Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) Nome comum: Coelho

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Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus) Nome comum: Coelho
Coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus)
Nome comum: Coelho-bravo
Nome científico: Oryctolagus cuniculus
Peso: 1,2 a 2 Kg
Comprimento: 35 a 50 cm
Fenologia: Residente
Espécie cinegética de pêlo, coelho-europeu ou coelho-comum (Oryctolagus cuniculus), é
um mamífero lagomorfo, da família dos Leporídeos, que existe no estado selvagem
(coelho-bravo), havendo também muitas subespécies domesticadas em quase todo o planeta
(coelho-doméstico). Útil como alimento, e pela pele, usada para confeccionar vestuário. Há
uma crendice popular que reza ser o pé de coelho um amuleto de boa sorte. Hoje em dia é
também frequente as pessoas criarem coelhos como animais de estimação - principalmente,
os coelhos albinos.
A redução das populações deste lagomorfo na Península Ibérica deve-se a uma conjugação
de factores: dois focos de doenças, mixomatose (1960) e hemorrágica viral (1990); maior
competição com herbívoros de grande porte; elevada densidade de predadores generalistas,
principalmente de raposa (Vulpes vulpes); acção do Homem; perda do uso tradicional do
solo e consequente abandono da terra.
A sua área de distribuição estende-se por toda a Europa, pelo Norte de África, Austrália,
Nova Zelândia, Argentina e Chile. Em Portugal encontra-se em todas as regiões.
O seu pêlo é de uma cor pardo acinzentada terrosa, mais escura na cabeça do que no dorso,
à excepção do ventre e da parte externa das coxas que são brancos. As orelhas, medindo
entre 6,5 a 7,5 cm, são acinzentadas na metade posterior e os pêlos do bordo anterior são
esbranquiçados. À volta dos olhos apresentam um círculo claro mal definido. Os bigodes
são castanhos e pouco compridos. A cauda é cinzento acastanhado na parte de cima e
branca por baixo, formando um pequeno tufo (com 4 a 6 cm). As patas posteriores são
alongadas (podem ter 8 a 9 cm) de cor pardas acinzentadas claras, apresentando uma risca
branca larga. As unhas são grandes e afiadas, constituindo uma ferramenta imprescindível
para a escavação de tocas e para ajudar à rápida fuga.
Esta espécie não apresenta dimorfismo sexual, pelo que somente se faz a distinção pela
observação directa dos órgãos sexuais, embora as fêmeas tendam a ser mais compridas e
pesadas.
É bastante sociável vivendo em colónias. Constrói tocas comunitárias constituídas por
numerosas e extensas galerias ligadas entre si com várias entradas e saídas. A distribuição
das tocas está relacionada com o tipo de solo, de relevo, da água, da presença de árvores, da
disponibilidade de alimento. Preferem locais com arbustos mais altos e zonas adjacentes às
árvores. Existem tocas específicas para os partos (normalmente situadas perto das tocas das
colónias, que são construídas cerca de dois dias antes do parto. A preparação destas tocas é
da responsabilidade da fêmea. No fundo destas tocas ela dispõe ervas, folhas secas e pelos
que arranca do seu próprio ventre. As crias permanecem aí durante 19 a 21 dias, passando
então para as tocas de habitação das colónias. Passado seis meses após o parto, os juvenis
tornam-se adultos.
Normalmente não se afastam muito dos trilhos definidos e a vigilância é realizada por
todos. Não vê bem em frente (visão lateral é melhor), mas a audição é excelente (apoiada
pelas longas orelhas) bem como o olfacto (por isso os movimentos constantes do nariz). É
vulgar ver os coelhos em alerta, erguidos sobre as patas traseiras, com as anteriores
pendentes, e ao mais pequeno sinal de perigo, batem com as patas traseiras no solo
produzindo um som de alarme (os restantes membros da colónia fogem para os abrigos
mais próximos).
O macho delimita o território da colónia e é responsável por expulsar os intrusos, tem a
capacidade de reproduzir-se em qualquer altura do ano (caso tenha condições favoráveis de
clima e alimentação). A taxa de reprodução máxima é verificada nos meses de Janeiro a
Maio e normalmente durante os meses de Julho e Setembro não se reproduzem (devido ao
clima e falta de alimento).
Em média as fêmeas realizam 3 a 5 partos por ano, e a ninhada pode ser constituída por 1 a
7 láparos (que nascem cegos, surdos e sem pêlo) com cerca de 60 grama cada. Uma
população de coelhos saudável, gerida de forma sustentável poderá assim crescer de 3 a 6
vezes num ano. O ciclo reprodutor desta espécie é regulado pelo fotoperíodo.
Os coelhos alimentam-se do que o meio lhe oferece, come rebentos e outras partes tenras
das plantas, elegendo as gramíneas e as dicotiledóneas. Come cereais enquanto verdes,
raízes, rebentos e cascas de árvores são também a base da sua alimentação. Pode dizer-se
que a sua dieta muda ao longo do tempo e do espaço, consoante as alterações na quantidade
e qualidade do alimento disponível.
A necessidade em água é suprimida principalmente pela ingestão quer de vegetais
suculentos quer de gotas de orvalho, não bebendo normalmente água.
A utilização do coberto como defesa contra predadores varia consoante a altura do dia. Nas
horas de sol usam locais com vegetação mais densa (para se esconderem das aves de
rapina), à noite preferem zonas mais abertas onde poderão detectar mais facilmente o
perigo não caindo na armadilha dos predadores de emboscada. Assim, o coelho altera o seu
ciclo circadiano consoante a predação é maior durante a noite ou durante o dia, consoante a
disponibilidade de alimento, a distribuição possível de tocas (e de entradas e saídas) e o tipo
de coberto.
Como é uma espécie que se cansa rapidamente, a estratégia de fuga está em corridas
rápidas e curtas em direcção às tocas ou a locais onde se possa esconder (zonas arbustivas,
silvados), não se afastando muito das tocas.
Esta espécie necessita duma gestão cuidada, pois apesar ser uma espécie com elevada taxa
de reprodução, nos últimos anos têm sofrido uma diminuição devido à mixomatose e á
hemorrágica viral, causando ambas uma mortalidade elevada de indivíduos.
O coelho pode constituir uma praga se o tamanho da população for muito grande. Nestas
situações pode ser responsável por danos avultados na agricultura e silvicultura. Esta acção
do coelho foi agravada em alguns países onde foi introduzido, pois devido às alterações do
uso do solo e à ausência de predadores tornou-se uma praga, tendo as suas populações
atingido dimensões gigantescas.
Tem como predadores a raposa, o saca-rabos e o javali, o lince e a águia-imperial-ibérica
(espécies classificadas como ameaçadas) e alguns necrófagos (abutre-do-egipto e do abutrenegro).
Para que ocorra uma gestão desta espécie, contrariando os efeitos das doenças e de
repovoamentos mal feitos. De entre o conjunto de medidas, podemos salientar:
 Controle das doenças (remoção de animais mortos e de outros possíveis focos de
infecção);
 Alimento disponível em qualidade e quantidade;

Locais secos para construção das tocas e construção de tocas artificiais caso
necessário;
 Controle de predadores (principalmente os mamíferos) de acordo com a lei;
 Gestão racional da pressão cinegética;
 Os repovoamentos devem ser bem-feitos (na altura correcta, utilizando parques bem
construídos), respeitando o período de quarentena e tendo em atenção a
proveniência dos indivíduos (efectivos vacinados e preferencialmente de zonas o
mais próximo possível do local onde estes serão largados).
A recuperação das populações bravias deste pequeno herbívoro é fundamental não só para
o sector cinegético e para a economia das populações rurais, mas também para a
conservação dos recursos naturais do nosso país.
Fonte: CONFAGRI