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De coração 022 DEZEMBRO 2010 AnoVI | Preto total | Mesa posta | Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck | Hansgrohe apresenta Axor Urquiola PUBLICIDADE Comprar nacional é a solução EDITORIA L De coração EDITORIAL 03 Nesta fase de mudança de ano e em que, invariavelmente, somos levados a pensar no que pretendemos, ou não, ver mudado, vale a pena incluir na lista de prioridades uma nova atitude nos nossos hábitos de consumo. Seja numa ida ao supermercado, na escolha de uma peça de roupa ou em qualquer outra aquisição, comprar português (ou produzido em Portugal) deve ser sempre um critério. O aumento do consumo de bens de produção nacional é um daqueles gestos básicos que está ao alcance de qualquer um de nós e que tem efeitos importantíssimos na nossa economia, nomeadamente com a diminuição das importações, em nome de uma escolha que facilmente se traduz em incentivo às empresas, protecção do emprego, aumento do poder de compra e do nível de vida da população em geral. É uma daquelas situações em que, como não se vê ou sente directamente, assumimos uma espécie de “complexo de S. Tomé”, fechamos os olhos e recusamos ver. Mas os efeitos existem e são inegáveis, não são sequer uma questão de fé. Directamente ligada a esta necessidade de diminuição das importações, está a adopção de comportamentos energeticamente mais eficientes, uma vez que, uma parcela significativa destes fluxos está associada ao consumo de energia. Nomeadamente, num contexto doméstico, faz todo o sentido investir na reabilitação das nossas casas, por forma, a dotá-las de um comportamento energético mais eficiente. É um investimento que, a juntar às vantagens em conforto, rapidamente se traduz em poupança nas facturas mensais de electricidade e gás. Para além de que a reabilitação urbana vai ao encontro do objectivo expresso de comprar português. É uma aposta em empresas locais, feita sobretudo com produtos nacionais e num sector que movimenta grande número de postos de trabalhos directos e indirectos. A construção nova, se não devidamente justificada, não é necessariamente a melhor opção. Desprezar o edificado já existente é um erro e os efeitos nos centros históricos das nossas cidades assim o comprovam. Mais uma vez, mesmo em termos de eficiência energética - nomeadamente em gasto de combustível - e em gestão de recursos humanos nos serviços de apoio Os exemplos repetem-se e são quase infindáveis. Mais importante do que insistir nos argumentos será recordar a fórmula essencial: comprar nacional é a solução! Presidente do Conselho de Administração da Matobra De coração | DEZEMBRO 2010 mais racional. EDITORIAL à população, ter as infra-estruturas mais dispersas está longe de ser a opção PUBLICIDADE FICHA TÉCNICA Entidade proprietária | Matobra - materiais de construção e decoração, S.A. Coordenação | Marta Rio-Torto Textos | Claúdio Domingos e Marta Rio-Torto Rua Luís Ramos | Adémia Apartado 3021-901 Coimbra | Portugal | Tel.: 239 433 777 | Fax: 239 433 769 | [email protected] Fotografia | Danilo Pavone Paginação e Projecto gráfico | Alexandre Saraiva Tiragem | 2000 exemplares Periodicidade | Trimestral Impressão | FIG - Indústrias Gráficas, S.A. Rua Adriano Lucas 3020 Coimbra Isenta de registo no I.E.S. mediante decreto regulamentar 8/99 de 9/06 art. 12º nº 1 a) Índice 3 Editorial 7 Entrevista De coração | Jorge Cravo 16 Com assinatura Matobra 16 | Preto total 17 | Uma casa, um só espaço 22 | Mesa posta 24 Ideias e soluções 24 | Formato ultra-fino em dimensão XXL 26 | Sanindusa complementa gama de produtos para pessoas com mobilidade condicionada 28 | Deixe-se surpreender no Mercado Popular 31 Entrevista |António Pereira da Silva 36 Estilus 36 | Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck 41 | Uma lufada de ar fresco 44 | Hansgrohe apresenta Axor Urquiola 46 Entrevista | Vítor Almeida 54 Galeria Matobra 54 | Tomar banho à Fontana Siga-nos no facebook PUBLICIDADE ENTREVISTA 07 Entrevista De coração Jorge Cravo Canções d’uma cidade e d’um rio é o nome do novo disco de Jorge Cravo. Mais um contributo para o repertório da Canção de Coimbra daquele que é, reconhecidamente, um dos seus mais destacados intérpretes e cultores. Após anos de dedicação, poder-se-ia pensar que é um caso de paixão, mas será talvez mais do que isso… É com verdadeira militância que Cravo se tem devotado a este género, procurando renovar e dignificar o seu património. É esse respeito pelo que de mais genuíno tem este Canto que o faz rejeitar tudo o que desvirtue o seu traço essencial, em nome do chavão da inovação. Insistir no respeito pela herança de Goes e Bettencourt, na designação Canção por oposição a Fado e mesmo na forma de apresentação pública, poderá levar alguns a confundi-lo com um conservador, mas um olhar mais justo revela-o como um defensor (e criador) do novo, como garantia de manutenção da contemporaneidade deste género. De coração | DEZEMBRO 2010 “A Canção de Coimbra é uma causa.” 08 ENTREVISTA Quando e como surgiu a paixão pela gosto de investigar o passado e quando se Canção de Coimbra? analisa o que se canta e o que se cantou na Entre pais e tios, 12 familiares meus tiraram cidade essa conclusão é inegável. as suas licenciaturas em Coimbra, pelo que A terminologia Fado de Coimbra é uma cresci num ambiente em que havia sempre questão de comodismo, tem origem numa umas histórias sobre a Universidade, os moda do século XIX, quando o Fado surgiu estudantes e a Académica. em Portugal. Além disso, pontualmente, em alguns Há a ideia de que quando a guitarra está jantares, o meu pai colocava no gira-discos presente é Fado, mas muitas vezes não é. música de Coimbra. Tenho comigo o EP O primeiro tema que se intitula Fado de da 1ª edição de José Afonso da Balada de Coimbra é uma cantiga de meados dos anos Outono, assim como os EPs do Quinteto de 40, 50 do século XIX e a verdade é que não Coimbra, de Luís Goes. tem nada a ver com Fado. Portanto, fui crescendo com a ideia de uma espécie de magia ligada a Coimbra. Mas Tem sido um estudioso deste género, estava longe de pensar que viesse a cantar, tem várias monografias publicadas. porque no meu tempo de liceu não havia O que é que lhe despertou esta tradições académicas em Coimbra, em necessidade de saber mais? consequência da crise de 69. Desde logo, eu gosto de saber o que é que A minha aproximação à Canção de ando a cantar e acho que qualquer cantor de “Não há Fado de Coimbra, como Coimbra aconteceu porque essas tradições Coimbra que se preze deve conhecer o que género musical autóctone, ressurgiram. está para trás, os cultores, o seu repertório, enraizado nas suas gentes.” as suas opções estéticas, temáticas e Quem foram os seus mestres? musicais, para então procurar construir o Primeiro, aqueles que me acompanham seu repertório também. Depois, porque e que me acompanhavam na altura. O em termos de investigação, está tudo por primeiro mestre foi Jorge Gomes, na Escola fazer na Canção de Coimbra, portanto, vou do Chiado, a quem Coimbra muito deve, dando um pequeno contributo naquelas pois desde a década de 70 que ensina áreas que me interessam. Guitarra. Depois, o meu grande mestre foi Luís Goes, Além desta vertente de investigador é é dele que recebo as maiores influências. também compositor e intérprete. Qual Mas também aprendi muito ouvindo os destas facetas sente como mais vincada? bons cultores de Coimbra e ouvindo a A de cantor, porque é através dela que eu minha voz gravada, que é um método que transmito o meu trabalho de composição permite rectificar pequenas falhas que, de e de letras. E é por ser cantor que acabo outro modo, passariam despercebidas. por investigar a Canção de Coimbra. Estou convencido que se não o fosse estaria a Tem insistido bastante na designação investigar uma outra área qualquer. De coração | DEZEMBRO 2010 Canção de Coimbra e não Fado de Coimbra. Porque é que esta questão, É verdadeiramente uma paixão que se que é de terminologia, tem suscitado manifesta em diferentes facetas… tantas contradições? É mais do que uma paixão, para mim a Não me parece que seja só uma questão Canção de Coimbra é uma causa. Repare, de terminologia, porque realmente não há eu começo a cantar em Setembro de Fado de Coimbra, como género musical 1980, numa altura de ressurgimento das autóctone, enraizado nas suas gentes. tradições académicas, tratava-se, portanto, Como tenho uma licenciatura em história, de uma luta, uma causa. Depois, continuou De coração | DEZEMBRO 2010 ENTREVISTA 09 10 ENTREVISTA a ser uma causa para mim porque não é ser destes intervalos? acarinhada, nem apoiada como devia ser. Em 89, gravei o “Canções d’aqui” com o Continuo a ter essa ambição de que a meu grupo de colegas da altura. Estávamos Canção de Coimbra seja vista como uma a acabar o curso em 88 e depois do disco o marca da cidade, capaz de a colocar num grupo acabou e ficou aquele trabalho. patamar superior. Para isso, é preciso que Entretanto, ingressei na vida profissional e ela seja apoiada pela Universidade e pela houve um interregno. cidade. Anos mais tarde, reencontrei amigos, A minha preocupação é sempre de saber antigos estudantes de Coimbra e com eles o que fazer pela Canção de Coimbra, recomecei. Assim nasce o “Folha a folha”, não utilizar-me dela ou o que fazer com a em 99. Canção de Coimbra. A partir daí, procurei seguir um período de Nunca a encarei de ânimo leve, levo isto tempo de 5 anos para gravar. muito a sério. De modo que surge, em 2005, o “Canções de saber o que fazer pela Canção d’inquietude” e em 2010, o “Canções de Coimbra, não utilizar-me dela “A minha preocupação é sempre No entanto, nunca quis assumir uma d’uma cidade e d’um rio”. carreira nesta área. Porquê? Possivelmente, daqui a 5 anos, haverá um Em primeiro lugar, porque eu andei na outro disco. De coração | DEZEMBRO 2010 Universidade para tirar um curso. Tenho uma especialização e é com ela que ganho Porque é que a Canção de Coimbra não a vida. é uma aposta das editoras, ao contrário Por outro lado, citando o Carlos Paredes, do que acontece com o Fado de Lisboa e que dizia que gostava imenso da Guitarra os seus intérpretes? para viver dela, eu também gosto demasiado Porque as editoras não reconhecem que da Canção de Coimbra para viver dela. Se existe uma Canção diferente do Fado, que entrasse numa via profissionalizante penso tem um ritual de apresentação público que estaria muito mais condicionado, diferente, que tem uma forma de cantar e provavelmente por uma editora que exigiria de ser tocada à guitarra diferente. que eu tivesse um disco pronto todos os Como estão sediadas em Lisboa, para elas anos, pelos cachês... Tal como estou, tenho só existe o Fado de Lisboa e depois há todo a grande vantagem de poder exercer a um conjunto de agentes que jogam no minha criatividade livremente. ambiente do Fado que levam a subalternizar Mas também é uma falsa questão achar que a Canção de Coimbra. é por falta de profissionalização que não há Mas não vale a pena estarmos a armarmo- apoios, porque os poucos profissionais que -nos em vítimas, temos que criar um lobby eu conheço não os vejo a fazer espectáculos a partir de Coimbra. nas grandes salas nacionais e internacionais, cidade – da Universidade, da Associação nem a dar entrevistas nos jornais de Académica, da Câmara, das empresas – um grande tiragem, como vejo os fadistas de apoio efectivo aos bons projectos da Canção Lisboa. Portanto, se não houver o apoio de Coimbra. de toda a indústria cultural, discográfica Enquanto e de marketing, de nada adianta essa o umbigo, em vez de nos juntarmos e profissionalização. pensarmos a Canção de Coimbra como uma Tem que partir da continuarmos a olhar para causa e não no fulano A, B ou C não vamos Em termos de produção discográfica, a parte nenhuma. gravou o primeiro disco em 89, passados A solução para inverter esta situação tem que 10 anos, em 99, gravou outro e depois partir de Coimbra. Em qualquer contexto, em 2005 e em 2010. Qual é a razão de quando queremos projectar uma marca não ou o que fazer com a Canção de Coimbra. ” ENTREVISTA 11 vamos ter com os outros para o fazerem. revisitar o passado. E se formos à Escola Pelo contrário, primeiro valorizamos o do Bettencourt e à Escola do Luís Goes e produto, para depois então o conseguirmos procurarmos misturar um pouco aquilo, projectar. Tem que haver uma aposta séria, avançamos e aparece um terceiro novo com objectivos muito concretos e um plano Canto de Coimbra. pensado para 4, 5 anos, mas para isso tem Há que existir vontade política e cultural. procuram ir buscar novos instrumentos, pessoas que não pensam assim, dar novas roupagens aos temas antigos e Universidade, da Associação Académica, da Câmara, das empresas – um apoio efectivo aos bons projectos da Canção de Coimbra. ” pensam que estão a inovar muito. Património Cultural da Humanidade o Mas, quando vejo um novo instrumento a facto de Coimbra não estar representada retirar o papel da segunda guitarra, entendo gerou polémica. Esteve envolvido nesse que não se está a contribuir em nada para processo, porquê esse desfecho? este género. Porque o toque tradicional Porque não queríamos subalternizar a de Coimbra tem duas guitarras. E quando Canção de Coimbra, não queríamos que ela um saxofone ou um piano faz o papel da fosse vista como um apêndice do Fado de segunda guitarra, estamos a perder esse Lisboa. diálogo das duas guitarras, que é uma Há uns anos atrás,, havia essa mentalidade, característica da Canção de Coimbra. a Canção de Coimbra era vista como filha Eu creio que para inovar não basta fazer do Fado de Lisboa, um bocadinho mais novas roupagens dos temas antigos, são intelectual e erudita, por ser cantada por precisos novos temas e eventualmente estudantes, o que não é verdade, porque os ir procurando um ou outro instrumento, populares também cantam, mas havia esta justificando-o, ideia... instrumento só porque sim ou porque não. Portanto, a Canção de Coimbra não tem É possível inovar, mas não podemos perder nada a ganhar por estar com o Fado de as referências. Por isso é que eu digo que Lisboa, estamos sempre a perder… é preciso fazer o retorno ao melhor da Temos é que pegar nela de forma séria. E Canção de Coimbra – Bettencourt e Goes – então, nessa altura, ela entrará nas editoras, para podermos avançar. não basta colocar o nas playlists, na televisão e terá uma série de agentes a dar-lhe atenção e a perceber que A Canção de Coimbra tem tradição está aqui um filão de ouro, para explorar. enquanto música amadora e de minorias. Deve continuar a ser assim? Mas assim também não será um produto Sim, é uma música de minorias, mas também que fica esquecido, que não apareceu… tem direito a ser divulgada e apoiada. Há um Não, porque repare que somos falados pela nicho no mercado português para ela. Aliás, ausência. a Canção de Coimbra não deve ser dada em doses industriais, porque cansa. Temos que Há quem entenda que este género peca saber fazê-lo com razoabilidade. por não inovar. Concorda? Primeiro, temos que definir o que é a Como é que vê a possibilidade de inovação na Canção de Coimbra. Eu termos mulheres a cantar? costumo dizer que depois de tudo o que Não me choca minimamente. Ninguém as está feito pelo Luís Goes não há mais nada proíbe de cantar, ao contrário do que dizem a inventar, mas com isso não estou a dizer algumas pessoas. As mulheres não estão que não se pode fazer mais nada de novo. a cantar porque ainda não optaram por O que eu acho é que para andarmos isso, mas já o fizeram com a guitarra, já há para a frente, muitas vezes, temos que mulheres a tocar. De coração | DEZEMBRO 2010 “Tem que partir da cidade – da Na questão da candidatura do Fado a 12 ENTREVISTA O que eu não acho admissível é que haja volta e fomos ao “Canções d’aqui”. homens a tentar empurrá-las para o Canto com palavras de ordem e slogans mediáticos. Quando resolve levar a cabo um projecto A mulher tem cabeça para pensar e quando destes depara-se com a dificuldade de entrar na Canção de Coimbra, com a sua encontrar os apoios necessários. Isso é inteligência e a sua criatividade, criará o seu uma preocupação desde o início? Canto. Normalmente, só penso nisso no fim. Exactamente porque não gosto de ser Qual é o futuro que antecipa para a pressionado e se eu for procurar esse Canção de Coimbra? apoio antes de o trabalho estar concluído, Podemos ver isso sob duas perspectivas. começam a perguntar-me, insistentemente, Em termos académicos, todos os anos pelo disco. surgem novos alunos, há sempre alguns Prefiro fazê-lo quando ele já está finalizado. que resolvem tocar e cantar, portanto, por Mas é muito difícil, porque as editoras não aí as coisas estão asseguradas. O futuro apostam neste produto. Nós, felizmente, deste género, alargado a todo um leque tivemos o apoio da Matobra e da Prabitar, de antigos estudantes, populares, etc, vai mas outros não têm, o que leva muitos depender daquilo que a cidade quiser fazer projectos a ficar na gaveta. pela Canção de Coimbra. Sente-se como alguém que tem o papel Mas encara com optimismo esse futuro, de preservar para as gerações do futuro ou nem por isso? este tesouro? Encaro, porque noto que nalgumas pessoas Eu vejo-me assim quando a minha maneira a mentalidade está a mudar. Até pelo facto de ser e de estar na Canção de Coimbra do Fado de Lisboa ter esta projecção, há me leva sempre a gravar coisas novas, muita gente a perguntar porque é que porque se um repertório não for renovado a Canção de Coimbra não tem. E é a acaba por morrer. Sinto que estou a dar partir dessa interrogação que as pessoas o meu contributo para o cancioneiro da começam a procurar perceber o que se música de Coimbra e dessa forma, para a passa. Portanto, estou convencido que isto continuidade desta tradição musical. Tem vai dar uma volta. que haver repertório novo, até porque as pessoas também procuram a mensagem, o Lançou um novo disco no passado dia 13 texto. Não faz sentido que esta gente mais de Novembro - Canções d’uma cidade e nova ande a comunicar aquilo que outros d’um rio. O que é que este disco tem de já gravaram há quarenta, cinquenta anos. diferente face a outros trabalhos seus? Não pode ser, pois dessa forma não se A temática, que é essencialmente Coimbrã. consegue reflectir a sociedade que somos Tive a preocupação que os 10 temas nesta Canção. reflectissem quadros citadinos, quer da actualidade, quer mais antigos, paisagens humanas e físicas. Os outros discos têm uma temática existencial, amorosa e de De coração | DEZEMBRO 2010 intervenção social e neste foquei-me na cidade de Coimbra. Depois, em relação aos outros dois anteriores, há também uma diferença, porque voltei a ser acompanhado pelos meus amigos dos anos 80, portanto, digamos que demos a [email protected] “Depois de tudo o que está feito pelo Luís Goes não há mais nada a inventar, mas com isso não estou a dizer que não se pode fazer mais nada de novo. ” De coração | DEZEMBRO 2010 ENTREVISTA 13 14 ENTREVISTA De perfil… Uma referência? Luis Goes. A música que não se cansa de ouvir? Luis Goes. O filme que o marcou? O Nome da Rosa. Um livro? Vários, posso destacar autores, nomeadamente, Eugénio de Andrade e António Ramos Rosa. Um objecto de que não se separa? Telemóvel. Quando tem tempo gosta de…? Estar com a família e com os amigos. O prato a que não resiste? Cozido à portuguesa. Uma bebida? Vinho tinto. Destino de férias? Açores. Uma qualidade de que se orgulhe e um defeito que não possa negar? De coração | DEZEMBRO 2010 A minha maior qualidade é ser frontal, autêntico. O defeito é ser repentista. PUBLICIDADE 16 COM ASSINATURA MATOBRA Preto total O preto é uma cor clássica, apreciada por muitos de nós, mas quase sempre votada ao preconceito de ser um tom lúgubre, pouco acolhedor, agressivo até e que não deve ser usado na decoração de uma casa em mais do que alguns acessórios ou pequenos apontamentos. O desafio da equipa de decoração da Matobra foi, precisamente, o de mostrar que é possível criar um ambiente de quarto em preto quase total e ainda assim, conseguir um espaço agradável e acolhedor. Desde logo, o tom é usado no papel que forra as paredes: preto com um riscado muito suave a castanho, cor que é replicada na parede lateral e que faz ligação ao mogno dos móveis. A restante decoração mantém esta inspiração, com apontamentos muito suaves de brilho, dado pelo inox dos acessórios escolhidos. O tapete em pele de cordeiro aumenta a sensação de conforto e calor. Ao contrário do que se poderia pensar, o resultado nada tem de sinistro. A composição final é carismática e, ao mesmo tempo, sóbria. E no caso de alguém que goste de variar com frequência a decoração do espaço, a opção pelo preto tem a vantagem de poder mudar com facilidade os acessórios, sem estar limitado na conjugação de tons. Visite-nos no nosso showroom e descubra outras propostas em que se poderá inspirar. De coração | DEZEMBRO 2010 [email protected] COM ASSINATURA MATOBRA 17 Decorar todas as assoalhadas de um apartamento na mesma paleta cromática era o desafio. Sobretudo quando se tratam de espaços reduzidos, esta solução traz maior harmonia ao conjunto, criando um efeito visual coerente, sem se tornar repetitivo. Tratando-se de espaços pequenos é sempre um bom princípio optar por tons claros. Neste caso, a escolha recaiu em três cores - branco, azul e bege. A experiência foi feita no nosso showroom. O espaço é aberto o que, numa situação real, funcionaria como vantagem em áreas reduzidas, com a disposição dos móveis a criar uma eficaz divisão por zonas: descanso, lazer e refeições. Para o quarto, a inspiração foi um estilo romântico e feminino. As peças chave desta decoração são a cabeceira do sommier e os complementos de pele, presente nas caixas que substituem a mesa-de-cabeceira, na manta aos pés da cama e no tapete em pele de cordeiro. Um sofá completa esta zona de descanso, criando um ambiente destinado à leitura de um livro ou para um pequeno-almoço mais tranquilo. A sala, criada num espaço de configuração acentuadamente rectangular, foi organizada por três zonas. Um primeiro espaço de refeições, uma zona intermédia para ver televisão e um terceiro ambiente, em que a disposição de lugares sugere uma conversa entre amigos. O resultado é um ambiente confortável, funcional e contemporâneo, com tons que embora sendo de tendência, perduram facilmente ao longo do tempo. [email protected] De coração | DEZEMBRO 2010 Uma casa, um só espaço De coração | DEZEMBRO 2010 18 COM ASSINATURA MATOBRA De coração | DEZEMBRO 2010 COM ASSINATURA MATOBRA 19 FASSALUSA lda | Zona industrial de São Mamede lote 1 e 2 | 2945-036 São Mamede ( Batanha ) | tel. 244 709 200 - Fax 244 704 020 www.fassabortolo.pt - [email protected] PUBLICIDADE PUBLICIDADE 22 COM ASSINATURA MATOBRA Mesa posta Em qualquer celebração, a mesa é sempre o elemento central do convívio entre familiares e amigos. Daí que, em tempo de Festas, este seja o cenário a que, naturalmente, dedicamos mais tempo e atenção. A proposta da equipa de decoração da Matobra foi inspirada no conceito de fusão, desafiando o leitor a dar nova vida às suas peças mais antigas. A ideia é, precisamente, demonstrar como pode continuar a usar os seus serviços mais clássicos e conjugá-los com outras peças contemporâneas, que tenha adquirido mais recentemente. A paleta cromática foi inspirada nos tons da estação que atravessamos – branco, conjugado com o vermelho e verde. O serviço de copos escolhido representa o elemento mais clássico, que poderia ter sido adquirido hoje ou há décadas atrás. Ao misturá-los com peças mais actuais, a combinação é bem mais equilibrada do que à partida se poderia pensar. O contraste de estilos revela-se harmonioso e com um sentido pragmático, sobretudo para quem gosta de acompanhar as tendências, adquirindo novos acessórios, mas não se quer desfazer do que já tem, muitas vezes heranças de família, com grande valor afectivo. Os individuais em espelho reforçam o requinte da mesa, marcando a diferença no resultado final: um ambiente clássico e sofisticado mas, em simultâneo, contemporâneo. O centro de mesa é um elemento a que deve estar atento. A sua opção decorativa não deve comprometer a comunicação entre todos. Se a sua preferência não for uma composição assente na mesa, para ter maior disponibilidade de espaço, deve garantir que esta está a uma altura suficientemente elevada para não criar um obstáculo visual entre os que estão sentados. No caso concreto, a escolha foi um arranjo de inspiração tradicional, combinando diferentes tipos de ramagem, que sintetizam, num mesmo De coração | DEZEMBRO 2010 elemento, as cores escolhidas para a mesa. As velas no centro criam mais charme na refeição. A proposta apresentada foi pensada para quatro pessoas, mas é facilmente replicada para o número de lugares de que necessitar. [email protected] De coração | DEZEMBRO 2010 COM ASSINATURA MATOBRA 23 24 IDEIAS E SOLUÇÕES KERION FLAT Formato ultra-fino em dimensão XXL As dimensões marcam, desde logo, a inovação deste revestimento cerâmico: 3m de comprimento por 1m de largura e 3,5mm de espessura multiplicam as possibilidades de utilização. A facilidade de corte e resistência das peças conferem grande versatilidade ao material, permitindo desde o revestimento de grandes superfícies - minimizando o efeito visual de “grelha” criado pelas juntas - até uma série de aplicações e conjugações personalizadas, proporcionadas pelos formatos e dimensões diversas. Disponível nas medidas 100x300, 20x100, 50x100, 50x50 e 100x100, a placa cerâmica revestida a tecido de fibra de vidro, com 3.5 mm de espessura, possui uma grande resistência mecânica que permite maior facilidade de trabalho. Colocada com cola e com uma junta mínima em revestimentos e pavimentos, Kerion Flat reduz os resíduos resultantes dos cortes e assegura um trabalho final perfeito. Resistente aos ácidos e às manchas é, de facto, um produto com óptimas características técnicas, ideal para ambientes onde é fundamental a higiene e limpeza. Indicada para revestir paredes e pavimentos – interior e exterior – graças à sua espessura reduzida, Kerion Flat pode ser facilmente utilizada para projectos de reabilitação, renovando o espaço sem necessidade de demolição. A placa cerâmica pode ser colada sobre o revestimento ou pavimento existente - seja de cerâmica, de mármore, pedra, pvc ou madeira - sem necessidade de demolição, evitando todo o pó e resíduos inerentes a esta operação. Ficando dispensado de modificar a altura das portas ou alterar rodapés, reduz o tempo de colocação, garantindo um bom trabalho e uma boa durabilidade. Kerion Flat é produzida com uma lógica eco-sustentável. Realizada num material reciclável, devido à fina espessura, as placas são produzidas com uma menor quantidade de matéria-prima e com uma tecnologia mais amiga do ambiente, reduzindo as emissões de CO2 e o nível de resíduos gerados. De coração | DEZEMBRO 2010 [email protected] De coração | DEZEMBRO 2010 IDEIAS E SOLUÇÕES 25 26 IDEIAS E SOLUÇÕES Sanindusa complementa gama de produtos para pessoas com mobilidade condicionada Mais cedo ou mais tarde, todos nós teremos que lidar com problemas de incapacidade física. Quer sejam dificuldades do próprio ou decorrentes da necessidade de apoio a um familiar, é inevitável que a questão se venha a colocar. Os números falam por si. Actualmente, estima-se que em Portugal existam mais de milhão e meio de pessoas acima dos 65 anos e ultrapassem os 900 mil os casos com alguma incapacidade ou deficiência. Com a esperança de vida a aumentar estes valores tenderão, naturalmente, a crescer. Para dar resposta a estas situações, a Sanindusa lançou, recentemente, duas novas banheiras para complemento da série New Wccare, uma gama de sanitários e acessórios adequados a pessoas com mobilidade reduzida, que necessitam de cuidados especiais e uma acessibilidade facilitada. Aliando a funcionalidade ao design, minimizando a carga inestética que geralmente é associada a estes produtos, as duas banheiras estão disponíveis nas dimensões 1700×750 e 1800x800mm e nas opções com e sem hidromassagem. A banheira tem integrada uma porta de acesso ao interior, que permite ao utilizador entrar e sair facilmente, sem necessidade de ultrapassar a barreira da altura das banheiras regulares. A altura máxima a transpor pelo utilizador é de 18cm mas, caso opte por encastrar o equipamento, esta medida é diminuída para 13cm. O resguardo integrado garante uma zona protegida para o duche. São de destacar outros pormenores de conforto como a almofada de encosto para a cabeça ou o assento, que pode funcionar também como prateleira de apoio para objectos. Estas soluções permitem uma total liberdade de movimentos na assistência a crianças e idosos, facilitando em muito a rotina destas pessoas De coração | DEZEMBRO 2010 ou, se for o caso, a prestação de cuidados de higiene. [email protected] De coração | DEZEMBRO 2010 IDEIAS E SOLUÇÕES 27 28 IDEIAS E SOLUÇÕES Deixe-se surpreender no Mercado Popular! A época de Natal está patente no Mercado Popular durante o ano inteiro, o local onde encontra qualidade e variedade a preços imbatíveis. São grandes marcas que vão fazer a diferença na decoração do seu espaço interior, com materiais de grande valor que vão garantir uma performance e um design que a sua casa vai agradecer. [email protected] Cabine de Duche Preços acrescidos de IVA à taxa em vigor De coração | DEZEMBRO 2010 300,00€ IDEIAS E SOLUÇÕES 29 Base Duche 20,00€ Banheira 170x70 O conceito de Outlet da Matobra visa colocar o poder de compra ao serviço de todos os bolsos, com a garantia de produtos de qualidade. As prateleiras do Mercado Popular e Sala de Exposição aguardam a sua visita. De coração | DEZEMBRO 2010 50,00€ COLECÇÃO MERIDIAN Lavatório. Duplos, mural, semi-encastrar, compacto, assimétrico, canto, handicap, Unik-Meridian. Sanita. 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A Alpesil conta com cerca de dez anos de existência e é no Algarve e na Figueira da Foz que valoriza o seu produto de chave na mão, porque em cada cliente está um amigo e em cada obra a vontade de fazer mais e melhor. O ensino, a economia e a construção civil são temas apontados como fundamentais para que o futuro do país seja um futuro De coração | DEZEMBRO 2010 melhor para todos nós. 32 ENTREVISTA Fale-nos um pouco do seu percurso elas comerciais ou burocráticas. gabinetes e falar com as empresas que escolar. estão no terreno. Antes do lançamento de Ingressei na Primaria no Casal Fernão Já um um curso deveriam fazer-se seminários com João, depois fui para a Escola Preparatória empresário que trabalha com outros as empresas e estudos para se verificar as de Pombal e fiz o Secundário na Escola estudantes. Qual é a análise que faz necessidades de mercado e as pessoas Tecnológica e Profissional, também em sobre a preparação dos nossos jovens formadas que precisamos. Pombal. Depois fui para o Porto onde quando integram o mundo do trabalho? tirei o Bacharelato, na Escola Superior É uma análise bastante negativa porque Como caracteriza os clientes e o mercado de área tenho a certeza de que o ensino não se que a Alpesil acompanha? do imobiliário e, finalmente conclui a adapta às necessidades das empresas e do Estamos mais direccionados para clientes que Licenciatura de Gestão Imobiliária, em mercado. Posso lhe dar um exemplo actual, nos compram apenas construções ou que Lisboa. Mais tarde, fiz duas pós-graduações, temos interesse em contratar um engenheiro nos compram terrenos e nos encomendam uma na ESAI e outra no Instituto Superior civil que domine duas áreas específicas, a do construções, especializámo-nos nesse nicho Técnico, em Lisboa. Licenciamento e do Acompanhamento de de mercado, que assenta essencialmente na Obras e tem sido uma busca inquietante manutenção e não apenas na construção. Sei que teve uma experiência anterior porque nos temos apercebido que essa Para numa sector habilitação não existe e estamos a falar não nos sobra tempo nem estrutura para imobiliário. Isso foi fundamental para a de dois pontos básicos. Até faço uma estarmos noutros mercados, por enquanto. criação da Alpesil, em 1999? comparação com os indivíduos que tiram a Trabalhava muito na promoção imobiliária e, carta de pesados e que depois não sabem Desde a sua criação consegue resumir a dado momento, percebi que esse mercado trabalhar com os tacógrafos… Não é uma um pouco a vivência da empresa até aos não teria grande futuro, daí a aposta na questão de incompetência, mas sim a forma nossos dias? criação de uma construtora, em 1999, no e os conteúdos que se leccionam para que Evidenciámos sentido de fazermos o enquadramento e a as pessoas possam estar preparadas para o de sermos poucos mas bons e de nos prestação de serviços aos nossos clientes, mercado real. E depois existe o outro lado, especializarmos não só na construção civil, dominando o processo desde a concepção porque as empresas investem na formação como também no aluguer de equipamentos do produto, inclusivamente na aquisição e destes jovens e quando eles começam a necessários à obra no seu todo, em nome licenciamento do terreno, até à entrega do perceber algumas questões, optam logo da economia e da qualidade. Definimos, por produto chave na mão e, de algum modo por sair porque pensam que já estão exemplo, que os ladrilhadores são nossos acabando com os intermediários. preparados para altos voos e isso são custos funcionários para um acompanhamento acrescidos. Mas existe claramente um défice eficaz e tentamos escolher sempre os Sente que a sua formação e educação de prática nos nossos cursos, considero que subempreiteiros e fornecedores que nos foram importantes para estar nesta a partir do primeiro ano deveria haver um garantam a qualidade desejada. actividade? enquadramento prático com as empresas Mais Actividades empresa do que Imobiliárias ligada na ao importantes, foram fundamentais e sem essa ferramenta não foi estudante e agora é este acompanhamento sempre uma postura que estão no terreno e que conhecem a Notei que faz constantes considerações realidade. sobre o mercado e pergunto se imaginaria há dez anos atrás que ele teria conseguido a mais valia técnica e De coração | DEZEMBRO 2010 fazermos especializada. Seria impossível acompanhar, Vamos então apontar os culpados… estivesse nesta situação? compreender e sobreviver neste mercado Serão os políticos, os professores, os As minhas indicações levavam-me a pensar em constante mudança porque isso faz alunos, as escolas? … que estaríamos pior. Aliás, a Alpesil só a diferença em diversas ocasiões. Estou Acima de tudo, deve-se a uma mentalidade aparece para encurtar os agentes de mercado muito grato ao meu percurso escolar e mesquinha, que nos vai afogando, porque com o objectivo de nos especializarmos aos professores com quem aprendi. No quando sabemos fazer uma conta simples num nicho com uma filosofia mais directa e que respeita à educação têm de existir pensamos que já estamos preparados para menos burocrática. valores fundamentais como o bom senso, ser cientistas. Mas nesta matéria existe uma forma de saber estar e de lidar com uma responsabilidade a ser imputada aos A ambição de um jovem empresário situações de pressão e uma sensibilidade directores pedagógicos dos cursos, porque está sempre de acordo com as metas da que é precisa a cada momento, para que para eles conhecerem as necessidades do empresa que o acompanha? sejam encontradas as decisões certas, sejam mercado de trabalho têm de sair dos seus Reconheço que temos algumas coisas De coração | DEZEMBRO 2010 ENTREVISTA 33 34 ENTREVISTA para melhorar, posso dizer que estamos a que é para dar lucro e rendimento, porque meio da subida da nossa ladeira, ainda não Há pouco pedi-lhe que recordasse a estamos a falar de situações bastante conseguimos chegar ao nível de organização escola. E que escola tem encontrado na dispendiosas e se não for para obter riqueza que ambicionamos, queremos ter instalações sua actividade profissional? as empresas vão optar por deixar cair. É que nos permitam projectar noutro tipo de Uma das coisas que tenho aprendido é preciso entender que só se deve renovar se mercados, porque temos outros objectivos que não vale a pena fazer mal e barato for para criar melhor qualidade de vida para no sector da construção civil. Mas queremos porque depressa aparece o resultado. o local, para o dono e para quem vai fazer a percorrer esse caminho de forma sólida, Depois é preciso ter muita sensibilidade, obra, para sairmos todos a ganhar. para não cairmos na escada. muita capacidade de encaixe porque é uma actividade que mexe com muitas O Certamente que já alcançou alguns componentes e que está em constante actualmente? objectivos importantes. Que metas tem mudança, pelo que temos de estar sempre O facto de toda a gente apontar os definidas para os próximos anos? actualizados e interessados. Em suma, problemas e fazer de conta que não os Queremos entrar em áreas de manutenção ao longo destes dez anos aprendemos o vê, encarar as dificuldades sem tomar as de construção civil, nomeadamente nas conceito de construção, o que não é pouco medidas de fundo necessárias e, com isso, renovações e também no apoio a clientes, porque quem conhecer esse processo pode vamos ficando cada vez mais pobres e mais como os hospitais, centros de saúde e fazer a diferença na especialização em nome marginalizados. Porque estamos a falar de zonas comerciais, porque sentimos que é da qualidade do produto para o cliente final. medidas que têm de ser tomadas e que um mercado que não está a ter a devida que o assusta mais no país vão ficando na gaveta porque mexem com E o que tem ensinado aos que o os interesses de muita gente e isso tem de existe outra variante que gostaríamos rodeiam? acabar para o bem de todos nós. de entrar e explorar, que é o das avenças Tento construir uma empresa de rigor e com os promotores imobiliários, porque de exigência mas admito que temos de Como quando começarem a surgir esses processos melhorar nos prazos de entrega. Mas no empresas e as pessoas a produzir mais em tribunal pensamos que podem nascer que diz respeito à qualidade, entendemos e melhor? possibilidades de negócio. que não temos deixado de cumprir com Temos de responsabilizar e de criar condições conhecimentos e materiais de bom nível. de competição para quem produz, para que atenção Neste e acompanhamento. momento, que Também perspectivas é possível impulsionar as os agentes sejam menos e mais competentes oferece o mercado para as empresas? No que se vai tornar o mercado da e para que o mercado funcione mais e As que conseguirem ultrapassar esta crise construção? melhor. Só desse modo vai existir o filtro de uma forma sólida e sustentada podem Vamos ser mais profissionais e o mercado para os que conseguem acompanhar este e vão ter muito trabalho pela frente, as que vai estar mais sóbrio. A concorrência desleal mercado numa situação de crise. têm estruturas brutais com custos elevados vai acabar e alguma da burocracia que está e que não conseguem produzir vão sentir ao serviço de alguns vai terminar. Estas são Qual é o lema da empresa? os efeitos de não serem competitivos e vão as minhas previsões, até porque a realidade Termos em cada cliente um amigo, adoptar acabar. nos vai obrigar a esta conclusão. sempre medidas de rigor e qualidade e de De coração | DEZEMBRO 2010 projectar os bons resultados da promotora A Figueira da Foz é uma região E o mercado da renovação é uma para procurada para se construir? hipótese plausível para as empresas? crescimento será mútuo. Também actuamos no Algarve, mas foi na O Figueira da Foz que começámos a trabalhar componentes distintas: uma é a filosofia e isso permite-nos alguma mobilidade em do conceito, segundo o qual, o acto de se termos de obras e em termos administrativos, renovar é por si só uma atitude altruísta para além do conhecimento adquirido e de grande dignidade. Mas existe a do mercado da região. Mas sentimos que componente económico-financeira e tem existe uma carência de empresas com as de se estabelecer um ponto de equilíbrio características da nossa, porque a cidade no investimento e no retorno. O mercado está mais vocacionada para o turismo e da renovação só se vai desenvolver quando hotelaria. todos os agentes chegarem à conclusão mercado da renovação tem quem trabalhamos, porque o duas [email protected] ENTREVISTA 35 BREVES Uma obra feita que gostaria de ter construído? O Centro Cultural de Belém. Uma obra por fazer que quer construir? Residências Universitárias. Uma lição que aprendeu na empresa? Vale a pena fazer bem. Uma pessoa que o marcou profissionalmente? O meu avô materno. Uma ementa? Naco na Pedra. Um vinho? O Marquês de Borba. Uma voz? Mariza. Uma viagem? Madeira. De coração | DEZEMBRO 2010 A notícia a ouvir amanhã? Que a economia portuguesa está em crescimento. 36 ESTILUS Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck No ano em que comemora 40 anos de actividade, a Miele lançou recentemente uma nova marca de cozinhas - “Warendorf” - que irá substituir a “Miele Die Küche”. Os modelos assinados pelo conhecido designer Philippe Starck assinalam uma nova era nas cozinhas Miele, apostando em criatividade, design e inovação, sem abdicar dos valores que fizeram tradição na Miele: durabilidade, funcionalidade, versatilidade, qualidade e ecologia. Direccionadas para um segmento de mercado alto, o conceito de Starck assenta numa forma inovadora de pensar a cozinha, entendida como um espaço onde toda a família se junta não só para a preparação e degustação dos alimentos, mas também para resolver assuntos familiares ou simplesmente conviver. Procurando ir ao encontro de diferentes gostos e tendências, Philippe Starck criou quatro ambientes distintos. O modelo Tower é, sem dúvida, o mais surpreendente, transformando profundamente o aspecto típico da cozinha, reduzindo-a apenas a duas torres e uma mesa funcional. Concentrando no seu interior os electrodomésticos de frio e quente, arrumação, despensa e louceiro, a torre roda 340 graus, permitindo mudar constantemente a aparência do espaço, dependendo do que se está a mostrar: o quadro de ardósia, o despenseiro ou o ecrã de TV. O modelo Library permite combinar a preparação dos alimentos com a leitura ou o apoio aos trabalhos de casa das crianças. É composto por uma estante que emoldura a frente de trabalho central e uma escada que desliza ao longo da mesma. Habitualmente encontrada em bibliotecas maiores e mais clássicas, nesta versão em aço inox, a escada confere um toque especial à cozinha, ao mesmo tempo que facilita o acesso a todas as zonas do móvel. A ilha de cozinha integra funções de preparação, arrumação e confecção dos alimentos. O amplo espaço de trabalho pode ter associada a função de mesa de refeições ou, em alternativa, poderá acrescentar uma mesa em mármore. Misturando cerejeira, aço inoxidável e mármore este modelo cria uma composição simultaneamente clássica e elegante. Primary é uma opção pensada para unidades pequenas que combina material de luxo, com um toque de design neobarroco. A unidade base em aço inoxidável, as prateleiras e o nicho proporcionam um contraste com o vidro amarelo. Os apliques de luz e os adornos gravados reforçam o carácter luxuoso deste modelo, ao mesmo tempo que vincam o antagonismo da aparência quase asséptica do mobiliário em inox. Para famílias mais numerosas, pode ser complementada com um módulo free-standing, que De coração | DEZEMBRO 2010 permite aumentar as zonas de arrumação. Em Duality, Starck propõe um conceito em ilha com duas funções distintas: como separador de espaços com um carácter comunicante, ou como instalação de parede. O próprio nome sugere esta dupla funcionalidade. As superfícies em inox são predominantes, apenas as prateleiras laterais e a abertura central têm acabamento em lacado branco, que permite ampliar visualmente estas áreas abertas. [email protected] | Tower | De coração | DEZEMBRO 2010 ESTILUS 37 | Library | 38 ESTILUS De coração | DEZEMBRO 2010 | Primary | | Duality | PUBLICIDADE O P R É M IO R E D D O T – AG O R A TA M B É M E M R O S A , A M A R E L O, A Z U L , L A R A N JA E V IO L E TA . S A I BA M A I S S O B R E O D E SIG N V E N C E D O R E M : W W W. G RO H E . P T O seu design convenceu o júri, no entanto, há muitas outras razões para se apaixonar pelo Rainshower® Icon: As seis novas cores ou a tecnologia GROHE DreamSpray® que garante uma distribuição homogénea da água em todo o chuveiro. A habitual qualidade GROHE refl ecte-se no acabamento perfeito e na durabilidade. Encontre todas as outras boas razões em www.grohe.pt. PUBLICIDADE ESTILUS 41 Uma lufada de ar fresco A Ceracasa coloca no mercado português uma nova tendência para exteriores, as fachadas vegetais Lifewall®. O conceito Arquitecto foi desenvolvido Emílio Llobat, pelo que transformou a ideia numa solução extraordinária, a de situar a vegetação nas fachadas dos edifícios de forma simples e com grandes vantagens para o projectista, para o cliente e para o ambiente. Na prática, são painéis de 1 m2 que permitem a disposição de qualquer tipo de vegetação num processo que permite a irrigação por gotas, optimizando a economia da água. Lifewall foi pensada para criar uma simbiose perfeita juntamente com outro produto da firma espanhola e premiado com o Alfa de Oro, o denominado Bionictile®. Este produto descontamina o ar das cidades dos prejudiciais óxidos de nitrogénio (NOx) e capta o dióxido de carbono da atmosfera, libertando oxigénio. Numa estimativa recente, chegou-se à conclusão que, em duzentos edifícios com Bionictile, se descontaminaria cerca de 2.638 milhões de m3 de ar num ano. O que equivale a dizermos que mais de quatrocentas mil pessoas podiam respirar, durante um ano, um ar mais saudável e livre dos prejudiciais óxidos de nitrógeneo, libertados pelos automóveis e industrias. De coração | DEZEMBRO 2010 [email protected] PUBLICIDADE PUBLICIDADE O LUGAR MAIS SEGURO NO MUNDO! 44 ESTILUS Hansgrohe apresenta Axor Urquiola A premiada designer espanhola Patrícia Urquiola uniu-se à Hansgrohe para conceber a linha Axor Urquiola. O conceito apresentado junta num mesmo espaço área de banho e quarto, num encontro entre o descanso e o bem-estar e cuidado do corpo. Trata-se de uma noção inovadora, mas que encontra justificação no ambiente criado: um mundo de transições suaves, formas delicadas combinadas com funcionalidade, num estilo ecléctico em que estão presentes diferentes estilos e culturas. O desenho sensual e feminino, feito para despertar os sentidos, foi aplicado em lavatórios e banheiras, torneiras, acessórios e aquecedores de parede. Destaque para os lavatórios e banheiras, que recuperam como inspiração os antigos alguidares, com asas que podem ser usadas para colocar as toalhas. [email protected] De coração | DEZEMBRO 2010 O aquecedor é um sistema modular, composto por painéis independentes que servem também como divisórias. ESTILUS 45 acessórios desenhados numa linha moderna e sóbria. De coração | DEZEMBRO 2010 Axor Urquiola abrange também uma colecção de 46 ENTREVISTA De coração | DEZEMBRO 2010 Abrir o coração das empresas ao Mundo Vítor Almeida é o responsável comercial da Cerâmica de São Paulo (CSP) e percebe-se, ao longo desta entrevista, a importância de um homem de visão global, muito para além da realidade que se insere. A CSP coloca ao serviço do cliente uma filosofia de permanente reinvenção dos seus produtos, consoante as obrigações de mudança que o mercado impõe. Pasta vermelha, pasta branca, grés vidrado, porcelânicos e azulejos percorrem a Europa e Africa com uma bandeira de qualidade nacional. Crítico quanto baste, porque há que direccionar soluções para que o futuro do mercado cerâmico seja mais promissor, defende que compreender o modo como chegámos ao local onde estamos é estar um passo à frente na fuga para o sucesso. ENTREVISTA 47 Como acontece a entrada na área PALOP, até porque o produto em Angola é comercial do sector cerâmico e, mais muito solicitado. Mas a nossa aposta e o que particularmente, na São Paulo? traduziu verdadeiramente o crescimento Aconteceu em 1979, depois de ter estado da São Paulo foi o porcelânico e foi com a trabalhar em Angola, numa empresa esse produto que atingimos os mercados distribuidora de materiais de construção da Europa, onde se situa o nosso mercado no Algarve. Mais tarde, iniciei um percurso nuclear. de fábricas, sempre na área comercial, primeiro na Masa, depois na Estaco e Existe uma concorrência apertada nos Dominó, seguido da Recer e, actualmente, cerâmicos? na Cerâmica de São Paulo, desde 2006. Foi O um regresso a casa, já que, resido em Lisboa concorrência apertadíssima, estamos em e é onde estão as minhas raízes. mercados onde estão países com um mercado da cerâmica tem uma crescimento fabuloso, como a China, a Consegue fazer um breve resumo do Turquia, a Indonésia e o Brasil que são percurso da empresa até à actualidade? produtores muito fortes. Foi fundada em 1961 pelas famílias No entanto, o grande problema que este Garrett e Megre. Começou por fabricar o sector enfrenta, de há dez anos a esta parte, produto de série original que é o prensado não tem só a ver com esse aumento de a seco por pasta vermelha e que ainda é concorrentes, bem como as crises cíclicas reconhecidíssimo no país. que o mundo atravessa, como a actual, A empresa começou a modernizar-se em que é a mais grave da história, mas tem 1979, através da instalação de um forno sobretudo a ver com a concorrência de contínuo, mantendo o forno inicial. produtos. Em 1982, a fabrica adquiriu o seu segundo A cerâmica, nomeadamente nos países do forno continuo, passando a produzir cerca sul, era um produto de utilização universal, de 650.000 m2 por ano e, em 1989, passa um apartamento podia levar cerca de 200 exclusivamente para a família Megre, m2 e, através da introdução no mercado de sendo que o Dr. João Megre é o actual sucedâneos, de produtos como as madeiras, presidente do Conselho de Administração. as pedras, os linóleos, como pavimentos A partir de 2001, assistimos a um salto contínuos, qualitativo, porque se inicia o percurso no intervenção no espaço. Teve de encontrar mercado do grés vidrado, com o formato formas naturais de reagir, copiando as 33x33. É quando a empresa ganha enorme madeiras, as pedras, os linóleos, as superfícies capacidade internacional, que é actualmente mates ou brilhantes e, nesse sentido, a o nosso garante. crise foi indutora de um comportamento Em 2004, face a esse sucesso, investimos de inovação e de investigação, mas ainda numa nova fábrica, aumentando a nossa assim não deixou de perder intervenção e capacidade, quer de quantidade produzida foi uma perda dramática porque um prédio quer da tipologia de produto. que levava 4.000 m2 de cerâmica passou a Em 2006, iniciámos a produção nos utilizar cerca de 1.000 m2. Esse é o grande porcelânicos, o que se traduziu num problema. crescimento acentuado da São Paulo, É evidente que o sector procurou outras nomeadamente nos mercados externos, áreas de intervenção como as fachadas e onde a França ocupa o lugar de destaque, exteriores onde a São Paulo mais apostou seguido dos PALOP onde continuamos a ter nos últimos anos, nomeadamente com os uma presença forte e até em contraciclo, já porcelanicos, nos países do centro e norte que aumentámos este ano cerca de 15%. da Europa, onde o clima é mais frio e a cerâmica foi perdendo utilização desse produto no exterior se torna Ainda há quem pense que a São Paulo indispensável porque é resistente ao gelo. Foi se especializou na Tijoleira... esse o caminho traçado, tentando encontrar Não é de todo verdade, mantivemos a nossa forma de fazer face aos produtos que série original e incrementámos a venda nos concorrem com ela por um lado, e tentando De coração | DEZEMBRO 2010 a 48 ENTREVISTA encontrar outras áreas de intervenção onde ajuizado com cuidado. Nós somos uma nos afectar de uma forma mais trágica. Para esses produtos não são tão utilizados. fabrica pequena e a internacionalização e além disso, as anteriores eram crises muito diversificação dos mercados é um processo conjunturais e passageiras e sempre com Tem-se conseguido afiguram-se tempos sobreviver, difíceis mas a bastante dispendioso. Temos optado por possibilidades de compensarmos prejuízos construção na Europa vai passar muito e, porque garantir a solidificação e crescimento nos com as exportações, já que tínhamos uma cada vez mais, pela recuperação de imóveis, mercados onde já estamos e, de forma moeda fraca em relação ao dólar. Hoje, é e a construção nova vai fazer-se cada vez gradual, tentarmo-nos inserir noutros mais precisamente o contrário, porque o euro menos. próximos. Há que ter cautela nas apostas está muito forte em relação ao dólar e com que se fazem nos mercados emergentes isso é muito difícil entrar nos mercados A tipologia de produtos influencia o como a Rússia, que são imensos mas que representados pela moeda americana. A público-alvo da empresa? obrigam a um investimento muito elevado e única coisa que defendeu o sector, nesta fase, A Cerâmica de São Paulo tem um projecto o retorno só se consegue num prazo muito foi o facto de ele já estar internacionalizado, que passa por crescer, o que se tem prolongado. Por exemplo, em Espanha porque se assim não fosse, desaparecia com verificado desde 2006 com a implementação temos uma presença pequena e que esta crise, porque era impossível manter-se de uma gama de produtos com maior valor sofreu algum revés pelo crash no mercado com 25% da sua produção. acrescentado. O nosso crescimento não se imobiliário espanhol, pelo que consideramos deveu à quantidade produzida, mas sim que no próximo ano será a altura ideal para Ao longo deste tempo como caracteriza ao preço médio apurado do produto, o aumentar a nossa pressão e tirarmos algum a economia portuguesa? que arrastou a facturação global, sendo resultado. É um mercado exigente, mas É evidente que a crise financeira global que o público-alvo é a área residencial, que vê na cerâmica portuguesa garantias acelerou e dramatizou a nossa realidade nomeadamente o consumidor final. de qualidade. Embora seja um país com porque uma estruturais economia com gravíssimos por uma forte componente fabricante, só problemas Em termos de volume de vendas que um produto espanhol de gama alta pode resolver e que está longe de ser moderna. oscilações têm existido nos últimos três ser comparado a um produto nacional, o A maioria do nosso tecido empresarial é anos? que os obriga a preços mais elevados. Os composto por empresas muito frágeis que No período de 2007 para 2008 registámos distribuidores espanhóis vêem com bons não se modernizaram e que, sobretudo, crescimentos na ordem dos 40% mas, neste olhos o concurso de fabricas portuguesas não se internacionalizaram. Por outro lado, momento, penso que vamos terminar o porque nós vamos encarar a realidade temos um estado pesadíssimo que consome ano com uma facturação de 8,5 milhões espanhola como um mercado externo e não o pouco que nós conseguimos produzir e, de euros, Em relação aos números de 2007 vamos pulverizar a nossa presença, e isso vai portanto, Portugal habituou-se a viver com o verifica-se uma perda no mercado doméstico dar território disponível aos armazenistas e dinheiro dos outros, que tem de ser rateado e isso foi superado com o crescimento no distribuidores para eles garantirem alguma porque há menos e porque têm medo de o mercado externo. solidez no trabalho comercial que vão fazer emprestar porque existe um elevado factor Hoje, a São Paulo é seguramente a fabrica com o nosso produto. de risco. Deixando de ter essa capacidade nacional que tem stocks mais modestos de financiamento e não gerando o próprio porque nós, praticamente, vendemos o A empresa tem uma forte componente dinheiro suficiente entrámos numa crise que produzimos e atingimos a capacidade no mercado exterior. Pode traduzir essa muito particular inserida nesta crise global. máxima de produção, sem sacrificar o preço realidade em números? médio dos produtos. A Cerâmica de São Paulo vende 30% do que Depreendo que é uma visão negativista Há um factor que é transversal a todo o produz para o mercado nacional e 70% para para o mercado europeu… mercado de produção de cerâmica, que é o exterior, onde se destaca a França com uma Em a tal forte concorrência internacional, que taxa de 50%, os PALOP que apresentam facturação, verificou-se uma ligeira redução está a baixar os preços a um nível dramático valores na ordem dos 25%, sendo que os nas quantidades vendidas, mas que foi e, portanto, a nossa forma de contornar isso restantes 25% vão para mercados pontuais superada é tentar fugir ao produto banal e explorar com trabalhos muito específicos, como os tipologia de produtos. As previsões apontam nichos de produtos que ainda permitem Estados Unidos e Canadá. para que a economia alemã cresça cerca preços diferenciados e margens mais França temos pelo valor mantido a nossa acrescentado na de 3,7%, tal como acontece em França e, Como empresário e com experiência em desse ponto de vista estamos optimistas. O diversas situações de crises, nota alguma mercado francês é muito diferente do nosso Sei que existe uma política de expandir diferença para a que atravessamos? porque trabalham com planeamento, no o mercado da empresa. Como é que isso A diferença é total, anteriormente passámos que respeita à escolha das referências que se tem verificado? por crises domésticas com um envolvimento vão comercializar no próximo ano e com É uma questão pertinente que temos interno, mas esta crise é global e acaba por estimativas de compra, e considero que alargadas. De coração | DEZEMBRO 2010 temos De coração | DEZEMBRO 2010 ENTREVISTA 49 50 ENTREVISTA temos motivos para estar muito agradados, variado, tal como a nossa história, que enorme prazer, fica registado na nossa em relação a 2011. está escrita neste catálogo. Em relação história. aos pergaminhos da empresa, vamos fazer Como é que se verifica a adaptação cinquenta anos e sempre adoptando uma Para finalizar, quer deixar alguma da empresa às mudanças técnicas e cultura com carácter no relacionamento mensagem? tecnológicas constantes? com os fornecedores, com os clientes e com Quero O investimento na nova fabrica, em 2004, foi o mercado. subcontratação que fazemos na área do precisamente por sentirmos essa necessidade o tal factor da revestimento e que define um conceito e isso traduziu-se no crescimento do preço Como é que gostaria de ver a empresa orientador num novo relacionamento entre médio dos produtos, pela capacidade de nos próximos dez anos? os produtores, que é a todos os níveis produzirmos outra tipologia com uma A empresa precisa de investimentos que desejável. mais valia garantida. Temos uma unidade estavam programados em 2007/2008 e As fábricas têm vivido de costas voltadas e de produção moderníssima de grande que a crise susteve, pelo que precisamos olham para as outras fábricas apenas como rentabilidade, a empresa, ao nível dos de crescer num futuro próximo. Essa concorrentes e, se o sector quer assumir seus custos, é gerida com um extremo é a nossa vontade, nomeadamente de uma postura internacional forte, tem de cuidado porque operamos em mercados aumentar a produção na fabrica nova, saber juntar esforços porque temos de muito competitivos, onde os preços são através da aquisição de outra prensa e de perceber que uma fábrica no Brasil produz muito importantes. Dessa conjuntura ainda uma nova linha de vidragem. Outro passo mais do que o sector todo em Portugal. temos de tirar algum lucro, o que temos extraordinariamente de É fácil constatar que se queremos ter conseguido, pelo que consideramos que um dia virmos a produzir a monoporosa, capacidade, o caminho não é o de dispersar temos capacidade para enfrentar o futuro o tradicional azulejo, porque é o nosso a nossa atenção por quinhentos produtos, através das nossas unidades de produção, próprio mercado e os nossos clientes que mas sim o de encontrar as sinergias de cada isso é indiscutível. nos motivam para essa resposta. Nós já um e integrarmos essa capacidade para importante é estamos no mercado francês com esse tipo sermos melhores. preocupação de produto, em regime de subcontratação, Porque o que vemos são cada vez mais ambiental, como é que a Natureza pode mas confesso que gostaria que, num prazo casinhas de materiais de construção que cooperar com uma empresa que visa a de dois ou três anos, tivéssemos uma fábrica não têm futuro e que pulverizam o mercado, produção industrial? de revestimentos. quando o remédio seria o de nos unirmos. Sabemos que têm A São Paulo foi das primeira cerâmicas em Nós queremos ter azulejo e produzi-lo, Portugal que apostou na montagem de Ao um mas enquanto não temos essa capacidade, uma Cogeração, nós produzimos energia observador atento a tudo o que o rodeia, assumimos uma postura de subcontratação eléctrica, aproveitamos o calor desse gerador que vai para além de um responsável com um concorrente e que, através dessa a gás para atomizar o pó e desse ponto de comercial… união de esforços, passa a ser um parceiro vista, é um ganho energético e ambiental É uma empresa pequena num contexto e, só desse modo, surgem depois uma série extraordinário. De resto, os nossos resíduos global em que os quadros são limitados, de interesses comuns que são compatíveis. são tratados numa ETAR, que felizmente pelo que existe uma comunhão das várias já são estruturas mais leves e modernas. áreas. Naturalmente que é ao Administrador Mas esta é uma questão a ser estudada, e presidente do Conselho de Administração, porque competitivo Dr. João Megre, que cabe a definição das existem concorrentes tão agressivos, como principais linhas de desenvolvimento, mas a China e o Brasil, que não têm as mesmas existe uma discussão permanente de um preocupações ambientais e há que lutar projecto que felizmente é partilhado. num mundo tão longo da entrevista vejo pela transparência num bem que é comum, com armas iguais. Gosta do que faz? A De coração | DEZEMBRO 2010 evidenciar cerâmica é extraordinariamente A história da empresa está marcada nos interessante porque permite intervenções vossos produtos? a vários níveis. Por ser um mercado muito O nosso caminho começou pela série competitivo obriga-nos a uma constante original, depois iniciámo-nos na pasta vigilância, branca, com o formato 33x33. Por último, patriarcado de gosto e de design. Isso apostamos nos porcelânicos, revestimento encanta-me, o facto de nos ligarmos e pavimento, com os rectificados e semi- pessoalmente ao produto real e de o polidos. Enfim, temos já um portefólio acompanharmos durante anos dá um sobretudo, exercendo um [email protected] Breves ENTREVISTA 51 Teatro, cinema, livros ou todos eles? Gosto muito de ler. Autor favorito? Eça de Queirós. Um monumento histórico? Mosteiro dos Jerónimos. A cidade de eleição? Coimbra. Uma viagem que sempre fica? Itália é a capital do mundo. Uma pessoa que o tenha marcado? O meu pai. Um provérbio que utilize? Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti. Um sonho realizado? A minha filha cresceu e é uma mulher independente. Um sonho a realizar? Ter tempo para ler e viajar. De coração | DEZEMBRO 2010 Defina sucesso? O sucesso não é um resultado e só se define com empenho. PUBLICIDADE Liberte o espaço de banho. PUBLICIDADE eBre a rotina. Moderna, original e acessível são as palavras que definem a nova série Kapa. Agora, vai ver que quebrar a rotina do seu espaço de banho não custa nada. Conjunto de louça sanitária a partir de E220 + IVA. Móvel Easy a partir de E311 + IVA. www.sanitana.com 54 GALERIA MATOBRA Tomar banho à Fontana Por acréscimo de um novo conceito de casa de banho que surpreendeu os clientes mais ousados, a Cerâmica Flaminia coloca ao serviço de Fonte a cereja no topo do bolo com a criação de uma espécie de base de banho, até mais do que isso. Mantendo as formas sensuais e arredondadas, Fontana apresenta-se como uma enorme bacia de banho circular, com um design original na forma e espessura e é feita com um material de grande qualidade, o pietraluce. Com garantia de diversão, quer tome um duche rápido quer um banho mais cuidado, Fontana imprime as ondulações ao serviço da higiene e conforto de toda a família, especialmente as crianças. O aspecto arredondado, lembrando uma concha, e o material acolhedor transmitem uma sensação incomparável aos nossos sentidos, como se fosse um local de meditação e de lazer, ao mesmo tempo. Fontana é uma evolução do conceito de banho Fonte e tem correspondência com qualquer sanitário da Flaminia, assim solte o poder criativo que há em si. Disponível em Branco Tradicional, Preto Clássico ou outros tons mais ousados, como o Azul De coração | DEZEMBRO 2010 Marinho, para que a sua intimidade pessoal tenha mais cor. [email protected] PUBLICIDADE Espaço anos Visite-nos no Facebook Luís Ramos | Adémia, Apartado 44 Rua 8004 Cerâmicos | 3021-901 Coimbra Madeiras | Portugal | Tlf: Cozinhas 239 433 Banhos www.matobra.pt 239 433 PUBLICIDADE Fax: Banhos | 769 | [email protected] To r n e i r a s 777 | Agrupada Decoração da Emacor ACE