o machado perdido - Igreja Presbiteriana de Macaé

Transcrição

o machado perdido - Igreja Presbiteriana de Macaé
O MACHADO PERDIDO Rev. Edilson Botelho Nogueira
Igreja Presbiteriana de Macaé – 16/2/2014 NOITE
2Rs 6.1-7
“Sucedeu que, enquanto um deles derribava um tronco, o machado caiu na água;
ele gritou e disse: Ai! Meu senhor! Porque era emprestado.”
Você já viveu a experiência de perder ou danificar algo importante que não
era seu? Já perdeu algum objeto emprestado? Como se sentiu?
A tristeza é dupla – primeiro pela perda, e segundo pelo constrangimento de
explicar ao proprietário do bem. Ninguém quer passar por isso.
Hoje eu trago uma mensagem a todos aqueles que desejam recuperar uma
ferramenta perdida.
A vida do Profeta Eliseu é marcada por vários milagres estranhos:
A única fonte de água de uma cidade que estava contaminada, ele pegou um
prato de sal, jogou na nascente e as águas se purificaram;
Tem as ursas que saem do bosque despedaçam 42 rapazes que chamaram o
profeta de “careca”;
Tem a história da viúva com dois filhos, que só tinha uma botija de azeite para
suprir a fome, e Eliseu manda juntar vasilhas à vontade, e a botija jorrou
azeite até que as panelas se acabaram;
Tem a sunamita que hospedava o profeta, mas ela e o marido não tinham
filhos, então, Eliseu profetizou, ela teve um filho, o menino morreu e foi
ressuscitado por Eliseu;
Um cozinheiro amador fez uma comida para os alunos de Eliseu, mas ela
estava envenenada – Morte na Panela! Eliseu jogou farinha na panela e a
comida ficou pura.
Os nordestinos dizem: A farinha engrossa o que está fino! Aumenta o que está
pouco! E esfria o que está quente!
Mesmo depois de morto, Eliseu continuou fazendo milagre – uns homens
levavam um cadáver pra enterrar e foram atacados por uns ladrões, eles
largaram o defunto à própria sorte e saíram correndo. O morto foi rolando
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ribanceira abaixo até que caiu na mesma cova onde estavam os ossos de Eliseu.
Ao tocar os ossos do profeta, o morto ressuscitou e saiu correndo pra não ser
atacado pelos ladrões.
E tem a história do Machado emprestado que caiu na água.
Tudo começa quando um dos alunos do Profeta Eliseu percebe que a escola
tinha ficado apertada demais: “Eis que o lugar em que habitamos contigo é
estreito demais para nós.” 2 Reis 6:1
Essa percepção da acomodação apertada levantou a necessidade de
construir um lugar mais amplo.
Aqui temos um detalhe interessante na história – é que nada na vida cristã
progride se não formos tomados por um senso de insatisfação.
O maior obstáculo para uma obra crescer é acomodação.
Muitos crentes se acomodam onde estão, não passam de certo ponto, não
avançam, não dilatam, não aumentam.
Isso pode acontecer no âmbito pessoal, mas também no ministério, na
célula. Algumas células não crescem porque se acomodaram.
A primeira lição que os alunos de Eliseu nos ensinam é – nada se faz sem
insatisfação. Você precisa ansiar por algo maior, melhor pra tomar uma
atitude.
Outro detalhe importante na narrativa é que eles teriam que mudar de lugar,
mudar de ambiente, mudar de cultura: “Vamos até o Jordão” – ou seja uma
caminhada de uns 10km aproximadamente. Não era mudar de quarteirão.
A obra de Deus só avança quando abrimos mão da zona de conforto. Poucos
são aqueles que querem pagar o preço de deixar o lugar que sempre
estiveram, o lugar onde conhecem todo mundo, lugar em que dominam tudo.
Algumas células tem dificuldade pra multiplicar porque algumas pessoas não
querem perder as amizades que fizeram – nosso grupo está tão unido, tá tão
gostosinho aqui né? Pra que dividir?
Outra questão interessante é que havia um trabalho pra cada aluno: “cada um
de nós uma viga, e construamos um lugar em que habitemos.”
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Não era pra um cortar a viga e o resto ficar dando palpite – todo mundo tinha
que meter a mão no machado, havia uma viga pra cada um.
Uma das maiores fontes de desapontamento na vida em comunidade é o
percepção de estar lutando sozinho. Você ta cortando a sua viga e um
desocupado do lado dizendo: por que você corta assim? Por que não faz desse
outro jeito?
Quando alguém tá cortando a sua própria viga não tem tempo de ficar dando
palpite na viga do outro. Todos estão envolvidos, todos estão trabalhando.
A próxima cena do nosso texto mostra um grupo de homens à beira do rio
Jordão trabalhando arduamente debaixo do sol fazendo um trabalho pesado
– cortando vigas para um galpão maior.
Lenhadores de fim de semana!
Certo homem se apresentou para um emprego de lenhador. O entrevistador
olhou o candidato, que tinha um corpo franzino, nada parecido com um
lenhador profissional.
- Onde o senhor já trabalhou como lenhador antes? Tem alguma experiência?
- Sim senhor.
- onde é que trabalhou antes?
- no Sahara.
- Mas o Sahara é um deserto! Disse o entrevistador...
- Agora é!
Nessa cena, um dos alunos cortava um tronco de árvore e acidentalmente, o
seu machado cai dentro do rio.
- Ai meu senhor!
O machado perdido no fundo do rio, era EMPRESTADO.
Você já se perguntou por que um incidentes desse é registrado na Escritura?
Que importância tem um cortador de lenha perder um machado emprestado no
meio do rio? Com tanto milagre importante pra fazer, por que uma situação
dessas está na Palavra de Deus?
O machado emprestado é uma boa ilustração de todas as habilidades e
riquezas que possuímos para fazer a obra de Deus.
Você já considerou que nada do que você possui poderá levar desse mundo
para o mundo vindouro?
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Considere a casa que você mora. Ela é própria ou alugada? Não importa, não
poderá leva-la. Grande ou pequena, nova ou velha, casa ou apartamento, no
centro ou na periferia, ela vai ficar, porque é EMPRESTADA.
Seu carro, suas roupas, seus equipamentos eletrônicos, seus celulares,
tablets, notebooks, tv, nada disso dá pra levar, porque é EMPRESTADO.
Considere o corpo em que você navega nesse mundo. Seu corpo é uma nave
que leva sua alma, seu espírito, sua memória.
Você vai usar essa nave até que ela não lhe sirva mais. Esse você também
não leva, porque é emprestado.
Bens emprestados não podem ser levados desse mundo. Todos ficam aqui.
Quem nos empresta esses bens? Deus, o nosso Criador.
Por que Deus nos empresta bens que lhe pertencem? Porque ele deseja que
os usemos para “cortarmos a viga”, para fazermos a sua obra, realizamos os
seus propósitos.
Aqui chegamos a um ponto crucial no ensino dessa passagem. O discípulo de
Eliseu ao perder o machado, gritou: Ai meu senhor!
O homem tá desesperado porque perdeu algo de valor que não era seu.
O que aprendemos com isso?
Não existe nenhuma riqueza, nenhum bem, nenhuma habilidade, nenhuma
faculdade, nenhum dom, que Deus tenha dado que ele não espere de volta.
Jesus contou a parábola das minas em Lucas 19. A estória é simples – um
homem nobre distribui aos seus empregados uma certa quantia em dinheiro
para que eles negociassem com ela.
Quando ele voltou, chamou os servos para prestarem contas do dinheiro
emprestado.
O primeiro se apresentou com um lucro 10 vezes maior do que recebera.
O segundo apresentou um lucro 5 vezes maior do que recebera.
O terceiro devolveu exatamente o que havia recebido dizendo: “...fiquei com
medo do senhor, que é um homem duro de se tratar, tirando o que não é seu e
até tomando a colheita do que os outros plantam! (Lc 19.21)
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Que miserável esse servo, além de não fazer nada com a riqueza emprestada,
ainda faz uma acusação absurda, uma afronta ao caráter do Dono das
Riquezas: arrogante, roubador e aproveitador.
O dono da riqueza respondeu: Seu miserável, se você não queria usar a riqueza
que lhe emprestei, podia ter deixado que outros usassem,
os banqueiros por exemplo, pelo menos o juros eu teria recebido.
Essa parábola ensina o seguinte princípio: nenhuma riqueza, nenhuma
habilidade, nenhuma capacidade emprestada deixará de ser requerida.
Deus pedirá contas de cada capacidade – seja um bem material, seja um
talento, uma virtude espiritual, tudo que nos é emprestado teremos que prestar
contas.
Muitos crentes do século 21, ao perderem o machado diriam:
- Que pena Senhor, lá se foi o machado que o Senhor me deu, mas, paciência
né, c’est la vie! Bem, sem machado não posso trabalhar, tô fora.
Ha alguns que nem trazem o machado para o Jordão, e outros ainda que
chegam ao Jordão mas ficam deitados à sombra e pegam no sono. A viga está
la, o machado ta lá, mas o trabalhador está cochilando.
Um dos maiores flagelos da igreja do século 21 é do crente sonolento.
Sundar Sing, um missionário Hindu, conta no seu livro que há um certo lugar no
Himalaia onde nasce um certo tipo de flor com um perfume delicioso. Tão
agradável é o lugar que as pessoas costumam pousar ali durante a noite. Mas
aquelas flores exalam uma substancia que entorpece a pessoa, que fica
dormindo por até 12 dias, e acaba morrendo de fome e sede.
Muitos crentes pegaram no sono embriagados com a tecnologia, com o
entretenimento, entorpecidos pelo trabalho, pelo divertimento, pelas
riquezas, pela procura do seu bem estar.
Mas, pastor, será que eu estou anestesiado? Como saber se um crente está
dormindo? Bem, o efeito de um crente sonolento, é o mesmo que o sono tem
sobre o corpo humano.
Quando alguém dorme, perde a identidade.
Se um homem bom dorme ao lado de um homem mau, como saber quem é
quem? Não se pode conhecer o caráter de uma pessoa que dorme.
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Somente quando alguém está acordado, pode ser conhecido, pelo que diz,
pelo que faz, pelo que pensa.
Quando alguém dorme não tem a menor noção de perigo.
Quantas pessoas colidiram de frente com um poste, uma árvore ou até mesmo
com um caminhão, enquanto dirigiam, simplesmente porque estavam
dormindo? Enquanto estamos acordados, ficamos atentos a toda e qualquer
ameaça, mas dormindo, perdemos a noção de perigo.
Ano passado, um de nossos jovens da igreja Shalom voltava de uma festa da
empresa, de São Paulo para Campinas, pela rodovia dos Bandeirantes, quando
perdeu o controle do carro que capotou varias numa pista de 6 faixas de
rolamento. A única explicação para alguém que às 3h da manha, com a rodovia
praticamente vazia, capota o carro é – SONO.
Como você explica que um crente que estava aqui até outro dia, fazendo e
acontecendo, ajudava aqui e ali, chegava primeiro, saia por último, orava,
estudava a Bíblia, e agora, mal consegue vir ao culto? Nesses 6 anos vi isso
acontecer aqui mesmo em nossa igreja. Quem faz isso? Sono.
Quando alguém dorme não consegue realizar qualquer tarefa importante ou
não.
Você já reparou que alguém que dorme não sente fome ou sede? Pra sentir
isso tem que estar acordado.
Crentes adormecidos não leem a Bíblia, não oram, não sentem vontade de
vir ao culto, à célula, sentem preguiça de fazer qualquer esforço espiritual. O
sono mata a fome e a sede de Deus e acabam morrendo de inanição
espiritual.
Crentes adormecidos são facilmente devorados pelo diabo, que fica ao
derredor procurando alguém para destroçar. Como não estão vigiando, são
facilmente destruídos.
Isso é suficiente para mostrar o perigo de dormir em vez de cortar a viga.
Agora vamos voltar ao texto: “Ai meu senhor! Porque era emprestado.”
Esse “ai” é muito importante, porque parte de um homem que sabe que tem
que prestar contas da sua riqueza emprestada.
Esse homem pensa assim: sem o machado não posso cortar minha viga, sem a
minha viga cortada não cumpro a missão, sem a missão cumprida não tenho
como justificar o empréstimo do machado!
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- Meu Deus me ajude! O que vou fazer?
Essa atitude move o coração do profeta Eliseu para ajudar o seu discípulo.
"Onde ele caiu?" perguntou o profeta. Mostraram-lhe o lugar. Então Eliseu
cortou uma vara e jogou na água, no lugar onde o machado havia afundado. E
o machado veio para a superfície da água!
"Apanhe-o," disse o profeta. E o rapaz, estendendo a mão, alcançou o machado
e o apanhou.
Bem agora vamos aos negócios!
Há na cena 2 elementos que não se combinam.
Ferro não boia na água.
Madeira não atrai ferro.
O que a Escritura está dizendo aqui?
Deus é única pessoa que pode se dar ao luxo de mudar a natureza das coisas
por uma boa causa, por uma boa razão.
Deus fará o impossível para devolver uma riqueza emprestada perdida, se a
atitude for: ai meu Senhor, era emprestada!
Vamos colocar a coisa de maneira mais simples e prática.
Deus dará qualquer riqueza, qualquer habilidade, qualquer capacidade, se ele
encontrar no seu coração a seguinte atitude:
- Senhor, eu preciso fazer a tua obra, tem essa viga aqui pra ser cortada,
essa é a parte que me cabe no galpão. Eu estou pronto para o trabalho –
falta o machado.
O Deus que fez um machado flutuar na água, é o mesmo Deus que pode fazer
de você uma pessoa útil no reino para a glória dele.
Isso explica porque...
Pessoas tímidas, se tornam um leão quando tem que anunciar o reino de Deus.
Pessoas simples tem ideias brilhantes e transformadoras.
Pessoas pobres enriquecem a muitos.
Isso explica porque um pequeno povo, uma pequena igreja é capaz de fazer
grandes proezas.
Uma pequena célula é capaz de transformar centenas ou milhares de vidas.
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É o Deus que faz machados flutuarem na água.
Quando é para o Reino, o que é pesado fica leve, o que é leve fica pesado.
Quando é para o Reino, o que é perdido é devolvido, o que é emprestado é
restaurado.
O Rev. Jairton contou numa das vezes que veio aqui como ele perdeu o seu
machado, digo, o seu óculos nas águas do oceano.
Agora me diga: quando é que alguém acha um óculos perdido no fundo do
oceano atlântico? Só quando o óculos é importante para o reino.
Eu vou ainda mais adiante. Não hesito em dizer que não faz a menor diferença
para Deus se você pede muito ou pouco, grande ou pequeno, valioso ou
barato,
porque o nosso Deus é tão rico, tão generoso, que você vai se cansar de pedir
antes que ele se canse de dar.
Veja o caso de Salomão. O Senhor lhe disse: Naquela mesma noite, apareceu
Deus a Salomão e lhe disse: Pede-me o que queres que eu te dê. (2Cr 1.7)
Será que Deus diria: não Salamão, tanto ouro assim não, você vai me levar à
falência, você está se aproveitando do que eu disse.
Não – “pede-me o que queres” – somente um Deus absurdamente rico daria
uma chance dessa a um homem. Salomão, que era bem jovem, podia ter metida
a mão na reserva de riquezas de Deus. Mas não, pediu sabedoria para guiar o
povo de Deus.
“Disse Deus a Salomão: Porquanto foi este o desejo do teu coração, e não pediste
riquezas, bens ou honras, nem a morte dos que te aborrecem, nem tampouco
pediste longevidade, mas sabedoria e conhecimento, para poderes julgar a meu
povo, sobre o qual te constituí rei, sabedoria e conhecimento são dados a ti, e te
darei riquezas, bens e honras,
quais não teve nenhum rei antes de ti, e depois de ti não haverá teu igual.” 2
Crônicas 1:11, 12, RA.
Era disso que o Apóstolo Paulo falava: “Ora, àquele que é poderoso para fazer
infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu
poder que opera em nós,” Efésios 3:20, RA.
Viu isso? Infinitamente mais do que pedimos ou pensamos. Porque para Deus
o que importa não é a riqueza que ele me dá, mas o que eu faço com ela para
que o reino de Deus cresça entre os homens.
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Isso explica porque muito crente vive na miséria. Porque não pede, aliás, até
pede, mas pede mal, pede pra si mesmo.
Uma viga se junta com outra viga, e mais outra, e logo as vigas se tornam um
edifício.
“O lugar mais rico deste planeta não são os campos de petróleo do Kwait, do
Iraque ou da Arábia Saudita.
Tampouco, as minas de ouro e de diamantes da África do Sul, as minas de
Urânio da União Soviética e as minas de prata da África.
Embora isso seja surpreendente, os depósitos mais ricos de nosso planeta
podem ser encontrados a alguns quarteirões da sua casa. Eles estão no
cemitério local. Enterrados embaixo do solo.
Dentro das paredes daqueles túmulos estão sonhos que nunca se realizaram,
canções que nunca foram escritas, pinturas que nunca encheram uma tela,
ideias que nunca foram compartilhadas, visões que nunca se tornaram
realidade, invenções que nunca foram experimentadas, planos que nunca
passaram da "prancheta" mental e propósitos que nunca foram realizados.”
Se durante a mensagem, você se identificou com o discípulo do Machado
Emprestado, quero fazer um convite.
Não deixe que o fundo do rio Jordão seja o cemitério da sua vida, do seu
ministério.
Há alguns aqui que gostaria de voltar ao Jordão onde a viga está abandonada.
Há alguns que estão no Jordão, mas estão sonolentos e querem ser
despertados.
Há outros que precisam de um machado porque perderam o emprestado.
Onde você o perdeu? É a única pergunta que o Senhor fará.
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