Revista PET-Odonto Ciência e Saúde Vol. 3

Transcrição

Revista PET-Odonto Ciência e Saúde Vol. 3
Editorial
PALAVRA DO TUTOR
Tutor Pet-Odonto
Prof. Dr. Adriano Mota Loyola
Membros do grupo Pet Odontologia 2015
Alessandra Miranda Soldi
Aline Ferreira Borges
Ana Carolina Hanaoka Ibituruna
Ana Cecília Teodoro Schettini
Bianca Silva Costa
Bruna Alves Paes Leme
Júlia Medeiros
Lucas Lemes Queiroz
Lyzandra Lima Morais
Mariana Moraes de Mattos Motta
Michele Borges Silva
Pamela Nunes Silveira Ferreira
Tiago Augusto Quirino Barbosa
Diagramação
Adriana Cardoso
Impressão e Acabamento
Gráfica e Editora 3A Ltda.
Imagem da Capa
Shutterstock
Tiragem: 1.000 exemplares
Mais uma vez , o Grupo PET-Odontologia traz à você,
estudante e professor, outro volume da Revista PET-Odonto. Com
o mesmo espirito que tem norteado as propostas anteriores,
de fazer da revista um meio de divulgação e discussão de
ensino, pesquisa e extensão no âmbito da Faculdade e de
nossa formação acadêmica, colocamos a sua disposição artigos
científicos sobre temas relevantes em odontologia, incluindo
casos clínicos, opiniões profissionais, e também reflexões sobre
atividades complementares a formação profissional. Cabe
salientar, de forma muito oportuna, a entrevista com um excomponente do PET que nos brinda com suas percepções no
enfrentamento dos desafios profissionais e pessoais no inicio de
carreira. Chama a atenção, na sua resposta à última pergunta, o
“conselho” direcionado aos alunos: “Mesmo que você não goste
de alguma disciplina, não deixe-a de lado na graduação, no
mercado de trabalho você irá precisar de todas elas para planejar
os tratamentos de seus pacientes.” Dentro deste espírito, o
grupo PET-Odontologia reafirma sua vocação de contribuir no
cenário acadêmico da formação profissional, viabilizando um
espaço de discussão permanente sobre o desenvolvimento do
curso, em especial naquilo que interessa ao enfrentamento das
reais necessidades de saúde bucal da população. Para tanto,
entendemos que é fundamental participar. Assim, como tutor,
e em nome do grupo, reforço o convite à comunidade docente
para que continue dando a sua inestimável contribuição no
processo de construção de uma formação profissional critica.
Paralelamente, chamamos a atenção da comunidade discente
para que participe mais ativamente deste processo, externando
suas percepções, críticas, sugestões e propostas para que a nossa
contribuição possa ser mais produtiva e includente. É com este
propósito que olhamos para 2016. Vamos juntos?
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL - PET-ODONTO UFU
Endereço: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
AV. PARÁ 1720, CEP 38400-902 - CAMPUS UMUARAMA, CENTRO DE
CONVIVÊNCIA, SALA 7 - TELEFONE 34 3218 2131 (COCOD).
Site: www.pet.fo.ufu.br
SUBMISSÃO DE TRABALHOS E REPORTAGENS
- Máximo 05 páginas, em arquivo .doc
- Margens sup 3,0cm, inf 2,0cm, laterais 2,0cm
- Fonte arial, tamanho 12, espaçamento duplo
- Imagens em arquivo jpg ou tiff.
ENVIO ELETRÔNICO PARA:
[email protected]
Sumário
Extensão
Atendimento a pacientes portadores de implantes - Dificuldades e insucessos em Próteses Implantadas...............5
Liga de Odontologia Oncológica (LOO).............................................................................................................................8
Liga de Anatomia Dento-Alveolar (LiADA).......................................................................................................................10
Pesquisa
Toxina botulínica: uma opção para controlar os sintomas do bruxismo – Revisão de literatura .................................12
Lesões cervicais não cariosas e hipersensibilidade dentinária – considerações Clínico- científicas...........................14
Reabilitação da maxila com implantes dentais associados a reconstrução pré-implantar com enxerto homógeno......19
A saúde bucal dos idosos ...............................................................................................................................................22
Caso Clínico
Reabilitação protética pós-cirúrgica de tumor marrom do hiperparatireoidismo: Relato de caso...............................23
Experiências do grupo PET
Intercâmbio estudantil: Vivendo e aprendendo com essa experiência!......................................................................25
Entrevista com ex- Petiano membro do grupo no período de 2008 a 2010..............................................................27
Extensão
ATENDIMENTO A PACIENTES PORTADORES DE IMPLANTES DIFICULDADES E INSUCESSOS EM PRÓTESES IMPLANTADAS
Flávio Domingues das Nevesz
Caio César Dias Resende**
Frederick Khalil Karam**
Lucas do Nascimento Tavares**
Gustavo Mendonça***
Karla Zancopé****
Leandro Maruki Pereira*****
Em 1994 três professores do então curso de
Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia
(Profas. Dras. Cristiane Pacheco Ribeiro e Maria
Aparecida de Oliveira Campoli – parte cirúrgica e o Prof.
Dr. Flávio Domingues das Neves – parte protética),
fizeram especialização em Implantodontia com o intuito
de trazer esta área do conhecimento para o curso. Em
1996 teve início o primeiro curso de aperfeiçoamento
em Implantodontia em Uberlândia-MG.
Em 1998, após dois anos de inicio do primeiro curso
de Aperfeiçoamento em Implantodontia da UFU, foi
criado o Projeto de extensão: “Atendimento a Pacientes
Portadores de Implantes – Dificuldades e Insucessos
em Próteses Implantadas” coordenado pelo prof. Dr.
Flávio Domingues das Neves. Esse projeto nunca deixou
de funcionar e é conhecido hoje como: “centrinho de
Prótese sobre Implante”, embora o título oficial nunca
tenha sido alterado. Nesta ocasião também foi aprovada
a primeira Iniciação Científica da Área de Oclusão,
Prótese Fixa e Materiais Odontológicos, orientada pelo
Prof. Dr. Alfredo Júlio Fernandes Neto e co-orientada
pelo Prof. Dr. Flávio Domingues das Neves. O acadêmico
Gustavo Mendonça, auxiliado pelo colega Tomaso de
Lyra, fizeram o acompanhamento longitudinal dos
primeiros 209 implantes em 86 pacientes atendidos nos
primeiros cursos, trabalho que seria publicado em 2001.
Fig. 1
Fig. 2
Fig. 3
Fig. 4
*
Professor associado IV da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia
Aluno de pós-graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia
***
Professor assistente da Universidade Católica de Brasília
****
Aluna de pós-doutorado da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia
*****
Mestre em clínica odontológica pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia
E-mails: [email protected]/[email protected]/[email protected]
**
Extensão
5
Fig. 5
Fig. 7
Figs. de 1 a 5 mostram o primeiro caso clínico
finalizado no “centrinho de próteses sobre implantes
“ realizado em 1998 pelo então acadêmico Gustavo
Mendonça – Hoje professor na Universidade de
Michigam-EUA.
Este programa de extensão, era um espaço aberto
para resolver problemas que eventualmente ocorriam
em decorrência dos cursos, mas que também atendia
pacientes, da cidade e região, que apresentavam
algum problema relacionado a próteses implantadas,
independentemente do local onde os implantes
tivessem sido instalados. Graças a esta abertura, o grupo
de professores envolvidos tiveram acesso a diferentes
sistemas de implantes, os mais variados problemas
biomecânicos e obviamente experiência clínica impar
para resolução de casos complexos. De tal forma que
quatro professores do Programa de pós Graduação da
Faculdade de Odontologia da UFU na linha de Pesquisa
Implantodontia e Prótese sobre implante, estão neste
projeto (Prof. Dr. Flávio Domingues das Neves, Prof. Dr.
Célio jesus do Prado, Profa. Dra. Leticia Resende Davi e
Prof. Dr. Paulo César Simamoto júnior), sendo que os
dois últimos participaram dele ainda como alunos de
graduação.
Fig. 8
Fig. 9
Fig. 6
6
Fig. 10
Extensão
Figs. de 6 a 10 mostram uma das urgências
resolvidas pelo grupo. Fratura de implante instalado em
cidade vizinha a Uberlândia.
O número de atendimentos neste período (cerca de
17 anos e meio) foi de 174 atendimentos de urgência,
aliviando dores, desconfortos e inseguranças. Entretanto
também foi o primeiro espaço utilizado para que alunos
de graduação pudessem atender pacientes de próteses
implantadas, tendo isto ocorrido já no primeiro ano de
funcionamento. Assim também deve ser salientado
que neste tempo cerca de 370 casos clínicos foram
realizados por alunos de graduação, e eventualmente
de mestrado e doutorado. Destes casos onze situações
foram publicadas em revistas especializadas e mais de
150 apresentados em eventos científicos. Hoje, cerca
de 25 Mestres, uma doutora e 216 cirurgiões dentistas
formados passaram nestes últimos dezessete anos pelo
referido projeto.
Fig. 14
Fig. 15
Fig. 11
Figs. de 11 a 15 ilustra uma fratura de parafuso
resolvida, caso que aparece em dois capítulos de livros.
Atualmente a referida extensão, conta com quatro
docentes, uma pós-doc, três doutorandos, 3 mestrandos
e 18 alunos de graduação com 8 pacientes em fase de
tratamento, mais as urgências que são prioritariamente
atendidas. Funciona como sempre funcionou, às quarta
feiras das 18:30 às 22:00 no Bloco 4T do Hospital
Odontológico, que juntamente com alguns projetos,
subsidiam as necessidades de instrumentais e materiais
para que os procedimentos possam ser realizados.
Fig. 12
Fig. 13
Fig. 16
Extensão
7
Figs. de 16 a 20 mostra um caso clínico de prótese
implantada realizada no último semestre/2014,
pelo mestrando Frederick Khalil Karam, e os então
acadêmicos: Caio César Dias Resende e Lucas Tavares
do Nascimento.
Interessados procurar o responsável pela clínica do
dia, no horário e local acima mencionados.
LIGA DE ODONTOLOGIA ONCOLÓGICA (LOO)
DISCENTES ATUANTES (VIGÊNCIA 2015 - 2016)
Joesla Marlene dos Reis Cabral Semedo*
Anaíra Ribeiro Guedes Fonseca Costa*
Eduvaldo Campos Soares Júnior*
Jéssica Brenda Rodrigues de Medeiros*
Larissa Gabrielle Lopes dos Santos*
Juliana Prado Domingues*
Fábio Franceschini Mitri Luiz**
Fig. 17
Fig. 18
A Liga de Odontologia Oncológica (LOO), projeto de
extensão acadêmica, aborda temas na área da oncologia
odontológica e atuação do cirurgião dentista frente ao
paciente oncológico e no âmbito hospitalar. Nesta área,
o cirurgião dentista realiza o tratamento do paciente
com tumores na região do aparelho estomatognático
e atua na preparação pré- e pós-cirurgica oncológica,
minimizando ou eliminando a incidência de efeitos
colaterais ou secundários locais aos tratamentos
quimioterápicos e radioterápicos.
A prevenção e o diagnóstico precoce são os
principais objetivos do profissional da área da saúde,
portanto pacientes e profissionais devem ser preparados
para a detecção do câncer em seus estágios iniciais,
sendo orientados quanto à prevenção e à diminuição
da exposição aos fatores de risco. Desta forma, a LOO se
torna uma importante ferramenta no estudo, divulgação
e prevenção das doenças e do câncer bucal.
A LOO conta com o apoio e parceria do Programa
de Cuidados Específicos às Doenças Estomatológicas –
Fig. 19
Fig. 20
8
Extensão
PROCEDE, a Secretaria Estadual de Saúde e a Secretaria
Municipal de Saúde (Seção de Saúde Bucal). O programa
possibilita o diagnóstico das doenças estomatológicas
e contribui para a diminuição da morbidade e da
mortalidade do câncer bucal, mediante a adoção de
medidas preventivas em geral e o diagnóstico precoce.
Objetivos gerais
Ampliar o conhecimento na anatomia do aparelho
estomatognático, área primária de atuação do cirurgião
dentista, e na oncologia odontológica, enfatizando
a aplicação clínica da anatomia odontológica no
atendimento ao paciente oncológico, antes, durante e
após o tratamento.
Objetivos específicos
•
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•
•
•
•
•
•
•
Realizar juntamente com FOUFU pesquisas
científicas, projetos de extensão em benefício da
sociedade em geral e principalmente do hospital
do câncer;
Desenvolver e publicar trabalhos de pesquisa
cientifica relacionado à odontologia oncológica;
Promover e participar de eventos e encontros
científicos, sobre a importância da atividade
multiprofissional em hospitais;
Motivar o aluno do curso de odontologia, desde
o início do curso, juntamente à equipe de saúde,
especialmente os cirurgiões-dentistas, técnicos
em higiene bucal e atendentes de consultório
dental, a compreender e a importância da
manutenção da saúde bucal e estimular os
pacientes à realização do autoexame da boca;
Promover ações que estimulem e auxiliem os
alunos, juntamente aos cirurgiões dentistas do
PROCEDE, no aprendizado e atuação na promoção
da saúde das doenças estomatológicas, na
suspeita e diagnóstico precoce do câncer bucal;
Realizar atividades sobre prevenção do câncer
bucal, através da orientação à população sobre
autoexame e higiene bucal;
Estender o conhecimento acadêmico sobre
odontologia hospitalar;
Realizar
levantamentos
epidemiológicos,
acompanhamento e estudos de casos clínicos;
Atendimento ambulatorial e de enfermarias dos
pacientes oncológicos;
Metodologia
A Liga de Odontologia Oncológica (LOO) foi
inicialmente composta por 12 (doze) membros discentes
(Anaíra Ribeiro Guedes Fonseca Costa, Eduvaldo Campos
Soares Júnior, Francyelle Pires Pimentel, Jéssica Brenda
Rodrigues de Medeiros, Joelsa Marlene dos Reis Cabral
Semedo, Juliana Prado Domingues, Larissa Gabrielle
Lopes dos Santos, Laryssa Felipe Biasi, Letícia Vilela
*
Santos, Marcela Magna Gomes de Araújo, Marcelo
Augusto Garcia Júnior e Merielle Rezende Batista),
sob a coordenação do Professor Dr. Fabio Franceschini
Mitri Luiz, da área de Anatomia Humana e professores
colaboradores Dr. Dhiancarlo Rocha Macedo, Dr. Odorico
Coelho da Costa Neto, Dra. Káren Renata Nakamura
Hiraki, Dra. Liliane Parreira Tannús Gontijo, Dr. Ailton
Amado, Dr. João César Guimarães Henriques, Dr. Sérgio
Vitorino Cardoso e Dra. Rosana Ono, juntamente com os
residentes do PROCEDE.
Os campos de atuação da LOO englobam o Hospital
do Câncer de Uberlândia, Programa de Cuidados
Específicos das Doenças Estomatológicas (PROCEDE),
Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM) e a Faculdade
de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. A
LOO realiza atividades voltadas para todos os acadêmicos
da área da saúde sobre temas diversos na área da
oncologia e estomatologia, participação em eventos
científicos promovidos pela Liga, mesas de discussão,
palestras e eventos científicos. Os projetos de extensão
concretizados pela Liga têm por finalidade aproximar o
meio acadêmico da sociedade, levando o conhecimento
adquirido no meio universitário à comunidade,
contando com a parceria do Conselho Regional de
Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG) e da Associação
Brasileiro de Odontologia de Uberlândia (ABO).
Resultados e discussão
Os resultados obtidos e realizados pela Liga
de Odontologia Oncológica (LOO) possibilitaram o
desenvolvimento de muitas atividades voltadas tanto
para a comunidade local quanto para a comunidade
acadêmica, as quais nos trouxeram muita satisfação e
troca de experiências.
Dentre estes eventos, participamos e organizamos
fóruns científicos como o I Fórum Científico Interdisciplinar
de Diabetes Mellitus, I Fórum Científico da Liga de
Odontologia Oncológica, além da participação em
eventos durante o mês de prevenção do câncer bucal
do estado de Minas Gerais como a visita nas Unidades
Crescer Conviver Rondon Pacheco e Laranjeiras, para
abordar os temas relacionados aos cuidados com a
higiene bucal e prevenção do câncer bucal .
Através dos resultados obtidos pela LOO, os
membros têm orgulho em afirmar que seus objetivos
e metas estão sendo cumpridos, trazendo a toda a
comunidade informações sobre saúde bucal voltada
para o câncer de boca, que é um tema pouco conhecido
e abordado para a população, desenvolvendo inúmeras
atividades voltadas para programas de educação em
saúde com palestras e ensino sobre o autoexame.
Conclusões
A Liga de Odontologia Oncológica é um projeto
de extensão inovador na abordagem do câncer bucal e
atua realizando ações preventivas e educativas voltadas
para a comunidade e para os profissionais da área da
saúde, em especial o cirurgião dentista, enfatizando
Graduandos de Odontologia Da FOUFU e membros da LOO. E-mail: [email protected]
Docente Adjunto I da área de Anatomia Humana. E-mail: [email protected]
**
Extensão
9
a sua importância na identificação das manifestações
orais de doenças na equipe multiprofissional. As
atividades educativas realizadas alcançaram o seu
objetivo, chamando a atenção da comunidade quanto
à prevenção do câncer de boca e à diminuição da
exposição aos fatores de risco, aliados ao autoexame
bucal. As atividades didáticas aplicadas aos graduandos
em Odontologia despertaram o interesse para o
estudo das lesões neoplásicas e os principais fatores
predisponentes, contribuindo para a melhor formação
deste profissional e a sua atuação clínica na prevenção
e tratamento destas lesões.
LIGA DE ANATOMIA DENTO-ALVEOLAR (LiADA)
Ana Carolina Hanaoka Ibituruna*
Raquel Santos Sousa*
Fábio Fransceschini Mitri Luiz**
Discentes vigentes (vigência 2015-2016)
Ana Carolina Hanaoka Ibituruna
Marina Santos Faggioni
Rafael Breno Batista Vieira
Raquel Santos Sousa
Vanessa Araújo Naves
Coordenador: Prof. Dr. Fábio Franceschini Mitri Luiz
A Liga de Anatomia Dento-Alveolar (LiADA) é
um programa de extensão (PROEX, registros: 11783
e 13009) fundado por estudantes da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia,
juntamente com o professor coordenador do programa.
No curso de Odontologia, um dos pré-requisitos
básicos para a formação de um bom profissional é
conhecer, de forma integral, não só a anatomia do
órgão dentário, mas também todas as estruturas
a este relacionadas. Diante disso, surgiu a ideia de
criação da Liga como complemento do estudo, a fim de
proporcionar aos graduandos da área formas interativas
de aprendizado.
Dentre os projetos envolvidos têm-se a criação
do site de Anatomia Dental e Radiográfica, que se
encontra disponível na internet (www.liada.icbim.ufu.
br), organização de eventos, palestras, minicursos e
monitorias que envolvam o tema. O público alvo deste
programa não é somente estudantes da faculdade de
Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia, mas
sim todos os acadêmicos do curso em outras instituições,
como também profissionais da área já formados.
10
Extensão
Os eventos que a LiADA promove normalmente
ocorrem em períodos letivos e sempre tentam abordar
assuntos de interesse e dificuldades dos alunos, com
a presença de palestrantes capacitados que apoiam o
programa. Entre eles se destacaram: I Fórum de Diabetes
Mellitus (em parceria com a Liga de Diabetes Mellitus –
LENDO e Liga de Odontologia Oncológica- LOO), Fórum
Científico do Edentado Total, participações em semana
de recepção aos calouros da FOUFU e eventos com
parcerias do Programa Futuro Profissional Colgate e
do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais
(CROMG). Os trabalhos e realizações da Liga são também
divulgados por meio de apresentações em congressos,
como foi no CIOSP 2015, e jornadas acadêmicas locais
e regionais.
A participação e envolvimento dos graduandos
de Odontologia é de extrema importância para a
concretização permanente do programa, por isso a LiADA
está sempre de prontidão para atender às necessidades
dos estudantes, através dos membros permanentes e
colaboradores.
Atualizar e proporcionar uma formação
complementar de qualidade é um dos objetivos
principais da Liga, com o propósito de despertar em
alunos e profissionais cada vez mais o interesse e
conhecimento sobre esta ciência ampla, complexa e
gratificante que é a Odontologia.
Através de suas atividades, a LiADA vem se tornando
uma importante ferramenta na divulgação e atualização
do conhecimento sobre a anatomia dental e estruturas
adjacentes, anatomia topográfica e radiográfica, e
anatomia clínica, esclarecendo os alunos da graduação
sobre a importância do aparelho estomatognático na
atuação profissional do cirurgião dentista, desde o seu
ingresso na universidade.
Fotos de eventos da LiADA:
*
Graduandos de odontologia da FOUFU e membros da LiADA.
Docente Adjunto I da área de Anatomia Humana. E-mail: [email protected]
**
Extensão
11
Pesquisa
TOXINA BOTULÍNICA: UMA OPÇÃO PARA CONTROLAR
OS SINTOMAS DO BRUXISMO – REVISÃO DE LITERATURA
JOÃO HENRIQUE FERREIRA LIMA*
PAMELA NUNES SILVEIRA FERREIRA**
JULIANA BISINOTTO GOMES LIMA***
ANDRÉA GOMES OLIVEIRA***
SIMONE MARIA DE ÁVILA SILVA REIS***
LUIZ CARLOS GONÇALVES***
Resumo: A toxina botulínica é uma substância produzida
pela bactéria Clostridium Botulinum e o uso de tal
substância abre ao cirurgião dentista uma nova opção
para controlar os sintomas do bruxismo. O bruxismo
apresenta etiologia ampla, onde os danos causados
podem ser diferentes em cada pessoa, sendo assim,
não possui tratamento específico, portanto, o cirurgião
dentista deverá tratar e avaliar cada paciente de maneira
individual. Na maioria dos estudos revisados, tais relatam
que a toxina botulínica é uma forma de tratamento
com resultados positivos, aliviando o apertamento e
rangimento dental e também seus sintomas, como a
dor muscular. O cirurgião-dentista possui conhecimento
sobre as estruturas de cabeça e pescoço, podendo
tratar patologias da face e da cavidade oral, de forma
conservadora e segura, utilizando aplicações da
toxina botulínica, desde que possua treinamento e
conhecimento específico sobre a maneira correta do
seu uso. Apesar de grande quantidade de resultados
positivamente satisfatórios, a literatura relacionada ao
assunto é um pouco escassa, sendo assim, será preciso
estudos mais aprofundados para a consolidação do uso
da toxina botulínica como tratamento do bruxismo.
Dessa forma, este estudo tem como objetivo, realizar
uma revisão de literatura para determinar se a aplicação
da toxina botulínica em pacientes com bruxismo é
efetiva, sendo o seu tratamento seguro e efetivo.
Introdução
O bruxismo é definido como uma desordem
funcional caracterizada pela ação de ranger e/ou
apertar os dentes, durante o sono ou estado de vigília
(MONTE & SOARES, 2002)1. Rodrigues et al em 20062,
acrescenta dizendo que é um dos hábitos parafuncionais
com maior dificuldade de resolução na odontologia
restauradora e define-o como associado a um estado
emocional significativamente alterado, onde tal hábito,
em alguns casos pode afetar dentes, periodonto, ATM e
músculos, sendo que nestes últimos sua sintomatologia
reflete como cefaleias tensionais sendo também estes
pacientes acometidos por alterações comportamentais
e psicossociais.
Segundo GAIDA, 20043 a etiologia do bruxismo
não é precisa, alguns fatores são citados como
desencadeadores, tais como: fatores emocionais,
*
interferências oclusais e distúrbios neurológicos.
Porém, não existe uma explicação conclusiva para seu
aparecimento.
Dentre as inúmeras formas de tratamento,
tais como as placas oclusais, os medicamentos e as
terapias comportamentais, sabe-se que não têm
mostrado nenhuma solução totalmente eficiente. Com
isso, a toxina botulínica, uma substância produzida
pela bactéria Clostridium Botulinum, ganha espaço
e se mostra como uma terapia complementar para o
tratamento do bruxismo. Será realizada uma revisão
bibliográfica sobre o tratamento do bruxismo associado
com a toxina botulínica e as placas oclusais, verificando
assim a efetividade do tratamento.
Materiais e Métodos
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, análise
e interpretação de livros, artigos recentes de revistas
e jornais científicos e documentos eletrônicos. Tendo
como base de dados eletrônicos Medline, Pubmed
e Google acadêmico. Como critério para seleção dos
artigos, estabelecemos que os estudos deveriam
relatar os efeitos da toxina botulínica no tratamento do
bruxismo, mas, também foram selecionados estudos
citando drogas ou desordens sistêmicas, relatos de
casos e estudos clínicos.
Revisão bibliográfica
Em exposição aos estudos sobre o bruxismo, ainda
existe algumas controvérsias, mas no caso da natureza
de sua etiologia, existe um acordo ao tratar o bruxismo
como sendo multifatorial, onde pode ter associação
ao stress, distúrbios comportamentais (ansiedade,
depressão), deficiências nutricionais (magnésio,
cálcio, iodo e complexos vitamínicos), má oclusão
dentária, manejo dentário incorreto, problemas no
sistema nervoso central, consumo de drogas com ação
neuroquímicas, fatores genéticos (MACIEL, RN,2010)4.
As causas são multifatoriais, muitas pesquisas chegam
a resultados duvidosos e precisam de maior atenção
(LOBBEZOO,2006)5.
Como efeitos sintomáticos o bruxismo apresenta
uma grande quantidade de documentação na
odontologia. E estes efeitos são divididos em: (1)
efeitos sobre a dentição, (2) efeitos sobre o periodonto,
(3) efeitos sobre os músculos mastigatórios, (4) efeitos
na articulação temporomandibular, (5) dor de cabeça,
e por fim (6) efeitos psicológicos/ comportamentais
(GLAROS e RAO,1977)6.
Inicia-se em 1980 os estudos em humanos
(AMANTÉA et al,2003)7, utilizando as neurotoxinas
botulínicas, consideradas substâncias naturais muito
Prof. Dr. do Curso de Odontologia do Centro Universitário do Triângulo; Diretor/ Coordenador de Cursos de pós graduação do Instituto Dental Hall.
E- mail: [email protected]
**
Graduanda da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. E- mail: [email protected]
***
Prof. (as) Dr. (as) Adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia.E- mails: [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected]
12
Pesquisa
potentes (KATZ,2005)8, como método terapêutico.
Os resultados foram positivos, e desde então, houve
uma grande procura da substância e atualmente
sua utilização terapêutica na odontologia é muito
abrangente (JANKOVIC,1990)9.
Assim, é utilizada para monitoramento da cefaleia
tensional; disfunção temporomandibular, dor orofacial,
bruxismo, sorriso gengival, queilite angular, sorriso
assimétrico, hipertrofia de masseter, pós operatório
de cirurgias periodontais e de implantes, em pacientes
braquicefálicos onde a força muscular atrapalha a
mecânica ortodôntica e também na sialorréia (HOQUE;
MC ANDREW, 2009)10.
As contraindicações se restringem a pacientes
que sofrem de doenças neuromusculares, tais como:
distúrbios de transmissão neuromuscular, doença
autoimune adquirida, entre outros, além de pacientes
grávidas ou no período de lactação, pacientes que
fazem uso de aminogliconídeos ou que tiveram reações
alérgicas à toxina botulínica.
É comercializada em frascos-ampolas esterilizados,
onde sua potência é apresentada em unidades. A injeção
da mesma possui dose e localização definidas (COLHADO,
2009)11, as quais são necessárias novas aplicações em
períodos determinados, uma vez que depois de um
determinado período de tempo o neurônio afetado pela
toxina botulínica, volta a sua função normal (ARAÚJO et
al, 2008)12.
A toxina botulínica vai atuar bloqueando a
liberação de acetilcolina, substância que envia o sinal
para o cérebro quando o músculo está em seu estado
normal, e assim, o músculo não receberá o sinal para
sua contração. Devido a essa paralisia temporária ou
a redução significativa dos espasmos musculares, a
toxina botulínica irá causar um alívio da sintomatologia,
que é resultante de uma atividade muscular repetitiva
(ALLERGAN,2005)13.
Ainda de acordo com AMANTEA et al (2003)7, os
efeitos da toxina botulínica estão interligados com
a frequência e a quantidade de dose. E algumas das
complicações são: hipotensão, náuseas, vômitos,
disfagia, prurido, síndrome que parece gripe, dificuldade
na fala, falta de controle da salivação, fraqueza de
músculos distantes ao sítio de administração da toxina.
Com os resultados satisfatórios a respeito da toxina
botulínica, os estudos para avaliar os benefícios da
substância em relação as disfunções orais aumentaram.
TAN E JANKOVIC, em 200014 desenvolveram um trabalho
com o intuito de mensurar a eficácia e as complicações
da toxina botulínica no tratamento de pacientes com
bruxismo grave. NARDINI et al, em 200815 efetuou
uma pesquisa tendo como finalidade estimar a ação da
toxina botulínica tipo no tratamento da dor miofascial
em portadores de bruxismo. Enquanto, LEE et al, em
201016 realizaram um estudo com a pretensão de
estimar o efeito da injeção de toxina botulínica no
músculo masseter durante o bruxismo noturno.
Em todos os estudos revisados eles concluíram que
a toxina botulínica é uma alternativa viável e que tem
demonstrado ser eficiente, apresentando bons resultados
em relação à diminuição dos sintomas do bruxismo.
Conclusão
Na maioria dos estudos revisados, relataram-se
que a toxina botulínica é uma forma de tratamento com
resultados positivos, aliviando o apertamento cêntrico
e excêntrico bem como seus sintomas, como a dor
muscular.
Embora seja grande quantidade de resultados
positivamente satisfatórios, a literatura relacionada ao
assunto é um pouco escassa, sendo assim, será preciso
estudos mais aprofundados para a consolidação do uso
da toxina botulínica como tratamento do bruxismo.
Referências Bibliográficas
1. MONTE, M. N.; SOARES, M. G. M. Bruxismo: etiologia e
epidemiologia. Revista do CROMG, v. 8, n. 1, jan./fev./
mar., 2002.
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LESÕES CERVICAIS NÃO-CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE
DENTINÁRIA – CONSIDERAÇÕES CLÍNICO-CIENTÍFICAS
Paulo Vinícius Soares*
Fabrícia Araújo Pereira**
Lívia Fávaro Zeola***
Alexandre Coelho Machado***
Analice Giovani Pereira***
Devido a estratégias de promoção de saúde e
as políticas públicas de saúde, doenças bucais, como
cárie e doença periodontal, tiveram diminuídas suas
prevalências. A atenção do clínico se voltou, então, para
injúrias que ocorrem na cavidade oral, cuja etiologia não
depende diretamente de microrganismos e da condição
higiene bucal do paciente tal como as lesões cervicais
não cariosas (LCNC) e a Hipersensibilidade Dentinária
(HD). O entendimento de tais lesões desperta grande
interesse por parte dos profissionais, pois a partir do
momento em que apresentam exposição de dentina
são gerados problemas bucais consideráveis, como
Hipersensibilidade Dentinária (HD). Este texto é um
resumo da palestra aberta ao público intitulada “Lesões
Cervicais Não-Cariosas e Hipersensibilidade Dentinária
– Protocolos de Tratamento e Perspectivas Clínicas”
realizada no dia 24 de junho de 2014 no anfiteatro do
Bloco 2A, Campus Umuarama da Universidade Federal de
Uberlândia organizada pelo PET-Odonto, em parceria com
DAHSa e Grupo de Pesquisa LCNC da FOUFU. (Figura 1).
Figura 1. Lesões Cervicais Não-Cariosas em Pré-molares Inferiores que
apresentam exposição de dentina com hipersensibilidade (Acervo Programa
de Atendimento Ambulatorial de Pacientes com LCNC e HD – FO.UFU)
Considerações Biomecânicas
A biomecânica estuda o mecanismo de ação
dos movimentos nos seres vivos. No sistema
estomatognático, os músculos são excitados pelo
sistema nervoso e originam as forças necessárias à
exercer os movimentos funcionais como mastigação,
fala e deglutição. As demais unidades (ATMs, oclusão
dentária e periodonto) representam os elementos
passivos encarregados de receber e transmitir a ação
das forças. O equilíbrio entre as forças exercidas pela
musculatura oral (músculos da mastigação e peribucal)
e pelos contatos oclusais mantêm a integridade das
estruturas e representa o principal componente da
homeostasia do aparelho estomatognático.1-3
Os esforços mastigatórios representam vetores de
forças complexos e mesmo em uma oclusão considerada
dentro dos padrões fisiológicos
normais, o carregamento e a distribuição de
tensões sobre as faces oclusais são complexos. As
variações anatômicas entre os grupos de dentes, a
anatomia própria dos dentes posteriores caracterizada
por várias vertentes inclinadas, os complexos
movimentos mandibulares e os pontos de contato
em posições diferentes em um mesmo dente podem
gerar vetores de força altamente complexos durante
o “simples” ato de mastigar. Às vezes, os músculos e
as articulações toleram as mudanças, mas devido ao
aumento da atividade muscular (bruxismo) ou desvios
dos movimentos gerados por interferências oclusais, o
elo mais fraco pode ser tanto as estruturas de suporte
dos dentes quanto os próprios dentes. 3,4
O padrão de distribuição de tensão-deformação é
dependente da magnitude e do local do carregamento.
Contatos oclusais aplicados no longo eixo e bem
distribuídos estão relacionados a uma adequada
distribuição de tensão e deformação na estrutura dental,
sem prejuízos para o dente e suas estruturas de suporte.
(Figura 2)
No entanto, os tecidos dentários apresentam
limites de resistência às tensões geradas em função
do carregamento ao qual são submetidos. Em certos
casos, dependendo da sua intensidade, direção e
freqüência, as cargas oclusais podem comprometer
a integridade destes tecidos. A intensidade da força
torna-se especialmente crítica quando, ao invés de ser
distribuída em todos os dentes, se concentra em um
contato prematuro ou interferência oclusal, o que faz
com que as tensões geradas neste dente ultrapassem o
seu limiar de resistência. 5
Neste contexto, regiões e faces do elemento
dental mais susceptíveis a concentração de tensão e
deformação, como a região cervical, podem exceder
os limites de resistência e romper-se micro e macroestruturalmente. Assim, a perda de estrutura nessa
região seria desencadeada. 6
* Coordenador do Grupo de Pesquisa LCNC, Professor da Área de Dentística e Materiais Odontológicos, FO.UFU. [email protected].
Autor Correspondente.
** Doutoranda em Materiais Dentários FO.USP
*** Doutorandos do PPGO-FO.UFU, membros do grupo de pesquisa LCNC FO.UFU
14
Pesquisa
Figura 2. Diagrama de Venn. Associação de fatores e co-fatores de formação e evolução de LCNC e HD (adaptado
de Grippo et al., 2012)
Entretanto, na observação clínica da presença de
recessão gengival em grande parte das LCNCs outro
questionamento em relação ao carregamento atuando
na formação das LCNCs é levantado. Acreditando
que o trauma oclusal possa ser responsável por uma
reabsorção óssea com consequente perda de tecido
de revestimento principalmente na face vestibular do
elemento dental, a dentina exposta estaria totalmente
sujeita a qualquer tipo de degradação, facilitando a
perda de estrutura e formação de LCNCs.
Em relação a maior prevalência de pré-molares
com LCNCs a justificativa para esta maior prevalência
também é baseada na biomecânica. A constrição
cervical que estes dentes apresentam gera maior
concentração de tensão nesta região e também, a
menor espessura óssea encontrada na face vestibular
destes dentes deixa-os mais suscetíveis a formação das
lesões. E ainda, devido ao trespasse vertical encontrado
na face vestibular dos pré-molares o que facilita uma
desoclusão em dentes posteriores na ausência de guia
canina, portanto, durante o movimento excursivo para
o lado de trabalho, na ausência de guia canina, os prémolares são os dentes que mais recebem carregamentos
laterais. 7-9
Portanto, a direção, magnitude e frequência das
forças oclusais atuam diretamente como parte da tríade
de formação multifatorial das LCNCs. (Figura 3)
Carregamento Oclusal Lateral, simulando
interferência oclusal
Tensões Concentradas abaixo de
Restaurações de Amálgama (Preparo MOD)
Tensões Concentradas na base da LCNC,
evidenciando processo de evolução
Simulação através do método de elementos finitos 3D gerado de uma amostra real para
análise
do campoatravés
tensão-deformação
da LCNC.finitos
(Pereira
et al., 2015)
Figura
3. Simulação
do método de elementos
3D gerado
de uma amostra real para análise do campo
tensão-deformação da LCNC. (Pereira et al., 2015)
Pesquisa
15
Fatores Etiológicos-Biocorrosão e Abrasão
caracterizados por ocorrer com mais freqüência na face
palatina e lingual dos dentes superiores e inferiores.O
O caráter multifatorial das lesões cervicais não
mecanismo de biocorrosão pode contribuir para a
cariosas(LCNCs) e da hipersensibilidade dentinária
formação da lesão de variadas formas e profundidades
(HD) faz com que o controle dos fatores causadores
com aspecto de superfície lisa e com pequenos arranhões
dessas alterações seja fundamental para o sucesso
horizontais. Esse processo faz a estrutura dental hígida
do tratamento. Dentre esse fatores destaca-se o
fique fragilizada e , torna-se menos resistente a outras
fenômeno chamado de biocorrosão que se refere a
formas de desgastes, como a abrasão. A escovação
degradação química, eletroquímica e bioquímica da
imediatamente após o consumo de bebidas ácidas,
estrutura dental em organismos vivos, e é considerado
e a retenção desta na boca por tempo prolongado, é
o termo mais adequado para designar esse fator. Esse
responsável por gerar o aumento potencial corrosivo.
processo pode ocorrer por causa da ação de ácidos e
Além disso, quando o processo biocorrosivo está
por efeitos proteolíticos e piezoelétricos da dentina,
associado com o reduzido fluido salivar
em determinadas
Carregamento
Oclusal Late
diferentemente da erosão dental, caracterizada pela
áreas, contribui para maior perda de estrutura interferência
dental. O
ocl
degradação mecânica gerada pela movimentação
fluido salivar possui grande efeito protetor pois promove
de fluidos. O desgaste dental pelo mecanismo da
a formação de película adquirida e possui capacidade
biocorrosão é causado pelo frequente e prolongado
tampão em pH salivar constante. Caso ocorra variações
contato dos dentes com ácidos, que podem ser de
de pH na cavidade oral, a saliva confere ao dente certa
origem intrínseca ou extrínseca. Os primeiros derivados
resistência frente à essa alteração, neutralizando o meio
principalmente de distúrbios alimentares (como
e reduzindo a ação corrosiva. Diante desse contexto,
bulimia) e doenças gástricas ( como gastrite e refluxo
Tensões Concentrad
é necessário realizar uma anamnese completa
de
gastroesofágico), enquanto que os ácidos extrínsecos
Restaurações
de Amálgam
cada paciente, avaliando todos os fatores
causadores
são oriundos principalmente da dieta, de hábitos
envolvidos no processo de formação de evolução das
ocupacionais (vapores e líquidos) e medicamentos. O
LCNCs e HD como dieta, forma de higienização,
tipo
Tensões
Concentr
estilo de vida dos indivíduos, atualmente, tem levado
de ocupação e alterações sistêmicas. A investigação
a constante busca por uma vida saudável. Porém, vale
evidenciando pr
e controle desses fatores é a primeira etapa para o
ressaltar que a dieta recomendada para a perda de
sucesso do tratamento. 16-17
peso pode se tornar prejudicial à saúde das estruturas
Portanto, não se torna eficiente a execução de
dentais. Excesso de frutas e sucos cítricos, iogurtes,
um
procedimento
reabilitador,
semfinitos
o aconselhamento
Simulação através do método
de elementos
3D gerado de uma am
vinagres, vegetais, bebidas carbonatadas, energéticos
do
paciente
e
das
suas
necessidades
individuais
de
análise
do
campo
tensão-deformação
da
LCNC.
(Pereira
et al., 2015)
e outros alimentos possuem alto potencial corrosivo,
mudanças de hábitos. (Figura 4)
podendo aumentar a incidência de lesões cervicais não
cariosas, corroborando para o desgaste da estrutura
dentária. 3,4,10-12
Além disso, é importante considerar qual a ocupação
e hábitos do paciente, já que, profissões que propiciam
maior contato com ácidos merecem maior atenção do
cirurgião-dentista para o controle dos fatores etiólogicos.
Dentre os grupos específicos de pacientes destacamse os atletas (grandes consumidores de energéticos e
isotônicos), nadadores profissionais (constante contato
com água da piscina tratada com substâncias químicas),
enólogos (provadores de vinho) e os usuários de
drogas ilícitas.Dentre os fatores intrínsecos, o Refluxo
Gastroesofágico (RGE) é caracterizado na literatura Figura 4. Exposição de dentina formada pela associação de fatores biomecâFigura 4. Exposição de dentina formada pela associação de fator
pelo fluxo retrógrado espontâneo do conteúdo gástrico nicos com ação de fatores biocorrosivos que colaboram com a alteração da
com ação
de fatores
biocorrosivos
quePrograma
colaboram
com a alteração
morfologia
e evolução
da LCNC (Acervo
de Atendimento
Ambula- da morfo
do estômago em direção à mucosa esofágica. Este
da LCNC
Programa
Atendimento
Ambulatorial de Pacientes co
torial(Acervo
de Pacientes
com LCNC de
e HD
– FO.UFU)
fenômeno ocorre diariamente em todo ser humano,
FO.UFU)
principalmente após as refeições, sem causar nenhum
Técnicas Restauradoras para Lesões Cervicais
sintoma, sendo portanto, fisiológico. No entanto,
Não Cariosas
existem casos em que essa condição passa a causar
Do mesmo modo com que a etiologia das LCNCs
sintomas, caracterizando uma situação patológica, mais
conhecida como Doença do Refluxo Gastroesofágico é multifatorial, o tratamento desta patologia também
(DRGE) e que pode gerar manifestações na cavidade deve ser multi: MULDIDISCIPLINAR; abrangendo várias
áreas da odontologia. Primeiramente, deve-se realizar
oral. 1,5,13-15
De todas as manisfestações as mais comumente profunda anamnese, identificando os principais
observadas e relatadas pelos pacientes são a azia e fatores etiológicos para cada individuo. Para o que for
a regurgitação. Durante a regurgitação, o conteúdo de competência de outros profissionais da saúde, o
gástrico pode atingir a cavidade oral, observando- paciente deve ser orientado e encaminhado, enquanto
se nesses pacientes a presença de desgastes dentais, o que é responsabilidade do cirurgião-dentista deve ser
16
Pesquisa
incluído no plano de tratamento, como o procedimento
restaurador. Mas qual a justificativa para restaurar? A
perda de estrutura dentária é fator modulador chave
para a alteração do comportamento biomecânico do
remanescente dentário. A LCNC, portanto, irá promover
o acúmulo de tensões no fundo da LCNC. Quando o tecido
desgastado é substituído por material restaurador,
ocorre a dissipação das tensões presentes no fundo da
LCNC, assemelhando-se ao dente sem desgaste cervical.
Caso o procedimento restaurador não seja executado, a
concentração de tensão continuará presente no fundo
da lesão, além de esmalte e dentina continuarem
susceptíveis aos demais fatores etiológicos de desgaste,
resultando na progressão da LCNC e em um ciclo de
perda de estrutura.
Entretanto, não basta somente restaurar a lesão.
O procedimento restaurador não é o tratamento da
patologia, sendo somente a substituição de tecido
dentário por material restaurador, ou seja: parte
importante do manejo da LCNC. Este manejo consiste
na abordagem terapêutica de todos os fatores
etiológicos da formação e progressão desta patologia.
Caso a multidisciplinaridade não seja respeitada, pode
ocorrer a continuidade da progressão da LCNC em
dentes já restaurados, resultando em falha marginal da
restauração e/ou descolamento.A literatura cita alguns
dos materiais restauradores utilizados nestas situações
de desgaste cervical, como: ionômero de vidro, resina
fluida, resina composta e até técnicas indiretas como
ouro. Mas será que estes são os materiais mais indicados
para estas situações? A odontologia restauradora
evoluiu consideravelmente nas ultimas décadas, sendo
que sistemas cerâmicos são amplamente utilizados,
seja em áreas de alto esforço mastigatório ou regiões
extremamente estéticas. Então, será que a região
cervical não poderia ser restaurada com cerâmica? 17-20
Diferentes materiais restauradores foram testados
em extensas perdas de estruturas cervicais: resina
fluida, ionômero de vidro resinoso, resina composta
convencional, restauração com dissilicato de lítio, além
do grupo restaurado com resina composta, como núcleo
de preenchimento, e fragmento cerâmico de 0,5mm de
espessura como esmalte. A técnica com resina composta
convencional e a de resina combinado com fragmento
cerâmico apresentaram os melhores resultados, tendo
o comportamento mais próximo ao do dente hígido. A
resina fluida e o ionômero apresentaram concentração
de tensão de tração no fundo da lesão e o grupo somente
com cerâmica apresentou tração na parede gengival.14
Para a restauração em resina composta, indicase a confecção de bisel com ponta diamantada trococônica posicionada a 45º em relação ao ângulo cavosuperficial, realizando desgaste de aproximadamente
1mm. Apesar de estudos clínicos relatarem não haver
diferença em dentes restaurados com e sem bisel, este
tem papel de mascarar a interface dente/restauração,
possuindo exclusiva função estética; sendo indicado
de 2ºpremolar à 2º premolar. Em seguida, é realizada
a aplicação do sistema adesivo, seja convencional
ou auto-condicionante. Os incrementos de resina
composta devem ser inseridos obliquamente, sendo
um incremento na parede gengival, outro incremento
na parede oclusal e o terceiro incremento envolvendo
toda a extensão vestibular. Está técnica evita maiores
tensões de contração da resina, respeitando o fator C.
Em casos de LCNCs rasas, onde há dentina exposta,
mas não possuiu espaço suficiente para inserção de
resina composta convencional é indicado restaurar com
materiais fluidos, como resina fluida e ionômero de
vidro modificado por resina. Apesar de não possuírem
excelente comportamento biomecânico, estas técnicas
permitem que seja executada a inserção do material
com facilidade.
Tratamento Periodontal cirúrgico de Lesões cervicais
Não Cariosas
Nos casos em que as LCNC’s apresentam-se ainda
no início do ciclo de desgaste dentário ou mesmo
quando estas já apresentam morfologias características
de perda de estrutura, um questionamento pode surgir:
qual o protocolo de tratamento a seguir restaurar a
perda dentária, recobrir a raiz exposta ou ambos?
Diante de um dente com LCNC e recessão gengival
(RG) o planejamento a ser realizado deve levar em
consideração a quantidade de desgaste da estrutura
dentária, a classificação da RG e por consequência
a estrutura de suporte ósseo presente no dente em
questão. A situação mais comumente encontrada
durante a análise de perda óssea em dentes com LCNC
e RG é a presença de deiscência na tábua vestibular e
integridade das cristas ósseas proximais consequentes
do conjunto fatores etiológicos que resultam na
formação de LCNC’s. Quando se trata do antigo empasse:
recobrir ou não LCNC’s restauradas, a resposta deve ser
embasada em evidencias científicas que demostram a
cicatrização de enxertos de tecido conjuntivo a partir
de formação de epitélio juncional longo justaposto
ao material restaurador. Portanto, quando dentro das
indicações de cada caso, o recobrimento radicular
pode ser realizado sobre um leito receptor formado
parcialmente por material restaurador. Após realização
de estudos comparando técnicas cirúrgicas para
recobrimento radicular foi observado que o enxerto
de tecido conjuntivo associado ao reposicionamento
coronal do retalho prevê os melhores resultados quanto
a longevidade do recobrimento. 3,7,9
O procedimento cirúrgico deve priorizar os
seguintes passos: obtenção de retalho dividido;
descontaminação mecânica e química da porção
de dentina a ser recoberta; limpeza da superfície
restaurada da LCNC; obtenção do tecido conjuntivo
na área doadora; sutura do enxerto no leito receptor;
e sutura com tracionamento coronal do retalho.
Hipersensibilidade Dentinária
Podemos relacionar os fatores etiológicos das LCNC
como colaboradores no surgimento e evolução da HD. A
HD atinge um grande número de pessoas, gerando uma
dor aguda, curta e provocada. Devemos ressaltar que,
para surgir a HD, a dentina exposta deve ser estimulada
por meio de eventos térmicos, físicos e químicos, como:
Pesquisa
17
•
•
•
•
•
secagem ou desidratação,
atrito,
vibração,
alimentos frios ou quentes,
variações de pressão osmótica.
Caso o paciente possua dentina exposta na
cavidade oral, seja ela supra ou sub-gengival, qualquer
evento que estimule esta dentina como, por exemplo,
alteração de temperatura produzida por líquido gelado,
por alimentos com elevada concentração de substâncias
salinas, ácidas ou açucaradas, o atrito das cerdas de
escovas dentais e abrasivos da pasta dental, ou o uso
da seringa tríplice para secar um dente com dentina
exposta, pode provocar HD de intensidade variada. É
correto imaginar que seria mais interessante controlar
os fatores etiológicos da LCNC como parte inicial
do tratamento da HD. Foi discutido anteriormente
situações de reabilitação da LCNC e HD através do uso
de materiais restauradores e técnicas cirúrgicas de
recobrimento. No entanto, existem situações clínicas
com HD que não permitem espaço suficiente para a
inserção de restaurações de resina, como por exemplo,
pequenas exposições de dentina subgengivais, recessão
gengival, terapias periodontais cirúrgicas, ou indicação
de recobrimento cirúrgico periodontal. Neste caso está
indicado o uso de produtos tópicos conhecido como
agentes dessensibilizantes. Os agentes dessensibilizantes
são divididos em 03 grupos: agentes obliteradores aqueles produtos que atuam no vedamento dos túbulos
dentinários, e os agentes de ação neural - produtos
que atuam diretamente nas terminações nervosas da
dentina exposta. Existem, ainda, agentes de ação mista,
que atuam simultaneamente nas terminações nervosas
e na obliteração dos túbulos. Existem dessensibilizantes
a base de selantes auto-adesivos, glutaraldeído,
compostos de Potássio através de oxalatos, fluoretos,
nitratos, fosfatos nano-estruturados, Laserterapia entre
outros. A terapia correta é indicada de acordo com o tipo
de dentina, profundidade e circunstância que a mesma
foi exposta. Recomendamos a associação correta de
protocolos para o sucesso da dessensibilização.7,15,20
O sucesso do tratamento de pacientes com LCNC
e HD está diretamente relacionado com a capacidade
do profissional em detectar e controlar os principais
agentes causadores, e consequentemente selecionar
corretamente a técnica reabilitadora.
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ASSOCIADOS A RECONSTRUÇÃO PRÉ-IMPLANTAR COM
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Aline Ferreira Borges*
Sarah Gomes Costa Lopes*
Rafael Gomes Kouzak**
Rafael Nicolau Kouzak***
Helder Henrique Machado de Menezes****
Denildo de Magalhães*****
INTRODUÇÃO
A ciência que no passado buscava conter os
envolvimentos que causam a destruição dos tecidos de
suporte dentário, atualmente enfrenta novos desafios,
pois se fez necessária a adequação das condições biomorfológicas das áreas atingidas com a finalidade de
viabilizar a reabilitação tanto funcional quanto estética.
Fato que tem levado a novos rumos, através da busca
pela regeneração das estruturas perdidas1
A regeneração tem sua base na neo-formação
de estruturas perdidas com organização fisiológica e
morfológica íntegras2. Portanto, para que ocorra a neoformação de tecidos, é necessário que exista a presença
e manutenção de espaço físico com células viáveis, de
maneira mecanicamente estável. Assim, para atender
a esses parâmetros, foram empregados recursos que
viabilizem a manipulação celular, os biomateriais3.
Os biomateriais são materiais que interagem com
o sistema biológico com a finalidade de substituir ou
aumentar a matéria viva 4, devem estar em íntimo contato
com os tecidos e possuir características específicas de
biocompatibilidade, previsibilidade, atuar como suporte
ao crescimento celular, estabilidade química, resistência
biomecânica e elasticidade compatível a sua aplicação5,6.
O osso homógeno tem sido um biomaterial
amplamente estudado, sua indicação deve-se
principalmente nos casos de restrição ou impossibilidade
de captação do osso autógeno; resistência do paciente
a manipulação de um segundo leito cirúrgico para sua
captação; evitar a morbidade pós-operatória relacionada
à deiscência de sutura, dor e infecção7.
Na odontologia, o osso homógeno passou a
ser utilizado principalmente nas cirurgias prévias
à colocação de implantes osseointegráveis, com
objetivo de aumentar a espessura e/ou altura óssea8.
A sua captação e processamento seguem os critérios
preconizados e certificados pela Associação Americana
de Bancos de Tecidos (AATB), ou ainda, pela Associação
Europeia de Transplantes Musculoesqueléticos9.
Considerando então a possibilidade de uso do
osso homógeno para reconstrução pré-implantares, o
objetivo desse trabalho é o relato de caso clínico onde
o paciente foi submetido a uma reconstrução prévia da
maxila por meio de osso homógeno.
CASO CLÍNICO
Paciente D.C.S., gênero masculino, 53 anos,
compareceu ao Centro de Pós-Graduação HD Ensinos
Odontológico, relatando desconforto estético e
funcional referente ao uso de prótese total superior,
com objetivo de reabilitar essa área por meio de
implantes dentais. Ao exame clínico foi observado o
edentulismo total superior, rebordo alveolar reduzido
e fundo do vestíbulo raso (fig.1). Quanto aos aspectos
radiográficos (fig.2) demonstram a ocorrência bilateral
de pneumatização do seio maxilar e reabsorção
do rebordo alveolar na região ântero-superior,
contra-indicando assim a instalação de implantes.
Fig. 1
Fig. 2
Devido à opção do paciente, foi inicialmente
proposto a reconstrução das áreas compreendidas entre
os dentes 13 a 26 e 23 a 26. Para tanto foi indicado
a elevação do seio maxilar pela técnica de Sinus Lift
associado à fixação de blocos ósseos. Devido ao grande
volume de material necessário a essa reconstrução,
bem como a impossibilidade de captação de material
de fonte intra-bucal, e a restrição do paciente quanto
o uso de fonte extra-bucal, foi indicado o uso de osso
homógeno particulado e em bloco provenientes de
banco de ossos (fig.3,4).
1 Acadêmicos da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: [email protected]
2 Cirurgião Dentista Especialista em Periodontia. E-mail:[email protected]
3 Professor do Curso de Cirurgia Reconstrutiva Pré-Implantar do Centro HD Ensinos Odontológicos. E-mail: [email protected]
4 Professor e Coordenador Administrativo do Centro HD Ensinos Odontológico; E-mail: [email protected]
5 Professor FOUFU e Professor/Coordenador Didático do Centro HD Ensinos Odontológico. E-mail: [email protected]
Pesquisa
19
Fig. 3
Fig. 6
Fig. 4
Fig. 7
Transcorrido o período pós-operatório de 6
meses (fig.5) o paciente foi submetido à cirurgia para
instalação de oito implantes Titamax/Neodent - TiEX
3.75X13 (fig.6,7). Após o período de 5 meses para
osseointegração (fig.8) as áreas contendo os implantes
foram abertas cirurgicamente para instalação dos
cicatrizadores (fig.9). Posteriormente a maxila foi
reabilitada por meio de uma prótese implanto retida
tipo protocolo. Transcorrido um período de 2 anos, não
foram observadas nenhum tipo de intercorrência e o
paciente demonstra total satisfação estética e funcional
(fig.10,11)
Fig. 8
Fig. 5
20
Fig. 9
Pesquisa
perda óssea. Destaca-se ainda que os implantes foram
reabilitados e após um período de 2 anos apresentam
condições biofuncionais adequadas. Ratificando a
possibilidade de uso desse recurso.
CONCLUSÃO
O osso homógeno demonstrou ser um substituto
viável e adequado as reconstruções pré-implantares. A
sua utilização implicou em um menor tempo cirúrgico,
redução do nível de morbidade para o paciente, relativo
a não necessidade de um sítio doador; e significativa
disponibilidade de biomaterial quando comparado com
volume de fontes intra-bucais.
Fig. 10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. SPIN-NETO, R., FILHO, H. O., JR., E. M., & MARCANTONIO,
R. A. (s.d.). Terapêutica periodontal regenerativa: técnicas
cirúrgicas, biomateriais e fatores de crescimento.
2. REYNOLDS M. A.; AICHELMANN-REIDY M. E.; BRANCH-MAYS
G. L. Regeneration of periodontal tissue: bone replacement
grafts. Dent Clin North Am 2010; 54:55-71.
3. KAY S. A.; WISNER-LYNCH L.; MARXER M.; LYNCH S. E. Guided
bone regeneration:integration of a resorbable membrane and
a bone graft material. Pract Periodontics Aesthet Dent 1997;
9:185-94.
Fig. 11
DISCUSSÃO
O osso homógeno é tratado como um material de
receptor universal, pois o seu potencial imunológico
é reduzido por meio do seu processo de conservação,
crioconservação10.
Comparado ao enxerto autólogo, o enxerto
homólogo apresenta capacidade de revascularização e
remodelação mais lentas, embora a união entre o leito
receptor e o enxerto seja obtida de forma consistente11.
Variáveis, tais como: o tipo do enxerto utilizado (cortical
ou medular), a vascularização do leito receptor e a
quantidade de material não vital a ser remodelado,
interferem no período de tempo necessário e na
quantidade exata do enxerto ósseo homólogo que pode
sofrer remodelação12.
Os resultados do presente relato de caso
demonstram que os materiais homógenos utilizados,
proporcionaram um aumento do volume ósseo
nas áreas enxertadas, tornando-as compatíveis as
dimensões dos implantes instalados. Ao final do período
de cicatrização das áreas, foi observada a existência de
um osso denso e incorporado ao leito ósseo, no entanto,
com remanescente do material homógeno. Por sua vez,
durante a instalação cirúrgica dos implantes, ambos
os lados apresentaram uma adequada estabilidade e
fixação destes. Ao final do período de osseointegração,
5meses, os aspectos clínicos e radiográficos foram
compatíveis com a osseointegração. Quanto aos
enxertos não foram identificados sinais de alterações ou
4. WILLIAMS K. R.; BLAYNEY A. W. Tissue response of several
polymeric materials implanted in the rat middle ear.
Biomaterials 1987; 8:254-8.
5. SERVICE R. F. Tissue engineers build new bone. Science
2000; 289:1498-500.
6. BOSS J. H.; SHAJRAWI I.; AUNULLAH J.; MENDES D. G. The
relativity of biocompatibility. A critique of the concept of
biocompatibility. Isr J Med Sci 1995; 31:203-9.
7. MISCH CE. Implant Dentistry. Dent Today 2002;21(11):62.
8. VAN DER DONK S, WEERNINK T, BUMA P, ASPENBERG
P, SLOOFF TJ, SCHREURS BW. Rinsing morselized allografts
improves bone and tissue ingrowth. Clin Orthop Relat Res
2003.p.302-10.
9. LONGONI S, SARTORI M, APRUZZESE D, BALDONI M.
Preliminary clinical and histologic evaluation of a bilateral
3-dimensional reconstruction in an atrophic mandible: a case
report. Int J Oral Maxillofac Implants 2007;22:478-83.
10. MANKIN HJ, DOPPELT S, TOMFORD W. Clinical experience
with allograft implantation. The first ten years. Clin Orthop
Relat Res 1983;69:86.
11. MIZUTANI A, FUJITA T, WATANABE S, SAKAKIDA K,
OKADA Y. Experiments on antigenicity and osteogenicity in
allotransplanted cancellous bone. Int Orthop 1990;14:243-8.
12. BROWN KL, CRUESS RL. Bone and cartilage transplantation
in orthopaedic surgery. A review. J Bone Joint Surg Am
1982;64:270-9.
Pesquisa
21
A SAÚDE BUCAL DOS IDOSOS
*
Dr. Fabio Franceschini Mitri Luiz
Raquel Santos Sousa**
A saúde bucal é extremamente importante no
indivíduo, desde o seu nascimento. Os cuidados se
iniciam até mesmo antes do aparecimento dos dentes
na boca (erupção dental). A boca é o nosso “cartão de
visita” e revela muito da pessoa, principalmente no que
diz respeito à sua higiene pessoal. Ela é geralmente na
velhice o espelho que revela todo o cuidado dispensado
com a saúde e a aparência durante a vida.
A falta de informação e de programas de
prevenção da saúde, aliada à falta de iniciativa de
alguns dos profissionais desta área, acabam relegando
a saúde bucal ao esquecimento. A perda parcial ou total
dos dentes infelizmente ainda é aceita na sociedade
como um fator natural do envelhecimento fisiológico
do corpo.
Nos países em desenvolvimento, os progressos
e avanços no campo da saúde, associados às
melhorias de saneamento básico e das necessidades
primárias populacionais, resultam em um aumento na
expectativa de vida do homem.
Nos últimos anos, a velhice é um tema que tem
despertado muito a atenção na área da saúde pelo
aumento da longevidade, entretanto, em alguns
países a terceira idade pode chegar acompanhada da
perda dos dentes. Com o envelhecimento, diminuemse os mecanismos de adaptação individual e aumenta
a vulnerabilidade do organismo. Outros fatores
importantes incluem histórias de saúde geral, psíquicas
e sociais distintas nesta faixa etária, resultando em
uma grande variedade de características atípicas e,
consequentemente, no aumento da necessidade
de demandas com os cuidados à saúde. Assim, as
prioridades odontológicas dos idosos acabam sendo
amplas e significativas, necessitando na maioria
das vezes de uma reabilitação oral, dificultada em
nosso país pelos baixos rendimentos recorrentes da
aposentadoria.
Todos os cuidados pessoais com a saúde bucal na
velhice acabam sendo reduzidos em decorrência da
diminuição dos reflexos, bem como da força muscular,
e do desconforto apresentado pelos idosos. Isto pode
levá-los a não dar importância à determinados sintomas,
resultando em diagnósticos tardios. Estes fatores indicam
que a saúde do idoso demanda da atenção da família
e da ação dos serviços de saúde, públicos ou privados.
As particularidades características da velhice
tornam o idoso um paciente especial, o que requer
no seu atendimento um olhar diferenciado e uma
interação pessoal, inviabilizando qualquer abordagem
padrão de caráter universal.
Os profissionais da saúde, em especial o cirurgiãodentista, devem educar e orientar o seu paciente
idoso, acompanhado dos familiares responsáveis, no
*
intuito de lhe mostrar e conduzir os cuidados periódicos
e as prioridades com a saúde da boca, incluindo a
necessidade do autoexame dos dentes, periodonto e
do tecido mole de toda a cavidade oral. O bem-estar
no seio familiar, aliado à atenção assistida, contribui
para proporcionar um bom estado de saúde geral e
bucal, favorecendo a melhoria da qualidade de vida
dos idosos.
Professor Adjunto na área de Anatomia Humana - Instituto de Ciências Biomédicas da UFU. E-mail: [email protected]
Acadêmica de Odontologia - Faculdade de Odontologia da UFU. E-mail: [email protected]
**
22
Pesquisa
Caso Clínico
REABILITAÇÃO PROTÉTICA PÓS-CIRÚRGICA DE TUMOR
MARROM DO HIPERPARATIREOIDISMO: RELATO DE CASO
Carolina van Riel*
Juliana Bisinotto Gomes Lima**
João Henrique Ferreira Lima***
Andréa Gomes de Oliveira****
Simone Maria de Ávila Silva Reis*****
Luiz Carlos Gonçalves******
RESUMO: A cirurgia oncológica é responsável
pelas grandes mutilações do maciço facial, cuja
ressecção é imposta pelo tratamento, sendo de
importância funcional a reabilitação protética, por
meio de obturadores maxilares que possibilitam uma
adequada condição de deglutição e fala, garantindo
uma melhor qualidade de vida e reintegração social
de portadores de sequelas cirúrgicas. Este trabalho
descreve a confecção de uma prótese obturadora
utilizada para reparar um extenso defeito intracavitário
na maxila e palato, secundário à ressecção de um
tumor de uma paciente D.M.E, gênero feminino, 37
anos, leucoderma, a qual,compareceu a clínica do
Hospital Odontológica da UFU para sua reabilitação.
Descritores: Reabilitação oral, prótese obturadora,
relato de caso.
ABSTRACT: Cancer surgery is responsible for large
facial mutilations massive, whose resection is imposed
by the treatment and functional importance prosthetic
rehabilitation through jaws shutters that allow a
proper condition swallowing and speech, ensuring
a better quality of life and social reintegration of
patients with surgical sequelae. This paper describes
the fabrication of an obturator prosthesis used to repair
extensive intracavitary defect in the jaw and palate
secondary to resection of a tumor of a DME patient,
female, 37, leucoderma, which he attended clinic
Hospital Odontológica da UFU for their rehabilitation
patient’s physical and mental well-being, restoring
them to aesthetics, speech and mainly function for the
resumption of chewing and swallowing.
Keywords: Oral rehabilitation, obturator prosthesis,
case report.
conseqüentes dificuldades na fonação, alimentação e na
respiração, tornando necessária a substituição artificial
das partes perdidas do sistema estomatognático e das
estruturas faciais (AGUIAR et al., 2013).
As próteses utilizadas para reabilitar defeitos
maxilares pós-cirúrgicos são denominadas de
“obturadores maxilares”. As indicações desses aparelhos
são: funcionar como uma infra-estrutura sobre a qual
os tecidos possam ser adaptados numa conformação
correta; restabelecer a aparência estética do paciente,
permitindo o convívio social (BONACHELA; KAIZER;
FORTES, 2007).
O tratamento deve ser executado por uma equipe
multidisciplinar, que inclui cirurgião bucomaxilofacial,
protesista, oncologista, fonoaudiólogo e técnico em prótese
bucomaxilofacial (BONACHELA; KAIZER; FORTES, 2007).
APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO
Paciente do gênero feminino, leucoderma, 37
anos, apresentou-se ao Hospital Odontológico da
Universidade Federal de Uberlândia para confecção
de uma prótese obturadora após remoção do Tumor
Marrom do Hiperparatireoidismo de face na qual foi
removido parte do palato e hemi-arcada superior direita
da maxila, portando uma prótese obturadora provisória
feita à 5 anos, retornou para confecção da prótese
obturadora definitiva.
Durante o exame clínico extrabucal e intrabucal
foram observados uma depressão no lado direito da
face e internamente foi observado maxilectomia parcial
e remoção de parte do palato duro (Figuras 1A e 1B).
Para confecção da prótese obturadora foi realizada uma
moldagem de estudo com um hidrocolóide irreversível,
o alginato, proporcionado segundo instruções do
fabricante e tamponando a comunicação buco-nasal
com uma gase enrolada ao fio dental levado em posição
no interior da cavidade no palato protegendo o fundo da
cavidade evitando que ocorra penetração do material
de moldagem.
INTRODUÇÃO
A cirurgia oncológica é responsável pelas grandes
mutilações faciais, cuja ressecção é imposta pelo
tratamento e pode acarretar grandes defeitos na boca
e na face, sendo de importância funcional, psicológica
e estética, a reabilitação protética pós maxilectomia
(MIRACCA; SOBRINHO; GONÇALVES, 2007).
As mutilações, quando extensas, principalmente na
região da face, muitas vezes não podem ser corrigidas
cirurgicamente, por falta de tecido doador suficiente,
necessário para a reconstrução cirúrgica, além disso,
pode gerar comunicação oronasal ou bucossinusal, com
Figuras 1A e 1B: Fotografia extrabucal e intrabucal evidenciando deformidade tecidual na face e na cavidade oral.
*
Discente da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). E-mail: [email protected]
Professora Adjunto 2, na Área de Prótese Removível e Materiais Odontológicos da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
***
Professor na Área de Prótese Removível da Faculdade de Odontologia do Centro Universitário do Triângulo (UNITRI).
****
Professora Adjunto 1, na Área de Prótese Removível e Materiais Odontológicos da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
*****
Professor Associado 1, lotado na Área de Prótese Removível e Materiais Odontológicos, da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
**
Caso Clínico
23
Figuras 2A, 2B e 2C: 2A- Resultado final apresentando adequada estética, restabelecimento das condições de fonação, mastigação, deglutição; 2B- aspecto
intrabucal da prótese obturadora; 2C- vista frontal do aspecto final da prótese.
Ao obter-se o molde confeccionou a moldeira
individual sobre o modelo de estudo com a resina acrílica
ativada quimicamente (RAAQ). Em seguida foi realizada
moldagem funcional com Impregum Soft pastas base e
catalisadora de média viscosidade. Assim, a partir do
modelo de trabalho, foi confeccionada a armação metálica
e os registros com planos de orientação, verificando
para que não haja interferência da estrutura na oclusão.
Na prova estética e funcional dos dentes observouse a condição oclusal dos dentes montados, cor, forma
e tamanho dos dentes, ponderando esses fatores com o
paciente. Em seguida, a prótese obturadora foi instalada
(Figura 2A, 2B e 2C) e realizado ajustes oclusais necessários,
observando o conforto e adaptação. Ao instalar a
prótese obturadora a paciente foi orientada quanto
ao uso, à limpeza e controles posteriores necessários.
DISCUSSÃO
A reabilitação de pacientes portadores de lesões
complexas, através da prótese obturadora de palato,
tem como função primordial isolar as cavidades bucal,
nasal e sinusal, para, então, funcionar como um aparelho
mastigatório.
A prótese obturadora tem suas indicações
para pacientes que apresentem as mais variadas
comunicações buconasais, sendo por remoção cirúrgica,
destruição, ou ausência da maxila. A confecção de um
obturador palatino segue os princípios de uma prótese
parcial removível, sendo uma técnica simples, rápida,
eficaz, passível de adaptações e de fácil instalação,
indicado para corrigir defeitos estéticos em pacientes
que não podem optar pela cirurgia reconstrutiva
(AGUIAR et al., 2013).
Contudo, o tratamento do câncer não deve estar
limitado simplesmente à busca da sobrevivência do
paciente, mas a sua completa reabilitação, que visa
a melhorar as suas múltiplas deficiências e, consequentemente, a sua qualidade de vida (LIMA, 2014).
CONCLUSÃO
A prótese obturadora pode proporcionar à paciente
o bem-estar físico e mental, restaurando a estética,
fala e principalmente a função, pela retomada da
mastigação e deglutição, por meio da correção do mau
posicionamento dos lábios e bochechas, recontorno
e devolução da forma correta do palato, além disso,
24
Caso Clínico
facilita na limpeza da área do defeito, apresentando
conforto, boa retenção e estabilidade, verifica-se, dessa
forma, que o sucesso da reabilitação protética depende
da seleção adequada de materiais e técnicas, específicos
para cada caso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. AGUIAR, L. et al. Obturador palatino: confecção
de uma prótese não convencional – relato de caso.
RFO, Passo Fundo, v. 18, n. 1, p. 125-129, jan./abr.
2013.BONACHELA, W. C; KAIZER, O. B; FORTES, R. O. F.
Tratamento protético pós-cirúrgico de ameloblastoma
de maxila. RFO, v. 12, n. 2, p. 68-73, maio/agosto 2007.
2. GOIATO, M. C. et al.; Prótese Parcial Removível Obturadora
- uma reabilitação oral que devolve o bem-estar físico e
mental. Revista Regional de Araçatuba A.P.C.D, v.22, n°.1,
p.01-04, 2001.
3. LIMA, C.C.M; Impacto da Reabilitação Bucomaxilofacial Sobre
o Estado Nutricional, Sintomas Depressivos, Autoimagem,
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4. MANTRI, S; ZAFRULLA, K; Prosthodontic Rehabilitation
of Acquired Maxillofacial Defects. Hitkarini Dental College
and Hospital, Jabalpur, Jame Graham Brown Cancer Center
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Hiperparatiroidismo Primário em Mandíbula: relato de caso.
Rev Clín Pesq Odontol. 2010 maio/ago;6(2):185-90.
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Reconstrução com Prótese Imediata Pós Maxilectomia Vol. 34
- Nº 5, Set. / Out. 2007.
7. MIYASHIT, E.R; MATTOS, B.S.C; MARAFON, P.G. Sistemas de
Retenção em Prótese Obturadora Cirúrgica Para Pacientes
Maxilectomizados. Pesq Bras Odontoped Clin Integr, João
Pessoa, 11(2):263-268, abr./jun. 2011.
Relato de Membros do Grupo Pet
INTERCÂMBIO ESTUDANTIL: VIVENDO E APRENDENDO
COM ESSA EXPERIÊNCIA!
Júlia Medeiros*
Ana Cecília Schettini**
O intercâmbio estudantil, embora tenha se
intensificado desde o final do século XX, principalmente
na Europa, já existia no período antes de Cristo, quando
jovens de regiões diversas iam para a Grécia com o
objetivo de aprimorar seus estudos (SEBBEN, 2007). Esse
processo pode ser uma experiência enriquecedora para
quem dele participa. Neste texto, temos como objetivo
delinear algumas considerações sobre os desafios e as
possibilidades comuns no período de intercâmbio, a partir
da experiência vivida por uma das autoras na França.
Para que o intercâmbio aconteça, primeiramente, a
inscrição deve ser realizada, seja respondendo ao edital
de algum órgão de fomento ou de empresa privada, seja
se inscrevendo diretamente na Universidade. Recebendo
a resposta positiva, o próximo passo é organizar,
preencher e entregar os documentos necessários para
solicitação do visto para o país de destino e para serem
entregues à universidade de origem e ao órgão de
fomento. Para o preenchimento dos documentos do visto
e do órgão de fomento, é disponibilizado um arquivo
detalhando os procedimentos a serem seguidos. Após
a conclusão dessa etapa, o estudante está pronto para
viajar e vivenciar inúmeras experiências diferentes. O
medo de deixar tudo e partir para algo completamente
novo e distante da sua realidade atual é amparado pelo
desejo de descobrir uma nova cultura, um novo país,
novas pessoas, novo conhecimento e um novo idioma
(caso opte por um país onde a língua nativa não seja a
língua portuguesa).
Ao chegar no país de destino, o susto é
talvez a primeira impressão. O fato de o idioma
ser completamente diferente já é um problema, e
complementar a esse fator, o estudante deve preencher
e entregar diversos documentos, referentes a moradia,
a abertura de uma conta bancária, escolha e compra de
um bom seguro de saúde, a oficialização do seu visto
de permanência no país, a matrícula na universidade
de destino, dentre outros. Mas, apesar de todos esses
desafios, as pessoas que você conhece te fornecem um
suporte excepcional. As amizades feitas no intercâmbio
são bem intensas e, em questão de pouco tempo, os
novos amigos se transformam em entes queridos que
lembram uma família. É claro que, durante o percurso,
você encontrará pessoas mal educadas, mas lembre-se
que, para cada pessoa que te desanimar, existirá uma
que te fará levantar novamente. As aulas na Universidade
serão completamente diferentes do já visto até então.
A relação professor-aluno também, visto que se tratam
de culturas diferentes e o brasileiro, por ser um pouco
caloroso, pode estranhar outras culturas diferentes.
*
**
Como exemplo, ilustramos com algumas fotos
(Figura 1) da Université Claude Bernard Lyon 1, na França.
A estrutura física dessa Universidade não é tão diferente
da estrutura física da Universidade Federal de Uberlândia,
mas, dependendo da Universidade e do país, esse pode
ser um outro fator a se estranhar. As experiências são
singulares e o aprendizado também, pois mesmo que a
Odontologia seja única, cada Universidade segue uma
linha diferente de projeto pedagógico e o estudante
deve estar aberto a propostas de curso diferentes e ter
bom discernimento para escolher qual delas é a mais
adequada, de acordo com a sua visão sobre o tema.
Enfim, a Universidade poderá te fornecer uma visão
diferente de estudo, uma estrutura física distinta, uma
nova maneira de avaliações, diferentes instrumentais
de odontologia, caso curse disciplinas do pré-clínico e
uma equipe de suporte, que te auxiliará caso tenha
dificuldade de adaptação e aprendizado. Então, depende
muito da disposição do estudante para que ele aproveite
o máximo dessa experiência.
Assim, mesmo que exista a saudade de casa,
da família, dos amigos, da comida típica nacional, da
sua cidade e do seu país, e ainda que a diferença de
temperatura seja insuportável, todas as novidades que
o estudante conhecerá compensarão cada minuto longe
de casa. A realidade que o estudante vivenciará é muito
além da Universidade: o novo idioma aprendido, o
conhecimento de uma nova cultura, uma nova culinária,
novos hábitos, novos lugares, as novas amizades e a
independência e responsabilidade ganha são o maior
aprendizado de um intercambista.
Autores que pesquisam os benefícios da
mobilidade estudantil citam: qualificação profissional,
desenvolvimento pessoal, ampliação do conhecimento,
ganho de experiência na área de formação,
desenvolvimento de habilidades e competências,
oportunidades profissionais, aprendizagem de idiomas
estrangeiros e visão ampla e diferenciada sobre as
diversas situações (TOMAZZONI E OLIVEIRA, 2013;
FERREIRA, 2014; SILVA, 2013).
Assim a única dica que pode ser dada é: Viva seu
intercâmbio e aprenda novas experiências, participe,
pergunte, saia, conheça novas pessoas, novos lugares!
O intercâmbio te proporcionará não só um crescimento
profissional, mas, também, pessoal: a autoconfiança,
independência, conhecimento, amadurecimento e as
amizades construídas são ganhos que te acompanharão
pelo resto da vida.
Discente da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia e integrante do grupo PET Odontologia UFU. Email: [email protected]
Discente da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia.
Experiências do Grupo PET
25
Anfiteatro onde ocorrem as aulas
Biblioteca da Faculdade de Odontologia
Vestuário feminino da Faculdade de Odontologia
Laboratório Pré-clínico
Atendimento Pré-clínico
Mandíbula de suíno utilizada no laboratório pré-clínico
Figura 1 – Fotos da Faculdade de Odontologia da Université Claude Bernard Lyon 1 em Lyon, França
Fonte: Fotos produzidas por Júlia Medeiros
Referências:
1. FERREIRA, C. B. Intercâmbio e Cultura: Fatores que
incrementam a formação dos discentes de secretariado
executivo trilíngue da Universidade Federal de Viçosa. 45p.
2014. Monografia (Departamento de Letras). UFV, Viçosa, 2014.
2. SEBBEN, A. Intercâmbio Cultural – para entender e se
apaixonar. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2007.
3. SILVA, C. C. S. Mobilidade Corpórea de estudantes
internacionais: as motivações dos estudantes internacionais
acolhidos por instituições de educação superior localizadas
em São Paulo e Belo Horizonte. 162p. 2013. Dissertação
(Programa de Mestrado em Administração com Concentração
em Gestão Internacional) – ESPM - Escola Superior de
Propaganda e Marketing, São Paulo, SP, 2013.
26
Experiências do Grupo PET
4. TOMAZZONI, E. L.; OLIVEIRA, C. C.. TURISMO DE INTERCÂMBIO:
PERFIS DOS INTERCAMBISTAS, MOTIVAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES
DA EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL. Revista Turismo Visão
e Ação – Eletrônica, Vol. 15 - nº 3 - p. 388–408 / set-dez
2013. Disponível em: http://www.univali.br/ensino/posgraduacao/mestrado/mestrado-academico-em-turismo-ehotelaria/revista-turismo-visao-e-acao/. Acesso em: 14ago
2015 às 18horas.
ENTREVISTA COM EX- PETIANO MEMBRO DO GRUPO
NO PERÍODO DE 2008 A 2010.
Nome: Thiago Silva Santos
Idade: 28
Cursou faculdade: 2006/2010
Integrou o PET: 2008/2010
Setor que trabalha: Privado
Especialidade: Implantodontia
1) Porque você procurou fazer parte do grupo PET?
Escolhi o grupo pela oportunidade de me envolver
com a odontologia de uma forma impar, visto que no
programa, estaria desenvolvendo e participando de
projetos de extensão, ensino e pesquisa. Onde nesses
projetos eram abordados assuntos e temas variados.
2) Quais os maiores aprendizados você obteve com
essa experiência?
Os maiores aprendizados foram aperfeiçoar o
desenvolvimento de atividades em grupo, estimular o
poder de liderança e senso crítico dos indivíduos e ver a
profissão de uma maneira diferente.
3) Porque você optou por trabalhar no setor privado?
O PET teve alguma influencia nesse processo?
Optei por trabalhar no setor privado pelo fator
financeiro e por uma questão de realização profissional. O
PET teve influência nesse processo, pois foi participando
do grupo e seus projetos, que tive segurança na hora
tomar decisões perante as dúvidas e incertezas que
apareceram nesse tempo. Principalmente, a qual
caminho seguir depois de formado.
4) A experiência com o PET contribuiu de alguma
forma, direta ou indiretamente, para a sua posição
profissional atualmente?
O PET contribuiu indiretamente para minha posição
profissional atualmente, me dando a oportunidade de
experiências que me fizeram refletir sobre a profissão e
meu perfil de profissional, e com base nessas vivencias,
escolhi qual caminho eu seguiria dentro da profissão.
5) Qual das atividades desenvolvidas pelo PET até
então, você considera de maior influência na sua
formação profissional e crescimento pessoal?
Sem dúvida as atividades desenvolvidas na parte
de extensão, particularmente um projeto que me
marcou bastante, foi o PAD (Programa de Assistência
Domiciliar), onde com auxílio dos professores envolvidos,
aperfeiçoei minha capacidade técnica em diversas áreas
da odontologia, atuando em ambientes improváveis
e atendendo um perfil de paciente incomum em
consultório.
6) Você acredita que o PET te possibilitou ter uma
visão mais crítica e cidadã frente à sociedade?
Sim, uma das funções do programa é estimular a
fixação de valores de cidadania e consciência social dos
alunos integrantes.
7) Você tem alguma sugestão de projeto ou atividade
que o PET possa desenvolver, visando melhorar a
formação profissional e pessoal dos estudantes?
Sim. Promover atividades voltadas à gestão de
consultórios e planejamento financeiro do dentista
recém-formado. Vejo essa deficiência nos alunos recémformados. Quem nunca escutou um recém-formado
dizer “qual valor eu coloco nesse procedimento”?
Seria um tema interessante que o aluno levaria não
só para sua vida profissional, mas para a administração
de sua vida pessoal também.
8) O que te fez escolher sua Especialidade?
O motivo pelo qual eu escolhi a implantodontia foi
o grande interesse por reabilitação oral e cirurgia.
9) No seu ponto de vista, como está o Mercado de
Trabalho atualmente na cidade onde você trabalha?
Em Uberlândia com a grande quantidade de cursos
de atualização e especialização odontológica, junto com
os convênios odontológicos, faz com que o mercado se
torne difícil para o recém-formado, sem falar na grande
quantidade de profissionais que temos, que aumenta
ainda mais competitividade do mercado.
Mas isso não é motivo para desanimar, o bom
profissional ainda consegue sobressair-se a essa
situação!
10) Após a formatura uma nova fase se inicia,
e muitos recém-formados possuem dúvidas com
relação a onde trabalhar, qual especialidade
escolher e qual cidade morar. Você também passou
por isso? Se sim, como foi?
Assim como todo recém-formado passei por essa
fase. Quando me formei resolvi montar um consultório
particular em Uberlândia e trabalhar em uma clínica
onde atendia a convênios odontológicos.
Escolhi esse caminho, pois a convivência com
outros profissionais mais experientes possibilitaria uma
melhor troca de informações no exercício da profissão,
e eu não estaria me isolando no consultório com meus
conhecimentos adquiridos na graduação e cursos de
aperfeiçoamento. Essa experiência foi muito importante
para que eu chegasse onde estou hoje.
Trabalhei dessa forma durante 2 anos, período em
que fazia minha especialização em implantodontia.
Hoje trabalho em minha especialidade, realizando
reabilitações e desde então, não atendo convênios
odontológicos.
11) Por fim, qual conselho você daria aos alunos que
estão no último ano da graduação?
O meu conselho seria que o aluno procurasse
aproveitar a faculdade ao máximo nesse período,
participando do máximo de atividades possíveis,
procurando identificar qual área ele possui maior
interesse em exercer depois de formado, seja ela clínica
ou acadêmica. Se for escolher a parte clínica, que foi
a minha escolha, aqui vai outro conselho. Mesmo que
você não goste de alguma disciplina, não deixe-a de
lado na graduação, no mercado de trabalho você irá
precisar de todas elas para planejar os tratamentos de
seus pacientes.
Experiências do Grupo PET
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