ecobrilho - Flavia Amadeu

Transcrição

ecobrilho - Flavia Amadeu
fala-se de sustentabilidade
ecobrilho
Joias mostradas na Bienal de Design de Curitiba,
entre setembro e outubro, revelaram inovação e foco
em sustentabilidade. Conheça as ideias, técnicas e
materiais desse novo luxo brasileiro
por Frederico Duarte
Colares e braceletes Jalapa
Marcelo Rosenbaum e Heloísa Crocco
A convite da designer gaúcha Heloísa Crocco para um dos seus
projetos que aproximam designers e comunidades de artesãos,
o paulista Marcelo Rosenbaum passou dez dias no Tocantins,
mais precisamente no Jalapão, o celeiro do capim-dourado,
levando orientações sobre criação e design. Para a coleção
Jalapa, composta de maxibijuterias, Rosenbaum buscou
atenção para o material. “Eu quis valorizar o brilho do capimdourado, realçar seu caráter nobre e usar outros materiais
(como a fibra de buriti e o fio de algodão) que contrastam com
ele, mas sem roubar a cena”, diz. Estes colares e braceletes
alcançam um máximo impacto com o uso consciente do
capim precioso.
Colares de papel e ouro
Bettina Terepins e Domingos Tótora
“A joia pode ser algo diferente de um colar com ouro, pedras e
diamantes.” Quem diz é Bettina Terepins, designer de joias de
São Paulo, sobre os resultados da sua parceria com o designer e
mago do papel craft reciclado de Maria da Fé, MG, Domingos
Tótora. Entre a rudeza do papelão e a delicadeza do ouro, os
colares por eles desenhados e expostos na mostra Reinvenção
da Matéria, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, mostram
que o encontro de opostos pode ser bem-vindo.
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fala-se de sustentabilidade
Coleção Araucária
Miriam Mamber
Há 30 anos Miriam Mamber cria joias a partir dos mais
invulgares metais, pedras, sementes e fungos oriundos de
longínquas terras brasileiras. Paulistana de adoção, mas
curitibana de berço, Mamber mostrou nesta Bienal de Design
uma coleção de objetos que a trouxe literalmente de volta às
suas raízes. A inspiração vem das formas da araucária, a quase
extinta conífera do Sul do Brasil, representada pela fusão
do ouro, aço, opala, dendrita e ônix em colares e broches de
grande pureza e simplicidade.
Joias Orgânicas
Flávia Amadeu
Os colares de borracha macia, translúcida e colorida criados
por Flávia Amadeu são joias que transpõem a ideia de um
adorno luxuoso e se tornam símbolo de inovação tecnológica,
sensibilidade ambiental e progresso social. Extraída de
acordo com a tecnologia alternativa Tecbor, desenvolvida pela
Universidade de Brasília, a borracha natural é transformada
em produto beneficiado pelos próprios seringueiros de látex
da Amazônia, o que contribui para terem maiores ganhos com
a sua extração. Na verdade, todos nós ganhamos com isso.
Bracelete Índio Urbano
Sob o olhar da designer, poetisa e educadora carioca Mana
Bernardes, milhares de lâminas de plásticos PET e PVC
reciclados são combinadas em colares, braceletes e broches de
rara elegância e luminosidade. Estas joias mostram como, por
meio do design, um material consegue transcender um estado
de lixo para chegar a um status de luxo, sem deixar traços do
processo de reciclagem. “No dia em que alguém gostar do que
faço só porque é feito de material reciclado vou ficar triste”,
avisa Mana. Para ela, beleza também é fundamental.
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Fotos: Divulgação
Mana Bernardes