Fundo Pacifico Hedge - Pacifico Gestão de Recursos

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Fundo Pacifico Hedge - Pacifico Gestão de Recursos
No quarto trimestre de 2014, o fundo Pacifico Hedge FIQ FIM apresentou rentabilidade de
0,79%, líquida de taxas. No mesmo período, o CDI apresentou variação de 2,76% e o mercado
de bolsa mostrou queda de 7,59%, quando medido pelo Ibovespa.
Neste trimestre, a principal contribuição positiva veio do mercado de renda fixa internacional.
Já as estratégias em moedas geraram resultado negativo, sendo que optamos por adotar
alguns seguros, através do mercado de opções, na medida em que a relação entre risco e
retorno de tais proteções se mostrou atrativa. As estratégias em renda variável e renda fixa no
Brasil também apresentaram contribuição negativa.
Nossa utilização de risco se manteve estável quando comparada àquela dos últimos
trimestres, em uma média de aproximadamente 11 pontos de estresse. Esta medida oscilou
entre um valor mínimo de 9,1 e um máximo de 14,2 pontos de estresse. Cabe ressaltar que
tais medidas foram reduzidas pelo uso de seguros através do mercado de opções.
Em relação à distribuição de risco entre estratégias, sempre medido pelo cálculo de
estresse, a maior alocação foi em renda variável. As alocações em estratégias no mercado
de juros também foram relevantes e a alocação de risco ao mercado de moedas foi a
menor.
A seguir, detalhamos as principais posições do trimestre.
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1 – Carteira de empresas brasileiras
Iniciamos o trimestre com uma exposição líquida à bolsa brasileira, próxima de 20%,
resultante de uma carteira de empresas e de algumas posições vendidas. Ao longo do
trimestre, a exposição variou de 16% e 27%. A bolsa se desvalorizou no trimestre e essa
estratégia trouxe uma contribuição negativa para o fundo.
Entre as posições iniciadas no último trimestre, destacamos a Cyrela, a Qualicorp e a Gerdau,
todas empresas das quais havíamos sido acionistas no passado recente.
Voltamos a ser acionistas da Qualicorp em reação a uma queda temporária no preço das suas
ações no período próximo às eleições. Vemos as perspectivas da empresa praticamente
inalteradas em diferentes situações políticas e econômicas. A invejável posição competitiva da
companhia frente aos concorrentes e na cadeia de saúde permite um robusto crescimento de
sua receita junto com uma forte geração de caixa. A companhia também tem feito um bom
trabalho ao endereçar a questão da inadimplência de seus clientes. O principal risco continua
sendo uma mudança regulatória cuja probabilidade consideramos remota.
A Gerdau e a Cyrela são duas empresas de destaque em setores que passam por uma situação
bastante complicada, o que acarretou uma forte e prolongada queda no preço de suas ações,
levando-as a patamares que julgamos atrativos. A Gerdau pode se beneficiar de uma alta nos
preços domésticos do aço em virtude principalmente da depreciação cambial, enquanto a
Cyrela de uma postura mais agressiva de sua diretoria em retornar caixa aos acionistas.
No trimestre encerramos nossas posições na Duratex e na Estácio. A Duratex enfrenta
dificuldades mais intensas do que esperávamos, com pouca perspectiva de uma recuperação
consistente nos seus volumes aliada a uma depreciação do câmbio que piora a evolução de
seus custos. Ainda acreditamos numa retomada em relação à situação atual, mas com as
margens da empresa se estabilizando em patamares insatisfatórios. Por fim, optamos por
reduzir nossa exposição ao setor de educação através da venda da Estácio, que vem
apresentando resultados decepcionantes quando comparados aos das outras empresas do
setor.
Temos a visão de que o atual momento desfavorável da economia brasileira é transitório e
que já estão sendo iniciados ajustes necessários para corrigir a atual trajetória do país. Apesar
dos desafios de curto prazo, acreditamos em um ambiente econômico mais favorável na
segunda metade do ano e que tais reversões benignas de política econômica tendem a ser
bastante benéficas para os preços das ações.
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2 – Posição tomada em juros norte-americanos
Iniciamos o trimestre com uma posição comprada em juros norte-americanos de curto prazo,
através de futuros de taxa eurodólar com vencimento inferior a 2 anos. Acreditávamos que as
taxas futuras para esses períodos mais curtos estavam em patamares não consistentes com a
robustez da atividade econômica americana e com a própria sinalização do comitê de política
monetária do Federal Reserve, o FOMC. No trimestre, estas taxas futuras apresentaram alta, o
que fez com que esta estratégia agregasse contribuição positiva.
Os EUA continuaram apresentando avanços em vários setores da economia ao longo do
quarto trimestre. O destaque foi, mais uma vez, o mercado de trabalho, que apresentou uma
média de criação líquida de empregos próxima de 300 mil neste período. No ano, houve
criação de quase 3 milhões de empregos, 26% superior ao registrado em 2013. Enquanto isso,
a taxa de desemprego se aproxima cada vez mais da NAIRU, alcançando o patamar de 5,6%
em dezembro de 2014. Apesar do investimento ainda não ter apresentado sinais de
fortalecimento, o consumo, responsável por 2/3 do PIB americano, apresentou aceleração
ante o trimestre anterior, e deverá se beneficiar no próximo trimestre (1T15) da inflação
baixa, da contínua melhora no mercado de trabalho e dos altos níveis dos indicadores de
confiança do consumidor. O PIB de 2014 cresceu em torno de 2,5%, refletindo todas essas
melhoras, e as expectativas são de um crescimento superior em 2015, próximo de 3,0%.
No final de outubro, o Federal Reserve finalmente encerrou a terceira rodada de estímulos
monetários não convencionais conhecidos como Quantitative Easing (QE), iniciados no fim de
2008. Esse foi um claro sinal de que a economia está se aproximando da primeira alta de
juros. O FOMC também sinalizou recentemente, na última reunião do ano, que apesar das
perspectivas de uma inflação mais baixa em 2015, o caráter temporário dessa queda nos
preços, puxada principalmente pelo preço do petróleo, pode possibilitar uma alta de juros
mesmo em um ambiente de inflação abaixo da meta de 2,0%. Portanto, continuamos
acreditando na continuidade da recuperação da economia americana e que isso levará a uma
alta de juros ainda este ano (2015), mesmo em um ambiente de inflação baixa.
3 – Estratégias táticas no Real
Ao longo do trimestre, realizamos algumas posições táticas no mercado de moedas, sendo
boa parte feita através do mercado de opções. Mantivemos uma posição vendida em Dólar
contra o Real por meio de opções de venda (puts) de Dólar por acreditarmos que a sua relação
entre risco e retorno se mostrava atrativa na eventualidade de alguma sinalização positiva por
parte do governo em alterar a política econômica do país no segundo mandato. Tínhamos a
convicção de que o governo caminharia para ajustar a economia com novas medidas após a
eleição. A taxa de câmbio depreciou no período, variando de R$2,48 para R$2,66 por Dólar,
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refletindo, principalmente, a abrupta queda no preço do petróleo, melhores perspectivas de
crescimento americano, revisões para baixo no crescimento mundial e o consequente
fortalecimento global do Dólar.
O colapso dos preços internacionais do petróleo no último trimestre do ano foi uma surpresa
que desencadeou um aumento de incerteza no mundo. O excesso de oferta global e o
moderado crescimento da demanda de países como China, Japão, além da Europa, foram
responsáveis pela queda de quase 50% no preço do barril petróleo entre o pico em meados de
junho e o piso no final do ano.
Simultaneamente, a economia americana apresentou uma recuperação econômica cada vez
mais robusta em meio a um cenário de fraco crescimento na China e resto do mundo,
enquanto na Zona do Euro a recente dinâmica de deflação vem reforçando cada vez mais a
ideia de que o BCE (Banco Central Europeu) deverá realizar compras de títulos soberanos já
nas próximas reuniões de 2015. Todos esses fatores contribuíram para apreciação do Dólar
nesse período. Cabe ressaltar que esse cenário de queda nos preços do petróleo, dólar
fortalecido e fraco crescimento doméstico, ainda que com deterioração nos termos de troca,
auxiliará na redução do déficit em conta corrente do Brasil, que hoje se encontra próximo de
4,0% do PIB e permanece uma fonte de vulnerabilidade para a economia brasileira.
No que tange à conjuntura doméstica, a preocupação do governo com a atual situação da
economia brasileira, em especial das contas públicas, levou a uma alteração na equipe
econômica marcada pela escolha do Ministro Joaquim Levy. Acreditamos que sua reputação e
experiência já trazem um benefício imediato para nossa economia. Apesar do reequilíbrio das
contas fiscais exigir mudanças profundas na política fiscal praticada pelo governo ao longo dos
últimos 4 anos, temos a convicção de que o atual Ministro tem condições de implementar as
mudanças necessárias para reverter, em boa parte, a perda de credibilidade dos últimos anos.
4 – Estratégia em juros
Iniciamos o quarto trimestre com uma posição comprada em NTN-Bs com vencimentos em
2050. No início do trimestre e, portanto, antes da realização das eleições presidenciais,
optamos por travar a posição comprada em NTN-Bs. Após as eleições, encurtamos essa trava
no mercado de DIs, o que nos deixou liquidamente comprados na taxa de juro nominal mais
curto e aplicados no juro real mais longo. Acreditávamos que o novo governo sinalizaria um
arcabouço de políticas econômicas mais prudentes em relação ao primeiro mandato. Já no
mês de dezembro, saímos da posição comprada em juro nominal de vencimento mais curto
após o ciclo de alta da taxa Selic já iniciado, permanecendo somente com a posição de NTN-B
de vencimento mais longo. Mantivemos esta posição por acreditar que o novo Ministro da
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Fazenda seria capaz de implementar no curto prazo políticas fiscais eficazes, o que poderia
levar a uma redução da taxa de juro real de longo prazo.
Esta posição gerou uma contribuição negativa para o fundo no período, principalmente devido
à abertura da taxa da NTN-B ocorrida em dezembro, que passou de 5,8% para 6,2%. Essa
abertura foi, em parte, influenciada pelo aumento da volatilidade internacional decorrente da
queda no preço do petróleo.
Logo após o segundo turno das eleições, houve uma ação efetiva no combate à inflação por
parte do banco central, que elevou os juros já na reunião do dia 29 de outubro. Essa ação
surpreendeu a maioria dos agentes de mercado, que julgava que o banco central não teria
autonomia para executar o aumento de juros. Além disso, o comitê vem sinalizando em
discursos recentes que não será complacente com a inflação e se manterá vigilante e pronto
para agir a fim de garantir a convergência à meta de 4,5% até 2016.
Entretanto, a inflação acumulada em 12 meses permanecerá elevada, especialmente no mês
de janeiro de 2015, quando serão feitos realinhamentos em preços administrados que
incluem reajuste de ônibus urbano, bandeira tarifária, a qual elevará a tarifa em 9% com um
impacto de 26bps no IPCA, uma possível elevação da CIDE-Contribuições de Intervenção no
Domínio Econômico- além da recomposição quase plena dos IPIs (Imposto sobre Produtos
Industrializados) dos automóveis, com impacto aproximado de 18bps. Sendo assim, a inflação
acumulada ano contra ano no mês de janeiro deverá atingir 7,0%, acima do teto da meta de
6,5%. Em 2015, os preços administrados deverão alcançar 9,0%, enquanto os livres recuarão
para algo em torno de 6,0-6,5%. Se de um lado o cenário de atividade fraca, com retração do
consumo e aumento de desemprego, contribui para um ambiente benigno à inflação, de outro
o processo de ajuste de preços relativos presente na economia, formado pela depreciação
nominal do Real e ajustes em preços administrados, tornam o balanço de riscos para a
inflação menos favorável no curto prazo, com perspectivas positivas em um horizonte mais
longo.
Acreditamos que o governo colherá frutos de sua nova equipe econômica liderada por
Joaquim Levy, cuja credibilidade, somada a medidas que buscam o equilíbrio fiscal, auxiliará o
banco central na tarefa de convergência da inflação à meta. A primeira metade do ano de
2015 será desafiadora, com indicadores econômicos desfavoráveis. No entanto, acreditamos
que, com o passar dos meses, começarão a surgir os benefícios das políticas implementadas.
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recomendável uma análise de, no mínimo, 12 meses. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos e taxa de saída. É
recomendada a leitura cuidadosa do prospecto e regulamento do fundo de investimento pelo investidor ao aplicar seus recursos.
Não há garantia de que este fundo terá o tratamento tributário para fundos de longo prazo. Apesar de todo o cuidado em sua coleta
e manuseio, a Pacifico Gestão de Recursos não se responsabiliza pela publicação acidental de dados incorretos.
Pacifico Hedge FIQ FIM: Data de início 30/09/2011. Política de investimentos: buscar oportunidades de ganho de longo prazo em
todas as classes de ativos, dada a conjuntura econômica. A estratégia do fundo possui estilo macro, onde todas as posições têm em
comum o cenário macroeconômico traçado pela equipe de gestão. Para a estratégia de renda variável soma-se o estudo profundo
de setores e empresas, com o objetivo de identificar empresa com grande potencial de valorização. Taxa de administração de 2%
a.a., calculada e provisionada diariamente e paga mensalmente. Tendo em vista que o Fundo admite a aplicação em cotas de fundos
de investimento, fica instituída a taxa de administração máxima de 2,3% a.a. Taxa de performance: 20% sobre o que exceder o CDI,
provisionada por dia útil. Destinado ao público em geral. Aplicações cotizam em D0. Resgates cotizam em D+30 (corridos) ou D+3
(dias úteis com taxa de saída de 10%). Liquidação Financeira dos resgates em D+1 (dia útil) após a cotização do resgate. Taxa de
saída: 10% sobre o valor do resgate, revertido ao fundo, para cotização em D+3 e pagamento em D+4. Este fundo de cotas aplica em
fundo de investimento que utiliza estratégias com derivativos como parte integrante de sua política de investimento. Tais
estratégias, da forma como são adotadas, podem resultar em significativas perdas patrimoniais para seus cotistas. Este fundo de
cotas aplica em fundo de investimento (Fundo Master) que pode manter ativos financeiros negociados no exterior em sua carteira.
Os fundos multimercados com renda variável podem estar expostos a significativa concentração em ativos de poucos emissores,
com os riscos daí decorrentes. Este material não constitui uma oferta e/ou solicitação de aquisição de quotas de fundos de
investimento.
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