principais lesões que levam ao descarte de
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PRINCIPAIS LESÕES QUE LEVAM AO DESCARTE DE AVES DE CORTE EM AVIÁRIO DA CIDADE DE IPIRANGA DO SUL VIEIRA Diegrada1* OLIVEIRA Caroline Roncaglio1 MORESCO Alex1 DAL BIANCO Ariane1 BRASIL Roberta1 BAGATINI André1 RIBEIRO Ticiany Maria Dias2 MAHLDeise3 OLIVEIRA Ricardo Pimentel3 FACCIN Ãngela3 DAMETTO Leonardo Luiz3 DA SILVA Carla Ferreira3 DOS SANTOS Denise Michael3 RITTER Filipe3 ARRUDA Tiago Zart3 Resumo: A avicultura de corte é uma das atividades mais rentáveis do Brasil, considerado o maior exportador de carne de frango do mundo, tendo em seu histórico a sanidade dos plantéis e um programa de biosseguridade que garante a saúde do aviário, levando a menores prejuízos relacionados a enfermidades que provocam o descarte dos animais, aviários vazios para quarentena e barreiras sanitárias impostas para controle das doenças. A principal causa dos descartes que levam ao um enorme prejuízo econômico para os aviários é a ascite ou também conhecida como “barriga d’água”, uma enfermidade metabólica que leva a alterações cardíacas como o aumento do coração, presença de líquido na cavidade abdominal, que deixam a ave indisposta, diminuindo a alimentação, levando a morte. Palavras-chave: necropsia,sanidade, enfermidades, prejuízos, ascite. ABSTRACT: The poultry production is one of the most profitable activities in Brazil, and is considered the largest exporter in the world chicken meat. In its history the health of flocks and biosecurity program that ensures the health of poultry, leading to lower losses related to diseases that cause the disposal of animals, empty aviaries for quarantine and sanitary barriers imposed to control the disease. The main because of discharges that lead to a huge economic loss to the poultry is ascites or also known as "water belly", a metabolic disorder that leads to cardiac abnormalities such as heart enlargement, presence of fluid in the abdominal cavity, leaving unwell the bird, thus reducing the power, leading to death. Keywords: necropsy, health, illness, loss, ascites. _________________________________________________________________________________ 1 Acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade IDEAU. E-mail: [email protected]. Artigo do Projeto Teórico Prático – 2015 I, 2 Professor e Orientador do Projeto Teórico Prático do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade IDEAU E-mail: [email protected] 3 Professor e Co-orientador do Projeto Teórico Prático do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade IDEAU E-mail: [email protected] 1* 2 1 INTRODUÇÃO A avicultura é uma das principais atividades rentáveis do agronegócio no Brasil, que leva o título de maior exportador de frangos do mundo, tendo como destaque a qualidade e a sanidade dos seus plantéis. (VALANDRO, 2009). Segundo o MAPA 2013 (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) nas últimas três décadas o Brasil se tornou o terceiro produtor mundial e líder em exportação, atualmente a carne de frango brasileira chega a mais de 142 países. O Rio Grande do Sul e o Paraná são considerados os principais fornecedores da carne, sendo que o que levou a este aumento na produção e exportação foi a sanidade do plantel e o investimento para melhorar a qualidade da produção. A taxa de crescimento deve aumentar em 5,62% ao ano, deixando o Brasil no topo do ranking em produção e exportação. Segundo Andreatti Filho e Patrício (2004), o crescimento acelerado da avicultura exige um controle extremo da sanidade dentro dos aviários, afim de evitar prejuízos como, aviários vazios nas quarentenas, perdas por mortalidade, redução das vendas de produção e imposição de barreiras sanitárias. O controle sanitário é de responsabilidade de todas as etapas da avicultura, independente do sistema de produção e do produto, seja frango de corte ou aves de postura, todas estão sujeitas a contrair enfermidades comprometendo a avicultura nacional. (BONATTI e MONTEIRO, 2008). Devido a intensificação da produção, o sistema avícola está susceptível a surtos de doenças infecciosas e conseqüentemente a perdas econômicas (ANDREATTI FILHO e PATRÍCIO, 2004). O objetivo do artigo é identificar a principal enfermidade que leva ao descarte tanto de animais dentro dos aviários, através de técnicas de necropsias para a identificação das mesmas. 3 2 MATERIAL E MÉTODOS Para análise do plantel, foram recolhidas as fichas de acompanhamento dos animais de um aviário de corte da cidade de Ipiranga do Sul no Rio Grande do Sul, onde nas fichas constavam as informações de procedência das aves, linhagem, peso médio no dia da chegada ao aviário, tipo de alojamento, temperatura do aviário e as vacinas que foram aplicadas no lote antes da implantação no aviário. Também constavam as orientações técnicas dadas ao responsável pelo aviário na chegada de cada lote e em cada visita realizada para avaliação do desenvolvimento das aves e da estrutura oferecida. Após feito o levantamento das fichas foram recolhidas três aves encontradas mortas de galpões diferentes do aviário para a realização da necropsia, sendo que a técnica foi realizada no laboratório de patologia do Hospital Veterinário São Francisco, da cidade de Getúlio Vargas/RS. As aves recolhidas como amostras tinham igualmente 40 dias de vida, alimentadas com o mesmo tipo de ração. Para a realização da necropsia, foi utilizado água e detergente para umidecer as penas na região ventral, para evitar que as penas se espalhassem. Foi colocado a ave com o peito para cima e realizado uma incisão no lado medial da coxa, para facilitar a acomodação da ave na mesa de necropsia. Foi realizado outro corte na região ventral que segue até o pescoço, rebatendo a pele para os lados, com uma tesoura foi rasgado a musculatura onde ficaram exposto traqueia, esôfago, nervo vago, e timo que foram prontamente examinados. Nas coxas foram expostos os nervos ciáticos, palpados e comparados quanto ao seu tamanho. A musculatura das pernas foram avaliadas para evidenciar descoloração ou presença de hemorragia. As articulações dos dedos, jarrete e do joelho foram examinados para evidenciar a presença de edemas e abertos para ver se havia exudato. Foi feito um corte na extremidade do osso do esterno e observado a parte interna, depois de feito este corte foram avaliados os sacos aéreos. O esterno foi removido para avaliação do coração do fígado e do trato gastrointestinal incluindo esôfago, proventrículo, moela o intestino foi removido da cavidade peritoneal para 4 avaliação. Outros órgãos que foram avaliados: bursa de Fabricius, glândulas tireoide e paratireoide, pulmões, rins, traquéia, cérebro. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na ave A, realizada a necropsia foi encontrada uma anormalidade nos discos, conhecida como discondroplasia tibial (DT), que segundo Edwards (1990) é uma enfermidade que acomete as zonas de crescimento ósseo das aves, principalmente galinhas, patos e perus. Caracterizada pelo crescimento da placa epifisária com calcificação da cartilagem e sua substituição por osso trabecular, (Figura 01 e 02). Segundo Cook et al apud (1994), a DT pode ocorrer por dois motivos, tanto pelo crescimento anormal do osso epifisário como pela diminuição da degradação da cartilagem, neste caso o crescimento é normal, porém não ocorre o desgaste necessário para manter o tamanho normal. Assim como a ascite, enfermidade encontrada nas outras duas aves necropsiadas, a DT pode estar relacionada com o rápido ganho de massa muscular, sem ganho de gordura suficiente, deixando as articulações mais grossas e não deixando o tempo necessário para que o osso cresça no tempo certo. Figura 01: Crescimento anormal da epífise. Figura 02: Crescimento anormal da epífise Fonte: Moresco, A. (2015) óssea. Fonte: Moresco, A. (2015) Na ave B e C, foram identificados ascite ou também conhecida como “barriga d’água”, caracterizada pelo acúmulo de líquido na cavidade abdominal. Segundo Maxsuel (1997), o que leva a ocorrência desta enfermidade no plantel é a aceleração 5 no crescimento das aves, ou seja, as aves são submetidas a uma certa pressão para que o ocorra um desenvolvimento mais rápido para antecipar seu abate. O líquido encontrado em ambas as aves era de aspecto amarelado, conforme a Figuras 03 e 04, e quando entra em contato com o ambiente se torna gelatinoso, ao contrário do que é encontrado na cavidade fechada, que é completamente líquido. Figura 03: Líquido presente no momento da abertura cavidade abdominal Fonte:Dal Bianco, A. (2015) Figura 04: Substância gelatinosa, após um exposição do líquido ao ambiente. Fonte:Dal Bianco, A. (2015) Para Gonzales et al (1998), a incidência da ascite é maior em frangos machos devido a maior demanda nutricional e ganho de peso O mesmo autor relata essa incidência devido a lugares com maior altitude e em períodos mais frios do ano onde ocorre uma demanda maior de oxigênio para produzir calor, tendo em vista que o mal planejamento da ventilação no aviário também pode contribuir para o desenvolvimento da ascite no plantel, além destes motivos que levam ao desenvolvimento da ascite, o que mais prevalece no acometimento das aves é o fator nutricional. As aves acometidas pela ascite apresentam penas eriçadas, anorexia, dificuldade de locomoção, perda de peso e em poucos dias morrem, se caso forem para abate são descartadas devido ao aspecto repugnante da carcaça, pois suas vísceras são congestas e há líquido na cavidade abdominal. Os corações foram comparados e em uma das aves estava com tamanho aumentado conforme a Figura 05 abaixo, para Coello 1990 a ascite apresenta um quadro clínico específico, caracterizado também por falha cardíaca e congestão passiva generalizada que culmina com o extravasamento de líquido na cavidade abdominal, levando o coração a um aumento de tamanho. Inicialmente ocorre uma hipertrofia da 6 musculatura cardíaca, com a evolução do quadro o ventrículo direito sofre dilatação, pois tem sua musculatura mais delgada, isso tudo devido a grande pressão sanguínea recebida pelo músculo. Para Dale (1990), ocorre uma ineficiente circulação sanguínea levando a morte por hipoxia, devido a uma insuficiente oxigenação o ritmo cardiaco aumenta para tentar suprir a demanda de oxigênio dos tecidos que estão em rápido crescimento, causando também uma hipertensão pulmonar, deixando-os congestos. Figura 05: Tamanho dos corações, encontrados nas aves B e C, o terceiro com aumento significativo de tamanho. Fonte: Moresco, A. (2015) Gonzales & Macari (2000) comentaram que apesar de o processo ascítico estar bem esclarecido, o fator iniciante que desencadeia esta síndrome ainda esta em estudo, pois pode ter vários motivos que levam a ave ao óbito por esta enfermidade. Na ave A também foi identificado atrofia do sistema digestivo conforme mostra a Figura 06 abaixo, devido discondotrofia a ave não consegue se locomover, não conseguindo chegar ate a água e o alimento, por este mesmo motivo o estômago mecânico continha diferentes aspectos, apresentando um conteúdo esverdeado no seu interior (Figura07). Nas três aves a bursa de Fabricius estava normal. Figura 06: Intestino atrofiado da Ave A, provavelmente porque o animal não se alimentava direito. Figura 07: Estômago mecânico da Ave A, com conteúdo esverdeado no seu interior. Fonte: BRASIL, R. (2015) 7 Fonte: BRASIL, R. (2015) Para McGovern apud (1990), a síndrome ascítica não é uma patologia, ou seja, não é causada por uma bactéria ou por um vírus ou qualquer outro tipo de patógeno, e apesar de que a carcaça tenha um aspecto repugnante, não há restrição nenhuma em consumi-la sem prejuízo a saúde humana, porém as carcaças e vísceras deverão ser conduzidas para a DIF, onde sofrerão condenação totalpara manter o padrão da qualidade da matéria-prima. A Figura 08 que segue abaixo ilustra a fisiologia que ocorre em uma ave acometida pela ascite. Figura 08: Mecanismo desencadeado pela ascite em frangos de corte Fonte: Gonzales & Macari (2000). 8 4 CONCLUSÃO A síndrome ascítica é a principal enfermidade que leva as aves ao óbito ou ao descarte de suas carcaças na hora do abate pelo seu aspecto ou ainda no carregamento, pois o abdomem fica distendido devido a quantidade de líquido o que pode causar o seu rompimento. São muitas as causas que desencadeiam esta síndrome, mas a principal verificada é o excesso na nutrição das aves, que necessitam ganhar peso mais rápido do que o normal para diminuir o tempo de permanência no aviário. As principais lesões identificadas foram aumento no tamanho do coração, vísceras congestas, aves anoréxicas e grande quantidade de líquido no interior do abdomem. 5 REFERÊNCIAS ANDREATTI FILHO, R. L.; PATRÍCIO, I. S. Biosseguridadena Granja de Frangos de Corte. In: MENDES, A. A.; NAAS, I. A.; MACARI, M. Produção de Frangos de Corte. 1. ed. Campinas: FACTA, 2004. p. 169-177. BONATTI, A. R; MONTEIRO, M. C. G. B. Biosseguridade em Granjas Avícolas de Matrizes. Intellectus,Jaguariúna, v. 4, n. 5, p. 316-330, 2008. Disponível em: Acesso em: 08abril de 2015. BERCHIERI JUNIOR. A.; MACARI, M. Doenças das aves. Campinas: FACTA, 2000. COOK. M.E.; BAI, Y.; ORTH, M.W. Factors influencing growth plate cartilage turnover. Poultry Science, 73(6): 889-896, 1994. COELLO, C.L.. Síndrome ascítica em frangos de corte . México: Elanco, 1990. 28p. DALE, N. Dietary factors influence ascites syndrome in broilers. Feedstuffs, v.24, p.14-16, 1990. EDWARDS, H. M;Efficacyofseveralvitamin D compounds in thepreventionoftiialdyschondroplasia in broilerchickens. The JournalofNutrition. 120(9): 1054-1061, 1990. GONZALES, E.; JUNQUEIRA,O.M.; MACARI,M. et al.1998. Uso da restrição alimentar quantitativa para diminuir a mortalidade de frangos de corte machos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.27, n.1, p.129-136. 1998. 9 GONZALES, E.; MACARI, M. Enfermidades metabólicas em frangos de corte. In: BERCHIERI Jr., A.; MACARI, M.Doenças das aves. Campinas : FACTA, 2000. p.451464. McGOVERN, R.H. et al. Growth performance, carcass characteristics, and the incidence of ascites in broilers in response to feed restriction and litter oiling. Poultry Science, v.78, n.4, p.522-528, 1999b. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. 2013. Disponível em:http://www.agricultura.gov.br/animal/especies/aves. Acesso em 25 abril de 2015. MAXWELL, M.H.; ROBERTSON, G.W. Vision panorámica de La ascitis em pollos em el mundo: 1996. Industria Avicola, v.44, p.14-25, 1997. VALANDRO, C. Biosseguridade na Avicultura. 2009. Disponível em:http://www.aviculturaindustrial.com.br/noticia/biosseguridade-na avicultura/20091201115709_B_874. Acesso em 08 abril de 2015.
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