Arc Design + ApexBrasil Edição Especial IV Bienal Brasileira

Transcrição

Arc Design + ApexBrasil Edição Especial IV Bienal Brasileira
design • arquitetura • inovação • sustentabilidade
Arc Design + ApexBrasil
Edição Especial
IV Bienal Brasileira de Design
Nº 77
2013
R$ 24,50
Tudo sobre a IV Bienal Brasileira de Design: exposições + seminários + eventos paralelos
Faça o seu produto se
tornar moda no exterior.
EXPORTAR É INOVAR.
Your production becoming
fashion abroad.
EXPORTING IS INNOVATING.
São Paulo
Criatividade, sustentabilidade, tecnologia e inovação são produtos de exportação do Brasil. O país se torna mais competitivo a cada dia e
gera oportunidades para as empresas brasileiras conquistarem mercados no mundo inteiro. Com o apoio da Apex-Brasil e do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a Rhodia exporta para Itália e França o inovador Emana, um fio têxtil inteligente de poliamida
capaz de promover o bem-estar, o conforto e melhorar o desempenho das roupas que ajudam a combater a celulite e a fadiga muscular.
Exportar também pode ser o melhor negócio para a sua empresa. Aproveite o bom momento do Brasil no exterior e leve a sua micro, pequena,
média ou grande empresa para outros países. Acesse www.apexbrasil.com.br.
Creativity, sustainability, technology and innovation are some of the products exported by Brazil. The country is becoming more and more competitive, generating
opportunities for the Brazilian corporations to win markets all over the world. Supported by Apex-Brasil and the Ministry of Development, Industry and Foreign
Trade, Rhodia exports to Italy and France the innovative Emana – a smart polyamide textile thread capable of promoting wellbeing, comfort and improving the
performance of clothes that fighting cellulites and muscle fatigue. Exporting can also be the best deal for your company. Take advantage of this nice moment of
Brazil abroad, and take your micro, small, medium or big size corporation to other countries. Access www.apexbrasil.com.br.
Roma
Editorial
Esta edição especial da revista ARC DESIGN é dedicada à IV Bienal Brasileira de Design, realizada em Belo Horizonte,
de 19 de setembro a 31 de outubro de 2012.
Convidada como curadora, procurei traduzir os conceitos básicos expressos pelos proponentes da Bienal, principalmente aquele básico: diversidade, que também traduz a realidade brasileira. Diversidade cultural, étnica, geográfica.
Também diversidade de pensamento, leituras e tendências. Procuramos abranger o maior número possível de visões
e temas, alargando os limites desta iniciativa graças à contribuição dada por estudiosos e especialistas em cada
segmento abordado.
Esta foi uma Bienal nacional, em suas mostras; e também internacional, pelo aporte trazido por seminários e seus temas,
e pelos conferencistas convidados. Ao longo desta edição especial de Arc Design será possível ver e/ou rever a Bienal
e a contribuição trazida para nossa cultura. Foi também uma Bienal que, por diversas razões, contou com dois blocos
de eventos paralelos: o corpo da Bienal com ações programadas em seu projeto inicial, e as ações que fizeram parte do
Tempo do Design em Minas, recebendo participações externas que serviram para enriquecer o projeto como um todo.
Já sabemos que não é possível sermos globais sem antes sermos locais. Esta é uma importante afirmação de muitos estudiosos das diversas culturas ocidentais, sobretudo em relação aos objetos que habitam nosso cotidiano.
Obedecendo a esta verdade, uma das mostras da Bienal tem início com exemplos de obras de artistas populares ou
primitivos, e apresenta, em sua última sala, a mais avançada tecnologia para a produção de objetos – a da produção em 3D. Esta é uma forma avançada não apenas de construir produtos cotidianos em pequenas tiragens mas, e
sobretudo, de aplicações na medicina, nos esportes, na arquitetura. Na Bienal foram exibidos moldes personalizados
de proteção para esportistas profissionais e realidades brasileiras, como o estudo da casa do João-de-Barro e do
cupinzeiro – exemplos curiosos que podem ser aplicados às premissas da arquitetura.
Nas diversas mostras era possível ver a riqueza do solo mineiro, com seus minerais e pedras; as pesquisas, evolução e
qualidade de nossa indústria automobilística na bela mostra realizada pela FIAT; o momento atual do design, no resultado dos diversos concursos; a profunda reflexão sobre o ensino do design, nos seminários organizados pelo curador
adjunto e reitor da UEMG, Dijon de Moraes, e naquele proposto pelo SEBRAE-MG; a irreverência e fantasia na mostra
de Ronaldo Fraga; e muito mais.
A Semana Apex-Brasil, sintonizada com os principais objetivos da instituição, que são a promoção dos produtos e
serviços brasileiros no exterior e a atração de investimentos diretos, trouxe formadores de opinião estrangeiros para o
evento no âmbito do Projeto Imagem, abordou a relação entre design e moda em um simpósio internacional com um
panorama da indústria do setor no Brasil e no mundo; e realizou ainda o Projeto Comprador, com a vinda de importadores para conhecer a produção local.
Em suas diversas vertentes, a Bienal foi vista por um público nacional e internacional de mais de 70 mil visitantes, reunindo
empresários, designers, professores e pessoas interessadas e curiosas por entender o que significa o “fenômeno design”.
Esta edição é uma iniciativa conjunta com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), órgão que efetivamente tem contribuído para a expansão de nossa visibilidade e de novos mercados para o
produto brasileiro, além de grande incentivadora desta Bienal. ARC DESIGN assumiu, desde sua primeira edição, o
papel de uma publicação cujo objetivo era o de veicular a história e trajetória, o significado, o futuro, a inovação e
o aprofundamento dos temas contemporâneos, no âmbito do design. Nada mais natural do que a realização desta
parceria para deixar registrado o momento do design brasileiro e internacional até 2012, representado na IV Bienal
Brasileira de Design, e para vislumbrar os sinais, alguns ainda fracos, da grande evolução que começa a acontecer no
universo da produção brasileira.
Maria Helena Estrada
This special edition of ARC DESIGN magazine is devoted to the 4th Brazilian Design Biennial Exhibition, held in Belo
Horizonte, from September 19 to October 31, 2012. Invited as a curator, I sought to translate the concepts expressed
by the proponents of this Biennial, especially that basic one: diversity, which also reflects the cultural, ethnic and geographical Brazilian reality. Also diversity, of thought, reading and trends. The largest possible number of view points
and themes were approached, extending the boundaries of this initiative thanks to the contribution given by scholars
and experts in each addressed segment.
In 2012, the exhibition expanded its international scope not only due to the participation of foreign journalists and
opinion leaders, but also because of the support given by the seminars’ guest speakers. Throughout this special
edition of Arc Design it will be possible to view and/or review the 4th Design Biennial Exhibition and the contribution
brought to our culture. This Biennial, for several reasons, was also an exhibition that had two kinds of concurrent
events: the Biennial Exhibition featuring initiatives planned in its initial project and what was called Time for Design in
Minas with foreign participants that enriched the project as a whole.
We already know that it’s impossible to be global without first being local and this applies especially to the objects
that furnish our everyday lives. Based on this truth, one of the shows at the exhibition featured examples of popular
artists’ works and, in its last space, leading-edge technology for the production of objects – 3D production – which
can be used to build everyday items and be applied to medicine, sports and architecture. Its application versatility
was showcased in the exhibition through customized molds to protect professional sportsmen and the studies on
João de Barro’s houses and termite mounds - intriguing examples found in nature that can be applied to architecture.
A varied number of exhibtions displayed the richness of the soil in Minas Gerais and its industry with jewels made out
of precious stones and the research, development and quality of our automotive industry in a beautiful show held by
FIAT. The current status of design was shown with the result of several competitions held during the exhibition, including IDEA/Brasil and the irreverence and fantasy at Ronaldo Fraga’s show. It was also possible to reflect on the teaching of design in seminars organized by the associate curator and dean of UEMG, Dijon de Moraes and by SEBRAE MG.
The Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (APEX-Brasil) organized the Apex-Brasil Week to enhance the
importance of design for business competitiveness. The Agency brought foreign journalists and opinion leaders to
the exhibition, addressed the relationship between design and fashion at an international symposium and held the
Buyer’s Project, which brought importers to get to know the local production.
In its various forms, the Design Biennial exhibition was attended by more than 70.000 visitors including Brazilian and
foreign entrepreneurs, designers, university students and people interested and eager to better understand design.
This edition is a joint initiative with the Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (APEX-Brasil), a great promoter of this event that has effectively contributed to the expansion of our visibility abroad and the opening of new
markets for Brazilian products. The mission of the Agency is to develop the competitiveness of Brazilian companies,
promoting the internationalization of their business and the attraction of direct foreign investments. ARC DESIGN has
taken on, since its first edition, the role of a publication whose goal is to convey the history and trajectory of design,
its meaning, its future, the innovation and the deepening of contemporary issues. This perfec partnership has provided an insight into the status of the Brazilian and international design until 2012, as it was represented at the 4th
Brazilian Design Biennial Exhibition, in addition to a glimpse of the signs of the great evolution that has begun in the
Brazilian production process.
Maria Helena Estrada
Índice
22
10.
ARTIGOS / articles
O design e a competitividade no exterior
Design and competitiveness abroad
Mauricio Borges
12.
Excelência e criatividade
Excellence and creativity
Dorothea Werneck
13.
Desafios contemporâneos
Contemporary challenges
Eliane Parreiras
14.
A ferramenta do design
The design tool
Heloisa Menezes
15.
Pelo impulso local e por um
novo ensino do design
On the local drive and a new
design education
Dijon de Moraes
56
18.
Palestra Inaugural / conference
Havaianas, marca (inter)nacional
Havaianas, an (inter)national brand
Angela tamiko hirata
32.
40.
Simpósio / symposium
Inovação e competitividade para
o design brasileiro
Innovation and competitiveness
for Brazilian design
ENTREVISTA / interview
De olho no mundo
With an eye on the world
Marco Aurélio Lobo
66
4.
110.
112.
114.
Editorial
Bienal em números
Ficha técnica
Expediente
22.
Mostras / exhibitions
Da Mão à Máquina
From hands to machine
44.
Objetivo? Exportação
Main goal? To export
50.
A importância do mobiliário na sociedade
Take a seat and... think!
56.
Moda fabulosa
Fabulous Fashion
60.
Marca italiana, design brasileiro
Italian brand, Brazilian design
66.
O valor de uma boa ideia
The value of a good idea
76.
Incentivo ao novo
Incentive to the innovation
86.
Joias: do histórico ao contemporâneo
Jewels: from historical pieces to contemporary ones
72.
72
60
Congresso e Seminários / congresses
A escola reflete, repensa e fala de si
The school reflects, rethinks and speaks about itself
82.
Economia criativa e design
Creative economy and design
90.
Design e tecnologia em pauta
Design and technology
identidade visual e cenografia /
visual identity and scenography
100. D + D = B
Gustavo Greco
106.
44
Paisagens cenográficas
Minas on the scene
Marko Brajovic e Carmela Rocha
100
O design
e a competitividade
no exterior
Mauricio Borges
No concorrido mercado global, design, inovação e sustentabilidade são
a chave para as empresas se diferenciarem e conquistarem espaço
na preferência dos consumidores. Para nós, da Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), é muito evidente a função estratégica desses três itens para a competitividade
das indústrias.
Nosso objetivo é que, cada vez mais, o Brasil esteja nas principais vitrines
do mundo com produtos modernos e inovadores, que geram tendências e
atraem os consumidores. Assim, criamos, no ano passado, as Unidades de
Inovação e Design e de Sustentabilidade, que têm a função de desenvolver
ações transversais junto aos nossos projetos setoriais de promoção de
exportação, mantidos em parceria com 83 entidades empresariais.
Por isso, temos trabalhado em diversas frentes com o objetivo de sensibilizar as empresas brasileiras para a importância desses temas. O
nosso apoio à Bienal Brasileira de Design, realizada em 2012, em Belo
Horizonte (MG), trouxe resultados efetivos dentro da nossa estratégia
de apresentar a importância do tema para as empresas e para a própria
sociedade brasileira. Além de ações de sensibilização e capacitação, traçamos programas
para promover de forma direta a incorporação do design ao produto,
como o Design Export, que irá apoiar o desenvolvimento de inovações em
70 empresas; e o Design Embala, com foco na melhoria das embalagens.
Ao mesmo tempo, quando trouxemos compradores e formadores de
opinião estrangeiros para participar da Bienal, atuamos para promover
no exterior o grande desenvolvimento que o design do nosso país vem
experimentando nos últimos anos.
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É nítido que, como parte do processo de fortalecimento da economia
do país, as empresas vêm investindo cada vez mais na incorporação
do design a seu processo produtivo. Ao mesmo tempo, há um grande
desenvolvimento dos profissionais brasileiros que atuam na área.
A força e a maturidade do nosso design vêm sendo promovidos pela
Agência em diversos eventos também fora do Brasil – como o Brazil
S/A, exposição realizada durante a Semana de Design de Milão (Itália).
Há um grande interesse, no mundo todo, pelo que o Brasil pode oferecer
de inovador ao consumidor. Nosso país está despertando atenção e vem
respondendo de forma muito positiva a essas expectativas, demonstrando que pode criar tendências e se destacar, não só no design, mas
também na moda, nas artes e em diversos segmentos da chamada economia criativa.
Um número cada vez maior de jovens designers vem seguindo o caminho
da inovação e da criatividade. A diversidade cultural e o rico artesanato
brasileiro servem como fonte de inspiração, enquanto a nossa biodiversidade possibilita o emprego de uma ampla variedade de matérias-primas,
utilizadas de forma sustentável. Essas características criam produtos
únicos e que se diferenciam no mercado internacional. Vamos contar
essas histórias em todo o mundo e trabalhar para que elas sejam cada
vez mais comuns!
Mauricio Borges é Presidente da
Agência Brasileira de Promoção
de Exportações e Investimentos
(Apex-Brasil) / president of the Brazilian
Trade and Investment Promotion
Agency (Apex-Brasil)
Design and
competitiveness
abroad
In the competitive global market, design, innovation and sustainability are the key
factors that allow companies to gain a competitive advantage and space in the
consumer preference. For those who work at the Brazilian Trade and Investment
Promotion Agency (Apex-Brasil), it is clearly evident that these three items play a
strategic role in the competitiveness of enterprises.
Therefore, we have been working on several fronts in order to sensitize Brazilian
companies to the importance of these issues. Our support to the Biennial Brazilian
Design Exhibition, held in 2012 in Belo Horizonte (MG), produced effective results
within our strategy to present the significance of the topic to companies and the
Brazilian society.
At the same time, when we brought buyers and foreign opinion makers to attend
the Biennial event, we worked to promote abroad the great development that
design has been experiencing in our country in recent years.
It is clear that, as part of the process of strengthening the country’s economy,
companies are increasingly investing in the incorporation of design into their
production process. At the same time, there has been a great development of
Brazilian professionals who work in the area.
The strength and maturity of our design have been promoted by the Agency in
several events outside Brazil, including Brazil S/A, an exhibition held during the
Design Week in Milan (Italy).
Our goal is to see more and more Brazilian products in the world’s leading
showcases with modern and innovative features that generate trends and attract
consumers. Thus, last year we created the Innovation, Design and Sustainability
Units, which aim to develop action plans for our sector-based projects to promote
exports, held in partnership with 83 business organizations.
In addition to raising awareness and improving qualification, we have built programs to directly promote the incorporation of design into products, such as the
Design Export, which will support the development of innovations in 70 companies, and the Design Embala (Design Packs), focused on improving packaging.
There is great interest all over the world in the innovative products that Brazil can
offer to consumers. Our country has been attracting attention and responding very
positively to these expectations, demonstrating that we can create trends and
stand out not only in the design field but also in fashion, arts and various segments
of the so called creative economy.
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A growing number of young designers have followed the path of innovation and
creativity. The Brazilian cultural diversity and skillful craftsmanship serve as a
source of inspiration, while our biodiversity enables the sustainable use of a wide
variety of raw materials. These characteristics create unique products that stand
out in the international market. Let’s tell these stories around the world and work
so that they become commonplace!
Excelência
e criatividade
Dorothea Werneck
Dorothea Werneck é Secretária de
Desenvolvimento Econômico de
Minas Gerais / Secretary of Economic
Development of Minas Gerais
O design brasileiro tem obtido cada vez mais visibilidade no mundo
inteiro e se destaca por sua excelência e criatividade. O processo de
inserção no mercado externo se beneficia de importantes iniciativas de
suporte adotadas por diversas instituições privadas e públicas, tais como
a Apex-Brasil. A valorização do design nas nossas exportações vem permitindo que os produtos made in Brazil obtenham sucesso em mercados
nos quais atributos associados ao design, como a qualidade, a funcionalidade e a beleza, são essenciais para os consumidores.
Em Minas Gerais, além das ações das empresas que investem no setor,
é importante destacar a atuação das nossas escolas de design, especialmente a da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Um exemplo
do bom trabalho desenvolvido pela instituição foi a premiação dada, no
ano passado, para a aluna da Escola de Design da UEMG Priscila Ariane
Loschi, como a grande vencedora do 26° Prêmio Jovem Cientista na
categoria Ensino Superior.
12
Para completar o quadro de apoio ao design em Minas Gerais, o governo
do Estado atua por meio de parcerias consolidadas com a Federação das
Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), com o Sebrae e com a Associação
Objeto Brasil, que atuam para desenvolver e promover o design brasileiro
no Brasil e no exterior. Em outubro do ano passado Minas Gerais recebeu
de braços abertos a IV Bienal Brasileira do Design. O sucesso do evento
só ajuda a consolidar a percepção de que estamos no caminho certo.
Excellence and
creativity
Brazilian design has gained increasing visibility worldwide and stands out for its
excellence and creativity. The process of entering the foreign market benefits from
important support initiatives adopted by many private and public institutions, such
as Apex-Brasil. The enhancement of design in our exports has enabled products
made in Brazil to succeed in markets where attributes associated with design,
quality, functionality and beauty are essential to consumers.
In Minas Gerais, in addition to actions taken by companies that invest in the sector,
it is important to highlight the performance of our design schools, especially at the
State University of Minas Gerais (UEMG). An example of the good work done by
the institution was the award received last year by Priscilla Ariane Loschi, a student
of the School of Design at UEMG who won the 26th Young Scientist Award in the
Higher Education category.
To complete the design support structure in Minas Gerais, the state government
established partnerships with the Industry Federation of Minas Gerais (Fiemg), with
Sebrae and with the Objeto Brasil Association, working to develop and promote
Brazilian design nationally and abroad. In October 2012 Minas Gerais welcomed
the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition. The success of the event helps us
come to the realization that we are on right track.
Desafios
contemporâneos
Eliane parreiras
Eliane Parreiras é Secretária de Estado
de Cultura de Minas Gerais / State
Secretary of Culture of Minas Gerais
Foi uma grande alegria para Minas Gerais realizar a IV Bienal Brasileira de Design 2012,
um evento que coloca em foco todo o potencial inovador e criativo que a cultura brasileira
oferece ao público e ao mercado. Sem dúvida, o Brasil é um grande celeiro de talentos em
todas as áreas da chamada “economia criativa”, demonstrando vocação em diversas áreas,
como o design, a moda, a arquitetura, o artesanato, as artes visuais, entre tantas outras.
Assim como Minas, que também esteve brilhantemente representada pelos artistas e profissionais mineiros do design, que expuseram seu trabalho nos diversos espaços em que a
Bienal foi realizada.
Ficamos felizes em participar dessa importante iniciativa, que tanto contribuiu para a troca
de ideias em torno de um tema que leva, em sua essência, a busca por soluções inovadoras
para desafios contemporâneos. E um novo olhar sobre a realidade só é oferecido por meio
de um investimento em Cultura e criatividade.
Esse é, inclusive, um pensamento que o Governo de Minas transformou em diretriz de trabalho. O estímulo à economia criativa reflete-se em inúmeros benefícios, como reconhecimento e valorização de nossa identidade cultural, estímulo ao trabalho de nossos artistas,
geração de emprego e renda de qualidade, requalificação da relação do cidadão com o
ambiente urbano, entre tantos outros.
A IV Bienal Brasileira de Design reforçou o que se confirma em tantas oportunidades: Minas
e o Brasil encontram na Cultura uma de suas maiores riquezas e forças geradoras de
desenvolvimento.
Contemporary challenges
It was a great pleasure for Minas Gerais to host the 4th Brazilian Design Exhibition Biennial 2012, an
event that focuses on all the innovative and creative potential that the Brazilian culture offers to customers and the market. Undoubtedly, Brazil is a rich source of talented people in all areas of the so called
Creative Economy, demonstrating our vocation in several fields, including design, fashion, architecture,
crafts and visual arts. Minas Gerais was also brilliantly represented by local artists and designers, who
exhibited their work in the various spaces where the Biennial Exhibition was held.
We were happy to take part in this important initiative, which has contributed greatly to the exchange of
ideas about a topic that has in its essence the search for innovative solutions for contemporary challenges. A new perspective of reality is only offered through investment in culture and creativity.
This is a thought that the State Government turned into working guideline. Encouraging a Creative
Economy results in several benefits, including the recognition and appreciation of our cultural identity, the
encouragement of our artists’ work, the creation of high-quality jobs and income, and the improvement
of the relationship between citizens and the urban environment.
The 4th Brazilian Design Biennial Exhibition enhanced what has been confirmed in many occasions:
culture is one of the greatest assets and driving forces of development in Minas Gerais and Brazil.
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A ferramenta
do design
Heloisa Menezes
A Bienal Brasileira de Design, iniciativa do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), se insere no contexto do Programa
Brasileiro de Design (PBD), criado em 1995, com o objetivo de promover o desenvolvimento do design no Brasil com foco na consolidação da
marca Brasil no mercado internacional.
Design é ferramenta de competitividade em qualquer lugar do mundo,
mas no Brasil as potencialidades são imensas se considerarmos nossa
capacidade criativa, que é internacionalmente conhecida. Boas ideias,
porém, não bastam. Precisamos atuar para que nossa criatividade se
converta em projetos úteis e de interesse à sociedade.
A IV Bienal Brasileira de Design, realizada em Belo Horizonte, em 2012,
com o tema Diversidade Brasileira, mostrou essa grande capacidade
brasileira de inovar, criar e transformar em realidade ideias geniais. O
evento também se converteu em um sucesso de público. Só a mostra
principal, Da Mão à Máquina, realizada no Palácio das Artes, recebeu 30
mil participantes.
A mostra principal reuniu a produção brasileira dos últimos dois anos
a partir do artesanato, chegando à indústria. Nela, estavam presentes
diversos segmentos ligados ao mobiliário, aos utensílios para a casa, à
moda, às joias, chegando a alguns meios de transporte e à impressão 3D.
A Bienal se distanciou um pouco dos três eventos anteriores na medida
em que o design, nestes últimos anos, se redirecionou e também ampliou
seus focos de interesse. Inovações foram apresentadas, debates e pensamentos, revisitados, e ideias novas, colocadas em pauta. O evento se
mostrou um êxito, como comprova a grande visitação.
Várias iniciativas no sentido de promover o design vêm sendo colocadas
em prática pelo governo, nos últimos anos. O conceito de economia criativa tem se difundido cada vez mais e facilitado a atuação do governo e
da iniciativa privada em ações de promoção do design como negócio de
grande potencial, capaz de gerar empregos e divisas para o país.
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The design tool
The Brazilian Design Biennial Exhibition, an initiative of the Ministry of
Development, Industry and Foreign Trade (MDIC), is part of the Brazilian
Design Program (PBD), established in 1995, aiming to promote the development of design in Brazil focusing on the consolidation of Brazil as a brand in
the international market.
Heloisa Menezes é Secretária de
Desenvolvimento da Produção do
Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior
(MDIC) / Secretary of Production
Development at the Ministry of
Development, Industry and Foreign
Trade (MDIC)
Although design is a tool for competitiveness anywhere in the world, in Brazil
it has enormous potential considering our creative capacity, which is internationally known. Good ideas, however, are not enough. We must work so
that our creativity turns into useful projects that serve the interest of society
Having Brazilian Diversity as the central theme, the 4th Brazilian Design
Biennial Exhibition, held in Belo Horizonte in 2012, showed the Brazilian
great capacity to innovate, create and turning brilliant ideas into reality. The
event also attracted large attendance. The main show alone, From Hands to
Machine, held at the Palácio das Artes, received 30,000 participants.
The main show featured the Brazilian production in the last two years including crafts and industrial products. This exhibit showcased several segments
connected to furniture, household utensils, fashion, jewelry, in addition to
some means of transportation and 3D printing.
The biennial exhibition was slightly different from the three previous events
as design in recent years has also expanded and redirected its focus of
interest. Innovations were presented, discussions and thoughts revisited, and
new ideas placed on the agenda. The event proved a success, as evidenced
by the large attendance.
Several initiatives to promote design have been undertaken by the government in recent years. The concept of creative economy has become increasingly widespread facilitating the work of the government and the private
sector in action plans to promote design as a business with great potential,
capable of creating jobs and generate income for the country.
Pelo impulso
local e um novo
ensino de design
Dijon De Moraes
Dijon De Moraes é reitor da Universidade
do Estado de Minas Gerais (UEMG)
e foi curador convidado das ações
acadêmicas desenvolvidas na IV Bienal
Brasileira de Design / Dean of the State of
Minas Gerais University and was invited as
curator for the academic actions at the IV
Brazilian Design Biennial
Recebi do Governo de Minas a missão de coordenar a Bienal Brasileira de Design, cuja
edição 2012 ocorreu em Belo Horizonte; e, da Curadora Geral, Maria Helena Estrada, o
gentil convite para ser o curador das ações acadêmicas desse importante evento nacional.
Muitos são os fatores que justificam a realização de uma Bienal, o primeiro dos quais o impacto
positivo que um evento dessa proporção arrasta consigo. É uma oportunidade em que empresários e empreendedores atestam, por meio da diferenciação pelo design, os efeitos que um
produto com conteúdos inovadores pode trazer para uma empresa, região ou um país.
Desde o inicio, era nossa intenção que os efeitos da Bienal em Minas fossem fator de
impulso à cadeia produtiva local. Que a Bienal trouxesse como resultado um linkage
comercial, isto é: que os efeitos das suas ações, por meio de mostras, cursos, seminários,
palestras, workshops e demais atividades, nos servissem como húmus rico e fértil para a
expansão e consolidação da prática do design nas nossas empresas.
O design, por ser uma atividade transversal, apresenta essa capacidade de integrar diversas áreas do conhecimento, conjugando as ciências aplicadas, a tecnologia produtiva, a
economia de mercado, o conhecimento e a cultura, além de diversas outras disciplinas
das áreas humanas e sociais.
Uma tarefa complexa como a realização de uma bienal de design cria oportunidade de
um rico diálogo e interação com os diferentes parceiros que a compõem. Destaco, aqui, a
Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SECTES), a Secretaria de
Estado de Desenvolvimento Econômico (SEDE) e a Secretaria de Cultura (SEC), que, juntamente com a Federação das Indústrias de Estado de Minas Gerais (FIEMG), a Universidade
do Estado de Minas Gerais (UEMG) e o Centro Minas Design (CMD), não mediram esforços
para levar adiante o desafio do nobre propósito do Governo de Minas em realizar a IV
Bienal Brasileira de Design em território mineiro.
O papel do ensino: teoria e prática
Há tempos venho me debruçando sobre as grandes transformações nos âmbitos conceituais, estéticos e formais inerentes às disciplinas de cunho projetual, especialmente no que
se refere à arquitetura e ao design. As escolas e correntes tradicionais encontram-se, atualmente, no dúbio dilema entre inovar ou permanecer com métodos cartesianos e racionais para a prática em design. Já se percebe, no entanto, que novas práticas em design
se alinham com as novas e diversas formas de inovação existentes, ora se aproximando
da alta tecnologia – esta muitas vezes distante do ensino em design – ora se voltando ao
artesanato ou à arte, vale dizer, do “não projeto”. Essa realidade coloca também em xeque
a capacidade do projeto racional-funcionalista moderno em continuar sendo o modelo
preponderante para o design e a arquitetura contemporâneos.
Assistimos hoje, de igual forma, a uma das maiores transformações de cunho comportamental, ético e social já vistas, primeiramente por meio da popularização das tecnologias
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digitais e virtuais até o processo de globalização, que colocou em xeque a
velha dicotomia entre Centro-Periferia, agora denominada de eixo NorteSul. Com este novo cenário que se prefigura, o mundo deixa de ser dividido em espaços visivelmente delimitados entre ricos e pobres, cultos e
ignorantes, civilizados e bárbaros. É como se os contêineres, uma vez
rígidos e protegidos, fossem abertos e seus conteúdos misturados entre
si. O mundo, em consequência, ficou rapidamente muito mais complexo.
O design, nesse contexto, repensa seu percurso e novos desafios lhe
são postos: a questão do alinhamento socioeconômico-ambiental, que
interessa tanto aos países ricos quanto aos países pobres; e a questão da identidade local, que passa a ter valor percebido por preservar estilos de vida ameaçados pelo processo de aculturamento e pela
massificação global. Os valores antes tidos como intangíveis e imateriais ganham novos espaços junto às disciplinas projetuais e chegam
mesmo a superar os valores técnicos e objetivos por meio das relações
cognitivas e dos fatores sensoriais. Novos modelos surgem como linhas
guia para a cultura do projeto, em que o velho briefing deixa de ser uma
certeza, com suas demandas precisas e respostas exatas, para ceder
lugar ao modelo metaprojetual. Este indica caminhos possíveis, mas
não aponta rotas definidas dentro da complexidade estabelecida.
O ensino do design ainda se ressente da queda do método racional-funcionalista como modelo exato e preciso. Busca respostas para as
novas perguntas que os jovens estudantes fazem hoje nas faculdades
de design. Claro que essas perguntas e respostas não são mais objetivas e racionais, extrapolando, muitas vezes, o âmbito das escolas de
design: podem estar nas disciplinas antropológicas, sociológicas, psicológicas e tantas outras das áreas humanas, artísticas e sociais, com
mais ou menos afinidade e aproximação com o design.
Recentemente, fui surpreendido por interessante palestra de um colega
em um congresso internacional de design denominado O Design Inspirado
na Ciência. Nele, apresentou suas experiências em design de superfície
aplicadas em animais de estimação: o cliente poderia escolher um coelho
com o desenho do pelo igual ao de um leopardo, ou um cachorro com pelo
de zebra, numa grande demonstração da amplitude de horizontes da profissão e sua interface com áreas do conhecimento até então inimagináveis.
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Muitas das nossas escolas ainda apresentam dificuldades em aceitar
as mudanças ocorridas, por ser mais fácil repetir o que é facilmente
repetível e gerir o que for de mais fácil gestão. Os novos estudantes
de design tendem a completar suas aprendizagens longe dos bancos
escolares, em locais como os museus de arte contemporânea, nos
filmes cult, nas músicas experimentais, nas viagens para destinos
exóticos. Isto não apresenta nenhum demérito à academia, que deve
justamente contar com a nova realidade prefigurada como modelo de
autogestão do conhecimento. Não será tarefa fácil, hoje, para nenhuma
escola de design, querer preencher todos os requisitos que se fazem
necessários para essa formação. A nova escola de design deve ser
aberta, fluida, dinâmica e indutora, deixando para trás a pretensão de
um único modelo formativo em design.
A nova escola tende a ser múltipla, como múltiplo é o modelo de globalização; deve ser transversal e “atravessável”; deve fornecer conteúdos culturais, históricos, críticos e reflexivos em maior escala; incorporar valores mais humanistas que tecnicistas e com mais conteúdos
experimentais que previsíveis. Somente assim a nova escola de design
poderá preparar os alunos para as mudanças que ocorrem de maneira
frenética neste terceiro milênio apenas iniciado.
Podemos então intuir que as relações do design com o homem do
futuro estarão centradas em novos estilos de vida, novas experiências de consumo e novas percepções éticas e estéticas, tendo como
base a felicidade. Por acreditar nesta nova realidade é que propusemos a inserção de um “espaço próprio” dentro da IV Bienal Brasileira
de Design que refletisse e repensasse o destino do ensino do design
e a importância de sua aplicabilidade em produtos e serviços frente
aos novos cenários e realidades instituídas. Várias ações dentro deste
âmbito, sob a minha curadoria, foram realizadas.
On the local drive
and a new design
education
The General Curator at the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition, Maria
Helena Estrada gave me the pleasant invitation to be the curator of the academic initiatives for this important national event, and from the Government
of the state of Minas Gerais, I received the mission of coordinating the 2012
edition, which took place in Belo Horizonte
There are many factors that justify organizing a Biennial Exhibition, the first
one being the positive impact that an event of this scale brings about. It is
an opportunity in which business people and entrepreneurs attest, through
design, the effects that a product with innovative contents can bring to a
company, region or country.
Since the beginning our intentions have been that the effects of the Biennial
Exhibition taking place in the state of Minas Gerais would bring a surge factor
to the local productive chain. In addition to this, that the Biennial Exhibition
brought along as a result a commercial linkage, that is: the effects of its
initiatives, through shows, courses, seminars, lectures, workshops and other
activities, could serve us as rich and fertile material to expand and consolidate design practices in our companies.
Design, being a transversal activity, presents the capacity of integrating several areas of knowledge, combining applied sciences, productive technology,
market economy, knowledge and culture, alongside various other disciplines
of social and human areas.
Such a complex task, as the making of a Design Biennial Exhibition, gives
opportunity to rich dialog and interaction with different partners that are
part of it. Some of the partners that can be highlighted include the State
Secretary of Science, Technology and Further Education – SECTES -, The
State Secretary of Economic Development – SEDE -, The Secretary of
Culture – SEC – which, together with the Federation of Industries of the
State of Minas Gerais – FIEMG -, the University of the State of Minas Gerais
– UEMG - and the Minas Design Center – CMD – which have spared no
efforts to take up the challenge from the Government of Minas Gerais, of
holding the 4th Brazilian Design Biennial Exhibition in the state.
The role of teaching design
– theory and practice
I have noticed great transformations in conceptual, esthetic and formal
scopes related to project disciplines in terms of architecture and design
for a long time. Traditional schools and chains are currently in a dilemma
of either innovating or remaining in the Cartesian and rational methods
for design practices. It is possible to perceive, though, that new design
practices align with new and various forms of existing innovations, at times
getting closer to high technology, which was distant from design teaching,
at times aimed at handcraft or art, that is a “non-project”. This reality puts
in check the capacity of modern rational-functioning projects to continue
being a preponderant model for contemporary design and architecture.
Today we can observe, in the same way, one of the greatest transformations of behavioral, ethical and social nature ever seen, firstly through
the popularization of digital and virtual technologies until the globalization
process put in check the old dichotomy between Center-Periphery, now
named North-South axis. Looking at this new scenario, the world ceases
being divided into spaces visibly delimited between rich and poor, cultured
and ignorant, civilized and barbarians. It is as if containers, once rigid
and protected, would be opened and their contents mixed amongst one
another. The world, consequently, quickly became much more complex.
Design, in this context rethinks its path and new challenges are proposed:
the question of social-economic alignment, which is of interest to both rich
and poor countries, the question of local identity, which starts to acquire
value for preserving life styles threatened by the acculturation process
and by the global massification. Values, before taken as intangible and
immaterial, gain new spaces alongside project disciplines and have even
overcome technical and objective values through cognitive relations and
sensorial factors. New models appear as guidelines for the culture of project in which the old briefing is no longer a certainty, with precise demands
and exact answers, to give place to a metaprojectual model indicating possible paths, but which does not points towards defined itineraries within
the established complexity.
Design teaching still resents the fall of the rational functional method as the
exact and precise model. It searches for answers for new questions young
students ask these days at design colleges. Obviously, such questions and
answers are no longer objective and rational, extrapolating, in many cases,
the scope of design schools: they can be found in anthropological, sociological, psychological disciplines, amongst many others in the human, art and
social areas with more or less affinity and closeness to design.
I have been recently surprised by an interesting lecture by a colleague in an
international congress of design, named “Design Inspired on Science”, in
which he presented his experiences in surface design applying surfaces to
pets: the client could choose a rabbit with the same hair of a leopard, or a
dog with zebra hair, in a huge demonstration of amplitude of horizons in the
profession and its interface with areas of knowledge not thought of until then.
Many of our schools still encounter difficulties in accepting changes that
have occurred, as it is easier to repeat what is easily repeated and it is
easier to administer. New design students tend to complete their learning
far from school desks, in places such as contemporary art museums, in
cult films, in experimental music, in exotic destinations, and such choices
do not imply any demerit to the academy, which should really get with this
new reality that poses as a self-administering model of knowledge. Today
this will not be an easy task for any design school to fulfill all requirements necessary for this formation. The new design school should be open,
smooth, dynamic and inducing, leaving behind the pretension of a single
formative model in design.
The new school tends to be multiple as multiple is the globalization model; it
should be transversal and crossable; it should supply cultural, historical, critical and reflexive contents on a larger scale; incorporate more humanist rather
than technical values and with more experimental than predictable content.
Only this way can the new design school prepare students for the changes
that happen in a frenetic manner in this recently started third millennium.
We can, thus, intuit that design relations with the man of the future will
be centered on new lifestyles, new consumption experiences and new
ethical and esthetical perceptions having happiness as its base. As we
believe in this new reality, we have proposed the insertion of a “special
space” within the 4th Brazilian Design Biennial Exhibition, which could
reflect and rethink the destiny of design teaching and the importance of
its applicability in products and services before new instituted scenarios
and realities. Several initiatives within this scope, under my curatorship,
have been accomplished. I begin to refer to such initiatives sequentially, as
they happened during the forty-five days of the Brazilian Design Biennial
Exhibition in Minas Gerais.
17
Havaianas,
marca
(inter)
nacional
A história das sandálias brasileiras de borracha que
conquistaram o mundo foi abordada na palestra magna
da Bienal. Confira um resumo do conteúdo proferido
pela consultora da Alpargatas, fabricante do produto
The history of the Brazilian rubber sandals, a
worldwide success, was approached in the keynote
lecture of the biennial exhibition. Check out the
contents delivered by the consultant of the product
manufacturer, the well known Alpargatas company
Angela Tamiko Hirata
O desejo de consumo do brasileiro pela Havaianas derivou, inicialmente, da percepção de
conforto no uso do produto. Com o posicionamento da marca no mercado internacional e
um forte trabalho de comunicação, as sandálias passaram a ser valorizadas e se tornaram
um acessório fashion genuinamente brasileiro. Atualmente, este é um dos produtos e das
marcas mais democráticos do Brasil.
Nestas páginas e na
próxima, diferentes
modelos de
sandálias Havaianas
On these pages
and the next one,
different models of
Havaiana sandals
O caso de Havaianas é inédito, já que, desde a sua criação, o produto tinha o objetivo de atingir todas as classes sociais. E foi assim nos primórdios da história da marca, mas durante
um bom período o maior consumo ficou por conta da classe trabalhadora. Nos anos 1990,
a empresa fabricante, Alpargatas, iniciou um trabalho de reposicionamento da marca e, a
partir daí, o produto passou a estar novamente na lista de compras de todos os segmentos
da população.
Esse processo de reposicionamento foi realizado paralelamente às mudanças no design
do produto, com várias novas estampas e novos modelos, incluindo versões com salto alto,
customizações com as bandeiras de vários países e até mesmo com cristais Swarovski.
Tudo isso sem perder a identidade da marca.
Depois de conquistar as classes A e B no Brasil, a Alpargatas começou o trabalho para que
as Havaianas ganhassem o mundo. Em 2001, a empresa criou um departamento de comércio exterior e começou a trabalhar para internacionalizar o produto, consciente de que havia
muitos riscos no processo – mas também grandes oportunidades.
Assim, a empresa escolheu países formadores de opinião no mundo da moda – como França
e Itália – para lançar o produto e transmitir a imagem de uma sandália made in Brazil. A marca
sempre valorizou sua origem e os atributos positivos da imagem de nosso país no mundo.
O objetivo da Alpargatas era posicionar a marca Havaianas no exterior dentro do mercado high-end (ou do topo da pirâmide de consumo). Para isso, foram realizadas ações de
marketing em eventos escolhidos criteriosamente, considerando sempre a agregação de
valor à marca. Outro diferencial da empresa foi contar com uma equipe de traders disposta
a percorrer o mundo e, ainda, com distribuidores muito bem-selecionados, que atuam como
uma extensão da empresa em cada país.
Para manter a liderança de mercado, acredito que toda empresa precisa buscar criar produtos
que atendam ao desejo do consumidor e resistam ao impacto negativo de quem faz apenas
cópias. Geralmente, as cópias não têm sustentação no mercado, já que lhes falta identidade.
Os verdadeiros concorrentes são as empresas que se tornam referenciais e, inclusive, nos
incentivam a inovar, a criar novos produtos e a nos diferenciar. É bom lembrar que a inovação
não passa só pelo produto, mas também deve envolver a comunicação com o cliente.
Atualmente, a Havaianas já conquistou uma liderança e o próximo desafio da marca é a
manutenção efetiva da presença nos mercados dos cinco continentes e a constante busca
de novos mercados.
19
Havaianas, an (inter)
national brand
The actual Brazilians’ desire to consume Havaianas derived initially from the perception of
comfort when wearing the product. With the positioning of the brand in the international market and strong communication work of the brand, the sandals started to be valued and have
become a genuinely Brazilian fashion accessory. Currently, this is one of the most democratic
products and brands in Brazil.
Havaianas case study is unprecedented because, since its creation, the product has been
intended to reach all social classes. This was the case in the early history of the brand, but
for a long period the consumption was higher by the working class. In the 1990s, Alpargatas,
the manufacturing company, began a process to reposition the brand and, from then on, the
product began to be once again on the shopping list of all segments of the population.
This repositioning process was carried out along with the changes in the product design, which
was given several different patterns and new models, including high heeled versions, customization with the flags of various countries and even Swarovsksi crystals. All these options,
without losing the brand identity.
After conquering A and B social classes in Brazil, Alpargatas began to work so that Havaianas
got into the international market. In 2001, the company set up a foreign trade department to
internationalize the product, aware that there would be many risks in the process, but also
great opportunities.
As a result, the company chose trendsetting countries in the fashion world - like France and
Italy – to launch the product and convey the image of a sandal made in Brazil. The brand has
always valued its origin and the positive attributes of the image of Brazil in the world.
The goal of Alpargatas was to position the Havaianas brand abroad within the high-end market
(or at the top of the consumption pyramid). For this, marketing campaigns were conducted in
wisely chosen events, always aiming to add value to the brand. Another distinguishing feature
of the company is having a team of traders willing to travel around the world and also qualified
distributors, who work as an extension of the company in each country.
20
To maintain market leadership, I believe that every company must seek the creation of products
that meet consumers’ desire and resist the negative impact of those who only make copies.
Generally, copies do not last in the market, since they lack identity. The real competitors are the
companies that become references and even encourage us to innovate, to create new products
and to differentiate ourselves. It is good to remember that innovation is not only product related,
but it should also involve the communication with the customer.
Havaianas has already achieved leadership and thebrand’s next challenge is to maintain its
effective presence in markets of the five continents and to constantly search for new markets.
Angela Tamiko Hirata é
Ex-Diretora Executiva de
Comércio Internacional da
Alpargatas S.A. Desde 2005, é
Consultora da Presidência e da
Diretoria da empresa. Também
é sócia-proprietária da Suriana,
empresa de consultoria e
desenvolvimento de mercado
internacional / former Executive
Director of International Trade at
Alpargatas S.A. Since 2005, she
is an Advisor to the Presidency of
the Board of the company. She is
also a partner-owner of Suriana,
international market development
and consulting firm
Foto Anna FTG
À esq., cesto de palha de
carnaúba, da coleção Toca – A
Gente Transforma, desenvolvido
por Marcelo Rosenbaum com
a comunidade de Várzea
Queimada (PI); e escultura feita
com tronco descartado, obra
do sergipano Véio. Ao centro,
poltrona (anos 1950) de Flávio
de Carvalho; e, acima, a Bowl
(1951), de Lina Bo Bardi
On the left, carnauba straw
basket, part of the Toca – We
Transform collection, developed
by Marcelo Rosenbaum together
with a community from Várzea
Queimada (PI), and the sculpture
made from a discarded tree
trunk by Véio from Sergipe. In
the middle, armchair (1950’s) by
Flávio de Carvalho, and above,
Bowl (1951), by Lina Bo Bardi
DA MÃO
À MÁQUINA
Realizada para a IV Bienal Brasileira de Design, Da Mão à Máquina foi a mais
representativa das mostras, no âmbito da cultura e do design brasileiros. Seu conceito
partiu de uma verdade indiscutível: para termos um real ponto de partida e avançarmos
na produção dos artefatos e utilitários que representam o repertório material de um
país, é necessário conhecer suas raízes culturais, seu patrimônio e tradições
Held during the 4th Brazilian Design Biennial Exhibition, From Hands to Machine was
the most representative show in terms of Brazilian culture and design. Its concept
derived from an unquestionable truth: to have a real starting point and move towards
the production of handicrafts and utilitarian products that represent the material options
of a country, it is essential to know its cultural roots, its heritage and traditions
maria Helena estrada
23
24
Foto Anna FTG
À esq. outro ângulo exibe, em
primeiro plano, mesa e luminária
da coleção Híbridos, de José
Marton para Allê Design.
Abaixo, banco Terrão, design
Domingos Tótora, e, à dir.,
cadeira Corallo, de Fernando e
Humberto Campana para Edra
On the left, in the foreground,
table and lamp that are part of
the Híbridos collection, by José
Marton for Allê Design. Below,
Terrão bench, designed by
Domingos Tótora. On the right,
Corallo chair by Fernando and
Humberto Campana for Edra
Com essa diretriz como guia, nossa primeira abordagem para a elaboração do repertório de produtos a ser incluído na IV Bienal partiu da reflexão sobre o momento presente, as projeções para o futuro e a procura
das raízes nacionais que orientam os caminhos do design. Na base dessas considerações, a certeza de que não chegaremos a ser globais, que
não lograremos o reconhecimento e a valorização por parte do mercado
internacional, se não lançarmos um olhar atento à nossa cultura original.
Rodrigues. Quatro magníficos criadores, os quais a Bienal não poderia
ignorar. Se nem todos viram seus produtos valorizados na época em que
foram criados (décadas de 1940 e 1950 para Lina, Flávio e Paulo), todos
têm hoje seus móveis comercializados com sucesso no Brasil e no exterior; sobretudo Sergio Rodrigues, cuja produção ininterrupta começa na
década de 1950!
A mostra traça um percurso – nem sempre linear – que tem início
com exemplos da cultura popular, segue com o artesanato de diversas
regiões brasileiras e seus materiais característicos, apresenta peças
semi-industriais e industriais. Uma evolução que, além de mostrar a qualidade e a variedade da produção brasileira, deixa claro o percurso que
parte da peça única, alcança a produção seriada e, agora, traz as novas
tecnologias que permitem a produção de pequenas séries. Tecnologias
que estendem seus braços a todas as formas de conhecimento, da medicina à engenharia e à arquitetura e, claro, ao design.
Por outro lado, se a IV Bienal brasileira realizada em 2012 ainda foi capaz
de traçar um percurso produtivo linear, no qual nota-se grande preocupação formal e ainda a insistência no uso da madeira, os rumos do
design internacional indicam uma diversificação e expansão radical nos
caminhos do projeto. Assumem menor importância a simples estética e
são ressaltados os valores funcionais, e os sustentáveis, a durabilidade
do produto e a relação amigável com o fruidor. Até a palavra “consumidor”
começa a ser evitada para deslocar, de certo modo, o significado do novo
design. Cresce a complexidade e a responsabilidade deste universo já
tão rico e populoso.
Não pensamos em uma exposição histórica, em uma linha do tempo,
mas em trazer os exemplos mais significativos da produção brasileira,
em suas diversas tipologias, com ênfase no mobiliário – opção frequente
dos designers em todo o mundo. Uma leitura que destaca quatro nomes:
Lina Bo Bardi, Flávio de Carvalho, Paulo Mendes da Rocha e Sergio
Se o artesanato contemporâneo – hoje muito valorizado, com destaque
para o Brasil – representa a cultura e as especificidades de um país, é
com a produção de larga escala e com o conhecimento de todas as
vertentes nas quais o design pode atuar que um país será capaz de se
inserir e se tornar competitivo no mercado global.
25
Vimos nesta Bienal o uso do plástico verde, da borracha, das fibras, dos
tecidos e couro tecnológicos, entre outros. Mas estamos longe de alcançar a realidade dos países com maior desenvolvimento tecnológico, com
uma disponibilidade infinitamente maior de recursos. É, infelizmente, um
círculo vicioso ou uma linha de mão dupla. Enquanto não atingirmos um
grande mercado, local ou exportador, as indústrias não terão a capacidade (ou a coragem), de investir em maquinário, materiais e tecnologias
inovadoras; enquanto não fizermos uso de uma tecnologia avançada, que
permita a larga escala (e consequente melhoria da qualidade e redução
de preços), não alcançaremos nossos objetivos de internacionalização.
26
Bela exceção foi vista com a montagem de uma sala exclusiva, criada
pelo designer e pesquisador Jorge Lopes, e dedicada às novas tecnologias em 3D, as Emergent Technologies e, com a introdução dos
novos materiais já disponíveis no país, foi possível vislumbrar o infindável campo de pesquisas que temos pela frente. Ainda com o uso das
máquinas de produção em 3D, a Bienal apresentou a cadeira Nóize,
de Guto Requena, que faz alusão à cadeira Girafa de Lina Bardi, e
tem seu assento configurado de acordo com os ruídos das ruas de
Foto Anna FTG
Acima, vasos Continente, de
Jacqueline Terpins. À dir., luminária
Siricutico, de Guto Requena e
Maurício Arruda para Bertolucci.
Na pág. ao lado, acima, à dir.,
armário Cidades, design Isabela
Vecci, e, ao centro, cabideiro Tribal,
criação da Quadrante Design
Above, Continente vases by
Jacqueline Terpins. Below, on
the right, Siricutico lamp by Guto
Requena and Maurício Arruda for
Bertolucci. On the other page,
Cidades cabinet, designed by
Isabela Vecci, and Tribal hanger,
created by Quadrant Design
São Paulo, que movem e direcionam a pequena máquina capaz de realizar semelhante façanha.
O objetivo primordial desta Bienal, de acordo com seus propositores, era
o de tornar visíveis os temas da diversidade, da inclusão social, das questões ambientais e do valor agregado aos produtos por meio do design, em
diversos segmentos. A seleção das peças, que partiu do uso da mão, com
o artesanato, e chegou à máquina, com exemplos de um bem desenvolvido desenho industrial, trouxe exemplos da indústria automotiva, náutica,
eletroeletrônica e ainda equipamentos médico hospitalares – e mesmo
de mobiliário, como a cadeira IC 01, nova criação de Guto Índio da Costa.
27
Acreditamos que a mostra Da Mão à Máquina tenha cumprido uma
dupla função: tornar conhecido o melhor repertório do design brasileiro
contemporâneo e trazer para nossa realidade, para o conhecimento de
órgãos do governo, de empresários, designers e público a evolução que
ocorre em diversos segmentos de nossa produção industrial. Inovações
que o futuro próximo já anuncia – e com grande velocidade.
À esq., poltrona Chifruda
(1962), de Sergio Rodrigues.
Abaixo, sofá Vimeiro, criação
de Eulália de Souza Anselmo
On the left, Chifruda armchair
(1962) by Sergio Rodrigues.
Below, Vimeiro sofá designed
by Eulália de Souza Anselmo
Foto Anna FTG
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À esq., estante Facetas,
design José Marton. Abaixo,
fruteira de cerâmica produzida
por Elisabeth Fonseca
On the left, Facetas bookcase,
designed by José Marton.
Below, ceramic fruit bowl
made by Elisabeth Fonseca
From hands to machine
Therefore, our first approach to plan the range of products to be included in
the 4th BBD exhibition was based on the reflection about the present moment,
the projections for the future and the search for the national roots that underlie
the design history. On the basis of these considerations is the certainty that we
will not achieve global recognition and respect in the international market, if
we do not pay close attention to our cultural roots. The exhibition outlines a
journey - not always with a linear structure - that begins with examples from the
popular culture, followed by handicrafts from various Brazilian regions and their
characteristic materials, and features semi-industrial and industrial products. It
made possible to trace the evolution that - in addition to showing the quality and
variety of the Brazilian production - also clearly portrays the history that starts
with single pieces handcrafted production, develops to mass production, and
now uses new technologies that enable the manufacture of small series. Those
are the 3D technologies that open their arms to all forms of knowledge, from
medicine to engineering and architecture and, of course, to design too.
On the other hand, even though the
exhibition held in 2012 was still able
to follow a linear production structure, where
there is great formal concern and the insistence on
using wood, the international design approach points to diversification and
radical expansion in the future of the project. While less importance is given
to simple aesthetic appeal, functional and sustainable values are enhanced
along with product durability and a more friendly elation with the user. Even
the word “consumer” has started to be avoided to change, in a certain way, the
meaning of the new design. There is a growing complexity and responsibility
in this already so rich and populated design universe. If contemporary handicrafts - now highly valued, especially in Brazil - represent the culture and the
particularities of a country, it is the large scale production and knowledge of all
aspects where design can be used that will determine whether a country will be
able to enter and become competitive in a global market.
The plan was not to have a historical exhibition that follows a timeline, but to
showcase the most significant examples of Brazilian production in its various typologies, with emphasis on furniture - a frequent choice of designers
worldwide. An interpretation that highlights four names: Lina Bo Bardi, Flavio
de Carvalho, Paulo Mendes da Rocha and Sergio Rodrigues: four outstanding
creators that the biennial exhibition could not ignore. Although not all of them
saw their products being appreciated at the time they were created (in the
1940s and 1950s for Lina, Flavio and Paulo), today they all have their furniture
successfully marketed in Brazil and abroad, especially Sergio Rodrigues, whose
uninterrupted production began in the 1950’s!
This biennial exhibition showed all kinds of materials such as green plastic, rubber, fibers, fabrics and technological leather, among others. However, we are far
from achieving the levels found in countries with greater technological development, with a far greater availability of resources. It is, unfortunately, a vicious
circle or a two-way process. Only when we will be able to reach a large local
or international market, manufacturing companies will have the possibility (or
courage) to invest in machinery, materials and innovative technologies. And,
unless we use advanced technology, which allows large-scale production (and
consequently improving quality and reducing prices), we will not achieve our
goal of internationalization.
29
Acima, cadeira Paulistano
(1957), de Paulo Mendes
da Rocha. À dir., cadeira
Moeda, design Zanini de
Zanine. Abaixo, à dir., cadeira
Nóize, de Guto Requena
Above, Paulistano chair (1957),
by Paulo Mendes da Rocha.
On the right, Moeda chair,
designed by Zanini de Zanine.
Below, on the right, Nóize
chair, by Guto Requena
A notable exception was seen in the exclusive room created by designer and
researcher Jorge Lopes and dedicated to technologies in 3D, the “Emergent
Technologies” and with the introduction of the new materials already available in
the country, it was possible to envision the endless field of research ahead of us.
Products featured at the exhibition manufactured with 3D technology included
the Noize Chair by Guto Requena,. Making an allusion to the Girafa chair by
Lina Bardi, this chair has a seat designed to represent the noise of the streets
in São Paulo, which move and drive the small machine that is able to perform
a similar feat.
The primary objective of this biennial exhibition, according to its organizers, was
to call attention to the following topics: diversity, social inclusion, environmental
issues and products that have an added value through design, in various segments. The products selection, from handicrafts to well-developed industrial
design, brought examples of the automotive, marine and electronic industries in
addition to medical and hospital equipment, and even furniture by displaying IC
01chair, Guto Indio da Costa’s new project.
30
We believe that the “From Hands to Machine” exhibition has fulfilled a dual
function: to promote the best repertoire of Brazilian contemporary design and
bring to our reality, to the knowledge of government agencies, entrepreneurs,
designers and public in general, developments taking place in various segments
of our industrial production. Innovations that the near future is already announcing – in high speed.
Foto Anna FTG
Above, in the foreground, Amarelinha by Flávia Pagotti Silva.
Below, a study of joão-de-barro’s house made by designer
Jorge Lopes, who presented examples of 3D printing
Foto Jorge Lopes
Acima, em primeiro plano, Amarelinha, de Flávia Pagotti Silva.
Abaixo, estudo sobre a casa do pássaro joão-de-barro feito pelo
designer Jorge Lopes, que apresentou exemplos de impressão 3D
31
Inovação
e competitividade
32
para o
design
brasileiro
A inovação e o design como fatores de competitividade das empresas
brasileiras foram os grandes temas que a Agência Brasileira de Promoção
de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) colocou em debate
durante a Bienal Brasileira de Design 2012. Iniciativa do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e do Movimento
Brasil Competitivo, a Bienal foi organizada pelo governo do Estado de
Minas Gerais e pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais
(FIEMG), com o apoio da Apex-Brasil.
Durante a Semana Apex-Brasil, realizada de 22 a 24 de outubro em diversos pontos da capital mineira, o Simpósio sobre Design e Moda, o Projeto
Comprador e o Projeto Imagem propiciaram à comunidade de produtores
uma oportunidade para tratar de temas relacionados ao mercado e às novas
oportunidades de negócios internacionais para os designers brasileiros.
“O design é Instrumento fundamental para aumentar a competitividade
das empresas brasileiras, tanto no mercado internacional quanto no
mercado interno, e a programação da Semana Apex-Brasil foi pensada
para sensibilizar e motivar as empresas em relação ao tema”, destaca a
Diretora de Gestão e Planejamento da Apex-Brasil, Regina Silverio. A executiva ressalta que a Apex-Brasil tem, entre seus objetivos, incentivar as
empresas brasileiras a trabalhar com design, inovação e sustentabilidade.
A realização da Semana Apex-Brasil contou com o apoio e parceria do
Programa de Exportação da Indústria da Moda Brasileira (Texbrasil), desenvolvido pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit)
em parceria com a Agência (veja texto do gerente do projeto à página 38).
Design e moda
O Simpósio sobre Design e Moda, estruturado em um conjunto de palestras, apresentou a designers, empresários e gestores públicos as boas
práticas nos setores empresariais e público, além de apontar as principais tendências do mercado internacional.
Nomes como o de Pascale Mussard, diretora criativa e sócia da Hermès,
somaram-se aos de um grupo de professores de importantes instituições de design do mundo, como: Yoko Takagi, do Bunka Fashion College
(Japão); Jordi Montaña e Isa Moll, do Esade (Espanha); Isabel Roig, do
A Semana Apex-Brasil, parte da programação oficial da
Bienal, reuniu a produção local e os grandes nomes do design
internacional. A Apex-Brasil atua para promover os produtos
e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos
estrangeiros a setores estratégicos da economia brasileira
Apex-Brasil Week, part of the official program of the biennale
exhibition, brought together local products and the big names
in the international design field. Apex-Brasil strives to promote
Brazilian products and services abroad and attract direct foreign
investment to strategic sectors of the Brazilian economy
Yoko Takagi, do renomado
Bunka Fashion College, no
Japão, apresenta sua palestra
Yoko Takagi, of the renowned
Bunka Fashion College in
Japan, presents his lecture
33
Centro de Design de Barcelona (Espanha); Sass Brown,
do Instituto de Tecnologia de Moda de Nova York (EUA);
Arturo Dell´Acqua, do Instituto Politécnico de Milão
(Itália); Hugh Musik, do Instituto de Tecnologia de
Illinois (Estados Unidos); e Fracesc Aragall Clavé, do
Design for All (Espanha).
Pascale Mussard falou sobre a “petit h”, marca sustentável da Hermès baseada no aproveitamento do
material que seria descartado, para a produção de
novas peças, quase sempre artesanais.
Hugh Musick falou sobre a metodologia desenvolvida
pelo Instituto de Tecnologia de Illinois para apontar
tendências e questões que serão destaque, pelos próximos vinte anos, no desenho de produtos e serviços
de determinados setores.
Isabel Roig apresentou a publicação Design for
Growth and Prosperity e abordou a política pública de
design para a Comunidade Europeia, que prevê seis
áreas estratégicas para desenvolvimento de diversas
ações relacionadas ao tema.
Jordi Montaña e Isa Moll relataram a trajetória de
desenvolvimento da política espanhola para o design,
com destaque para os investimentos e resultados
obtidos com as Olimpíadas de Barcelona, em 1992.
Abaixo, a compradora chilena
Valeska Cecilia Meeder Molina.
Na pág. ao lado, acima, o grupo
de convidados visita o ateliê
do artista Augusto dos Anjos.
Abaixo, o instituto Inhotim, na
cidade mineira de Brumadinho
Below, Chilean buyer Valeska
Cecilia Meeder Molina. On the
opposite page, above, the group
of guests visiting artist Augusto
dos Anjos’ studio and, below,
the Inhotim Institute, located in
Brumadinho – Minas Gerais
Já Francesc Aragall Clavé explicou a proposta da
Design for All para que o design seja sempre acessível a todas as pessoas, tanto do ponto de vista
do desenvolvimento de produtos e serviços, quanto
como política pública.
Em relação à moda, Yoko Takagi mostrou como a
tradição dos quimonos japoneses mantém até hoje
grande influência no universo fashion japonês. Essas
peças são exemplos de reutilização de produtos, já que,
quando o traje é descartado, o tecido é transformado
em casacos, panos para limpar a casa e até fraldas.
Sass Brown também destacou a importância da
sustentabilidade na indústria de moda e mostrou
diversos exemplos de designers que atuam no
movimento eco fashion, inclusive na moda de luxo.
Por fim, Arturo Dell’Acqua apresentou um relato
sobre as mudanças e adaptações ocorridas na moda
italiana recentemente, em função da crise econômica
vivida pelo país nos últimos anos. O simpósio contou,
ainda, com uma palestra do presidente da empresa
Alpargatas, Márcio Utsch, que discorreu sobre a trajetória da Havaianas no mercado internacional e sobre
a importância do design e da inovação como fatores
de sucesso da marca.
Projetos e estudos
Para o Projeto Comprador, a Apex-Brasil convidou
representantes de grandes redes de lojas, como a Muji,
do Japão; a Stylewest, dos Estados Unidos; e a Bon
Marché, da França. Os convidados conheceram produtos e serviços presentes na Bienal e na cidade de
Belo Horizonte, além de empresas das áreas de design,
moda, decoração, mobiliário, iluminação, joalheria e
artesanato. Produtos artesanais e tradicionais mineiros,
como panelas de barro e utensílios domésticos, interessaram à empresa japonesa Muji, que deve fazer um
teste no mercado japonês nos próximos 12 meses.
Já o Projeto Imagem convidou jornalistas de veículos
especializados do Japão, da França e do Chile para
acompanharem a Bienal, com o objetivo de divulgar o
design e os produtos e serviços brasileiros.
Os 23 convidados internacionais da Semana Apex-Brasil
visitaram diferentes locais de Belo Horizonte, em uma
programação proposta pela estilista e consultora Tereza
Santos. “A ideia foi criar uma agenda que mostrasse
Belo Horizonte e Minas Gerais para além do barroco,
indo a pontos turísticos como a Igreja da Pampulha, o
Mercado Central e até o instituto Inhotim”, explica ela.
A recepção inicial aos convidados se deu na Galeria
CMafra, dedicada a fotografias de arte, que tem uma
arquitetura arrojada. “Para a galeria, essa recepção só
agregou valor”, considera o fotógrafo e galerista Cícero
Mafra.“Os visitantes e formadores de opinião, brasileiros e estrangeiros, mostraram-se interessados em
futuros negócios com a galeria. Além disso, foi uma
oportunidade para divulgar o nosso trabalho”, afirma.
No âmbito da Semana Apex-Brasil, foi apresentado o estudo Design nas Cidades da Copa 2014:
Oportunidades de Negócios. Realizado pelo Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC) com o apoio da Apex-Brasil, o estudo foi conduzido pela consultoria espanhola Competitiveness.
De acordo com o trabalho, haverá um impacto de R$ 86
bilhões no PIB brasileiro com as oportunidades geradas
pela Copa nos setores de construção civil, infraestrutura, mídia, tecnologia de informação, turismo e segurança. Dentre as atividades que terão maior impacto
sobre o PIB estão construção civil e infraestrutura (R$
53,4 bilhões), turismo (R$ 6,8 bilhões), mídia (R$ 6,5
bilhões) e tecnologia de informação (R$ 5,3 bilhões).
“O design é
instrumento
fundamental
para aumentar
a competitividade
das empresas
brasileiras,
tanto no mercado
internacional
quanto no
mercado interno”
35
Innovation and competitiveness
for Brazilian design
Acima, da esq. para a dir.,
Alexandre Comin, do MDIC;
Dorothea Werneck, Secretária
de Desenvolvimento Econômico
do Governo de Minas Gerais;
Regina Silverio, Diretora de
Gestão e Planejamento da
Apex-Brasil; Pascale Mussard,
da Hermès, Paris; e Aguinaldo
Diniz Filho, presidente da Abit.
Ao lado, destaque para Pascale
Mussard, diretora criativa da
Petit h, braço da Hermès que
produz peças artesanais com
as sobras de materiais
usados pela empresa
36
Above, from left to right,
Alexandre Comin, of MDIC,
Dorothea Werneck, Secretary
of Economic Development of
Minas Gerais, Regina Silverio,
Management and Planning
Director of Apex-Brasil, Pascale
Mussard, of Hermès, Paris and
Aguinaldo Diniz Filho, president
of Abit. On the opposite page,
Pascale Mussard, creative
director of Petiti h, a branch
of Hèrmes that produces
handmade pieces from discarded
materials by the company
Innovation and design as factors of competitiveness for
Brazilian companies were the major themes addressed
by the Brazilian Trade and Investment Promotion
Agency (Apex-Brasil) during the Biennial Brazilian
Design Exhibition 2012. An initiative of the Ministry of
Development, Industry and Foreign Trade (MDIC) and
the Competitive Brazil Movement, the exhibition was
organized by the government of the State of Minas
Gerais and the Federation of Industries of the State of
Minas Gerais (FIEMG), with the support of Apex-Brasil.
During Apex-Brasil Week, held from October 22 – 24
in various parts of the state capital of Minas Gerais, the
Symposium on Design and Fashion, the Buyer’s Project
and the Image Project gave the community of manufacturers the opportunity to address issues related to the
market and new international business opportunities to
Brazilian designers.
“Design is a fundamental tool to increase the competitiveness of Brazilian companies, both in the international and domestic markets, and the Apex-Brasil Week
program was designed to raise awareness of companies and motivate them to consider the issue,” says
the Management and Planning Director of Apex-Bras,
Regina Silverio. The executive points out that the goals of
Apex-Brasil include to encourage Brazilian companies to
work on design concepts, innovation and sustainability.
Apex-Brasil Week was supported by the Brazilian
Fashion Industry Export Program (Texbrasil), developed
by the Brazilian Textile and Apparel Industry Association
(Abit) in partnership with the Agency (see the text by the
project manager, Rafael Cervone, page 39).
Design and Fashion
The Symposium on Design and Fashion, featuring a
series of lectures, presented to designers, entrepreneurs and public administrators the best practices in
corporate and public sectors, while pointing out the
main trends in the international market.
Names such as Pascale Mussard, creative director
and a partner at Hermès, joined a group of professors
of important design institutions in the world, including
Yoko Takagi of Bunka Fashion College (Japan), Jordi
Montaña and Isa Moll of Esade (Spain), Isabel Roig of
the Design Centre of Barcelona (Spain), Sass Brown of
the Fashion Institute of Technology in New York (USA),
Arturo Dell’Acqua of the Polytechnic Institute of Milan
(Italy), Hugh Musik of the Illinois Institute of Technology
(United States), and Fracesc Aragall Clavé of the Design
for All (Spain).
Pascale Mussard talked about the “petit h” a sustainable brand of Hermès based on the use of material that
would be disposed of to produce new handmade pieces in most cases.
Hugh Musick spoke about the methodology developed by the Illinois Institute
of Technology to detect trends and issues that will emerge within the next 20
years regarding product design and services in certain sectors.
Isabel Roig presented the Design for Growth and Prosperity publication and
addressed the public policy on design for the European Community, which
encompasses six strategic areas for the development of various activities
related to the theme.
Jordi Montaña and Isa Molle of Esade reported the development of the
Spanish policy on design, with emphasis on the investments and results of
the Barcelona Olympics in 1992
Francesc Aragall Clavé explained that the goal of the Design for All is to
make design always accessible to everyone, from the point of view of both
the product and service development and public policy.
Regarding fashion, Yoko Takagi of Bunka Fashion College showed how the
tradition of Japanese kimonos still have a great influence on the Japanese
fashion universe. These pieces are examples of product reuse since, when
the garment is discarded, the fabric is transformed into coats and other pieces.
Sass Brown of the Fashion Institute of Technology in New York also highlighted the importance of sustainability, suggesting that designers should
develop products and contribute to the sustainability of the industry in addition to showing several examples of designers who work in the eco-fashion
movement, including luxury fashion.
Finally, Arturo Dell’Acqua of the Polytechnic Institute of Milan presented a
report on changes and adjustments made in the Italian fashion lately due
to the economic crisis experienced by the country in recent years. The
symposium also featured a lecture by the President of Alpargatas, Márcio
Utsch, who spoke about the history of Havaianas in the international market and the importance of design and innovation as key drivers for the
brand success.
Projects, visits and studies
For the Buyer’s Project, Apex-Brasil invited representatives of major retail
chains such as Muji from Japan, Stylewest from the United States, and Bon
Marché from France. The guests got to know the products and services
showcased at the exhibition and in the city of Belo Horizonte, in addition to
companies working in the field of design, fashion, decor, furniture, lighting,
jewelry and crafts. Traditional handmade products made in Minas Gerais,
including clay pots and household items, called the attention of Muji, a
Japanese company that will be testing the products on the Japanese market
within the next 12 months.
The Image Project invited journalists from specialized Japanese, French and
Chilean publications to cover the biennial exhibition, aiming to promote the
Brazilian design, products and services.
Design is a
fundamental tool
to increase the
competitiveness
of Brazilian
companies,
both in the
international
and domestic
markets”
The 23 international guests that attended the Apex-Brasil Week visited different places in Belo Horizonte, following a schedule planned by the consultant
and stylist Tereza Santos. “The idea was to create a schedule that showed
more than just the baroque style in Belo Horizonte and Minas Gerais visiting tourist attractions like the Pampulha Church, Mercado Central and the
Inhotim Institute,” she says.
The guests were welcomed at Galeria CMafra, a gallery dedicated to art photography featuring bold architecture. “This reception certainly added value
to the gallery”, said the art gallery owner and photographer Cicero Mafra.
“Brazilian and foreign visitors and opinion formers became interested in doing
business with the gallery in the future. Moreover, it was an opportunity to
promote our work.”
Apex-Brasil Week also presented the study on the Design in the host cities
for the 2014 World Cup: Business opportunities. Organized by the Ministry
of Development, Industry and Foreign Trade (MDIC) with the support of ApexBrasil, the study was carried out by Competitiveness, a Spanish consulting firm.
According to the study, the business opportunities created by the World
Cup will generate an impact of R$ 86 billion on the Brazilian GDP in the
following sectors: construction, infrastructure, media, information technology, tourism and security. The economic activities that will have the greatest
impact on the GDP include infrastructure and construction business (R$
53.4 billion), tourism (R$ 6.8 billion), media (R$ 6.5 billion) and information
technology (R$ 5.3 billion).
37
a mesma costura para
moda, inovação, design
e sustentabilidade
Rafael Cervone
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecção (Abit), representante de 30 mil indústrias
desse segmento, apoia e desenvolve ações que contribuem para o desenvolvimento das marcas brasileiras em diversas áreas, nos mercados nacional e internacional. Uma das ações mais importantes para a
inserção das empresas no processo de internacionalização se deu em 2000, quando a Agência Brasileira
de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) criou, em parceria com a Abit, o Programa de
Exportação da Indústria da Moda Brasileira (Texbrasil).
38
Rafael Cervone é diretor
executivo do Programa de
Exportação da Indústria da Moda
Brasileira (Texbrasil), desenvolvido
pela Associação Brasileira da
Indústria Têxtil e de Confecção
(Abit) em parceria com a Agência
Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos
(Apex-Brasil) / Executive director
of the Brazilian Fashion Industry
Export Program developed by
the Brazilian Association of Textile
and Apparel Industry (Abit) in
partnership with the Brazilian Trade
and Investment Promotion Agency
(Apex-Brasil)
Ao longo de 12 anos, o Programa Texbrasil sempre
preocupou-se em preparar as empresas brasileiras
para que o processo exportador seja parte intrínseca e relevante da estratégia da empresa, considerando fatores fundamentais como a capacidade de
entrega, o posicionamento dos produtos brasileiros
no exterior e sua agregação de valor, a partir dos
atributos reconhecidos do Brasil no exterior: produtos autênticos, vibrantes, sustentáveis, originais, que
transferem à nossa moda a diversidade e o estilo de
vida brasileiros, nossa versatilidade e nossa alegria
características. Além das bem-sucedidas ações nas
áreas de promoção comercial, inteligência competitiva e comunicação e imagem, o Texbrasil criou, em
2012, dois novos núcleos: Moda/Design e Inovação/
Sustentabilidade, para dar suporte estratégico e
capacitar as empresas em ações que envolvem
essas áreas. No primeiro caso, o objetivo é pensar o
design não apenas como estética, mas como estratégia de criação e de imagem no mercado internacional. Já o segundo oferece ferramentas de capacitação, inspiração para mudança comportamental e
certificação às empresas, quando o assunto é inovação e sustentabilidade.
Por acreditar na importância dos aspectos acima
mencionados, a Abit, por meio do Programa Texbrasil,
apoiou e desenvolveu importantes ações durante a
quarta edição da Bienal Brasileira de Design. O tema do
evento, perfeitamente alinhado com a estratégia que
o programa ajuda a construir, mostrou para o público
nacional e internacional a criatividade e a inspiração multicultural brasileira e a importância cada vez
maior do design na cultura das pessoas, bem como
das empresas. E que o Brasil entra definitivamente no
calendário internacional do design de forma séria e
consistente. Por esse motivo, o Texbrasil, com a ApexBrasil, trouxe ao evento oito convidados internacionais,
entre compradores e jornalistas, além de 14 palestrantes internacionais. Além da participação no ciclo de
palestras da Semana Apex-Brasil, todos os convidados
visitaram exposições da Bienal Brasileira de Design e
fizeram uma agenda paralela que incluiu visitas a marcas, designers e estilistas de Belo Horizonte.
Cenografias produzidas
para evento do Programa
Texbrasil, da Abit
Settings created for an
event of the Textbrasil
Program, of Abit
A common thread running within fashion,
innovation, design and sustainability
The Brazilian Textile and Apparel Industry Association (Abit), representing
30,000 companies in this segment, supports and develops initiatives that contribute to the development of Brazilian brands in various areas in the national
and international markets. One of the most important actions for the integration
of companies in the internationalization process happened in 2000, when the
Brazilian Trade and Investment Promotion Agency (Apex-Brasil) in partnership
with Abit created the Brazilian Fashion Industry Export Program (Texbrasil).
For 12 years, the Texbrasil Program has been focused on preparing Brazilian
companies so that the export process becomes an important and intrinsic part
of companies’ strategy, taking into account key factors such as delivery capacity, the positioning of Brazilian products abroad and their added value, based
on internationally recognized Brazilian attributes: authentic, vibrant, sustainable,
unique products that transfer the Brazilian lifestyle, our characteristic joy and
versatility to our fashion. In addition to the successful initiatives in the trade
promotion areas, competitive intelligence, communication and image, Texbrasil
created in 2012 two new centers: Fashion/Design and Innovation/Sustainability,
to give strategic support and to qualify businesses in initiatives that involve these
areas. In the first case, the goal is to think of design not just as aesthetics, but as
a strategy for creation and for the image in the international market. The second
provides tools for qualification, inspiration for behavioral change and certification
to companies, when it comes to innovation and sustainability.
As Abit believes in the importance of the above mentioned aspects, it supported and developed important action plans during the fourth Biennial
Brazilian Design Exhibition through the Texbrasil program. The theme of the
event, perfectly aligned with the strategy that the program helps to build,
showed to the national and international public the multicultural Brazilian
creativity and inspiration and how important design has become for the culture of people and businesses. Brazil has definitely entered the international
calendar of design seriously and consistently. That is why Texbrasil, together
with Apex-Brasil, invited to the event eight international buyers and journalists, besides 14 international lecturers. In addition to participating in the
series of lectures held during Apex-Brasil Week, all the guests visited shows
at the Biennial Brazilian Design Exhibition and paid visits to brands, designers
and stylists in Belo Horizonte.
39
De olho
no mundo
Em entrevista exclusiva, o gerente da Unidade de Inovação e Design da
Apex-Brasil, Marco Aurélio Lobo, aborda as diversas iniciativas da Agência
para fortalecer a presença de produtos brasileiros no mercado internacional.
Ainda revela que, no segundo semestre de 2013, a Agência organizará
eventos que marcarão o Ano da Inovação e Design da Apex-Brasil
In an exclusive interview, the manager of the Innovation and Design Unit at
Apex-Brasil, Marco Aurélio Lobo, discusses several initiatives of the Agency
to strengthen the presence of Brazilian products in the international market.
He also says that in the second half of 2013, the Agency will organize
events that will mark the Year of Innovation and Design at Apex-Brasil
Quais são as linhas de atuação da Apex-Brasil
no suporte ao design brasileiro e como se
desenvolvem?
40
A Apex-Brasil considera o design uma ferramenta
fundamental para a competitividade das empresas
brasileiras, assim como a inovação e a sustentabilidade. Por isso, em junho do ano passado, como resultado do nosso Planejamento Estratégico, decidimos
criar uma área que apoiasse a inovação e o design de
forma transversal, ou seja, beneficiando a todos os 83
segmentos da economia com os quais temos projetos
de promoção de exportações. A partir daí, passamos
a desenvolver diversas iniciativas. Uma delas é a
criação de núcleos de inovação e design dentro das
entidades setoriais parceiras da Agência, em parceria com universidades ou centros de pesquisa. Nosso
objetivo é que, dessa forma, as entidades possam
apoiar o desenvolvimento do design nas empresas, ao
promover uma aproximação entre a indústria e a academia. Outra ação importante é o programa Design
Export, que está sendo executado em parceria com o
Centro Brasil Design. O programa está selecionando
70 empresas com potencial exportador e bons projetos de inovação e prestará a elas consultoria e apoio
financeiro para a contratação de escritórios de design
e desenvolvimento de produtos e serviços inovadores.
Também há o projeto Design Embala, executado em
parceria com a Associação Brasileira de Embalagem
(ABRE). O seu objetivo principal é agregar valor aos
produtos brasileiros por meio do design de embalagem e, dessa forma, conquistar novos mercados. O
Brasil já se destaca em diversas premiações internacionais de design por seus produtos e embalagens.
Mas, em muitas indústrias, é possível investir mais na
embalagem, de forma a atender às particularidades
e aos hábitos de compra dos consumidores de cada
mercado. O projeto prevê ações de sensibilização e
capacitação da empresa e, ainda, iniciativas para promoção da imagem do Brasil neste segmento. Além
desses programas, trabalhamos em ações de capacitação das empresas, como workshops e seminários, e
apoiamos eventos que disseminam, para empresas e
sociedade, a importância do design. Entre eles, estão
vivemos um momento em que o design é, cada vez
mais, parte da vida cotidiana das pessoas e, por isso,
precisa ser amplamente discutido por empresas e
pela sociedade.
Acha que as empresas brasileiras vão aproveitar
positivamente os eventos Copa e Olimpíada para
alargar sua atuação no mercado externo?
Sem dúvida. A realização desses eventos no Brasil
será um incentivo para o incremento da competitividade das empresas nacionais, seja pela maior visibilidade que o país e seus produtos e serviços terão, seja
pelo nível de excelência que passará a ser demandado
pelos turistas estrangeiros e por órgãos como a Fifa
e o Comitê Olímpico. O estudo Design nas Cidades
da Copa 2014: Oportunidades de Negócios, contratado pelo MDIC com apoio da Apex-Brasil, aponta
inúmeras oportunidades de desenvolvimento para as
empresas brasileiras. O estudo avalia que o impacto
econômico da realização da Copa do Mundo de 2014
no país é da ordem de R$ 86 bilhões. São investimentos em obras, mídia, turismo, segurança, saúde,
transporte, mobiliário, máquinas, moda e tecnologia
da informação – e o design permeia todas essas atividades econômicas. Portanto, haverá espaço para o
crescimento de escritórios de design e de pequenas e
médias empresas que investem em design.
O gerente da Unidade de
Inovação e Design da ApexBrasil, Marco Aurélio Lobo
The manager of the Innovation
and Design Unit of ApexBrasil, Marco Aurélio Lobo
a Bienal Brasileira de Design, realizada em 2012 em
Belo Horizonte, e a São Paulo Design Weekend, lançada no ano passado e que terá a segunda edição
em agosto deste ano. Além disso, apoiamos eventos
que apresentem o melhor do design brasileiro ao
mundo, como a própria Bienal e o Brazil S/A, exposição de design e decoração que é realizada no âmbito
da Semana de Design de Milão, na Itália. De agosto
a novembro deste ano, a Agência promoverá diversas exposições e eventos que comporão o Ano da
Inovação e Design da Apex-Brasil e serão anunciados
no próximo mês de agosto.
De toda a programação feita especialmente para
a Bienal de Design, no ano passado, quais foram
os principais resultados do ponto de vista da
Apex-Brasil?
Acredito que a programação desenvolvida pela Apex-Brasil e o nosso apoio ao evento contribuíram para
dar à Bienal um caráter mais internacional e mais voltado à indústria e aos negócios, mostrando a importância do design para a competitividade empresarial.
Até então, as Bienais enfocavam os aspectos acadêmicos, artísticos e culturais do design. Atualmente,
Quando se fala em design brasileiro com presença internacional, o primeiro nome que vem à
lembrança são os irmãos Campana, que atingem
o mercado externo por meio de seu desenho e
inventividade, mas parte de sua produção fica a
cargo de indústrias estrangeiras. A produção brasileira feita inteiramente no Brasil chega ao mercado estrangeiro?
Sim. Temos inúmeros casos de empresas brasileiras
que já vêm se diferenciando no mercado internacional por conta da aplicação de design – desenvolvido
no Brasil – em seus produtos e serviços. Sabemos
que o mercado internacional é extremamente competitivo e só conquistam espaços as empresas que
incluem design, inovação e sustentabilidade em suas
estratégias. Temos tido resultados muito positivos.
Em 2012, por exemplo, as empresas apoiadas pela
Apex-Brasil (são 12.414, de 83 setores da economia)
exportaram US$ 40,84 bilhões, valor equivalente a
16,84% das exportações brasileiras. Ressalto que
nós só apoiamos exportações de empresas de indústrias e serviços, ou seja, esse número não inclui commodities. Vemos, hoje, muitas marcas brasileiras que
41
já se consolidaram como empresas multinacionais,
como Embraer, Natura, Alpargatas, Weg, Marcopolo.
São companhias que passaram por um processo de
fortalecimento – incluindo questões de design, inovação, marketing, gestão – e souberam aproveitar bem
as oportunidades que surgiram no mercado. É claro
que há ainda espaço para ampliar muito a presença
brasileira no exterior, e a Apex-Brasil trabalha sempre
com esse objetivo. Para isso, apoiamos as empresas
em todo esse trajeto: da sensibilização para a importância de estar no mercado internacional até a efetiva
internacionalização dos negócios e consolidação das
marcas no exterior.
Quais outras iniciativas são promovidas pela
Apex-Brasil?
Além das ações voltadas especificamente aos temas
do design e inovação, temos diversas iniciativas que
beneficiam os setores em seu desenvolvimento e
inserção no mercado internacional. É o caso de capacitação para as empresas que têm potencial exportador e de um grande número de ações de promoção comercial, que atendem aos diversos perfis das
empresas e dos setores. Nossa atuação inclui, ainda,
iniciativas relacionadas à inteligência comercial (realização de estudos e pesquisas sobre mercados e
setores que auxiliam na definição da estratégia de
inserção comercial) e ações de posicionamento e
imagem dos setores brasileiros no mundo.
Our goal is that, in this way, the organizations can
support the development of design in companies by
promoting a closer relationship between the industry
and the academia. Another important initiative is the
Design Export program, which is being run in partnership with the Brazil Design Center. The program
is selecting 70 companies with export potential and
good innovation projects to provide them with advice
and financial support for hiring design offices and for
the development of innovative products and services.
There is also the Design Embala project run in partnership with the Brazilian Packaging Association (ABRE).
What are Apex-Brasil lines of action to support the
Brazilian design and how are they developed?
Its main goal is to add value to Brazilian products
through packaging design to enter new markets. Brazil
has already received several international design
awards for products and packaging. However many
companies could invest more in packaging in order
to meet the particularities and the consumers’ buying
habits in each market. The project includes initiatives
that raise companies’ awareness and improve their
qualification in addition to promoting the image of Brazil
in this segment. Besides these programs, we provide
corporate training activities, such as workshops and
seminars, and we support events that point out the
importance of design to companies and the society.
Apex-Brasil considers design as a fundamental tool
for the Brazilian companies’ competitiveness, as well
as innovation and sustainability. That is why in June
last year, as a result of our strategic planning, we
decided to create a department that supports innovation and design transversely, that is, benefiting all
83 segments of the economy that we have export
promotion projects with. From there, we began to
develop various initiatives. One of them is the creation
of innovation and design centers within the sector-based organizations that are partner of the Agency,
in partnership with universities or research centers.
They include the Biennial Brazilian Design Exhibition,
held in Belo Horizonte in 2012, and the São Paulo
Design Weekend, launched last year and which
will happenfor the second time in August this year.
Furthermore, we support events that showcase the
best of the Brazilian design to the world, like the
Biennial Design Exhibition and Brazil S/A, a decoration
and design exhibition held during the Design Week in
Milan, Italy. From August to November this year, the
Agency will organize various exhibitions and events
as part of the Year of Innovation and Design of ApexBrasil which will be announced next August.
With an eye
on the world
42
Haverá espaço para
o crescimento de
escritórios de design
e de pequenas e
médias empresas que
investem em design
Considering the entire program made especially for
the Biennial Design Exhibition last year, what were the
main results from the point of view of Apex-Brasil?
I believe that the program developed by Apex-Brasil
and our support to the event helped to give the biennial exhibition a more international feature that is more
aimed at companies and trade, showing the importance of design to business competitiveness. Until
then, the biennial exhibitions focused on the academic,
cultural and artistic aspects of design. Currently, we
live in a time when design has increasingly become a
part of people’s everyday lives and, therefore, needs to
be discussed by companies and society.
Do you think that Brazilian companies will take advantage of the World Cup and the Olympics to expand
their operations in foreign markets?
Without a shadow of a doubt. These events held in
Brazil will be an incentive to boost the domestic companies’ competitiveness, due to the increased visibility that the country and its products and services
will have and also because of the levels of excellence
that will be required by foreign tourists and bodies like
FIFA and the Olympic Committee. The study on Design
in the host cities for the 2014 World Cup: Business
opportunities, requested by MDIC with the support
of Apex-Brasil, shows many opportunities for the
development of Brazilian companies. The study indicates the generation of approximately R$ 86 billion
as a result of the economic impact for holding the
2014 World Cup in the country. The investment areas
include construction, media, tourism, health, security,
transportation, furniture, machines, fashion and information technology – and design permeates all these
economic activities. Therefore, there is room for the
growth of design offices and small and medium-sized
businesses that invest in design.
There is room for
the growth of design
offices and small
and medium-sized
businesses that
invest in design
When it comes to Brazilian design with an international presence, the first name that comes to our minds
is the Campana brothers. Although they get into the
foreign market through their design and inventiveness, foreign companies are in charge of part of their
production. Is the Brazilian production made entirely
in Brazil able to break into the foreign market?
Yes. There are numerous cases of Brazilian companies that have already stood out in the international market due to the use of design - developed in
Brazil - in their products and services. It is common
knowledge that the international market is extremely
competitive and it can only be entered by companies that include design, innovation and sustainability in their strategies. We have had very positive
results. In 2012, for example, companies supported
by Apex-Brasil (a total of 12,414 in 83 sectors of the
economy) exported US$ 40.84 billion, accounting
for 16.84% of the Brazilian exports. I’d like to point
out that we only support exports from manufacturing companies and service providers, that is, this
number does not include commodities. Today many
Brazilian brands are consolidated as multinational
companies such as Embraer, Natura, Alpargatas, Weg
and Marcopolo. These are companies that have gone
through a strengthening process – including issues
of design, innovation, marketing, management – and
were able to take advantage of the opportunities that
have emerged in the market. Of course there is still
room to significantly expand the Brazilian presence
abroad, and Apex-Brasil always works with this goal.
For this reason we support companies throughout the
process: from raising awareness of the importance
of being in the international market to the effective
internationalization of the business and consolidation
of the brands abroad.
What other initiatives are developed by Apex-Brasil?
In addition to the action plans aimed at design and
innovation issues, we have several initiatives that
benefit the sectors to develop and integrate into
the international market. This is the case when
we help companies with export potential to build
capacity and offer a large number of trade promotion activities, which meet the needs of companies
and sectors with different profiles. Our work also
includes initiatives related to business intelligence
(studies and research on markets and sectors that
help define the strategy for commercial insertion)
and initiatives to position and promote the image of
Brazilian sectors in the world.
43
Fotos Petrônio Amaral
À esq., jardim suspenso
Assanga (Rechonchudo),
design Alessandra Clark e
Nuno F. Sousa, da Mameluca
Design. Na pág. ao lado,
luminária Desdobramentos,
de José Marton
On the left, Assanga hanging
garden (Rechonchudo),
designed by Alessandra
Clark and Nuno F. Sousa, of
Mameluca Design. On the
opposite page, Desdobramentos
lamp, by José Marton
Objetivo?
exportação
A mostra Geração Casa Brasil exibiu, na Bienal,
trabalhos concebidos por designers filiados
ao programa Orchestra Brasil, projeto do
Sindmóveis em parceria com a Apex-Brasil.
Esta, entre outras, é um exemplo de propostas
que têm obtido sucesso no mercado externo
The Casa Brasil Generation show exhibited at the
Biennial event works developed by member designers
of the Orchestra Brasil program, a project carried out
by Sindmóveis in partnership with Apex-Brasil. This
exhibition,, among others, is an example of proposals
that have been successful in foreign markets
45
Fotos Fabio Del Re
Foto Petrônio Amaral
Criatividade,
originalidade e
sustentabilidade
são os diferenciais
competitivos que
permitirão às
marcas brasileiras
se posicionarem
no mercado
Mais de vinte designers participantes do projeto Orchestra Brasil integraram, com suas criações, a exposição Geração Casa Brasil, pertencente à
programação oficial da IV Bienal Brasileira de Design. O projeto é uma
parceria entre o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves
(Sindmóveis) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (Apex-Brasil) para a promoção de exportações de insumos,
componentes, tecnologia e serviços de design para a indústria do mobiliário. Realizada de 19 a 28 de outubro de 2012, no Museu de Minas e Metais,
em Belo Horizonte, a mostra, com curadoria de Maria Helena Estrada, teve
a participação de empresas associadas ao Orchestra Brasil.
O ponto de partida foi o uso de cores selecionadas na cartela do
Caderno +B, colaboração do Sindmóveis com a Associação Brasileira de
Estilistas (Abest). A proposta da parceria é unir mobiliário e moda para o
fortalecimento integral do design brasileiro.
“A iniciativa faz parte dos esforços permanentes para potencializar o uso
do design como ferramenta de competitividade da indústria, garantindo
a permanência das empresas brasileiras no mercado global”, afirma a
presidente do Sindmóveis, Cátia Scarton. O Orchestra Brasil trouxe três
jornalistas da América do Sul para o evento, como forma de posicionar o design brasileiro nesse mercado. Já a gestora do programa na
Apex-Brasil, Adriana Rodrigues, afirma: “O design é o fator de inovação
e competitividade para que a indústria do mobiliário possa avançar nos
mercados brasileiro e internacional. É o diferencial competitivo que permitirá às marcas brasileiras posicionarem-se com criatividade, estilo e
sustentabilidade. Por isso, buscamos apoiar as iniciativas do setor, tais
como a que ocorreu durante a Bienal”.
Produção relevante
46
Alguns dos principais estúdios de design do país estiveram representados
na mostra Geração Casa Brasil. Entre os destaques, estão os trabalhos
das irmãs e arquitetas gaúchas Maria Cristina de Azevedo Moura e Ana
Luísa Lo Pumo, Tina e Lui. A dupla apresentou o sofá Linha Colombina
e produz peças focadas principalmente no conforto, sempre com a utilização de detalhes artesanais. Além disso, as arquitetas trabalham com
Fotos Petrônio Amaral
Foto Petrônio Amaral
Acima, um ângulo da exposição. À dir., pendente Zig, de Flávia
Pagotti Silva e Camila Fix para DL Iluminação; e, abaixo, poltrona
Amaná (Envolver), da Mameluca Design. Na pág. ao lado,
acima, peças da linha Colombina, de Maria Cristina de Azevedo
Moura (Tina) e Ana Luisa Cuervo Lo Pumo (Lui) para Dresch
Móveis; e pranchas de surfe Caxirama, de Heloisa Crocco
Above, a view of the exhibition. On the right, Zig lamp, by Flávia
Pagotti Silva and Camila Fix for DL Iluminação, and below,
Amaná armchair (Envolver), of Mameluca Design. On the other
page, above, items of the Colombina line, by Maria Cristina de
Azevedo Moura (Tina) and Ana Luisa Cuervo Lo Pumo (Lui) for
Dresch Móveis, and Caxirama surfboards, by Heloisa Crocco
projetos sociais em programas de artesanato para geração de renda em
comunidades, como as que integram o projeto Mão Gaúcha.
Com mais de 15 anos de atividade, o estúdio Marton+Marton divulgou na
mostra a luminária Desdobramentos, da linha m ao quadrado. Produzida
em MDF e laminado ecológico de PET, a parte externa da peça é preta e
a interna colorida, permitindo várias nuances de cores no ambiente com
a incidência da luz. O módulos podem ser conectados infinitamente.
Outros estúdios e designers destacados foram Bernardo Senna, Carlos
Alcantarino, Em2 Design, Estudiobola, Eulália Anselmo, Faro Design,
Fix Design, Flávia Pagotti Silva, Girona Design, Heloísa Crocco, Lattoog
Design, Llussá Marcenaria, Luiz Pedrazzi, Mameluca Design, Oficina Ethos,
Porfírio Valladares, Projeto 3 Design, Regis Padilha Designer e UNT Design.
A mostra foi também apresentada, em dezembro do ano passado, na
feira Design Miami, nos Estados Unidos, com alguns dos trabalhos
expostos na Bienal.
47
The main goal?
To export
Over twenty member designers of the Orchestra Brasil project exhibited their creations
at the Casa Brasil Generation show, which was part of the official program of the 4th
Brazilian Design Biennial Exhibition. The project is organized by the Furniture Industry
Association of Bento Gonçalves (Sindmóveis) in partnership with the Brazilian Trade and
Investment Promotion Agency (Apex-Brasil) to boost exports of supplies, components,
technology and design services for the furniture industry. Held from October 19-28,
2012 at the Museum of Mining and Metals in Belo Horizonte, the exhibition, curated
by Maria Helena Estrada, was attended by the member companies of Orchestra Brasil.
The starting point was the use of colors chosen from the color chart of the Caderno
+B (an Abest publication), and the Orchestra Brasil decision to use the indicated color
tendencies. and the Brazilian Association of Fashion Designers (Abest), The purpose of
the partnership is to combine fashion and furniture to further strengthen Brazilian design.
48
Acima, mesa Corda, design
Ilse Lang, da Faro Design
“The initiative is part of the constant efforts to enhance the use of design as a competitive tool for manufacturing businesses, ensuring the permanence of Brazilian companies
in the global market,” says the president of Sindmóveis, Cátia Scarton. The Orchestra
Brasil project brought three reporters from South America to the event, in order to
position the Brazilian design in this market. The manager of the program at Apex-Brasil,
Adriana Rodrigues, says: “Design is the innovative and competitive factor that enables
the furniture industry to move forward in the Brazilian and international markets. Criativity,
originality and sustainability are the competitive tools that will allow the Brazilian brands
to compete in the global market. Therefore, we seek to support initiatives developed by
the sector, like the one held during the biennial exhibition.”
Above Corda table, designed
by Ilse Lang, of Faro Design
Relevant Production
Criativity,
style and
sustainability are
the competitive
advantage
that will allow
Brazilian brands
to position
themselves in
the market
Some of the major Brazilian design studios were represented at the Casa Brasil
Generation exhibition. The highlights included the work of the architects from Rio
Grande do Sul Maria Cristina de Azevedo Moura and Ana Luísa Lo Pumo, Tina and
Lui, who showed the Linha Colombina sofa. They produce pieces primarily focused on
comfort and always featuring handcrafted details. Moreover, the architects work with
social projects in craft programs for the generation of income in communities, like the
ones that are part of the Mão Gaucha project.
Having been in business for over 15 years, Marton+Marton studio exhibited Luminária
Desdobramento (lighting), of the m ao quadrado line. Made from MDF and environment-friendly PET laminate, the outer part of the piece is black and the inner part
is colorful, producing various shades of color in the environment depending on the
incidence of light rays. The modules can be connected endlessly.
Other highlighted studios and designers were Bernardo Senna, Carlos Alcantarino, Em2
Design, Estudiobola, Eulália Anselmo, Faro Design, Fix Design, Flávia Pagotti Silva, Girona
Design, Heloísa Crocco, Lattoog Design, Llussá Marcenaria, Luiz Pedrazzi, Mameluca
Design, Oficina Ethos, Porfírio Valladares, Projeto 3 Design, Regis Padilha Designer and
UNT Design. The show was also presented in December last year at the Design Miami
fair in the United States, featuring some of the works exhibited at the Brazilian biennial
event. The show was also presented in December last year at the Design Miami fair in
the United States, featuring some of the works exhibited at the Brazilian biennial event.
Fonte: assessoria de comunicação do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves
(Sindmóveis) / Source: Press office of the Furniture Industry Association of Bento Gonçalves (Sindmóveis)
A importância
do mobiliário na sociedade
A mostra 1 Pessoa 10 cadeiras parte do projeto Tempos de Design
em Minas, abordou o passado, o presente e o futuro dos assentos
– e, por extensão, de todo o mobiliário. A ênfase foi para a relação
entre o homem e esses elementos fundamentais ao nosso cotidiano
The 1 Person 10 Chairs exhibition, run concurrent with the 4th Biennial
Brazilian Design Exhibition, approached the past, present and future of
seating – and, by extension, all kinds of furniture. Emphasis was given
to the relationship between men and the essential daily life elements
50
Foto cedida pela Fiemg
Foto cedida pela Fiemg
Foto cedida pela Fiemg
da redaçÃo
Em sentido horário, a partir
da dir.: Sala Interativa, com
intervenções; cadeira Leveme, do escritório mineiro LAB
Design; diferentes leituras
para um mesmo modelo de
assento; peças de cortiça da
empresa portuguesa Corque
Design; a sala interativa, desta
vez, toda branca; e detalhe de
desenho feito por um visitante
Foto Anna Ftg
Foto Anna Ftg
Foto Anna Ftg
Clockwise from the right:
Interactive Room with
interventions; Leve-me chair, of
the Mineiro LAB Design office;
different approaches to the
same seat model; pieces made
with natural cork by Corque
Design, a Portuguese company;
the interactive room, this time,
completely white, and a detail of
the drawing made by a visitor
51
Foto cedida pela Fiemg
Eles estão em casa, na praça, no metrô, no consultório do dentista... Diferentes tipos de
assento fazem parte da vida dos indivíduos. Tanto que, baseado em uma pesquisa desenvolvida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o curador e designer Sérgio
Lourenço concebeu a mostra 1 Pessoa 10 Cadeiras, paralela à IV Bienal Brasileira de Design.
“Há ao menos 10 assentos disponíveis para as pessoas em seu dia a dia”, explica ele, que é
Superintendente de Desenvolvimento Empresarial da Federação das Indústrias do Estado de
Minas Gerais (FIEMG).
A exposição foi realizada entre 4 e 23 de outubro de 2012, na Serraria Souza Pinto, em
Belo Horizonte, estruturada em dez áreas expositivas. Durante o período, houve também, no
local, palestras e mesas-redondas. O objetivo, segundo o curador, foi incentivar a discussão
acerca da importância do mobiliário na sociedade. Da parte ao todo, usou-se a cadeira –
mais emblemática peça de mobiliário, para não dizer do design em geral – como elemento-chave para refletir sobre a produção de móveis.
O primeiro espaço, denominado Linha do Tempo, apresentou a evolução social no século 20
e, consequentemente, das cadeiras, apontando sua transformação quanto a materiais, formas e estilos. Essa parte da exposição foi produzida em parceria com a Escola de Design da
Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), por meio do Laboratório de Design Gráfico.
Teve coordenação de Mariana Misk e curadoria de Giselle Hissa Safar, além da participação
do professor convidado Alencar Ferreira e do aluno Fernando Dias.
Com o mesmo título da mostra, a área 1 Pessoa 10 Cadeiras proporcionou a interação do
público com 170 cadeiras, poltronas e bancos de tipos variados – como os de mobiliário
urbano, de cinema e avião, peças típicas de parques de diversões e exemplares do passado.
Ao “experimentar” os assentos, o público percebeu, por exemplo, diferentes relações ergonômicas e de bem-estar. Também houve manifestações emocionais. “Uma visitante ficou
comovida ao identificar uma peça igual a que existia na casa de sua avó”, conta o curador.
Consumo e atualidade
Da Madeira à Cadeira foi o terceiro campo, desenvolvido pelo SENAI e pelo Centro de
Desenvolvimento Tecnológico da Madeira e do Mobiliário (CEDETEM). Peças produzidas por
alunos dessa unidade do SENAI juntavam-se a painéis com informações sobre a mesma,
além da marcenaria. Integrada ao local, estava a apresentação da pesquisa referente ao
consumo de mobiliário pela classe C brasileira, desenvolvida pela rede SENAI, que gerou o
livro Biomas do Consumo – Referenciais do Mobiliário, editado pela entidade.
52
Acima, espaço Linha do Tempo,
com a cronologia da sociedade
e do mobiliário do século 20.
Na pág. ao lado, cadeira Amor
Próprio, assinada pelo designer
Geraldo Coelho, exposta no
setor Intervenção Artística
Above, Timeline space featuring
the chronology of the 20th
century society and furniture.
On the opposite page, Amor
Próprio chair, designed by
Geraldo Coelho, exhibited in
the Artistic Intervention sector
O Mobiliário Atual também fazia parte da mostra. O arquiteto Cioli Stancioli expôs móveis que
representam a produção atual de 13 empresas, caso de Giroflex-Forma, Prima Linea e Móveis
Brum. Além disso, abordou-se a inovação dos assentos na área Novos Conceitos, dividida em
três segmentos: propostas da indústria que incorporam sustentabilidade, acessibilidade e
trabalho social; novidades apresentadas por designers brasileiros; e a exibição de produtos
da empresa portuguesa Corque Design, ponto alto da mostra. Sua proposta recupera o uso
da cortiça no mobiliário e tem à frente a designer Ana Mestre. Seus produtos revelam acabamento impecável, além de design original e peculiar em um viés sustentável.
“Há outra questão bastante atual, que é o relacionamento entre arte e design: o que é o designer
e o que é o artista”, comenta Lourenço. “Por isso, criamos o espaço Intervenção Artística”.
Para compô-lo, 29 cadeiras idênticas, de um modelo básico de madeira lixada, foram destinadas a 29 artistas, como grafiteiros, escultores e designers de moda. Cada qual deu sua identidade à peça, em intervenções que exploravam abordagens diversas, da semântica à funcional.
Foto Anna Ftg
Com a
mostra, o
público
pôde refletir
a respeito
de como o
mobiliário
faz parte do
cotidiano,
observando
diferentes
vertentes do
design: do
industrial ao
design art
Indicações para o porvir
Na saída da exposição, a Sala Interativa, toda branca e com representações volumétricas
de móveis, apresentava ambientes de uma casa. “Depois de ter refletido sobre o passado e
presente, cada visitante preencheu-a com frases e desenhos que traduzem expectativas em
relação ao futuro do mobiliário”, conta Lourenço. O público respondeu ainda a um questionário
digital a respeito do uso atual e destino dos móveis. O quesito mais valorizado, por exemplo,
foi estilo (com 30% das respostas), e multifuncionalidade (41%), o atributo mais indicado para
uma residência do futuro.
A mostra foi uma iniciativa do SENAI Minas por meio do CEDETEM, em conjunto com o
Sindicato das Indústrias do Mobiliário e Artefatos de Madeira no Estado de Minas Gerais
(SINDIMOV-MG), com apoio do SENAI nacional.
Take a seat and... think!
They are at home, in the square, in the subway, in the dentist’s office ... Different types of seats
are part of people’s lives. Based on a survey developed by the National Service for Industrial
Apprenticeship (Senai), curator Sérgio Lourenço conceived the 1 Person 10 Chairs show.
“There are at least 10 seats available for people in their daily lives,” explains the designer
and Superintendent of Business Development at the Industry Federation of the State of Minas
Gerais (FIEMG).
The event, held from October 4-23, 2012, at Serraria Souza Pinto, in Belo Horizonte, had ten
exhibition areas. During this period, there were also on-site lectures and round-table meetings.
According to the curator, the show aimed to encourage the discussion about the importance of
furniture in society. From the part to the whole, a chair - the most iconic piece of furniture, not to
mention of design in general - was used as a key element to reflect on the production of furniture.
The first space, called Timeline, presented the social evolution in the 20th century and, consequently, of the chairs, pointing out their transformation in terms of the materials, shapes and
styles. This part of the exhibition was produced in partnership with the University of Minas
Gerais School of Design, through the Laboratory of Graphic Design. It was coordinated by
Mariana Misk, and curated by Giselle Hissa Safar, with the participation of Professor Alencar
Ferreira and student Fernando Dias.
With the same title of the exhibition, the 1 Person 10 Chairs area gave visitors the opportunity
to interact with 170 chairs, armchairs and benches of different types - including urban items,
furniture for cinemas and airplanes, typical elements of amusement parks and models of the
past. By “trying” the seats, attendees noticed, for example, different ergonomic relations concerns
regarding comfort. There were also emotional manifestations. “A visitor was moved when she
identified a piece that looked like the one found in her grandmother’s house,” says the curator.
Consumption and current overview
53
The third area, From Wood to Chair, was developed by SENAI with the Wood and Furniture
Technological Development Center (CEDETEM). Pieces produced by students of this SENAI unit
were displayed together with panels containing information about both woodworking and CEDETEM.
Additionally, a survey was presented on the consumption of furniture by the Brazilian middle class,
carried out by SENAI network, which was the base for the book Biomas do Consumo – Referenciais
do Mobiliário (Consumption Biomes – Benchmarks for Furniture), edited by the organization.
Modern Furniture was also part of the show. Architect Cioli Stancioli exhibited furniture that represents the current production of 13 companies, including Giroflex-Forma, Prima Linea and Móveis
Brum. Seat innovation was also addressed in the New Concepts area, divided into three segments:
industry proposals that incorporate sustainability, accessibility and social work; new ideas developed by Brazilian designers; and the exhibition of products made by the Portuguese company
Corque Design, the highlight of the show, which portrays the use of cork in furniture and is led
by designer Ana Mestre. The furniture has flawless finish, original design and a sustainable bias.
“Another very current issue is the relationship between art and design: what the designer is and
what the artist is”, says Lourenço. “That is the reason why we created the Artistic Intervention
area.” It consisted of 29 identical chairs, featuring a basic model of sanded wood, that were given
to 29 artists, including graffiti artists, sculptors and fashion designers. Each one of them gave their
own identity to the chair by exploring different approaches, from semantic to functional.
Indications for the future
On the way out, the white Interactive Room had volumetric representations of furniture and the
rooms in a house. “After reflecting on the past and present, each visitor filled it with sentences and
drawings that express their expectations for the future of furniture,” says the curator. The public
also completed a digital questionnaire on the current use and the destination of furniture. The most
valued item was, for example, style (with 30% of the responses) and multi functionality (41%) was
the most chosen attribute for a future home.
The exhibition was set up on the initiative of SENAI Minas through CEDETEM, together with
the Association of the Furniture and Wood Products Industry of the State of Minas Gerais
(MG-SINDIMOV). It was supported by the national SENAI.
Below, Prima Linea tables, on the
foreground, were exhibited at the
Mobiliário Atual space, which showcased
products made by 13 companies
Foto cedida pela Fiemg
Abaixo, as mesas da Prima Linea,
em primeiro plano, integraram o
espaço Mobiliário Atual, em que se
exibiu a produção de 13 empresas
With the
show,
participants
were able
to reflect on
how furniture
is part of our
everyday life,
observing
different
aspects of
design: from
industrial to
art design
54
Fotos Anna FTG
Ações educativas
complementam mostra
Palestras e mesas-redondas discutiram
assuntos relativos ao
setor de mobiliário
Lectures and roundtable meetings discussed
issues related to the
furniture industry
No alto, na foto maior, da esq. para
a dir., participantes da mesa-redonda
Design Essencial: o moderador Alonso
Lamy, o designer Paulo Foggiato e
o professor Eduardo Romeiro, além
da designer portuguesa Ana Mestre.
Ao lado dela, o público do evento e a
professora Giselle Safar, que abordou
história do design e mobiliário
At the top, from left to right, the larger
picture shows participants of the
Essential Design roundtable: moderator
Alonso Lamy, designer Paulo Foggiato,
Professor Eduardo Romeiro, and
Portuguese designer Ana Mestre.
Next to her, visitors to the event and
Professor Giselle Safar, who addressed
the history of design and furniture
O auditório localizado no mezanino da Serraria Souza Pinto foi palco de sete palestras e
quatro mesas-redondas, com mediação do engenheiro arquiteto e professor Alonso Lamy,
organizadas em paralelo à mostra 1 Pessoa 10 Cadeiras. Participaram 20 profissionais
renomados. É o caso da curadora Adélia Borges, dos designers Paulo Foggiato e Aristeu
Pires, do professor Dijon de Moraes, reitor da Universidade do Estado de Minas Gerais
(UEMG), além da designer e consultora portuguesa Ana Mestre, da Corque Design.
Os eventos abordaram temas variados: a história do design de móveis no Brasil, sua
essência, a relação entre mobiliário e cultura, aplicações de teorias semióticas no segmento, questões ergonômicas, um case de design de produto, perfis de consumo e os
horizontes do mobiliário.
Educational initiatives complement the show
The auditorium located on the mezzanine floor of Serraria Souza Pinto featured seven lectures
and four round-table meetings, under the mediation of architect, engineer and professor Alonso
Lamy, held concurrently with 1 Person 10 Chairs show. Twenty renowned professionals took part
in the events including curator Adélia Borges, designers Paulo Foggiato and Aristeu Pires, dean
of the University of Minas Gerais (UEMG), Dijon de Moraes, and the Portuguese designer and
consultant Ana Mestre, of Corque Design.
The events addressed various topics: the history of furniture design in Brazil, its essence, the
relationship between furniture and culture, applications of semiotic theories in the segment,
ergonomic issues, a product design study case, consumption profiles and the future of furniture.
55
Fotos Fernanda Nasser
Moda fabulosa
O fashion star Ronaldo Fraga assinou a mostra paralela Caderno
de Roupas, Memórias e Croquis, no espaço da futura Casa
Fiat de Cultura. Com ares de fábula, a narrativa característica
das criações do estilista reinou na antológica exposição
The fashion star Ronaldo Fraga has designed the parallel exposition
Caderno de Roupas, Memórias e Croquis (Notebook of Clothes,
Memories and Sketches), in the building where will be installed the
future Casa Fiat de Cultura. With fable’s atmosphere, the characteristic
narrative of the stylist’s creations reigned in his anthological exhibition
Cristina Morozzi
Acima, espaço Costela de Adão,
dedicado a uma coleção que
completa 10 anos, inspirada
na cerâmica do Vale do
Jequetinhonha. Na pág. ao lado,
detalhe do mesmo segmento
Dotado de um talento especial para o desenho, o grande contador de
histórias Ronaldo Fraga, estilista eclético, com bigodes de Salvador Dalí,
narrou um convite à descoberta de suas exuberantes coleções na variada
mostra Caderno de Roupas, Memórias e Croquis. Concebida como uma
viagem através da memória, e por ele projetada, a exposição teve as
criações organizadas como uma espécie de país das maravilhas. Na sala
de entrada, entre véus de tule, balançavam moldes em papel-cartão e, a
partir daí, em um cintilar de espelhos, descobriam-se vestidos de fábulas.
Seus desfiles a cada estação, muitas vezes com a alegria de cores brilhantes, estavam representados em um grande livro digital que se folheava lentamente, assim como um gigantesco Ipad. No primeiro andar, uma
Above, Costela de Adão space,
dedicated to a 10-year-old
collection, inspired by Vale
do Jequitinhonha ceramics.
On the opposite page, a
detail of the same segment
série de velhas valises abertas, montadas sobre cavaletes, continham seus
instrumentos de trabalho: agulhas, linhas, alfinetes, fitas métricas, cadernos de rascunhos, velhas fotografias... Então, em uma sala imersa em luz
rosada, de pôr de sol tropical, dançavam sobre moldes em papel-cartão,
desenhados por Ronaldo, frescos vestidos de verão, prodígios de bordados
e patchworks. Na intenção de Ronaldo, a mostra é uma narração da moda,
criada por imagens, entendida como apropriação cultural. “A moda é interpretação do contexto cultural; a moda é técnica, construção, cor, tecido e
negócio”, afirma. “Mas é, antes de tudo, a transformação da música, da literatura, da cultura brasileira contemporânea no desenho de roupas, capaz de
narrar o presente e as memórias locais”. E prossegue: “Narrar uma história
é um ato de gentileza dirigido ao público. Eu narro com minhas criações”.
57
Lápis e fantasia
Suas roupas, construídas com os cuidados da alta-costura e modelados com sabedoria, possuem um ingênuo frescor, hoje estranho às
grandes firmas do fashion system. Dão-nos a ilusão, vestindo-as, de
podermos ainda nos transformar em princesas. Em Belo Horizonte, na
rua Fernandes Tourinho, há uma butique da marca, onde é reconhecível o toque decorativo de Ronaldo. Velhas cadeiras de cinema, bancos
de madeira com a silhueta de gazelas, balançando, painéis decorativos
ilustrados com rolos de peças de tecido nas gradações do vermelho e,
ao longo da vitrine, um florir de plantas tropicais. Com poucos elementos,
Ronaldo criou uma moldura ideal, luminosa e mágica para a sua moda.
Nas originais fantasias, nos elaborados bordados e nas cores intensas,
ela evoca a exuberância da natureza da região dos minérios de Minas
Gerais, com sua terra cor de tijolo, onde Oscar Niemeyer edificou seus
primeiros projetos de arquitetura.
58
Fotos Fernanda Nasser
Desde seus 6 anos, Ronaldo desenha roupas. Ama o desenho porque
é uma atividade solitária. Para ele, lápis e pincel são uma espécie de
droga. “Me enamoro de meus desenhos”, confessa. “Cheiro o perfume
do caderno que sempre me acompanha. O desenho é como um bordado
feito com o pincel. Desenhar é, para mim, uma espécie de exercício psíquico: serve para descarregar as tensões e explorar minhas memórias. O
lápis guia a minha fantasia. Minha ambição é narrar uma nova história
do vestir”. Há, em suas criações, a felicidade de quem escolheu ser livre
da ditadura das tendências para seguir sua própria poética.
Acima, representação de
árvores da infância do estilista
que geraram desenhos e
roupas. Abaixo, miniloja com
produtos assinados por ele.
Na pág. ao lado, espaço que
remete à desconstrução de
personagens – uma função
da moda, para Fraga
Above, a representation of trees
from the designer’s childhood
which generated drawings and
clothes. Below, a small store
showcasing some of his products.
On the other page, a space
reminding us of the deconstruction
of characters – a role played by
fashion according to Fraga
Fabulous Fashion
Gifted with a special talent for drawing, the great storyteller Ronaldo Fraga,
eclectic stylist, with Salvador Dalí mustaches, narrated an invitation to the
discovery of his exuberant collections in the varied exposition Caderno de
Roupas, Memórias e Croquis (Notebook of Clothes, Memories and Sketches).
Conceived as a journey through memory, and designed by him, the exhibition creations were organized as a kind of wonderland. At the entrance hall,
among tulle veils, cardstocks molds swinging and, from there on, in sparkling mirrors, fable dresses can be found.
His fashion shows, each season, often with the joy of bright colors, were
represented in a large digital book that could be flipped slowly, like a gigantic
Ipad. On first floor a lot of old suitcases opened, mounted on easels, containing his tools: needles, thread, pins, measuring tapes, sketchbooks, old
photographs ... So, in a room immersed in rosy light from the tropical sunset,
cardstocks molds danced on, designed by Ronaldo, cool summer dresses,
embroidery and patchwork wonders. In Ronaldo’s intention, the exposition
is a narrative fashion, created by images, understood as cultural appropriation. “Fashion is interpretation of cultural context; fashion is art, building,
color, fabric and business,” he says. “But it is, above all, the transformation
of music, literature, contemporary Brazilian culture in the design of clothes,
able to narrate the present and local memories”. He continues: “Telling a
story is an act of kindness directed to the public. I narrate with my creations”.
Pencil and fantasy
Since his six years, Ronaldo draws clothes. Love the design because it is a
solitary activity. For him, pencil and brush are a kind of drug. “I fall in love
for my drawings,” he confesses. “Smell the perfume of the notebook which
always follows me. The drawing is like embroidery done with the brush.
Drawing is for me a kind of psychic exercise: serves to discharge tensions
and explore my memories. The pencil guides my fantasy. My ambition is to
tell a new story of the wearing”. There is, in his creations, the happiness of
those who chose to be free from the dictatorship of the trends to follow his
own poetics.
His clothes, built with haute couture care and modeled with wisdom, possess
naïve freshness, today odd to large firms from fashion system. Give us the
illusion, by wearing them, that we can still turn us into princesses. At Belo
Horizonte, in Fernandes Tourinho street, there is a brand boutique, where is
recognizable the decorative touch of Ronaldo. Old cinema chairs, wooden
benches with the silhouette of gazelles, swinging, and decorative panels
illustrated with rolls of fabric pieces in shades of red and along the showcase a blooming of tropical plants. With few elements, Ronaldo created an
ideal frame, brightly and magic to his fashion. In the original costumes, the
elaborated embroidery and the intense colors, it evokes the exuberant nature
of the minerals from the region of Minas Gerais, with his earth-colored brick,
where Oscar Niemeyer built his first architecture projects.
Cristina Morozzi, italiana, é jornalista e crítica de design, professora de moda e arte, além de curadora de mostras internacionais /
Italian, is a journalist, design, fashion and art critic, and curator of international exhibitions
59
60
A linha do tempo da
indústria automotiva no
Brasil integrou a exposição
A timeline of the car
industry in Brazil was
part of the exhibition
MARCA ITALIANA,
DESIGN
BRASIlEIRO
Fiat revela a história dos automóveis no país, processos de
criação e a relação deles com a arte na mostra Design de
Carros no Brasil – Rupturas e Inovações, realizada na Casa Fiat
de Cultura. Destaque para pesquisas e plataformas abertas
ao público que direcionam novos projetos da empresa
Fiat shows the car history in Brazil, creation processes and
their relationship with art in the concurrent exhibition called
Car Design in Brazil - Ruptures and Innovations, held at Casa
Fiat de Cultura. The highlight was the survey and the platforms
opened to the public that drive the company’s new projects
Da redacão
61
A Fiat Automóveis abriu seu escritório de design para
o público, exibiu a evolução histórica do projeto de
carros no Brasil, promoveu palestras sobre inovação
e revelou as influências e relações entre a cultura
inerente a esse segmento e a arte em uma exposição pertencente à programação oficial da IV Bienal
Brasileira de Design. Na Casa Fiat de Cultura, em
Belo Horizonte, a mostra Design de Carros no Brasil
– Rupturas e Inovações apresentou como a empresa
aprimora seus processos de trabalho, levando em
conta as necessidades do consumidor com o uso de
pesquisas e plataformas abertas. “Todo mundo tem
curiosidade de saber como é feito um carro”, avalia
o curador Paulo Nakamura, designer chefe do Fiat
Design Center para a América Latina, LATAM, único
centro de desenvolvimento de design da montadora
fora da Itália. “Acho que o público ficou satisfeito com
a programação”.
“No projeto do Novo Uno, por exemplo, usamos uma
nova forma de trabalho”, conta Nakamura. “Fomos
até os clientes com pesquisas de rua”. Essas pesquisas são feitas como o que se chama hoje de “invasão”. São realizadas em locais públicos onde há
grupos de pessoas conversando. Os pesquisadores
se aproximam e propõem conversas sobre carros.
“Recebíamos essas informações e dávamos feedback”,
conta o designer industrial. Ele coordena as áreas de
design externo, interno, cor e design gráfico no centro
de estilo da empresa, onde trabalha há 20 anos.
Mio, um carro inteligente
Outro exemplo apresentado no evento foi o projeto
de design do carro Fiat Mio, experiência pioneira da
empresa com design aberto. Urbano, compacto, fácil
de estacionar, não poluente, o projeto foi concebido
por meio de uma plataforma colaborativa na internet. Além dessas características sintonizadas com
o modo de vida contemporâneo, o carro conceito
materializa e exemplifica a visão do design como
processo aberto e transparente, que tem o designer
Abaixo, o Novo Uno Way, com
design desenvolvido pela equipe
brasileira da Fiat. Na pág. ao
lado, imagem virtual do Fiat Mio
Below, Novo Uno Way, featuring
design developed by Fiat’s
Brazilian team. On the opposite
page, a virtual image of Fiat Mio
Fotos Anna Ftg
Na exposição, uma linha do tempo ilustrada revelou a
evolução do automóvel no Brasil, do ponto de vista do
design, desde o primeiro exemplar trazido ao país por
Santos Dumont (1873-1932), ainda no século XIX, até
hoje. Além disso, trabalhos dos artistas Regina Silveira,
Chris Bierrenbach, Cao Guimarães e Maximo Soalheiro
foram selecionados para refletir sobre as influências
do automóvel nas artes plásticas e suas conexões.
Outra parte revelava processos e detalhes de projetos
dos automóveis Novo Uno, do carro conceito Mio, do
Uno Ecology e do Palio grafitado.
62
como condutor dos anseios dos usuários. O design
aberto constitui um laboratório permanente de
ideias que podem vir a ser aplicadas na produção
de modelos futuros.
O projeto do Mio foi lançado em 2009 pela internet.
Criou-se uma plataforma online por meio da qual
os internautas indicavam ideias de design para o
modelo. Opinaram sobre desenho, materiais, recursos, equipamentos, dimensões e funcionalidade. A
síntese está em um carro bonito, moderno e desejável, com projeto modular e configurações passíveis
de alteração. Econômico e não poluente, emprega
materiais ecológicos. Ainda oferece excelente visibilidade, reconhecimento do usuário e comunicação
por celular, além de possuir tela de controles touchscreen, media player, GPS, outros gadgets, e sistema
operacional próprio.
Mio dentro dos preceitos desse processo”, explica ele.
A empresa ressalta o caráter inovador e a transparência do projeto. Para o gerente do centro de estilo
Fiat para a América Latina, Peter Fassbender, trata-se
de uma quebra de paradigma na indústria automotiva,
onde o segredo é a alma do negócio.
A exposição foi promovida pela Fiat em parceria com
o Governo de Minas Gerais, a LIRA, a Base7 Projetos
Culturais e a APPA.
A equipe de criação dividiu o trabalho em duas linhas
de design: Precision e Sense. Na primeira, escalaram-se formas consideradas futuristas; na outra, formas
mais livres e orgânicas. Um exemplar do Mio Precision
foi apresentado no Salão Internacional do Automóvel de
São Paulo, em 2010. Internautas discutiram as soluções
e a equipe da Fiat testou as ideias. O processo colaborativo influenciou também o modo de trabalho da empresa,
provocando maior sinergia entre setores de produção, de
engenharia, produto, estilo e marketing.
Durante o desenvolvimento do projeto, seu site
publicou textos e vídeos que enfocaram os sketches
e a digitalização em 3D, protótipos e soluções de
engenharia. Até a finalização feita para aquele salão,
cerca de 2 milhões de pessoas, de 150 países, acessaram o endereço eletrônico. Foram depositadas 10
mil sugestões, 65% vindas do Brasil. Houve também
contribuições dos Estados Unidos, da Alemanha, do
Japão, México, Peru e Vietnã. A plataforma ainda
está aberta.
O projeto final foi registrado com licenças compartilhadas do sistema Creative Commons, que reserva
apenas parte dos direitos à propriedade intelectual. Segundo o diretor de publicidade e marketing
de relacionamento da Fiat na América Latina, João
Batista Ciaco, a opção pelo modelo aberto foi o caminho natural, dada a natureza do projeto. “Por congregar opiniões tão diversas e gerais, e para permitir
a correta utilização de uma criação coletiva, fomos
buscar a homologação dos Creative Commons, o que
vai permitir que qualquer pessoa, marca ou empresa
venha a utilizar as ideias coletivas originadas no Fiat
O design aberto
constitui um
laboratório
permanente de
ideias que podem
vir a ser aplicadas
na produção de
modelos futuros
63
Fotos Anna Ftg
Italian brand,
Brazilian design
Fiat Automóveis opened its design office to the public,
exhibited the historical evolution of car design in Brazil,
promoted lectures on innovation and showcased the influences and relationships between the culture inherent in this
segment and art in an exhibition concurrent with the 4th
Biennial Brazilian Design Exhibition. Casa Fiat de Cultura
hosted in Belo Horizonte the show called Car Design in
Brazil - Ruptures and Innovation, presenting how the company improves its work processes, taking into account
consumers’ needs through research and open platforms.
“Everyone is curious to know how a car is made”, says
curator Paulo Nakamura, chief designer of the Fiat Design
Center for Latin America, LATAM, the only design development center owned by the car company outside Italy. “I
think visitors were pleased with the program”.
64
During the exhibition, an illustrated timeline showed
the car evolution in Brazil from the design point of
view, including the model brought to the country by
Santos Dumont (1873-1932), in the 19th century, and
today’s models. Moreover, the works of artists Regina
Silveira, Chris Bierrenbach, Cao Guimarães and Maximo
Soalheiro were selected to reflect on the influence of
the automobile in the plastic arts and their connections.
Another part featured processes and details of the following cars: Novo Uno, Mio concept car, Uno Ecology
and Palio covered in graffiti.
“In the project of Novo Uno, for example, we used a new
working system”, says Nakamura. “We surveyed customers on the streets”. These surveys are carried out
using what is now called an “invasion” method. They are
conducted in public places where there are groups of
people chatting. The researchers approach them and
start talking about cars. “We received this information
and gave feedback”, says the industrial designer. He
coordinates the areas of external and internal design,
color and graphic design in the style center of the company, where he has been working for 20 years.
Mio, a concept car
Another example presented at the event was the design
project for Fiat Mio car, a pioneering experience of the
company with open design on the internet. Urban, compact, easy to park, non-polluting, its design project was
Acima, monitores exibem
fases de desenvolvimento do
carro-conceito Mio. Na pág.
ao lado, Fiat Palio grafitado
no Projeto Árvore da Vida
Above, monitors display the
development stages of Mio
concept car. On the opposite
page, Fiat Palio covered in graffiti
in the Árvore da Vida Project
planned on the worldwide web. In addition to these features attuned to the contemporary way of life, the concept
car embodies and exemplifies the vision of design as an
open and transparent process, which sees the designer
as the conductor of users’ desires. The open design is a
permanent laboratory of ideas that may be applied in the
production of future models.
The Mio project was launched in 2009 on the internet.
An online platform was created so that Internet users
could give design ideas for the model. They gave their
opinion about design, materials, resources, equipment,
dimensions and functionality. These were then synthesized into a beautiful, modern and desirable car, with
modular design and configurations subject to change.
Economical and non-polluting, it uses environmentally
friendly materials. Moreover, it offers excellent visibility,
user recognition and mobile phone integration, besides
featuring touch-screen controls, media player, GPS,
other gadgets, and its own operating system.
The creative team divided the work into two design lines:
Precision and Sense: the first with futuristic shapes and
the other with more fluid and organic forms. A model of
Mio Precision was presented at the Sao Paulo International
Motor Show, in 2010. Internet users discussed the solutions and the company’s staff tested the ideas. The collaborative process has also changed the working system
of the company, resulting in synergy among the production, engineering, product, style and marketing sectors.
During the development of the project, the website published texts and videos that focused on the sketches and
3D scanning, prototypes and engineering solutions. Until
the completion made for that show, approximately 2 million people, from 150 countries, had accessed the website. Of the 10,000 suggestions posted, 65% were from
Brazil. There were also contributions from the United
States, Germany, Japan, Mexico, Peru and Vietnam. The
platform is still open.
The final project was submitted under the Creative
Commons license, which reserves only part of the intellectual property rights. According to the director of advertising and relationship marketing of Fiat in Latin America,
João Batista Ciaco, the option for an open model was a
natural choice, given the nature of the project. “By bringing together such diverse and general opinions, and to
allow the correct use of a collective creation, we sought
the approval of Creative Commons, which will allow any
person, brand or company to use the collective ideas
originated from Fiat Mio within this process precepts”, he
says. The company emphasizes the innovative nature and
transparency of the project. According to the manager of
the Fiat style center for Latin America, Peter Fassbender,
this is a paradigm shift in the automotive industry, where
secrecy is the soul of business.
The open
design is a
permanent
laboratory
of ideas
that may
be applied
in the
production
of future
models
The exhibition was organized by Fiat in partnership with
the Government of Minas Gerais, LIRA, Base7 Projetos
Culturais and APPA.
65
O valor de uma
boa ideia
Em paralelo à Bienal, a quinta edição do IDEA/Brasil
premiou 111 trabalhos. O público pôde conferir uma
exposição com os projetos contemplados, que
convidam a refletir sobre a atual produção brasileira
Parallel to the Biennial Brazilian Design Exhibition,
the fourth edition of IDEA/Brasil handed awards to
111 works in Belo Horizonte. The awarded projects
were exhibited to the public, inviting reflection on
the current status of the Brazilian production
da redação
A premiação do IDEA/Brasil – versão brasileira do
norte-americano IDEA Awards – migrou sua quinta
edição, em 2012, de São Paulo para Belo Horizonte.
Ali, integrou o Tempo de Design em Minas, série de
eventos paralelos à programação oficial da IV Bienal
Brasileira de Design. Também foram organizadas, na
cidade, a exposição dos 111 trabalhos laureados em
20 categorias e a IV Conferência Internacional MOB
Design, com o tema Design: do Material ao Digital.
“O prêmio nos dá, todos os anos, um termômetro do
design brasileiro, que mostra importantes passos em
seu desenvolvimento”, considera a curadora Joice
Joppert Leal, diretora-executiva e fundadora da
Associação Objeto Brasil, além de organizadora da
premiação. Realizada em 27 de setembro de 2012,
na Casa Fiat de Cultura, a cerimônia contou com a
presença dos premiados, da Secretária de Estado
de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais,
Dorothea Werneck, de autoridades do governo federal e de lideranças empresarias.
66
Prêmios de design têm o mérito de identificar inovações propostas por designers autônomos, escritórios especializados ou pela indústria e dar-lhes
uma relevância tal que impulsione outros trabalhos e
novos negócios. No IDEA/Brasil, não é diferente. Um
dos aspectos importantes da premiação, segundo
a curadora, é levar em conta o conceito de que o
design pode – e deve – auxiliar na questão social, ao
gerar emprego e renda. Para tanto, é essencial que
siga o tripé da sustentabilidade: o projeto deve ser
economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto. “Com o investimento, vem a necessidade de contratar mão de obra”, analisa Joice.
A mais recente edição do prêmio revelou um dado
interessante: o número significativo de inscrições de
produtos feitas diretamente pelas indústrias. “Ficaram
entre 30% e 35%”, indica a organizadora. Isso apontaria a adesão cada vez maior dessas indústrias à cultura do design, postura fundamental para reforçar a
identidade do design industrial brasileiro.
Acima, da Papaiz, o cadeado
Node, design de Alessandro
Vassallo, Luz Romero e
Juliana Callia, do escritório
VRD Research, levou Ouro na
categoria Acessórios Pessoais
Above, Node padlock of Papaiz,
a gold award winner in the
Personal Accessories category,
designed by Alessandro Vassallo,
Luz Romero and Juliana Callia,
of VRD Research office
endoscopia 100% brasileiro, criação de Marcos
Rocha e da equipe do escritório Design Connection
para a empresa MMOptics, foi Prata na categoria
médicos e científicos. A mesma premiação Prata foi
destinada à poltrona Arraia, da Saccaro, na categoria sala de estar e quartos. O design é assinado por
Felipe Bicudo e Guto Indio da Costa, do escritório
Indio da Costa A.U.D.T.
A exposição dos projetos merecedores dos prêmios Ouro, Prata e Bronze estendeu-se de 28 de
setembro a 31 de outubro de 2012, na Galeria
Casa Fiat de Cultura. O cadeado Node, novidade
da Papaiz desenhada por Alessandro Vassallo, Luz
Romero e Juliana Callia, do escritório VRD Research,
levou Ouro. Seu trunfo é a haste flexível, que pode
prender diferentes itens. O primeiro aparelho de
A premiação e exposição IDEA/Brasil 2012 e a IV
Conferecial Internacional MOB Design foram resultado de uma parceria entre a Associação Objeto Brasil
e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações
e Investimentos (Apex-Brasil). Os patrocínios foram
da Fiat, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae) e da Agência Brasileira
de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Acima, o Caminhão Agrale 2012,
desenhado por Questto|Nó,
mereceu a premiação Ouro na
categoria Transporte. Abaixo,
em primeiro plano, os coloridos
eletrodomésticos da Linha Retrô,
da Brastemp, que ficou com
Bronze na categoria Cozinha
Above, Agrale 2012 truck,
designed by Questto|Nó, a
Gold award winner in the
Transport category. Below, in the
foreground, colorful household
appliances of Brastemp Retrô
Line that received Bronze
in the Kitchen category
Foto Anna Ftg
As categorias que compuseram o IDEA/Brasil 2012
foram: acessórios pessoais; ambientes; banheiros,
spas & bem-estar; comerciais e industriais; comunicação; cozinhas; design de impacto social; embalagens; escritório; esportes; estratégia de design;
estudantes; informática; joias; lazer e recreação;
médicos e científicos; pesquisa; sala de estar e quartos; têxtil; e transportes.
67
Foto divulgação
Foto Anna Ftg
The value of a good idea
The IDEA/Brasil awards – the Brazilian version of the
North American IDEA Awards – migrated from São Paulo
to Belo Horizonte in its fifth edition in 2012, as part of
Time for Design in Minas, a series of events parallel to
the official program of the 4th Biennial Brazilian Design
Exhibition. In addition to the exhibition of the winning
works in 20 categories, the 4th International Conference
MOB Design took place in the city, with the theme From
Material to Digital.
“Every year, this prize works as an indication of the
Brazilian design status, showcasing important steps in
its development”, says the curator Joice Joppert Leal,
executive director and founder of the Associação Objeto
Brasil. The ceremony, held on September 27, 2012 at
Casa Fiat de Cultura, included the presence of the award
winners, the State Secretary of Economic Development
of Minas Gerais, Dorothea Werneck, federal government
dignitaries and business leaders.
68
Design awards have the role to identify innovations entered
by self-employed designers, studios or by manufacturing
companies, thereby lending them relevance and bolstering other works and new businesses. At IDEA/Brasil, it is
not different. According to the curator, one of the important
aspects of the award is the concept that design can – and
should – aid social issues, whilst generating employment
and revenue. It therefore becomes paramount to follow
the sustainability triad: the project should be economically viable, socially fair and environmentally friendly. “With
investment comes the demand for labor”, says Joice.
The latest award ceremony revealed very interesting
data: a significant number of the entries were submitted
directly by manufacturing companies. “Between 30%
and 35%”, quoted the organizer. This points towards
an increasing number of companies concerned with the
design culture, a fundamental attitude to reinforce the
Brazilian industrial design identity.
Categories comprising IDEA/Brasil 2012 were: personal accessories; living spaces; bathrooms, spas and
well-being; commercial and industrial; communication;
kitchens, social impact design; packaging; office; sports;
design strategies; students; computing; jewelry; leisure
and recreation; medicine and scientific; research; living
rooms and bedrooms; textile; and transport.
The exhibition of the Gold, Silver and Bronze award winning entries took place from September 28 to October
31, 2012. During the exhibition, the Gold award winner
Node padlock was demonstrated, a novelty from Papaiz
designed by Alessandro Vassalo, Luz Romero and
Juliana Callia from the VRD Research office. The shackle
of the padlock consists of a flexible stem, which can be
twisted to hold different items. Another exhibited product
was the first 100% Brazilian endoscopy equipment. It
was created by Marcos Rocha and the team from Design
Connection office for the company MMOptics and was
awarded Silver in the medicine and scientific category.
The same award was given to the Arraia armchair, of
Saccaro in the living room and bedroom category. The
design is signed by Felipe Bicudo and Guto Indio da
Costa, from Indio da Costa A.U.D.T office.
The IDEA/Brasil 2012 award and exhibition, alongside
the seminar, were the result of a partnership between
the Associação Objeto Brazil and the Brazilian Trade
and Investment Promotion Agency (Apex-Brasil). The
event was sponsored by Fiat, the Brazilian Service of
Support for Micro and Small Enterprises (Sebrae) and
the Brazilian Agency for Industrial Design (ABDI).
Da Saccaro, a poltrona Arraia
tem design de Felipe Bicudo
e Guto Indio da Costa, do
escritório Indio da Costa
A.U.D.T. Foi Prata na categoria
sala de estar e quartos
By Saccaro, Arraia armchair
designed by Felipe Bicudo and
Guto Indio da Costa, of the
Indio da Costa A.U.D.T. office.
Silver award winner in the living
room and bedroom category
Design em discussão
A MOB Design abordou diferentes possibilidade do design, entre o material e o digital
The 4th International MOB Design Conference approached different possibilities in design, ranging from material to digital
Guta Moura Guedes
Com o tema Design: do Material ao Digital, a IV Conferência Internacional MOB Design foi
realizada nos mesmos dia e local da premiação IDEA/Brasil 2012. O presidente da Associação
dos Designers de Produto (ADP), Carlos Scheliga, e a arquiteta e jornalista italiana Patrizia
Piccioli mediaram a conferência. Conheça os palestrantes e um pouco do que abordaram.
Guta Moura Guedes, cofundadora e presidente da bienalportuguesa ExperimentaDesign.
Discorreu sobre a mudança na cultura das empresas portuguesas, que passam a ter um
olhar atento sobre o design. “O ideal é chegar às pessoas de maneira transformadora. Não
podemos mostrar mais do mesmo, por isso investimos muito na criação e no desenvolvimento de uma plataforma tendo em vista o mercado global. Não há dúvida de que a cultura
é fator-chave para o crescimento socioeconômico. A criatividade estimula a autoestima,
ajuda a resolver problemas urbanos. O design ainda é percebido de maneira muito restrita.
É necessário pensá-lo de forma abrangente, pois a indústria criativa, em que o design está
inserido, é altamente catalisadora e tem impacto internacional”.
A criatividade
estimula a
autoestima,
ajuda a
resolver
problemas
urbanos
Rama Chorpas
Rama Chorpas, designer, diretor do curso de design na norte-americana Parsons New
School for Design. Acredita que educação é uma experiência renovadora e não se pode
negligenciar a experiência manual. “A tecnologia não pode ser encarada como uma única
resposta”. Além disso, o designer ressaltou que o Brasil está em foco porque os Estados
Unidos perderam grande parte de sua capacidade manufatureira. “O Brasil está com a faca
e o queijo na mão para dominar essas variáveis de valores e tecnologia. Mas é preciso se
centrar no projeto voltando-se ao usuário e levando em conta toda a cadeia de suprimentos.
A tecnologia pode ser encarada como produto, mas também como ferramenta”.
Stephan Clambaneva, presidente da Industrial Designers Society of America (IDSA).
Relatou que o compromisso atual da entidade é contemplar, entre outros assuntos, a
questão do formato digital sob diversas perspectivas. “É preciso pensar na intangibilidade
das experiências, no desenvolvimento de produtos que deem suporte a uma relação mais
ampla com o design, social e industrial, acrescidos de experiência. Nessa explosão nas
mídias sociais, o que se conhece, o que se filtra, ensina como otimizar produtos para criar
processos de design”.
Tucker Viemeister, designer, criador dos escritórios Frog Design e Smart Design. Afirmou
que as tecnologias digitais estão acrescentando novas capacidades de criar coisas inteligentes. “Espero o dia em que, mesmo o que é comum, tenha tecnologia para nos facilitar a
vida. Uma vez que tudo o que pode ser digital um dia o será, é preciso acompanhar os novos
tempos. Tudo será digital porque essa tecnologia cria modelos de negócios mais rápidos,
baratos e inteligentes”.
69
Valentina Croci, arquiteta italiana com doutorado em ciências do design industrial. Trouxe
exemplos de designers que se destacam por seus projetos e de como a imaterialidade das
ideias pode ajudar em tempos menos prósperos. “Na Europa, muitas indústrias estão passando por sérios problemas porque o consumo diminuiu. Estão enfrentando crises porque
não pensaram seus produtos para um mercado mais global – muitas vezes intangível – e
que reflitam a tradição e a cultura locais”.
Stephan Clambaneva
Design in discussion
With the theme Design: from Material to Digital, the 4th International MOB Design Conference
took place on the same day as the IDEA/Brasil 2102 awards, on September 27 at Casa Fiat de
Cultura. Mediation came by way of the Product Designers Association (ADP) president, Carlos
Schelia, and from the Italian architect and journalist Patrizia Piccioli. Get to know the lecturers
and some of the points they discussed.
Tucker Viemeister
Guta Moura Guedes, co-founder and president of the Portuguese Biennial ExperimentaDesign
Exhibition. She approached the subject of the change in culture at Portuguese companies,
which have started to pay close attention to design. “Ideally, people should be approached in
a transforming manner. We cannot show more of the same, that is the reason why we invest
a great deal in the creation and development of a platform, aiming the global market. There
is no doubt that culture is the key factor for social economic growth. Creativity stimulates
self-esteem, helps to solve urban problems. Design is still seen in a very strict manner. It is
necessary to have a broader view of it, since the creative industry, which encompasses design,
is highly changeable and has an international impact”.
Rama Chorpash, designer, director of the design course at Parsons New School for Design,
with an office in São Paulo specialized in product development. He believes that education is
a renewing experience and manual experience cannot be neglected. “Technology cannot be
tackled with a single answer”. He also highlighted that Brazil is in the eye of the storm because
the United States lost a great part of its manufacturing capacity and regretted it. “Brazil has
all it needs to dominate these value and technology variables. But it is necessary to focus on
what is being projected, aimed at users and taking into consideration the whole supply chain.
Technology can be seen as a product, but also as a tool”.
Creativity
stimulates
self-esteem,
helps to
solve urban
problems
Valentina Croci
70
Stephan Clambaneva, president of the Industrial Designers Society of America (IDSA). He
reported that the current goal of IDSA is to address, amongst other subjects, the digital format
issues under several perspectives. “It is necessary to think about the intangibility of experiences, product development that can support a wider relation with social and industrial
design, incorporating experience. In this social media explosion, what we know, what is filtered,
teaches us how to optimize products to create design processes”.
Tucker Viemeister, designer, founder of Frog Design and Smart Design offices. He affirmed
that digital technologies are adding new capacities to create intelligent things. “I hope for the
day when even everyday items have technology to facilitate our lives. Everything that can be
digital, eventually will be, so it is necessary to keep up with these new times. Everything will
be digital because technology creates faster, cheaper and more intelligent business models.
Valentina Croci, Italian architect with a doctoral degree in industrial design sciences. She
brought examples of both designers who became known for their projects and how immateriality of ideas can help in less prosperous times. “In Europe, many manufacturing companies
are going through serious problems because consumption has dropped. They are undergoing
a crisis because they did not plan products for a global market – many times intangible – and
that reflect local culture and tradition”.
Fonte: revista Innovation, ano 5, 2012, editada pela Associação Objeto Brasil /
Source: Innovation Magazine, year 5, 2012, edited by Associação Objeto Brasil
A escola
reflete,
repensa e
fala de si
O curador das ações acadêmicas para a Bienal resume os quatro
eventos desenvolvidos. Estiveram em pauta a produção em países de
língua latina, a relação entre design e emoção, trabalhos de estudantes
e ações de instituições de ensino para interagir com a comunidade
The academic activities curator for the biennial exhibition summarizes
the four events developed in the occasion. The agenda included the
production in countries that speak Latin languages, the relationship
between design and emotion, works developed by students and initiatives
organized by educational institutions to interact with the community
Dijon De Moraes
A primeira ação acadêmica na IV Bienal Brasileira de Design, em Belo
Horizonte, foi o 4° Fórum Internacional de Design como Processo, em
que se abordou o tema Design & Humanismos. O fórum foi mais um
encontro temático e científico da Rede Latina de Design, instituída
em 2008, durante o congresso internacional Changing the Change, no
Politécnico de Turim, como parte da programação da cidade-sede do
World Design Capital. O evento buscou averiguar a existência de um fio
condutor no design praticado em países de língua e cultura latinas, caso
de Itália, França, Portugal, Espanha, Brasil, Argentina, México, Cuba, Chile,
Colômbia, Venezuela e Angola.
A questão que se coloca, portanto, é se haveria uma identidade comum
entre os países de cultura latina na prática do design. Haveria ícones e
signos próprios que os identificassem como sendo um design de origem
e cultura latinas? Quais seriam eles e até onde se poderiam delimitar
seus contornos próprios para a identificação desse design como sendo
de origem latina?
Essas foram algumas das questões colocadas durante os encontros da
Rede, que foram acolhidos pela Bienal e realizados no auditório da Escola
de Arte Guignard, da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG),
entre os dias 20 e 22 de setembro de 2012, em colaboração com o
Humanities Design Lab, do Politécnico de Milão, e o Mestrado em Design
da Escola de Design da UEMG.
Atraídas pelo instigante debate, cerca de 300 pessoas de vários países
e procedências se inscreveram e 80 foram selecionadas por um comitê
científico internacional para apresentarem seus trabalhos, pesquisas e
reflexões sobre o tema proposto.
Para o coordenador geral da Rede Latina de Design, professor Flaviano
Celaschi, do Politécnico de Milão, essa edição propôs debater o plano
“cultural” dos processos de design. A ideia foi identificar, na relação
específica entre design e humanismo (arte, antropologia, estética, neurociência, semiótica, sociologia, história, psicologia do conhecimento e
da percepção), uma hipótese promissora a ser ainda consolidada como
dimensão inovadora no plano dos conteúdos do projeto e de seus instrumentos cognitivos e operacionais.
Entre os keynote speakers, estiveram presentes conceituados estudiosos do Brasil e do exterior. É o caso de Gui Bonsiepe (Universidade de
Ciências Aplicadas de Colônia, Alemanha, e Universidade das Américas
Puebla, México); Deborah Philips (School of Humanities da Universidade
de Brighton, Inglaterra); Silvia Fernandez (Universidade Nacional de La
Plata, Argentina); Lucy Niemeyer (ESDI-UERJ/PUC-Rio) e Maria Cecília
Loschiavo dos Santos (FAU-USP). Eles levaram aos participantes uma rica
reflexão, cada um dentro do seu âmbito de atuação, estudo e pesquisa.
Foram seis as seções temáticas que deram suporte ao encontro:
1
Design e Humanismos: uma Confrontação Disciplinar. O design
visto como disciplina humana por excelência, cuja dimensão é elemento capaz de contaminar suas práticas e processos.
2
Para um Design Humanístico: Projetar na Diversidade.
Experiências de projetos em contextos e temáticas com elevado
conteúdo cultural e/ou em que o processo se serviu de uma abordagem humanista.
3
Humanismo Centrado na Inovação. Caminhos e trajetórias para
uma melhor integração entre diferentes disciplinas ao longo da
cadeia de valor do projeto, por meio de exemplos concretos e pesquisas nos quais as ciências humanas e sociais interceptaram os
sistemas de produção e uso.
Design e emoção
A segunda ação foi o Seminário Internacional Design e Emoção, em 26 de
outubro de 2012, na UEMG. O evento integrou a série de seminários promovidos pelo Centro de Estudos em Teoria, Cultura e Pesquisa em Design
– T&C Design, da própria universidade. Todos os anos, o centro publica
os resultados de seus encontros em edições bilíngues dos Cadernos de
Estudos Avançados em Design.
A proposta dos seminários e encontros temáticos, de periodicidade anual,
é unir, em torno da trilogia teoria, pesquisa e cultura em design. Grupos
de docentes, estudantes, pesquisadores e estudiosos contribuem para
o avanço da pesquisa em design, à luz de sua abrangente forma de
expressão como cultura material. O objetivo é também promover, adquirir
e disseminar conhecimentos em forma de atividade contínua, necessários à pesquisa avançada e ao incremento de novas soluções para o
desenvolvimento e debate sobre a cultura material e a pesquisa teórica
em design no Brasil e exterior.
O tema da última edição, Design e Emoção, formatada exclusivamente
para a Bienal, reuniu renomados pesquisadores e estudiosos para refletir sobre essa complexa questão ainda não consolidada no âmbito do
design. Para o seminário, em formato de mesa-redonda, foram convidados a jornalista e crítica de design Cristina Morozzi (Fundação
Altagamma, Itália), o professor Marco Maiocchi (Politécnico de Milão),
a professora Vera Damásio (PUC-Rio), a artista YoungJu Oh (Studio
DAdO, Seul /Milão), a consultora Rose Andrade (Associação Brasileira
de Estilistas – Abest) e, representando os estudantes, Anderson Horta
(Mestrado em Design pela Ed-UEMG).
Os palestrantes apresentaram seus estudos e pesquisas, tendo como
escopo os fenômenos e as transformações de cenários inerentes à atividade de design, finalizando por aplicar os resultados à prática projetual.
Foi dado especial destaque às questões inerentes ao binômio design &
emoção – como afetividade, usabilidade, interface, valor de estima e
qualidade percebida – dentre vários outros temas que enriqueceram as
apresentações para uma plateia sempre curiosa e atenta.
O frescor da produção jovem
4
O Designer Humanista e o Humanista Designer. Análise sobre a
existência de perfis profissionais oriundos da hibridação de diferentes práticas, por meio de reflexões de natureza histórico-crítica.
5
esign e Humanismos: a Diversidade Como Identidade. Os
D
humanistas definem cenários e valores que descrevem os contextos
socioculturais, e os projetistas os utilizam como fontes que, à sua
vez, influenciam o projeto.
A terceira ação foi a mostra Jovens Designers 2012, coordenada pelo
professor Auresnede “Eddy” Pires Stephan e realizada no hall da Escola
de Arte Guignard. Foram selecionados os melhores projetos acadêmicos do concurso patrocinado pela FIAT, oriundos de escolas de design
presentes do Norte ao Sul do Brasil, desenvolvidos em Trabalhos de
Conclusão de Curso (TCC). Essas produções demonstram a riqueza e
a diversidade de soluções e estética do estudante brasileiro, além de
estimularem a formação de novos talentos.
6
Escola Fala de Si Mesma. Dedicada às experiências e pesquisas
A
da escola anfitriã, a Escola de Design da UEMG, de modo a dar visibilidade a seus conteúdos e criar diálogos com os representantes
das comunidades internacionais presentes.
O projeto Open School foi a quarta ação acadêmica. Propôs abrir as portas de várias instituições de ensino de design em Belo Horizonte, entre
10 e 28 de outubro, em busca da interação entre elas e também com
a comunidade. Cada uma das instituições de ensino demonstrou suas
73
especificidades e experiências de ensino por meio de workshops, palestras, oficinas e cursos, em um verdadeiro laboratório livre e experimental.
Para as coordenadoras do evento, as professoras Bernadete Teixeira
e Cristina Abijaode, “os produtos resultantes deram um panorama do
olhar das escolas sobre o tema proposto: Universatilidade – Nômades
Urbanos”. Trata-se de uma abordagem do design no cotidiano das cidades, na vida e no movimento das tribos urbanas, como diferentes tendências e estilos de vida.
As instituições participantes foram a tradicional Escola de Design da
UEMG (segunda instituição mais antiga do Brasil), Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG), FUMEC, UNIBH, Centro Universitário Metodista
Izabela Hendrix, Instituto de Arte e Projeto – INAP, Estácio de Sá e UMA.
Elas abriram suas portas para alunos e professores viverem uma experiência inédita e inovadora diante da vocação e expertise de cada uma
das participantes.
Foram oferecidas oficinas criativas de joalheria, mobiliário e moda,
mesas-redondas, cursos livres de design de superfície e vários
workshops temáticos, além de outras diferentes ações. Entre as palestras que tiveram destaque no projeto, estão as dos designers Flavia de
Souza e Marco Zanini, com o tema Cadeiras e Chaleiras, que ocorreram
na Sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes. Os resultados foram apresentados no espaço de mostra e cinemas do Ponteio Lar Shopping, um
dos patrocinadores dessa ação. O shopping também abordou as experiências em suas publicações sobre design, em uma perfeita demonstração da importância da busca da necessária interação entre academia,
produção e mercado.
Pelas parcerias institucionais firmadas, pelas valiosas contribuições
dos profissionais inscritos e convidados oriundos de diversas regiões
e países, pela presença de estudantes das mais diferentes escolas do
Brasil, pelo interesse gerado na comunidade e, particularmente, pelas
grandes questões levantadas e discutidas, não estaria exagerando dizer
que as ações acadêmicas presentes na IV Bienal Brasileira de Design
constituíram-se, sem dúvida, em um marco representativo da evolução
das nossas bienais e do próprio design brasileiro.
Design Capital. The event aimed to assess whether there is a common
thread in design developed in countries with Latin language and culture,
including Italy, France, Portugal, Spain, Brazil, Argentina, Mexico, Cuba, Chile,
Colombia, Venezuela and Angola.
The question that arises, therefore, is whether there is a common identity
among the countries with Latin culture in terms of design practice. Would
there be icons and signs that can identify them as design of Latin culture and
origin? What are they and where are their boundaries to identify such design
as being of Latin origin?
These were some of the issues raised during the Design Network meetings,
held during the biennial exhibition at the auditorium of the Guignard School
of Art, University of Minas Gerais (UEMG), from September 20-22, 2012,
in collaboration with the Humanities Design Lab, of the Milan Polytechnic
Institute and a Master Course in Design of the Design School of UEMG.
Attracted by the instigating debate, approximately 300 people from various
countries and origins enrolled and 80 were selected by an international scientific committee to present their work, research and reflections on the theme.
According to the general coordinator of the Latin Design Network, Professor
Flaviano Celaschi, of the Milan,Polytechnic Institute this edition aimed to discuss the “cultural” plan of the design process. The idea was to identify within
the specific relationship between design and humanity (art, anthropology,
aesthetics, neuroscience, semiotics, sociology, history, psychology of knowledge and perception), a promising hypothesis to be further consolidated as
an innovative dimension in terms of the project content and its cognitive and
operational instruments.
The keynote speakers included renowned scholars from Brazil and abroad:
Gui Bonsiepe (University of Applied Sciences in Cologne, Germany, and
University of the Americas Puebla, Mexico); Deborah Philips (School of
Humanities, University of Brighton, England); Silvia Fernandez (Universidad
Nacional de La Plata, Argentina) , Lucy Niemeyer (ESDI-UERJ/PUC-Rio)
and Maria Cecilia Loschiavo dos Santos (FAU-USP). They encouraged the
participants to have deep reflection, within their own scope of work, study
and research.
Six theme sections supported the meeting:
74
The school reflects, 1
rethinks and speaks
about itself
2
The first academic initiative at the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition
in Belo Horizonte was the 4th International Forum on Design as a Process,
which approached Design & Humanities topics. The forum was more than
a thematic and scientific event of the Latin Design Network, established in
2008, during the Changing the Change international conference, at Turim
Polytechnic Institute, as part of the program of the host city for the World
3
esign and humanisms: A disciplinary confrontation. Design seen as a
D
human discipline par excellence, whose dimension is an element capable of influencing practices and processes
F or an humanistic design: Designing in diversity. Experiments with projects in contexts or with themes featuring high cultural content and/or
when the process was based on a humanistic approach
umanism centered on innovation. Paths and trajectories for greater
H
integration between different disciplines throughout the value chain of
the project through concrete examples and research in which human
and social sciences intercept the use and production systems
4
T he humanist designer and the designer humanist. Analysis of the existence of professional profiles derived from the hybridization of different
practices, through historical and critical reflections
5
esign and humanism: Diversity as an identity. Humanists define sceD
narios and values that describe socio-cultural contexts, and designers
use them as sources that, in turn, influence the project
6
The school speaks about itself. Dedicated to the experiments and
research of the host school, the School of Design at UEMG, in order to
give visibility to its content and engage in dialogues with representatives
of the international community present at the event.
Design and emotion
The second initiative was the International Seminar on Design and Emotion,
held on October 26, 2012, at UEMG. The event was part of a series of seminars organized by the Center of Theory, Culture and Research on Studies
of Design – T&C Design, held in the university. Every year the center publishes the results of the meetings in bilingual editions of the Supplement of
Advanced Studies on Design.
The seminars and theme-based meetings held annually aim to unite the
trilogy: theory, research and culture of design. Groups of teachers, students,
researchers and scholars contribute to the advancement of design research
in the light of its comprehensive form of expression as material culture. They
also have the goal to promote, acquire and disseminate knowledge as a
continuous activity, necessary for advanced research and the creation of
new solutions for the development and debate on the material culture and
theoretical research on design in Brazil and abroad.
The last edition theme – Design and Emotion – devised exclusively for the
biennial exhibition, brought together renowned researchers and scholars
to reflect on this complex issue not yet consolidated within the scope of
design. Guests invited to the round-table seminar included journalist, teacher
and design critic Cristina Morozzi (Altagamma Foundation, Italy), Professor
Marco Maiocchi (Milan Polytechnic Institute), Professor Vera Damásio (PUCRio), artist YounJu Oh (Studio DAdO, Seoul / Milan), consultant Rose Andrade
(Brazilian Association of Fashion Designers – Abest) and representing students, Anderson Horta (Master in Design from Ed-UEMG).
The speakers presented their studies and research, within the scope of the
phenomena and transformations of scenarios inherent in the design field,
finalizing by applying the results to the design practices. Special emphasis
was given to issues related to the design & emotion binomial – including
affection, usability, interface, esteem value and perceived quality – among
many other topics that enriched the presentations for genuinely curious and
attentive attendees.
The freshness of the production by the young
The third initiative was the 2012 Young Designers show, coordinated by
Professor Auresnede Pires Stephan and held in the hall of the Guignard
School of Art. The best academic projects of design schools from north to
south of Brazil, that took part in this competition sponsored by FIAT, were
developed during the Final Course Paper (TCC). These papers show the
wealth and diversity of solutions and aesthetics of Brazilian students, in addition to encouraging the development of new talents.
The Open School project was the fourth academic initiative. It aimed to open
the doors of various teaching institutions of design in Belo Horizonte, from
October 10-28, seeking interaction among the schools and also with the
community. Each teaching institution showed their specificities and teaching
experiences through workshops, lectures and courses in a truly free and
experimental laboratory.
For the event coordinators, professors Bernadete Teixeira and Cristina
Abijaode, “the resulting products provided an overview of how the schools
see the theme: Universality – Urban Nomads”. It is an approach to design in
cities on a daily basis, in the life and the movement of urban tribes as different trends and lifestyles.
The participating institutions were the traditional School of Design of UEMG
(second oldest institution in Brazil), Federal University of Minas Gerais
(UFMG), FUMEC, UNIBH, Izabela Hendrix Methodist University, Institute of Art
and Design – INAP, Estácio de Sá and UMA. They opened their doors so that
students and teachers could have a new innovative experience provided by
the vocation and expertise of each institution.
Creative workshops were offered on jewelry, furniture and fashion, roundtables, free courses on surface design and various theme-based workshops,
and several other activities. The keynote lectures in the project were given
by designers Flavia de Souza and Marco Zanini, featuring the Chairs and
Kettles theme, held at Sala Juvenal Dias at Palácio das Artes. The results
were presented at Ponteio Lar Shopping movie theater, one of the sponsors
of this initiative. Ponteio Lar Shopping also approached the experiences in
its publications on design in a perfect demonstration of how important it is to
pursue a quest for the interaction among academies, production and market.
Thanks to the institutional partnerships established, the valuable contributions by the enrolled professionals and guests from different regions and
countries, the presence of students from different schools in Brazil, the interest generated in the community, and particularly thanks to the big issues
raised and discussed, it is no exaggeration to say that the academic initiatives developed during the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition represented undoubtedly a landmark in the evolution of our biennial exhibitions
and the Brazilian design itself.
Dijon De Moraes é reitor da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e foi curador convidado para as
ações acadêmicas desenvolvidas na IV Bienal Brasileira de Design / Dean of the University of Minas Gerais (UEMG)
and was the guest curator for the academic initiatives developed during the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition
75
Incentivo
ao novo
Foto Anna Ftg
Cerimônia integrante da Bienal, a entrega do III
Prêmio SEBRAE Minas Design revelou projetos
criativos e viáveis, de profissionais e estudantes,
concebidos a partir de seis temas propostos
The Ceremony for the III Prize SEBRAE
Minas Design, showed viable and creative
projects, from professionals and students,
conceived from six proposed themes.
Os troféus da premiação
The award trophies
O bom design melhora produtos, processos e serviços.
Ao inovar, desenvolver cada vez mais sua funcionalidade
e adotar preceitos sustentáveis, cria diferencial. Esta é
uma palavra estratégica para as empresas enfrentarem
o mercado competitivo de hoje, procurando corresponder aos anseios do consumidor, em uma relação ainda
mais estreita com ele. Além disso, a aplicação do design
estimula as vendas, refletindo no faturamento.
O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE) em Minas Gerais procura disseminar conceitos como os citados junto aos empresários alvo no
estado, tendo em vista mantê-los atualizados sobre
essa realidade. Uma de suas ações é o Prêmio Sebrae
Minas Design, de periodicidade bienal, que chegou à
terceira edição em 2012. O anúncio dos vencedores
foi realizado no dia 20 de setembro, no Palácio das
Artes, em Belo Horizonte, como parte da programação da IV Bienal Brasileira de Design.
A partir de um total de 285 trabalhos inscritos, foram
premiados 12 dos 45 finalistas selecionados entre 97
projetos classificados. Outra realização da entidade
durante o período da Bienal foi o Seminário Internacional
de Economia Criativa e Design (veja texto na pág. 82).
Aberta a participantes de todo o país, mas com foco
no mercado mineiro, a premiação teve seis temas
propostos: Embalagem para Mel; Brindes e Materiais
Esportivos; Design Social (Aço); Utensílios para Café;
Resíduos; e APLs (Arranjos Produtivos Locais) de
Minas Gerais. “É um prêmio jovem, mas pode-se
dizer que, nesse caminho, temos encontrado muitos projetos criativos que podem ser viabilizados”,
afirma a coordenadora da premiação e analista de
Inovação e Sustentabilidade do SEBRAE em Minas
Gerais, Andréa Tristão. Exemplos? A miniusina portátil de energia elétrica, a embalagem para mel inspirada na geometria típica do abdômen das abelhas
e ainda práticas pazinhas envoltas em café solúvel
com notas de especiarias.
O júri foi composto pela jornalista Adélia Borges,
pelo professor Auresnede Pires Stephan e pelos
designers Fábio Mestriner, Ivens Fontoura e Marco
Zanini. Eles avaliaram originalidade, concepção formal, inovação tecnológica, adequação ao mercado,
viabilidade industrial e impacto ambiental dos projetos. Os trabalhos finalistas foram exibidos, até o
final de outubro, em uma mostra virtual do prêmio,
na Galeria Arlinda Corrêa Lima, no Palácio das Artes.
Incentive to
the innovation
Good design improves products, processes and services and, innovation tends to develop more and more
its functionality and adopt sustainable principles, creating a differential. This is a strategic word for companies
facing today’s competitive market, looking match the
desires of consumers in an even closer relationship with
him. Furthermore, application of the design encourages
sales, reflecting on billing.
The Support Service for Micro and Small Enterprises
(Sebrae) in Minas Gerais seeks to disseminate concepts as
cited to the target-businessmen in the state, in order to keep
them updated on this reality. One of its actions is the SEBRAE
Minas Design Prize, biennial, which reached its third edition
in 2012. The announcement of the winners was held on
September 20 at the Palácio das Artes in Belo Horizonte,
as part the schedule of the IV Bienal Brasileira de Design.
From a total of 285 submissions, 12 of the 45 finalists
selected from 97 projects ranked were awarded. The
Sebrae MG also realized the International Seminar on
Design and Creative Economy. (see text on page 82).
Open to participants from all over the country, but focusing on the Minas Gerais market, the award had proposed
six themes: Packing for honey; Gifts and Sporting Goods;
Social Design (Steel); Coffee Utensils; Residues; and
LPAs (Local Productive Arrangements) of Minas Gerais.
“It is a still young award, but it can be said that in the
way, we have found many creative and viable projects,”
said award coordinator, the Innovation and Sustainability
Analyst of SEBRAE in Minas Gerais, Andréa Tristão.
Examples? The mini portable electric power station, the
package for honey inspired by the typical geometry of
the abdomen of honey bees and practices paddles still
shrouded in soluble coffee with hints of spices.
The jury was composed by the journalist Adelia Borges,
by the professor Auresnede Pires Stephan and by the
designers Fabio Mestriner, Ivens Fontoura and Marco
Zanini. They evaluated originality, formal design, technological innovation, market relevance, industrial viability
and environmental impact of the projects. The finalists
were displayed until the end of October, in a virtual exhibition, in Galeria Arlinda Corrêa Lima, at Palácio das Artes.
77
Conheça os 11
trabalhos premiados
Learn about the
11 winning works
CATEGORIA PROFISSIONAL
PROFESSIONAL CATEGORY
APLs de Minas (cerâmica vermelha)
Cobogós do Cerrado/LPAs from Minas
(red ceramics) Cobogós do Cerrado
(Cobogós from Cerrado)
Iara Aguiar Mol (Belo Horizonte, MG)
Elementos vazados, feitos de cerâmica, apresentam
padrões baseados na região do cerrado brasileiro.
Ceramic hollow elements feature patterns based on
the Brazilian “cerrado” region.
Brindes e Materiais Esportivos/
Gifts and Sporting Goods
Panoletos
Amanda Moreira, Camila Fortes e Denise Schwenck
(Belo Horizonte, MG)
78
Com diferentes cores, texturas e padronagens,
os amuletos de pano em forma de bicho –
produzidos artesanalmente – traduzem a
diversidade da fauna brasileira.
With different colors, textures and patterns, the amulets
cloths in animal shape – handmade – reflect the
diversity of the Brazilian faunabrasileira.
Resíduos (madeira)
Painel Regen/Regen Panels
Bernardo Senna (Rio de Janeiro, RJ)
Restos de painéis de madeira de diferentes tamanhos
e cores transformam-se em painéis modulares
empregados na fabricação de móveis e em decoração.
Pequenas cooperativas podem produzi-los.
Remains of wooden panels of different
sizes and colors are transformed
into modular panels used in the
manufacture of furniture and
decoration. Small cooperatives can
produce them.
Design Social (Aço)/social design
Energia Portátil/Portable Power
Eduardo Campos Moreira e Belisa Murta
(Belo Horizonte, MG)
Proposta verde, a miniusina portátil é composta de placas fotovoltaicas,
que transformam luz solar em energia elétrica.
Green proposal, the mini portable power station is composed of
photovoltaic panels, which convert sunlight into electricity.
Utensílios para Café/Coffee Flavors
Linha CafeZen/CafeZen collection
Ivan Mota Santos (Belo Horizonte, MG)
Peças de cerâmica para café, cujos acabamentos,
pigmentos e texturas podem variar.
Ceramic pieces for coffee, whose finishes, pigments
and textures may vary.
79
CATEGORIA ESTUDANTE
STUDENT CATEGORY
APLs de Minas
MOD – Mobiliário Multifuncional /
Multifunctional Furniture)
Fernando Henrique Moraes Borges (Turvolândia, MG)
Móvel versátil de madeira. Com acessórios, pode
ser usado como mesa de jantar, penteadeira, rack,
aparador e cabeceira de cama.
Wooden versatile furniture. Can be used as dining table,
dressing table, rack, dresser or headboard, when using
its accessories.
Design Social (aço)/social design
Movida
Juliana Maria Moreira Soares (São Sebastião, SP)
Rampa móvel que pode ser levada por cadeirantes
ou seus acompanhantes para possibilitar o alcance
a locais de difícil acesso.
Wooden versatile furniture. Can be used as dining
table, dressing table, rack, dresser or headboard,
when using its accessories.
Brindes e Materiais Esportivos/Gifts
and Sporting Goods
P. monha
Hugo Hissashi Hayashi Hisamatsu (Tupã, SP)
80
Carteira produzida a partir de um retângulo de tecido que, dobrado,
passa a compor os compartimentos do acessório. Remete à singeleza
e brasilidade da embalagem.
Wallet produced from a rectangle of fabric, that folded, becomes part of
the accessory compartments. Refers to the simplicity and Brazilianness of
“pamonha” (Brazilian sweet made from corn).
Utensílios para Café Café Sabores da
Colônia/Coffee Flavors from the Colonial Times
Ana Carolina de Assis Ribeiro e Fabiana Bergamaschine Giovani
(Belo Horizonte, MG)
Café solúvel, produzido em Minas Gerais e com notas de especiarias,
é apresentado em pequenas pás. A referência foi o período colonial.
Soluble coffee, produced in Minas Gerais and with spice flavors, is
presented in small paddles. The reference was the colonial period.
Embalagem para Mel/ Honey Package
Buzzz...
Klivisson Dennison Campelo dos Santos
(Campina Grande, PB)
Embalagem com estética inspirada na anatomia
do abdômen da abelha. Visa a analogia entre
o mel e o inseto.
Package with aesthetic inspired in the anatomy
of the bee’s abdomen. Aims to the analogy between
the bees and their product.
Resíduos
Brick
Samuel Fonseca de Matos (Belo Horizonte, MG)
Blocos construtivos encaixados entre si, no sentido
horizontal e vertical, que dispensam acabamento.
O material é de cerâmica vermelha misturada com
resíduos da construção civil.
Construction blocks slotted together in horizontal
and vertical, which dispenses finishing. The material
is a mix of red ceramics and residues from
building construction.
81
Economia criativa e design
82
Seminário organizado pelo SEBRAE-MG explora as
potencialidades da economia criativa unida ao design.
A meta é o desenvolvimento e transformação das empresas
Seminar organized by SEBRAE-MG explores the potential
of the creative economy linked to design. The goal is the
development and transformation of the enterprises
A criatividade é capaz de mudar o mundo. E é isso que propõe a economia criativa. Ela compõe-se de setores com viés cultural e intelectual: literatura e cinema, moda e música, comunicação e publicidade, projetos arquitetônicos e até jogos eletrônicos. E também design.
Como este e aquela interagem? Para procurar responder à pergunta, o Serviço de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) em Minas Gerais promoveu o Seminário Internacional
de Economia Criativa e Design. Parte da programação da IV Bienal Brasileira de Design, o
evento realizou-se em 22 e 23 de outubro de 2012, na Biblioteca Pública Estadual Luiz de
Bessa, em Belo Horizonte.
A palestra de abertura, intitulada O Design Como Poesia Universal, foi proferida pelo designer industrial indiano Satyendra Pakhalé – que considera a profissão de designer “uma
expressão do verdadeiro otimismo humano”. No dia seguinte, foram organizadas quatro
mesas de discussão com a participação de especialistas do Brasil e do exterior (conheça os
participantes no quadro da pág. 85).
“Entre outros aspectos, a economia criativa traz benefícios para além dos econômicos,
podendo até dialogar com o contexto urbano”, afirma a economista e urbanista Ana Carla
Fonseca, curadora do evento. Ela diz ter privilegiado a exposição de exemplos práticos de
relações entre design, cultura, empreendedorismo e negócios. A analista do SEBRAE-MG
Regina Vieira completa: “Discutimos como o design impacta os negócios criativos, apontando sua formação, a possibilidade de desenvolvimento de iniciativas locais e a diferenciação de produtos”.
O fomento de Blair
Foi com o então primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair, empossado em 1997, que o
termo economia criativa ganhou força. Durante os 10 anos em que ocupou o cargo, o político
adotou medidas para incentivar os diferentes segmentos que compõem esse modelo. Desde
então, esse termo espalhou-se pelos cinco continentes. No Brasil, estima-se que a economia
criativa é responsável por 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Significa o movimento de
cerca de R$ 110 bilhões por ano, de acordo com o Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias
do Estado do Rio de Janeiro). Além disso, seu mercado formal de trabalho é de 810 mil
profissionais no país, equivalente a 1,7% do total de trabalhadores. Há 243 mil empresas
nacionais inseridas na economia criativa.
Um dos destaques do seminário, o diretor do Design Museum, em Londres, Deyan Sudjic,
considera que “o design é um instrumento social e favorece a igualdade entre as pessoas”. Afirma que, ao mesmo tempo, o design pode ser símbolo de luxo e demonstração
de status. Já o diretor de Indústrias Criativas e Comércio Exterior de Buenos Aires, Enrique
Avogadro, abordou, entre outros assuntos, a implantação dos Distritos Criativos na capital
portenha. São bairros onde se fomentam os setores da economia criativa, como o Distrito da
Tecnologia. “O que queremos e planejamos é isso: um ambiente diferenciado e inovador, em
que os cidadãos se arrisquem a realizar seu potencial”, afirmou ele.
O público acompanhou
as palestras no auditório
da Biblioteca Pública
Estadual Luiz de Bessa
Visitors attended lectures
at the Luiz de Bessa
State Public Library
Do Uruguai, veio a lição da organização sem fins lucrativos Manos Del Uruguay, criada em
1968. Cerca de 280 artesãs trabalham em áreas rurais, gerando renda por meio de trabalhos com lã de ovelha, matéria-prima regional. “A principal contribuição é criar alternativas
para que essa população permaneça em seu local de origem, sem precisar migrar”, disse a
represetnante da entidade, Elisabeth Sosa.
83
Fotos Ronaldo Guimarães
Creative economy
and design
Creativity is capable of changing the world. And that is which proposes the creative economy.
It is composed of sectors with a cultural and intellectual bias: literature and cinema, fashion
and music, communication and advertising, architectural designs and even video games. Also
design. And how this and that interact? Trying to answer this question, the Support Service for
Micro and Small Enterprises (Sebrae) in Minas Gerais promoted the International Seminar on
Design and Creative Economy. The event was held on October 22nd and 23rd, 2012, iat the
Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Belo Horizonte.
The opening lecture, entitled Design as Universal Poetry was rendered by the Indian industrial
designer Satyendra Pakhalé – which considers the design profession “an expression of true
human optimism.” The next day, were held four roundtables with the participation of experts
from Brazil and abroad (conferencists page. 85).
Foi com o então
primeiro-ministro do
Reino Unido Tony Blair,
empossado em 1997,
que o termo economia
criativa ganhou força
“Among other aspects, the creative economy has benefits beyond the purely economic and can
even talk to the urban context,” says the economist and urban planner Ana Carla Fonseca, curator of the event. She claims to have privileged exposure to practical examples of relationships
between design, culture, entrepreneurship and business. The analyst from SEBRAE-MG Regina
Vieira added: “We discuss how design impacts the creative business, pointing its formation, the
possibility of developing local initiatives and product differentiation.”
The stimulus from Blair
84
It was with the Prime Minister in office of the UK Tony Blair, who assumed the position in 1997,
that the term creative economy gained strength. During the 10 years that he held office, the
Minister adopted measures to encourage the various segments that make up this model. Since
then, the term has spread across the five continents. In Brazil, it is estimated that the creative
economy accounts for 2.7% of Gross Domestic Product (GDP). Means the movement of approximately R$ 110 billion per year, according to FIRJAN, Federation of Industries of the State of Rio
de Janeiro. Moreover, its formal labor market is of 810 thousand professionals in the country,
equivalent to 1.7% of the total workforce. There are 243.000 companies incorporated in the
national creative economy.
One of the highlights of the seminar, the director of the London Design Museum, Deyan Sudjic,
believes that “design is a social instrument and promotes equality among people.” He states
that, at the same time, the design can be a symbol of luxury and status statement. The director
of Creative Industries and Foreign Trade of Buenos Aires, Enrique Avogadro, addressed, among
other issues, the implementation of Creative Districts in Argentina’s capital Buenos Aires. The
neighborhoods are the places where they stimulate the creative sectors of the economy, as the
District of Technology. “What we want and plan is a differentiated and innovative environment,
where citizens take the chance to realize their potential,” he said.
From Uruguay came the lesson from the nonprofit organization Manos Del Uruguay, established in 1968. About 280 artisans work in rural areas, generating income working with sheep
wool, regional raw material. “The main contribution is to create alternatives for this population to remain in their place of origin, without migrating,” said a representative of the entity,
Elisabeth Sosa.
A palestra de Rasmus
Wiinstedt Tscherning.
Na pág. ao lado, de
cima para baixo, Ana
Carla Fonseca, Deyan
Sudjic e Waldick Jatobá
Lecture delivered by
Rasmus Wiinstedt
Tscherning. On the
other page, from top
to bottom, Ana Carla
Fonseca, Deyan Sudjic
and Waldick Jatobá
CONHEÇA TODOS OS PALESTRANTES
• Ana Carla Fonseca, Curadora, da empresa
Garimpo de Soluções/Curator, from Garimpo
de Soluções
• Deyan Sudjic, Diretor do Design Museum, em
Londres/Director of the London Design Museum
• Dijon de Moraes, Reitor da Universidade do
Estado de Minas Gerais (UEMG)/Dean of the
Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
• Eliane Parreiras, Secretária de Estado da
Cultura/Secretary of the State for Culture
• Elisabeth Sosa, Presidente da organização
Manos del Uruguay, no Uruguai/President of
Manos del Uruguay, Uruguay
• Enrique Avogadro, Diretor de Indústrias
Criativas e Comercio Exterior de Buenos Aires/
Director of Creative Industries and Foreign Trade
of Buenos Aires
• Gisela Schulzinger, Diretora de Capacitação
Empresarial da Associação Brasileira de
Empresas de Design (Abedesign)/Director
of corporate training of the Brazilian Association
of Design Companies (Abedesign)
(moderação/moderation)
• Kelly Berman, Gerente do evento sul-africano
Design Indaba/Manager of the event South
African Design, Indaba.
• Luiz Márcio Pereira, Diretor Técnico do
Sebrae-MG /Technical Director of Sebrae-MG
It was with the Prime
Minister in office of
the UK Tony Blair, who
assumed the position
in 1997, that the term
creative economy
gained strength
Fonte: assessoria de comunicação do SEBRAE-MG/Source: press office of SEBRAE-MG
• Marco Antônio Cunha Rodrigues,
Subsecretário da Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Econômico/Secretary
of the State Department for Economic
Development (moderação/moderation)
• Marie Pok, Diretora do Centro de Imagens
Grande Hornu, na Bélgica/Director of imaging
Gran Hornu in Belgium
•M
ax Reichel, Proprietário da empresa Oppa
Móveis /Owner of the Brazilian company
Oppa Móveis
• Oriol Pibernat, Diretor e Professor do Centro
Universitário de Design e Arte de Barcelona/
Director and Professor of the University Center for
Design and Art, Barcelona
85
joias:
do histórico ao
contemporâneo
Com o nome advindo da união de petra e aurum – pedra e ouro em
latim –, a mostra paralela PetrAurum apresentou 200 joias nacionais
e de outros países. O objetivo foi discutir sobre a construção
de uma identidade brasileira para o design do segmento
With a name that resulted from joining petra and aurum – stone
and gold in Latin – the concurrent PetrAurum show exhibited 200
national and international pieces of jewelry, aiming to discuss the
construction of a Brazilian identity for this design segment
da redacão
O ouro, a prata e as pedras preciosas fazem parte da
história do Brasil desde as origens. Sua exploração
começou na época do Brasil Colônia, desenhando
estradas de descoberta. Hoje, o país tornou-se um
dos maiores produtores de pedras preciosas do
mundo em quantidade, variedade e qualidade. É rico
em diamante, opala, água-marinha, esmeralda, alexandrita, ametista, ágata, citrino, topázio e turmalina.
O design de joias vem explorando de forma inventiva essa abundância, como foi possível observar na
mostra PetrAurum – A construção de uma Identidade
para a Joia Brasileira, durante a IV Bienal Brasileira
de Design, realizada no Museu de Artes e Ofícios, em
Belo Horizonte. Com a curadoria do reconhecido joalheiro Manoel Bernardes, baseado em Minas Gerais, o
evento mostrou uma retrospectiva histórica do acervo
de joias do Instituto Brasileiro de Gemas & Metais
Preciosos (IBGM), desde os anos 1990. Além disso,
foram expostas peças estrangeiras e brasileiras
premiadas pelo concurso AuDITIONS, promovido pela
mineradora AngloGold Ashanti no país desde 2000. O
total contabilizou 200 trabalhos.
A mostra foi organizada em quatro vertentes agrupadas por salas. Na primeira, Brasileiro da Gema,
exibiu-se uma seleção de trabalhos de participantes
do prêmio IBGM de Design, divididos em três grupos:
formas contemporâneas, decisivas como fator de
aprovação internacional; harmonia das cores, combinando a exuberante variedade de gemas no Brasil; e
a natureza como fonte inspiradora.
Na sala Desafio e Ousadia, o destaque foi para o
prêmio AuDITIONS. “A sensualidade revela-se como
tema, um elogio explícito à mulher como meio de
expressão da joia em forma de vestimenta”, ressaltou o curador. “A partir dos estereótipos brasileiros, a premiação evoluiu para uma proposta mais
cosmopolita, retratando questões relevantes da
Na pág. ao lado, no alto, par
de anéis Prece, de Lídia Mara
Pereira Abrahim. No centro,
imagens do colar Kaxinawa, de
Juliana Faria, e do anel Acapu,
de Cláudia Matandos. Abaixo,
Museu de Artes e Ofícios,
em Belo Horizonte, onde
ocorreu a mostra
On the next page, at the top, a
pair of Prece rings by Lídia Mara
Pereira Abrahim. On the center,
Kaxinawa necklace by Juliana
Faria, and Acapu ring by Cláudia
Matandos. Below, Museu de
Artes e Ofícios in Belo Horizonte,
where the show was held
Fotos Alberto Wu
sociedade, estimulando a inovação de linguagens e
tecnologia e permitindo a projeção do país em nível
mundial, contribuindo com a construção de nossa
identidade”.
A terceira sala foi dedicada aos Diálogos com África
do Sul, China e Índia, onde o AuDITIONS também é
realizado. Revelaram-se projetos vencedores nesses
países. “Cada joia é talento individual e também fruto
da expressão coletiva. Promover um diálogo entre
peças vencedoras de cada um desses concursos permite reconhecer a força da identidade de cada cultura,
a maior ou menor influência do passado e das tradições, além de perceber o quanto as linguagens são
distintas e cosmopolitas”, escreveu Bernardes.
A última sala abordou o desafio da construção da
identidade brasileira no segmento, com a incorporação de influências das culturas fundadoras do país
e a inserção no ambiente global contemporâneo. “A
construção da identidade do design brasileiro passa
por questões abrangentes. Ao contribuir para esse
processo, o design de joias precisa transpor o desafio da reprodução de nossas riquezas, do uso meramente estético das referências culturais europeias
e criar uma nova perspectiva para promover nossa
inserção no mundo, sem perder nossa alma”, escreveu o curador. “Minerais na terra e na alma. Ouro e
gemas fazem parte da história e ajudaram a moldar
a cultura de Minas. As de reconhecimento mundial
e as raras, particularmente pedra-sabão e topázio
imperial. De tanto fazer do bruto, arte, aprendemos o
mistério da síntese”.
87
Jewels: from historical pieces
to contemporary ones
With a name that resulted from joining petra and aurum – stone and gold
in Latin – the concurrent PetrAurum show exhibited 200 national and
international pieces of jewelry, aiming to discuss the construction of a
Brazilian identity for this design segment.
Gold, silver and precious stones have been part of the history of Brazil
since its origins. They began to be extracted during the Brazil Colônia
period, paving the roads of discovery. Today, the country is one of the largest producers of gemstones in the world in quantity, variety and quality. It is
rich in diamond, opal, aquamarine, emerald, alexandrite, amethyst, agate,
citrine, topaz and tourmaline.
Jewelry design has been exploring this abundance inventively, as observed
in the PetrAurum show – The construction of an identity for the Brazilian
Jewelry, during the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition held at the
Museum of Arts and Crafts in Belo Horizonte. Curated by the renowned
jeweler Manoel Bernardes, based in Minas Gerais, the event showed a historical retrospective of the jewel collection owned by the Brazilian Institute
of Gems & Precious Metals (IBGM) since the 1990s. Additionally, there
was an exhibition of 200 foreign and Brazilian award winning pieces of the
AuDITIONS competition, organized by AngloGold Ashanti mining company
in Brazil since 2000.
Fotos Alberto Wu
The exhibition was divided into four groups in different rooms. The first, the
Brazilian Gem, showed a selection of works designed by participants in the
IBGM de Design award, divided into three groups: contemporary forms, a
decisive factor for international approval; harmony of colors, combining
the exuberant variety of gemstones from Brazil; and nature as a source
of inspiration.
The Challenge and Dare room highlighted the AuDITIONS award.
“Sensuality is revealed as a theme, paying women a compliment as a
means of expression of the jewel shaped as apparel”, said the curator.
“Based on Brazilian stereotypes, the award evolved into a cosmopolitan
proposal, depicting relevant issues of society, stimulating the innovation of
languages and technology and allowing the promotion of the country at a
global level, contributing to the construction of our identity”.
The third room was dedicated to the Dialogues with South Africa, China
and India, where the AuDITIONS competition was also held, showcasing
winning projects in these countries. “Each piece of jewelry is an individual
talent and also the fruit of collective expression. The promotion of a dialogue between winning pieces from each of these competitions allows
us to recognize the strength of the identity of each culture, the greater or
lesser influence of the past and traditions, and also realize how languages
are distinct and cosmopolitan”, wrote Bernardes.
The last room focused on the challenge of building the Brazilian identity in
the segment, with the incorporation of influences from the founding cultures
of the country and the insertion into the contemporary global scope “The
construction of the Brazilian design identity involves comprehensive issues.
When contributing to this process, the jewelry design needs to overcome
both the challenge of reproducing our wealth and the merely aesthetic use
of European cultural references while creating a new perspective to promote our inclusion in the world, without losing our soul”, wrote the curator.
“Minerals in the land and soul. Gold and gems are part of history and have
helped shape the culture of Minas Gerais. Those worldwide recognized and
those rare stones, especially soapstone and imperial topaz. By transforming
the crude into art, we learned the mystery of synthesis”.
À esq., colar criado por
Baldassare Peixoto; mais
à esq., colar Beija-flor do
Pantanal, de Cláudia Lamassa,
e anel Pérola Mágica de
um Tesouro Naufragado,
design Mauro Turbuk
On the left, necklace created by
Baldassare Peixoto, further to
the left, Beija-flor do Pantanal
necklace, by Claudia Lamassa,
and Pérola Mágica de um
Tesouro Naufragado ring,
designed by Mauro Turbuk
88
Fotos Alberto Wu
Bustiês A Teia da Vida; à
esq., de Renata Bessa, e
Caso de Amor, ao centro, de
Fernanda Barcellos; além do
bolero Kilimanjaro, concebido
por Fernando H. Sá Motta
A Teia da Vida bustier, by Renata
Bessa and Caso de Amor, in the
middle, by Fernanda Barcellos,
and Kilimanjaro bolero, designed
by Fernando H. Sá Motta
Pulseiras Ortilla, ao fundo,
à esq., de Caroline Galvão,
e COSMOpolitan, de Paulo
Armando; além do colar
desenhado por Dulce
Goëttems e dos brincos
Dritrysia, de Caroline Galvão
Ortilla bracelets, in the
background to the left,
by Caroline Galvão, and
COSMOpolitan, by Paulo
Armando, in addition to the
necklace designed by Dulce
Goettems and Dritrysia
earrings, by Caroline Galvão
89
Design
e tecnologia
em pauta
Quem buscava informações antenadas na IV Bienal Brasileira de Design
encontrou-as no seminário Design e Tecnologia, realizado no Palácio das
Artes, em Belo Horizonte. A partir do tema Diversidade Brasileira, renomados
profissionais revelaram seus pensamentos acerca dos caminhos do design e
artesanato. A série foi uma extensão da mostra principal, Da Mão à Máquina, com
curadoria de Maria Helena Estrada. Acompanhe o resumo das apresentações
Those seeking up-to-date information during the 4th Biennial Brazilian Design
Exhibition found it at the Design and Technology seminar, held at Palácio das
Artes in Belo Horizonte. Based on the Brazilian Diversity theme, renowned
professionals revealed their thoughts about forms of design and crafts. The series
was an extension of the main show, From Hands to Machine, curated by Maria
Helena Estrada. Below you can find the summary of some presentations
da redação
91
Fotos Jorge Lopes
Acima, à dir., elementos
produzidos a partir de
impressão 3D. Na pág. anterior,
um equipamento similar
Above on the right, elements
produced with 3D printing.
On the previous page,
similar equipment
O futuro presente
da impressão 3D
The present future
of 3D printing
Com visão de vanguarda, o designer carioca Jorge Lopes enfocou Emergent
Technologies, caso da impressão 3D. Ele mostrou como qualquer pessoa
pode, por meio dela, reproduzir o que quiser, de eletrodomésticos a carros.
Mais empregados no exterior, esses equipamentos constroem objetos depositando sucessivas camadas de materiais como plástico, cerâmica e metal.
Isso possibilita o desenvolvimento de produtos finais de forma prática e acelerada, além de protótipos. Estes são empregados por empresas dos segmentos de calçados e embalagens, de eletrônicos e veículos, entre outros.
With a vanguard vision, designer Jorge Lopes from Rio de Janeiro
focused on Emergent Technologies, which included 3D printing. He
showed how it is possible to reproduce anything by using this technology, from home appliances to cars. More used abroad, this kind of
equipment builds objects by depositing successive layers of materials
such as plastic, ceramic and metal. This enables the development of
final products and prototypes in a practical and fast manner. These
products are used by manufacturers of footwear, packaging, electronics,
and vehicles.
92
“Uma das novidades nesse mercado são as ‘fábricas particulares’”,
comentou Lopes. Com elas, o consumidor pode imprimir produtos como
bijuterias, luminárias e relógios. “Já existem impressoras de baixo custo,
com as quais, por exemplo, crianças podem criar seus próprios brinquedos”. À primeira vista, parece cena de ficção científica, mas não: trata-se
de uma revolução em marcha.
“A new feature in this market is the ‘private factories’”, said Lopes. With
them, the consumer can print products such as jewelry, lamps and watches.
“There are printers available at low cost, which can be used by children to
create their own toys”. At first glance, it seems a science fiction scene, but
it is not the case: it is a revolution underway.
Design and crafts:
a combination
that bears fruit
Despite the globalization of the world, traditions of regional cultures still
endure. Crafts, for example, are a rich expression of the identity of a people. Aiming to combine them with design, designer Renato Imbroisi and
architects Tina and Lui (respectively, Maria Cristina de Azevedo Moura
and Ana Luisa Lo Pumo) presented the Drawing Fibers project. The initiative enhances the work of artisans in different Brazilian and foreign
regions, enabling them to have financial autonomy and to highlight their
local production.
Design e artesanato:
encontro que
dá frutos
Apesar do mundo globalizado, a tradição das culturas regionais resiste
ao tempo. O artesanato, por exemplo, é uma rica manifestação da identidade de um povo. Com a proposta de uni-lo ao design, o designer Renato
Imbroisi e as arquitetas Tina e Lui (respectivamente, Maria Cristina de
Azevedo Moura e Ana Luísa Lo Pumo) apresentaram o projeto Desenho de
Fibras. A iniciativa valoriza o trabalho de artesãos em diferentes regiões
do país e também no exterior, permitindo-lhes ter autonomia financeira e
destacar o fazer local.
O êxito dessa produção no Brasil resultou em convites para os designers
aplicarem e disseminarem ação semelhante em cidades de Moçambique
e São Tomé e Príncipe, na África. A proposta partiu das fundações
Lumumba e Aga Kahr. A capacitação das comunidades africanas intersecionou processos de design e diferentes técnicas: tecelagem, renda,
cestaria, bordado, estamparia e crochê. Peças de vestuário e bijuterias,
cestos e móveis, entre outros itens, empregaram matérias-primas locais,
como fibras de coqueiro e bananeira, além de prata, madeira e até restos
de pneus. Outro exemplo foi a criação de brinquedos, a partir de resíduos
encontrados na savana, para crianças da cidade moçambicana de Pemba,
que mal tinham acesso a peças lúdicas.
De volta à realidade nacional, o design brasileiro, segundo Lui, está arraigado no artesanato. “A questão é que o artesanato foi mal interpretado
no passado, mas, hoje, a visão do profissional já observa o potencial da
cultura regionalista”, analisou ela.
As a result of this successful production in Brazil, the designers were
invited to implement and disseminate similar initiatives in cities in
Mozambique and Sao Tome and Principe, Africa. The proposal came from
Lumumba and Aga Kahr foundations. The qualification of the African communities combined design processes and different techniques: weaving,
lacework, basketry, embroidery, printing and crocheting. Clothes, costume
jewelry, baskets and furniture, among other items, were made from local
raw materials such as coconut fiber and banana tree fiber, in addition to
silver, wood and even scraps of tires. Another example was the creation
of toys made from residues found in the savannah, for children living in
Pemba, Mozambique, who barely had access to any plaything.
Back to the national reality, according to Lui, Brazilian design is rooted in
crafts. “The point is that crafts were misunderstood in the past, but today,
professionals can see the potential of regionalist cultures”, she said.
Peças artesanais desenvolvidas
pelas arquitetas Tina e Lui com
comunidades de artesãos
Handicrafts designed by architects
Tina Lui and a set produced
together with artisan communities
93
A marca das
The brand of
sensações, a força sensations, the
da natureza
force of nature
Inspirar, emocionar, superar desafios, atingir diversos públicos, quebrar
paradigmas e entrar para a história dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.
Assim o designer Fred Gelli, da Tátil Design de Ideias, definiu o briefing
da construção das marcas para os eventos esportivos que ocorrerão no
Rio de Janeiro, em 2016.
Inspiring, exciting, overcoming challenges, reaching diverse audiences,
breaking paradigms and going down in history of the Olympic Games and
Paralympic Games. That is how designer Fred Gelli, of “Tátil Design de
Ideia”s, defined the briefing on building brands for the sports events that will
take place in Rio de Janeiro in 2016.
A disputa para a elaboração das marcas foi bastante concorrida. Das 139
agências de design e publicidade, oito foram finalistas. “A empresa venceu porque inovou em marcas com volumes, texturas e sons”, considerou Gelli. “Sendo universais, puderam ser experimentadas, despertando
sensações”. Ele reforçou que o trabalho para as Olimpíadas foi pensado
como um enorme abraço dos povos, atletas e culturas, traduzindo ainda
o jeito de ser carioca, além da paixão e transformação de um país inteiro.
“É um símbolo para inspirar as pessoas”. Com relação à marca dos Jogos
Paraolímpicos, o conceito foi desenvolvido para simbolizar o espírito em
movimento, traçando uma trajetória evolutiva e cíclica. A inspiração veio
de um coração pulsante, que representa a igualdade entre todos.
The race for their development was quite tough. Eight out of 139 advertising
and design agencies were finalists. “The company won because it innovated
with brands in terms of volumes, textures and sounds”, said Gelli. “Being
universal, they could be experienced, producing sensations.” He pointed out
that the work for the Olympics was thought of as a huge embrace of peoples,
athletes and cultures, also translating the Carioca way of being, in addition
to the passion and transformation of an entire country. “It is a symbol to
inspire people.” The concept of the Paralympic Games brand was developed
to symbolize the spirit in motion, tracing an evolutionary and cyclical trajectory. The inspiration came from a beating heart, which represents equality
among all people.
Em seguida, o profissional abordou um tema que, cada vez mais, ganha
destaque na área do design: a biomimética. Trata-se da disciplina que transpõe processos inteligentes identificados na natureza para produtos e serviços. Sua essência está em olhar para diferentes formas de vida e aprender
com sua sabedoria. “A evolução natural aperfeiçoou soluções para atrair,
embalar, proteger, e economizar energia, entre outras capacidades”, analisa
Gelli. É ótima inspiração, portanto, para designers desenvolverem projetos
variados, do esporte ao bionegócio, da arquitetura ao design.
Then Gelli discussed a topic that is growing in importance in the design
field: biomimetics. It is the discipline that implements intelligent processes
identified in nature into products and services. Its essence consists of
analyzing different ways of life and learning from their wisdom. “The natural evolution perfected solutions to attract, pack, protect, and save energy,
among other capabilities”, says Gelli. Therefore it is a great inspiration to
designers to develop different projects, from biobusiness to sports, from
architecture to design.
Marcas das Olimpíadas 2016
e dos Jogos Paraolímpicos,
criação de Fred Gelli com
sua empresa, a Tátil Design
2016 Olympic and Paralympic
Games brands, created
by Fred Gelli at his
company, Tátil Design
94
À dir, ventilador Spirit e, abaixo,
carteira escolar inclusiva,
projetos de Guto Indio da Costa
Below, a school desk that can be
used by both wheelchair users
and children without special needs
designed by Guto Indio da Costa
Some stories
on innovation
Carioca designer Guto Indio da Costa showed in The Transformation
Challenges of the Brazilian Industry how he used innovation as an advantage in his projects. One of his first products to receive international awards
was Spirit, a ceiling fan. “The work was developed for a manufacturer who
wanted to diversify his business of VCR tapes, which were obsolete at the
time”, he explained. With two blades and innovative design, the production of
the fan reduced the use of raw material and sold more than 250,000 pieces.
The designer exhibited other award winning products designed by his office –
Indio da Costa A.U.D.T: Aladdin thermos bottle; the furniture and urbanization
project on the shores of Rio de Janeiro, with kiosks in seven beaches; home
appliances for Dako brand; Carrapixxxo bookshelves and modular system;
and a school desk that can be used by both wheelchair users and children
without special needs. These examples show the transformation of a small
agency into one of the most renowned design firms in the country.
Histórias de
inovação
O designer carioca Guto Índio da Costa mostrou, em Os Desafios da
Transformação da Indústria Brasileira, como fez da inovação o trunfo
de seus projetos. Um dos primeiros a ter premiações internacionais foi
o ventilador de teto Spirit. “O trabalho foi para uma fabricante de fitas
de videocassete, então em desuso, que desejava diversificar”, explicou.
Com duas pás e design diferente do encontrado no mercado, o produto,
que reduziu o emprego de matéria-prima, vendeu mais de 250 mil peças.
O designer expôs outras criações premiadas de seu escritório, o Indio
da Costa A.U.D.T: a garrafa térmica da Aladdin; o projeto de urbanização e mobiliário da orla carioca, com quiosques em sete praias; os
eletrodomésticos para a marca Dako; o sistema de módulos e estantes Carrapixxxo; e uma carteira escolar inclusiva, que pode ser usada
tanto por cadeirantes como por crianças sem necessidades especiais. São exemplos que apontam a transformação de uma pequena
agência em um dos mais conceituados escritórios de design do país.
95
Design
para tudo,
para todos
Design for
everything, for
everyone
Designer que atua segundo os conceitos do Design For All (design para
todos), a designer italiana Avrill Accola apresentou esse conceito: “o
objetivo do Design for All é o de atender e dar respostas à diversidade
humana, sobretudo no que diz respeito à inclusão social e à igualdade”.
Director of Design for All in Italy, Avril Accola, designer, presented the DfA
concept: “It is the intervention in the environment, products and services so
that everyone can participate in the construction of society, regardless of sex,
age, ability or culture, including future generations.
O projeto visa a diversidade humana, inclusão social e a igualdade, tendo
em vista o envolvimento dos usuários finais em cada estágio do processo
de design para traçar estratégias e vencer obstáculos.
The project is aimed at human diversity, social inclusion and equality, in
view of the involvement of end users at every stage in the design process
to plan a series of actions and overcome obstacles.
Essa abordagem holística e inovadora constitui, segundo Accola, um
desafio criativo e ético para urbanistas, designers, empresários, administradores e líderes políticos. “O ambiente construído, os objetos do
cotidiano, serviços, a cultura e informação – tudo o que é projetado e
feito por pessoas para ser usado por pessoas – devem ser acessíveis e
convenientes para todos”, completou.
This holistic innovative approach is, according to Accola, a creative and
ethical challenge for town planners, designers, entrepreneurs, administrators and political leaders. “The built environment, everyday objects, services, culture and information – everything that is designed and made
by people to be used by people – must be accessible and convenient for
everyone”, she said.
“O design é o ponto de encontro entre visão, tecnologia
e criatividade. E no impulso global em direção a uma
economia criativa adquire, cada vez mais, responabilidade.
Designer. Não é apenas uma profissão” Rodrigo Rodriquez
“Design is the crossing point between vision, technology and
creativity. And in the global drive towards a creative economy it takes
on greater responsibility. Designer. Not only a profession.” R. Rodriquez
96
A meta de estar
na frente
The goal of being
at the forefront
Em Gestão para a Liderança em Empresas Design Oriented, o empresário
italiano Rodrigo Rodriquez trouxe a debate as novas exigências do mercado para construir uma empresa competitiva. Ele é vice-presidente da
Flos, membro da entidade italiana Cofindustria, presidente da Material
ConneXion Italia e expert em gestão de design. Uma necessidade premente, segundo Rodriquez, é obter uma liderança interna de qualidade
– pré-requisito para o aumento da capacidade criativa dos funcionários
e a melhora no rendimento.
The Management for the Leadership in Design-Oriented Companies lecture
by the Italian businessman Rodrigo Rodriquez debated on the new market
requirements to build a competitive company. He is the vice-president of
Flos, member of Confindustria, Confederation of Italian Industries, president
of Material ConneXion Italia and an expert in design management. A pressing
need, according to Rodriquez, is to obtain qualified internal leadership – a
prerequisite for increasing the creative capacity of employees and improving
performance
“O desenvolvimento de habilidades e o estímulo a um ambiente saudável
e inventivo trazem resultados positivos para lucrar com a produtividade
individual”, analisou. Para competir no mercado, sobretudo o de design,
é preciso saber lidar com um cenário de mudanças e liderar pessoas.
“The development of skills and the encouragement to a healthy and inventive
environment produce positive results to profit from individual productivity”,
he said. To compete in the market, especially in the design field, we need to
be able to cope with a changing scenario and to lead people.
O papel da
reciclagem é
fundamental
O paulistano Nido Campolongo, referência em trabalhos com papel, apresentou a palestra Redesign e Sustentabilidade. O designer, cenógrafo e
artista abordou sua trajetória, iniciada na tipografia do pai e baseada em
uma produção a partir da reciclagem do papel. Nos anos 1970, passou
a pensar em soluções para aplacar uma crise por que a empresa passava, explorando novas formas de uso do papel – como a elaboração de
sacolas para a Satori. Nos anos 1990, investiu no universo do design, ao
projetar interiores. Na década seguinte, realizou trabalhos na América do
Sul e Europa, além de estabelecer parcerias com empresas como Natura,
Unilever, Klabin e Banco Itaú.
Depois desse sucesso, o designer começou a trabalhar com projetos
sociais em presídios, produzindo, por exemplo, sacolas feitas de papelão
industrial descartado. O forte apelo estético e a qualidade das sacolas
levaram a Natura a adotá-las em alguns de seus segmentos de cosméticos. Diante das inúmeras possibilidades, o designer enveredou ainda
na criação de tramas com resíduos para compor tecidos, forros, móveis
e instalações.
Nido considera o papel não somente um material facilmente renovável,
mas um elemento da própria identidade brasileira. Para ele, o design
nacional é essencialmente artesanal. “Quando existe, a relação do designer com o artesão deve ser mais bem conduzida, evitando a imposição”, advertiu. “É importante que todo projeto tenha confluência entre os
envolvidos para que haja um bom resultado”.
Acima, poltrona Cantoneiras
(2001) e, abaixo, à esq.,
mesa Cone (2008), criações
de Nido Campolongo
Above, Cantoneiras armchair
(2001) and below, on the right,
Cone table (2008), designed
by Nido Campolongo
The role of recycling
is essential
Nido Campolongo, from São Paulo, well-known for his paper work, presented a lecture on Redesign and Sustainability. The designer, scenographer
and artist approached his career, which began at his father’s typography
business and was based on producing from recycled paper. In the 1970’s, he
started to look for solutions to ease a crisis the company was going through,
exploring new ways to use paper – such as manufacturing bags for Satori. In
the 1990’s he invested in the world of interior design. In the following decade,
he worked in South America and Europe, and established partnerships with
some companies including Natura, Unilever, Klabin and Banco Itaú.
Due to the success of his work, the designer began to work with social
projects in prisons, producing, for example, bags made from discarded cardboard. Because of the strong aesthetic appeal and the quality of the bags,
Natura adopted them for some of its cosmetics divisions. Given the numerous possibilities, the designer also embarked on weaving residues to form
fabrics, linings, furnishings.
97
Nido considers paper not only an easily renewable material, but also an
element of the Brazilian identity. For him, Brazilian design is essentially handmade. “When there is a relationship between the designer and the artisan, it
should be better developed, avoiding imposition”, he said. “It is important to
establish a good rapport among the people involved in each project so there
is a good result.”
A Gente
Transforma:
ações sociais
O designer paulista Marcelo Rosenbaum apresentou o projeto social A
Gente Transforma, que inicialmente promoveu a requalificação urbana do
Parque Santo Antônio, bairro periférico de São Paulo. A iniciativa de sua
autoria alinha-se com o conceito do morar para além do espaço físico
e da estética do objeto. O habitar e o design são interpretados sob um
recorte dos valores de brasilidade, autoestima, cultura popular, memória
e inclusão. “O A Gente Transforma mergulha nas culturas que formam o
Brasil, na mistura de raças, nas raízes ancestrais”, explicou. A ação foi
iniciada em meados de 2010. A partir desse período, o designer passou
seis meses em busca de entidades públicas e privadas para multiplicar o
projeto Brasil afora. Conseguiu.
O alvo da segunda iniciativa foi uma comunidade de Várzea Queimada,
no sertão do Piauí. Conhecida como um dos lugares mais áridos do país,
com nove meses de seca por ano, a cidade apresenta poucas oportunidades de trabalho à população. Essa comunidade, escolhida por
Rosenbaum, passou por uma revolução. O projeto apostou no acervo
98
de técnicas artesanais que estavam esquecidas. Antigos saberes foram
resgatados e serviram de inspiração para criar uma coleção exclusiva, esteticamente avançada e produzida em parceria com as artesãs
e artesãos locais. Peças produzidas com palha de carnaúba são uma
atividade tipicamente feminina. Os homens lidam com a borracha, reciclando pneus e, agora, criam joias e peças de decoração com o material.
Segundo Rosenbaum, a distância entre Várzea Queimada e uma cidade
moderna não pode ser medida em quilômetros, porque se trata de uma
“separação de tempo”.
Intitulada Toca, a coleção de peças desenvolvidas no lugar ganhou o
Brasil e foi lançada internacionalmente em 2012, na exposição Fronteiras,
em Milão, no período do Salão Internacional do Móvel. Também foi tema
da edição primavera verão 2012/2013 do São Paulo Fashion Week, maior
evento da moda nacional. “Tudo foi feito para desmistificar o trabalho de
artesanato brasileiro e mostrar a importância e o valor dessa produção”,
finalizou Rosenbaum.
Fotos Tatiana Cardeal
Rosário com bolas de borracha
reciclada de pneus, desenvolvido
no programa A Gente
Transforma (AGT), de Marcelo
Rosenbaum, com comunidade
de Várzea Grande (PI)
Rosary with beads made
from recycled tires, developed
in the We Transform (AGT)
program by Marcelo
Rosenbaum and a Várzea
Grande (PI) community
We transform:
social initiatives
Architect and designer Marcelo Rosenbaum, from São Paulo, presented
the “AGT – We Transform”, a social project that enhanced the urban redevelopment of Parque Santo Antônio, a suburb of São Paulo. Rosenbaum’s
initiative aligns with the concept of living beyond the physical space and
the aesthetics of the object. Dwelling and design are interpreted taking
into account the following values: Brazilianness, self-esteem, popular culture, memory and inclusion. ‘We Transform’ delves into the cultures that
make up Brazil, the mixture of races, the ancestral roots”, he explained.
The project was initiated in mid-2010. Then, the designer spent six months
looking for public and private bodies to multiply the project throughout
Brazil. He succeeded.
The second initiative targeted a community in Várzea Queimada, in the
Piauiense hinterlands. Known as one of the most arid places in the country,
featuring eight months of drought per year, the city offers the population
few job opportunities. This community, chosen by Rosenbaum, underwent
a revolution. The project invested in a number of artisanal techniques that
had been forgotten. Ancient knowledge was brought back and provided
inspiration for the creation of an exclusive aesthetically advanced collection,
which was produced in partnership with local artisans. Making pieces from
carnauba straw is a typical female activity. Men work with rubber, recycling
tires, and now they create jewelry and decorative pieces using this material.
According to Rosenbaum, the distance that separate Várzea Queimada from
a modern city cannot be measured in miles, because there is a “gap in time”.
Labeled Toca (Burrow), the collection of objects developed locally was successful throughout Brazil and was launched internationally in 2012, in the
Frontiers exhibition in Milan during the Salone Internazionale del Mobile.
It was also the theme of the 2012/2013 spring-summer edition of the
São Paulo Fashion Week, a leading event of the Brazilian fashion industry.
“Everything was done to demystify the work of Brazilian handicraft and to
show the importance and value of this production”, added Rosenbaum.
99
seção / section
d+D=B
Ao observar a soma acima, fica fácil entender a lógica da marca
desenvolvida para a quarta edição da Bienal: sobrepostas e com
tipografias variadas, duas letras D – de design e diversidade – resultam
em diferentes letras B. Elas remetem à característica plural do evento
100
By observing the above sum it is easy to understand the logic of the
brand developed for the fourth edition of the biennial exhibition: overlapping
and with varied typography, two letters D – for design and diversity – result
in different letters B. They refer to the plural feature of the event
gustavo greco
seção / section
101
As diferentes
logomarcas da Bienal
The various Brazilian
biennial exhibition logos
Design de Carros no Brasil
Automobile Design in Brazil
102
Petraurum
Petraurum
O tema da IV Bienal Brasileira de Design foi Diversidade Brasileira. Para
a criação da marca dessa edição, foram tomadas como ponto de partida, pela Greco Design, questões relativas ao tema: diversidade dos
recursos naturais, produção industrial/artesanal, diferentes ângulos de
visão ou abordagem. Era fundamental, portanto, que a marca fosse tão
flexível quanto às infinitas possibilidades de manifestações do homem
no registro de seu tempo por meio do design. O resultado foi a criação
de uma identidade variável, na qual duas letras “D” (uma representando
o design, e a outra, a diversidade), de tipos distintos, sobrepunham-se
e alternavam-se, formando sempre um “B” (de Bienal). Assim, as escolhas tipográficas representaram os diversos recortes apresentados nas
mostras, como joias, mobilidade, trabalho manual, mobiliário e indústria,
entre outros, enfatizando a temática.
A Bienal teve como objetivo ampliar as referências nacionais e internacionais sobre design e disseminar sua utilização nos meios produtivos
Jovens Designers
Young Designers
1 Pessoa 10 Cadeiras
1 Person 10 Chairs
O esquema de formação
da logomarca principal e
outras quatro destinadas
a diversas exposições
(também na pág. ao lado)
The development of
the main logo and four
others aimed at various
exhibitions (also on
the opposite page)
como ferramenta estratégica para ganho de competitividade e melhoria da imagem da marca Brasil. Deu sequência às discussões das três
primeiras edições (São Paulo, Brasília e Curitiba), tendo em vista a
ampliação dos focos de atuação de design nos últimos anos. O grande
destaque foi a mostra Da Mão à Máquina, um percurso contemporâneo
do artesanato à produção industrial.
A escolha da serigrafia para impressão do material promocional (pôster
e programação) e o uso de papéis especiais resgatam a memória da
presença do homem no processo de produção e reforça o tema daquela
exposição. Todo esse processo de produção deveria refletir a principal
questão levantada pela curadoria: o processo manual e industrial na
relação do homem com seus objetos. Após o desenvolvimento da marca
e suas variações, era fundamental que o material de comunicação estivesse em consonância com a dimensão do projeto, a ocupação dos
espaços expositivos e a cidade de Belo Horizonte como sede do evento.
The theme of the 4th Biennial Brazilian Design Exhibition was the Brazilian
Diversity. For the creation of the brand in this edition, Greco Design took as
a starting point issues related to the theme: diversity of natural resources,
industrial/handmade production, different angles of view or approach. It
was therefore essential that the brand was as flexible as the endless possibilities of manifestations of man throughout the history of design. This
resulted in the creation of a variable identity, where two letters “D” (one
representing design and the other diversity) in different type, overlapped
and alternated, always forming a “B” (standing for Biennial). Thus, the
typographic choices represented the various clippings presented in the
shows, which included jewelry, mobility, handwork, furniture and industry,
emphasizing the theme.
The biennial exhibition aimed to expand the frame of national and international references for design and to disseminate its use in productive means
as a strategic tool to gain competitiveness and to improve Brazil brand
image. It continued the discussions held during the first three editions (São
Paulo, Brasilia and Curitiba), with a view to broadening the focus of activity
of design in recent years. The highlight was the From Hand to Machine
exhibition, a contemporary journey from handicraft to industrial production.
The choice of silkscreen for printing promotional materials (poster and program) and the use of special paper bring back memories of man’s presence in the production process and reinforce the theme of that exhibition.
This entire production process should reflect the main issue raised by the
curators: the manual and industrial process in the relationship between
men and their objects. After the development of the brand and its variations, it was essential that the communication materials were in line with
the dimension of the project, the occupation of the exhibition spaces and
the city of Belo Horizonte as the host of the event.
103
Para a divulgação e sinalização urbanas, construíram-se os totens
“B”, com estrutura de perfil metálico e revestimentos de MDF. Os “Bs”
(1,40 x 1,40 x 2,40 m), além de funcionarem como sinalização, pontuavam um percurso na cidade, revelando os locais de exposição da Bienal.
Além disso, ao se misturarem com a paisagem urbana, os totens reforçaram a ideia do design presente no cotidiano das pessoas.
104
For the urban signaling and promotion, B-shaped totems were built using
a structure with metal profiles and MDF coating. In addition to being used
as signs, the “Bs” (1.40 m x 1.40 m x 2.40 m) indicated a route in the
city that showed the location where the biennial exhibition was taking place.
Moreover, the idea of design present in our daily life was enhanced by mixing
the totems with the urban landscape.
Durante o período
da IV Bienal
Brasileira de
Design, totens
demarcaram
o percurso do
design pela cidade
de Belo Horizonte
No último dia do evento, a equipe da empresa promoveu um workshop
na Sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes. Uma máquina de serigrafia foi instalada no palco, para que o público tivesse a oportunidade
de conhecer de perto a técnica utilizada para a confecção do material
gráfico. Alguns participantes foram sorteados para imprimir o próprio
cartaz, escolhendo sua combinação de “Ds”, que formava o “B” particular. Com isso, cada um deles pôde interpretar sua representação
gráfica da Bienal.
On the last day of the event, the company’s staff held a workshop at Sala
Juvenal Dias – Palácio das Artes. A screen printing machine was installed
on the stage so that visitors had the opportunity to have a close look at the
technique used for the preparation of the graphic material. Some participants
were randomly selected to print their own poster, choosing a combination of
“Ds” to form a “B”. With this, each one them could interpret their own graphic
representation of the biennial exhibition.
Acima e à esq., o workshop
realizado no último dia
do evento. Abaixo e na
pág. ao lado, totens que
pontuaram Belo Horizonte
Above, on the left, workshop
held on the last day of the event.
Below and on the opposite page,
totems signaling the locations
of the event in Belo Horizonte
105
Na pág. ao lado, uma das
cenografias da Bienal, em que
fios de juta pendem do teto
On the other page, one of
the settings at the biennial
exhibition, with pieces of jute
yarn hanging from the ceiling
paisagens
cenográficas
As paisagens de Minas Gerais foram ponto de partida para a
cenografia desenvolvida em diferentes mostras que integraram
a Bienal. Para traduzir esse visual, empregou-se um material
pouco explorado: a juta típica das sacarias de café
Minas Gerais landscape was the starting point for the setting developed
in different shows that were part of the biennial exhibition. An unexplored
material was used to translate this set: typical sack jute for coffee grains
Por Marko Brajovic e Carmela Rocha
Pensar a cenografia de uma bienal de design deveria ir muito além de
pensar fluxos, materialidades, cores, espacialidades, formas para expor
objetos em um espaço predeterminado. Deveria resumir nosso entendimento do fazer design e comunicar nossa atitude como designers
perante o mundo. Uma bienal brasileira e uma mostra denominada
Da Mão à Máquina deveria ter sua cenografia como amálgama deste
conceito e transmitir o mais essencial do design: o processo.
Como premissa, deveríamos ter um gesto único que traduzisse todas
aquelas questões. A escolha da paisagem como tema, em especial a paisagem modificada pelo homem, em um processo de industrialização, foi
um caminho natural ao entender a importância da cafeicultura para o país
e, em especial, para o estado de Minas Gerais, onde a Bienal foi realizada.
As paisagens mineiras são, em muito, desenhadas pela cafeicultura,
produção que impulsionou o desenvolvimento da industrialização de
uma matéria-prima pouco explorada: a juta. Ela é a principal planta
utilizada na indústria de sacaria, principalmente para o café. Minas
Gerais é um dos principais estados consumidores da sacaria de juta,
que, produzida no norte do país, criou uma rota comercial estabelecida
entre as duas regiões, produção economicamente importante para estados como Pará e Amazonas.
Foto Jorge Lopes
Escolhemos, então, trabalhar com um material único e forte, que desenha o espaço criando paisagens transcritas do entorno de Belo Horizonte
ocupado, com intervenções do homem ou não. O material escolhido, a
juta, traz consigo o significado do processo de produção, “da mão à
máquina”, desde o plantio até sua industrialização. Material de fácil, mas
não óbvia, identificação, a juta da sacaria do café, rústica, foi transformada em design. Design como processo e não somente resultado.
Como estratégia de projeto, implementamos um segundo layer de informação que soma-se à materialidade escolhida: transcrevemos a topografia
“natural” do entorno de Belo Horizonte para dentro do Palácio das Artes,
onde estavam as mostras. Empregamos esta nova camada de informação
como base para criar paisagens artificiais que configurariam percursos,
espaços, elementos expositivos, em suma, o projeto expográfico.
Muitos estudos de ocupação do espaço, com diferentes produtos e
subprodutos da juta. foram feitos, como a ocupação da sala com fardos,
rolos ou fios. Ao final, na busca de otimização do projeto e necessidade
de unificação da linguagem de todo o Palácio, optou-se por trabalhar
somente com os fios da juta.
Foram criadas quatro estratégias de desenho para quatro situações.
Para a mostra Da Mão à Máquina, uma topografia desenhada por fios
conectavam os produtos expostos e desenhavam duas paisagens: o
Pico da Bandeira e o Rio Jequitinhonha. Fios pendentes completavam a
instalação, trazendo a sinalização dos produtos, integrados à paisagem
como se fossem pingos de chuva.
Para a mostra Novas Tecnologias, recriamos, por meio de um processo
de desenho paramétrico, a Gruta de Maquiné. Fios de juta, transformados
em pontos, formaram uma caverna imersiva esculpida no ar para receber
a exposição. Luz e som terminavam por desenhar o espaço, convidando
o visitante a uma experiência multissensorial.
O mesmo conceito de imersão foi trabalhado para a exposição Prêmio
Sebrae Minas Design: um túnel construído de fios iluminados, solto
no espaço, convidava os visitantes a imergirem no mundo do design e
conhecerem os premiados. Uma estrutura solta que remete ao formato
de pedras e estruturas da natureza e toma forma pela desconstrução
formal de um túnel reto.
Por fim, para o palco da premiação Sebrae Minas Design, agregou-se ao
mesmo material um processo digital de desenho, estudando visuais e
efeitos ópticos, na busca de recriar uma nova percepção. Um furacão de
fios, com geometria marcada, dilui-se no jogo de luzes e reflexos gerados pela forma. Na frente da cenografia, uma tela de projeção dialogava
com a cenografia, em que as imagens eram projetadas no ar, soltas e
integradas a uma coreografia de formas e cores. Imaginário, Identidade,
processo produtivo, plantas que geram fios transformados em superfícies complexas, narrativas e, ao mesmo tempo, abstratas.
107
Foto Jorge Lopes
production process, “from hands to machine”, from the
planting to the industrialization process. An easily but not
obviously identified material, the rustic jute from coffee
sacks was transformed into design. Design as a process
and not only a result.
Acima, a presença da juta
também marcou uma sala
destinada a novas tecnologias
na mostra Da Mão à Máquina
Above, jute was also used
in a room displaying new
technologies during the From
Hands to Machine show
Minas on
the scene
Planning the setting for a design exhibition should go
beyond the plan for flows, materialities, colors, spatialities, ways to exhibit objects in a predetermined space. It
should summarize our understanding of how to create
design and communicate our attitude as designers to the
world. A Brazilian biennial exhibition and a show called
From Hands to Machine should have its setting as an
amalgam of this concept and convey the key element of
design: the process.
As a design strategy, a second layer on information is
added to the materiality of the project: we transcribe the
“natural” topography of the Belo Horizonte surrounding
inside the Palacio das Artes, where is located the exhibition. We use that new layer of topographic information
to create artificial landscapes that define the circulation,
space, exhibition elements and finally the character of the
whole exhibition project.
108
Marko Brajovic é designer e
cenógráfo. Carmela Rocha é
arquiteta e diretora de produção
do Atelier Marko Brajovic /
Marko Brajovic is an architect,
designer and scenographer.
Carmela Rocha is an architect
and production director at Atelier
Marko Brajovic
The landscape in Minas Gerais is very much dominated
by the coffee industry, a production that fostered the
industrialization process of a raw material that is not often
explored: jute. This is the main plant used by the sack
industry, especially for coffee. Minas Gerais state is one
of the major consumers of jute sacks, which has created
a trade route between the northern and southeastern
regions in Brazil – an economically important production
for some states such as Pará and Amazonas.
We therefore chose to use a strong unique material
that creates landscapes into the space based on Belo
Horizonte surroundings either with human intervention or
not. The chosen material, jute, carries the meaning of the
As a design-based strategy, a second layer was added to the
chosen materiality: the more “natural” topography that surrounds Belo Horizonte was brought into Palácio das Artes,
where the shows were held. It was used as a base to create artificial landscapes which would constitute pathways,
spaces, exhibit elements, in short, the exhibition project.
Many studies were carried out on space occupation using
different jute products and by-products, including filling in
the room with bales, rolls or yarn. In the end, aiming to optimize the project and fulfill the need to unify the language
used throughout Palácio das Artes, our choice was jute yarn.
Four design strategies were created for four situations.
For the From Hands to Machine, a topography designed
with yarn connected the products being exhibited and
formed two landscapes: the Pico da Bandeira (mountain)
and Rio Jequitinhonha (river). Hanging pieces of yarn
completed the installation, signaling products, integrated
into the landscape as if they were raindrops.
For the New Technologies show, Gruta de Maquiné (cave)
was reproduced through a parametric drawing process.
Jute yarn, transformed into points, formed an immersive
cave carved in the air to host the exhibition. Light and
sound complemented the space, welcoming visitors with
a multisensory experience.
The same immersion concept was developed for the
Sebrae Minas Design Award: a freestanding tunnel constructed from illuminated yarn, invited visitors to immerse
themselves in the world of design and get to know the
award winners. A freestanding structure, based on the
shape of rocks and structures of nature, was built through
the formal deconstruction of a straight tunnel.
Finally, the stage of the Sebrae Minas Design Award featured the same material with a digital drawing process,
studying visual and optical effects, seeking to recreate a
new perception. A yarn hurricane, with pronounced geometry, merges into the lighting system and the reflections
generated by its shape. In front of the setting, a projection
screen interacted with the setting, where images were
projected into the air forming choreography of shapes and
colors. Imagery, identity, productive process, plants that
generate yarn transformed into complex surfaces, which
are descriptive and, at the same time, abstract.
Fotografia
Desenho
Curadoria
História da Arte
Filosofia
Pintura
Cenografia
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Bienal
em números
Confira um apanhado quantitativo do evento
Check out a quantitative overview of the event
• As mostras contabilizaram
76.866 visitantes
• Foram expostos
730 produtos
• 2.510 participantes nas
ações acadêmicas
• 1.067 participantes nas
ações de negócios. 25
empresários atendidos
pelo Projeto Comprador,
da Apex-Brasil
• Nas ações educativas,
1.917 estudantes de
43 escolas públicas
visitaram as mostras
• Eventos paralelos
registraram 19.700
visitantes
•A
mostra virtual do
3º Prêmio Sebrae
Minas Design teve
59.786 visitantes
•O
Simpósio sobre
Design e Moda, da
Apex-Brasil, teve
500 participantes
•3
.500 visitantes
conferiram a exposição
dos projetos
vencedores do
5º Prêmio IDEA/BRASIL
•O
4º Fórum Internacional
Design como Processo
contou com
1.500 participantes
•A
mostra Design de
Carros no Brasil –
Rupturas e Inovações
contou com
3.500 visitas
•2
.300 visitantes
estiveram na mostra 1
Pessoa 10 Cadeiras
• 10 países estiveram
representados por
palestrantes no evento
•3
.300 visitantes
na exposição
PetrAurum – A
construção de uma
Identidade para a
Joia Brasileira
• 59.786 pessoas
visitaram a mostra
Da Mão à Máquina
•A
mostra Geração
Casa Brasil recebeu
3.500 visitantes
•F
oram 500 os
participantes do
Seminário Internacional
Design e Emoção
•O
seminário Design
e Tecnologia, teve
1.650 participantes
•M
esas-redondas e
palestras paralelas à
mostra 1 Pessoa 10
Cadeiras registraram
480 participantes
• 500 participantes
teve o Seminário
Internacional de
Economia Criativa
e Design
Biennial
exhibition
in numbers
•1
0 countries were
represented by lecturers
during the event
• The exhibitions attracted
76,866 visitors
•T
he virtual show of the 3rd
SEBRAE Minas Design
Award had 59,786 visitors
• 730 products
were showed
• There were 2.510
participants in
academic initiatives
• Business initiatives
were attended by
1,067 participants. 25
entrepreneurs were visited
by international buyers
• During the educational
initiatives, 1,917 students
from 43 public schools
visited the shows
• Parallel events were
attended by 19,700 visitors
• 59,786 people visited
the From Hands to
Machine exhibition
• 3,500 attendees
visited the exhibition
of the winnings
of the 5th IDEA/
BRASIL Award
• The Car Design in
Brazil – Ruptures
and Innovation show
attracted 3,500 visitors
•T
he Generation Casa Brasil
show had 3,500 visitors
•T
he Symposium on Design
and Fashion organized
by Apex-Brasil attracted
500 participants
•T
he 4th International
Forum on Design as a
Process was attended
by 1,500 participants
•5
00 people attended the
International Seminar on
Design and Emotion
•T
he seminar Design
and Technology had
1,650 participants
•2
,300 visitors attended the
1 Person 10 Chairs show
•R
oundtables and lectures
held concurrently with the
1 Person 10 Chairs show
attracted 480 participants
•P
etrAurum – The
construction of an
identity for the
Brazilian Jewelry
received 3,300 visitors
•5
00 people attended
the International
Seminar on Ceative
Economy and Design
111
ARCDESIGN + ApexBrasil
Edição Especial
IV Bienal Brasileira de Design
Special Edition
4th Biennial Brazilian Design Exhibition
Publicação da Roma Editora /
Published by Roma Editora
Diretores / Directors
Maria Helena Estrada, diretora editora
Cristiano Barata, publisher
Editora / Editor
Maria Helena Estrada ([email protected])
Editor adjunto / Associate editor
Roberto Abolafio Junior
Redação / Editorial office
Mara Gama, Roberto Abolafio Junior e Vinícius Ferreira Magalhães
Projeto gráfico / Graphic design
Distribuição nacional / National distribution
Greco Design
FC Comercial e Distribuidora S.A.
Edição de arte, design e produção gráfica
/ Art edition, design and graphic production
Roma Editora, Projetos de Marketing Eireli
Cibele Cipola (editora) e Emílio Fim (estagiário)
Participaram desta edição / Contributors
Angela Tamiko Hirata, Carmela Rocha, Cristina Morozzi, Dijon de Moraes,
Dorothea Werneck, Eliane Parreiras, Gustavo Greco, Heloisa Menezes,
Marco Aurélio Lobo, Marco Brajovic, Mauricio Borges e Rafael Cervone.
Tradução / Translation
112
Colmeia – Estúdio de Ideias e Interlínguas
Revisão / Proofreading
Colmeia – Estúdio de Ideias
Assinaturas e Circulação / Subscriptions
Rita Cuzzuol ([email protected])
Rua Simão Álvares. 356, cj. 12, Pinheiros
São Paulo, SP
CEP 05417-020
Tel. / Phone (11) 3061-5778
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Tecnologia
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