A Escola Nacional de Administração - Sistema de Información
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A Escola Nacional de Administração - Sistema de Información
XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008 A Escola Nacional de Administração: seu papel na evolução do desenvolvimento de Angola José João Lourenço l - Introdução O Processo de Modernização de Reforma Administrativa em Angola – PREA, desencadeou-se á partir dos anos 90. Este Programa emergiu da necessidade de sistematizar e desenvolver, através de um documento de sentido estratégico de médio e longo prazo, urn Plano que traduzia, de modo coerente e compreensivo, a politica de reforma institucional e modernizaçao administrativa, suportada num conjunto de acçoes consequentes com os objectivos globais que a governação pretendia alcançar. Deste modo, este mesmo Programa, sintetiza e actualiza por conseguinte as principais medidas de politica de reforma e modernização administrativa que ao longo dos anos, vem sendo empreendidas pelo Governo, com vista a edificação de uma Administração orientada e virada para os cidadãos e os objectivos de desenvolvimento. O Programa de Reforma Administrativa em Angola insere-se, assim, na estratégia global de adequação dos serviiços públicos, por forma a que estes criem um ambiente institucional, gerencial e comportamental, favóravel à implementação das reformas politicas, económicas e sociais, relativamente as quais a reforma administrativa funciona, simultaneamente, como pressuposto e consequência. É, pois, neste contexto que os principios e os objectivos básicos em que se alicerça o processo de reforma administrativa devem exprimir não só a necessidade de tornar a Administração Pública num instrumento dinâmico de prestação e realização de serviços públicos, de promoção da receptividade e acolhimento dos cidadãos, como tambem, num factor activo que contribua para o bem estar social de toda a comunidade e para promoção do desenvolvimento económico. É certo que a capacitação e o fortalecimento das instituições da Administração do Estado e a consequente formação dos seus servidores públicos, devem numa óptica integrada, ser orientadas, essencialmente, para o apoio aos cidadãos e aos agentes económicos. Daí o primeiro passo para o surgimento do Instituto Nacional de Organização e Administração do Estado – INORADE (1986) e 8 anos mais tarde do Instituto Nacional de Administração Pública – INAP (1994), e em 2008, fruto do seu desenvolvimento, em Escola Nacional de Administração (ENAD), dada a sua grande importância e o seu imprescindível papel no processo de reforma, capacitação e modernização da Administração Pública em Angola . ll – Surgimento da Escola Nacional de Administração (ENAD) No limiar do Seculo XXl a Administação Pública angolana enfrenta um grande desafio que é a mudança de cultura e estilo, orientada, sobretudo, para o resgate dos valores e padrões éticos e profissionais que a tornem num factor de mudança e num instrumentos gerador de qualidade e promotor de desenvolvimento.Esta mudança, passa, em parte, pela capacitação e valorização dos recursos humanos ao serviço do Estado e da Economia, ciente de que este objectivo constitui pressuposto fundamental para as reformas institucionais que se pretende implementar. 1 XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008 É assim que o abrigo do decreto No. 8/86 de 8 de Maio, tendo como fundamento naquela altura, a necessidade de se adaptar o Aparelho do Estado, de Quadros de Direcção tecnicamente capazes e politicamente formados em conformidade com as orientações ideológicas definidas pelo governo, e como foi já acima referido, foi criado o Instituto Nacional de organização e administração do Estado – INORADE. Pela definição e estratégia do próprio Governo naquela altura, era pertinente e necessário ter-se uma instituição do estado de carácter científico de ensino, investigação, aperfeiçoamento e assistência técnica e organizacional para cumprir deste outros, os seguintes objectivos: a) A superação e aperfeiçoamento dos quadros dirigentes e responsáveis do Aparelho do Estado a nível Central e Local; b) A formação planificada de quadros de Direcção para as Estruturas do Aparelho do Estado; c) A pesquisa e o estudo de técnicas no dominio da Organização e administração do Estado, em visto a aperfeiçoar e elevar os níveis de eficiencia das praticas administrativas no sector público. Urge sublinhar que a formação nesse período promovia continuamente o novo perfil do funcionário público (particularmente, o de nível superior). A formação trazia também a marca da influência das teorias de desenvolvimento prevalecentes, particularmente no modo como modelavam os conteúdos e o sentido da Administração Pública como campo de estudo. É necessário realçar e recordar que o INORADE tinha já naquela altura subordinação directa do chefe do Governo, creio que aí residia a grande estratégia, importância e o interesse do próprio estado no momento, em salvaguardar a questão da formação e capacitação dos seus quadros dirigentes e responsáveis sobretudo, excluindo não de forma expressa e intencional do programa de formação daquele momento, os funcionários de nível básico e intermédio, bem como os técnicos médios e superior. Entretanto, ao abrigo do Decreto No. 29/94 de 29 de Julho, institucionalisou-se o Instituto Nacional de Administração Pública – INAP, para fazer face as tarefas relevantes nos dominios da Reforma e Modernização Administrativa que se impunham no momento, para a tomada de medidas legais a aplicação de soluções e mecanismos institucionais adequados, afim de melhor assegurar o desenvolvimento afectivo de todo o processo de mudanças que ocorra na Administração Pública. A criação do INAP, como Instituto Público constituia assim, uma necessidade no reforço e aperfeiçoamento sistematico das acções de formação profissional dos Recursos Humanos da Administração Central e Local do Estado, envolvendo já aqui funcionários públicos de todos os níveis: carreiras Profissionais Administrativas e técnicas e titulares de cargo de direcção e chefia. Os objectivos especificos do INAP, consistiam no seguinte: a) a superação e aperfeiçoamento dos quadros de Direcção e Chefia do Aparelho do Estado a nível Central e local; b) a formação, a superação e a recilagem profissional do funcionários públicos em geral; c) a investigação aplicada e o estudo de técnicas no domíno das ciências políticas2 XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008 administrativas com vista a aperfeiçoar e elevar os níveis de eficiência das práticas administrativas; f) participar no aperfeiçoamento dos critérios para o provimento de lugares na Administração Pública; g) acompanhar a aplicação da metodologia e sistema de avaliação dos funcionários da Administração Pública; h) Propor e dinamizar a execução de programas de formação e reciclagem dos quadros e técnicos a curto e médio prazo. No contexto actual, o governo de Angola através do Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MAPESS) decidiu proceder a um desenvolvimento institucional do Instituto Nacional de Administração Pública (INAP), através da sua transformação em Escola Nacional de Administração (ENAD). Entretanto, o plano da criação da ENAD surge num contexto em que o sector público administrativo vive-se, em alguns casos, um deficit de visão, impulso e pragmatismo, verificando-se que em muitos órgãos do Estado prevalece a mera administração através do controlo de procedimentos e da aplicação da legislação, em vez do recurso também às técnicas de gestão de instituições públicas, nos domínios da planificação estratégica, programação orçamental, gestão de pessoal, avaliação periódica dos resultados, adaptabilidade dos meios objectivos essenciais traçados, etc. A necessidade de esforço da gestão estende-se, igualmente, ao sector público empresarial, responsáveis pela prestação de serviços essenciais aos cidadãos, sendo esta a principal razão do alargamento do âmbito de actuação da ENAD, devendo igualmente dedicar-se à formação de gestores, técnicos e altos responsáveis do sector empresarial (lato sensu). Pretende-se, para a ENAD, igualmente, uma vocação virada à pesquisa, formação e consultoria com vista ao desenvolvimento sustentado do País, daí ter-se adaptado a sua denominação, estatutos e eixos de actuação – devendo designar-se Escola Nacional de Administração. Sendo que, hodiernamente, as Administrações Públicas (lato sensu) se apresentam como importante instrumento para o crescimento económico aliado à qualidade de vida e bem-estar económico e social, optou-se por conferir à instituição mandato e competências para ministrar formação, realizar estudos e pesquisas prestar consultoria, contribuindo deste modo para o desenvolvimento sustentado do país. Pretende-se ainda que a ENAD venha a ser no mais curto espaço de tempo um centro de excelência de formação e qualificação de altos funcionários da Administração do Estado (Directa e Indirecta, nos níveis Central e Local), do sector público empresarial e do sector privado, nos domínios da gestão organizacional (pública e privada). A ideia do desenvolvimento institucional da ENAD surge também da necessidade de redireccionar as competências profissionais dos altos servidores públicos – quer no sector público administrativo, quer no sector público empresarial – máximo aqueles que exercem funções de gestão. Em termos de objectivos gerais a Escola Nacional de Administração (ENAD) constitui um centro de excelência em três áreas, já definidos como os seus principais eixos: formação, 3 XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008 pesquisa e divulgação. No domínio da formação, a instituição está vocacionada à capacitação de altos funcionários da Administração do Estado, assim como dos gestores do sector público empresarial e do sector privado stricto sensu. Relativamente ao seu âmbito, contrariamente ao ex – INAP, cujo âmbito de actuação centrava se no sector público administrativo (apesar de também atender em média escala o sector privado), a Escola Nacional de Administração (ENAD) está aberta quer ao sector público administrativo, quer ao sector público empresarial e ainda ao sector privado stricto sensu. Quanto ao sector público administrativo, o público-alvo são os altos funcionários da Administração Central do Estado, com preferência para os titulares de cargos de direcção e chefia e técnicos superiores. Quanto ao sector público empresarial, mostra-se importante que a instituição esteja aberta à formação dos gestores das empresas públicas e das empresas com capitais públicos. A ENAD foi criada ao abrigo do Decreto No. 37/08 de 09 de Junho 2008 do Conselho de Ministro (ver anexo: estatuto orgânico) lll – Importância das Escolas de Formação do Governo O termo Escola de Governo é bastante amplo e a sua utilização imprecisa abrange tipos diferentes de organizações públicas, estatais ou não e privadas. Assim para esse contexto, vamos considerar Escola de Governo, como aquelas organizações que fazem parte do aparelho do Estado e são financiados por recursos provenientes do Orçamento do Estado. Nas duas últimas décadas, em todo o mundo, vimos o sector Público a passar por reformas que denotam novas exigências colocadas pela sociedade quanto ao seu desempenho. Numa visão sintética, podemos afirmar que os cidadãos esperam dos governos e das instituições públicas não apenas um comportamento ético e responsável, mas também um padrão de desempenho mais alto, capaz de gerar melhores serviços públicos com os recursos de que dispõem. Consideramos que as Escolas do Governo devem funcionar como instituições corporativas de gestão do sector público, devendo em todas as acções, buscar não apenas transmitir informações e conhecimento, mas formar atitudes e comportamentos. Devem buscar trabalhar as três dimensões da capacitação profissional – o saber, o saber fazer e o saber/querer-ser. Isto torna as Escolas de Governo distintas de outras organizações voltadas a formação de quadros. Uma Escola de Governo não deve confundir-se com uma instituição académica: a formação que aquela promove deve ser necessariamente aplicada, voltada à resolução de problemas enfrentados pelo sector público. Seus resultados não se medem apenas no número de alunos, mas em mudanças de comportamento dos profissionais que frequentam a suas actividades. O seu compromisso não é apenas o de informar e actualizar, mas de provocar as mudanças requeridas e contribuir para os melhores resultados do sector público. Uma Escola de Governo, entendida como Instituição corporativa de gestão do sector público, deve promover, entre os agentes público, uma visão compartilhada sobre os macro desafios de governo e mobilizar energias de todos para a solução de problemas – e não 4 XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008 apenas difundir informação. Quando se toma a decisão da criação de uma escola de formação de governo a principal questão a ser enfrentada não é a de criar tão somente uma nova estrutura, mas sim de colocar o tema do desenvolvimento das pessoas e organizações públicas na agenda dos dirigentes máximos dos governos locais. Não pode ser uma decisão das áreas de Recursos Humanos: não terá a densidade da estratégia. Também neste caso, a estratégia deve proceder a estrutura: os dirigentes têm de decidir algum tempo para reflectir sobre as seguintes perguntas: por que propor a criação de uma Escola de Governo? que tipo de problemas se quer resolver com a nova organização? esses problemas podem ser solucionados por meio de capacitação? quais são as estratégicas do governo para a gestão pública e o que o governo espera dos seus servidores, em todos os níveis? como a capacitação pode potencializar essas estratégicas? como aproveitar ao máximo os recursos existentes – conhecimentos, competências, recursos financeiros? como aplicar desde o início o principio “fazer mais com menos”? que parceria são possíveis?. A resposta dos dirigentes de governo a essas perguntas pode dar o direccionamento estratégico da Escola de Governo. Só a partir daí é que se deve pensar na estrutura, que deve ser a mais leve e flexível, inclusive para poder acompanhar a evolução das necessidades. As Escolas de Governo eficazes são um lugar para o desenvolvimento gerencial em todos os níveis. Os Gestores devem vê-la como um lugar de actualização, em que sejam expostos a novas ideias e boa pratica de gestão. Dirigentes devem frequentá-la, para reflectir sobre suas práticas, trocar experiência entre pares e conhecer outras práticas eficazes de direcção. Os servidores devem, ao frequentá-la, renovar seu compromisso com o serviço público, desenvolvendo as três dimensões do saber: o conhecimento, as ferramentas, e as atitudes e os valores. Uma organização de aprendizagem – traço que deve definir a característica da Escola de Governo – deve buscar antecipar tendências: exercer um radar permanente sobre os desafios, disseminando este conhecimento para muitos, a baixo custo. E para quem cabe avaliar o desempenho de uma Escola de Governo? A quem esta nova organização deve prestar contas de sua acções?. Assim, a Escola deve ser responsável perante os seguintes grupos de actores: dirigentes máximos do governo, que devem ver a Escola de Governo como um recurso para implementar as politicas de gestão pública, mas também como uma fonte de informação para sustentar decisões sobre novas politicas; dirigentes e gestores estratégicos das organizações públicas, que devem vê-la como um farol de novos conhecimentos aplicados à solução de problemas de gestão específicos do sector público e como um lugar em que suas demandas têm resposta qualificada e ágil; os próprios funcionários, que devem compreender os desafios estratégicos dessas instituições, entendendo o alinhamento às politicas de governo como 5 XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008 uma oportunidade a ser tanto mais aproveitada quanto mais competente forem seus quadros para desempenhar também funções prospectivas e prepositivas; seus colaboradores eventuais, parceiros e fornecedores, cuja motivação deve recorrer da oportunidade de participar activamente das mudanças em curso no sector público e de se vincular a uma instituição de excelência – e muito menos como fonte de ganhos ou lucros; seus treinandos e alunos/formandos, que devem avaliar positivamente seus produtos e serviços enquanto são fornecidos – pela presteza dos profissionais e pela actualidade dos conteúdos – e depois, pela aplicabilidade à solução de problemas concretos; instituições similares, voltadas ao desenvolvimento de profissionais para o sector público, que devem reconhecer a Escola de Governo como referência na sua área de actuação. Uma Escola de Governo de seu tempo enfrenta hoje estes desafios. Temos de construir uma cultura activa no serviço público, disposta a criar o máximo de valor público com os recursos de que dispõe. Uma cultura voltada a resolução de problemas e a melhores serviços à população, aberta à avaliação permanente de suas acções por seus stakeholders. É dever de quem toma as decisões estratégicas de governo, em todas as esferas, não criar novas organizações com velhos hábitos ou padrões. Uma nova organização pública tem o dever de agregar valor público – este é um compromisso ético das organizações que queremos ver actuantes no sector público. A primeira e indispensável questão, o conteúdo dos conteúdos, o objectivo principal das Escolas para formação de servidores não pode ser outro que não o de propiciar aos alunos a possibilidade e as condições para tomarem consciência do nobre papel de servidor público. O autêntico servidor precisa ser e estar convencido de que seu dever é de trabalhar comprometido com o bem estar colectivo, focado nas necessidades dos cidadãos, voltado para o interesse da população. Isso implica afastar e afastar-se dos males do clientelismo, do corporativismo, do fisiologismo , do nepotismo, do patrimonialismo, de todas as formas, enfim, de apropriação privada do que é ou deveria ser público. Que fique claro: não há nada a censurar em que o servidor público reivindique seus direitos, que se organize e se associe, que lute por justa remuneração, segurança ou estabilidade no emprego, que pugne por boas condições de trabalho, evolução profissional e, ainda, ao final da carreira, por decente aposentação. Mais ainda, tais direitos e benefícios são parte indispensável da equação que resulta tanto em dignidade profissional quanto em serviços públicos eficientes e de qualidade. Por isso mesmo, estas questões precisam fazer parte do conteúdo curricular dos programas da Escolas de Governo. Cabe ainda às Escolas de Governo promover e propiciar reflexão responsável acerca do modelo burocrático e do gerencial, fugindo da posição fácil e precipitada, problematizando a tão difundida tese de que o modelo burocrático está ultrapassado e que o modelo gerencial resgata a natureza pública do Estado e do seu aparelho. É forçoso concluir que os servidores públicos precisam, certamente de ser eficientes, o que requerer foco em resultados e na qualidade; por isso mesmo, devem igualmente comprometer-se com os meios e as formas de agir, o que exige ética e compostura. 6 XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008 Para tanto, é justo e necessário que tenha direito a crescimento profissional, que lhes seja garantida uma carreira de facto pública, ou seja, uma evolução funcional construída e fundada nos requisitos de ética e de eficiência. As Escolas de Governo podem e precisam cumprir um papel essencial: formar servidores qualificados, porque são dignos e competentes. IV - Parcerias Institucionais O papel das parcerias no desenvolvimento dos trabalhos das escolas de formação é, portanto, fundamental por viabilizar acções de forma colaborativa, optimizando recursos, permitindo a troca de experiência e descentralizando a execução da actividades. São exemplos das parcerias desenvolvidas por essas instituições, as realizações com outras escolas parceiras em todas as regiões do país, visando ao desempenho de tarefas ligadas ao aprendizado de servidores públicos. È importante destacar também os convénios nacionais e internacionais para o aperfeiçoamento mútuo e a aquisição de novas metodologias de aprendizagem. O funcionamento da rede de Escolas deve contemplar mecanismos de incentivo à participação de modo que as mesmas realmente ganhem muito mais pela actuação conjunta que pelo isolamento. Considera-se que a perspectiva de aprendizado colectivo por meio do compartilhamento de conhecimento e experiências sobre boas práticas é por si só um forte incentivo. O desenvolvimento de parcerias é um aspecto fundamental na gestão da qualidade total e um método utilizado pelas organizações na procura da excelência. È também uma das dimensões pela qual se distingue a gestão da qualidade da gestão clássica. No contexto da administração pública, uma parceria é um acordo entre uma organização pública e uma ou mais partes (internas ou externas) que lhe permite cooperar a fim de atingir objectivos de politicas públicas. O que pressupõe um investimento comum de recursos (estão em causa, por exemplo, recursos como o tempo, o financiamento e a expertise), uma delimitação de poderes e de responsabilidades entre os parceiros que inclua a repartição deriscos e a obtenção de vantagens mútuas ou complementares. As parcerias são um meio de responder às crescentes exigências dos cidadãos, através de soluções inovadoras que melhoram ao desempenho do Estado e constituem um dos indicadores da sua reinvenção em termos de (re) distribuição de poder. As parcerias no sector público não são uma mera moda de gestão. Têm causas mais profundas. São a expressão de novos modos de acção pública, um novo meio de mobilização de actores e de recursos. Com efeito, nas sociedades democráticas de capitalismo avançado, o Estadoprovidência tem emitido sinais aparentemente contraditórios: se, por um lado, parece diminuir o seu peso quantitativo, por outro lado, dá mostras de aumentar a sua intervenção em matériade regulação das relações sociais e económicas. Os benefícios deste tipo de relacionamento estreito e especial entre duas ou mais organizações, são significativos, designadamente, a melhoria da qualidade da prestação de serviços e a sua eficiência e eficácia. Criam-se relações duradouras com os fornecedores e com os clientes, fundadas sobre a confiança recíproca e a partilha de objectivos, 7 XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008 conhecimentos, empenhamento e a sinergia no que se refere a recursos e a custos. Utilizando este modelo de colaboração, a administração pública pode, inclusivamente, expandir a cobertura de alguns serviços públicos e garantir a respectiva sustentabilidade financeira. As razões para se encetar uma parceria na administração pública são de diversa ordem. As mais comuns serão as seguintes: Encontrar soluções criativas para questões complexas; Fazer mais com menos, ou seja, combinar esforços e partilhar recursos (financeiros, não financeiros, humanos e naturais); Prosseguir actividades com recursos reduzidos; Encontrar fontes de financiamento alternativas; Acrescentar valores a serviços, programas ou actividades; Criar economia de escala; Reduzir os problemas operacionais; Partilhar conhecimento e expertise; Aumentar a eficiência, a eficácia e a receptividade aos utentes; Melhorar a credibilidade da politica ou do programa em causa. As parcerias desenvolvidas pelas organizações públicas podem assumir diversas formas: grandes parcerias oficiais (alianças estratégicas), parcerias de índole local que envolvem parceiros públicos e privados, alianças de curta duração criadas para desenvolver um dado projecto ou programa e apoio mútuo, que são usualmente consideradas «redes». Estes tipos de parcerias podem, por sua vez, assumir a forma de uma parceria jurídica (uma concessão, por exemplo), de um acordo de colaboração (ou protocolo) ou de um determinado mecanismo de financiamento. 4.1 Parcerias entre administrações públicas Existem, por um lado, parcerias entre as diversa administrações: entre organismos de vários ministérios. O objectivo fundamental destas parcerias é reforçar a implementação das políticas pública e criar condições para reformas que se consideram fundamentais. 4.2 Parcerias com o sector privado É a parceria entre organizações públicas e organizações do sector privado. Em regra, o objectivo principal é reforçar a qualidade, a eficiência e a eficácia dos serviços prestados e criar condições para a inovação. Por esse motivo, estas parcerias com o sector privado são baseadas na gestão pelos resultados e inscrevem-se, em regra, nos objectivos da modernização administrativa. 4.3 Parcerias com o sector associativo Existem ainda, de forma crescente, parceria com o sector associativo e os próprios cidadãos, As parcerias com os cidadão podem constituir uma forma eficiente de melhorar o funcionamento das organizações públicas, designadamente nalguns sectores da prestação de serviços, como é o caso do sector da educação e da saúde, cujas organizações (escolas e hospitais) podem utilizar essa forma de relacionamento para melhor se integrarem nas respectivas comunidades e receberem os apoios da população. 8 XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008 Em todos estes casos, a característica comum nos diferentes tipos de parcerias é o facto de os parceiros procurarem obter algo que não alcançariam sozinhos, pondo em comum as suas capacidades e outros recursos. Para tal, partilham uma visão dos seus objectivos e adoptam formas inovadoras de trabalho conjunto. Assim, a selecção das instituições nacionais e estrangeiras, com as quais a Escola estabelecerá parceria, deve resultar de uma combinação de factores: primeiro, devem ser escolhidas instituições com inegável experiência nos domínios da formação, pesquisa e divulgação (que serão os três Eixos de actuação da ENAD); segundo, devem ser escolhidas instituições que realmente demonstrem interesse no relacionamento institucional. È preciso ultrapassar a fase em que as parcerias representam mais “apadrinhamento” do que uma verdadeira “cooperação bilateral”. As instituições apenas se empenham na colaboração com congéneres nacionais ou estrangeiras quando estão convencidas da mais – valia que isto pode representar. Após a ponderação de um conjunto de factores históricos (laços antigos), culturais (semelhança de modelos administrativos) e institucionais (semelhança do modelo pretendido para a ENAD, identificamos pois, as seguintes escolas ou institutos para parceria: a)Nacionais: I. II. III. IV. V. VI. Instituto de Formação da Administração Local /IFAL). Centro de Investigação da Universidade Católica de Angola. Faculdade de Direito da Universidade Agostinho neto (UAN). Faculdade de Economia da UAN. Faculdade de Letras e Ciências Sociais da UAN. Centro de Estudos Estratégicos de Angola. b)Estrangeiras: VII. VIII. IX. X. XI. XII. XIII. XIV. XV. XVI. XVII. XVIII. Instituto Nacional de Administração (INA) – Portugal. Escola de Administração Fazendária (ESAF) – Brasil. Escola Nacional de Administração(ENA) – França. Instituto de Administração Pública do Canadá (IPAC) – Canadá. Instituto Nacional de Administração Pública (INAP) Espanha. Escola Superior de Administração Pública (SSPA) – Itália. Fundação Getúlio Vargas (FGV) – Brasil. Instituto superior de Administração pública (ISAP) Moçambique. Uma instituição congénere da Africa do Sul. Uma instituição congénere da Namíbia. CAFRAD. CLAD. A enumeração destas instituições é, meramente a título indicativo, ficando a ideia de que a Escola Nacional de Administração (ENAD) deverá estar sempre aberta a outras cooperações, sempre na base das vantagens mútuas e recíprocas. 9 XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008 V – Conclusões Os processos de reforma e de modernização administrativas devem ser encaradas como missões permanentes dos Estados em estreita combinação com a sociedade. A visão por objectivos, metas e o alcance de resultados, o exercício da autoridade legítima, a prevalência da ordem, a metodologia de participação e de compromisso bem como adopção das transformações oportunas decorrentes da dinâmica institucional, económica, cultural e social devem ser o traço distintivo principal de quem lidera, gere e actua nos órgãos e serviços públicos. De resto, o sentido de utilidade dos Programas de Reforma Administrativa em cada país tem de ser aferido, também, a partir do contributo que os mesmos devem trazer ao Direito, ao Aparelho e ao Sistema Administrativos no sentido de servirem de modo eficaz e eficiente o exercício da soberania, a prática da cidadania e o funcionamento da economia, num mundo em constante mutação, de valores difusos, de sujeitos com interesses permanentes próprios e cada vez mais independentemente em termos económicos. Nesse sentido e no que à Escola Nacional de Administração diz respeito, cumprindo com a orientação do Governo, ela funcionará nos planos da FORMAÇÃO ESPECIALIZADA para quadros de direcção, superiores e intermédios dos órgão da Administração Pública, da PESQUISA CIENTIFICA E DIVULGAÇÃO das realidades da alta direcção de Empresa e em gestão empresarial. Hoje em dia as Administrações Públicas são consideradas e assumem-se cada vez mais, quer na sua dimensão estrutural quer sistémica, como instrumentos fundamentais das sociedades politicamente organizadas para a promoção e aplicação de soluções que visem o alcance do desenvolvimento sustentável. Por isso, uma da vertentes de actuação da Escola Nacional de Administração será a possibilidade de participar na preparação e formulação de projectos de programas e de medidas relacionadas com aquela questão. Para isso disporá na sua orgânica de um CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS PARA O DESENVOLVIMENTO. A ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, cujas obras de construção tiveram inicio em Novembro de 2005 e terminaram em Fevereiro de 2008, funcionam em instalações nas quais as opções arquitectónicas foram inspiradas no propósito de reflectir uma imagem de eficácia, de modernidade e de empatia de uma Administração que caminha, tal como o País inteiro, em direcção à patamares mais elevados de civilidade, de rigor, de responsabilidade individual e colectiva e de qualidade de vida. Que os frutos desta ESCOLA “sejam mentes que uma vez abertas a novas ideias jamais voltem ao seu tamanho original”, como um dia escreveu Albert Einstein. Porque a virtude dos homens vai até onde a sua própria natureza consente, é que se reconhece que os processos de desenvolvimento devem assentar, em particular, na solidez das instituições e esta por seu turno exige o investimento seguro e permanente na competência dos seus integrantes. Com a adopção deste grandioso e valioso passo de criação da ENAD, está-se em crer que Angola almejará o desenvolvimento que se pretende no futuro relativamente a capacitação e melhoramento das instituições públicas e da formação do seu pessoal técnico – administrativo com vista a um melhor desempenho de toda a sociedade e comunidade. 10 XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008 Referências Bibliográficas Angola. Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social. Plano geral de formação dos funcionários públicos, 2000, mimeo. Angola. Excertos do discurso do Ministro de Administração Pública Emprego, e Segurança Social, por ocasião da Inauguração da Escola Nacional de Administração (ENAD). Disponível em http//: www.enad.gv.ao, acesso em Julho de 2008. Angola. Conselho de Ministros. Excertos dos termos de referência do “Projecto ENAD”. Luanda, 2007, mimeo. Amorim, Alexandre & Carneiro, José Mário Brasiliense (org.) Escolas de Governo e gestão Municipal. São Paulo Brasil, Editora - Edições Loyola, 2003. Carapeto, Carlos & Fonseca, Fátima. Administração Pública. Ferraz, David & Madureira César. Modelos de formação de Dirigentes Públicos analise comparativa. Lisboa – Portugal, Editora INA – Instituto Nacional de Administração, 2006 Modernização, Qualidade e Inovação. Lisboa – Portugal, Editora – Edições Sílabo, lda, 2006. Resenha Biografica José João Lourenço, Jurista funcionário Sénior do Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social, Administrador e Director da área de formação da Escola Nacional de Administração. Palestrante e Conferêncista em Angola sobre matérias ligadas à Administração Pública e Administração do trabalho, para instituções Públicas e Privadas. Formador de cursos sobre a Legislação em Administração Pública para Instituições Públicas de Angola. Participante em vários Fóruns Nacionais e Internacionais ligados à Problemática da Reforma e Modernização Administrativa (Congressos, Seminários, Conferências) e em cursos especializados solbre a Administração Pública contemporânea no Mundo e em particular em África. 11
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