A importância da análise de marcas de mordida em odontologia
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A importância da análise de marcas de mordida em odontologia
0 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE SAÚDE DE NOVA FRIBURGO CURSO DE ODONTOLOGIA BRENDA PEREIRA CARDOSO IZABELLA FONTANA FORTUNA A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE MARCAS DE MORDIDA EM ODONTOLOGIA FORENSE NOVA FRIBURGO 2016 0 i BRENDA PEREIRA CARDOSO IZABELLA FONTANA FORTUNA A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE MARCAS DE MORDIDA EM ODONTOLOGIA FORENSE Monografia apresentada ao Curso de Odontologia da Universidade Federal Fluminense/ Instituto de Saúde de Nova Friburgo, como Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Odontologia. Orientadora: Prof. Dra. ALESSANDRA AREAS E SOUZA Nova Friburgo 2016 i i C268i Cardoso, Brenda Pereira Cardoso. A importância da análise de marcas de mordida em odontologia forense. / Brenda Pereira Cardoso ; Isabella Fontana Fortuna ; Profª. Drª. Alessandra Areas e Souza, orientadora. -- Nova Friburgo, RJ: [s.n.], 2016. 58f. : il. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Saúde de Nova Friburgo, 2016. 1. Odontologia forense. 2. Mordida. 3.Investigação criminal. I. Fortuna, Isabella Fontana. II. Souza, Alessandra Areas e, Orientadora. III. Título. CDD M 614.1 i ii BRENDA PEREIRA CARDOSO IZABELLA FONTANA FORTUNA A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE MARCAS DE MORDIDA EM ODONTOLOGIA FORENSE Monografia apresentada ao Curso de Odontologia da Universidade Federal Fluminense/ Instituto de Saúde de Nova Friburgo, como Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Odontologia. Aprovada em: 22/03/2016 BANCA EXAMINADORA Prof. Dra. Alessandra Areas e Souza Prof. Dr. Renato Varges Prof. Dr. Wantuil Rodrigues Araujo Filho Nova Friburgo 2016 ii iii DEDICATÓRIA Aos nossos pais e familiares, que sempre nos apoiaram, desde o começo. Aos pacientes que tivemos e que iremos ter que nos confiam a sua saúde. iii iv AGRADECIMENTOS A Deus, por todas as benções em nossa trajetória acadêmica. Aos nossos familiares, que são nossos pilares e amor infinito. Aos nossos mestres que muito nos ensinaram e nos fizeram crescer profissionalmente, em especial a professora Alessandra Areas, pela orientação, atenção e dedicação. iv v RESUMO O objetivo do trabalho foi a revisão a literatura sobre análise de marcas de mordidas para investigação criminal e mostrar sucessos e falhas de casos investigados. Marcas de mordida são sinais deixados pelos dentes em superfícies ou objetos e podem auxiliar na resolução de crimes. Em uma analise de marca de mordida, é importante fazer o diagnostico diferencial entre mordidas humanas e de animais, analisar a consistência da pele, a localização das impressões, verificar se a lesão foi feita antes ou depois da morte, avaliar as mudanças do tamanho e forma da marca por causa da retração tecidual e analisar os registros das marcas de mordida em comparação com o arco dental do suspeito. A sistemática da análise tem como base o exame feito na vítima e no suspeito, fotografias, evidências de saliva, impressões e estudos de modelos e amostra de tecido. Existem alguns métodos que são utilizados para a análise, como moldagem, marcação de incisais, fotografia, superposição de imagens e por analise métrica. Os resultados dessas análises vão ser utilizados como auxílio à justiça para solucionar casos criminais, podendo ter sucessos e falhas, pois a efetivação da análise das marcas de mordida apresenta problemas práticos, o que limita bastante o seu estudo. Porém, existem poucos artigos sobre o assunto, e mesmo com as dificuldades, tem a possibilidade de conferir um grande poder incriminatório ou excludente em um julgamento. Palavras chave: Marcas de mordida. Perícia e identificação. . v vi ABSTRACT The objective was to review the literature on bite marks analysis for criminal investigation and show successes and failures of cases investigated. bite marks are signs left by the teeth on surfaces or objects and can assist in solving crimes. In a bite mark analysis, it is important to make the differential diagnosis between human bites and animal, analyze the consistency of the skin, the location of impressions to determine whether the damage was done before or after death, to assess the changes the size and mark shape because of tissue retraction and analyze the records of bite marks compared to the dental arch of the suspect. Systematic analysis is based on the examination done on the victim and the suspect, photographs, saliva evidence, impressions and study models and tissue sample. There are some methods that are used for the analysis, such as molding, incisal marking, photography, image overlay and metric analysis. The results of these analyzes will be used as an aid to justice to resolve criminal cases and may have successes and failures since the conclusion of the analysis of bite marks have practical problems, which greatly limits its study. However, there are few articles on the subject, and even with the difficulties, has the possibility of giving a great incriminating or exclusive power in a trial. Keywords: Bite marks. Expertise and identification. vi vii LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 2.1 Vários níveis de gravidade uma marca de mordida ........... Figura 2.2 Coleta da saliva: sempre que possível, seguindo as normas 21 laboratoriais........................................................................... 25 Figura 2.3 Análise métrica da marca de mordida................................ 27 Figura 2.4 Erros fotográficos comuns................................................. 28 Figura 2.5 Aplicação de polivinilsiloxano na marca de mordida para 29 molde..................................................................................... Figura 2.6 Excisão da marca de mordida com anel rígido de plástico 29 Figura 2.7 Exemplo de uma amostra de mordida através de cera 32 amolecida.............................................................................. Figura 2.8 Comparação da marca de mordida com o modelo do 33 suspeito................................................................................. Figura 2.9 Ted Bundy e sua fotografia intraoral.................................. vii 41 viii LISTA DE QUADROS Quadro 2.1 Métodos indiretos para a análise das marcas de mordida ...... 35 Quadro 2.2 Técnicas modernas para análise das marcas de mordida....... 36 viii ix SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11 2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 13 2.1 Odontologia legal ........................................................................................... 13 2.2 Atuação do especialista em odontologia legal ................................................ 14 2.3 Perícia em foro criminal .................................................................................. 15 2.4 Identificação humana ..................................................................................... 17 2.5 Marcas de mordida ......................................................................................... 19 2.6 Critérios para identificação através das mordeduras...................................... 22 2.7 Roteiro para exame sistemático das mordeduras .......................................... 23 2.7.1 Análise das impressões de mordida ............................................................ 24 2.7.2 Descrição da marca de mordida .................................................................. 26 2.8 Coleção de evidências na vítima .................................................................... 26 2.8.1 Fotografia .................................................................................................... 27 2.8.2 Impressões .................................................................................................. 28 2.8.3 Amostra de tecido........................................................................................ 29 2.9 Coleção de evidências no suspeito ................................................................ 29 2.9.1 História odontológica ................................................................................... 30 2.9.2 Exame clínico: extra bucal e intra bucal ...................................................... 30 2.9.3 Fotografia .................................................................................................... 31 2.9.4 Coleta de saliva ........................................................................................... 31 2.9.5 Moldagem da mordida ................................................................................. 31 2.9.6 Modelos de estudo ...................................................................................... 32 2.9.7 Impressões .................................................................................................. 32 2.10 Comparação das marcas de mordida com as moldagens do suspeito ........ 33 2.11 Análise das evidências ................................................................................. 36 2.12 Resultados das análises............................................................................... 37 2.13 Preservação da marca ................................................................................. 38 2.14 Falhas e sucessos na análise de marcas de mordida .................................. 39 2.14.1 Falhas de análise e condenações injustas ................................................ 40 2.14.2 Sucesso de análise e casos de condenações ........................................... 40 ix x 3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 43 5 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 44 6 CONCLUSÃO ................................................................................................... 48 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 49 ANEXOS .......................................................................................................... 52 x 11 1 INTRODUÇÃO O objetivo das perícias odontológicas é, em muitos casos, contribuir para ajudar o juiz que vai analisar e julgar uma ação, fundamentando sua decisão o mais próximo possível da realidade dos fatos, evitando prejuízos e eventuais injustiças para as partes envolvidas no processo. A odontologia legal vem desempenhando papel de grande importância em várias áreas onde pode ser aplicada. No que se refere à Antropologia Forense, mais especificamente na parte de Identidade e Identificação, é possível estabelecê-las a partir dos dentes e das suas impressões deixadas em alimentos ou mesmo em pessoas. A identificação em Odontologia Legal é um aspecto complexo e, por isto, considerada uma das mais importantes funções do perito médico e odontolegal (FRANÇA, 1998). A unicidade da mordida se dá nos seus formatos ovais, elípticos ou circulares, tamanhos e em características específicas, como a profundidade da incisão, laceração, tipo de deslocamento de tecido, objeto ou alimento, grau de rotação de unidades dentárias, fraturas, anomalias, desgastes, entre outras coisas, que vão, enfim caracterizar como sendo do referido indivíduo (MARQUES, 2004). O seu estudo pode ser feito utilizando as mesmas técnicas que utilizam para comparar outros indícios físicos ou marcas deixadas por instrumentos. Assim para analisar marcas de mordidas, foi feito um exame cuidadoso na lesão, medições minuciosas, de modo a poder compará-las com as características próprias dos arcos dentais do suspeito. Além da identificação do agente, podem ser identificados pontos fundamentais na investigação forense pela análise das marcas de mordida, como a violência da agressão; a precedência ou sequência na produção das mordidas, quando mais de uma; reação vital das lesões, para determinar se foram produzidas 12 intra vitam ou post mortem; data aproximada das mesmas, isto é, tempo transcorrido entre sua produção e o exame. Porém, a análise das marcas de mordidas oferece problemas práticos para sua efetivação, entre essas dificuldades estão, a dificuldade de reconhecimento das mordidas, que, por vezes, passam inadvertidas durante a perinecroscopia; por tratarse de lesões que se alteram com o tempo, o lapso transcorrido entre a produção da lesão e o exame, e a colheita do material pode ser de vital importância; A pele não é um suporte adequado para conservar as marcas de mordida, nem para facilitar a coleta das impressões. Por isso que o reconhecimento rápido das mordidas, uma boa técnica de coleta de impressões e uma avaliação bem descrita de todas as evidências que se dispõe serão elementos imprescindíveis para minimizar as divergências. O procedimento de reconhecimento das marcas de mordida é feito através de fases. A primeira é o reconhecimento da mordida e colheita do material, por moldagem, para análise; a segunda é a colheita de amostras do suspeito e moldagem; e a terceira é o confronto das marcas de mordidas com as amostras obtidas do suspeito. O objetivo deste trabalho é revisar a literatura sobre a análise das marcas de mordida e suas técnicas. 13 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ODONTOLOGIA LEGAL A Odontologia Legal emergiu da casualidade e tornou-se evidente após alguns acidentes que apontaram para a necessidade de técnicas de identificação das vítimas, sendo que uma das alternativas utilizadas foi o reconhecimento dos corpos através dos dentes. Segundo Vanrell (2009), ela constitui, a rigor, um dos ramos da Medicina Legal, com a qual colabora, fazendo ou complementando exames especializados relativos ao arco dentário e anexos, a tratamentos executados, peças dentárias e/ou protéticas e a vestígios da ação lesiva provocada pela mordedura. De acordo com Ingle (2002), a Odontologia Legal ou Forense é a especialidade que relaciona a Odontologia com o Direito, permitindo o fornecimento de esclarecimento ou resolução de questões jurídicas, utilizando conhecimentos odontológicos, sendo que estas questões podem estar relacionadas com as diversas áreas do Direito, normalmente envolvendo ações de indenização por erro odontológico, lides trabalhistas, processos éticos e criminais. Segundo Vanrell (2009), ela apresenta três áreas precípuas de atuação, a saber: 1. exame de diagnóstico e terapêutico, com avaliação dos danos de maxila, mandíbula,dentes e tecidos moles da boca; 2. identificação de indivíduos achados em investigações criminais e/ou em desastres em massa e avaliação de mordeduras que aparecem com frequência em agressões sexuais, maus-tratos infantis e em situações de defesa pessoal; 3. avaliação de mordeduras. 14 A Lei nº 5.081 que regulamenta o exercício da Odontologia deixa claro que o odontólogo pode atuar como perito, em foro civil, criminal, trabalhista e administrativo, realizando perícias como as de lesões corporais, responsabilidade profissional, acidente de trabalho, identificação e avaliação de dano (GONÇALVES; TRAVASSOS; SILVA, 1999). 2.2 ATUAÇÃO DO ESPECIALISTA EM ODONTOLOGIA LEGAL A atuação do profissional em Odontologia Legal restringe-se à análise, perícia e avaliação de eventos relacionados com a área de competência do cirurgião-dentista, podendo estender-se a outras áreas, se as circunstâncias o exigirem. As áreas de competência para a atuação do especialista em Odontologia Legal incluem: identificação humana; perícia em foro civil, criminal e trabalhista; perícia em área administrativa; perícia, avaliação e planejamento em infortunística; tanatologia forense; elaboração de autos, laudos e pareceres, relatórios e atestados; traumatologia em odontologia legal; balística forense; perícia logística no vivo, no morto, íntegro ou em suas partes fragmentadas; perícias em vestígios correlatos, inclusive de manchas ou líquidos oriundos da cavidade bucal ou nela presentes; exames por imagem para fins periciais; deontologia odontológica; orientação de odontologia legal para o exercício profissional e exames por imagens para fins de odontologia legais (SILVA, 1997). Sobre a elaboração de documentos, compete apenas ao perito oficial cirurgião-dentista emitir laudo conclusivo quanto à capacidade ou incapacidade laboral. Ainda, cabe à junta odontológica oficial, sempre que julgar necessário, solicitar pareceres de cirurgiões-dentistas especialistas, ou mesmo de profissionais de outras áreas para esclarecimentos de diagnósticos, para opinar em assuntos de suas competências ou para fundamentar laudos odontopericiais (CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA, 2009). A atuação do odontolegista é regulada pelos artigos63 e 64 da Resolução CFO – 63/2005, que é intitulada “Consolidação das normas para procedimentos nos Conselhos de Odontologia”. De acordo com essa resolução, a atuação do profissional especialista em Odontologia Legal restringe-se à análise, perícia e avaliação de eventos relacionados coma área de competência do cirurgião-dentista, 15 podendo estender-se a outras áreas (CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA, 2005). O perito é encarregado de servir como auxiliar da justiça, esclarecendo pontos específicos distantes do conhecimento jurídico do magistrado. Entende-se como perícia o conjunto de procedimentos médicos/odontológicos e técnicos que têm como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da justiça. A perícia médico-odontolegal consiste em procedimentos que auxiliam a justiça, tendo como finalidade produzir uma prova que vai ser materializada com o laudo. Tal perícia é praticada por médico ou cirurgião-dentista por meio de exames clínicos, radiográficos, laboratoriais, necroscópicos entre outros (PERES et al., 2007). 2.3 PERÍCIA EM FORO CRIMINAL No âmbito criminal, o odontolegista pode atuar na identificação no vivo, no cadáver e em perícias antropológicas. Sua atuação também pode ser dar em perícias de lesões corporais, determinação da idade, perícias de manchas, determinação da embriaguez alcoólica e em outros exames periciais (PERES, 2007). O cirurgião-dentista pode atuar em perícias criminais desde que seja solicitado e tenha conhecimento adequado para desempenhar a função de perito, que é a pessoa que realiza exames técnicos de sua especialidade ou competência para esclarecimento de fatos que são objeto de inquérito policial ou processo judicial (ALMEIDA JUNIOR et al., 2012). O perito é encarregado de servir como auxiliar da justiça, esclarecendo pontos específicos distantes do conhecimento jurídico do magistrado, estes devem possuir conhecimentos biológicos específicos e noções do pensamento jurídico, visto que auxiliam em uma decisão judicial e seu laudo pode determinar a resolução de um caso. Mas a atuação do perito é limitada, pois ele não julga, defende e acusa, o seu dever é examinar e relatar os fatos necessários para o esclarecimento de um processo. Os peritos podem ser oficiais, exercem a função por atribuição de cargo público (médicos legistas, peritos criminais e odontolegistas), realizam os exames de corpo de delito e outras perícias requisitadas, cabendo-lhes os exames, a elaboração e a assinatura dos laudos correspondentes, e os peritos não oficiais, que 16 são aqueles designados para suprirem a falta de peritos oficiais, ou para substituílos, quando, por estiverem estes impedidos ou impossibilitados de trabalhar (PERES et al., 2007). As perícias criminais são aquelas decorrentes de um evento delituoso, de modo que deve haver um suposto crime. O cirurgião-dentista pode atuar nesses casos, auxiliando no esclarecimento dos fatos, basicamente elucidando a materialidade, a dinâmica e autoria do crime. Para proceder à perícia, os peritos contam com o exame médico-legal, que é realizado sobre os vivos; exame de necroscopia, feito sobre cadáveres; exame de exumação, realizado mediante a retirada do cadáver da sepultura; e exame laboratorial, para verificar toxicologia e identificação de DNA (PERES et al., 2007). O odontolegista na perícia deve utilizar as vias de cabeça e pescoço e fazer anotações, desenhos, fotografias e tudo que for necessário para que o exame fique bem descrito. O ideal é que não sejam necessários esclarecimentos posteriores, por meio de um segundo exame. Todas as informações obtidas no exame dentário devem ser registradas em odontograma próprio, preferencialmente em um modelo internacional, para permitir a troca de dados entre países (RFO, 2013). O exame do DNA é um método de alta confiabilidade, porém possui algumas limitações, como alto custo, possibilidade de degradação e dificuldade de localizar os parentes próximos das vítimas para estabelecer o vínculo genético (SILVEIRA, 2006). A identificação pode ser feita no vivo, em casos de dentadas ou mordeduras na vítima, no agressor ou em alimentos; no cadáver em adiantado estado de putrefação, quando a identificação datiloscópica é impossível; em carbonizados; em afogados nos quais as polpas digitais tenham sido destruídas; em grandes catástrofes; em casos de dilaceração do corpo e em perícias antropológicas, no crânio esqueletizado (SILVA, 2007). A identificação de cadáveres carbonizados, putrefeitos ou esqueletizados, por meio das características odontológicas, pode ser classificada como uma metodologia do tipo comparativa, pois confronta informações obtidas de documentação ante-mortem com dados coletados post-mortem e, didaticamente, é dividida em três etapas: exame dos arcos dentários do cadáver, exame da documentação odontológica e confronto odontolegal (SILVA, 2009). 17 2.4 IDENTIFICAÇÃO HUMANA A Odontologia Legal é útil na identificação de vítimas mortais, principalmente nas situações de catástrofes e de conflitos armados que ocorrem frequentemente, na identificação de agressores em processos criminais, passando por avaliação e reparação de danos corporais, e até na identificação de alguns tipos de intoxicações (SANTOS, 2012). A identificação humana é o processo pelo qual se determina a identidade de uma pessoa, sendo a análise odontológica um dos métodos rotineiramente utilizados, juntamente com outros parâmetros biológicos, como a análise papiloscópica, a análise da íris e a análise genética. Vale ressaltar que a condição em que o corpo da pessoa é encontrado determina a metodologia a ser empregada (PARANHOS et al., 2009). Um dos recursos odontológicos para identificação humana é a utilização de registros odontológicos. A documentação produzida em decorrência dos atendimentos odontológicos, geralmente, possui finalidade clínica e propicia ao profissional, a qualquer momento, a consulta sobre o estágio em que se encontra o tratamento de seu paciente, bem como a análise dos procedimentos efetuados. Além da possibilidade de acompanhamento clínico, a documentação serve como prova passível de ser utilizada com finalidade jurídica ou pericial, como imputação de erro profissional e identificação humana, utilizando-se as informações registradas em fichas clínicas, podendo estar associadas a exames radiográficos, modelos de gesso ou imagens intra bucais (TERADA et al., 2011). O cirurgião-dentista deve ser detalhista ao registrar dados referentes à identificação do paciente, anamnese, exame físico geral, extra e intra bucal com preenchimento de odontograma, identificando ausências dentárias, restaurações, tratamentos endodônticos, implantes, giroversões, próteses, dentre outras características, plano de tratamento com opções terapêuticas, bem como no que concerne à evolução do tratamento. Em situações nas quais os vestígios humanos tornam-se escassos, a identificação por meio dos elementos dentários justifica-se, dentre outros fatores, por estes apresentarem inúmeras características peculiares, que tornam impossível a existência de duas pessoas com as mesmas características, mesmo os gêmeos monozigóticos. Os elementos dentários e as estruturas de suporte podem fornecer diversos dados sobre o cadáver e restos 18 cadavéricos, como a espécie, a estatura, fenótipo, genótipo, gênero e idade, estigmas resultantes de profissões ou hábitos pessoais, entre outros. Além disso, os dentes e materiais odontológicos possuem considerável resistência física e química à ação do calor, de traumatismos e alguns agentes químicos (DA SILVA, 2008). Na opinião de Silveira (2006), existem casos em que a identificação humana não pode ser realizada por meio de métodos odontológicos tradicionais como, por exemplo, pelos arcos dentários, portanto, as amostras de DNA por meio dos dentes é a estratégia ideal. Mesmo se o dente estiver fragmentado é, na maioria dos casos, possível fazer a coleta e análise do DNA. A polpa dental é um dos poucos materiais orgânicos disponíveis para análise do DNA, em alguns casos especiais, como acidentes aéreos e corpos carbonizados ou putrefatos. Isto é possível devido à capacidade do dente em agir como uma cápsula protetora das células da polpa dentária, preservando o material genético até uma temperatura externa de 600ºC, de onde se pode extrair o DNA para análise. A resistência dos dentes e dos materiais restauradores é fator que viabiliza a utilização do método odontológico nas identificações post-mortem, principalmente nos corpos carbonizados e/ou calcinados, putrefeitos e esqueletizados. Com efeito, a indestrutibilidade é uma característica que confere maior resistência ao dente do que ao próprio osso a altas temperaturas (SANTOS, 2012). As anotações presentes em fichas clínicas sobre os procedimentos efetuados, associados aos materiais restauradores e às particularidades radiográficas dos elementos dentários e áreas circundantes, podem permitir uma identificação positiva de vítimas. Tendo em vista a diversidade de procedimentos reabilitadores que podem ser efetuados durante a prática clínica, torna-se importante que o cirurgião-dentista esteja atento para o correto registro, acondicionamento e arquivamento das peças que compõem a documentação odontológica: o prontuário odontológico, exames por imagem, modelos de gesso e fotografias (SILVA, 2008). Além disso, marcas para identificação em próteses dentárias são importantes porque, ainda que possam ser obtidos, os registros odontológicos de um paciente edêntulo têm chances de não reproduzir o estado atual dos rebordos e osso alveolar. Informações comumente utilizadas para marcas de identificação em próteses dentárias removíveis incluem o nome da pessoa, número da carteira de motorista e/ou outra informação numérica. Por saber da importância clínica e legal do prontuário odontológico para resguardar o exercício da Odontologia, o CFO 19 disponibiliza um modelo de prontuário, devendo o cirurgião-dentista observar o seu conteúdo e adaptá-lo à sua rotina clínica (NEVILLE, 2009). Segundo Neville (2009), independentemente do método utilizado para identificação do cadáver, os resultados da comparação de ante-mortem e postmortem levam a uma das quatro situações seguintes: identificação positiva - quando existe singularidade suficiente entre os itens comparáveis nos bancos de dados; identificação presumível (possível) - existem características em comum entre os itens comparáveis nos dados ante-mortem e post-mortem, entretanto, informações oriundas de ambas as fontes podem ser insuficientes; evidência insuficiente para identificação - não existe evidência suficiente disponível; exclusão das evidências de identificação - existem tanto discrepâncias explicáveis como inexplicáveis entre os itens comparáveis nos dados antemortem e post-mortem. 2.5 MARCAS DE MORDIDA Denominam-se mordidas, em Odontologia Legal, as marcas deixadas pelos dentes, humanos ou de animais, na pele de pessoas vivas, de cadáveres ou sobre objetos inanimados de consistência relativamente amolecida (VANRELL, 2009). Segundo Marques; Galvão e Silva (2007) a lesão causada pelos dentes na pele pode ser uma simples contusão ou até mesmo uma ferida corto-contusa e, a depender da intensidade da ação traumática, partes do corpo podem ser seccionadas. Ainda segundo estes autores, tais lesões podem apresentar-se com aspecto bem característico, de fácil identificação pelo aspecto próprio e inconfundível, caso sejam recentes e produzidas pelos dois arcos dentários. Marcas de mordida são lesões causadas por um ou mais elementos dentários, sozinhos ou combinados com outras estruturas da boca e podem estar presente na pele da vítima ou do agressor, ou ainda em alimentos ou objetos presentes na cena do crime. A base científica para identificação e interpretação das marcas de mordidas é a unicidade da dentição. As marcas deixadas pelos dentes ou outros elementos 20 rígidos da boca sobre um determinado suporte, possuem características individualizadoras, sendo possível identificar a pessoa que provocou a lesão, partindo-se do pressuposto de que o arco dentário é único em cada indivíduo. De um modo geral, não existem dois arcos dentários idênticos, isto devido a fatores como tamanho, forma, alinhamento, comprimento, desgastes, rotações, diastemas, restaurações e características acidentais, como fraturas, sendo que a base cientificada análise de impressões dentárias é enraizada na premissa da individualidade da dentadura humana e que suas características podem ser facilmente transferidas para um suporte (PRETTY, 2006). Apesar da dentição humana ser única, é difícil provar que uma marca de mordida foi produzida por uma determinada dentição, os elementos chave para analisar uma marca de mordida dependem da quantidade de detalhes nas informações da mordida e no arco dental do agressor, sendo ambos imprescindíveis na investigação dos peritos odontolegais. O dogma central da análise das marcas de mordidas é baseado em dois pressupostos: o primeiro é que a dentição é única e o segundo é a quantidade suficiente de detalhes devido a esta singularidade, permitindo assim a identificação da mordida (VANDER VELDEN; SPIESSENS; WILLEMS, 2006). A análise das marcas de mordida pode ser feita por meio das suas evidências físicas e biológicas. No que diz respeito às evidências físicas, seu estudo contempla a comparação das características individuais do suspeito com a marca de mordida presente na vítima. A análise da evidência biológica é realizada por meio da saliva existente no objeto que foi alvo da agressão, registrando-se que uma marca de mordida é acompanhada pela presença de saliva (ALMEIDA, 2012). De acordo com Silver e Souviron, (2009) as marcas de mordidas podem ser classificadas de acordo com a sua severidade: Classe I: a marca de mordida é difusa e sem grande valor para comparação com o suspeito. Nenhuma marca individual dentária esta identificação. Pode existir uma ou ambas as arcadas dentárias levemente marcadas; Classe II: esta marca de mordida permite a diferenciação de algumas características dentárias individuais, permitindo a identificação de algumas peças dentárias. As arcadas, superior e inferior, podem ser identificadas. Esta classe é mais utilizada como forma de exclusão, do que inclusão de um suspeito; 21 Classe III: a marca de mordida apresenta excelente morfologia dentária em pelo menos uma das arcadas. Determinadas formas dentárias e a sua posição na arcada podem ser identificadas. Classe IV: esta marca de mordida apresenta uma incisão ou, possivelmente uma excisão dos tecidos. O sangue esta presente na superfície. Nesta classe será difícil, senão mesmo impossível, obter um perfil dentário do suspeito. No entanto, esta lesão irá ser permanente ou mesmo desfiguraste. De acordo com Pretty (2008), existem três fatores que influenciam a gravidade da lesão: a força com a qual foi afligida, a área anatômica onde foi produzida e o tempo decorrido entre a produção da lesão e a sua descoberta. Figuras 2.1 (1,2,3,4,5,6) - Vários níveis de gravidade de uma marca de mordida Fonte: Bowers, 2004 22 2.6 CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO ATRAVÉS DAS MORDEDURAS Segundo Vanrell (2012) as marcas de mordidas podem oferecem diversos problemas práticos para sua efetivação, como a dificuldade do reconhecimento das mordidas durante a necroscopia, as lesões se alteram com o tempo, os padrões das mordidas são bastantes variáveis, a pele não é um suporte adequado para conservar as marcas de mordida e nem para facilitar a coleta de impressões, entre outros problemas. Para Marques, Galvão e Silva (2007), a dinâmica da mordida envolve diversas partes do sistema bucomaxilofacial e o conhecimento quanto ao seu mecanismo é de fundamental importância durante o estudo das impressões dentárias, sendo assim, o estabelecimento desses critérios técnicos permite uma avaliação mais individualizada para o desenvolvimento do complexo processo de identificação por meio das mordidas encontradas na pele humana, alimentos ou objetos. Em mordidas na pele, normalmente se visualiza a marca dos arcos dentários superior e inferior, mais precisamente dos seis dentes anteriores, formando uma impressão oval ou circular, sendo que no centro desta marca visualizamos uma mancha,originada da sucção ou pressão da língua. A pele humana apresenta-se como uma estrutura de difícil análise, devendo-se levar em conta alguns fatores: os dentes do agressor, a ação da língua, lábios e bochechas diante da ação da mordida, o estado mental do agressor, a parte do corpo que foi atingida, dentre outros fatores, como momento da agressão (antes ou depois da morte), reação dos tecidos adjacentes à lesão, posição do corpo ao ser encontrado e quando ocorreu a mordida (HERAS et al., 2005). Dessa forma, o reconhecimento rápido das mordidas, uma boa técnica de coleta de impressões e uma avaliação minuciosa de todas as evidências disponíveis serão elementos imprescindíveis para minimizar as divergências. O protocolo de análise para comparação de marcas de mordida é feito através de duas categorias: análise métrica e associação padrão. Na análise métrica, cada detalhe ou traço do dente do suspeito encontrado na lesão deve ser medido e registrado, enquanto a associação padrão tem como principal instrumento a sobreposição das imagens, sendo que esta pode ser feita de duas formas: manual 23 ou digitalizada. As formas manuais utilizam folhas de acetato transparente ou semitransparente, posicionadas sobre os modelos de gesso, e as técnicas digitalizadas são feitas através do escaneamento das imagens ou de fotografias digitais, podendo ser manipuladas através do emprego de programas de computador (Kouble e Craig, 2004). O procedimento de identificação através das marcas de mordida é baseada em três fases: 1. Reconhecimento da mordida e coleta do material, por moldagem, para análise posterior. 2. Coleta de amostras do suspeito e moldagem 3. Confronto das marcas de mordidas com as amostras obtidas do suspeito. As mordidas humanas são identificadas pelo tamanho das lesões produzidas e pelo seu formato, que pode apresentar características ovóides e elípticas. Deve-se observar a distância entre os caninos dos maxilares, que deverá medir entre 2,5cm e 4,5cm. Se essa medida for inferior a 3,0 provavelmente pertencerá a uma criança, que possui dentição decídua, de acordo com Silva (1997). 2.7 ROTEIRO PARA EXAME SISTEMÁTICO DAS MORDEDURAS Os primeiros passos quando o perito se encontra diante de uma marca de mordida são: analisar se esta pertence ao ser humano ou a um animal; excluir a possibilidade de ser causada por automutilação; verificar a existência de equimoses e outras lesões, observar se a lesão representa a impressão de arco duplo ou não, diagnosticar se foram produzidas em vida ou post-mortem (nos cadáveres) (MARQUES, 2004). Em 1984, o Conselho Americano de Odontologia Legal estabeleceu as normas de procedimentos para análise de marcas de mordida com finalidade de padronizar o exame e, principalmente, a descrição. Essas normas não contêm métodos específicos de análise para comparação. O exame é dividido em três etapas: 1. Descrição da marca de mordida. 2. Coleção de evidências da vítima. 3. Coleção de evidências do suspeito. 24 2.7.1 Análise das marcas de mordida Exame visual: De acordo com Vanrell (2012) o exame visual tem por objetivo identificar se trata de uma mordida humana, para isso, deve-se ter um conhecimento suficiente das formas dos arcos dentais humanos, bem como da morfologia de cada unidade dentária e das transformações que possam ter ocorrido em situações de trauma, por exemplo. Uma marca de mordida humana estaria caracterizada com as seguintes zonas, de fora para dentro, equimose, escoriações ou lesões corto-contusas e equimoses de sucção. A equimose é em área difusa, mais ou menos intensa, limitando externamente a área, provocada pela pressão dos lábios. As escoriações ou lesões corto-contusas são as marcas deixadas pelos dentes anteriores – incisivos e caninos, ou pela superfície do palato. E a equimose de sucção é provocada pela língua ou pelo vácuo criado pelo agente. A forma circular ou elíptica da marca da mordida humana, resultante da somatória dos arcos superior e inferior, com frequência pode ser acompanhada por equimoses puntiformes de sucção e por escoriações superficiais. A marca deixada pelos incisivos se corresponde com um retângulo alongado para cada um, ao passo que as marcas dos caninos são de forma triangular ou estrelada. Em geral pré-molares e molares não deixam marcas, exceto quando o segmento mordido, pelo seu tamanho menor, é passível de “entrar na boca” do agente, nesses casos as marcas tem formato de largos retângulos, com pressões variadas em função das cúspides. Registro fotográfico: De acordo com Vanrell (2012) o registro fotográfico é um dos melhores métodos de registro. É duradouro, eficiente e barato. As fotografias são passíveis de serem preservadas, documentadas e analisadas, constituindo uma parte essencial das evidências, podendo em alguns casos, ser o único registro atual da injúria perante um tribunal, podendo ser usadas meses ou anos após o crime (MARQUES, 2004; MAIOR 2007). A técnica deve ser cuidadosa, para evitar distorções, para isso, recomenda-se manter o paralelismo entre o filme e a marca, incluir sempre uma escala ou régua milimetrada, fazer as fotografias com luz natural, com flash, em cores, ou em preto e branca e com filme para infravermelho; começar sempre com tomadas panorâmicas, para 25 depois centrar-se nos detalhes através das fotografias em close; tirar fotografias em dias sucessivos, notadamente entre o terceiro e o quinto dias. Mordidas como indícios biológicos: toda vez que alguém morde, deixa escapar sua saliva no local da lesão, por isso, o exame de saliva, para fins de identificação, como mostra a figura 2.1, que permite o estudo do grupo sanguíneo do agressor, a identificação do DNA e a pesquisa da amilase salivar em torno da lesão, que irá comprovar se trata de uma mordida, em casos de situações dúbias. Toda vez que existe uma mordida, e mesmo antes de se proceder com os curativos, deve-se tentar colher o máximo possível de células orais vindas da saliva e que tenham ficado no local. Esta é uma colheita inadiável, já que os vestígios são perecíveis, por isso sua prioridade. O material para extração do DNA e amplificações em amostras de saliva sobre a pele oferece os melhores resultados utilizando dois cotonetes (swabs) sucessivos: o primeiro cotonete umedecido em água destilada, fazendo-o girar em toda a região e deixando-o depois secar ao ar; o segundo cotonete seco, passando-o na mesma área em que foi passado o primeiro; colocar ambos os cotonetes, sem contato manual, em envelopes de papel secos e encaminhá-los ao laboratório; enviar ao laboratório que pesquisa o DNA uma pequena amostra do sangue da vítima. A remessa do sangue da vitima é importante para estabelecer o seu perfil de DNA, pois suas células cutâneas ou sanguíneas poderão contaminar a saliva retirada pelos cotonetes (VANRELL, 2012). Figura 2.2 - Coleta da saliva: sempre que possível, seguindo as normas laboratoriais Fonte: (ebrafol.org) 26 2.7.2 Descrição da marca de mordida O odontolegista deverá proceder a uma descrição minuciosa da lesão, obedecendo à sequência (VANRELL, 2012). Nos dados demográficos deve conter o nome da vítima, número do caso, data do exame, pessoa para contato, idade da vítima, sexo da vítima e nome do examinador. A localização da mordida deve conter a localização anatômica, a superfície de contorno (liso, curvo ou irregular), as características teciduais (estruturas subjacentes – osso, cartilagem, músculo e gordura; pele – fixa ou móvel). Deve conter a descrição da forma da marca de mordida (circular, oval, crescente ou irregular). A cor da lesão deve ser registrada (vermelha, rosa, amarela) As dimensões verticais e horizontais devem ser anotadas, de preferência utilizando o sistema métrico padrão, para se medir o tamanho da lesão. E por fim, o tipo de lesão, que é classificada em Equimose, Hemorragia, Abrasão, Avulsão, Laceração, Artefato e Incisão. Equimose: em área difusa, mais ou menos intensa, limitando externamente a área, provocada pela pressão dos lábios. Hemorragia - uma mordida com sangramento profuso. Abrasão - um arranhão na pele. Avulsão - mordida resultando na remoção da pele. Laceração - um ferimento perfurante. Artefato - quando uma parte do corpo, como o lobo da orelha, é removida com a mordida. Incisão - um ferimento limpo, nítido. 2.8 COLEÇÃO DE EVIDÊNCIAS NA VÍTIMA Provas devem ser colhidas da vítima após a obtenção de autorização das autoridades. Determinar se a marca de mordida foi afetada por lavagem, contaminação, embalsamento, decomposição ou mudança de posição. Após tal exame, realizam-se os seguintes procedimentos: 27 2.8.1 Fotografia As tomadas da lesão devem ser feitas utilizando-se uma escala de referência que deve ser posicionada no mesmo plano ou adjacente à marca. A escala permite que a lesão seja medida e preparada como representação do tamanho verdadeiro. A régua milimetrada número 2, foi desenvolvida pelo Conselho Americano de Odontologia Legal para uso nesse tipo de fotografia. Tal instrumento contém duas escalas métricas, uma das quais na cor cinza, símbolos circulares e grades para correções. Cada um desses componentes é utilizado para explicar possíveis distorções nas fotografias que podem anular o valor da evidência fotográfica, de acordo com o anexo outras fotografias deverão ser feitas, dessa vez sem as escalas de referência para que nenhuma área da lesão seja escondida.No caso de vítimas vivas, realizam-se fotografias em sequência durante vários dias, esse procedimento documenta as mudanças de coloração associada à cicatrização da lesão (VANRELL, 2012). Figura 2.3 - Análise métrica da marca de mordida Fonte: blogspot professora Alessandra Areas 28 Figura 2.4 - Erros fotográficos comuns Fonte: Pretty, 2008 2.8.2 Impressões Deverão ser tomadas impressões de superfícies da marca de mordida. Não há uma indicação específica de qual material deve ser usado para impressão, o Conselho recomenda que seja um material aprovado pela American Dental Association (ADA) e que ele seja registrado no relatório. Os vinis polissiloxanos são materiais estáveis dimensionalmente e que têm uma boa indicação nesses casos. Materiais hidrocoloides, como alginato e poliéster não são recomendados devido a problemas relacionados à estabilidade por longos períodos. As resinas nãoexotérmicas têm sido usadas para criar moldeiras rígidas para a impressão dessas lesões, e todas as moldeiras com impressões e moldes devem ser etiquetadas. Para se obter o modelo, deve-se utilizar um material de alta precisão – gesso, que reproduza com qualidade e sem falhas todos os detalhes do molde. Os moldes e modelos de trabalho devem ser duplicados a partir do original. 29 Figura 2.5 - Aplicação de polivinilsiloxano na marca de mordida para molde Fonte: Bowen, 2004 2.8.3 Amostra de tecido Nesse caso, só podem ser retirados de cadáveres. A técnica se resume à colocação de um anel rígido de plástico colado a pele, em volta da área, suturar e de seguida fazer uma incisão com bisturi. É conservada numa solução de formol a 4%. Figura 2.6 - Excisão da marca de mordida com anel rígido de plástico Fonte: Rothwell, 1995 2.9 COLEÇÃO DE EVIDÊNCIAS NO SUSPEITO A coleta das impressões do suspeito é autorizada mediante uma ordem emitida judicialmente. A recolha de provas da mordida suspeita só deve ter início depois que o adequado consentimento for adquirido. O consentimento tem que ser escrito e assinado pelo suspeito, bem como uma testemunha (MARQUES, 2004). 30 O odontolegista, conforme Vanrell, 2012, deve investigar se foi realizado algum tratamento dentário no suspeito após a data da marca de mordida.Nesta recolha, deve-se incluir: história, exame clínico, registro fotográfico, recolha de saliva, impressões, modelo de estudo.A coleta de amostras do suspeito é necessária para comparação das marcas, incluindo mordida em lâmina de cera; moldagem dos arcos dentários, superior e inferior, que posteriormente deverão ser montados no articulador, verificando se a mordida na cera se adapta aos mesmos como está descrito a seguir. 2.9.1 História odontológica Deve conter a história odontológica detalhada do indivíduo incluindo o histórico de todos os tratamentos dentários realizados antes e após a suspeita da data da marca de mordida, como restaurações, próteses, tratamentos endodônticos, exodontias, entre outros (VANRELL, 2012). 2.9.2 Exame clínico extra bucal e intra bucal No exame extra bucal inclui o registro de fatores significantes de tecidos duros e moles que podem influenciar na dinâmica da mordida, como o estado da articulação temporomandibular, assimetria facial, tônus muscular e balanceamento da mordida. A medida da abertura interincisal máxima, o registro de algum desvio na abertura ou fechamento, ou outras desarmonias oclusais são muito importantes. No exame intra bucal envolve a análise de todas as particularidades odontológicas presentes nos remanescentes dentários e nas demais estruturas do complexo bucomaxilofacial do corpo examinado, relacionadas com a presença e/ou ausência de dentes, cáries, restaurações, incluindo faces e materiais, tratamentos endodônticos, próteses, anomalias, giroversões, apinhamentos, entre outras características. No exame da documentação odontológica, são coletadas todas as informações pertinentes ao tratamento efetuado que foram anotadas pelo clínico no prontuário odontológico, associando-as às informações analisadas nos exames complementares (radiografias, fotografias, modelos, entre outros). Fazer o odontograma completo do suspeito. 31 A próxima etapa é fazer registros na cera dental em oclusão cêntrica, de borda a borda, morder e fazer movimentos de excursões protrusivos e laterais nas maxilas. Estas posições são novamente repetidas e a um conjunto de registros de mordida em cera pode ser usada para definir os modelos de estudo em articulador dental e o outro conjunto de registros de cera de mordidas é usado para a comparação das impressões com aqueles das marcas de mordida (VANRELL, 2012). 2.9.3 Fotografia Fotografias extra bucais e intra bucais devem ser de boa qualidade. As tomadas extra bucais devem ser de frente e de perfil. As intra bucais devem incluir visão frontal, duas visões laterais, uma visão oclusal de cada arco e outras adicionais que poderão ser realizadas de acordo com a necessidade. Poderão ser úteis tomadas em intercuspidação máxima (VANRELL, 2012). 2.9.4 Coleta de Saliva Coletar a saliva, a quantidade de saliva depositada com uma marca de mordida é cerca de 0,3 ml e distribuídos em uma ampla área de 20 cm (VANRELL, 2012). 2.9.5 Moldagem da mordida Em todos os casos em que a mordida provoca lesões corto-contusas ou lacerações na superfície cutânea, a moldagem de tais lesões pode ser feita com o auxílio de materiais de moldagem de alta precisão, do tipo do silicone ou de vinil polissiloxano O material praticamente líquido se aplica sobre as lesões, deixando-se fraguar. Esse processo fraguado é dependente da temperatura do suporte, razão pelo qual será bastante mais lento nos cadáveres do que com as vitimas vivas. Isso deve ser lembrado para evitar a retirada precoce, o que levaria a uma distorção da impressão. Esse material de impressão pode ser reforçado pela aplicação sobre ele 32 de um material mais duro e rígido, como o gesso, para evitar que a impressão sofra deformações. O positivo da impressão original deverá ser executado com um material adequado (gesso) de modo a colocar a mordida no articulador (VANRELL, 2012). Figura 2.7 - Exemplo de uma amostra de mordida através de cera amolecida Fonte: Pretty, 2008 2.9.6 Modelos de estudo Os modelos de gesso devem ter qualidade, reproduzindo todas as características bucais presentes. Eles serão duplicados e etiquetados para o arquivamento (VANRELL, 2012). 2.9.7 Impressões Devem ser feitas, pelo menos, duas impressões de cada arco dentário, empregando materiais de precisão recomendados pela ADA. O registro da relação interoclusal e da mordida do suspeito é importante (VANRELL, 2012). 33 2.10 COMPARAÇÃO DAS MARCAS DE MORDIDA COM AS MOLDAGENS DO SUSPEITO Os métodos diretos envolvem a comparação dos modelos dos dentes do suspeito com a marca de mordida ou fotografias da mesma (KOUBLE e GRAIG, 2004). Segundo Vanrell (2012), a avaliação entre as marcas de mordida colhidas sobre a vítima ou sobre o objeto inanimado e as moldagens obtidas a partir do suspeito, inclui a análise métrica da mordida na vítima e a associação e comparação da forma da lesão com a forma dos dentes do suspeito. A análise métrica deverá ser feita sobre as fotografias que têm a régua graduada sobre os modelos em alginato ou gesso, de acordo com a Figura 13, e sobre as mordidas em cera, e deverá repetir sobre o material da vítima e o material do suspeito. Isso compreende a medida da largura e comprimento de cada dente, avaliação do tamanho comparativo dos dentes, a distância entre peças unitárias e o tamanho geral dos arcos. Figura 2.8-Comparação da marca de mordida com o modelo do suspeito Fonte: Koubçe e Craig, 2006 A associação e comparação dos padrões incluem a avaliação física da forma da lesão com a dos dentes do suspeito, a orientação da marca diferenciando o arco superior do inferior, a análise das rotações dentárias, a verificação das posições relativas de cada peça no respectivo arco, o registro de ausências de peças, distância entre peças, curvatura dos arcos, outras características se tiver, como restaurações, fraturas. Para conseguir essa associação, podem-se utilizar técnicas radiográficas, utilizando material radiopaco no interior das marcas, ou pelas técnicas 34 fotográficas, usando transparências. Com isso, o grande número de características individuais que aparecem nas peças dentais e o seu exame combinado e simultâneo, é o que permite determinar as características especificas de cada mordida, quando objetivamente comparada a outras (VANRELL, 2012). Em relação às técnicas para avaliação das mordidas, algumas técnicas preconizadas são de muito valor no auxílio dos métodos convencionais de interpretação e análise de mordeduras, como a técnica das transluminação, utilizada para evidenciar as marcas de mordida através do posicionamento direto de um foco de luz branca na área de interesse pericial. Outra técnica é a que recomenda o uso de luz ultravioleta, que pode contribuir no sentido de mostrar algum detalhe que tenha passado despercebido pelo observador. E ainda, tem a técnica propondo o uso de resina dental para a análise das marcas de mordida e um programa desenvolvido especificamente (“SCIP”) para análise do estudo. Os métodos indiretos exigem um traçado prévio da marca de mordida. Os métodos indiretos, segundo Kouble e Graig, (2004) encontram-se resumidos na Quadro a seguir. 35 Quadro 2.1 - Métodos indiretos para a análise das marcas de mordida Sobreposição sobre os modelos Sobreposição sobre fotocópia Sobreposições fotográficas Sobreposições por fotocopiadora Traçar a dentição da mordedura numa folha de acetato transparente e sobrepor ao modelo do suspeito. Traçado da dentição da mordedura numa folha de acetato transparente e colocar sobre uma fotocópia dos modelos do suspeito. Traçar a dentição presente na mordedura numa folha de acetato e sobrepor com a fotografia dos modelos do suspeito. A impressão do modelo suspeito numa folha de acetato transparente é sobreposta ao traçado da dentição da marca de mordida. Pintar as superfícies oclusais do modelo do suspeito e elaborar uma fotocópia destas numa folha de acetato transparente. Coloração Com pó revelador de impressões digitais, polvilhar as superfícies oclusais do modelo do suspeito e realizar uma fotocópia para uma folha de acetato transparente. Polvilhado Sobreposição radiográfica Polvilhar com sulfato de bário (material radiopaco) o registro em cera da mordida do suspeito e realizar uma radiografia Fonte: adaptado Gónzalez et al., 2006 36 Quadro 2.2 - Técnicas modernas para análise das marcas de mordida RESUMO DAS TÉCNICAS MODERNAS DE SOBREPOSIÇÃO Estas apresentam maior rigor, sendo Sobreposições obtidas por mais confiáveis e aproximando-se mais computador da realidade, comparativamente às técnicas clássicas. Os modelos de dentição do suspeito são digitalizados e comparados com pontos de referência da marca de mordida. Este método possibilita a rotação dos modelos e a sua colocação em diferentes disposições de forma a encaixar na mordedura. Esta técnica permite também, simular a dinâmica do processo de mordida. É um método preciso e eficiente. Scanner tridimensional Registro de pontos métricos Espécies bacterianas Sobre a impressão em cera do registro de mordida do suspeito, ou do modelo, são realizadas medições dos pontos de referência das arcadas dentárias e dos dentes. Transiluminação da pele, microscopia eletrônica, xerorradiografia. Fonte: adaptado Gónzalez et al., 2006 2.11 ANÁLISE DAS EVIDÊNCIAS Após a coleta, todos os dados da vítima e do suspeito serão comparados. Diversos métodos de análise poderão ser utilizados na comparação dos achados.O guia de pontuação para análise de mordidas foi elaborado pelo Conselho Americano de Odontologia Legal, que é uma ficha padrão na qual são atribuídos pontos para coincidências existentes. As características a serem registradas variam desde peculiaridades dos arcos dentados ou desdentados, até características de posicionamento dental e intra dentais (VANRELL, 2012). Para Marques (2004) os métodos utilizados para comparação das marcas de mordida com as características do suspeito podem ser classificados em duas fases. Na primeira, consiste na análise métrica, sendo utilizadas mensurações locais 37 específicas, onde cada detalhe da dentição do suspeito, observada na análise da marca, deve ser medida e registrada. Os detalhes como a distância inter canina, espaço entre as marcas dos dentes, indicações de mau posicionamento, ausência de dentes, comprimento e profundidade das marcas de cada dente específico devem ser calculados. A segunda fase consiste na associação padrão, que tem como instrumento a sobreposição de imagens. Diversas técnicas podem ser utilizadas, tendo como objetivo principal demonstrar se a marca tem pontos coincidentes ou não com a dentição do suspeito (MARQUES, 2004). Nestes métodos clássicos, também se encontram os métodos de coloração, radiográficos e polvilhado. Nos métodos modernos, incluem-se as sobreposições por computador, scanner tridimensional e outros, sendo técnicas confiáveis e possibilitam a rotação dos modelos e colocação em diferentes formas para se encaixarem na mordedura (ALMEIDA, 2012). Nos métodos de comparação, o método direto, a partir do modelo suspeito pode ser colocado diretamente sobre a fotografia da marca de mordida para demonstrar pontos concordantes. Vídeo tape pode ser utilizado para mostrar o deslizamento de dentes produzindo imagens distorcidas e para estudar a dinâmica das marcas de mordida. Método indireto envolve a preparação de sobreposição transparente de oclusal ou incisal das superfícies dos dentes, que são, então, colocadas sobre o escalado das fotografias dos ferimentos de mordida e uma comparação é realizada (MARQUES, 2004). 2.12 RESULTADOS DAS ANÁLISES Para Pretty (2007), vários esforços têm sido realizados para desenvolver uma forma consistente para descrever lesões provocadas por mordidas. Alguns métodos relacionam com o tipo de lesão, outros com o modo que foi provocada, ou simplesmente pela sua localização anatômica. Ainda segundo o autor, a utilizaçãode um meio comum para descrição de marcas de mordida seria um benefício muito grande para a área da Odontologia Forense. A análise métrica é a técnica de maior simplicidade, podendo ser utilizada em laboratórios forenses que não dispõem de equipamentos sofisticados e de custo elevado. O avanço da tecnologia tem modificado significativamente os métodos de 38 análise de impressões dentárias, porém o uso de recursos como programas de computador, microcomputadores e máquinas fotográficas com luzes específicas, nem sempre dispensam a análise métrica direta da mordida, sendo que nestas técnicas são mensuradas as unidades dentárias, distância inter canina e outras medidas que envolvem as impressões dos dentes (MARQUES; GALVÃO; SILVA, 2007). Segundo Kittelson e colaboradores (2002), métodos quantitativos vêm sendo cada vez mais populares nos tribunais, embora se lamente o fato de que estas medidas não têm sido amplamente utilizadas pelos dentistas forenses para descrever a sua certeza ao depor sobre provas através de marcas de mordida. A Câmara Americana de Odontologia Forense oferece uma gama de conclusões para descrever ou não se uma lesão é uma marca de mordida. Estes são: a) Exclusão: A lesão não é uma marca de mordida. b) Possível marca de mordida: uma exibição lesão um padrão que pode ou não pode ser causado pelos dentes pode ser causado por outros fatores, mas cortante não pode ser descartada. c) Marca de mordida provável: O padrão sugere fortemente ou apóia origem de dentes, mas pode eventualmente ser causada pela outra coisa. d) Marca de mordida definida: Não há dúvida razoável de que os dentes criou o padrão quanto a tamanho, forma e disposição dos dentes. Incisivos humanos produzem retangulares marcas, enquanto que os dentes caninos produzir triangular. 2.13 PRESERVAÇÃO DA MARCA Marcas em objetos inanimados, o armazenamento dos materiais alimentares com marcas de mordida pode ser feito, colocando-os em recipientes hermeticamente fechados, bolsas e, em seguida, geladeira ou usando soluções conservantes feitas de partes iguais de ácido acético glacial, formalina e álcool (VANRELL, 2012). 39 2.14 FALHAS E SUCESSOS NA ANÁLISE DE MARCAS DE MORDIDA Marcas de mordida podem ser causadas durante altercações violentas em ambas as ações ofensivas e defensivas. Estas marcas podem ser usadas para fins forenses de aplicação da lei. O campo da odontologia forense é "que a área da odontologia preocupada com a correta gestão, análise, avaliação e apresentação de provas dental em processos judiciais criminais ou civis". Erros de ciências forenses são uma das principais causas de condenações injustas em todo o país. Esses percalços da ciência forense incluem tudo, desde os analistas de laboratório que cometeram fraude até peritos que confiaram em análises de disciplinas forenses que nunca foram devidamente validados para identificar um criminoso, tais como: cabelo, balas, escrita, pegadas ou marcas de mordida (VANRELL, 2009). Análise de marca de mordida é particularmente preocupante por causa da ausência quase completa de validadas as regras, regulamentos e processos, que estabelecem normas para os peritos ou o testemunho que eles fornecem. Além disso, nenhuma entidade governamental já revisou a validade das provas marca de mordida. "Análise de marca de mordida nunca passou pelo exame científico rigoroso que é comum a maioria das ciências normais", de acordo com o livro (2002) Modern Evidências Científicas: O Direito e Ciência de Especialista Testemunho. O trabalho da odontologia forense envolve muito comparando os registros dentários para os dentes bem preservados de pessoas que morreram em incêndios ou outras tragédias - mas comparando os dentes de uma pessoa acusada de marcas no corpo da vítima é muito mais subjetivo, e muito mais propenso a erros. Mesmo se a metodologia for válida, incompetência ou falta de controles internos adequados podem comprometer a integridade dos resultados (VANRELL, 2009). Seguem-se casos em que pessoas foram condenadas com base, em grande parte, na análise marca de mordida, e que só foram inocentadas depois com exames de DNA (DARNELL, 2011). 40 2.14.1 Falhas de análise e condenações injustas Willie Jackson em Louisiana, que além de testemunho ocular, a promotoria apresentou um dentista forense que testemunhou que marcas de mordida na vítima combinavam com os dentes de Jackson. Poucos dias depois de Jackson foi condenado em 1989, seu irmão confessou o crime, mas não foi acusado. Dezesseis anos depois, Jackson foi lançado com base nos resultados dos testes de DNA. Além disso, um segundo odontólogo, independente argumentou que a conclusão anterior estava incorreta e que as marcas de mordida na verdade combinava irmão de Jackson. Ray Krone no Arizona, onde uma impressão de seus dentes irregulares (em um copo de isopor) coincidiu com as marcas de mordida no peito e no pescoço do assassinato da vítima. Finalmente, em 2002, Krone foi liberado após teste de DNA provar que ele não poderia ter sido o autor do crime. Em vez disso, saliva e sangue encontrado na vítima corresponderam a um estuprador condenado. 2.14.2 Sucesso de análise e casos de condenações O Ladrão de queijo - O primeiro caso de marca de mordida a ser relatado como um parecer judicial americano foi o caso de Doyle em 1954, no estado do Texas. O caso envolveu uma marca de mordida deixada em um pedaço de queijo. O xerife investigando o caso se aproximou do suspeito, que foi detido por um crime não relacionado, solicitando que ele voluntariamente mordesse um pedaço de queijo. O suspeitoobedeceu e mais tarde um examinador de armas de fogo fotografou e fez moldes de gesso de ambos os pedaços de queijo. O examinador de armas de fogo e um dentista, em seguida, analisaram ambas as evidências. O réu foi condenado como resultado do testemunho condenatório destes dois especialistas que acreditavam que os dois pedaços de queijo tinham sido mordido por um mesmo conjunto de dentes. Theodore (Ted) Bundy - Foi condenado por duas acusações de primeiro grau por assassinato em 1979 e foi condenado à morte. Os principais elementos de prova que resultaram nas condenações por homicídio de Bundy incluíram o depoimento de uma testemunha chave que o colocou na cena do crime momentos 41 antes dos assassinatos e a análise de especialistas das marcas de dentes encontradas no corpo de uma das vítimas assassinadas. O exame da marca de mordida em uma das vítimas por um odontologista forense envolveu a comparação de modelos de gesso dos dentes de Bundy e os recortes fotografados na corpo da vítima. Durante seu depoimento, o odontologista afirmou que os entalhes no corpo da vítima foram feitas por Bundy. O testemunho incluía comentários sobre a singularidade da dentição humana e como a variabilidade entre indivíduos é de tal modo que a técnica de comparação mordida é capaz de fornecer identificação com um elevado grau de confiabilidade. Uma das questões que Bundy argumentou durante uma apelação de suas condenações por homicídio foi a decisão do tribunal de julgamento que permitiu o testemunho do perito dental que analisou a marca da mordida. A defesa alegou que as técnicas de comparação utilizados durante a análise marca de mordida não eram padrões aceitáveis de comparação e não se estabeleceu como confiável. Ted Bundy foi mal sucedido com o seu recurso e a decisão original foi mantida. permaneceu preso no corredor da morte por 10 anos antes de ser executado na cadeira elétrica em 24 de Janeiro de 1989, na Prisão Estadual da Flórida, em Starke, Florida . Figura 2.9 - Ted Bundy e sua fotografia intraoral Fonte :Silver e Souviron, 2009 Maníaco do parque - O motoboy Francisco de Assis Pereira ficou conhecido como o “maníaco do parque” após cometer, em 1998, uma série de estupros e assassinatos no parque do Estado, em São Paulo. Ele se tornou um dos assassinos em série mais famosos do Brasil. A autoria dos crimes foi confirmada por meio de uma comparação entre a marca de uma mordida na coxa de uma das vítimas e a arcada dentária do criminoso. Outras evidências também ajudaram a incriminá-lo: ele usou cheques de uma de suas vítimas e chegou a ligar para a irmã de outra 42 jovem que ele matou dizendo que tinha sido sequestrada e pedindo mil reais de resgate. A irmã disse à polícia que a voz ao telefone era a de Pereira. Acusado de sete mortes e outros nove estupros, além de roubo e ocultação de cadáver, Pereira teve três julgamentos. No total, foi sentenciado a 271 anos de prisão. 43 3 MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho foi composto por revisão de literatura. A busca foi realizada em bases de dados como Bireme, Pub Med, Portal Capes, com o uso das palavras chave escritas em português e inglês: marcas de mordida, identificação, perícia. Foram encontrados artigos, teses e monografias, de 1990 à 2014, pois é um assunto que se tem poucas publicações. 44 4 DISCUSSÃO Foi objetivo deste trabalho demonstrar a importância das marcas de mordida para o processo de identificação humana, as características de interesse e suas limitações, bem como, evidenciar o seu contributo para a investigação criminal e a importância que o médico-dentista tem em ser integrado em uma equipe multidisciplinar de investigação. A intenção deste estudo foi mostrar a importância de uma análise odontológica para identificar criminosos ou inocentar suspeitos em casos forenses. A análise de marcas de mordida ainda é considerada uma prova pouco válida na acusação de algum crime ou na identificação de algum suspeito. Porém, estudiosos dão seguimento às pesquisas e buscam aperfeiçoar os métodos de análise afim de que esta deixe de ser uma prova à parte e possa se tornar uma evidência clara. A grande vantagem dessas análises é que, cada indivíduo possui características odontológicas únicas, o que é passado em marcas de mordidas do suspeito facilitando, então, a sua identificação. Os dentes de diferentes indivíduos diferem uns outros no que diz respeito ao seu tamanho, à sua posição na arcada dentária e na sua forma (KAUR, et al., 2013). Quanto maiores forem as características individuais, como ausências dentárias, próteses, giroversões, maior a chance de reconhecimento do suspeito, pois as análises de marcas de mordida dependem do número de detalhes tanto nas informações da mordida quanto no arco do agressor. Então, os peritos odontolegais recolhem provas, que foi mostrado no estudo, como história odontológica, modelos, fotografias e impressões, com autorização judicial, e analisam criteriosamente, comparando as marcas de mordida, para então, buscarem uma conclusividade do caso, obtendo provas suficientes para incriminar ou inocentar o suspeito. 45 Quanto às técnicas empregadas para avaliação das injúrias por marcas de mordida, as que frequentemente são empregadas com êxito são a análise métrica e a técnica de sobreposição de imagens que dispõe de tecnologia 3D. Análise de marca de mordida e comparação é uma questão complicada. As técnicas convencionais de análise das marcas de mordida são baseadas na interpretação da evidência fotográfica em que uma mordida é comparada com os modelos dos dentes de suspeitos. As fotografias de marca de mordida e da precisão da impressão da dentição dos suspeitos são de extrema importância para o dentista forense. No entanto, não é um problema tão claro. A pele humana é um material de registro de mordida com substrato ruim, pois é altamente variável. Elas podem aparecer como um padrão em arco duplo, ou até mesmo uma contusão homogênea, pelas propriedades elásticas do tecido da pele ou da localização anatômica (VAN DER VELDEN, SPIESSENS, WILLEMS, 2006). O processo de comparação de marcas de mordida com dentição de um suspeito inclui análise e mensuração do tamanho, forma e posição dos dentes individuais. Maior et al. (2007) afirmam em seu estudo que a primeira conduta do perito diante de um caso com marcas de mordida é uma tomada fotográfica que obedeça todos os princípios estabelecidos para tornar insignificante as distorções que sucedem a análise das lesões, pois assim as evidências serão obtidas, registradas e documentadas. O registro fotográfico é um método muito importante na preservação de evidências das marcas de mordida e nas lesões de pele. Para isso as fotografias devem seguir os parâmetros: fotografias da lesão com e sem recurso a escala da ABFO número 2; câmara posicionada perpendicularmente (90graus) em relação a lesão; fotografias a preto e a branco e em cores; fotografias com e sem flash; fotografia com recurso a luz ultravioleta ou infravermelha, quando a lesão não é bem perceptível; visão geral do corpo da vítima evidenciando a localização da lesão; se a lesão se encontrar numa posição anatômica passível de distorção postural, devem ser realizadas fotografias em várias posições a fim de avaliar o efeito do movimento. Seguindo a linha sobre a importância da documentação das evidências, Pretty, et al. (2007) discutiram a importância dos registros de marcas de 50 mordidas com o objetivo de universalizar a comunicação entre as diferentes áreas envolvidas 46 na detecção de provas criminais. Independentemente da técnica de avaliação empregada, os registros fotográficos devem ser bem feitos. A análise de marca de mordida em caso criminal é uma ferramenta de grande importância em casos forenses, entretanto há a necessidade de um estudo mais aprofundado assim como a necessidade de fidelidade por partes dos peritos que trabalham nos casos em investigação. Mesmo que os peritos sejam encarregados de auxiliar a justiça, fazendo análises, avaliações e perícias de acontecimentos, muitos forjam provas e laudos, levando assim a uma conclusão errônea dos fatos ou até mesmo uma insuficiência de provas para pareceres finais. Com isso, as análises de marca de mordida, muitas vezes não são conclusivas. Tem havido um grande número de resultados de pesquisa nos últimos anos que desafiaram a base científica das marcas de mordida, suas técnicas de análise, e aqueles que testemunham a respeito deles pode haver falhas, em parte pelos peritos em casos de suborno, ou por distorções das marcas de mordida impossibilitando que comprovem a culpa do suspeito (PRETTY, SWEET, 2010). Alguns problemas que geram dificuldade de reconhecimento das mordidas e que, por vezes, passam inadvertidas durante a perinecroscopia, são: o lapso transcorrido entre a produção da lesão, o exame e coleta do material pode ser de vital importância, por se tratar de lesões que alteram com o tempo, a variação dos padrões das mordidas, já que se trata de uma ação entre dois instrumentos móveis: a mandíbula e a pele, a falta de capacitação dos peritos. O grande desafio continua a ser a distorção que pode ser provocada por diversos fatores na análise de marcas de mordida. A evolução das técnicas de análise tem contribuído para ultrapassar determinados problemas e para que identificações mais precisas sejam efetuadas. O estudo de marcas de mordidas pode ser feito através de evidências físicas e biológicas. Desta forma, o estudo da evidência física engloba a comparação das características individuais da dentição do suspeito com a marca observada na pele; e o estudo da evidência biológica é feito através de traços de saliva presentes no objeto que foi mordido O peso dado para uma conclusão no tribunal é baseada no número de características observadas na impressão. O número de pontos coincidentes necessários para comprovar a ligação de um suspeito com a impressão dentária varia de caso para caso. O perito deve expressar os resultados da forma mais clara 47 possível. Os resultados podem ser exibidos através de slides, multimídia, fitas de vídeo, modelos, impressões, álbuns de fotografias apropriados e outros recursos visuais. É comum a despadronização de técnicas no estudo de impressões dentárias por parte dos peritos. Tal fato torna comum a não aceitação das evidências de mordidas como principal prova de crime por parte dos Tribunais. As Normas preconizadas pela ABFO apresentam lacunas que devem ser preenchidas com novas pesquisas. É importante conhecer a sistemática de análise de marcas de mordidas no auxílio às perícias criminais. Essa análise pode ajudar a desvendar crimes, identificar suspeitos e deve ser feita dentro de um conjunto de normas para que seja considerada confiável. Com base no exposto, é possível compreender que as marcas de mordidas, quando utilizadas processualmente através dos laudos periciais, possuem grande valor probatório, pois as impressões dentais apresentam características peculiares a cada indivíduo. O cirurgião-dentista deve ser cuidadoso ao guardar o prontuário, as radiografias e os modelos em gesso dos pacientes, cabendo-lhe anotar todas as informações, pois estas podem servir para a identificação positiva de vítimas. 48 5 CONCLUSÃO A avaliação das marcas de mordida, quando bem executada, tem a possibilidade de conferir um grande poder incriminatório ou excludente nos casos que envolvem essas lesões. Várias metodologias são aplicadas para análise de injúrias por marcas de mordida, dentre elas, a técnica de sobreposição de imagens e a análise métrica. A associação de duas ou mais metodologias pode proporcionar ao perito mais segurança na identificação de mordidas e convencer o júri em um tribunal. Vários estudos vêm sendo realizados para unificar critérios relativos a estas questões, a fim de desenvolver um protocolo padronizado para a interpretação dos resultados da perícia e facilitar a comunicação entre as várias áreas envolvidas na perícia. 49 REFERÊNCIAS ALMEIDA JÚNIOR E.; REIS, F.P.; GALVÃO, L.C.C.; ALVES, M.C.; CAMPOS, P.S.F. Análise da distância intercanina com relação ao sexo e sua aplicação na identificação e interpretação de marcas de mordida. RPG Rev Pós Grad, v. 19, n. 1, p. 14-20, 2012. AREAS, A. http://profalessandraareas.blogspot.com.br/ BOWERS, C.M. (2004) Forensic Dental Evidence: an investigator´s handbook. USA, Editora Elsevier, 2 edição, pp. 1-25, 93-135,287-307. CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA. Consolidação das normas para procedimentos nos Conselhos de Odontologia. Aprovada pela Resolução CFO 63/2005. ______. Consolidação das normas para procedimentos nos Conselhos de Odontologia. Aprovada pela Resolução CFO- 87, de 26 de maio de 2009. CORREIA, A.M. 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