF, H.; CARVALHO, G.A. Fatores Interferentes na Interpretação de Dosagens Laboratoriais no Diagnóstico de Hiper e Hipotireoidismo. Arquivo Brasileiro Endocrinologia Metabolica, São Paulo, v. 46, n. 1, p. 51-64, fev. 2002. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 209 MACIEL, L.M.Z. Coma mixedematoso. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 210 TOXINA BOTULÍNICA TIPO A: ABORDAGENS EM SAÚDE1 Pâmela Dominik Engers Bratz2; Andressa Pazzato Ferreira2; Emanuelle Kerber Viera Mallet3 1 Trabalho de conclusão de curso de graduação em Biomedicina Acadêmicas do curso de Biomedicina–8º semestre. IESA. Email: [email protected]; [email protected] 3 Mestre em Diagnóstico Genético e Molecular. Orientador/a. Professora do Curso de Biomedicina.Email: [email protected]. 2 Introdução A toxina botulínica (TB) é uma das mais potentes neurotoxinas produzida por um organismo gram positivo, anaeróbio estrito e esporulado, chamado Clostridium botulinum, sendo apresentado em sete diferentes sorotipos (A, B, C, D, E, F e G) (BENECKE, 2012; SILVA, 2009). O Botox (toxina botulínica tipo A) tem sido uma arma potente e eficaz em procedimentos terapêuticos e estéticos, sendo um dos procedimentos estéticos não cirúrgico mais realizado nos Estados Unidos e no Brasil (SPOSITO, 2004; SANTOS, 2013). Injetada via intramuscular, a TBA liga-se aos receptores terminais encontrados nos nervos motores, bloqueando a liberação de acetilcolina no terminal présináptico através da desativação das proteínas de fusão, impedindo que a acetilcolina seja lançada na fenda sináptica, iniciando o bloqueio da contração da musculatura 6 horas após sua aplicação, porém seus efeitos clínicos são observados dentro de 24-72 horas (RIBEIRO et al, 2014; ALSHADWI, 2014). Atualmente a indústria farmacêutica vem dando suporte ao rejuvenescimento facial, colocando no mercado inúmeros produtos com o propósito de auxiliar os profissionais em procedimentos que resultem em uma aparência mais jovem e saudável, o que leva as pessoas a buscarem métodos mais baratos e menos invasivos (GIMENEZ, 2006). A área estética foi uma das pioneiras no uso da TBA, porém, atualmente a área terapêutica tem ganhado um importante espaço no mercado, ajudando pacientes que possuem determinadas morbidades a terem uma melhor qualidade de vida (SILVA, 2009). Mediante o exposto, este trabalho tem como objetivo avaliar as principais aplicações da toxina botulínica tipo A em pacientes para uso terapêutico e estético. Metodologia No presente artigo, utilizou-se o método de revisão bibliográfica, que tem a finalidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre determinado tema ou questão. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 211 O levantamento bibliográfico desta revisão foi realizado por meio de busca por artigos científicos encontrados em bancos de dados, como o MEDLINE/Pubmed, SciELO – ScientificElectronic Library Online e LILACS/Bireme, utilizando os seguintes descritores e/ou palavras chaves: Botox, Toxina Botulínica e Abordagens em Saúde. Discussão A utilização da TBA em procedimentos estéticos está em constante crescimento, sendo empregada no tratamento de diferentes condições distônicas, como atenuação de linhas de expressão, na região frontal, periorbicular, terço médio e inferior da face, pescoço e colo, hiperidrose palmar, axial, plantar, correções de assimetrias faciais e síndrome de Frey (SPOSITO, 2004). Para que não se tenha complicações em sua utilização, os profissionais habilitados a realização deste procedimento minimamente invasivo são os biomédicos estetas e médicos que devem ser cautelosos e ter conhecimento anatômico, muscular, nervoso e subcutâneo da face. A qualidade do produto, sua origem, a utilização de doses pequenas em locais seguros e com técnicas apuradas garantem a segurança da TBA (HEXSEL, 2011; SANTOS, 2013). Conforme Ribeiro (2014), o índice de resposta é alto e a utilização da toxina é eficaz por até 24 semanas. Baseando-se nas linhas faciais, a aplicação da TBA, em dois estudos com 537 pacientes que apresentavam linhas glabelares, frontais e nas áreas lateral orbital, os índices de resposta atingiram de 60% a 95% de sucesso em média. Apesar da toxina botulínica ser amplamente conhecida por sua utilização cosmética, sua aplicação também é voltada para uso terapêutico, o que tem contribuído para a melhoria da qualidade de vida de muitas pessoas (SILVA, 2009). Em estudo foi verificado a diminuição da sudação axilar e palmar que se iniciou na primeira semana pós-tratamento, mantendo-se por 16 a 26 semanas. O tratamento com a TBA é relativamente fácil de executar e melhora substancialmente a qualidade de vida dos doentes. É um procedimento ambulatorial bem tolerado e com poucas contra-indicações, porém, sua principal desvantagem é a duração limitada e o alto custo (ALVES, 2013; HASSON, 2014). A toxina botulínica diminui os níveis de dor, freqüência dos eventos de bruxismo e satisfaz os pacientes no que diz respeito à eficácia da toxina botulínica nesta patologia. Assim, o tratamento com TBA parece ser seguro e eficaz para pacientes com bruxismo em dosagens inferiores a 100UI (TEIXEIRA, 2013). Em pacientes com bexiga neurogênica secundária, injeções de TBA no músculo detrusor, resultou em efeito dentro de 1 a 2 semanas após o tratamento. A duração média da melhora sintomática foi de 8 meses, afirmando II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 212 mais uma vez que a toxina é um tratamento eficaz e bem tolerado para bexiga hiperativa neurogênica (TAWEEL, 2015). Com o fato de pacientes espásticos enfrentarem tantas limitações, a injeção intramuscular de TBA, quando complementada com um tratamento fisioterapêutico, tem demonstrado resultados benéficos, reduzindo temporariamente a espasticidade, melhorando a postura, posicionamento, alivio do desconforto e facilitando o cuidado e uso de órteses, melhorando a capacidade funcional, motora e social destas pessoas (SEO, 2015; TEDESCO, 2014). Schellini (2006) destaca os ótimos resultados na aplicação da toxina para o tratamento do espasmo hemifacial e blefarospasmo essencial. Na paralisia cerebral, a aplicação de TBA nas glândulas submandibulares e parótidas, fornece um alívio temporário para a desativação da baba (MOLLER, 2015). Considerando que a toxina botulínica tipo A é uma ferramenta de grande valia na área cosmética em que é mais procurada, cabe salientar que sua aplicação na área médica para os mais diferentes tratamentos, a qual pode e deve ser utilizada, pois é uma aliada e adjuvante de muitas doenças do ser humano, tem como propósito uma significativa melhora da qualidade de vida. Conclusão Por ser um produto disponível recentemente no mercado, os estudos sobre a TBA devem ser continuados devido à carência de informações sobre os efeitos colaterais a longo prazo. Diante da revisão bibliográfica realizada neste artigo, pode-se concluir que a TBA utilizada sozinha ou como procedimento auxiliar apresenta um avanço considerável na medicina estética e terapêutica, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de muitos indivíduos, contudo, deve se seguir protocolos, respeitando normas e indicações, cumprindo com rigor as dosagens das aplicações, as quais devem ser realizadas por um profissional qualificado. Palavras-Chave: Toxina botulínica, Estética, Qualidade de vida. Referências bibliográficas ALSHADWI, A.; NADERSHAH, M.; OSBORN.T. Therapeutic applications of botulinum neurotoxins in head and neck disorders. The Saudi Dental Journal.V. 27, n. 1, p. 3-11, 2014. ALVES, J.; GOULÃO, J.; BRANDÃO, F.M. Tratamento da Hiperidrose Primária com Toxina Botulínica- Experiência de 5 anos. Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia.V. 1, n. 1, 2013. BENECKE, R. Clinical Relevance of Botulinum Toxin Immunogenicity. Biodrugs. 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II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 214 PROPRIEDADES DO CAENORHABDITIS ELEGANS COMO UM MODELO EXPERIMENTAL ANIMAL PARA INVESTIGAÇÕES BIOLÓGICAS1 Larissa Marafiga Cordeiro2; Renata Cardozo3; Débora Pedroso4; Juliana Fredo Roncato5; Bruna Comparsi6 1 Trabalho de Iniciação científica do curso de Biomedicina – PIBIC/IESA Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, PIBIC/IESA, email: [email protected] 3 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, PIBIC/IESA, email: [email protected] 4 Docente do curso de Biomedicina, Mestre em Ciências Biológicas: Parasitologia. Email: [email protected] 5 Professora, Mestre em Biologia Celular e Molecular , Curso de Biomedicina, email: [email protected] 6 Docente do curso de Biomedicina, Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica. Email: [email protected] 2 Introdução O Caenorhabditis elegans (C. elegans) é um nematódeo terrestre de vida livre componente da família Rhabditidae. Facilmente cultivado em laboratório em placas de petri contendo ágar semeadas com a bactéria Escherichia coli como alimento. Os vermes atingem a maturidade com 2,5 dias a 25º C e apresentam um tempo de vida curto de 20 dias a 25ºC. O ciclo de vida do animal compreende um período de desenvolvimento embrionário (dentro do ovo), quatro estágios larvais e finalmente o adulto (WORMATLAS, 2014). Do ponto de vista toxicológico o C. elegans é sensível a diversas substâncias, incluindo metais pesados, fosfatos orgânicos e pesticidas (SCHOUEST et al., 2009; LEUNG et al., 2008; WOLLENHAUPT et al., 2014). Vários estudos já demonstraram que o C. elegans é utilizado como modelo para o teste rápido da toxicidade de amostras de solo e água ( I HALSKI, 2010), bem como de compostos farmacêuticos e fitoquímicos (SCHOUEST et al., 2009). Os parâmetros mais relevantes para a triagem toxicológica são a mortalidade (DENGG; VAN MEEL, 2004), a longevidade, o comportamento/movimento, a alimentação, o crescimento e a reprodução (ANDERSON; BOYD; WILLIAMS, 2001). Mudanças no comportamento bem caracterizadas também podem ser avaliadas, pois o C. elegans se move tipicamente de maneira sinusóide em placas com ágar enquanto se alimenta de bactérias. Desta forma, a análise de compostos que alteram tanto o movimento sinusóide quanto o batimento faríngeo dos animais podem ser avaliados (HELMCKE et al., 2009). Os ensaios para avaliar toxicidade também podem ser realizados em animais transgênicos. Cepas transgênicas contendo o gene repórter sob o controle transcricional do promotor do gene “ eat s ock” hsp-16 foram amplamente utilizadas para medir a resposta ao estresse associado à toxicidade de metais pesados, compostos farmacêuticos e amostras ambientais (VAN MEEL, 2004; DAVID et al., 2003; MUTWAKIL et al., 1997). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 215 Diante disso, os objetivos deste estudo se direcionam para a investigação da aplicação do C. elegans como um organismo modelo para estudos, in vivo, que visam pesquisar efeitos biológicos de diferentes moléculas. Metodologia Trata-se de uma revisão da literatura, utilizando-se busca eletrônica de publicações científicas nas seguintes bases de dados: PubMed e Scopus. Foram utili ados os descritores “Caenorhabditis elegans”, “e perimental model”, “ iological properties”, “p armacology” e “to icology”. Foram e cluídos artigos cujos textos completos não foram obtidos. A etapa seguinte consistiu da leitura do título e abstract, quando necessário, após realizou-se a leitura na íntegra dos artigos identificados e selecionados, focando no tipo de estudo, intervenção realizada e avaliação da qualidade metodológica. Discussão O C. elegans é um sistema modelo importante para a pesquisa biológica em muitos campos, incluindo genômica, biologia celular, neurociência e envelhecimento (BRENNER, 1973; BYERLY et al., 1976; WOOD, 1988). Thompson e Pomerai (2005) usaram C. elegans para testar a toxicidade de diferentes álcoois mostrando diferentes toxicidades. Neste ensaio ele foi usado para obter o ponto eco toxicológico. É uma boa alternativa para testar metais pesados e a ação da contaminação por detergentes no ambiente (Harada et al., 2007). Entre as várias características notáveis do C. elegans estão à abundância de recursos genômicos, incluindo o genoma completamente sequenciado (C. ELEGANS SEQUENCING CONSORTIUM, 1998), um banco de dados de bioinformática facilmente acessível (CHEN et al., 2005), microarranjos de DNA (REINKE, 2002 e um cons rcio de construção de mutantes “knock-out”. Estes recursos, associados ao fato de que cerca de 60-80% de genes homólogos aos humanos foram identificados no C. elegans (KALETTA, 2006), têm ajudado a compreender vários processos biológicos comuns a todos os animais, como o metabolismo xenobiótico e o envelhecimento. Por ser um organismo multicelular com sistemas fisiológicos conservados e apresentar um tempo de vida curto, tem sido amplamente utilizado nos estudos de longevidade e toxicidade (AVILA et al., 2012; CORSI, 2006). É um excelente modelo para triagem rápida de compostos naturais ou sintéticos com propriedades biológicas, uma vez que ele dispõe de sistema sensorial e de defesa análago ao dos mamíferos (HASEGAWA et al., 2010). Em resumo, a utilidade deste modelo parece não ter fim, vários pesquisadores utilizaram-o como biossensor para descobrir substâncias que aumentam a longevidade (OLIVEIRA et al., 2010). Entre eles podemos citar a metformina, biguanidina usada para tratamento de diabetes tipo 2 (ONKEN, 2010), os anticonvulsivantes (EVASON et al., 2005), vitamina E (ADACHI, 2000) a quercetina, flavonóide abundante em plantas comestíveis (PIETSCH et al., 2009) e os isotiocianatos, sulforafano e alil isotiocianato (HASEGAWA et al., 2010). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 216 Conclusão A utilização de modelos alternativos para investigações científicas tem sido a alternativa de escolha de muitos grupos de pesquisa atualmente, isso se justifica pela menor implicação ética e pela busca por modelos que possam representar mais fielmente o funcionamento do sistema humano. Assim o Caenorhabditis elegans tem sido extensivamente estudado nós últimos anos e se mostrou útil para estudos em diversas áreas de pesquisa. Palavras-chave: modelo alternativo, Caenorhabditis elegans, estudos in vivo. Referências ADACHI, H.; ISHI, N. 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Disponível em: http://www.wormatlas.org/index.html. Acesso em: 10/10/2015. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 218 TERAPIA TRANSFUSIONAL EM PACIENTES COM INSUFICIENCIA RENAL CRÔNICA¹ Evelise Costa3;Douglas de Menezes2; Fabio Fonseca4; Jorge Gewehr5; Maraísa Somavilla6; Bruna Comparsi7. 1 Trabalho multidisciplinar do curso de Biomedicina Aluno do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 3 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 4 Aluno do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 5 Aluno do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 6 Aluna do Curso de Graduação em Biomedicina do IESA, email: [email protected] 7 Docente do curso de Biomedicina, Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica Toxicológica. Email: [email protected] 2 Introdução A doença Renal Crônica (DRC) é considerada um problema de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, a incidência e a prevalência de falência da função renal são crescentes e o prognóstico ainda é ruim (BASTOS et al., 2010). Diversas são as doenças que levam a insuficiência renal crônica, senso as principais: a hipertensão arterial, diabetes, glomerulonefrite (SILVA, 2008), e durante o curso da DRC, um achado quase universal entre estes pacientes, é a anemia, com caracterisca normocrômica, normocítica e com contagem de células vermelhas na medula óssea normal ou diminuída, devido ao seu caráter hipoproliferativo (LOBO et al.; 2006), que ocorre devido à deficiência na produção da eritropoietina pelos fibroblastos peritubulares renais (ANTUNES et al., 2008). Além da deficiência de eritropoetina outras situações podem contribuir para o advento de anemia em pacientes DRC, como a deficiência de ferro, deficiência de ácido fólico e vitamina B12; perdas sanguíneas, hemólise e inflamação (ABENSUR, 2005). Nestes casos, a transfusão sanguínea pode ser uma alternativa de tratamento para pacientes que apresentem manifestações patológicas em decorrência da insuficiência renal crônica. A terapia transfusional tem por objetivo repor os níveis de hemocomponentes no organismo. A produção de eritrócitos é realizada por uma glicoproteína sintetizada pelo rim, órgão responsável por regular 90% da eritropoiese na medula óssea, formando um processo fisiológico responsável por obter resultados satisfatórios em níveis hematimétricos, gerando um controle de uma anemia (GODMAN et al.; 2005). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 219 Tendo como objetivo o presente trabalho buscar discutir critérios para a indicação de transfusão de hemocomponentes em pacientes com DRC e relatar as principais implicações e riscos. Metodologia Revisão descritiva da literatura cientifica, abordando temas referentes ao risco de transfusão de sangue em pacientes com IRC. O processo de revisão foi realizado através de busca na base de dados eletrônica, Scopus, Scielo, Pu med, no ano de 2015, utili ando os descritores: “Doença Renal r nica”, “Transfusão de sangue”, “Risco de Transfusão de sangue”, “Hemocomponentes”. Os idiomas de escol a para a seleção dos artigos foi inglês e espanhol. Foram encontrados ao total de 428 artigos, foram selecionadas apenas as publicações nos últimos 10 anos. Após essa análise foram selecionados 286 artigos, estes passaram por uma análise de titulo e resumo relacionados ao tema pesquisado. Foram selecionados 18 artigos para a leitura na integra. Os demais artigos foram excluídos por não estarem relacionando aos objetivos de pesquisa ou por terem sido publicados em anos anteriores a 2005. Discussão A decisão da indicação de transfusão em pacientes com DRC e quadros anêmicos deve ser baseada não somente nos níveis de hemoglobina, mas principalmente no quadro clínico do paciente. Considera-se que para pacientes com doença cardiovascular, como aqueles com idade maior que 65 anos, a transfusão estaria indicada quando a concentração de Hb for <8g/dL (KDIGO, 2012). A Hemoterapia moderna preconiza que seja realizada a transfusão apenas do hemocomponentes necessário. Assim, as anemias com nível de Hemoglobina (Hb) superior a 10g/dL (Hct superior a 30%) a indicação da transfusão é desaconselhada. Por outro lado, ocorre indicação de transfusão de concentrado de hemácias, quando os níveis de Hb são inferiores a 7g/dL, (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). A taxa de variação de Hb e o grau de reposição de ferro desempenham papéis relativamente menores na tomada de decisões sobre a transfusão. Entretanto, de acordo com AKIZAWA et al. (2011) as transfusões sanguíneas dever ser recomendadas à pacientes com limitações severas, além do nível de hemoglobina estar abaixo de 7 g/dL. JOIST et al. (2006) descreve que a transfusão de sangue é raramente requeridas quando são realizadas administrações de ferro e EPO, dispensando a necessidade da terapia transfusional e assim evitando o risco de sensibilização e ativação do sistema imune. Segundo ISHIDA (2014), os procedimentos transfusionais com administração de ferro em pacientes com IRC estão diretamente ligados à melhora dos quadros anêmicos graves. Porém, o excesso desta substância reflete diretamente na deficiência da função imunitária do ser humano, favorecendo a promoção do crescimento bacteriano. Entretanto, em uma publicação realizada na revista Kidney International Supplements por ESCHBACH (2006), descreve que não há II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 220 nenhuma ligação em níveis elevados de ferro e possíveis infecções bacterianas em pacientes com IRC. Desta forma, são importantes mais estudos para esclarecer se os níveis de ferro podem ou não influenciar no risco de infecções neste grupo de pacientes. Outras alterações clínicas são descritas para pacientes que recebem transfusões de sangue, dentre os sinais nota-se febre, calafrios, urticária ou reação hemolítica em decorrência a erros de compatibilidade ABO e fator Rh, além da transfusão de hemoderivados aumentar de forma significativa o risco de transmissão de agentes infecciosos e afetar o perfil imunológico. Para minimizar esses riscos, os estudos de CARAZZONNE (2006) abrangem informações de medidas pré - transfusionais como a captação e seleção de doadores, testes de triagem sorológica, para diminuir sensivelmente a possibilidade de transmissão de doenças por meio de transfusão, mas não isentaria de riscos para os receptores. A redução na necessidade de transfusões de sangue devido ao uso de eritropoietina recombinante reduziu as taxas de sensibilização associada à transfusão. Conclusão A prescrição médica transfusional de hemocomponentes e hemoderivados deve ser baseada principalmente na anamnese do paciente. A maior parte das transfusões sanguíneas resulta em reposição temporária, efetiva e segura de hemocomponentes, entretanto esse procedimento está associado a vários riscos ao paciente. Em pacientes com DRC que apresentem baixos níveis de hemoglobina, é indicado à transfusão de determinados hemocomponentes realmente necessários para manutenção da homeostase corpórea do receptor, tornando-se a melhor alternativa cujo foco visa reduzir os riscos transfusionais e garantir à segurança do paciente. Palavras-Chave: Doença Renal Crônica, Transfusão de sangue, Risco de Transfusão de sangue, Hemocomponentes. Referências bibliográficas ABENSUR, H. Anemia da Doença Renal Crônica. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v.26, n.3, p.26-28, 2005. AKIZAWA, T.; GEIVO, F.; NISHI, S. et al. 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[email protected] Introdução A inflamação é um conjunto de fenômenos reacionais frente a uma agressão biológica, química ou física, na qual desempenha a função de defesa do organismo. Estas respostas defensivas são geralmente benéficas, agindo para limitar a sobrevivência e proliferação dos agentes invasores, promover a sobrevivência do tecido, reparo e recuperação (LIMA et al., 2007). A susceptibilidade do sistema genital feminino às inflamações deve-se a atividade sexual, número de parceiros sexuais, fase do ciclo menstrual, imunidade, fator socioeconômico, idade e a localização anatômica na mulher. Em mulheres com idade reprodutiva, o epitélio escamoso altamente proliferativo serve como barreira contra lesões. Em crianças e mulheres na pós-menopausa, o epitélio escamoso é usualmente atrófico e essa condição facilita a instalação de reações inflamatórias. Estas anormalidades inflamatórias do epitélio do colo uterino nascem de uma proteção do próprio organismo, e são caracterizadas por reações vasculares, modificações estruturais do epitélio, presença do agente causal, secreções e alterações morfológicas (CHIUCHETTA et al., 2002). As infecções e inflamações vaginais correspondem uma das principais causas de queixas em mulheres que procuram atendimentos ginecológicos. Este fato deve-se ao complexo ecossistema em que a vagina e o colo do útero estão inseridos, pois há numerosas espécies de bactérias, vírus, fungos e protozoários que possam vir a constituir este ambiente, podendo ser comensais e durante o processo fisiológico normal do amadurecimento da mulher, se modificam tornando-se patogênicos, desencadeando processos inflamatórios e infecciosos (FREITAS et al., 2014). Dessa forma, visto que os sintomas relacionados pelas infecções cervicovaginais causadas por agentes microbiológicos possa representar o principal motivo de procura por atendimentos ginecológicos, o estudo proposto tem como objetivo determinar a prevalência de infecções cervicovaginais causadas por agentes microbiológicos cervicovaginais na região sul do Brasil. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 223 Metodologia O estudo baseia-se em uma revisão bibliográfica conduzida em três etapas. Na primeira etapa foram definidas as bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Google Acadêmico para a identificação dos artigos. A segunda etapa baseia-se na definição dos descritores inseridos na busca dos artigos e dos critérios de inclusão. Os termos utilizados na busca foram delimitados a partir das palavras-chave presentes em artigos adequados ao tema, lidos previamente de forma não sistemática. O uso dos descritores utilizados em conjunto para a identificação dos artigos foram os seguintes termos: Papanicolaou; Infecções cervicovaginais; Vaginose bacteriana; Tricomoníases; Candidíases. A busca se restringiu a artigos publicados a nível nacional e internacional entre janeiro de 2000 e agosto de 2015, fazendo referência a dados encontrados na região Sul do Brasil, abrangendo os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A consulta às bases de dados ocorreu entre julho e outubro de 2015. Foi encontrado um total de 4.600 artigos, estes passaram por uma análise de título, resumo e ano, para então refinar aqueles que estavam mais relacionados ao tema pesquisado. Após essa análise, foram separados 72 artigos, dos quais foi realizada uma leitura na íntegra, sendo selecionados 28. Os demais artigos, totalizando 44, foram excluídos por não abordarem a temática pretendida nesta revisão. Discussão A partir da análise de prevalência das infecções causadas por agentes microbiológicos do colo uterino, com base nos estudos realizados a partir de diagnósticos citopatológicos de exames Papanicolaou, constatou-se que o estado do Rio Grande do Sul teve o maior índice, predominando a infecção causada por Gardnerella vaginalis (Tabela 1). No presente estudo a Gardnerella vaginalis correspondeu a 26% dos achados laboratoriais (Figura 1). Constatou-se também a presença de demais agentes microbiológicos que exercem grande importância no diagnóstico laboratorial, como Lactobacillus sp, Candida sp, Cocos e Bacilos, Trichomonas vaginalis, Chlamydia trachomatis, bem como a presença do vírus HPV e Herpes vírus. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 224 Tabela 1 Agentes microbiológicos causadores de infecções cervicovaginais encontrados na região Sul do Brasil. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 225 Figura 1- Prevalência de agentes microbiológicos causadores de inflamações cervicovaginais. Pedroso e colaboradores (2009) descrevem a vaginose bacteriana como um dos problemas ginecológicos mais comuns, sendo o corrimento vaginal uma das razões mais frequentes pela qual a mulher procura o atendimento ginecológico, esta infecção corresponde de 40% a 50% dos casos. Os achados correspondentes com diagnóstico de Gardnerella vaginalis neste estudo, vem de acordo com os dados da literatura. Entretanto, o número total de pacientes II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 226 analisados, é desconhecido nos artigos, justificando um baixo percentual, mesmo assim a sua significância se mostra dentro dos valores esperados. O suporte laboratorial mais utilizado para o diagnóstico de vaginose bacteriana por Gardnerella vaginalis é o método de Gram. Contudo, a prevalência de Papanicolaou seguido por bacterioscopia, permite ao citologista visualizar melhor as características citológicas conhecidas por clue cells nos esfregaços cérvico-vaginais, que são células escamosas recobertas por bactérias, dando um efeito de apagamento nas bordas celulares. A bacterioscopia evidencia também, a diminuição de lactobacilos e polimorfonucleares, com numerosos cocobacilos gram negativos ou gram variáveis. Além disso, se é observado no esfregaço o predomínio de células escamosas maduras (STINGHEN, 2002; NETO, 2011). Segundo a Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas (2006), a presença de Lactobacillus sp, Cocos e Bacilos, representam a flora normal da microbiota vaginal, sendo assim, não caracterizam infecções. Os outros achados como Candida sp, Trichomonas vaginalis e Chlamydia trachomatis são considerados potenciais causadores de inflamação resultando em um desiquilíbrio biológico da microbiota vaginal (NETO, 2011). O emprego do método de Papanicolaou em diferentes estudos é mais disseminado do que os métodos microbiológicos, devido ao fato do mesmo desempenhar um papel importante na prevenção e controle do câncer cervical. Desta forma, por permitir a identificação de alguns agentes infeciosos, pode ser útil na detecção de outras doenças causadas por eles, entretanto, este método apresenta alta sensibilidade e especificidade para a pesquisa de Gardnerella vaginalis, porém, para a investigação de Trichomonas vaginalis, Candida spp. e Chlamydia trachomatis, o método demonstra ser bastante específico mas pouco sensível, para isso, recomenda-se outras técnicas específicas para o diagnóstico destes agentes (STINGHEN, 2002). Conclusão O presente estudo identificou que o principal agente envolvido nas infecções cervicovaginais, é a Gardnerella vaginalis, por meio do método de Papanicolaou. Esta técnica é empregada na maioria dos estudos por resultar boa sensibilidade no diagnóstico de Gardnerella vaginalis, embora não seja o seu principal objetivo, ainda assim, mostra-se uma técnica de boa reprodutibilidade, mas sabe-se que para o diagnóstico correto deste agente o mesmo deve ser realizado por técnicas microbiológicas. As demais infecções e inflamações prevalentes pelo Trichomonas vaginalis, Candida spp. e Chlamydia trachomatis, têm um grande impacto na saúde da mulher, sendo muitas vezes, evolutivo para um quadro patológico, para isso, a melhor forma de reverter essa situação é a partir da prevenção e controle dessas infecções que na grande maioria das vezes são curáveis, tornando-se assim, um papel importante e fundamental dos projetos de educação em saúde para a orientação e procedimentos a serem tomados. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 227 Palavras-chave: Papanicolaou. Agentes microbiológicos, Inflamações cervicovaginais, Referências Bibliográficas CHIUCHETTA, G. I. R.; RUGGERI, L. S.; PIVA, S.; CONSOLARO, M. E. L. Estudo das inflamações e infecções cérvico-vaginais diagnosticadas pela citologia. Arquivos Ciências da Saúde Unipar, 6(2):123-128, 2002. FREITAS, T. F.; FREITAS, R. F.; ROCHA, N. G. S.; MAIA, R. C.; ALMEIDA, R. F.; SOBRINHO, J. S. R. Agentes microbiológicos em exames citopatólogicos de pacientes: um estudo de prevalência. Revista Digital Deportes.com. Buenos Aires. v. 18, n. 190, 2014. LIMA, R. R.; COSTA, A. M. R.; DE SOUZA, R. D.; LEAL, W. G.; Inflamação em doenças neurodegenerativas. Revista Paraense de Medicina. v. 21 (2) abril-junho 2007. NETO, P. G. S. G. Vaginose Bascteriana por Gardnerella vaginalis. Revista da Universidade Paulista. Recife, 2011. NOMENCLATURA BRASILEIRA PARA LAUDOS CERVICAIS E CONDUTAS PRECONIZADAS RECOMENDAÇÕES PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE. Revista Brasileira Ginecologia e Obstetrícia. Rio de Janeiro, v. 28, n. 8, p. 486-504, Aug. 2006 . PEDROSO, L. A. Estudos dos aspectos clínicos da Gardnerella vaginalis e candidíase vaginal. 2009. 45 f. Monografia (Curso de Pós-Graduação Especialização em Ciências Farmacêuticas) Universidade do Extremo Sul Catarinense-UNESC, Criciúma, 2009. STINGHEN, A. E. M. Método de Papanicolaou em amostras cérvico-vaginais: contribuição para a triagem de algumas doenças sexualmente transmissíveis. Revista da UFPR, Curitiba, 2002. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 228 REVISÃO: BIOMARCADORES DA FUNÇÃO RENAL EM PACIENTES CARDIOPATAS¹ Camila de Souza Rodrigues²; Danielle Kunzler Monteiro²; Juliana Foletto Fredo Roncato³ ¹Revisão de literatura ²Acadêmicas do Curso de Biomedicina – 8° semestre. Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo. [email protected], daniellekunzler23@gmail. com ³Farmacêutica Bioquímica Especialista em Toxicologia Aplicada (PUCRS) Mestre em Biologia Celular e Molecular (PUCRS). Orientadora. Professora do Curso de Biomedicina IESA/CNEC. [email protected] Introdução A doença renal crônica (DRC) é uma patologia que frequentemente vem sendo estudada devido sua gravidade e por se tratar de um dos principais problemas de saúde; Seu fator é agravado ainda mais quando esta se encontra relacionada à outra patologia como, cardiopatias acarretando a síndrome cardiorrenal que esta entre as principais causas de morbidade e mortalidade em pacientes que são submetidos a acompanhamento e tratamento de doenças renais. É estimado que a disfunção renal é relatada em um entre quatro pacientes com insuficiência cardíaca. Os riscos de gravidade em pacientes com insuficiência cardíaca aumentam gradualmente com o aumento de alguns biomarcadores da função renal ou a diminuição na taxa de filtração glomerular (ZORLU et al., 2012). A alta prevalência da síndrome cardiorrenal a partir de um quadro que pode começar tanto de insuficiência renal quanto de insuficiência cardíaca se deve em parte à elevada taxa de doenças coexistentes que por sí só não são suficiente para explicar a extensão da síndrome cardiorrenal, mas quando analisados em conjunto tem uma significante relevância (AMMIRATI, CANZIANI, 2009). Sendo o objetivo deste trabalho avaliar as inter-relações entre doença renal, insuficiência cardíaca, juntamente com os biomarcadores para que este venha contribuir com o diagnóstico precoce e tratamento adequado. Metodologia A metodologia deste trabalho é baseada em revisões bibliográficas realizadas em livros, sites e artigos científicos que foram selecionados com base na relevância do conteúdo e data de publicação. Discussâo Analisando comparativamente os estudos observa se a incidência semelhante entre as taxas de prevalência da insuficiência cardíaca em pacientes com complicações renais. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 229 As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de complicações em pacientes que são submetidos a acompanhamento e tratamento de doenças renais, contando com cerca de 40% das hospitalizações e aproximadamente 50% dos óbitos (MIRANDA et al., 2009; ECHAZARRETA, 2010). Conforme o estudo de BASTOS et al., 2010 a alta prevalência de doença cardiovascular (DCV) nos pacientes com DRC se deve, em parte, à elevada taxa de doenças coexistentes, entre estas pode ser apontadas diabetes mellitus e glomerulonefritel, que causam tanto lesão do tecido renal quanto do sistema cardiovascular entre estes estão também a anemia que afeta cerca de 90% dos pacientes com DRC e a hipertensão arterial, podendo ocorrer em mais de 75% dos pacientes de qualquer idade (MIRANDA et al., 2009). Outro fato que é confirmado entre associação de estudos é a presença de fatores múltiplos e complexos dependentes e independentes que se associam tanto com a lesão do tecido renal quanto do tecido cardíaco levando a síndrome cardiorrenal. Apesar da solida evidência existente quanto ao impacto negativo desses fatores, alguns estudos demonstrarão que a ocorrência destes não é suficiente para explicar a extensão da DCV associada à DRC. A alta incidência de fatores de risco tradicionais para DCV, que são dislipidemia, idade avançada e sedentarismo, devemos levar em consideração que a ocorrência destes fatores não é suficiente para explicar a extensão da DCV associada à DRC. Fatores relacionados à uremia, tais como anemia, sobrecarga de volume, distúrbios do metabolismo mineral ósseo, inflamação, aumento do estresse oxidativo, também podem servir como fatores para precipitar uma descompensação funcional de lesões cardiovasculares preexistentes ou ainda induzir o aparecimento das mesmas. Não somente a participação de fatores preexistentes como idade e sobrepeso, mas estes associados a uma doença de base podem servir de subsidio pra complicações renais e cardíacas. Na avaliação DRC e da DCV é preciso levar em consideração o total da patologia, ou seja as relações de base e as ecoexistentes (AMMIRATI, CANZIANI, 2009). O diagnóstico ficou facilitado com analise das alterações da taxa de filtração glomerular (TFG) e de marcadores de lesão da estrutura renal já que frequentemente o curso da doença é silencioso e assintomático até os seus estágios mais avançados. Os biomarcadores da função renal são ferramentas que podem fornecer informações necessárias, especialmente quando usado em conjunto com dados clínico, são de fase discriminatórias entre o estado de saúde e doença. Um biomarcador deve consistir em indicador de processos biológicos, patogênicos ou resposta farmacológica para um tratamento terapêutico. No quadro 1: Discussão acerca dos marcadores, a seguir esta a comparação de estudos correspondentes ao perfil de biomarcadores que frequentemente são usados em laboratórios de analises clinicas para avaliação da função renal. (MAGRO, VATTIMO, 2007; MONTENEGRO et al, 2011). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 230 Conclusão Conforme a complexa interação entre o rim e o coração estudada conclui-se que o funcionamento anormal do coração condiciona o desempenho anormal dos rins, e vice-versa. Sendo notório que o tratamento dos pacientes com DRC associado a cardiopatias requer o reconhecimento de aspectos distintos, porém relacionados, que englobam a doença de base, o estágio da doença, a velocidade da diminuição da filtração glomerular, a identificação de complicações e a análise minuciosa dos biomarcadores, que tenham o intuito de sinalizar a lesão renal auxiliando no diagnóstico e tratamento conforme as particularidades da patologia. Desta maneira faz se necessários estudos adicionais para demonstrar e complementar o impacto da síndrome cardiorrenal sobre a morbimortalidade dos pacientes com insuficiência cardíaca e renal. Palavras-chave: Biomarcadores, Função Renal, Sindrome Cardiorrenal. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 231 Referências bibliográficas ALVES, Maria. et al. Biomarcadores na nefrologia. São Paulo: Hugo Abensur, 2011. AMMIRATI, Adriano; CANZIANI, Maria. Fatores de risco da doença cardiovascular nos pacientes com doença renal crônica. São Paulo: J Bras Nefrol, 2009. BASTOS, Marcus; BREGMAN Rachel; KIRSZTAJN, Gianna. Doença renal crônica: frequente e grave mas também prevenível e tratável. Vol.56. São Paulo: Rev Assoc Med Bras, 2010. CAETANO, Francisca. et al. Síndrome cardiorrenal na insuficiência cardíaca aguda: um círculo vicioso?. Revista Portuguesa de Cardiologia, 2014. ECHAZARRETA, Diego. Insuficiencia cardíaca y síndrome cardio-renal. Vol.5. Buenos Aires: Insuf. card., 2010. GABRIEL, Ivana; NISHIDA, Sonia; KIRSZTAJN, Gianna. Cistatina C sérica: uma alternativa prática para avaliação de função renal. São Paulo: J. bras. nefrol., 2013. MAGRO, Márcia; VATTIMO, Maria. Avaliação da função renal: creatinina e outros biomarcadores. vol.19. São Paulo: Rev. bras. ter. intensiva, 2007. MIRANDA, Samuel. et al. Síndrome cardiorrenal: fisiopatologia e tratamento. vol.55. São Paulo: Rev. Assoc. Med. Bras, 2009. MONTENEGRO, Ana; SILVA, Luis; UMÑOZ, Angélica. Síndrome cardio-renal anémico Cardio-renal anemia syndrome. Vol.36. Bogotá: Ver. Acta Med Colomb, 2011. ZORLU, Ali. et al. Efeito do levosimendan em pacientes com insuficiência cardíaca sistólica severa e agravamento da função renal. vol.98. São Paulo: Rev.Arq. Bras. Cardiol, 2012. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 232 TOXINA BOTULINÍCA: ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS, IMUNOLÓGICOS E MOLECULARES¹ Adriana Catarine Buche²; Rejane Madalena Wisniewski²; Bruna de Almeida Baron²; Jandaia Pauline Girardi²; Maraísa Zysko Somavilla²; Amanda Vergilio Martins²; Juliana Fredo Roncato³. ¹ Trabalho de Revisão de Literatura. ² Acadêmicas do curso de Biomedicina do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo ÂngeloIESA; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]. ³ Farmacêutica- Analista Clínica; Mestre em Biologia Celular e Molecular; Professora de Biomedicina e Fisioterapia - IESA/CNEC - Santo Ângelo; [email protected] Introdução Botulismo é uma intoxicação alimentar provocada pela Clostridium botulinum, bactéria gram-positiva de extrema gravidade, caracterizada por distúrbios digestivos e neurológicos, devido à ingesta de diversos tipos de alimentos, embutidos ou enlatados, de origem animal ou vegetal, insuficientemente esterilizados ou conservados que permitiram a germinação dos esporos da C. botulinum presentes no alimento e a multiplicação do microrganismo, tendo como consequência a produção da toxina botulínica (BRASIL, 2006; SILLOS & FAGUNDES, 2007). Nesses alimentos há condições adequadas para o agente produzir uma potente neurotoxina capaz de levar os intoxicados ao óbito (GERMANO, 2003; ESTADOS UNIDOS, 2004). A C. botulinum tem um período de incubação variável, mas o mais habitual é 12 a 36 horas, após surge um quadro de disfunção autonômica e sintomas anticolinérgicos, que podem, em formas mais graves, conduzir a falência respiratória. O diagnóstico é essencialmente clínico e epidemiológico, confirmado pelo isolamento da toxina em produtos biológicos do doente (soro, fezes ou suco gástrico) ou no produto alimentar ingerido ou pelo isolamento do microrganismo em cultura dos mesmos produtos (CARDOSO et al, 2004). As toxinas atuam nas junções neuromusculares, provocando paralisia funcional motora, sem interferência com a função sensorial. Os efeitos farmacológicos das toxinas acometem principalmente os nervos periféricos, os quais têm a acetilcolina como mediador. As toxinas ligam-se na membrana nervosa bloqueando a liberação da acetilcolina, causando a paralisia flácida que evolui para a morte, devido à paralisia dos músculos respiratórios, sem o desenvolvimento de lesões histológicas (CDC, 2000; SOUZA, 2001; JOHNSON & BRADSHAW, 2001). Metodologia Para o presente estudo, foram utilizados diversos artigos, como scielo e pubmed sendo os principais. Foram usadas as palavras chaves: botulismo, Clostridium botulinum, intoxicação alimentar e toxína botulínica. Foram II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 233 encontrados 32 artigos e utilizados 10 sendo descartados aqueles que, possuíam informações sobre botulismo animal e toxína botulínica utilizada em estética. Resultados e discussão Aspectos Moleculares: o complexo macromolecular de cada sorotipo tem um tamanho aproximado de 300 a 900 Kda. Quando sintetizado pela C. botulinum a neurotoxina apresenta-se com uma cadeia polipeptídica simples de aproximadamente 150 kDa. A ativação da neurotoxina ocorre quando a molécula de 150 kDa é clivada pela protease da bactéria, gerando dois fragmentos polipeptídicos unidos por uma cadeia dissulfídica. Esta divisão gera uma cadeia leve, dependente de zinco e uma cadeia pesada, contendo dois domínios funcionais. A obtenção de uma dupla cadeia a partir de uma simples depende do sorotipo da toxina e se a cepa envolvida expressa a protease específica da clivagem. Os sorotipos da toxina botulínica exibem certa semelhança estrutural com relação aos seus domínios, apresentando assim um domínio de ligação (cadeia pesada), um domínio catalítico (cadeia leve), e um domínio de translocação (BACHUR et al, 2009). Aspectos Toxicológicos: cada estirpe de C. botulinum produz um tipo de toxina, designadas de A a G, sendo as de tipo A, B, E e F as que causam doença humana, enquanto os tipos C e D são quase exclusivas dos animais. As toxinas afetam predominantemente as junções neuromusculares periféricas (onde se ligam de modo irreversível impedindo a libertação de acetilcolina) e as sinapses autonômicas (CARDOSO et al, 2004). Normalmente as toxinas precisam ser ativadas para evidenciar máxima toxicidade; nos casos proteolíticos (A, B e F), essa ativação é desnecessária, sendo, no entanto, fundamental para o tipo E e outros não proteolíticos. A tripsina é a mais eficiente das enzimas utilizadas na ativação da toxina, cabendo lembrar que o tempo de contato deve ser controlado para não reduzir o efeito tóxico (ROITMAN et al, 1991). Aspectos Imunológicos: cada grupo de neurotoxina (A-G) cliva sítios específicos das proteínas do complexo SNARE, impedindo a montagem completa do complexo de proteínas envolvidas na fusão, e, consequentemente, o bloqueio da liberação de acetilcolina. As toxinas botulínicas tipo A, C e E clivam a SNAP-25, sendo que o tipo C também cliva a sintaxina. As toxinas botulínicas do tipo B, D, F e G, clivam a cinaptobrevina (ARNON & SCHECHTER, 2001). Conclusão O botulismo alimentar não é comumente acometido, acontece principalmente em áreas ruirais, e em áreas onde o saneamento básico é muito precário, sendo assim, também um grande problema de saúde pública. Pode também, acontecer em grandes indústrias, mas as chances são menores, por ter um avanço maior de tecnologias e cuidados. Principalmente onde indivíduos fazer seus produtos artesanais, tendo um perigo ainda maior, tanto por falta do conhecimento sobre os riscos que podem trazer quanto por uma falta de higienização e limpeza. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 234 Palavras-chave: Clostridium botulinum, botulismo, intoxicação alimentar, toxína botulínica. Referências bibliográficas ARNON & SCHECHTER et al. Botulinum Toxin as a Biological Weapon. Medical and Public Health Management, v.285, n8, 2001. BACHUR, T. P. R.; VERÍSSIMO, D.M.; SOUZA, M. M. C.; VASCONCELOS, S. M.; SOUSA, F. C. F. Toxina botulínica: de veneno a tratamento. Revista eletrônica de pesquisa médica, v.3, n1, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 5.ed. Brasília: FUNASA,2002. 842p. Brasil. Ministério da Saúde. Vigilância epidemiológica do Botulismo. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Botulismo.ppt.pdf>. acesso em: 21 mar. 2015. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 6. ed. Brasília. ministério da Saúde, 2005. p. 170-186. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual integrado de vigilância, prevenção e controle de doenças transmitidas por alimentos.Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. CARDOSO, T. et al. Botulismo alimentar: estudo retrospectivo de cinco casos. Acta Médica Portuguesa, v. 17, p. 54-58, 2004. JOHNSON, E.A.; BRADSHAW, M. Clostridium botulinum and its neurotoxins: a metabolic and cellular perspective. Toxicon, Oxford, v.39, p.1703-1722, 2001. Manual Integrado de Vigilância Epidemiológica do Botulismo. p.80, 2006. NETO, Cláudia. SILVA, Armandina. CARDOSO, Lúcia. SILVA, Sandra. BARREIRA, João L. Botulismo: um receio latente. revista do hospital de crianças maria pia, ano 2009, vol XVIII, n.º 1. Salguero, P. V. B.; Domingues, P. S. T. A Incidência do Botulismo no Brasil entre 1999 e 2008. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP / Journal of Continuing Education in Animal Science of CRMV-SP. São Paulo: Conselho Regional de Medicina Veterinária, v. 9, n. 3 (2011), p. 14–19, 2011. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 235 ÁCIDO HIALURÔNICO E SUAS ABORDAGENS EM ESTÉTICA FACIAL¹ Andressa Pazzato Ferreira²; Pâmela Dominik Engers Bratz²; Emanuelle Kerber Viera Mallet³ ¹Trabalho de conclusão de curso do Curso de graduação de Biomedicina. ²Acadêmicas do Curso de Biomedicina – 8º semestre. Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo.Email: [email protected]; [email protected] 3 Mestre em Diagnóstico Genético e Molecular. Orientador/a. Professora do Curso de Biomedicina. [email protected] Introdução A valorização da face é natural, pois é a parte do corpo mais representativa e exposta, na qual expressamos nossos sentimentos e emoções. O desejo de conservar a beleza é procurado pela grande maioria das pessoas com o objetivo de manter-se jovem, bela, e desejada contribuindo desta forma para a qualidade de vida e satisfação pessoal (BORGES, 2006). O envelhecimento da pele é um processo biológico, que se caracteriza por alterações celulares e moleculares. Com o tempo, as células vão se desgastando, resultando nos primeiros sinais de envelhecimento, sendo o envelhecimento biológico natural. Porém, o processo natural de envelhecimento pode ser acelerado através de fatores como o sol, alimentação, fumo, álcool, mudanças hormonais, menopausa e doenças (RIBEIRO, 2005). Para reduzir os sinais do envelhecimento, os procedimentos estéticos estão cada vez mais sendo procurados. Os indivíduos buscam procedimentos que possam ajudá-los com sua imagem, tendo como objetivo aumentar sua autoestima, melhorando suas relações sociais e sua probabilidade de sucesso (OLIVEIRA, 2010). Para atender esse novo mercado da beleza e da saúde, a Resolução nº 200, de 01 de Julho de 2011 do Conselho Federal de Biomedicina possibilita o biomédico esteta a realizar a avaliação do paciente e procedimentos como a eletroterapia e eletroestimulação; laserterapia, microagulhamento, peelings, biotecnolopias, procedimentos invasivos não cirúrgicos e a cosmetologia avançada. A busca pelos métodos não invasivos, assim como novas tecnologias, drogas e outros produtos para a correção das alterações cutâneas relacionadas ao envelhecimento é tendência cada vez mais expressiva. A técnica de preenchimento cutâneo inclui-se entre os procedimentos não cirúrgicos mais utilizados e preferidos para a correção de rugas, sulcos, depressões, melhora do contorno e volume dos lábios, cicatrizes de acne e reposição do volume facial (HARGITTAI, 2008). Mediante o exposto, este trabalho tem como o objetivo avaliar as principais abordagens do ácido hialurônico em estética facial. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 236 Metodologia No presente artigo, utilizou-se o método de revisão bibliográfica, que tem a finalidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre determinado tema ou questão. O levantamento bibliográfico desta revisão foi realizado por meio de busca por artigos científicos encontrados em bancos de dados, como o MEDLINE/Pubmed, SciELO – Scientific Electronic Library Online e LILACS/Bireme, utilizando os seguintes descritores e/ou palavras chaves: ácido hilurônico, rejuvenescimento e estética facial. Discussão Desde os tempos antigos, o homem tenta substituir tecidos orgânicos por materiais que suavizam deformidades causadas por tumores, traumas, defeitos congênitos e ainda danos faciais causados pelo envelhecimento. Ainda não há material totalmente inerte ao tecido humano, mas alguns são bem tolerados pelo organismo, podendo propiciar benefícios estéticos e funcionais (VAZIN, 2008). Os materiais de inclusão utilizados na estética requerem características ideais como não ser modificado pelos tecidos e líquidos orgânicos, ser minimamente inerte, não causar reação inflamatória, não ser carcinogênico, não produzir reações alérgicas, ser capaz de resistir a tensões mecânicas, ser moldável e de fácil retirada (ARRUDA, 2010). Existem diferentes tipos de substâncias utilizadas como preenchedores faciais, e as mais utilizadas são: colágeno, preenchedores sintéticos com microesferas e os preenchedores de ácido hialurônico. Embora possamos classificar os preenchedores de acordo com suas substâncias, eles são geralmente classificados com a duração de seu efeito em permanentes e os nãos permanentes (GLADSTONE, 2005). Dentre os nãos permanentes, o que merece maior destaque é o ácido hialurônico, devido ao perfil de segurança, eficácia, versatilidade, facilidade de armazenamento e de uso, satisfação e gratificação dos resultados tanto para o profissional quanto para o paciente (BAUMANN, 2005). O ácido hialurônico é um polissacarídeo de elevado peso molecular e componente essencial da matriz extracelular da derme que está diretamente envolvido na reparação de tecidos. Pode ser de origem animal, extraído dos tecidos, sendo sua maior parte oriunda da crista de galo, ou obtido por bactérias através de fermentação ou biossintetizado. Sua quantidade é inversamente proporcional ao tempo de vida do ser humano (HARGITTAI, 2008). Conforme KIM (1996) o ácido hialurônico está presente nos tecidos conjuntivos de mamíferos, preenchendo assim espaços intercelulares. Suas funções estão ligadas à flexibilidade e manutenção da estrutura dos tecidos. No ser humano, este mucopolissacarídeo está presente no líquido sinovial, na pele, nos tendões, no olho e no cordão umbilical. II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 237 No ramo da estética, essa substância é usada no preenchimento de rugas e sulcos faciais como, por exemplo, os sulcos nasojugais, conhecidos popularmente como olheira, sulcos nasogenianos, também conhecido como bigode chinês, rugas glabelares, que são as rugas do nariz e entre as sobrancelhas, rugas finas como os populares pés de galinha, e pode também ser aplicado com a finalidade de aumentar o volume dos lábios, do zigomático ou maçã do rosto, queixo, mandíbula, seios, nádegas e bochechas, além de suavizar cicatrizes (MONTEIR0, 2010). Encontrado em vários produtos, o ácido hialurônico pode ser ministrado por via oral, tópica ou injetável. O gel de ácido hialurônico injetável é um dos mais novos biomateriais desenvolvidos para o preenchimento de partes moles. Possui propriedades de transporte do corpo, dando volume à pele, forma aos olhos e elasticidade às articulações. Na pele as moléculas de ácido hialurônico são injetadas na derme para corrigir rugas estáticas e tratar o contorno facial (MAIO, 2011). Ao injetarmos o material so a pele, ele age de maneira ue “empurra” a pele acima dele para fora, suavizando as rugas, sulcos e imperfeições nessa região (FERRARI, 2010). O tempo de permanência no local de aplicação é de aproximadamente 6 a 12 meses, dependendo das propriedades viscoelásticas, do tipo de ácido hilurônico usado e das forças mecânicas e físico-químicas teciduais locais (FERREIRA; BRENE 2011). É importante saber que quando um preenchedor é injetado na pele, sempre ocorre uma reação inflamatória decorrente do trauma da injeção (trauma mecânico) e/ou da resposta do organismo à substância (MONTEIRO, 2010). As reações alérgicas são descritas em 0,1% dos casos, e inicia-se entre três e sete dias após a aplicação do produto, prazo, entretanto, que se pode estender até o período de um a seis meses. As complicações com uso de preenchedores à base de ácido hialurônico podem ser decorrentes de inexperiência ou técnica incorreta (CROCCO, 2012). Conclusão O ácido hialurônico é um produto que vem tornando-se cada vez mais seguro, e suas complicações na atualidade são relacionadas principalmente à técnica de aplicação e inadequada higienização da pele. Seu uso em sua versão injetável constitui um tratamento eficaz no combate aos sinais do envelhecimento estando diretamente relacionado com a sua capacidade de retenção da água e consequentemente de dar volume às partes moles. Palavras – chave: Ácido hialurônico, preenchedores, rejuvenescimento. Referências bibliográficas ACCURSIO, Célia. Alterações da Pele na Terceira Idade. Revista Brasileira de Medicina. São Paulo, n.1, vol.38, p.22-25, set. 2011. 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[email protected] 3 Professora, Especialista, Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo- IESA Pós Graduanda do Programa Educação em Ciências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFGRS [email protected] 4 Biomédica; Especialista em Gestão de Organização Pública em Saúde; Mestre em Farmacologia; Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da Universidade Federal de Santa Maria, Brasil; Docente do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo CNEC-IESA. [email protected] 5 Biomédica; Mestre em Ciências Biológicas. Doutoranda do Programa de PósGraduação em Parasitologia Universidade Federal de Pelotas, Brasil; Docente do Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo CNEC-IESA. [email protected] Introdução A atenção à saúde indígena atual remete ao conhecimento de seu histórico, desde o período colonial. Com o passar das décadas, o atendimento aos índios passou pelos missionários, pela Igreja e finalmente passou a ser competência do Estado brasileiro. Durante este período, surgiram diversas políticas de atenção à saúde indígena conforme a ampliação do pensamento indigenista no país (GARNELO, 2012). Atualmente, o serviço de saúde de atenção aos índios conta com uma estruturação voltada ao atendimento integral destas populações, levando em conta suas particularidades no atendimento, respeitando de forma íntegra sua cultura e costumes. Porém, este atendimento integral à população indígena ainda representa um desafio de adaptação aos profissionais e serviços de saúde (BERNARDES, 2011). Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi realizar uma revisão bibliográfica sobre a atenção à saúde indígena no Brasil. Material e métodos Foi realizada uma revisão descritiva da literatura científica em bases de dados Scielo, PubMed, Capes e Lilacs. Os descritores utilizados em conjunto para identificação dos artigos foram: Atenção a saúde, Saúde de Populações Indígenas, Serviços de Saúde. A busca se restringiu a artigos publicados em português no período compreendido entre janeiro de 1989 e julho de 2015. A consulta às bases de dados foi realizada em outubro de 2015. Artigos que não atenderam a algum dos critérios propostos foram excluídos das análises posteriores. Foram também pesquisados livros, teses e dissertações que II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 240 versassem sobre o assunto, sendo que esses passaram por seleção semelhante à descrita anteriormente. Discussão Pouco se conhece sobre a situação atual da saúde indígena, sendo os dados gerais escassos ou inexistentes. Os dados parciais disponíveis são gerados por instituições como a FUNASA, FUNAI, diversas organizações nãogovernamentais e ainda por missões religiosas que prestam assistência à saúde destas populações (FUNASA, 2002). A atenção à saúde indígena teve origem durante o período colonial no século XIX, onde os índios eram acolhidos principalmente pelos missionários das igrejas, que realizavam o atendimento e a assistência à saúde de muitos povos indígenas espalhados pelo Brasil (GARNELO; SAMPAIO, 2003). Com o passar do tempo, a proteção aos índios deixou de ser responsabilidade da Igreja e passou a ser do Estado, sendo estabelecidas desde então uma série de políticas públicas destinadas à população indígena do país, incluindo a atenção à saúde, que apenas ganhou maior relevância após a Constituição Federal de 1988 (Figura 1). As entidades representativas indígenas sempre estiveram presentes, de forma a garantir os direitos indigenistas. Uma síntese da evolução das políticas de saúde para os indígenas no Brasil, desde o período colonial até os anos 2010 pode ser visualizada na Figura 1. FIGURA 1: HISTÓRICO DAS POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DO ÍNDIO NO BRASIL 1500 PERÍODO COLONIAL 1910 SPI 1967 FUNAI 1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1991 FNS 1994 FNS/FUNAI • Atenção à saúde realizada por missionários; • Ausência de política pública indigenista. • Implementação da política indigenista; • Serviço de Proteção ao Índio (1918) • • • • Responsável pela execução da política indigenista; Divisão de Saúde (Equipes volantes de Saúde) Casas dos Índios Rotatividade de profissionais • Saúde: direito de todos e dever do Estado; • Atendimento universalizado e socializado; • Ministério da Justiça a execução da política indigenista; • Fundação Nacional de Saúde (FNS) • Divisão na Execução da política indigenista • FUNAI: Controle das ações de saúde indígena • FUNASA: ações de prevenção e controle de agravos à saúde. 1999 FUNASA • Ministério da Saúde -gestão e execução • Lei Arouca - Atenção à saúde articulada com a rede do SUS (Subsistema de Atenção à Saúde Indígena) • Implantação de 34 DSI’s em todo o território nacional. 2001 FUNASA • Estabelece diretrizes para elaboração de projetos de estabelecimentos de saúde, abastecimento de água, melhorias sanitárias e esgotamento sanitário 2002 FUNASA • Aprova a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas • Cria o programa de Promoção da Alimentação Saudável em comunidades indígenas 2010 DSEI's • Responsável pela coordenação e execução do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 241 Atualmente, as operacionalização das ações da saúde são efetuadas por meio de unidades de saúde nas comunidades indígenas, polos-base em territórios indígenas que devem comportar as Equipes Multidisciplinares de Saúde indígena (EMSIs),e as Casas de Saúde Indígena (CASAIs) (CARDOSO, 2014). As equipes Multidisciplinares de Saúde indígena (EMSIs), são compostas por médicos, odontólogos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, agentes de saúde e agentes indígenas de saneamento, sendo o número, a qualificação e o perfil dos profissionais determinados em conformidade com o planejamento de atividades, levando em consideração fatores como: quantidade de habitantes, condições de acesso, perfil epidemiológico e necessidades específicas para controle de endemias (CRUZ; COELHO, 2012). Além disso, existe o Agente Indígena de Saúde (AIS), membro da aldeia capacitado pela FUNASA para prestar assistência à saúde aos demais integrantes de sua própria aldeia (DIHEL, LANGDON, 2012). O polo-base tem como principal missão a promoção de saúde das aldeias por meio de assistência aos casos não solucionados nos postos de saúde. Caso a estrutura oferecida pelos polos-base não seja suficiente devido à complexidade de certos casos, o paciente é repassado então para os serviços de referência para atenção à saúde de média e alta complexidade na rede de serviços já existentes do SUS que atende a população brasileira em geral (HOKERBERG, 2001). A Casa de Apoio à Saúde Indígena (CASAI), é um estabelecimento localizado em municípios estratégicos, inclusive nas capitais dos estados. Sua atribuição é receber o índio que vem referenciado de sua aldeia em busca de assistência na rede do SUS. Desde o início do subsistema, os serviços de saúde nas terras indígenas têm sido executados através de convênios com municípios e/ou ONGs, caracterizando a terceirização do subsistema (GARNELO;SAMPAIO, 2012). As ações à saúde indígena atualmente são de competência da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), órgão criado pela lei nº 12.314/2010 e Decreto nº 7.336/10 como resposta às reivindicações indígenas, em busca da implementação de um novo modelo de gestão e atenção no âmbito do SUS (SANTOS et. al, 2008). Segundo dados do Ministério da Saúde (2015), em toda a rede existem 751 postos de saúde nas cinco regiões geográficas, situados nas mais de 4,2 mil aldeias indígenas existentes no país. Os postos de saúde são construídos de acordo com a necessidade de cada região, neles são executados os serviços de atenção básica à saúde, como o acompanhamento de crianças e gestantes, imunização, acompanhamento de pacientes crônicos e doenças que ocorrem com freqüência (LANGDON, 2007). Ações estas que já refletiram no índice de mortalidade infantil, o qual apresentou uma queda nos últimos anos de 40,55% demonstrando com isso a efetividade da política de proteção à saúde dos índios brasileiros implantada ultimamente (BASTA, 2012). A inexistência de um sistema de informação atualizado e completo acerca da saúde indígena impede a análise detalhada e epidemiológica das populações indígenas, ficando também limitados estudos de avaliação de certos programas de saúde pública destinados à estas populações (VARGAS, 2010). II Jornada de Análises Clínicas das Missões 18 a 20/11/2015 – Santo Ângelo-RS 242 Conclusões Diante do exposto, tem-se uma visão geral sobre situação da atenção à saúde do índio no Brasil. Este estudo faz parte de uma ampla pesquisa sobre a saúde indígena que está sendo desenvolvido por este grupo de pesquisa, como consequência da carência de dados e atividades de pesquisas científicas que explorem este segmento da sociedade e que acrescentem as discussões sobre a saúde dos povos indígenas. Sugere-se que mais estudos sejam realizados, para que se tenha uma atenção integral e conhecimento amplo sobre a situação de saúde das populações indígenas. Referências bibliográficas Garnelo L, Sampaio S. Bases socioculturais do controle social em saúde indígena: problemas e questões na Região Norte do Brasil. Cad S Pub. 2003; 19(8):311-7. Garnelo L. Política de Saúde Indígena no Brasil: notas so re as tend ncias atuais do processo de implantação do su sistema de atenção saúde. Em Garnelo e Pontes (Orgs.) Saúde Indígena: uma introdução ao tema. Brasília: Mec/Secadi/Unicef. 2012; 1(2):234-346. Bernardes AG. Saúde Indígena e Políticas Públicas: alteridade e estado de exceção. 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