Portfólio de Imprensa

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Portfólio de Imprensa
Selecção de Informação
LEILÃO DA BIBLIOTECA
DO
DR. LAUREANO BARROS
PRIMEIRA PARTE
Maio de 2009
ORGANIZADO POR
LIVRARIA MANUEL FERREIRA
IMPRENSA
ESCRITA
Begone Dull Care
Glória e Eternidade
O romance entre canção clássica
e electrónica continua no terceiro
álbum dos canadianos Junior
Boys
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Leilão
O homem que tinha em
casa as dez primeiras
edições da Peregrinação
20.05.2009 - Luís Miguel Queirós
É o mais importante leilão de livros que se organiza em Portugal nesta primeira década do século XXI. Os
6432 lotes da espantosa biblioteca do matemático e antifascista Laureano Barros começam amanhã a ir à
praça no Porto. Está lá tudo: das dez primeiras edições da Peregrinação até manuscritos de Eugénio de
Andrade ou Luiz Pacheco
A Livraria Manuel Ferreira inicia esta noite, na Junta de Freguesia do Bonfim, no Porto, o leilão da biblioteca de
Laureano Barros (1921-2008), um professor de Matemática e fi gura da oposição ao regime salazarista que, ao longo
de décadas, reuniu na sua casa de Ponte da Barca aquela que é, muito provavelmente, a mais notável colecção
privada de literatura portuguesa constituída na segunda metade do século XX.
Nascido em Matosinhos em 1921, Laureano Barros não foi, nem nunca quis ser, uma fi gura pública, mas a sua
biblioteca era bem conhecida dos muitos investigadores que a frequentavam, e todos os bibliófilos lhe conheciam o
nome, pronunciado com reverência pelos alfarrabistas. Não era caso para menos. Os mais de seis mil lotes que
agora vão ser leiloados incluem, por exemplo, a primeira edição da Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, de 1614,
um objecto mítico da bibliofilia internacional. O coleccionador devia ter, aliás, uma admiração particular pelo
aventureiro e prosador quinhentista, já que se deu ao trabalho - e à decerto não pequena despesa - de encontrar e
adquirir todas as primeiras dez edições da "Peregrinação".
Para se ficar com uma ideia do gigantismo desta biblioteca, basta verificar que a sessão inaugural do leilão, amanhã
à noite, irá terminar com uma série de lotes compostos por livros de Sophia de Mello Breyner Andresen, tendo a
ordem de licitação sido organizada por ordem alfabética dos apelidos dos autores, ou seja, não se conseguirá
chegar, sequer, ao final da letra "A". Seguem-se mais duas sessões, na sexta-feira e no sábado, e o leilão será
depois interrompido até à quinta-feira seguinte, prolongandose então novamente até sábado.
Os potenciais compradores vão dispor de um cuidado e volumoso catálogo em seis volumes - ele próprio um
utilíssimo instrumento bibliográfi co - e poderão ainda apreciar todas as peças na sede da Junta de Freguesia do
Bonfi m, onde estarão expostas já a partir de hoje à tarde. Difícil é prever o valor que uma biblioteca como esta
poderá alcançar, mas, tendo em conta os montantes atingidos recentemente por colecções muito menos
importantes, não será grande surpresa se o balanço final do leilão puder vir a rondar o meio milhão de euros.
Além de coleccionador de livros raros, Laureano Barros foi um genuíno leitor. Amigo de muitos escritores, como
Eugénio de Andrade ou Luiz Pacheco, a sua biblioteca inclui numerosos manuscritos e dactiloscritos que lhe foram
sendo oferecidos por estes e outros autores. "Ao Laureano, com uma amizade que chega ao ponto de lhe oferecer
isto", escreve Eugénio num raríssimo exemplar do seu primeiro livro, "Narciso", que publicou aos 16 anos, ainda com
o seu verdadeiro nome de José Fontinhas, e que depressa veio a rejeitar. Só os livros e documentos do autor de "As
Mãos e os Frutos" forneceram material para 127 lotes, que incluem, por exemplo, uma versão manuscrita do que
viria ser a primeira antologia de Eugénio, publicada em 1961 na Delfos com prefácio de Eduardo Lourenço. Ou o
folheto "Resposta a Mário Cesariny" (1951), no qual o poeta se defende de uma acusação de plágio.
Cancioneiros medievais
O facto de Laureano Barros não se ter regido apenas por critérios de coleccionismo deu à sua biblioteca uma
abrangência pouco vulgar. Quem colecciona primeiras edições de Fernão Mendes Pinto, de António Vieira ou de
Luís António Verney não costuma ter também o mítico "O Amor em Visita" de Herberto Helder ou os primeiros livros
de João Miguel Fernandes Jorge. Laureano Barros tinha tudo isto e ainda arranjou tempo e dinheiro para compor
uma boa biblioteca de historiografia portuguesa, para lá de livros dedicados a vários outros temas que o
interessavam, como, por exemplo, a botânica. Um dos núcleos mais importantes da colecção é um exaustivo
conjunto de edições portuguesas e estrangeiras dos cancioneiros medievais. Outro é o que se compõe das principais
revistas literárias portuguesas, desde as oitocentistas, como "Ave Azul", passando pelas mais importantes
publicações do primeiro modernismo - "Orpheu, Centauro, Exílio, Portugal Futurista, Byzancio ou Athena" -, até às
que saíram já na segunda metade do século XX.
De autores anteriores ao século XIX, algumas das peças mais valiosas são as primeiras edições dos poetas
quinhentistas Diogo Bernardes e Frei Agostinho da Cruz, uma segunda edição das poesias de Sá de Miranda, a
edição original dos "Apólogos Dialogais" de Francisco Manuel de Melo e a segunda da sua "Carta de Guia de
Casados", ou ainda as primeiras edições de diversas obras do pedagogo iluminista Luís António Verney, incluindo o
"Verdadeiro Método de Estudar".
Laureano Barros coleccionou sobretudo literatura portuguesa, mas a sua biblioteca inclui também autores brasileiros
- Jorge Amado está presente com mais de uma dúzia de primeiras edições - e algumas obras em línguas
estrangeiras, entre as quais se destaca um raríssimo exemplar da primeira edição em volume de "Madame Bovary",
de Flaubert. Outra peça curiosa é um exemplar setecentista, em latim, do "Index" de livros proibidos pelo Vaticano A
partir do início do século XIX, e no que respeita à poesia e ficção portuguesas, o mais simples seria assinalar o que
falta, e não falta quase nada de signifi cativo até ao fi nal da década de 1950. Atendendo só aos autores mais
relevantes, pode começar-se por Garrett, que abrange nada menos do que 67 lotes, incluindo as primeiras edições
dos poemas "Camões" ou "D. Branca", que introduziram o romantismo em Portugal, ou as de "Folhas Caídas" e do
drama "O Alfageme de Santarém", a par de muitas outras obras menos conhecidas.
O cenário é o mesmo quando passamos aos principais poetas portugueses do século XIX, todos eles representados
com o essencial das respectivas bibliografi as nas edições originais, incluindo a raríssima primeira edição dos
Sonetos de Antero de Quental, as duas primeiras edições de "Claridades do Sul", de Gomes Leal, o invulgar
"Mysticae Nuptiae", que Guerra Junqueiro publicou aos 16 anos, ou ainda, para não alongar os exemplos, as
primeiras edições de "O Livro de Cesário Verde" e do "Só", de António Nobre. No caso da obraprima de Nobre,
Laureano Barros deu-se mesmo ao luxo de reunir as oito primeiras edições. Na ficção oitocentista, as obras mais
valiosas encontram-se entre os 89 lotes de Camilo e os 60 de Eça de Queirós, recheados de primeiras edições,
incluindo a de "Os Maias". Mas podiam acrescentar-se muitos outros autores, entre os quais Júlio Dinis, de quem
será leiloado, além dos livros de ficção e poesia, um raríssimo opúsculo intitulado "Da Importância dos Estudos
Meteorológicos para a Medicina", de que apenas se publicaram 100 exemplares.
Outras raridades
Saltando para Fernando Pessoa e para a geração de "Orpheu", a coisa volta a poder resumir-se em três palavras:
não falta nada. Nem sequer a segunda edição de "Mensagem", menos valiosa do que a primeira (que, claro,
Laureano Barros também tinha), mas provavelmente mais rara. Só de Pessoa são 159 lotes, que incluem todas as
edições que o poeta publicou em vida, dos volumes de poesia inglesa ao texto "O Interregno. Defesa e Justificação
da Ditadura Militar em Portugal". De Almada Negreiros algumas das peças mais raras são as primeiras edições da
"Cena do Ódio" e do "Manifesto Anti-Dantas". Bastante difíceis de encontrar são também as edições originais de
"Confissão de Lúcio", "Céu em Fogo e Dispersão", de Sá-Carneiro. Guisado não é um autor da mesma importância
dos anteriores, mas, por isso mesmo, o facto de Laureano Barros ter conseguido reunir todos os nove livros que o
poeta publicou mostra bem até que ponto era um coleccionador minucioso.
Na impossibilidade de se resumir um catálogo que, no total dos seus seis volumes, terá algumas três mil páginas,
faz-se apenas referência aos cerca de 100 lotes de Aquilino Ribeiro, aos 77 de Agustina Bessa- Luís, aos 65 de
Torga, ou aos 41 de António Botto, entre muitos outros autores de quem este bibliófilo reuniu a obra quase sempre
completa nas edições originais. Na primeira metade do século XX português, pode-se afirmar sem grande risco que
a biblioteca de Laureano Barros tem todas as obras de inquestionável valor literário, mas também as que só valem
pela sua raridade (e algumas valem bastante), como os primeiros livros de José Gomes Ferreira, ou os que Torga
publicou sob o pesudónimo Adolpho Rocha, para não falar do caricato Romaria, do padre Vasco Reis, célebre por ter
roubado o prémio do SNI à Mensagem de Pessoa.
Pessanha, Florbela Espanca, Raul Brandão, Wenceslau de Moraes, José Régio, Irene Lisboa, Ferreira de Castro?
Está lá praticamente tudo. E o mesmo se pode dizer de Nemésio, Sophia, Sena, Herberto Helder e por aí adiante. Do
primeiro livro de Mário Cesariny, Corpo Visível, que muitos coleccionadores bem gostariam de ter, o matemático de
Ponte da Barca dava-se ao luxo de ter dois exemplares.
Mas o que justificaria mesmo referência mais detalhada é o vastíssimo conjunto de lotes com livros, folhetos e
manuscritos dos surrealistas portugueses, ao qual a Biblioteca Nacional deveria estar atenta. Entre os 84 lotes
relativos a Luiz Pacheco, encontram-se, por exemplo, seis cadernos diários do autor e um dossier com material
reunido para o livro Pacheco versus Cesariny, mas que não chegou a ser incorporado na obra. E ainda folhetos
raríssimos, como "O Crocodilupa" (1958), título que evoca um "animal chamado Pacheco" que "gosta de se enfeitar
com rabos de outros animais".
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Livros
A
L
Laureano Barros: O
homem que fugiu com uma
biblioteca
05.07.2009 - 09h02 Paulo Moura
Ele planeava tudo. Era organizado, previdente e
perfeccionista. Inflexível com a verdade, a liberdade, a
independência, o rigor e a pontualidade, exigia-os de si e
dos outros. Laureano Barros tinha, portanto, poucos
amigos, mas bons. Antes de morrer, fez uma lista das
únicas cinco pessoas que deveriam ser avisadas. Arnaldo
Sousa era uma delas.
Costumavam combinar encontros, para conversar. Arnaldo,
de 46 anos, que é poeta e professor de Filosofia, conduzia
até ao portão da Quinta da Fonte da Cova. Estacionava e
esperava no carro, olhando para o relógio, até três minutos
antes da hora que tinham marcado. Era esse o tempo
exacto que levava a chegar, a passo, à porta da casa.
Cronometrara-o escrupulosamente. Só então saía. Era um
dos contratos que tinham, ao longo de mais de 20 anos de
amizade: pontualidade absoluta. Outro era sobre as "datas
obrigatórias": era proibido desejar Feliz Natal no dia de
Natal, ou dar os parabéns no dia do aniversário. Nessa data,
também não se ofereciam presentes.
Outro contrato era a sinceridade. Nunca estariam um com o
outro se não o desejassem. Quando fosse preciso dizer não,
di-lo-iam sem receio.
Um dia, Arnaldo teve vontade de apresentar Laureano a um
psiquiatra seu amigo, que o visitava em Ponte da Barca. Há
muito que falava a Zeferino do velho coleccionador de livros
Laureano Barros, a pessoa que mais admirava no mundo.
Telefonou para a quinta e explicou a sua intenção, cheio de
entusiasmo. "Posso levá-lo?"
Laureano Barros
"Não." Arnaldo poderia ter perguntado porquê, mas ficou
satisfeito. Respeitar a vontade do amigo era uma obrigação
contratual.
"Não quer saber por que eu disse 'não'?", concedeu
Laureano.
"Não, não quero saber. Disse 'não' e isso basta-me."
"Mas eu quero explicar-lhe: é que eu não tenho interesse em conhecer mais ninguém."
Resposta implacável. Mas ao mesmo tempo a chave para uma certeza auspiciosa: quando Laureano dissesse "sim", a sua
vontade seria genuína.
Recebia Arnaldo para almoçar, com toda a formalidade e etiqueta. Sentava-o a seu lado, mandava servir os pratos que
sabia serem os seus predilectos. Ficavam na sala a conversar, durante cinco, seis horas. A empregada, a sr.ª Mariquinhas,
entrava apenas quando Laureano tocava a campainha. Por vezes, no Verão, almoçavam na cozinha. Aí, Arnaldo reparou
que Laureano lhe oferecia sempre a cadeira onde ele próprio se costumava sentar, em frente à porta, que dava para as
árvores da quinta. Uma vez perguntou-lhe e Laureano explicou a razão: "Porque tu és poeta, e os poetas devem ver a
natureza."
Falavam de todos os assuntos: literatura, política, filosofia, ciência, a vida e a morte, a amizade e o amor. Laureano era
especialista em tudo. Amava a razão, a oratória e o contraditório. Esmiuçava os temas até às últimas consequências. No
fim, quando Arnaldo chegava a casa, não era raro ter já vários telefonemas do amigo, que entretanto se lembrara de
mais uma achega, mais um argumento. Ligava-lhe e ficavam mais umas horas a debater um pormenor qualquer. Não
havia matérias irrelevantes. Todas eram dignas de elucubração e polémica. A escolha do nome de um cão, por exemplo.
Após uma tarde de discussão, decidiram chamar Preto a um novo cachorro da quinta, por causa das manchas escuras que
apresentava no pêlo. À noite, porém, Laureano telefonou a Arnaldo. Mudara de ideias. Ali perto, explicou, estavam
hospedados, devido às obras da barragem do Alto Lindoso, alguns trabalhadores africanos. Poderiam ficar ofendidos
quando ouvissem chamar pelo cão, que acabaria por ser baptizado simplesmente como P, já que, segundo vários livros da
especialidade consultados por Laureano, os canídeos só fixam a primeira consoante do nome.
Outro contrato, que também foi cumprido: Arnaldo, que durante algum tempo foi director do jornal da terra, não deixaria
que O Povo da Barca desse a notícia da morte de Laureano, quando ocorresse.
A juventude
Foi quando foi viver para o Porto, para frequentar o liceu, que o jovem Laureano Barros começou a comprar livros.
Frequentava os alfarrabistas e iniciou uma colecção, tal como fazia com os paliteiros, bengalas, relógios, louças,
antiguidades ou alfaias agrícolas. Mas ao contrário de toda a traquitana que sempre gostou de trazer para casa, aos livros
ergueu uma fidelidade. Não os vendia, não desistia nem se esquecia deles. Começou a acumulá-los na moradia que o pai
Pesquisa
07 de Julho de 2009
ok
lhe comprou para se instalar na cidade, na Foz, continuou a ampliar a colecção enquanto viveu nessa casa com a primeira
mulher, Leonor, e depois quando se divorciou dela e das seguintes. De cada vez que se separava da mulher com quem
vivia (e foram mais mulheres do que os três casamentos), deixava-lhe tudo: a casa, os móveis, as antiguidades. Mas
levava consigo a biblioteca. Eram livros de Matemática, de Filosofia, de Botânica, mas acima de tudo de Literatura
Portuguesa, e, cada vez mais, volumes curiosos e raros, obras pouco conhecidas, primeiras edições. Por alguns autores
tornou-se obcecado e comprava tudo. Depois estendeu a obsessão a todos os escritores. Comprava e lia, várias vezes, os
livros de Camilo, Eça, Pessoa, Torga. Sempre teve insónias, e passava-as a ler. Dono de uma memória prodigiosa, sabia
páginas e páginas de cor. Perdia horas a arrumar os livros, a manuseá-los, a acariciá-los.
Para ele, eram um salvo-conduto contra a efemeridade de tudo o resto. E também contra a desilusão, como se nada,
além dos livros, estivesse à altura dos padrões de excelência que estabeleceu. Do grau de pureza que cedo definiu para a
sua vida.
Tendo concluído a licenciatura em Matemática com alta classificação, Laureano foi logo convidado, com 21 anos, para
assistente de Rui Luís Gomes, um dos professores mais prestigiados da Faculdade de Ciências do Porto. A bela colega
Leonor Moreira obtivera, no secundário, a segunda melhor classificação a Matemática (19) e ele (que teve 20) casou com
ela, quando eram ambos estudantes no curso de Matemática da Faculdade de Ciências. Teriam três filhos: Carlos, Rui e
Margarida, futuros médico, arquitecto e professora de Matemática.
Mas Rui Luís Gomes era um antifascista incorrigível. Em 1947, a seguir a vários episódios pouco felizes com a PIDE, foi
expulso da faculdade, juntamente com outros dois matemáticos, José Morgado e, claro, o recto e incorruptível Laureano
Barros, após terem enviado ao Governo uma carta protestando contra a prisão de uma aluna.
Desempregado, Laureano, então com 26 anos, montou uma sala de explicações, em frente ao mercado do Bolhão.
Durante mais de 20 anos, viveu disso e pouco mais. Os rendimentos das propriedades familiares de Ponte da Barca,
quando chegavam, convertiam-se imediatamente nalguma edição rara de Camilo ou Eça. O mesmo acontecia com as
poucas remessas de Angola, onde o pai entretanto se estabelecera e constituíra outra família. Qualquer dinheiro extra era
aplicado em extravagâncias bibliófilas, que incluíam, por exemplo, contratar um estudante para lhe catalogar a biblioteca.
Foi o primeiro emprego de Alexandre Outeiro. Laureano Barros pagava ao jovem de Ponte da Barca a estadia numa
pensão, mais um salário simbólico, para ele passar os dias a fazer fichas dos livros no T2 que, depois de se divorciar pela
segunda vez, arrendara na Rua de Sá da Bandeira. Alexandre cumpria o seu horário de trabalho sozinho no apartamento,
mas por volta do meio-dia recebia um telefonema de Laureano convidando-o para o almoço num restaurante, onde
passaria a refeição a falar-lhe de livros, cultura e aventuras.
Alexandre ficou a saber, maravilhado, como Laureano, que nunca foi comunista, deu guarida, na casa da Foz, ao militante
comunista na clandestinidade Rogério de Carvalho, ou como se encontrou, a meio da noite, num pinhal em Vila do Conde,
com a linda militante clandestina do PC Cândida Ventura, que ele não conhecia, para lhe passar uma pasta com
documentos secretos. Ou ainda como numa aldeia chamada S. Martinho da Anta havia um velho olmo negro, descrito por
Miguel Torga...
Nesta altura já Laureano e Alexandre eram amigos, e davam passeios de vários dias pelo Norte do país, a convite de
Laureano, que pagava comidas e dormidas, mas no carro de Alexandre, porque o outro nunca teve carta de condução.
Mesmo assim, Alexandre sabia que tinha de chegar ao encontro com o amigo à hora exacta que haviam marcado. Se se
atrasasse um minuto, Laureano era capaz de, zangado, ir sem abrir a boca do Porto a Braga. "Ele exagerava", admite
Alexandre Outeiro, que é hoje director de uma delegação da Caixa Geral de Depósitos em Gaia. "E sabia que exagerava.
Mas era assim. Um homem de um rigor extremo, em tudo o que fazia."
A biblioteca
Depois do 25 de Abril de 1974, Rui Gomes da Silva regressou do exílio no Brasil para ser nomeado reitor da Universidade
do Porto. A primeira coisa que fez foi convidar Laureano para dar aulas na Faculdade de Ciências. Relutante, ele aceitou,
mas, por discordar dos arbitrários saneamentos de professores, demitiu-se meses depois. Ainda voltou às explicações e
leccionou num colégio, mas não se adaptou à balbúrdia da época e, após a morte do irmão, Joaquim, em 1976, mudou-se
definitivamente para Ponte da Barca. Ia no terceiro casamento, com a professora de Francês Maria José Caleijo, que
continuou a viver no apartamento de Sá da Bandeira. Os livros, esses, viajaram com Laureano. Agora, que herdara a casa
grande da família, tinha espaço para eles.
Primeiras edições de Fernão Mendes Pinto, Camões, Vieira, Verney, Eça, Pessoa, Antero ou António Nobre, obras juvenis
de Guerra Junqueiro, Torga ou José Gomes Ferreira, edições raras de poetas quinhentistas de Ponte da Barca - a
biblioteca começou a crescer em majestade, a tornar-se maior do que si própria, misteriosa e imortal, exigindo reverência
e devoção. Laureano foi ficando solitário. Ninguém sabe ao certo porquê.
Laureano Alves, primo de Laureano Barros, acha que ele se tornou um homem desiludido. "Passava muito tempo sozinho,
embora adorasse conversar." O comportamento dos outros entristecia-o. Principalmente o dos mais comprometidos com o
mundo. Por isso foi cortando elos. Recusou tudo o que lhe ofereceram. Foi convidado para professor catedrático da
Faculdade de Ciências, como se tivesse leccionado durante todo o tempo desde a expulsão, em 1947. Não achou justo.
Aceitou o cargo de director da Escola Secundária de Ponte da Barca, mas por pouco tempo. Segundo uma investigação
que instaurou, descobriu serem falsos os atestados médicos que uma professora apresentava para faltar às aulas. Como
ela não foi demitida, alegadamente por ter amizades no Ministério da Educação, Laureano pediu a reforma. Mais uma vez,
recusou que lhe fosse contado o tempo de serviço desde a sua expulsão da Função Pública, como tinha direito, pelo que
ficou com uma pensão miserável.
"Para ele, tudo tinha de ser perfeito", explica o primo.
Não facilitava. Essa era provavelmente a razão por que, sendo um amante da literatura, não escrevia. "O que fizesse teria
de ser perfeito. Até uma carta, demorava semanas a escrevê-la. Esse perfeccionismo paralisava-o. E, no entanto, escrevia
muito bem." Também terá sido por causa do perfeccionsmo e obsessão pela verdade que não conseguiu manter nenhum
casamento, explica um amigo. Não suportava situações menos que perfeitas, e não conseguia mentir: de cada vez que
tinha uma infidelidade, contava logo, o que acabava por levar à separação. Mas continuou amigo de todas as
ex-mulheres.
A última, Maria José Caleijo, foi companheira até à sua morte, durante 45 anos, apesar de tudo. A certa altura, por
imperativos de coerência, divorciaram-se, embora tivessem continuado juntos.
A solidão
Laureano isolou-se em Ponte da Barca, onde passaria os últimos 30 anos de vida. Fugia das pessoas, e ao mesmo tempo
procurava-as. Os outros surgiam-lhe como entidades algo imateriais e o encontro com eles não raro o fazia sentir-se
perdido.
Para não se desiludir, preferia por vezes manter à distância aqueles de quem gostava, ignorando a crueldade da atitude.
Quando Margarida, a filha, regressou de Inglaterra, onde, muito jovem, fora fazer o doutoramento em Matemática,
Laureano fez tudo para que ela não o fosse visitar. Tinha medo que ela tivesse voltado muito esquerdista, e que se
zangassem à primeira discussão. Fizera tudo, aliás, para que ela não seguisse Matemática, receando que não
conseguisse. Margarida empenhou-se em mostrar que ele estava enganado, concluindo a licenciatura com média de 17.
Talvez cultivasse o relacionamento com os que se prestavam a ser amigos imaginários, metáforas de si próprios. Dizem
os psicólogos que os coleccionadores compulsivos sofrem de incapacidade de lidar com os outros. Se isso é verdade, os
livros, metáforas perfeitas da vida, são a colecção ideal do filantropo solitário.
No entanto, Laureano tornou-se amigo de pessoas que admirava. Lagoa Henriques, Óscar Lopes, Costa Gomes, que foi
seu colega de faculdade. O general era visita regular da Quinta da Fonte da Cova, até quando foi Presidente da República
(Laureano chegou a enviar-lhe uma carta criticando-o pelas cedências aos comunistas), e o mesmo acontecia com vários
intelectuais e artistas, alguns bem pouco convencionais, como Luís Pacheco ou Eugénio de Andrade. Nestes, o austero e
rígido Laureano apreciava a liberdade e a capacidade de surpreender. Mas mais tarde ou mais cedo a tolerância levava à
colisão.
Eugénio passava grandes temporadas na quinta. Sentia-se em casa e dava largas às suas muitos próprias jovialidade e
loucura. Mas quando a mãe de Laureano morreu, não mostrou grande consternação, explicando simplesmente que não
gostava de funerais.
Uma vez, numa festa, Laureano apresentou-lhe uma personalidade de Ponte da Barca, um sujeito baixo e gordo que
sorria de deferência para com o poeta. Eugénio apertou-lhe a mão - "Muito prazer!" - mas ao mesmo tempo disse para o
lado, alto e bom som: "Isto é um homem ou é um cagalhão?"
Foi de mais. Laureano cortou com ele relações, que só viria a reatar, décadas depois, pouco antes da morte do amigo.
A vida na quinta
Em Ponte da Barca, Laureano era amado e odiado, e retribuía ambos os sentimentos. As eminências locais tinham a
noção de ter ali uma personalidade de craveira nacional, e tentavam aproveitar-se, oferecendo-lhe cargos e medalhas.
Laureano nunca aceitou, alegando que nada fizera pela terra, o que não podia ser mais verdade.
Limitava-se a ser um exemplo, o que nem sempre era devidamente apreciado. Para desconforto de muita gente, a
legalidade fiscal era uma das obsessões de Laureano. Quase uma doença. Pagava tudo antes do tempo e até mais do que
devia, para não correr o risco de errar. Não admitia a mínima batota. Nas transacções de propriedades, era comum
assinar-se a escritura por um valor inferior ao real, para pagar menos imposto. Laureano recusava-se, o que lhe impediu
alguns negócios. Mas não cedia. Uma vez, quis vender uma das terras da família por 100 mil euros. O comprador aceitava
o preço, desde que se fizesse escritura por 10 mil. Laureano fez um acordo: pagaria ele próprio o montante do imposto
de transacção correspondente a 90 mil euros, que era devido ao outro. Foi aceite e o negócio fez-se.
Intransigente em relação à dignidade das pessoas, Laureando comia com os seus trabalhadores à mesma mesa, o que
muitos consideravam esquisito.
Foi também o primeiro, na região, a fazer descontos para a reforma e segurança social dos trabalhadores. Os outros
agricultores sentiram-se prejudicados com este precedente e nomearam um representante para interceder junto de
Laureano. Quando aquele chegou à quinta sugerindo, com falinhas mansas, que o "senhor doutor", pelo menos,
descontasse para a segurança social apenas um dia ou dois, e não a semana inteira, foi corrido com insultos.
A Quinta da Fonte da Cova era um oásis de legalidade. E de alguma loucura também.
Os "meninos"
O patrão achava que devia iniciar os empregados no mundo da bibliofilia e da cultura. Lia para eles, convocava-os para
sessões temáticas nos aposentos por onde se distribuía a biblioteca: a sala, a salinha, o quartinho ou mesmo a saleta. Por
vezes, anunciava-lhes que iam dar um passeio. Chamava então Arlindo, o seu taxista de serviço, e partiam para um tour
literário pelas aldeias do Gerês. No fim, jantavam todos no Restaurante Elevador, no Bom Jesus de Braga. Previamente
informado, o gerente reservava uma mesa num recanto discreto, para que o grupo (de "secretários", como Laureano os
apresentava) não assustasse os clientes normais do luxuoso restaurante. E lá iam, o Nelinho, o Carlos, o Nuno, o Gi e
todos os jornaleiros da quinta, incluindo o lenhador José Corga, que carecia de uma indicação especial à cozinha do
restaurante. Corga era um fenómeno: só comia batatas (em dias de festa, com bacalhau - era a sua única concessão),
mas não em doses normais. Precisava de um prato especial, de Viana, onde coubesse "meia quarta" (o equivalente a três
quilos) de batatas cozidas. Repudiava, aliás, a ideia de que alguém conseguisse comer mais do que ele.
Laureano, que se maravilhava com os prodígios da Natureza, gostava de encorajar e exibir este apanágio do empregado.
Por isso, no Elevador, o senhor Corga tinha direito ao seu prato especial de batatas.
O "senhor" Corga. Laureano tratava toda a gente por "senhor". Até um pobre que ia lá a casa levar a carne do talho
merecia sempre um "Obrigado, senhor Manuel". Para o Nelinho, isto era pura magia. Nunca tinha visto nada assim.
Laureano tinha o estranho poder de elevar as pessoas. De transformar um zé-ninguém num senhor.
"O doutor foi a pessoa mais honesta e culta que conheci à face da terra", diz Manuel Rocha, a quem Laureano chamava
Nelo, ou Nelinho, que hoje tem 36 anos, mas está na quinta desde criança. "Ele para mim era tudo. Sempre pensei: com
este homem, não preciso de mais nada."
Nelo era uma das várias crianças que trabalhavam ou habitavam na Quinta da Fonte da Cova, tais como o seu irmão,
Carlos, o Nuno Leitão ou o Moisés Cerqueira (conhecido como o "Gi"), ou os sobrinhos mulatos de Laureano (filhos dos
seus meios-irmãos de Angola), que lá iam passar férias.
O pai de Nelo fora jornaleiro na quinta. Levava-o para lá na época da apanha da maçã, trabalho que requeria gente
pequena e leve. Mas um dia emigrou para França e deixou com o "doutor" os filhos, Nelo e Carlos. O "doutor Manuel" e o
"engenheiro Carlos", como Laureano passou a designá-los, celebrando o talento para a conversa de um e o jeito de mãos
do outro.
Carlos, com efeito, acabaria por arranjar emprego como mecânico de máquinas, e passou a ir à quinta apenas às
quartas-feiras, almoçar. Nelo continuou a viver lá, até à morte de Laureano, no ano passado. Encarregava-se de vários
trabalhos na quinta, mas também tomava conta da biblioteca e, acima de tudo, tornou-se discípulo, amigo e confidente
do patrão. "Nelinho, hoje o dia já está ganho, vamos conversar", chamava Laureano. "Nelinho, comprei um livro novo,
vamos vê-lo". E Nelo interrompia o trabalho na quinta, sentava-se na salinha. "Isto, Nelinho, fica só entre nós. Não sai
daqui", dizia-lhe Laureano, depois de contar uma visita a um alfarrabista ou a um leilão para adquirir um certo livro raro.
Nelo percebera que a biblioteca se tornara muito valiosa, e não convinha que isso constasse. Era um segredo que
guardava. "Nelinho, hoje vamos tirar os livros daquela prateleira. Vamos vê-los." Ou então: "Vai ali à saleta, à segunda
prateleira da estante do meio, encostada à janela, tira o terceiro livro a contar do lado norte para sul. Abre na página
153..."
Nelo abria e Laureano, da outra sala, começava a dizer o texto de cor, excertos enormes de Camilo ou Pessoa. Conhecia
ao pormenor cada um dos seus livros e sabia exactamente onde se encontrava.
Um dia, Nuno Leitão, que trabalhou na quinta mas depois estudou Informática de Gestão, ofereceu-se para catalogar toda
a biblioteca em computador. Laureano agradeceu, mas não precisava: tinha os ficheiros todos na cabeça.
Nuno chegou a viver na Fonte da Cova, mas acabou por ir estudar, encorajado por Laureano. O "Gi", que foi criado na
quinta, sairia para casar e arranjar emprego como serralheiro.
A família dele, muito pobre, vivia numa casa em frente. Eram oito irmãos, que cedo se fizeram aos caminhos do fracasso
ou do crime. Para lhe dar um futuro alternativo, a mãe de "Gi" pô-lo a viver na quinta, aos seis anos.
Ele e o Nelo, bem como o Carlos e o Nuno, eram como filhos de Laureano. Os seus "meninos", dizia ele. Todos falam do
"doutor", hoje, com incondicional afecto e uma orgulhosa emoção. A exaltação quase fanática, possessiva, de quem sente
ter tocado uma esfera superior da existência. "Faço questão de ser como ele, na minha vida", diz o Nelinho. "Em cada
situação, penso: se o senhor doutor fosse vivo, faria assim. E tento fazer igual."
Não é fácil entender que tipo de influência Laureano exerceu sobre os espíritos destes jovens. Mas basta falar um pouco
com eles para perceber que ainda lhe estão submetidos. Têm uma transparência comovente no olhar, que nos faria
confiar-lhes a própria vida, sem hesitação.
Não que Laureano tenha sido condescendente com eles. Mas talvez por isso mesmo. "Gi" não teve uma relação fácil com
o "doutor", que se zangava, e lhe batia, se ele chegava tarde a casa. Para o punir, mandava a Mariquinhas cozinhar favas
com carne, o prato que "Gi" detestava. Uma vez, por ele ter ido ver as cheias do rio e não comparecer a horas no
trabalho, deu-lhe uma bofetada. "Gi" fugiu para casa dos pais. No dia seguinte, Laureano telefonou-lhe a pedir que
voltasse.
Acima de tudo, irritava-se por o seu "menino" não levar os estudos a sério. Ele ia, no entanto, concluir com êxito o
secundário, não tivesse Laureano, que era na altura director da escola, irrompido pela reunião de professores,
expressamente para não os deixar aprovar o "Gi". "Eu estou com ele em casa e vejo que ele não estuda", garantiu o
director. "Gi" chumbou e foi trabalhar como serralheiro. Mas não ganhava o suficiente e teve de emigrar para Andorra,
porque o "doutor", com os seus rígidos princípios, se recusou a meter uma cunha para lhe arranjar um emprego.
Já o Nelo não quis continuar os estudos, nem empregar-se, para ficar com Laureano. "No meu íntimo, eu sentia que não
podia deixar o doutor. Achava que ele precisava de mim", explica o Nelo, que ainda continua na quinta, sem saber que ela
vai ser vendida. "A minha filosofia de vida era: enquanto o doutor for vivo, eu fico com ele."
Parece que os dois competem pela maior dedicação a Laureano. "Gi" conta que passou muitos Natais sozinho com ele,
quando nem os filhos o vinham visitar. E que, pouco antes da sua morte, era ele quem lhe dava banho.
Nelo e "Gi" contam cheios de vaidade estas compassivas intimidades, como se defendessem um fundamental património
humano.
Laureano dissera à empregada: "Maria, se eu morrer, chama os meninos, para virem ajudar." Foi nessa altura que
escreveu a lista de quem deveria ser avisado e as regras para o funeral, que incluíam ser enterrado sem caixão, sem
discursos e sem cerimónia religiosa, de preferência na quinta (vontade que, obviamente, não pôde ser cumprida).
Nos últimos tempos de vida, aliás, depois de ter ficado doente, Laureano começou a preocupar-se com a posteridade.
Não teve nenhuma fraqueza religiosa - manteve-se agnóstico até ao fim - mas passou a tomar disposições. Uma delas
fora o divórcio com Maria José Caleijo, para não causar aos filhos problemas com a herança. Margarida, aliás, que só
soube pelos jornais do casamento do pai, foi convidada formalmente para um almoço de divórcio.
Depois, Laureano doou todos os bens aos filhos. Quis poupá-los a burocracias e eventuais contendas. Organizado e
precavido como era, passou os últimos anos a preparar o seu desaparecimento. Distribuiu as casas e os terrenos pelos
três filhos, mas a sua grande preocupação eram, obviamente, os livros.
"Este ficará para a minha filha", ia dizendo ao Nelinho, "esta colecção para o Carlos...", mas à medida que se aproximava
do fim, e ia perdendo o interesse por tudo excepto pelos livros, apercebia-se também de que os filhos não queriam a
biblioteca. Pensou em várias soluções - doar as obras a uma instituição, criar uma fundação (ideia do filho Carlos). Mas
nenhuma lhe agradou. Por fim, deixou de pensar no assunto. Mergulhou numa estranha apatia, uma inconsciência
meticulosa e desesperada, que apenas aos seus "meninos" era visível. E os fazia sofrer.
Como pôde aquele homem que tudo calculava e tudo prevenia ter cometido um erro tão grosseiro? No seu afã de tudo
medir pela beleza dos livros, de sublimar neles os seus dias e o seu futuro, nunca lhe passou pela cabeça que a biblioteca
pudesse não ser eterna.
Mas não deixou, mesmo sabendo (e decerto aceitando) que em breve tudo aquilo seria vendido em leilão, de folhear,
tratar e acariciar os seus livros, com a leveza confiante com que uma criança diz adeus a quem ama. A mesma com que,
pouco depois, as mãos grossas e calejadas do "Gi" lhe seguraram o rosto que partia.
COMENTÁRIOS
1 a 5 de um total de 31
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06.07.2009 - 14h26 - PedroM, Aveiro
... já muito foi dito e se nada mais houver escrito sobre Laureano Barros, que este brilhante trecho de Paulo Moura, que
se desenrola tranquilo e sem sobressaltos, embora transbordando sentimentos, possa figurar numa antologia de
pequenas biografias de grandes Homens.
06.07.2009 - 11h02 - JG, Lisboa
Um texto brilhante, sem sombra de dúvida!
06.07.2009 - 08h46 - Fernando, Codal
Gostei do texto. Gostaria ainda mais desta crónica se ela fosse ficção. Impressionam-me estes comportamentos, tal
como me impressionam os comportamentos dos Dias Loureiros deste mundo.
06.07.2009 - 02h02 - Cinderela, Paris
Parabens pelo texto... deliciosamente divinal. Porque nao escrever um livro?? Porque nao dar a conhecer a vida e "obra"
deste grande senhor??? pessoas assim, têm que ficar para a historia e na historia. Tive o gosto de ter conhecido uma
pessoa assim.. ao ler o texto parecia que estava a ler um capitulo da minha vida. Pessoas como estas... sao raras, sao
preciosas, cujos valores precisam de ser transmitidos, esta pureza de espirito precisa de chegar a toda a gente... nao
apenas ao nelinho, ao senhor Corga, ao "Gi"... precisa de chegar a todos... através da literatura. A liçao suprema desta
arte é que só consegue exprimir-se com o poder do sentimento, como verifiquei neste texto, e a alma desta obra prima
reside na potencia da emoçao. Peço um livro... dê-me o gosto de poder entrar numa livraria... pedir por este livro,
abri-lo, passar a minha mao pelas folhas... dê-me o deleite de poder devorar esta historia... em forma de livro....
06.07.2009 - 01h32 - Alda Rocha, Carcavelos
E mais não digo. Obrigada Paulo Moura. É só. Há anos que o penso, só hoje o transmito sabe-se lá porquê.
Comentários 1 a 5
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Segunda-feira, Julho 06, 2009
Posted 3:01 AM by masson
DR. LAUREANO BARROS
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político e económico, espreitador
literário ... ferros curtos
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"Ele planeava tudo. Era organizado, previdente e perfeccionista.
Inflexível com a verdade, a liberdade, a independência, o rigor e a
pontualidade, exigia-os de si e dos outros (...)
Foi quando foi viver para o Porto, para frequentar o liceu, que o
jovem Laureano Barros começou a comprar livros. Frequentava os
alfarrabistas e iniciou uma colecção, tal como fazia com os
paliteiros, bengalas, relógios, louças, antiguidades ou alfaias
agrícolas. Mas ao contrário de toda a traquitana que sempre
gostou de trazer para casa, aos livros ergueu uma fidelidade. Não
os vendia, não desistia nem se esquecia deles. Começou a
acumulá-los na moradia que o pai lhe comprou para se instalar na
cidade, na Foz, continuou a ampliar a colecção enquanto viveu
nessa casa com a primeira mulher, Leonor, e depois quando se
divorciou dela e das seguintes. De cada vez que se separava da
mulher com quem vivia (e foram mais mulheres do que os três
casamentos), deixava-lhe tudo: a casa, os móveis, as
antiguidades. Mas levava consigo a biblioteca. Eram livros de
Matemática, de Filosofia, de Botânica, mas acima de tudo de
Literatura Portuguesa, e, cada vez mais, volumes curiosos e raros,
obras pouco conhecidas, primeiras edições. Por alguns autores tornou-se obcecado e
comprava tudo. Depois estendeu a obsessão a todos os escritores. Comprava e lia,
várias vezes, os livros de Camilo, Eça, Pessoa, Torga. Sempre teve insónias, e
passava-as a ler. Dono de uma memória prodigiosa, sabia páginas e páginas de cor.
Perdia horas a arrumar os livros, a manuseá-los, a acariciá-los (...)"
in Laureano Barros - O Homem que Fugiu com uma Biblioteca, por Paula Moura,
P2 (Jornal Público), 5 de Julho 2009, pp. 4-7]
- ler TODO o artigo sobre Laureano Barros (retirado do jornal Público, com a devida
vénia), invulgar bibliófilo e que AQUI e AQUI fizemos referência, no nosso site
BIBLIOMANIAS.
Etiquetas: Jornal Publico, Laureano Barros
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Quarta-feira, Maio 20, 2009
Posted 12:55 PM
LEILÃO DA BIBLIOTECA DO DR. LAUREANO BARROS
Conforme AQUI referimos, começa amanhã o Leilão - consultar AQUI os Catálogos - da
magnífica e invulgar Biblioteca do Dr. Laureano Barros. No jornal Público de hoje
(ver P2), Luís Miguel Queirós refere o seguinte:
"A Livraria Manuel Ferreira inicia esta noite, na Junta de Freguesia do Bonfim, no
Porto, o leilão da biblioteca de Laureano Barros (1921-2008), um professor de
Matemática e figura da oposição ao regime salazarista que, ao longo de décadas, reuniu
na sua casa de Ponte da Barca aquela que é, muito provavelmente, a mais notável
colecção privada de literatura portuguesa constituída na segunda metade do século XX.
Nascido em Matosinhos em 1921, Laureano Barros não foi, nem nunca quis ser, uma
figura pública, mas a sua biblioteca era bem conhecida dos muitos investigadores que a
frequentavam, e todos os bibliófilos lhe conheciam o nome, pronunciado com reverência
pelos alfarrabistas. Não era caso para menos. Os mais de seis mil lotes que agora vão
ser leiloados incluem, por exemplo, a primeira edição da Peregrinação de Fernão
Mendes Pinto, de 1614, um objecto mítico da bibliofilia internacional. O coleccionador
devia ter, aliás, uma admiração particular pelo aventureiro e prosador quinhentista, já
que se deu ao trabalho - e à decerto não pequena despesa - de encontrar e adquirir
todas as primeiras dez edições da Peregrinação.
Para se ficar com uma ideia do gigantismo desta biblioteca, basta verificar que a sessão
inaugural do leilão, amanhã à noite, irá terminar com uma série de lotes compostos por
livros de Sophia de Mello Breyner Andresen, tendo a ordem de licitação sido
organizada por ordem alfabética dos apelidos dos autores, ou seja, não se conseguirá
chegar, sequer, ao final da letra "A". Seguem-se mais duas sessões, na sexta-feira e no
sábado, e o leilão será depois interrompido até à quinta-feira seguinte, prolongando-se
então novamente até sábado.
Os potenciais compradores vão dispor de um cuidado e volumoso catálogo em seis
volumes - ele próprio um utilíssimo instrumento bibliográfico - e poderão ainda apreciar
todas as peças na sede da Junta de Freguesia do Bonfim, onde estarão expostas já a
partir de hoje à tarde (...)"
Ler tudo AQUI, Caderno P2.
Etiquetas: Laureano Barros, Leilão, Manuel Ferreira
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Quarta-feira, Maio 13, 2009
Posted 4:09 AM
BIBLIOTECA DR. LAUREANO BARROS
"Em ano de comemoração dos seus 50 anos de existência, a Livraria Manuel Ferreira
promove um importante leilão de cerca de 6000 espécies bibliográficas constitutivas de
uma das mais valiosas bibliotecas particulares do século XX, formada pelo dedicado
bibliófilo Dr. Laureano Barros.
Este Leilão será dividido em 3 partes; a primeira decorrerá entre os dias 21 e 23 e 28 e
30 de Maio, a decorrer no Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim, no Porto,
pelas 21 horas. As restantes, com data a definir, serão oportunamente anunciadas.
Da primeira parte deste leilão destacamos a magnífica colecção de Cancioneiros
portugueses antigos; manuscritos e edições originais do poeta Eugénio de Andrade do
qual destacamos o seu primeiro e extremamente raro «Narciso», publicado em 1940; as
edições originais de «O Lima», de Diogo Bernardes; da «Crónica de Cister», de
Bernardo de Brito; do belo livro de Lima Bezerra, «Os Estrangeiros no Lima», as
revistas literárias «Árvore», «Athena», «Caliban», «Centauro», «Contemporânea»,
«Contravento» ..." [ler tudo, AQUI]
Catálogos online - AQUI.
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S E X TA - F E I R A , 1 5 D E M A I O D E 2 0 0 9
LEILÃO DA IMPORTANTE BIBLIOTECA DO
DISTINTO BIBLIÓFILO DR. LAUREANO
BARROS, ORGANIZADO PELA LIVRARIA
MANUEL FERREIRA
Acabei de receber os catálogos (primeira parte) referente ao próximo
leilão organizado pela Livraria Manuel Ferreira. Este primeiro leilão
decorrerá entre os dias 21 e 23 e 28 e 30 de Maio.
Trata-se sem qualquer dúvida de uma excelente biblioteca, na qual
constam muitas obras de muita raridade.
Aconselho a consultarem este catálogo (pdf) no blogue da Livraria
Manuel Ferreira:
http://livrariamanuelferreira-leiloes.blogspot.com/
Esta livraria encontra-se a comemorar os cinquenta anos de existência,
razão pela qual envio ao proprietário as minhas sinceras felicitações
por este acontecimento.
P U B L I C A D A P O R PA U L O C A M P O S E M 1 0 : 5 2
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LEILÃO
DR. LAUREANO BARROS
"Em ano de comemoração dos seus 50 anos de existência, a Livraria Manuel
Ferreira promove um importante leilão de cerca de 6000 espécies bibliográficas
constitutivas de uma das mais valiosas bibliotecas particulares do século XX,
formada pelo dedicado bibliófilo Dr. Laureano Barros.
em 3 partes; a primeira decorrerá entre os dias 21 e 23
Este Leilão será dividido
.
e 28 e 30 de Maio, a decorrer no Salão Nobre da Junta de Freguesia do
Bonfim, no Porto, pelas 21 horas. As restantes, com data a definir, serão
oportunamente anunciadas.
Da primeira parte deste leilão destacamos a magnífica colecção de
Cancioneiros portugueses antigos; manuscritos e edições originais do poeta
Eugénio de Andrade do qual destacamos o seu primeiro e extremamente raro
«Narciso», publicado em 1940; as edições originais de «O Lima», de Diogo
Bernardes; da «Crónica de Cister», de Bernardo de Brito; do belo livro de
Lima Bezerra, «Os Estrangeiros no Lima», as revistas literárias «Árvore»,
«Athena», «Caliban», «Centauro», «Contemporânea», «Contravento» ..." [ler
tudo, AQUI]
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A notável biblioteca do antifascista ou
antisalazarista Laureano Barros vai a leilão
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Registo: May 2009
Local: Lisbon, Portugal
Msgs: 17
#1
A notável biblioteca do antifascista ou antisalazarista
Laureano Barros vai a leilão
É o mais importante leilão de livros que se organiza
em Portugal nesta primeira década do século XXI. Os
6432 lotes da espantosa biblioteca do matemático e
antifascista Laureano Barros começam amanhã a ir à
praça no Porto. Está lá tudo: das dez primeiras
edições da Peregrinação até manuscritos de Eugénio
de Andrade ou Luiz Pacheco
A Livraria Manuel Ferreira inicia esta noite, na Junta de
Freguesia do Bonfim, no Porto, o leilão da biblioteca de
Laureano Barros (1921-2008), um professor de Matemática e
figura da oposição ao regime salazarista que, ao longo de
décadas, reuniu na sua casa de Ponte da Barca aquela que é,
muito provavelmente, a mais notável colecção privada de
literatura portuguesa constituída na segunda metade do século
XX.
Nascido em Matosinhos em 1921, Laureano Barros não foi,
nem nunca quis ser, uma figura pública, mas a sua biblioteca
era bem conhecida dos muitos investigadores que a
frequentavam, e todos os bibliófilos lhe conheciam o nome,
pronunciado com reverência pelos alfarrabistas. Não era caso
para menos. Os mais de seis mil lotes que agora vão ser
leiloados incluem, por exemplo, a primeira edição da
Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, de 1614, um objecto
mítico da bibliofilia internacional. O coleccionador devia ter,
aliás, uma admiração particular pelo aventureiro e prosador
quinhentista, já que se deu ao trabalho - e à decerto não
pequena despesa - de encontrar e adquirir todas as primeiras
dez edições da Peregrinação.
Para se ficar com uma ideia do gigantismo desta biblioteca,
basta verificar que a sessão inaugural do leilão, amanhã à noite,
irá terminar com uma série de lotes compostos por livros de
Sophia de Mello Breyner Andresen, tendo a ordem de licitação
sido organizada por ordem alfabética dos apelidos dos autores,
ou seja, não se conseguirá chegar, sequer, ao final da letra "A".
Seguem-se mais duas sessões, na sexta-feira e no sábado, e o
leilão será depois interrompido até à quinta-feira seguinte,
prolongando-se então novamente até sábado.
Os potenciais compradores vão dispor de um cuidado e
volumoso catálogo em seis volumes - ele próprio um utilíssimo
instrumento bibliográfico - e poderão ainda apreciar todas as
peças na sede da Junta de Freguesia do Bonfim, onde estarão
expostas já a partir de hoje à tarde. Difícil é prever o valor que
uma biblioteca como esta poderá alcançar, mas, tendo em
conta os montantes atingidos recentemente por colecções
muito menos importantes, não será grande surpresa se o
balanço final do leilão puder vir a rondar o meio milhão de
euros.
Além de coleccionador de livros raros, Laureano Barros foi um
genuíno leitor. Amigo de muitos escritores, como Eugénio de
Andrade ou Luiz Pacheco, a sua biblioteca inclui numerosos
manuscritos e dactiloscritos que lhe foram sendo oferecidos
por estes e outros autores. "Ao Laureano, com uma amizade
que chega ao ponto de lhe oferecer isto", escreve Eugénio num
raríssimo exemplar do seu primeiro livro, Narciso, que
publicou aos 16 anos, ainda com o seu verdadeiro nome de José
Fontinhas, e que depressa veio a rejeitar. Só os livros e
documentos do autor de As Mãos e os Frutos forneceram
material para 127 lotes, que incluem, por exemplo, uma versão
manuscrita do que viria ser a primeira antologia de Eugénio,
publicada em 1961 na Delfos com prefácio de Eduardo
Lourenço. Ou o folheto Resposta a Mário Cesariny (1951), no
qual o poeta se defende de uma acusação de plágio.
Cancioneiros medievais
O facto de Laureano Barros não se ter regido apenas por
critérios de coleccionismo deu à sua biblioteca uma
abrangência pouco vulgar. Quem colecciona primeiras edições
de Fernão Mendes Pinto, de António Vieira ou de Luís António
Verney não costuma ter também o mítico O Amor em Visita de
Herberto Helder ou os primeiros livros de João Miguel
Fernandes Jorge. Laureano Barros tinha tudo isto e ainda
arranjou tempo e dinheiro para compor uma boa biblioteca de
historiografia portuguesa, para lá de livros dedicados a vários
outros temas que o interessavam, como, por exemplo, a
botânica.
Um dos núcleos mais importantes da colecção é um exaustivo
conjunto de edições portuguesas e estrangeiras dos
cancioneiros medievais. Outro é o que se compõe das principais
revistas literárias portuguesas, desde as oitocentistas, como
Ave Azul, passando pelas mais importantes publicações do
primeiro modernismo - Orpheu, Centauro, Exílio, Portugal
Futurista, Byzancio ou Athena -, até às que saíram já na
segunda metade do século XX.
De autores anteriores ao século XIX, algumas das peças mais
valiosas são as primeiras edições dos poetas quinhentistas
Diogo Bernardes e Frei Agostinho da Cruz, uma segunda edição
das poesias de Sá de Miranda, a edição original dos Apólogos
Dialogais de Francisco Manuel de Melo e a segunda da sua
Carta de Guia de Casados, ou ainda as primeiras edições de
diversas obras do pedagogo iluminista Luís António Verney,
incluindo o Verdadeiro Método de Estudar.
Laureano Barros coleccionou sobretudo literatura portuguesa,
mas a sua biblioteca inclui também autores brasileiros - Jorge
Amado está presente com mais de uma dúzia de primeiras
edições - e algumas obras em línguas estrangeiras, entre as
quais se destaca um raríssimo exemplar da primeira edição em
volume de Madame Bovary, de Flaubert. Outra peça curiosa é
um exemplar setecentista, em latim, do Index de livros
proibidos pelo Vaticano.
A partir do início do século XIX, e no que respeita à poesia e
ficção portuguesas, o mais simples seria assinalar o que falta, e
não falta quase nada de significativo até ao final da década de
1950. Atendendo só aos autores mais relevantes, pode
começar-se por Garrett, que abrange nada menos do que 67
lotes, incluindo as primeiras edições dos poemas Camões ou D.
Branca, que introduziram o romantismo em Portugal, ou as de
Folhas Caídas e do drama O Alfageme de Santarém, a par de
muitas outras obras menos conhecidas.
O cenário é o mesmo quando passamos aos principais poetas
portugueses do século XIX, todos eles representados com o
essencial das respectivas bibliografias nas edições originais,
incluindo a raríssima primeira edição dos Sonetos de Antero de
Quental, as duas primeiras edições de Claridades do Sul, de
Gomes Leal, o invulgar Mysticae Nuptiae, que Guerra
Junqueiro publicou aos 16 anos, ou ainda, para não alongar os
exemplos, as primeiras edições de O Livro de Cesário Verde e
do Só, de António Nobre. No caso da obra-prima de Nobre,
Laureano Barros deu-se mesmo ao luxo de reunir as oito
primeiras edições.
Na ficção oitocentista, as obras mais valiosas encontram-se
entre os 89 lotes de Camilo e os 60 de Eça de Queirós,
recheados de primeiras edições, incluindo a de Os Maias. Mas
podiam acrescentar-se muitos outros autores, entre os quais
Júlio Dinis, de quem será leiloado, além dos livros de ficção e
poesia, um raríssimo opúsculo intitulado Da Importância dos
Estudos Meteorológicos para a Medicina, de que apenas se
publicaram 100 exemplares.
Outras raridades
Saltando para Fernando Pessoa e para a geração de Orpheu, a
coisa volta a poder resumir-se em três palavras: não falta nada.
Nem sequer a segunda edição de Mensagem, menos valiosa do
que a primeira (que, claro, Laureano Barros também tinha),
mas provavelmente mais rara. Só de Pessoa são 159 lotes, que
incluem todas as edições que o poeta publicou em vida, dos
volumes de poesia inglesa ao texto O Interregno. Defesa e
Justificação da Ditadura Militar em Portugal. De Almada
Negreiros algumas das peças mais raras são as primeiras
edições da Cena do Ódio e do Manifesto Anti-Dantas. Bastante
difíceis de encontrar são também as edições originais de
Confissão de Lúcio, Céu em Fogo e Dispersão, de Sá-Carneiro.
Guisado não é um autor da mesma importância dos anteriores,
mas, por isso mesmo, o facto de Laureano Barros ter
conseguido reunir todos os nove livros que o poeta publicou
mostra bem até que ponto era um coleccionador minucioso.
Na impossibilidade de se resumir um catálogo que, no total dos
seus seis volumes, terá algumas três mil páginas, faz-se apenas
referência aos cerca de 100 lotes de Aquilino Ribeiro, aos 77 de
Agustina Bessa-Luís, aos 65 de Torga, ou aos 41 de António
Botto, entre muitos outros autores de quem este bibliófilo
reuniu a obra quase sempre completa nas edições originais. Na
primeira metade do século XX português, pode-se afirmar sem
grande risco que a biblioteca de Laureano Barros tem todas as
obras de inquestionável valor literário, mas também as que só
valem pela sua raridade (e algumas valem bastante), como os
primeiros livros de José Gomes Ferreira, ou os que Torga
publicou sob o pesudónimo Adolpho Rocha, para não falar do
caricato Romaria, do padre Vasco Reis, célebre por ter roubado
o prémio do SNI à Mensagem de Pessoa.
Pessanha, Florbela Espanca, Raul Brandão, Wenceslau de
Moraes, José Régio, Irene Lisboa, Ferreira de Castro? Está lá
praticamente tudo. E o mesmo se pode dizer de Nemésio,
Sophia, Sena, Herberto Helder e por aí adiante. Do primeiro
livro de Mário Cesariny, Corpo Visível, que muitos
coleccionadores bem gostariam de ter, o matemático de Ponte
da Barca dava-se ao luxo de ter dois exemplares.
Mas o que justificaria mesmo referência mais detalhada é o
vastíssimo conjunto de lotes com livros, folhetos e manuscritos
dos surrealistas portugueses, ao qual a Biblioteca Nacional
deveria estar atenta. Entre os 84 lotes relativos a Luiz Pacheco,
encontram-se, por exemplo, seis cadernos diários do autor e
um dossier com material reunido para o livro Pacheco versus
Cesariny, mas que não chegou a ser incorporado na obra. E
ainda folhetos raríssimos, como O Crocodilupa (1958), título
que evoca um "animal chamado Pacheco" que "gosta de se
enfeitar com rabos de outros animais".
http://jornal.publico.clix.pt
/defaul...ge%3D4%26c%3DC
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lucerna de mecenas: Exemplo raro
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lucerna de mecenas
Segunda-feira, 6 de Julho de 2009
Um blog de memórias, de
novidades: de amigos!
Sei que o texto é longo, mas vale a pena dispender algum tempo a
lê-lo, porque não se encontram figuras destas todos os dias. Acho
que é a primeira vez que sinto um encantamento tão grande por um
texto do jornal "Público"!
Amicum perdere est damnorum
maximum!...
Exemplo raro
Muito bom!
Laureano Barros: O homem que fugiu com uma biblioteca
05.07.2009 - 09h02 Paulo Moura
Ele planeava tudo. Era organizado,
previdente e perfeccionista. Inflexível com a
verdade, a liberdade, a independência, o
rigor e a pontualidade, exigia-os de si e dos
outros. Laureano Barros tinha, portanto,
poucos amigos, mas bons. Antes de morrer,
fez uma lista das únicas cinco pessoas que
deveriam ser avisadas. Arnaldo Sousa era
uma delas.
Costumavam combinar encontros, para
conversar. Arnaldo, de 46 anos, que é poeta
e professor de Filosofia, conduzia até ao
portão da Quinta da Fonte da Cova.
Estacionava e esperava no carro, olhando
para o relógio, até três minutos antes da
hora que tinham marcado. Era esse o tempo
exacto que levava a chegar, a passo, à porta
da casa. Cronometrara-o escrupulosamente.
Só então saía. Era um dos contratos que
tinham, ao longo de mais de 20 anos de
amizade: pontualidade absoluta. Outro era
sobre as "datas obrigatórias": era proibido
desejar Feliz Natal no dia de Natal, ou dar os
http://lucernademecenas.blogspot.com/2009/07/exemplo-raro.html
Archiuum
Archiuum
Socii
Ariadne
Cassandra
Clio
Helena de Tróia
Hera
Hortênsia
Lu
Narcisus
lucerna de mecenas: Exemplo raro
desejar Feliz Natal no dia de Natal, ou dar os
parabéns no dia do aniversário. Nessa data,
também não se ofereciam presentes.
Outro contrato era a sinceridade. Nunca
estariam um com o outro se não o
desejassem. Quando fosse preciso dizer não,
di-lo-iam sem receio.
Um dia, Arnaldo teve vontade de apresentar
Laureano a um psiquiatra seu amigo, que o
visitava em Ponte da Barca. Há muito que
falava a Zeferino do velho coleccionador de
livros Laureano Barros, a pessoa que mais
admirava no mundo. Telefonou para a quinta
e explicou a sua intenção, cheio de
entusiasmo. "Posso levá-lo?"
Narcisus
Ninguém
Tempus fugit
Meteo
23°C
"Não." Arnaldo poderia ter perguntado
porquê, mas ficou satisfeito. Respeitar a
vontade do amigo era uma obrigação
contratual.
Lisbon, Portugal
"Não quer saber por que eu disse 'não'?",
concedeu Laureano.
Hospites
Mostly Clear
"Não, não quero saber. Disse 'não' e isso
basta-me."
"Mas eu quero explicar-lhe: é que eu não
tenho interesse em conhecer mais ninguém."
Resposta implacável. Mas ao mesmo tempo a
chave para uma certeza auspiciosa: quando
Laureano dissesse "sim", a sua vontade seria
genuína.
Recebia Arnaldo para almoçar, com toda a
formalidade e etiqueta. Sentava-o a seu
lado, mandava servir os pratos que sabia
serem os seus predilectos. Ficavam na sala a
conversar, durante cinco, seis horas. A
empregada, a sr.ª Mariquinhas, entrava
apenas quando Laureano tocava a
campainha. Por vezes, no Verão, almoçavam
na cozinha. Aí, Arnaldo reparou que
Laureano lhe oferecia sempre a cadeira onde
ele próprio se costumava sentar, em frente à
porta, que dava para as árvores da quinta.
http://lucernademecenas.blogspot.com/2009/07/exemplo-raro.html
(...)
Musica
Picturae
MAIActual: Leilão pela cinquentenária Livraria Manuel Ferreira
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QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2009
ESTE BLOGUE É...
Leilão pela cinquentenária Livraria Manuel
Ferreira
Um olhar sobre a Maia, o País e o
Mundo.
Um espaço actual para pessoas
actuais.
A Livraria Manuel Ferreira comemora
este
ano
os
seus
50
anos de
existência. O seu fundador, Manuel
Ferreira, e o seu filho e actual
responsável,
Herculano
estão
isso
por
de
Ferreira,
parabéns:
Bragança Fernandes - PSD
conseguiram desenvolver na cidade
Mário Gouveia - PS
do Porto aquela que é uma das
António Neto - CDU
grandes casas de alfarrabistas do
Silvestre Pereira - BE
país.
Álvaro Braga Júnior - CDS/PP
Ora, precisamente a partir de hoje,
a
Manuel
Ferreira
promove
um
importante leilão de cerca de 6000
espécies bibliográficas constitutivas de uma das mais valiosas
bibliotecas particulares do século XX, formada pelo bibliófilo Dr.
Laureano Barros. Este Leilão será dividido em 3 partes, com a
primeira a realizar-se entre os dias 21 e 23 e 28 e 30 de Maio,
no Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim, no Porto, pelas
21 horas. Ver mais informações aqui.
PUBLICAD A P OR L UÍS R OT H ES E M 2 1 .5 .0 9
ETIQUE TAS : C U L T U RA
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O MAR DE ULRICH
SEGUNDA-FEIRA, 6 DE JULHO DE 2009
A MINHA LISTA DE
BLOGUES
Laureano Barros
Blue!
O Homem que fugiu com uma biblioteca
Em “Jornal Público”, 05.07.2009, por Paulo Moura
demasiado tempo
Há 10 horas
Durante uma vida inteira, Laureano Barros reuniu , em Portugal, a
antologia do
esquecimento
mais valiosa biblioteca privada da segunda metade do século XX,
que agora, após a sua morte, aos 84 anos, está a ser leiloada no
PRECIPITAÇÃO
Há 12 horas
Porto. Quem era este homem? Sabe-se que era rigoroso e
Eco
desinteressado, legalista e libertário, vertical e humilde, pontual e
incapaz de manter um emprego, matemático de génio e amante da
Poema #26
Há 13 horas
literatura, tolerante e radicalo, egocêntrico e generoso. Mas porque
O Mundo em Casa
se isolou ele com a sua biblioteca numa quinta em Ponte da Barca,
durante mais de 30 anos?
"O Anjo Azul"
Há 16 horas
papéis por todo o
lado
Ele planeava tudo. Era organizado, previdente e perfeccionista.
Inflexível com a verdade, a liberdade, a independência, o rigor e a
pontualidade, exigia-os de si e dos outros. Laureano Barros tinha,
portanto, poucos amigos, mas bons. Antes de morrer, fez uma lista
making love
Há 23 horas
Alexandre Pomar
Costumavam combinar encontros, para conversar. Arnaldo, de 46
MAP - Nova ficha do
Ippar/Igespar e outras
histórias à volta
Há 2 dias
anos, que é poeta e professor de Filosofia, conduzia até ao portão
Elsa Mora
das únicas cinco pessoas que deveriam ser avisadas. Arnaldo
Sousa era uma delas.
olhando para o relógio, até três minutos antes da hora que tinham
Something New :)
Há 2 dias
marcado. Era esse o tempo exacto que levava a chegar, a passo, à
phg
da Quinta da Fonte da Cova. Estacionava e esperava no carro,
porta da casa. Cronometrara-o escrupulosamente. Só então saía.
Era um dos contratos que tinham, ao longo de mais de 20 anos de
amizade: pontualidade absoluta. Outro era sobre as "datas
obrigatórias": era proibido desejar Feliz Natal no dia de Natal, ou
dar os parabéns no dia do aniversário. Nessa data, também não se
ofereciam presentes.Outro contrato era a sinceridade. Nunca
estariam um com o outro se não o desejassem. Quando fosse
O PRIMEIRO
MILHO
DESIGN WARHOL
Há 3 semanas
Livros que vou
lendo e
partilhando...
preciso dizer não, di-lo-iam sem receio.
Um dia, Arnaldo teve vontade de apresentar Laureano a um
psiquiatra seu amigo, que o visitava em Ponte da Barca. Há muito
que falava a Zeferino do velho coleccionador de livros Laureano
Barros, a pessoa que mais admirava no mundo. Telefonou para a
http://omardeulrich.blogspot.com/2009/07/laureano-barros-o-homem-que-fugiu-com.html
Helena Sousa na
Galeria dos Prazeres
Há 2 dias
(...)
Quem diria...?
Há 5 semanas
Animais
Palavras Impressas: Laureano Barros: O homem e a sua biblioteca
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PALAVRAS IMPRESSAS
MALABARISTAS DAS PALAVRAS
SEGUNDA-FEIRA, 6 DE JULHO DE 2009
GONIO
Laureano Barros: O homem e a sua
biblioteca
Marginália
--Deixo-vos este pequeno excerto da história de uma vida
muito singular, pela mão de Paulo Moura para o PÚBLICO:
«Foi quando foi viver para o Porto, para frequentar o liceu,
que o jovem Laureano Barros começou a comprar livros.
Frequentava os alfarrabistas e iniciou uma colecção, tal como
fazia
com
os
paliteiros,
bengalas,
relógios,
louças,
antiguidades ou alfaias agrícolas. Mas ao contrário de toda a
traquitana que sempre gostou de trazer para casa, aos livros
ergueu uma fidelidade. Não os vendia, não desistia nem se
esquecia deles. Começou a acumulá-los na moradia que o
"Ser inteligente é ser
desconfiado, mesmo em
relação a si próprio"
Léautaud, Paul
pai
lhe
comprou
para
se
instalar
na
cidade,
na Foz,
continuou a ampliar a colecção enquanto viveu nessa casa
com
a
primeira
mulher,
Leonor,
e
depois
quando se
divorciou dela e das seguintes. De cada vez que se separava
da mulher com quem vivia (e foram mais mulheres do que
os três casamentos), deixava-lhe tudo: a casa, os móveis,
as antiguidades. Mas levava consigo a biblioteca. Eram livros
de Matemática, de Filosofia, de Botânica, mas acima de tudo
de
Literatura
Portuguesa,
e,
cada
vez
mais, volumes
curiosos e raros, obras pouco conhecidas, primeiras edições.
Por alguns autores tornou-se obcecado e comprava tudo.
Depois estendeu a obsessão a todos os escritores. Comprava
e lia, várias vezes, os livros de Camilo, Eça, Pessoa, Torga.
Sempre teve insónias, e passava-as a ler. Dono de uma
memória prodigiosa, sabia páginas e páginas de cor. Perdia
horas a arrumar os livros, a manuseá-los, a acariciá-los.
Para ele, eram um salvo-conduto contra a efemeridade de
tudo o resto. E também contra a desilusão, como se nada,
Michael Bublé - Everything
além dos livros, estivesse à altura dos padrões de excelência
que estabeleceu. Do grau de pureza que cedo definiu para a
sua vida.
(...) mas à medida que se aproximava do fim, e ia perdendo
o interesse por tudo excepto pelos livros, apercebia-se
também de que os filhos não queriam a biblioteca. Pensou
http://palavras-impressas.blogspot.com/2009/07/laureano-barros-o-homem-e-sua.html
Palavras Impressas: Laureano Barros: O homem e a sua biblioteca
também de que os filhos não queriam a biblioteca. Pensou
em várias soluções - doar as obras a uma instituição, criar
uma fundação (ideia do filho Carlos). Mas nenhuma lhe
agradou. Por fim, deixou de pensar no assunto. Mergulhou
numa
estranha
apatia,
uma
inconsciência
meticulosa e
desesperada, que apenas aos seus "meninos" era visível. E
os fazia sofrer.
Como pôde aquele homem que tudo calculava e tudo
prevenia ter cometido um erro tão grosseiro? No seu afã de
tudo medir pela beleza dos livros, de sublimar neles os seus
DEBAIXO DO BRAÇO DO GONIO:
dias e o seu futuro, nunca lhe passou pela cabeça que a
biblioteca pudesse não ser eterna.
Mas não deixou, mesmo sabendo (e decerto aceitando) que
em breve tudo aquilo seria vendido em leilão, de folhear,
tratar e acariciar os seus livros, com a leveza confiante com
que uma criança diz adeus a quem ama.»
P UB LIC A DA P OR M A RGIN Á LI A E M 6.7.0 9
E TIQ UE TA S : B IB LI O T ECA , LA URE A NO B A RRO S , LIVR O S
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Clube de Leitura
D. Quixote
Da Literatura
De mês em quando
Estante de Livros
FNAC
Insónia
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Pavilhão Literário Cultural Singrando Horizontes: Laureano Barros: O homem que fugiu com uma biblioteca
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Estar é efêmero, é passageiro. Ser é eterno, é infinito.
Mário Carabajal (Presidente da Academia de Letras do Brasil)
Não há melhor fragata que um livro para nos levar a terras distantes.
Emily Dickinson (poetisa norte-americana, 1830-1886)
QUINTA - FEIRA, 9 DE JULHO DE 2009
Laureano Barros: O homem que fugiu com uma
biblioteca
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Ele planejava tudo. Era organizado, previdente e
perfeccionista. Inflexível com a verdade, a liberdade,
a independência, o rigor e a pontualidade, exigia-os
de si e dos outros. Laureano Barros tinha, portanto,
poucos amigos, mas bons. Antes de morrer, fez uma
lista das únicas cinco pessoas que deveriam ser
avisadas. Arnaldo Sousa era uma delas.
Costumavam combinar encontros, para conversar.
Arnaldo, de 46 anos, que é poeta e professor de
Filosofia, conduzia até ao portão da Quinta da Fonte
da Cova. Estacionava e esperava no carro, olhando
para o relógio, até três minutos antes da hora que
tinham marcado. Era esse o tempo exato que levava a chegar, a passo, à
porta da casa. Cronometrara-o escrupulosamente. Só então saía. Era um
dos contratos que tinham, ao longo de mais de 20 anos de amizade:
pontualidade absoluta. Outro era sobre as "datas obrigatórias": era
proibido desejar Feliz Natal no dia de Natal, ou dar os parabéns no dia do
http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/07/laureano-barros-o-homem-que-fugiu-com.html
Pavilhão Literário Cultural Singrando Horizontes: Laureano Barros: O homem que fugiu com uma biblioteca
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clicando sobre as imagens dos
logotipos abaixo.
aniversário. Nessa data, também não se ofereciam presentes.
Outro contrato era a sinceridade. Nunca estariam um com o outro se não
o desejassem. Quando fosse preciso dizer não, di-lo-iam sem receio.
Um dia, Arnaldo teve vontade de apresentar Laureano a um psiquiatra seu
amigo, que o visitava em Ponte da Barca. Há muito que falava a Zeferino
do velho colecionador de livros Laureano Barros, a pessoa que mais
admirava no mundo. Telefonou para a quinta e explicou a sua intenção,
cheio de entusiasmo. "Posso levá-lo?"
Academia de Letras do Brasil
"Não." Arnaldo poderia ter perguntado porquê, mas ficou satisfeito.
Respeitar a vontade do amigo era uma obrigação contratual.
"Não quer saber por que eu disse 'não'?", concedeu Laureano.
"Não, não quero saber. Disse 'não' e isso basta-me."
"Mas eu quero explicar-lhe: é que eu não tenho interesse em conhecer
mais ninguém."
Resposta implacável. Mas ao mesmo tempo a chave para uma certeza
auspiciosa: quando Laureano dissesse "sim", a sua vontade seria genuína.
Portal de Trovas
J. Ouverney
Recebia Arnaldo para almoçar, com toda a formalidade e etiqueta.
Sentava-o a seu lado, mandava servir os pratos que sabia serem os seus
prediletos. Ficavam na sala a conversar, durante cinco, seis horas. A
empregada, a sr.ª Mariquinhas, entrava apenas quando Laureano tocava a
campainha. Por vezes, no Verão, almoçavam na cozinha. Aí, Arnaldo
reparou que Laureano lhe oferecia sempre a cadeira onde ele próprio se
costumava sentar, em frente à porta, que dava para as árvores da quinta.
Uma vez perguntou-lhe e Laureano explicou a razão: "Porque tu és poeta,
e os poetas devem ver a natureza."
Falavam de todos os assuntos: literatura, política, filosofia, ciência, a vida
e a morte, a amizade e o amor. Laureano era especialista em tudo. Amava
a razão, a oratória e o contraditório. Esmiuçava os temas até às últimas
consequências. No fim, quando Arnaldo chegava a casa, não era raro ter já
vários telefonemas do amigo, que entretanto se lembrara de mais uma
achega, mais um argumento. Ligava-lhe e ficavam mais umas horas a
debater um pormenor qualquer. Não havia matérias irrelevantes. Todas
eram dignas de elucubração e polêmica. A escolha do nome de um cão, por
exemplo.
Após uma tarde de discussão, decidiram chamar Preto a um novo
cachorro da quinta, por causa das manchas escuras que apresentava no
pêlo. À noite, porém, Laureano telefonou a Arnaldo. Mudara de idéias. Ali
perto, explicou, estavam hospedados, devido às obras da barragem do
Alto Lindoso, alguns trabalhadores africanos. Poderiam ficar ofendidos
quando ouvissem chamar pelo cão, que acabaria por ser batizado
simplesmente como P, já que, segundo vários livros da especialidade
consultados por Laureano, os canídeos só fixam a primeira consoante do
nome.
Outro contrato, que também foi cumprido: Arnaldo, que durante algum
tempo foi diretor do jornal da terra, não deixaria que O Povo da Barca
desse a notícia da morte de Laureano, quando ocorresse.
A juventude
Foi quando foi viver para o Porto, para frequentar o liceu, que o jovem
Laureano Barros começou a comprar livros. Frequentava os alfarrabistas e
iniciou uma coleção, tal como fazia com os paliteiros, bengalas, relógios,
louças, antiguidades ou alfaias agrícolas. Mas ao contrário de toda a
traquitana que sempre gostou de trazer para casa, aos livros ergueu uma
fidelidade. Não os vendia, não desistia nem se esquecia deles. Começou a
acumulá-los na moradia que o pai lhe comprou para se instalar na cidade,
na Foz, continuou a ampliar a coleção enquanto viveu nessa casa com a
primeira mulher, Leonor, e depois quando se divorciou dela e das
http://singrandohorizontes.blogspot.com/2009/07/laureano-barros-o-homem-que-fugiu-com.html
(...)
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Pequenos Pecados
Palavras, actos, fotos e omissões
21 Maio, 2009
EU
raridades
Nuno Pereira;
Alter do Chão; Portugal
Só para o caso de "alguém" no Ministério da Cultura se esquecer, fica aqui a
lembrança para o leilão do espólio d' "O Homem que tinha em casa as dez primeiras
edições da Peregrinação".
"É o mais importante leilão de livros que se organiza em Portugal nesta primeira
década do século XXI. Os 6432 lotes da espantosa biblioteca do matemático e
antifascista Laureano Barros começam amanhã a ir à praça no Porto. Está lá tudo: das
dez primeiras edições da Peregrinação até manuscritos de Eugénio de Andrade ou
Luiz Pacheco" - Ípsilon/Público
(e se alguém da Junta de Freguesia do Bonfim, no Porto, me puder enviar o catálogo
do leilão, este pecador ficaria eternamente grato!)
[Twitter]@nunocpereira
[Email][email protected]
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Pequenos Pecados
Palavras, actos, fotos e omissões
22 Maio, 2009
EU
raridades II
Nuno Pereira;
Alter do Chão; Portugal
Na sequência do post anterior recebi um simpático email (transcrito abaixo) da
Livraria Manuel Ferreira, na pessoa do Sr. António Mário Costa com o link para o
download do catálogo do leilão da Colecção do Dr. Laureano Barros (Vol. I e Vol.
II)
Muito agradeço e fiquei (sinceramente!) sensibilizado com a missiva, mas
quando lancei o apelo à Junta de Freguesia do Bonfim (supondo erradamente
que era a entidade responsável pelo evento) a "cravar" o envio do catálogo, era
para lhe atribuir a etiqueta seiscentos e qualquer coisa da minha micro
biblioteca pessoal (que após a mudança para Alter do Chão continua dividida
entre as prateleiras do escritório caseiro e a arrecadação).
Assim, fiz o download e analisei com a atenção o catálogo (dois ficheiros pfd) e
concluí que se tivesse dinheiro a micro-biblioteca seria aumentada pelo menos
numa vintena de exemplares... pelo menos! Não contando com a contagem dos
tais dois volumes do catálogo, que eu queria em papel mas que afinal é digital.
Eu sei que sou esquisito e picuínhas com merdices sem jeito nenhum, mas
mesmo em 2009 e sendo apologista das novas tecnologias, faz-me falta o
cheiro do papel, o tacto das folhas e o peso de um bom catálogo/livro! Quando
"me chorei" para o receber deveria ter referido isso... mas é como diz o pseudo-ditado-acabado-de-inventar: "quem não
sabe chorar, só mama metade!"
De qualquer forma fica o agradecimento público pela atenção do Sr. António Mário Costa e da Livraria Manuel Ferreira
(que ainda por cima é na MINHA cidade mas numa rua que eu não conheço! Shame on me! Juro que quando voltar ao
Porto vou lá meter o nariz!).
Estimado Nuno Pereira,
Em documento anexo enviamos informação sobre o Leilão organizado pela Livraria Manuel Ferreira, a realizar no Porto,
entre os dias 21 e 23 e 28 e 30 de Maio, cuja divulgação no seu blog agradecemos.
Esta biblioteca, pertencente ao distinto bibliófilo Dr. Laureano Barros, é constituída por mais de 6000 espécies
bibliográficas constitutivas de uma das mais valiosas bibliotecas particulares do século XX.
Este Leilão será dividido em 3 partes; a primeira decorrerá na data anunciada, no Salão Nobre da Junta de Freguesia do
Bonfim, no Porto, pelas 21 horas. As restantes, com data a definir, serão oportunamente anunciadas.
Informamos ainda que se encontra disponível o respectivo catálogo para consulta em http://livrariamanuelferreiraleiloes.blogspot.com .
Para mais informações e disponível para qualquer esclarecimento adicional,
António Mário Costa
Pela Livraria Manuel Ferreira
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Gula (3)
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05 JULHO 2009
ACERCA DE MIM
A história de um leitor compulsivo 1
P IS C A D E GE NT E
P R AI A D A V IT ÓR IA , AÇ OR E S,
P OR T UGA L
Pisca (substantivo) do castelhano
pisca: coisa muito pequena;
grãozinho; fagulha; chispa.
VE R O ME U P ERF IL CO MP LE TO
PISCA
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organizado, previdente e perfeccionista. Inflexível com a verdade, a
liberdade, a independência, o rigor e a pontualidade, exigia-os de si e
dos outros. Tinha, portanto, poucos amigos.
Esta é a história de um leitor, tal como vem aqui. Um luxo dominical.
Dinheiros públicos
Eu sou criança
Hemeroteca de Lisboa
Imitar Pollock
Jogo do 24
Letra pequena
Foi quando foi viver para o Porto, para frequentar o liceu, que o jovem
Multi Pessoa
Laureano
Músicas do Mundo
Barros
começou
a
comprar livros.
Frequentava os
alfarrabistas e iniciou uma colecção, tal como fazia com os paliteiros,
bengalas, relógios, louças, antiguidades ou alfaias agrícolas. Mas ao
http://piscadegente.blogspot.com/2009/07/historia-de-um-leitor-compulsivo-1.html
Portal da Dislexia
Pisca de Gente: A história de um leitor compulsivo 1
bengalas, relógios, louças, antiguidades ou alfaias agrícolas. Mas ao
Topten
contrário de toda a traquitana que sempre gostou de trazer para casa,
aos livros ergueu uma fidelidade. Não os vendia, não desistia nem se
esquecia deles. Começou a acumulá-los na moradia que o pai lhe
PISCA -PISCA
comprou para se instalar na cidade, na Foz, continuou a ampliar a
Arte
colecção enquanto viveu nessa casa com a primeira mulher, Leonor, e
depois quando se divorciou dela e das seguintes. De cada vez que se
separava da mulher com quem vivia (e foram mais mulheres do que os
três casamentos), deixava-lhe tudo: a casa, os móveis, as antiguidades.
Mas levava consigo a biblioteca. Eram livros de Matemática, de
Filosofia, de Botânica, mas acima de tudo de Literatura Portuguesa, e,
Açores
Biblioteca de Angra do Heroísmo
Biodiversidade dos Açores
Biodiversidade dos Açores 2
Carmina
cada vez mais, volumes curiosos e raros, obras pouco conhecidas,
Centro de Conhecimento dos Açores
primeiras edições. Por alguns autores tornou-se obcecado e comprava
E-Dicionário de Termos Literários
tudo. Depois estendeu a obsessão a todos os escritores. Comprava e lia,
Endémicas dos Açores
várias vezes, os livros de Camilo, Eça, Pessoa, Torga. Sempre teve
Instituto Açoriano de Cultura
insónias, e passava-as a ler. Dono de uma memória prodigiosa, sabia
Museu de Angra do Heroísmo
páginas e páginas de cor. Perdia horas a arrumar os livros, a manuseálos, a acariciá-los.
Para ele, eram um salvo-conduto contra a efemeridade de tudo o resto.
E também contra a desilusão, como se nada, além dos livros, estivesse
Olhares
Os Montanheiros
Poesia portuguesa (Livros de)
à altura dos padrões de excelência que estabeleceu. Do grau de pureza
que cedo definiu para a sua vida.
Tendo concluído a licenciatura em Matemática com alta classificação,
Laureano foi logo convidado, com 21 anos, para assistente de Rui Luís
Gomes, um dos professores mais prestigiados da Faculdade de
BLOGS
100 nada
A barriga de um arquitecto
Ciências do Porto. A bela colega Leonor Moreira obtivera, no
A educação do meu umbigo
secundário, a segunda melhor classificação a Matemática (19) e ele
A forma do Jazz
(que teve 20) casou com ela, quando eram ambos estudantes no curso
A natureza do mal
de Matemática da Faculdade de Ciências. Teriam três filhos: Carlos,
A terceira noite
Rui e Margarida, futuros médico, arquitecto e professora de
A única real tradição viva
Matemática.
Mas Rui Luís Gomes era um antifascista incorrigível. Em 1947, a
seguir a vários episódios pouco felizes com a PIDE, foi expulso da
faculdade, juntamente com outros dois matemáticos, José Morgado e,
claro, o recto e incorruptível Laureano Barros, após terem enviado ao
Governo uma carta protestando contra a prisão de uma aluna.
Achaques e remoques
Afrodite
Alexandre Pomar
Almanaque Republicano
Almocreve das Petas
Desempregado, Laureano, então com 26 anos, montou uma sala de
Arrastão
explicações, em frente ao mercado do Bolhão. Durante mais de 20
Associação Zeca Afonso
anos, viveu disso e pouco mais. Os rendimentos das propriedades
Audeo
familiares de Ponte da Barca, quando chegavam, convertiam-se
Bebedeiras de Jazz
imediatamente nalguma edição rara de Camilo ou Eça. O mesmo
Blog da Rua Nove
acontecia com as poucas remessas de Angola, onde o pai entretanto se
estabelecera e constituíra outra família. Qualquer dinheiro extra era
aplicado em extravagâncias bibliófilas, que incluíam, por exemplo,
contratar um estudante para lhe catalogar a biblioteca.
Foi o primeiro emprego de Alexandre Outeiro. Laureano Barros
pagava ao jovem de Ponte da Barca a estadia numa pensão, mais um
Blue Moleskin
Booktailors
Branco Sujo
Cinco quartos de laranja
Coisas do arco da velha
salário simbólico, para ele passar os dias a fazer fichas dos livros no T2
Câmara da Tortura
que, depois de se divorciar pela segunda vez, arrendara na Rua de Sá
De Rerum Natura
da Bandeira. Alexandre cumpria o seu horário de trabalho sozinho no
Desenhos de Pedro Morais
apartamento, mas por volta do meio-dia recebia um telefonema de
desNorte
Laureano convidando-o para o almoço num restaurante, onde passaria
Dias com Árvores
a refeição a falar-lhe de livros, cultura e aventuras.
http://piscadegente.blogspot.com/2009/07/historia-de-um-leitor-compulsivo-1.html
(...)
Pisca de Gente: Laureano Barros, leitor 3
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PISCA DE GENTE
UM BLOG DA TERRA DE MATEUS QUEIMADO
05 JULHO 2009
ACERCA DE MIM
Laureano Barros, leitor 3
P IS C A D E GE NT E
Além de coleccionador de livros raros, Laureano Barros foi um
P OR T UGA L
genuíno leitor. Amigo de muitos escritores, como Eugénio de Andrade
ou Luiz Pacheco, a sua biblioteca incluía numerosos manuscritos e
dactiloscritos que lhe foram sendo oferecidos por estes e outros
autores. "Ao Laureano, com uma amizade que chega ao ponto de lhe
oferecer isto", escreve Eugénio num raríssimo exemplar do seu
P R AI A D A V IT ÓR IA , AÇ OR E S,
Pisca (substantivo) do castelhano
pisca: coisa muito pequena;
grãozinho; fagulha; chispa.
VE R O ME U P ERF IL CO MP LE TO
primeiro livro, Narciso, que publicou aos 16 anos, ainda com o seu
verdadeiro nome de José Fontinhas, e que depressa veio a rejeitar.
O facto de Laureano Barros não se ter regido apenas por critérios de
coleccionismo deu à sua biblioteca uma abrangência pouco vulgar.
PISCA
1.º Ciclo
25 de Abril
Quem colecciona primeiras edições de Fernão Mendes Pinto, de
Amigos dos Açores
António Vieira ou de Luís António Verney não costuma ter também o
Arquivo Pessoa
mítico O Amor em Visita de Herberto Helder ou os primeiros livros de
João Miguel Fernandes Jorge. Laureano Barros tinha tudo isto e ainda
Biblioteca de livros digitais para
crianças
arranjou tempo e dinheiro para compor uma boa biblioteca de
Casa da Leitura - F.C. Gulbenkian
historiografia portuguesa, para lá de livros dedicados a vários outros
Casa Fernando Pessoa
temas que o interessavam, como, por exemplo, a botânica.
Dinheiros públicos
Um dos núcleos mais importantes da colecção de Laureano, era um
exaustivo conjunto de edições portuguesas e estrangeiras dos
cancioneiros medievais. Outro, o das principais revistas literárias
portuguesas, desde as oitocentistas, como Ave Azul, passando pelas
mais importantes publicações do primeiro modernismo - Orpheu,
Centauro, Exílio, Portugal Futurista, Byzancio ou Athena -, até às que
Eu sou criança
Hemeroteca de Lisboa
Imitar Pollock
Jogo do 24
Letra pequena
saíram já na segunda metade do século XX.
Multi Pessoa
Havia, depois, primeiras edições dos poetas quinhentistas Diogo
Músicas do Mundo
Bernardes e Frei Agostinho da Cruz, uma segunda edição das poesias
Portal da Dislexia
de Sá de Miranda, a edição original dos Apólogos Dialogais de
http://piscadegente.blogspot.com/2009/07/laureano-barros-leitor-3.html
Pisca de Gente: Laureano Barros, leitor 3
de Sá de Miranda, a edição original dos Apólogos Dialogais de
Topten
Francisco Manuel de Melo e a segunda da sua Carta de Guia de
Casados, ou ainda as primeiras edições de diversas obras do pedagogo
iluminista Luís António Verney, incluindo o Verdadeiro Método de
PISCA -PISCA
Estudar.
Arte
Laureano Barros coleccionou sobretudo literatura portuguesa, mas a
sua biblioteca incluía também autores brasileiros e algumas obras em
línguas estrangeiras, entre as quais se destaca um raríssimo exemplar
da primeira edição em volume de Madame Bovary, de Flaubert. Outra
peça curiosa era um exemplar setecentista, em latim, do Index de
Açores
Biblioteca de Angra do Heroísmo
Biodiversidade dos Açores
Biodiversidade dos Açores 2
Carmina
livros proibidos pelo Vaticano.
Centro de Conhecimento dos Açores
A partir do início do século XIX, e no que respeita à poesia e ficção
E-Dicionário de Termos Literários
portuguesas, o mais simples seria assinalar o que falta, e não falta
Endémicas dos Açores
quase nada de significativo até ao final da década de 1950. Atendendo
Instituto Açoriano de Cultura
só aos autores mais relevantes, pode começar-se por Garrett, com
Museu de Angra do Heroísmo
primeiras
edições
dos
poemas Camões
ou D.
Branca,
que
introduziram o romantismo em Portugal, ou as de Folhas Caídas e do
drama O Alfageme de Santarém, a par de muitas outras obras menos
conhecidas.
Olhares
Os Montanheiros
Poesia portuguesa (Livros de)
a raríssima primeira edição dos Sonetos de Antero de Quental, as duas
primeiras edições de Claridades do Sul, de Gomes Leal, o invulgar
Mysticae Nuptiae, que Guerra Junqueiro publicou aos 16 anos, ou
ainda, para não alongar os exemplos, as primeiras edições de O Livro
de Cesário Verde e do Só, de António Nobre. No caso da obra-prima
BLOGS
100 nada
A barriga de um arquitecto
de Nobre, Laureano Barros deu-se mesmo ao luxo de reunir as oito
A educação do meu umbigo
primeiras edições.
A forma do Jazz
Na ficção oitocentista, imensas primeiras edições de Camilo e de Eça
A natureza do mal
de Queirós, por exemplo de Os Maias. Mas podiam acrescentar-se
A terceira noite
muitos outros autores, entre os quais Júlio Dinis, de quem possuía,
A única real tradição viva
além dos livros de ficção e poesia, um raríssimo opúsculo intitulado
Da Importância dos Estudos Meteorológicos para a Medicina, de que
apenas se publicaram 100 exemplares.
Quanto a Fernando Pessoa e à geração de Orpheu, a coisa volta a
poder resumir-se em três palavras: não faltava nada. Nem sequer a
segunda edição de Mensagem, menos valiosa do que a primeira (que,
Achaques e remoques
Afrodite
Alexandre Pomar
Almanaque Republicano
Almocreve das Petas
claro, Laureano Barros também tinha), mas provavelmente mais rara.
Arrastão
Tinha todas as edições que o poeta publicou em vida, dos volumes de
Associação Zeca Afonso
poesia inglesa ao texto O Interregno. Defesa e Justificação da
Audeo
Ditadura Militar em Portugal. De Almada Negreiros, algumas das
Bebedeiras de Jazz
peças mais raras são as primeiras edições da Cena do Ódio e do
Blog da Rua Nove
Manifesto Anti-Dantas. Bastante difíceis de encontrar são também as
edições originais de Confissão de Lúcio, Céu em Fogo e Dispersão, de
Mário Sá-Carneiro. Alfredo Guisado não é um autor da mesma
importância dos anteriores, mas, por isso mesmo, o facto de Laureano
Barros ter conseguido reunir todos os nove livros que o poeta publicou
mostra bem até que ponto era um coleccionador minucioso. Que
Blue Moleskin
Booktailors
Branco Sujo
Cinco quartos de laranja
Coisas do arco da velha
dedicava particular atenção a Aquilino Ribeiro, Agustina Bessa-Luís,
Câmara da Tortura
Miguel Torga, António Botto, Camilo Pessanha, Florbela Espanca, Raul
De Rerum Natura
Brandão, Wenceslau de Moraes, José Régio, Irene Lisboa, Ferreira de
Desenhos de Pedro Morais
Castro, Vitorino Nemésio, Sophia, Jorge de Sena, Herberto Helder e
desNorte
por aí adiante. Do primeiro livro de Mário Cesariny, Corpo Visível, que
Dias com Árvores
muitos coleccionadores bem gostariam de ter, o matemático de Ponte
http://piscadegente.blogspot.com/2009/07/laureano-barros-leitor-3.html
Pisca de Gente: Laureano Barros, leitor 3
muitos coleccionadores bem gostariam de ter, o matemático de Ponte
da Barca dava-se ao luxo de ter dois exemplares.
E mais, muito mais, como pode verificar quem consultar o catálogo
que Manuel Ferreira organizou, com a minúcia que se lhe conhece,
para o leilão que decorreu na cidade do Porto há tempos.
Dias com Árvores
Diário gráfico
Do trapézio, sem rede
F-world
FFFFound!
Flores y palabras
Texto ligeiramente modificado por nós, a partir daqui (não está
frenesi
assinado, mas supomos que é da autoria de Luís Miguel Queirós).
Graça Martins 1
Graça Martins 2
PUBLICADA P OR P IS CA DE GENTE EM 7:26 PM
ETIQUETA S: LIVR O S
Guerra Colonial (Guiné)
Histórias dos nossos tempos
Hospedaria Camões
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Tertúlia Bibliófila: Livreiros-Antiquários: Divulgação
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TERTÚLIA
BIBLIÓFILA
QUERO COMPARTILHAR AS MINHAS EXPERIÊNCIAS
BIBLIOFILAS E TROCAR OPINIÕES SOBRE TUDO O QUE
NOS INTERESSA. APROVEITAR PARA DIVULGAR UM
POUCO A BIBLIOFILIA PORTUGUESA.
SEGUNDA-FEIRA, 18 DE MAIO DE 2009
Livreiros-Antiquários: Divulgação
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CONTADOR DE VISITAS
fotos contador web gratis
Interior da Liraria de Manuel Ferreira no Porto
*****
Continuando na divulgação de alguns livreiros antiquários que, de
"Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança."
António Gedeão in "Pedra Filosofal"
acordo com os meus contactos pessoais, são de um grande
profissionalismo e competência, e possuem um acervo de obras que
poderão interessar aos bibliófilos, quer nacionais, quer mesmo
estrangeiros. faço hoje referência a duas Livrarias.
A primeira situa-se em Coimbra, Livraria Alfarrabista de Miguel
Carvalho
http://tertuliabibliofila.blogspot.com/2009/05/livreiros-antiquarios-divulgacao.html
"Tenho medo que a liberdade se torne
um vício"
Miguel Sousa Tavares in "Rio das
Flores"
Tertúlia Bibliófila: Livreiros-Antiquários: Divulgação
Camilo Castelo Branco
que recomendo uma visita à sua excelente página na web (não
esquecer a visita virtual à mesma...) e que deixo aqui o seu endereço:
http://www.livro-antigo.com/
A MINHA LISTA DE BLOGUES
& piscolabis librorum
a outra situa-se no Porto, a Livraria Manuel Ferreira, que
curiosamente comemora este ano o seu 50º aniversário...
La imatgeria popular de Joan
Amades, una gran exposició
imprescindible
Há 2 dias
BIBLIOFILIA
NOVOHISPANA
Gil de Castejón. Alphabetvm
Ivridicvm, Canonicvm, Civile,
Theoricvm, Practicvm, Morale,
Atqve, Politicvm 1678,
Há 13 horas
DIEGO MALLÉN
El juicio de residencia del virrey
Matías de Gálvez.
Há 4 semanas
le bibliomane moderne
Roger de Rabutin, conte de Bussy
: sa vie et ses écrits.
Há 12 horas
Não posso deixar de mencionar o “Leilão da Biblioteca do Dr.
Laureano Barros – I Parte”, que vai decorrer na Junta de Freguesia
do Bonfim (Porto) nos dias 21-23 e 28-30 de Maio.
Trata-se de um magnífico leilão repleto de excelentes obras em edições
raras e procuradas... a não perder.
Para estimular o apetite deixo aqui as versões pdf:
http://www.livrariaferreira.pt/catalogo/leilaomaio09-vol1.pdf
Le Blog du Bibliophile
Charles Motteley et les Elzevirs
Há 1 dia
Libros Collection - Libros
de Coleccion Chile
Proyecto Bicentenario de
Restauración de la Bandera de la
Independencia
Há 2 dias
Marcas tipográficas
http://www.livrariaferreira.pt/catalogo/leilaomaio09-vol2.pdf
Un año de Marcas tipográficas
Há 1 mês
Boa leitura e boa pesquisa...estou certo de que encontrarão, pelo
Mis Libros Antiguos
http://tertuliabibliofila.blogspot.com/2009/05/livreiros-antiquarios-divulgacao.html
Tertúlia Bibliófila: Livreiros-Antiquários: Divulgação
Boa leitura e boa pesquisa...estou certo de que encontrarão, pelo
menos um “livrinho”, que os tentará.
Saudações bibliófilas.
PUBLICA DA P OR RUI E M 23:0 6
ETIQUETA S : LIVR A RIA S
Mis Libros Antiguos
“Libro de reloges solares, 1575”
Há 2 meses
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1 COMENTÁRIOS:
Galderich disse...
Rui,
Gracias por las recomendaciones. Cuando visite Portugal seguro que
estaran en mi agenda ya que son recomendaciones de alguien con
sensibilidad bibliófila como tu y seguro que encontraremos alguna
cosa que nos llame la atención.
19 DE MAIO DE 2009 0:09
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2009 (43)
Agosto (5)
Julho (8)
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Maio (19)
Conversa bibliófila: um passeio
bibliófilo.
Divulgação: Livraria Artes e
Letras
Conversa bibliófila: Bibliófilos e
Livreiros-Antiq...
Livraria Castro e Silva: VII
Catálogo de Livros Ra...
Exposições bibliográficas na
Biblioteca Nacional d...
http://tertuliabibliofila.blogspot.com/2009/05/livreiros-antiquarios-divulgacao.html
Tertúlia Bibliófila: Leilão da “Biblioteca do Dr. Laureano Barros” (Primeira Parte)
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TERTÚLIA
BIBLIÓFILA
QUERO COMPARTILHAR AS MINHAS EXPERIÊNCIAS
BIBLIOFILAS E TROCAR OPINIÕES SOBRE TUDO O QUE
NOS INTERESSA. APROVEITAR PARA DIVULGAR UM
POUCO A BIBLIOFILIA PORTUGUESA.
SEGUNDA-FEIRA, 15 DE JUNHO DE 2009
Leilão da “Biblioteca do Dr. Laureano Barros”
(Primeira Parte)
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CONTADOR DE VISITAS
Quero aqui deixar uma breve notícia sobre o leilão da “Biblioteca do Dr.
Laureano Barros” (Primeira Parte) efectuado pela Livraria Manuel Ferreira
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do Porto.
Para reflexão, sobre as tendências do mercado, refiro que as obras mais licitadas
neste leilão foram:
Lote 570 — BERNARDES (Diogo).- O LYMA. // DE DIOGO BER- //
NARDEZ: // EM O QVAL SE CONTEM AS // Suas Eglogas, & Cartas. //
Deregido por elle ao Excellente Prin- // cipe, & Serenissimo Senhor //
Dom Aluaro D’allem- // Castro, // Duque D’aueyro. &c.// [vinheta em
"Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança."
António Gedeão in "Pedra Filosofal"
madeira] // Foy impresso em Lisboa, em casa de Simão // Lopez
Mercador de Liuros //Com Licença da Sancta Inquisição // Anno do
Senhor 1596, In 8.ªgr. IV ff prels. inums e de 163 [aliás 163] num na
frente. E.
Exemplar da valiosa e raríssima primeira edição deste notabilíssimo clássico da literatura portuguesa.
Trata-se do exemplar anunciado por J. A. Telles da Sylva no seu precioso Catálogo de “Manuscritos &
Livros Valiosos” de 1972, que sobre a obra e o seu autor traz uma desenvolvida notícia.
http://tertuliabibliofila.blogspot.com/2009/06/leilao-da-biblioteca-do-dr-laureano.html
"Tenho medo que a liberdade se torne
um vício"
Miguel Sousa Tavares in "Rio das
Flores"
Tertúlia Bibliófila: Leilão da “Biblioteca do Dr. Laureano Barros” (Primeira Parte)
Livros Valiosos” de 1972, que sobre a obra e o seu autor traz uma desenvolvida notícia.
Exemplar reencadernado com aproveitamento do pergaminho antigo.
[5750 ]
Lote 280 — ANDRADE (Eugénio de).- NARCISO. 1940. [Imprensa
Boroeth, Lisboa] In 8.º de XVI págs inums. B.
Primeiro livrinho de poesia de Eugénio de Andrade, extremamente raro, não reeditado e
muito valioso.
Com dedicatória de Eugénio de Andrade: “ Ao Laureano, com amizade que chega ao ponto
de lhe oferecer um Eugénio – 53”. Exemplar acompanhado de uma bela carta de Eugénio de
Andrade falando de vários assuntos e desta oferta: “Só a minha amizade acaba por explicar
que você acabe por ter isso, e das minhas próprias mãos. Só agora tem razão (e nunca mais
Camilo Castelo Branco
a terá!) para dizer a sua lindíssima frase: “Não seja tão generoso comigo!”
[4000 ]
A MINHA LISTA DE BLOGUES
& piscolabis librorum
Lote 1979 — EH REAL! Panfleto semanal de critica e doutrinação
política. Propriedade da Empresa do Eh Real! Director e Editor: João
Camoezas. [Lisboa, 1915]. In 8.º gr. De 145-I págs. B.
[3100 ]
La imatgeria popular de Joan
Amades, una gran exposició
imprescindible
Há 2 dias
BIBLIOFILIA
NOVOHISPANA
Lote 1550 — CONTEMPORANEA. Grande Revista Mensal. Director José
Pacheco – Editor Agostinho Fernandes. Oficinas: Imprensa Libânio da
Silva. [1915-1926}13 números. In 4.º gr. E. e B.
[1900 ]
Gil de Castejón. Alphabetvm
Ivridicvm, Canonicvm, Civile,
Theoricvm, Practicvm, Morale,
Atqve, Politicvm 1678,
Há 13 horas
DIEGO MALLÉN
(Aos preços atingidos incide a respectiva comissão e sobre esta a taxa de IVA). Podem
consultar a
versão pdf dos Catálogos em:
Podem consultar a versão pdf dos Catálogos em:
http://www.livrariaferreira.pt/catalogo/leilaomaio09-vol1.pdf
http://www.livrariaferreira.pt/catalogo/leilaomaio09-vol2.pdf
Saudações bibliófilas
PUBLICA DA P OR RUI E M 21:1 5
ETIQUETA S : LE IL Õ ES , LIVR A RIA S
4 COMENTÁRIOS:
Galderich disse...
Desconozco la rareza y la trascendencia de estos libros, pero no está
mal el precio de adjudicación!
http://tertuliabibliofila.blogspot.com/2009/06/leilao-da-biblioteca-do-dr-laureano.html
El juicio de residencia del virrey
Matías de Gálvez.
Há 4 semanas
le bibliomane moderne
Roger de Rabutin, conte de Bussy
: sa vie et ses écrits.
Há 12 horas
Le Blog du Bibliophile
Charles Motteley et les Elzevirs
Há 1 dia
Libros Collection - Libros
de Coleccion Chile
Proyecto Bicentenario de
Restauración de la Bandera de la
Independencia
Há 2 dias
Marcas tipográficas
Un año de Marcas tipográficas
Há 1 mês
Tertúlia Bibliófila: Leilão da “Biblioteca do Dr. Laureano Barros” (Primeira Parte)
Mis Libros Antiguos
16 DE JUNHO DE 2009 0:01
“Libro de reloges solares, 1575”
Há 2 meses
rui disse...
Galderich
Éstos libros son muy raros y buscados por los bibliófilos portugueses.
Las ediciones del siglo XVI son muy pequeñas (alredor de 100) y los
"LINKS" ÚTEIS
ejemplares que lograran llegar a nuestros días son aún en mucho
menor cantidad!
“Contemporánea” es una revista muy importante por haber publicado
textos de los autores más conocidos en su época.
17 DE JUNHO DE 2009 1:14
antonio disse...
Onde é possível obter informação sobre os preços de venda dos livros
do leilão?
31 DE AGOSTO DE 2009 0:38
António Simões disse...
cyclopaedia.org
Basta enviar um email para a Livraria Manuel Ferreira, penso que eles
devem fornecer essa informação. Soube também que brevemente o
site da Livraria vai estar online pelo que provavelmente também terão
lá essas informações.
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VE R O M E U P ERF IL
CO M P LE TO
2 DE SETEMBRO DE 2009 11:42
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catálogo para consulta
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Obras de Pessoa em Leilão
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QUINTA -FEIRA, MAIO 07, 2009
Obras de Pessoa em Leilão
A Livraria Manuel Ferreira prepara novo leilão de obras raras, agora
partindo da biblioteca do Dr. Laureano Barros. Vários volumes raros
estarão à venda, e incluem tanto obras de Pessoa como obras de
análise já com edição esgotada. Portanto uma óptima oportunidade
para Pessoanos.
Destacamos algumas das obras que vão estar a leilão:
- Jornal "Acção", in-fólio com 55 números
- Moutinho de Almeida, Acrónios, 1932 (1.ª edição, com prefácio de
Pessoa)
- "Revista Athena", 5 números (revista dirigida por Pessoa)
- Jornal "Átomo", in-fólio com 72 números (no n.º 23 vem o artigo
curioso do impressor da Mensagem, que deu pormenores inéditos sobre
o processo de impressão)
- António Botto, Songs (tradução do Português por Pessoa. Raríssimo.
Muitas das traduções de Pessoa serão certamente no futuro encaradas
de outra forma pelos estudiosos, embora muitos já vejam nela
verdadeiras outras obras, por isso destaco esta)
- Catálogo do I Salão dos Independentes, 1930 (raro, ilustra todo o
movimento modernista, incluindo escritores e pintores, dando
literalmente uma visão do state of the art em 1930)
- "Revista Contemporânea", in-fólio com 13 números
- Eduardo Freitas da Costa, "Notas a uma biografia romanceada", 1951
(reacção à biografia de J. G. Simões, muito interessante, mas
igualmente a ler com cuidado)
http://umfernandopessoa.blogspot.com/2009/05/obras-de-pessoa-em-leilao.html
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EVENTOS PESSOANOS
Obras de Pessoa em Leilão
- Ferro & Cunha, Missal de Trovas, 1916 (ilustrada por Castañe e com
notas de Pessoa. Raríssima. Será esta uma das primeiras evidências do
contacto do pintor com o poeta, que figuraria em retrato pintado pelo
primeiro?)
- "Revista Descobrimento", 7 números
- Panfleto "Eh Real!", 1915 (raríssimo)
- "Revista Exílio", 1916
Os catálogos completos (em PDF), estão disponíveis para consulta no
blog de leilões da Livraria.
GALERIAS DE IMAGENS
Data do leilão: 21 a 23 e 28 a 30 de Maio.
Local: Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim, no Porto, às 21h
AT 10:07 A M
MARCADO R: NO TÍCI A S - F E RNA NDO P E S S OA
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http://umfernandopessoa.blogspot.com/2009/05/obras-de-pessoa-em-leilao.html
Elaborado por:
António Mário Costa
[email protected]
Telemóvel: 91 053 26 69
Livraria Manuel Ferreira
R. Dr. Alves da Veiga, nº 89, 4000 – 073 Porto
www.livrariaferreira.pt
[email protected]
Telefone: 22 536 32 37
Fax: 22 536 44 06
Maio de 2009
NOTA: Os conteúdos deste dossier sofreram várias alterações gráficas para
que a leitura dos mesmos seja adequada a este formato em pdf. Nesse
sentido, poderão ter várias diferenças visuais em relação aos sites originais.
Os textos e comentários foram totalmente respeitados.

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