jornal astrológico - Associação Portuguesa de Astrologia

Transcrição

jornal astrológico - Associação Portuguesa de Astrologia
julho a setembro
Verão 2015 | N.º 13
jornal astrológico
CAUSAS PRIMEIRAS E ASTRO(LÓGICA) DO SOM
• Narciso Saramago •
MÚSICA E ASTROLOGIA
• Fernanda Zanon •
ASTROLOGIA E MÚSICA NA TRADIÇÃO
. Patrícia Azenha Henriques •
“OS PLANETAS” DE GUSTAV HOLST
• Vitorino de Sousa •
JOHN LENNON E PAUL MCCARTNEY - A ALMA DOS BEATLES
• Luiza Azancot •
A TÉCNICA DOS GRAUS PLANETÁRIOS CONTIDOS NA VIDA
E OBRA DE AMADEUS
• Daniela Rossi •
ÚRANO E NEPTUNO E O SURGIMENTO DE GOA TRANCE
• Ivo Miguel Silva •
RUBRICAS HABITUAIS
• Pergunte ao Astrólogo • Previsóes Infalíveis • Efemérides •
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EDITORIAL
Chegou o Verão e com ele a realização
de festivais musicais por todo o País por isso
decidimos dedicar este número à Musica em
variadíssimas vertentes: a das esferas explorada
por Narciso Saramago, a música clássica com
artigos da pianista Fernanda Zanon que nos
apresenta dois compositores contemporâneos
pouco conhecidos do grande público, e de
Vitorino de Sousa que se debruça sobre a
obra de referencia de Gustav Holst. Patrícia
Azenha Henriques analisa esta arte liberal
numa perspetiva da Astrologia tradicional e
aplica-a no contexto de dois grandes músicos
portugueses, Amália Rodrigues e Carlos
Paredes. Luiza Azancot dedicou um artigo à
parceria criativa de John Lennon com Paul
McCartney, provavelmente a mais produtiva
da historia da musica ligeira, incluindo uma
sinastria entre os dois temas. Ivo Miguel Silva
brindou-nos com o fenómeno musical definido
pela grande conjunção de Neptuno e Úrano
do final da década dos anos 80, levandonos até Goa na Índia. Fechamos a parte do
jornal dedicada à musica com uma aplicação
magistral da técnica dos gruas planetários por
Dani Rossi ao grande compositor Wolfgang
Amadeus Mozart.
9 Causas Primeiras e
Astro(lógica) do Som
19 Música e Astrologia
29 Astrologia e Música
na Tradição
39 “Os Planetas” de
Gustav Holst
47 John Lennon e Paul
McCartney - A alma
dos Beatles
57 A Técnica dos Graus
Planetários contidos
na Vida e Obra de
Amadeus
67 Úrano e Neptuno e
o Surgimento do Goa
Trance
83 Pergunte ao
Astrólogo
91 Previsões Infalíveis
95 Efemérides
9
19
29
39
47
57
67
83
91
95
9
Nascido em Estremoz, Abril de 1949. Astrologia,
Teosoa, Espiritismo, Simbologia dos Números,
Geometria Sagrada, Extraterrestres, a Face Oculta
da Vida. Estes são alguns dos temas que merecem
a minha atenção e estudo, procurando sempre
interligá-los através de actividades que venho
a desenvolver, com o empenho que a minha
capacidade e consciência me permitem.
Por: Narciso Saramago
Membro N.º83
www.astrovida.com
CAUSAS PRIMEIRAS
E ASTRO(LÓGICA)
DO SOM
Para alcançarmos alguma noção do significado da “lógica do
som”, atentemos primeiro para a raiz etimológica da expressão,
lógica, da raiz grega, logos, palavra que para o pensamento grego,
à época do filósofo Heráclito (535 a 475 AC), tinha um significado
que abrangia o Princípio da Ordem Cósmica. Paralelamente, em
seu sentido laico, logos, para os gregos, inicialmente significava
apenas a palavra escrita ou falada. Mas a expressão, logos, como
significador de um “Princípio Original” que possa ter estado na
origem da “Primeira Manifestação”, remete-nos para o “Princípio
antes do Princípio”, ou um aspecto que encerre o conceito de
“Unidade Primordial” ou “Causa Original”. E que Causa possa ter
sido Essa? De acordo com uma expressão bastante conhecida…
“No princípio era o Verbo… e o Verbo era Deus” (João 1:1-4). A
ordem sequencial das palavras pela qual se compõe a construção
gramatical desta frase, parece sugerir-nos que a causa que possa
ter originado a “Causa Primeira” aparece como sendo a palavra,
isto é, o SOM. No entanto, dizem os especialistas em línguas antigas,
que em sua forma latina original a expressão Verbum se traduzia
simplesmente por palavra, sem género, neutra, não sugerindo que
a expressão, Verbum, possa ser interpretada como algo que se
antecede à “Força Criadora”.
Parece, então, haver na citada frase uma sugestão questionável de
ordem sequencial entre Logos e Caos, talvez num lapso (e vamos
partir do princípio que seja apenas um lapso) de interpretação
da sua língua original, o grego, como também afirmam alguns
especialistas. Seja como for e de acordo com a 1ª lei da Geometria
Sagrada, a “Lei do Vazio” (ou Lei do Vácuo), esta lei sugere um
estado de latência contendo um incomensurável poder de
irradiação (LUZ), que ao manifestar-se expressa-se vibrando em
altíssimas frequências (SOM), dando lugar à 2ª lei da Geometria
Sagrada, a “lei do Campo Unificado”, ondas que se propagam a
partir de um centro porém sujeitas a esse mesmo centro, acabando
por se definir uma “periferia” ou “raio de acção”.
11
Entendendo desta maneira temos que à “Causa Primeiríssima” (LUZ) segue-se
a sua consequência (SOM), que ao propagar-se gera campos de experiência
dando lugar à 3ª lei da Geometria Sagrada, a “lei da Auto-recorrência”, o
Pulsar Cósmico, isto é, a lei que gera a condição que dá lugar à 4ª lei da
Geometria Sagrada, a “lei dos Opostos e Complementares” (Yin/Yang), em
permanente interacção mútua. Assim sendo e melhor dizendo, então parece
que o “Verbo não era Deus”, mas sim “Deus era o Verbo”. Isto é, da “Fonte
de Pura Luz Irradiante”, do “Grande Princípio da Mente de Deus”, surgem as
“Vibrações Sonoras”, a “Música do Cosmos”, colocando uma Orquestra de
Multi-Universos em sincronia harmónica.
Do Imanifestado (Zero - 0) surge o Logos Manifestado (Um – 1, ou Ponto em
geometria), irradiando Luz Pura que se converte em Som (Dois – 2, ou Círculo
em geometria). Em paralelo com a estrutura musical podemos encontrar o
mesmo significado na proporção harmónica entre o monocórdio (1:1) e o
diapasão (1:2), seguindo-se depois a quinta (2:3), e por aí fora na escala.
Ou ainda, ao “Poder da Afirmação” ou “Irradiação Criadora do Ritmo” (1:1)
positivo e afirmativo, segue-se a propagação das “Frequências Sonoras
gerando a Melodia” (1:2) negativa e reflexiva, completando-se a sequência
numa “Combinação Harmónica” pacificadora e conciliadora (2:3) gerando
equilíbrio e neutralidade. Desta maneira encontramos o trinómio cuja
sequência se encadeia em Ritmo/Melodia/Harmonia, Afirmação/Recepção/
Conciliação, Positivo/Negativo/Neutro. Num significado maior, entendase que neste contexto a expressão “positivo” e “negativo” estão isentos de
qualquer avaliação de “bom” ou “mau”, sendo simplesmente expressões da
energia em seu estado puro.
Seguindo a “Pauta” por estas referências, o Grande Universo segue o seu
curso e vai escrevendo a sua música tocando-a orquestrada pela “batuta”
do Logos Criador. Galáxias, Sistemas Solares e Planetas, em toda a sua
manifestação de vida, todos no Cosmos produzem as suas melodias vibrando
de acordo com o mesmo padrão. Para nós, humanos, seres em processo de
desenvolvimento da consciência, a nossa referência é o som da “sinfonia das
esferas” que nos estão mais próximas, frequências com as quais procuramos
afinar os nossos sentidos. Entretanto, e acertando o compasso com uma
“escala” mais complexa, no presente ciclo da história do nosso sistema solar
e particularmente do planeta Terra, a “realidade” tem vindo a alterar-se, uma
vez que os novos alinhamentos do Sistema criaram já condições para que nos
cheguem outras “sonoridades”, um som mais refinado, um novo ritmo e uma
nova melodia pautada por outras directrizes a terem efeitos futuros.
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A palavra música tem sua origem na expressão
grega, “mousikê”, que para os gregos significava “a
arte das musas”, significado esse que englobava a
cultura das artes em todos os seus campos. Também
a palavra Astrologia tem a sua origem nos termos da
raiz grega, “astron” e “logos”, sendo que esta última
significa, palavra, expressão. Associando os dois
termos – Música mais Astrologia – surge o conceito
significando a “palavra das estrelas”, “som dos astros”
ou “música das esferas”, ou ainda “astro(lógica) do
som”, acrescento eu.
Uma vez que a Astrologia lida com ciclos de tempo,
ritmos, cadências e alternâncias aplicadas à
condição espacial organizada, quando se trata de
progressão da consciência estamos intimamente
ligados a todo este processo de afinação com as
frequências vibratórias da “música das esferas”.
Entendendo assim e de acordo com o anteriormente
exposto, é sem sentido formular-se uma vulgar
questão que periodicamente assola a mente
dos duvidosos – “como é que astros estando tão
distantes de nós podem influenciar o percurso das
nossas vidas?” Naturalmente que a resposta é óbvia
– podem!
E fazem-no através da Lei da Ressonância ou, como
diria Carl Gustav Jung, pela Lei da Sincronicidade. E o
matemático, astrónomo e astrólogo Johannes Kepler
(1561 a 1630), bem procurou durante uma grande
parte da sua vida deduzir essa Harmonia Celestial
pela qual se rege a “Batuta do Universo”. E como
não podia deixar de ser, a vida humana está sujeita
e sincronizada com essa mesma ordem melódica.
Segundo as leis de Kepler, os planetas combinamse em movimentos compassados cujas proporções
matemáticas estão vinculadas à trajectória das suas
órbitas. Nos dias de hoje e de uma maneira muito
simples, qualquer estudante de Astrologia acaba
por ter acesso ao conhecimento dessa interligação
rítmica dos ciclos planetários. Exemplificando,
segue-se uma descrição aproximada dos ritmos e
compassos das órbitas planetárias entre si:
Neptuno/ Plutão (3:2). Em cada duas órbitas de Plutão acontecem três de
Neptuno.
Urano/ Neptuno (2:1). Em cada órbita de Neptuno acontecem duas de Urano.
Saturno/Urano (3:1). Em cada órbita de Urano acontecem três de Saturno.
Júpiter/Saturno (5:2). Em cada duas órbitas de Saturno acontecem cinco de
Júpiter.
Marte/Júpiter (9:1). Em cada órbita de Júpiter acontecem nove de Marte.
Vénus/Marte (3:1). Em cada órbita de Marte acontecem três de Vénus.
Mercúrio/Vénus (5:2). Em cada duas órbitas de Vénus acontecem cinco de
Mercúrio.
Terra/Lua (1:13). No caso da relação Terra/Lua, ao mesmo tempo que as duas
em conjunto orbitam o Sol uma vez, a Lua orbita a Terra treze vezes.
Ainda segundo Kepler e tomando sempre o Sol ao centro como referência,
esta orquestra planetária produz frequências sonoras em tom grave quando
no período do Afélio, e sonoridades agudas quando no Periélio. São variáveis
sonoras como resultado da mútua interacção planetária manifestando-se em
ritmos diferentes, cuja cadência reage como um reflexo tendo impacto nos ciclos
da vida, na dialéctica entre espírito e matéria, entre mundos subtis e nós mesmos
vivendo no plano físico, numa fenomenal partilha de vibrações em altas e baixas
frequências.
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A respeito de tão bela harmonia celestial, no
período entre 1914 e 1916, Gustav Holst, um
compositor britânico familiarizado e fascinado com
a Astrologia através de um amigo, inspirado por esta
Ordem Cósmica dedicou-se à composição de uma
fascinante obra musical em forma de suite, com sete
andamentos, intitulada “The Planets”. Holst criou cada
andamento como uma representação particular
de cada planeta do sistema solar, até Neptuno. À
época em que a obra foi criada o planeta Plutão
não tinha ainda sido descoberto, acontecimento
que só viria a ter lugar em 1930. Esta foi uma obra
que alcançou grande sucesso e popularidade.
Mas paralelamente à sinfonia planetária também a
faixa zodiacal está estruturada de modo a oferecerse como um guia cadenciado por tons e meiostons. Não deixa de ser curioso que na sequência
dos signos, quando chegamos à fase cinco, em
Leão, entre a nota musical MI e FÁ, a nota FÁ não
desce para “bemol”. Seguindo pela Escala Maior
(a primeira sequência das sete notas principais), o
mesmo acontece entre a última nota da escala,
SI, alcançada na fase doze, em Peixes, e a nota
DÓ seguinte que dá início à oitava subsequente,
novamente em Carneiro. O facto de a sequência
ser composta por doze fases tem a sua origem com
base nas sete notas da escala principal, à qual se
adiciona os cinco semitons sustenidos intermédios,
que num todo perfaz doze sons, como ilustra a figura
seguinte. Contudo, e independentemente dos tons
e semitons intermédios, a “Lei das Oitavas” impõe-se.
Tanto de Leão para Virgem, assim como de Peixes para Carneiro, estas são as
únicas passagens na sequência em que não se conta com uma descida do
som na escala. As notas FÁ e DÓ não descem para bemol e, por outro lado, as
notas SI e MI não sobem para sustenidos. Tomando sempre como referência as
primeiras sete notas musicais principais, em que o primeiro grupo de três notas
representa o espírito, e o restante grupo de quatro notas representam a matéria,
estes dois intervalos entre MI e Fá, e entre SI e DÓ, são como dois “Portais” para
outras dimensões da sonoridade, numa réplica perfeita da proporção universal
3:4. Por conseguinte, e de acordo com a “Lei da Harmonia”, das combinações
sonoras depende o equilíbrio ou o desequilíbrio do ambiente, cujo resultado irá
por sua vez irá influenciar no nível de comunicação entre a parte espiritual e a
sua contraparte – a matéria, isto é, nós e o mundo.
As frequências medidas em Hz que são captadas através dos sete chacras
principais, estes situados no Duplo Etérico como fazendo parte da constituição
humana como um todo, e em conjunto com as suas correspondentes planetárias,
ao entrarem em ressonância com certas combinações de sonoridades e
vibrações, podem muito bem encetar um “diálogo” em perfeita harmonia ou
entrar em estado de caos. Em termos de “tónica de fundo”, o som é uma vibração
importantíssima no desenrolar da História do Universo e, por consequência, da
vida do ser humano.
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Em suma, a música está em tudo na natureza e
em todos os aspectos da existência. A afinação da
consciência com o “Som das Esferas” liberta-nos das
amarras da sequência do tempo passado, presente
e futuro, pois coloca-nos os sentidos mais apurados
em sintonia com as mais elevadas dimensões,
coexistência multidimensional que não se rege pelo
“tempo horizontal” da 3ª e 4ª Dimensão, estas como
sinónimos da “realidade” imediata, material, finita,
limitada, que apenas nos garantem a permanência
na prisão da “Roda de Samsara”, a roda das
reencarnações. Ou podemos dizer ainda se optarmos
por usar a expressão, na prisão da “Matrix”.
Mas numa boa tentativa temperada também
com uma boa doze de sabedoria e convicção, e
para que não se perpetue o sombrio enredo, creio
que podemos e devemos exclamar: “VIVA A BOA
MÚSICA!”, modelada pela frequência de 432 Hz,
como modernamente se diz.
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A autora é pianista formada pela Universidade
Federal de Minas Gerais (Brasil) e mestranda
em Performance Musical na Universidade de
Aveiro (Portugal). Atua como professora de piano
e musicalização desde 2006. É estudante de
Astrologia desde 2011, com formação no Brasil e
atualmente em Portugal.
Por: Fernanda Zanon
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MÚSICA
E ASTROLOGIA
Alguns compositores fascinaram-se pelos temas da Astrologia e
dedicaram obras musicais relacionando os elementos desta.
Neste artigo pretendo apresentar-vos duas relevantes obras que
relacionam Astrologia e Música:
Makrokosmos, de George Crumb; Tierkreis, de Stockhausen.
GEORGE CRUMB E A PEÇA MAKROKOSMOS
George Crumb nasceu em 24 de outubro de 1929, nos Estados
Unidos. Ficou conhecido mundialmente por ser um compositor que
explora timbres incomuns em suas composições musicais, além de
ter uma notação da partitura não convencional. Segundo Crumb,
a música deve ser percebida como “um sistema de proporções a
serviço do impulso espiritual”. Suas composições justapõem estilos
musicais contrastantes, variando de músicas da tradição ocidental,
hinos e música folclórica a músicas não ocidentais1. Muitas obras
compostas por Crumb incluem elementos simbólicos, místicos e
teatrais, que são geralmente refletidos em uma bela e meticulosa
notação da partitura.
Em 1972 lançou o primeiro volume de uma de suas composições
mais conhecidas, Makrokosmos. O segundo álbum Makrokosmos foi
lançado em 1973. Ambos volumes são compostos por um conjunto
de 24 peças destinadas para serem tocadas ao piano solo. O
compositor explora recursos do instrumento, exigindo que o intérprete
toque além das teclas. Esta técnica expandida do instrumento
chama-se piano preparado e consiste em colocar materiais como
borrachas, pregos, pilhas e outros mais dentro do instrumento,
produzindo timbres diferentes. O intérprete deve tocar dentro do
piano, explorando os timbres das cordas e suas ressonâncias. Para
compor o Makrokosmos, Crumb inspirou-se nos Mikrokosmos de
Bartók e nos Prelúdios de Debussy.
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Crumb associa cada peça a um signo do zodíaco. No fim de cada peça ele
inclui as iniciais de uma pessoa nascida com o signo solar correspondente.
Essas iniciais incluem tanto compositores quanto membros da família, além
de personalidades do passado que ele admira (Johannes Brahms, Federico
García Lorca, etc).
Cada um dos volumes de Makrokosmos está organizado em 3 partes de 4
peças, em que as partes devem ser tocadas sem interrupção. A notação
gráfica de cada uma das peças tem um formato diferente. Por exemplo,
a disposição da partitura da quarta peça de Makrokosmos I, nomeada
Crucifixo, forma uma cruz. A oitava é um círculo e a última uma espiral.
Além disso, todas as peças também possuem um título complementar ao
signo referenciado que evoca uma determinada atmosfera, como “O
acorde místico”.
Makrokosmos I (1972) foi organizada da seguinte forma:
◘ PARTE 1
1 Primeval Sounds (Genesis I) - Câncer
2 Proteus - Peixes
3 Pastorale (from the Kingdom of Atlantis, ca. 10,000 B.C.) - Touro
4 Crucifixus [SYMBOL] - Capricórnio
◘ PARTE 2
1 The Phantom Gondolier - Escorpião
2 Night-Spell I - Sagitário
3 Music of Shadows (for Aeolian Harp) - Libra
4 The Magic Circle of Infinity (Moto Perpetuo) [SYMBOL] - Leão
◘ PARTE 3
1 The Abyss of Time - Virgem
2 Spring-Fire - Áries
3 Dream Images (Love-Death Music) - Gêmeos
4 Spiral Galaxy [SYMBOL] - Aquário
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Makrokosmos II (1973):
◘ PARTE 1
1 Morning Music (Genesis II) - Câncer
2 The Mystic Chord - Sagitário
3 Rain-Death Variations - Peixes
4 Twin Suns (Doppelgänger aus der Ewigkeit) [SYMBOL] - Gêmeos
◘ PARTE 2
1 Ghost-Nocturne: for the Druids of Stonehenge (Night-Spell II)- Virgem
2 Gargoyles - Touro
3 Tora! Tora! Tora! (Cadenza Apocalittica) - Escorpião
4 A Prophecy of Nostradamus [SYMBOL] - Áries
◘ PARTE 3
1 Cosmic Wind - Libra
2 Voices from “Corona Borealis” - Aquário
3 Litany of the Galactic Bells - Leão
4 Agnus Dei [SYMBOL] - Capricórnio
KARLHEINZ STOCKHAUSEN E A PEÇA TIERKREIS
Stockhausen nasceu em Kerpen na Alemanha, em 22 de agosto
de 1928 às 3 da madrugada e faleceu em 5 de dezembro de
2007. Sua fama foi adquirida através de composições musicais
consideradas revolucionárias para a época. Stockhausen mostrou
novas percepções de ritmo, melodia e harmonia. Para terem uma
ideia, o compositor criou uma peça para quarteto de cordas (dois
violinos, viola de arco e um violoncelo) e quatro helicópteros!
A peça Tierkreis significa Zodíaco em alemão e foi composta entre
os anos de 1974 e 1975. Tierkreis tem instrumentação livre, podendo
ser tocada por qualquer instrumento, e traz à tona 12 melodias
simples, cada uma representando um signo do zodíaco. A obra de
Stockhausen ganhou tanta relevância que é tocada nos carrilhões
da Torre da cidade de Colônia, em Alemanha.
Para explicar a obra Tierkreis, coloco abaixo o mapa natal de
Stockhausen:
Como podemos observar, Crumb não preservou a ordem zodiacal
na organização de suas peças. Tentei encontrar relações na possível
ordenação estabelecida pelo compositor, mas só me foi possível vincular
uma lógica aos nomes, como Proteus e Peixes (Proteus é uma entidade
marinha da mitologia grega). Capricórnio é associado à figura da cruz e
recebe os nomes Crucifixus e Agnus Dei nos primeiro e segundo volumes,
respetivamente, estando relacionado com a figura de Jesus Cristo.
No entanto, ainda permanece enigmática a relação da obra com a
Astrologia, uma vez que o compositor não deixa pistas sobre sua relação
com a astrologia. Ao ser questionado sobre sua notação (em 1976), Crumb
apenas disse:
Robert Shuffett: Um aspecto visualmente impressionante de sua partitura
seria suas “notações simbólicas” - aquelas representações de espirais,
formas circulares, cruz, e assim por diante.
George Crumb: Todo compositor deveria se permitir a rompantes de
caprichos ocasionalmente! (referência)
Para ouvir a obra Makrokosmos I: https://www.youtube.com/
watch?v=bA34Li-6GPI
Para ouvir Makrokosmos II: https://www.youtube.com/
watch?v=9wsJYUrleIc
O compositor tinha o Sol e o Ascendente em Leão e por este motivo
optou por associar a primeira nota musical (Lá = A) ao seu signo solar.
Virgem vincula-se à nota Lá# (A#) e assim por diante, totalizando as
12 notas cromáticas que são relacionadas aos 12 signos.
27
Assim como cada pessoa tem um mapa natal singular, estas peças também são interpretadas de forma única. Isto porque elas devem ser interpretadas de acordo com o signo correspondente à data da apresentação.
Por outras palavras, se fôssemos tocá-la no dia 30/04/2015, a peça teria
que ser tocada a partir de Touro, mas se fosse no dia 03/04/2015, a peça
teria que ser tocada iniciando em Áries. Há performances que duram 12
minutos e outras que duram mais de uma hora, pois os intérpretes devem
tocar cada melodia 3 vezes, com variações ou improvisações. Isso traz uma
liberdade ao intérprete e faz com que a obra seja mutável. Nestes termos,
Tierkreis pode ser classificada como uma “obra aberta”, tal qual definida
por Eco, em que é concedido ao intérprete uma autonomia executiva
peculiar, uma vez que ele “não só dispõe da liberdade de interpretar as
indicações do compositor conforme sua sensibilidade pessoal (como se
dá no caso da música tradicional), mas também deve intervir na forma da
composição, não raro estabelecendo a duração das notas ou a sucessão
dos sons, num ato de improvisação criadora” (1991: 37).
Para ouvir a obra Tierkreis: https://www.youtube.com/
watch?v=718J9pmDFZM
REFERÊNCIAS
◘ 1 Informação retirada de: http://www.georgecrumb.net/about/
◘ Eco, Umberto. Obra aberta, 1991. São Paulo, Brasil. Editora
Perspectiva.
29
Nasceu em Coimbra em 1972 e reside no Funchal,
ilha da Madeira. Depois de um longo flirt, rendeuse à astrologia em 1998 e mantem com esta uma
relação permanente e apaixonada. Fundadora
da empresa “Estudante de Astrologia”, exerce a
sua actividade nas áreas do ensino, investigação,
divulgação e consultoria em astrologia.
Por: Patrícia Azenha Henriques
Membro N.º12
www.estudantedeastrologia.com
ASTROLOGIA E
MÚSICA NA TRADIÇÃO
O conceito de artes liberais foi originado na Antiguidade, mas foi no período
Medieval que alcançou o seu expoente máximo fazendo parte integrante
do Studium Generale nas Universidades criadas na Europa a partir do século
XII.
Em Portugal, «Ao assinar o
“Scientiae thesaurus mirabilis”,
D. Dinis criava a Universidade
mais antiga do país e uma
das mais antigas do mundo.
Datado de 1290, o documento
dá origem ao Estudo Geral,
que é reconhecido no mesmo
ano pelo papa Nicolau IV. Um
século depois do nascimento
da
nação,
germinava
a
Universidade
de
Coimbra.
Começa a funcionar em Lisboa
e em 1308 é transferida para
Coimbra, alternando entre as
duas cidades até 1537, quando
se instala definitivamente na
cidade do Mondego.»2
As Sete Artes Liberais, figura do Hortus Deliciarum de Herrad
de Landsberg (século XII)1
O Estudo Geral continha as sete artes liberais, que faziam parte da formação
base universitária, composta por dois grupos de disciplinas, o Trivium e o
Quadrivium.
31
O Trivium (três vias), dedicado à
aquisição e desenvolvimento de
competências ao nível do raciocínio,
linguagem e literárias, conferia
disciplina ao intelecto para o estudo
adequado da matéria e do espírito,
era composto pelas disciplinas Lógica,
Retórica e Gramática.
O Quadrivium (quatro vias), dedicado
à aquisição e desenvolvimento de
conhecimento na área científica
ou artes numéricas, era composto
pelas disciplinas Aritmética, Música,
Geometria, e Astronomia/Astrologia
(que na época eram indissociáveis).
Com o domínio destes conhecimentos
basilares para a produção de ideias e
obras devidamente fundamentadas,
o homem estaria preparado para
continuar os seus estudos superiores.
Em astrologia o conhecimento
superior está inserido nos atributos da
Casa 9, onde o Sol tem o seu Júbilo e
embora sendo cadente, é importante
por ser uma casa que observa o
ascendente através de um trígono.
Nessa medida é onde se insere o corpo
de conhecimento da Astrologia, uma
das disciplinas do Quadrivium, assim
como naturalmente também integra
o corpo de conhecimento da Música,
a educação musical nas suas diversas
vertentes.
Mas a Música pode estar em qualquer
local do mapa, especialmente onde
está Vénus e Mercúrio.
Vénus é significador universal de
artes e de músicos e como tal
também da Música nesse contexto;
Mercúrio
será
significador
de
Música no contexto do seu corpo
de conhecimento, aprendizagem,
composição,
comunicação
e
expressão musical. Outros planetas
poderão estar associados a estes, em
contextos vários relacionados com
a Música, nomeadamente a Lua, no
que respeita à expressão sensorial,
emocional.
A Música sempre foi muito importante
e presente na Humanidade, como
tal há inúmeras referências à mesma
nos tratados de Astrologia, seja na
aquisição de conhecimento musical
ou na sua composição ou expressão,
na construção de instrumentos, na
vocação/profissão. Apresento de
seguida alguns exemplos da tradição
astrológica:
Ali bin Ahmad al-Imrani, “Livro das
Escolhas”3
«Sobre a instrução do canto e de outras áreas do entretenimento –
Neste assunto temos que tornar Vénus competente, que ela esteja
numa das suas dignidades e o mesmo para Mercúrio. E fazer com
que ele esteja junto a ela. Também colocar a Lua numa das suas
dignidades, ou em Peixes, separando-se de Mercúrio e aplicandose a uma conjunção com Vénus.
E que o ascendente seja o de uma das dignidades de Vénus. Se o
grau ascendente for uma das dignidades de Mercúrio e Vénus, será
bom, porque isso significará a perfeição do assunto.
Vénus, Mercúrio e a Lua não devem estar cadentes. Contudo, se
a Lua estiver na 9, que é a casa do conhecimento, afortunada e
forte, será bom. Deixa até que os outros fiquem afortunados.
Mas se o regente do ascendente estiver na 9, afortunado e forte,
será bom.
Uma certa pessoa disse que seria necessário para tocar a Lira que a
Lua estivesse em Capricórnio, mas para tocar um tamborim e outros
semelhantes, posicioná-la no final de Leão. Mas para o trompete,
deixa que ela esteja em signos mudos. Contudo, os signos com
voz são bons para eleições de canto e para tocar instrumentos,
especialmente Gémeos e Virgem.4
33
Liber Quartus – XIII – 17 «Mas a Lua nesta situação (…) tocam órgão ou atuam em
pantominas. Alguns são instruídos na dança e no canto. (…)»
Liber Quartus – XIX – 17 «VÉNUS. Vénus como regente do mapa tornará os homens
amáveis, alegres faladores, passando o tempo em constante diversão (…) Serão
nobres e mundanos e sempre rodeados de música.»
Liber Quartus – XIX – 18 «(…)Vénus como regente do mapa em signos deprimidos
produz fabricantes de instrumentos musicais ou pintores que pintam o corpo
inteiro (…)»
Liber Quartus – XXVI – 7 «Mercúrio com Vénus, de noite ou de dia, nos termos
de Vénus ou nos seus próprios termos, farão músicos. O mesmo é indicado por
Mercúrio nos termos de Vénus e vice-versa. Mas, se Vénus estiver nos termos de
Mercúrio, e Mercúrio num signo estranho, ou em termos estranhos, os nativos terão
uma voz musical mas serão, de algum modo humildes ou de classe baixa (…)»
E neste assunto devemos colocar a 9 e o seu regente, competentes.
E se a eleição tiver como intenção um trabalho, será bom ter a 10
competente, que deverá ter-se sempre em conta no início de um
assunto.»2
Firmicus Maternus, Matheseos Libri VIII5
Liber Tertius – XII – 1 «Mercúrio com Vénus no ascendente (…). Serão
músicos, bailarinos, compositores de música; (…)»
Liber Tertius – XII – 17 «As actividades públicas são indicadas
para o nativo que tem Mercúrio e Vénus na décima casa. (…)
Numa ascensão matutina, Mercúrio nesta casa com Vénus fará
compositores musicais, mas destinados ao palco ou a apresentações
públicas. (…)»
Liber Quartus – XIII – 1 «Se a Lua cheia ou crescente se afasta de
Vénus para Mercúrio, os nativos tornar-se-ão (…) por vezes músicos
(…)»
Liber Quartus – XIV – 16 «A Lua cheia indo de Mercúrio para Vénus,
num mapa nocturno, indica elevada posição, actividades famosas
e grande sorte. Alguns tornam-se oradores fluentes, outros poetas,
dotados do divino dom da canção. (…)»
‘Música’, Joos van Wassenhove (século XV)6
35
Abu Bakr al-Hasan ibn al-Khasib, De Nativitatibus7
«Nativos que são Carpinteiros – Quando Marte é aspetado por Mercúrio a partir
da casa da profissão e o signo de sementes e coisas nascidas da terra, o nativo
será um carpinteiro ou de uma profissão que trabalhe com madeira e ferro. E se
Vénus os aspetar, o nativo será um construtor de trompetes, flautas ou cítaras, e
de instrumentos semelhantes (…)»
Nestas citações encontramos um conjunto de configurações que envolvem especialmente Vénus, Mercúrio e Lua, que procurarei ilustrar com apontamentos
simples em dois exemplos.
Amália Rodrigues e Carlos Paredes são dois nomes incontornáveis da música portuguesa, expressaram de forma única a sua musicalidade, e deram um contributo inestimável para fazer do Fado aquilo é hoje.
Foi uma estranha forma de vida porque eu não fiz nada por ela, foi por vontade
de Deus, não é? “Que eu vivo nesta ansiedade, que todos os ais são meus que
é tudo minha a saudade, foi por vontade de Deus”. Já isto fiz com trinta anos!
Quer dizer já eu pressentia que tinha sido Deus que me tinha feito o destino, que
me tinha marcado o destino, que me deu uma natureza para a qual eu nasci, ...
nasci com esta obrigação de cantar fado! Ou foi o fado que fez isto! O fado é
destino, portanto deu-me este destino a mim!
Amália Rodrigues8
Quando eu morrer, morre a guitarra
também. O meu pai dizia que, quando
morresse, queria que lhe partissem a
guitarra e a enterrassem com ele. Eu
desejaria fazer o mesmo. Se eu tiver de
morrer.”
Carlos Paredes9
Cada natividade é única, mas podemos encontrar semelhanças importantes que
indicam como a música, a sua composição e expressão, estão intimamente ligadas à pessoa e à sua vocação, tendo ambos vivido na música e para a música.
Amália Rodrigues tem uma base Fleumática/Colérica, com qualidades contrárias, que lhe confere uma natureza temperamental, oscilante, variando entre estados mais reservados, pessimistas e de alguma passividade e outros de grande
entusiasmo, extroversão e dinamismo.
Carlos Paredes tem uma base Melancólica, que lhe confere uma natureza reservada, concentrada e profunda, eficiente e dado ao pessimismo, complementado e suavizado por um toque sanguíneo, mais sociável e extrovertido, mas que
não é a sua expressão dominante.
37
Têm ambos mapas noturnos, o que destaca a importância da Lua, como
luminar da hora, uma intensidade emocional e profundidade mais marcadas.
Encontramos também em comum a conjunção estreita de Vénus/Mercúrio
em signos masculinos e diurnos, demonstrando visibilidade na expressão, e em
modo fixo, indicando conservadorismo e enorme tenacidade. Em ambos, esta
conjunção recebe um aspeto aplicativo da Lua, aliando emoções, sensibilidade
e profundidade ao conjunto. O ‘nosso’ conjunto musical.
O que reforça sobremaneira a importância das configurações descritas
envolvendo Vénus/Mercúrio/Lua é o facto de incluírem ambas o regente do
ascendente, o significador da pessoa e responsável pela realização da sua
motivação primária que, em ambos, acontece na casa 5, a casa da criatividade,
dos espaços de entretenimento, do palco. É onde está a Lua no caso de Amália
Rodrigues, regente de Caranguejo e onde está Mercúrio no caso de Carlos
Paredes, regente de Virgem.
É também comum aos dois mapas uma ligação entre a casa 9, onde vimos estar
inserido o corpo de conhecimento da Música, e a pessoa. Carlos Paredes tem o
regente da casa 9, Vénus em conjunção estreita com o regente do ascendente,
Mercúrio, e Amália tem o regente da casa 9, Saturno em sextil com o regente do
ascendente, Lua, e também em sextil com o ascendente.
Em ambos os casos temos Marte e Saturno ligados à configuração Vénus/
Mercúrio/Lua, sendo cada um deles o dispositor do regente do ascendente, e
unidos por aspeto, Lua em conjunção com Marte, seu dispositor e em sextil com
Saturno, no caso de Amália; e no caso de Carlos Paredes, Mercúrio em quadratura
com Marte e Saturno, sendo o último dispositor de Mercúrio. Isto é significativo na
expressão de ambos e uma forte razão para ser o Fado e não outra expressão
musical mais leve. Saturno adiciona profundidade, tristeza, melancolia, Marte
intensidade e rotura, um conjunto que torna a expressão musical ‘pesada’, por
vezes angustiante.
Carlos Paredes ficou conhecido como o “homem dos mil dedos”, significado por
Mercúrio, que rege um ascendente Virgem, é a expressão da concentração, do
detalhe e da precisão.
Amália Rodrigues ficou conhecida como a “Rainha do Fado”, significada pela
Lua (a rainha da noite), que rege um ascendente Caranguejo, é a expressão da
emoção profunda, da intensidade e da saudade.
Qual movimento perpétuo10, a guitarra de Paredes, a voz da Amália, o Fado,
continuam a envolver-nos…mesmo que o Fado não fosse ainda Património
Imaterial da Humanidade.
NOTAS
◘ 1 Imagem daqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_liberais#/media/File:Septem-artesliberales_Herrad-von-Landsberg_Hortus-deliciarum_1180.jpg, acedido em 4/4/2015
◘ 2 http://www.uc.pt/sobrenos/historia, informação do website oficial da Universidade
de Coimbra, acedido em 4/4/2015
◘ 3 Tradução do inglês “The Book of Choices” pág. 223-224 “Choices & Inceptions:
Traditional Electional Astrology”, Benjamin Dykes, 2012. Encontram-se instruções
semelhantes sobre o mesmo assunto na pág. 353 deste livro, desta vez de acordo com
os escritos de outro autor, Ali bin Abi al-Rijal, Livro VII: Sobre Eleições.
◘ 4 Classificação dos signos quanto à voz: - Voz Forte: Carneiro, Touro, Gémeos, Leão,
Balança e Sagitário; Voz Média: Virgem, Capricórnio e Aquário; Mudos: Caranguejo,
Escorpião e Peixes
◘ 5 Edição da Biblioteca Sadalsuud, Tradução CMM, QHP
◘ 6 Imagem daqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_liberais#/media/File:Musica_
wassenhove.jpg, acedido em 4/4/2015
◘ 7 Tradução do inglês pág. 305-306 do livro “Persian Nativities Volume II: Umar Al-Tabari
& Abu Bakr”, Benjamin Dykes, 2010.
◘ 8 website oficial de Amália Rodrigues, http://www.amalia.com/main.htm, acedido em
7/4/2015
Imagem de Amália Rodrigues http://www.bordado-madeira.com/oliveirasbordados.
com.pt/images/stories/amalia-rodrigues-foto.jpg, acedido em 7/4/2014
Fonte de dados de Nascimento de Amália Rodrigues: Certidão de Nascimento
◘ 9 http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Paredes, acedido em 7/4/2014
Imagem daqui: http://i.ytimg.com/vi/s2TLCGcj6y8/maxresdefault.jpg, acedido em
7/4/2015
Fonte de dados de Nascimento de Carlos Paredes: Certidão de Nascimento
◘ 10 Segundo álbum (disco) de Carlos Paredes. “Movimento Perpétuo era o som de
um perfeccionista em controlo absoluto, capaz de construir delicadas filigranas de
improvável sustentação, sem nunca perder de vista a economia” em http://pt.wikipedia.
org/wiki/Carlos_Paredes, acedido em 7/4/2015
◘ 11 Imagem daqui: http://www.museudofado.pt/fotos/img_ambiente/banner_fado_
site_destaque_0521602001322654587.jpg, acedido em 7/4/2015
39
Nascido em maio de 1948, em Lisboa, ensinou e
praticou Astrologia entre 1978 e 2001, tendo voltado
à atividade em 2014. Tem 27 livros publicados,
quatro dos quais na área da astrologia: CRÓNICA
DA INCRÍVEL HISTÓRIA DO PATINHO (original de 1994,
publicado em 2015), DICIONÁRIO DE ASTROLOGIA
(3ª reedição em 2014), OS 12 ESTADOS DO SER
(Prosa/poesia astrológica, Ed. Nova Fronteira, Rio de
Janeiro, 1993), A ASTROLOGIA NOS DOZE POEMAS
DE “MAR PORTUGUÊS” DO LIVRO “MENSAGEM” DE
FERNANDO PESSOA (1989, não publicado).
Por: Vitorino de Sousa
Membro N.º168
www.sistemaanura.com
“OS PLANETAS”
DE GUSTAV HOLST
E OUTRAS SUGESTÕES PARA
ILUSTRAR, MUSICALMENTE, AS
AULAS DE ASTROLOGIA
Gustav Holst é um compositor inglês (de origem sueca por parte do pai), nascido
a 21 de setembro de 1874, às 16:24, em Cheltenham, pequena cidade a noroeste
de Londres, numa família que cultivava os ambientes musicais, já que o seu
pai era pianista e professor de música. Segundo os seus biógrafos, tinha uma
personalidade forte e denotava uma notável originalidade, características bem
evidentes no seu Saturno angular ao ascendente Aquário, que recebe também
a Lua, igualmente angular mas na Casa 12. Tocou, como primeiro trombone, em
algumas orquestras e na Ópera Escocesa, tendo sido, posteriormente, organista
da Ópera Real de Londres. Contudo, dedicou-se principalmente ao ensino e à
composição. Era um homem tímido que não se sentia bem com a fama nem nos
ambientes de convívio social, preferindo compor e ensinar (Sol em Virgem na
ponta da Casa 8, reforçado pelo stellium Lua/Asc/Saturno). Não admira que se
tenha interessado pela filosofia oriental e composto diversas partituras com textos
hindus, que ele próprio traduziu (tendência saturnina) e feito arrojadas experiências
no campo da harmonia (tendência aquariana), tenho acabado por estabilizar,
segundo os especialistas, num estilo austero (novamente Saturno). Outro dos seus
interesses - a Astrologia -, originou a obra que haveria de o imortalizar: “Os Planetas”
Op. 32, escrita entre 1914 e 1916. Nesta suite (composição com diversas partes
independentes) Holst, baseando-se na mitologia romana e usando “ambientes
sonoros”, ritmos, melodias e instrumentação contrastante, descreve a natureza
das vibrações planetárias. O resultado, do ponto de vista da minha sensibilidade,
é notável. Nela não constam, porém, a descrição do Sol, da Lua e de Plutão. No
caso do Sol e da Lua trata-se, evidentemente, de uma opção do compositor; no
caso de Plutão, a situação é diferente, pois só foi descoberto em 1930. A suite “Os
Planetas”, Op. 32 - um marco da música expressionista - é, assim, constituída por
7 secções, respeitando a seguinte ordem:
41
1 ◘ Marte – O Mensageiro da Guerra
Nesta secção, usando um evidente tom marcial e ameaçador, o
compositor apresenta uma forte variação dinâmica, caracterizada
pela repetição da mesma ideia rítmica, refletindo o ímpeto insistente
de Marte. Os últimos compassos são especialmente reveladores
desta beligerância, através da repetição obstinada de um mesmo
acorde: a sugestão das investidas de Carneiro (marrando no mesmo
sítio!) é inequívoca. Outra peça que evoca os ambientes guerreiros
de Marte é trecho final da suite “Os Pinheiros de Roma”, composta
em 1924, na qual o compositor Ottorino Respighi (9 de julho de 1879,
1:45, Bolonha, Itália), descreve os pinheiros em 4 cenários diferentes:
1) Os da vila Borghese; 2) Os das catacumbas; 3) Os de Janiculum; 4)
Os da Via Ápia. Neste último trecho, perante um poderoso crescendo
que transmite a sensação de aproximação, somos levados a visualizar
as temíveis legiões romanas, triunfantes, acercando-se de Roma.
O final fortíssimo, épico, glorioso, empolgante, é bem ao gosto do
Portador da Espada! Veja no final deste artigo, as ligações para as
composições referidas neste trabalho.
2 ◘ Vénus – O Mensageiro da Paz
Depois da suada turbulência marciana, esta secção logo nos
transmite serenidade e placidez, lirismo e paz. É o reino do amor posto
em música de uma forma inspirada, através de um ritmo embalador,
belíssimo e tranquilizante. Ampliando um pouco o conceito, é um
hino à Mãe Terra (ANURA). Seria arriscado dizer que esta “Vénus” é
a secção mais bem conseguida, já que todas são magníficas; mas
é, sem dúvida, a mais bela. Não admira, se repararmos, no mapa
do compositor, na sua Vénus/Escorpião, culminando no Meio do
Céu! Voltando a Respighi, também ele nos traz, nos seus “Pinheiros
de Janiculum” um ambiente embalador, bucólico e sereníssimo,
homenageando ANURA – a Grande Mãe. O trecho culmina com
o canto de um rouxinol, suportado por um pianíssimo da orquestra.
Imperdível!
43
3 ◘ Mercúrio – O Mensageiro Alado
A terceira parte desta composição aborda Mercúrio, o regente do
terceiro signo, Gémeos. Mercúrio, segundo a mitologia, usava um
capacete com asas, e, nos tornozelos, aplicações igualmente com
asas do mesmo estilo. Assim, se Mercúrio voava (não se percebe
como, dada a natureza dos artefactos, mas a mitologia tem desta
coisas), claro que era irrequieto como a aragem que, uma vezes
amena, outras refrescante, sopra durante a primavera, tempo
de vigência de Gémeos. E a saltitante música de Holst reflete isso
mesmo, sugerindo um rodopio leve e brincalhão, por vezes patusco.
É quase uma dança de adolescentes cheios de energia.
4 ◘ Júpiter – O Mensageiro da Alegria
Este é, talvez, o trecho mais conhecido desta suite, uma vez que tem
vindo a ser utilizado em diversas situações (inclusive em publicidade)
já que nos transmite uma sensação inequívoca de “coisas do
espaço”. Além disto, e fazendo jus ao facto de ser aqui considerado
o “Mensageiro da Alegria”, a ambiência é, realmente, optimista,
épica, poderosa e empolgante. Não admira, pois estamos a falar de
Zeus, o Maior. Se, algum dia, um líder uma civilização extraterrestre
conseguir ser recebido no anfiteatro da ONU, decerto o mestre de
cerimónias fará questão de sublinhar a ocasião com este trecho
musical!
5 ◘ Saturno – O Mensageiro da velhice
A seguir a Júpiter vem Saturno; depois da alegria e da extroversão,
a moderação e a parcimónia. E a música assim o denota através
de um ritmo vagaroso, que remete para as dificuldades dos que
se encontram entre o segundo e o terceiro retorno de Saturno. Os
primeiros compassos fazem lembrar o tique-taque de um metrónomo,
regulado para um ritmo lento1. Esta sugestão é muito oportuna,
porque, para os Gregos, este planeta era Cronos, o Senhor do
Tempo. Portanto, regente dos rimos e dos ciclos. A composição tem
passagens inequivocamente sombrias e pesadas. O final, no entanto,
transmite-nos a serenidade típica das pessoas que, por terem vivido
bem os desafios do “seu” Saturno, chegam ao fim da vida maduras
(serenas) e não velhas (azedas). O Saturno angular no ascendente
do mapa natal de Holst, em quadratura a Vénus em Escorpião
angular no Meio do Céu, decerto lhe colocou bastante desafios. Se
Holst tivesse chegado aos nossos dias (infelizmente faleceu em 1934
com 59 anos), decerto lhe recomendaríamos o Elixir de Saturno nº 2
– “Serenidade” para ajudar a equilibrar a situação!2
6 ◘ Urano – O Mágico
Respeitando a alternância de polaridades, chega o regente do
surpreendente e imprevisível Aquário. O compositor, que tinha
este signo no ascendente, não sente dificuldade em usar pausas
inesperadas e expulsões orquestrais impactantes. De vez em
quando surge a representação dos torvelinhos típicos do Elemento
Ar, como se súbitos remoinhos viessem cruzar o cenário. O naipe de
metais e os timbales fazem vibrar os tímpanos do ouvinte, como se
quisessem despertá-lo do marasmo, libertá-lo dos condicionamentos
da mesmice rotineira, dos trilhos (hábitos, crenças) já sobejamente
percorridos. Estamos, portanto, no reino do “comigo não se brinca”.
E isso é afirmado de uma forma musical muito perentória. É, sem
dúvida, a representação musical de uma vibração que ultrapassa
a nossa condição humana. As sensações desencadeadas pela
audição podem ser bastante perturbadoras, por nos apercebermos
de que, afinal, não controlamos nada. De facto, a surpresa pode
acontecer de um momento para o outro!
7 ◘ Neptuno – O Místico
Finalmente, chegamos à energia que rege o último signo do zodíaco.
Neste trecho, Holst explora o pianíssimo com enorme habilidade.
Parece “uma música de outro mundo”, do espaço profundo onde,
às tantas, surge um coro de vozes femininas articulando um único
som. Ou seja, o canto não tem palavras, como se o compositor nos
quisesse dizer que o insondável e a eternidade são indescritíveis.
Grande parte da música desenrola-se numa série modulações, liberta
das fronteiras impostas pela necessidade de dar princípio e fim às
frases musicais, Os sons fluem, imprecisos, flutuantes, etéricos. Umas
das excepções melódicas é uma passagem tocada pelos registo
graves do naipe das cordas, que nos transmite uma sensação de
profundidade que tanto pode remeter para a escuridão dos confins
do sistema solar (Neptuno astronómico), como para a profundeza
dos oceanos (Neptuno mitológico). A peça caminha para o final
através de um decrescendo místico, até se apagar no silêncio
longínquo do caos do Ovo Cósmico. Aqui, Holst decerto foi inspirado
pela sua quadratura de Neptuno à Lua na Casa 12.
45
A suite ”Os Planetas” é, portanto, um trabalho que os professores
de astrologia bem podiam usar nas suas aulas, para ilustrarem, de
uma forma aquariana, os ensinamentos sobre as energias destes
planetas.
SUGESTÕES DE AUDIÇÃO
Qualquer das composições citadas tem inúmeras versões, disponíveis
no YouTube. Sugiro aquelas que me parecem de excelente
qualidade.
G. HOLST: OS PLANETAS
Marte: https://www.youtube.com/watch?v=TQwGTe_MueM
Vénus: https://www.youtube.com/watch?v=fc5cimL-wL8
Mercúrio: https://www.youtube.com/watch?v=CilfBWvCSXI
Júpiter: https://www.youtube.com/watch?v=L6NopU9K_8M
Saturno: https://www.youtube.com/watch?v=R23xW7xpm-Y
Urano: https://www.youtube.com/watch?v=lGfwxpuY2jY
Neptuno: https://www.youtube.com/watch?v=ZQQGi4gN6gI
Suite completa: https://www.youtube.com/watch?v=83J68Y7Z1nk
O. RESPIGHI: OS PINHEIROS DE ROMA
◘Os
Pinheiros
de
Janiculum:
https://www.youtube.com/
watch?v=L4k45YTpnx4
◘Os Pinheiros da Via Ápia: https://www.youtube.com/watch?v=OC_
FqirhYaQ
◘Suite completa: https://www.youtube.com/watch?v=d7FIWIVeGqI
Já se disse que a suite “Os Planetas” não contempla a descrição
musical do Sol, da Lua e de Plutão. Pessoalmente, costumo sugerir:
◘ Para o Sol, “No Paraíso” (G. Foure): https://www.youtube.com/
watch?v=lPca88LPARI
◘ Para a Lua, “Clair de Lune” (C. Debussy); https://www.youtube.
com/watch?v=tNoSB1E7tYE
◘ Para Plutão, “Adágio” (S. Barber): https://www.youtube.com/
watch?v=BV37qZki31U
REFERÊNCIAS
◘ 1 Segundo a Wikipédia: “O metrónomo é
um relógio que mede o tempo andamento
musical. O metrónomo mecânico consiste
num pêndulo oscilante cujas oscilações,
reguladas pela distância de um peso na
haste do pêndulo, podem ser mais lentas ou
mais rápidas, sendo que a cada oscilação
corresponde um tempo do compasso. Há
também metrónomos eletrónicos, em que
cada tempo do compasso é indicado pelo
piscar de um LED e por um som eletrónico.”
◘ 2 Se houver oportunidade, no número de
Outono apresentaremos um artigo sobre os
“Elixires de Saturno”, do Sistema Anura (www.
sistemaanura.com).
47
Luiza Azancot dedica-se ao estudo e prática da
Astrologia a tempo inteiro desde 2001. Tendo vivido
nos EUA, foi aí que obteve o título de Consulting
Astrologer NCGR IV. Tem uma abordagem
psicológica e arquetípica bem patente no seu livro
“Diário de uma Astróloga”.
É também especialista em Astrocartografia.
Por: Luiza Azancot
Membro N.º15
www.luizaazancot.com
JOHN LENNON E
PAUL MCCARTNEY
A ALMA DOS BEATLES
Um ex-editor do Rollingstone Magazine compara os Beatles a Picasso com
sendo artistas que romperam as limitações da sua época para atingirem
algo que é único e original. Da mesma maneira que continuamos a
apreciar a pintura de Picasso, quarenta e cinco anos depois de os
Beatles terem estado em público pela última vez continuam no top da
popularidade. Este artigo tem por objetivo analisar astrologicamente a
parceria criativa de John Lennon com Paul McCartney, a essência da
popularidade dos Beatles.
UM POUCO DE HISTÓRIA
O encontro de John Lennon e Paul McCartney deu-se em Julho de 1957,
mudou a vida de ambos, foi a génese de uma cumplicidade artística
entre eles e a génese do conjunto mais célebre do mundo. John e
Paul foram os vocalistas principais e compositores da maioria das suas
produções.
John Lennon foi abandonado pela Mãe em casa de uma tia, e só mais
tarde é que percebeu com grande choque que a senhora chamada
Julia que morava ali perto era a sua Mãe. Nunca conviveu com o Pai,
foi criado em casa da tia, onde em termos materiais, não lhe faltou
nada. Viviam numa casa suburbana, confortável, John ia para a escola
bem vestido, tinha uma boa mesada, mas a sua educação incluindo a
educação musical foi bastante descurada.
Os pais de Paul McCartney eram consideravelmente menos abonados,
viviam em bairros piores, em habitações subsidiadas pelo Estado. Em
compensação a sua educação musical foi cuidada e quando se
conheceram, Paul era capaz de tocar três instrumentos. Depois de se
conhecerem Paul comentou abismado que John este tinha recebido £
100 como presente de anos, quantia inimaginável para Paul.
Ambos nasceram e cresceram em
Liverpool e foi no liceu, Quarry Bank
School, que se conheceram. John
tinha formado com outros colegas
um conjunto “The Quarrymen”
e
tentavam tocar nos bares e nas festas
das redondezas. Paul quis juntar-se ao
grupo e John, apesar de ser mais velho
quase dois anos, o que aos 16 é o
enorme diferença, ficou impressionado
com os dotes musicais de Paul e
aceitou-o. Paul ensinou John a tocar
guitarra o que se revelou um processo
difícil porque era canhoto e o John
não, mas deu-lhe a educação musical
que lhe faltava.
Em Fevereiro de 1958 George Harrison
junta-se ao grupo por insistência da
Paul, e com algumas reservas de John,
pois George era ainda mais novo do
que Paul. Vão tocar numa espelunca
em Hamburgo no Verão e continuam
a sua atividade na zona de Liverpool,
frequentando John agora já a
Universidade. O nome “Beatles” surge
em 1960.
Em 1961 uns miúdos entram numa loja
de discos e perguntam ao vendedor
se tinham algum disco dos Beatles.
O promotor Brian Epstein houve a
pergunta e decide ir procurá-los e vai
a Liverpool. O encontro com Epstein
dá-se em Novembro de 1961, tornase manager dos Beatles em Janeiro
de 1962, gravam o primeiro disco de
forma profissional em Junho de 1962,
mas Epstein não está satisfeito com a
qualidade do baterista. O disco não é
lançado, procuram um novo baterista
e Ringo Starr junta-se aos Beatles em
Setembro. Gravam “Love me do” como
os 4 Beatles que ficaram famosos, creio
que para sempre.
49
Em Outubro de 1962 vão tocar à
Suécia e quando regressam ao
aeroporto de Heathrow, para
surpresa deles, foram acolhidos por
centenas de fãs aos gritos. Tinha
nascido a era da Beatlemania!
Seguem-se repetidos sucessos, uma
série de concertos nos EUA em 1964
que ficou famosa, e onde se deu o
encontro com Bob Dylan que lhes
mostrou o poder de cannabis e onde
a música de Beatles ficou dylanesca
e a de Dylan beatletizada.
Os anos de 1965 a 1969 foram os
anos mais importantes com álbuns e
filmes inesquecíveis.
A filmagem da última performance
dos Beatles deu-se no telhado da
Apple Corp., em Londres a 30 de
Janeiro de 1969. A 20 de Agosto estão
em estúdio juntos para gravarem
Abbey Road e a 20 de Setembro
John informa os outros da sua
decisão de prosseguir uma carreira
a solo mas que não tornará pública
a sua decisão imediatamente para
não prejudicar o sucesso do disco,
mas fá-lo em Abril de 1970.
Os Beatles existiram somente
durante 10 anos mas afirmaramse como o conjunto mais influente
da era rock, e em termos sócio
culturais a personificação dos ideais
de revolução e inovação desta
geração, isto é da geração da
conjunção Úrano / Plutão.
Em 1970 os 4 ex-Beatles gravam discos solo com diferentes graus de
popularidade, John Lennon é assassinado em 1980, George Harrison
morre com um cancro dos pulmões em 2001, Ringo Starr e Paul
McCartney tem mantido uma carreiras ligadas à música mas são para
sempre conhecidos põe ex- Beatles.
JOHN LENNON E PAUL MCCARTNEY EM 1957
Que energias estariam a operar quando se deu este encontro,
aparentemente fortuito, no âmbito de um conjunto de jovens do liceu –
John com 16 e Paul tinha acabado de fazer 15 – que mudou a música
ligeira para sempre? O que é que atraiu estes dois adolescentes?
Sinastria entre John e Paul
Entre estes dois temas estão presentes alguns elementos que demonstram
compatibilidade:
◘ Sol trígono ao Sol – por signo
◘ Vénus trígono a Vénus – por signo
◘ Marte sextil a Marte – exato – um diz mata e o outro esfola
◘ Dado os movimentos diretos e retrógrados dos planetas lentos, têm
Plutão no mesmo grau e Neptuno a um grau de diferença.
◘ Ambos têm pouquíssima água e predominância de signos yang
Mas para dois artistas isto só não chega, vejamos Vénus mais
atentamente:
◘ A Vénus de Paul está conjunta ao meio ponto do stellium em Touro de
John
◘ A Vénus de John está conjunta à Cabeça do Dragão de Paul
Paul deve-se ter sentido atraído pelo grande carisma de leader do grupo.
O tema de Paul apresenta preponderância de mutabilidade enquanto
que o de John, com o Sol e Marte Balança, Ascendente em Carneiro e o
MC em Capricórnio assume cardinalidade. É fácil ver John como o leader.
Além disso tem uma conjunção Neptuno Marte que se revelou mais tarde
na sua vida pela capacidade de tomar posições combativas na defesa
dos seus ideais, mas aos 16 anos, simplesmente seduzia. Paul foi apanhado
na rede de John.
E o inverso? Porque é que John se sentiu atraído por um miúdo mais novo,
se bem que mais competente musicalmente não era nenhum génio, e
cujo meio social era considerado como inferior ao seu (pelo menos pela
família de John)?
O abandono de John pela sua mãe, encontra-se simbolizado pela
oposição da Lua à conjunção Plutão / Quíron em quadratura a Mercúrio.
A Lua é de tremenda importância no tema de John pois constitui a pega
“do balde” nos padrões comportamentais de Marc Edmund Jones. Uma
terrível ferida emocional que o perseguirá toda a vida, pois sem uma Lua
funcionante o resto do tema, o resto da sua personalidade tem dificuldade
de expressão.
Na época em que estes dois se encontraram a Lua de John estava
extremamente frágil. Tinha passado e estava a passar por trânsitos difíceis,
confusos, destabilizantes: Úrano tinha acabado de fazer a última passagem
de uma oposição à Lua e Neptuno estava a ativar por quadratura a
oposição Lua a Plutão / Quíron. Neptuno por trânsito na casa 7 estava
a pedir um “salvador”. ”. E Paul encarna esse papel ajudando John a
tocar decentemente guitarra (até aí John tocava guitarra como quem
toca banjo), mostrando-lhe a possibilidade de uma vida mais luminosa e
alegre e sobretudo, representado pela Vénus em Touro de Paul conjunta
ao meio ponto do stellium dos retrógrados Saturno, Júpiter e Úrano de
John, a certeza que este não o abandonará, o que lhe dá uma tremenda
segurança emocional. Efectivamente Paul nunca abandonou John, nem
durante os seus acessos de raiva em Hamburgo, nem durante os mergulhos
nas drogas. Foi John que abandonou a parceria artística com Paul, foi
John que abandonou os Beatles numa época em que já tinha começado
um relacionamento com Yoko Ono depois de trair a sua primeira mulher
Cynthia.
O início desta parceira de compositores está marcada pelo trânsito de
Júpiter ao Neptuno natal de John e Paul e doze anos depois quando
Plutão passa em trânsito pelo mesmo grau, termina. Contudo esta análise
fica mais clara com a interpretação da carta composta.
A CARTA COMPOSTA DE JOHN E PAUL
Sem querer minimizar o papel de George Harrison como guitarrista e o
brilhantismo de Ringo Starr como baterista, a alma, a inspiração dos
Beatles vem da parceria John e Paul e por isso faz sentido analisar a carta
composta só destes dois.
51
Existem duas grandes correntes para estabelecer uma carta composta: a clássica
que é calculada com os pontos médios de cada planeta num local também entre
os dois locais de nascimento e a técnica de Davison, calculada para um ponto
no espaço (neste caso irrelevante pois ambos nasceram na mesma cidade) para
a data que representa o ponto médio entre as respetivas datas de nascimento.
Tenho experimentado utilizar ambas técnicas e consistentemente tenho obtido
melhores resultados com a técnica de Davison aqui demonstrada pela história
do relacionamento de John e Paul.
Em 1960 quando os Quarrymen passam
oficialmente a chamar-se “Beatles”,
Úrano por trânsito faz uma conjunção
ao Sol da carta composta indicando
uma total mudança de identidade.
Os anos de maior produção artística
de 1965 a 1969 estão sob a égide da
conjunção Úrano / Plutão, em 65/66
temos que ter em conta a influência
adicional de uma oposição de Saturno
o que torna a música do Beatles
verdadeiramente contra corrente e
revolucionária. Os últimos anos desta
faixa veem a conjunção Úrano / Plutão
a influenciar diretamente os planetas
de casa 2 da carta composta: Vénus,
Cabeça de Dragão e Neptuno e a
dar ao mundo as grandes obras Sgt.
Pepper’s Lonely Hearts Club Band,
Magical Mystery Tour, Yellow Submarine,
Let it be e Abbey Road. Tornam-se
também extraordinariamente ricos….
John que na sua carta natal tem Vénus e o Sol sem aspetos ptolemaicos (aspetos
maiores a outros planetas) na carta composta com Paul tem agora os dois
planetas expressão da criatividade e da produção artística bem integrados: o
Sol com aspetos a Mercúrio, Marte e Saturno e Vénus com aspetos a Saturno e
Neptuno o que se pode resumir como o dar forma à inspiração.
John também tem na sua carta natal a nefasta estrela Algol conjunta ao seu
Úrano, como muitas pessoas nascidas nesta época da II Guerra Mundial. Na
carta composta Algol já não está presente. Todo um artigo poderia ser escrito
sobre os efeitos de Algol na vida de John Lennon mas está fora do âmbito deste
número dedicado à música.
As cartas compostas leem-se como qualquer outra carta só que neste caso
estamos a falar da imagem de um relacionamento que começou em Julho de
1957 e acabou em Setembro de 1969. Tem um princípio e um fim.
Já sabemos que começou sob os auspícios de Júpiter no Neptuno de ambos,
que evidentemente na carta composta está na mesma vizinhança, mas ganhou
muito mais importância porque está agora em conjunção à Cabeça do Dragão
e a Vénus – os dotes musicais e poéticos desta parceria estão desencadeados.
Em Setembro de 1969, Úrano já tinha
entrado no signo de Balança acionando
o Marte natal de Lennon por conjunção,
simbolizando a necessidade de afirmar
a sua individualidade, talvez de uma
forma irrefletida e precipitada e larga o
grupo e a parceria. Plutão está agora a
ativar a Cabeça do Dragão e Neptuno
da carta composta indicando que a
o relacionamento entre John e Paul,
assim como a sua produção artística
conjunta terminou.
Durante o período em que trabalharam 53
juntos compuseram 180 canções na
sua maioria gravadas pelos Beatles.
Ambos compunham a letra e a música
indiscriminadamente
ao
contrário
da maioria dos compositores que
privilegiam ou um ou outro lado
da composição.
John declarou
numa entrevista em 1980 sobre o
funcionamento da parceria “Paul
trazia leveza, um otimismo, enquanto
eu ia sempre para a tristeza, para as
discórdias, para as notas dos blues”.
PÓS BEATLES
John ainda nos deixou um memorável
Imagine gravado em 1971 com Úrano
por trânsito na Cabeça de Dragão mas
o seu trabalho musical nos anos até à
sua morte foi de pouca importância
apesar das suas posições politicas, a
vida conjugal com Yoko e o nascimento
do seu filho terem enchido as páginas
dos jornais.
Paul McCartney, agora com 73 anos,
continuou a compor, a atuar ao
vivo com sucesso em tem tido uma
longuíssima carreira. Ocasionalmente
fez parcerias com outros artistas, por
exemplo Stevie Wonder que deram
clássicos como “Ebony and Ivory”.
Apesar de na parceria com John ter
assumido que a liderança pertencia
a este último, na sua vida soube
adaptar-se e viver o destino brilhante
de um Sol conjunto ao MC e a Júpiter.
Com certeza que a criatividade e o
génio artístico de John tiveram uma
influência determinante na sua carreira
como simbolizado pela Vénus de John
estar conjunta à Cabeça do Dragão
de Paul.
John precisava muito mais de Paul do
que este precisava de John, mas Paul,
sem o encontro com John não teria sido
o Sir Paul McCartney que conhecemos
hoje.
55
CONCLUSÃO
Numa carta escrita em Novembro de 1958 a R. Kroon Carl Jung
disse “A astrologia é uma ferramenta útil somente quando é usada
inteligentemente. Não é de todo à prova de falhas e, quando utilizada
por uma mente racionalista e estreita, é mesmo um estorvo”.
A utilização das cartas compostas e das técnicas de sinastria na análise
de um relacionamento, quer seja amoroso ou de parceria importante,
devem ser sempre vistas à luz das indicações dos temas natais dos
participantes.
BIBLIOGRAFIA
◘ http://edition.cnn.com/2009/
SHOWBIZ/Music/09/04/beatles.999/
index.html
◘ http://en.wikipedia.org/wiki/The_
Beatles
◘ http://en.wikipedia.org/wiki/
Lennon%E2%80%93McCartney
◘ The Beatles Anthology, Apple
Corps, London, Casell & Co, 2000
◘ Temas obtidos na Clifford file do
programa Solar Fire
57
Graduada em Direito pela Universidade de
São Paulo – USP, pós-graduanda em Psicologia
Transpessoal e terapeuta integrativa especializada
em Craniossacral e cura de trauma (Somatic
Experiencing®). Dedica-se ao estudo da Astrologia
desde 1986. Iniciou seus trabalhos em parceria com
psicólogas, conciliando a abordagem astrológica
como excelente auxiliadora de diagnósticos
precisos e sensíveis. A partir daí desenvolveu uma
linha de trabalho humanista e integrativa.
Por: Daniela Rossi
Membro N.º137
www.casadosoloripa.com.br
59
No entanto, a técnica a seguir
exemplificada
continua
me
surpreendendo, pois sendo o Mapa
Natal a semente primordial e base
fundamental para todas, sempre
poderemos encontrar na própria
carta de nascimento, sem muitas
complicações ou cálculos complexos,
os indícios e as datas dos principais
eventos que se desenvolverão ao
longo de uma existência.
Brincar com os graus planetários dentro
de uma carta natal é uma das formas
mais impressionantes de se observar a
precisão astronômica do simbolismo
contido no mapa e com a qual aprecio
sobremaneira trabalhar. Sendo assim,
nas linhas abaixo decifraremos a vida
ATÉCNICA DOS
GRAUS PLANETARIOS
CONTIDOS NA VIDA E
OBRA DE AMADEUS
Mozart c. 1780, detalhe do retrato
de Johann Nepomuk della Croce
Não há como não se lembrar de Mozart quando o tema a ser pesquisado é a
Musica. Claro, numerosos são os artistas que, ao longo da história, contribuíram
para o desenvolvimento da indústria fonográfica e trouxeram inovações para sua
época dentro deste tema. Mas, genialidade neste terreno é coisa para poucos...
E, em se tratando de genialidade e inovação dentro de um terreno conservador
e tradicional como a musica Clássica, certamente não haveríamos de esquecer
a prodigialidade deste menino!
Pensando sobre essa originalidade lembrei-me de uma técnica pouco difundida
nos livros astrológicos, e que continua me espantando, pois a cada leitura em
que a utilizo, sua precisão e simplicidade sempre se confirmam.
Ora, inúmeras são as técnicas preditivas que um astrólogo pode dispor ao decidir
discorrer sobre um mapa astral. Na verdade, cada uma delas - Revolução Solar,
Revolução Lunar, Trânsitos, Progressões, Firdaria, Profecção, entre outras - têm seu
mérito e eficácia e nenhuma deve ser descartada. Além do mais, a comparação
entre as mesmas torna uma predição muito mais certeira e acurada.
de Wolfgang Amadeus Mozart a partir dos graus
planetários de sua própria carta natal para
exemplifica-la.
Vale lembrar que a análise abaixo está focada
muito mais na comparação de acontecimentos
já descritos em varias de suas biografias com
as idades contidas no seu mapa natal, do que
no desenvolvimento de uma interpretação
psicológica da mesma. Portanto, irei me ater
principalmente aos fatos.
Muito bem, este Aquariano aqui mencionado
já cumpriu sua promessa SOLAR desde muito
cedo, ao iniciar seus estudos musicais tão
precocemente. Dizem que seu pai reconheceu
seu talento já aos 4 anos de idade, qualidade
típica de um filho de Hermes já que Gêmeos
ocupa a cúspide de seu Meio do Céu (imagem
pública) e Mercúrio, seu regente, encontra-se na
5, da auto expressão conjunto ao Sol. Mercúrio,
a 8 graus de Aquário, significador de habilidades
manuais e aprendizado, regente da 10 – casa da
imagem pública, carreira e\ou Pai; posicionado
na casa 5 – da expressão criativa e dos estudos.
Reforçado pela conjunção ao Sol e Saturno, outro
significador do Pai; na 5 = reconhecimento, brilho
artístico, recebe sua primeira ativação aos 4 anos.
Logo abaixo demonstraremos como encontrar
este número.
Subtraindo um pelo outro encontramos
7º 23’ – 01º59’ = 05º24’. Ou seja, aos 5
anos e meio Mozart experimentará
pela primeira vez sua conjunção Sol\
Saturno na casa 5, justamente a idade
em que ele criou e estruturou sua
primeira peça para Cravo com apoio
do Pai, assim como também foi a idade
em que o menino se vê obrigado a
dedicar-se a música para suprimir o
fracasso do pai e realizar tudo o que o
mesmo não alcançou por si próprio. A
partir dessa idade, de 5 1\2 anos em 5
1\2 anos ele reproduzirá experiências
similares.
Wolfgang Amadeus Mozart, 27.01.1756, 20h00 Salzburg, Áustria
Em sua biografia vemos que o prodígio compôs sua primeira peça para Cravo
aos 5 anos de idade (Sol 7º23’ de Aquário na casa 5 conj. Saturno 01º59’ - regente
da 6. Subtraindo uma longitude pela outra descobrimos que o encontro dos dois
astros acontece caminhando na longitude zodiacal 5 graus, ou seja, aos 5 anos).
Mas, vamos ao seu mapa natal acompanhar grau por grau a escalada de sua
vida, retratada impecavelmente dentro deste gráfico planetário.
Utilizaremos como base de calculo as progressões simbólicas, na proporção
de grau=ano, ou seja, um grau planetário equivale a um ano de vida e assim
sucessivamente com todos os demais graus dentro do mapa. Estes graus
encontrados serão duplicados para a frente (futuro) ou divididos por 2 (passado)
ao se desejar retroceder os anos para a infância, contando os graus para trás
quando o grau inicial for superior a 7 ou 8. Da mesma forma, quando desejamos
encontrar a data onde um evento se manifestará a partir de um aspecto, ou
seja, envolvendo os dois planetas aspectados e suas casas correspondentes,
diminuímos o grau de um pelo do outro e obtemos a diferença em graus que
se equivalerá aos anos correspondentes. Por exemplo: Sol a 7º23’ de Aquário
conjunto a Saturno a 01º59’ de Aquário.
Conta sua biografia que o pequeno
Mozart nasceu dentro de uma família
numerosa (Sagitário na cúspide da
4), mas que de 7 irmãos apenas ele
e sua irmã mais velha vingaram.
Desde criança parece que a morte o
acompanha, o que lhe trouxe talvez
muito cedo o claro aprendizado sobre
a efemeridade e desapego que lhe
infligiu o dom e a maldição de temer
vincular-se, ao mesmo tempo em que
colocava alma e intensidade em tudo
o que criava, sendo consumido pela
própria dor e emoção a cada obra
gestada (Lua\Plutão em Sagitário na
4). Veja que tanto a Lua como Plutão
se encontram a 17º de Sagitário na
casa 4. Desta forma, aos 17 1\2 anos
Mozart experimentará essa conjunção
de forma marcante, o que se repetirá
aos 35 anos, data de seu falecimento.
E já que Lua e Plutão se encontram
ambos no mesmo grau, separados
apenas 02 minutos de distancia um
do outro, o que em termos de tempo
corresponderá a 12 dias, podemos
concluir que este aspecto irá se repetir
constantemente ao longo de sua vida,
tornando-se um tema predominante
dentro de sua carta natal.
61
“Louis Carrogis dito Carmontelle – Retrato de Wolfgang
Amadeus Mozart a tocar em Paris com seu pai. “
Perceberemos essa influência e dor
visceral que o acompanhará pelas
perdas familiares: irmãos, morte de
sua mãe, posteriormente seu pai
e, finalmente, a sua própria aos 35
anos de idade, o segundo momento
de ativação de sua Lua\Plutão (17
1\2 ; 35 ...). Mas, apesar de todas
as perdas e extravagancias, sua
alegria e entusiasmo contagiavam
com a mesma intensidade qualquer
ambiente que frequentasse. Sua
risada e jeito debochado, muitas
vezes quase escatológico jamais
passaram despercebidos seja em
que corte se apresentasse. Típico
de quem tem um Sol em Stellium
no excêntrico signo de Aquário e
ainda por cima acidentalmente
domiciliado, na casa 5. Um perfeito
hedonista que nasceu para brilhar
e que adorava aparecer: quanto
mais excêntrico e autêntico, melhor!
Mas, tendo este sol essencialmente exilado e oposto a Netuno em Leão na 11,
passou a vida dividindo os aplausos do público com as injurias e difamações de
seu próprio grupo (especialmente o dos músicos da Corte), muitas vezes amado
e outras tantas ignorado. Netuno a 09 graus de Leão faz oposição a seu Sol a 7
graus de Aquário. Subtraindo um pelo outro encontramos a diferença de 2 graus
para seu encontro (oposição partil). Desta forma, concluímos que de dois em dois
anos Mozart sofreria os abalos deste posicionamento, afetando sua reputação,
autoestima, vitalidade, energia e, especialmente, sua alegria, pois não deve ter
sido fácil para um Sol aquariano passar a vida sem encontrar sua “tribo” ou sem a
certeza do quanto seria realmente aceito dentro da Corte e sociedade daquele
tempo, dividido entre o amor e o desprezo de seus fãs...
Observando o grau de seu Sol Natal a 7º de Aquário na casa 5 (expressão criativa)
encontramos estas idades em que o planeta é ativado: 7 ; 14 ; 21 ; 28 ; 35 ...
Apesar das insistentes saídas proporcionadas por seu pai para exibi-lo desde os
6 anos quando percebeu a lucratividade do menino (o que me faz questionar
os graus do MC, que deveriam estar a 6 de Gêmeos ao invés de 8), foi a partir
dos 7, que passou a assumir plenamente seus dons e habilidades ao sair em turnê
com seu pai, que aproveitou seu prodigioso talento para apresenta-lo entre
as cortes europeias sendo reconhecido por todas as classes sociais (Sol na 5 =
reconhecimento de sua criação; em Aquário = indiscriminação e igualdade a
7 graus = 7 anos;). Aos 14, tem sua primeira opera encenada e exibida, sendo
aclamado em toda a Itália. Aos 21 muda-se para Paris, em busca de maior
admiração.
Aos 25 visitando a família Weber, conhece Constanze e aos 26, contrariando seu
pai e todas as expectativas familiares, casa-se impulsivamente com ela, talvez por
não ser correspondido pela irmã por quem, segundo algumas biografias, estaria
apaixonado; ou por acreditar, ilusoriamente, que desta forma permaneceria de
alguma maneira perto de seu verdadeiro amor. (Urano a 13 graus de Peixes na
casa 7). Utilizando a regra básica, Urano se ativa aos 13 e de 13 em 13 anos,
consequentemente sua segunda ativação será aos 26). Observando que seu
Kiron encontra-se no grau 13 de capricórnio, na cúspide da quinta casa – dos
amores e filhos- torna-se ainda mais provável essa hipótese: Mozart sofreu pela
frustração de perder um amor, assim como de perder 4 de seus 6 filhos.
Valorizava tudo do bom e do melhor: requinte, luxo, beleza, sofisticação (Libra
na casa 2) e com a presença de Júpiter em sua casa dos valores, aspectado por
Plutão na 4, gastava toda sua “fortuna” com a mesma facilidade que ganhava.
Na verdade, se teve alguém que se beneficiou de seu talento foi o pai, que
abusava escancaradamente do prodígio e angariou uma pequena fortuna às
custas da genialidade e trabalho fatigante de Mozart. (Júpiter\exagero é regente
da 4 e faz um sextil com Plutão\abuso na casa da família).
Vênus, regente da 2, encontra-se a 29
graus de Aquário na casa 6. Dividindo
este grau por dois, encontramos
as idades retroativas em que o
planeta se manifesta: 29 ; 14 1\2 ;
7 1\4 .
Comparando estas idades
com as demais ativações do mapa,
percebemos que o Sol na 5 também
esteve ativo aos 7 e aos 14 anos,
idades onde Mozart encontraria sua
independência financeira se não fosse
pelo controle do pai (Sol\Saturno),
que enquanto esteve vivo, administrou
todos os seus recursos, ou por sua
própria extravagancia durante os
anos seguintes. No entanto, também
foram os anos em que Mozart mais se
destacou e teve seu trabalho e arte
brilhantemente valorizados e bem
remunerados.
A
mesma
extravagancia
era
percebida em sua rotina e hábitos
alimentares. Vênus, no anarético grau
29 de aquário, torna-se predominante
no tema, junto com Plutão\Lua em
conjunção partil no aventureiro signo
de sagitário, o que gerou uma vida
desregrada desde cedo (chegou a
mudar 9 vezes no mesmo ano) . Muitas
e muitas viagens arrancavam-no de
seu lar e de sua família, especialmente
de sua mãe, permanecendo longe
de casa a maior parte do tempo,
se apresentando de cidade em
cidade, sem tempo de parada ou
descanso e alimentando-se mal, o que
contribuiu para uma saúde delicada e
constantemente debilitada.
Soma-se a isso o fato do maléfico
Saturno, co-regente da casa 6 da
saúde, estar em conjunção com o
Sol, regente da casa 12 (das doenças
crônicas ou enfermidades que nos
colocam acamados e imobilizados), a
5 graus de distância um do outro.
Consequentemente, se ativarão aos
5 anos, 10, 15, 20, e sucessivamente
até alcançar seus 35 anos de idade
dos quais não se restabeleceu,
chegando à falência definitiva dos
rins e culminando em sua morte.
(Lembrando que Saturno é um dos
dispositores de Vênus\rins na 6).
Logicamente que apenas um fato
isolado não levaria a tanto, mas, neste
caso, os dois planetas predominantes
do tema e que tomariam conta do
início ao fim de sua trajetória são Vênus
e Plutão. Vênus, por sua condição
anarética; Plutão por sua conjunção
partil com a Lua, tornando o aspecto
constantemente ativo.
Se Vênus fez sua parte, a conjunção
Lua\Plutão completará o cenário:
Lua é regente da casa 11, da origem
da morte (por derivação, a 4 da 8).
Em 1773, aos 17 anos e meio, Mozart,
insatisfeito com o trabalho em Salzburg,
especialmente com a antipatia de seu
contratador, o Arcebispo de Salzburg e
desejando alcançar maior admiração
de seu público decide partir para Viena
(Lua\Plutão aos 17 graus e meio, em
sagitário na casa 4), na esperança de
encontrar um cargo na Corte austríaca.
Ao retornar a Salzburg ,3 anos depois,
é definitivamente demitido de seu
cargo de Konzertmeister pelo então
Arcebispo de Salzburg que o escorraça
da Corte a ponta pés (conjunção Sol/
Saturno oposto a Netuno ativada aos
20 anos). Diante de tamanho insulto
Mozart muda para Paris e arrasta
consigo sua mãe. As circunstancias
incertas, falta de recursos e mudança
brusca de vida abalaram a mãe que
caiu doente e veio a falecer no ano
seguinte. Evento do qual Mozart jamais
iria se recuperar ...
63
65
Mas, felizmente, a sorte (Júpiter e Ceres na casa 2) sempre o acompanha
e surge mais uma oportunidade para o gênio: uma nova opera para o
eleitorado de Munich. Em 1780 nasce Idomeneo, uma de suas grandes
e maravilhosas obras. No entanto, mesmo com todo este lucro, a nova
boa onda financeira não será suficiente para manter-lhe a estabilidade,
especialmente a emocional pois, de 1786 a 1791 sua fama desaparece e as
dívidas aumentam assustadoramente. Mozart está quebrado.
Neste momento surge a ilusória salvação revestida de trabalho: em julho
de 1791 o Conde Franz von Walsegg lhe encomenda um Réquiem, para
ser executada no primeiro aniversário de morte da sua esposa. Comentase, ainda, que Mozart estava convencido da proximidade de sua morte
enquanto trabalhava no Réquiem, e que tal composição se tornaria sua
própria música fúnebre, posteriormente considerada um “esplendor artístico
absoluto”, como afirma o professor Christoph Wolff, da Universidade de
Harvard em sua pesquisa sobre a vida e obra deste exclusivo e surpreendente
compositor.
Entre as obras de Mozart estão 41 sinfonias; 27 concertos para piano; cinco
concertos para violino; quatro concertos para trompas; um concerto para flauta;
um para oboé; um para clarineta; um para fagote; uma sinfonia concertante
para violino, viola e orquestra; sinfonia concertante para quatro instrumentos de
sopro e orquestra; um concerto para dois pianos; um concerto para três pianos;
um concerto para flauta e harpa; concertone para dois violinos; 17 divertimentos,
treze serenatas, mais de cem minuetos, gavotas, marchas e outras peças para
dança, frequentemente agrupadas em conjuntos de seis.
A maior parte das sinfonias escritas por Mozart foi composta como música de
entretenimento, um contraponto alegre aos divertimentos e serenatas, talvez
por conhecer tão bem sua sensibilidade artística e obsessão pelo que fazia
tenha inteligentemente se afastado dos temas tristes e fúnebres, praticamente
antevendo seu destino.
Dizem que saiu de cena sem finalizar por completo sua encomenda, mas, aos
que compreendem a linguagem das estrelas, não poderia ter realizado obra
mais grandiosa...
“Ultima página da partitura do Requiem K626 “ Wolfgang Amadeus Mozart (17561791) - Österreichische Nationalbibliothek, Vienna, Austria. Scan from http://www.
nla.gov.au/worldtreasures/html/theme-music-4-mozart.html. Licensed under Public
Domain via Wikimedia Commons -
Oficialmente, Mozart teria trabalhado no Lacrimosa no dia em que morreu, e as
figuras das cordas foram descritas como clamor em lágrimas. É perfeitamente
possível, e natural, que Mozart tenha resgatado e utilizado melodias que
marcaram sua vida naquela circunstância de angústia, sofrimento e doença.
Mozart, a respeito de sua criação musical, sempre se viu como um grande
compositor de óperas. Suas criações operísticas como Don Giovanni, Flauta
Mágica e Idomeneo eram suas obras favoritas.
67
Nasceu em 1990, em Vila Nova de Gaia. Fruto de
um interesse crescente pela área da Astrologia
ingressou, em Março de 2013, na Escola FACES Isabel Guimarães, concluindo os 3 níveis do Curso
Profissional de Astrologia em 2015, iniciandose assim nova etapa ligada à atividade como
consultor e investigador.
Por: Ivo Miguel Silva
Membro Estudante N.º70
[email protected]
69
Úrano e Neptuno encontram-se nos céus a cada 172 anos. São dois planetas
lentos, com ciclos prolongados e quando estes se encontram proporcionam
importantes mudanças culturais, que ocorrem igualmente na área musical.
Depois da conjunção de 1821 (em Capricórnio) coincidindo com o surgimento
da corrente do Romantismo, estes dois planetas voltaram a reunir-se no 18º de
Capricórnio, em 1993, contribuindo para a emergência de um novo fenómeno
musical, o Goa Trance, que é o tema que exponho com este presente artigo.
ÚRANO E NEPTUNO
E O SURGIMENTO DO
GOA TRANCE
A REDEFINIÇÃO DO ANTIGO RITUAL TRIBAL
Como planetas que provocam mudanças estruturais importantes a nível global,
os seus efeitos são sempre sentidos em anos anteriores e posteriores ao momento
convergente. Assim, espreitando o inicio da década de 90, a influência mútua de
Úrano e Neptuno fez com que o mundo testemunhasse um novo estilo de música
electrónica que surgiu para revolucionar as consciências, teletransportando-as
com as suas hipnóticas batidas e melodias frenéticas a reinos de transcendência,
recriando um estilo de música de vanguarda e simultaneamente embebido
numa linguagem espiritual. O estilo chamava-se Goa Trance, por relação com
a região indiana de Goa, de onde o movimento é originário, mas também é
comummente denominado por Psy Trance ou Trance Psicadélico.
Foi nos finais da década de 80 que o movimento começou a emergir nas praias
de Goa, antiga colónia portuguesa e ponto de encontro para o desenvolvimento
de uma comunidade que era um misto do ocidente e do oriente. Do mundo
ocidental, grupos de pessoas, procurando uma via alternativa à sociedade
económica vigente, dirigiram-se a este local. “Este grupo era, claro está,
maioritariamente composto por hippies e viajantes nómadas, que não tinha uma
grande familiaridade entre si fora da Índia. Eles gravitavam entre si enquanto
viajavam e partilhavam interesse e identidades culturais.” (McAteer, 2002)
71
As festas desenrolavam-se ao ar livre, nas praias e nas florestas, pois o movimento
tinham uma forte conotação naturalista. Havia também um forte sentido de
identidade tribal universal e um reforço da independência, no sentido em que
esta se colocava num tipo de vida alternativo dentro de uma sociedade diferente
daquela que essencialmente os ocidentais estavam habituados.
A música era apenas mais um, mas importante elemento, dentro desse “espírito”. O
seu carácter revolucionário levou a que a sua influência ultrapassa-se rapidamente
o seu berço de origem e se espalhasse pelo mundo, bem como os ideais que
representava, impressos no carácter místico das capas dos discos (beneficiando do
desenvolvimento da arte digital) bem como da aura transcendental que envolvia
as festas e que serviam de cartão de visita e importante tónico imaginativo para
todos os “buscadores de experiências”.
Ingresso de Úrano em Capricórnio (02/12/1988)
Com eles, no entanto, levaram um espírito de tolerância e abertura, muito no
seguimento das importantes mudanças sociais dos anos 60, com que ajudaram a
estabelecer uma comunidade baseada nos valores da paz, do amor, da união,
respeito e diversidade, para além de terem levado, claro está, os conhecimentos
tecnológicos para a produção de um novo tipo de som que surgiu da forma
mais natural possível, pelo desejo e prazer da experimentação, pelo vivenciar
das festas como um ritual e um encontro de almas que surgiam mais uma vez
para festejar a vida.
Como se conseguissem escutar e constelar as notas musicais que Úrano e Neptuno
entreteciam na conjunção a que se aplicavam e esta se tornasse ainda mais
audível pela passagem de Saturno por Capricórnio, planeta que rege a audição,
começaram a utilizar e desenvolver aparelhos electrónicos mais sofisticados
de modo a corporificar todo esse potencial que sentiam ter à disposição para
recriarem uma experiência única aos sentidos.
Goa, em 1995. Quando o movimento já estava fortemente instalado e a cultura enraizada e servia como íman para outras pessoas
de todo o mundo.
Já em plena conjunção Úrano/Neptuno, no ano de 1993, o Goa Trance atinge
o seu auge e gradualmente se manteve ao longo da década de 90 como um
movimento muito forte dentro da música electrónica, vivendo numa espécie
de Idade de Ouro, incentivado por um desenvolvimento do movimento New
Age e de uma espiritualidade universalista que igualmente despontava na
consciência das massas. Na década seguinte o movimento, já distante dos
princípios mais puros que o representavam, transmutou-se em novas formas
de música electrónica ou começou a esmorecer, entrando novamente ao
nível “underground”, retrocedendo às suas bases para se fortalecer no núcleo
identitário das comunidades da qual saiu.
OS ARQUÉTIPOS PRINCIPAIS
Para entendermos melhor o surgimento deste tipo de música é necessário, em
primeiro lugar, identificar os arquétipos envolvidos e a relação que estes fazem
entre si. Obviamente a conjunção Úrano/Neptuno que se ia formando em
Capricórnio desde os finais da década de 80, tem uma relevância absoluta.
Tanto Úrano como Neptuno pertencem ao grupo dos planetas transpessoais
e “invisíveis”, descrevendo importantes características geracionais e
universalistas fortemente arreigadas num principio de transcendência ou de
libertação das amarras materiais. O signo de Capricórnio, no entanto, mais
o seu regente, Saturno, que também teve um importante contributo nesse
período, simbolizam pelo contrário o peso das coisas concretas e os limites
e condicionamentos da materialidade da nossa existência. Todos estes
arquétipos estão representados no último quadrante do Zodíaco Natural, um
quadrante associado a factores de vivência colectiva e de integração ou
desintegração do individuo num contexto social e grupal mais amplo, como
se este fosse uma extensão da sua individualidade.
No quadro seguinte temos um esquema que sintetiza algumas das características
destes arquétipos:
73
Emergem novos conceitos como transpessoalidade e holismo que são
incorporados a várias áreas, nomeadamente na psicoterapia. Assiste-se a um
forte desenvolvimento da espiritualidade, com o surgimento de uma cultura
New Age, resultante de muitas fusões e reactualizações de saberes e tradições
ancestrais de cunho espiritual. - Denota-se um período mais intenso na vida
espiritual global. Há uma tentativa de reunir tudo num Todo, de conceber um
novo modelo social e económico para a humanidade baseado em conceitos
plurais e mais humanitários.
Emparedados nas muralhas saturninas, os transpessoais apelam para a
transcendência das limitações, pelo desejo de nos vermos ligados a uma realidade
maior da qual possamos fazer parte, por enquadrar a existência terrena dentro
de um contexto mais amplo ou universal. É dentro deste contexto que surge
o movimento do Goa Trance e o qual procura responder pelo intermédio da
música.
Em termos genéricos, quando falamos deste período identificamos como grandes
acontecimentos o crescente uso dos computadores, com a complexificação e
difusão da Internet e dos telemóveis em particular e da tecnologia de uma forma
geral. Nascia o protótipo da Realidade Virtual. - Isto indica-nos a facilidade em
levar e fazer desenvolver a tecnologia para a produção de um novo tipo de
música.
O mundo cobria-se de redes de comunicação e informação, dissolvendo as barreiras do tempo e do espaço, contribuindo para a vulgarização da palavra “Globalização”. Nesse aumento das trocas, diferentes e distantes regiões do mundo
se aproximaram, o Norte do Sul, o Este do Oeste, assimilando-se conhecimentos
exteriores que se intercambiavam. - Sendo a região de Goa uma antiga colónia
portuguesa torna-se particularmente pertinente que esta se tenha tornando num
ponto de origem de um cruzamento dos conhecimentos tecnológicos ocidentais
e do “espírito” e profundos conhecimentos espirituais da rica vida interior indiana.
Os centros urbanos cresciam enormemente e com eles as grandes corporações
e o desenvolvimento das multi-nacionais, mas também aumentou a alienação e
solidão dos indivíduos no meio das massas populacionais e do crescimento desorganizado, fazendo crescer uma sensação de desenraizamento, mas também de
verticalidade, com os enormes arranha-céus, símbolos do poder económico. - O
ponto de partida de viajantes e buscadores espirituais, a necessidade de descobrirem um outro sentido para a vida para além da crescente materialização e
solidificação das cidades.
A Arte Digital teve um reflexo de relevo no crescimento do Goa Trance. Cores Vivas, num forte intuito psicadélico, aliadas ao
desenvolvimento da arte fractal e da impressionabilidade visual das figuras geométricas, tornaram os álbuns de música deste
estilo facilmente identificáveis. Quase todos vinculados fortemente a temas espirituais.
Aos festivais de música Trance sempre se fizeram comparações com as cerimónias
rituais, tal era o poder embriagador das batidas rítmicas e dos efeitos de muitas
das drogas modernas que evocavam e reactualizavam o conceito ancestral de
Ritual. Na sacralização de um espaço exterior, na natureza, através de decoração
com motivos indianos, de cores vivas, e através de um dia mais especial, como
por exemplo uma Lua Cheia (astrologicamente uma fase associada à maré cheia
das emoções, ao carácter público, festivo e culminador de um evento), davamse inicio a esses encontros, em que as gentes mais estranhas entre si partilhavam
um estado de ser, atravessando a noite e testemunhando o nascer do dia.
O DJ, como verdadeiro xamã, presidia ao ritual ao trabalhar os espíritos dançantes
durante 10 a 20 horas seguidas, com música que proporcionava a estimulação
da mente e a abertura a uma qualidade de transcendência. Nisto “foram
incorporados à tradicional música electrónica elementos da sonoridade oriental
(...) Informações rítmicas tribais e étnicas foram também incorporadas, resultando
assim numa música mais orgânica, mais facilmente assimilável, que estimulava
não só estados próximos ao transe místico (associados aos mantras indianos, por
exemplo), mas também uma maior harmonia com os ambientes naturais e ao ar
livre.” (Artigo Goa Trance, Wikipédia)
Segundo as palavra de Goa Gil, visto como um dos pioneiros do movimento,
“quando nós dançamos, nós vamos para além do pensamento, para além
da mente, para além da nossa própria individualidade para nos tornarmo-nos
unos com o êxtase divino da união com o Espírito Cósmico. Isto é a essência da
experiência da dança trance”. (McAteer, 2002)
Faz despertar o desejo subjectivo e pessoal da busca espiritual, mas
podendo fazer com que o individuo nunca consiga achar a totalidade
dentro de si, continuando a perseguir algo, acreditando que o que
precisa, como projecção, está fora de si. Um sentimento de exclusão ou
marginalização que o faz colocar-se a si, forçado ou voluntariamente,
como alguém separado do seu meio familiar e social. No crescente
sentimento de incompreensão surge então a vontade de procurar enraizarse naquilo que entende como a grande família humana, através da união
dos diferentes povos, da abertura e tolerância a pessoas provenientes
de todos os lugares, com diferentes credos, em que todos são aceites,
em que aliás reforça-se a diferença no contexto da totalidade, valorizase os “anormais”, os “desadaptados” socialmente e todo e qualquer ser
que tenha encarnado neste mundo com todas as suas especificidades.
Precisamente, com Quiron em Leão, a identidade deve ser aceite.
Enquadramento da conjunção na sua relação com os posicionamentos de
Plutão, Quíron e Júpiter
Mas procuremos enquadrar o surgimento do Goa Trance numa visão ainda mais
ampla, ao focarmo-nos na função de outras importantes posições planetárias de
carácter social e geracional durante este período.
A dar pano de fundo temos Plutão em Escorpião, apontando para importantes
transformações ao nível da consciência colectiva nomeadamente em áreas
como o envolvimento emocional profundo com causas de grande potencial
regenerador; o desejo de um grande grupo de pessoas participar de uma
cerimónia iniciática conjunta, permitindo-se transmutar pelo poder dessas
experiências colectivas.
Noutra perspectiva temos o trânsito de Quíron predominando essencialmente
sob o signo de Caranguejo. O sentimento da ferida profunda nas dificuldades
de ligação com aquilo que se sente como família, comunidade, etnia, pátria,
terra natal que faz com que, nas oscilações destes conceitos, se procurem novas
referências. A oposição com Úrano em Capricórnio parece implicar esse corte
com as origens e a cultura tradicional, impelindo para se iniciar uma viagem
errante em direcção a um outro lugar, uma outra comunidade que ofereça, nem
que inconscientemente, esta sensação de enraizamento e sentido de pertença
que podem nunca ter existido, e que na continua dificuldade de o encontrar, se
transformem muitos deles em verdadeiros nómadas. A oposição com Neptuno
implica uma tendência de escapismo e a perseguição de sonhos, muitos deles
utópicos, no sentido de fugir da realidade.
Dentro deste quadro dos movimentos efectuados pelos planetas mais
lentos ainda podemos somar a passagem de Júpiter por Gémeos (ainda
que precocemente), Caranguejo (onde forma oposições a Úrano e
Neptuno) e depois Leão, incentivando a fazer longas viagens e à procura
de uma referência filosófica com que pautar a vida. Por um lado reforça
o desenvolvimento de uma crença que vem de dentro dos próprios
indivíduos. Uma filosofia de vida que encontra eco no âmago dos seus
seres. A idealização de uma base familiar, a generosidade e abertura da
capacidade de dar e sentir e a perseguição de um ideal colectivo mas
que também reforce a identidade.
75
As oposições que este planeta forma vem reforçar a incompatibilidade
com as regras sociais e a procura por um estilo de vida assente num
modelo alternativo. Propiciam-se diferentes crenças e desenvolve-se um
alto grau de tolerância em que aumenta as filosofias mais revolucionarias
e ainda assim bastante utópicas, fortemente baseadas no misticismo e no
contacto com as correntes místicas orientais, reforçadas pelo “exoticismo”
que a imagem do guru/mestre espiritual indiano se impregna na mente
do ocidental. Nessa alta idealização por uma sociedade de sonho, o
discernimento não é forte, nessa Busca por uma Verdade Distante, que
Júpiter também contribuiu como gatilho, para se encontrarem a eles
mesmos.
O facto de já no próprio mapa natal
se encontrar uma ligação Úrano/
Neptuno em aspecto de quadratura
contribuiu para que o seu papel fosse
marcante nos eventos despoletados
na conjunção que se deu em 1993, em
Capricórnio. Nessa altura a conjunção
estava ligada aos dois planetas natais,
pela quadratura a Neptuno e pela
oposição a Úrano.
Goa Gil
Como um dos fundadores do Goa Trance, Goa Gil procurou redefinir o
Antigo Ritual Tribal para o Século XXI. Nascido em São Francisco, a 11 de
Outubro de 1951, ele viveu de perto os transformadores e iconoclastas
anos 60.
Levando essa experiência consigo
quando se dirigiu para a Índia em
1969, tendo-se tornado um Sadhu,
um devoto hindu, usualmente
designado
como
místico
e
praticante de Ioga. Uma das suas
missões era redefinir esse conceito
de ritual tribal para moldes
modernos.
Desconhecendo-se a hora de nascimento podemos, no entanto,
identificar a conjunção Sol/Neptuno, muito encontrada em músicos,
artistas, e pessoas devotadas à vida espiritual. Encontramos uma Lua
que pode, previsivelmente, encontrar-se no signo de Peixes, portanto,
um reforço do lado inspiracional e contemplativo e uma ligação muito
profunda com as correntes emocionais coletivas. Outro ponto de destaque
é a quadratura em T, com Úrano em Caranguejo como ponto focal,
recebendo quadraturas de Júpiter em Carneiro e Saturno em Balança
que se opõem entre si. Um modelo que me parece comprovar a mudança
e constante renovação da base, do sentido de lar ou comunidade,
pela pressão ou pela procura de um sistema social e de crenças que se
ajustassem com as suas necessidade interiores de segurança. Apesar da
tendência amenizadora do signo Balança, Úrano desempenha um papel
importante forjando uma personalidade mais rebelde pelas tensões
sociais que recebe e que condiciona sua segurança interna.
Na concepção de Goa Gil, o DJ
representa o papel do antigo xamã,
aquele que dá ritmo e efeito para
que se promova a dança cerimonial.
No decurso da dança existe sempre
uma força de contracção que vai
incentivando o individuo à prazerosa
auto-rendição que se dá pela
transcendência. Acerca do seu
papel, Goa Gil afirma que demora
um certo tempo para que as pessoas
ultrapassem
as
pequenas
trips
(viagens) dos seus egos e se coloquem
juntas numa única vibração para que
possam abrir-se e sentir o Espírito. Goa
Gil vê o processo como se o individuo
tivesse de exorcizar muitos demónios
pelo caminho até que se dê essa
união, esse movimento pela pauta de
uma única vibração.
. É preciso tempo para entrarem
77
dentro de si e o acto da rendição é
um conceito difícil para muitas mentes
ocidentais. Assim, o festival, adquire
as características do antigo rito de
passagem na medida em que a noite
de dança surge como um período de
luta para que aconteça a entrega do
eu, a união com o espírito cósmico.
Neste contexto a escolha das músicas
é feita no momento, conforme a
disposição dos participantes, as
circunstâncias do momento, a forma
como as pessoas vão corporalmente
respondendo à música que se
entrelaça numa estrutura cadenciada,
num ritmo em crescendum, ao longo
da noite, em que as colunas disparam
140 a 150 batidas por minuto ou mais,
suportadas pelas melodias frenéticas
e efeitos poderosos, impulsionando
o dançante a galgar a montanha
da consciência enquanto o DJ, qual
xamã, sincroniza e manipula a mente
coletiva dos participantes a passar por
essa experiência de ascensão.
Neptuno e Shiva - uma
análise mitológica comparativa
A qualidade da Ascensão está presente
nos dois arquétipos da conjunção,
mas neste aspecto do carácter
transcendente dado pela dança e
pela música, importa-me referir as
qualidades arquetípicas/mitológicas
de Neptuno em associação com o
seu homónimo indiano Shiva, com o
qual partilha atributos que merecem
ser considerados.
79
Outro factor interessante é notar que Shiva, à semelhança de Neptuno, possui um
tridente, o trishula. É com essa arma que ele destrói a ignorância nos seres humanos.
Suas três pontas representam as três qualidades dos fenómenos: tamas (a inércia
ou a existência), rajas (o movimento ou o firmamento) e sattva (o equilíbrio ou
as trevas). Simbolicamente, nas duas divindades, o Tridente relaciona-se com o
tempo:
◘ Passado, Presente, Futuro.
◘ Vir a Ser; Ser; Deixar de Ser.
◘ Nascimento; Vida; Morte.
Shiva Nataraja
Shiva, no seu aspecto Nataraja, é uma divindade indiana muito recorrida no
simbolismo do Goa Trance. Neste seu aspecto, Shiva é o dançarino cósmico que
executa a sua dança divina num processo de criação e destruição constantes.
Ele é a imagem dessa dança rítmica que é a fonte de todo o movimento dentro
do universo, representado pela moldura eliptica que circunda a divindade.
Representa o eterno movimento do universo que foi impulsionado pelo ritmo
do tambor (marcador do ritmo cósmico e do fluxo do tempo) e da dança. As
chamas circundantes representam o universo manifesto e o propósito da dança,
pela qual o universo é criado, mantido e dissolvido, é a libertação das almas de
todos os homens dos laços da ilusão. É a vitória sobre a ignorância.
Reparemos que a dança, a música e o continuum dos processos de ilusão e
desilusão e de um esforço por libertação versus fusão por algo e de algo maior
que o próprio individuo, e que não é, muitas das vezes, compreensível ao
próprio, são funções do Neptuno astrológico. Neptuno mitológico também era
conhecido pelo seu temperamento agressivo e Shiva, como referido, também é
visto como um deus destruidor, tudo isso encontra particularmente relevância se
considerarmos igualmente os estados de êxtase ou loucura a que se chega por
intermédio da dança e da música, poderosos momentos que incorporam um
enorme carga instintiva.
Porém, também pode ser interpretado como sendo o semicírculo da alma,
penetrado pela cruz da matéria, resultando os três dentes que representariam
então:
◘ O corpo físico e os cinco sentidos;
◘ O corpo astral ou emocional e os seus desejos
◘ O corpo mental inferior e seus pensamento egocêntricos.
Em todo o caso, o semicírculo, ao ser perfurado pelo bastão de vida, pede que
a personalidade fique liberta de motivações egocêntricas e possa funcionar em
cooperação com o Espírito.
Já o Tridente do Diabo parece, por outro lado, revelar as piores características
do simbolismo Neptuniano, no sentido em que este serve para castigar a alma
dos pecadores, aqui poderão entrar outras características neptunianas de forte
relação cristã com o qual, aliás, as funções do planeta têm um vinculo estreito.
E a batida continua...
A semente da conjunção Úrano/Neptuno deu, certamente, os seus frutos.
Temos, por exemplo, em Portugal, o Boom Festival, que se materializou em
1997 numa 1ª edição e a que se seguiram outras, bianualmente, em Idanhaa-Nova.
Conforme se apresentam no seu site o “Boom existe para refletir e intervir sobre
as mudanças que ocorrem no universo, através da criação de uma realidade
alternativa que alimente o Ser e a Grande Transição. Fomentar o contacto
entre humanos na natureza, experienciando o neotribalismo, ouvindo
alguma da melhor música contemporânea, participando em conferencias
de activistas alternativos (...) pensar fora do standard para descobrir novas
formas de nos expressarmos e descobrirmos a nós próprios, unindo as culturas
alternativa e psicadélica, sob a égide de um despertar global.”
81
FONTES
◘ Documentos: Curso de Astrologia
Nível 1 - Gabinete Isastros; “Redefining
the Ancient Tribal Ritual for the 21th
Century”: Goa Gil and the Trance
Dance Experience, a Thesis of Michael
Belden McAteer; 2002
Evento multifacetado, congregando diversas correntes artísticas, as metodologias
de uma ciência alternativa e visionária, a conjugação das culturas ancestrais
com o apelo da inteligência emocional; este foi considerado o melhor festival da
Europa na área do ambiente e o único em Portugal com prémios internacionais
nessa área.
Trata-se pois que muito mais do que um festival de música, mas sim de uma
multiplicidade de temas originados e constelados aquando da conjunção Úrano/
Neptuno e que se focam naquilo que era a mensagem principal: a criação de
uma Sociedade (Capricórnio) Ideal (Úrano/Neptuno).
SITES CONSULTADOS
◘ http://pt.wikipedia.org/wiki/Goa_
trance
◘ http://pt.wikipedia.org/wiki/Goa_Gil
◘ http://en.wikipedia.org/wiki/
Nataraja
◘ http://pt.wikipedia.org/wiki/Shiva
◘ http://www.goagil.com/
◘ http://www.boomfestival.org
◘ http://pt.wikipedia.org/wiki/Boom_
Festival
◘ http://rateyourmusic.com/artist/
goa_gil
83
Isabel Guimarães, começou estudar astrologia em 2003, tira
a sua primeira formação nesta área na U.P.N (Universidade
Profissional do Norte) na cidade do Porto. Pela Astroletiva
tira várias especialidades em Astrologia; Formadora Homologada pelo IEFP e formação em; Reiki- nivel mestrado;
PNL – Programação Neurolinguística; Hipnoterapia Clínica;
Psicologia Multifocal: Medicina Psicossomática; Presidente
e Fundadora da 1ª Associação Portuguesa de Astrologia
em Portugal, autora de 2 livros de astrologia, sendo o último
direcionado a crianças. Fundadora e diretora das Faces
Isabel Guimarães.
Por: Isabel Guimarães
Membro N.º1
www.facesisabelguimaraes.com
85
A Astrologia Infantil é uma das várias especialidades dentro do vasto campo
de conhecimento que a Astrologia engloba. De forma mais concreta, a
Astrologia Infantil estuda especificamente o mapa astrológico das crianças
no contexto do seu desenvolvimento individual.
ao
PERGUNTE
ASTRÓLOGO
Como consultora astrológica um dos meus grandes objectivos dentro desta
área é ajudar os pais a compreender mais profundamente os seus filhos.
A riqueza deste estudo é por demais evidente quando se compreende
através da análise do mapa natal de uma criança que se pode aceder a
informações preciosas acerca dos potenciais e fraquezas naturais, permitindo
uma acção educacional direccionada a estimular os seus talentos e para
o estabelecimento de estratégias que ajudem a criança a ultrapassar os
desafios decorrentes do seu desenvolvimento, ao mesmo tempo que permite
que os pais possam acompanhá-los, ao conhecerem formas de melhorar a
qualidade da relação com os seus filhos.
Neste caso de consulta, a mãe que me procurou estava preocupada
com a sua filha mais velha que fará cinco anos este ano e que apresenta
problemas com a fala. Denotando a dificuldade, a mãe, há cerca de
dois anos, começou a levar a filha com regularidade a terapias com uma
terapeuta da fala. Como astróloga sei da grande variedade de informações
disponíveis no mapa, pelo que a necessidade de foco e síntese se tornam
atributos importantes para se chegar a uma resposta satisfatória face à
questão colocada. Dentro deste contexto, era igualmente importante
obter um enquadramento familiar que me ajudasse a indicar um processo
de orientação a trabalhar, fazendo com que a resposta fosse prática e
executável. Assim, soube que a cliente e o marido vieram trabalhar para
Portugal há 5 anos, sendo naturais da Venezuela. Para além desta filha, têm
um outro filho, ambos nascidos em Portugal, este último com 2 anos. Foqueime assim na menina de 5 anos, que por questões éticas não mencionarei
nomes.
Para além da posição dos planetas nos elementos e signos, seus aspectos
planetários, foquei-me na idade e nos planetas pessoais, principalmente
Mercúrio porque me vai direccionar para a comunicação (fala) e
aprendizagem da criança e a forma como esta interage com seu ambiente
próximo, contando com os posicionamentos dos signos que rege, Virgem e
Gémeos, assim como a Lua, grande significadora da Mãe, mas também dos
padrões de pensamento, o nível de instinto da criança, a demonstração
das suas emoções, bem como o que ela necessita para obter bem-estar
de forma inconsciente. E nunca excluindo o Sol, pois vemos nele o perfil
psicológico como individualidade ou, até mesmo, o ego da criança, na
capacidade de esta ter uma identidade estruturada que permita emanar
confiantemente a natureza do seu ser, mas também o verdadeiro poder e a
primeira relação, para além do Pai.
87
Para poder estimular os aspectos fortes no tema, direccionei-me então para a conjunção Saturno/ Lua na casa VI.
Quando falamos da Lua em astrologia, falamos também da
nutrição da criança, e como se encontra em Balança na
casa VI, a beleza, o amor, a calma e o detalhe nas suas
tarefas do dia-a-dia são importantes, assim como a responsabilidade que são referências para a base da minha sugestão.
Ao continuar na conversa, escutando a história relatada pela
mãe, verifico que o Mercúrio encontra-se em Leão na casa
V, começando por entender que faz parte da sua forma de
comunicar uma certeza, a teimosia. Como Mercúrio não tem
aspectos ptolomaicos pouco podia dizer, mas questionei a
mãe em que língua fala com a filha. Esta me respondeu que
em espanhol e em português, o que pode com esta acção
baralhar um pouco a criança nesta fase, sendo que a capacidade de comunicação está em relação directa com a
auto-confiança e segurança interior da criança.
Assim temos uma menina de Sol em Caranguejo na casa IV. A Mãe confirma
que é sensível, carinhosa e meiga. Regida pela Lua, torna-se extremamente
permeável ao ambiente que a rodeia, absorvendo com muita facilidade
sentimentos e emoções alheias, interiorizando, levando para o seu mundo
interno o que a pode ajudar ou não a construir um sentido básico de segurança.
Estando a Lua (regente de Caranguejo) em Balança, na casa VI, direcciona a
uma nutrição emocional diária com uma ligação muito carinhosa e forte com
a mãe, achando a mãe a mais linda do mundo!
À medida que ia explicando à mãe, ela interrompia-me (natural e deve
acontecer), dizendo: “Ela está sempre a dizer-me que sou linda, e que gosta
muito de mim...”, o que é uma indicação característica deste aspecto.
O posicionamento do Sol indica que a criança necessita de estar muito ligada
à família, sendo que o ambiente, conforme indico em cima, precisa de ser
harmonioso, algo que nos últimos dois anos não tem acontecido. Os pais são
emigrantes oriundos da Venezuela, como refiro em cima, e tentaram a sua
sorte em Portugal na área da restauração, começando a ter sérios problemas
nesta área levando naturalmente para casa a instabilidade sentida e, portanto,
fazendo oscilar o mundo da criança, pois sendo a lua um receptáculo para
as emoções em redor, esta reage na presença das preocupações diárias
verificadas pela casa VI, sentindo internamente as dificuldades.
A mãe foi-me dizendo que não vê grandes desenvolvimentos com a filha com as terapias, assim a minha sugestão passou por indicar à mãe escolher um gatinho com a menina,
para que ela se sinta que faz parte do processo, e com isso
sentir-se responsável por algo, criando autonomia e doando do amor que tanto tem para dar. A conjunção Lua/
Saturno estimula ao desejo de cuidar e fazer amadurecer
dotando dessa autonomia, ao mesmo tempo que ajuda a
dar solidez à expressão emocional que poderia se tornar demasiadamente dependente de aprovação materna/familiar. Indiquei, noutra perspectiva, ter actividades ao ar livre,
principalmente com a natureza, podendo até começar
em casa a construir seu vasinho com a terra elemento de
Virgem e colocar a sementinha, raízes sólidas, (Saturno em
Virgem, casa VI) assim no dia-a-dia pode ir cuidado do seu
crescimento. Como Vénus se encontra neste posicionamento ainda orientei a mãe a poder levar sua criança para actividades em grupo ao ar livre.
89
Em V.N Gaia, onde reside a família, existem várias quintas com
actividades para crianças e assim a manifestação do amor
que ela possuí começa a ser colmatado, tornando-a mais
auto-suficiente, motivando igualmente a manter a criança
na terapeuta, com perspectivas de evolução mais favorável.
Outra questão se direcciona para o Pai, arquétipo bem presente neste mapa com ligação forte à criança, como este se
encontra ausente do país há 2 semanas, por questões profissionais, verifiquei os respectivos trânsitos astrológicos, verificando
o Sol em conjunção a Urano na sua casa XII, indicando uma
tendência à carência emocional da menina. Aqui reforcei o
contacto com o Pai via skype, que fosse feito regularmente
para assim poder minimizar a sua ausência.
Com um direccionamento para a criação de autonomia e
responsabilidade de forma divertida e criativa, quem sabe
podemos ter uma criança que em breve a sua fala se manifesta de forma solta e fluida, com aspectos mercurianos a influenciar a sua casa I e incentivando o seu Mercúrio em Leão
na casa V a expressar uma forma de comunicar calorosa,
alegre e criativa que possuí como qualidades latentes a serem potenciadas.
A mãe sentiu-se mais segura e com soluções práticas e simples
para poder aplicar no desenvolvimento da sua educação
para com a sua filha, e deixamos para outra sessão a leitura
do mapa astrológico do outro filho.
91
Na apresentação das Previsões Infalíveis para o
primeiro trimestre deste ano, eu confessei que
estudava astrologia há dois meses. Como já
passaram mais 3 meses, agora estudo astrologia
há 5 meses. Mas há coisas imutáveis: o meu
Mercúrio continua em Vénus e os meus guias de
Sírios mantêm-se firmes no seu posto. Seja o que
Deus quiser. Um beijinho no coração e boa leitura.
Por: Raphaela Balday
Membro Ex-officio
Leão | 24 de julho a 24 de agosto
PREVISÕES
INFALÍVEIS
(CRÓNICA DE COMÉDIA)
De uma coisa podem as minhas amigas estar certas: a partir de 24 de Julho o
Sol vai estar em Leão. E sabem por quanto tempo? Por 30 dias! Não sabiam?
Pois é. E não falha. Logo nesse dia, ainda por cima, o Sol vai estar em cima de
Mercúrio, esturricando-o. Portanto, cuidado. As asas do dito vão ficar ainda mais
quentes do que é costume, de forma que o bocadinho dele que vive nas vossas
cabeças vai precisar de atenção. É um excelente momento porque as minhas
queridas vão sentir-se fascinadas pela ideia de que ninguém é mais esperto que
vocês. É certo que a Bruxa Má, cheia de inveja da Branca de Neve, perguntou
isso ao espelho e saiu-se mal. Mas aqui não há espelho! Portanto, acreditem
que não há ninguém mais esperto. Mas, atenção, não digam a ninguém. Nem
escrevam. Principalmente no Facebook. Se cederem a essa tentação, logo
surgirá alguém a contrariá-las, postando o vídeo do um macaco a descascar
amendoins só com uma mão, porque sabe que vocês precisam das duas. Não
queiram passar por esse vexame. Leão necessita de ser reconhecido, não de ser
achincalhado. Mas não se preocupem. Três ou quatro dias depois o Sol afastase de Mercúrio, e todas podem continuar a ser como sempre foram. Não sei
como vocês são, só sei que são. E o que interessa é SER. Olhem, até me arrepio
quando assino EU SOU Raphaela. É tão bonito...
Virgem | 24 de agosto a 23 de setembro
Caranguejo | 21 de junho a 23 de julho
Fazer previsões para Caranguejo é sempre muito complicado porque a Lua não
para quieta. Estamos a olhar para as tabelas e ela está aqui e, no dia seguinte,
já está sabe-se lá onde. Até os meus guias se veem aflitos, porque, desde Sírios,
a Lua quase não se vê. Seja como for, ela há de estar em algum lado. Só espero
que passe por Caranguejo durante este período, porque aí toda a gente vai sentir
ganas de ter filhos. Se isso acontecer, será muito bom porque estamos a precisar.
O que eu não sei é se vai haver testosterona que chegue, porque, segundo a
minha amiga Ricardina, que tem grande experiência nessa área, há imensos
homens que... Bom, vocês, minhas queridas, infelizmente sabem a que me refiro.
Em termos de previsões propiamente ditas, dou-vos um conselho: tratem bem
dos vossos filhos e filhas. Principalmente se nos mapas deles e delas Saturno, o
Malvado estiver a olhar de viés para a Lua. Diz-me aqui o meu guia Maróska
que isso quer dizer que vocês são umas energúmenas e umas megeras. Talvez
até discípulas de Hécate. Portanto, meus amores, evitem futuras hecatombes
cuidando da descendência. Não percebo o que ele acabou de me canalizar
(é sempre muito difícil porque o silvo é agudíssimo), mas faço questão de ser um
canal fiel, que, como todos os canais decentes, não questionam o que lhes é
transmitido. Afinal, eu estou ao serviço!
Ah! minhas amigas, a coisa está preta! Ou melhor, cinzenta, o que às vezes
ainda é pior, porque a gente não sabe se é assim ou assado. Digo isto porque
o meu guia Madrióska (um desdobramento, na 5D, do Maróska que está na
6D) acaba de projetar, na minha tela mental, o mapa da entrada do Sol em
Virgem. E que vejo eu? Vejo o Sol a ser atazanado por Saturno, o Diabrete
Acinzentado. Não está certo! Entra a pobre estrela na área dos amantes da
arrumação e da assepsia e é logo afligido por Aquele Para Quem Nunca Nada
Está Bem. Portanto, minhas amigas, verifiquem se têm limpa-vidros, tira-gorduras,
lixívia e descalcificador em quantidade suficiente. Mas, atenção! Do outro lado
da Roda, Neptuno, o Húmido, também está a apontar para o Sol. Dada a
minha dificuldade em entender a situação, Madrióska garante que vocês, de
esfregona na mão e espanador debaixo do braço, vão ficar com olhar perdido,
meio zonzas, a imaginar como seria se um batalhão de duendes aspirasse e
desinfetasse a casa. De tão despassaradas até se esquecerão da telenovela! A
situação, portanto, é grave. Para finalizar, uma palavra para as minhas amigas
grávidas: se tiverem o parto marcado para estes dias, não queiram! Fujam!
Desertem! Se a criancinha nascer antes de entrar Setembro, vocês vão ficar
profundamente arrependidas por terem feito o que fizeram naquela noite, há
nove meses atrás! Bem, adeus, flores do meu coração. Maróska e Madrióska,
bem longe deste vale de lágrimas, enviam solidariedade para todas vocês:
grávidas, virgens, etc., mesmo que estejam despenteadas.
Voltarei em Outubro, para orientar as minhas leitoras de Balança, deitar a língua
de fora às de Escorpião e sugerir rebaldarias às de Sagitário.
93
95
Nascida a 26 de Junho de 1982, licenciada em
Educação de Infância. De Setembro de 2011 a
Setembro de 2014 realizou com mérito o curso
de Formação em Astrologia nas Faces de Isabel
Guimarães. A convite de Isabel Guimarães,
acabou por integrar o projeto embrionário da
ASPAS estando presente na sua fundação em
2012, fazendo atualmente parte dos orgãos
sociais da Associação Portuguesa de Astrologia
como Secretária da Direção.
Por: Inês Miranda
Membro N.º6
EFEMÉRIDES
97
Principais Aspetos – Julho, Agosto e Setembro
Tendências Facilitadoras
JULHO
01/07 ◘ Vénus Conjunção Júpiter – Bom momento para partilhar aventuras com
amigos.
◘ Sol Trígono Neptuno – A expressão criativa encontra-se favorecida.
Dia 1 às 00:00
Hora Legal
02/07 ◘ Mercúrio Sextil Úrano – Aproveite este trânsito para sair da rotina e “dar
asas” à sua originalidade.
04/07 ◘ Mercúrio Sextil Júpiter – Dia favorável para expandir os seus conhecimentos.
05/07 ◘ Mercúrio Sextil Vénus – A comunicação e troca de ideias com os outros
encontram-se facilitadas.
08° 50’ Caranguejo
08° 59’ Caranguejo
24° 11’ Sagitário
26° 27’ Sagitário
08/07 ◘ Marte Trígono Neptuno – Esteja atento a palpites intuitivos repentinos!
17° 44’ Gémeos
17° 57’ Gémeos
13/07 ◘ Mercúrio Trígono Neptuno – A sua comunicação poderá estar mais subtil
e as suas decisões alicerçadas mais na intuição do que na lógica.
21° 22’ Leão
21° 29’ Leão
16/07 ◘ Mercúrio Conjunção Marte – As suas respostas poderão estar rápidas e
impulsivas.
04° 17’ Caranguejo
04° 24’ Caranguejo
21° 33’ Leão
21° 35’ Leão
29° 05’ Escorpião Rx
29° 04’ Escorpião Rx
20° 14’ Carneiro
20° 14’ Carneiro
08° 43’ Peixes Rx
08° 43’ Peixes Rx
14° 24’ Capricórnio Rx
14° 24’ Capricórnio Rx
21/07 ◘ Sol Trígono Saturno – Responsabilidade, estabilidade e bom senso poderão
definir a sua forma de estar e agir.
22/07 ◘ Mercúrio Trígono Saturno – Dia favorável para resolver questões com
clareza e objetividade.
23/07 ◘ Sol Conjunção Mercúrio – Tendência a pensar e agir de imediato.
02/08 ◘ Mercúrio Trígono Úrano – Poderá ter insights e ideias originais e criativas.
04/08 ◘ Vénus Conjunção Júpiter – O começo de um novo relacionamento
encontra-se favorecido.
06/08 ◘ Marte Trígono Saturno – Agir com sensatez e maturidade estará na ordem
do dia.
◘ Mercúrio Conjunção Vénus – Bom humor e sociabilidade caracterizam
este período.
07/08 ◘ Mercúrio Conjunção Júpiter – Poder sentir uma grande vontade de
verbalizar os seus desejos e esperanças.
13/08 ◘ Sol Trígono Úrano – Altura propícia a abordagens originais e irreverentes.
99
Tendências desafiadoras
06/07 ◘ Sol Oposição Plutão – Questões de poder e competição poderão estar
na ordem do dia.
13/07 ◘ Sol Quadratura Úrano – Situações inesperadas poderão perturbar o seu
planeamento diário. Permita-se a flexibilizar!
14/07 ◘ Vénus Quadratura Saturno – Poderá sentir alguma frieza e falta de
envolvimento nos seus relacionamentos.
15/08 ◘ Sol Conjunção Vénus – A sua natureza amorosa encontra-se exaltada.
◘ Mercúrio Trígono Plutão – Poderão ocorrer conversar reveladoras e
transformadoras.
19/08 ◘ Vénus Trígono Úrano – Poderá receber uma visita surpresa.
26/08 ◘ Mercúrio Sextil Saturno – Aproveite este trânsito para se organizar e planear.
◘ Sol Conjunção Júpiter – Dia de grande vitalidade e otimismo.
15/07 ◘ Marte Oposição Plutão – Alguns sentimentos de descontrolo poderão
surgir. Tente adaptar-se às circunstâncias e descobrir novos recursos internos.
16/07 ◘ Mercúrio Oposição Plutão – Esteja atento às sua palavras escritas ou
faladas pois tenderão a provocar reações violentas.
19/07 ◘ Mercúrio Quadratura Úrano – Dia marcado por alguma irritabilidade e
inquietude.
01/09 ◘ Vénus Conjunção Marte – Momento favorável para a atividades de
cooperação com o sexo oposto.
25/07 ◘ Marte Quadratura Úrano – Cuidado com atitudes de rebeldia que
desencadeadas por sentimentos de restrição e limitação da sua liberdade
pessoal.
06/09 ◘ Sol Trígono Plutão – Altura propícia para aprofundar e descobrir informação
escondida. Poderá reaver objetos perdidos.
03/08 ◘ Júpiter Quadratura Saturno – A sua vontade de expansão poderá ser
bloqueada por responsabilidades e obrigações.
08/09 ◘ Marte Trígono Úrano – Por se sentir mais audaz e corajoso poderá sentir-se
capaz de arriscar em algo diferente do habitual.
05/08 ◘ Vénus Quadratura Saturno – Poderá sentir alguma desilusão amorosa.
23/09 ◘ Vénus Trígono Úrano – Período favorável para iniciar envolvimentos
românticos e inesperados.
◘ Sol Sextil Saturno – A sua expressão poderá estar mais prudente e séria.
30/09 ◘ Sol Conjunção Mercúrio – A resolução de problemas e o processo
comunicativo encontram-se facilitados.
06/08 ◘ Mercúrio Quadratura Saturno – É possível que sinta bloqueios na sua
comunicação.
13/08 ◘ Mercúrio Oposição Neptuno – Tendência à distração e à dispersão de
pensamentos.
01/09 ◘ Sol Oposição Neptuno – Situações pouco claras e enganadoras poderão
ocorrer. Evite tomar decisões importantes!
09/09 ◘ Mercúrio Quadratura Plutão – Poderá sentir desconfianças infundadas
pois tenderá a interpretar incorretamente o que lhe é transmitido.
24/09 ◘ Mercúrio Quadratura Plutão.
26/09 ◘ Marte Quadratura Saturno – Obstáculos poderão impedir a prossecução
dos seus objetivos.
101
Movimentos Retrógrados e Diretos
Hora Legal
Data
Movimento
25/07
26/07
02/08
06/09
17/09
25/09
Estação Retrógrada de Vénus 00°46’ Virgem
Estação Retrógrada de Úrano 20°30’ Carneiro
Estação Direta de Saturno 28°16’ Escorpião
Estação Direta de Vénus 14°23’ Leão
Estação Retrógrada de Mercúrio 15°55’ Balança
Estação Direta de Plutão 12°58’ Capricórnio
10:28
11:37
06:52
09:29
19:09
07:57
06:28
07:37
02:52
06:29
15:09
03:57
Ingressos
Luas
Hora Legal
Data
Hora Legal
Data
Ingresso
08/07
18/07
23/07
23/07
31/07
07/08
09/08
11/08
23/08
27/08
18/09
23/09
24/09
Mercúrio em Caranguejo
Vénus em Virgem
Sol em Leão
Mercúrio em Leão
Vénus em Leão
Mercúrio em Virgem
Marte em Leão
Júpiter em Virgem
Sol em Virgem
Mercúrio em Balança
Saturno em Sagitário
Sol em Balança
Marte em Virgem
15:51
19:38
00:30
09:14
12:27
16:14
20:32
08:11
07:37
12:44
23:49 (17/09)
09:20
23:17 (23/09)
19:51
23:38
04:30
13:14
16:27
20:14
00:32
12:11
11:37
16:44
03:49
05:20
03:17
Face da Lua
02/07
Lua Cheia 09º55’ Capricórnio
16/07
Lua Nova 23º14’ Caranguejo
Lua Cheia 07º55’ Aquário
31/07
Lua Nova 21º30´ Leão
14/08
Lua Cheia 06º06’ Peixes
29/08
13/09 Lua Nova 20º10´Virgem | Eclipse Solar Parcial
28/09 Lua Cheia 04º40’ Carneiro | Eclipse Lunar Total
23:19 (01/07)
22:24 (15/07)
00:42
11:53
15:35
03:41
23:50 (27/09)
02:19
01:24
10:42
14:53
18:35
06:41
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é isso que a honra e é isso que nos faz dizer “Juntos fazemos
a diferença”.

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