quem tem medo de maria regina?

Transcrição

quem tem medo de maria regina?
Escrito em:30/1/2009
QUEM TEM MEDO DE MARIA REGINA?
Um presentinho pra vocês:esse vídeo acima, um tantinho longo mas
pleno de melodrama, retirado da novela SUAVE VENENO: Maria
Regina, a vilã, cai de quatro por amor, mas logo se levanta e dá a
volta por cima. Ângelo Antônio e Letícia Spiller mostram o seu melhor,
com direito a participações de luxo de Glória Pires e José Wilker.
Por que postei o vídeo aqui? Como tira-gosto antes de servir meu
próximo post, cujo tema será SUAVE VENENO. Essa novela é minha
nova obssessão - nos últimos dias não penso em outra coisa senão
em escrevê-la de novo... Mas agora da maneira certa, com outro
nome e com o diretor ideal que só pode ser o Wolf Maya. Aguardem!
_________________________________________________________
BRASIL MOSTRA A TUA CARA!
Como disse antes, aceitei sem pestanejar o convite de Gilberto
Braga para escrever com ele e Leonor Bassères uma novela.
Seríamos co-autores, o que significa que teríamos o mesmo peso
quanto à autoria. Mas a idéia original era de Gilberto e, na feitura
da sinopse, eu e Leonor apenas ajudaríamos.
Foi um trabalho difícil. Ao contrário de mim, que considero a
sinopse uma peça literária destinada a vender a história aos
executivos da emissora, Gilberto acha que ela deve ser simples,
concisa e sem maiores arroubos: quase um relatório, num estilo
que afinal de contas não facilita muito a leitura.
Talvez por isso ela tenha sido devolvida e reescrita quatro vezes,
o que acabou por nos deixar inseguros. Além disso, Daniel Filho
não morria de amores pela história e, numa das últimas reuniões
antes que ela fosse aprovada por Boni, deixou isso bem claro.
Mesmo assim ela foi considerada a novela da vez. E então
começamos pra valer o nosso trabalho.
Eu e Gilberto temos horários e ritmos diferentes: ele vai dormir
quando acordo, e só começa efetivamente a trabalhar quando já
estou descansando. Na divisão de trabalho ficou estabelecido que
ele faria o resumo do bloco (da semana) e o mandaria pra mim,
que, de posse deste material, elaborava as escaletas e depois
dividia entre os três o trabalho, ou seja: dizia quem ia escrever
que cenas.
Gilberto morava no Flamengo. Eu tinha acabado de mudar pra
Barra da Tijuca, e o bairro, a não ser pela rua Olegário Maciel e
as avenidas Armando Lombardi e das Américas, era um vasto
descampado. Ainda não havia internet; e o material que Gilberto
me enviava às sextas-feiras, devidamente datilografado, era
trazido por um mensageiro ao qual, de modo politicamente
incorreto, apelidamos “o Negrinho”.
Coitado do Negrinho. Chegava à casa de Gilberto por volta de 19
horas e lá ficava até três, quatro da matina (quando este liberava
afinal o “resumo da semana”), e então ia entregá-lo em minha
casa. O meu prédio não tinha porteiro e tudo que o Negrinho
podia fazer era atirar o envelope através das grades da entrada do
prédio e depois ir embora pra sua própria casa lá em Mesquita.
Enquanto isso eu não dormia. Temia pela segurança do envelope.
E se algum vizinho, de sacanagem, o apanhasse antes de mim e
sumisse com ele?
Com medo que isto acontece descia várias vezes pra ver se o
Negrinho já tinha passado e deixado o envelope; porém isso
nunca acontecia antes das 4 da matina, quando afinal eu me via
com o resumo da semana, bem a tempo de começar a minha
jornada de trabalho às 5 e meia.
A essa altura a novela já tinha estreado, vinha
causando verdadeira comoção e ameaçava se
transformar no assunto do dia. As desventuras de
Raquel, as canalhices de Maria de Fátima, as
maldades de Odete Roitman eram temas de todas
as conversas. Enquanto isso, às sextas-feiras, até
que chegasse o tal resumo da semana, eu não
dormia. A tensão era tanta que a certa altura eu
tive a minha primeira crise hipertensiva e
precisei ficar internado um dia.
Com o decorrer das semanas os resumos de Gilberto iam ficando
cada vez mais sucintos... Até que, numa sexta-feira, ele tinha
pouco mais de uma linha, que era: “desenvolver a história da
maionese e dar um jeito de botar todos os personagens na trama”.
A história da maionese era aquela em que Odete Roitman, na
tentativa de prejudicar os negócios de Raquel, providenciava pra
que ela servisse maionese estragada na sua empresa de cattering.
Gilberto não podia ter sido mais sucinto. Mesmo assim eu
desenvolvi a “história da maionese” de modo tal que ela durou
uma semana.
De vez em quando tínhamos o que chamávamos uma “reunião de
trama”. Era sempre na casa de Gilberto, e nunca começava antes
das 22 horas. Eu ia mais cedo, chegava no Flamengo por volta de
19 horas, deixava o carro estacionado num posto de gasolina, ia
pra Churrascaria Majórica, comia um bifão com batatas fritas e
duas caipirinhas... E estava pronto pra varar a madrugada
trabalhando.
Bons tempos em que não padecia de refluxo nem
de azia...
Eram reuniões divertidíssimas, pois Gilberto é um grande
conversador, e para abrilhantar ainda mais o convescote contava
com as intervenções sempre bem humoradas do seu copeiro,
Ângelo, e o ajudante deste, um rapaz chamado “Fanha”.
Leonor, bem mais velha que nós, era sempre a mais animada e
disposta. Ela morreu em 2004, aos 78 anos, mas ainda com
espírito de menina que estudou no Colégio Sacre Coeur de Marie.
Foi um trabalho árduo, difícil, mas sempre prazeroso. Não houve
entre nós sequer uma rusga. Posso dizer que houve apenas uma
pequena discordância... Por causa do tal mambo da Heleninha.
Em 1958, aos quatorze anos de idade, eu vi no cinema uma das
cenas mais impressionantes de toda a minha vida: em “Palavras
ao Vento”, um filme do diretor Douglas Sirk, a atriz Dorothy
Malone dançava um mambo no seu quarto enquanto na sala o seu
pai morria. Dorothy ganhou em 1957 o Oscar de atriz coadjuvante
por este filme, e sem dúvida a cena do mambo ajudou muito
nisso.
Querem ver como foi? Então vejam o vídeo abaixo.
Durante anos obcecado por esta cena, eu achei que Heleninha
Roitman (Renata Sorrah) devia fazer o mesmo no dia da morte de
sua mãe, Odete Roitman (Beatriz Segall). Mas Gilberto foi contra.
Pra ele a Heleninha, por causa de suas bebedeiras, já aprontara
demais da conta. Eu achava que o público queria mais, e esse plus
poderia ser o tal mambo.
Mas fui voto vencido, e Heleninha se comportou melhor do que
eu queria ao saber da morte da mãe: teve apenas um ataque
histérico. De qualquer modo, mas não nessa ocasião, ela acabou
dançando um mambo na novela. Ele está no You Tube pra quem
quiser ver, e coroa uma longuíssima cena de bebedeira que Renata
faz magistralmente.
“Vale Tudo” estreou em maio de 1988 e terminou em janeiro de
1989. O detalhe da morte de Odete Roitman é que, ao escrevê-la,
não nos preocupamos com a data em que ela iria ao ar... E só
descobrimos muito tarde que seria no dia 24 de dezembro:
véspera de Natal! Não podia ser uma data mais imprópria... Nem
tão ruim para o Ibope, pois, tradicionalmente, esse é o dia do ano
em que a audiência da televisão é mais baixa.
Por isso, nas escaletas seguintes, tive que apelar mais vezes do
que a decência permitia para o flash-back: a cada dois capítulos
tínhamos o vale a pena ver de novo da morte de Odete Roitman.
Ao decidir quem a matou, escolhemos o personagem menos
óbvio, e assim Cássia Kiss é que foi a premiada. Várias versões
foram gravadas; e ninguém conseguiu descobrir quem era o
assassino até o dia em que a cena foi exibida.
O fato é que, com ou sem mambo, Vale Tudo a
essa altura já se transformara numa daquelas
novelas que as pessoas não esquecem. Não que ela
tenha sido uma campeã de audiência: não está
nem entre as doze primeiras. Mas é, sem dúvida,
uma das mais lembradas.
Acabado o trabalho eu nem pude descansar sobre os louros, pois
ainda naquele ano de 1989 já estreava com TIETA. E mal esta
acabou, em 1990, o telefone tocou na minha casa – trim, trim -,
eu atendi, e era Gilberto Braga, que propôs:
“Vamos fazer de novo?”
Eu disse que sim – é claro.
A novela seria “O Dono do Mundo”, e eu já participara de várias
reuniões de estabelecimento da sinopse quando veio o recado de
Daniel Filho em nome da Rede Globo:
“Aguinaldo e Gilberto juntos nunca mais; a partir de agora cada
um faz a sua”.
E foi por isso – só por isso – que nos separamos. Mas quem sabe
um dia a proibição será revogada, e então voltaremos a trabalhar
juntos?
E a Leonor ainda pode nos dar uma mãozinha lá de cima.
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Escrito em:27/1/2009
AY, QUE PRECIOSO ES EL MAMBO!
“O OUTRO foi uma telenovela brasileira produzida e exibida
pela Rede Globo em 1987, de 23 de março a 10 de outubro,
com 173 capítulos. Foi escrita por Aguinaldo Silva e dirigida
por José de Abreu, Fred Confalonieri e Ignácio Coqueiro,
tendo a direção geral ficado a cargo de Marcos Paulo,
Gonzaga Blota, Ricardo Waddington e Antônio Rangel. A
novela contou ainda com a colaboração de Ricardo Linhares.
“Embora a novela tenha sofrido com a crítica, O OUTRO foi
um sucesso de público. O Jornal do Brasil informou, em 25 de
março de 1987, que a estréia da produção havia alcançado
média de 75% da audiência pesquisada, contra os 64% de
“Selva de Pedra”, em fevereiro de 1986, e os 70% de “Roda de
Fogo” em agosto de 1986.
“Em O Globo de 10 de abril de 1987, uma notícia confirmava
que, já na segunda semana de exibição, O OUTRO havia
empatado com a audiência de “Roque Santeiro” no mesmo
período, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
“O OUTRO teve média geral de 61 pontos, ótima para a
época.”
VERDADE OU MENTIRA?
É a mais pura verdade.
Tudo o que vocês leram aí em cima foi literalmente copiado da
Wikipédia, que cita dados oficiais: O OUTRO, minha primeira
novela, foi um sucesso de audiência, apesar dessa profusão de
diretores tê-la transformado num verdadeiro fudevu de caçarolê.
Ou seja, eu já estreei matando cachorro a grito!
Tanto que, um mês depois de escrever os últimos capítulos, o
telefone tocou na minha casa – trim-trim! -, e quando atendi, era
Gilberto Braga quem estava do outro lado perguntando se eu não
estava a fim de escrever outra novela, agora em parceria com ele.
É claro que aceitei na hora.
E o resultado disso foi que praticamente emendei com O OUTRO
um dos trabalhos mais prazerosos de toda a minha vida.
Alguns dias depois, eu, Gilberto e Leonor Bassères já estávamos
trabalhando numa sinopse, que foi rejeitada quatro vezes pela
Rede Globo e quatro vezes reescrita, até que, à falta de outra,
acabou aceita; teve o seu nome modificado também várias vezes
– numa delas chegou a se chamar “Bufunfa” (eu juro que é
verdade!), mas finalmente, por causa da música de Cazuza que
lhe serviria de tema, acabou sendo batizada como... VALE
TUDO!
Como foi a aventura de escrever essa novela que que se tornou
um mito? Eu vou contar pra vocês, mas não agora, pois este é
apenas um preâmbulo.
Amanhã eu volto...
E aí sim, vou contar a história do mambo da
Heleninha Roitman.
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RIO PRECISA DE UM HARVEY MILK!
Fui ontem ver "Milk", o filme, numa sessão privê
na cabine da Paramout. Não posso escrever sobre
ele, pois me comprometi a fazê-lo em primeira
mão para o jornal O Globo. Mas posso dar uma
palinha. Harvey Milk foi o primeiro político
norte-americano assumidamente gay. Chegou a
ser "prefeitinho" de San Francisco, e tinha um
futuro brilhante pela frente, quando foi
assassinado a tiros no prédio da prefeitura por
um político rival, em novembro de 1978. O filme
não é apenas sobre ele, mas sobre a luta dos
ativistas gays americanos em busca dos seus
direitos. Sean Penn, no papel título, está
simplesmente divino. Mas Josh Brollin, como o
assassino, não fica atrás. Os dois concorrem ao
Oscar, respectivamente, nas categorias melhor
ator e ator coadjuvante. Por enquanto vejam o
trailler. Depois eu escrevo mais sobre o filme
______________________________
UAUAUAUAUU, PAIZINHO, ME ADD!
Tenho a maior bronca do Orkut.
Quer dizer acho a idéia do engenheiro Orkut Büyükkokten,
projetista do Googgle, até válida: um site de relacionamento
social, onde as pessoas entrariam pra fazer novos amigos.
É possível que em países como China e Cuba, onde o povo sabe
que pode ser fuzilado a qualquer momento, e por isso evita mijar
fora do penico, ela funcione.
Mas no Brasil, que escolheu as cores da permissividade para
pintalgar sua já coloridíssima bandeira, a idéia tinha que virar o
que hoje é:
Um valhacouto de freaks, tarados e muquiranas.
Não que todos os brasileiros reunidos no Orkut – 23 milhões
atualmente, a maior comunidade do mundo – mereçam um desses
adjetivos. Tem lá muita gente boa, inclusive eu, que tenho uma
página no Orkut sem nunca ter ido lá (depois explico).
Mas os bons, como sempre acontece, de um modo geral são
discretos, e por isso somem. Já os maus... Bracejam e esperneiam
até se transformarem, num raio de milhares de quilômetros, nos
únicos seres vivos a se tornar visíveis.
Alguém comentou aqui ontem à noite que, no Brasil, crianças
ainda nos cueiros já têm perfil no Orkut. E a maioria,
principalmente as meninas, revelam nas fotos em que se
apresentam uma precocidade de fazer corar muitos adultos. As
poses são lascivas. A maquilagem é carregada e ostensiva. A
roupa é mínima. As frases sumárias, com mais reticências que
letras, prometem descobertas incríveis.
“Uauauauauauauauauau paínho, me add!”, escreve uma menina
de onze anos sob a foto na qual seu bico, entreaberto em forma de
O e pintado de baton vermelhíssimo, só Deus sabe o que sugere.
E os pais destas crianças? Ah, quanto mais elas
capricham na sensualidade mais eles proclamam:
ui ui ui, que lindo!
Depois fica todo mundo indignado quando levas e levas de
operários europeus em férias desembarcam por aqui em busca da
mercadoria que conseguem num simples piscar de olhos: o sexo.
Dêem uma olhada em tudo o que se escreveu sobre turismo
sexual no Brasil e chegarão à mesma conclusão que eu – para os
brasileiros a culpa é sempre dos visitantes, quer dizer: os gringos.
Ninguém se dá conta de que, se vem tanto homem aqui atrás de
sexo, é porque a oferta é grande, aumenta a cada dia e se torna
cada vez mais precoce.
Não esqueço jamais da cena que vi certa manhã em Jacarepaguá,
quando me preparava para escrever SENHORA DE DESTINO:
na fila de mulheres grávidas esperando atendimento à porta da
Maternidade (não por acaso chamada Leila Diniz) a maioria tinha
menos de dezoito anos.
Havia futures mamans que visivelmente tinham treze ou até
doze. E todas, apesar do adiantado estado de gravidez, não
deixavam de exibir seus barrigões saindo pra fora da roupa
mínima, pois, mesmo prestes a parir, aquelas crianças não abriam
mão de serem gostosonas e sexies.
O interessante disso tudo é que, enquanto as meninas são
treinadas desde cedo pra se tornarem predadoras sexuais aos doze
anos, os meninos continuam a seguir a lei natural das coisas e só
se tornam homens depois dos dezesseis.
Sou um homem profundamente conservador em
matéria de costumes. Isso fica bem claro nas
minhas novelas, nas quais eu fujo da perversão
como o vampiro foge da bala de prata.
Minhas histórias são contos de fadas moralistas e
inocentes.
Por isso o Brasil na qual eu as situo parece mais exótico que a
distante Índia – aquele Brasil das minhas novelas, tão recatado em
matéria de costumes, simplesmente não existe.
O que existe é um outro, mostrado em dois flagrantes fotográficos
que me foram exibidos por um amigo: na Praça Quinze, no centro
mais movimentado e histórico do Rio de Janeiro, duas mulheres
se baixam ao pé de uma árvore e fazem xixi diante de todos os
passantes.
Pois é: se os homens fazem, por que então elas
não podem?
Essa permissividade brasileira, que espanta o mundo e nos coloca
na vanguarda dos meus costumes, achou seu canal de expressão
ideal no Orkut.
Portanto, eu odeio não a idéia do turco Orkut Büyükkokten, mas o
que ela se tornou neste Brasil que exala sexo.
Eu disse que odeio o Orkut e nunca entrei nele, mas tinha lá um
site, perfil ou como quer que isso se chame. Explico: nunca fui
ver, me recuso, mas alguém me disse que existe uma página de
Aguinaldo Silva, autor de telenovelas no Orkut, na qual ele
convida jovens aspirantes a atrizes a lhe mandarem fotos e
contatos “com vistas a trabalhos futuros”.
Ou seja, tem um freak, tarado e muquirana
comendo mocinhas incautas às minhas custas!
“Por que você não recorre à justiça pra tirar essa página do ar?” –
alguém aí me pergunta.
Já falei com meu advogado a respeito e ele me disse que não
adianta: “tudo que você vai conseguir é ganhar uma enorme dor
de cabeça”.
Pois se até este blog é pirateado! Digitem no Google: “blog,
Aguinaldo Silva”. O que vai entrar não é o bloglog, mas um outro
hospedeiro, com o qual nunca tive nenhum contato e onde o
Blogão aparece cheio de anúncios! E é claro que eu não ganho
nada por isso...
Por toda essa pouca vergonha que parece tomar conta de modo
irreversível da boa idéia que era a internet é que estou pensando
em desistir de viver on line para voltar a escrever a mão e com a
velha e boa tinta Parker. Pra isso já encomendei mata-borrões,
além de algumas penas... Arrancadas do rabo de um certo ganso.
Porque, mesmo mal humorado, eu perco um dedo, mas não perco
uma piada...
(nas fotos abaixo: pois é, eu já morei na Lapa, reconheço e assumo. Mas
recebi o Chamado do Senhor e me tornei um Cidadão de Respeito!)
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-------------------------------------------------------------------------------------Escrito em:24/1/2009
MINHA CASA É UM MUSEU, PART TWO!
Nas fotos acima, eu e meu Bertrand du Guesclin, cavaleiro francês do
século XIV que, pela feiura, inspirou a lenda da Bela e a Fera, obra do
escultor Fremiet; eu e minha Walkiria de Colinet, uma das duas únicas
mulheres que ficou famosa como escultora (a outra foi Camille
Claudel); e um dos cantinhos art deco da minha casa. Cada peça foi
produto de uma exaustiva negociação em leilões ou antiquários. A
mais antiga de todas, é claro, sou eu mesmo...
_________________________________________
ALGUÉM AÍ QUER SER ETERNO?
Morrer só é ruim porque não se pode mais ouvir as
músicas de Cole Porter.
A frase acima não é minha; foi atribuída a Paulo Francis, mas
acho que também não é dele... E encerra uma grande verdade: o
chato de morrer é que a gente deixa de fazer o que gosta.
E como eu gosto de ouvir Cole Porter... Foi o que fiz,
diariamente, nos últimos vinte anos de minha vida. E não apenas
em minhas casas, onde tenho todo tipo de coletâneas com as
músicas dele - ou apenas ligo no canal de “standards” da Sky-Net,
onde elas tocam a cada instante, cantadas por diferentes vozes...
Mas também nos hotéis, nos elevadores, nas lojas mais
requintadas onde ele é sempre o must do som ambiente...
Pois Cole Porter é um clássico.
E o que é um clássico? É aquilo que se entranha no
subconsciente das pessoas e a cada vez que ressurge
parece sempre novo.
No terreno da música, aqui no Brasil, temos dois clássicos
recentes: Cazuza e Marina. Esses dois vão ficar pra toda vida,
sabem por quê? Mesmo que a gente ouça a música deles mil
vezes não enjôa. E olha que não se passa um dia sem que se
escute Marina ou Cazuza pelo menos meia dúzia de vezes... E
todas são sempre prazerosas.
Esse homenzinho cuja foto publico lá em cima também é um
clássico: Elton John. Será que existe algum Zé Ruela que não
goste da musica dele? Com suas canções Elton nos embalou a
todos nos últimos trinta e cinco anos. E mesmo depois que ele se
for - e nós também - suas canções ficarão pelas gerações a fora,
tal como ficaram as de Cole Porter.
Como diria outro clássico, George Gershwin, they got
rhythm, gente! Rítmo e estilo.
Não fui à apresentação de Elton no sambódromo, como pretendia.
A doença de Tadeu não me deixou sair de casa. Mas, segundo
todos os críticos, mesmo os mais rigorosos, ela foi antológica.
Deixei passar a oportunidade, mas me resta um consolo: é só ligar
o rádio e não se passarão nem dez minutos sem que eu tenha
Elton cantando em minha sala.
Fico pensando se existe alguma novela que tenha
virado um clássico da televisão brasileira. Será? Falase muito, por exemplo, de “Gabriela”, Ou “Roque
Santeiro”, ou “Dancin Days”, ou “Vale Tudo”, ou
“Tieta”. O problema é que essas novelas fizeram muito
sucesso em sua própria época, e depois, o que restou
delas foi apenas a lenda.
Será que elas resistiriam a reexibições constantes, como acontece
com alguns seriados americanos? Por exemplo: quem é que muda
de canal se estiver passando “Seinfeld”? Ou “Sex and the City”?
Ou “Os Sopranos”? Quem se atreve a mexer no controle remoto
se der de cara com o velho “Perdidos no Espaço”? Ou “Alf, o
Extra-Terrestre”?
São tanto os seriados de tevê americanos que se tornaram
clássicos! Sempre repetidos à exaustão, sem que o público jamais
se canse deles.
Já as novelas... Seria difícil aturá-las o tempo todo, entre outras
coisas por causa do formato interminável.
Telenovela é sempre passageira. É igual a ônibus:
a cada cinco minutos um deles passa e vai embora
O ano passado Aline Moraes era a maior vilã de todos os tempos.
Mal começou “A Favorita” e o posto passou a pertencer a Flora.
Não se iludam, daqui a uma semana “a maior vilã de todos os
tempos” estará fazendo suas caras e bocas na novela da Glória.
Eu sempre digo que novela é como o jornal de ontem. Depois
que acaba só serve mesmo pra embrulhar peixe... Ou pra
outras funções ainda menos nobres.
Por isso não me limito a escrevê-las, mas também lanço livros,
produzo peças de teatro, faço jornalismo e crio polêmica. Pra não
ter que ficar com a impressão, a cada vez que termino uma
novela, de que até começar a próxima eu “já era”.
Ah sim, e além de fazer tudo isso, agora e sempre, eu ouço Cole
Porter.
Night and day!...
(E agora vamos às fotos, aí embaixo, dos dois mais recentes
premiados do Blogão do Aguinaldão: o baiano Luiz Carlos, na
foto com sua querida irmã Thamyris, e a portuguesinha
Cláudia Barreiro. Os prêmios, respectivamente, um exemplar
de “Autores – o livro”, e uma caixa de DVDs da primeira
temporada de “30 Rock” seguem ainda esta semana.
Parabéns quereeeeeeeeedos!)
(Ah sim, e já temos mais um premiado. O autor do comentário
4000 - é mole ou querem mais? - foi o... DHIO AVELINO! Isso
mesmo, quereeeedo, aguarde contato).
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Escrito em:18/1/2009
AUTOR FAMOSO CONFIRMA: "APANHEI E
GOSTEI"!
p>
Vejam aí em cima, em primeirésima mão, um video com os
indicados ao Oscar 2009. E começem a preparar a pipoca e a
torcer pelos seus favoritos.
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(Vejam Annie Lennox cantando "Every Time We Say Goodbye",
de Cole Porter, no vídeo acima. É uma espécie de "trailler" para o
meu próximo post, que será sobre Cole, Elton John, Cazuza,
Marina Lima, todos clássicos, e o que é ou não clássico na
televisão.)
____________________________________________________________________________
__________________
A manchete acima, de autoria do futuro titio Rodrigo Lima, foi a
grande vencedora, por votação direta, do nosso concurso de
manchetes fifis. Fez-se justiça. Era muito boa, embora as duas que
vieram a seguir na votação não ficassem atrás. Foram as
seguintes, pela ordem:
MODERADOR DO BLOG ESCREVE LIVRO CONTANDO PODRES
DO PATRÃO, de Lara Simeão Romero, e AGUINALDO SILVA LEVA
COIÓ EM PARIS, de Davi Vallerio.
Foi uma competição muito divertida, assim como foi divertida a
votação, e a leitura das justificações de voto.
Mas uma manchete só e completa se embaixo dela vir um texto. E
que texto um Fifi escreveria para justificar essa manchete?
Abaixo vai a minha sugestão:
Após ser agredido por uma desconhecida no café Le Deux
Magots, em Paris, e levar um tapa na cara, o telenovelista
Aguinaldo Silva declarou:
“Apanhei sim... E gostei!”
Tanto gostou que decidiu criar uma nova modalidade de diversão,
o spank, que consiste no seguinte: o spankador ataca alguém de
surpresa, sempre em lugares públicos, dá-lhe um tapa na cara e
depois sai correndo.
Segundo Aguinaldo, algumas pessoas,em vez de spankar, vão
preferir ser spankadas, como é o caso dele.
Depois de prever que essa “nova forma de contato físico” fará
grande sucesso, Aguinaldo Silva sugeriu até a criação de
spankódromos, onde os que gostam de bater e os que gostam de
apanhar se encontrariam livremente.
“Eu mesmo seria frequentador assíduo” – encerrou o novelista.
Seria este o texto.
Agora, quanto querem apostar como daqui a pouco ele estará
nos sites dos Fifis, como se eu tivesse realmente dito isso?
Agora quanto ao prêmio: seria um jantar comigo e minha
entourage. Mas como Rodrigo mora em Recife, terá que esperar
até que eu apareça por lá, o que, espero, deve acontecer dentro em
breve.
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__________
ÓI ELES AQUI: OS NOVOS PREMIADOS!
O Blogão do Aguinaldão dá tantos prêmios que estou
até atrasado na apresentação dos premiados. Já
existem dois –Cláudia Barreiro e Luiz Carlos – na fila
de espera, e só agora eu estou postando as fotos de
Mirela e João Sequeira de Sousa, dois dos nossos mais
ativos e queridos colaboradores.
Na sequência abaixo Mirela, uma verdadeira
candidata a nossa musa, aparece sozinha na primeira
foto, e na segunda com o namorado Marcos e o sogro, o
senhor Pedro, que entende mais de telenovela do que
eu: é telespectador fanático!
A seguir temos João Sequeira de Sousa, o primeiro da
legião de portugueses frequentadores do blogão a ser
premiado. Na primeira foto ele aparece com a camisa
do valoroso Futebol Clube do Porto, pelo qual o nosso
Moderador – além de meio Portugal – também torce. E
na segunda, com o seu grande, fervoroso e querido
amigo de todas as horas.
Os prêmios já seguiram via sedex, e a essa altura
devem estar chegando. Os de Cláudia e Luiz Carlos
seguem ainda hoje.
Quanta gente bonita, né não?
Beijos pra todos!
_______________________________________________
COMO ESCREVER UM CAPÍTULO DE NOVELA!
Faz tempo vocês me pedem pra publicar uma
escaleta (e seu capítulo respectivo) de uma de
minhas novelas. Eu sempre prometo fazer isso,
porém vou adiando. Mas ontem à noite, vendo
como falavam de teatro, comentavam sobre
Tchekov, faziam profundas reflexões sobre a
vida (pessoal e alheia), e assim mantinham o
Blogão do Aguinaldão no mais alto nível, concluí
que era meu dever fazer o que me pediam.
Portanto, seguem abaixo os links para a escaleta
171 e o capítulo respectivo de DUAS CARAS.
Coloquei tudo no RapidShare.
Os três primeiros links abrem o capítulo 171. Os três
seguintes abrem a escaleta 171. Ou seja: dá pra fazer
30 cópias. Por favor, façam apenas um download de
cada, que é pra não tirar a vez dos outros.
Recomendo que leiam primeiro a escaleta, imprimam,
e depois leiam o capítulo com a cópia impressa da
escaleta ao lado. Será um ótimo exercício pra quem
deseja se enfronhar não apenas na arte de escrever
novelas, mas também na de elaborar roteiros.
Divirtam-se!
http://rapidshare.com/files/185689412/cap171.doc.html
http://rapidshare.com/files/185689997/cap171.doc.html
http://rapidshare.com/files/185690403/cap171.doc.html
http://rapidshare.com/files/185690841/esc171.doc.html
http://rapidshare.com/files/185691218/esc171.doc.html
http://rapidshare.com/files/185691562/esc171.doc.html
E agora uma explicação sobre o bicho aí embaixo.
Quem o fez foi Rosana Ruas, uma brasileira que
comandava a ala onde ficava a minha suite no
Splendour of the Seas. Todas as noites ela ia de cabine
em cabine e, com as toalhas limpas, improvisava um
animalito.
Cada dia era um espécime diferente. Esse aí ela fez na
última noite, no trajeto entre Vitória e Rio. O tempo
tinha virado, o mar estava revolto, o navio balançava, e
o bicho – mico ou preguiça - ficou a noite inteira
pendurado no cabide sobre a minha cama, oscilando
prum lado e pro outro.
Rosana é um dos incríveis trabalhadores brasileiros
que conheci no navio, e sobre os quais pretendo
escrever em breve. Ela é carioca, filha de uma figura
lendária do samba, Bira da Mangueira, de formação
universitária e com pós-graduação, mas que estava ali,
dando o maior duro, porque, segundo suas próprias
palavras, “precisava juntar uma grana pra comprar
uma casa”.
Pela eficiência e simpatia que demonstrou durante
toda a viagem, torço pra que ela alcance o seu objetivo.
Beijo, Rossana!
(não era um pato, minha gente, nem qualquer outro animal da
familia dos palmípedes... Era um mico! E estava, tal como
aparece na foto acima, me esperando ontem à noite quando
entrei no meu quarto!)
__________________________________________
___________________________________
DONA GALINHA E SEUS PINTINHOS FOFINHOS
Os frequentadores da primeira fase do blogão
certamente se lembram do “Sufocador”, um sujeito
que, durante certo período, ficou on line conosco
praticamente 24 horas por dia. Era um maníaco. E
tinha como objetivo perturbar todo mundo e fazer com
que as pessoas desistissem de comentar neste espaço.
A tática dele era simples: se Fulano entrava com um
comentário, ele entrava logo a seguir contestando de
modo ofensivo o que o tal Fulano havia escrito. Fulano
retrucava, ele respondia de modo ainda mais ofensivo,
outras pessoas interferiam em defesa de Fulano e ele
também as atacava...
E em pouco tempo estava todo mundo se insultando.
Ou seja, o sujeito não se auto-apelidava de Sufocador à
toa, pois ele queria mesmo era sufocar a nós todos.
Foi por causa dele que eu tive que fazer uma coisa que
detesto – moderar o blog.
Mas, como sempre levei a sério aquela lição tão cara às
pessoas simplórias segundo a qual, “se lhe dão um
limão, trate de fazer uma limonada”, foi também
graças a ele que consegui tirar a novela DUAS CARAS
de sua maior crise: “intimado” a detonar o cenário da
uisqueria e a dança de Alzira da novela no espaço de
uma noite, já de madrugada, quando o Sufocador se
mostrava mais ativo, ciscando feito um piterodáctilo no
meu blog, eu tive a idéia:
E SE EU BOTAR UM PERSONAGEM CHAMADO
“SUFOCADOR” PRA EXPLODIR A UISQUERIA? E
SE ELE, NAS SOMBRAS TAL COMO AGE AQUI
NO BLOG, PASSAR A ATACAR AS MULHERES
DA NOVELA?
E assim daquele azedíssimo limão eu fiz uma gostosa
limonada.
O Sufocador imediamente sumiu do blog.Voltou depois
com outros nicknames, volta sempre. Mas o fato é que
não suportou o sucesso que o personagem com o seu
nome fez em DUAS CARAS e perdeu totalmente o
rebolado.
Esse é o grande drama enfrentado pela pessoa que
decide ter um blog. Ela tem que mostrar a cara, se
expor, ser franca e sincera pra passar credibilidade...
Mas não pode exigir nada disso dos seus comentadores.
Eles podem ter nome falso, fingir uma coisa e ser
outra, aparentar bondade e altruismo, porém ser mau,
perverso e perigoso... E, se conseguirem criar uma
persona e se enquadrar dentro dela, com boas ou más
intenções, serão capazes de enganar meio mundo.
Mas eu não estou aqui pra me enganar a respeito das
pessoas, nem pra deixar que alguém seja enganado.
Assim, ao primeiro sinal de que tem alguma coisa
errada fico atento. E quando essa desconfiança começa
a se tornar certeza... Nem penso duas vezes e tomo o
que Meire Siqueira chamou de “medidas drásticas”.
Há pessoas que entram aqui e, franca e abertamente,
esculhambam comigo, me chamam até de veado.
Desses eu gosto.
Mas não gosto daqueles que fingem uma coisa que não
são pra poder chegar sei lá onde, e demonstram um
prazer enorme em ser tortuosos com meio mundo.
O blog, é bom que se reafirme sempre, não é uma
repartição pública nem um calçadão de livre trânsito.
Ele tem um responsável e um dono. E cabe a este zelar
pelo bom funcionamento do todo.
Nesta nova fase do blogão aconteceu uma coisa
incrível: em poucos meses nós nos tornamos uma
verdadeira legião de amigos. Isso não foi programado
por mim, pelo contrário, eu queria tornar este espaço
bem mais sério... Mas vocês me levaram pra o lado
contrário... E eu seria idiota se não os seguisse.
Somos uma família. Estamos aqui pra nos divertir: este
deveria ser o nosso lema. E, pra evitar que a diversão se
transforme em aborrecimento, estou disposto a ir às últimas
consequências.
É claro que às vezes errarei. Mas de uma coisa vocês
podem estar certos: será sempre por excesso de zelo.
Por último, puta velha que sou, e mesmo sem que me
peçam, gostaria de lhes dar um conselho: cuidado com
aqueles que usam o espaço do blog pra lhes pedir que
“me add” ou até seus e-mails. Prefiram a comunicação
franca e aberta que o blogão lhes permite; foi pra isso
que criei o CHAT DOS INSONES.
Sei que estou me comportando como se fosse a galinha
e seus pintinhos. Mas o fato é que, vendo a maioria de
vocês aqui, tão abertos, tão sinceros, tão francos, é
assim que me sinto.
MANCHETES FINALISTAS
E agora vamos às cinco finalistas do concurso de
melhores manchetes fifis. Uma delas será eleita, por
votação direta, a melhor de todas; e o seu autor terá
direito a um jantar com uma famosa estrela “global”
(quem é? Surprise, não vou revelar nem morta!):
Moderador do bloglog escreve livro contando podres
do patrão (Lara Simeão Romero).
Aguinaldo Silva e Moderador são a mesma pessoa
(Luiz Carlos).
Garçon francês será o novo Roque Santeiro (Dhio
Adhelino).
Aguinaldo Silva leva coió em Paris (Davi Vallerio).
Autor famoso confirma: “apanhei e gostei” (Rodrigo
Lima).
Podem começar a votar. Cada comentarista um voto.
Daqui a dois dias sairá o resultado.
(Na foto abaixo: sabem quem é esse Zé Ruela
deitado com sua Rolleyflex em 1941 nas areias
de Copacabana: Walt Disney! Isso mesmo, o pai
de Mickey e Pato Donald! A revista Life abriu
seus arquivos fotográficos pra pesquisa e de lá
vocês já podem sacar fotos como essa, incríveis!
Em breve vou publicar uma série delas sobre
essa visita de Walt Disney ao Brasil, aguardem)
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Escrito em:13/1/2009
MANCHETES FIFIS: DOZE SEMIFINALISTAS!
(Vejam só quem aparece na foto acima, no frescor dos seus 23
anos: ninguém menos que a aniversariante do dia, a nossa
querida ISADORA RODRIGUES! Num esforço de reportagem o
blogão conseguiu a foto e a publica. Felicidades quereeeeeda,
milhões de anos de vida e o nosso beijo!)
Eu disse que ia dormir, mas não consegui. Quando
liguei os alarmes da minha casa (que tocam “Like a
Virgin” quando disparam) eles não funcionaram.
Daí tive que chamar o rapaz israelita que cuida da
minha segurança, e ele deu um jeito só agora.
Aproveitou pra insistir que eu devia, em vez de
música, botar uma sirene esganiçada como tudo
mundo, mas de novo lhe respondi que não.
Portanto, se um de vocês que mora na Barra ouvir
Maddona cantando “Like a Virgin” de madrugada em
cem mil decibéis, fiquem tranqüilos, foi o meu
alarme que disparou.
Enquanto o rapaz dos alarmes trabalhava eu, pra me
distrair, resolvi fazer a escolha das manchetes
fifis semifinalistas do nosso concurso. São doze,
e dentre elas serão escolhidas cinco finalistas
amanhã.
Aí vão:
Moderador do blog escreve livro contando podres do
patrão (Lara Simeão Romero).
Flora está escondida na casa de Aguinaldo Silva
(Dhio Adhelino)
Aguinaldo Silva e Moderador são a mesma pessoa
(Luiz Carlos)
Madonna estapeia Aguinaldo Silva em Paris (Pedro)
Garçon francês será o novo Roque Santeiro (Dhio
Adhelino)
Ameaçado pela internet Aguinaldo Silva fecha blog
(João Sequeira Sousa)
Mulher com doença da vaca louca ataca novelista em
Paris (Valéria Adrião)
Néo nazistas atacam Aguinaldo Silva em Paris (Davi
Vallerio)
Aguinaldo Silva leva coió em Paris (Davi Vallerio)
Autor famoso confirma: “apanhei e gostei” (Rodrigo
Lima)
Autor de novela se casa com garçon em Paris
(Daniel Tsunami
Pedro Almodovar filma sinopse de Aguinaldo Silva
(João Sequeira Sousa)
A escolha foi difícil, pois tinha pelo menos mais
dez que eram igualmente ótimas. Mas agora está
feito.
Amanhã vamos saber quem será a grande vencedora.
_________________________________________
ESTOU COM ISRAEL E NÃO ABRO!
Muita gente estranhou porque, nas sugestões que fiz para o roteiro de
"Puta que Paris!", incluí um cafetão de ascendência árabe. Alguém, se
não me engano Alexandre Ganso, chegou a perguntar se eu tinha
"algum problema" com esse tipo de pessoas.
A bem da verdade, tenho sim, mas só com os fundamentalistas. Pois
não posso deixar de ter problemas com pessoas que cortam o clitóris
das mulheres ainda em crianças, condenam os homossexuais à
morte, e professam o mesmo destino para as pessoas de outra
religião que não querem se converter à delas.
Por isso é que acho a esquerda burra. Para combater o "o inimigo
maior" - que no final das contas é a democracia -, eles apóiam os
fundamentalistas árabes, sem perceber que estes são seus maiores
inimigos, pois o fundamentalismo é a mais extrema de todas as
direitas. Ou vocês já ouviram falar da existência de um partido
comunista em algum desses países de extremistas religiosos?
Mas não quero falar aqui sobre política, assunto, aliás, que me dá
cada vez mais nojo e sim reafirmar que estou com Israel e não abro.
Poderia dar minhas razões para tanto, mas em vez disso recomendo a
vocês que leiam o artigo de hoje de Cora Rónai, em O Globo ou no
seu blog, cujo endereço é o seguinte;
http://cora.blogspot.com/
Leiam, e depois voltem aqui e me digam o que acharam.
_____________________________________________________________
VAMOS ESTUDAR ROTEIRO JUNTOS?
(O vídeo acima é só pra vocês terem uma idéia da minha casa em
Lisboa. Dá pra ver apenas a entrada do sobradão em que vivo, e o
escritório no qual trabalho quando estou lá. A repórter é Sofia
Cerveira, uma das belas e talentosas moças da SIC, uma
emissora de tevê local que leva ao ar as novelas da Rede Globo.
O tema da entrevista é antigo, mas Vale a Pena Ver de Novo, né
não?...)
Quando parti pra cima do material que vocês enviaram com vistas
à elaboração da sinopse de “PQP”, logo me vi diante de um
dilema: como ignorar as duas pré-sinopses que me foram
enviadas por Pedro Carvalhaes e Daniel Tsunami?
Era impossível, pois eles apresentaram, com base em tudo que
vocês sugeriram, duas versões em estilos diferentes de
praticamente a mesma história. Pedro ficou a meio caminho entre
a comédia romântica e o filme de aventuras; Daniel elaborou um
alentado melodrama.
Por mais incrível que pareça, mesmo seguindo
caminhos diferentes, as duas não são opostas. Pois
têm no cerne as sugestões feitas por vocês, e que
nelas estão bem claras, só que trabalhadas mais
detalhadamente.
Os personagens, com pequenas variações de perfil, são
praticamente os mesmos. A cena capital, do tapa na cara, talvez
por já ter sido escrita por mim, é redigida quase da mesma
maneira.
Os finais também se aproximam: os dois escolheram o happy
end, embora no final Tsunami deixe no ar uma dúvida: e se o
final feliz for apenas aparência, e a gaúcha do tapa estiver se
preparando para consumar a fase final de sua vingança?
Gosto muito desta possibilidade.
Do que não gosto? Do modo, nas duas histórias, como o escritor
chega à mulher que lhe deu o tapa.
O ideal seria que ele a perseguisse e ficasse com uma pista do seu
paradeiro, mas assim perderíamos a cena com o garçon, a não ser
que o escritor voltasse ao Lês Deux Magots depois de tudo.
Mas não quero, não posso e não devo dar pitacos, já que a história
é de vocês todos.
Em suma: é a mesma história, apenas com tratamentos diferentes.
Em diferentes versões menos trabalhadas vocês fizeram a mesma
coisa. Algumas sugestões, de Lara, dos dois Brunos, de Luiz
Carlos, de WVigh, de Rodrigo Lima, de Davi Vallerio, de Cláudia
Barreiro e outros, me espantaram pela originalidade: sem a
obrigação de dar sequência à história eles foram ainda mais longe
que Pedro e Tsunami.
Alguns dos comentários pinçados por Bruno
Facchia até me deixaram com inveja. Quando eu
falei que a primeira coisa a fazer era perder o
pudor e o senso do ridículo, vocês entenderam o
que eu quis dizer e trataram de ir bem fundo.
O que fazer com este material tão alentado? Eu podia juntar tudo,
passar no liquidificador e, com minha experiência de cozinheiro,
fazer uma sopa, que seria a minha própria versão da história.
Mas achei que, se fizesse isso, não estaria sendo justo, pois vocês
é que tiveram todo o trabalho.
Assim resolvi fazer diferente do combinado. Vou postar quantas
vezes puder no RapidShare as duas versões “oficiais”, de Pedro e
Tsunami. Vocês baixam, lêem, e então comentam, fazem
observações e criticam aqui no blog.
Esta será a segunda fase do nosso trabalho...
MAS NÃO SERÁ A ÚLTIMA!
Pois na sexta-feira passada, durante um jantar com meus amigos
Jacqueline e Eduardo, da Barroso Pires Produções Artísticas,
gastamos boa parte do tempo a falar sobre o que estava
acontecendo àquela altura aqui no blogão do Aguinaldão, ou seja:
o delírio criativo que, como uma febre de verão, acometeu vocês
todos.
Foi quando eles comentaram:
“Se você é capaz de motivar as pessoas assim através do blog,
imagine ao vivo...”
E então acrescentaram:
“Por que não dá um curso de roteiro?”
Aí eu falei pra eles do workshop que fiz em Portugal, e que os
portugueses, com aquele jeito formal deles que eu adoro,
preferiram chamar de master class.
Foi assim: uma produtora de tevê de Lisboa, a Scriptwriters, fez
uma seleção prévia entre os candidatos, eu mandei que eles
escrevessem uma determinada cena e, baseado no que
escreveram, escolhi dez deles... E durante três semanas nos
reunimos três horas por dia, de segunda a sexta-feira, com uma
missão específica: bolar uma sinopse e o primeiro capítulo de
uma novela.
Ou seja, meu trabalho era ensinar aos dez como
se elabora uma novela, mas não na teoria, e sim
na prática... Embora, sempre através da prática,
eu também fosse passando a teoria.
O resultado desse trabalho foi uma sinopse chamada FIA-TE NA
VIRGEM, que agora anda rolando pelos corredores das
emissoras portuguesas com amplas possibilidades de algum dia
vir a ser produzida.
Mal eu contei essa história Jacqueline e Eduardo reagiram
entusiasmados e decidiram:
“Você vai ter que fazer a mesma coisa aqui no
Brasil, e nem pense em dizer que não... Pois está
intimado!”
Em resposta, eu apenas soltei um sorriso misterioso e fui vago,
mas pensei:
“Não estou a fim de ter dor de cabeça nem de arranjar trabalho!”
Ou seja, eu ia adiar o assunto até que ele morresse.
Mas quando cheguei em casa, liguei o computador e vi o quanto
vocês estavam entusiasmados, bem como a quantidade de boas
idéias que aqui iam surgindo, já comecei a me dizer: “talvez,
quem sabe?”
E agora digo:
“POR QUE NÃO?”
Lá em Lisboa o curso foi caríssimo, cada aluno
teve que pagar 1500 euros. Mas aqui, se fizer a
bendita master class, ela teria que ser grátis... E o
pessoal aqui do blog sem dúvida teria a primazia
na lista de escolhidos.
Já liguei pra Jacqueline e Eduardo e disse:
“Eu topo!”
E agora é só buscar os patrocinadores.
Assim, em breve vocês terão notícias, através da mídia, da minha
futura master class.
Portanto, aguardem.
Agora vamos às fotos. Na primeira, Nayara, a feliz ganhadora do
nosso último prêmio e o maridão Marcelo Portela. Ainda Nayara
na segunda, em plena orla de Búzios. Atenção para o curioso atrás
do pé de coco. A seguir, Cláudia Barreiro e o seu avô Niso, o sr.
Dionísio, (que em 2004 saiu de Insalde, Portugal, para viver em
uma outra aldeia lá no céu). E por último seu Niso quando era o
homem mais cobiçado de Insalde. Vejam a festa que as senhoras
lhe fazem, e o olhar crítico de um dos seus rivais, ao fundo...
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-------------------------------------------------------------------------------------Escrito em:8/1/2009
EM PRIMEIRA MÃO, A ESTRÉIA DE MARÍLIA!
Acabei de chegar da estréia de "Gloriosa", com
Marília Pêra, no Teatro Fashion Mall. Não resisti e
vim direto pro blogão dividir com vocês as alegrias
desta noite.
Teatro lindo, lotadíssimo, com astros suficientes para
fechar três elencos de novela. Susana Vieira chegou
e arrasou. Passou por mim, caiu nos meus braços e
sussurrou no meu ouvido: "voce está mais bonito do
que eu, não pode!" Ganhei meu dia ao ouví-la é
claro, e ele se tornou ainda luxuoso por conta do
espetáculo: Marília e seus coadjuvantes de luxo,
Eduardo Galvão e Guida Vianna, quase me fizeram
mijar de tanto rir! É espetáculo pra ficar em cartaz
now and forever. Saí de lá nas nuvens!
Nas fotos, feitas pelo "paparazzi" do blogão, o
Moderador Careca: Marília após cantar uma
arrasadora "Ave Maria" de Gounod; A Diva e seus
dois companheiros de palco; Marília dando
adeuzinho para o governador Sérgio Cabral e o
Prefeito Eduardo Paes, e os convidando a continuar
frequentando os teatros (junto com ela na foto estão
Eduardo Galvão, Cláudio Botelho, Sandro Chaim e
Charles Möeller, os responsáveis pelo magnifico
espetáculo) Vão correndo, não percam!
________________________________________________________________________
HOJE É DIA DE VER MARÍLIA PÊRA!
(Nas fotos acima: eu e Marília; a Diva me mostrando como será
o agudo de Florence – igual à sirena do Corpo de Bombeiros!;
eu. Guida Vianna... E Marília na capa do livro)
Hoje cedo um velho amigo, solitário e early bird como eu, ligou
às sete da matina e entre outras queixas resmungou:
“Ai meu Deus, que chatice, mais uma daquelas segundas-feiras!”
Eu, do outro lado da linha, achei melhor não dizer nada. Mas
pensei:
“Esta não é uma segunda-feira igual às outras, ô Zé Ruela, porque
à noite vamos ter ninguém menos que Marília Pêra!”
E assim mesmo, com acento circunflexo no “Pêra” apesar das
mudanças do acordo ortográfico, porque, como ela já disse muito
apropriadamente:
“O Pêra é nome de família e nome de família não se muda!”
E quem poderia pronunciar essa frase de extrema sabedoria senão
a grande, imensurável Marília?
Mas lá vou eu ladeira abaixo divagando de novo. Volto ao tema.
Eu disse que esta é uma segunda-feira especial, porque teremos
logo mais à noite Marília Pêra.
E não apenas ela, mas um novo teatro no Rio de Janeiro, mais
precisamente em São Conrado e no Fashion Mall, que Marília
está inaugurando com uma peça chamada “Gloriosa”.
Enfim, inauguram alguma coisa de útil em São Conrado, em vez
de mais um barraco na Rocinha!
Quanto à peça...
Trata-se de uma comédia musical, na qual a nossa diva canta... E ela que é afinadíssima - propositalmente desafina! O autor é o
norte-americano Peter Quilter, a produção é dos enfant-terribles
Charles Möeller (é alemão, por isso o trema continua!) e Cláudio
Botelho, no elenco ainda tem, como se não bastasse a estrela, o
bonitão Eduardo Galvão e a espampanante Guida Viana!
A peça fala de um personagem real: uma socialite, ascendente
direta da nossa Vera Loyola, que não se conformou em apenas dar
pinta e resolveu ser cantora lírica!
E como não tinha voz e era desafinada, virou um fenômeno de
mídia. Os recitais que ela dava eram imperdíveis! Ninguém queria
perder o auge climático no qual ela dava um agudo digno do
Corpo de Bombeiros e suas sirenas... E os espectadores se
mijavam de tanto dar risada!
Claro, todo mundo achava a pobre coitada desafinada... Menos
ela, que não entendia porque a crítica a esculhambava tanto... E,
detalhe trágigo da história, por causa dessa “incompreensão”
acabou morrendo de tão deprimida.
Agora, imaginem Marília Pêra vivendo essa figura e guinchando
feito ela. É imperdível!
Quem quiser comprar ingresso para os próximos dias tem que fazêlo com muita antecedência, portanto... O que vocês estão
esperando, seus Zé Ruelas?
_______________________________________________________________________
LA VIEYRA ATACA OUTRA VEZ!
(nas fotos, eu e Susana à época de SENHORA DO DESTINO:
obrigado por existir, querida)
Há muito tempo não folheava a “Caras” nem mesmo nas antesalas de consultórios médicos. Nem ela nem outras revistas que
nos fornecem a over-dose semanal de fotos e declarações das
mesmas celebridades, que vão do A de Adriane Galisteu ao Z de
uma outra qualquer igualmente vazia.
Mas ontem, ao fazer minhas compras no Supermercado Pão de
Açúcar aqui da Barra, entre uma saudação e outra das caixas e
empacotadoras - que são minhas grandes colaboradoras quando
estou escrevendo uma novela -, vi a revista, e a sua chamada de
capa: “exclusivo: Susana Vieira”. Sim, depois do silêncio a que
ela se entregou após aquele drama do ex-marido morto, Susana
resolveu falar e escolheu a “Caras” pra fazer isso.
Ponto pra revista. Comprei um exemplar na hora.
Susana Vieira, vocês sabem de cor e salteado, é
uma das pessoas que mais amo neste mundo, e
minha atriz preferida. Não consigo escrever nada
sem pensar num personagem que caiba direitinho
no corpaço dela.
Por isso tratei de arrancar o plástico que protegia a revista e, ainda
no caminho pra casa (entre o supermercado e o meu condomínio
existe uma passagem secreta), tratei de ler a entrevista.
Fiquei impressionado. Não há nela uma palavra a mais, ou fora do
contexto. Susana disseca o assunto com tamanha propriedade,
que, aos menos avisados, até parece que ela decorou frase por
frase antes de falar à revista.
Sem dramas, sem choradeira, sem arrependimentos idiotas, ela diz
tudo que tinha a dizer, encerra o assunto, e deixa bem claro,
embora não com essas palavras:
A vida continua, e ela vai partir pra outra.
Grande, querida, monumental Susana Vieira.
Uma mulher como quase nenhuma.
Em casa, reli a entrevista e me emocionei de novo.
A seguir olhei com olhos de lupa cada foto dela. E me detive na
melhor de todas: aquela em que Susana, descalça, de biquíni,
braços abertos segurando uma canga como se fossem asas, corre
na areia e molha os pés à beira d’água, ostentando, na melhor das
formas, um corpinho de mulher de trinta.
Sessenta e seis anos declarados, gente! Por favor
me respondam: que força da natureza faz com
que ela seja assim? Que fenômeno é aquele? Que
mulher é esta?
Beijo teus pés, Susana Vieira. Obrigado por existir e ser tão
maravilhosa, querida.
_______________________________________________________________________
LEVEI UM TAPA NA CARA EM PARIS!
Sempre que estou em Paris dou um jeito de sentar na esplanada
do Le Deux Magots, um café do Boulevard Saint Germain, e lá
fico, a tomar um “Portô”, e a fingir que estou esperando Jean-Paul
Sartre e Simone de Beauvoir pra termos juntos uma discussão
filosófica.
Coisas de escritor solitário e maluco.
Dia desses estava eu sentado na mesa em que, na foto acima, o
garçon conversa com dois clientes, quando uma mulher loura e
grandalhona, que ia passando pela calçada, me viu e veio falar
comigo.
“Você é o Aguinaldo Silva, tche?” – ela me perguntou em
português, e com forte sotaque gaúcho.
“Sim, sou o próprio” – eu respondi já todo pimpão, pensando ter
sido reconhecido por uma fã... E logo em Paris, imaginem!
Porém, mal respondi, a mulher me deu um tremendo tapa na cara,
gritou: “safado, veado fascista, reacionário filha da puta!”
E saiu cavalgando feito uma autêntica centaura dos pampas até
desaparecer na esquina da Rue Bonaparte.
Atônito, olhei em torno e vi que, nas mesas lotadas, todos me
observavam no mais absoluto e crítico silêncio.
“Que vexame” – eu pensei, enquanto me fingia de estátua.
Foi o garçon, este que aparece na foto, quem se aproximou e
quebrou o gelo:
“O que foi isso?” – ele me perguntou muito sério.
E eu, já com as engrenagens da minha imaginação de ficcionista
desvairado funcionando, respondi em francês, e bastante alto pra
que todo mundo ouvisse:
“Minha ex-esposa!”
Ao que o garçon deduziu:
“Já sei: o senhor a traiu, ou pior ainda, deixou-a por outra”.
“Por outra não” – eu não resisti e repliquei: “por outro”.
E acrescentei:
“Se é que você me entende”.
Ao que o garçon, sem perder o rebolado, disse que não entendia e
que, se eu estava falando de “monsieur avec monsieur”, homem
com homem, era melhor ficar logo sabendo:
“Isso é uma coisa que não existe aqui na França”.
Após o que deu-me as costas e foi embora.
Nos cinco minutos seguintes eu pensei numa fileira enorme de
“pedês” notórios, lésbicas, bibas e sub-bibas que nasceram ou
buscaram refúgio na terra do General De Gaulle, incluindo Oscar
Wilde e aquele seu garoto muito do safado. Lembrei do atual
prefeito de Paris, Bernard de La Noé, que é homossexual
declarado... E aí tive um ataque de riso:
“Esse garçon deve ser de outro planeta!” – eu disse pra mim
mesmo...
E acertei em cheio, pois no minuto seguinte ele me trouxe a conta.
“Mas eu não pedi isso!” – reagi.
“Mesmo assim resolvi trazê-la.” – ele respondeu. E encerrou:
“agora trate de pagá-la”.
E eu assim o fiz. Antes que ele me expulsasse a pontapés, paguei
dignamente a dolorosa – um Porto, um expresso e uma água
mineral com gás por 20 euros! – botei o meu rabo de raposa loura
e felpuda entre as pernas e fui embora.
Claro, quando estou em Paris ainda sento na esplanada do Le
Deux Magots e fico a esperar Sartre e Simone, embora eles não
venham nunca, pois em todos os sentidos já estão mortos e
enterrados.
Mas antes de sentar passo umas duas ou três vezes no local até me
certificar de que o tal garçon homófobo está de folga.
E quando saio do café, entro na Igreja de Saint Germain dês prés
ali em frente, e lá me ajoelho e rezo fervorosamente pra que ele
cometa alguma bobagem e seja logo demitido por justa causa...
Pra que eu possa voltar a sentar no Le Deux Magots quantas
vezes queira, e lá dar toda pinta que me der na telha, como faz um
verdadeiro “safado, veado fascista, reacionário filha da puta”...
Porém cheio de euros no bolso e vitorioso.
Kakakakakakakakakakakakakaká!
E NAS FOTOS...
Agora vamos às fotos.
A do alto, claro, é do Les Deux Magots numa hora
mais tranqüila.
E as de baixo são da nossa última leva de premiados:
Cile e Giuseppe, diretamente de Bolonha. Os dois
foram vítimas de um “colpo di fulmine”, ou seja: amor
à primeira vista; Valéria Adrião e o maridão
(embaixo): basta a gente olhar a foto pra ver o quanto
se amam; e o inefável, condestável, adorável... Daniel
Tsunami!
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Escrito em:2/1/2009
VAMOS BRINCAR DE ESCRITORES?
Algumas considerações sobre o CHAT DOS INSONES, primeiro
pra quem pegou o bonde andando.
Eu permiti que, entre 8 horas da noite e 6 horas
da manhã, os freqüentadores do blog
conversassem entre si. Mas isso não exclui
aqueles que comentam normalmente, pelo
contrário: eles podem entrar e até sugerir temas
para a conversa. Eu mesmo vou sugerir temas de
vez em quando.
A idéia é tornar o blogão um espaço realmente democrático, onde
todos podem se expressar livremente, sem intervenções minhas
ou do Moderador.
A condição essencial é que se fale de e sobre
televisão, que é o tema principal aqui do espaço.
Neste horário em que são vocês quem mandam, eu sou apenas um
leitor. Leio todos, ABSOLUTAMENTE TODOS os comentários.
Se não ao vivo, pelo menos na manhã seguinte, quando acordo.
Hoje mesmo eu fiz isso: li todos. Quase três páginas de
comentários, gente! E nenhum do tipo: “shuashuashuashuá”, que
eu detesto. Vi consistência em todos, até mesmo nos mais
sucintos.
Mas vi, também, certa despreocupação com a linguagem e o
estilo. Um das coisas que eu mais gosto aqui no Blogão do
Aguinaldão é que todos os comentaristas escrevem bem. Mas no
CHAT DOS INSONES, na pressa de se expressar, às vezes o bom
português é um pouquinho agredido.
Por isso, pra melhorar o nível, resolvi criar um
prêmio. Vou escolher, aleatoriamente e em dias
incertos, o comentário que achei mais bem escrito
e estiloso. E o seu autor ganhará um o DVD de
um filme bem maneiro.
Portanto, a partir de hoje à noite, caprichem na linguagem e no
estilo, mas nada de bancar o Shakespeare, ou pior ainda, o Zé
Saramago.
Pronto: foi bom pra vocês ou querem mais? Vocês tomam conta
do pedaço, se divertem, fazem amizades, e ainda são premiados!
Ah sim, em matéria de novidades: ainda hoje vou postar as fotos
dos vencedores do sorteio anterior: Cile_It, Valéria Adrião e
Tsunami queridos: aguardem.
Agora a capa de 98 TIROS DE AUDIÊNCIA lá em cima:
arrasou, não acham? Eu achei linda! E se a publico aqui é pra
anunciar que, atendendo a pedidos, resolvi colocar no RapidShare
um capítulo do livro pra quem não pôde comprá-lo.Vou colocar
três vezes, pra permitir 30 downloads. Posso fazer isso a qualquer
momento, mas antes anuncio aqui no blogão, portanto...
FIQUEM DE OLHO!
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GENTE, O CHAT DOS INSONES BOMBOU!
Pois é gente, aconteceu comigo exatamente o que alguns de vocês
escreveram nos comentários: depois de levar milhares de picadas
de laser no meu rostinho fiquei tão estressado que tratei de tomar
um sossega-leão daqueles e CATAPLUM!... Apaguei.
Consegui ver apenas metade de Maysa. Gravei tudo, e vou ver
daqui a pouco de olhos bem abertos.
Tive um sono pesadíssimo. Sonhei até com o Alemão da Lapa,
que, creio - e levando em conta as duas balas que tinha alojadas
no corpo e não podiam ser retiradas -, há muito deve ter morrido!
Porém, mal acordei, vim ver como é que vocês se comportaram
ontem à noite no CHAT DOS INSONES e fiquei muito feliz:
passaram a noite falando de e sobre televisão, que é o assunto
principal do Blogão do Aguinaldão!
Li todos os comentários e amei.
Devia ter anotado as perguntas que me fizeram pra responder a
todas agora. Como não anotei, vou tentar responder pelo menos
algumas. Aí vai:
O seriado do Marcílio estreou? Espero que tenha arrebentado.
Eu escrevi um seriado policial faz cinco anos, está lá nas gavetas
do Globo. Por que não produziram? Não sei. Mas afirmo que ao
deixar de fazê-lo marcaram bobeira: essa é a minha opinião.
Por que não escrevo minissérie entre uma novela e outra? Eu sou
gatilho de aluguel, só escrevo sob encomenda, e minissérie
ninguém me pede! Até parece que não fui eu quem escreveu a
primeira, LAMPIÃO E MARIA BONITA, e a segunda,
BANDIDOS DA FALANGE.
Além disso, Maria Adelaide Amaral sempre atropela na reta final
e faz todas as minisséries, e aí não sobra pra mais ninguém.
Se algum dia 98 TIROS DE AUDIÊNCIA vai virar minissérie?
Vai sim, já existe uma proposta neste sentido... Mas não da Rede
Globo.
Quem eu escalaria pra fazer Haroldina Brunet numa minissérie
baseada no meu livro? Não Zé Ruela, Mateus Natchergale com
aquela obviedade terceiro-mundista, mas nem morta!
Porém Pedro Neschling talvez. Dizem que Sean Penn vai ganhar
o Oscar este ano fazendo Harvey Milk, o prefeito gay de San
Francisco assassinado no cargo. Adoro ver atores heteros fazendo
gays – eles sempre fogem do óbvio.
Pra fazer a Estrela, a Diva, a DIVINA AURORA? Letícia Spiller
é claro. Antônio Fagundes daria um ótimo Mister Zee, né não? E
pra fazer Everardo Lopez, o autor no qual reuni todos os defeitos
meus e dos meus colegas, eu pensaria em Dalton Vigh à beira de
um ataque de nervos e vestindo Ermenegildo Zegna da cabeça aos
pés.
Claro que a direção teria que ser de Wolf Maya ou de mais
ninguém.
Mas, como costumo escrever aqui – e a espertinha da Josephine
Guidon anda me imitando -, DIVAGO.
O que eu queria dizer era o seguinte: propor um tema para o
CHAT DOS INSONES foi sem dúvida um achado. Vocês
reagiram à altura e brilharam. Até o Moderador entrou na dança!
Mas se ele pensa que vou pagar hora extra, está muito enganado.
Um tema e uma discussão pela madrugada a fora. Vamos fazer
isso sempre, quereeeeeeeedos!
Quanto às estréias de ontem (se é que Marcílio estreou mesmo
ontem, ainda estou sob os efeitos do Olcadil e não li os jornais),
desejo às duas muita sorte...
E MUITO IBOPE, GENTE!
Quanto a mim não se preocupem: graças a vocês meu IBOPE está
altíssimo! O pessoal do Bloglog anda soltando rojões...
Agora vou tomar um banho, me embelezar e perfumar todo, ficar
ainda mais lindo do que sou... E daqui a pouco eu volto!
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NOTAS AMARGAS SOBRE AS DUAS MAYSAS
Pois é, o assunto Maysa - a verdadeira e o falso – continua sendo
o alvo principal dos comentários aqui no blog.
A minissérie estréia hoje à noite, e eu espero que
vocês aceitem a sugestão de Letícia Campos (vide
comentários) e a transformem no tema do nosso
CHAT DOS INSONES.
Já o falso Maysa... Todos se questionam porque
ele se matou tão cedo: “estava doente?” Me
perguntam. E eu respondo: estava sim, mas de
tédio.
Fernando Maysa foi sempre uma criança. Tinha verdadeiro horror
não de ficar velho, porque nem chegava a pensar nisso, mas de se
tornar adulto. Nos seus escritos – meio desordenados,
visivelmente influenciados por Jean-Paul Sartre, pois ele lia muito
– isso ficava evidente. Ele achava que um homem adulto perdia
todo o encanto, e só servia “praquilo”.
Lembro-me de certa vez, na casa de Newton Faria, um famoso
jornalista da época a quem amávamos muito – e que também se
matou logo depois do golpe militar -, nós dois nus diante de um
espelho a nos pavonearmos, e de repente ele me perguntou:
“Eu não pareço um menino?”
Vejam a foto que publico aí embaixo pescada diretamente dos
meus arquivos (atenção para a patte d’elephant dele e pro meu
tamanco de matar baratas): é uma foto tirada em 1973, Maysa já
tinha quase 30 anos... Mas sim, ainda parecia um menino.
Quando ele se matou, alguns anos depois, engordara, tinha o rosto
inchado por causa da bebida e já tinha perdido boa parte dos seus
cabelos louros. Na certa se olhou no espelho, viu o que o futuro
reservava para o menino que ele queria ser a qualquer preço e
concluiu:
“Não vale a pena continuar vivo”.
O que mais nos surpreendeu, a nós que éramos seus velhos
amigos, foi o fato de aquela criatura tão doce possuir um revólver,
e pior ainda, ter coragem de usá-lo contra si mesmo!
Quando Fernando Maysa se matou eu estava no
Rio e só fui informado depois que ele já tinha sido
enterrado. Pouco antes eu tinha perdido minha
mãe, dona Maria do Carmo Ferreira da Silva, a
quem tento dar vida de novo até hoje através de
algum personagem de todas as minhas novelas.
Enfim... Minha mãe, Fernando Maysa, a
verdadeira Maysa (de quem publico outra foto da
minha coleção particular, ela chegando em Madri
para uma apresentação, numa de suas fases de
gordinha)...
A vida é feita de perdas... Até chegar a nossa vez
de perdê-la.
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SIMPLESMENTE MAYSA!
“Num dos programas Show do dia 7, da TV Record, canal 7
de São Paulo, nos anos 1960, os artistas tinham que cumprir
tarefas. A Maysa coube destrinchar um frango. Sonia Ribeiro,
a apresentadora, ofereceu-lhe uma tesoura de cortar
frango (trinchante). Para surpresa de todos, Maysa
pegou o frango com as mãos e o cortou todo nas juntas
ignorando a apresentadora.”
O primeiro gay assumido que eu conheci - em 1959, enquanto
tomava um sundae na Confeitaria Confiança, na Rua da
Imperatriz, Recife - apresentou-se como Fernando Antonio Van
der Stouvhen, filho de nobres austríacos. Na verdade, como sua
legião de amigos descobriu dois anos depois, ele se chamava
Fernando Antônio de Sousa, e nada sabia sobre seus verdadeiros
pais, pois era filho adotivo.
Além disso gostava mesmo era que o chamassem pelo seu
apelido, MAYSA, por causa da cantora, de quem ele achava ter
“os mesmos olhos verdes, a beleza e a loucura”.
O que levava um garoto de 16 anos a se orgulhar de ter uma
possível semelhança com Maysa? É que esta, naquela época e
durante quase toda a sua vida, foi vista como uma espécie de
madrinha ou santa padroeira por todos os freaks e malditos.
Eles a reconheciam como um deles. Maysa era simplesmente
Maysa: uma mulher de rara coragem, que rompera com todas as
convenções e se atirara de boca na vida. Sofrera muito por causa
disso... Mas deixava claro, em tudo o que fazia, que a palavra
arrependimento pra ela não existia.
Não gostei quando ouvi pela primeira vez um dos seus discos.
Nós estávamos reunidos na casa de um rapaz conhecido como Zé
Perobo, que tinha uma electrola – uma raridade! – pra ouvir seu
novo elepê, e eu disse pros meus amigos:
“Maysa não canta, só diz as coisas!”
Só muitos anos depois eu percebi que esse era o grande mérito de
Maysa: Com sua voz gutural e amarga ela dizia as coisas que
todos nós, os malditos da vida, queríamos ouvir, e que podiam ser
resumidas numa única frase: “como dói a vida!”.
Fernando Antônio de Sousa, o meu inseparável amigo Maysa,
suicidou-se em meados da década de 70. Deu um tiro no ouvido,
na casa que herdara dos pais adotivos, debaixo de uma arvore na
qual havia mais de cem gaiolas cheias de pássaros que ele criava.
Sem dúvida uma alusão ao livro “Cem Anos de Solidão”, de
Gabriel Garcia Marquez, que ele lera e odiara.
Sim, porque o meu amigo Maysa era um intelectual. Tenho até
hoje, rasgado e meio comido pelas traças, o exemplar de “As
Flores do Mal”, de Baudelaire, que ele me deu e no qual escreveu
à guisa de dedicatória: “uma lembrança da nossa juventude bela,
terrível e eterna ”. A juventude dele foi eterna, já que Maysa
morreu cedo. Já a minha... Afinal, estou aqui até agora.
Maysa, a verdadeira, morreu incrível e absurdamente cedo, em
1977, num desastre na Ponte Rio-Niterói, quando afinal parecia
ter domado os seus sentidos e já sabia que ia se tornar uma lenda.
Fernando Antônio de Sousa, o falso Maysa, e a Maysa verdadeira,
pelas constantes provas de coragem a que se submetiam, pelos
obstáculos que criavam pra si mesmos só pelo prazer de vencêlos, me ensinaram que pra viver é preciso ter coragem, e por isso
tiveram importância capital na minha vida.
Por isso já estou aqui, concentrado, mais ansioso que nas estréias
das minhas novelas, para ver a minissérie escrita por Manoel
Carlos, dirigida por Jayme Monjardim (que é filho da cantora) e
em boa hora produzida pela Rede Globo.
E exijo que vocês que gostam de mim façam o mesmo: não
percam!
Dia desses eu estava jantando na Tasquinha, um restaurante que
fica perto da minha casa em Lisboa, quando o fadista que lá se
apresenta, José Matoso, anunciou que ia cantar, em rítmo de fado,
uma composição da cantora brasileira Maysa. E atacou de
“Lama”, que não é de Maysa – nem sei se algum dia foi gravada
por ela -, mas tem o espírito da própria. Pois é impossível alguém
ter sentimentos e não gostar de Maysa.
O trecho em negrito que abre este post, de absoluta relevância
pra quem deseja saber como era Maysa, está na wikipedia. É
de se esperar que a cena em que ela destrincha um frango
com as mãos tenha sido lembrada pelo autor da minissérie.
Nesse país doente de Alzenheimer, cuja memória não
consegue guardar mais do que os últimos cinco minutos,
espero que a minissérie mostre a todos o quanto Maysa
continua viva.
No vídeo acima, Maysa num dos seus grandes momentos. E nas
fotos abaixo: Maysa na Avenida Madison, em Nova Iorque no dia
16 de setembro de 1960, numa das várias fotos que tenho dela na
minha coleção particular); num “close”,tirado no mesmo dia e no
mesmo local; eu e Fernando Maysa em 1973, diante da igreja de
Igarassu, em Pernambuco, no mesmo sítio em que, tantos anos
depois, Marconi Ferraço viveu suas primeiras cenas em DUAS
CARAS; e o fadista José Matoso, na Tasquinha, em Lisboa
“cantando uma composição da cantora brasileira Maysa”.
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