Ler o documento na íntegra
Transcrição
Ler o documento na íntegra
ÍDICE RELATÓRIO SOBRE O POVO CIGAO .............................................. 2 1. Destaques históricos - testemunho da população cigana ............................ 2 2. Distribuição geográfica do povo Cigano / Categorias Ciganas ................ 8 3. Organização social específica ................................................................... 16 4. Costumes e tradições do povo Cigano …...........................................19 5. A cultura cigana / influência na cultura local. Personalidades ................. 22 6. Ofícios e ocupações específicas ................................................................ 33 7.Instituições (oficiais, não-governamentais, etc.) que representam os interesses da comunidade Cigana……………………………………………………........39 1 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) RELATÓRIO SOBRE O POVO CIGAO 1. Destaques históricos – testemunho1 da população Cigana Como o seu nome sugere, acreditava-se inicialmente que os Romani (Ciganos) eram provenientes do Egipto. No entanto, se tivermos em consideração os verdadeiros antepassados dos Ciganos, estes foram um grupo de pessoas que partiram da Índia no décimo ou décimo primeiro séculos antes de Cristo. Aparte este facto não controverso, de que os Ciganos são originários da Índia, o resto da história inicial dos Ciganos é assunto de controvérsia. Quando os Ciganos partiram da Índia, por onde passaram, se vieram numa ou mais “vagas”, tudo está sujeito a discussão por falta de clara evidência2. A causa da Diáspora Cigana também é desconhecida. Uma teoria sugere que depois de terem deixado a Índia, os Ciganos emigraram para ocidente para o Irão (Pérsia) e Península Arábica, com alguns a dirigirem-se para o Norte, para a Ásia Central (embora alguns defendam que o grupo da Ásia Central lá tenha chegado numa migração anterior). Alguns grupos deslocaram-se para ocidente para Bizâncio e Transcáucaso, alcançando a Europa não depois de 1250. Por volta do ano 1300, a sua migração tinha alcançado o sudeste da Europa; por volta do ano 1400 a Europa Ocidental. Quando os Ciganos chegaram à Europa, foram capazes de dizer às pessoas que tinham vindo da Índia; mas esta informação não se transformou em conhecimento geral e cedo foi esquecida pelos próprios Ciganos. Espalharam-se vários pressupostos, alguns dos quais bastante bizarros; pensava-se que eram sobreviventes de raças pré-históricas como os Druidas, Núbios, habitantes emergindo das cavidades da Terra ou simplesmente uma população recrutada das franjas da sociedade Europeia que pintava a sua pele artificialmente e falava uma linguagem forjada com propósitos de actividade criminal. Nunca referidos pela sua própria denominação 1 2 Jean Pierre Liegeois – “Roma in Europe”, p. 15-18 http://www.Roma.org/Roma_history/ 2 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Romani (de origem Indiana significando “pessoa”, muitos outros nomes lhes foram dados, mais frequentemente Ciganos, Gitanos (Egípcios), Zigeuner, Tsiganes e Cingaros. O povo cigano já era conhecido em Bizâncio em meados do século 11 quando começou a deslocar-se para Constantinopla. A presença de palavras Arménias em todos os dialectos dos Ciganos Europeus, de acordo com F.Miklosic, leva-nos a concluir que os Ciganos foram de Bizâncio para a Arménia3. Nas fontes não está registado quando o Povo Cigano se deslocou da Arménia para Bizâncio, mas presume-se que isto aconteceu na primeira metade do século 11 quando Seldjuk atacou a Arménia e causou o conhecido movimento das pessoas da Arménia em direcção a Byzantium Antalya. De acordo com as fontes também não é possível verificar o que aconteceu durante a travessia dos Ciganos para os Balcãs. Encontra-se evidência concreta da presença dos Ciganos na actual Grécia na liturgia do Mosteiro Xiropotamos em Athos, desde 1325 até 1330, onde está escrito que Anna, filha de Limocherval tinha um marido “Egípcio”. De acordo com outras informações, parece que no final do século 13 e início do século 14 os Romani viviam em Corfu, que na altura pertencia a Angevins. Também há uma possibilidade de eles viverem nesse tempo noutras áreas de Bizâncio que pertenciam a Veneza. De qualquer modo, na segunda metade do século 14 os Romani estiveram em regiões do sul da Península Balcânica. Este facto está relacionado com o avanço de Osmanli na Ásia Menor e depois com a sua vinda para a Europa. Nos territórios controlados pelos Otomanos, as suas capacidades artesanais, particularmente em metalurgia e fabrico de armas, asseguraram-lhes um lugar na economia, um estado que no século 15 institucionalizou a escravatura nos principados da Moldávia e Wallachia. Por exemplo, a fixação em massa dos Ciganos tem lugar entre os séculos 13 e 14 na Bulgária. Eles chegaram com o exército Otomano na conquista dos Balcãs denominados por "chingene", "sterlet", "kibti”. Alguns deles estabeleceram-se permanentemente e outros tornaram-se vagabundos. Durante o Renascimento, as comunidades ciganas formaram-se nas cidades. No início da segunda metade do século 14, as evidências da dispersão do grupo Cigano para outras partes da Europa são mais numerosas. 3 http://lovari.hr/gypsy-history/ 3 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Na Moldávia e Wallachia, o primeiro texto conhecido sobre o Povo Cigano está relacionado com a situação de escravidão de famílias ciganas. Nesta primeira referência datada de 1385, um grupo de pessoas Romani, com o nome de “ciganos”, foram incluídos num documento de doação do voivode Dan I de Wallachia para o Mosteiro de Tismana. Outras referências semelhantes ocorrem também durante o reinado de Mircea Cel Batran. Um destes documentos, datado pelos especialistas do período entre 1390 e 1406, também contém a primeira referência ao grupo Romani no território da Transilvânia. De acordo com outro documento, em 1416, a cidade da Transilvânia Kronstadt (Brasov) dá-lhes dinheiro e comida. Na Moldávia, a presença dos Ciganos é mencionada pela primeira vez em 1428, durante o reinado de Alexandru cel Bun, num documento de doação ao mosteiro. Desde o tempo da sua chegada aos países medievais romenos, os Ciganos foram escravos dos proprietários de terras, sendo emancipados somente em 1851. Na Polónia, um documento mencionava a presença dos Ciganos em Cracóvia em 1401, depois em Lvov em 1405. Outros grupos continuaram a espalhar-se no século catorze para a Boémia e depois até 1430 através de toda a Europa ocidental, excepto para os países nórdicos. Entre 1407 e 1416, várias crónicas referem a presença dos ciganos na Alemanha. Seguidamente, os Ciganos atravessam as cidades Hanseáticas e são localizados na Saxónia, Baviera e Hesse. Em 1419, a cidade francesa de Chatillon en Dombes faz uma doação a um grupo de Ciganos levando cartas do imperador e duque de Sabóia. No século 15, quando os Réis Católicos começaram a implementar a ideia da Espanha como um Estado, os Ciganos já estavam a viajar através da Península Ibérica. Algumas famílias instalaram-se em lugares como a Andaluzia, a conhecida casa dos Ciganos. A história dos Ciganos Espanhóis é a história de um choque cultural entre uma comunidade errante e uma comunidade sedentária. A criação de uma identidade étnica cigana estabelece-se contra a maioria da população, o eterno conflito entre os Ciganos e os poderes instalados. Com a primeira Sanção Pragmática dos Réis Católicos em 1499, começou uma fase muito longa de perseguição, onde era visada a diversidade cultural dos ciganos, estavam proibidos de utilizar a sua língua e roupas tradicionais, eram obrigados a assentar, a abandonar o seu artesanato tradicional e a servir um 4 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Lorde. A Sanção Pragmática de Carlos III em 1783 indicava o seguinte: “Eu declaro que aqueles que se auto-denominam de Ciganos não o são nem por origem nem por natureza, nem provêm de origens contaminadas.” No édito, eram reconhecidos como cidadãos Espanhóis mas a sua existência e diversidade eram negados: os Ciganos não existiam, nem podiam viver como tal. Esta igualdade de direitos que era oferecida aos Ciganos era de facto desigualdade até à Constituição de 1978. Em Portugal, a primeira evidência escrita da presença dos Ciganos data de 1521 – o “Auto das Ciganas”, de Gil Vicente, que foi representado na corte do Rei D. João III. Pode dizerse que um primeiro momento em que os Ciganos foram olhados com curiosidade foi seguido quatro anos depois por um período sucessivo de perseguição. Em 1525, os Ciganos foram proibidos de entrar no Reino Português. Depois de verificar o falhanço desta medida, seguiram-se novas medidas e julgamentos subsequentes. Deles resultaram condenações e exílio. Os Ciganos foram deportados para África (Angola foi a primeira colónia Portuguesa que recebeu os Ciganos), para o Brasil e consequentemente para outros continentes. Durante o resto do século 16 e primeira metade do século 17, foram legisladas leis contra os Ciganos. Esta tendência foi facilitada depois de 1640, porque o Reino em guerra precisava de homens para o exército. Alistaram-se muitos Ciganos. Consequentemente, a presença do grupo foi tolerada, embora com a imposição de regras. No início do século 18, voltaram medidas de expulsão dos Ciganos com condenação de prisão. A instituição do regime liberal libertou os Ciganos de perseguição. Em 1822, é reconhecida a cidadania do Povo Cigano. Os Nómadas no norte da Europa são registados na primeira metade do século 16. Nas Ilhas Britânicas, acreditava-se que os Ciganos tinham chegado na segunda metade do século 15, entrando na Escócia pela Dinamarca. Referidos como “peregrinos Egípcios” em fontes mais antigas, sabe-se que procuraram a protecção do Rei James IV da Escócia numa viagem para a Dinamarca em 1506, o que sugere que continuaram a manter-se durante algum tempo contactos com clãs Ciganos no Continente. A primeira referência aos Ciganos em Inglaterra é a descrição por Sir Thomas More de uma mulher “Egípcia” que lia sinas em Lambeth em 1514. Uma referência subsequente de 1687 confirma o casamento de Robert Hern e 5 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Elizabeth Bozwell, ‘Rei e Rainha dos Ciganos’ em Camberwell. Enquanto muitas fontes subsequentes falam de ‘nómadas’ ou ‘latoeiros viajantes’ que não podem sem ambiguidade ser ligados aos Ciganos, muita da história da comunidade cigana na Bretanha pode ser traçada graças a fontes que nos fornecem tanto uma descrição da comunidade como uma amostra do seu discurso cigano. Estas oferecem testemunhos da Língua de regiões como Northumberland, Durham, Derbyshire, Cheshire, Norfolk, Hampshire e Kent. Muitas leis repressivas foram publicadas a partir de 1530, banindo os Ciganos de entrar em Inglaterra e Gales e forçando a partir os residentes nos países. Nos anos seguintes estão registadas deportações de Ciganos. A Escócia adoptou medidas semelhantes em 1541 obrigando os Ciganos a abandonar o Reino no prazo de 30 dias. Leis semelhantes continuaram a ser implementadas nos dois séculos seguintes e foram abolidas gradualmente por volta de 1856. Na Rússia, os Ciganos deslocaram-se para Sul em 1501, sendo a Sibéria alcançada somente em 1721. Em Malta, na primeira presença histórica escrita dos Zíngaros, Giacomo Bosio, o historiador dos Cavaleiros de Malta, mostra que eles viveram nas cavernas de Rabat. Encontram-se outras primeiras referências aos Ciganos em crónicas de países e cidades da Europa: Ljubljana 1387, Hildeshaim 1407, Basel 1414, Augsburg, Lunenburg, Hamburg, Libek, Vajmar, Magdeburg, Leipzig, Frankfurt, Strasbourg, Zurich, Bern, Brussels 1417-1420, Netherlands 1420, Belgium 1421, Bologna 1422, Paris 1427, Constance 1430, Sweden 1512, Norway 1544 e Finland 1597.4 Na história moderna, o século 19 teve particular significado para os Ciganos Europeus. Embora a procura de fornecer uma história e identidade legítimas a esta população começasse durante o Iluminismo, ironicamente o mesmo período registou o estabelecimento da imagem romântica “cigana”, a qual permanece tão firmemente até hoje. Ao mesmo tempo, nos meados do século 19 emergiu o racismo científico que conduziu à tentada destruição do Povo Cigano no Terceiro Reich de Hitler. Enquanto que o episódio mais relevante na história dos Ciganos durante o século anterior tivesse sido a abolição da escravatura na Roménia e a resultante emigração em massa dessa parte 4 http://lovari.hr/gypsy-history/ 6 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) da Europa para o resto do mundo, o século 20 ficou marcado por dois acontecimentos principais: o Holocausto e o colapso do Comunismo na Europa. Também emergiu a actividade política dos Ciganos, a qual floresceu depois do fim da 1ª Guerra Mundial, principalmente na Europa de Leste.5 Relacionado com o Holocausto, em Março de 1936, foi esboçado o primeiro documento referente à “introdução da solução total para o problema cigano a um nível nacional e internacional”, sob a orientação do Secretário de Estado Hans Pfundtner do Ministério do Interior do Reich, e foi estabelecida em Berlim a principal instituição Nazi para lidar com os Ciganos, denominada Racial Hygiene and Population Biology and Research Unit of the Ministry of Health. Em Janeiro ou Fevereiro de 1940, teve lugar o primeiro assassínio em massa do Holocausto no campo de concentração em Buchenwald, quando 250 crianças ciganas de Brno foram usadas como cobaias para testar Zyklon-B, mais tarde usado nas câmaras de gás em Auschwitz-Birkenau. Na Checoslováquia, foram construídos campos especiais para liquidar os Ciganos em Lety e Hodonín. Durante a Segunda Guerra Mundial, os Ciganos também foram deportados dos países aliados da Alemanha, como Itália, Eslovénia, Croácia, Roménia. Durante os anos que se seguiram à Guerra, a população cigana na Europa estava paralisada. A actividade política era mínima e os Ciganos estavam relutantes mesmo em identificar publicamente a sua etnicidade ou chamar a atenção para ela através de um esforço colectivo. Não se seguiram nenhumas reparações às atrocidades cometidas pelos Nazis contra eles e não foram feitas nenhumas tentativas por nenhuma agência nacional ou internacional para reorientar os sobreviventes tais como as que foram feitas em larga escala para os sobreviventes de outros grupos de vítimas, em vez disso continuou-se a produzir legislação anti-cigana. Na Alemanha, até 1947, aqueles que saíram dos campos tiveram de permanecer escondidos com risco de serem de novo encarcerados, desta vez em campos de trabalho, se não pudessem apresentar documentação comprovativa da cidadania Alemã. Nos anos 50 e 60, aconteceram novas vagas de migração na Europa. Na Dinamarca, desde 1958, os Ciganos instalaram-se em Copenhaga e na Finlândia viviam em Helsínquia. Na 5 Ian Hancock – “Romanies” - Encyclopedia of Europe: 1789-2004 7 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Áustria, muitos Ciganos instalaram-se na região oriental (Burgenland) desde 1958. Nos anos 60, chegou uma nova vaga de Ciganos Jugoslavos a Itália. Ao mesmo tempo, novos grupos em várias vagas chegaram aos Países Baixos, onde tinham sido quase totalmente expulsos devido a severa legislação, sendo a vaga principal originária da Jugoslávia e Hungria. Falando da Jugoslávia, a imigração de Ciganos iniciou-se nos anos sessenta, com sucessivo ressurgimento, especialmente nos finais dos anos oitenta, quando milhares de Ciganos partiram da Macedónia, particularmente em direcção à Alemanha. Depois da queda dos regimes comunistas, trabalhar no estrangeiro tornou-se um modo de vida para milhares de Ciganos provenientes dos antigos países comunistas. Os destinos preferidos são a Grécia, Itália, Espanha, Portugal, França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Reino Unido. 8 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) 2. Distribuição geográfica do Povo Cigano / Categorias de Ciganos A. População Não é fácil responder à pergunta “O que é a actual população cigana hoje em dia?”. Por outro lado, os representantes oficiais de muitos países querem “reduzir” o número de Ciganos que vivem na sua terra – por exemplo, em 1997, oficialmente não havia Ciganos a viver na Moldávia – enquanto por outro lado muitos activistas ciganos tendem a citar números mais altos. Assim, só é possível dar uma sequência de números, desde estimativas baixas a altas estimativas para um dado país. Com uma população na Europa estimada entre 8 a 12 milhões, eles podem ser encontrados em toda a parte, da Finlândia à Grécia e da Irlanda à Rússia, mas eles não têm “pátria”. O maior número de Ciganos vive na Europa Central de Leste: Roménia, Eslováquia, Bulgária, Hungria e antiga Jugoslávia. De acordo com os números publicados pelo Conselho da Europa em 2007, o número total de Ciganos e Nómadas era de 9.855.382 pessoas, sendo a estimativa média por país apresentada na figura nº 1. 9 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Uma representação destes números pode ser encontrada no seguinte gráfico que cita como fonte o Conselho da Europa. De acordo com a informação e estatística disponível sobre a população Cigana, temos a seguinte situação a nível nacional: No Reino Unido, os Ciganos eram reconhecidos como uma minoria étnica em 1988. A sua população total é estimada em cerca de 65.000, embora não haja números precisos. Além disso, aqueles que são referidos como Ciganos tanto pelas entidades oficiais como pelos meios de comunicação e percepção popular, incluem de facto membros de comunidades historicamente 10 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) diversas. Descendentes de imigrantes Ciganos dos continentes constituem uma grande parte daqueles que se referem a eles próprios como ‘Romanichéis’ ou ‘Ciganos Galeses e Ingleses’. Parece provável que esta população absorveu Nómadas Ingleses indígenas, que tinham mantido comunidades separadas até ao século 17 e talvez até mais tarde. As duas outras populações itinerantes são os Nómadas Irlandeses e Escoceses. Os Nómadas Escoceses tendem a permanecer na Escócia, mas os Nómadas Irlandeses mantêm casa na Irlanda, Inglaterra e Gales, alternando entre os vários locais. Os Ciganos Ingleses podem ser encontrados em todo o país. Enquanto todas as três comunidades tendem a interagir, partilhando muitas vezes caravanas, casando entre si e partilhando relações familiares, há comunidades Ciganas que não são itinerantes e vivem separadamente. Estes são principalmente descendentes de imigrantes da Europa Central e de Leste que chegaram ao Reino Unido na década de 1930 e mais tarde nos anos cinquenta, assim como imigrantes mais recentes que chegaram ao país seguindo a expansão da União Europeia. Estes imigrantes ciganos estão habitualmente instalados nas maiores cidades – principalmente Londres, Birmingham e Manchester. Em 1991, o Departamento Ambiental revistou 12.316 caravanas em Inglaterra, estimando que há três pessoas por caravana e cerca de quatro pessoas por família em média, o que indicaria a presença de cerca de 40.000 nómadas em Inglaterra. Também em 1991, 708 famílias foram revistadas no País de Gales (mais de 312 em 1996) e uma análise mais completa mostrou a presença de cerca de 800 famílias com cerca de 3600 pessoas. Na Escócia, 980 acampamentos com 3000 pessoas são reconhecidos oficialmente e 1600 delas são crianças em idade escolar.6 No século 18, em Espanha, havia cerca de 10.700 Ciganos, dos quais perto de 8.000 viviam na Andaluzia. A Andaluzia sempre foi considerada como a pátria cigana, onde têm vivido muitos Ciganos e agora mais de metade dos Ciganos Espanhóis vivem lá. No século 19, havia informações de que cerca de 100.000 Ciganos viviam em Espanha. Nesta altura há alguns números contraditórios relativamente ao número de cidadãos Ciganos a viver em Espanha. A Constituição Espanhola não permite discriminação ou tratamento 6 Jean Pierre Liegeois – “Roma in Europe”, p. 25-30 11 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) diferenciado e o recenseamento municipal não recolhe informação específica sobre raças e culturas. Somente alguns estudos feitos pelas Associações Ciganas ou instituições nacionais ou regionais fornecem informação aproximada. De acordo com a informação fornecida pelo Instituto de Sociologia Aplicada, em 1978 os Ciganos constituíam 189.404 pessoas em Espanha. A estatística do Instituto de Sociologia Aplicada, actualizada em 2003 (com um aumento populacional de 5.2%), dá um número de 435.629. Finalmente, informações fornecidas por associações de Ciganos e instituições das Comunidades Autónomas mostram que o actual número estimado de Ciganos é 646.300. Em Portugal, também é proibido pela Constituição da República recolher informação com base na origem étnica, por isso a informação disponível sobre este assunto é escassa. A maioria dos grupos ciganos vive em áreas com uma densidade populacional mais elevada, como Lisboa. Também se pode encontrar um número maior de pessoas ciganas em regiões como o Alentejo (especialmente no distrito de Beja) e Trás-os-Montes. Os grupos ciganos estão concentrados especialmente nas regiões do litoral Português, com uma densidade populacional mais elevada e em regiões perto das fronteiras. O número total de Ciganos que foi possível identificar era de 21.831 pessoas, das quais 20% vivem no distrito de Lisboa. Na Bulgária, não há cidade do país sem pelo menos alguns representantes de famílias ciganas. Actualmente, todos os Ciganos são sedentários, mas no passado mais recente e mais distante, alguns deles eram veraneantes. No que diz respeito à religião, estão divididos em Ciganos “Dassikane”, isto é, Ciganos Cristãos e Ciganos “Horahane” – associados ao Islão. As principais comunidades ciganas na Bulgária identificadas pelos pesquisadores são três - Jerlii, Kaldarasi e Rudari. Relativamente ao número da população, na Bulgária os que declararam a identidade cigana em 1956 eram cerca de 194.000; em 1959 – 214.167; em 1976 – 373.200; em 1989 as autoridades contaram 576.927 pessoas como Ciganas, mas notaram que mais de metade 12 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) preferiram e declararam a identidade Turca.7 De acordo com o último recenseamento oficial, em 2001, 370.908 cidadãos Búlgaros definiram a sua identidade como Ciganos. Na Roménia, os Ciganos constituem uma das maiores minorias. De acordo com o recenseamento de 2002, constituíam 535.140 pessoas (2.5% da população total), sendo a segunda maior minoria étnica na Roménia depois dos Húngaros.8 Contudo, outras estimativas referem um número mais elevado de Ciganos na Roménia. De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa para a Qualidade de Vida de 1998 e publicado em 20009, há de 1.452.700 a 1.588.552 Ciganos hetero-identificados (dos quais de 922.465 a 1.002.381 se auto-identificaram, representando de 5 a 7% da população total). Há muitas razões porque muitos Ciganos não declaram a sua etnicidade no recenseamento: eles não têm um cartão de identidade ou certidão de nascimento, porque receiam a discriminação ou devido ao processo de assimilação étnica. Na Grécia, havia entre 300.000 a 350.000 Ciganos, de acordo com uma estimativa publicada pelo Greek Helsinki Monitor em 1999. O governo Grego estima um número entre 200.000 e 300.000. Na Hungria, o número real de Ciganos é uma questão controversa. No recenseamento de 2001 só 190.000 pessoas se chamavam Ciganos, mas especialistas e organizações ciganas estimam que há entre 450.000 e 1.000.000 de Ciganos10. Os condados com a concentração mais elevada da maioria cigana são Borsod-Abaúj-Zemplén e Szabolcs-Szatmár-Bereg (oficialmente 45.525 e 25.612 pessoas em 2001), mas há outras regiões tradicionalmente com uma população cigana elevada como partes de Baranya e do vale de Tisza. Embora vivam tradicionalmente no campo, na sequência das tendências de urbanização geral na segunda metade do século 20, muitos deles deslocaram-se para as cidades. Há uma minoria considerável de Ciganos a viver em Budapeste (12.273 pessoas em 2001, oficialmente). Em França, um recenseamento de 1961 mostrou que 26.628 pessoas eram nómadas, 21.690 eram semi-sedentárias e 31.134 eram sedentárias, constituindo um total de 79.452 7 Elena Marushiakova and Vesselin Popov - "The Roma in Bulgaria", Sofia, 1993 2002 census data, based on Population by ethnicity 9 http://www.edrc.ro/docs/docs/Romii_din_Romania.pdf 10 Stratégiai Audit 2005 - DEMOS Magyarország 8 13 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) pessoas ciganas. Actualmente, estima-se que tendo em conta o desenvolvimento populacional, os Ciganos (nómadas ou não) e os Viajantes (nómadas ou gente em viagem) são um grupo de cerca de 300.000 a 400.000 pessoas 11. Em Itália, o Conselho de Ministros do Observatório da Imigração indicou no fim do ano de 1990 o número de 29.790 imigrantes da Jugoslávia, regularmente registados em Itália e há razões para acreditar que a maioria eram Ciganos. O número estimado de Ciganos em Itália varia de 90.000 a 180,000 pessoas12, mas o número é mesmo mais elevado se tivermos em conta a imigração ilegal da Roménia e dos antigos estados Jugoslavos. Grupos importantes de Ciganos podem ser encontrados nos antigos estados Jugoslavos como a Sérvia (100.000 a 400.000), Macedónia (50.000 a 260.000) e Bósnia Herzegovina. No norte da Europa, há aproximadamente 10.000 Ciganos (kale) a viver na Finlândia, principalmente na Área Metropolitana de Helsínquia e na Suécia, onde em 1993 se estimava que a comunidade cigana contava cerca de 15.000 pessoas. B. Categorias de Ciganos Os Ciganos reconhecem divisões entre eles próprios baseadas em parte em diferenças territoriais, culturais e linguísticas. Os Ciganos, além dos vários nomes que lhes são dados por Gadže, usam outros nomes para se descreverem a eles próprios – a pertença ao seu grupo. Os grupos não deveriam ser confundidos com clãs ou linhagens, porque estes são subdivisões de grupos, e podem variar em tamanho de alguns milhares (como os Ciganos Lotfitka, os Ciganos Latvian) a mais de um milhão. Algumas autoridades reconhecem cinco grupos principais baseados na sua dispersão geográfica: os Kalderaši (o mais numeroso, tradicionalmente ferreiros, dos Balcãs, muitos dos quais emigraram para a Europa Central e América do Norte) os Gitanos (também chamados Calé, a maioria na Península Ibérica, Norte de África e Sul de França) 11 12 Jean Pierre Liegeois – “Roma in Europe”, p. 25-30 Jean-Pierre Liégeois – “Roma, Tsiganes, Voyageurs”, p.34, Conseil de l'Europe, 1994 14 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) os Manush (também conhecidos como Sinti, a maioria na Alsácia e outras regiões de França e Alemanha) os Romnichal (Romanies) (principalmente no Reino Unido e América do Norte). os Erlides (também conhecidos como Yerlii) (população cigana instalada no sudeste da Europa e Turquia). Cada uma destas principais divisões pode ser mais dividida em dois ou mais sub-grupos distinguidos pela especialização ocupacional ou origem territorial, ou ambos. Alguns dos nomes destes grupos são: Machvaya (Machwaya), Lovari, Churari, Sinti, Rudari, Boyash, Ludar, Luri, Xoraxai, Ungaritza, Bashaldé, Ursari e Romungro. De acordo com outra teoria13, há quatro correntes principais de grupos ciganos baseados nos dialectos que falam: Os Ciganos dos Balcãs, com um vocabulário Turco muito alargado; Os Ciganos Vlax que emigraram para a actual Roménia e têm uma grande influência Romena nos seus dialectos; Os Ciganos Carpáticos, encontrados nas Repúblicas Checa e Eslovaca, na Hungria e na Áustria com uma camada mais forte de lexemas eslavos na sua linguagem; Os Ciganos órdicos, com uma forte influência Alemã. Estes quatro grupos principais incluem: Balcãs: Arlii, Erlii, Jerlides, Sepetčides, Bugurdži, Kalajdži, Drindari. Carpáticos: Czech, Moravian, Hungarian, West and East Slovakian e Burgenland Rroma Vlax: Servi, Vlaxurja, Rišarja, Kalajdži, Vlax, Džambaši, Laxora, Gurbeti, Cerhara, âurar, Mačvaja, Patrinara, Lovara, Dirzara, Mašara, Kalderaši, Rudari, Bejaša, Ursari, Lingurari e Gurvara órdicos: Abruzezzi, Calabrezi, Cale, Kaale, Lotfitka, Manouches, Volšenenge, Polska, Sinti, e Xaladitka 13 http://www.rroma.org/the_rroma/rroma_groups.html 15 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) 3. Organização social específica Os Ciganos estão organizados em várias sub-divisões, as quais por falta de um melhor termo são denominadas grupos. A lista de tais grupos é bastante longa, e cada um deles está dividido em entidades mais pequenas. O primeiro e mais importante nível para as pessoas ciganas é a família. A família, que pode ser bastante grande e conter várias gerações, é o centro da vida dos Ciganos. A primeira aliança está sempre centrada nos parentes. Como exemplo, na Bulgária, a organização social de todas as comunidades ciganas assenta no conceito da família patriarcal – a família tradicional alargada consiste em pelo menos três gerações a viver juntas. A família é o elemento mais importante da organização social para o Cigano patriarcal e tudo gira à volta dela. Educa-se a criança num princípio de selecção sexual para adoptar uma herdada informação etnocultural, adquirir e manter especificidade étnica. Os papéis dos homens e mulheres na família são diferentes e complementam-se. A mulher é aquela que toma conta das crianças e dos adultos diariamente. Ela foi educada de forma conservadora e assegura a continuação da tradição no grupo. A sua principal preocupação é a educação da descendência feminina antes do casamento. O homem é o chefe da família, fornecendo comida e defendendo a reputação da família. Isto dá-lhe o direito de ser a autoridade incontestada e de tomar as decisões importantes. O outro elemento importante da organização social é o controle social que é compreensivamente aplicado e reforça a primazia das estruturas da Comunidade sobre as individuais. Está relacionado com as inúmeras regras e proibições no que concerne ao bem e ao mal, puro e impuro, certo e errado, permitido e proibido. 16 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Em Espanha, os Ciganos vivem habitualmente muito perto uns dos outros, especialmente com a família paterna, por isso a relação é diária. Os papéis dos homens e mulheres ciganos na família tende a ser muito tradicional e conservadora; habitualmente a mulher toma conta da casa e das crianças e o homem é responsável pela protecção da sua família e profissão, o que requer maior força física. Tanto os homens como as mulheres estão habitualmente envolvidos em ganhar dinheiro para a família. Os mais velhos, especialmente os avós, são os mais respeitados. São aqueles que têm mais experiência e consequentemente pedem-lhes conselhos já que são os homens sábios da família. Em Portugal, a família também é um dos pilares da sociedade cigana e um dos factores que mais contribuíram para a sobrevivência do grupo. O conceito de família cigana representa os membros mais chegados residindo debaixo do mesmo tecto, assim como os outros parentes incluídos na rede alargada de relacionamentos – família alargada. O segundo nível é a linhagem, isto é, a família alargada. Por exemplo, entre os Kalderaši, encontram-se os Jonešti, Bumbulešti, Miheješti, Saporroni etc. Estas linhagens têm os seus nomes desde algum proeminente chefe antigo ou antepassado. Por exemplo, Jonešti deriva de Jono (John), Miheješti de Mihai (Michael), etc. O terceiro nível da organização é o grupo “sub-étnico”, como Kalderaši, Lovari, Sinti, Čurara, Mačvaja, Zlotara, etc. Os grupos são entidades “históricas” que estão ligadas por uma história comum (onde o grupo originalmente se instalou ou onde vagueava) assim como por tradições e língua comuns – um dialecto – e algumas vezes por negócios comuns. A pertença a um grupo é mais importante do que o facto de ser cigano. Os Ciganos nómadas exibem muitas vezes estruturas adicionais dentro do grupo. Entre estes, podem-se contar muitos Ciganos Vlax que viajavam com cavalos e carroças. Isto permitialhes manter um grau elevado da sua organização social. A organização social dos Kalderaši fornece um bom exemplo destas estruturas, que também são válidas para outras. Em todos os países do mundo, os Kalderaši estão divididos em nações: Sérvios, Moldavos, Húngaros, Gregos, 17 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Russos, etc. Uma nação refere-se a um país no qual eles viveram mas actualmente raramente têm passaporte. Os Kalderaši que viajaram e trabalharam juntos formavam uma companhia, que consistia em várias famílias, não necessariamente da mesma linhagem. O nome da companhia deriva sempre do nome do seu chefe, aquele que representa os Ciganos perante as autoridades locais. Estes níveis são extremamente rígidos e assim têm permanecido em certas comunidades. O ultimo nível é a pertença étnica, nomeadamente o conceito de Cigano, e por oposição o Gadže ou não-Cigano.14 As alianças matrimoniais15 são um elemento essencial na organização social e variam consideravelmente de um grupo cigano para outro. Para alguns grupos, tais como os Kalderaši e Lovari, o casamento é o resultado de longas negociações da família. Para outros, Kales na Finlândia, Manus, Romanichals, Travellers em Inglaterra, o casamento muitas vezes começa com uma fuga dos jovens que vêm pedir o perdão e aprovação das suas famílias, e para outros algumas vezes acontece que a fuga ocorre depois de um acordo entre as famílias, mas antes do casamento ter lugar. Um casamento entre dois grupos pode ocorrer e pode indicar o caminho para outros, ou pelo contrário, devido à deslocação de um grupo não ser seguido por outros. Os Ciganos Lovara ou Sinti que casam em Burgenland na Áustria têm de romper com as suas famílias. Na Bélgica, muitos casamentos entre Viajantes e manus causam o aparecimento de outro grupo. Na Itália, as trocas matrimoniais entre Ciganos hrvatsko e slovessko levam ao aparecimento dos dois grupos. Viajar deve ser visto mais como uma mobilidade potencial do que com nomadismo. A viagem para os Viajantes e nómadas é funcional em vários aspectos: permite uma organização social, permite adaptabilidade e flexibilidade, permite o exercício de profissões. A viagem permite que grupos diferentes vivam juntos numa residência, para estar mais perto, algumas vezes para se oporem ou casarem. Juntamente com a sua função social, a viagem tem uma função económica. É óbvio para certas ocupações: o vendedor de rua que segue as datas das 14 15 http://www.Roma.org/the_Roma/social_organisation.html Jean Pierre Liegeois - “Roma in Europe”, p. 54-60 18 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) feiras e festivais, o negociante de cavalos nas feiras de gado, o trabalhador agrícola nas estações de fruta, a apanha das uvas ou azeitonas. A Grã-Bretanha é talvez o único país em que as comunidades ciganas tradicionais mantêm um estilo de vida predominantemente itinerante, vivendo em caravanas ou acampamentos. Muitas famílias tendem a estar instaladas no mesmo local por longos períodos de tempo. Isto facilita tanto a frequência da escola como a manutenção de redes de clientes e contactos comerciais. É costume para as famílias viajar durante os meses de Verão assim como ocasionalmente para feiras e reuniões familiares alargadas. A família alargada é a unidade doméstica e produtiva. As famílias nucleares ocupam habitualmente um ou dois atrelados que ficam ao lado um do outro, com os outros parentes a ocupar os lugares próximos. 4. Costumes e tradições dos Ciganos A. Costumes e tradições As tradições foram uma das ferramentas através das quais a identidade dos Ciganos se manteve ao longo dos séculos e tiveram um papel muito importante em todos os lugares onde viveram. 19 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) As tradições, chamadas romano zakono pelos Ciganos que vivem nos países eslavos, romano sakaši entre os Lovara, são transmitidas pelos avós e pais aos filhos e netos. Estas tradições ciganas criam os romanimos ou romanipen – isto é, a identidade dos Ciganos. O lugar onde estas tradições têm a sua inteira força entre os Ciganos em todo o mundo está dentro da família e na vida familiar. Para os Ciganos, a unidade básica é constituída pela família e linhagem16. As tradições cobrem todos os aspectos da vida, do nascimento à morte, tanto para inter-relacionamentos como para conflitos, para a vida familiar, higiene, etc. As tradições familiares formam o âmago da cultura cigana. Estão ainda muito presentes e vivas actualmente, mesmo quando os Ciganos já não vivem uma vida de acordo com as tradições. Um acontecimento importante é o nascimento. Em muitos grupos ciganos, antes e depois do nascimento, há um número de proibições para a mulher grávida e para a mãe. Um ritual cíclico alargado ainda funciona, com a finalidade de proteger a vida e a saúde da jovem mãe e do bebé. Em Portugal, o nascimento de crianças marca de facto o reconhecimento do homem na sua comunidade. Com o primeiro filho, o homem adere a um nível mais alto e é visto como um verdadeiro chefe de família com autoridade autónoma. Também marca o estatuto das mulheres porque elas podem esperar ganhar alguma influência e poder, não ficando mais sob o rígido controlo da mãe do seu marido. Nas comunidades ciganas búlgaras, depois do nascimento, o bebé é ritualmente lavado em água salgada (para não cheirar a verde e ser mais saudável), na qual colocam moedas para a saúde e florescer primaveril, se o nascimento for na Primavera. Fazem os conhecidos bolos, os parentes e amigos reúnem-se a uma mesa com bolos rituais, comendo mel, halva e queijo. Não servem álcool com bolos. Dá-se os parabéns ao jovem bebé e aos seus pais e oferece-se ao bebé dinheiro e roupas. 16 http://www.rroma.org/rroma_traditions/ 20 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Na Bulgária, há também o costume de barbear o rapaz, o que representa uma razão para celebração familiar. É realizado no quintal por um barbeiro profissional, acompanhado por música, anedotas, desejos e um jantar festivo. O primeiro passo importante na vida de um recém-nascido é o baptismo, quando se dá o nome à criança. Todos os membros da família, assim como os membros do clã estão presentes nesta ocasião. A escolha do padrinho e da madrinha é importante. São geralmente membros conceituados da família alargada. O baptismo tem lugar na igreja – católica, ortodoxa ou protestante – e posteriormente todas as pessoas que estão na festa comem, bebem e divertem-se. A partir desse momento, os padrinhos tomam um lugar importante na vida da criança, como segundos pais, ajudando-a em todos os momentos difíceis ou importantes da sua vida. Os Ciganos muçulmanos nos Balcãs não realizam baptismos. Uma tradição muito celebrada pelos ciganos muçulmanos é o “syunet” ou circuncisão dos rapazinhos até à idade de sete anos. É habitualmente feita por um muçulmano rico chamado “syunetchiya”, que organiza em toda a região a circuncisão de todos os rapazes, sem olhar à origem étnica. São trazidos de modo triunfante num cavalo ornamentado, sobre o qual é colocado um cobertor colorido chamado “Asha”. A celebração é acompanhada por uma corrida de cavalos, luta e outros jogos de corrida atractivos, que dão significado ao evento, o qual será recordado durante anos, sendo associado com outros acontecimentos importantes, tanto nas vidas individuais dos contemporâneos do “syunet” como noutros eventos públicos que ocorrem durante o “syunet”. Outro evento importante para os Ciganos é o casamento. Historicamente, entre os Ciganos (assim como entre outros), os casamentos ocorriam tradicionalmente na comunidade numa idade jovem – para os rapazes, entre os 15 e os 17 anos, para as raparigas entre os 14 e os 16 anos. Contudo, em muitos lugares, os casamentos ciganos raramente são oficiais. Na Grã-Bretanha, o casamento realiza-se dentro da comunidade, embora o casamento dentro de comunidade mais alargada dos Viajantes (incluindo os Viajantes Irlandeses e Escoceses) esteja espalhado e aceite. Os casais geralmente casam numa idade muito jovem, algumas vezes após um breve período de conhecimento. As relações românticas fora do 21 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) casamento são desencorajadas e a comunidade é especialmente protectora das raparigas a este respeito. As possíveis esposas para um rapaz são procuradas por via oral, isto é, os Ciganos dizem uns aos outros que rapariga, de que família, tem idade certa para casar. O pai e a mãe do noivo visitam algumas vezes a família da menina. Os pais do rapaz procuram uma futura nora que seja bonita, que tenha recursos e seja de uma família conhecida. Se tanto os pais do noivo como da noiva gostarem da união, pode então começar a cerimónia correspondente aos esponsais. Em alguns grupos, paga-se dinheiro pela noiva e por vezes quantias avultadas. Mesmo agora, esta tradição de “comprar” a noiva permanece muito viva entre os Ciganos Vlach e especialmente entre os Kalderaši. Um costume semelhante era praticado na comunidade dos Ciganos Muçulmanos e chamava-se babahak (o direito do pai). Contudo, actualmente, está quase esquecido e perder-seá obviamente de forma irrecuperável. A escolha e decisão final são feitas pelos pais. Entre os Kalderaši, há algumas vezes acordos prévios sobre os esponsais, quando as crianças são muito jovens. Se o casamento não se realizar, os pais do rapaz ou da rapariga têm de pagar uma multa. Outra tradição muito bem preservada, que precede o dia do casamento é a pintura da noiva com hena. Está mais preservada nas comunidades ciganas muçulmanas e é feita num círculo familiar restrito em casa da noiva. O ritual começa à meia-noite. A noiva é pintada com hena consistentemente nos dedos e palmas de ambas as mãos e nos dedos dos pés. O ritual é acompanhado com a dádiva de dinheiro num tecido branco, que é enrolado à volta das mãos e pés da noiva. A lona branca é atada com um fio vermelho e ambos simbolizam a integridade da jovem esposa. A própria pintura com hena é feita por uma mulher idosa e influente que só casou uma vez e nunca traiu o marido. É ajudada por mulheres mais jovens e ágeis. Ela e todos os parentes mais velhos abençoam o jovem casal. No dia do casamento, estão presentes os parentes da comunidade e mesmo de outras aldeias ou cidades. São honrados com uma abundância de comida e bebidas, apresentadas pelos pais dos noivos. A partir desse momento, os pais dos noivos são considerados parentes. 22 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) No casamento, todos os convidados dão presentes aos recém-casados, algumas vezes dinheiro e eles agradecem a delicadeza dando-lhes pequenos presentes. As cerimónias do casamento culminam quando o jovem casal se retira para o seu quarto (costumava ser uma tenda especial) onde a união é consumada. Tradicionalmente, todos os convidados esperavam pelo resultado – provando os traços de sangue a virgindade da rapariga, demonstrando assim a todos os convidados que era honrada. Se a noiva não provasse que era virgem, o casamento era por vezes anulado e a noiva era devolvida aos pais e o dinheiro devolvido ao grupo que tinha pago pela noiva. Existe outra tradição entre os diferentes grupos ciganos: o rapto da rapariga pelo rapaz ou a fuga do jovem casal quando os pais não concordam formalmente com o casamento. Alguns dias depois, o jovem casal regressa e o casamento é celebrado. Em alguns grupos ciganos, uma forma simbólica de rapto ainda é praticada. Depois do casamento, a rapariga usa um lenço na cabeça. Não é livre de mostrar o seu cabelo senão ao seu marido. Esta tradição ainda é forte entre muitos Ciganos, mas nas grandes cidades está a desaparecer. Tradicionalmente, a noiva vai viver com a família do marido mas no entanto o seu pai e mãe acompanham a sua vida na sua nova família. Na comunidade cigana Espanhola, confirma-se a união do casal quando o seu primeiro filho, seja homem ou mulher, entra na idade adulta. Se o casamento não resultar, o divórcio é permitido entre os Ciganos. Isto pode acontecer por mútuo consentimento ou ser julgados no Kris. Uma vez divorciados, são ambos livres de casar de novo. As comunidades Ciganas também têm costumes e rituais específicos relacionados com a morte nos funerais. Algumas das tradições mais típicas relacionadas com a morte e sepultura encontram-se entre os Kalderaši de crença cristã. Quando alguém morre na família, os seus familiares mais próximos compram o caixão e lá colocam o corpo com as suas melhores roupas. Algumas vezes, objectos queridos para o falecido são colocados no caixão. Durante três dias, o 23 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) falecido e o caixão permanecem em casa. Durante três dias e três noites, a sua família senta-se a seu lado. Ao quarto dia, o falecido é levado para o cemitério, sempre com os pés para a frente e sepultado em túmulos ricos, comum na comunidade Kalderaši. Para os Ciganos muçulmanos, o costume da sepultura envolve dar algum dinheiro aos parentes do falecido/ iskati. Em Espanha, nos funerais, todas as conotações com um povo nómada e com os povos orientais estão visíveis. Historicamente, a caravana e todos os pertences do falecido são queimados e este ritual ainda é realizado hoje por ciganos nómadas no Norte da Europa. Em Espanha, eles vendiam os seus cavalos ou animais e queimavam a carroça do falecido, hoje ainda há famílias que queimam as roupas do falecido. São actos de purificação com origens orientais. Hoje, os Ciganos espanhóis são habitualmente enterrados, como os outros cidadãos, em cemitérios. O velório é sempre realizado na casa do falecido, mas estão a começar a usar as casas mortuárias cada vez mais. Usam roupas pretas durante o luto, e este empréstimo cultural da sociedade dominante é usada unicamente pelos Ciganos Espanhóis. Outra parte importante das tradições ciganas dedicam-se a regras sobre o ritual limpeza e falta de limpeza. Este conceito tem as suas reais implicações não só na vida diária dos Ciganos e no modo como tomam conta das suas casas mas também em alguns costumes muito importantes relacionados com nascimentos de crianças, morte e funerais, etc. Finalmente, também afecta as relações inter-geracionais assim como as relações entre os homens e mulheres Ciganos e a percepção dos idosos e crianças. Desde a primeira menstruação e até à menopausa, a rapariga é considerada como sendo potencialmente suja e podia assim sujar um homem. Não é permitido ao homem tocar a saia da mulher e as mulheres, por outro lado não se podem sentar perto das ferramentas usadas para trabalhar. Se isso acontecer, todo o trabalho fica sujo e tem de ser deitado fora ou destruído. Quando um Cigano é considerado ritualmente sujo, não pode comer e beber com os outros Ciganos, somente com os seus familiares próximos. Isto continua até ao momento em que o estado de sujidade pára. Outras coisas são consideradas ritualmente sujas. Por exemplo, comer 24 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) ou beber de pratos ou recipientes no chão; lavar juntamente as roupas do homem e da mulher; lavar juntamente roupas da parte de cima e roupas da parte de baixo, etc. Estas tradições ainda estão muito vivas entre muitos grupos ciganos, mais ainda entre os Kalderaši, Lovari, Sinti e Travellers em Inglaterra. Em Inglaterra, por exemplo, as famílias ciganas ainda mantêm os valores tradicionais tais como a dicotomia entre limpo e conspurcado, o que se exprime na separação do fornecimento de água de acordo com o seu uso, uma preferência por cozinhar ao ar livre (para mostrar publicamente a separação dos utensílios de cozinha dos usados para outras finalidades, tais como para limpar ou lavar roupas), evitar certos tópicos de discussão na presença de pessoas de sexo diferente, evitar certos animais e a sua imagem (por exemplo, pavões e cobras), e outros. Materiais poluídos ou conspurcados são queimados, e incluem os pertences de membros da família mortos. A instância judicial mais alta das estruturas sociais ciganas é o Kris. Esta instância, um “Tribunal Cigano” é de facto um tribunal arbitrário. Os membros deste tribunal são escolhidos entre os ciganos mais conceituados, honestos e inteligentes na comunidade. Cada membro da comunidade que tenha um problema com outro é livre de contactar o Kris. Os membros do tribunal reúnem e avaliam a prova e os delitos cometidos ao queixoso. A pena mais alta dada pelo Kris é o banimento da comunidade, ou por um período de tempo ou para sempre. Este é um grande castigo, porque um cigano não pode existir sem as estruturas sociais ciganas. Este castigo é mais temido do que a morte. Mas deve dizer-se que nunca nenhum Kris aplicou esta pena. Um Kris não tem o direito de tirar a vida a um cigano. O Kris também aplica outras penas, por exemplo multas (por vezes muito altas), a serem pagas pela parte culpada. Esta tradição ainda está viva, mesmo nos países da Europa Ocidental, onde os Ciganos ainda continuam a resolver as suas disputas internas dentro da comunidade. , 5. A cultura cigana / influência na cultura local. Personalidades 25 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) A cultura cigana é diversa e não há uma cultura universal, mas há características comuns a todos os Ciganos: lealdade para com a família( alargada e clã); crença em Del (Deus) e Beng (o Diabo); crença no destino; padrões e normas, variando em grau de grupo para grupo; adaptação a condições de mudança. A cultura cigana é diversa, com uma variedade de tradições e costumes, mas a integração de muitos Ciganos na cultura não-cigana devido à sedentarização diluiu muitos valores e crenças culturais. A cultura cigana, como qualquer outra, tem duas vertentes principais – espiritual e material. O lado espiritual das várias comunidades ciganas na Europa e em todo o mundo está dependente dos seguintes elementos básicos: estilo de vida (nómada – sedentária), religião, linguagem. Está reflectido no calendário cigano de feriados, rituais especiais e costumes, valores da comunidade, formas de governação interna, folclore, medicina popular e outros. A. A cultura espiritual cigana Os ciganos adoptam habitualmente a religião dominante do país de acolhimento, preservando muitas vezes aspectos dos seus sistemas de crença particulares e religião e culto indígenas. A religião cigana tem um sentido de moralidade altamente desenvolvido, tabus e sobrenatural, embora não seja muitas vezes reconhecida por religiões organizadas. Oficialmente, uma grande parte dos Ciganos nos Balcãs (ex-Jugoslávia, Bulgária, Macedónia e Albânia) e os Ciganos da Crimeia são Muçulmanos. Podem-se encontrar alguns elementos muçulmanos na sua vida diária: os seus nomes, culinária, roupas e algumas cerimónias. Na Bulgária, os Ciganos Muçulmanos, excepto os mais conservadores, celebram os feriados muçulmanos. Os maiores deles, do mesmo modo que para todo o mundo muçulmano, são os dois Bayryama – Kurban / Koch Bayryam e Ramazan / Sheker Bayryam. Todos os outros são Cristãos, católicos, ortodoxos, alguns protestantes (na Letónia, Estónia, Finlândia e Suécia, por exemplo). Desde a Segunda Guerra Mundial, um número crescente de Ciganos aderiu aos movimentos Evangélicos. Na última metade do século passado, os Ciganos tornaram-se pastores e criaram as suas próprias igrejas e organizações missionárias pela primeira vez. Em alguns 26 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) países, a maioria dos Ciganos pertencem a igrejas ciganas. Esta mudança inesperada tem contribuído enormemente para uma melhor imagem dos Ciganos na sociedade. O trabalho que realizam é visto como mais legítimo e começaram a obter permissão legal para actividades comerciais. As igrejas ciganas evangélicas existem hoje em quase todos os países onde os Ciganos estão instalados. O movimento é particularmente forte em França e Espanha; há mais do que mil igrejas ciganas (conhecidas como “Filadélfia”) em Espanha, quase cem só em Madrid. Na Alemanha, o grupo mais numeroso é o Grupo cigano Polaco, tendo a sua principal igreja em Mannheim. Nos últimos anos, várias outras congregações têm estado activamente a converter os Ciganos como os Pentecostes – entre os Kalderasi, Lovari e Sinti, a maioria na Europa Ocidental. Na Inglaterra, uma vaga de conversões ao Pentecostes cigano começou no início da década de 1980 e continua hoje entre os Ciganos Ingleses. Muitas famílias têm abandonado certas tradições e negócios que estão em contradição com os ensinamentos da missão, tais como a leitura de sinas, e frequentam serviços religiosos numa base regular. Um clero cigano tem sido treinado dentro da comunidade e é activo a organizar convenções para os seus seguidores no país assim como na actividade missionária entre os Ciganos no estrangeiro. Outras congregações, como a Baptista, a Igreja Adventista do Sétimo Dia e Testemunhas de Jeová são activas actualmente na Roménia, por exemplo. Aparte a sua pertença a uma religião, as crenças tradicionais dos Ciganos são muito dualistas: por um lado Del ou Devel (Deus), a fonte de todo o bem, luz e protector de homens; por outro lado Beng, o Diabo, a origem do mal, escuridão e o tentador dos homens. Esta crença dualista pode ser o vestígio de dogmas orientais antigos. A tradição oral popular nas comunidades ciganas, da qual todo o tesouro cultural se pode orgulhar – histórias, canções, lendas, dizeres e provérbios, adivinhas, poesia popular, etc. – não foi registada e armazenada até anos recentes. O folclore cigano é decerto a maior e inesgotável riqueza espiritual, que dá um retrato interessante dos seus portadores como um todo. Há uma forte tradição de música cigana na Europa de Leste e Central, notavelmente em países como Hungria, Roménia, Bulgária e os estados da antiga Jugoslávia. Uma parte da música 27 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) cigana baseia-se na música popular dos países por onde os Ciganos passaram ou onde se instalaram. A música local é adoptada e tocada – habitualmente instrumental – e está transformada lentamente em estilos ciganos, que são geralmente mais complexos do que os estilos originais. Por outro lado, a música cigana tem influenciado muito a música local. Na Bulgária, por exemplo, as canções e danças ciganas são uma mistura de tradições populares ciganas e dos Balcãs. Na Europa Ocidental, o flamengo Espanhol é em larga medida a música (e dança, ou mesmo a cultura) dos Ciganos da Andaluzia. Também em Inglaterra, um rico reportório de histórias e canções populares foi preservado até recentemente entre os Ciganos idosos, com temas, motivos e estilos de representação que são largamente partilhados com a população sedentária. Medicina popular, principalmente espalhada na Bulgária mas também nos outros países Balcãs e Roménia, é o resultado do isolamento e hostilidade para com as novas terras procuradas por migrantes ciganos dos tempos antigos, a sua desconfiança da medicina tradicional e a falta de fundos para tratamento especializado nos tempos mais recentes. Todas estas razões preservam muitas fórmulas e práticas médicas como baene, fazendo hamaliyka, fundindo um pote de bala, lambidela de um olho, lágrima de baço e muitas outras com alto impacto psicoterapêutico no paciente. Muitas famílias ciganas retiveram até hoje a capacidade de curar com ervas e poções e unguentos especialmente preparados, passando isso de geração em geração. Valores ciganos fundamentais são também uma parte integrante da cultura cigana. Na Bulgária, eles andam à volta da liberdade, família, crianças, divertimento e tradições, obedecem aos requisitos básicos, à falta de ambição para governar sobre os outros, à boa vontade para com a cultura búlgara, etc. Em Espanha, o sistema de valores é construído como um modo de vida e uma maneira de lidar com o mundo cigano. Os valores espirituais dos Ciganos vêm de uma cultura errante e oriental; são um povo que viajou da Índia, através da Europa, para Espanha durante mais de mil anos. Agora a grande maioria está instalada e vive em casas e apartamentos mas ainda pensam 28 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) neles próprios como uma raça errante e retêm os seus valores culturais antigos como as ideias orientais do puro e impuro. Alguns exemplos são os seguintes: O valor de ser e não ter. O valor da palavra de alguém é respeitado entre os Ciganos sem ter de assinar papéis ou documentos escritos. O respeito pelos idosos, pelo seu conselho e experiência. A liberdade é um dos valores mais importantes para os Ciganos. A liberdade individual e colectiva, principalmente o valor que é dado à pessoa e às relações. B. A cultura Material dos Ciganos A cultura material dos ciganos é o resultado dos ofícios e trabalhos típicos dos Ciganos. Desde que os ciganos descobriram o mundo e o mundo os descobriu, a glória dos ofícios ciganos é incontestável até aos dias de hoje, e durante séculos têm sido a mais segura fonte de subsistência, formando o sentimento e a compreensão da cultura material cigana. Um dos negócios mais antigos e mais respeitados entre os Ciganos é o negócio da forja. É sagrado e baseia-se no princípio da família e parentesco. Mesmo hoje os Ciganos continuam os ferreiros mais populares e peças do seu trabalho revelam o trabalho das pessoas; tornam as suas vidas mais fáceis e o mundo à sua volta mais belo. De igual modo, o ofício dos Ciganos que continuam a tradição do trabalho em madeira pode ser definido. Geralmente este ofício está relacionado com a arte de produzir colheres, taças e potes de madeira, etc. O negócio dos cavalos e outros animais domésticos também é uma tradição ancestral, que não perde a sua magia mesmo hoje na Bulgária. Na Grã-Bretanha, é particularmente saliente na cultura cigana participar em feiras, que ocorrem uma ou duas vezes por ano, cada uma em datas fixas, numa variedade de locais no país. São muitas vezes chamadas feiras de cavalos e ainda envolvem um significativo negócio de cavalos, embora agora o objectivo principal dos cavalos seja um investimento na exibição. 29 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Ainda assim no contexto Britânico, um elemento específico da cultura dos Viajantes são as carroças pintadas, adoptadas no final do século 19 e produzidas por construtores sedentários de carroças. Muitos Ciganos ainda mantêm carroças pintadas como artigos de colecção e exposição. Os motivos favoritos e outras imagens ou estátuas colocadas nas carroças são cavalos, ferraduras, fruta, flores e pássaros. As caravanas modernas também são requisitadas a construtores não ciganos, e a origem e estilo estão também sujeitos à moda interna da comunidade. Tendem a ser decoradas em cores e motivos florais no mobiliário interior. A música e danças com ela relacionadas também são uma parte integral da vida tradicional cigana. Os ciganos têm dado uma contribuição valiosa para o Romance Russo, czardas e flamengo Espanhol. Outra actividade cigana típica está relacionada com o treino de ursos (pelos Ursari, como são conhecidos na Roménia) e outros animais (como macacos). Nos anos recentes, esta actividade tem estado a desaparecer devido a um número de razões objectivas. Infelizmente, actualmente encontramos um número de trabalhos artesanais com uma única tecnologia já desconhecida. A perda de cultura material e espiritual cigana é uma parte integrante do processo de assimilação da comunidade, que tem prevalecido durante séculos. C. Personalidades Entre as personalidades mais conhecidas na cultura mas também noutros domínios devem ser mencionados: PAÍS Roménia OME DOMÍIO Barbu Lautaru (Vasile Barbu o Cultura – foi um dos cantores mais seu nome verdadeiro) apreciados e tocadores de kobsa. Ele teve sucesso a misturar elementos da 30 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) música tradicional cigana com elementos da música oriental, romance russo e elementos ocidentais; Anton Pann (Antonie Cultura - poeta, compositor de música Pantoleon Petroveanu) religiosa e popular, compôs a música do hino nacional da Roménia; Zavaidoc (Marin Teodorescu) Portugal Espanha Bulgária Cultura – cantor do período entre as guerras; Grigoraş Dinicu Cultura – violonista e compositor, é conhecido pela sua composição de 1909, chamada Hora Staccato; Fănică Luca (Iordache Luca Cultura – tocador de flauta de pã e Ştefan) cantor cigano, foi considerado um dos mais talentosos tocadores de flauta de pã de todos os tempos; Ionel Budişteanu (Nae Ion Cultura – violinista cigano e maestro; Voicu) Política e administração – é o Carlos Miguel Presidente da Câmara de um Município Português (Torres Vedras) Quaresma Desporto – jogador de futebol famoso EL PELÉ (Ceferino Gimenez Religião – Boémio beatificado pelo Papa João Paulo em 1997; Malla) Juan Manuel Montoya Medicina – Médico, desenvolveu o seu primeiro estudo sobre a saúde e condições dos ciganos em Madrid; Juan De Dios Ramírez Heredia Política – foi o primeiro cigano membro do parlamento em Espanha e também o primeiro Membro do Parlamento Europeu na Europa; Adelina Jiménez Educação – a primeira mulher cigana espanhola a ganhar um grau em educação; Jose Heredia Maya Cultura/educação – professor de Literatura Espanhola na Universidade de Granada; o mais importante poeta cigano de Língua Espanhola de todos os tempos; Dr. Atanas Dimitrov Cultura - filósofo, conferencista e tradutor; 31 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Dr. Asen Kolev Prof. Hristo Kyuchukov Ivan Kirilov Hungria Alemanha Inglaterra França Suécia Cultura – filósofo Educação - educador, linguista Justiça/Cultura – magistrado e escritor Professor Alexander Chirkov Medicina – cirurgião cardíaco Russi Zabunov Sociedade Civil – fundador da primeira organização cigana na Bulgária Shakir Pashov Política – político Manoush Romanov Política – político Usin Kerim Cultura – poeta Sally Ibrahim Cultura – poeta George Parishuv Cultura – poeta e jornalista Vasil Chaprazov Cultura – poeta e jornalista Souli Metkov Cultura – jornalista Stoyanka Sokolova Cultura – jornalista Cyril Lambov Cultura - pianista, compositor e maestro Angelo Malikov Cultura - tsimbalista, compositor Hassan Chinchiri Cultura – violinista e maestro Ibro Lolov, Boris Karlov, Cultura – acordeonistas Traicho Sinapov Ivo Papazov, Mladen Malakov Cultura – clarinetistas Serafim Todorov Desporto – campeão mundial de box Vasko Vassilev Cultura – escultor Souli Seferov Cultura – artista Janos Balasz Cultura – artista conhecido pela sua arte e poesia naïve Janos Bihari Cultura /- um violinista virtuoso do século 19 Philomena Franz Cultura – Foi a primeira Sinti condecorada com a “Cruz de Mérito Federal”, a mais alta condecoração civil que a Alemanha confere; Ian Hancock Educação/Cultura - educador cigano, professor e activista Matéo Maximoff Cultura – escritor Katarina Taikon Cultura – escritor e jornalista 32 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) 6. Ofícios e ocupações específicos Os negócios tradicionais são inseparáveis dos grupos ciganos, porque estes negócios tradicionais formaram uma das bases mais fortes da identidade do grupo. Mais importante, o trabalho, mais na forma de negócios, é uma parte integrante da identidade cigana. Esse trabalho é parte de uma identidade e é ilustrado pelos vários significados da palavra butji – trabalho em Romanes. Embora signifique trabalho em geral, alguns grupos ciganos usam-na somente quando falam do trabalho de forja. Se perguntarmos a um Cigano da Crimeia "savo xizmeti keres?" – que negócio praticas? - , ele responderá "kerav butji"- literalmente “Eu trabalho”, querendo dizer “Sou ferreiro”. Nestes dialectos ciganos da Crimeia, a palavra butjari significa um ferreiro. Os negócios tradicionais, talvez com excepção da leitura de sinas, são trabalho do homem. Não significa que as mulheres não estão envolvidas, pelo contrário, elas frequentemente ajudam os seus maridos, irmãos e pais no trabalho. Há vários ramos de negócios tradicionais entre os grupos ciganos. Os mais importantes são: Metalurgia dividida em trabalho de caldeireiros e ferreiros; negócio de cavalos; música como um negócio e marcenaria. Não se deve pensar deles como uma subdivisão rígida. Também, ao longo dos tempos, os Ciganos têm tido algumas estranhas profissões como rendimento suplementar e têm sido altamente adaptáveis às mais modernas tecnologias. Nos tempos de hoje, podemos encontrar Ciganos em todas as profissões, advogados, médicos, educadores, mas também mecânicos, agricultores, etc. Isto pode parecer peculiar ou mesmo surpreendente mas o facto dos Ciganos terem todas as profissões está bem documentado desde o século 15 17 . Os negócios e ocupações tradicionais incluem: A. Metalurgia Uma das ocupações tradicionais mais importantes dos Ciganos é a metalurgia. Trabalho com ferro 17 http://www.Roma.org/Roma_traditions/Roma_trades/ 33 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) A profissão de ferreiro é uma das mais antigas entre os Ciganos. Costumava ser a principal profissão dos Ciganos Cárpatos e dos Balcãs. Nessas regiões, os Ciganos eram de facto ferreiros famosos e estabelecidos, instalados em aldeias, mas também eram conceituados fabricantes de armas. Tal era o seu renome, que vários reis Húngaros proibiam a nobreza de empregar ferreiros Ciganos sem a sua explícita autorização. No Império Otomano, muitos eram empregados como sabljari, directamente sob a jurisdição do exército Otomano. Isto deu origem à chamada Cengene Sancak, uma entidade do exército Otomano que empregava muitos Ciganos. O negócio da manufactura de ferro inclui o fabrico de ferramentas agrícolas, artigos domésticos, objectos de ferro para construção e instalação, fechaduras, ferrolhos, chaves e tipos diferentes de ferrolhos de portas e portões, ferraduras de cavalos, etc. Na Bulgária, o fabrico de objectos de ferro (sachos, machados, facas, martelos, foices, gadanhas, pás, pregos) e as actividades tradicionais de ferragem dos Ciganos, Burgudzii, Demirdzis e Chilingira, estão combinados com capacidades de tratamento de maquinaria de metal, amoladores e serviços afins. Nas aldeias, essa combinação acompanha o nablatanstvo, (produção de ferraduras para animais e sua ferragem) e o sarachlak, (produção de artigos de cabedal para burros e cavalos). Hoje, os melhores ferreiros fazem objectos de ferro forjado, painéis de vedações de ferro, que são procurados não só no nosso mercado mas muitas vezes são recebidos pedidos do estrangeiro. A urbanização e industrialização reclassificam parte dos ferreiros na produção de olaria: gamelas, potes, caçarolas, vasos. Trabalho em cobre Outro trabalho, outra profissão entre os Ciganos, relacionado com o trabalho de metal é a estanhagem de caldeirões e potes. Esta profissão, ainda hoje praticada por alguns grupos de Ciganos, encontra-se principalmente nos Balcãs, na Roménia e na Hungria. A estanhagem e a manufactura de utensílios de cobre – panelas, pratos, caldeirões, aparelhos de destilação (para pintura e brandy), artigos domésticos (jarros, chávenas, etc.) – estão primeiramente associados com certos subgrupos da comunidade ou com o metagrupo Kaldarashi, cujo nome deriva do Romeno – căldărar/căldăraş, um fabricante de caldeirões. Podem-se encontrar ainda artesãos dotados entre eles. A tecnologia e a metodologia desta profissão são as mesmas entre todos os 34 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) grupos ciganos e em todos os países e envolvem algum conhecimento básico de químicos. Isto significa que a tecnologia não é tão primitiva como pode parecer. Mas os Ciganos aplicam-na usando instrumentos e técnicas primitivos. Com ligação à eliminação de restrições enquanto vagueavam, parte dos sub-grupos Kaldarashi regressam ao estilo de vida errante. Devido a isto, o trabalho não é feito em forjas estacionárias mas estes latoeiros viajam de aldeia em aldeia com todos os seus instrumentos e montam o seu local de trabalho.18 Trabalho em ouro e prata Entre os Ciganos – principalmente na Roménia – também se encontram alguns joalheiros bastante primitivos (ardžintari da palavra romena argintar, um homem que trabalha com a prata). Eles retiram o metal de antigas moedas e jóias de prata, que lhes são vendidas pela população local. Este negócio inclui o fabrico de joalharia, partes dos arreios, botões de roupa, objectos domésticos e religiosos (incensórios, castiçais, cruzes). É interessante que a terminologia ligada à forja em Romanes não é de origem Indiana. A maioria dos termos deriva de facto do Grego (também com algumas palavras de outras línguas). Contudo, os nomes dos metais são de origem Indiana: sastro [ferro], somnakaj ou suvnakaj [ouro], rup [prata]. Somente dois dialectos conservaram o antigo indiano pirdo [cobre], enquanto todos os outros usam aquisições mais recentes. (xarkuma). B. Trabalho em Madeira Outro negócio, o entalhe, foi trazido pelos Ciganos da Índia. Mesmo agora nos Balcãs, na Roménia e Hungria, alguns grupos de Ciganos ainda entalham colheres, gamelas e outros utensílios que as populações necessitam, mas são principalmente comprados como lembranças pelos turistas estrangeiros. Estes Ciganos chamam-se Lingurari (Em Romeno lingurar – alguém que faz colheres) na Roménia e nos Balcãs. Noutros países – Hungria e Croácia chamam-se Bejaš. Na Bulgária, o fabrico de cestaria e madeira também é um negócio tradicional. Nas décadas recentes, a tendência para restaurar alguns dos ofícios ciganos tradicionais não passou 18 http://www.Roma.org/Roma_traditions/Roma_trades/copppersmiths.html 35 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) pelos fabricantes de cestos. Além disso, a produção de cestos tradicionais está modificada e especializada no fabrico de cestos de flores, cortinas, mesas, cadeiras, malas, chapéus-de-chuva, suportes, etc; são usados materiais tais como aveleira, faia e tiras de vime. C. Música No que diz respeito à música Cigana, este é um dos negócios tradicionais ciganos mais populares. Esta actividade tem sido um ofício tradicional durante gerações de famílias ciganas e tem sido transmitido de pai para filho, sendo praticado por um grupo, uma banda. Toca-se em ocasiões diferentes como casamentos, festas, feiras e não requer conhecimentos de notas musicais. Os instrumentos usados, por ordem de frequência, são: o violino, (incluindo um tipo de violino improvisado, de facto uma viola com uma semicircular ou com seis cordas), o alaúde, o xilofone, o acordeão, (tirado da música alemã), o baixo (violoncelo e baixo), a guitarra, gaitas de foles, assobio, salgueiro, faia ou cana, pandeireta (usada pelos Ciganos Ursari), o clarinete. Actualmente, na Bulgária por exemplo, os cantores Ciganos e instrumentistas trabalham em estúdios de gravação profissionais para a interpretação de canções ciganas e Búlgaras. O mesmo fenómeno está a acontecer nos outros países dos Balcãs, tais como a Roménia e a Hungria. A música Egípcia resulta de uma vasta variedade de tradições étnicas – por exemplo a Romena, Turca, Judaica e Eslava – assim como as tradições Ciganas. A música cigana contém muita improvisação, é espontânea, é ritmicamente rica, tem facetas melódicas variadas e combina o uso do andamento com mudanças de ritmo. A música Cigana é muito importante nas culturas europeias ocidentais tais como BosniaHerzegovina, Sérvia, Montenegro, Macedónia, Albânia, Hungria, Rússia e Roménia, e as práticas de estilo e representação dos músicos Ciganos têm influenciado os compositores clássicos Europeus tais como Franz Liszt e Johannes Brahms. O som distintivo da música cigana influenciou fortemente o bolero, jazz, flamengo e Cante Jondo na Europa. O jazz de estilo cigano Europeu ainda é amplamente praticado entre os criadores originais (o Povo Cigano); um que reconheceu esta dívida artística foi Django Reinhardt. 36 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) D. Outros negócios Especializações itinerantes Na Grã-Bretanha, talvez o único país onde as comunidades ciganas tradicionais mantêm um impressionante estilo de vida itinerante, os Ciganos Romani trabalham quase sempre por conta própria, e tendem a manter um portfolio de especializações itinerantes. Estas incluem venda de produtos (venda nas ruas de cobertores, lençóis, carpetes, artigos domésticos); negócio de produtos em segunda mão (carros, caravanas, roupas, mobiliário); criação de cavalos e cães de raça; limpeza de produtos descartados e lixo, especialmente fragmentos de metal; construção e jardinagem; entretenimento casual; e ofícios ciganos especializados: roupas feitas à mão, pregos e cestos de madeira, flores artesanais de urze branca, sortilégios de sorte e rendas, afiar de facas, leitura de sinas. Trabalho Agrícola sazonal É praticado como um estilo de vida semi-nómada pelos Ciganos que viajam através do campo e oferecem o seu próprio trabalho assalariado na agricultura. O egócio da “Mala” Na Bulgária, o negócio da “Mala” começou a desenvolver-se como um tipo de negócio para o fornecimento de roupa barata e produtos industriais escassos de países vizinhos, e consequentemente foi limitado à venda de produtos dos famosos mercados em Dimitrovgrad no bairro Ilyanci em Sofia. No início, a produção era realizada numa bancada improvisada nas cidades, mas actualmente, depois de sobreviver durante o período da “Mala” transitório, os negociantes já têm as suas próprias lojas. Somente uma pequena proporção desenvolveu as suas actividades de modo a criar a sua própria cadeia de lojas e boutiques com prestígio oferecendo mais qualidade e mesmo mercadorias de marca. Em Espanha, e também em Portugal, as ocupações tradicionais dos grupos Ciganos são pequenos negócios, que mobilizam toda a família, como a venda em feiras e mercados de produtos como vestuário, calçado, carpetes ou outros. A Leitura de Sinas 37 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Desde os tempos antigos, os Ciganos eram conhecidos por praticarem a arte de falar sobre a sorte. Ao longo dos tempos, usaram muitos métodos, desde bolas de cristal, cartas de tarot (diz-se que os Ciganos inventaram este tipo de cartas) e leitura das mãos. As mulheres que lêem a sina fingem que os seus poderes vêm do sobrenatural. Como regra, elas não usam a leitura da sina aos outros Ciganos. Na sua comunidade têm outras formas de prever o futuro e de curar. Os Ciganos usam muitas vezes amuletos e talismãs, para afastar problemas, maus espíritos e doenças. Também usam ervas na cura de doenças, muitas delas tendo propriedades farmacêuticas também atestadas pela medicina convencional. Trabalhar no estrangeiro Depois da queda dos regimes comunistas, trabalhar no estrangeiro (Gurbetchiystvo em Búlgaro) tornou-se um modo de vida para dezenas de milhares de Ciganos da Europa de Leste. Os países preferidos são: Grécia, Itália, Espanha, Portugal, França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Inglaterra. Habitualmente os homens vão primeiro, e depois as suas esposas e filhos. Empregos na construção, agricultura, comércio e serviços são os preferidos. Uma pequena parte destes Ciganos instalou-se permanentemente como colónias organizadas segundo um princípio genérico. Uma parte significativa, contudo, prefere investir o dinheiro ganho nas suas terras de origem, na construção de casas de família, na compra de terras, animais e carros e no desenvolvimento do seu próprio negócio. egócios perdidos Nos ofícios ou nas ocupações actualmente desaparecidos dos Ciganos, podemos incluir: processamento de osso e chifre que eram transformados em pentes, botões, cabos de facas, cabos de cachimbo e canhões de pólvora; processamento de pêlo de animal usado para fazer escovas; comércio ou negócio de cavalos. Em todos os países Europeus, os Ciganos eram conhecidos como negociantes de cavalos e mais habitualmente como especialistas nesse negócio. O negócio de cavalos foi a profissão principal dos Ciganos na Polónia, Estados Bálticos e Rússia. Os Ciganos nómadas nestes países viajavam de cidade em cidade, trazendo cavalos para serem vendidos ou negociados na cidade seguinte. Isto também era feito pelos Lovari da Transilvânia e Hungria, cujas lendas dizem que eles compreendiam a linguagem dos cavalos. 38 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) 7. Instituições (oficiais, não-governamentais, etc.) que representam os interesses da comunidade Cigana Instituições e organizações actualmente a trabalhar para ou envolvidas no desenvolvimento da comunidade Cigana19 nos Estados Europeus estão representadas no seguinte quadro, mas a sua lista não está limitada: País Albânia Áustria Belarus 19 ISTITUIÇÃO / ORGAIZAÇÃO Roma Active Albania Union of Albania Roma - Amaro Drom ROMANO CENTRO Office for Democratic Institutions and Human Rights University of Graz (Rombase project) European Union Agency for Fundamental Rights (FRA) Kulturverein Österreichischer Roma, Vienna Verein Roma, Oberwart, Burgenland Verein Ketani fur Sinti und Roma, Linz Romlex project at the University of Graz International Center for cultures and languages Ekhipen Web-site http://www.unioniamarodrom.org http://www.romano-centro.org/ http://www.osce.org/odihr/ http://www.fra.europa.eu http://www.kv-roma.at/ http://www.verein-roma.at/ http://www.sinti-roma.at/ http://romani.uni-graz.at/romlex www.reocities.com; home.medewerker.uva.nl/t.d.stek/ 39 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Bélgica Vlaams Centrum Woonwagenwerk European Roma Information Office Open Society Institute and Soros Foundation Networks The European Network Against Racism http://erionet.org/site/ http://www.soros.org European Roma Grassroots Organisation Network Foundation of Regional Development Roma Bulgária Croácia Romani Baht Foundation Integro Association Amalipe, Center for Interethnic Dialogue and Tolerance NGO Roma Together, Polski Trambesh Inter Ethnic Initiative for Human Rights Foundation Roma Foundation Iskra Bahtale Chave Foundation Roma Information Centre Association DROM Organization, Vidin Foundation “Sham”, Montana Foundation "Napreduk", Pazardjik Foundation Roma - Lom Open Society Institute, Sofia “Student Society for Development of interethnic dialogue FRR Roma FRKR "Nangle Foundation S.E.G.A. - Start Effective Grassroots Alternatives International Centre for Minority Studies and Intercultural Relations Ethnotolerance Bulgarian Helsinki Committee, Sofia Klub Roma Hrvatske Unija Roma Hrvatske Local Roma National Minority Council of Zagreb Centre for Peace, Nonviolence and Human Rights Centre for Civil Initiatives Organization for Democratic Society Human Rights Centre Zagreb 40 http://www.enar-eu.org/ http://www.ergonetwork.org http://plovdiv.techno-link.com/ ClientsSites/romafon/ROMA.htm http://www.romanibaht.com http://www.integrobg.org/en/ http://amalipe.com/ http://www.romatogether.org/ http://www.inter-ethnic.org/ http://oldwebsite.nadejda-romite.org/bg/ http://www.ric-bg.info/bg http://drom-vidin.org/ http://www.roma-lom.org/ http://www.osf.bg http://romastudents.org/ http://frdroma.org/ http://www.nwngo.net/ngobaza/Nangle-mon.html http://www.sega.bg http://www.imir-bg.org/ http://ethnotolerance.org http://www.bghelsinki.org/ http://www.umrh.hr/Novo/asociation.htm http://www.unija-roma.hr/ http://www.centar-za-mir.hr/ http://www.cci.hr/ http://www.human-rights.hr __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Chipre República Checa Dinamarca Estonia Centre for Education and Counselling of Women Croation Helsinki Committee Center for Peace, Legal Advice and Psychosocial Assistance Dom Research Center Centrum Romistiky (Thr Romani Studies Center) Helsinki Citizens’ Assembly, Roma Section Nadace Dzeno (The Dzeno Foundation) Nadace Romano Chave (The Romane Chave Foundation) Romani Children and Youth Association of the Czech Republic Romska Obcanska Iniciativa (The Romani Civic Initiative) Romea and Romano Vodi, Prague Roma Rising - Romove Obrozeni Vzájemné Souzití (Life together), Ostrava Athinganoi, Prague Drom, Brno IQ Roma Service,Brno Romano Hangos League of Human Rights LLP (Liga Lidských Práv) People in Need The Czech Government Council for Roma Community Affairs International Romani Union Documentation Centre for Human Rights Romani Centre for Central and Eastern Europe The Museum of Romani Culture Association of Wallachian Roma in Czech Republic The Khetane-Spolu Citizen’s Association The Society of Roma in Moravia The Romane Chave Foundation The Romani Democratic Initiative The Democratic Alliance of Roma of the Czech Republic Romana Kulturako Centri, Kopenhagen http://www.cesi.hr/en/ North-Estonian Roma Association, PõhjaEesti Romade Ühing http://www.estblul.ee/ENG/ Members/pe_rooma.html 41 http://www.center4peace.org/ http://www.domresearchcenter.com http://pf.ujep.cz/cr/ http://www.czechia.com/hcaroma http://www.dzeno.cz/ http://romove.radio.cz http://www.romea.cz http://www.romarising.com http://www.vzajemnesouziti.estranky.cz/ http://www.drom.cz/ http://www.iqrs.cz/verze/en/ http://www.romanohangos.cekit.cz/ http://www.llp.cz http://www.clovekvtisni.cz/indexen.php http://www.vlada.cz http://www.unionromani.org/union_in.htm http://www.rommuz.cz/ http://www.cepsr.com/clanek.php?ID=3 http://www.euroma.dk/ __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Finlândia França Alemanha Grécia Hungria The Romany Mission/Romano Missio International Romani Writer’s Association Association Nationale Tzigane d'Enseignement et Pédagogie Scolaire (ANTEPS) Association Tsiganes Solidarités Comité pour le Respect des Droits des Tsiganes Coordination des Associations Tsiganes de France Etape 29 - Gens du Voyage Romano Atmo Romano Yekhipe, France Union Socio-Educative Tzigane d'Aquitaine (USETA) La voix des Rroms Dokumentations und Kulturzentrum Deutscher Sinti und Roma Katholische Zigeunerseelsorge in Deutschland Landesverband Deutscher Sinti und Roma Roma Union Frankfurt Sinti and Roma Partner Organizations of the Zentralrat Verband Deutscher Sinti und Roma: Landesverband Berlin-Brandenburg Verband Deutscher Sinti und Roma: Landesverband Baden-Württemberg Verband Deutscher Sinti und Roma: Landesverband Hessen Verband Deutscher Sinti und Roma: Landesverband Nordrhein-Westfalen Verband Deutscher Sinti und Roma: Landesverband Rheinland-Pfalz Gesellschaft für bedrohte Völker GfbV Forum Tsiganologische Forschung FTF, University of Leipzig, Leipzig Solidarity Center of Roma Women Amalipe Association of Roma Culture and Traditions Association of Roma Women Participating in Public Life Autonomy Foundation (Hungarian Foundation for Self-Reliance) 42 http://www.romanomissio.fi/ http://www.romaniwriters.com/ http://perso.wanadoo.fr/ats/ www.sintiundroma.de http://www.ksfrs.de/ http://www.sintiundroma-nrw.de/ http://www.imadr.org www.sinti-roma-berlin.de www.sinti-roma-bawue.de www.sinti-roma-hessen.de http://www.uni-leipzig.de http://www.autonomia.hu/ __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Irlanda Itália Lituânia Macedónia European Roma Rights Center Foundation for Roma Civic Rights and Legal Protection Roma Research Institute Roma Scientific and Artistic Society Roma Youth Federation Kalyi Jag Roma School for Vocational Training Amaro Drom Lungo Drom Roma Civil Rights Foundation (Roma Polgárjogi Alapítvány) The Gypsy Inter-Ministerial Committee Council for Roma Affairs Manush Foundation Pavee Point Travellers' Centre Irish Traveller Movement, ITM Network of local Traveller organizations The National Association of Travellers’ Centres Centro Culturale Zingaro "Thèm Romanó" Centro di Documentazione Zingara (Opera Nomadi) Centro Studi Zingari/Romanó Sicarimasko Than Opera Nomadi Romano Komiteto ande Italia Unione Nazionale Internazionale Rom e Sinti in Italia (UNIRSI) Opera Nomadi, Calabria Opera Nomadi, Centro di Documentazione Zingara, Torino Opera Nomadi, Rom e Sinti, Padova Thèm Romanó (Centro Culturale Zingaro), Lanciano O Vurdón Unione Nazionale Internazionale Rom e Sinti in Italia, UNIRSI, Milan Inforoma Gypsy Fire and the Roma Community Centre Roma Community Center DROM Kumanovo National Roma Centrum 43 http://www.errc.org/ http://www.amarodrom.hu/ http://www.lungo-drom.hu/ http://rpa.ingyenweb.hu/ www.mfa.gov.hu http://www.manush.hu/eng www.paveepoint.ie/ http://www.itmtrav.com/ http://www.natc.ie/ http://web.tiscalinet.it/ associazionethrom/index.htm http://www.operanomadimilano.org/ http://www.operanomadirc.it/ http://digilander.libero.it/ontorino/ www.vurdon.it/romani.htm http://www.inforoma.it http://www.nationalromacentrum.org/ __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Moldova Roma Association Cerenja and Radio Cerenja, Stip Roma Progress, Rancovce Roma Community Center DROM Kumanovo, Kumanovo Center for Institutional Development Association of Citizens Sumnal Roma National Congress Tarna Rom http://www.cerenja.com.mk/ http://www.romaprogres.org/ http://cira.org.mk/en/ http://romanationalcongress.webs.com/ Democratic Roma Center, Pogorica (at the Montenegro Swedish Helsinki Committee) Youth Cultural Center Juventas, Pogorica Noruega Romani og Romanèsfolkets Landsforbund Nederlands Instituut Sinti en Roma NISR Stichting Roma Emancipatie Spolu International Foundation, Utrecht Landelijke Sinti en Roma Organisatie Países LSRO / Sinti en Roma Centrum, Best Baixos Het Wiel, Stichting Woonwagennieuws Woonwagenzending, Emmen Nevipe, Rom News Agency Radio Patrin Advisory and Information Centre of Roma Centrum Kultury Romow Stowarzyszenie Spoleczo Kulturalne Polónia Amala Roma Society Regional Museum, Roma Museum, Tarnów Secretariado Diocesano de Lisboa da ONPC Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos CEFEM – Centro de Estudos Rede Europeia Anti Pobreza / Portugal – REAPN http://www.nisr.nl/ www.spolu.nl/ http://www.cracow.travel http://www.sdl-onpc.org.pt/ http://www.portal.ecclesia.pt/ http://www.cefitness.com/cef.php http://www.reapn.org/ http://www.fpce.up.pt/ciie/migracoes.html Centro Europeu de Formação e Estudos sobre Migrações Portugal http://www.juventas.co.me Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural Associação Cristã de Apoio à Juventude Cigana Associação das Mulheres e Crianças Ciganas Portuguesas Associação para o Desenvolvimento da Etnia Cigana Associação Social Recreativa e Cultural www.acidi.gov.pt 44 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Cigana de Coimbra Associação Cigana de Leiria DROM ROM - Associação Sócio-Cultural Cristã (ADR) Federação Calhim Portuguesa Igreja Evangélica Filadélfia Cigana de Portugal Associação União Romani Portuguesa Roménia Sérvia Eslováquia Agentia Impreuna, Bucharest Resource Center for Roma Communities Policy Center for Roma and Minorities Roma Center Amare Romentza Federaţia Etnică a Romilor din România Fundaţia Soros Centrul Romilor pentru Intervenţie socială Asociaţia Studenţilor Romi Asociaţia Femeilor Rome Centrul Romilor pentru Sănătate Sastipeu Agenţia Naţională a Romilor Alianţa Civică a Romilor Asociaţia Florarilor Asociaţia Liga Meseriaşilor Romi Asociaţia Jurnaliştilor Romi Asociaţia Unirea Romilor Roma Concern Asociaţia Creştin-Democrată a Romilor Asociaţia Meşteşugarilor Romi din România Asociaţia Romilor Lăutari Asociaţia Şanse Egale pentru Romi şi Sinţi Asociaţia Partida Romilor Pro-Europa Romski Informativni Centar, Kragujevac Society for the Improvement of Roma settlements Roma Educational Centre Association of Roma Students Association for Educational Improvement Roma NGO Ronos Foundation for an Open Society Civic Initiatives Novi Sad Humanitarian Centre http://www.agentiaimpreuna.ro/ http://www.romacenter.ro/ http://www.policycenter.eu/ http://www.amarerromentza.org/ http://www.osf.ro/ro/index.php http://www.romanicriss.org/ http://femrom.ro/aftpcn.html http://www.sastipen.ro/ http://www.anr.gov.ro/ http://www.acrr.ro/ http://www.partidaromilor.ro http://www.proeuropa.ro/ http://www.ric.org.rs http://www.soros.org/ http://www.gradjanske.org/page/home/sr.html http://www.nshc.org.rs/ Jekhetane Spolu 45 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Eslovénia Espanha Open Society Fund - Soros Foundation Únia Rómskej Mládeze RMORK (Council of Romani NGOs) Roma Press Agency RPA, Kosice Romano nevo l’il Office of the Slovak Government Plenipotentiary for the Roma Community ÚSVRK, Bratislava Roma Institute Roma Internet Radio Gipsy Romathan, Roma theatre, Kosice Zveza Romov Slovenije (The Roma Union of Slovenia), Murska Sobota Romski Informativni center ROMIC, Radio ROMIC, Romano Them (Romski Svet), Murska Sobota Amala, Roma association and music groups, Ljubljana Bilingual paper Romske novice, Novo Mesto Anakerando Asociación de Gitanos de Navarra "La Majarí" Asociación Nacional Presencia Gitana Asociación Secretariado General Gitano Oripando Kalo Secretariado Desarollo Gitano Uníon Romaní (Unión del Pueblo Gitano) Uníon Romaní Andalucia Fundacion Secretariado Gitano FSG Hermandad de los Gitanos de Sevilla Federación Autonómica de Asociaciones Gitanas de la Comunidad Valenciana Federación de Asociaciones Culturales Cristianas de Andalucía Federación de Asociaciones Gitanas Extremeñas Federación de Asociaciones Gitanas de Castilla y León Asociación de Mujeres Gitanas “Alboreá Federación Regional Gitana de Asociaciones de Castilla-La Mancha Asociación de Enseñantes con Gitanos Federación de Asociaciones de Mujeres 46 http://www.soros.org http://unia_romskej_mladeze.sk-firma.com/ http://www.mecem.sk/ http://www.rnl.sk/ http://www.romainstitute.sk http://www.gipsyradio.com/ http://www.romathan.sk/ http://www.zveza-romov.si/ http://www.romic.si/ http://www.pamplona.net/ http://www.presenciagitana.org/ http://www.eurosur.org/asgg/ http://www.secretgitano.org/ http://www.unionromani.org/ http://www.unionromani.org/ pueblo_in.htm http://www.gitanos.org/ http://www.hermandaddelosgitanos.com/ http://aecgit.pangea.org/ __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Suécia Suíça Turquia Ucrânia Reino Unido Gitanas “Kamira” Federación de Asociaciones Gitanas de Cataluña Asociación Juvenil Cultural Gitana “Ardiñelo Kaló Federación de Asociaciones Gitanas de Aragón Asociación Iniciativa Gitana Federación de Asociaciones Gitanas de Navarra “Gaz Kaló” Asociación Socio-Cultural de las Minorías Étnicas “Unga” Federación Andaluza de Mujeres Gitanas “Fakali” Asociación de Promoción Gitana en la Rioja Federación de Asociaciones Gitanas para la integración laboral y social, promoción y desarrollo del pueblo gitano “Calí” Föreningen Resandefolket Internationell Romani Råd Romano Kulturako Centro - Romskt kulturcentrum, Stockholm The Delegation for Roma Issues in Sweden The Rroma Foundation Centre on Housing Rights and Evictions COHRE, Geneva Romani Cultural Platform ‘Romani Istanbul’ Foundation of the Romani AssociationsFederation EDROM Sulukule Romani Culture and Development Association Helsinki Yurrtaslar Dernegi (Helsinki Citizens Assembly) International Charitable Organisation Roma Women Fund Chiricli Advisory Council for the Education of Romanies and Other Travellers (ACERT) The National Federation of Gypsy Liaison Groups Gypsy Council for Education, Culture, Welfare and Civil Rights (GCECWCR) National Association of Gypsy Women Natl. Assn. of Health Workers with Travellers National Association of Teachers of 47 http://www.fagic.org/ http://www.iniciativagitana.org/ http://gazkalo.org/ http://www.gitaunga.e.telefonica.net/unga.htm http://www.fakali.org/ http://resandefolketsriksorganisation.se/ http://www.humanrights.gov.se/ http://foundation.rroma.org/ http://www.cohre.org/ http://www.hyd.org.tr/ http://www.acert.org.uk/ http://www.nationalgypsytravellerfederation.org/ www.nationalgypsytravellerfederation.org http://www.natt.org.uk/ __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Travellers National Gypsy Council National Romany Rights Association Romany and Traveller Family History Society UNITE (Unified Nomadic Integrated Transnational Education) London Gypsy Traveller Unit (LGTU), London Ormiston Travellers' Initiative (Cambridgeshire) Friends Families and Travellers, Brighton South West Alliance of Nomads (SWAN) TravellerSpace, Penzance, Cornwall Travellers Times, Hereford The Clearwater Gypsies One Voice 4 Travellers Cheshire Gypsy and TravellersVoice The Equality and Human Rights Commission Travellers Aid Trust, Kidwelly Journey Folki Scottish Traveller Education Programme (STEP), Edinburgh University Gypsy Lore Society Boswell Romani Museum Museum of East Anglian Life The Museum of English Rural Life Derbyshire Gypsy Liaison Group http://www.grtleeds.co.uk http://www.rtfhs.org.uk/ http://www.lgtu.org.uk/ www.ormiston.org/opus24.html http://www.gypsy-traveller.org http://www.gypsytravellerhelp.org/ http://travellerspace-cornwall.org/ http://www.travellerstimes.org.uk/ http://www.clearwatergypsies.com/ http://www.gypsytraveller.org/onevoice4travellers/ http://www.travellersvoice.org/ http://www.equalityhumanrights.com/ http://www.travellersaidtrust.org/ http://www.journeyfolki.org.uk/ http://www.scottishtravellered.net/ http://www.gypsyloresociety.org/ http://www.boswell-romany-museum.com/ www.eastanglianlife.org.uk http://www.dglg.org/ Em baixo, há uma apresentação mais detalhada para os países envolvidos no projecto ROMANINET: Em Espanha o movimento Cigano tem actualmente mais de 600 associações (das quais cerca de 40 são associações de mulheres). Há um número de federações diferentes e algumas grandes associações estatais. Uma forma destas associações Ciganas poderem participar é no único órgão oficial e estatal para a participação Cigana nas políticas e acções que afectam a sua comunidade, o qual foi criado pelo Ministério dos Assuntos Sociais. Este órgão é denominado Comisión Consultiva para el Programa de Desarrollo Gitano (Comité Consultor para o 48 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) Programa de Desenvolvimento Cigano) e é formado por Associações Estatais e Federações Autónomas das Associações Ciganas. Além disso, algumas regiões Espanholas têm as suas próprias Organizações Ciganas como o Secretariado Cigano na Andaluzia que está ligado ao Ministério dos Assuntos Sociais e ao Conselho Regional para a Comunidade Cigana na Estremadura, o Conselho Municipal do Povo Cigano em Barcelona. Todas estas unidades são “consultoras”, sem poder executivo e sem acesso directo aos recursos dos orçamentos das administrações. O actual governo Socialista criou duas instituições importantes: o Conselho Cigano Estatal e o Instituto de Cultura Cigana. O Ministério do Trabalho e dos Assuntos Sociais (agora Ministério da Saúde e Política Social) criou o Conselho Estatal do Povo Cigano. Isto é um organismo consultor inter-colegial, filiado no Ministério da Saúde e Política Social. O Conselho confere um estatuto institucional para a colaboração e cooperação entre as associações Ciganas e a Administração Geral do Estado para o desenvolvimento das políticas de apoio social que permitem a promoção da integração da população Cigana. Na Bulgária, não há autoridades formais especializadas a nível central, regional ou local para representar os interesses dos Ciganos ou qualquer outra minoria étnica. As instituições estatais e municipais no país conduzem uma política equilibrada nesta área, com o objectivo de proteger os direitos e liberdades de todas as etnias. Entre elas, uma das mais importantes é o Conselho Nacional para a Cooperação em Assuntos Étnicos e Demográficos (NCCEDI) no Conselho de Ministros (http://www.nccedi.government.bg/). No presente, membros do NCCEDI são Organizações Não-Governamentais (ONGs) dirigidas pelos Búlgaros, que pertencem a várias minorias étnicas, incluindo os Ciganos. NCCEDI tem as suas próprias subdivisões, baseadas num nível regional nas administrações regionais para a implementação do diálogo com as ONGs locais. O trabalho desta autoridade pública e estatal é garantir a implementação de compromissos feitos pela República da Bulgária em conformidade com o Quadro da Convenção para a Protecção das Minorias Nacionais. No Ministério da Educação, Juventude e Ciência (MOMN) um papel semelhante é desempenhado pelo Departamento Consultor na integração educativa das crianças e alunos de 49 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) minorias étnicas, o qual funciona desde 2004. Este departamento estatal público aconselha o Ministro na tomada de decisões relacionadas com uma integração mais efectiva através da educação. Além dos representantes das instituições estatais, o mesmo número de representantes das ONGs ciganas contribuem para o desenvolvimento da educação das crianças de minorias étnicas, juntamente com universidades estatais e associações de professores. Todos os documentos legislativos para a integração educativa, incluindo os que respeitam às crianças ciganas tiveram origem neste Departamento Consultor. Além disso, fora as instituições estatais na Bulgária, vários departamentos consultores têm sido instituídos pelos municípios para facilitar o diálogo entre as autoridades locais e representantes das ONGs. Contudo, o maior sucesso no desenvolvimento do movimento cigano no país, é a presença e acção de muitas ONGs ciganas e não ciganas. Desde 1989, a Bulgária registou mais de 500 ONGs ciganas, cerca de 20 das quais alargaram a sua vida organizacional e contribuição para o desenvolvimento da comunidade cigana e diálogo inter-étnico. Nos anos de 1970s , foi estabelecido um serviço especial na Grã-Bretanha, conhecido até recentemente em muitos condados como o Serviço de Educação dos Viajantes (SEV). A sua tarefa era e continua a ser fornecer apoio educacional aos filhos dos Viajantes e Ciganos, tanto nas escolas como em casa, nos acampamentos. O SEV tem sido útil ao facilitar o acesso a outras formas de formação assim como ao sensibilizar para os Ciganos Romani, os Viajantes e a sua cultura. Além disso, vários museus Romani têm sido estabelecidos no país, documentando actividades e folclore tradicionais. Incluem o Museu Romani Boswell, o Museu da Vida Anglicana do Leste e o Museu da Vida Rural Inglesa, que tem uma exposição na Internet sobre os Ciganos. Os grupos de interesse Romani têm estado envolvidos principalmente em campanhas para abolir restrições nos acampamentos de caravanas e para expandir o número de acampamentos e a sua infra-estrutura. Incluem o Conselho Cigano e o Derbyshire Gypsy Liaison Group. Um programa de rádio semanal para pessoas ciganas foi iniciado numa rádio regional da BBC em 2006, e vários sítios da Internet oferecem aos jovens Ciganos um forum para trocar 50 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom) informação e um local de encontro virtual, sendo entre eles o vencedor de um prémio o sítio Savvy Chavvy. Em Portugal, os interesses da comunidade Cigana são geridos por uma organização formal, o ACIDI - Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural. Outras ONGs e associações Ciganas Portuguesas estão envolvidas nesta actividade. Na Roménia, a instituição oficial que representa a minoria Cigana a nível nacional é a Agência Nacional Cigana. Além disso, há mais de 300 organizações não-governamentais registadas que estão relacionadas com a comunidade Cigana. 51 __________________________________________________________________________________________________________ Instituto de Enseñanza Secundaria Ribeira do Louro (Spain), Asesoramiento, Tecnología e Investigación S.L. (Spain), Fundación Secretariado Gitano (Spain), "ETHNOTOLERANCE" (Bulgary), Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Pastoral dos Ciganos (Portugal), Grup Scolar Industrial Victor Jinga (Romania), SC CONCEPT CONSULTING SRL (România), University of Manchester (United Kingdom)
Documentos relacionados
Boletim CiganosPT_agosto
Nos passados dias 9 e 10 de Junho tiveram lugar em Lugo as I Jornadas sobre Saúde e Comunidades Ciganas. Na sessão de abertura participaram a Delegada da Província da Junta da Galícia, Raquel Arias...
Leia mais