Mediunidade - GE Fabiano de Cristo

Transcrição

Mediunidade - GE Fabiano de Cristo
Iniciação mediúnica
Curso sobre
Mediunidade
Francisco Cajazeiras.
SUMÁRIO
Introdução
1.
Mediunidade - Histórico e Princípios Básicos
2.
Animismo, Mediunismo e Mediunidade
3.
Classificação e Tipos de Mediunidade
4.
Fenômeno Mediúnico
5.
Desenvolvimento e Educação Mediúnicos
6.
Perigos, Inconvenientes e Escolhos da Mediunidade
7.
Desobsessão
8.
Transcomunicação Instrumental
9.
Mediunidade de Cura
Apêndice - Regulamento do Departamento Med. do Instituto de Cultura Espírita do Ceará
Bibliografia
Obras do mesmo autor
Este livro foi separado por lições, para ser estudado no
Grupo Espírita Fabiano de Cristo.
INTRODUÇÃO
Allan Kardec, no livro “Obras Póstumas”1 ressalta a importância do Ensino Espírita, para o
desenvolvimento dos princípios da Ciência Espírita e para estimular o gosto pelos estudos sérios.
Tenho constatado, infelizmente, ao longo da minha caminhada pelas searas espíritas, não apenas em
minha cidade natal2, mas também em outras localidades brasileiras, uma marcante carência de
estudos doutrinários espíritas. Isso torna vulnerável o Movimento Espírita, favorecendo a infiltração
de ideias e práticas estranhas ao espiritismo.
Se todos os núcleos espiritistas priorizassem o estudo doutrinário, iniciando pela Codificação
Espírita, não tenho dúvida de que muito mais já teríamos logrado crescer e de que não se teria aceito
a miscigenação na prática, em tantas Casas Espíritas.
A prática mediúnica, então, é das que mais sofrem com essa situação de carência de conhecimentos.
É fato que a mediunidade como faculdade existe desde que o homem assim se entende, mas sempre
foi subutilizada ou mal utilizada, por força do empirismo e da escassa compreensão das suas bases.
Ainda hoje, é fácil identificarmos grupos que, embora se intitulando espíritas, apresentam um
comportamento bizarro na vivência da faculdade medianímica. Isso se deve, em geral, ao
desconhecimento acerca do maravilhoso conteúdo de "O Livro dos Médiuns", obra destinada ao
estudo sério e profundo para médiuns e doutrinadores (evocadores).
O pior mesmo é que muitos daqueles companheiros que se iniciam dessa maneira na prática
mediúnica costumam fechar-se ao esclarecimento, mesmo diante da oportunidade de obtê-lo,
simplesmente alegando "anos e anos" de vivência mediúnica que "vem dando certo", sem se darem
conta de quanto a prática sob orientação doutrinária facilitaria o trabalho da espiritualidade que se
desdobra, sempre que existem sinceridade e bons propósitos, humildade e desinteresse dos tarefeiros
encarnados. 3
Diante de tudo isso, mais uma vez se patenteia a imensa capacidade do Codificador de vislumbrar o
futuro, naquela sua idéia de se implantarem cursos regulares de Espiritismo.
Para a prática mediúnica, não há dúvida sobre ser imprescindível o estudo meticuloso e constante de
"O Livro dos Médiuns", por todos os seus componentes: médiuns, esclarecedores etc.
médiuns, esclarecedores etc.
Aliás, em vários momentos, na Codificação, Allan Kardec ressalta, como condição primordial para o
exercício da práxis mediúnica, o seu estudo teórico prévio.
Entretanto, para o iniciante, sou da opinião de que a participação em um curso teórico sobre
mediunidade facilitará substancialmente aquele estudo, na medida que pode dar uma visão de
conjunto e de unidade para o aprendizado a se fazer em "O Livro dos Médiuns", além de fomentar o
gosto pelos estudos.
Foi com essa intenção que, em 1991, criamos o nosso "Curso Sobre Mediunidade", mantido até hoje
com ótimo resultado. Ele se constitui - juntamente com o "Curso Básico de Espiritismo" e o "Curso
Sobre o Passe" - no pró-requisito teórico para admissão de postulantes à Educação Mediúnica, no
Instituto de Cultura Espírita do Ceara.
A partir da atenção despertada pela aplicação anual desse curso, como também pela insistência dos
cursandos em ter o seu material para rever as aulas é que resolvemos elaborar uma apostila com o seu
conteúdo.
Essa apostila foi agora revisada, tendo vários dos seus textos e capítulos refeitos, visando enriquecer
um pouco mais o seu conteúdo e dar-lhe urna formatação mais compatível com a de um livro.
Espero que ele possa ser utilizado com proveito por todos os amigos leitores. Mas já me darei por
muito feliz, se o seu objetivo de facilitar e estimular o estudo de "O Livro dos Médiuns" for
alcançado.
Francisco Cajazeiras - Julho de 2003
1
KARDEC, Allan. Obras Póstumas.
Fortaleza, capital do Ceará.
3
É interessante ressaltar que, de acordo com o preceito evangélico: “Mais se cobrará a quem mais foi dado”, até certo ponto
aceitável e compreensível que os confrades dos primeiros tempos de prática mediúnica – pela dificuldade de estudos e até
mesmo pela indisponibilidade em adquirir obras de Allan Kardec – possam ser justificados em suas discrepâncias. Hoje me
dia, porém, com a facilidade de se obter os conhecimentos devidos, a responsabilidade aumenta consideravelmente.
2
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Lição: 1
Capítulo 1
Mediunidade
(histórico e princípios básicos)
À semelhança dos vocábulos Espiritismo, espírita, espiritista e reencarnação, as palavras
mediunidade e médium não existiam antes do Espiritismo, sendo, portanto neologismos, novos
termos criados por Allan Kardec, com o objetivo de deixar bem claro o seu significado.
Médium é vocábulo de origem latina que significa meio, intermediário: é termo empregado para
designar as pessoas que servem de meio de comunicação entre os homens e os Espíritos.
Já Mediunidade é a denominação espírita para a faculdade, inerente a todo ser humano, que permite o
intercâmbio entre o mundo espiritual e a nossa dimensão material.
Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns” 1, assim se reporta à faculdade mediúnica:
"Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é médium. Essa faculdade é
inerente ao homem. Pode-se dizer; pois, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém,
essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem
caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma
organização mais ou menos sensitiva." (grifo meu).
I. OS PRECURSORES DA DOUTRINA ESPÍRITA
(O Intercâmbio Mediúnico Através do Tempo)
As manifestações dos Espíritos remontam a mais recuada antiguidade. Tendo, na Terra, a idade da
espécie humana, com a instalação da razão, podemos afirmar que sua ocorrência vem fazendo ao
longo do tempo e entre todos os povos.
Sempre houve médiuns. O que muda é a terminologia usada para designá-los, bem como o método e
os objetivos que dirigem a atividade. Assim, temos os hierofantes (na Grécia e em Roma), as
pitonisas (adivinhas na antiguidade), os xamãs (na Ásia), as sibilas (profetisas na antiguidade) e os
profetas (entre os hebreus).
A história, a propósito disso, está pontilhada desses fenômenos de comunicação mediúnica. Muitas
foram as personalidades conhecidas que descreveram experiências desse tipo.
Sócrates, por exemplo, afirmava que o seu Espírito protetor (daimon) com ele conversava e o
aconselhava. Conta-se que, em certa ocasião, o eminente filósofo dirigia-se com amigos a
determinado lugar e pára de súbito, sob a orientação do seu daimon2 para mudar de estrada, pois
havia perigo mais à frente. Alguns dos seus companheiros não acreditaram e foram atacados por um
animal selvagem.
Júlio César foi cercado por maus presságios antes do seu assassinato e sua esposa teve um sonho que
desaconselhava o seu comparecimento ao senado. Não acatando os rogos da esposa, foi ali
assassinado.
Dante Alighieri escreveu a sua famosa obra – “A Divina Comédia”3 – a partir de desdobramentos
para as regiões espirituais que interpretava, compreensivelmente, de acordo com suas crenças e
educação religiosa.
Abraham Lincoln, ex-presidente dos Estados Unidos da América, sonhou que havia um velório na
Casa Branca e, ao perguntar quem falecera, teve como resposta: o presidente. Algum tempo depois,
foi assassinado.
E tantos foram os casos ocorridos com personalidades conhecidas que se poderiam encher páginas e
mais páginas. Ora, se entre pessoas destacáveis na sociedade encontramos tantos casos, imaginem no
cotidiano das pessoas anônimas às culminâncias intelectuais e sociais.
Bibliografia
1
ALLAN Kardec. O Livro dos Médiuns.
Palavra grega que significa gênio, Espírito. Com o tempo, passou a ser usada para designar um “mau espírito” ou o “Espírito
do Mal”.
3
ALIGHIERI, Dante. “A Divina Comédia”.
2
Glossário:
Hierofante = 1. O sacerdote que presidia aos mistérios de Elêusis, na Grécia antiga.
Pitonisa = sacerdotisa do templo de Apolo, em Delfos, Antiga Grécia.
Xamã = espécie de sacerdote ou médico feiticeiro, que atua como curandeiro e adivinho.
Sibila = 1. Entre os antigos, profetisa: 2.bruxa, feiticeira.
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Lição: 2
PRECURSORES DO ESPIRITISMO
A. NA IDADE MÉDIA
No século XV da nossa era, vemos destacar-se a figura polêmica e determinada da Virgem de
Domrèmy: Joana D'arc.
Joana era médium audiente, vidente e profética. Afirmava que os Espíritos conhecidos como São
Miguel, Santa Catarina e Santa Margarida informaram-lhe de sua missão para defender a França
contra a fúria inglesa.
A frente do exército francês conseguiu muitas vitórias que a tornaram consagrada, contribuindo
decisivamente para a preservação de sua pátria.
Traída, foi aprisionada e encaminhada para terreno inimigo. Acusada de heresia preferiu ser
condenada à pena capital a ter que abjurar suas "vozes".
Joana D’Arc foi enviada para ajudar a manter a França livre, em função dos acontecimentos futuros
marcantes para a Humanidade inteira, aos quais ela serviria de palco, dentre os quais destaca-se a
Revelação Espírita.
B. NA IDADE MODERNA
A partir da Era Moderna, muitos são os médiuns que, de certa forma vêm fincar na cultura terrena os
referenciais imperecíveis da faculdade mediúnica, constituindo fase precursora ao advento do
Espiritismo, o "Consolador" da promessa de Jesus.
Dentre todos merecem destaque o sueco Emmanuel Swedenborg, o escocês Edward Irving e o norteamericano Andrew Jackson Davis.
Arthur Conan Doyle, médico e escritor inglês, autor de "History of Spiritualism"1, diferencia, neste
livro, a fase precursora daquela em que surge a Doutrina Espírita, pelo caráter metódico, abrangente
e usual desta última, sentenciando:
“Estes últimos episódios têm a característica de uma invasão organizada”2
a) Emmanuel Swedenborg
Nascido na Suécia, engenheiro militar, teólogo, homem de inquestionável valor, Swedenborg era
dotado de largo potencial psíquico.
Suas visões se iniciaram desde a infância e se prolongaram até o seu decesso. Mas seus potenciais
psíquicos eclodiram de maneira insofismável, a partir de abril de 1744, em Londres. Desde então,
afirma Swedenborg:
“(...) O Senhor abria os olhos de meu espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava no
outro mundo e para conversar, em plena consciência, com os Anjos e os Espíritos.” 3
A respeito da comunicação de um amigo desencarnado, o médium sueco descreve este contato
obtido três dias após a sua morte:
"Ele viu o coche fúnebre presenciou quando o féretro baixou à sepultura. Entretanto, conversando
comigo, perguntou por que o haviam enterrado, se estava vivo. Quando o sacerdote disse que ele se
ergueria no Dia do Juízo, perguntou por que isso, se ele já estava de pé. Admirou-se de uma tal
coisa, ao considerar que, mesmo agora, estava vivo.”4
Suas descrições da morte e da vida no Mundo dos Espíritos, a despeito de todo o seu simbolismo
teológico, guardam muita semelhança com as descritas pelos Espíritos Reveladores.
b) Andrew Jackson Davis
Fatos precursores dignos de registros ocorreram com Andrew Jackson Davis. magnífico sensitivo
que viveu nos Estados Unidos, entre 1826 e 1910, sendo considerado por Arthur Conan Doyle como
o profeta da Nova Revelação. Os poderes psíquicos de Davis desabrocharam nos últimos anos da
infância, quando passou a ouvir as vozes de Espíritos que lhe davam conselhos. À faculdade da
vidência seguiu-se-lhe a da audiência. Na tarde de 06 de março de 1884, Davis foi tomado por uma
força que o fez voar, em Espírito5, da pequena cidade onde residia e fazer uma viagem até às
Montanhas de Castskill, a cerca de 40 milhas de sua casa. Swedenborg foi um dos mentores
espirituais de Davis.
O surgimento do Espiritismo foi predito por Davis no livro "Princípio da Natureza".
Sobre isso, Conan Doyle faz o seguinte comentário:
"Para nós, o que é importante é o papel representado por Davis no começo da Revelação Espírita.
Ele começou a preparar o terreno, antes que se iniciasse a Revelação. Estava claramente fadado a
associar-se intimamente, com ela, de vez que conhecia a demonstração de Hydesville” 6
Bibliografia
1
O livro "History of Spiritualism" foi traduzido, no Brasil, pelo cearense Júlio Abreu Filho e editado pela Editora Pensamento,
de São Paulo, com o título: “História do Espiritismo”.
2
DOYLE, Arthur C. –“História do Espiritismo”, pág. 33. Tradução de Júlio de Abreu Filho. São Paulo.
3
Idem, ibidem, pág. 37.
4
Apud DOYLE, Arthur Conan. –“História do Espiritismo”, pág. 33. Tradução de Júlio de Abreu Filho. São Paulo.
Processo de desdobramento.
6
Arthur Conan Doyle, op. cit. pág 69.
5
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Lição: 3
II. RELIGIÕES E MEDIUNIDADE
Despontando, de maneira relevante, na origem das religiões, a fenomenologia mediúnica é descrita
fartamente nos “livros santos” e tratados religiosos, desde os mais antigos - tais como o Código dos
Vedas1 e o Código de Manu2 - até ao Antigo Testamento, ao Novo Testamento e ao Alcorão!3
Observamos, assim, que o intercâmbio com o Mundo Invisível tem acontecido em todas as latitudes
e longitudes, sejam quais forem os costumes e as civilizações, no Ocidente como no Oriente.
Paulo, o Apóstolo dos Gentios, em algumas de suas epístolas, não apenas assinalava como orientava
a prática mediúnica entre os cristãos primitivos, ao sugerir:
“Segui o amor e procurai com zelo os dons espirituais4, mas principalmente que profetizeis.”5
(Grifo meu).
“Não apagueis o Espírito; não desprezeis as profecias; discerni tudo e ficai com o que é bom.”6
João o evangelista, assim aconselhava acerca das relações com o Mundo Extra-físico, em
indiscutível alerta sobre o cuidado a tomar quanto à sua procedência:
“Caríssimos! Não acrediteis em todos os Espíritos; antes examinai-os para ver se são de Deus, pois
muitos falsos profetas vieram ao mundo. (...) Nisto reconhecereis o espírito de Deus: todo Espírito
que confessa que Jesus Cristo veio na carne é de Deus; e todo Espírito que não confessa Jesus não é
de Deus (...)”7
Se João alerta-nos para “examinarmos os Espíritos”, é fácil deduzir que, àquela época, entre os
protocristãos8, era usual a relação com os Espíritos desencarnados, a prática da Mediunidade; isto
também é confirmado por Paulo de Tarso nos propalados “cultos pneumáticos9”,
Não deve ser, pois, sem motivos que os Espíritos Erasto e Timóteo - ambos discípulos de Paulo, o
destemido e intrépido apóstolo de Jesus - têm relevante papel na concatenação e ordenação de “O
Livro dos Médiuns”.
Desde o século X1X, os cristãos tradicionalistas vêm retomando, voluntária e abertamente, a
atividade mediúnica, sem, no entanto aceitar que toda reunião onde ocorrem comunicações
espirituais - sejam quais forem os Espíritos - é, por esta razão, uma reunião mediúnica. Então, o que
muda é a terminologia, o método, o sentido e os objetivos, mas não o fenômeno em si!
Os pentecostalistas10 estão, pois, realizando reuniões mediúnicas! Desordenadas, é bem verdade, se
analisadas sob uma visão científica, mas ainda assim reuniões mediúnicas, levando-se em conta a
comunicação dos Espíritos ("Espírito Santo"11 - conjunto dos Espíritos Superiores -, santos,
demônios etc.).
Bibliografia
1
Livro sagrado dos hindus. A palavra “vedas” é originada do sânscrito e significa “saber”. O “Rig-veda” é o mais antigo dos
livros sagrados.
2
Um dos livros sagrados da Índia que contém a doutrina do Bramanismo.
3
Livro sagrado dos muçulmanos. Tem, em árabe, o mesmo significado que biblion, em grego, que quer dizer “livro”. O
Alcorão é um livro mediúnico, recebido por Maomé através da psicografia intuitiva, sendo sua autoria atribuída, pelo
médium, ao próprio Deus, assim como ocorreu com a Bíblia dos judeus e, por conseguinte, a dos cristãos.
4
O mesmo que dons mediúnicos.
Coríntios 14:1
6
I Tessalonicenses 5:19-21
7
I João 4:1,2
8
Os cristãos dos tempos iniciais do Cristianismo (até o IV século da nossa Era).
9
Pneuma, do grego, espírito.
10
Igrejas ou a alas da Igreja Católica que restabelece o culto pneumático, os chamado carismas. O movimento
pentecostalista iniciou-se já no século XIX, entre representantes das Igrejas Reformadas.
11
O "Espírito Santo" seria, na visão espírita, todo o conjunto dos Espíritos Puros e Superiores.
5
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Lição: 4
III. FENÔMENOS DE HYDESVILLE
A. AS IRMÃS FOX
E comum que os detratores da Doutrina Espírita e mesmo alguns dos seus adeptos afirmem que o
Espiritismo se inicia com os fenômenos de efeitos físicos (pancadas nas paredes e outros ruídos)
ocorridos nos Estados Unidos, nos anos de 1848, na aldeia de Hydesville condado de Wayne, estado
de New York. Mas veremos que, na verdade, foram esses episódios as primeiras manifestações
mediúnicas a repercutirem na sociedade e no mundo. Sendo assim, embora Allan Kardec tenha se
utilizado de mensagens mediúnicas provindas de várias origens, inclusive em diferentes países, não
se deve afirmar que aí se deu o nascimento do Espiritismo ocorrido somente a 18 de abril de 1857,
com a publicação de “O Livro dos Espíritos”, após exaustivo trabalho do Codificador. Pode-se
afirmar que com a fenomenologia hydesvilleana tem início uma corrente espiritualista denominada
de Neo-espiritualismo ou Moderno Espiritualismo.
Os fatos se iniciaram no dia 31 de março de 1848, em uma humilde casa onde residia a família Fox,
em Hydesville, com ruídos, pancadas e manifestações semelhantes.
A família Fox era evangélica, pertencente à Igreja Metodista, e constituída pelo pai, pela mãe e por
duas adolescentes possuidoras de mediunidade: Margareth e Katherine.
Os fenômenos passaram a se repetir com freqüência e insistência inigualáveis, ao ponto de toda a
localidade saber e procurar encontrar-lhes a causa.
As médiuns imaginaram tratar-se do próprio “satanás” (crença de sua Igreja) e tentaram dialogar,
convencionando um número específico de pancadas para “sim” e “não”.
Depois, o Sr. Isaac Post, um seu vizinho, sugeriu usar esses números diferenciados de pancadas para
as letras do alfabeto, iniciando-se, a partir daí, uma comunicação mais complexa. Inaugurava-se,
assim, a “telegrafia espiritual”, também utilizada nos fenômenos das “mesas girantes” ou “mesas
dançantes”.
A partir de então, a entidade comunicante explicou tratar-se de um ex-viajante assassinado naquela
casa, anos antes, por seus antigos moradores, identificando-se como Charles B. Rosma.
Várias foram as personalidades americanas da época que investigaram os fatos mediúnicos,
tornando-se, a partir de então, adeptos desse espiritualismo neo-nascente. Um dos destaques foi o
juiz Edmonds que de materialista convicto tornou-se espiritualista a partir da constatação dos fatos
ocorrido sob a intermediação das adolescentes.
As irmãs Fox, após o alarido e o interesse despertado pelos fatos mediúnicos, passaram a se
apresentar publicamente em Rochester, no Corinthians Hall.
Alias, essas apresentações públicas e a cobrança pelos shows medianímicos findaram por levá-las à
queda e inclusive uma delas ao alcoolismo, sendo posteriormente motivo de grande escândalo.
Não é sem motivo que Allan Kardec, O Codificador da Doutrina Espírita, após suas avaliações,
mostrou-se terminantemente contrário ao uso mercantilista da mediunidade ou do qual decorra
qualquer proveito material próprio para o sensitivo.
O certo é que, já a essa época, era grande o número de curiosos, interessados e seguidores do
neo-espiritualismo que se esboçava a partir da constatação dos fenômenos em Hydesville, assim
como também não fez sem demora a reação contraria partindo de vários segmentos da sociedade
americana.
B. AS MESAS GIRANTES
Os acontecimentos de Hydesville ultrapassaram as fronteiras ecoando fortemente na Europa,
aguçando a curiosidade popular e rapidamente se tornando o passatempo mais difundido, a principal
diversão da sociedade daquela época; pelo menos, entre os anos de 1853 a 1855, quando o Prof.
Denizard Rivail (Allan Kardec) começou as suas pesquisas e as observações da fenomenologia
mediúnica.
Estes eram os tempos das “mesas girantes”, tempo de preparo imediato ao advento do Espiritismo.
Aqui em Fortaleza, também são registrados fatos semelhantes, como o que publicou o jornal “O
Cearense”, em sua edição de dois de agosto de 1853, na residência de um comerciante local, quando
por ocasião de uma experiência para testar a veracidade dos fatos, aconteceram os movimentos da
mesa, inicialmente lentos e depois enérgicos. 1
Paris assistia esses fenômenos entre intrigada e curiosa e não tardou a adotar a novidade em seu
dia-a-dia. Logo essa prática tornou-se moda, a diversão habitual das famílias parisienses que se
reuniam em torno das mesas para entretenimento com as “mesas girantes”.
Ao Prof. Denizard Hippolyte Léon Rivail, mais tarde conhecido sob o pseudônimo de Allan Kardec,
não passou desapercebida a seriedade e profundez subjacente daqueles acontecimentos. Sua atitude
científica, despreconceituosa e não dogmática diante desses fatos resultou no advento da Doutrina
Espírita. O Codificador não os contestou nem os reconheceu de pronto aos primeiros contatos.
Constatando, depois, a sua realidade fenomênica, estabeleceu-se, a fase inicial do desenvolvimento
da Ciência Espírita e tais fatos, incipientes e rudimentares, serviram de alicerce para o que mais tarde
seria o edifício da Doutrina Consoladora.
Allan Kardec refere-se aos fenômenos físicos como manifestações de forças inteligentes que
utilizaram de início, as mesas segundo os sinais previamente convencionados, mas proclama que este
meio ainda grosseiro “era demorado e incômodo”.
Os próprios Espíritos, com o progredir dos ensinamentos, trataram de sugerir métodos que
facilitassem o intercâmbio mediúnico, como foi o caso das pranchetas e, por fim, da psicografia
direta (usando a mão do medianeiro).
Assim visto, as; “mesas girantes” representam indiscutivelmente o ponto de partida, o precursor
imediato ao surgimento da Doutrina dos Espíritos.
A relevância desses acontecimentos pode ser assinalada, ainda, pela ressonância na esfera científica,
motivando as mais diversas investigações por pesquisadores de alto nível científico e cultural como
Dale Owen, William Crookes, Charles Richet, Ernesto Bozzano, Crawford , Zöllner, Gustave Geley,
dentre tantos outros.
Quase todos esses pesquisadores, via de regra, iniciaram suas investigações com a idéia
preestabelecida de desmascarar a “fraude” dos fatos espíritas e, quando dotados de total
imparcialidade, culminaram rotineiramente por concluir pela sua veracidade.
Mesmo em nossos dias, com a fabulosa evolução da ciência, os ensinamentos trazidos pelos Espíritos
ainda continuam atuais e, muitos deles, já comprovados por aquela, embora rotulados os fatos com
uma terminologia mais pomposa e dissimuladora do componente espiritual, aliás, também tão ao
gosto dos próprios espiritistas de nosso tempo!
Bibliografia
1
KLEIN FILHO, Luciano in “O Espiritismo na Terra da Luz”, na Revista “Fortaleza Espírita”, nº1, Ed. ICE-CE.
Glossário
Dale Owen – Robert Dale Owen nasceu em 7 de novembro de 1801 em Glasgow na Escócia e desencarnou em 24 de junho
de 1877. Dedicou-se ao Estudo do Espiritismo visando provar a seu pai o grave erro em que ele incorria ao se interessar
pelos fenômenos supranormais. E o resultado de suas investigações foi render-se à evidência dos fatos por ele verificados.
William Crookes - Sir William Crookes nasceu em Londres, 17 de junho de 1832, desencarnou em 4 de abril de 1919. Entre os
médiuns que ele estudou estavam Kate Fox, Florence Cook, e Daniel Dunglas Home (Doyle, 1926: volume 1, 230-251). Os
fenômenos que ele testemunhou incluíram movimento de corpos à distância, tiptologia, alteração de peso dos corpos,
levitação, aparência de objetos luminosos, aparência de figuras fantasmagóricas, aparência de escrita sem intervenção
humana e circunstâncias que "sugerem a atuação de uma inteligência externa" (Crookes, 1874).
Charles Richet - Conhecido como o fundador da Metapsíquica, Charles Richet (1850-1935) desempenhou um papel
fundamental no processo de desvendar o desconhecido mundo dos fenômenos anímicos. Em 1905, então presidente da
Sociedade de Investigações Psíquicas - Londres, propôs o nome de Metapsíquica a este conjunto de conhecimentos. Aos
fenômenos que no Espiritismo conhecemos como fenômenos inteligentes, Richet chamou Fenômenos Subjetivos. São os que
se caracterizam por terem lugar unicamente na esfera psíquica, sem qualquer ação dinâmica sobre os objetos materiais.
Àqueles que o Espiritismo denomina fenômenos de efeitos físicos, e que se caracterizam pela ação física sobre os objetos
materiais, Richet chamou Fenômenos Objetivos.
Embora não fosse Espírita, Charles Richet achava importante que os Espíritas reconhecessem a sua tentativa de fazer entrar
na ordem dos fatos científicos todos os fenômenos que constituem a base da sua fé.
O Espiritismo muito deve a homens deste quilate, pois dotado de forte espírito investigativo aprofundou o estudo dos
fenômenos mediúnicos em diversas facetas.
Ernesto Bozzano – Nasceu em 9/01/1862, em Gênova, Itália e desencarnou em 24/06/1943, na mesma localidade. Professor
da Universidade de Turim.
Ernesto Bozzano foi um dos mais eruditos sábios dos últimos tempos e dado o seu inusitado interesse pelo estudo do
Espiritismo em cujo afã dedicou metade de sua profícua existência de 81 anos e merece o cognome de "O Grande Mestre da
Ciência da Alma".
Este grande Gigante do Espiritismo se aprofundou na Codificação Kardequiana trazendo um grande avanço no conhecimento
da vida espiritual.
Ernesto Bozzano expôs, em uma centena de monografias, com cada tipo específico de fenômeno mediúnico, defendendo
sempre a teoria espírita como a mais simples e natural explicação dos fenômenos.
Crawford – O Professor W. J. Crawford que foi catedrático de Engenharia Mecânica na Queen’s University, em Belfast,
conduziu longos e meticulosos estudos sobre o ectoplasma.
Ele descobriu que, durante a materialização, o peso do médium baixava de 73kgs para 30kgs. Noutros casos descritos na
literatura da especialidade, descobriu-se que o médium sofria perdas de peso de 7kgs a 18kgs (Meek 1987:69). O professor
Crawford descobriu que todas as manifestações_físicas dos seus médiums – levitação_de_mesas, movimentação de
objectos, etc., eram conseguidos através da construção ectoplásmica. No seu livro Psychic Strutures ele apresenta
fotografias do ectoplasma a ser utilizado para levantar mesas.
Zöllner – Friedrich Zöllner foi um grande batalhador da Causa Espírita nasceu no ano de 1834, em uma província da
Alemanha e se notabilizou por suas experiências físicas aonde a atuação dos espíritos não deixaram dúvidas nem incertezas.
Sendo físico, utilizou esta ciência para demonstrar a imortalidade e divulgar a interferência dos desencarnados no cotidiano
dos encarnados.
Ao propor a teoria da 4ª dimensão para explicar os fenômenos observados antecipou-se aos físicos atuais e demonstrou
como a ciência pode auxiliar a religião e quanto a religião pode ser científica.
Gustave Geley - Gustave Geley foi dos principais filósofos e cientistas de tendência claramente Espírita do século 20, sendo
doutor em medicina por Lyon, desde jovem se viu atraído pelo inquietante problema da sobrevivência e da evolução
humana.
Gustave Geley nasceu em Nancy, na França em 14 de julho de 1865. Formado em Medicina pela Faculdade de Lyon, clinicou
até 1918 em Annecy, onde alcançou grande reputação. Interessando-se pelos fenômenos paranormais, realizou muitos
estudos que ficaram registrados em anais científicos da época.
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Lição: 5
Capítulo 2
Animismo, Mediunismo e Mediunidade
A fenomenologia psíquica foi móvel de grandes polêmicas e, se por um lado, inúmeros eram os
pesquisadores sérios a acumular provas da sua realidade, de outro, também os havia em grande
número inconformados com as verdades que os fenômenos mediúnicos iam estabelecendo. Dentre
esses últimos, havia os negadores contumazes, que se batiam até ao desespero para demonstrar-lhe a
fraude.
I. COMUNICAÇÃO DOS MORTOS
Os próprios comunicantes, no entanto, afirmavam-se homens que haviam passado pelo fenômeno da
“morte”.
As provas e observações sobre o fenômeno medianímico se avolumaram, a tal ponto, que já não era
possível, de sã consciência, negar-lhe a existência. Por isso, ao invés de não aceitá-lo, passou-se a
atribuí-lo unicamente à manifestação do inconsciente do sensitivo, o que ganhou maior consistência
após o inteligente trabalho do filósofo alemão Eduard Von Hartmann, intitulado “O Espiritismo”,
onde se defendia esta tese (anímica), procurando refutar a Teoria Espírita.
O trabalho foi muito festejado então pelos opositores à Teoria da Comunicação dos Espíritos, até
porque expressava, em si, verdade parcial de sua origem.
O Espiritismo, através de Alexander Aksakof - insigne professor da Academia de Leipzig e
Conselheiro do Estado da Rússia, à época -, responde, após quatro anos de pesquisa, em seu livro
“Animismo e Espiritismo” 1, mostrando que o admirável filósofo germânico tinha razão parcial, haja
vista ser o próprio sensitivo, também, um Espírito e que, por isso, pode servir de intermediário para
as inteligências extracorpóreas.
Há, entretanto, vários fenômenos que não se adequam a essa teoria da manifestação exclusiva da
mente do sensitivo, do seu inconsciente,
Como explicar, satisfatória e lucidamente, as manifestações acima das capacidades intelectual e
moral do medianeiro ou em oposição às suas próprias convicções: e, especialmente, como encarar as
aparições tangíveis de familiares, inclusive de diversos pesquisadores de renome e probidade
inatacáveis, senão pela existência e comunicabilidade dos Espíritos.
Aliás, o vocábulo animismo não é encontrado na Codificação Espírita, posto haver sido um
neologismo criado por Aksakof para traduzir o fenômeno psíquico, passível de ser explicado
unicamente pela manifestação do Espírito do próprio médium.
No entanto, embora não utilizando o vocábulo animismo, Kardec reporta-se, de maneira sumária à
questão anímica em “O Livro dos Médiuns”, como se pode perceber nos seguintes trechos, pinçados
do seu capítulo XIX, intitulado “Papel dos Médiuns nas Comunicações”:
“A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outra. Se ela goza de um certo grau de
liberdade 2 , recobra então as suas qualidades de Espírito” 3
“É certo que o Espírito do médium pode agir por si, mas isso não é razão para que outros Espíritos
não possam agir, também, por seu intermédio”. 4
“O Espírito do médium é o interprete porque está ligado ao corpo que serve para comunicação e
porque é necessária essa cadeia entre vós e os Espíritos comunicantes, como é necessário um fio
elétrico para transmitir uma notícia à distância, e na ponta do fio uma pessoa inteligente que a
receba e comunique”. 5
“O Espírito do médium pode alterar as respostas, adaptando-as às suas próprias ideias e às suas
tendências”. 6
Também, o Professor Ernesto Bozzano, cientista italiano, que durante toda sua vida dedicou-se ao
estudo da fenomenologia psíquica, sumariou as suas experiências, por ocasião do Congresso
Internacional de Espiritismo, realizado em 1937, em Glasgow, com seu livro intitulado: “Animismo
ou Espiritismo?” Nesta obra, o renomado escritor afirma categórico, em resposta à pergunta sobre
“qual das explicações é a que exprime a verdade, se a espiritista, se a anímica (do próprio
sensitivo)”:
“Nem um, nem outro logra, separadamente, explicar o conjunto de fenômenos supranormais.
Ambos são indispensáveis a tal fim e não podem separar-se, pois que são efeitos de uma causa única,
é essa causa é o Espírito humano que, quando se manifesta, em momentos fugazes durante a
encarnação, determina fenômenos anímicos e, quando se manifesta mediunicamente, durante a
existência „desencarnada‟, determina os fenômenos espiríticos”. 7
A verdade é que o médium tem decisiva participação na Comunicação Mediúnica, participação
esta que varia em intensidade, de acordo com inúmeros fatores (notadamente com a Educação
Mediúnica).
Faz-se mister entendamos, porém, que a Manifestação Espírita sem participação anímica (da alma
do medianeiro) é, apenas, uma tendência, ou seja, jamais encontraremos tal fenômeno totalmente
destituído do componente anímico, pois o médium constitui-se invariavelmente em intérprete para o
Espírito comunicante e os Espíritos se utilizam dos substratos cerebrais - físicos ou extrafísicos - do
sensitivo.
Há, infelizmente, ainda, no meio espiritista, fruto da ignorância, estranho preconceito no que
concerne ao animismo. 8
É natural que trabalhemos por otimizar o fenômeno mediúnico, tornando-o, mais e mais, a fiel
expressão do pensamento do desencarnado. Isso, porém, não impede tratemos o medianeiro com
aquela problemática, de forma indulgente e compreensiva.
Não confundir, nunca, animismo com fraude ou mistificação. Aquele não objetiva enganar a
ninguém; estas visam, propositadamente, veicular falsa ideologia. O primeiro se processa sem que o
médium se dê conta de que o conteúdo da mensagem é exclusivamente seu (ou preponderantemente
seu); nas últimas há sempre a intenção dolosa de enganar.
Podemos, é certo, pelo menos do ponto de vista teórico, observar fenômenos anímicos plenamente
puros, não acontecendo o mesmo com o fenômeno mediúnico.
Na fenomenologia paranormal (dita anímica pura) encontramos uma gama de expressões desses dons
psíquicos, mas, muitas vezes (eu diria no mais das vezes), há a participação velada dos
desencarnados.
Vejamos, para maior esclarecimento sobre a participação dos Espíritos nesses fenômenos, o que nos
ensinam os Espíritos Reveladores 9, à pergunta de Allan Kardec sobre, as curas processadas pelos
magnetizadores (fenômeno anímico) descrentes da ação do Mundo Invisível:
“Pensas então que os Espíritos só agem sobre os que crêem neles? Os que magnetizam para o bem
são auxiliados pelos Espíritos Bons. Todo homem que aspira ao bem os chama sem o perceber, da
mesma maneira que, pelo desejo do mal e pelas más intenções chamará os maus”.
Oportunamente, estabeleceremos uma separação didática entre os fenômenos anímicos e os
fenômenos mediúnicos.
Bibliografia
1
Editado pela FEB em dois volumes.
Durante o estado de transe o Espírito encontra-se mais livre, os laços fluídicos que o prendem ao corpo físico encontram-se
momentaneamente afrouxados.
3
KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns”. Tradução J. Herculano Pires. Cap. XIX, item 223:1. Ed. EME: Capivari-SP
4
Idem, ibidem: item 223:2
5
Idem, ibidem: item 223:6
6
Idem, ibidem: 223:7.
7
BOZZANO, Ernesto. – “Animismo ou Espiritismo?”. Trad. Guillon Ribeiro. Prefácio. pág. 09 Brasília. FEB. 1987.
8
O animismo puro é a manifestação do Espírito do próprio médium, a partir de elementos do seu inconsciente, assumindo
personalidades já vividas. Apesar disso, ele acredita estar dando passividade, a um desencarnado. Há, porém, as situações
em que um Espírito se apresenta, mas o médium não consegue expressar-lhe devidamente o pensamento, modificando-o,
de forma involuntária, sob a ação das próprias idéias.
9
KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns”. Trad. J. Herculano Pires. 2ª Parte, cap. XIV, item 176, questão 3. EME Editora.
Capivari-SP
2
Glossário:
Alexandre Aksakof (Ripievka, 27 de maio de 1832 — São Petersburgo, 4 de janeiro de 1903) foi um diplomata russo,
conselheiro de Alexandre III. Doutorou-se em filosofia e se notabilizou na investigação e na análise dos fenômenos espíritas
durante o século XIX.
Criou adeptos entre cientistas e filósofos de seu tempo, que, através de experiências feitas com médiuns famosos como
Daniel Dunglas Home, levou a Rússia a formar a primeira comissão de caráter puramente científico para o estudo dos
fenômenos espíritas.
Sustentou longa polêmica e refutou as explicações materialistas do filósofo alemão Von Hartmann, discípulo de
Schopenhauer, que atribuía todos os fenômenos espíritas a manifestações do inconsciente ou a charlatanismos.
Efetivou numerosas experiências e observações científicas com o concurso da médium italiana Eusapia Palladino, que
serviram de fundamentação para sua obra mais importante: Animismo e Espiritismo assim como, ao estudar a mediunidade
da médium inglêsa conhecida como Elizabeth d'Espérance, testemunhou um evento sobre o qual escreveu a obra "Um Caso
de Desmaterialização".
Lição: 6
II. FENÔMENOS ANÍMICOS
A) TELEPATIA
É a percepção do pensamento de outrem. Durante muito tempo não foi aceita pela Ciência Ortodoxa,
Hoje, já está comprovada estatisticamente pela Parapsicologia. 1
B) CLARIVIDÊNCIA 2
Diz-se da percepção visual ou objetiva sem o uso dos sentidos físicos. O sensitivo tem a capacidade
de “visualizar” quadros e acontecimentos à distância, seja física ou temporal (no passado,
retrocognição; no futuro, precognição).
C) PSICOMETRIA
É o fenômeno pelo qual se estabelece o conhecimento do passado, do presente e de traços da
personalidade humana, através do contato do sensitivo com objetos. Acredita-se que os objetos
impregnam-se da energia mental dos que lhe contataram ou permitem ao sensitivo identificar e
perscrutar esta inteligência, onde ela se encontre. É fenômeno ainda muito pouco esclarecido.
D) DESDOBRAMENTO
É o afastamento da alma de seu corpo físico, em momento de relaxação ou sono. Pode ser
inconsciente, como sói ocorrer durante o sono, ou consciente, com a realidade espiritual do indivíduo
retendo a impressão do plano espiritual e conduzindo-a ao cérebro material.
O desdobramento inconsciente ocorre rotineiramente com todas as pessoas quando dormem
ou assumem estado de relaxação.
Nos casos conscientes, o sensitivo reconhece-se fora do corpo, podendo acompanhar todo o processo
de saída e retorno, bem como reter as lembranças, ao voltar do ocorrido em sua peregrinação
extrafísica.
Nos países de língua inglesa o desdobramento é conhecido pela sigla OOBE (Out of the body
experiencies).
No Brasil, há um grupo não espírita que se dedica especificamente ao estudo deste fenômeno e que o
intitula “Projeções da Consciência”.
E) BICORPOREIDADE
É o desdobramento com tangibilidade. Neste caso, ocorre um desdobramento com posterior
materialização. É fenômeno também conhecido como “Aparição de „vivos‟”.
F) TELECINESIA
É a movimentação de corpos materiais, sem o contato ou a ação direta de agentes físicos.
III. MEDIUNISMO, MEDIUNIDADE E MEDIUNATO
A faculdade mediúnica, em nosso estágio evolutivo, costuma ser fruto da Misericórdia Divina a nos
conduzir ao resgate das ações de um passado ignominioso. Assim, saber utilizá-la em prol do Bem e
sob a égide do Cristo é dever de cada medianeiro.
Em sua potencialidade e manifestação primitiva, sem lapidação, exercitada empiricamente,
denominamo-la Mediunismo, para diferençá-la daquela trabalhada e evangelizada – a
Mediunidade.
A palavra Mediunismo, a despeito de alguns confrades considerarem-na criada por Emmanuel,
mentor espiritual de Francisco Cândido Xavier, no ano de 1937, foi na realidade usada pela primeira
vez, no afirmar de João Teixeira de Paula, pelo sábio russo Alexander Aksakof (do alemão
Mediumismus), em 1890. 3
A Mediunidade Natural, aquela que todos possuem, em gérmen, virtualmente, diferencia-se do
Mediunato que é o mandato mediúnico outorgado, temporariamente, por Deus a nosso benefício, o
qual, por sua vez, deve invariavelmente ser posto a benefício do próximo.
Então, embora todos sejamos médiuns, no momento evolutivo em que nos encontramos, a
“mediunidade-conquista” está ainda em seus primeiros passos e os médiuns ostensivos
contemporâneos têm a faculdade neste ponto como empréstimo, instrumento de trabalho para a atual
encarnação, do qual terão de prestar contas após o decesso físico. 4
Bibliografia
1
RHINE, Joseph B. – “O Alcance da Mente”. Trad. E. Jacy Monteiro. Bestseller: São Paulo-SP.
Apesar de frequentemente se utilizarem, no geral, os vocábulos clarividência e vidência sem diferenciação alguma, por
razões didáticas, rotularemos, neste estudo, os fenômenos preferencialmente anímicos de clarividência os de caráter
mediúnico de vidência.
3
PAULA, João Teixeira de. – “Dicionário de Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo”. Vol. 2. Banco Cultural Brasileiro
Editora Ltda: São Paulo-SP.
4
Lembrar a “Parábola dos Talentos” tão bem explicada em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
2
Glossário:
1.Parapsicologia, vem do grego "para" [além de], "psique" [alma, espírito, mente, essência] e "logos" [estudo, ciência,
essência cósmica] e sugere o significado etimológico de tudo que está "além da psique", "além da psicologia" ou mais
especifiamente, o que está além e, portanto inclui a psique e a psicologia. Neste sentido, podemos dizer que a Parapsicologia
é uma Transpsicologia ou se correlaciona diretamente com sua irmã gêmea, a Psicologia Transpessoal e outras áreas das
investigações mais avançadas, como a Psicobiofísica, Psicotrônica, Projeciologia e afins.
É também conhecida como Pesquisa Psi e ainda Metapsíquica [nomenclatura mais antiga], pode ser compreendida, a partir
de um ponto de vista estrito senso, como o estudo de alegações paranormais e associados à experiência humana, ou seja, as
interações aparentemente extra-sensório-motoras entre seres humanos e o meio ambiente. Esses fenômenos também são
conhecidos como fenômenos paranormais ou fenômenos Psi.
A posição da parapsicologia como um ramo da ciência é constestada [1] sendo que os cientistas, incluindo psicólogos,
classificam-na predominantemente como pseudociência devido ao fracasso em mostrar resultados através do método
científico em mais de um século de pesquisas.[2][3][4]
Por outro lado, diante das evidências temos que duas correntes gerais habitam os corredores da Parapsicologia:
1. Cerebrocêntrica ou Corpocêntrica: esta linha defende estarem os fenômenos psi que sugerem a sobrevivência no
território da hipótese, o que modifica completamente a classificação fenomenológica de psi. As pesquisas aqui reduzem-se a
neurociência, ao cérebro, a comprovação laboratorial dentro dos critérios ontognoseológicos da ciência centrada na matéria.
2. Psicocêntrica ou Conscienciocêntrica: esta, por outro lado, considera comprovada a sobrevivência de psi e fenômenos
como retrocognição, experiência fora do corpo e quase morte (por exemplo). Neste sentido, estamos adentrando nas
pesquisas dos parapsicólogos Hernani Guimarães Andrade, Geraldo Sarti, Carlos Tinoco, Fernando Salvino e outros antigos
pesquisadores, como Sylvan Muldoon, Hereward Carrignton, Oliver Lodge, Zelst, Malta e outros. A comprovação se dá pelo
entrelaçamento das evidências quantitativas com as qualitativas, conjuntamente com a pesquisa participativa
auto-experimentativa, fundada por Muldoon.
2.Parapsicologia – Ciência de investigação que se ocupa dos fenômenos paranormais ou anímicos, tendo o professor Joseph
Banks Rhine (1895-1980) e sua esposa Louisa Ella Rhine (1891-1983), fundadores do Laboratório de Parapsicologia, na
Universidade de Duke, nos Estados Unidos, em 1935, os seus grandes expoentes.
Lição: 7
Capítulo 3
Classificação e tipos de mediunidade
I. CLASSIFICAÇÃO
Mediunidade é uma faculdade extremamente rica em nuanças e aspectos no que concerne à sua
manifestação, variando na forma corno no tipo de expressão e sendo obviamente peculiar a cada
criatura, como costumam ser as demais faculdades do Espírito.
Entretanto, para uma melhor compreensão e apreensão das suas características gerais, faz-se
necessário observá-la nessas suas múltiplas possibilidades, seja em relação ao fenômeno em si, seja
no que respeita às peculiaridades dos médiuns.
Assim sendo, estruturados especialmente no conteúdo de “O Livro dos Médiuns”, podemos
classificá-la como sugerido abaixo:
A. QUANTO À NATUREZA
a) Mediunidade Natural 1 - aquela que já se constitui patrimônio anímico, ou seja, é o resultado da
experiência e do desenvolvimento espiritual. Em plenitude, é uma qualidade do Espírito já evoluído,
que tem uma sensibilidade apurada, permitindo-lhe vibrar normalmente em planos superiores, sendo
faculdade puramente espiritual (conquista individual).
Todos, porém, a possuímos em gérmen, em potencialidade, de forma rudimentar, embrionária. 2
b) Mediunidade Tarefeira (de Prova) - faculdade concedida pela misericórdia de Deus. Não
exatamente conquistada, mas dádiva divina temporária. Outorga feita em certas circunstâncias e
ocasiões, para que, no seu gozo e uso, tenha o Espírito encarnado a oportunidade de resgatar dívidas,
desenvolver potenciais, favorecer terceiros e despertar consciências.
O médium tarefeiro, portanto, deve ser visto como uma pessoa comum, favorecida de um dom
mediúnico, como outras pessoas o são de outros dons.
B) QUANTO AO MÉDIUM
a) Mediunidade Consciente - aquela em que a comunicação espiritual se dá estando o sensitivo em
plena consciência, guardando-lhe a lembrança.
b) Mediunidade Inconsciente - aquela em que existe uma maior exteriorização perispirítica do
médium (desdobramento), dificultando-lhe a fixação da mensagem no cérebro físico e,
consequentemente, a lembrança após o estado de transe mediúnico. Entenda-se, porém, que, na
condição de Espírito, o médium sempre acompanha a comunicação e, por conseguinte, é sempre
responsável pelas repercussões da interação mediúnica.
c) Mediunidade Involuntária - é quando a comunicação mediúnica se efetua de forma compulsória,
sem que o médium tome conhecimento dela. É frequente acontecer em medianeiros deseducados em
sua faculdade e que, muitas vezes, nem mesmo sabem que são detentores desta faculdade.
d) Mediunidade Facultativa ou Voluntária - diz-se daquela em que o medianeiro é dotado de plena
consciência da sua capacidade mediúnica e dos fenômenos que pode intermediar, permitindo, por sua
livre vontade, que os Espíritos venham a se utilizar dos recursos medianímicos.
C) QUANTO AO FENÔMENO
a) Mediunidade de Efeitos Físicos - expressa pelos fenômenos objetivos, podendo envolver até
mesmo elementos materiais pesados. Permite exame direto, do ponto de vista científico. Assim
chamada porque a participação do intelecto do médium é pequena ou pouco relevante. Ex.:
Levitação, Transporte, Tiptologia etc.
b) Mediunidade de Efeitos Inteligentes – a manifestação se dá de forma subjetiva, atestando a
presença de uma inteligência extracorpórea e independente da inteligência do médium. O Espírito
busca, nos arquivos e escaninhos cerebromentais do medianeiro, sua forma de expressão. São
exemplos deste tipo de mediunidade: Psicografia. Psicofonia, Psicopictografia etc.
Bibliografia
1
Raríssima em nosso mundo. Conquista do Espírito de elevada hierarquia.
Para que se possa fazer melhor ideia disso, podemos afirmar que o momento evolutivo em que se encontra a Humanidade
hoje, no que respeita à faculdade mediúnica, pode ser comparado ao estágio da inteligência, à época dos homens das
cavernas.
2
Glossário:
Levitação = [do latim levitu] - Ato ou efeito de erguer objetos ou pessoas acima do solo, sem esforço corporal.
Transporte = [do latim trans + portare] - 1. Ato ou efeito de transportar, deslocar, conduzir. 2. Faculdade de efeito físico pela
qual os Espíritos podem transportar objetos de um lugar para outro.
Tiptologia = [do grego tuptó + logos + -ia] - Linguagem por pancadas; modo de comunicação dos Espíritos. Tiptologia
alfabética. Ver: Sematologia.
Psicopictografia = Pictografia [do latim pictu, particípio de pingere + graf(o) + -ia] - Pintura ou desenho feito por Espírito
através de médium.
Lição: 8
II. TIPOS DE MEDIUNIDADE
A. EFEITOS INTELIGENTES
a) Psicografia - fenômeno mediúnico em que os Espíritos utilizam-se do ato de escrever do
sensitivo. Pode ser mecânica (o médium não tem consciência do escrito), semimecânica (o médium
toma conhecimento do conteúdo da escrita no momento em que ela se dá) e intuitiva (a mensagem
alcança, inicialmente, a esfera consciencial do medianeiro e, a partir daí, é repassada para o papel).
É, no dizer dos Espíritos Reveladores, em “O Livro dos Médiuns”:
“De todas as formas de comunicação, a maia simples, a mais cômoda e, sobretudo, a mais completa
(...) porque permite estabelecer relações tão permanentes e regulares com os Espíritos, como as que
mantemos entre nós”. 1
b) Mediunidade Falante ou Psicofonia – os Espíritos utilizam-se do aparelho fonador do
medianeiro, isto é, falam através dele. Pode ser consciente (lembrança integral), semiconsciente
(lembrança parcial) ou inconsciente (nenhuma lembrança).
Ainda uma vez, alertamos: toda comunicação mediúnica é da total responsabilidade do médium,
porque, embora esteja ele inconsciente no físico, em espírito - apesar de exteriorizado (eu diria
especialmente por isso!) -, encontra-se perfeitamente lúcido.
c) Vidência - faculdade mediúnica em que o sensitivo vislumbra seres e paisagens da dimensão
espiritual, sob a ação de um ou mais Espíritos. A intervenção se dá em nível perispirítico, com
repercussão no cérebro físico (diencéfalo). Diferencia-se do fenômeno anímico pela ação indutiva do
Espírito sobre o sensitivo, levando-o a ver o que aquele deseja, segundo a sua vontade e intenção.
No caso, a ação do Espírito se faz, através do perispírito, sobre os centros visuais no diencéfalo 2
(visão diencefálica).
Podemos classificar o fenômeno em:
 Vidência ambiental ou local – quando se opera no ambiente em que se encontra o médium,
atingindo fatos que ali mesmo se desenrolam.
 Vidência espacial – é aquela em que o medianeiro vê cenas, quadros, sinais ou símbolos, em
pontos distantes do local em que encontra.
 Vidência temporal – quando o vidente presencia cenas representativas de fatos por ocorrer ou
já ocorridos anteriormente.
d) Audiência – é a faculdade mediúnica que capacita o medianeiro para ouvir as vozes do plano
espiritual. À semelhança da vidência, na audiência os Espíritos atuam no perispírito do sensitivo,
com repercussão nas áreas auditivas do cérebro físico e da cóclea 3. Alguns medianeiros têm a
impressão de ouvir com o aparelho auditivo, enquanto outros ouvem as palavras como se ecoassem
dentro de sua cabeça. Essas são características especificas e pessoais, mas também podem
modificar-se de acordo com os Espíritos comunicantes.
Bibliografia
1
KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns”. Trad. J. Herculano Pires. Cap. XV, item 178.
A parte mais interna e inferior do cérebro.
3
Situada no ouvido interno.
2
Glossário:
Diencéfalo = 1. Anat. Porção posterior do prosencéfalo, e que compreende o tálamo, o hipotálamo e, para alguns autores, o
subtálamo, este como setor independente.
Cóclea = 1. Anat. Parte anterior do labirinto, ou orelha interna; caracol.
Lição: 9
B . EFEITOS FÍSICOS
a) Tiptologia – comunicação espírita realizada por meio de pancadas na "mesa mediúnica 1 ou em
outros locais do ambiente, Também conhecida como "raps"
b) Sematologia – manifestação espiritual efetuada por meio de símbolos. Também conhecida como
“mímica dos Espíritos” e "linguagem dos símbolos".
c) Pneumatografia (escrita direta) – escrita direta dos Espíritos, isto é, sem a intervenção do
sistema osteomuscular do medianeiro. Neste caso, o Espírito retira do fluido cósmico e do fluido
magnético de um médium a substância necessária à impressão de caracteres e/ou letras, “o mais
frequentemente com uma substância acinzentada, análoga à aparência do chumbo; de outras vezes
com lápis vermelho, tinta comum e mesmo tinta de imprensa”.2
d) Pneumatofonia (voz direta) – comunicação mediúnica em que se ouve a voz espiritual, sem a
participação das corda vocais do sensitivo. Há utilização por parte das Entidades Espirituais, das
energias psicofísicas (fluido animalizado, ectoplasma) do médium e fluidos espirituais, na
construção de um aparelho fonador fluídico.
e) Deslocamento de Corpos Sólidos – movimentação de objetos vários, pela ação dos Espíritos,
que associam seus fluidos aos do medianeiro, sem os quais não poderiam agir sobre a matéria.
f) Transporte – passagem de objetos de uma ambiência externa para uma interna ou vice-versa,
estando um dos recintos hermeticamente fechado.
O professor Zöllner, astrônomo e físico alemão, acreditava que os objetos seriam transportados
através de uma quarta dimensão.
Em “O Livro dos Médiuns”3 encontramos, a este respeito:
“– Como transportais os objetos; os prendeis com as mãos? – indaga Kardec.
“– Não, nós o envolvemos em nós”. – responde o Espírito trazido por Erasto para ser entrevistado.
Vê-se que o Espírito tenta explicar o fenômeno na forma e possibilidade do seu entendimento, mas
isso está perfeitamente em consonância com a hipótese do cientista alemão acima citado, pois o
Espírito empiricamente envolve o objeto em seus fluidos, encontrados em uma outra dimensão,
associando-os aos fluidos animalizados capazes de patrocinarem o deslocamento daquele objeto.
Quando o transporte se dá de fora para dentro, denominamo-lo de apporte e em sentido contrário de
asporte.
Pode ocorrer que certos objetos (pregos, por exemplo) sejam introduzidos na intimidade dos tecidos
orgânicos. A este tipo de transporte chamamos de endopporte. 4
g) Transfiguração – fenômeno pelo qual ocorre mudança temporária no aspecto de um corpo vivo,
de maneira parcial ou completa. A fisionomia do médium passa a se assemelhar à do Espírito que se
manifesta por seu intermédio. Pode ser causado simplesmente por contrações musculares ou por
envolvimento fluídico com energias do próprio médium e do Espírito que se comunica, derivadas dos
seus perispíritos.
Acontecem, às vezes, mudanças de aspecto radicais, como o caso descrito por Allan Kardec, em “O
Livro dos Médiuns”, onde uma garota envolvida por seu irmão falecido, assume, a forma corporal do
rapaz, que era bem mais alto que ela.
h) Materialização de Espíritos (Ectoplasmias) – fenômeno pelo qual um Espírito, utilizando-se
das energias psicofísicas de um médium de efeitos físicos e associando-as às suas, pode tornar-se
visível e até tangível aos circunstantes.
Aqui, há como que um revestimento desta "matéria ectoplasmática" – formada a partir do fluido
magnético do medianeiro – sobre o perispírito do comunicante.
Essa aparições são conhecidas pelo nome de agêneres.
i) "Poltergeist" – palavra originada do alemão e que significa "Espírito Batedor". Sob esta
denominação estão enquadrados fenômenos diversos, em freqüente associação, como: ruídos
insólitos, queda de pedras e outros objetos, utensílios que saem de seus lugares espatifando-se
alguns, móveis que são arrastados, parapirogenia 5 etc.
Costumam estar relacionados, frequentemente com a presença de crianças em idade pré-púbere ou de
adolescentes encontrados no local das manifestações, o que faz com que alguns parapsicólogos
procurem explicar o fenômeno pela ação “psicodinâmica inconsciente” do próprio jovem. No
entanto, são assinalados casos de "Poltergeist" sem a presença de jovens ou de qualquer pessoa em tal
situação.
Bibliografia
1
Não se entenda com essa designação que a mesa possua alguma virtude para efetivar-se a comunicação mediúnica. Por
“mesa mediúnica” deve-se entender apenas o móvel que é utilizado nas reuniões mediúnicas.
2
KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns”. Trad. J. Herculano Pires. Cap. VIII, item 127.
3
Idem, ibidem, 2ª Parte, Cap. V, item 13.
4
Ver o livro “Vampirismo”, da autoria do Prof. J. Herculano Pires, cap. VI, Ed.Paidéia SP-SP.
5
Termo criado pelo Prof. Hernani Guimarães Andrade para a combustão espontânea (Para, de paranormal; pyr, pyros, do
grego = fogo; gígnomai, do grego = gerar). Ver seu livro “Parapirogenia – Algumas de Suas Ocorrências no Brasil”, Ed.
Pensamento: São Paulo – SP.
Glossário:
Osteomuscular = O sistema muscular dos animais é o conjunto de órgãos (músculos) que lhes permite moverem-se, tanto
externa, como internamente.
O sistema muscular dos vertebrados é formado por três tipos de músculo: cardíaco, estriado e liso. Os músculos estriados
são controlados pela vontade do homem, e por serem ligados aos ossos permitem a movimentação do corpo. Os músculos
lisos são involuntários e trabalham para movimentar os órgãos internos (exemplo: movimentos do esôfago). O músculo
cardíaco é um músculo estriado, que move o coração; no entanto, possui como característica não estar sob qualquer
controle voluntário, sendo por isso colocado a parte.
Ectoplasma = [do grego e do latim, respectivamente: ektós + plasma]- 1. Biologia: parte periférica do citoplasma. 2.
Parapsicologia: termo criado por Charles Richet para designar a substância visível que emana do corpo de certos médiuns. 3.
Para a ciência espírita, designa a substância viscosa, esbranquiçada, quase transparente, com reflexos leitosos, evanescente
sob a luz, e que tem propriedades químicas semelhantes às do corpo físico do médium, donde provém. É considerada a base
dos efeitos mediúnicos chamados físicos, como a materialização, pois através dela os Espíritos podem atuar sobre a matéria.
Agênere = Agênere [do grego: a + géiné, geinomai] - 1. Variedade de aparição tangível. 2. Estado de certos Espíritos que
podem revestir, temporariamente, as formas de uma pessoa encarnada, ao ponto de produzirem completa ilusão.
Lição: 10
Capítulo 4
O Fenômeno Mediúnico
I. A MATÉRIA
A. HISTÓRICO
Desde a Antiga Grécia que se especula a estrutura íntima da matéria. No século VI a.C. Leucipo,
filósofo grego, lançava as bases da Teoria Atomística, pregando o conceito da "partículas eternas";
mais ou menos em sua época, também outro filósofo grego, de nome Demócrito, retomava sua
Teoria afirmando que a matéria seria formada por “partículas indivisíveis”.
Só no século XIX d.C, mais precisamente em 1803, um cientista inglês, John Dalton, recorreria a tais
postulados, criando a Teoria Atômica das “partículas esféricas e maciças”. Era o delírio do
Materialismo.
Mais modernamente, no recém-concluso século passado, exatamente no ano de 1911, o físico inglês
Ernest Rutherford, ao realizar experiências com a radiatividade, concluiu que “que a matéria é
formada por imensos vazios”, levando em conta que a massa do átomo está concentrada no seu
núcleo e que este, por sua vez, é em torno de dez a cem mil vezes menor que o seu diâmetro total.
Em 1923, Louis de Broglie, físico francês, descobria que “a cada partícula em movimento,
corresponde uma onda”, quer dizer, a partícula, a matéria, apresenta um comportamento ondulatório.
Ainda no século XX, Albert Einstein, cientista alemão, depois naturalizado americano - por conta de
sua descendência judia e da perseguição nazista -, formulava a Teoria da Relatividade e provava
matematicamente que a matéria pode ser transformada em energia e vire-versa, através da sua
célebre fórmula:1
E = mc2
Imaginem agora, em que se apegará o Materialismo, após as proposições da Ciência contemporânea,
se o que há é uma gradação de matéria desde a mais sutilizada às suas mais grosseiras formas, como
de resto já havia sido ensinado pelos Espíritos, por ocasião da Codificação Kardeciana, com a
introdução do conceito de “Fluido Cósmico Universal” como matéria elementar, primordial e sutil, a
partir da qual todas as demais se formam por transformações sucessivas: formas energéticas (semimateriais) e matéria densa.
B. COMPORTAMENTO ONDULATÓRIO
Vimos, anteriormente, que a matéria em movimento tem comportamento ondulatório, ou seja, tem
semelhanças com a propagação da energia (ondas).
A onda é formada por uma “crista” - seu ponto mais alto (A) - e uma “depressão” - seu ponto mais
baixo (C).
O “comprimento de onda” (O) é a distância entre duas cristas.
O "ciclo" (D) é a propagação in totum da onda (crista e depressão).
O que diferencia as mais variadas formas de energia existentes são os seus diferentes comprimentos
de onda (O) 2 e a freqüência com que se propagam (ciclos/segundo ou Hertz).
C. LIMITAÇÃO PERCEPTIVA DO SER HUMANO
Encarnados, envergando a vestimenta grosseira da carne, encontramo-nos limitados em nossa
percepção. Só não somos cegos, nem surdos, para uma pequeníssima faixa de freqüência (faixa
vibratória).
Senão vejamos:
Somente enxergamos na estreita freqüência das sete cores do prisma; somente apreendemos os sons,
como nos orienta Léon Denis 3, na faixa compreendida entre 20 a 20.000 ciclos/segundo.
Se somos assim tão limitados em nossas percepções, como é possível se cultive a idéia materialista
de que “como não é visto, não existe”?
As coisas não existem na dependência do nosso sentir ou da nossa vontade, mas sim porque existem,
simplesmente existem!
Bibliografia
1
E = energia; m = massa; c = velocidade da luz.
Distância entre duas cristas.
3
DENIS, Leon. – “No Invisível”. Trad. Leopoldo Cirne. 12ª Parte, item IV. Brasília. FEB.
2
Lição: 11
II. O SER HUMANO
O PERISPÍRITO
O homem é um Espírito encarnado, quer dizer, que anima um corpo material.
Interligando sua essência - o Espírito - ao substrato anatômico, temos um segundo corpo (o “corpo da
ressurreição” 1, de Paulo de Tarso), semelhante ao da vida orgânica, em aparência, mas
semi-material, de consistência sutil, denominado por Kardec de perispírito.
a) Funções do Perispírito
Individualidade - permite-nos manter a individualidade, no retorno ao Mundo dos Espíritos, pela
sua semelhança morfológica à estrutura somática.
Modelo Organizador Biológico (MOB) – age como cópia, por ocasião do momento reencarnatório,
na constituição da nova roupagem biológica.
Ligação com o Corpo - liga o Espírito ao corpo, no dizer de Kardec 2, molécula-a-molécula e,
conseqüentemente, célula-a-célula, por ser constituído de estruturas análogas a estas, as
“psi-células”. Dessa forma, é responsável pela manutenção das funções da vida vegetativa.
Veículo da Mediunidade - através dele efetua-se o intercâmbio com o Além.
b) A Atmosfera Fluídica
Irradiando-se do corpo físico e notadamente do perispírito, as energias originam um campo
magnético uma atmosfera fluídica que envolve o indivíduo, conhecida desde os tempos mais remotos
por Aura, a Aura Humana. Por intermédio dela, influenciamos e somos influenciados. A aparência da
Aura é atributo do Espírito, retratando-lhe a evolução. Por isso mesmo, costuma apresentar-se em
modalidades as mais diversificadas conforme o padrão moral e os sentimentos de seu produtor, indo
de opaca e enegrecida nos menos evoluídos, a translúcida, colorida e resplendente, naqueles que já
galgaram estágios superiores de evolução. Além disso, pode ela modificar-se com o estado
emocional e psíquico da criatura.
c) Plexos Nervosos 4 e Centros de Força 5
O perispírito mantém ligações com o corpo somático através de múltiplos pontos que funcionam
como vórtices energéticos, verdadeiros discos vibráteis e condutores dos fluidos interagindo com o
sistema neuro-endócrino (glândulas de secreção interna e plexos nervosos).
Isso se dá na extensão de todo o perispírito, destacando-se, no entanto, os seguintes Centros de Força
- que vamos considerar como primários 6 - vinculados às respectivas estruturas orgânicas:
 Coronário - situado na projeção do alto da cabeça, associa-se à glândula pineal 7, sendo
responsável pelas relações com o plano espiritual, especialmente em nível intuitivo. As
relações que se fazem com o plano espiritual mais superior dão-se a partir dessa área.
 Frontal - projetado, aproximadamente, em região localizada entre as sobrancelhas, mantém
relação com a hipófise 8 (glândula pituitária) e, dentre outras funções, participa do mecanismo
da vidência, da psicografia intuitiva e da psicofonia consciente.
 Laríngeo - encontrado à face anterior do pescoço, relaciona-se com o plexo laríngeo e está
envolvido com a audiência e a utilização do aparelho fonador pelos Espíritos, por ocasião da
psicofonia semiconsciente e inconsciente.
 Cardíaco - projetado no corpo ao nível do precórdio (peito esquerdo), relaciona-se com o
plexo cardíaco e está associado aos sentimentos e emoções superiores. Esse conhecimento
pode ser bastante útil para o esclarecedor (doutrinador) nas reuniões de desobsessão, ao dirigir
pensamentos e vibrações amorosos na direção desse centro de força, no caso daqueles
Espíritos mais endurecidos e áridos. Não se deve entender com isso, no entanto, que este
recurso seja dotado de poderes mágicos. O que ocorre é que as expressões dos sentimentos de
cada um se faz através do corpo; no caso do desencarnado, através do seu perispírito. Então,
assim corno se pode desencadear uma determinada sensação, seguida a estímulo em
determinado ponto do cérebro com um eletrodo, ao se estimular o centro de força cardíaco,
também se deve desencadear uma certa reação compatível com a sua função.
 Gástrico - situado em um ponto projetado entre o epigástrio ("boca do estômago") e a região
umbilical, goza de estreita relação com o plexo solar e - afirmam vários Espíritos por diversos
médiuns - é, frequentemente, "assediado" por entidades espirituais sofredoras, especialmente
aquelas muito ligadas à matéria. Costuma levar a disfunções neurovegetativas.
 Esplênico - projetado na região do baço (parte superior esquerda do abdômen, sob o músculo
diafragma), relaciona-se com o plexo mesentérico e é local onde - ainda segundo a opinião de
muitas entidades espirituais - os Espíritos obsessores costumam "plugar-se" para espoliar
energias do hospedeiro.
 Genésico - localizado no baixo ventre, está associado ao plexo hipogástrico e pode ser
manipulado, sendo-o comumente, por Espíritos vingativos e vampirizadores de energias
genésicas e na aplicação de vinganças pela produção de distúrbios variados na esfera sexual.
Bibliografia
1
I Coríntios, 15:44.
KARDEC, Allan, - “A Gênese”. Trad. Salvador Gentile. Cap. XI, item 18. IDE: Araras-SP.
3
Terminologia utilizada, pelo Prof. Hernani Guimarães Andrade.
4
O sistema nervoso tem o neurônio por unidade funcional. Esse é uma célula especializada que, além da estrutura ordinária
a toda célula, apresenta prolongamentos curtos e longos (fibras nervosas). Ao conjunto de fibras nervosas no sistema
nervoso periférico, denomina-se nervo. Os plexos nervosos são conjuntos de nervos. Exemplo: o plexo braquial (conjunto de
nervos que conduzem os impulsos nervosos nos membros superiores).
5
Os, “Centros de Força” e suas relações funcionais com o sistema neuro-endócrino, conquanto já propalados pelos videntes
e aceitos por várias filosofias e religiões, são bem analisados e descritos
na obra do espírito André Luiz, através do médium Francisco Cândido Xavier, conhecida como "Coleção Nosso Lar", editada
pela FEB. Como são aceitos sem maiores polêmicas pelo Movimento Espírita, não chocam com os princípios espíritas
contidos na Codificação Espírita e aprofundam o estudo dos mecanismos da Mediunidade (a partir do conceito básico de
básico de perispírito) incluímos o seu estudo neste livro.
6
Os fluidos espirituais (as energias não físicas) circulam por todo o perispírito, mantendo relação com todas as áreas do
sistema neuro-endócrino. Existem, portanto, centros de força em diferentes níveis de importância, que poderemos
considerar como primários, secundários terciários...
7
A glândula pineal ou epífise está situada no interior do cérebro, em situação mais posterior.
8
A hipófise, coordenadora da função endócrina, localiza-se no interior do cérebro em posição mais anterior.
2
Glossário:
Aura = Aura [do latim aura] - Emanação fluídica do corpo humano e dos demais corpos.
Auragrafia – Processo de fotografia da aura pelo método Kirlian. O casal Simyon e Valentina Kirlian, na Rússia, fotografou a
aura dos seres vivos, usando máquina fotográfica aperfeiçoada para tal, com técnica própria, utilizando corrente de alta
freqüência.
Eletrodo = 1. Fís. Condutor metálico por onde uma corrente elétrica entra num sistema ou sai dele.
Neurovegetativo = 1. Pertencente ou relativo ao sistema nervoso vegetativo.
Lição: 12
III. MECANISMOS DA MEDIUNIDADE
A mediunidade, a despeito de apresentar-se consideravelmente multiforme, quanto à apresentação e
ao tipo, tem no perispírito a sua base.
Com objetivos didáticos, estudemos-lhes as fases para a viabilização fenomênica, facilitando, assim,
ao médium em educação trabalhar o seu desenvolvimento.
Sigamos, então, os seus passos:
A. PREPARO
O medianeiro deve procurar seguir os seguintes passos para mais facilmente colocar-se em condições
para a recepção mediúnica (em estado alterado da consciência) :
a) Concentração: convergência de pensamentos para determinado fim. Podemos, visando facilitar a
aprendizagem, dividi-la em três etapas:
 Relaxamento -liberação muscular e psíquica.
 Abstração - desligamento de todo problema não relacionado ao labor mediúnico.
 Elevação - buscar bons sentimentos e pensamentos.
b) Vibração - é o direcionamento com modulação de energias através da vontade.
c) Sintonia - consiste na manutenção do status vibratório.
B. TRANSE MÉDIÚNICO
Estado psicofisiológico em que o médium, alterando seu próprio teor vibratório, torna possível o
contato com a dimensão espiritual. Traduz-se, em verdade, por um estado alterado da consciência.
Diferindo em intensidade e aprofundamento, ocorre exteriorização perispirítica, em gradações
variáveis; daí poder-se observá-lo desde aquele em que a consciência é integralmente mantida transe ativo -, até o de completa passividade e inconsciência - transe passivo ou sonambúlico.
C. MEDIUNIDADE DE EFEITOS INTELIGENTES
É o fenômeno em que prevalece a subjetividade, ou seja, em que é indispensável a utilização massiva
dos potenciais intelectivos do medianeiro. Tem por base a ação da mente desencarnada sobre a
encarnada, através do contato interperispiritual, após acomodação vibratória, promovendo o
intercâmbio fluídico e a transmissão da mensagem de um para outro plano.
Fundamentalmente, dá-se como se mostra no quadro a seguir:
PERISPÍRITO DO ESPÍRITO COMUNICANTE
PERISPÍRITO DO ESPÍRITO DO MÉDIUM
CORPO FÍSICO (ÓRGÃOS ESPECÍFICOS)
Na Mediunidade Intuitiva existe leve exteriorização perispirítica; na Mediunidade Semiconsciente
produz-se exteriorização parcial e na Mediunidade Inconsciente a exteriorização se faz de forma
completa.
É freqüente que algumas pessoas menos informadas usem o termo "incorporação", no sentido de
"entrada" do Espírito comunicante no corpo do médium. Isso não corresponde à realidade dos fatos,
posto que a comunicação, como já referido, se dá pela aproximação e interação perispiríticas.
Na Psicografia Mecânica há utilização mais ostensiva do membro superior do medianeiro (sempre a
partir dos centros localizados no perispírito; no caso, um centro de força secundário, o umeral,
relacionado com o plexo braquial 1), o que não impede de serem utilizados os recursos cerebrais do
encarnado pelo Espírito. Por isso mesmo, a responsabilidade pela mensagem recepcionada é sempre
da alçada do sensitivo.
Bibliografia
1
Plexo nervoso responsável pela condução dos impulsos nervosos dos membros superiores.
Glossário:
Psicofisiologia = 1. Estudo científico das relações entre a atividade fisiológica e o psiquismo.
Umeral = Relativo ou pertencente ao úmero = 1. Anat. Osso único do esqueleto de cada braço.
Lição: 13
D. MEDIUNIDADE DE EFEITOS FÍSICOS
Diversos pesquisadores do século dezenove e início do século vinte, tais como Charles Richet,
Schrenck-Nötzing, Gabriel Delanne, Alexander Aksakof (v. lição 5), William Crookes(v. lição 4),
dentre outros, ao estudarem os fenômenos, classificados por Kardec como "de Efeitos Físicos",
observaram que emanava dos sensitivos uma substância amorfa, variando de rarefeita e invisível a
sólida e tangível; esbranquiçada ou acinzentada; às vezes floculosa, às vezes filamentosa: sendo a
sensação táctil de quem nela toca, também, variável: untuosa, viscosa, úmida, fria e reptiliana.
Esta substância é o fluido animalizado, fluido perispirítico ou fluido vital da nomenclatura
espirítica, nominada por Charles Richet(v. lição 4) como ectoplasma (do grego - ektós = fora,
exterior; plasma = dar urna forma), designação pela qual é amplamente conhecida, inclusive pelos
espíritas.
“... Eu chamo de ectoplasmas, porque elas parecem sair do próprio corpo de Eusápia, a sensitiva.” 2
O ectoplasma ou fluido perispirítico é, portanto, a substância da qual os Espíritos se utilizam para
agir sobre a matéria, parecendo fluir das cavidades naturais dos médiuns.
Conquanto todas as criaturas humanas encerrem-na por natureza, encontramo-la, em abundância, nos
médiuns de efeitos físicos.
Ainda se conhece muito pouco a seu respeito. Parece, no entanto, que o ectoplasma possui uma parte
mais biológica - formada por gorduras e células (leucócitos) - e uma parte mais sutil.
Nos fenômenos de efeitos físicos (mediúnicos), o medianeiro entra em transe sonambúlico, em geral,
e doa grandes quantidades do fluido animal que são, assim utilizadas pelos Espíritos.
Alavancas Psíquicas de Crawford (v. lição 4) - os desencarnados, utilizando-se do fluido
perispirítico doado pelo medianeiro, podem formar verdadeiras "alavancas espirituais" para erguer
os corpos e movimentar objetos, como observado pelo cientista J. W. Crawford.
Como este tipo de fenômeno é, no comum, produzido por Espíritos pouco evoluídos, normalmente
eles não entendem o seu real mecanismo, produzindo-o empiricamente pela simples utilização
da vontade.
Materializações de Espíritos - neste caso, há o revestimento do perispírito do desencarnado pela
emanação ectoplásmica do sensitivo associada aos fluidos do Espírito materializado e de fluidos
encontrados na natureza.
Atualmente, já não são encontrados os grandes médiuns desta modalidade, como no passado. Tudo
nos leva a crer que, de início, preciso era estremecer fortemente as estruturas acomodatícias da
Humanidade para que esta, acordada pelo choque, pudesse voltar-se para a razão maior da vinda do
Consolador Prometido: os ensinamentos morais trazidos pelos Semeadores da Luz, sob o abrigo
do Evangelho de Jesus.
Bibliografia
1
2
RICHET, Charles. - "Traité de Métapsychique”. Paris. Félix Alcan. 1923
CRAWFORD, J. W.- "Mecânica Psíquica", Trad. de Haydée Magalhães. SP-SP. LAKE.1975.
Glossário:
Schrenck-Nötzing = O barão Albert von Schrenck-Notzing (Oldenburg, 18 de Maio de 1862 - Munique, 12 de Fevereiro de
1929) foi um médico alemão. Notabilizou-se por devotar muito de seu tempo ao estudo dos fenómenos paranormais, o
hipnotismo e a telepatia. Investigou médiuns famosos de seu tempo como Willi Schneider, Rudi Schneider e Eva C..
Gabriel Delanne = (Paris, França, 23 de Março de 1857 - 15 de Fevereiro de 1926), foi um espírita francês e importante
defensor da cientificidade do Espiritismo durante a transição do século XIX para o século XX, particularmente após o
falecimento de Allan Kardec.
Lição: 14
Capítulo 5
Desenvolvimento e Educação Mediúnicos
I. DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO
A) FIRMANDO CONCEITO
A palavra desenvolvimento tem várias significações, tais como: ampliação, progresso,
crescimento etc.
Pode-se considerar o desenvolvimento da mediunidade sob dois aspectos:
 Mediunidade Natural – acontece a partir das experiências nas múltiplas reencarnações do
Espírito imortal em busca da Perfeição. Aqui se dá o desenvolvimento da faculdade que lhe é
própria.
 Mediunidade de Prova - a ampliação da faculdade de empréstimo, recebida pelo Espírito
encarnado corno instrumento de trabalho. Transcorre durante os estágios percorridos pela
personalidade humana, no período que medeia entre o berço e o túmulo.
B) MEDIUNIDADE E ESPÍRITO
A faculdade mediúnica é um dos dons naturais do Espírito como também o são o instinto, a
inteligência e a razão.
Por causa da nossa acanhada condição espiritual; característica do nosso momento evolutivo
prevalece em nosso meio - do ponto de vista da ostensividade - a Mediunidade de Prova.
A Mediunidade Natural, entre nós, é via de regra encontrada em gérmen, com manifestações isoladas
aqui e a li (ocasionalmente), no decorrer da existência corporal.
II. EDUCAÇÃO MEDIÚNICA
A. CONCEITUANDO
Educar a Mediunidade significa discipliná-la, controlá-la, otimizá-la, torná-la produtiva. Pressupõe,
portanto, a preexistência de Mediunidade Tarefeira (v. lição 7).
A Educação Mediúnica deve ser entendida como um conjunto de métodos específicos para que o
médium se discipline e domine seus impulsos, quando sob influência espiritual, assumindo
consciência e responsabilidade sobre os fenômenos que viabiliza.
Seu objetivo primário é o próprio médium, pois faculta-lhe possibilidade de equilíbrio e
autocontrole, visto que o Espírito encarnado deve ter domínio completo sobre o seu corpo, não
permitindo que os desencarnados o utilizem a todo instante, à sua revelia, sem a devida permissão.
Infelizmente, ainda pululam, entre nós, os que encaram a Mediunidade com os olhos do misticismo e
da ignorância, não se preocupando com a sua análise continuada e acurada, embarcando na
locomotiva cega do empirismo, sem que se apercebam da responsabilidade superlativa que pesa
sobre os ombros daqueles que se colocam na condição de orientadores nesse terreno. Desconsideram
o estudo metódico de "O Livro dos Espíritos", de "O Livro dos Médiuns" e das obras subsidiárias.
O resultado disso é frequentemente dramático, sendo comum o encontro de obsidiados, enfermos da
mente e pessoas sem compromisso e sem responsabilidade prejudicando o Serviço Mediúnico e
sendo prejudicado por ele, por não se encontrarem em condições de participar dele.
B. MÉDIUNS E EDUCAÇÃO MEDÚNICA
A Casa Espírita não pode se furtar ao dever de conduzir os obreiros que se compromissaram na
Espiritualidade com a tarefa mediúnica, pelos caminhos esclarecedores da Codificação. Não devem
os seus coordenadores e dirigentes olvidar a importância de bem recebê-los e bem orientá-los na
escalada da Educação Mediúnica.
Muito comumente, os médiuns chegam à Casa Espírita amargando processos obsessivos, às vezes
sérios, desconhecedores da sua condição, espoliados do ponto de vista fluídico c necessitando do
devido amparo; orientação e reposição energética.
Não há emergência em levar médiuns à "mesa mediúnica", mas de proporcionar-lhes as
condições básicas para que eles possam conscientemente assumir os seus deveres e
responsabilidades!
E esse estado somente é alcançado através do processo de Educação Mediúnica. que se inicia
invariavelmente pelo estudo doutrinário geral e específico da mediunidade.
Lição: 15
III. EVOLUÇÃO DA MEDIUNIDADE NA
PERSONALIDADE HUMANA (DA MEDIUNIDADE TAREFEIRA – v. lição 4)
Conceituemos de pronto a personalidade humana como sendo o conjunto dos caracteres
morfológicos, fisiológicos, sociais, psíquicos e espirituais do ser encarnado em uma determinada
experiência física.
A faculdade mediúnica não é um poder oculto que se consiga "desenvolver" a partir de práticas
ritualísticas ou pelo poder misterioso de um iniciado ou guru.
Ela pertence ao campo da comunicação e aflora naturalmente nas pessoas que a possuem por
instrumento de trabalho. Esse aparecimento costuma se fazer de forma cíclica, em espiral, ao longo
dos ciclos da vida corpórea.
CICLOS MEDIÚNICOS
O professor J. Herculano Pires, em seu livro "Mediunidade" 1, didatiza o desenvolvimento mediúnico
da personalidade em agrupamentos etários:
 1° Ciclo - ocorre nas primeira e segunda infância (até por volta dos sete a oito anos). Neste
período, a reencarnação ainda está se processando, o que faz com que a criança vivencie os
dois mundos, "projetando sua alma nas coisas e seres do plano espiritual" 2, podendo ver,
sentir e conversar com os habitantes desta esfera. No caso de se tornarem mais exaltadas essas
manifestações, aconselha-se o tratamento pela prece e pelos passes. É também uma excelente
medida - no caso de pais espiritistas - matricular-se a criança na Educação Espírita Infantil
(Evangelização Infantil).
Quando se dá o afloramento mediúnico ostensivo nessa fase da vida, conquanto não se deva
agir de maneira intempestiva no sentido de abafá-la, não é aconselhável introduzir a criança
em reuniões mediúnicas, pela sua imaturidade psicológica e conseqüentes riscos da prática
mediúnica.
O melhor é agir de maneira natural, sem cerceamento nem estimulações, ambos
desnecessários e mesmo nocivos à criança.
 b) 2° Ciclo - geralmente comporta o estágio da adolescência, período que
compreende,aproximadamente, a faixa etária dos 12 a 18 anos.
Aqui, as manifestações podem ocorrer de forma mais ostensiva, em decorrência do maior
amadurecimento orgânico.
Instruções gerais sobre a Mediunidade, fazendo o indivíduo enxergá-la como faculdade usual,
levando-o ao engajamento no estudo doutrinário e evangélico, tudo isso associado ao
tratamento de passes, são as recomendações pertinentes a esta situação. Não se deve, porém,
encaminhá-lo ainda à prática mediúnica.
Não forçá-lo; orientá-lo.
 b) 3° Ciclo - dá-se na juventude, mais ou menos dos 18 aos 25 anos de idade.
É o momento dos estudos sérios da Doutrina Espírita e, especialmente sobre Mediunidade.
Com a definição plena da faculdade, é perfeitamente possível dar-se início, ao processo de
Educação Mediúnica.
 c) 4° Ciclo - na terceira idade, o afrouxamento dos laços perispiríticos e a maior introspecção fruto da desaceleração das atividades da vida de relação - facilitam o aparecimento de contato
com o Mundo Extra-físico, a prepará-lo para a desencarnação. Isto não significa, no entanto,
que o desenlace venha necessariamente a ocorrer em breve. Muitos e muitos anos podem ainda
se passar e ser de grande utilidade o exercício da faculdade em questão. 3
Obviamente, encontraremos casos que não se enquadram nessa esquematização, por inumeráveis
fatores, inclusive aqueles em que se puseram as energias à disposição de outras atividades
dignificantes. Chama-se a isso de desenvolvimento tardio da Mediunidade.
IV. APTIDÃO PARA O INÍCIO NAS ATIVIDADES MEDIÚNICAS
Para que alguém possa integrar-se na prática mediúnica devem ser adotados critérios, com vistas ao
melhor funcionamento dos trabalhos ali desenvolvidos, à maior proteção dos componentes, ao
aproveitamento para aprendizado pessoal e à consolidação da harmonia do grupo, como um todo.
Infelizmente, muitos são os Núcleos Espíritas onde as pessoas são introduzidas no trabalho
mediúnico sem uma avaliação judiciosa.
Entendemos que, muito embora os sinais evidenciem ou sugiram compromisso de natureza
mediúnica, o neófito deverá ser encaminhado à Terapêutica Espírita - Evangelhoterapia e
Fluidoterapia -, ao estudo doutrinário e à integração na Casa Espírita, envolvendo-se com as tarefas
que lhe sejam afins, onde buscará maior lastro para o trabalho mediúnico.
O importante é que os postulantes à tarefa mediúnica estejam engajados no trabalho como um todo.
Com a sua participação intensiva nas atividades da Casa Espírita e a compreensão das noções básicas
da faculdade 4 que detém, o candidato será encaminhado à Educação Mediúnica Prática.
O Grupo de Educação Mediúnica muito lucrará com a participação dos medianeiros realmente
dispostos a colaborar com os irmãos espirituais e os que assim se dispuserem serão auxiliados e
orientados de maneira correta.
Bibliografia
1
PIRES, J. Herculano. - "Mediunidade", Editora Paidéia. São Paulo-SP.
Idem, ibidem.
3
Especialmente porque as expectativas de vida no mundo estão sempre em crescendo.
4
Após a indispensável assimilação dos conteúdos teóricos da Doutrina Espírita.
2
Lição: 16
V. PREPARAÇÃO DO MÉDIUM
É certo que ninguém se torna "santo" da noite para o dia, pois a evolução não se efetua aos saltos.
Também, de nada adianta a encenação de santidade com voz mansa, gestos ensaiados e maneira
delicada, já que contará o que realmente se é de fato.
Aos encarnados é possível ludibriar com esses modos, mas os desencarnados, que percebem os
nossos pensamentos, facilmente saberão da farsa que se processa. Entretanto, a tentativa e o esforço
continuados de se automoralizar, de permutar os sentimentos mais grosseiros por outros mais
elevados decerto serão levados em conta e nos farão ganhar a simpatia dos Espíritos Amigos, bem
como provar, aos menos esclarecidos, as nossas verdadeiras intenções.
Assim sendo, deve-se investir em esforços para se preparar devidamente para o labor mediúnico,
assegurando a presença daquelas Entidades Amigas, para a coordenação dos trabalhos do lado extracorpóreo.
Importante, então, estar a tento às recomendações que se seguem:
A. PREPARO FÍSICO
Inegavelmente de grande importância, tendo em vista o desgaste energético sofrido no decorrer da
tarefa mediúnica, notadamente quando na área da desobsessão.
a) Alimentação - procurar ter uma alimentação leve e natural no dia do exercício mediúnico para que
não haja interferência dos órgãos digestivos sobrecarregados geradores de sintomas digestivos e
mal-estar por ocasião do andamento da tarefa.
A polêmica questão da ingestão ou não de carnes 1 no dia do trabalho mediúnico, parece-me, não
estar universalmente elucidada. Pessoalmente, não acredito que o simples fato de se utilizar de uma
alimentação carnívora venha a dificultar ou influenciar negativamente a prática mediúnica. Se isto
fosse realmente relevante, penso, teria sido ventilado em “O Livro dos Médiuns”
É de bom senso, contudo, que a alimentação copiosa - notadamente momentos antes do exercício
mediúnico - poderá dificultar a concentração mediúnica pelo desconforto que provoca e, desse modo,
interferir de alguma maneira na performance mediúnica.
b) Higiene - primar pela limpeza do corpo e das vestes. A higiene corporal reflete a responsabilidade
e a valorização do veículo físico, por ser este um instrumento de redenção na matéria. Além disso,
por se tratar o trabalho mediúnico de uma atividade coletiva, há que se preocupar com o bem-estar
dos companheiros de labuta.
c) Repouso - é ideal que o médium, pelo menos no dia da atividade, busque manter um clima de
serenidade e calmaria, evitando, dentro do possível, esforços físicos exagerados, que venham a
interferir no seu desempenho, pelo cansaço e esgotamento energético.
d) Abolição dos Vícios Químicos - cabe ao tarefeiro da mediunidade libertar-se das viciações
químicas, inclusive dos vícios do tabagismo e do alcoolismo, em demonstração patente da ação do
Espiritismo sobre a sua vida e, ao mesmo tempo, como forma de "fechar" as frestas por onde se
insinuam os processos obsessivos. Todos sabemos que o uso de todas essas substâncias além de
caracterizarem um suicídio indireto e inconsciente (nem sempre), predispõem frequentemente a
associações com Espíritos, no mínimo, desgovernados em vampirismo espoliador. Por isso,
sugerimos o seu abandono ao médium que se vai iniciar na tarefa.
B. PREPARO INTELECTUAL
O medianeiro deve procurar acrescentar e aprofundar os seus conhecimentos doutrinários, bem
como os conhecimentos gerais, pois, assim, os Espíritos Superiores encontrarão maior facilidade na
consecução da mensagem.
Inquestionavelmente, os Mensageiros do Alto procurarão os que estejam em melhor condição de
filtrar-lhes os pensamentos.
C. PREPARO MORAL
A transformação moral é condição primordial para a proteção dos que se propõem a intermediar o
Além de vez que neste intercâmbio, somente a hierarquia moral poderá se sobrepor a toda e qualquer
tentativa, por parte dos desencarnados menos esclarecidos, de nos envolver em suas teias.
Aliás, a esse respeito é salutar o estudo e a reflexão do medianeiro sobre o capítulo XX, de "O Livro
dos Médiuns", intitulado "Influência Moral dos Médiuns", de onde pinçamos o seguinte trecho:
"Se o médium é de baixa moral, os Espíritos inferiores se agrupam em torno dele e estão sempre
prontos a tomar o lugar dos bons Espíritos a que ele apelou. As qualidades que atraem de
preferência os Espíritos bons são: a bondade, a benevolência, a simplicidade de coração, o amor
ao próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o
egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões pelas quais o homem
se apega à matéria." (Grifos meus).
VI. DINÂMICA OPERACIONAL
As reuniões práticas para a Educação Mediúnica devem ter método e disciplina para que se tornem
produtivas, alcançando os seus objetivos. Vejamos alguns detalhes relevantes ao seu funcionamento:
A. AMBIÊNCIA
A ambiência corresponde ao espaço físico onde acontece o labor mediúnico, bem como ao material
utilizado (mesa, cadeiras, iluminação, ventiladores, material didático etc.). Interessa que se possa
utilizar um espaço limpo, sem barulhos externos e com clima ameno, além do material necessário a
proporcionar um mínimo de conforto para os participantes. Evitem-se quadros e quaisquer outros
elementos simbólicos.
B. PARTICIPANTES
O número de integrantes de uma reunião mediúnica não deverá ultrapassar a casa das 14 pessoas,
pois, sabemos que, assim, tornar-se-ia muito mais difícil o seu controle e a integração. 2
Deve cada equipe buscar a homogeneidade. O grupo deverá compor-se de uma coordenação, do
doutrinador (esclarecedor), dos auxiliares r passistas e médiuns em educação. Cada um deverá tratar
de realizar sua função da melhor forma possível.
Alguns grupos preferem treinar, em separado, os diferentes tipos de mediunidade, (Ex.: um
determinado tempo, para a psicografia, outro para a psicofonia etc.). Isso, porém, não deve ser
encarado como regra geral, pois o trabalho ganhará mais em autenticidade quanto mais se evitar
forçar a eclosão da faculdade mediúnica. Com a experiência é que o médium irá verificar qual a
faculdade psíquica para a qual ele está melhor aparelhado.
Bibliografia
1
N. E. - A Editora EM E em suas publicações tem seguido o preceito de que os médiuns, sempre que possível, devem se
abster da ingestão de carnes, especialmente no dia da prática mediúnica.
2
Embora não se determine o número dos participantes de uma reunião de Educação Mediúnica, mostra-nos a lógica, o bom
senso e o dia-a-dia uma tendência a maior dificuldade, nos mais diversos sentidos, quando há grande número de
participantes. Ao estabelecer o número de quatorze, como o seu máximo, oriento-me pelos esclarecimentos do Espírito
André Luiz, no que respeita às reuniões de Desobsessão. Naturalmente não há de minha parte, a pretensão de fazer disso
uma lei. Ver o livro "Desobsessão", do Espírito André Luiz, através do médium Francisco Cândido Xavier, editado pela FEB.
Lição: 17
Capítulo 6
Perigos, inconvenientes e escolhos da mediunidade
Quando Moisés proibiu o povo hebreu de praticar a mediunidade (consulta aos mortos) 1. estava ele
preservando aquele povo ignorante de então dos problemas secundários a essa prática de forma
indiscriminada, em decorrência dos objetivos exclusivamente materiais e fúteis que os levavam ao
seu uso.
Sem dúvida alguma que o exercício empírico da mediunidade tem um risco considerável e aqueles
que se dispõem a esta tarefa necessitam de conhecimento, cuidados e postura compatíveis com a
segurança.
Por outro lado, os inimigos da Doutrina Espírita, por ignorância ou dolo, apegam-se a determinados
aspectos da comunicação mediúnica para negar a sua legitimidade, generalizando os distúrbios
resultantes do seu mau uso, seja no que tange ao despreparo dos envolvidos no processo, seja na
destinação que se lhe dá.
Também, aproveitam a diversidade de comunicações e as dificuldades interpretativas do médium
para sumariamente negar a seriedade ou a realidade da fenomenologia mediúnica.
Aliás. O fato mesmo de Moisés haver proibido a prática mediúnica pelo povo sob seu comando
político e espiritual, demonstra indiscutivelmente estar ele convicto da realidade e da exequibilidade
da comunicação com os Espíritos. É que o próprio legislador hebreu era dotado da faculdade
mediúnica ostensiva, como se pode constatar na própria Bíblia pelos fenômenos que medeia e pelo
contato com Javé. Espírito protetor do povo judeu.
Quem procurar, no entanto, com isenção de ânimo, encontrará no livro “Números” uma sua
afirmativa, onde deixa claro ser sua vontade que todo o povo fosse dotado da faculdade em questão.
Pelo menos, esta é sua assertiva a Josué, quando este, não compreendendo muito bem as razões da
proibição do uso da mediunidade pelo legislador hebreu, queixa-se de dois médiuns (Medade e
Eldad) que estavam a "profetizar":
“Que zelos são estes que mostras por mim, Josué?! Quem me dera que todo o povo de Israel
profetizasse!” 2 (Grifo meu).
Ora, profetizar era o termo utilizado à época para referir-se à praxis mediúnica. Logo, Moisés não
apenas usava como concordava e até estimulava a prática mediúnica entre os seus contemporâneos,
desde que com critérios santificantes.
Analisaremos no presente capítulo alguns aspectos da crítica feita pelos adversários e dos problemas
e dificuldades advindos do relacionamento voluntário com os "mortos".
I. CONTRADIÇÕES
Não se necessita de maiores dificuldades para a compreensão das aparentes contradições resultantes
da vivência mediúnica. É bastante estudar detidamente a Codificação Espírita, em especial "O Livro
dos Médiuns".
No que respeita às contradições, Allan Kardec explica as razões dessa aparente problemática,
fazendo-o de maneira irrepreensível na obra acima citada, em seu capítulo XXVII.
Ora, sabemos que não basta adentrar-se a Pátria Espiritual para tornar-se sábio em todos os assuntos,
em todos os planos da existência.
Assim como nem todos os encarnados podem ou estão capacitados a responder a todas as questões do
conhecimento humano, também os Espíritos não o conseguem todos.
Tal como entre os encarnados, há Espíritos que são levianos, mentirosos, pseudo-sábios e que tornam
sua opinião como a mais completa expressão da verdade, não se pejando de anunciá-la - nem mesmo
impô-la - a quem lhe quiser emprestar ouvidos mansos.
Sendo assim, pode-se obter uma determinada opinião de um Espírito ou grupo de Espíritos, em total
desarmonia com outras opiniões de outros Espíritos, obtidas em outros lugares ou no mesmo lugar,
através de médiuns diferentes ou até pelo mesmo médium.
A verdade é que nem todo o conteúdo mediado pelos correios do Além, corresponde expressamente
à realidade dos fatos.
Se procedermos a uma enquete entre o povo ele uma cidade qualquer, na rua, sobre determinado
assunto do dia-a-dia, haveremos de encontrar grande variedade de respostas: algumas corretas, outras
parcialmente corretas, outras bastante distorcidas e outras completamente equivocadas.
Se com menores dificuldades para efetivar-se a comunicação na nossa própria dimensão é possível
toda essa distorção, quanto mais acrescentando as dificuldades bem maiores, relativas aos diferentes
planos.
Por isso, não devemos aceitar cegamente tudo o que nos falam os Espíritos, mas analisar-lhes o
conteúdo cuidadosamente.
A conselho de Kardec, 2 devemos passar toda e qualquer informação oriunda do Plano Invisível pelo
crivo da razão, da lógica e do bom senso.
Quaisquer sugestões de rituais ou práticas bizarras ou induções a polêmicas que possam gerar a
cizânia ou a dissensão entre os membros do grupo ou do movimento espírita, como um todo, devem
ser deixadas de lado e contra todo Espírito que as inspire ou as imponha devemos pôr-nos em guarda,
não importando o nome com que ele se dê a conhecer.
Observemos o conselho do Espírito São Luís, Mentor Espiritual da Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas - o primeiro Centro Espírita do mundo, fundado por Allan Kardec -, inserido em "O Livro
dos Médiuns":
“Por mais legítima confiança que vos inspirem os Espíritos dirigentes de vossos trabalhos, há uma
recomendação que nunca seria demais repetir e que deveis ter sempre em mente ao vos entregar aos
estudos: a de pesar e analisar, submetendo ao mais rigoroso controle da razão, todas as
comunicações que receberdes; a de não negligenciar, desde que algo vos pareça suspeito,
duvidoso ou obscuro, de pedir as explicações necessárias para formar a vossa opinião”. (Grifos
meus).
Não é outra, aliás, a lição do Espírito Erasto:
“Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos antigos provérbios. Ao aparecer uma nova opinião, por
menos que vos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. O que a razão e o bom
senso reprovam, rejeitai corajosamente.
Mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma única mentira, uma única teoria falsa” 4 (grifos
meus).
Isso significa que toda comunicação mediúnica deve ser analisada detidamente até que se a aceite
como verdadeira, ao ponto mesmo de se sacrificar momentaneamente certas verdades. Qualquer
dúvida no que respeita ao conteúdo, à lógica e ao bom senso, melhor é desprezar a mensagem
mediúnica ou pelo menos entendê-la simplesmente como a opinião de um Espírito. 5
Por não levar em consideração esse importante conselho de Erasto é que muitos médiuns, muitos
grupos mediúnicos e até mesmo muitos Centros Espíritas se deixaram conduzir por mistificações
grosseiras, enredando-se em graves obsessões 6 do tipo fascinação.
Os Espíritos Superiores dão suas comunicações visando à compreensão máxima por parte daqueles
aos quais se dirigem. Isso pode ser um fator gerador de contradição, para alguns, caso não seja
observado, criteriosamente, o conteúdo da mensagem. A forma pode ser aparentemente
contraditória, visto serem extremamente contraditórias as bases de raciocínio adotadas pelos
homens.
O professor costuma usar de diferentes formas, ao dirigir-se a uma assembléia de colegas ou à sua
classe de estudantes. Muito embora a sua mensagem costume ser a mesma, quanto ao fundo, variará
quanto à forma e à profundidade na abordagem.
Os Espíritos podem usar de variadas formas para passar os seus ensinamentos, de tal maneira que
podem até contradizer-se, em aparência, mas que, após investigação profunda, se chega a um
mesmo contexto moral.
De outra forma as contradições podem ser simplesmente as respostas de Espíritos em diferentes
condições de conhecimento e de evolução.
Daí, poderemos concluir que as contradições nas comunicações espíritas são apenas aparentes,
tendo, no geral, as seguintes causas:
a) ignorância ou embuste, por parte dos Espíritos;
b) insuficiência da linguagem humana;
c) despreparo intelectual do médium;
d) interpretação inadequada.
Bibliografia
1
Deuteronômio, 18: 11.
Números, 11: 26-29.
2
KARDEC, Allan. - "O Livro dos Médiuns". Trad J Herculano Pires. Cap. XXIV, item 266 Editora EME: Capivari-SP.
3
Idem, Ibidem.
4
Idem. Cap. XX, item 230, antepenúltimo parágrafo.
5
Infelizmente muitos companheiros de movimento deixam-se entusiasmar por opiniões de alguns Espíritos, tornando-se
facilmente mistificados. Esquecem-se de estudar Kardec e não levam em conta a “Universalidade do Ensino dos Espíritos”,
que confere solidez à Codificação, constituindo-se na pedra de toque da verdade.
6
Ver item 4 do presente capítulo.
2
Glossário:
Praxis = 1. Atividade prática; ação, exercício, uso.
Lição: 18
II. FRAUDES
O vocábulo fraude significa logro, adulteração, engano, embuste, falsificação1.
Embora o embuste possa ocorrer tanto da parte do Espírito comunicante como do sensitivo,
convencionarei por fraude as situações em que uma pessoa, tendo ou não mediunidade tarefeira,
simula uma comunicação mediúnica. Assim, o fraudador age intencionalmente; ele tem perfeita
consciência de que não há nenhum Espírito a trazer-lhe uma mensagem.
Quando se iniciou o retumbar mediúnico, os pesquisadores imaginaram tratar-se de fraudes. Mas é
indiscutível que o embusteiro não o faz sem uma razão. Há sempre para ele um interesse.
Ainda é bom lembrar, que fraudes existem em todas as atividades humanas. Quantos já não se têm
feito passar por médicos, psicólogos, professores, odontólogos, policiais etc.? Isso naturalmente não
nos leva a concluir pela inexistência de profissionais verdadeiros nessas áreas!..
Assim, ao se desconfiar de uma atitude fraudulenta, no campo da mediunidade, vale tentar-se
identificar um interesse gerando a ação em desalinho.
Allan Kardec assim se reporta ao assunto:
“Onde nada há a ganhar, nenhum interesse há em enganar. 2”
Há quem se baseie nas fraudes que inegavelmente acontecem para generalizar com relação aos
fenômenos mediúnicos. Tais pessoas não levam em consideração a honorabilidade dos médiuns
sinceros nem procuram descobrir o que estariam "lucrando" com sua "habilidade".
Como então admitir enganadores destituídos do objetivo de um ganho qualquer, a justificar-lhe o
desonroso título. Visando dinheiro, concessão de favores ou tendo por base qualquer outra
especulação eminentemente interesseira é que os charlatães se esforçam por desenvolver seus
truques.
Sobre isso busquemos a palavra sempre lúcida do Codificador:
“Acaso os imitadores dos fenômenos da Física ou da Química diminuíram ou diminuem o justo
crédito de que uma e outra gozam no campo das investigações científicas? Da prática ilegal da
Medicina, por impostores ou médicos que traíram a confiança que se lhes depositou, advém,
necessariamente, uma prevenção irrevogável contra todos os médicos? Advém daí que toda classe
caia no descrédito da comunidade, mesmo quando se sabe que a grande maioria destes profissionais
honra as suas responsabilidades? Do fato de alguns mercadores falsificarem os artigos que vendem,
temos de concluir, peremptoriamente, que todos os mercadores são falsários e que não há à venda
artigos legítimos?” 3
Não vimos ainda algum falsificador que não tivesse interesse como os citados acima. Então, eu
pergunto: não seria digna, pelo menos, de uma observação menos superficial a atuação de pessoas
que se abstêm de todo e qualquer interesse material? Que devemos pensar de pessoas cuja honradez
paira acima de qualquer suspeita?
Se, pois, o conteúdo da comunicação é formado por um conjunto de ensinamentos calcados na mais
pura moral cristã e não há, nenhum interesse material, visto que “paga-se melhor ao que distrai do
que ao que instrui” 4 será sensato manter-se preso ainda à idéia de ver fraudes, muito embora se
observe o mais completo desinteresse?!
Ademais, abstraindo-se o campo da fenomenologia de efeitos físicos - mais facilmente imitável pela
destreza do charlatanismo -, deparamo-nos com as comunicações inteligentes, a desafiarem os
fraudadores com o dom da improvisação que lhes falta.
“A melhor garantia está na moralidade notória dos médiuns e na ausência de todas as causas de
interesse material ou de amor-próprio, que poderia estimular neles o exercício das faculdades
medianímicas que possuem, porque essas mesmas causas podem animá-la a simular as que não
têm.”5
Aliás, alertamos para que não se venha a confundir fraude com animismo. Na primeira existe má-fé,
dolo, desejo de enganar; neste último o que se dá é a participação do médium no processo de
filtragem mediúnica ou, na pior das hipóteses, a sua comunicação como Espírito, em decorrência da
sua necessidade de tratamento espiritual, na busca de socorro, embora de forma inconsciente à sua
personalidade atual.
Se não é desejável dê sempre o médium comunicações anímicas, igualmente não o é que o tenhamos
como enganador.
É verdade que vários médiuns renomados do século XIX e início do século XX, foram flagrados em
embustes, a despeito de haverem antes viabilizados fenômenos maravilhosos, pesquisados por
estudiosos sérios. Isso se deve, com freqüência, ao uso da faculdade com objetivos de ganho. Mas,
como a comunicação mediúnica não depende unicamente do médium, mas principalmente do
Espírito, quando este não deseja se comunicar não acontece o fenômeno. Se o médium esta sendo
pago de alguma forma para fazer o "show mediúnico" e não logra realizá-lo, ver-se-á tentado à ação
fraudulenta 6 ...
Allan Kardec aconselha que os médiuns não interponham nenhum outro interesse à atividade
fenomênica, senão o de servir ao próximo, desaconselhando qualquer atividade mediúnica na
forma de show.
III. MISTIFICAÇÃO
Situação em que há logro promovido por Espíritos inescrupulosos. Isso acontece, comumente, em
função da invigilância e do descuido, no que respeita à aceitação sem exame daquilo que é
intermediado pela via mediúnica. A mistificação se faz principalmente quando não se leva em conta
a finalidade primeira do intercâmbio entre os planos da vida, que é conduzir o ser humano à melhor
disposição moral diante do bem a realizar.
Submete-se a mistificações, quando se passa a pedir aos Espíritos orientações desnecessárias quanto
ao cotidiano, a coisas restritas à própria responsabilidade, dando-lhes crédito ilimitado; e quando não
se tem uma vontade firme para rechaçar certas sugestões trazidas pelos Espíritos, no que tange a
assuntos que estão fora da função moralizadora.
Além disso, pode haver mistificação para provar o medianeiro em sua fé, em sua humildade e em sua
perseverança.
“Deus permite as mistificações para provar a perseverança dos verdadeiros adeptos do Espiritismo
e punir os que dele fazem um objeto de diversão.” 7
Detectando a nossa fragilidade, os Espíritos mistificadores lançam mão de vários ardis, explorandonos ora a cupidez, ora a curiosidade inútil, predizendo-nos acontecimentos com data fixa. Procuram
ludibriar-nos imiscuindo-se em nossas necessidades materiais e levando-nos a crê-los guias
"desinteressados".
Deve-se, assim, suspeitar invariavelmente das intenções e da elevação dos Espíritos sempre que
veiculem conselhos ou prescrições cujo objetivo se afaste da racionalidade, da moderação no
uso de nomes veneráveis e da moralização em que os fenômenos espíritas devem resultar.
Bibliografia
1
HOLANDA, Aurélio Buarque. "Novo Dicionário da Língua Portuguesa".
KARDEC Allan. -"O Livro dos Médiuns". Trad. J. Herculano Pires. Cap. XXVIII, item 314. EME Editora: Capivari-SP.
3
Idem, ibidem.
4
Idem, Cap. XXVIII, item 315. Idem
5
Idem, ibidem, item 323.
6
Muitas vezes, esta influenciação é realizada por Espíritos que querem vê-lo perder-se ou desacreditar o fenômeno.
7
KARDEC Allan. -"O Livro dos Médiuns". Trad. J. Herculano Pires. Item 302. EME Editora: Capivari-SP.
2
Lição: 19
IV. OBSESSÃO
A. CONCEITO
Obsessão é o termo genérico que sugere influenciação, aproximação perniciosa e persistente de um
desencarnado sobre uma pessoa. Esse fenômeno destaca-se como o mais freqüente dentre os
escolhos da prática mediúnica, sobretudo quando, no início do Mediunato (v. lição 6), é escassa a
experiência capaz de mais facilmente facilitar o discernimento entre o falso e o verdadeiro.
A obsessão, entretanto, conquanto se produza a expensas do dom mediúnico 1, não atinge unicamente
os médiuns tarefeiros, mas também os médiuns naturais, ainda que apresentem, no comum, uma
faculdade embrionária.
B. CLASSIFICAÇÃO
Allan Kardec, objetivando didatizar o estudo do mal obsessivo, descreve três formas de sua
manifestação (quanto à intensidade do domínio do Espírito obsessor sobre o encarnado), passíveis ou
não de evoluir sequencialmente.
São elas: obsessão simples, fascinação e subjugação.
Nesse nosso estudo, em função de sua especificidade, enfocaremos as nuanças do quadro
obsessivo incidindo sobre os médiuns tarefeiros (v. lição 7).
Antes, porém, de descrever os diferentes patamares obsessivos, tratarei das situações onde existe
uma influenciação espiritual negativa, muito embora não venha , a se enquadrar nos parâmetros
obsessivos propriamente ditos. É o caso do assédio espiritual.
 Assédio Espiritual - É bastante comum que o médium tarefeiro sofra assédios espirituais.
Estes consistem em um envolvimento perceptível e momentâneo feito por um Espírito
mal-intencionado ou sofredor, diferenciado da obsessão pelo simples fato de não revestir-se de
cronicidade, por se desfazer em tempo breve. No geral, o médium consegue desfazer os
plugues espirituais nocivos, libertando-se prontamente daquela influência perturbadora. De
outras vezes, no entanto, o assédio é o preâmbulo para a obsessão simples.
 Obsessão Simples - neste tipo, o Espírito malévolo se impõe tenazmente a um médium,
interferindo nas comunicações que recebe e impedindo-o de manter contatos com o Mundo
Invisível, pondo-se em oposição à manifestação de outros Espíritos, substituindo-os.
A ação obsessiva apresenta basicamente duas características: a persistência e a maldade.
A obsessão simples é assim designada porque, a despeito da desagradável sensação de
constrangimento, o médium tarefeiro sabe exatamente a natureza do Espírito que o aflige, pois
este não dissimula suas más intenções. Não devemos deduzir, entretanto, que as suas
repercussões não se possam fazer a ponto de atrapalhar o desenvolvimento anímico do
obsidiado e inclusive o seu mediunato.
Se o incômodo psíquico é perturbador, maior ainda o é quando acontecem manifestações
ruidosas e obstinadas (pancadas e outros ruídos), nos casos que se costumam designar
"Obsessão Simples Física".
 b) Fascinação - muito mais grave que a obsessão simples, a fascinação é o fenômeno em que
o Espírito atuante neutraliza, de alguma sorte, o julgamento da sua vítima, quanto às
comunicações. Afirmo mais grave, porque o médium fascinado não acredita ser vítima de
engano; tal é a sorte do obsessor a inspirar-lhe confiança cega, que chega a afastá-lo de todos
os que poderiam abrir-lhe os olhos e chamar-lhe, à razão. Mesmo entre pessoas mais
intelectualizadas, encontram-se as vítimas da fascinação, que aceitam, sem resistência, as mais
absurdas teorias e as mais bizarras doutrinas, alem de se permitirem a atitudes ridículas e
comprometedoras, quando não perigosas.
É forma relativamente freqüente entre os médiuns tarefeiros que, assim, distanciam-se
sobremaneira dos objetivos alimentados para o uso da faculdade recebida por empréstimo
divino. Aliás, para o médium, talvez seja essa a forma mais perigosa de obsessão, em virtude
de ter alterada a sua capacidade de julgamento, de discernimento e de aceitar prazerosamente a
ação do Espírito obsessor.
 c) Subjugação - acontece quando o obsidiado está literalmente "sob o jugo" do obsessor, o
qual paralisa-lhe a vontade e o faz agir a seu malgrado. Pode ser moral ou corporal. A
subjugação moral é uma espécie de fascinação em que o comportamento moral se deteriora,
segundo a ação do Espírito obsessor. Na subjugação corporal o obsessor como que se
assenhoreia dos órgãos materiais da "vítima" e chega, às vezes, a impeli-la aos atos mais
ridículos e perigosos, fazendo-a frequentemente ser rotulada como louca. Em épocas mais
remotas, chamava-se possessão ao domínio exercido por Espíritos maus, quando essa
influência ia até a aberração das faculdades. A Codificação não adota este termo,
primeiramente porque ele poderia fazer presumir que há seres criados para o mal e ao mal
perpetuamente voltados; depois, porque poderia sugerir a possibilidade de dois Espíritos
virem a coabitar um mesmo corpo, quando o que se dá unicamente é o constrangimento do
obsessor sobre o obsidiado. O Espírito obsessor domina indiretamente o corpo da vítima, pelo
domínio que desenvolve sobre o seu perispírito. O termo subjugação consegue traduzir mais
fidedignamente o que se passa nessa interação mórbida.
Bibliografia
1
Pode parecer-lhe, caro leitor, estranho eu falar que a "obsessão se faz a expensas dos dons mediúnicos". Mas é possível
dizer, sim, em tese, que a obsessão é uma "relação mediúnica
patológica, enfermada", pois dá-se uma intenção entre os perispíritos do Espírito obsessor com o do obsidiado, e aquele se
expressa pelo comportamento, às atitudes e/ou as palavras do perseguido. Já vimos que todos somos mais ou menos
médiuns, variando no que respeita ao grau de desenvolvimento das faculdades, portanto mesmo as pessoas que não
possuem mediunidade ostensiva, são utilizadas mediunicamente, com objetivos negativos pelos obsessores. Isso, em última
instância, corresponde a uma relação mediúnica, embora que doente.
Lição: 20
C. CARACTERES DA OBSESSÃO
OS sinais e sintomas do quadro obsessivo podem ser mais ou menos ostensivos e mais ou menos
multiforme. Atente-se, no entanto, para as seguintes características, encontradas frequentemente:
a) persistência de um Espírito em se comunicar, opondo-se a que outros possam fazê-lo;
b) ilusão que impede o médium de notar a falsidade e o ridículo de suas comunicações;
c) isolamento do sensitivo;
d) crença na identidade e na infalibilidade absolutas do Espírito comunicante;
e) disposição para afastar-se dos que lhe poderiam dar avisos úteis;
f) suscetibilidade quanto à crítica sobre suas comunicações;
g) necessidade incessante e inoportuna de escrever ou falar, chegando mesmo a uma verdadeira
compulsão psicográfica ou psicofônica;
h) qualquer constrangimento físico;
i) ruídos e desordens, ao redor de si e dos quais é a causa e o objeto.
D. É, POIS, LAMENTÁVEL SER MÉDIUM?
Diante de tantos empeços e dificuldades, alguém poderá questionar se não seria lastimável ser dotado
de mediunidade tarefeira.
Passemos a palavra a Allan Kardec:
“Regra geral: quem quer que tenha más comunicações espíritas, escritas ou verbais, está sob má
influência; essa influência se exerce sobre ele, escreva ou não, quer dizer, seja ou não médium 1,
creia ou não creia.” 2 (Grifos meus).
O Espiritismo possibilita a identificação, o tratamento e a prevenção às investidas dos maus
Espíritos, que, não fosse assim, dariam livre curso à sua hipocrisia e crueza. O perigo está no orgulho
de certos médiuns por entenderem-se aptos a serem instrumentos exclusivos dos Espíritos
Superiores. Estes se afastam do médium orgulhoso e os outros vêm em seu lugar, a obsidiar-lhcs,
fascinar-lhes e subjugar-lhes.
E. CAUSAS DA OBSESSÃO
a) Decorrentes do Espírito obsessor:
 vingança
 desejo do mal
 prazer de afligir
 ódio e inveja
 covardia moral
 orgulho









b) Relacionadas com o encarnado:
dívidas do passado
credulidade excessiva
ignorância
invigilância
desleixo
uso indevido da faculdade
vaidade
orgulho
Ninguém é obsidiado sem motivos, os quais podem ser encontrados no passado ou no presente.
Muitas vezes, inclusive, dá-se uma relação sadomasoquista, em que ambos se comprazem em sofrer
e fazer sofrer, ainda que inconscientemente. Nesses casos, a ruptura dos laços enfermados entre os
dois deve se fazer de maneira paulatina, sendo uma das razões para a demora da cura de uma
obsessão. Recordemos o ensinamento do Mestre maior de todos nós:
“Não basta arrancar o joio. É preciso saber até que ponto a sua raiz se encontra entranhada no solo,
com a raiz do trigo, para que não venhamos a esmagar um e outro.” 3
Repetimos:
Não há sofrimento sem propósito ou motivos.
V. FRAUDE x MISTIFICAÇÃO x OBSESSÃO
Diante do exposto, logo se percebe a íntima relação entre fraude, mistificação e obsessão, sendo cada
um e todos ao mesmo tempo escolhos que podem interagir, necessitando de toda prudência e cautela,
de toda a perspicácia para identificar-lhes a presença e neutralizar-lhes a ação nefasta.
De fato, se alguém se inicia na equivocada e nefanda prática de fraudar os fenômenos que, por
qualquer razão, não se encontra capaz de viabilizar, põe-se sobre o dorido jugo de Espíritos
malévolos que o mistificarão, aproveitando-se de suas intenções escusas; e ele, que antes enganava,
pode ser realmente guindado à condição de intermediário entre os dois planos 4, mas, para sua
infelicidade, de enganador passa a enganado.
Daí, à obsessão plenamente caracterizada, com todo o conjunto de implicações dela decorrentes, é
um pequeno passo.
VI. ABUSOS NO EXERCÍCIO DA MEDIUNIDADE
Comete-se abuso de toda e qualquer faculdade medianímica sempre que não se levam em
consideração as finalidades enobrecedoras, caritativas e espiritualizantes do intercâmbio.
Assim, o médium que se julga no direito de cobrar pelos "seus" préstimos, pelos "seus dons", pelos
fenômenos que intermedeia; o médium que, de alguma forma, lucra, no sentido de ganho material;
que se autopromove; que pratica o mediunismo (o fenômeno pelo fenômeno, sem reflexão e
profundidade cristãs); que usa da práticas esdrúxulas, atitudes "teatrais", exibicionistas, com o fim
de atrair a atenção do público sobre a sua pessoa; tal médium afasta-se, declarada e patentemente, de
toda a orientação espírita e abusa dos dons que lhe foram concedidos por Deus, para o seu progresso
espiritual, através da ação promotora do adiantamento dos outros.
Constitui conduta segura para o médium a sua integração no Grupo Espírita em que milita
mediunicamente, para o bem do trabalho como um todo, assim como para si mesmo.
O Prof. J. Herculano Pires 5, em seu livro “Mediunidade”, alerta para o perigo do médium que
participa exclusivamente do trabalho mediúnico (médium solitário); pois, passa a viver apenas em
duas dimensões: a do Espírito comunicante e a sua própria.
Bibliografia
1
Aqui Allan Kardec se refere à mediunidade tarefeira.
KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns”. Trad. J. Herculano Pires. Cap. XXIII, item 244. EME Editora: Capivari-SP.
3
Mateus, 13: 29-30.
4
Lembrar que mesmo não se apresentando a faculdade mediúnica ostensiva, pode-se ser utilizado pelos Espíritos que
induzem telepaticamente. Além disso, recordemos que a obsessão é uma relação mediúnica doente!...
5
PIRES, J Herculano. - "Mediunidade". Cap. X, pg. 81 e 82,1ª ed. Editora Paidéia: S.Paulo-SP.
2
Glossário:
Sadomasoquismo = 1. Psiq. Parafilia que consiste na conjugação do sadismo e do masoquismo.
Parafilia = 1. Psiq. Cada um de um grupo de distúrbios psicossexuais em que a excitação sexual é alcançada fora dos padrões
sociais aceitos como normais, em que se incluem, por vezes, fantasias com objeto não humano, autossofrimento ou
auto-humilhação, ou sofrimento ou humilhação, consentidos ou não, de parceiro, etc. [Deste grupo fazem parte o
exibicionismo, o fetichismo, o frottage, a pedofilia, o masoquismo sexual, o sadismo sexual, o voyeurismo, etc.]
Sadismo = 1. Psiq. Parafilia em que a satisfação erótica advém de atos de violência ou crueldade física ou moral infligidos ao
parceiro sexual; algolagnia ativa. 2. P. ext. Prazer com o sofrimento alheio.
Masoquismo = 1. Psiq. Parafilia em que o indivíduo tem prazer ao ser maltratada física ou moralmente; algolagnia passiva:
Lição: 21
VII. SUSPENSÃO DA FACULDADE MEDIÚNICA
A faculdade mediúnica tarefeira ou provacional está sujeita a intermitências resultantes de variados
fatores. É fato notório estar a mediunidade sujeita a interrupções e a suspensões momentâneas ou
definitivas 1. Isso, inclusive, é mais uma comprovação de que ela, em nosso estágio evolutivo, não é
patrimônio do Espírito que a usa por instrumento, mas dádiva momentânea oferecida pela
providência Divina, para o progresso anímico.
Frequentemente se imagina que os lapsos dessa atividade são devidos ao esgotamento dos recursos
fluídicos ou, quando não, a estados de carência fisiopsicossomática.
É fato que os Espíritos responsáveis pelo acompanhamento e orientação mediúnicos aos sensitivos
velam também por sua saúde e, em situações dessa natureza, tratam de suspender momentaneamente
o exercício mediúnico até que ele reencontre a sua saúde. Nem sempre, porém, esta é a causa de tais
ocorrências.
Allan Kardec esclarece-nos, em "O Livro dos Médiuns", sobre a suspensão que se dá em decorrência
do mau uso imprimido aos recursos medianímicos:
“O médium de efeitos físicos, como o de comunicações intelectuais, recebeu a faculdade para bem
empregá-la e não para a sua satisfação pessoal. Se abusar dela, poderá perdê-la ou torná-la
prejudicial a si próprio (...)"2.
A suspensão do exercício mediúnico pode dar-se em decorrência de variadas causas, com diferentes
objetivos e intenções.
A. CAUSAS DA SUSPENSÃO
a) Pausa para reflexão
Todo o conteúdo transmitido através do médium pela Espiritualidade Superior objetiva um alcance
de bem maior amplitude que o imaginado; entretanto, o primeiro a tirar-lhe proveito deve ser o
próprio médium. É comum imagine-se ter a mensagem destino exclusivo, mas mesmo que assim o
seja da sempre poderá ser útil a outras pessoas. Sendo assim, toda mensagem mediúnica deve sofrer
a análise e uma reflexão do próprio médium que serviu-lhe de canal como também a todos os que
logrem a ter-lhe acesso.
Logo, a intermitência mediúnica pode ter por intuito dar ao médium o necessário tempo para a sua
apreciação, através do seu estudo paciente e reflexão mais profunda.
b) Proteção espiritual
Há médiuns que se desviam profundamente dos objetivos sadios que deveriam nortear a utilização de
seus recursos medianímicos, não atentando para os malefícios que lhe advirão em decorrência desse
desvirtuamento.
Em "O Livro dos Médiuns", encontramos a seguinte advertência quanto ao seu uso:
“Esse dom de Deus não é concedido ao homem para o seu bel-prazer e muito menos ainda, para
servir às suas ambições, mas para servir ao seu progresso e paras dar a conhecer a Verdade aos
homens.” 3
Nos casos em que o medianeiro é detentor de algum crédito - seja adquirido na atual ou em pretérita
experiência reencarnatória - e se desvia perigosamente da senda do Bem, o orientador espiritual
poderá optar por suspender-lhe a faculdade ostensiva, a fim de proteger-lhe da ação maldosa,
truculenta e destruidora dos Espíritos inferiores, maldosos e maliciosos que lhe não perdoariam o
passo mal dado e aproveitariam de pronto a oportunidade para entretecê-lo perniciosamente. Com
essa suspensão, o Mentor espiritual confere ao médium um precioso tempo para repensar o destino
que está dando ao talento depositado em suas mãos.
A suspensão age, por conseguinte, nesta situação, como medida profilática à obsessão, notadamente
do tipo de fascinação, a mais comum entre os tarefeiros da Mediunidade.
De outra forma, a suspensão pode objetivar dar ao medianeiro o necessário repouso, pois
indiscutivelmente a intensidade da atividade mediúnica -, especialmente quando se trata de relações
com Espíritos mais necessitados e grosseiros (reuniões de desobsessão) - pode levar a um desgaste da
organização somatopsíquica do sensitivo.
c) Comprovação da liberdade dos Espíritos
Existem situações em que o médium, à medida que se lhe desenvolve a possibilidade mediúnica,
torna-se vaidoso até ao ponto de acreditar-se detentor de um "poder especial" sobre os Espíritos e as
suas comunicações. Nesse caso, a suspensão da faculdade tem por fito dar-lhe a comprovação de que,
sem a vontade e sem a aquiescência dos Espíritos em se comunicar, ele nada consegue realizar.
Isso serve, de forma especial, para treinar-lhe a humildade. Há casos, em que um Espírito menos
escrupuloso dá ao médium a impressão de que se avassala à sua vontade, que está dócil às suas
ordens, para depois capturar-lhe nas teias obsessivas, o que é facilitado pelo acendramento de sua
vaidade e do seu orgulho.
d) Estimulo a outras atividades
O médium na Casa Espírita constitui um dos seus elementos humanos, um dos seus trabalhadores, e
deve por isso mesmo contribuir em outras das ocupações do núcleo espiritista.
Não é desejável que se torne um "profissional" do setor Mediúnico. Primeiro, porque não se dá vazão
à faculdade mediúnica diariamente; depois, porque, participando do trabalho como um todo, mais
facilmente ele se integra ao grupo, vislumbrando-lhe melhor as particularidades e necessidades, ao
mesmo tempo, em que acompanha a evolução do trabalho geral desenvolvido na Casa, quanto ao
esclarecimento e ao consolo despendidos aos que a procuram.
e) Esgotamento psíquico e/ou físico
A utilização desregrada e sem cuidados dos dons psíquicos podem promover desgastes energéticos
relevantes. Nesses casos o Espírito responsável pela orientação ao médium pode resolver suspender
temporariamente a sua faculdade, ate que o medianeiro reencontre suas condições para o trabalho.
Determinadas patologias consumptivas 4 ou debilitantes podem resultar na suspensão dos dons
mediúnicos.
B. RETORNO DA FACULDADE - TREINAMENTO
Quando diante da suspensão da mediunidade, o medianeiro não deverá perder seu tempo em
treinamentos impróprios. Bastam, no máximo, alguns minutos, de cada vez, para saber se já lhe
cessou o período de abstinência.
Também, não deve ele, por essa razão, entender-se desamparado pelos seus mentores e amigos, pois
pode tratar-se unicamente de uma impossibilidade material para o exercício de sua faculdade.
Que ore, vigie e resigne-se, acostumando-se com o cuidar de si mesmo e de suas atribuições, sem
solicitar para tudo o concurso dos Espíritos.
Deve ele também manter-se informado de que, sob o efeito da referida suspensão - se esta lhe é
imposta como advertência -, não deve procurar obter, através de outros médiuns, as comunicações
que lhe são interditas através de si próprio, o que mais assegura-lhe a independência dos Espíritos, os
quais não se pode fazer agir unicamente pelo desejo e a determinação próprios. Em tal caso, não se
deve insistir nas tentativas, para não cair sob influência perniciosa.
Mas a suspensão da faculdade mediúnica não significa somente censura. Para ter uma melhor idéia,
basta ao medianeiro, em tais circunstâncias, fazer um exame de consciência e verá, claramente, se o
incômodo sofrido resulta de alguma atitude digna de advertência.
VIII. O MÉDIUM E A POPULARIDADE
Alguns mandatos mediúnicos expõem de tal maneira os sensitivos ao público que eles passam a
sofrer um verdadeiro assédio e admiração exacerbada da parte da sociedade. São as esperanças, os
anseios, a curiosidade, a busca de milagres dos circundantes que, patrocinando a "divinização" do
médium, estimulando-lhe a vaidade e o orgulho, põem a perder as mais belas e ricas possibilidades
medianímicas.
A aceitação de honrarias, o culto ao amor-próprio, a troca de "favores", a autopromoção, o lucro etc.
são atitudes capazes de desencadear perigosos desvios na direção da perda do medianeiro.
São exemplos de fenômenos mediúnicos com maior tendência a pôr em evidência a pessoa do
médium:
 "Correio do Além" (comunicações de consolo familiar);
 a mediunidade de efeitos físicos;
 a mediunidade de cura.
Esta última é muito confundida, em nossos dias, pelo modismo das "cirurgias espirituais”. 5
IX. POPULARIDADE E ABNEGAÇÃO
Por tudo o que dissemos nos parágrafos anteriores, concluímos que o anonimato é sempre preferível
à popularidade, no que tange à preservação da integridade moral, espiritual (e, às vezes, até física)
dos médiuns. O anonimato desperta no médium o desenvolvimento da humildade, da abnegação e do
desprendimento dos valores mundanos; enquanto a popularidade costuma exacerbar-lhe o orgulho e
a vaidade, predispondo-o à queda.
A esse respeito ouçamos o Codificador:
“(...) O orgulho é quase sempre excitado no médium pelos que dele se servem. Se possui faculdades
um pouco além do comum, é procurado e elogiado, julgando-se indispensável e logo afetando ares
de importância e de desdém, quando presta o seu concurso. Já tivemos de lamentar, várias vezes, os
elogios feitos a alguns médiuns, com a intenção de encorajá-los.” 6
É bem verdade, porém, que depende do medianeiro, resistir ou não ao envolvimento patrocinado
pela lisonja e pelo aparato dirigidos à sua pessoa. Em outras palavras: É possível manter-se incólume,
mesmo em meio à popularidade; é perfeitamente possível manter-se a humildade e a serenidade.
Veja-se o exemplo de Francisco Cândido Xavier. Quando os elogios e as reverências atingiam-no,
invariavelmente recorria à humildade com afirmações do tipo:
- Quem sou eu, meu filho? Eu sou qual uma modesta minhoca etc...
E Emmanuel, seu mentor, ainda arremata:
- Que é isso, Chico? !! ... A minhoca tem um trabalho muito importante! ...
Frequentemente, porém, cabe ao médium, dentro do possível, usar do anonimato, preservando-se de
mais um óbice - o da popularidade - à boa condução da faculdade recebida por instrumento de
trabalho.
Vale sempre, recorrendo ao Evangelho de Jesus, deixar-se envolver pelo seu alerta:
“Quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado.” 7
Bibliografia
1
KARDEC, Allan. - "O Livro dos Médiuns". Trad. J. Herculano Pires, 2ª Parte, item 220, perg.
nº 1. EME Editora: Capivari-SP.
2
Idem, ibidem. Cap. XXVIII, item 307. EME Editora: Capivari-SP.
3
Idem, ibidem. Cap. XXVIII, item 220. EME Editora: Capivari-SP.
4
Consumptivas = 1.Que consome; consumidor. (AURÉLIO)
5
Ver capítulo 9.
6
KARDEC, Allan. - "O Livro dos Médiuns". Trad. J. Herculano Pires, 2ª Parte, Cap. XX, item 228,
7
Lucas, 14:11.
EME Editora: Capivari-SP.
Glossário:
Fisio = 1. = ‘natureza física ou moral’: fisiogenia, fisioterapia, fisiostigmina.
Psico = 1. = ‘alma’, ‘espírito’, ‘intelecto’: psicanálise, psicologia, psicometria.
Somático = 1. Biol. Referente ao corpo.
Psicossomático = 1. Pertencente ou relativo, simultaneamente, aos domínios orgânico e psíquico.
Somatopsíquica = o mesmo que psicossomático.
Lição: 22
Capítulo 7
Desobsessão
I. OBSESSÃO
Vimos anteriormente que existe obsessão sempre que um mau Espírito se insinua de forma
continuada sobre um encarnado, constrangendo-o a captar-lhe inexorável o pensamento negativo
(obsessão simples), deteriorando-lhe a capacidade discernitiva (fascinação) ou tomando-lhe o
controle corporal e/ ou psíquico (subjugação).
A obsessão é uma relação mórbida de encarnado e desencarnado, bastante freqüente em nosso
mundo, constituindo-se em verdadeira pandemia. 1
A partir dessa interação, aparecem as figuras do obsessor (o que persegue) e do obsidiado (o que é
(perseguido).
Pelo fato de encontrar-se invisível, é comum que o Espírito (desencarnado) seja o perseguidor.
Entretanto, há múltipla possibilidade relacional, seja invertendo essas posições, seja em relação de
reciprocidade, em que ambos agem ora como obsessor, ora como obsidiado.
Além disso, embora seja costume ter pelo obsidiado grande piedade, ele nunca é completamente
vítima, pois carrega consigo os elementos conducentes à eclosão do processo obsessivo. Em outras
palavras: Ninguém nessa relação se encontra inteiramente inocente, sendo ambos responsáveis pelo
quadro doloroso de ódio, de humilhação e de exploração.
A esse respeito, atentemos para as palavras sábias do Espírito Manoel Philomeno de Miranda,
através do médium baiano Divaldo Pereira Franco:
“Em toda obsessão, mesmo nos casos mais simples, o encarnado conduz em si mesmo os fatores
predisponentes e preponderantes – os débitos morais a resgatar – que facultam a alienação.” 2
11. DESOBSESSÃO
A. CONCEITO
Etimologicamente, o vocábulo desobsessão significa o ato de desfazer-se a constrição do obsessor
sobre o obsidiado. Podemos ainda conceituar como sendo o processo de regeneração do indivíduo,
auxiliando-o a desfazer-se dos vínculos do passado sombrio e a vencer a si mesmo. Consiste de urna
terapêutica espiritual complexa, pois tem suas repercussões para além da matéria grosseira, haja vista
objetivar o restabelecimento da saúde tanto do obsidiado quanto do obsessor, ambos
indiscutivelmente enfermados em seus sentimentos e em seus padrões ético-espirituais.
Conquanto possam outras condutas mostrarem resultados positivos, é fato que somente com a
Doutrina Espírita a terapêutica foge ao empirismo, pelo conhecimento das bases do problema e da
ação direta tanto sobre encarnado como sobre desencarnado, levando-os à reflexão e estimulando-os
à transformação íntima, sob a luz dos ensinamentos evangélicos, facilitados pela lente espírita.
B. OBJETIVOS
a) Pronto-socorro - com ampla ação sobre os que se encontram transtornados pela dor moral,
torturados pelos sentimentos de ódio e de vingança, perturbados pela inconsciência da desencarnação
e escravizados às mais variadas viciações;
b) Laboratório Espiritual - onde se promove a regeneração e o tratamento das múltiplas e
frequentes deformidades perispiríticas, a partir da associação dos fluidos, animalizados doados pelos
participantes encarnados com os fluidos espirituais geridos pelos Espíritos responsáveis pela
atividade em benefício dos desencarnados;
c) Resposta do amor - sob o amparo de Jesus, a repercutir de maneira favorável à harmonia, ao
equilíbrio em ambos os planos da existência, em indiscutível exercício de solidariedade e
fraternidade, com ação balsamizante sobre as aflições e os sofrimentos humanos.
C. COMPOSIÇÃO DO GRUPO DE TRABALHO
Não há referência na Codificação Espírita a respeito de um número específico e ideal para os
componentes de uma Reunião Mediúnica e muito menos de uma reunião específica de Desobsessão.
Léon Denis 3 sugere um mínimo de quatro elementos, enquanto que o Espírito André Luiz 4 orienta
para que não se ultrapasse o número de quatorze componentes.
Salienta, ainda, André Luiz que o grupo, na sua formação, tenha de dois a quatro médiuns
esclarecedores 5 dois ou quatro médiuns passistas 6 e quatro a seis médiuns psicofônicos.
Cada grupo, no entanto, dada a sua necessidade e experiência deverá constituir-se da maneira mais
racional e compatível com as suas características.
Sem dúvida, quanto maior o número de participantes de uma reunião mediúnica desobsessiva,
tanto mais difícil a manutenção da harmonia e da homogeneidade - condições fundamentais para a
constituição de um ser coletivo 7 - e, por conseguinte, maior a possibilidade de dificuldades e
desequilíbrios.
A mediunidade psicofônica é a faculdade prioritária no atendimento aos Espíritos sofredores, em
função de permitir um contato mais fácil e mais direto, além de um diálogo mais completo,
facilitando o seu envolvimento psicoemocional com o esclarecedor encarnado.
Bibliografia
1
Termo utilizado em Medicina social para os casos de epidemia com abrangência mundial.
MIRANDA, Manoel Philomeno (Esp.)/FRANCO, Divaldo Pereira. – “Nas Fronteiras da Loucura”. LEAL: Salvador-BA.
3
DENIS, Léon. – “No Invisível”. Trad. Leopoldo Cirne. 1ª Parte, cap. X, pg. 115 - FEB.
4
LUIZ, André/XAVIER & WALDO – “Desobsessão” Cap.20, pg. 85 – FEB.
5
Dá-se a designação de médium esclarecedor ao encarregado pelo diálogo com os Espíritos, também chamado doutrinador.
Embora o nome médium, prece ser consenso no meio espiritista que é preferível ele não apresentar mediunidade ostensiva,
pois assim, em momento de desequilíbrio seu, poderia ter suas faculdades assaltadas por algum Espírito obsessor,
determinando grande transtorno à reunião. Por isso, não me agrada o termo médium esclarecedor, assim como há muitos
não agrada o termo doutrinador, sendo, talvez, o termo esclarecedor a melhor designação. Ressalte-se, no entanto, não
tratar-se de proibição, mas unicamente de prevenção. De mais a mais, o médium já tem o seu campo específico de ação.
6
Em nosso serviço mediúnico, não utilizamos especificamente a figura do médium passista por entendermos desnecessária.
Primeiro porque não há uma incidência elevada da necessidade de aplicação de passes; depois porque os esclarecedores
podem perfeitamente suprir essa função, pelo fato de normalmente já terem experiência na fluidoterapia pela imposição
das mãos.
7
“Uma reunião é um ser coletivo cujas qualidades e propriedades são a soma de todas as dos seus membros, formando uma
espécie de feixe. Ora, esse feixe será tanto mais forte quanto mais homogêneo.” (Allan Kardec em “O Livro dos Médiuns”, 2ª
Parte, cap. XXIX, item 331)
2
Lição: 23
D) ONDE REALIZAR AS REUNIÕES DE DESOBSESSÃO
As Reuniões de Desobsessão, como de resto todas as sessões mediúnica s, devem ser realizadas
preferencialmente em salas previamente estabelecidas na Casa Espírita, onde se pode contar com
todo o respaldo do labor aí realizado em favor do próximo. Até porque, esse é um trabalho cuja
coordenação e consecução são na verdade, em instância maior, da competência da Espiritualidade
Superior, que conta com a participação de um vasto número de obreiros para o seu desenvolvimento.
André Luiz, através da mediunidade do querido médium Francisco Cândido Xavier, aconselha que o
trabalho desobsessivo faça-se nas condições de “absoluto isolamento hospitalar” 1.
Então, sempre que possível, deve-se destinar urna sala exclusivamente ao trabalho mediúnico 2.
Aos encarnados, cabe não dificultar a realização da tarefa mediúnica, a partir de uma postura de
responsabilidade preparo satisfatório e boa vontade para com o serviço, com o qual são os primeiros
beneficiados.
E) PESSOAS ESTRANHAS À TAREFA DESOBSESSIVA
Desaconselha-se a presença de pessoas estranhas e despreparadas por ocasião da prática
desobsessiva, porquanto seus desequilíbrios psíquicos e emocionais, sua curiosidade, assim como
sua desarrazoada interferência mental podem ser capazes de atingir a sensibilidade mediúnica 3
causando indiscutível transtorno e dificuldade na comunicação dos Espíritos.
Sobre isso, esclarece o experiente e respeitado confrade Hermínio Correia de Miranda:
“Na minha opinião, somente em casos excepcionais se justifica a presença de pessoas estranhas ao
grupo, nos trabalhos de desobsessão. (...) Sei que alguns dirigentes de grupo objetarão a esse
radicalismo; julgo, porém, que, como regra geral, deve ser preservada a intimidade do trabalho
mediúnico. É preferível pecar por excesso de rigor, do que arriscar-se a pôr em xeque a harmonia e
a segurança das tarefas. 4 (Grifo meu).
Anotemos, também, a resposta do acatado médium e tribuno espírita baiano, Divaldo Pereira Franco,
a pergunta inserida no livro “Diretrizes de Segurança” 4:
“As reuniões mediúnicas devem ser públicas? Por quê?
DIVALDO: - O Codificador recomenda pequenos grupos, graças às dificuldades que há nos grandes
grupos, de sintonia vibratória e harmonia de pensamento.
Uma reunião de caráter público é um risco desnecessário porque vêm pessoas portadoras de
sentimentos os mais diversos, que irão perturbar, invariavelmente, a operação da mediunidade.
(...) A reunião mediúnica não deve ser de caráter público.
O êxito de uma reunião mediúnica depende da equipe que ali comparece e não apenas do
médium.” (Grifos meus).
"Na terapia da desobsessão, é bom que o obsidiado frequente os trabalhos mediúnicos?"
Ao argumento de que Allan Kardec fazia reuniões em residências (ao tempo das mesas girantes),
quero ressaltar que não era o Codificador quem as realizava nem as reuniões eram especificamente
de desobsessão;
ele estudava os fenômenos ali acontecidos. De outra forma, é bom destacar que, até então, não se
haviam estabelecido os riscos e cuidados a tomar na condução da atividade mediúnica. Após a sua
compreensão, as reuniões passaram a se dar na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e interditas
ao público 6 como se pode encontrar no seu Regulamento:
“Art. 17- As sessões são particulares ou gerais e jamais serão públicas.” (Grifo meu)
F) OBSIDIADO E REUNIÃO DE DESOBSESSÃO
Há quem preconize a presença do obsidiado no trabalho mediúnico de desobsessão e até mesmo
compreenda natural o fato de vir a mediar a comunicação do seu obsessor. Não há, porém, vantagem
nessa conduta.
Em primeiro lugar, porque o obsessor é conduzido pela Espiritualidade, não havendo a necessidade
da presença do enfermo encarnado para assegurar-se a sua ida à reunião; depois, porque o obsidiado,
além de descontrolado (ou potencialmente descontrolável) – e por isso mesmo com risco de
tumultuar a atividade -, pode vir a se perturbar mais ainda pelas "revelações" e impropérios verbais
assacados contra ele por seu antagonista desencarnado.
Sendo assim, é perfeitamente desaconselhável a participação do obsidiado na tarefa desobsessiva,
qualquer que seja o grau de obsessão.
Recorramos, ainda uma vez, ao respeitado confrade Hermínio C. Miranda sobre a questão:
“Mais do que desnecessária, a presença de pessoas perturbadas, no ambiente onde se desenrola o
trabalho mediúnico, pode provocar incidentes e dificuldades insuperáveis” 7
E mais:
“Não é a presença física deles (obsidiados), junto ao grupo, que vai facultar ou facilitar a tarefa; ao
contrário, essa presença pode causar consideráveis transtornos”. 8
Busquemos outra vez o esclarecimento do notável tribuno baiano, o médium Divaldo P. Franco. 9
DIVALDO: - “O ideal será que ele não participe dos trabalhos mediúnicos. Se estiver no estado em
que registra as idéias sadias e as perturbadoras, o trabalho mediúnico pode ser-lhe seriamente
pernicioso. Porque, se o obsessor incorporar, poderá ameaçá-lo diretamente, criando nele
condicionamento, que depois vai explorar de Espírito a Espírito. Como a necessidade não é do corpo
físico do enfermo, ele pode estar em qualquer lugar e os Mentores trarão as entidades perturbadoras.”
E o Espírito André Luiz, através do médium Waldo Vieira - embora admitindo a presença de
obsidiados graves no trabalho desobsessivo, quando chegam inesperadamente - esclarece quanto à
presença dos demais pacientes sob perseguição obsessiva. 10
“Na maioria dos acontecimentos dessa ordem, o doente e os acompanhantes podem ser admitidos por
momentos rápidos, na fase preparatória dos serviços programados, recebendo passes e orientação
para que se dirijam a órgãos de assistência ou doutrinação competentes (...).”
“Nesses casos se enquadram igualmente os obsidiados apenas influenciados ou fixados em fase
inicial de perturbação, para os quais o contacto com os comunicantes menos felizes ou francamente
conturbados, sem a devida preparação, é sempre inconveniente ou prejudicial, pela suscetibilidade e
pelas sugestões negativas que apresentam na semilucidez em que se encontram.”
Há quem tente justificar a sua presença sob, a alegação de ser o obsidiado um médium necessitado de
"desenvolvimento mediúnico". No entanto, como já discutido anteriormente, o obsidiado nem
sempre é um médium tarefeiro (v. lição 7). E além disso, ainda que o seja, é somente após seu
equilíbrio e preparo, após a evangelhoterapia e a fluidoterapia, seguidas dos estudos doutrinários e
mediúnicos teóricos, que ele estará habilitado ao devido encaminhamento à Educação Mediúnica.
Bibliografia
1
LUIZ, André/XAVIER, Francisco Cândido & VIEIRA, Waldo. – “Desobsessão”. 2ª Ed. Cap. 18, pg. 77 – FEB.
Contudo, nos casos de instituição que sofra de carência de espaço físico, a utilização do bom senso conduz-nos à utilização
dos recursos disponíveis para o desenvolvimento das tarefas da Casa.
3
Há quem imagine que isso não poderia afetar a comunicação mediúnica, quando o médium for devidamente educado. Isso,
no entanto, parece-me uma sonhadora visão de "médium intocável", muito perigosa. A verdade é que temos visto médiuns
de grande capacidade e controle, referir dificuldades vibratórias a dificultar-lhe a atividade, em algumas ocasiões. Por essa
razão, quanto mais pudermos facilitar-lhes a tarefa, penso é dever do dirigente do Serviço Mediúnico.
4
MIRANDA, Hermínio C. - "Diálogo com as Sombras", Cap. II, pg, 86 – FEB.
5
FRANCO, Divaldo Pereira & TEIXEIRA, J. Raul. - "Diretrizes de Segurança". 2ª ed. Cap.II pg. 39/40. Ed. Frater: Niteroi-RJ.
6
KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns”. Trad. J. Herculano Pires. Cap. XXX. EME Editora: Capivari-SP.
7
MIRANDA, Hermínio C. – “Diálogo com as Sombras”. Cap. II, pg. 86, 5ª Ed. FEB – Brasília-DF.
8
Idem, ibidem, pg. 87.
9
FRANCO, Divaldo Pereira & TEIXEIRA, J. Raul. - "Diretrizes de Segurança". 2ª ed. Cap.X pg. 87/88. Ed. Frater: Niteroi-RJ.
10
LUIZ, André/XAVIER, Francisco Cândido & VIEIRA, Waldo. – “Desobsessão”. – FEB.
2
Lição: 24
G) ADMISSÃO DO MÉDIUM NA TAREFA DESOBSESSIVA
Sendo o Labor Desobsessivo atividade de grande responsabilidade e usualmente o termômetro da
Casa Espírita, obviamente que a admissão de seus componentes deve ser regida com muita prudência
e cuidado.
O médium deve ter bem treinada a sua faculdade com satisfatório desempenho e controle, além de
estar compromissado com a própria reforma íntima; deve estar bem integrado no núcleo espírita e
mostrar amor pela tarefa.
Sendo assim, reputamos como condições básicas para a sua admissão:
a) Ter passado pela Educação Mediúnica.
b) Buscar similitude de pensamentos, ideais e sentimentos com o grupo.
c) Trabalhar a autoridade moral, tendo como alicerce o Evangelho de Jesus.
d) Cuidar da auto-instrução, tendo como apoio insubstituível as obras da Codificação Kardeciana.
e) Fé e amor.
H) O MÉDIUM E A PRÁTICA DA CARIDADE
Vivenciar a Caridade no dia-a-dia é necessidade óbvia de todo aquele que busca a iluminação e agir
em consonância com os preceitos espíritas, que são os contidos no Evangelho de Jesus.
O medianeiro, entretanto, pela sua maior vulnerabilidade à ação dos Espíritos imperfeitos, deve
envidar todos os esforços para a prática da Caridade.
Não se deve, porém, esquecer, que a Caridade não consiste apenas na doação material pura e simples,
mas especialmente na caridade moral que se fundamenta em respeitar o próximo, procurar
compreendê-lo, ser tolerante e amável. Para tanto é imprescindível o treinamento da humildade.
Assistir ao aflito, oferecendo-lhe o apoio amigo, a dádiva generosa, o conselho fraterno, o ombro
reconfortante e a palavra de estímulo, de esperança e confiança, eis o caminho a seguir pelo
medianeiro no que respeita à Caridade.
II) O MÉDIUM E O "PROFISSIONALISMO" MEDIÚNICO
O medianeiro estará melhor e mais bem protegido dos inconvenientes e riscos inerentes à atividade
mediúnica, sempre que se mantenha integrado na Casa Espírita e no Grupo mediúnico , Assim,
poderá compartilhar com os companheiros de labuta o conteúdo mediúnico e, ao mesmo tempo,
contar com a opinião mais abalizada do dirigente da Reunião.
Nos casos em que não lhe for possível, por um ou por outro motivo, sua participação em outras
atividades do núcleo espiritista de que participa, entendemos ser preferível, diante de uma única
opção, o médium buscar outra tarefa, que não seja a mediúnica, para não se fixar em indevido
“profissionalismo” (exclusivismo) mediúnico.
J) BOM MÉDIUM E MÉDIUM BOM
Ocorre com frequência julgar-se o médium pela performance de seus dons psíquicos, não raro
despreocupando-se com o seu comportamento e a sua conduta moral.
Ser simplesmente “médium” é condição relativamente corriqueira e não necessariamente relacionada
com a postura ética diante da vida e do próximo; agora ser “médium espírita” 1 é fazer uso da
faculdade com bases na Ciência Espírita e orientação invariável da sua Filosofia e da sua Moral.
Sendo assim, na tentativa didática de fazer-se a diferença entre os médiuns, quanto à técnica e à
moral, proponho a utilização dos termos: Bom Médium e Médium Bom.
a) Bom Médium - aquele cuja faculdade permite sentir de maneira patente a influência do plano
espiritual; daquele que consegue viabilizar de maneira frequente e intensa a fenomenologia psíquica;
do que tem fluência mediúnica. Diz respeito à faculdade em si. Entretanto, visando-se tão somente
essa faceta, sem vigilância, sem esforço de moralização, o medianeiro far-se-á presa fácil dos
Espíritos inferiores, enredando-se em obsessões pertinazes.
b) Médium Bom - denominemos desta forma o tarefeiro que exerce a sua faculdade em função de
objetivos superiores (diz respeito à personalidade e à moralização do médium).
Assim definidos, um Médium Bom poderá ser um Bom Médium, mas nem sempre um Bom Médium
será um Médium Bom.
Bibliografia
1
Utilizamos o termo “médium espírita” para o sensitivo compromissado com a mensagem espírita e que, por conseguinte, é
um “espírita verdadeiro”, da classificação de Allan Kardec, em "O Livro dos Médiuns" (Primeira Parte, cap. III, item 28) e não
apenas o que se rotula "espírita".
Lição: 25
III. DINÂMICA DO TRABALHO DESOBSESSIVO
A tarefa desobsessiva não se efetua única e exclusivamente nos dias da Reunião Mediúnica
específica, na Casa Espírita. Haja vista que a equipe espiritual, responsável por ela, movimenta-se
em atividades múltiplas, de forma ininterrupta, objetivando o bom êxito da tarefa no momento
específico em que se formalizam e se efetivam as comunicações mediúnicas.
Mesmo os trabalhadores encarnados (médiuns, doutrinadores e outros) são frequentemente
convocados a participar dessas incursões no "Mundo dos Espíritos", em geral durante o
desdobramento onírico, para maior conhecimento da problemática dos enfermos desencarnados a
serem conduzidos à Desobsessão, para o seu próprio aprendizado e também com o fito de servirem
de instrumentos de auxílio no atendimento inicial aos Espíritos mais densificados em seu perispírito.
Entendendo assim a dinâmica do trabalho desobsessivo, compreende-se a imensa responsabilidade
de cada componente do grupo, assim como da indiscutível e inadiável necessidade de pautar sua vida
nos princípios cristãos, em preparo contínuo para desenvolver o labor desobsessivo.
AS FASES DO TRABALHO
O ideal é que o grupo se abstenha do estudo específico sobre a Mediunidade, por ocasião das
Reuniões. Mas deverá, nos quinze minutos que antecedem o início dos trabalhos, ser feita uma leitura
preparatória e uma reflexão rápida e sem polemizações, em torno de "O Evangelho Segundo o
Espiritismo", "O Livro dos Espíritos" ou uma obra subsidiária idônea e de conteúdo exclusivamente
doutrinário.
É imprescindível, no entanto, que os lidadores encarnados estudem Espiritismo. Para isso, o grupo
deverá fixar dia e hora diferentes dos prefixados para a Desobsessão. Nessas reuniões específicas
para o estudo, não se descurem os participantes de levar suas dúvidas no que concerne à prática
mediúnica. A própria necessidade do grupo, no entanto, poderá empreender algumas modificações,
sem que com isso venha, a comprometer a tarefa, no que tange à sua essência.
A nossa metodologia nessa atividade é abaixo descrita, em suas fases sequenciadas:
A) PRECE INICIAL
Deve ser simples, concisa e uma expressão do sentimento, produzindo vibrações de paz e serenidade.
A prece sincera e sentida transforma a psicosfera ambiente, auxiliando os enfermos espirituais nele
presentes e predispondo-os à comunicação; ao mesmo tempo, fortalece e motiva o obreiro encarnado
para a atividade, favorecendo o controle e o equilíbrio.
B) A PRÁTICA MEDIÚNICA
a) Comunicação dos Mentores Espirituais
Sempre que se fizer necessário, os orientadores espirituais apresentar-se-ão para considerações e
orientações iniciais. Isso, no entanto, não deve ser uma regra, pela qual se deva obstinar o grupo, a
ponto de determinar mal-estar aos medianeiros ou induzir ao animismo. Deve-se respeitar a
espontaneidade como norma, ou seja, como regra, aguardar naturalmente e sem ansiedades a sua
participação ostensiva.
Essa espontaneidade, entretanto, não nos impede de, quando nos parecer necessário, evocar os
Espíritos responsáveis para os esclarecimentos indispensáveis. Assim como não deve transformar-se
em obstáculo às necessárias reflexões, quando da ausência prolongada daquelas manifestações
amigas.
O já antes citado médium e orador espírita baiano Divaldo Pereira Franco salienta que o baixo padrão
vibratório do ambiente poderá dificultar as comunicações dos bons Espíritos.
O fato é que se deve reservar um breve espaço de tempo no princípio do trabalho desobsessivo, para
aquela possível intervenção dos trabalhadores do plano invisível, após o que se franqueia o tempo
para a manifestação dos Espíritos carentes, tempo este que pode se estender de quarenta e cinco a
noventa minutos, a depender do número de médiuns disponíveis para a tarefa.
É também de bom alvitre a reserva de um breve tempo ao final da reunião para oportuna
manifestação da Espiritualidade Amiga.
b) Comunicações Psicofônicas Simultâneas
Preferencialmente deve-se permitir a comunicação de apenas um Espírito de cada vez, evitando-se a
simultaneidade. Todavia, sem que venha a comprometer a harmonia da reunião, é aceitável se
efetuem até duas comunicações simultâneas 1, desde que se disponibilizem dois esclarecedores, e a
depender da postura corporal 2 adotada pelos esclarecedores em relação ao médium em transe, ou
seja, a sua distância do médium.
Faz-se imprescindível, porém, o preestabelecimento da metodologia, evitando-se, sempre que
possível, os improvisos.
c) Postura Corporal do Esclarecedor
Como se deve posicionar fisicamente o esclarecedor em relação ao médium, no desempenho de sua
função, por ocasião da manifestação psicofônica? De pé, sentado, próximo ao médium etc.?
Essa é uma questão aparentemente irrelevante, mas que suscita dúvidas notadamente nos grupos que
se iniciam na tarefa.
Por esse motivo, parece-me interessante comentar as possibilidades "posturais" do esclarecedor
durante o ato da "doutrinação".
Usualmente, o doutrinador permanece sentado à mesa, passando a dialogar naturalmente com a
entidade comunicante. Entretanto, nos grupos em que se admitem comunicações simultâneas, há
indiscutível interferência entre esses diálogos, causando uma certa desordem, potencialmente
negativa para o equilíbrio.
Isso determina a aproximação física do esclarecedor em relação ao médium, de maneira a preservar o
entendimento e a ordem.
Como em tudo, há vantagens e desvantagens para ambos os métodos.
Como vimos, a doutrinação ao longe (sem deslocamento físico do doutrinador) inviabiliza as
manifestações simultâneas e, para alguns confrades espíritas, “impediria maior envolvimento
fluídico da parte do esclarecedor sobre o Espírito comunicante” 3
Por outro lado, a sua aproximação em relação ao médium pode causar a este último um mal-estar e
um constrangimento desnecessários, bem como gerar mal-entendidos ou atitudes indevidas. 4
Já experimentamos ambos os métodos. No momento, adotamos em nossa atividade, a doutrinação
ao longe, até porque apenas uma entidade comunica-se, por vez, em nosso Serviço Desobsessivo.
Cabe, entretanto, ao grupo a decisão para utiliza-se em suas atividades um dos métodos.
d) Número de Comunicações por Médium
O labor desobsessivo, muito embora a solicitude e o empenho dos trabalhadores do plano invisível é
tarefa que leva a desgaste 5 psíquico e físico para o medianeiro, exigindo, por conseguinte, disciplina
e bom senso.
Em decorrência disso, é de bom alvitre sejam admitidas até duas comunicações de entidades
sofredoras por médium, afora a possibilidade da manifestação do mentor espiritual.
Sobre o assunto, assim se posiciona o Espírito André Luiz: 5
“Só se devem permitir, a cada médium, duas passividades por reunião, eliminando com isso maiores
dispêndios de energia e manifestações sucessivas ou encadeadas, inconvenientes sob vários
aspectos.”
Também esta é a opinião de Divaldo Franco: que no decorrer dos trabalhos poderemos permitir até
duas comunicações de entidades sofredoras por um mesmo médium.
e) Espíritos Relacionados à Umbanda
Em alguns trabalhos poderemos surpreender-nos com a comunicação de índios, caboclos ou "pretosvelhos" seja na condição de enfermos ou afirmando-se integrantes do grupo invisível de obreiros da
Casa.
O fato de estarem esses Espíritos comumente relacionados à Umbanda e outras manifestações
religiosas afro-brasileiras suscita em algumas pessoas certa dúvida de como proceder ante tais
manifestações.
Lembremos, para a compreensão exata da conduta a ser adotada, que o Espiritismo não tem
compromisso de destacar ou preterir do seu atendimento essa ou aquela entidade, em particular.
Logo, tais Espíritos, naturalmente, poderão se comunicar.
O que se deve cuidar é que aqueles Espíritos - como de resto todos os comunicantes, sem exceção -,
ajustem-se às disciplinas e metodologia aplicadas pelo Espiritismo em sua praxis (v. lição 17)
mediúnica.
Em outras palavras, o critério avaliativo de qualquer comunicação é o mesmo para todos os Espíritos,
o que significa: diz respeito ao alcance moral da mensagem. Por essa razão, sob aquelas
indumentárias psíquicas ou perispirituais, poderão surgir Espíritos necessitados, bem como Espíritos
profundamente evoluídos, que podem veicular, através do linguajar simples e pitoresco, mensagens
de elevado conteúdo moral.
Tornar qualquer outra conduta em relação a qualquer comunicação não passa de preconceito que
deve ser superado e extinto.
f) Encerramento do período prático
Como já foi descrito anteriormente, ao final das tarefas, abre-se um espaço de alguns minutos para
eventual manifestação de um ou mais amigos espirituais, através da psicofonia e/ou psicografia
(quando - embora pouco comum - ocorrerem comunicações concomitantes).
Os médiuns que se acharem necessitados de passes deverão solicitar ao coordenador da tarefa
providências neste sentido, mas é de bom alvitre que o médium não passe a buscar os recursos
fluidoterápicos de maneira rotineira, ritualística e indiscriminada.
C. PRECE DE ENCERRAMENTO
A prece de encerramento será proferida pelo dirigente ou alguém a seu pedido e expressar o
sentimento de gratidão ao Alto e aos obreiros desencarnados pelo amparo recebido e pela
oportunidade de trabalho.
D. AVALIAÇÃO DA TAREFA
Com o objetivo de inteirar-se melhor do trabalho acontecido, cruzar informações mediúnicas,
observar o desempenho do grupo, desfazer dúvidas e discutir o conteúdo das mensagens
recepcionadas é imprescindível realizar uma avaliação final, logo após a prece de encerramento.
Assim, sob a coordenação do dirigente, cada participante é instado a falar sobre as suas impressões,
bem como dar informações pessoais a respeito da tarefa do dia, passando-se ordenadamente, a
palavra a cada um deles.
Essa troca de idéias e comentários coloca o grupo bem mais entrosado e à vontade, desenvolvendo o
sentido de autocrítica.
Nesse momento, proceder-se-á à leitura, avaliação e comentários das mensagens psicografadas.
Após a definição do tempo, ao grupo cabe obedecer, disciplinadamente, o horário fixado.
Bibliografia
1
Mais de duas comunicações simultâneas, além de causar uma maior algazarra, dificulta a noção de conjunto e a
coordenação da tarefa
2
O esclarecedor pode estar de pé ou sentado, locomover-se até o médium ou permanecer sentado em seu lugar à mesa.
3
Em minha opinião, não há tanta diferença em relação a esse envolvimento, posto entender que o estado de espírito que o
determina está relacionado diretamente com a intencionalidade do esclarecedor, o seu desejo de ajudar, assim como o
amor e o compromisso que o levam ao diálogo fraterno com o Espírito.
4
Não há aqui nenhuma idéia preconceituosa de minha parte, pois de fato, já presenciei, no passado, queixas de uma
médium sobre um discutível assédio sexual do esclarecedor.
Por outro lado, já tive também a oportunidade de detectar médiuns que somente aceitavam a doutrinação por determinado
esclarecedor. Essas são desvantagens de realce para a utilização dessa postura no momento do diálogo esclarecedor.
5
Ver cap. 6, item VII.
6
LUIZ, André/XAVIER, F.C. & VIEIRA, Waldo – “Desobsessão” – Cap. 40. FEB. Brasília-DF.
Glossário:
Onírico = 1. Relativo a, ou próprio de sonhos:
Psicosfera = por extensão: atmosfera mental ao redor dos médiuns.
Lição: 26
IV. DIFERENTES TIPOS DE COMUNICAÇÕES
Diversas são as condições encontradas entre os Espíritos que se apresentam em uma Reunião
Desobsessiva e, mesmo quando suas situações e histórias se assemelhem, cada uma possui caráter
particular, sendo cada dia rico em aprendizado para todos.
Há, entretanto tipos de manifestação que se repetem e, conquanto não se deva querer aplicar fórmula
única para todo diálogo fraternal com as Entidades, pode-se tirar bastante proveito com a
experiência.
É com a intenção de facilitar o desempenho do esclarecedor, que apresentamos abaixo vários tipos de
comunicações, ricamente discutidos na obra já citada do confrade Hermínio C. Miranda. 1
A) ESPÍRITOS EMUDECIDOS
São aqueles que se apresentam incapazes de articular as palavras através do medianeiro ou mesmo
simplesmente não o querem. Mostra a experiência que as principais razões que levam o Espírito a
não verbalizar através do medianeiro são as seguintes:
a) ódio profundo;
b) repercussão psíquica de doenças de que foi portador antes da desencarnação;
c) tentativa de não deixar transparecer o que pensa.
Com bastante tato, o Doutrinador deverá analisar e sentir cada situação e, ao mesmo tempo, procurar
captar os sentimentos que animam o Espírito, estimulando-o a expressar-se, com base em uma
recepção simpática e fraterna, bem utilizando-se de palavras inspiradoras de confiança e segurança.
B) ESPÍRITOS IGNORANTES DE SUA SITUAÇÃO
São os que não têm consciência da desencarnação.
O esclarecedor, priorizando o amor, deverá dosar a verdade para cada situação, sendo que, em certos
casos, de modo algum deverá informá-los de sua morte física, procurando orientá-los para o socorro
que se lhe achega no mundo invisível, muitas vezes mostrando indumentária semelhante à dos
profissionais de saúde das nossas instituições hospitalares (médicos, enfermeiros etc.).
O esclarecedor - além do bom senso e da intuição- poderá optar por não revelar ao Espírito a sua
condição de desencarnado, levando sempre em consideração a disposição íntima da entidade que se
manifesta para a aceitação da própria morte física e, as repercussões psíquicas imediatas promovida
por essa informação abrupta.
É certo que todos os Espíritos, sabem intimamente dessa realidade, mas nem todos estão em
condições psíquicas para assumir a nova situação, utilizando-se do mecanismo de defesa psíquica do
esquecimento momentâneo.
C) ESPÍRITOS SUICIDAS
Em geral, são comunicações bem difíceis e dramáticas, requerendo dos trabalhadores do grupo
elevada dose de equilíbrio íntimo, benevolência, piedade e amor, capazes de minimizar-lhes o
sofrimento. Cabe ao responsável pelo dialogo com a Entidade, fortalecer-lhe a fé, estimular-lhe o
autoperdão e administrar-lhe passes. Pode e deve também utilizar-se ela prece como recurso
balsamizante para aquele coração aflito e desesperado.
Atente-se, ainda, para o fato de serem frequentemente profundos os laços que os prendem à
matéria.
D) ESPÍRITOS ALCOÓLATRAS E TOXICÔMANOS
Não deixam de compor uma variedade do grupo anteriormente descrito. No comum, enfrentam
delírios profundos resultantes dos condicionamentos tecidos pela viciação. Os recursos fluídicos,
seguidos de palavras indutoras de confiança e força para resistirem ao apelo do vício, serão de grande
valia para eles. Não se deve, nessa ocasião - salvo algumas exceções -, comentar-lhes de maneira
incisiva os inconvenientes do vício, senão da sua desnecessidade no momento.
E) ESPÍRITOS VINGATIVOS
Vingança é o carro-chefe dos distúrbios espirituais encontrados nos serviços de Desobsessão, haja
vista constituir-se no principal motivo para as induções obsessivas. Via de regra a vingança
desdobra-se a partir de um caso pessoal, embora encontremos os casos do vingador impessoal,
aquele que trabalha para uma organização opressora, que é "assalariado" para o cumprimento da
tarefa.
Um dos grandes trunfos para o êxito ansiado a partir do diálogo e esclarecimento fraternos é a busca
da compreensão sincera dos motivos que impulsionam o Espírito vingador e aceitá-lo como se
apresenta, pois, ele tem o seu ato como um direito supremo.
Espíritos assim sequer admitem o perdão. É importante ouvir-lhes as queixas e os impropérios,
concordar parcialmente com os seus pretensos motivos mas esclarecer-lhes o quanto de sofrimento
advém-lhes do seu obstinado desejo de vingança, da manutenção perniciosa do "ciclo da culpa" de
encarnação para encarnação.
Convencer o vingador a se permitir raciocinar e usar da lógica, em termos de projeção futura;
envolver-lhe com vibrações de amor e paz, bem como orar insistentemente por ele compõem o
verdadeiro caminho para a doutrinação.
Bibliografia
1
MIRANDA, Hermínio C. - "Diálogo com as Sombras ", FEB: Brasília-DF.
Lição: 27
F) O DIRIGENTE DE REGIÕES TREVOSAS
Quando se apresentam pela via mediúnica, esses Espíritos imaginam-se os "donos da situação". Por
isso, com freqüência, mantêm a voz em diapasão controlado, mas prepotente. Habituados a conviver
com outros Espíritos que se lhe submetem à vontade e ao poder, costumam mostrar-se poderosos,
arrogantes, frios, calculistas, experientes, inteligentes, cínicos e envolventes. São usualmente
sarcásticos, violentos e venenosos em suas observações e palavras e crêem-se infalíveis e
impermeáveis à ação doutrinária (esclarecedora).
Não costumam deixar-se enveredar pelo lado dos sentimentos e se acham no direito e no poder de
exigir, ordenar, ameaçar e intimidar.
Têm a seu serviço e sob suas ordens Espíritos vários, especializados nos diversos meandros dos
mecanismos obsessivos, seja em nível psíquico, fluídico e perispiritual: planejadores, executores em
equipe, rastreadores, soldados e mercenários etc.
Entretanto, a sua presença pode sugerir-nos uma pequena luz no túnel da sua modificação de vida.
O esclarecedor, mais que com qualquer Espírito comunicante, terá que associar a dignidade e a
firmeza na condução do diálogo à paciência, à serenidade, à piedade e, acima de tudo, ao amor.
Deve sempre cuidar para não se permitir resvalar para a polêmica e a discussão estéril, a fim de
manter preservados o equilíbrio e a sua sensibilidade, não permitindo - embora amorosamente - que a
entidade lidere o debate.
G) ESPÍRITOS DESCRENTES (MATERIALISTAS)
Allan Kardec, em "O Livro dos Médiuns", classifica os materialistas em vários grupos: os
sistemáticos, os indiferentes, os interesseiros, os de má fé, os decepcionados etc.
Os sistemáticos demoram-se assim por longo tempo após a desencarnação, não sendo incomum que
reencarnem compulsoriamente ainda nesta posição mental.
Certa vez, um Espírito dessa natureza comunicou-se em nosso grupo, negando Deus e a imortalidade
da alma, de maneira veemente. Ao ser interrogado pelo esclarecedor sobre como se efetuava a sua
comunicação conosco e se compreendia a sua condição de "morto", afirmou-se cientificado disto.
Ante a surpresa de como entender-se vivo após a morte orgânica e não aceitar a imortalidade,
explicou-se para nossa perplexidade:
“É que ainda me resta um tanto de energia que, em breve, se dissipará para o nada...” (!?)
Deparamo-nos também com os que viveram como materialistas preocupados unicamente com os
fenômenos e as vivências materiais e que se vêem aflitos e confusos, esvaziados de suas posses e
pertences, frustrados na busca de reter o que se lhes esvai pelas mãos e sentidos semimateriais.
Encontramos também os narcisistas, adoradores do próprio corpo e que, em vida, se extasiavam com
a própria beleza corporal, aprisionados mentalmente ao corpo e perplexos ante a decomposição
cadavérica, que não querem crer ou não entendem, mantendo-se em intenso sofrimento.
Muitos desses irmãos devem ser conduzidos com grande cautela, haja vista a possibilidade de
intensificar-se-lhes o estado de perturbação, caso lhes seja revelado “ex abrupto” a sua condição de
desencarnado.
H) ESPÍRITOS DEMENTADOS
Relativamente frequentes nas reuniões de desobsessão, não têm consciência de coisa alguma. No
geral, chegam a esta situação devido ao grande sofrimento a que foram submetidos, seja por
enfermidade mental crônica durante sua vida, seja pela forma trágica do seu ato desencarnatório, seja
pelas perseguições de que se fizeram alvo após a morte física. Devem ser socorridos com passes,
recepção amorosa e amenidades, após o que são reavaliados de acordo com a sua problemática.
I) ESPÍRITOS AMEDRONTADOS
Por vezes, chegam-nos desconfiados, atormentados e mesmo em verdadeiro estado de pânico. O
medo de serem aprisionados, a dúvida quanto ao ambiente onde se encontram, a vulnerabilidade em
relação aos Espíritos grosseiros da erraticidade compõem o seu perfil. É preciso infundir-lhes
confiança no poder supremo de Deus.
Frequentemente são vítimas de obsessões perpetuadas e amplificadas pelo medo; embora os clichês
de culpa que consigo carregam, são mais vítimas que cúmplices; são manietados pelos Espíritos
obsessores como serviçais para a consecução de seus intentos malévolos junto aos encarnados
padecentes de obsessões.
J) ESPÍRITOS MISTIFICADORES
São os que procuram dissimular suas reais intenções, tornando, às vezes, nomes ilustres ou ares de
importância. De vezes, apresentam-se como sofredores, na tentativa de desviar o ritmo das tarefas,
gastando o tempo destinado ao socorro de outras entidades.
Sem se aperceberem, funcionam tais Espíritos, como pontos de aferição na avaliação da real
capacidade do Grupo Mediúnico. Claro, que em uma reunião bem orientada, caso ocorra a
comunicação de um “mistificador”, o comum (embora não obrigatório) é que o médium capte as suas
intenções e, posteriormente, o auxilie.
De qualquer modo, em um grupo bem preparado e harmonizado, não deixam esses Espíritos de
receber os fluidos mais sutilizados e a freqüência de pensamento no Bem, dos componentes
encarnados e desencarnados do conjunto mediúnico e especialmente em decorrência da sua interação
perispiritual com o médium, pois, da mesma maneira que o médium capta suas vibrações, ele se
envolve com o padrão vibratório do binômio “médium/doutrinador".
L) ESPÍRITOS SOFREDORES
São os que ainda apresentam os sofrimentos do trespasse ou do mal que os vitimou. Muitas vezes,
queixam-se de dores físicas, como consequência de sua fixação mental no corpo físico. Por isso,
conquanto se saiba da origem psíquica de seu sofrimento, não se deve menosprezar suas queixas
dolorosas imaginando-as irreais, posto serem bastante vívidas as suas sensações, anotadas pelo corpo
perispiritual em reflexos de suas experiências no corpo somático. Há, pois, a necessidade de
aliviá-los através do esclarecimento e do encorajamento, da prece e do passe. A maioria adormece e
é conduzida pelos trabalhadores espirituais, para hospitais espirituais; quando não, permanecem
esses Espíritos, ainda por um período de tempo, na própria ambiência do Centro Espírita. 1
Bibliografia
1
Pela organização e o desenvolvimento de um trabalho responsável, sério e compromissado com o Bem, os Centros Espírita
são dotados, em geral, de regiões extra-físicas em sua ambiência, tipo ambulatórios espirituais, criadas e administradas pelos
obreiros desencarnados vinculados às instituições, para tratamento mais imediato, esclarecimento doutrinário e proteção
aos Espíritos atendidos ou a serem atendidos nos trabalhos da Casa (evangélicos, doutrinários e mediúnicos).
Glossário:
ex abrupto = 1. De súbito; sem preparação; intempestivamente.
Lição: 28
V. A PONTUALIDADE E A DISCIPLINA
Conta-se que o Espírito Emmanuel, quando do início das atividades medianímicas do querido
medianeiro Francisco Cândido Xavier, aconselhou-o a dirigir os seus passos levando sempre em
conta três pilares de orientação:
“Disciplina... disciplina... disciplina.”
Não foi sem maior justificativa que esse conhecido Espírito do Movimento Espírita Brasileiro assim
se posicionou, pois é bastante usual, em nosso momento evolutivo a indisciplina, a rebeldia, a
displicência e o descompromisso: comportamentos totalmente incompatíveis com qualquer que seja
a tarefa mediúnica.
Os Espíritos orientadores, muito embora não adotem a inflexibilidade em suas atitudes,
habitualmente adotam, a pontualidade e a disciplina em suas atividades. Em primeiro lugar, pelo fato
de serem muitíssimo ocupados, depois pela simples razão de necessitarem arrebanhar os Espíritos
carentes do amparo através da incursão mediúnica, como forma de abrandar-lhes os corações e a
amenizar-lhes os sofrimentos.
Se a pontualidade já é, por si só, um dever estabelecido pela disciplina da vida, na Desobsessão
assume um caráter vital, sendo o fracasso no alcançar dos objetivos almejados pelo grupo, na maioria
das vezes, produto infeliz dos retardatários e ausentes.
Há, entretanto, que se compreender: a disciplina não justifica a adoção de um regime arrogante e
autoritário, senão a preocupação com a gênese das melhores condições para o trabalho e o
convencimento para todos da importância em se primar pela disciplina e a pontualidade no exercício
das tarefas desse gênero.
VI. AS TÉCNICAS DE DOUTRINAÇÃO
As técnicas e os procedimentos a serem utilizados na chamada doutrinação devem antes de tudo estar
assentadas na luminosa advertência do Espírito de Verdade:
“Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”. 1
É de bom alvitre que o esclarecedor tenha sólido conhecimento doutrinário, vislumbre o
diversificado panorama da vida na erraticidade, empreenda sincero esforço na direção de sua
renovação espiritual e que associe tudo isso ao que é de todo indispensável para o bom desempenho
nesse campo: o amor. Somem-se agora as técnicas de doutrinação e se estará, tecendo um clima
favorável, seguro, fraterno e compassivo para o diálogo com os irmãos do plano invisível.
Quanto às técnicas, entendamos que não as encontramos inflexíveis, rígidas. mas passíveis de
flutuações ao sabor das circunstâncias. Apesar disso, não se deve descuidar da observância dos
seguintes pontos:
a) Entendimento e respeito.
b) Ouvir, observar c sentir o Espírito que se comunica, antes de fazer comentários, evitando-se as
rotulações intempestivas e impulsivas.
c) Vigilância, prudência e paciência no esclarecimento.
d) Consolo e orientação, embalados pela caridade e pela humildade.
e) Diálogo esclarecedor, sóbrio, consistente, prudente, amistoso e ponderado.
f) Amor - o grande segredo da doutrinação, como ressalta o anteriormente citado confrade Hermínio
C. Miranda 2, em obra também já citada.
VII. OS CUIDADOS
Os resultados materiais do labor desobsessivo, passíveis de observação pelo perspicaz
acompanhamento dos casos de obsessão em pacientes frequentadores do Núcleo Espírita, muito
embora sejam animadores, não podem ser comparados aos acontecidos no Mundo Invisível.
Os Espíritos responsáveis e participantes desse trabalho trazem-nos informações da profunda
repercussão em estâncias espirituais, iluminando consciências, balsamizando corações doridos,
desfazendo as labaredas das paixões e os vícios agrilhoantes de Espíritos que se encontram em
estados de degradação e sofrimento.
Tudo isso naturalmente que não é bem aceito por aquela horda de Espíritos que se organizam em
instituições malevolentes e se comprazem nas sombras. Os que se autodenominam justiceiros e
comandantes arrogam-se de direitos e prerrogativas que impõem aos endividados morais, aos
pusilânimes no Bem, aos descrentes do amor divino e aos atormentados pelo causticante sentimento
de culpa, incapazes que são de se autoperdoarem.
Engendram esses irmãos empedernidos vigilância severa sobre os componentes encarnados do
Grupo Desobsessivo, fazendo-os alvo de suas perseguições e vibrações negativas. Aguardam as
falhas e as fragilidades para agirem. Planejam a sua perda, fomentam o seu desequilíbrio, testam-lhes
os pontos mais vulneráveis.
Somos todos nós por eles observados e vezes muitas assediados, notadamente os que se empenham
na tarefa de esclarecimento.
Sua intenção declarada é a de nos alijar do caminho, empregando, para atingir tal intento, todas as
armas disponíveis.
Todo trabalho frutuoso, fecundo e promissor, será implacavelmente assediado.
Esse quadro, porém, longe de nos desestimular, deve fortalecer-nos o desejo de mantermo-nos na
tarefa, haja vista que se nos perseguem é porque se sentem incomodados em seus intentos. E porque
o trabalho está no caminho certo. O tarefeiro da Desobsessão deve estar, pois, preparado e consciente
dessa realidade.
Deve, por isso mesmo, adotar uma proposta de vida alicerçada no amor, na caridade, na paciência, no
Bem, para assegurar o necessário equilíbrio e a capacidade de erguer-se de pronto sempre que se
permitir ser atingido.
Não esquecer, no entanto, que se por um lado somos perseguidos, por outro contamos com o
incansável amparo e o auxílio providencial dos Espíritos amoráveis e dispostos a expandir a paz e a
fraternidade em nosso mundo, a estabelecer o "Reino dos Céus" na Terra.
Depende de nós, então, reconhecendo nossa dificuldade e carência anímicas, a busca pela sintonia
com esses companheiros bondosos, mensageiros de Jesus.
Bibliografia
1
KARDEC, Allan. - "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Trad. J. Herculano Pires. Espírito de Verdade, capítulo VI, item 5.
EME Editora. Capivari-SP.
2
MIRANDA, Hermínio C. -"Diálogo com as Sombras". FEB: Brasília-DF.
Lição: 29
capítulo 8
TCI - Transcomunicação Instrumental
Como já vimos, o século XIX adequou-se para ser o marco da comprovação científica da vida após a
morte, ideia intuída pelo ser humano desde os primeiros passos ensaiados na face terrena.
As comunicações já aconteciam com frequência, mas aqueles que mostravam esses dons psíquicos
eram ridicularizados ou tidos como indivíduos especiais, sendo o fenômeno ora negado, ora
entendido de maneira mística e sobrenatural.
No momento mais propício, então, a Espiritualidade Superior, dirigente dos destinos do nosso
planeta, iniciou trabalho de exacerbação dessas potencialidades mediúnicas e, no primeiro momento,
fez prevalecer os fenômenos objetivos, capazes de despertar a atenção da Humanidade, através da
percepção sensorial, conquanto os objetivos maiores encontrassem terreno mais adequado pelas vias
subjetivas, mais em consonância com a função mental, a intelectualização e a moralidade.
Foi assim que, nos primórdios da constituição da Doutrina dos Espíritos, prevaleceu a objetividade
fenomênica.
A despeito das comprovações do fato mediúnico - através da metodologia científica sem mácula
empregada por Allan Kardec e das inumeráveis pesquisas realizadas por sábios reconhecidos no
mundo inteiro, como por exemplo Sir William Crookes (v. lição 4) -, a comunidade científica
materialista manteve-se fechada em seu cepticismo, preferindo atacar a moral e a sanidade mental
das pessoas dignas e honestas a aceitar-se voltar para o estudo meticuloso dos fenômenos
mediúnicos, até mesmo porque os cientistas ridicularizados foram, na sua maioria, exatamente os
que se haviam determinado a comprovar a fraude dos resultados da experimentação espiritista e
metapsiquista.
O ser humano, porém, continuava a sua busca aflita por comprovar a vida após a morte e a
conseqüente possibilidade de relacionamento com os "mortos".
Com o progresso tecnológico, o homem passou a sonhar e a conjecturar a possibilidade de empregar
estes mesmos recursos tecnológicos para viabilização do contato com o Além.
Ante as novas circunstâncias apresentadas pelo conhecimento no planeta Terra, os Espíritos
Superiores passaram também, à semelhança do que já ocorrera no século XIX, a orquestrar projeto
redimensionador daqueles fenômenos objetivos.
É assim, que se vai consolidando a Transcomunicação Instrumental (TCI).
Dá-se o nome de Transcomunicação (Transcendental Comunicação) Instrumental à comunicação
efetuada com os Espíritos, através de aparelhos eletroeletrônicos. O vocábulo Mediunidade
(Transcomunicação Medial) é terminologia espírita e, por isso, os experimentadores, inicialmente
não espíritas 1, criaram uma nova terminologia. Essa terminologia lograria mais facilmente penetrar
nos meios científicos e, inclusive, religiosos (que se posicionam, muitas vezes, como opositores do
Espiritismo). 2
I. REFERÊNCIA À TCI E SUA PRECOGNIÇÃO FEITA PELOS ESPÍRITOS
O Espírito André Luiz, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, na cognominada
"Coleção Nosso Lar", reafirma a existência de vários planos existenciais no Mundo dos Espíritos e o
uso da Mediunidade na comunicação entre os Espíritos habitantes desses diferentes planos.
No livro "Obreiros da Vida Eterna", o conhecido Espírito faz referência a um aparelho empregado na
Colônia Espiritual Nosso Lar para o intercâmbio interdimensional, através do qual um Ser Espiritual
de maior nível evolutivo é visto por todos. O autor espiritual descreve o aparelho como sendo:
“Uma reduzida câmara estruturada em substância análoga ao vidro puro e transparente.” 3
Já Yvonne do Amaral Pereira 4, notável médium brasileira, relata-nos em seu livro “Devassando o
Invisível”, comunicação do Espírito Bezerra de Menezes, através da Mediunidade de Silvestre
Lobato, conceituado médium àquela época, onde o Espírito previa o advento do rádio e da televisão e
inclusive que esses aparelhos seriam utilizados para mostrar os Espíritos e regiões espirituais,
antecipando os fenômenos ora viabilizados através da TCI.
Observemos o relato da médium:
“Em 1915, no correr de memorável sessão a que assistiram nossos pais, (... ) o Espírito Dr. Bezerra
de Menezes anunciou o advento do Rádio e da Televisão, asseverando que este último invento (ou
descoberta) facultaria ao homem mais tarde, captar panoramas e detalhes da própria vida no
Mundo Invisível, antecipando, assim, que a Ciência, mais que a própria Religião, levaria os
espíritos muito positivos a admitir o mundo dos Espíritos,encaminhando-os para Deus." 5
Aliás, por conta dessa comunicação, o médium foi convidado a orar e a vigiar-se mais e o Espírito foi
doutrinado como mistificador.
É compreensível que os integrantes daquele grupo não aceitassem placidamente como uma verdade o
relato do Espírito, mas houve um certo exagero no tratamento dispensado a médium e ao
comunicante, tendo em vista que não se poderia entender o fato como impossível, apenas não
comprovado. Seria o caso de guardar-se o teor ministrado para futura comprovação, não lhe dando
notoriedade naquele momento.
II. PRECURSORES DA TCI
A. A BATERIA ELETROMAGNÉTICA
A primeira tentativa de comunicação com o Além, através de aparelhagem, de que se tem notícia,
ocorreu ainda no século XIX. Trata-se da "Bateria Eletromagnética", construída por Jonathan
Koons, um fazendeiro norte-americano, orientado mediunicamente por Entidades espirituais. A
ocorrência é citada pelo pesquisador italiano Ernesto Bozzano (v. lição 4) 6, em relatório publicado
na "Revue Spirite", de agosto a outubro de 1925.
B. O TELÉGRAFO VOCATIVO
Consta que, em 1911, um brasileiro chamado Roberto Cambraia requereu patente para um invento
de sua autoria, o "Telégrafo Vocativo", com o intuito de comunicar-se com o Além. Não se sabe,
porém, se ele chegou a construir o aparelho e, muito menos, se logrou efetuar o contato.
C. O DINAMISTÓGRAFO
Na Holanda, dois físicos holandeses - Matla e Zaalberg Van Zelst - descreveram os resultados
obtidos na comunicação entre os planos físico e invisível, utilizando aparelho por eles inventado, o
"Dinamistógrafo", Esses relatos foram publicados em sua obra "O Mistério da Morte".
D. "VOZES DO ALÉM PELO TELEFONE"
No livro "Vozes do Além pelo telefone", Oscar D'Argonell discorre sobre registros de comunicações
obtidas por ele, no período de 1917 a 1925, via telefone, utilizando-se da mediunidade de um parente
seu. 7
E. GRAVAÇÃO EM FONÓGRAFO
Em 1936, Atila Von Szalay conseguiu registrar vozes de desencarnados, nos Estados Unidos da
América, em fonógrafo, utilizando-se de um gravador a agulha, embora essas gravações fossem
deficientes quanto à clareza sonora.
Em 1947, teve êxito novamente a partir do uso de um gravador a fio de aço, obtendo vozes de melhor
qualidade.
Em 1956, juntamente com outro pesquisador, Raymons Bayless, já experimentando com fita
magnética, continuou a obter resultados satisfatórios.
F. APARELHOS E PESQUISADORES DIVERSOS
Vários foram os pesquisadores que, no passado, tentaram ou pensaram em construir aparelhos com o
fito de conseguir o intercâmbio com o Mundo dos Espíritos.
Nesse grupo temos nomes como o do italiano Goglielmo Marconi 8, os dos brasileiros Cornélio Pires,
Próspero Lapagesse e Roberto de Landell Moura, e o do grande inventor norte-americano Thomas A.
Edison. 9 Sobre este último, sabe-se ter ele se utilizado de um aparelho, que funcionava às expensas
das propriedades de uma substância química denominada permanganato de potássio. Não são
conhecidos, porém, os resultados da sua pesquisa nem as especificações do aparelho.
Bibliografia
1
Ainda, em nossos dias, a maioria dos investigadores da TCI não é espírita.
O comportamento contendor de vários segmentos religiosos para com a Doutrina Espírita demonstra a pouca compreensão
que têm dos postulados e objetivos espiritistas, que na verdade
traz o sustentáculo científico às suas teses filosóficas da imortalidade da alma.
3
LUIZ, André / XAVIER, Francisco C. – “Obreiros da Vida Eterna”, Cap. 3. FEB: Brasília-DF.
4
(1906-1984) Médium carioca com larga folha de serviços prestados à Doutrina Espírita, Autora de vários livros
(psicografados e de sua autoria), dos quais se destaca "Memórias de um Suicida", da autoria espiritual do escritor português
Camilo Castelo Branco.
5
PEREIRA, Yvonne do A. - "Devassando o Invisível". Capo VIII, pg. 177 FEB: Brasília-DF.
6
Apud GOLDSTEIN, Karl W. - "Transcomunicação Instrumental". FE: São Paulo-SP.
7
Apud RINALDI, Sonia. - "Breve História da Transcomunicação Instrumental".
8
(1874-1937) Cientista italiano que realizou as primeira ligações por meio de ondas hertzianas. Prêmio Nobel em 1909.
9
Físico norte-americano, inventor de numerosos aparelhos elétricos, entre outros o fonógrafo e a lâmpada incandescente.
2
Glossário:
Metapsíquica - definida pelo criador Charles Robert Richet professor da Sorbonne e cientista - "(...)ciência que tem por
objeto a produção de fenômenos, mecânicos ou psicológicos, devidos a forças que parece serem inteligentes ou a poderes
desconhecidos, latentes na inteligência humana".
Richet, estudando a mediunidade dividiu a Metapsíquica em dois grupos: "Metapsíquica Subjetiva" e "Metapsíquica
Objetiva", classificando-os com base na sua divisão em Mediunidade de Efeitos Físicos e Mediunidade de Efeitos Psíquicos,
compreendendo a primeira os telecinésicos; e a segunda, os criptestésicos
Precognição = Conhecimento do que ainda vai acontecer; previsão do futuro.
Cornélio Pires (Tietê, 13 de julho de 1884 — São Paulo, 17 de fevereiro de 1958) foi um jornalista, escritor, folclorista e
espírita brasileiro. Foi um importante etnógrafo da cultura caipira e do dialeto caipira. Tornou-se espírita e procurou
desenvolver a transcomunicação por meios eletrônicos. Consta que tentou construir um aparelho para a TCI. Não chegou a
terminá-lo devido a dificuldades técnicas e também em virtude de falta de apoio e estímulo por parte dos próprios espíritas
contemporâneos, que o criticaram intensamente na ocasião.
Próspero Lapagesse planejou um sistema eletrônico cujo esquema foi publicado na Revista Internacional do Espiritismo, no
número de maio de 1933. Pelo que fomos informado, tal aparelho não chegou a ser construído.
Roberto Landell de Moura (Porto Alegre, 21 de janeiro de 1861 — Porto Alegre, 30 de junho de 1928) foi um padre católico
e inventor brasileiro. É considerado um dos vários "pais" do rádio, no caso o pai brasileiro do Rádio. Foi pioneiro na
transmissão da voz humana sem fio (radioemissão e telefonia por radio) antes mesmo que outros inventores, como o
canadense Reginald Fessenden (dezembro de 1900). Marconi se notabilizou por transmitir sinais de telegrafia por rádio; e só
transmitiu a voz humana em 1914. Pelo seu pioneirismo, o Padre Landell é o patrono dos radioamadores do Brasil. A
Fundação Educacional Padre Landell de Moura foi assim batizada em sua homenagem, assim como o CPqD (Centro de
Pesquisas e Desenvolvimento) criado pela Telebrás em 1976, foi batizado de "Roberto Landell de Moura".
Lição: 30
III. O FENÔMENO DAS VOZES ELETRÔNICAS - EVP
A. PIONEIROS E PESQUISADORES
1. FRIEDRICH JÜRGENSON - O INICIADOR
Em uma manhã de junho do ano ele 1959, Friedrich Jürgenson (1903-1987), artista e ornitólogo
ucraniano, encontrava-se em seu sítio afastado da cidade e resolveu, como era seu costume, gravar o
canto dos pássaros. Seu interesse era gravar o canto de um Tentilhão.10
Assim, dispôs um gravador comum na janela e, após algum tempo, pôs-se a ouvir os sons gravados.
Para sua surpresa, deparou-se com um grande ruído de fundo, o canto abafado de um outro pássaro e
uma voz masculina que se expressava em norueguês, afirmando:
"Canto de ave noturna".
Inicialmente, Jürgenson imaginou tratar-se de interferência de alguma rádio, mas repetindo as
gravações, repetiam-se as tais interferências, frequentemente utilizando palavras de diversos idiomas
em uma mesma frase e de outras tantas vezes dirigindo-se pessoalmente a ele.
Durante quatro anos Jürgenson estudou aquelas vozes, recorrendo a especialistas em sons e
gravações, até convencer-se do que as próprias vozes já lhe haviam afirmado, ou seja, de que se
tratava de vozes de Espíritos.
Assim, em 1963, reuniu a Imprensa e deu início à divulgação daquele fenômeno, que passou a ser
conhecido como o Fenômeno das Vozes Eletrônicas (EVP - Eletronic Voice Phenomenon).
Em 1967, fazia publicar o seu livro "Sprechfung mit Verstorbenen" ("Comunicações Radiofônicas
com Mortos").
Dessa forma, as comunicações ficavam definitivamente registradas em fitas magnéticas (fitas
cassete) para fácil análise.
Friedrich Jürgenson, a partir de então, dedicou sua vida à divulgação da imortalidade da alma,
provada pela EVP.
É justamente, por isso, considerado como o "pai" das pesquisas da TCI.
2. DR. KONSTANTIN RAUDIVE - DESTAQUE
Um dos mais respeitados pesquisadores da EVP foi sem nenhuma dúvida o Dr. Konstantin Raudive
(1909-1974), filósofo e escritor letão.
Influenciado pelos resultados obtidos por Jürgenson, o Dr. Raudive dedicou-se a esse estudo de
corpo e alma.
Desses experimentos catalogou 72.000 vozes eletrônicas que o levou à publicação do seu primeiro
livro sobre EVP, intitulado "Unhörbares Wird Hörbar" - 1968 ("O Inaudível Torna-se Audível"),
depois traduzido para o inglês e para o italiano.
Publicaria, ainda, mais dois livros: "Überleben Wir den Tod?" - 1973 ("Sobrevivemos à Morte" ) e
"Der Fall den Wellensittich" - 1975 ("O Caso do Passarinho"), este último veio a lume
postumamente.
O Dr. Raudive deixou também um magnífico acervo de filas e anotações, encontradas parte na
Inglaterra e parte no Ginásio Letoniano em Münster, Vestfália, onde pode ser visto e ouvido.
Após a sua desencarnação, o aclamado pesquisador tem dado o seu depoimento corno Espírito,
respondendo a perguntas através das fitas magnéticas, esclarecendo em uma das gravações:
"Vivo muito bem!" 2
3. OUTROS PESQUISADORES
Outros nomes que não devem ser esquecidos pela contribuição oferecida ao estudo do EVP são os de
Hanna Buschbeck (1906-1984), Franz Seidl (1912-1982) e o Pastor Leo Schmid (1916-1976).
B. CARACTERÍSTICAS DA EVP
As pesquisas com as gravações em fitas magnéticas requerem do experimentador grande dose de
paciência e perseverança, assim também a educação da capacidade de perceber os sons captados pela
fita. Deve-se também guardar todas as fitas gravadas porque, às vezes, as vozes são percebidas em
um segundo momento.
1. MÉTODOS EMPREGADOS
Com o desenvolvimento da pesquisa, foram se aprimorando os métodos, permitindo melhores
resultados. São os seguintes os métodos e passíveis de serem utilizados:
a) Método do Microfone
Forma original da pesquisa, consiste em simplesmente gravar-se uma pergunta ou uma mensagem
geral para os Espíritos, em fita virgem inserida no tape deck, e, em seguida, deixar correr a fita
em função de gravação, durante cinco a dez minutos.
Depois, busca-se ouvir o seu conteúdo.
b) Método do Rádio
Por este método, utilizam-se, além do tape deck, um aparelho de rádio que pode estar a ele ligado.
Aqui se oferecem aos Espíritos ora os ruídos chamados "sussuros brancos", em faixa localizada entre
duas estações, ora a gravação de um programa falado ou musicado em uma estação de rádio.
c) Outros Métodos 3
Mais complexos para os leigos, foram criados outros métodos que permitiram maiores possibilidades
nas gravações e que citaremos a título de informação, mas que fogem ao escopo do nosso estudo. São
eles:
 Método da Gravação com Diodos
 Gravação com o Psicofone
 Método da Faixa Larga
2. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA EVP
a) Vozes muito débeis.
b) Poucas palavras.
c) Enunciados rápidos.
d) Muito ruído de fundo.
e) Possibilidade rudimentar de conversação.
Naturalmente que o progresso no método da gravação vai melhorando a qualidade da gravação.
Apesar disso, para o principiante, os métodos mais simples são bastante satisfatórios.
3. ESPIRITISMO E EVP
É mais ou menos consensual a participação de médiuns para a obtenção das gravações com as vozes
dos espíritos na fita magnética. Seria um fato análogo ao que acontece no fenômeno de
pneumatografia, quando o Espírito associando os seus próprios fluidos aos fluidos animalizados do
medianeiro (ectoplasma em linguagem metapsiquista [v. lição 29]) grafa caracteres em determinado
material.
No fenômeno das vozes eletrônicas, aconteceria algo semelhante, com o Espírito impressionando a
fita magnética virgem associando as suas próprias energias às do médium, muitas vezes modulando
os ruídos existentes durante a gravação.
A esse respeito, assim se posiciona o Prof. J. Herculano Pires, em seu livro "Parapsicologia Hoje e
Amanhã":
“A fita magnética não exerce nenhuma influência especial. Sua função é a mesma do papel ou da
lousa: receber passivamente a influência da voz que nela se grava como a de qualquer pessoa viva.
A aparelhagem técnica moderna substitui o papel e a lousa. Pode-se alegar que a voz gravada é
inaudível. Ninguém a ouve no momento da gravação. Mas o mesmo se dá com a escrita direta.
Usa-se o papel ou a lousa sem a necessidade de lápis ou caneta. Ninguém vê os elementos invisíveis
que vão grafar as palavras.” 4
IV - DIÁLOGO COM O ALÉM
Como se viu até agora, os métodos de gravação das chamadas vozes eletrônicas, embora de grande
importância para a comprovação eletrônica da imortalidade da alma, apresentavam limitações, das
quais se destacava a dificuldade em se manter um diálogo efetivo e consistente entre os mundo físico
e invisível.
O passo seguinte no desenvolvimento da TCI foi exatamente o de se tentar conseguir êxito em tal
objetivo.
A. O SPIRICOM DE GEORGE W. MEEK
No início da década de 1970, o engenheiro norte-americano George W. Meek, juntamente com Paul
Jones e Hans Heckman, montou um laboratório, sob o efeito das experiências de Jürgenson, cujo
objetivo central era o de manter um diálogo consistente com os Espíritos, através de aparelhagem que
designou como Spiricom (Spiritual Comunication = comunicação espiritual).
De início, cercou-se de médiuns e de um técnico em eletrônica (também médium), William John
O'Neil, passando a receber orientações de técnicos e engenheiros já falecidos.
George W. Meek imaginava que, se criasse um aparelho onde se empregassem altas frequências,
estaria solucionado o problema, premissa hoje compreendida como inconsistente.
Dos Espíritos participantes desde o início do projeto, deve-se destacar o de um médico apelidado de
Doc Nick, antigo radioamador.
A partir dessas orientações, construíram um aparelho denominado de Mark. Os dois primeiros não
foram exitosos, o que só se deu com o Mark III, em 1977, ocasião em que se conseguiu o diálogo com
o Espírito Doc Nick, que até então vinha se comunicando mediunicamente.
Em 1978, sob a orientação mediúnica de Georges Jeffries Müller, um físico desencarnado,
aprimora-se o invento, agora denominado Marh IV, com o qual se obtém amplo sucesso, com
diálogos bastante demorados e bem audíveis através dos alto-falantes, conquanto mantivessem o
ruído de fundo, foram gravados diálogos perfazendo cerca de vinte horas.
O Projeto Spiricom passou a ser conhecido no mundo inteiro, no início da década de 1980, em
Congresso nos Estados Unidos.
Infelizmente, porém, o Espírito Georges Jeffries Müller teve que se afastar - segundo ele porque
necessitava ascender vibratoriamente para dimensões mais elevadas - e os demais Marks (até o X)
não apresentaram o mesmo sucesso das versões III e IV.
B. DIÁLOGO COM O ALÉM "AO VIVO" EM PROGRAMA DE AUDITÓRIO TELEVISIVO
Ao iniciar suas pesquisas no campo da EVP, o técnico em eletrônica, de nacionalidade alemã, Hans
Otto Könnig imaginava provar a irrealidade das vozes gravadas, explicando-as de outra forma.
Aos primeiros experimentos, no entanto, sua mãe, então falecida, comunicou-se. Em seguida, foi a
vez de amigos e conhecidos.
Semelhantemente ao que já ocorrera no campo da Mediunidade com tantas celebridades científicas,
Hans Otto Könnig, ao invés de demonstrar a inveracidade do fenômeno, comprovou-lhe a realidade e
tornou-se um importante pesquisador da área.
Também, como George W. Meek, procurou descobrir outras formas instrumentais de comunicação
com o Além, de modo a permitir um diálogo mais fácil e mais compreensível.
Foi com essa linha de raciocínio que criou o "Generator" (Gerador), onde permutava os
ruídos-de-fundo utilizados no Spiricom, pelo ultra-som, inaudível para o ouvido humano.
Com isso, viabilizou diálogos claros, onde as vozes estavam isentas da estática.
Em 15 de janeiro de 1983, Hans Otto Könnig apresentou o seu Generator em um programa televisivo
da Rádio de Luxemburgo 5, com grande repercussão, superada, no entanto, por sua segunda
participação no mesmo programa, no dia 24 de janeiro de 1986. Neste último programa, deu-se o
diálogo entre uma senhora da platéia e o Espírito de seu filho, através do aparelho construído por
Könnig.
É desnecessário lembrar que os técnicos da televisão analisaram o aparelho, na tentativa de
encontrar, à luz do conhecimento técnico, explicação para o fato, sem contudo obterem explicação
plausível no seu campo de atuação.
Bibliografia
1
Pássaro de hábitos diurnos.
Apud SCHÄFER, HILDEGARD. - "Ponte Entre o Aqui e o Além". Trad. Gunter Altmann, Ed. Pensamento: São Paulo-SP.
3
Para maiores informações sobre esses métodos, o leitor deve procurar a literatura especializada, assinalada na bibliografia
ao final do livro.
4
PIRES, J. Herculano. - "Parapsicologia Hoje e Amanhã". 9ª Ed., Out/87. EDICEL: São Paulo-SP.
5
“Unglaubliche Geschichitten”, redigido e apresentado por Rainer Holbe.
2
Glossário:
Ornitologia = 1. Parte da zoologia que trata das aves. 2. Tratado acerca das aves.
Pneumatografia [do grego pneuma + graf(o) + -ia] - Escrita direta dos Espíritos sem o concurso da mão do médium.
Lição: 31
V. IMAGENS DOS ESPÍRITOS E DO ALÉM
Nas múltiplas comunicações através da TCI, em diversos lugares, os Espíritos prometiam trazer, um
dia, imagens suas e do Além, o que, no geral, era tido como uma improbabilidade. Hildegard Schäfer,
por exemplo, narra-nos, a esse respeito, em seu livro “Ponte entre o Aqui e Além”:
“Lembro-me muito bem da minha reação de incredulidade, quando um deles me disse, „estou
trabalhando na televisão‟ ou respondeu à minha pergunta, „o que você está fazendo no Além?‟, com
„estou lidando com a televisão‟. Senti-me lograda e pensei: „Este deve ser daqueles que passou a
vida sentado diante da TV e que ainda não conseguiu libertar-se dos hábitos terrenos‟”.
A. KLAUS SCHREIBER E O VIDICOM
No dia 30 de setembro de 1985, finalmente, os Espíritos cumpriram a promessa, viabilizando
imagens pelo aparelho de televisão. Assim, iniciava-se o chamado Vidicom.
O feito foi conseguido, através das pesquisas de um transcomunicador alemão, Klaus Schreiber
(1914-1988), já acostumado com o EVP.
Klaus Schreiber, técnico em segurança contra incêndio, era um homem de indescritível bom humor,
a despeito de sua vida trágica.
De fato, a vida do transcomunicador germânico é pontilhada de momentos dolorosos e difíceis,
requisitando-lhe muito de paciência, serenidade e resignação.
Casa-se, aos 22 anos com Gertrud, nascendo-lhe o primeiro filho, Robert, pouco tempo depois.
Quatorze anos após, sua esposa dá à luz sua filha Karin, desencarnando, em seguida, de embolia.
Em 1967, sua filha Karin vem a falecer de uma infecção, aos 17 anos. No ano seguinte, seu filho mais
velho desencarna, aos 32 anos, em circunstâncias trágicas.
Em 1986, parte para o Além, a sua segunda esposa, Agnes.
Sua primeira experiência no campo da EVP, deu-se por uma brincadeira de amigo, o que o levou a
desenvolver sérios experimentos, até porque, através deles, passou a se comunicar com os seus
familiares desencarnados e outras pessoas conhecidas e desconhecidas, conforme documentação em
seu enorme acervo de gravações.
A idéia de utilizar um aparelho de televisão antigo, em preto e branco, uma filmadora, para registro
da imagem "em chuvisco", de uma televisão sintonizada em um canal vazio e um amplificador, para
captação das imagens do Mundo Invisível, chegou-lhe através da EVP, tendo sua filha desencarnada
Karin como a principal articuladora dos seus contatos no Além.
O método foi melhorado pelo próprio mundo espiritual e também com o auxílio de Martin Wenzel,
também de Aachen, na Alemanha, que, após um certo ceticismo, ao comprovar a veracidade do
fenômeno e a seriedade do pesquisador, ofereceu o seu auxílio técnico.
Além dos seus familiares, Schreiber obteve imagens da atriz Romy Schneider, do rei Ludwig (da
Bavária) e do pesquisador de EVP Konstantin Raudive.
As pesquisas em vidicom realizadas por Klaus Schreiber estão retratadas em um livro escrito por
Rainer Holbe, intitulado "Bilder Aus de Reich der Toten" ("Imagens do Reino dos Mortos").
B. VIDICOM ANIMADO - GRUPO DE LUXEMBURGO
O conhecido Grupo de Luxemburgo, tendo à frente o casal Jules e Maggy Harsch-Fischbach vem se
destacando pelos estudos realizados na área da TCI, utilizando-se de vários métodos e formas de
comunicações.
Usando metodologia diferente daquela utilizada por Klaus Schreiber, mas como este também sob a
orientação dos técnicos desencarnados, conseguiu obter transimagens, 1 em 4 de outubro de 1986, a
partir da filmagem com gravador de Vídeo de VHS feita sobre a tela de um aparelho de televisor sem
antena e fora de funcionamento quanto à captação normal dos sinais televisivos.
Além da composição da aparelhagem, os Espíritos avisam com antecedência as datas em que vão
acontecer as comunicações visuais.
Como aprimoramento da técnica, foi sugerido pelo Além o uso de duas lâmpadas de ultravioleta a
incidirem sobre a tela da TV. Com isso, foram obtidas imagens melhores e com movimentos.
Entre as imagens obtidas pelo casal Harsch-Fischbach, podemos citar as transfotos de Hanna
Buschbeck (pesquisadora de EVP já falecida), de Henry Etienne Saint Claire Deville (conhecido
químico que viveu no século XIX), de Swejen Salter (cientista desencarnada, à frente dos trabalhos
de TCI, no plano invisível), de Albert Einstein (o conhecido cientista descobridor da Lei da
Relatividade) e de Mario Curie (cientista que pesquisou a radiatividade).
Na seqüência das pesquisas, pôde-se obter som e imagem concomitantes, fato ocorrido, pela primeira
vez, no dia 6 de fevereiro de 1988, com duração de dois minutos, onde aparece a transfoto e ouve-se
a voz do famoso pesquisador da TCI Konstantin Raudive, que assim se expressou: 2
“Boa tarde, caros amigos - aqui fala Konstantin Raudive.
Meus amigos, cara Maggy, caro Jules, caro colega Determeyer!
Fico contente com a sua presença aqui nesta tarde.
Isto que estão presenciando é um momento histórico, tanto para o seu lado como para o nosso:
É a primeira vez que ocorre uma transmissão simultânea de imagem e de som.
Resolvi transmitir um retrato meu, que me mostra aqui, nesta margem do Rio da Eternidade, para
ensinar não apenas a alguns que ainda duvidam, mas também às pessoas de boa vontade que temiam
que eu não pertencesse mais ao Grupo de Zeitstrom.
Caro colega Determeyer! Acontecimentos como este que está presenciando agora, realizam-se não
apenas pelos esforços do nosso lado, mas também porque no seu lado há pessoas de boa vontade, que
se empenham pela transcomunicação.
Você mesmo esforçou-se de modo exemplar pela „união‟ ... (pela) constituição de uma organização
de âmbito mundial.”
VI. COMUNICAÇÕES PELO COMPUTADOR
A. COMPUTADOR ASSOMBRADO
Manfred Boden, estatístico autônomo e perito em processamento de dados, 53 anos, vivendo na
cidade de Bühl, na Alemanha, não estava atento para qualquer fenômeno paranormal, quando passou
a ter problemas como alterações nas fitas magnéticas (frases alteradas, apagadas ou afirmações
adicionais), de maneira, para ele, incompreensível.
Ele mantinha um programa de biorritmo em seu computador e no dia 21 de outubro de 1980,
repassou este programa para um colega que possuía um computador semelhante ao seu.
Logo após, o amigo telefonou-lhe afirmando haver alterações no programa, inexplicáveis para
Boden.
Durante o período de um ano Manfred Boden foi alvo de alterações em seus programas de
computador, sem que nenhuma explicação técnica, elucidasse a questão. Aliás, as mensagens
apresentavam indícios de partirem de um amigo desencarnado - Klaus Günter-, mas informava que
Boden iria falecer de um acidente em 16 de agosto de 1982.
Tratava-se - até onde podemos avaliar - de um assédio espiritual, haja vista o próprio paciente não
crer fosse o amigo falecido, levando em conta a forma de expressão.
Então, a primeira transcomunicação através de um computador deu-se com Manfred Boden e em
caráter obsessivo. Depois ele próprio concluiria ser detentor de dons mediúnicos, pois outros
fenômenos aconteceram sequencialmente com ele.
B. CONTATOS COM PESQUISADORES DE TCI PELO COMPUTADOR
Outros conta tos do Além, via computador, vêm ocorrendo desde a década de 1980, inclusive aqui no
Brasil.
Interessantes fenômenos têm acontecido com o denominado casal de Luxemburgo. 3
Vários transtextos passaram a ser encontrados no computador de sua residência, por ocasião de sua
ausência no lar. Mesmo deixando desligado o computador, ele era aberto e as comunicações se
efetivavam.
Com o tempo, ficou evidenciado que os Espíritos técnicos do Além desejavam o contato e a
colaboração do casal. A cientista Swejen Salter (do Além) passou a utilizá-los como ponte em seu
contato com o cientista encarnado Ernst Senkowsky (pesquisador da TCI).
VII. COMUNICAÇÕES VIA TELEFONE E FAX
Já de algum tempo, vêm sendo obtidas comunicações através de aparelhos telefônicos,
secretárias eletrônicas e mesmo por fax.
Os telefonemas são mais freqüentes do que se imagina, segundo os investigadores da TCI não sendo
propalados pelas pessoas por causa do receio de serem tachadas de loucas ou visionárias.
Bibliografia
1
São assim chamadas as imagens obtidas através da TCI.
Apud SCHÄFER, Hildegard. - "Ponte Entre o Aqui e o Além". Trad. Gunter Altmann. Cap.28. Ed. Pensamento: São Paulo-SP.
3
Jules e Maggy Harsch-Fischbach, citados no cap. V, item 2.
2
Lição: 32
VIII. ESPIRITISMO E TRANSCOMUNICAÇAO
A. MEDIUNIDADE E TCI
Anteriormente, tive a oportunidade de reportar-me à TCI, como sendo uma reedição do fenômeno
das mesas girantes em versão contemporânea (tecnológica).
Todos sabemos que a Doutrina Espírita veio firmar-se no Brasil, após um período de florescência na
Europa. Sem dúvida alguma, após a desencarnação de Allan Kardec, o Movimento Espírita
ressentiu-se da sua capacidade de aglutinação de idéias, assim como de organização administrativa.
Seus seguidores imediatos muito fizeram pela divulgação dos seus postulados, mas não parece
haverem se preocupado com o fortalecimento e a unidade do Movimento Espírita.
Tudo isso, associado às arapucas armadas pelos adversários do Espiritismo (Processo dos Espíritas,
por exemplo 1) e pelos acontecimentos políticos e econômicos 2 ocorridos no mundo, a partir da
Europa, concorreu para o desinteresse e o afastamento das pessoas em relação ao Espiritismo.
A TCI tem, pois, objetivo semelhante, ao das suas predecessoras - as mesas girantes: a demonstração
cabal da sobrevivência após a morte. A partir dessa comprovação, abrem-se os caminhos para a
moralização da Humanidade nesses tempos apocalipticos.
De alguns anos para cá, o Espiritismo está retornando à Europa, a partir de espíritas brasileiros que
para lá emigram. Esses fenômenos objetivam, pois, facilitar a semeadura dos postulados espíritas, a
reinstalação do Espiritismo na Europa e a sua instalação em outras partes do mundo. Obviamente que
a Doutrina não tem propósitos proselitistas, mas sim esclarecedores e consoladores. É nesse sentido
que devemos entender a sua disseminação entre todos os povos.
Tudo isso me leva a crer, tendo por base os ensinamentos espiritistas, que a TCI - à semelhança dos
fenômenos das mesas girantes - deve ser enquadrada no grupo dos fenômenos de efeitos físicos, em
que os técnicos desencarnados aproveitam o potencial fluídico animalizado dos envolvidos no
trabalho de pesquisa (ou mesmo de outras fontes, tal como ocorre com os fenômenos físicos
espontâneos, em que pode não ser detectada a presença de um medianeiro).
É certo que os transcomunicadores, no geral, tendem a negar a participação da faculdade
medianímica para a sua viabilização (aceitando-a, quando muito, para o EVP); é, porém, um fato
incontestável a presença desses dons psíquicos naqueles pesquisadores que conseguiram obter os
melhores resultados na história da TCI.
O próprio Friedrich Jürgenson - embora negasse veemente a necessidade de um medianeiro - doando
seus recursos fluídicos para a realização da TCI, era, ele mesmo médium. Pelo menos é assim que
pensa Hildegard Schäfer, pesquisadora de TCI e autora dos livros “Stimmen aus einer anderen Welt”
(“Vozes de um Outro Mundo”) e “Brücke Zwischen Diesseits und Jenseits – Theorie und Praxis der
Transkommunikation” (“Ponte Entre o Aqui e o Além – Teoria e Prática da Transcomunicação”).
Hanns Otto Könnig, o idealizador do Gerador, que apresentou seu invento com êxito em programa
televisivo da Rádio de Luxemburgo, certa vez indagou de um Espírito que se comunicava, se a
mediunidade seria necessária para os contatos instrumentais com o Além e obteve como resposta: 3
“Ouça bem, Marlene Dohrmann é médium para Hans König.”4
Nas transcomunicações via telefone, obtidas por Manfred Boden - a despeito de suas características
obsessivas -, os Espíritos comunicantes explicam-lhe, ao serem inquiridos, que o fenômeno se dá em
função da sua sensibilidade, dos seus dons psíquicos. Vejamos trecho de um diálogo de Boden com
os Espíritos, realizado via telefone, onde as perguntas daquele são respondidas por estes: 5
- "Qual é o seu nome?
- Sou um Espírito.
- Como chegam a mim, como conseguem discar o meu número?
- Pela transmissão de força.
- Vocês estão vendo o que faço neste momento?
- Você está fumando.
- Para isso é preciso que as pessoas tenham tendência mediúnica?
- Sim, sim, sim.
- Por que tenho contato com vocês?
- Porque você tem força espiritual."
B. TCI E OBSESSÃO
Da mesma forma que os Espíritos compromissados com o Bem desejam o intercâmbio com a nossa
dimensão com o objetivo de consolo e esclarecimento, também existe a possibilidade de Espíritos
obsessores utilizarem-se desses recursos para consumarem sua perseguição e sua vingança.
Vimos anteriormente obsessões em que os Espíritos utilizam-se dos recursos da TCI para
perturbarem suas vítimas, como ocorreu com Manfred Boden, na Alemanha, fazendo-se passar por
um seu amigo e até prevendo-lhe um acidente fatal, que não aconteceu.
Também se tem notícias de pesquisadores envolvidos pelos laços obsessivos, a partir de sua
atividade pesquisadora, pelo simples fato de, por essa ou aquela razão, não se preocuparem com a
indispensável vigilância íntima.
O Dr. Hernani Guimarães Andrade, sob o pseudônimo de Karl W. Goldstein, no livro
"Transcomunicação Instrumental", apresenta-nos um capítulo intitulado “As forças das Trevas e as
Transcomunicações” em que confirma o raciocínio anterior.
Reportando-se a uma interferência ocorrida em comunicações com o grupo de Darmstadt, em 26 de
outubro de 1987, dificultando a comunicação de uma Entidade amiga, conhecida como ABX Juno, o
consagrado cientista espírita conclui:
“Os transcomunicadores terrenos também estão sujeitos às influências negativas dessas entidades
trevosas.” 6
E mais na frente, após descrever interferência em uma outra tentativa de comunicação daquele
Espírito, na mesma cidade, arremata:
“Portanto, o procedimento ético de cada um irá refletir na qualidade da comunicação e, até mesmo
no êxito das operações.” 7
George W. Meek, criador do Spiricom, em publicação da Metascience Foundation, Inc., no ano de
1990, também relata dificuldades e escolhos, na prática da TCI (dificuldades essas tão bem estudadas
por Allan Kardec e analisadas em "O Livro dos Médiuns").
São pareceres do cientista norte-americano:
“Aqueles, dentre os nossos membros, que por muito tempo acompanharam as nossas pesquisas de
comunicação instrumental com habitantes de outros mundos de consciência, foram por vezes
iludidos. Sucessos via rádio, tela de TV, computadores e mesmo equipamento de telefonia,
acabaram, em muitos casos, cedo ou tarde, entravados.
Os entraves têm variado: doença do pesquisador, recursos financeiros, a morte de um pesquisador na
Áustria e morte de dois pesquisadores na Alemanha, violento desentendimento entre colaboradores
etc.”
“As forças das trevas acharam facilidade em inflar os egos dos pesquisadores individualmente e
causar desacordos.
Exemplo 1 - Depois de dois anos de trabalho para formar uma associação de pesquisadores na
Alemanha, tantos conflitos ocorreram entre os mais de 200 pesquisadores, que os planos de
cooperação, por ora, foram suspensos.
Exemplo 2 - Descobriu-se que os comunicantes, em muitos casos, eram impostores. Espíritos
galhofeiros divertindo-se em enganar os pesquisadores e freando o progresso que iluminará a
raça humana e elevará o nível da Consciência.” 8 (Grifo meu).
Quanto não se beneficiariam os pesquisadores da TCI com o conhecimento emanado e condensado
na Codificação Espírita!
C. TCI E OS POSTULADOS ESPÍRITAS
Os Bons Espíritos que se utilizam da TCI costumam, além de auxiliar no seu entendimento técnico,
trazer mensagens em tudo semelhantes àquelas presentes na Codificação Espírita. Analisemos alguns
desses ensinamentos via TCI, comparando-os aos princípios e ensinamentos espiritistas: 9
a) Existência de Deus
"Deus existe para tudo o que vive. Cada um traz Deus dentro de si - isto é uma força do amor" (GK).
b) Imortalidade da Alma
“A morte não existe - tudo é pensado para a eternidade.” (GK).
“Vocês precisam aprender a aprender que a vida é inestinguível.” (GK).
c) Reencarnação
“Não existe espírito que não tivesse passado pela teia de existências.” (GK).
“A continuação da vida humana depois da morte física é um fato. Só depois de ter se libertado dos
últimos resquícios de mesquinhas emoções e hostilidades pode o espírito conhecer e compreender os
planos cósmicos. Isso exige um prolongado processo de mortes e renascimentos. 10 (HF).
“Mesmo que não lhes agrade, é assim como estou dizendo: a reencarnação existe. (...)
Reencarnação significa evolução para frente, nunca para trás. (...) O homem nunca reencarna no
corpo de um animal 11.” 12
d) Esquecimento do Passado
“Caso os homens se recordassem das permanências no mundo espiritual, esta lembrança poderia
levá-los a profundas depressões, visto que a beleza que lá viveram é impossível de ser alcançada na
terra 13. E a intensa recordação de erros cometidos no passado também os deprimiria. 14” (HF).
e)Lei do Progresso
“Todas as pessoas estão sujeitas a uma evolução, que começa com a substância original até
alcançar o plano cósmico.” (GK).
“Os humanos evoluem na roda da vida, em evolução permanente. Também os animais estão sujeitos
ao ciclo evolutivo.” 14
f) Escolha das Provas
“Há leis que regem as possibilidades da reencarnação. (...) Vocês mesmos escolhem seus pais – os
pais lhes proporcionam o necessário para realizar essa reencarnação.” (GK).
g) Lei de Ação e Reação
“Não tentem julgar por que esta ou aquela pessoa teria sofrido um azar ou uma dor. Tudo tem um
sentido profundo. O que não significa que o homem deva deixar-se levar simplesmente pela
correnteza. Cada um deve seguir o caminho escolhido.” (HF).
“(...) Personagens importantes na Terra podem renascer como pessoas humildes, caso tiverem
utilizado a vida anterior apenas para dominar outras pessoas. Doenças e defeitos tem seu sentido no
processo evolutivo dos homens.” 16
h) Pluralidade dos Mundos Habitados
“Existe vida em outros planetas, em outros sistemas solares.” (GK).
i) Causas das Aflições
“O sofrimento que o homem deve ou deveria suportar e sentir é parte do seu próprio si-mesmo, em
parte causado por seus próprios atos ou determinado por um Poder superior, para impulsionar o
processo do aprendizado rumo à melhor compreensão e à perfeição.” (HF)
j) O Mal e o Bem
“O mal, meus amigos, é superável; ele nada mais é que a ausência do bem, como a escuridão é
apenas a falta de luz.” (HF).
l) Sobre Jesus
“Jesus Cristo foi um ente espiritual altamente evoluído, um líder da humanidade, que ocupou uma
posição importante também nos nossos planos. Ele é uma luz que é erguida na escuridão, um barco
salva-vidas em alto-mar.” (HF).
m) Lei de Amor
“O amor é o poder máximo, ele é mais forte que qualquer outra força do mundo.” (GK).
Encerro este capítulo com a comunicação obtida através do Spiricom, trazida pelo antigo e dedicado
pesquisador da TCI, Konstantin Raudive, após a sua desencarnação:
“Um substrato imaterial, ou qualquer que seja o nome que se lhe dê, 'princípio', 'alma', 'Espírito', uma
parcela da Eternidade escapa à destruição... A infelicidade dos homens, hoje é o medo da morte...” 17
Bibliografia
1
Ver livro publicado pela Federação Espírita Brasileira com esse título.
Especialmente as duas Grandes Guerras Mundiais.
3
Apud SCHÄFER, Hildegard. – “Ponte Entre o Aqui e o Além”. Trad. Gunter Altmann. Cap. 19. Ed. Pensamento: São Paulo-SP
4
Marlene Dohermann colaborava com Könnig em suas pesquisas.
5
Apud SCHÄFER, Hildegard. – “Ponte Entre o Aqui e o Além”. Trad. Gunter Altmann. Cap. 26, pg. 198/199. Ed. Pensamento:
São Paulo-SP
6
GOLDSTEIN, Karl W. –“Transcomunicação Instrumental.” Coleção Folha Espírita, vol. 1, pg. 124. FE: São Paulo-SP.
7
Idem, ibidem, pg. 125.
8
Idem, ibidem, pg. 127.
9
Todas as citações assinalados por GK são comunicações recebidas por Hans Otto Könning, através de seu aparelho, o
Gerador. As que estiverem assinaladas por HF, foram gravadas em fita magnética pelo casal de Harsch-Fischbach.
10
O vocábulo renascimento foi muito usado antes da criação da palavra reencarnação para designar tal processo.
11
Comparar com as respostas dos Espíritos às questões de nº193/194A, de “O Livro dos Espíritos”.
12
Comunicação assinada por uma Entidade que se intitula “Técnico” ,através de computador, pelo casal de Luxemburgo.
13
Comparar com a mensagem presente no “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, intitulada “Melancolia”, cap. V, item 25.
14
Comparar com as respostas dos Espíritos, em "O Livro dos Espíritos", Segundo Livro, cap. VII, item VIII; e com o item 11, do
cap. V, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
15
Idem, ibidem, nota 109.
16
Idem, ibidem, nota 109.
17
Apud GOLDSTEIN, Karl W. – “Transcomunicação. Coleção Folha Espírita, vol. 1. FE: São Paulo-SP.
2
Lição: 33
Capítulo 9
Mediunidade de Cura
Considera-se como portador de mediunidade de cura o sensitivo dotado de fluidos específicos,
passíveis de serem utilizados pelos Espíritos em favor dos enfermos, corrigindo-lhes os distúrbios de
saúde.
No geral, a simples imposição de mãos ou mesmo o forte desejo de auxiliar o próximo pode
determinar os resultados almejados.
Há, no entanto, uma variação da potência fluídica curadora de médium para médium, o que resulta
em curas ora mais ora menos demoradas. Na verdade, os médiuns capacitados a operarem curas
instantâneas são muito raros.
Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, 1 ressalta que, mesmo pessoas não consideradas como
médiuns podem servir nesta seara, o que justifica plenamente o grande número de obreiros espíritas
que desempenham a atividade fluidoterápica, na condição de passista.
Vejamos as observações do Mestre de Lyon:
“Médiuns curadores - Os que têm o poder de curar ou de aliviar os males pela imposição das mãos ou
pela prece.
Essa faculdade não é essencialmente mediúnica 2 pois todos os verdadeiros crentes a possuem, quer
sejam médiuns ou não. Frequentemente não é mais do que a exaltação da força magnética,
fortalecida em caso de necessidade pelo concurso dos bons Espíritos.” (Grifo meu).
A Mediunidade de Cura é, pois, a capacidade que possuem certos sensitivos de, sob a ação dos
Espíritos, curarem moléstias, promovendo reparação dos tecidos e órgãos do corpo físico, assim
como distúrbios perispirituais, a expensas dos fluidos curadores.
Sobre a mediunidade de cura o Codificador define:
“Consiste no dom de curar por simples toques, pelo olhar ou mesmo por um gesto, sem nenhuma
medicação”.
Nessa modalidade mediúnica, os Bons Espíritos, notando a boa vontade do medianeiro e o seu desejo
de fazer o bem - assim como o merecimento e a necessidade do paciente -, associam os seus fluidos
espirituais e os fluidos do laboratório do mundo invisível 3 aos fluidos do médium, dinamizando-os e
ampliando-lhes os potenciais.
I. ENFERMIDADES - CAUSAS E OBJETIVOS
Na antiguidade, o exercício da Medicina era da responsabilidade dos místicos e sacerdotes.
Os mecanismos do aparecimento das enfermidades, bem como suas causas intrínsecas e extrínsecas
eram desconhecidos, por isso todas as doenças eram entendidas como o resultado da ação das forças
espirituais (os deuses ou Espíritos), por castigo, ira ou como conseqüência das atitudes negativas do
paciente.
Alguns desses males eram considerados como o resultado da possessão imposta por bons ou maus
Espíritos.
Com o desenvolvimento da pesquisa e a aplicação do método científico, assim também com o fim do
exercício exclusivo da Medicina pelos sacerdotes, passou-se a entender como base das múltiplas
doenças unicamente os distúrbios originados na estrutura anatômica. Passou-se, então, a tentar
explicar tudo a partir de mecanismos unicamente materiais. Mesmo as doenças psiquiátricas eram
tidas como tendo origem em alterações da anatomia cerebral.
Com o tempo, surgiu a necessidade e foi se definindo o conceito de mente, como algo não
exatamente físico no ser humano e, o mais importante, que essa mente "não-física" tinha a
propriedade de, em várias situações, provocar lesões no corpo físico. Surgia desse modo a Medicina
Psicossomática (v. lição 21).
A cada dia, se pode ver ampliar o leque das chamadas doenças orgânicas com bases no psiquismo
enfermado.
Recentemente surgiu um novo ramo da Ciência Médica, denominado Psiconeuroimunologia, que
pode explicar como a atitude mental negativa e o desregramento das emoções pode interferir
nas funções de defesa do organismo somático.
Então, é perfeitamente aceitável afirmar-se que toda doença tem suas origens primárias na
imperfeição do Espírito. Em outras palavras, tem causas espirituais profundas.
Mesmo aqueles distúrbios imediatamente determinados pela presença de microorganismos
(viroses e infecções, em geral), têm o seu aparecimento favorecido pela queda funcional do sistema
imunológico, consequente a posturas nocivas do pensamento e da conduta do indivíduo.
Sendo assim, as doenças são sofrimentos e aflições resultantes e dependentes, de um modo geral, da
imperfeição do Espírito e podem ser compreendidas na conta de:
a) Expiações - quando têm por objetivo fazer-nos resgatar erros, levando-nos à reparação e ao
aprendizado da lição. Têm, na verdade, conotação educativa, permitindo ao Espírito informar-se
sobre a sua própria ação e performance. Podem ser voluntárias ou involuntárias, a depender da
conscientização do próprio erro.
b) Provas - quando têm a finalidade de comprovar e reafirmar aprendizado pretérito. São vivências
invariavelmente voluntárias, se analisadas do ponto de vista do Espírito. 4
Do ponto de vista das causas espirituais primárias, elas podem ser classificadas como sendo de
origem:
a) Anímica (conseqüência reativa da ação do próprio enfermo);
b) Obsessiva (quando precipitadas pela ação extrínseca de um mau Espírito).
A ação do Espírito é fluídica sobre o perispírito que, como sabemos, também é de essência fluídica.
Por isso mesmo, sob esse prisma, podemos considerar os agentes causadores das enfermidades como
sendo:
a) Orgânicos (causas materiais)
b) Fluídicos (causas espirituais)
c) Mistos (associação somato-espiritual).
Usualmente, as doenças são o resultado da associação de elementos orgânicos e espirituais
(fluídicos). Por isso mesmo, há nos processos patológicos de toda ordem sempre um desajuste
fluídico, passível de correção ou atenuação por uma ação fluídica extrínseca benévola.
Bibliografia
1 KARDEC, Allan. – “O Livro dos Médiuns” Trad. J. Herculano Pires. 2ª Parte, cap. XVI, item 189.
2 Ao afirmar que essa faculdade não é essencialmente mediúnica, o Codificador esclarece que não necessariamente ela se
apresenta na forma ostensiva da mediunidade (tarefeira), o que significa
ser possível (e frequente) intermediar a ação dos Espíritos nas curas, através da mediunidade natural, que é, como sabemos,
inerente a todas as pessoas. Ver capo 3, item I-A.
3 KARDEC, Allan. - "O Livro dos Médiuns". Trad. J. Herculano Pires. 2ª Parte, cap. VIII.
4 Obviamente que, na condição de encarnado, o Espírito esquece as suas deliberações, para que possa agir com maior
espontaneidade.
Glossário:
Somato = Somat(o) 1. = ‘corpo’, ‘matéria’; ‘corpo humano’; ‘soma’; ‘cromossomo’: somático (< gr.), somatologia,
somatópago, somatopleura.
Lição: 34
II. TERAPIAS ESPÍRITAS
É costume afirmar-se nos meios espíritas que muitos dos que procuram o Centro Espírita (na verdade
a imensa maioria) fazem-no impelidos pela dor, após percorrer inúmeros caminhos e credos.
Então, em sua feição hospitalar, o Núcleo Espírita disponibiliza uma opção terapêutica para tratar os
males da alma.
Como as doenças da alma exteriorizam-se no corpo somático, à semelhança de icebergs, ao
aplicar-se o tratamento espiritual, pode-se secundariamente conseguir a cura dos males físicos.
Entretanto, é imprescindível levar-se em conta que o Espiritismo objetiva a cura dos processos
mórbido da alma.
No Centro Espírita, a terapêutica empregada apresenta duas vertentes maiores: a Evangelhoterapia
e a Fluidoterapia.
A) EVANGELHOTERAPIA (TRATAMENTO CURATIVO)
O Evangelho de Jesus é o roteiro maior para a saúde espiritual. Estudando-o, refletindo sobre suas
passagens, compreendendo-o e assimilando-lhe os ditames luminosos; deixando-se enlevar ante a
figura meiga e sublime do Nazareno e o magnífico exemplo de amor que dele ressalta é que
lograremos libertar-nos das máculas, da grosseria e do mal que nos agride, mercê da nossa indolência
e do nosso comprazimento.
O Espiritismo amplia-nos a lente perceptiva aos princípios ensinados por Jesus, com os recursos da
razão e do bom senso, iluminado pela revelação promovida pelo Espírito de Verdade e sua falange
luminosa. Dessa maneira, o Evangelho sob a óptica espírita enternece-nos o coração, edificando
entendimento mais consistente pela aplicação da razão.
O estudo metódico de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" oferecido aos pacientes e necessitados
que buscam a terapêutica espírita, funciona em prazo dilatado para a cura definitiva de todos os
males.
Sabemos naturalmente que viciações morais mantidas desde longas datas - de reencarnação em
reencarnação - não desaparecem como que por encanto. Apesar disso, ao menor sinal de
arrependimento e de sincero desejo de transformar-se, cada um de nós recebe um crédito do Alto, em
nosso próprio benefício, que nos equilibra e nos concede a tranqüilidade necessária para o
desenvolvimento das operações pertinentes ao processo da cura anímica.
Assim, a Evangelhoterapia constitui terapêutica curativa aos nossos estados enfermiços, aplicável a
médio e longo prazos, mas carecendo de urgente iniciação.
B. FLUIDOTERAPIA
Enquanto os resultados do tratamento curativo não se fazem perceber, haja vista a sua ação a médio e
longo prazos, o Centro Espírita põe à disposição dos aflitos que buscam seu amparo, o conhecido
tratamento fluidoterápico.
O estudo e a melhor compreensão da ação dos fluidos, gerenciada pelo pensamento e pela vontade,
assim como a certeza do envolvimento e da participação dos Bons Espíritos nesse mister, quando há
o desejo de auxiliar aquele que sofre, pelo compromisso com o Bem e amor ao próximo, tornam esta
modalidade terapêutica espiritual bastante acessível e com imensos recursos para o consolo, o
conforto e a cura dos males.
Seu uso tem resultados sobre o psiquismo, o perispírito e mesmo sobre o corpo físico.
A fluidoterapia é, portanto, a utilização de recursos fluídicos em favor de todos quantos, fragilizados
e desequilibrados em sua saúde global, procuram a terapia espiritista.
Costuma ser aplicada através do que se passou a denominar de "passes", onde os Espíritos
dinamizam os fluidos animalizados do trabalhador encarnado (passista), associando-os aos seus
fluidos espirituais e dirigindo-os ao paciente, em ambiente preestabelecido para tal.
Essa atividade é rigorosamente enquadrada como Mediunidade de Cura, como já descrito no início
do presente capítulo.
É verdade que a sintomatologia apresentada pelo enfermo pode desaparecer completamente, mas a
verdadeira cura se efetiva de dentro para fora pela autoevangelização, através das transformações
íntimas operadas pelo próprio doente. A despeito disso, a terapia fluídica tem valor destacado no
amparo aos aflitos que se acercam do Centro Espírita, muita vez como última opção para a solução de
seus problemas.
O tratamento fluídico, porém, é paliativo, ou seja, não tem ação curativa, se levarmos em conta o
significado mais profundo de cura. Promove curas parciais, mesmo quando a doença física ou
psíquica torna-se imperceptível.
A Evangelhoterapia e a Fluidoterapia são, pois, as terapias espíritas por excelência: a primeira
conduz à cura definitiva dos males da alma; a última consola, reconforta e fortalece o viandante da
evolução, enquanto não consegue realizar a própria cura pela assimilação e vivência evangélicas.
C. LABORTERAPIA
Muitos são os pacientes que, após conseguirem acentuada melhora ou o desaparecimento das suas
aflições e dores, distanciam-se da Casa Espírita. Uns porque são adeptos de outras religiões; outros
porque não entenderam o significado da cura operada; e outros, ainda, por estarem muito apegados às
coisas do mundo material, não desejando repensar os seus valores e prioridades espirituais e morais.
Há os que permanecem comparecendo às reuniões, sintonizados e satisfeitos com a mensagem
espírita. Para eles, o Centro Espírita oferece a oportunidade de trabalho em favor do próximo, em
suas mais diversas opções.
Esta opção, a Laborterapia, constitui o primeiro sinal de mudança comportamental, a partir da
compreensão do Evangelho de Jesus, funcionando como manutenção da terapêutica de profundidade
para as curas dos males da alma, origem dos distúrbios somáticos e psíquicos vários que nos batem à
porta.
Para que assim se faça, a laborterapia deve ser orientada por completo desinteresse pessoal, animada
unicamente pela vontade de servir de instrumento da Providência Divina em benefício do próximo;
alicerçada no "dai de graça o que de graça recebestes.” 1
D. RECEITUÁRIO MEDIÚNICO
A imensa maioria dos enfermos que iniciam tratamento espiritual em uma casa espírita beneficia-se
e obtém resultados plenamente satisfatórios com a sua base terapêutica (Evangelhoterapia e
Fluidoterapia).
Para algumas situações outras, poderá o paciente contar ainda com a orientação mediúnica para a
condução de seu tratamento. Isso, no entanto, em minha opinião, não deve ser a opção inicial nem
constituir-se em atrativo, assumindo posição de destaque entre os "serviços" apresentados no Centro
Espírita. O que tenho visto, muitas vezes, é se esquecerem os dirigentes e obreiros sua verdadeira
função, a atividade de realce: o ensino espírita.
Por isso mesmo, em nosso núcleo 2, o "atendente fraterno" 3 seleciona os nomes dos pacientes que lhe
pareçam necessários para a avaliação dos Espíritos, preferindo na quase totalidade dos casos oferecer
inicialmente o já citado tratamento tradicional. Esses casos, porém, conduzimos à avaliação dos
Espíritos, sem maiores alardes para o paciente, em reunião específica de "Receituário Mediúnico".
Nela, frequentemente através da psicografia, os Espíritos escrevem mensagens dirigidas ao paciente,
no comum prescrevendo-lhos uma receita. Em nossa experiência, os Espíritos receitistas utilizam
largamente a fitoterapia. Sabemos também da preferência de alguns pela homeopatia. Raríssimos,
porém, são os medicamentos alopáticos 4 prescritos.
Parece que, com a incorporação da homeopatia pela Medicina tradicional, passando a ser uma
especialidade médica, os Espíritos vêm dando preferência à fitoterapia.
É de bom alvitre a presença de um médico espírita na avaliação dessas reuniões, salvaguardando o
médium e o Núcleo Espírita de possíveis mistificações que poderiam repercutir negativamente sobre
a saúde dos doentes.
Por ser palpável a possibilidade de ocorrer mistificação - mesmo em grupos relativamente
equilibrados, pois todos somos imperfeitos e podemos oscilar -, costumo desaconselhar o exercício
dessa tarefa com a presença do paciente. Além de se entregar a receita mediúnica sem uma avaliação
grupal, correndo-se risco desnecessário, ainda se finda por criar uma expectativa quanto à produção
fenomênica, situação potencialmente geradora de animismo no médium e de misticismo no paciente.
Vale destacar: o receituário mediúnico não deve ser rotulado como mediunidade de cura, mas como
uma forma específica de mediunidade, em que o sensitivo é flexível à intermediação para as receitas
do Além. Allan Kardec classifica-os como “médiuns medicinais” e alerta para que não sejam
confundidos com os médiuns curadores. 5
Bibliografia
1
Mateus, X: 08. O Evangelho Segundo o Espiritismo, XXVI.
Instituto de Cultura Espírita do Ceará (Fortaleza-CE).
3
Trabalhador encarregado de orientar a quem necessita, como se utilizar da terapia espírita.
4
Medicamentos usados pela Medicina tradicional, que agem em sítios celulares para a produção de um efeito
farmacológico.
5
KARDEC, Allan. - "O Livro dos Médiuns". Trad. J. Herculano Pires. 2ª Parte, cap. XVI, item 193.
2
Glossário:
Fitoterapia = 1. Terap. Tratamento de doença mediante o uso de plantas.
Lição: 35
E. CIRURGIAS ESPIRITUAIS
Denominaremos de cirurgias espirituais às intervenções realizadas por médicos desencarnados
sobre os corpos espiritual e/ou físico de um paciente, através das forças e potenciais psíquicos de um
medianeiro.
No geral, objetivam curar males físicos já instalados no corpo somático ou em via de instalação, mas
previamente delineados no perispírito.
As patologias, resultantes do desequilíbrio espiritual - característica do nosso estado evolutivo -,
muitas vezes se instalam na indumentária perispiritual, na forma de distúrbios vibratórios, em regiões
análogas aos segmentos somáticos. São, portanto, lesões predisponentes e precursoras das doenças
físicas.
Então, os cirurgiões do Além, têm a possibilidade de operar tanto um corpo quanto o outro, visando a
correção material (ou semi-material) da problemática médica.
Podemos dividir essas ações cirúrgicas em dois tipos, que diferem quanto ao mecanismo
intervencionista:
a) Cirurgia espiritual "a mão armada"
Costumo assim denominá-la porque, nessa modalidade mediúnica, o Espírito-operador utiliza-se
do corpo do medianeiro para realizar verdadeiras cirurgias somáticas, usando bisturis, tesouras,
pinças ou outros objetos perfuro-corto-contundentes como facas, agulhas etc.
O Espírito age, pois, como se encarnado estivesse, fazendo verdadeiras incisões e perfurações
superficiais ou profundas.
Alguns promovem a abertura da pele com as próprias mãos ou o cabo do bisturi.
No mais das vezes, esses Espíritos-operadores já tiveram experiência na área médico-cirúrgica, no
passado reencarnatório, pondo-se à disposição do trabalho, seja por cobranças conscienciais, seja por
não se haverem desvinculado mentalmente da sua vida física, seja movidos pelo desejo primário e
único de auxiliar o seu próximo.
Muitos deles aproveitam-se da abertura psíquica dada por alguns médiuns com esses potenciais para
agirem cirurgicamente, sem que necessariamente houvessem recebido tal tarefa como" missão".
Os resultados dessa modalidade cirúrgica variam de positivos a negativos, havendo inclusive relatos
de complicações importantes descritos por profissionais da área médica.
Sem dúvida alguma, qualquer julgamento será distorcido porque não se tem uma pesquisa séria
quanto à atividade, por várias razões. Isso nos leva a fazer uma análise do todo, com prejuízo da
verdade, pois sabemos que nesta - como em toda área da atividade humana - existem os fraudadores.
É fato, porém, que costumeiramente os pacientes, a despeito de não receberem anestesia alguma nem
serem hipnotizados, não referem dor ou se o fazem afirmam ser perfeitamente suportável a sensação
dolorosa.
Quem atua na área cirúrgica sabe que os pacientes suportam muito mal qualquer intervenção
cirúrgica sem os recursos anestésicos oferecidos pelas ciências médicas.
Outro fato de destaque é que não costuma ocorrer hemorragia de vulto.
Então, podemos afirmar ser possível o fenômeno, como a cura de muitos pacientes, através do
procedimento de cirurgia mediúnica.
Apesar disso, grande parte dos espíritas mais estudiosos e compromissados com o doutrinariamente
correto prefere evitar a utilização de tal modalidade mediúnica. Primeiro, pelos riscos impostos ao
paciente; depois, pelos riscos para a Casa Espírita e para o Movimento Espírita; e como se não fosse
o bastante, pelo desvio da atenção da sua missão primeira: educação do Espírito e cura dos males
espirituais!
Já estudamos que todo ato medianímico deve ser avaliado quanto ao Espírito que o instrumentaliza,
haja vista a possibilidade real de mistificação, mesmo para médiuns sérios e cuidadosos.
Ora, uma psicografia, uma psicofonia e outros tipos de mediunidade podem ser avaliados pelo seu
conteúdo. A partir dessa análise podemos concluir tratar-se o comunicante de um bom ou de um mau
Espírito.
No caso da cirurgia, só poderemos avaliar o resultado após realizada a cirurgia... Se o paciente ficar
curado, é possível tratar-se de um bom Espírito! Se o paciente desencarnar ou complicar... trata-se
com certeza de um obsessor!... Mas, então, pode ser tarde para reverter os males!...
Sobre o assunto, anotemos a opinião do Espírito Odilon Fernandes, através da psicografia do
médium mineiro Carlos Baccelli:
“O passe não agride o corpo físico quanto as cirurgias em que os médiuns se valem de instrumentos
cortantes, expondo o doente a sangrias e infecções que podem apressar-lhe a desencarnação (...)” 1
Há quem se valha das cirurgias mediúnicas a mão armada, para atrair público para o Centro Espírita,
em atitude incompatível com os objetivos que devem nortear a conduta do núcleo espírita na
sociedade: o de esclarecer e consolar, oferecendo os ensinamentos contidos na Codificação Espírita
para a iluminação de consciências.
Sobre isso, dando continuidade à mensagem citada anteriormente, opina o Espírito Odilon
Fernandes:
“É argumento sofista o de que as ditas „cirurgias espirituais‟ atraem multidões” 2
Em 1984, ao ser entrevistado na Associação Médico-Espírita de São Paulo, o médium Francisco
Cândido Xavier deixa clara a sua posição quanto às cirurgias mediúnicas "a mão armada":
“Recebi intervenções consideradas cirúrgicas, mas em que não havia bisturi, de maneira nenhuma.
Senti no interior do meu corpo lâminas trabalhando, sem nenhum instrumento cortante ou
demonstração externa, apenas o médium tomava atitude e posição de aplicar passe (...). Digo com
sinceridade: se precisar de outra operação, me entregarei ao médico-cirurgião. Não vou me
submeter a bisturi na mão de médium, porque o médium não está indicado para isso.
Já passei por cinco cirurgias por médicos encarnados, com anestesia e todo o decurso normal dos
atos cirúrgicos. Médium com bisturi na mão não me opera!” (Grifos meus).
Há os casos de médiuns que não usam instrumentos cirúrgicos ou similares, mas que os substituem
por objetos inofensivos ou por gestos simuladores de uma ação cirúrgica. Há casos em que o médium
chega a exigir a presença de alguém para funcionar como instrumentador e passa a receber deste
"instrumentos fictícios" para realizar uma "intervenção invisível". Há aqui a adoção de um proceder
mágico imitativo, em indiscutível paralisação no sobrenatural e na magia, procederes adotados nas
práticas das religiões primitivas.
São, a meu ver, atitudes incompatíveis com a razão, a lógica e o bom senso adotados pela Doutrina
Espírita.
Há quem tente justificar tudo isso, alegando que muitos pacientes necessitam de toda esta encenação,
de toda esta mise-en-scène para acreditar na cura, o que colide frontalmente com os objetivos do
Espiritismo de libertar consciências, de esclarecer e de auxiliar o homem a desligar-se da forma, dos
rituais e das muletas psíquicas. É exatamente por esse motivo que afirmo enfático não ser esta uma
prática espírita, mas um desserviço à Causa Espiritista!
b) Cirurgias espirituais a distância
São aquelas em que os Espíritos agem reparando as lesões existentes no perispírito do enfermos.
Podemos denominá-las simplesmente de “cirurgias perispirituais”. Elas podem e devem ser
realizadas na residência do próprio paciente.
Em geral, a equipe espiritual marca o dia e a hora da intervenção cirúrgica, através da psicografia,
cabendo ao paciente preparar-se física, psíquica e espiritualmente para o ato cirúrgico. Não há a
necessidade do uso de rituais, roupas especiais, banhos especiais nem de qualquer outra exigência
externa. O preparo é basicamente interno, a partir de uma boa sintonia, da prece, da dinamização da
fé, da humildade, do reconhecimento e da aceitação...
Roupas brancas, sal grosso, banho de pétalas de rosas etc, não são práticas espiritistas! E quando se
sugere o seu uso na Casa Espírita, costuma refletir atavismos, saudosismo ou retrocesso a antigas
práticas do mediunismo...
Em nossa atividade de receituário mediúnico, os Espíritos têm optado, muitas vezes, pela realização
de cirurgias espirituais a distância e, muito embora ainda não tenha aplicado uma metodologia
científica para a observação dos resultados (o que ainda pretendo fazer no futuro), tenho presenciado
resultados muito satisfatórios, inclusive com curas de quadros cancerígenos diagnosticados clínica e
laboratorialmente, por médicos estranhos ao Centro Espírita e desconhecedores do Espiritismo.
Então, fica claro ser plenamente dispensável a utilização das cirurgias cruentas ou mágicas no Grupo
Espírita, aceitando-se, em casos específicos, o uso das cirurgias perispirituais e, ainda assim, sem
alardes, sem promoção e com o cuidado para que não sejam priorizadas dentre as atividades
desenvolvidas no Centro Espírita.
Bibliografia
1
2
BACCELLl, Carlos/FERNANDES, Esp. Odilon. – “Mediunidade e Caminho”. IDE: Araras-SP.
Idem, ibidem.
Glossário:
Mise-en-scène = 1. Teatr. V. encenação
Atavismo = 1. Reaparecimento, em um descendente, de um caráter não presente em seus ascendentes imediatos, mas, sim,
em remotos:
Lição: 36
F) CONDIÇÕES PARA A CURA
Nenhuma terapia consegue atingir cem por cento de resultados satisfatórios, mormente sob a óptica
imediatista. No caso da terapia espiritual, naturalmente que não se vai fugir à regra. Entretanto, vale
salientar que a sua aplicação visa fundamentalmente o saneamento das mazelas espirituais e, por
isso, muitos são os casos em que o paciente imaginava lograr a cura dos seus males físicos, mas
mantém-se fisicamente enfermo, a despeito de apresentar significativas melhoras em sua
problemática espiritual.
Sendo assim, ressaltemos os elementos imprescindíveis à cura dos males, na utilização dos recursos
terapêuticos da Casa Espírita:
a) Fé
Todo profissional médico sabe empiricamente que a crença que o seu paciente deposita em sua
possibilidade de curar-lhe as enfermidades é um fator relevante para o êxito ela terapêutica instituída.
Muitos são os enfermos que já deixam o consultório do médico em bem melhores condições em
relação a quando o adentraram.
É que a fé, o posicionamento mental de aceitação da possibilidade de cura, através de certo
procedimento, age de forma positiva no organismo, já tendo sido alvo de pesquisas e constatações
científicas.
Não é sem razão, pois, que Jesus reportava-se usualmente sobre a necessidade desse estado de
espírito:
“A tua fé te curou!
Se acreditas que te posso curar, que assim se faça!”
b) Necessidade anímica
Já anotamos anteriormente que toda enfermidade resulta da imperfeição espiritual que nos
caracteriza como humanidade no atual momento. Sendo assim, no geral, corresponde a uma
situação-resposta a atitudes íntimas de cada um, com objetivos educacionais para o Espírito,
sendo-lhe importante, tantas vezes, vivenciar aquelas dificuldades patrocinadas pela doença, em seu
próprio benefício, como Espírito.
Sabemos, de outro modo, que há duas formas de quitação dos nossos débitos para com as Leis
Divinas:
 educação pela vivência dolorosa;
 educação pela lei do amor.
Sendo assim, quando perde o sentido educativo ou deixa de ser alimentada pelos desalinhos mentais
do paciente (culpas, sintoma, desleixo etc.), a doença torna-se passível de cura parcial ou total,
temporária ou definitiva.
c) Merecimento
A vivência do amor, as obras no Bem, demonstrando a mudança de atitudes e hábitos, são
ingredientes facilitadores da cura espiritual, sendo capazes de nos facultar a reversão de quadros
dolorosos, pois, através da Lei de Ação e Reação, retomam ao autor, em forma de créditos a seu
favor.
d) Participação ativa do enfermo
Há quem procure milagres com a adoção da terapêutica espiritual. Entretanto, a cura dela resultante
não se faz de maneira exclusivamente exógena, mas notadamente de forma endógena. Isso significa
que ao paciente tratado na Casa Espírita exige-se participação ativa em sua terapia, em proporção
direta à sua capacidade discernitiva do momento.
Mesmo a fluidoterapia, que como sabemos funciona paliativamente, requer postura ativa do doente,
para o seu bom aproveitamento.
Por outro lado, a utilização dos magníficos recursos da prece, bem corno uma predisposição íntima e
um esforço sincero para estabelecer uma transformação moral, na busca de um crescimento
espiritual, facilitam a ação dos Espíritos responsáveis pela atividade curadora, assim como a
assimilação mais intensa dos fluidos ofertados pelo Alto, em benefício do enfermo.
O preparo físico, moral e espiritual são da competência do paciente e demonstram uma atitude de
aceitação, de busca, de fé e de disposição para a cura.
Assim, recomenda-se que, mormente nos dias de aplicação terapêutica, o paciente mantenha-se em
sintonia com o mais Alto, através do cultivo da prece, de bons pensamentos, de leituras edificantes,
de boa higiene corporal, de hábitos alimentares sem excessos de qualquer ordem. 1
G) O MÉDIUM CURADOR E A POPULARIDADE
O orgulho é um dos males mais danosos presentes na humanidade. Sendo o médium um ser humano
como outro qualquer não está isento de ter direcionadas para ele as investidas dos Espíritos
ignorantes, no exaltar da condição do médium, no sentimento de sua importância para as pessoas.
Quando o médium se deixa embalar pelos ventos da vaidade, a falência é questão de mais ou menos
tempo. E quantos não foram os medianeiros dessa modalidade que se perderam em função da
bajulação, dos agrados de que eram motivo e até mesmo da remuneração de suas "consultas"!...
É, propriamente, nesse sentido que Allan Kardec endereça aos trabalhadores dessa área uma
advertência:
“Há, pois, para o Médium curador a necessidade absoluta de se conciliar o concurso dos Espíritos
superiores, se quiser conservar e desenvolver sua faculdade; senão, em vez de crescer ela declina e
desaparece pelo afastamento dos bons Espíritos. 2
A mediunidade, portanto,
“(...) cessa se não se souber tornar-se digno dela, melhorando-se (...)” 3
A popularidade e massagista do ego, hipertrofiando-o com elogios, mimos, reverências etc.
Deixar-se envolver em suas malhas ou procurar tomar partido dela é rota corriqueira para o fracasso
do mediunato.
Em vista disso, há muitos companheiros, que se auto-intitulam espíritas, adotando práticas e posturas
completamente distantes da proposta doutrinária apresentada pelo Codificador. Muitos médiuns
negociam seus potenciais mediúnicos (ou pelo menos que pensam ser seus), desencadeando o
afastamento dos bons Espíritos que antes os orientavam e abrindo espaço para mistifica dores
interessados em empreendimentos comerciais.
Existem, ainda, os shows mediúnicos que o sensitivo equivocado passa a realizar no intuito de
impressionar a platéia; são verdadeiros "espetáculos mediúnicos", realizando movimentos bizarros e
ensaiados, estremecimentos, na ânsia de promoção pessoal, esquecendo-se completamente de que a
mediunidade educada pelos princípios espíritas é calma, serena, discreta e anônima.
H) ESPIRITISMO E MEDIUNIDADE DE CURA
O Espiritismo é o Consolador Prometido enviado por Deus para o esclarecimento e crescimento da
humanidade.
A mediunidade é apenas um de seus princípios e instrumento de parturição, não podendo ser palco do
abuso e da ignorância humanos, sob pena de comprometer a Doutrina sujeitando-lhe a práticas
primitivas ou a conversas fúteis com Espíritos. A mediunidade é portal de acesso à revelação
patrocinada pelos Espíritos Superiores, comprometidos com o progresso da humanidade; é a ponte
que permite o intercâmbio entre as múltiplas dimensões da vida.
A Doutrina Espírita não se destina à realização de shows, de espetáculos públicos, nem a
proselitismo religioso na ânsia de converter as pessoas, de lotar os Centros, a qualquer custo. É, pois,
indispensável tomar-se uma posição de cautela ante os "médiuns de cura" que brotam daqui e dali,
sequiosos de despertarem a atenção da comunidade sobre sua pessoa.
Assim também, não se deve imaginar que ela vem substituir os procedimentos próprios da Ciência
Médica, devendo-se evitar, inclusive, promessas de curas físicas, psicológicas ou psiquiátricas, todas
passíveis de serem promovidas pelos respeitados e esforçados profissionais destas áreas do
conhecimento humano. É o que podemos depreender das seguintes palavras do Mestre de Lyon:
“A mediunidade curadora não vem suplantar a medicina e os médicos; vem simplesmente provar a
estes últimos que há coisas que eles não sabem e os convidar a estudá-las; que a natureza tem leis e
recursos que eles ignoram; que o elemento espiritual, que eles desconhecem, não é uma quimera, e
que, quando o levarem em conta, abrirão novos horizontes à ciência e terão mais êxitos do que
agora.” 4
O objetivo central do Espiritismo é o estabelecimento da certeza da imortalidade da alma e do seu
progresso contínuo na direção do Criador em meio à Humanidade terrena, progresso este capaz de
efetivar-se a partir da transformação moral, a expensas do seu esforço e da sua vontade.
Deus está presente em nós e no meio em que vivemos, estendendo-nos a sua graça, nas oportunidades
e potencialidades das nossas relações existenciais, e a sua providência, como amparo infalível às
nossas carências e necessidades espirituais.
Bibliografia
1
Há quem recomende a abstenção de carnes. Pessoalmente, não vejo essa necessidade, preferindo que o paciente use a sua
alimentação usual, apenas evitando os excessos. Não é o que “entra pela boca que torna impuro o homem”, como
ensina-nos o Mestre de Nazaré.
2
KARDEC, Allan in “Revista Espírita”. Ano IX. Vol.11, pg. 352. EDICEL: Sobradinho-DF.
3
Idem. Ibidem. pg. 352.
4
Idem. Ibidem. pg. 351
Glossário:
Exógena = 1. Que cresce exteriormente ou para fora.
Endógena = 1. Originado no interior do organismo, ou por fatores internos; endógene.
Parturição = 1. Obst. V. parto.
Deixamos de colocar o Apêndice referente ao Regulamento do Departamento Mediúnico (dmed) do
Instituto de Cultura Espírita do Ceará, por entender que o mesmo não deva ser estudado em público.
Também deixamos de transcrever a Bibliografia, pois a mesma já foi colocada no rodapé de cada
lição, portanto seria repetitiva.

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