Preto total | Mesa posta | Miele lança nova gama de

Transcrição

Preto total | Mesa posta | Miele lança nova gama de
De coração
022
DEZEMBRO 2010 AnoVI
| Preto total
| Mesa posta
| Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck
| Hansgrohe apresenta Axor Urquiola
PUBLICIDADE
    ­   €
 ‚ƒƒ„ƒƒ…ƒƒ†…„‡ˆ‚‚ƒƒ‰…‚ƒƒˆ‚
‚‚ ƒƒ‚‚
Comprar nacional é a solução
EDITORIA L
De coração
EDITORIAL 03
Nesta fase de mudança de ano e em que, invariavelmente, somos levados a
pensar no que pretendemos, ou não, ver mudado, vale a pena incluir na lista de
prioridades uma nova atitude nos nossos hábitos de consumo.
Seja numa ida ao supermercado, na escolha de uma peça de roupa ou em
qualquer outra aquisição, comprar português (ou produzido em Portugal) deve
ser sempre um critério.
O aumento do consumo de bens de produção nacional é um daqueles
gestos básicos que está ao alcance de qualquer um de nós e que tem efeitos
importantíssimos na nossa economia, nomeadamente com a diminuição das
importações, em nome de uma escolha que facilmente se traduz em incentivo
às empresas, protecção do emprego, aumento do poder de compra e do nível
de vida da população em geral.
É uma daquelas situações em que, como não se vê ou sente directamente,
assumimos uma espécie de “complexo de S. Tomé”, fechamos os olhos e
recusamos ver. Mas os efeitos existem e são inegáveis, não são sequer uma
questão de fé.
Directamente ligada a esta necessidade de diminuição das importações, está a
adopção de comportamentos energeticamente mais eficientes, uma vez que,
uma parcela significativa destes fluxos está associada ao consumo de energia.
Nomeadamente, num contexto doméstico, faz todo o sentido investir na
reabilitação das nossas casas, por forma, a dotá-las de um comportamento
energético mais eficiente.
É um investimento que, a juntar às vantagens em conforto, rapidamente se
traduz em poupança nas facturas mensais de electricidade e gás.
Para além de que a reabilitação urbana vai ao encontro do objectivo expresso
de comprar português. É uma aposta em empresas locais, feita sobretudo com
produtos nacionais e num sector que movimenta grande número de postos de
trabalhos directos e indirectos.
A construção nova, se não devidamente justificada, não é necessariamente a
melhor opção.
Desprezar o edificado já existente é um erro e os efeitos nos centros históricos
das nossas cidades assim o comprovam.
Mais uma vez, mesmo em termos de eficiência energética - nomeadamente em
gasto de combustível - e em gestão de recursos humanos nos serviços de apoio
Os exemplos repetem-se e são quase infindáveis. Mais importante do que insistir
nos argumentos será recordar a fórmula essencial: comprar nacional é a solução!
Presidente do Conselho de Administração da Matobra
De coração | DEZEMBRO 2010
mais racional.
EDITORIAL
à população, ter as infra-estruturas mais dispersas está longe de ser a opção
PUBLICIDADE
FICHA TÉCNICA
Entidade proprietária | Matobra - materiais de construção
e decoração, S.A.
Coordenação | Marta Rio-Torto
Textos | Claúdio Domingos e Marta Rio-Torto
Rua Luís Ramos | Adémia Apartado 3021-901 Coimbra | Portugal | Tel.: 239 433 777 | Fax: 239 433 769 | [email protected]
Fotografia | Danilo Pavone
Paginação e Projecto gráfico | Alexandre Saraiva
Tiragem | 2000 exemplares
Periodicidade | Trimestral
Impressão | FIG - Indústrias Gráficas, S.A.
Rua Adriano Lucas 3020 Coimbra
Isenta de registo no I.E.S. mediante decreto regulamentar
8/99 de 9/06 art. 12º nº 1 a)
Índice
3 Editorial
7 Entrevista De coração | Jorge Cravo
16 Com assinatura Matobra
16 | Preto total
17 | Uma casa, um só espaço
22 | Mesa posta
24 Ideias e soluções
24 | Formato ultra-fino em dimensão XXL
26 | Sanindusa complementa gama de produtos para pessoas
com mobilidade condicionada
28 | Deixe-se surpreender no Mercado Popular
31 Entrevista |António Pereira da Silva
36 Estilus
36 | Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck
41 | Uma lufada de ar fresco
44 | Hansgrohe apresenta Axor Urquiola
46 Entrevista | Vítor Almeida
54 Galeria Matobra
54 | Tomar banho à Fontana
Siga-nos no facebook
PUBLICIDADE
ENTREVISTA 07
Entrevista De coração
Jorge Cravo
Canções d’uma cidade e d’um rio é o nome
do novo disco de Jorge Cravo. Mais um
contributo para o repertório da Canção de
Coimbra daquele que é, reconhecidamente,
um dos seus mais destacados intérpretes e
cultores.
Após anos de dedicação, poder-se-ia pensar
que é um caso de paixão, mas será talvez mais
do que isso… É com verdadeira militância
que Cravo se tem devotado a este género,
procurando renovar e dignificar o seu
património.
É esse respeito pelo que de mais genuíno
tem este Canto que o faz rejeitar tudo o que
desvirtue o seu traço essencial, em nome do
chavão da inovação.
Insistir no respeito pela herança de Goes
e Bettencourt, na designação Canção por
oposição a Fado e mesmo na forma de
apresentação pública, poderá levar alguns
a confundi-lo com um conservador, mas um
olhar mais justo revela-o como um defensor
(e criador) do novo, como garantia de
manutenção da contemporaneidade deste
género.
De coração | DEZEMBRO 2010
“A Canção de Coimbra é uma causa.”
08 ENTREVISTA
Quando e como surgiu a paixão pela
gosto de investigar o passado e quando se
Canção de Coimbra?
analisa o que se canta e o que se cantou na
Entre pais e tios, 12 familiares meus tiraram
cidade essa conclusão é inegável.
as suas licenciaturas em Coimbra, pelo que
A terminologia Fado de Coimbra é uma
cresci num ambiente em que havia sempre
questão de comodismo, tem origem numa
umas histórias sobre a Universidade, os
moda do século XIX, quando o Fado surgiu
estudantes e a Académica.
em Portugal.
Além disso, pontualmente, em alguns
Há a ideia de que quando a guitarra está
jantares, o meu pai colocava no gira-discos
presente é Fado, mas muitas vezes não é.
música de Coimbra. Tenho comigo o EP
O primeiro tema que se intitula Fado de
da 1ª edição de José Afonso da Balada de
Coimbra é uma cantiga de meados dos anos
Outono, assim como os EPs do Quinteto de
40, 50 do século XIX e a verdade é que não
Coimbra, de Luís Goes.
tem nada a ver com Fado.
Portanto, fui crescendo com a ideia de uma
espécie de magia ligada a Coimbra. Mas
Tem sido um estudioso deste género,
estava longe de pensar que viesse a cantar,
tem várias monografias publicadas.
porque no meu tempo de liceu não havia
O que é que lhe despertou esta
tradições académicas em Coimbra, em
necessidade de saber mais?
consequência da crise de 69.
Desde logo, eu gosto de saber o que é que
A
minha
aproximação
à
Canção
de
ando a cantar e acho que qualquer cantor de
“Não há Fado de Coimbra, como
Coimbra aconteceu porque essas tradições
Coimbra que se preze deve conhecer o que
género musical autóctone,
ressurgiram.
está para trás, os cultores, o seu repertório,
enraizado nas suas gentes.”
as suas opções estéticas, temáticas e
Quem foram os seus mestres?
musicais, para então procurar construir o
Primeiro, aqueles que me acompanham
seu repertório também. Depois, porque
e que me acompanhavam na altura. O
em termos de investigação, está tudo por
primeiro mestre foi Jorge Gomes, na Escola
fazer na Canção de Coimbra, portanto, vou
do Chiado, a quem Coimbra muito deve,
dando um pequeno contributo naquelas
pois desde a década de 70 que ensina
áreas que me interessam.
Guitarra.
Depois, o meu grande mestre foi Luís Goes,
Além desta vertente de investigador é
é dele que recebo as maiores influências.
também compositor e intérprete. Qual
Mas também aprendi muito ouvindo os
destas facetas sente como mais vincada?
bons cultores de Coimbra e ouvindo a
A de cantor, porque é através dela que eu
minha voz gravada, que é um método que
transmito o meu trabalho de composição
permite rectificar pequenas falhas que, de
e de letras. E é por ser cantor que acabo
outro modo, passariam despercebidas.
por investigar a Canção de Coimbra. Estou
convencido que se não o fosse estaria a
Tem insistido bastante na designação
investigar uma outra área qualquer.
De coração | DEZEMBRO 2010
Canção de Coimbra e não Fado de
Coimbra. Porque é que esta questão,
É verdadeiramente uma paixão que se
que é de terminologia, tem suscitado
manifesta em diferentes facetas…
tantas contradições?
É mais do que uma paixão, para mim a
Não me parece que seja só uma questão
Canção de Coimbra é uma causa. Repare,
de terminologia, porque realmente não há
eu começo a cantar em Setembro de
Fado de Coimbra, como género musical
1980, numa altura de ressurgimento das
autóctone, enraizado nas suas gentes.
tradições académicas, tratava-se, portanto,
Como tenho uma licenciatura em história,
de uma luta, uma causa. Depois, continuou
De coração | DEZEMBRO 2010
ENTREVISTA 09
10 ENTREVISTA
a ser uma causa para mim porque não é
ser destes intervalos?
acarinhada, nem apoiada como devia ser.
Em 89, gravei o “Canções d’aqui” com o
Continuo a ter essa ambição de que a
meu grupo de colegas da altura. Estávamos
Canção de Coimbra seja vista como uma
a acabar o curso em 88 e depois do disco o
marca da cidade, capaz de a colocar num
grupo acabou e ficou aquele trabalho.
patamar superior. Para isso, é preciso que
Entretanto, ingressei na vida profissional e
ela seja apoiada pela Universidade e pela
houve um interregno.
cidade.
Anos mais tarde, reencontrei amigos,
A minha preocupação é sempre de saber
antigos estudantes de Coimbra e com eles
o que fazer pela Canção de Coimbra,
recomecei. Assim nasce o “Folha a folha”,
não utilizar-me dela ou o que fazer com a
em 99.
Canção de Coimbra.
A partir daí, procurei seguir um período de
Nunca a encarei de ânimo leve, levo isto
tempo de 5 anos para gravar.
muito a sério.
De modo que surge, em 2005, o “Canções
de saber o que fazer pela Canção
d’inquietude” e em 2010, o “Canções
de Coimbra, não utilizar-me dela
“A minha preocupação é sempre
No entanto, nunca quis assumir uma
d’uma cidade e d’um rio”.
carreira nesta área. Porquê?
Possivelmente, daqui a 5 anos, haverá um
Em primeiro lugar, porque eu andei na
outro disco.
De coração | DEZEMBRO 2010
Universidade para tirar um curso. Tenho
uma especialização e é com ela que ganho
Porque é que a Canção de Coimbra não
a vida.
é uma aposta das editoras, ao contrário
Por outro lado, citando o Carlos Paredes,
do que acontece com o Fado de Lisboa e
que dizia que gostava imenso da Guitarra
os seus intérpretes?
para viver dela, eu também gosto demasiado
Porque as editoras não reconhecem que
da Canção de Coimbra para viver dela. Se
existe uma Canção diferente do Fado, que
entrasse numa via profissionalizante penso
tem um ritual de apresentação público
que estaria muito mais condicionado,
diferente, que tem uma forma de cantar e
provavelmente por uma editora que exigiria
de ser tocada à guitarra diferente.
que eu tivesse um disco pronto todos os
Como estão sediadas em Lisboa, para elas
anos, pelos cachês... Tal como estou, tenho
só existe o Fado de Lisboa e depois há todo
a grande vantagem de poder exercer a
um conjunto de agentes que jogam no
minha criatividade livremente.
ambiente do Fado que levam a subalternizar
Mas também é uma falsa questão achar que
a Canção de Coimbra.
é por falta de profissionalização que não há
Mas não vale a pena estarmos a armarmo-
apoios, porque os poucos profissionais que
-nos em vítimas, temos que criar um lobby
eu conheço não os vejo a fazer espectáculos
a partir de Coimbra.
nas grandes salas nacionais e internacionais,
cidade – da Universidade, da Associação
nem a dar entrevistas nos jornais de
Académica, da Câmara, das empresas – um
grande tiragem, como vejo os fadistas de
apoio efectivo aos bons projectos da Canção
Lisboa. Portanto, se não houver o apoio
de Coimbra.
de toda a indústria cultural, discográfica
Enquanto
e de marketing, de nada adianta essa
o umbigo, em vez de nos juntarmos e
profissionalização.
pensarmos a Canção de Coimbra como uma
Tem que partir da
continuarmos
a
olhar
para
causa e não no fulano A, B ou C não vamos
Em termos de produção discográfica,
a parte nenhuma.
gravou o primeiro disco em 89, passados
A solução para inverter esta situação tem que
10 anos, em 99, gravou outro e depois
partir de Coimbra. Em qualquer contexto,
em 2005 e em 2010. Qual é a razão de
quando queremos projectar uma marca não
ou o que fazer com a Canção de
Coimbra. ”
ENTREVISTA 11
vamos ter com os outros para o fazerem.
revisitar o passado. E se formos à Escola
Pelo contrário,
primeiro valorizamos o
do Bettencourt e à Escola do Luís Goes e
produto, para depois então o conseguirmos
procurarmos misturar um pouco aquilo,
projectar. Tem que haver uma aposta séria,
avançamos e aparece um terceiro novo
com objectivos muito concretos e um plano
Canto de Coimbra.
pensado para 4, 5 anos, mas para isso tem
Há
que existir vontade política e cultural.
procuram ir buscar novos instrumentos,
pessoas
que
não
pensam
assim,
dar novas roupagens aos temas antigos e
Universidade, da Associação
Académica, da Câmara, das
empresas – um apoio efectivo
aos bons projectos da Canção de
Coimbra. ”
pensam que estão a inovar muito.
Património Cultural da Humanidade o
Mas, quando vejo um novo instrumento a
facto de Coimbra não estar representada
retirar o papel da segunda guitarra, entendo
gerou polémica. Esteve envolvido nesse
que não se está a contribuir em nada para
processo, porquê esse desfecho?
este género. Porque o toque tradicional
Porque não queríamos subalternizar a
de Coimbra tem duas guitarras. E quando
Canção de Coimbra, não queríamos que ela
um saxofone ou um piano faz o papel da
fosse vista como um apêndice do Fado de
segunda guitarra, estamos a perder esse
Lisboa.
diálogo das duas guitarras, que é uma
Há uns anos atrás,, havia essa mentalidade,
característica da Canção de Coimbra.
a Canção de Coimbra era vista como filha
Eu creio que para inovar não basta fazer
do Fado de Lisboa, um bocadinho mais
novas roupagens dos temas antigos, são
intelectual e erudita, por ser cantada por
precisos novos temas e eventualmente
estudantes, o que não é verdade, porque os
ir procurando um ou outro instrumento,
populares também cantam, mas havia esta
justificando-o,
ideia...
instrumento só porque sim ou porque não.
Portanto, a Canção de Coimbra não tem
É possível inovar, mas não podemos perder
nada a ganhar por estar com o Fado de
as referências. Por isso é que eu digo que
Lisboa, estamos sempre a perder…
é preciso fazer o retorno ao melhor da
Temos é que pegar nela de forma séria. E
Canção de Coimbra – Bettencourt e Goes –
então, nessa altura, ela entrará nas editoras,
para podermos avançar.
não
basta
colocar
o
nas playlists, na televisão e terá uma série de
agentes a dar-lhe atenção e a perceber que
A Canção de Coimbra tem tradição
está aqui um filão de ouro, para explorar.
enquanto
música
amadora
e
de
minorias. Deve continuar a ser assim?
Mas assim também não será um produto
Sim, é uma música de minorias, mas também
que fica esquecido, que não apareceu…
tem direito a ser divulgada e apoiada. Há um
Não, porque repare que somos falados pela
nicho no mercado português para ela. Aliás,
ausência.
a Canção de Coimbra não deve ser dada em
doses industriais, porque cansa. Temos que
Há quem entenda que este género peca
saber fazê-lo com razoabilidade.
por não inovar. Concorda?
Primeiro, temos que definir o que é a
Como é que vê a possibilidade de
inovação na Canção de Coimbra. Eu
termos mulheres a cantar?
costumo dizer que depois de tudo o que
Não me choca minimamente. Ninguém as
está feito pelo Luís Goes não há mais nada
proíbe de cantar, ao contrário do que dizem
a inventar, mas com isso não estou a dizer
algumas pessoas. As mulheres não estão
que não se pode fazer mais nada de novo.
a cantar porque ainda não optaram por
O que eu acho é que para andarmos
isso, mas já o fizeram com a guitarra, já há
para a frente, muitas vezes, temos que
mulheres a tocar.
De coração | DEZEMBRO 2010
“Tem que partir da cidade – da
Na questão da candidatura do Fado a
12 ENTREVISTA
O que eu não acho admissível é que haja
volta e fomos ao “Canções d’aqui”.
homens a tentar empurrá-las para o Canto
com palavras de ordem e slogans mediáticos.
Quando resolve levar a cabo um projecto
A mulher tem cabeça para pensar e quando
destes depara-se com a dificuldade de
entrar na Canção de Coimbra, com a sua
encontrar os apoios necessários. Isso é
inteligência e a sua criatividade, criará o seu
uma preocupação desde o início?
Canto.
Normalmente, só penso nisso no fim.
Exactamente porque não gosto de ser
Qual é o futuro que antecipa para a
pressionado e se eu for procurar esse
Canção de Coimbra?
apoio antes de o trabalho estar concluído,
Podemos ver isso sob duas perspectivas.
começam a perguntar-me, insistentemente,
Em termos académicos, todos os anos
pelo disco.
surgem novos alunos, há sempre alguns
Prefiro fazê-lo quando ele já está finalizado.
que resolvem tocar e cantar, portanto, por
Mas é muito difícil, porque as editoras não
aí as coisas estão asseguradas. O futuro
apostam neste produto. Nós, felizmente,
deste género, alargado a todo um leque
tivemos o apoio da Matobra e da Prabitar,
de antigos estudantes, populares, etc, vai
mas outros não têm, o que leva muitos
depender daquilo que a cidade quiser fazer
projectos a ficar na gaveta.
pela Canção de Coimbra.
Sente-se como alguém que tem o papel
Mas encara com optimismo esse futuro,
de preservar para as gerações do futuro
ou nem por isso?
este tesouro?
Encaro, porque noto que nalgumas pessoas
Eu vejo-me assim quando a minha maneira
a mentalidade está a mudar. Até pelo facto
de ser e de estar na Canção de Coimbra
do Fado de Lisboa ter esta projecção, há
me leva sempre a gravar coisas novas,
muita gente a perguntar porque é que
porque se um repertório não for renovado
a Canção de Coimbra
não tem. E é a
acaba por morrer. Sinto que estou a dar
partir dessa interrogação que as pessoas
o meu contributo para o cancioneiro da
começam a procurar perceber o que se
música de Coimbra e dessa forma, para a
passa. Portanto, estou convencido que isto
continuidade desta tradição musical. Tem
vai dar uma volta.
que haver repertório novo, até porque as
pessoas também procuram a mensagem, o
Lançou um novo disco no passado dia 13
texto. Não faz sentido que esta gente mais
de Novembro - Canções d’uma cidade e
nova ande a comunicar aquilo que outros
d’um rio. O que é que este disco tem de
já gravaram há quarenta, cinquenta anos.
diferente face a outros trabalhos seus?
Não pode ser, pois dessa forma não se
A temática, que é essencialmente Coimbrã.
consegue reflectir a sociedade que somos
Tive a preocupação que os 10 temas
nesta Canção.
reflectissem quadros citadinos, quer da
actualidade, quer mais antigos, paisagens
humanas e físicas. Os outros discos têm
uma temática existencial, amorosa e de
De coração | DEZEMBRO 2010
intervenção social e neste foquei-me na
cidade de Coimbra.
Depois, em relação aos outros dois anteriores,
há também uma diferença, porque voltei a
ser acompanhado pelos meus amigos dos
anos 80, portanto, digamos que demos a
[email protected]
“Depois de tudo o que está feito
pelo Luís Goes não há mais nada a
inventar, mas com isso não estou
a dizer que não se pode fazer mais
nada de novo. ”
De coração | DEZEMBRO 2010
ENTREVISTA 13
14 ENTREVISTA
De perfil…
Uma referência?
Luis Goes.
A música que não se cansa de ouvir?
Luis Goes.
O filme que o marcou?
O Nome da Rosa.
Um livro?
Vários, posso destacar autores, nomeadamente, Eugénio de Andrade e António Ramos Rosa.
Um objecto de que não se separa?
Telemóvel.
Quando tem tempo gosta de…?
Estar com a família e com os amigos.
O prato a que não resiste?
Cozido à portuguesa.
Uma bebida?
Vinho tinto.
Destino de férias?
Açores.
Uma qualidade de que se orgulhe e um defeito que não possa negar?
De coração | DEZEMBRO 2010
A minha maior qualidade é ser frontal, autêntico. O defeito é ser repentista.
PUBLICIDADE
16 COM ASSINATURA MATOBRA
Preto total
O preto é uma cor clássica, apreciada
por muitos de nós, mas quase sempre
votada ao preconceito de ser um tom
lúgubre, pouco acolhedor, agressivo até
e que não deve ser usado na decoração
de uma casa em mais do que alguns
acessórios ou pequenos apontamentos.
O desafio da equipa de decoração da
Matobra foi, precisamente, o de mostrar
que é possível criar um ambiente de
quarto em preto quase total e ainda
assim, conseguir um espaço agradável
e acolhedor.
Desde logo, o tom é usado no papel
que forra as paredes: preto com um
riscado muito suave a castanho, cor que
é replicada na parede lateral e que faz
ligação ao mogno dos móveis.
A restante decoração mantém esta
inspiração, com apontamentos muito
suaves de brilho, dado pelo inox dos
acessórios escolhidos.
O tapete em pele de cordeiro aumenta
a sensação de conforto e calor.
Ao contrário do que se poderia pensar,
o resultado nada tem de sinistro. A
composição final é carismática e, ao
mesmo tempo, sóbria.
E no caso de alguém que goste de variar
com frequência a decoração do espaço,
a opção pelo preto tem a vantagem
de poder mudar com facilidade os
acessórios, sem estar limitado na
conjugação de tons.
Visite-nos
no
nosso
showroom
e
descubra outras propostas em que se
poderá inspirar.
De coração | DEZEMBRO 2010
[email protected]
COM ASSINATURA MATOBRA 17
Decorar todas as assoalhadas de um apartamento na mesma
paleta cromática era o desafio. Sobretudo quando se tratam
de espaços reduzidos, esta solução traz maior harmonia ao
conjunto, criando um efeito visual coerente, sem se tornar
repetitivo.
Tratando-se de espaços pequenos é sempre um bom princípio
optar por tons claros. Neste caso, a escolha recaiu em três cores
- branco, azul e bege.
A experiência foi feita no nosso showroom. O espaço é aberto o
que, numa situação real, funcionaria como vantagem em áreas
reduzidas, com a disposição dos móveis a criar uma eficaz divisão
por zonas: descanso, lazer e refeições.
Para o quarto, a inspiração foi um estilo romântico e feminino.
As peças chave desta decoração são a cabeceira do sommier e
os complementos de pele, presente nas caixas que substituem a
mesa-de-cabeceira, na manta aos pés da cama e no tapete em
pele de cordeiro.
Um sofá completa esta zona de descanso, criando um ambiente
destinado à leitura de um livro ou para um pequeno-almoço
mais tranquilo.
A sala, criada num espaço de configuração acentuadamente
rectangular, foi organizada por três zonas. Um primeiro espaço
de refeições, uma zona intermédia para ver televisão e um
terceiro ambiente, em que a disposição de lugares sugere uma
conversa entre amigos.
O
resultado
é
um
ambiente
confortável,
funcional
e
contemporâneo, com tons que embora sendo de tendência,
perduram facilmente ao longo do tempo.
[email protected]
De coração | DEZEMBRO 2010
Uma casa, um só espaço
De coração | DEZEMBRO 2010
18 COM ASSINATURA MATOBRA
De coração | DEZEMBRO 2010
COM ASSINATURA MATOBRA 19
FASSALUSA lda | Zona industrial de São Mamede lote 1 e 2 | 2945-036 São Mamede ( Batanha ) | tel. 244 709 200 - Fax 244 704 020
www.fassabortolo.pt - [email protected]
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
22 COM ASSINATURA MATOBRA
Mesa posta
Em qualquer celebração, a mesa é sempre o
elemento central do convívio entre familiares e
amigos. Daí que, em tempo de Festas, este seja
o cenário a que, naturalmente, dedicamos mais
tempo e atenção.
A proposta da equipa de decoração da Matobra
foi inspirada no conceito de fusão, desafiando
o leitor a dar nova vida às suas peças mais
antigas.
A ideia é, precisamente, demonstrar como
pode continuar a usar os seus serviços mais
clássicos e conjugá-los com outras peças
contemporâneas, que tenha adquirido mais
recentemente.
A paleta cromática foi inspirada nos tons da
estação que atravessamos – branco, conjugado
com o vermelho e verde.
O serviço de copos escolhido representa o
elemento mais clássico, que poderia ter sido
adquirido hoje ou há décadas atrás. Ao misturá-los com peças mais actuais, a combinação
é bem mais equilibrada do que à partida se
poderia pensar.
O contraste de estilos revela-se harmonioso e
com um sentido pragmático, sobretudo para
quem gosta de acompanhar as tendências,
adquirindo novos acessórios, mas não se quer
desfazer do que já tem, muitas vezes heranças
de família, com grande valor afectivo.
Os individuais em espelho reforçam o requinte
da mesa, marcando a diferença no resultado
final: um ambiente clássico e sofisticado mas,
em simultâneo, contemporâneo.
O centro de mesa é um elemento a que deve
estar atento. A sua opção decorativa não deve
comprometer a comunicação entre todos. Se
a sua preferência não for uma composição
assente na mesa, para ter maior disponibilidade
de espaço, deve garantir que esta está a uma
altura
suficientemente
elevada
para
não
criar um obstáculo visual entre os que estão
sentados.
No caso concreto, a escolha foi um arranjo de
inspiração tradicional, combinando diferentes
tipos de ramagem, que sintetizam, num mesmo
De coração | DEZEMBRO 2010
elemento, as cores escolhidas para a mesa. As
velas no centro criam mais charme na refeição.
A proposta apresentada foi pensada para
quatro pessoas, mas é facilmente replicada
para o número de lugares de que necessitar.
[email protected]
De coração | DEZEMBRO 2010
COM ASSINATURA MATOBRA 23
24 IDEIAS E SOLUÇÕES
KERION FLAT
Formato ultra-fino em dimensão XXL
As dimensões marcam, desde logo, a inovação deste revestimento cerâmico: 3m de
comprimento por 1m de largura e 3,5mm de espessura multiplicam as possibilidades de
utilização.
A facilidade de corte e resistência das peças conferem grande versatilidade ao material,
permitindo desde o revestimento de grandes superfícies - minimizando o efeito visual de
“grelha” criado pelas juntas - até uma série de aplicações e conjugações personalizadas,
proporcionadas pelos formatos e dimensões diversas.
Disponível nas medidas 100x300, 20x100, 50x100, 50x50 e 100x100, a placa cerâmica
revestida a tecido de fibra de vidro, com 3.5 mm de espessura, possui uma grande resistência
mecânica que permite maior facilidade de trabalho.
Colocada com cola e com uma junta mínima em revestimentos e pavimentos, Kerion Flat
reduz os resíduos resultantes dos cortes e assegura um trabalho final perfeito.
Resistente aos ácidos e às manchas é, de facto, um produto com óptimas características
técnicas, ideal para ambientes onde é fundamental a higiene e limpeza.
Indicada para revestir paredes e pavimentos – interior e exterior – graças à sua espessura
reduzida, Kerion Flat pode ser facilmente utilizada para projectos de reabilitação, renovando
o espaço sem necessidade de demolição. A placa cerâmica pode ser colada sobre o
revestimento ou pavimento existente - seja de cerâmica, de mármore, pedra, pvc ou madeira
- sem necessidade de demolição, evitando todo o pó e resíduos inerentes a esta operação.
Ficando dispensado de modificar a altura das portas ou alterar rodapés, reduz o tempo de
colocação, garantindo um bom trabalho e uma boa durabilidade.
Kerion Flat é produzida com uma lógica eco-sustentável. Realizada num material reciclável,
devido à fina espessura, as placas são produzidas com uma menor quantidade de matéria-prima e com uma tecnologia mais amiga do ambiente, reduzindo as emissões de CO2 e o
nível de resíduos gerados.
De coração | DEZEMBRO 2010
[email protected]
De coração | DEZEMBRO 2010
IDEIAS E SOLUÇÕES 25
26 IDEIAS E SOLUÇÕES
Sanindusa complementa gama de produtos para pessoas com mobilidade condicionada
Mais cedo ou mais tarde, todos nós teremos que lidar com problemas de incapacidade física. Quer sejam dificuldades do próprio ou
decorrentes da necessidade de apoio a um familiar, é inevitável que a questão se venha a colocar.
Os números falam por si. Actualmente, estima-se que em Portugal existam mais de milhão e meio de pessoas acima dos 65 anos e
ultrapassem os 900 mil os casos com alguma incapacidade ou deficiência. Com a esperança de vida a aumentar estes valores tenderão,
naturalmente, a crescer.
Para dar resposta a estas situações, a Sanindusa lançou, recentemente, duas novas banheiras para complemento da série New Wccare, uma
gama de sanitários e acessórios adequados a pessoas com mobilidade reduzida, que necessitam de cuidados especiais e uma acessibilidade
facilitada.
Aliando a funcionalidade ao design, minimizando a carga inestética que geralmente é associada a estes produtos, as duas banheiras estão
disponíveis nas dimensões 1700×750 e 1800x800mm e nas opções com e sem hidromassagem.
A banheira tem integrada uma porta de acesso ao interior, que permite ao utilizador entrar e sair facilmente, sem necessidade de ultrapassar
a barreira da altura das banheiras regulares.
A altura máxima a transpor pelo utilizador é de 18cm mas, caso opte por encastrar o equipamento, esta medida é diminuída para 13cm.
O resguardo integrado garante uma zona protegida para o duche.
São de destacar outros pormenores de conforto como a almofada de encosto para a cabeça ou o assento, que pode funcionar também
como prateleira de apoio para objectos.
Estas soluções permitem uma total liberdade de movimentos na assistência a crianças e idosos, facilitando em muito a rotina destas pessoas
De coração | DEZEMBRO 2010
ou, se for o caso, a prestação de cuidados de higiene.
[email protected]
De coração | DEZEMBRO 2010
IDEIAS E SOLUÇÕES 27
28 IDEIAS E SOLUÇÕES
Deixe-se surpreender no Mercado Popular!
A época de Natal está patente no Mercado Popular durante o ano inteiro, o local
onde encontra qualidade e variedade a preços imbatíveis.
São grandes marcas que vão fazer a diferença na decoração do seu espaço interior,
com materiais de grande valor que vão garantir uma performance e um design que
a sua casa vai agradecer.
[email protected]
Cabine de Duche
Preços acrescidos de IVA à taxa em vigor
De coração | DEZEMBRO 2010
300,00€
IDEIAS E SOLUÇÕES 29
Base Duche
20,00€
Banheira 170x70
O conceito de Outlet da Matobra visa
colocar o poder de compra ao serviço
de todos os bolsos, com a garantia de
produtos de qualidade.
As prateleiras do Mercado Popular e
Sala de Exposição aguardam a sua visita.
De coração | DEZEMBRO 2010
50,00€
COLECÇÃO MERIDIAN
Lavatório. Duplos, mural, semi-encastrar, compacto,
assimétrico, canto, handicap, Unik-Meridian.
Sanita. Tanque baixo, BTW, compacta, suspensa. Bidé.
suspenso, suspenso compacto, compacto.
Na vida temos várias opções.
Agora, o seu espaço de banho também.
PUBLICIDADE
®
Adaptabilidade Máxima
Na vida escolhemos tudo: os nossos amigos, a maneira de vestir e a decoração da casa.
Tudo. Agora, também pode escolher o seu espaço de banho. A nova colecção Meridian da Roca oferece a maior e mais
abrangente gama de modelos, com um design inovador que lhe permite escolher a opção que melhor se adapta a si,
ao seu gosto e às suas necessidades.
Meridian Adaptabilidade Máxima.
Para conhecer as nossas Soluções para o Espaço de Banho solicite gratuitamente a publicação “Soluções de Banho” para:
Roca, S.A. - Apartado 575 - 2416-905 Leiria
Nome:
Rua:
C.P.:
Localidade:
ENTREVISTA 31
Novas possibilidades de crescer
António Pereira da Silva é, aos 38 anos, o rosto da Alpesil que quer surpreender a economia com a aposta em novos
mercados, porque em cada problema vê uma possibilidade.
A Alpesil conta com cerca de dez anos de existência e é no Algarve e na Figueira da Foz que valoriza o seu produto de chave
na mão, porque em cada cliente está um amigo e em cada obra a vontade de fazer mais e melhor.
O ensino, a economia e a construção civil são temas apontados como fundamentais para que o futuro do país seja um futuro
De coração | DEZEMBRO 2010
melhor para todos nós.
32 ENTREVISTA
Fale-nos um pouco do seu percurso
elas comerciais ou burocráticas.
gabinetes e falar com as empresas que
escolar.
estão no terreno. Antes do lançamento de
Ingressei na Primaria no Casal Fernão
Já
um
um curso deveriam fazer-se seminários com
João, depois fui para a Escola Preparatória
empresário que trabalha com outros
as empresas e estudos para se verificar as
de Pombal e fiz o Secundário na Escola
estudantes. Qual é a análise que faz
necessidades de mercado e as pessoas
Tecnológica e Profissional, também em
sobre a preparação dos nossos jovens
formadas que precisamos.
Pombal. Depois fui para o Porto onde
quando integram o mundo do trabalho?
tirei o Bacharelato, na Escola Superior
É uma análise bastante negativa porque
Como caracteriza os clientes e o mercado
de
área
tenho a certeza de que o ensino não se
que a Alpesil acompanha?
do imobiliário e, finalmente conclui a
adapta às necessidades das empresas e do
Estamos mais direccionados para clientes que
Licenciatura de Gestão Imobiliária, em
mercado. Posso lhe dar um exemplo actual,
nos compram apenas construções ou que
Lisboa. Mais tarde, fiz duas pós-graduações,
temos interesse em contratar um engenheiro
nos compram terrenos e nos encomendam
uma na ESAI e outra no Instituto Superior
civil que domine duas áreas específicas, a do
construções, especializámo-nos nesse nicho
Técnico, em Lisboa.
Licenciamento e do Acompanhamento de
de mercado, que assenta essencialmente na
Obras e tem sido uma busca inquietante
manutenção e não apenas na construção.
Sei que teve uma experiência anterior
porque nos temos apercebido que essa
Para
numa
sector
habilitação não existe e estamos a falar
não nos sobra tempo nem estrutura para
imobiliário. Isso foi fundamental para a
de dois pontos básicos. Até faço uma
estarmos noutros mercados, por enquanto.
criação da Alpesil, em 1999?
comparação com os indivíduos que tiram a
Trabalhava muito na promoção imobiliária e,
carta de pesados e que depois não sabem
Desde a sua criação consegue resumir
a dado momento, percebi que esse mercado
trabalhar com os tacógrafos… Não é uma
um pouco a vivência da empresa até aos
não teria grande futuro, daí a aposta na
questão de incompetência, mas sim a forma
nossos dias?
criação de uma construtora, em 1999, no
e os conteúdos que se leccionam para que
Evidenciámos
sentido de fazermos o enquadramento e a
as pessoas possam estar preparadas para o
de sermos poucos mas bons e de nos
prestação de serviços aos nossos clientes,
mercado real. E depois existe o outro lado,
especializarmos não só na construção civil,
dominando o processo desde a concepção
porque as empresas investem na formação
como também no aluguer de equipamentos
do produto, inclusivamente na aquisição e
destes jovens e quando eles começam a
necessários à obra no seu todo, em nome
licenciamento do terreno, até à entrega do
perceber algumas questões, optam logo
da economia e da qualidade. Definimos, por
produto chave na mão e, de algum modo
por sair porque pensam que já estão
exemplo, que os ladrilhadores são nossos
acabando com os intermediários.
preparados para altos voos e isso são custos
funcionários para um acompanhamento
acrescidos. Mas existe claramente um défice
eficaz e tentamos escolher sempre os
Sente que a sua formação e educação
de prática nos nossos cursos, considero que
subempreiteiros e fornecedores que nos
foram importantes para estar nesta
a partir do primeiro ano deveria haver um
garantam a qualidade desejada.
actividade?
enquadramento prático com as empresas
Mais
Actividades
empresa
do
que
Imobiliárias
ligada
na
ao
importantes,
foram
fundamentais e sem essa ferramenta não
foi
estudante
e
agora
é
este
acompanhamento
sempre
uma
postura
que estão no terreno e que conhecem a
Notei que faz constantes considerações
realidade.
sobre
o
mercado
e
pergunto
se
imaginaria há dez anos atrás que ele
teria conseguido a mais valia técnica e
De coração | DEZEMBRO 2010
fazermos
especializada. Seria impossível acompanhar,
Vamos então apontar os culpados…
estivesse nesta situação?
compreender e sobreviver neste mercado
Serão os políticos, os professores, os
As minhas indicações levavam-me a pensar
em constante mudança porque isso faz
alunos, as escolas? …
que estaríamos pior. Aliás, a Alpesil só
a diferença em diversas ocasiões. Estou
Acima de tudo, deve-se a uma mentalidade
aparece para encurtar os agentes de mercado
muito grato ao meu percurso escolar e
mesquinha, que nos vai afogando, porque
com o objectivo de nos especializarmos
aos professores com quem aprendi. No
quando sabemos fazer uma conta simples
num nicho com uma filosofia mais directa e
que respeita à educação têm de existir
pensamos que já estamos preparados para
menos burocrática.
valores fundamentais como o bom senso,
ser cientistas. Mas nesta matéria existe
uma forma de saber estar e de lidar com
uma responsabilidade a ser imputada aos
A ambição de um jovem empresário
situações de pressão e uma sensibilidade
directores pedagógicos dos cursos, porque
está sempre de acordo com as metas da
que é precisa a cada momento, para que
para eles conhecerem as necessidades do
empresa que o acompanha?
sejam encontradas as decisões certas, sejam
mercado de trabalho têm de sair dos seus
Reconheço que temos algumas coisas
De coração | DEZEMBRO 2010
ENTREVISTA 33
34 ENTREVISTA
para melhorar, posso dizer que estamos a
que é para dar lucro e rendimento, porque
meio da subida da nossa ladeira, ainda não
Há pouco pedi-lhe que recordasse a
estamos a falar de situações bastante
conseguimos chegar ao nível de organização
escola. E que escola tem encontrado na
dispendiosas e se não for para obter riqueza
que ambicionamos, queremos ter instalações
sua actividade profissional?
as empresas vão optar por deixar cair. É
que nos permitam projectar noutro tipo de
Uma das coisas que tenho aprendido é
preciso entender que só se deve renovar se
mercados, porque temos outros objectivos
que não vale a pena fazer mal e barato
for para criar melhor qualidade de vida para
no sector da construção civil. Mas queremos
porque depressa aparece o resultado.
o local, para o dono e para quem vai fazer a
percorrer esse caminho de forma sólida,
Depois é preciso ter muita sensibilidade,
obra, para sairmos todos a ganhar.
para não cairmos na escada.
muita capacidade de encaixe porque é
uma actividade que mexe com muitas
O
Certamente que já alcançou alguns
componentes e que está em constante
actualmente?
objectivos importantes. Que metas tem
mudança, pelo que temos de estar sempre
O facto de toda a gente apontar os
definidas para os próximos anos?
actualizados e interessados. Em suma,
problemas e fazer de conta que não os
Queremos entrar em áreas de manutenção
ao longo destes dez anos aprendemos o
vê, encarar as dificuldades sem tomar as
de construção civil, nomeadamente nas
conceito de construção, o que não é pouco
medidas de fundo necessárias e, com isso,
renovações e também no apoio a clientes,
porque quem conhecer esse processo pode
vamos ficando cada vez mais pobres e mais
como os hospitais, centros de saúde e
fazer a diferença na especialização em nome
marginalizados. Porque estamos a falar de
zonas comerciais, porque sentimos que é
da qualidade do produto para o cliente final.
medidas que têm de ser tomadas e que
um mercado que não está a ter a devida
que
o
assusta
mais
no
país
vão ficando na gaveta porque mexem com
E o que tem ensinado aos que o
os interesses de muita gente e isso tem de
existe outra variante que gostaríamos
rodeiam?
acabar para o bem de todos nós.
de entrar e explorar, que é o das avenças
Tento construir uma empresa de rigor e
com os promotores imobiliários, porque
de exigência mas admito que temos de
Como
quando começarem a surgir esses processos
melhorar nos prazos de entrega. Mas no
empresas e as pessoas a produzir mais
em tribunal pensamos que podem nascer
que diz respeito à qualidade, entendemos
e melhor?
possibilidades de negócio.
que não temos deixado de cumprir com
Temos de responsabilizar e de criar condições
conhecimentos e materiais de bom nível.
de competição para quem produz, para que
atenção
Neste
e
acompanhamento.
momento,
que
Também
perspectivas
é
possível
impulsionar
as
os agentes sejam menos e mais competentes
oferece o mercado para as empresas?
No que se vai tornar o mercado da
e para que o mercado funcione mais e
As que conseguirem ultrapassar esta crise
construção?
melhor. Só desse modo vai existir o filtro
de uma forma sólida e sustentada podem
Vamos ser mais profissionais e o mercado
para os que conseguem acompanhar este
e vão ter muito trabalho pela frente, as que
vai estar mais sóbrio. A concorrência desleal
mercado numa situação de crise.
têm estruturas brutais com custos elevados
vai acabar e alguma da burocracia que está
e que não conseguem produzir vão sentir
ao serviço de alguns vai terminar. Estas são
Qual é o lema da empresa?
os efeitos de não serem competitivos e vão
as minhas previsões, até porque a realidade
Termos em cada cliente um amigo, adoptar
acabar.
nos vai obrigar a esta conclusão.
sempre medidas de rigor e qualidade e de
De coração | DEZEMBRO 2010
projectar os bons resultados da promotora
A Figueira da Foz é uma região
E o mercado da renovação é uma
para
procurada para se construir?
hipótese plausível para as empresas?
crescimento será mútuo.
Também actuamos no Algarve, mas foi na
O
Figueira da Foz que começámos a trabalhar
componentes distintas: uma é a filosofia
e isso permite-nos alguma mobilidade em
do conceito, segundo o qual, o acto de se
termos de obras e em termos administrativos,
renovar é por si só uma atitude altruísta
para além do conhecimento adquirido
e de grande dignidade. Mas existe a
do mercado da região. Mas sentimos que
componente económico-financeira e tem
existe uma carência de empresas com as
de se estabelecer um ponto de equilíbrio
características da nossa, porque a cidade
no investimento e no retorno. O mercado
está mais vocacionada para o turismo e
da renovação só se vai desenvolver quando
hotelaria.
todos os agentes chegarem à conclusão
mercado
da
renovação
tem
quem
trabalhamos,
porque
o
duas
[email protected]
ENTREVISTA 35
BREVES
Uma obra feita que gostaria de ter construído?
O Centro Cultural de Belém.
Uma obra por fazer que quer construir?
Residências Universitárias.
Uma lição que aprendeu na empresa?
Vale a pena fazer bem.
Uma pessoa que o marcou profissionalmente?
O meu avô materno.
Uma ementa?
Naco na Pedra.
Um vinho?
O Marquês de Borba.
Uma voz?
Mariza.
Uma viagem?
Madeira.
De coração | DEZEMBRO 2010
A notícia a ouvir amanhã?
Que a economia portuguesa está em crescimento.
36 ESTILUS
Miele lança nova gama de cozinhas assinadas por Starck
No ano em que comemora 40 anos de actividade, a Miele lançou recentemente uma nova
marca de cozinhas - “Warendorf” - que irá substituir a “Miele Die Küche”.
Os modelos assinados pelo conhecido designer Philippe Starck assinalam uma nova era nas
cozinhas Miele, apostando em criatividade, design e inovação, sem abdicar dos valores que
fizeram tradição na Miele: durabilidade, funcionalidade, versatilidade, qualidade e ecologia.
Direccionadas para um segmento de mercado alto, o conceito de Starck assenta numa
forma inovadora de pensar a cozinha, entendida como um espaço onde toda a família se
junta não só para a preparação e degustação dos alimentos, mas também para resolver
assuntos familiares ou simplesmente conviver.
Procurando ir ao encontro de diferentes gostos e tendências, Philippe Starck criou quatro
ambientes distintos.
O modelo Tower é, sem dúvida, o mais surpreendente, transformando profundamente o
aspecto típico da cozinha, reduzindo-a apenas a duas torres e uma mesa funcional.
Concentrando no seu interior os electrodomésticos de frio e quente, arrumação, despensa e
louceiro, a torre roda 340 graus, permitindo mudar constantemente a aparência do espaço,
dependendo do que se está a mostrar: o quadro de ardósia, o despenseiro ou o ecrã de TV.
O modelo Library permite combinar a preparação dos alimentos com a leitura ou o apoio
aos trabalhos de casa das crianças.
É composto por uma estante que emoldura a frente de trabalho central e uma escada
que desliza ao longo da mesma. Habitualmente encontrada em bibliotecas maiores e mais
clássicas, nesta versão em aço inox, a escada confere um toque especial à cozinha, ao
mesmo tempo que facilita o acesso a todas as zonas do móvel.
A ilha de cozinha integra funções de preparação, arrumação e confecção dos alimentos.
O amplo espaço de trabalho pode ter associada a função de mesa de refeições ou, em
alternativa, poderá acrescentar uma mesa em mármore.
Misturando cerejeira, aço inoxidável e mármore este modelo cria uma composição
simultaneamente clássica e elegante.
Primary é uma opção pensada para unidades pequenas que combina material de luxo, com
um toque de design neobarroco.
A unidade base em aço inoxidável, as prateleiras e o nicho proporcionam um contraste com
o vidro amarelo.
Os apliques de luz e os adornos gravados reforçam o carácter luxuoso deste modelo, ao
mesmo tempo que vincam o antagonismo da aparência quase asséptica do mobiliário em
inox.
Para famílias mais numerosas, pode ser complementada com um módulo free-standing, que
De coração | DEZEMBRO 2010
permite aumentar as zonas de arrumação.
Em Duality, Starck propõe um conceito em ilha com duas funções distintas: como separador
de espaços com um carácter comunicante, ou como instalação de parede. O próprio nome
sugere esta dupla funcionalidade.
As superfícies em inox são predominantes, apenas as prateleiras laterais e a abertura central
têm acabamento em lacado branco, que permite ampliar visualmente estas áreas abertas.
[email protected]
| Tower |
De coração | DEZEMBRO 2010
ESTILUS 37
| Library |
38 ESTILUS
De coração | DEZEMBRO 2010
| Primary |
| Duality |
PUBLICIDADE
O P R É M IO R E D D O T – AG O R A TA M B É M E M
R O S A , A M A R E L O, A Z U L ,
L A R A N JA E V IO L E TA .
S A I BA M A I S S O B R E O
D E SIG N V E N C E D O R E M :
W W W. G RO H E . P T
O seu design convenceu o júri, no entanto, há muitas
outras razões para se apaixonar pelo Rainshower®
Icon: As seis novas cores ou a tecnologia
GROHE DreamSpray® que garante uma distribuição
homogénea da água em todo o chuveiro. A habitual
qualidade GROHE refl ecte-se no acabamento perfeito
e na durabilidade. Encontre todas as outras boas
razões em www.grohe.pt.
PUBLICIDADE
ESTILUS 41
Uma lufada de ar fresco
A
Ceracasa
coloca
no
mercado
português uma nova tendência para
exteriores,
as
fachadas
vegetais
Lifewall®.
O
conceito
Arquitecto
foi
desenvolvido
Emílio
Llobat,
pelo
que
transformou a ideia numa solução
extraordinária, a de situar a vegetação
nas fachadas dos edifícios de forma
simples e com grandes vantagens para
o projectista, para o cliente e para o
ambiente.
Na prática, são painéis de 1 m2 que
permitem a disposição de qualquer tipo
de vegetação num processo que permite
a irrigação por gotas, optimizando a
economia da água.
Lifewall foi pensada para criar uma
simbiose perfeita juntamente com outro
produto da firma espanhola e premiado
com o Alfa de Oro, o denominado
Bionictile®.
Este produto descontamina o ar das
cidades dos prejudiciais óxidos de
nitrogénio (NOx) e capta o dióxido
de carbono da atmosfera, libertando
oxigénio.
Numa estimativa recente, chegou-se à
conclusão que, em duzentos edifícios
com Bionictile, se descontaminaria
cerca de 2.638 milhões de m3 de ar
num ano.
O que equivale a dizermos que mais
de quatrocentas mil pessoas podiam
respirar, durante um ano, um ar
mais saudável e livre dos prejudiciais
óxidos de nitrógeneo, libertados pelos
automóveis e industrias.
De coração | DEZEMBRO 2010
[email protected]
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
O LUGAR MAIS SEGURO NO MUNDO!
44 ESTILUS
Hansgrohe apresenta Axor Urquiola
A premiada designer espanhola Patrícia
Urquiola uniu-se à Hansgrohe para conceber
a linha Axor Urquiola.
O conceito apresentado junta num mesmo
espaço área de banho e quarto, num
encontro entre o descanso e o bem-estar e
cuidado do corpo.
Trata-se de uma noção inovadora, mas que
encontra justificação no ambiente criado:
um mundo de transições suaves, formas
delicadas combinadas com funcionalidade,
num estilo ecléctico em que estão presentes
diferentes estilos e culturas.
O desenho sensual e feminino, feito para
despertar os sentidos, foi aplicado em
lavatórios e banheiras, torneiras, acessórios
e aquecedores de parede.
Destaque para os lavatórios e banheiras,
que recuperam como inspiração os antigos
alguidares, com asas que podem ser usadas
para colocar as toalhas.
[email protected]
De coração | DEZEMBRO 2010
O aquecedor é um sistema modular, composto por painéis
independentes que servem também como divisórias.
ESTILUS 45
acessórios desenhados numa linha moderna e sóbria.
De coração | DEZEMBRO 2010
Axor Urquiola abrange também uma colecção de
46 ENTREVISTA
De coração | DEZEMBRO 2010
Abrir o coração das empresas ao Mundo
Vítor Almeida é o responsável comercial da
Cerâmica de São Paulo (CSP) e percebe-se, ao
longo desta entrevista, a importância de um
homem de visão global, muito para além da
realidade que se insere.
A CSP coloca ao serviço do cliente uma filosofia
de permanente reinvenção dos seus produtos,
consoante as obrigações de mudança que o
mercado impõe. Pasta vermelha, pasta branca,
grés vidrado, porcelânicos e azulejos percorrem a
Europa e Africa com uma bandeira de qualidade
nacional.
Crítico quanto baste, porque há que direccionar
soluções para que o futuro do mercado cerâmico
seja mais promissor, defende que compreender o
modo como chegámos ao local onde estamos é
estar um passo à frente na fuga para o sucesso.
ENTREVISTA 47
Como acontece a entrada na área
PALOP, até porque o produto em Angola é
comercial do sector cerâmico e, mais
muito solicitado. Mas a nossa aposta e o que
particularmente, na São Paulo?
traduziu verdadeiramente o crescimento
Aconteceu em 1979, depois de ter estado
da São Paulo foi o porcelânico e foi com
a trabalhar em Angola, numa empresa
esse produto que atingimos os mercados
distribuidora de materiais de construção
da Europa, onde se situa o nosso mercado
no Algarve. Mais tarde, iniciei um percurso
nuclear.
de fábricas, sempre na área comercial,
primeiro na Masa, depois na Estaco e
Existe uma concorrência apertada nos
Dominó, seguido da Recer e, actualmente,
cerâmicos?
na Cerâmica de São Paulo, desde 2006. Foi
O
um regresso a casa, já que, resido em Lisboa
concorrência apertadíssima, estamos em
e é onde estão as minhas raízes.
mercados onde estão países com um
mercado
da
cerâmica
tem
uma
crescimento fabuloso, como a China, a
Consegue fazer um breve resumo do
Turquia, a Indonésia e o Brasil que são
percurso da empresa até à actualidade?
produtores muito fortes.
Foi fundada em 1961 pelas famílias
No entanto, o grande problema que este
Garrett e Megre. Começou por fabricar o
sector enfrenta, de há dez anos a esta parte,
produto de série original que é o prensado
não tem só a ver com esse aumento de
a seco por pasta vermelha e que ainda é
concorrentes, bem como as crises cíclicas
reconhecidíssimo no país.
que o mundo atravessa, como a actual,
A empresa começou a modernizar-se em
que é a mais grave da história, mas tem
1979, através da instalação de um forno
sobretudo a ver com a concorrência de
contínuo, mantendo o forno inicial.
produtos.
Em 1982, a fabrica adquiriu o seu segundo
A cerâmica, nomeadamente nos países do
forno continuo, passando a produzir cerca
sul, era um produto de utilização universal,
de 650.000 m2 por ano e, em 1989, passa
um apartamento podia levar cerca de 200
exclusivamente para a família Megre,
m2 e, através da introdução no mercado de
sendo que o Dr. João Megre é o actual
sucedâneos, de produtos como as madeiras,
presidente do Conselho de Administração.
as pedras, os linóleos, como pavimentos
A partir de 2001, assistimos a um salto
contínuos,
qualitativo, porque se inicia o percurso no
intervenção no espaço. Teve de encontrar
mercado do grés vidrado, com o formato
formas naturais de reagir, copiando as
33x33. É quando a empresa ganha enorme
madeiras, as pedras, os linóleos, as superfícies
capacidade internacional, que é actualmente
mates ou brilhantes e, nesse sentido, a
o nosso garante.
crise foi indutora de um comportamento
Em 2004, face a esse sucesso, investimos
de inovação e de investigação, mas ainda
numa nova fábrica, aumentando a nossa
assim não deixou de perder intervenção e
capacidade, quer de quantidade produzida
foi uma perda dramática porque um prédio
quer da tipologia de produto.
que levava 4.000 m2 de cerâmica passou a
Em 2006, iniciámos a produção nos
utilizar cerca de 1.000 m2. Esse é o grande
porcelânicos, o que se traduziu num
problema.
crescimento acentuado da São Paulo,
É evidente que o sector procurou outras
nomeadamente nos mercados externos,
áreas de intervenção como as fachadas e
onde a França ocupa o lugar de destaque,
exteriores onde a São Paulo mais apostou
seguido dos PALOP onde continuamos a ter
nos últimos anos, nomeadamente com os
uma presença forte e até em contraciclo, já
porcelanicos, nos países do centro e norte
que aumentámos este ano cerca de 15%.
da Europa, onde o clima é mais frio e a
cerâmica
foi
perdendo
utilização desse produto no exterior se torna
Ainda há quem pense que a São Paulo
indispensável porque é resistente ao gelo. Foi
se especializou na Tijoleira...
esse o caminho traçado, tentando encontrar
Não é de todo verdade, mantivemos a nossa
forma de fazer face aos produtos que
série original e incrementámos a venda nos
concorrem com ela por um lado, e tentando
De coração | DEZEMBRO 2010
a
48 ENTREVISTA
encontrar outras áreas de intervenção onde
ajuizado com cuidado. Nós somos uma
nos afectar de uma forma mais trágica. Para
esses produtos não são tão utilizados.
fabrica pequena e a internacionalização e
além disso, as anteriores eram crises muito
diversificação dos mercados é um processo
conjunturais e passageiras e sempre com
Tem-se
conseguido
afiguram-se
tempos
sobreviver,
difíceis
mas
a
bastante dispendioso. Temos optado por
possibilidades de compensarmos prejuízos
construção na Europa vai passar muito e,
porque
garantir a solidificação e crescimento nos
com as exportações, já que tínhamos uma
cada vez mais, pela recuperação de imóveis,
mercados onde já estamos e, de forma
moeda fraca em relação ao dólar. Hoje, é
e a construção nova vai fazer-se cada vez
gradual, tentarmo-nos inserir noutros mais
precisamente o contrário, porque o euro
menos.
próximos. Há que ter cautela nas apostas
está muito forte em relação ao dólar e com
que se fazem nos mercados emergentes
isso é muito difícil entrar nos mercados
A tipologia de produtos influencia o
como a Rússia, que são imensos mas que
representados pela moeda americana. A
público-alvo da empresa?
obrigam a um investimento muito elevado e
única coisa que defendeu o sector, nesta fase,
A Cerâmica de São Paulo tem um projecto
o retorno só se consegue num prazo muito
foi o facto de ele já estar internacionalizado,
que passa por crescer, o que se tem
prolongado. Por exemplo, em Espanha
porque se assim não fosse, desaparecia com
verificado desde 2006 com a implementação
temos uma presença pequena e que
esta crise, porque era impossível manter-se
de uma gama de produtos com maior valor
sofreu algum revés pelo crash no mercado
com 25% da sua produção.
acrescentado. O nosso crescimento não se
imobiliário espanhol, pelo que consideramos
deveu à quantidade produzida, mas sim
que no próximo ano será a altura ideal para
Ao longo deste tempo como caracteriza
ao preço médio apurado do produto, o
aumentar a nossa pressão e tirarmos algum
a economia portuguesa?
que arrastou a facturação global, sendo
resultado. É um mercado exigente, mas
É evidente que a crise financeira global
que o público-alvo é a área residencial,
que vê na cerâmica portuguesa garantias
acelerou e dramatizou a nossa realidade
nomeadamente o consumidor final.
de qualidade. Embora seja um país com
porque
uma
estruturais
economia
com
gravíssimos
por
uma forte componente fabricante, só
problemas
Em termos de volume de vendas que
um produto espanhol de gama alta pode
resolver e que está longe de ser moderna.
oscilações têm existido nos últimos três
ser comparado a um produto nacional, o
A maioria do nosso tecido empresarial é
anos?
que os obriga a preços mais elevados. Os
composto por empresas muito frágeis que
No período de 2007 para 2008 registámos
distribuidores espanhóis vêem com bons
não se modernizaram e que, sobretudo,
crescimentos na ordem dos 40% mas, neste
olhos o concurso de fabricas portuguesas
não se internacionalizaram. Por outro lado,
momento, penso que vamos terminar o
porque nós vamos encarar a realidade
temos um estado pesadíssimo que consome
ano com uma facturação de 8,5 milhões
espanhola como um mercado externo e não
o pouco que nós conseguimos produzir e,
de euros, Em relação aos números de 2007
vamos pulverizar a nossa presença, e isso vai
portanto, Portugal habituou-se a viver com o
verifica-se uma perda no mercado doméstico
dar território disponível aos armazenistas e
dinheiro dos outros, que tem de ser rateado
e isso foi superado com o crescimento no
distribuidores para eles garantirem alguma
porque há menos e porque têm medo de o
mercado externo.
solidez no trabalho comercial que vão fazer
emprestar porque existe um elevado factor
Hoje, a São Paulo é seguramente a fabrica
com o nosso produto.
de risco. Deixando de ter essa capacidade
nacional que tem stocks mais modestos
de financiamento e não gerando o próprio
porque nós, praticamente, vendemos o
A empresa tem uma forte componente
dinheiro suficiente entrámos numa crise
que produzimos e atingimos a capacidade
no mercado exterior. Pode traduzir essa
muito particular inserida nesta crise global.
máxima de produção, sem sacrificar o preço
realidade em números?
médio dos produtos.
A Cerâmica de São Paulo vende 30% do que
Depreendo que é uma visão negativista
Há um factor que é transversal a todo o
produz para o mercado nacional e 70% para
para o mercado europeu…
mercado de produção de cerâmica, que é
o exterior, onde se destaca a França com uma
Em
a tal forte concorrência internacional, que
taxa de 50%, os PALOP que apresentam
facturação, verificou-se uma ligeira redução
está a baixar os preços a um nível dramático
valores na ordem dos 25%, sendo que os
nas quantidades vendidas, mas que foi
e, portanto, a nossa forma de contornar isso
restantes 25% vão para mercados pontuais
superada
é tentar fugir ao produto banal e explorar
com trabalhos muito específicos, como os
tipologia de produtos. As previsões apontam
nichos de produtos que ainda permitem
Estados Unidos e Canadá.
para que a economia alemã cresça cerca
preços
diferenciados
e
margens
mais
França
temos
pelo
valor
mantido
a
nossa
acrescentado
na
de 3,7%, tal como acontece em França e,
Como empresário e com experiência em
desse ponto de vista estamos optimistas. O
diversas situações de crises, nota alguma
mercado francês é muito diferente do nosso
Sei que existe uma política de expandir
diferença para a que atravessamos?
porque trabalham com planeamento, no
o mercado da empresa. Como é que isso
A diferença é total, anteriormente passámos
que respeita à escolha das referências que
se tem verificado?
por crises domésticas com um envolvimento
vão comercializar no próximo ano e com
É uma questão pertinente que temos
interno, mas esta crise é global e acaba por
estimativas de compra, e considero que
alargadas.
De coração | DEZEMBRO 2010
temos
De coração | DEZEMBRO 2010
ENTREVISTA 49
50 ENTREVISTA
temos motivos para estar muito agradados,
variado, tal como a nossa história, que
enorme prazer, fica registado na nossa
em relação a 2011.
está escrita neste catálogo. Em relação
história.
aos pergaminhos da empresa, vamos fazer
Como é que se verifica a adaptação
cinquenta anos e sempre adoptando uma
Para finalizar, quer deixar alguma
da empresa às mudanças técnicas e
cultura com carácter no relacionamento
mensagem?
tecnológicas constantes?
com os fornecedores, com os clientes e com
Quero
O investimento na nova fabrica, em 2004, foi
o mercado.
subcontratação que fazemos na área do
precisamente por sentirmos essa necessidade
o
tal
factor
da
revestimento e que define um conceito
e isso traduziu-se no crescimento do preço
Como é que gostaria de ver a empresa
orientador num novo relacionamento entre
médio dos produtos, pela capacidade de
nos próximos dez anos?
os produtores, que é a todos os níveis
produzirmos outra tipologia com uma
A empresa precisa de investimentos que
desejável.
mais valia garantida. Temos uma unidade
estavam programados em 2007/2008 e
As fábricas têm vivido de costas voltadas e
de produção moderníssima de grande
que a crise susteve, pelo que precisamos
olham para as outras fábricas apenas como
rentabilidade, a empresa, ao nível dos
de crescer num futuro próximo. Essa
concorrentes e, se o sector quer assumir
seus custos, é gerida com um extremo
é a nossa vontade, nomeadamente de
uma postura internacional forte, tem de
cuidado porque operamos em mercados
aumentar a produção na fabrica nova,
saber juntar esforços porque temos de
muito competitivos, onde os preços são
através da aquisição de outra prensa e de
perceber que uma fábrica no Brasil produz
muito importantes. Dessa conjuntura ainda
uma nova linha de vidragem. Outro passo
mais do que o sector todo em Portugal.
temos de tirar algum lucro, o que temos
extraordinariamente
de
É fácil constatar que se queremos ter
conseguido, pelo que consideramos que
um dia virmos a produzir a monoporosa,
capacidade, o caminho não é o de dispersar
temos capacidade para enfrentar o futuro
o tradicional azulejo, porque é o nosso
a nossa atenção por quinhentos produtos,
através das nossas unidades de produção,
próprio mercado e os nossos clientes que
mas sim o de encontrar as sinergias de cada
isso é indiscutível.
nos motivam para essa resposta. Nós já
um e integrarmos essa capacidade para
importante
é
estamos no mercado francês com esse tipo
sermos melhores.
preocupação
de produto, em regime de subcontratação,
Porque o que vemos são cada vez mais
ambiental, como é que a Natureza pode
mas confesso que gostaria que, num prazo
casinhas de materiais de construção que
cooperar com uma empresa que visa a
de dois ou três anos, tivéssemos uma fábrica
não têm futuro e que pulverizam o mercado,
produção industrial?
de revestimentos.
quando o remédio seria o de nos unirmos.
Sabemos
que
têm
A São Paulo foi das primeira cerâmicas em
Nós queremos ter azulejo e produzi-lo,
Portugal que apostou na montagem de
Ao
um
mas enquanto não temos essa capacidade,
uma Cogeração, nós produzimos energia
observador atento a tudo o que o rodeia,
assumimos uma postura de subcontratação
eléctrica, aproveitamos o calor desse gerador
que vai para além de um responsável
com um concorrente e que, através dessa
a gás para atomizar o pó e desse ponto de
comercial…
união de esforços, passa a ser um parceiro
vista, é um ganho energético e ambiental
É uma empresa pequena num contexto
e, só desse modo, surgem depois uma série
extraordinário. De resto, os nossos resíduos
global em que os quadros são limitados,
de interesses comuns que são compatíveis.
são tratados numa ETAR, que felizmente
pelo que existe uma comunhão das várias
já são estruturas mais leves e modernas.
áreas. Naturalmente que é ao Administrador
Mas esta é uma questão a ser estudada,
e presidente do Conselho de Administração,
porque
competitivo
Dr. João Megre, que cabe a definição das
existem concorrentes tão agressivos, como
principais linhas de desenvolvimento, mas
a China e o Brasil, que não têm as mesmas
existe uma discussão permanente de um
preocupações ambientais e há que lutar
projecto que felizmente é partilhado.
num
mundo
tão
longo
da
entrevista
vejo
pela transparência num bem que é comum,
com armas iguais.
Gosta do que faz?
A
De coração | DEZEMBRO 2010
evidenciar
cerâmica
é
extraordinariamente
A história da empresa está marcada nos
interessante porque permite intervenções
vossos produtos?
a vários níveis. Por ser um mercado muito
O nosso caminho começou pela série
competitivo obriga-nos a uma constante
original, depois iniciámo-nos na pasta
vigilância,
branca, com o formato 33x33. Por último,
patriarcado de gosto e de design. Isso
apostamos nos porcelânicos, revestimento
encanta-me, o facto de nos ligarmos
e pavimento, com os rectificados e semi-
pessoalmente ao produto real e de o
polidos. Enfim, temos já um portefólio
acompanharmos durante anos dá um
sobretudo,
exercendo
um
[email protected]
Breves
ENTREVISTA 51
Teatro, cinema, livros ou todos eles?
Gosto muito de ler.
Autor favorito?
Eça de Queirós.
Um monumento histórico?
Mosteiro dos Jerónimos.
A cidade de eleição?
Coimbra.
Uma viagem que sempre fica?
Itália é a capital do mundo.
Uma pessoa que o tenha marcado?
O meu pai.
Um provérbio que utilize?
Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.
Um sonho realizado?
A minha filha cresceu e é uma mulher independente.
Um sonho a realizar?
Ter tempo para ler e viajar.
De coração | DEZEMBRO 2010
Defina sucesso?
O sucesso não é um resultado e só se define com empenho.
PUBLICIDADE
Liberte o espaço de banho.
PUBLICIDADE
eBre a rotina.
Moderna, original e acessível são as palavras que definem a nova série Kapa. Agora, vai ver que quebrar
a rotina do seu espaço de banho não custa nada.
Conjunto de louça sanitária a partir de E220 + IVA. Móvel Easy a partir de E311 + IVA.
www.sanitana.com
54 GALERIA MATOBRA
Tomar banho à Fontana
Por acréscimo de um novo conceito de casa de banho que surpreendeu os clientes mais
ousados, a Cerâmica Flaminia coloca ao serviço de Fonte a cereja no topo do bolo com a
criação de uma espécie de base de banho, até mais do que isso.
Mantendo as formas sensuais e arredondadas, Fontana apresenta-se como uma enorme
bacia de banho circular, com um design original na forma e espessura e é feita com um
material de grande qualidade, o pietraluce.
Com garantia de diversão, quer tome um duche rápido quer um banho mais cuidado,
Fontana imprime as ondulações ao serviço da higiene e conforto de toda a família,
especialmente as crianças.
O aspecto arredondado, lembrando uma concha, e o material acolhedor transmitem uma
sensação incomparável aos nossos sentidos, como se fosse um local de meditação e de
lazer, ao mesmo tempo. Fontana é uma evolução do conceito de banho Fonte e tem
correspondência com qualquer sanitário da Flaminia, assim solte o poder criativo que há
em si.
Disponível em Branco Tradicional, Preto Clássico ou outros tons mais ousados, como o Azul
De coração | DEZEMBRO 2010
Marinho, para que a sua intimidade pessoal tenha mais cor.
[email protected]
PUBLICIDADE
Espaço
anos
Visite-nos no Facebook
Luís
Ramos
|
Adémia, Apartado
44
Rua
8004
Cerâmicos
|
3021-901
Coimbra
Madeiras
|
Portugal
|
Tlf:
Cozinhas
239
433
Banhos
www.matobra.pt
239
433
PUBLICIDADE
Fax:
Banhos
|
769
|
[email protected]
To r n e i r a s
777
|
Agrupada
Decoração
da
Emacor
ACE

Documentos relacionados