Produto Grupos de Auto-Ajuda

Transcrição

Produto Grupos de Auto-Ajuda
SMILE
TRANSNATIONAL PARTNERSHIP
2
CONTEÚDO
Prefácio................................................................................................. 5
Introdução........................................................................................... 6
Grupos de Auto-Ajuda: ………............................................................ 7
-
Princípios chave.................................................................................7
Porquê Auto-Ajuda............................................................................ 8
Quem precisa de Auto-Ajuda.............................................................. 8
Funções dos grupos de auto-ajuda......................................................9
Constituir um Grupo de Auto-Ajuda: …….................................... 11
-
Questões para Indivíduos que queiram criarem um grupo………………… 11
Planear um Grupo de Auto-ajuda: …………………………………………...13
-
Encontrar pessoas com os mesmos problemas.................................. 13
Pontos a considerar quando se constitui um grupo de auto-ajuda …... 14
Missão............................................................................................ 14
Metas …......................................................................................... 15
Objectivos.......................................................................................16
Estrutura.........................................................................................17
Membros e Participação................................................................... 18
Tamanho do grupo – Quantos membros?.......................................... 21
Cronograma – O que precisa de ser feito e quando? ………………………. 21
Planear Uma Reunião Inicial: ……………………………………………. 22
-
Motivar participantes a ficarem no grupo........................................... 23
Garantir o Sucesso da Primeira Reunião............................................ 24
Planificar Agendas........................................................................... 25
Exemplos de Agendas...................................................................... 25
O Local da Reunião:..........................................................................27
-
Encontrar um local para a reunião.................................................... 27
Disposição do espaço...................................................................... 28
Deslocação e transporte para as reuniões......................................... 28
Horário das reuniões........................................................................28
Comunicação e Comportamento - Como Interagem
Os Membros: …...................................................................................29
-
O
Que
Afecta
a
Comunicação
em
Grupos
de
Autoajuda…………………….29
Barreiras à Participação em Grupos de Auto-ajuda……………………...…...30
Acordos de Trabalho.........................................................................30
3
-
Regras Base – Linhas Orientadoras....................................................31
Confidencialidade em Grupos de Auto-Ajuda...................................... 32
Modelo de Acordos de Confidencialidade............................................33
Tomada de decisão nos Grupos de Auto-Ajuda...................................34
Actividades de Grupos de Auto-ajuda: ……………………………………37
-
As Reuniões podem ter sucesso se: ………………………………………………. 37
Coesão Entre os Membros do Grupo………………………………………………. 37
Discussão de Grupo – o coração da auto-ajuda………………………………. 38
Factores a considerar ao planear discussões de grupo…………………. … 39
Metodologias de trabalho com Grupos ……………………………………………40
Planos de sessão……………………………………… …………………………………. 41
Outras Actividades dos grupos de Auto-ajuda …………………………….……41
Advogar e Campanha para a Mudança: …………………………………. 45
-
Como Alcançar a Mudança? ………………………………………………. …………45
Diferentes Formas de Advogar ……………………………………………… ………45
Fazer a Campanha sozinho ou Com Outras Organizações …………. …… 45
Advocacia Eficaz – Reuniões com Políticos e Tomadores
De Decisão…………………………………………………………………………. ……… 46
Líderes de Grupos de Auto-ajuda: …………………………………………... 48
-
Relações entre o Líder do Grupo e o Grupo de Auto-ajuda...................... 49
Promover o espirito de liderança dos membros de grupos liderados
por um profissional ……………………………………………………………………….… 50
Co-Liderança....................................................................................... 50
Como Prevenir a saida dos Líderes ……………………………………………………. 52
Estilos de Liderança …………………………………………………………………. ……. 52
Etapas de Desenvolvimento do Grupo: ………………………. …………54
-
1ª Etapa Formar…......................................................................... 55
2ª Etapa Pensar............................................................................. 55
3ª Etapa Regular............................................................................ 56
4ª Etapa Actuar.............................................................................. 57
5ª Etapa Finalizar........................................................................... 57
Modelo das 5 Etapas...................................................................... 59
Lidar com Situações Difíceis no Grupo: ………………………………...60
-
Segurança, Conflito e Pessoas Difíceis............................................. 60
Conflito......................................................................................... 60
Como Resolver os Conflitos no Grupo ……………………………………………61
O Processo de Desenvolvimento do Grupo........................................61
Relação com Profissionais/Especialistas: ……………………......69
-
Como trabalhar com profissionais beneficia os grupo……………………….69
Como Identificar os Profissionais com que trabalhar………………………. 70
Como Comunicar com Profissionais………………………………………………. 70
Esclarecimento sobre a Participação de Profissionais…………………….….71
4
-
Transição do grupo de auto-ajuda liderado por profissional para o
grupo liderado por membro…………………………………………………,…….. 71
Aprendizagem sobre Auto-ajuda..................................................... 71
Constituir uma Equipa …………………………………………………................72
Deixar Ir……………………………………………………………………………….…… 72
Disponível, mas não a liderar……………………………………………….……… 72
Publicidade…………………………………………………………………………….………. 73
-
Como divulgar o seu Grupo............................................................. 73
Fundos:.................................................................................................75
-
O Grupo precisa de Angariar Dinheiro?..................................….………75
Angariar fundos...............................................................................76
Contabilidade..................................................................................76
Avaliação:.......................................................................................... 78
-
Porque é importante efectuar uma Avaliação ……………………….………. 78
Formas de Avaliar a Eficácia do Seu Grupo de Auto-ajuda…….………… 78
Quem Deve Fazer a Avaliação…………………………………………….……, … 79
Informação Útil para a Avaliação…………………………………………….……. 79
Como deverá ser Usada a Avaliação? ……………………………………….……79
Avaliação: as Pessoas que Abandonam o Grupo de Auto-ajuda…….…. 81
Finalizar um Grupo de Auto-ajuda:.............................................82
-
Razões positivas para o Fim Dos Grupos.......................................... 82
Outras Razões porque os grupos Acabam.........................................83
Passos para Finalizar um Grupo........................................................83
Grupos de Auto-ajuda nos Países da Parceria:......................85
-
Resumo dos questionários...............................................................85
Estudo de Casos.............................................................................88
Bibliografia........................................................................................98
Anexos………………………………………………………………………………………...…. 99
5
PREFÁCIO
Produto da parceria transnacional do
contribuição do Projecto Rumos de Futuro
Projecto
SMILE
com
SMILE (Sensibilizar, Motivar, Integrar, Vamos Exprimentar) é uma parceria de
quatro países que trabalharam em conjunto para encontrar maneiras comuns
de ajudar os indivíduos a reconciliar a vida familiar e profissional.
Chegámos à Acção 2 do EQUAL e percebemos que tínhamos uma causa em
comum em termos do que estavamos a tentar alcançar na nossa parceria de
desenvolvimento a nível nacional, que poderíamos alcançar transnacionalmente.
Nós Somos:
Portugal (ConciliArte);
Polónia (Pełnia Życia - wsparcie rodziców dzieci niepełnosprawnych);
Lituania (Per technologijas žinojimo ir darbo link!);
França (Les Temps pour Vivre Ensemble).
Os parceiros do projecto smile têm um objectivo comum que consiste na
partilha de metodologias e boas prácticas em relação à temática da
reconciliação entre a vida profissional e familiar. A parceria Transnacional
pretende tirar vantagem do know-how existente e da metodologia de cada
parceiro, permitindo assim a tranferência e adaptação de abordagens
relevantes.
Através da cooperação temo-nos esforçado para encontrar formas inovadoras
de intervenção nesta temática, através do desenvolvimento e criação de uma
metodologia comum para melhorar a reconciliação entre a vida profissional e a
vida familiar envolvendo os actores locais relevantes, tais como empresários,
organizações sociais, grupos civicos, voluntários, bem como os indivíduos que
são os maiores beneficiários dos projectos.
Do trabalho desenvolvido pela Parceria do projecto Smile resultaram alguns
produtos inovadores, os quais serão uma mais valia para os todos os
intervenientes na temática da conciliação entre a vida profissional e a vida
familiar, especialistas, politicos, individuos.
Esperamos que estes produtos venham a ser incluidos nas políticas de
mainstreaming de todos os estados membros da UE.
O manual – “Grupos de Auto-Ajuda: Guia Prático para Líderes de
Grupo” é um dos produtos comuns desenvolvido pela Parceria do projecto
SMILE, que inclui importantes contributos de outros projectos EQUAL
portugueses tais como o projecto “Rumos de Futuro”, o qual tem importantes
experiências e boas práticas, neste campo, para partilhar. Isto porque este
produto pode ser utilizado não apenas na área da conciliação, mas em muitas
outras, nomeadamente na área da reclusão.
6
INTRODUÇÃO
O manual “Grupos de Auto-Ajuda: Guia Prático para Líderes de Grupo” foi
elaborado com base em anos de experiência de trabalho com grupos de autoajuda na Lituânia. Está também assente na experiência de líderes de grupos de
auto-ajuda incluidos em projectos dos países da parceria – França, Lituânia,
Polónia e Portugal.
Está claro que os grupos de auto-ajuda são um modelo eficaz para encorajar
pessoas que estejam a passar por um vasto leque de problemas, a tomarem a
responsabilidade pelas suas vidas, através do trabalho com outras pessoas que
se encontrem em situações semelhantes, para juntas chegarem às mesmas
respostas.
Este manual foi concebido para ajudar aquelas pessoas que estão a pensar em
iniciar um grupo de auto-ajuda e as que recorrem frequentemente a um grupo
desta natureza, independentemente do tipo de grupos de pessoas ou
problemas que serão trabalhados. O manual vai ajudá-la a decidir se vale a
pena começar um grupo de auto-ajuda, como encontrar e atrair os membros do
grupo, como definir os objectivos, a estrutura, as actividades e como trabalhar
em conjunto para alcançar objectivos comuns. O manual irá ajudar líderes dos
grupos de auto-ajuda, tanto especialistas como membros, a lidar com as
dificuldades que possam vir a surgir na fase de desenvolvimento do grupo.
A maior parte do manual é teoria, baseada na experiência pessoal de trabalhar
com grupos de auto-ajuda e grupos no geral. Existe também uma secção
intitulada “Grupos de Auto-Ajuda nos Países da Parceria”, que é um resumo dos
questionários aplicados acerca de grupos de auto-ajuda em França, Lituânia,
Portugal e Polónia. Também inclui um pequeno estudo de caso dos vários
grupos de auto-ajuda em cada um destes países. Comentários e
recomendações de líderes de grupos de auto-ajuda e membros vêem sendo
incluídos ao longo do texto, o qual fornece uma valiosa introspecção dentro do
funcionamento dos grupos de auto-ajuda.
Estou contente por ter feito parte deste projecto e de ter tido a oportunidade
de coordenar a preparação este manual. Eu creio que o manual será útil e irá
dissipar qualquer tipo de medo que possa haver em termos de estabelecer e
desenvolver um grupo de auto-ajuda e que irá contribuir para fortalecer o
movimento dos grupos de auto-ajuda em todos os países da parceria.
Gaila Muceniekas
7
Grupos de Auto-Ajuda
A auto-ajuda é uma forma de lidar com muitos dos problemas da vida. Baseiase na partilha de uma situação pessoal, um problema comum, condição,
história ou experiência. Poderá ser uma situação pessoal, que levou a pessoa a
sentir-se isolada, só e com falta de confiança para lidar com a mesma. Poderá
ser uma situação, que teve um impacto repentino na vida do indivíduo, como a
perda de um membro da família, o nascimento de uma criança com deficiência,
a perda do emprego, ter sido preso ou cumprido uma sentença de prisão e
assim por diante.
Encontrar alguém que provavelmente está a passar por uma situação
semelhante e com quem podemos partilhar as nossas experiências pode, na
maioria das vezes, servir de conforto e apoio. Através da compreensão mútua e
apoio, os membros dos grupos de auto-ajuda partilham o seu conhecimento e
perícia em enfrentar os problemas e ficam mais preparados para lidar com
mudanças nos estilos de vida ou comportamento.
Assim sendo, um grupo de auto-ajuda consiste num grupo de pessoas que
partilham um problema ou situação semelhante, directamente ou através das
suas famílias ou amigos. São compostos por pessoas que dão a cara para se
ajudar a si próprias e para fornecer apoio aos que partilham da mesma situação
ou problema.
Os grupos de auto-ajuda estão a desempenhar um crescente e importante
papel nos cuidados de saúde, assim como têm vindo a tornar-se uma parte
integrante de tratamentos a problemas emocionais, de comportamento e de
saúde mental e também ajudam a lidar com situações geradoras de stress.
Muitos indivíduos acham que participar em grupos com pessoas que lidam com
problemas semelhantes aos seus é eficaz e não é estigmatizante. Os grupos de
auto-ajuda são um incalculável recurso para a recuperação e empowerment em
relação ao problema que une o grupo.
A ideia central é que “Não está só”. Embora o indivíduo seja o único que pode
agir para trazer mudança à sua vida, há alturas em que é demasiado contar
unicamente consigo próprio. Existe uma força única no grupo, que ajuda a
pessoa a mobilizar as suas energias e a atingir uma sensação de bem-estar.
Através do trabalho em conjunto, é possivel alcançar coisas que os indivíduos
nunca pensariam alcançar sozinhos.
Princípios chave:
As pessoas, nos grupos de auto-ajuda, participam devido a circunstâncias
comuns nas quais elas se encontram. Os membros partilham mais do que
um interesse. Partilham igualmente uma condição, situação ou problema;
A participação no grupo é voluntária;
Nos grupos de auto-ajuda os indivíduos devem ter responsabilidade por
eles próprios e por outras pessoas do grupo;
8
Os grupos baseiam-se em princípios de partilha e trabalho de cooperação,
ajudando e dando suporte uns aos outros, sendo capazes de ajudar e ao
mesmo tempo serem ajudados;
Os grupos são feitos para os seus membros, que podem ser os indivíduos
que enfrentam os problemas, ou as suas famílias, amigos ou os dois;
Os grupos podem variar de tamanho, o qual é determinado pelas suas
actividades. Se um grupo pretende fornecer suporte através da discussão e
da partilha isto não será fácil com um grupo com mais de 15 pessoas.
Porquê Auto-Ajuda?
As pessoas entram em grupos de auto-ajuda por várias razões e usam os
grupos de maneiras diversas, mas maioritariamente são como um apoio para as
suas vidas. Um indivíduo talvez só apareça em uma ou duas reuniões….ou
talvez se torne um membro regular. A principal mensagem para os membros é
“Isto Diz Respeito a Ti!”
Os membros dos grupos de auto-ajuda:
Sentem-se menos isolados sabendo que outras pessoas têm problemas
semelhantes;
Ao trocar ideias e maneiras eficazes de lidar com os problemas, têm a
oportunidade de aprender com os outros que também passaram ou passam
pelas mesmas situações;
Trabalham activamente atitudes e comportamento para realizarem
mudanças positivas nas suas vidas;
Ganham um novo sentido de controle sobre as suas vidas e sentem-se
menos oprimidos pelos seus problemas;
Chegam à conclusão de que eles não precisam de manter as suas
experiências em “segredo”. Não têm nada de que se envergonhar!
Experienciam elevados níveis de satisfação;
Adquirem uma atitude mais positiva perante o problema ou questão e
ganham mais competências no sentido de fazer mudanças positivas nas
suas vidas.
Compreendem melhor o problema: aprendem os aspectos comuns e como
estes afectam as suas vidas, mas também como podem mudar a situação.
Quem Precisa de Auto-ajuda?
Os grupos de auto-ajuda focam-se num determinado problema nos quais o
membro tanto é o ajudado como aquele que ajuda. Indicam um caminho aos
indivíduos, num cenário de grupo, para assumir responsabilidades nas suas
vidas e comportamentos e ajudar outros a fazerem o mesmo.
O alcance dos problemas enfrentados pelos grupos de auto-ajuda é
interminável. Os seguintes são apenas exemplos de alguns grupos existentes:
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Pessoas que lidam com problemas de saúde, por exemplo: epilepsia,
cegueira, leucemia, deficiência física, doença mental, etc.
Pessoas com problemas de adição – drogas, medicação, álcool, etc.
Pessoas idosas (por exemplo, que lidam com a perda de sentido da vida,
transição de trabalhador para reformado).
Desempregados/as de longa duração.
Possuidores de vários tipos de doenças e/ou deficiências que podem ser
tanto gerais como específicas.
Vítimas de crime (vítimas de assalto, rapto, violação).
Jovens em risco de famílias destruturadas, mães solteiras, etc.
Pais de crianças com deficiências, com vícios, doenças terminais, etc.
Viúvas e viúvos.
Reclusos/as, ex-reclusos/as e suas famílias.
Sem-abrigo.
Funções dos Grupos de Auto-ajuda:
Os grupos de auto-ajuda têm uma ou mais das seguintes funções:
Suporte Emocional- para promover a solidariedade, “elaborando”
estratégias e maneiras de lidar com a mudança pessoal e individual.
Educacional – para desenvolver e compreender o problema e
disseminar e partilhar informação ou questões relacionadas com o mesmo.
Acção Social (advogar) ou aconselhamento – para lidar com
questões relacionadas com a maneira como o sistema (políticos e gestores)
lida ou vê a pessoa afectada pelo problema ou questão.
Eu entrei num grupo de auto-ajuda porque….
“È interessante expandir o círculo de conhecimentos“
”Para relaxar e desanuviar da rotina diária”
“Posso interagir com pessoas com o mesmo destino. Aprendo muitas
coisas novas.”
Grupos de Auto-Ajuda para Prestadores de Cuidados à Pessoa Com Deficiência,
Idosos – Klaipeda, Lituânia
O que lhe tem dado o grupo de auto-ajuda? Como mudou a
sua vida desde que entrou no mesmo?
“Bem, continuo detido, mas ajudou-me a pensar na minha vida e a
pensar antes de agir, pois não quero voltar para cá.”
Membro de Grupo de Auto-Ajuda para Reclusos do Sexo Masculino – Portugal
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“A capacidade de receber ajuda no sentido de ser ouvido era tão
benéfico como importante. O grupo de auto-ajuda é um conjunto de
pessoas com problemas idênticos onde um indivíduo ganha força e fé
em si próprio”.
Membro do Grupo de Auto-Ajuda para Pais de Crianças com Deficiêcia
Intelectual – Polónia
“A consciência de que os outros partilham do mesmo problema traz
um sentido de comunidade. Eu não estou só, não sou o único que está
a sofrer, os problemas e o peso que tenho são semelhantes aos
suportados por outras pessoas, assim como as minhas emoções”.
Membros do Grupo de Auto-Ajuda de Pais de Crianças com Deficiência
Intelectual – Polónia
“Fui convidada a participar num grupo pelas pessoas que o
estabeleceram. Durante as primeiras reuniões sentia-me muito
tímida, não sabia como começar, falar dos meus problemas ou das
dificuldades em cuidar da criança. Mais tarde, compreendi que era um
membro bem-vindo e que os meus problemas eram semelhantes aos
das outras mães. Aqui posso dizer tudo sem qualquer medo e sei que
serei compreendida. Gosto de fazer parte do grupo.“.
Membro do Grupo de Auto-Ajuda para Pais de Crianças com Deficiência Elektrenai, Lituânia
“Já não sou jovem e penso que, quer gostemos quer não, que a idade
é um factor determinante. Parece haver mais ansiedade e raiva devido
a dificuldades inultrapassáveis. Fico frequentemente agonizada ao
pensar sobre o que acontecerá ao meu filho quando eu já não estiver
por perto. No grupo encontro muitas pessoas com ideias semelhantes,
pessoas da mesma idade com as quais posso partilhar os meus
receios. Ninguém consegue perceber melhor uma mãe de uma criança
(jovem) com incapacidade que outra mãe com uma vida semelhante.”
Membro do Grupo de Auto-Ajuda para Pais de Criança com Deficiência Elektrenai, Lituânia
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INICIAR E/OU ENTRAR NUM GRUPO DE AUTO-AJUDA
Já ouviu falar sobre os grupos de auto-ajuda, a ideia parece-lhe apelativa e
está a ponderar iniciar ou entrar num grupo existente. Primeiro, reserve algum
tempo para pensar se quer realmente iniciar um grupo ou simplesmente ser
membro de um já existente. Ponha de parte a questão do “ser capaz” e
concentre-se na questão de realmente “querer” fazê-lo.
Independentemente de ser um/a profissional ou um potencial membro, no caso
de querer constituir um grupo de auto-ajuda, pense se está disposto a
dispender energia, tempo e empenho num grupo num período de tempo.
Precisará de tempo para a formação e estabelecimento do grupo e, quando
este estiver pronto, na organização e planeamento das actividades. Regra
geral, se uma reunião do grupo dura cerca de 2 horas precisará do mesmo
tempo para a planear e preparar-se. Se não consegue, então será melhor
reconsiderar ou pôr a ideia de lado até estar pronto para o fazer.
Se assim for, como alternativa, pode considerar juntar-se a um grupo de autoajuda já existente. Pode encontrar um que seja apelativo, juntar-se a ele por
algum tempo e voltar mais tarde à ideia de criar o seu próprio grupo.
Questões para indivíduos que queiram criar um
grupo de Auto-Ajuda:
Se está a considerar iniciar um grupo liderado por membros então tem de ter
em conta alguns aspectos na organização do mesmo. Considere todos os
resultados positivos e negativos que possam surgir ao iniciar um grupo. Uma
coisa é certa, a sua vida vai mudar. Como líder, é mais provável que obtenha
menos ajuda com os seus problemas, mas fará novos amigos/as. Aprenderá
novas competências e ganhará novas experiências que será capaz de aplicar
noutras situações - será um processo de aprendizagem. Alguns destes aspectos
serão também válidos para profissionais, especialmente a experiência e o
ganho de novas competências.
Se é membro considere as seguintes questões:
Tem tempo suficiente para as fases de planeamento e organização assim
que o grupo já estiver formado e a funcionar?
Tem o apoio dos membros da sua família e dos seus amigos?
Como figura central, as pessoas irão fazer-lhe pedidos. Consegue lidar com
a interferência na sua vida pessoal?
Sente-se forte o suficiente para poder lidar com os problemas das outras
pessoas assim como com os seus? No início o grupo irá fazer exigências,
tanto emocionalmente como fisicamente. Mas lembre-se que haverão outras
pessoas no grupo que serão capazes de partilhar responsabilidade, não
precisa de depender tudo de si.
Se o seu problema está relacionado com a saúde sente-se bem o suficiente,
tanto física como emocionalmente?
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Tem mobilidade?
Está suficientemente motivado?
Tem um telefone, e-mail ou outros meios para comunicar com os membros?
Tem recursos suficientes, tais como um local fixo onde o grupo possa
reunir-se, mobília ou precisará de patrocínio para os adquirir?
Se é um/a profissional a pensar iniciar e liderar um grupo de auto-ajuda,
terá de ter em conta muitos dos pontos já referidos (tempo, motivação e
recursos) mas é também importante ter em mente algumas regras no sentido
de evitar algumas dificuldades que possam surgir:
Respeitar a autonomia do grupo e assegurar que esta atitude é
reconhecida;
Assegurar que a intervenção profissional não irá competir com a acção
do grupo, que será apenas complementar às actividades do grupo;
Negociar o papel do profissional com o grupo no sentido de reduzir ao
máximo conflitos resultantes das diferentes percepções das actividades.
Aos poucos, começar a atribuir mais responsabilidades aos membros do
grupo, até que possam, um dia, serem eles a dinamizar o mesmo.
O que quer que decida lembre-se que um grupo não será
só você – serão várias pessoas a trabalhar em conjunto.
Dicas:
Visite Grupos de Auto-Ajuda já criados
Antes de iniciar um grupo pode aprender como eles traballham ao visitar ou
juntar-se a grupos já existentes. O contacto com grupos de auto-ajuda pode
providenciar uma oportunidade de clarificar questões, afastar medos ou
reservas que possa ter em relação ao estabelecimento do grupo. Ajudá-lo/a-á a
compreender melhor como estes funcionam e pode servir para aumentar a sua
confiança. Pode ajudá-lo/a a decidir se quer iniciar um grupo ou apenas tornarse membro de um já existente. Vá com uma lista de questões para as quais
quer encontrar uma resposta. As seguintes são apenas alguns exemplos:
Quantos membros pertencem ao grupo? Quantos estão activos?
Como é que as pessoas são cumprimentadas quando entram?
Que tipo de papéis desempenham os/as líderes do grupo nas reuniões?
Os membros do grupo têm alguma função especial?
Como se sentam os membros do grupo?
Como é que o grupo encontrou o seu espaço?
Como são financiados?
Leve tempo a observar o modo como o grupo funciona e fale com o/a líder do
grupo e com vários membros, pois estes terão perspectivas diferentes sobre o
grupo.
13
PLANEAR UM GRUPO DE AUTO-AJUDA
A duração ou o sucesso de um grupo de auto-ajuda são determinados por
muito do que acontece antes do grupo começar a funcionar (fases de
planeamento e preparação), assim como pelo que acontece durante o seu
funcionamento. Na fase de preparação pode não existir o prazer e o
envolvimento das reuniões de grupo e das actividades, mas requer a mesma
energia,
diálogo,
cooperação
e
capacidade
de
comunicação.
Independentemente do grupo ser orientado por um/a profissional ou por um
dos seus membros, terá sempre de considerar os seguintes pontos:
- No caso de um grupo orientado por um dos seus membros haverá um bom
contacto com os potenciais membros do grupo, e um maior envolvimento dos
mesmos na tomada de decisões relacionadas com a estrutura, os membros, os
objectivos do grupo, etc.
- No caso de um grupo orientado por um/a profissional (especialista), este/a
será o/a responsável pela maior parte das decisões. Contudo é aconselhavel
integrar os membros do grupo neste processo.
Quando pensar formar o grupo tem de estar consciente para a necessidade de
um investimento especial nele, o qual irá influenciar as fases de planeamento e
as várias fases de desenvolvimento do grupo.
Planear e preparar um grupo inclui três fases, as quais por vezes se
sobrepõem:
1. A existência de uma necessidade ou problema partilhados por um número
de pessoas para as quais se possa identificar um objectivo comum.
2. E necessário elaborar um estudo de viabilidade para determinar se existem
apoios suficientes para que o grupo funcione – as pessoas estão dispostas a
contribuir, a participar, existe necessidade para a criação do grupo?
3. Se sim, então pode começar o grupo. Terá de ter em conta os recursos
disponíveis, recrutar os membros e tomar as primeiras decisões acerca do
tempo, local e duração.
ENCONTAR PESSOAS COM OS MESMO PROBLEMAS:
Independentemente de estar a planear um grupo orientado por um/a
profissional ou por um membro este não deve ser um espectáculo com um/a
protagonista único/a, não importa se é uma pessoa muito enérgica ou muito
experiente. Como líder e/ou criador/a do grupo, tem de fazer um compromisso
pessoal e encontrar pessoas que o façam também. Um grupo não pode iniciar
apenas com uma ou duas pessoas, sendo que quatro ou cinco será o ideal para
a fase de planeamento (permitirá a discussão de ideias, objectivos e metas e a
existência de diferentes pontos de vista) – “grupo inicial”. Quando reunir os
seus primeiros membros, lembre-se de deixar claro o seu objectivo.
14
Tem de ser muito específico/a acerca do tipo de pessoas que pretende atrair
para o/a ajudar a iniciar o grupo. Por exemplo, ao criar um grupo para pais de
crianças portadoras de deficiência, um grupo de pais com crianças em idade
pré-escolar terá muito mais em comum que um grupo de pais de adolescentes.
Neste caso seria melhor criar dois grupos.
O mesmo pode ser dito acerca do modo como está a planear abordar o
problema. Um grupo que decida que o objectivo principal é o apoio mutuo, é
diferente de um grupo cujo objectivo é apenas a angariação de fundos para
investigação ou defesa de mudanças na sociedade.
Pontos a Considerar quando Constitui um Grupo de
Auto-Ajuda:
Tal como foi mencionado anteriormente, é importante dedicar tempo suficiente
a fase de planeamento. Um bom início será a base para o sucesso do seu
grupo. Uma vez que desenvolveu um pequeno grupo de pessoas com as
mesmas ideias, deverá discutir em conjunto (e não tomar decisões concretas
sem o consentimento e participação dos membros) os seguintes pontos:
Missão do grupo;
Metas;
Objectivos;
Estrutura (formal ou informal);
Tipo de grupo (aberto ou fechado);
Tamanho do grupo;
Tempo-cronograma (com que frequência o grupo se encontra e quando).
Lembre-se que, quer seja um/a profissional a orientar o grupo ou um dos
membros, todos os pontos mencionados anteriormente são essenciais.
O que se segue é uma breve descrição dos aspectos a ter em consideração e
ajudarão na preparação das reuniões com o seu “grupo inicial”, e mais tarde
quando atrair novos membros para o grupo.
Missão – Porquê que o Grupo é Necessário?
Inicialmente, ao procurar por indivíduos que tenham um problema comum, não
tem necessariamente de já ter decidido o objectivo do grupo. Contudo,
necessita de ter definida alguma estrutura a partir da qual construirá o
objectivo e missão do grupo. Decidir o objectivo é um bom tópico para discutir
nas reuniões de planeamento do “grupo inicial”.
Assim, a primeira decisão é definir o seu objectivo – porquê que o grupo é
necessário, porquê que deve existir? Isto é conhecido como a missão do
grupo.
15
Por vezes, um grupo forma-se devido a uma necesidade imediata, tal como um
grupo de vizinhos/as que quer impedir a abertura de uma casa de jogos no seu
bairro. O grupo então conclui que ao unirem-se estão a lutar pela melhoria do
bairro. Contudo, a maioria dos grupo de auto-ajuda constitui-se para dar
resposta a uma situação do quotidiano, um problema ou situação que é real e
com o qual as pessoas terão de lidar.
Exemplos de uma Missão:
“Para ultrapassar o sentimento de isolamento sentido pelas pessoas que cuidam
de familiares com doenças mentais e para garantir que elas recebem o apoio e
informação de acordo com as suas necessidades” ou “Para os reclusos/as a
lidarem com a sua situação e se prepararem para o futuro em liberdade”.
Metas – O que quer alcançar?
Metas ou fins são o principal propósito do grupo. Todos os membros do grupo
devem ter a oportunidade de os decidir, assim como as prioridades do grupo.
É fácil assumir que existe um acordo mútuo sobre a função do grupo sem estar
claro o que é que o grupo está a tentar atingir. Ser específico pode contribuir
para o sucesso.
Terá então de decidir quais serão as metas a atingir e reflectir sobre as suas
próprias metas regularmente. Na sua reflexão tenha em mente a experiência
enquanto grupo, mudanças no ambiente onde trabalha, relações com outros
grupos e profissionais pois isto vai ter impacto naquilo que se propõe atingir,
como e quando.
Ao considerar a meta tome em consideração:
A situação dos seus membros;
O tamanho do grupo de membros activos;
Os recursos de que dispõe inicialmente.
Se é um/a especialista, qual é a sua meta e se corresponde às
necessidades do grupo alvo.
Ao pensar nas metas, tente elaborar, em uma ou duas frases, uma descrição
sobre a função do grupo e a diferença que pretende fazer. Pode querer
enfatizar que os membros do grupo necessitam de partilhar responsabilidade e
respeitar os pontos de vista de cada um.
Exemplos de Metas:
Providenciar a pessoas que tomam conta de pessoas com doenças mentais
a oportunidade de conhecer e partilhar experiências.
Desenvolver a auto-estima de pessoas que tomam conta de pessoas com
doenças mentais.
16
Apresentar a pessoas que cuidam de outras com doenças mentais os seus
direitos, acesso a benefícios e informação necessária para melhorar as suas
vidas e das pessoas que elas cuidam.
É imperativo ter em consideração a motivação das pessoas em serem
membros de um grupo de auto-ajuda. Portanto, a primeira sessão é
muito importante para dar a entender as principais metas e objectivos
do grupo de modo a que eles possam realmente entender o grupo. É,
portanto, essencial que as metas do grupo estejam bem estabelecidas
após a primeira reunião.
Líder do Grupo de Auto-Ajuda de Reclusos do Sexo Masculino - Portugal
DICA:
Todas as suas metas, a curto e longo prazo, devem estar directamente
relacionados com a sua missão.
As metas decididas pelo grupo devem reflectir as necessidades do mesmo.
Objectivos: Como Atingiremos as Nossas Metas?
O objectivos são alvos precisos, estabelecidos pelo grupo de modo a atingir as
metas. Estes podem variar ao longo do tempo e mudar quando o grupo se
altera. Considere o seguinte:
O que é correcto para nós, enquanto grupo?
O que é viável?
Quão rápido podemos avançar?
O que se pretende do grupo no início?
O que quer fazer primeiro e a longo prazo?
Muitas vezes, as pessoas identificam muitos objectivos que não podem
alcançar. É necessário, portanto, estabelecer prioridades. Estas são uma
maneira realista de verificar que o grupo provavelmente quer fazer muitas
coisas, e que os pontos de vista dos membros sobre o que deve ser feito
primeiro difere. É necessário olhar para as actividades que quer empreender
imediatamente, o que pensa que será capaz de fazer nos próximos seis meses
e até actividades a longo prazo.
É importante rever os objectivos de tempos a tempos para ver se estes
continuam a ir de encontro às necessidades do grupo.
17
Exemplos de objectivos:
Organizar uma reunião de grupo de auto-ajuda para os membros
quinzenalmente.
Proporcionar um ambiente de companheirismo para pessoas que tomam
conta de outras com doenças mentais.
Convidar oradores quatro vezes por ano para providenciar informação
especializada.
DICA:
Os/as líderes de grupos podem tomar decisões com base nas metas, objectivos,
prioridades e membros. Contudo, se planeiam ser um grupo, então tem de
começar a envolver todos os membros na tomada de decisões.
Pode levar algum tempo a decidir as metas e objectivos, mas estes formarão a
base do seu grupo, portanto, vale a pena despender tempo nestas questões.
“As necessidades da maioria das mães a participar activamente no
grupo cresceram ao longo do tempo e estas tornaram-se interessadas
também na vida cultural e social. As metas e objectivos do grupo
podem, e mudam, ao longo do tempo”.
Líder do Grupo de Auto-Ajuda para Pais de criança com Deficiência - Elektrenai,
Lituânia
Estrutura – Que Tipo de Grupo Deseja Criar?
A forma como o grupo é orientado é um elemento crucial que contribui para o
sucesso do mesmo. Necessita de ser formal o suficiente para ser organizado,
mas ao mesmo tempo amigável o suficiente para que os membros se possam
sentir bem-vindos e envolvidos. No entanto, não existe apenas uma forma de
organizar um grupo de auto-ajuda.
Os grupos precisam de algum tipo de estrutura para que:
Os membros se sintam parte do grupo e queiram participar activamente.
Decisões possam ser tomadas.
Não seja apenas uma pessoa a dominar o grupo.
O grupo tenha estabilidade e continuidade.
Novos membros percebam o que se passa.
Novas ideias possam ser introduzidas.
É necessário definir que tipo de grupo vai ser e como vai funcionar. Ao fazê-lo,
considere se o grupo deve ser:
18
Gerido por membros ou profissionalmente (sabendo que neste último deve
dar mais responsabilidades aos membros aos poucos.
Só para pessoas com um determinado problema (ver exemplos referidos ao
longo do manual).
Um grupo misto (exemplo: com pessoas que tomam conta de outras, assim
como as pessoas que estão a receber os cuidados) ou se é necessário
estabelecer dois grupos.
Muito informal com um pequeno número de membros que gerem e
organizam o grupo por turnos.
Um determinado número de membros a operar como um grupo fechado.
Um grupo de membros aberto em que estes podem entrar e saír livremente.
Ligado a um serviço particular ou uma organização não-governamental.
Com regras de conduta bem definidas. Exemplo:o grupo de Alcoólicos
Anónimos, um dos primeiros grupos de auto-ajuda estabelecidos, definiu
uma maneira de gerir os seus grupos e códigos de conduta para os
membros.
DICA:
Mantenha a sua estrutura simples. Pode sempre complicar uma estrutura
simples, mas é mais difícil começar com uma que é muito complexa.
É importante ter em conta que é natural que o propósito e a estrutura
possam mudar ao longo do tempo e que os membros entrem ou saiam do
mesmo. Isto pode afectar o que acontece dentro do grupo, por exemplo,
como os membros se relacionam uns com os outros, como você e os outros
vêm o grupo e se este vai de encontro às suas necessidades.
Não tenha medo de rever e mudar a estrutura. É imperativo que a estrutura
reflicta as necessidades dos membros.
Membros e Participação – Quem pode pertencer ao
grupo?
Os membros e a sua participação no grupo, constituem uma parte vital de
qualquer grupo de auto-ajuda. Ao pensar nos membros, pense nestas três
perguntas:
1. Quem poderá ser membro do seu grupo?
2. O que pretende alcançar?
3. Que actividades pretende realizar?
DICA:
Os grupos mais bem sucedidos são aqueles que lidam com apenas uma
situação, por isso clarifique-a bem!
Diferentes Tipos de Grupo:
É importante decidir qual o tipo que melhor se adapta ao grupo:
Grupo Aberto;
Grupo Fechado;
19
Grupo baseado em condições especiais - na qual os membros ou se
conhecem uns ou outros ou nunca estiveram juntos antes.
Grupo Aberto:
Significa que o grupo se encontra aberto para pessoas que partilhem o mesmo
problema. Terá de pensar na forma como pretende alcançar o seu público alvo.
Se se trata de uma parceria aberta, então deve estar realmente aberta para
todos os que pretendem juntar-se ao grupo em qualquer altura. Contudo, deve
haver uma preocupação sobre quão vasta é a zona geográfica em que o grupo
está inserido e na dimensão que a parceria poderá alcançar.
Este grupo está sujeito a alterações constantes, pode trazer instabilidade e
perda de liderança no seio do grupo. Por outro lado, grupos abertos permitem
maior criatividade, flexibilidade e oportunidades de mudança.
Grupo Fechado ou Restrito:
Se decidiu optar por uma parceria restrita então já terá decidido quem pode
pertencer e quem deve ser excluído do grupo. Não se sinta culpado com isso.
Há muitos grupos, organizados por idade, sexo, ou alguma circunstância
especial que vá de encontro às necessidades dos seus membros.
Regra geral, todos os grupos limitam a sua constituição de uma maneira ou de
outra. Se um grupo exclui certas pessoas, deve ter uma política de constituição
claramente definida de modo a evitar ser acusado de injustiça ou de tomar
partidos. Para além disso, o grupo pode decidir que apartir de uma certa altura
já não aceita mais membros.
DICA:
Geralmente, um grupo fechado é mais apropriado a grupos de curta-duração.
Comparação de Grupos de Auto-Ajuda Fechados e
Abertos:
ABERTO
FECHADO
Vantagens:
Podem participar mais pessoas.
Vantagens:
Direcção firme, propósitos claros,
desenvolvimento constante do
grupo.
Possibilidade de divisão do grupo
Relações
estáveis
entre
os
noutros mais pequenos de modo
membros do grupo.
a ir de encontro às necessidades
dos membros.
Boa participação.
Possibilidade de estabelecer um
programa.
Mais experiências.
Avaliação simplificada.
Membros partilham experiências
As pessoas conhecem-se e têm
com novatos.
maior sentimento de segurança.
Desvantagens:
Desvantagens:
20
Difícil
manter
progresso
e
desenvolvimento gerais.
Relações entre os membros do
grupo mudam.
Sem direcção e actividades de
grupo firmes.
Maior dificuldade de integração
dos novos membros no grupo
Potencial repetição de tópicos.
Maior dificuldade em avaliar o
progresso.
Novos membros não são bemvindos.
Alguns membros podem ter de
conformar-se com a atitude geral,
apesar de não corresponder às
suas necessidades.
Pouca
participação
é
uma
possibilidade.
“A mudança constante do grupo era um problema para os líderes, pois como o
grupo não era fechado não era possível trabalhar em direcção às metas”.
Líder de Grupos de auto-Ajuda para Pais de Crianças com Deficiência
Intelectual - Polónia
“O tipo de grupo é importante. Temia que o problema do grupo não fosse a
mistura de tipos de incapacidade mas sim a mistura de idades das crianças. De
facto, os pais das crianças mais novas não querem ouvir as experiências de
outros pais, é demasiado difícil estar ciente das experiências pelas quais vamos
ter de passar. Quando se é um pai de uma criança deficiente vive-se o dia a
dia. Não queremos ouvir que dentro de 10 anos teremos de mudar tudo na
nossa casa quando a doença progredir e as necessidades da criança mudarem.
Líder de Grupos de auto-Ajuda para Pais de Crianças com Deficiência - França
Grupos Baseados em Condições Especiais:
Alguns grupos são criados para responder a necessidades particulares. Estes
podem ser grupos para pessoas cuja condição ou situação é tal que sejam
necessárias condições especiais ou confidencialidade e privacidade, e o grupo
tenha de controlar estritamente o acesso, por exemplo mulheres que foram
abusadas sexualmente, vítimas de crime e por aí em diante.
Grupos em que os membros se conhecem ou nunca estiveram juntos:
Há uma distinção importante entre grupos compostos por estranhos e grupos
em cujos membros se conhecem uns aos outros e ao líder.
Ter alguns membros que já se conhecem pode ter benefícios se essas relações
são de um modo geral positivas e abertas, abrindo assim caminho para a
estabilidade e crescimento do grupo. Quando as pessoas não se conhecem e
não são compatíveis podem surgir problemas que desequilibram o grupo.
Vale a pena recordar que os membros com relações passadas ou presentes
com o líder podem sentir algumas dificuldades, particularmente quando o líder
tem alguma autoridade e os problemas de confidencialidade emergem.
21
Tamanho do Grupo – Quantos membros?
Os grupos podem variar de tamanho, contudo, é necessário decidir o que
melhor funciona com o seu grupo. O tamanho depende:
Dos objectivos do grupo, isto é, se decidir que o apoio mútuo é o principal
objectivo então um grupo de 10 a 15 pessoas é o ideal.
De quão comum é a situação ou o problema.
De quão severa é a situação e que outras implicações poderá trazer.
Já que as discussões são, normalmente, a principal actividade de um novo
grupo, será aconselhável tentar manter o tamanho entre 4 a 15 pessoas. Assim
é possível partilhar as experiências com a participação de todos.
É também importante pensar se quer restringir o número de membros ou não.
Se decidir limitar o tamanho do grupo é necessário saber o que fazer se mais
pessoas quiserem entrar. Considere se deve criar uma lista de espera, para
aqueles que se quiserem juntar ao grupo, e se sim, como funcionará?
Grupos pequenos (3/4 pessoas, no máximo 15):
Em grupos pequenos é necessário considerar se consiste em:
Grupos de três ou quarto membros: os indivíduos podem sentir-se mais
expostos e sem estimulação.
Grupos de cinco ou seis pessoas: têm o tamanho ideal para muitos
objectivos, particularmente para grupos de curta-duração centrados em fins
terapêuticos.
Em grupos de oito ou mais membros: o mais provável é que haja a
constituição de subgrupos.
Grupos grandes (15 pessoas ou mais):
Em grupos maiores:
Há menos espaço e tempo para cada pessoa, mas mais liberdade para os
membros descansarem ou serem “invisíveis”.
Há mais oportunidade de se identificarem com outros modelos.
Existem mais recursos para actividades de solução de problemas.
Requer mais gestão e estrutura.
É mais provável haver a necessidade de dois líderes.
Cronograma – O que Deve ser Feito e Quando?
Cada grupo de auto-ajuda é diferente. Alguns reúnem-se semanalmente.
Outros, (como os que lidam com vícios) reúnem-se mais frequentemente, ao
passo que outros (como os que lidam com doenças raras) podem reunir-se
apenas algumas vezes por ano. Decida a frequência e duração das reuniões
juntamente com os membros do grupo. O tipo de grupo e o seu objectivo terão
impacto nessas decisões.
O factor mais importante a reter quando se decide a frequência das reuniões é
a regra de ouro – reunir frequentemente o suficiente para providenciar
22
apoio ao grupo, mas espaçar as reuniões suficientemente para deixar
as pessoas ansiosas pela próxima. Entre reuniões motive os membros a
manterem-se em contacto por telefone.
Reunir semanalmente ajuda a manter a motivação e a facilitar a participação.
Se o objectivo do grupo não se centrar no apoio mútuo terapêutico então
reuniões mensais poderão ser suficientes.
Alguns grupos podem ser de curta duração. Geralmente estes são criados para
dar resposta a uma necessidade iminente e portanto são mais orientados.
DICA:
A seguinte lista pode ser usada na altura da criação do grupo de auto-ajuda:
1. A necessidade de se reunir.
2. O fim do grupo.
3. A potencial constituição. Para quem está dirigido? Quem recruta?
Tamanho do grupo? Composição do grupo? O grupo será divulgado? Se sim,
como?
4. Líderes. Quem? Quantos? Que papéis?
5. Métodos ou técnicas de trabalhar juntos.
6. Estrutura do grupo.
7. Recursos necessários: tempo, instalações, materiais, finanças, transporte
e outros.
8. Preparações para gravação, avaliação, consulta, supervisão.
9. Que obstáculos são antecipados?
10.Que passos/estratégias são necessários para ultrapassar os obstáculos e
criar condições para começar um grupo?
PLANEAR UMA REUNIÃO INICIAL
Juntamente com o “grupo inicial” discutiu os potenciais propósitos e metas do
grupo. Está agora pronto para organizar a primeira reunião. Precisará de pensar
cuidadosamente no tipo de reunião que quer ter:
Será uma reunião pequena e informal para as novas pessoas se poderem
conhecer?
A reunião é somente para pessoas que se tornarão membros do grupo?
Atrairá mais pessoas e mais tarde seleccionará membros?
Será uma reunião com um orador bem conhecido para atrair um número
maior de pessoas?
A altura do ano. É incrível como uma combinação de períodos festivos pode
restringir a participação.
Altura do dia, (horário laboral ou não) e dia da semana (dias de semana ou
fins-de-semana).
Será a localização das reuniões aceitável para todas as pessoas, exemplos:
Hospital psiquiátrico, biblioteca, escola, escritório de uma ONG ou a casa de
alguma pessoa?
23
A localização deve ser acessível
Enquanto organiza a primeira reunião, comece a pensar nas próximas reuniões.
Se a primeira é bem sucedida, as pessoas quererão saber quando será a
próxima.
A primeira reunião é muito importante. O “grupo inicial” terá de ter tudo
organizado e não apenas ter o local e o dia. As primeiras impressões são
importantes, por isso assegure-se que tem alguém para cumprimentar as
pessoas (ou então que o faça você mesmo) enquanto estas entram para que
todos se sintam bem-vindos.
A maior tarefa nesta reunião é tornar o grupo activo logo de início. A autoajuda tem de começar logo no primeiro dia ou arrisca-se a perder membros.
Algumas pessoas estarão a conhecer outras pela primeira vez. Outros poderão
estar a reestabelecer contactos. Começar bem é fundamental ao grupo nas
reuniões seguintes.
Motivar participantes a ficarem no grupo:
Expresse a ansiedade da situação e a necessidade de orientar a questão;
Assegure as possíveis mudanças;
Deixe todos falar;
Proponha o programa de actividades;
Discuta a necessidade e possibilidades com os membros do grupo;
Faça com que todos se sintam necessários.
Lista de coisas a fazer para a primeira reunião:
Quem assegurará que a sala está reservada e aberta a horas?
As pessoas necessitarão de sinais para dirigi-las ao local, casas de banho
etc?
Estará alguem à porta para cumprimentar as pessoas?
O que farão as pessoas com os seus casacos?
Quem organizará o café, chá etc? O que precisa: tabuletas com o nome,
canetas, papel etc?
Terá um registo das pessoas presentes?
Estará alguém disponível para falar com as pessoas depois da reunião?
Pedirá às pessoas para se apresentarem?
Quem preparará a agenda?
Quem facilitará a reunião?
...
Se tiver tempo para reflectir nestas perguntas e preparar-se para a primeira
reunião, será mais fácil relaxar e concentrar-se nas coisas que ocorrem na
reunião propriamente dita.
24
Garantir o Sucesso da Primeira Reunião.
Cumprimente todos.
Dizer olá às pessoas enquanto estas chegam é uma forma de lhes dizer que
está feliz por estarem ali. Peça a alguns membros do “grupo inicial” que
cumprimentem as pessoas que chegam à reunião.
Se usar uma folha de presenças ou tabuletas com o nome faça o grupo
perceber que é voluntário. Isto demonstra respeito pela sua privacidade e
confidencialidade. As pessoas podem apenas revelar a sua identidade quando
se sentirem mais confortáveis.
Abra a reunião.
Aqui estão algumas dicas para o líder do grupo:
Comece a horas;
Cumprimente todos;
Descreva o propósito do grupo e as linhas orientadoras, assim como o
propósito da reunião do dia.
Reveja a agenda. Indique a hora do fim, mas deixe claro que podem sair
mais cedo se tal for necessário.
Introduza os participantes.
Convide todos os participantes a se apresentarem, caso o queiram fazer. Nessa
altura pode pedir-lhes para partilharem as razões que os levaram a ir à reunião.
Tenha uma actividade que seja significativa para os
membros.
Ainda que possa querer incluir um programa especial na sua primeira reunião
para atrair novos membros, é melhor que a organização do grupo seja o seu
principal tópico de discussão. Apresente as sugestões do “grupo inicial” e abra
caminho para comentários e ideias adicionais. Assegure-se que dá aos
membros a noção que o grupo é deles.
Lide com assuntos práticos de forma rápida.
Reserve alguns minutos para questões do grupo, anúncios e promoção de
reuniões futuras.
Finalizar a reunião.
Faça comentários positivos no fecho. Isto deixará as pessoas com bons
sentimentos e com desejo de voltar.
Seja breve.
Se uma das metas era tabalhar numa tarefa, relembre as pessoas do
quanto foi alcançado.
25
Reserve algum tempo para partilha informal depois do fecho da reunião
formal.
Planificar Agendas:
Assim que o grupo tenha tido a oportunidade de desenvolver o seu formato, os
membros podem planear programas e actividades para reuniões futuras. Se é
um especialista pode decidir as actividades que são relevantes para o grupo,
mas tenha sempre em consideração as opiniões e necessidades dos membros.
De seguida, encontra-se um exemplo de agenda para a primeira reunião e para
reuniões futuras, e pode ser modificado consoante a necessidade do grupo.
EXEMPLO DE AGENDA:
Reunião de Agenda 1
Duração da reunião: 2 horas
Objectivo da reunião: Definir o propósito do grupo. Para que serve o grupo?
O que é que este fará? Qual é o foco principal (educação, suporte, social ou
advogar)?
Materiais: Quadro, bloco de notas, marcadores, papel e canetas
Actividades:
1. Cumprimentos e Introduções. Todos devem ter a oportunidade de se
apresentarem e se querem discutir a razão de terem ido à reunião. Isto é
também apropriado quando novos membros se juntam ao grupo. (Podem
2.
3.
4.
5.
ser precisas várias reuniões até que algumas que pessoas se sintam
confortáveis o suficiente para participar e partilhar abertamente).
Abertura formal da reunião. No hora acordada, a reunião deve iniciar
pelo facilitador da mesma.
Defina o objectivo do grupo. Permita que cada pessoa do grupo sugira
ideias para o propósito do grupo. Anote as mesmas no quadro e depois
discuta e clarifique, enquanto grupo, quais serão os objectivos. Certifiquese que é claro e formule-o para referência futura.
Decida o nome do grupo. O nome do grupo proporcionar-lhe-á uma
identidade e unidade. Encorage todos a sugerir um nome. Escreva todas
as sugestões no quadro e depois discuta a melhor escolha para o grupo.
Finalização. É importante indicar que a reunião está formalmente
fechada. Termine a reunião a horas e decida (ou relembre) a hora e local
da próxima reunião. Pode providenciar refrescos após as reuniões para
criar uma atmosfera informal onde os membros possam socializar.
Temas e tópicos para as primeiras reuniões:
O que é um grupo de auto-ajuda?
Quais são as suas expectativas?
“Pode mudar a sua vida”
26
“Com um pouco de ajuda dos meus amigos”.
Componentes importantes para a primeira reunião (e
seguintes):
Introdução e quebra-gelo
Reuniões de integração
Exercicios aos pares
Trabalho de grupo
O líder faz um sumário do comportamento/consequências positivos.
Pequenas pausas – café/refrescos
Chuva de Ideias.
EXEMPLO DE AGENDA – REUNIÕES POSTERIORES:
Reunião de Agenda 2
Duração da reunião: 2 horas
Objectivo da reunião: Decidir um formato de reunião para o grupo. Qual a
melhor escolha ou combinação de tempo (de discussão, educação, reunião de
trabalho, planeamento de programas, socialização, etc). é que melhor se
adapta a si?
Materiais: Quadro, bloco de notas, marcadores, papel e canetas
Actividades:
1.
Cumprimentos e Introduções. Ver exemplo de agenda anterior
(Podem ser precisas várias reuniões até que algumas que pessoas se
sintam confortáveis o suficiente para participar e partilhar abertamente).
2.
Abertura formal da reunião. Ver exemplo de agenda anterior.
3.
Decida o formato para as reuniões. Exemplos de actividades para as
reuniões de grupos de auto-ajuda: cumprimentar novos membros,
abertura formal da reunião, introduzir os novos membros, discussão,
partilha, assuntos de trabalho, feedback, finalização formal. O seu grupo
pode discutir quais as secções ou combinações de secções que melhor o
satisfazem.
Desenvolva as linhas orientadoras do grupo. Esta temática está
desenvolvida no capítulo da Comunicação – Regras Base – Linhas
4.
Finalização. Ver exemplo de agenda anterior.
27
O LOCAL DE REUNIÃO
Ao seleccionar o local, escolha uma sala onde as pessoas se sintam confortáveis
ao partilhar os seus sentimentos e experiências. Encontrar uma sala apropriada
é fundamental, pois as suas reuniões correrão muito melhor, serão mais
agradáveis, produtivas e as pessoas sentir-se-ão mais à vontade.
Considere os seguintes factores:
O local é central, de fácil acesso e perto de transportes públicos?
Estacionamento próximo;
A sala é acessível para os membros e para pessoas com deficiência
(tanto o exterior como o interior do edíficio)?
Disponibilidade, a longo-prazo, para que não haja mudanças constantes;
Haverá lugares sentados suficientes para as pessoas? E conforto?
Haverá espaço para outras actividades para além de discussões?
Pode dispôr os lugares sentados como lhe apetecer?
Custos de aluguer ou possibilidade de em ter instalações sem custos;
Necessidades (por exemplo: lugar para o café, casas de banho, etc;)
A atmosfera é convidativa? Há ligações a outros serviços, (por exemplo,
hospital), que possa atrair ou impedir membros de se juntarem ao grupo?
Há aquecimento suficiente, luzes, janelas, tomadas eléctricas, etc?
O grupo pode guardar os pertences na sala ou noutro local do edíficio?
Encontrar um Local para a Reunião:
O local de reunião pode ser difícil de encontrar, mas o principal critério deve ser
a acessibilidade. Geralmente, os grupos terão de pagar, mas muitas vezes este
montante é simbólico. Outras vezes poderá ser o preço normal do mercado. A
questão não é fácil, e precisa de ser decidida no grupo. Dependendo do tipo de
grupo poderá ser difícil pedir aos membros para contribuir (por exemplo:
reclusos, desempregados de longa duração, famílias com baixos rendimentos).
Portanto, será importante encontrar um local sem custos para as reuniões ou
tirar vantagem de algumas instituições que trabalhem com o grupo alvo com
quem planeia trabalhar.
Portanto, considere os seguintes potenciais locais de reunião:
A igreja local;
Centro de serviços sociais;
Policlínica ou hospital;
Universidade;
Biblioteca;
Nas instalações de uma ONG,
Câmara municipal;
Prisão.
Nas fases iniciais, podem talvez encontrar-se no apartamento de alguém. No
entanto, é mais benéfico se a reunião for num local neutro. No entanto, como o
28
grupo necessita de privacidade, um café ou outro lugar público, não é
aconselhável. Se por acaso o grupo for pequeno, evite uma sala grande, onde
as pessoas possam se sentir perdidas e no qual não se conseguem encaixar.
Disposição do Espaço:
A maioria dos grupos consideram mais fácil sentar-se em círculo, de preferência
sem mesas. Sentar num círculo permite ver o outro, os membros sentem que
estão num grupo e cria uma atmosfera que promove partilha e diálogo.
Assegure-se que há espaço suficiente para tal e para se moverem dentro dele e
saírem. O/a líder deve tentar fazer parte do círculo.
Deslocação e Transportes para as Reuniões:
Considere se o grupo precisa de se preocupar com os transportes. O transporte
pode ser crucial, principalmente em areas rurais. Caso haja dificuldades, tente
organizar membros que possam dar boleia a outros que necessitem.
Se possível, escolha o local da primeira reunião, a hora e o dia de tal modo que
as pessoas possam usar transportes públicos e considerar a hipótese de
acessibilidade em relação ao estacionamento.
Questões a ter em consideração:
Onde moram os membros? O transporte é essencial?
Os membros têm problemas de saúde e precisam de transporte?
Se não conseguir proporcionar transporte, as pessoas virão?
Têm, os membros, o seu próprio meio de transporte?
Haverão dias específicos, especialmente em áreas rurais, onde o
transporte público é mais frequente?
Horários das Reuniões:
Quando escolhe um horário tem de ter em conta quando as pessoas têm mais
disponibilidade (se trabalham, estudam, tratam de crianças, etc)
Será necessário tomar decisões quanto ao período do dia (manhã, tarde ou
noite – o que é melhor para os membros? Pessoas mais velhas normalmente
preferem reunir-se durante o dia).
Será mais fácil para as pessoas lembrarem-se do horário da reunião, se for o
mesmo dia da semana ou mês, por exemplo, a primeira quarta-feira do mês às
19 horas. Seleccione, assim, um dia e hora, que sejam o mais conveniente
possível para todos os membros.
29
Comunicação e Comportamento – Como Interagem
os Membros
A comunicação num grupo de auto-ajuda é simultaneamente a nível individual
e de grupo. Está também relacionada com a confiança e a confidencialidade
dentro do grupo. Os membros falam sobre sentimentos, e passam da fase em
que apenas falam para a fase em que partilham realmente o que interessa, de
uma forma segura e controlada.
A comunicação não é apenas sobre como as mensagens são passadas pelos
membros, mas também como as pessoas aprendem umas com as outras; como
podem aprender a ajudar e a dar conforto uns aos outros, de forma apropriada.
É também sobre o facto de haver abertura e flexibilidade, de modo a
conseguirem ter questões, ideias e resolver conflitos. É sobre descobrir se
alguém está chateado, se gostam de ser deixados sozinhos, ou se apreciam se
alguém lhes dá um aperto de mão.
O apoio pessoal e comunicação irá se desenvolver naturalmente nas reuniões
do grupo, em amizades fora do grupo e em telefonemas entre as reuniões.
A Boa Comunicação é Importante Porque:
Fornece contacto e interacção entre os membros do grupo;
Ajuda os membros a perceberem melhor o que se está a passar;
Oferece às pessoas a oportunidade de participar, onde irão reflectir as suas
carências e as dos outros.
O Que Afecta a Comunicação nos Grupos de Autoajuda?
Tamanho. As actividades do grupo variam de acordo com o tamanho do
grupo. Um grupo com até 15 membros, é melhor para discussões, diálogo e
suporte mútuo.
Conhecer as necessidades dos novos membros. A problemática de
base dos membros irá influenciar a forma como comunica. É importante ter
ideias através das quais todos os membros podem participar e como as suas
necessidades podem ser conhecidas.
Estrutura do grupo e reuniões. A frequência das reuniões afectará a
comunicação. Os grupos que se encontram menos vezes, tendem, por
exemplo, a pôr mais ênfase nos contactos telefónicos, ou noutras formas de
comunicação no sentido de manter contacto entre os membros.
Igualdade. A igualdade entre os membros torna a comunicação mais fácil.
Se certas pessoas dominam discussões, novos membros ou pessoas
inseguras hesitarão em participar. As pessoas necessitam sentir que têm
algo para contribuir e para tal devem ser encorajadas por todo o grupo, não
apenas por um ou dois membros.
30
Barreiras na Participação em Grupos de Auto-Ajuda:
No planeamento das actividades dos grupos é preciso ter em mente que
existem várias barreiras que podem afectar o sucesso das mesmas. Isto inclui:
Relutância em partilhar questões pessoais ou problemas com estranhos;
A participação num grupo é vista como sinal de fraqueza;
Falta de informação acerca do grupo actual;
Falta de suporte dos familiares e amigos;
Mobilidade e acesso restritos.
Todas as barreiras em cima mencionadas podem ser enfrentadas nas etapas
iniciais de desenvolvimento do grupo. Uma das principais ferramentas é
organizar reuniões individuais com os membros para discutir qualquer tipo de
preocupações que eles tenham em entrar no grupo e em participar nas
actividades do grupo. Os pontos acima podem ser as bases da discussão e
ajudarão a identificar problemas que devem ser enfrentados imediatamente
para evitar que se tornem maiores.
“Acordos de Trabalho”:
No sentido de melhorar a comunicação entre os membros e o/a líder de grupo,
é importante haver acordos formais acerca de como o grupo irá trabalhar –
“acordos de trabalho”. Frequentemente, nas etapas iniciais, os grupos decidem
de que forma trabalharão em conjunto. Este “acordo de trabalho” ajudará o
grupo a ser mais claro e explícito acerca dos seus objectivos, métodos a serem
usados, assim como obrigações mútuas e expectativas de todos os
participantes, incluíndo o/a líder de grupo. O “ acordo” pode ser verbal ou
escrito. Se uma versão escrita for preparada, cada membro deverá assiná-lo e
receber a cópia deste.
O “Acordo de Trabalho” Deve Clarificar o Seguinte:
Os objectivos do grupo.
Os métodos a serem usados.Por exemplo: discussão, papel a desempenhar,
jogos e muitas outras actividades.
Quando será a reunião, local e duração.
Regras, recompensas e sanções. Como elas se aplicam aos membros?
Confidencialidade. Em que circunstâncias poderia o líder comunicar
informação acerca de um membro do grupo para outros fora do grupo?
Existem gravações disponíveis aos membros? (Em alguns casos, isto pode
ser um acordo separado).
Na preparação de “acordos de trabalho” é necessário ser realista e prático
acerca do nível de compromisso e alcance, que cada pessoa pode com resperar
da outra pessoa. Deve ser flexível e responsável pela mudança de necessidades
dos membros.
31
Regras de Base – linhas orientadoras
Os membros do grupo de auto-ajuda devem estar de acordo no que é um
comportamento apropriado ou não no grupo. Gritar deve ser visto como
inaceitável e mostrar que está zangado pode ser apropriado em algumas
situações. Este acordo formará as bases para estas regras.
As regras de base permitem que cada pessoa se sinta segura no grupo, para
confiar nos outros membros e abrir-se em relação a si própria e seus
problemas. Estabelecer regras de base é uma boa maneira de ajudar os grupos
a trabalhar melhor. Exemplos de regras base:
Os membros do grupo ouvem, exploram opiniões e expressam os seus
sentimentos.
Os membros do grupo não prescrevem, não podem diagnosticar, julgam ou
dão conselhos, no entanto podem sugerir.
A informação partilhada durante as reuniões é confidencial.
Os membros têm o direito de permanecer anónimos caso assim o decidam.
Os membros têm a responsabilidade de fazer com que o grupo funcione.
Os membros têm a mesma oportunidade de tempo enquanto estão a falar.
Os membros têm o direito de permanecer em silêncio.
Os membros devem evitar interromper. Se alguém interrompe, então será
necessário voltar a conversa atrás para a pessoa que estava a falar.
Os membros têm o direito de escolher se participam, discutem ou não.
Os membros activamente ouvem quando alguém fala evitando ter
conversas nesse momento.
As regras de base não necessitam ser declarações formais, mas podem ser
simples frases, que indiquem um comportamento preferido.
Partilhar experiências
Ser encorajador
Não julgar
Não faça suposições
Faça perguntas e clarifique
Respeitar nós próprios e os outros
Ser honesto e sincero
Não competir na aprendizagem e
experiência trocada
O
direito
de
permanecer
na
rectaguarda e participar quando quiser
Tempo para vocês
Não fume
Divirta-se
Apoie os outros
Não julgue os outros
Seja compreensivo
Comece e termine a tempo
Deixe as pessoas terminarem de falar
Faça crítiticas construtivas – de forma
positiva
Não generalize
Seja genuíno
Dica: As regras base podem ser usadas para analisar a eficácia da
comunicação no grupo. Como todas as regras, não devem ser vistas como
pedras e mudadas quando lhe apetece, devem ser negociadas dentro do grupo.
32
Confidencialidade em grupos de Auto-Ajuda:
Num grupo de auto-ajuda ouvimos informação pessoal e histórias de
experiências de pessoas que são “estranhas” ou que não conhecemos muito
bem. Muitos grupos pedem aos participantes para manterem esta informação
em confidência ou “em segredo”.
É importante definir o que o grupo entende por confidencial, de forma a não
haver mal entendidos.
Confidencialidade significa que não partilhamos informação ou histórias
contadas durante a reunião com outros. Contudo, muitos grupos decidem que
os membros podem falar sobre o que ouviram ou aprenderam no grupo, desde
que não revelem as identidades dos envolvidos. Isto significa que nomes, locais
de trabalho, moradas, entre outras informações, não são partilhados.
Independentemente do que o grupo decida no que diz respeito à
confidencialidade é importante que cada membro respeite as regras impostas.
Porque é a confidencialidade tão importante?
A partilha pessoal de informação, experiências e sentimentos é importante em
auto-ajuda. Um ambiente de confiança e segurança permite aos membros do
grupo partilhar mais profundamente com outros.
As pessoas devem sentir que a informação será mantida confidencial antes de
estarem dispostas a partilhar as suas histórias. Alguns grupos descrevem a
confidencialidade como a âncora do suporte mútuo.
O sentido de segurança dentro do grupo (eu sei que o que falámos
permaneceu dentro do grupo) é muito importante. Fazer parte do
grupo fez-me pensar sobre situações importantes na minha vida.
Membro de Grupo de Auto-Ajuda de Reclusos do Sexo Masculino - Portugal
Acordos de confidencialidade:
Os acordos de confidencialidade podem ser feitos separadamente ou podem ser
incorporados no acordo de trabalho. Independentemente da opção decidida
pelo grupo, é necessário considerar os seguintes pontos:
Divulgação de informação pessoal fora do grupo, mesmo quando se pensa
ser para o melhor dos interesses.
Procurar o consentimento dos membros quando uma sessão ou as
acrividades do grupo serão gravadas ou fotografadas.
Uma explicação clara do propósito de tais gravações e as limitações no seu
uso.
A confidencialidade continua indefinidamente, mesmo quando o grupo
termina.
33
A confidencialidade é um compromisso e uma competência. Para conseguir o
compromisso das pessoas, discuta as necessidades específicas de cada membro
do grupo. Os membros de grupos devem ter linhas orientadoras no que diz
respeito a confidencialidade e devem confirmar verbalmente e/ou por escrito
que se comprometem a respeitar essas linhas. Isto protegerá todos os
membros.
DICA:
Assim que se chegar a acordo é aconselhável no inicio de cada reunião a leitura
de um documento recordando aos membros o acordo de confidencialidade. Use
rituais que recordem os membros do seu compromisso.
MODELO DE ACORDO DE CONFIDENCIALIDADE:
De seguida encontra-se um exemplo de um acordo de confidencialidade que
pode ser usado e seguido pelos membros do grupo.
Enquanto membro do ______nome do grupo ______, posso apreender
informação pessoal e confidencial acerca de indivíduos envolvidos com este
grupo.
Quer esta informação me seja disponibilizada dentro do grupo ou
acidentalmente, eu prometo manter confidencialidade e não reveler informação
a nenhuma pessoa dentro e fora do grupo.
Compreendo que a violação deste acordo pode resultar no fim da minha
participação no _______ nome do grupo ________.
Assinatura do membro:
Data:
Assinatura da testemunha:
Data:
34
Tomada de Decisões em Grupos de Auto-Ajuda:
Todos os grupos necessitam de tomar decisões – questões organizacionais,
decisões relacionadas com as actividades de grupo e planos de trabalho,
decisões financeiras e muitas outras. Portanto, é importante que o grupo decida
que métodos aplicar e se esses métodos serão usados em todas as decisões.
Os grupos de auto-ajuda usam frequentemente métodos democráticos. Esta
forma de tomada de decisões assegura que cada membro do grupo tem igual
participação no processo de decisão, logo, a mesma oportunidade de dar a sua
opinião. Desta forma, os membros do grupo não só são responsáveis pelas
decisões do grupo, mas também pela implementação das mesmas.
O oposto a uma tomada de decisões democrática é uma tomada de decisões
autoritária, residindo todo o poder no líder ou num pequeno grupo de
indivíduos. Os grupos de auto-ajuda cuja principal meta é a evolução do
indivíduos e da sua participação no grupo, devem sempre usar um sistema de
tomada de decisões democrática.
A tomada de decisões pode ser alcançada de diversos modos:
Tomada de decisões colectiva;
Tomada de decisões por maioria;
Tomada de decisões dada a grupos de trabalho;
Decisões individuais.
Tomada de decisões colectiva
Esta forma de tomada de decisões é baseada no principio em que todos os
membros do grupo devem aprovar ou concordar com a decisão. Quando se
coopera ou se trabalha em conjunto é importante que todos os membros
participem no processo de tomada de decisões, partilhem a sua opinião e se
sintam ouvidos pelos restantes. Cada membro deve sentir que contribuiu para a
decisão e deve ter responsabilidade para assegurar que esta é implementada.
Todos os membros partilham as suas opiniões, discutem as várias opiniões e
chegam a uma decisão comum enquanto grupo. A discussão pode ser longa e
continuar até ao ponto de acordo mútuo por parte de todos os membros.
Especificidades:
Devido à contribuição de todos os membros este método ajuda a encontrar
decisões novas, inovadoras e bem concebidas.
Requer tempo e capacidade de cooperação.
A pressão para chegar a uma decisão comum pode significar que alguns
membros sintam pressão por não serem capazes de lidar com o facto de
fazerem parte do grupo e podem ter alguma ansiedade e não chegar a um
concenso sobre o que está a ser discutido.
Adequado para usar quando:
Decisões sérias, importantes e complexas têm de ser tomadas.
A opinião de cada membro é importante.
A decisão terá de ser implementada pelos membros.
Queremos encorajar os membros do grupo a ter mais responsabilidade.
35
Tomada de decisões por maioria
Um método popular e rápido de tomada de decisões que normalmente recorre
à votação (quando a opinião da maioria é responsável pelas decisões que irão
ser tomadas).
Tem de ser usada com cautela, pois pequenos sub-grupos podem ser
facilmente influenciáveis pelas opiniões dos restantes membros, por exemplo:
membros mais velhos, questões de género, experiência, entre outros.
Especificidades:
Este método não deve ser usado sempre, especialmente se o objectivo é
criar cooperação e não deve ser usado na fase de implementação, já que
haverá sempre uma minoria cujas necessidades não foram satisfeitas.
A maioria precisa de ter em consideração as necessidades da minoria ou
então enfrentar as consequências de membros desiludidos.
As opiniões de pessoas que não possuem toda a informação ou
conhecimento necessários podem ser facilmente influenciadas por pessoas
que aparentam maiores conhecimentos e informação.
Adequado para usar quando:
A questão não é tão importante para o grupo.
Não existe consenso e é necessária uma decisão.
Tomada de decisões dada a grupos de trabalho
Se o grupo possui muitos membros pode decidir estabelecer sub-grupos, sendo
estes responsáveis por tomar decisões em tópicos ou questões muito
específicas. Habitualmente, as decisões tomadas nestes grupos de trabalho são
baseadas nos princípios de tomada de decisões por maioria ou colectiva.
Adequado para usar quando:
O grupo é grande e não é possível a todos os membros reunirem-se.
Nem todos os membros são necessários para tomar uma decisão num
assunto em particular.
A decisão é rotineira.
Existe um grupo responsável por um aspecto concreto ou específico das
actividades do grupo de auto-ajuda.
Decisões individuais:
Decisões individuais são aquelas em que um membro (normalmente o líder) é
responsável por tomar a decisão em nome de todos os membros. Essa decisão
deve ser feita por uma pessoa com experiência no assunto e que tenha sido
nomeada pelo grupo para o fazer.
Especificidades:
Se não for usada correctamente pode levar à destruição de tradições de
cooperação e de partilha de responsabilidades dentro do grupo.
36
É essencial que a pessoa designada para esta responsabilidade tenha
experiência no assunto. O grupo precisa saber se o conhecimento de uma
pessoa vai de encontro aos benefícios, que pode advir do conhecimento
colectivo de todo o grupo.
Adequado para usar quando:
As questões são simples e relacionadas com problemas do dia-a-dia.
Não há tempo suficiente para tomar uma decisão.
O grupo delega um membro que possui mais conhecimentos e represente
melhor o grupo.
A implementação da decisão não será responsabilidade dos membros do
grupo.
DICA:
Não existe o método ideal para todos. É importante que o grupo de auto-ajuda
decida qual o método que melhor se adapta às diferentes situações.
37
ACTIVIDADES DO GRUPO DE AUTO-AJUDA
Uma das principais actividades de um grupo de auto-ajuda é a reunião. O
número de reuniões, a sua duração e as actividades irão diferir dependendo do
propósito do grupo. Nas reuniões as pessoas recebem informação acerca do
problema, companheirismo – o conhecimento de que não estão sós – conselhos
práticos e estratégias para lidarem com as situações. Outros membros podem
agir como modelos para novos membros com menos experiência.
É boa ideia estabelecer o propósito do grupo em cada reunião, como forma de
relembrar os membros antigos e orientar os novatos. Relembrará aos membros
o porquê de estarem presentes, e o que se pretende alcançar.
As suas reuniões podem ter sucesso se:
Permitir que as pessoas tenham tempo para falar;
Partilhar informação;
Tomar decisões sobre o grupo e planear;
Ajudar as pessoas a participar de modo a que estas se sintam confortáveis;
Evitar que uma pessoa monopolize a reunião;
Tiver em conta as necessidades de todos os membros – novos e já
existentes.
Actividade dos membros do grupo:
Fale com cada um pessoalmente (introduções pessoais).
Permita a cada um partilhar as suas experiencias.
Permita a cada um falar e ser ouvido.
Coesão entre membros do grupo:
É preciso tempo para que todos os membros se conheçam e se sintam
confortáveis no grupo. É, portanto, difícil assegurar a coesão do grupo no início.
Os membros do grupo são frequentemente sensíveis, com necessidades
especiais, e portanto o respeito pela privacidade é importante.
Algumas coisas que podem ajudar:
Tarefas para 2-3 pessoas (tema ⇒ discussão ⇒ apresentação)
Apresentação teórica com exercícios.
O tamanho e o propósito do grupo também afectará o tipo de reuniões:
Qual é o tamanho ideal para o grupo, agora e no futuro?
Está a concentrar-se no apoio mútuo ou a empreender várias actividades?
Existem poucos grupos que não possuem reuniões regulares – a maior parte
das pessoas consideram estas como o centro das suas actividades e para
alguns grupos esta é a sua única actividade formal. O contacto pessoal
contribui para a auto-ajuda.
38
Discussões de Grupo: O Coração da Auto-Ajuda
Ao partilhar as suas histórias com outros, mesmo estranhos, os seus problemas
deixam de se tornar tão assustadores e ameaçadores. Ao ouvir as histórias dos
outros, começa a sentir-se menos sozinho. Pode verificar que outros passaram
pelo mesmo problema, sentiram a mesma dor e que algumas pessoas
arranjaram soluções ou aceitaram a sua condição.
Na maior parte dos grupos, os membros sentem-se à vontade para partilhar as
suas histórias sem o medo de serem criticados ou analisados. O tempo de
discussão é usado para exprimir e partilhar os sentimentos e para dar aos
outros a oportunidade de o fazerem também.
“O objectivo do grupo de auto-ajuda é a partilha de experiências e
problemas que surgem quando se trata de um membro de família com
incapacidade. As questões mais discutidas durante as reuniões são:
Cuidar da pessoa com incapacidade
Contactos com instituições de cuidado e bem-estar
Satisfação com a vida pessoal
Oportunidades de trabalho e emprego”
Grupos de Auto-Ajuda para Prestadores de Cuidados à Pessoa Com Deficiência,
Idosos – Klaipeda, Lituânia
O objectivo do grupo é ajudar os membros a expressarem-se, a
partilharem as suas dificuldades e seus problemas relacionados com o
abuso de alcool. Dizer as palavras e pensamentos em alta voz
possibilita uma melhor integração e clarificação da situação em que se
encontra. O espírito do grupo pode tornar-se um bom apoio para
direccionar as pessoas ao encontro do seu lugar e a valorizar as suas
relações dentro do grupo e para com a sociedade.
Grupo de Auto-Ajuda para alcoólicos – França
Coisas a discutir enquando grupo:
Quebra-gelo:
Boas notícias;
Apresentar outra pessoa;
Pode fazer melhor que isto?
Quem gostaria de ser na sua próxima vida?
Jogo favorito enquanto criança;
Apresentação com aperto de mão;
Apresentar-se como uma pessoa famosa;
Jogo de nomes com pessoas famosas;
Apresentar um item de raro conhecimento.
Discuta a situação:
Pior experiência;
O momento em que me senti melhor com o meu problema;
39
As 10 situações mais difíceis para os membros;
As 10 situações mais fáceis para os membros;
Sente-se confortável na companhia de outras pessoas com o mesmo
problema?
Conselhos para pessoas que interagem com outras com …. (o seu
problema);
Seria uma pessoa diferente se não tivesse (o seu problema) ………..?
Que vantagens é que (o seu problema) lhe trouxe?
Se pudesse mudar uma coisa no (o seu problema) ………….
Factores a considerar ao planear grupos de discussão:
Tamanho do grupo: As discussões em grupo podem ter qualquer
tamanho, mas para participarem todos em igualdade e tirarem o máximo
benefício da discussão o tamanho ideal é de 6 a 10 pessoas. Se o seu grupo
tem mais pessoas então as discussões podem ser em grupos menores. Se o
grupo maior acabou de ouvir o orador, pode segregar-se em grupos
menores para discussão. Isto dá a todos a oportunidade de se expressarem
num tópico em vez de serem apenas alguns membros a dominarem uma
sessão de perguntas e respostas.
Papel do moderador / líder do grupo: A pessoa que gere a discussão
pode geralmente ser um participante nas discussões. A sua função é manter
a discussão a funcionar e dentro do tópico. Como moderador, é importante
monitorizar pessoas que tentem dominar a discussão. Aprenda a lidar com
elas com eficiência. Encoraje, mas não pressione, os membros mais calados
a contribuir.
Confidencialidade: Assegure aos membros que o que quer que seja dito
dentro do grupo permanence dentro do grupo. Isto é mais importante em
certos grupos do que noutros.
Disturbios/Interrupções: Trate imediatamente de tudo o que perturbe
ou interrompa o grupo, pois se não o fizer pode comprometer a participação
de todos na discussão.
Fale na primeira pessoa. Evite generalidades.
Disposição da Sala: Sente todos num círculo para que todos possam ouvir
e ver os demais. Evite arranjos do tipo sala de aula se possível.
O que partilhar: Partilhe tanto quanto queira.
Questões: Outros membros podem levantar questões para clarificação
sobre o que está a ser dito, mas não devem fazer “questões fulcrais”, que
requerem respostas analíticas ou que implicam uma análise de si próprias.
Contribuição do grupo:
Inicialmente todos podem falar ao mesmo tempo, ou outros individuos ainda
podem sentir-se inibidos. Dê a cada membro cerca de dez minutos para ter a
oportunidade de falar. Quando o seu tempo terminar, o membro deve respeitar
as necessidades dos outros membros e acabar de falar, pois haverão outras
oportunidades no futuro. Pode ser útil ter alguém a vigiar o tempo; talvez a
pessoa ao lado do orador a possa avisar quando o tempo está quase a
terminar.
40
Foco:
É importante que o grupo se mantenha focado no tópico acordado. Depois das
primeiras semanas pode ser útil marcar o tópico ou tema para próxima semana.
Ouvir:
Ouvir é muito importante. Cada membro deve sentir que está a ser ouvido sem
ser julgado. É importante recordar que, apesar de todos partilharem, a
experiência de cada um e as suas reacções serão únicas e isto precisa de ser
respeitado.
É bom praticar e disponibilizar tempo para o feedback sempre que uma pessoa
participe. Isto não significa que tenha de encontrar soluções, mas sim mostrar
a alguém que esteve a ouvi-la. Isto pode ser feito depois de alguém falar ou
depois de todos terem tido essa oportunidade. Quando um membro está a falar
não deve ser interrompido, mesmo se houver grandes períodos de silêncio.
DICA:
Às vezes pode querer usar um acessório para estruturar as contribuições. Isto
significa que um objecto – um bastão, brinquedo ou planta - é colocado no
centro da sala e quando alguém quer falar agarra no objecto e depois coloca-o
no centro da sala quando terminar. Isto permite a todos terem espaço para
ouvirem e serem ouvidas.
Metodologias de Trabalho com Grupos:
Quebrar o Gelo: breve exercício para dar energia e que serve de
aquecimento para o grupo no início de uma sessão.
Chuva de ideias: Ideias/pensamentos em resposta a um tópico.
Normalmente são escritas (no quadro branco ou em folhas de papel).
Discussão de grupo: partilhar pontos de vista e opiniões focados no
problema do grupo.
Debate: ter equipas que proponham argumentos para um tema.
Entrevistas: criar questões em grupo e entrevistar pessoas relavantes
para responder às mesmas.
Papel desempenhado: identificar-se com diferentes personagens num
ambiente particular, ao desempenhar o seu papel.
Colagem: usar vários materiais, revistas, jornais, roupa, ervas, pedras,
flores, etc. para formar um “fotografia” relacionado com o tema escolhido.
Procura: procurar informação, localizar os recursos desta informação e
apresentar esta para os outros.
Avaliação: ver se as sessões estão a ser eficazes.
Antes de utilizar algum destes métodos num exercício ou sessão, esteja seguro
de que você, como líder, está familiarizado e à vontade com o método.
41
Planos de Sessão:
Para tornar o seu trabalho mais fácil é aconselhável desenvolver um plano do
programa das sessões/actividades que irá usar com o seu grupo. Por exemplo,
pode seleccionar um tema para trabalhar num certo período de tempo, ou:
1. Poderá ter um programa introdutório usando exercícios em diferentes
sessões
2. Poderá traçar um programa que responda às necessidades.
Um possível plano de programa em “Saúde” pode ser como este:
Semana 1: Introdução: saúde física e mental.
Semana 2: Comida … talvez preparar uma refeição.
Semana 3: Exercícios de desporto e relaxamento.
Semana 4: O meu corpo – conhecer e cuidar do meu corpo.
Semana 5: Construir a auto-confiança.
Semana 6: Visitar um centro desportivo.
Para além do programa, é essencial desenhar um plano de sessão para cada
reunião. Tenha em conta os factores mencionados no sub-capítulo Planificar
Agendas (página 25) e aproveite os exemplos apresentados para organizar
as sessões.
As diferenças e semelhanças entre as pessoas irá influenciar o seu plano. Por
exemplo, trabalhar a auto-confiança com um grupo de pessoas empregadas e
para aqueles que recentemente perderam o trabalho ou estão há muito tempo
desempregadas.
Outras actividades do grupo de auto-ajuda:
O alcance das actividades dependerão:
Da situação dos membros e o problema que os une;
Do tamanho do grupo (membros que estejam no activo e que frequentem
as sessões de forma regular);
Da disponibilidade de Recursos.
Informação dada:
As pessoas nos grupos de auto-ajuda normalmente querem mais informação
prática:
Peça aos/às especialistas para partilharem informação no grupo, por
exemplo um(a) assistente social para apresentar os benefícios em trabalhar
com pessoas com deficientes, um(a) psicólogo(a) para falar acerca de como
lidar com o stress, etc.
Desenvolva uma biblioteca de livros especializados e artigos.
Produza uma newsletter ou boletim.
42
Se a informação disseminada vai ser uma das actividades do grupo de autoajuda então será necessário assegurar que a informação é precisa e
actualizada.
Actividades Sociais:
As actividades sociais são melhores quando são espontâneas, informais e fora
dos padrões normais das reuniões. Alguns eventos organizados podem
contribuir para manter a motivação do grupo e ajuda os membros a
conhecerem-se melhor uns aos outros. Estes podem ser particularmente úteis
nas fases iniciais quando os membros do grupo estão a conhecer-se uns aos
outros (para celebrar as metas alcançadas ou simplesmente marcar os
aniversários dos membros).
Exemplos de potenciais actividades do grupo:
Passear no campo
Uma refeição no restaurante
Um filme
Visitas ao teatro
Dançar/discoteca
Uma manhã no café
Visitar uma galeria de arte, um
Concertos
museu, etc.
Um
evento
desportivo,
Jogos (xadrez, scrabble etc).
basquetebol, ténis, voleibol, etc.
Ao planear actividades considere simultaneamente as necessidades dos
membros e o que as pessoas podem comprar. Planeie algo que não envolva
grandes quantias de dinheiro. Quando seleccionar as actividades, tente
assegurar que todos os membros podem participar e que nenhum membro é
excluído por uma razão ou outra. Tenha cautela para que as actividades sejam
uma mais valia e não venham a fugir dos verdadeiros objectivos do grupo.
Certifique-se de que estas não venham a tornar-se o foco do grupo.
Luta:
Os membros do grupo sabem, à partida, o que é viver com um problema em
particular, condição ou situação. Sabem o que os ajuda a lidar com a situação,
sabem quais os serviços disponíveis ou não, os que são eficazes e não eficazes.
Na verdade, são “experts” no problema.
Os membros podem não se sentir confortáveis a reclamar, criticar ou até
mesmo elogiar serviços. No entanto, como grupo, eles podem levantar
questões para os políticos, profissionais e outros que tomam decisões, para
saberem as suas opiniões e lutarem pela mudança. Eles podem lutar pelos seus
próprios direitos e pelos direitos das pessoas em situações semelhantes.
“Newsletters”:
Um método para manter os membros em contacto é uma “newsletter”. Pode
ser simplesmente para o grupo ou pode ir para além deste. É necessário decidir
o objectivo da “newsletter” e quem irá ser a audiência. Esta pode conter:
Um programa das reuniões.
43
Um sumário de reuniões interessantes.
Artigos especializados nos mais recentes avanços ou mudanças em questões
sociais, médicas ou legais ligadas aos seus problemas.
Artigos pessoais, histórias de experiências pessoais, lições aprendidas,
mecanismos para lidar e por aí adiante.
Contribuições de especialistas fora do âmbito do grupo – doutores,
terapeutas, assistentes sociais e por aí adiante.
Notícias da comunidade local.
O grupo deve esforçar-se para que a “newsletter” não se torne um local de
ataque aos serviços, autoridades públicas ou organizações nacionais. Lembre-se
que todo o grupo será tido como responsável por aquilo que está na
“newsletter” sendo a sua própria opinião ou não.
Os líderes dos grupos de auto-ajuda falam acerca das
actividades dos seus grupos:
Os métodos de maior sucesso no trabalho com as raparigas têm sido a
organização e implementação de eventos na escola, que as tornou
mais próximas. Outras actividades interessantes incluem:
Situação de análise: foram criadas situações onde existe uma
ameaça a uma menina ou mulher e estas foram apresentadas às
raparigas. Cada uma tinha de responder como agiria. Depois das
respostas individuais, formava-se um grupo de discussão sobre se
o comportamento era apropriado ou não
Quando falámos sobre calúnia e difamação, tentámos colar fotos
de flores. Numa pétala separada estavam escritas essas palavras.
As raparigas liam as pétalas alto e então criaram “flores de
calúnia” e flores de difamação”.
Líderes de grupo de auto-ajuda de raparigas com ligeira a moderada deficiência
mental – Kaunas, Lituânia
Em termos de actividades, a líder costuma reflectir e debater acerca
de experiências dos reclusos (antes e durante o seu tempo na prisão),
criar questões fundamentais acerca das suas expectativas para o
futuro e a sua integração dentro da sociedade. Outras actividades
usadas pela líder de grupo:
Papel a desempenhar: o líder propõe um tema (conflitos,
relacionamentos, etc) e depois de iniciar a discussão, alguns
membros são convidados a desempenhar um papel no sentido de
discutir as suas performances e reflectir sobre como agiram;
Exercícios de grupo, essencialmente jogos pedagógicos;
Exercícios individuais, mas com discussões em conjunto;
Sessões com ex-reclusos convidados que têm histórias
consideradas de sucesso pois reintegraram-se na sociedade.
Momentos especiais como aniversários de membros, eventos
especiais ou outros , eram celebrados dentro do grupo.
Líder de grupo de auto-ajuda de Reclusos do Género Masculino - Portugal
44
Discussão: Objectivo – para partilhar opiniões e outras preocupações
com outras mães.
Quando a discussão move as mães na direcção duma conversa em que
esperam compreender melhor a situação e as razões, normalmente
costumam surgir outras questões. Assim, cada membro teria
informação suficiente e poderia seleccionar o que necessita para
resolver o problema. Durante as conversações é muito importante
receber “feedback”.
Informação: No sentido da informação ser mais exacta e vantajosa,
especialistas de muitas esferas são convidados para as reuniões.
“As mães usam pouco a literatura especializada que tem vindo a ser
adquirida pelo Serviço de Suporte Familiar, para as ajudar a resolver
uma ou outra situação crítica. A livraria está sempre actualizada e por
isso a informação é exacta e actualizada”.
Debates: No início das actividades de grupo as mães sentem-se
inseguras, com medo de expressar as suas opiniões. Tinham
construído emoções e sentimentos, era cedo demais para falar sobre
opiniões, defendendo as crenças dos outros.
Actividades sociais: O grupo seleccionou excursões a instiuições de
educação ou de formação. Estas visitas touxeram uma proximidade
entre as mães, enriqueceram as suas experiências sociais e trouxe
mais sentido à inter-comunicação e uma atmosfera de confiança.
Com o objectivo de tornar as actividades do grupo um sucesso,
recolhemos a opinião exacta das mães, necessidades e interesses.
Encorajamo-las a participar socialmente e em outras actividades
Líder de Grupo para Pais de Crianças com Deficiência – Elektrenai, Lituânia
45
Advogar e Campanha para a Mudança
Os membros podem participar em discussões sobre recursos, serviços,
participar em processos de tomada de decisões e também lutar pelos interesses
do grupo, a nível governamental e nacional.
Advogar pode ser necessário no sentido de:
Fazer campanha sobre serviços essenciais de forma a melhorar os serviços
existentes.
Estabelecer uma melhor cooperação entre os fornecedores de serviços e os
operadores.
Aumentar a consciência da comunidade sobre grupos com problemas.
Como pode alcançar mudança?
Alguns grupos acham que as pessoas que estão particularmente interessadas
em fazer campanha para a mudança podem formar um pequeno sub-grupo,
que é responsável por este tipo de trabalho. Isto evita o problema de
pressionar pessoas para serem activas quando estas apenas precisam de apoio
para a sua própria situação.
A campanha poderá envolver uma acção específica, ou poderá também ser uma
interligação dentro de uma variedade de actividades do grupo de auto-ajuda.
Diferentes formas de Advogar:
No sentido de criar uma consciência na comunidade e nas tomadas de decisão,
as seguintes medidas podem ser aplicadas ao advogar interesses do grupo:
Demonstrações;
Petições;
Enviar textos, cartas;
Convidar oradores, pois isso também oferece a oportunidade de falar acerca
de experiências e educar pessoas em posições de autoridade;
Pesquisar (coleccionar factos, juntá-los e fazer recomendações e escrever
relatórios);
Falar com profissionais acerca do seu grupo e usar a discussão para
fornecer “feedback” ao trabalho deles.
Através da imprensa;
Dar comunicados a pedido de consultores ou partidos dos trabalhadores;
Falar com os membros das autoridades públicas;
Campanha:
lutar
organizações?
sozinho
ou
com
outras
Algumas questões podem ser tão específicas que sente que deveria resolvê-las
sozinho e que estará numa posição mais forte se tal o fizer, enquanto que
noutras questões poderá ser mais eficaz fazer uma aliança com outras
46
organizações. Isto ajudará a prevenir o isolamento e a tornar mais fácil ir de
encontro aos custos.
A cooperação com outras organizações pode ser a vários níveis:
Controlar os media. Designe membros que serão responsáveis por seguir
regularmente programas de rádio ou televisão, artigos de jornal em
questões relacionadas com o problema que une o grupo. Eles podem ser
responsáveis para reagir a estes artigos ao desenvolver relações com os
media para melhor entenderem a sua causa.
Painel dos oradores: Desenvolva um grupo de oradores que possam
representar o seu grupo em várias reuniões, conferências e outros eventos
e que podem recolher informação e estabelecer contactos.
Demontrações: A demonstração é uma ferramenta eficaz quando tudo o
resto foi tentado. São eficazes em exprimir as suas preocupações,
insatisfações com uma instituição em particular, decisões e também uma
maneira de ganhar a atenção dos media. O objectivo da demonstração
deve ser a oportunidade de encontrar com a instituição ou tomadores de
decisão no sentido de ouvirem as suas opiniões.
Controlar a legislação. Os políticos são eleitos no sentido de servir a
comunidade. Nesse sentido, é importante comunicar com eles, partilhar as
suas opiniões, seguir as mudanças na legislação e fazer ouvir a sua opinião.
Dica:
Os media locais – jornais, televisão e rádio – podem ser úteis nas suas
campanhas, mas lembre-se também de que os seus objectivos são diferentes
do seu grupo de auto-ajuda. Comunicar regularmente no sentido de assegurar
que eles entendem melhor as suas questões.
Advogar Eficazmente – reuniões com políticos e
tomadores de decisões
A oportunidade de encontrar-se com políticos e argumentar não é algo que
ocorra frequentemente. Se um político conseguir ter tempo para ir a uma
reunião use o tempo sabiamente e planeie o que lhes quer dizer:
Encontre-se com o seu governante local representativo ou se necessário
o seu membro de parlamento.
Faça uma breve apresentação do seu grupo de auto-ajuda e actividades.
Relembre o político que você é um eleitor.
Vá preparado – leve factos concretos, que tenha verificado e
informações que possa deixar com o político.
Apresente os seus argumentos exacta e concisamente.
Ouça os argumentos e opiniões de outros políticos.
47
Não tenha medo de admitir que não compreende algo e que não detém
toda a informação. Se não conseguir responder à questão deixe-os saber e
tente encontrar uma resposta.
Se as suas opiniões não estão de acordo, acabe a reunião
amigavelmente para que no futuro esteja apto para discutir outros
assuntos, que possam surgir.
Estabeleça contactos e relações com políticos – eles podem ser seus
aliados. Podem ajudá-lo a manter contacto com outros políticos.
Decida quem vai ser o representante oficial do seu grupo.
Dicas:
Se o grupo de auto-ajuda decidir que advogar será uma das suas
funções então necessitará de chamar a atenção pública para os problemas
do seu grupo no sentido de ter maior impacto no processo de tomadas de
decisão.
O grupo precisa de perceber o problema que o une, os interesses e
necessidades dos membros do grupo.
48
Líderes e Liderança de Grupos de Auto-ajuda
Existem várias formas de liderança, que podem ser aplicadas nos grupos de
auto-ajuda:
Um líder de grupo profissional,
Um líder membro de grupo,
Um grupo de liderança partilhada – co-liderança.
Os membros do grupo devem decidir qual a melhor para eles. Normalmente,
quando os grupos são estabelecidos por profissionais, a decisão é
automaticamente tomada ficando só a questão da liderança ser partilhada ou
não.
O benefício de ter um especialista (profissional) a liderar o
grupo:
“Sem um profissional, um especialista, por exemplo, sem um
conhecimento especial, a reunião não tem sentido “
Membro de grupo de auto-ajuda para cuidadores de uma pessoa com
deficiência, Idoso - Klaipeda, Lituânia
Os especialistas eram essenciais para este grupo. Primeiramente, o
líder de grupo, em conjunto com a assistência do líder, formava o
grupo. Um especialista que conhecesse os problemas do grupo era
essencial para este grupo. Uma pessoa era precisa para controlar o
progresso do grupo de auto-ajuda, que, ao usar vários exercicios
poderia ajudar as raparigas a encontrarem-se a si próprias, a ajudálas a perceber, ajudá-las a encontrar a sua força interior e assim por
diante.
Líderes de Grupo para raparigas com deficiência mental ligeira a moderada
Kaunas, Lituânia
Os benefícios de ter um membro líder de grupo:
Criámos o grupo sem profissionais para permitir aos pais falarem
abertamente entre eles. Quisemos que encontrassem respostas para
as suas próprias perguntas, para poderem se suportar uns aos outros.
Grupos para pais com crianças com deficiência– França
Independentemente de quem será responsável pela liderança, esta pode ser de
dois tipos:
Tarefa de liderança. Diz respeito a tarefas a realizar e alcançar metas
de grupo, e.x. dar e procurar informações e opiniões, dar direcções,
coordenar, clarificar, avaliar e por aí adiante.
49
Manutenção da liderança do grupo. Direccionada aos sentimentos,
relações, e participação das pessoas no grupo, por exemplo: encorajar a
participação, aliviar a tensão dentro do grupo, ajudar membros a comunicar,
observar progressos, ouvir activamente, dar energia, construir confiança,
resolver conflitos interpessoais e por aí em diante.
Relação entre o Líder e o Grupo de Auto-Ajuda:
Tendo em conta o papel do líder, aqui ficam os pontos-chave da relação:
É um observador que tem de lembrar o grupo do que ficou planeado e ter
em atenção os desenvolvimentos efectuados. São os membros que resolvem
os problemas.
Estabelecer uma comunicação eficaz, verbal e não-verbal, com cada
elemento e com todo o grupo.
Facilitar uma boa comunicação entre os membros, respeitando sempre a
contribuição de todos, para além de mostrar empatia e respeito por todos.
Saber como dar feedback aos membros e como recebê-lo. Isto ajuda a
evitar mal entendidos que podem levar a disfunções grupais.
Clarificar a necessidade de abordar determinados temas (convidar oradores,
realização de leituras específicas, etc).
Deve tentar encontrar e formar líderes de grupo.
É um moderador (que encoraja todos não apenas para falar, mas também a
terem uma discussão concreta), um organizador e um guia.
Tem conhecimento da problemática de base do grupo e uma capacidade
para compreender os sentimentos que os membros possam evidenciar.
Mantém a coesão grupal e ajuda previnir o abandono prematuro dos
elementos.
É responsável pelas dinâmicas de grupo.
Proporciona uma sensação de confiança.
É capaz de desafiar os indivíduos (para levar à mudança), mas não de forma
agressiva.
È um bom ouvinte e não efectua juízos de valor. É capaz de reflectir,
clarificar as contribuições dos membros e ressalta os pontos mais relevantes
em conjunto com o grupo.
É conciso, flexível e com facilidade em se adaptar às diferentes situações.
Sabe como aplicar diferentes metodologias e instrumentos. No entanto,
evidencia tranquilidade e consegue introduzir bom humor no grupo.
É importante lembrar que o comportamento do líder é influenciado por
diferentes factores:
A sua própria personalidade;
O comportamento dos elementos do grupo;
Os problemas enfrentados pelos membros.
50
O líder do grupo deve:
“Saber como unir os membros, como levá-los a se abrirem dentro do
grupo”.
“ Têm a capacidade de comunicar e para pôr os membros em diálogo.“
”Têm um grande leque de informações e de competências”.
Membros do Grupo de Auto-Ajuda de Prestadores de Cuidados da Pessoa com
Deficiência, Idosos - Klaipeda, Lituânia
“A líder ajudou-nos a manter uma certa ordem no grupo. Nós éramos
um pouco barulhentos, mas o especialista nunca nos tratou como
crianças. As actividades realizadas em conjunto com o líder fez-nos
pensar e ajudou-nos a atingir os pontos mais importantes das
questões trabalhadas.”
Membro do Grupo de Auto-Ajuda de Reclusos do Sexo Masculino- Portugal
Promover o espírito de liderança dos membros de
grupos liderados por um profissional:
Uma pessoa não deveria assumir responsabilidades de liderança em todas as
áreas. Nos grupos orientados por profissionais é comum que isto suceda. É,
assim, importante promover o espírito de liderança nos membros de forma a
encorajá-los a se envolverem nas actividades desde o primeiro dia.
Como tal, o grupo deve discutir de que forma todos podem contribuir para se
repartir as funções.
Exemplos:
- averiguar quais as competências, conhecimentos e recursos necessários
para a realização de uma determinada tarefa;
- ver o que o grupo pode fazer para aumentar as competências dos
membros de forma a contribuirem mais nas diferentes tarefas (por
exemplo: contactos com novos membros, boas vindas aos membros,
coordenador do espaço, logística, entrar em contacto com os mebmros,
planear os programas, controlar o tempo, entre outras).
Co-Liderança:
No caso de haver uma co-liderança, esta pode ser assumida por dois
profissionais ou então ser uma combinação entre um profissional e um
membro.
A co-liderança é mais eficaz no caso de grandes grupos. Os membros podem se
sentir perdidos e o facto de haver dois líderes permite que todos os membros
consigam receber uma maior atenção.
51
O grupo pode beneficiar no caso de ter dois líderes com características
diferentes, pois a sua combinação pode oferecer mais ao grupo. Os co-líderes
podem ainda oferecer um modelo de relacionamento interpessoal aos
membros: a forma como interagem entre eles, por exemplo, quando há
desacordos, distribuição de tarefas, partilha de sentimentos, disponibilidade
para ajudar, entre outros, pode ser muito útil a todos.
Benefícios da Co-Liderança para os Líderes:
Apoio dentro do grupo e na negociação com outros grupos.
Desenvolvimento Profissional: em conjunto, é possível surgirem novas
oportunidades de aprendizagem através da partilha de experiências, da
observação mútua e do feedback partilhado do trabalho efectuado por
ambos.
Benefícios Administrativos: partilha de tarefas várias (escrever cartas,
relatórios, obtenção de fundos, etc).
Condições para uma Co-Liderança de Sucesso:
Ambos os líderes têm de ter em mente que a co-liderança serve para
satisfazer os interesses do grupo.
Os dois líderes necessitam de ser compatíveis, com uma abordagem
semelhante para trabalhar com o grupo e a dar respostas aos problemas
que possam surgir.
Os líderes devem partilhar as necessidades, a sua compreensão dos
sentimentos, o uso da autoridade e formas de resolver conflitos
Terem capacidade para apoiar, mas sem superprotecção na altura de
enfrentar as dificuldades.
Os líderes necessitam de definir os seus papéis e estarem de acordo sobre
as suas actividades no grupo.
Partilha justa de responsabilidades – um líder não deve se sobrepôr ao
outro.
Capacidade de discordar de ou pelo menos interrogar o seu parceiro no
grupo aberto se você sentir que o eles estão fazer não está a ir de encontro
aos interesses do grupo. Isto pode ser vantajoso, especialmente se não for
feito de forma abusiva.
Competências não verbais, tais como o uso do contacto visual, são
componentes vitais para uma boa relação de co-liderança (que também
evolui ao longo dos tempo).
Se os co-líderes nunca trabalharam juntos anteriormente, é necessário
efectuarem um período experimental juntos antes de tomarem a decisão final.
Dica:
O líder tem de ser parte do grupo. Se tiver histórias pessoais ou experiências
para partilhar atraia os membros com as mesmas ao conduzir as reuniões de
grupo.
52
Convide membros a contribuir nas tarefas, de forma a mover-se em direcção à
liderança compartilhada.
As reuniões são mais eficazes, se houver alguns rituais, mas também
disponibilizar tempo para algumas actividades de divertimento, que ajudam
membros a sentirem que são um grupo.
COMO PREVENIR O ABANDONO DO LÍDER DE GRUPO
Às vezes, a função de liderança gera um aumento significativo do stress, que
pode levar ao abandono desta posição e do grupo de auto-ajuda.
Os resultados de uma pesquisa empreendida pela Rede de Grupos de AutoAjuda do Kansas indicam que os abandonos por parte dos/as líderes membros
são menos frequentes do que o abandono dos/as líderes profissionais. Acreditase que o suporte mútuo que existe pode ajudar na redução do stress dos seus
líderes.
Contudo, há três situações específicas, que podem causar stress e levar ao
abandono da posição de liderança ou até do grupo de auto-ajuda:
A ambiguidade no papel do líder pode causar a confusão acerca do nível
de participação, que o líder deve assumir;
Conflito entre os valores pessoais do líder e os objectivos do grupo;
O conflito entre o papel do líder e as dificuldades que inicialmente
trazem a pessoa ao grupo.
Os líderes, em conjunto com todos dos membros que participaram no processo
de desenvolvimento e na clarificação das tarefas, devem estar atentos a sinais
e estarem conscientes de que os problemas podem surgir. Se aparecerem têm
de ser resolvidos de imediato. Isto deve ser feito de um modo cooperativo,
identificando as responsabilidades e solidificando valores comuns, que
contribuirá para a renovação do sentido de pertença ao grupo.
Estilos de liderança:
Há 3 estilos diferentes de liderança. Nenhum estilo é apropriado para todas as
situações. Um/a líder de grupo eficaz deverá ter uma aproximação flexível,
tendo em conta os pontos fortes e fracos de cada estilo. O/a líder mais
democrático pode ter de ser autoritário em certas ocasiões, de forma a
assegurar o cumprimento dos objectivos, enquanto que em outras situações
pode decidir ter o estilo Laissez-faire.
Estilo Democrático:
Este estilo é caracterizado por uma determinação em incluir todos os membros
do grupo em processos de tomada de decisão e discussões. O/a líder
democrático/a fornece estrutura, mas está preparado/a para se moldar às
necessidades do grupo. Está preocupado/a em atingir os objectivos e em
averiguar se o grupo está a ser eficaz.
53
Vantagens:
O poder é dado aos membros de grupo, o que, provavelmente, lhes dará mais
energia para cumprir os objectivos. Os membros de grupo são, até certo ponto,
capaz de funcionar sem depender do/a líder.
Desvantagens:
Se não é usado correctamente, pode deixar os membros sem saber quem está
a liderar, o que pode resultar em frustração e perda do rumo.
Estilo Autoritário:
O/a líder autoritário/a sabe exactamente quem está no controle e quem tem o
poder. Fornece estrutura ao grupo e orienta o que este faz. O/a líder é firme,
não é tão flexível e não está disposto a dar responsabilidade ou a sua posição a
mais ninguém.
Vantagens:
A maior vantagem deste estilo é que os membros sabem qual o seu papel e o
que deve ser feito de forma eficaz e atempadamente.
Desvantagens:
Nem todos os membros colaboram com este estilo. Como o/a líder tem tantas
responsabilidades, há o perigo dos membros desresponsabilizarem-se de todas
as acções do grupo.
Se tudo correr da melhor forma, os membros sentirão que contribuíram para o
êxito do grupo, no entanto, se houver problemas, o/a líder será tido como o/a
único/a culpado/a.
Estilo Laissez-faire:
Permite que os membros se exprimam livremente, determinem o que querem
realizar e serem activos. O/a líder não impõe, mas pode dar sugestões, contudo
os membros terão de concordar em implementá-las. O/a líder é uma parte
importante do grupo, mas não tem a última palavra nas decisões e actividades.
Vantagens:
Este estilo permite uma maior criatividade entre os membros que procuram
alternativas diferentes e decisões.
Desvantagens:
O grupo pode ficar, de vez em quando, sem objectivos e frustrado porque
necessita de orientação do(a) líder.
OS LÍDERES DO GRUPO FALAM SOBRE SUAS FUNÇÕES:
Este grupo é a realização de um dos meus sonhos e planos. No grupo
não só posso partilhar o que encontrei de útil para mim, mas também
conseguir dos membros a força necessária para criar a minha própria
criança com deficiência
Líder do Grupo de Auto-Ajuda para Prestadores de Cuidados à Pessoa com
Deficiência, Idosos- Klaipeda, Lituânia
54
Penso que o mais importante do que faço é provocar e assistir
membros a partilhar os seus pensamentos. É também importante ter o
suporte de todos (às vezes são extremamente fechadas...)
Líder do Grupo de Auto-Ajuda para Prestadores de Cuidados à Pessoa com
Deficiência, Idosos- Klaipeda, Lituânia
O(a) líder deve cumprir certas exigências. Primeiro, tem de ser
responsável, obediente, não conflituoso, tolerante e ajustado ao
grupo. Antes de trabalhar com o grupo, tem de conhecer muito bem o
problema que une o grupo e também ter conhecimentos e
competências de como trabalhar em grupo. Para possa acompanhar o
progresso do grupo, tem de procurar informações e explicações, para
possa responder às perguntas de membros (também pode convidar
outros especialistas).
Líderes de grupo de Raparigas com ligeira a moderada Deficiência IntelectualKaunas, Lituânia
Quando o grupo já está a funcionar, e enquanto líder do grupo, é
importante dar atenção à forma como comunica com os membros. Os
membros apresentam fragilidades por si só e isto não deve ser
reforçado. Como líder, é importante não tomar a posição de “sou o
chefe do grupo”. O(a) líder deve mostrar que está lá para ajudar o
grupo a reflectir e a assegurar a dinâmica de grupo, mas nunca dar a
impressão que é o único que manda.
Líder do Grupo de Auto-Ajuda de Reclusos do Sexo Masculino - Portugal
É importante fornecer estrutura ao grupo, mas sempre a ter em conta
as necessidades do grupo. É também essencial não fazer juízos de
valor e ter a capacidade para ouvir os membros. A capacidade para
comunicar com os outros é fundamental.
Líder do Grupo de Auto-Ajuda de Reclusos do Sexo Masculino - Portugal
ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO GRUPO
Os grupos desenvolvem-se e evoluem ao longo do tempo, passando assim por
uma série de etapas Todos experimentam essas etapas, contudo estas
dependerão de determinadas necessidades dos membros, das suas posições no
grupo e do/a líder. O desenvolvimento de um grupo varia consoante as
características do grupo (sexo, idades, profissão, interesses, etc). Alguns
grupos atravessarão as etapas do desenvolvimento mais rápido, outros mais
devagar. Os grupos não têm necessariamente de seguir uma progressão linear.
Uma etapa pode ser transposta ou o grupo pode voltar a uma etapa anterior.
Alguns membros podem demorar-se mais numa etapa, enquanto que outros
podem mover-se mais rapidamente pelas etapas.
55
O processo de desenvolvimento de grupo possui cinco etapas distintas:
Formar
Pensar
Regular
Actuar
Finalizar
Etapa 1: Formar
Na primeira etapa, quando o grupo está a formar-se, os membros
provavelmente serão mais conformistas e passivos. Exploram com mais cautela
os limites do comportamento de grupo. Podem ser comparados a nadadores
hesitantes, que estão na borda da piscina a molhar os dedos dos pés.
O/a líder de grupo tem de criar uma atmosfera agradável, acordar com os
membros os limites do grupo, quando são as reuniões e as regras básicas. O
líder tem de guiar o grupo criando uma atmosfera segura, introduzindo
actividades com níveis seguros de auto-revelação, e frustração mínima e
interacção competitiva, para os membros poderem participar sem demasiada
exposição.
Durante a Primeira Etapa de Desenvolvimento os Membros
podem:
-
Tentar determinar qual é o comportamento aceitável do grupo e como
tratar dos problemas de grupo.
Comportar-se cautelosamente (silenciosos e com contribuições
esporádicas).
Preocupar-se se eles serão aceites ou não no grupo.
Não confiar totalmente ao/à líder e aos outros membros as suas
sensações e experiências.
Ser mais dependente do/a líder no que diz respeito à orientação do
grupo.
Optar pelos tópicos mais fáceis.
Dirigir-se mais ao/à líder do que aos outros membros.
Etapa 2: Pensar
Provavelmente esta é a etapa mais difícil. É como se os membros tivessem
saltado à piscina, estejam a pensar que se estão a ponto de afogar, e portanto,
começam a debater-se. Eles dão-se conta de que a tarefa é mais difícil do que
imaginavam e ficam mais irritadiços e ansiosos.
Os membros podem ficar impacientes com a falta de progresso, mas não têm
experiência para saber o que devem fazer. Eles confiam apenas na sua
experiência pessoal e não estão inclinados a colaborar com outros membros do
grupo. Durante esta etapa é comum surgirem conflitos, no entanto estes são
úteis para o desenvolvimento do grupo. Pode ocorrer a formação de subgrupos. O líder deve promover a independência dos membros e em certos
56
casos tomar decisões para o grupo tendo em conta as linhas orientadoras
definidas para o mesmo.
Durante a Segunda Etapa de Desenvolvimento os Membros
podem:
-
Discutir entre eles, mesmo quando concordam numa questão.
Ser defensivos e competitivos.
Repartir-se em facções e tomar partidos.
Questionar decisões do(a) líder e de outros membros.
Estabelecer objectivos irreais.
Ficar perturbado, tenso e até ciumento com outros membros.
Preocupar-se com poder, rebelião ou limites dentro do grupo.
Sentir rivalidade em relação ao líder.
Temer que um membro forte comande o grupo
Ser particularmente inibido caso a atmosfera aqueça.
O medo da discriminação é, muitas vezes, a base desta etapa. Os membros
tentam identificar a sua posição no grupo e por isso o/a líder tem de manter
claro os objectivos do grupo. Caso verifique que existem comportamentos
prejudiciais deve discuti-los com os membros.
Etapa 3: Regular
Os membros começam a instalar-se no grupo e sentirem-se mais cómodos uns
com os outros. Eles aceitam o grupo, as regras, os seus papéis e outros
membros. As relações anteriormente competitivas ficam mais cooperativas. Por
outras palavras, os membros sentem que não estão a afogar-se e deixam de
debater-se, começando a ajudarem-se uns aos outros para ficarem a boiar.
Durante a Terceira Etapa de Desenvolvimento os Membros
podem:
-
Esforçar-se para um ambiente harmonioso e, assim, evitar o conflito.
Desenvolver amizades, confiar uns nos outros, partilhar problemas e dar
uma maior atenção à dinâmica do grupo.
Criticar de forma construtiva.
Estabelecer e manter regras assim como limites do comportamento.
Estabelecer rituais e rotinas de colaboração.
Explorar e testar formas de concretizar os objectivos do grupo e lidar
com a problemática que os une.
Há maior confiança e coesão dentro do grupo. Os membros podem se
identificar ‘com o nosso grupo’ e ter um maior sentido de pertença a um
grupo. Como grupo, os membros começam a ver as suas diferenças, têm mais
tempo para se dedicarem ao objectivo real do grupo. Assim, são capazes de
progredir significantemente.
57
Etapa 4: Actuar
Nesta etapa o grupo está mais focado nas relações e nas expectativas de
realização pessoal. Eles podem começar a actuar no grupo – diagnosticam e
resolvem problemas. Os membros descobrem e aceitam, finalmente, forças e
fraquezas de cada um e aprendem quais os seus papéis. Agora eles podem
começar a “nadar” em conjunto.
Durante a Quarta Etapa de Desenvolvimento os Membros
podem:
-
Compreender a força e fraqueza de cada um.
Sentir maior satisfação no progresso do grupo.
Ter um maior sentido de pertença a um grupo
Ter uma modificação mais construtiva.
Adquirir a capacidade de prevenir e passar por problemas que surgem no
grupo.
Desenvolver uma atmosfera de coesão e confiança.
Estabelecer um nível apropriado da participação de cada membro, que
reflecte o seu estilo pessoal, necessidades e capacidade para contribuir.
O grupo é agora uma unidade eficaz e coesa. É óbvio que quando o grupo
chega a esta etapa começa a ter mais trabalho feito. As funções de liderança
não são apenas de uma pessoa e os membros dividem responsabilidades. O(a)
líder deve estimular os membros a empreender mais e ser um grupo mais
unido.
Etapa 5: Finalizar
Alguns grupos podem chegar a esta etapa mais rápido enquanto outros podem
sentir que nunca a atingem. Nesta etapa, é importante que o/a líder ajude os
membros a reconhecerem que o grupo está a finalizar. Nesta fase deve ainda
apoiá-los a lidarem com os seus sentimentos e pensamentos e a seguirem em
frente. O grupo pode dispersar-se completamente, sem contactos posteriores
ou pode dispersar-se com a intenção de se refazer com uma estrutura
diferente. Alguns membros podem não esperar até o fim e partir antes. O(a)
líder deve estimular os membros a ficar. Os nadadores começam a sair da
piscina, uns ficam à deriva mais um bocado, mas o grupo de nadadores
dispersou-se.
Durante a Quinta Etapa de Desenvolvimento os Membros
podem:
-
Ficar preocupado com questões relacionadas com o fim do grupo. Cada
membro reagirá de forma diferente e isto dependerá das experiências
ganhas enquanto parte integrante do grupo (negativa ou positiva) e a
razão por que o grupo foi estabelecido.
58
-
Sentir insegurança e ansiedade, pois deixarão de ter o suporte dado
pelos membros nas reuniões. Nem todos os membros estão
completamente prontos para este passo.
Ter dificuldades para enfrentar o encerramento do grupo.
Estar decepcionados, visto o grupo não ter ido de encontro às
expectativas.
Tentar negar o fim ao organizar reuniões informais.
Celebrar os feitos e a realização de objectivos.
Avaliar as actividades e o progresso do grupo.
59
Modelo das 5 Etapas
FORMAR
•
•
•
AVALIAÇÃO
Reunir os membros
Iniciar o Grupo
Acordar os objectivos
PENSAR
•
•
•
•
Fim da “lua de mel”
Conflitos interpessoais
Rivalidade quanto ao poder e à estrutura
“Lutar e/ou Voar”
•
•
•
•
•
Assentar
Relações de trabalho estabelecidas
Atmosfera mais clara
Lidar com as questões do grupo
Divisão de tarefas
•
•
•
•
•
Progresso do Grupo
Os objectivos são encontrados ou revistos
As relações não são uma preocupação
Satisfação
Cooperação
•
Comportamentos de isolamento/perda/voo
por parte de alguns membros
Minimização do que se alcançou
Ficarem presos no passado
Olhar em frente
Diminuição de Comprometimento
Regular
POR VEZES, OS
GRUPOS
PODEM
AVANÇAR OU
RECUAR NAS
ETAPAS
ACTUAR
FINALIZAR
•
•
•
•
60
LIDAR COM AS SITUAÇÕES DIFÍCEIS NOS GRUPOS
Todos os grupos de auto-ajuda são complexos. O grupo é composto por
pessoas diferentes que precisam de compreender, não apenas as similaridades,
mas também as diferenças entre membros, ver as forças de cada um e as suas
fraquezas e assegurar-se de que os membros executam suas responsabilidades
e deveres.
Normalmente, os grupos da auto-ajuda subestimam a importância do
desenvolvimento do grupo. Se o grupo conseguir efectuar acordos e houver
cooperação, então os seus membros pode concentrar-se em conseguir atingir
os objectivos.
Se o grupo não desenvolver boas relações entre os membros, suas reuniões
tornam-se ineficazes, podendo gastar muito tempo em desacordos
desnecessários e discussões longas que não trazem benefícios.
É importante que o grupo compreenda o desenvolvimento natural dos grupos,
para que possa lidar com possíveis problemas.
Segurança, conflito e pessoas difíceis
Sentir-se seguro é uma exigência fundamental para membros de grupos de
auto-ajuda. Os membros deixarão de frequentar as reuniões caso se sintam
inseguros dentro do mesmo. O sentimento de segurança variará de indivíduo
para indivíduo, mas geralmente está relacionado com o facto dos outros
membros escutarem, serem simpáticos e compreensivos, e que há limites para
os comportamentos agressivos no grupo.
Às vezes, os membros podem ficar irritados, ansiosos. O seu grupo precisará de
ter procedimentos para controlar a agressão ou a angústia, etc. Ao mesmo
tempo que tem de ser flexível, precisa de continuar a orientar as reuniões. É
essencial ter em consideração as necessidades dos membros. Os procedimentos
claramente definidos assegurarão a segurança e a confiança dos mesmos.
Conflito:
Ninguém gosta de pensar que quando começar ou se juntar a um grupo novo
pode haver umas épocas difíceis. Enquanto as pessoas se estabelecem no grupo
e dão forma a suas próprias ideias sobre o que o grupo pode fazer e como deve
funcionar, os desacordos ocorrem. Às vezes o desacordo é tal que os grupos não
sobrevivem ou os membros separam-se para levar a cabo suas próprias ideias.
No entanto, se o grupo consegue ultrapassar este estágio então seus membros
começam a redefinir o que é o grupo, seus objectivos e actividades.
É útil saber que a maior parte dos grupos atravessam esta fase e que, uma vez
que o conflito foi propriamente resolvido, muitas vezes trabalham melhor do
que anteriormente.
61
A existência de alguns conflitos fazem parte de qualquer grupo, e, regra geral,
quanto maior for o grupo, maior a probabilidade destes ocorrerem. A chave de
sucesso é a forma com se resolve o conflito – deve ser tratado eficazmente se
quer que o grupo sobreviva.
Não se deve evitar os conflitos, nem anulá-los, pois ao serem enfrentados e
resolvidos tornam-se um potencial real para o crescimento do grupo.
Dica:
Muitos conflitos podem ser devido à falta de comunicação entre membros ou a
uma falta de directrizes de como o grupo deve funcionar. Só quando há um
desacordo é que se concentram nas directrizes do grupo, no entanto, é muito
mais difícil alcançar o acordo desta forma. Quando o grupo conseguir resolver
tais questões, então está provavelmente mais eficaz.
Como resolver o conflito nos grupos:
Há três formas principais para resolver o conflito nos grupos:
Ignora o problema. Isto pode resolver coisas a curto prazo, mas o
problema não desaparecerá e é provável que reapareça novamente,
muitas vezes com outra forma, afectando o desempenho do grupo.
Impor uma solução. Isto pode ser feito pelo(a) líder ou por alguma
outra pessoa do grupo com posição da autoridade. O problema
subjacente não é endereçado correctamente, porque alguém externo ao
conflito decidiu a solução. Consequentemente, os indivíduos podem
sentir-se ressentidos ou não se comprometerem para executar a decisão.
Apoiar ou permitir aos envolvidos no conflito trabalhar nas suas
próprias soluções. Isto só funcionará se os envolvidos quiserem
encontrar uma solução, e estiverem preparados para falar e escutar um
ao outro. Os membros podem ser ou estar preparados para alcançar um
acordo. Devem ser sensíveis às diferentes necessidades dos envolvidos.
Se há um conflito num grupo, deve-se tentar controlá-lo internamente. Se isto
falhar, pode ser útil trazer alguém externo para negociar em nome do grupo.
Processo de desenvolvimento do grupo:
Há uma variedade de situações, que podem se levantar ao longo do
desenvolvimento do grupo. Os seguintes são as mais comuns e o grupo pode
ter que enfrentar de um momento para o outro.
Lidar com as Saídas do Grupo:
É muito comum os grupos começarem com um núcleo pequeno - “grupo inicial”
– para a fase de planeamento e organização do mesmo, a seguir experimentar
uma quantidade crescente de membros, seguida por uma saída de vários
62
membros, até haver o estabelecimento de um número modesto de membros.
A maioria dos grupos da auto-ajuda atravessam períodos em que perdem força.
Estes grupos são, de uma certa forma, informais. Não dificulte, então a entrada
de membros. Esteja ciente de que a participação, para muitas pessoas, é
provisória. Conseguem o que querem fora do grupo e seguem em frente. A
menos que o grupo considere que a manutenção dos membros uma
necessidade, há formas mais fáceis para que os membros deixem o grupo sem
sentimentos de culpa. Em alguns grupos, por exemplo: grupos para pais de
luto, os membros recuperam suficientemente, com a ajuda do grupo, e após
algum tempo saem. Entretanto, podem voltar ocasionalmente em momentos de
stress, tal como o aniversário da criança em que o pai recorda a sua perda.
Os grupos podem desanimar quando a participação cai, podendo os outros
membros perderem lentamente o interesse no grupo. Os altos e baixos na
participação são normais.
Como reagir:
Contacte os membros de forma a saber porque não têm vindo às
reuniões, e se planeiam voltar ao grupo. Por um lado, alguns membros
podem sentir esta atitude como intrusiva, mas outros podem apreciar
seu interesse pelo seu bem-estar.
Incentivar os restantes membros a frequentar as reuniões regularmente.
Tenha em conta as necessidades dos membros que permaneceram.
Trabalhem em conjunto e planeiem como adquirir novos membros.
Considerar continuar a comunicar-se com os membros que saíram, pelo
menos durante algum tempo, até que pareça certo que não vão voltar.
Continue de forma modesta - talvez mudar-se para uma sala menor no
mesmo edifício.
Pode ser que não saiba o porquê da diminuição dos membros. Pode
enviar um questionário a todos os que saíram a perguntar-lhes o que
querem do grupo, o que podem dar ao grupo e o que os incentivaria a
voltar. Isto pode ajudar a identificar as razões.
Não pense que a queda nos números significa que o grupo está a
acabar. É demasiado fácil comparar a grande comparência com o
sucesso e isto não é necessariamente o caso em grupos da auto-ajuda.
Há igualmente uma solução mais drástica para o problema. O grupo pode ter
conseguido seus objectivos, especialmente se é um grupo pequeno. Pode ser
altura de terminar o grupo.
Falta da motivação:
Há momentos em que os membros sentem uma falta de motivação para
participar nas reuniões ou para tornarem-se mais activos nas actividades.
Alguns continuarão a vir às reuniões, mas não serão activos no grupo. Outros
podem sentir que não têm nada a oferecer ao grupo e consequentemente não
compreendem realmente porque vão às reuniões. Há várias razões pelas quais
as pessoas não se sentem motivadas:
63
Falta de confiança. É muito comum as pessoas em grupos de autoajuda sofrerem de falta de confiança.
Falta de experiência. “Nunca fiz nada parecido antes!”
Medos de não serem capazes de fazer o trabalho. Podem estar
prontos para ajudar, mas recuar devido medo de não saber que fazer, ou
como fazê-lo.
Grupos exclusivos. Qualquer grupo de pessoas, não apenas um grupo
de auto-ajuda, pode ficar demasiado acolhedor. Tem o seu lado positivo,
mas se o grupo é demasiado firme, é difícil para a novas pessoas sentiremse bem-vindas, e há menos probabilidade dos membros oferecerem ajuda.
Estruturas muito formais. As estruturas são necessárias, mas devem
ser instrumentos, que o(a) ajudem a trabalhar, e não barreiras ao
envolvimento dos membros. A organização formal pode prejudicar a
participação dos embros, particularmente em grandes grupos.
Pouca rotatividade de liderança. É fácil algumas pessoas
continuarem dispostas a tomar a dianteira, e para o resto do grupo deixálas.
Poucos Registos. Uma razão para os líderes continuarem a ficar nesta
posição é que todos os registos são guardados na sua cabeça, ou talvez em
casa. Ninguém sente que eles têm o conhecimento de fundo necessário
para assumir a posição.
Problemas de saúde e obrigações humanitárias. Os problemas nos
quais os grupos de auto-ajuda se baseiam são imensos. Não é
surpreendente que algumas pessoas simplesmente não tenham tempo ou
energia em ajudar os outros, ou ter empregos no grupo. Isto acontece em
particular se nunca tiveram a oportunidade de dizer a sua disponibilidade.
Como reagir:
Criar uma atmosfera agradável e informal na reunião, de modo que os
membros sintam que são bem vindos a participar.
Fornecer uma variedade de actividades interessantes e envolver os
membros em seleccionar as actividades que querem (as pessoas têm
diferentes necessidades).
Encorajar membros muito motivados a passar mais tempo com membros
menos motivado, de forma a atribuir-lhes mais atenção e suporte.
Durante reuniões servir um pequeno lanche e incluir uma parte social na
reunião, para que as pessoas possam se conhecer melhor.
Encorajar a interacção entre membros nas reuniões e fora do grupo.
Pode planear incluir eventos sociais.
Estar em contacto com membros telefonicamente para todos estarem
conscientes das actividades, e terem a oportunidade de falar com
alguém, pois talvez não sejam capazes de fazer isto em maiores grupos.
Comemorar aniversários dos membros do grupo, eventos especiais,
emitir um cartão ou visita a um membro que esteja doente ou
hospitalizado (assim sentem-se parte do grupo e são incentivados para
continuar a frequentá-lo).
64
Facilite a reunião dos membros. Geralmente as pessoas aprendem ao
fazer e pode ser menos intimidante fazer em pares. Uma possibilidade
é juntar um membro experiente do grupo com um membro inexperiente.
Se você quer realmente encorajar pessoas a se juntar ao grupo, deve
fornecer oportunidades para que aprendam novas competências e
aumentem as suas capacidades.
Novos membros:
É importante ajudar, caso haja, os novos membros a integrar o grupo. Estes
podem sentir-se deslocados por não conhecerem ninguém, os rituais ou as
tradições do grupo. Podem sentir embaraço ao falar no grupo ou admitir que
têm um problema. Cada pessoa tem a sua própria historia sobre o problema e
têm sentimentos fortes de que não estão inteiramente cientes.
Como reagir:
Os membros mais antigos podem transformar-se em modelo para os
recém-chegados e ter a oportunidade de ajudá-los.
O grupo será eficaz, se os membros antigos do grupo e os membros novos
partilhem as suas experiências.
As primeiras impressões têm um impacto grande e a primeira vez que uma
pessoa nova assiste a uma reunião pode determinar se virá outra vez.
O grupo pode atribuir a uma pessoa em particular a responsabilidade por
cumprimentar novos membros.
Um sistema de companheirismo pode ser utilizado: um membro existente
junta-se a um novo membro para apresentá-los aos outros membros do
grupo. Eles podem encontrar-se antes da primeira reunião.
Frequência Irregular:
Embora um grupo possa ter muitos membros, por vezes só alguns são
membros activos e vêm a reuniões ou eventos com frequência.
As pessoas têm de sentir que ganham algo por fazerem parte do grupo. Como
frequentam de livre vontade a experiência tem de ser sentida como positiva,
para permanecerem no grupo. Os benefícios são mais visíveis quando a pessoa
dá tanto quanto recebe do grupo. Devem ter em consideração que os grupos
têm altos e baixos. A participação, a oportunidade de comunicar, de partilhar e
sentir que faz parte do grupo é essencial.
Como reagir:
Alguns grupos pedem aos membros para se comprometerem a participar.
No entanto, muitas pessoas têm problemas em ir às reuniões regularmente.
Você pode ter uma política de porta aberta e aceitar esta questão.
Muitos grupos têm um núcleo duro de participantes regulares. Este pode
ser um elemento importante ao sucesso do grupo, mas lembre-se que
demora tempo a criá-lo.
65
O grupo pode ter diferentes tipos de membros. Estes podem ser pessoas
que não podem ou não querem assistir à reunião, mas querem ser
informados sobre o que o grupo está a fazer.
Sempre que possível forneça assistência às crianças, para que os membros
que são pais possam assistir.
Comportamentos Difíceis:
Os grupos podem experimentar problemas devido ao comportamento de um
membro, pequenos grupos de membros ou até o grupo inteiro. Alguns
problemas mais comuns que surgem:
Pessoas falam demasiado, monopolizam o tempo do grupo;
Pessoas que só querem falar da sua própria questão;
Pessoas sempre fora do contexto;
Pessoas sempre a interromperem;
As reuniões que passam a sessões de reclamação;
Os grupos não fazem progresso por estarem sempre a discutir o mesmo.
Como reagir:
Independentemente do tipo de comportamento deve-se dar apoio aos
outros membros de grupo.
Explorar a contribuição dos outros membros para desenvolver a discussão.
Interromper o conversador.
Desafiar o conversador para ser concreto e clarificar o que disse.
Evitar ser defensivo na sua crítica.
Não competir com a pessoa difícil.
O modo como o(a) líder reage ao que acontece pode fornecer um modelo
aos membros.
Todos os membros têm de ter responsabilidades em como a reunião
decorre e não deve ser apenas o(a) líder a por as coisas na ordem.
Seleccionar tópicos com antecedência e pedir as pessoas se sentem que as
suas experiências pessoais se relacionam com o tópico.
Ao seleccionar os tópicos tenha em conta questões que o grupo costuma
evitar. Contudo, esteja seguro de que já conseguem lidar com tal tema.
Segurança e Confiança no Grupo:
Tão como foi dito anteriormente, a sensação de segurança é uma das
exigências principais de um grupo bem sucedido. Os membros querem ser
ouvidos e saberem que os outros membros se comportarão correctamente com
eles e não serão agressivos.
Como reagir:
O grupo tem de definir procedimentos muito claros (como lidar com as
emoções, em particular emoções negativas: - raiva, inquietude, tensão e
assim por diante). Isto pode ser feito por dois membros do grupo que leva
o membro agressivo à parte e falam com eles até que ele se acalme.
66
Os membros têm de ser flexíveis e compreensivos, mas a necessidade de
se encontrar continua.
Procedimentos bem definidos e claros assegurarão ao membro segurança e
confiança.
É também importante prestar atenção às diferentes necessidades dos
membros, por exemplo, alguns membros podem ter de sentar-se perto de
uma porta aberta e ter a possibilidade entrar e sair. Outros membros
podem ter de conversar com outros membros de grupo durante a discussão
e portanto as oportunidades devem ser criadas para entrarem e saírem das
discussões.
Mudanças nos objectivos:
No início do grupo o(a) líder deve expressar os seus objectivos gerais,
específicos e as prioridades. Enquanto o grupo cresce, haverá um
deslocamento, talvez inconsciente, no que está a tentar fazer. A mudança pode
ser benéfica, pois às vezes os grupos podem estagnar se não alterarem a sua
actuação.
Como reagir:
As mudanças que se levantarem necessitam de ser discutida no grupo.
As modificações têm de ser aceites pelos membros do grupo. Isto
ajudará a evitar qualquer equívoco.
É importante ter consciência das modificações e observá-las.
Avaliar as modificações como positivas no desenvolvimento do grupo.
Dividir o Grupo:
Pode acontecer por várias razões:
• Conflitos de personalidade;
É grande o suficiente para ter um grupo em mais de um lugar. Poupará na
viagem e facilitará novos membros a juntar-se;
Para concentrar-se num aspecto particular do trabalho;
Rigidez do grupo original.
Alguma destas razões permitem a mudança, enquanto outros são uma resposta
à tensão e à problemas. Qualquer que seja a razão, não será um processo
simples e pode ser doloroso.
Pode ser particulamenter difícil quando há recursos envolvidos.
Dividir o grupo:
Partilhe os problemas abertamente com o grupo;
Considere a separação como um desafio e uma oportunidade para o
crescimento;
Uma pessoa neutra pode ajudar;
Dê recomendações ao grupo sobre recursos.
67
Membros a Mais:
Dividir é uma solução a este problema. Definir um limite de membros no seu
grupo é outro. Pode ser correcto para um grupo restringir membros, mas este
pode ser doloroso se você tem de rejeitar alguém que precisa do grupo.
Pode não haver uma solução fácil, mas pode sempre sugerir que comecem um
outro grupo com sua ajuda.
Ajudar um Novo Grupo a Iniciar:
Incentive as pessoas a criar um grupo. Pode realizar-se noutra área
geográfica ou numa altura diferente da semana, mas na mesma área.
Consiga que vários dos seus membros vão ao grupo novo para dar-lhes
apoio. Evite a competição.
Diga às pessoas das organizações locais ou a indivíduos que pode ajudar a
começar um grupo novo.
Por fim você pode considerar mudanças no seu grupo que
permitam um maior número de pessoas:
Gastar pelo menos parte da reunião em pequenos grupos em salas
separadas no mesmo edifício;
Mudar a organização de suas reuniões;
Encontrarem-se com mais frequência.
COMO OS GRUPOS DE AUTO-AJUDA LIDAM COM AS
SITUAÇÕES DIFÍCEIS:
A maioria das raparigas falou abertamente sobre seus problemas,
mesmo aquelas para quem era difícil expressar seus pensamentos.
Aquelas que não eram corajosas o bastante para falar sobre os seus
interesses durante as sessões poderiam fazer individulamente, mas
estes eram casos isolados. Este acordo surgiu a pedido das raparigas,
pois após as férias de Verão, o grupo formou sub-grupos. Ao procurar
variar as actividades do grupo e reunir o mesmo sugeriu-se organizar
um evento pequeno para as pupilas da escola. Após um ensaio geral
do evento o grupo reuniu e as conversas individuais já não eram
necessárias, porque as raparigas fizeram-no durante as discussões de
grupos. Elas tornaram-se mais abertas, falaram mais frequentemente
sobre a família e problemas pessoais e suas experiências.
Líderes de Grupo de Auto-Ajuda de Raparigas com ligeira a moderada
Deficiência Intelectual- Kaunas, Lituânia
É muito provável que os membros experimentem uma falta de
motivação para participar nas reuniões, logo o(a) líder precisa de
pensar como os membros podem ser mais activos. É necessário
oferecer uma diversidade de actividades interessantes e acoplar os
68
membros em actividades que lhes interessam. Precisam de sentir que
são importantes dentro do grupo.
A verdade é que uma pessoa que não esta motivada para participar
num grupo da auto-ajuda ou pensar sobre seus problemas em grupo
não deve participar em grupos desta natureza. Era possível verificar
que alguns membros não estavam motivados a participar em tais
grupos e estes eram prejudiciais em muitas das sessões.
Consequentemente, uma recomendação importante é que se faça uma
análise constantemente da motivação dos membros.
Líder de Grupos de Auto-Ajuda de Reclusos do Sexo Masculino - Portugal
Para alguns participantes foi muito difícil falarem abertamente sobre
o seu íntimo, muitas vezes doloroso. Tais participantes eram
geralmente os últimos a entrar; falavam muito esporadicamente, e de
forma pouco espontânea. Mais frequentemente respondiam a
perguntas de outra pessoa e davam conselhos. É crucial, entretanto,
que de facto tenham ousado falar para todos e tenham a sua primeira
experiência em falar”.
Líder de Grupos de Auto-Ajuda para Pais de Crianças com Deficiência
Intelectual - Polónia
Os interesses e as necessidades dos pais - os membros do grupo
foram bem orientadas. Ao mesmo tempo que as reuniões da autoajuda ocorriam havia umas sessões terapêuticas para crianças. Era
impossível evitar flutuações na comparência, mas a maioria
acompanhou regularmente.
Líder de Grupos de Auto-Ajuda para Pais de Crianças com Deficiência
Intelectual - Polónia
O segredo das reuniões bem sucedidas é a confiança mútua, partilha
dos papéis, responsabilidades e acordo. O trabalho dentro do grupo é
baseado em princípios democráticos.
Líder do Grupo de Auto-Ajuda para Paid de Criança com Deficiência- Klaipeda,
Lituânia
69
RELAÇÕES COM ESPECIALISTAS/ PROFISSIONAIS
Se o grupo é conduzido por um membro vale a pena considerar e discutir com
os restantes membros sobre qual será o relacionamento com os/as
profissionais/especialistas. Este relacionamento pode ser formal ou informal.
Cada grupo precisa de decidir o que é o melhor para ele. Alguns grupos podem
decidir não ter nenhuma relação.
Muitos grupos de auto-ajuda descobriram que trabalhar com profissionais pode
beneficiar seu grupo. Os profissionais também descobriram que trabalhar com
grupos de auto-ajuda pode beneficiar seu trabalho e ajudar outras pessoas que
usam seus serviços. Tenha presente que o desenvolvimento de bons
relacionamentos demora tempo.
De que forma trabalhar com profissionais pode
beneficiar Grupos de Auto-Ajuda:
Algumas formas estão descritas a seguir:
Começar. Os/as profissionais podem ajudar nas fases iniciais. Podem
ajudar com o lugar da reunião (entretanto, deve averiguar com cuidado
se os membros quererão encontrar-se no espaço aconselhado, por
exemplo, um hospital psiquiátrico, centro de reabilitação, etc). Podem
igualmente ser um recurso útil em identificar membros para o grupo ou
recomendar como contactar potenciais membros. Ter ajuda no início não
significa necessariamente que tenha de se tornar dependente.
Fornecer ajuda e suporte práticos. Começar pode ser difícil e
demorado. Os/as profissionais podem ser um bom recurso e fornecer um
apoio geral. Os profissionais podem ser convidados como oradores em
tópicos específicos ou recomendar outros oradores.
Assegurar que o grupo tem membros suficientes. Os grupos que
têm membros em mudança, podem precisar de uma fonte constante de
membros novos para que os grupos cresçam ou mantenham-se.
Ganhar credibilidade. Alguns grupos sentem que seu grupo pode
ganhar credibilidade ao trabalhar com profissionais.
Influenciar como os serviços são proporcionados. Cada vez mais
os profissionais dão boas-vindas à possibilidade de aprender com os
membros de grupos de auto-ajuda e assim melhorar a maneira como
ajudam seus clientes. Se o grupo considera muito importante advogar o
apoio dos profissionais para mudanças pode ser valiosa. Os profissionais
podem ajudar o grupo a estabelecer contactos, encontrando pessoas
influentes, fornecendo dados e estatísticas. Às vezes os profissionais
podem ser uma boa ligação entre o grupo, o governo e o sector
empresarial.
70
Como identificar
trabalhar?
os
profissionais
com
quem
Os profissionais mais úteis são aqueles que querem ou estão interessados no
seu grupo de auto-ajuda. Nem todos estarão interessados em ajudar ou terão
os mesmos valores ou atitudes que os membros do seu grupo. Cada membro
no grupo conhecerá profissionais, que tratam seus clientes com respeito e com
cuidado com o que dizem. É mais provável que estes possam apoiar o grupo.
Deve então criar uma lista de todos os profissionais recomendados por
membros. Tenha mais informações e opiniões diferentes sobre estes
profissionais antes de decidir a quem recorrer.
Como comunicar com os profissionais:
Dar o primeiro passo. O(a) líder do grupo pode precisar de dar o
primeiro passo e de fazer o contacto com os profissionais com quem o
grupo espera trabalhar no futuro. O(a) deve ser bem preparado(a), com
confiança e pronto para responder a todas as perguntas que o
profissional fizer. Deve ainda ser convincente e seguro. O(a) líder deve
estar preparado(a) para que o profissional por uma razão ou outra não
queira trabalhar com o grupo.
Seja claro(a). O grupo precisa de ser claro sobre os seus objectivos,
quem pode se juntar, o que oferece e o que espera. É importante
apresentar uma imagem clara e unificada do grupo às pessoas.
Estabeleça pontos fortes, fracos e os limites. Quando falar do
grupo, destaque os seus pontos fortes, o que faz bem e o que o grupo
tem de diferente dos demais. Se for apropriado, diga igualmente o que
você não faz, por exemplo, não dão conselhos médicos.
Seja claro quanto aos papéis que os profissionais podem ter no
grupo. Seja aberto quanto ao papel pensa que estes poderiam ter no
seu grupo. Se o grupo sente que quer fazer tudo sozinho, que não
precisa do envolvimento de profissionais, então diga. Explique que quis
simplesmente os informar sobre a existência do seu grupo.
Tente ver o ponto de vista dos profissionais. Ponha-se na posição
de um profissional. Se convidar profissionais a juntar-se ao seu grupo de
auto-ajuda, lembre-se que têm família e compromissos pessoais, assim
como o seu trabalho do dia a dia e o seu grupo. É preciso recordar que
os profissionais nem sempre podem fornecer informações (regras
internas, confidencialidade ou exigências legais).
Saiba receber as pessoas. É importante dar as boas-vindas a todos os
que se juntam ao grupo. Os profissionais querem ter a certeza de que as
pessoas que vão encaminhar para o grupo sentir-se-ão bem-vindas.
Facilite o contacto às pessoas que queiram entrar no grupo.
71
ESCLARECIMENTO SOBRE A PARTICIPAÇÃO DOS
PROFISSIONAIS:
Um dos principais riscos que podem surgir devido à participação dos
profissionais nos grupos de auto-ajuda está relacionado com a aceitação (às
vezes inconsciente), e à atribuição de um papel de liderança ao profissional.
Isto pode ser visto como um aspecto negativo, visto poder promover a
dependência dos membros, eliminando assim a oportunidade de desenvolver
um papel da auto-liderança, por vezes fundamental ao sucesso do grupo.
Ao considerar a participação de um profissional é útil especificar qual o período
de tempo em que o profissional estará envolvido no grupo.
TRANSIÇÃO DE UM GRUPO LIDERADO POR
PROFISSIONAIS PARA UM GRUPO LIDERADO POR
UM MEMBRO
Em grupos com líderes profissionais, é possível identificar as oportunidades
para fazer a transição a um grupo conduzido por um membro e de consolidar
potenciais líderes. Pode ainda ajudar os membros a aprenderem sobre modelos
de auto-ajuda e a dar-lhes competências necessárias para realizar o processo.
Quatro etapas gerais podem ajudar nesta transição:
1. Aprendizagem sobre a auto-ajuda.
2. Construir uma equipa e um plano de transição.
3. Deixar ir.
4. Mantenha-se disponível, mas não a liderar.
Aprendizagem sobre a auto-ajuda
Dedique tempo à discussão sobre o porquê da transição – deve-se a uma perda
de financiamento para o líder do grupo, mudança nos objectivos ou uma
iniciativa do grupo? Quem está ansioso para a mudança? A transição é uma
novidade ou foi planeada desde o início? Todos estes factores terão influência
na forma como irá ocorrer a transição.
Dentro do grupo de auto-ajuda deve discutir os benefícios da liderança por um
membro contra a sustentação profissional. Explorar como a transição na
liderança gerará outras mudanças na estrutura e nas actividades do grupo.
Exemplo de actividade: Pedir a todos para considerar a pergunta “quando o
profissional sair, receio que.................”. Todos devem escrever respostas
curtas e por fim partilhá-las e explorar os medos mais comuns. Descobrir
formas de desenvolver competências e recursos para lidar com estes desafios.
72
Construir uma equipa e um plano de transição
Comece a construir a sua equipa o mais cedo possível. Anote todos os papéis
e responsabilidades do líder actual.
Não esqueça pequenas tarefas (por
exemplo, a manutenção da lista de membros. O novo papel será a “ligação ao
anterior líder (profissional) do grupo”. Considerar quais os papéis que podem
ser partilhados (por exemplo os auxiliadores de discussão) e papéis
relacionados com os interesses e as competências dos membros.
Ofereça formação específica, se necessário, e mostre como cada tarefa é
realizada. Pode ser mais fácil subdividir papéis em tarefas.
Os membros podem observar uma tarefa, praticá-la, formular questões antes
de realizar as tarefas e fazer perguntas antes de se oferecer para um papel no
grupo e responsabilidades. Deixe, assim, tempo para que as novas tarefas
sejam praticadas pelo novo líder, mesmo que faça de outra forma.
É mais útil incentivar a transição com acções do que apenas com palavras.
Como líder do grupo, a sua posição profissional no grupo deve mudar
gradualmente até transformar-se num outro membro do grupo. O profissional
deve recordar que a preparar-se para deixar o grupo.
Deixar ir
Nesta etapa o seu trabalho de transição começa a ter efeito e os membros
provavelmente sentem tanto exaltamento como ansiedade. Planeie um
processo formal de finalização (uma ou duas reuniões) para reconhecer o
trabalho emocional da transição.
Pode dedicar uma destas reuniões à revisão do desenvolvimento do grupo e
destacar o progresso que cada pessoa fez.
Exemplos de perguntas: Como recorda o grupo no início? O que se lembra
sobre si quando se juntou ao grupo? O que mudou no grupo e em si?
Isto pode ser feito individualmente com as respostas compartilhadas com um
colega ou o grupo inteiro.
A segunda reunião pode ser organizada para o adeus ao líder e dar as boasvindas ao novo líder. Esta reunião pode ser menos formal (por exemplo, ter um
pequeno lanche).
Uma outra maneira de deixar ir formalmente é perguntar a cada membro
“como dizer adeus?”. Peça para imaginarem que um amigo está de partida para
outra cidade e de que forma se despediriam dele. Este exercício pode ajudar a
encontrar a melhor forma de dizer adeus ao líder.
Disponível, mas não a liderar.
A última etapa é dizer adeus ao grupo, mas ao mesmo tempo deixá-los saber
que continuará interessado no grupo e que está disponível para eventuais
consultas ou qualquer outro tipo de ajuda.
73
PUBLICIDADE
Cada grupo de auto-ajuda precisa de tomar uma decisão se quer publicitar o
grupo e suas actividades. Isto dependerá da estrutura e tipo de membros.
Alguns grupos podem decidir trabalhar discretamente e sem a participação da
comunidade – podem ter decidido permanecer anónimos.
Se o grupo decide ter um limite de membros e não se sente à vontade em
divulgar o grupo devido à problemática de base, precisa de pensar
cuidadosamente sobre outras formar de divulgar o grupo a potenciais
membros. Podem produzir posters, que anunciam um ponto de contacto para o
grupo, ou disponibilizar folhetos em lugares onde pessoas com problemas
similares frequentem.
Contudo, há grupos que podem, por várias razões, decidir publicitar o grupo:
Para que as pessoas saibam da sua existência e convidá-las a juntar-se.
Para informar potenciais membros sobre uma reunião.
Se o grupo é orientado para a mudança ou por uma causa.
Educar a comunidade ou mudar atitudes sobre uma circunstância ou um
problema em particular.
Para ganhar reconhecimento e credibilidade junto da comunidade.
Se o grupo decide publicitar as suas actividades precisa de ter em conta:
Escala da publicidade. Quem quer alcançar e porquê?
Se o objectivo é aumentar o número demembros então é necessário
considerar o ritmo em que o grupo quer crescer.
Métodos a utilizar para uma maior visibilidade.
Como o grupo reagirá às respostas/reacção à publicidade.
Como Divulgar o Seu Grupo:
Na fase inicial do grupo pode ser necessário atrair membros. O grupo pode:
Divulgar nos jornais locais, em igrejas ou nas newsletters de ONG´s.
Colocar divulgação em Centros do dia, em entidades de cariz social, nas
autarquias ou noutros locais onde possa haver potenciais membros.
Amigos, conhecidos e profissionais que possam passar informação aos
seus clientes.
Passar a palavra:
Um dos métodos mais populares e o mais bem sucedido para recrutar membros
e promover o seu grupo. É eficaz e não tem custos. Pode ser feito pelos
membros ao divulgar junto da família e dos amigos. No entanto, pode haver
recusas, porque não querem dizer aos outros que frequentam um grupo. Não
deve pressionar as pessoas para recrutar membros.
Posters:
Os posters são um modo eficaz para todos saberem que o grupo existe. O texto
deve ser simples e claro. A mensagem principal, que é explicar qual a finalidade
74
de grupo, quem pode ser membro e como e onde podem ter mais informações.
Ilustrações e desenhos com algumas palavras podem ser eficazes para passar a
sua mensagem. Pense sobre quantos posters você precisará e onde você
pendurará os posters para obter resultados.
Folhetos:
Um folheto é suficientemente espaçosos para detalhes sobre os objectivos do
grupo, as actividades, tipo de membros, quando o grupo se reúne e onde.
Podem igualmente ser usados para fornecer informação sobre a problemática
em que o grupo se baseia. Tal como já foi dito, os profissionais podem ser uma
fonte de distribuição para seus clientes.
Dica:
Pense com cuidado sobre como e porquê o grupo quer ser publicitado.
Seja cuidadoso com a publicidade. Pode ser demasiadamente bem
sucedido, e atrair mais interesse do que você imaginava possível ou com
qual você pode lidar.
A sua mensagem deve ser muito clara. Assim, certifica-se que não atrai
perguntas desnecessárias, que podem ser frustrantes para quem as faz e
para o líder do grupo.
É melhor não incluir nomes completos e endereços na publicidade.
Se os materiais da publicidade incluirem um número de telefone é
importante incluir as melhores horas do dia para contactar essa pessoa. Por
vezes, quem se interessa pelo grupo pode ter demorado até ter tido
coragem para entrar em contacto. Se houver demoras para obter uma
resposta, pode originar uma maior ansiedade.
75
FUNDOS
Os grupos podem necessitar de dinheiro. Quanto precisa e para que finalidade
difere de um grupo para outro. Uma das regras de ouro, que contribuirão para
o sucesso do grupo, é pensar primeiro nos membros e nas suas necessidades e
só depois nos aspectos financeiros. É importante que a falta de dinheiro ou a
procura de fundos não interfira com o objectivo do grupo.
O dinheiro é um dos recursos que contribuem para o trabalho do grupo de
auto-ajuda e o seu funcionamento, mas não deve transformar-se na força
motriz. De facto, há muitos grupos que não precisam de dinheiro. Há grupos
que pedem aos seus membros que contribuam financeiramente (uma pequena
doação para cobrir custos específicos ou pedir que comprem e/ou tragam algo
– refrigerantes, por exemplo – às reuniões).
Razões para a necessidade de dinheiro para o grupo
Ao planear o seu grupo pense sobre quais os eventuais custos com o
estabelecimento do mesmo e a sua manutenção. Estes custos podem incluir:
Aluguer de uma sala para encontros;
Impressão dos materiais para reuniões;
Anúncios sobre o grupo e futuras reuniões;
Despesas com as reuniões e actividades de grupo;
O selo e o telefone quando se comunica com membros;
Lanches nas reuniões;
Transportes;
Outros.
Os grupos que limitam os membros e concentram as suas actividades na ajuda
mútua, muito provavelmente não precisarão mais dinheiro do que é exigido
para o estabelecimento do mesmo, enquanto que outros podem crescer ou
expandir suas actividades o qual exigirá, naturalmente, mais dinheiro.
O grupo precisa de angariar fundos?
Os grupos necessitam de recursos, mas não precisam necessariamente de
comprá-los. O grupo precisa de responder à pergunta – nós precisamos de
dinheiro para conseguir atingir os objectivos? Pode antes ter alguns recursos
mas não necessariamente pagar por eles (podem ser fornecidos por alguém ou
por alguma instituição:
Sala de reunião;
Doações de equipamento ou uso de um computador;
Um orador, consultor ou especialista;
Um formador;
Impressão ou fotocópia de materiais;
Lanches para as reuniões;
Transportes.
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Angariar Fundos:
A maioria dos grupos quer ter algum dinheiro e não apenas recursos. Vários
métodos que podem ser usados para angariar fundos e estem dependem se o
grupo é grupo formal (registado) ou informal.
Se é um grupo informal então as oportunidades para angariar o dinheiro
serão limitadas. Um dos meios principais é angariar o dinheiro dos membros.
O dinheiro dos membros é uma fonte, mas seja cuidadoso para que os
membros não sintam que estão a ser pressionados a contribuir. Se os membros
começam a sentir que participar tem custos elevados, podem desistir do
mesmo. O dinheiro dos membros pode ser angariado por:
Doações, cada pessoa dá o que for possível.
Uma assinatura ou taxa de membro.
Pedido aos membros para pagar refrescos, actividades e assim por diante.
Se o grupo é formal é necessário rever seus estatutos e ver o que é
concedido legalmente no âmbito do mesmo. As formas mais comuns de
mobilização de fundos para grupos formais são:
Organização de eventos de angariação de fundos.
Candidatar-se a fundos cedidos por entidades financiadoras.
Eventos de angariação de fundos. Há muitos eventos e actividades
diferentes que o grupo pode organizar (exemplo: actividades e venda dos
produtos de cerâmica dos membros do grupo, pinturas, espectáculos om
convidados especiais, etc).
Fundos cedidos por entidades financiadoras. Muitos grupos avaliam suas
ajudas e independência e temem que o dinheiro cedido possa significar que
você as perderá. Entretanto, é altamente improvável que os pequenos
financiamentos conduzam ao controle sobre as suas actividades de grupo.
Se o grupo decide se candidatar a um financiamento:
Pensar para quê o grupo precisa de dinheiro e quanto precisará;
Verificar quem é directamente responsável pelo financiamento;
Seguir o procedimento exposto no formulário de candidatura;
Dedicar tempo à execução da candidatura.
Contabilidade
É preciso definir quem ficará responsável pelo dinheiro. É melhor haver uma
pessoa que seja apenas responsável pelas actividades financeiras. Qualquer
quantia de dinheiro, mesmo uma pequena, precisa de ser contabilizada
correctamente. Isto contribuirá para criar um sentimento de confiança entre os
membros. Para além disso, se o dinheiro estiver a ser controlado
correctamente, será mais fácil trabalhar com entidades financiadoras.
77
A manipulação do dinheiro dependerá se é um grupo formal ou informal. Se
você for formal, precisará de um contabilista ou de uma pessoa responsável
pelas finanças.
Que faz um contabilista?
Abre uma conta bancária;
Tem noção de todas as despesas;
Recolhe os fundos ou contributos e emite recibos;
Paga as contas;
Relata ao grupo o seu estado financeiro: quanto dinheiro o grupo recebeu,
quanto gastou, quanto é deixado e quanto precisa num futuro imediato;
Recomenda ao grupo que dinheiro precisa e quanto precisa de angariar
Prepara e apresenta um balanço e um relatório para a reunião geral anual.
Dica:
Não deixar a mobilização de fundos ou a falta de dinheiro interferir com
as actividades do grupo.
Considerar como a mobilização de fundos pode ir de encontro aos
princípios do seu grupo (de cooperação e de partilha da responsabilidade).
Deve unir as pessoas junto e não tornar os relacionamentos entre membros
e actividades de grupo mais difíceis.
78
AVALIAÇÃO
Só porque um grupo de auto-ajuda existe, e tem vindo a funcionar durante
meses ou anos, não significa que funcione bem ou de uma forma eficaz.
Normalmente, só quando os problemas começam a surgir, como por exemplo
desistências dos membros, desavenças, entre outros, que o/a líder começa a
pensar em questionar as opiniões dos membros acerca do grupo, como está a
funcionar, quais as necessidades existentes, etc. Em alguns casos, pode ser
tarde. De facto, uma avaliação formal, com questionários e grupos de trabalho
de forma a averiguar as necessidades a serem tidas em conta, deve ser feita
periodicamente – 6 meses após o estabelecimento e depois cada 6-12 meses.
Porquê é importante efectuar uma avaliação?
O seu grupo foi estabelecido com o intuito de conhecer as necessidades das
pessoas que experienciam os mesmos problemas. O grupo identifica
objectivos e é importante ver se esses objectivos estão a ser cumpridos –
ajudar a analisar o seu trabalho e como está a ser efectuado Quando o
grupo começa é definido um problema à volta do qual o grupo opera.
Quando o grupo inicia é definido um problema à volta do qual o mesmo
funciona. Poderá ser necessário redefinir o problema, caso se verifique que
este já não se encontra adequado ao grupo.
A avaliação pode ser igualmente importante na medida em que garante ao
grupo que não se mova ou que altere constantemente sem uma direcção
certa. Irá ajudar a identificar e fazer as alterações necessárias.
É natural que os grupos se alterem, os membros vão e vêm e as suas
necessidades vão mudando igualmente ao longo do tempo. Para além disso,
é necessário rever os objectivos e determinar se também estes é necessário
alterar.
A avaliação ajuda a verificar quais são os recursos disponíveis e a decidir se
estão a ser aproveitados de forma eficiente e a determinar se serão
necessários mais recursos.
O facto de se pensar que se vai fazer uma avaliação poderá fazê-lo sentir
desconfortável, sentir que as pessoas irão tocar nos aspectos negativos. Mas
por outro lado, também se vai aprender sobre aquilo que se alcançou, e os
aspectos positivos do grupo é por vezes surpreendente.
Formas de avaliar a eficácia do grupo:
Um das formas mais simples de se realizar uma avaliação é rever os dados
estatísticos:
Número total de participantes de um grupo;
Número médio de participantes das reuniões;
Outros métodos, que também podem ser aplicados, são:
- os questionários para os membros do grupo;
79
- Os questionários para os líderes do grupo;
- o diário dos líderes do grupo;
- os métodos que foram aplicados;
- A selecção dos temas;
- o ambiente (emocional) do grupo;
- a coordenação das actividades do grupo, o cumprimento dos objectivos
Quem Deve Fazer a Avaliação?
A avaliação pode ser realizada:
- Pelo próprio grupo. O/a líder e os membros são as melhores pessoas para
fazer uma auto-avaliação.
É importante envolver todas as pessoas na avaliação. Se o grupo é grande, um
simples questionário ou discussão em grupos mais pequenos poderá ser um
método eficaz.
- “Forasteiro” neutro
Trabalhar com uma pessoa imparcial pode ajudar o grupo a rever os seus
objectivos, os seus recursos, o que querem alcançar e ajudar o grupo a
encontrar neles próprios uma forma crítica e aberta.
Uma pessoa que não pertença ao grupo pode retirar mais informação dos
membros, embora seja importante que as pessoas tenham informação
suficiente sobre o mesmo.
Informação Útil para a Avaliação
A avaliação faz-nos olhar para trás, sendo assim, é importante recolher um rol
de informações correctas desde o início da constituição do grupo:
- Perguntar às pessoas o que têm ouvido acerca do grupo. Isto poderá ser feito
sempre que alguém contacta o grupo;
- Guardar albuns de fotos de actividades, programas, convites e artigos de
jornais que faça voltar atrás e capacitar novos membros para dividir a pasta.
- Guardar cópias de cartas, por ordem cronológica.
Como Deverá ser Usada a Avaliação?
A avaliação não só ajuda a olhar para trás como também a olhar em frente. As
conclusões e recomendações para o futuro, resultantes da avaliação, são o
mais importante. Se a avaliação revelar problemas, ou áreas a serem
melhoradas, então dever-se-á propor o que poderá ser feito para remediar a
situação. Isto deverá feito tendo por base um plano com datas limite e
objectivos concretos. A avaliação deve resultar sempre num documento escrito,
mas não necessariamente longo. Poderá circular entre os membros, entre as
pessoas que ajudaram o grupo e, se houver, às entidades financiadoras dos
grupos.
80
SUGESTÃO:
O que Deveria Estar Incluído na Avaliação
De seguida encontra-se uma lista de questões a fazer aos membros de modo a
conhecer as suas opiniões, feedbacks e saber o que fazer no futuro.
Dependendo da finalidade do grupo, há quanto tempo existe, quem é o líder do
grupo, entre outras variáveis, pode necessitar de acrescentar outras questões.
Objectivos
Qual a razão do início do grupo?
O motivo das actividades continua a ser a mesma?
Os objectivos ainda são importantes?
Necessidades
O que os membros esperam do grupo?
As necessidades estão a ser cumpridas?
As actividades vão de encontro às necessidades dos
membros?
Os membros estão satisfeitos com o seu nível de
participação? Como e Porquê?
O grupo sofreu alterações?
Todos se sentem bemvindos?
Alguém é ou se sente excluído?
Membros
Até que ponto o
grupo trabalha bem
em conjunto?
Os membros estão satisfeitos com o modo que o
grupo está a ser conduzido?
O local da reunião é conveniente e acessível à
maioria dos membros?
O horário das sessões é adequado?
Como é a comunicação no grupo?
Os membros recebem informações suficientes e de
fácil compreensão?
Qual a situação financeira?
Contactos fora do
Grupo
É necessário publicidade?
Como aparecemos aos olhos dos outros?
Quais os profissionias que conhecemos e trabalham
connosco? São úteis ao grupo?
Com que organizações locais trabalhamos? Quais os
benefícios?
É necessário cooperar com outros grupos? Porquê e
como?
Estamos a planear iniciar novos grupos?
Há potenciais líderes suficientes entre os membros?
Devemos expander as nossas actividades?
Desenvolvimento
81
Avaliação: As pessoas que abandonam os grupos
Se as pessoas mostram desejo em abandonar o grupo, é importante encontrar
tempo para reunir com eles e perceber porquê.
Isto poderá ser feito através de uma discussão informal ou através de um
questionário incluindo, por exemplo, as seguintes questões:
Pensa que o grupo de auto-ajuda alcança os seus objectivos?
O grupo alterou os objectivos durante o processo?
Obteve-se informação necessária?
O que pensa do ambiente emocional do grupo?
Como avalia o trabalho do líder do grupo?
Qual a sua opinião sobre os principais problemas relacionados com o
funcionamento do grupo?
As expectativas foram superadas?
Está satisfeito com as actividades do grupo?
Que comentários gostaria de fazer às pessoas pensam em iniciar grupos de
auto-ajuda?
FEEDBACK E A EXPERIÊNCIA DE AVALIAÇÃO DE GRUPOS DE
AUTO-AJUDA:
O feedback é um instrumento adicional, que ajuda a reunir as opiniões
dos participantes sobre determinados assuntos. É essencial,
independentemente do facto das reuniões serem geralmente num
formato de discussão aberta.
Isto significa que, frequentemente, as coisas permanecem não ditas, o
que pode levar, mais cedo ou mais tarde, ao descontentamento,
conflitos, prejudicando o grupo para o cumprimento dos objectivos.
Para receber feedback é importante começar na primeira reunião.
Após serem revistos os tópicos preliminares para as reuniões,
apresentados e discutidos, cada membro preencheu um questionário
e avaliou a necessidade e importância de cada tópico. Os resultados
foram compilados e apresentados ao grupo na reunião seguinte. O
feedback permitiu destacar os tópicos que são importantes e aqueles
que não são importantes para os membros.
Ao analisar os questionários verificou-se que alguns participantes são
mais activos e interessados, enquanto que para os outros, os tópicos
revelaram-se menos interessantes (os questionários não são
anónimos).
Planeou-se uma avaliação posterior dos temas discutidos de forma a
comparar os resultados, em grupo e individualmente. Nós esforçamonos para que os membros consigam obter o maior benefício possível
Grupos de Auto-Ajuda para Prestadores de Cuidados da Pessoa com
Deficiência, Idosos – Klaipeda, Lithuania
82
Para observar a dinâmica do grupo, o feedback e avaliação dos
membros do grupo é muito importante. As mães podem expressar as
suas opiniões sobre as actividades do grupo ao preencher os
questionários ou durante as discussões gerais com o líder do grupo.
Deste modo, nós conhecemos as opiniões dos membros, as suas
recomendações e sugestões.
Líder do Grupo para Pais de Criança com Deficiência Elektrenai, Lituânia
A informação e feedback de outros membros do grupo ajudaram a
desenvolver objectivos que pareciam distante e aparentemente
inatingíveis. Contudo, à medida que as sessões sucediam, estes
objectivos iam-se tornando cada vez mais realistas.
Membro do Grupo de Auto-Ajuda para Pais de Crianças com Deficiência
Intelectual – Polónia
FINALIZAR UM GRUPO DE AUTO-AJUDA
Os grupos não são permanentes. Não é invulgar que os grupos acabem. O
problema, comum a todos no grupo, pode ter uma grande influência na
duração do grupo. Se o objectivo que o grupo procura é apenas uma mudança
temporária, quando este é atingido é natural que os membros se dispersem.
Da mesma forma que se decide o início de um grupo o seu fim também
necessita de ser acordado.
Se o grupo decidir acabar com as actividades, então será necessário rever e
avaliar o que foi alcançado. O grupo poderá verificar se os objectivos foram
alcançados e que, definitivamente, alguns resultados são positivos.
Na realidade, acabar um grupo não é uma experiência agradável. Apesar das
razões existentes para que este finalize, existem várias emoções que são
necessárias de lidar: algumas pessoas podem achar angustiante, outras podem
experienciar um sentimento de perda, enquanto outros podem sentir um
sentido de conquista, independência e força para lidar com o problema. É
importante ter em mente as emoções e sentimentos dos membros quando
acaba um grupo.
Razões Positivas para o Fim do Grupo:
Tal como foi dito, os grupos têm de finalizar à determinada altura e não se
devem apenas às razões negativas. Pode haver também razões positivas que
podem levar a que o grupo decida acabar com as actividades:
- Quando, no desenvolver do grupo, foi decidido o período de tempo ou o
número de reuniões. Logo, quando este chega ao fim o grupo dispersa-se.
83
- O grupo foi um projecto-piloto e os membros não decidiram continuar após o
período planeado;
- A necessidade do grupo poderá deixar de existir. O problema foi resolvido e
os membros sentiram que eram capazes de lidar sem reuniões regulares.
Outras Razões para o Fim dos Grupos:
O grupo conhece as necessidades da maioria dos membros, sendo que
muitos deixaram o mesmo. No entanto, o grupo nada fez para recrutar os
novos membros e o grupo vai desaparecendo aos poucos.
O grupo estava dependente do/a líder ou líderes e quando estes/as
abandonam o grupo, perde-se a direcção. Ninguém está preparado para
retomar a liderança e o grupo acaba por se dissolver.
Quando os conflitos crescem entre os membros, o abandono surge e os
restantes membros que permanecem não se sentem com capacidade para
continuar.
Quando o grupo não tem objectivos claros, estrutura ou estratégias. O
grupo move-se até ao momento em que as pessoas decidem que não
querem continuar com o mesmo.
A falta de recursos e falta de um local estável para a realização das
reuniões. Assim, o tempo para as questões organizacionais tornam-se
superiores ao tempo dedicado aos assuntos de maior importância para o
grupo.
A falta de suporte de profissionais, família, membros das instituições onde
as sessões foram desenvolvidas.
Um conjunto de factores – razões pessoais, doenças, entre outros.
Passos para Finalizar um Grupo
Tal como para começar um grupo leva tempo, há determinados passos e
procedimentos a usar para acabar com um grupo de Auto-Ajuda.
Se os motivos que levam ao fim do grupo estão clarificados e entendidos, então
será mais fácil para os membros o fim do grupo.
Porém, podem existir situações (por exemplo, quando os motivos que levam ao
fim do grupo não são confortáveis e os membros experimentam uma sensação
de falhanço) em que os membros queiram o fim do grupo o mais rápido
possível.
Independentemente das razões, estes passos são fundamentais:
- Os membros devem aceitar que o fim do grupo é uma etapa normal;
- Os membros não devem sentir culpa caso tenham falhado;
- O/a líder e membros devem avaliar e celebrar o que foi alcançado. Devem
fazer um esforço de forma a reflectir sobre o alcance dos objectivos.
- O grupo deverá organizar uma reunião final sobre o fim do grupo. Mesmo que
apenas restem alguns membros, será sempre uma forma de se encontrarem
formalmente pela última vez. Às vezes é mais fácil aceitar a perda de algo se
houver um ritual que identifique esse mesmo fim.
84
- O grupo irá necessitar de decidir o que fazer com os recursos que foram
acumulados ao longo do tempo. É necessário decidir o que os membros
partilham entre eles, ou talvez alguns membros do grupo planeiem reconstruir
o grupo com uma diferente estrutura, objectivos, etc.
- O grupo deverá acabar com todos os assuntos organizacionais, pois assim não
haverá finais perdidos que possam requerer a atenção de outros.
Posteriormente. Atribua responsabilidades a uma pessoa para tratar destas
questões.
Sugestão:
Se o grupo sentir que o mesmo já não é necessário, não é eficiente ou é
considerado uma perda de tempo, é preferível finalizar as suas actividades de
forma formal e não insistir numa coisa que não está a produzir efeitos.
85
GRUPOS DE AUTO-AJUDA NOS PAÍSES DA PARCERIA
Sumário dos questionários
No decorrer do projecto, foi construído e aplicado um questionário de forma a
obter uma maior compreensão da situação actual, tendo em conta o
desenvolvimento dos grupos de auto-ajuda em cada um dos diferentes países. França, Lituânia, Polónia e Portugal. Este questionário não tem bases
científicas, teve antes o propósito de obter um maior entendimento do papel
dos grupos de auto-ajuda em cada país, quais os seus principais objectivos, as
suas actividades, entre outros.
Gostaríamos de agradecer aos líderes dos grupos de auto-ajuda que se
disponibilizaram a preencher o questionário e a partilhar a sua experiência. De
seguida temos um sumário dos resultados do mesmo. Em várias areas existem
semelhanças nos grupos dos diferentes países, no entanto também foram
encontradas algumas diferenças.
O número de grupos de auto-ajuda que foram inquiridos nos diferentes países
foi variável:
França – 9 grupos de auto-ajuda
Portugal – 5 grupos de auto-ajuda
Polónia - 16 grupos de auto-ajuda
Lituânia – 19 grupos de auto-ajuda
Os grupos de auto-ajuda reúnem um vasto leque de pessoas que partilham
preocupações e/ou problemas semelhantes. Comum a todos os países foi o
facto de haver pelo menos um grupo que reunia prestadores de cuidados de
pessoas com deficiência, sendo que estes normalmente eram pais de crianças
com deficiência ou com algum tipo de incapacidade. Em alguns casos, os
grupos eram muito específicos, por exemplo, pais de crianças com epilepsia, de
crianças com syndrome de down ou de crianças autistas, enquanto outros
grupos reuniam pais de crianças com diversas problemáticas.
Outros grupos de auto-ajuda comuns aos países foram os que reuniam pessoas
com problemas de adição (alcool ou drogas) e em alguns casos houve grupos
com familiares dos indivíduos com os problemas referidos. Outros ainda foram
criados para unir mulheres, idosos e pessoas em situações críticas que
vivenciaram episódios de violência. Abuso, privação ou divórcio. Um dos grupos
de auto-ajuda em Portugal tinha como membros reclusos do sexo masculino e
este foi o único deste género nos diferentes países. Estes resultados mostram
que os grupos de auto-ajuda podem reunir pessoas com problemáticas
semelhantes, não interessa qual. O mais importante é a oportunidade para as
pessoas, que estejam em situações similares, poderem partilhar as suas
experiências e darem suporte umas as outras.
Os objectivos dos diferentes grupos de auto-ajuda eram muito semelhantes o
que reflecte a verdadeira essência deste tipo de grupos. Eles incluem:
Partilhar experiências e conhecimentos;
Trocar informações;
86
Criar a possibilidade de lidar com os problemas;
Comunicar e entrar em diálogo;
Ajudar a distanciar dos seus problemas, relaxar e encontrar conforto;
Ajudar os membros a melhorar as suas relações pessoais;
Ajudar a desenvolver competências sociais.
As actividades podem ser muito diversificadas. No entanto, elas devem estar
em consonância com os objectivos do grupo. No caso destes grupos de autoajuda as actividades mais apropriadas são as relaionadas com a partilha de
experiências, discussão e troca de informações. As actividades sociais também
tiveram um papel muito importante nos grupos. Estes grupos de auto-ajuda
não estão inclinados para actividades de advocacia, o que não surpreende,
porque normalmente os grupos primeiro precisam de lidar com as suas
questões imediatas e só depois progredir para esta fase. Os grupos não têm a
tendência de organizar actividades entre os encontros, excepto na França, onde
isto é uma regra. Os grupos de auto-ajuda em França e em Portugal também
estão inclinados para intereagir com outros grupos da mesma natureza.
O tamanho dos grupos era, predominantemente, até 15 pessoas. Na Polónia
e na Lituânia os grupos eram menores, rondando os 10 membros, enquanto
que em França e Portugal os grupos eram um pouco maiores, com 10 a 15
membros.
Com que frequência os grupos se reúnem? Não há fórmula para esta
questão, sendo que esta é influenciada pela necessidade ou possibilidade. Os
grupos normalmente não se reúnem mais do que uma vez por semana. Os
grupos na Polónia e na Lituânia tendem a reunirem-se uma vez por semana,
enquanto que em Portugal e França duas vezes por mês.
A duração das sessões eram predominantemente de 1hora e meia a duas
horas.
A tradição dos grupos de auto-ajuda existe em todos os países. Quase metade
dos grupos de França, Polónia e Lituânia, reunem-se há mais de dois anos.
Apenas uma pequena percentagem dos grupos entrevistados é que se
estabeleceram a menos de 6 meses.
Em França, muitos dos grupos não tinham um dia fixo para as reuniões. Na
maioria dos casos os grupos encontravam-se nas instalações de organizações
não governamentais ou em instalações das autarquias ou entidades locais. No
caso de Portugal, os grupos de auto-ajuda com reclusos do sexo masculino
reuniam-se no estabelecimento prisional.
Na maioria dos grupos, verificou-se que os membros actuais não eram os
mesmos da altura em que os grupos foram iniciados. Outra questão verificada
foi que a maioria dos grupos foram iniciados por especialistas ou por
organizações (normalmente uma organização não governamental ou um
instituição governamental que trabalha na área social).
87
Os líderes dos grupos podem ser especialistas (assistentes sociais,
psicólogos, entre outros) ou um dos membros dos mesmos, pode ainda ser
uma combinação de especialista e membro ou pode ser liderado de forma
rotativa. Em Portugal todos os grupos de auto-ajuda foram liderados por
especialistas e esta tendência foi igualmente visível nos outros países, já que
mais de 50% dos grupos foram liderados por especialistas. Nenhum grupo foi
liderado de forma rotativa.
Quando se questionou quem deveria estar à frente dos grupos, verificou-se que
os resultados foram interessantes. Em França, metade das pessoas sentiram
que deveria ser liderados por especialistas e a outra metade por membros. Em
Portugal, todos os grupos foram liderados por especialistas. Enquanto na
Polónia e na Lituânia a noção de liderança partilhada foi introduzida. De
qualquer forma, há uma grande tendência para apoiarem grupos liderados por
especialistas.
Quase todos os grupos existentes não tinham a prática de cobrar uma cota
aos membros. Na maioria dos casos os grupos eram abertos a todas as
pessoas. Devido ao facto dos grupos de auto-ajuda não terem uma cota, na
maioria de casos, os grupos eram fundados por organizações não
governamentais e em alguns casos pelas autarquias ou entidades locais.
Como soube do grupo? Os membros dos grupos obtiveram informações
sobre a existência do mesmo através de vários meios: referência por parte de
um especialista, publicidade, método boca a boca (alguém lhes disse) ou
referência pela ONG aos quais eles pertencem. Não houve meio dominante
nesta questão.
As Regras (ou linhas orientadoras) são comuns a todos os grupos de autoajuda. De qualquer forma, em França, estas não são tão usadas como nos
outros países e as que foram formuladas, foram feitas pelo líder do grupo,
enquanto que na maioria dos casos estas foram formuladas em conjunto pelos
membros e pelo/a líder.
Normalmente, as tomadas de decisão são feitas pelos membros do grupo ou
pelo líder em conjunto com os membros. Não obstante, existem alguns grupos
em que as decisões são feitas pelo líder. As decisões conjuntas são feitas de
forma aberta, através de votação ou em discussão entre todos os membros.
Fundamental para o sucesso do grupo é a necessidade em determinar se o
grupo está a atingir os seus objectivos e se os embros estão contentes com o
grupo. O Feedback é normalmente recebido verbalmente através de
entrevistas individuais ou durante as discussões ocorridas nas sessões.
A partilha de papéis e responsabilidades dentro do grupo é mais frequente
na Lituânia. Em França, Portugal e Polónia os membros não têm nenhum papel
ou responsabilidade definida. Nos casos em que há, normalmente alguém tem
88
a função de pessoa de contacto para os membros do grupo e em alguns casos,
responsabilidades pelas questões financeiras do grupo (tesoureiro, responsável
pelos cafés, etc).
Todos os grupos de auto-ajuda, por mais eficazes que sejam, experienciam
problemas e estes podem estar relacionados com os seus membros. Um dos
maiores problemas encontrados pelos líderes é a frequência irregular das
sessões. Em alguns grupos o problema está mais relacionado com a existência
de membros dominadores, enquanto que em outros os membros são
silenciosos, pouco participativos ou passivos. Um número razoável de líderes
disseram que não tiveram problemas com os membros.
Em resposta à pergunta quais os principais problemas enfrentados pelo
grupo a frequência irregular dos membros foi referida por todos os grupos.
Esta questão Uma questão relacionada com a frequência é a falta de motivação
dos membros. Em alguns grupos, a falta de fundos foi igualmente considerado
um problema.
Gostaríamos ainda de apresentar um pequeno estudo de caso de um grupo de
auto-ajuda em cada país dos parceiros do projecto SMILE, assim como o
contributo do grupo de reclusos do Projecto Rumos de Futuro. Os diferentes
grupos eram constituídos por pessoas com problemáticas diversificadas e cada
grupo possuía a sua própria especificidade, com diferentes experiências. Em
alguns deles pode-se ler as lições aprendidas de forma a partilhar com pessoas
que estejam a tentar formar um grupo ou para aqueles já estejam num grupo.
89
Grupos de Auto-Ajuda para Prestadores de Cuidados a
Pessoas com Deficiência, Idosos – Klaipeda, Lituânia
O grupo de auto-ajuda foi estabelecido no dia 5 de Março de 2007 (primeira
reunião do grupo). O grupo surgiu através do esforço conjunto do Projecto
EQUAL “Through technologies – Knowledge and the Job“ , parceiro Klaipeda –
Centro de Suporte Social, em cooperação com a Sociedade Lituana de Bem
Estar da Pessoa com Deficiência Intelectual, Viltis“ Klaipeda. O grupo reúne-se
nas instalações da escola especializada.
Os membros são pessoas que cuidam de um membro da família com deficiência
ou idoso, que requer cuidados constantes, e que está desempregado.
As pessoas que fazem parte do grupo têm dificuldades em aparecer em todas
as reuniões devido às suas responsabilidades de prestadores de cuidados, por
isso, em média, existem 8 membros em cada sessão.
O objectivo deste grupo de auto-ajuda é a partilha de experiências e problemas
que surgem pelo facto das pessoas prestarem cuidados ou por criar um
membro da família com deficiência.
As Discussões abertas são um dos métodos mais usados nas sessões. As
questões mais debatidas são as seguintes:
Cuidados a prestar às pessoas com deficiência
Contactos com instituições de apoio
Satisfação e ae Satisfaction and completeness of personal life
Trabalho e oportunidades de emprego.
Os membros do grupo podem ainda obter informação útil sobre instituições que
fornecem services a crianças e adultos com deficiência e informação sobre
legislação relacionada com pessoas com deficiência, suas carreiras e suporte
social.
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Grupo de Auto-Ajuda para Pais de Crianças com Deficiência
- Elektrenai, Lituânia
As famílias que criam crianças com deficiência normalmente tinham de lidar
sozinhas com os seus problemas. As necessidades específicas da criança com
deficiência têm impacto na família de forma sistemática. O stress constante,
a tensão, as atitudes negativas pela sociedade em relação às famílias com
um membro deficiente, forçou as pessoas a retirarem-se do seu próprio
círculo dos amigos. Muitas mães tiveram de abandonar os seus sonhos,
necessidades e oportunidades de viver uma vida cheia, para tomar conta da
sua criança com deficiência. O mais frequentemente é a mãe responsabilizarse pela pessoa com deficiência. Geralmente pára de trabalhar perdendo
assim a oportunidade de ter uma carreira. A mãe experencia isolamento
social, sentimentos de raiva, de falta de ajuda, irritabilidade crescente, falta
de confiança nos outros e nela própria e, em alguns casos, distanciamento
total do que a rodeia. Perdem a alegria de viver e as emoções negativas são
muito comuns.
O nascimento de uma criança com deficiência afecta toda a família e é
importante dar suporte, não apenas à pessoa com deficiência, mas a todos os
membros da família.
O grupo de auto ajuda para pais de crianças com deficiência,
independentemente de qual seja, começou suas actividades em 2001. É um
grupo fechado, que se encontra 2 vezes por mês.
O grupo de auto ajuda é conduzido por dois membros da equipa do Serviço de
Suporte à Família, por um assistente social e por um psicólogo.
O objectivo de formar o grupo era fornecer às mães uma oportunidade de
encontrar-se com outras mães, de mudar de ambiente, de comunicar e
partilhar e de procurar soluções para os problemas que possam surgir. A
metodologia “resolução de problemas” é baseada nos princípios da experiência
pessoal e da partilha dos membros.
Muitos pais têm conhecimentos que provavelmente faltam a outros pais em
situação semelhante.Sendo assim, vale a pena participar num grupo de auto
ajuda para pais, que ajude a encontrar as pessoas que têm problemas
similares. Alguns grupos são organizados baseados no seguinte princípio - os
pais que têm crianças com o mesmo tipo de deficiência (pode ser paralisia
cerebral, síndrome Down , autismo e assim por diante).
. Os pais enfrentam os mesmos problemas: o cuidado, protecção da criança,
dietas específicas, como superar o stress e assim por diante. Nestes grupos, os
pais fornecem suporte emocional uns aos outros, informações e práticas, mas
também partilham dificuldades comuns. O poder dos grupos onde os pais
possam discutir o isolamento e o stress é muito grande.
91
A experiência do grupo mostra que os pais (mães) não partilham facilmente
com outras pessoas, mesmo no seu círculo familiar mais próximo, as emoções
que experimentam ao pretar cuidados à sua criança com deficiência. Mesmo
que o grupo exista há mais de um ano, há mães, cujo o isolamento social é
muito doloroso impede a sua comunicação com outras mães, não conseguem
falar abertamente dos seus problemas. Estas pessoas não conseguem
desenvolver a sua personalidade, não se abrem para o mundo e não
conseguem se sentir realizadas. Por algum tempo, estas posturas prevaleceram
dentro do grupo.
92
Grupo de Auto-Ajuda para Raparigas que têm Ligeira ou
Moderada Deficiência Intelectual – Kaunas - Lituânia
O grupo de auto ajuda foi estabelecido em 2004. Reúne raparigas de 15-17
anos de idade com ligeira ou moderada deficiência intelectual que
experimentaram abuso psicológico e mesmo abuso sexual. A maioria das
raparigas foi criada por tutores e somente algumas tiveram famílias.
Dado as meninas terem ligeira a moderada deficiência intelectual foi necessário
trabalhar com o grupo um longo período de tempo e de forma contínua. As
raparigas evidenciaram falhas ao nível das competências de comunicação.
Tinham pouca auto-confiança, a auto-estima quase nula e um nível
particularmente pobre de auto-valorização. As raparigas frequentemente
necessitam de defender os seus direitos, de resistir ao abuso e à violência dos
seus colegas de escola e por vezes ataques nervosos (relacionados com a sua
doença) dos seus amigos mais próximos
Um dos objectivos do grupo era fornecer aos membros uma oportunidade de
falar abertamente sobre seus interesses e problemas, assim como criar uma
atmosfera agradável e segura onde poderiam relaxar, tendo em conta a sua
vida diária e os problemas que enfrentam.
O grupo foi formado por sugestão do professor da turma. As raparigas
participaram de boa vontade nas sessões. Era importante para as raparigas,
juntamente com os outros membros do grupo, resolver alguns problemas (de
comunicação, relacionamentos, temas que dizem respeito aos interesses das
jovens e assim por diante). A maioria das jovens falou abertamente sobre os
seus problemas, mesmo aquelas que tiveram muitas dificuldades de se
expressar no início. As raparigas que inicialmente eram muito reservadas
tornaram-se mais abertas. Com o tempo, todas aprenderam a aceitarem-se
umas as outras.
Os grupos auto-ajuda foram sempre conduzidos por dois líderes especialistas
(profissionais). As sessões ocorreram a maior parte das vezes na escola. Não
havia muitas oportunidades de ir para além dos limites da escola, já que esta
era uma das regras da escola.
Após quase dois anos a trabalhar com o grupo, as actividades do mesmo
finalizaram pois a maior parte das jovens terminaram os seus estudos e saíram
da escola. Como resultado das sessões de grupo, as raparigas aumentaram a
sua auto confiança, sentiram-se mais fortes e viram grandes oportunidades
para as suas vidas. Compreenderam ainda que têm de respeitar a elas mesmas,
que merecem respeito e que devem ser respeitadas. As actividades do grupo
ajudaram-nas a prepararem-se para saírem da escola, pois terão de viver
independentes e lutar por elas mesmas.
93
Grupos de Auto-Ajuda da Associação para Pais de Crianças
Deficientes (APEH) – Alsácia – França
A Associação para Pais de Crianças Deficientes (APEH) é uma associação
relativamente nova, criada em 2005 na região de Alsácia, conhecida como
“Pays de la bruche” numa pequena urbanização, com poucos transportes
públicos e com muitas vilas isoladas.
Como parte das actividades da associação, há agora 4 grupos de auto-ajuda,
que reúnem pais de crianças de várias idades e com todos os tipos de
deficiência. Dois dos grupos funcionam em cidades maiores, enquanto que os
outros dois grupos funcionam em regiões relativamente isoladas. Certos grupos
funcionam melhor do que outros. Mas o mais importante é o desejo de
participar e unir pais em situações similares.
Os grupos são moderados por profissionais - psicólogos. Foram os próprios
profissionais que procuraram a organização e disponibilizaram-se para trabalhar
com os grupos de auto ajuda. Os profissionais não trabalham juntos,
geralmente trabalham sozinhos com o grupo, no entanto encontram-se por
vezes para discutirem metodologias.
Entretanto, um dos membros fundadores da associação acredita que é
importante para os pais não serem apenas os beneficiários dos grupos, mas
também terem responsabilidades na organização e no funcionamento do
mesmo.
Um dos principais objectivos dos grupos de auto-ajuda é fornecer uma pausa
aos pais e ajudá-los a compreenderem a importância desta para os pais que
criam e cuidam de crianças com deficiência. Os líderes do grupo tentam focar
este tópico, mas tentam introduzir outras temáticas. Assim, o grupo fala sobre
assuntos propostos pelos pais e que são baseados nas suas necessidades e
perguntas que surgem no dia-a-dia. É importante falar sobre o que os membros
querem discutir e não impôr temáticas e actividades que que não querem fazer.
O financiamento para as actividades do grupo vem do DDASS (Departamento
de Serviços Sociais) que acredita que estes tipos de actividades são uma
prioridade. Isto significa que a organização possui meios para pagar os líderes
dos grupos. Este facto é uma motivação para continuarem a assegurar a sua
frequência nas reuniões de grupo, o que às vezes pode acontecer no caso de
grupos conduzidos por voluntários.
No futuro espera-se que os pais tenham um papel mais importante na
moderação dos grupo de auto ajuda - os pais podem trazer um determinado
dinamismo à gestão do grupo.
94
Grupos de Auto-Ajuda de Reclusos do Sexo Masculino PORTUGAL
Os Grupos de Auto-Ajuda são uma das actividades do Projecto Rumos de
Futuro – da Prisão para a Inclusão. Portanto, os membros do grupo são
reclusos que se encontram a cumprir pena num estabelecimento Prisional.
Estes grupos iniciaram associados à outra actividade do projecto Rumos de
Futuro: a Formação Social e Humana. Esta formação teve como objectivo
colmatar necessidades específicas dos reclusos, ou seja, dotar os seus
destinatários de um conjunto de competências (pessoais, sociais, parentais e
laborais) que facilitem não apenas a sua inserção no mercado de trabalho, mas
também na sociedade em geral - assim como a criação por parte dos reclusos
de um plano pessoal e profissional e o fortalecimento da auto-estima destes.
As sessões decorreram de 15 em 15 dias, cada uma com cerca de 3 horas.
No início, cada grupo tinha 15 indivíduos (foram constituídos 4 grupos)
seleccionados anteriormente para fazer parte do projecto “Rumos de Futuro –
da Prisão para a Inclusão”, mais precisamente para realizarem a Formação
Social e Humana. No final da actividade, e essencialmente num dos grupos,
houve menos membros, porque houve desistências devido à falta de motivação
(para a formação e também para o grupo de auto-ajuda). Os grupos eram
fechados (não houve novas entradas), com datas das sessões pré-estabelecidas
(do conhecimento dos membros) e com um fim determinado.
O objectivo das sessões era criar um espaço onde os membros pudessem
expressar-se livremente no que dizia respeito às suas dificuldades e
preocupações. Outra questão importante que era tida em conta eram os seus
medos e esperanças em relação ao seu futuro (após a reclusão)
Os grupos eram liderados por um profissional que já tinha experiência em lidar
com pessoas em risco de exclusão social. O líder planeou as sessões tendo
sempre em conta o perfil dos membros (suas necessidades e competências que
necessitavam de adquirir). Contudo, apesar do trabalho de desenvolvimento
das suas competências, os membros do grupo mostraram que tinham uma
grande necessidade de lidar com a sua situação de reclusão, de se projectarem
no futuro (como será a sua vida no exterior) e o não regresso à prisão. Desta
forma, o líder tentou sempre ter em conta as actividades propostas pelos
próprios reclusos.
Os membros motivaram-se para participar no grupo pelo facto de poderem
falar livremente sobre as suas preocupações, medos e esperanças sem se
sentirem julgados. O líder teve um papel importante, porque tentou sempre
que os outros membros não fizessem juízos de valor dos que partilhavam
pormenores da sua vida.
95
Para além disso, a questão da confidencialidade era muito importante para o
grupo. Tentou-se sempre garantir que o que fosse dito dentro do grupo ficaria
entre eles. Isto foi um factor importante, porque permitia ao membros falarem
livremente sobre tudo, até sobre as suas experiências dentro da prisão sem
serem punidos ou sofrerem consequências devido às suas opiniões.
Lições aprendidas:
É muito importante ter em conta as problemáticas de base dos membros, as
especifidades do grupo, (neste caso, era todos reclusos do sexo masculino).
Neste contexto específico, apesar dos membros estarem sempre no mesmo
espaço físico – prisão – não eram um grupo, pois muitos nem se conheciam
antes de iniciar as actividades do projecto. Isto leva-nos a concluir a
importância que o grupo pode ter e os seus efeitos na forma como o grupo lida
com os seus problemas.
96
Grupos de Auto-Ajuda para Pais de Crianças com Deficiência
Mental/Intelectual - Polónia
No Centro de Intervenção Precoce, tanto a criança com deficiência como os
pais de crianças com deficiência mental têm acesso a especialistas
multidisciplinares, com consultas de diagnóstico sistemático, onde têm
consultas não apenas os médicos, terapeutas e terspeutas da fala, como
também psicólogos.
No passado, a equipa de especialistas ficava, com frequência, insatisfeita com
estas consultas: “nós éramos incapazes de resolver os inúmeros problemas que
eram trazidos para a mesma. Nós tentávamos dedicar muito tempo à família
das crianças, mas sempre a focar primeiramente no diagnóstico da crianças e
na terapia, deixando a família com um nível de atenção insatisfatório,
impedindo assim de resolver o problema eficazmente”.
Assim, o estabelecimento de um grupo de auto-ajuda para pais de crianças com
dificuldades de desenvolvimento pareceu ser uma óptima solução. Um grupo de
auto-ajuda com 20 pessoas – a maior parte delas mães, mas também pais de
crianças com deficiência foi fundado.
O recrutamento dos membros do grupo foi feito de duas formas: primeiro, foi
feita publicidade das sessões no centro e depois foi feito um encorajamento
directo pelos psicólogos.
Os objectivos das sessões eram:
Atingir a mudança na esfera cognitiva – ajudar os participantes a alterar
sua auto-percepção e auto-avaliação e percepção de outros, em particular
das crianças, esposos, membros de família, as pessoas que trabalham no
campo, autoridades etc.
Desenvolver competências sociais benéficas e práticas, o que inclui
modifcação comportamental, feedback, tomadas de decisões, entre outras.
Aumentar as emoções positivas nos membros.
Apoiar os membros a aprovaitar as situações do dia a dia, como por
exemplo, conhecer pessoas, parender a apreciar a bondade dos outros e
realizações que ocorrem na vida (pequenas ou grandes).
Os membros do grupo aprenderam uns com os outros. Consequentemente,
ficaram mais habilitados a enfrentarem a vida com uma criança deficiente. No
grupo eles podiam expressar os seus medos sobre o futuro dos seus filhos, as
suas dificuldades relacionadas com alguns comportamentos das crianças entre
outros. Eles podiam expressar livremente as suas verdadeiras emoções e eram
compreendidos sem serem julgados. As pessoas podiam falar abertamente
sobre a sua falta de aceitação da criança devido à sua deficiência e que ainda
não tinham sido capazes de lidar com esta difícil situação, logo, sofriam muito.
As reuniões de grupo continuam a acontecer duas vezes por mês. Estas duas
semanas de intervalo são válida para que as pessoas tenham tempo para
pensar, intruduzir mudanças e experiências benéficas que os ajudem a dar um
rumo à vida.
98
BIBLIOGRAFIA
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žmonėmis turinčiais negalę. Mokymo vadovėlis. Vilnius, 2004.
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Disease
it?
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the
Body.
99
ANEXOS
100
Curso de Criação e Gestão de Grupos de Auto-Ajuda
O Curso de Criação e Gestão de Grupos de Auto-Ajuda tem como população
alvo 15 indivíduos.
Este curso de formação tem como objectivo ajudar os indivíduos (líderes,
futuros líderes de grupos de auto-ajuda ou pessoas que trabalhem em
instituições que tenham ou pensem vir a ter grupos desta natureza), tanto
especialistas como membros, a lidar com as dificuldades que possam vir a
surgir na fase de desenvolvimento do grupo.
ÁREA DE FORMAÇÃO: 310 – Ciências Sociais e do Comportamento
FORMA DE ORGANIZAÇÃO: Formação Presencial e Prática Simulada
Duração do Curso
O
curso
terá
uma
duração
de
12
horas,
com
horário
a
acordar
posteriormente. Poderá ser dinamizado em 2 dias (6 horas cada dia) ou
ficar distribuído por 4 meios dias (manhãs ou tardes) com 3 horas cada
sessão.
Módulos da Formação
M1 – Noções Gerais sobre os Grupos de Auto-Ajuda
M2 - O Estabelecimento dos Grupos e as suas Actividades
M3 – Desenvolvimento dos Grupos e Liderança
M4 - Outras Questões Específicas dos Grupos de Auto-Ajuda
101
Conteúdos Programáticos da Formação
M1 – Noções Gerais sobre os Grupos de Auto-Ajuda – 3 Horas
1. O que são Grupos de Auto-Ajuda
1.1
Princípios
1.2
A importância dos grupos de auto-ajuda
1.3
Porque estes são necessários
1.4
Tipos de Grupos de Auto-Ajuda
1.5
Funções dos Grupos
M2 - O Estabelecimento dos Grupos e as suas Actividades – 3 Horas
1. Importância da decisão sobre o estabelecimento de um grupo
2. Planear um grupo de auto-ajuda: objectivos, metas e missão
3. A comunicação nos grupos
4. As linhas Orientadoras e Confidencialidade
5. Actividades do grupo
M3 – Desenvolvimento dos Grupos e Liderança – 3 Horas
1. Etapas de Desenvolvimento do Grupo: Modelo das 5 etapas
2. A liderança nos grupos: a sua importância.
3. Relação do líder com o grupo
2. A Co-liderança
M4 - Outras Questões Específicas dos Grupos de Auto-Ajuda – 3 Horas
1. Como lidar com situações difíceis no grupo
2. Relação com profissionais (no caso de ser liderado por um membro)
3. Publicidade
4. Fundo
5.
Avaliação
Total 12 Horas
102