Reconstruindo com qualidade formas que a
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Reconstruindo com qualidade formas que a
O universo científico da nova Implantodontia V. 6, N0 2 | Mar/Abr 2009 ISSN 1678-661 Reconstruindo com qualidade formas que a natureza criou Nesta edição: Caderno Científico Metodologia Científica Produtos e Serviços Temas em Debate Mercado IN da ão os raç n a teg il 20 oin ras 5 se o B 20 Os n ag. P ISSN - 1678-6661 Vol. 6 • No 2 • Março/Abril • 2009 ImplantNews - Vol. 6, n.2 (março/abril/2009) - São Paulo: VM Comunicações - Divisão Cultural, 2004 Periodicidade Bimestral ISSN - 1678-6661 1. Implantes dentários. 2. Cirurgia de implantes. 3. Prótese sobreimplantes. I. VM Comunicações - Divisão Cultural II. Título CDD 617.6005 Black D74 v A importância da publicação científica Vivemos na era da informação. Essa realidade é incontestável, com os diferentes recursos de comunicação existentes no mundo moderno. Isso não poderia ser diferente na área da saúde. Os profissionais e os usuários do sistema têm acesso a todo tipo de informação. Assim, um novo olhar para a questão da publicação científica é imperioso: os profissionais têm obrigação de divulgar o conhecimento produzido, como forma de socialização dessa informação. Historicamente, as profissões da saúde veiculavam sua informação por meio de livros. Hoje, isso é considerado muito limitado, uma vez que o processo de produção do livro é demorado e caro, o que leva à obsolescência rápida do seu conteúdo. Dessa forma, a informação mais atual é, hoje, aquela que se encontra publicada nos periódicos. Sim, em periódicos de qualidade. É nesse contexto que atualmente os periódicos são avaliados pela comunidade científica. Pela qualidade da informação neles contida em termos científicos, pela acessibilidade dos mesmos em diferentes meios de comunicação (pelo menos a possibilidade de visualização de suas listas de conteúdos na internet), pela idoneidade do processo de PONTO DE VISTA Cassiano Kuchenbecker Rösing revisão, pela produção acadêmica de seu corpo editorial etc. O nosso País, pelo processo de avaliação da Pós-graduação, entendeu claramente que necessitamos divulgar o que produzimos e em veículos qualificados. Nesse sentido, continuase a priorizar que a pesquisa científica seja o norte da construção do conhecimento e que ele seja divulgado brevemente. Antigamente, havia um ditado usado no meio acadêmico: “Publicar ou Perecer”. Hoje, ele evoluiu para algo muito mais interessante que é a noção de divulgar o conhecimento produzido de forma qualificada nos meios qualificados. Isso será muito útil para que os profissionais estejam atualizados com maior qualidade, gerando mais saúde às pessoas. Recentemente, a Capes divulgou a relação de classificação Qualis dos Periódicos em Odontologia. Essa classificação tem por base a indexação das revistas e o impacto por elas gerado por meio de citações. As revistas latino-americanas que estão indexadas no Lilacs receberam a classificação como B4, isto significa que estão disponíveis para acesso de sua referência e resumo nessa importante base latino-americana. A revista ImplantNews está classificada nesse grupo de revistas que tem sido positivamente considerado no processo de avaliação da Pós-graduação para docentes e discentes. Esse é um dos passos importantes para atingir mais pessoas, com possibilidade de encontrar na base de dados as referências necessárias, o que é fundamental para a inclusão de um periódico como daqueles com importância reconhecida. Cassiano Kuchenbecker Rösing é professor de Periodontia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade Luterana do Brasil. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):121 121 | Capa: Imagem que expressa a perfeição das formas da natureza como ponto de partida para a reabilitação oral com implantes. Publicação bimestral dirigida aos cirurgiões-dentistas, especialistas ou com interesse em Implantodontia. editor científico: Prof. Dr. Paulo Rossetti editor científico associado: Prof. Luiz A. Gomes conselho científico: Profs. Drs. Antônio Pinheiro (UFBA-Salvador/BA), Antônio Wilson Sallum (FOPUnicamp/SP), Arthur Belém Novaes Jr. (Forp-USP-Ribeirão Preto/SP), Carlos dos Reis Pereira Araújo (FOB-Bauru/SP), Carlos Eduardo Francischone (FOB-Bauru/SP), Carlos Nelson Elias (IME/RJ), Cimara Fortes Ferreira (NSU College of Dental Medicine/USA), Cláudio Luiz Sendyk (Unisa/SP), Elcio Marcantonio Jr. (Unesp-Araraquara/SP), Flavia Rabello de Mattos (Fapi/SP), Guaracilei Maciel Vidigal Junior (UnigranrioRio de Janeiro/RJ), Hugo Nary Filho (USC-Bauru/SP), Israel Chilvarquer (Fousp-São Paulo/SP), Jamil A. Shibli (UnG- Guarulhos/SP), Luciano Lauria Dib (Unip/SP), Marco Antonio Bottino (Unesp-São José dos Campos/SP), Marco Aurélio Bianchini (UFSC/SC), Marco Antônio Brandão Pontual (Ufes/ES), Maurício G. Araújo (UEM-Maringá/PR), Paulo Sérgio Perri de Carvalho (Unesp-Araçatuba/SP), Renato Mazzonetto (FOP-Unicamp/SP), Thomaz Wassall (SLMandic-Campinas/SP), Waldemar Daudt Polido (ABO-Porto Alegre/RS), Wilson Roberto Sendyk (Unisa/SP). avaliadores: Profs. Drs. Antônio Wilson Sallum, Carlos dos Reis Pereira Araújo, Carlos Nelson Elias, Cimara Fortes Ferreira, Elcio Marcantonio Jr., César Arita, Flavia Rabello de Mattos, Guaracilei Maciel Vidigal Junior, Jamil A. Shibli, Marco Antonio Bottino, Marco Aurélio Bianchini, Marco Antônio Brandão Pontual, Renato Mazzonetto. conselho consultivo: Profs. Drs. Aldo Brugnera Junior (Univap/SP), Antonio Vicente de Souza Pinto (São Paulo/SP), Carlos Alberto Dotto (ABO-SP), César Arita (Aorp-Ribeirão Preto/SP), Fábio José Barboza Bezerra (ABO-BA), Fernando Santos Cauduro (PUC-Porto Alegre/RS), Francisco Fernando Todescan (Fundecto-USP/SP), Hamilton Navarro (Fousp-São Paulo/SP), Hiron Andreaza da Cunha (ABO-GO), Ivete Sartori (Ilapeo-Curitiba/PR), José Cícero Dinato (UFRGS/RS), Laércio W. Vasconcelos (P-I Brånemark Institute-Bauru/SP), Luis Fernando Martins André (Unimes-Santos/SP), Luís Ronaldo Picosse (Fousp/SP), Mário Groisman (SLMandic/RJ), Milton Miranda (SLMandic-Campinas/SP), Pedro Tortamano Neto (FouspSão Paulo/SP), Rander Pereira Avelar (UNB/DF), Ricardo Curcio (Hospital Heliópolis/SP), Sérgio Jayme (Instituto Sérgio Jayme-São Paulo/SP), Wellington Cardoso Bonachela (FOB-USP- Bauru/SP). conselho de tecnologia aplicada: Profs. Drs. Adolfo Embacher Filho (Itu/SP), Ariel Lenharo (Inepo-São Paulo/SP), Aziz Constantino (São Paulo/SP), Cláudio Chedid (Ciodonto-São Paulo/SP), Dráuseo Speratti (Boston-EUA), Fernando Cosso (São Paulo/SP), Fernando Pastor (S.B.Campo/SP), Geninho Thomé (Ilapeo-Curitiba/PR), Jorge Mulatinho (APCD-São Paulo/SP), Maurício Motta (São Paulo/SP), Mauro Tosta (Cetao-São Paulo/SP), Nilton de Bortoli Jr. (Fundecto-São Paulo/SP), Paulo Zaidan Maluf (APCD-SP), Pedro Velasco Dias (Instituto Velasco-São Paulo/SP), Reginaldo Migliorança (ABO-Campinas/SP), Rodolfo Candia Alba Jr. (São Paulo/SP). www.implantnews.com.br editor executivo: Haroldo J. Vieira ([email protected]); editora e Jornalista responsável: Cecilia Felippe Nery MTb: 15.685 ([email protected]); editora assistente/revisora: Ana Lúcia Zanini Luz (analucia@vmcom. com.br); assistente de redação: Vivian Arais ([email protected]); diretora de arte: Miriam Ribalta (criacao@ vmcom.com.br); assistentes de arte: Cristina Sigaud e Eduardo Kabello; Webdesigner: Oswaldo Cravo; Webmaster: Michel Siqueira Lima; Gerente operacional: José dos Reis Fernandes ([email protected]); Marketing: Aluizio Canto ([email protected]); circulação e assinaturas: Alexandre Becsei ([email protected]); Publicidade: executiva de contas: Cintia Helena Avila ([email protected]); assistente comercial: Silvia Bruna; administração: José Fernando Marino. redação, Marketing e Publicidade: VM comunicações Rua Gandavo, 70 - 04023-000 - São Paulo - SP Tel.: (11) 2168-3400 - Fax: (11) 2168-3422 - www.vmcom.com.br impressão e acabamento: Ipsis Gráfica e Editora. responsabilidade editorial: Todos os artigos assinados, inseridos na Revista ImplantNews, são de inteira responsabilidade dos respectivos autores; Só será permitida a reprodução total ou parcial com a autorização dos editores. tiragem: 10.000 exemplares - auditada pela Circulação nacional. Qualis: B4 - Odontologia e Interdisciplinar B5 - Medicina II e Engenharias II e III INDEXAÇÃO: BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde ISSN 1678-6661 7020-Revista V.6-n.2.indd 122 121 PONTO DE VISTA A importância da publicação científica Cassiano Kuchenbecker Rösing 125 EDITORIAL IDS 2009 - o futuro da Implantodontia passa por aqui 127 CADERNO CIENTÍFICO Um registro da produção dos autores nacionais 205 EVENTOS Osseointegração - 20 anos da experiência brasileira 210 TEMAS EM DEBATE Banco de ossos na Implantodontia 212 METODOLOGIA CIENTÍFICA Pequena introdução ao método – Parte II 214 A VEZ DOS EDITORES Sugestões de leitura 216 PREMIAÇÕES Os vencedores das premiações do IN 2008 220 PRODUTOS & SERVIÇOS Cursos para ampliar e aperfeiçoar os conhecimentos 223 MERCADO IN 229 NORMAS DE PUBLICAÇÃO Importante: a revista ImplantNews só comercializa assinaturas através de telemarketing próprio. Não possui “vendedores” em domicílio. 30/3/2009 16:39:08 Envelhecimento versus Implantodontia - O que muda com a idade? Issues on Implantology: the elderly - What changes with age? Viviane Rabelo, Angelo Menuci Neto, Carlos Eduardo Francischone, Rodinei Bucco Jr 137 Avaliação do comportamento de células mesenquimais humanas sobre superfícies de implantes dentários Evaluation of differentiation and mineralization of human mesenchymal cells plated on dental implant surfaces Gustavo Mendonça, Daniela Baccelli Silveira Mendonça, Maria Angélica Rehder Araújo, Wagner Rodrigues Duarte, Lyndon F. Cooper, Francisco J. L Aragão 143 Osso homógeno fresco congelado utilizado na reconstrução de maxila atrófica The use of fresh-frozen homogenous bone graft for reconstruction of the atrophic maxilla: a case report Anna Cristina Biagini, Evelyn Júri Rezende de Lacerda, Valéria Leobas de Castro Antunes, Maurício Makoto Koga, Alexander D’Alvia Salvoni 151 Carga imediata em implantes unitários Immediate loading of single-tooth implants Carlos Alberto do Amaral Valladão Junior, Alberto Fedeli Junior, Aurélio Belas, Abílio Cardoso Junior 161 Avaliação do sucesso de 20 casos de levantamentos de seio maxilar utilizando osso autógeno particulado e Gen-Ox inorgânico associados em partes iguais (1:1) - controle de dois anos Success evaluation of 20 cases of maxillary sinus lifting with filled with 1:1 mixture of particulate, autogenous and Gen-Ox-anorganic bones - a two-year follow-up study Rafael Manfro, Walter Rosa Nascimento Júnior, José Aristides Loureiro, Marcelo Carlos Bortoluzzi, Camila Reis D´Campora Zago 169 Análise estrutural e do desempenho in vitro das lâminas dos raspadores ósseos Structural and in vitro analysis of commercially available bone scrapers Luís Carlos de Moraes e Silva Jr., Altair Dantas de Andrade, Marcelo Corrêa Manso, Mario Groisman, Glória de Almeida Soares, Guaracilei Maciel Vidigal Jr. 179 Fratura de mandíbula como complicação pós-operatória da instalação de implantes dentários Mandibular fracture a postoperative complication after dental implant placement Rogério Bonfante Moraes, Ricardo Pimenta D`Ávila, João Gualberto de Cerqueira Luz 187 Overdenture mandibular sobre implantes carregados imediatamente Mandibular overdenture supported by immediate loading dental implants: a clinical report José Maurício dos Santos Nunes Reis, Antonio Alves de Almeida Júnior, João Gustavo Rabelo Ribeiro, José Cláudio Martins Segalla, Érica Gouveia Jorge, Ivan Ribeiro de Faria 197 Ancoragem ortodôntica com implantes osseointegrados Orthodontic anchorage with osseointegrated implants: a case report Paulo Sérgio Perri de Carvalho, Edson Virgílio Zen Filho, Dan Franklin Kjaer, Mariliza Comar Astolphi de Carvalho Assinatura anual - R$ 490,00 | 6 edições anuais Central de Relacionamento com o Assinante e-mail: [email protected] Tel.: (11) 3566-6205 Central de Vendas | Hunter Contact Center | Tel.: (11) 3566-6227 [email protected] | Loja virtual: www.vmstore.com.br sumário 127 CADERNO CIENTÍFICO ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES IDS 2009 - o futuro da Implantodontia passa por aqui A IDS - International Dental Show é a maior exposição de novas tecnologias e serviços do mundo, realizada a cada dois ano, em Colônia, na Alemanha. Trata-se de um evento no qual profissionais e executivos envolvidos com o mercado odontológico não devem faltar, uma vez que é nessa mostra que as novidades acontecem. Para registrar a importância desse evento, o volume de novas tecnologias lançadas e ter uma projeção de como será a prática da Odontologia nos próximos anos, veja o testemunho in loco do nosso editor científico, professor doutor Paulo Rossetti, que participou ativamente da edição 2009 da IDS. A IDS, maior feira de Odontologia do mundo, reuniu 1.750 expositores e mais de 55 paises (64% estrangeiros), nos seus 138.000 metros quadrados. No local, cerca de 100.000 pessoas testemunharam o futuro da Implantodontia e o Brasil marcou presença nos segmentos de livros, implantes, componentes e associados. Foi muito difícil percorrer cada estande sem“tropeçar”em alguma inovação, como instrumentos para extração dentária atraumática, uma seringa que “economiza” anestésico e proporciona segurança ao paciente, siliconas de adição que podem ser autoclavadas após a moldagem, entre outras. Sem dúvida, as companhias com sistemas CAD-CAM para fresagem de zircônia, cobalto-crômio e titânio (150 editorial no total), e as cirurgias em tempo real (todos os dias), foram as coqueluches da feira. Os moldes agora podem ser escaneados, o computador “esculpe”os troquéis no gesso, enquanto outro sistema já trabalha na restauração final (metálica ou cerâmica). Uma vantagem: pode-se escolher fresadora e software separadamente, na maioria dos fabricantes. O Brasil deve sofrer uma revolução radical nos próximos anos. Os aparelhos para tomografia computadorizada ficaram mais compactos: novos filtros aumentam a precisão das imagens invertidas em preto e branco ou coloridas artificialmente. Para cirurgia, o investimento também foi nos sistemas piezoelétricos, que evitam o aquecimento e melhoram o pós-operatório. Já existem novas brocas descartáveis e com limitadores que impedem até mesmo que o cirurgião mais inexperiente cometa um erro na osteotomia. Ao mesmo tempo, novos biomateriais prometem uma Implantodontia minimamente invasiva. Os implantes foram apresentados com novos desenhos de conexões e tratamentos de superfície e, agora, existem implantes híbridos (plataforma de zircônia e corpo de titânio). Finalmente, uma nova pasta profilática com baixo teor de flúor, combinando as propriedades antivirais e antibacterianas da lactoferrina e oxigênio ativo, prometem acabar de vez com a placa e o sangramento ao redor dos implantes. Realmente, esses cinco dias mudaram os rumos da Implantodontia. Que as empresas brasileiras presentes nesta edição continuem a mostrar seu talento no exterior, e que novas tecnologias sejam desenvolvidas para o benefício dos pacientes. ImplantNews: sempre na vanguarda do conhecimento! Boa leitura! Paulo Rossetti Editor científico REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):125 7020-Revista V.6-n.2.indd 125 125 | 30/3/2009 16:39:08 Série especial Da pesquisa prática à pesquisa clínica Envelhecimento versus Implantodontia O que muda com a idade? Issues on Implantology: the elderly - What changes with age? RESUMO Os implantes dentários estão consagrados na literatura como uma excelente opção reabilitadora de espaços edêntulos, seja pela condição conservadora dos dentes vizinhos, pela pouca invasividade ou pela previsibilidade de resultado que esta modalidade de tratamento oferece. Considerando isso, é crescente o número de indicações de implantes dentários, mas mesmo que a técnica cirúrgico-protética seja semelhante, os perfis dos pacientes mudam. Este artigo tem o objetivo de discutir os aspectos cirúrgicos e protéticos em pacientes idosos. Unitermos - Implante dentário; Opções reabilitadoras; Espaços edêntulos; Pacientes idosos. ABSTRACT Dental implants have been shown in the literature to be an excellent treatment option for edentulous patients, preserving adjacent teeth, reducing invasiveness, or due to their predictability. As a result, the number of recommendations for dental implant treatment is considerably higher, but it is necessary to understand that, although surgical-prosthetic techniques may be very similar, patient´s profile varies with ageing. The objective of this literature review is to discuss aspects related to osseointegration in elderly patients. Key Words - Dental implants; Implant-supported rehabilitation; edentulous patients; Elderly patients. * Especialista em Periodontia e Odontogeriatria; Mestre em Implantodontia pela Universidade do Sagrado Coração - Bauru/SP. ** Especialista em CTBMF pela PUC/RS; Mestre em Implantodontia pela Universidade Sagrado Coração - Bauru/SP; Professor do curso de Especialização em Implantodontia da ABO/RS. *** Coordenador dos Programas de Mestrado e Doutorado em Implantodontia da Universidade Sagrado Coração - Bauru/SP, Professor titular de Implantodontia Universidade Sagrado Coração - Bauru/SP; Professor titular de Dentística FOB-USP/SP. **** Aluno do curso de Especialização em CTBMF pela Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre/RS. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):127-34 127 | CADERNO CIENTÍFICO Viviane Rabelo* Angelo Menuci Neto** Carlos Eduardo Francischone*** Rodinei Bucco Jr**** Rabelo V | Menuci Neto A | Francischone CE | Bucco Jr R CADERNO CIENTÍFICO Introdução Desde a última década, a utilização de implantes osseointegrados como suporte de próteses fixas e removíveis tem aumentado significativamente, devido à simplificação dos procedimentos cirúrgicos e regenerativos, bem como evidências científicas relatadas a longo prazo1. Em função dos excelentes resultados obtidos nas reabilitações utilizando-se implantes, em que encontramos um índice de sucesso relatado nos trabalhos do professor Brånemark de 81% na maxila e 91% na mandíbula acima de 15 anos, em 350 casos2, podemos observar a mudança dos perfis de nossos pacientes. É esperado que os pacientes idosos (60 anos, segundo o IBGE3) constituam um aumento substancial da proporção de indivíduos que precisam de implantes4. O Ministério da Saúde divulgou, recentemente, resultados de pesquisas que apontam um percentual de 37,8% de indivíduos com mais de 50 anos de idade sem nenhum dente natural remanescente em boca, o que significa uma população de aproximadamente 30 milhões de pessoas5. Nessa avaliação não foram incluídos pacientes que apresentavam dentes inadequados ao tratamento odontológico. Estes deveriam ser considerados desdentados, o que elevaria ainda mais os percentuais estatísticos dos desdentados totais. Se considerarmos a situação apresentada em países como Itália, com 20% de edêntulos entre 65 e 74 anos de idade, e nos Estados Unidos com 26% de edêntulos na faixa de 65 a 69 anos de idade, estamos muito distantes de alcançar a meta recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que estabelecia para o ano de 2000 uma média de 50% da população na faixa etária de 65 a 74 anos de idade com, pelo menos, 20 dentes em condições funcionais5. As pessoas estão vivendo mais, e o problema de perda de dentes continua sendo mais prevalente em idosos do que em outros grupos etários6-7. Pacientes que permanecem durante um período prolongado completamente edêntulos sem próteses ou com próteses inadequadas, em pelo menos uma arcada, sofrem de problemas estéticos, funcionais, nutricionais, gastrointestinais, bem como problemas articulares (ATM), de fala e auto-estima5. Os pacientes idosos têm maior prevalência de doenças locais e sistêmicas, e maior dificuldade de adaptação muscular das próteses removíveis8 . Com a realização desta revisão da literatura, pretendemos elucidar algumas questões que ocasionalmente geram dúvidas para os cirurgiões a respeito da osseointegração em pacientes idosos. gerando a necessidade de desenvolver protocolos de tratamento cada vez mais dinâmicos9, visando acompanhar a expectativa de vida dos pacientes idosos e o grau de exigência de pacientes jovens (Caso 1). Caso 1 Figura 1 Paciente idosa com ausência de elementos dentários e perda de suporte labial em uma vista frontal. Figura 2 Vista lateral. Figura 3 Paciente em oclusão, com prótese total superior e prótese fixa sobreimplantes inferior. Cirurgia realizada pelo doutor Carlos Eduardo Francischone Jr. e prótese pelo doutor Carlos Eduardo Francischone. Revisão da Literatura O tratamento com implantes dentários rapidamente se tornou o padrão na reabilitação protética do edentulismo, | 128 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):127-34 Figura 4 Paciente com suporte labial restaurado em uma vista frontal. Rabelo V | Menuci Neto A | Francischone CE | Bucco Jr R Figura 5 Vista lateral. Figura 6 Paciente maxilectomizada, apresentando deformidade facial. Caso clínico realizado na Universidade do Sagrado Coração - USC/Bauru. Cirurgia realizada pelo doutor P-I Brånemark e Próteses pelos doutores Mauricio Rigolizzo, Ivete Sartori e Carlos Eduardo Francischone. Figura 7 Implantes osseointegrados e estrutura metálica instalada. Figura 8 Radiografia panorâmica após a instalação dos implantes. caderno científico Caso 2 Figura 9 Restauração protética removível. Figura 10 Paciente com prótese em oclusão. Figura 11 Paciente reabilitada com implantes osseointegrados e prótese, apresentando uma harmonia facial. Figura 12 Follow up de oito anos. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):127-34 129 | Rabelo V | Menuci Neto A | Francischone CE | Bucco Jr R Caso 3 CADERNO CIENTÍFICO Figura 13 Prótese em boca após oito anos de instalação. Figura 16 Radiografia panorâmica após a instalação dos implantes na maxila. Cirurgia realizada pelo doutor Hugo Nary Filho e prótese pelo doutor Carlos Eduardo Francischone. Figura 14 Paciente em oclusão. Figura 17 Vista oclusal com implantes instalados. Figura 15 Radiografia panorâmica do acompanhamento de oito anos. Pacientes idosos parcialmente desdentados podem ser reabilitados com uma prótese removível ou fixa suportada por dentes, mucosa ou implantes. As próteses removíveis são uma opção de tratamento para todos os pacientes pelo fato de oferecerem estética, versatilidade, não ser invasiva e oferecer fator de reversibilidade (Caso 3). Pessoas que se tornam edêntulas precocemente constituem um grupo particularmente desafiador de tratar. Baseado nas projeções do IBGE, para os próximos 40 anos, a população de idosos no Brasil vai aumentar em torno de cinco vezes (Gráfico 1)3. O Brasil já tem o sexto maior aumento de envelhecimento da população10, e a estimativa para 2020 é de que a população idosa no Brasil tenha uma expectativa de vida de 71,2 anos (homem) e 74,7 anos (mulher), chegando a representar quase 13% da população10. | 130 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):127-34 Figura 18 Prótese (overdenture) acrilizada. Figura 19 Prótese adaptada na boca da paciente. Figura 20 Vista lateral sem a prótese. Figura 21 Vista lateral com a prótese. Figura 22 Vista frontal com prótese. O aumento da longevidade do ser humano é uma realidade observada atualmente nas populações mundiais, onde os cidadãos idosos estão vivendo mais e em condições mais saudáveis do que em qualquer tempo do passado da humanidade11. Apesar dos programas implementados para o controle da cárie e da doença periodontal, é certo que a população de desdentados totais dentro de 15 a 20 anos aumentará no Brasil e em todo o mundo, em função do aumento da longevidade do ser humano. Com o aumento da população de idosos, deve-se ficar atento a essa faixa etária de pacientes, uma vez que ocorre uma série de alterações de órgãos e sistemas ou doenças de base. Uma das principais alterações que ocorrem com a idade é a osteoporose8. A osteoporose é a redução da massa óssea. O osso é um tecido que se renova com mais intensidade nas primeiras décadas de vida, sendo que a partir dos 30 anos, o quadro se inverte, e a reabsorção do osso passa ser maior que a formação12. Um estudo sobre osteoporose revela pequeno efeito da doença na taxa de sucesso de implantes13.Foi analisado um total de 450 implantes colocados em maxilas e mandíbulas de 116 mulheres acima de 50 anos e a taxa de sucesso foi de 92%13. Em outro estudo, o autor coloca 70 implantes em 14 pacientes com osteoporose. O grupo apresentou uma taxa de sucesso maior que 97% após de um período de controle de três anos14. A osteoporose sozinha, não tem efeito no sucesso de implantes 8. A diabetes é outra doença que acomete com maior frequência os pacientes idosos. É uma doença metabólica, resultado da deficiência na secreção de insulina15. Alguns autores encontraram taxas de sucesso de 88%, em 178 implantes colocados em região de sínfise, em 89 pacientes diabético controlados, depois de 60 meses de controle16, e 94% de sucesso em 141 implantes em pacientes diabéticos controlados, depois de cinco anos de carga17. Alguns estudos mostram taxas similares de 93% e 92% de sucesso, entre pacientes não diabético e diabético tipo I, em um total de 2.632 implantes18. O hipotireoidismo é outra desordem metabólica, em que se vai ter pouca ou nenhuma produção do hormônio da tireoide, que estimula o conjunto de reações necessárias para assegurar todos os processos bioquímicos do organismo15. O hipotireoidismo diminui o recrutamento, maturação e atividade celular óssea, inibindo a cicatrização óssea15. Isso nos leva a deduzir que a doença influencia de maneira negativa a osseointegração. Um dos poucos trabalhos sobre o assunto, nos traz um estudo retrospectivo com 27 pacientes do gênero feminino com hipotireoidismo (82 implantes colocados) e 29 pacientes controle (81 implantes colocados), com taxas de sucesso de 95% e 97% respectivamente, após dez anos de carga19. Outra entidade patológica que pode levantar algumas incertezas, são as doenças cardiovasculares (doenças cardíacas isquêmicas, disritmias, anomalias cardíacas, insuficiência cardíaca congestiva). Apesar de causarem alterações fisiológicas, as doenças cardiovasculares não afetam clinicamente o sucesso dos implantes8. Em uma análise retrospectiva relacionando doenças cardiovasculares com a osseointegração inicial, participaram do estudo 246 pacientes, sendo 39 com alguma doença cardiovascular. Este estudo demonstra que 13% fracassaram em ambos os grupos (doenças cardiovas- REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):127-34 131 | CADERNO CIENTÍFICO Rabelo V | Menuci Neto A | Francischone CE | Bucco Jr R CADERNO CIENTÍFICO Rabelo V | Menuci Neto A | Francischone CE | Bucco Jr R culares e grupo controle)20. Deve-se estar atento também às anomalias cardíacas que requerem profilaxia antibiótica da endocardite bacteriana. A motricidade certamente é um quesito a ser considerado, pois é natural que a habilidade motora, a destreza e, sobretudo, a motricidade fina depreciem com o envelhecimento11. E esse fenômeno ocorre não somente pelo envelhecimento por si, mas decorrente de uma série de eventos degenerativos, doenças sistêmicas e complicações orgânicas, como AVC, Mal de Parkinson, artroses, perda de tônus e resistência musculares11. Como consequência da diminuição da capacidade motora, associada, muitas vezes, com a diminuição ou até perda da acuidade visual, observase um aumento na incidência de doença periodontal e cárie radicular e, consequente, aumento na perda de elementos dentários remanescentes, com consequente necessidade de reabilitação protética, em virtude da qualidade pobre de higiene observada nessas condições11. A capacidade de controlar a placa bacteriana, através de adequada higiene bucal, é um dos fatores que devem ser avaliados ao se planejar o tratamento do paciente, principalmente se for idoso com limitação motora5. Três condutas são adotadas para contornar essas dificuldades: 1. Chamadas periódicas rígidas e constantes para manutenção e controle de higiene, podendo reabilitar esses pacientes com planejamentos convencionais de próteses fixas sobreimplantes. 2. Treinamento de acompanhantes familiares ou não para realização e controle de higiene bucal, associada ao item 1. Com isso pode-se também reabilitar paciente com planejamentos convencionais de próteses fixas sobreimplantes. 3. Planejar tratamentos alternativos com próteses removíveis - ou overdentures - para facilitar a higiene em ambiente familiar. Atento a essa condição do idoso, as empresas de suporte têm lançado dispositivos de higiene que facilitam a remoção de restos alimentares e o controle de placa bacteriana, como o Waterpik, por exemplo. Discussão O perfil de quem procura implantes dentários mudou significativamente nos últimos anos. Nos anos iniciais da osseointegração, a maioria dos pacientes encontrava-se na faixa etária de 50 a 65 anos. Agora, estão incluídas pessoas com até 90 anos ou mais. Isso se deve ao crescente envelhecimento da população mundial e o maior conhecimento do fenômeno da osseointegração e seus benefícios10. Frente a esta tendência mundial de envelhecimento populacional, no Brasil a situação de edentulismo da população acima de 65 anos é de 57% na arcada superior e 34% na arcada inferior, sem considerar os pacientes com dentes inviáveis21. | 132 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):127-34 Soma-se a isso, pacientes maxilectomizados e com síndromes, os quais podem necessitar planejamentos e reabilitações especiais (Caso 2). A ausência parcial ou total de dentes leva a uma redução na capacidade mastigatória, pois o paciente evita alimentos consistentes e fibrosos, deixando de ingerir nutrientes essenciais para a boa qualidade da sua dieta e que contribuem para exacerbar os problemas sistêmicos que, por sua idade, já possa estar apresentando11. Manter a saúde bucal e restabelecer a função mastigatória é parte integrante da promoção de saúde nos pacientes idosos. Presença de conforto bucal e apropriada habilidade mastigatória e de nutrição influenciam diretamente na qualidade de vida desses pacientes22. Para voltar a permitir uma função mastigatória adequada às suas necessidades alimentares mínimas na terceira idade e reabilitar o paciente do ponto de vista funcional, estético e fisiológico, os implantes osseointegrados aparecem como uma excelente alternativa de reabilitação oral11. Nos últimos anos, os implantes dentários assumiram grande importância entre a população geriátrica, onde além de melhorarem a estética e a função, as próteses implantossuportadas podem prevenir a perda de auto-estima e combater o isolamento social, causados pela ausência de dentes ou destes estarem em péssima composição para um correto preparo do bolo alimentar, bem como no aspecto visual, permitindo, assim, ao indivíduo desfrutar de um envelhecimento com boa qualidade de vida física, social e psicológica11. O fato de ser idoso não é uma contraindicação para o uso de implantes23. Vários estudos mostram que os problemas técnicos cirúrgicos ou protéticos e complicações encontradas em pacientes geriátricos são similares àquelas reportadas em alguns pacientes jovens ou mesmo adultos23. Também observamos que os índices de sucesso dos implantes dentários em pacientes idosos, considerando alterações sistêmicas, são altos (Tabela 1) e comparáveis aos índices encontrados em pacientes adultos sem alterações sistêmicas. TABELA 1 - ÍNDICE DE SUCESSO DE IMPLANTES DENTÁRIOS EM PACIENTES COM PROBLEMAS Autores Patologia Índices de sucesso Minsk, Polson, 1998 Osteoporose 92% Friberg et al, 2001 Osteoporose 97% Olson et al, 2000 Diabetes 88% Peled et al, 2003 Diabetes 94% Morris et al, 2000 Diabetes 92% Attard, Zarb, 2002 Hipotireoidismo 95% Zarb et al, 1999 Doenças Cardiovasculares 87% Rabelo V | Menuci Neto A | Francischone CE | Bucco Jr R Para pacientes idosos deve-se evitar enxertos ósseos para reconstrução e incrementar as técnicas de ancoragem com implantes em osso primário para criar forma de retenção para prótese fixa ou overdenture. Conceitos menos invasivos como All-on-four devem ser considerados para esses casos (Caso 4). Caso 4 Figura 27 Follow-up de seis meses Figura 28 Vista oclusal com a prótese desmontada após seis meses de instalação dos implantes, mostrando condição de saúde dos tecidos peri-implantares. Figura 24 Prótese superior e inferior instaladas em carga imediata. Cirurgia realizada pelo doutor Peter Ilg e prótese pelo doutor Carlos Eduardo Francischone e pela doutora Patrícia de Paula Eduardo. Figura 25 Radiografia panorâmica após a instalação dos implantes. Figura 26 Vista frontal da paciente logo após a instalação das próteses. Conclusão O tratamento com implante pode ser indicado de forma segura para pacientes idosos. Aqueles com complicações sistêmicas controladas por medicamento são candidatos para reabilitação bucal com implantes com consentimento do médico que o acompanha. Facilitando assim as funções orais (fala, deglutição, mastigação), oferecendo mais conforto e qualidade de vida ao paciente. Segundo alguns autores24, nem a idade por si só, nem a diminuição da capacidade motora de higienizar a boca que normalmente a acompanha são sozinhas contraindicações para tratamentos com implantes. Deve-se levar em conta normas médicas de saúde geral, onde todo o esforço deve ser focado na seleção meticulosa do paciente, visando considerar possíveis condições de complicações cirúrgicas e sistêmicas. Em relação as complicações sistêmicas e a osseointegração, sabemos que não há influência nos índices de sucesso do tratamento. Observando as complicações sistêmicas mais frequentemente encontradas, sabemos que: 1. A osteoporose sozinha, não tem efeito no sucesso de implantes8. 2. Em relação a diabetes, se o controle de glicemia for adequado, não irá comprometer o índice de sucesso dos implantes. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):127-34 133 | CADERNO CIENTÍFICO Figura 23 Radiografia panorâmica inicial. Paciente com 82 anos. Rabelo V | Menuci Neto A | Francischone CE | Bucco Jr R CADERNO CIENTÍFICO 3. Pela pouca quantidade de trabalhos sobre osseointegração e pacientes com hipotireoidismo e pelo comportamento fisiológico da doença, achamos mais prudente o paciente estar em acompanhamento com um médico endocrinologista durante o período de tratamento. 4. As doenças cardiovasculares não alteram as taxas de sucesso dos implantes, mas devemos ficar atentos a essas patologias. Elas podem ser contraindicações relativas aos procedimentos cirúrgicos. Sugerimos que os pacientes com patologias cardiovasculares devam estar assistidos pelo médico cardiologista; e protocolos de redução de ansiedade, com o uso de fármacos (sedação endovenosa e sedação via oral através do uso de benzodiazepínicos), são bem indicados. Devemos considerar, ainda, a possibilidade de usarmos anestesia geral ou sedação endovenosa em ambiente hospitalar quando o paciente apresentar complicações sistêmicas graves que lhe imponham risco de morte elevado ou quando a cirurgia for muito extensa ou envolver um número elevado de implantes. Referências bibliográficas 1. Savério FM, Gonçalves F, Zanetti RV, Zanetti AL. Novas perspectivas para o tratamento das doenças periimplantares. In: Querido MRM, Li YF. Implantes osseointegrados – Inovando soluções. São Paulo: Artes Médicas; 2004. p.57. 2. Brånemark P-I. Osseointegration and its experimental background. J Prosthet Dent 1983;50:399-410. 3. IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. <http://www.ibge. gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/piramide/ piramide.shtm > Acessado em 25 de outubro de 2007. 4. Zarb G, Ross SB. Outcomes of implant prosthodontic treatment older adults. Journal of the Canadian Dental Association 2002;68(2). 5. Mattar DDS, Lima DM. A natureza psicológica do estado edêntulo e o impacto da reabilitação oral na qualidade de vida de pacientes desdentados. In: Reabilitando maxilas atróficas edêntulas sem enxertos ósseos. Quintessence; 2007. p.3-16. 6. Marcus SE, Drury TF, Brown LG, Zion GR. Tooth retention and tooth loss in the permanent dentition of adult: United States, 1988, 1991. Journal Dent Res 1996;75:684-95. 7. Statistics Canada. Population projections 1990-2011: Base don recent changes in fertility levels and revised immigration targets. Ottawa: Minister of supply and services; 1991. 8. Hwang D, Wang HL. Medical contraindication to therapy: Part II: Relative Contraindications, Implant Dent 2007;16:13-23. 9. Mcnutt MD, Chou C. Current trends in immediate osseous dental implant case selection criteria, Journal of Dental Education 2003;67(8). 10. IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. <http://www.ibge. gov.br/home/estatistica/populacao/perfilidoso/perfidosos2000.pdf> Acessado em 25 de outubro de 2007. 11. Rabelo VA. Nutrição em Odontogeriatria. [Monografia de Especialização]. Universidade do Grande Rio; 2003. 12. Tresguerres IF, Clemente C, Donado M, Gómez LP, Blanco L, Alobera | 134 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):127-34 5. A redução da acuidade visual e a perda parcial ou total do tônus e da força muscular, determinam uma motricidade diminuída e uma maior dificuldade para enxergar/avaliar a eficiência da higiene bucal. Como já recomendado anteriormente, a determinação de protocolos rígidos de controle dos implantes e da qualidade da higiene bucal, a simplificação dos tratamentos, planejamentos alternativos e o eventual auxílio de familiares ou assistentes na eliminação de restos alimentares e controle da placa bacteriana, contornam as dificuldades e eventuais complicações devidas a estas condições musculares e visuais, de maneira a não contraindicarmos a terapia com implantes dentários em idosos. Endereço para correspondência: Viviane Rabelo Instituto Renaissance - Centro Médico do Hospital da Bahia Av. Magalhães Neto, 1.541 - Sala 4.006 - Pituba 41810-825 - Salvador - BA Tels.: (71) 2109-2435 / 2109-2436 [email protected] 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. MA et al. Local administration of growth hormone enhances periimplant bone reaction in an osteoporotic rabbit model. Clin Oral Impl Res 2002;13:631-6. Minsk L, Polson AM. Dental implant outcomes in postmenopausal women undergoing hormone replacement. Compend Contin Educ Dent 1998;19:859-62. Friberg B, Ekestubbe A, Mellstrom D, et al. Brånemark implants and osteoporosis: A Clinical exploratory study. Clin Implant Dent Relat Res 2001;3:50-3. Gyton A. Fisiologia humana e mecanismos da doenças. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan; 1998. Olson JW, Shernoff AF, Tarlow JL et. al. Dental endosseous implant assessments in a type 2 diabetic population: A prospective study. Int Journal Oral Maxillofac implants 2000;15:811-8. Peled M, Ardekian L, Tagger-Green N, et. al. Dental implant in patients with type 2 diabettes mellitus: A clinical study. Implant dent 2003;12:116-22. Morris HF, Ochi S, Winkler S. Implant survivel in patients with type 2 diabetes: Placement to 36 months. Ann Peiodontal 2000;20:366-73. Attard NJ, Zarb GA. A study of dental implants in medically treated hypothyroid patients. Clin Implant Dent Relat Res 2002;4:220-31. 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L Aragão****** RESUMO O objetivo deste estudo foi avaliar uma superfície de implante dentário compatível biologicamente e que aumente a resposta celular de osteoblastos de maneira a estimular o processo de diferenciação do tecido ósseo. Neste estudo foram utilizados discos de titânio comercialmente puro (cpTi) grau IV (6,0 mm x 1,0 mm) divididos em três grupos. Estes discos foram somente usinados (grupo U) ou usinados e subsequentemente tratados com ataque ácido (grupo Ac) ou usinado, jateamento e ataque ácido (grupo J/Ac). Células mesenquimais humanas indiferenciadas foram cultivadas sobre os discos e diferenciadas em osteoblastos. Os níveis de expressão de genes relacionados à diferenciação do tecido ósseo (Fostatase Alcalina–ALP; Sialoproteína Óssea–BSP; e Runx2) foram avaliados após sete e 21 dias através de PCR-tempo real (o gene GAPDH foi utilizado como controle endógeno). Após 35 dias avaliou-se a formação de nódulos de mineralização corados com Alizarin Red S. Observou-se um aumento relativo nos níveis de expressão dos genes ALP, BSP e Runx2 para a superfície com J/Ac quando comparada com as superfícies U e Ac. Após 21 dias a expressão de ALP estava 80 vezes maior na superfície J/Ac e o aumento no nível de BSP foi de 25 vezes. Após 35 dias a área mineralizada foi de 18%, 71% e 80%, para as superfícies U, Ac e J/Ac, respectivamente. Estes resultados sugerem que o jateamento da superfície previamente ao ataque ácido permitiu um maior nível de expressão de genes relacionados à cascata de diferenciação do tecido ósseo e formação de nódulos de mineralização in vitro, podendo levar a uma maior e melhor resposta de osseointegração destas superfícies. Unitermos - Jateamento; Ataque ácido; Implante dentário; Expressão gênica; Fosfatase alcalina, sialoproteína óssea, Runx2, osteoblastos, células-tronco mesenquimais humanas. ABSTRACT Novel implant surfaces have been developed to improve/accelerate the osseointegration process. The mechanism by which implant surface improves osteoblast response at endosseous titanium implants is not fully understood. One of the mechanisms is related to induction of expression of bone-tissue specific genes inducing cells to differentiate into osteoblasts. The aim of this study was to evaluate a biologically compatible implant surface that can improve osteoblast responses and leads to a faster osseointegration. Commercially pure grade IV titanium disks (6.0x1.0mm) were machined (U) or machined acid etching (Ac) or sandblasted/acid etching (J/Ac), and divided into three groups. Human Mesenchymal Stem Cells were plated onto the disks and differentiated into osteoblasts. The expression levels of osteoblast-specific genes were evaluated by Real Time PCR to measure the mRNA levels of alkaline phosphatase (ALP), bone sialoprotein (BSP), and Runx2 after 7 and 21 days. The housekeeping gene GAPDH was used as a control. At 35 days, mineralization nodules were evaluated by Alizarin Red S staining. After 21 days, the expression levels of ALP for J/Ac and BSP were upregulated 80-fold and 25-fold, respectively. After 35 days, the mineralized area U, Ac and J/Ac was 18%, 71%, and 80%, for, respectively. The results demonstrated that a sandblasted/acid etched surface can affect adherent cell-bone specific gene expression, leading to a higher expression of osteoblast-specific genes and an increased in vitro mineralization response. Key Words - Sandblasting; Acid etching; Dental Implants; Gene expression; ALP, BSP, Runx2, osteoblasts, human mesenchymal stem cells. * Bone Biology and Implant Therapy Laboratory, Department of Prosthodontics, University of North Carolina at Chapel Hill, Chapel Hill, NC/EUA; Curso de Odontologia da Universidade Católica de Brasília; Programa de Pós-graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia da Universidade Católica de Brasília. ** Bone Biology and Implant Therapy Laboratory, Department of Prosthodontics, University of North Carolina at Chapel Hill, Chapel Hill, NC/EUA; Programa de Pós-graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia da Universidade Católica de Brasília. *** Especialista em Implantes - PUC/Campinas; Mestre em Implantodontia pela Universidade Federal de Santa Catarina; Instituto Latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontológico. ****Especialista em Periodontia - Unesp; Doutorado em Dental Sciences, Tokyo Medical and Dental University. ***** Bone Biology and Implant Therapy Laboratory, Department of Prosthodontics, University of North Carolina at Chapel Hill, Chapel Hill, NC/EUA. ****** Programa de Pós-graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia da Universidade Católica de Brasília; Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):137-41 137 | CADERNO CIENTÍFICO Evaluation of differentiation and mineralization of human mesenchymal cells plated on dental implant surfaces Mendonça G | Mendonça DBS | Araújo MAR | Duarte WR | Cooper LF | Aragão FJL CADERNO CIENTÍFICO Introdução Atualmente, apesar da baixa taxa de implantes perdidos (em torno de 5% nos primeiros cinco anos e 15% em quinze anos), as causas estão sem uma resposta comprovada cientificamente1-5. Acredita-se que o implante é perdido precocemente quando há um aquecimento exagerado do tecido ósseo durante sua instalação ou então a prótese provisória sobre este implante em osseointegração não foi devidamente aliviada1,4-5. Novas superfícies de implantes têm sido desenvolvidas com o intuito de melhorar / acelerar o processo de osseointegração. Sabe-se atualmente que a superfície do implante osseointegrado desempenha um papel crucial no contato e na manutenção da ligação entre implante e osso6-7. Entretanto, o mecanismo pelo qual estas superfícies influenciam a resposta do tecido ósseo continua relativamente sem explicação. Um dos mecanismos pelo qual as superfícies dos implantes osseointegrados atuam sobre as células ósseas é através da indução de expressão de genes relacionados à cascata de diferenciação do tecido ósseo8-9. Desta maneira, as células indiferenciadas migram para a superfície do implante e são estimuladas a se diferenciarem em osteoblasto. Vários trabalhos têm buscado maneiras de melhorar a superfície do implante de modo a otimizar a adesão, proliferação e diferenciação celular de osteoblastos, reduzindo assim o tempo de início da síntese de matriz óssea e a união aos implantes osseointegrados e com isso reduzir o tempo de tratamento e aumentar ainda mais a longevidade dos implantes osseointegrados6-7,10-13. Para melhorar a performance e assim aumentar o sucesso dos implantes é essencial o desenvolvimento de superfícies com características que se relacionem otimamente com proteínas específicas e subsequentemente com as células ósseas pertinentes. Isto é, imediatamente após a instalação do implante, proteínas serão adsorvidas do plasma para a superfície do material, controlando assim a adesão celular e regeneração tecidual. Esta imediata interação poderia evitar a perda óssea que ocorre mesmo quando os implantes são instalados em alvéolos de extração imediata14. As interações iniciais das proteínas que irão mediar a adesão celular dependem de muitas propriedades dos biomateriais, incluindo composição química, carga, tensão superficial e topografia. A proposta deste trabalho foi avaliar uma superfície de implante osseointegrado compatível biologicamente e que aumente a resposta celular de osteoblastos, comparando estes resultados com outras superfícies de implantes. Material e Métodos Preparo dos discos Discos de titânio comercialmente puro grau IV com dimensões de 6,0 mm de diâmetro x 1,0 mm de espessura | 138 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):137-41 foram confeccionados em torno CNC. Após a usinagem um terço dos discos foi submetido ao processo de tratamento ácido (Neodent Implante Osteointegrável, Curitiba/PR). Outro grupo (1/3) foi submetido previamente a jateamento com óxido de alumínio e posteriormente ao processo de tratamento ácido (Neodent Implante Osteointegrável, Curitiba/PR). Os discos foram divididos em três grupos: usinado (U), ataque ácido (Ac) e jateamento seguido de ataque ácido (J/Ac). Cultura de células Células mesenquimais humanas (Lonza, EUA) foram adquiridas para utilização neste estudo e mantidas em D-Modified Eagle’s Media (D-MEM) (Invitrogen, Carlsbad/ CA, EUA) e suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB) (Invitrogen) e 1x Antibiótico (Invitrogen). Ao atingirem 80% de confluência em placas de 150 mm, as células foram descoladas com solução de trypsina-EDTA (Invitrogen) e semeadas sobre os discos de titânio. Foram colocadas 50.000 células por disco, 50 μl de meio D-MEM. As células foram deixadas em contato com os discos durante quatro horas antes da colocação de novo meio. Após a fixação inicial das células foi adicionado meio de cultura adicional para cobrir totalmente o disco (aproximadamente 200 μl). A indução da diferenciação em osteoblastos foi iniciada 24 horas após o cultivo das células sobre os discos, trocando o meio de cultura pelo meio de diferenciação, contendo 10-7M dexametasona (Invitrogen), 50 nM ácido ascórbico (Invitrogen) e 2,5 μM beta-glicerofosfato (Invitrogen). As células foram cultivadas por um período de até 35 dias. Após esse período, as células foram lisadas para isolar RNA (após sete e 21 dias) para análise molecular da expressão de genes ósseos. Ou coradas para verificar a formação de nódulos de mineralização (após 35 dias). Extração e análise de RNA Para a análise molecular, os discos foram colocados em placas de cultura com seis poços. Seis discos foram utilizados para cada período de expressão e o experimento foi realizado com três amostras por grupo. Os períodos de avaliação da expressão gênica foram sete e 21 dias após o início da diferenciação celular. Para avaliação do nível de expressão de RNA mensageiro (mRNA) nas células aderidas aos discos de titânio, após o período de cultura selecionado, os discos foram removidos do meio de cultura e lavados duas vezes com solução tampão de fosfato (PBS). As células aderentes em cada disco foram lisadas com Trizol (Invitrogen) de acordo com o protocolo do fabricante e coletadas em precipitação com etanol. O RNA total foi quantificado utilizando UV espectrofotometria. Para cada amostra de RNA (n=3) foi obtido o cDNA utilizando 1,0 μg do RNA total. cDNA foi obtido utilizando o kit SuperScript II (Invitrogen) de acordo com a recomendação do fabricante para uma reação padrão Mendonça G | Mendonça DBS | Araújo MAR | Duarte WR | Cooper LF | Aragão FJL Mineralização Após 35 dias, o meio de cultura dos poços contendo os discos de Ti foram removidos, os poços lavados três vezes com PBS à 37oC e fixados com formalina 4%. Em seguida, os discos de Ti foram desidratados em série crescente de álcoois, como se segue: álcool 30% (uma hora) - álcool 30% (uma hora)- álcool 50% (uma hora) - álcool 50% (uma hora) - álcool 70% (overnight)- álcool 95% (uma – duas horas) - álcool 95% (uma – duas horas) - álcool 100% (uma hora) - álcool 100% (uma hora). Após a desidratação, os discos de Ti foram corados com Alizarin red S (Sigma), que colore em vermelho os nódulos de mineralização ricos em cálcio. Os discos foram fotografados e as imagens obtidas processadas em um programa de imagens (Image Tool for Windows, versão 2.02, University of Texas Health Science Center, San Antonio/TX, EUA). Foi calculada a porcentagem da área total dos discos que apresentaram formação de matriz mineralizada. Neste trabalho foram utilizadas apenas duas amostras de cada superfície para a mineralização e, portanto, não foi realizada a análise estatística. Resultados Análise da expressão gênica O padrão de expressão dos genes foi obtido e serão apresentados como mudanças relativas no nível de expressão comparados à superfície usinada sete dias. Os níveis de expressão do gene ALP (fosfatase alcalina), medidos pela produção de seu mRNA apresentou-se bastante elevado para o grupo jateamento/ataque ácido com um nível de expressão 3,1 vezes maior após sete dias e 83,0 vezes após 21 dias, comparados com a superfície usinada (Figura 1). A superfície com ataque ácido não apresentou diferenças nos níveis de expressão deste gene, quando comparados à superfície usinada (Figura 1). Os níveis relativos de expressão do mRNA do gene BSP (sialoproteína óssea) após sete dias são baixos, pois as células ainda não estão produzindo matriz mineralizada. Entretanto, após 21 dias os níveis de expressão apresentaram uma indução de 25,0 vezes comparados com a superfície usinada (Figura 2). A superfície com ataque ácido não apresentou diferenças nos níveis de expressão deste gene, quando comparados à superfície usinada (Figura 2). A expressão relativa do gene Runx2, após sete dias, apresentou uma indução de 4,5 vezes maior que o grupo controle (usinado), enquanto a superfície com ataque ácido apresentou um aumento na indução de 2,5 vezes (Figura 3). Após 21 dias, o nível de expressão do gene Runx2 apresentou uma indução de aproximadamente 2,0 vezes para a superfície jateamento/ataque ácido quando comparado à superfície usinada sete dias (Figura 3). Após 21 dias, as superfícies usinada e ataque ácido apresentram diminuição no nível de expressão do Runx2 comparados ao usinado sete dias, enquanto a superfície jateamento/ataque ácido apresentou ainda um aumento de 2,0 vezes comparado ao controle (Figura 3). A superfície jateamento/ataque ácido apresentou um aumento da 11,5 vezes e 9,5 vezes no nível de expressão do gene Runx2 quando comparada à superfície usinada e superfície de ataque ácido 21 dias, respectivamente (Figura 4). CADERNO CIENTÍFICO de 20,0μl. Foi realizado real time PCR para avaliação dos níveis de expressão dos mRNAs para os genes fosfatase alcalina (ALP) sialoproteína óssea (BSP) e Runx2. Volumes iguais de cDNA foram utilizados para preparar todas as reações de PCR. As reações foram preparadas utilizando o kit TaqMan Universal PCR Master Mix (Applied Biosystems/CA, EUA) de acordo com o protocolo do fabricante em um termociclador ABI 7000 para Real time PCR (Applied Biosystems). A expressão relativa do mRNA foi determinada pelo método 2-ǻǻCt e expressa como nível relativo de expressão. Todas as reações foram normalizadas de acordo com a expressão do gene GAPDH. Figura 1 Nível de expressão relativo do gene ALP comparado à superfície usinada sete dias. Os resultados são apresentados como nível de expressão relativo ao grupo controle Usinado sete dias (Método 2ǻǻCt). Figura 2 Nível de expressão relativo do gene BSP comparado à superfície usinada sete dias. Os resultados são apresentados como nível de expressão relativo ao grupo controle Usinado sete dias (Método 2ǻǻCt). REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):137-41 139 | Mendonça G | Mendonça DBS | Araújo MAR | Duarte WR | Cooper LF | Aragão FJL CADERNO CIENTÍFICO Figura 3 Nível de expressão relativo do gene Runx2 comparado à superfície usinada sete dias. Os resultados são apresentados como nível de expressão relativo ao grupo controle Usinado sete dias (Método 2ǻǻCt). Figura 4 Nível de expressão relativo do gene Runx2 após 21 dias comparado à superfície usinada e ataque ácido 21 dias, respectivamente. Os resultados são apresentados como nível de expressão relativo ao grupo controle - Usinado 21 dias (Método 2ǻǻCt). Mineralização Após 35 dias, os discos foram corados com Alizarin Red S para detecção de nódulos de mineralização. A superfície com tratamento de jateamento/ataque ácido apresentou maior porcentagem de mineralização (80%) quando comparada com as superfícies usinadas (18%) e ataque ácido (71%), Figuras 5 e 6. Figura 5 Discos corados com Alizarin Red S. (A) Usinado, (B) Ataque ácido, (C) jateamento/ataque ácido. | 140 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):137-41 Figura 6 Medida da área mineralizada corada com Alizarin Red S. Discussão Os efeitos da topografia da superfície na resposta celular, tais como, diferenciação e mineralização, têm sido investigados em vários estudos in vitro e também in vivo6-10. O mecanismo pelo qual a superfície do implante atua na resposta de osseointegração não está ainda completamente elucidado. Os modelos in vitro para o estudo dos efeitos de novas superfícies de implantes permitem uma análise da resposta específica de células controladas sobre o material de estudo. Neste estudo foram utilizadas células mesenquimais humanas indiferenciadas. Este tipo de célula é apta a se diferenciar em células do tecido ósseo, cartilaginoso ou adiposo, quando devidamente estimulada para uma destas três vias. Após um período de expansão, estas células foram colocadas sobre os discos e diferenciadas na via osteogênica (esta diferenciação foi comprovada via PCR). Este modelo in vitro permite avaliar os efeitos das superfícies na expressão gênica e na diferenciação destas células na linhagem de escolha (osteogênica). Após a indução da diferenciação, a expressão de genes específicos como Runx2 induzem a diferenciação de novas células. Os dados in vitro de análise molecular e mineralização, comparados à superfície lisa e com ataque ácido, sugerem que a utilização de jateamento seguido de ataque ácido influenciam uma maior diferenciação e expressão de genes específicos da cascata de diferenciação do tecido ósseo. A superfície tratada com jateamento/ataque ácido apresentou uma resposta aumentada nos níveis de expressão dos genes ALP, BSP e Runx2. Um aumento no nível de expressão do gene Runx2 indica um aumento na diferenciação de osteoblastos15. Este aumento na diferenciação é confirmado pelo aumento da expressão do gene ALP, que é um gene marcador do início do processo de diferenciação de osteoblastos. E é também confirmada pelo aumento nos níveis de BSP, que é um gene tardio de osteoblastos e característico do início da deposição de matriz mineralizada16. Mendonça G | Mendonça DBS | Araújo MAR | Duarte WR | Cooper LF | Aragão FJL Referências bibliográficas 1. Adell R, Eriksson B, Lekholm U, Branemark PI, Jemt T. Long-term follow-up study of osseointegrated implants in the treatment of totally edentulous jaws. Int J Oral Maxillofac Implants 1990;5:347-59. 2. Albrektsson T, Dahl E, Enbom L, Engevall S, Engquist B, Eriksson AR et al. Osseointegrated oral implants. A Swedish multicenter study of 8139 consecutively inserted Nobelpharma implants. J Periodontol 1988;59:287-96. 3. Goodacre CJ, Kan JY, Rungcharassaeng K. Clinical complications of osseointegrated implants. J Prosthet Dent 1999;81: 537-52. 4. 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Isa ZM, Schneider GB, Zaharias R, Seabold D, Stanford CM. Effects of Conclusão Baseado nas limitações deste trabalho, foi possível observar in vitro uma resposta positiva da superfície tratada com jateamento seguido de ataque ácido para modular a resposta de células mesenquimais humanas na diferenciação em osteoblastos. Uma maior expressão de genes relacionados com a cascata de diferenciação do tecido ósseo foi observada em células cultivadas sobre a superfície com jateamento/ataque ácido, associado com uma maior porcentagem de área mineralizada. Recebido em out/2008 Aprovado em jan/2009 Agradecimentos: Os autores agradecem a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e a Neodent Implante Osteointegrável (Curitiba/PR) pelo apoio dado a este projeto através de bolsa de doutorado Sandwich e Pesquisa. Endereço para correspondência: Gustavo Mendonça Universidade Católica de Brasília - UCB - Curso de Odontologia QS 07, Lote 1 - Bloco “S”, Sala S-213, EPCT - Águas Claras 71966-700 - Taguatinga - DF Telefax: (61) 3356-9612 [email protected] [email protected] 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. CADERNO CIENTÍFICO Como resposta ao aumento da expressão destes genes, após 35 dias de cultura, também foi possível observar uma maior área de nódulos de mineralização sobre a superfície dos discos tratados com jateamento/ataque ácido, indicando uma maior atividade de osteoblastos em relação às demais superfícies (Figuras 5 e 6). Os níveis elevados de Runx2 influenciam a expressão de outros genes relacionados à diferenciação de osteoblastos, tais como, Fosfatase alcalina, Colágeno tipo I, Osteocalcina e Osteopontina17. Este aumento na expressão de Runx2 pode ser uma resposta específica da topografia da superfície sobre a célula aderida. Outros estudos também apresentaram expressão aumentada de Runx2 em superfícies com topografia ativada8-9. Os níveis elevados de expressão gênica observados neste estudo refletem também o que foi observado em outros estudos, quando comparam superfícies ativadas comparadas às superfícies de implantes apenas usinadas6-9,12-13. Entretanto, estudos de longo prazo também são necessários para verificar o real desempenho e benefício de novas superfícies de implantes osseointegrados. fluoridemodified titanium surfaces on osteoblast proliferation and gene expression. Int J Oral Maxillofac Implants 2006;21:203-11. Gutwein LG, Webster TJ. Increased viable osteoblast density in the presence of nanophase compared to conventional alumina and titania particles. Biomaterials 2004;25:4175-83. Oh SH, Finones RR, Daraio C, Chen LH, Jin S. Growth of nano-scale hydroxyapatite using chemically treated titanium oxide nanotubes. Biomaterials 2005;26:4938-43. Schwartz Z, Nasazky E, Boyan BD. 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ABSTRACT The aim of this paper was to report a clinical case where a frozen homogenous, bone bank graft was used in the reconstruction of a compromised maxilla, filling the maxillary sinus cavity and increasing the thickness of the alveolar bone, to provide an adequate site for dental implants and their respective prostheses. Within the limits of this study, it was concluded that this graft is a possible, secure, and a non-traumatic alternative when used to increase the bone volume for further patient rehabilitation, although more clinical long-term research is necessary. Key Words - Bone transplants; Homogenous grafts; Implants. *Mestrandos em Implantodontia - Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic - Campinas/SP. **Professor doutor do Programa de Pós-graduação da Faculdade de Odontologia e Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic - Campinas/SP. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):143-8 143 | CADERNO CIENTÍFICO Anna Cristina Biagini* Evelyn Júri Rezende de Lacerda* Valéria Leobas de Castro Antunes* Maurício Makoto Koga* Alexander D’Alvia Salvoni** Biagini AC | Lacerda EJR | Antunes VLC | Koga MM | Salvoni AD CADERNO CIENTÍFICO Introdução Os enxertos ósseos datam de trabalhos realizados no século 181. Na cavidade bucal, devido ao fato da exodontia dentária resultar na perda do osso alveolar devido à atrofia do rebordo edêntulo2-3, técnicas de aumento de rebordo alveolar e levantamento de seio maxilar vêm sendo desenvolvidas para viabilizar o uso de implantes e permitir a confecção de próteses que reabilitarão o indivíduo estética e funcionalmente. A incorporação dos enxertos ao leito receptor apresenta cinco estágios: 1. Inflamação, com aumento da atividade osteoclástica; 2. Revascularização do enxerto; 3. Osteocondução, na qual o enxerto tem a função de arcabouço para o crescimento de vasos e formação de osso; 4. Osteoindução, na qual células mesenquimais do hospedeiro são induzidas a se transformarem em osteoblastos por proteínas encontradas no enxerto conhecidas como “bone morfogenetic proteins” (BMPs)4; e 5. Remodelação óssea, com características de reabsorção e formação contínua de osso5-8. Atualmente podemos utilizar enxertos autógenos, homógenos ou alógenos, heterógenos ou xenógenos e aloplásticos. Com relação à reparação após a utilização desses materiais, os enxertos autógenos são os mais previsíveis9-11, sendo considerados o “padrão ouro” para a enxertia óssea9,12. Investigadores concordam que osso autógeno fresco, cortical e medular, é o melhor tipo de enxerto1,11. São os únicos a fornecerem células com capacidade osteogênica e um arcabouço ósseo imunologicamente idêntico ao leito receptor1,7,9,13-14. Quanto ao osso homógeno, sua perspectiva de utilização aumentou após um pesquisador ter observado a formação de osso ao realizar transplantes de fragmentos ósseos sem células viáveis em 19654. Embora não possua propriedades osteogênicas4-5, apresenta atividade osteoindutora, osteocondutora15-16 e resposta imunológica histocompatível entre o enxerto e o hospedeiro17-18. Quando comparado Devido ao reduzido volume ósseo das áreas doadoras intrabucais, muitas vezes, é necessária a obtenção do enxerto autógeno de áreas doadoras extrabucais, por meio de métodos cirúrgicos alternativos, o que pode representar alto custo com procedimentos hospitalares, anestesia geral e morbidade cirúrgica20-22. | 144 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):143-8 ao osso autógeno, o osso homógeno apresenta a mesma sequência de formação de reparação óssea, porém com as fases ocorrendo de forma mais lenta19. Devido ao reduzido volume ósseo das áreas doadoras intrabucais, muitas vezes, é necessária a obtenção do enxerto autógeno de áreas doadoras extrabucais, por meio de métodos cirúrgicos alternativos, o que pode representar alto custo com procedimentos hospitalares, anestesia geral e morbidade cirúrgica20-22. Além disso, não são todos os pacientes que aceitam duas zonas cirúrgicas, ou seja, uma doadora e uma receptora, sejam elas intrabucais ou não. A utilização do osso homógeno nesses casos passa a ser uma alternativa viável cujas vantagens são: redução no tempo cirúrgico, menor perda sanguínea, redução do potencial de infecção e de deformidades cosméticas no leito doador. Quanto à técnica de levantamento de seio maxilar, em 1996, a Academia de Osteointegração do Boston College avaliou os resultados de 1007 levantamentos de seio maxilar utilizando osso autógeno; osso homógeno liofilizado desmineralizado; osso heterógeno bovino desproteinado mineralizado; e tricálcio fosfato e hidroxiapatia como enxertos aloplásticos. Todos os materiais, com exceção do osso liofilizado desmineralizado apresentaram taxas de sucesso altas, sendo que foi de grande consenso a utilização do osso autógeno quando o remanescente ósseo for inferior a 3 mm23. Este artigo apresenta um caso clínico onde se discute a possibilidade de utilização do osso homógeno em duas formas de enxertia: a forma em“bloco”, que é utilizada para aumentar a espessura óssea, e a forma ‘particulada’, utilizada neste trabalho, para levantamento de seio maxilar. Relato de Caso Clínico A paciente MEM, 46 anos, gênero feminino, se apresentou queixando-se da ausência do primeiro molar e pré-molares superiores direitos. Durante a anamnese a paciente declarou-se não fumante e não portadora de nenhuma doença sistêmica sendo classificada como ASA I. Ao exame clínico-radiográfico observou-se o comprometimento da raiz do canino, a ausência de espessura do rebordo alveolar e a pneumatização do seio maxilar. Devido à grande quantidade de osso necessária foi sugerida a remoção óssea de área extrabucal. A paciente após avaliar custos e já tendo passado pela morbidade de uma cirurgia de remoção óssea preferiu a utilização do osso humano congelado do Banco de Ossos. O procedimento cirúrgico foi realizado sob anestesia local. Foi feito o preenchido do seio com osso particulado e dois blocos ósseos foram preparados e aparafusados para aumento da espessura da área. Seis meses depois de realizada a enxertia, a área foi reaberta para a instalação de quatro implantes (Figuras 1 a 10). Biagini AC | Lacerda EJR | Antunes VLC | Koga MM | Salvoni AD CADERNO CIENTÍFICO Figura 1 Área a ser enxertada sem a espessura óssea necessária para a instalação dos implantes. Figuras 2a e 2b Radiografias periapicais mostrando a pneumatização do seio e ausência de altura para instalação dos implantes. Figura 3 Após incisão, descolamento do retalho com exposição da área a ser operada. Figura 4 Abertura e levantamento da membrana do seio. A B Figuras 5a e 5b Osso homógeno. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):143-8 145 | Biagini AC | Lacerda EJR | Antunes VLC | Koga MM | Salvoni AD A B Figuras 6a e 6b Osso particulado e sequência do preparo do bloco ósseo. CADERNO CIENTÍFICO A B Figuras 7a e 7b Preenchimento da cavidade do seio com o osso particulado e fixação dos blocos ósseos com parafusos de titânio. Figura 8 Sutura do retalho. Figura 9 Área enxertada após seis meses. A Figuras 10a e 10b Instalação de quatro implantes viabilizados devido ao enxerto realizado. | 146 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):143-8 B Discussão Embora seja de consenso absoluto que os enxertos autógenos são o melhor tipo de enxertia, os enxertos ósseos homógenos vêm sendo utilizados amplamente na prática clínica odontológica com bons resultados. O seu emprego tornou as cirurgias mais rápidas e menos traumáticas, pois não há a necessidade de acesso cirúrgico para remoção do enxerto autógeno de uma área doadora. Devido ao crescente uso desses enxertos nas cirurgias reconstrutivas, o conhecimento de suas características histológicas e biomecânicas passa a ser de grande importância. Existem várias técnicas de preparo do osso homógeno para enxerto, todas objetivando diminuir a antigenicidade do osso e evitar a destruição das proteínas osteoindutoras17-18,24. Dentre essas técnicas existe o armazenamento após congelamento em diferentes temperaturas e o processo de liofilização ou “freeze-drying” com estocagem em temperatura ambiente18,24. É importante salientar que o modo de armazenamento influencia na osteoindução e osteocondução do enxerto homógeno. O congelamento preserva essas duas propriedades15-16 enquanto os processos de liofilização ou esterilização prejudicam significativamente a regeneração dos enxertos25. O osso fresco congelado pode ser usado sozinho ou em combinação com o osso autógeno como demonstrado em trabalho19 onde indivíduos receberam esses enxertos associados para reconstrução de mandíbulas atróficas e de defeitos ósseos oriundos de trauma e recessão de tumores. Segundo estudo realizado25, enxertos criopreservados ao serem comparados com enxertos colhidos a fresco, levando-se em consideração parâmetros histológicos como: viabilidade celular, presença de vascularização, necrose, manutenção da matriz óssea, processo inflamatório, remodelação óssea e fibrose, demonstraram que apenas a viabilidade celular apresenta mudança significativa após a criopreservação e, uma vez que os enxertos ósseos não necessitam de células viáveis para sua utilização, o processo de criopreservação passa a ser um método útil para o armazenamento dos aloenxertos em bancos de tecidos não inviabilizando seu emprego futuro nas cirurgias reconstrutivas. A fim de comparar o processo de reparo de enxerto de osso homógeno com o enxerto de osso autógeno por meio de imagens tomográficas em suínos, 12 animais foram sacrificados aos sete, 30, 60 e 90 dias pós-operatórios, quando suas mandíbulas foram removidas para a realização das tomografias espirais. Observou-se que durante todo o processo de reparação o enxerto autógeno foi o que obteve melhor resultado. Mostrava-se mais unido ao leito receptor e com radiopacidade semelhante a do tecido ósseo adjacente, além de ausência de reabsorção óssea ao seu redor. Em contrapartida, o enxerto homógeno se apresentava menos reabsorvido e na maioria das vezes, com sinal de reabsorção do tecido ósseo adjacente26. Em estudo realizado em perônio de ratos, pesquisadores27 ao compararem enxertos autógenos com e sem periósteo com enxerto homógeno sem periósteo observaram que quando o periósteo é mantido a reabilitação do enxerto é quase completamente de origem periostal e quando ele é retirado a neoformação óssea parte do endósteo, não havendo diferença significativa no comportamento do enxerto autógeno quando comparado ao homógeno. Quanto ao aspecto biomecânico, investigadores28 após realizarem um ensaio laboratorial e clínico com o osso humano corticoesponjoso processado quimicamente e usado como enxerto homógeno concluíram que esse osso tem resistência mecânica adequada e é uma alternativa viável e útil para substituição do enxerto autógeno fresco e constituição de bancos de ossos. Pesquisadores29 utilizando o osso homógeno fresco congelado para levantamento do seio maxilar em dez indivíduos constataram, cinco meses depois de realizada a enxertia, por meio de biópsia e avaliação histomorfométrica sob microscopia de luz, que a maioria dos espécimes apresentava osso neoformado completamente integrado ao osso pré-existente. Concluíram ser o osso homógeno congelado fresco um material biocompatível que pode ser utilizado com sucesso na reconstrução de seios maxilares sem interferir com o processo reparador ósseo. Conclusão Dentro dos limites desse estudo, podemos afirmar que a utilização de osso humano fresco congelado é uma alternativa viável para reconstrução dos rebordos atróficos e enxertos nos seios maxilares, diminuindo a morbidade e riscos inerentes aos procedimentos autógenos, além de apresentarem capacidade de remodelação, incorporação e qualidade que permitem resistir às cargas funcionais quando da instalação de implantes osseointegrados. Recebido em set/2008 Aprovado em fev/2009 Endereço para correspondência: Anna Cristina Biagini Rua Saul Navarro, 184 - Apto 1.502 - Praia do Canto 29057-360 - Vitória - ES Tel.: (27) 3225-2658 [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):143-8 147 | CADERNO CIENTÍFICO Biagini AC | Lacerda EJR | Antunes VLC | Koga MM | Salvoni AD CADERNO CIENTÍFICO Biagini AC | Lacerda EJR | Antunes VLC | Koga MM | Salvoni AD Referências bibliográficas 1. Aguilar F. An evaluation of the clinical use of autogenous and homogenous heterografts. 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Um caso clínico de carga imediata em implante unitário foi apresentado. Unitermos - Implantes unitários; Carga imediata; Implantes dentários. ABSTRACT The purpose of this article was to evaluate the effectiveness of immediately loaded, single-tooth implants by means of a literature review. Clinical conditions, advantages, important factors related to the success of this technique, as well as the inherent risks were evaluated. A clinical case of an immediate-loaded singletooth implant was presented. Key Words - Single-tooth implant restorations; Immediate loading; Dental implants. * Doutorando em Biopatologia Bucal, Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp; Professor responsável pela Disciplina de Implantodontia da Faculdade de Pindamonhangaba - Fapi. ** Mestrandos em Biopatologia Bucal, Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp. *** Pós-doutoranda em Biopatologia Bucal, Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp. **** Professora assistente doutora da Disciplina de Microbiologia e Imunologia da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp. ***** Professor titular da Disciplina de Microbiologia e Imunologia da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):151-7 151 | CADERNO CIENTÍFICO Carlos Alberto do Amaral Valladão Junior* Alberto Fedeli Junior ** Aurélio Belas *** Abílio Cardoso Junior**** Valladão Jr CAA | Fedeli Jr A | Belas A | Cardoso Jr A CADERNO CIENTÍFICO Introdução Os conceitos básicos dos implantes osseointegrados evoluíram de uma série de experimentos que tiveram início nos anos 60 por Per-Ingvar Brånemark. Em meados de 1969, pesquisadores1 realizaram estudos experimentais com implantes no intuito de reter e suportar próteses dentais. Os autores2 propuseram que, após a instalação dos implantes intraosseos em sítios cirúrgicos, estes deveriam permanecer submersos, sem sofrer cargas ou distúrbios por um período de três as seis meses. Alguns autores3, já no ano de 2000, fizeram um estudo clínico e radiográfico com acompanhamento de 18 meses de implantes unitários que receberam carga imediata (grupo tratado, com 14 implantes), comparados com implantes ativados pelo método convencional de dois estágios (grupo controle com oito implantes). Foram instalados implantes Brånemark System (Nobel Biocare) com torque de 35 Ncm. Os autores reportaram falhas em dois de 14 implantes unitários que receberam carga imediata e nenhuma falha em oito implantes instalados, seguindo o protocolo convencional. No ano seguinte, outros pesquisadores4 instalaram 286 implantes, em 75 pacientes. Os implantes instalados foram implantes Sargon, com mecanismo interno de expansão de sua estrutura. Foram instalados 81 implantes, imediatamente após extração, recebendo carga imediata. Foram também instalados 162 implantes que receberam carga imediata, em sítios já cicatrizados e 30 implantes instalados recebendo carga tardia. A taxa de sucesso obtida foi de 96% na maxila e 94,8% na mandíbula. A taxa de sucesso encontrada pelos autores foi de 98,9% nos implantes instalados imediatamente após exodontias, comparada com uma taxa de 93,9% em regiões cicatrizadas. Um estudo clínico5 foi realizado comparando a instalação de implantes que receberam carga imediata em alvéolos cicatrizados e em locais previamente cicatrizados. Foram realizados 28 implantes em 26 pacientes, todos unitários, recebendo carga imediata. Deste total, 19 implantes foram instalados imediatamente após a exodontia e nove em sítios cicatrizados, todos em regiões de incisivos e pré-molares na maxila e na mandíbula. Os implantes utilizados foram: 21 Steri-oss e 7 Alpha Bio, com revestimento de hidroxiapatita. As cirurgias foram feitas sem retalho, tanto para os casos após exodontias, quanto para aqueles em sítios já cicatrizados. A taxa de sucesso foi de 82,4% em implantes imediatos e de 100% para os implantes não imediatos. No ano de 2002, alguns casos clínicos foram apresen6 tados com implantes instalados após exodontias, recebendo carga imediata. Segundo os autores, as seguintes condições seriam necessárias para o êxito da técnica: a. Ausência de infecção localizada no dente a ser removido; b. Profundidade mínima da osteotomia variando de 3 mm a 5 mm apical ao | 152 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):151-7 alvéolo existente; c. Espaço ou fenda entre o implante e o alvéolo remanescente deve ser de 1,5 mm a 2 mm; e d. Minimizar o trauma cirúrgico sem o levantamento de retalhos, desde que haja planejamento cirúrgico adequado, através de análise clínica criteriosa e exames complementares, como tomografias computadorizadas. Outros avaliadores7 realizaram um estudo prospectivo de cinco anos, com o intuito de avaliar a taxa de sucesso de oito implantes unitários restaurados de forma imediata com implantes ITI TPS (Straumann), na região anterior da maxila. Foram avaliados oito pacientes saudáveis, com média de idade de 21 anos, com perda de um incisivo central ou lateral. A estabilidade dos implantes foi avaliada com o uso do Periotest (Siemens). A avaliação de cinco anos indicou ausência de perda de implantes. Outra pesquisa8, realizada em meados de 2003, apresentou casos de implantes instalados na região de incisivos maxilares, com provisórios imediatos, acompanhados por um período de dois anos. Foi realizada a instalação de implante recebendo carga imediata na reposição de um único incisivo central superior, indicado para exodontia por motivo de reabsorção ou fratura radicular, em cada paciente estudado. Os implantes instalados foram Replace Select (Nobel Biocare). Os autores obtiveram um sucesso de 93,5%. Outros avaliadores7 realizaram um estudo prospectivo de cinco anos, com o intuito de avaliar a taxa de sucesso de oito implantes unitários restaurados de forma imediata com implantes ITI TPS (Straumann), na região anterior da maxila. Foram avaliados oito pacientes saudáveis, com média de idade de 21 anos, com perda de um incisivo central ou lateral. A avaliação de cinco anos indicou ausência de perda de implantes. Alguns autores9 fizeram comparações entre implantes que receberam carga imediata (52) e implantes que receberam carga precoce (49) em 32 pacientes parcialmente edêntulos. Para o grupo com implantes que recebeu carga imediata, estes deveriam ser instalados com torque acima de 30 Ncm. Os implantes instalados foram Osteotite NT (Implant Innovations), seguindo o protocolo convencional de preparo do leito cirúrgico. Os autores obtiveram taxas de sucesso similares em ambos os métodos: 96,15% para os implantes que receberam carga imediata e 97,96%, para aqueles que receberam carga precoce. Realizou-se uma avaliação10 de 44 pacientes, num total de 50 implantes Brånemark System MKIII TiUnite de plataforma larga. Todos os implantes receberam carga imediata. O torque de instalação mínimo foi de 35 Ncm. A estabilidade dos implantes foi testada com análise de frequência de ressonância, usando-se o Ostell (Integration Diagnostic). Neste estudo não houve perda de implantes. Outra avaliação11 envolveu 50 implantes instalados em 26 pacientes que receberam carga imediata. Os implantes eram de superfície usinada, Brånemark System (Nobel Biocare). Os implantes foram instalados com torque mínimo de 60 Ncm, para casos individuais e de 32 Ncm para casos com implantes múltiplos. A taxa de sucesso total foi de 98%. Outros pesquisadores12 reportaram o uso de Implantes Brånemark System TiUnite e Brånemark System usinados (sem tratamento de superfície) em 44 pacientes, separados de maneira aleatória em dois grupos. O objetivo do estudo foi comparar os implantes de superfície tratada (TiUnite) com os de superfície não tratada ou usinados, quando utilizados na região posterior de mandíbula, recebendo carga imediata. Como resultado, três implantes falharam dos 66 instalados, no grupo teste, obtendo-se um sucesso de 95,5%. No grupo controle, dos 55 implantes instalados, oito falharam, sendo uma taxa de sucesso de 85,5%. Alguns autores13 realizaram um estudo retrospectivo de três anos em 46 pacientes com implantes Brånemark MKIV recebendo carga imediata. As cirurgias foram todas realizadas, sem retalho, na região de maxila. A taxa de sucesso encontrada para implantes unitários foi de 81%, comparada com 94% para implantes esplintados. Um estudo experimental14 foi executado em seis minipigs que receberam 24 implantes. Cada animal recebeu quatro implantes e foi dividido em dois grupos experimentais: dois implantes foram submetidos à carga imediata, em contatos cêntricos e outros dois implantes, sem contatos oclusais, foram utilizados como controle. Dados histológicos indicaram ausência de interferência negativa na interface osso-implante após aplicação de forças oclusais. Outra pesquisa15 utilizou da análise de frequência de ressonância (RFA) para avaliar 344 implantes que receberam carga imediata, em 51 pacientes. Os implantes foram instalados, entre os forâmenes mentonianos em osso edêntulo ou em locais de extração e restaurados com protocolo imediato. Todos os testes de ressonância realizados nesse estudo foram feitos com uso do transdutor em forma de “L” do Ostell (Integration Diagnostics). As taxas de sucesso encontradas nesse estudo (n=276) foram de 99,1% na mandíbula e 97,5% na maxila. Outro estudo retrospectivo16 avaliou 43 implantes Astra Tech que receberam carga imediata em alvéolos cicatrizados e em sítios já cicatrizados. Estes foram instalados na região de dentes anteriores e pré-molares de 28 pacientes. No ato cirúrgico, a estabilidade inicial dos implantes foi testada com a remoção do montador do implante. No processo de avaliação três dos 28 pacientes apresentaram falhas em quatro implantes. Alguns autores 17 relataram 20 casos clínicos de pacientes com implantes unitários que receberam carga imediata na região posterior de maxila e mandíbula. Ao todo foram instalados 20 implantes Ankylos (Friadent). A perda óssea marginal foi avaliada através de tomadas radiográficas no ato cirúrgico e, também, após três, seis e 12 meses. A perda óssea foi considerada pequena: de 0 mm a 0,5 mm em dez implantes, após um ano e 0,5 mm a 1 mm em nove dos implantes instalados no mesmo período de avaliação. Um estudo de cinco anos de acompanhamento18 de 111 implantes 40 Frialit (Dentisply/Friadent); dois IMZ Twin Plus (Dentisply/Friadent); 36 XiVE (Dentisply/Friadent); quatro Ankylos (Dentisply/Friadent); três Restore (Lifecore); 20 Maestro (Biohorizons); seis Brånemark (Nobel Biocare) para próteses unitárias com provisórios em infraoclusão foram instalados com torque mínimo de 25 Ncm. Destes implantes, 67 foram instalados imediatamente após extrações dos dentes. A taxa de sucesso final foi de 97,2%. Outros autores realizaram um estudo19 com acompanhamento de um ano, de 202 implantes SwissPlus® (Zimmer Dental) instalados em 33 pacientes. Todos foram instalados em maxila edêntula, com cirurgia sem retalho e recebendo carga imediata. Os sítios foram propositadamente subinstrumentados para se alcançar alta estabilidade primária e torque mínimo de 45 Ncm. Houve falha de apenas dois implantes que foram substituídos imediatamente. Relato de Caso Clínico Paciente do sexo masculino, 46 anos, foi submetido à cirurgia de implante recebendo carga imediata, na região do dente 36 ausente. Após seis meses, o caso foi concluído com a confecção de uma coroa de porcelana pura, sobre o implante. Após exame clínico, anamnese do paciente e avaliação de radiografias e tomografias da região, o caso foi selecionado para a realização da técnica de instalação de implante recebendo carga imediata - Figuras 1, 2 e 3. Podemos observar uma boa disponibilidade óssea nestes exames e, clinicamente, uma boa faixa de gengiva inserida. A cirurgia foi realizada sem rebatimento de retalho, através da utilização de bisturi circular acoplado ao contra-ângulo. Após a realização das osteotomias com brocas REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):151-7 153 | CADERNO CIENTÍFICO Valladão Jr CAA | Fedeli Jr A | Belas A | Cardoso Jr A Valladão Jr CAA | Fedeli Jr A | Belas A | Cardoso Jr A CADERNO CIENTÍFICO cônicas, o implante Replace Select Groovy (Nobel Biocare), com comprimento de 10 mm e diâmetro de 5 mm foi instalado (Figura 4). A coroa provisória foi instalada em consulta subsequente à cirurgia, no prazo de 24 horas. Seis meses após a cirurgia, iniciou-se aos procedimentos para confecção das restaurações cerâmicas sobre o implante e dente adjacente. Utilizou-se como pilar protético o pilar Gold Adapt (Nobel Biocare). Modificando-se a técnica, foi realizada uma infraestrutura em cerâmica pura, Figura 1 Tomografia computadorizada. | 154 injetada sobre o pilar, transformando-o em um pilar cerâmico personalizado. A coroa foi confeccionada com o sistema Empress 2 (Ivoclar-Vivadent). Foi realizada, primeiramente, a cimentação adesiva da coroa de cerâmica pura sobre o dente 37. O pilar cerâmico personalizado foi instalado sobre o implante com um torque de 35 Ncm (Figura 5). O orifício do parafuso foi obliterado com teflon e resina. A coroa de cerâmica pura foi cimentada com os procedimentos de cimentação adesiva (Figuras 6 e 7). A radiografia final pode ser vista na Figura 8. Figura 2 Raios-x panorâmico inicial. Figura 3 Aspecto clínico. Figura 4 Inserção do implante. Figura 5 Contorno estético do pilar. Figura 6 Coroas cimentadas. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):151-7 Valladão Jr CAA | Fedeli Jr A | Belas A | Cardoso Jr A Discussão Destacam-se como desvantagens do método de dois estágios: necessidade de uma segunda cirurgia; maior tempo de tratamento; dificuldades mastigatórias; comprometimento estético, comumente relacionado a desafios psicológicos, sociais e funcionais durante o período que antecede a segunda fase do tratamento19. Em relação às vantagens, destaca-se, principalmente, a previsibilidade de resultados com altas taxas de sucesso e a vasta literatura e pesquisas disponíveis1,2,7,20-21. Destacam-se como vantagens do método de um estágio ou carga imediata: redução do tempo de tratamento; evita-se uso de próteses removíveis provisórias; maior aceitabilidade do tratamento pelos pacientes; melhor estética e funcionabilidade alcançados em menor tempo10,12,22. Contudo, alguns fatores devem ser considerados no uso da carga imediata: a necessidade de estabilidade primária do implante no ato cirúrgico, quantidade e qualidade óssea adequadas; forma, tamanho, diâmetro e superfície dos implantes utilizados; fatores oclusais, restauração protética adequada e critérios de seleção e exclusão de pacientes20,22. A maioria dos trabalhos publicados enfoca o uso de carga imediata em implantes unidos ou esplintados, para casos de pontes fixas ou protocolos imediatos. Poucas pesquisas encontram-se disponíveis para casos de carga imediata em implantes unitários16-17,22. Conforme a Conferência de Consenso sobre Carga Imediata23, realizada em 2006, os seguintes critérios e parâmetros devem ser observados para a prática de carga imediata sobreimplantes em casos unitários ou parciais: 1. A carga imediata foi definida como uma restauração implantossuportada, colocada em contato oclusal, pelo menos 48 horas após a cirurgia. 2. Uma alta taxa de sucesso para o tratamento foi relatada, contudo a maioria dos estudos possui acompanhamento dos casos de até dois anos. Figura 8 Raios-x panorâmico final. 3. A região de pré-molares mandibulares e maxilares apresentou maior taxa de sobrevivência para carga imediata. Incisivos e molares são sugeridos para restauração imediata em infraoclusão. 4. Para que um implante receba carga imediata, este deve possuir estabilidade primária (conferida por vários métodos como, RFA, pelo torque de colocação do intermediário de 35 Ncm ou 32 Ncm e pelo torque reverso). Em áreas de enxertos, maiores cuidados e mais evidências são necessárias. 5. O comprimento dos implantes deve ser de 10 mm ou maior, com mínimo de 3,5 mm de diâmetro. Os implantes de superfície tratada e com design de cônico rosqueável apresentam os melhores resultados, segundo as evidências científicas. 6. É preferível restaurações provisórias sem contato oclusal em MIF (máxima intercuspidização funcional), sem contatos em movimentos excursivos. 7. Deve-se evitar a técnica de carga imediata em pacientes com hábitos parafuncionais, fumantes inveterados e aqueles com pobre higiene bucal. Esta técnica também deve ser evitada em pacientes possuindo doenças sistêmicas como diabetes e hiperparatireoidismo. Com base nos estudos apresentados, a taxa de sucesso dos implantes unitários submetidos à carga imediata variou de 56,5% a 100%, sendo em média de 91,79%. Esta pode ser atribuída à presença de diversas variáveis nos estudos, como implantes instalados em sítios pós-exodontias; diferentes tipos de implantes; implantes com superfície tratada, outros com superfície lisa; variados comprimentos (7 mm a 18 mm) e diâmetros (3,5 mm a 5,0 mm) de implantes utilizados e não padronização do protocolo cirúrgico. Apesar da taxa de sucesso dos implantes unitários que recebem carga imediata ser menor do que os implantes unitários tratados com o protocolo de dois estágios, diversos autores concordam que a técnica possui alta previsibilidade de sucesso3,5,10,16,18. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):151-7 155 | CADERNO CIENTÍFICO Figura 7 Aspecto vestibular. Valladão Jr CAA | Fedeli Jr A | Belas A | Cardoso Jr A Referente aos implantes unitários que recebem carga imediata pode-se classificá-los conforme tabela abaixo. Conclusão CADERNO CIENTÍFICO Com base nos trabalhos apresentados que envolveram casos clínicos, pesquisas experimentais e revisão bibliográfica, podem-se inferir algumas conclusões relevantes referentes à carga imediata em implantes unitários. 1. Necessidade de travamento mecânico inicial do implante em torno de 35 Ncm, para o sucesso da técnica. 2. O termo carga imediata refere-se às restaurações implantossuportadas, colocadas em contato oclusal, pelo menos 48 horas após a cirurgia. Àquelas restaurações sem contatos funcionais ou em infraoclusão podem ser consideradas como provisionalização imediata. 3. Implantes com comprimento de 10 mm ou mais apresentam resultados mais previsíveis. 4. Implantes com superfície tratada são preferidos em comparação aos usinados. 5. Os pacientes candidatos a implantes recebendo carga imediata não devem possuir hábitos parafuncionais, como bruxismo ou apertamento dentário; higiene oral limitada, ou estado de saúde comprometido ou não controlado. Recebido em set/2008 Aprovado em jan/2009 Endereço para correspondência: Carlos Alberto do Amaral Valladão Junior SCN Quadra 05 - Bloco A - Sala 230 70715-900 - Brasília - DF Tel: (61) 3328-4031 [email protected] Autor Implantes Unitários Carga Imediata Região do Implante Tamanho (T) Diâmetro (Ø) dos Implantes Tipo de Superfície* Torque Mínimo de Inserção Oclusão Avaliação (meses) Taxa de Sucesso (imediatos) Ericsson et al (2000) 14 12 à 23 31;33 T 13;15;18 mm Ø 3,75 mm Usinada 35 Ncm Sem ou Contato mínimo 18 85,7% Jo et al (2001) 73 Variadas T 10; 13; 16 mm Ø 3,8 até 6,8 mm Tratada - Contato mínimo 40 95,4% Chaushu et al (2001) 28 15 à 25 35; 34; 44; 45; 33; 43 T 12; 13; 14; 16 Ø 3,25; 3,8; 4,0 mm Tratada SAE (21); HA (7) 35 Ncm Contato mínimo 24 89,3% Hui et al (2001) 24 13 à 23 T 13 à 18 mm Ø RP Usinada 40 – 50 Ncm Infraoclusão 15 100% Andersen et al (2002) 8 13 à 23 T 12 à 14 mm Ø 3,3; 4,1 mm Tratada TPS 35 Ncm Infraoclusão 60 100% Groisman et al (2003) 92 11,21 T 13; 16 mm Ø 3,5; 4,3; 5,0; 6,0 mm Tratada (OE) Manual Infraoclusão 24 93,5% Calandriello et al (2003) 50 36,46 T > 10 mm Ø WP Tratada (OE) 50 Ncm ou manual Com contato oclusal 12 100% Calandrielo et al (2003) 20 Variadas T 10; 13 mm Ø 3,75 e 5,0 mm Usinada 60 Contato mínimo 24 98% Rocci et al (2003) 27 17 à 28 T 8,5-18 mm Ø 3,75-4,0 Usinada Contato mínimo 36 81% Abboud et al (2005) 20 1os molares e pré-molares T 9,5; 11; 13; 14 Ø 3,5; 4,5 5,5 mm Tratada (SAE) Infraoclusão 12 95% De Kok et al (2006) 43 15 à 25 T 11; 13; 15; 17 Ø 3,5; 4,0; 4,5; 5,0 mm Tratada (SAE) Infraoclusão 30 90,6% 111 15 à 25 35 à 45 T 10 a 18 mm Ø 3,5 a 6,5 mm Usinada (6); TPS (5); SAE (76); RBM (7); HA (17) Infraoclusão 60 95,5% Degidi et al (2006) > 25 Ncm 25 Ncm * Superfícies: SAE – Jateada e com ataque ácido; HA – com revestimento de hidroxiapatita; TPS – Plasma Spray de Titânio OE – oxidação eletroquímica; RBM -jateada com meio reabsorvível. | 156 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):151-7 Referências bibliográficas 1. Brånemark P-I, Adell R, Breine U, Hansson BO, Lindstrom J, Ohlsson A. Intraosseous anchorage of dental prostheses. I. Experimental studies. Scandinavian Journal of Plastic and Reconstructive Surgery 1969;3:81-100. 2. Brånemark P-I, Hansson BO, Adell R, Breine U, Lindstrom J, Hallen et al. Osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Experience from a 10-year period. Scandinavian Journal of Plastic and Reconstructive Surgery 1977;16(Suppl):1-32. 3. Ericsson I, Nilson H, Lindh T, Nilner K, Randow K. Immediate functional loading of Brånemark single tooth implants: An 18 months’ clinical pilot follow-up study. The International Journal of Oral & Maxillofacial Implant 2000;11:26-33. 4. Jo HY, Hobo PK, Hobo S. Freestanding and multiunit immediate loading of the expandable implant: an up-to-40-month prospective survival study. J Prosthet Dent 2001;85(2):148-55. 5. Chausu G, Chausu S, Tzohar A, Dayan D. 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Calandriello R, Tomatis M, Vallone R, Rangert B, Gottlow J. Immediate oclusal loading of single lower molars using Brånemark System® wide platform TiUnite implants: an interim report of a prospective open-ended clinical multicenter study. Clin Impl Dent and Rel Res 2003;5(1):74-80. 11. Calandriello R, Tomatis M, Rangert B. Immediate functional loading of Brånemark System implants with enhanced initial stability: a prospective 1- to 2-year clinical and radiographic study. Clin Implant Dent Relat Res 2003;5(1):10-20. 12. Rocci A, Martignoni M, Gottlow J. Immediate loading of Brånemark System® TiUnite™ and machined-surface implants in the posterior mandibule: a randomized open-ended clinical trial. Clin Impl Dent and Rel Res 2003;5(1):57-63. 13. Rocci A, Martignoni M, Gottlow J. Immediate loading in the maxilla using flapless surgery, implants placed in predetermined positions, and prefabricated provisional restorations: a retrospective 3-year clinical study. 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Cannizzaro G, Leone M, Esposito M. Immediate functional loading of implants placed with flapless surgery in the edentulous maxilla: 1year follow-up of a single cohort study. Int J Oral Maxillofac Implants 2007;22(1):87-95. 20. Gapski R, Wang H-L, Mascasrenhas P, Lang NP. Critical review of immediate implant loading. Clin Oral Impl Res 2003;14:515-27. 21. Beumer III J, Lewis SG. Sistema de implantes Brånemark – Procedimentos clínicos de laboratório. Pancast editorial; 1993. p.1-13. 22. Silva GCC, Cosso MG, Mendonça JAG, Castilho GAA. Perspectivas atuais da restauração imediata em implantes unitários. ImplantNews 2006;3(1):63-7. 23. Wang HL, Ormianer Z, Palti A, Perel ML, Trisi P, Sammartino G. Consensus conference on immediate loading: the single tooth and partial edentulous areas. Implant Dent 2006;15(4):324-33. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):151-7 157 | CADERNO CIENTÍFICO Valladão Jr CAA | Fedeli Jr A | Belas A | Cardoso Jr A Estudo Clínico Avaliação do sucesso de 20 casos de levantamentos de seio maxilar utilizando osso autógeno particulado e Gen-Ox inorgânico associados em partes iguais (1:1) controle de dois anos Success evaluation of 20 cases of maxillary sinus lifting with filled with 1:1 mixture of particulate, autogenous and Gen-Ox-anorganic bones - a two-year follow-up study RESUMO A técnica do levantamento de seio maxilar permite instalação de implantes em regiões maxilares posteriores deficientes. Os autores realizaram 20 casos, dez com 16 implantes instalados no mesmo estágio (grupo 1) e dez com 14 implantes instalados cinco meses após a enxertia (grupo 2). Foi usada uma combinação de osso autógeno particulado e Gen-Ox anorgânico (proporção de 1:1). Seis meses após a instalação dos implantes eles foram reabertos e as próteses metalocerâmicas implantossuportadas foram instaladas. Os pacientes foram submetidos a controles clínicos e radiográficos e após dois anos apresentaram um índice de sucesso de 100% no grupo 1 e 78,6% no grupo 2 com perda de três implantes. O índice de sucesso dos tratamentos independente de grupos foi de 90%. Unitermos - Implantes dentários; Levantamento de seio; Prótese sobreimplante. CADERNO CIENTÍFICO Rafael Manfro* Walter Rosa Nascimento Júnior** José Aristides Loureiro*** Marcelo Carlos Bortoluzzi**** Camila Reis D´Campora Zago***** ABSTRACT Maxillary sinus lifting allows implant placement in maxillary posterior deficient areas. The authors performed 20 cases, ten with 16 implants installed in the same day of surgical procedure (group 1) and ten with 14 implants installed five months later (group 2). Six months after implant placement, implant-supported, metalloceramic prostheses were fabricated. Clinical and radiographic follow-ups were made. After two years, a success rate of 100% and 78.6% was verified in groups 1 and 2 (three implants lost), regardless of timing for implant placement. The overall success rate was 90%. Key Words - Dental implants; Maxillary sinus lifting; Implant-supported prostheses. * Mestre em Implantodontia Unisa/SP; Coordenador do curso de Especialização em Implantodontia - Unoesc/Joaçaba. ** Mestre em Implantodontia Unisa/SP; Professor dos cursos de Especialização em Implantodontia Ipeno-Unicastelo e Ipeno - Estácio de Sá - Florianópolis/SC. *** Especialista em Prótese Dental Aonp-Londrina; Clínica privada em Curitiba/PR. **** Doutor em Estomatologia - PUC/RS; Professor do curso de Especialização em Implantodontia Unoesc/Joaçaba. ***** Especialista em Implantodontia Ipeno - Estácio de Sá; Professora assistente do do curso de Especialização em Implantodontia Unoesc/Joaçaba REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):161-6 161 | Manfro R | Nascimento Jr WR | Loureiro JA | Bortoluzzi MC | Zago CRD CADERNO CIENTÍFICO Introdução A reabilitação da região posterior da maxila é um dos maiores desafios da Implantodontia atual. A presença do seio maxilar algumas vezes pneumatizado associado a reabsorção fisiológica do rebordo alveolar edêntulo diminui a altura óssea na região, muitas vezes, impossibilitando a instalação de implantes osseointegrados pelo método tradicional. A técnica do levantamento de seio maxilar é o tratamento mais realizado para maxila posterior atrófica. Apresentando um sucesso em torno de 95% a 97%1-9. Diversos materiais de preenchimento apresentam bons resultados quanto a formação óssea, permitindo a osseointegração dos implantes apesar de normalmente formarem um osso tipo IV3, 10-13. O sucesso da reabilitação protética e consequentemente do tratamento, merece considerações, muitas vezes, não consideradas por cirurgiões e, principalmente, por protesistas. O objetivo deste trabalho é apresentar o controle de dois anos dos casos apresentados em 2007, quando avaliamos a osseointegração primária e a formação óssea em radiografias11, dos 20 casos tratados através da técnica de levantamento de seio maxilar e discutir as prováveis causas das falhas na osseointegração dos implantes. Metodologia Seleção de pacientes Entre março de 2004 e junho de 2005 foram selecionados pacientes que apresentavam perda dos elementos dentais posteriores da maxila com indicação para reabilitação com implantes osseointegrados e que necessitavam de levantamento de seio maxilar para instalação dos mesmos. Foram descartados pacientes com indicações absolutas para o tratamento. Pacientes fumantes e portadores de sinusite crônica foram incluídos no trabalho. Os fumantes foram aconselhados a diminuir a quantidade cigarros, porém sem nenhum protocolo especial. Os pacientes portadores de sinusite foram avaliados inicialmente por um especialista em otorrinolaringologia. Protocolo pré-operatório Após serem submetidos a uma avaliação pré-operatória sistêmica, foram solicitados modelos em gesso e radiografias panorâmicas. Após enceramento progressivo e determinação do posicionamento dos implantes foram medidas a quantidade de osso remanescente na região a ser instalada. Se a quantidade de osso fosse considerada suficiente para obter um travamento inicial mínimo o implante seria instalado em um único estágio6 (grupo 1), se não houvesse osso suficiente os implantes seriam instalados cinco meses após a enxertia (grupo 2). | 162 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):161-6 Os pacientes, nos dois dias anteriores a cirurgia, foram submetidos a inalação com Vicky Vaporubi com o objetivo de dar permeabilidade ao óstio do seio maxilar facilitando a elevação da membrana sinusal e diminuindo o risco de infecçção por anaeróbios11. No dia anterior foram feitos bochechos com gluconato de clorexidina a 0,12%. Três horas antes foi ministrado 8 mg de dexametazona por via oral de uma hora antes, 1 g de Cefadroxil também por via oral. Após a cirurgia os pacientes foram mantidos com o cefadroxil por sete dias (dois dias com 1 g e cinco dias com 500 mg). O controle da dor foi realizado com cetaprofeno 100 mg por três dias11. No quarto dia de pós-operatório os pacientes reiniciaram a inalação, sendo mantida até o sétimo dia de pós-operatório. Técnica cirúrgica A incisão foi realizada dependendo da instalação imediata dos implantes ou não. No grupo 1 a incisão foi realizada na crista alveolar enquanto que os do grupo 2 a incisão foi realizada no fundo de sulco. Após descolamento subperostal foi realizada a osteotomia para acesso ao seio maxilar com broca esférica número 08 (Jet lote: 2875859). O osteotomia superior foi realizada 15 mm acima da crista do rebordo alveolar. Um descolamento da membrana foi cuidadosamente realizado expondo a parede lateral da cavidade nasal. Uma membrana de colágeno bovino foi colocada com o objetivo de delimitar a cavidade a ser preenchida por osso e tratar possíveis microperfurações da membrana não observadas. Perfurações pequenas foram tratadas apenas com a membrana de colágeno bovino (Gem-derm – lote: 020417). Perfurações maiores quando possíveis foram suturadas e uma membrana de colágeno bovino (Gem-derm – lote: 020417) foi colocada na região superior da loja melhorando o fechamento da membrana. As que não foram possíveis de serem fechadas às cirurgias foram canceladas. O enxerto foi obtido de corpo e ramo mandibular. Após uma incisão sobre a linha oblíqua externa da mandíbula foi removido um bloco com brocas de fissuras número 701 (Labordental – lote: 2796179). Após removido este bloco foi particulado com particulador específico (Signus Vince). A este enxerto foi então adicionado osso xenógeno inorgânico bovino (Gen-Ox inorgânico – Baumer, Brasil – lote: 2796179) numa proporção de 1:1 e misturados com pouca quantidade de soro fisiológico 0,9%. Essa mistura obtida foi instalada na cavidade previamente preparada através do levantamento de seio maxilar. No grupo 1 o implante foi instalado neste estágio enquanto que no grupo 2 o seio foi preenchido apenas com a associação de osso autógeno e osso xenógeno inorgânico bovino. A janela lateral foi fechada com a mesma membrana de colágeno bovino (Gem-derm – lote: 020417) e as suturas foram realizadas com Vicryl 5-0 (Ethicon Johnson & Johnson, Brasil – lote: 974770). Manfro R | Nascimento Jr WR | Loureiro JA | Bortoluzzi MC | Zago CRD Nos pacientes do grupo 1 as cirurgias de reabertura foram realizadas seis meses após a instalação dos implantes. No grupo 2 os implantes foram instalados cinco meses após a enxertia e foram colocados em função seis meses após sua instalação. Confecção das próteses Seis meses após sua instalação os implantes foram reabertos e após o período de cicatrização da gengiva, foram iniciados os procedimentos de prótese. As próteses foram confeccionadas por cinco profissionais diferentes, todos habilitados para trabalhar com o sistema de implantes utilizado. Dependendo da situação do caso, do tipo de conexão do implante e da preferência profissional, os pilares foram selecionados e instalados conforme as orientações de cada fabricante (Quadros 1 e 2). As moldagens forma feitas através de moldeiras abertas ou fechadas, dependendo de cada caso e da preferência do profissional. Os implantes múltiplos foram esplintados. A adaptação das infraestruturas metálicas foram avaliadas através de radiografias periapicais nas unitárias e teste do aperto de um parafuso associada à radiografia periapical quando múltiplas e as que não apresentaram passividade Caso Número de implantes e marca comercial Componente intermediário e torque de inserção Material da prótese Condição Biomecânica da Prótese Situação em 2 anos 1 2 SIN Ucla metálico HE 32 Ncm Metalocerâmica Esplintadas Sucesso 2 2 SIN Ucla metálico HE 32 Ncm Metalocerâmica Esplintadas Sucesso 3 2 SIN Ucla metálico HE 32 Ncm Metaloceramica Esplintadas Sucesso 4 2 SIN Ucla metálico HE 32 Ncm Metaloceramica Esplintadas Sucesso 5 1 SIN Ucla metálico HE 32 Ncm Metalocerâmica Unitária Sucesso 6 2 SIN Ucla metálicos HE 32 Ncm Metalocerâmica Esplintadas Sucesso 7 1Ankylos Metalocerâmica Unitária Sucesso 8 1 Ankylos Metalocerâmica Unitária Sucesso 9 1 Ankylos Metalocerâmica Unitária Sucesso 10 2 Ankylos Metalocerâmica Unitária Sucesso Pilar standard 25 Ncm Pilar pré-angulado 15 Ncm Pilar pré-angulado 15 Ncm Pilar standard 25 Ncm CADERNO CIENTÍFICO QUADRO 1 - DESCRIÇÃO DO TRATAMENTO PROTÉTICO REALIZADO NOS CASOS DO GRUPO 1 QUADRO 2 - DESCRIÇÃO DO TRATAMENTO PROTÉTICO REALIZADO NOS CASOS DO GRUPO 2 Caso Número de implantes e marca comercial Componente intermediário e torque de inserção Material da prótese Condição Biomecânica da Prótese Situação em 2 anos 1 1 SIN Ucla metálico HE 32 Ncm Metalocerâmica Unitária Sucesso 2 1 SIN Ucla metálico HE 32 Ncm Metalocerâmica Unitária Perdidos 3 1Dentoflex Ucla metálico HI 32 Ncm Metaloceramica Unitária Sucesso 4 1 Dentoflex Metaloceramica Unitária Sucesso 5 1 Dentoflex Metalocerâmica Unitária Sucesso 6 2 Dentoflex Ucla metálico HI 32 Ncm Metalocerâmica Esplintados Perdidos 7 3SIN Ucla metálico HE 32 Ncm Metalocerâmica Esplintados Sucesso 8 1 Ankylos Metalocerâmica Unitários Sucesso 9 2 Ankylos Metalocerâmica Esplintados Sucesso 10 1 Ankylos Metalocerâmica Unitários Sucesso Esteticone HI 20 Ncm Esteticone HI 20 Ncm Pilar standart 25 Ncm Pilar standart 25 Ncm Pilar standart 25 Ncm REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):161-6 163 | Manfro R | Nascimento Jr WR | Loureiro JA | Bortoluzzi MC | Zago CRD foram cortadas e novamente soldadas até que a estrutura estivessem com a adaptação passiva. A porcelana foi aplicada e as coroas foram então parafusadas com o torque recomendado por cada sistema (Quadros 1 e 2). Ajustes oclusais necessários foram realizados e os pacientes foram liberados para uso de dieta pastosa por 30 dias e após este período dieta livre. Em nenhum caso foi realizado próteses provisórias prévias. Os implantes foram avaliados pelos critérios de sucesso de um pesquisador14 em três meses, seis meses, um ano e dois anos. Nos controles de um e dois anos as coroas foram removidas para conferência dos torques de fixação e situação da mucosa peri-implantar. gios e os outros dez foram tratados em um estágio. Em um caso específico um dos implantes foi instalado em um estágio e um segundo foi instalado em dois estágios. Todos os 30 implantes instalados apresentavam osseointegração clínica dentro dos critérios propostos por um pesquisador14 durante as cirurgias de reabertura e permaneceram até a instalação das próteses definitivas. As próteses foram confecionadas de maneira convencional e os dados dos tratamentos realizados nos pacientes do grupo 1 quanto ao número de implantes, componentes intermediários, material da prótese e se os implantes foram tratados como unitários ou esplintados e a situação em dois anos estão dispostos na Quadro 1. Os mesmos dados referentes ao grupo 2 e a situação após dois anos estão no Quadro 2. O índice de sucesso de cada controle e cumulativo durante os dois anos de avaliação do sucesso dos implantes nos tratamentos realizados no grupo 1 estão no Quadro 3. O índice de sucesso de cada controle e cumulativo durante os dois anos avaliação do sucesso dos implantes do grupo 2 estão no Quadro 4. Se forem considerados os 30 implantes independente de serem instalados em um ou dois estágios o índice de sucesso cumulativo em dois anos obtido foi de 90%. Avaliação dos resultados Os resultados avaliados foram colocados em fichas específicas. CADERNO CIENTÍFICO Resultados No período de março de 2004 a junho de 2005 foram tratados através da técnica proposta 13 pacientes com 20 seios maxilares enxertados e 30 implantes instalados. Dos seios maxilares dez foram tratados em dois está- QUADRO 3 - ÍNDICE DE SUCESSO POR AVALIAÇÃO E CUMULATIVA DOS IMPLANTES INSTALADOS NO GRUPO 1 Tempo de avaliação Número de implantes avaliados Número de implantes perdidos Índice de sucesso Sucesso cumulativo 3 meses 16 0 100% 100% 6 meses 16 0 100% 100% 12 meses 16 0 100% 100% 24 meses 16 0 100% 100% Total 16 0 100% 100% QUADRO 4 - ÍNDICE DE SUCESSO POR AVALIAÇÃO E CUMULATIVA DOS IMPLANTES INSTALADOS NO GRUPO 2 | 164 Tempo de avaliação Número de implantes avaliados Número de implantes perdidos Índice de sucesso Sucesso cumulativo 3 meses 14 2 85,2% 85,2% 6 meses 12 1 91,7% 78,6% 12 meses 11 0 100% 78,6% 24 meses 11 0 100% 78,6% Total 14 0 100% 78,6% REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):161-6 Discussão A técnica de levantamento de seio maxilar é uma das técnicas mais utilizadas para o tratamento da maxila posterior atrófica. Diversos trabalhos apresentam sucessos superiores a 90% com tempos de controle de um ano há nove anos de avaliação1-9,11,15-16. O sucesso na obtenção da formação óssea e na osseointegração primária não é difícil de ser obtido. Na avaliação da osseointegração primária dos mesmos casos aqui apresentados observamos um índice de sucesso de 100%11. A grande dificuldade está na manutenção do trabalho protético instalado sobre estes implantes. Diversos fatores contribuem para esta dificuldade. O osso neoformado normalmente é de pobre qualidade, tipo IV17. A região reabilitada é a que recebe maior carga de força mastigatória. Alguns profissionais que instalam a prótese sobre estes implantes não tem formação adequada sobre osseointegração, não sabendo respeitar sua fisiologia e falhando principalmente na questão biomecânica18. Nos casos apresentados observa-se uma diferença grande de índices de sucesso entre os grupos 1 e 2 sendo esta favorável a instalação dos implantes em apenas 1 estágio. Alguns autores4 preconizam que os implantes, independente da quantidade de osso residual, sejam sempre instalados na cirurgia de levantamento de seio maxilar pois o índice de sucesso é o mesmo e ajuda a manter altura do osso enxertado e facilita assim sua vascularização. Outro fator interessante é de que as perdas ocorreram nos primeros seis meses de utilização. Isto explica-se pelo fato de que o osso em que os implantes estão osseointegrados ainda não sofreu o processo de reabsorção e neoformação o que melhoraria sua qualidade devido ao estímulo mastigatório. No caso 2 do grupo 2 a perda de osseointegração foi observada menos de um mês após a instalação definitiva da prótese. A paciente apresentava o dente vizinho ao implante com tratamento de canal e apesar deste radiograficamente estar em bom estado e sem lesão periapical apresentou um quadro de abcesso agudo neste intervalo de tempo. Se este quadro foi relevante para a perda do implante não foi possível definir. Outro fato em comum entre os implantes perdidos é que a quantidade de osso remanescente antes da cirurgia de levantamento de seio maxilar era muito pequena, variando entre 2 mm a 3 mm e o osso neoformado foi de má qualidade. Apesar deste quadro os três apresentavam-se osseointegrados na cirurgia de reabertura e durante os procedimentos protéticos, porém a utilização de pilares tipo Ucla faz com que o profissional execute uma série de torques e contratorques durante a execução do trabalho protético, seja em cicatrizadores, pilares de transferência, estrutura metálica e nas provas dos dentes. Essa força exercida no implante osseointegrado em um osso de má qualidade pode levar a quebra da união osso/implante levando a perda do implante. Em nossa opinião, sempre que possível, deve-se utilizar pilares intermediários tipo esteticone, minipilares ou pilares de conexão Morse, pois sua utilização requer uma quantidade muito menor de torques e contratorques no implante. A questão da esplintagem ou não dos implantes não parece ter interferido no resultado obtido, pois dois dos implantes perdidos estavam ferulizados esplintados e apenas um implante não esplintados foi perdido. Outro fator a ser considerado seria a utilização de carregamento progressivo19 ou a não utilização de coroas de cerâmicas em implantes instalados em osso de má qualidade18. Conclusão O sucesso na obtenção da formação óssea e na osseointegração primária não é difícil de ser obtido. Na avaliação da osseointegração primária dos mesmos casos aqui apresentados observamos um índice de sucesso de 100%11. A grande dificuldade está na manutenção do trabalho protético instalado sobre estes implantes. Diversos fatores contribuem para esta dificuldade. O trabalho por nós apresentado mostra que os primeiros meses após a instalação das próteses sobreimplantes em seio maxilar são o período mais crítico da reabilitação. Isto deve-se ao fato do osso neoformado normalmente ser do tipo IV e ainda não sofreu estímulo suficiente para melhorar sua qualidade. Outra conclusão possível é de que a utilização de pilares tipo Ucla facilita a quebra da união dente/implante podendo levar a perda do mesmo. Recebido em mar/2008 Aprovado em out/2008 Endereço para correspondência: Rafael Manfro Av. XV de Novembro, 371 - Sala 1.102 89600-000 - Joaçaba - SC [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):161-6 165 | CADERNO CIENTÍFICO Manfro R | Nascimento Jr WR | Loureiro JA | Bortoluzzi MC | Zago CRD CADERNO CIENTÍFICO Manfro R | Nascimento Jr WR | Loureiro JA | Bortoluzzi MC | Zago CRD Referências bibliográficas 1. Fugazzotto PA. Vlassis J. Long-term sucess if sinus augmentation using various surgical approaches and grafting materials. Int J Oral Maxillofac Implants 1998;13:52-8. 2. Hallman M, Nordin T. Sinus floor augmentation with bovine hydroxyapatite mixed with fibrin glue and later placement of non submerged implants: a retrospective study in 50 patients. Int J Oral Maxillofac Implants 2004;19:222-7. 3. Hallman M, Sennerby L, Zetterqvist L, Lundgren S. A 3-year prospective follow-up study of implant-supported fixed prostheses in patients subjected to maxillary sinus floor augmentation with a 80:20 mixture of desproteinized bovine bone and autogenous bone clinical, radiographic and resonance frequency analysis Int J Oral Maxillofac Surg 2005:34:273-80. 4. Peleg M, Garg A, Mazor Z. Predictability as simultaneous implant placement in the severely atrophic posterior maxilla: A 9-year longitudinal experience study of 2,132 implants placed into 731 human sinus grafts. Int J Oral Maxillofac Implants 2006;21:94-102. 5. Piatelli M, Favero GA, Scarano A, Orsini G, Piatelli A. Bone reactions to anorganic bovine bone (Bio-Oss) used in sinus augmentation procedures: A histologic long-term report of 20 cases in humans. Int J Oral Maxillofac Implants 1999;14:835-40. 6. Rodriguez A, Anastasson GE, Lee H, Buchbinder D, Wettan H. Maxillary sinus augumentation with deproteinated bovine bone and platelet rich plasma with simultaneous insertion of endosseous implants. J Oral Maxillofac Surg 2003;61:157-63. 7. Schlegel A, Hamel J, Wichmann M, Eitner. Comparative clinical results after implant placement in the posterior maxilla with and without sinus augmentation. Int J Oral Maxillofac Implants 2008;23:289-98. 8. Valentini P, Abensur DJ. Maxillary sinus grafting with anorganic bovine bone: A clinical report of long-term results. Int. J. Oral Maxillofac Implants 2003;18:556-60. 9. Valentini P, Abensur DJ, Wenz B et al. Sinus grafting with porous bone mineral (Bio-Oss) for implant placement: a 5-year study on 15 pacients. Int J. Periodontics Restorative Dent 2000;20:245-53. | 166 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):161-6 10. Crespi R, Vinci R, Cappare P, Gherlone E, Romanos GE. Calvarial versus iliac crest for autogenous bone graft material for a sinus lift procedure: A histomorphometric study. Int. J. Oral Maxillofac Implants 2007;22: 527-32. 11. Manfro R, Nascimento Jr. WR. Avaliação do sucesso de levantamentos de seio maxilar utilizando osso autógeno particulado e gen-ox inorgânicos associados em partes iguais (1:1). ImplantNews 2007;4(2):177-81. 12. Mangano C, Scarano A, Perroti V, Lezzi G, Piatelli A. Maxillary sinus augmentation with a porous synthetic hydroxyapatite and bovine-derived hydroxyapatite: A comparative clinical and histologic study. Int J Oral Maxillofac Implants 2007;22:908-86. 13. Sendyk WR, Sendyk CL, Jahn RS. Enxertos ósseos para reconstrução da maxila posterior atrófica in Querido MRM, Fan YL. Implantes osseointegrados: inovando soluções. São Paulo: Artes Médicas; 2004. 14. Albrebktsson T, Zarb G, Worthington P, Erikson AR. The Long-term efficacy of currently used dental implants: A review and proposed criteria of success. Int J Oral Maxillofac Implants 1986;1:11-25. 15. Hallman M, Sennerby L, Lundgren S. A clinical and histologic evaluation of implant integration in the posterior maxilla after sinus floor augmentation with autogenous bone, bovine hydroxyapatite, or a 20:80 mixture. Int J Oral Maxillofac Implants 2002;17:635-43. 16. Yildirim M, Spiekermann H, Handt S, Edelhoff D. Maxillary sinus augmentation with the xenograft Bio-Oss and autogenous intraoral bone for qualitative improvement of the implant site: a histologic and histomorphometric clinical study in humans. Int J Oral Maxillofac Implants 2001;16:23-33. 17. Jaffin RA, Berman CL. The excessive loss of Branemark fixtures in type IV bone: a 5-year analysis. J Periodontol 1991;62:2-4. 18. Sendyk CL, Sendyk WR, Pfeifer AB. Complicações biomecânicas protéticas .in Carvalho PSP. Gerenciando os riscos e complicações em implantodontia. São Paulo: Editora Santos; 2007. 19. Misch CE. Carregamento ósseo progressivo in Misch CE. Prótese sobre implantes. São Paulo: Editora Santos; 2006. Estudo Clínico Análise estrutural e do desempenho in vitro das lâminas dos raspadores ósseos Structural and in vitro analysis of commercially available bone scrapers RESUMO Existem diversos raspadores ósseos comercialmente disponíveis, apresentando diferentes características e resultados clínicos. Na literatura atual, existem poucos trabalhos que analisem as características estruturais e do projeto dos diferentes raspadores e que as relacionem à eficácia dos mesmos. O objetivo deste trabalho foi analisar os projetos de nove diferentes raspadores ósseos e as características estruturais do aço das lâminas de corte, correlacionando com o desempenho in vitro. O presente trabalho avaliou o ângulo de corte da ponta ativa; a distância do acesso por onde o osso é coletado; a dimensão do contorno de grãos, o grau de dureza e a composição química do metal da lâmina do raspador; além da eficácia do raspador num teste in vitro. Com cada um dos raspadores ósseos, um cirurgião-dentista realizou 20 golpes de raspagem ao longo de um segmento de fêmur bovino de 6 cm. As partículas de osso coletadas foram pesadas em uma balança de precisão. Os resultados demonstraram que tanto a abertura da ponta ativa, quanto o ângulo de corte da ponta ativa, que são características dos projetos dos raspadores ósseos, não influenciaram na quantidade de osso raspado. Entretanto, as características estruturais das lâminas dos raspadores ósseos (diâmetro médio de grão, dureza Vickers e composição química) influenciaram na quantidade de osso raspado. A análise estrutural dos raspadores ósseos é uma importante ferramenta para validar seu uso e oferecer maior conforto e segurança aos pacientes e cirurgiões. Unitermos - Osso autógeno; Engenharia dos materiais; Regeneração óssea; Raspadores ósseos; MEV; EDS. CADERNO CIENTÍFICO Luís Carlos de Moraes e Silva Jr.* Altair Dantas de Andrade** Marcelo Corrêa Manso*** Mario Groisman**** Glória de Almeida Soares***** Guaracilei Maciel Vidigal Jr****** ABSTRACT There are many commercially available bone scrapers presenting different characteristics and different clinical results. In the current literature, there are few articles analyzing the structural and design characteristics related to the effectiveness of bone scrapers. The aim of the present study was to analyze the design of nine different commercially available bone scrapers, as well as the structural characteristics of their stainless steel blades, as well as the in vitro performance of these instruments. With each bone scraper, one dentist performed 20 strokes in a 6cm bovine femur block. The bone particles harvested were weighted using a precision weight. The results of the different scrapers show that both the opening and the cutting angles of the cutting end, which are characteristics of the bone scrapers projects, did not influence the quantity of bone harvested. On the other hand, structural characteristics of these blades (average diameter of the grain, Vickers hardness, and chemical composition) influenced in the quantity of the harvested bone. The structural analyses of scrapers are an important tool in the validation of its use and also provide more comfort and safety for patients and surgeons. Key Words - Autogenous bone; Materials engineering; Bone regeneration; Bone scrapers; SEM; EDS. * Aluno do curso de Especialização de Implantologia Oral - Unigranrio. ** Aluno do curso de Mestrado de Implantologia Oral - Unigranrio. *** Professor do curso de Mestrado de Implantologia Oral - Unigranrio. **** Mestre em Periodontia pela Universidade de Lund. ***** Coordenadora do Programa de Engenharia de Materiais e Metalurgia - Coppe/UFRJ. ****** Doutor em Engenharia de Materiais e coordenador do curso de Mestrado de Implantologia Oral - Unigranrio. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):169-76 169 | Silva Jr LCM | Andrade AD | Manso MC | Groisman M | Soares GA | Vidigal Jr GM CADERNO CIENTÍFICO Introdução tica e apresenta uma estrutura não-cúbica com o carbono aprisionado no reticulado, desta forma o deslizamento próprio dos mecanismos de deformação não ocorre facilmente nessa estrutura; logo, a estrutura martensítica é dura, forte, mecanicamente resistente diante de soluções estáticas e frágeis10-12. Isto acentua a importância da dureza em certas aplicações de engenharia, particularmente nos casos em que se deseja um aço resistente à abrasão, desgaste por atrito e a deformação. Estas vantagens são obtidas através do seu rápido resfriamento térmico. O aço martensítico é usado em lâminas de cortes, por exemplo lâminas de facas10-12. O objetivo do presente estudo foi identificar as principais características comuns aos projetos de diferentes raspadores ósseos comercialmente disponíveis e, também, da lâmina de corte dos mesmos, relacionando-os ao seu desempenho in vitro. Os defeitos ósseos podem ter diversas causas, sendo as mais frequentes: a perda de elementos dentários; doenças periodontais; fraturas ósseas; fraturas radiculares; lesões periapicais etc1-2. Defeitos verticais podem ser regenerados até o limite de 5 mm, de forma previsível, podendo chegar até 7 mm em alguns casos3. Estes defeitos podem ser regenerados através de enxertos, cujo material pode ser de origem autógena, alógena, xenógena ou aloplástica4. Os enxertos autógenos são obtidos do próprio paciente e, no caso, podem ser coletados da cavidade oral5 ou de áreas extrabucais6. As principais áreas doadoras da cavidade oral são: sínfise mandibular; ramo mandibular e tuberosidade7-8. Os enxertos podem ser retirados na forma de blocos ou particulados9. Os enxertos particulados são obtidos triturando-se os blocos ou através dos raspadores ósseos10. Os raspadores ósseos apresentam como vantagens: facilidade de manuseio; necessitam de uma técnica menos invasiva; e apresentam baixo custo em relação aos outros biomateriais para enxertia, como as membranas de poli-tetrafluoretileno-expandido e as hidroxiapatitas. Apesar do aspecto macroscópico semelhante, podem existir diferenças de desempenho entre os raspadores ósseos de diferentes fabricantes causadas, principalmente, por diferenças nos projetos. A fase da lâmina do aço dos raspadores é martensí- Material e Métodos Raspadores utilizados Foram caracterizados nove raspadores, comercializados no mercado nacional e internacional, de seis fabricantes diferentes. Os raspadores estão identificados como: 1- Kopp; 2- 3i; 3- Neodent descartável; 4- SIN; 5- Neodent de cabo não descartável; 6- MX-Grafter; 7- Schwert com lâmina de aço; 8- Schwert com lâmina tratada; e 9- Neodent novo, modificado de acordo com desenvolvimento do trabalho (Figuras 1, 2 e 3 e Tabela 1). TABELA 1 | 170 Raspadores Fabricação Validade Lote Fabricante País Cidade Kopp 12-06-06 12-06-08 st-1680 Sistema de Implante Friccionais Brasil Curitiba 3i 06-2006 06-2009 315606 Biomet 3i EUA Losgatos – CA Neodent descartável 15-09-06 15-09-06 2728949 Brasil Curitiba SIN 03-2006 03-2008 E3407 Brasil São Paulo Neodent 03-10-05 03-10-08 178437 Brasil Curitiba Mx-Grafter 03-23-05 Indeterminada 05-c002 Maxilon EUA Hollis – NH Schwert lâmina de aço 04-2005 Indeterminada ncs 10356500027 A. Schweickhardt Gmbh & Co. KG Alemanha Tuttlingen Schwert lâmina tratada 08-2005 Indeterminada ncs 10356500027 Alemanha Tuttlingen Neodent modificado 15-09-06 15-09-08 2728949 Brasil Curitiba REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):169-76 JJGC Ind e Com de Materiais Dentários Ltda Sistema de Implante JJGC Ind e Com de Materiais Dentários Ltda A. Schweickhardt Gmbh & Co. KG JJGC Ind e Com de Materiais Dentários Ltda Silva Jr LCM | Andrade AD | Manso MC | Groisman M | Soares GA | Vidigal Jr GM Figura 2 6-MX-grafter; 3- Neodent descartável; 8- Schwert lâmina tratada; 2- 3i. Análise dos projetos dos raspadores A abertura do ponto de entrada do coletor Todos os modelos de raspadores foram medidos usando-se o projetor de perfil, instrumento de verificação de retas (Figura 4). Figura 3 9- Neodent novo. Análise do contorno de grão As lâminas dos raspadores foram analisadas usando-se microscópio óptico com o objetivo de avaliar os tamanhos dos contornos de grãos dos aços das lâminas. No microscópio óptico foram obtidas dez imagens, de regiões diferentes, com aumento de 500 vezes cada. Além disso, também foi feita uma imagem de uma régua de precisão (Carl Zeiss Jena de 1 mm), com escala de 1/10 de mm, em um aumento de 500 vezes (Figura 6). Com as imagens e a régua de precisão impressa foram traçadas 20 retas, de 1/10 mm de comprimento, com a régua aleatoriamente posicionada sobre as imagens. O número de grãos por onde as 20 retas percorreram foram anotados para obtenção de um valor médio. Figura 4 Entrada do coletor da lâmina 3, demonstrada pela seta. Análise da angulação Com as lâminas seccionadas conseguiu-se visualizar a angulação da ponta ativa, no projetor de perfil. Com as retas assinaladas foi possível calcular o ângulo da tangente, que representa o ângulo da ponta ativa ou ponta de corte (Figura 5). Figura 6 Régua de precisão que serviu como padrão. Dureza de Vickers Figura 5 Imagem no microscópio eletrônico de varredura da ponta ativa seccionada. A aferição da dureza Vickers da lâmina de aço dos raspadores foi realizada usando o durômetro da Eleitz Wetzlar e para o cálculo da dureza Vickers usou-se a tabela de Zur Bestimming der Vickershäte mit dem. (Peso = 100g), a partir da média de dez pontos, de cada lâmina, de cada raspador (Figura 7). REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):169-76 171 | CADERNO CIENTÍFICO Figura 1 1- Kopp; 5- Neodent; 4- SIN; 7- Schwert lâmina de aço. Silva Jr LCM | Andrade AD | Manso MC | Groisman M | Soares GA | Vidigal Jr GM lizado com outro raspador. Devido à impossibilidade de se controlar a força aplicada aos raspadores ósseos, optou-se por um estudo cego. Desta forma, os cirurgiões-dentistas não eram informados sobre o peso do osso raspado. Figura 7 Marcação da dureza Vickers do Neodent modificado. Figura 8 Cirurgião-dentista realizando a raspagem. Análise da composição química do aço das lâminas Através da espectroscopia por dispersão de energia (EDS), com aceleração de elétrons de 20 kV, no microscópio eletrônico de varredura (MEV) (JEOL JSM-6460LV, Japão), verificou-se a composição química das ligas de aço. CADERNO CIENTÍFICO Análise do desempenho in vitro Foram usados ossos de fêmur bovino de 6 cm de comprimento para análise do desempenho dos raspadores. Após a remoção do periósteo, dois cirurgiões-dentistas realizaram 200 golpes, com cada raspador, percorrendo distância de 6 cm, sendo que a cada 20 golpes eram retirados os ossos particulados coletados nos raspadores e pesados. Os ossos coletados foram pesados em uma balança de precisão (Gehaka, modelo BG200) (Figuras 8 e 9). Não foi permitido que o bloco de osso utilizado em um raspador fosse reuti- Figura 9 Verificação do peso das partículas ósseas na balança de precisão. QUADRO 1 - PESO EM GRAMAS DO OSSO BOVINO COLETADO APÓS 20 GOLPES DE RASPAGEM (FORAM REALIZADAS DEZ SESSÕES DE 20 GOLPES PARA CADA RASPADOR) Média Total em gramas de osso raspado / classificação dos grupos 0,26 0,13 0,30 0,20 2,0g 0,24 0,25 0,21 0,20 0,22 2,22g +++ 0,16 0,13 0,27 0,18 0,16 0,17 1,73g ++ 0,30 0,15 0,16 0,17 0,15 0,15 0,17 1,72g ++ 0,08 0,18 0,22 0,14 0,12 0,12 0,13 0,14 1,41g + 0,29 0,23 0,33 0,20 0,25 0,32 0,21 0,23 0,25 2,5g 0,13 0,07 0,19 0,16 0,19 0,16 0,16 0,05 0,10 0,13 8- Schwert com 0,19 lâmina tratada 0,22 0,24 0,16 0,32 0,23 0,20 0,23 0,21 0,24 0,22 2,24g +++ 9- Neodent modificado 0,20 0,20 0,38 0,21 0,29 0,24 0,34 0,32 0,33 0,26 2,64g ++++ 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 1- Kopp 0,21 0,21 0,16 0,17 0,19 0,21 0,21 2- 3i 0,16 0,28 0,20 0,21 0,32 0,15 3- Neodent descartável 0,12 0,14 0,21 0,17 0,19 4- SIN 0,18 0,14 0,17 0,15 5- Neodent 0,17 0,14 0,11 6- Mx-Grafter 0,22 0,21 7- Schwert com 0,15 lâmina de aço Raspadores | 172 0,13 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):169-76 8o 9o 10o +++ ++++ 1,36g + Os raspadores 1, 6 e 9 apresentavam cabo plástico com lâmina de corte plana; os raspadores 2, 3 e 4 apresentavam cabo plástico e lâminas de corte circulares; enquanto os raspadores 5, 7 e 8 apresentavam cabo metálico e lâmina de corte plana. O ângulo de função de cada raspador foi de: raspador 1- 45,11°; 2- 27,53°; 3- 30,71°; 4- 23,96°; 5- 37,68°; 6- 41,38°; 7- 67,21°; 8- 39,66°; 9- 47,83°. Os resultados do teste in vitro foram estratificados em quatro grupos, de acordo com a quantidade de osso raspado. No grupo + + + + encontraram-se os raspadores que, após 200 golpes, rasparam mais de 2,5 g; no grupo + + + os raspadores removeram entre 2 g e 2,5 g; no grupo + + entre 1,5 g e 2 g; e no grupo + os raspadores que removeram menos que 1,5 g (Quadro 1). Análise Estatística Os dados obtidos a partir das variáveis estudadas dos nove diferentes tipos de raspadores foram comparados através da análise de variância (Anova). Nos casos onde diferenças significativas foram detectadas, foi realizado o teste não-paramétrico de múltiplas comparações StudentNewman-Keuls (SNK) para identificação das diferenças significativas. Além disso, a quantidade de osso raspado foi correlacionada através da análise de regressão com cada uma das outras variáveis. Resultados coletor. Os pontos de entrada dos coletores dos raspadores (Figura 4) 5, 7 e 8 apresentaram abertura acima de 1 mm; enquanto nos raspadores 1, 3, 6 e 9 as aberturas variaram de 0,6 mm a 1 mm. Já as aberturas dos raspadores 2 e 4 ficaram abaixo de 0,6 mm. Este parâmetro não apresentou relação com o desempenho in vitro (Quadro 4). O teste de múltiplas comparações (SNK) revelou que os raspadores 6 e 9 apresentaram resultados superiores aos raspadores 3, 4, 5 e 7 (p<0,05). Os raspadores 2 e 8 apresentaram desempenho superior aos raspadores 5 e 7 (p<0,05). O raspador 1 apresentou resultado superior ao raspador 7 (p<0,05). As demais comparações não apresentaram diferenças significativas entre si. Não houve correlação positiva entre a angulação da ponta ativa dos diferentes raspadores e a quantidade de osso coletado no teste (Quadros 1 e 2). O resultado da análise do tamanho do contorno de grão, que está relacionada à resistência mecânica das lâminas, mostrou valores elevados para os raspadores 1, 2 e 6. Estes apresentaram uma contagem acima de 17 grãos por 1/10 mm de superfície (Figuras 10 e 11). O raspador de número 9 apresentou uma contagem entre 13 e 15 grãos, para mesma área. Os demais raspadores apresentaram entre 4 a 9 contornos de grãos por 1/10 mm. Foi observada correlação positiva entre o tamanho dos contornos de grão e a quantidade de osso coletado (Figura 12 e Quadro 3). A análise do projeto da ponta ativa revelou diferenças entre os raspadores, principalmente no ponto de entrada do QUADRO 2 - RESULTADO DAS TRÊS MEDIÇÕES DA ANGULAÇÃO DA PONTA ATIVA Média dos resultados 1o 2o 3o 1- Kopp 44,60° 44,96° 45,77° 45,11° 2- 3i 28,59° 27,08° 26,94° 27,53° 3- Neodent descartável 31,75° 30,07° 30,31° 30,71° 4- SIN 23,96° 23,58° 24,35° 23,96° 5- Neodent 35,43° 37,69° 39,94° 37,68° 6- Mx-Grafter 43,21° 37,85° 43,10° 41,38° 7- Schwert com lâmina de aço 66,84° 67,38° 67,41° 67,21° 8- Schwert com lâmina tratada 41,18° 36,87° 40,93° 39,66° 9- Neodent modificado 48,18° 47,63° 47,70° 47,83° Raspadores Figura 10 Contornos de grãos da lâmina 2. Figura 11 Contornos de grãos da lâmina 6. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):169-76 173 | CADERNO CIENTÍFICO Silva Jr LCM | Andrade AD | Manso MC | Groisman M | Soares GA | Vidigal Jr GM Silva Jr LCM | Andrade AD | Manso MC | Groisman M | Soares GA | Vidigal Jr GM Figura 12 Contornos de grãos da lâmina 4. QUADRO 3- RESULTADOS DA ANÁLISE DOS TAMANHOS DOS CONTORNOS DE GRÃOS 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 8o 9o 10o 1- Kopp 26,29 26,32 26,31 25,30 24,32 23,28 25,21 24,30 27,24 23,28 25,18 2- 3i 23,24 17,20 21,13 17,17 19,20 19,17 19,20 16,23 19,16 18,20 19 3- Neodent descartável 6,70 7,50 7,70 8,70 7,90 9,90 10,10 10,10 9,80 11,80 9,02 4- SIN 4,50 5,50 6,60 5,40 4,60 5,40 6,80 5,40 5,80 7,80 5,75 5- Neodent 13,11 10,90 12,90 7,10 9,11 6,70 6,12 10,90 5,60 7,80 9,02 6- Mx-Grafter 19,22 20,20 24,21 23,17 24,24 21,18 18,20 18,17 17,16 17,19 20,30 7- Schwert com 7,50 lâmina s/ tratamento 5,70 2,20 4,40 5,40 3,30 4,40 5,50 4,40 4,40 4,72 8- Schwert com lâmina tratada 7,40 4,40 6,60 7,50 5,50 6,60 8,80 6,40 7,80 6,60 6,76 9- Neodent modificado 13,48 12,80 13,30 13,80 13,40 15,40 12,40 13,40 14,12 13,34 13,54 CADERNO CIENTÍFICO Raspadores Figura 13 EDS da lâmina 6. | 174 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):169-76 Figura 14 EDS da lâmina 8. Média Silva Jr LCM | Andrade AD | Manso MC | Groisman M | Soares GA | Vidigal Jr GM QUADRO 4 - RESULTADOS, EXPRESSOS EM VALORES MÉDIOS, DA CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E DO TESTE IN VITRO DE DIFERENTES RASPADORES ÓSSEOS Ponto de entrada do coletor Angulação Contorno de grão Dureza Vickers Osso coletado in vitro 1- Kopp 0,95 mm 45,36° 26,70 205,2 0,20g 2- 3i 0,57 mm 27,53° 18,90 840,5 0,22g 3- Neodent descartável 0,90 mm 30,71° 8,2 633,6 0,17g 4- SIN 0,50 mm 23,96° 5,50 778,6 0,17g 5- Neodent 1,37 mm 37,68° 8,85 475,3 0,14g 6- Mx-Grafter 0,82 mm 41,38° 17,85 673,5 0,25g 7- Schwert com lâmina de aço 1,03 mm 67,21° 4,25 499 0,13g 8- Schwert com lâmina tratada 1,01 mm 41,07° 5,90 505,3 0,22g 9- Neodent modificado 0,73 mm 47,83° 13,48 608,1 0,26g A análise da dureza Vickers (Quadro 4) revelou que as lâminas dos raspadores 2, 3, 4 e 6 alcançaram valores entre 630 e 845. As lâminas de número 5, 7 e 8 apresentaram valores de dureza entre 470 e 510. A lâmina do raspador número 1 não apresentou desempenho muito favorável no teste de raspagem in vitro, com valor médio de dureza de 205,2. O aumento da dureza Vickers apresentou, através da análise de regressão, correlação positiva com a quantidade de osso raspado. A espectroscopia por dispersão de energia (EDS) mostrou resultados similares para oito lâminas, sendo o único resultado diferente obtido da lâmina número 8. Esta lâmina apresentou em sua composição titânio, ferro, carbono e cromo, além dos componentes observados nas demais lâminas, ferro, carbono e cromo, constituintes do aço inoxidável. (Figuras 13 e 14). A presença de titânio deve-se ao recobrimento da superfície do aço com nitrito de titânio, para aumento da dureza superficial. Discussão Não foram encontrados na literatura estudos que tenham realizado a caracterização estrutural e de projetos de instrumentos como os raspadores ósseos, que demonstra o ineditismo do presente trabalho, mas ao mesmo tempo, impossibilita a comparação dos resultados. Para análise dos resultados do presente estudo foi usado uma análise estratificada dos resultados não considerando o efeito combinado das diferentes características. Os raspadores 2, 3 e 4 apresentaram angulação da ponta ativa bem aproximada, em torno de 30°, mas o raspador 2, por ter apresentado resultados na análise do tamanho do contorno de grão e da dureza Vickers muito mais elevados, permitiu que seu resultado em relação à raspagem in vitro fosse superior aos demais. Os raspadores 7 e 8 apresentaram entupimento da região do ponto de entrada do coletor, embora suas distâncias sejam a segunda e terceira maiores; enquanto os raspadores 1, 2 e 6 têm menor distância da área coletora e apresentaram bom desempenho no teste in vitro, e não entupiram. Provavelmente isto ocorre porque as lâminas destes raspadores têm uma área de armazenamento de partículas ósseas maiores do que os raspadores 7 e 8. Os raspadores 3 e 5 apresentaram tamanho de contornos de grãos semelhantes, sendo que o raspador 3 apresentou resultados de dureza Vickers mais elevados. Além disso, seu resultado em relação à raspagem in vitro foi melhor que o raspador 5. O raspador 4 apresentou melhor resultado de dureza Vickers e raspagem in vitro do que o raspador 5. Entretanto, o raspador 5 apresentou melhores resultados de contorno de grão em relação ao de número 4. Isto indica que a dureza Vickers mais elevada seja uma característica tão importante quanto o tamanho do contorno de grão. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):169-76 175 | CADERNO CIENTÍFICO Raspadores Silva Jr LCM | Andrade AD | Manso MC | Groisman M | Soares GA | Vidigal Jr GM Quando comparados às brocas, o uso do raspador não promove aumento significativo, de relevância clínica, da temperatura óssea. Além disso, brocas usadas para osteotomia desgastam muito osso e, às vezes, algum osso fica preso às suas superfícies, mas não o suficiente para defeitos ósseos maiores. Conclusão CADERNO CIENTÍFICO Com base na análise dos resultados obtidos e dentro dos parâmetros do presente estudo, é possível concluir que: Os raspadores 6 e 9 apresentaram resultados semelhantes em dureza Vickers, abertura da entrada do coletor e Referências bibliográficas 1. Capelli M. Autogenous bone graft from the mandibular ramus: a technique for bone augmentation. Int J Periodontics Restorative Dent 2003;23: 277-85. 2. Legeros RZ. Properties of osteocondutivebiomaterials; Calcium phosphate. Clinical Orthopaedics and Related Research 2002;395:81-98. 3. Tinti C, Parma-Benfenati S, Polizzi G. Vertical ridge augmentation: what is the limit? Int J Periodontics Restorative Dent 1996;16:220-9 4. Lindhe J, Karring T, Lang NP. Tratado de Periodontia Clinica e Implantologia oral. 4a edição. Guanabara Koogan; 2005. 5. Misch CE. Implantes Dentários Contemporâneos. 2a edição. São Paulo: Ed Santos; 2000. p.89-108. 6. Bianchi AE, Vinci R, Torti S, Sanfilippo F. Atrophic mandible reconstruction using calvarial bone grafts and implant-supported overdentures: radiographic assessment of autograft healing and adaptation. Int J Periodontics Restorative Dent 2004;24:334-43. | 176 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):169-76 angulação da ponta ativa, e também foram os raspadores que apresentaram melhor desempenho no teste in vitro. O estudo e a compreensão das características estruturais dos instrumentos, usados em Implantodontia, são ferramentas importantes no desenvolvimento de novos e melhores produtos. Novos estudos que avaliem o efeito combinado de diferentes características são desejados. Recebido em ago/2008 Aprovado em dez/2008 Endereço para correspondência: Guaracilei Maciel Vidigal Jr. Av. Nossa Senhora de Copacabana, 749 - Sala 1.205 - Copacabana 22050-000 - Rio de Janeiro - RJ [email protected] 7. 8. 9. 10. 11. 12. Capelli M. Autogenous bone graft from the mandibular ramus: a technique for bone augmentation. Int J Periodontics Restorative Dent 2003;23:277-85. Garg, AK. Tissue Engineering. Applications in Maxillofacial Surgery and Periodontics. Chapter 5: Grafting materials in repair and restoration. Illinois: Quintessence;1999. p. 83-101. Tinti C, Parma-Benfenati S. Clinical classification of bone defects concerning the placement of dental implants. Int J Periodontics Restorative Dent 2003;23:147-55. Callister Jr, WD. Materials Science and Engineering an introduction. 4°edição. United States of America: Wiley; 1997. p.3-12, passim. Van Vlack, LHV. Princípios de ciência e tecnologia dos materiais. 10° edição. Rio de Janeiro: Editora Campus; 1984. p. 440-55. Handbook, ASM. Metallography and microstructure, ASM International, Materials Park, OH; 1985(9). Relato de Caso Clínico Fratura de mandíbula como complicação pós-operatória da instalação de implantes dentários Mandibular fracture a postoperative complication after dental implant placement RESUMO A fratura espontânea da mandíbula é uma rara complicação pós-operatória da instalação de implantes dentários. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de fratura da mandíbula ocorrida uma semana após a instalação de implantes osseointegrados por outra equipe e discutir os possíveis fatores predisponentes ligados à sua ocorrência. Não havia história prévia de trauma na região e o paciente relatava parestesia no lábio inferior e mento no lado esquerdo desde a instalação dos implantes. No exame clínico havia dor à palpação com discreta movimentação óssea na região de corpo mandibular esquerdo e foi observada oclusão dentária apenas na região anterior em decorrência de edentulismo mandibular posterior bilateral. Nos exames de imagens foram visualizados dois implantes longos que invadiam a região do canal mandibular e uma fratura completa da mandíbula na região de corpo esquerdo e associada ao implante mais posterior. O tratamento de escolha foi a remoção dos implantes seguida de redução aberta da fratura e imobilização com placa e parafusos de titânio. Com base nas características clínicas acima mencionadas, pôde-se especular que o padrão oclusal e as alterações proprioceptivas devido a parestesia parecem ser fatores importantes que contribuem para o aumento das tensões na região posterior da mandíbula e consequente fratura após instalação de implante dentário. Unitermos - Implantes dentários; Complicações pós-operatórias; Fraturas mandibulares. CADERNO CIENTÍFICO Rogério Bonfante Moraes* Ricardo Pimenta D`Ávila** João Gualberto de Cerqueira Luz*** ABSTRACT Spontaneous mandibular fracture is a rare postoperative complication after dental implant placement. The aim of this study was to report a case of mandibular fracture one week after placement of dental implants by another surgical team, and to discuss possible predisposing factors associated to it. There was no history of previous trauma and the patient reported paresthesia in the lower lip and chin on the left side since implant placement. On clinical examination, there was pain on palpation with discrete bone mobility and dental occlusion only in the anterior region as a result of bilateral, posterior mandibular edentulism. Two long implants impinging the mandibular canal were viewed on radiographs, and a complete mandibular fracture on the left mandibular body associated to the most posterior implant, as well. The treatment of choice was the removal of implants followed by open reduction of fracture and fixation with titanium plate and screws. Based on the aforementioned clinical characteristics, it can be speculated that occlusal patterns and proprioceptive changes due to paresthesia seem to be important factors contributing to the increase of stress in the posterior mandibular region and the accompanying fracture after dental implant placement. Key Words - Dental implants; Postoperative complications; Mandibular fractures. * Especialista em CTBMF pela APCD-SP; Mestrando em CTBMF pela Universidade de São Paulo - Fousp. ** Especialista em CTBMF pela APCD-SP; Cirurgião Bucomaxilofacial do Hospital Santa Marina/SP. *** Professor associado da Disciplina de Traumatologia Maxilofacial da Universidade de São Paulo - Fousp; Coordenador do curso de Especialização em CTBMF da APCD-SP. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):179-83 179 | Moraes RB | D`Ávila RP | Luz JGC CADERNO CIENTÍFICO Introdução Os implantes dentários osseointegrados têm sido utilizados com alto índice de sucesso na reabilitação oral. Porém, complicações intra ou pós-operatórias à instalação dos mesmos podem ocorrer, sendo que as mais comuns são dor, edema, hemorragia e distúrbios neurossensoriais1. A fratura de mandíbula é a mais rara e temida das possíveis complicações após a instalação de implantes osseointegrados, apresentando taxa de ocorrência entre 0,2% a 3,5% dos casos2-3. A atrofia mandibular acentuada é o principal fator que pode contribuir para a ocorrência de fraturas associadas a implantes osseointegrados3-5. De forma associada, alterações sistêmicas como a osteoporose e a osteomalácia, ou mesmo outras alterações locais como lateralização do nervo alveolar inferior previamente aos implantes, implantes longos e ancorados bicorticalmente; perda óssea periimplantar avançada e osteomielites também aumentam o risco de fratura mandibular5-9. As forças mastigatórias diárias também podem gerar fraturas espontâneas da mandíbula sem que ocorra qualquer trauma no osso mandibular. Estes casos estão associados a regiões de implantes ainda não osseointegrados, pois representam áreas de concentrações de forças e fragilidade da mandíbula3,7-8. Com o objetivo de reduzir o potencial de fraturas, a mandíbula pode ser previamente reconstruída com técnicas de enxertos ósseos, favorecendo a permanência de cortical óssea vestibular e lingual3. Assim como, a estabilidade dos implantes não deve ser conseguida à custa de fixação bicortical, pois a interrupção ou a penetração destes na borda inferior da mandíbula aumenta sua fragilidade10. Considerando os poucos casos de fraturas mandibulares associadas a implantes dentários descritos na literatura e a importância do assunto, principalmente quanto à sua pre- Figura 1 Radiografia panorâmica utilizada no planejamento para instalação de implantes no lado esquerdo mandibular. | 180 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):179-83 venção, o objetivo deste relato é apresentar um caso clínico de fratura mandibular associada a implantes dentários e discutir os possíveis fatores predisponentes ligados à ocorrência desta complicação, assim como seu tratamento. Relato de Caso Clínico Paciente do gênero masculino, 67 anos, procurou o serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial relatando a ocorrência de um forte estalo no lado esquerdo da mandíbula durante uma refeição, o que gerou dor intensa, dificuldade em ocluir os dentes e aumento de volume no lado esquerdo da face. Também relatou que havia instalado dois implantes osseointegrados na região posterior da mandíbula havia uma semana, na mesma região onde ocorreu o estalo. O paciente se queixou de parestesia do lábio inferior e do mento, no mesmo lado, desde a instalação dos implantes. Na radiografia panorâmica trazida pelo paciente (pré-operatória à instalação dos implantes) visualizou-se moderada atrofia óssea na região do corpo mandibular esquerdo (Figura 1). Na revisão da história médica apresentava-se com boa saúde geral. No exame clínico constatou-se edema na região jugal e submandibular do lado esquerdo e, através da palpação bimanual do corpo da mandíbula, foi observada discreta movimentação óssea e relato de aumento da dor. No aspecto intrabucal foi observada área edêntula posterior bilateral na mandíbula e oclusão dental apenas sobre os dentes anteriores, pois o paciente não usava qualquer prótese na região posterior. Após exames radiográficos solicitados no hospital (incidências panorâmica, póstero-anterior e lateral oblíqua de mandíbula) constataram-se dois implantes longos na região posterior da mandíbula que invadiam o canal mandibular, tendo sido diagnosticada uma fratura completa da mandíbula associada ao implante mais posterior (Figuras 2, 3 e 4). Figura 2 Observar fratura óssea completa junto ao implante mais posterior na região de corpo mandibular esquerdo. Moraes RB | D`Ávila RP | Luz JGC Figura 4 Radiografia lateral oblíqua da mandíbula do lado esquerdo evidenciando a fratura. CADERNO CIENTÍFICO Figura 3 Vista aproximada da radiografia panorâmica onde se observam implantes invadindo a região do canal mandibular e a fratura junto ao implante mais posterior. Figura 5 Controle pós-operatório de dois anos, onde se nota a fixação com placa rígida do sistema 2.4 mm, bem como completa consolidação e remodelação óssea. O tratamento da fratura foi realizado sob anestesia geral, através de redução aberta e fixação interna com placas e parafusos de titânio (Osteomed - M4 System, Osteomed, Cleveland/Ohio). Inicialmente, através de incisão intrabucal sobre a crista do rebordo e incisão de alívio, os cotos da fratura foram acessados, reduzidos e fixados com duas placas retas do sistema 2,0 mm (2,0 mm Mini System, Osteomed, Cleveland/Ohio). Os implantes foram removidos por apresentarem mobilidade e por interferirem na instalação das placas e parafusos de fixação. No período pós-operatório inicial se observou instabilidade dos cotos fraturados, sendo necessária uma nova intervenção cirúrgica sob anestesia geral para substituição dos meios de fixação por uma placa mais grossa e rígida do sistema 2,4 mm (2,4 mm Maxi System, Osteomed, Cleveland/Ohio). O paciente foi orientado a manter dieta leve por 30 dias. No acompanhamento semanal houve boa evolução. Os exames radiográficos pós-operatórios de controle, após dois anos, mostraram adequada redução e fixação da fratura com completa consolidação e remodelação óssea (Figura 5). Houve melhora significativa da parestesia após este período, permanecendo discreta sensação de dormência na região do mento. Discussão Cada vez mais a Implantodontia tem se dedicado à reabilitação oral de casos com atrofias ósseas intensas, aumentando os riscos de complicações graves, como a fratura de mandíbula. Porém, poucos casos de fraturas mandibulares associadas à instalação de implantes têm sido relatados na literatura6-8,11-12. Alterações sistêmicas como a osteoporose e a osteomalácia, por promoverem redução na densidade e mineralização óssea, aumentam os riscos de fraturas mandibulares8. A osteoporose é a mais comum e atinge principalmente mulheres brancas no período pós-menopausa13. Quanto à osteomalácia, a causa mais comum inclui deficiência nutricional e geralmente ocorre em pessoas mais velhas e edêntulas14. Concordando, a maioria das fraturas mandibulares associadas a implantes relatadas na literatura ocorreram em mulheres e com idade avançada2-3,6,9. Dentre os fatores locais, a atrofia mandibular acentuada é considerada o principal fator predisponente à fratura. Nestes casos, a mandíbula apresenta uma massa óssea reduzida e de baixa qualidade, prejudicando a dissipação REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):179-83 181 | CADERNO CIENTÍFICO Moraes RB | D`Ávila RP | Luz JGC das fraturas descritas na literatura das forças no local de instalação do ocorreu duas a quatro semanas após implante6-7. As características oclusais Outro importante fator prea instalação dos implantes, sem observadas no caso apresentado disponente à fratura é a lateralização qualquer trauma na mandíbula3,6-7. Porém, estes autores afirmaram que do nervo alveolar inferior previaindicaram que a mastigação era a atrofia mandibular acentuada e mente à instalação dos implantes. A realizada apenas sobre os dentes a lateralização do nervo alveolar mandíbula torna-se bastante fragianteriores, promovendo na inferior previamente a instalação lizada devido à extensa remoção da dos implantes foram os fatores recortical externa da mandíbula3,7,10. região posterior da mandíbula, Porém, no caso relatado foi levantes na ocorrência das fraturas, um ponto de fl exão sob constante observado que a reabsorção óssea no e as forças mastigatórias um fator tensão, favorecendo a ocorrência local da fratura era apenas moderasecundário. Para outros autores3, em um dos seus casos descritos, da, com altura óssea total acima de da fratura junto ao implante as forças mastigatórias do próprio 20 mm, assim como não foi realizada mais posterior. paciente influenciaram na ocora lateralização do nervo alveolar rência da fratura. Em nosso caso a inferior previamente à instalação fratura também ocorreu durante a dos implantes. mastigação de alimentos, fortalecendo o conceito das ondas Outros fatores predisponentes à fratura foram releprejudiciais de tensão que atuam na mandíbula; por este vantes neste caso, como: características oclusais, localização motivo, sugere-se repouso funcional e dieta leve por um do implante, concentração de tensão ao redor do implante e período de quatro semanas no período pós-operatório à ocorrência de parestesia. instalação dos implantes3,7. As características oclusais observadas no caso apreOutro fator a ser considerado em nosso caso é a presensentado indicaram que a mastigação era realizada apenas ça de parestesia. Esta modifica os padrões mastigatórios devido sobre os dentes anteriores, promovendo na região posterior às alterações proprioceptivas10, também contribuindo no auda mandíbula, um ponto de flexão sob constante tensão, mento das tensões sobre a área dos implantes dentários. favorecendo a ocorrência da fratura junto ao implante mais Quanto ao tratamento das fraturas mandibulares posterior. Concordando com esta hipótese, alguns autores15 avaliaram in vitro a distribuição de tensão sob diferentes conassociadas aos implantes osseointegrados, este segue os dições de mastigação e observaram que a ação dos músculos mesmos princípios de redução e imobilização utilizados para masseter e temporal promoveram zonas de elevada tensão outras fraturas ósseas16. Alguns autores defendem que duas miniplacas podem ser usadas no tratamento das fraturas de nas regiões de ângulo e borda anterior do ramo mandibular, mandíbulas atróficas quando há altura óssea adequada17-18. sendo estas mais acentuadas com a mastigação sobre os Porém, a combinação de condições desfavoráveis, como dentes anteriores do que sobre os molares bilateralmente. área de contato reduzida no local da fratura, osso mandibuPadrão oclusal semelhante foi encontrado em diverlar com pobre vascularização, atrófico e denso, bem como sos casos de fratura mandibular após lateralização do nervo resultados desfavoráveis encontrados na literatura, faz com alveolar inferior e instalação de implantes3,7,10. Porém, nestes casos a atrofia mandibular acentuada associada à grande que o tratamento das fraturas de mandíbula atróficas seja remoção óssea da parede vestibular foram os principais realizado, com maior taxa de sucesso, com uma placa de fatores discutidos pelos autores para o desenvolvimento da fixação de alta rigidez16,19. Análises biomecânicas, in vitro, em modelos de mandíbulas atróficas sugerem que a região fratura, não sendo considerado o padrão oclusal. No caso do corpo está sujeita a forças de várias direções durante as apresentado, não houve a lateralização do nervo alveolar funções estomatognáticas diárias, podendo favorecer a fadiga inferior, conforme relatado pelo paciente e também por das miniplacas e consequente instabilidade da fratura20. Esconfirmação no transoperatório do tratamento da fratura, tes dados concordam com o caso apresentado, onde houve pois não havia sinais de osteotomias na parede vestibular a necessidade de substituir as duas miniplacas do sistema da mandíbula. 2,0 mm por uma placa mais forte do sistema 2,4 mm devido A fratura mandibular também pode ocorrer mesmo à instabilidade da fratura no período pós-operatório. sob condições funcionais relativamente normais12. As forças mastigatórias diárias produzem ondas prejudiciais de Conclusão tensão com grande concentração no local onde o implante foi instalado, em especial antes da osseointegração nos caAlgumas considerações já foram sugeridas quanto à sos onde o nervo foi transposto7. Esta teoria tem sido bem aceita, pois de modo semelhante ao caso relatado, a maioria manutenção ou remoção dos implantes associados a fraturas | 182 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):179-83 Moraes RB | D`Ávila RP | Luz JGC Referências bibliográficas 1. 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Com base nas características clínicas deste caso, pode-se especular que o padrão oclusal e as alterações proprioceptivas devido a parestesia parecem ser fatores importantes que contribuem para o aumento das tensões na região posterior da mandíbula e consequente fratura após instalação de implante dentário. Recebido em ago/2008 Aprovado em jan/2009 Endereço para correspondência: Rogério Bonfante Moraes Av. Dr. Silva Melo, 106 - Bloco 4 - Apto. 132 04675-010 - São Paulo - SP Tel.: (11) 5683-2946 [email protected] 11. Albrektsson T: A multicenter report on osseointegrated oral implants. J Prosthet Dent 1988; 60:75-84. 12. Laskin DM. Nonsurgical management of bilateral mandibular fractures associated with dental implants: report of a case. Int J Oral Maxillofac Implants 2003;18:739-44. 13. Sitta, MC. Osteoporose. In: Wilson Jacob Filho; Eurico Thomaz de Carvalho Filho. (Org.). Promoção de Saúde do Idoso. São Paulo: Lemos; 1998. p.77-82. 14. Bays RA. 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Também, se o implante não estiver deslocado ou exposto à cavidade oral, o mesmo pode ser deixado para osseointegrar12. No caso apresentado, os implantes foram removidos, pois aquele associado à fratura apresentava-se com mobilidade e o outro interferia na instalação dos meios de fixação. Relato de Caso Clínico Overdenture mandibular sobre implantes carregados imediatamente Mandibular overdenture supported by immediate loading dental implants: a clinical report RESUMO A prótese total convencional mandibular frequentemente apresenta prognóstico desfavorável devido à falta de estabilidade, suporte e retenção, especialmente em casos de extensa reabsorção do rebordo residual. A colocação de dois implantes na região interforaminal e a utilização de próteses mucoimplantorretidas ou overdentures podem favorecer esse prognóstico. Assim, as próteses podem apresentar melhor função mastigatória, retenção, estabilidade, fonética e conforto, representando um tratamento alternativo valioso para pacientes totalmente edêntulos. Com a previsibilidade dos implantes odontológicos, o procedimento de carga imediata tornou-se prática constante, simplificando os procedimentos, reduzindo o período de cicatrização, diminuindo a ansiedade do paciente, reduzindo os honorários e reabilitando prática e rapidamente os pacientes. Este relato de caso descreve a reabilitação de uma paciente com a colocação de dois implantes na região interforaminal da mandíbula, seguido da inserção imediata de overdenture mandibular e prótese total convencional maxilar. O encaixe bola/O’ring foi utilizado para aumentar a retenção e estabilidade da prótese mandibular confeccionada, tendo em vista a intensa reabsorção na região posterior do rebordo residual. Unitermos - Prótese dentária; Implantes dentários; Prótese total imediata. CADERNO CIENTÍFICO José Maurício dos Santos Nunes Reis* Antonio Alves de Almeida Júnior** João Gustavo Rabelo Ribeiro*** José Cláudio Martins Segalla**** Érica Gouveia Jorge***** Ivan Ribeiro de Faria**** ABSTRACT Due to the lack of stability, support and retention, the conventional mandibular complete denture commonly presents uncertain prognostics. Therefore, the use of a minimum of two dental implants in the interforaminal area and the use of an overdenture can provide additional advantages in comparison to conventional mucosa-supported denture. This kind of treatment can provide better function, retention, stability, phonetics and patient relieve, especially in cases involving severe residual ridge resorption. Thus, the overdenture represents a precious alternative to the conventional treatments. In addition, the high success rate of the immediate loaded dental implants, the reduced healing time, the lower patient anxiety and lower expenses have contributed to a good acceptance for both, clinicians and patients. This paper relates a clinical case involving a rehabilitation of an edentulous woman using two immediate loaded dental implants, a mandibular overdenture and a conventional maxillary complete denture. The ball/O-ring attachment was used for improve the retention and stability of the overdenture fabricated, considering the intensity of the residual ridge resorption. Key Words - Dental Prosthesis; Dental Implants; Immediate complete denture. * Professor substituto, Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese, Faculdade de Odontologia do Campus de Araraquara - Unesp. ** Mestrando do Programa de Pós-graduação em Reabilitação Oral, Área de Prótese, Faculdade de Odontologia do Campus de Araraquara - Unesp. *** Doutorando do Programa de Pós-graduação em Reabilitação Oral, Área de Prótese, Faculdade de Odontologia do Campus de Araraquara - Unesp. **** Professor adjunto, Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese, Faculdade de Odontologia do Campus de Araraquara - Unesp. ***** Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Endodontia da Faculdade de Odontologia do Campus de Araraquara - Unesp. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):187-94 187 | Reis JMSN | Almeida Júnior AA | Ribeiro JGR | Segalla JCM | Jorge EG | Faria IR CADERNO CIENTÍFICO Introdução A prótese total mandibular, sem dúvidas, é a modalidade da Reabilitação Oral que apresenta prognóstico mais desfavorável, principalmente em casos de intensa reabsorção do rebordo residual. Estruturas como língua, glândulas salivares, músculos mentual, bucinador e milo-hioideo e suas inserções, além do rebordo residual, geralmente reabsorvido, influenciam diretamente a pouca retenção, estabilidade e suporte dessa prótese. Assim, em alguns casos, faz-se necessária a utilização de meios auxiliares que propiciem melhor estabilidade e retenção para a prótese total mandibular1. Em 1958, foi sugerida a utilização de dentes naturais para suportar próteses totais, surgindo o conceito de overdenture2. Com o advento dos implantes odontológicos, a prótese mucossuportada pôde ser substituída por uma prótese fixa implantossuportada, com a utilização de quatro a seis implantes na região interforaminal. Essa prótese ficou conhecida como protocolo de Brånemark, sendo o primeiro tratamento com implantes odontológicos para reabilitar pacientes totalmente edêntulos, considerados inválidos orais. Por razões financeiras1-2 ou no caso de pacientes com debilidade física ou mental ou que, simplesmente, apresentem falta de habilidade para realizar higienização bucal, pode-se contraindicar as próteses fixas. Nesses casos, a presença de dois implantes na região interforaminal permite a confecção de próteses mucoimplantorretidas removíveis ou overdentures sobreimplantes1,3. Essas próteses podem apresentar melhor função mastigatória e fonética, retenção, estabilidade e conforto ao paciente, além de apresentar menor abrasão aos tecidos moles em comparação às próteses convencionais. Dessa maneira, a overdenture mandibular representa um tratamento alternativo valioso para os pacientes totalmente edêntulos4, contribuindo, ainda, para seu aspecto psicossocial. Outro fator relevante é que, com a previsibilidade dos implantes odontológicos, os procedimentos de carga imedia- Figura 1 Sorriso da paciente com as próteses antigas. Observar desvio de linha média para o lado esquerdo, plano oclusal alterado, excesso de papilas e formato dos dentes incompatível com as características físicas da paciente. | 188 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):187-94 ta têm-se tornado prática constante aos reabilitadores orais. A carga imediata simplifica os procedimentos, reduz o período de cicatrização, a ansiedade do paciente, os honorários e reabilita prática e rapidamente os pacientes1,5-6. Para isso, os implantes devem apresentar estabilidade primária superior a 35 Ncm e a prótese apresentar-se retentiva, estável7 e com maior suporte possível, evitando ao máximo sobrecarregar os implantes recém-colocados3-4. O presente artigo relata um caso clínico reabilitado com a colocação de dois implantes na região interforaminal mandibular, seguido da colocação imediata de overdenture mandibular e prótese total convencional maxilar. Relato de Caso Clínico Uma senhora, 87 anos, procurou a clínica de reabilitação oral da Faculdade de Odontologia do Campus de Araraquara - Unesp, com objetivo de substituir suas próteses removíveis, total maxilar e parcial mandibular, confeccionadas há apenas 12 meses. Durante anamnese, a paciente relatou insatisfação com a retenção e estética de suas próteses. Por meio das Figuras 1 e 2, pode-se observar estética, linha mediana da face, formato dos dentes, planos oclusais, acabamento e caracterização insatisfatórios. Verificou-se, ainda, deficiente condição estrutural e periodontal dos dentes remanescentes, não possibilitando a substituição da prótese parcial removível. Após os exames físicos e radiográficos (Figuras 3 e 4), foi proposto à paciente a substituição de sua prótese total maxilar e confecção de overdenture mandibular imediata sobre implantes odontológicos. As vantagens, desvantagens e possíveis limitações foram elucidadas à paciente e, com sua anuência, o tratamento foi realizado. A partir dos modelos de estudo, moldeiras individuais foram confeccionadas e clinicamente ajustadas (Figuras 5 e 6), possibilitando moldagens funcionais pela técnica de Figura 2 Visão frontal das próteses. Estética, acabamento e caracterização insatisfatórios. Reis JMSN | Almeida Júnior AA | Ribeiro JGR | Segalla JCM | Jorge EG | Faria IR Figura 3 Visão frontal sem as próteses. Observar as coroas totais insatisfatórias e a extensa reabsorção do rebordo residual na região inferior posterior. Figura 5 Moldeira individual superior confeccionada sobre modelo de estudo. Figura 7 Molde funcional maxilar com selado periférico em godiva e moldagem propriamente dita com polissulfeto. face) para a seleção e montagem dos dentes foram delimitadas. A seleção de cor dos dentes foi realizada com escala Vita clássica (Figura 13). Além disso, a cor gengival foi selecionada (Figura 14) para a acrilização personalizada seguindo a técnica de caracterização de Tomaz Gomes. Os modelos funcionais foram montados em articulador semiajustável e os dentes artificiais Premium (Heraeus Kulzer GmbH/Hanau, Alemanha) na cor A3 montados, provados estética e funcionalmente (Figura 15) e aprovados pela paciente. Os dentes remanescentes foram extraídos do modelo de gesso, a montagem dos dentes finalizada e as próteses incluídas e acrilizadas (Figura 16). Em seguida, a prótese mandibular foi duplicada em resina acrílica incolor, obtendo-se o guia cirúrgico para a orientação durante a colocação dos implantes odontológicos (Figura 17). CADERNO CIENTÍFICO pressão seletiva8. Para a moldagem de bordo e obtenção do selado periférico foi utilizada godiva em bastão (Kerr Manufacturing Co, Orange/CA, EUA). Para a moldagem da área chapeável propriamente dita foi utilizado polissulfeto (Permelastic Regular – Kerr Manufacturing Co, Orange/CA, EUA) Figuras 7 e 8. Modelos funcionais foram obtidos com gesso Tipo IV (Figuras 9 e 10) e uma base de prova e uma base de registro foram confeccionadas. Para a determinação da dimensão vertical foram utilizados métodos fonéticos, proporcionais e métricos (Figura 11). A relação cêntrica foi reproduzida pela retrusão da língua associada ao método guiado não forçado, buscando uma posição ortopedicamente estável à paciente. Previamente à fixação dos roletes de cera (Figura 12), as linhas de orientação (linhas alta do sorriso, das comissuras labiais e mediana da Figura 4 Radiografia panorâmica. Observar deficiente condição estrutural e periodontal dos dentes remanescentes; região inferior interforaminal com altura óssea satisfatória para colocação de implantes. Figura 6 Moldeira individual superior comparando o lado esquerdo já ajustado para moldagem funcional com pressão seletiva e o lado direito ainda não ajustado. Figura 8 Molde funcional mandibular. Observar que os dentes foram simultaneamente moldados. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):187-94 189 | Reis JMSN | Almeida Júnior AA | Ribeiro JGR | Segalla JCM | Jorge EG | Faria IR CADERNO CIENTÍFICO Figura 9 Modelo funcional superior em gesso pedra especial. Figura 11 Mensuração da dimensão vertical de oclusão, determinada por meio dos métodos fonéticos, proporcionais e métricos. Figura 12 Bases de prova e registro fixadas com grampos metálicos. Observar linhas de orientação (linha alta do sorriso, linha das comissuras labiais e linha mediana da face) demarcadas para a seleção e montagem dos dentes artificiais. Figura 14 Determinação da cor gengival para personalização da prótese pelo sistema de caracterização Tomaz Gomes. Figura 16 Próteses totais acrilizadas. | 190 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):187-94 Figura 10 Modelo funcional inferior em gesso pedra especial. Figura 13 Seleção de cor por meio de escala Vita clássica. Uma das formas de determinar a cor é por meio da cor da pele do paciente. Figura 15 Prova estética e funcional das próteses, com os dentes Premium montados em cera. Figura 17 Após as exodontias, o guia cirúrgico foi utilizado para determinação do posicionamento dos implantes. Os dentes remanescentes foram extraídos e dois implantes osseointegráveis Master Screw Grip de 3,75 mm x 15 mm (Conexão Sistemas de Implantes, São Paulo/SP) foram inseridos na região dos primeiros pré-molares inferiores, evitando a região de alvéolo fresco. Os implantes apresentaram estabilidade primária superior a 60 Ncm. Em seguida, dois intermediários do tipo “attachment bola mini” (Neodent Implantes Osseointegráveis, Curitiba/PR) de plataforma regular (4,1 mm) e 3,0 mm de cinta metálica foram colocados sobre os implantes e torqueados com 20 Ncm. Após a instalação dos intermediários, espaçadores plásticos fornecidos pelo fabricante e cápsulas de retenção foram adaptados sobre os encaixes bola (Figuras 18 e 19). Com a pasta branca zincoenólica (Lysanda Produtos Odontológicos, São Paulo/SPl), pincelada sobre as cápsulas de retenção, evidenciou-se a região da prótese a ser aliviada para a obtenção de espaço para a captura das cápsulas de retenção (Figura 20). Após assentamento passivo das próteses e testes de retenção, suporte e estabilidade, foram realizados ajustes das áreas de sobrecompressão com auxílio, também, da pasta branca e ajustes oclusais por meio de papel carbono e tiras de celofane (Figuras 21 e 22). Após refinamento e balanceamento oclusal, as cápsulas de retenção foram capturadas em posição com resina acrílica quimicamente ativada (Duralay, GC America, Alsip/Ilinois, EUA). Com as próteses assentadas na cavidade bucal (Figuras 23 e 24), solicitou-se à paciente ocluir até a polimerização da resina acrílica. Após a captura das cápsulas de retenção (Figura 25), a região anterior da prótese foi reembasada com resina acrílica macia Coe-Soft (GC America, Alsip/Ilinois, EUA), propiciando maior conforto à paciente durante o período de cicatrização (Figura 26). Contatos oclusais e áreas de sobrecompressão foram novamente verificados. Decorrido o período de cicatrização clínica dos tecidos moles (Figura 27), por volta de 45 dias, a resina macia foi substituída por resina acrílica rígida, específica para reembasamento imediato (Tokuyama Rebase II, Tokuyama Dental Corp/Tóquio, Japão). As queixas estéticas e funcionais da paciente foram plenamente solucionadas por meio de procedimentos terapêuticos relativamente simples e rápidos (Figura 28). Vale ressaltar que a paciente foi extremamente instruída sobre o período crítico de osseointegração dos implantes, aproximadamente quatro meses, e sobre os procedimentos para colocação e higienização das próteses e dos pilares. Na Figura 29, pode-se verificar a imagem radiográfica dos implantes após seis meses do procedimento cirúrgico. A paciente relata alta satisfação com suas próteses, com o pósoperatório cirúrgico e com a facilidade de controle posterior, higienização e colocação desse tipo de prótese. Figura 18 Adaptação dos intermediários “bola mini” sobre os implantes recém-colocados. Sobre os pilares estão os espaçadores plásticos que evitam a penetração de resina acrílica em áreas retentivas, além de propiciar ligeiro alívio para liberdade de movimento. Figura 19 Cápsulas de retenção instaladas sobre os intermediários. Figura 20 Desgaste sendo realizado na parte interna da prótese na região de captura das cápsulas de retenção. Deve-se realizar o desgaste até a prótese ser adaptada aos tecidos de maneira passiva. Figura 21 Ajustes dos contatos oclusais. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):187-94 191 | CADERNO CIENTÍFICO Reis JMSN | Almeida Júnior AA | Ribeiro JGR | Segalla JCM | Jorge EG | Faria IR CADERNO CIENTÍFICO Reis JMSN | Almeida Júnior AA | Ribeiro JGR | Segalla JCM | Jorge EG | Faria IR | 192 Figura 22 Ajuste das áreas de sobrecompressão da prótese. Figura 23 Assentamento da overdenture para a captura das cápsulas de retenção. Figura 24 Próteses finalizadas. Observar plano oclusal satisfatório. Figura 25 Seleção de dentes, posicionamento, caracterização e acabamento satisfatórios. Figura 26 Interior da overdenture com resina macia para propiciar maior conforto à paciente durante o período de cicatrização. Figura 27 Após 45 dias da cirurgia. Observar a saúde dos tecidos moles. Figura 28 Próteses em concordância com o rosto e biotipo da paciente. Figura 29 Radiografia panorâmica após seis meses. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):187-94 Discussão A prótese mucoimplantorretida é uma opção terapêutica satisfatória, fundamentada pela literatura1-4,6,9-10. Comparando a overdenture à prótese fixa, a prótese mucoimplantorretida apresenta vantagem estética por permitir melhor suporte para os tecidos moles e labial devido à presença da flange vestibular. Ao mesmo tempo, a overdenture é uma prótese removível, o que facilita a higienização e contribui para pacientes com debilidade funcional e/ou idade avançada. Essas próteses apresentam, ainda, vantagem econômica, por necessitar de menos implantes, além de honorários laboratoriais reduzidos, tendo em vista a facilidade e o tempo para confecção1. Ao se comparar o custo entre uma overdenture retida por dois intermediários isolados e uma prótese total convencional, observa-se que a overdenture pode custar até 2,4 vezes a mais11. Dessa forma, os cirurgiões-dentistas devem realizar minuciosa avaliação dos seus pacientes, buscando oferecer modalidades terapêuticas pertinentes e com satisfatório custo-benefício6. É preciso evitar o generalismo e a sobrevalorização dos planejamentos e procedimentos clínico-laboratoriais executados. Tanto clínica, quanto laboratorialmente, a overdenture segue os princípios da prótese total convencional. Dessa maneira, moldagens funcionais, reproduzindo fielmente, e de forma dinâmica, os tecidos que auxiliarão no suporte, retenção e estabilidade da overdenture são fundamentais6,8. Como relatado anteriormente, foi realizada moldagem funcional por pressão seletiva, proporcionando cobertura máxima da área chapeável e respeitando o limite de tolerância dos tecidos bucais8,11-12. Nesta técnica, a mucosa aderida de suporte é registrada de forma não compressiva, em razão da presença de tecido ósseo subjacente, e a mucosa móvel do fundo de sulco vestibular, correspondente ao selado periférico, é registrada sob leve pressão13. Após ajuste das moldeiras, obtendo-se espaço aproximado de 2,0 mm aquém do fundo de sulco vestibular e, respeitando os limites da linha do“Ah”, a moldagem é realizada com material mais consistente para a região de bordo e material com maior escoamento para a área chapeável propriamente dita8. Essa moldagem, muitas vezes negligenciada pelos cirurgiões-dentistas, pode determinar o sucesso de uma overdenture12. Após as exodontias, os implantes foram inseridos em locais onde havia osso cicatrizado, evitando possíveis complicações com a estabilidade primária na região de alvéolo fresco. Além disso, sabe-se que a qualidade óssea da região interforaminal da mandíbula é bastante favorável para a colocação de implantes e seu imediato carregamento oclusal, apresentando alta taxa de sucesso3-4,6,12. Estudos clínicos comprovam o sucesso quando cargas funcionais são aplicadas em até três semanas após a colocação de dois implantes e intermediários isolados4,6,10,14. O encaixe bola/O’ring possui resiliência, o que permite maior movimentação e menor tensão e desgaste dos componentes. No entanto, autores1,3 caracterizam a distância vestibulolingual das overdentures como sendo um fator limitante para a utilização desses componentes, uma vez que, se o implante estiver mal posicionado, seria necessário um contorno desfavorável da prótese. Outro problema apontado na literatura1 relaciona-se à pouca quantidade de resina acrílica por volta da cápsula, o que pode enfraquecer essa união. Para evitar esses contratempos, os implantes foram colocados seguindo um guia cirúrgico, obtido a partir da duplicação da prótese acrilizada. Além disso, foi utilizado um intermediário de menor diâmetro (bola mini), o que permite maior quantidade de resina para captura e detenção da cápsula de retenção. Outro aspecto relevante a ser considerado é que o paciente que utiliza uma prótese total, na maioria das vezes, pouco se preocupou com sua saúde bucal e, ao longo dos anos, perdeu seus dentes. A overdenture está retida por implantes que, assim como os dentes, possuem tecidos circunvizinhos que podem apresentar reações inflamatórias, comprometendo sua osseointegração. O cirurgião-dentista deve instruir e motivar o paciente quanto à higienização tanto da prótese, quanto dos pilares e da mucosa bucal. Além disso, o rebordo residual continuará sendo reabsorvido e a adaptação que existia no momento da colocação da prótese será prejudicada, aumentando as forças sobre os componentes de retenção3. Sendo assim, os componentes de retenção e estabilização da prótese passarão a atuar como suporte, extrapolando seu limite funcional. Para evitar complicações, deve-se realizar reembasamento das próteses e substituição dos componentes desgastados sempre que necessário.Visitas de controle devem ser agendadas, ao menos semestralmente, para observar tanto a higienização dos componentes, quanto a adaptação da prótese aos seus tecidos de suporte. Conclusão A overdenture retida por encaixe bola/O’ring sobre implantes carregados imediatamente, na região interforaminal da mandíbula, mostra ser uma opção de tratamento apropriada. O posicionamento, a estabilidade primária dos implantes, a distribuição das forças oclusais, a adaptação da prótese à mucosa de suporte e as consultas de controle são imprescindíveis para o sucesso deste tipo de tratamento. Recebido em jan/2009 Aprovado em mar/2009 Endereço para correspondência: Faculdade de Odontologia de Araraquara Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese José Maurício dos Santos Nunes Reis Rua Humaitá, 1.680 - Centro 14801-903 - Araraquara - SP Telefax: (16) 3301-6406 / 3301-6408 [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):187-94 193 | CADERNO CIENTÍFICO Reis JMSN | Almeida Júnior AA | Ribeiro JGR | Segalla JCM | Jorge EG | Faria IR Reis JMSN | Almeida Júnior AA | Ribeiro JGR | Segalla JCM | Jorge EG | Faria IR CADERNO CIENTÍFICO Referências bibliográficas 1. Liddelow GJ, Henry PJ. A prospective study of immediately loaded single implant-retained mandibular overdentures: preliminary one-year results. J Prosthet Dent 2007;97:S126-37. 2. Miller P. 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Moldagem em prótese total - Uma revisão da literatura. RFO UPF | 194 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):187-94 2007;12:70-4 9. Attard NJ, David LA, Zarb GA. Immediate loading of implants with mandibular overdentures: one-year clinical results of a prospective study. Int J Prosthodont 2005;18:463-70. 10. Engelke W, Decco OA, de las Mercedes Capobianco M, Schwarzwaller W, Villavicencio MM. Immediate occlusal loading of freestanding implants using cortical satellite implants: preliminary report of a prospective study. Implant Dent 2005;14:50-7. 11. Heartwell CM, Rahn AO. Syllabus of complete dentures. 2a ed. Philadelphia: Lea & Febiger; 1974. 12. Tarnow D, Emtiaz S, Classi A. Immediate loading of threaded implants at stage 1 surgery in edentulous arches: ten consecutive case reports with 1- to 5-year data. Int J Oral Maxillofac Implants 1997;12:319-24. 13. Felton DA, Cooper LF, Scurria MS. Predictable impression procedures for complete dentures. Dent Clin North Am 1996;40:39-51. 14. Payne AG, Tawse-Smith A, Kumara R, Thomson WM. One-year prospective evaluation of the early loading of unsplinted conical Branemark fixtures with mandibular overdentures immediately following surgery. Clin Implant Dent Relat Res 2001;3:9-19. Relato de Caso Clínico Ancoragem ortodôntica com implantes osseointegrados Orthodontic anchorage with osseointegrated implants: a case report RESUMO A ancoragem ortodôntica é um dos dilemas da Ortodontia, sendo um aspecto limitante do tratamento ortodôntico. Isto se deve ao fato de que o movimento planejado de um dente ou grupo de dentes causa uma reação recíproca nos dentes que servem de ancoragem. Há muito tempo tenta-se criar um tipo de ancoragem fixa intrabucal que não reagisse às forças ortodônticas, transferindo-as diretamente ao tecido ósseo. O desenvolvimento deste tipo de ancoragem ortodôntica foi possível somente após a criação dos implantes osseointegrados de titânio na década de 1960 por Brånemark et al. Este trabalho vem demonstrar a utilização de implantes convencionais, instalados na região posterior da maxila, como ancoragem ortodôntica intrabucal e que após o término do tratamento foram utilizados como suporte para próteses parciais fixas. O tratamento foi finalizado com sucesso, sendo que os implantes mantiveram-se imóveis, sem qualquer sinal ou sintoma de perda da osseointegração. Unitermos - Procedimentos de ancoragem ortodôntica; Ortodontia; Implantes dentários; Osseointegração. CADERNO CIENTÍFICO Paulo Sérgio Perri de Carvalho* Edson Virgílio Zen Filho** Dan Franklin Kjaer*** Mariliza Comar Astolphi de Carvalho**** ABSTRACT Orthodontic anchorage is one of the main dilemmas in orthodontics, because it poses limitations on orthodontic treatment. This is due to the fact that planned movement of one tooth or group of teeth causes a reciprocal action on the anchorage teeth. Several attempts have been made to achieve a fixed intraoral anchorage that does not present reactions to orthodontic forces, transferring them directly to the bone tissue. Development of this type of orthodontic anchorage was only possible after the advent of titanium endosseous implants in the 1960s by Branemark et al. This paper demonstrates the utilization of conventional implants, placed at the posterior maxillary region for intraoral orthodontic anchorage, which were employed for placement of fixed partial dentures after treatment completion. Treatment was successfully finalized and the implants were kept stable, without any sign or symptom of loss of osseointegration. Key Words - Orthodontic anchorage procedures; Orthodontics; Dental implants; Osseointegration. * Professor titular do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP e do Departamento de Cirurgia e Clínica Integrada da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - Unesp. ** Estagiário da Disciplina de Cirurgia da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP. *** Cirurgião-dentista; Especialista em Ortodontia. **** Cirurgiã-dentista; Especialista e mestre em Prótese Dentária. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):197-202 197 | Carvalho PSP | Zen Filho EV | Kjaer DF | Carvalho MCA CADERNO CIENTÍFICO Introdução A ancoragem ortodôntica é um dos dilemas da Ortodontia, sendo também um dos aspectos mais limitantes no tratamento ortodôntico1. Esta se baseia nas condições de equilíbrio estático, definidos por Newton em 1687, que diz que para cada ação há uma reação2. Ou seja, o movimento planejado de um dente ou grupo de dentes irá causar uma reação recíproca nos dentes que estão sendo utilizados como ancoragem3. Isto pode causar, em certos casos, efeitos indesejáveis nos elementos dentários que servem como ancoragem. A ortodontia também utiliza a ancoragem extrabucal e elásticos intermaxilares que apesar de diminuírem esses efeitos, também podem vir a causar alguns movimentos impróprios dos dentes4. Estes tipos de ancoragem têm seu uso limitado em casos onde há grandes perdas dentárias ou quando os dentes presentes apresentam-se comprometidos periodontalmente, não sendo possível conseguir um apoio intrabucal correto2. Há muito tempo tenta-se criar um tipo de ancoragem fixa que não reagisse às forças ortodônticas e que proporcionasse uma ancoragem fixa e imóvel, transmitindo estas forças diretamente ao tecido ósseo. Autores5 relataram a tentativa de criar este tipo de ancoragem com parafusos de vitálio e fios de aço inoxidável em mandíbulas de cachorros, observando a falha destes após o início da ativação das forças ortodônticas. Muitos outros tipos de materiais foram testados, porém, após a instalação de cargas, estes perdiam seu suporte3. Com a introdução da osseointegração na década de 19606, um novo horizonte abriu-se na Odontologia. O advento dos implantes de titânio trouxe novas possibilidades de tratamento não somente na Odontologia reabilitadora, mas também na Ortodontia e Ortopedia facial. Vários autores6 comprovaram que estes implantes permaneciam na cavidade oral por muitos anos sem sofrer qualquer tipo de corrosão ou oxidação, mantendo um íntimo contato com o tecido ósseo, mesmo após anos em função. Desta forma muitos profissionais começaram a pesquisar se estes implantes conseguiriam resistir às forças ortodônticas, pois estas, apesar de serem de menor intensidade do que as de oclusão, caracterizam-se por serem forças contínuas com duração superior a seis meses e com direção estabelecida (horizontalmente extrusiva ou intrusiva assim como rotacional) o que difere das cargas oclusais7. Em um estudo feito em fêmur de coelhos1, foi demonstrado que implantes de tamanho reduzido, sendo submetidos a uma força de 100 g durante quatro a oito semanas permaneceram imóveis e sem sinais de complicações após o término do trabalho. Outros autores8 também vieram confirmar o achado deste estudo, tendo alguns, utilizado forças de maior magnitude e durante um maior período de tempo em implantes instalados na região da maxila e | 198 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):197-202 ou zigomático de macacos que eram exteriorizados na face por meio de dispositivos que se conectavam a um capacete expansor. Esses implantes foram submetidos a uma força de 600 g durante 12 semanas, conseguindo-se uma separação da sutura zigomático-temporal de até 16 mm sem qualquer sinal de perda dos mesmos. Em um estudo feito em humanos, outros autores5 instalaram implantes de 10 mm de comprimento na região retromolar e molar, que foram submetidos a forças que variavam entre 150 g a 400 g durante um período médio de 26 meses, não relataram qualquer tipo de problema, como mobilidade ou perda de suporte ósseo, permanecendo estes osseointegrados. Assim, a partir do advento dos implantes osseointegrados, o conceito de ancoragem intrabucal rígida estabeleceu-se como uma técnica, proporcionando novas formas de tratamento para a Ortodontia e Ortopedia facial. Este trabalho vem demonstrar um caso clínico com a utilização de implantes convencionais instalados na região posterior da maxila servindo como ancoragem para o tratamento ortodôntico e, posteriormente, sendo utilizado como suporte para prótese fixa. Relato de Caso Clínico Paciente, 39 anos, gênero feminino, apresentava ausência dos dentes 14 ao 18, 24, 26, 36, 37, 38 e 45 (Figura 1). Estas perdas dentárias causaram o aparecimento de diastemas na região anterior, juntamente com uma mordida anterior profunda, trespasse horizontal de aproximadamente 10 mm e diminuição da dimensão vertical (Figuras 2 e 3). Devido a ausência de dentes posteriores que não permitiam uma ancoragem intrabucal satisfatória foi planejada a instalação de dois implantes osseointegráveis na maxila posterior, região de primeiro e segundo molares do lado direito para servirem de ancoragem fixa ao aparelho ortodôntico. Após a conclusão do tratamento ortodôntico, os implantes foram utilizados para reposição dos molares superiores do lado direito. O planejamento ortodôntico foi realizado visando a correção dos trespasses horizontal e vertical entre os dentes anteriores superiores e inferiores por meio da movimentação dos mesmos no sentido palatino e lingual, respectivamente. Inicialmente foram instalados dois implantes (T.F. – Tissue functional) de 9 mm de comprimento e 4 mm de largura na região posterior direita da maxila. Aguardou-se quatro meses para que ocorresse a osseointegração, sendo feita a reabertura e instalação dos componentes protéticos e prótese provisória (Figura 4). A prótese provisória envolvia ambos os implantes, para que as forças ortodônticas fossem divididas entre eles. Sobre esta foi colado um tubo ortodôntico e um aparelho fixo orto- Carvalho PSP | Zen Filho EV | Kjaer DF | Carvalho MCA Figura 1 Radiografia inicial mostrando as ausências dentárias. B Figuras 2a e 2b Imagens iniciais mostrando os diastemas, mordida profunda anterior e trespasse horizontal acentuado. A. Vista frontal; e B. Vista lateral. A B C Figuras 3a a 3c Modelos de estudo inicias mostrando as discrepâncias dentárias do paciente. A. Visão lado esquerdo; B. Visão lado direito; e C. Visão lateral mostrando o acentuado trespasse horizontal. Figura 4 Radiografia mostrando o posicionamento dos implantes no início do tratamento ortodôntico. Figura 5 Início do tratamento ortodôntico quatro meses após a instalação dos implantes. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):197-202 199 | CADERNO CIENTÍFICO A Carvalho PSP | Zen Filho EV | Kjaer DF | Carvalho MCA CADERNO CIENTÍFICO dôntico - técnica mista de Edge-Wise standart e Begg (Figura 5). Neste caso foi utilizada a técnica diferencial do arco reto com forças leves de aproximadamente 56 a 113 gramas. Na arcada inferior planejou-se o mesmo tratamento, retração da bateria anterior, mas como havia elementos posteriores suficientes não houve a necessidade de instalação de implantes. Após seis meses de tratamento ortodôntico a paciente já apresentava uma diminuição dos diastemas e do trespasse horizontal (Figura 6). O tratamento durou aproximadamente dois anos e oito meses conseguindo-se corrigir os trespasses horizontal e vertical assim como o fechamento dos diastemas. Ao final do tratamento ortodôntico foi instalado um implante na região do dente 14, sendo feita a reabilitação protética deste juntamente com a dos outros implantes instalados no início do tratamento (Figura 7). A paciente retornou ao consultório para controle aproximadamente cinco anos após o final do tratamento (Figura 8). Os implantes apresentavam-se clinicamente sem mobilidade ou sensação dolorosa e radiograficamente podia-se observar que estes mantinham íntimo contato com o tecido ósseo, com somente uma pequena reabsorção da crista óssea entre os dois implantes (Figura 9). Figura 6 Aspecto clínico após seis meses de tratamento ortodôntico. Figura 7 Imagem oclusal da arcada superior mostrando a reabilitação protética fixa dos implantes osseointegrados. A B Figuras 8a e 8b Aspecto clínico final. A. Frontal; e B. Lateral, aproximadamente cinco anos após o término do tratamento. Figura 9 Radiografia do caso finalizado e após instalação do implante na região do dente 24 e reabilitação protética fixa dos implantes. | 200 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):197-202 Carvalho PSP | Zen Filho EV | Kjaer DF | Carvalho MCA Figuras 10a a 10c Modelos de estudo do caso finalizado. A. Visão do lado esquerdo; B. Visão do lado direito e C. Visão lateral mostrando a correção do trespasse horizontal. B C todôntica sem sofrer qualquer perda óssea peri-implantar1,3,8 ou mesmo da osseointegração4. A utilização de implantes instalados em áreas posteriores desdentadas possibilita ancoragem fixa intrabucal, sendo que as forças ortodônticas Discussão aplicadas sobre eles são diretamente transmitidas ao tecido ósseo peri-implantar4. A Ortodontia é umas das áreas da Odontologia que Por outro lado, a ancoragem proporcionada pelos vem se beneficiando com a utilização dos implantes osimplantes evita de o apoio ser feito sobredentes o que pode seointegrados que ajudam a contornar problemas, que antes causar alguns efeitos indesejáveis, devido ao fato das forças 4 limitavam a terapêutica ortodôntica , como em casos onde serem recíprocas, tendo uma ação e reação, o que muitas perdas dentárias na região posterior ou presença de dentes vezes causa danos como reabsorções radiculares e extrusão comprometidos periodontalmente, estes últimos inadequadentária aos elementos que servem de apoio. dos para uma ancoragem ortodôntica intrabucal. No caso em questão utilizou-se como ancoragem O caso clínico apresentado demonstra o que os trabaimplantes convencionais instalados na maxila posterior deslhos publicados anteriormente já haviam observado, isto é, dentada e que, após servir de ancoragem ortodôntica, iriam que os implantes podem ser utilizados como ancoragem orser utilizados como suporte para prótese parcial fixa. Apesar de constituírem-se como ancoragens ideais, o apoio sobre estes tipos de implantes possuem limitações, pois poderão ser usadas No caso em questão utilizou-se como ancoragem implantes somente na ausência de elementos denconvencionais instalados na maxila posterior desdentada tários. Nestes casos o planejamento deve ser feito com precisão, pois os implantes e que, após servir de ancoragem ortodôntica, iriam ser instalados deverão ser instalados na posição utilizados como suporte para prótese parcial fixa. Apesar de correta para confecção das próteses. constituírem-se como ancoragens ideais, o apoio sobre estes Nos últimos anos, além da ancoragem feita sobre implantes convencionais, foram tipos de implantes possuem limitações, pois poderão ser desenvolvidos mini-implantes que podeusadas somente na ausência de elementos dentários. riam ser utilizados em casos onde não houve Observou-se com o caso finalizado e com os modelos de estudo, que a paciente passou a apresentar oclusão e estética satisfatórias (Figura 10). REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):197-202 201 | CADERNO CIENTÍFICO A Carvalho PSP | Zen Filho EV | Kjaer DF | Carvalho MCA CADERNO CIENTÍFICO perda dentária ou quando se deseja fechar espaços onde foi feita a exodontia. Estes podem ser instalados em posições estratégicas como palato duro, servindo como ancoragem ortodôntica ou mesmo na vestibular do processo alveolar e sendo descartados após o término do tratamento1,3,8. Os implantes também evitam a utilização das ancoragens extrabucais e elásticos intermaxilares que, além de causarem efeitos deletérios sobre os elementos dentários, também necessitam da colaboração dos pacientes. Observa-se que os implantes trouxeram uma nova era na Ortodontia, em que o planejamento feito não precisa se preocupar com a reação causada sobre os dentes que servem de apoio e os tipos de movimentação são quase ilimitados. Referências bibliográficas 1. Roberts WE et al. Osseous adaptation to continuos loading of rigid endosseous implants. Am J Orthod 1984;86(2):95-111. 2. Lindhe J, Karring T, Lang NP. Tratado de Periodontia clínica e Implantologia Oral. 4a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. 3 Shapiro PA, Kokich VG. Uses of implants in orthodontics. Dent Clin North Am 1988;32(3):539-50. 4. Higuchi KW, Slack JM. The use of titanium fixtures for intraoral anchorage to facilitate orthodontic tooth movement. Int J Oral Maxillofac Implants 1991;6(3):338-44. 5. Gainsforth BL, Higley LB. A study of orthodontic anchorage possibilities Conclusão Os implantes osseointegrados podem ser utilizados como ancoragem ortodôntica em pacientes desdentados posteriores e suas instalações devem obedecer a um planejamento cirúrgico-protético criterioso para que eles possam, ao final do tratamento, ser suporte para prótese parcial fixa. Recebido em dez/2008 Aprovado em fev/2009 Endereço para correspondência: Paulo Sérgio Perri de Carvalho Depto. de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP Al. Octávio Pinheiro Brisola, 9-75 17012-901 - Bauru - SP [email protected] in basal bone. Am J Orthod Oral Surg 1945;31:406-17. 6. Brånemark PI, Hansson BD, Adell R. Osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Experience from a 10-year period. Scand J Plast Reconstr Surg 1977;16(Suppl):18-38. 7. Linder-Aronson S, Nordenram A, Anneroth G. Titanium implant anchorage in orthodontic treatment: an experimental investigation in monkeys. 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Vasconcelos Presidente de honra Presidente do Congresso Realização Apoio Institucional REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):205-8 205 | Osseointegração - 20 anos da experiência brasileira EVENTOS Congresso internacional comemorativo reunirá um grande time de especialistas em Implantodontia e áreas afins. Em 2005, um grande evento em São Paulo marcou os 40 anos da descoberta do princípio da Osseointegração, reunindo grandes nomes nacionais e internacionais da Odontologia. Em 2009, um outro acontecimento lembrará mais uma conquista na área, desta vez mostrando a trajetória da Osseointegração e, consequentemente, da Implantodontia no Brasil: “Osseointegração - 20 anos da experiência brasileira”. O evento, que acontecerá nos dias 3, 4 e 5 de setembro, no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, tem tudo para ficar marcado na história da Implantodontia, e já conta com mais de 1.400 pré-inscritos.“Trata-se de um encontro que oferece os últimos avanços decorrentes do princípio da Osseointegração, ministrado por autoridades que fazem deste procedimento a melhor solução protética em Odontologia”, justifica Laércio W. Vasconcelos, presidente do evento. Além disso, o congresso contará com a participação do professor doutor Per-Ingvar Brånemark, como presidente de honra, e terá parte da renda destinada ao tratamento de pacientes carentes no P-I Brånemark Institute - Bauru. A programação científica oficial será ministrada em cinco auditórios e salas, oferecendo cerca de 4.500 lugares simultâneos, somando mais de 120 h / aula. São conferências nacionais e internacionais, mesas-redonda, workshops de Tecnologia Aplicada e plantão de dúvidas. Um time de primeira linha, composto por grandes nomes internacionais e nacionais, abordarão temas da atualidade para o aperfeiçoamento científico dos participantes. Prêmio de Incentivo à Pesquisa No congresso, a produção científica de pesquisadores, especialistas e clínicos no contexto da reabilitação oral com implantes será reconhecida com a outorga do Prêmio de Incentivo à Pesquisa em três modalidades, tendo o professor doutor Paulo Sérgio Perri de Carvalho como presidente da Comissão de Avaliação e Outorga. Confira as categorias: | 206 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):205-8 • Defesa de Tese - trabalhos produzidos pelos cursos de Especialização em Implantodontia (apresentação oral). Os três melhores trabalhos terão prêmio em dinheiro, certificado e publicação na revista ImplantNews. • Painéis Científicos - os três melhores trabalhos produzidos nas áreas multidisciplinares que compõe o contexto da Implantodontia terão prêmio em dinheiro, certificado e publicação na revista ImplantNews. • Artigo publicado na ImplantNews - melhor artigo publicado na revista ImplantNews, no período de nov./dez. 2008 a jul./ago. 2009. Os três melhores trabalhos terão prêmio em dinheiro e certificado. Para mais informações e inscrições dos trabalhos acesse www.implantnews.com.br/20anos e consulte o regulamento para as categorias Defesa de Tese e Painéis Científicos. Expo20 No evento acontecerá a Exposição Internacional de Produtos e Serviços para Implantodontia - Expo20. Serão 58 empresas especialmente convidadas para expor produtos e serviços para procedimentos avançados em reabilitação oral com implantes. As empresas que já confirmaram participação no congresso são: Arti-Dente, Baumer, Biomet3i, Bionnovation Biomédicos, Bioparts, Conexão, DebortoliAce, Dental Press, Dentflex, Dentoflex, Dentsply, Globtek, ICE, INP, IntraLock-System, Masi Equipamentos, Maximu’s/DHPRO, Nacional Ossos, Neodent, Nobel Biocare, Norbi, Odonto Atual, P-I Brånemark Philosophy, Promodent, Quintessence, SLMandic, Signo Vinces, SIN, Straumann Brasil, Systhex, Tri Hawk, VK Driller, Welfare e Wilcos. Eventos paralelos Durante o congresso serão realizados eventos paralelos como o IN 2009 - Encontro Internacional de Leitores ImplantNews, que chega a sua quarta edição, o PerioNews 2009 - Encontro Internacional de Atualização Clínica em • • • • • • • • Programação Científica Oficial • Próteses fixas em zircônia e CAD/CAM na Implantodontia: resultados clínicos • Protocolos clínicos reduzidos: decisões contemporâneas para resultados estéticos e funcionais nos implantes • Análise crítica da longevidade estética em Osseointegração • Soluções atuais utilizando um novo conceito de implante para a reabilitação de pacientes com dentição comprometida Conferências internacionais – Principais temas Mesas-redondas nacionais e internacionais - Temas centrais Dente e implante? Dente ou implante? Tratamento minimamente invasivo na Implantodontia Levantamento de seio maxilar pericrestal otimizado O implante curto: uma solução simples para os casos complexos? Modificações nas superfícies dos implantes para melhorar sua ancoragem Otimização na função e estética em rebordos edêntulos severamente comprometidos através de procedimentos reconstrutivos e implantes orais Realidade virtual como auxílio na terapia periodontal e peri-implantar Técnica platform switching ampliada para preservar o osso peri-implantar e melhorar os resultados protéticos • 20 anos da Osseointegração no Brasil. Como estávamos e para onde vamos? • Atuais paradigmas para obtenção de excelência em estética peri-implantar • Enxerto ósseo autógeno e suas alternativas • Plataformas convencionais ou modificadas? • Oclusão na Implantodontia: o que mudou nos últimos 20 anos? • Tratamento protético e cirúrgico da maxila atrófica: estamos atentos às expectativas dos nossos pacientes? • Planejamento multidisciplinar: como começar? Como terminar? • Modificações nas superfícies dos implantes Primeiros ministradores internacionais confirmados Ady Palti (Alemanha) Björn Klinge (Suécia) Matteo Chiapasco (Itália) Niklaus Lang (Suíça) Carlos Eduardo Franck Renouard Francischone (Brasil) (França) Tomas Albrektsson (Suécia) Luigi Canullo (Itália) George Watzek (Áustria) Irena Sailer (Suíça) Nitzan Bichacho (Israel) Roland Glauser (Suíça) REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):205-8 207 | EVENTOS Periodontia e Cariologia e o II Simpósio Internacional Quintessence no Brasil. Esses encontros, sem dúvida, contribuirão ainda mais para a atualização científica dos participantes e farão com que o Osseointegração – 20 anos da experiência brasileira seja um acontecimento que os profissionais da Odontologia não podem perder. Conferências especiais - Principais temas • Considerações fundamentais para o uso da carga imediata • Prótese metal free na Implantodontia • Enxerto de tecido mole na prevenção e tratamento das doenças peri-implantares • O que a Ortodontia pode fazer pela Implantodontia? • Extração e carga imediata em dentes unitários • Planejamento cirúrgico-protético com conexões internas e externas na Implantodontia • Lidando com as complicações nas reconstruções: como evitá-las e tratá-las? • Design de implantes endósseos: a interrelação entre macro, micro e nanoestruturas • Ciência e arte para os enxertos no seio maxilar: estratégias e resultados clínicos • Reabilitação total com implantes em pacientes idosos • Bifosfonatos orais: o que o implantodontista precisa saber? • Monitoramento e manutenção da saúde dos tecidos peri-implantares • Utilização dos recursos diagnósticos por imagem na Implantodontia • Manipulação tecidual em Implantodontia – Ciência e arte • A microbiota peri-implantar como fator de risco: o que nós sabemos • Carga imediata pós-exodontia em alvéolos com defeitos ósseos extensos: uma nova técnica • Fixações zigomáticas x Enxerto ósseos: quebrando paradigmas • Reabilitação da ausência dos incisivos central e lateral adjacentes: aspectos cirúrgicos-protéticos • Reconstruções craniomaxilofaciais em pacientes maxilectomizados e irradiados: sobrevida ou qualidade de vida? • Complicações nos casos de implantes zigomáticos: falta de técnica ou falta de conhecimento? • Cirurgia guiada: significado para o planejamento reverso. • Sinergia em Odontologia Estética osseointegrada • Cirurgia plástica peri-implantar: arte e ciência na obtenção dos resultados EVENTOS Ministradores nacionais confirmados (relação parcial) • Antonio Vicente de Souza Pinto • Adilson dos Santos Torreão • Alber Barbosa Barbara • André Tortamano • André Zétola • Angelo Menuci Neto • Antonio Carlos Cardoso • Carlos Alberto Dotto • Carlos Eduardo Francischone • Carlos Nelson Elias • César Augusto Arita • Claudio Luiz Sendyk • Dalva Cruz Laganá • Dario Adolfi • Dickson M. Fonseca • Edilson José Ferreira • Fábio Bezerra • Geninho Thomé • Glécio Vaz de Campos • Guaracilei Maciel Vidigal Jr. • Hugo Nary Filho • Ivete Sartori • Ivo Contin • Jamil Awad Shibli • Jan Peter Ilg • Jorge Mulatinho • José Alfredo Mendonça • José Carlos M. Rosa • José Cícero Dinato • José Flávio Torezan • José Geraldo Malaguti • José Henrique Cavalcanti Lima • José Virgilio de Paula Eduardo • Julio Cesar Joly • Luciano Lauria Dib • Luis Guillermo Peredo-Paz • Luis Rogério Duarte • Luiz Antonio Salata • Luiz Meirelles • Marcio Amorim • Marco Antonio Bottino • Marco Aurélio Bianchini • Marcos Rikio Kuabara • Mario Groisman • Maurício B. Rigolizzo • Maurício Barreto • Maurício G. Araújo • Mauricio Motta • Paulo Fukashi Yamaguti • Paulo G. Coelho • Paulo Perri de Carvalho • Pedro Tortamano • Pedro Velasco Dias • Reginaldo Migliorança • Ricardo Magini • Roberto B. Sidney • Rogério Gonçalves Velasco • Wagner de Oliveira • Wilson Roberto Sendyk Informações e adesões on-line acesse o site www.implantnews.com.br/20 anos. Ou entre em contato pelo telefone (11) 2168-3400 ou pelo e-mail [email protected] | 208 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):205-8 Banco de ossos na Implantodontia Os bancos de ossos são hoje uma realidade a serviço da Odontologia. Saiba mais sobre esse instrumento conferindo a opinião de quatro especialistas na área. TEMAS EM DEBATE Livingston R. S. Rocha Mestre em Implantodontia [email protected] A recente legalização do uso dos bancos de ossos pelos implantodontistas, periodontistas e cirurgiões bucomaxilofaciais representa uma importante conquista da Odontologia brasileira, pois os mesmos constituem uma ótima alternativa para a regeneração óssea guiada. Isso se deve ao fato de que é possível atingir resultados clínicos iguais aos obtidos com a enxertia autógena sem a necessidade de remover tecido de uma ou mais áreas doadoras – o que gera uma maior morbidade e não tem boa aceitação por parte dos pacientes. Outros dois benefícios do osso homógeno em relação ao autógeno são a simplificação e a agilização do procedimento cirúrgico. Apesar da técnica para a regeneração óssea guiada ser a mesma para ambos, os bancos de ossos eliminam a árdua e demorada tarefa de remoção do bloco ósseo da área doadora. Entretanto, a simplificação e a agilização do procedimento não significa que este deva José Flávio R. Torezan Especialista, mestre e doutorando em Cirurgia Bucomaxilofacial [email protected] Quando o assunto em pauta é a reconstrução óssea dos maxilares, o gold standart foi, é e ainda será por muitos anos a utilização do osso autógeno. Esta opção envolve, porém, a utilização de áreas doadoras, sejam intra ou extrabucais, que causarão desconforto pós-operatório importante. Inúmeros substitutos ósseos existem e um dos mais populares e discutidos são os homoenxertos (banco de ossos). Quando pensamos nessa opção, temos de nos lembrar das vantagens e desvantagens. Como vantagens citamos: disponibilidade imediata de boas quantidades: • Ausência de áreas doadoras. • Diminuição do tempo cirúrgico e da quantidade de anestesia. • Menor perda sanguínea e pouquíssimas complicações, quando as técnicas são respeitadas. Como desvantagens podemos citar o potencial antigênico | 210 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):210-1 ser realizado por profissionais menos capacitados e que a cirurgia deva necessariamente ser concluída em menor tempo. Esses dois benefícios devem ser utilizados no sentido de otimizar a cirurgia, visando obter da melhor forma possível os requisitos para a regeneração óssea guiada como a justaposição do enxerto com o leito receptor, a estabilidade mecânica do enxerto e o fechamento primário sem tensão do tecido. Deve ser ressaltado que o desempenho relativamente fraco do osso homógeno na literatura médica não pode ser transportado para a Implantodontia, pois nesta trabalha-se em regiões mais vascularizadas e as forças não são aplicadas exclusivamente no osso enxertado como acontece na Ortopedia e, por isso, a remodelação a curto e médio prazo é menos crítica para o sucesso. Apesar de necessitar de mais estudos, principalmente a longo prazo, os bancos de ossos já possuem fortes indícios teóricos e clínicos da sua efetividade e segurança. Particularmente, a minha experiência advinda de sete anos de utilização de banco de ossos sugere que o osso homógeno é suscetível às mesmas complicações do osso autógeno com taxas de sucesso muito semelhantes ao mesmo. (potencial resposta imune do hospedeiro), especialmente quando utilizamos osso fresco e não congelado. Devemos saber também que a transformação em novo osso é mais demorada, resultando em menor volume ósseo após a regeneração óssea. Importante salientar que não são todos os pacientes que aceitam a ideia de receber tecido de cadáver em seus maxilares. Embora isso seja preconceito, há outros biomateriais, e os pacientes devem ser sempre respeitados quanto ao seu desejo. Entre o osso mineralizado e o desmineralizado existe também muita discussão. Sabe-se da literatura internacional que o osso desmineralizado expõe o colágeno e outras proteínas não colagênicas, como as BMPs e outros fatores de crescimento tecidual, porém o osso mineralizado apresenta resultados melhores e de mais rápida formação óssea nas áreas enxertadas. Vale, portanto, o bom senso do cirurgião ou do implantodontista na seleção do biomaterial. Em nossa prática cirúrgica optamos em 90% dos casos pelo gold standart (osso autógeno), porém em pacientes idosos ou debilitados trabalhamos com uma mistura de osso homógeno (banco) e pelo menos 20% de osso autógeno associado ao plasma rico em plaquetas. Desde a década de 1990, a literatura tem apresentado diversos estudos com reconstruções ósseas de grandes defeitos na área Ortopédica utilizando-se de banco de ossos. O sucesso obtido na área médica e após a primeira publicação na Odontologia em 1992, o osso homógeno passou a ser também usado na Implantodontia. Este tecido alógeno tem sido sugerido em substituição ao tradicional enxerto ósseo autógeno em vista do grau de morbidade que apresenta e a pouca disponibilidade de quantidades suficientes de material doador em algumas áreas. Estudos científicos e clínicos têm surgido cada vez mais, dando suporte e segurança para nós profissionais que o utilizam e aos pacientes que irão receber o material. Hoje temos comprovação que o osso de banco usado sob Hugo Nary Filho Mestre e doutor em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial [email protected] É fato que os enxertos homógenos representam uma opção de tratamento para rebordos atróficos onde se planeja a instalação de implantes osseointegráveis. No meu ponto de vista sua principal aplicação seria nas reconstruções onlay de áreas extensas, onde a única opção de zona doadora envolveria enxertos autógenos extrabucais. Devemos considerar que procedimentos de levantamento de seio maxilar oferecem a possibilidade de utilização de biomateriais, de origem sintética ou derivados de enxertos homógenos ou heterógenos, cuja aplicação vem sendo bastante documentada na literatura, com altos índices de sucesso clínico. Existe, ainda, a opção do uso do próprio enxerto autógeno para as recontruções sinusais, quando as áreas forem menores, ou associado aos materiais anteriormente descritos. Assim, a escolha do enxerto vai depender dos objetivos do cirurgião, que tem opções de caractertísticas biológicas importantes como a osteoindução, condução (principalmente) e tempo de reabsorção (manutenção dimensional da área aumentada). Nestes casos, os enxertos de banco não representam, para mim, uma primeira escolha, tendo a forma de partículas em alvéolos, cavidades (seio maxilar) e pequenos defeitos para regeneração óssea guiada apresentam altos índices de sucesso de mais de 60% de nova formação óssea com tecido mineralizado, celularizado, vascularizado e que permite a estabilidade primária quando da colocação do implante. Nos casos de grandes reconstruções onlay, os resultados demonstram que sob a forma de grandes blocos, a ausência do componente protéico osteoindutor promove um atraso na reparação e um maior grau de reabsorção. Por essa razão, a escolha do mesmo para rebordo extremamente atrófico e com pouca vascularização deve ser vista com cautela. Contudo, o grande questionamento de alguns profissionais faz referência a possibilidade de transmissão de doenças; entretanto, não há relatos na literatura comprovando a contaminação com material processado sob as normas da AATB (American Association of Tissue Bank – EUA). O que vale lembrar é que o planejamento adequado do tratamento irá determinar o grau de sucesso, além do conhecimento aprofundado do material a ser utilizado, o que nos dá condição de prever resultados e suas limitações. a opção por biomateriais mais consagrados e empregando técnicas de regeneração já amplamente conhecidas. Porém, quando se aborda reconstruções onlay, há que se entender a necessidade de estabilização mecânica primária do implante em área enxertada, além de sua característica biológica para propiciar uma zona de reparo e osseointegração. Nestes casos, a opção por blocos de osso autógeno representa nossa primeira escolha, principalmente quando a extensão do defeito possibilita a utilização de áreas intrabucais, como ramo e mento. Em grandes defeitos, onde existe a indicação imediata de enxertos abordando regiões como ilíaco e calvária, pondero com o paciente a possibilidade de utilização do banco de ossos. Você torna a cirurgia exequível em ambiente ambulatorial, com baixa morbidade e maior conforto. Nos casos em que pudemos trabalhar com este material, evidenciamos condições satisfatórias para a posterior instalação de implantes e seu sucesso clínico. Não se objetiva com estes enxertos, (empregando autógeno ou homógeno) aumento em altura ou recomposições estéticas. Por este motivo, considerando que boa parte da ancoragem do implante se faz em osso original, entendendo e expondo para o paciente a legislação que rege a prática dos transplantes, enfatizando as nítidas diferenças de reparo em relação a natureza dos materiais empregados, o enxerto de banco pode ser uma opção viável de tratamento, que aplico em algumas situações que mencionei anteriormente. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):210-1 211 | TEMAS EM DEBATE Luís Guilherme Macedo Especialista em Periodontia; Mestre e Especialista em Implantodontia; Doutorando em Prótese [email protected] Metodologia Científica: pequena introdução ao método – Parte II O mundo sofreu alterações profundas no último século. Hoje, todos se perguntam: como ter uma produção intelectual significativa no menor tempo possível? Usar os princípios de Descartes seria um bom começo. Quando o leitor aprende a traduzir estes princípios para o século 21, sua prática diária (clínica, laboratorial) fica mais fácil: METODOLOGIA CIENTÍFICA 1. RECEBER ESCRUPULOSAMENTE AS INFORMAÇÕES: seja cético, duvide. A internet fornece as ferramentas de busca (assunto de outra coluna científica). Consulte especialistas que possuem publicações na área, leia mais revistas especializadas, participe de congressos e atualize-se. Daqui, surge o que chamamos de hipótese (assunto de outra coluna). 2. ANÁLISE: a análise é o que chamamos de Material e Método em um trabalho de tese. Passo a passo, o leitor vai desenvolvendo o trabalho, numa sequência lógica de eventos. A análise é meticulosa e geralmente a parte mais demorada do trabalho de pesquisa, que pode envolver métodos simples ou complexos (assunto de outra coluna). 3. SÍNTESE: a síntese seria o que chamamos de Discussão num trabalho de tese. É aqui que o leitor vai testar a validade dos seus achados. 4. ENUMERAR E REVISAR MINUCIOSAMENTE AS CONCLUSÕES: finalmente, a Conclusão. A conclusão deve estar de acordo com o que foi proposto na hipótese. Todo trabalho publicado em qualquer revista especializada possui esta sequência e por um motivo muito simples: a ciência deve ser comunicada de maneira rápida, clara e precisa: a principal missão da ImplantNews. Vamos continuar estreitando nosso canal de comunicação. Até a próxima coluna!! | 212 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):212 Sugestões de leitura A VEZ DOS EDITORES Sob a coordenação do professor doutor Paulo Rossetti, editor científico da revista, a coluna A Vez dos Editores, traz comentários de artigos publicados em revistas, livros e sites de pesquisas. Confira as indicações de leitura dos nossos editores para esta edição. A fonte? Randomized controlled clinical trial of customized zirconia and titanium implant abutments for canine and posterior single-tooth implant reconstructions: preliminary results at 1 year of function. Irena Sailer, Anja Zembic, Ronald Ernst Jung, David Siegenthaler, Claudia Holderegger,Christoph Hans Franz Hämerler Clinical Oral Implants Research Volume 20, número 2, páginas 219-225, ano 2009. Por que é interessante? Começam a ser publicados os estudos clínicos mais controlados sobre os pilares de zircônia, comparando a sua resistência e estética com os pilares de titânio. Quais são os grupos pesquisados? 20 pacientes com 40 implantes nas regiões posteriores, que receberam coroas metalocerâmicas e de cerâmica pura, cimentadas com ionômero de vidro ou cimento resinoso. Os achados? Após um ano, não foram constatadas complicações técnicas ou biológicas. Duas fraturas em lasca ocorreram nas coroas suportadas pelos pilares de titânio. Ambas as coroas sobre os pilares de titânio e zircônia induziram uma quantidade similar de descoloração no tecido mole, comparada à gengiva dos dentes naturais. A mensagem do artigo? Após um ano, os pilares de zircônia mostraram a mesma sobrevivência e resultado estético similar aos pilares de titânio. Onde posso encontrar estudos nesta linha? Ceramic abutments, dental implants, implant abutments, implant reconstruction, titanium abutments, zircônia. A fonte? Prospective clinical evaluation of 1920 Morse taper connection implants: results after 4 years of functional loading. C. Mangano, F. Mangano, A. Piatelli, G. Iezzi, A. Mangano, L. La Colla Clinical Oral Implants Research Volume 20, número 2, páginas 254-261, ano 2009. Por que é interessante? Pela avaliação da taxa de sobrevivência, bem como sucessos clínico, radiográfico e protético de um número considerável de conexões Cone-Morse. Quais são os grupos pesquisados? 1.920 implantes, 698 pacientes. As próteses eram parciais fixas (364 unidades), coroas unitárias (307 unidades), próteses totais fixas (53 unidades) e overdentures (67 unidades). Os achados? A taxa de sucesso para os implantes foi de 96,61% (95,25% na maxila e 98,64% na mandíbula). A taxa de afrouxamento do parafuso foi de 0,65% (uma coroa unitária). A mensagem do artigo? O uso da conexão Cone-Morse é um procedimento bem-sucedido para reabilitação das arcadas parcial e completamente edêntulas. Onde posso encontrar estudos nesta linha? Endosseous implants, implant-abutment connection, microgap, Morse taper connection implants. | 214 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):214-5 Por que é interessante? Avalia a taxa de sobrevivência em implantes com tratamento de superfície, que foram esplintados na maxila edêntula para colocação das próteses totais. Quais são os grupos pesquisados? 28 pacientes, com prótese fixa interina até 24 horas depois da cirurgia. Após 15 semanas, os pacientes receberam as próteses parafusadas definitivas. Os achados? A perda óssea marginal (inicial e até oito meses depois do carregamento) foi de 1,6 mm; dos oito aos 20 meses de 0,41 mm; dos 20 aos 32 meses de 0,08 mm. A taxa de sucesso foi 98,2%. A mensagem do artigo? A carga imediata dos implantes com superfície tratada e pela esplintagem na maxila edêntula é uma alternativa viável de tratamento, comparada aos procedimentos convencionais. Onde posso encontrar estudos nesta linha? Dental implants, edentulous, immediate loading, implant supported, maxilla. A fonte? Results of a prospective randomized controlled trial of posterior ZrSiO4-ceramic crowns. B.S. Encke, G. Heydecke, M. Wolkewitz, J.R. Strub Journal of Oral Rehabilitation Volume 36, número 3, páginas 226-235, ano 2009. Por que é interessante? Mais um estudo randomizado controlado, onde o comportamento das coroas zircônia confeccionadas por computador é avaliado na clínica. Quais são os grupos pesquisados? 224 pacientes, 123 restaurados com coroas de zircônia, 101 com coroas totais em ouro. Todas as coroas foram cimentadas com ionômero de vidro. Os achados? Após seis, 12 e 24 meses, a taxa de sobrevivência das coroas Kavo Everest HPC foi de 97,9%, 95,1% e 89,8%, similar às coroas de ouro. A taxa de falha cumulativa foi de 4,9% nas coroas de zircônia e 5,2% nas coroas de ouro. Uma adaptação marginal regular foi observada em 49,5% da coroas de zircônia e 26,1% nas coroas de ouro. A mensagem do artigo? As coroas de zircônia são adequadas nas regiões posteriores quando 1,5 mm de redução oclusal pode ser propiciada, mas a adaptação marginal ainda precisa ser melhorada. Onde posso encontrar estudos nesta linha? Randomized controlled clinical Trial, ZrSiO4 ceramics, posterior crowns, survival rates, biological and technical complications. A fonte? A 9-14 follow-up of onlay bone grafting in the atrophic maxilla. E. Nyström, H. Nilson, J. Gunne, S. Lundgren International Journal of Oral & Maxillofacial Surgery Volume 38, número 2, páginas 111-16. Por que é interessante? Um acompanhamento de 14 anos sobre os enxertos tipo onlay, veneer ou em forma de sela para a maxila atrófica. Quais são os grupos pesquisados? 44 pacientes, 334 implantes Brånemark inseridos. Os achados? 27 implantes com falha. Sobrevivência de 90%. Perda óssea marginal de 1,8 mm no primeiro ano, 2,3 mm, após cinco anos, e 2,4 mm após dez anos. A mensagem do artigo? O enxerto ósseo onlay, com ou sem enxerto inlay na maxila, resulta numa taxa elevada de sobrevivência nos implantes, boa função oral e perda marginal estabilizada. Todos os pacientes ainda estão usando suas próteses fixas originais. Onde posso encontrar estudos nesta linha? Bone grafting, autogenous bone, iliac crest, maxilla, implants, marginal bone level. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):214-5 A VEZ DOS EDITORES A fonte? Immediate loading of implants in the edentulous maxilla: use of an interim fixed prosthesis followed by a permanent fixed prosthesis. A 32-month prospective radiological and clinical study. Göran Bergkvist, Krister Nilner, Sten Sahlholm, Ulf Karlsson, Christina Lindh Clinical Implant Dentistry and Related Dental Research Volume 11, número 1, páginas 1-10. 215 | Os vencedores das premiações do IN 2008 Conheça os autores e trabalhos premiados na terceira edição do Encontro Internacional de Leitores ImplantNews - IN 2008. Melhores artigos publicados na revista ImplantNews em 2007/2008 Painéis Científicos premiados no IN 2008 1o lugar 1o lugar Pilares angulados: análise in vitro da tensão gerada ao osso Avaliação longitudinal da terapia não-cirúrgica da peri-implantite PREMIAÇÕES Apresentador: Daniel Sanchez Ferrari Autores: Renata Faria, Fernanda Pelógia e Marco Antonio Bottino (Publicado na edição no 6 - Vol. 4 - Nov./Dez. 2007) Co-autores: Magda Feres, Luciana Ap. Cardoso Gouveia, Luciene C. Figueiredo 2o lugar 2o lugar Avaliação microscópica do desajuste vertical da interface cilindro de titânio-minipilar cônico na infraestrutura de titânio soldada a laser com aplicação da porcelana Utilização inédita do software Nobel Guide para diagnóstico e planejamento cirúrgico de lesão óssea Autores: Thomaz Wassall e Valdir Benincasa de Castro Lima Co-autores: Carlos Eduardo Francischone, Carlos Eduardo Francischone Jr., Renato Savi de Carvalho (Publicado na edição no 2 - Vol. 5 - Mar./Abr. 2008) 3o lugar 3o lugar Análise por elementos finitos da configuração cervical em implantes tipo Cone-Morse na distribuição de estresse Análise da interface e infiltração bacteriana entre pilares protéticos e análogos de implantes Apresentador: Bruno Aiello Barbosa Apresentador: Marcos Blatt Autores: Guaracilei Maciel Vigidal Jr., Alexandre Bernardo de Sequeira; Luis Carlos de Moraes e Silva Jr, Eduardo Seixas Cardoso e Glória de Almeida Soares (Publicado na edição no 5 - Vol. 5 - Set./Out. 2008) | 216 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):216-8 Co-autores: Bruno Fernandes Gadelha, Tiago Neiva Galvão, Wilson Roberto Sendyk Trabalho vencedor do Prêmio Brasil de Implantodontia - 1o lugar Categoria - Pesquisa Avaliação da precisão de um guia radiográfico-cirúrgico para inserção de mini-implantes Resumo O propósito deste estudo foi avaliar radiograficamente o grau de precisão de um guia radiográfico-cirúrgico na predição do posicionamento final de mini-implantes inseridos no septo inter-radicular e, sequencialmente, determinar um índice de risco para normatizar a indicação do procedimento de inserção dos mini-implantes. Material e Métodos Um total de 53 mini-implantes foram inseridos no septo inter-radicular vestibular da região posterior da maxila e/ou mandíbula de 27 pacientes com idade média de 19,17 ± 9,06 anos (idade mínima de 12,72 anos e máxima de 56,37 anos). O Guia Radiográfico-Cirúrgico Graduado (GRCG) foi utilizado com o intuito de inserir os mini-implantes no centro do septo de forma equidistante em relação às raízes dos dentes adjacentes. Todos os mini-implantes foram inseridos por um mesmo profissional, seguindo um mesmo protocolo cirúrgico de aplicação do GRCG. As distâncias entre o mini-implante e o ligamento periodontal dos dentes adjacentes, foram denominadas de distância mesial (DM) e distância distal (DD) e, em seguida, mensuradas nas 53 radiografias pós-cirúrgicas com o auxílio do programa Adobe Photoshop 7.0. Os valores das variáveis DM e DD foram subtraídos e o resultado foi dividido por dois, quantificando o Grau de Imprecisão (GI=DM-DD/2) do GRCG, visto que o GI representa a quantidade de desvio do mini-implante em relação à posição de centralização no septo, inicialmente objetivada. O grau de centralização do mini-implante no septo e, consequentemente, a precisão do GRCG, também foi avaliada comparando-se as variáveis DM e DD, por meio do teste“t”. O grau de imprecisão do GRCG foi associado à largura do septo e ao diâmetro do mini-implante para compor a fórmula do Índice de Risco (IR = ØMI / LSI - GI), utilizada na avaliação do risco cirúrgico de inserção dos miniimplantes. Se o IR foi menor do que 1 (IR<1), o procedimento cirúrgico foi considerado seguro, enquanto um procedimento com um IR maior ou igual a 1 (IR=1) foi considerado de alto risco. Todos os testes estatísticos foram realizados com o pro- grama Statistica (Version 6.0; StatSoft Inc., Tulsa, OK, USA), adotando-se um nível de significância de 5%. Resultado O grau de imprecisão do GRCG (GI = 0,13 mm ±0,13) mostrou que, em média, os mini-implantes foram inseridos com um desvio de 0,13 mm (±0,13) em relação ao centro do septo. Os resultados da comparação das distâncias mesial e distal mostraram um grau de precisão satisfatório do GRCG, visto que nenhuma diferença estatisticamente significante foi observada mesmo quando as distâncias foram comparadas nos grupos G1 e G2, correspondentes aos mini-implantes desviados para mesial e distal, respectivamente. O valor médio do Índice de Risco (IR = 0,63±0,20) foi menor do que 1, ressaltando que o reduzido grau de imprecisão (GI) do GRCG determinou um baixo risco cirúrgico durante os procedimentos de inserção, apesar das dimensões restritas do septo inter-radicular. Todos os testes estatísticos foram realizados com o programa Statistica (Version 6.0; StatSoft Inc., Tulsa/OK, EUA), adotando-se um nível de significância de 5%. Resultados da estatística descritiva aplicada às variáveis DM, DD, GI, IR.Variáveis Média DP Dist. Mesial (DM) 0,44 0,46 Dist. Distal (DD) 0,45 0,51 Grau imprecis. (GI) 0,13 0,13 Índice de risco (IR) 0,63 0,20. Resultados do teste “t” para comparação intragrupo das variáveis DM e DD. Dist.Mesial (DM) Dist. Distal (DD) p Média DP Média DP Amostra total (n=53) 0,44 0,46 0,45 0,51 0,921 G1 Desviados p/ mesial (n=32) 0,41 0,48 0,63 0,53 0,087 G2 Desviados p/ distal (n=30) 0,54 0,45 0,32 0,46 0,068. Conclusão A ligação estabelecida entre os procedimentos radiográfico e cirúrgico proveu ao GRCG um reduzido grau de imprecisão de 0,13 mm, permitindo uma acurada predição do posicionamento final do mini-implante no septo inter-radicular. O reduzido grau de imprecisão do GRCG contribuiu para um menor valor do índice de risco, tornando possível a indicação da inserção de um mini-implante de 1,5 mm de diâmetro na porção coronal do septo entre o segundo pré-molar e o primeiro molar em 100% dos casos. Instituição Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo Orientador Guilherme dos Reis Pereira Janson REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):216-8 217 | PREMIAÇÕES Apresentador: Sérgio Estelita Cavalcante Barros Especialista em Ortodontia pela FOB-USP; Mestre e doutor em Ortodontia e Odontologia em Saúde Coletiva pela FOB-USP; Professor do curso de Especialização na Associação Brasileira de Cirurgiões-Dentistas e na Universidade de Cuiabá; Pesquisador da FOB-USP. Trabalho vencedor do Prêmio Brasil de Implantodontia - 2o lugar Categoria - Caso Clínico A utilização da terapia fotodinâmica na Implantodontia Apresentadora: Juliana Marotti Mestranda do Departamento de Prótese Dentária da Fousp e Estagiária Didática do Lelo-Fousp. Co-autores: Pedro Tortamano Neto, Matsuyoshi Mori, Carlos de Paula Eduardo PREMIAÇÕES Resumo Vários trabalhos reportam a utilização de laser de alta potência na descontaminação bacteriana. Esses lasers, entretanto, podem causar um aumento de temperatura indesejável, prejudicando a reparação tecidual e a osseointegração dos implantes. A terapia fotodinâmica (PDT) surge como uma opção de tratamento de descontaminação bacteriana, porém sem causar aumento da temperatura e a um custo reduzido. São relatados dois casos clínicos, onde foi realizada a PDT previamente à instalação dos implantes dentários, associada à fototerapia a laser. Material e Métodos Foi utilizado o laser de baixa potência, 660 nm, 100J/cm², 100 mW, associado ao azul de metileno a 0,01% por cinco minutos previamente à irradiação. A fototerapia a laser foi realizada nas primeiras 72 horas, objetivando a aceleração do processo de reparação tecidual, com 20 J/cm², 40 mW, pela técnica pontual em contato. Foi realizada uma análise qualitativa por meio de fotos digitais e quantitativa através de escala visual analógica de dor. Resultado O tratamento foi bem aceito pelos pacientes. Observou-se aceleração no processo de reparação do tecido mole, menor intensidade de dor no lado irradiado, diminuindo o tempo de medicação sistêmica. Conclusão Conclui-se que os lasers de baixa potência e a PDT têm um grande emprego na área da Implantodontia, apresentando resultados significativos na melhora do quadro clínico dos pacientes. Instituição Fousp Orientador Tomie Nakakuki de Campos Trabalho vencedor do Prêmio Brasil de Implantodontia - 3o lugar Categoria - Pesquisa Avaliação do crescimento quantitativo de osteoblastos sobre diferentes tipos de superfícies Apresentadora: Maria Angélica Rehder de Araujo Especialização - PUC-Campinas; Mestrado - UFSC; Cursos de Aperfeiçoamento em Implantes - APCD - Bauru, USP - Bauru, Rio de Janeiro, Coesp e João Pessoa. Co-autores Augusto César Rodrigues de Souza, Cesar Augusto Magalhães Benfatti, Carlos dos Reis Pereira de Araujo Resumo Foi avaliado o crescimento quantitativo de linhagens celulares osteoblásticas oriundas da calvária de rato sobre três diferentes superfícies de implantes, testando um cultivo inédito de células diretamente sobre a superfícies dos implantes. Material e Métodos Grupo I - implantes usinados; grupo II - implantes com textura produzida por ataque ácido; e grupo III - implantes especialmente produzidos para este estudo com superfície jateada por partículas seguida de banhos ácidos. Os implantes (n=27) foram | 218 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):216-8 imobilizados através de um dispositivo especialmente criado, cultivadas com 1 x 10 4 células, tripsinizados e submetidos a contagem na câmera de Neubauer após 24, 48 e 72 horas. Resultado Não existiram diferenças entre os tipos de implantes com relação ao número de células e o tempo. Conclusão A superfície proposta neste estudo, grupo III, apresentou comportamento semelhante ao das outras duas tradicionalmente utilizadas, grupos I e II e sugere sua utilização sem riscos. A contagem do número de células aderidas diretamente sobre os implantes com micro e macrotopografias foi realizada, aproximando a situação da realidade. Instituição UFSC Orientador Ricardo Magini Cursos para ampliar e aperfeiçoar os conhecimentos Imersão total, língua inglesa, avançado em Odontologia e Implantodontia e streaming. Confira o calendário dos cursos oferecidos pela revista ImplantNews em 2009 para a atualização dos seus assinantes. Cursos de Imersão para Especialistas Ministrados pelos mais com os grandes mestres brasileiros. Os experientes professores de Implanto- cursos serão ministrados em São Paulo, dontia e áreas afins, os Cursos de Imer- no Auditório da VM Comunicações, em são proporcionam a oportunidade única grupos pequenos de 20 alunos cada. Veja de conviver, por 16 horas, em dois dias, o calendário dos próximos cursos: ABRIL • 16 e 17 - Sidney Kina (Estética) Mestre em Clínica Odontológica pela Unicamp Tema: Restaurações estéticas cerâmicas PRODUTOS & SERVIÇOS MAIO • 15 e 16 - César Arita (Prótese) Mestre e doutor em Reabilitação Oral pela USP Tema: Planejamento cirúrgico e protético em reabilitação oral sobredentes e sobreimplantes – ênfase em oclusão e estética • 21 e 22 - Jurandir Antonio Barbosa (Ortodontia) Mestre em Ortodontia pela FOB-USP Tema: Straight Wire - Sistema versátil - biomecânica com pouca “fricção” e controle da ancoragem com recursos intrabucais JUNHO • 19 e 20 - Wilson Roberto Sendyk (Cirurgia) Professor titular de Periodontia e Implantodontia - Unisa Tema: Conceitos atuais em enxertias ósseas e reconstrução do processo alveolar atrófico: procedimentos cirúrgicos avançados com osso autógeno e homógeno em Implantodontia JULHO • 2 e 3 - Hugo Nary Filho Mestre e doutor em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial Tema: Tratamentos atuais e tendências futuras para reabilitações parciais e totais empregando implantes osseointegrados | 220 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):220-1 AGOSTO • 13 e 14 - Marco Antonio Bottino (Prótese) Professor adjunto da Disciplina de Prótese Parcial Fixa da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp Tema: Estética em reabilitação - Tratamento integrado sobredentes naturais e implantes • 20 e 21 - Antonio Wilson Sallum (Periodontia) Professor titular em Periodontia da FOPUnicamp Tema: Visão atual do tratamento periodontal - A busca pela estética e a regeneração • 27 e 28 - Leopoldino Capelozza Filho (Ortodontista) Professor doutor assistente da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP Tema: Diagnóstico baseado em morfologia – o conceito de padrão, protocolos e metas terapêuticas individualizadas OUTUBRO • 1 e 2 - Carlos Eduardo Francischone (Prótese) Professor titular de Dentística da FOB-USP e de Implantologia da USC/Bauru Tema: Curso Avançado de Prótese Sobreimplante • 23 e 24 - Cláudio L. Sendyk (Prótese) Professor doutor do Departamento de Prótese Dental da Fousp Tema: Atualização e conscientização em Prótese Implantossuportada Cursos Streaming MAIO • Dia 8 - Luiz Fernando André e César Augusto Arita Tema: Moldagem • Dia 15 - Wilson Roberto Sendyk e Renato Mazzonetto Tema: Cirurgia e Implantodontia - De A a Z JUNHO • Dia 19 - Renata Faria e Fernando Pastor Tema: Facetas laminadas ministrador. Após esse período, o vídeo ficará disponível por um mês para os que não puderam assistir a aula simultaneamente. Cada inscrito poderá assistir ao curso três vezes. Para este ano os temas a serem discutidos são: Enxertos e Biomateriais, Bifosfonatos, Cirurgia Guiada em Maxila Atrófica, Cimentação e Moldagem e Seleção de Componentes e novidades em Coroas Protéticas Sobreimplantes e Dentes Naturais. Confira as datas e os conferencistas: JULHO • Dia 10 - Marco Antonio Bottino e Carlos Eduardo Francischone Tema: Coroas de metal free sobreimplantes e dentes naturais AGOSTO • Dia 7 - Cláudio Luiz Sendyk e Ivete Sartori Tema: Planejamento de componentes protéticos SETEMBRO • Dia 11 - Antonio Wilson Sallum e Rodrigo Bueno de Moraes Tema: Raspagem e profilaxia OUTUBRO • Dia 16 - Glécio Vaz e Enilson Antonio Sallum Tema: Recessão gengival PRODUTOS & SERVIÇOS Aproveitando as vantagens proporcionadas pela tecnologia das telecomunicações, a ImplantNews promove o Curso Streaming, que possibilitará ao cirurgião-dentista atualizar seus conhecimentos sem sair do consultório e de sua cidade, com todo conforto e praticidade. E ele tem ainda a opção de fazer o curso telepresencial, assistindo as aulas ao vivo, em auditórios. Durante as duas horas do curso os telespectadores poderão participar ativamente da aula com perguntas ao Inglês e Implantodontia Avançada Conhecer matérias optativas que podem totalizar uma língua esaté 28 horas de aula por semana. trangeira é fundaE ainda terá mais uma semana mental para alcançar a excelência em (21 horas) para o estudo de Odontologia Implantodontia. E se essa língua for o e Implantodontia Avançadas na Univeringlês mais sucesso ainda o profissional sity of British Columbia, também em obterá no seu campo de atuação. Assim, Vancouver. As aulas abordarão Patologia a revista ImplantNews, por meio de Bucal, Radiologia Digital, Endodontia, acordo firmado com o King George Prótese, Implantodontia (incluindo International College - KGIC, em Vancouver, no Canadá, está planejamento e hands-on). No Curso de Odontologia Avanoferecendo um intercâmbio cultural de cursos de inglês. çada serão oferecidos aos participantes: coffee break, almoço, Para tanto, trimestralmente serão formadas turmas certificados e acompanhamento de professor bilíngue. com 30 cirurgiões-dentistas interessados em fazer o curso. Veja as datas das atividades por turmas: Eles passarão por uma avaliação na instituição que os selecionará de acordo com o nível de JULHO (1a turma) • 24 a 26 - Curso de Odontoloconhecimento da língua, direcionando-os aos • 6 a 24 - Curso de Inglês gia / Implantodontia Avançada estágios adequados. • 27 a 29 - Curso de OdontoloSerão três semanas de imersão total em OUTUBRO (3a turma) gia / Implantodontia Avançada inglês no KGIC, uma das melhores instituições • 5 a 23 - Curso de Inglês em curso e aperfeiçoamento de inglês. O prograa • 26 a 28 - Curso de OdontoloAGOSTO (2 turma) ma dará ênfase em gramática, leitura e redação, • 3 a 21 - Curso de Inglês gia / Implantodontia Avançada listening, pronúncia e comunicações, além de Mais informações sobre os cursos, em seus vários formatos, entrar em contato com Camila pelo telefone (11) 2168-3419 ou pelo e-mail [email protected] REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):220-1 221 | Conforto, tecnologia, corpo docente consagrado, sistema de pós-graduação testado e aprovado. Estas são as principais características da mais nova Unidade da São Leopoldo Mandic, a melhor Faculdade de Odontologia e Centro de Pós-graduação do Brasil, que obteve 482 pontos no IGC do MEC. A mesma pontuação que a Faculdade de Medicina de Harvard e o Instituto de Economia e Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas receberam. Localizada na rua Caiubi, 181, no bairro das Perdizes, em São Paulo, o novo centro de aperfeiçoamento foi projetado em um espaço planejado e confortável, com toda a infraestrutura necessária para oferecer cursos com a qualidade tecnológica da SLMandic. As atividades da Unidade São Paulo terão início em abril com o curso do professor doutor Karl-Erik Kahnberg, da Universidade de Gotemburgo, um dos maiores pesquisadores e especialistas em Implantodontia da Europa. Ele ministrará um curso de imersão sob o tema“Reconstrução óssea para a Implantodontia”, para um seleto grupo de profissionais com interesse na área. Para maio, a revista ImplantNews, em parceria com a SLMandic, oferecerá uma série de cursos com os mais experientes professores e especialistas de diversas áreas da Odontologia. Confira: • Implantodontia (Cirurgia e Prótese) Profs. Drs. Carlos Eduardo Francischone, Carlos Alberto Dotto, César Arita, Laércio Vasconcelos, Paulo Sérgio Perri de Carvalho e Wilson Roberto Sendyk. • Aperfeiçoamento em Implantodontia (ênfase em Prótese Sobreimplantes, Prof. Dr. Paulo Rossetti. • Periodontia - Prof. Dr. Antonio Wilson Sallum. • Endodontia - Prof. Dr. José Luiz da Silva Lage Marques. • Dentística (Estética) - Prof. Dr. Sidney Kina. • Ortodontia - Prof. Dr. Leopoldino Capelozza Filho. • Prótese Dentária - Prof. Dr. Eduardo Miyashita. As aulas são mensais, num total de 24 meses, com ênfase na prática clínica. Nessa primeira fase, 50% das vagas já foram preenchidas. Mais informações acesse o site www.implantnews.com.br/slmandic . Preencha o formulário e receba a programação completa de cursos da Unidade São Paulo. Dentflex de Ribeirão Preto lança motor cirúrgico para Implantodontia A Dentflex, uma das maiores especialistas brasileiras de peças de mão para a Odontologia, lançou no 27o Ciosp - Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, realizado em janeiro deste ano, o Motor DForce 1000, indicado para a Implantodontia e cirurgias. Desenvolvido com alta tecnologia e design arrojado, o motor possui torque ajustável de 10 Ncm a 55 Ncm (com rotação de 15 Rpm a 50 Rpm). Dispõe de 10 programas que permitem alterar o funcionamento do motor de acordo com o protocolo utilizado. E apresenta exclusivo display (LCD gráfico), que ao ser li- gado mostra a última operação realizada, facilitando o controle visual dos programas nos procedimentos. O controle de velocidade (progressivo) é realizado por meio do pedal de acionamento, para maior conforto e rapidez do profissional. Conta também micromotor com sistema de encaixe universal intra, possibilitando trabalhar com todas as marcas de contra-ângulos do mercado. E ainda vem montado em caixa de poliuretano, com tratamento UV (facilidade na desinfecção e maior vida útil do equipamento). Mais detalhes acesse www.dentflex.com.br ou ligue para (16) 2133-0000. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):223-7 223 | MERCADO IN SL Mandic inaugura Unidade em São Paulo Manutenção da saúde peri-implantar Da esq. para a dir. Fábio Bezerra e Ariel Lenharo. lançado, também, nas línguas inglesa e espanhola. Mais informações sobre a obra, bem como os minicurrículos dos autores, podem ser conferidos no site www.inepo.com.br/livro Notícias da Nobel Biocare no mundo A Nobel Biocare venceu uma pendência judicial de litígio com a Materialise Dental relacionada à patente do NobelGuide. A Vara da Justiça Federal, em Santa Ana, na Califórnia (EUA), decidiu que a Nobel Biocare não violou nenhuma das patentes Materialise relacionadas com o NobelGuide. Os produtos mencionados no processo foram o software e guias cirúrgicos NobelGuide. A alegação da Materialise foi de que a Nobel Biocare violou os produtos da sua patente. O tribunal, contudo, deu decisão favorável à Nobel Biocare. Cabe, entretanto, recurso de apelação. A ação na Alemanha entre as partes está em curso e uma decisão quanto à patente Materialise naquele país é aguardada para os próximos meses. REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):223-7 225 | MERCADO IN Extremamente importante no final do tratamento implantodôntico, a manutenção da saúde peri-implantar é um assunto pouco explorado na literatura científica. Mas esta constatação está prestes a mudar, depois do lançamento, em março último, do livro “Monitoramento e Manutenção da Saúde Periimplantar”, de autoria de Ariel Lenharo, doutor em Implantodontia pela Unesp – Araçatuba, e Fábio Bezerra, pós-graduado em Periodontia pela FOB-USP, além de outros co-autores de renome internacional. A obra, destinada aos estudantes de Odontologia, professores e profissionais das áreas de Implantodontia, Periodontia e Prótese, aborda os principais tópicos relacionados à saúde dos tecidos peri-implantares, com ênfase para a manutenção do sucesso do tratamento em longo prazo. “Este é o primeiro livro lançado mundialmente com enfoque exclusivo neste tópico”, afirma Bezerra. A publicação traz ainda várias novidades, como a cirurgia guiada, novas superfícies dos implantes, dados estatísticos atualizados nacionais e mundiais sobre a Osseointegração, entre outros assuntos. O livro contém 205 páginas, divididas em 13 capítulos que enfocam diferentes aspectos do monitoramento e da manutenção da saúde peri-implantar. Apresenta 325 ilustrações, capa dura, papel couché de alta qualidade, produzido pela Geográfica, tendo como editor o doutor Ariel Lenharo. “Esperamos que esse livro possa preencher importante lacuna da Implantodontia que é a manutenção da saúde peri-implantar após a conclusão do tratamento e que, até então, não possuía uma obra que abordasse esse assunto de maneira abrangente, pormenorizada e comprovada cientificamente”, ressalta Bezerra. Esse é o terceiro livro de Ariel Lenharo e o segundo feito em parceria com Fábio Bezerra (o primeiro foi “Terapia Clínica Avançada em Implantodontia”, de 2002, edição já esgotada). O lançamento de “Monitoramento e Manutenção da Saúde Periimplantar” aconteceu em um coquetel realizado no Yacht Clube da Bahia, em Salvador, contando com a presença de 400 convidados, entre cirurgiões-dentistas, amigos e autoridades. No segundo semestre deste ano, o livro será MERCADO IN Reconstrução em Implantodontia Procedimento cirúrgico de grande importância para o implantodontista, as cirurgias reconstrutivas requerem planejamento adequado, baseado em protocolos clínicos que visem resultados positivos e satisfatórios. Dessa forma, e para preencher uma lacuna na literatura científica com relação ao passo a passo da técnica, o professor titular da área de Cirurgia Bucomaxilofacial da FOP-Unicamp, Renato Mazzonetto, lançou o livro“Reconstrução em Implantodontia - Protocolos clínicos para o sucesso e previsibilidade”, obra de sua autoria com a colaboração dos cirurgiões-dentistas Frederico Felipe Nascimento, Henrique Duque Netto, Jaime Giuseppe Rodrigues-Chessa e Leandro Eduardo Klüppel, entre outros. O livro, publicado em edição de luxo pela Editora Napoleão, foi lançado oficialmente durante o 27o Ciosp – Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, que aconteceu em janeiro último, em São Paulo, tem 365 páginas e mais de 300 ilustrações e 600 fotos em alta qualidade. E vem acompanhada de um DVD contendo três cirurgias ao vivo com duração de aproximadamente 1h30: Enxerto particulado associado à malha de titânio para a reconstrução de defeito ósseo em maxila; Enxerto em bloco para correção de defeito ósseo em maxila; e Osteotomia segmentar e enxerto interposicional para tratamento de defeito ósseo vertical em mandíbula. O livro está dividido em 15 capítulos: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. Por que e quando indicar uma cirurgia reconstrutiva. Planejamento. Protocolos farmacológicos para cirurgias avançadas. Princípios biológicos aplicados às cirurgias reconstrutivas. Princípios gerais para previsibilidade e sucesso; Técnica cirúrgica para a remoção de enxertos autógenos intrabucais. Enxertos em bloco nas reconstruções ósseas. Enxertos particulados em reconstruções ósseas. Levantamento do soalho do seio maxilar. Osteotomia segmentar com enxerto interposicional. Distração osteogênica alveolar. Utilização clínica da proteína óssea morfogenética. Expansão cirúrgica do rebordo. Gerenciando os acidentes e as complicações em cirurgias reconstrutivas. Técnicas para manejo de tecidos moles. “É um livro didático de reconstrução óssea, que traz novos assuntos como técnicas baseadas na linha de pesquisas da célula-tronco. E pode ser considerado como um atlas de técnicas cirúrgicas, apresentando reconstrução óssea de forma didática com uso de proteínas para formação de osso sem necessidade de enxerto”, informou Mazzonetto. Planejamento virtual em Implantodontia Novo paradigma para o diagnóstico e planejamento cirúrgico, a prototipagem veio revolucionar a técnica de cirurgias guiadas por computador. No entanto, o surgimento dessa tecnologia no Brasil foi marcado por algumas impressões errôneas quanto à sua utilização, necessitando, portanto, de uma elucidação. E é exatamente isso que se propõe o livro “Planejamento Virtual em Implantodontia: Cirurgia Guiada e Prototipagem”, de autoria de Frederico Nigro, doutorando em Implantodontia na Universidade Sagrado Coração (USC/Bauru), que chegou às livrarias e sites especializados no início de março. “O objetivo da obra é esclarecer e orientar os profissionais interessados na utilização dessas técnicas no seu diaa-dia, apagando assim as impressões erradas quando do seu | 226 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):223-7 advento”, afirma Nigro, que contou ainda com a colaboração de Israel Chilvarquer, Lílian Waitman Chilvarquer, Jorge Elie Hayek, Carlos Eduardo Francischone Junior, Renato Savi de Carvalho, Bruno Aiello, Luiz Fernando Martins André e César Oleskovicz, na elaboração do livro. Com prefácio assinado pelo professor doutor Carlos Eduardo Francischone, o livro tem 172 páginas, cerca de 600 ilustrações, capa dura em formato A4 e impressão em papel couchê, trazendo o que de mais moderno e avançado existe na Implantodontia atual. Publicado pela Editora Santos, está dividido em sete capítulos: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Guias em Implantodontia. Diagnóstico por Imagem em Implantodontia. Da tomografia para o protótipo. Protótipos, planejamento virtual e cirurgias guiadas. Tecnologia NobelGuide. Guia gengival prototipado com carga instantânea. Considerações finais. É a primeira obra editada sobre o assunto no Brasil, dirigida a implantodontistas, tanto cirurgiões quanto prote- sistas que já militam na área e estão interessados em começar a utilizar essa tecnologia com a finalidade de aprimorar e otimizar os seus planejamentos e tratamentos. Com ela, os profissionais poderão oferecer à sua clientela uma opção de tratamento segura, rápida e previsível quando bem indicada. “No livro mostramos os programas de manipulação de imagens aliados à produção de protótipos e guias cirúrgicas, produzidos à partir dos planejamentos virtuais”, explica Nigro. “A obra vem desmistificar o uso dessa tecnologia mostrando passo a passo a sua utilização e as indicações para cada situação. Não temos a pretensão de mostrar todas as tecnologias existentes e as opções que essas propiciam, mas queremos inserir, de uma forma simples e objetiva, as possibilidades de se incorporar esses tratamentos na rotina dos implantodontistas”, acrescentou. Os profissionais interessados em conhecer as vantagens e exclusividades do Sistema Bicon terão a oportunidade de participar do Curso teórico de introdução ao Sistema Bicon promovido, gratuitamente, pela empresa Bicon Dental Implants. As aulas acontecerão às sextas-feiras, no horário das 15h às 18h, nos dias 8 de maio; 11 de setembro; 5 de junho; 7 de agosto; 2 de outubro; e 6 de novembro. Para os profissionais com prévia experiência em Implantodontia, a empresa oferece o Curso teórico/prático, originado e planejado para ensinar as técnicas específicas do Sistema Bicon de Implantes. O curso é apresentado em módulos compostos por aulas teórica (incluindo hands on) e prática clínica com pacientes. Ao final, o participante estará capacitado a utilizar o Sistema Bicon, maximizando todos os benefícios que ele proporciona. As aulas do Curso teórico/prático serão realizadas às sextas-feiras e aos sábados, das 8h às 18h. O valor investido nos dois módulos será de: 2 x de R$ 200,00. As próximas turmas estão programadas para as seguintes datas: 15 e 16 de maio; 26 e 27 de junho; 28 e 29 de agosto; 25 e 26 de setembro; 23 e 24 de outubro; e 27 e 28 de novembro. Os dois cursos serão ministrados em São Paulo, capital e têm vagas limitadas. Inscrições e mais informações sobre outras localidades de cursos entrar em contato pelos telefones (11) 2506-5512 (Grande São Paulo) ou 0800-770-1985 (demais localidades) ou ainda pelo e-mail: [email protected] Encontro Científico do ITI em Campinas O ITI – International Team for Implantology) – realizou no dia 4 de abril o seu Encontro Científico. O evento aconteceu em Campinas/SP, no The Royal Palm Plaza Hotel Resort, e contou com a participação de grandes nomes da Implantodontia brasileira, oferecendo uma programação de alto conteúdo científico. Confira como foi o Encontro Científico do ITI em Campinas na próxima edição da ImplantNews. Outras informações e grade completa da programação do evento acesse os sites: www.itieducacao.org/br ou www.straumann.com.br REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):223-7 227 | MERCADO IN Cursos da Bicon em 2009 Como Enviar Seus Trabalhos Importante: 1. Envie seu trabalho apenas pelo correio, em envelope com: • CD, identificado com etiqueta, contendo o texto gravado nos formatos DOC ou RTF (Word for Windows ou editores de texto compatíveis), e as imagens (se houver) nos formatos JPG ou TIF, em alta resolução (300 dpi). Atenção: apenas o texto do trabalho deve estar no formato DOC (Word ). Em hipótese nenhuma, as imagens devem estar contidas em um arquivo DOC ou PPT (PowerPoint). Em caso de dúvida, entre em contato com a redação pelo telefone (11) 2168-3400. • impressos completos do trabalho enviado, do Termo de Cessão de Direitos Autorais, assinado, e do Termo de Consentimento do Paciente, se for o caso. 2. Os trabalhos devem conter, imprescindivelmente, todos os dados para contato com o autor principal (endereço, telefones e e-mails). 3. Todos os trabalhos enviados devem respeitar os limites máximos de tamanho de texto e quantidade de imagens/figuras. Antes de postar, confira se o trabalho está de acordo com esses limites no item 3, Apresentação, das Normas de Publicação. 4. Dados para envio dos trabalhos: Para ImplantNews Att. Ana Lúcia Zanini Luz Editora-Assistente – Caderno Científico Rua Gandavo, 70 – Vila Clementino 04023-000 – São Paulo – SP NORMAS DE PUBLICAÇÃO de Cessão de Direitos Autorais, assinado pelo(s) autor(es) ou pelo autor responsável. 2.7.1. Modelo de Termo de Cessão de Direitos Autorais [Local e data] Eu (nós), [nome(s) do(s) autor(es)], autor(es) do trabalho intitulado [título do trabalho], o qual submeto(emos) à apreciação da revista ImplantNews para nela ser publicado, declaro(amos) concordar, por meio deste suficiente instrumento, que os direitos autorais referentes ao citado trabalho tornem-se propriedade exclusiva da revista ImplantNews a partir da data de sua submissão, sendo vedada qualquer reprodução, total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação de qualquer natureza, sem que a prévia e necessária autorização seja solicitada e obtida junto à revista ImplantNews. No caso de não-aceitação para publicação, essa cessão de direitos autorais será automaticamente revogada após a devolução definitiva do citado trabalho, mediante o recebimento, por parte do autor, de ofício específico para esse fim. [Data/assinatura(s)] 2.8. As informações contidas nos trabalhos enviados são de responsabilidade única e exclusiva de seus autores. 2.9. Os trabalhos desenvolvidos em instituições oficiais de ensino e/ou pesquisa deverão conter no texto referências à aprovação pelo Comitê de Ética. 2.10. Os trabalhos que se referirem a relato de caso clínico com identificação do paciente deverão conter o Termo de Consentimento do Paciente, assinado por este. – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou revisão da literatura, proposição, material(ais) e método(s), resultados, discussão, conclusão, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 35.000 caracteres (com espaços), 4 tabelas ou quadros, 4 gráficos e 16 figuras/imagens. 3.1.2. Revisão da literatura – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, revisão da literatura, discussão, conclusão, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 25.000 caracteres (com espaços), 10 páginas de texto, 4 tabelas ou quadros, 4 gráficos e 16 figuras. 3.1.3. Relato de caso(s) clínico(s) – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, relato do(s) caso(s) clínico(s), discussão, conclusão, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 18.000 caracteres (com espaços), 2 tabelas ou quadros, 2 gráficos e 32 figuras. 3.2. Formatação de página: a. Margens superior e inferior: 2,5 cm b. Margens esquerda e direita: 3 cm c. Tamanho do papel: carta d. Alinhamento do texto: justificado e. Recuo especial da primeira linha dos parágrafos: 1,25 cm f. Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas g. Controle de linhas órfãs/viúvas: desabilitado 1. OBJETIVO A revista ImplantNews, de periodicidade bimestral, destina-se à publicação de trabalhos inéditos de pesquisa aplicada, bem como artigos de atualização, relatos de casos clínicos e revisão de literatura na área de Implantodontia e de especialidades multidisciplinares que a envolvam. 2. NORMAS 2.1. Os trabalhos enviados para publicação devem ser inéditos, não sendo permitida a sua apresentação simultânea em outro periódico. 2.2. Os trabalhos deverão ser enviados exclusivamente via correio, gravados em CD, em formato DOC ou RTF (Word for Windows), acompanhados de uma cópia em papel, com informações para contato (endereço, telefone e e-mail do autor responsável). 2.2.1. O CD deve estar com a identificação do autor responsável, em sua face não gravável, com etiqueta ou caneta retroprojetor (própria para escrever na superfície do CD). 2.3. O material enviado, uma vez publicado o trabalho, não será devolvido. 2.4. A revista ImplantNews reserva todos os direitos autorais do trabalho publicado. 2.5. A revista ImplantNews receberá para publicação trabalhos redigidos em português. 2.6. A revista ImplantNews submeterá os originais à apreciação do Conselho Científico, que decidirá sobre a sua aceitação. Os nomes dos relatores/avaliadores permanecerão em sigilo e estes não terão ciência dos autores do trabalho analisado. 2.7. O trabalho deverá ser entregue juntamente com o Termo 3. APRESENTAÇÃO 3.1. Estrutura 3.1.1. Trabalhos científicos (pesquisas, artigos e teses) REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):229-30 229 | NORMAS DE PUBLICAÇÃO Os trabalhos enviados que não seguirem rigorosamente as Normas de Publicação serão devolvidos automaticamente. A revista ImplantNews adota em suas normas de publicação o estilo de Vancouver (Sistema Numérico de Citação), visando à padronização universal de expressões científicas nos trabalhos publicados. NORMAS DE PUBLICAÇÃO h. As páginas devem ser numeradas 3.3. Formatação de texto: a. Tipo de fonte: times new roman b. Tamanho da fonte: 12 c. Título em português: máximo de 90 caracteres d. Titulação do(s) autor(es): citar até 2 títulos principais e. Resumos em português e inglês: máximo de 250 palavras cada f. Unitermos e key words: máximo de cinco. Consultar Descritores em Ciências da Saúde – Bireme (www.bireme.br/decs/) 3.4 Citações de referências bibliográficas a. No texto, seguir o Sistema Numérico de Citação, no qual somente os números índices das referências, na forma sobrescrita, são indicados no texto. b. Números seqüenciais devem ser separados por hífen (ex.: 4-5); números aleatórios devem ser separados por vírgula (ex.: 7, 12, 21). c. Não citar os nomes dos autores e o ano de publicação. Exemplos: Errado: “Bergstrom J, Preber H2 (1994)...” Correto: “Vários autores1,5,8 avaliaram que a saúde geral e local do paciente é necessária para o sucesso do tratamento”; “Outros autores1-3 concordam...” 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 4.1. Quantidade máxima de 30 referências bibliográficas por trabalho. 4.2. A exatidão das referências bibliográficas é de responsabilidade única e exclusiva dos autores. 4.3. A apresentação das referências bibliográficas deve seguir a normatização do estilo Vancouver, conforme orientações fornecidas pelo International Committee of Medical Journal Editors (www.icmje.org) no “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals”. 4.4. Os títulos de periódicos devem ser abreviados de acordo com o “List of Journals Indexed in Index Medicus” (www.nlm. nih.gov/tsd/serials/lji.html) e impressos sem negrito, itálico ou grifo/sublinhado. 4.5. As referências devem ser numeradas em ordem de entrada no texto pelos sobrenomes dos autores, que devem ser seguidos pelos seus prenomes abreviados, sem ponto ou vírgula. A vírgula só deve ser usada entre os nomes dos diferentes autores. Incluir ano, volume, número (fascículo) e páginas do artigo logo após o título do periódico. Exemplo: “1. Lorato DC. Influence of a composite resin restoration on the gengival. Prosthet Dent 1992;28:402-4. 2. Bergstrom J, Preber H. Tobaco use as a risk factor. J Periodontal 1994;65:545-50. 3. Meyer DH, Fives-Taylor PM. Oral pathogens: from dental plaque to cardiace disease. Cure opin microbial; 1998:88-95.” 4.5.1. Nas publicações com até seis autores, citam-se todos. | 230 REVISTA IMPLANTNEWS 2009;6(2):229-30 4.5.2. Nas publicações com sete ou mais autores, citam-se os seis primeiros e, em seguida, a expressão latina et al. 4.6. Deve-se evitar a citação de comunicações pessoais, trabalhos em andamento e os não publicados; caso seja estritamente necessária sua citação, as informações não devem ser incluídas na lista de referências, mas citadas em notas de rodapé. 4.7. Exemplos 4.7.1. Livro: Brånemark P-I, Hansson BO, Adell R, Breine U, Lindstrom J, Hallen O, et al. Osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Experience form a 10-year period. Scan J Plastic Rec Surg 1977;16:1-13. 4.7.2. Capítulo de livro: Baron, R. Mechanics and regulation on ostoclastic boné resorption. In: Norton, LA, Burstone CJ. The biology of tooth movement. Florida: CRC, 1989. p 269-73. 4.7.3. Editor(es) ou compilador(es) como autor(es): Brånemark P-I, Oliveira MF, editors. Craniofacial prostheses: anaplastology and osseointegration. Illinois: Quintessence;1997. 4.7.4. Organização ou sociedade como autor: Clinical Research Associates. Glass ionomer-resin: state of art. Clin Res Assoc Newsletter 1993;17:1-2. 4.7.5. Artigo de periódico: Diacov NL, Sá JR. Absenteísmo odontológico. Rev Odont Unesp 1988;17(1/2):183-9. 4.7.6. Artigo sem indicação de autor: Fracture strenght of human teeth with cavity preparations. J Prosth Dent 1980;43(4):419-22. 4.7.7. Resumo: Steet TC. Marginal adaptation of composite restoration with and without flowable liner [resumo] J Dent Res 2000;79:1002. 4.7.8. Artigo citado por outros autores apud: Sognnaes RF. A behavioral courses in dental school. J Dent Educ 1977;41:735-37 apud Dent Abstr 1978;23(8):408-9. 4.7.9. Dissertação e tese: Molina SMG. Avaliação do desenvolvimento físico de préescolares de Piracicaba, SP. [Tese de Doutorado]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas;1997. 4.7.10. Trabalho apresentado em evento: Buser D. Estética em implantes de um ponto de vista cirúrgico. In: 3º Congresso Internacional de Osseointegração: 2002; APCD - São Paulo. Anais. São Paulo: EVM; 2002. p 18. 4.7.11. Artigo em periódico on-line/internet: Tanriverdi et al. Na in vitro test model for investigation of desinfection of dentinal tubules infected whith enterococcus faecalis. Braz Dent J 1997,8(2):67- 72. [Online] Available from Internet <http://www.forp.usp.br/bdj/t0182.html>. [cited 30-6-1998]. ISSN 0103-6440. 5. TABELAS OU QUADROS 5.1. Devem constar sob as denominações “Tabela” ou “Quadro” no arquivo eletrônico e ser numerados em algarismos arábicos. 5.2. A legenda deve acompanhar a tabela ou o quadro e ser posicionada abaixo destes ou indicada de forma clara e objetiva no texto ou em documento anexo. 5.3. Devem ser auto-explicativos e, obrigatoriamente, citados no corpo do texto na ordem de sua numeração. 5.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar traduzidos em nota colocada abaixo do corpo da tabela/quadro ou em sua legenda. 6. FIGURAS/IMAGENS 6.1. Devem constar sob a denominação “Figura” e ser numeradas com algarismos arábicos. 6.2. A(s) legenda(s) deve(m) ser fornecida(s) em arquivo ou folha impressa à parte. 6.3. Devem, obrigatoriamente, ser citadas no corpo do texto na ordem de sua numeração. 6.4. Sinais ou siglas devem estar traduzidos em sua legenda. 6.5. Na apresentação de imagens e texto, deve-se evitar o uso de iniciais, nome e número de registro de pacientes. O paciente não poderá ser identificado ou estar reconhecível em fotografias, a menos que expresse por escrito o seu consentimento, o qual deve acompanhar o trabalho enviado. 6.6. Devem possuir boa qualidade técnica e artística, utilizando o recurso de resolução máxima do equipamento/câmera fotográfica. 6.7. Devem ser enviadas gravadas em CD, com resolução mínima de 300dpi, nos formatos TIF ou JPG e largura mínima de 10 cm. 6.8. Não devem, em hipótese alguma, ser enviadas incorporadas a arquivos de programas de apresentação (PowerPoint), editores de texto (Word for Windows) ou planilhas eletrônicas (Excel). 7. GRÁFICOS 7.1. Devem constar sob a denominação “Gráfico”, numerados com algarismos arábicos e fornecidos, preferencialmente, em arquivo à parte, com largura mínima de 10 cm. 7.2. A legenda deve acompanhar o gráfico e ser posicionada abaixo deste. 7.3. Devem ser, obrigatoriamente, citados no corpo do texto, na ordem de sua numeração. 7.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar traduzidos em sua legenda. 7.5. As grandezas demonstradas na forma de barra, setor, curva ou outra forma gráfica devem vir acompanhadas dos respectivos valores numéricos para permitir sua reprodução com precisão.