iii-005 - XXVII Congresso Interamericano de Engenharia

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iii-005 - XXVII Congresso Interamericano de Engenharia
3º Simposio Iberoamericano de Ingeniería de Residuos
2º Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos
ANÁLISE DE IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS NA PRODUÇÃO DE
EMBALAGENS FLEXÍVEIS
Abílio José Procópio Queiroz(1)
Graduando em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.
Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG.
Pablo Luiz Fernandes Guimarães
Graduando em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.
Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG.
Édson Cássio Araújo Gomes
Graduando em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.
Endereço(1): Rua Rio de Janeiro, 77 – Liberdade – Campina Grande - Paraíba - CEP: 58414-080 - Brasil Tel: +55 (83) 3322-6976 - e-mail: [email protected].
RESUMO
Objetivando a avaliação de impactos ambientais causados na produção de embalagens flexíveis e a partir de
dados de uma indústria paraibana do ramo, o presente trabalho foi desenvolvido, visando propor soluções de
minimização ou exaurimento destes, baseando-se nas tecnologias disponíveis, conceitos socioambientais e
normas existentes. No trabalho, alguns pontos do processo econômico-comercial, foram destacados, além da
produção, destacando as mudanças físicas e/ou químicas desde matéria-prima até o produto final, bem como
o maquinário utilizado, mas tendo como principal foco a preocupação ambiental que se deve ter em cada
processo, trabalhando na perspectiva de obter uma eficiência considerável e dando destinação adequada a
seus rejeitos sejam gasosos, sólidos ou líquidos.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão Ambiental, Indústria de Embalagens, Embalagens Flexíveis, Eficiência nos
processos.
INTRODUÇÃO
Embalagens plásticas flexíveis, por definição, são aquelas cujo formato depende da forma física do produto
acondicionado e cuja espessura é inferior a 250 micras. Nessa classificação, enquadram-se sacos ou sacarias,
pouches, envoltórios fechados por torção e/ou grampos, tripas, pouches auto-sustentáveis (stand-up-pouches),
bandejas flexíveis que se conformam ao produto, filmes encolhíveis (shrink) para envoltórios ou para
unitização, filmes esticáveis (strech) para envoltório ou para amarração de carga na paletização, sacos de
ráfica etc.
Os materiais flexíveis incluem, ainda, selos de fechamento, rótulos e etiquetas plásticas. Destacam-se pela
relação otimizada entre a massa de embalagem e a quantidade de produto acondicionado, além da
flexibilidade que oferecem ao dimensionamento de suas propriedades.
A possibilidade de combinação de diferentes polímeros para obtenção de propriedades balanceadas, que
atendam a requisitos econômicos, ambientais e de conservação e comercialização de produtos é uma das
grandes vantagens competitivas das embalagens plásticas flexíveis.
O uso de energia na produção de alimentos (criação, plantação, pesca, industrial, processamento), é bem mais
elevado que o uso necessário para a produção das embalagens flexíveis, que são usadas para conservar o
produto e permitir sua distribuição e consumo.
Esse mesmo pensamento sobre a importância dos sistemas de embalagem na preservação de produtos e no
uso racional dos recursos do Meio Ambiente investidos em sua produção também se aplica a todos os outros
produtos necessários à sociedade, como os remédios, produtos de limpeza e de higiene pessoal, produtos
REDISA – Red de Ingeniería de Saneamiento Ambiental
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médico-hospitalares, eletroeletrônicos, brinquedos, insumos da construção civil, entre inúmeros outros
exemplos. Vale lembrar que uma embalagem produzida com qualidade serve como promoção de marketing
do produto.
PROCESSO PRODUTIVO E O PRODUTO FINAL
Para produção de embalagens flexíveis, são utilizadas como matéria-prima: resina, armazenada em sacos
plásticos; filmes, armazenados em madeira, com cones e separadores; tintas, armazenadas em tambores
metálicos ou plásticos; e materiais secundários (aqueles não obrigatoriamente incorporados ao produto final):
papelão, papel kraft e filme strech, todos envolvidos por fita de arquear em seu armazenamento.
Quando se busca uma boa qualidade do produto final e um melhor aproveitamento da matéria-prima, o
maquinário deve ser composto, basicamente, por: extrusora, co-extrusora, laminadora, impressora, gravadora
de cilindro, máquina de corte, máquina de corte e solda e máquina de re-trabalho.
Figura 1: Fluxograma Padrão do Processo Produtivo de Embalagens Flexíveis
O processo produtivo de embalagens flexíveis tem como etapa inicial a preparação de artes, onde, em um
laboratório, os designers preparam o que será impresso nas embalagens. Paralelamente temos o tratamento de
superfícies, etapa em que são adicionadas superfícies metálicas a filmes plásticos, o que garante a preservação
dos produtos.
A etapa seguinte é a gravação de cilindro, que faz a preparação do cilindro de impressão para posteriores
etapas. Na gravação de cilindro poderemos ter o uso de metais pesados como cobre, níquel ou cromo, que
serão adicionados à superfície pelo processo de galvanoplastia – processo de transferência de íons metálicos a
partir de um metal submerso em um substrato para outra superfície (metálica ou não), por eletrólise –. Esta
pode ser por rotogravura que é um processo de impressão direta, cujo nome é derivado da forma cilíndrica e
do princípio rotativo das impressoras utilizadas. Difere-se dos outros métodos pela necessidade de que todo o
original tenha de passar por um processo de reticulagem, incluindo o texto. Após essa etapa, temos a prova
de cor, que nada mais é que o teste de qualidade da impressão, onde são corrigidas as falhas que
eventualmente existam evitando desperdícios no produto final.
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Figura 2: Extrusora
O processo de extrusão é dado pela produção de componentes mecânicos de forma semi-contínua, onde o
material, nesse caso a resina, é forçado através de uma matriz adquirindo assim a forma pré-determinada
pelo projetista da peça, que seriam forma de filmes plásticos. Essa extrusão pode ser feita a partir de dois ou
mais materiais diferentes, cujo processo denomina-se de co-extrusão. Dessa etapa, o material segue para
impressão e laminação. Na impressão, será adicionada a superfície da embalagem as artes projetadas. Na
laminação será ajustada a espessura da embalagem de acordo com as necessidades previamente estabelecidas.
As etapas que finalizam a produção são: revisão, onde é verificada a qualidade do produto final e observada a
possibilidade de falhas; rebobinagem, onde as embalagens são colocadas em tubos para facilitar o transporte e
a utilização nas maquinas que irão adicionar os alimentos nestas; embalagem, que seria a etapa de preparo
pata transporte; S.O.S. onde são verificados os dados mais específicos de cada lote que será expedido,
garantindo a qualidade do produto; e por fim, expedição, fazendo a destinação do produto para os
determinados consumidores, sendo nessa exigidos os cuidados com a higiene do transporte, evitando a
degradação da qualidade do produto.
IMPACTOS AMBIENTAIS
A indústria de embalagens flexíveis produz resíduos sólidos desde a aquisição da matéria, visto que os
diversos tipos de matéria prima vêm envolvidos em materiais que não são incorporados ao produto, bem
como também há produção desses em diversas etapas do processo produtivo, além das perdas de produção
(esse ramo industrial trabalha com índice de perdas variando de 8 a 13 %). Entre os resíduos sólidos estão:
paletes de madeira; tambores metálicos; tambores plásticos; bobinas; cones; separadores; sucata de ferro;
plástico; papel; papelão; filmes; entre outros, como os que não têm ligação com o processo industrial, por
exemplo, os gerados em almoxarifados e na manutenção de equipamentos e máquinas.
Entre os efluentes temos o classificado como doméstico, que provém das atividades de higiene humana e de
limpeza do ambiente, além do efluente industrial, contendo metais pesados dos banhos galvânicos (cromo,
níquel e cobre), solda cáustica e acetato de etila.
Em relação ao acetato de etila, temos um efluente causador dos seguintes impactos: no ar: vapores do produto
tornam o ambiente extremamente explosivo e tóxico. O acetato de etila reage fotoquimicamente na atmosfera
produzindo radicais hidroxila, com meia vida calculada de oito dias; na água: o produto e a água resultante
do combate ao fogo e de diluição são prejudicais a flora e a fauna mesmo em muito baixas concentrações. O
produto derramado na água tende a ficar na sua superfície. A maior parte do produto derramado na água
evaporará e parte será biodegradado tanto aerobicamente como anaerobicamente. É normalmente um produto
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facilmente biodegradado. Não se espera que seja absorvido ao sedimento ou material suspenso; no solo: o
produto derramado sobre o solo poderá em parte ser evaporado e em parte ser lixiviado, e percolar e
contaminar o lençol freático. Em relação à solda cáustica, temo nela a causa de impactos sérios no solo, nos
cursos d’agua, na fauna e na flora, devido a sua ação altamente corrosiva.
Existem também problemas devido a emissões gasosas, provindas dos solventes das tintas, entre eles o mais
usado é o acetato de etila, já citado anteriormente, usadas para impressão e também, pois da tinta apenas o
substrato fica agregado à embalagem e o solvente, que é muito volátil, para dar rapidez aos processos,
evapora rapidamente.
MEDIDAS ATENUANTES PARA CONTROLE DOS RESÍDUOS GERADOS
Trabalhando com perda mínima de 8% da produção, a indústria de embalagens flexíveis deve reaproveitar
tudo o que é possível no seu processo produtivo, como filmes e paletes de madeira, por exemplo, e o que não
é possível voltar ao processo, deve ser comercializado para outros fins (ex.: tambores metálicos).
A prática da coleta seletiva deve ser aplicada nas dependências da indústria, para resíduos que não são
derivados dos processos industriais. Os resíduos sólidos do processo produtivo devem ser armazenados,
devendo antes passar por trituração e/ou prensagem, visando a compactação e economia de espaço, em
galpões separados, classificados em perigosos e não perigosos, seguindo a classificação do Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS. O que não for possível reutilizar ou comercializar, não havendo
riscos, deve ser destinado à coleta municipal de resíduos sólidos.
Os efluentes domésticos gerados na indústria devem ser destinados à rede coletora de esgotos. Os efluentes
industriais, provenientes dos banhos galvânicos, devem passar por um tratamento composto por:
armazenamento em tanques de volume que suporte toda a produção desses; adição de substâncias que
decantam metais pesados; bombeamento para filtros-prensa; passagem por purificadores; e, por fim, devem
ser armazenados em caixas d’agua para reutilização no processo produtivo, seguindo o enquadramento que
essa água se encontra após o tratamento e seus possíveis usos.
O tratamento para emissões gasosas pode ser feito com a implantação de filtros de ar nos locais onde são
emitidos gases impactantes, mas também podem ser utilizadas medidas como a utilização de tintas que não
sejam compostas por solventes nocivos, ou minimizando as concentrações desses.
Em tempos onde conceitos como desenvolvimento sustentável e a questão da degradação do meio ambiente
estão sempre em discussão, alguns esforços das indústrias, embora ainda em números não tão consideráveis,
se sobressaem na busca pela minimização e exaurimento dos efeitos de atentados inconsequentes causados
pelos métodos de produção industrial e de consumo predatório.
Se chegarmos a aplicar na indústria de embalagens flexíveis uma gestão ambiental, abordada anteriormente
neste trabalho, fazendo tudo com responsabilidade e buscando a maior eficiência possível nos processos,
teremos um desenvolvimento consideravelmente sustentável.
Contudo, sabendo como ocorrem os processos que envolvem a questão ambiental dentro da indústria, pode-se
chegar a algumas conclusões, que, espera-se, possam refletir um entendimento sobre a questão proposta neste
trabalho e possa contribuir para a discussão da gestão ambiental no contexto das indústrias do ramo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
2.
SANTOS, L.M.M. Avaliação ambiental de processos industriais. Ed. Signus, São Paulo, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMBALAGENS FLEXÍVEIS – ABIEF. Disponível em
<www.abief.com.br>. Acesso em: 28 de junho de 2010.
3. Laminação. www.metalmundi.com/si/site/1107?idioma=portugues. <Acessado em 28 de junho de 2010>
4. Acetato de Etila. Disponível em: <http://www.quimidrol.com.br/produtos/imgs/prd_140_espec.pdf>.
Acesso em: 28 de junho de 2010.
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REDISA – Red de Ingeniería de Saneamiento Ambiental
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental