estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides
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estudos biossistemáticos em passiflora l. subgênero deidamioides
TEONILDES SACRAMENTO NUNES ESTUDOS BIOSSISTEMÁTICOS EM PASSIFLORA L. SUBGÊNERO DEIDAMIOIDES (HARMS) KILLIP (PASSIFLORACEAE) FEIRA DE SANTANA – BAHIA FEVEREIRO/2009 1 Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Ciências Biológicas Programa de Pós-Graduação em Botânica ESTUDOS SISTEMÁTICOS EM PASSIFLORA L. SUBGÊNERO DEIDAMIOIDES (HARMS) KILLIP (PASSIFLORACEAE) TEONILDES SACRAMENTO NUNES FEIRA DE SANTANA – BA FEVEREIRO/2009 2 Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Ciências Biológicas Programa de Pós-Graduação em Botânica ESTUDOS SISTEMÁTICOS EM PASSIFLORA L. SUBGÊNERO DEIDAMIOIDES (HARMS) KILLIP (PASSIFLORACEAE) Teonildes Sacramento Nunes Tese apresentada ao Programa de Pósgraduação em Botânica da Universidade Estadual de Feira de Santana – BA, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Botânica. ORIENTADOR: PROF. DR. LUCIANO PAGANUCCI DE QUEIROZ (UEFS) CO-ORIENTADOR: PROF. DR. CASSIO VAN DEN BERG (UEFS) FEIRA DE SANTANA FEVEREIRO/2009 3 A minha linda filha Poliana Nunes Sena, espero que um dia você consiga me perdoar por todas as minhas ausências em busca de um futuro melhor para nós duas. E a minha pequena Sophia! Eu amo vocês duas! 4 “Se um homem não sabe o que uma coisa é, já é um avanço do conhecimento saber o que não é.” (Jung) 5 Agradecimentos Em primeiro lugar e independente de qualquer coisa agradeço imensamente a meu bom Deus, o ser supremo que me deu a vida, e que direcionou meus passos para que eu chegasse até aqui. Agradeço muito a Universidade Estadual de Feira de Santana, pelo apoio direta ou indiretamente para que eu pudesse concluir este curso trabalhando no herbário. Ao Programa de Pós-graduação em Botânica, pela infra-estrutura e pelas disciplinas, pela disponibilização dos laboratórios, equipamentos e materiais. A Fundação de Amparo à Pesquisa na Bahia (FAPESB) pelo financiamento parcial deste projeto (Processo APR056/2006, Pedido no. 1822/2005), que muito me ajudou nas viagens de coletas, confecção das pranchas e aquisição de materiais de consumo. Aos coordenadores dos projetos: Instituto do Milênio do Semi-árido - IMSEAR (Dra. Ana Maria Giulietti), Programa de Pesquisa em Biodiversidade - PPBIO (Dr. Alessandro Rapini), Projeto Petrobrás (Dr. Cássio van den Berg) e Projeto Flora da Bahia (Dra. Ana Maria Giulietti), que direta ou indiretamente apoiaram este projeto, financiando as viagens de campo e as atividades em laboratório. Aos curadores dos herbários nacionais e internacionais que gentilmente concederam, os empréstimos dos materiais com presteza e eficiência, assim como aqueles que me receberam pessoalmente (ver lista de herbários visitados e/ou examinados). As minhas colegas de trabalho no herbário: Zezé (minha Comadre!), Elaine, Kelly, Patrícia, Renata, Verônica e Silvia, obrigada pela paciência, pela força que vocês me deram para que eu pudesse concluir este trabalho, espero que não tenha prejudicado muito o funcionamento do herbário. Um grande beijo minhas amigas e colegas, a todas vocês esta vitória eu dedico. 6 Ao meu orientador e “chefe” Luciano Paganucci de Queiroz, meu mais sincero muito obrigada! Ao curador do herbário CVRD, Renato de Jesus, Sr. Domingos Folli e ao técnico Geovanni pela acolhida, autorização de coleta e companhia no campo, nas coletas das populações. Agradeço muito ao pessoal do Núcleo Pinciguaba, Ubatuba/SP, pela atenção e pelo apoio na ida ao campo, em especial ao Cristo, Sr. Ivo, Sr Roberto e Sr. João Pedro (Casa de farinha), Olinda e Elizangela (Secretária). Ao André Amorim e ao pessoal do CEPEC, principalmente a Cristiane e ao Jomar Jardim. Ao Diogo Amorim, Anderson (UFPE) e Newton (IPA), por me aceitarem em sua expedição de coleta, atrás das Passifloraceae... muito obrigada meninos, foi muito bom estar com vocês..!! Ao Prof. Dr. Cássio van den Berg pela co-orientação, muito obrigada mesmo! Sem você e suas crises de “Teo você está fazendo tudo errado!”, nada disso seria possível. Aos professores do programa de Pós-graduação em Botânica, em especial: Alessandra Selbach Schnadelbach, Ana Maria Giulietti Harley, Aristóteles Góes Neto, Carlos Wallace, Cássio van den Berg, Eduardo Borba, Francisco Assis, Luciano Paganucci, Nadia Roque & Raymond Mervin Harley, obrigada pela orientação e pelos ensinamentos. A Dra. Loreta B.Freitas e a equipe do Laboratório de Genética Molecular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pela extração dos materiais, pelo apoio com o trabalho de filogeografia e pelas discussões via e-mail. Muito obrigada a todos! Ao pessoal do Laboratório de Biologia Molecular, LAMOL ou como diz minha Comadre Zezé “LAMAL”, pela paciência e orientação, muito obrigada: Milene, Sabrina, Rick VB, Patrícia Cristina, Patrícia Luz, Reyjane Patrícia, Silvana Monteiro, Ciça, João Rodrigo, Tarcisio (pelas risadas), Lia Andrade, Déa Karla, Simone, Marcos, 7 Elisa, Floriano, Paulo Ricardo, Felipe e todos os outros que me fizeram companhia durante as incansáveis horas de extração, quantificação, amplificação, etc... muito obrigada pela paciência e pelas horas de conversas sobre tudo. E afinal qual de vocês foi o responsável pela minha orientação no LAMOL? À Gisele Rocha e ao Laboratório de Microscopia Eletrônica de Varredura da UEFS, pelas imagens de folhas, sementes e de pólen. A Rita Araújo pela execução conjunta do trabalho com os polens. Obrigada Ritinha! Após tantos anos ainda continuamos aqui nesta UEFS, não é mesmo! Aproveitando, agradeço a toda a equipe do LAMIV pela ajuda direta ou indiretamente: Paulino, Claúdia Helena, Francisco de Assis, Ricardo Landim, Marileide Dias, Luciene, Kelly, Jailton e todos os estagiários. Ao amigo Marlon Machado, no auxílio com as bibliografias, com as conversas informais que me ajudaram muito no desenvolvimento desta e principalmente na ajuda com as cervejas geladas, um grande beijo e Deus te abençoe! A amiga Daniela Carneiro pela ajuda com os mapas e com todas as discussões sobre metodologias, conceitos, filogenias, biogeografias, taxonomias, etc.. Sem esquecer a ajuda que você me deu na minha qualificação! E por último pelas leituras incansáveis nos capítulos finais. Você é a pessoa mais iluminada por Deus que eu conheço. Que ele sempre te abençoe menina Dani! Você e sua família linda! Parabéns! Amiga Mi (Milene), obrigada por tudo, pela companhia nas coletas, no LAMOL, pelo auxílio com minha qualificação, e pelas discussões e leituras neste trabalho, você foi verdadeiramente uma co-orientadora. Tenha certeza que sem você e sua inexplicável paciência nada disso seria possível, e por extensão agradeço também ao Ivan. Deus os abençoe! Sempre! 8 Ao Frank Axel (Alemanha), pelas discussões via e-mail, pelas bibliografias e imagens dos tipos, espero um dia te conhecer pessoalmente. Aos estagiários do herbário, muitos dos quais não fazem mais parte do nosso time, mas fica aqui meu agradecimento sincero: Yuri, Silvinha, Carla, Paula Emanuela, Nara Katary, Cris Viana e todos os outros estagiários de Iniciação Científica e Iniciação Júnior que passaram pelo herbário e os estagiários do LATAXON. Algumas pessoas foram constantes nestes anos: nas viagens de coletas, nas disciplinas e nas atividades de laboratório, meu agradecimento coletivo a todos vocês: Andréa Karla, Simone, Paula Dib, Élvia, Daiane, Vânia, Maria, Milene, Daniela, Ciça, Jorge, Jomar Jardim e Janaina. A amiga Vanilda (in memorian), que sempre me incentivou e acreditou no meu trabalho, sei que onde você estiver, você continua me apoiando e me incentivando, com toda a sua teimosia. Fique literalmente com Deus! Aos amigos-motoristas que sempre me apoiaram e fizeram com que as longas viagens de coletas se tornassem divertidas e menos cansativas: meu muito obrigado ao Bené (Benedito Marques Silva), Sr Miguel Martins (in memorian), Sr Miguel Arcanjo, Lucianinho e o Sr. Ronaldo. A equipe de limpeza do LABIO, principalmente Edleuza e “Nem” (Maria São Pedro), obrigada pelos cafezinhos de manhã cedinho e pelas merendas deliciosas. Ao pessoal da portaria que sempre vigilantes cuidaram para que eu pudesse ficar horas intermináveis, noites e fins de semana sem me preocupar com a segurança do prédio. Aos meus pais, a quem dedico todas as vitórias: Seu Pedro e Dona Terinha, muito obrigada pela vida, pela orientação e pela paciência nas minhas ausências. Desculpem-me as falhas, minhas imperfeições e saibam que eu amo muito vocês. 9 Minhas irmãs, irmãos, cunhados, cunhadas, sobrinhas e sobrinhos eu amo todos vocês! A minha pequena princesa Sophia, que ainda não conhece a rotina da mãe, mas já sofre por ter que ficar na mesma posição o dia todo, enquanto a mãe escrevia esta tese. Meu pequeno anjo iluminado! Obrigada por existir, obrigada por me escolher como sua mãe... Te amo muito! Você tornará o resto dos meus dias sempre ensolarado. E ao papai Roberto, que chegou agora no finalzinho, mas que sempre teve muita paciência e carinho, você não sabe o quanto você me faz feliz. E finalmente a minha filha Poliana Nunes Sena, que foi sem sombra de dúvida a mais sacrificada por mim, para que eu pudesse concluir meu sonho, sempre na busca de uma vida melhor para nós duas (agora três). Sei que hoje é mais fácil para você entender, mas sei que já foi muito difícil..., não ter uma mãe presente, ter uma mãe que sempre viaja, que não tem hora para chegar em casa, que sempre trabalha nos fins de semana. Mil perdões minha filha e que daqui para frente tudo seja diferente. A todos vocês meus mais sinceros agradecimentos! Teo Nunes 10 Sumário Agradecimentos ...................................................................................................................i Resumo .................................................................................................................................. ii Abstract................................................................................................................................. iii Introdução geral................................................................................................................... 01 Resultados e discussões ....................................................................................................... 12 Capítulo 1 – Estudos filogenéticos moleculares em Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) .............................................. 12 Capítulo 2 – Estudos morfométricos no complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer (Passifloraceae) ............................................................................ 42 Capítulo 3 – Uso dos marcadores moleculares ISSR (Inter Simple Sequence Repeats) na delimitação do complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer (Passifloraceae)................................................................................................. 64 Capítulo 4 – Morfologia polínica de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) e suas implicações taxonômicas.................. 85 Capítulo 5 – Revisão Taxonômica das espécies incluídas em Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) sensu Feuillet & MacDougal (2003) ...................................................................................... 107 Conclusões Gerais ............................................................................................................. 169 Referências Bibliográficas................................................................................................. 171 Apêndices .......................................................................................................................... 191 11 RESUMO O presente trabalho consiste no estudo filogenético, sistemático e biossistemático de Passifloraceae: Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip. Passifloraceae é predominantemente tropical e subtropical, possuindo 28 gêneros e ca. 800 espécies. O gênero Passiflora L., é o mais diverso, com aproximadamente 450 espécies descritas. Atualmente, está subdividido em quatro subgêneros: Astrophea (DC.) Mast.; Deidamioides (Harms) Killip, Decaloba (DC.) Rchb. e Passiflora L. O subgênero Deidamioides está subdividido em seis seções com 11 espécies aceitas e cerca de 6 espécies sinonimizadas. Apresenta distribuição na América Central e América do Sul sendo que duas espécies são consideradas endêmicas do Brasil, ocorrendo nos Estados de Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Estudos anteriores mostram diversas espécies com posicionamento dentro do subgênero, com circunscrições dúbias e dificuldades taxonômicas na delimitação das seções, principalmente a seção Tetrastylis Barb Rodr., que foi delimitada com duas espécies: P. contracta Vitta, encontrada nos Estados de Pernambuco, Bahia e Espírito Santo, e P. ovalis Vell. ex M.Roemer encontrada em São Paulo e Rio de Janeiro. Para tentar resolver esta problemática, foram utilizados estudos biossistemáticos na delimitação das mesmas, incluindo estudos genéticos com marcadores de ISSR, análises multivariadas com o uso da morfometria geométrica e morfometria tradicional. Para delimitar taxonomicamente o subgênero e rever os limites das seções, foram utilizados estudos filogenéticos baseados em dados morfológicos e moleculares incluindo as 13 espécies desse subgênero. Para comprovar ou não este posicionamento foram utilizadas as regiões de ITS e trnL-F, além de estudos biossistemáticos e palinológicos. O subgênero Deidamioides não se apresentou como monofilético, bem como as suas seções e séries, porém, uma revisão taxonômica das espécies até então pertencentes ao subgênero é apresentada, com descrições, ilustrações, caracterização polínica, mapas de distribuição, comentários e observações ecológicas das espécies, sendo este o primeiro estudo com uma revisão completa para estas espécies. Duas novas espécies foram descritas, ilustradas e mapeadas para o Estado da Bahia, pertencentes à seção Tetrastylis: Passiflora timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz e Passiflora igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz. PALAVRAS CHAVE: Taxonomia, Passiflora, Deidamioides, Filogenia, Biossistemática. 12 ABSTRACT This work presents a phylogenetic, taxonomic, and biosystematics study of Passiflora subgenus Deidamioides. The family Passifloraceae is mainly tropical and subtropical with 28 genera and c. 800 species. Passiflora is the most diverse genus, with ca. 450 published species. The genus is classified in four subgenera: Astrophea (DC.) Mast., Deidamioides (Harms) Killip, Decaloba (DC.) Rchb. and Passiflora L. The subgenus Deidamioides with ca. 13 species, is classified in six sections. It is distributed in Central and South America with two species endemic of Brazil. Previous studies show that several species have problematic circumscription as well as badly defined sections. One example is found in section Tetrastylis Barb. Rodr., which presents conflicting positions in delimiting the complex Passiflora ovalis and P. contracta. In order to solve this problem, it was carried out biosystematics studies based on genetic, traditional and geometric morphometry variability. Phylogenetic studies based on molecular data (ITS and trnLC-F), were carried out to test subgenus and sections monophyly. Thirteen species of sect. Deidamioides were included and the results refuted the monophyly both of the subgenus and the sections. Besides this results an taxonomic revision of the subgenus is presented with descriptions, illustrations, distribution maps and comments of each species, this is the first study with taxonomic revision of this species. Two new species were described and illustrated for the State Bahia: Passiflora timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz and Passiflora igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz. Key Words: Taxonomy, Passiflora, Deidamioides, Phylogeny, Biosystematics. 13 Introdução geral A família Passifloraceae é predominantemente tropical e subtropical, encontrada principalmente em regiões de clima quente, possui ca. 28 gêneros e ca. 800 espécies (Cervi 1997; Judd et al. 1999; Ulmer & MacDougal 2004). Durante muito tempo a família Passifloraceae foi considerada como relacionada às famílias Malesherbiaceae, Turneraceae e Flacourtiaceae, integrando a ordem Parietales (Wettstein 1935) com base em dados morfológicos. Bentham & Hooker (1865) consideraram a família como pertencente à ordem Passiflorales, juntamente com Loasaceae, Turneraceae e Malesherbiaceae. A partir de 1964, a família passou a integrar a ordem Violales, próxima a Flacourtiaceae, Violaceae, Scyphostegiaceae, Turneraceae, Achariaceae e Malesherbiaceae, com base nos caracteres morfológicos, tendo como caráter delimitante a placentação parietal (Engler 1894; Takhtajan 1980; Dahlgren 1980; Cronquist 1981; Spichiger & Savolainen 1997). A partir da utilização de dados moleculares (APG I 1998; APG II 2003) a família passou a fazer parte da ordem Malpighiales apresentando como sinapomorfias: estigma seco, exotegma fibroso (desenvolvimento da camada interna do tegumento em células fibrosas), nós trilacunares (número de intervalos no corte do nó caulinar na inserção do pecíolo ou interrupção parenquimatosa), placentação parietal, articulação do pedicelo, margem da folha denteada, gineceu sincárpico tricarpelar (três carpelos fundidos formando um ovário unilocular ou trilocular) (Stevens 2001). Segundo APG II (2003) esta ordem possui ca. 13.100-16.000 espécies, 716 gêneros e 28(-30) famílias, sendo as mais representativas: Euphorbiaceae, Flacourtiaceae, Malpighiaceae, Rhizophoraceae, Salicaceae e Violaceae. A variação no número de famílias pertencentes à ordem se deve ao fato de considerar ou não a inclusão das famílias Rafflesiaceae, sugeridas por Barkman et al (2004) e Nickrent et al (2004) e Centroplacaceae (Davis et al. 2005), através dos estudos realizados com matR, SSU, rDNA, rbcL, atpB, PHYC, 18S e nad1B-C, respectivamente. Além do trabalho do APG II (2003), esta delimitação também é corroborada por outros estudos moleculares, incluindo dados de rbcL combinados com dados morfológicos, com sustentação de 76% (bootstrap) (Nandi et al. 1998); 18S, rbcL e atpB, com sustentação de 99% (Soltis et al. 2000); atpB e rbcL - 92% (Savolainen et al. 2000); ndhF, rbcL - 100% (Davis & Chase 2004); ndhF, rbcL e PHYC - 97% (Davis & 14 Chase 2004); atpB, rbcL, 18S e nad1B-C – 100% (Davis et al. 2005); atpB, matK, rbcL e 18S – 100% (Tokuoka & Tobe 2006). A ordem Malpighiales pertence ao grupo das Eudicotiledôneas (tricolpadas): Rosídeas, posicionada dentro das Eurosideas I, apresentando como grupo irmão as ordens Celastrales e Oxalidales (também conhecido como grupo COM) e estão proximamente relacionadas com um clado onde aparecem as famílias com espécies fixadoras de nitrogênio, incluindo Fabales, Fagales, Cucurbitales e Rosales (APG II 2003, Soltis et al. 2005). De acordo com APG II (2003), a delimitação de Passifloraceae considera a inclusão de Malesherbiaceae e Turneraceae, tornando a família com delimitação sensu lato, com ca. 800 espécies e 28 gêneros, próxima às famílias Euphorbiaceae, Malpighiaceae e Flacourtiaceae. Bernhard (1999), através de estudos com base em caracteres florais retirou de Passifloraceae a tribo Abatieae, transferindo-a para a família Salicaceae, baseado nas seguintes sinampomorfias: dentes salicóides na margem foliar, estames com iniciação centrífuga, ausência de glicosídeos cianogênicos, anteras pequenas globosas e flores pequenas nas quais as sépalas e pétalas, se ambas estão presentes são em números iguais. Passifloraceae apresenta como sinapomorfias: a presença de glicosídeos cianogênicos, folhas denteadas, glândulas foliares, cálice e corola formando um tubo, corona extra-estaminal, presença de um hipanto e exotegma paliçado (Stevens 2001). Além desses caracteres a família pode ser reconhecida por apresentar espécies trepadeiras herbáceas, arbustos ou árvores lenhosas, com gavinhas, folhas inteiras ou lobadas, flores 3-bracteadas, bissexuadas, presença de um hipanto, pentâmeras, corona de filamentos presentes, opérculo presente (raramente ausente), androginóforo presente, estames 5(-10), anteras dorsifixas, versáteis, grãos de pólen 3 a 12-colporado, ovário unilocular, 3-4-carpelar; óvulos numerosos, placentação parietal, estiletes 3-4; fruto uma baga, raramente cápsula deiscente; sementes comprimidas, reticuladas, pontuadas ou transversalmente alveoladas, envolvidas por um arilo mucilaginoso (Masters 1871; 1872; Killip 1938; Cervi 1997; Stevens 2001; Ulmer & MacDougal 2004). Duas tribos são reconhecidas dentro de Passifloraceae s.s.: a tribo Paropsieae DC., considerada por Harms (1893), Engler (1921) e Sleumer (1954) como uma tribo de Flacourtiaceae, devido à presença do hábito arborescente x trepadeiras, e através de caracteres anatômicos. No entanto, utilizando dados morfológicos como a presença de 15 uma corona, além de dados anatômicos e palinológicos, esta tribo foi incluída em Passifloraceae (Wilde 1971). Caracteriza-se por apresentar: hábito arborescente a lianas, com gavinhas ausentes e está representada por seis gêneros presentes no Velho Mundo, África e Madagascar: Androsiphonia Stapf (1 espécie), Viridiva J.H.Hemsl. (1), Smeathamnnia Sol. ex R.Br. (2), Barteria Hook.f. (5), Paropsiopsis Engl. (7) e Paropsia Noronha (10). A tribo Passifloreae DC. é monofilética (Wilde 1971), evidenciada por seu hábito trepador, gavinhas axilares e flores especializadas e está representada por 13 gêneros: Crossostemma Planch. ex Benth. (1), Schlechterina Harms (1), Tetrapathea (DC.) Richb. (2), Hollrungia K.Schum. (1), Efulensia C.H.Wright (1), Deidamia Noronha ex Thou. (8), Thryphostemma Harv. (44), Passiflora L. (incluindo Tetrastylis Barb. Rodr., ca. 450), Ancistrotryrsus Harms (2), Mitostemma Mast. (3), Dilkea Mast. (6), Basananthe Peyr (38) e Adenia Forsk. (200 spp), encontradas no Novo Mundo, África, Madagascar, Nova Zelândia, Nova Guiné e Ásia (Wilde 1971; Escobar 1988). Passiflora é o mais representativo da tribo Passifloreae possuindo ca. 450 espécies, predominantemente na região neotropical, com apenas uma espécie P. tetrandra Banks & Sol. ex DC., encontrada na Nova Zelândia (Killip 1938). Caracteriza-se por apresentar espécies de lianas, trepadeiras herbáceas ou lenhosas, arbustos, subarbustos e arvoretas, com gavinhas, estípulas foliares, nectários extraflorais, flores solitárias ou inflorescências cimosas, com receptáculo desenvolvido em hipanto e apêndices acessórios na forma de corona, opérculo e/ou androginóforo e fruto tipo baga ou cápsula, com sementes ariladas (Brizyck 1961). Está subdividido em quatro subgêneros: Astrophea (DC.) Mast., Deidamioides (Harms) Killip, Decaloba (DC.) Rchb. e Passiflora L. (Feuillet & MacDougal 2003). Passiflora subg. Astrophea possui 57 espécies, distribuídas em duas superseções, cinco seções e duas séries (Feuillet & MacDougal 2003). Está distribuída na América do Sul (a maioria no Brasil) e apenas duas espécies na América Central. Caracteriza-se por apresentar espécies lianas lenhosas, algumas árvores, folhas inteiras, duas glândulas peciolares próximo ao ápice do pecíolo, sésseis ou em forma de cicatriz, pedúnculos com 1-5-flores, estas raramente nascidas sobre uma gavinha, brácteas pequenas, flores rosa a púrpuras, vermelhas a alaranjadas, corona amarela com um tubo floral proeminente, opérculo ereto ou expandido, não plicado, os frutos são usualmente amarelos, esverdeados com manchas avermelhadas (MacDougal & Feuillet apud Ulmer & MacDougal 2004). 16 Passiflora subg. Decaloba possui 214 espécies, distribuídas em oito superseções e cinco seções, encontradas no Novo Mundo, Sudeste da Ásia, Oceania e Austrália (Feuillet & MacDougal 2003). Caracteriza-se por apresentar: trepadeiras herbáceas, plantas glabras a pubescentes, caule cilíndrico, 3–5 angulado, folhas geralmente 3lobadas, raramente inteiras ou 5-lobadas, glândulas peciolares presentes, 2 ou até 4, lâmina foliar com ocelo próximos a nervura principal, pedúnculos 1 a 20 flores, flores nascidas sobre uma gavinha, pequenas, amarelo-esverdeadas, brancas ou avermelhadas, corona em 1-3 séries de filamentos, opérculo plicado, estiletes delgados, frutos pequenos, púrpureos ou negros, algumas vezes deiscentes, sementes reticuladas ou transversalmente sulcadas. O subgênero Passiflora, o maior em número de espécies, possui 236 espécies, divididas em seis superseções, 24 seções e três séries. Apresenta distribuição no Sudeste dos Estados Unidos, América Central e América do Sul, encontradas tanto nas altas temperaturas do Amazonas como em baixas temperaturas nos Andes, em altitudes de 02.500 m s.n.mn (Ulmer & MacDougal 2004). Caracteriza-se por apresentar lianas com flores grandes e coloridas, às vezes com corona ou algumas vezes com um longo tubo floral (superseção Tacsonia (Juss.) Feuillet & MacDougal), plantas glabras a pubescentes, caule circular, estriado, denteado ou quase angulado, estípulas inconspícuas, lanceoladas ou ovadas, folhas 3-lobadas, inteiras ou até 7-lobadas, com 3 nervuras principais, glândulas peciolares 2-6, raramente mais que 6 ou ausentes, lâmina com ou sem nectários, pedúnculos unifloros, as flores nascidas sobre uma gavinha, brácteas 3, geralmente conspícuas, flores grandes, purpúreas, brancas, azuis, violetas, vermelhas e variações destas, tubo floral às vezes conspícuo, corona em (1-)3-20 séries de filamentos, opérculo não plicado, às vezes filamentosos, frutos esverdeados, amarelos a alaranjados ou avermelhadas, sementes reticuladas, com ornamentação. Por apresentar flores vistosas e coloridas e com odor forte, as espécies são muito utilizadas na obtenção de híbridos para cultivo ou como ornamentais (Ulmer & MacDougal 2004). O subgênero Deidamioides ocorre na América do Sul e América Central, do México até a região sudeste do Brasil (em áreas de mata atlântica), em altitudes variando de 0-2.500 m s.n.m. Desde a sua delimitação apresenta um histórico bem controverso: De Candolle (1828) reconheceu oito seções para Passiflora: Astrophea DC., Polyanthea DC. (incluindo P. cirrhiflora A.Juss., P. septanata DC., P. holosericea L., P. sexflora Juss., P. geminiflora D.Don. e P. moluccana Reinw. ex Blume), 17 Tetrapathea DC. (incluindo P. tetrandra Banks & Sol. ex DC., espécie endêmica da Nova Zelândia), Cieca Medic., Decaloba DC., Granadilla DC., Tacsonioides DC. e Dysosmia DC. (Em destaque as seções que pertencem atualmente à delimitação de Passiflora subgênero Deidamioides). O termo Deidamioides, foi proposto pela primeira vez por Harms (1923), como seção Decaloba DC. subseção Deidamioides Harms, incluindo as espécies: P. cirrhiflora, P. jenmanii Mast. e P. deidamioides. Harms (1925) no tratamento taxonômico para a família, reconheceu três seções e três subseções: seção Decaloba subseção Polyanthea Mast. com as espécies: P. multiflora L., P. holosericea, P. sexflora, P. sodiroi Harms, P. moluccana, P. horsfieldii Blume, P. cupiformis Mast., P. eberhardtii Gagnep., P. siamica Craib. e P. ligulifolia Mast.; Subseção Cirrhiflora com as espécies: P. cirrhiflora e P. jenmanii; Subseção Deidamioides com uma única espécie: P. deidamioides; Seção Tryphostemmatoides Harms, com a espécie P. tryphostemmatoides Harms. e a seção Tetrastylis (Barb. Rodr.) Harms, com uma espécie T. montana Barb. Rodr. Killip (1938) revisou a família para o Novo Mundo, reconhecendo 355 espécies para a América do Sul, e agrupou estas espécies em quatro gêneros: Tetrastylis (duas espécies), Mitostemma Mast. (3), Dilkea Mast. (5) e Passiflora (355) e subdividiu o gênero Passiflora em 22 subgêneros: Apodogyne Killip, Astephia Killip, Tryphostemmatoides (Harms) Killip, Deidamioides (Harms) Killip, Plectostemma Mast., Chloropathanthus (Harms) Killip, Murucuja (Medic.) Mast., Pseudomurucuja (Harms) Killip, Psilanthus (DC.) Killip, Adenosepala Killip, Tacsoniopsis (Triana & Planch.) Killip, Rathea (Karst.) Killip, Tacsonia (Juss.) Triana & Planch., Granadillastrum (Triana & Planch.) Killip, Distephana (Juss.) Killip, Calopathanths (Harms) Killip, Tacsonioides (DC.) Killip, Granadilla (Medic.) Mast., Dysosmia (DC.) Killip, Dysosmioides Killip, Polyanthea (DC.) Killip e Astrophea (DC.) Mast. (Em negrito os subgêneros que foram agrupados em Deidamioides). Neste trabalho, o autor propôs uma nova delimitação para o subgênero Deidamioides, restrito a apenas uma espécie: P. deidamioides, que inclui: trepadeiras herbáceas, pecíolos com 2-4(-6) glândulas, folhas trifolioladas, pedúnculos bi-floros, terminando em uma gavinha e opérculo plicado. Feuillet & MacDougal (2003) fizeram uma revisão para o gênero Passiflora e reduziram os 22 subgêneros propostos por Killip (1938), para apenas quatro subgêneros, reconhecendo dentro destes a categoria “Superseção” ao invés do termo subseção. Esta 18 categoria, apesar de utilizada por Feuillet & MacDougal (2003), no intuito de reduzir o número de novos nomes e/ou categorias subgenéricas, não é reconhecida pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica (Mcneill et al. 2006). Os subgêneros reconhecidos pelos autores foram: Astrophea (DC.) Mast. (57 espécies), Decaloba (DC.) Richb. (214), Passiflora L. (236) e Deidamioides (Harms) Killip (13). Dentro da delimitação proposta por Feuillet & MacDougal (2003), para Passiflora, o subgênero Deidamioides é o que apresenta até o momento uma delimitação não muito clara, e um histórico taxonômico bem controverso (ver sinopse na Tabela 1). Feuillet & MacDougal (2003) reconheceram seis seções para o subgênero: Polyanthea DC. (uma espécie); Deidamioides (Harms) Feuillet & MacDougal (1); Tetrastylis (Barb. Rodr.) Harms (2, com a inclusão de P. contracta Vitta); Mayapathanthus Killip ex MacDougal & Feuillet (2), Tryphostemmatoides Harms (5) e Tetrapathea DC. (1). Segundo Ulmer & MacDougal (2004) o subgênero Deidamioides caracteriza-se por apresentar, estípulas delgadas, glândulas peciolares próximas à junção da lâmina foliar, folhas inteiras a 3-9-folioladas, com margem inteira, brácteas pequenas, pedúnculo terminando em uma gavinha, uma flor com articulação próxima ou bem abaixo da base da flor e opérculo plicado. As plantas jovens apresentam discos adesivos nas gavinhas que permitem o hábito trepador das mesmas em florestas facilitando o alcance do dossel das matas. O subgênero tem distribuição na América do Sul e América Central. A Seção Polyanthea representada por uma única espécie encontrada nas Guianas caracteriza-se por apresentar, folhas compostas 5-9-folioladas, as flores nascidas sobre uma gavinha e a corona amarelo-alaranjada, em várias séries (P. cirrhiflora). Master (1871) considerou esta seção como uma série da seção Decaloba (série Polyanthea). Killip (1938) considerou-a como um subgênero à parte com uma única seção (subgenêro Polyanthea seção Polyanthea) e apenas uma espécie. Segundo este mesmo autor, a espécie possui uma combinação de caracteres diagnósticos distinta de outras seções e subgêneros, como opérculo plicado (subgênero Passiflora), ovário truncado com estiletes projetando-se do ângulo ao topo, filamentos da corona verrucosos (subgênero Astrophea) e estigmas largos (subgênero Passiflora), o que deixaria dúvidas quanto ao seu posicionamento taxonômico. 19 A composição de espécies da seção variou bastante. De Candolle (1828) incluiu na seção Polyanthea: Passiflora septenata [sinônimo de P. cirrhiflora segundo Killip (1938)], P. geminiflora [sinônimo de P. vespertilio segundo Killip (1938)], P. moluccana, P. holosericea e P. sexflora [transferidas para o subgênero Decaloba por Master (1871)]. Master (1871) adicionou P. multiflora à seção Polyanthea. Killip (1938) considerou que P. multiflora, P. holosericea e P. sexflora têm pouco em comum com P. cirrhiflora e efetuou sua transferência para o subgênero Decaloba. Feuillet & MacDougal (2003) consideraram apenas P. cirrhiflora como pertencente a uma seção do subgênero Deidamioides com base na presença de pedúnculos bifloros, terminando em uma gavinha e opérculo plicado, e as demais como pertencentes ao subgênero Decaloba. Segundo a delimitação de Feuillet & MacDougal (2003), a Seção Deidamioides representada por uma única espécie (P. deidamioides) caracteriza-se por apresentar folhas trifolioladas, flores que são nascidas sobre uma gavinha, e uma corona branca em várias séries. Esta seção foi proposta primeiramente por Harms (1923) como uma subseção da seção Decaloba, incluindo apenas uma espécie (P. deidamioides). Killip (1938) elevou esta seção à categoria de subgênero com apenas esta espécie, com base nos caracteres propostos por Harms (acima citados). Feuillet & MacDougal (2003) consideraram como uma seção dentro de uma delimitação mais ampla para o subgênero Deidamioides. Esta seção também seria monoespecífica, incluindo apenas Passiflora deidamioides. A seção Tetrastylis representada por P. ovalis Vell. ex M.Roemer, caracteriza-se por apresentar inflorescência racemosa, flores levemente zigomorfas, com quatro estigmas. Foi originalmente descrita como o gênero Tetrastylis por Barbosa Rodrigues (1882), com uma única espécie brasileira: T. montana. Harms (1923) considerou Tetrastylis como uma seção pertencente ao gênero Passiflora. Killip (1926) restabeleceu o gênero Tetrastylis e o diferenciou de Passiflora pela presença de quatro estiletes (vs. três estiletes em Passiflora), ginóforo curvo (vs. reto), filetes unidos na base do ginóforo com extremidades livres (vs. filetes livres do ginóforo até sua extremidade) e quatro placentas (vs. três placentas). Vitta & Bernacci (2004) dividiram P. ovalis em duas espécies, com base em caracteres morfológicos: Passiflora contracta descrita por Vitta (2003) foi separada de P. ovalis com base nos caracteres florais, como tipo e tamanho da inflorescência, tamanho do pedúnculo e pubescência, tamanho das sépalas e do ginóforo. P. ovalis é encontrada do Rio de Janeiro a São Paulo e P. 20 contracta encontrada de Pernambuco ao Espírito Santo, ambas ocorrendo em áreas de mata atlântica. Cervi (2005) sinonimizou P. contracta em P. ovalis salientando que as características diferenciais como tamanho da inflorescência e de pedúnculo, pubescência do hipanto, tamanho das sépalas e do ginóforo não seriam caracteres suficientes para a separação das mesmas. Porém, tal posicionamento foi baseado apenas em análise da morfologia externa. Observações preliminares dos espécimes destes dois táxons encontrados em herbários mostram que estas espécies apresentam sobreposição em vários caracteres morfológicos, causando dificuldades na delimitação específica através da taxonomia tradicional. Sendo assim, estas duas espécies estão aqui sendo consideradas como complexo Passiflora ovalis, e estudos biossistemáticos e micromorfológicos serão utilizados no intuito de delimitar taxonomicamente as mesmas, assim como a utilização de caracteres macromorfológicos. . Alguns trabalhos filogenéticos com base em dados moleculares, recentemente publicados, reforçam a inclusão de Tetrastylis dentro do gênero Passiflora (Muschner et al. 2003; Hansen et al. 2006, Zamberlan 2007), porém o seu posicionamento dentro do gênero ainda não está claramente definido. Segundo Muschner et al. (2003), P. ovalis pertence ao clado que inclui o subgênero Passiflora (com dados de ITS – 97% valor de bootstrap). Na análise com dados de trnL-F, P. ovalis também está incluso no clado do subgênero Passiflora (75% valor de bootstrap). No estudo de Hansen et al. (2006) P. ovalis aparece como grupo basal em relação ao subgênero Decaloba com forte sustentação (85% bootstrap), formando o subgênero Deidamioides, juntamente com as espécies P. deidamioides e P. cirrhiflora. Zamberlan (2007) apresenta o subgênero Deidamioides como polifilético, sendo necessária a exclusão de P. ovalis do grupo para que este se torne monofilético. A Seção Mayapathanthus apresenta espécies trepadeiras lenhosas sob o dossel, seus brotos assemelham-se com as espécies da seção Tryphostemmatoides e também apresentam gavinhas com discos adesivos, além das glândulas que às vezes podem ser encontradas sobre a base das sépalas. Esta seção inclui as espécies Passiflora obovata Killip e P. macdougaliana Knapp & Mallet. Esta seção foi proposta por Killip (1938) como pertencente ao subgênero Plectostemma Mast., com apenas uma espécie: P. obovata, descrita por Killip (1936). Feuillet & MacDougal (2003), na redelimitação dos gêneros de Passiflora, consideraram esta seção como válida, mas como pertencente ao 21 subgênero Deidamioides e não ao subgênero Plectostemma, devido à presença de discos adesivos nas gavinhas e de um opérculo plicado. A seção Tryphostemmatoides foi publicada por Harms (1925) com base no hipanto cupuliforme, flores pequenas, nascidas sobre uma gavinha, e folhas pequenas transversalmente elípticas. Killip (1938) elevou esta seção à categoria de subgênero, considerando os caracteres: pecíolo sem glândulas; pedúnculos bifloros terminando em uma gavinha; cálice (hipanto) campanulado e opérculo não plicado. Estes por si só, seriam caracteres suficientes para justificar a separação até em um novo gênero. Feuillet & MacDougal (2003) redelimitaram este grupo, considerando-o como uma seção do sugênero Deidamioides, com base nos mesmos caracteres propostos por Killip (1938). A Seção Tryphostemmatoides é a maior seção em número de espécies do subgênero (cinco espécies). Estas espécies são caracterizadas por um crescimento delicado e folhas pequenas. Apresenta flores pequenas, que nascem aos pares sobre as gavinhas (caráter não encontrado em P. discophora Jørgensen & Lawesson). Entretanto, as gavinhas são 3-5-partidas, às vezes desenvolvem pequenos discos sobre as gavinhas que auxiliam no hábito trepador (Ulmer & MacDougal 2004). Tetrapathea foi proposta por De Candolle (1828), como uma seção do gênero Passiflora, com distribuição restrita à Nova Zelândia. Harms (1894) elevou a seção à categoria de gênero, considerando apenas uma espécie: T. australis Raoul, espécie atualmente sinonimizada para P. tetranda (Green 1972). Allan (1961) manteve Tetrapathea como um gênero monoespecífico, ressaltando que os caracteres de dióicia e flores tetrâmeras seriam suficientes para considerar esta delimitação a nível genérico. Hutchinson (1967) considerou Tetrapathea como subgênero de Passiflora com base nos mesmos caracteres propostos por Allan (1961), acima citados. Green (1972) fez a seguinte consideração em relação ao posicionamento de Tetrapathea: “Apesar de ser mantida como um gênero monotípico, por Allan (1961), uma separação genérica parece ser escassamente justificada para esta espécie. Esta diferenciação tem sido baseada nos caracteres: planta dióica e flores tetrâmeras, nenhum dos quais é único: flores tetrâmeras são encontradas em Passiflora octandra Gagnep, da Indo-China, enquanto na Flora da Nova Zelândia, as flores são notadas por serem dióicas. Há muito tempo atrás Thomson (1881) calculou que 46% das espécies nativas da Nova Zelândia nasceram com flores unissexuais e Heine (1937) remarca que “muitas espécies e gêneros os quais são hermafroditas em outras partes do mundo são 22 unissexuais na Nova Zelândia”; bons exemplos são encontrados em Clematis L., Melicope J.R.Forst. & G.Forst., Rubus L., Leptospermum J.R.Forst. & G.Forst. e Pimelia Link. A única espécie pertencente a esta seção, P. tetrandra, apresenta flores masculinas com um ovário abortado, e os estames femininos estéreis, pode apresentar flores completamente similares às flores hermafroditas dos trópicos em Passiflora”. Feuillet & MacDougal (2003) analisando todas as espécies de Passiflora, consideraram Tetrapathea como subgênero Deidamioides seção Tetrapathea. Ulmer & MacDougal (2004) apresentaram um checklist da classificação proposta por Feuillet & MacDougal (2003), onde são consideradas apenas cinco seções para o subgênero e, a seção Tetrapathea é novamente considerada como um gênero monoespecífico. A seção Tetrapathea caracteriza-se por incluir lianas ca. 20 m alt., completamente glabras, lâmina foliar inteira, nunca lobada, glândulas ausentes ou um par na base da lâmina foliar, flores unissexuais, com estames remanescentes do ovário, hipanto estreito, sépalas e pétalas 4, livres, ca. 5-7 mm, corona de filamentos consistindo de 2 ou 3 series de filamentos, androginóforo 0,5 mm, estames 4, livres, anteras basifixas ou subdorsifixas, mais ou menos versáteis, ginóforo 0,5-2,5 mm, estiletes 4, livres ou parcialmente conadas; estigmas subgloboso, papiloso, discos nectaríferos ausentes. O subgênero caracteriza-se por apresentar lianas a trepadeiras herbáceas, com gavinhas inteiras ou divididas no ápice, com um disco apical em algumas espécies, folhas inteiras ou 3-9-lobadas, com margem inteira, lâminas nunca variegadas, estípulas delgadas, glândulas peciolares próximas à junção da lâmina foliar, brácteas pequenas, flores pediceladas, opérculo plicado, os frutos são esverdeados, amarelos ou alaranjados e as sementes reticuladas. Todas as flores são nascidas sobre uma gavinha, ou um pedúnculo modificado em gavinha, um fenômeno que parece ser muito raro em Passiflora (Ulmer & MacDougal 2004). Os objetivos deste estudo são: 1) realizar um estudo filogenético utilizandose dados moleculares, visando esclarecer os relacionamentos dentro do grupo, e do grupo com os demais subgêneros de Passiflora; 2) realizar estudos biossistemáticos no complexo Passiflora ovalis, um grupo de difícil delimitação com base nos métodos da taxonomia clássica, utilizando ferramentas como: morfometria geométrica, morfometria tradicional e marcadores moleculares de ISSR; 3) realizar um estudo morfológico palinológico das espécies de Passiflora subgênero Deidamioides, visando auxiliar ou não os resultados obtidos com os estudos taxonômicos e filogenéticos; 4) realizar uma revisão taxonômica de 23 Passiflora subgênero Deidamioides, revendo as delimitações das seções e a inclusão das espécies nas mesmas, com base no posicionamento taxonômico das espécies e nos caracteres morfológicos. Esta tese está sendo apresentada em formato tradicional. Encontra-se dividida em cinco capítulos, sendo que todos eles apresentam uma nota introdutória sobre o tema abordado, bem como uma descrição da metodologia utilizada, resultados e discussões. As conclusões gerais são apresentadas ao final da tese, assim como toda a referência bibliográfica utilizada. Os capítulos apresentados nesta tese não estão sendo considerados como publicações válidas, e serão posteriormente formatados e encaminhados para revistas especializadas para efetiva publicação, bem como a descrição das novas espécies, segundo as normas do Código Internacional de Nomenclatura Botânica (Mcneill et al. 2006). 24 Tabela 01 – Sinopse das classificações anteriores para as espécies de Passiflora subgênero Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal (2003). Espécies De Candolle (1828) Harms (1925) Killip (1938) Feuillet & MacDougal (2003) Subgênero Deidamioides seção Tryphostemmatoides 1 Passiflora arbelaezii L. Uribe 2 P. cirrhiflora A.Juss. Seção Polyanthea Seção Decaloba Subseção Cirrhiflora Subseção Deidamioides 3 P. deidamioides Harms Subgênero Polyanthea Seção Polyanthea Subgênero Deidamioides seção Polyanthea Subgênero Deidamioides Subgênero Deidamioides seção Deidamioides Subgênero Deidamioides seção 4 P. discophora P. Jørg. & Lawesson Tryphostemmatoides Subgênero Tryphostemmatoides 5 P. gracillima Killip Subgênero Deidamioides seção Mayapathanthus 6 P. macdougaliana S. Knapp & Mallet 7 P. obovata Killip Passiflora seção Tetrastylis 8 P. ovalis Vell. ex M.Roemer Subgênero Plectostemma seção Subgênero Deidamioides seção Mayapathanthus Mayapathanthus Gênero Tetrastylis Subgênero Deidamioides seção Tetrastylis Subgênero Deidamioides seção Tryphostemmatoides 9 P. pacifica L.A. Escobar Passiflora seção 10 P. tetrandra Banks & Sol. ex DC. 11 P. tryphostemmatoides Harms Tetrapathea Gênero Tetrapathea Gênero Tetrapathea Seção Tryphostemmatoides Subgênero Tryphostemmatoides Subgênero Deidamioides seção Tetrapathea Subgênero Deidamioides seção Tryphostemmatoides * Em cinza, os autores não apresentaram tratamentos para esta espécie ou a publicação da espécie é posterior à obra. 25 Capítulo I Estudos filogenéticos moleculares em Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) 26 Estudos filogenéticos moleculares em Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) O uso de marcadores moleculares, entre eles o espaçador interno transcrito do DNA ribossomal nuclear (ITS) (Baldwin et al. 1995; Muschner et al. 2003; Krosnick et al. 2006; Zamberlan 2007) e dos marcadores plastidiais trnL-F (Reeves & Olmstead 1998; Fay et al. 2000; Richardson et al. 2000; Seahan & Chase 2000; Krosnick & Freudenstein 2005; Krosnick et al. 2006) tem sido aplicado com sucesso nas inferências filogenéticas inter e intragenéricas e interespecíficas em vários grupos de fanerógamas. Durante muito tempo, a delimitação de Passifloraceae foi sustentada morfologicamente pela presença da corona de filamentos e de um androginóforo (Killip, 1938; Wilde 1971; Judd et al. 1999; Ulmer & MacDougal 2004). Porém, na delimitação proposta pelo APG II (2003), com base em dados moleculares, Passifloraceae aparece como monofilética com a inclusão de Malesherbiaceae e Turneraceae. Nesta delimitação sensu lato a família possui ca. 800 espécies e 28 gêneros, apresentando como grupos irmãos as famílias Euphorbiaceae, Malpighiaceae e Flacourtiaceae. Este clado é sustentado pela presença de glicosídeo cianogênico, folhas denteadas, glândulas foliares, cálice e corola formando um tubo, corona extra-estaminal, presença de hipanto e exotegma paliçado (Stevens 2001). Até o momento nenhum estudo filogenético para Passifloraceae abordando todos os gêneros da família foi realizado, visando esclarecer os relacionamentos em níveis genéricos, porém, alguns estudos já foram realizados enfocando principalmente o gênero Passiflora (Sanchez et al. 1999; Muschner et al. 2003; Yockteng & Nadot 2004a, 2004b; Krosnick & Freudenstein 2005; Krosnick et al. 2006; Hansen et al. 2006 e Zamberlan 2007). Passiflora L. é o maior gênero de Passifloraceae, com ca. 450 espécies de distribuição predominantemente Neotropical, e com algumas espécies restritas ao Velho Mundo, nas regiões tropicais e subtropicais da Ásia, Austrália e Nova Zelândia. As espécies deste gênero apresentam morfologia diversa em estrutura floral e foliar. Sánchez et al. (1999) publicaram o primeiro estudo filogenético em Passiflora, utilizando DNA de cloroplasto (cpDNA). Neste trabalho, os autores utilizaram 35 espécimes de 12 espécies cultivadas do gênero, sendo obtidos cinco fragmentos clonados de cpDNA (Mb1, Mb2, Mb3, Mb8 e Mb10), que foram utilizados como marcadores 27 filogenéticos. Os resultados levaram os autores a reconhecer três subgêneros: Decaloba, Tacsonia e Passiflora, confirmando, segundo a taxonomia vigente no período, três seções de Passiflora: Incarnatae, Tiliaefoliae e Lobatae (Killip 1938). O subgênero Tacsonia e as seções foram incluídas no subgênero Passiflora sensu Feuillet & MacDougal (2003). Nenhuma espécie do subgênero Deidamioides foi utilizada neste estudo. Muschner et al. (2003) publicaram um estudo filogenético de Passiflora, utilizando o espaçador interno transcrito do DNA ribossomal nuclear (ITS) e os marcadores plastidiais trnL-F e rps4. Como resultado os autores apresentaram três clados maiores com alto valor de bootstrap (BS), correspondendo aos subgêneros Passiflora (97%), Decaloba (99%) e Astrophea (97%). O subgênero Deidamioides foi representado pelas espécies Passiflora lancetillensis MacDougal & Meerman e Tetrastylis ovalis Vell. (=Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer), porém P. lancetillensis, pertence ao subgênero Decaloba seção Plectostemma (Ulmer & MacDougal 2004), e foi classificada erroneamente como pertencente ao subgênero Deidamioides. A única espécie de Deidamioides utilizada nesta análise foi T. ovalis, esta aparece relacionada ao clado que reúne as espécies do subgênero Passiflora, com 100% (BS), na análise de máxima verossimilhança com os dados combinados de ITS e trnL-F. Na topologia obtida com os dados de rps4, esta espécie aparece como grupo irmão dos outros subgêneros de Passiflora, porém, apresentando baixo valor de sustentação (>50% BS). O monofiletismo do subgênero Deidamioides ficou indefinido, segundo os resultados apresentados. Yockteng & Nadot (2004a) realizaram uma análise filogenética com as espécies de Passiflora utilizando as regiões cytGS e matK (cloroplasto), além de ncpGS (nuclear), que exibem, segundo os autores, um grande potencial para investigar a história evolutiva de espécies próximas. Os resultados mostraram que as regiões são filogeneticamente informativas para o gênero, porém, os autores só utilizaram espécies do subgênero Decaloba, não realizando nenhuma inferência sobre a classificação deste grupo. Yockteng & Nadot (2004b) publicaram um trabalho filogenético para Passiflora usando o gene nuclear (ncpGS), incluindo 17 subgêneros dos 23 reconhecidos por Killip (1938), totalizando 91 espécies. Como resultado, os autores reconheceram três clados: Clado 1: incluiu basicamente o subgênero Astrophea com 88% (BS), tendo como espécie relacionada P. tryphostemmatoides Harms, a qual segundo a classificação proposta por Feuillet & MacDougal (2003) pertenceria ao subgênero Deidamioides seção Tryphostemmatoides. O clado 2 apresenta um alto valor de sustentação (87% BS), e incluiu espécies dos subgêneros Deidamioides, Decaloba, Plectostemma, Tetrapathea e Astrophea 28 (Killip 1938). Neste clado, a maioria das espécies pertence ao subgênero Decaloba seção Plectostemma, segundo a delimitação proposta por Feuillet & MacDougal (2003). O clado 3 fortemente sustentado, com 100% (BS), incluiu as espécies dos subgêneros Calopathanthus, Granadilla, Distephana, Manicata, Psilanthus, Tacsonia e Tacsonioides (Killip 1938) e apresenta como grupo irmão o subgênero Dysosmia. Este clado corresponde a Passiflora subgênero Passiflora segundo Feuillet & MacDougal (2003). Nesta análise, os autores incluíram a espécie P. cirrhiflora A.Juss. (Deidamioides seção Polyanthea DC. sensu Feuillet & MacDougal 2003), que aparece isolada como o grupo mais basal dentro do gênero, tendo como grupo mais próximo o subgênero Astrophea. P. lancetillensis (tratada no artigo como pertencente ao subgênero Deidamioides, mas, que como já foi dito anteriormente, pertence ao subgênero Decaloba seção Plectostemma), aparece agrupada com as espécies do subgênero Plectostemma, com 87% (BS). Assim, a única espécie do subgênero Deidamioides não aparece correlacionada, sendo o subgênero classificado como parafilético pelos autores. Krosnick & Freudenstein (2005) realizaram um estudo filogenético com dados moleculares com o espaçado nuclear ITS, e o espaçador plastidial trnL-F, para algumas espécies de Passiflora do Velho Mundo e inferiram dados de caracteres florais. Foram utilizadas espécies de Decaloba superseção Disemma (21 espécies), e espécies dos outros subgêneros propostos por Feuillet & MacDougal (2003) como grupo externo: Astrophea (duas espécies) e Deidamioides (P. arbelaezii L.Uribe). A análise combinada entre as duas regiões utilizadas apresentou como resultado o monofiletismo dos subgêneros Passiflora (97% valor de Jackknife), Astrophea (100%) e Decaloba (78%). A única espécie tratada do subgênero Deidamioides apareceu como grupo irmão de Astrophea com um valor de sustentação de 74% (Jackknife). Krosnick et al. (2006) fizeram uma análise filogenética com o subgênero Decaloba superseção Disemma, utilizando os espaçadores ITS e trnL-F, na tentativa de elucidar a diferença na morfologia floral, considerada anômala, em algumas espécies do subgênero Decaloba. Os autores inferiram dados morfológicos, e compararam com as espécies da superseção Multiflora, baseando-se no padrão geral do gênero. Neste estudo foram utilizadas espécies dos subgêneros Decaloba (26) e P. arbelaezii (subgênero Deidamioides), não sendo possível fazer qualquer inferência sobre a classificação infragenérica. Hansen et al. (2006) utilizaram as regiões rpoC1 e trnL-T, para verificar o relacionamento filogenético de Passiflora com inferência dos dados de número 29 cromossômico. Neste estudo foram tratadas 61 espécies pertencentes a 16 subgêneros propostos por Killip (1938), e quatro outros gêneros considerados como grupo externo (incluindo Tetrastylis ovalis = Passiflora ovalis). Como resultados os autores apresentam três grupos: grupo n=6, grupo n=9 e grupo n=12. O grupo n=6 (100% BS) equivale ao subgênero Decaloba proposto por Feuillet & MacDougal (2003). O grupo n=9 também se apresentou como um grupo monofilético (99-100% BS) e corresponde ao subgênero Passiflora proposto por Feuillet & MacDougal (2003). O grupo n=12 apresentou espécies dos subgêneros Deidamioides e Astrophea, sendo o subgênero Deidamioides representado por três espécies: P. deidamioides, P. cirrhiflora e T. ovalis.Os resultados obtidos com os marcadores moleculares sustentaram o monofiletismo dos subgêneros estudados. Zamberlan (2007) realizou um estudo filogenético para Passiflora, utilizando três regiões: os genes plastidiais rpoC1, nad1 e espaçador nuclear ITS, com 121 espécies do gênero. Neste estudo foi confirmado o monofiletismo dos subgêneros Passiflora (100% BS, 0.99 probabilidade posterior da bayesiana (pp), Astrophea (100% BS, 1.00 pp) e Decaloba (100% BS, 1.00 pp). O subgênero Deidamioides na análise de ITS (representado pelas espécies: P. arbelaezii, P. cirrhiflora, P. deidamioides, P. discophora e T. ovalis) apareceu como monofilético (0.99 pp) com a exclusão de T. ovalis. Na análise com rpoC1 utilizando as espécies P. cirrhiflora, P. deidamioides e T. ovalis, o subgênero aparece como monofilético com a exclusão de T. ovalis, mas com baixo valor de suporte (0.59 pp). Com dados de nad1 com as espécies P. cirrhiflora, P. deidamioides e T. ovalis, o subgênero também foi considerado como monofilético com 73% (BS). A autora considerou o subgênero polifilético e sugeriu a possível existência de um quinto subgênero: Tryphostemmatoides representado pelas espécies P. arbelaezii e P. discophora. Porém, ressaltou a necessidade de um estudo com um número maior de espécies para elucidar esta questão, e não reconheceu as superseções e seções propostas por Feuillet & MacDougal (2003) como monofiléticas. Com base nestes estudos realizados basicamente com o gênero Passiflora, que apresentam uma baixa amostragem do subgênero Deidamioides, e devido a toda a problemática correlacionada à delimitação do subgênero (apresentada na introdução e no capítulo cinco desta tese), fica clara a necessidade de um estudo filogenético incluindo mais espécies deste subgênero, devidamente identificadas, visando elucidar seu posicionamento em relação aos demais subgêneros de Passiflora, e seus relacionamentos interespecíficos. Sendo assim, esse capítulo teve como objetivo realizar um estudo filogenético do subgênero Deidamioides, para comprovar ou não o seu monofiletismo, bem 30 como verificar a delimitação das possíveis seções e enquadramento das espécies dentro das mesmas, utilizando-se dados de ITS e trnL-F e comparar este resultados com os dados morfológicos. Material e métodos Amostragem Foram analisadas 66 espécies, das quais 63 formaram o grupo interno pertencentes aos subgêneros de Passiflora: sendo do subgênero Deidamioides (11 espécies), Astrophea (3), Decaloba (31), Passiflora (18), e três corresponderam ao grupo externo, incluindo as espécies Mitostemma glaziovii Mast. (Passifloraceae), Malesherbia lanceolata Ricardi e M. weberbaueri Gilg. (Malesherbiaceae, considerada pelo APG II (2003), como pertencente a Passifloraceae), para a região de ITS. Para a análise do espaçador plastidial trnL-F foram analisadas 21 espécies: subgênero Deidamioides (6), Decaloba (6), Passiflora (8) e M. glaziovii como grupo externo (Tabela 02). O DNA foi extraído de material fresco coletado diretamente do campo e preservado em sílica-gel ou de material de herbário (com a devida autorização dos herbários de origem), quando não foi possível coletá-los em campo. Não foi possível obter amostragem completa de todas as espécies do subgênero Deidamioides para as duas regiões analisadas devido à dificuldade em amplificar e seqüenciar algumas amostras. Foram obtidos acessos genômicos para os subgêneros Passiflora, Decaloba e Astrophea através do GenBank (www.ncbi.nlm.nih.gov – Tabela 02). As espécies do grupo externo foram utilizadas com o objetivo de forçar um enraizamento das árvores obtidas, e foram escolhidas por já terem sido referenciadas em trabalhos anteriores como espécies próximas ao grupo em questão (Muschner et al. 2003; Krosnick & Freudenstein 2005; Hansen et al. 2006). Seleção de regiões informativas Para o desenvolvimento deste trabalho foram testadas várias regiões moleculares a fim de encontrar aquelas que apresentassem uma maior variação entre as espécies utilizadas, com o intuito de responder à questão principal. As regiões testadas foram: espaçador nuclear: ITS, espaçadores de plastídio: trnS-trnG, psbA-trnH, rpoB-trnC, trnDT, trnL-F. Dentre estas, as regiões de ITS e trnL-F, se mostraram mais informativas, e foram selecionadas para o presente trabalho. 31 Tabela 02 - Lista de espécies de Passiflora e grupo externo usado neste estudo (classificação proposta por Feuillet & MacDougal (2003)), número de acessos, regiões sequenciadas e origem dos dados, utilizados na análise de ITS e trnL-F Gênero/ Espécie Coletor + No. Região Origem Mitostemma glaziovii T.S.Nunes 1813 ITS Espírito Santo: trnL-F Linhares ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK trnL-F GENBANK ITS Bahia: Porto Subgênero Mitostemma Malesherbia Astrophea Decaloba Malesherbia lanceolata AY636103 M. werberberi AY632697 Passiflora candida DQ521279 P. citrifolia AY632707 P. haematostigma AY032835 P. adenopoda AY632702 P. aurantia DQ521280 P. auriculata DQ284532 P. biflora AY632705 P. cinnabarina AY632706 P. coriacea AF454807 P. cupiformis AY632708 P. filipes AY632709 P. guatemalensis DQ087419 P. henryii AY632710 P. herbertiana AY632711 P. holosericea DQ087417 P. jugorum AY632712 P. lobata AF454808 P. lutea DQ006022 P. membranacea AY632701 P. mexicana AY632713 P. misera T.S.Nunes 1373 P. moluccana DQ284536 P. monadelpha DQ087418 P. morifolia AY032842 P. multiflora AY632715 P. murucuja AY648559 P. perakensis DQ087422 P. pohlii T.S.Nunes 1724 Seguro ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK trnL-F E. Santo: Santa Tereza 32 Passiflora P. rubra AY632716 P. siamica AY632717 P. suberosa AY632718 P. suberosa T.S.Nunes 1825 P. talamancensis AF454809 P. tenuiloba AY632719 P. tonkinensis DQ087424 P. wilsonii DQ087425 P. alata AF454800 P. alata T.S.Nunes 1797 P. ambigua AF454801 P. ampullacea AY632720 P. caerulea AY032824 P. cincinnata AY102383 P. cincinnata T.S.Nunes 1861 P. clathrata J.F.Pastore 2331 P. edmundoi AY102351 P. edmundoi V.Barreto 238 P. edulis AF454803 P. foetida DQ499117 P. galbana AY032843 P. galbana A.P.L.Couto 39 P. luetzelburgii D.Cardoso 866 P. menispermifolia AF454795 P. miersii T.S.Nunes 1813A P. montana Glaziou 12741 P. mucronata AY210932 P. oerstedii AF454797 P. quadrangularis AY032827 P. recurva AY102349 P. serrato-digitata AY210935 P. setacea R.M.Harley 54513 P. tetrandra DQ499118 P. vitifolia AF454796 ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK trnL-F E. Santo: Vargem Alta ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK trnL-F Bahia: Igrapiúna ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK trnL-F Minas Gerais: Itaobim trnL-F Goiás: Goiânia ITS GENBANK trnL-F Bahia: Campo Formoso ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK trnL-F Bahia: Feira de Santana trnL-F Bahia: Casa Nova ITS GENBANK ITS Espírito Santo: Linhares trnL-F GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK ITS GENBANK trnL-F Bahia: Nova Redenção ITS GENBANK ITS GENBANK 33 Deidamioides P. arbelaezii DQ521278.1 P. cirrhiflora P. contracta L.A.Escobar 9870 T.S.Nunes 1789 ITS GENBANK ITS Guiana Francesa: Cayenne ITS Bahia: Ilhéus trnL-F P. deidamioides P. discophora Marquete 3060 L.B.J 240 ITS Minas Gerais: trnL-F Lima Duarte ITS Equador trnL-F ITS P. gracillima P. macdougaliana L.A.Escobar 6845 S.Knapp 5278 Colômbia: Guatupé ITS Panamá:Colón trnL-F P. ovalis P. ovalis P. timboënsis P. tryphostemmatoides AY210955 T.S.Nunes 1837 A.M.Amorim 7027 Asplund 19605 ITS GENBANK trnL-F Rio da Janeiro: Parati ITS Bahia: Amargosa ITS Equador: NapoPastaza 34 Tabela 03 – Caracteres morfológicos para as seções de Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal (2003). Caráter Polyanthea Desenvolvimento do xilema secundário Lenhoso ou herbáceo Inflorescência Biflora Número de flores por inflorescência 2 Divisão foliar 5-7-9-lobadas Indumento do caule Crescimento Tetrastylis Mayapathanthus Herbáceo ou lenhoso Lenhoso Herbáceo ou Lenhoso Herbáceo Lenhoso Biflora Racemosa Uni ou biflora Biflora Racemosa 2 Várias 1-2 2 (2-)3-4 flores 3-lobadas Inteiras Inteiras Inteiras Inteiras Viloso Glabro Glabro ou viloso Glabro Glabro Glabro Escandente Escandente Ereto Ereto Escandente Ereto No. de glândula no pecíolo 2 (2-)4-6 2 2 6-8 Ausentes Divisão da gavinha Ausente Ausente Ausente Ausente Presente Ausente Presença de discos adesivos na gavinha Ausente Ausente Presente Ausente/Presente Presente Ausente Formato da bráctea Linear-subulada Linear-lanceolada Linear-lanceolada a triangular Linear-deltóide a triangular Linear-deltóide Bractéola subulada-filiforme Presença de glândula na bráctea Presente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Cor da corola Amarela Branca Branca-esverdeada ou amarronzada Branca Verde a verde-amarelada Amarelo-esverdeada Glândulas nas Sépalas Ausentes Ausentes Presente Presente Ausentes Ausentes Glândulas nas Pétalas Ausentes Ausentes Ausentes Ausentes Ausentes Presentes Campanulado Curto-campanulado Curto-campanulado Curto-campanulado Ausente Curto-campanulado a Deidamioides Tryphostemmatoides Tetrapathea Hipanto infundibuliforme Cor dos filamentos da corona Amarelo-alaranjada Branca Branca Branca Branca Branca Filamentos da corona 3 3-5 2 4-10 2 Várias séries Formato do opérculo Plicado Plicado Inteiro ou plicado Plicado Não plicado Ausente Número de Estiletes 3 3 4 3 3 2-3 Estames 5 5 5 5 5 4 Baga elíptica Baga elíptica a globosa Baga globosa Baga 6-angulada Baga subglobosa Amarelos a laranja com manchas alvas Verdes Alaranjado Alaranjado Baga oboval-globosa a Fruto elíptica Cor do fruto maduro Amarelo Amarelo a laranja Ovais a obovais, 5-6 Elípticas a ovais, oblongas, sulcadas Reticuladas 12 12 Fornato das sementes Número cromossômico Reticuladas ou foveoladas Onduladas a reticuladas 12 --- Reticuladas ---- Achatadas 12 35 Extração de DNA A extração do DNA foi feita seguindo o protocolo de Doyle & Doyle (1987), com adaptações feitas de acordo com os resultados preliminares obtidos. O DNA total foi extraído de ca. 20mg de folha desidratada em sílica-gel, com protocolo de CTAB (cetyltrimetil ammonium bromide), triturado com auxílio de areia lavada ou nitrogênio líquido. Esta solução foi colocada em banho-maria por 20 minutos com a temperatura entre 60-70ºC, após esse período, foi acrescentado 800µl de clorofórmio e homogeneizado em agitador por 240 minutos. Com a ajuda da pipeta foi retirado o sobrenadante, transportado para outro tubo e adicionado isopropanol (2-propanol), deixado no freezer por 24 horas. Em seguida foi centrifugado e sobrenadante foi descartado, o pellet formado foi lavado com etanol a 70% por 2 ou 3 vezes até que o DNA ficasse claro a olho nu. Acrescentado o tampão TE (Tris-HCl 10 mM, pH8,0; EDTA 1 mM), o DNA ficou ressuspendendo por até uma semana, em temperatura ambiente. Amplificação, seqüenciamento e alinhamento A amplificação do DNA total foi realizada através do protocolo específico para cada primer, através da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). ITS: incluindo ITS-1, 5.8S e ITS 2, foram utilizados os primers 75 (5’ TAT GCT TAA ACT CAG CGG G 3’) e 92 (5’ AAG GTT TCC GTA GGT GAA C 3’) (Desfeaux et al. 1996), foi amplificado com um volume final de 50µl, contendo 5µl de tampão (500 mM KCL, 100 mM, Tris-HCl pH8,4, 1% Triton X-100 – Phoneutria Biotec. Ser. Ltda.) (10x); 2,0µl de MgCl, 1,0µl de dNTPs, 0,5µl de cada primer, 1,0µl de BSA (albumina bovina sérica), 0,25µl de Taq DNA polimerase (Phoneutria Biotec. Ser. Ltda) e 1,5µl de DNA genômico, 10µl de Betaína e 1,5µl de DMSO (dimethyl sulfoxide), sendo adicionado H20 (água ultra-pura) para completar o volume final. O programa de amplificação utilizado foi: pré-aquecimento de 94ºC por 3min, denaturação de 94ºC por 45 seg, 40 ciclos de 52ºC por 1,5 min (anelamento) e 72ºC por 1,30 min (extensão) e extensão final de 72ºC por 10min. trnL-F: foi amplificado com o auxílio dos primers C (5’CGA AAT CGG TAG ACG CTA CG 3”) e F (5’ GGG GAT AGA GGG ACT TGA AC 3’) (Taberlet et al. 1991), com um volume final de 50µl, contendo 5,0µl de tampão 10x; 3,0µl de MgCl, 1,0µl de dNTPs, 0,5µl de cada primer, 0,5µl de BSA, 0,25µl de Taq DNA polimerase e 2µl de DNA genômico, sendo o mix completado com H20 para completar o volume 36 final. O PCR foi realizado seguindo o seguinte protocolo: pré-aquecimento de 94ºC por 3min, denaturação de 94ºC por 1min, 35 ciclos de 55ºC por 1min (anelamento) e 72ºC por 1 min (extensão) e extensão final de 72ºC por 7min. O produto do PCR foi amplificado com o auxílio do termociclador Perkin Elmer geneAmp 9700, disponível no Laboratório de Sistemática Molecular da Universidade Estadual de Feira de Santana. A purificação foi feita com reação enzimática, com as enzimas Exonuclease I (EXO) e Shrimp Alkaline Phosphatase (SAP) da USB (Cleveland, Ohio, USA). Foi testado ainda, o método de purificação com PEG (Purificação por precipitação com polietileno glicol), porém, os resultados não foram significativos em relação ao uso de enzimas. Após a purificação, o material foi devidamente quantificado em gel de agarose a 1%, seu peso molecular foi inferido com a utilização de um marcador conhecido (Low DNA Mass Ladder – Invitrogen Coporation) e enviado para sequenciamento. Esta etapa foi executada através de serviços terceirizado no Laboratório Macrogen Inc., Seul na Coréia do Sul. Os eletroferogramas obtidos foram analisados e editados através do Software STADEN PACKAGE (Staden et al. 2003). O alinhamento foi feito inicialmente através do programa Clustal W (Thompson et al. 2001), através de um alinhamento usando uma comparação par a par entre as amostras. Posteriormente, com o auxílio do Muscle 3.7 (Edgar 2004) foi feito um novo alinhamento sobre os resultados obtidos com o Clustal W. Este método também compara as seqüências par a par, mas de uma maneira muito mais rápida, porque é baseado na contagem de pequenas subseqüências que as amostras têm em comum, sendo o alinhamento feito a partir destas subsequências. Com o resultado obtido, uma correção manual foi necessária e realizada através do BIOEDIT (Hall 1999). Os indels foram considerados como dados faltantes. Foram descartados o início e o final de cada matriz a fim de excluir seqüências próximas da região dos iniciadores. Cada análise foi realizada individualmente por espaçador, e devido a diversos problemas técnicos na aquisição das sequências, não foi possível sequênciar para todas as espécies amostradas com ITS para trnL-F. Sendo assim, uma análise combinada dos dados não foi realizada, devido ao baixo número amostral. As seqüências obtidas serão depositadas no GenBank. 37 Análise filogenética A partir das seqüências obtidas foram realizadas diversas análises, visando obter a melhor topologia representativa do subgênero em estudo, utilizando-se os programas PAUP 4.0b10 (Swofford 2008), MrBayes 3.1.1 (Ronquist & Huelsenbeck 2003) e MrModeltest (Posada & Crandall 1998). Análise de máxima parcimônia: nesta análise foi utilizado o método da Máxima Parcimônia de Fitch (caracteres igualmente pesados e não ordenados – Fitch 1971). Foi realizada uma busca heurística com 1.000 replicações, e adição aleatória dos táxons, no intuito de evitar buscas extensivas em ilhas sub-ótimas, foram retidas 100 árvores por replicação, através do algoritmo de TBR (Tree Branch Random), para que todas as possíveis topologias fossem analisadas. Foi estabelecido um limite inicial de 10.000 árvores. Teste de confiança: para avaliar a significância das árvores e testar seu monofiletismo, além de apresentar os valores de sustentação dos grupos, foi utilizado o método do bootstrap (BS) (Efron & Tibshirani 1993), que consiste em uma simples reamostragem com reposição pseudoaleatória dos dados. Foram utilizadas 1.000 replicações, adição simples, algoritmo TBR, com um número limite máximo de árvores retidas de 20 por replicação. Modelos Evolutivos: Nesta análise, foi utilizado o modelo GTR+gamma, escolhido para substituição nucleotídica, (modelo este já utilizado em outro trabalho com Passiflora: Hansen et al. 2006) para as duas regiões consideradas, solucionado através do software MrModeltest 3.7. Análise Bayesiana (AB): para esta análise foi utilizado o software MrBayes 3.1, visando avaliar estatisticamente o monofiletismo do grupo. As Cadeias de Marcov de Monte Carlo (MCMC) foram rodadas em 1.500.000 gerações, com freqüência da amostra retida a intervalos de 100 gerações, foram descartadas 5% das árvores iniciais encontradas (7.500 árvores). As topologias restantes foram utilizadas para se obter a árvore com probabilidade posterior dos clados através do consenso de maioria, utilizando-se para isso, o software PAUP. Os níveis de homoplasia foram estimados pelos cálculos dos índices de consistência, índice de homoplasia e índice de retenção no PAUP. Com as topologias obtidas na análise de máxima parcimônia, foi construída uma árvore de consenso estrito, visando apresentar uma melhor topologia para as espécies amostradas. As árvores obtidas foram analisadas com o auxílio do software 38 TreeView1.6.1 (Page 2000), e editadas com o auxilio do TreeGraph (Müller & Müller 2005). Resultados Análise com o espaçador nuclear ITS Com os resultados obtidos através do seqüenciamento da região de ITS, foi elaborada uma matriz com o comprimento final após alinhamento de 866 pares de bases (pb), sendo que: P. murucuja L. (737pb) apresentou o maior comprimento absoluto e P. quadrangularis L. (259 pb) apresentou o menor comprimento absoluto. Do total obtido, 145 caracteres foram constantes, 124 foram não informativos para parcimônia e 597 foram informativos para parcimônia. Na análise de máxima parcimônia (MP) foram obtidas 9 árvores mais parcimoniosas, com 2.684 passos, índice de consistência (CI) de 0.4966, índice de consistência com caracteres não informativos de 0.4647, índice de retenção (RI) de 0.7228, índice de homoplasia com caracteres não informativos de 0.5353 e índice de consistência re-escalonada (RC) de 0.3590 (fig. 1). Os resultados obtidos na análise bayesiana (AB) são apresentados na figura 2. Foram retidas 15.000 árvores, e as topologias resultantes foram semelhantes àquelas obtidas na máxima parcimônia. Análise com o espaçador plastidial trnL-F. Com o resultado do seqüenciamento da região plastidial trnL-F, foi construída uma matriz com 959 pb, sendo que P. deidamioides (857 pb) apresentou o maior comprimento absoluto e P. galbana (713 pb) apresentou o menor comprimento absoluto. Do total obtido, 722 caracteres foram constantes e 73 foram informativos para parcimônia. A análise de máxima parcimônia produziu 360 árvores, com 308 passos, índice de consistência de 0.8669, índice de consistência com caracteres não informativos de 0.6870, índice de retenção de 0.7908, e índice de consistência reescalonada de 0.6855 (fig. 3). Os valores obtidos foram inferidos em uma das árvores mais parcimoniosa e são apresentados nas figuras 3 e 4. Discussão As análises filogenéticas com os dados de ITS e trnL-F não apontam para o monofiletismo do subgênero Deidamioides, bem como, o reconhecimento dos 39 subgêneros propostos por Feuillet & MacDougal (2003), para Passiflora (figs. 1-4). Toda discussão abaixo apresentada, configura uma interpretação cautelosa dos resultados obtidos, visando explicar os relacionamentos filogenéticos das espécies estudadas. Ressalta-se aqui, que estes clados não foram reconhecidos como nenhuma unidade taxonômica, devido à baixa amostragem do material examinado, bem como, pela possível existência de cópias parálogas, principalmente nas análises com ITS. Visando um melhor entendimento dos resultados obtidos, as topologias resultantes foram subdivididas em dois grupos: representados por letras para os subgêneros que não eram foco desse estudo e com números para as espécies do sugênero Deidamioides. Clado A (98% BS na análise com ITS, 100% BS na análise com trnL-F ); Clado B (94% BS na análise com ITS, 84% BS na análise com trnL-F); Clado C (80% BS na análise com ITS, não representado na análise com trnL-F); Clado D (90% BS na análise com ITS, não representado na análise com trnL-F); Clado E (100% BS na análise com ITS, não representado na análise com trnL-F). Nestes clados estão inclusos algumas espécies que segundo Feuillet & MacDougal (2003) pertenceriam aos subgêneros Passiflora (Clado B), Decaloba (Clados A e D) e Astrophea (Clado C). (fig 1). As espécies analisadas do subgênero Deidamioides, que aparece como polifilético, formando agrupamentos completamente distintos, são apresentados da seguinte maneira: Clado 1: incluindo P. deidamioides, P. contracta e P. obovata (BS 99% para ITS, 90% para trnL-F); Clado 2: contendo P. discophora e P. arbelaezii (100% BS para ITS, e apenas P. discophora para trnL-F); Clado 3: com P. gracillima e P. tryphostemmatoides (100% BS, não representado na análise com trnL-F); Clado 4: incluindo apenas P. cirrhiflora, apenas para ITS; Clado 5: contendo P. timboënsis e P. ovalis (BS 100% para ITS) (fig. 1). A seguir apresenta-se a caracterização destes clados, dentro da delimitação taxonômica atual e seu posicionamento histórico. Outros Subgêneros de Passiflora Clado A: Este clado inclui a maioria das espécies do subgênero Decaloba (sensu Feuillet & MacDougal 2003), incluindo 29 espécies, correspondendo a seis das oito seções propostas pelos mesmos autores, apresenta 98% (BS) e 0.84 (pp) como valores de sustentação (figs. 1 e 2). Para o reconhecimento de Decaloba como monofilético, seria necessária a inclusão de P. macdougaliana Knapp & Mallet 40 (subgênero Deidamioides), e a exclusão de P. membranacea e P. guatemalensis (Clado D), que aparecem distintas da delimitação principal deste clado. O clado A apresenta-se como grupo irmão dos clados B, C, D, 1 e 2 com 88% (BS). Passiflora macdougaliana, descrita por Knapp & Mallet (1984), com base em material coletado no Panamá, classificada atualmente como pertencente ao subgênero Deidamioides, já apresentou desde a sua publicação, problemas em relação ao seu posicionamento. Na descrição original os autores fizeram referências à presença de glândulas nas sépalas, e do opérculo plicado o que a assemelha às espécies P. variolata Poepp. & Endl. e P. ernestii Harms (subgênero Decaloba sensu Feuillet & MacDougal 2003). A presença de uma flor em cada nó axilar e muitas séries de filamentos da corona, a agruparia com algumas espécies do subgênero Passiflora (P. cincinnata Mast., P. caerulea L., P. edulis Sims, P. vitifolia Kunth, etc.). Os autores também fizeram um comentário sobre sua possível afinidade com P. obovata Killip (subgênero Deidamioides seção Mayapathanthus sensu Feuillet & MacDougal 2003), com base na morfologia foliar, presença de botões carnosos, crescimento ereto e glândula peciolar em forma de cicatriz. P. macdougaliana difere desta por não apresentar flores pareadas na axila foliar e a presença de muitas séries de filamentos da corona. Ulmer & MacDougal (2004) consideraram esta espécie como pertencente à seção Mayapathanthus, juntamente com P. obovata, com base nas estípulas diminutas, duas glândulas no pecíolo, folhas inteiras, pedicelo 3-bracteado, brácteas menores que 1,5 mm compr., corona 3-10 séries de filamentos, opérculo plicado, sementes grandes, irregulares, 5-7-sulcadas. Porém, salientaram a semelhança com outras espécies dos subgêneros Decaloba e Passiflora, principalmente pelas glândulas na base das pétalas e pelo número de filamentos da corona. Nenhum estudo filogenético anterior com dados moleculares ou morfológicos tinha sido realizado com esta espécie, no intuito de posicioná-la em um dos subgêneros reconhecidos. Os resultados obtidos com ITS e trnLC-F (figuras 1-4) mostram que P. macdougaliana está inserida no clado A com 80% (BS) e 0.84 (pp) para ITS, e 100% (BS) para trnL-F (1.00 pp), agrupando-se com P. auriculata (100% BS, 1.00 pp), e com P. monadelpha (81% BS, 0.92 pp). O relacionamento entre P. macdougaliana e P. monadelpha, P. holosericea e P. multiflora, foi explicado por Knapp & Mallet (1984), com base na presença de glândulas nas sépalas e de um opérculo plicado. Sendo assim, P. macdougaliana com o reforço dos caracteres morfológicos acima citados, pode ser inserida no subgênero Decaloba sensu Feuillet & MacDougal (2003). 41 Clado B: O monofiletismo deste clado, cujas espécies analisadas correspondem ao subgênero Passiflora, já foi demonstrado por outros autores em estudos filogenéticos anteriores (Sánchez et al. 1999; Muschner et al. 2003; Yockteng et al. 2004b, Krosnick & Freudenstein 2005, Krosnick et al. 2006; Hansen et al. 2006; Zamberlan 2007) e foi confirmado pelos dados de ITS e trnL-F, conforme ilustrado nas figuras 1-4. Este clado apresenta 94% (BS) na análise com MP. Porém, na análise com Bayesiana este clado se apresentou em uma politomia, com 1.00 (pp), agrupando-se com os clados A, C, D, 1 e 2 (88% BS). Na análise com trnL-F apresentou 84% (BS) e 1.00 (pp) tendo como grupo irmão o clado A (Decaloba) e algumas espécies do subgênero Deidamioides (Clado 1), porém com fraca sustentação. Clado C: este clado que inclui P. candida (Poepp. & Endl.) Mast., P. citrifolia (Juss.) Mast. e P. haematostigma Mart. ex Mast., correspondentes ao subgênero Astrophea. Na análise com dados de ITS mostrou-se moderadamente sustentado com 80% (BS), e 1.00 (pp), resultado compatível com os obtidos em estudos anteriores (Muschner et al. 2003, Hansen et al. 2006). Este clado apresenta um relacionamento próximo com P. discophora, P. arbelaezii e P. tetrandra, pertencentes ao subgênero Deidamioides (Feuillet & MacDougal 2003), apesar de fracamente sustentadas com 56% (BS), 0.98 (pp) na análise com ITS (figs. 1-4). Na análise com trnL-F estas espécies não foram amostradas. O agrupamento destas espécies com o Clado 2, reforçam o polifiletismo de Deidamioides, porém ressalta-se que pode também ser resultado da existência de possíveis cópias parálogas, ou da baixa amostragem utilizada. Passiflora tetrandra Banks & Sol. ex DC. Um comentário adicional se faz necessário com relação à espécie P. tetrandra, que aparece na figura 1 como pertencente a um grupo incluindo o Clado B (subgênero Passiflora) e o clado 1 (P. obovata, P. deidamioides e P. contracta) com valor de sustentação <50% (BS). Porém, na figura 2 esta espécie está agrupada com o Clado C (P. candida, P. citrifolia e P. haematostigma) e o clado 2 (P. discophora e P. arbelaezii), com 0.98 (pp). Conforme descrito no histórico do subgênero, esta espécie já foi colocada em diversas categorias taxonômicas, desde gênero a seção, por diversos autores, porém sempre com base nos mesmos caracteres morfológicos. 42 Morfologicamente esta espécie é uma trepadeira arbustiva, sem glândulas peciolares, lâmina foliar inteira, ovada a lanceolada ou elíptica, coriácea, 5-8 nervuras secundárias, pedúnculo com 3-flores, hipanto muito curto-campanulado, corona em várias séries de filamentos, flores diclinas, (2-)3-4 flores, flores masculinas com 4 estames e com um ovário abortado, flores femininas com filamentos estaminoidais (Green 1972). Estes caracteres juntamente com o posicionamento da espécie na análise com ITS, a priori podem justificar sua separação em um único grupo, dentro do gênero Passiflora. Clado D: Este clado agrupa P. membranacea e P. guatemalensis, com 90% (BS) e 1.00 (pp) (figs. 1-2). Estas espécies na classificação de Feuillet & MacDougal (2003), foram incluídas no subgênero Decaloba, aqui representado pelo clado A. P. membranacea é uma espécie nativa das florestas frias nas montanhas do México e do Panamá em altitudes de 1.200-3.350 m s.n.m., apresenta flores pêndulas em forma de campânula, com ca. 5 cm de diâmetro, amarelas a pálido-esverdeadas, nascendo sobre um longo e delgado pedúnculo, apresentam 2 (raramente 3) brácteas avermelhadas, um longo androginóforo (um caráter que corrobora com a exclusão desta espécie do subgênero Decaloba), sendo polinizada por beija-flor. É muito cultivada na costa da Califórnia por causa da sua forte tolerância a climas frios (Ulmer & MacDougal 2004). P. guatemalensis descrita em 1887, caracteriza-se por apresentar estípulas reniformes, folhas 3-lobadas no ápice, pecíolo sem glândulas, pedúnculos solitários ou em pares, brácteas 3 (raramente 2), flores brancas, 4-5 cm diâm., filamentos em 2-3 séries, amarelos (Ulmer & MacDougal 2004). Killip (1938) sinonimizou esta espécie em P. hahnii Mast., porém elas diferem com base no formato da estípula, presença de um pedúnculo curto e ausência de nectários na base da lâmina foliar. Na classificação proposta por Feuillet & MacDougal (2003), esta espécie foi inserida no subgênero Decaloba superseção Hahniopathanthus, baseada na subseção Hahniopathanthus descrita por Harms (1925), devido aos seguintes caracteres: folhas ovaladas, coriáceas, com 3 lobos inconspícuos no ápice, flores individuais ou pareadas, duas brácteas involucrais, bastante reduzidas. P. membranacea foi utilizada no tratamento filogenético de Krosnick & Freudenstein (2005) com dados combinados de trnL-F e ITS e aparece inclusa no subgênero Decaloba (78% Jackknife). Porém, no trabalho realizado pelos mesmos 43 autores com os mesmos marcadores em 2006, P. membranacea e P. guatemalensis estão agrupadas entre si com 100% (Jackknife), ocupando uma posição mais basal em relação às demais espécies do subgênero Decaloba. Hansen et al. (2006), com base em trnL-T, reconheceram P. guatemalensis como pertencente ao subgênero Decaloba (69% BS, 0.95 pp), em uma posição mais basal em relação às demais. Também se diferencia das outras espécies do subgênero por apresentar número cromossômico n=11 ou 12 (n=6 em Decaloba). Krosnick et al. (2006) já indicavam uma possível separação desta seção das outras espécies do subgênero Decaloba com base na morfologia floral e isto é aqui corroborado pelos dados obtidos com ITS e trnL-F. Clado E: As espécies deste clado (Malesherbia lanceolata e M. werberbaueri, tratadadas aqui como possíveis espécies do grupo externo), aparecem como pertencentes ao gênero Passiflora, com 100% (BS) e 1.00 (pp), agrupando-as com as espécies dos clados A, B, C e D, 1 e 2. Na análise bayesiana estas espécies agrupam-se com as espécies do clado A (subgênero Decaloba) e do clado 3 (P. gracillima e P. tryphostemmatoides) com 0.97 (pp). Este resultado apesar de corroborar com a inclusão de Malesherbiaceae na delimitação de Passifloraceae sensu lato proposta por APG II (2003) pode ser resultado da obtenção de cópias parálogas, muito comum na utilização de gene nuclear ITS (Alvarez & Wendel 2003; Wieringa & Gervais 2003; Bayley et al. 2003; Small et al. 2004; Ree 2005; Carlsward 2006). Uma possível explicação para a comprovação da existência destas cópias genéticas pode ser demonstrada graficamente quando espécies tradicionalmente monofiléticas em outros estudos filogenéticos, aparecem em clados distantes, ou espécies distintas aparecem agrupadas. Subgênero Deidamioides De acordo com os dados oriundos do presente trabalho, baseados nos espaçadores ITS e trnL-F, Passiflora subgênero Deidamioides é polifilético. Esses dados foram também corroborados por dados macromorfológicos (caracterização foliar, tipo de inflorescência e presença de gavinhas nos pedúnculos) e palinológicos (capítulo 4). Os dados do espaçador com trnL-F, apresentaram amostragem insuficiente para esclarecer o relacionamento filogenético do subgênero Deidamioides, sendo utilizadas 44 apenas 5 das 13 espécies reconhecidas. Os dados obtidos com ITS foram mais significativos, porém, estes resultados podem ter sido influenciados pela presença de cópias parálogas, o que pode justificar a separação das espécies P. contracta e P. ovalis, que morfologicamente são semelhantes e apresentam caracteres únicos para o subgênero Deidamioides seção Tetrastylis (capítulo 5), como presença de uma inflorescência racemosa, de quatro estiletes e dos discos adesivos na extremidade das gavinhas (Tabela 3), estas espécies são o foco dos estudos biossistemáticos apresentados nos capítulos 2 e 3. Clado 1: formado por P. deidamioides, P. contracta e P. obovata (correspondentes às Seções Deidamioides, Tetrastylis e Mayapathanthus, respectivamente), apresentou altos valores de sustentação (99% BS, 1.00 pp). Este clado é o mais incongruente morfologicamente. Passiflora deidamioides foi descrita por Harms (1923), é uma espécie endêmica do Brasil, encontrada nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, em áreas de mata atlântica, em altitudes variando entre 890-1.324 m s.n.m. Foi posicionada na seção Decaloba subseção Deidamioides por Harms (1925), baseado nas folhas 3lobadas, brácteas minúsculas, flores isoladas ou pareadas sobre uma gavinha decorrente. P. contracta descrita por Vitta & Bernacci (2004), foi inserida na seção Tetrastylis por apresentar folhas inteiras (nunca lobadas); inflorescência racemosa, flores polinizadas por morcegos, zigomorfas, estilete 4 e ovário com 4 carpelos. Cervi (2005) sinonimizou esta espécie em P. ovalis, alegando que os caracteres como tamanho do eixo floral e do pedúnculo, seriam insuficientes para a separação destas duas espécies. Nunes et al. (capítulos 2 e 3) realizaram estudos de morfometria e variabilidade genética com estas espécies, e verificaram que correspondem a dois táxons distintos, sendo P. contracta restabelecida. P. obovata foi descrita por Killip (1936), como pertencente ao subgênero Plectostemma. Feuillet & MacDougal (2003) transferiram esta espécie para o subgênero Deidamioides seção Mayapathanthus, juntamente com P. macdougaliana (espécie agrupada com o clado A). Na análise com trnL-F, este clado agrupa as espécies P. ovalis, P. contracta e P. deidamioides com 90% (BS) e 1.00 (pp). P. ovalis na análise com ITS agrupou com P. timboënsis (Clado 5), também pertencentes ao subgênero Deidamioides seção Tetrastylis (100% BS e 0.90 pp) (figs. 1 e 2). A união entre P. ovalis e P. contracta é facilmente explicada, pois estas espécies apresentam todos os caracteres descritos para a 45 seção Tetrastylis. Uma análise minuciosa entre estas quatro espécies foi realizada no sentido de tentar encontrar caracteres morfológicos que possam explicar este relacionamento. Uma série de caracteres pode ser utilizada para aproximar P. obovata de P. deidamioides como: hábito trepador herbáceo, presença de estípulas linear-lanceoladas, inflorescência biflora, pedúnculo terminando em uma gavinha e opérculo plicado. P. contracta diferentemente das outras, apresenta hábito trepador lenhoso, presença de estípulas lanceoladas, gavinhas com discos adesivos na extremidade, inflorescência racemosa, opérculo ereto. Estes caracteres aproximam P. contracta (Clado 1) de P. timboënsis e P. ovalis (Clado 5). Uma possível explicação para este agrupamento tão discrepante pode ser a presença de cópias parálogas, como explicado anteriormente, comum na utilização de ITS, ou pela presença de caracteres homoplásticos. Sendo assim, morfologicamente este clado não se justifica, e estudos posteriores são necessários incluindo outras regiões moleculares, no intuito de elucidar o posicionamento destes táxons. Clado 2: formado por P. discophora e P. arbelaezii (seção Tryphostemmatoides sensu Feuillet & MacDougal 2003), é fortemente sustentado (100% BS, 1.00 pp). Este clado aparece como grupo irmão do clado C, com baixo valor de sustentação (<50% BS e 0.99 pp). Feuillet & MacDougal (2003) posicionaram estas espécies no subgênero Deidamioides seção Tryphostemmatoides, juntamente com mais três outras espécies P. gracillima, P. tryphostemmatoides (Clado 3) e P. pacifica (não utilizada nesta análise). Os resultados obtidos separaram as espécies da seção Tryphostemmatoides em dois grupos (Clados 2 e 4). Passiflora discophora foi descrita por Jørgensen et al. (1987) como pertencente ao subgênero Plectostemma seção Discophora, encontrada no Equador, em áreas de mata e cultivada na Dinamarca, em altitudes de 200-1.115 m s.n.m., caracteriza-se pelo formato da lâmina foliar, androginóforo curvo, sementes sulcadas e corona com 3 séries de filamentos, opérculo plicado. Quando estéril pode ser confundida com P. tryphostemmatoides uma espécie endêmica do Equador, e também pertencente à seção Tryphostemmatoides, devido à presença de discos adesivos, nascidos sobre uma gavinha trífida (Dodson & Gentry 1978). Feuillet & MacDougal (2003) não reconhecem a seção Discophora e posiciona P. discophora no subgênero Deidamioides seção Tryphostemmatoides, com base nos seguintes caracteres: trepadeiras escandentes, caule delgado, gavinhas herbáceas; 46 pecíolo 6-8 glândulas; pedúnculos 2-flores, terminando em uma gavinha; cálice campanulado; opérculo não plicado; estiletes unidos na base, projetando do centro para o topo do ovário; frutos 6-angulados; sementes reticuladas. P. arbelaezii foi descrita por Uribe (1957), como pertencente à seção Tryphostemmatoides, é encontrada na Colômbia, Costa Rica e Nicarágua, em altitudes variando de 0-2.450 m s.n.m., em área de floresta pluvial, mata primária, bosque nublado primário e zona pantanosa. Apesar de o autor reconhecer a publicação de Killip (1938), que considera esta seção, como subgênero Tryphostemmatoides, ele a tratou como seção Tryphostemmatoides. Feuillet & MacDougal (2003), consideraram como subgênero Deidamioides seção Tryphostemmatoides, incluindo cinco espécies. Morfologicamente estas espécies apresentam como caracteres comuns a presença de discos adesivos nas gavinhas divisas, inflorescência uni ou biflora, presença de glândulas na bráctea. Porém, estes caracteres também aproximam estas espécies daquelas encontradas no Clado 4 (P. tryphostemmatoides e P. gracillima). Casos estes resultados sejam confirmados com uma amostragem maior, pode ser necessário o reestabelecimento da seção Discophora descrita por Jørgensen et al. (1987), com a inclusão de P.arbelaezii na seção, e delimitada pelos caracteres acima citados. Clado 3: agrupou P. tryphostemmatoides e P. gracillima, com 100% (BS) e 1.00 (pp). Na classificação proposta por Killip (1938), estas duas espécies também correspondem ao subgênero Tryphostemmatoides. P. gracillima foi descrita por Killip (1924), como uma espécie próxima a P. tryphostemmatoides. P. gracillima é encontrada na Colômbia e Costa Rica em altitude de 0-3.200 m s.n.m., apresenta lâmina 1,1-6 x 1,5-4,5 cm, ovadas, ca. 2x mais longa do que larga., flores ca. 3,5 cm diâm. e corona com 1-2 séries de filamentos. Passiflora tryphostemmatoides foi descrita por Harms (1894), também como subgênero Tryphostemmatoides, encontrada na Colômbia e Equador, em áreas de matas com altitude variando entre 1.500-2.700 m s.n.m., apresenta lâmina foliar 1-4 x 1,2-3,5 cm, transversalmente ovada ou elíptica, ca. 2x mais larga do que longa, flores com 2,0 cm diâm., corona com uma série de filamentos. Estas espécies agrupam-se também com base nas gavinhas divisas, sem discos adesivos, glândulas peciolares 2-6, 4-8 nervuras secundárias, inflorescência biflora com pedúnculo terminando em uma gavinha. Zamberlan (2007) sugeriu o possível restabelecimento do subgênero Tryphostemmatoides, e estes resultados podem corroborar com esta proposta. 47 Clado 4: formado unicamente pela espécie P. cirrhiflora, foi inserida na seção Polyanthea é encontrada na Guiana Francesa, Suriname e nas Guianas. Historicamente esta espécie apresenta um posicionamento incerto dentro do gênero Passiflora. Masters (1871-1872) transferiu a subseção Polyanthea para a seção Decaloba série Polyanthea, com a seguinte observação: “Espécie fortemente dúbia, para mim quase incógnita. Sem gênero definido. Hábito e fruto parecidos com Modecca”. Harms (1925) colocou a espécie na seção Decaloba subseção Cirrhiflora, com base na presença de duas flores numa inflorescência dicasial, com uma gavinha central e brácteas pequenas, juntamente com P. jenmani, das Guianas, deixando na série Polyanthea as espécies P. holosericea, P. sexflora, P. sodiroi e P. multiflora. Killip (1938) comentou sobre o posicionamento incerto desta espécie considerando a presença de um opérculo plicado, de estigmas muito mais largos do que em qualquer outra espécie do subgênero Passiflora, e a posicionou como pertencente ao subgênero Polyanthea. Esta espécie seria afim do subgênero Plectostemma (atual subgênero Decaloba) e a presença de um ovário truncado, com os estiletes projetandose do ângulo do topo e uma corona verrucosa indicaria um relacionamento próximo com o subgênero Astrophea. A seção Polyanthea, composta por uma única espécie P. cirrhiflora, caracterizase por apresentar folhas 5-9-lobadas com uma projeção na base dos folíolos, formando um corno filiforme (fig. 20 capítulo 5). Com base nos resultados obtidos com os dados de ITS (espécie não amostrada para trnL-F), observa-se que P. cirrhiflora é muito divergente em relação às demais consideradas para o subgênero Deidamioides e este resultado também foi obtido em outros estudos filogenéticos (Yockteng & Nadot 2004b; Hansen et al. 2006; Zamberlan 2007). Este clado, que se apresenta tão distante dos demais do subgênero também é reforçado pelos caracteres morfológicos acima citados. Estes resultados se confirmados em uma amostragem maior, podem levar ao reestabelecimento do subgênero Polyanthea com apenas esta espécie: P. cirrhiflora, com base nos caracteres considerados por Killip (1938). Clado 5: agrupou as espécies P. timboënsis e P. ovalis, com 100% (BS) e 0.90 (pp). Estas espécies são facilmente reconhecidas como um grupo por apresentarem discos adesivos nas gavinhas inteiras, inflorescência racemosa, flores com 4 estigmas, ovário com 4 carpelos, caracteres estes compartilhados por P. contracta (encontrada no Clado 3). 48 P. ovalis foi descrita por Vellozo (1827), uma espécie endêmica do Brasil, encontrada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, em áreas de mata atlântica em floresta pluvial. Foi classificada inicialmente como gênero monoespecífico Tetrastylis. P. timboënsis sp. nov. ined. (Nunes & Queiroz in prep.), é uma espécie endêmica da Bahia, encontrada no Município de Amargosa, em área de floresta ombrófila submontana, numa altitude de ca. 900 m s.n.m. Foi classificada como pertencente ao subgênero Deidamioides seção Tetrastylis sensu Feuillet & MacDougal (2003). Um fato interessante ocorrido neste estudo foi a separação de P. ovalis de P. contracta. Estas duas espécies brasileiras foram consideradas como um único táxon por Cervi (2005), alegando que os caracteres morfológicos utilizados pelos autores para separarem os mesmos, eram insuficientes. Resultados apresentados nos capítulos 2 e 3, mostraram que são duas espécies distintas P. ovalis encontrada no Rio de Janeiro e São Paulo, e P. contracta encontrada de Pernambuco ao Espírito Santo, em áreas de mata atlântica (figuras 21 e 31). Estas espécies juntamente com P. timböensis e P. igrapiunenss formam um grupo a parte, com base nos caracteres inflorescência racemosa e a presença de 4 estiletes, e podem vir a serem considerados como um subgênero distinto, sendo criado o subgênero Tetrastylis. Considerações Embora não tenha sido possível a inclusão de todas as espécies do subgênero Deidamioides nestas análises, os dados obtidos para ITS correspondem a uma amostragem considerada satisfatória para este tipo de estudo. Porém, a amostragem para trnL-F foi considerada insuficiente para uma tomada de decisões definitivas. Com base nos resultados obtidos, verifica-se que o relacionamento entre as espécies ainda não ficou claramente resolvido, sendo necessária a utilização de outras regiões moleculares, principalmente de genes plastidiais, no sentido de um melhor esclarecimento tanto das relações subgenéricas como específicas, assim como a utilização de uma análise comparativa com dados anatômicos, número cromossômico, biogeográficos e outros dados moleculares, associados aos estudos aqui realizados. A partir dos resultados obtidos, pode-se com certeza afirmar que o subgênero Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal (2003) não é monofilético, e que suas seções não devem ser reconhecidas, corroborando com os resultados obtidos em 49 análises anteriores, bem como, com a proposta de Killip (1938), com o reconhecimento de 22 subgêneros e não apenas quatro para o gênero Passiflora. Porém é necessário que uma complementação na análise molecular seja feita no sentido de esclarecer o seu posicionamento filogenético com as demais espécies do gênero, possibilitando assim um direcionamento através de uma publicação da situação taxonômica do subgênero. Analisando os resultados obtidos com os outros subgêneros de Passiflora podese fazer as seguintes colocações: o subgênero Decaloba pode ser considerado como monofilético com a inclusão de P. macdougaliana e a exclusão de P. membranacea e P. guatemalensis. O subgênero Passiflora aparece claramente resolvido com um alto valor de sustentação, corroborando todos os outros estudos filogenéticos já publicados para o gênero. Astrophea, apesar da baixa amostragem, também aparece fortemente sustentado como monofilético, apresentando como grupo irmão algumas espécies do subgênero Deidamioides e P. tetrandra. Passiflora tetrandra apresenta fortes indícios de que realmente pertence ao gênero Passiflora, apesar da sua distribuição disjunta das demais (única espécie encontrada na Nova Zelândia), e que uma delimitação em outro gênero não é justificável filogeneticamente, apesar de morfologicamente ter caracteres bem divergentes. Com base nestes resultados pode-se sugerir a inclusão desta espécie dentro do subgênero Passiflora, apesar de para uma posição definitiva, se faz necessária uma amostragem maior. Porém, não é possível uma decisão categórica sobre em qual outro subgrupo esta espécie pode ser inserida. Trabalhos com outras abordagens ou com a utilização de outros marcadores genéticos necessitam ser realizados para posicionar esta espécie em um grupo adequado. O subgênero Deidamioides, pela classificação antiga, foi subdivido em 5 subgrupos, sendo: Clado 1, correspondente a espécies das seções: Deidamioides, Tetrastylis e Mayapathanthus. Este é o clado mais incongruente e difícil de ser explicado com base no histórico e nos caracteres morfológicos. As três espécies encontradas neste clado a partir dos dados de ITS são tão divergentes que uma possível explicação para este agrupamento seria a presença de cópias parálogas. Porém, um estudo com microcaracteres (indumento e estudos anatômicos) pode ser uma ferramenta útil no sentido de esclarecer o posicionamento destas espécies. O Clado 2, correspondente a duas espécies da seção Tryphostemmatoides, tem seu agrupamento justificado pela presença de discos adesivos nas gavinhas divisas, inflorescência uni ou biflora, presença de glândulas na bráctea e podem vir a compreender um subgênero a 50 parte: Discophora. O Clado 3, também corresponde a duas espécies da seção Tryphostemmatoides, e seu agrupamento é justificado pela presença de gavinhas divisas sem discos adesivos, glândulas peciolares 2-6, 4-8 nervuras secundárias, inflorescência biflora com pedúnculo terminando em uma gavinha, podendo vir a ser classificado como subgênero Tryphostemmatoides. O clado 4, corresponde a única espécie da seção Polyanthea, e caracteriza-se por apresentar: folhas 5-9-lobadas com uma projeção na base dos folíolos, formando um corno filiforme, e pode sugerir o possível reestabelecimento do subgênero Polyanthea. O clado 5, correspondente a duas espécies da seção Tetrastylis é facilmente justificado morfologicamente com base na presença dos caracteres: discos adesivos nas gavinhas inteiras, inflorescência racemosa, flores com 4 estigmas, ovário com 4-carpelos, caracteres estes compartilhados com P. contracta encontrada no Clado 3 (Tabela 3). Com a inclusão das espécies P. timboënsis e P. igrapiunensis, este clado pode ser estabelecido como subgênero Tetrastylis. Um estudo mais acurado, com um número maior de espécies será realizado futuramente, para que seja possível apresentar resultados mais significativos, objetivando-se assim elucidar os problemas taxonômicos do grupo. Através da experiência adquirida durante este estudo, será possível realizar uma investigação mais detalhada e com uma abordagem mais ampla no sentido de utilização de outros primers. A partir dos resultados obtidos, com a possível indicação do polifiletismo do subgênero Deidamioides, reconhecimento/restabelecimento os dados de cinco podem direcionar subgêneros: para o Tryphostemmatoides (provavelmente 3 espécies, com a inclusão de P. pacifica), Tetrastylis (4), Discophora (2), Deidamioides(1) e Polyanthea (1). Porém, nenhuma posição taxonômica está sendo tomada, devido a quantidade de dados utilizados nesta análise e a baixa amostragem de espécies no estudo com trnL-F. 51 82 80 81 79 Clado A 98 80 Clado B 126 73 114 94 116 99 127 95 129 100 130 88 122 56 115 100 120 121 84 80 119 100 124 90 69 100 128 100 67 100 Clado 1 Clado C Clado 2 Clado D Clado E Clado 3 Clado 4 Clado 5 Grupo Externo Figura 01 – Árvore filogenética baseada nas sequências de ITS obtida pela análise de máxima parcimônia (1/9). Os números acima dos ramos indicam valores dos comprimentos de ramos calculados pelo algoritmo de Fitch (otimização ACCTRAN), números abaixo dos ramos as porcentagens de bootstrap acima de 50% (Comprimento= 2.684, IC = 0,4966, IR = 0,7228). Círculos vermelhos indicam ponto de colapso na árvore de bootstrap. 52 1.00 0.95 1.00 1.00 0.85 1.00 Clado A 1.00 0.87 1.00 1.00 0.92 0.90 0.84 0.66 1.00 0.51 0.97 1.00 0.71 Clado 3 1.00 0.97 1.00 1.00 1.00 1.00 0.94 0.98 Clado E Clado D Clado C Clado 2 0.99 1.00 0.98 1.00 1.00 Clado 1 0.99 0.50 Clado B 1.00 0.61 0.99 0.69 1.00 Clado 5 Clado 4 0.90 Grupo Externo Figura 02 – Árvore de consenso estrito das 17.000 árvores obtidas na análise Bayesiana com modelo de evolução = GTR+ gamma através dos dados de ITS. Os números sobre os ramos indicam as probabilidades posteriores para os clados estimados pela proporção de ocorrência no conjunto das árvores. 53 Figura 03 – Árvore filogenética baseada nas sequências de trnL-F obtida pela análise de máxima parcimônia (1/360). Os números acima dos ramos indicam valores dos comprimentos de ramos calculados pelo algoritmo de Fitch (otimização ACCTRAN), números abaixo dos ramos as porcentagens de bootstrap acima de 50% (Comprimento= 308, IC = 0.8669, IR= 0.7908). 54 Figura 04 – Árvore de consenso estrito a partir das 10.000 árvores obtidas na análise Bayesiana com modelo de evolução = GTR+ gamma através dos dados de trnL-F. Os números sobre dos ramos indicam as probabilidades posteriores para os clados estimados pela proporção de ocorrência no conjunto das árvores. 55 Capítulo II Estudos morfométricos no complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer (Passifloraceae) 56 Estudos morfométricos no complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer (Passifloraceae) Atualmente várias ferramentas são utilizadas para elucidar problemas taxonômicos. Uma dessas abordagens são os estudos morfométricos, que têm crescido substancialmente desde 1990. Esta técnica ganhou uma posição de destaque entre as ferramentas biossistemáticas, pelo baixo custo e facilidade de realização, além de serem diretamente correlacionável com aspectos morfológicos intuitivos (Rohlf & Archie 1984; Iwata et al. 1998, 2000; Monteiro & Reis 1999; Borba et al.; 2002; Yoshioka et al. 2004; Goldman et al. 2004; Andrade et al. 2008). Dentre as técnicas atualmente existentes, uma abordagem que pode ser usada para estimar padrões de variação morfológica é a análise morfométrica tradicional (Baum & Bailey 1992; Iwata et al. 1998; Ackerfield & Wen 2002; Borba et al. 2002; Lambert et al. 2006a; 2006b; Yoshioka et al. 2004; Andrade et al. 2008). Além dos estudos morfométricos tradicionais, a Análise Elíptica de Fourier – EFA (Kuhl & Giardini 1982) vêm apresentando resultados favoráveis com contornos fechados, sendo muito utilizado para análises de contorno foliar (Iwata et al. 2000, 2002; Fonseca 2006). Este é um método considerado rápido e barato, acessível para os pesquisadores e que podem ser utilizados em estudos de inferência filogenética (Fonseca 2006). A morfometria geométrica utiliza a forma geométrica ou o contorno de um objeto, não sendo considerados seu tamanho ou orientação no espaço. Através de análises multivariadas são analisadas simultaneamente diversas variáveis resultando na medida da variação da forma de um determinado objeto. O complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer é formado por duas espécies encontradas no Brasil, ocorrendo de Pernambuco a São Paulo em áreas de Mata Atlântica, em altitudes variando de 0-900 m s.n.m. Está caracterizado pelo gineceu tetracarpelar, que resulta em um ovário com quatro placentas, portando quatro estiletes no ápice. Este complexo apresenta problemas em sua delimitação, conforme discutido no capítulo 1. Vitta & Bernacci (2004) dividiram P. ovalis em duas espécies, com base em caracteres morfológicos: P. ovalis encontrada do Rio de Janeiro a São Paulo e P. contracta encontrada de Pernambuco a Espírito Santo, também ocorrendo em áreas de mata atlântica. Entretanto, estas espécies não apresentariam uma ocorrência simpátrica, segundo esses autores. 57 Cervi (2005) sinonimizou P. contracta em P. ovalis salientando que as características diferenciais como tamanho da inflorescência e de pedúnculo, pubescência do hipanto, tamanho das sépalas e do ginóforo não seriam caracteres suficientes para a separação das mesmas. Porém, tal posicionamento foi baseado apenas em análise da morfologia externa e observações preliminares dos espécimes destes dois táxons encontrados em herbários mostram que estas apresentam sobreposição em vários caracteres morfológicos, causando dificuldades na delimitação específica através da taxonomia tradicional. Até o presente momento, nenhum estudo populacional envolvendo estas espécies foi realizado, sendo esta a primeira tentativa com enfoque biossistemático no intuito de solucionar esta questão. Tradicionalmente essas duas espécies estão inclusas no subgênero Deidamioides seção Tetrastylis (Feuillet & MacDougal 2003). Nos estudos filogenéticos realizados com dados de ITS (Capítulo1), as espécies P. ovalis e P. contracta não se apresentaram como correlatas. Na análise feita com trnL-F estas espécies se agrupem com 84% (bootstrap) e 1.00 (pp), porém este resultado não está sendo considerado suficiente para um posicionamento definitivo do subgênero em questão (Figs. 1 a 4, capítulo1). Sendo assim, o objetivo principal deste capítulo foi delimitar taxonomicamente as espécies P. ovalis e P. contracta, utilizando para isso estudos morfométricos com abordagem tradicional (foliar e floral) e geométrica (contorno foliar). Os resultados obtidos foram comparados com os resultados do capítulo quatro desta tese, uma análise feita com marcadores moleculares de ISSR, e são apresentados ao final desta tese. Para um melhor entendimento da técnica utilizada, a metodologia, resultados e discussão foram separados em três tópicos: (1) morfometria geométrica; (2) morfometria tradicional e (3) análise combinada (geométrica e tradicional). MATERIAL E MÉTODOS Morfometria geométrica Amostragem Durante a realização deste trabalho foram feitas 14 coletas obtendo-se 12 populações de Passiflora ovalis e P. contracta (aqui considerado como complexo P. ovalis). Para cada população foram coletados de 15 a 20 indivíduos, com exceção da população de Ubatuba, São Paulo, onde só foram obtidos quatro indivíduos da população (Tabela 4). Estas coletas foram realizadas durante o período de janeiro de 2005 a fevereiro de 2008, incluindo quatro estados brasileiros onde as espécies ocorrem 58 naturalmente (Bahia, Espírito Santo (localidade tipo de P. contracta), Rio de Janeiro (localidade tipo de P. ovalis) e São Paulo). No total foram coletados 210 espécimes, pertencentes às duas espécies (Fig. 05). Para reduzir erros amostrais causados pela possível coleta de clones, um cuidado especial foi tomado no sentido de coletar indivíduos diferentes em cada população, uma vez que o hábito escandente e trepador das espécies em estudo permitem que as mesmas se espalhem ocupando grandes espaços. Para evitar este problema a raiz de todos os indivíduos coletados foram identificadas e mapeadas. Figura 05. Mapa com a localização das populações amostradas de Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer e Passiflora contracta Vitta. BAHIA: Conde (PC_BACon); Imbé (PC_BAImb); Camaçari (PC_BACam); Maraú (PC_BAMar); Ilhéus (PC_BAIlh); Una (PC_PC_BAUna); Belmonte (PC_BABelm); ESPÍRITO SANTO: Conceição da Barra (PC_ESCBar); Linhares (PC_ESLin); Itaúnas (PC_ESItau); RIO DE JANEIRO: Parati (PO_RJPar); SÃO PAULO: Ubatuba (PO_SPUba), Círculos vermelhos=P. contracta; Círculos azuis=P. ovalis; PC=P. contracta; PO= P. ovalis. Mapa base do ESRI (1999). 59 Tabela 04. Populações do complexo Passiflora ovalis, juntamente com o número de indivíduos por população, número do voucher depositado no herbário HUEFS e localização de cada população (PC= P. contracta; PO= P. ovalis) No. de indiv. No. Morfometria Morfometria geometrica tradicional Táxon Voucher Passiflora contracta T.S.Nunes 1405 104175 19 Passiflora contracta T.S.Nunes 1348 101433 Passiflora contracta T.S.Nunes 1307 Passiflora contracta HUEFS no. Indiv. População Localidade Estado Coordenadas 20 PC_BABel Belmonte Bahia S16 06'22,0 W38o57'42,6 18 20 PC_BACam Camaçari Bahia S12 40'26 W38o18'4 101391 19 20 PC_BACon Conde Bahia S12 2'2 W37o42'9 T.S.Nunes 1279 101363 17 19 PC_BAImb Imbé Bahia S12 7'40 W37o59'14 Passiflora contracta P.D.Carvalho 293 103697 20 20 PC_BAMar Maraú Bahia S14 7'50 W38o59'55 Passiflora contracta T.S.Nunes 1789 120179 19 20 PC_BAIlhe Ilhéus Bahia S14 47' W39o12' Passiflora contracta S.F.Conceição 451 103828 20 20 PC_PC_BAUna Una Bahia S15 15'16 W39o3'8 Passiflora contracta T.S.Nunes 1809 124218 09 20 PC_ESCBar C.Barra E.Santo S18 36'49 W39o47'39 Passiflora contracta T.S.Nunes 1762 112404 20 20 PC_ESLin Linhares E.Santo S19 6'62 W39o53'33 Passiflora contracta T.S.Nunes 1717 110359 18 19 PC_ESItau Itaúnas E.Santo S18 31'18 W39o47'26 Passiflora ovalis T.S.Nunes 1837 124248 17 17 PO_RJPar Parati R.Janeiro S23 20'68 W44 o49'87 Passiflora ovalis T.S.Nunes 1831 124242 4 2 PO_SPUba Ubatuba S.Paulo S23o21'95 W44o51'10 60 Todo material testemunho foi herborizado e encontra-se depositado no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS), sigla segundo Holmgren et. al. 1990 (Tabela 4). Captura do contorno foliar Para a análise de morfometria geométrica foram utilizadas folhas maduras, uma de cada indivíduo. As imagens foram digitalizadas através do Scanner Epson Expression 1640XL, utilizando-se o software do scanner, a uma resolução de 300 dpi em preto e branco, em formato .tif. Para evitar possíveis variações no estágio de maturação das folhas, foi utilizada, quando possível, a folha do quinto nó caulinar, a contar a partir do ápice do ramo e que apresentava o mesmo padrão de textura, quando não foi possível foram utilizadas as últimas folhas do ramo, visando utilizar sempre folhas no mesmo estágio de maturação. As folhas foram digitalizadas sempre na mesma posição, com a face abaxial voltada para cima, visando uma melhor indicação para a inferência dos marcos anatômicos (fig. 6). Quando necessário, o contorno foi editado com o auxílio do Photoshop 6.0 (Adobe Systems 2002), consistindo basicamente em: clareamento, correção de foco, nitidez, contraste e retirada de fundo. Para inferência dos marcos anatômicos (landmarks), foi utilizado o software TPSDIG (Rohlf 2001). Foram considerados dois marcos para cada indivíduo, um na posição da inserção do pecíolo na base da lâmina foliar e outro no ápice foliar na terminação da nervura principal (marcos 1 e 2 - fig. 6). Os contornos foram obtidos para os 210 indivíduos, agrupados em 12 populações (Tabela 4), através da ferramenta outline object, e representados pelas seqüências de coordenadas x e y, salvos em formato .tps. 61 Figura 06. Imagem do contorno foliar obtida no TPSDIG (Rohlf 2001), com indicação dos marcos anatômicos (1 e 2) utilizados. Análise Elíptica de Fourier Na Análise Elíptica de Fourier (EFA), um método que permite caracterizar quantitativamente contornos fechados através da utilização de marcos anatômicos, as elipses são definidas por quatro coeficientes para cada harmônica, que correspondem à série de Fourier das curvas de seno e co-seno que vão sendo somadas à função para descrever a forma do contorno. As primeiras harmônicas descrevem o contorno em linhas gerais, enquanto que os detalhes, inclusive erros na digitalização são descritos pelas últimas (Monteiro & Reis 1999; Rumpunen & Bartish 2002 apud Passos 2007). Na prática, considera-se que 10-40 harmônicas são suficientes (Mclellan & Endler 1998; Olsson et al. 2000; Persson & Gustavsson 2001), embora muitas vezes as últimas harmônicas possam ser ignoradas sem grande perda de informação biológica (Monteiro & Reis 1999). Os coeficientes obtidos constituem o novo conjunto de dados a ser utilizado nos diversos tipos de análise multivariada para exame das causas que levaram à variação da forma (Passos 2007). Em função das distâncias entre o centro do objeto e o seu contorno, surge uma curva periódica que pode ser decomposta pelo método de Fourier. O número de harmônicos depende do número de períodos utilizados, que são decompostos no mesmo número de elipses (cada uma caracterizada por quatro coeficientes: a, b, c e d). A EFA 62 foi realizada com o auxílio do software MORPHEUS (Slice 2008). Os contornos de todos os indivíduos foram sobrepostos com os dois marcos anatômicos, eliminando efeito de orientação, escala, ponto de partida e localização (Andrade et al. 2008). Os contornos médios foram obtidos com base na sobreposição dos dois marcos anatômicos previamente delimitados. Dos 20 testes realizados com o intervalo de 5-25 harmônicos, a análise visual considerou que o número de 15 harmônicos (fig. 7), apresentou um equilíbrio significativo entre as formas, evitando distorções na análise. Este foi o número de harmônicos utilizado para obtenção da matriz com 60 coeficientes (Apêndice 1). Segundo Rohlf & Archie (1984), ocorre uma degeneração dos três primeiros coeficientes a0=1, b0=0 e C0=0, que se referem aos dados de tamanho e orientação, e são descartados para interpretação biológica. Figura 07. ntorno médio obtido com nharmonicos=15. Contorno obtido através do Morpheus (Slice 1998). Análises multivariadas dos dados A análise multivariada dos dados foi realizada a partir da matriz de coeficientes obtida através do EFA (apêndice 1). Para reduzir a dimensionalidade dos dados foi realizada a Análise de Componentes Principais (PCA), que consiste na representação gráfica de um conjunto de dados e é a forma mais simples de se obter uma informação sobre a existência de padrões em termos de associação entre indivíduos ou variáveis. A análise de PCA foi utilizada para demonstrar alguns princípios fundamentais, servindo de base para as análises multivariadas (Monteiro & Reis 1999). Nesta análise os 63 indivíduos foram considerados separadamente, visando à eliminação daqueles que apresentassem uma variação discrepante na média obtida para todos os indivíduos, a fim de evitar alterações significativas nos resultados. Os valores encontrados com a PCA foram utilizados para realização da Análise de Variáveis Canônicas (CVA) e Análises de Agrupamento, utilizando UPGMA (Unweigthed Pair Group Method using arithmetic Averages - Sneath & Sokal 1973), NJ (Neighbor Joining - Saitou & Nei 1987) e método de Ward (Ward 1963) conduzidas com os softwares PAST (Hammer et al. 2001) e NTSYSpc ver 2.20d (Rohlf 2005). Na análise de agrupamento os dados obtidos com os escores do CVA foram utilizados para construção dos filogramas. Uma CVA foi realizada para distinguir grupos a priori como uma categoria variável, visando identificar os caracteres mais importantes na separação dos grupos. Nesta análise os indivíduos foram agrupados por população. Através do software FITOPACSHELL 1.6.3.9 (Shepherd 2006), foram retirados coeficientes de PCA a partir da matriz de coeficientes do EFA, e foram obtidos os escores e os valores dos autovetores raiz de Lambda para reificação dos dados. Os autovetores foram adicionados ou subtraídos da média dos coeficientes do EFA (-1 s.d., +1 s.d., -2 s.d. e + 2 s.d.) e os valores obtidos foram utilizados para reificação dos contornos médios. (Yoshioka et al. 2004). Para uma interpretação dos resultados obtidos, o desenho foliar foi descrito de acordo com a figura 6, onde a porção superior da folha em relação à face abaxial do pecíolo foi denominada lado direito, e a porção inferior de lado esquerdo. Morfometria tradicional Amostragem Foram feitas 14 coletas (figura 5), obtendo-se 12 populações do complexo Passiflora ovalis (Tabela 4). Para cada população foram coletados entre 15-20 indivíduos com exceção de Ubatuba (dois indivíduos), totalizando 177 indivíduos. Para a morfometria tradicional foram medidos 34 caracteres, incluindo basicamente dados foliares (12) e de inflorescência (22). Infelizmente nem todos os indivíduos das populações apresentavam flores em estado de antese, restringindo o número de indivíduos da totalidade dos dados. Sendo assim, foram feitas duas análises separadas: uma considerando apenas os dados foliares com todos os indivíduos (177) e outra incluindo os dados florais, sendo o número amostral reduzido para 48 indivíduos (Apêndices 2 e 3). 64 Captura de Dados A seleção dos caracteres utilizados foi feita com base em trabalhos anteriores para o grupo (Porter-Utley 2003). As medidas utilizadas (Tabela 5) foram obtidas com o auxílio de um paquímetro digital Stainless Hardened. Foram retiradas cinco medidas de cada estrutura por indivíduo e calculada a média, valor este utilizado nas análises multivariadas. Para evitar variações ecofenotípicas nos indivíduos amostrados, muito comum na família em questão, todas as medidas foram realizadas nas folhas maduras, contando cinco nós a partir do ápice, quando possível, e as medidas de inflorescências foram realizadas com todos os indivíduos no mesmo estágio de antese com flores totalmente abertas. Análises Multivariadas dos Dados A partir da matriz produzida na etapa anterior, os dados resultantes foram utilizados para obtenção de uma matriz de componentes principais (PCA). A escolha do número de componentes principais a serem interpretados foi baseada na distribuição do Broken Stick (MacArthur 1957), realizada através do PAST, um método criado para estudar a estrutura de comunidades animais para as quais existem uma considerável série de dados e a comparação com a abundância de espécies de grupos de organismos em uma dada localidade. Este modelo também está sendo muito utilizado com plantas e dados ecológicos. Esta matriz foi utilizada para obtenção da CVA e análise de agrupamento (Ward, UPGMA e NJ), usando o software PAST, seguindo o padrão metodológico descrito para a morfometria geométrica. Análise Combinada de Dados Uma análise combinada dos dados da morfometria geométrica e da morfometria tradicional foi realizada a partir das matrizes obtidas com os escores dos componentes principais (morfometria geométrica) e dos dados brutos da morfometria tradicional, sendo aplicadas as mesmas análises estatísticas descritas anteriormente (Tabela 6). Ressalta-se aqui a não utilização dos dados florais da morfometria tradicional nesta análise, devido à redução significativa dos indivíduos, ou a inserção de muitos dados faltantes (=zero). Esta análise foi realizada apenas como teste, mas os resultados obtidos não foram diferentes daqueles encontrados com a utilização dos dados foliares, e não são apresentados aqui. 65 RESULTADOS Morfometria geométrica Análise Multivariada de Dados (AMD) Na AMD, foi realizada primeiramente uma PCA a partir dos coeficientes de Fourier. A partir destes resultados, foram eliminados da análise os indivíduos PC_ESCBar01 e PC_BACam16, por apresentarem grande variação intra-populacional. Os valores significativos encontrados correspondiam aos quatro primeiros componentes principais, e explicaram 82,73% da variação, sendo que os seis primeiros eixos explicaram 89,53% da variação (Tabela 7). Na análise de variáveis canônicas os resultados não foram significativos para a distinção das espécies quanto aos grupos/população, a priori analisados. A figura 8 mostra uma CVA com agrupamentos por indivíduos (cores representando as diferentes populações), onde os eixos 1 e 2 não separam nenhuma população notadamente. Nas análises de agrupamentos realizadas com os métodos UPGMA, NJ e Ward, não foi possível identificar nenhuma distinção entre as duas espécies P. ovalis e P. contracta. Uma maior variabilidade foi observada na população de Camaçari, a população mais distante entre as populações da Bahia e Espírito Santo. A partir deste agrupamento não se observa uma diferenciação com base em distância geográfica entre as populações dos estados da Bahia e do Espírito Santo. O mesmo é observado em relação aos estados de São Paulo e Rio de Janeiro com as demais populações em estudo. A não separação destas espécies na análise pode ser explicada devido a não utilização de caracteres florais neste estudo, uma vez que o caráter morfológico marcadamente utilizado na separação das mesmas foram os caracteres florais como: tamanho do pedúnculo, pedicelo, sépalas e pétalas. Esta falta de dados foi devido a baixa amostragem de material com flores. Apesar dos resultados da CVA, na reificação dos contornos médios obtidos (fig. 9), onde pode-se observar que os quatro primeiros eixos explicam uma variação morfológica, tanto no formato foliar, quanto na base das folhas. A análise de agrupamento não corrobora com a separação das espécies. Esta diferenciação pode justificar a variação do tipo foliar encontrado nas duas espécies: lâmina arredondada (P. contracta) para uma lâmina elípitca (P. ovalis). O eixo 1 mostra uma variação no formato foliar mudando de uma folha arredondada (-2 s.d.) a uma folha elíptica (+2 66 s.d.). Os eixos 2 e 3 mostram uma variação na base da lâmina foliar, sendo que a variação ocorre no sentido de uma folha oblíqua no lado direito para uma folha côncava na lâmina em relação ao pecíolo, para uma folha oblíqua no lado esquerdo. No eixo 4 esta variação é invertida saindo de uma variação oblíqua no lado esquerdo e uma(-2 s.d.) para uma oblíqua no lado direito (+2 s.d.). 67 Tabela 05. Caracteres utilizados na análise de Morfometria Tradicional (com dados foliares) nas populações do complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Valores apresentados como média (mínimo-máximo). CA=Caule; ES=Estípula; FO=Folha; FC= Filamento da Corona. Código Caracteres Vegetativos 1 CA - Compr. médio 2 ES - Compr. médio 3 ES - Larg. Média 4 FO - Compr. pecíolo (mm) FO - Dist. dos nectários até a 5 base do pecíolo FO - Dist. dos nectários até o 6 ápice do pecíolo 7 FO - Maior compr. lâmina (cm) 8 FO - Maior larg. lâmina (cm) FO - Larg. lâmina a 1/3 do 9 compr. (cm) FO - Larg. lâmina a 2/3 do 10 compr. (cm) 11 FO - Ângulo do ápice foliar 12 FO - Ângulo da base foliar PC_BAUna PC_BABelm PC_BAIlh PC_BAMar BACamacari PC_BACon 32.52 (20.6-60.13) 34.64 (25.94-44.72) 36.58 (23.36-51.62) 35.50 (29.68-42.15) 48.22 (20.86-61.23) 56.36 (39.86-62.9 1.59 (1.14-2.35) 1.56 (1.32-2.31) 1.46 (1.11-1.79) 1.45 (1.34-1.60) 1.47 (1.02-1.96) 1.70 (1.61-1.94) 0.82 (0.45-1.11) 11.80 (5.24-14.31) 0.93 (0.74-1.11) 10.93 (9.46-17.97) 0.86 (0.62-1.03) 11.62 (6.76-14.49) 0.90 (0.87-0.97) 9.36 (3.20-11.73) 0.80 (0.63-1.05) 15.04 (9.3-20.79) 0.95 (0.86-1.22) 16.95 (10.3-19.75) 3.64 (2.34-4.53) 3.27 (2.14-5.67) 3.88 (2.71-4.52) 3.95 (3.20-4.88) 4.75 (3.35-7.61) 4.6 (2.54-5.45) 7.42 (1.94-8.73) 107.71 (72.66-117.44) 41.85 (26.8-58.13) 6.36 (6.1-13.03) 103.34 (72.68-145.07) 46.18 (24.43-68.14) 7.58 (6.9-10.24) 102.57 (75.67-114.93) 46.07 (35.35-58.32) 5.19 (2.88-6.57) 95.76 (75.07-113.97) 41.24 (28.8_51.78) 9.59 (5.01-13.99) 104.01 (85.51-123.24) 45.83 (34.46-71.79) 11.27 (6.67-13.54) 100.32 991-77-107.07) 44.41 (41.23-49.01) 39.27 (26.8-54.99) 43.94 (23.68-63.71) 41.49 (30.88-58.32) 38.09 (26.26-42.58) 42.80 (33.87-64.76) 42.15 (39.4-46.76) 37.69 (21.75-50.06) 42.8 (28.0-55.6) 41.2 (28.4-58.4) 43.25 (21.89-62.68) 42.6 (23.6-52.8) 47.2 (24.4-58.4) 51.87 (30.79-110.0) --47.31 (37.2-96.0) 37.00 (24.49-38.25) 27.28 (28.0-39.6) 43.54 (32.8-54) 40.91 (29.39-65.71) 39.6 (31.2-51.6) 44.14 (36.8-60.4) 39.85 (36.8-44.01) 40.42 (37.0-43.6) 44.66 (40-50.8) 68 Continuação da Tabela 05. Caracteres utilizados na análise de Morfometria Tradicional (com dados foliares) nas populações do complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Valores apresentados como média (mínimo-máximo). CA=Caule; ES=Estípula; FO=Folha; FC= Filamento da Corona. Código Caracteres Vegetativos 1 CA - Compr. médio 2 ES - Compr. médio 3 ES - Larg. Média 4 FO - Compr. pecíolo (mm) FO - Dist. dos nectários até a base do 5 pecíolo FO - Dist. dos nectários até o ápice do 6 pecíolo 7 FO - Maior compr. lâmina (cm) 8 FO - Maior larg. lâmina (cm) 9 FO - Larg. lâmina a 1/3 do compr. (cm) 10 FO - Larg. lâmina a 2/3 do compr. (cm) 11 FO - Ângulo do ápice foliar 12 FO - Ângulo da base foliar PC_BAImb PC_ESLin ESCItaunas PO_RJPar 36.95 (33.01-40.89) 25.9 (24.66-40.81) 25.01 (16.55-35.27) 31.43 (24.09-44.95) 1.63 (1.45-1.84) 1.50 (1.44-2.28) 1.7 (1.43-1.91) 1.78 (1.45-2.16) 0.98 (0.9-1.1) 0.91 (0.72-1.05) 0.81 (0.7-0.97) 1.3 (1.01-1.59) 13.66 (10.87-17.08) 12.77 (8.98-18.24) 12.89 (9.89-16.33) 25.19 (13.84-34.29) 4.35 (3.64-4.65) 3.87 (2.79-6.08) 3.74 (2.77-5.11) 5.89 (4.45-8.24) 8.72 (6.17-11.39) 8.17 (4.52-9.86) 8.03 (5.55-10.7) 18.58 (8.32-25.74) 111.73 (101.1-130.27) 126.64 (91.21-144.06) 98.59 (94.12-102.82) 78.92 (47.71-113.96) 45.60 (40.64-47.2) 48.64 (31.23-60.95) 43.24 (37.3-47.21) 37.83 (20.04-57.75) 42.47 (37.09-48.39) 44.44 (24.05-57.51) 39.63 (33.2-43.66) 34.22 (18.27-36.99) 42.55 (38.85-47.27) 46.45 (26.08-53.67) 38.57 (33.24-44.83) 35.06 (17.55-52.07) 40.88 (36-42.8) 46.4 (29-52.4) 43.7 (40.8-48.4) 37.05 (20-50) 43.28 (38.4-48.8) 44.2 (30-52.0) 41.5 (37.2-42.4) 36.44 (20-50) 69 Tabela 06. Caracteres utilizados na análise de Morfometria Tradicional (com dados foliares + dados florais) nas populações do complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Valores apresentados como média (mínimo-máximo). CA=Caule; ES=Estípula; FO=Folha; FC= Filamento da Corona. Código Caracteres Vegetativos 1 CA - Compr. médio 2 ES - Compr. médio 3 ES - Larg. Média 4 FO - Compr. pecíolo (mm) 5 6 7 8 9 10 11 12 FO - Dist. dos nectários até a base do pecíolo FO - Dist. dos nectários até o ápice do pecíolo FO - Maior compr. lâmina (cm) FO - Maior larg. lâmina (cm) FO - Larg. lâmina a 1/3 do compr. (cm) FO - Larg. lâmina a 2/3 do compr. (cm) FO – Ang. do ápice foliar FO – Ang. da base foliar PC_BAIlh PC_BAMar BACamacari PC_BACon PC_BAImb 36.58 (23.36-51.62) 35.50 (29.68-42.15) 48.22 (20.86-61.23) 56.36 (39.86-62.9 36.95 (33.01-40.89) 1.46 (1.11-1.79) 1.45 (1.34-1.60) 1.47 (1.02-1.96) 1.70 (1.61-1.94) 1.63 (1.45-1.84) 1.7 (1.43-1.91) 1.78 (1.45-2.16) 0.86 (0.62-1.03) 11.62 (6.76-14.49) 0.90 (0.87-0.97) 9.36 (3.20-11.73) 0.80 (0.63-1.05) 15.04 (9.3-20.79) 0.95 (0.86-1.22) 16.95 (10.3-19.75) 0.98 (0.9-1.1) 13.66 (10.87-17.08) 0.81 (0.7-0.97) 12.89 (9.89-16.33) 1.3 (1.01-1.59) 25.19 (13.84-34.29) 3.88 (2.71-4.52) 3.95 (3.20-4.88) 4.75 (3.35-7.61) 4.6 (2.54-5.45) 4.35 (3.64-4.65) 3.74 (2.77-5.11) 5.89 (4.45-8.24) 7.58 (6.9-10.24) 5.19 (2.88-6.57) 9.59 (5.01-13.99) 11.27 (6.67-13.54) 102.57 (75.67-114.93) 95.76 (75.07-113.97) 104.01 (85.51-123.24) 100.32 991-77-107.07) 8.72 (6.17-11.39) 111.73 (101.1130.27) 8.03 (5.55-10.7) 98.59 (94.12102.82) 18.58 (8.32-25.74) 78.92 (47.71113.96) 46.07 (35.35-58.32) 41.24 (28.8_51.78) 44.41 (41.23-49.01) 45.60 (40.64-47.2) 43.24 (37.3-47.21) 37.83 (20.04-57.75) 41.49 (30.88-58.32) 38.09 (26.26-42.58) 42.80 (33.87-64.76) 42.15 (39.4-46.76) 42.47 (37.09-48.39) 39.63 (33.2-43.66) 34.22 (18.27-36.99) 51.87 (30.79-110.0) 37.00 (24.49-38.25) 40.91 (29.39-65.71) 39.85 (36.8-44.01) 42.55 (38.85-47.27) 38.57 (33.24-44.83) 35.06 (17.55-52.07) 45.83 (34.46-71.79) ESCItaunas PO_RJPar 25.01 (16.55-35.27) 31.43 (24.09-44.95) --- 27.28 (28.0-39.6) 39.6 (31.2-51.6) 40.42 (37.0-43.6) 40.88 (36-42.8) 43.7 (40.8-48.4) 37.05 (20-50) 47.31 (37.2-96.0) 43.54 (32.8-54) 44.14 (36.8-60.4) 44.66 (40-50.8) 43.28 (38.4-48.8) 41.5 (37.2-42.4) 36.44 (20-50) 27.30 (29.52-78.04) 65.59 (29.87-105.95) 140.96 (72.12-226.08) 194.25 (85-280) 138.64 (92-260) 83.46 (23.85-165,0) 294.25 (115-850) 4.19 (4.47-8.02) 7.97 (5.96-12.77) 13.16 (8.71-23.39) 10.19 (11.2-18.12) 6.28 (2.61-16.59) 6.23 (3.84-9.37) 22.49 (14.51-31.14) Inflorescência 13 Compr. Raque 14 Dist. entre os pedúnculos na raque 70 Continuação da Tabela 06. Caracteres utilizados na análise de Morfometria Tradicional (com dados foliares + dados florais) nas populações do complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Valores apresentados como média (mínimo-máximo). CA=Caule; ES=Estípula; FO=Folha; FC= Filamento da Corona. Caracteres 15 16 17 18 19 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 Compr. pedúnculo (cm) PC_BAIlh PC_BAMar BACamacari PC_BACon PC_BAImb ESCItaunas PO_RJPar 16.06 (14.79-23.41) 1.72 (2.37-2.45) 2.77 (2.38-3.38) 2.74 (2.51-3.75) 2.35 (2.3-3.71) 3.76 (3-4.76) 3.01 (2.84-3.49) Compr. brácteas (mm) 1.49 (1.38-2.14) 1.971 (1.75-2.49) 1.43 (1.31-2.06) 1.41 (1.06-2.29) 1.59 (1.53-1.98) 1.35 1.6 (1.66-1.68) Larg. brácteas (mm) 0.58 (0.62-0.82) 0.61 (0.50-0.86) 0.48 (0.31-0.78) 0.56 (0.58-0.69) 0.73 (0.51-1.13) 0.58 0.44 (0.43-0.45) Compr. bractéolas (mm) Larg. bractéolas (mm) 1.12 (096-1.64) 1.22 (1.01-1.81) 1.15 (0.96-2.03) 0.91 (0.81-1.51) 1.28 (1.19-1.38) 1.20 (0.93-1.15) 1.52 (1.49-1.58) 0.55 (0.49-0.71) 0.46 (0.33-0.63) 0.48 (0.26-1.11) 0.40 (0.36-0.72) 0.68 0.51 (0.33-0.81) 0.45 (0.34-0.62) 25.39 (25.19-33.28) 30.14 (30.86-31.73) 30.83 (31.49-36.72) 29.32 (26.22-35.66) 35.72 (31.68-41.87) 27.94 (26.59-28.82) 6.72 (5.23-35.12) 6.73 (6.07-9.22) 8.26 (8.51-9.65) 6.96 (6.62-9.92) 6.41 (5.83-7.32) 7.37 (6.57-8.51) 5.73 (5.59-6.31) 5.55 (5.06-6.5) Compr. sépala (mm) Larg. sépala a 1/3 (mm) Larg. sépala a 2/3 (mm) Compr. pétala (mm) 6.45 (5.91-8.58) 7.34 (6.56-7.96) 6.75 (6.01-8.86) 5.62 (4.92-6.43) 6.85 (6.17-7.72) 5.38 (4.65-6.48) 6.06 20.64 (20.77-26.69) 26.28 (25.23-27.35) 24.91 (24.19-31.41) 22.62 (22.71-30.64) 30.91 (28.51-34.15) 23.37 (22.19-24.13) 30.55 Larg. pétala a 1/3 (mm) 4.48 (4.5-6.21) 5.44 (5.5-5.83) 4.83 (4.49-6.1) 4.62 (4.51-6.58) 6.08 (5.84-6.84) 4.92 (4.43-5.52) 4.23 Larg. pétala a 2/3 (mm) 4.15 (4.31-4.44) 5.33 (5.18-6.22) 4.28 (3.92-5.82) 4.24 (6.45-8.47) 6.27 (5.76-7.19) 4.32 (3.61-4.36) 4.21 6.67 (7.39-8.53) 7.26 (6.1-9.47) 7.19 (6.1-10.13) 7.67 (6.45-8.47) 8.78 (7.63-9.61) 4.92 (6-6.9) 12.21 3.40 (3.33-4.47) 4.39 (3.41-5.87) 4.03 (3.57-5.33) 4.25 (2.99-4.45) 5.04 (4.54-5.58) 2.87 (3.57-4.3) 5,75 2.21 (2.04-3.03) 3.52 (3.69-4.42) 2.46 (2.08-2.58) 4.10 (2.9-4.85) 2.55 (2.11-4.07) 3.88 (2.4-5.01) 3.14 (1.93-9.67) 4.42 (2.9-4.17) 2.51 (2.23-2.92) 3.56 (3.11-3.82) 1.69 (1.82-2.71) 2.07 (2.44-3.22) 2.33 2.3 FC - Compr. série externa (mm) FC - Compr. série intermediária (mm) FC - Compr. série interna (mm) Altura opérculo (mm) Altura límen (mm) 7.72 (6.73-10.07) 6.03 (5.56-10.53 9.52 (7.52-13.01) 9.33 7.87-10.94) 7.96 (8.78-11.46) 2.54 (3.57-6.59) --- Compr. filete (mm) 9.39 (9.79-12.05) 8.90 (11.66-12.74) 10.99 (10.6-13.13) 10.44 (4.43-12.66) 8.27 (8.7-12.33) 10.12 (10.01-10.26) --- Compr. antera (mm) 10.86 (10.59-13.92) 5.83 (11.24-12.1) 11.09 (7.12 (13.41) 10.23 (7.3-13.99) 10.21 (11.74-14.93) 9.98 --- Compr. estilete (mm) 3.33 (6.12-9.91) 5.36 (10.44-11.02) 4.7 (5.9-12.91) 4.51 (5.17-5.68) --- 4.07 5.93 71 Tabela 07. Eigenvalue e contribuições dos componentes principais obtidos a partir do valor do Broken Stick (PAST). PC 1 2 3 4 5 6 Eigenvalue % Variância 0.00100601 61.244 0.00015918 9.6906 0.000111024 6.7589 0.0000827 5.0329 0.0000602 3.662 0.0000516 3.1431 % Cumulativo 61.24 70.94 77.69 82.73 86.39 89.53 0.03 0.02 Axis 2 0.01 0 -0.01 -0.02 -0.03 -0.04 -0.05 -0.064 -0.048 -0.032 -0.016 0 0.016 0.032 0.048 0.064 A xis 1 Figura 08. Análise de MANOVA/CVA a partir dos quatro componentes principais, agrupados por população, com dados da morfometria geométrica. ▲ Rio de Janeiro; □ = Conde; ■ = Camaçari; ○ = Belmonte; + Imbé; ◊ = Una; * = Ilhéus; ∆ = Maraú; X = Conceição da Barra; ▬ = Itaúnas (ES); ¦ = Linhares. 72 Figura 09. Efeitos de cada um dos quatro componentes principais. Os números 1-4 correspondem aos quatro primeiros componentes principais, respectivamente. Cada coluna mostra: -2 s.d. (desvio padrão), -1 s.d., forma média, + 1 s.d., + 2 s.d. MORFOMETRIA TRADICIONAL Análises multivariadas dos dados Na análise morfométrica tradicional baseada nos caracteres foliares os dados obtidos com a CVA utilizando-se os 6 primeiros componentes principais (CP) mostraram separação entre as populações (fig. 10). Os dois primeiros eixos explicaram uma variação de 67,9% entre as populações do Rio de Janeiro com as populações da Bahia e Espírito Santo. Entre as populações da Bahia e do Espírito Santo não houve nenhuma separação. Assim, é possível distinguir bem nesta análise um grupo formado pela população do Rio de Janeiro e outro com as populações da Bahia e do Espírito Santo. A combinação entre os outros eixos não foram significativos nesta análise. 73 24 16 8 Axis 2 0 -8 -16 -24 -32 -40 -48 -48 -40 -32 -24 -16 -8 0 8 16 24 A xis 1 Figura 10 – Análise morfométrica tradicional (foliar) com dados de CVA. ▲ Rio de Janeiro; □ = Conde; ■ = Camaçari; ○ = Belmonte; + Imbé; ◊ = Una; * = Ilhéus; ∆ = Maraú; ▬ = Itaúnas (ES); ¦ = Linhares; X = Conceição da Barra. 6 4.8 3.6 Axis 2 2.4 1.2 0 -1.2 -2.4 -3.6 -4.8 -7.2 -6 -4.8 -3.6 -2.4 -1.2 A xis 1 0 1.2 2.4 A B Figura 11. A. Análise com Variáveis Canônicas com os 6 CP, utilizando-se dados combinados (foliares + florais); B. Agrupamento pelo método de Ward (foliares + florais). ▲ Rio de Janeiro; Belmonte; + Imbé; □ = Conde; X = Conceição da Barra; ■ = Camaçari; ○ = ◊ = Una; * = Ilhéus; ∆ = Maraú. 74 Na análise realizada com os caracteres florais e foliares, os resultados com a CVA, utilizando-se os 6 CP, mostram uma separação entre as populações do Rio de Janeiro com as populações da Bahia e Espírito Santo, através do eixo 1 (fig. 11A). Porém na análise de agrupamento com o método de Ward, esta separação não se confirma (fig. 11B). Análise Combinada de Dados (morfometria geométrica + tradicional) Na análise combinada com a utilização dos dados obtidos na morfometria geométrica e na tradicional (apenas dados foliares), há uma separação considerável da população do Rio de Janeiro e de Ubatuba em relação às demais, através do eixo 1, com 55,18% de variação. (fig. 12). 16 8 0 Axis 2 -8 -16 -24 -32 -40 -48 -30 -24 -18 -12 -6 0 6 12 18 24 Axis 1 Figura 12 – Resultado da análise combinada (morfometria geométrica + tradicional (foliares), MANOVA/CVA com os 6 CP. ▲ Rio de Janeiro; Conceição da Barra; ■ = Camaçari; ○ = Belmonte; + Imbé; □ = Conde; X = ◊ = Una; * = Ilhéus; ∆ = Maraú; ▬ = Itaúnas (ES); ¦ = Linhares. 75 DISCUSSÃO Delimitação das espécies Este estudo revela que o contorno foliar juntamente com os dados da morfometria tradicional foram úteis na separação das espécies em questão, reforçando sua utilização como uma ótima ferramenta para elucidar problemas taxonômicos não solucionados ou parcialmente solucionados com a taxonomia básica, ou pelo menos abordando de forma bastante objetiva a variação morfológica. Com os resultados obtidos, observa-se uma separação fortemente sustentada e explicada por padrões geográficos e morfológicos, a análise efetuada separou claramente as populações do Rio de Janeiro e São Paulo (apesar da pequena amostragem), das demais populações, o que leva a um reconhecimento de duas espécies distintas: P. ovalis e P. contracta, levando ao restabelecimento do segundo táxon. Estes resultados são corroborados por aqueles obtidos com os dados de ISSR (capítulo três). A publicação original de P. ovalis na Flora Fluminensis (Vellozo 1827), considera esta espécie como distribuída no estado do Rio de Janeiro, com os seguintes caracteres: lâminas inteiras, elípticas, duas glândulas sésseis, situadas do meio para a base do pecíolo, inflorescências racemosas, glândulas na base do pedúnculo. Portanto, a espécie encontrada no Rio de Janeiro e em São Paulo é reconhecida como sendo P. ovalis, e a espécie encontrada nos estados da Bahia e Espírito Santo como P. contracta, sendo aqui então restabelecida a espécie publicada por Vitta & Bernacci (2004) e seguindo a mesma delimitação proposta pelos autores. Apesar das espécies apresentarem uma sobreposição nos caracteres morfológicos, suas formas são significativamente diferentes, principalmente em relação ao tamanho do eixo principal da inflorescência, formato foliar (elíptica ou arredondada) e tamanho do fruto. As populações do Espírito Santo, não se separaram das populações da Bahia, mostrando que ainda há uma continuidade no fluxo gênico entre estas populações, e que estas não formam até o momento um táxon distinto dos demais. De acordo com Vitta & Bernacci (2004), além da separação geográfica estas espécies se diferenciam pelos seguintes caracteres: P. contracta possui inflorescência racemiforme, 7-12 cm de compr. no eixo principal e pecíolo minuciosamente puberulento; pedúnculo ausente, pedicelo articulado e séssil, 1,3-2,7 cm compr., hipanto e superfície abaxial das sépalas minuciosamente puberulenta; sépalas 2,3-3,1 cm de 76 compr.; ginóforo 1,7-2,4 cm de compr.; P. ovalis possui inflorescência paniculiforme, com 30-90 cm de compr. no eixo principal, pedúnculo e pedicelo glabros; pedúnculo alongado de 6-15 mm de compr., pedicelo articulado 4-5,5 cm compr.; hipanto e superfície abaxial das sépalas glabras; sépalas 3-4,1 cm de compr.; ginóforo 2,4-2,7 cm de compr. O material tipo de P. ovalis assemelha-s com o morfotipo encontrado nas espécies do Rio de Janeiro e São Paulo, e segundo este estudo caracteriza-se por apresentar: estípula de 1-3 x 0,5-2 mm; Lâmina foliar (compr.) 5-10(-14)cm; Margem da lâmina foliar não revoluta; glândulas do pedúnculo presente; diâmetro da flor de 5-10 cm; indumento face abaxial da sépala ausente; pétalas 1,9-4,2 cm compr.; filamentos da corona em 2 séries; filamentos série externa 3-12 mm compr.; filamentos série interna 3-10 mm compr.; androginóforo 6-20 mm alt. O material tipo de P. contracta descrito do material coletado no município de Linhares/ES, também corresponde ao tipo morfológico padrão encontrado nas espécies ocorrentes de Pernambuco ao Espírito Santo, e segundo este estudo caracteriza—se por apresentar: estípula de 1-2 x 0,2-1 mm; lâmina foliar (compr.) 5,6-13,5 cm; margem da lâmina foliar não revoluta; glândulas do pedúnculo presente; diâmetro da flor de 5-8 cm; indumento face abaxial da sépala pubescente; pétalas 2-3 cm compr.; filamentos da corona em 2 séries; filamentos série externa 8-11 mm compr.; filamentos série interna 4-5 mm compr.; androginóforo 15-24 mm alt. Além dos resultados obtidos pôde-se considerar também o isolamento geográfico das espécies, uma vez que as mesmas são encontradas em áreas de mata atlântica, que formava um contínuo no litoral brasileiro. Porém com o desmatamento desordenado, principalmente visando a implantação de pastagens e plantação comercial de eucalipto (Eucalyptus sp./Myrtaceae) no sul da Bahia e Espírito Santo, provavelmente levará a uma interrupção no fluxo gênico entre estas populações, o que pode levar a diferenciação da espécie com separação entre a encontrada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro (P. ovalis). 77 Capítulo III Uso de marcadores moleculares ISSR (Inter Simple Sequence Repeats) na delimitação do complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer (Passifloraceae) 78 Uso de marcadores moleculares ISSR (Inter Simple Sequence Repeats) na delimitação do complexo Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer (Passifloraceae) Nas últimas décadas, várias ferramentas têm sido desenvolvidas para auxiliar as análises com genética de populações. Através da tecnologia do PCR (Polymerase Chain Reaction), pode-se amplificar diversas regiões, inclusive microrregiões, através do desenvolvimento de primers específicos, possibilitando estudos como estruturação de espécies, através de estudos populacionais, uso de locus hipervariáveis de microssatélites, etc. Estas ferramentas têm sido de grande utilidade e uma quantidade considerável de estudos têm sido publicados, através de inúmeros protocolos para obtenção de resultados filogenéticos e de genética de populações (Wolfe et al. 1998; Esselman et al. 1999; Ajibade et al. 2000; Wolfe & Randle 2001; Xu & Sun 2001). Dentro de Passiflora vários estudos têm sido publicados com o uso de marcadores moleculares (Vieira et al. 1997; Cassiano et al. 2001; Fajardo et al. 1998; Sanchéz et al. 1999; Carneiro 2001; Carneiro et al. 2002; Aukar et al. 2002; Crochemore et al. 2003; Viana et al. 2003; Passos 2007). Segundo Passos (2007) os resultados obtidos no estudo populacional com P. galbana e P. mucronata, espécies simpátricas, ocorrendo do norte ao sul do Brasil, não corroborou com uma separação morfológica destas espécies, mas uma separação geográfica, indicando uma ocorrência de fluxo gênico. Sanchez et al. (1999), utilizando marcadores moleculares de cloroplasto, reconhece a existência de três grupos distintos dentro do gênero Passiflora: Decaloba, Tacsonia e Passiflora. O estudo de genética de populações investiga a conexão entre caracteres demográficos e a distribuição de variantes genéticos moleculares (Sunnucks 2000). A partir da variação genética e dos modelos de genética de populações pode-se inferir sobre a biologia dos organismos. Uma ferramenta muito utilizada atualmente são os marcadores moleculares de ISSR (Inter Simple Sequence Repeat) (Zietkiewicz et al. 1994), que consistem na utilização de vários primers específicos que codificam pequenas regiões, escolhida por muitos pesquisadores por ser uma técnica relativamente barata, de fácil repetibilidade e apresentar um alto índice de polimorfismo, muito 79 utilizada para obter distinção entre espécies através dos estudos populacionais (Wolfe & Randle 2001). Os marcadores de ISSR (Zietkiewicz et al. 1994) estão relacionados ao SSR que consiste na amplificação de pequenos fragmentos e sua principal diferença em relação a outros marcadores como AFLP e RAPD, está relacionada aos primers utilizados na amplificação de fragmentos. Os primers utilizados na amplificação de ISSR codificam pequenas regiões entre dois microssatélites similares, com 100-3.000 pb (Guasmi et al. 2006) e consistem em seqüências brevemente repetidas de bi ou trinucleotídeos, que acoplam em regiões 5’ou 3’ (Wolfe et al. 1998). A abundância de fragmentos encontrados (loci) é devido a um padrão conhecido de agrupamentos de regiões de microssatélites no genoma. ISSR são marcadores dominantes como RAPD (marcador que usa a presença ou ausência de bandas de um locus), porém apresenta como vantagem sobre esse, o alto índice de polimorfismo e a fácil repetibilidade. Essa técnica tem sido escolhida por não necessitar de um conhecimento prévio de seqüências, já que são baseados em elementos repetitivos do DNA. Esse é um dos melhores marcadores moleculares para investigação da variação genética entre indivíduos estritamente relacionados (Djé et al. 2006), ou para enfatizar diferenças entre populações estreitamente relacionadas, estimando variabilidade genética dentro de populações (Nybom 2004). Sendo assim, vários estudos com populações naturais têm sido realizados com a utilização desses marcadores: Wolfe et al. 1998; Wolfe & Randle 2001; Andrade 2006; Passos 2007 e Silva 2008. A estrutura genética de uma espécie pode ser definida como a distribuição da variabilidade genética entre e dentro de populações. Em populações naturais, a distribuição da variabilidade genética é influenciada pelo modo de reprodução, sistema de cruzamento, tamanho da população, distribuição geográfica e fluxo gênico (Hamrick & Loveless 1986), além de ser estruturada no tempo e no espaço. Outros fatores que interferem nesta estrutura são mutação, migração, seleção e deriva genética, as quais definem a distribuição da variabilidade genética nas populações (Wadt 2001). Em grupos com delimitação taxonômica difícil, como é muito comum entre as Passiflora, estudos de variabilidade genética podem contribuir de maneira significativa para avaliação dos limites interespecíficos. Conforme discutido no capítulo um desta tese, o subgênero Deidamioides seção Tetrastylis sensu Feuillet & MacDougal (2003) apresenta duas espécies ocorrendo no Brasil, com separação geográfica e morfológica P. ovalis Vell. ex M.Roemer e P. 80 contracta Vitta. Devido a sinonimização realizada por Cervi (2005), estas espécies passaram a compor um único táxon e são aqui tratadas como pertencentes ao complexo Passiflora ovalis. Observações preliminares dos espécimes destes dois táxons encontrados em herbários mostram que estas espécies apresentam sobreposição em vários caracteres morfológicos, causando uma dificuldade na delimitação específica através da taxonomia tradicional. Até o presente momento, este é o segundo estudo populacional envolvendo estas espécies, visando solucionar este problema, sendo o primeiro apresentado no capítulo 2 desta tese. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi utilizar marcadores moleculares de ISSR para realizar um estudo de variabilidade genética no complexo P. ovalis, visando melhorar a compreensão dos limites específicos neste complexo, contribuindo para o entendimento da taxonomia do grupo. MATERIAL E MÉTODOS Amostragem das espécies Foram coletadas 11 populações do complexo P. ovalis, sendo sete no estado da Bahia, duas no Espírito Santo e duas populações nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, perfazendo um total de 168 indivíduos, dos quais foram coletados dados de marcadores moleculares de ISSR (Tabela 8). Estas populações foram escolhidas por representar uma amostragem significativa da distribuição geográfica do complexo, que apresenta uma distribuição na mata atlântica do Pernambuco à região norte de São Paulo (fig. 5, capítulo 2). As populações foram coletadas em seu ambiente natural, sendo coletados entre 10 a 20 indivíduos por população, com exceção da população de Parati com apenas dois indivíduos. Foram coletadas folhas jovens e em perfeito estado morfológico, sem presenças de fungos ou indicações de presença de ovos de insetos, para evitar possíveis contaminações nas amostras. O material coletado foi conservado em silica-gel e um voucher de cada população está depositado no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS), acrônimo segundo Holmgren et al. 1990 (Tabela 08). Este estudo servirá para complementar os estudos realizados no capítulo 2 com dados morfométricos, no intuito de solucionar a problemática do complexo Passiflora ovalis. 81 Tabela 08. Populações do complexo Passiflora ovalis classificadas de acordo com Vitta & Bernacci (2004), juntamente com o número de indivíduos por população, número do voucher depositado no herbário HUEFS e localização de cada população. HUEFS No. Indiv. no. Táxon Voucher População Localidade Estado Coordenadas 1 Passiflora contracta T.S.Nunes 1405 104175 14 PC_BABelm Belmonte Bahia S16 06'22,0 W38o57'42,6 2 Passiflora contracta T.S.Nunes 1348 101433 12 PC_BACam Camaçari Bahia S12 40'26 W38o18'4 3 Passiflora contracta T.S.Nunes 1307 101391 16 PC_BACon Conde Bahia S12 2'2 W37o42'9 4 Passiflora contracta T.S.Nunes 1279 101363 16 PC_BAImb Imbé Bahia S12 7'40 W37o59'14 5 Passiflora contracta P.D.Carvalho 293 103697 11 PC_BAMar Maraú Bahia S14 7'50 W38o59'55 6 Passiflora contracta T.S.Nunes 1789 120179 16 PC_BAIlhe Ilhéus Bahia S14 47' W39o12' 7 Passiflora contracta S.F.Conceição 451 103828 14 PC_PC_BAUna Una Bahia S15 15'16 W39o3'8 8 Passiflora contracta T.S.Nunes 1809 124218 17 PC_ESCBar C.Barra E.Santo S18 36'49 W39o47'39 9 Passiflora contracta T.S.Nunes 1762 112404 11 PC_ESLin Linhares E.Santo S19 6'62 W39o53'33 10 Passiflora ovalis T.S.Nunes 1837 124248 2 PO_RJPar Parati R.Janeiro S23 20'68 W44 o49'87 11 Passiflora ovalis T.S.Nunes 1831 124242 10 PO_SPUba Ubatuba S.Paulo S23o21'95 W44o51'10 82 Extração de material A extração do DNA total foi feita através do método de CTAB 2x (Doyle & Doyle 1987), o material preservado em sílica-gel foi macerado (50mg), com areia lavada e autoclavada e/ou nitrogênio liquído, depois de macerado o material foi diluído em 700µl de CTAB e 4µl de β-mercaptoetanol, aquecido em banho-maria por 20 minutos a temperatura de 60-70ºC, acrescentado de 800µl de clorofórmio e deixado no agitador por 240 minutos. O material foi centrifugado a rotação de 13.000 rpm por 15 minutos, o sobrenadante foi recolhido com o auxílio de uma pipeta e passado para novos tubos para microcentrífugas numerados. A precipitação foi obtida com a adição de 700µl de isopropanol (2-propanol), deixado em freezer por 24 horas, depois desse período o material foi centrifugado para separação do pellet, e lavado com etanol a 70% por 2 ou 3 vezes, colocado para secar por ca. 24 horas em temperatura ambiente, e ressuspendido com 100µl de tampão TE (10 mM Tris-HCl [pH 8.0], 1 mM EDTA [pH 8.0]). Após a ressuspensão a concentração de DNA foi determinada por eletroforese conjuntamente com um marcador Lambda Hind III (Invitrogen Corporation). Amplificação do ISSR Para a amplificação de loci de ISSR, foram testados 20 primers, disponíveis no Laboratório de Sistemática Molecular de Plantas da UEFS, sendo que destes apenas sete se apresentaram polimórficos para o grupo em questão (Tabela 09). Foram realizados vários testes de PCR, para aperfeiçoar a melhor condição de reação, incluindo diferentes concentrações de DNA genômico (0,5 – 2µl), concentração de primer (1,0µl), MgCl2 (1,5-1,7µl), dNTP (4,0µl), aditivo BSA – Albumina Bovina Sérica (0,5µl), taq polimerase – Phoneutria (0,1-0,2µl), Tampão 10x (500 mM KCL, 100 mM, tris-HCl pH8,4, 1% triton X-100 – Phoneutria Biotec. Ser. Ltda) e H20 (água ultra-pura). A temperatura de anelamento variou entre 45º-52º por 45 minutos, num total não variável de 35 ciclos, o produto total de PCR obtido foi de 18µl. Nos testes iniciais os produtos do DNA genômico foram testados diluídos na concentração de 1/10, 1/20, 1/50 e 1/100 sendo que a concentração que apresentou melhores resultados para todos os primers foi o DNA total sem diluição. As amplificações foram obtidas através dos termocicladores Perkin Elmer Gene Amp 9700, Máster Cycle Eppendorf e Px E0,2 Thermo Hybrid. As condições finais de amplificação foram: temperatura inicial de aquecimento: 94ºC por 1:30 minutos; denaturação: 94ºC durante 40 minutos; anelamento 45ºC por 45 minutos; extensão 72ºC por 1:30 minutos; sendo acrescentada mais dois ciclos de 94ºC por 45 83 segundos e 44ºC por 45 segundos em cada ciclo, perfazendo um total de 35 ciclos e com a extensão final de 72ºC por 7 minutos. Uma vez obtido o melhor protocolo para cada primer, este foi seguido fielmente para todos os indivíduos da população, a fim de evitar a amplificação de bandas não comparáveis e de forma a permitir a repetibilidade dos dados. Tabela 09. Lista dos primers utilizados, seqüências nucleotídicas e número de bandas analisadas para o complexo Passiflora ovalis. Os sete primeiros primers foram os selecionadas na análise de variabilidade genética. Primer Seqüência (5’ – 3’) No. de Bandas M2 GGG CGA GAG AGA GAG AGA GA 24 MANNY CAC CAC CAC CAC RC 28 GOOFY GTG TGT GTG TGT GTY G- 27 OMAR GAG GAG GAG GAG RC 24 DAT GAG AGA GAG AGA GARG 30 UBC899 CAC ACA CAC ACA RG 16 UBC902 GTG TGT GTG TGT AY 14 JOHN AGA GAG AGA GAG AGY C Não caracterizado AW3 GTG TGT GTG TGT RG Não caracterizado TERRY GTG GTG GTG GGT GRC Não caracterizado BECKY CAC ACA CAC ACA CAYC Não caracterizado M1 CAA GAG AGA GAG A Não caracterizado R7 CTC TCT CTC TCT CTC TRG Não caracterizado UBC844 CTC TCT CTC TCT CTC TCT RC Não caracterizado UBC898 CAC ACA CAC ACA RY Não caracterizado UBC901 GTG TGT GTG TGT YR Não caracterizado UBC814 CTC TCT CTC TCT CTC TTG Não caracterizado UBC843 CTC TCT CTC TCT CTC TRA Não caracterizado CHRYS CAC ACA CAC ACA CAY G Não caracterizado MAO CTC CTC CTC CTC RC Não caracterizado 84 Análise dos produtos de amplificação através da eletroforese Após a amplificação, o produto da PCR foi analisado por eletroforese em gel de agarose a 1,8% (120ml de tampão SB 1x, 1,8mg de agarose). O DNA (14µl do produto do PCR) foi corado com o auxílio do corante azul de bromofenol (TAE 10 x 0,5ml; EDTA 0,5 M 0,4 ml; SDS – 10% 0,2ml; azul de bromofenol 0,2ml; glicerol 7,0ml; água estéril 1,7ml) e brometo de etídio (5µl), com o tampão sódio-borato (pH 8,0 e 200 mM de hidróxido de sódio – Brody e Kern 2004). Para quantificar o tamanho dos fragmentos (bandas) foi utilizado um marcador de peso molecular (Ladder 100 pares de bases - pb), a corrida foi feita em cuba de eletroforese, durante três horas, com voltagem de 100V e amperagem de 75mA. As bandas foram visualizadas em transluminador UV (Spectroline) e registradas através da utilização da câmara digital Kodak EDAS 290, através do software Kodak 1D 3.6. As bandas obtidas do marcadores moleculares de ISSR foram escorados como marcadores dialélicos, onde o tamanho do fragmento representa um locus. As bandas com pouca intensidade ou de difícil definição foram excluídas da análise. As imagens dos géis foram salvas no formato .tif (8 bits), e analisadas através do programa GelCompar II, onde uma comparação entre todas as imagens dos géis foi realizada (exemplificado pelo UBC899 na figura 13), e os resultados foram convertidos numa matriz com a presença dos locus dialélicos, através da presença (1) ou ausência (0) das bandas. Os dados faltantes foram tratados como (-1). Esta matriz binária foi utilizada para as análises estatísticas. Análises estatísticas Para as análises estatísticas foram utilizados os seguintes programas: GENEALEX (Peakall & Smouse 2006 – http://www.anu.edu.au/BOZO/GenALEx), PAST (Hammer et al. 2001), AFLPSURV (Vekemans 2002), HICKORY versão 1.1 (Holsinger & Lewis 2003-2007), PHYLIP (Felsenstein 1991-2006), PAUP 4.0b10 (Swofford 2008) e POPGENE 1.32 (Yeh et al. 1999 - disponível no sítio ftp://ftp.microsoft.com/Softlib/MSLFILES/HPGL.EXE). 85 Figura 13. Gel de agarose corado com brometo de etídio, com amplificação do primer UBC899 em populações do complexo Passiflora ovalis, as bandas 5, 15 e 21 são do marcador de peso molecular Ladder 100 pb. Uma análise de variabilidade genética para todas as populações foi realizada através dos seguintes parâmetros: número médio de alelos (N), número de alelos exclusivos, percentual de loci polimórfico (P), heterozigosidade média esperada (He), distância genética e de identidade genética de Nei, calculadas pela distância não enviesada de Nei (1978) (D), proporção da diversidade entre populações (GST), estruturação genética (FST). Para estas análises foi utilizado o programa GenALEx e AFLP-SURV. Os cálculos de GST e FST são importantes para avaliar a estrutura populacional segundo o modelo de ilhas (Takata & Nei 1984). Para estimr o fluxo gênico (Nm) foi utilizado o programa POPGENE. Este fluxo gênico foi corrigido indiretamente através da fórmula Nm = 0,5(1-GST)/GST (McDermott & McDonald, 1993 apud Brandão 2008). Análises de agrupamentos foram realizadas com a ajuda dos softwares: AFLPSURV, PHYLIP (NEIGHBOR e CONSENSE). Para obter um resultado mais significativo, as análises de agrupamento foram realizadas a partir da matriz de distância genética (calculada pela distância não enviesada de Nei) e pelos valores de FST (obtido par a par no AFLPSURV). Os dendogramas obtidos foram visualizados através do TreeView 1.6.1 (Page 2000), a partir dos métodos de agrupamentos UPGMA (Sneath & Sokal 1973) e Neighbor-joining (Saitou & Nei 1987). Uma análise de bootstrap foi realizada com 1.000 replicações para avaliar a significância das topologias obtidas, 86 através dos programas NEIGHBOR e CONSENSE (PHYLIP). Os dendogramas não foram enraizados uma vez que não foram utilizados nesta análise nenhuma população como grupo externo. Foram feitas matrizes de distância genética e de identidade genética (Nei 1978), Análise de Coordenadas Principais (PCO), e uma Análise de Variância Molecular (AMOVA), a partir das matrizes de distância e de identidade genética, conduzida no sentido de analisar a variação total dentro e entre as populações. Para esta análise foi conduzido um teste de significância com 999 permutações dos dados, em três etapas: 1) Considerando todas as populações como um único grupo; 2) separando as populações das duas espécies em dois grupos; 3) entre as populações de cada espécie para avaliar se existem diferenças significativas entre populações da mesma espécie. Uma outra análise foi realizada no intuito de verificar a estrutura populacional com a estimativa de parâmetros como FST (Wright 1978) e endogamia (f) nos dados sobre equilíbrio de Hardy-Weinberg, através do programa HICKORY. Para esta análise foram assumidos quatros modelos: 1) “Full model” que estima o coeficiente de endogamia; 2) “f=0” que calcula todas as estimativas assumindo a ausência de endogamia; 3) “theta=0” que calcula todas as estimativas assumindo a ausência dos parâmetros equivalentes ao FST; 4) “f free model” que não estima o coeficiente de endogamia diretamente. O theta e os outros parâmetros são estimados a partir do coeficiente de endogamia obtidos da distribuição anterior durante as corridas de MCMC (Markov Chain Monte Carlo). Foram empregadas 50000 cadeias como burn-in, com um número de amostras de 50000 e o fator thinning igual a 5 segundo o default. Para estimar o modelo mais adequado foi utilizado o critério do DIC (Deviance Information Criterion), Dbar, Dhat e pD, no qual o valor do DIC escolhido é o que minimiza a soma do Dbar e pD, e ainda seguindo as interpretações dadas pelo manual do programa. Resultados Variabilidade Genética Um total de 163 loci foram obtidos para os sete primers amplificados para as 11 populações. Os tamanhos dos fragmentos obtidos variaram de 100 a 1600 pb (fig. 13) Dos 163 loci obtidos apenas um foi monomórfico. Na análise por população, o grau de polimorfismo variou de 70,37% na população PC_BAIlh e 17,28% na população PO_RJPar. As populações que apresentaram alelos exclusivos foram: PC_BACon, PC_BAMar, PC_BAUna, PO_RJPar e PO_SPUba, sendo que as populações de 87 PC_BACon, PC_BAMar, PC_BAUna e PO_SPUba apresentaram apenas um alelo exclusivo e a população de PO_RJPar apresentou três alelos exclusivos. O número de alelos gerados por primer neste estudo variou entre 6 a 25, com uma média de 15 alelos por primer, sendo o primer DAT o que apresentou o maior número com 30 bandas e o primer UBC902, o menor número com 14 bandas (Tabela 8). Considerando-se a análise por espécie, P. contracta (populações da Bahia e do Espírito Santo) apresentou apenas três alelos exclusivos (total de 102 alelos) e P. ovalis (populações do Rio de Janeiro e São Paulo) quatro (total de 17 alelos), em relação a quantidade de populações amostradas e o número de indivíduos por populações, a quantidade de alelos exclusivos foi maior na população PO_RJPar de P. ovalis (três alelos exclusivos) (Tabela 10). A análise de variabilidade genética entre as populações de P. ovalis e P. contracta apresentou variações entre populações de: 37% (P. ovalis) e 13% (P. contracta), sendo a variação dentro das populações de 63% (P. ovalis) e 87% (P. contracta). A variação encontrada na análise utilizando-se todas as populações sem especificação das espécies foi 19% entre populações e 81% dentro das populações (Tabela 11). Diversidade Genética O maior valor de heterozigosidade média esperada (He) foi de 0,188 (BAImbé) e o menor valor foi de 0,072. Entre as espécies o maior valor encontrado para P. contracta foi de 0,188 (PC_BAImb) e o menor valor foi de 0,141 (PC_ESLin), em P. ovalis o maior valor encontrado foi de 0,167 (PO_SPUba) e o menor valor foi encontrado foi de 0,072 (PO_RJPar) (Tabela 10). A diversidade genética total (HT) entre todas as populações foi de 0,2375 comparada com a diversidade genética dentro das populações (HS) de 0,1972 (Tabela 11). Estruturação Genética As Análises Moleculares de Variância (AMOVA), realizadas com todas as onze populações apresentaram uma variação entre as espécies de 28%, dentro das populações de 62% e entre as populações por espécies de 10% (Tabela 12). A estruturação genética entre as populações do complexo P. ovalis analisadas foi de 0,2700 (GST), enquanto que o fluxo gênico (Nm) estimado a partir desta estruturação foi de 1,3519. Em uma segunda análise, realizada por espécie, somente com as populações de P. contracta a variação encontrada dentro das populações foi de 87% e entre as populações foi de 88 13%. Uma análise realizada com as duas populações de P. ovalis a variação encontrada dentro das populações foi de 63% e entre as populações de 37% (Tabela 11). Nesta análise o valor da estruturação genética (GST) foi de 0,1308, e o fluxo gênico (Nm) foi de 3,3240, confirmando o fluxo gênico alto intrapopulacional para ambas as espécies. Na terceira análise para as populações de P. ovalis a variação encontrada dentro das populações foi de 63% e entre as populações foi de 37%. Nesta análise o valor da estruturação genética (GST) foi de 0,4198, e o fluxo gênico (Nm) foi de 0,6911 (Tabela 11). Na análise de coordenadas principais (PCO) com todas as populações os três primeiros eixos correspondem a 64,40% da variância observada, sendo que o primeiro eixo explica 29,58% desta variância, separando as populações de P. ovalis das populações de P. contracta. O segundo eixo com apenas 18,15% de variação não separa nenhuma das populações (Fig. 15). Na análise realizada através do HICKORY para obtenção dos valores referentes à estrutura populacional, segundo os valores obtidos para o DIC, foram escolhidos como modelos e que melhor explicam os padrões encontrados para os dados das onze populações analisadas Full e o f = 0. A diferença encontrada nos parâmetros para os modelos estão associadas à dimensionalidade dos modelos. Estes modelos indicam um provável efeito da endogamia (f = 0,8043) e diferenças nas freqüências alélicas entre as populações (uma vez que os valores para theta são considerados em ambos modelos). Os valores de theta II, theta III e theta B variaram para os dois modelos escolhidos, porém também indicam provável compartilhamento de alelos, uma vez que os valores obtidos variaram de moderados para o Full (theta II = 0,1560, theta III = 0,1374 e theta B = 0,2463) e baixos para o f = 0 (theta II = 0,1068, theta III = 0,0994 e theta B = 0,1829) (Tabela 13). Relações fenéticas As análises de agrupamento obtidas a partir da distância genética (calculada pela distância não enviesada de Nei) e pelos valores de FST, estão representadas na figura 14. Nas análises com a distância genética de Nei, os cladogramas obtidos para análise de UPGMA e NJ, mostram um suporte de 99% e 100% no agrupamento das populações de PO_RJPar e PO_SPUba. PC_ESLin e PC_ESCBar estão agrupadas com fraco suporte (65% - NJ) e abaixo de 50% na análise com UPGMA. As populações da Bahia não 89 apresentaram agrupamentos significativos na análise com a distância de Nei, em nenhum dos algoritmos utilizados. Nas análises com FST, as populações do PO_RJPar e PO_SPUba também se agruparam com 100% de bootstrap, e as populações de PC_ESLin e PC_ESCBar agruparam-se apenas na análise com NJ com 68% de valor de bootstrap. As populações da Bahia também não apresentaram agrupamentos significativos, apenas uma união entre Ilhéus e Maraú com 79% de bootstrap na análise com UPGMA. Estas análises revelam uma separação entre as populações de P. ovalis (PO_RJPar e PO_SPUba) das populações de P. contracta (populações do Espírito Santo e Bahia), com valores de suporte de 100% para a análise com FST e 99-100% na análise com a distância genética de NEI (Fig. 14). Analisando os valores de identidade genética (Tabela 14), pode-se observar uma variação entre 0,810 (entre as populações de PC_ESLin e PO_SPUba) e 0,969 (entre as populações de PC_ESCBar e PC_ESLin) em populações não co-específicas. Entre populações co-específicas de P. ovalis por apresentar apenas duas populações, o valor de identidade genética foi de 0,855. Entre as populações de P. contracta o maior valor de identidade genética ocorreu entre as populações de PC_ESCBar e PC_ESLin (0,969) e o menor valor de identidade genética foi 0,923 entre as populações de PC_BABelm e PC_BAUna. 90 Tabela 10. Percentual de loci polimórficos por população (N= número de alelos encontrados; P= loci polimórficos; He = heterozigosidade média esperada; PC=Passiflora contracta e PO= P. ovalis). Espécie No. Bandas No. Bandas (N) exclusivas População %P He P. contracta PC_BABelm 7 0 59.88% 0,177 P. contracta PC_BACam 17 0 67.90% 0,180 P. contracta PC_BACon 16 1 67.28% 0,185 P. contracta PC_BAIlh 16 0 70.37% 0,177 P. contracta PC_BAImb 19 0 63.58% 0,188 P. contracta PC_BAMar 16 1 65.43% 0,174 P. contracta PC_BAUna 11 1 56.17% 0,149 P. contracta PC_ESCBar 11 0 53.70% 0,151 P. contracta PC_ESLin 6 0 46.30% 0,141 P. ovalis PO_RJPar 21 3 17.28% 0,072 P. ovalis PO_SPUba 25 1 50.62% 0,167 Média 15 -- 56,23% -- Tabela 11. Variabilidade e diversidade genética média das populações do complexo P. ovalis. P= percentual de loci polimórfico; HT = diversidade genética total; HS = diversidade genética dentro das populações; GST = grau de diferenciação das populações; FST = coeficiente de estruturação genética ao longo do tempo evolutivo, Nm = número de migrantes por geração (fluxo gênico). P. ovalis P. contracta Todas as populações P 90,74 62,96 56,23 HT 0.3198 0.2203 0.2375 HS 0.2616 0.2053 0,1972 GST 0.4198 0.1308 0.2700 Nm 0.6911 3.3240 1.3519 FST 0,1639 0,0683 0,1713 Número de alelos 105 119 __ Alelos exclusivos 8 50 7 Variação entre populações 37% 13% 19% Variação dentro das populações 63% 87% 81% 91 Tabela 12. Sumário da Análise Molecular de Variância (AMOVA) para as populações do complexo P. ovalis: df = grau de liberdade. Soma dos df Fonte de Variação Entre Espécies 1 Entre Populações/ Dentro 9 das Espécies Componentes da Percentual de Quadrados Variância variação Estatística – F 212.789 7.763 28% 0.282 476.205 2.792 10% 0.141 62% 0.384 Dentro das Populações 128 2171.655 16.966 Total 138 2860.649 27.521 Tabela 13. Estrutura genética obtida no HICKORY versão 1.1 para as 11 populações do complexo P. ovalis utilizadas na análise. Os valores em negrito correspondem aos prováveis modelos escolhidos pelo critério do DIC. Modelos Parâmetros do DIC Parâmetros Equivalentes a Estatistica - F Dbar Dhat pD DIC F Theta I Theta II Theta III Theta B Full 4165,96 3414,51 751,456 4917,42 0.156014 0.137476 0.246362 f=0 4174,54 3360 814,532 4989,07 -- 0.270198 0.10681 0.099449 0.182952 Theta = 0 7680,71 7530,16 150,55 7831,26 0.986451 0.28007 -- -- -- f free 4.253,46 3348,35 905,113 5518,57 0.496445 0.344722 0.156233 0.128414 0.224028 0.804311 0.363646 92 Tabela 14. Matriz de identidade genética de Nei (1978) nas 11 populações do complexo P. ovalis. PC= Passiflora contracta; PO= Passiflora ovalis. Dados obtidos pelo GeneAlex. Em negrito os valores de maior e menor similaridade encontrados. PC_BABe PC_BACa PC_BACo PC_BAIl PC_BAIm PC_BAMa PC_PC_BAUn PC_ESCBa PC_ESLi PO_RJPa PO_SPUb l n h b r r r m a n a PC_BABel - PC_BACam 0.931 - PC_BACon 0.934 0.949 - PC_BAIlh 0.941 0.938 0.943 - PC_BAImb 0.939 0.949 0.951 0.933 - PC_BAMar 0.954 0.959 0.949 0.965 0.946 - a 0.923 0.954 0.941 0.951 0.936 0.957 PC_ESCBar 0.953 0.930 0.931 0.949 0.939 0.957 0.942 PC_ESLin 0.957 0.935 0.929 0.944 0.945 0.958 0.940 0.969 - PO_RJPar 0.871 0.863 0.875 0.861 0.864 0.877 0.862 0.864 0.862 - PO_SPUba 0.819 0.812 0.829 0.813 0.822 0.819 0.830 0.827 0.810 0.855 PC_PC_BAUn - - 93 Figura 14. Análise de agrupamento realizado para as onze populações estudadas utilizando o algorítimo de UPGMA e Neighbor-joining (NJ) a partir da distância genética de Nei (1978) pelo método não enviesado e pelos valores de FST (Wright 1978) par a par. Os valores sobre os ramos indicam o suporte estatístico de bootstrap. A. FST – NJ; B. FST – UPGMA; C. NEI – NJ; D. NEI – UPGMA. (Tabela 1 para os códigos das populações). 94 0.25 0.2 0.15 Axis 2 0.1 0.05 0 -0.05 -0.1 -0.15 -0.2 -0.4 -0.35 -0.3 -0.25 -0.2 -0.15 -0.1 -0.05 0 0.05 0.1 Axis 1 Figura 15. Análise de Coordenadas Principais (PCO) com as 11 populações do complexo Passiflora ovalis, baseado nos 163 loci de ISSR, considerando duas espécies ▲ P. ovalis e + P. contracta, a partir da matriz de distância genética de Nei (Nei 1978). Discussão A utilização dos marcadores moleculares de ISSR neste estudo se mostrou uma ótima ferramenta no estudo de variabilidade intra e interpopulacional. Os resultados foram considerados superiores no sentido de indicar caminhos para o esclarecimento sobre o posicionamento taxonômico das espécies do complexo P. ovalis. Passos (2007) utilizando marcadores moleculares de ISSR para analisar as espécies P. galbana e P. mucronata detectou um percentual baixo a médio de loci polimórficos entre 14,81% e 36,11%, com uma média de 29,92%. No presente trabalho o percentual foi maior, sendo que a média encontrada foi de 56,23%, variando entre 17,28% (PO_RJPar) a 70,37% (PC_BAIlhe). A baixa quantidade de indivíduos analisados para a população de PO_RJPar pode ser responsável pelo baixo percentual de loci polimórficos. Os resultados obtidos com os valores de fluxo gênico indicam um alto nível de fluxo gênico ocorrendo dentro das espécies, e um fluxo num nível mais baixo entre as espécies. Os valores encontrados para variação entre populações dentro das espécies 95 (10%) e entre espécies (28%) indicam um fluxo gênico menor na relação entre as espécies do que entre as populações dentro das espécies. Estes resultados também foram os mesmos encontrados por Passos (2007), demonstrando que ocorre fluxo gênico ou ocorreu em um passado recente com as populações de P. mucronata e P. galbana. Valores de fluxo gênico menores que 1 indicam isolamento geográfico, considerados por alguns autores com fluxo gênico alto (Govindajaru 1989), sendo os valores considerados intermediários entre 0,25 a 0,99 e considerados baixos, valores menores que 0,25. Em P. contracta o valor encontrado é muito alto em relação ao encontrado para P. ovalis, significando um possível isolamento geográfico das populações de P. ovalis. Considerando os modelos existentes para explicar o fluxo gênico entre populações: a) modelo continente-ilha, em que o fluxo de alelos ocorre em uma única direção, partindo de uma população grande para uma população menor e isolada; b) modelo de ilhas, onde o movimento de alelos se dá ao acaso, em qualquer direção, entre um grupo de pequenas populações; c) o modelo stepping-stone, onde o fluxo gênico ocorre apenas entre populações vizinhas; d) modelo de isolamento por distância, o qual considera uma população contínua onde o fluxo de alelos ocorre entre vizinhos próximos (Perecin 2000), pode-se considerar as diferenciações encontradas para as espécies do complexo P. ovalis como explicada pelo quarto modelo, levando-se em conta a distância geográfica que isola esta população das populações de P. contracta, porém é necessária a realização de teste estatístico de isolamento por distância para comprovar esta hipótese. As espécies em questão são quiropterófilas, polinizadas por morcegos Glossophaga soricina (Sazima & Sazima 1978; Buzato & Franco 1992) que em seu vôo de visita às flores alcançam uma distância de 150-200 m, sendo a distância máxima relatada de 1.450 m. Um estudo com enfoque na biologia floral e na distância geográfica dessas espécies pode ser mais uma ferramenta no esclarecimento da situação taxonômica entre as espécies do complexo P. ovalis. Passos (2007) não encontrou diferenciação genética entre as espécies de P. mucronata e P. galbana, indicando um possível fluxo gênico tanto interpopulacional quanto interespecífico, não sendo possível a delimitação destes táxons no nível específico. De acordo com os resultados obtidos na matriz de identidade genética, observarmos uma maior similaridade entre as populações de Conceição da Barra e Linhares (P. contracta), e uma menor similaridade entre as populações de Ubatuba (P. ovalis) e de Linhares (P. contracta), sugerindo que as duas espécies são distintas 96 geneticamente, e as populações interespecíficas apresentam uma maior similaridade genética. As alterações no ambiente com a formação de barreiras naturais são importantes fatores responsáveis pela alteração no nível de fluxo gênico ocorrendo entre populações. As populações que se agruparam entre sim e ao mesmo tempo se mostraram mais distantes em relação às demais foram as PO_SPUba e PO_RJPar. Estas populações são as que estão mais próximas geograficamente (ca. 50km), o que justifica a ocorrência de um maior fluxo gênico entre elas. Uma explicação para esta diferenciação entre as espécies, pode ser dada pela deriva genética, a ação do “efeito gargalo”, ou a interrupção do fluxo gênico entre de populações do complexo P. ovalis, isoladas geograficamente, e que apresentam variabilidade genética reduzida. Considerando sempre o tamanho da população para o Rio de Janeiro e para São Paulo, que pode ter contribuido para a baixa variabilidade genética encontrada entre estas populações com as demais. A população do Rio de Janeiro foi a que apresentou um maior número de alelos exclusivos (três), um número considerado alto em relação às demais que apresentaram apenas um alelo exclusivo. A presença de bandas exclusivas reforça a importância em desenvolver mecanismos de preservação destas populações naturais, visando a preservação da heterozigosidade encontrada nestas populações, uma vez que esta população foi encontrada em ambientes preservados de mata atlântica. As informações obtidas através dos registros de herbários e das coletas realizadas para o desenvolvimento deste estudo revelam que existe um padrão geográfico de distribuição entre as duas espécies analisadas: P. ovalis (encontrada no sul do Rio de Janeiro a região Norte de São Paulo, em áreas de mata atlântica, com altitude variando de 0-900 m s.n.m) e P. contracta (encontrada de Pernambuco, Bahia ao Espírito Santo também no mesmo ecossistema e em altitudes semelhantes) (capítulo 5). Essa separação pode não ser influenciada por barreiras geográficas, devido ao curto espaço de tempo, levando-se em conta a época de registro destas espécies em herbários, mas pela ação antrópica com a retirada da vegetação nativa e implantação de extensas áreas com monocultura. Porém, esta distância e/ou isolamento pode ser responsável pela formação de padrões morfológicos geograficamente distintos. Isto foi observado por Passos (2007) ao relatar que as espécies que apresentaram maiores distâncias genéticas, correspondiam as que apresentaram também maiores distâncias geográficas, no estudo realizado com Passiflora. Isolamento pela distância. 97 Um fator importante que precisa ser levado em consideração é a ação antrópica, na redução drástica das áreas naturais onde estas espécies ocorrem. Estas são endêmicas do bioma Mata Atlântica, uma vegetação completamente ameaçada pelo desmatamento, sendo encontrada apenas em pequenos refúgios, criados por força de lei, ou pequenas áreas ainda preservadas, que funcionam como verdadeiras barreiras geográficas, levando a formação de pequenas populações, isoladas das demais. A partir destes resultados foi feita uma análise cuidadosa nos caracteres morfológicos destas duas espécies (capítulo 5) e chegou-se à conclusão que se trata de duas espécies distintas que sofreram diferenciação, reforçado pelos dados obtidos no capítulo 2 com dados morfométricos. Passiflora ovalis descrita originalmente para o Rio de Janeiro, apresenta inflorescência paniculiforme com eixo floral ca. (6-)10-80(-120) cm compr. no dossel da mata (obs. pess.), pedúnculo 0,6-3,5 cm compr., pedicelo 0,9-3,5 cm compr., flores amarelo-esverdeadas e os frutos são verdes com manchas claras, variando de 7-14 x 5-9 cm quando maduros. Passiflora contracta, descrita por Vitta & Bernacci (2004), encontrada do Pernambuco, Bahia e Espírito Santo, é corroborada com os dados moleculares como uma espécie distinta de P. ovalis (capítulo 1), e também por dados morfométricos (capítulo 2), se caracteriza por apresentar inflorescências racemiforme, com eixo principal de (3-)19-50 cm compr., pedúnculo primário 0,2-0,7 x 0,1-0,3 cm compr., não terminando em uma gavinha, pedicelo 2-3,5 x 0,1-0,3 cm; flores marrons e os frutos são verdes com estrias brancas quando imaturos e amarelos quando maduros. Vegetativamente estas espécies são muito difíceis de serem diferencidas. Estes dados foram corroborados com este estudo, sendo P. ovalis encontrada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro em áreas de mata atlântica, com altitude variando entre 0-1.000 m s.n.m. E P. contracta encontrada nos estados e Pernambuco, Alagoas, Bahia e Espírito Santo, endêmica da mata atlântica, com altitude variando entre 0-900 m s.n.m. 98 Capítulo IV Morfologia polínica de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) e suas implicações taxonômicas Capítulo desenvolvido em colaboração com a Profa. Ms. Rita de Cássia Matos dos Santos Araújo (UNEB-Paulo Afonso/BA) e Prof. Dr. Francisco de Assis Ribeiro dos Santos (UEFS). 99 Morfologia polínica de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) e suas implicações taxonômicas Passiflora subgênero Deidamioides encontra-se na América do Sul e América Central, com espécies agrupadas em seis seções: Mayapathanthus MacDougal (2 spp.), Tryphostemmatoides Harms (5), Deidamioides (Harms) Feuillet & MacDougal (1), Tetrastylis (Barb.Rodr.) Harms (2), Polyanthea DC. (1) e Tetrapathea DC. (1). A complexidade taxonômica deste subgênero é discutida em alguns estudos filogenéticos, no intuito de esclarecer seu monofiletismo e o posicionamento das espécies dentro das seções. Na maioria dos trabalhos filogenéticos publicados com espécies deste subgênero (Muschner et al. 2003; Yockteng & Nadot 2004a; 2004b; Krosnick & Freudenstein 2005, Krosnick et al. 2006; Hansen et al. 2006, Zamberlan 2007), o número amostral e as topologias obtidas não foram suficientes para elucidar o posicionamento de Deidamioides (capítulo 1). Na flora americana, as espécies do gênero Passiflora encontram-se bastante diversificadas sendo, do ponto de vista palinológico, muito complexas e pouco estudadas, principalmente em relação às dificuldades na interpretação de suas aberturas, pouco se conhecendo sobre os caracteres polínicos com valores taxonômicos que possam auxiliar a sistemática do grupo, e os dados são controversos na literatura analisada podendo-se citar para as Américas os trabalhos de Roubik & Moreno (1991), Araújo & Santos (2004), Milward-de-Azevedo et al. (2004) e Barrios et al.(2005). Sendo assim, o objetivo principal deste capítulo foi realizar um estudo polínico com algumas espécies de Passiflora pertencentes ao subgênero Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal (2003), visando encontrar caracteres diagnósticos para justificar ou não o monofiletismo do subgênero, bem como oferecer subsídios para corroborar ou não com o posicionamento taxonômico das seções e espécies dentro do subgênero. Além disso, correlacionar os dados obtidos com o estudo polínico com os encontrados no capítulo um, reforçando o posiscionadmento taxonômico das espécies estudadas. Material e Métodos O material botânico estudado foi obtido a partir de exsicatas oriundas dos herbários: ALCB, BM, BR, CEPEC, ESA, HUA, HUEFS, IAC, K, MA, R, RB e TEX 100 (acrônimos de acordo com Holmgren et al. 1990) (Tabela 18, capítulo 5 para lista dos herbários). Para cada espécie, foi analisado mais de um espécime quando possível. No entanto, não foi possível realizar as análises morfopolínicas das espécies P. discophora e P. pacifica, pertencentes ao grupo de estudo, por se encontrarem estéreis nas exsicatas examinadas ou não estarem disponíveis no HUEFS. Material examinado: P. arbelaezii L.Uribe – Colômbia: Antioquia: Amalfi, 14/II/1988, J.M.MacDougal 3987 (MA). P. cirrhiflora Juss. – Guiana Francesa: Cayene: Montsinéry, 30/VI/2004, C.Feuillet 1424 (TEX); Brasil, Amapá, 1956, M.Bastos s.n. (RB 96378). P. contracta Vitta - Brasil: Bahia: Porto Seguro, 20/V/2007, T.S.Nunes 1778 (HUEFS). Espírito Santo: Conceição da Barra, 19/VIII/2007, T.S.Nunes 1909 (HUEFS). Espírito Santo: Linhares, 21/VIII/2007, T.S.Nunes 1812 (HUEFS). P. deidamioides Harms – Brasil: São Paulo: São Bernardo, s.d. A.K.Hansen 181 (TEX). São Paulo: Salesopólis, 4/III/2004, L.C.Bernacci 3652 (IAC). São Paulo: Salesópolis, 25-VI-2000, W.Forster 319 (ESA). Minas Gerais: Lima Duarte, 26/IX/2001, R.Marquete 3080 (RB). P. gracillima Killip – Colômbia: Antioquia: Guatapí, 27/X/1983, L.A.Escobar 3652 (TEX). Antioquia: Sonsón, 9/IV/1994, R.Callejas 11129 (HUA). P. igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. ined. Brasil: Bahia: Igrapiúna, 18/XII/2002, M.L.S.Guedes 9294 (ALCB). P. macdougaliana Knapp & Mallet - Panamá: Colón: Portobelo, IV/1982, S.Knapp 4587 (TEX). P. obovata Killip – Costa Rica: Puntarenas: Monteverde, 14/IV/1981, S.Knapp 867 (TEX). P. ovalis Vell. ex M.Roemer - Brasil: Rio de Janeiro: Paraty, 25/VIII/2007, T.S.Nunes 1837 (HUEFS). São Paulo: Ubatuba, 24/VIII/2007, T.S.Nunes 1831 (HUEFS). P. tetrandra Banks & Sol. ex DC. - Nova Zelândia: s.d., R.Lynd 927453 (BM). P. timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. ined. - Brasil: Bahia, Amargosa, 18/XI/2007, A.M.Amorin 7027 (CEPEC). P. tryphostemmatoides Harms Colômbia: Vale del Cauca: Route Cali, 8/III/1997, F.Billiet 6896 (BR); Colômbia: Forests of the M. Andes of Popayan, F.C.Lehmam 8515 (K). Para análise em microscopia de luz (ML), os grãos de pólen foram acetolisados de acordo com a metodologia descrita por Erdtman (1960). Os grãos foram medidos conforme as recomendações de Salgado-Labouriau (1973) e montados em lâminas permanentes com gelatina glicerinada. Foram efetuadas, quando possível, 25 medidas do diâmetro polar (DP) e equatorial (DE) em vista equatorial e do diâmetro equatorial em vista polar (DEp). Após as análises quantitativas dos grãos de pólen, em 101 microscópio Zeiss Axiostar, os dados foram submetidos a tratamento estatístico, sendo posteriormente fotomicrografados os caracteres que melhor representaram os respectivos táxons. Foram realizadas 10 medidas dos diâmetros dos lumens, assim como largura maior dos pontopérculos e as camadas da exina (sexina e nexina), sendo calculada nesses casos apenas a média aritmética. As lâminas examinadas neste trabalho encontram-se depositadas na Palinoteca do Laboratório de Micromorfologia Vegetal, do Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Feira de Santana. Para análise em microscopia eletrônica de varredura (MEV), os grãos de pólen acetolisados foram passados em série hidroetanólica, gotejados diretamente sobre o porta-espécime e recobertos por uma fina camada de ouro por ca. três minutos e observados e eletromicrografados em microscópio LEO 1430 VP. A terminologia adotada para a caracterização dos grãos de pólen está de acordo com Punt et al. (2007). Para as descrições das aberturas polínicas, utilizaram-se os conceitos morfopolínicos de Thanikaimoni (1986), que utiliza o termo pontopérculo para a faixa da exina fusionada nas áreas apocolpais, as quais são referidas para o gênero Passiflora pelo autor. Resultados Os dados quantitativos e as características morfopolínicas das espécies estudadas de Passiflora subgênero Deidamioides estão apresentados nas tabelas 15 e 16. A análise palinológica sob ML e MEV (Figs. 16-18) revelou a existência de grãos de pólen médios a grandes, isopolares, oblatos esferoidais, prolatos esferoidais a suboblatos (Tabela 16), com amb subcircular a subtriangular; 6-sincolporados apenas em Passiflora arbelaezii (Fig. 16D) e P. gracillima (Fig. 16E), 6-colporados, nas demais espécies (Tabela 16, Fig. 16G, 16H, 16I, 16J, 17E, 17F, 17J, 18B, 18D, 18J) colpos longos cobertos com pontopérculos (Fig. 16B, 16I, 16D, 16J e 18D), endoaberturas lalongadas; exina reticulada (na maioria das espécies), porém microrreticulada em P. tryphstemmatoides (Fig. 17H), sempre heterobrocada. Aberturas: Os colpos são longos, estreitos com extremidades afiladas (na maioria das espécies) (Fig. 16G, 16I, 17D, 17F, 18B e 18J), ocorrendo sempre aos pares (Fig. 16C, 16D, 16E, 16G, 17A e 17F), às vezes fusionados aos pólos em P. arbelaezii (Fig. 16D) e P. gracillima (Fig. 16E). Presença de pontopérculo entre as aberturas proximais e fortemente soldado ao mesocolpo na região apocolpal (Fig. 16B, 16I e 102 17D). Quanto à largura, os pontopérculos foram considerados largos na maioria das espécies variando de 9,1µm (em P. deidamioides) a 14,8µm (em P. tetrandra), sendo mais estreitos em espécimes de P. arbelaezii (5,0µm a 6,2µm) e P. gracillima (6,3µm) (Tabela 15). As endoaberturas são lalongadas, em número de três, largas com extremidades circulares, única para cada par de ectoaberturas proximais (Fig. 16B, 16I, 16J, 17G, 17H e 18D), exceto P. obovata, que possui endoaberturas únicas para pares de ectoaberturas distais (Fig. 17B). Membrana apertural fortemente ornamentada foi encontrada nas espécies: P. contracta (Fig. 16F), P. igrapiunensis (Fig. 16I), P. ovalis (Fig. 16G), e P. timboënsis (Fig. 16J). Em todas as espécies, registrou-se a presença de costa ao redor das endoaberturas. Exina: A exina apresenta-se reticulada, com retículo de diferentes dimensões dos seus lumens (Tabela 15), ou microrreticuladas (P. tryphostemmatoides). Os muros foram descritos como interrompidos (MEV), apenas em P. deidamioides (Fig. 18A), P. cirrhiflora (Fig. 18E) e P. obovata, sendo sinuosos na maioria das espécies (Fig. 16D, 16E, 17D, 17E, 17F e 18A) ou pouco sinuosos em P. contracta (Fig. 16F), P. igrapiunensis (Fig. 16I), P. ovalis (Fig. 16G) e P. timboënsis (Fig. 16J). Foram encontrados lumens pequenos com poucos báculos no interior em P. cirrhiflora (Fig. 18E), P. deidamioides (Fig. 18A) e P. obovata; ou lumens grandes com muitos báculos: P. contracta (Fig. 16F), P. igrapiunensis (Fig. 16I), P. macdougaliana (Fig. 17E), P. ovalis (Fig. 16G), P. tetrandra (Fig. 18G) e P. timboënsis; além de espécies com lumens pequenos e completa ausência de báculos no interior: P. arbelaezii (Fig. 16A), P. gracillima (Fig. 16E) e P tryphostemmatoides (Fig. 17I). Na maioria das espécies, os muros são simplescolumelados (Tabela 16), exceto P. tetrandra que são duplicolumelados. Em todas as espécies, a sexina é mais espessa que a nexina (Tabela 15). As medidas dos materiais examinados (Tabela 16) mostram que em muitos exemplares a forma dos grãos de pólen não se mantém constante nos espécimes de um mesmo táxon. As médias aritméticas dos diâmetros polínicos (Tabela 15) estão na sua maioria fora da faixa de variação entre os espécimes, demonstrando a grande variabilidade existente nas dimensões dos grãos de pólen. Diante dos resultados obtidos, foi possível o estabelecimento de sete tipos morfopolínicos para as espécies analisadas. 103 Chave polínica para identificação dos tipos polínicos encontrados nas espécies estudadas de Passiflora subgênero Deidamioides. 1. Grãos de pólen 6-sincolporados ................................................................................ Tipo 1 1’. Grãos de pólen 6-colporados 2. Endoberturas unindo os cólporos distais ............................................................. Tipo 3 2’. Endoaberturas unindo os cólporos proximais 3. Muros duplicolumelados .............................................................................Tipos 7 3’. Muros simplescolumelados 4. Lúmen com báculos ausentes ................................................................ Tipo 5 4’. Lúmen com báculos presentes 5. Membrana apertural ornamentada ............................................... Tipo 2 5’ Membrana apertural lisa 6. Muros contínuos e endoaberturas com extremidades imprecisas.......................................................................Tipo 4 6’. Muros interrompidos e endoaberturas com extremidades circulares ...................................................................... Tipo 6 Tipo 1: Grãos de pólen 6-sincolporados, endoaberturas unindo os cólporos proximais, com extremidades circulares, retículos com muros simplescolumelados e contínuos, báculos ausentes nos lumens dos retículos e membrana apertural lisa. Espécies: Passiflora arbelaezii L.Uribe e P. gracillima Killip (Fig. 16A-E) Grãos de pólen médios a grandes, isopolares, oblatos a prolatos esferoidais, amb subcircular, 6-sincolporados, exina reticulada. Ectoaberturas longas, estreitas, fusionadas aos pares no apocolpo, cada par se une parcialmente nas extremidades formando um anel ao redor dos três mesocolpos que possuem extremidades arredondadas; três endoaberturas lalongadas com extremidades circulares, única para cada par de ectoaberturas proximais, e pontopérculo saliente na região equatorial. Exina reticulada, heterobrocada, muros lisos, sinuosos, simplescolumelados e contínuos, formando retículos com lumens pequenos sem báculos no seu interior. 104 Tipo 2: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares unindo os cólporos proximais, retículos com muros simplescolumelados e contínuos, muitos báculos nos lumens dos retículos e membrana apertural ornamentada. Espécies: P. ovalis Vell. ex M.Roemer; P. contracta Vitta; P. igrapiunensis T.S. Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. ined. e P. timboënsis T.S. Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. ined. (Fig. 16F-J). Grãos de pólen grandes, isopolares, prolatos esferoidais, amb subtriangular em vista polar, 6-colporados, exina reticulada. Ectoaberturas aos pares, longas, estreitas e afiladas nas extremidades, não fusionadas ao apocolpo; três endoaberturas lalongadas única para cada par de ectoaberturas, com extremidades circulares e constritas no centro; membrana apertural ornamentada; pontopérculo fortemente soldado ao mesocolpo na região apocolpal. Exina espessa, reticulada, heterobrocada, muros lisos, sinuosos e simplescolumelados, formando retículos com lumens grandes, muitos báculos livres no interior dos lumens. Tipo 3: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares unindo os cólporos distais, muros, simplescolumelados e interrompidos, poucos báculos nos lumens dos retículos e membrana apertural lisa. Espécie: P. obovata Killip (Fig. 17A-B). Grãos de pólen médios, isopolares, oblatos esferoidais, amb subcircular, 6colporados, exina reticulada. Ectoaberturas aos pares, estreitas e afiladas nas extremidades, não fusionadas ao apocolpo, três endoaberturas lalongadas uma para cada par de ectoabertura distais com extremidades circulares, pontopérculo fortemente soldado ao mesocolpo na região apocolpal. Exina delgada, reticulada, heterobrocada, muros lisos, sinuosos e simplescolumelados e interrompidos sob MEV, formando retículos pequenos com poucos báculos livres no interior dos lumens. Tipo 4: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades imprecisas unindo os cólporos proximais, retículos com muros simplescolumelados e contínuos, poucos báculos nos lumens dos retículos e membrana apertural lisa. Espécie: P. macdougaliana S. Knapp & Mallet (Figuras 17C-E). 105 Grãos de pólen grandes, isopolares, prolatos esferoidais, amb subcircular, 6colporados, exina reticulada. Ectoaberturas aos pares, longas, estreitas e afiladas nas extremidades, não fusionadas ao apocolpo, três endoaberturas lalongadas, de difícil visualização, uma para cada par de ectoaberturas proximais com extremidades imprecisas, pontopérculo fortemente soldado ao mesocolpo na região apocolpal. Exina espessa, reticulada, heterobrocada, muros lisos, pouco sinuosos, simplescolumelados e contínuos, formando retículos grandes com poucos báculos livres no interior dos lumens. Tipo 5: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares unindo os cólporos proximais, muros simplescolumelados, contínuos, báculos ausentes nos lumens dos microrretículos e membrana apertural lisa. Espécie: P. tryphostemmatoides Harms (Figuras 17F-J). Grãos de pólen médios, isopolares, subprolatos a prolato esferoidal, amb subtriangular, 6-colporados, exina microrreticulada. Ectoaberturas aos pares, longas, dilatada na região da endoabertura, afiladas nas extremidades, não fusionadas ao apocolpo, três endoaberturas lalongadas com extremidades circulares, pontopérculo fortemente soldado ao mesocolpo na região apocolpal. Exina delgada, reticulada, heterobrocada, muros lisos, sinuosos e simplescolumelados e contínuos, formando retículos sem báculos livres no interior dos lumens. Tipo 6: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares unindo os cólporos proximais, muros interrompidos, simplescolumelados, poucos báculos nos lumens dos (micror)retículos e membrana apertural lisa. Espécies: P. cirrhiflora Juss. e P. deidamioides Harms (Figuras 18A-F). Grãos de pólen médios a grandes, isopolares, subprolatos a oblatos esferoidal, amb subcircular, 6-colporados, exina reticulada (em P. cirrhiflora) a microrreticulada (em espécimes de P. deidamioides). Ectoaberturas aos pares, longas, afiladas nas extremidades, não fusionadas ao apocolpo, três endoaberturas com extremidades circulares bastante visíveis (pequenas em P. deidamioides), uma para cada ectoabertura, pontopérculo soldado ao mesocolpo na região apocolpal, saliente na região equatorial 106 em P. cirrhiflora. Exina delgada, (micror)reticulada, heterobrocada, muros lisos, sinuosos, simplescolumelados e interrompidos, formando retículos com pouco báculo livre no interior dos lumens. Tipo 7: Grãos de pólen 6-colporados, endoaberturas com extremidades circulares unindo os cólporos proximais, retículos com muros duplicolumelados, contínuos, muitos báculos nos lumens dos retículos. Espécie: P. tetrandra Banks & Sol. ex DC. (Figuras 18G-J). Grãos de pólen médios, isopolares, subprolatos, amb subcircular, 6-colporados, exina reticulada. Ectoaberturas aos pares, longas, três endoaberturas com extremidades circulares, única para cada par de ectoaberturas, pontopérculo fortemente soldado ao mesocolpo na região apocolpal. Exina espessa, reticulada, heterobrocada, muros lisos, pouco sinuosos e duplicolumelados e contínuos, formando retículos com lumens grandes, muitos báculos livres no interior. Discussão Presting (1965) ao avaliar 153 espécies de 13 gêneros de Passifloraceae sensu Killip (1938), encontrou grande diversidade morfopolínica nos grãos de pólen analisados, relacionando os resultados obtidos aos números cromossômicos básicos, ou ainda, segundo Melo et al. (2001), a poliploidia existente em algumas espécies do grupo. Neste estudo, também foi comprovada a grande diversidade dos grãos de pólen das espécies analisadas, com relação ao tamanho, forma, abertura, características do muro, lumens do retículo e número de báculos. Dentre os caracteres citados os mais destacáveis de alguns táxons deste subgênero, são os báculos que, sob ML e MEV, apresentam certa variação em número: espécies em que há completa ausência (P. arbelaezii, P. gracillima e P. tryphostemmatoides), outras com poucos (P. cirrhiflora, P. deidamioides, P. macdougaliana e P. obovata) e outras com muitos báculos no interior dos lumens (P. contracta, P. igrapiunensis, P. ovalis, P. tetrandra e P. timboënsis). Milward-de-Azevedo et al. (2004) utilizaram este caráter como importante recurso para a taxonomia da família no estudo de espécies do subgênero Decaloba no Sudoeste do Brasil. Também Presting (1965), ao propor uma filogenia para as 107 Passifloraceae baseada em caracteres polínicos utilizou a presença ou ausência dos báculos como recurso palinotaxonômico de grande valor. Para a diagnose polínica das espécies analisadas, o tipo, o número apertural (6colporados) e a presença de pontopérculos são básicos. Assim, essas características morfopolínicas estão sobrepostas dentro do grupo, como caráter comum às espécies estudadas. Na literatura analisada para as espécies de Passiflora subgênero Deidamioides, alguns autores descreveram aberturas do tipo colporado (Presting 1965; Barrios et al. 2005), como os encontrados nesta pesquisa, exceto Escobar (1988a), que cita para P. pacifica grãos de pólen com aberturas do tipo colpo. Com base na presente análise, os grãos de pólen foram aqui definidos como possuindo aberturas paralelas e aos pares, recobertos por um tipo especial de opérculo: os pontopérculos. Segundo Erdtman (1952) trata-se de um tipo de opérculo que permanece ligado à sexina no final da abertura, característica observada em todos os espécimes analisados, na qual as aberturas compostas (cólporos) apresentam-se protegidas por um largo pontopérculo, bastante evidente na região equatorial formando uma faixa larga e contínua da exina entre os mesocolpos, fusionando-se nas extremidades das áreas apocolpais. Thanikaimoni (1986), Palacios-Chavéz et al. (1991) e Araujo & Santos (2004) também utilizaram o termo pontopérculo com a mesma propriedade citada para os grãos de pólen de espécies de Passiflora. Passiflora arbelaezii e P. gracillima têm caracteres polínicos marcantes. Estas espécies com grãos de pólen 6-sincolporados constituem um tipo polínico especial e diferente dos demais tipos descritos para o subgênero em questão, já que os grãos de pólen analisados não apresentaram o sincolpismo apertural peculiar às espécies do tipo 1, na qual as ectoaberturas paralelas se alongam e se unem no apocolpo a outra ectoabertura adjacente oriunda do par vizinho, formando um anel contínuo ao redor do mesocolpo que permanece preso à membrana apertural. Araújo & Santos (2004) analisando 12 espécies de Passiflora encontradas na Chapada Diamantina no estado da Bahia, relataram para nove espécies o sincolpismo apertural e, ao contrário deste estudo, mencionaram queda dos mesocolpos decorrente da fragilidade da membrana apertural e do processo de acetólise, fato também observado pelos autores: Presting 1965; Spirlet 1965; Chen 1986; Moar 1993; Roubik & Moreno 1991 e Garcia et al. 2002. Para Presting (1965), o sincolpismo constitui um 108 dos dois aspectos evolutivos mais importantes na palinotaxonomia do gênero Passiflora. As espécies P. contracta, P. igrapiunensis, P. ovalis e P. timboënsis formam um complexo palinológico muito homogêneo (estenopolínico) dentro do grupo analisado, no qual as espécies se aproximam mais no que se refere à pouca sinuosidade dos muros que formam grandes lumens com muitos báculos em seu interior. O tamanho (grande) e o amb (prolato esferoidal) também os aproximam apesar desses caracteres possuírem menos peso taxonômico do que os citados anteriormente. A membrana apertural dessas espécies encontra-se fortemente ornamentada. Nesta pesquisa, isso foi observado nos grãos de pólen dos espécimes acima citados tanto sob ML como sob MEV. Para Heslop-Harrison (1979) esse pode ser um mecanismo contra dissecação, principalmente durante a polinização. As espécies incluídas neste tipo polínico são facilmente reconhecidas como pertencentes a um mesmo subgrupo, por apresentar inflorescência racemosa, flores com 4 estigmas, ovário 4-carpelos, com distribuição restrita a áreas de Mata Atlântica e endêmicas do Brasil. Segundo a delimitação proposta por Feuillet & MacDougal (2003), estas espécies pertencem ao subgênero Deidamioides seção Tetrastylis. Passiflora ovalis publicada por Roemer (1846) é uma espécie endêmica do Brasil, encontrada nos estados de Pernambuco a São Paulo, em área de mata atlântica. Vitta & Bernacci (2004), separaram esta espécie em duas, com base no tipo e tamanho da inflorescência, tamanho do pedúnculo 6-15 mm compr., pedicelo 4-5,5 cm compr., flores amarelo-esverdeadas e os frutos são verdes com manchas claras, variando de 7-14 x 5-9 cm quando maduro (P. ovalis) vs. inflorescências racemiforme, 7-12 cm compr., pedúnculo ausente, pedicelo 1,2-2,7 cm compr; flores marrons, frutos verdes com estrias brancas quando imaturos e amarelos quando maduros (P. contracta). Cervi (2005), sinonimizou P. contracta em P. ovalis. Nos capítulos 2 e 3, desta tese, são apresentados estudos morfométricos e com marcadores moleculares de ISSR, no intuito de elucidar o posicionamento taxonômico destas espécies. Os resultados obtidos (capítulos 2 e 3) mostram que são duas espécies distintas, com caracteres morfológicos congruentes e corroborado também pela distribuição geográfica. No contexto morfopolínico geral das espécies estudadas, P. obovata é uma espécie à parte e constitui um tipo polínico especial, diferente dos demais com uma marcante característica apertural, enquanto as demais espécies estudadas apresentaram endoaberturas únicas por um par de ectoaberturas proximais e paralelas. Em P. obovata, 109 ocorre um fato não mencionado na literatura analisada para o grupo, em que as endoaberturas opostas se unem aos pares de ectoaberturas distais e adjacentes, ficando, portanto, com endoaberturas mais largas que as dos grãos de pólen dos tipos polínicos encontrados para o subgênero Deidamioides. A ampla variedade morfopolínica característica das Passifloraceae tem possibilitado a criação de tipos polínicos. Presting (1965) estabeleceu tipos polínicos para as espécies dessa família utilizando como base o padrão do retículo (diâmetro do lumen e presença ou ausência de báculos) e espessura da exina. Araújo & Santos (2004) elegeram tipos polínicos baseados nas variações operculares (opérculos elípticos e pontopérculos) e tamanhos dos lumens dos (micror)retículos. Neste estudo, os tipos polínicos foram tipificados de acordo com o padrão apertural, as características do muro e presença ou ausência de báculos no interior dos lumens, diferindo, portanto dos caracteres utilizados pelos autores supracitados. Das espécies aqui apresentadas, três foram analisadas pelos estudos de Presting (1965): P. cirrhiflora, P. deidamioides e P. tryphostemmatoides, sendo descritas com grãos de pólen 6-colporados, reticulados, heterobrocados com muros sinuosos e simplescolumelados, tendo a primeira espécie grãos de pólen subprolatos e a segunda, grãos de pólen esféricos. Esses resultados corroboram com os observados neste trabalho, exceto a forma polínica de P. tryphostemmatoides, sendo os espécimes aqui descritos como subprolatos a prolatos esferoidais. Contudo algumas características morfopolínicas diferenciam estas espécies: P. cirrhiflora contendo grãos de pólen grandes, com amb subcircular e lumens com poucos báculos no interior. E os espécimes de P. tryphostemmatoides apresentando grãos de pólen médios, amb subtriangular e lumens pequenos sem báculos no interior. Segundo Barrios et al. (2005), os grãos de pólen da seção Tryphostemmatoides seriam caracterizados como oblatos esferoidais a prolato esferoidais, médios, 6colporados, mediano, amb circular, três endoaberturas, colpos fusionados em pares com três mesocolpos livres. Nesta pesquisa os dados polínicos confirmam os resultados obtidos por Barrios et al. (2005), para duas espécies pertencentes à seção citada: P. arbelaezii e P. gracillima. No entanto, se verificou diferenças no tamanho (médios a grandes) e na forma (oblatos a prolato esferoidais) respectivamente, nos indivíduos analisados. Estes caracteres, contudo, não são considerados de valor diagnóstico, devido às diferenças encontradas nos grãos de pólen dos diferentes espécimes e a insuficiência de exemplares com parâmetros para comparação. 110 P. tryphostemmatoides, também pertencente à mesma seção, possui característica do ponto de vista palinológico (colpos não fusionados aos pólos) que nesta pesquisa, o separa das espécies: P. arbelaezii e P. gracillima. Observou-se em microscopia eletrônica de varredura a presença de interrupções nos muros dos retículos de algumas espécies (P. cirrhiflora, P. deidamioides e P. obovata), não sendo possível uma evidência dos mesmos em microscopia de luz. Sendo este, um caráter morfopolínico importante na separação de determinados táxons de diversas famílias. Em Passifloraceae não foram encontrados dados a esse respeito na literatura palinológica consultada. Outra característica polínica marcante no gênero Passiflora é a presença de muros simples a duplicolumelados (Presting 1965; Spirlet 1965) como os encontrados nesta pesquisa. Das espécies analisadas, a única a apresentar muros duplicolumelados foi P. tetrandra, caracterizando um tipo morfopolínico distinto dentro do subgênero estudado. Os resultados obtidos no presente estudo indicam que as espécies estudadas possuem grande variação morfopolínica que permitem o reconhecimento de muitas espécies. Os dados palinológicos encontrados para as espécies estudadas do subgênero Deidamioides, reforçam alguns dos resultados alcançados no estudo filogenético apresentado no capítulo um. O tipo polínico um, agrupando P. arbelaezii com P. gracillima não corrobora com os obtidos na filogenia, onde estas espécies apareceram em clados distintos sugerindo a divisão do subgênero Tryphostemmatoides em dois, possivelmente: subgênero Tryphostemmatoides e subgênero Discophora. Porém, segundo a classificação proposta por Feuillet & MacDougal (2003), estas espécies pertencem a um mesmo grupo. As espécies com o tipo polínico dois, pertencentes à seção Tetrastylis corrobora os resultados obtidos com os estudos morfológicos, porém a filogenia separou estas espécies em dois grupos distintos, o clado 1 e o clado 5. Passiflora obovata que apresentou o tipo polínico três, nos estudos filogenéticos agrupou com as espécies P. contracta e P. deidamioides, duas espécies completamente distintas. Esta classificação em um tipo único pode indicar que esta espécie pertence a um grupo distinto, e que outros estudos são necessários para resolver esta questão. 111 O tipo polínico encontrado em P. macdougaliana, reforça sua exclusão do subgênero Deidamioides. Este tipo polínico também foi encontrado em algumas espécies do subgênero Decaloba. Passiflora tryphostemmatoides, apresentou um tipo polínico exclusivo, não agrupando esta espécie com as demais da seção Tryphostemmatoides. Este resultado, pode corroborar os dados obtidos com a filogenia, onde esta espécie agrupas-es apenas com P. gracillima, e pode vir a ser considerado um subgênero a parte. A união entre P. cirrhiflora e P. deidamioides através do tipo polínico seis, já foi considerada por estas espécies serem as únicas do grupo que apresentam folhas lobadas. Porém, os estudos filogenéticos indicam o isolamento de P. cirrhiflora, como um possível subgênero monoespecífico: Polyanthea. P. deidamioides necessita de novos estudos para elucidar seu posicionamento, uma vez que, os dados filogenéticos agrupa esta espécie com P. contracta (tipo polínico 2) e com P.obovata (tipo polínico 3). O tipo polínico único encontrado para P. tetrandra, reforça os resultados encontrados nos estudos filogenéticos e morfológicos, sugerindo a exclusão desta espécie do subgênero. 112 * A B C D E * I F G H J Figura 16. Fotomicrografias e eletromicrografias dos grãos de pólen de Passiflora: A-D. P. arbelaezii: A. Detalhe da superfície; B. Vista equatorial, pontopérculo (seta), mesocolpo (asterisco); C. Corte óptico; D. Vista polar, apocolpo (seta); E. P. gracillima: Vista polar; F. P. contracta: Detalhe das aberturas e superfície. G-H. P. ovalis: G. Vista polar, apocolpo e superfície; H. Detalhe da superfície. I. P. igrapiunensis:Vista equatorial, detalhe das aberturas, membrana apertural (seta), pontopérculo (asterisco). J. P. timböensis: Corte óptico, detalhe da endoabertura. (Escalas : fotomicrografias = 30µm e eletromicrografias = 10µm ). 113 A B C D G F H I E * J Figura 17. Fotomicrografias e eletromicrografias dos grãos de pólen de Passiflora: AB. P. obovata: A. Vista polar, corte óptico; B. Vista equatorial, corte óptico. C-D. P. macdougaliana: C. Detalhe da superfície; D. Vista equatorial, pontopérculo (seta) (escala = 3µm); E. Detalhe das aberturas e superfície (escala = 3µm). F-J. P tryphostemmatoides: F. Mesocolpo e apocolpo (escala 3µm); G-H. Vista equatorial, corte óptico e aberturas, respectivamente; I. Detalhe das aberturas e superfície; J. Aberturas, mesocolpo (asterisco), pontopérculo (seta). (Escalas das fotomicrografias = 30 µm). 114 A B D E C F H G I J Figura 18. Fotomicrografias e eletromicrografias dos grãos de pólen de Passiflora: AC. P. deidamioides: A. Detalhe da abertura e superfície (escala = 3µm); B. Vista equatorial (escala = 10µm); C. Mesocolpo (escala = 10µm). D-F. P. cirrhiflora: D. Vista equatorial, pontopérculo (seta) (escala = 10µm); E. Detalhe da superfície, muro interrompido (seta) (escala = 2µm); F. Mesocolpo (escala = 10µm). G- J. P. tetrandra: G. Detalhe da superfície (escala = 10µm). H-I. Análise de L.O (setas) (escalas = 30µm); J. Apocolpo (escala = 10µm). 115 Tabela 15. Medidas (µm) dos diâmetros e dos caracteres morfopolínicos dos espécimes estudados de Passifloraceae sbg. Deidamioides (n = 25). X± Sx = média aritmética e desvio padrão da média; FV = faixa de variação; vp = vista polar; vê = vista equatorial; compr. = comprimento; larg.= largura. *n<25 Espécies/espécimes Equatorial, vp X ±Sx Equatorial, ve FV X ±Sx Polar, ve FV X ±Sx FV Pontopérculo Lúmen Larg. Compr. x Larg Exina P. arbelaezii J. MacDougal 3987 46,2±1,1 35,0 – 55,0 51,1±1,44 37,5 – 50,0 50,0±2,00 37,5 – 62,5 5,0 1,7 x 2,3 3,0 L.A.Escobar 3652 36,3±0,9 30,0 – 45,0 37,5±0,5 32,5 – 40,0 38,4±0,7 35,0 – 42,5 6,2 3,6 x 2,0 2,8 C. Feuillet 1424 68,9±1,4 57,5 – 75,6 58,7±0,9 47,5 – 65,0 *60,7 50,0 – 65,0 10,5 2,0 x 3,0 3,0 M. Bastos 96378 59,3±1,4 47,5 – 67,5 45,0±0,8 40,0 – 50,0 *54,52 42,5 – 67,5 11,6 1,9 x 2,8 3,3 T.S.Nunes 1778 *50,0 47,5 – 52,5 *47,5 45,0 – 50,0 56,0±1,4 52,5 – 60,0 11 5,0 x 10,4 5,0 T.S. Nunes 1909 52,4±0,9 47,5 – 57,5 49,0±1,5 42,5 – 57,5 *49,4 42,5 – 57,5 10,5 5,0 x 6,5 4,0 T.S.Nunes 1812 61,3±0,9 55,0 – 70,0 54,8±1,3 50,0 – 62,5 *58,6 55,0 – 62,5 13 4,0 x 7,0 4,5 L.C. Bernacci 3652 49,2±0,9 42,5 – 55,0 43,6±1,6 32,5 – 50,0 *46,5 42,5 – 47,5 9,5 2,0 x 2,5 2,5 W. Forster 319 45,4±0,9 40,0 – 52,5 34,8±1,2 30,0 – 42,5 *36,8 30,0 – 40,0 9,2 ≤ 1,0 2,0 A.K. Hansen 181 46,5±0,6 42,5 – 50,0 40,4±0,7 35,0 – 42,5 *42,2 40,0 – 45,0 9,1 2,3 x 2,6 2,5 R. Marquete 3080 42,8±1,1 35,0 – 50,0 36,5±1,2 30,0 – 45,0 *40,0 35,0 – 45,0 9,6 ≤ 1,0 2,4 *43,0 40,0 – 45,0 *38,2 35,0 – 42,5 43,3±0,9 37,5 – 50,0 6,3 1,8 x 1,0 2,5 P. cirrhiflora P. contracta P. deidamioides P. gracillima R. Callejas 11129 116 Continuação da Tabela 15. Medidas (µm) dos diâmetros e dos caracteres morfopolínicos dos espécimes estudados de Passifloraceae subg. Deidamioides (n = 25). x± Sx = média aritmética e desvio padrão da média; FV = faixa de variação; vp = vista polar; vê = vista equatorial; compr. = comprimento; larg.= largura. *n<25 Espécies/espécimes Equatorial, vp Equatorial, ve X ±Sx Polar, ve FV X ±Sx Pontopérculo Lúmen Larg. Compr. x Larg FV Exina X ±Sx FV 71,3±1,5 47,5 – 82,5 67,8±1,5 71,8 – 60,0 *71,8 62,5 – 75,0 13,0 6,0 x 3,9 4,0 *53,4 50,0 – 62,5 *48,8 45,0 – 57,5 53,0±1,3 47,5 – 62,5 10,0 4,7 x 5,3 5,6 44,6±1,1 40,0 – 52,5 47,4±0,7 42,5 – 50,0 47,5±0,9 42,5 – 67,5 12,2 2,6 x 3,5 3,5 T.S.Nunes 1837 *53,3 50,0 – 57,5 *49,1 45,0 – 50,0 52,8±1,2 47,5 – 50,0 14,0 3,6 x 7,0 4,0 T.S.Nunes 1831 *54,0 50,0 – 60,0 *50,3 47,5 – 55,0 53,8±1,0 47,5 – 62,5 12,0 4,3 x 6,1 4,0 42,5±1,2 35,0 – 52,5 34,4±0,9 27,5 – 40,0 34,7±0,8 30,0 – 37,5 14,8 4,2 x 8,1 4,2 68,8±0,9 65,0 – 65,0 63,6±1,2 55,0 – 70,0 *67,5 60,0 – 70,0 13,5 4,3 x 6,2 4,5 F. Billiet 6896 43,7±1,1 37,5 – 50,0 38,7±0,7 35,0 – 42,5 *40,5 37,5 – 42,5 10,1 ≤ 1,0 2,1 F.C. Lehmann 8515 36,6±1,0 32,5 – 47,5 31,5±1,0 27,5 – 37,5 *35,0 32,5 – 42,5 10,1 ≤ 1,0 2,0 P. igrapiunensis M.L.Guedes 9294 P. macdougaliana S. Knapp 4587 P. obovata S. Knapp 867 P. ovalis P. tetranda R. Lynd 927453 P. timboënsis A.M.Amorim 7027 P. tryphostemmatoides 117 Tabela 16. Caracterização morfológica dos grãos de pólen (n = 25) de Passifloraceae (µm). Espécies/Espécimes Tamanho Forma P/E Abertura Tipo Endoabertura Muros Presença de báculo nos lumens P. arbelaezii J. MacDougal 3987 grande oblato esferoidal 0,9 6-(sin)colporado P. cirrhiflora C. Feuillet 1424 grande subprolato 1,15 6-colporado M. Bastos 96378 grande oblato esferoidal 0,87 6-colporado grande prolato esferoidal 1,05 6-colporado 3 endoaberturas unindo os Simplescolumelados, colporos proximais contínuos e sinuosos 3 endoaberturas unindo os ausente Simplescolumelados poucos interrompidos e sinuosos poucos 3 endoaberturas unindo os Simplescolumelados muitos colporos proximais contínuos e poucos muitos sinuosos muitos Simplescolumelados Poucos interrompidos e sinuosos Poucos colporos proximais P. contracta T.S.Nunes 1778 T.S. Nunes 1809 médio prolato esferoidal 1,02 6-colporado T.S.Nunes 1812 grande prolato esferoidal 1,11 6-colporado L.C. Bernacci 3652 médio prolato esferoidal 1,10 6-colporado P. deidamioides 3 endoaberturas unindo os W. Forster 319 médio subprolato 1,30 6-colporado A.K. Hansen 181 médio subprolato 1,15 6-colporado R. Marquete 3080 médio subprolato 1,17 6-colporado R. Callejas 11129 médio Prolato esferoidal 1,12 6-(sin)colporado 3 endoaberturas unindo os simplescolumelados Ausente L.A. Escobar 3652 médio Oblato esferoidal 0,96 6-(sin)colporado colporos proximais contínuos e sinuosos Ausente grande Prolato esferoidal 1,05 6-colporado 3 endoaberturas unindo os Simplescolumelados Muitos colporos proximais contínuos e pouco sinuosos 3 endoaberturas unindo os Simplescolumelado colporos proximais contínuos e sinuosos colporos proximais Poucos Poucos P. gracillima P. igrapiunensis M.L.Guedes 9294 P. macdougaliana S.Knapp 4587 grande Prolato esferoidal 1,09 6-colporado Muitos P. obovata 118 Espécies/Espécimes S.Knapp 867 Tamanho Médio Forma Oblato esferoidal P/E Abertura Tipo 0,94 6-colporado Endoabertura Muros 3 endoaberturas unindo os Simplescolumelados colporos distais interrompidos e sinuosos Presença de báculo nos lumens Poucos P. ovalis T.S.Nunes 1837 grande Prolato esferoidal 1,08 6-colporado 3 endoaberturas unindo os Simplescolumelados Muitos T.S.Nunes 1831 grande Prolato esferoidal 1,07 6-colporado colporos proximais contínuos e pouco sinuosos Muitos Médio Subprolato 1,20 6-colporado 3 endoaberturas unindo os Duplicolumelados Muitos colporos proximais contínuos e sinuosos 3 endoaberturas unindo os Simplescolumelados colporos proximais contínuos e pouco sinuosos P. tetrandra R.Lynd 927453 P. timboënsis A.Amorim 7027 Grande Prolato esferoidal 1,08 6-colporado Muitos P. tryphostemmatoides F. Billiet 6896 médio Prolato esferoidal 1,15 6-(sin)colporado 3 endoaberturas unindo os Simplescolumelados Ausente F.C. Lehmann 8515 médio Subprolato 1,16 6-(sin)colporado colporos proximais contínuos e sinuosos Ausente 119 Capítulo V Revisão Taxonômica de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) sensu Feuillet &MacDougal (2003) 120 Revisão Taxonômica de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) sensu Feuillet & MacDougal (2003). Este capítulo compreende a revisão taxonômica de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip. De acordo com os resultados obtidos na análise filogenética molecular com base em genes de ITS e trnL-F (capítulo 1), Deidamioides é polifilético e suas seções não são aqui reconhecidas, deste modo a delimitação deste subgênero está sendo feita apenas com base na classificação proposta por Feuillet & MacDougal (2003), sem contudo, reconhecer as espécies dentro de subseções, seções ou séries. Os resultados obtidos até então, corroborado por outros estudos filogenéticos (Muschner et al. 2003; Yockteng et al. 2004b; Krosnick & Freudenstein 2005; Krosnick et al. 2006; Hansen et al. 2006 e Zamberlan 2007), apontam para uma possível redelimitação deste subgênero, no sentido de ser reconhecido como mais de um subgênero. Porém, é necessária a utilização de uma amostragem maior, no sentido de abranger um número maior de espécies, assim como a utilização de outras regiões moleculares. Até o momento, nenhum estudo filogenético apontou para o não monofiletismo dos subgêneros Astrophea, Decaloba e Passiflora. O objetivo principal deste capítulo é apresentar uma revisão das espécies tratadas como pertencente a subgênero Deidamioides sensu Feuillet & MacDougal (2003), uma vez que até então nenhum trabalho apresentou uma revisão com todas estas espécies. As espécies propostas para o subgênero Deidamioides são aqui apresentadas em ordem alfabética, incluindo uma chave de identificação taxonômica, ilustração, mapa de distribuição geográfica, assim como uma discussão sobre o histórico taxonômico de cada espécie. Material e Métodos Para a realização deste trabalho foi realizada uma ampla revisão bibliográfica em bibliotecas nacionais e internacionais, incluindo a aquisição de todas as descrições originais de todos os nomes relacionados ao subgênero Deidamioides, além de obras 121 históricas relacionadas com o grupo. Foram realizadas coletas durante o período de 2002 a 2007, nos estados de Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo (Tabela 17). Os materiais coletados foram depositados no Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS). Foram analisados os materiais recebidos como empréstimo dos herbários nacionais e internacionais (Tabela 18). Todos os materiais tipos foram consultados, bem como importantes coleções históricas. Para o estudo dos espécimes foram utilizados métodos taxonômicos tradicionais (comparação com material-tipo, diagnoses originais e com base nas principais referências do grupo), assim como, análise de estruturas em microscópio óptico, descrições morfológicas e ilustração dos principais caracteres. Tabela 17. Coletas realizadas durante a realização deste projeto Período Localidade Estado 16-19.11.2005 Conde/Entre Rios/Camaçari Porto Seguro/Belmonte/Uma/Ilhéus/Maraú Caetité/Licinio de Almeida/Diamantina/Grão Mogol/Paraty/Ubatuba Conceição da Barra/Itaúnas/Linhares Bahia Bahia/Minas Gerais/Rio de Janeiro/São Paulo Espírito Santo 03-07.06.2006 Paraty/Ubatuba São Paulo/Rio de janeiro 20-21.08.2006 Linhares Espírito Santo 20–11.05.2007 03-05.04.2007 19-31.08.2007 Porto Seguro/Eunapólis/Igrapiúna Paraty/Ubatuba Paraty/Ubatuba Bahia São Paulo/Rio de janeiro São Paulo/Rio de janeiro 18-22.01.2007 09-11.01.2008 Linhares/Conc. Barra/Itaúnas Conde/Entre Rios/Camaçari Iguarassu Espírito Santo Bahia Pernambuco 27-30.12.2005 10-18.01.2006 Bahia Tabela 18. Lista de herbários visitados ou consultados através do empréstimo dos materiais. (Acrônimos segundo Holmgren et al. 1990). *Herbários visitados/# herbários não indexados Acrônimo Instituição A Herbarium, Arnold Arboretum, Harvad University, Cambridge, U.S.A. AAU Herbarium Jutlandicum, University of Aarhus, Denmark. ALCB* Herbário Alexandre Leal Costa, Instituto de Biologia, Universidade Federal da 122 Bahia, Salvador, BA. ASE Herbário Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, SE. B* Botanischer Garten und Botanisches Museum Berlin-Dahlem, Zentraleinrichtung der Freien Universität Berlin BAH* Laboratório de Botânica, EPABA, Salvador, BA BHCB* Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG. BM* The Natural History Museum, London, UK. BR* Jardin Botanique National de Belgique. BRG Guyana National Herbarium, Guyana. C University of Copenhagen, Denmark. CAY Insitut de Recherche pour le Developpement (IRD), Cayenne, French Guiana. CEN CEENARGEN, EMBRAPA, Brasília - DF. CEPEC* Herbário André Amorim de Carvalho, CEPEC/CEPLAC, Ilhéus, BA. COL Herbário Nacional Colombiano, Bogotá, Colômbia. CR Herbário Nacional, Museo Nacional de Costa Rica, Costa Rica. CVRD* Reserva Florestal Companhia Vale do Rio Doce, Linhares, ES. DUKE Herbarium, Botany Department, Duke University, North Carolina, U.S.A. EAP Herbário Paul C. Standley, Escuela Agrícola Panamericana, Honduras. ESA Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP. ESAL Universidade Federal de Lavras, MG. F Herbarium, Field Museum of Natural History, Chicago, U.S.A. G Conservatire et Jardin botaniques de la Ville de Geneve, Switzerland. GUA FEEMA, Centro Botânico do Rio de Janeiro, RJ. HAS Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. HB* Herbarium Bradeanum, Rio de Janeiro, RJ. HBR Herbario Barbosa Rodrigues, Rio de Janeiro, RJ. HEH Escuela Nacional de Ciências Forestales, Honduras. HEPH Jardim Botânico de Brasília, SMDB, Brasília, DF. HPL Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda., Nova Odessa, SP. HRB* RADAMBRASIL, IBGE, Salvador, BA. HRCB Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Rio Claro, SP. # Herbário Sergio Tavares, Departamento de Engenharia Florestal, Universidade HST Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE. HUA Herbário Centro de Investigaciones Ciências Exatas y Naturales (CIEN), Medellín, Antioquia, Colômbia * HUEFS Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, BA. HUESB*# Herbário da Universidade do Sudoeste da Bahia, Jequié, BA. HUNEBA Universidade do Estado da Bahia, Campus II - Alagoinhas, BA. HURG Universidade do Rio Grande, Rio Grande, RS. IBGE Reserva Ecológica do IBGE, Brasília, DF. 123 IAC Instituto Agronômico de Campinas, SP. ICN* Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM. IPA Herbário Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, Recife, PE. JAUM Herbarium Jardim Botânico Joaquim Antonia Uribe, Antioquia, Colômbia. JPB* Herbário Lauro Pires Xavier, João Pessoa, PB. K* Royal Botanic Gardens - Kew, England, U.K. LL Lundell Herbarium, University of Texas, U.S.A. M Herbarium, Botanische Staattssammlung, Alemanha. MA Herbario, Real Jardim Botânico, Madrid, Espanha. MAC Herbário – Coordenação Setor do Meio Ambiente, Maceió, AL. MBM* Museu Botânico Municipal de Curitiba, PR. MBML* Museu de Biologia Mello Leitão, Santa Tereza, ES. MEXU Herbário Nacional, Universidade Nacional Autônoma de México, México, D.F. MG Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, PA. MICH Herbarium University of Michigan, U.S.A. MO Missouri Botanical Garden, U.S.A. MPU Herbier, Institut de Botanique, Montpellier, França. MYF Herbario Universidade Central de Venezuela, Caracas, Venezuela. N Herbarium Najing University, China. NY New York Botanical Garden, U.S.A. P Muséum National d'Histoire Naturelle, Paris, França. PEUFR Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE. PH Herbarium Academy of Natural Science, Philadelphia, U.S.A. QCNE Herbarium Museo Nacional de Ciências Naturales, Quito, Equador. R* Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ. RB* Jardim Botânico do Rio de Janeiro, RJ. RBR Herbário Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, RJ. RFA Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ. RUSU Univesidade Santa Úrsula, SP. SP* Instituto de Botânica de São Paulo, SP. SPF* Universidade de São Paulo, SP. SPSF Herbário, Seção de Madeiras e Produtos Florestais, Instituto Florestal, SP. TEFH Universidade Nacional Autônoma de Honduras, Honduras. TEPB* Herbário Graziela Barroso, CCN, Departamento de Biologia, Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI. TEX Herbario Universidade do Texas, Austin, U.S.A. U Herbarium, Institute os Systematic Botany, Netherlands. UB* Universidade de Brasília, Brasília, DF. UEC Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. 124 UESC* Universidade Estadual Santa Cruz, Ilhéus, BA. UFP* Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE. UPCB Herbário Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR. US Smithsonian Institution, Columbia, Washington, USA. UT Garett Herbarium, Utah Museum of Natural History, U.S.A. VEN Herbario Nacional de Venezuela, Venezuela. VIC* Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. Y Herbarium Samuel Jones Recor Memorial Collection, New Haven, U.S.A. Foram analisados ca. 300 espécimes depositados em herbários. Uma lista completa de todos os materiais consultados encontra-se no apêndice 2. As descrições foram elaboradas com base nos materiais examinados, ou excepcionalmente, com base nas descrições originais e fotos dos tipos (P. pacifica). As medidas das partes vegetativas e reprodutivas foram tomadas com auxílio de um paquímetro digital (Stainless Hardened) e as medidas de largura e diâmetro foram feitas na parte mais larga da estrutura. A descrição das espécies foram baseadas nos caracteres qualitativos e quantitativos observados, exclusivamente no material examinado. Os materiais examinados estão ordenados por ordem alfabética de país, estado e municípo, com localidade, data de coleta (da mais antiga para a mais recente). Algumas abreviações foram padronizadas na descrição dos materiais examinados: “s.loc.” (sem localidade), “s.d.” (sem data), “s.c.” (sem coletor), “s.n.” (sem número de coleta). Os dados fenológicos foram obtidos dos materiais examinados e estão abreviados da seguinte maneira: “fl” (flor), “fr” (fruto), “bt” (botão) e “st” (estéril). As espécies são apresentadas em ordem alfabética e o tratamento taxonômico oferece descrição morfológica e informações gerais sobre a distribuição geográfica, fenologia e hábitats. Os comentários reúnem informações encontradas na literatura, nas exsicatas e em observações de campo e de laboratório. Os dados de distribuição geográfica foram retirados das informações que constam nas fichas de coletas das exsicatas examinadas, além dos dados das coletas georreferenciadas. Os mapas foram construídos a partir dos modelos obtidos no software ArcView GIS 3.2 (ESRI 1999), com modificações conforme os padrões de distribuição estabelecidos. As espécies foram analisadas em relação aos critérios de ameaça da IUCN (2004), e classificadas conforme as categorias sugeridas. 125 Resultados Tratamento Taxonômico Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip, Field. Mus. Nat. Hist. 19(1): 25. 1938. =Passiflora L. seção Decaloba subseção Deidamioides Harms, Repert. Sp. Nov. 19: 58, 1923. Espécie-tipo: Passiflora deidamioides Harms Trepadeiras herbáceas ou lenhosas; gavinhas simples, bifurcadas ou trifurcadas, com ou sem discos adesivos na extremidade. Estípulas diminutas, linearlanceoladas a setáceas. Folhas inteiras (3-9-lobadas em P. deidamioides e P. cirrhiflora), pecíolo com 2-4(-6) glândulas sésseis, raramente pedunculadas ou estipitadas. Inflorescência racemosa, uniflora, biflora ou cauliflora, pedúnculo terminando ou não em uma gavinha, brácteas às vezes modificadas em gavinhas, muito reduzidas, esparsadas no pedúnculo, glândulas às vezes presentes na base do pedúnculo. Flores brancas a branco-esverdeadas, com filamentos da corona brancos ou amarelos; opérculo plicado; estiletes 3 ou 4. Fruto baga ou cápsula, globosa ou elíptica. Sementes com ornamentação reticuladas ou foveoladas. Número cromossômico n=12. Este subgênero encontra-se distribuído na América Central e América do Sul, do México até a região sudeste do Brasil (em áreas de mata atlântica), em altitudes variando de 0-2.500 m s.n.m. Chave para identificação das espécies do subgênero Deidamioides 1. Inflorescência em racemo ou paniculada. 2. Flores com mais de 10 cm diâm................. ..................................... 12. P. timboënsis 2’. Flores com até 10 cm diâm. 126 3. Glândulas na base do pedúnculo ausente .................................... ..7. P. igrapiunensis 3’. Glândulas na base do pedúnculo presente. 4. Indumento face abaxial da sépala presente............................. ...3. P. contracta 4’. Indumento face abaxial da sépala ausente............................. ......10. P. ovalis 1’. Inflorescência uniflora, biflora ou com 6-flores (cauliflora, nunca um racemo). 5. Lâmina foliar 3-9 lobadas. 6. Lâmina foliar 3-lobadas, margem revoluta ............................4. P. deidamioides 6’. Lâmina foliar 5-7(-9) lobadas, margem não revoluta ................ 2. P. cirrhiflora 5’. Lâmina foliar inteira. 7. Gavinha 3-4 divisa. 8. Corona em 3 séries. 9. Inflorescência não cauliflora............................................ 5. P. discophora 9’. Inflorescência cauliflora ................................................. 11. P. pacifica 8’. Corona em 1-2 séries. 10. Disco adesivo ausente na extremidade da gavinha ....... ......... ........ ....................................................................13. P. tryphostemmatoides 10’. Disco adesivo presente. 11. Corona de filamentos em 2 séries .......................... 1. P. arbelaezii 11’. Corona de filamentos em 1 série .......................... 6. P. gracillima 7’. Gavinhas inteiras ou ausentes. 12. Lâmina foliar 13,5 x 8 cm, corona de filamentos em 10 séries . ........ ........... 8. P. macdougal 12’. Lâmina foliar 9-12 × 5-6,5 cm, corona de filamentos em 2 séries .... ........... 9. P. obovata 1. P. arbelaezii L. Uribe, Caldasia, 7(35): 335. 1957. Tipo: Colômbia, Departamento del Valle: Rio Sabaletas, cerca al puente de la carretera a Buenaventura, entre matorrales, menos de 100 m s.n.m. 10.feb.1957, fl., E.Pérez Arbeláez 10335 (Holótipo COL [foto HUEFS!]). Figuras 19 e 21. Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, glabro, casca não corticosa; gavinhas divisas (3-4), discos adesivos presentes. Estípulas 0,5–2,0 × 0,1–1 mm, ca. 2× mais longas do que largas, decíduas, linear-lanceoladas a deltóide- 127 triangulares, ápice acuminado, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,9–3,3 cm compr., glabro, glândulas (2-)4-6, situadas a ca. (0,2-)0,9-2,5(-3,3) cm na base da lâmina foliar, sésseis, orbicular-pedunculadas; lâmina inteira, contorno oval a suborbicular, 1,6-4,5(-9,5) × 0,9-3,5 cm, ca. 2× mais longas do que largas, membranácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice obtuso a acuminado, obcordado a truncado, base obtusa a cordada, margem lisa a crenada, não revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 4-5-7, ângulo total entre as nervuras laterais (50)90-130º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência bi-triflora, pedúnculo 2-5 × 0,5 cm, terminando em uma gavinha, glândula presente na base, pedúnculo secundário 1-2 × 0,5-1 cm, pedicelo 7-2 × 0,1 cm, brácteas 3, linear-deltóides, 0,5-1,3 × 0,1-0,5 cm, glândulas presentes, bractéolas presentes. Flores 3-4 cm diâm., hipanto 0,2-0,4 cm alt., 0,3-1 cm de diâm., curto-campanulado, 5-lobado, glabro; sépalas 1,5-2,5 × 0,5-1 cm, carnosas, linear-lanceoladas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial verdes, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 1,8 × 0,4 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, faces abaxial e adaxial verde-amareladas, glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 2 séries de filamentos, filamentos da série externa 0,81,2 cm compr., bandas brancas e amarelas na base; filamentos da série interna 0,2-0,8 cm compr., bandas brancas e amarelas na base, filamentos filiformes; opérculo não plicado, laciniado, membranáceo, 0,1-0,3 cm alt, margem laciniada a fimbriada; límen 0,1-0,2 cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero presente; androginóforo 0,4-0,9 cm alt; tróclea ausente; filetes 0,3-0,6 cm compr., anteras 0,3-0,45 cm compr., ovário elíptico, glabro, verde-escuro, estiletes 3, glabros, 0,5-0,7 cm compr., estigmas capitados, verdes. Baga elíptica, 2,5-4 × 2,5-3,0 cm, glabra, amarelo-alaranjada. Sementes 0,4-0,5 × 0,3-0,45 cm, ovais a obovais, foveoladas, ápice agudo-apiculado. Etimologia: O nome da espécie é uma homenagem ao coletor do holótipo, Dr. Enrique Pérez Arbeláez (Uribe 1957; Ulmer & MacDougal 2004). Fenologia: Floresce e frutifica o ano inteiro. Distribuição e hábitat: Espécie enconrada na Colômbia, Costa Rica, Nicarágua e Equador. Encontrada em altitude variando de 0-2.450 m s.n.m., em área de floresta pluvial, mata primária, bosque primário e zona pantanosa. 128 Conservação e usos: Espécie considerada como não ameaçada, segundo os critérios da IUCN (2004). Até o momento nenhuma utilidade econômica foi encontrada para esta espécie. Apresenta flores pequenas e brancas o que não a caracteriza como espécie de potencial ornamental. Material examinado: COLÔMBIA, Antioquia, Amalfi: Road between Amalfi and Fraguas, near Salazar, 17,5-19,8 Km from Centro of Amalfi, bosque húmedo premontãno, 6°57'S, 75°2'W, 1.480-1.560 m s.n.m., 14.Fev.1988, fl., fr., MacDougal, J.M. 3987 (MA, MO); Parque Nacional Natural "Las Orquideas" Sector Calles. Margen izquierda del río Calles, camino hacia venados. 6°32'N, 76°19'W, 1.140 m s.n.m., 3.Jun.1988, fl., Cogollo, A. et al. 3185 (JAUM, MO); 10-13 kms de Amalfi hacia Medellín, Cordillera Central, 6°54'35''N, 75°08'07”W, 1.590-1.650 m s.n.m., 29.Set.1988, fl., Betancur, J. et al. 855 (HUA). Chocó, Cerro del Torrá: Vertiente oriental, trocha entre helipuerto y mesa (abajo de cumbre), bosque nublado primário, 1.940-2.450 m s.n.m., 30.Ago.1988, fl., Silverstone-Sopkin, P. et al. 4906 (MO); Carretera Panamericana (en construcción). Adelante del Río Pató. 5°35'N, 76°57'W, 23.Abr.1979, fr., Forero, E. et al. 5702 (COL, MO, NY); Docordó: Nothern mouth of Rio San Juan, 4°15'N, 77°25'W, bt., 20 m s.n.m., 31.Mar.1986, fl., Gentry, A. et al. 53843 (HUA, MO). El Valle, Buenaventura: Cartón de Colombia timber conccession near Bajo Calima. 3°55'N, 77°W, 50-100 m s.n.m., primary florest, 11.Fev.1984, fl., Juncosa, A. 2126 (MO). Frontino: Zona abierto-pantanoso, borde Rio Calles, 1.220 m s.n.m., 17.Jun.1981, fl., fr., Escobar, L.A. et al. 1808 (HUA); Frontino-Urrão, Parque Nacional de Las Orquídeas. 6°30’N, 76°30’W, 1.200-1.540 m s.n.m., 3.Dez.1986, fl., fr., Callejas, R. et al. 3091 (HUA); Corregimiento Nutibara, Región Murí, bosque húmedo en pendiente de 45º aprox., 1.725-m s.n.m., 13.Jul.1986, fl., Acevedo, P. et al. 1297 (HUA, NY); Cuenca alta del Rio Cuevas, 1750 m s.n.m., 14.Abr.1987, fl., fr., Sánchez, D. et al. 1162 (HUA); Region of Murrí, road between Nutibara and La Blanquita, 19,4 km from centro of Nutibara. 6°40'N, 76°26'W, 1.460 m s.n.m., 10.Fev.1989, st., MacDougal, J.M. et al. 3878 (MO). Guatapé, Vereda Santa Rita, Bosque húmedo, 1.850 m s.n.m., 27.Out.1983, fl., fr., Escobar, L.A. et al. 3652 (K, TEX); 11.Out.1985, fr., Escobar, L.A. et al. 5931 (HUA); 1.850 m s.n.m., 19.Jun.1986, fl., fr., Escobar, L.A. et al. 6756 (HUA); 24.Jul.1986, fl., fr., Escobar, L.A. et al. 6845 129 (HUA). Nariño, El Hondón: trail to El Hondón, 5-12 Km SW of La Planada. 01°04'N, 78°2'W, 1750-1800 m s.n.m., 6.Jan.1988, st., Gentry, A. 60476 (MO). San Carlos: Corregiemiento El Jordán, carretera entre centro ISA y Alto Samana, 3,8-4,3 km de la desviación de la Presa Punchiná, along Quebrada Quebradón or roadsides nearby. 6°11’N, 74°51’W, 740-840 m s.n.m., Figura 19 - Passiflora arbelaezii L.Uribe. A. Detalhe do ramo; B. Flor. C. Detalhe das glândulas na lâmina foliar. D. Detalhe dos discos adesivos na gavinha. E. Detalhe do nó caulinar. F. Detalhe das glândulas na lâmina foliar. (A. M.Grayum 8043 (CR); B-G. 130 L.A.Escobar 3652 (TEX)). 22.Fev.1989, st., MacDougal, J.M. et al. 4148 (MO). San Francisco: Corregimiento de Aquitania, Alto del Venado (Tierra Linda). 1.200-1.300 m s.n.m. 2.Abr.1992, fl., Fonnegra, R. et al. 4037 (HUA). Urrão: Camino Parque de las Orquídeas-Encarnación, Sítio El Páramo. 6°23'N, 76°15'W, 1.800 m s.n.m., 14.Abr.1985, fl., fr., Roldán, F.J. 132 (HUA); Corregimiento de Encarnación, 6°29'N, 76°10'W, 1.700 m s.n.m., 11.Ago.1995, fl., fr., Cardona, F. et al. 3 (HUA). Valdivia: Vereda San Fermín, 1 Km de la Vía Ventanas (Mun. Yarumal) – Briceño, 7°15'N, 75°30'W, 1.700 m s.n.m., 22.Mar.1988, fr., Callejas, R. 6177 (HUA). Valle, Bajo Calima: Pulpapel logging concession SE of Buenaventura, 3°57'N, 77°00'W, 100 m s.n.m., 22.Jan.1986, fr., Stein, B.A. et al. 3262 (MO); Pluvial forest, road to Juanchaco Palmeras, 3°55'N, 77°2'W, 100 m s.n.m., 10.Jul.1984, fl., Gentry, A. et al. 47835 (MO). COSTA RICA, Puerto Velho, La Selva: La Selva OTS station. Cultivated at UT by Lawrence Gilbert accession number 8027. Voucher for Dna analysis of A.K.Hansen, s.d., fl., fr., Hansen, A.K. 263 (TEX). Limón: Refugio Gandoca-Manzanillo, Along Río Gandoca from mouth ("Gandoca Bar”) to ca. 2 Km upstream, 9°35’N, 82°36’W, 5 m s.n.m., 29.Jan.1987, fl., fr., Grayum, M. et al. 8043 (CR, MEXU, MO); Cerro Coronel: Along Río Colorado at and below outflow of Laguna Danto; patches of vegetation in flood plain anchored by large trees, 10°42’N, 83°39’W, 5 m s.n.m., 19.Mar.1987, fr., Stevens, W.D. et al. 25102 (MO); Parque Nacional Tortuguero, Cerro Tortuguero, zona alterada. 10°35'30''N, 83°31'42''W, 119 m s.n.m., 16.Set.1990, fr., Solano, J. 174 (CR, MO). EQUADOR, Napo, Guagra Urcu: Slopes of Guagra Urcu, on the loma above upper rio Borja, SE exposed montane forest. 0°28’S, 77°44’W, 2.600 m s.n.m., 25.Set.1980, fl., HolmNielsen, L. et al. 27038 (HUA). NICARÁGUA, Zelaya, La Barra de Punta Gorda: En la Costa sur, 11°30’N, 83°46’W, 0-2 m s.n.m., 16.Nov.1981, fr., Moreno, P.P. 13229 (MO). Comentário: Espécie muito próxima de P. gracillima, da qual diferencia-se pelo número de filamentos da corona duas séries em P. arbelaezii, e uma série em P. gracillima; pela largura da lâmina foliar até 9,5 cm em P. arbelaezii e ca. 4,5 cm em P. gracillima. Nos resultados obtidos com dados de ITS e trnL-F (Capítulo 1), esta espécie agrupa-se com P. discophora, uma espécie considerada por Feuillet & MacDougal (2003), juntamente com P. arbelaezii, P. tryphostemmatoides e P. gracillima, como pertencente à seção Tryphostemmatoides. Estas espécies se assemelham por apresentar 131 discos adesivos nas gavinhas divisas, inflorescência uni ou biflora, presença de glândulas nas brácteas. P. gracillima e P. tryphostemmatoides agruparam-se em um clado a parte, nos estudos com ITS e trnL-F. Como proposto no capítulo um, uma possível explicação para este agrupamento seria a criação de um novo subgênero, onde seria incluída as espécies P. arbelaezii e P. discophora, seguindo a regra do Código de Nomenclatura Botânica. 2. Passiflora cirrhiflora Juss., Ann. Mus. Hist. Nat. 6: 115. pl. 41, f.2. 1805. Decaloba cirrhiflora (Juss.) M.Roem., Fam. Nat. Syn. 2: 164: 1846. Tipo: Guiana Francesa: s.loc., s.d., Richard, L.C., s.n., fl., (holótipo: P!, isótipo: G†). Passiflora septenata DC., Prod. 3: 323, 1828. Tipo: s.loc., s.c. (holótipo: P! [herb. Jussieu], isótipo: G [DC]); Passiflora jenmanii Mast. in Hook., Icon. Pl. 23: pl. 2270. 1893. Tipo: Guiana, Mazaruni river, Jul.1890, Jenman 5797 (holótipo: BRG; isótipos: B†, G, K! [foto HUEFS], MO!). Figuras 20 e 21. Trepadeira lenhosa ou herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, viloso, casca não corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos ausentes. Estípulas 1-4 × 0,5-1 mm, ca. 3× mais longas do que largas, persistentes, linear-lanceoladas a setáceas, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 4-9 cm compr., velutino, glândulas 2, situadas ca. 1-2 cm da base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina 5-7(-9)lobada, contorno elíptico-oval a orbicular, 5-9(-12) × 3-7(-15) cm, ca. 2× mais longas do que largas, membranácea, face adaxial com tricomas apenas nas nervuras, face abaxial vilosa, ápice agudo ou acuminado, base truncada, margem lisa a crenada, não revoluta, pedatinérvia, lobos obovais, peninérvios, lobo central 3-10 × 2-3 cm, lobos laterais 3-6 × 1,5-3,5 cm, nervuras secundárias 7-11, ângulo total entre as nervuras laterais 120-240º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência biflora, pedúnculo 2-4 × 0,1 cm, terminando em uma gavinha, glândula presente na base, pedúnculo secundário 2,7-3,2 cm compr., pedicelo 2-4 × 1-2 cm; brácteas 3, linearsubuladas, 0,2-0,7 × 0,2 cm, modificadas em forma de gavinha, glândulas 2, na base, bractéolas presentes. Flores 6-12 cm diâm., hipanto 0,4-1,2 cm alt., 1,0-1,4 cm diâm., curto-campanulado a infundibuliforme, 5-lobado, velutino; sépalas 2,5-4 × 0,6-2 cm, 132 carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial verde a creme, face abaxial amarelo-esverdeada, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 2,5-4,5 × 0,5-1 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial amarelas com manchas vináceas, glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 3 séries de filamentos, filamentos da série externa 1,8-3,3 cm compr., bandas vermelhas, brancas e amarelas, filamentos da série interna 0,5-1 cm compr., bandas brancas e vermelhas, ápice dos filamentos da série externa fimbriados, ápice dos filamentos da série interna capitulados; opérculo plicado, membranáceo, 0,3-0,5 cm alt., margem laciniada ou fimbriada; límen 0,3 cm alt., tubular, membranáceo; anel nectarífero presente; androginóforo 1,7-2 cm alt., tróclea situada a ca. 0,7 cm da base do androginóforo; filetes 0,25-0,4 cm compr., anteras 0,4-0,6 cm compr.; ovário ovóide a trígono, velutino, branco ou verde, estiletes 3, vilosos, 0,2-0,4 cm compr., estigmas capitados ou orbiculares, avermelhados. Baga obovóide-globosa a elipsóide, 5-6 × 4-5 cm, glabra, amarela quando maduras. Sementes 0,45-0,5 × 0,3-0,45 cm, ovais a obovais, 5-6 sulcada, ápice agudo a apiculado. Etimologia: O nome desta espécie faz referência ao termo: cirrhus = gavinha + florus = flores, em referência ao pedúnculo que termina em um cirro, ou seja uma gavinha portando uma flor. Fenologia: Floresce e frutifica de janeiro a junho. Distribuição: Espécie encontrada na América do Sul, na Guiana Francesa, Guiana e na região norte do Brasil, nos estados do Amapá e Pará. Ocorre em área de florestas perturbadas, próximo a rios e beira de estradas, com altitude variando 0-200 m s.n.m. Conservação e uso: A partir da análise dos materiais examinados e pela distribuição da espécie, esta espécie está sendo considerada como não ameaçada (NT) (IUCN 2004), pois é encontrada tanto em ambientes preservados, quanto em área perturbadas, como beira de estradas e áreas em processo de desmatamento. Possui grande importância ornamental, pelo colorido de suas flores (Ulmer & MacDougal 2003). 133 Figura 20 - Passiflora cirrhiflora A.Juss. A. Detalhe do ramo. B. Detalhe do ápice da lâmina foliar. C. Detalhe da glândula no pecíolo. D. Flor. E. Fruto. (A-C, E. O.H.Knowles 1665 (INPA), D. M.Polak 215 (K)). 134 Material examinado: BRASIL, Amapá, s.loc., 1956, fl., Miranda Bastos s.n. (RB 96378); fl., Miranda Bastos 34 (RB 96377); Matapí, s.loc., 3.Fev.1955, fl. Pires, J.M. & Silva, N.T. 4803 (RB); Pará, Porto Trombetas: Mineração rio do norte. Estrada Mirirana-Saracazinho, 21.Dez.1990, fl., Knowles, O.H. 1665 (INPA). GUIANA, s.loc., bt., Killip, E.P. s.n., (C); Maburá, Along access-road to Tropenbos Reserve, ca. 15 km S of Maburá. 5°15’N, 58°45’W, 100 m s.n.m., 8.Jan.1991, fl., Polak, M. 215 (K, U). GUIANA FRANCESA, s.loc., s.d., Hansen, A.K. 222 (TEX, material cultivado na Universidade do Texas by Larry Gilbert accession number 9103). Cayenne, Montsinéry: Piste forestiére de St Laurent vers Paul Isnard, entre les PK, 10-40 m s.n.m., 14.Fev.1983, fl., Feuillet, C. 734 (B); Pistes FRG. Bord de piste, 30.Jun.1984, fl., Feuillet, C. 1424 (AAU, B, BM, DUKE, F, G, HUA, K, MG, MO, MPU, NY, P, U, US, TEX); 21.Abr.1985, fl., Feuillet, C. 2118 (A, AAU, B, BM, BR, DUKE, F, G, HUA, INPA, K, M, MG, MICH, MO, MPU, MYF, NY, P, TEX, U, US, VEN). Poomeroon-Supenaam Region: Enroute S from St. Dennys Mission to Tapacuma Lake via Arapaku Creek. 7°15’N, 58°25’W, 12 m s.n.m., disturbed low ground near lake, 4.Mar.1991, fl., fr., McDowell, T. 4061 (NY, US). Sinnamary: Piste de Counamama, entre Cayenne y Mana. Arrastrandose sobre suelos blancos, arenosos, al lado de la carretera al oeste de Sinnamary, 26.Out.1991, st., Escobar, L.A. et al. 9870 (TEX); Piste de St. Elie; ORSTOM Biological Station at Forest Concession, along dirt road, 5.Mai.1992, fl., Acevedo-Rodriguez, P. & Grimes, J. 4894 (K); Lac des Americains - Ile de Cayenne, Lisiére de forêt, 4°51’S, 52°21’W, 11.Jan.1987, fl., Granville, J.J.de 9120 (CAY, NY, P, U, US). Comentários: Esta espécie foi descrita por Jussieu (1805) com base em um material coletado "dans lês bois de la Guiane Francaise", (nas florestas da Guiana Francesa) sem referência de coletor e número de coleta. A única observação era de que “Mr. Richard” teria feito anotações manuscritas no material coletado. Dentre as espécies do subgênero Deidamioides, P. cirrhiflora assemelha-se a P. deidamioides principalmente pelas folhas lobadas, presença de gavinhas no pedúnculo, inflorescência biflora. Porém, são facilmente diferenciadas pela quantidade de lobos na lâmina foliar (5-9 em P. cirrhiflora vs. 3-lobada em P. deidamioides), quantidade de glândulas no pedúnculo (2-6 vs. 2, respectivamente) e seção transversal do fruto (não angulada vs. 6-angulada). 135 Os resultados da filogenia indicam um isolamento desta espécie em relação às demais do subgênero Deidamioides. Esta espécie pertenceria a uma seção monoespecífica, descrita com base na presença de lâminas 5-9-lobadas com uma projeção na base dos folíolos, formando um corno filiforme, de acordo com estes dados esta espécies pode ser considerada como um subgênero a parte dentro de Passiflora. Na sua publicação original foi considerada como uma seção monoespecífia, sendo classificada por Killip (1938) como subgênero Polyanthea seção Polyanthea, categoria esta que pode vir a ser reestabelecida se os dados obtidos no capítulo um deste estudo se confirmar. 3. Passiflora contracta Vitta, Brittonia 56(1): 89-95. 2004. Tipo: Brasil, Espírito Santo: Linhares, Reserva Florestal da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), 31.Jul.1989, fl., Buzato, S. & Franco, A.L.M. 21967 (Holótipo: UEC!) Figuras 21 e 22. Trepadeira lenhosa, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, viloso, casca corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos presentes. Estípulas 1-2 × 0,2-1 mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, linear-lanceoladas a triangulares, ápice apiculado, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,9-1,8 cm compr., velutino, glândulas 2, situadas a 0,3-0,8 cm da base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, contorno elíptico, 5,6-13,5 × 3-6,3 cm, ca. 2× mais longas do que largas, coriácea, face adaxial glabra, face abaxial velutina, ápice agudo a acuminado, base aguda a obtusa, margem crenada, não revoluta, peninérvias, nervuras secundárias 7-10, ângulo total entre as nervuras laterais 27-140º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência racemo, eixo principal (3-)19-50 cm compr., pedúnculo primário 0,25-0,7 × 0,1-0,35 cm, não terminando em uma gavinha, glândula presente na base, pedúnculo secundário 0,2-0,4 cm compr., pedicelo 2-3,5 × 0,1-0,3 cm, brácteas 3, linearlanceoladas a triangulares, 0,5-2 × 0,1 cm, glândulas ausentes, bractéolas presentes. Flores 5-8 cm diâm., hipanto 0,3-0,6 cm alt., 0,6-1,2 cm diâm., curto-campanulado, lobos ausentes, velutino; sépalas 2-3,5 × 0,3-0,9 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial branca, face abaxial de branca a marrom, passando por verde e creme, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 2-3 × 3-5 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial branca, face adaxial glabra, 136 face abaxial pilosa, corno e glândulas ausentes; corona em 2 séries de filamentos, filamentos da série externa 0,8-1,1 cm compr., brancos, filamentos da série interna 0,40,5 cm compr., filamentos filiformes, brancos; opérculo inteiro, membranáceo, 0,2-0,3 cm alt., margem laciniada; límen 0,2-0,4 cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero ausente; androginóforo 1,5-2,4 cm alt., tróclea ausente, filetes 0,8-1,2 cm compr., glabros; anteras 0,9-1,4 cm compr., ovário elíptico, velutino, verde, estiletes 4, glabros, 0,9-1,7 cm compr., estigmas capitados, alvos. Baga elíptica, 5-8,5 × 3,5-5 cm, glabra, verde com estrias branca quando imatura, amarela quando madura. Sementes 0,7-1,2 × 0,5-0,7 cm, ovais a oblongas, reticuladas a foveoladas, ápice agudo a arredondado. Etimologia: Contracta: devido à inflorescência apresentar ramos mais congestos em relação à inflorescência de P. ovalis, que apresenta ramos mais longos e flores dispostas de modo mais laxo nos ramos. Nomes vernáculos: maracujá, maracujá-casca-de-ovo, maracujá-do-mato (AL, BA), maracujá-de-cobra (BA), maracujá-tartaruga (ES). Fenologia: Floresce e frutifica o ano inteiro. Distribuição e hábitat: Encontrada no Brasil, nos estados de Pernambuco, Alagoas, Bahia e Espírito Santo. Endêmica da Mata Atlântica, encontrada tanto no interior quanto em bordas de florestas, ou em áreas de restinga, em altitude variando de 0-900 m s.n.m. Conservação e usos: Até o momento não corre risco de extinção, sendo encontrada tanto em ambientes preservados, quanto em área perturbadas, como beira de estradas e áreas em processo de desmatamento. Não foi, portanto, classificada como em perigo, ou em risco de extinção segundo os critérios da IUCN (2004) sendo considerada como não ameaçada (NT). Material examinado: BRASIL, Alagoas, Coruripe: 28.Out.1980, fl., fr., Lima, D.A. 80 (IPA); na borda da mata do riacho das pedras, área de influência direta da Barragem, mata atlântica, 16.Out.1999, fl., fr., Lyra-Lemos, R.P. & Bayma, I.A. 4374 (MAC). 137 Figura 21. Mapa de distribuição geográfica de Passiflora arbelaezii; P. cirrhiflora; P. contracta e P deidamioides (Escala em quilômetros – Fonte ESRI 1999). 138 Ibatequara: Akidaban, 08.Ago.2002, fl., fr., Oliveira, M. & Grillo, A.A.0. 1043 (HUEFS, UFP). Maceió: Tabuleiro dos Martins, área de transição mata/cerrado, mata atlântica. 27.Jan.1999, fl., fr., Lyra-Lemos, R.P. 4703 (IAC, MAC); Conjunto Novo Horizonte, Tabuleiro dos Martins, área de transição cerrado/mata ombrófila, 27.Jan.1999, fl., fr., Lyra-Lemos, R.P. 4114 (IAC, MAC). Murici: Poço D'Anta, ca. 1619 NNW of Murici by road, Mata do Murici. 9°13’S, 35°52’W, 550-600 m s.n.m., 14.Mai.2001, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 12444 (CEPEC, NY). Santa Luzia do Itanhy: Mata do Crasto, 07.Fev.1996, fl., fr., Landim, M. 872 (ASE, HUEFS); ca. 2,5 Km de Crasto, na estrada para Santa Luzia do Itanhy, 27.Nov.1993, fl., fr., Amorim, A.M. 1496 (CEPEC); Rod. Santa. Luzia/Crasto, Km 6, aprox. 2,5 Km antes do Distrito de Crasto. Mata, 11°21'40''S, 37°25’45”W, 14.Jun.1994, fl., fr., Jardim, J.G. et al. 481 (CEPEC). São Miguel dos Campos: 28.Out.1980, fl., Esteves, G.L. & Andrade-Lima 600 (MAC). Bahia, s.loc., 1839, fl., Blanchet 1708 (BM). Alcobaça: Between Alcobaça and Caravelas, on the BA 001 highway, 23 Km S of Alcobaça, not far from coast, BA-001, entre Alcobaça/Caravelas, 17°44'S, 39°15’W, 17.Jan.1977, fl., fr., Harley, R.M. et al. 18026 (CEPEC, K, NY). Amargosa, Serra do Timbó, área de estudo do projeto Timbó/Centro Sapucaia, 13o5´S, 39o39´W, Fragmento de floresta ombrófila densa do domínio da floresta atlântica, 750-900 m s.n.m., 27.Jan.2007, fl., fr., Cardoso, D. et al. 1643 (HUEFS). Belmonte: Estação Ecológica Gregório Bondar, ca. 1,8 Km da sede. 16°6'11''S, 39°12'26''W, 120 m s.n.m., 8.Jan.2002, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 799 (CEPEC, HUEFS, RB); 64 Km de Itapebi, 16°0’52”S, 39°4’16”W, 88 m s.n.m., 8.Jan.2002, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 810 (HUEFS); Santo Antônio, estrada para Belmonte, 16°6'22''S, 38°57'43''W, 27.Dez.2005, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1405 (HUEFS). Camacan: RPPN Serra Bonita, 9,7 km W de Camacan na estrada para Jacareci, daí 6 km SW na estrada para a RPPN e Torre da Embratel, 15º23’30”S, 39º33’55”W, 835 m s.n.m., 23.Jan.2007, fl., fr., Borges, R.A.X. et al. 685 (CEPEC, HUEFS). Camaçari: Área Controle da Caraíba Metais, 12°29’35”S, 38°18’47”W, 9.Dez.1982, fl., fr., Noblick, L.R. et al. 2390 (HUEFS); Reserva Ecológica de Cotegipe, 12°56'0''S, 38°21'0''W, 7.Fev.1996, fr., Guedes, M.L.S. 3803 (ALCB); estrada para o Pólo Petroquímico de Caraíbas Metais. 12°40'26”S, 38°18’54”W, 54 m s.n.m., 19.Nov.2005, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1348 (HUEFS). Conde: ca. 30 Km pela estrada de Conde-Linha Verde (BA 099), Mata Atlântica, 25.Mar.1995, fl., França, F. & Melo, E. 1150 (HUEFS); a. 30 km na Linha Verde de Conde para Mata de São João. 12°2'S, 42°37’W, 17.Nov.2005, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1307 (HUEFS); ca. 30 km na Linha 139 Verde de Conde para Mata de São João. 12°2'S, 42°37’W, 17.Nov.2005, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1308 (CEPEC, HUEFS). Elísio Medrado: Reserva Jequitibá. Projeto Gambá. 13.Fev.2002, fl., fr., van den Berg, C. et al. 1055 (HUEFS); APA Municipal da Serra da Jibóia, Reserva Jequitibá, Morro do Lírios. 12°52’3”S, 39°28'4”W, 750 m s.n.m., 29.Mar.2003, fl., fr., Costa, J. 388 (HUEFS). Entre Rios: Estrada para Imbé, 23 km a oeste da Linha Verde, 12°10’8”S, 37°57’30”W, 160 m s.n.m., 16.Abr.2000, fl., Miranda, E.B. et al. 400 (HUEFS); Litoral Norte, Fazenda Buri, Trilha, 11º56’S, 38º5’W, 27.Nov.2000, fl., fr., Guedes, M.L.S. et al. 7752. (ALCB); Estrada de Entre Rios para Esplanada, ca. 1,5 km após Entre Rios, 11°53'54''S, 38°2'16''W, 150 m s.n.m., 3.Fev.2002, fl., fr., Fiaschi, P. et al. 981 (SPF); Estrada para Imbé ca. 23 km 140 Figura 22. Passiflora contracta Vitta. A. Detalhe do ramo. B. Flor. C. Detalhe da glândula no pecíolo. D. Fruto. (A-C. T.S.Nunes 1308 (HUEFS), D. S.F.Conceição 452 (HUEFS)). 141 do entroncamento de Entre Rios para Imbé, 12°7'40”S, 37º59’14”W, 134 m s.n.m., 16.Nov.2005, st., Nunes, T.S. et al. 1279 (HUEFS); Fazenda Rio Negro. Remanescente de mata atlântica, floresta de restinga, 11º53’S, 37º57’W, 06.Mai.2007, fl., fr., Cardoso, D. & Popvkin, A.V. 2024 (HUEFS). Esplanada: Fazenda do Bu, mata do Fundão II, 12º0’36”S, 37º44’0”W, 23.Abr.1996, fl., fr., Bautista, H.P. & Jost, T. 1765 (HRB, HUEFS). Guaratinga: Km 10 da Rod. Guaratinga/São Paulinho, 29.Mar.1973, fl., fr., Pinheiro, R.S. 2047 (CEPEC). Ibirataia: Faz. Boa União, Plantação de cacau, 7.Abr.1972, fl., Pinheiro, R.S. 1827 (CEPEC). Ilhéus: Área do CEPEC, Km 22 da Rodovia Ilhéus/Itabuna (BR 415), Quadra H do CEPEC, 50 m s.n.m., s.d., fl., Santos, T.S.dos 3662 (CEPEC); Olivença, Mata do Cururipe, estrada p/o Maruim, 19.Ago.1970, fl., Santos, T.S.dos 1022 (CEPEC); Along road from Ilhéus to Serra Grande, 19 km ao N cidade, 16.6 km ao S de Serra Grande, ao N da Tulha, 14°41’S, 39°9’W, 8.Mai.1992, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 9222 (CEPEC, NY); 11 Km from bridge at edge of Ilhéus on road to Serra Grande, 9.Fev.1994, fl., fr., Kallunki, J. 486 (NY); Mata da Esperança. Entrada a 2 km a partir da antiga ponte do Rio Fundão. Árvore n. 937 parcela n. 24., 14°46'55''S, 39°4’W, 26.Set.1994, fl., fr., Carvalho, A.M.de 5184 (CEPEC); Mata da Esperança, Entrada a 2 Km a partir da antiga ponte do Rio Fundão, Árvore n. 2197, parcela n. 50, 14°46'55''S, 39°4’W, 17.Jan.1995, fl., fr., Carvalho, A.M.de 5967 (CEPEC); Litoral Sul, Rod. Una próximo a Olivença, 17.Jan.1999, fl., fr., Argolo, A. 7 (ALCB); Mata da Esperança, 14º47’26”S, 39º03’98”W, 20.Mar.2001, fl., fr., Rocha, E.A. & Silva, D.C. 701 (ALCB, UESC); estrada de Ilhéus em direção a Itacaré, 14°39'22''S, 39°4'20''W, 22 m s.n.m., 28.Dez.2005, fl., fr., Conceição, S.F. et al. 472 (HUEFS); Mata da Esperança, 7.Mar.2006, fl., fr., Tsuji, R. et al. 1231 (HPL, IAC). Itabuna: 65Km NE of Itabuna, at the mouth of the Rio de Contas on the N bank opposite Itacaré, 14°16'S, 39°0’W, 30.Jan.1977, fl., fr., Harley, R.M. et al. 18398 (CEPEC, K, NY). Itacaré: Beira mar lado S da mata, 15.Abr.1970, fl., Santos, T.S.dos 709 (CEPEC); Ramal da torre da Embratel, com entrada Km 15 Rod. Ubaitaba/Itacaré (BR-654), a 5,8 Km da entrada, 21.Jul.1984, fl., fr., Carvalho, A.M.de 2092 (CEPEC); 11,6 Km ao South of junction with BA-654, “Loteamento da Marambaia”, on Rod. to Serra Grande, the junction 6 km west of Itacaré. 14°24’S, 39°16’W, 2.Mai.1993, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 9770 (CEPEC, NY). Itamarajú: 20 km da cidade, 17º9’32”S, 39º23’37”W, 90 m s.n.m., 17.Jun.2005, fl., fr., Stapf, M.N.S.et al. 441 (HUEFS). Jandaíra: Rod. Linha Verde, 10-20 Km S de Abadia, 19.Ago.1995, fl., fr., Hatschbach, G. 63172 (MBM). Jequié: Fazenda Brejo Novo, a 10,5 Km da Av. Otávio Mangabeira 142 pela Exupério Miranda o bairro do Mandacaru, 13o57´0,35”S, 40o06´38”W, 722 m s.n.m., Floresta estacional (mata de cipó), zona de transição, substrato: solo arenoargiloso pedregoso, 31.Out.2003, st., Souza, A.F. et al. 015 (HUEFS, HUESB, PEUFR); 13o56´041”S, 40o06´33,9”W, 617-750 m s.n.m., 11.Dez.2004., st., Macedo, G.E.L. & Paixão, J.L. 1778 (HUEFS, PEUFR); a 10,5 Km da Av. Otávio Mangabeira, entrando pela Av. Funério Miranda no Bairro do Mandacaru 13o56´041”S, 40o06´33”W, 31.Ago.2007, st., Nunes, T.S. et al. 1868 (HUEFS). Jussarí: Rod. Jussarí/Palmira. Entrada ca. 7,5 km de Jussarí. Faz Teimoso. RPPN Serra do Teimoso, 39°31'43''S, 15°9'29''W, 21.Fev.1998, fl., fr., Amorim, A.M. et al. 2221 (CEPEC, NY); Árvore 332, 15°9'29''S, 39°31’W, 21.Fev.1998, fl., Amorim, A.M. et al. 2191 (CEPEC, NY). Lamarão do Passé: 12°34'52''S, 38°22'49''W, 21.Jun.1994, fl., Guedes, M.L.S. & Chastini, C. 3276 (ALCB); Região Metropolitana de Salvador, Caraíba Metais, 12°35’S, 38°24’W, 18.Dez.2004, fl., fr., Guedes, M.L.S. 11390 (ALCB). Maraú: estrada Maraú-Ubaitaba, 14°7'50”S, 38°59’55”W, 19 m s.n.m., 29.Dez.2005, fl., fr., Carvalho, P.D. et al. 293 (HUEFS); 4 Km ao S Maraú, 9.Mai.1968, fl., fr., Belém, R.P. 3540 (CEPEC); Estrada que liga Ponta do Mutá/(Porto de Campinhos) a Maraú, 28 km do Porto, 6.Fev.1979, fl., fr., Mori, S.A. et al. 11442 (CEPEC); Mata Costeira, 13.Jan.1967, fl., fr., Belém, R.P. & Pinheiro, R.S. 3116. (UB); Estrada para a Península de Campinho, 30.Dez.1999, fl., Carneiro-Torres, D.S. et al. 189 (HUEFS); ca 5 km SE of Maraú, near junction with road to Campinho, mixed restinga, vegetation and high forest on sand with open wet áreas, 14°8’S, 38°59’W, 0-50 m s.n.m., 15.Mai.1980, fl., Harley, R.M. et al. 22078 (CEPEC, K). Mucuri: Rodovia de Mucuri para Itabatã, na altura do Km 12, fazenda Havana. 14.Mai.2000, fl., fr., Fiaschi, P. 251 (SPF). Nova Viçosa: Rodovia de Mucuri para Itabatã, Km 15 estrada vicinal para fazendas, ca 2 Km da rodovia, 14.Mai.2000, fl., fr., Pirani, J.R. et al. 4702 (HUEFS, SPF). Porto Seguro: Arraial d'Ajuda, 11.Jun.1962, fl., fr., Duarte, A.P. 6680 (RB); Km 5 da Br 5, 18.Jun.1962, Duarte, A.P. 6788 (RB); Rodovia para povoado de Trancoso, Km 5 depois de Arraial d'Ajuda. Restinga arbórea perturbada, 5.Nov.1983, fl., fr., Callejas, R. et al. 1695 (CEPEC); Estrada para Eunápolis, Km 10 da estrada p/Eunapólis, Faz. Aida Hartman. 10-30 m s.n.m., 13.Out.1983, fl., fr., Martinelli, G. & Soderstrom, T. 9634 (CEPEC, RB); 6-7 Km na estrada que liga Arraial D'Ajuda a Trancoso, 12.Dez.1991, fl., fr., Sant'Ana, S.C.de et al. 57 (CEPEC); Reserva da Brasil Holanda de Ind. S/A. Entr. Km 22 Rod. p/ Eunápolis/Porto Seguro, 9.5Km na entrada, mata higrófila sul baiana, 16°27'45''S, 39°19’W, 6.Abr.1994, fl., fr., Carvalho, A.M.V.de et al. 4466 143 (CEPEC); Parque Nacional do Monte Pascoal, along road from entrance to visitor’s center and road to E side of park, 16°52'2''S, 37°24'50''W, 5.Fev.1999, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 11984 (CEPEC, NY); ca. 22 km do entroncamento da BR 367, BA 001, estrada para o Arraial d’Ajuda. Entrada da Faz. Santa Rita, 16º28’8”S, 39º9’6”W, Mata atlântica antropizada. Borda de mata, 29.Mai.2000, fl., Oliveira, R.P. et al. 592 (HUEFS); Estação Veracel, 12.Out.2006, fr., Colman, L.P. 19 (ALCB). Prado: Rod. Prado/Cumuruxatiba, 2 km após o entroncamento, 5.Jul.1979, fl., fr., Mattos-Silva, L.A. et al. 571. (CEPEC); Reserva Florestal da Brasil Holanda Indústrias S/A, the entrance at Km 18 east of Itamaraju, on road to Prado 8 Km from entrance, 17°11’S, 39°20’W, 22.Out.1993, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 10103 (CEPEC); On road from Itamaraju to Cumuruxatiba, 10.5Km of turn off of road to Prado on road to Cumuruxatiba, 17°8’S, 39°25’W, 20.Out.1993, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 10025 (CEPEC, NY); Praia de Cumuruxatiba, 11.Jun.1995, fl., fr., Melo, E. & França, F. 1262 (HUEFS). Salvador: Bairro Patamares, Parque Metropolitano de Pituaçú, 12°56’S, 38°21’W, 9.Fev.2003, fl., fr., Costa, J. et al. 387 (HUEFS). Santa Cruz Cabrália: Área da Reserva Biológica do Pau-brasil, 5.Jan.1972, fl., Euponino, A. 110 (CEPEC); Área da Estação Ecológica do Pau-Brasil, ca. 16 km W Porto Seguro, 25.Nov.1987, fl., fr., Maas, P.J.M. et al. 7008 (CEPEC, U); 2-4 Km a W da estrada velha de Santa Cruz Cabrália, 28.Jul.1978, fl., fr., Mori, S.A. et al. 10378 (CEPEC). Taperoá: Km 13 da Rod. Taperoá/Valença, ramal p/ Serapei, 3Km da entrada do ramal. Margem da mata. 10.Dez.1980, fl., fr., Hage, J.L. et al. 426 (CEPEC). Una: Km 35 Rod. Olivença/Una, próx. a Res. Bio. do Mico-Leão, ca. 8 Km ao S da entrada, 2.Jun.1981, fl., fr., Hage, J.L. & Santos, E.B.dos 805 (CEPEC); Reserva Biológica do Mico-Leão (IBAMA), Entrada no Km 46 da Rod. BA-001 Ilhéus/Una, 39°5’W, 10.Mar.1993, fl., fr., Sant'Ana, S.C.de et al. 265 (CEPEC, NY); 15°9’S, 39°5’W, 14.Abr.1993, fl., Amorim, A.M. et al. 1195 (CEPEC); Picada do Príncipe, área da Reserva, 15°9'S, 39°5’W, 26.Mai.1993, fl., fr., Amorim, A.M. et al. 1282 (CEPEC); 10.Mai.1994, fl., fr., Amorim, A.M. et al. 1644 (CEPEC); Estação Experimental Lemos Maia. Mata de restinga, perturbada. 5.Abr.1995, fl., fr., Carvalho, A.M.de et al. 6020 (CEPEC); Reserva Biológica de Una. Picada do Maribondo, 15°10’S, 39°4’W, 24.Nov.1996, fl., Thomas, W.W. et al. 11402 (CEPEC, NY); Reserva Biológica de Una, western side (27 Km of W Una on road to São José, then 3,9 Km N to Reserve via Fazenda Piedade, then 8 Km E to sede), 15°10'48''S, 39°8'29''W, 10.Abr.1997, fl., fr., Thomas, W.W. et al. 11484 (CEPEC, NY); Próximo a Reserva Biológica de Una, beira de estrada. 15°11'16”S, 39°1’36”W, 434 m s.n.m., 7.Jan.2002, 144 fl., fr., Nunes, T.S. et al. 745 (HUEFS); Faz. Bolandeira, 6 Km ao N da Ilha de Comandatuba, 15º18´20”S, 39º1’18”W, Restinga arbórea, 27.Abr.2004, fl., fr., Amorim, A.M. et al. 4051 (CEPEC, HUEFS); Beira da estrada próximo a um lixão, 15°15'16”S, 39º3’8”W, 45 m s.n.m., 28.Dez.2005, fl., fr., Conceição, S.F. et al. 451 (HUEFS). Uruçuca: Distrito de Serra Grande, 7,3 Km na estrada Serra Grande/Itacaré, Fazenda Lagoa do Conjunto Fazenda Santa Cruz, 14°25’S, 39°1’W, 12.Ago.1992, fl., Carvalho, A.M.de et al. 4077 (CEPEC). Vera Cruz: Vera Cruz: Picadão, área da Aracruz Celulose. 23.Ago.1993, fl., Guedes, M.L.S. s.n. (ALCB 26567, SPF 101.824); Jaguaribe, Fazenda Oldesa - Óleo de Dendê S.A., 6.Abr.1999, Guedes, M.L.S. s.n. (ALCB). Espírito Santo, Conceição da Barra: Itaúnas. 5 m s.n.m., 20.Mai.1999, fl., fr., Hatschbach, G. & Ferreira, L.A. 69197 (C, CEPEC, MBM); Parque Estadual de Itaúnas. Floresta de Transição da Acesita, próximo a Vila, 17.Mar.1999, fl., Salino, A. & Moraes, P.O. 4492 (BHCB); Parque Estadual de Itaúnas, estrada por entre os eucaliptos em direção ao mangue. 19.Fev.2001, fr., Milward, M. & Vanderven, P.H.L. 64 (RB); Ligação entre a Rod. ES-421 e Itaúnas. Orla da restinga, 9.Jun.2003, Hatschbach, G. 75071 (MBM, CEPEC); Estrada para Itaúnas. Área de Plantação de Eucalipto, 18o 31´18”S, 39o 47´26”W, 29 m s.n.m., 04.Jun.2006, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1717 (HUEFS); 04.Jun.2006, st., Nunes, T.S. et al. 1720 (HUEFS). Linhares: Estrada do Espírito Santo, 8 Km ao sul de Linhares, 15.Dez.1962, Mattos, J. 25776 (HAS); Reserva Biológica de Sooretama, 300 m s.n.m., 15.Mai.1978, fl., fr., Martinelli, G. 4179 (HUEFS, RB); Reserva Florestal da Cia, Vale do Rio Doce - Floresta S.A., estrada 161, Km 5, mata de tabuleiro, 40 m s.n.m., 27.Set.1978, fr., Martinelli, G. 4989 (RB); Reserva Florestal da CVRD, 2.Fev.1985, st., Peixoto, A. et al. 3286 (MO, UEC); Reserva Biológica de Comboio – IBAMA, Aceiro com Faz Carv., 28.Ago.1989, fl., fr., Folli, D.A. 960 (CVRD, HUEFS); 12.Abr.1991, fl., fr., Farias, G.L. 411 (CVRD, HUEFS); Comboio, Periferia da Reserva Biológica de Comboio, 05.Abr.1996, fr., Fraga, C.M.de & Lofego, A.P.A. 318 (MBML); Reserva natural da CVRD. Próximo ao Cruzamento das estradas Gávea com Flamengo, 26.Abr.1994, fl., fr., Folli, D.A. 2294 (CVRD, HUEFS); Próximo a segunda entrada, Bloco A, Produção sustentada, 08.Set.1994, fl., fr., Folli, D.A. 2373 (CVRD, HUEFS); Reserva Florestal do Vale do Rio Doce. Trilha atrás do viveiro, 19.Jun.2000, fl., fr., Costa, C.B. 321 (SP). Santa Tereza: Material cultivado na Universidade do Texas (Gilbert accession number 8071), fl., Hansen, A.K. 152. (TEX); s.d., fl., Hansen, A.K. 249. (TEX); Valsugana Velha, parte alta da propriedade do Dr. Pedro, 10.Dez.1985, fl., fr., Boone, W. 961 (CEPEC, 145 MBML); Vale do Cannaã, alto da encosta, 18.Dez.1985, fl., Vimercatt, J.M. 342 (MBML); Valsugana Velha, Estação Biológica de Santa Lúcia, 19°58’S, 40°32’W, 550800 m s.n.m., 12.Nov.1990, fl., fr., Boudet Fernandes, H.Q. et al. 3045 (MBML, RBR); Comboios, Periferia da Reserva Biológica de Comboios. Restinga. 5.Abr.1996, fr., Fraga, C.N.de & Lafego, A.P.A. 318 (MBML); São Lourenço Country Club, no alto da trilha da cachoeira. 850 m s.n.m., 15.Dez.1998, fl., fr., Kollmann, L. et al. 1303 (MBML); Santo Antônio, Terreno do Bosa, 800 m s.n.m., 8.Dez.1998, fl., fr., Kollmann, L. et al. 1262 (MBML); São Lourenço, Terreno de Clério Loss, 750 m s.n.m., 30.Set.1998, fl., fr., Kollmann, L. et al. 651 (MBML, UPCB); Cabeceira do 25 de Julho, propriedade de Furlani (pesque e pague), 850 m s.n.m., 11.Mar.1999, fl., fr., Kollmann, L. et al. 2155 (MBML); Valsugana Velha, Estação Biológica de Santa Lúcia, 650 m s.n.m., 19.Mar.1999, fl., Kollmann, L. & Bausen, E. 2197 (MBML); São Lourenço Country Club. 16.Dez.1999, fl., Demuner, V. et al. 359. (MBML); Santo Antônio, Mata do Bosa, 15.Fev.2000, fl., Demuner, V. & Bausen, E. 715 (MBML); São Lourenço, Mata do Martinelli, 11.Abr.2000, fl., fr., Demuner, V. et al. 892 (MBML); Valão de São Lourenço, Henrique Tonn, 10.Out.2000, fl., fr., Demuner, V. & Bausen, E. 1441 (MBML); Valsugana Velha, terreno do Luiz Bringhente, 30.Nov.2000, fl., fr., Demuner, V. & Bausen, E. 1563 (MBML); Nova Lombardia. Reserva Biológica Augusto Ruschi, Trilha da Tronqueira. 800 m s.n.m., 30.Out.2001, fl., Kollmann, L. et al. 4936 (MBML); Divisa de Goiapaba-Açú a esquerda, 800 m s.n.m., 7.Nov.2001, fl., Kollmann, L. et al. 4963 (MBML); Valão direita da sede velha. 800 m s.n.m., 29.Nov.2001, fl., Kollmann, L. et al. 5100 (MBML); Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi, Nova Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi, Trilha Mauriti, 30.Jul.2002, fl., fr., Vervloet, R.R. et al. 585 (MBML). Pernambuco: Recife: Chá da mata Dois Irmãos sobre pequena árvore. 12.Mar.1952, Lima, D.A. 52 (IPA). Rio Formoso: Praia dos Carneiros, 4.Jan.1968, Lira, O.C. 68 (IPA). Paulista: Reserva Ecológica de Caetés, 24.Nov.1997, Dú Bocage, A.L. 62 (IPA). Comentários: Espécie próxima a P. ovalis por apresentar inflorescência racemosa e corona em duas séries de filamentos. Diferencia-se desta pelo tamanho do pecíolo (9-18 cm em P. contracta vs. 0,9-5 cm em P. ovalis), tamanho do eixo principal da inflorescência [(3-)19-50 cm em P. contracta vs. (6-)10-80(-120) cm em P. ovalis] e flores com opérculo inteiro (vs. plicado em P. ovalis). Polinizada por morcegos (Sazima & Sazima 1978), com período de antese a partir das 16h até o amanhecer. Os frutos são 146 consumidos por pequenos roedores e aves, que ajudam na dispersão da espécie. Não apresenta interesse ornamental, porém fornecedora de alimentos para morcegos, pequenos roedores e aves, que se alimentam dos frutos, ajudando na dispersão das sementes. Os dados obtidos com a análise filogenética para dados de ITS, não corroboram o agrupamento desta espécie juntamente com as demais delimitadas por Feuillet & MacDougal (2003), como pertencentes a seção Tetrastylis, apesar da união de P. contracta e P. ovalis obtida com os dados de trnL-F. Os resultados obtidos com a análise polínica confirmaram que estas espécies podem formar um grupo bem delimitado. A análise morfológica, principalmente dos caracteres florais, como presença de quatro estiletes e inflorescência racemosa, a caracteriza como pertencente ao mesmo grupo de P. ovalis, P. timboensis e P. igrapiunensis. 4. Passiflora deidamioides Harms, Fedde, Repert. Sp. Nov. 19: 57 (1923). Tipo: Brasil, São Paulo: Alto da Serra, XII.1920, fl., fr., A. Gehrt 4592 (Holótipo SP, foto do holótipo HUEFS!). Figuras 21 e 23. Trepadeira herbácea ou lenhosa, escandente, inerme; caule cilíndrico, nãoalado, glabro, casca não corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos ausentes. Estípulas 0,1-0,35 × 0,1 mm, ca. 3× mais longas do que largas, persistentes, lanceoladotriangulares a deltóides, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 2-8 cm compr., glabro, glândulas (2-)4-6, primeiro par situado a ca. 0,6-1,9 cm da base, segundo par situado a 2-5 cm da base, terceiro par situado a ca. 4,5 cm da base, sésseis, orbiculares; lâmina 3-lobada, contorno elíptico-oval a orbicular, 6-9,5(-17) × 3,2-5(-16) cm, ca. 2× mais longa do que larga, membranácea ou coriácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice obtuso, base obtusa, margem lisa a crenada, revoluta, palmatinérvias, lobos obovais-oblongos, lobo central 6-9,5(-17) × 2-6 cm, lobos laterais 2-9 × 1-3,5 cm, nervuras proeminentes, lobos peninérvios; nervuras secundárias 5-10, ângulo total entre as nervuras laterais 140-180º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência biflora, pedúnculo 1,6-4,2 × 0,1-0,2 cm, terminando em uma gavinha, glândula presente na base; pedúnculo secundário 1,2-4,2 cm compr.; pedicelo 0,5-0,7 × 0,1-0,2 cm; brácteas 3, linear-lanceoladas, 0,1-0,5 × 0,01-0,05 cm, glândulas ausentes, bractéolas 147 presentes, precocemente caducas. Flores 3-6 cm diâm., hipanto 0,2-0,7 cm alt., 0,7-0,9 cm diâm., campanulado, lobos ausentes, glabros; sépalas 1,5-2,5 × 0,5-0,9 cm, carnosas, lanceolado-oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial branca, face abaxial verde, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 1,5-2,5 × 0,5-0,8 cm, membranáceas, lanceolado-oblongas, ápice agudo, margem lisa, face abaxial e adaxial brancas, glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 3-5 séries de filamentos, filamentos da série externa 0,5-1,7 cm compr., brancos, filamentos da série interna 0,2-0,4 cm compr., brancos, filamentos filiformes; opérculo plicado, membranáceo, 0,2-0,3 cm alt., margem laciniada ou fimbriada; límen 0,1-0,2 cm alt., cupuliforme, membranáceo, adnado na base do androginóforo; anel nectarífero presente; androginóforo 0,6-1,0 cm alt.; tróclea ausente; filetes 0,5-0,7 cm compr., anteras 0,3-0,5 cm compr.; ovário elíptico, glabro, verde, estiletes 3, glabros, 0,5-0,8 cm compr., estigmas capitados, amarelos. Baga elipsóide, 6-angulada, globosa, 6-9 × 4-6 cm, glabra, verdes. Sementes 0,4-0,5 × 0,2-0,3 cm, elípticas a ovais, oblongas, reticuladas, ápice agudo a truncado. Etimologia: Deidamioides, em referência ao gênero Deidamia Thouars (Passifloraceae), um gênero Africano, com quem se assemelha pelas folhas lobadas, com 5-7 folíolos (Ulmer & MacDougal 2004). Nome(s) vernáculo(s): maracujá (SP). Fenologia: Floresce e frutifica de novembro a maio. Distribuição e hábitat: Espécie endêmica do Brasil, encontrada principalmente em áreas de preservação ambiental nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, em áreas de mata atlântica, em altitudes de 890-1.324 m s.n.m. Conservação e usos: Espécie não ameaçada de extinção segundo os critérios da IUCN (2004). É uma espécie nativa do Brasil, e apresenta um potencial de uso como ornamental, por apresentar flores brancas, grandes e de fácil reprodução. Material examinado: BRASIL, Minas Gerais, Lima Duarte: Distrito de Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, trilha para Ponte de Pedra. 21°42'43''S, 43°53'36''W, 1.324 m s.n.m., 26.Set.2001, fl., Marquete, R. et al., 3080 (RB). São 148 Paulo: Alto da Serra. Estrada do Vergueiro, 23.Dez.1920, fl., Hoehne, F.C. 4692 (SP); Biritiba Mirim: Estação Biológica da Boracéia. 23°38’S, 45°52’W, 890-950 m s.n.m., 9.Dez.1983, fl., fr., Custodio Filho, A. 2052 (IAC, SP). Campos da Bocaína(=Bocaína): Próximo á mata cachoeira de Santo Isidro. 2.Mai.1959, fl., fr., Pabst, G.F.J. 11075 (HB). Salesópolis: Material cultivado em Nova Odessa no Instituto Plantarum, em Banco ativo de germoplasma. 04.Mar.2004, fl., Bernacci, L.C.& Lorenzi, H. 3652 (IAC); Parque Estadual da Serra do Mar, Estrada Intermediária Km 45, 23°38’S, 45°41’W, 25.Abr.2000, fl., Foster, W. et al. 319 (ESA, SPSF, UEC). Santo André: Reserva Biológica do alto da serra Paranapiaçaba, 27.Nov.1980, bt, fr., Rosa, N.A. & Pires, J.M. 3964 (MG); 30.Mai.1985, fr., Sugiyama, M. et al. 593 (SP). São Bernardo do Campo: Cultivado no herbário do Texas, fl., Hansen, A.K. 181 (TEX); Cultivado no herbário do Texas, fl., Hansen, A.K. 221 (TEX). 149 Figura 23. Passiflora deidamioides Harms. A. Detalhe do ramo. B. Flor. C. Detalhe do nó caulinar. D. Detalhe da glândula no pecíolo (2º. par). E. Detalhe da glândula no pecíolo (1º. par). F. Detalhe das brácteas no pedúnculo. (A, C-F. W.Foster 319 (ESA), B. A.Hansen 181 (TEX)). 150 Comentários: Dentre as espécies do subgênero Deidamioides, P. deidamioides assemelha-se a P. cirrhiflora por apresentar folhas lobadas, gavinhas no pedúnculo e inflorescência biflora. Porém, são facilmente diferenciadas pelo número de lobos na lâmina foliar (5-9 em P. cirrhiflora e 3 em P. deidamioides), número de glândulas no pedúnculo (2-6 vs. 2, respectivamente) e secção transversal do fruto (não angulada vs. 6-angulada). No estudo filogenético realizado com dados de ITS e trnL-F, apresentado no capítulo um desta tese, esta espécie aparece agrupada com P. obovata (seção Mayapathanthus) e P. contracta (seção Tetrastylis). Nenhum caráter morfológico foi encontrado que justificasse este agrupamento. Estudos mais detalhados necessitam ser feitos para elucidar o posicionamento desta espécie. 5. Passiflora discophora Jørgensen & Lawesson, Nordic J. Bot., 7(2): 127. 1987. Tipo: Equador: Los Rios; Km 45, Santo Domingo - Quevedo, km 12 Patricia Pilar – 23.Mai.1981, fl., fr., Dodson et al. 11077 (Holótipo MO!). Figuras 24 e 29. Trepadeira herbácea ou lenhosa, escandente, inerme; caule cilíndrico, angulado, não-alado, glabro, casca não corticosa; gavinhas divisas (2-4), discos adesivos presentes. Estípulas 1,0 × 0,1 mm, ca. 2× mais longas do que largas, decíduas, lanceoladas, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 1,0–1,2 cm compr., glabro, glândulas 2, situadas a ca. 1,0-1,2 cm no ápice do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, elíptica-ovada a orbicular, 3,7-4 × 1,8-2 cm, ca. 2× mais longas do que largas, membranácea, face abaxial e adaxial glabras, ápice acuminado a obtuso, base cordada, margem lisa, não revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 5, ângulo total entre as nervuras laterais 180º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência uniflora ou biflora, pedúnculo 0,7-1,5 cm, não terminando em uma gavinha; glândula ausente, pedúnculo secundário ausente, pedicelo 0,1-0,2 × 0,2 cm, brácteas 3, setáceas, 0,5 mm compr., glândulas ausentes, bractéolas presentes. Flores 3,5-4 cm diâm., hipanto ca. 0,2 cm alt., 0,7 cm de diâm., campanulado, lobos ausentes, glabro; sépalas 2,5 × 0,9 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial verde-clara, face abaxial 151 branca, corno e glândulas ausentes; pétalas 2,0 × 0,5 cm, membranáceas, oblongaovadas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial verde-clara, face abaxial branca, corno e glândulas ausentes; corona em 3 séries de filamentos, filamentos da série externa 0,71,8 cm compr., filamentos da série intermediária 0,3-0,4 cm compr., filamentos da série interna 0,2-0,6 cm compr., filamentos de todas as séries amarelo-alaranjados com ápice branco, filiformes; opérculo liso, não plicado, membranáceo, ca. 0,2 cm alt., margem denticulada; límen 0,2 cm alt., cupuliforme, membranáceo, anel nectarífero presente; androginóforo 0,9-1,1 cm alt; tróclea ausente; filetes ca. 0,4 cm compr., anteras ca. 0,2 cm compr., ovário ovóide, glabro, estiletes 3, 0,6 cm alt., glabros, estigmas capitados. Baga globosa, 3,5- 3,0 cm, glabra, amarela quando madura. Sementes 0,5 × 0,4 cm, ovais, ápice agudo, sulcadas. Etimologia: O nome da espécie é uma referência à presença de discos adesivos na terminação das gavinhas. Fenologia: Material examinado sem flores, um único material com fruto coletado em novembro. Distribuição e hábitat: Espécie encontrada no Equador, em áreas de mata, cultivada na Dinamarca. Encontrada em altitudes de 200-1.115 m s.n.m. Conservação e usos: Espécie considerada em perigo (EM A4c), segundo os critérios da IUCN (2004). Porém está sendo cultivada na Universidade de Aarhus – Copenhagen, Dinamarca. Na natureza é encontrada apenas no Equador. Material examinado: DINAMARK, Copenhagen: Grown in greenhouse. The research Department, Botanical Garden, University of Copenhagen, 11.Jun.1999, Plant 08.96, Kim Dalby Nielsen, Conpenhagen, DK, ex Niels Jorgen Pedersen, Lammehaven, Ringe, DK, ex Ecuador, Department of Systematic Botany, Unviersity of Aarhus, DK Voucher DFHJJ8 (BJ 240) (C – Cultivada). EQUADOR, Esmeraldas, Eloy Alfaro: Parroquia Luis Vargas Torres. Playa de Oro, Río Santiago. 0°43’N, 79°45’W, 200 m s.n.m., 1.Nov.1993, fr., Tirado, M. et al. 258 (MO, QCNE). El Oro: Nearest hacienda, 152 town or village. 1.115 m s.n.m. 9.Nov.1992, st., Kapan, D.D. 42 (TEX). Comentários: Espécie próxima de P. tryphostemmatoides, por apresentar gavinhas divisas, lâminas foliares inteiras elípticas e inflorescência biflora. Pode ser diferenciada principalmente pelas gavinhas trífidas em P. discophora (vs. bífidas em P. tryphostemmatoides); discos adesivos presentes nas extremidades das gavinhas em P. discophora (vs. ausente em P. tryphostemmatoides). Também se assemelha a P. pacifica, diferenciando-se desta pelo pecíolo2 glândulas (vs. 2-4 glândulas em P. pacifica); maregn não revoluta (vs. margem revoluta); inflorescência uni ou biflora (vs. inflorescência cauliflora). 6. Passiflora gracillima Killip, Journal. Wash. Acad. Sc. 14: 112, 1924. Tipo: Colômbia, Caldas, Pinares: above Salento, 2.900-3.200 m s.n.m. (Cordilheira Central), 03.Ago.1922, fl., Pennell, F.W. 9393 (Holótipo: US, isótipos: A!, G!, NY!). Figuras 25 e 29. Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, glabro, casca não corticosa; gavinhas divisas, discos adesivos ausentes. Estípulas 0,2-3 × 0,10,5 mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, linear-lanceoladas a setáceas, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,6–3 cm compr., glabro, glândulas 2-4-6, situadas a 1,0-2,5 cm da base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, contorno oval, 1,1-6 × 1,5-4,5 cm, ca. 2× mais longas do que largas, membranácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice arredondado ou acuminado, base truncada, margem lisa a crenada, não revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 4-8, ângulo total entre as nervuras laterais 160-180º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência biflora, pedúnculo 1-2 × 0,1 cm, terminando em uma gavinha, glândula presente na base, pedúnculo secundário 0,5-1 cm compr., pedicelo 0,3-0,9 × 0,1 cm; brácteas 3, lineares, 0,5-1,2 × 0,1 mm, glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores ca. 3,5 cm diâm., hipanto ca. 0,3 cm alt., 0,3-0,8 cm de diâm., curto-campanulado, 5lobado, glabro; sépalas 1,0-,17 × 0,3-0,5 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial verde, face abaxial branca ou amarelo- esverdeada, corno e glândulas ausentes; pétalas 1,0-1,7 × 0,3-0,4 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face abaxial e adaxial brancas ou amarelo-esverdeadas, corno e glândulas ausentes; corona em 1-2 séries de filamentos, filamentos da série externa 0,5-1,0 cm compr., 153 filamentos da série interna 0,2 cm compr., filamentos brancos ou amarelos, com base violeta, filiformes; opérculo ereto, não plicado, membranáceo, 0,2 cm alt, margem fimbriada; límen 0,2 cm alt., cupuliforme, anel nectarífero presente, androginóforo 0,50,7 cm alt; tróclea ausente; filetes 0,3-0,5 cm compr., anteras 0,2-0,3 cm compr., ovário elíptico, glabro, verde, estiletes 3, glabros, 0,4-0,5 cm compr., estigmas capitados, verdes. Baga elíptica, 3,5-4 × 2,5-3 cm, glabra, amarelas com estrias brancas. Sementes 0,2-0,6 × 0,2 cm, oblongas a globosa, foveoladas, ápice agudo. 154 Figura 24. Passiflora discophora Jørgensen & Lawesson. A. Detalhe do ramo. B. Detalhe do nó caulinar. C. Detalhe da glândula no pecíolo. D. Fruto. (A-C. L.B.J.240 (C), D. M.Tirado 258 (MO)). 155 Etimologia: O nome da espécie faz referência ao termo latim Gracillis = delgado, fino, esguio, em referência ao caule delgado. Fenologia: Floresce e frutifica de agosto a novembro. Distribuição e hábitat: Espécie encontrada na Colômbia e Costa Rica, em altitude variando de 0-3.200 m s.n.m, em áreas de florestas. Conservação e usos: Espécie considerada como não ameaçada, segundo os critérios da IUCN (2004). Nenhuma informação sobre possíveis usos para esta espécie foi obtida através de bibliografias ou de informações em etiquetas de herbários. Material examinado: COLÔMBIA, Antioquia, Caldas, Pensilvania, Pinares atrás del hospital de Pensilvânia, 10.Jul.1982, st., Escobar, L.A. & Brand, J. 2082 (NY); Salento, "Pinares", above Salento. Forest, s.d., Pennell, F.W. 9224 (G, N); 2.400-2.700 m s.n.m., 2-10.Ago.1922, st., Pennell, F.W. 9317 (NY, US); 900-3.200 m s.n.m., 2-10.Ago.1922, Pennell, F.W. 9393 (A, G, isótipo NY!). Frontino, Km 13,8 of road Nutibara-La Blanquita, region of Murrí, Alto de Cuevas, 6°45'N 76°23'W, 1.930 m s.n.m., 05.Nov.1988, fl., Zarucchi, J.L. et al. 7149 (HUA, MO). Sonsón: 10 road-Km from Sonsón on road to Nariño; along old Spanish trail from pass; collected with trail from pass. 5°40’N, 75°15’W, 2.600-2.700 m s.n.m., 13.Nov.1988, fl., McPherson, G. 13074 (HUA, MO); Sítios "Paramo de Sonsón" y "Monumento", bosques sobre la cuchilla "Comadrejal", 2.500-2.740 m s.n.m., 5°38'N, 75°15'W, 17.Ago.1992, fl., Callejas, R. & Roldán, F.J. 10533 (HUA); Via Sonsón-La Soledad, camino a rio Verde de los Montes, veredas Palmitas y rio Verde de los Montes, sobre el camino antiquo Sonsón-Rio Verde, 5°45'N, 75°13'W, 2.400-2.600 m s.n.m., 09.Abr.1994, Callejas, R. et al. 11129 (HUA). COSTA RICA, Limón, Parque Tortuguero: Estación Cuatro Esquinas. Primer islote laguna Tortuguero, frente a la casa-estación. 10°31’N, 83°30’W, 4 m s.n.m., 24.Nov.1987, fl., fr., Robles, R. 1317 (BM, CR, MEXU, MO). Comentário: Esta espécie assemelha-se a P. arbelaezii e P. discophora, diferenciandose destas principalmente pelo número de filamentos da corona (uma série em P. gracillima, duas séries em P. arbelaezii e três séries em P. discophora). Além deste 156 caráter também pode ser diferenciada de P. discophora pela presença de glândulas no pedúnculo em P. gracillima, ausente em P. discophora. Na análise filogenética, com sequências de ITS (capítulo um), esta espécie apareceu agrupada com P. tryphostemmatoides (espécie também considerada por Feuillet & MacDougal (2003), como pertencente à seção Tryphostemmatoides), porém isolada das demais espécies da seção: P. arbelaezii e P. discophora. Uma possível resposta para os resultados obtidos seria o reestabelecimento do subgênero Tryphostemmatoides, com a inclusão inicial de P. tryphostemmatoides e P. gracillima. 7. Passiflora igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. Tipo: BRASIL, Bahia, Igrapiúna, Assentamento Mirante. Litoral Sul. 13o53’15”S, 39o20’39”W, Floresta Ombrófila Densa. Mata ciliar. 18.Dez.2001, fl., M.L.S.Guedes, D.L.Santana, D.M.Loureiro, L.J.Alves 9294 (Holótipo ALCB!; Foto do holótipo no HUEFS). Figuras 26 e 27. Trepadeira arbustiva, lenhosa, inerme; caule cilíndrico, não alado, com casca suberosa; gavinhas inteiras, discos adesivos não observados. Estípulas e Folhas desconhecidas. Inflorescência racemo, eixo principal 24 cm compr., pedúnculo primário 5-8 × 2 mm, não terminando em gavinhas, pedúnculo secundário 1,7-1,9 cm compr., glândulas na base ausentes; pedicelo 1,3-1,7 × 0,1-0,2 cm, brácteas 3, lineares, 0,2 × 0,01 cm, glândulas ausentes, bractéolas presentes, semelhantes às brácteas. Flores ca. 810 cm diâm.; hipanto 0,4-0,5 cm alt., 1,3-1,4 cm diâm., curto-campanulado, 5-lobado, velutino; sépalas 4,2 × 1,4 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial branca, face abaxial verde, velutinas, corno e glândulas ausentes; pétalas 3,5 × 1,2 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial cremes, velutinas; corona em 2 séries de filamentos, filamentos da série externa ca. 1,2 cm compr., filamentos da série interna ca. 0,6 cm compr., brancos, filamentos filiformes; opérculo não plicado, membranáceo, ca. 0,4 cm alt., margem laciniada; límen ca. 0,4 cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero presente; androginóforo 0,9-1,0 cm alt., tróclea ausente, filetes ca. 1,5-2,0 cm compr.; anteras 1,5 cm compr., ovário elíptico, velutino, branco, estiletes 4, glabros, ca. 2,0 cm compr., estigmas capitados, verdes. Frutos desconhecidos. 157 Figura 25 – Passiflora gracillima Killip. A. Detalhe do ramo. B. Detalhe da glândula no pecíolo. C. Detalhe do nó caulinar. D. Flor. E. Fruto. (A-D. R.Callejas 10533 (HUA), E. R.Robles 1317 (CR)). 158 Etimologia: O nome da espécie é uma referência ao município de Igrapiúna, onde a espécie foi coletada. Igrapíuna tem origem tanto do tupi ygara + piúna, que significa “canoa preta” ou “canoa de casca”, como do tupi-guarani igarapé + una, que quer dizer “pequeno rio que corre entre duas ilhas ou entre uma ilha e a terra firme +“preta”; + ense = (do latim= originado ou nativo de) (Stearn 1992, Cunha 2005). Fenologia: Floresce em dezembro. Distribuição e habitat: Espécie coletada no município de Igrapiúna situado na microrregião Sul do estado da Bahia, nas coordenadas 13º53’15”S, 39º20’39”W. A vegetação pode ser classificada como floresta ombrófila submontana, dentro dos domínios da Mata Atlântica (Veloso et al. 1991), a ca. de 900 m s.n.m. Espécie provavelmente endêmica da região. Conservação e usos: Encontrada até o momento nesta pequena área do município de Igrapiúna (fig. 26), considerada com criticamente em perigo de extinção CR B1ai (IUCN 2004), por existir em somente uma localidade. Comentário: Diferencia-se de P. timboënsis pelo diâmetro da flor (8-10 cm em P. igrapiunensis vs. 13 cm em P. timboënsis), pela ausência de glândulas na base do pedúnculo (presente em P. timboënsis) e pela corona com apenas duas séries de filamentos (vs. três séries em P. timboënsis). Diferencia-se de P. contracta e P. ovalis por apresentar sépalas densamente velutinas (vs. glabras em P. ovalis e pubescentes em P. contracta). Até o momento não existe nenhum estudo filogenético com esta espécie, que possa esclarecer seu posicionamento dentro do subgênero. 159 Figura 26. Mapa com a distribuição geográfica de Passiflora igrapiunensis e P. timboënsis no estado da Bahia (Mapa base do ESRI 1999). 160 Figura 27. Passiflora igrapiunensis T.S.Nunes & L.P.Queiroz. A. Ramo florífero. B. Flor. C. Detalhe do indumento da face abaxial das sépalas (M.L.S.Guedes et al. 9294). 161 8. Passiflora macdougaliana Knapp & Mallet, Ann. Missouri Bot. Gard., 71(4): 1068. 1984. Tipo: Panamá. Colón: along the Rio Guanche about 1 Km from the Portobelo Highway, 0-50 m, 09o30’N, 79o40’W, 11 Apr. 1982, fl., Knapp, Mallet & Huft 4587 (Holótipo MO!; Isótipo TEX!). Figuras 28 e 29. Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, cinéreo, não-alado, glabro, casca não corticosa; gavinhas ausentes. Estípulas 0,1-0,2 × 0,01 cm, ca. 5x mais longas do que largas, decíduas, linear-lanceoladas, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 1,5-2 cm compr, glabro, glândulas 2, situadas a ca. 1,2 cm do meio para o ápice do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, elíptica a ovada, 13,5 × 8 cm, ca. 2× mais longas do que largas, coriácea, face adaxial e abaxial glabras, ápice acuminado, base cuneada, margem lisa, não revoluta, triplinérvia, nervuras secundárias 3-5, ângulo total entre as nervuras laterais 90º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência uniflora; pedúnculo 1,5-2 × 0,1 cm, não terminando em gavinhas, pedúnculo secundário ausente, glândulas ausentes, pedicelo 1-4,5 × 0,15 cm; brácteas 3, lineares, 0,1 × 0,01 cm, glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores 5,5-6,2 cm diâm.; hipanto 7-8 cm alt., 1,5-1,6 cm diâm., campanulado, lobos ausentes, glabros; sépalas 2,5-3 × 0,8 cm, membranáceas, oblongas, ápice obtuso, margem lisa, face adaxial branca, face abaxial verde, glabras, corno ausente, glândulas 5; pétalas 3,5 × 1,5 cm, membranáceas, oblongas, ápice obtuso, margem lisa, faces adaxial e abaxial brancas, corno e glândulas ausentes; corona em 10 séries de filamentos, filamentos da série externa 2,2 cm compr., brancos, filamentos da série interna 0,4 cm compr., brancos, filamentos da série externa fimbriados, filamentos da série interna filiformes; opérculo plicado, 0,5 cm alt., margem lisa; límen 0,1 cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero presente; androginóforo 1,0-1,7 cm alt.; tróclea ausente; filetes 0,7-0,9 cm compr., anteras 0,7 cm compr., ovário elipsóide, glabro, verde, estiletes 3, glabros, 0,1 cm, compr., estigmas discóides, revolutos, verdes; Fruto não visto, desconhecido até o momento para a espécie. 162 Etimologia: O nome da espécie é uma homenagem ao pesquisador John MacDougal, na época estudante da Universidade de Duke, e entusiasta no estudo da família Passifloraceae. Fenologia: Floresce em abril e maio. Distribuição e hábitat: Encontrada até o momento apenas no Panamá, na província de Colón, em área de mata, em ambiente úmidos, com altitude de 50-400 m s.n.m. Espécie endêmica do Panamá, encontrada apenas em áreas de mata, em baixas altitudes. Conservação e usos: Devido à sua distribuição restrita, ocorrendo em apenas uma localidade, esta espécie pode ser considerada como criticamente em perigo, CR B1abiii segundo os critérios da IUCN (2004). Devido ao tamanho das suas flores pode ser utilizada como ornamental ou na obtenção de novos híbridos. Material examinado: Panamá, Colón, Santa Rita: 26-28 Km from Tranisthmian Highway on the Santa Rita Ridge Road. 9°25’N, 79°37’W, 250-400 m s.n.m., 23.Mai.1982, fl., Knapp, S. & Schmalzel, R. 5278 (MO! Parátipo). Comentários: Segundo Knapp & Mallet (1984), esta espécie teria um posicionamento incerto dentro do gênero. A presença de glândulas nas sépalas a aproxima de Passiflora superseção Distephana; flores solitárias semelhantes ao subgênero Passiflora; glândulas peciolares hemi-esférica, semelhantes ao subgênero Astrophea; opérculo plicado (Deidamioides). Porém devido, à morfologia foliar, presença de pecíolo com duas glândulas em forma de cicatriz, corona de filamentos em várias séries, está espécie foi classificada como pertencente ao subgênero Deidamioides seção Mayapathanthus sensu Feuillet & MacDougal (2003). Assemelha-se a P. obovata, diferenciando-se desta por ser trepadeira sem gavinhas (vs. trepadeira com gavinhas em P. obovata); inflorescência uniflora (vs. biflora) e corona de filamentos em várias séries (vs. duas séries). Esta espécie pode chegar até 3,5 m de altura no dossel da mata. Nos estudos filogenéticos apresentados no capítulo 1, esta espécie agrupa-se com as demais do subgênero Decaloba, sugerindo seu possível reposicionamento dentre deste grupo. 163 Figura 28- Passiflora macdougaliana Knapp & Mallet A. Detalhe do ramo. B. Detalhe do nó caulinar. C. Detalhe da glândula na sépala. D. Detalhe da glândula no pecíolo. E. Flor. F. 164 Glândula do pecíolo. (A-F. S.Knapp 4587 (MO)). 9. Passiflora obovata Killip, Publ. Carn. Inst. Wash., 461(13): 308, t. 1. 1936. Tipo: Honduras: Camp 35, British Honduras Geological Survey, 850 meters, 20.May.1934, fl., fr., Schipp, W.A. 713 (Holótipo F!, foto do holótipo HUEFS). Figuras 29 e 30. Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, glabro, casca não corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos presentes. Estípulas 1,8-9 × 0,1-1 mm, ca. 9× mais longas do que largas, decíduas, linear-lanceoladas a triangulares, ápice aciculado, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 1-2 cm compr., glabro, glândulas 2, situadas a 0,35-1,8 cm no meio do pecíolo, sésseis, orbicular-pedunculadas; lâmina inteira, obovais ou oblonga-obovais, 9-12 × 5-6,5 cm, ca. 3× mais longas do que largas, membranácea a coriácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice agudo a acuminado, base aguda a obtusa, margem lisa a crenada, revoluta, peninérvias, nervuras secundárias 310, ângulo total entre as nervuras laterais 20-90º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência uniflora, pedúnculo 2-2,5 × 0,2 cm, não terminando em uma gavinha, glândulas ausentes, pedúnculo secundário ausente; pedicelo 0,4-1,2 × 0,01-0,2 cm, brácteas 3, linear-deltóides a triangulares, 0,8-1,0 × 0,1-1 cm, glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores ca. 5,5 cm diâm., hipanto 0,15 cm alt., 0,4-1,3 cm diâm., curto-campanulado, lobos ausentes, glabro; sépalas 1,5 × 1,2 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial e abaxial brancas, corno e glândulas ausentes; pétalas 1,8 × 1,0 cm, membranáceas, oblongas, ápice arredondado, margem lisa, face adaxial e abaxial brancas, glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 2 séries de filamentos, filamentos da série externa 1,5 cm compr., filamentos da série interna 0,2 cm compr., filamentos com ápice branco e base lilás-claro, ápice dos filamentos frisados; opérculo plicado, membranáceo, 0,4 cm alt., margem denticulada; límen 0,2 cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero ausente; androginóforo 0,9 cm alt., tróclea ausente; filetes 0,8 cm compr.; anteras 0,6 cm compr., ovário elíptico-costado, glabro, verde, estiletes 3, glabros, 0,4 cm compr., estigmas capitados, verdes. Baga globosa, 3,8-4,5 × 3,4-4,0 cm, glabra, verde. Sementes 0,25-0,6 × 0,2-0,6 cm, ovais a oblongas a arredondadas, ondulada a reticuladas a foveoladas, ápice agudo a apiculado. 165 Figura 29. Mapa de distribuição geográfica de Passiflora discophora, P. gracillima, P. macdougaliana e P obovata (Escala em quilômetros – Fonte ESRI 1999). 166 Etimologia: Do latim ob=contra, em direção reversa; ovate=com o contorno de um ovo. Em relação ao formato da lâmina foliar oboval. Nome(s) vernáculo(s): Cavanil-biché, cavanil-chú, cavanil, granadilla de raton (Guatemala). Fenologia: Floresce e frutifica de maio a outubro. Distribuição e hábitat: Espécie encontrada na Costa Rica, Guatemala e Honduras. Altitude entre 120-1.500 m s.n.m. Endêmica da América Central, em áreas de floresta, próximo ou em áreas de reservas. Conservação e usos: Espécie não classificada como em risco de extinção segundo os critérios da IUCN (2004). Material examinado: COSTA RICA, Puntarenas, Monteverde: Guindon's pasture near the edge of Campbell's woods, 1.500 m s.n.m., 14.Abr.1981, fl., Knapp, S. & Mallet, J. 867 (TEX); In Large tree im Montein’s yard. Pacific slope of Cordillera de Tillaran, premontãno rainforest, 1.300 m s.n.m., bt., 16.Abr.1981, Knapp, S. & Mallet, J. 871 (TEX); Lower community, 1.350-1.400 m s.n.m., 13.Out.1984, fl., fr., Haber, W.A. 640 (MEXU, MO); Área não protegida, Camino a la Reserva Biológica de Monte Verde, 10°20'0''N, 84°49'30''W, 1.400 m s.n.m., 19.Out.2001, st., Estrada, A. 3098 (CR, K). GUATEMALA, Sacté, Alta Verapaz: 15°30’N, 90°27’W, 900-1.050 m s.n.m., 16.Mai.1976, fl., fr., Kunkel, I. 65 (BR); 15.Out.1975, st., Kunkel, I. 376. (BR); 25.Set.1974, fr., Kunkel, I. 495 (BR); s.d., Kunkel, I. 494 (BR); 14.Out.1974, fr., Kunkel, I. 615 (BR). HONDURAS, Yoro, Campamento Río Pijol: Alrededor del Campamento Río Pijol, 6,2 Km al Sureste de Nueva Esperanza, departamento Yoro en el Parque Nacional Pico Pijol, 15°12’N, 87°35’W, 1.300 m s.n.m., 28.Mai.1993, fl., Dario, M. 460 (BM, EAP, HEH, MEXU, MO, TEFH). 167 Figura 30. Passiflora obovata Killip A. Detalhe do ramo. B. Flor. C. Detalhe da glândula no pecíolo. D. Detalhe do nó caulinar. E. Glândula do pecíolo. (A-E. S.Knapp 871- BM). 168 Comentário: Segundo Killip (1938), esta espécie ocuparia uma posição anômala dentro do subgênero Plectostemma, que atualmente está delimitado como pertencente ao subgênero Decaloba (Feuillet & MacDougal 2003). P. obovata foi descrita com base em um único exemplar (Schipp 713), que só possui duas folhas e uma flor já em estágio de frutificação. Assemelha-se com as espécies do subgênero Deidamioides por apresentar glândulas bem definidas e discos adesivos na gavinha. A seção Mayapathanthus caracteriza-se por apresentar duas glândulas no pecíolo, gavinhas inteiras, glândulas ausentes nas brácteas, opérculo plicado e 4-10 séries de filamentos na corona, caracteres estes encontrados em P. obovata. Por isso foi transferida para o subgênero Deidamioides seção Mayapathanthus. Segundo Ulmer & MacDougal (2004), P. obovata possui uma afinidade com espécies da seção Tryphostemmatoides e sugere uma relação próxima entre as seções, baseado na presença de gavinhas inteiras, glândulas nas brácteas ausentes, hipanto curto-campanulado (próximo a P. pacifica). Diferencia-se de P. pacfica por apresentar: gavinhas inteiras (P. obovata) vs. gavinhas trífidas (P. pacifica); inflorescências uniflora vs. inflorescência cauliflora; corona em 3 séries (P. pacifica) e 2 séries (P. obovata). Assemelha-se com P. macdougaliana, diferenciando-se desta por apresentar trepadeira com gavinhas em P. obovata (vs. trepadeira sem gavinhas em P. macdougaliana) e corona de filamentos em duas séries (vs. várias séries). No estudo filogenético realizado com dados de ITS e trnL-F, apresentado no capítulo um desta tese, esta espécie aparece agrupada com P. deidamioides (seção Deidamioides) e P. contracta (seção Tetrastylis). Nenhum caráter morfológico foi encontrado que justificasse este agrupamento. Estudos mais detalhados necessitam ser feitos para elucidar o posicionamento desta espécie. 10. Passiflora ovalis Vell. ex M.Roem., Fam. Nat. Syn. 2: 168. 1846. Tetrastylis ovalis (Vell. ex Roem.) Killip, Journ. Wash. Acad. of Science 16(3): 365-369. 1926. Lectótipo: Fl. Flum. IX pl. 75 (1827), definido por Killip (1926). Figuras 31 e 32. Trepadeira lenhosa, raramente herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não alado, glabro, casca corticosa; gavinhas inteiras, discos adesivos presentes. Estípulas 1-3 × 0,5-2 mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, linear- 169 lanceoladas a triangulares, ápice apiculado, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,9-5 cm compr., glabro, glândulas 2, situadas a 0,2-0,9 cm, do meio para a base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, contorno elíptico, 5-10(-14) × 1-6 cm, ca. 2× mais longas do que largas, coriácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice agudo a acuminado, base aguda a obtusa, margem lisa a crenada, não revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 6-10, ângulo total entre as nervuras laterais 40-110º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência racemo, eixo principal (6-)10-80(-120) cm compr., pedúnculo 0,3-1,0 × 0,1-0,3 cm, não terminando em uma gavinha, pedúnculo secundário 0,3-2,5 cm compr., glândulas presentes na base, pedicelo 0,9-3,5 × 0,1-02 cm, brácteas 3, linear-lanceoladas, aciculadas a triangulares, 0,5-3 × 1 mm, glândulas ausentes, bractéolas presentes. Flores ca. 5-10 cm diâm., hipanto 0,5-1 cm alt., 1,5-2 cm diâm., curto-campanulado, lobos ausentes, pubescentes; sépalas 2-5 × 0,3-1 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo a arredondado, margem lisa, face adaxial de verde a marrom, face abaxial branca, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 2-3,5 × 0,3-0,7 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, faces adaxial e abaxial branco-esverdeadas, glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 2 séries de filamentos, filamentos da série externa 0,3-1,2 cm compr., brancos, filamentos da série interna 0,3-1,0 cm compr., brancos, filamentos filiformes; opérculo plicado, membranáceo, 0,1-0,3 cm alt., margem laciniada a fimbriada; límen 0,2-0,6 cm alt., cupuliforme, membranáceo; anel nectarífero presente; androginóforo 0,6-2,0 cm alt., tróclea ausente; filetes 0,6-2,0 cm compr.; anteras 0,3-1,6 cm compr., ovário elíptico, velutino, verde, estiletes 4, glabros, 0,9-1,7 cm compr., estigmas capitados, alvos. Baga elipsóide a globosa, 7-14 × 5-9 cm, glabra, verdes quando imaturas, amareloalaranjadas quando maduras. Sementes 0,7-1,0 × 0,4-0,7 cm, obovais, foveoladas, ápice agudo a apiculado. Etimologia: O nome da espécie faz referência ao termo ovalis = órgãos laminares em formato oval, em referência ao contorno da lâmina foliar oval. Nome(s) vernáculo(s): maracujá-de-cacho, maracujá (RJ). Fenologia: Floresce de abril a dezembro e frutifica de maio a janeiro. Distribuição e hábitat: Encontrada no Brasil, nos estados de São Paulo e Rio de 170 Janeiro. Ocorre na Mata Atlântica em floresta pluvial, em altitudes de 0-1.000 m s.n.m. Conservação e usos: Espécie endêmica do Brasil. Não classificada como em perigo segundo os critérios da IUCN (2004). Espécie sem interesse ornamental, porém fornecedora de alimentos para morcegos (agente polinizador), pequenos roedores e aves, que se alimentam dos frutos, ajudando na dispersão das sementes. Material examinado: BRASIL, Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, [Distrito Federal – em referência a antiga Capital Federal do Brasil]: Matas do Pai Ricardo, 11.Nov.1946, fl., fr., Occhioni, P. 793 (UB); Gávea, s.d., fl., Glaziou 7859 (C, B, K, P.); Serra da Estrella, s.d., fl., Glaziou 8269 (C, B, P); “In sylvis”, 1824-1829, bt., Riedel 720 (BR, NY); Peckolt 7 (B); “Environs de Rio de Janeiro et D'Ouro Preto”, Mai.1885, fl., Glaziou 14854 (B, C, G, K, N, P.); Corcovado, Beira da mata, 28.Set.1921, fl., Ducke, A. & Kuhlmann, J.G. 16581 (B, N, RB, UT.); Cultivado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 18.Jul.1952, fl., Duarte, A.P. 3444 (IPA, RB); Serra dos Órgãos, Limoeiro, Jun.1974, fl., Ochioni, P. 6004 (R); Guanabara: Base da vertente sul do Pão de açúcar, 35 m s.n.m., 17.Ago.1973, fl., Sucre, D. & Araujo, L.C. 10068 (RB); Floresta da Tijuca, Pico da Tijuca, 700 m s.n.m., 30.Dez.1973, fl., fr., Araújo, D. et al. 514 (IAC, RB, SP); Jacarepaguá, Set.1910, fl., Hoehne, F.C. 200 (SP). Japuhyba [Cachoeira do Macacu], 17.Abr.1926, fl., Hoehne, F.C. & Gehrt, A. 17373 (SP). Mendes, Fazenda São José das Paineiras, 10.Set.1993, fl., Konno, T. 273 (IAC, RUSU). Parati: Faz. São Roque (ca. 21 Km antes de Parati), após o sítio do Sr. Hermes, no caminho da mata próximo a cachoeira. 29.Nov.1988, fr., Marquete, R. et al. 172 (HRB, RB); Entre o primeiro e o segundo portão, rumo a Praia do Sono, 18.Dez.1990, fl., fr., Frutuoso, L.C. et al. 85 (HUEFS, IAC, RB); Morro das Laranjeiras, acesso pela Rio-Santos, lado esquerdo da estrada em direção a São Paulo, APA-Cairuçu, 87 m s.n.m., 16.Mar.1993, fr., Filho, E.A. & Caruso, F. 102 (RB); a ca. 18 Km do trevo de Parati até a entrada de Laranjeiras, mais 9 km em direção a Faz. do Sr. Gibrail, estrada para Praia do Sono, antes do portão da fazenda, 70-920 m s.n.m., 30.Jul.1993, fl., fr., Konno, T. et al. 199 (HUEFS, IAC, RB); Morro do Carrapato, APA - Cairuçú. Floresta ombrófila densa baixo-montana, 200 m s.n.m., 30.Ago.1994, fl., fr., Giordano, L.C. et al. 1697 (RB); Morro da Pedra Rolada - APA-Cairuçú, 23.Ago.1995, fl., fr., Bovini, M.G. et al. 403 (RB); Estrada nova para a praia do Sono (acesso pelo condomínio Laranjeiras). Floresta ombrófila densa. Degradada baixo-montana (mata secundária), ambiente úmido. APA – 171 Cairuçú, 60 m s.n.m., 22.Dez.2004, bt., fr., Giordano, L.C. et al. 1747 (HUEFS, IAC, RB); Laranjeiras, trilha para a praia do sono, 23º20’68”, 44º49’87”W, 25.Ago.2007, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1837 (HUEFS). São Paulo: Caraguatatuba: Parque Imperial, 25.Jan.1992, fr., Sazima, M. & Sazima, I. s.n. (IAC 37.955). Ubatuba, Núcleo Pincinguaba. Fazenda da Caixa, casa de farinha subindo a trilha em direção ao rio, após o pé de jatobá. 04.Abr.2004, st., Nunes, T.S. & Sr. Ivo 1775 (HUEFS); 04.Abr.2004, st., Nunes, T.S. & Sr. Ivo 1776 (HUEFS); Pereque-açú, Taquaral, Faz. Capricórnio. 23º 21’N, 45º05’L, 300 m s.n.m., 20.Set.2005, fl., fr., Bernacci, L.C. 4046 (IAC); Distrito Pinciguaba, Núcleo Pinciguada, Casa de farinha, trilha do corisco. 23º21’95”S, 44º51’10”W, 999 m s.n.m., 24.Ago.2007, fl., fr., Nunes, T.S. et al. 1831 (HUEFS). Comentários: Espécie próxima filogeneticamente a P. contracta por apresentar plantas trepadeiras lenhosas; gavinhas com discos adesivos; inflorescência racemosa; 4 estiletes; opérculo plicado. Diferencia-se desta pelo tamanho do eixo principal da inflorescência (6-)10-80(-120) cm em P. ovalis (vs. (3-)19-50 cm em P. contracta), sépalas pubescentes em P. contracta (vs. glabras em P. ovalis); opérculo plicado (vs. inteiro). Nos estudos filogenéticos realizados com ITS e trnL-F (capítulo 1), esta espécie aparece agrupada com P. timboënsis com 100% (BS) e 0.90 (pp), este agrupamento é justificado morfologicamente pela presença de uma inflorescência racemosa, discos adesivos nas gavinhas, flores com 4 estigmas, ovário com 4 carpelos, o que as colocaria como pertencente a um grupo exclusivo, possivelmente seção Tetrastylis. 11. Passiflora pacifica Escobar, Mutisia (71): 1. 1988. Tipo: Colômbia, Valle: Buenaventura, Rio Calima, granja de la secretaria de Agricultura, Bajo Calima, 01.Mai.1983, fl., fr., Folsom, J. 10900 (Holótipo HUA!). Figura 31. Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico, não-alado, glabro, casca não corticosa; gavinhas trífidas, discos adesivos presentes. Estípulas 1-2 × 0,5 mm, ca. 4× mais longas do que largas, caducas, setáceas, glabras, glândulas ausentes. Pecíolo 1,21,7 cm compr., glabro, glândulas 2-4, situadas a 1,2-1,7 cm do ápice do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, contorno elíptico, (5,6-)11,2(-15,5) × (2,1-)4,2(-5,5) cm, ca. 172 3× mais longas do que largas, membranácea, face adaxial e abaxial glabras, ápice cuneado, base arredondada, margem lisa, revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 6-7, ângulo total entre as nervuras laterais 90º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência cauliflora, ca. 2-6 flores; pedúnculo 0,2-0,5 x 0,1 cm, não terminando em uma gavinha, glândulas ausentes, pedicelo 1,2-2,0 cm compr.; brácteas 3, linearlanceoladas, 0,1-0,2 cm compr., glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores ca. 5,5 cm diâm.; hipanto 0,3-0,4 cm alt., 0,2 cm diâm., campanulado, lobos ausentes, glabro; sépalas 0,6 × 0,2-0,3 cm, membranácea, oblongas, ápice arredondado, margem lisa, face adaxial branca, face abaxial verde, glabras, corno e glândulas ausentes; pétalas 0,6 × 0,2 cm, membranáceas, oblongas, face adaxial e abaxial branca, 173 Figura 31. Mapa de distribuição geográfica das espécies: Passiflora ovalis, P. pacifica e P. tryphostemmatoides (Escala em quilômetros – Fonte ESRI 1999). 174 Figura 32. Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. A. Detalhe do ramo. B. Detalhe da glândula no pecíolo; C. Flor. D. Detalhe do nó caulinar. E. Fruto. (A-E. T.S.Nunes 1837 - HUEFS). 175 Figura 32E. Passiflora ovalis Vell. ex M.Roemer. Detalhe da Inflorescência (T.S.Nunes 1837 HUEFS). 176 glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 3 séries de filamentos, filamentos da série externa ca. 1,2 cm compr. brancos, filamentos da série interna 0,2 cm compr., filamentos fimbriados a filiformes; opérculo plicado ou inteiro, ereto, membranáceo, margem filamentosa; límen ausente; anel nectarífero presente; androginóforo 1,5 cm alt., tróclea ausente, filetes 1,1 cm compr.; anteras 0,3 cm compr., ovário elíptico, glabro, estiletes 3, glabros, ca. 1,2 cm; estigmas capitados, verdes. Fruto não visto. Etimologia: Escobar (1988), não fez nenhum comentário sobre a possível origem do epíteto pacifica, para esta espécie. Fenologia: Espécie florescendo e frutificando em maio. Distribuição e hábitat: Encontrada na Colômbia, em altitude de 50-2.200 m s.n.m., em áreas de mata primária. Conservação e usos: Devido à dificuldade na consulta dos exemplares desta espécie, estando disponíveis apenas referências da mesma na descrição original, com apenas três coletas (incluindo material tipo), realizadas de 1982 a 1984, não podemos enquadrá-la em nenhum dos critérios da IUCN (2004). Porém, faz-se necessário um esforço maior no sentido de visitar os herbários do Norte da América do Sul em busca de novos exemplares. Material examinado: COLÔMBIA, Choco: Caminho entre Yuto y Lloró, 50 m s.n.m., 18.Fev.1983, st., Escobar, L.A. & Magrigal, B. 3263 (HUA). Nariño, Buenaventura, Rio calima, Granja de la Secretaria de Agricultura, Bajo Calima, 01.Mai.1983, fl., Folsom, J. 10900 (HUA, foto HUEFS). Piedraancha: Corregimiento Chucunez, Reserva Natural La Planada, 7 Km de Chucunez a La Reserva, 1.800-2.200 m s.n.m., bosque primário, nublado y pluvial, desde el campamento a “La Piña”. 17.Mai.1991, fr., Betancur, J. et al. 2566 (HUA, foto HUEFS). Comentário: Infelizmente não foi possível o acesso a nenhum exemplar desta espécie, apenas a fotografia dos tipos cedida gentilmente pelo curador do Herbário HUA. A 177 descrição foi feita com base na fotografia, na ilustração e na descrição original. Se faz necessário um maior esforço para tentar recoletar esta espécie, ou conseguir empréstimo dos materiais existentes nos herbários Colombianos, que devido as mudanças na política do país, não permitem que materiais sejam enviados para o exterior, a menos que haja um convênio formal entre as instituições. O HUEFS encaminhou todos os formulários necessários para a formalização do convênio, porém, devido aos tramites legais no Ministério do Meio Ambiente da Colômbia, até a finalização desta tese, o herbário não obteve nenhuma resposta favorável (Felipe Cardona – Curador do HUA por e-mail), e por isso os materiais não nos foram enviados. 12. Passiflora timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz, sp. nov. Tipo: BRASIL, Bahia: Amargosa, Serra do Timbó, com acesso pelo Morro Pelado, 13º06’09”S, 39º40’39”W, alt.: 750-835 m s.n.m., 18.Nov.2007, fl., fr., A.M.Amorim J.Jardim, F.Ferreira, R.Perdiz, J.Paixão & L.Gomes 7027 (Holótipo: HUEFS; isótipos CEPEC, NY, K). Figuras 26 e 33. Trepadeira arbustiva, lenhosa, escandente, inerme; caule cilíndrico, não alado, com casca suberosa; gavinhas inteiras, discos adesivos presentes. Estípulas 3-4 × 1,5 mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, lanceoladas, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 3-4 cm compr., glabro, glândulas 2, situadas a ca. 0,6 cm da base do pecíolo, sésseis, orbiculares; lâmina inteira, contorno oval, 14-18 × 7-9 cm, ca. 2× mais longas do que largas, coriácea, face adaxial e abaxial glabras, ápice acuminado, base arredondada, margem lisa, revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 6-8 pares, proeminentes, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência racemo, eixo principal 20-80 cm compr.; pedúnculo primário 0,3-1,9(-3,2) × 0,1-0,3 cm, não terminando em gavinha, pedúnculo secundário 0,3-2,5 cm compr., glândulas 2, sésseis, no ápice do pedúnculo primário e secundário; pedicelo 1-3,5 × 0,1-0,2 cm; brácteas 3, lineares, 0,1-0,3 × 0,1 cm compr., glândulas ausentes; bractéolas presentes, semelhantes às brácteas. Flores ca. 13 cm diâm.; hipanto 0,4-0,6 cm alt., 0,4-0,6 cm diâm., curtocampanulado, lobos ausentes, pubescentes; sépalas 6,5-7 × 2,8-3,2 cm, carnosas, oblongas, ápice arredondado, margem lisa, face adaxial branca, face abaxial verde-clara, pubescente, corno e glândulas ausentes; pétalas 4,5-6 × 2,5-3 cm, membranáceas, 178 oblongas, ápice agudo, margem lisa, faces adaxial e abaxial brancas, glabras, corno e glândulas ausentes; corona em 3 séries de filamentos, filamentos da série externa ca. 1,5 cm compr., filamentos amarelos, filamentos da série interna ca. 0,5 cm compr., filiformes, não variegados; opérculo membranáceo, 0,1-0,3 cm alt., margem fimbriada; límen 0,2-0,4 cm alt., cupulifome, carnoso; anel nectarífero presente; androginóforo 0,50,7 cm alt., tróclea ausente, filetes ca. 0,2 cm compr., glabros, anteras 1-1,5 cm compr.; ovário elíptico, densamente velutino, tricomas alvos, estiletes 4, glabros, ca. 2,3 cm compr., estigmas capitados, verdes. Baga elíptica a oboval, 15-40 x 10-35 cm, velutina, verde quando imatura, amarelo-esverdeada quando madura. Sementes 0,5-0,7 x 0,3-0,4 cm, ovais, foveoladas, ápice agudo a apiculado. Etimologia: O nome da espécie é uma referência à localidade onde a mesma foi coletada, a Serra do Timbó, no Município de Amargosa, Bahia. Fenologia: Floresce e frutifica em novembro. Distribuição e hábitat: Espécie coletada no município de Amargosa situado na microrregião do Recôncavo Baiano, em coordenadas de 12º4’4,98”S e 40º56’44,130”O, na localidade Serra do Timbó. A vegetação desta serra está situada dentro do domínio da Mata Atlântica, podendo ser classificada como Floresta ombrófila denso montana (Veloso et al. 1991), a ca. 900 m s.n.m. Alcança o dossel da mata. Conservação e usos: Foi encontrada até o momento nesta pequena área do Município de Amargosa, portanto, está espécie está sendo aqui considerada com criticamente em perigo CR B1ai (IUCN 2004), por existir em somente uma localidade. Comentários: Diferencia-se de P. ovalis, P. contracta e P. igrapiunensis pela margem da lâmina foliar (revoluta em P. timboënsis vs. não revoluta nas demais espécies), diâmetro da flor (ca. 13 cm em P. timboënsis vs. 5-10 cm nas demais espécies) e número de série de filamentos da corona (3 séries em P. timboënsis e 2 séries nas demais espécies). Nos estudos filogenéticos realizados com ITS e trnL-F (capítulo 1), esta espécie aparece agrupada com P. ovalis com 100% (BS) e 0.90 (pp), este agrupamento é justificado morfologicamente pela presença de uma inflorescência racemosa, discos 179 adesivos nas gavinhas, flores com 4 estigmas, ovário com 4 carpelos, o que as colocaria como pertencente a um grupo exclusivo, possivelmente seção Tetrastylis. 180 Figura 33. Passiflora timboënsis T.S.Nunes & L.P.Queiroz. A. Detalhe do ramo florífero. B. Detalhe do ramo em botão. C. Flor. D. Detalhe do indumento da face abaxial da sépala. E. Detalhe do androginóforo. F. Detalhe das glândulas no pedúnculo. G. Detalhe da glândula no pecíolo. H. Fruto imaturo. I. Detalhe do nó caulinar (A.M.Amorim et al. 7027). 181 13. Passiflora tryphostemmatoides Harms, Bot. Jahrb. 18: Beibl. 46: 6. 1894. Tipo: Colômbia, Huila, above Juza, eastern slopes of the Central Andes of Popayán, Colômbia, altitude 1.700 m [fide Killip 1938], Lehmann 5662 (holótipo: B†, lectótipo, designado aqui do isótipo: K). Figuras 31 e 34. Trepadeira herbácea, escandente, inerme; caule cilíndrico a angulado, não-alado, glabro, casca não corticosa; gavinhas divisas, discos adesivos ausentes. Estípulas 0,52,5 × 0,1-0,5 mm, ca. 2× mais longas do que largas, persistentes, linear-lanceoladas a aciculares, ápice agudo, margem lisa, glândulas ausentes. Pecíolo 0,3-1,9 cm compr., glabro, glândulas 2(-6), situadas a ca. 0,3-1,7 cm, da base da lâmina foliar, sésseis, orbicular-pedunculadas; lâmina inteira, contorno foliar transversalmente ovado ou elíptico a truncado, 1-4 × 1,2-3,5 cm, ca. 2× mais largas do que longas, membranácea a coriácea, faces adaxial e abaxial glabras, ápice emarginado, base cordada a truncada, margem lisa, não revoluta, peninérvia, nervuras secundárias 4-8, ângulo total da nervura lateral 130-180º, manchas ocelares e glândulas ausentes. Inflorescência biflora, pedúnculo 0,2-1 × 0,2 cm, terminando em uma gavinha, glândulas ausentes, pedúnculo secundário 0,1-0,2 cm compr., pedicelo 1,2-0,9 cm compr., brácteas 3, lineares, 0,8-1,2 × 0,1 cm, glândulas ausentes, bractéolas ausentes. Flores ca. 2 cm diâm., hipanto 0,050,2 cm alt., ca. 0,1-0,8 cm de diâm., curto-campanulado, lobos ausentes, glabro; sépalas 0,6-1,2 × 0,1-0,4 cm, carnosas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial branca, face abaxial verde ou branca, corno e glândulas ausentes; pétalas 0,3-1,1 × 0,10,3 cm, membranáceas, oblongas, ápice agudo, margem lisa, face adaxial branca, face abaxial verde, corno e glândulas ausentes; corona em 1 série de filamento, filamentos ca. 0,2-0,5 cm compr., brancos, fimbriados; opérculo laciniado, membranáceo, 0,08-0,1 cm alt, margem laciniada; límen 0,05-0,1 cm alt., cupuliforme a aneliforme; anel nectarífero presente; androginóforo 0,2-0,7 cm alt; tróclea situada a ca. 0,1-0,2 cm da base do androginóforo; filetes 0,1-0,5 cm compr., anteras 0,1-0,2 cm compr., ovário elíptico, globoso, glabro, verde, estiletes 3, glabros, 0,2-0,7 cm compr., estigmas capitados, verdes. Baga globosa a elíptica, 2,5 x 2,0 cm, 6-angulada, verde-escura quando imatura, verde-amarelada quando madura, glabra. Sementes 0,3-0,5 × 0,2-0,3 cm, elípticas, ovais, oblongas, foveoladas a reticuladas, ápice agudo. 182 Figura 34. Passiflora tryphostemmatoides Harms A. Detalhe do ramo. B. Flor. C. Detalhe da glândula na lâmina foliar. D. Detalhe do nó caulinar. E. Nervura foliar. F. Detalhe do disco adesivo na gavinha. G. Fruto. (A-F. F.W.Pennell 7339 - NY, G. E.P.Killip 5561 - NY). 183 Etimologia: Nome dado em referência ao gênero Tryphostemma Harvey (Passifloraceae), um gênero africano que foi sinonimizado para Basananthe. Fenologia: Floresce e frutifica de março a setembro. Distribuição e hábitat: Espécie encontrada na Colômbia e Equador em área de matas, principalmente em parques nacionais. Altitude variando de 1.500-2.700 m s.n.m. Conservação e usos: Até o momento não classificada como em perigo, ou em risco de extinção segundo os critérios da IUCN (2004). Sem interesse ornamental ou alimentício. Material examinado: COLÔMBIA, s.d., Mutis 2856 (MA, N); Forests of the M. Andes of Popayan. 1.800-2.500 m s.n.m., s.d., fl., fr., Lehmann, F.C. 8515 (K).Cali, Cuesta de Tocotá, west of Cali: s.d., Pittier 738 (N).Caldas, Pereira: s.d., Killip, E.P. 10164 (N); Cauca, Andes west of Popayán: s.d., Lehmann 5915 (B, K).Chocó, Quibdó: s.loc., s.d., Angel (Daniel) 536 (N). Cumbre: Cordillera Occidental, 1.8002.100 m s.n.m., 14.Mai.1922, fl., fr., Killip, E.P. 5561 (C, G, K, NY, PH, Y); 1.8002.000 m s.n.m., 7.Mai.1922, fl., Pennell, F.W. 5154 (G, N, NY, PH, Y). Valle del Cauca, Route Cali - Buenaventura, Km 18, 1.920 m s.n.m., 8.Mar.1997, fl., fr., Billiet, F. 6896 (BR). EQUADOR, Napo-Pastaza, Mera: Climbing in thicket. 1.100 m s.n.m., 5.Mar.1956, fl., Asplund, E. 19605 (LL, TEX). Gallera, Micay Valley: Killip, E.P. 7962 (N). Huila, Juza: Eastern slopes of the Central Andes of Popayán, 1.700 m s.n.m. s.d., Lehmann, F.C. 5662 (B, K, NY). Jamundí: Departamento del Valle del Cauca: Carretera de Villacolombia, hacia el campamento. 2.150 m s.n.m., 30.Set.1983, fl., fr., Orozco, C.I. et al. 1241 (COL, NY); Via Jamundí Villa Colômbia, La Meseta, a 35,1 km arriba de plaza de Jamundí, 1.500 m s.n.m., 8.Nov.1981, Silverstone-Sopkin, P. 907 (HUA). Miraflores, Above Palmira: s.d., Killip, E.P. 6154 (G, N). San Jose San Antonio: 2.400-2.700 m s.n.m., 28.Jun.1922, fl., Pennell 7339 (N, Y, NY). Tambo: Parque Nacional Munchique (por Uribe). 2.250 m s.n.m., 7.Mai.1984, fl., fr., Escobar, L.A. 4410 (HUA); Sneidern, von 985. (SP). Valle, Monte Frio: Yanaconas, 1.700-1.850 m s.n.m., 27.Mar.1939, fl., Killip, E.P. 33702 (BM); La Cumbre: 1.500-1.700 m s.n.m., 11.Jul.1922, fl., Hazen, T.E. 11826 (NY). 184 Comentários: Espécie assemelha-se a P. gracillima podendo ser facilmente confundida, confusão que pode ser observada nas várias etiquetas de herbário. Esta espécie foi descrita a partir do material coletado na Colômbia por Harms em 1894, os caracteres que diferenciam esta espécie de P. gracillima são os discos adesivos ausentes em P. tryphostemmatoides (vs. presentes em P. gracillima); lâmina foliar até 4 cm em P. tryphostemmatoides (vs. 6 cm em P. gracillima). Esta espécie na análise filogenética aparece agrupada com P. gracillima, também pertencente a seção Tryphostemmatoides, porém estão separadas de duas outras espécies da seção: P. arbelaezii e P. discophora. Estas espécies apresentam caracteres em comum como: a presença de discos adesvos nas gavinhas divisas, inflorescências uni ou biflora, presença de glândulas na bráctea. Táxon excluído de Passiflora L. subgênero Deidamioides (Harms) Killip (Passifloraceae) 1. P. tetrandra Banks & Sol. ex DC., Prodr. 3: 323 (1828): Tipo: Nova Zelândia, ‘prope Opuragi’, 1770, Banks & Solander 543 (Holótipo BM!). = Tetrapathaea australis Raoul in Ann. Sci. Nat. sér. 3, 2: 122 (1844), nom. Illegit., & Choix Pl. Nouv.-Zél.: 27, t. 27 (1846). Tipo: New Zealand, Akaroa, 1841-42, Raoul (Holótipo P!, isótipo K!). = T. tetrandra (Banks & Sol. ex DC.) Cheeseman, Man. New Zeal. Fl. Ed. 2: 577 (1925); Allan, Fl. New Zeal. I: 318 (1961); Salmon, New Zeal. Flowers & Pl. in Colour: 83, t. 240, 241 (1963). Material examinado: Nova Zelândia, Titirangi, in forest. s.d. Auckland, N.Z. s.n. (C). Comentários: A inclusão de P. tetrandra no subgênero Deidamioides seção Tetrapathea por Feuillet & MacDougal (2003), não se justifica devido aos caracteres florais completamente diferentes das espécies encontradas até então para esta seção. A presença de um pecíolo sem glândulas, inflorescência axilar, cimosa, ou um racemo, pedúnculo com 3 flores, gavinhas simples, flores tetrâmeras, cálice 4-lobado, 4 estames, 185 dióicas; androginóforo distinto, curto, hipanto curto; corona com uma única série de filamentos, flores masculinas: 4 estames, andróforo com um ovário atrofiado, flores femininas: ovário glabro com 2(-3) estiletes e estaminódios presentes, são caracteres que justificam seu posicionamento como um subgênero a parte dentro de Passiflora. Os resultados filogenéticos parcialmente obtidos com dados de ITS (capítulo 1) reforçam essa posição em excluir este táxon deste subgênero. Porém, um estudo com um maior número de regiões é necessário no sentido de posicionar claramente esta espécie dentro do gênero, ou como um subgênero a parte ou incluso no subgênero Passiflora. Os resultados obidos com o estudo polínico (capítulo 5), também reforçam esta exclusão, devido ao padrão único encontrado para esta espécie, completamente diferente dos demais, como presença de muros duplicolumelados. 186 Conclusões Gerais Estudos filogenéticos, taxonômicos e biossistemáticos são importantes ferramentas na identificação/delimitação de espécies, possibilitando aos pesquisadores uma visão mais ampla da variação que ocorre entre espécies e entre populações. Os resultados obtidos com estas ferramentas no estudo de Passiflora subgênero Deidamioides foram: O subgênero Deidamioides é polifilético com base nas sequências de ITS e trnLF, assim como as seções propostas para o subgênero. O subgênero apresentou-se dividido em cinco subgrupos, estes subgrupos podem futuramente ser considerados como subgêneros ou seções de outros subgêneros: Subgêneros Deidamioides (1 sp.), Polyanthea (1), Tetrastylis (4), Discophora (2) e Tryphostemmatoides (3). Porém devido à baixa representatividade das espécies para a região de trnL-F, nenhuma decisão taxonômica foi tomada no sentido de posicionar em outros grupos. Os resultados obtidos com dados de ITS e trnL-F reforçam a inclusão de Passiflora tetrandra como pertencente ao gênero Passiflora ou como um subgênero próprio, e não como um gênero a parte (Tetrapathea) como sugerido por outros autores, por apresentar além dos dados moleculares, caracteres morfológicos suficientes para uma delimitação subgenérica. Passiflora macdougaliana pode ser excluída da delimitação de Deidamioides, podendo ser incluída dentro do subgênero Decaloba. Passiflora ovalis e P. contracta são duas espécies distintas, reforçadas pelos caracteres morfológicos, geométricos e morfométricos tradicionais, além de dados de marcadores moleculares ISSR. As ferramentas utilizadas para elucidar a delimitação destas espécies, apesar de não apresentarem resultados isolados significativos, nas análises combinadas se mostraram distintas e bem delimitadas. Os dados com ISSR foram significativos no estudo de variabilidade intra e interpopulacional, e pode ser utilizado como mais uma alternativa para explicar a delimitação específica em casos de estudos populacionais. Na caracterização polínica das espécies de Passiflora subgênero Deidamioides foram encontrados sete tipos polínicos, delimitando as espécies desse grupo em 7 subgrupos: Tipo 1: com as espécies P. arbelaezii e P. gracillima. Tipo 2: incluindo P. ovalis, P. timboensis, P. contracta e P. igrapiunensis reforçam a colocação destas espécies pertencentes a seção Tetrastylis em um único grupo, apesar de não ser 187 corroborado pelos dados moleculares, os dados morfológicos e de ambiente também reforçam este posicionamento. Tipo 3, incluindo as espécie P. obovata que apesar de ser classificada como pertencente ao subgênero Deidamioides seção Mayapatahanthus apresentou caracteres diferentes da outra espécie delimitada para a seção: P. macdougaliana, que apresentou o tipo polínico 4. O tipo polínico 5, encontrado na espécie P. tryphostemmatoides. O tipo polínico 6, agrupou duas espécies distintas morfologicamente P. deidamioides e P. cirrhiflora. P. cirrhiflora apresentou-se isolada das demais nos estudos com ITS e trnL-F, sendo que P. deidamioides agrupou com as epécies do tipo polínico 2 e 3. Passiflora tetrandra apresentou um tipo polínico exclusivo, separando-o completamente das demais espécies, reforçando sua exclusão do subgênero Deidamioides. Visando uma revisão taxonômica do então subgênero Deidamioides, as espécies foram revisadas, ilustradas e mapeadas, sendo este o primeiro trabalho que apresenta uma delimitação clara das espécies pertencentes ao subgênero sensu Feuillet & MacDougal (2003) e sua caracterização morfológica, bem como dados de distribuição, ecologia e fenologia. As espécies delimitadas para o subgênero Deidamioides apresentaram distribuição na América Central e América do Sul, encontradas em áreas de florestas, em altitudes variando de 0-2.500 m s.n.m. Das 13 espécies estudadas, cinco são endêmicas do Brasil: Passiflora deidamioides, P. ovalis, P. contracta, P. igrapiunensis e P. timboensis. Dentro das categorias propostas pela Lista de plantas ameaçadas (IUCN), oito espécies foram consideradas como não ameaçadas (P. arbelaezii, P. cirrhiflora, P. contracta, P. deidamioides, P. gracillima, P. obovata, P. ovalis e P. tryphostemmatoides), três foram consideradas como em perigo (P. discophora, P. igrapiunensis e P. timboensis), uma como criticamente em perigo (P. macdougaliana) e apenas uma não foi enquadrada em nenhuma das categorias da IUCN, devido à dificuldade em examinar seus exemplares (P. pacifica). Duas novas espécies foram descritas, ilustradas e mapeadas, para o subgênero Deidamioides: Passiflora igrapiunensis e Passiflora timboensis. Estas espécies são endêmicas da Bahia, encontradas em áreas de mata atlântica. Os ambientes onde estas espécies foram encontradas são áreas de mata atlântica, consideradas em perigo, e que merecem uma atenção especial no sentido de criar mais áreas de preservação. 188 Em relação à delimitação do subgênero, estudos moleculares continuarão a ser desenvolvidos, envolvendo novas regiões de DNA, e um esforço maior será empreendido no sentido de alcançar uma maior amostragem de espécies e de números de indivíduos, com a finalidade de esclarecer as questões ainda existentes em relação à filogenia deste grupo, uma vez que os resultados obtidos não foram satisfatórios para delimitar claramente o subgênero. 189 Referências Bibliográficas ACKERFIELD, J. ; WEN, J. 2002. A morphometric analysis of Hedera L. (the ivy genus, Araliaceae) and its taxonomic implications. Adansonia 24 (2): 197-212. ADOBE SYSTEM 1987-2003. Adobe Systems Incorporation and its licensors. All rights reserved. AJIBADE, S.R.; WEEDEN, N.F.; CHITE, S.M. 2000. 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Média 4 FO - Compr. pecíolo (mm) 5 FO - Dist. dos nectários até a base do pecíolo 6 FO - Dist. dos nectários até o ápice do pecíolo 7 FO - Maior compr. lâmina (cm) 8 FO - Maior larg. lâmina (cm) 9 FO - Larg. lâmina a 1/3 do compr. (cm) 10 FO - Larg. lâmina a 2/3 do compr. (cm) 11 FO - Ângulo do ápice foliar 12 FO - Ângulo da base foliar Inflorescência 13 Compr. Raque 14 Dist. entre os pedúnculos na raque 15 Compr. pedúnculo (cm) 16 Compr. brácteas (mm) 17 Larg. brácteas (mm) 18 Compr. bractéolas (mm) 19 Larg. bractéolas (mm) 20 Compr. pedicelo (mm) 21 Compr. sépala (mm) 22 Larg. sépala a 1/3 (mm) 23 Larg. sépala a 2/3 (mm) 24 Compr. pétala (mm) 25 Larg. pétala a 1/3 (mm) 26 Larg. pétala a 2/3 (mm) 27 FC - Compr. série externa (mm) 28 FC - Compr. série intermediária (mm) 29 FC - Compr. série interna (mm) 30 Altura opérculo (mm) 31 Altura límen (mm) 32 Compr. filete (mm) 33 Compr. antera (mm) 34 Compr. estilete (mm) 207 Apêndice 2 – Index de material examinado por coletor. Os números entre parêntesis corresponde aos números das espécies tratadas no capítulo 5. Acevedo-Rodriguez, P. 1297 (1), 4894 (2). Amorim, A.M. 1195 (3), 1282 (3), 1496 (3), 1644 (3), 2191 (3), 2221 (3), 4051 (3), 7027 (12). Angel (Daniel) 536 (13). Araújo, D. 514 (10). Argolo, A. 7 (3). Asplund, E. 19605 (13). Bautista, H.P. 1765 (3). Belém, R.P. 3116 (3), 3540 (3). Bernacci, L.C. 3652 (4), 4046 (10). Betancur, J. 855 (1), 2566 (11). Billiet, F. 6896 (13). Blanchet 1708 (3). Boone, W. 961 (3). Borges, R.A.X. 685 (3). Boudet Fernandes, H.Q. 3045 (3). Bovini, M.G. 403 (10). Callejas, R. 10533 (6), 11129 (6), 1695 (3), 3091 (1), 6177 (1), Cardona, F. 3 (1). Cardoso, D. 1643 (3), 2024 (3). Carneiro-Torres, D.S. 189 (3). Carvalho, A.M.de 2092 (3), 4077 (3), 5184 (3), 5967 (3), 6020 (3), 4466 (3). Carvalho, P.D. 293 (3). Cogollo, A. 3185 (1). Colman, L.P. 19 (3). Conceição, S.F. 451 (3), 472 (3). Costa, C.B. 321 (3), 387 (3), 388 (3). Custodio Filho, A. 2052 (4). Dario, M. 460 (9). Demuner, V. 359 (3), 715 (3), 892 (3), 1441 (3), 1563 (3). DFHJJ8 (BJ 240) (5). Dú Bocage, A.L. 62 (3). Duarte, A.P. 3444 (10), 6680 (3), 6788 (3), 16581 (10). Escobar, L.A. 1808 (1), 2082 (6), 3263 (11), 3652 (1), 4410 (13), 5931 (1), 6756 (1), 6845 (1), 9870 (2). Esteves, G.L. 600 (3). Estrada, A. 3098 (9). Euponino, A. 110 (3). Farias, G.L. 411 (3). Feuillet, C. 1424 (2), 2118 (2), 734 (2). Fiaschi, P. 251 (3), 981 (3). Filho, E.A. 102 (10). Folli, D.A. 2294 (3), 2373 (3), 960 (3), Folsom, J. 10900 (11). Fonnegra, R. 4037 (1). Forero, E. 5702 (1). Foster, W. 319 (4). Fraga, C.M.de 318 (3). França, F.1150 (3). Frutuoso, L.C. 85 (10). Gentry, A. 47835 (1), 53843 (1), A. 60476 (1). Giordano, L.C. 1697 (10), 1747 (10), Glaziou 14854 (10), 7859 (10), 8269 (10); Granville, J.J.de 9120 (2). Grayum, M. 8043 (1). Guedes, M.L.S. s.n (3), 3276 (3), 3803 (3), 7752 (3), 9294 (7), 11390 (3). Haber, W.A. 640 (9). Hage, J.L. 426 (3), 805 (3). Hansen, A.K. 152 (3), 181 (4), 221 (4).222 (2), 249 (3), 263 (1). Harley, R.M. 18026 (3), 18398 (3), 22078 (3). Hatschbach, G. 63172 (3), 69197 (3), 75071 (3). Hazen, T.E. 11826 (13), Hoehne, F.C. 200 (10), 4692 (4), 17373 (10). Holm-Nielsen, L. 27038 (1). Jardim, J.G. 481 (3). Juncosa, A. 2126 (1). Kallunki, J. 486 (3). Kapan, D.D. 42 (5). Killip, E.P. 10164 (13), 33702 (13), 5561 (13), 6154 (13), 7962 (13), s.n. (13), s.n., (2), Knapp, S. 5278 (8), 867 (9), 871 (9). Knowles, O.H. 1665 (2). Kollmann, L. 1262 (3), 1303 (3), 2155 (3), 2197 (3), 4936 (3), 4963 (3), 5100 (3), 651 (3). Konno, T. 199 (10), 273 (10). Kunkel, I. 65 (9), 376 (9), 494 (9), 495 (9), 615 (9). Landim, M. 872 (3). Lehmann 5662 (13), 5915 (13), 5662 (13), 8515 (13). Lima, D.A. 52 (3), 80 (3). Lira, O.C. 68 (3). Lyra-Lemos, R.P s.n. (3), 4114 (3), 4703 (3). Maas, P.J.M. 7008 (3). MacDougal, J.M. 3878 (1), 3987 (1), 4148 (1). Macedo, G.E.L. 1778 (3). Marquete, R. , 3080 (4), 172 (10). Martinelli, G. 4179 (3), 4989 (3), 9634 (3). Mattos, J. 25776 (3). Mattos-Silva, L.A. 571 (3). McDowell, T. 4061 (2). McPherson, G. 13074 (6). Melo, E. 1262 (3). Milward, M. 64 (3),. Miranda Bastos s.n (2), 34 (2). Miranda, E.B. 400 (3). Moreno, P.P. 13229 (1). Mori, S.A. 10378 (3), 11442 (3). Mutis 2856 (13). Noblick, L.R. 2390 (3). Nunes, T.S. 745 (3), 799 (3), 810 (3), 1279 (3), 1307 (3), 1308 (3). 1348 (3), 1405 (3), 1717 (3), 1720 (3), 1775 (10), 1776 (10), 1831 (10), 1837 (10), 1868 (3). Occhioni, P. 793 (10), 6004 (10). Oliveira, M. 1043 (3). Oliveira, R.P. 592 (3). Orozco, C.I. 1241 (13). Pabst, G.F.J. 11075 (4). Peckolt 7 (10), Peixoto, A. 3286 (3), Pennell, F.W. 5154 (13), 7339 (13), 9224 (6), 9317 (6), 9393 (6). Pinheiro, R.S. 1827 (3), 2047 (3). Pirani, J.R. 4702 (3). Pires, J.M. 4803 (2). Pittier 738 (13). Polak, M. 215 (2). Riedel 720 (10). Robles, R. 1317 (6). Rocha, E.A. 701 (3). Roldán, F.J. 132 (1). Rosa, N.A. 3964 (4). Salino, A. 4492 (3). 209 Sánchez, D. 1162 (1). Sant'Ana, S.C.de 265 (3), 57 (3). Santos, T.S.dos 709 (3), 1022 (3), 3662 (3). Sazima, M. s.n (IAC 37.955) (10). Schipp, W.A. 713 (9). Silverstone-Sopkin, P. 907 (13), 4906 (1). Sneidern, von 985 (13). Solano, J. 174 (1). Souza, A.F. 015 (3). Stapf, M.N.S. 441 (3). Stein, B.A. 3262 (1). Stevens, W.D. 25102 (1). Sucre, D. 10068 (10). Sugiyama, M. 593 (4). Thomas, W.W. 9222 (3); 9770 (3), 10025 (3), 10103 (3), 11402 (3), 11484 (3), 11984 (3), 12444 (3). Tirado, M. 258 (5). Tsuji, R. 1231 (3). van den Berg, C. 1055 (3). Vervloet, R.R. 585 (3). Vimercatt, J.M. 342 (3). Zarucchi, J.L. 7149 (6). PRODUÇÃO CIENTIFICA NO PERÍODO: Artigos Publicados: NUNES, T. S., QUEIROZ, L. P. Uma nova espécie de Passiflora L. (Passifloraceae) para o Brasil. Acta Botanica Brasilica. , v.21, p.499 - 502, 2007. NUNES, T. S., COSTA, J. A. S., MACHADO, M., SOUZA, E. R., SATIRO, L. N., GIULIETTI, A. M., BORBA, E. L. Evidência de hibridção e introgressão em Hybanthus arenarius Ule e H. calceolaria (L.) 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