INDUSTRIA
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DEZEMBRO 2014 VOLUMEN 1 NÚMERO 4 INDUSTRIA ALIMENTICIA A REVISTA PARA OS PROCESSADORES DE ALIMENTOS NO BRASIL BRASIL ESTADO DA INDUSTRIA NA AMÉRICA LATINA ENCONTRE O FORNECEDOR CERTO NÃO PERCA TEMPO PROCURANDO FORNECEDORES Encontre no guia de compra as empresas e indústrias de alimentos e bebidas de confiança. Visite: http://guide.industriaalimenticia.com Ou escaneie o código: Obtenha o aplicativo gratuitamente em www.industriaalimenticia.com Dezembro 2014 INDUSTRIA ALIMENTICIA 3 4 INDUSTRIA ALIMENTICIA Dezembro 2014 www.industriaalimenticia.com EstADo DA iNDustriA NA AMéricA LAtiNA A indústria de alimentos e bebidas não foi muito afetada pelas crises econômicas dos últimos anos, no entanto isso não significa que sempre haja um período de abundância no setor, já que a realidade mostra que as tendências e os tipos de consumo são afetados pela capacidade aquisitiva do cidadão comum. Durante estes meses de 2014, temos visto o reflexo das previsões de declínio dos dois mercados mais importantes da América Latina, Brasil e México e, apesar de que um campeonato mundial de futebol ofereça números pouco estáveis em comparação com um ano normal, a redução de crescimento destas economias, prevista em 2013, está ocorrendo. Mas o panorama não é totalmente negativo, já que se espera um aumento do crescimento para 2015, 2016 e inclusive 2017, apesar de parecer muito distante para prognosticar. www.industriaalimenticia.com Dezembro 2014 INDUSTRIA ALIMENTICIA 5 EstADo DA iNDustriA NA AMéricA LAtiNA c omo de costume, o continente americano não está alheio às situações que ocorrem no panorama global e o recente conflito entre Rússia e Ucrânia abriu uma série de possibilidades e oportunidades para os produtores de alimentos da América Latina. É claro que não sem nenhuma polêmica e certo grau de carga moral devido à natureza dessas oportunidades. Setores como o de carne e o agropecuário veem as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia como uma porta giratória cuja próxima parada pode ser tão benéfica como nefasta, é com certeza uma questão de ponto de vista. Enquanto os mercados do Peru, da Colômbia e do Chile continuam mostrando fortaleza nos seus crescimentos, outros mercados menores em volume como o da Costa Rica, da Guatemala ou dos países do Caribe (incluindo o Haiti) mostram certo otimismo em seus números macroeconômicos, embora isso, em seguida, se mostre longe da realidade vivida nas ruas. A situação da economia argentina certamente é preocupante devido às imposições governamentais que já afetaram a sua competitividade neste ano em setores chaves historicamente como o de carne e o lácteo. Os problemas da dívida externa e um populismo que parece cada vez menos populista e mais irracional afeta o setor alimentício e muitos outros do país. A situação da Venezuela não é menos preocupante. Os problemas deste país se estendem além da indústria de alimentos e passa pelo transporte e pelos produtos de beleza em termos econômicos que são cada vez mais insustentáveis. Um dos aspectos mais notáveis é a consolidação da gastronomia latina no panorama internacional. A esperada presença de 4 restaurantes de países latinos entre os melhores do planeta é só uma ode à gastronomia diversa latinoamericana e ao reconhecimento do talento culinário da região. Peru, que consolida dois restaurantes entre os melhores, mostra mais uma vez que a sua gastronomia pode ser a próxima grande tendência global, já que não são poucas as cidades do mundo que adotam os restaurantes peruanos entre os mais chiques da variada oferta. cArNEs O setor de carne é um dos mais influenciados pelas sanções impostas sobre a Rússia e pelas reações posteriores de proibição por parte do governo russo. A Argentina continua sendo um dos mercados produtores e exportadores mais desfavorecidos por seus problemas econômicos e por suas regulações internas. Um histórico produtor mundial de carne de vaca saiu no ano passado do top 10 de exportadores a nível mundial e ocupa também neste ano o posto 11 da lista. De acordo com os especialistas, as limitações impostas pelo governo em conjunto com o aumento dos custos da produção fazem com que seja inviável aumentar a produção, portanto se espera que o leve aumento em toneladas métricas não seja mais que um 6 INDUSTRIA ALIMENTICIA Dezembro 2014 aumento marginal e insignificante. A classificação dos maiores exportadores é liderada pelo Brasil, que exportou mais de 2 milhões de toneladas métricas de carne de vaca. É seguido pela Austrália e a Nova Zelândia, e logo depois pelo Uruguai, que se consolida no quarto posto da lista com 385.000 toneladas métricas de carne de vaca exportadas. O Canadá ocupa o quinto lugar seguido pelo Paraguai, que possui um plano agressivo para poder subir mais um lugar na lista e se converter no quinto exportador mundial. De acordo com o informado pelas autoridades do país, novos critérios de regulação com respeito à inocuidade alimentária estão sendo implantados para que o Paraguai possa exportar os seus produtos a mercados que até agora tinham denegado tal acesso, como os dos Estados Unidos, Europa e China. As mesmas autoridades afirmam que esperam uma duplicação na quantidade exportada durante os próximos seis anos. O Paraguai exporta 73% da carne que produz principalmente aos mercados do Brasil, Chile e Rússia, no entanto são os maiores os interessados em se consolidarem como exportadores mundiais. O mercado de carne mais preocupante continua sendo o venezuelano. Enquanto que no ano de 1998 a indústria era completamente auto-suficiente no cumprimento da demanda doméstica (99% doméstico, 1% de exportação), no ano de 2012 chegou a importar 48% da carne para o consumo doméstico. O Presidente da FEDENAGA, Federación Nacional de Ganadores de Venezuela, declarou que a indústria está em falência e que será necessária uma forte injeção de capital para que possa ser competitiva novamente. A modificação artificial do valor do Bolívar para alguns produtos dos muitos que a Venezuela importa tem causado estragos nos custos www.industriaalimenticia.com de produção. Inclusive não está claro que tipo de câmbio será aplicado à alimentação do gado, ao gado, à medicina e aos equipamentos de produção. Além disso, em muitas ocasiões os preços têm sido limitados para evitar, de maneira artificial, o aumento da inflação, sobretudo durante a época do Chavez. Todos esses fatores fizeram com que a produção diminuísse de 407.601 toneladas métricas em 1998 a 360.000 toneladas métricas em 2012. Avícola O mercado global de carnes avícolas tem desacelerado principalmente devido à diminuição do crescimento da população asiática. Estima-se que o crescimento desta população seja, até o ano de 2023, de 1%, tendo sido de 1,2% durante a década anterior. No entanto, nem todos os www.industriaalimenticia.com números são negativos. De acordo com os números da OECD e da FAO, é esperado um crescimento global de 2,4 kg no consumo de carne para o ano de 2023, o que fixará o valor do consumo global em 36,3 kg. Este número é relevante, pois durante esse tempo se espera que o consumo de carne avícola, que atualmente é de 13,2 kg, alcance os 14,9 kg por pessoa. Este aumento significa que 70% do aumento total esperado no consumo de carne corresponde à carne avícola. O mercado argentino é um dos protagonistas inesperados para o ano de 2015. Com um aumento previsível de 3,4% da produção avícola em relação a 2014 e, alcançando o recorde de 2,15 milhões de toneladas métricas de produção, se vislumbra como um dos produtores que mais benefícios pode obter da demanda recente do mercado russo. Isso talvez contraste com o declínio do consumo doméstico que, se estima, alcançou sua maturação como mercado com um consumo de 41 kg por pessoa por ano. Sendo um dos mercados consumidores de carne de vaca mais importantes a nível global, é um marco histórico ter alcançado este número quando há somente 10 anos o consumo era de apenas 22 kg por pessoa por ano. Mesmo assim, o líder indiscutível no continente é o Brasil, que é o maior exportador de carne de frango no mundo desde o ano de 2004 interrompidamente. É também o terceiro produtor de carne de frango, atrás somente dos Estados Unidos e da China. Os números mostram que a produção destinada à exportação aumentou quase 200% de 2000 até o momento e em um estudo publicado no Reino Unido em Continua na página 8 Dezembro 2014 INDUSTRIA ALIMENTICIA 7 EstADo DA Porco sem fronteiras iNDustriA Recentemente alguns dos países que participam da TPP (Trans Pacific Partnership), formada pela Australia, o Brunei Darussalam, a Canadá, o Chile, o Japão, a Malásia, o México, a Nova Zelândia, o Peru, a Singapura, os Estados Unidos e o Vietnã, têm pedido que as barreiras comerciais sejam eliminadas para a comercialização de produtos suínos. Está claro que nem todos os países realizaram esta petição, mas alguns como o México reclamam que as barreiras sejam eliminadas de acordo com os objetivos estabelecidos pela TPP. Por exemplo, o Japão impõe um Gate Price (equivalente ao preço de entrada), que muitas vezes equipara os fornecedores em termos de preço, eliminando qualquer vantagem competitiva independente da qualidade ou de outros fatores. Apesar de parecer pouco relevante, a não retirada desse tipo de imposição para os países em questão marca uma importante «violação» do conceito do tratado e, em muitas ocasiões, impede que esse tipo de tratado tenha êxito global. Por outro lado, como um sinal da efetividade do acordo entre os Estados Unidos e a Colômbia, este último recebeu o primeiro carregamento de carne fria suína procedente do país norte-americano. Isso é um marco histórico, já que não acontecia há muito tempo e graças ao Tratado US-CPTA que foi assinado em 2012, as exportações suínas (além da carne fria) aumentaram drasticamente, inclusive em porcentagens maiores a 70%. NA AMéricA LAtiNA 2008, se estimou que a indústria produz utilizando 25% menos de eletricidade e 17% menos de água que a indústria no Reino Unido. Isso mostra a preocupação pelo meio ambiente e a sustentabilidade da indústria no Brasil. Mas talvez o aspecto mais chamativo da indústria brasileira seja o auge dos mercados dos Emirados Árabes Unidos, da Arabia Saudita, do Barein e do Sudão para a exportação de ovos, crescendo 23% em relação ao mesmo período do ano de 2013 e conseguindo uma faturação de US$ 16,5 milhões (de janeiro até agosto). Isso se deve em parte à ênfase da região, mas também se deve à perda de quota de mercado na Angola, um dos mercados mais importantes para o Brasil. A mudança da regulação juntamente com a implantação de licenças específicas a fim de proteger a indústria local tem feito com que os produtores brasileiros procurem outros mercados onde vender os seus produtos. 8 INDUSTRIA ALIMENTICIA Dezembro 2014 Apesar dos cortes reais e estimados no crescimento da economia mexicana para o ano de 2014, os especialistas do Rabobank sugerem que há fatores importantes que farão www.industriaalimenticia.com com que aumentem os preços e as margens de lucro da indústria de carne. O México é o sexto produtor mundial de carne avícola e as previsões sugerem que será o exportador número um no ano de 2015. Segundo os dados do El Economista, o México tem atualmente uma porcentagem de crescimento acumulado de 68,7%, superando os 44,7% da China e os 27,4% da Arábia Saudita. Além disso, no período entre 2013 e 2023 o México se converterá no mercado com maior crescimento de compras externas de produtos avícolas. O plano de investimento anunciado neste ano para a modernização da infraestrutura e da produção avícola no país, em conjunto com o investimento público e a alta competitividade da manufatura mexicana, fazem com que o otimismo seja real. BEBiDAs O ano de 2013 apresentou um crescimento em quase todos os subsegmentos da categoria, mas é muito provável que os números de 2014 sejam um pouco diferentes da realidade, devido ao crescimento gerado pelo fato de sediar um evento como a Copa do Mundo. Os varejistas e as grandes marcas associadas ou patrocinadoras do evento esperam um crescimento acima da média. Este é o caso da Coca-Cola FEMSA e da Budweiser, apesar de que é esperado que todas as marcas com presença no mercado brasileiro se beneficiem do evento. Entretanto, www.industriaalimenticia.com o caso do México representa uma particularidade no setor, uma vez que as bebidas de alto teor calórico terão um imposto adicional, como parte da nova regulamentação sobre “junk food”. Dessa forma, os consumidores pagarão um peso mexicano a mais por cada litro de bebidas aromatizadas, além de concentrados, xaropes, pós, essências e extratos aromáticos que são misturados para produzi-las. Por sua vez, o setor enfrenta uma preocupação adicional. Muitos especialistas têm expressado preocupação com o fenômeno da privatização da água. O Brasil tem 11,3% da água doce do mundo e 53% da água doce da América Latina. Ao contrário do que acontece em países europeus ou nos Estados Unidos, pouco a pouco e por meio de estratégias legais, a posse da água passa para mãos privadas, tornando mais complexo o controle sobre a demanda e os preços. De acordo com os dados relacionados à venda de refrigerantes a preço minorista, existem 4 mercados que abarcam 74% das vendas desse tipo de bebidas. Esses mercados são: o México (US$ 36,6 trilhões), o Brasil (US$ 42,7 trilhões), a Argentina (US$ 14,7 trilhões) e a Venezuela (US$ 10,3 trilhões). Dentro desses mercados o México e a Argentina superam as quantidades de consumo per capita da Europa ocidental e dos Estados Unidos. E a Argentina é o país com maior crescimento com 12% de crescimento anual acumulado para o período de 2007 a 2012. O México é um dos líderes no consumo mundial de água engarrafada. Um número estimado de 18 milhões de litros de água foram vendidos em 2013, um aumento de 15% no mercado em relação ao ano anterior. Vinhos O mercado mundial de vinhos é cada vez mais competitivo e, apesar de que muitos dos caldos produzidos pelos latino-americanos sejam de primeiro nível, há outros fatores que marcam o futuro do setor tanto em vendas como em consumo. O ano de 2013 presenciou um crescimento de 4% no consumo de vinhos da América Latina em relação ao ano de 2012. Por outro lado, o preço tem diminuído devido ao aumento do inventário lançado ao mercado com menores preços por muitos distribuidores espanhóis. Essa redução de preço teve um efeito cascata em alguns casos, reduzindo os preços dos vinhos locais. No Uruguai, o panorama da viticultura foi positivo depois de um ano anterior complicado devido à chuva de granizo, que prejudicou muitos dos produtores uruguaios. O Uruguai consumiu uns três milhões de litros de vinho em 2013, situando-se como o segundo país da América Latina em consumo e o 12º a nível mundial. O consumo doméstico também aumentou, revertendo uma tendência negativa dos anos anteriores. Também foi registrado um aumento de 10% Continua na página 10 Dezembro 2014 INDUSTRIA ALIMENTICIA 9 EstADo DA iNDustriA NA AMéricA LAtiNA no consumo de vinhos nacionais, em vez de vinhos importados, no mercado uruguaio. A parte mais negativa do ano corresponde ao último trimestre, quando houve o desembarque do inventário de vinhos espanhóis, saturando o mercado local, o que provocou a redução dos preços. A subsequente exportação dos vinhos uruguaios, principalmente para a China e a Rússia, permitiu recuperar parte da redução estimada em 15% do valor. Isso abre as portas para encontrar novos destinos para vinhos uruguaios, como o Brasil, os EUA, a Suécia, a Canadá ou a Inglaterra. O México, por sua vez, se apresenta como um mercado diferente em termos de vinho. Embora não demonstre uma tendência evidente de crescimento constante do consumo regular de vinho, seu volume de produção aumentou de 900.000 garrafas por ano, em 2004, para um total de 1.700.000 de garrafas no fechamento do ano de 2013. Esses números variam nas diferentes fontes consultadas, mas nem todo o vinho produzido é engarrafado para venda no varejo. O setor privado reclama da falta de apoio do governo e da ausência de uma denominação de origem, no entanto, há um contraste com a grande variedade de climas do México e com a boa qualidade dos vinhos produzidos principalmente na Baja California. No entanto, por meio de um plano diretor, o México planeja dobrar a área de cultivo de videiras até 2020. Enquanto o consumo per capita é de apenas 750 ml por ano em comparação com os 25 litros dos argentinos ou inclusive os 12 litros dos norteamericanos, o México aparece como um mercado com alto potencial de crescimento, e além disso, duplicou o seu consumo de vinho na última década. O Brasil é outro mercado com muito potencial. Com apenas 1,9 litros de consumo per capita por ano, está muito longe dos grandes consumidores de vinho. No entanto, o consumo e a produção dobraram na última década. A cerveja é a bebida mais popular no Brasil, assim como no México, com um consumo de cerca de 60 litros per capita nos dois países. O Brasil também se destaca, assim como o México, no consumo da sua bebida local, a cachaça (no México se destaca a tequila) com um consumo ao redor de 20 litros per capita por ano. No entanto, o Brasil apostou em uma estratégia para aumentar o consumo de vinho para 2,6 litros per capita por ano, por meio do Instituto Brasileiro do Vinho, uma organização responsável por promover os vinhos locais. O Brasil tem empurrado também a produção de vinhos de maior qualidade em detrimento dos de menor qualidade. A grande maioria vem do estado do Rio 10 INDUSTRIA ALIMENTICIA Dezembro 2014 Grande do Sul. A produção desse Estado foi de 94,83 milhões de litros em 2004, aumentando 93% e atingindo 173,55 milhões no final de 2013. Dessa maneira, a produção de vinhos de baixa qualidade caiu de 313 milhões para 197 milhões de litros no mesmo período. Em termos de consumo de vinhos nacionais e importados, é interessante destacar o subsegmento de vinhos espumantes ou frisantes, dos quais 15 de cada 20 garrafas consumidas são de origem local. Como acontece em muitos casos, as alíquotas de imposto de importação podem quase triplicar o preço de mercado de um vinho importado. cerveja A grande estrela da categoria continua apresentando um crescimento aparentemente imbatível. Bebidas milenárias que não se concentram em apenas uma classe social, segmentos econômicos e com quase tantos sabores e cores como o arco-íris. Nos últimos anos, esse crescimento incentivou grandes multinacionais, www.industriaalimenticia.com como a Ambev, a Heineken e a Sapporo, a se esforçarem para fazer aquisições estratégicas e regionais, com o objetivo de conquistar cada vez mais quotas dos mercados latinos emergentes e consolidados. Com cerca de 60 litros de consumo por habitante/ano em várias nações americanas e com preços acessíveis a quase qualquer bolso, essa estrela continua brilhando. Os custos de produção relativamente baixos, a tendência dos ingredientes orgânicos, os sabores locais e a predileção por produtos feitos de forma artesanal incentivaram significativamente o crescimento do mercado de cervejas artesanais. Os distribuidores locais têm influenciado esse setor por meio da venda e da oferta desse tipo de bebida, possibilitando que muitos comércios contem com a presença de cervejas artesanais. Aos conhecidos mercados do México e do Brasil, que são caracterizados pelo elevado consumo per capita e pela alta produção local (tanto de cervejarias grandes quanto de produtores artesanais), se unem os mercados do Peru e da Bolívia. O primeiro exibe números significativos de consumo e principalmente de vendas. Segundo os dados da Euromonitor International, 95% dessas vendas correspondem à categoria de cervejas. Impulsionado principalmente pela Unión de Cervecerías Peruanas Backus & Johnston SAA (SABMiller Plc), é possível perceber não apenas um aumento do consumo entre as classes média e baixa, mas a crescente preferência dessas classes por cervejas do segmento premium, como a Cuzquena, em vez da Arequipa ou a Pilsen Trujillo. O mercado boliviano talvez seja um dos mais marcantes. O consumo de cerveja atinge níveis preocupantes em relação ao que seria saudável, superando o consumo do leite (embora seja verdade que o consumo do www.industriaalimenticia.com leite na Bolívia não é muito alto comparativamente). Em 2012, foi aplicada uma nova alíquota de imposto que, por sua vez, coincidiu com a entrada de novos concorrentes internacionais no mercado. Nessas circunstâncias, o resultado foi um mercado saturado em termos de marketing, com amplas campanhas publicitárias e grandes estratégias de vendas. O Chile é outro mercado singular, tanto que a categoria de cerveja cresce à custa da quota do mercado de vinho, uma bebida muito mais tradicional no Chile. Esse país continua apresentando um forte crescimento em cervejas artesanais e também em cervejas sem álcool, graças à tolerância zero à combinação de consumo de álcool e direção. As cervejarias grandes podem ter prejuízos devido a essa nova regulamentação sobre a venda de cerveja com álcool, mas esperam se recuperar no período de 2012 a 2017. Lácteos De acordo com o índice lácteo da embaladora Tetra Pak, o período de 2010 a 2020 será determinado por um crescimento estimado de 30% em produtos lácteos líquidos. Em particular a ascensão das classes médias nos mercados emergentes, o aumento da capacidade aquisitiva e o avanço do desenvolvimento e do conhecimento são os fatores que determinarão esse crescimento. Como foi o caso no ano passado, a Argentina está passando por uma crise de preços. A impossibilidade de exportar maiores quantidades que as permitidas pelo governo ocasionou a falência de muitos produtores. O mercado doméstico não alcança os preços requeridos para que os pecuaristas possam subsistir e não são poucas as vozes que demonstram a sua preocupação com o futuro do setor a médio prazo. Como um exemplo deste declínio, a Argentina deixou de ser o principal fornecedor de lácteos ao Chile, posto que ocupa agora a Nova Zelândia. No entanto, não há limites tarifários para esta exportação por parte do Chile em relação à Argentina ou ao Uruguai. O mercado mexicano, dominado por a Lala e a Alpura, tem um índice baixo de aumento do consumo, ao redor de 1,1%, mas a renovação nos produtos em conjunto com as novas estratégias de mercado estão possibilitando os produtores de leite captarem novos clientes. Apesar disso, as grandes empresas como a Nestlé anunciaram investimentos importantes nas construções de novas plantas no México, demonstrando que o mercado continua atrativo para as multinacionais. A entrada da Coca-Cola através da compra da marca Santa Clara e o plano agressivo de investimento de más de US$ 30 milhões demonstram que possivelmente haverá mudanças nas quotas de mercado estabelecidas há muito tempo no México. O Brasil, um dos principais produtores de leite do mundo e o principal fornecedor de alguns mercado latinos, anunciou no começo do ano de 2014 um plano de melhoria de 40% na eficiência do setor. Embora já conte com as principais empresas lácteas do continente, sendo algumas também as maiores a nível mundial, este plano baseado em quatro eixos (genético, ampliação do mercado, incorporação de tecnologia, Continua na página 14 Dezembro 2014 INDUSTRIA ALIMENTICIA 11 EstADo DA iNDustriA NA AMéricA LAtiNA No Chile o consumo de pão é de 96 quilos por pessoa por ano. Na Alemanha o consumo chega a 120 quilos. O pão contém vitamina B1, B2, B3, B6, ácido fólico, fósforo, magnésio, cálcio e potássio e, em menor medida, sódio, ferro e iodo. A «Inia Intihuasi» e o «Sol Oro» são dois dos cinco azeites premiados e produzidos por produtores pequenos da Vichuquén e da La Serena. Receberam os prêmios de medalha de ouro nas categorias «Frutado Ligeiro» e «Frutado Intenso» pelo equilíbrio e harmonia do seu sabor. O Caribe importa mais alimentos do que produz: As Ilhas do Caribe tem reduzido a sua produção agrícola de produtos como cana, café e banana e atualmente importam mais alimentos do que produz. Dos 90 milhões de litros de vinho que o Uruguai produziu em média nos últimos 5 anos, 95% foi consumido no país, o resto foi exportado e do exportado 60% é comercializado no Brasil. O grupo Heineken vendeu à empresa norte-americana Crown seu negócio de embalagem no México por US$1.225 milhões (932,7 milhões de euros). 12 INDUSTRIA ALIMENTICIA Dezembro 2014 www.industriaalimenticia.com 35,6% das plantas pesqueiras no Peru fabricam conservas. Gruma comprou a empresa espanhola Mexifoods por US$15 milhões A pesca ilegal no México é uma das principais causas da perda de competitividade da indústria pesqueira regional. Nos últimos dois anos o consumo de álcool no México aumentou em 10%, dados da Secretaria de Saúde (SS), fato que ocasionou ao redor de 70% das mortes por acidentes de trânsito. Na Europa foi acordado que a declaração «sem glúten» apenas poderá ser utilizada quando os alimentos, tal como são vendidos ao consumidor final, não contenham mais de 20 mg/kg. A cerveja, bebida muito consumida na Cuba e especialmente nos calorosos meses do verão, está se tornando escassa pela falta de matéria-prima, segundo os meios de comunicação local. Os produtores da Colômbia e do Peru foram os únicos que alcançaram os resultados positivos nas vendas da colheita atual, com um crescimento em relação à colheita de 2012/2013 de 22% e 5,5% respectivamente. Os Estados Unidos continuam sendo o principal importador de produtos guatemaltecos. O café, a cana-de-açúcar, o tecido, as pedras preciosas e a banana são os principais produtos. As exportações de café brasileiro aumentaram 7,8% em setembro. A multinacional de alimentos D www.industriaalimenticia.com abrirá uma planta na Colômbia em novembro. Dezembro 2014 INDUSTRIA ALIMENTICIA 13 EstADo DA iNDustriA NA AMéricA LAtiNA e segurança e qualidade dos produtos) promete importantes resultados. Apesar de que o consumo de leite dos brasileiros esteja abaixo do recomendado pelos organismos internacionais (170 litros em comparação a 210 litros por habitante por ano), o país tem a intenção de se converter em uma referência mundial no setor lácteo. InnerWorkings para a promoção durante ambos os eventos. chocolate DocEs E coNFEcÇÃo chicletes Os chicletes são uma das categorias mais dinâmicas dos mercados latinos. O auge do consumo nos mercados como o Brasil e o México está fazendo com que grandes empresas trasladem a produção aos mercados latinos, melhorando as economias de escala. De acordo com a Leatherhead, empresa de investigação, o Brasil e o México estão entre os principais produtores de chicletes no âmbito mundial junto com os Estados Unidos, a China, a Turquia e a França. Os grandes eventos esportivos como o Mundial da FIFA em 2014 e as próximas olimpíadas que ocorrerão no Brasil influenciaram esse panorama. Estes eventos fizeram com que a Mondelez assinasse um acordo com a empresa O produto estrela do mercado de doces e confecção com certeza é o chocolate. Originário do México pré-colombiano, não são poucos os produtos que podem ser elaborados com esse fruto fantástico. Até 2013 o Brasil foi o principal produtor de cacau da América Latina, competindo com os grandes produtores da África. No entanto, neste ano de 2014 a Associação Nacional de Exportadores de Cacau prevê que o Equador tomará o posto do Brasil como o quarto produtor mundial de cacau. Com um aumento na produção de 13% e 220.000 toneladas métricas, o Equador deu um passo definitivo para consolidar a sua indústria de cacau no âmbito global. As produções de cacau do estado da Bahia no Brasil, principal produtor de cacau, foram afetadas no ano passado por um surto da doença vassoura-de-bruxa. Infelizmente há surtos intermitentes dessa doença desde 1980 e isso influenciou os produtores brasileiros para que não aumentassem as suas plantações com novas árvores. O Equador é o primeiro produtor mundial de cacau saborizado e tem se aproveitado da demanda global. 14 INDUSTRIA ALIMENTICIA Dezembro 2014 Resultado desse grão de grande qualidade é a medalha de ouro obtida pelos Chocolates Pacari nos prêmios internacionais de chocolate de Londres em 2013. Além disso, o governo do Equador embarcou num plano para ajudar alguns dos produtores a converterem suas plantações de banana e café em plantações de cacau. Desse modo, o governo pretende divulgar o cacau equatoriano de uma forma similar ao que a Colômbia fez com o café através da marca Juan Valdez. As grandes multinacionais continuam investindo nos mercados latinos. Conscientes das oportunidades que as classes médias fornecem aos produtores de chocolate e outros doces, empresas como a Hershey, a Mondelez e a Nestlé realizaram nos últimos anos apostas importantes em direção ao mercado latino. Por outro lado, a Barry Callebaut abriu a sua sétima planta na América Latina. Localizada no Chile a sua produção se destinará a proporcionar chocolate à Indústria de Alimentos Dos en Uno (Arcor Dos en Uno), a filial da Arcor no Chile, mas também produzirá para os mercado do Equador, o Paraguai, o Uruguai, a Argentina e o Peru. Esta aposta afirma ainda mais a intenção da marca em se consolidar nos mercados latinos com grande potencial. www.industriaalimenticia.com sNAcKs O mercado de snacks é um dos mais afetados na sua forma evolutiva pelo auge da comida saudável e do conceito de saúde e bem-estar. Não são poucos os países latinoamericanos que impuseram normas que endurecem a venda de snacks pouco saudáveis ao público mais infantil através de tributações econômicas como as aplicadas no México mais recentemente. No entanto, a categoria continua crescendo a cada ano e evoluindo nos seus formatos, embalagem, ingredientes e conteúdos. Apesar de que o volume das vendas global seja liderado pelos Estados Unidos e a Europa, as economias emergentes da Ásia Pacífico e a América Latina concentram as porcentagens de crescimento mais importantes em termos geográficos. De acordo com a Neilsen, a indústria na América Latina aumentou 9% no período de 2013 a 2014, chegando a números de volume de vendas (ajustado com a inflação) de US$ 30 milhões. A Pepsico é com certeza o grande líder do mercado de snacks e lanches tanto no Brasil e na Argentina quanto no México. No Brasil tem quase 47% do mercado tanto de snacks doces como de snacks salgados. Sob um portfólio de grande variedade de marcas e diferentes produtos, oferece um snack ou um lanche para cada momento e lugar. É esperado que o crescimento da categoria no Brasil seja de 7% acumulado anual. Dentro desse crescimento é esperado que sejam os snacks de batatas fritas ou similares os que www.industriaalimenticia.com tenham maior crescimento. Isso se deve em grande parte à facilidade de aplicar novos sabores e técnicas de mercado que permitam alcançar uma variedade importante de consumidores potenciais habituais e novos. O panorama no México é similar com a Sabritas, ocupando ao redor de 66% do mercado total, seguido por a Barcel (empresa do Grupo Bimbo) com uma percentagem próxima ao 17%. O ano com certeza foi marcado pelo imposto sobre o «junk food», aplicado neste ano de 2014 pelo Governo do México. Enquanto há muitas e variadas opiniões a respeito, o que está claro é que está ocorrendo um ligeiro aumento de preço em todos os snacks de alto valor calórico que foram afetados por essa medida. O fim do ano determinará quais foram as consequências e os resultados reais em termo de vendas e como a indústria foi afetada durante o primeiro ano de imposição dessa medida. O mercado mexicano continua sendo um grande consumidor de snacks e o estilo de vida corrido tem levado a conscientização sanitária, ocasionando um aumento considerável do consumo de barras energéticas, biscoitos saudáveis, tortinhas de arroz e chips de pão de pita. Estas últimas três categorias tiveram um crescimento de 21%. O mercado de barras de cereais, que está compostos em 83% por barras de cereais para o café da manhã (barras de muesli e granola) é liderado pelo Grupo Bimbo com 42% do mercado, seguido pelo Kellogg do México com 24%. O Equador parecer ter seguido o caminho do México e anteriormente o do Chile e da Argentina em termo de regulamentação do «junk food». O presidente Correa assinalou no mês de setembro que o imposto sobre o «junk food» somente seria destinado a empresas grandes que atentam contra a saúde e não aos pequenos produtores. O imposto pretender emendar a saúde dos equatorianos dentro do plano nacional que pretende reduzir o consumo de álcool, tabaco e «junk food». Não está claro quais outras medidas surgirão ou como afetarão à indústria, mas parece que serão uma simples forma de arrecadar fundos. O estancado mercado de alimentos da Argentina aponta os snacks como a sua «salvação». Não é a maior categoria em relação ao volume, mas é a que proporciona maior oportunidade de crescimento. No ano passado foi lançada a marca de snacks saudáveis Gallo, que pertence à Molinos Río de la Plata. A resposta da Arcor não demorou em chegar com a marca Saladix. Ambas as marcas pretendem conseguir uma maior quota de mercado que a ocupada pela Pepsico de quase 80%. Os outros participantes do mercado de snacks são as empresas locais como a Krachitos e a Nuevo Mundo Deli. O mercado argentino continua muito restrito à entrada de produtos estrangeiros devido às fortes travas de importação impostas pelo governo para fomentar a indústria doméstica em detrimento da competitividade internacional. Em volume se estima que o mercado argentino presume 35.000 toneladas anuais de snacks. O grande líder do mercado, a Pepsico, apostou numa estratégia que pretende pôr os snacks como parte dos alimentos que podem ser encontrados na mesa familiar. O conceito de Lay´s na Argentina como complemento à comida familiar é parte de uma proposta que tem como objetivo não apenas separar a imagem de «junk food» desses produtos, mas também conseguir consumidores de outras gerações. De acordo com os estudos, os argentinos deixam de consumir esse tipo de produtos quando alcançam a idade de 25 anos mais ou menos. O desafio da indústria em si é manter esses consumidores que talvez sejam fiéis à marca, mas que devido ao seu estilo de vida não inclui o snack na sua alimentação. Como ocorre em outras Continua na página 16 Dezembro 2014 INDUSTRIA ALIMENTICIA 15 EstADo DA iNDustriA NA AMéricA LAtiNA partes do mundo e da América Latina, o auge dos snacks coincide com o auge da conscientização sobre a vida saudável e muitas empresas veem nesse tipo de vida uma oportunidade para o desenvolvimento de novos produtos que são cada vez mais comuns nos pontos de venda. Conhecidos como «pasabocas» na Colômbia, os snacks também são uma categoria de interesse para os processadores de alimentos. Aqui a Pepsico também é a líder do mercado em muitas das subcategorias, no entanto em termos de barrinhas de cereais é a Compañía Nacional de Chocolates a que possui maior quota de mercado com 39%, seguida da Compañía de Galletas Noel que também opera nesse nicho de mercado. Ambas pertencem ao Grupo Nutresa. O lucrativo mercado colombiano cresceu de 1,2 trilhões de pesos colombianos no ano de 2008 a 1,9 trilhões de pesos colombianos no ano de 2013. O mercado está dominado pelas batatas, torresmos e «patacones», apesar de que há cada vez mais presença de frutos secos como o amendoim. O interesse pelos snacks saudáveis também está presente na Colômbia, mas como acontece na Argentina a inovação nas batatas fritas tanto em relação aos sabores como nas formas e embalagens faz com que a subcategoria continue tendo força e importância nos portfólios das grandes empresas. Marcas como Yupi e Super Ricas pretendem conseguir quota de mercado e outras menores como Productos Calima, Rosquillas Caleñas e Del Alba começam a ganhar posição no tradicional feudo da Pepsico (Frito-Lays). PANiFicAÇÃo Apesar de que muitas vezes o alimento identificado como causador do aumento de peso é um dos primeiros em abandonar a dieta comum, a FAO recomenda que as pessoas consumam 55 kg de pão por ano para ter uma dieta equilibrada. O consumo na América Latina varia e são poucos os países que se aproximam. Por exemplo, na Colômbia o consumo é próximo aos 24 kg enquanto que no México está em torno dos 32 kg, a Argentina se situa em 30 kg e o Peru em 28 kg, mas a exceção está no Chile que consome ao redor de 96 kg de pão por habitante por ano e se compara com países como Alemanha que chega aos 120 kg. O setor de panificação no México é um dos mais afetados pelo imposto sobre o «junk food». Segundo a Cámara Nacional de la 16 INDUSTRIA ALIMENTICIA Dezembro 2014 Industria Panificadora y Similares (Canainpa), o declínio do consumo de pão é de 15%, apesar de que os números poderão ser confirmados no final do ano fiscal como parte da avaliação das consequências do imposto. No entanto, este declínio não ocorre somente no México e está claro que não se deve somente ao aumento do preço do pão, mas também ao auge dos costumes de alimentação saudável. As dietas baixas em carboidratos como maneira de perder peso, Atkins ou Paleo, são cada vez mais comuns. Além disso, a demanda recente começa a ver variações nos tipos de pão, produzindo um declínio nos produtos de pão branco doce clássico em favor dos pães integrais com aveias e vitaminas diferentes. Apesar de que não seja possível generalizar, já que cada mercado tem características diferentes, é fato que os mais maduros estão tendo tendência ao declínio. O caso da Argentina é mais uma vez um dos mais preocupantes no setor de pão. Tradicionalmente nunca faltou pão na mesa dos argentinos e a visita à padaria sempre foi uma tarefa diária. No entanto, a intervenção do governo no mercado de trigo tem surtido um efeito devastador, produzindo um aumento de 700% no preço do pão do ano 2006 ao ano de 2013. o pão como embaixador O mínimo comum múltiplo de muitas gastronomias é o pão. Milênios de história, sustento para milhões e sempiterno em quase todas as culturas culinárias de uma maneira ou de outra. O pão é esse alimento que às vezes passa despercebido, que tem o valor de segurar o sanduíche ou a torta e que sempre tem um papel secundário. Mas talvez tenhamos subestimado o valor do pão, sua facilidade de produção tem feito que seja um dos alimentos que transpassa as fronteiras mais facilmente. Nos últimos anos, os Estados Unidos (como destino de imigração mais relevante) tem visto o auge dos pães latinos. Formatos como o «bolillo» são cada vez mais comuns assim como ver uma padaria guatemalteca, mexicana ou inclusive o sanduíche cubano (apesar de que este também não leva somente pão). Mas a realidade é que enquanto os estabelecimentos gastronômicos ganham espaço no panorama dos restaurantes das grandes e pequenas cidades do país, os formatos do pão já abriram o caminho. O problema é que somente os consumidores que sabem se deram conta... O pão é tanto e tão pouco ao mesmo tempo, mas imaginem uma vida sem ele... www.industriaalimenticia.com Isso fez com que a Secretaria de Comércio chegasse a um acordo para fixar o preço do quilo do pão em $18 pesos argentinos para o público em todas as padarias do país. O acordo inclui também uma revisão trimestral e restrições ao preço de diferentes tipos de trigo utilizados para fazer pão. Estima-se que produtos como o pão francês ou o flauta serão reduzidos a números próximos a 14%. A panificação no Peru está em seu auge e os números de crescimento de 2012 foram de 4% e em 2013 de aproximadamente 3%, tendência que deve continuar até alcançar a quantidade de 31 kg por habitante por ano. Talvez a maior novidade deste mercado culinário é que a porcentagem de variação no uso dos ingredientes é de 400%. FrutAs E VErDurAs A América Latina continua sendo a despensa do mundo e com boa parte da terra arável e útil para a agricultura, o Brasil continua sendo um dos líderes no âmbito global. No entanto, e apesar das dificuldades que alguns subsetores da indústria de alimentos possuem, a Argentina registra neste ano uma colheita recorde de soja. O país avalia a colheita em quase US$ 30 bilhões, quase 55% a mais da avaliação da colheita do Brasil em termos de valor agregado e não valor real. O mais importante é que a colheita de soja está ajudando o governo a manter as reservas de divisas locais e, portanto, a não incorrer em outra crise desse tipo. Com as restrições www.industriaalimenticia.com impostas, a soja representa quase um terço das vendas da Argentina destinadas ao exterior em valor. A soja representa na atualidade mais de 50% do total da área semeada de grão na Argentina e no Brasil. Apesar de que existam números diferentes, espera-se 2,87 toneladas por hectare de produção no Brasil e 2,7 toneladas na Argentina. Embora seja verdade que os dados crus digam que a produção brasileira seja superior, durante a frase de produção secundária a soja argentina acrescenta maior quantidade de valor, ampliando dessa forma a valorização do valor adicionado do produto. O Brasil continua sendo um dos principais produtores de café a nível mundial como também de etanol para abastecer quase 16% do consumo energético doméstico. O açúcar é um dos cultivos mais relevantes para o Brasil em termo de participação mundial. De acordo com os informes da FAO, está previsto o declínio das produções de açúcar na Índia, nos Estados Unidos, na União Europeia e na Federação da Rússia será compensada por sua expansão na Tailândia, no Paquistão e na África do Sul. No entanto, também afirmam que é possível que a produção do Brasil diminua no ano de 2014, mas somente marginalmente e principalmente devido aos efeitos do clima sobre o rendimento da cana-de-açúcar. O Equador já se estabeleceu como um produtor neto de café, tirando um posto do Brasil para o ano de 2015, mas não somente nessa subcategoria, também com respeito à banana (ou plátano). O Equador espera bater o seu próprio recorde de exportação desse fruto, chegando aos 200 milhões de caixas no próximo mês de dezembro. Mas o Equador vê mais potencial ainda na indústria de cultivo de banana, já que se o país é capaz de abrir como destino novos mercados, a capacidade de produção pode ser ampliada. Com os dados sobre a variada colheita mexicana completamente tabulados para o ano de 2013 notamos que o grão de milho continua sendo o produto mexicano que com maior valor contribui à agricultura com aproximadamente 76 bilhões de pesos mexicanos. O segundo produto, com muita diferença é a cana-de-açúcar, com ao redor de 31 bilhões. Seguem, em quantidades próximas aos 18 bilhões o abacate e o sorgo. A situação global do limão é uma das que mais têm sofrido mudanças durante o ano de 2014. Os produtores norte-americanos reportam quase 150% mais de exportações com preço a níveis nunca vistos. A abertura dos mercados asiáticos e outros mercados emergentes estimula essa demanda. A Argentina sofreu geadas que reduziram a sua colheita ao redor de 60% e, portanto, os preços do mercado doméstico foram afetados. O México também sofreu problemas com algumas colheitas, mas a diversidade de regiões que cultivam esse cítrico fazem com que o preço somente se veja afetado. Apesar de não afetar em excesso as flutuações do mercado latino, a Califórnia sofreu uma seca que afetou não somente a sua capacidade de exportação, mas também o preço do limão para os consumidores, que cresceu 91%. IA Dezembro 2014 INDUSTRIA ALIMENTICIA 17 perfil corporativo Informe sobre gastos de capital 2014 Através da Indústria Alimentícia e do nosso departamento de inteligência pretendemos fornecer uma visão da indústria de alimentos e bebidas a partir da perspectiva de gastos de capital que os processadores de alimento preveem para o próximo ano fiscal. Dividido em várias seções e com informações detalhadas, de intenções de compra de equipamento e ingredientes até perspectivas de vendas, é possível obter uma análise quantitativa e qualitativa em relação ao futuro próximo da indústria na América Latina. O panorama econômico da América Latina continua sendo otimista e favorável, apesar das suas duas principais economias terem mostrado piores números de crescimento em relação ao esperado antes do ano de VENDAS SIM, EXPORTAÇÃO TAMBÉM 2014. De acordo com as pesquisas, a maioria dos processadores de alimentos espera ter crescimento ou estabilidade nas vendas, enquanto são poucos os que esperam uma queda nas vendas para o ano de 2014. De acordo com os dados da pesquisa anual, 48% dos processadores de alimentos esperam ter um incremento nas vendas para o total do ano de 2014. sĞŶĚĂƐĚĞƐƟŶĂĚĂƐădžƉŽƌƚĂĕĆŽ sĞŶĚĂƐĚĞƐƟŶĂĚĂƐădžƉŽƌƚĂĕĆŽ WŽƌĐĞŶƚĂŐĞŵĚĂƉƌŽĚƵĕĆŽƉĂƌĂǀĞŶĚĂƐĚĞƐƟŶĂĚĂƐăĞdžƉŽƌƚĂĕĆŽ 100% Os países com maior volumem de exportação ;ůĂƐƐŝĮĐĂĚŽĞŶƚƌĞŽƐƚƌġƐƉƌŝŵĞŝƌŽƐͿ 50% ƐƚĂĚŽƐhŶŝĚŽƐ 2% 20% ŽůƀŵďŝĂ 19% ƌĂƐŝů 81% a 99% 19% ŚŝůĞ 4% 18% ƋƵĂĚŽƌ 15% ŽůşǀŝĂ 61% a 80% 4% 14% WĞƌƵ 12% 'ƵĂƚĞŵĂůĂ 11% sĞŶĞnjƵĞůĂ 41% a 60% 5% 9% DĠdžŝĐŽ 8% ŽƐƚĂZŝĐĂ 21% a 40% 10% ů^ĂůǀĂĚŽƌ 26% 0% 51% 0% 7% ƌŐĞŶƟŶĂ WĂƌĂŐƵĂŝ 1% a 20% 8% WĂŶĂŵĄ 20% 40% 7% 5% ZĞƉƷďůŝĐĂŽŵŝŶŝĐĂŶĂ 4% ,ŽŶĚƵƌĂƐ 3% 3% WŽƌƚŽZŝĐŽ 60% EŝĐĂƌĄŐƵĂ 2% hƌƵŐƵĂŝ 2% 1% ƵďĂ Mean: 16% 0% 20% 40% 60% Entre as empresas com pelo menos 1% da produção destinada à exportação 18 INDUSTRIA ALIMENTICIA Dezembro 2014 www.industriaalimenticia.com Espera-se por um incremento de 15% em média. Além disso, 35% das empresas esperam que as vendas em 2014 se mantenham igual ao ano anterior, enquanto que somente 18% esperam uma redução nas vendas para o ano. 50% dos processadores pesquisados tem uma porcentagem da sua produção destinada à exportação para outros mercados. Do total, 16% tem a produção destinada inteiramente à exportação e o destino destas exportações é variado, sendo os Estados Unidos o principal com quase 50% das exportações, seguidos de Colômbia, Brasil, Chile e Equador com porcentagens entre 20% e 18% das exportações. GASTOS COM BENS DE CAPITAL Estima-se que no ano de 2014 as empresas terão gastado 20% do seu orçamento em gastos com bens de capital, sendo estes equipamentos de embalagem, processo, controle, «À`ÕXKÕÃiÀÛXëÀwÃÃ>ð Esta cifra não varia para o ano de 2015, mantendo-se em 20% do orçamento total. Em relação à µÕ>Ì`>`iiëiVwV>]Õ«ÕV menos da metade das empresas que participaram da pesquisa declarou ter previsto um gasto menor a USD$ 250.000 com bens de capital. No entanto, 9% das empresas pesquisadas declararam que gastarão entre USD$ 1.000.000 e 2.000.000 com bens tangíveis no ano de 2015 e 11% declararam que gastarão mais de USD$ 2.000.000 no mesmo período. Detalhando os gastos em si, quase 40% das empresas planejam adquirir novos equipamentos em 2015, um ligeiro aumento em relação a 2014. Espera-se também que 40% adquiram equipamentos de controle e 34% esteiras transportadoras. COMO ENCONTRAM A INFORMAÇÃO? Atualmente existem fornecedores provenientes de todas as partes do mundo. O lucrativo mercado da América Latina fez com que nos últimos anos muitos fornecedores de equipamentos, ingredientes e serviços procurassem ter presença nos mercados latinos. Isso amplia a gama de possibilidades para todos os processadores. De acordo com as pesquisas, a procura de novas tecnologias e fornecedores é realizada através de buscas na internet (28%), publicações do setor (22%), exibições (18%), distribuidores e agentes (15%) Continua na página 20 Compras de gastos de capital 2015 Sistemas 40% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽͬŝŶƐƚƌƵŵĞŶƚŽƐ ĚĞůĂďŽƌĂƚſƌŝŽ ^ŝƐƚĞŵĂƐĚĞ ƌĞĨƌŝŐĞƌĂĕĆŽĞ ĐŽŶŐĞůĂŵĞŶƚŽ 34% ^ŝƐƚĞŵĂƐĚĞ ĂƌŵĂnjĞŶĂŵĞŶƚŽ 25% sĄůǀƵůĂƐĞďŽŵďĂƐ 25% ĞƚĞĐƚŽƌĚĞŵĞƚĂŝƐ 23% DŝƐƚƵƌĂĚŽƌĞƐ 23% 22% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽĚĞ ƉƌŽĐĞƐƐĂŵĞŶƚŽĂƐƐĠƉƟĐŽ 21% ŶǀĂƐĂĚŽƌĂƐͬĚĞƉŽƐŝƚĂĚŽƌĂƐ 38% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽĚĞŵĂƌĐĂĕĆŽĞ ĞƟƋƵĞƚĂŐĞŵ 20% 18% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽĚĞƉĂŶŝĮĐĂĕĆŽ WŝƐŽƐĞƉĂƌĞĚĞƐ 20% &ŽƌŶŽƐ 20% dĂŶƋƵĞƐĞƐŝůŽƐ 18% dĞƌŵŽƚƌŽĐĂĚŽƌ ^ŝƐƚĞŵĂƐ͘/͘W 16% 15% ŽƌƚĂĚŽƌĂƐͬĨĂƟĂĚŽƌĂƐ 14% 16% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽůĄĐƚĞŽ 34% ƐƚĞŝƌĂƐĞƚƌĂŶƐƉŽƌƚĂĚŽƌĞƐ 48% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽĚĞĞŵďĂůĂŐĞŵ ^ŝƐƚĞŵĂƐĚĞ ĐŽŶƚƌŽůĞ Materiais ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽ džƚƌƵƐŽƌĂƐ 14% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽĚĞ 12% ƉƌŽĐĞƐƐĂŵĞŶƚŽĚĞĐĂƌŶĞƐ 6% KƵƚƌŽ EĆŽƉůĂŶĞũĂ ĐŽŵƉƌĂƌ ĞƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐͬ ƐŝƐƚĞŵĂƐ 5% KƵƚƌŽ 19% 0% 20% EĆŽƉůĂŶĞũĂĐŽŵƉƌĂƌ ĞƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐͬƐŝƐƚĞŵĂƐ 40% www.industriaalimenticia.com 60% 0% 10% 20% &ƌŝƚĂĚŽƌĞƐĞĨŽŐƁĞƐ 12% ^ĞĐĂĚŽƌĞƐ 11% DĄƋƵŝŶĂƐĚĞůĂǀĂƌ 6% KƵƚƌŽ 8% EĆŽƉůĂŶĞũĂĐŽŵƉƌĂƌ 13% ĞƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐͬƐŝƐƚĞŵĂƐ 40% 60% 0% 20% 40% 60% Dezembro 2014 INDUSTRIA ALIMENTICIA 19 perfil corporativo Planejamento de compra de sistemas e através das páginas web dos fornecedores (15%). Uma Û>Ài`>`iµÕiÌ>LjÀiyiÌi a variedade dos processadores existentes nos diferentes mercados latinos. As novas tecnologias são cada vez mais comuns e 70% dos pesquisados preferem receber comunicações através do correio eletrônico, enquanto que apenas 2% preferem que esta comunicação seja realizada através de uma chamada telefônica. IA QEŽƐƉƌſdžŝŵŽƐϭϮŵĞƐĞƐQĞŶƚƌŽĚĞϭϯĂϭϴŵĞƐĞƐ QĞŶƚƌŽĚĞϭϵĂϮϰŵĞƐĞƐQŵŵĂŝƐĚĞϮϰŵĞƐĞƐ ^ŝƐƚĞŵĂƐĚĞ ĐŽŶƚƌŽůĞ 47% ZĞĨƌŝŐĞƌĂĕĆŽĞ ĐŽŶŐĞůĂŵĞŶƚŽ 44% 26% ^ŝƐƚĞŵĂƐĚĞ ĂƌŵĂnjĞŶĂŵĞŶƚŽ 44% 28% ^ŝƐƚĞŵĂƐ͘/͘W WůĂŶĞũĂŵĞŶƚŽĚĞĐŽŵƉƌĂĚĞĞƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐ 0% 13% 36% 20% 60% 18% 57% 19% 14% 14% 15% 12% 14% 29% 49% 21% 49% 48% 19% 48% 18% 17% 40% 14% 11% 23% 9% 24% 19% 45% 60% 7% 11% 19% 32% 47% 10% 13% 22% 19% 49% 5% 14% 12% 29% 50% 4% 20% 27% 21% 8% 17% 16% 54% 20 INDUSTRIA ALIMENTICIA Dezembro 2014 11% 29% 58% 52% 20% 100% QEŽƐƉƌſdžŝŵŽƐϭϮŵĞƐĞƐQĞŶƚƌŽĚĞϭϯĂϭϴŵĞƐĞƐ QĞŶƚƌŽĚĞϭϵĂϮϰŵĞƐĞƐQŵŵĂŝƐĚĞϮϰŵĞƐĞƐ 57% 0% 19% 80% 61% DĄƋƵŝŶĂƐĚĞůĂǀĂƌ ƐƚĞŝƌĂƐĞƚƌĂŶƐƉŽƌƚĂĚŽƌĞƐ sĄůǀƵůĂƐĞďŽŵďĂƐ ^ĞĐĂĚŽƌĞƐ džƚƌƵƐŽƌĂƐ DŝƐƚƵƌĂĚŽƌĞƐ ŽƌƚĂĚŽƌĂƐͬĨĂƟĂĚŽƌĂƐ ŶǀĂƐĂĚŽƌĂƐͬĚĞƉŽƐŝƚĂĚŽƌĂƐ WŝƐŽƐĞƉĂƌĞĚĞƐ ĞƚĞĐƚŽƌĚĞŵĞƚĂŝƐ &ŽƌŶŽƐ dĞƌŵŽƚƌŽĐĂĚŽƌ &ƌŝƚĂĚŽƌĞƐĞĨŽŐƁĞƐ dĂŶƋƵĞƐĞƐŝůŽƐ 3% 18% 16% 40% Planejamento de compra de materiais 12% 15% 30% 30% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐĚĞƉƌŽĐĞƐƐĂŵĞŶƚŽĂƐƐĠƉƟĐŽ 12% 12% 38% 40% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐĚĞƉƌŽĐĞƐƐĂŵĞŶƚŽĚĞĐĂƌŶĞ 6% 13% 31% 44% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐĚĞŵĂƌĐĂĕĆŽĞĞƟƋƵĞƚĂŐĞŵ 16% 18% 27% 46% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐĚĞĞŵďĂůĂŐĞŵ 11% 26% 48% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐĚĞƉĂŶŝĮĐĂĕĆŽ 20% 22% 20% 50% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽƐͬŝŶƐƚƌƵŵĞŶƚŽƐƉĂƌĂůĂďŽƌĂƚſƌŝŽ 13% 15% QEŽƐƉƌſdžŝŵŽƐϭϮŵĞƐĞƐQĞŶƚƌŽĚĞϭϯĂϭϴŵĞƐĞƐ QĞŶƚƌŽĚĞϭϵĂϮϰŵĞƐĞƐQŵŵĂŝƐĚĞϮϰŵĞƐĞƐ 53% ƋƵŝƉĂŵĞŶƚŽůĄĐƚĞŽ 14% 16% 25% 33% 11% 19% 24% 80% 12% 11% 100% www.industriaalimenticia.com