um brasil muito pesado para dilma

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um brasil muito pesado para dilma
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Nº 1045 - JANEIRO/2015 | CIRCULAÇÃO NACIONAL | R$ 9,90
UM BRASIL MUITO
PESADO PARA DILMA
Os primeiros 20 dias de governo pareceram ser os primeiros 200 dias pelo peso das responsabilidades,
desafios e pressões após a posse no segundo mandato. Empossou-se com 4 frentes de crise: 1)
econômica; 2) política;3) judicial;4) administrativa,com um governo com 39 ministros de diversas
procedências político-ideológicas, dos quais alguns já estão brigando. E agora?
CORRUPÇÃO
ESTÁ ENTRE NÓS
Um ensaio sobre
a razão de sermos
no Brasil tão lenientes
com esse mal do século
LEIA O QUE
DILMA LÊ
Se ela lê a biografia de
Getúlio Vargas é porque
encontra muitas afinidades
com o ditador gaúcho
O QUE VAI NAS
REDES SOCIAIS?
Eduardo Balduino
decifra em artigo o que vai
e o que não vai na
formação da nova
comunicação
PÁGINAS A ZUIS
VICENTE NUNE
S
Entrevista com
Prêmio Esso o
Jornalismo Econ de
ômico
ROMULO F. FEDERICI - o consultor empresarial procura desvendar o porquê
de estarmos tão alheados no país ao tema GEOPOLÍTICA E ORDEM MUNDIAL,
fenômeno que classifica como DESCASO HISTÓRICO nosso.
EDITORIAL
FALTOU
ALGUÉM
NA PRAÇA DA
REPÚBLICA
P
or pura coincidência nosso principal articulista
Romulo Fontes Federici preparou para esta
edição, desde dezembro último, um ensaio
sobre a razão de nós brasileiros termos tanto descaso
pela ordem mundial e pela geopolítica.
Vivemos no Brasil de costas voltadas para o mundo - diz um velho brocardo. Até aos nossos vizinhos
sul-americanos, somos estranhos.
Vieram os atentados terroristas na França deste
janeiro - os quais comoveram o mundo com adesão
ao movimento Je Suis Charlie - e confirmaram a regra para a timidez com que o governo e a sociedade
brasileira se comportaram diante de um assunto que
parece galvanizar o planeta, não a nós.
Nossas reações, a começar pela oficial, do Palácio
do Planalto, foram tímidas e evasivas. Notas oficiais e
um Itamaraty abúlico como sempre.
Nossa presidente da República nem sequer foi à
Embaixada da França em Brasília para apor sua assinatura no livro de condolências, como o fizeram os
chefes de Estado em suas respectivas capitais.
Lindo país este, que tem pode se dar ao luxo de
permanecer ao largo do tema com que o mundo se
preocupa. A antiga cultura de sermos povo pacifico, um país onde as raças se intercambiam, árabes e
judeus comerciam uns ao lado dos outros nas ruelas das grandes cidades, onde não há terrorismo e
onde nunca houve ameaça de uma invasão inimigo
externo.
No entanto, ali mesmo, na fronteira amazônica,
colhem-se sinais do avanço do Islã na Guiana Francesa.
A considerar que o Brasil é a maior fronteira física da
França fora da Europa, com 622 quilômetros de extensão, graças à junção territorial da Guiana com o Amapá,
teríamos que dar relevância geopolítica a esta região.
A Tríplice Fronteira com o Paraguai e Argentina é
outra prioridade menor, somente tema para ações da
nossa Polícia Federal.
Somos pouco interessados na questão planetária,
portanto estamos sós, nesse mundo de Charlie.
Na Praça da República em Paris faltou até Barack
Obama. Dilma também.
NESTA EDIÇÃO
4
16
OS 10 MAIS DE
DEZEMBRO NA
POLÍTICA E NO PODER
24
VOCÊ VAI
LER O QUE
DILMA LÊ
6
20
A CORRUPÇÃO
ESTÁ
ENTRE NÓS
SONAR
ENSAIO POLÍTICO
ROMULO F. FEDERICI
32
FÓRUM
POLÍTICO DAS
MULHERES
38
ECONOMIA
A GRANDE NOITE
DO CBN
40
SAÚDE
EXEMPLO
DE ITAPIRA
40
43
ARTIGO
EDUARDO
BALDUINO
44
PÁGINAS AZUIS
VICENTE NUNES
46
ÚLTIMO
SONAR
54
OPINIÃO
ELEN BARBOSA
52
EXPEDIENTE
CARTA POLIS revista mensal de bastidores do poder em Brasília.
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Leonardo Mota Neto ([email protected])
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*Os artigos assinados nesta edição são de responsabilidade de seus autores.
CARTA POLIS não se responsabiliza pelos conceitos neles emitidos.
SALVO ENGANO
Erramos na capa da última edição quando escrevemos que o
Juíz Sérgio Moro é da Justiça Federal da Paraíba. Retificando:
é do Paraná.
.........
Na galeria de fotos de OS BRASILIENSES na nossa última edição,
a de Jorge Jardim não corresponde ao mesmo e sim a foto
ao lado.
34
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22
SWING
POLÍTICO
FRASES DO
MÊS DE
DEZEMBRO
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POLIS
CONFIDENCIAL
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BRASÍLIA
CULTURA
OS BRASILIENSES
DE DESEMBRO
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ECONOMIA
PERFIL LEVY
JORNAL DE
LEONARDO
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POLÍTICA
MAIS DE
DEZEMBRO
NA POLÍTICA E NO PODER
Destaque do Mês
Rodrigo Janot
S
ua voz alteou-se no final do ano por ser considerado
justo representante dos interesses da sociedade como
chefe do Ministério Público Federal, adotando o posicionamento que se espera de um magistrado nos entrechoques entre a lei e os poderosos acobertados pela política.
Frases cortantes brotaram de suas intervenções no
âmbito da Operação Lava-Jato, e eis o que faz parte de suas
atribuições: a defesa dos direitos sociais e individuais indispensáveis da ordem jurídica e o regime democrático; a fiscalização da aplicação das leis, a defesa do patrimônio público
e o zelo pelo efetivo respeito dos poderes públicos aos direitos assegurados na Constituição.
Nessas atribuições, Janot se esmerou. No mês de dezembro sua atuação foi mais enfática quando rebateu a ideia
da presidente Dilma Rousseff de consultar o Ministério
Público Federal antes de nomear seu novo ministério. Sua
resposta clarificou a independência do MPF. O ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, foi o porta-voz da resposta
negativa de Janot. Segundo Cardozo, o procurador afirmou
que as apurações da Operação Lava-Jato estão sob sigilo judicial, portanto, não teria como informar quais políticos estão sob a mira das investigações.
Frases de Janot:
“O cenário é desastroso na gestão da Petrobras”.
“Esperam-se as reformulações cabíveis, inclusive, sem
expiar ou imputar previamente culpa a eventual substituição
de sua diretoria, e trabalho colaborativo com o Ministério
Público e demais órgãos de controle”.
“O país vive atualmente um momento de “turbulência”
devido aos escândalos envolvendo a Petrobras”
“O Brasil “não tolera mais” a corrupção e a “desfaçatez”
de alguns servidores públicos e de alguns empresários”.
“Os corruptos desse país precisam conhecer o cárcere”.
E assim por diante.
Por isto, é ele o DESTAQUE DO MÊS da CARTA POLIS.
4
POLÍTICA
ALOYZIO NUNES
FERREIRA
ALEXANDRE TOMIBNI
No alvorecer do ano, sua permanência na presidência do Banco
Central é um sinal claro de que
será buscada com extrema disciplina o equilíbrio monetário com
retorno ao centro da meta inflacionária. Profissional disciplinado se integrou à nova equipe de
modo a atribuir-lhe a segurança
técnica do BC.
Postura de uma verdadeira oposição no Senado, aquela que se faz
com continuidade presença constante e discurso incisivo, como
líder do PSDB que se impõe pelo
diálogo com os parlamentares de
todos partidos e respeitado pelo
governo, deixará neste fevereiro
a liderança tucana no Senado.
DIAS TOFFOLI
JOAQUIM LEVY
MENDONÇA FILHO
NELSON BARBOSA
PEDRO DALLARI
RENAN CALHEIROS
RONALDO CAIADO
TEORI ZAVASCKI
Mais uma vez na lista, o presidente do TSE diplomou a presidente
Dilma Rousseff e o vice-presidente
Michel Temer com um discurso
enfático: “Eleições concluídas são,
para o poder Judiciário Eleitoral,
uma página virada. Não haverá
terceiro turno na Justiça Eleitoral.
Que os especuladores se calem.
Não há espaço”.
Coordenador da Comissão Nacional da Verdade desde 2013, reconduzido em 2O14 quando outros
desistiram do delicado trabalho,
o advogado e professor universitário paulista chegou ao final
e entregou à presidente Dilma
Rousseff o alentado relatório que
a levou às lágrimas em um meritório esforço de investigação.
Foi destaque na Câmara entre os
deputados oposicionistas que sustentaram a luta contra o governo
para a aprovação das matérias finais do ano, orientando a obstrução parlamentar com uma surpreendente habilidade de veterano.
Foi uma surpresa e é promessa da
oposição para as batalhas de plenário em 2015.
Surge como esperança do mercado
que a economia dê imediatos sinais
de credibilidade para que seja evitado o rebaixamento da nota de investimento do país aguardada para
breve, caso haja agravamento dos
indicadores brasileiros. Postura
equidistante das luzes. Primeiras
entrevistas à mídia equilibradas.
Nos embates de plenário do Congresso Nacional para a aprovação
das matérias finais do ano, cresceu como líder em projeção do
segmento oposicionista devido
a sua extrema combatividade e
voz tonitroante, mostrando a que
veio na sua eleição e já autolançado como candidato a presidente
em 2018.
Presidiu sessões do Congresso Nacional para a aprovação da LDO
por horas a fio, e que se arrastaram
até a madrugada, mas sem nunca
perder a atitude diferenciada de
uma referência maior no centro da
mesa. Favorito à reeleição para presidir a mesa do Senado, tornou-se
uma obrigatória presença, goste-se
dele ou não.
Ao exercer a função-planejamento,
é esperado como um profissional
sério que poderá repor a confiança
na execução de um orçamento público em níveis de seriedade e sem
maquiagens fiscais. Já foi governo
na secretaria-executiva da Fazenda, e conhece os complexos meandros da decisão no governo Dilma.
Como ministro-relator do STF do
processo da Operação Lava-Jato,
vem emitindo decisões que se
alinham com as aspirações nacionais por um encaminhamento
justo, mas severo dos feitos judiciais e rejeitou pedidos de liberdade feitos por executivos de empreiteiras e de um lobista presos.
Impõe-se pela discrição.
(*) Esses nomes estão sendo apresentados por ordem alfabética. O critério da
escolha foi uma consulta ao Conselho Editorial da CARTA POLIS.
5
POLÍTICA
CORRUPÇÃO
ELA VIVE !
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E
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T
EN
BRASILEIRO É
NATURALMENTE
CORRUPTO?
Leonardo Ladeira
é jornalista e consultor
de redes sociais.
A
obstáculo para o desenvolvimento do país. Em casos de desvio
de verba pública, por exemplo, é a educação, a saúde, a infraestrutura quem perde, acentuando o atraso econômico.
O historiador José Murilo de Carvalho lembra que “os
grandes proprietários de terra prendiam, julgavam, condenavam, puniam”. Só eram submetidos à lei se colocassem em
oposição. Nesse caso, se verificava outra regra: “Para os amigos
tudo, para os inimigos, a lei”.
Para entender um pouco mais sobre a corrupção:
A corrupção é um problema complexo. Para entender os
mecanismos que permitem a sua ocorrência, algumas das formas de sua manifestação, maneiras de combatê-la e as variadas
interpretações e abordagens do fenômeno, é preciso um pouco
de leitura. Para isso indicamos as seguintes obras para início de
“conversa”:
palavra corrupção deriva do latim “corruptus” que,
numa primeira acepção, significa quebrado em pedaços,
e numa segunda acepção, apodrecido, pútrido. Por conseguinte, o verbo corromper significa tornar pútrido, podre.
A corrupção é um fenômeno recorrente no dia-a-dia do
brasileiro. Possui raízes profundas e históricas que estão associadas à nossa formação. O modelo de Estado e sociedade que
se desenvolveu no Brasil era semelhante à cultura política portuguesa. O sociólogo e historiador Sérgio Buarque de Holanda
em seu livro “Raízes do Brasil”, quando analisa esta formação,
cita a herança rural e patriarcal baseada no personalismo.
Historiadores afirmam que a população brasileira padece
do analfabetismo político, ou seja, é acometida de total desinteresse e desconhecimento da esfera pública. Isso impede que
as pessoas tenham consciência de que a corrupção é um grande
A Corrupção e a economia global - Kimberly
Ann Elliott (org.). Esse livro, publicado em 1997, é
composto por dez capítulos e dois apêndices. O livro faz uma abordagem ampla
e multifacetada, centrada em aspectos
econômicos e políticos, nacionais e internacionais da corrupção, destacando impactos socioeconômicos e institucionais
do problema.
A economia política
da corrupção no Brasil - Marcos Fernandes
Gonçalves da Silva Esse
livro, lançado em 2001, discute a questão
a partir de dois estudos de caso ocorridos
na década de 1990: a corrupção no governo Collor e o escândalo do orçamento.
O professor Gonçalves, um dos grandes
especialistas no tema em nosso país, discute a ocorrência da corrupção e as suas
consequências, apresenta, ainda, um
exemplo de ação contra a corrupção.
Corrupção:
ensaios
e críticas - Leonardo
Avritzer [et al.]
Esse livro, lançado em
2008, é um dos mais importantes de nossa bibliografia sobre o tema. Abordagem
ampla trata do fenômeno da corrupção
a partir da visão da teoria política com
o olhar de vários clássicos e de inúmeras
questões conceituais do aspecto histórico
da corrupção no Brasil e de sua presença
em nossa cultura, seja na literatura, no
teatro ou na música, e de questões atuais
do tema.
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Corrupção e Sistema
Político no Brasil - Leonardo Avritzer e Fernando
Filgueiras (organizadores)
Lançado em 2011, pela editora Civilização Brasileira, o estudo expõe os
mecanismos institucionais de combates ao problema desenvolvidos no
Brasil ao longo dos últimos 20 anos.
É resultado de pesquisas e estudos realizados pelo Centro de Referência do
Interesse Público (Crip) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
e por alguns parceiros da instituição.
Ao longo de suas 256 páginas, aborda
questões como opinião pública, governabilidade, transparência e sociedade
civil, tudo isso, claro, ligado à corrupção, sua ocorrência, práticas e formas
de combate.
POLÍTICA
CORRUPÇÃO
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ROUBA-SE DESDE
O SÉCULO XVI
“Consagrei toda minha vida ao combate à corrupção.
Nesses dez anos de minha vida pública, não tenho feito outra coisa.
Sou, sabidamente, um homem sem preço.”
Jânio Quadros
O
Os primeiros registros de práticas de corrupção no
Brasil datam do século XVI no período da colonização
portuguesa. Alguns historiadores creditam a corrupção existente no Brasil à formação do Estado brasileiro, desde
a colonização. Ela estaria associada à vinda de degredados de
Portugal para o Brasil, condenados a cumprir suas penas aqui.
Com Tomé de Souza, primeiro governador geral do Brasil, vieram cerca de quatrocentos degredados.
Durante o período colonial o caso mais comum era de funcionários públicos encarregados de fiscalizar o contrabando e
outras transgressões contra a coroa portuguesa, e ao invés de
cumprirem suas funções, acabavam praticando o comércio ilegal de produtos brasileiros como pau-brasil, especiarias, tabaco, ouro e diamante.
A corrupção se tornava frequente também no interior,
como Minas Gerais e Goiás, onde, devido à distância e dificuldades de transporte, as coisas aconteciam de forma ainda pior.
A Coroa, inclusive, estimulava que os fidalgos fizessem o que
quisessem para mandar e garantir a posse de territórios.
A escravidão também contribuiu para o desenvolvimento
da corrupção no país. Isso porque era a única relação de trabalho existente, deixando o trabalho livre sem qualquer tipo de
norma para regê-lo.
Com a proclamação da independência em 1822 e a instauração do Brasil República, outras formas de corrupção, como a
eleitoral e a de concessão de obras públicas, surgem no cenário
nacional. Esta última estava ligada à obtenção de contratos junto
ao governo para execução de obras públicas ou de concessões.
7
POLÍTICA
CORRUPÇÃO
ELA VIVE !
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JURISTAS: COMBATE
É MUITO TOLERANTE
“No dia em que a Justiça criminal for exercida com eficácia, os criminosos vão
pensar duas vezes antes de se apropriarem do dinheiro e da coisa pública.”
disse o jurista Carlos Velloso, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, hoje advogando no Rio.
U
m dos principais problemas que dificultam o combate
à corrupção no Brasil é a cultura de impunidade ainda vigente no país, apontada inclusive pelo Comitê de
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da ONU em maio de
2009. A justiça brasileira é morosa, e aqueles que podem pagar
bons advogados dificilmente passam muito tempo na cadeia ou
mesmo são punidos. Além disso, o fato de os políticos gozarem
de direitos como o foro privilegiado e serem julgados de maneira diferente da do cidadão comum também contribui para
a impunidade.
Segundo o advogado e político brasileiro Tarso Genro, “a
demora no processo está vinculada à natureza contenciosa, que
assegura direitos para as partes de moverem até o último recurso”.
Da mesma forma manifestou-se o então presidente do
STF Joaquim Barbosa, em discurso feito na Costa Rica em maio
de 2013. Segundo Barbosa, uma das causas da impunidade no
Brasil seria o foro privilegiado
para autoridades.
Defensores do foro privilegiado, todavia, alegam que sua extinção poderia tornar ainda mais
morosa a tramitação de processos
judiciais contra autoridades, e influências políticas de todo tipo sobre juízes de primeira instância.
Segundo Cláudio Weber
Abramo, da ONG Transparência
Brasil, que classifica o judiciário brasileiro como o “pior do mundo”, a Ação Penal 470 (mais conhecida como “Mensalão”) poderia
levar até 60 anos para chegar à decisão final, se os réus interpusessem todos os recursos possíveis previstos pela legislação. O raciocínio também pode ser aplicado na análise da ação penal denominada “mensalão tucano” (e que precedeu o “mensalão petista”),
onde os implicados foram beneficiados pelo desmembramento
do processo e seu retorno para a primeira instância.
Em estudo divulgado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), foi revelado que entre 1988 e 2007, isto é, um perí-
odo de dezoito anos, nenhum agente político foi condenado pelo
Supremo Tribunal Federal (STF). Durante este tempo, o Superior
Tribunal de Justiça (STJ) condenou apenas cinco autoridades. Esta
situação começaria a mudar em 2013, quando 12 condenados na
Ação Penal 470 foram levados à prisão sob variadas acusações de
suborno e corrupção. Todavia, após ter sido transformado num
espetáculo midiático, o “julgamento do Mensalão” passou a ser
contestado, inclusive por importantes personalidades do mundo
jurídico brasileiro, que enxergaram nele sinais de um julgamento
de exceção 139 (ou pelo menos de um erro judiciário). Prova disto
teria sido a devolução do “mensalão tucano” para a primeira instância, em março de 2014.
“O Brasil sempre foi um país de leis e de legistas”, afirma
o historiador e cientista-político José Murilo de Carvalho. Herdeiros, por Portugal, da tradição jurídica romano-germânica,
somos um dos maiores produtores de leis.
“Nosso jurista se vê com
um demiurgo, organizador do
mundo, reformador universal.
Feita a lei, o problema para ele
está resolvido, não lhe interessando sua execução”, afirma
Carvalho. É uma visão oposta
à da tradição da Common Law
anglo-saxônica, segundo a qual
a lei apenas regula o comportamento costumeiro.
No argumento de José Murilo de Carvalho, nosso cipoal
de leis incita à transgressão e elitiza a justiça. “A tentativa de
fechar qualquer porta ao potencial transgressor, baseada no
pressuposto de que todos são desonestos, acaba tornando impossível a vida do cidadão honesto. A saída que este tem é, naturalmente, buscar meios de fugir ao cerco. Cria-se um círculo
vicioso: excesso de lei leva à transgressão, que leva a mais lei,
que leva a mais transgressão.”
Para o historiador, se não existe uma tradição de respeito à
lei, não será com apelos moralistas que ela será criada.
8
POLÍTICA
CORRUPÇÃO
ELA VIVE !
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LEIS LENIENTES,
POUCA EFICÁCIA
J
á no Barroco, o poeta luso-baiano Gregório de Matos e o Padre
Antonio Vieira inauguram aos escritos críticos sobre esta nefasta marca de nosso povo, evidenciando a ideia de que, sem
a conivência com a “mutreta” e o “fazer por fora” pouco ou quase
nada se consegue no país.
Lei Anticorrupção ou da Probidade Empresarial
Lei 12846/2013
Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de
pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências.
Proibição da prática de nepotismo
A proibição do nepotismo é um dos projetos apresentados
pelo deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ). Essa prática consiste
no favoritismo de certos governantes aos seus parentes e familiares,
facilitando-lhes a ascensão social, independentemente de suas aptidões, na administração pública. O projeto tramita em conjunto
com o do ex-deputado Aldo Arantes, e está na fila para entrar na
pauta do plenário. O Executivo também apresentou projeto de lei
para conferir tratamento mais rigoroso aos crimes contra a administração pública, diz o texto encaminhado ao Congresso Nacional, em
dezembro de 2009, e assinado pelo então ministro da Justiça Tarso
Genro, Jorge Hage Sobrinho e Luis Inácio Lucena Adams. Este projeto acabou virando decreto no Congresso, pois alterou o decreto lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, as leis nº 8.072, de 25 de julho
de 1990, e 7.960, de 21 de dezembro de 1989, adicionando os tipos
penais qualificados de peculato, concussão, corrupção passiva e corrupção ativa, tornando-os hediondos e passíveis de prisão temporária. Atualmente, o direito brasileiro prevê a prisão, pena mínima
de dois anos para estes tipos de crimes até 12 anos, mais multa. A
proposta diminui a distância entre a pena mínima e a máxima, que
passam de 8 a 16 anos, mais multa e prisão.
Lei da Ficha Limpa
Lei Complementar Nº 135, de junho de 2010
Altera a Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990, que estabelece, de acordo com o § 9o do art. 14 da Constituição Federal,
casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras
providências, para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam
a proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício
do mandato.
Lei das Licitações nº 8.666/1993
A Lei de Licitações afasta favorecimentos ilegítimos,
em prejuízo de interesses públicos, e confere maior
racionalidade e qualidade aos gastos públicos. Toda
vez que a administração pública convoca interessados em fornecer
bens e serviços, impõe-se a obrigatoriedade de aplicação da Lei de
Licitações, visando selecionar, de forma igualitária e transparente,
a proposta mais vantajosa para atender as necessidades do setor
público. Pela licitação, os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, que são
impositivos para a administração pública, ganham concretude,
inibindo desvios criminosos de recursos públicos e assegurando o
atendimento adequado do cliente primordial do Estado, que é o
cidadão-contribuinte.
Frente Parlamentar de Combate à Corrupção
A associação suprapartidária, Frente Parlamentar
de Combate à Corrupção, foi criada em 2008, com o
propósito de fazer um levantamento dos casos mais
graves desta prática em estados e municípios. Recentemente divulgou uma lista de projetos de lei sobre o tema que estão na fila para
entrar em discussão no Plenário da Câmara. Os temas englobam
processos judiciais, sistema eleitoral (mandatos; inelegibilidades),
nepotismo, transparência e controle e crimes, com a classificação de
crime hediondo para a corrupção. Projetos até de ex-deputados que
não conseguiram se reeleger no Congresso Nacional e que podem se
transformar em lei. Estima-se que o crime de corrupção movimente
cerca de US$ 10,7 bilhões dólares todos os anos no Brasil.
9
POLÍTICA
COLUNA
Leonardo Mota Neto
POLÍTICA: IMPREVISIBILIDADE
No meio político existe um colchão de imobilidade à vista: não se aguarda para este 2015 nenhum movimento mais forte que
signifique mudanças estruturais nos rumos político-institucionais do país. As promessas da presidente no seu discurso de
diplomação, de reforma política com referendo ou plebiscito, estarão desamparadas pela manutenção das regras do jogo nas
relações Executivo-Congresso. Muita troca e parceria de mutualidade.
TENSÕES INFLADAS
ECLIPSE AECISTA
A presidente Dilma governará no ano de 2015 com outro perfil ditado por um orçamento aprovado pelo Congresso no
cair das luzes do ano passado, mas que ainda não é o dos
sonhos de sua nova equipe econômica. Inflando as tensões
com a base política, os novos ministros imporão ao longo do
ano, cortes substanciais do gasto público, os quais atingirão
de chofre as áreas de interesse dos partidos políticos. Haverá
menor irrigação de verbas pelos ministérios que controlam.
Mais conflitos à vista que em 2014.
O senador Aécio Neves tende a perder gradativamente, ao longo
de 2015, a polaridade como líder das oposições. O surgimento
de novos nomes na cena político-parlamentar, associado a uma
maior capacidade de vocalização, assiduidade na mídia, plenários, comissões e tribuna, os levará a um plano de maior referência. Para Aécio, a tendência é se internalizar em Minas para
tentar recuperar o espaço perdido e planejar as eleições municipais de 2016, na qual a prioridade será eleger o prefeito de Belo
Horizonte, marco inicial da possível volta a uma candidatura
presidencial em 2018.
VEIAS ABERTAS
A oposição mostrará fendas abertas com a inclusão de seus nomes nas
listas das delações premiadas da Operação Lava-Jato, a partir de Sérgio
Guerra e Eduardo Campos, bem como as remanescentes do caso Alstom-Siemens - o “tremsalão” - que atinge frontalmente o PSDB paulista
através dos governos Mário Covas, Jls´pe Serra e Geraldo Alckmin. Mas
a oposição - leia-se: notadamente os tucanos - deverá compensar essas
feridas com uma maior agressividade no Congresso.
AGRESSIVIDADE AUMENTA
Os projetos do governo enviados ao Congresso
deverão sofrer um procedimento de negociação
mais demorada e sofrida. A base estará estiolada pelas denúncias de corrupção na Petrobras e
pela listagem de nomes de políticos governistas
nas delações premiadas. Os processos começarão
a serem abertos pelo Supremo Tribunal Federal.
A nova CPMI da Petrobras será imediatamente
reaberta coma instalação da nova legislatura. As
oposições redobrarão sua virulência.
RENTISMO OBSCENO
Com seus lucros estratosféricos,
quase obscenos nas últimas décadas, incentivados pela passividade
do Banco Central diante do lobby
do sistema financeiro, os bancos
entregaram-se ao rentismo e abandonaram os investimentos em novas técnicas de prestação de serviços dirigidas à satisfação do cliente.
Banco é hoje sinal de instituição
odienta. Péssimo marketing.
10
POLÍTICA
LAMENTO OBSOLETO
A indústria torna-se obsoleta com a concorrência predatória de quem produz mais
barato e com a ajuda de leis trabalhistas medievais? Inovação na indústria! Ajustada ao novo mercado interno, a indústria nacional pode explorar novos nichos que a
mera importação de produtos não é capaz de suprir pela baixa capacidade portuária
nacional. A saída é: inovar e diversificar, pesquisar e simplificar.
MARKETING FALHO
O marketing de vendas no país também se mostra atrasado. Com baixa inventiva e pouco criativa, aposta no mercado
consumidor bovino que demanda em massa e compra por
impulso ou modismo graças ao emprego de mitos da TV
como garotos(as)-propaganda. A explosão da Internet no
país (92 milhões de internautas) criou um novo e fascinante
universo consumidor a que a indústria não soube chegar ainda com seu marketing falho e cabeças repetitivas.
ECONOMIA: NEBULOSIDADE
O mercado parece dizer: vamos transpor 2015 depressa para chegar a 2016. Mera questão de ótica. Perdas
gigantescas no setor financeiro estão sendo aguardadas. No entanto, inúmeras outras oportunidades vão
surgindo caso se abandone a visão do lucro financeiro rápido e fácil e se reinvista no trabalho, apenas no
velho e bom trabalho.
APRAZÍVEL ILHA
O agronegócio é uma ilha, onde se respira um oxigênio despoluído das queixas do sistema produtivo urbano. Crê-se mais no futuro, investe-se mais, inova-se melhor e a dependência de fator político é menor. O agronegócio
mantém uma cadeia produtiva mais larga, beneficia um número maior de indústrias, emprega mais tecnologia e
começa a pagar salários competitivos com a de setores industrial e de serviços.
11
SWING POLÍTICO
SILVIO SANTOS VEIO AÍ E FOI AO APARTAMENTO
DE TANCREDO PARA CONHECER A EMPREGADA
Carlos Henrique de Almeida
Santos, hoje consultor empresarial em
Brasília, jornalista de mão cheia, filho
de político da Bahia (deputado federal
Almeida Santkis), foi durante muito
tempo representante do Grupo Silvio
Santos e diretor do SBT em Brasília.
Tancredo Neves, já candidato a
presidente da República no colégio
eleitoral, morava num
apartamento da Asa Sul
da capital. Como a família
raramente vinha a Brasília,
Tancredo era atendido por uma
antiga empregada vinda especialmente de Belo Horizonte.
Consta que o prédio de apartamentos tinha nas suas imediações um telefone “orelhão”. Reza
a lenda que Tancredo descia
noite alta para ligar do “orelhão”
para seu amigo, o legendário
construtor mineiro, Murilo
Mendes, dono da empreiteira
Mendes Júnior, e assim evitando ser
“grampeado” pelo SNI.
Um dia, Tancredo chama Carlos
Henrique, o do SBT:
- Carlos Henrique, preciso falar
com o Silvio Santos. Pode convidá-lo a
vir aqui em casa?
Calos Henrique, lógico, comunicou-se imediatamente com seu chefe
em São Paulo, e este ficou encantado
com a chance de conhecer o candidato
a presidente da República na intimidade de sua casa e a seu convite.
No dia da visita, Tancredo recebeu na sala um Silvio Santos extremamente gentil e sorridente como
sempre. Tancredo iniciou uma conversa de “cerca-Lourenço”. Ao final,
falou de vez:
- Silvio, é o seguinte: minha empregada é louca pra te conhecer. Vive
me cobrando trazê-lo aqui... Você não
se importa se fôssemos até à cozinha
para lhe apresentar?
SOLUÇÃO PARA DILMA ACOMPANHAR
O SALDO DE CAIXA DE SEU COFRINHO
Afirma-se que a presidente Dilma é concentradora e não permite que os ministros exerçam autonomia. Ela fica em cima, cobrando, ao seu estilo impenitente.
No regime presidencialista, porém, é assim mesmo. Segundo o adágio popular brasileiro “Quem carrega é que sabe o peso que pega”.
O fardo é pesado, como foi para todos os demais presidentes. Ao seu tempo
e hora todos se refugiando na solidão porque não há quem compartilhe da sua
responsabilidade extrema. Presidente é a última instância de si mesmo. Não existe
mais ninguém acima dele para recorrer à noite, na vastidão do palácio impessoal
e frio.
José Sarney, quando substituiu Tancredo Neves, apesar de vasta experiência
acumulada ficou atônito. Não sabia como proceder ao sentar-se na cadeira reservada para Tancredo Neves. Sem note, perguntou o que fazer a seu chefe da Casa
Civil, José Hugo Castelo Branco.
Para controlar a saída da dinheirama do governo, que não para de circular
qualquer que seja a hora, qualquer que seja o presidente, Sarney imaginou uma
forma de se defender e chamou ao secretário do Tesouro, Andrea Calabi:
- Calabi, me faça um favor: ponha diariamente num papelzinho o saldo de
governo, e me mande...
Era o cofrinho do Sarney que surgia na imensidão dos gastos da República
para acompanhar o movimento de caixa.
Dilma faz hoje exatamente a mesma coisa. Quer saber onde está o dinheiro
público antes que alguém mais saiba por ela.
12
SWING POLÍTICO
NA ESCOLHA DE AUXILIARES A PRESSÃO É
GRANDE, MAS PARA ESCAPAR TANCREDO
NOMEOU SEU DENTISTA
Nessa época de escolha de ministros, vale a
pena recordar, procedia nessa difícil fase um político mineiro de alta estirpe quando estava definindo seu secretariado no governo de Minas.
Tratava-se de Tancredo Neves, para quem
as linhas paralelas certas vezes se encontravam,
desmentindo as leis da física.
Foi quando, exausto com o processo de
negociações políticas para a escolha dos secretários, viu que faltava o da Cultura, um encargo
penoso em se tratando de Minas, terra de intelectuais magníficos.
Justamente concorriam ao cargo de secretário da Cultura dois grandes nomes das letras
mineiras: os escritores Roberto Drummond e
Oswaldo França de Lima.
O lobby estava forte. Tancredo, recolhido
com seus botões hesitava.
A solução que encontrou foi inusitada.
Convidou seu dentista particular, considerado
um gênio das artes odontológicas, especialista
em problemas complexos de dentaduras, o dr.
Hamilton Mourão, para secretário da Cultura.
Perplexos, os intelectuais foram cobrar
Tancredo…
-Por que logo um dentista na Cultura, governador?
-Ora, o Sr. já foi à casa dele? Vocês precisam ver o total de quadros que ele tem! O homem tem uma cultura vasta!
E assim o dentista ficou na Cultura até o
final do mandato.
MAGALHÃES PINTO ENSINAVA A NÃO
EXONERAR NINGUÉM NO NATAL E ANO NOVO
O ato de demitir ministros nunca foi uma tarefa agradável. Nem a demissão de qualquer trabalhador da área pública
ou privada.
Para Magalhães Pinto, um dos maiores manobristas de
astúcia que a política brasileira já conheceu. Como banqueiro,
no seu Banco Nacional, já era famoso por seus cuidados com os
que trabalhavam para ele. No momento das demissões, o Dr.
Magalhães – como era conhecido no banco – sentia a profunda angústia de um filho da pequena Santo Antonio do Monte,
Minas.
Uma de suas passagens mais conhecidas neste particular
ocorreu quando lhe levaram uma relação de funcionários do
banco a serem demitidos justo nessa época de final de ano.
O doutor então professou a seu diretor uma lição de humanismo nada parecido com um banqueiro:
- Meu filho, não se demite ninguém perto do Natal ou no
Ano Novo. Deixe passar o ano…
À atenção da presidente Dilma, que passa pela mesma angústia de liberar nessa época meio ministério para ir embora.
13
SWING POLÍTICO
HERÁCLITO
DESCOBRIU QUE
POLÍTICO NÃO
GOSTA DE MÃO NA
MAÇANETA
Para quê parlamentar quer um ministério, muitas vezes
uma pasta obscura com pouca verba, sem prestígio para ser
recebido pelo presidente da República como seus colegas de
áreas endinheiradas?
É uma resposta fácil: parlamentar quer prestígio. Quer
chegar à sua cidade e ser festejado por todos como nosso ministro. Tanto menor a cidade do ministro, mais festa. Há outra
atração fatal para político querer ministério e essa é mais sutil:
O nada sutil deputado eleito pelo PSB do Piauí, o ex-senador Heráclito Fortes, que não perde oportunidade de
dar uma ferroada espirituosa, tem uma explicação risível:
- “Ministro passa quatro anos sem tocar numa maçaneta!”
Explicação: todas as portas estão abertas para um ministro de Estado. Não precisa verba, nem ser recebido pelo
presidente.
Basta a sensação diante de portas que se abrindo à sua
passagem, sem ter que por a mão maçaneta!
“O VELHO MORREU” - SENHA DE QUE SNI
ESTAVA SENDO FECHADO APÓS A DITADURA
A propósito da Comissão
da Verdade e seus efeitos sobre
a releitura dos governos militares no Brasil, há uma passagem que bem demonstra que
o esquema de informações
da ditadura não tão infalível
quanto se apregoava no afã da
vigilância da ação dos políticos, sobretudo os de esquerda
e os considerados – jargão da
época – “subversivos”.
Tanto que o SNI (Serviço Nacional de Informações),
criado
pelo general
Golbery
do Couto e
Silva em 1964, mostrou que
tinha pés de barro no dia da
morte der seu criador. Simplesmente, o SNI foi “furado”
na notícia da morte de Golbery, por um jornalista que
obteve a notícia aquém do
serviço oficial responsável por
colher notícias importantes
antes dos outros, e informar o
presidente da República.
Tudo transcorreu em
1987, quando o SNI era dirigido pelo general Ivan de Sousa
Mendes, seu último chefe. O
governo da Nova República de
Tancredo Neves teve que herdar o SNI em sua estrutura.
O presidente José Sarney
manteve o hábito e receber os
informes (o chamado “consta
que”) e as informações (fatos
confirmados) das mãos de
Sousa Mendes, um general
de porte elegante e sociável,
bem de acordo com a época da
democracia.
Só que Ivan foi “furado”
no dia da morte de Golbery.
O jornalista Carlos Castello
Branco, amicíssimo de Sarney, foi informado por um
telefonema (ele nunca disse
de quem) que o velho general
havia morrido em São Paulo,
no hospital que se internara
dias antes.
Castelinho compartilhava a mesa de almoço com um
grupo de amigos na casa do
engenheiro José Carlos Mello,
no Lago Sul de Brasília.
- O “velho morreu” –
anunciou Castello colocando
o telefone no gancho, visivelmente consternado, pois o
“velho” era uma de suas melhores e mais fiéis fontes.
14
Cinco minutos e meia
hora depois, o telefone fixo
chama novamente. A empregada avisa:
- Dr. Castelo, o general
Ivan de Sousa Mendes está ao
telefone querendo falar com o
senhor.
O jornalista vai atender.
Não comenta nada, apenas
agradeceu o general Ivan, com
seu feitio discretíssimo, voz
baixíssima.
Chega à mesa e diz aos
demais:
- “Só agora o SNI soube
da morte do “velho”…
Pouco depois o SNI foi
fechando, foi fechando, e fechou.
O fim do ciclo da ditadura não foi questão de longevidade. Foi questão de competência.
SWING POLÍTICO
CAIPIRA QUE CHEGOU A ENTRAR NA LISTA
DO TIME ENTRE 100 PERSONALIDADES
MUNDIAIS DO FUTURO
A mais distinta tradição da imprensa norte-americana é a escolha do Homem do
Ano da Revista Time. É a glória máxima da notoriedade nos Estados Unidos e provavelmente no mundo.
A revista também se aventurou, décadas atrás, a identificar cerca de 100 perfis jovens que seriam os futuros líderes da humanidade.
No Brasil, entre apenas três currículos, destacava-se um incipiente político interiorano de São Paulo, tido por fenômeno por ter recebido a maior votação para o Senado da
história do pais, em 1974, quando abiscoitou 73% dos votos válidos dos paulistas, totalizando 4,6 milhões de votos.
Seu nome: Orestes Quércia, sotaque de caipira, ele próprio um “caipirão”.
Se poucos conheciam o matuto de Campinas mesmo dentro do Brasil, ser incluído
na galeria dos futuros líderes da humanidade foi uma bem articulada iniciativa publicitária para fazer o nome de Quércia alçar ao páreo de presidente da República em 1994.
Ele acabou sendo candidato, mas ficou em quarto lugar e obteve apenas 4,3% dos
votos válidos nacionais. Se foi considerado pela revista Time um dos futuros líderes do
planeta, não foi um dos brasileiros.
SARNEY SE DESPEDE SEM PODER ENTRAR
NA CASA QUE TRABALHOU 44 ANOS
* Charge do AMARILDO
O senador José Sarney
ficou chocadíssimo quando,
nesta semana, tentou chegar
ao Senado, para seus últimos
dias como parlamentar, e não
conseguiu tal a fúria dos manifestantes em frente à chapelaria do Senado.
(E olha que ele votou no
Aécio Neves!)
Sarney ficou muito abalado, não só pelo fato, mas
pelo grau de agressividade do
pessoal, todos, aliás, bem vestidos. Ele acha que até pela idade tinham de ser respeitado.
Mesmo porque trabalhou 44
anos naquela casa. Porém, não
mais existe no Brasil tal qualidade imemorial – respeito aos
idosos. Se for idoso e político,
então, pau nele! O brasileiro
cordial de Sérgio Buarque de
Holanda morreu.
Não impedirá o velho
patriarca do Maranhão de
15
tentar encher mais um pouco as folhas de sua biografia,
agora com a adição de um
novo livro: “Testamento a Roseana”, a sair no prelo.
Ademais, ele não será um
ermitão em Brasília assim que
acabar seu mandato de senador. Irá se entregar à literatura
na casa simples da Península
dos Ministros em Brasília e às
quintas irá ao Rio para o chá
dos imortais da Academia.
E não procurará os políticos nem os caciques nacionais
de seu PMDB. Eles que o procurem.
Sinaliza Antonio Martins,
jornalista que é seu amigo, confidente e assessor de imprensa
de longa data, uma característica peculiar da característica da
personalidade dele:
- “Sarney é assim mesmo.
Se você não o procurar, ele não
procura você…”
A PRESIDENTE
VOCÊ VAI LER
O QUE DILMA LÊ
A
presidente Dilma Rousseff apareceu recentemente sobraçando o livro - na verdade, uma trilogia - de maior repercussão do ano passado no circuito literário brasileiro,
a biografia de Getúlio Vargas escrita pelo jornalista Lira Neto.
Quem já leu ou está lendo, encanta-se com a habilidade do autor
em penetrar nos desvãos da alma getulista, preservando a narrativa jornalística clara e escorreita, portanto, agradável à leitura.
Editado em três volumes pela Companhia das Letras, Getúlio impressiona é o resumo da pesquisa básica que apoiou a
escrita de Lira Neto. São muitas dezenas de itens de pesquisas. O
autor consumiu dois anos e meio nessa tarefa hercúlea, comandando pessoalmente uma equipe de pesquisadores.
Foi o mesmo esquema de trabalho usado pelos escritores norte-americanos quando se debruçam sobre biografias de
vultos históricos ou novelas que focam casos reais. A pesquisa
inicial é o cimento da obra tal qual fez Truman Capote quando
escreveu “A Sangue Frio”, ideia nascida, aliás, da leitura de um recorte de jornal de uma cidade do interior que registrava o crime.
Lira Neto já inspira outros autores a seguirem a mesma fórmula para outros empreendimentos literários de alentado fôlego
no plano histórico-memorialístico. Antônio Lavareda, cientista
político pernambucano, cogita pesquisar a história secreta da
transição política entre o regime militar e a Nova República,
junto com seu parceiro de projeto, o jornalista Anchieta Hélcias,
que vivenciou por dentro a aludida época - a do último presidente do ciclo, João Figueiredo.
A escola de Lira Neto está aberta a novos experimentos. Na
orelha do primeiro tomo da trilogia é descrita a verdadeira epopeia que foi a pesquisa básica de Getúlio:
- “Uma massa de documentos que impressiona pela extensão e pela variedade de cartas oficiais a diários íntimos de autos
judiciais a marchinhas de carnaval, de notícias de jornais a atas
legislativas, de panfletos a livros de memórias...”
O resultado foi o impressionante “Getúlio”, dividido em três
livros: 1) 1882-1930 - Dos anos de formação à conquista do poder;
2) 1930-1945 - Do governo provisório à ditadura do Estado Novo;
1945-1954 - Da volta pela consagração popular ao suicídio.
LIRA, O AUTOR
Lira Neto nasceu em Fortaleza. Jornalista
e escritor, ganhou em 2007 o Prêmio Jabuti de
melhor biografia, por O Inimigo do Rei: uma
Biografia de José de Alencar (Globo,2006).Dele, a Companhia
das Letras publicou , em 2009, Padre Cícero - Poder, fé e guerra
no sertão, premiado com o Jabuti de segunda melhor biografia
daquele ano. É autor também de Maysa - Só, numa multidão de
amores (Globo, 2007) e Castello: A marcha para a ditadura (Contexto, 2004).
16
A PRESIDENTE
GETÚLIO-DILMA;
PONTOS DE CONTATO
Getúlio
Dilma
“Nossos sonhos ficaram calados”
“Quando você tiver um problema,
procure a solução natural”
Introspecção
Desconfiança
Determinação
Constância
Incrementalismo
Braveza
Firmeza
Concentração
Mercurialismo
Solidão
Linearidade
Simplismo
Universalidade
Cartesianismo
Concretude
Mutismo
Cadência
Curiosidade
Locomotiva (“trator”)
Inflexibilidade
Controle
Intuição
Simplicidade
Carisma
Dissimulação
Matrerice
Desconfiança
Leveza
Gregarismo
Indecisão
Solidão
Ardilosidade
Simplóriedade
Regionalidade
Abstracionismo
Contorcionismo
Sinuosidade
Fluência
Eloquência
Carro-chefe (primeiro vagão)
17
POLÍTICA/PERFIS
Perfil
JEFFERSON,
O DEVORADOR
O prisioneiro da cela destinada a profissionais com curso
superior na penitenciária de Niterói cumpre o regulamento à
risca. É um apenado exemplar. Seu nome Roberto Jefferson.
Passa seus dias - de 8 às 18hs - do regime semi-aberto no escritório de advocacia da Avenida Marechal Câmara, do Rio,
cedido por um amigo. É confortável e dispõe de muitas salas.
Como o trânsito do Rio e particularmente da Ponte Rio-Niterói é sempre caótico, seu motorista muitas vezes não
consegue chegar de volta à prisão na hora do recolhimento.
Devido a seu excelente comportamento na prisão usufrui de uma espécie de licença especial para poder chegar
atrasado e receber algumas regalias da diretora da instituição,
à qual deu aulas de Direito para um próximo exame.
Quando está recolhido à cela, Jefferson passa o tempo
devorando livros e escrevendo súmulas do que leu. Essa atividade importa na redução de sua pena, segundo a legislação
em vigor, na base de quatro dias a menos de pena a cada livro
lido e cada súmula escrita.
Recentemente, Roberto Jefferson foi a estrela maior da
convenção nacional do PTB, no Rio, que culminou na eleição
de sua filha, deputada federal eleita Cristiana Brasil como presidente da legenda.
18
POLÍTICA/PERFIS
CRISTÓVAM,
O PENSADOR
Perfil
Ele está sempre no plenário do Senado entretido com
seu laptop digitando no teclado de tudo um pouco e sempre:
desde artigos para jornais a redação de textos mais profundos,
cabendo ainda lembretes para si mesmo e pequenas notas soltas do que vai se lembrando ou passando por sua cabeça como
ideias novas.
Não o chamem para longas reuniões de comissões técnicas e raramente figura em CPIs onde a câmera da TV Senado
vai colhendo as fisionomias ensaiadas de seus colegas no desfile de egos pronunciados.
Cristóvam Buarque é o que se chama de cabeça pensante
e mente inquieta. É um típico senador de plenário, se possí-
vel, plenário lotado, para pontuar suas intervenções pensadas,
sem uma palavra perdida.
Aos que o cogitam como monemático pelo tema Educação, eis um engano. O senador pelo PDT do Distrito Federal
interessa-se enciclopedicamente por tudo a sua volta. Outro
dia, carregava para plenário um livro do embaixador Rubens
Ricupero “As Viagens Presidenciais”, um notável trabalho de
pesquisa do intelectual e ex-ministro da Fazenda sobre as viagens ao exterior dos chefes do poder federal.
Assim é o ex-ministro da Educação do primeiro mandato
de Lula: um curioso a serviço da curiosidade.
19
S
NAR>>>>>
Alberto Caeiro
PEC INTERROMPIDA
A presidente Dilma recentemente quis enviar uma emenda constitucional ao Congresso para adiar de 1 para
3 de janeiro a posse dos presidentes e governadores, para que a sua tivesse maior participação popular e
presença de mais chefes de Estado. Mas a PEC não lograria êxito já no primeiro exame nas comissões de
constituição e justiça das duas casas do Congresso. Feriria a Constituição pois seria prorrogação do mandato
presidencial. Apenas por três dias, mas mesmo assim uma prorrogação. Para ser constitucional, a medida
teria que vigir a partir de 1 de janeiro de 2018, com o próximo presidente tomando posse em 3 de janeiro.
EQUILÍBRIO DINÂMICO
A promessa de referendo ou plebiscito - um cinco pactos pós-manifestações de rua - apresenta-se como uma intenção presidencial de
improvável execução com o novo Congresso de perfil mais conservador que o anterior. Pelo menos nesse primeiro ano da nova legislatura
haverá menos potencial para alterações no corte institucional. A melhor aposta é a preservação do equilíbrio dinâmico.
LIBERAIS VOLTAM
A novidade política do ano poderá ser a tentativa de recriação do PL pelo ministro Gilberto Kassab. O Partido Liberal representou um papel histórico ao ser criado por Álvaro Valle, deputado federal carioca, ao dar legenda a Itamar
Franco para se eleger governador de Minas após romper com o PMDB. Com a morte de Valle, o deputado Valdemar
Costa Neto, então secretário-geral apossou-se da legenda e deu no que deu: fundiu o PL com o Prona e criou o PR.
Gerou mensalão e Papuda. O retorno do PL por Gilberto Kassab seria homenagem ao projeto republicano de Álvaro
Valle. Poderia vir a se tornar um partido conservador para substituir o desgastado PMDB como partido medianeiro
para sustentar o(s) governo(s).
AMIGOS PRESOS
Outras penitenciárias do país não desfrutam do mesmo “glamour” da Papuda, em Brasília, guardiã de ilustres personalidades
da vida pública nacional. Por isto, o futuro diretor da penitenciária da Papuda está sendo aconselhado com cuidados extremados pelos novos governantes do Distrito Federal. É um cargo que gera “status”, pois políticos, advogados e empresários de escol
são sempre demandando visitas e informações sobre amigos presos.
PIANTELLA DEVE
Lamenta-se em Brasília que o templo mais político que gastronômico - o Piantella - submetido recentemente a drástica reforma não está
empolgando os brasilienses e os visitantes de outras cidades que o frequentam há décadas. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro,
o Kakai - dono do novo tempo com sua mulher e sócia... - é, porém,
capaz de aceitar desafios de proporções inauditas.
20
PAPUDA BUROCRÁTICA
Um amigo do publicitário mineiro Cristiano Paz, cumprindo pena na
Papuda em regime fechado e que desejava visitá-lo antes do Natal para
levar-lhe um abraço e sua solidariedade humana, teve que desistir. Sua
solicitação de visita feita há seis meses não teve resposta até o final de
dezembro. A burocracia anula a compaixão.
COMISSÁRIO CARVALHO
O ex-presidente Lula quis seu estreito colaborador Gilberto Carvalho em Brasília, como diretor-geral do SESI, em vez de ir para
São Paulo engrossar as fileiras do Instituto Lula ou assumir a presidência do INCRA. Sua função será manter-se como olheiro de Lula
no segundo mandato. A denominação embutida seria: comissário
para articular os movimentos sociais na Capital da República.
“CORINGA” ABATIDO
Do ano de 2014 o “coringa” para vários cargos no setor econômico-financeiro foi o banqueiro Henrique Meirelles, mas tendo
perdido todas as indicações: para ministro da Fazenda e do Desenvolvimento, presidente do Banco Central e da Petrobras. O
apadrinhamento foi atribuído ao ex-presidente Lula, mas ele irá negar sempre.
TREM CHEGANDO
Começarão a pipocar nesse primeiro semestre as pré-candidaturas a prefeito das capitais, próxima estação no trem político-eleitoral. As eleições de 2026 poderão ser o primeiro teste efetivo do financiamento público das eleições, a ser inevitavelmente aprovado pelo STF, impelido
pelo atual ambiente político propício.
PRIMEIRA IMPRESSÃO
Depois de sua primeira entrevista coletiva e primeira
individual a um jornalista o ministro Joaquim Levy
deixou escapar uma impressão de que não será mais
independente da presidente Dilma em suas decisões
do que seu antecessor Guido Mantega. Ou é só impressão?
21
FRASES DO MÊS
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obras do governo federa
“Eu morria de medo do
playboyzinho ganhar a eleiçã
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Carvalho, sobre o senado
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Aécio Neves, durante a ass
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iliares. segundo o UOL).
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seja o de puramente denegr
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(Da nota do general Sergio
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Exército, sobre o relatório
da Comissão da Verdade,
segundo O Globo)
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“O ministro Gilberto Carvalho mia
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mesmo razões para ter med abar
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que seu eu fosse eleito, eu iri m no
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com a corrupção, colocar or
has do seu
País e acabar com as boquin óprio”.
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partido, em especial a dele
istro Gilberto
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(Do senador Aécio Neves
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bo
Carvalho, segundo O Glo
DEZEMBRO
“Essas pessoas roubaram
dos fatos nos leva a intuiro orgulho dos brasileiros. A complexidade
conduzir de forma serena, a dimensão desta investigação. Vamos
mas de form
pessoa responde pelo atoa firme e contundente. Cada
que praticou”
(Do pro
curador-geral da Repúblic
a, Rodrigo Janot, na apr
Operação Lava Jato, tot
esentação dos 35 prime
alizando nomes de grand
iros indiciados pelo MP
es empreiteiras, segundo
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O Globo)
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“Do ponto de vista das prov
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a Lava Jato é semelhante
Guantánamo”.
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(Do advogado Alberto Tor
ritiba,
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a PF vão contra lei ao
alegando que a Justiça e
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de
em entrevista à Folha
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“Você quer derrubar todo m
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(Do ex-diretor da Petrobra
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ex-gerente Vernina Velosa
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adverti-lo
gabinete quando ela foi
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sando na Diretoria
que estariam se proces
relato da própria).
do
un
seg
Abastecimento
m agora
“As minhas palavras deixa
mas não
o relento dos discursos, sil
êncio. Vou
recorrerão ao agasalho do
os, vou semear
soprá-las a outros ouvidis
como este, do
em outros campos férte Vou agora para
qual agora me despeço.porque é deles
onde estão os jovens, issão lá fora
o reino do futuro. E a m
também urge”.
“Se hoje existe invest
ig
PT criou os instrumen ação, foi porque o
to
corrupção neste país s para combater a
. A delação premiada
é um instrumento cr
ia
aperfeiçoada por inic do por nós. A lei foi
iativ
O portal da transparê a nossa em 2003.
ncia fomos nós que
criamos. A Lei do Ac
esso à Informação
fomos nós que apro
vam
A Controladoria Gera os e implantamos.
l
nós que criamos e a da República fomos
ela demos autonom
ia.
Ministério Público nu
nca teve tanta autono O
mia.
Nenhum procurador
-geral em nossos go
ve
rnos
foi chamado de “eng
avetador”. A Polícia
Federal nunca teve
tant
e tanto equipamento o pessoal contratado
e
investigar. A gente re tantas condições para
clama das investigaç
ões?
Não. Nós reclamam
os
criminalizar o PT, pa é do esforço para
ra nos desmoralizar
e
destruir”.
(Do ex-presidente
Lula, no 5o. Congre
sso do PT, quando
exortou os militant
es a repetirem aos
quatro ventos
tudo o que foi feito
nos governos petis
tas neste sentido,
segundo o Portal
247)
“Os integrantes da diretoria
não tem a menor condição
da
de permanecer, a começar
presidente Graça Foster”.
nça
ra dos Deputados, Mendo
(Do líder do DEM na Câma
série
da
nte
dia
m Graça se omitiu
Filho (DEM-PE), para que
ão
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a
iram
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sicionistas
de denúncias. Líderes opo
ia
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den
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apó
ter,
Fos
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da presidente da Petrobras
.
bo)
Glo
O
o
nômico”, segund
feita pelo jornal “Valor Eco
on, em seu discurso de
(Do senador Pedro Sim
o, segundo o G1).
nad
Se
despedida do
23
ENSAIO POLÍTICO
GEOPOLÍTICA E ORDEM MUNDIAL:
DESCASO HISTÓRICO
O
s dicionários dão inúmeras desão grupo de indivíduos que compartilham
finições da palavra GEOPOLÍcaracterísticas dentro de PAÍSES, que são
TICA que, em sua versão mais
regiões geográficas de um estado soberano
objetiva, é o estudo da chamada
que abrigam essas comunidades humanas.
“Ordem Mundial” que, por seu turno coorEm toda a história de humanidade
dena as Relações Internacionais.
sempre prevaleceu a lei do mais forte em
A ORDEM MUNDIAL tutela as relatorno do qual se reuniam comunidades que
ções internacionais, o equilíbrio do poder
reconheciam e aceitavam a liderança estabelecida. Era assim na idade da PEDRA
entre as potências dominantes, os países
LASCADA e continua assim na era digital e
mais desenvolvidos militar e economicainterplanetária.
mente num determinado momento históMudou muito pouco. Enquanto antes
rico. Procura administrar e conciliar seus Romulo F. Federici
as lideranças se impunham pela destreza no
interesses, coordenar o alinhamento e hieConsultor Empresarial,
Político e Institucional
manejo de tacapes ou porretes hoje as liderarquização das nações sob suas respectivas
Direito Político e
ranças mundiais se impõem pelos “tacapes
áreas de interesse, estabelecendo condições
Administrativo
militares” e porretes econômico-financeique gerem uma convivência harmoniosa e
[email protected]
ros. Mas, a essência é, guardadas as devileve à paz mundial.
das proporções, exatamente a mesma, com
Para tanto, leva em conta todas as cawww.facebook.com/
a mesma brutalidade, a mesma violência,
racterísticas e potencialidades de cada naromulo.federici
a mesma opressão do mais fraco pelo mais
ção e cada país, considerando as especififorte.
cidades de cada um, respectivas ideologias
E a guerra tem sido, desde sempre, o
e crenças dominantes, recursos naturais e
industriais, regimes políticos, capacidades de evolução, principal instrumento de afirmação geopolítica gerando ou preservando áreas de influência e estabelecendo
estruturas sociais e de defesa militar.
Daí é que surge a hierarquização das NAÇÕES, que quem manda e quem obedece.
24
ENSAIO POLÍTICO
AINDA
SOFREMOS
HOJE EFEITOS
DA SEGUNDA
GUERRA
O segundo conflito mundial foi precedido por uma
sangrenta guerra civil, a GUERRA CIVIL ESPANHOLA,
que eclodiu em 1936 e prosseguiu até 1939, colocando
de um lado os monarquistas, liderados pelo GENERAL FRANCISCO FRANCO e apoiados pela Alemanha
Nazista e de outro lado os republicanos apoiados pela
UNIÃO SOVIÉTICA.
Terminado o morticínio, os monarquistas com um
apoio externo mais poderoso, um líder mais consistente
e uma organização militar superior, derrotaram os republicanos, desorganizados e com apoio externo menos
poderoso.
Mas, a importância desse conflito foi também haver
ele se constituído num campo de ensaio de novas armas,
táticas e estratégias dos alemães e russos que vislumbravam uma nova ORDEM MUNDIAL que se desenhava
que iria demandar uma revisão da GEOPOLÍTICA vigente: A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.
Desde a década de 1920, após a derrota na primeira grande guerra, vinha sendo desenvolvida uma filosofia
nascida como o FASCISMO de BENITO MUSSOLINI, e
adotada e adaptada por ADOLF HITLER na ALEMANHA.
Sistema ideológico pautado por poder central ditatorial, militarismo, culto à história e símbolos do país, patriotismo exacerbado e ódio às demais potências europeias.
A ALEMANHA, derrotada na primeira guerra mundial, passou por momentos críticos de depressão e humilhação. Este estado de coisas permitiu o surgimento de
uma liderança carismática, fundada na tese nazista do NACIONAL SOCIALISMO que polarizou o povo alemão.
A ITÁLIA, por seu turno, apesar de ter aderido à
ENTENTE, na primeira guerra mundial, foi desprezada
pelo cartel vencedor ficando praticamente sem ganhos.
Isto porque aderiu tardiamente e teve uma participação
militar pouco brilhante.
Consequentemente, ambos os países mergulharam
numa crise grave moral e material, submetendo suas populações à condição de vida extremamente difícil e ao
desprezo das demais nações europeias.
Mas, pelo lado ALEMÃO foi, também, a busca do
que HITLER chamava de ESPAÇO VITAL, necessário ao
pleno desenvolvimento de seu país. O objetivo era ter
acesso não só ao espaço propriamente dito, mas também
ao suprimento de matérias primas notadamente alimentos, minérios e petróleo, isto além da disponibilidade de
mão de obra barata, análoga a de escravos, em países que
consideravam “inferiores”, como os constituídos por nações eslavas.
25
ENSAIO POLÍTICO
ENTENDA COMO, ONDE
E PORQUE DA MAIOR
CATÁSTROFE DA HISTÓRIA
A
maior catástrofe da história, provocada pelo
homem e causadora de mais de 50 milhões de
mortos a um custo de mais de 1 trilhão de dólares teve início em setembro de 1939, com a invasão da
POLÔNIA pelos alemães.
Daí em diante foram vitórias seguidas começando
com a derrota fragorosa do exército francês que levou
a um pedido de armistício constrangedor, facultando a
Alemanha a ocupar o norte da França a quem foi concedido o direito de formar um governo fantoche no sul,
com capital em VICHY.
Os ingleses, que haviam acorrido em socorro da
Bélgica e Holanda, apoiando os franceses, foram expulsos de volta às ilhas numa retirada dramática nas praias
de DUNQUERQUE que, segundo especialistas, foi permitida pelos nazistas na esperança de, em troca, abrir
conversações com os ingleses.
Ato contínuo, os japoneses, por motivos semelhantes ao ESPAÇO VITAL alemão, invadiram a Indochina, Coréia e a própria CHINA.
Na realidade o Japão já havia iniciado uma guerra contra a CHINA em 1931, anexando a MANCHÚRIA, tentando abrir um novo front ao norte. Mas
a resistência chinesa foi forte e a situação ficou
estabilizada, mesmo porque os nipônicos tinham
outros planos.
Em 1940, com a queda da FRANÇA, ocupou a
INDOCHINA FRANCESA com
outro ponto de apoio para expandir-se pela ÁSIA. No entanto a ALEMANHA e o JAPÃO cometeram dois erros estratégicos
fatais.
Hitler, depois de dominar praticamente toda Europa
continental ocidental, rompeu acordos com os soviéticos
abriu a frente russa e invadiu a
UNIÃO SOVIÉTICA e os japoneses abriram uma frente contra os norte-americanos.
Os norte-americanos construído um grave embargo contra o JAPÃO, privando-o e bens
e serviços importantes para sua
estabilidade e ameaçando paralisar sua máquina de guerra.
Os japoneses intimaram os EUA a levantar o embargo, o que foi rejeitado. No mesmo dia aviões japoneses
decolaram de porta-aviões e atacaram Pearl Harbor, onde
estava a frota americana no HAVAI e, ao mesmo tempo
invadiram a Malásia, as Filipinas, Guam, Java, a Tailândia,
Hong Kong, Bornéu e a fortaleza da ilha Wake.
Passaram a ter os limites do império muito ampliados o que, paralelamente, estabelecia um vasto perímetro defensivo na área do Pacífico.
As duas novas frentes de batalha abertas pelos
ALEMÃES e JAPONESES, estavam além da capacidade
militar de ambos os países e seriam impossíveis de serem defendidas, mesmo porque atiçaram os ESTADOS
UNIDOS.
Na realidade, o Presidente americano, Roosevelt, já
vinha fazendo acordos com o Primeiro Ministro inglês,
Winston Churchill que já tinham um compromisso de
combater o nazi fascismo.
A entrada dos Estados Unidos na Guerra foi o
quesito que faltava para fazer a balança pender para o
lado dos aliados com o chamado EIXO, formado por
ALEMANHA, ITÁLIA, JAPÃO.
Os russos passaram a ser ajudados e contiveram
a ofensiva alemã e, a partir da batalha de ESTALINGRADO empurraram os alemães até a derrota final
em BERLIN.
Os norte-americanos a partir de uma primeira vitória na batalha de Batalha de
Midway em 1942, derrotando
a marinha japonesa, encurralaram os japoneses de volta à
sua ilha principal e lá obtiveram sua rendição após arrasar
as cidades de HIROSHIMA e
NAGASAKI, com bombas atômicas e centenas de milhares
de mortos no momento e outras vítimas da radiação com o
correr do tempo.
A participação dos EUA no
desembarque na Normandia
(França), juntamente com os
aliados foram empurrando os
alemães de volta à BERLIN, onde
obteve a rendição, tal como os
soviéticos.
A entrada dos
Estados Unidos
na Guerra foi o quesito
que faltava para fazer a
balança pender para o
lado dos aliados com o
chamado EIXO, formado
por ALEMANHA,
ITÁLIA, JAPÃO
26
ENSAIO POLÍTICO
SOMOS HERDEIROS
DA GUERRA FRIA
C
omo já escrevi anteriormente, Os grandes atores foram o Presidente dos Estados Unidos,
Franklin D. Roosevelt e o homem forte da União
Soviética, Josef Stalin, secundados por Winston Churchil, primeiro ministro do Reino Unido.
Pelo acordo o mundo foi dividido em dois grandes blocos: a área capitalista, liderada pelos ESTADOS
UNIDOS e a área socialista, liderada pela UNIÃO SOVIÉTICA. O pacto foi uma ferramenta importante para
dar um mínimo de estabilidade ao pós guerra.
Mas os blocos foram ficando, pouco a pouco, antagônicos até que os soviéticos explodem sua primeira
bomba atômica no polígono de SEMIPALATINSK, na
então república soviética do CASAQUISTÃO.
Os ESTADOS UNIDOS ficaram surpresos e atônitos porque a inteligência soviética, mantendo sigilo
do processo, foi mais eficiente que a americana. O Presidente Truman ficou abalado porque a CIA lhe havia
garantido que os soviéticos somente conseguiriam isso
na década seguinte.
Pior, o abalo foi ainda maior quando chegou ao
Presidente a informação de que as características da bomba soviética eram similares à da bomba americana. Em
outras palavras, os russos haviam roubado dos USA os
segredos da sua bomba, que era seu grande trunfo intimidatório.
Com o crescimento das desavenças, os russos levantaram a chamada CORTINA DE FERRO, isolando o bloco de
ascendência soviética, do bloco de ascendência americana.
O bloco soviético conheceu, também, uma ótica radical que acabou, inclusive, com as bases da propalada
“democracia socialista”.
Na impossibilidade de resolução dos conflitos entre
os grandes blocos pela via militar, a GUERRA FRIA desenvolveu-se pela disputa de espaços geopolíticos tendo com
principais armas a confrontação ideológica.
Se por um lado era inviável um choque direto entre
as grandes potências, ambos os lados fomentaram e participaram de um sem número de guerras regionais, cada
um alimentando, apoiando e estimulando um dos lados.
O serviço “sujo” era delegado aos “nativos”, tanto quanto
possível.
27
ENSAIO POLÍTICO
O DECLÍNIO
SOVIÉTICO
ATÉ À CRISE DA
UCRÂNIA
prazo. Saídos da utopia marxista, os russos construíram
uma transição utópica para o capitalismo sem a evolução
gradativa que possibilitasse os ajustes para garantir uma
transição exitosa. Foi um “estouro da boiada”.
Mas, depois desse caos, assume o poder VLADIMIR
PUTIN, egresso da KGB e ex-chefe de vários setores dos
serviços secretos soviéticos que vem governando o país
desde o ano 2000, tendo se revezado com MEDVEDEV,
seu homem de confiança.
Muito popular, PUTIN, em função de sua formação
e pelo seu perfil pessoal, é um homem firme, calculista,
com grande conhecimento geopolítico e principalmente
determinado. Conhece os maneirismos e as manobras
do ocidente na palma da mão. Implantou uma estratégia
de governo consistente, devolveu estabilidade à RUSSIA,
reorganizou as forças armadas e o complexo industrial
militar, recuperou para o estado o controle das fontes de
energia e organizou as finanças.
Mas rolo compressor ocidental já havia “sugado”
entre outros, os seguintes países: as repúblicas do leste
Europeu, como Polônia, Romênia, Bulgária, República
Tcheca, Hungria, Eslováquia, Eslovênia, as repúblicas do
Báltico, Lituânia, Letônia e Estônia. Mais ao leste trouxeram entre outros o AZERBAIDJÃO localizado em área
sensível.
Em 1980. Mikhail Gorbachev diante da constatação da inviabilidade da economia da UNIÃO SOVIÉTICA nos moldes vigentes até então, iniciou um processo
de reformas que abrangia dois objetivos principais: reformas econômicas e políticas.
Iniciou uma distensão com o ocidente objetivando
diminuir radicalmente o tamanho de suas forças armadas e das monumentais despesas com a defesa. Institui
princípios básicos da economia de mercado para permitir as forças produtivas atingirem o desempenho,
produtividade e qualidade compatíveis com seus similares ocidentais.
Na ponta, o processo visava também uma democratização do sistema governamental. No entanto, o
processo foi desencadeado de maneira imprudente e
gerenciado de forma incompetente, provocando o perigo iminente de dissolução de toda a área de influência
russa.
O partido comunista foi proibido, a UNIÃO SOVIÉTICA foi dissolvida, criando-se em seu lugar, a COMUNIDADE DOS ESTADOS INDEPENDENTES para
abrigar os países membros da antiga ordem que passaram a ser independentes.
Uma solução açodada, irrefletida, focada no imediatismo, sem projeção nos reflexos no médio e longo
28
ENSAIO POLÍTICO
A CRISE
UCARANIANA:
RÚSSIA SOFRE
COM EMBARGO
Antes que a RÚSSIA pudesse respirar, o ocidente assesta aquele que poderia ser o golpe fatal: desestabiliza e
implanta o caos na UCRÂNIA, a joia da coroa da área de
influência russa. Algo até então impensável.
Numa manobra fora dos ditames legais o Parlamento,
já tomado pelos aliados dos insurretos afasta o Presidente
VIKTOR YANUKOVICH que já havia se asilado na Rússia.
O governo corrupto pró-Rússia foi substituído por um
governo corrupto pró Estados Unidos, Otan e Ocidente.
O novo governo é apoiado pela opinião pública embalada
pela vã esperança de se verem aderindo à UNIÃO EUROPEIA, uma promessa que nunca será cumprida.
Restou à Rússia, anexar a CRIMÉIA rigorosamente
indispensável ao equilíbrio geopolítico restante e vital
para a RÚSSIA.
Ali estão instaladas importantes bases navais russas
responsáveis pela vigilância do MEDITERRÂNEO, isto
sem falar em grandes estaleiros existentes nas vizinhanças, já em território UCRANIANO.
Ato contínuo, PUTIN estimula rebelião na região russófila no noroeste da UCRÂNIA, além de promover uma
invasão dissimulada. Era o mínimo que tinha de salvar.
Depois de tudo isso a situação caminha para um impasse: Os ESTADOS UNIDOS e seus aliados da OTAN
não têm mais condições de se envolverem em qualquer
outra guerra evitável. São países com grande potencial e
que, em algum momento, vão se recuperar mas, é coisa
para um futuro ainda sem data marcada.
A RÚSSIA, por seu turno já sofre com um embargo do
ocidente, liderado pelos Estados Unidos fazendo com que
a situação esteja em estado de letargia, devendo caminhar
para um acordo em qualquer momento no futuro.
No entanto problemas latentes persistirão e nada
indica que o paraíso terrestre nos acolherá.
29
ENSAIO POLÍTICO
CONTEXTO DA ORDEM
INTERNACIONAL
DA GEOPOLÍTICA
E O BRASIL.
estão rareando. É a era das guerras limitadas acobertadas por fantasiosos objetivos nobres, normalmente “interesses humanitários”.
A guerra do Iraque, por exemplo, motivada por interesses petrolíferos e, secundariamente, negócios com
empreiteiras, foi detonada em nome da necessidade de
se depor uma “ditadura violenta” que não respeitava os
“direitos humanos”, mas que, até pouco tempo era aliada
do ocidente. Saddam Hussein foi deposto, enforcado e,
depois disso, foram praticadas no Iraque barbaridades
do mesmo quilate daquelas que justificaram a guerra.
A excelente revista PASSADIÇO (edição 32, ano
XXV, pág. 24), publicou um primoroso artigo de autoria do Capitão de Corveta Fabio ANDRADE Batista dos
Santos, que, ao lado de considerações de ordem militar,
política e geopolítica, esclarece aspectos o conflito Líbio:
Fica claro que as potências da OTAN, invocaram um
tal “direito de ingerência” construído por conveniência,
para intervir na LÍBIA. Invocaram o pretexto de defesa
de rebeldes organizados para depor Kadafi.
Objetivo real, terem o controle da Líbia, rica em Petróleo.
É verdade, a busca de recursos naturais deverá ser a
razão principal de próximas guerras, porque a busca de
recursos naturais deverá ser a razão principal de guerras
futuras.
É a nova realidade do mundo e, quem não estiver
preparado vai se lamentar amargamente.
Como venho repetindo em vários outros trabalhos
publicados, o Brasil, apesar da longa história de persistência de conflitos pelo mundo, sempre manteve uma
política extremamente irresponsável no que tange a
assuntos de defesa, frequentemente com o pressuposto
apequenado de que se trata de “gastos supérfluos”.
Para tentar justificar tal sandice, ela vem sempre
acompanhada da mesma ladainha: “esse dinheiro poderia ser desviado para a educação, saúde e políticas sociais”, etc., como se uma coisa dependesse da outra ou
como se não houvesse orçamentos específicos.
O fato de não termos enfrentado uma guerra em
grande escala, atingindo nosso território, desde a
GUERRA DO PARAGUAI contribui para a pobreza das
assertivas. Quem sofre com a guerra sabe o quanto é
importante um sistema de defesa decente.
Mas sempre que precisamos enfrentar uma ameaça, fomos encontrados em situação vexatória, com
forças armadas dotadas de excelente material humano
mas sem condições materiais mínimas. Foi assim nas
guerras regionais pelo Brasil afora, logo após a independência, na GUERRA DO PARAGUAI, nas duas GUERRAS MUNDIAIS, na GUERRA DAS LAGOSTAS.
No entanto, com o fim da bipolaridade, o mundo é
dominado por enormes interesses econômicos e financeiros que manipulam decisões de governos, moldam
a geopolítica e, cada vez mais, provocarão guerras com
base em tais interesses e busca de recursos naturais que
30
ENSAIO POLÍTICO
BRASIL ESTÁ
PRONTO PARA SER
PARAÍSO TERRESTRE?
Alimentos: O crescimento da população mundial, que já ultrapassou os seis bilhões de habitantes
começa a tornar escassos diversos recursos naturais
o que se tornará crítico nas próximas décadas pois a
produção de alimentos será insuficiente em prazo relativamente curto.
A produção de alimentos precisaria aumentar em
70% para atender a população mundial em 2050. Prazo
muito curto
Ora, o Brasil, que dispõe de tecnologia e reserva de
áreas agricultáveis, já é um dos primeiros maiores produtores de alimentos e já ultrapassou o Canadá como
exportador, tornando-se o terceiro maior do mundo. O
Brasil já ocupa o primeiro lugar no ranking de exportação em vários produtos agrícolas - açúcar, carne bovina,
carne de frango, café, suco de laranja, tabaco e álcool.
Também é vice-líder em soja e milho e está na quarta
posição na carne suína.
Energia: Veremos, também, um aumento galopante
no consumo de energia o que conduzirá o mundo cada
vez mais para a energia atômica em face da exaustão de
recursos hídricos, dos limites para uso de Usinas Termelétricas e do potencial também limitado da energia
eólica, biomassa e solar que sempre serão alternativas
suplementares.
Isto significa o aumento na demanda por urânio.
Brasil ocupa a sexta posição no ranking mundial de
reservas de urânio (por volta de 309.000t), segundo dados oficiais das INDÚSTRIAS NUCLEARES DO BRASIL.
Segundo a empresa, apenas 25% do território nacional
foi objeto de prospecção, o que significa um grande potencial de reservas ainda a serem descobertas.
Portanto, o urânio será uma das riquezas em maior
disputa.
Minerais estratégicos: Temos aqui as reservas e pro-
dução dos principais minerais demandados pelo mundo, tais como os seguintes com a indicação o percentual
de cada minério em relação à produção mundial:
Nióbio: 1º (95%); Ferro: 2º (17%); Manganês: 2º
(21%); Tantalita: 2º (17%); Alumínio(Bauxita): 3º (12,4%);
Crisotila: 3º (9,73%); Magnesita: 3º(8%); Grafita: 3º
(7,12%); Vermiculita: 4º (4,85%); Caulim: 5º (5,48%);
Estanho: 5º (4,73%); e Rochas Ornamentais: 6º (5,6%).
Petróleo: Os combustíveis fósseis ainda moverão
o mundo por muito tempo, mas sua disponibilidade
tenderá a uma diminuição gradativa. Nosso país já é
um importante produtor de PETROLEO e, com as reservas do pré-sal deverá ser um dos maiores produtores do mundo.
Água: Pode parecer incrível, mas a água doce deverá
ser o item mais crítico no mundo nas próximas décadas.
Mais crítico e mais disputado:
O Brasil detém cerca 12% da reserva hídrica, a maior
do Planeta, com disponibilidade de 182.633 m3/s, além
de possuir os maiores recursos mundiais, tanto superficiais (Bacias hidrográficas do Amazonas e Paraná) quanto subterrâneos (Bacias Sedimentares do Paraná, Piauí e
Maranhão).
O potencial hídrico ainda conta com a presença de
chuvas abundantes em mais de 90% do território, aliadas a formações geológicas que favoreceram a gênese de
imensas reservas subterrâneas, como também possibilitaram a instalação de extensas redes de drenagem, gerando cursos de água de grandes expressões.
No tocante às reservas de água existentes no globo pode-se afirmar que jamais irão aumentar, pois a
quantidade verificada na atualidade é a mesma que
havia há milhões de anos. A água poderá dentro de
décadas ser um dos maiores estopins de graves crises
internacionais.
31
POLÍTICA
FÓRUM POLÍTIC
DAS MULHERES
CELINA E LILIANE
COMANDAM
CÂMARA
Não bastava uma mulher à frente do Legislativo no
Distrito Federal. As deputadas Celina Leão (PDT) e Liliane
Roriz (PRTB) foram eleitas para presidente e vice da Câmara
Legislativa. Dos 14 deputados Celina obteve 16 votos e Liliane
15 votos. Esta é a primeira vez na história da Câmara Legislativa que duas mulheres assumem o comando do parlamento
local. Até hoje, apenas uma deputada, Lúcia Carvalho (PT),
havia assumido a presidência da Câmara Legislativa.
FÁTIMA,
A INFLUENTE
O ministro da Defesa, civil e político, manda nos três comandantes militares. Mas, quem manda no ministro da Defesa? É ela,
Fátima, a mulher do ministro Jacques Wagner, que vem a ser uma
das poucas que se podem dizer amigas da presidente Dilma sem
precisar do marido por perto.
Maria de Fátima Carneiro de Mendonça, ex-primeira-dama da
Bahia, é enfermeira de profissão.
Chamada por Jaques Wagner carinhosamente de Fatinha, não
costuma esconder o que pensa. E pensa muitas vezes diametralmente oposta ao marido. Teve projetos político-eleitorais recentes,
cotada até para se candidatar a prefeita de Salvador. É filiada ao PV.
Muito ligada a presidente Dilma, que aprecia a forma direta e
franca com que Fatinha se expressa.
32
POLÍTICA
PAOLA,
A REMANESCENTE
peso do ex-governo
A única autoridade de
Distrito Federal para o
de Agnelo Queiroz no
go Rollemberg foi Paola
novo governo de Rodri
radora-geral do DF. Por
Aires Corrêa Lima procu
os, brasiliense da gema
méritos próprios. 40 an
Rodrigo Rollemberg) ela
(da Geração Brasília de
uidade pois os dois goé um caso raro de contin
e
s urnas, mas a impôs-s
vernos polarizaram na
a
áre
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como melhor opção pa
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sensível. Formou-se um
.
ção
ica
torno de sua ind
FLAVIA,
MOÇA DO TEMPO
O Jornal da Band ganhará em breve um novo reforço: sua ex-moça do tempo Flávia Arruda, voltará a
dar as temperaturas e variáveis atmosféricas em todo
o país. Indicada pelo marido, José Roberto Arruda,
impedido de concorrer, como candidata a vice-governadora de Jofran Frejat, a chapa perdeu a eleição,
mas Flávia colheu um resultado apreciável para uma
caloura em eleições. Ajudou Frejat a lograr os votos
do eleitorado no segundo turno. Agora, o casal voltou
a morar em São Paulo, onde Flávia retorna à carreira,
o que significa que, como na política, continuará administrando raios e trovões.
33
POLIS Confidencial
CHICO,
O IRMÃO ALEMÃO
QUE VENDEU
Xaropada literária? Que nada. O novo livro de Chico Buarque, O Irmão Alemão (Companhia das Letras
vendeu como água nesse Natal, alçando-se a primeiro
no ranking dos “best-sellers” de ficção de Veja e Época.
Mas, não pode ser considerada literatura água-com-açúcar. Chico repete o sucesso de Budapeste e logrou escrever uma estória regida por seu estilo poético-figurativo,
mantendo uma estrutura segura de texto. Imagens e
metáforas que viajam com o leitor para outras paragens,
além da janela de Carolina.
SIMON,
o adeus
Os nomes evocados pelo senador Pedro Simon em
sua despedida do Senado de ontem ecoaram tão fortemente pelos espaços vazios da casa que tão importantes
vultos da política brasileira se fizeram presentes no dia
exato em que o país se reencontrava com a Verdade.
Do outro lado da praça, enquanto a presidente
Dilma se desmanchava em lágrimas ao receber o relatório da Comissão da Verdade, Simon se desmanchava
em outra torrente de lágrimas para recontar a sua verdade, a mesma de Tancredo Neves, Ulysses Guimarães,
Darcy Ribeiro, Itamar Franco, Leonel Brizola, Miguel
Arraes, Teotônio Vilela, Jefferson Peres, Ramez Tebet e
todos os quantos se enfileiraram na luta pelo restabelecimento da democracia.
34
ANA AMÉLIA E ÁLVARO:
SENADORES AGRADECEM
Dois senadores da República - Ana Amélia (PP/
RS) e Álvaro Dias (PSDB/PR agradeceram CARTA
POLIS pela inclusão de ambos na lista dos 1O MAIS
INFLUENTES NA POLÍTICA E NO PODER EM 2014.
Ana Amélia:
“Eu gostaria apenas, para terminar, de fazer uma
referência que me deixou bastante, eu diria, honrada.
É uma publicação, a Carta Polis, que trata de avaliação
e traz: “Nunca tantos lutaram contra a corrupção”.
Falando sobre isso, primeiro, é o tema de capa
da revista Carta Polis cujo Editor Chefe é Leonardo
Mota Neto, um jornalista brilhante. Mas, o que mais
me tocou foi que esta revista traz os dez destaques do
ano na política brasileira. E o primeiro deles é o Juiz
Sérgio Moro, com um destaque muito grande, com o
ele merece. Destaque que o Brasil inteiro está...
Esse discreto magistrado está fazendo o seu trabalho, como recomenda a boa ética. O Senador Roberto Requião, que, como todos nós sabemos, tem
uma relação com o Poder Judiciário, em alguns momentos, eu diria, bastante tensa, tem feito as melhores referências ao Dr. Sérgio Moro.
E aqui estão os demais, Senador: está a Presidente
da República Dilma Rousseff; Aécio Neves, que recebeu
o seu apoio e o seu voto, o voto do Senador Ruben Fi-
gueiró e o meu voto também; e estão aqui Dom Orani
Tempesta; Dr. Rodrigo Janot; os Ministros do Supremo
Tribunal Federal e também o Presidente do TSE Dias
Toffoli; Roberto Barroso; Cármen Lúcia, uma mulher;
Joaquim Barbosa, o ex-Ministro; e fui incluída nessa relação, junto com o Senador Álvaro Dias.
Então, eu fico muito feliz de estar nessa lista tão
importante. É demais para o meu trabalho aqui que
faço com muita dedicação, mas um reconhecimento desses é uma recompensa extremamente honrosa, gratificante e aumenta a responsabilidade com o
mandato como representante do meu Estado, o Rio
Grande do Sul.
Muito obrigada, Presidente.
(*) Discurso no plenário o Senado em 15 de dezembro último.
Álvaro Dias:
Álvaro Dias está entre as 10 personalidades de 2014
O senador Álvaro Dias foi incluído entre as 10
personalidades do ano pela Revista Carta Polis. “O
mais votado para o Senado no País, proporcionalmente, e o único a mover contra o governo uma oposição
contemporânea com apoio nas redes sociais”.
(*) Post no Portal Álvaro Dias em 17 de dezembro
de 2014 às 10h11min
35
mais
S
NAR>>>>>
Ricardo Reis
MINISTÉRIO
PERFORMÁTICO
A presidente Dilma terá que administrar os ressentimentos da
formação de seu novo ministério para poder governar com um
mínimo de estabilidade política
e administrativa. O ministério é
uma autêntica colcha de retalhos
e escapa a um padrão de coesão e
organicidade.
SEM VISIBILIDADE
O novo ministério começou a trabalhar no escuro, sem diretrizes centrais, as quais só serão baixadas pela
presidente Dilma quando as divergências dentro da base se atenuaram e as duas casa do Congresso Nacional
definirem em fevereiro suas direções.
A única arma de que Dilma dispõe para enfrentar um ministério cheio de ilhas de autonomia - ministros
respondendo diretamente a seus líderes no Congresso - é o voluntarismo. O estilo de presidente-mandona
deve prevalecer sobre o papel de negociadora que desempenhou na fase da composição do ministério. Será
sua única defesa -a cobrança - pois sabe compor muito bem essa personagem.
IMPLACÁVEL DUREZA
Dilma poderá cobrar seus ministros: “Vocês quiseram
vir para o governo? Agora, então,
mostrem resultados”. Some-se a isso ao implacável
controle que a presidente exercerá,
uma longa temporada de cortes de gastos públicos
e penúria na liberação de verbas
pelo Tesouro, com muitos contingenciamentos do
que já está liberado.
COORDENADOR SUPER
Uma necessidade é imperiosa: Dilma terá que contar com
um coordenador político acima da média. Com outros presidentes, eles próprios preencheram essa parte do jogo político, distribuindo as cartas. Mas, não será a mesma coisa
com uma autoproclamada presidente técnica, pois não se
acredita dentro do governo que o ministro da Casa Civil,
Aloizio Mercadante, possa desincumbir-se da tarefa.
36
RELAÇÕES DELICADAS
CONSTELAÇÃO NEBULOSA
A imensa constelação de partidos representados no governo
demandará mais que um articulador político, porém um
estrategista que olhe ao mesmo tempo a necessidade de
aprovação de projetos importantes nesse novo Congresso e
as duas etapas seguintes do calendário eleitoral: as eleições
municipais de 2016 e as gerais de 2018. Quem seria esse
estrategista? Lula?
As relações Dilma-Lula serão um
novo flanco da estabilidade política a
merecerem extremados cuidados em
2O15. Esgarçadas durante a escolha do
ministério, acredita-se que sejam apenas
um episódio passageiro, pois Lula sabe
da importância de apoiar Dilma para os
desígnios da eleição de um petista em
2028, ele, por exemplo. O fracasso de
Dilma e de seu governo será o fracasso de
Lula e do projeto de poder do PT.
INTRIGAS CONTAMINAM
O risco de interrupção do diálogo na rota
Palácio do Planalto-Instituto Lula será a
ausência junto a Dilma de interlocutores mais
próximos do ex-presidente, como Gilberto
Carvalho, Miriam Belchior e Paulo Bernardo.
Em compensação, chega Jacques Wagner com
sua proverbial capacidade de baixar a febre
e organismos contaminados por intrigas no
circuito Dilma-Lula.
PIMENTEL AUSENTE
É de se observar co
m lupa a baixa influ
ência que teve no
processo de reform
a ministerial, o gove
rnador de Minas,
Fernando Pimentel,
que não ganhou ne
nhum apadrinhado
para qualquer minist
ério. Por ser o mais
ligado a Dilma
entre os 27 governad
ores esperava-se qu
e tivesse pelo
menos um represen
tante pessoal nos 39
ministros.
37
BRASÍLIA
A
GRANDE
NOITE
DO CENTRO BRASILIENSE DE
NEFROLOGIA, CBN
F
undado em dezembro de 2004, o Centro Brasiliense de Nefrologia (CBN) chegou aos 10 anos
e uma inesquecível confraternização marcou na
significativa data para a medicina de Brasília.
Numa noite em que a elegância prestou homenagem à simplicidade e ao estilo sóbrio com que os médicos gostam de receber, o CBN desta vez não pôde deixar
de estender um abraço de maior amplitude para saudar
seus pacientes, familiares, funcionários, fornecedores,
convênios, amigos e colaboradores.
Os 1O vitoriosos anos do CBN justificaram a grande
noite do Espaço Patrícia em Brasília, na qual os cinco
médicos-sócios receberam seus convidados elegantemente à porta, com palavras de carinho e entusiasmo:
Istênio Pascoal, Juliane Lauar, Adofo Simon, Vilber Belo
e Kelia Xavier.
Depois circularam por todas as mesas, deixando inteiramente à vontade, como se em casa estivessem, as famílias agradecidas pelo diferencial de humanização que
é a constante do CBN, associados aos notáveis níveis de
sobrevida continuada que o tratamento de Hemodiálise
Diária Exclusiva proporciona.
O CBN é pioneiro brasiliense e nacional dessa forma de abordagem da doença renal crônica, e o reconhecimento vem recebendo em todos os congressos de nefrologia e hemodiálise de que seus médicos participam
no Brasil e no exterior.
Das suas atuais dependências na Avenida L2 Sul de
Brasília, o CBN estará inaugurando neste ano suas novas e
funcionais instalações próprias em dois endereços da cidade: na Asa Sul-direção Lago Sul, e na Asa Norte da cidade,
para maiores conforto e mobilidade dos pacientes.
38
BRASÍLIA
Dr. Istênio Pascoal:
DISCURSOS: JOGRAL MÉDICO
“1 em cada 7 adultos têm alguma forma de doença renal. É
uma ameaça importante, mas é
plenamente tratável. Somos um
modelo de assistência nefrológica no Brasil, com um melhor
tratamento com máxima qualidade e com independência dos
pacientes”.
Os médicos-sócios se sucederam em suas falas
na tribuna instalado no palco da festa como fossem
um jogral: cada um dos cinco abordou um tópico
das contribuições que seu centro clínica está trazendo aos pacientes, como um grupo excepcionalmente afinado.
Dra. Juliane Lauar:
Dr. Adolfo Simon:
- “(O tratamento) é seguro,
eficiente e humanizado. Na hemodiálise diária os pacientes se
locomovem sozinhos”.
“Fraqueamos transporte seguro e
em horários flexíveis para todos os
pacientes que dele precisam”.
Dr. Vilber Bello:
Dra. Kelia Xavier:
“Em 2014 alcançamos não só a
maior taxa de sobrevida em hemodiálise mas também a maior
taxa de transplantes”.
“A osmose térmica diminui as
possibilidades de contaminação. O CBN e pioneiro no Brasil
para instituir essas novas tecnologias”.
O PROGRAMA DE HEMODIÁLISE DIÁRIA EXCLUSIVA:
CAMINHO SEM VOLTA
O leigo que desejar saber a diferença entre um paciente renal crônico se
submeter a uma hemodiálise diária (6
vezes por semana, 2 horas médias cada
sessão) comparada à hemodiálise convencional (3 vezes por semana, 4 horas
médias cada sessão) ambas realizadas
em centros de diálise
Uma recente pesquisa do Frequent
Hemodialysis Network (FHN), dos Estados Unidos, que avaliou 125 pacientes sob
HDD reunidos de vários centros de diálise americanos, confirmou amplamente o
desempenho excelente do tratamento.
1) Tomando-se como referências básicas a taxa de sobrevida cumulativa global, 2) a taxa de hospitalização e 3 o grau
de reabilitação relativa aos 100 primeiros
pacientes consecutivamente admitidos
neste programa, os resultados são surpreendentes.
Os parâmetros aplicados foram idade de 8 a 90 anos (média 54 anos), filiados
a planos de saúde e submetidos a sessões
diárias de hemodiálise com duração média de 90 a 180 minutos, usando água e
dialisato ultrapuros e dialisador de alto
fluxo, sem reuso.
A sobrevida cumulativa global foi
de 98, 92, 84, 71 e 64% aos 12, 24, 36, 48
e 60 meses, respectivamente. Aos 60
meses, a sobrevida foi de 79% e 39% em
não diabéticos e diabéticos (idade média 48,2+19,7 e 66,3+15,3 anos, respectivamente), 96% e 55% naqueles que iniciaram o tratamento com menos e mais
de 60 anos (idade média ao óbito: 72,7
anos), 66% e 57% em portadores de fístula e cateter e 68% e 63% em convertidos e incidentes.
Após o início do tratamento, todos
os pacientes preservaram, integralmen-
39
te, suas atividades laborativas ou sócio-educativas pré-existentes.
A duração média de internação foi
de 2,97 dias/paciente/ano. Vinte e três pacientes foram transplantados (todos com
idade 60 anos) sendo que 21 mantêm seu
rim funcionante. Houve perda do 1 enxerto e 1 óbito no período pós-operatório.
A conclusão é de elevada sobrevida,
baixa hospitalização e expressiva reabilitação, a despeito de exigências logísticas
adicionais, representa uma mudança de
paradigma na assistência ao paciente renal crônico.
Portanto, em Brasília, no CBN, a
hemodiálise diária se tornou prática irreversível.
(*) Dados apresentados pelo CBN no
XXVI Congresso Brasileiro de Nefrologia 5 a 09 de setembro de 2012, São Paulo – SP.
SAÚDE
ITAPIRA:
santa casa recuperada
A
s Santas Casas de várias cidades brasileiras
atravessam problemas financeiros. Um exemplo é o da Santa Casa de São Paulo, que tem
sido retratada pela mídia recentemente em função de
sua grave crise - com dívida de mais de R$ 830 milhões.
Como contraponto positivo a essa situação, podemos citar a Santa Casa de Itapira, no interior de São
Paulo.
Em dezembro de 2013 a instituição estava falida, exatamente igual à Santa Casa paulistana, com
salários atrasados, divida com fornecedores, falta de
materiais, anunciada a demissão de metade dos funcionários, divida com os bancos, UTI fechada, leitos
fechados.
Hoje, um ano depois, opera dentro de excelentes
padrões. Como isso foi possível? Milagre? Não. Somente
espírito comunitário, boa gestão e muito trabalho.
O milagre aconteceu quando a Santa Casa pediu
auxilio às famílias Pacheco e Stevanato (holding que
controla o Laboratório Cristália, instalado na cidade
de 72 mil habitantes. As famílias doaram R$2 milhões,
somados a mais um aporte de R$1 milhão do governo
do Estado de São Paulo.
Com isso, uma equipe do Laboratório Cristália foi
designada para auxiliar a administração da Santa Casa
enquanto era estudada a criação de uma Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).
Com a criação da OSCIP Irmã Angélica os empresários ficaram cientes de que de nada adiantaria cobrir
as dívidas da instituição se não fosse implementada
uma gestão moderna e transparente. Hoje a OSCIP faz
prestações de contas rotineiras, por meio da imprensa
de Itapira, à população.
Ogari Pacheco
O QUE ERA 2013
* Apenas R$ 156,00 reais em caixa;
*Dívida de mais de R$ 3 milhões, incluindo salários de
médicos, plantonistas e funcionários;
* Salários dos funcionários atrasados;
* Instituição havia sido descredenciada pelo SUS;
* UTI desativada, sem condições de funcionar;
* Certificação pelo Ministério da Saúde como Entidade
Filantrópica pendente;
* OSCIP Irmã Angélica em formação.
A OSCIP, COMO FUNCIONA
A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público,
OSCIP, é formada por 12 diretores, entre eles médios,
religiosos e cidadãos de Itapira, e por um Conselho Fiscal
com 5 membros. Em conjunto, definiram um administrador
profissional que foi contratado para a gestão da Santa Casa.
O laboratório não participa diretamente da gestão.
A Oscip nomeou um presidente e um administrador
profissional, que ficam responsáveis pela gestão. Mas o
laboratório acompanha os resultados e apoia a organização,
principalmente com consultoria de gestão.
40
O QUE É AGORA:
* As dívidas foram renegociadas ou equacionadas;
* Aporte de R$ 1 milhão do Governo do Estado e
R$ 2 milhões de duas famílias itapirenses;
* Pagos todos os salários atrasados e o 13º salário; Pagamentos regularizados;
*Perspectivas de volta do atendimento pelo SUS (hoje a
Santa Casa já atende toda população gratuitamente)
* UTI em operação (60% ocupação);
* Certificação pelo Ministério da Saúde como Entidade
Filantrópica regularizada;
* OSCIP em pleno funcionamento
* Contratação de um administrador hospitalar e uma enfermeira chefe
* Processos internos em reestruturação.
* Novas instalações e máquinas da lavanderia.
BRASÍLIA/CULTURA/ARTIGO
CCBB, O OÁSIS
DA CULTURA
Francisco Sant’Anna
O jornalista e consultor de comunicação
Francisco Sant’Anna é professor de
jornalismo da UnB, escreveu recentemente
em seu perfil no Facebook.
E
stamos em período de férias. Turista indo e voltando. Minha filha foi levar uma amiga sueca para
conhecer os monumentos da Esplanada e os encontrou todos fechados. Da Catedral a Torre, tudo fechado. Já pensou encontrar o Corcovado ou o bondinho
do Pão de Açúcar fechados?
Decidiram pegar então a bike Brasília. Outra furada.
Em tempos de globalização em tempo real, para se
cadastrar, estrangeiro precisa ter número de celular nacional e não pode usar número de brasileiro que já esteja
alugando a bike nem de outro celular que não esteja naquele momento em posse do turista.
Brasília ainda tem muito a aprender para ser um
bom destino turístico.”
Esse é o mal de Brasília: uma cidade-deserto de
cultura. Ou melhor, cultura departamentalizada e autárquica. Cultura oficial que depende do governo (tanto
federal como distrital) e obedece aos horários do expediente do funcionalismo.
Os museus públicos são fechados nos horário em
que levas de turistas e moradores da cidade nas férias
procuram as salas: não condizem com os horários do
expediente. Não obstante, o Centro Cultural Banco do
Brasil (CCBB) é um oásis de cultura na paisagem, funcionando permanentemente nessa época do ano.
Na tarde dos sábado, 27 de dezembro. Como nos
fins de semana antecedentes, o CCBB fervilhava lotado
de visitantes – famílias inteiras -nas suas alas, cafeterias,
livrarias e mais a cereja do bolo – a exposição do expressionista russo Kandinsky.
As 40 e poucas telas do russo Vassily Kandinsky
atraem um público igual a de outras capitais com tradição cultural mais avançada como São Paulo e Rio. Lembrando ainda que nessa época Brasília permanece vazia
de habitantes, foi uma verdadeira transformação na paisagem seca da cultura da cidade, ensejando esperanças
parta as próximas temporadas.
Basta surgirem os mecenas os patrocinadores, os
investidores os organizadores dessas exposições e outros
eventos do mesmo naipe Bilheteria, há. Aqui em Brasília
pulsa o maior PIB per capita do país.
No caso de Kandinsky, o acesso é gratuito. As telas
originais vieram da Rússia, através de ousado investimento do CCBB.
Qual será o segredo do CCBB para atrair, num sábado à tarde, como o dia 27 de dezembro, vésperas do
réveillon tanta gente interessada na exposição, notadamente jovens. Jovens às pencas, que mantiveram seu primeiro contato com a arte?
Foi um misto de organização de política cultural e
ousadia em propiciar à cidade atrativos culturais que não
os costumeiros, sem o ranço do serviço público quanto a
horários limitativos dos agentes.
O CCBB também atende um requisito básico do
brasiliense para animá-lo a sair de casa seu estacionamento é amplo e seguro. E gratuito;
É um caminho a seguir com profissionalismo e
atenção ao que acontece no mundo cultural. Nesse momento, em Paris, Nova York, Londres, Roma, Buenos
Aires, milhões de turistas e habitantes locais estão se
dirigindo após museus, salas de concertos, bibliotecas,
exposições, parques com monumentos e atrações naturais, museus, livrarias, memoriais e outros atrativos.
Tudo fazendo parte no calendário normal, planejado e
divulgado, com planejamento e transporte público seguro e de qualidade.
Por que não Brasília, considerada uma joia arquitetônica do mundo? Basta promover uma política cultural
integrada dos governos federal e distrital, uma espécie de
PPP da cultura, com ampla participação privada para que
tenham os um calendário em nível das melhores metrópoles mundiais. Para começar, igual aos do Rio e São Paulo.
Público e capacidade de gasto da população existem para autossustentar o programa nessa amplitude e
amortizar os investimentos privados dos mecenatos culturais e patrocinadores.
Quem se habilita?
(*) A exposição de Kandinsky foi encerrada em 12 de janeiro último.
41
ECONOMIA/PERFIS
TRABUCO
Perfil
CONSELHEIRO NA
REFORMA ECONÔMICA
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, que não
aceitou o convite para ministro da Fazenda, tem sido a maior influência da presidente para a reforma ministerial, tanto na área
econômica como nos bancos públicos.
Comenta-se em Brasília que Trabuco tem vindo amiúde a
Brasília para conversas com Dilma fora da agenda.
Embora esse assunto não seja de sua alçada, mas como representa a voz do mercado, Trabuco não deixa também de tecer
avaliações gerais sobre as repercussões no mercado dos recentes
enfrentamentos do governo que prejudicam a estabilidade puramente econômico-financeira.
Numa dessas últimas conversas informais teria vindo à mesa
a questão da Petrobras e de como ela impede o governo de alçar
voo para um novo tempo de reabilitação da confiança no mercado.
A Petrobras necessita de uma transição não só na sua capacidade de superar a crise das denúncias de corrupção, mas também buscar um novo modelo de gestão.
Nesse plano, a mudança imediata de toda a sua diretoria
é uma necessidade que o mercado considera que está atrasada.
O governo se comporta lentamente. Um paquiderme paralisado
por flechas certeiras.
Considera-se que, sob o ponto de vista do mercado, o melhor nome para substituir Graça Foster no comando da Petrobras
e o do economista Luciano Coutinho, presidente do BNDES, por
ser um disciplinado e sério agente público, sem ramificações com
grupos que há 3O anos fatiam a Petrobras.
Para o BNDES, principal instrumento de financiamento em
longo prazo do governo, a influência de Trabuco seria decisiva
para a indicação de um nome substituto de Coutinho simpático
à comunidade financeira governo-mercado.
Igualmente na constituição das equipes dos demais bancos
públicos, os conselhos de Luiz Carlos Trabuco são ouvidos pela
presidente.
42
ARTIGO/COMUNICAÇÃO
REDES DEVEM
SER SOCIAIS
Eduardo Balduino
é jornalista e consultor
político.
A
s eleições deste ano mostraram que ainda não foi
a vez da internet. As tão decantadas redes sociais
se mostraram anti-sociais. Quem ganhou a eleição foi a televisão, que reinou novamente, mesmo com
horário eleitoral mais curto.
A militância política entende que as redes sociais só
alcançam resultado, ou seja, influenciam e/ou mudam
opiniões em longo prazo e com constância e consistência. Com conteúdo. Quando não se tem conteúdo vira o
mau combate.
O ideal é o derrotado desta eleição começar a fazer a campanha pela internet já agora, imediatamente.
Para formar opinião, precisa provocar discussões; pautar
discussões no dia a dia; interferir, a partir de suas idéias
e propostas, nas decisões do Executivo e do Legislativo
provocando debates sobre as decisões tomadas e anunciadas. É muito mais fácil ser social, na rede, e muito
mais produtivo, do que simplesmente dizer que meu
partido rouba menos. Foi exatamente isso que fez com
que a internet não seduzissem o eleitor indeciso.
A personalização do debate político, a insistência
em se defender o “mito ideológico” e não a coisa pública é que proporcionaram o espetáculo triste visto, nas
eleições, no facebook, no twitter, no whatsApp – quem é
contra o meu candidato deve ser execrado apenas por ser
contra meu candidato.
Primos cortaram relações no facebook, durante as
eleições. Irmãos se estranharam; vizinhos viraram a cara
para vizinhos. E não houve um debate político de consistência, que poderia evitar isso, que agregasse, e não
que dividisse.
Até 2016 temos tempo de mostrar a verdadeira força das redes sociais. Usá-las sempre apresentando suas
próprias idéias e projetos e programas de governo, planos de ação, soluções para a sua cidade, seu estado, seu
país, pela ordem.
E é preciso regular a questão das pesquisas. Alguém
disse que pesquisa influencia pesquisa. É verdade, a ideologia do brasileiro é vencer, mas isso pode mudar, desde que vencer signifique ter a melhor proposta, não o
melhor candidato, o que “vai vencer”. Nesse ponto, é recomendável a leitura dos livros “A cabeça do brasileiro” e
“A cabeça do eleitor”, ambos de Alberto Carlos Almeida.
Enfim, as redes sociais podem mudar a opinião do
eleitor. Pode levar mais consciência ao militante político. Pode ser o grande canal de opinião baseada no acesso
ao conteúdo.
Não pode é ser, como foi agora em 2014, um ringue,
simplesmente um ringue ideológico – até porque é preciso entender o que é realmente ideologia, para o que é
leitura obrigatória o livro “Ideologia e Contra ideologia”,
de Alfredo Bosi.
43
PÁGINAS AZUIS
VICENTE
NUNES
“PARA FAZER
UM JORNALISMO
DIFERENCIADO O
REPÓRTER TEM QUE
DEIXAR A INTERNET E IR
PARA A RUA”.
E
le é uma das penas mais brilhantes do jornalismo econômico-brasiliense e do País, Vicente Nunes, editor de Economia do Correio Braziliense, acaba de ser agraciado com o Prêmio Esso de Informação Econômica, coordenando
toda uma equipe (Antônio Temóteo, Celia Perrone, Deco Bancillon, Diego Amorim, Luiz Ribeiro, Nívea Ribeiro, Rodolfo Costa, Rosana Hessel, Paulo Silva Pinto, Simone Kafruni e Vera Batista) para escrever o memorável trabalho
20 Anos do Real, publicado pelo jornal-líder da Capital Federal.
Para mostrar a transformação do Brasil durante o Plano Real, o Correio percorreu 14,5mil quilômetros de Norte a Sul do
país. Por ter traçado um retrato profundo da realidade brasileira, o editor Vicente Nunes — que acumula o segundo Esso da
carreira — e a equipe mereceram o Prêmio Esso. Foram quatro meses de viagens e muito esforço para destrinchar o cenário
diverso e complexo do Brasil pós-Real.
Com 15 anos de Correio e sete indicações ao Esso em duas passagens pelo jornal, ele sempre fala no plural: nós. Agora somos
nós que nos entrevistamos. PÁGINAS AZUIS o ouviu sobre seu assunto favorito: a economia brasileira cambaleante de hoje.
CARTA POLIS - Em que contexto estamos entrando na economia brasileira em 2015: voo cego, voo com instrumentos ou céu
de brigadeiro mas com pilotos inexperientes?
VN - Vamos entrar 2015 da pior forma possível. A inflação está
no teto da meta há quase quatro anos. Em vez de superávit primário, as contas públicas estão com déficit. A dívida bruta está
em 62% do Produto Interno Bruto (PIB). Nas contas externas, o
déficit passa de 4% do PIB, nível de país em crise. Tudo isso exigirá um forte arrocho na economia, com a possibilidade de o PIB
ser negativo. Para piorar, não poderemos contar com o mercado
externo para nos ajudar. Nem mesmo o crescimento mais forte dos Estados Unidos será suficiente para puxar o mundo. Dos
EUA, por sinal, virá o aumento da taxa de juros que escasseará o
fluxo de capitais para os países emergentes. A China, com perfil
de crescimento mais voltado para o mercado interno, fará com
que os preços das commodities, os principais produtos que exportamos, continuem em baixa. Olhando para todos esses fatores, tomara que o trio formado por Levy, Barbosa e Tombini não
CARTA POLIS - O Sr. que acompanhou as equipes econômicas
de pelo menos duas décadas para cá como repórter e agora editor
de Economia do Correio Braziliense, qual a característica central
desta escolhida pela presidente Dilma para o segundo mandato?
VN - Acredito que, tecnicamente, a nova equipe econômica de
Dilma Rousseff está preparada para enfrentar os desafios que estão colocados, que não são poucos. Não é segredo para ninguém
que o primeiro mandato de Dilma foi desastroso do ponto de
vista econômico. Ela brincou com a inflação, destruiu as contas
públicas e fragilizou o sistema de câmbio flutuante - o tripé da
estabilidade. O resultado disso foi a menor média de crescimento do país desde o governo Collor, que foi deposto por corrupção.
Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini (Banco Central) terão que mostrar mais do que
competência, que não lhes falta, para arrumar a casa. Terão que
mostrar autonomia. E sobre isso ainda tenho dúvidas. A equipe
de Guido Mantega, que está deixando a Fazenda, não teve autonomia e foi incompetente.
44
PÁGINAS AZUIS
desafine. Não podemos perder mais quatro
preciosos anos.
CARTA POLIS - Qual dessas opções o Sr. cola
na trinca Levy Barbosa -Tombini: a) esforçados mas tuteláveis por Dilma; b) independentes mas limitados pelas circunstâncias; 3)
carregadores de piano mas bons para fazer o
dever de casa?
VN - Gostaria muito que a trinca combinasse competência com independência. É o que
o Brasil precisa neste momento para reverter todos os estragos que vimos nos últimos
quatro anos, provocados, por sinal, por uma
presidente voluntariosa e que se mostrou uma
péssima gestora. Olhando para o histórico de
Dilma Rousseff, tudo indica que teremos uma
equipe econômica esforçada, bem-intencionada, mas com limitações impostas pela chefa do Executivo. Uma pena.
“A corrupção que
tragou a Petrobras
será mais um
problema para a
equipe econômica.
Se a situação
para Levy, Barbosa
e Tombini
botarem a casa
em ordem já estava
ruim, piorou com
a destruição da
estatal”
de criativa das contas públicas, de todo final
de exercício?
VN - Espero que sim. Não creio que Levy
manchará a biografia dele recorrendo a truques fiscais. Augustin foi o que de pior poderia ter acontecido para as contas públicas.
O maquiador da Esplanada dos Ministérios
destruiu a credibilidade da política fiscal e
da política monetária. Não foi à toa que a
confiança dos agentes econômicos chegou
ao pior nível da história. Mas que fique claro: Augustin fez o que fez porque teve o aval
da presidente Dilma. E caso ele continue no
governo, mais precisamente no Palácio do
Planalto, ao lado da chefe, a desconfiança
continuará. Dilma deveria mandar Augustin para a casa o mais rapidamente possível.
Para o bem do país.
CARTA POLIS - Houve uma recente barganha na composição do ministério, com a
presidente Dilma ofereceu ao PP, como compensação o por ter perdido o Ministério das
Cidades, a presidência do Banco do Nordeste. Não é um sintoma de que área dos bancos
oficiais Levy não terá controle e continuará a
mesma politização?
VN- É incrível como as coisas podem piorar no governo Dilma. Com a nomeação de
Levy para a Fazenda, acreditou-se que, finalmente, a presidente havia caído na real
e escolheria um time de primeira para auxiliá-la. O que vemos agora, diante dos nomes
já anunciados, é que ela optou por um ministério de quinta categoria. Além de ceder às piores alas dos
partidos que dão sustentação ao governo, nomeou derrotados
e pessoas com um passado nebuloso. Como acreditar que a
promessa de combate à corrupção será prioridade no segundo
mandato de Dilma?
CARTA POLIS - O Sr. considera que a crise
de credibilidade da Petrobras nos mercados
externos, agravada com o processo aberto
pela Prefeitura de Providence, será o principal
entrave para o desempenho da equipe econômica?
VN - A corrupção que tragou a Petrobras será
mais um problema para a equipe econômica.
Se a situação para Levy, Barbosa e Tombini botarem a casa em ordem já estava ruim,
piorou com a destruição da estatal, que praticamente fechou o mercado externo para a
captação de recursos por empresas brasileiras. Não podemos esquecer que, nos últimos anos, empresas e
bancos se endividaram muito no mercado internacional, a ponto
de o Fundo Monetário Internacional (FMI) ter feito um alerta
sobre o risco de calote no caso de escassez de recursos. Se houver
uma onda de calote privado, a credibilidade do país, que já está
no chão, será destruída por completo.
CARTA POLIS - Que previsão o Sr. faz para as expectativas de
crescimento da economia em 2015?
VN - Acredito que teremos um ano muito difícil. Mesmo que o
governo faça o dever de casa, não vejo como a economia crescer mais do que 0,5% em 2015. Na minha avaliação, o ajuste
da economia durará até pelo menos 2018, devido aos problemas que foram criados pela tal “nova matriz econômica” de
Dilma. A inflação continuará distante do centro da meta, de
4,5%, pressionada pelas tarifas públicas, em especial, as de
energia elétrica. Os juros terão que subir mais, pelo menos
para 12,50% ao ano, e não baixarão tão cedo. Os investimentos
produtivos só serão retomados a partir de 2016, quando o empresariado estiver certo de que o comprometimento do Planalto com a estabilidade é real. As famílias, que foram o motor
do crescimento no governo Lula, estão com a capacidade de
consumo esgotada. Pior, super endividadas e com o risco de
aumento do desemprego batendo às suas portas.
CARTA POLIS - No seu entender, em que rubricas do Orçamento da União, os ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa deverão cortar gastos a curto prazo?
VN - Se realmente eles estiverem dispostos a fazer um ajuste fiscal consistente, não poderão poupar nenhuma área. A gastança
no governo é generalizada. Eles terão de cortar programas sociais
(pensões, seguro-desemprego, abono salarial), restringir investimentos, suspender concursos públicos, interromper a farra
de viagens. Nada disso, porém, será suficiente para se chegar à
economia de 1,2% do PIB prometida por Levy. O governo terá
que aumentar impostos. Só assim será capaz de sair de um déficit
entre 0,2% e 0,5% do PIB para um superávit de 1,2%. Estamos
falando de uma virada de pelo menos R$ 100 bilhões.
CARTA POLIS - Com o afastamento de Arno Augustin, o Sr. considera que estará definitivamente banida a chamada contabilida45
BRASÍLIA
OS BRASILIENSES:
OS DESTAQUES EM DEZEMBRO
A
renda de um brasiliense supera a de dois paulistas somados. Assim é, a grosso modo, a proporção
demonstrada pela última pesquisa da Codeplan
(Companhia de Planejamento do Distrito Federal) que
definiu uma renda per capita em Brasília de R$ 64.653,00
anuais. São Paulo tem um pouco menos que a metade:
R$ 33.624,00, e o Rio de Janeiro ainda menos: R$ 31.065,00.
A renda per capita de Brasília é quase o triplo da média nacional, que é de R$ 22.646,00. Seguem-se as rendas
per capita dos capixabas - R$ 29.996,00 - e a dos catarinenses: R$ 27.772,00.
O PIB do DF é hoje o sétimo do país, com R$ 171.236
bilhões de riquezas produzidas e a Capital Federal só perde para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas, Paraná, Santa
Catariana e Rio Grande do Sul.
Nessa metrópole pulsa vida inteligente em todas as
áreas de atividade. CARTA POLIS inaugurou em sua edição de novembro esta coluna que vista prestigiar e destacar os brasilienses que se destacaram em seus segmentos.
Prosseguimos hoje com os BRASILIENSES de dezembro. Boa jornada a todos.
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JORNAL DE LEONARDO MOTA NETO
28 DE DEZEMBRO
AS CÃS PRONUNCIADAS DOS TUCANOS
O Ano Novo é sempre ocasião para renovar expectativas as pessoas e nos partidos políticos também. Veja o
PSDB na fotografia acima, ilustre cavalheiro: o presidente
da legenda Aécio Neves, fala a uma assembleia de senhores
com cãs pronunciadas.
Cabelos brancos em profusão. Nada contra eles, é sinal de sabedoria e prudência, o que faz bem a Aécio.
O problema é que se observa pouca juventude, escassa renovação de quadros entre os tucanos.
Os novos senadores serão os “velhos” Tasso Jereissati,
Cassio Cunha Lima, Antônio Anastasia.
Senhores tucanos, à renovação! Até os cardápios se
renovam!
GRANDE GATSBY
EMPODERAR, ARGH!
O filme O Grande Gatsby tem momentos edificantes. Refiro-me à primeira versão do filme, aquela com
Robert Redford, não a de Leonardo di Caprio, um bom
aproveitador de biografias filmadas de personagens
ilustres mas sempre lembrando estar no Titanic.
Pois bem, Roberto Gatsby Redford está velejando
num lindo barco a vela e enquanto tenta aprumar a vela
lembra uma frase do pai, o velho Gatsby:
- Não critique ninguém. Ele não teve as mesmas
oportunidades que você.
Um ótimo conselho para Eike Batista repetir, ao
tentar aprumar a vela de sua vida.
Uma pérola da burocracia que enauseia os cultores
do bom vernáculo é o verbo empoderar.
É um tal de empoderar para cá, empoderar para
lá. Ou seja, atribuir poder a alguém. Mas, no Dicionário
Aurélio, versão editada em 1987, não existia tal verbete.
É coisa nova. É coisa nossa. Coisa da tecnocracia. Argh!
SENHOR TESOURA
Conselho aos novos ministros políticos da presidente Dilma: compareçam ao Congresso Nacional os
mais que possam, abanquem-se lá, se possível acampem nos gabinetes de seus líderes.
Isto porque os ministros estarão extremamente precários em seus cargos, tendo que dar no couro, mas lidando com os cortes de despesas a serem providenciados - e
com extremo gosto - pelo “Senhor Tesoura”, Joaquim Levy.
Para se sustentarem nos cargos terão que se socorrer dia a dia da cobrança de Dilma com os líderes que os
indicaram.
Portanto, ministros políticos da cota dos partidos:
às armas, como canta o Hino de Portugal!
A CID
Ao novo ministro da Educação, o vetusto Cid Gomes.
Se o senhor não puder reconstruir as escolas técnicas, se o senhor não tiver verbas para reformar as escolas, se o senhor não conseguir elevar os níveis do ensino fundamental e básico, se o senhor não obtiver uma
melhoria média do ENEN e o PAS, e conseguir apenas
empatar o jogo de 2014, tudo bem.
Mas por favor, senhor Cid, faça pelo menos com
que os professores sejam respeitados.
Na França, os guardas de esquina param o trânsito
param os professores atravessarem a rua. São os heróis
da nação. Aqui nem tanto, não é doutor Cid?
GREVE TEATRAL
Os atores e atrizes das companhias teatrais do Rio
bem que poderiam sair às ruas em protesto. Mas, não por
questões salariais ou para melhorar a qualidade das salas.
Simplesmente porque, enquanto estão desenvolvendo a trama de suas personagens no palco na plateia os espectadores estão de cabeça baixa, dedilhando
mensagens no WhatsApp.
Deuses do drama desde Ésquilo e Sófocles, acudi!
48
JORNAL DE LEONARDO MOTA NETO
21 DE DEZEMBRO
TODOS QUEREM QUE DILMA
SEJA A SOMBRA DE ALGUÉM
Querem que Dilma tenha a pertinácia de Floriano, a
contumácia de Epitácio Pessoa, a estultícia de Eurico Gaspar Dutra, a astúcia de Getúlio Vargas, o raposismo de Tancredo Neves, a clarividência de Itamar Franco, o ascetismo
de Deodoro, a predisgitação de Campos Sales, a resiliência
de Jango Goulart, a insanidade de Jânio Quadros, a utopia
de Venceslau Braz, o medianeirismo de Castelo Branco, o
mineirismo de Artur Bernardes, o maneirismo de Café Filho, o resolutivismo de Geisel, o contorcionismo de Collor,
o relativismo de Sarney, o dinamismo de JK, o universalismo de FHC, o abstracionismo de Lula…
Mas ela é, tão-somente, como diria a Ortega Gasset:
Dilma e suas circunstâncias.
PRESIDENTE INOVA
SILÊNCIO EXPLICADO
Dilma cunhou nova expressão para autodenominar os “bolivarianianos” – termo meio gasto e indigesto.
Na Argentina, ela largou: ela e seus companheiros
do Mercosul são os “lutadores sociais”.
Devepegar.
O silêncio obsequioso das Forças Armadas sobre
o relatório final da Comissão Nacional da Verdade está
vinculado ao fator geracional.
O mais antigo dos generais de Exército da ativa na
atualidade era cadete da Academia de Agulhas Negras
quando os fatos investigados estavam pipocando.
BELO CANADÁ
TRÊS DESPEDIDAS
US President Obama greets Cuban President Castro at the memorial service for Nelson Mandela in Johannesburg
Quem viu o filme “Argo”, teve uma bela ideia de
como o imaginário da sociedade norte-americana observa o belo vizinho Canadá.
O seja: um país-acessório dos Estados Unidos em
tudo, também na diplomacia, sempre fechando politicamente com Washington de acordo com suas conveniências.
Agora, revela-se que Barack Obama e Raul Castro
gastaram dezoito meses em negociações secretas para o
reatamento de suas relações.
Onde? O cenário as tratativas diplomáticas foi o
belo Canadá.
“Deus guarde nossa terra graciosa e livre” (verso do
Hino do Canadá).
Três despedidas marcaram esses últimos dias no
Velho Senado de Machado de Assis:
*Pedro Simon: a mais respeitada, por seu perfil de
grande demiurgo da tribuna e derrubador de ministros
com seus discursos pontiagudos.
*Eduardo Suplicy: a mais emocionante, pela solidariedade, compaixão e leveza de vida do senador paulista do PT.
*José Sarney: a que seria a mais respeitada e concorrida, pelas várias presidências da casa que acumulou,
resultou numa homenagem de consentida obrigação.
49
JORNAL DE LEONARDO MOTA NETO
14 DE DEZEMBRO
DILMA QUER TIRAR A VIDA SEVERINA
DO MINISTÉRIO DAS CIDADES
Não sei a razão, mas em toda eleição para presidente da
Câmara dos Deputados vem à memória a figura heráldica do
deputado pernambucano Severino Cavalcanti, que abocanhou o poder numa revolta do chamado “baixo clero”.
Severino não fazia por menos no seu caciquismo, como
representante do PP mais coronelado.
Como o Ministério das Cidades havia sido concedido
pelo então presidente Lula ao Partido Progressista, Severino
aboletava-se no gabinete do senhor ministro da época e despachava os pedidos da bancada pepista lá mesmo.
Ele levou ao pé da letra isso de se dizer: “tal ministério
pertence ao meu partido”.
Dilma Rousseff deseja deletar do panorama de Brasília
esses mimos com o dinheiro público. Para começar, retirando
o Ministério das Cidades da cota do PP (recordista de políticos incluídos nas delações premiadas da Operação Lava-Jato,
segundo se propala) e dar a pasta ao PSD de Gilberto Kassab.
Vai ter chororô no “baixo clero”, mas a presidente fará
uma boa ação profilática.
SUÍÇA LAVA
O livro “A Suíça Lava Mais Branco” de Jean Ziegler,
saiu às livrarias mundiais em 1990,tradução pela Editora
Intrépido, de Lisboa, nunca foi tão atual.
Sugere-se que, por seu caráter pedagógico, seja distribuído nas celas dos senhores empreiteiros na prisão
da Polícia Federal, no Paraná.
MÃE GENEROSA
A mãe de todas as CPIs no Congresso Nacional não
foi àquela apelidada de “CPI do Fim do Mundo”. Nem a
dos Bingos. Nem a dos Anões do Orçamento. Em todas
parecia que o mundo ía acabar. Não acabou. O mundo
ficou até melhor, cheio de novidades. Por exemplo, entre
uma e outra CPI ninguém foi preso mas em compensação surgiu o IPad.
Porém, a mãe de todas elas foi CPI do Banestado,
há 20 anos.
Exatamente porque o vilão foi o mesmo Alberto
Youssef de hoje, que já fazia suas estripulias.
Ninguém deteve o doleiro que marcou época nos
arredores da Petrobras nas duas últimas duas décadas.
50
BRAVURA INDÔMITA
O legendário engenheiro Bernardo Saião, um dos
construtores de Brasília, que abriu no peito e na marra
a “Estrada das Onças” (Rodovia Belém Brasília) e que
morreu na queda de uma árvore no Pará (quando abria
a Rodovia Transamazônica) pode ter sua saga contada
em filme.
Dois roteiros disputam incentivos da ANCINE
para filmar a vida de Saião. A família ainda resiste à
ideia.
VIDA RUIM
Um aviso aos senhores candidatos a ministro, ou
aos ministros já confirmados no segundo mandato
de Dilma. Será o período de maior secura de todos
os tempos para um ministério atuar. Com orçamento
contingenciado ao máximo e sob a tesoura mágica do
ministro Levy.
Cargo de ministro só será bom para tirar “selfies”
com os conterrâneos e políticos de suas bases e bancadas no Congresso. Mais nada.
JORNAL DE LEONARDO MOTA NETO
7 DE DEZEMBRO
NOTÍCIA GRAVE: O VELHO BRUXO
POLÍTICO MORREU
Sabem aquele mais velho que fica por trás dos presidentes, dando-lhes conselhos maquiavélicos em voz sussurrante, quase inaudível pela rouquidão do gênio?
Senhores, notícia triste: ele morreu. Ou melhor: desapareceu da paisagem política. E ainda melhor: não é mais importante, e mesmo se existisse não seria mais chamado para nada.
O velho bruxo hoje é um ser inservível, peça de museu na política mecânica de gestos copiados, filosofia rota
e ideologia astuta.
Aliás, vem morrendo desde pelo menos o começo da
década de 60.
É só assistir ao filme baseado em fatos reais – “Treze
Dias que Abalaram o Mundo” que desenrola o drama da crise
dos mísseis de Cuba, na qual o mundo quase entrou numa
terceira guerra agora nuclear dizimaria da humanidade.
O filme gira em torno do presidente John Kennedy
e de seus onze tenebrosos dias na Casa Branca, nos quais
quase decidiu entrar na guerra nuclear contra a Rússia,
instigado por seus chefes militares “falcões”.
Seu irmão e conselheiro, Bob Kennedy, então sugere
NAPOLEÃO ENSINA
chamarem um velho colaborador de situações-limite, Dean
Acheson – olha aí o velho bruxo entrando na história! – para
lhe aportar conselhos. O velho aconselhava irem à guerra
contra os russos. Os Kennedys tiveram engulhos. Queriam
uma solução negociada, diplomática, pacífica.
Vão para a varanda da Casa Branca e Bob Kennedy
larga para o irmão o desabafo:
-“Que coisa…o velho bruxo acabou! Não existe mais o
velho sábio… somos agora somente nós!”
No Brasil atual também.
SARNEY COMPLETA
Uma velha frase atribuída a Napoleão Bonaparte,
com toda a sabedoria do general em lidar com comandados, explica bem a situação de hoje no Brasil, particularmente a da presidente Dilma, ao selecionar seus auxiliares
para o segundo mandato.
“Os generais da vitória não devem ser os generais da
ocupação!”
As diabólicas artes de sobrevivência do senador José
Sarney ainda serão mais uma vez demonstradas. É o que
garante um palaciano.
Marca a oportunidade para o momento em que a presidente Dilma tiver necessidade de um encosto para falar
mal do PT.
NAPOLEÃO CALHEIROS
Ninguém no governo menciona o plano maluco de
fincar mais 800 aeroportos no interior do Brasil, o chamado projeto de aeroportos regionais.
Foi mais um factóide do governo Dilma para um que
não deu certo, entregue ao Banco do Brasil para executar,
com recursos em caixa e tudo o mais.
Missão recebida, o BB passou um trator por cima de
quem deverá executar tecnicamente o projeto, a Secretaria
da Aviação Civil (sac) que agira muda para o comando de um
experimentado ministro, Eliseu Padilha, durante oito anos
ministro dos Transpotes no governo FHC.
À ANAC cabe homologar os aeroportos, não a um
funcionário concursado para ser bancário.
Esquecera-se também de consultar a EMBRAER se
haveria aviões disponíveis para as linhas aéreas regionais.
Ou seja, tudo errado.
O prêmio maior do senador Renan Calheiros, pela
dedicação que teve com o governo na dura batalha parlamentar da aprovação do projeto do superávit primário
seria a permanência no cargo do presidente da Transpetro,
Sergio Machado.
Licenciado do cargo por 3O dias para se defender, o
prazo encerrou-se em 30 de novembro último. Não houve
de lá para cá nenhum movimento da presidente da Petrobras, Graça Foster, para reintegrá-lo. Nem para jogá-lo às
traças, demitindo-o.
Machado afirmou há dias que deseja voltar. E nada
melhor que agora, apadrinhado por um general vitorioso.
Renan, general de Napoleão.
51
GOVERNO AÉREO
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TURMA ATIVA
Dilma reuniu uma turma de ministros com experiência de outros ministérios como
Eliseu Padilha, um dos dois únicos ministros do FHC que vararam os oito anos no
cargo (o outro foi Paulo Renato) Joaquim Levy (Fazenda) já havia sido secretário
do Tesouro e Nelson Barbosa secretário-executivo da Fazenda. Agregarão anos de
“expertise” em situações críticas e equacionamentos complexos.
CARDOZO BLINDADO
No segmento político não há discordar de que ministros parlamento irão acrescentar a Dilma vivência em crises e o formulário de como sair delas. José Eduardo Cardozo consolida-se agora com amadurecimento na função operando na área mais delicada do governo: a
gestão da Polícia Federal e a convivência com o Ministério Público Federal e o Judiciário.
TECNOLOGIA AUMENTA
Quem já era ministro e foi transferido a outro ministério leva consigo a tecnologia de entender o processo da tomada de decisão junto
a Dilma Rousseff, o qual não é dos mais fáceis. Aí estão Aldo Rebelo,
Gilberto Occhi e Ricardo Berzoini.
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52
CÍRCULO ÍNTIMO
Os ministros da casa, como é chamado o círculo íntimo do Palácio do Planalto, é plasmado na confiança pessoal da
presidente da República. Ali não se faz nada que não seja diretamente acionado e aprovado por ela. Aloizio Mercadante já está escolado. Miguel Rossetto elevou-se a esse patamar durante a campanha de reeleição, na qual operou
como coordenador-geral. Thomas Traumann firmou-se pelo lado profissional, isento e discreto.
TÉCNICA CRISTALIZAD
A
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cristalização da técnica
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de como se entender co
m Dilma. Alexandre To
é o melhor exemplo. Ce
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lso Amorim, outro. São
quatro anos de ensaios
tantes nessa penosa tar
consefa. Arthur Chioro igualm
ente provou do amargo
mas conseguiu passar
pão,
ao segundo tempo. Te
reza Campelo e Isabela
também o foram, por mé
Te
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ritos próprios.
MÁGICA PURA
DÚVIDAS ATROZES
As frustrações ficam por conta de Dilma não ter reduzido o número de ministérios nem ter feito a fusão de pastas devido a pressão
dos partidos. Em alguns momentos as negociações com os líderes
dos partidos da base houve mais nomes que pastas, e ela teve que
se desdobrar para não semear ressentimentos que não podia sanar
pela frente. Foi mágica pura, ajudada por manobras de equilibrismo, ter chegado ao atual elenco.
Alguns dos novos ministros somaram mais dúvidas que
certezas quanto ao seu desempenho. Em se tratando de políticos, que representam um corte da sociedade, é uma tradição da linearidade do perfil pessoal. Já se antevê o destino
deles. Dilma os manterá à distância. Não despachará com
eles, nem os deferirá com atenções especiais. Terão apenas
“status “ de ministro e ponto.
MAÇANETA GIRA
Dos não-ministros, mas auxiliares diretos da presidente, crescerá no segundo mandato o papel de Giles Azevedo, que recusou dois ministérios e aceitou permanecer
no mesmo posto no gabinete pessoal da Presidência, como um dos raros que põem
a mão na maçaneta da sala de Dilma e entram a qualquer momento.
53
OPINIÃO
QUE
BASTEM
OS
NOSSOS
SONHOS
EM 2015
54
OPINIÃO
E
stamos iniciando um ano cheio de expectativas, mesmo entre tantas incertezas que sempre nos rodeiam. De fato, o que não podemos
perder é a esperança, porque ela nos move a acreditar que dias melhores ainda estão por vir.
Gostaria de compartilhar nesse artigo um tema
conhecido por todos, porém com distintos significados. Aqui posso expor o que ele significa para mim.
Sonhos - quem nunca teve um sonho pra sonhar? Não estou me referindo ao sonho que grandes
homens da História se dedicaram a decifrar – mas
aos sonhos que nos permitimos sonhar acordados,
esses que nos movem em direção ao nossos ideais,
que nos impulsionam a conquistar novos horizontes
e a subir novos degraus.
Aos detentores desses sonhos lhe é dada uma
visão do que ainda não é, do que ainda estar por ser.
Conseguem enxergar muito além o que outros não
conseguem ver.
Tiro essa conclusão por mim mesma. Revendo
tudo o que fiz, por todos os caminhos por onde a vida
me levou, todas as pessoas que conheci, projetos que
vivi, as ilusões e desilusões, todas as coisas boas, os
muitos momentos felizes que têm superado os menos bons e esses momentos cinzentos que me fizeram crescer me obrigaram a sair da zona de conforto
para perceber em novas oportunidades o que a vida
estava me oferecendo.
Sou uma pessoa de planos, de listas, de coisas
que quero muito fazer acontecer.
Com imensa gratidão pela vida e pela sábia lei
da compensação, agradeço tudo o que ela pôs no
meu caminho como forma de me recompensar e de
me fazer recomeçar com a certeza que a benção é merecida para quem se esforça por tê-la.
Que nesta nova volta ao sol de 2015 possamos
manter viva a vontade férrea de sermos felizes.
Que possamos continuar abraçando com forças o
que faz o nosso mundo girar no sentido certo, sentindo a motivação e o entusiasmo que nos fazem correr
mais e mais por aquele sentido da vida: a calma na
alma, a alegria no espírito e o amor, sempre o amor em
todas as suas formas de expressão.
Que bastem os nossos sonhos, que vão renovando
o desejo de continuamos a sermos felizes e fazermos
felizes a quem nos rodeia.
Ellen Barbosa é diretora da
POLIS.COM e da CARTA POLIS
55
Agência de Comunicação Integrada
Comunicação integrada e marketing, serviços a clientes dos âmbitos
público e privado, com assessorias de imprensa,
corporativa e de relacionamento institucional. Prepara seus
clientes para o trato com a mídia. Marketing político
para campanhas e ações institucionais.
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