multi-tables - Felipe Mojave

Transcrição

multi-tables - Felipe Mojave
coluna Felipe Mojave
investindo em satélites
multi-tables
Aprenda a aproveitar melhor esse tipo de torneio sem arriscar o bankroll
C
omo é que vai, leitor da Flop! Nesta coluna, vou escrever um pouco
sobre o que eu acho dos torneios
satélites. Eu vejo muitos jogadores
simplesmente fingindo que os torneios satélites não existem, e isso é um grande erro. Posso enumerar dezenas de motivos
pelos quais um jogador de multi-table deve
jogar torneios satélites (e farei isso), mas não
preciso ir tão longe para mostrar o quão importantes são os satélites.
Você pode jogar torneios satélites por três
motivos, na minha opinião:
A
Para participar de eventos que normalmente
o seu bankroll não suportaria e o valor do
satélite está dentro dos seus limites, podendo, assim, tentar alavancar o seu BR, com pouco risco;
B
C
Felipe “Mojave” Ramos
Embaixador do site PartyPoker,
conseguiu uma mesa final e a sexta
colocação na WSOP 2009. É o
primeiro brasileiro a conquistar três
premiações no EPT.
/FelipeMojave
28 | Abril
Para aliviar o impacto do investimento dentro do seu bankroll;
Para extrair valor dos satélites como “retorno final”, ou seja, jogá-los para fazer grana
como objetivo.
Na opção A, um exemplo simples seria
você ter um bankroll de R$ 7.500 e somente
participar de eventos com valor de inscrição
de até R$150.
Nesse caso, você pode optar em investir esses mesmos R$150 num satélite para a BSOP,
que é um torneio que tem buy-in de R$1.200,
e você não participaria desse evento tão cedo,
a não ser que alcance um BR de R$60.000, o
que hoje seria oito vezes o que você tem, ou
seja, uma realidade bem distante – sem contar as despesas que pesam muito nas viagens.
A grande vantagem aqui é que você está concorrendo a uma vaga para esse evento com
recursos que você pode bancar e, no caso de
ganhar uma vaga, você irá concorrer a um prêmio principal de R$ 150.000, que pode fazer
grande impacto na sua carreira no poker, e
tudo isso sem se arriscar além do necessário.
Já na opção B, eu presumo que você seja um
jogador regular de torneios.
N
esse caso, você planejou investir, num
determinado mês, R$10.000 para jogar
torneios. Ao invés de jogar dez torneios de R$1.000, você opta por participar
de 40 satélites de R$ 250, que dão vagas para
torneios de buy-in de R$1.000, que você está
acostumado a jogar. Se você tiver um índice
de aproveitamento nos satélites igual a 25%,
ou seja, se a cada quatro satélites você ganhar
uma vaga, isso indica que você terá o retorno dos seus investimentos. Melhorando esse
índice, você passaria a ter lucro e assim, com
os buy-ins dos torneios, diluindo riscos e aliviando o impacto dentro do seu bankroll. Caso
você ganhe 15 satélites entre os 40 jogados,
o seu retorno seria de 150% do investimento
inicial, o que significa que você aliviaria em
50% o impacto dentro do seu bankroll, nos
torneios que você joga. Qualquer número melhor que um – em quatro – já seria excelente,
e quanto maior, melhor.
No item C, basta levar o item B muito mais a
sério e intensificar os trabalhos, focando 100%
nos satélites. Se você tem um índice muito bom
de ganhar vagas em satélites, por que não se
profissionalizar nisso e fazer o seu lucro final
ali? A maioria das vagas em satélites são substituíveis por dinheiro – em alguns casos, ganhase a partir da segunda vaga –, e explorar esse
nicho é realmente um excelente negócio para
quem se especializa e entende bem do jogo.
Vou dar algumas dicas e fazer alguns comentários sobre os satélites multi-table.
Os satélites podem ser muito lucrativos. Realmente não são todos jogadores que entendem
das estratégias necessárias para esse tipo de
batalha. Isso é um fato provado pelo índice
de jogadores que jogam o satélite por jogar,
ou seja, estão a fim de arrumar uma vaga num
torneio e se registram no satélite sem ter nenhum conhecimento de onde estão se metendo.
Sunset Strip, Walking Sticks, Bengalas 7 7
[email protected]
ficar sem a vaga que vai cair no
seu colo ou deixar o outro jogador com o stack muito pequeno. No caso de você ter um stack
maior que o jogador que veio all
in por cima e for suficientemente
grande para você ainda ficar na
média em fichas, se você perder
a mão, aí a situação seria de call,
já que você também quer contribuir para que o torneio acabe
por ali e já garanta a sua vaga.
Vou passar algumas dicas também sobre o início, o meio e o
fim do jogo.
Muitos jogadores só pensam no curto prazo quando falamos em satélites.
Exemplo: vai ter aquele torneio no
fim de semana e você joga apenas um
satélite três dias antes do evento. Essa
não é a maneira mais lucrativa de encarar os satélites. Se você pode ganhar
bem, por que não jogar desde cedo?
O
utra coisa que não faz muito
sentido é desistir dos satélites
depois de ter jogado alguns e
não ter conseguido a vaga. Mesmo
investindo mais do que um buy-in
original para o torneio em questão,
se você acha que você tem um edge,
então não deve ser influenciado pelos
resultados atuais. Isso normalmente
acontece pelo fator de “imediatismo”.
Se você não pega a primeira vaga e
já desiste, não é assim que funciona.
Como nos satélites o importante é
chegar ITM, e a estratégia para isso é
baseada na sobrevivência. O chip leader e o short-stack irão ganhar o mesmo prêmio no fim do torneio, lembra?
Então, esqueça aqueles movimentos
arriscados que você faz nos torneios
comuns, pois você não pode se dar
ao luxo de inventar moda e cair do
torneio numa mão besta, pois o que
vale é chegar entre os premiados e esse
tipo de movimento torna tudo isso
menos lucrativo.
www.revistaflop.com.br
Fora isso, irá ser necessário mudar
de análise em diversas situações, como
numa situação comum e bem conhecida como esta: ainda há 15 jogadores
no torneio e o total é de 11 vagas. Você
possui um stack médio. UTG sai de all
in e um big stack no meio da mesa dá
o call. Você se encontra com AKs no
big blind. Qual é a decisão correta?
Fold. Não existe a menor necessidade
de você se envolver nessa mão, já que
com AK a equidade da sua mão é de
50% contra qualquer range, mas vale
lembrar que ali você não está jogando contra um range qualquer. Pode
ser que o jogador que saiu all in não
tenha nada, mas o big stack que deu
call com certeza tem uma mão forte.
As suas chances podem estar reduzidas a 30% ou menos, por isso o fold
é a decisão certa. Com isso, teremos
um jogador a menos e você fica na
média em fichas, faltando três jogadores para a vaga.
Outro exemplo para deixar as coisas bem claras: você tem AA no UTG
e abre raise na bolha do satélite, com
um stack de pequeno para médio. Um
jogador no meio da mesa dá all in e o
big blind vem all in por cima, com um
stack maior do que o de vocês dois.
Qual é a decisão certa? Fold.
Você não quer correr o risco, ainda
mais o risco, de pelo menos 20%, de
Início: há muitos jogadores
presos, querendo preservar ao
extremo o seu stack aqui, e eu
vejo grande vantagem em jogar
um pouquinho mais solto, sem
comprometer grande parte do
stack, é claro.
Meio: procure aproveitar as oportunidades para pressionar os stacks
medianos. Tomar riscos aqui é muito importante para manter o seu stack,
mas tudo com uma dose de inteligência muito grande e sempre prestando
atenção na sua posição frente aos competidores. Tentar se manter short-stack
aqui não é interessante. Basicamente,
eu jogo o meu jogo regular, com alguns ajustes.
Fim: é a parte mais crítica do satélite.
Fique muito atento. Aqui, a atenção
vale mais que tudo. Lembre-se de que
você está bem perto do seu objetivo,
portanto seja inteligente ao ponto de
gerenciar suas fichas frente ao stack
dos seus adversários e de não correr
riscos desnecessários.
É isso, galera. Espero que o leitor tenha gostado desta coluna e, caso tenha
ficado algum dúvida, por favor, entre
em contato comigo via twitter, pelos
endereços @PartyBrasil e @FelipeMojave. Fique atento aos satélites para o
WPT e a WSOP no PartyPoker, com
oportunidades exclusivas, inclusive de
graça. Confira também o blog www.
partypokerbrasil.com, para ficar por
dentro de tudo que anda acontecendo
na minha carreira.
Grande abraço, Felipe Mojave. 
abril |
29