boletim climático sobre a primavera no estado do paraná

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boletim climático sobre a primavera no estado do paraná
BOLETIM CLIMÁTICO SOBRE A PRIMAVERA NO ESTADO DO PARANÁ
Data da previsão: 22/09/15
Duração da Primavera: 23/09/15 (05h20) a 22/12/2015 (01h48 não ajustado ao horário de verão)
Características climáticas da primavera
Chuva: durante os meses da primavera ocorre um aumento natural no volume das chuvas e
também dos eventos severos em todo estado do Paraná. As chuvas são causadas pelo
deslocamento de sistemas frontais (frentes frias ou quentes) bem como de eventos de curta
duração que se desenvolvem entre as regiões Sul e Sudeste do país em associação às altas
temperaturas com a maior quantidade de umidade no ar disponível em várias camadas da
atmosfera. Também é comum ao longo da estação a atuação dos Sistemas Convectivos de
Mesoescala (SCM) os quais preferencialmente se formam no Paraguai e ingressam no Paraná
ou por vezes se desenvolvem no próprio Estado. Ocorrências de eventos severos como rajadas
de ventos moderadas a fortes, granizos e grande quantidade de raios fazem parte da
climatologia da estação no Paraná. A previsibilidade de eventos severos é da ordem de horas.
Temperatura: as temperaturas apresentam aumento em seus valores médios à medida que a
primavera se consolida. Os extremos de temperaturas - Tmax e Tmin - são registrados nas
regiões Oeste, Sudoeste, Norte e Litoral. Nesta estação a radiação solar é maior no Hemisfério
Sul e os dias são mais longos do que as noites. A atmosfera fica assim mais aquecida.
Precipitação e temperaturas médias no Paraná
Os mapas abaixo mostram a distribuição espacial mensal da chuva média, temperatura mínima
média e temperatura máxima média no estado do Paraná durante os meses de outubro,
novembro e dezembro de acordo com o banco de dados das estações meteorológicas
automáticas do Simepar.
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PRECIPITAÇÃO MÉDIA
FIGURA 1 (a) – Precipitação (mm)
FONTE: Simepar
FIGURA 1 (b) – Precipitação (mm)
FONTE: Simepar
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FIGURA 1 (c) – Precipitação (mm)
FONTE: Simepar
TEMPERATURA MÉDIA
Temperaturas mínimas médias
FIGURA 2 (a) – Temperatura (°C)
FONTE: Simepar
3
FIGURA 2 (b) – Temperatura (°C)
FONTE: Simepar
FIGURA 2 (c) – Temperatura (°C)
FONTE: Simepar
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Temperaturas máximas médias
FIGURA 3 (a) – Temperatura (°C)
FONTE: Simepar
FIGURA 3 (b) – Temperatura (°C)
FONTE: Simepar
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FIGURA 3 (c) – Temperatura (°C)
FONTE: Simepar
A tabela abaixo mostra os valores das médias históricas de chuva, temperatura mínima e
temperatura máxima para cada região do Paraná nos meses de outubro, novembro e dezembro
obtidas da rede de estações agrometeorológicas do Instituto Agronômico do Paraná – Iapar
TABELA 1 – TEMPERATURAS (°C)
Outubro
Região
Chuva
(mm/mê
s)
TMIN
Novembro
TMAX
Chuva
(mm/mês)
Dezembro
TMIN
TMAX
Chuva
(mm/mês
)
TMIN
TMAX
Litoral
140-180 16,8 °C
25,2 °C 120-200
18,3 °C
27,4 °C
190-280
19,8 °C
29,1 °C
RMC
100-140 12,3 °C
22,0 °C 70-130
13,8 °C
23,8 °C
110-190
15,4 °C
25,2 °C
Centro
140-200 12,9 °C
24,0 °C 100-150
14,3 °C
25,6 °C
130-200
15,8 °C
26,4 °C
Sul
160-210 12,9 °C
24,0 °C 90-140
14,3 °C
25,9 °C
120-170
15,6 °C
26,8 °C
Sudoeste 180-240 14,5 °C
25,6 °C 120-200
16,0 °C
27,4 °C
140-200
17,5 °C
28,5 °C
Oeste
170-230 15,8 °C
26,3 °C 110-190
16,4 °C
26,9 °C
120-180
18,6 °C
28,3 °C
Norte
100-180 16,0 °C
26,3 °C 110-160
17,5 °C
27,8 °C
150-230
18,5 °C
27,9 °C
Fonte: Rede Agroclimatológica do Iapar
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Como será a Primavera de 2015 - outubro-novembro-dezembro
Condição de Grande Escala – Condição de El Niño
A partir do segundo semestre deste ano estamos convivendo com mais um evento de El
Niño, caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico
Equatorial Oriental e Central. Num El Niño clássico do aquecimento ao resfriamento o tempo de
duração é de aproximadamente 12 meses, começando nos meses iniciais do primeiro ano e com
máxima intensidade no final do ano a janeiro do ano subsequente. As águas aquecidas se
estendem próximas ao Equador que vai da costa peruana (lon 180º O) até aproximadamente
160º O.
O aumento no calor sensível e nos fluxos de vapor d´água da superfície do oceano para a
atmosfera sobre as águas quentes provoca mudanças na circulação atmosférica e na
precipitação em escala regional e global, as quais por sua vez provocam mudanças nas
condições meteorológicas e climáticas em várias partes do mundo.
Segundo o CPC.NCEP.NOAA, as condições para a existência do El Niño são:
“Se observa uma anomalia positiva da temperatura da superfície do mar de 0,5 ºC ou mais em
um período de um mês na região do El Niño 3.4 do Oceano Pacífico Equatorial (5 ºN – 5 ºS, 120
ºO – 170 º O – Fig. 04): e existe a probabilidade de que alcance a faixa do índice oceânico de 3
meses de El Niño e ainda quando se observa uma resposta atmosférica associada tipicamente
com El Niño sobre o Pacífico Equatorial".
FIGURA 4 – ÁREA DE MONITORAMENTO
Durante o mês de agosto as anomalias das temperaturas da superfície do mar
estiveram acima dos 2,0 ºC na parte central do Pacífico Tropical. As anomalias de
temperaturas da superfície do mar na região do Niño 3.4 aumentaram e diminuíram na
região do Niño 1 + 2 conforme pode ser conferida na Figura 5.
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FIGURA 5 – ANOMALIA DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DO MAR (°C)
CALCULADA COM REFERÊNCIA NOS PERÍODOS MÉDIOS SEMANAIS DE 1981 A
2010
FONTE: NOAA/NCEP
Como está a distribuição média das temperaturas ao longo deste ano no Paraná?
Selecionamos, para oito diferentes regiões do Paraná, a evolução mensal das temperaturas
médias de 2014; de 2002 - aquele “mais quente” do histórico de nossas estações
meteorológicas automáticas; dos últimos cinco anos e do corrente ano. Ressalte-se que nossa
rede de estações meteorológicas automáticas começou a operar, em sua grande maioria, em
1997 motivo pelo qual as médias aqui consideradas não podem ser tratadas como “médias
climatológicas”.
1. Capital e Região Metropolitana de Curitiba
O ano começou com registros de temperaturas bastante elevadas. Estes valores médios
superaram todas as médias (Fig 6). No entanto, com as chuvas de fevereiro, março e abril,
acompanharam a distribuição do ano anterior e já a partir de julho voltaram a superar os demais.
Agosto apresentou temperaturas bastante elevadas particularmente na primeira quinzena.
Nestes primeiros 20 dias de setembro houve um forte resfriamento na última semana. Já a partir
do dia 17, mais uma massa de ar quente se estabeleceu e as temperaturas voltaram a aumentar
- o que fez com que o valor médio ainda não esteja tão elevado - mas a expectativa para os
próximos dez dias é de que a média mensal fique superior à dos demais anos analisados no
gráfico.
8
FIGURA 6 – TEMPERATURAS MÉDIAS (°C)
FONTE: Simepar
2. Central
Na região Central de janeiro a junho os registros das temperaturas médias (Fig. 7) foram
muito semelhantes aos do ano anterior e entre julho e agosto superaram o perfil de 2002. Nos
20 dias deste setembro, já apresentam uma tendência de superar os valores médios dos outros
anos aqui apresentados.
FIGURA 7 – TEMPERATURAS MÉDIAS (°C)
FONTE: Simepar
9
3. Litoral
Na região do Litoral as temperaturas médias deste ano (Fig. 8) praticamente se mantiveram
semelhantes ao ano anterior de janeiro a junho quando então aumentaram significativamente até
em relação ao ano mais quente. Agosto teve seu valor médio ligeiramente superior a maio deste
ano e os 20 primeiros dias de setembro ainda não superaram os de 2014.
FIGURA 8 – TEMPERATURAS MÉDIAS (°C)
FONTE: Simepar
4. Noroeste
No Noroeste as temperaturas médias deste ano, a exemplo das demais citadas
anteriormente, foram elevadas, porém mesmo nos meses de julho e agosto ficaram muito
semelhantes ao ano anterior (Fig. 9). Nos 20 primeiros dias de setembro já apresentam uma
tendência de crescimento na reta média e, devido às projeções para os próximos dez dias,
superarão, em média, os demais anos aqui analisados.
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FIGURA 9 – TEMPERATURAS MÉDIAS (°C)
FONTE: Simepar
5. Norte
No Norte 2002 foi extremamente quente onde as temperaturas ficaram muito elevadas. Nos
últimos anos oscilaram pouco. Em janeiro, como nas outras regiões, a média extrapolou a
tendência, pois atingiu 26 ºC (Fig. 10). Nestes 20 dias de setembro o valor médio foi elevado e,
até o final do mês, deve extrapolar os demais anos analisados no mapa, de acordo com as
projeções para os dez dias restantes do mês.
FIGURA 10 – TEMPERATURAS MÉDIAS (°C)
FONTE: Simepar
11
6. Oeste
No Oeste o ano começou com temperaturas médias de 26,8 ºC (Fig. 11). Ao longo dos
meses seguintes as temperaturas ficaram semelhantes aos últimos anos, no entanto agosto
superou as demais curvas e se aproximou do valor médio observado em abril. Nestes 20
primeiros dias, devido ao forte resfriamento observado entre os dias 12 e 15, o valor médio não
parece muito elevado. Contudo, pelas projeções para os próximos dez dias, a linha média
mensal deste ano deverá superar os demais anos aqui analisados.
FIGURA 11 – TEMPERATURAS MÉDIAS (°C)
FONTE: Simepar
7. Sudoeste
No Sudoeste os registros deste ano mantiveram-se superiores aos dos últimos anos e, em
relação às demais regiões, foi aquela que mais se aproximou dos registros do ano até então
com os registros mais elevados – 2002 (Fig. 12). Agosto apresentou um aumento que só não foi
maior devido aos episódios chuvosos registrados a partir da segunda quinzena do mês. À
semelhança do ocorrido no Oeste também aqui as temperaturas médias calculadas nos 20
primeiros dias não dão uma ideia do “potencial” de calor deste mês pois - se a previsão se
confirmar - este mês se mostrará como um dos mais quentes dentre aqueles anos analisados no
gráfico.
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FIGURA 12 – TEMPERATURAS MÉDIAS (°C)
FONTE: Simepar
8. Sul
Historicamente esta região apresenta os menores desvios mensais entre os anos (Fig. 13).
Mesmo em 2002 as diferenças entre meses, comparando-as com aquelas observadas nas
demais regiões, não foram tão significativas. O agosto deste também não foi diferente: a
temperatura se posicionou quase 1 ºC acima da média de 2002. Nos 20 primeiros dias deste ano
a temperatura média ainda não mostra um valor tão alto. Contudo, a exemplo das demais
regiões analisadas, esta reta apresentará um valor elevado comparativamente aos demais.
FIGURA 13 – TEMPERATURAS MÉDIAS (°C)
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FONTE: Simepar
Projeções para a Primavera
Todos os modelos analisados (Fig. 14) projetam que o El Niño continuará presente
na primavera com efeito máximo estimado para o início do verão 2016. Há consenso
entre os principais centros mundiais de meteorologia de que os prognósticos favorecem
um evento de El Niño forte, com picos de anomalia de TSM na região do Niño 3.4
excedendo os 2,0 ºC.
FIGURA 14 – PROGNÓSTICOS DAS ANOMALIAS DA SUPERFÍCIE DO MAR PARA A REGIÃO
DO NIÑO 3.4 – ATUALIZADA EM 18/08/15
FONTE: NOAA-NCEP
No Paraná a tendência do comportamento da atmosfera para os meses de outubro, novembro e
dezembro indica que as chuvas fiquem acima da média, principalmente entre os setores Sudoeste,
Oeste, Sul, Central e Sudeste. Há tendência de que as temperaturas também fiquem elevadas durante a
primavera. Com a elevação das precipitações e das temperaturas aumentam também as chances de
formação e desenvolvimento de eventos severos como as tempestades e os temporais que surgem
quando a instabilidade atmosférica aumenta. O monitoramento e os alertas para estes eventos são
divulgados na página do Simepar (www.simepar.br), assim como os dados dos nossos radares
meteorológicos e de nossa rede de estações meteorológicas automáticas.
O Instituto Nacional de Meteorologia – INMET divulgou em seu site (www.inmet.gov.br) uma
atualização da previsão probabilística para a primavera 2015 (Fig 15 e Fig. 16) adaptada pelo Simepar.
Estes modelos confirmam a expectativa de que as precipitações se concentrem nos tercis acima do
normal para os três estados do Sul e, no Paraná, anomalias de chuvas de 50 a 100 mm em praticamente
todas as regiões.
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FIGURA 15 – PREVISÃO PROBABILÍSTICA (%)
FONTE: INMET
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FIGURA 16 – ANOMALIA DE PRECIPITAÇÃO (mm)
FONTE: INMET
Meteorologista responsável: Cezar Duquia/Simepar
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