Caracterização de fios de sutura e sua embalagem na etapa de pré
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Caracterização de fios de sutura e sua embalagem na etapa de pré
Caracterização de fios de sutura e sua embalagem na etapa de préesterilização. Uma proposta de análise quantitativa. Faculdade de Ciências Farmacêuticas Programa de Pós-Graduação Tecnologia BioquímicoFarmacêutica Área de Tecnologia Químico-Farmacêutica Dissertação para obtenção do grau de Mestre Nancy Mesas do Rio Bacelar Lopes Orientadora: Profª Dra Thereza Christina Vessoni Penna São Paulo 2004 Fio de sutura cirúrgica Artigos descartáveis, implantáveis, de apoio médico-hospitalar, destinados à contenção ou fixação de estruturas orgânicas ou elementos usados em cirurgia através de suturas e nós. Tipos de fios para sutura cirúrgica T IPO O R IG E M A nim al A bsorv ív el S intético A nim al V egetal C ategute (torcido) E X E M PL O S P olím eros sintéticos (trançado, m onofilam entar) S eda (trançado ou torcido) torcido A lgodão puro ou m isto (torcido) Linho (torcido) P oliéster (trançado ou m onofilam entar) N ão absorv ív el P olipropileno (m onofilam entar) S intético P oliam ida (torcida ou trançada ou m onofilam entar) N áilon (trançado ou m onofilam entar) M ineral Fonte: NBR 13904 – 2003. A ço inoxidáv el (m onofilam entar ou m ultifilam entar) ou Fios de sutura Catgut cromado Catgut simples Poliéster Poliamida Poliglecaprone Aço inoxidável Poliamida Algodão Poliglactina Linho Polipropileno Aço inoxidável Poliéster Polipropileno Construção dos fios cirúrgicos Configuração física Monofilamentar Multifilamentar torcido Multifilamentar trançado Encapados paralelos Definição Exemplo Forma-se com um só filamento Poliamida Polipropileno Aço inoxidável Poliéster Forma-se retorcendo os filamentos uns Categute ao redor de outros Algodão Linho Seda Forma-se entrecruzando-se três ou Ácido poliglicólico mais filamentos, de modo a trançá-los Seda Poliamida Poliéster Poliglactina Forma-se com fibras paralelas envoltas Aço inoxidável por uma capa de material atóxico, como os fios elétricos Fonte: NBR 13904 – 2003. Agulhas traumáticas (a) - Agulha de fundo fixo e de fundo falso Fonte: NBR 13904 – 2003. (b) - Passagem pelos tecidos Agulhas atraumáticas (a) - Agulha furada (b) - Agulha tipo canal Fonte: NBR 13904 – 2003. (c) – Passagem Fios & Embalagens Fio absorvível (Envelope de alumínio). Fio não-absorvível (Envelope secundário). Processo de fabricação Requisitos físicos dos fios cirúrgicos (NBR 13904-2003) Diâmetro Dentro da tolerância especificada. Comprimento Absorvíveis naturais: ≥ 90% do valor nominal. Absorvíveis sintéticos e não absorvíveis: ≥ 95% do valor nominal. Resistência à tração Dentro da tolerância especificada. Encastoamento Dentro da tolerância especificada. Requisitos químicos dos fios cirúrgicos (NBR 13904-2003) Requisitos Residual de óxido de etileno Corantes solúveis Compostos solúveis de cromo • Limites < 250 ppm < coloração solução padrão < 0,0001% Requisitos microbiológicos dos fios cirúrgicos (NBR 13904-2003) Requisito Esterilidade Atender ao ensaio de esterilidade (Farmacopéia / AAMI 11137 Microrganismos potencialmente patogênicos Ausentes Embalagem individual • Limites Manter a esterilidade. Permitir a remoção asséptica Revelar a violação. Por que dissertar sobre uma metodologia de determinação de carga microbiana em fios de sutura? P ro d u to m é d ic o R e p ro c e s s a m e n to e m e m p r e s a t e r c e ir iz a d a E s té ril N ão e s té ril F ó rc e p s p a ra b ió p s ia ( u s o ú n ic o ) 1 9 F ó rc e p s p a ra b ió p s ia – re u t il iz á v e l 2 8 E s ta d o s U n id o s Japão A le m a n h a E s té ril N ão e s té ril E s té ril N ão e s té ril E s té ril N ão e s té ril 2 5 3 11 2 5 C a te te r b a lã o d e u s o ú n ic o 1 P a p ilo tô m io r e u t il iz á v e l 1 C e s ta d e c o le ta d e c á lc u lo s r e u t il iz á v e l 1 B a lã o d e d ila ta ç ã o d e u s o ú n ic o 4 F io g u ia d e u s o ú n ic o T o ta l 1 1 7 N º d e d is p o s itiv o s a n a lis a d o s 19 57 2 5 E s té re is 3 15 11 3 N ã o e s té re is 7 42 Taxa de infecção do sítio cirúrgico Classificação Taxa de infecção operatória Ferida limpa 1-5% Ferida limpa/contaminada 3-11% Ferida contaminada 10-17% Ferida suja 27% Fonte: Garner, 1986 apud Fernandes et al., 2000. • 14 a 16% das Infecções Hospitalares • Problema de saúde pública • Risco a saúde do paciente Fatores de risco para as infecções do sítio cirúrgico Paciente Ambiente Equipe cirúrgica Cirurgia asséptica Região a ser operada Materiais e equipamentos Metodologia proposta - alcance • Bactérias aeróbicas. • Fungos e leveduras. • Bactérias esporuladas mesofílicas. • Bactérias esporuladas termofílicas. • Microrganismos potencialmente patogênicos. Fios de sutura avaliados Fio s p ara su tura cirú rgicos u sados no estu do Descrição Catgut Crom ado® ** Catgut Sim ples® ** Caprofyl® ** M onocryl® ** Vicryl® ** S utu ras ab so rvíveis d e orig em anim al Nú m ero cirú rg ico T am an ho E m balag em relativo ao (cm ) P rim ária d iâm etro do fio (E nvelo pe) 4-0 a 1 De 70 a 250 Papel cartão sem im pressão 5-0 a 0 De 70 a 150 Papel cartão sem im pressão S utu ras ab so rvíveis sin téticas 3-0 a 2-0 90 Papel cartão sem im pressão 5-0 a 1 45 a 90 Papel cartão sem im pressão ou papel cartão + suporte plástico 8-0 a 2 20 a 150 Papel cartão sem im pressão Suturas não absorvíveis 2-0 a 6 45 a 60 3-0 a 0 20 a 90 2-0 60 3-0 a 1 45 a 75 Papel cartão com 6-0 a 0 20 a 75 im pressão 10-0 a 0 20 a 75 1 75 4-0 a 0 45 a 70 10-0 a 0 45 a 75 8-0 a 1 45 a 75 Processo de esterilização Cobalto 60 Cobalto 60 EO EO EO A ciflex® * Cobalto 60 Ethibond® * Cobalto 60 Fio de M arcapasso® * Cobalto 60 Linho® * E.O. M ersilene® * Cobalto 60 M ononylon® * Cobalto 60 Nurolon® * Cobalto 60 P olycot® * Cobalto 60 P rolene® * E.O. Seda® * Cobalto 60 O b servaçõ es: Em balag em secu nd ária: * Env elope de papel grau cirúrgico alum inizado ou envernizado – perm ite transferência asséptica durante a abertura do produto, para uso (Figura 4). ** Env elope de alum ínio – não perm ite a entrada de um idade e/ou perm ite o acondicionam ento de solução conserv ante (Figura 3). Parâmetros para a remoção da carga microbiana Tempo de extração Velocidade de agitação Quantidade de amostra Agente eluente Distribuição de massa no produto Seda® Prolene® Polycot® Nurolon® Mononylon® Mersilene® Linho® % Embalagem Fio de marcapasso® % Fio Ethibond® Aciflex® Vicryl® Monocryl® Caprofyl® Catgut simples® Catgut cromado® 0 20 40 60 80 100 120 Classificação das embalagens primárias 1 - Papel cartão. 2 - Envelope de papel cartão sem impressão. 3 - Envelope de papel cartão sem impressão com residual de solução conservante. 4 - Envelope de papel cartão sem impressão. 5 - Envelope de papel cartão com e sem impressão / Envelope de papel cartão sem impressão. 6 - Envelope de papel cartão. Volume mínimo de eluente para a remoção da carga microbiana • Tipos de material • Fio • Papel • Classificação Fio tem absorção desprezível de eluente. Papel absorve eluente na proporção de 1,38ml para cada grama de papel. Eluente e tempo de agitação Tipos de eluente • Solução salina (0,85% p/v). • Solução peptonada (0,1% v/v). Nota: Foi acrescentado Tween 80 (0,1% v/v) e pérolas de vidro aos dois eluentes. Tempos de agitação • 1 hora. • 2 horas. • 3 horas. Condições que apresentaram os melhores resultados • • Uso de solução peptonada. Agitação por 1 hora. 4. Metodologia antiga & proposta • • • • • • Metodologia antiga 10 fios / 200ml. Solução salina. “Pour plate”. Inóculo de 10ml. 16g env./500ml. Não era pesquisado esporos termófilos. Metodologia proposta • 30 fios / 300ml. • Solução peptonada. • Filtração e “Pour plate”. • Inóculo de 5ml. • 25g env./250ml. • Pesquisa de esporos termófilos. Eficiência de recuperação Eficiência de recuperação pelo método de inoculação no produto Vicryl® 1 (J353) estéril Procedimento A B Microrganismo teste Concentração Suspensão (ufc/0,05mL) Bacillus subtilis var. niger 138 Bacillus subtilis var. niger 138 Escherichia coli. 66 Pseudomonas aeruginosa 24 Staphylococcus aureus 5 Nº de colônias inóculadas no produto Nº de colônias recuperadas após extração no produto Porcentagem de recuperação Bactérias Esporos Bactérias Esporos 138 133 109 96,4% 79,0%* 233 218 102 93,6% 73,9%* Observações: No isolamento e identificação das colônias recuperadas observou-se a presença de E. coli e P. aeruginosa, porém não foi possível recuperar o S. aureus devido à sua concentração inicial baixa. * Observou-se baixa porcentagem de recuperação para esporos em função de ter-se realizado a contagem da concentração inicial do inoculo sem choque térmico (re-suspensão e contagem de células vegetativas totais). Carga microbiana em diferentes etapas de fabricação Carga microbiana em envelopes de papel cartão do fio de sutura não absorvível - Aciflex® Grande Etapa / Condição Resultados Contagem total ufc/envelope (bactérias + fungos) Depósito de matéria-prima 3,1 x 103 Área de montagem da ordem de produção 2,8 x 103 Fabricação; manipulação pelo operador sem assepsia das mãos com álcool. 3,4 x 103 Fabricação; manipulação pelo operador com assepsia das mãos com álcool. 4,0 x 103 Embalagem: manipulação pelo operador sem assepsia das mãos com álcool. 2,5 x 103 Embalagem: manipulação pelo operador com assepsia das mãos com álcool. 3,9 x 103 Observação: Amostras de um mesmo lote manipulado em condições variadas de assepsia de mãos. percentual Ordem de grandeza (percentual) das contagens efetuadas (ufc/placa) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Fios Embalagem <10 >10 25250 ufc/placa >250 Método Amostragem: Todas as amostras foram coletadas em condições reais de fabricação, imediatamente antes do processo de esterilização. Preparo das amostras: As amostras foram sanitizadas externamente com Presept® e sob condições assépticas foram separadas em fios e embalagem primária, pesadas e transferidas para frascos com eluente. Tratamento: As amostras foram submetidas à agitação mecânica em “shaker”, a 250rpm por 1 hora. Filtração: Os extratos sem resíduos de produto foram submetidos ao método de filtração por membrana 0,45 um. Método “Pour plate”: Os extratos com resíduos de produto submetidos ao método de semeadura em profundidade. foram Choque térmico: Porções dos extratos foram submetidos a choque térmico para pesquisa de esporos mesófilos e termófilos. Incubação: As placas com as membranas ou porções do extrato, em meio TSA ou SDA, foram incubadas em tempo e temperaturas apropriadas à cada investigação (incluindo patogênicos). Contagem / Cálculos Distribuição percentual da carga microbiana (bactérias + fungos) no produto Geral Seda® Prolene® Polycot® Nurolon® Mononylon® = fio/embalagem > embalagem Mersilene® Linho® > fio <1 Fio de marcapasso® Ethibond® Aciflex® Vicryl® Monocryl® Caprofyl® Catgut simples® Catgut cromado® 0 20 40 60 80 100 120 Distribuição da carga microbiana (esporos) no produto Geral Seda® Prolene® Polycot® Nurolon® Produto Mononylon® = fio/embalagem > embalagem > fio <1 Mersilene® Linho® Fio de marcapasso® Ethibond® Aciflex® Vicryl® Monocryl® Caprofyl® Catgut simples® Catgut cromado® 0 20 40 60 percentual 80 100 Carga microbiana em ufc/un (bactérias + fungos) & Tipo de produto Bactérias Produto Menores valores Catgut simples® (<1) Maiores valores Aciflex®(104) Linho® (102) 100 ufc/un e 101) Polycot® (102) Embalagens Diferença não observada. (60% - 101 e 22% a 102 ) Fios Demais fios (54% - Fungos 83% (fios) e 65% (env.) valores <1. 17% (fios) e 30% (env.)valores < 100. Carga microbiana (esporos) & Tipo de produto Esporos mesófilos Menores valores Maiores valores Produto Demais produtos (<1 a 102) Fios Demais fios (78% - <1, 19% 100 e 3% 101) Aciflex® (104) Ethibond® (103) Fio de marcapasso® (103) Mononylon® (103) Polycot® (103) Seda® (103) Polycot® (3,2% -102) Embalagem Demais (90% entre <1 e 101) Envelope cartão do Aciflex® (4,9% 103), Esporos termófilos Menores valores Maiores valores Fios Demais fios (95,2% - <1) Embalagem Demais (50% - <1 e 33% entre 100 e 103 ) Aciflex® (6,1% 100) Mononylon® (3,0% 100) Polycot® (11,5% 100) Envelope cartão do Ethibond® (6,3% 103), Mononylon® (2,6% 103), e Seda® (10,5% 103), Microrganismos potencialmente patogênicos 98,5% dos itens analisados indicaram ausência de microrganismos potencialmente patogênicos. 1,5% presentes (5 lotes em 321 analisados): Aciflex®, Ethibond®, Fio de Marcapasso® e Polycot®. Conclusões 1. A natureza dos fios (algodão, linho, poliéster, aço inoxidável), origem dos materiais (animal ou sintética), fluxos especiais de fabricação influenciaram na microbiota dos produtos. 2. A carga microbiana por unidade de produto estava concentrada na embalagem primária de origem celulósica. 3. As etapas de fabricação dos fios de sutura Aciflex® não agregaram carga microbiana aos produtos analisados. 4. Fungos não foram observados em cerca de 85% dos fios e 65% dos envelopes analisados. 5. A microbiota resistente mésofila é predominante nos produtos analisados. 6. Microrganismos potencialmente patogênicos foram isolados e identificados em 1,5% dos produtos analisados.