A página etíope ACG

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XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Frequência parasitológica em equídeos do Sertão Pernambucano¹
Parasitological frequency in equids of Sertão Pernambucano
Paula Barbosa Torres 2 , Clairton Bruno Rodrigues de Morais 3 , Erianna Marilac de Siqueira Nogueira 4 , Daniel
Anderson de Souza Melo 5 , Bruno José da Silva Almeida 6 , Manoel Genésio da Silva Neto 7 , Marilene Maria
de Lima8 , Juliano Martins Santiago 9
1
Parte do projeto de pesquisa aprovado pela UFRPE/UAST
Graduanda do curso de Bacharelado em Zootecnia – UFRPE/UAST, Serra Talhada, Brasil, email:
[email protected]
34567e8
Granduandos do Curso de Bacharelado em Zootecnia – UFRPE/UAST, Serra Talhada, Brasil
9
Professor adjunto da UFRPE/UAST. E-mail: [email protected]
2
Resumo: O presente estudo teve como objetivo comparar a frequência de parasitos gastrointestinais em
equinos, asininos e muares criados no sertão pernambucano. Foram coletadas 185 amostras fecais, sendo 152
de equinos, 20 de asininos e 13 de muares, de forma aleatória em nove municípios do sertão pernambucano.
O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso, composto por três tratamentos: equinos, asininos e
muares. Após coleta, o material foi submetido à contagem de ovos por grama de fezes (OPG). Os equinos
apresentaram menor contagem de OPG que os asininos , já os muares apresentaram contagem de OPG
semelhante aos equinos e asininos. Em relação às espécies de parasitos gastrointestinais prevalentes no sertão
pernambucano, a contagem de OPG constatou prevalência de ovos de nematóides da família Strongylidae.
Foram identificados ovos de Parascaris equorum em apenas três animais e das 185 amostras analisadas,
identificaram-se ovos de Eimeria spp apenas nas fezes de um potro de cinco meses, e todas as amostras
foram negativas para Anoplacefhala spp. Concluiu-se que no sertão pernambucano os asininos apresentam
maior carga parasitária que os equinos, e que os equídeos da região são mais infectados por nematóides da
família Strongylidae.
Palavras–chave: asininos, caatinga, equinos, muares
Abstract: The study aimed to compare the frequency of gastrointestinal parasites in equines, asinines and
mules created in sertão pernambucano. 185 fecal samples were collected, being 152 of equines, 20 of
asinines and 13 of mules randomly in nine municipalities in sertão pernambuc ano. The experimental design
was completely randomized, consisting of three treatments: equines, asinines and mules. After collection, the
material was submitted to egg counts per gram of feces (EPG). The equines has lower EPG that the asinines.
The mules has the EPG similar to equine and asinines. With respect to the species of gastrointestinal parasites
prevalent in sertão pernambucano, the EPG found prevalence of nematode eggs of the Strongylidae family.
Parascaris equorum eggs were identified only in three animals, in the 185 samples analyzed we identified
only Eimeria spp eggs in the feces of a equine, and all samples were negative for Anoplocephala spp. It was
concluded that in the sertão pernambucano the asinines have higher parasite load the equines, and that the
animals in the region are more infected by nematodes of the Strongylidae family.
Keywords: asinines, caatinga, equines, mules
Introdução
O sertão pernambucano é composto pelo clima tropical semiárido, caracterizado pelo balanço
hídrico negativo devido às precipitações médias anuais inferiores a 800 mm, insolação média anual de 2800
horas, temperaturas médias de 23ºC a 27ºC, evaporação de 2000 mm por ano e umidade relativa do ar média
de 50%. Nesta região a vegetação é do tipo caatinga hiperxerófila com trechos de floresta caducifólia, sendo
periodicamente afetada por secas que levam a perdas parciais ou totais na agricultura e pecuária (Assis et al.,
2014). Os equídeos são infectados por uma ampla variedade de parasitos internos, sendo os do trato
gastrointestinal mais comuns e prevalentes. Devido à correlação negativa entre elevada carga parasitária e
desempenhos dos equinos, asininos e muares nas funções em que são empregados, a adoção de práticas
sanitárias adequadas é importante para o controle das verminoses no rebanho. Os principais sintomas clínicos
apresentados pelos equídeos infectados por helmin tos são fraqueza, pelo áspero, crescimento lento, cólicas e
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diarreia (Teixeira et al., 2014). Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo comparar a frequência
de parasitos gastrointestinais em equinos, asininos e muares criados no sertão pernambu cano.
Material e Métodos
O estudo foi realizado com amostras de fezes de equídeos coletadas de forma aleatória em nove
municípios do sertão pernambucano. As amostras foram coletadas diretamente da ampola retal ou da
superfície do bolo fecal ainda fresco de 185 equídeos, sendo 152 equinos, 20 asininos e 13 muares, de
diferentes faixas etárias, em delineamento experimental inteiramente ao acaso composto por três tratamentos:
equinos, asininos e muares. Após coleta, as amostras foram identificadas e acondicio nadas em caixa
isotérmica com gelo reciclado, para posteriores análises no Laboratório de Biologia da Universidade Federal
Rural de Pernambuco/ Unidade Acadêmica de Serra Talhada. Na contagem de ovos por gramas de fezes
(OPG), amostras individuais contendo 2 g de fezes foram maceradas em copo descartável, em seguida
adicionou-se 58 ml de solução hipersaturada de açúcar. Na sequência o material foi coado em peneira com o
auxílio de gaze e uma alíquota do filtrado foi depositada n a câmara de McMaster para contagem dos ovos,
utilizando microscópio óptico com objetiva de 10x. Os resultados dos OPGs não apresentaram distribuição
normal e homocedasticidade entre os tratamentos, sendo submetidos ao teste de Kruskal-Wallis. Informações
sobre as espécies equídeas e as funções desempenhadas por elas foram submetidas à correlação de Pearson.
As análises estatísticas foram processadas nos softwares estatísticos Excel (versão 2010) e Infostat (versão
3.10).
Resultados e Discussão
A contagem de OPG de parasitos gastrointestinais da família Strongilydae spp. mostrou que 50,6%
das amostras coletadas dos equinos foram positivas, com média de 327,6 ± 578,9, 85% das amostras dos
asininos foram positivas, com média de 700,0 ± 778,7 e 69,2% das amostras dos muares foram positivas,
com média de 561,5 ± 672,7. Houve diferença (p=0,0035) na contagem de OPG entre os equinos, asininos e
muares (Tabela 1), tendo os equinos apresentado menor contagem de OPG que os asininos. Este resultado
pode estar associado às diferentes atividades em que equinos e asininos são utilizados, pois ao relacionar as
espécies equídeas com as funções em que são empregadas, observou -se correlação altamente significativa
(p<0,001), com coeficiente de 43,87%. Assim, no sertão pernambucano 100% dos asininos tem como função
a tração. Já a criação de equinos tem como principal finalidade a prática de esportes (64,5%), concordando
com Leite et al. (2014) de que no sertão de Pernambuco os equinos são criados principalmente para as provas
de vaquejada. Ferreira et al. (2014) também observaram maior carga parasitária em asininos e não em
equinos no estado do Maranhão. Segundo esses autores, mesmo com elevadas cargas parasitárias, os asininos
não apresentaram nenhum sinal clínico indicativo de nematodiose, sugerindo serem mais resistentes aos
nematóides que os cavalos. Getachew et al. (2010) avaliaram a população gastrintestinal de helmintos em
asininos utilizados para tração na Etiópia, e observaram que 55% dos animais tinham contag em de OPG
superior a 1.000. Segundo estes autores, níveis elevados de carga parasitária com poliparasitismo são comuns
em asininos de tração, sem prejuízo evidente às suas atividades físicas. Segundo Hortúa et al. (2014), nos
países em desenvolvimento os equídeos utilizados para tração são propriedade de pessoas com baixo poder
aquisitivo, cuja subsistência depende da atividade diária com estes animais. Esses são submetidos a longas
jornadas diárias de trabalho e a manejos nutricional e sanitário inadequado s, gerando aumento da exposição e
susceptibilidade a diferentes agentes infecciosos, incluindo os nematóides. Em relação às espécies de
parasitos gastrointestinais prevalentes no sertão pernambucano, a contagem de OPG constatou presença de
ovos de nematóides da família Strongylydae, corroborando os achados de estudos realizados em São Paulo,
Paraná, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Foram identificados ovos de Parascaris equorum em apenas três
animais e, ainda assim, com baixa contagem. Este resultado concorda com Almeida et al. (2009) que também
relataram baixa incidência de Parascaris equorum em equídeos no Rio Grande do Sul. Estes autores
associaram a baixa incidência deste parasito à criação consorciada de equinos e ovinos. A baixa prevalência
de Parascaris equorum nos equídeos do sertão pernambucano também pode estar relacionada à criação
consorciada com outras espécies domésticas, pois segundo Leite et al. (2014), nesta região a maioria dos
equídeos são mantidos em pastos juntamente com bovinos. Das 185 amostras analisadas, identificaram-se
ovos de Eimeria spp apenas nas fezes de um potro de cinco meses, e todas as amostras foram negativas para
Anoplacefhala spp.
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Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Tabela 1. Ovos por grama de fezes de equinos, asininos e muares criados no sertão pernambucano
Equino
Asinino
Muar
P
(n=152)
(n=20)
(n=13)
Strongylidae spp.
327,6b
700,0a
561,5ab
0,0035
Pararascaris equorum
Anoplocephala spp.
Eimeria spp.
Letras distintas nas linhas diferem entre as espécies de equídeos pelo teste de Kruskal-Wallis (p<0,05)
Conclusões
No sertão pernambucano os asininos apresentam maior carga parasitária que os equinos. Os
equídeos da região são mais infectados por nematóides da família Strongylidae.
Literatura citada
ALMEIDA, G.L.; MOLENTO, M.B.; JARDIM FILHO, J.O.; FLORES, W.N. Efeito da criação consorciada
de ovinos como estratégia de controle de Parascaris equorum em equinos. Revista Acadêmica: Ciências
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ASSIS, J.M.O.; CALADO, L.O.; SOUZA, W.M.; SOBRAL, M.C. Mapeamento do uso e ocupação do solo
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FERREIRA, G.M.S.F., DUTRA, F.A.F., AMORIM FILHO, E.F., SANTOS, A.C.G. parasitismo
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TEIXEIRA, W.F.P.; FELIPPELLI, G.; CRUZ, B.C.; MACIEL, W.G.; FÁVERO, F.C.; GOMES, V.C.G.;
BUZZULINI, C.; PRANDO, L.; BICHUETTE, M.A.; LOPES, W.D.Z.; OLIVEIRA, G.P.; COSTA, A.J.
Endoparasites of horses from the Formiga city, located in center-west region of the state of Minas Gerais,
Brazil. Brazilian Journal of Veterinary Parasitology, v.23, n.4, P.534-538, 2014.
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