Miss Sheila - Viva Porto
Transcrição
Miss Sheila - Viva Porto
Jovens Talentos M I S S O Mundo de Miss Sheila to, mas ainda não estou lá”. Adora a cidade do Porto e fica feliz por saber que é perto de Esmoriz. “Quando quero confusão venho para o Porto. Gosto de vir a esta cidade porque é linda e antiga. Adoro passear pelas ruas estreitas de paralelos”, salienta. Diz que não consegue apontar defeitos à cidade, só virtudes. Miss Sheila é uma DJ conhecida que adora o seu trabalho e que há seis anos tem dado música aos portugueses de norte a sul. Ambiciosa já pôs a dançar europeus e norteamericanos. “Quem corre por gosto não cansa”, refere. E esta jovem considera que ainda tem muito para dar. Com um sorriso sempre presente quando fala e um entusiasmo contagiante, é assim Sheila. Sheila faz um balanço positivo do seu percurso, sentindo que evoluiu bastante, embora admita que quando ouve gravações suas mais antigas é muito crítica. “Ainda tenho muito para aprender e como DJ há sempre coisas novas a explorar. Mas posso dizer que estou contente com aquilo que fiz até hoje, sinto-me orgulhosa”, refere. O bichinho pela música nasceu graças a um ex-namorado, o DJ Sérgio Oliveira, que lhe ensi- Texto: Carla Nogueira Fotos: cedidas por Tiago Lopes S heila Marina da Silva Lopes, conhecida na Dance Scene Nacional como Miss Sheila, é uma jovem de vinte e cinco anos que se dedica de corpo e alma ao DJ’ing. Já actuou na maioria dos clubes e festivais de música electrónica nacionais, bem como um pouco por toda a Europa e Estados Unidos com os mais conceituados DJ’s internacionais. Da sua discografia fazem parte Sheila´s Temptation (em conjunto com o produ- 28 tor norte-americano Joesky), Urban Assault (Miss Sheila & Nuno Amaro) e mais recentemente remisturou com Sérgio Oliveira a faixa Midlight dos Deep In que consta do CD Rock in Rio 2004. Para já não pretende fazer cd’s com misturas, mas está a trabalhar nalgumas produções. Quem é Miss Sheila? Sheila nasceu em África do Sul e durante alguns anos viveu nos Estados Unidos, o que terá influenciado de alguma forma o seu gosto musical, já que por exemplo, nos EUA ouvia-se muito r’n’b e hip hop. Afirma que teve uma infância e adolescência óptimas. Tudo mudou na sua vida quando abriu um bar com o irmão, em Esmoriz, o Malibu. Começou a pôr música, mas também fazia um pouco de tudo, servia às mesas e ao balcão. Ainda hoje vive em Esmoriz. Refere que é “um cantinho no paraíso. É uma cidade calma, bonita, sem stresse. Moro em frente à praia, na casa dos meus pais. Já tenho o meu próprio apartamen- S H E I L A O Dj’ing, a sua história nou a pôr música. Contudo, hoje têm gostos completamente opostos. Ele é de hip house e ela de hard house e house progressivo. Lembra-se perfeitamente da primeira actuação, noite em que também foi agenciada pela Feed- Confidências Umas férias de sonho: até há bem pouco tempo eram as Maldivas. Mas qualquer sitio tropical serve. Quem e o que levaria para uma ilha deserta: o meu namorado (se nessa altura não for o meu marido), a minha mala de CD’s e qualquer coisa para ouvi-los Um dia de tédio: é confusão Uma noite mal passada: uma noite em casa sem Internet e fora em que haja confusão. País inesquecível: África do Sul Bebida irresistível: guaraná Principal vicio: tabaco Se fosses um animal... porquê? Um gato, porque são individualistas, independentes e curiosos Cor favorita: azul, porque é a cor do mar e do céu back. Foi na Studio, em Espinho. Recorda-se da música que passou e que estava bastante nervosa. Garante que a insegurança só vai passando com o tempo. “O facto de se ser o centro e o alvo das atenções deixava-me, no início, muito nervosa”, salienta. Em 2000 começou a tocar no Rocks, pois o seu estilo adequava-se à casa, e algum tempo depois surgiu a oportunidade de fazer os warms ups do DJ Vibe, o que lhe deu maior projecção. Questionada sobre as características ideais para se ser um bom DJ, menciona o “ter bom ouvido para a música e gostar daquilo que se faz”. Não importa se se é homem ou mulher embora esta área seja dominada pelo sexo masculino. Mas nas palavras de Sheila, a “música não tem sexo”. Quando começou a trabalhar sentiu que os 29 Jovens Talentos M I S S seus colegas “achavam piada” ao facto de ser DJ, mas com o tempo e a experiência passou a ser levada a sério. Sheila é da opinião que ser DJ significa ter uma vida de sacrifícios, nomeadamente a nível de horários. “Quem corre por gosto não cansa”, salienta. Refere que durante a semana gostava muito de poder “acertar os relógios”, ao ponto de ser daquele tipo de pessoa que acorda de manhã e vai para a cama à meia noite, mas é impossí- sa diariamente várias horas a ouvir música e a decorá-la. “Quando a música é muito boa entra logo no ouvido. Quando não entra à primeira tem de se ouvir uma e duas vezes”, refere. E o tempo voa, pois se cada faixa tem cerca de dez minutos, se ouvir seis, passa uma hora num instante. Em qualquer uma das suas actuações está atenta ao público. Quando entra numa casa onde vai actuar tem o cuidado de ver o tipo de ambiente da- vel, porque chega ao fim de semana, ou qualquer dia em que tenha de tocar e o horário fica novamente descontrolado. O seu ritual diário é acordar às 14h00 ou 15h00 e deitar-se por volta das 7h00. “É um bocado vida de morcego”, comenta rindo. Quando acorda vai almoçar primeiro e se, por algum motivo não for para a produção ou ouvir música, vai dar uma volta de carro ou passear. Pas- quela noite, se é constituído, na sua maioria, por pessoas que seguem o seu tipo de música ou se por aqueles que simplesmente se querem divertir. Quando está a pôr música gosta de se sentir confortável, aliás diz que se não estiver, não vai transmitir segurança às pessoas. Umas calças de ganga, um top, sapatilhas e um pouco de maquilhagem são as suas indumentárias normais. 30 S H E I L A Quando põe música abana a cabeça e mexe-se, mas refere que não é uma “show-girl”. “Estou ali a pôr música e quando realmente estou a senti-la fico tão dentro dela que abano a cabeça, olho para a frente. Estou atenta à reacção das pessoas. Estou num mundo só meu, à parte de tudo e todos”, afirma. Já frequentou muito a noite como cliente, hoje não. “Mesmo que se queira sair para divertir é impossível, porque entro numa discoteca e, como estou muito ligada à música, por mais que me queira abstrair não consigo. Vou estar atenta ao que o DJ está a fazer, seja residente ou quem for. O ouvido foge para lá, é mais forte do que eu”, salienta. E sobre ela, o que tem a dizer? Como defeitos, aponta apenas um, o facto de “ser teimosa, teimosa, teimosa”. Das suas qualidades não falou, mas é bem visível que é uma pessoa alegre e sorridente. Lida bem com os elogios, dãolhe força e ânimo para prosseguir o seu trabalho. “É sinal de que reconhecem o meu trabalho”, afirma. É impensável um dia sem música? Há dias em que “tem de estar longe da música, nomeadamente em fins de semana que correm menos bem”. Nos dois, três dias a seguir quer estar longe da música, não pensar em nada. Mas não deixa de ouvir rádio, nomeadamente r’n’b e hip hop. “Ouço um pouco de tudo, porque me ajuda a abstrair”, refere. 31