Untitled - Turismo de Granada
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Alpujarra y Valle de Lecrín TURISMO DE GRANADA PATRONATO PROVINCIAL • Plaza Mariana Pineda, 10, 2ª 18009 - Granada • Telefone: 958 247 146 Fax: 958 247 129 • e-mail: [email protected] www.turgranada.es www.turgranada.com • AGÊNCIA DE TURISMO Telefone: 958 247 128 Fax: 958 247 127 e-mail: [email protected] Índice 4 Entre as neves e o mar 5 Uma terra de contrastes 6 Num cantinho de Al-Andalus 8 Do trópico até aos cumes 9 Uma fauna variada 10 O recurso mais apreciado 11 Uma forma de vida peculiar 12 Um urbanismo integrado no meio 14 Com sabor próprio 15 Um artesanato ancestral 16 Viver a tradição 18 Sierra Nevada 20 Do Valle de Lecrín aos Guájares 22 O tecto da Península 26 Na peugada de Gerald Brenan 30 Percurso do rio Guadalfeo 34 Vinhos e cortijos (casas de lavoura) da Contraviesa 38 Para estar activos 42 Dados práticos 50 Mapa comarcal Europa España Andalucía Granada Altiplano de Granada: Baza y Huéscar Guadix y El Marquesado Poniente Granadino Granada Sierra Nevada Alpujarra y Valle de Lecrín Costa Tropical - Granada © Patronato Provincial de Turismo de Granada Desenho e Produção: www.edantur.com Entre as neves e o mar 4 tificada em altitude, pelo que podem ser apreciadas g randes diferenças inclusivamente durante a mesma estação. Desde as tempeSerra Nevada, ao fundo o Mediterrâneo ra t u ras suaves da costa, t e m p e radas pelo MediAo Sul da Europa, a olhar para África, existe um lugar mágico, com terrâneo, até os contrastes da um sabor andaluz onde o Oriente Alpujarra Alta, com Invernos de e o Ocidente estão de mãos dadas. n e ve e Verãos temperados, na É a Alpujarra y Valle de Lecrín, a comarca é possível encontrar comarca espanhola onde os ve s t í- diversos ambientes e tonalidades gios islâmicos perdura ram dura n t e c o n fo rme a época do ano. Tanto se optar pelo tra n s p o rmais tempo. Uma região de cont rastes, com uma variedade paisa- te aéreo, desde o moderno Aerogística que abrange desde as altas porto de Granada, como pelo s e rras até às imediações do litora l transporte marítimo, desde o pormediterr â n e o, passando pelas to de Motril, no fim a única fo rm a s e rras dos Guájares, Lújar e a Con- de poder penetrar na Alpujarra y t raviesa e vales muito belos. A con- Valle de Lecrín é pela estrada. Um tecido complexo de fi g u ração geográfica, entre os cumes da Sierra Nevada e o mar, redes de estradas, caminhos e vias d e ram lugar ao isolamento ances- secundárias, completamente intet ral da comarca, fazendo que sejam gradas na paisagem e respeitando conservados quase intactos os seus perfeitamente a envo l vente natumodos de vida e de povoamento ral para circular sem pressas, ao mesmo tempo que usufrui de tão peculiares. A climatologia da Alpujarra y panorâmicas muito belas. Desde Granada capital, pode Valle de Lecrín e n c o n t ra-se estrachegar até à comarca através do alto do Suspiro del Moro e pela estrada nacional A-44, via L a n j ar ó n. Desde a Costa do Sol e a Costa Tropical pela N-340, por A l b u ñ o l, e desde a auto-via A-92 por Guadix e o alto da Ragua. Uma terra de contrastes No sopé da Sierra Nevada está situada uma terra que, durante mais de oitocentos anos foi a morada dos muçulmanos. Essa t e rra é a Alpujarra y Valle de Lecrín, um cantinho pequenino do Reino de Granada que conserva ainda quase intacta as características islâmicas, um troço do Oriente no extremo do Ocidente. Casas caiadas de forma cúbica, cultivos em socalcos, povoações a salpicar as ve rten- Chaminés típicas tes das montanhas, paisagens inacreditáveis e um vasto leque de possibilidades para o lazer… Com uma idiossincra s i a peculiar, reflectida na sua arquitectura popular e nos modos de vida dos seus habitantes, a comarca surge como um lugar pitoresco e diferente, com um carácter ru ral muito acentuado e, ao mesmo tempo, aberto e hospitalar, acostumado a receber visitantes com as procedências mais diversas. Além de ser um lugar idóneo para o relax e o descanso, os que desejam queimar um pouco de adrenalina encontrarão na Alpujarra y Valle de Lecrín uma vasta gama de actividades que abrange desde o esqui de fundo até o voo livre e enumeráveis percursos a pé e cicloturi s m o, para vive r intensamente a natureza. Assim é a Alpujarra y Valle de Lecrín, a terra da qual se apaixonara m os viajantes românticos e que escolheu como morada Gerald Brenan. Um paraíso congelado no tempo, uma comarca andaluza entre as neves e o mar que activa a todos os que vêm até aqui para a conhecer. Bosque típico da Alpujarra Barranco do Poqueira (Bubión) 5 Num cantinho de Al-Andalus As origens do povoamento humano na Alpujarra y Valle de Lecrín provêm desde a Pré-história, como testemunham os vestígios arqueológicos encontrados na comarca. Na época ibérica e romana existiram assentamentos pontuais, porém, não será até à chegada dos muçulmanos, no século VIII, quando a densidade da sua população alcance o seu apogeu. 6 A presença islâmica irá deixar as suas características peculiares nesta comarca. Os povoadores muçulmanos encontrarão nestas terras o paraíso terrenal, adaptando-se ao meio numa simbiose perfeita com a natureza. As suas técnicas de regadio muito aperfeiçoadas deram lugar a uma agricultura arborícola muito próspera e a uma indústria da seda que perdurou até os tempos modernos. Porém, a florescente economia andalusí não impediu o surgimento de conflitos como o protagonizado por Ibn Hafsum na época do califado ou a Rebelião Capitel Nazarita das Alpujarras de 1568, chefiada pelo mourisco Fernando de Córdova e Válor, mais conhecido como Abén Humeya, face ao poderoso Felipe II, após a qual teve lugar a expulsão definitiva dos muçulmanos da Península Ibérica. O legado de Al-Andalus foi recolhido pelos posteriores povoadores cristãos, que conservaram o sistema de cultivo em socalcos, o modo de construção, a rede de reservatórios de água… A mudança de fé veio acompanhada com a edificação de igrejas e ermidas, muitas das quais com o estilo mudéjar, perpetuando assim a tradição muçulmana. E chegaram novas aportações, como a criação do porco e o ritual da matança ou o cultivo de cereais, que arraigaram na zona e perduram presentemente juntamente com a herança islâmica. Os vestígios de Al-Andalus podem ser observados na Cultivos em socalcos Alpujarra y Valle de Lecrín, o último lar de uns homens que souberam fazer da montanha um pequeno paraíso para deixá-lo como herança aos que chegaram posteriormente. Um legado que hoje, passados centenas de anos, e que ainda podemos conhecer. Torres e Castelos A paisagem da Alpujarra y Valle de Lecrín está salpicada de restos de fortalezas e torreões que recordam a longa história da comarca, como o Castelo islâmico de Lanjarón ou os restos do Castelo de Juviles, da mesma época, conhecido como “El Fuerte”. Conservam-se ainda vestígios do castelo de Restábal, de Mondújar, do Peñón del Moro em Dúrcal e nos Guájares as ruínas de uma fortaleza em Tajo Fuerte. Os restos dos castelos de Capileira, Válor, Murtas e de Piedra Fuerte, em Yegen, para além dos do torreão nazarita de Órgiva e a Torre de Melicena (Sorvilán) complementam este rico património. Castelo islâmico de Lanjarón 7 Do trópico até aos cumes As espécies vegetais da Alpujarra apresentam uma distribuição estratificada em altura, pelo qual podem ser observadas desde espécies de alta montanha como a estrela das neves (endémica da Sierra Nevada) até figueiras-da-india nas cotas mais baixas e grandes bosques nas zonas intermédias. 8 Uma agricultura respeitosa com o meio ambiente e o facto de que uma boa parte do território da Alpujarra y Valle de Lecrín está incluída dentro do Parque Natural da Sierra Nevada são factores que têm contribuído para a protecção da flora da Pormenor de figueira-da-índia zona. As espécies endémicas estão concentradas nas cotas mais elevadas, dentro do Parque Nacional da Sierra Nevada, nas zonas de pastos denominadas “cascajares” e “borreguiles”. À medida que a altitude desce, as superfícies de bosques com diversas espécies, desde pinhais até azinhais e sobrais, passando por outras como o castanheiro, o carvalho ou outras variedades de azinheiras surgem alternativamente com os terrenos de cultivo. Nas cotas baixas estão situadas espécies arbóreas como a oliveira, a alfarrobeira, bem como loendros e figueiras-da-india. Os vestígios da passagem dos homens ficaram reflectidos nas proximidades das povoações, com uma paisagem caracterizada pelos cultivos em socalcos, as hortas, os cereais e a arboricultura, alternando os regadios com as superfícies de sequeiro. Paisagem da Alpujarra Alta Uma fauna variada Do mesmo modo que a flora, a rica e variada fauna da Alpujarra y Valle de Lecrín está distribuída de forma escalonada desde a alta montanha até à costa. O reduzido impacto ambiental, dada a baixa densidade de população, deram lugar à conservação de um elevado número de espécies animais. e a fuinha. E já na faixa costeira é possível ver aves tais como o guarda-rios-comum ou os patos, sempre perto do mar Mediterrâneo. Na Alpujarra y Valle de Lecrín o burro continua a ser utilizado como animal de carga e como meio de transporte para realizar percursos turísticos muito pitorescos, um factor que favorece a sua conservação. Na alta montanha, o reino da cabra montesa, pode-se contemplar o voo majestoso da águia imperial, a ferreirinha-alpina e espécies como o toupeirinha, enquanto que, nas zonas abertas habitam o lagarto ocelado e outros répteis como a víbora focinhuda. Nas cotas de média montanha têm o seu habitat mamíferos como a raposa, o javali e outros mais difíceis de ver por terem hábitos nocturnos, como o texugo e a gineta. Na Alpujarra Baixa estão as aves como o abutre comum e mamíferos como o gato-bravo Cabra montesa 9 O recurso mais apreciado A água, o bem mais apreciado, é um elemento básico para a vida. A c o m a rca foi humanizada quando os seus povoadores, especialmente os A água na natureza muçulmanos, souberam captar e conduzir as águas que flúem do degelo e os mananciais para poder habitar e cultivar um território inóspito até à data. 10 Na Alpujarra y Valle de Lecrín é possível contemplar a água no seu cenário natural nos rios, ribeiros e mananciais, muitos dos quais com propriedades saudáveis e curativas, que se encontram por toda a comarca. Na primavera, as águas do degelo dos cumes da Sierra Nevada descem por ribeiros, rios e b a rrancos, banhando e enchendo de vida as paisagens da Alpujarra. Os muçulmanos souberam canalizá-las através da rede de reserv a t ó rios e canalizações que ainda perdura em povoações como Los GuáA água, fonte de vida jares, as quais datam da época almofade. Moinhos antigos, alvercas, poços e Fontes e Pilares reservatórios de origem muçulmana salpicam a A l p u j a rra y Valle de Lecrín, do mesBubión: mo modo que as fontes e pilares das quais Fonte dos Cuatro Caños a água brota sem cessar. As Te rmas e o BalCáñar: n e á rio de Lanjarón, cujas água possuem Fonte de Poyo Dios qualidades minero-medicinais, é uma amosCástaras: tra mais do aproveitamento dos mananciais Fonte dos Caños da Alpujarra . El Golco: Fontes dos Llanitos, de San Miguel e dos Remedios Lanjarón: Fonte das Adelfas Laroles: Pilar de las Yeguas Los Bérchules: Fonte dos Paraíso, Fonte das Carmelitas Murtas: Fontes do Cuartel, de Santa Cruz e da Golera Nechite: Fonte das Margaritas Órgiva: Fonte dos Cantares Pampaneira: Fonte dos Poetas, do Cerrilo e de San Antonio Pórtugos: Fonte Agria Válor: Fonte da Tableta Yegen: Fonte dos Tres Caños, Fuente Agria Água integrada no urbanismo Uma forma de vida peculiar Os habitantes da Alpujarra, gente afável e singela, permaneceram isolados durante séculos, vivendo em perfeita harmonia com o meio ambiente. As paisagens da Alpujarra y Valle de Lecrín, onde o silêncio reina, são um verdadeiro convite para o descanso e a contemplação, e dai o carácter tranquilo dos seus povoadores. A forma de vida dos habitantes da comarca, com uma raiz rural muito fo rte, c o n t i nua a estar cara c t e ri z ada pela singeleza e a ausência das pressas. Um ambiente que tem atraído a artistas, comunidades alternativas e artesão que encontraram nestas terras da Alpujarra o seu paraíso particular. Conservam ainda antigos lavadouros públ i c o s Centro budista O’Sel Ling antigos onde as mulheres lav avam a roupa não faz ainda muito tempo, e oficinas de artesanais onde se continua a trabalhar como outrora. Os trabalhos agrícolas continuam a ser realizadas de um modo artesanal, excepto nas zonas que estão mais perto da costa. F o ram as paisagens da O Barranco do Poqueira alberga a priAlpujarra e o seu modo de vida tão peculiar dos seus meira comunidade budista estabelecida na povoadores os que chamaPenínsula Ibérica, O’Sel Ling (em tibetano ram a atenção dos viajantes românticos, como Richard “Lugar de luz clara”). Ford, o estadounidense Washington Irving ou o espanhol Pedro Antonio de Alarcón, no século XIX, predecessores de Gerald Brenan, que morou em Yegen de 1920 até 1934. Todos eles fi c aram prendados, das suas povoações e da sua gente, plasmando nas suas obras a idiossincrasia desta terra onde o tempo parece decorrer com um ritmo mais pausado. Paisagem rústica 11 Um urbanismo integrado no meio O urbanismo da Alpujarra, com umas características islâmicas muito evidentes, constitui um conjunto perfeitamente integrado na paisagem. Do mesmo modo que os cultivos estão distribuídos em socalcos, as casas estão situadas nas ladeiras da serra, sempre voltadas para o Sul. Construção típica da Alpujarra Telhado de launa (argila) com chaminés 12 O habitat da Alpujarra y Valle de Lecrín recorda o das zonas montanhosas do norte de África: povoamento disperso com pequenas povoações brancas, aldeias e casas de lavoura dispersas nas ladeiras ou à beira dos vales. De facto, muitos dos municípios da comarca são os herdeiros das antigas t a h á s, divisão administrativa da época nazarita que agrupava os núcleos de povoação mais pequenos. Os municípios actuais de L e c r í n, El Va l l e, Los Guájare s, Alpujarra de la Sierr a, Nevada ou La Ta h á, que conservam ainda a antiga denominação ára b e, são os herdeiros deste tipo de habitat importado do continente africano pelos antigos povoadores andalusis. Arquitectura popular: tinao (rua coberta) Onde melhor se conserva o modo de construção da Alpujarra é nas povoações da serra. Um urbanismo caracterizado por ruas estreitas e sinuosas, com as casas empilhadas unas sobre as outras, de um modo escalonada e largos pequenos ou simplesmente a l a rgamentos que são o coração da vida p ú blica, e onde se concentram os bares e o resto dos estabelecimentos. As casas da Alpujarra são o reflexo vivo da alma da comarca. Construídas com os materiais da envo l vente como pedra, barr o, ardósia, launa (uma espécie de argila que serve para impermeabilizar os tectos) ou m a d e i ra de castanheiro, e, quase sempre caiadas. Essencialmente singela e prática, sóbria na decora ç ã o, encaixa perfeitamente na sua envolvente. A habitação tradicional está estruturada em dois andares, o rés-do-chão para os animais e o primeiro andar piso para a habitação onde tem lugar a vida quotidiana; é aí onde está a cozinha – casa de jantar com a chaminé e a janela, às ve zes uma varanda e os quartos separados por cortinas. A porta do rés-do-chão normalmente está dividida e a abertura desempenha as funções de janelão. F o rmas cúbicas, com poucas abert uras para o exterior, tectos planas ou coberturas com beirais de ardósia e as chaminés troncocónicas, características são alguns dos elementos que definem este género de construção tão peculiar. E os tinaos, uma espécie de ruas cobertas que às vezes convertem as ruas em verdadeiros túneis, como acontece nos bairros da Pileta e do C a s t e l o,em Capileira. Rua com degraus 13 Povoações com encanto Este património a rquitectónico peculiar pode ver visto em lugares como o bairro Hondillo de Lanjarón, Soport új a r, Busquístar, o bairro Alto de J u v i l e s, Mecina Bombarón, M a i re n a, Los Guájares ou o bairro Baixo de Cádiar. Os três municípios que constituem o B a r ranco do Po q u e i ra, Pa m p a n e i ra, Bubión e C a p i l e i ra, fo ram reconhecidos como Conjunto Histórico - Art í s t i c o, incluindo os seus âmbitos municipais, reflectindo o valor patrimonial destas p ovoações e da paisagem que os envolve. Com sabor próprio Migas típicas Migas de farinha Ingredientes: 4 copos de água, 4 chávenas de café de farinha de sêmola, sal, 1-2 alhos, 2-3 colheres de aze i t e. Acompanhamento: bacon, linguiça, cebola assada, alhos assados, pimentos verdes fritos, tomate seco fri t o. 14 Frita-se com azeite e alho picado, deixa-se arr e fecer um pouco e deita-se a água quente e uma pitada de sal. Quando a água estiver a ferver, acrescentase pouco a pouco a fa rinha e mist u ra-se muito bem com a escumadeira até ficar tudo bem amassado, durante 1/2-3/4 de hora com o lume pouco forte e sem deixar de mexer até fa ze r pequenas bolhas douradas. Servem-se com o acompanhamento. Um artesanato ancestral A cozinha da Alpujarra, singela, saborosa e natural, é baseada na riqueza e variedade dos produtos da terra, como as frutas e hortaliças, o cabrito, a caça ou o alho. Apresenta características comuns nas zonas da serra, variando um pouco mais nas zonas perto da costa. O artesanato passou de ser um campo em vias de extinção a valorizar-se como actividade produtiva alternativa tanto para a população da Alpujarra como para os homens e mu l h e res que escolheram a Alpujarra y Valle de Lecrín para morar. Existe também a possibilidade de prov a r pratos com uma ascendência mourisca, especialmente os de produtos de sobremesa e pastelaria, juntamente com os produtos cristãos como o porco, com o que se elabora o delicioso presunto da Serra, destacando o de Trevélez. Tudo isto acompanhado com um vinho “costa” excelente da zona da Contraviesa. Enchidos com muito saborosos, migas, gachas pimentonas e de alho queimado, tru t a s com presunto, potaje (guisado) de castanhas, choto (cabrito) com alho, coelho picante, sopa alpujarreña ou caça, são alguns dos pratos excelentes que farão as delicias dos paladares mais exigentes. E, para finalizar, a pastelaria mouri s c a muito rica, com produtos tão típicos como as tortas, o pão de figo, os soplillos de almendra (doces de amêndoa), os roscones de hojarasca (bolos com o fe itio de uma rosca, ou os c u a j a d o s (coalhados). Os objectos e utensílios elaborados outrora para cobrir necessidades da vida quotidiana passaram a ser considerados objectos artísticos. Na Alpujarra y Valle de Lecrín elabora-se uma grande variedade de produtos que contam com o valor acrescentado da dedicação pessoal de cada autor ou autora, e fazendo que cada um dos objectos seja único e irrepetível. O artesanato da comarca é caracterizado por produtos como as mantas típicas da Alpujarra e as jarapas, mantas de retalhos com um colorido muito alegre elaboradas antigamente pelas mulheres com os retalhos dos teares. Também é possível encontrar artesãos que elaboram bordados, esparto, ourivesaria, cestaria, forja, tonelaria, pirotecnia, cerâmica, madeira talhada, cabedal… O ar tesanato têxtil, com uma grande tradição na comarca, pode ser adquirido em povo- Mantas da Alpujarra ações como Bubión, Capilerilla, Ferre i rola, Mecina Bombarón, Órgiva, Pampaneira, Sorvilán, Ugíjar e Válor. A cerâmica característica da Alpujarra, de tradição andalusí, está situada em Bubión, Cádiar, Lanjarón, Mecina Bomb a r ó n, Pampaneira e Válor, enquanto que os produtos de vime e esparto são típicos de Lanjarón, Laroles, Mecina Bombarón, Yegen e Los Guájares, onde também são realizados objectos com as cabaças. Nesta zona existem também outros produtos de artesanatos como o cabedal, trabalhado em Bubión, Cádiar, Mecina Bombarón, Pampaneira e Válor. A Associação de artesãos da Alpujarra registou a marca “Artesanía Alpujarra”, que identifica os produtos elaborados na comarca, e que garante a qualidade do bemfazer do trabalho artesanal. Tel. de informação 958 784 340 Secadouro de presunto, Trevélez Artesã a tecer no tear 15 Viver a tradição Na Alpujarra y Valle de Lecrín perduraram ao longo da história um número muito elevado de tradições e costumes, alguns dos quais são bastante peculiares. Com um calendário festivo variado que decorre ao longo de todo o ano, na comarca é fácil desfrutar de alguma das suas inumeráveis festas e celebrações. Os moradores da Alpujarra acostumam acompanhar as suas Trevélez e em Capileira com uma romaria até o Mulhacén. Ugíjar 16 zes utilizados são os que utilizavam os povoadores cristãos chegados em 1572, após a Rebelião das Alpujarras. Porém, sem dúvida alguma, anos numa povoação distinta uma das tradições mais peculiares durante a pri m e i ra quinzena de da A l p u j a rra y Valle de Lecrín é o Agosto. E, para dar a conhecer os “trov o ”, um duelo em verso canta- produtos artesanais da zona, a do muito interessante o qual é meados de Setembro, celebra-se improvisado e acompanha com em Pampaneira a feira artesanal, música e dança populares, muito para além das pequenas feiras enraizado tanto nas zonas da artesanais aos sábados e dominC o n t raviesa como em Cádiar ou gos na Praça de libertad. M u rt a s. Para conservar os insAs festas de Mouros e Cristãos celebramtrumentos e canções tra d icionais da Alpujarra dura nse em toda a comarca, sendo das mais te a década de oitenta, populares as de Válor, cidade natal do nomeadamente, em 1982, foi organizado um festival mourisco Abén Humeya, o qual foi corode música tradicional da ado em Cádiar “rei das Alpujarras”. Alpujarr a, e que continua a ser organizado todos os O fogo é o protagonista de muitas festas e celebrações celebrações com fogos artificiais e pirotecnia. Fogueiras, fiadas de petardos e fogos artificiais são empregados nas festas como San A n t ó n, a Virgen de la Candelari a ou San Juan, bem como na tradicional queima ou enterro da “zorra” (rap o s a ), que simboliza a eliminação dos males e das brigas surgidas entre os vizinhos, e na q u e ima do Ju d a s, com a que povoações como Soportújar dar fim à Semana Santa. Entre as festividades religiosas destaca a Semana Santa de Lanjar ó n, uma das mais importantes da província de Granada. São muitas as romarias, como a da V i r gen de la Cabeza de Capileira e a da V i rgen de las Nieves, celebrada em comemora as festas em louvor da padroeira das Alpujarras, Nuestra S e ñ o ra del Mart í ri o, com uma fe i ra muito dive rtida e colori d a . Pa ra além das tradicionais fe stas dos Mouros e Cristãos, nas quais o fumo e o som dos disparos recreiam simbolicamente o combate entre as tropas mu ç u lmanas e cristãs, existem também festividades curiosas como a da “fuente del vino” (fonte do vinho) em Cádiar, celebrada em fins da vindima com uma fonte pública da qual brota sem cessar o delicioso vinho “costa” da Contraviesa ou a festa dos Mosqueteros del Santísim o, tradição de Béznar com uma tradição que vem do século XVI com a curiosidade que os arcabu- Festa dos Mouros e Cristãos em Válor, cidade natal de Abén Humeya 17 Sierra Nevada Baptizada com o nome de “Serra do Sol” durante a Idade Média, Sierra Nevada é uma autêntica jóia para os apaixonados pela natureza, porque constitui um dos cenários com um dos mais importantes valores ambientais da Península. Lar dos cumes mais altos da Península Ibérica, os picos Mulhacén (3.482 m.) e Veleta (3.394 m.), Sierra Nevada foi reconhecida Reserva da Biosfera pela UNESCO em 1986 pela enorme riqueza da sua flora e fauna, Parque Natural em 1989 com 169.239 hec., e finalmente Parque Nacional em 1999, com uma extensão de 86.208 hec. 18 Sierra Nevada, o tecto da Península Ibérica Este paraíso natural, onde ainda é possível encontrar cantinhos quase virgens, teve a sua o rigem geológica durante o período Terciário, quando o levantamento do maciço montanhoso. Durante o período Quatern á rio foi coberto pelo glaciares, que deixaram os seus ve stígios nas cotas mais altas: circos coroados por cumes escarpadas, vales com o feitio de uma U e 50 lagoas aproximadamente. Presentemente, a configuração geológica apresenta três zonas concêntricas: · Núcleo central: denominado “lastra”, composto por rochas metamórficas, alberga os cumes mais altos, com 16 picos que ultrapassam os 3.000 m. de altitude. · Zona intermédia: coroa interna de terrenos Triásicos fo rmada por ardósia, gneisses, mármores, serpentinas e filitas argilosas que constituem a “launa” (argila), material utilizado pelos moradores da Alpujarras para a c o n s t rução dos tectos e telhados das casas, para os impermeabilizar. · Cinto exteri o r: dolomias e caliças fo rmam o “calar”, com um relevo abrupto e escarpado com picos em torno aos 2.000 m. de altura . Para muitos Sierra Nevada é, para além de uma envolvente para desfrutar da natureza e da serra, um lugar que convida à meditação e a reflexão, sentir-se alheio ao mundanal ruído e reencontrar-se consigo si próprio. A rede hidrográfica da Sierra Nevada apresenta um elevado número de regatos, rios, aquíferos e barrancos, os quais constituídos pri n c i p a lmente pela escorrência das n e ves dos cumes apresentam pouca quantidade de água durante o Inverno e alcançam o seu nível máximo na Pri m avera e no início do Verão, devido ao degelo. Com respeito ao clima, é caracterizado por Verãos suaves e Invernos frios com geadas frequentes, com 30% de Pico Veleta (3.394 m.) precipitações em fo rma de n e ve a partir dos 1.800 m. de altitude, e 95% nas cotas superiores aos 2.500 m. de altura. Assim pois, em pleno Sul da Europa é possível desfrutar da neve mesmo durante a Primavera. As tempera t u ras sobem de Janeiro até Agosto para descer a partir de Setembro, apresentam variações em função da altitu- 19 de. Isto condiciona a fauna e a vegetação, a qual fica disposta de maneira estra t i fi c ada em altura . A flora conta com mais de 2.100 espécies catalogadas, 175 espécies endémicas ibéricas e 65 espécies autóctones, a maior parte delas em cotas de alta montanha, como a estrela das neves ou a macela e a violeta da Sierra Nevada. Com respeito à fauna, durante a Primavera podem ser observadas aves como o tentilhão-comum ou o reizinho e em Outono, quando é possível ouvir o canto dos pintassilgos, podem ser vistas também outras espécies como o melro de peito branco. Entre os Paisagem com neve mamíferos destaca a emblemática cabra montesa. Do Valle de Lecrín aos Guájares O percurso pela parte mais ocidental da comarca conduz o viajante até um vergel onde os cultivos se misturam com pequenas povoações que c o n t i nuam a conservar a sua essência mourisca ao longo dos séculos. Lugares naturais, igrejas mu d é j a res, laranjeiras e olivais apresentam-se perante os nossos olhos a poucos quilómetros da cidade da Alhambra. Desde a colina do Suspiro do Mouro, a 860 m. acima do nível do mar, divisamos em toda a sua vastidão o Valle de Lecrín, em cujo coração está a B a rragem de Bézn a r, num vale em que está situada a povo- Igreja em Dúrcal ação com o mesmo nome, fazendo parte do Parque Natural da Sierr a Nevada e na qual estão agrupadas, como acontecia nas tahás árabes, um bom número de povoações. Lecrín oferece aos visitantes jazigos arqueológicos como as ruínas do Castelo de Mondújar, do Forte de Béznar, termas romanas e monu20 mentos com uma grande riqueza artística como a igreja paroquial, do século XVI e com artesoado mudéjar ou a Ermida do Santo Cristo. Uma boa amostra das povoações deste fértil Valle de Lecrín, é Dúrcal, que contempla como os seus arredores são banhados pelo rio homónimo. Os árabes deram- Saleres lhe o nome de Quasb, vocábulo alusivo aos cultivos de cana de açúcar que prolife ravam durante o período andalusí, mas, não foi até à sua conquista cristã quando chegaria a ser um ponto de expedição importante donde partiam as famílias muçulmanas em direcção à costa, caminho da África. Os seus edifícios religiosos do século XVI como a sua Igreja mu d é j a r, com imagens e retábulos muito valiosos, têm vindo a contemplar, do mesmo modo que a sua população, como se instalavam nos arredores deste município duas o b ras importantes da engenharia do século d e z a n ove: o teleféri c o mais comprido da Europa, desmontado em 1958, e a ponte de fe rro para a passagem do comboio. Barragem do Béznar Pinos del Valle El Va l l e, do mesmo modo que Lecrín, é composto por diversas povoações com um fo rte carácter rural, rémora das tahás árabes: Melegís, S a l e re s e Restábal. São povoações com uma estrutura urbana mourisca que desempenharam um papel protagonista devido à sua situação na zona dos acontecimentos 21 h i s t ó ricos durante a Rebelião das Alpujarras. Em Restábal conservam-se as ruínas do assentamento primitivo da vila andalusí, bem como a igreja paroquial de San Cri s t ó b a l , que alberga um belo artesoRua em ado mudéjar. Los Guájares Guájar-Faragüit, juntamente com Guájar-Alto e Guájar-Fo n d ó n, faz parte do âmbito municipal dos Guájares. Estes três núcleos estão situados num pequeno vale subtropical fo rmado pelo rio de La Toba. De origem mu ç u l m an o, em fins do século XVI Contam as lendas que no Suspiro do Mouro assistiu-se aqui à rebelião foi onde o último rei de Al-Andalus, Boabdil cruenta da população mourisca, que com o seu El Chico, não pôde conter as lágrimas quanesmagamento completo do voltou a cabeça para olhar e contemplar por parte das tropas cri s t ã s do Marqués de Mondéjar. pela última vez a cidade de Granada. A herança andalusí está muito presente nas acéquias almofades que atravessam as povoações, as suas ruas estreitas e íngremes, as casas caiadas bem como nos restos de uma fortaleza árabe que está situada no lugar conhecido com o nome de Tajo Fuert e. Panorâmica de Guájar Fondón O tecto da Península Soportújar, o enclave seguinte surpreende com a sua silhueta recortada no vale de Órgiva, a abundância de tinaos e o som incessante da água. Desde este lugar, a Natureza benigna conduz até o Barranco do Po q u e i r a, em pleno coração Sierra Nevada, com os cumes mais altos da Península, é o cenário perfeito do percurso. As povoações que o constituem conservam o seu encanto, inspiradas na sua envolvente natural. A natureza apresenta-se com toda a sua plenitude, oferecendo a magnificência dos seus barrancos, dos seus ribeiros de água sinuosa e os mananciais com propriedades medicinais neste percurso que parte de Lanjarón, pórtico da Alpujarra . Aqui a vista recreia-se e perde-se pelas suas vielas, conservando o encanto de uma povoação mourisca. Conhecido pelas propriedades minero-medicinais dos seus mananciais e do o seu balneário, poderá visitar também o Castelo ára b e, a Ermida de San Sebastián, o Bairro Hondillo ou cantinhos encantadores como o “tinao do tio Pedro”. Pode-se contemplar Lanjarón desde o barranco do Salado ou admirar a sua paisagem desde o miradouro da Cañona, onde se conservam peças de artilharia da Guerra da Independência. 22 Deixando atrás umas vistas inesquecíveis chega-se a Cáñar, pela est rada comarcal 332, após apanhar uma bifurcação ou por um caminho rural. Bela paisagem conhecida pelos seus jazigos m i n e rais, foi reconhecida como Vila pelo rei Felipe II após a rebelião mourisca. Aqui os sentidos agudizam-se graças à envo l ve n t e, com cantinhos como o Dique 24 do rio Chico, com a água como protagonista. Fonte das Adelfas, Lanjarón Vista de Lanjarón Quando chegou a Lanjarón o escritor Pedro Antonio de Alarcón exclamou: “Alto e paragem! Deixemos já a caneta e apan hemos os pincéis”, como reza a inscrição da Fonte das Adelfas. Dique 24 do Rio Chico da Alpujarra, onde está situado o centro budista O´Sel Ling. São muito conhecidos os teares artesanais de Pampaneira, com as suas fontes, mananciais e praças numa envo l vente urbanístico que conservou a essência muçulmana. O seu museu de arte popular e a feira de artesanato são uma visita obri g a t ó ri a . Bubión (1.296 m.) é a seguinte paragem. A História late nas suas ex- 23 plorações mineiras da época romana e no torreão nazarita da sua Igreja, utilizada como defesa pelas tropas de Abén Humeya. A poucos Km. passando pelo miradouro do Perchel, está Capileira, onde o tempo parece ter retrocedido nas suas ruas estreitinhas, a sua Igreja mudéjar e o Museu de arte e costumes populares da Alpujarra. Após o Barranco da Sangre aparece Pitre s, cabeça do município da Ta h á. Recebe o título de Vila por Felipe II, e oferece uma paisagem e uma arquitectura completamente compene- Monumento budista t radas, com cantinhos como o barranco Berm e j o, com um manancial de água ferruginosa, a Igreja construída sobre uma mesquita e os caminhos medievais ou “carihuelas” perfeitamente conservados. Em Pórtugos recomendamos perder-se pelas suas praças com arcadas, fachadas coloridas e varandas floridas, até encontrar a Praça de Paisagem da Sierra Nevada O tecto da Península Viver a natureza Igreja Paroquial de Pitres C h u rriana, que oferece um lavadouro muito pitoresco no interior de uma cova. Caminho de Trevélez está a Fonte Agria, com o Chorrerón, uma catarata com uma atra c t i vo impressionante. Entre os bosques da Alpujarra y Valle de Lecrín surgeB u s q u í s t a r, localidade de ori g e m m o ç á rabe rodeada de altos cures, destacando-se sobre o rio Trevélez. Nos seus arredores fo ram encontrados restos pré-históricos e na Cova de Los Peñones, vestígios da época ibérica Entre as suas vistas é possível avistar no fim deste percurso magnífico, Trevélez, que a 1.500 m. de altura, é considerado como a povoação mais alta da Península. Os seus bairros com tel- Situada no interior do Pa rque Natural de Sierra N evada, a A l p u j a r ra Alta é um dos lugares predilectos para os que gostam muito da natureza e o t u rismo act i v o. Muitíssimos percursos para passear e cicloturismo percorrem os diversos municípios, onde são org a n i z ados desde os percursos com guia em viaturas 4x4 até passeis de cavalo e de burro ou mula. Paisagem nos arredores de Busquístar A proximidade dos cumes cheios de neve é um aliciante mais para desfrutar da serra, enquanto que os rios aprazíveis são idóneos para passar um dia delicioso de pesca. 24 25 As casas de Pampaneira salpicam toda a ladeira da montanha hados de telhas e casas caiadas parecem trepar até o cume do Mulhacén rodeado de bosques. Bem conhecidos são os seus presuntos e enchidos juntamente com as suas trutas muito abundantes no rio Trevélez. Chaminés típicas da Alpujarra Rio Trevélez, conhecido pelas suas excelentes trutas Na peugada de Gerald Brenan O escritor de origem maltês Gerald Brenan, apaixonado da Alpujarra, decidiu instalar-se em Yegen, onde escreveu a sua obra Ao Sul de Granad a. Visitando as povoações que salpicam a Sierra Nevada capta-se facilmente o encanto destas terras onde é possível viver uma aventura surpreendente entre a Historia e a Natureza. Em Mecina Bombarón (1.204 m.), sede do Câmara Municipal de Alpujarra de la Sierra, começa esta percurso. Cidade natal de Abén Abó, cabecilha da revolta mourisca foi eleito rei da Alpujarra após a morte de Abén Humeya, e, no seu urbanismo destaca a sua arquitectura muçulmana, sendo dignas de menção a sua Ponte Romano sobre o rio Mecina e a sua Igreja 26 do século XVI. Na mesma zona municipal. Pela bifurcação de El Golco chega-se até Yegen (1.037 m.), onde se conserva a casa Ponte islâmica de “La Tableta”, Válor na qual morou o escritor Gerald Brenan entre 1920 e 1934. Uma vereda leva até o Peñón del Fuerte, cujo nome provém das ruínas de um castelo islâmico de época do califado no qual, Mecina Bombarón Arredores das ruínas do castelo “El Fuerte” contam as lendas, moraram os últimos mouriscos sublevados. A seguinte visita é Válor (901 m.), povoação ao parecer de origem romano onde nasceu Fernando de Córdova e 27 Válor (Abén Humeya ) , caudilho da Rebelião das Alpujarras de 1568 e monarca dos mouriscos. Como recordação deste facto histórico celebram-se as festas dos Mouros e Cristãos, recreando as batalhas nas suas ruas. Entre os seus monumentos destacam a igreja do século XVI e a Ponte de La Tableta, da época andalusí. Pertencem também ao município Nechite (977 m.), com seus bairros separados por hortas, e Mecina Alfahar (810 m.), com o seu Castelo medieval. A poucos quilómetros está Mairena (1083 m.). Considerada como a Varanda da Alpujarra, o olhar perde-se entre as Serras da Contraviesa e Sierra Nevada, destacando-se entre os seus monumentos a Igreja mu d é j a r. Júbar e Picena, do mesmo modo que Maire n a, pertencem ao município de N ev a d a; entre as suas ruas estreitas respira-se o legado da cultura muçulmana. Laroles, sede da Câmara Municipal está situada a 1.082 m. de altitude, entre os rios Bayárcal e La Ragua. Rodeado de bosques de Castanhos frondosos oferece uma vista magnífica destacando entre as suas ruas caiadas a silhueta da sua Igreja do século XVI, coroada pela sua torre impressionante. Daqui chega-se até ao cume da Ragua, a 2.000 m. de altitude, um lugar rodeado de bosques de diversas espé- Yegen, a povoação da qual cies o qual é o cenário perfeito para a se apaixonou Gerald Brenan O passado mourisco das povoações que fazem parte deste percurso é patente no seu urbanismo de ruas estreitas e casas caiadas, perfeitamente adaptadas ao terreno, que parecem trepar pelas encostas da Sierra Nevada. Na peugada de Gerald Brenan vada, podem ser contempladas uma vistas esplêndidas que abrangem desde a Sierra de Cazorla até o Cabo de Gata. Este percurso é considerado um dos mais importantes da Alpujarra y Valle de Lecrín, posto que une a comarca com o Marquesado del Zenete. O nome da zona “Ragua” deriva de um vocábulo árabe que significa “recolhimento de água”. É um nome muito acertado, pois dos seus cumes descem percursos de água e mananciais sussurrantes, mostrando a natureza todo o seu esplendor. Mecina Alfahar surge entre um vergel maravilhoso prática de desportos de montanha como o esqui de fundo, bicicleta ou percursos a pé. Fronteira entre as províncias de Granada e Almeria, 28 desde este cume, que decorre pelo maciço montanhoso da Serra Ne- Cume da Ragua (2.000 m.), fronteira natural da Alpujarra O humanista sevilhano Antonio de Nebrija, ficou admirado da beleza da Ragua, e baptizou esta zona com o nome de “Puerto de la Espuma” devido às nuvens contínuas que decoravam os seus cumes. Vista de Laroles 29 Percurso do rio Guadalfeo Em Cástaras destacam os seus bairros muito bonitos, testemunho do seu antigo esplendor mineiro e quase despovoados hoje em dia. A sua vizinha, Nieles, apresenta ruas encantadoras e um lavadouro muito antigo. Entre os municípios de Órgiva e Cádiar os caminhos percorrem os desfiladeiros e as grandes montanhas, decorados com bosques, hortas e árvores de frutas, convertendo a zona num vergel com um património histórico muito grande. As povoações parecem mantos de cal sobre os vales e as ladeiras, conservando as formas e os elementos da construção popular da Alpujarra. Órgiva (456 m.), capital da Alpujarra gra n a d i n a e o maior centro comercial da 30 Vereda rural típica Os vestígios do pasado Rua pitoresca em Nieles Alpujarra ocidental, é o ponto de partida. Situada à beira do rio Guadalfeo e rodeada de olivais, esta localidade conserva o seu antigo urbanismo com ruas estreita e l a rgos muito bonitos, com “maravilhas”, trepadeiras com campainhas azuis. Destacam os telhados das suas torres gémeas da sua IgrejaMor, podendo-se visitar o castelo/palácio dos Condes de Sástago. A 3 km. subsistem ainda, debruçadas sobre o Barranco do Castillejo, as ruínas de uma fortaleza dos Almoravidas, como recordação do seu passado importante. Passado o Cume de Juviles, pela estrada comarcal chega-se até To rvizcón (684 m.), cuja silhueta de As torres gémeas da Igreja-Mor coroam Órgiva casas caiadas fica recortada na lad e i ra Sul da Sierra Nevada. Considerada outrora como capital da Contraviesa, conserva ainda o artesanato do esparto e continua a ser elaborado um pão de figo excelente. O seu monumento mais notável é a Igreja Paroquial. Do outro lado do vale, num cenário incomparável está situado Almegíjar (813 m.), uma aldeia típica da Alpujarra . Deixando a estrada e seguindo uma bifurcação por um caminho está situada Notáez, o qual é t a l vez o município que conserva melhor a essência do passado, com muitos testemunhos romanos e muçulmanos. Passada uma via local chegamos até Cástaras e Nieles. Cultivos em socalcos A zona do rio Guadalfeo é rica em jazigos e vestígios a rqueológicos de diversas épocas. Órgiva alberga vários jazigos, como a necrópole da época do Bronze em Navas de la Eva, a povoação e a necrópole ibero-romana de Cerro de la Mora o os restos dos oleiros muçulmanos do bairro de Las Barreras e os dos Molinos de Benisalfe, do século XV. É muito interessante a paisagem de arqueologia industrial das antigas Minas del Conjuro, na Sierra da Contraviesa, um lugar situado apenas a 6 km. de Almegíjar que recorda o auge da minaria no fim do século XIX e princípios do XX. 31 Percurso do rio Guadalfeo Igreja de Juviles 32 Continuando pelo caminho local está Juviles (1.255 m.). Foi capital da tahá na época muçulmana, destacando pela sua produção de seda. As suas ruas estreitas e coloridas levam até à sua Igreja, com a sua torre de pedra muito bonita, e até às ruínas do castelo medieval, conhecido com o nome de El Fuerte (século VIII). Também pode ser observado o seu grande recinto amuralhado, vestígio dos seus antigos povoadores. A povoação seguinte, Bérchules (1.255 m.), onde nasce o rio Guadalfe o, é um autêntico ve rgel pela sua riqueza agrícola. No seu urbanismo brilha a sua Igreja, construída sobre uma antiga mesquita. Abundam os ma- nanciais de aguas ferruginosas e bicarbonatadas e fontes como a das C a rmelas, onde é possível fazer uma parada no caminho para se refrescar. Nos seus arredores estão os rios Chico e Grande, ideais para a pesca da truta, a pequena aldeia de Alcútar e a cova onde foi assassinado Abén Abó. C o n t i nuando pelo caminho chega-se até Cádiar (919 m.), uma localidade de origem islâmica, posto que o topónimo provém do á rabe cadí (juiz). É conhecida pelas suas indúst rias de artesanato e 33 cooperativas agrícolas, tendo sido introduzido recentemente o cultivo da framboesa. Entre as suas ruas podemos contemplar a sua Igreja, Rua muito estreitinha em Tímar uma das mais antigas da Alpujarra y Valle de Lec r í n. Passeando pelo bairro Baixo quitectura popular, como as pra ç a s podem ser contempladas uns do Calvário e da Ermida. Muito inexemplos muito bonitos da sua ar- teressante é a festa da vindima, celebrada no Outono. Nos seus arredores pode-se visitar um moinho de farinha ou localidades como Narila, que ainda conserva a antiga casa de Abén Humeya, Lobras, a povoação das flores, e Tímar, conhecida pelos seus tecidos artesanais, e onde se conserva uma antiga fo rtaleza islâmica.. Entre Cádiar e Narila está a oliveira onde Abén Humeya, dizem as lendas, foi coroado rei dos mouriscos durante a Rebelião das Alpujarras. Fonte de las Carmelas, Bérchules Vinhos e cortijos (casas de lavoura) O coração da comarca é a Sierra da Contraviesa, entre a Sierra Nevada e o litoral mediterrâneo. Nas suas ladeiras abundam os vinhedos de cujos frutos se elabora o vinho “costa”, vinho de com uma qualidade excelente e ideal para acompanhar as carnes e os enchidos da zona. Durante este percurso pela zona mais meridional da Alpujarra y Valle de Lecrín, as casa de lavoura estão situadas alternativamente com povoações muito pitorescas e com uma grande tradição cultural que têm no ”trovo” uma das suas senhas de identidade. “ E n c a n t ador com o seu vale de álamos e os seus faralhões vermelhos”, como disse Gerald Brenan, 34 da Contraviesa C o n t i nuando pelo caminho chegamos até Murtas (1.114 m.), com as suas casas de lavo u ra muito emblemáticas, produzindose nas mesmas vinhos e amêndoas excelentes. É neste cenário onde nasce o “trovo”, uma manifestação folclórica na qual o trov ador canta à vida com muita ori g inalidade. Da sua longa História são testemunho os vestígios do Neolítico achados na zona, destacando também na povoação a Igreja neoclássica de San Miguel, uma das mais imponentes da comarca. Muito perto está Cojáyar, onde está situado o Castelo romano de Juliana, e Mecina Te d e l, Poço de la Virgen del Martirio, Ugíjar antiga conjunto de casas de lavo u ra andalusis presentemente semi-abandonada com uma Igreja do estilo mudéjar. Albondón (893 m.), siA poucos quilómetros de Mecina Tedel está tuada sobre o cerro de la situado o Cerrajón, o qual, com os seus Encina, é o destino seguinte. No seu tecido urbanísti1.500 m. é o cume mais alto da Contraco aprecia-se a origem islâviesa, oferecendo uma vista espectacular da mico desta povoação cuja fonte de riqueza é baseada Sierra Nevada e o mar Mediterrâneo. nos vinhos e as amêndoas, Na Alpujarra, vasos de flores enfeitas as janelas e as varandas assim é U g í j a r, o ponto de partida. Situado no centro de um vale atravessado pelo rio Nechite, é conhecido pela sua actividade comercial desde tempos muito antigos, posto que já foi mencionado como tal nas obras de Estrabão e em numerosas crónicas islâmicas. Nas suas ruas são frequentes as fachadas com varandas floridas das antigas casas senhoriais. Realçam a sua beleza o Santuário da Virgen del Mart í ri o, padroeira da Alpujarra, a Ermida de San Antón e o Pozo de la Virgen. Las Canteras e Los Montoros aparecem como oásis numa paisagem desértica antes de chegar a Jorairátar, onde para além de visitar o seu museu da lavo u ra podemos contemplar uma paisagem muito bela da S i e rra Nevada desde o Tajo de la Cruz. O sossego combina-se com o encanto arquitectónico nesta localidade que vive à sombra de um rochedo, rodeada por uma paisagem abrupta, exemplo da variedade dos lugares da Alpujarra . Paisagem da Alpujarra na Contraviesa 35 Vinhos e cortijos (casas de lavoura) sendo obri g a t ó ria uma visita às suas adegas e à Igreja de San Luis. A poucos km. está Albuñol. Muito perto, na Rambla de las Ang o s t u ras está situada a C u eva de los Murciélagos (Cova dos Morce- Vinhedos da Contraviesa 36 gos), com vestígios humanos importantes da época Neolítica. Pode-se descer até La Rábita, ir até uma das suas praias ou dar passeios pelos percursos e espeleologia em lugares como a Majada de los Campos. Continuando o percurso chegamos Sorv i l á n, onde abundam os vinhedos rega- dos com técnicas muçulmanas, produzindo um vinho “costa” estupendo nas suas adegas familiares típicas. É uma povoação pitoresca com ruas estreitas e calcetadas com casas caiadas debruçadas para o Mediterrâneo, onde se conserva um dos teares de jarapas (mantas de retalhos) mais antigo da comarca. A destacar dos seus monumentos uma fortificação nazarita situada na aldeia de Melicena, perto dos mananciais de águas fe rruginosas. Por uma bifurcação chega-se até Polopos, em pleno coração da serra, uma povoação isolada e tranquila que o tempo parece ter sido congelado na altura ideal para fazer uma parada e contemplar a sua paisagem idílica. É necessário, à volta, para r na loja rural de Haza de Lino, bem como na aldeia de Alfo r n ó n, situada num bosque de sobreiros, o qual, conforme os botânicos é o mais antigo da Península. Rubite, povoação típica da Alpujarra Baixa da Contraviesa Vinho “Costa” da Contraviesa Com a Indicação Geográfica Protegida de Vinho “Costa” engloba os vinhos elaborados na zona da Contraviesa, nos municípios de Albondón, Albuñol, Almegíjar, Cádiar, Cástaras, Jorairátar, Lobras, Murtas, Polopos, Rub i t e, Sorv i l á n, Torvizcón e Turón. Trata-se de um vinho jovem e afrutado, com uma grande qualidade e valor ecológico, que acostuma a ser elaborado em adegas com um carácter familiar e distribuído ao retalho, apesar de alguns empresários estarem a apostar na comercialização a maior escala, oferecendo assim a oportunidade de poder desfrutá-lo fora do seu lugar de origem. Moinho de Benisalfe Apanhando outra bifurcação chegamos até R u b i t e, uma povoação típica da Alpujarra Baixa. Passeando pelas suas ruas, tendo como companheiro o Mediterrâneo, a calma apodera-se do viajante. Entre o mar e as montanhas, pela C-333, pomos o ponto final deste percurso em Órgiva, capital da Alpujarra. Os Moinhos de Benisalfe, do século XV, são um lugar propício para descansar e se deleitar com as recordaç oes deste percurso pela Alpujarra mais meridional. 37 Para estar activos Desde realizar passeis a pé pelo percurso do lanço GR 7 da Alpujarra até voar no céu numa asa delta, as possibilidades de turismo activo na Alpujarra y Valle de Lecrín adaptam-se a todos os gostos. Excursionistas a descansar durante o caminho GR-7 38 O lanço GR-7 das Alpujarras, o Percurso Comprido que atravessa a Península Ibérica desde a Catalunha até à Andaluzia, parte do Cume da Ragua e finaliza em Lanjarón (Alpujarra Alta granadina). Faz parte do E-4, Percurso Europeu que começa na Grécia e chega até Gibraltar. Fazer este percurso a pé é uma experiência inesquecível, descobrindo lugares impressionantes, rios e serras, povoações encantadoras… Como é também atravessar a comarca através do lanço granadino do percurso G R - 1 4 2, desde o vale do rio Mecina até L a n j arón, um itinerário onde a água é a protagonista. A prática dos percursos a pé através destes passeios a pé, bem como por qualquer outro percurso identificado, é uma das melhores maneiras de conhecer aprofundadamente esta comarca. Também pode utilizar a bicicleta de montanha, é a opção perfeita para saborear as paisagens e, ao mesmo tempo, realizar um desporto muito saudável. É preciso ter em conta as características das estadas da Alpujarra, estreitas e íngremes, e aumentar a precaução nomeadamente nas vias partilhadas com viaturas a motor. A Sierra Nevada é o cenário perfeito para a prática da escalada e o montanhismo. A sensação incrível de coroar um cume após horas de escalada, o prémio de A água no seu meio natural poder avistar as panorâmicas mais belas e a experiência de defrontar novos desafios, sempre estreitamente em contacto com a natureza, é uma experiência que está ao alcance da mão para todos os que visitem a comarca. GR-7 perto dos cumes da Sierra Nevada GR-142 Bicicleta de montanha, emoção e aventura Conhecer a Alpujarra de bicicleta 39 Para estar activos Actividades de montanha como a descida dos canhões ou de barrancos encontram na Alpujarra y Valle de Lecrín uma envolvente inigualável. Outra opção é realizar percursos de cavalo, este belo animal sempre presente na cultura andaluza. A Alpujarra y Valle de Lecrín é o lugar ideal para desfrutar do ar livre zados, para sentir a emoção e o risco respeitando sempre o meio natural. A sensação incrível levantar voo, procurada pelos homens desde os tempos mais remotos, torna-se numa realidade graças ao parapente e a asa delta. Os mais ousados podem praticar estas actividades nas zonas montanhosas das Alpujarras, especialmente no interior do Parque Nacional da Serra Nevada. O turismo da saúde tem uma marcação iniludível no Balneário de Lanjarón, cujas águas com qualidades minero-medicinais, que brotam de cinco mananciais, possuem qualidades terapêuticas para tratar diversas afecções, entre elas o stress. 40 41 O cavalo, emblema da Andaluzia Montanhismo na Sierra Nevada Na comarca existem ofertas de passeios com diversas durações e dificuldades, através dos vales muito belos e das serra incluindo paisagens impressionantes com neves. Também pode realizar passeios de burro muito pitorescos ou de mula, espécies que continuam a ser utilizadas nalgumas zonas da Alpujarra para os trabalhos agrícolas. Os mais activos podem optar pelos percursos guiados em viaturas 4X4, por vias habilitadas para esta actividade. Uma alternativa que ofe r e c e m estabelecimentos especiali- Parapente, a sensação inacreditável de levantar voo Nos rios da Alpujarra é p o s s í vel praticar desportos como as pirogas e a pesca. As águas do rio Guadalfeo são o quadro idóneo para desfrutar do desporto e o divertimento em piroga, enquanto que as águas frias dos rios da montanha são o quadro perfeito para a prática da pesca desportiva. A praticar a escalada Pesca desportiva