Perfil do atendimento no SUS às mulheres com câncer de mama
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Perfil do atendimento no SUS às mulheres com câncer de mama
cadernos Saúde Coletiva Relacionamento de Bases de Dados em Saúde E DITORES C ONVIDADOS Claudia Medina Coeli Kenneth Rochel de Camargo Jr. NESC • UFRJ Catalogação na fonte – Biblioteca do CCS / UFRJ Cadernos Saúde Coletiva / Universidade Federal do Rio de Janeiro, Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva, v.XIV, n.2 (abr . jun 2006). Rio de Janeiro: UFRJ/NESC, 1987-. Trimestral ISSN 1414-462X 1.Saúde Pública - Periódicos. I I.Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva/UFRJ. PERFIL DO ATENDIMENTO NO SUS ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDAS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: RELACIONANDO OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES SIH E APAC-SIA Evaluation of breast cancer care in the city of Rio de Janeiro Vânia Cardoso Leão Magalhães1, Maria do Carmo Esteves da Costa2, Rejane Sobrino Pinheiro3 RESUMO Introdução: O câncer de mama é a neoplasia mais freqüente entre as mulheres e a principal causa óbito por neoplasia no país e no mundo. A detecção precoce da doença por meio da mamografia tem-se mostrado capaz de reduzir a incidência e a mortalidade em vários países. Objetivo: O objetivo deste estudo foi identificar o perfil da atenção ao câncer de mama em unidades do SUS no Município do Rio de Janeiro. Método: A população de estudo foi formada por mulheres com diagnóstico de câncer de mama submetidas a procedimentos hospitalares e ou ambulatoriais (radioterapia e quimioterapia) no âmbito do SUS, na cidade do Rio de Janeiro. Foram analisadas as informações das Autorizações de Internações Hospitalares e das Autorizações de Procedimentos de Alta Complexidade em Oncologia, referentes ao período de 2000 a 2003 (N=10730). A análise foi feita para cada um dos subgrupos de casos identificados: apenas na base hospitalar (N=2529), apenas na ambulatorial (N=4060), em ambas as bases (N=4141), e para o subgrupo de pacientes submetidos a tratamento cirúrgico para câncer de mama associado à terapia ambulatorial (N=2453). Foram avaliados variáveis relacionadas aos esquemas terapêuticos registrados, estádio da doença, desfechos observados, idade e tempo entre os tratamentos hospitalar e ambulatorial. Os resultados são apresentados sob a forma de proporções (variáveis categóricas) e quartis da distribuição (variáveis contínuas). Resultados: As mulheres de 40 a 69 anos representaram 67,1% do grupo total. Apenas 10% apresentavam-se no estádio 0-1. O tratamento cirúrgico representou mais da metade dos procedimentos hospitalares realizados, no geral (54,9%) e, em especial, para o grupo com hospitalização mais tratamento ambulatorial (59,2%). O tempo mediano entre a cirurgia e o tratamento ambulatorial foi de dois meses para os casos com doença no estádio 1. Conclusões: Os resultados mostram que, nos casos identificados, os atendimentos à doença concentram-se em apenas um hospital e que a maior parte das mulheres apresentavam a doença em estádios avançados. 1 Mestre em Saúde Coletiva. Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS - e-mails: [email protected] - [email protected] 2 Mestre em Epidemiologia. Instituto Nacional do Câncer - INCA. 3 Doutora em Saúde Pública. Professora Adjunta do Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva - NESC/UFRJ. CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 – 375 VÂNIA CARDOSO LEÃO MAGALHÃES, MARIA DO CARMO ESTEVES DA COSTA, REJANE SOBRINO PINHEIRO PALAVRAS-CHAVE Câncer de mama, tipo de tratamento, tempo de tratamento, sistema de informações SIH-SUS, Sistema de Informações SIA-SUS, alta complexidade, integração de bases de dados ABSTRACT Introduction: Breast cancer is the most frequent cancer among women and the main cause of cancer deaths in this country and the world. Early detection by mammography has been shown to reduce the incidence and mortality of this illness in several countries. Objective: Identify the profile of breast cancer care in the Unified Health System (SUS) units in the city of Rio de Janeiro. Approach: The population of this study was composed of women diagnosed with breast cancer and under some type of inpatient (hospital) and/or outpatient treatment (radiotherapy and chemotherapy) with SUS coverage, in Rio de Janeiro. The study analyzed the information collected from Hospital Admissions Authorizations and High Complexity Procedures in Oncology Authorizations, from 2000 to 2003 (N=10730). Analysis was performed for each subgroup of identified cases: hospital based (N=2529), outpatient based (N=4060), in both settings (N=4141), and for patients submitted to surgical treatment associated to some outpatient therapy for breast cancer (N=2453). Variables related to the recorded therapeutic plans, illness stage, observed outcomes and age and time between hospital and outpatient treatments were also evaluated. Results are presented in the form of proportions (categorical variables) and quartile distribution (continuous variables). Results: Women of 40 to 69 years represented 67.1% of the entire group. Only 10% were in stage 0-1. Surgical treatment represented more than half of hospital treatments (54.9%) and, also, for the group with hospitalization and outpatient treatment (59.2%). The average time between surgery and outpatient treatment was two months for cases in stage 1. Conclusions: Results show that, for the identified cases, breast cancer care is concentrated in one hospital and most of the women were in advanced stages of breast cancer. KEY WORDS Breast cancer, SUS, hospitalar information system, ambulatorial information system, high complexity care, database linkage INTRODUÇÃO Os cânceres de uma forma geral constituem a segunda maior causa de morte na cidade do Rio de Janeiro (SMS-RJ, 2001), abaixo somente das mortes por doenças cardiovasculares. Entre os cânceres que acometem a população feminina, destaca-se o câncer de mama, doença que está entre as principais causas de mortalidade por câncer no Brasil e no mundo, apresentando níveis crescentes de incidência (Hardy et al., 1983; Parkin et al., 2001). O câncer de mama causa grande impacto nas populações, que o torna um relevante problema de saúde pública. Na cidade do Rio de Janeiro o câncer de mama é a neoplasia maligna mais incidente e a principal causa de óbito por neoplasia neste grupo populacional, estando inclusive entre as dez principais causas de óbito por doença em mulheres. Este quadro mostra a necessidade de 376 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 PERFIL RIO CIDADE DO DO ATENDIMENTO NO DE JANEIRO: SUS ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDAS NA RELACIONANDO OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES SIH E APAC-SIA aperfeiçoamento constante de estratégias que permitam tornar os programas de controle da doença mais eficazes (Brasil, 2003, 2001b; 2002, SMS-RJ, 2001). Uma vez que existem exames que permitem o diagnóstico precoce do câncer de mama e protocolos de tratamentos que se mostram capazes de aumentar a sobrevida livre de doença das pacientes, vale questionar a natureza das taxas elevadas de mortalidade (Barros et al., 2001; Brasil, 2004; Kemp et al., 2002a; 2002b; Kligerman, 2002; Mayo et al., 2001). Assim, considera-se importante avaliar o acesso da população aos recursos disponíveis para controle e tratamento da doença e o perfil do atendimento que está sendo realizado. Dentro deste contexto e considerando a possibilidade de acesso aos instrumentos básicos para análise, o câncer de mama foi eleito como objeto de avaliação deste estudo, uma vez que a assistência a esta patologia vista por meio de sistemas de informações, permite observar o processo de tratamento a partir do diagnóstico, passando pela intervenção inicial, que é a cirurgia, até a complementação terapêutica ambulatorial. Na perspectiva de acompanhar o desempenho de um programa de assistência à saúde, a informação é colocada como um dos principais elementos num processo de avaliação, por fornecer elementos para análise da situação e subsidiar a elaboração de alternativas capazes de promover as mudanças que se fizerem necessárias (Novaes, 2000). O processo de avaliação pode focar diferentes níveis de análise, desde o sistema de saúde como um todo (quando geralmente se discute a acessibilidade, a eqüidade, a utilização, o financiamento, as políticas e o planejamento desses serviços), até as instituições prestadoras de serviços, profissionais de saúde e o próprio usuário. Pode também analisar a estrutura dos serviços, os processos associados com os cuidados médicos prestados e os resultados obtidos (Aday et al., 1998). Portanto, a informação representa uma ferramenta fundamental no processo de avaliação, contribuindo na melhoria da qualidade do cuidado. O Brasil conta com grandes bases de dados nacionais em saúde, cujo acesso é irrestrito e têm sido desenvolvidos mecanismos amigáveis para a utilização desses para construir informação. Alguns desses sistemas de informação, como o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) e o Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA-SUS), com seu módulo de alta complexidade, inclusive em atendimento oncológico (APAC-SIA), possuem dados sobre o câncer e permitem a análise dos atendimentos a pacientes por este motivo (Brasil, 2002; 2001c; 1999). Alguns destes instrumentos de informação estão voltados para a questão da remuneração do procedimento realizado, dificultando o controle e a avaliação da informação assistencial vinculada a eles. Apesar disto, importantes informações podem ser extraídas destas bases de dados, sendo fundamental avaliar suas CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 – 377 VÂNIA CARDOSO LEÃO MAGALHÃES, MARIA DO CARMO ESTEVES DA COSTA, REJANE SOBRINO PINHEIRO potencialidades para o desenvolvimento de novos estudos, até como forma de contribuir para a melhoria da qualidade das informações destes sistemas. Este estudo, de natureza descritiva, foi realizado com o objetivo de retratar a assistência oferecida às mulheres com câncer de mama pelo Sistema Único de Saúde na cidade do Rio de Janeiro, no período de 2000 a 2003, a partir das bases de dados das internações hospitalares e do atendimento ambulatorial de alta complexidade em oncologia. Procurou-se adicionalmente conhecer o perfil assistencial para os casos atendidos no Município do Rio de Janeiro identificados com procedimento cirúrgico para tratamento da doença. METODOLOGIA A população do estudo foi constituída pelas mulheres a partir de 20 anos com diagnóstico principal de câncer de mama (C50 da Classificação Internacional de Doenças 10a. Revisão – CID-10) atendidas na rede de saúde vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade do Rio de Janeiro. As pacientes foram identificadas nas bases de registro das hospitalizações e dos tratamentos oncológicos realizados em centros de alta complexidade em oncologia localizados nesta cidade, no período de 2000 a 2003 (N=10.730). As fontes de dados utilizadas foram o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/ SUS), que tem como instrumento de entrada de dados a Autorização de Internação Hospitalar (AIH), e o Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS), que tem como um dos instrumentos de entrada de dados a Autorização de Procedimento de Alta Complexidade em Oncologia (APAC). Na oncologia, a APAC é o instrumento de um sub-sistema (SIA/SUS), para informação de procedimentos de quimioterapia e/ou de radioterapia realizados em ambulatório ou em enfermaria.Tanto a AIH quanto a APAC fornecem informações que são geradas a partir dos dados de laudo médico específico devidamente autorizado pelo órgão de regulação no município (Brasil, 2002; Carvalho, 1997). Como fonte de informação, utilizaram-se as bases de dados completas destes dois sistemas, com identificação das pacientes: as APAC cedidas pela Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Rio de Janeiro e as AIH, pela Secretaria Municipal de Saúde da cidade do Rio de Janeiro. Inicialmente, a base de APAC/ONCO foi construída pela unificação das diversas tabelas que compõem o sistema de origem: de produção de procedimentos, cobrança, produção de quimioterapia e produção de radioterapia. Neste processo, utilizou-se a metodologia proposta por Gomes Jr. (Gomes Jr. et al., 2003; Magalhães, 2004). Em cada uma das bases, foi mantido apenas um registro para cada pessoa, utilizando duas estratégias distintas: para o SIH-SUS, foram mantidos os registros de procedimentos cirúrgicos, em detrimento dos demais, em especial se o 378 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 PERFIL RIO CIDADE DO DO ATENDIMENTO NO DE JANEIRO: SUS ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDAS NA RELACIONANDO OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES SIH E APAC-SIA procedimento relacionava-se à cirurgia específica de mama, considerando o tempo seqüencial de internação. Os dados referentes a procedimentos diferentes realizados em APAC para uma mesma pessoa foram agregados em um único registro, que passou a conter informações sobre a associação de tratamentos (radioterapia e quimioterapia). A identificação de casos foi feita a partir do número do Cadastro da Pessoa Física (CPF). Em etapa posterior, foi feito o relacionamento dessas duas bases de dados, reunindo, em um mesmo registro, todos os dados do atendimento hospitalar e ambulatorial de alta complexidade ao qual as mulheres foram submetidas no âmbito do SUS, no período do estudo. Este procedimento foi realizado por meio do identificador único, o número do CPF, comum a estas bases de dados. Os casos com CPF não preenchidos na base da AIH (765) foram recuperados através de busca manual na base da APAC, na qual o campo é de preenchimento obrigatório, por meio da comparação do nome, da data de nascimento, número de prontuário e endereço. Restaram 578 mulheres hospitalizadas com CPF não identificados, para as quais não se obteve informações sobre os procedimentos realizados em APAC. Estas foram classificadas como mulheres somente com internação. Os registros de APAC e de AIH não relacionados foram incorporados para compor a base final. Para os casos identificados com procedimento cirúrgico, capturados simultaneamente na AIH e na APAC, foi feita a conferência manual do endereço (Guia Quatro Rodas, 2001; Telelistas, 2006). O procedimento detalhado está descrito em Magalhães (2004). A análise descritiva é apresentada em três etapas. Na primeira, as 10.730 pacientes identificadas foram classificadas em três subgrupos, compostos por mulheres: somente com tratamento ambulatorial e casos com internação e tratamento ambulatorial associados. Na segunda etapa, a análise foi restrita às mulheres que se internaram para realização de cirurgia específica para tratamento do câncer de mama (N = 3.662). Na terceira etapa, foram analisados os tempos decorridos desde o diagnóstico e entre os procedimentos terapêuticos realizados, tendo como população de estudo as mulheres (N= 2.453) submetidas a tratamento cirúrgico associado à complementação terapêutica oncológica em APAC (radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia). Foram excluídas 52 mulheres identificadas nas APAC com tratamento iniciado antes de 2000. Os tempos negativos observados foram excluídos da análise. As variáveis estudadas foram: ano do atendimento; idade (estratos de 10 anos); tipo de procedimento hospitalar e ambulatorial realizado; motivo de saída hospitalar; estadiamento clínico; presença de metástase; tratamentos associados; unidades responsáveis pelo atendimento; intervalo de tempo, em meses, entre CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 – 379 VÂNIA CARDOSO LEÃO MAGALHÃES, MARIA DO CARMO ESTEVES DA COSTA, REJANE SOBRINO PINHEIRO diagnóstico e a cirurgia, entre o diagnóstico e o início do tratamento ambulatorial, e nos casos que realizaram cirurgia de mama e acompanhamento ambulatorial, o tempo entre a cirurgia e o início do tratamento ambulatorial. Na análise dos casos hospitalizados, foram classificados como cirurgia de mama os seguintes procedimentos cirúrgicos, considerados como condutas iniciais: mastectomia radical com linfadenectomia, mastectomia simples, ressecção de lesão de mama, setorectomia e setorectomia com esvaziamento ganglionar, linfadenectomia radical axilar unilateral e bilateral e biópsia de mama. Foram considerados como cirurgia complementar de mama os procedimentos executados que não se configuraram como cirurgia inicial para o tratamento de câncer de mama, tais como: plástica mamária não estética e plástica de reconstrução pós-mastectomia. Utilizou-se a data da internação como medida de aproximação da data da cirurgia e considerou-se como data do tratamento ambulatorial a data da primeira APAC. Como o campo data da APAC só consta mês e ano, para o cálculo dos tempos até o tratamento ambulatorial atribuiu-se como dia o primeiro dia do mês de referência registrado. Para permitir a comparação com outros estudos, as medidas de tempo foram apresentadas sob a forma categorizada, em estratos de meses (Arndt et al., 2003; Ma et al.; 1997; MacLeod et al., 2000; Mayo et al., 2001) e tabuladas segundo o estadiamento. No processamento e análise dos dados, foram usados os aplicativos: Visual Dbase 5.5 (2000), Access 7.0, SPSS 10.0 (SPSS, 1999) e Epi Info 6.04 (Epi Info, 2001). O estudo foi aprovado pelo comitê de ética do Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro. RESULTADOS 1ª ETAPA: PERFIL DAS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA Foram identificadas 10.730 mulheres com diagnóstico de câncer de mama, atendidas em unidades do SUS no município do Rio de Janeiro, no período de estudo. A Tabela 1 apresenta a descrição de três subgrupos de pacientes: somente com internação (N=2.529), somente com tratamento ambulatorial (N=4.060) e casos hospitalizados com tratamento ambulatorial associado (N=4.141). Pôde-se observar a predominância de pacientes que realizaram internação e acompanhamento ambulatorial de alta complexidade associado, que corresponderam a 38,6% do total de casos identificados. As pacientes identificadas apenas a partir da base ambulatorial representaram 37,8% do total. Os resultados mostram um aumento nas proporções de mulheres com ambos os tipos de tratamento, ambulatorial e hospitalar, em especial nos anos de 2001 e 2002, quando os valores quase dobram em comparação a 2000, reduzindo em 2003. 380 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 PERFIL RIO CIDADE DO DO ATENDIMENTO NO DE JANEIRO: SUS ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDAS NA RELACIONANDO OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES SIH E APAC-SIA Tabela 1 Distribuição das mulheres com câncer de mama segundo o tipo de assistência prestada em unidades do Município do Rio de Janeiro, 2000 a 2003. 1 Excluídos 5 casos de reoperação, 2 Excluídos os ignorados; Estádio 0 – carcinoma in situ; I – invasão inicial local; II – tumor primário limitado ou invasão linfática regional mínima, III – tumor local extenso ou invasão linfática regional extensa; IV – tumor localmente avançado ou presença de metástases. 3Total de casos Hospitalizados, N=6.670; 3 Total de casos com tratamento ambulatorial, N= 8.201. CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 – 381 VÂNIA CARDOSO LEÃO MAGALHÃES, MARIA DO CARMO ESTEVES DA COSTA, REJANE SOBRINO PINHEIRO Em relação à idade, observou-se que o grupo foi composto principalmente por mulheres de 40 a 69 anos, que representaram 67,1% do grupo total, e 29,7% possuíam menos de 50 anos. A comparação das idades dos três subgrupos mostrou que os casos só com hospitalização foram mais jovens do que os demais. A proporção de mulheres com idade abaixo de 40 anos e superior a 80 anos foi próxima a 8% do total de casos, em ambas as situações. Pacientes mais jovens (abaixo de 29 anos) predominaram no grupo apenas com procedimento hospitalar. As diversas modalidades de procedimentos cirúrgicos para tratamento do câncer de mama representaram pouco mais da metade dos procedimentos hospitalares realizados, no geral (54,9%) e, em especial, para o grupo com hospitalização mais tratamento ambulatorial (59,2%), enquanto que para o grupo que só internou foi de 47,8%. Neste grupo, um quinto das mulheres apenas hospitalizadas tiveram procedimentos considerados no estudo como cirurgia complementar, contra 4,1%, para as que tiveram complementação terapêutica ambulatorial. Os demais procedimentos realizados em ambiente hospitalar, em conjunto, variaram em torno de 32% a 37% nos grupos considerados, respectivamente. O tratamento ambulatorial foi indicado para mais de 70% dos casos, mas apenas 66,8% foram encontradas nas bases de APAC realizando quimioterapia, hormonioterapia e/ou radioterapia. Dentre as internadas, o óbito foi predominante entre as apenas hospitalizadas, em comparação ao grupo com internação e tratamento ambulatorial associado (80,4% versus 19,6%, respectivamente). Dentre as que receberam a radioterapia isolada e a hormonioterapia isolada, foram mais freqüentes os casos identificados apenas nas APAC (72,6% e 69,2%, respectivamente), enquanto que, das que receberam a radioterapia combinada com a quimioterapia, com e sem hormonioterapia, foram mais freqüentes os casos que internaram e receberam complementação terapêutica (75,3% e 72,6%, respectivamente). No geral, a principal finalidade do tratamento quimioterápico foi adjuvante ou profilática. Indicada para pacientes sem evidência clínica ou laboratorial da doença, esta foi realizada em quase 50% dos casos. Para cerca de 21% das mulheres, esta foi feita com fins paliativos. A comparação entre os dois subgrupos de mulheres submetidos a tratamento ambulatorial (isolado e combinado com hospitalar), entretanto, mostra que a quimioterapia foi realizada para reduzir o tamanho do tumor (quimioterapia neoadjuvante), em uma proporção duas vezes maior para aquelas com tratamento combinado (hospitalar e ambulatorial). 382 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 PERFIL RIO CIDADE DO DO ATENDIMENTO NO DE JANEIRO: SUS ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDAS NA RELACIONANDO OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES SIH E APAC-SIA Doença em estádios1 iniciais (0 e I) foi registrada para apenas 10% do grupo total. Das que apresentaram estádio II e IV, pouco mais da metade fez apenas tratamento ambulatorial (52,1% e 53,4%, respectivamente). Padrão semelhante foi observado no grupo de casos com metástase (54,6%). 2ª ETAPA: MULHERES QUE REALIZARAM CIRURGIA ESPECÍFICA PARA CÂNCER DE MAMA Este grupo foi composto por 3.662 mulheres, que corresponderam a quase 55% do total de casos. A Tabela 2 apresenta as características da assistência prestada a este grupo e mostra que aproximadamente um terço das mulheres foram encontradas somente nas bases hospitalares, sem acompanhamento ambulatorial. No entanto, este percentual variou segundo o tipo de saída hospitalar. A terapêutica cirúrgica não foi considerada suficiente para a maior parte das mulheres (78,2%). Observou-se que 53,8% das mulheres, para as quais o motivo de saída hospitalar registrado foi alta, foram encontradas realizando tratamento ambulatorial e cerca de 27,2% dos casos em que o motivo da saída registrado foi alta para complementação ambulatorial não foram identificadas nas bases ambulatoriais utilizadas. A maioria das mulheres que fizeram setorectomias, isoladas ou acompanhadas de esvaziamento ganglionar (93,8% e 66,7%, respectivamente), e a mastectomia simples (65,1%), fizeram apenas cirurgia de mama. Já a maioria que realizou mastectomia radical com linfadenectomia e a ressecção do tumor, representando aproximadamente 70,7% e 65,4% dessas condutas cirúrgicas, respectivamente, fez complementação ambulatorial. Neste último grupo, chama a atenção a proporção elevada do procedimento linfadenectomia, geralmente realizado como complementação de terapêutica cirúrgica nos casos indicados (mastectomia e setorectomia). No Quadro 1 são apresentadas as unidades de saúde incluídas nessa análise, classificadas segundo natureza, tipo de serviço especializado disponível e grau de complexidade oncológica. Observa-se que, dos hospitais listados, dois são especializados no tratamento de câncer. Dentre os universitários, dois possuem recursos para realização de radioterapia e de quimioterapia (ambulatorial e hospitalar) e os demais realizam apenas quimioterapia. Dos nove hospitais gerais, três não tinham credenciamento no SIPAC-Câncer (Sistema de Informação para Procedimentos de Alta Complexidade Hospitalar em Câncer), e, portanto, não 1 Utilizadas as regras gerais para Estadiamento geral dos tumores: Estádio 0 - carcinoma in situ; I - invasão inicial local; II - tumor primário limitado ou invasão linfática regional mínima, III - tumor local extenso ou invasão linfática regional extensa; IV - tumor localmente avançado ou presença de metástases (AICR, 2000; Barros et al., 2001). CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 – 383 VÂNIA CARDOSO LEÃO MAGALHÃES, MARIA DO CARMO ESTEVES DA COSTA, REJANE SOBRINO PINHEIRO estavam credenciadas pelo SUS para prestação de assistência oncológica hospitalar, e três não estavam credenciados para prestação de serviço oncológico ambulatorial, não preenchendo formulário da APAC. O grupo de unidades classificadas como outros corresponde a cinco hospitais, dentre os quais inclui-se um serviço de oncologia (CACON I sem radioterapia) e uma unidade com serviço isolado de radioterapia. Tabela 2 Características das mulheres que realizaram procedimento cirúrgico específico de mama, segundo as modalidades de tratamento cirúrgico e cirúrgico e complementação ambulatorial, município do Rio de Janeiro, 2000 a 2003. OBS: * Excluídos os casos com saída para reoperação (2) e permanência (1) ** Outros: unidades com menos de 12 internações no período: três hospitais gerais municipais (9 internações); um Privado Filantrópico especializado em Ginecologia (1); um Privado Conveniado. 384 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 PERFIL RIO CIDADE DO DO ATENDIMENTO NO DE JANEIRO: SUS ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDAS NA RELACIONANDO OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES SIH E APAC-SIA Em relação às unidades de saúde (Tabela 2 e Quadro 1), o atendimento às pacientes com câncer de mama deu-se prioritariamente nos dois hospitais especializados em atenção oncológica: os Hospitais I e II, responsáveis por 82% dos casos. Observou-se que o padrão de atendimento (somente cirurgia de mama ou cirurgia de mama associada a tratamento ambulatorial) diferiu entre os hospitais e que os Hospitais I e II apresentaram os menores percentuais de atendimentos somente cirúrgicos (21,0% e 36,1%, respectivamente). Nas demais unidades, à exceção do Hospital III, o tratamento apenas cirúrgico foi o predominante, uma vez que estas não estavam credenciadas pelo SUS para fazer tratamento oncológico ambulatorial. Quadro 1 Distribuição das unidades responsáveis pelo atendimento dos casos de câncer de mama, segundo natureza, classificação e serviços especializados disponíveis, Município do Rio de Janeiro, período de 2000 a 2003. OBS: * Outros: unidades com menos de 12 internações no período: três hospitais gerais municipais (9 internações); Um Privado Filantrópico especializado em Ginecologia (1); Um Privado Conveniado (1); ** Hospitais não credenciadas pelo SUS para procedimento oncológico ambulatorial; *** Hospitais não cadastrados no Sistema de Informações de Procedimentos de Alta Complexidade - Câncer (SIPAC-Câncer). CACON I – Centros de Alta Complexidade em Oncologia que são hospitais gerais que realizam o diagnóstico e tratamento das neoplasias malignas mais freqüentes no Brasil; CACON II - instituição dedicada prioritariamente ao controle do câncer, onde se desenvolvem ações de prevenção, detecção precoce, diagnóstico e tratamento de neoplasias mais freqüentes no Brasil; CACON III - hospitais especializados, com tratamento de todos os tipos de câncer. # Especializado em Ginecologia e Pediatria. ## O Serviço de radioterapia iniciou o funcionamento em 2004. Fonte SIH/SUS-CNES, SES/CDCT. CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 – 385 VÂNIA CARDOSO LEÃO MAGALHÃES, MARIA DO CARMO ESTEVES DA COSTA, REJANE SOBRINO PINHEIRO Aproximadamente 44% das mulheres operadas no Hospital III não receberam tratamento ambulatorial no SUS e este percentual sobe para aproximadamente 60% nos hospitais IX, X e XII. Os maiores percentuais de mulheres operadas sem acompanhamento ambulatorial no SUS (entre 75% e 100%) foram encontrados para um conjunto de 13 hospitais, dentre eles o Hospital IV e o V que estão entre os cinco hospitais que mais realizaram cirurgias de mama. 3ª ETAPA: PACIENTES QUE REALIZARAM CIRURGIA DE MAMA COM COMPLEMENTAÇÃO TERAPÊUTICA AMBULATORIAL Nesta etapa, foram analisados 2453 casos de mulheres que fizeram cirurgia de mama e acompanhamento ambulatorial para radioterapia e/ou quimioterapia. O intervalo de tempo entre a data do diagnóstico, informada na APAC, e a data da cirurgia de mama, informada na AIH, mostrou certa variabilidade em função do estadiamento (Figura 1). A maior mediana (5 meses) foi observada para os casos do estádio III. Observou-se maior dispersão na distribuição dos intervalos de tempo para os estadiamentos III e IV, sendo os intervalos interquartil de 1 a 7 meses e zero a 10 meses, respectivamente. Para 30% dos casos (N= 712), a cirurgia foi realizada no mês do diagnóstico, 39,7% (N= 941) realizaram a cirurgia entre o primeiro e o terceiro mês após o diagnóstico, dentre os quais 24,1% (N=571) ocorreram no mês subseqüente; 17,4% (N= 413) dos casos realizaram a cirurgia entre o quarto e o sexto mês após o diagnóstico; e 12,9% (N= 305) casos fizeram a cirurgia mais de seis meses após a data do diagnóstico. Para o intervalo de tempo entre diagnóstico e cirurgia, foram observados 82 casos com tempo negativo. Para a distribuição do intervalo de tempo entre a internação para a cirurgia de mama e o início do tratamento ambulatorial, houve pouca variação em relação ao estadiamento, com exceção do estádio zero (in situ), que apresentou a maior mediana (2,5 meses) e intervalo interquartil de 1,5 a 6,25 meses. Todos os outros estadiamentos (de I a IV) apresentaram uma mediana de dois meses e um intervalo interquartil de 1 a 3 meses (Figura 1). Os casos que realizaram cirurgia e iniciaram o tratamento ambulatorial em até três meses após a cirurgia corresponderam a 76,5% (N = 1444) e, dentre estes, 54,5% (N = 787) dos procedimentos ambulatoriais tiveram início no mesmo mês ou no primeiro mês após a cirurgia. Intervalos de quatro a seis meses foram obtidos para 14,7% (N = 277) e intervalos superiores a sete meses foram observados para 8,8% (N = 167) dos casos. Para o intervalo de tempo entre cirurgia e início do tratamento ambulatorial, foram observados 565 casos com tempo negativo. 386 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 PERFIL RIO CIDADE DO DO ATENDIMENTO NO DE JANEIRO: SUS ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDAS NA RELACIONANDO OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES SIH E APAC-SIA Figura 1 Distribuição dos intervalos de tempo entre diagnóstico, cirurgia e tratamento ambulatorial, em mulheres que realizaram cirurgia de mama e acompanhamento ambulatorial, no período de 2000 a 2003. Valores extremos não apresentados nos gráficos. CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 – 387 VÂNIA CARDOSO LEÃO MAGALHÃES, MARIA DO CARMO ESTEVES DA COSTA, REJANE SOBRINO PINHEIRO A distribuição dos intervalos de tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento ambulatorial mostrou pouca dispersão, maior para o estádio I, e foi similar para os estadiamentos II e III, sendo 2 meses a mediana e o intervalo interquartil de 1 a 3 meses. Valores extremos foram observados para os estádios I, II , III e IV. A maior mediana ocorreu para o estadiamento I (4 meses) (Figura 1). Para todos os estadiamentos, não foram observados valores negativos. Observou-se que 7,1% (N = 174) dos casos iniciaram o tratamento ambulatorial dentro do mesmo mês do diagnóstico; 69,6% (N = 1707), entre o primeiro e o terceiro mês após o diagnóstico, dentre os quais 47,5% (N = 811) no mês subseqüente; 15,5% (N = 382), entre o quarto e o sexto mês após o diagnóstico; e 7,7% (N = 190) após o sexto mês. DISCUSSÃO Neste estudo, pôde-se conhecer a quantidade de casos de câncer de mama tratados no SUS na cidade do Rio de Janeiro, no período de 2000 a 2003. Observou-se que existe um percentual não desprezível de mulheres jovens (8% com menos de 40 anos e 21% entre 40 e 49 anos), realizando tratamento para câncer de mama, mostrando que, no grupo avaliado, este problema de saúde ocorreu de forma importante nas faixas etárias abaixo de 50 anos, idade para a qual se preconiza o início do rastreamento mamográfico (Brasil, 2004). Apesar da complementação ambulatorial ser o tipo de saída hospitalar mais registrado (mais de 70% dos casos), um terço destas não foram encontradas em APAC. Em estudo de confiabilidade da AIH realizado em hospitais privados contratados pelo SUS (Veras & Martins, 1994), o tipo de saída (motivo de alta hospitalar) foi apontado como uma variável com relativa confiabilidade de registro. Com base no exposto, pode-se pensar que parte destas mulheres que tiveram indicação para tratamento ambulatorial o fez fora do SUS, ou estão sendo subnotificadas pelos hospitais que realizam esses procedimentos apesar de estarem credenciados para sua realização, ou mesmo em função do teto financeiro. A análise geral dos três grupos de mulheres, apresentados nas três partes no trabalho, não permite fácil comparação entre eles, uma vez que diferentes perfis de gravidades de casos e atendimentos estão reunidos em cada conjunto. Entretanto, é uma apresentação que deve ser valorizada do ponto de vista do conhecimento do perfil do atendimento oncológico no SUS. O Sistema Único de Saúde, na cidade do Rio de Janeiro, não realizou o tratamento completo de câncer de mama em todas as mulheres que entraram no sistema, pela internação ou pelo tratamento de alta complexidade ambulatorial. O que se notou foi que 61% dessas mulheres realizaram somente uma parte do tratamento no SUS, que correspondeu ao grupo que só internou e fez cirurgia de mama, mais o grupo que só foi identificado no tratamento ambulatorial. 388 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 PERFIL RIO CIDADE DO DO ATENDIMENTO NO DE JANEIRO: SUS ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDAS NA RELACIONANDO OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES SIH E APAC-SIA Os dados resultantes do relacionamento entre as bases de dados do SIH-SUS e da APAC/ONCO apontaram para a possibilidade de haver subnotificação de dados ou mesmo “associação/complementação” do tratamento do câncer de mama entre a rede de serviços credenciados pelo SUS, a rede de serviços públicos não credenciados e a rede de saúde suplementar, algumas vezes co-existentes em um mesmo estabelecimento, na cidade do Rio de Janeiro. A indicação de tratamento para uma paciente com diagnóstico de câncer de mama é a cirurgia, seguida de tratamento complementar ambulatorial (quimioterapia, hormonioterapia ou radioterapia), a menos que esteja em estádios avançados da doença, para as quais a cirurgia não é indicada (somente a chamada “cirurgia higiênica”), ou para os casos diagnosticados como carcinoma in situ lobular, para os quais a biópsia excisional associada à vigilância clínica rigorosa está indicada. Todos os outros casos requerem um procedimento ambulatorial prévio, adjuvante ou paliativo (AICR, 2000; Barros et al., 2001; Kemp, 2002a; 2002b). Neste estudo, observou-se que aproximadamente um terço das mulheres que realizaram cirurgia de mama no SUS não realizaram tratamento ambulatorial. Algumas hipóteses foram levantadas: 1. As cirurgias não seguidas de tratamento ambulatorial poderiam estar relacionadas aos casos de mulheres com diagnóstico de carcinoma in situ. Embora possa haver críticas com respeito à confiabilidade do registro do estadiamento na base da APAC/ONCO, seria difícil supor que 30% das mulheres operadas estivessem enquadradas nessa condição, uma vez que a maioria dos atendimentos registrados no SUS são para estadiamentos avançados (Gadelha, 2002; Kligermam, 2002). 2. Parte das mulheres teria ido a óbito antes de iniciar o tratamento ambulatorial. Porém, foram identificados somente quatro óbitos hospitalares para este grupo, e seria pouco provável que todos os óbitos tivessem ocorrido fora do ambiente hospitalar. 3. Estas mulheres teriam feito cirurgia no SUS e não teriam conseguido acesso ao tratamento subseqüente, isto é, das mulheres que tiveram indicação de complementação ambulatorial, 25% não realizaram este acompanhamento no SUS; 4. Estas mulheres tiveram duplo acesso, ou seja, além da possibilidade de realizarem sua cirurgia no SUS, possuíam algum tipo de plano de saúde privado que garantiu o tratamento subseqüente de quimioterapia e/ou de radioterapia após a cirurgia; CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 – 389 VÂNIA CARDOSO LEÃO MAGALHÃES, MARIA DO CARMO ESTEVES DA COSTA, REJANE SOBRINO PINHEIRO 5. Outra possibilidade seria a de que esse grupo de mulheres teria feito o tratamento ambulatorial em unidades de saúde que não estivessem com seus cadastros para SIPAC – Câncer autorizados. Esta condição não autoriza a emissão de APAC por estas unidades, mesmo que elas disponham ou estejam realizando quimioterapia, hormonioterapia ou radioterapia ambulatorial. Entretanto, esta hipótese não cobre o caso das mulheres que teriam sido atendidas nas unidades que possuem autorização para realização de procedimento oncológico no nível ambulatorial. 6. O enfoque financeiro da APAC mascara a real condição destas mulheres, interferindo num instrumento que poderia estar auxiliando no processo de planejamento e organização da rede de serviços, uma vez que mesmo as unidades que possuem autorização concentram as suas atividades na assistência para cirurgia de mama sem acompanhamento ambulatorial. A mesma questão, no sentido inverso, atinge as mulheres que só foram identificadas realizando o tratamento ambulatorial de alta complexidade no SUS. Os casos que justificariam teoricamente um procedimento não cirúrgico exclusivo seriam os casos em estádio IV. Nesses casos, para os quais não há a possibilidade de cura, é possível uma intervenção chamada de “cirurgia higiênica” para paliação da lesão tumoral mamária. Porém, neste grupo apenas 21,5% das mulheres encontravamse em estádio IV. Onde, então, o restante deste grupo de mulheres teria realizado o procedimento cirúrgico? Uma das possibilidades é a de que uma grande parte dos planos de saúde privados não cobriam este tipo de tratamento antes da lei de regulamentação dos planos de saúde, e, por isso, poderia ter ocorrido a migração destas mulheres para o SUS. Outras hipóteses que podem ser consideradas são: 1. A rede básica de serviços de saúde não está captando essas mulheres na proporção esperada, de maneira que possam estar sendo encaminhadas para o devido tratamento; 2. A oferta de serviços (infra-estrutura ou produção) está insuficiente frente à demanda. Estas mulheres poderiam ter recebido atendimento no setor hospitalar do SUS, não conseguindo, entretanto, atendimento ambulatorial de alta complexidade no tempo desejado. Por ser este tratamento mais prolongado, haveria formação de filas de espera e os tempos entre diagnóstico, cirurgia e tratamento poderiam estar acima da média esperada. Observou-se que a maioria dos intervalos ficou em até três meses, comparados com o intervalo de um mês apontado na literatura internacional, 390 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 PERFIL RIO CIDADE DO DO ATENDIMENTO NO DE JANEIRO: SUS ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDAS NA RELACIONANDO OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES SIH E APAC-SIA na qual o tempo médio entre diagnóstico e início de tratamento é de 30 dias (Arndt et al., 2003; Ma et al., 1997; Mickey et al., 1995), e, em países cujo sistema de saúde é universal, a exemplo do Canadá (Mayo et al., 2001). 3. A dificuldade de acesso às ações de detecção precoce pode estar associada à menor proporção de casos iniciais e à predominância de estádios mais avançados (II ou mais) Das 20 unidades de saúde que registraram atendimento para mulheres com câncer de mama, 18 unidades responderam por apenas 20% dos atendimentos, variando de 4 a 29 atendimentos/ano. Este fato pode estar relacionado a baixos padrões de produtividade para este tipo de atendimento. Assim, torna-se interessante avaliar uma nova estratégia de organização destes atendimentos, concentrando-os em unidades que já possuem infra-estrutura favorável, necessitando apenas de investimentos na reorganização estrutural (recursos humanos, manutenção adequada e planejada, acompanhamento e controle de custos, insumos) como seria o caso dos hospitais universitários. No presente estudo, foram encontradas medianas de intervalo de tempo entre diagnóstico e cirurgia de um mês, compatíveis com os tempos apontados na literatura internacional (Mayo et al., 2001). Entretanto, destaca-se que um quarto das pacientes com estadiamentos baixos apresentou medianas maiores. Cabe ressaltar ainda que diferenças na interpretação ou anotação da data do diagnóstico podem levar à subestimação dos intervalos de tempo, uma vez que a data do diagnóstico pode estar refletindo a data da cirurgia e confirmação do exame histopatológico, em vez de a data do laudo da mamografia. O intervalo de tempo entre a cirurgia e o início do tratamento ambulatorial apresentou valores maiores, mostrando que metade das pacientes em estadiamentos baixos levaram dois ou mais meses para receber tratamento ambulatorial. O estadiamento clínico é baseado em achados do exame físico e de exames complementares e, como todo procedimento que requer a interpretação do profissional, é passível de certo grau de subjetividade. Este fato, associado à obrigatoriedade do preenchimento na APAC, que muitas vezes não é feito pelo profissional assistente do caso, pode comprometer a confiabilidade desta informação, se o estadiamento é resgatado a partir de consultas de prontuários em que o estádio da doença não foi registrado. Na terceira etapa deste trabalho, para um universo de 2453 casos analisados, com registro de cirurgia de mama associada ao tratamento ambulatorial, foram encontrados 156 casos (representando 7,9%) contendo incompatibilidades entre a informação do estadiamento e o período que o procedimento ambulatorial foi CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 – 391 VÂNIA CARDOSO LEÃO MAGALHÃES, MARIA DO CARMO ESTEVES DA COSTA, REJANE SOBRINO PINHEIRO executado. Vale a pena, a despeito de não representar um número alarmante, considerar a representatividade dessas inconsistências e avaliar a possibilidade de realizar uma reavaliação no desenho da APAC, considerando também a possibilidade de validação da consistência, através de um programa de crítica, com respeito a variáveis tais como: data de diagnóstico, procedimento realizado, estadiamento, e, se possível, criar um campo para informar se a paciente fez cirurgia, a data e o tipo, de forma que esta informação poderia ser validada junto ao Sistema de Informações Hospitalares, qualificando a informação e, conseqüentemente, os sistemas de informação. Apesar das críticas apresentadas, a base de dados da APAC é um material rico, que pode subsidiar estudos de epidemiologia de serviços de saúde e o planejamento para controle da doença. Devem-se considerar os limites de sua aplicação, uma vez que os dados provêm de um sistema baseado na lógica financeira, dando a ele uma utilização mais abrangente, a exemplo de outros países que já utilizam grandes bases de dados administrativos em pesquisas e no planejamento e monitoração dos serviços de saúde. Neste contexto mais geral de análise, vale a pena fazer a consistência dessas informações, criticá-las, divulgá-las, informar a importância do registro fidedigno e a extensão dessa informação, a fim de alcançar um sistema de informação mais confiável. Ainda sobre a confiabilidade dos registros, quando se analisou o intervalo de tempo entre a data do diagnóstico e a data da cirurgia, observou-se que 3,3% (N= 82) do total de casos apresentaram registro de cirurgia em data anterior à data do diagnóstico. Este grupo de pacientes foi excluído da análise, apesar dessa situação ser possível nos casos em que o resultado do exame histopatológico da peça cirúrgica é liberado em data posterior à da cirurgia e aquela data ser considerada como a data do diagnóstico, apesar da recomendação das bases técnicas para autorização de procedimentos de alta complexidade – APAC/ONCO: “a data do diagnóstico poderá ser a do diagnóstico clínico que justificou o início do tratamento solicitado, inclusive o de emergência, ainda sem confirmação patológica da malignidade” (Brasil, 2001c). Para o intervalo de tempo entre a cirurgia de mama e o início do tratamento ambulatorial, foram encontrados números negativos em 565 casos, em decorrência de datas de tratamento ambulatorial anteriores à data da cirurgia, situação que pode estar associada a tratamentos quimioterápicos neoadjuvantes. Os sistemas administrativos utilizados neste trabalho apresentam limitações. Um dos maiores problemas detectados em relação ao SIH-SUS está associado com a qualidade da informação diagnóstica, ou seja, a confiabilidade das informações que são anotadas a partir dos prontuários médicos, que são a fonte primária para o preenchimento da AIH, e ao processo de codificação, que, 392 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 PERFIL RIO CIDADE DO DO ATENDIMENTO NO DE JANEIRO: SUS ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDAS NA RELACIONANDO OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES SIH E APAC-SIA muitas vezes, está relacionado aos procedimentos utilizados e não ao código da doença, possibilitando apresentar um forte viés de informação. Além disso, o SIH-SUS não identifica reinternações e transferências de outros hospitais, levando eventualmente à contagem cumulativa do mesmo paciente (Veras & Martins, 1994). Porém, neste trabalho, fez-se uso do nome da paciente, o que eliminou esta limitação nas análises. A APAC possui informações individualizadas e detalhadas, mas ainda apresenta muitas inconsistências de preenchimento, não há controle dos pacientes que saíram da unidade por motivo de alta ou óbito e isso permite que a unidade continue solicitando APAC – formulário e fazendo cobranças indevidas, pela falta de mecanismo de cruzamento de informações dos tratamentos autorizados e cobrados. Algumas datas importantes para análise, como a do diagnóstico e início do tratamento, que deveriam obedecer a uma lógica única de preenchimento (obedecendo estritamente às normas técnicas), podem estar apresentando problemas no seu preenchimento. Diante do volume de informações a serem controlados, os sistemas ainda apresentam algumas deficiências: muitos laudos médicos com dados inconsistentes e incompatíveis são autorizados. Apesar de todas essas limitações, estes sistemas de informação apresentam abrangência nacional, são informatizados, permitindo maior acesso às bases de dados, onde os dados são apresentados de forma individualizada e caracterizados de maneira que permitam análise dos perfis de mortalidade e morbidade para a população que faz uso do serviço. Além disso, essas bases de dados continuam sendo extremamente importantes para o conhecimento do perfil dos atendimentos da rede hospitalar, ainda que disponibilizados de forma reduzida, ou seja, sem a identificação do paciente, porém com a grande vantagem de apresentarem defasagem em torno de apenas três meses entre a produção e sua disponibilização via Internet. Vários trabalhos estão sendo produzidos a partir de grandes bancos de dados administrativos, para avaliação de desempenho de serviços de saúde e para subsidiar decisões gerenciais. Essas bases possuem vantagens e desvantagens. Conhecê-las é importante, porque dão a dimensão dos limites da utilização desses dados (Ayanian & Guadagnoli, 1996; Martins et al., 2001). A comunicação entre estes sistemas permitiria o monitoramento do paciente e, portanto, uma análise mais próxima do atendimento da rede SUS, sem estarem sendo contados mais de uma vez na base. Diante das informações que cada sistema pode oferecer, a possibilidade de relacioná-los permitiria uma visão mais ampla da cobertura da assistência ao câncer de mama, uma vez que seria possível identificar o paciente nas várias áreas de atenção e acompanhar sua movimentação dentro da rede de serviços. CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 – 393 VÂNIA CARDOSO LEÃO MAGALHÃES, MARIA DO CARMO ESTEVES DA COSTA, REJANE SOBRINO PINHEIRO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho, analisou-se o perfil da assistência às pacientes com de câncer de mama no SUS, na cidade do Rio de Janeiro, por meio de um cruzamento entre as bases de dados do SIH-SUS e SIA-SUS (APAC/ONCO), que revelou a capacidade do SUS quanto ao tipo de tratamento e à prevalência de tratamento do câncer de mama na população da cidade. A despeito do ineditismo de tal metodologia, através de novos estudos e de aprofundamento de algumas recomendações, objeto de considerações que serão apresentadas a seguir, este trabalho procurou privilegiar alguns pontos que foram considerados importantes. Em primeiro lugar, que no Sistema Único de Saúde, na cidade do Rio de Janeiro, os dados demonstram que não se deu tratamento completo do câncer de mama em todas as mulheres que entraram no sistema, pela internação ou pelo tratamento de alta complexidade ambulatorial (quimioterapia e radioterapia). Um pequeno número de unidades de saúde realizou a maioria do atendimento. Seria interessante adotar-se nova estratégia de organização destes atendimentos, fortalecendo as unidades que já possuem infra-estrutura favorável, como os grandes hospitais gerais e os hospitais universitários. Vale a pena, a despeito das incoerências no registro dos dados da APAC não representarem um número alarmante, avaliar a possibilidade de realizar uma reavaliação no desenho da APAC e a possibilidade de validação da consistência, através de um programa de crítica com respeito a variáveis tais como: data de diagnóstico, procedimento realizado, estadiamento, e, se possível, criar um campo para a informar se a paciente fez cirurgia, a data e o tipo, o que permitiria a base da APAC validar a base da AIH, qualificando a informação e, conseqüentemente, o sistema de informação. Este trabalho recomenda a necessidade de se realizarem novos estudos que possam demonstrar o impacto da demora no tempo de espera de tratamento observado em função de um pior prognóstico dessas pacientes. Embora a associação entre o tempo do diagnóstico, da cirurgia e do início do tratamento ambulatorial possa ser complexa, pois às vezes fica sujeita a interpretações, e, portanto, pleno de subjetividades, o tempo neste processo deveria ser o mínimo possível, a ponto de não comprometer o prognóstico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADAY, L. A.; BEGLEY, C. E.; LAIRSON D. R.; SLADER, C. H. Effectiveness: concepts and methods. In ______. Evaluating the healthcare system: effectiveness, efficiency and equity. Chicago: Health Administration Press, 2. ed., 1998. p. 45 - 72. 394 – CADERNOS SAÚDE COLETIVA, RIO DE J A N E I R O , 14 (2): 375 - 398, 2006 PERFIL RIO CIDADE DO DO ATENDIMENTO NO DE JANEIRO: SUS ÀS MULHERES COM CÂNCER DE MAMA ATENDIDAS NA RELACIONANDO OS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES SIH E APAC-SIA AICR. American Institute for Cancer Research. Cancer resource. Cancer treatment today: breast cancer. Lacr Scientific Publicate. 2000. 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