Carta a D. José da Cruz Policarpo

Transcrição

Carta a D. José da Cruz Policarpo
Site Distrital de Leiria - Bloco de Esquerda
Carta a D. José da Cruz Policarpo
Terça, 20 Janeiro 2009
Quero através deste suporte, prolongar-me na escrita a José Policarpo, para mostrar-lhe como me afecta
convulsamente as suas naives e ostracizantes declarações sobre a vida em sociedade, diria até, sem bico de mama que
aguente tamanha ridicularia discursiva.
Não sou mulher de missa, aliás convém ficar desde já a saber, que sou objectivamente Anti-religião, neste caso
profundamente Anti-cristianismo, e porquê?, porque é uma ideologia sem pés, mãos, nem cabeça? Não, mais que isso.
O grande problema está em ter só pés, mãos e cabeça (não nos podemos esquecer o quão essencial foi a esporra do
espírito santo para a fecundação da virgem, e que mesmo antes do intenso processo(imagino eu que deve ter sido
bastante intenso), logo o anjo gabriel disse à virgem, que não teve qualquer hipótese de recusar o contrato, que sem
margem pra dúvidas iria ter um filho, homem portanto, pois, compeendo, provavelmente se fosse filha lá teria deus
que recorrer ao infanticídio), falta-lhe toda uma anatomia necessária a uma razoável fluidez social, já para não falar de
fluidez sanguínea, que certamente o José Policarpo tanto deve apreciar quando declama o «verbo feito carne».
Devo dizer que foi deveras complicado ler o vosso médium espiritual,
que se saiba «a bíblia», apesar de já ter no meu circuito digestivo uma
vasta pesquisa e por experiência saber o que defende e quais os
interesses que foram e são usados para a manutenção e divulgação do
cristianismo, ler aquele conjunto de livros de "escrituras sagradas"
provoca-me arrepios da retina ao ânus, arrepios de nervos e de vómitos,
páginas e páginas e páginas, enfim, é horrorizante, é deprimente, é-me
incompreensível o manter e o poder actuais de tal objecto para fins e
afins culturais, sem que a estrutura dos direitos do ser humano,
direitos da Mulher e do Homem a desautorize, a descredibilize, lhe
ponha fim.
É um dogma com um seguir histórico notável, notável na
relação socialmente permissiva do abuso de poder, repare-se que, para a
maior parte das instituições estruturantes da cultura, das quais a
igreja católica tem uma presença significativa, a violência entre os
corpos é sinónimo de estabilidade social, a violência é estimulada como
método necessário para uma selecção de comportamentos capazes de
proporcionar um futuro colectivo superior.
Ora não sou darwinista, não
sou hedonista, não sou leninista, salazarista(et cetera), nem
simpatizante do complexo de édipo, repugna-me qualquer que seja a
ideologia que se aproxime de um prefácio nazi, o cristianismo tem, sem
dúvida, esse prefácio, muito bem ocultado pelas manifestadas alegorias
da bondade contra almas malignas.
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Fossem todas as falhas da humanidade
do tamanho do visível quadradinho branco que delicadamente lhe massaja
a goela e poderia defecar à vontade sem sequer pensar na condição de
ser-se humano.
Defendo a liberdade criativa e a expressão do que é
abstracto, não respeito livros "sagrados" que excluam pessoas dessa
mesma liberdade, que excluam pessoas enquanto intelecto, enquanto seres
capazes de ser capaz, respeito a crença em forças invisivelmente
superiores, até porque há toda uma impossibilidade de saber o mistério
das coisas quando fora do nosso globo ocular, não respeito o exercício
de domínio, a perversidade de permitir o tratar desigual, fazer-nos
aceitar a impossibilidade de mudar as nossas acções, porque o que de
facto conta é o mundo que há-de vir, a dimensão da eterna felicidade e
não o mundo em que as nossas acções têm consequências, respeito
qualquer liberdade espiritual, desde que não entre em paranóias
bizarras da separação entre o bem e o mal, bizarro ao ponto de se poder
ferir e matar com a justificação de que é-se torneira da inspiração
directa de um deus, tal qual foram os homens que escreveram, em tempos
antigos, o que o próprio José Policarpo preserva sagradamente.
Todo
este discurso para dizer-lhe que espero exaustivamente e ansiosamente
que tenha tento na língua quando fizer próximas declarações à
humanidade, quando falar de pobreza, de violência, de guerra, de
sexualidade, de tudo o que não seja heterossexual, da dignidade da
mulher, lembre-se que a sua doutrina fomenta e discrimina o que irónica
e hipocritamente diz defender, diz ser preocupação. Enfim, quero
acrescentar que canto o broche como canto qualquer relação entre
pernas, estou definitivamente farta de mitras cheias de nada, farta de
«Anitas presas no bairro alto», as relações entre os corpos devem ser
primeiro que tudo de responsabilidade individual, responsabilidade de
quem depende de uma vivência colectiva, e não, abarter-se
comportamentos pois a imagem de um deus de erecção visceral assim
determina.
Teria muito mais a acrescentar...
Nota: Esta carta poderia
ser dedicada, de igual modo, ao actual papa Bento XVI, ou a qualquer um
destes Ex.mos senhores do conhecimento humano.
De Telma de Jesus
Laborinho Ferreira, com todo o respeito por si, enquanto indivíduo,
enquanto cidadão, não enquanto precursor católico.
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publicado originalmente em http://jeunegarde.blogspot.com/
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