O papel dos zoos paulistas na conseveção da diversidade

Transcrição

O papel dos zoos paulistas na conseveção da diversidade
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS - RIO CLARO
ECOLOGIA
SAVANA DIEGUES
O PAPEL DOS ZOOLÓGICOS PAULISTAS NA
CONSERVAÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA
Rio Claro
2008
SAVANA DIEGUES
O PAPEL DOS ZOOLÓGICOS PAULISTAS NA CONSERVAÇÃO DA
DIVERSIDADE BIOLÓGICA
Orientador: Profa. Dra. Maria Inez Pagani
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Instituto de Biociências da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Campus de Rio
Claro, para obtenção do grau de Ecólogo
Rio Claro
2008
591.5
D559p
Diegues, Savana
O papel dos zoológicos paulistas na conservação da
diversidade biológica / Savana Diegues. – Rio Claro: [s.n.],
2008
67 f. : il., figs., gráfs., fots.
Trabalho de conclusão (Ecologia) – Universidade
Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro
Orientador: Maria Inez Pagani
1. Ecologia animal. 2. Biodiversidade. 3. Animais em
Cativeiro. 4. Biologia da conservação. I. Título
Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP
Campus de Rio Claro/SP
À minha Madrinha e Padrinho
Olga & José Luiz,
Pela acolhida sempre alegre,
Pela felicidade da convivência,
Pela preocupação, interesse e cuidado,
Pelo incentivo e apoio aos meus sonhos,
Enfim, por estarem sempre presentes
Em todas as dificuldades e conquistas
Dedico
Agradecimentos
A Deus, que me deu a oportunidade de estar aqui e realizar este trabalho, que foi
minha Fortaleza nos momentos que eu fraquejava, que continua me acompanhando mesmo
com meus defeitos e que, com certeza, continuará iluminando meu caminho em outros
desafios da minha vida.
À minha Família, que se faz presente em todos os momentos, que acompanhou
minhas conquistas, torcendo por mim desde sempre, apoiando meus sonhos... Mãe & Pai:
valeu pelo empenho, dedicação, carinho, broncas, preocupação, Amor, recursos, formação,
enfim, por terem sido responsáveis por TUDO que hoje sou. Vó Cida, Vó Célia, Vô
Waldemar, Nina, Tios & Tias: vocês fizeram com que eu quisesse cumprir meus objetivos e
voltar pra Sanca com a certeza de braços abertos me esperando. Priminhos queridos (Artur,
Luiza, Murilo, Daniel, João Vitor, Maiara e Megui), vocês são anjinhos que Deus me deu,
cada um do seu jeitinho, fazendo com que eu queira construir um mundo melhor, pois vocês
merecem! A distância e a saudade só me fez amar cada vez mais vocês.
Aos meus amigos de São Carlos: Nê (mana, quem diria que nossa amizade duraria
tanto... minha futura comadre com muito orgulho!), Tu (entre encontros e desencontros, sua
amizade é indispensável!), Bruno, Niel, Ber (vulgo Diego), Flavys, Dedê, Laís (sua alegria é
importante viu!), Mat, Ná & Ni (e o pessoal mais antigo), Legião de Maria, Galera do Grupo
de Jovens BRASA e os outros amigos todos, apesar da distância, dos obstáculos, da falta de
tempo, sei que vocês torceram muito por mim e me deram a certeza de que tudo ia dar
certo... valeu pelas pizzadas, filmes, lanches, festinhas, churras, retiros, viagens, broncas
necessárias, sorrisos e abraços acolhedores... Por vocês eu tive que aprender que as
lembranças têm o poder de preencher as ausências!
Aos companheiros de Rio Claro, que me aturaram no dia-a-dia, quando eu achava que
não ia dar conta e o stress aflorava... Monique *Bijú*, irmãzinha de todas as horas, você sabe
o quanto tudo foi especial com a sua presença e amizade, isso eu não ia conseguir
expressar em palavras... ganhei a irmã que eu não tive e entendi o que significa Amizade
Verdadeira! Soraya *Sossô*, quantas refeições divididas (obrigado pelos cafézinhos!), choros
(só seus, é claro), alegrias, congressos, conselhos, algumas brigas, sonhos compartilhados,
idéias divergentes, broncas, histórias (é verdade!). Haja paciência né querida... valeu por me
ouvir e aturar, bem como colaborar com a formatação final do TCC (será sempre minha
10
múmia preferida)! Dú (estimado M.A.), obrigado pela sua amizade, por ouvir meus
problemas, pelas caronas, pela sua casa, pela paciência, pelas muitas conversas e
confissões. Karenzita, bixete conterrânea, nossas conversas sob as estrelas serão
inesquecíveis. Wal (obrigado por nos adotar e, junto com o Velhinho e os Bichos, diminuir
nossa saudade de viver em família), Aninha (amiga pela fé, valeu pelo exemplo e
conselhos!), Gábi (grande amiga e vizinha), Vizinhas e Vizinhos (meninos, até que pra
Botânicos vocês são muito legais...rs), Yáci (e seu inseparável MSN), Ivo (valeu pela
preocupação, caronas, refeições compartilhadas, videogame e muitas risadas), Maria (ow,
pára com essa melação), pessoal da Eco Turma 2004 (foi divertido e inesquecível
compartilhar 4 anos com vocês galera...mesmo com toda a heterogeneidade possível!!!),
Coral Uirapuru (Zé Ricardo, você faz um ótimo trabalho!), G.O.U. (Clara, Fred, Zé,
saudades!), Organização da SEE 2007 e EcoSeminários, Bixos e Bixetes (entre eles
Pacífico, Élson, Renata, Clarissa – uma quase orientanda... e os outros todos que adotei pelo
caminho). Um agradecimento especial aos amiguinhos mais recentes, porém de modo algum
menos importantes: Celo, Sam, Peterson *Bambu*, Rafael *Lama*, Bruno *Gambé* (e toda
turminha Eco 2008)... valeu por me animar e aturar na reta final!!! Rep. Aleluia, conviver aqui
foi o máximo...
Aos Docentes e Funcionários da Unesp, obrigado pela infra-estrutura que
proporcionam... Meninas da Biblioteca, o que seria de nós sem vocês??? As conversas,
risadas, o bom-humor, os abraços acolhedores, as referências bibliográficas, os quebragalhos... Suzi, Rejane, Celinha, Mônica, Meire, Rosângela, Gi (Sem Nome), Elisa, Regina,
Moema: vocês fazem um ótimo trabalho e desculpem-me a injustiça de colocar apenas
alguns nomes. Continuem sempre assim, pois saímos com ótimas lembranças e muita
saudade! Galera da SAEPE (Neidezinha – obrigado pela adoção!, Odair, Roberto *Jarbas*,
Aurélio *Dicionário*, Thiago *Estagiário*) sem comentários né...
Valeu pelos cafézinhos,
doces, incentivos, conversas, ombro amigo, caronas, preocupação, data-shows, boa
vontade, sorriso aberto, favores, balinhas, enfim, vocês proporcionam uma vivência que
levaremos pra vida toda, são AMIGOS pra todas as horas. A todos do Departamento de
Ecologia, em especial a Marilene (pelos muitos favores, mas só se ela estiver de bom
humor...rs), Bete (e nossos eternos EcoSeminários), Zezé (muuuito obrigado por ser assim!
A Eco não seria a mesma sem você...), Leila (“que gracinha!”), Schlittler (vê se pára de fumar
1
de vez viu!). Obrigado pelo apoio, pelas conversas no corredor, pelos conselhos, pelos
sorrisos e oportunidades, bem como aos professores Chaud, Betinho, Marcos César, Jairo,
Sulene, Mauro Galetti e outros... sem docentes assim a vida acadêmica com certeza seria
tediosa. Isso sem contar demais funcionários, técnicos, vice-diretoria (valeu por tudo Ciça!),
R.U., cantina, xérox, limpeza, portaria e motoristas (Robertão, cada viagem foi uma
diversão!).
Aos Estágios, Monitorias e Cursos realizados, pelo conhecimento e amigos
conquistados e a todos que me acolheram e ajudaram em diversas situações todos esses
anos (e olha, não foram poucos!), entre eles: Parque Ecológico de São Carlos, CETAS da
Unesp de Botucatu, Empresa Anidro do Brasil, Parque Estadual da Cantareira, Associação
Mata Ciliar e Departamento de Água e Esgoto de Sta. Bárbara d´Oeste
(Tiquinho,
Fernandinha e toda família Dias, pessoal do DAE... valeu pelo apoio!!!)
Em especial à minha Amiga e Orientadora, Maria Inez Pagani, sem a qual com certeza
muita coisa não teria acontecido, aliás, nem Ecologia eu teria escolhido cursar... Obrigado
pelo apoio e orientação acadêmica e pessoal, pelo exemplo (de vida, seriedade,
responsabilidade, empenho), paciência e boa vontade, conselhos, monitorias, intermináveis
conversas, disposição, preocupação, por ajudar a resolver meus problemas mesmo quando
tudo parecia uma Tempestade, pelo bom humor e muitas risadas, tornando as dificuldades
do dia-a-dia (e as mais sérias também) simples obstáculos superados. Obrigado pela
oportunidade de aprender tanto. Com certeza tem muita influência sua na minha formação...
Continue sempre assim!
Aos zoológicos paulistas que colaboraram com a realização deste trabalho,
respondendo ao questionário proposto e colaborando com a conservação ex situ das
espécies da fauna silvestre que abrigam: com certeza esperamos deixar algo positivo às
futuras gerações.
E a todos que se dispuseram a ler este trabalho, que, com certeza, buscam um mundo
mais sustentável e equilibrado entre a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento
sócio-econômico...
Obrigado por se empenharem nesta caminhada
e que não desanimemos nunca!
"O erro da ética até o momento tem sido a crença de que só deva aplicar-se
em relação aos homens.”
Albert Schweitzer - Prêmio Nobel da Paz de 1952
Lista de Abreviaturas e Siglas
ABRAVAS – Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens
ALPZA - Associação Latino Americana de Parques Zoológicos e Aquários
CBSG - Conservation Breeding Specialist Group
CEREIAS – Centro de Estudos e Reintrodução de Animais Selvagens
CETAS – Centros de Triagem de Animais Silvestres
CRAS - Centros de Recuperação/Reabilitação de Animais Silvestres
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
FPZSP – Fundação Parque Zoológico de São Paulo
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
IUCN - International Union for Conservation of Nature
IUDZG - International Union of Directors of Zoological Gardens
MMA – Ministério do Meio Ambiente
SisBIO – Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade
SisFauna - Sistema Nacional de Gestão de Fauna
SPZ – Sociedade Paulista de Zoológicos
SZB – Sociedade de Zoológicos do Brasil
WAZA – World Association of Zoos and Aquariums
PESC – Parque Ecológico de São Carlos “Dr. Antônio T. Viana”
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 09
1.1. Histórico e Caracterização Geral ................................................................. 09
1.2. Sociedade de Zoológicos do Brasil (SZB) e Sociedade Paulista de
Zoológicos (SPZ) ................................................................................................ 15
1.3. Legislação .................................................................................................... 16
1.4. Enriquecimento para animais silvestres cativos........................................... 19
1.5. Plano de manejo de espécies ameaçadas .................................................. 22
1.6. Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) ..................................... 28
2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 30
3. OBJETIVOS ........................................................................................................ 31
4. METODOLOGIA ................................................................................................. 32
4.1. Caracterização da área de estudo ............................................................... 32
4.2. Métodos ....................................................................................................... 32
5. RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO .......................................................... 33
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 49
7. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 52
8. ANEXOS .............................................................................................................. 59
8.1. Anexo A – Questionário enviado aos Zoológicos Paulistas ......................... 59
8.2. Anexo B – Cadastro dos Zoológicos Paulistas ............................................ 60
9
1. Introdução
1.1 Histórico e Caracterização Geral
A relação entre os seres humanos e os animais abrange diferentes aspectos,
sendo que desde a Antiguidade o interesse humano pelos animais selvagens se faz
presente. Vêem-se, por exemplo, culturas onde os animais eram, e muitos ainda são,
considerados sagrados e fazem parte de templos e cultos. Há registros difusos sobre a
origem das primeiras coleções de animais vivos, datando de 1100 a.C. na
Mesopotâmia, Índia e China, e outros que datam seu surgimento de 300 a.C., na
Alexandria. Posteriormente, foram os romanos que tornaram a vida dos animais mais
popular (ZUCKERMAN, 1980 apud OLIVEIRA, 2005). Vê-se que colecionar animais é
uma prática muito antiga e com diferentes objetivos, sendo que um dos modos mais
difundidos de se manter estas coleções atualmente é em Jardins Zoológicos.
Pressões na vida selvagem derivadas do crescimento da população humana e
conseqüente destruição de habitats geraram a necessidade de manter em segurança
alguns animais em áreas de preservação e zôos (FOWLER, 1986).
Os Jardins Zoológicos são classificados, segundo a Lei nº 7.173 de 14 de
dezembro de 1983, artigo 1º, como “qualquer coleção de animais silvestres mantidos
vivos em cativeiro ou semi-liberdade e expostos à visitação pública” (INSTITUTO
BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS IBAMA, 1989). Já pela Instrução Normativa IBAMA nº 169, de 20 de fevereiro de 2008,
este conceito se tornou um pouco mais elaborado. Em seu Art. 3º define Jardim
Zoológico como um “empreendimento autorizado pelo IBAMA, de pessoa física ou
jurídica, constituído de coleção de animais silvestres mantidos vivos em cativeiro ou em
semi-liberdade e expostos à visitação pública, para atender a finalidades científicas,
conservacionistas, educativas e sócio-culturais” (IBAMA, 2008).
O Zoológico como vemos hoje, com o interesse voltado para aspectos científicos,
teve seu desenvolvimento durante o período vitoriano, com o aumento e diversificação
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dos animais graças a viagens naturalísticas pelas Índias e Américas (OLIVEIRA, 2005).
Eles estão presentes em todo o mundo, acessíveis a grande parte da população
e mantendo sob seus cuidados uma parcela significativa de animais. Sendo assim,
atuam junto à sociedade e à natureza, não apenas interagindo como museus vivos para
apresentar sua coleção de animais ao público visitante, mas também colaborando com
a conservação do meio ambiente e das espécies em geral. No Brasil, segundo Cubas,
Silva e Catão-Dias (2007), a grande maioria dos animais selvagens chega aos
zoológicos por meio de apreensões na natureza, retenção (doação de cidadãos) ou
permuta de outras instituições.
Estima-se que, no mundo todo, existam mais de 5 mil zoológicos. Joly e Bicudo
(1999) citam que, dos aproximadamente 150 zôos brasileiros, 50 estão no estado de
São Paulo, onde se têm uma grande concentração de pessoas e limitadas opções de
lazer e convivência com a natureza e seus animais. Os zoológicos brasileiros são
responsáveis pela manutenção de animais silvestres em cativeiro, em sua grande
maioria mantendo espécies da fauna brasileira. Estão representados por duas
sociedades científicas, a Sociedade de Zoológicos do Brasil (SZB) e a Sociedade
Paulista de Zoológicos (SPZ).
Os Jardins zoológicos são de administração governamental ou particular e
variam muito em tamanho e número de espécies, não sendo possível traçar um perfil
geral sobre eles, porém, independente de suas características particulares, todos
podem colaborar com a conservação da diversidade biológica de alguma forma.
Diversidade Biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas as
origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros
ecossistemas
aquáticos
e
os
complexos
ecológicos
de
que
fazem
parte;
compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de
ecossistemas (BRASIL, 2000).
Uma das unidades básicas em que está organizada a diversidade biológica ou
biodiversidade são as comunidades. Esta organização apresenta três componentes:
diversidade alfa e diversidade beta. A diversidade alfa refere-se ao número e a
abundância de espécies dentro de uma comunidade, enquanto que a diversidade beta
se relaciona com as diferenças na composição de espécies e suas abundâncias entre
11
áreas dentro de uma comunidade (MARGURRAN, 1988; FELFILI, 2001). Portanto, a
diversidade alfa é dada como a diversidade de uma área local, enquanto a diversidade
beta é a diversidade biológica entre habitats, sendo expressa por um número
adimensional. Têm-se ainda a chamada diversidade gama, que é a riqueza biológica
total de uma região. A Biodiversidade inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos, ou
biológicos, e dos recursos genéticos e seus componentes (WHITTAKER, 1972).
A conservação da biodiversidade representa um grande desafio para a sociedade
contemporânea, em função do elevado nível de perturbações antrópicas nos
ecossistemas naturais, que desestrutura estes ambientes, forçando o investimento em
diferentes estratégias e abordagens para maximizar esforços e minimizar os efeitos
negativos no meio ambiente. Entre estas estratégias encontra-se a conservação in situ
e a conservação ex situ.
A conservação in situ ocorre quando a espécie é mantida em seu habitat natural
e a ex situ quando isso ocorre fora dele, em cativeiro, como nos zoológicos. Ela faz
parte de uma estratégia de conservação integrada para proteger as espécies
ameaçadas, sendo complementar a conservação in situ (PRIMACK; RODRIGUES,
2001).
Tendo como um dos seus propósitos contribuir com a conservação in situ, os
zoológicos conseguiram que a conservação ex situ tivesse uma grande expansão
durante as duas últimas décadas sendo que, atualmente, os zôos não mais se limitam a
apenas abrigar animais e mostrá-los ao público.
Deste modo a manutenção de
espécies raras e ameaçadas passou a ser um dos maiores objetivos dos zôos
modernos.
Assim as populações de animais selvagens em cativeiro tornaram-se um
importante instrumento para a conservação da biodiversidade. A maior parte das
informações sobre reprodução de várias espécies vem do cativeiro, fornecendo
importantes subsídios para estudos dos mesmos em vida livre. Não é por coincidência
que as espécies de felinos neotropicais mais raras em cativeiro, como o gato-palheiro
(Leopardus colocolo) e o gato kodkod (Leopardus guigna), possuem informações
limitadas (CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS, 2007).
Tendo como propósito a pesquisa, recreação e lazer, educação, conservação da
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fauna regional e global, além de dar suporte à reprodução, criação e reintrodução de
espécies ameaçadas em seu ambiente natural, os zoológicos vêm se estruturando cada
vez mais para permitir aos animais condições mais adequadas de sobrevivência,
possibilitando maior longevidade e menor stress. Deste modo, os zôos deixam de ser
simples centros de visitação de animais e lazer e passam a colaborar ativamente com a
conservação da biodiversidade (WITTE, 1990 apud JOLY; BICUDO, 1999; OLIVEIRA,
2005).
São citadas quatro grandes áreas em que os zoológicos dão significativas
contribuições para a conservação da diversidade biológica, as quais são descritas a
seguir.
Em relação à Educação Ambiental, os locais que possuem animais cativos, como os
zôos, ajudam a educar o público sobre a necessidade de preservação das espécies
(PRIMACK; RODRIGUES, 2001).
Na sociedade urbanizada, zôos, aquários, parques e jardins podem ser os únicos
locais remanescentes onde o contato com animais silvestres é possível. Portanto, são
responsáveis por explorar o potencial desses recursos podendo gerar mudanças de
atitude com educação ambiental, já que despertam interesse e afeição.
O significativo número de pessoas alcançadas pela rede de zôos e a perspectiva
que cada zôo individualmente contém vários elementos da natureza, resulta num ótimo
potencial para conservação da biodiversidade global, já que os zôos incluem todos os
níveis e setores da sociedade (INTERNATIONAL UNION OF DIRECTORS OF
ZOOLOGICAL GARDENS - IUDZG/CBSG, 1993).
Eles devem proporcionar vivências educativas, deixando de ser apenas
expositores de animais para recreação e sim fornecerem informações sobre a fauna e
seu habitat, promovendo o envolvimento nas questões ambientais, buscando uma
melhor relação entre o homem e a natureza e contribuindo para um aprendizado
significativo, como visto em Achutti (2003). As atitudes conservacionistas ao longo da
vida das pessoas são derivadas de experiências interativas com a natureza e os
animais, o que é disponível nos zoológicos (KLEIMAN et al., 1996).
Como visto em Costa (2004) os zoológicos atualmente buscam técnicas eficazes
para preservação da fauna silvestre, fazendo com que a Educação Ambiental esteja
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entre seus objetivos, o que é comprovado pela pesquisa de Auricchio (1999)
demonstrando
que
77,02%
dos
zoológicos
brasileiros
em
funcionamento
já
apresentavam trabalhos de Educação Ambiental. Estas ações têm tido respaldo pelas
instituições de ensino e pesquisa, como por exemplo, em Santa Catarina (ACHUTTI et
al., 2003).
A Pesquisa Científica realizada com a fauna cativa também é uma ferramenta
para a conservação das espécies.
Segundo a WORLD ASSOCIATION OF ZOOS AND AQUARIUMS - WAZA
(2008), as pesquisas passíveis de serem realizadas por zôos incluem ciência biológica
pura e aplicada (como biologia de pequenas populações, comportamento animal,
nutrição e biologia reprodutiva), pesquisas de conservação in situ (por exemplo,
ecologia comportamental e investigação de habitats) e pesquisas objetivando o
desenvolvimento de outras regras (por exemplo, em relação ao aprendizado do
visitante, marketing e avaliação da exibição ao público). Portanto, há muitas
oportunidades para jardins zoológicos e aquários desenvolverem investigações
científicas para subsidiar a tomada de decisões no âmbito das suas coleções animais,
bem como contribuir para a conservação in situ.
Apesar da maior parte dos trabalhos científicos visarem às populações em
liberdade, os estudos com animais cativos são importantes porque permitem testes que
não
podem
ser
conduzidos
fora,
com
experimentos
no
campo
(VISSER;
LAMBRECHTS, 1999 apud REMIÃO, 2003).
O sucesso de programas de criação em cativeiro tem aumentado através de
vários projetos que coletam e disseminam conhecimento sobre espécies raras e
ameaçadas, gerando mais informações para a ciência, ajudando as espécies selvagens
(PRIMACK; RODRIGUES, 2001).
O cativeiro gera parâmetros, aperfeiçoa técnicas, treina profissionais e auxilia
estudos em campo, como visto em Pinhati (1993). Mas, segundo Sowls (1997), existem
diferenças entre os animais mantidos em cativeiro e os em liberdade, devido a fatores
como a diferença no grau de mansidão, diferenças na proporção entre machos e
fêmeas, flutuações no número de animais que compõe o bando e dinâmica da
organização social adaptada às circunstâncias cativas (MORAES, 1990).
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A comunidade zoológica pode oferecer suporte e facilidades ao conhecimento e a
comunidade científica é encorajada a utilizá-los, gerando banco de dados, publicação
de material científico e divulgação para a comunidade. Por exemplo, o conhecimento da
biologia de pequenas populações será relevante para a conservação de espécies com
habitats reduzidos e fragmentados, que são os mais comumente encontrados
atualmente (IUDZG/CBSG, 1993). As tecnologias reprodutivas para a propagação de
animais cativos e técnicas para manejo genético, como visto em Kleiman et al. (1996),
reduzem a necessidade de se retirar indivíduos selvagens para exibição ou pesquisas
(PRIMACK; RODRIGUES, 2001).
A realização de estudos com o objetivo de se verificar o bem estar de animais
em cativeiro é uma das funções de zoológicos e centros especializados, pois vêm
ampliando os conhecimentos sobre as espécies, seus comportamentos e relações com
o meio (MAGINA et al., 2006).
Estas instituições também constituem importantes fontes de informação para
estudos epidemiológicos, sempre no intuito de subsidiar informações em prol da
manutenção e reprodução de espécies selvagens (CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS,
2007).
Os zôos tentam estabelecer populações cativas auto-sustentáveis, servindo para
estender os conhecimentos genéticos e atributos comportamentais para a natureza.
Como muitas espécies estão com suas populações em declínio, é necessário
coletar informações para caracterizá-las, o que pode ser feito em cativeiro, com coletas
sistemáticas e precisas, gerando um importante banco de dados (KLEIMAN et al.,
1996). Os jardins zoológicos fizeram esforços significativos para estabelecimento e
manutenção de populações cativas auto-sustentáveis de felinos, como visto em
Flesness e Foose (1996).
A comunidade zoológica pode gerar recursos e apoio para cobrir gastos com a
vida selvagem em seu habitat natural, como financiamentos de zôos estrangeiros para
projetos de conservação de espécies silvestres brasileiras. Um exemplo é a parceria
entre os zoológicos de Brookfield, Colchester, Copenhagem, Dublin, Los Angeles,
Marwell, Minnesota, Punta Verde, Philadelphia, entre outras instituições com a
Associação Mico-Leão-Dourado (ASSOCIAÇÃO MICO-LEÃO- DOURADO, 2008).
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Portanto, ao manter populações cativas viáveis das espécies, apoiar e incentivar
pesquisas científicas, proporcionar a educação ambiental e possibilitar fonte de renda
para cobrir os custos da conservação da vida selvagem in situ, os zoológicos
desenvolvem ações interligadas, pois a recreação atrai visitantes, os quais podem ser
educados sobre história natural e importância da conservação, promovendo um
aumento do interesse público e político bem como conhecimentos gerais sobre a fauna
silvestre (eg. IUDZG/CBSG, 1993; KLEIMAN et al., 1996).
1.2 Sociedade de Zoológicos do Brasil (SZB) e Sociedade Paulista de
Zoológicos (SPZ)
A Sociedade dos Zoológicos do Brasil, fundada em 1978 em Sorocaba/SP, é uma
das instituições que representam os Zoológicos brasileiros, tendo como parceira a
Sociedade Paulista de Zoológicos. É responsável pelos Comitês de manejo de espécies
silvestres brasileiras ameaçadas de extinção, como por exemplo, o Comitê de Manejo
do Lobo Guará. Anualmente promove o censo de animais cativos, para orientar a
formação de grupos reprodutivos e indicar espécies que exigem maior esforço de
conservação (JOLY; BICUDO, 1999).
A SBZ congrega zoológicos e trabalha pelo “desenvolvimento dos Zoológicos do
Brasil, através da fixação e difusão de normas mínimas de funcionamento, da
divulgação de técnicas adequadas de exibição, manutenção, nutrição, reprodução e
manejo, assim como da difusão das pesquisas realizadas, dos sucessos alcançados,
das espécies existentes, de possibilidades e/ou interesse em permuta de animais e da
livre troca de experiências e técnicos de um Zoológico” (SOCIEDADE ZOOLÓGICOS
DO BRASIL - SZB, 1977). Ainda busca auxiliar atividades que promovam um melhor
conhecimento da fauna e a preservação das espécies, participando de programas
educacionais e conservacionistas e sugerindo às autoridades o aperfeiçoamento da
legislação vigente (SZB,1977).
A Sociedade Paulista de Zoológicos (SPZ) foi fundada em 1991, em
Americana/SP, tendo por finalidade congregar Zoológicos e Criadouros do Estado de
São Paulo e trabalhar pelo desenvolvimento dos Zoológicos do Estado, através da
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fixação e difusão de normas mínimas de funcionamento, da divulgação de técnicas
adequadas de exibição, manutenção, nutrição, reprodução e manejo, da divulgação e
estímulo à pesquisa em todas as áreas afins (SPZ, 1997). A SPZ tem ainda por objetivo
auxiliar todas as atividades da SZB e entidades afins, na medida de seus recursos,
incentivando a realização de cursos, simpósios, concursos e outros processos que
promovam um melhor conhecimento da fauna e a preservação das espécies e participar
de programas educacionais e conservacionistas, conforme pode ser visto no Art.1º,
Cap.I do seu Estatuto, firmado na cidade de Americana em 21 de agosto de 1997.
1.3 Legislação
Nos termos da Lei 5.197/67, em seu Art 1º, entende-se por fauna silvestre: “os
animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem
naturalmente fora do cativeiro” (CAVALCANTI, 1971).
E de acordo com a Lei 9.605/98 no seu Art. 29, §3º: “são espécimes da fauna
silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer
outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida
ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou em águas jurisdicionais
brasileiras” (IBAMA, 2000).
Os animais silvestres são considerados propriedade do Estado e estão sob o
amparo específico da Lei 5.197/67 que proíbe a utilização, perseguição, destruição,
caça ou apanha desses animais, assim como estende a proteção aos seus ninhos,
abrigos e criadouros naturais, mesmo em áreas privadas, onde podem ser proibidas
pelos proprietários, como visto em Cavalcanti (1971). Constitui crime matar, perseguir,
caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativas ou em rota migratória, sem
a devida licença ou autorização da autoridade competente ou em desacordo com a
obtida, nos termos da Lei 9.605/98, Art. 29 (IBAMA, 2000).
Em relação à legislação de fauna, têm-se as normatizações da fauna silvestre
em cativeiro. No ano de 1983 foi publicada a legislação sobre zoológicos, a qual consta
da Lei nº 7.153, dispondo sobre o estabelecimento e fornecimento de Jardins
Zoológicos, regulamentando o manejo de animais silvestres em cativeiro no país. Os
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zoológicos, Parques e Reservas estavam enquadrados no mesmo artigo da Portaria nº
181 de 1987, considerados Unidades de Conservação.
A Instrução Normativa 001/89-P, de 19 de outubro de 1989 dispõe sobre as
instruções de alojamento e recintos para os diferentes grupos animais (répteis, aves e
mamíferos), com medidas específicas de área, cambiamentos, tocas, barreiras, fossos,
entre outros. Em seu Art. 5° estabelece que “Qualquer alojamento que, embora
atendendo as recomendações desta Instrução Normativa, comprovadamente não esteja
proporcionando o bem-estar físico-psicológico a um ou mais animais que abriga, poderá
ser interditado pelo instituto, ouvida antes a Comissão IBAMA/SZB de Técnicos”.
No final da década de 90, a Portaria 283/P e a Instrução Normativa 001/89 foram
revistas pelos técnicos do IBAMA, da SZB e por representantes da sociedade civil
organizada, resultando na revogação destas, e na publicação da Instrução Normativa nº
04 de 04 de março de 2002. Esta exige que os estabelecimentos apresentem junto a
Gerência Executiva do IBAMA do Estado os seguintes documentos:
I) requerimento;
II) planejamento global, com as características de situação e funcionamento,
incluindo plantas baixas da área e dos recintos, elaborado por profissionais
habilitados;
III) parecer favorável do órgão ambiental estadual, ou municipal quanto à sua
localização, com base no zoneamento ambiental, uso do solo, destino/tratamento
dos dejetos sólidos e efluentes líquidos provenientes desses empreendimentos e se
existem restrições quanto ao manejo de fauna exótica à região.
Esta Instrução Normativa ainda classifica os jardins zoológicos em categorias
específicas, de acordo com seus recursos e outros fatores, mas, independente de sua
classificação, todos devem ter um livro de registro dos animais, possuindo todas as
informações necessárias e devem enviar anualmente relatório ao IBAMA, dentre muitas
outras normas e protocolos, os quais incluem recintos, alimentação, quadro de
funcionários, bem como normas de socorro em caso de acidentes, entre outros (IBAMA,
2002).
Em fevereiro de 2008 o IBAMA divulgou a Instrução Normativa (IN) 169, visando
instituir e normatizar as categorias de uso e manejo da fauna silvestre em cativeiro e
18
atender às finalidades socioculturais, de pesquisa científica, de conservação, de
exposição, de manutenção, de criação, de reprodução, de comercialização, de abate e
de beneficiamento de produtos e subprodutos, constantes do Cadastro Técnico Federal
(CTF) de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Naturais. O
Art. 1º define estas atividades: Jardim Zoológico, Centro de Triagem, Centro de
Reabilitação, Mantenedor de Fauna Silvestre, Criadouro de fauna silvestre para fins de
pesquisa, Criadouro de fauna silvestre para fins de conservação, Criadouro comercial
de fauna silvestre, Estabelecimento comercial de fauna silvestre, Abatedouro e
frigorífico de fauna silvestre.
Os empreendimentos citados no Art. 1º para exercerem suas atividades deverão
obter as autorizações prévia (AP), de instalação (AI) e de manejo (AM), as que serão
emitidas pelo Sistema Nacional de Gestão de Fauna – SisFauna.
A AP em questão deverá ser solicitada por meio do preenchimento de formulário
eletrônico, o qual será analisado pelo SisFauna automaticamente, podendo indeferir ou
expedir a AP e solicitar a apresentação de documentação complementar.
Para a obtenção da AI do jardim zoológico, o solicitante deverá inserir os dados
do projeto técnico no SisFauna e apresentá-lo à unidade do IBAMA na qual o
empreendimento encontra-se sob sua jurisdição, no prazo de 15 (quinze) dias a partir
da emissão da AP, de acordo com a classificação do zoológico (A, B ou C) e conforme
exigências da IN. No projeto técnico deverá constar, entre outros documentos, o ato
administrativo emitido pelo órgão ambiental competente, que estabelece as condições,
restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas para localizar,
instalar, ampliar e operar as atividades, o croqui de acesso à propriedade, o projeto
arquitetônico (planta de locação ou situação, planta localização, planta baixa e planta
de cortes), projetos de instalações (hidráulica, sanitária, elétrica e lógica, telefonia e
pontos de internet), memorial descritivo das instalações (piso, substrato, barreira física,
abrigos e ninhos, sistemas contra fugas, sistemas de comedouros e bebedouros,
sistemas de resfriamento e aquecimento quando necessários, dimensões dos recintos e
equipamentos, dados sobre espelho d´água se a espécie exigir), identificação dos
recintos de acordo com as espécies pretendidas com indicação da densidade máxima
de ocupação por recinto e medidas higiênico-sanitárias estruturais, plano de trabalho
19
contendo: (a) plantel pretendido, (b) sistema de marcação utilizada, (c) plano de
emergência para casos de fugas de animais; (d) medidas higiênico-sanitárias, (e) dieta
oferecida aos animais de acordo com seu hábito alimentar, (f) medidas de manejo e
contenção, (g) controle e planejamento reprodutivo, (h) cuidados neonatais, (i) quadro
funcional pretendido por categoria, (h) modelo de registro para o controle de entrada e
saída de animais e, (i) modelo de fichas para acompanhamento diário dos animais
(procedimentos clínicos e cirúrgicos, nutricional e necrópsia) e declaração das fontes de
recursos financeiros para a construção e manutenção do empreendimento.
Os Jardins Zoológicos também devem apresentar cópia do contrato de
assistência permanente de médico veterinário, biólogo, tratadores e segurança.
A Autorização de Manejo autoriza a operacionalização do empreendimento e
especifica os seus dados, assim como do proprietário, a categoria, o responsável
técnico e as espécies a serem mantidas ou abatidas e os produtos e subprodutos a
serem comercializados.
No caso de encerramento da atividade de criadouro comercial, o titular ou seus
herdeiros deverá solicitar o cancelamento da licença, autorização ou registro do IBAMA.
Todos os animais deverão ser transferidos para jardim zoológico, mantenedor ou
criadouro autorizado pelo IBAMA e esta transferência deverá ser às expensas do titular
ou seus herdeiros, sendo responsáveis pela adequada manutenção dos animais em
cativeiro até a sua transferência.
Quando o empreendimento estiver localizado em Unidades de Conservação de
Uso Sustentável ou no entorno de Unidades de Conservação de Proteção Integral
deverá ter obrigatoriamente anuência prévia formal do responsável pela unidade,
segundo o Art. 32 da IN 169.
1.4 Enriquecimento para animais silvestres cativos
Enriquecimento ambiental é um conjunto de técnicas que modificam o ambiente,
resultando em uma melhora na qualidade de vida dos animais, ao satisfazer as suas
necessidades comportamentais (BOERE, 2001). É o processo de criação de um
ambiente mais complexo, interativo e imprevisível, dando oportunidade ao animal de
20
expressar comportamentos de vida livre.
O enriquecimento animal ou comportamental melhora a qualidade do cuidado
com o animal cativo, identificando e fornecendo os estímulos necessários para o seu
bem-estar psicológico e fisiológico (SGAI, 2007).
A criação de animais silvestres em cativeiro pode conduzi-los a comportamentos
artificiais e discrepantes dos encontrados naturalmente, pois se encontram em um
ambiente que difere daquele para o qual estão adaptados.
Os estímulos e atividades do meio natural incluem comportamentos de forrageio
e alimentação, estratégias e fuga de predadores, busca de parceiros e locais para
reprodução, defesa de território, entre outros que tornam este ambiente dinâmico, o que
não ocorre no cativeiro.
O cativeiro, com recintos, horários e quantidade de alimentos pré-definidos,
proteção e outros cuidados torna o ambiente sem estímulos diferentes e imprevisíveis,
o que pode ser monótono e entediante para os animais.
Os estímulos do enriquecimento colaboram também com a aptidão para
reprodução em cativeiro, pois diminui o stress, o que interfere na fisiologia dos
indivíduos. Criando ambientes mais complexos, eles podem apresentar diferenças
significativas nos processos de aprendizagem, ou seja, um ambiente enriquecido pode
influenciar na habilidade do animal em se adaptar a novas situações, contribuindo
diretamente com programas de reintrodução de espécies.
As técnicas de enriquecimento podem ser divididas em 5 grandes áreas:
enriquecimento
físico,
alimentar,
cognitivo,
sensorial
e
social
(FUNDAÇÃO
ZOOLÓGICO DE SÃO PAULO, 2008).
Físico: relacionada à estrutura física do recinto e ações que deixem os recintos o
mais próximo possível do habitat das espécies que cada um abriga, através de
vegetação apropriada, diferentes substratos (terra, areia, grama ou folhas secas),
estruturas suspensas (como cordas, troncos ou mangueiras de bombeiro) entre
outros.
Sensorial: consiste na estimulação dos sentidos dos animais (visual, auditivo,
olfativo, tátil e gustativo). Podem ser reproduzidos sons como vocalizações,
colocação de ervas aromáticas, urina e fezes de outros animais, mudanças
21
periódicas dos elementos dos recintos, entre outros.
Cognitivo: consiste em dispositivos mecânicos para os animais manipularem,
estimulando assim suas capacidades intelectuais.
Social: consiste em interações intra-específicas ou inter-específicas a serem
criadas dentro de um recinto. Os animais têm a oportunidade de interagir com
outras espécies que naturalmente conviveriam na natureza ou com indivíduos de
mesma espécie.
Alimentar: variações na alimentação, adequadas aos hábitos de cada espécie,
visando sempre o bem-estar animal. Alimentos que não constam na dieta
habitual do cativeiro podem ser oferecidos aos animais esporadicamente, como
frutas da época, bem como variações na maneira como estes alimentos são
oferecidos (inteiros, escondidos ou congelados), na freqüência (diariamente ou
não) e no horário (manhã, tarde ou noite) são maneiras de se enriquecer animais
em zoológicos.
Segundo Camassola et al. (2007) o treinamento ou condicionamento é
considerado por diversos especialistas como uma das formas de se promover o
enriquecimento ambiental, uma vez que proporciona atividades diversificadas
quebrando a rotina do cativeiro. Além disso, evita o uso da contenção física, que causa
muito estresse, um rápido gasto de energia, vocalizações excessivas e no caso de
aves, perda de penas. Segundo Cipreste e Costa (2002), a utilização do
condicionamento em animais em cativeiro tem sido de grande importância para
promover o bem-estar a estes.
A Fundação Zoológico de São Paulo criou no ano de 2002 o Programa de
Enriquecimento Comportamental Animal (P.E.C.A.) para oferecer rotineiramente
atividades de enriquecimento aos animais da exposição, setor extra ou em tratamento
veterinário. Tais atividades são realizadas diariamente, de acordo com as necessidades
de cada espécie, a fim de oferecer freqüentemente aos animais algo com caráter de
novidade e imprevisibilidade (FUNDAÇÃO ZOOLÓGICO DE SÃO PAULO, 2008).
22
1.5 Plano de manejo das espécies ameaçadas
As populações mantidas em cativeiro são importantes para a conservação das
espécies silvestres pela participação em planos de manejo e conservação de espécies
ameaçadas, através de programas de reprodução e translocação (IUDZG/CBSG, 1993).
As espécies ameaçadas podem ser manejadas em cativeiro para maximizar a
retenção da diversidade genética em longo prazo. Para que este objetivo seja atingido,
comumente evitam-se os cruzamentos entre indivíduos aparentados. As populações de
cativeiro podem gerar indivíduos para a realização de reintroduções na natureza,
fazendo parte de planos de manejo das espécies. No entanto, o sucesso destes
programas de reintrodução pode ser comprometido pela depressão causada pelos
endocruzamentos, pela perda da diversidade genética e pela adaptação genética das
populações ao cativeiro (FRANKHAM et al., 2008).
Por exemplo, no caso de cervídeos, devido ao declínio populacional da maioria
das espécies, o desenvolvimento de métodos adequados de manejo genético e
reprodutivo de populações cativas torna-se essencial não só pela manutenção dos
espécimes, mas, sobretudo, pela possibilidade de preservação de alelos do estoque
genético original das populações naturais (CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS, 2007).
Como visto em Kleiman et al. (1996) as espécies silvestres podem ser mantidas
em cativeiro por longos períodos e potencialmente servir como suprimento para
reintrodução no caso de extinção na vida selvagem ou ainda para revitalizar populações
esgotadas (FLESNESS; FOOSE, 1996; NOWELL; JACKSON, 1996).
Para tanto deve-se aumentar o número de espécies nativas com indivíduos
cativos monitoradas em studbook, promovendo a caracterização da diversidade
genética dos indivíduos e mantendo um monitoramento do intercâmbio genético entre
cativeiros (ADANIA, 2005). Técnicas de reprodução artificial podem manter o máximo
de variabilidade genética em cativeiro, servindo de reservatório genético para possíveis
translocações de indivíduos entre fragmentos e entre cativeiros também, pois transferese assim a diversidade genética do cativeiro para a natureza (informação verbal) 1.
Segundo a INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE 1
Comunicação oral de Jonathan D. Ballou – Smithsonian Institution, durante o XXXI Congresso da Sociedade de
Zoológicos do Brasil, realizado em São Paulo - SP, no período de 27 de maio a 1º de junho de 2007.
23
IUCN (1987), a translocação consiste na movimentação de organismos vivos, por ação
antrópica, de uma determinada área para outra, com soltura nesta última. Pode-se
assim distinguir três tipos de translocação, sendo estes a Introdução, a Reintrodução e
o Revigoramento Populacional.
A Introdução é a soltura intencional ou acidental de um organismo, em área fora
da distribuição geográfica conhecida para aquela espécie. Já a Reintrodução é a soltura
intencional de um organismo em área que se encontra dentro da distribuição geográfica
da espécie, mas que foi localmente extinta, como resultado de atividades humanas ou
catástrofes naturais. O Revigoramento populacional ocorre quando há a soltura de
espécimes de uma determinada espécie, com a intenção de aumentar o número de
indivíduos de uma população, em seu habitat e distribuição geográfica originais (IUCN,
1987).
A Reintrodução é uma técnica útil no restabelecimento de uma população em seu
habitat original ou para estabelecer nova população em ambiente disponível. Ela só
deve ocorrer se as causas originais da extinção tiverem sido removidas ou puderem ser
controladas e se o habitat apresentar todos os requerimentos específicos necessários
(IUCN, 1987). Como visto em Wantjal e Silveira (2000), não basta apenas interromper o
ritmo de devastação atual, é preciso reunir esforços, sendo necessário plantar, proteger
ecossistemas, criar corredores e, cada vez mais, reintroduzir espécies.
O Revigoramento Populacional objetiva aumentar o tamanho populacional, e
melhorar a diversidade genética da população. Deve-se certificar que a inviabilidade da
população resulta de sua própria constituição genética e não do manejo inadequado da
área ou dos espécimes, senão não adianta introduzir novos indivíduos. A constituição
genética do estoque a ser utilizado deve ser conhecida, pois a manipulação genética do
estoque silvestre deve ser mantida a um mínimo, caso contrário a habilidade de
sobrevivência da espécie pode ser afetada. Exames médicos são indispensáveis, além
da procedência, idade, sexo, pois há um grande perigo de se introduzir doenças nas
populações silvestres (IUCN, 1987).
As translocações são importantes para o manejo de populações em ambientes
naturais e em ambientes que sofreram a intervenção humana, e quando bem utilizadas
podem trazer benefícios para os sistemas naturais e para o homem. Mas, se usadas
24
indiscriminadamente, pode trazer conseqüências desastrosas, causando enormes
danos ao meio ambiente, muitas vezes irreversíveis (IUCN,1987).
Um maior êxito nas translocações ocorre quando os habitats são de boa ou
excelente qualidade, há menor competição com espécies nativas, um maior número de
animais são liberados e estes apresentam dieta onívora (WOLF et al., 1996).
Realizar translocações de espécies envolve aplicação de métodos, cumprimento
de protocolos e trabalho sério por profissionais da área do meio ambiente. Portanto, os
estabelecimentos que se encontram legalmente aptos a desempenhar tal função, sejam
eles ONG’s, órgãos públicos, criadouros autorizados, CETAS ou zoológicos, devem
estar cientes da responsabilidade envolvida na realização destes atos. Segundo Wolf
et al. (1996), as aves translocadas, de um modo geral, obtiveram menor êxito em
estabelecer populações auto-sustentáveis do que os mamíferos. O mesmo autor
encontrou ainda que as variáveis potencial reprodutivo da espécie (número de filhotes e
idade da primeira reprodução), número e duração das solturas e fonte dos animais
translocados (selvagens cativos ou cativos liberados) não foram significativas para o
êxito das translocações.
Algumas translocações obtiveram sucessos expressivos, como a reintrodução
bem sucedida de Penelope albipennis (white-winged guan), com indivíduos fornecidos
pela conservação ex situ (ÂNGULO; BARRIO, 2004).
Também para populações pequenas de Amazona barbadensis (papagaio-deombro-amarelo), a reintrodução de indivíduos cativos ajuda a diminuir as chances de
extinção. As reintroduções são tidas como parte integrante do programa de
conservação ex situ e uma alternativa para reconstruir e revigorar populações de
espécies ameaçadas. O retorno de animais dá uma contribuição direta para o aumento
do pool gênico de espécies criticamente ameaçadas, como visto em Sanz e Grajal
(1998).
O Programa Integrado da CRAX-MG, com reintroduções de animais de cativeiro,
realizou a soltura de 200 indivíduos desde 1991 e houve 36 nascimentos em vida livre
em 2004, mostrando o sucesso do Programa (informação verbal) 2. Os esforços da
2
Comunicação oral de Roberto Azeredo – CRAX/MG, durante o XXXI Congresso da Sociedade de Zoológicos do Brasil,
realizado em São Paulo - SP, no período de 27 de maio a 1º de junho de 2007.
25
Associação Mico-Leão-Dourado são conhecidos mundialmente. Desde 1984 houve o
manejo populacional com 147 animais vindos de cativeiro e 12 de apreensões. Os
indivíduos na natureza passaram de 350 para 1500 desde o início dos trabalhos e
espera-se que a população se torne auto-sustentável com 2500 indivíduos (informação
verbal) 3.
Um dos motivos para indicação da translocação para conservação é quando uma
dada área não pode sustentar os animais por mais tempo, devido à destruição do seu
habitat (NIELSEN, 1988). Algumas translocações com soltura de indivíduos nativos
capturados demonstraram sucesso dessas populações, como pode ser comprovado
pela reintrodução de cervos na área inundada pela hidrelétrica de Porto Primavera / SP.
A Usina começou a ser construída em 1979 e dentre as exigências para obtenção da
Licença de Operação estava o desenvolvimento de um programa de fauna, sendo o
cervo-do-pantanal uma das espécies-alvo, pois abrigava as áreas de várzea da região a
ser inundada. A implantação de uma vigorosa população em cativeiro deu inicio ao
programa de conservação ex situ desta espécie, com resultados satisfatórios. Algumas
reintroduções experimentais foram realizadas, culminando com a implantação de uma
população nas várzeas do Rio Mogi-Guaçu, a qual obteve sucesso (DUARTE, 2003).
Segundo Nelva Guedes (informação verbal) 4, o Projeto Papagaio-verdadeiro
soltou 36 indivíduos e obteve 60% de sobrevivência. Esta ave não está ameaçada na
natureza, porém existem muitos indivíduos em cativeiro que precisam de destinação.
Esses animais excedentes geram altos custos para manutenção e usam recursos que
poderiam ser investidos em animais ameaçados ou raros.
A reprodução de animais cativos inevitavelmente produz indivíduos que não são
necessários para a continuidade e sobrevivência da população cativa. Em nenhum
ecossistema natural saudável a reprodução resulta em um número excessivo de
animais, pois o ambiente tem sua própria capacidade-suporte. O número de indivíduos
é controlado pela predação, competição por recursos, catástrofes naturais e outros
3
Comunicação oral de Benjamim Beck - Associação Mico-Leão Dourado, durante o XXXI Congresso da Sociedade de
Zoológicos do Brasil, realizado em São Paulo - SP, no período de 27 de maio a 1º de junho de 2007.
4
Comunicação oral de Nelva Guedes - Projeto Arara-Azul, durante o XXXI Congresso da Sociedade de Zoológicos do
Brasil, realizado em São Paulo - SP, no período de 27 de maio a 1º de junho de 2007.
26
fatores, o que não acontece em ambientes artificiais como os zôos (KLEIMAN et al.,
1996). A destinação destes animais excedentes é uma área muito controversa e tentase um “conforto à distância”, sem refletir-se muito sobre isso.
Outros exemplos de espécies que também se beneficiaram da reintrodução na
natureza são: Equus przewalskii (cavalo de Przewalski), Mustella nigripes (furão-depatas-negras), Gymnogyps californianus (condor da Califórnia), Oryx dammah (Órixcimitarra), Tragelaphus eurycerus (bongo) e Bufo baxteri (sapo de Wyoming)
(informação verbal) 5.
Já Melamprosops phaesona e Passenger pigeon foram extintas, pois os poucos
indivíduos remanescentes não foram suficientes para se manter uma população em
cativeiro.
O Brasil possui 2 espécies extintas na natureza, mas com exemplares em
cativeiro: a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) e o Mutum do Nordeste (Mitu mitu)
(informação verbal) 5.
Segundo Pough (2003), os programas de reprodução em cativeiro e soltura,
cuidadosamente controlados, podem ser um método de conservação de espécies de
Testudines ameaçados, como para Geochelone nigra hoodensis. Esta espécie de jabuti
de Galápagos, nativa da ilha de Española, teve sua população reduzida a apenas 14
indivíduos em 1960, devido à pressões antrópicas como queimadas e introdução de
animais domésticos, os quais competem pela vegetação escassa e predam ovos e
filhotes. Todos os indivíduos foram transferidos para a Estação de Pesquisas Charles
Darwin, na Ilha de Santa Cruz, onde se reproduziram e no ano de 2000 o milésimo
jabuti nascido em cativeiro foi solto em Española. Porém este mesmo autor ressalta que
esses programas também trazem riscos inerentes, como a introdução de doenças
presentes nos animais soltos, como por exemplo, as infecções por Mycoplasma de
jabotis domésticos liberados na natureza que acabaram disseminados para os jabotis
selvagens nos desertos de Mohave e Colorado e na ilha Sanibel, na costa da Califórnia
(EUA).
Ainda investigando aspectos da colaboração dos animais cativos com a
5
Comunicação oral de Cecília Kierulff – Fundação Parque Zoológico de São Paulo, durante o Ciclo de Palestras de
Educação Continuada da Sociedade Paulista de Zoológicos, realizado em Ribeirão Preto – SP em 17 de maio de 2008.
27
conservação in situ pode ser citado o grupo de pesquisas do IPÊ, o qual desenvolve um
programa diferenciado para o manejo de espécies ameaçadas, denominado Programa
de Manejo de Metapopulações.
Este programa envolve ações integradas entre o cativeiro e vida livre,
considerando a população em cativeiro como “população núcleo” e as outras
subpopulações são as que se encontram em fragmentos de habitats. O sucesso desse
manejo requer a integração do manejo in situ e ex situ, com a elaboração de studbooks
e manejo de colônias (CULLEN Jr. et al., 2003).
A importância do cativeiro pode ser vista ainda no Plano de Ação para Mamíferos
Aquáticos do Brasil, o qual cita que, entre as providências para incrementar a
conservação dos mamíferos aquáticos têm-se que “promover cursos, seminários e
reuniões de trabalho sobre manejo de mamíferos aquáticos em cativeiro, reabilitação,
reintrodução e soltura, e estabelecer programas de reabilitação e reintrodução na
natureza” (IBAMA, 2001).
Ressalta-se o importante papel que vem sendo desempenhado nesse sentido
para conservação de espécies brasileiras ameaçadas de extinção. Os planos de
manejo conservacionistas internacionais auxiliam na recuperação de populações
praticamente dizimadas na natureza, como o bisão, o orix e o mico-leão-dourado. Além
destes, foram formulados vários outros planos de manejo para diferentes espécies
brasileiras, destacando-se: jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris), arara-azulgrande (Anodorhynchus hyacinthinus), ararajuba (Guarouba guarouba), gato-maracajá
(Leopardus wiedii), gato-do-mato-pequeno (L. tigrinus), jaguatirica (L. pardalis), gatomourisco (Puma yaguaroundi), gato-do-mato-grande (L. geoffroyi), gato-palheiro (L.
colocolo), cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus), lobo-guará (Chrysocyon
brachyurus),
raposinha-do-campo
(Pseudalopex
vetulus),
graxaim-do-campo
(Pseudalopex gymnocercus) e cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) (JOLY; BICUDO,
1999).
28
1.6 Centros de Triagem de Animais Silvestres
Muitos animais que se encontram cativos em zoológicos vieram de Centros de
Triagem de Animais Silvestres - CETAS e vários os alojam em suas dependências
físicas. Também existem os chamados Centros de Reabilitação de Animais Silvestres CRAS e o Centro de Estudos e Reintrodução de Animais Selvagens - CEREIAS, entre
outros, que recebem animais silvestres necessitando de especial atenção, como
cuidados médico-veterinários e alimentação adequada.
A Instrução Normativa nº169, de fevereiro de 2008 define como CETAS todo
empreendimento autorizado pelo IBAMA, somente de pessoa jurídica, com finalidade
de: receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar, reabilitar e destinar animais
silvestres provenientes da ação da fiscalização, resgates ou entrega voluntária de
particulares (IBAMA, 2008).
Já um CRAS, além disso, também pode criar recriar,
reproduzir, manter e reabilitar espécimes da fauna silvestre nativa para fins de
programas de reintrodução no ambiente natural.
Sendo assim, os CETAS tem a finalidade de receber, triar e tratar os animais
silvestres resgatados ou apreendidos pelos órgãos fiscalizadores, assim como
eventualmente, receber animais silvestres de particulares que os estavam mantendo
em cativeiro doméstico, de forma irregular, como animais de estimação. O trabalho de
recepcionar e triar animais implica em registrar a entrada de cada indivíduo, identificar a
espécie e o sexo (quando possível), buscar o máximo de informações quanto ao local
em que foi capturado e o tempo de cativeiro e alojar os animais em local adequado para
receberem os cuidados necessários. Os problemas veterinários mais usuais em centros
de triagem estão relacionados com atropelamentos, eletrocussões, maus tratos e
desnutrição (HOHLENWERGER; NUNES, 2006).
Os animais apreendidos, segundo a Lei nº 9605/98 em seu Cap. III, Art. 25, § 1º,
serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações ou
entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos
habilitados (IBAMA, 2000). Animais ameaçados de extinção são tratados de maneira
especial, caso a caso, seguindo recomendações de comitês internacionais, quando
existentes (BRASIL, 2003).
A quantidade de cativeiros que um CETAS necessita ter é relativa à quantidade e
29
variedade das espécies que os órgãos fiscalizadores costumam encontrar na região
onde o Centro está instalado. Para que um CETAS funcione corretamente, precisa
dispor em seu quadro de pessoal, de biólogos, médico-veterinário e tratadores, pois são
atividades complexas e requerem bastante conhecimento de quem as desempenha,
bem como outros profissionais, como ecólogos, zootecnistas, entre outras profissões
relacionadas.
Os Centros de Triagem são apoiados e supervisionados pelo IBAMA por meio de
termos de cooperação técnica e normalmente pertencem à instituições científicas,
jardins zoológicos, empresas privadas, fundações, ONG’s e secretarias estaduais ou
municipais. Por tratar-se de empreendimento que lida diretamente com vida, as suas
atividades não podem ser interrompidas repentinamente por falta de recursos. Dessa
forma, os CETAS normalmente são vinculados à pessoas jurídicas ou a órgãos de
governo.
Têm-se também o Centro de Reintrodução de Animais Selvagens - CEREIAS,
localizado em Barra do Riacho, Município de Aracruz/ES, o qual recebeu mais de 57 mil
animais desde 1993. Deste total, os passeriformes correspondem a 75,1%; seguidos
pelos quelônios com 8,43% e os psitacídeos com 6,93% das entradas. As solturas
correspondem a 79% dos animais que passaram pelo CEREIAS, e as transferências e
óbitos, a 2% e a 17%, respectivamente, segundo informações do site do Centro.
30
2. Justificativa
Os Zoológicos são tidos como colaboradores da conservação da diversidade
biológica, através de atividades de pesquisa, educação ambiental, programas de
manejo integrado de espécies e possíveis solturas. Eles mantêm em seus recintos um
grande número de animais, portanto se faz necessário saber de que forma colaboram
para a conservação dos mesmos, investigando seus meios de ação para alcançar os
objetivos propostos.
31
3. Objetivo Geral
Analisar a estrutura e as formas de gestão e manejo dos zoológicos do estado de
São Paulo avaliando o grau de contribuição dos mesmos para a conservação da
biodiversidade.
3.1 Objetivos Específicos
Realizar um diagnóstico dos zoológicos paulistas, levantando dados acerca de
estrutura física, tamanho, quadro de funcionários, adequação dos recintos,
sucesso reprodutivo, recebimento, destinação e manejo de animais, solturas e
translocações, atividades de educação ambiental, parcerias com outras
instituições, entre outros aspectos.
Atualizar os contatos dos zoológicos paulistas e elaborar um cadastro destas
instituições.
Discutir como os zoológicos paulistas colaboram com a conservação das
espécies da fauna silvestre.
32
4. Metodologia
4.1 Caracterização da área de estudo
Foram investigados todos os Jardins Zoológicos do Estado de São Paulo
localizados na região sudeste do Brasil, sendo um dos estados mais importantes e
significativo
em
número
de
habitantes
e
importância
econômica.
O Estado abrange uma área de 248.808.80 km2, está localizado entre as
coordenadas geográficas 20ºS a 25ºS e 44ºW a 53ºW (IBGE, 1997) e conta com 35
zoológicos, dado que precisa ser constantemente atualizado.
4.2 Métodos
Realizou-se uma ampla pesquisa bibliográfica para levantamento e atualização
dos endereços e contatos de todos os Zoológicos Paulistas. Os dados que serviram de
base foram retirados de Joly e Bicudo (1999) e de contatos com o IBAMA São Paulo.
Elaborou-se também um questionário piloto, composto por perguntas abertas,
semi-estruturadas (MARCONI; LAKATOS, 2002), o qual foi enviado para o Parque
Ecológico de São Carlos e Zoológico de Bauru. A partir daí elaborou-se um novo
questionário, de acordo com as sugestões apresentadas (ANEXO A), que foi enviado
para cada um dos Zoológicos Paulistas. Os estabelecimentos que não retornaram os
questionários foram contatados por telefone e/ou email e os questionários foram
reenviados. Este procedimento foi repetido 4 vezes, entre os anos de 2006 e 2008 até
que se obtivesse a maioria de questionários respondidos.
As respostas recebidas foram agrupadas para melhor compilação e análise dos
dados. Para dar maior suporte às discussões e conclusões, realizou-se visitas a alguns
zôos do Estado, sendo eles nas cidades de São Carlos, São Paulo (Zôo e ZôoSafári),
Leme, Americana, Ribeirão Preto, Bauru, Santos (Orquidário e Aquário), São Vicente,
São Bernardo do Campo, Campinas e Mogi Mirim.
33
5. Resultados e Discussão
Os estabelecimentos visitados para dar maior embasamento à pesquisa
apresentaram diferenças entre cuidados com a fauna cativa, tamanho e disposição de
recintos, área, infra-estrutura para lazer, entre outros aspectos, como pode ser visto nas
fotos de 01 a 09. Essa diversidade também foi evidenciada nos resultados obtidos pelos
questionários.
Savana Diegues 2007
Foto 01 - Fundação Parque Zoológico de São Paulo, São Paulo-SP.
34
Savana Diegues 2008
Foto 02 – Zoológico Municipal de Leme - SP.
Savana Diegues 2008
Foto 03 – Bosque Municipal Dr. Fábio Sá Barreto, Ribeirão Preto - SP.
35
Savana Diegues 2008
Foto 04 – Zoológico de São Vicente – SP.
Savana Diegues 2007
Foto 05 – Camelus bactrianus no ZooSafári, Fundação Zoológico de São Paulo –SP.
36
Savana Diegues 2007
Foto 06 – Tremarctus ornatus no Parque Ecológico Dr. Antônio T. Viana, São Carlos –SP.
Savana Diegues 2007
Foto 07 – Phoenicopterus sp no Orquidário de Santos – SP.
37
Savana Diegues 2008
Foto 08 – Zoológico de Mogi Mirim – SP.
Savana Diegues 2008
Foto 09 – Bosque dos Jequitibás, Campinas- SP.
38
Com as respostas recebidas pelos questionários, formou-se um cadastro
atualizado dos zôos paulistas, como pode ser visto no ANEXO B, e um panorama geral
sobre a situação atual dos mesmos, incluindo tamanho, adequação de recintos, projetos
de extensão e educação ambiental, recebimento e destinação de animais silvestres,
sucesso reprodutivo em cativeiro, quadro de funcionários, entre outros aspectos. Estes
dados ajudam a definir o papel dos Zoológicos paulistas na conservação da
biodiversidade.
O número destes estabelecimentos em funcionamento no Estado é de 35 e
recebeu-se 22 questionários respondidos, ou seja, 64,7% (Americana, Araçatuba,
Bauru, Boituva, Campinas, Catanduva, Dourado, Garça, Ilha Solteira, Itatiba, Leme,
Limeira, Mogi Mirim, Mogi Guaçu, Nova Odessa, Piracicaba, Orquidário de Santos, São
Carlos, São Paulo Safári, Zôo de São Paulo, Aquário de Santos e Guarulhos) e sabe-se
que outros 12 zôos encontram-se em funcionamento, embora não tenham retornado os
contatos (nos municípios de Jardinópolis, Ribeirão Preto, São Vicente, Sorocaba,
Sumaré, Taboão da Serra, Vargem Grande do Sul, São Bernardo do Campo, Pedreira,
Cubatão, Paulínia e São José do Rio Preto). O zoológico municipal de Guaira não
constava na bibliografia consultada, não é membro da Sociedade Paulista de
Zoológicos e não foi encontrado em outras fontes, portanto apesar de se encontrar em
funcionamento, não fez parte da pesquisa.
A obtenção destes dados é difícil e necessita de constantes atualizações. Os
contatos retirados de Joly e Bicudo (1999) indicavam 50 zoológicos no estado paulista.
Segundo informações do IBAMA, em listagem atualizada em dezembro de 2007, havia
24 zoológicos no Estado, incluindo os Aquários de Ubatuba e de São Paulo, os quais
não foram contatados pela pesquisa, pois foi considerado que se tratavam de aquários
particulares e sem os mesmos objetivos dos zoológicos. Também o Zoológico Vida
Selvagem, na cidade de Americana, embora presente na lista do IBAMA é de
administração particular e só mantém répteis, segundo informações obtidas e não foi
contatado.
Com as pesquisas realizadas obteve-se a informação que, destes 50 zôos
iniciais, muitos municípios não os possuem atualmente, sendo eles: Buri, Batatais,
Fernandópolis, São João da Boa Vista, Araras, Ibaté, Santa Bárbara d'Oeste,
39
Araraquara, São José do Rio Pardo, Guaratinguetá, Santo André, Amparo, Andradina,
Novo Horizonte, Jarinu, Cananéia e Lins.
Esta informação foi obtida de diferentes meios. Os municípios paulistas de Buri,
Batatais, Fernandópolis, Araras, Araraquara, Guaratinguetá, São João da Boa Vista,
Santa Bárbara d'Oeste, Novo Horizonte, Jarinu, Lins, Cananéia, Andradina e Santo
André responderam via e-mail, telefone ou carta de órgãos responsáveis, como
prefeituras ou demais envolvidos com os estabelecimentos. O zoológico de Ibaté era
de responsabilidade de uma empresa privada e, quando a mesma foi comprada por
outra o estabelecimento foi desativado, segundo informações de funcionários do local. A
informação sobre o fechamento do zôo de São José do Rio Pardo foi obtida através de
uma notícia em meio digital com declaração da bióloga responsável. Já os zoológicos
de Amparo e de Andradina foram fechados e seus animais foram destinados pelo
IBAMA, segundo informações de responsáveis, via telefone.
Os responsáveis por estes estabelecimentos têm formações variadas, como
engenheiro agrônomo, biólogo, médico veterinário, zootecnista e administrador de
empresas, como pode ser visto na figura 01.
Formação acadêmica dos responsáveis pelos
zoológicos paulistas
23,8
Biólogo
Zootecnista
47,6
Admnistrador de
empresas
Veterinário
19,0
4,8
Engenheiro
Agrônomo
4,8
Figura 01 – Porcentagem da formação acadêmica dos responsáveis pelos zoológicos paulistas.
Autoria: Savana Diegues
A pergunta sobre número de espécies nativas e exóticas não foi bem
40
compreendida, sendo que obteve-se diferentes respostas não comparáveis, como
número total de espécies em cativeiro e número apenas de espécies nativas.
Em relação à participação em projetos de soltura, 68% dos estabelecimentos
responderam negativamente e 35% possuem algum tipo de convênio ou parceria com a
Polícia Ambiental e/ou IBAMA.
A maioria (77%) não possui parceria com Centros de Triagem de Animais
Silvestres – CETAS. Estas respostas indicam uma falta de parcerias que ajudariam na
conservação das espécies, pois animais apreendidos do tráfico ilegal, por exemplo,
teriam mais condições de soltura e sobrevivência se o tempo em cativeiro e burocracias
fosse otimizado.
Os comentários e sugestões deixados pelos responsáveis que responderam aos
questionários envolveram pedidos de envio do trabalho concluído e opiniões como os
zôos se tornarem fontes de animais para soltura em áreas preservadas.
Dos questionários recebidos, separou-se os dados em relação ao ano de criação
em décadas para melhor visualização das respostas, variando entre 1881 a 2001.
De 1881 a 1890 apenas um Zôo foi criado, ficando até 1941 sem nenhum novo
registro. De 1941 a 1990 teve-se a média de 4 zôos criados por década e 1991 até o
presente, apenas 2 por década, como pode ser visto na Figura 02.
Zoológicos Paulistas criados por década
5
nº de zôos
4
3
2
1
20
pr 00
es
en
te
20
01
-
91
-
19
19
81
-
19
90
80
19
70
19
71
-
19
60
61
-
19
19
51
-
19
19
50
40
41
-
19
19
31
-
19
19
30
20
21
-
19
11
-
19
01
-
19
19
10
00
19
19
91
-
18
18
81
-
18
90
0
décadas
Figura 02 – Número de zoológicos criados no estado de São Paulo por década.
Autoria: Savana Diegues
41
A área do zoológico também foi um aspecto analisado e variou de 2 a 824 mil m2,
sendo que a média foi de 177 mil m2, como pode ser visto na Figura 03.
2
Área dos zoológicos paulistas (mil m )
SP-Zôológico
22
22
70 70
26
32 27
46
São Carlos
Itatiba
6
Bauru
80
824
Ilha Solteira
95
Leme
100
Boituva
Americana
117
Araçatuba
Campinas
120
Garça
SP- Zôo Safári
136
Mogi Mirim
Guarulhos
160
Piracicaba
Nova Odessa
740
180
Catanduva
Mogi-Guaçu
Limeira
Santos Orquidário
Dourado
480
Santos Aquário *
500
* Santos Aquário possui área muito pequena em relação aos outros (2 mil m2) e, portanto, sua legenda não aparece na
representação gráfica.
Figura 03 - Área total de cada zoológico paulista.
Autoria: Savana Diegues
Entre os objetivos dos zoológicos citados nos questionários, a Educação
Ambiental esteve presente em 86% das respostas recebidas, seguido por Lazer (59%),
Conservação (45%) e Pesquisa (45%). Em menores porcentagens citou-se Reprodução
42
em cativeiro (23%), Manutenção de animais (9%), Planos de manejo de espécies,
Recepção, Exposição e Reintrodução de animais, com 5% de citação cada, como pode
ser visto na Figura 04.
Objetivos citados pelos Zôos
Educação Ambiental
Conservação
Lazer
Pesquisa
Reprodução em cativeiro
Manter animais
Planos de manejo
Reintrodução
Exposição de animais
Recepção de animais
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
% de respostas
Figura 04 - Objetivos citados pelos zoológicos paulistas.
Autoria: Savana Diegues
Dentre os zoológicos que responderam ao questionário, 95% fazem adequação
da alimentação oferecida aos animais com sua alimentação em vida livre e algum tipo
de enriquecimento comportamental, o que é essencial para manutenção da saúde física
e mental dos animais, bem como os deixa mais próximos das condições adequadas
para possíveis solturas. Alguns exemplos de enriquecimento podem ser vistos nas fotos
10 e 11.
43
Savana Diegues 2005
Foto 10: Panthera onca explorando galhos do recinto (São Carlos-SP).
Savana Diegues 2008
Foto 11: Boa constrictor amaralis em recinto enriquecido (Ribeirão Preto-SP).
44
O grupo citado como maior número de indivíduos mortos por ano foi o das Aves,
em praticamente todos os questionários recebidos. Provavelmente isso deve ao fato
deste grupo ser o que possui maior número de indivíduos cativos, como pode ser
exemplificado nas fotos 12, 13 e 14, e também por apresentarem-se mais vulneráveis.
Este grupo é muito procurado como animal de estimação, o que incita o aumento
do tráfico de aves silvestres. O tráfico acarreta a apreensão destas aves, que após
passar por um Centro de Triagem, acabam tendo como destino zoológicos, aumentando
o plantel e sendo assim um grupo com grande número de indivíduos cativos. Têm-se
ainda que animais apreendidos normalmente encontram-se mais frágeis, devido ao
transporte, alimentação inadequada, manuseio, acarretando problemas de saúde, como
desnutrição e stress, favorecendo uma baixa sobrevivência.
Savana Diegues 2007
Foto 12: Pavo cristatus alba no Zôo Safári (São Paulo-SP).
45
Savana Diegues 2007
Foto 13: Asio clamator em cativeiro (Jundiaí-SP).
Savana Diegues 2008
Foto 14: Ramphastos toco em cativeiro (São Carlos-SP).
46
As causas de mortes em cativeiro mais citadas foram as infecções
(aproximadamente 37%) e o stress (mais de 21%). Também foram lembradas as
doenças
parasitárias
e
respiratórias
(15,8%
cada)
e
politraumatismos
(aproximadamente 10%). Pode-se perceber que os cuidados com o cativeiro são
imprescindíveis à saúde do animal. Preocupação com a higiene, tamanho, adequação
com o habitat, alimentação apropriada, bem-estar diminuem as doenças que acometem
os animais cativos, como o stress.
A porcentagem de sucesso reprodutivo em cativeiro foi considerada, para as
análises propostas, como Baixa até 35%, Intermediária de 35 a 75% e Alta acima de
75%, sendo que a maioria (45%) apresentam baixo sucesso reprodutivo. Isso pode se
dever ao fato de que as condições em cativeiro são muito diferentes das condições
naturais, portanto os animais não apresentam todos os comportamentos de vida livre e
pequenas alterações no display reprodutivo já comprometem, por exemplo, o
reconhecimento e aceitação das fêmeas. Nas fotos 15, 16 e 17 pode-se ver alguns
exemplo de animais que obtiveram sucesso reprodutivo em cativeiro.
Savana Diegues 2006
Foto 15: Callithrix sp com filhotes do Projeto CentroFauna (Botucatu-SP).
47
Savana Diegues 2005
Foto 16: Panthera onca com filhote nascido em cativeiro (São Carlos-SP).
Savana Diegues 2008
Foto 17: Tapirus terrestris com filhote nascido em cativeiro (Mogi Mirim-SP).
48
A opinião sobre soltura de animais silvestres foi considerada de grande
importância.
Elas abordaram diversos aspectos e a maioria das respostas obtidas
ressaltou a importância da escolha adequada da área de soltura (50%) e necessidade
de Planejamento e Pesquisa (41%).
A saúde do animal também foi considerada um fator importante (32%), bem
como o monitoramento pós-soltura (22%) e o tempo de cativeiro (18%). A importância e
valor genético para a população, a exigência de elevado investimento financeiro, a
necessidade de fiscalização constante e conformidade com a legislação foram citadas
em menos de 15% das respostas, como pode ser visto na Figura 05.
Aspectos importantes em relação à soltura de animais
5%
2%
5%
25%
7%
Área de soltura
Planejamento e Pesquisa
Saúde do animal
Monitoramento pós soltura
9%
Tempo de cativeiro
Valor genético
Muito Investimento
11%
20%
16%
Fiscalização
Legislação
Figura 05 – Aspectos considerados importantes, segundo respostas dos zoológicos paulistas, em relação
à soltura de animais.
Autoria: Savana Diegues
Ao serem questionados sobre se o estabelecimento estava alcançando seus
objetivos, 91% responderam afirmativamente. Os objetivos citados foram Educação
Ambiental, fiscalização, reprodução em cativeiro, pesquisa, banco genético, integração
com os visitantes e conservação (inclusive para as espécies ameaçadas).
49
6. Considerações Finais
Os resultados deste trabalho apontaram, sob muitos aspectos, uma ampla
variedade de respostas entre os zoológicos, gerando diferentes esforços para a
manutenção dos indivíduos cativos, conservação e manejo. Sendo assim, a
contribuição de cada um é diferente.
O papel deles para a conservação se faz principalmente em relação à educação
ambiental e pesquisa, faltando mais ações no manejo integrado de espécies, o qual
inclui a conservação ex situ e in situ, mostrando uma colaboração indireta na maioria
das vezes.
Há necessidade de mais parcerias com instituições de pesquisa e CETAS, infraestrutura e recursos humanos para que os Zoológicos participem efetivamente dos
programas de soltura, translocação e reintrodução de espécies silvestres nativas
cativas em ambiente natural, com projetos estruturados e profissionais capacitados.
Os zoológicos deveriam se envolver mais nestas questões e buscar, quando se
fizer necessário, realizar translocações e solturas, principalmente dos animais recebidos
diretamente do seu habitat original sem muito tempo de cativeiro, ressaltando-se
mesmo assim que um protocolo adequado de avaliação das condições de saúde,
zoonoses, monitoramento, com envolvimento de equipe multidisciplinar é indispensável.
Também é necessário centralizar as informações coletadas em zoológicos e
torná-las disponíveis à população, aos pesquisadores e aos órgãos públicos
interessados, como os resultados de projetos de pesquisa e materiais biológicos
analisados.
Para isso seria interessante a exigência de um cadastro das pesquisas em
andamento e também as em fase de projeto em todos os zoológicos estaduais, e até
mesmo nacionais, disponibilizando todos os seus resultados. O governo, através de
seus órgãos, deve aumentar a exigência de relatórios e atualizações, inclusive dos
dados básicos como contato e endereço dos zoológicos sob sua responsabilidade. Um
esforço recente e interessante nesse sentido é o SISFauna, que reúne os dados e
50
poderá disponibilizá-los se necessário.
Um programa de coleta sistemática e organizada de material biológico, fisiologia,
reprodução, comportamento e história de vida, entre outros deveria ser implantado,
para que as diferentes pesquisas científicas se complementem e gerem parâmetros
para demais trabalhos.
A administração destes estabelecimentos não deve medir esforços para
capacitar tratadores e funcionários, tornando-os agentes da conservação, pois saberão
notar qualquer alteração nos padrões comportamentais, alimentares e físicos dos
animais sob sua responsabilidade e estas informações tem muito a nos dizer sobre o
estado do animal e sua qualidade de vida no cativeiro.
Os zoológicos devem ser centros de divulgação e conhecimento da vida
silvestre, reservando mais espaço para informar o público visitante sobre a necessidade
de conservação adequada dos recursos naturais, incluindo a fauna. Uma boa opção
seria fomentar pesquisas, cursos, fóruns e workshops, por exemplo, sobre a origem dos
animais que abrigam e sua destinação quando em excesso, bem como divulgação de
instruções para compra legal de animais e procedimentos a serem adotados ao
encontrar animais silvestres em áreas urbanas, atingindo não apenas a comunidade
científica.
Cabe ainda ressaltar que, dos mais de 100 zoológicos brasileiros, apenas a
Fundação Parque Zoológico de São Paulo é membro da WAZA, além de obter em 2006
o certificado ISO 14001:2004. O ISO 14001 é uma norma internacionalmente aceita que
define os requisitos para estabelecer e operar um sistema de gestão ambiental.
Guardando as proporções cabíveis, projetos como este podem servir de base e
incentivo a outros zôos, pois a preocupação com a sustentabilidade e impactos
ambientais devem ser presentes nos estabelecimentos que lidam com conservação da
biodiversidade.
Também é importante ressaltar o avanço de pesquisas e publicações nesta área,
como visto em Seddon et al. (2007). Ainda temos como ponto positivo a Instrução
Normativa nº 169, de 2008, evidenciando a atual e crescente preocupação das políticas
públicas com a fauna silvestre brasileira, inclusive em cativeiro.
O enriquecimento ambiental, comportamental e alimentar deve ser priorizado nas
51
pesquisas e projetos a serem feitos nestes estabelecimentos, pois auxiliam na redução
do desenvolvimento de comportamentos estereotipados. Quando isto não ocorre a
possibilidade de soltura dos animais é minimizada e estudos de comportamento original
da espécie ficam prejudicados, alterando inclusive os padrões reprodutivos, dificultando
uma reprodução bem sucedida.
Os criadores particulares merecem especial atenção e, desde que haja respeito
à legislação vigente e fiscalização adequada, podem ser incentivados a expandir suas
atividades, pois fornecerão maior pool gênico às espécies em cativeiro. Estes criadores,
bem como os estabelecimentos conhecidos como “aquários”, deveriam seguir a mesma
legislação e exigências dos zoológicos, pois também mantêm sob sua responsabilidade
uma coleção de animais da fauna silvestre. Nesse sentido temos as exigências e regras
presentes na Instrução Normativa nº169, publicada no início de 2008.
Um grande entrave na realização deste estudo foi a dificuldade de encontrar
contatos atualizados dos zoológicos paulistas e obter respostas dos mesmos. Com isso,
percebe-se uma falta de conscientização e comunicação dos próprios responsáveis por
estes estabelecimentos, os quais muitas vezes não têm formação adequada à
administração nem idéia de seu potencial para a conservação da biodiversidade. Se
isto não for modificado, os zoológicos não passarão de “museus vivos”, apenas
apresentando sua coleção de animais para lazer dos seres humanos. Eles devem ser
uma fonte de serviços a serem prestados à sociedade e à natureza, inclusive para
espécies em seus habitats naturais e precisam ser melhor estruturados para explorar
adequadamente seu potencial para a conservação.
52
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Acesso em: abr 2008.
em
59
ANEXO A
Questionário enviado aos Zoológicos Paulistas
Nome do Zoológico:
Município:
Responsável (nome e grau de escolaridade):
Data de criação/fundação:
Objetivo do Zoológico:
Número de funcionários:
1. Qual é a área total do zoológico?
2. Qual o número de espécies nativas e exóticas em cativeiro?
3. Há uma adequação da alimentação oferecida aos animais com sua
alimentação em vida livre? E algum tipo de enriquecimento comportamental?
4. Qual a porcentagem de sucesso reprodutivo? (nascimentos de filhotes em
cativeiro)
5. Quantos animais morrem em cativeiro por ano? Quais os grupos mais
afetados? Quais são as causas mais comuns?
6. Há algum projeto de reintrodução ou soltura de animais na natureza? Estes
recebem algum treinamento ou acompanhamento para serem postos em
liberdade?
7. Há algum convênio/parceria com o IBAMA ou Polícia ambiental em relação
aos animais apreendidos? E alguma análise para escolha do local de soltura?
Em caso afirmativo explique.
8. Existe parcerias com CETAS (Centro de triagem de animais silvestres), tanto
para encaminhar como para receber animais?
9. Segundo a sua opinião, o zoológico está atingindo o objetivo de ser um dos
meios para a conservação de animais fora de seus ambientes naturais
(Conservação ex-situ)? Justifique sua resposta.
10. Qual sua opinião sobre soltura de animais silvestres. Justifique.
11. Deixe seus comentários/sugestões.
60
ANEXO B
Cadastro dos Zoológicos Paulistas
Parque Ecológico Municipal “Cid de Almeida Franco”
Av. Brasil, 2525
Jardim Ipiranga
CEP – 13465-000
Americana – SP
Zoológico Municipal de Araçatuba “Dr. Flávio Leite Ribeiro”
R. do Fico s/n
Jardim Dona Amélia
CEP – 16050-500
Araçatuba – SP
Parque Zoológico Municipal de Bauru
Av. Dr. Nuno de Assis, 1460
Jardim Santana
CEP – 17020-310
Bauru – SP
Parque Zoológico Municipal de Boituva
Av. Pedro Eid s/n
Bairro Pau D' Alho
CEP – 18550-000
Boituva – SP
Zoológico Bosque dos Jequitibás de Campinas
Rua Coronel Quirino, nº 02
Bosque dos Jequitibás
CEP:13025-000
Site:<http://www.campinas.sp.gov.br/campinas/atracoes/culturais/patrimonio/bosque_jeq
61
uitibas/>
Campinas-SP
Zoológico Municipal de Catanduva
R. Três de Maio, nº 17
Bairro Higienópolis
CEP:15804-085
Catanduva – SP
Zoológico de Cubatão – Parque Ecológico Cotia-Pará
Via Anchieta, Km 56,5.
Cubatão - SP
Zoológico de Dourado
R. Elpídio Ferreira, s/n
Cep: 13590-000
Dourado - SP
Bosque Municipal de Garça
R. Vital Soares s/n
Bairro Willian
CEP – 17400-000
Garça – SP
Zoológico Municipal “Joaquim Garcia Franco”
R. 13 nº 619.
CEP- 14790-000
Guaíra - SP
Site: <http://www.guaira.sp.gov.br:8080/guairaturistica/zoologico>
62
Jardim Zoológico Municipal de Guarulhos
Av. D. Glória Pagnoceli, 344
Jardim Santa Rosa
Cep: 07081-120
Site: <http://www.guarulhos.sp.gov.br/zoologico/>
Guarulhos- SP
Centro de Conservação de Fauna Silvestre de Ilha Solteira
Av. Brasil Norte, s/n
CEP:15385-000
Ilha Solteira – SP
Zôo Parque de Itatiba
Rodovia D. Pedro I, km 95,5
Caixa postal 219
Cep:13250-070
Site: <http://www.zooparque.com.br/>
Itatiba – SP
Zoológico de Jardinópolis
R. Rafael Argentato, 130
Bairro Nossa Senhora Aparecida
CEP:14680-000
Jardinópolis – SP
Parque Ecológico "Mourão"
Av. Taufic Nassif Mansur,12
Cep: 13610-000
Leme - SP
63
Parque Zoológico Municipal de Limeira
R. Boa Morte, 117
Cep: 13480-180
Site: <http://www.limeira.sp.gov.br/secretarias/turismo/files/guia/visitar/index.htm>
Limeira – SP
Centro de Educação Ambiental “Francisco Mendes”
R. Benevenor de Melo s/n
Jardim Bandeirantes
CEP – 13840-000
Site: <http://www.mogiguacu.sp.gov.br/pontos_turisticos.php>
Mogi Guaçu – SP
Zoológico Municipal de Mogi Mirim
Rua Vereador Simão Ferreira Alves, 11
Jd. Primavera
CEP:13801-525
Site: <http://201.91.124.44:8080/portal/sobre-mogi-mirim/pontos-turisticos>
Mogi Mirim - SP
Parque Ecológico “M. Isidoro Bordon”
R. João Bolzan, 475
Bairro Planalto
CEP:13460-000
Nova Odessa – SP
Zôo Bosque Municipal de Pedreira
R. Santos Dumont, 147
Jardim Primavera
CEP – 13920-000
Pedreira – SP
64
Zoológico Municipal de Piracicaba
Av. Marechal Castelo Branco, 426
13412-000
Site: <http://www.sedema.piracicaba.sp.gov.br/conteudo.php?info=prea>
Piracicaba- SP
Bosque Municipal “Dr. Fábio Sá Barreto”
Rua Tamandaré,390
Jardim Mosteiro
Cep:14085-250
Ribeirão Preto- SP
Aquário de Santos
Av Bartolomeu de Gusmão, s/n
CEP: 11035-500
Site: <http://www.vivasantos.com.br/aquario/>
Santos – SP
Parque e Zoológico Orquidário Municipal de Santos
Praça Washington s/n
José Menino
CEP – 11065-600
Santos – SP
Zoológico Parque “Chico Mendes”
Av. Portugal, s/n
Bairro Estoril Riacho Grande
CEP – 09831-000
São Bernardo do Campo - SP
65
Parque Ecológico “Dr. Antonio C. Viana”
R. São Joaquim, 979.
CEP – 13560-161
Site: <http://www.pesc.org.br/>
São Carlos - SP
Fundação Parque Zoológico de São Paulo
Av. Miguel Stéfano, 4241.
Água Funda
CEP – 04301-905
Site: < http://www.zoologico.sp.gov.br/>
São Paulo – SP
Zôo Safári de São Paulo
Av. do Cursino, 6338.
Vila Moraes
CEP – 04301-905
Site: <http://www.zoologico.sp.gov.br/zoosafari/>
São Paulo – SP
Horto Municipal de São Vicente – Parque Ecológico Voturuá
Rua Juiz de Fora, s/n
Vila Voturuá
CEP: 11380-300
São Vicente/SP
Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”
R. Teodoro Kaizel, 883.
Vila Hortência
CEP – 18021-020
Site: <http://zoo.sorocaba.sp.gov.br/>
66
Sorocaba – SP
Zoológico Municipal “Henrique Pedroni”
Av. Marcelo Pedroni, 1255.
Jd. Franceschini
Cep: 13170-000
Sumaré - SP
Parque das Hortências
Praça Miguel Ortegas, 500
Parque Assunção
CEP – 06754-910
Site: <http://www.parquedashortensias.com/>
Taboão da Serra – SP
Zoológico Municipal de Vargem Grande do Sul
Praça Washington Luis, 660
CEP – 13880-000
Vargem Grande do Sul – SP
67
“O papel dos zoológicos paulistas na conservação da diversidade biológica”
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Instituto de Biociências da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Campus de Rio
Claro, para obtenção do grau de Ecólogo
_______________________
_______________________
Graduanda
Orientadora
Savana Diegues
Profa. Dra. Maria Inez Pagani
Rio Claro
2008