SPERANDIO, Marlete Renosto, Educação bilíngue

Transcrição

SPERANDIO, Marlete Renosto, Educação bilíngue
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
CURSO DE PEDAGOGIA
MARLETE RENOSTO SPERANDIO
EDUCAÇÃO BILÍNGUE:
alternativa pedagógica em uma escola da rede de ensino particular de São José – SC
São José
2015
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
CURSO DE PEDAGOGIA
MARLETE RENOSTO SPERANDIO
EDUCAÇÃO BILINGUE:
alternativa pedagógica em uma escola da rede de ensino particular de São José – SC
Trabalho elaborado para a disciplina de
Conclusão de Curso (TCCII) do Curso de
Pedagogia, como requisito parcial para o curso
de graduação em Pedagogia do Centro
Universitário Municipal de São José- USJ.
Orientadora: Prof.ª Ma. Marinez Chiquetti
Zambon
São José
2015
AGREDECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus e a meus pais pela vida, ao meu marido Luis
Sperandio e meus filhos Thiago Luís e Débora Eloise Sperandio pelo incentivo e apoio em
vários momentos da minha vida. Aos meus pais Elias e Santinha Renosto, pela minha vida e
educação a mim dada.
Meus colegas de faculdade em especial as colegas Acione, Ana Cristina, Luana, e das
amizades que foram feitas no decorrer de minha vida.
A minha orientadora, Profa. Ma. Marinez Chiquetti Zambon, pela dedicação na
orientação desse tema e no desenvolvimento do trabalho.
A todos os professores do Centro Universitário Municipal de são José – USJ, em especial aos
professores da Pedagogia que com certeza, foram de extrema importância nesse caminho
percorrido
Ao meu marido, Luis, aos meus filhos Thiago
Luís e Debora Eloise
““O que se opõe ao descuido e ao
descaso é o cuidado. Cuidar é mais
que um ato; é uma atitude. Portanto,
abrange mais que um momento de
atenção. Representa uma atitude de
ocupação,
preocupação,
de
responsabilização e de envolvimento
afetivo com o outro. ”
(Leonard Boff)
RESUMO
Hoje, é fundamental dominar uma segunda língua e muitas pessoas buscam se preparar melhor
para o mercado de trabalho através de estudos no exterior, para falar com fluência a língua
escolhida. A abertura para intercâmbio de estudantes facilitou e contribuiu para ampliar, tanto
o domínio da segunda língua como os conhecimentos acadêmicos. O presente estudo teve como
objetivo analisar a Educação Bilíngue em uma escola particular de São José que oferta esse
modelo pedagógico de educação para seus alunos. Como questão de pesquisa percebeu-se que
era importante identificar o modelo pedagógico da Educação Bilíngue aplicado nesta escola.
Na busca pela resposta da questão que norteia o estudo, no primeiro momento, estabeleceu-se
uma definição para o conceito de Educação Bilíngue e os diferentes tipos de escolas bilíngues
que estão presentes no território nacional; depois, estudou-se o contexto histórico da educação
formal no Brasil, que envolve a Educação Bilíngue; analisou-se como é realizada a formação
do professor bilíngue, como se pode elaborar uma proposta pedagógica envolvendo esse tipo
de educação, e se escreveu o perfil da criança envolvida de nesse sistema de ensino. Para dar
suporte ao tema trabalhado foi estabelecido o diálogo com os seguintes autores: Celani, Ferro,
Moura e Mello. Quanto à metodologia, a pesquisa classifica-se como exploratória, com a
estrutura de estudo de caso, por investigar apenas o contexto específico e único no município
de São José. Quanto aos instrumentos, elaboraram-se questionários destinados aos professores
e à coordenação da escola, para a coleta dos dados que, finalmente, foram analisados. Na análise
dos gráficos, observou-se que o programa de educação bilíngue que a escola oferece segue uma
mão dupla, ou seja, os alunos são falantes nas duas línguas. A segunda língua é enriquecida, o
que torna seus alunos fluentes tanto na escrita quanto na fala do idioma inglês. Com a
finalização deste trabalho, chegou-se à conclusão de que os objetivos foram alcançados e se
respondeu à problemática sobre as diferentes abordagens que envolvem a Educação Bilíngue.
Palavras-chave: Educação Bilíngue. Modelo Pedagógico. Crianças.
ABSTRACT
Today it is critical to master a second language and many people seek to better prepare
themselves for the labor market through study abroad to speak fluently in your chosen language,
which facilitated was opening for exchange students, and contributed to expand knowledge,
both in the field of second language, as well as improve academic knowledge. This study aims
to analyze bilingual education in a private school in San Jose that offer this pedagogical model
of education for their students. As a research question one realizes that it was important to
identify the pedagogical model of Bilingual Education applied this school. Based on the search
for the answer of the question that guides the study at first the search start giving a definition
for the concept of bilingual education and the different types of bilingual schools, which are
present in the country. Also the historical context of formal education in Brazil involving
bilingual education, followed by analyzing how the formation of the bilingual teacher, and how
to develop a pedagogical approach involving this type of education and is also described the
profile of the child involved in this education system. To support the themes worked was
established dialogue with the following authors: Celani, Iron, Moura, Cavalcanti and Mello. As
for methodology, the research is classified as descriptive, with the case study framework for
investigating only the specific context and only in São José, with the instrument questionnaires
for teachers and school coordination. As for the instruments, it were developed questionnaires
for teachers and the school's coordination, for the collection of data that ultimately were
analyzed. In the graphics analysis, we found that the bilingual education program offered by
the school follows a two-way, that is, students are speakers in both languages. The second
language is enriched, which makes its students fluent in both written and spoken in the English
language. With the completion of this work, we came to conclusion that the objectives have
been met and responded the issues on the different approaches that involve the Bilingual
Education.
Key words: bilingual education, pedagogical model, children.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Formação acadêmica .............................................................................................. 35
Gráfico 2 - Participação de Formação Continuada ................................................................... 35
Gráfico 3 - Proposta pedagógica de alfabetização da segunda língua na escola ...................... 36
Gráfico 4 - Elaboração do PPP da Educação Bilíngue. ............................................................ 37
Gráfico 5 - Elaborar o plano de aula para o ensino bilíngue. ................................................... 38
Gráfico 6 - Projeto interdisciplinar. .......................................................................................... 39
Gráfico 7 - Conteúdos abordados de outras disciplinas e ensinados nas aulas bilíngues ......... 40
Gráfico 8 - A metodologia utilizada na Educação Bilíngue. .................................................... 41
Gráfico 9 - Material didático usado nas aulas bilíngues. .......................................................... 42
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Escolas de Fronteira ................................................................................................ 18
Tabela 2 - Linha do tempo da Educação Bilíngue no Brasil .................................................... 21
Tabela 3 - Proposta curricular de Santa Catarina ..................................................................... 28
Tabela 4 - Critérios para ter sucesso na Educação Bilíngue. .................................................... 29
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 12
1.2 POBLEMÁTICA ............................................................................................................. 12
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 13
1.3.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 13
1.3.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 13
1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ..................................................................................... 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 15
2.1 EDUCAÇÃO BILÍNGUE ............................................................................................... 15
2.1.1 Definindo uma pessoa bilíngue .................................................................................. 16
2.1.2 O que se compreende por escola bilíngue ................................................................. 16
2.1.3 Escolas de fronteira ..................................................................................................... 18
2.1.4 Escola de libras: português para surdos ................................................................... 18
2.1.5 Escola indígena ............................................................................................................ 19
2.1.6 Escolas internacionais ................................................................................................. 19
2.2 O QUE CHAMADOS DE EDUCAÇÃO FORMAL? ..................................................... 20
2.3 ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE – ESCOLA DE PRESTÍGIO ....................... 22
2.4 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR BILÍNGUE ............................................................. 23
2.5 CRIANÇA BILÍNGUE E OS PROCESSO COGNITIVOS ........................................... 25
2.6 PROPOSTA PEDAGÓGICA BILÍNGUE E O PLANEJAMENTO .............................. 27
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 31
3.1 CENÁRIO DE PESQUISA ............................................................................................. 32
3.2 A REALIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................. 33
3.3 ANÁLISE DE DADOS ................................................................................................... 33
3.4 RESULTADO DA PESQUISA ....................................................................................... 34
3.5 CONCLUSÃO DE DADOS ............................................................................................ 45
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 46
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 48
APENDICE A – QUESTIONÁRIO 1 ................................................................................... 51
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO 2 ................................................................................... 54
12
1
INTRODUÇÃO
No mundo globalizado é cada vez mais importante dominar uma segunda língua. Tem-
se observado que é fundamental para o desenvolvimento pessoal e que muitas pessoas procuram
se preparar melhor para o mercado de trabalho, aprimorando seus estudos no exterior. Com a
abertura para intercâmbio de estudantes, muitos deles buscam aumentar, tanto os
conhecimentos e o domínio da segunda língua como os conhecimentos acadêmicos, culturais e
científicos.
De fato, falar um segundo idioma tomou-se fundamental, quase uma necessidade para
a vida estudantil e profissional. Nesse sentido, a língua inglesa é a mais ofertada, pois é a língua
falada em todo o mundo. Hoje, convive-se com uma série de palavras em inglês, sendo possível
perceber a influência que esta língua exerce sobre o cotidiano das pessoas. Logo, falar a língua
inglesa tornou-se cada vez mais relevante, e por esta razão a Educação Bilíngue está, aos
poucos, se expandindo também para a educação formal, sendo que antes era ofertada apenas
em escolas especializadas, ou seja, que só ofereciam a educação de línguas.
Este estudo teve como foco em uma escola que oferece esse tipo de educação, que é ofertado
por poucas escolas de educação regular no município de São José, que faz parte da Grande
Florianópolis.
1.1
JUSTIFICATIVA
A elaboração dessa pesquisa se justifica pela importância da Educação Bilíngue para
uma sociedade que vivencia o movimento de globalização e porque pode ser um diferencial
oferecido pelas escolas que prestam o serviço de educação integral para estudantes.
1.2
POBLEMÁTICA
Inicialmente, identificou-se a questão que deu norte a todo o processo de pesquisa, que
é a seguinte: qual o modelo pedagógico da Educação Bilíngue aplicado em uma escola
particular da rede de educação do Município de São José?
13
1.3
OBJETIVOS
A fim de buscar uma resposta ao problema levantado, estabeleceram-se os objetivos
apresentados na sequência.
1.3.1 Objetivo geral
Analisar a proposta a pedagógica em uma escola particular de Educação Bilíngue da
rede de ensino de São José.
1.3.2 Objetivos específicos

Identificar a proposta pedagógica existente na Educação Bilíngue em uma escola
particular de São José – SC.

Investigar o perfil do professor que trabalha com a Educação Bilíngue.

Compreender a importância da Educação Bilíngue no desenvolvimento cognitivo das
crianças, com ênfase na visão das professoras que as acompanham.

Analisar como é feito o planejamento pedagógico para a Educação Bilíngue na escola
estudada.
1.4
ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
Para compreender melhor esse processo de formação do indivíduo para uma segunda
língua, realizaram-se leituras de obras de autores que tratam do assunto abordado na presente
pesquisa, enumerando em tópicos os temas tratados, obtendo-se, assim, uma fundamentação
teórica sobre a qual se sustentam os argumentos que serão apresentados.
Quanto aos procedimentos metodológicos, escolheu-se a pesquisa exploratória,
analisando a instituição com o método de estudo de caso. Utilizou-se como instrumento de
pesquisa o questionário, com uma abordagem quali-quantitativa para fazer a análise e
interpretação dos dados. Os questionários foram entregues aos professores e à coordenação de
uma escola bilíngue situada na cidade de São José - SC.
14
Para finalizar o estudo, apresentam-se as considerações finais, com as impressões da
pesquisadora no desenvolvimento do estudo, relacionando os dados obtidos à pergunta que
nasceu da sua inquietação durante suas vivências, a fim de alcançar o objetivo geral e os
específicos trabalhados no desenvolvimento da pesquisa. Deixa-se claro que o estudo desse
tema não se finda com a presente pesquisa, apenas se trata de relatar e observar um fragmento
do começo de uma caminhada no que se refere à Educação Bilíngue.
15
2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para a melhor entendimento do leitor e com base nos autores estudados, dividiram-se
os temas tratados nesta parte do trabalho em tópicos.
No primeiro tópico, apresenta-se uma definição para os diferentes tipos de escolas
bilíngues, que hoje estão presentes, ainda que discretamente, em território nacional, falando
sobre o contexto histórico da educação formal no Brasil e os processos que envolvem a
Educação Bilíngue.
No segundo tópico, analisa-se como é constituída a educação formal no Brasil, desde
a implantação das primeiras escolas brasileiras, e como a Educação Bilíngue encontrou base
legal, foi implantada e se sustenta em diferentes abordagens pedagógicas e formatos.
No terceiro tópico, discorre-se sobre a importância da formação dos professores que
atuam na educação formal e na Educação Bilíngue, e sobre a relevância da oferta de um curso
que proporcione a esse profissional uma formação com base pedagógica específica para
trabalhar com este tipo de educação.
No quarto tópico, discute-se sobre a importância da Educação Bilíngue para o
desenvolvimento das crianças, com vários autores que defendem a ideia de que as crianças que
aprendem dois ou mais idiomas têm um ganho cognitivo expressivo, deixando claro que, para
que isso aconteça, é necessário que a escola bilíngue tenha uma boa proposta pedagógica.
No quinto tópico se apresenta o relato da discussão sobre a importância do
planejamento da proposta pedagógica nas escolas que se propõem a oferecer a Educação
Bilíngue.
2.1
EDUCAÇÃO BILÍNGUE
A Educação Bilíngue tem como princípio oferecer o ensino de mais de uma língua em
seu espaço. Para explicar o que representa este tipo de educação é necessário apresentar a
definição da expressão educação bilíngue, segundo Mello (2002, p.05):
[...] expressão educação bilíngue tem sido frequentemente usada na sua acepção mais
abrangente para incluir todas as situações em que duas ou mais línguas estão em
contato, fazendo-se a distinção entre as suas diversas tipologias somente quando o
contexto ou a situação requer um maior detalhamento técnico. De maneira
semelhante, quando se usam as expressões escola bilíngue e/ou sala de aula bilíngue,
16
faz-se referência à possibilidade de ocorrência de uso de mais de uma língua nesses
contextos, mesmo quando se espera que uma única língua seja usada na maior parte
das interações que ocorrem nesses contextos.
Compreendendo o conceito de Educação Bilíngue emitido por Mello, fica mais fácil
dar o significado e contextualizar a sua importância para o desenvolvimento da pessoa que hoje
é cidadã do mundo. Continuando e contextualizando os significados de Educação Bilíngue, é
necessário apresentar e definir o conceito de uma pessoa bilíngue.
2.1.1 Definindo uma pessoa bilíngue
Procurando a definição de bilíngue, encontraram-se vários significados, entre eles o
que está no dicionário Aurélio, que define bilíngue como: “escrito ou falado em duas línguas,
adjetivo, pessoa que fala duas línguas. ” (2002, p. 32).
Mas há vários autores que também escrevem sobre o que é ser uma pessoa bilíngue, e
entre tantos termos, o que chamou a atenção é o que consta na obra de Appel e Muysken, autores
que assim descrevem a pessoa bilíngue:
Um bilíngue deve possuir um domínio de duas ou mais línguas igual que a um nativo,
em outro extremo [..] a teoria de Macnamara que propõe que uma pessoa pode vir a
ser qualificada como bilíngue se além de possuir as habilidades em sua primeira
língua, possuir algumas das quatro habilidades em uma das quatro habilidades, entre
elas ouvir, falar, compreender e ler. (BLOOMFIELD; MACNAMARA apud APPEL;
UYSKEN,1996, p.11).
Compreendendo o que é uma pessoa bilíngue na visão dos autores apresentados e a
partir dessa definição, faz-se um breve relato sobre os tipos de escolas bilíngues que existem
hoje, no Brasil, contextualizando o foco principal desta pesquisa e a Educação Bilíngue que,
neste estudo, é voltada para língua inglesa.
2.1.2 O que se compreende por escola bilíngue
O Brasil é um país composto de culturas diferentes, em que se falam diversas línguas,
mas aqui há somente alguns modelos de escolas oficiais bilíngues, que estão associadas às
escolas indígenas e à língua de sinais, que é específica para o público formado de pessoas
17
surdas, existindo também as consideradas de prestígio, como as escolas internacionais (inglês,
espanhol, francês etc.).
As escolas indígenas e a língua de sinais ou Libras, que é para a população de surdos,
são mantidas para garantir aos índios e surdos o direito a estarem em contanto com sua língua
de origem, nas escolas regulares, mas foi preciso lutar para que fosse criado um currículo para
atender esse público, pois, anteriormente, só era ensinada a língua oficial, que é o ‘Português’.
Como diz Moura (2009, p. 53): “Exemplos dessas escolas são as escolas bilíngue indígena onde
a língua materna é a de herança e as escolas para surdos em que a língua de sinais é L1, enquanto
a língua portuguesa é L2”.
Ainda segundo Moura, (2009, p.53): “A globalização econômica ampliou a
mobilidade, aumentou a competitividade no mercado e difundiu as tecnologias de comunicação
à distância ampliando o acesso à informação, por parte da população mundial e seus efeitos
também se fazem sentir nas línguas. ”.
No Brasil não foi diferente, por conta disso, começaram a surgir várias modalidades
de ensino de línguas, obrigando as autoridades a organizarem um currículo específico para este
grupo de indivíduos. Moura (2009) dá ênfase aos diferentes contextos em que a Educação
Bilíngue se faz presente, mas segundo ele, são os fatores sociais que determinam quais são os
objetivos do programa: “Esses fatores são determinantes para a construção dos objetivos do
programa do financiamento e das decisões acadêmicas que envolvem a construção do currículo
e as práticas de ensino. ” (MOURA, 2009, p. 54).
Nesse sentido, para se caracterizar como bilíngue, uma escola precisa se organizar e
se estruturar em todos os aspectos, para promover uma educação de qualidade.
De
acordo
com Moura (2009, p. 53):
O currículo deve promover carga horaria dedicada ao ensino de cada língua, presente
como meio de instrução nas áreas do conhecimento. O ambiente deve promover o
contato com todas as línguas por meio de oferecimento de materiais e oportunidades
de inserção. Os professores precisam ter o necessário conhecimento do objeto de
ensino com as línguas – para poder ensiná-las pela comunicação com os alunos.
Pensando no currículo que envolve as escolas bilíngues, na valorização do ensino e na
importância do preparo do professor para oferecer o ensino com qualidade, como o autor
descreve, e dando continuidade ao desenvolvimento do tema, faz-se um breve relato sobre os
tipos de Educação Bilíngue que existem, hoje, no Brasil.
18
2.1.3 Escolas de fronteira
Segundo o site do MEC (Ministério da Educação e Cultura), as escolas situadas nas
fronteiras do Brasil com outros países são denominadas de Escola de Fronteira. O Projeto
Escola Intercultural Bilíngue de Fronteira (PEIBF) tem o intuito de promover o intercâmbio
entre professores dos países do Mercosul. Esse projeto foi criado em 2005 e em 2008 e 2009 já
contava com 26 escolas em cinco países. Na Tabela 1 a seguir, apresentam-se as cidades em
que estão situadas as escolas de fronteiras.
Tabela 1 - Escolas de Fronteira
Brasil
Em outros países
Dionísio Cerqueira (SC) – 1 escola
Bernardo Irigoyen (Argentina) - 1
Foz do Iguaçu (PR) – 1 escola
Puerto Iguazu (Argentina) - 1
Uruguaiana (RS) – 1 escola
Paso de Los Libres (Argentina) - 1
São Borja (RS) – 2 escolas
Santo Tomé (Argentina) - 2
Itaqui (RS) – 1 escola
Alvear (Argentina) - 1
Itaqui – 1 escola
La Cruz (Argentina) - 1
Chuí (RS) – 1 escola
Chuy (Uruguai) - 1
Jaguarão (RS) – 2 escolas
Rio Branco (Uruguai) - 2
Ponta Porã (MS) - 1 escola
Pedro Juan Caballero (Paraguai) – 1
Pacaraima (RR) – 2 escolas
Santa Elena de Uiarén (Venezuela) 2
Total – 13 escolas no Brasil
Total – 13 escolas nos 4 países
Fonte: Adaptado de BRASIL, 2015, Ministério de Educação e Cultura.
O principal objetivo desse projeto é “a integração de estudantes e professores
brasileiros com os alunos e professores dos países vizinhos”, integrando as fronteiras e dando
oportunidade do aprendizado das duas línguas.
2.1.4 Escola de libras: português para surdos
Esse tipo de ensino é oferecido nas escolas públicas, desde a Educação Infantil até o
Ensino Médio. Tendo a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como primeira língua (L1), o
Português (L2) como segunda língua, essas escolas são amparadas nos direitos desta população
de falar a sua língua materna e a segunda língua, que é o Português, e para funcionar, são
19
necessárias algumas medidas, entre elas, a habilitação do curso de Letras em
LIBRAS/Português para a formação de professores.
Em Santa Catarina, o campus Palhoça Bilíngue do Instituto Federal de Santa Catarina
(IFSC) foi inaugurado em 5 de dezembro de 2012, com capacidade para 800 alunos em sala e
mais de 1.200 a distância. Esse campus é a primeira unidade da Rede Federal de Educação
Profissional e Tecnológica na modalidade bilíngue – Libras/Português.
2.1.5 Escola indígena
As escolas indígenas são regulamentadas desde 1999. São escolas públicas bilíngues
reconhecidas oficialmente e atendem a Educação Infantil, os Anos Iniciais, o Ensino
Fundamental, o Ensino Médio, a Educação de Jovens e Adultos, com corpo docente, na sua
maioria, composto por indígenas, tendo como objetivo preservar a cultura indígena.
Segundo o portal do MEC, o Brasil possui, atualmente, 2.819 escolas indígenas, que
atendem cerca de 195.000 estudantes indígenas, distribuídos desde a Educação Infantil até o
Ensino Médio. Mas ainda há uma concentração de 54,4% das matrículas nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, o que pode ocasionar a descaracterização da cultura indígena.
2.1.6 Escolas internacionais
No Brasil, as escolas internacionais surgiram a partir da necessidade de educação dos
filhos de famílias vindas de outros países, mas hoje elas já não são exclusivas aos filhos de
famílias estrangeiras, sendo formadas por um corpo docente que também é composto de
professores estrangeiros.
As escolas internacionais, segundo Moura (2009, p. 56), “são obrigadas a seguirem os
Parâmetros Curriculares Nacionais, mesmo que os conteúdos sejam administrados no
estrangeiro, devendo elas devem seguir o calendário escolar brasileiro, o Português nessas
escolas é tratado como segunda língua. ” Segundo Mello (2002, p. 128):
As escolas internacionais que proporcionam instrução em duas línguas e os centros
binacionais ou institutos de idiomas (Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, Cultura
Inglesa, Aliança Francesa, Instituto Ibero-Americano, Instituto Goethe, etc.) que
ensinam a língua e a cultura de seus respectivos países representam pequenas ilhas na
imensidão do nosso território, apesar de estarem eclodindo em várias capitais do país
escolas que se autodenominam bilíngues.
20
Como descreve o autor, as escolas internacionais, ainda são oferecidas de maneira
incipiente, geralmente se localizam em grandes centros e atendem apenas uma pequena parcela
da população brasileira.
2.2
O QUE CHAMADOS DE EDUCAÇÃO FORMAL?
A educação formal pode ser definida como a capacidade de desenvolvimento
intelectual do ser humano. Seu significado engloba o conhecimento adquirido na escola
intencionalmente, ou seja, por haver intenção de produzir aprendizado de conteúdo.
A educação formal é reconhecida oficialmente quando é ofertada pelas escolas oficiais
reconhecidas pelo MEC, e abrange a Educação Infantil, o Ensino Fundamental, o Ensino
Médio, a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Educação Superior, a Pós-graduação, o
mestrado, o doutorado, enfim, todos os níveis que oferecem diplomas. Geralmente é oferecida
por instituições de ensino credenciadas pelo governo ou submetidas a ele. (BRASIL, 2015, p.1).
No Brasil, pelo que se tem conhecimento, a primeira escola formal surgiu no período
jesuítico, tendo sido fundada em Salvador, Bahia, pelo Padre Manuel da Nóbrega, por volta dos
anos de 1550. A educação formal era oferecida em escolas da Companhia de Jesus, comandadas
por padres jesuítas que administraram a educação no Brasil de 1549 até 1759. (ROSÁRIO;
SILVA, 2015, p.5).
No entanto, não se pode afirmar com exatidão que antes da descoberta do Brasil pelos
portugueses não houvesse educação. O que se sabe é que os nativos indígenas falavam a língua
Tupi. Com efeito:
Os padres jesuítas foram os primeiros professores do Brasil se a abordagem recair na
chamada educação formal – escolarizada. Se considerarmos que antes do chamado
descobrimento aqui viviam outras pessoas, uma população ameríndia e, se
considerarmos que o conceito de educação nos remete a uma abrangência
incalculável, teremos necessariamente que considerar que antes da chegada da
Companhia de Jesus, existiam aqui outras educações, portanto, outras histórias da
educação. (ROSÁRIO; SILVA, 2015, p.07).
Como relatam os autores citados, os colonizadores portugueses trouxeram seu idioma,
tentando a disseminação da sua língua entre os povos indígenas aqui existentes, mas segundo
os relatos históricos, houve muita resistência dos indígenas em adotar a língua portuguesa.
21
Então, diante da necessidade dos missionários, de se comunicar, tiveram que aprender o idioma
falado pelos indígenas.
O Padre Manuel da Nóbrega chegou a compor uma gramática da língua Tupi em
Coimbra, em 1595 (Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil). Pode-se dizer
que se estabeleceu uma comunicação bilíngue: “Desde os tempos do Brasil colonial quando a
língua portuguesa foi introduzida no país e seu idioma imposto aos índios por meio da
catequização e fundação das primeiras escolas pelos jesuítas, passando do ensino da língua
clássica, grego e latim, entre outras. ” (MOURA, 2009, p. 31).
A Tabela 2 a seguir apresenta uma linha do tempo com as várias etapas da educação
formal no Brasil, segundo a fonte: História do ensino de Línguas no Brasil - Projeto do
Programa de Pós-graduação em Linguística aplicada da Universidade de Brasília, publicado
pela Revista Nova Escola (2015).
Tabela 2 - Linha do tempo da Educação Bilíngue no Brasil
Ano
1500
1750
1759
1808
1889
Trajetória do ensino de língua estrangeira no Brasil
Com a chegada dos colonizadores, a Língua Portuguesa começou a ser ensinada aos
índios, informalmente, pelos jesuítas. Posteriormente, foi considerada a primeira
língua estrangeira falada em território brasileiro.
Com a expulsão dos jesuítas e a proibição do ensino e do uso do tupi, o português
virou língua oficial. Os objetivos eram enfraquecer o poder da Igreja Católica e
organizar a escola para servir aos interesses do Estado.
O alvará de 28 de julho determinou a instituição de aulas de Gramática Latina e
Grego, que continuaram como disciplinas dominantes na formação dos alunos e eram
ministradas nos moldes jesuíticos.
Durante o período colonial, a língua francesa era ministrada somente nas escolas
militares. Com a chegada da família real, esse idioma e o Inglês foram introduzidos
oficialmente no currículo.
Depois da Proclamação da República, as línguas inglesa e alemã passaram a ser
opcionais nos currículos escolares. Somente no fim do século 19 elas se tornaram
obrigatórias em algumas séries.
1942
Na Reforma Capanema, durante o governo de Getúlio Vargas (1882-1954), Latim,
Francês e Inglês eram matérias presentes no antigo Ginásio. Já no Colegial, as duas
primeiras continuavam, mas o Espanhol substituiu o Latim.
1945
Lançamento do Manual de Espanhol, de Idel Becker (1910-1994), que por muito
tempo foi a única referência didática do educaçãodo idioma. Idel, argentino
naturalizado brasileiro, tornou-se um dos pioneiros das pesquisas na área.
1961
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) retira a obrigatoriedade do educaçãode
Língua Estrangeira no Colegial e deixa a cargo dos estados a opção pela inclusão nos
currículos das últimas quatro séries do Ginásio.
22
1970
Na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, é criado o primeiro programa de
pós-graduação em Língüística Aplicada ao Ensino de Línguas no país, tendo como um
dos idealizadores Maria Antonieta Alba Celani.
1976
Com a Resolução 58/76 do Ministério da Educação, há um resgate parcial do ensino
de Língua Estrangeira Moderna nas escolas. É decretada a obrigatoriedade para o
Colegial, e não para o Ginásio.
1977
O professor José Carlos Paes de Almeida Filho, hoje professor da Universidade de
Brasília, é o primeiro brasileiro a defender uma dissertação de mestrado com foco na
abordagem comunicativa para o educaçãode um idioma.
1978
Evento realizado na Universidade Federal de Santa Catarina foi pioneiro no Brasil em
combater as ideias estruturalistas do método áudio lingual, funcionando como
semente do movimento comunicativista.
1996
Publicação da Lei de Diretrizes e Bases que tornou o ensino de Línguas obrigatório a
partir da 5ª série. No Ensino Médio seriam incluídas uma língua estrangeira moderna,
escolhida pela comunidade, e uma segunda opcional.
1998
A publicação dos PCNs de 5ª a 8ª séries listou os objetivos da disciplina. Com base no
princípio da transversalidade, o documento sugere uma abordagem
sociointeracionista para o ensino de Língua Estrangeira
1998
Na edição dos PCNs voltados ao Ensino Médio, a Língua Estrangeira assumiu a função
de veículo de acesso ao conhecimento para levar o aluno a comunicar-se de maneira
adequada em diferentes situações.
2005
A Lei nº 11.161 institui a obrigatoriedade do Ensino de Espanhol. Conselhos Estaduais
devem elaborar normas para que a medida seja implantada em cinco anos, de acordo
com a peculiaridade de cada região.
2007
Foram desenvolvidas novas orientações ao Ensino Médio na publicação PCN+, com
sugestões de procedimentos pedagógicos adequados às transformações sociais e
culturais do mundo contemporâneo.
Fonte: Adaptado de: história do ensino de línguas BRASIL – Revista Nova Escola (2015, p1).
De acordo com a linha do tempo, o Brasil tem uma longa trajetória de Educação
Bilíngue, o que mostra que é uma conquista que aos poucos vem se efetivando como proposta
de formação para as crianças. Seguindo as pesquisas, apresentam-se a seguir as escolas que
oferecem a Educação Bilíngue com o status de escolas de prestígio.
2.3
ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE – ESCOLA DE PRESTÍGIO
São escolas regulares que seguem a regulamentação do Ministério da Educação. O que
as difere é que elas têm uma carga horária diferenciada para oferecer a educação de línguas em
23
currículo. A esse respeito, Moura (2009, p. 57) afirma: “O ensino fundamental segue os
Parâmetros Curriculares Nacionais, e oferece a língua portuguesa nas principais disciplinas,
geralmente oferece uma carga de horário maior para inserir a instrução da segunda língua e
atender à exigência dos órgãos oficiais”. Escolas que dominam a linguagem bilíngue estão
presentes em quase todas as cidades e atendem os pais que querem que seus filhos aprendam
mais de um idioma. Geralmente, nessas escolas é ofertado o idioma inglês, sendo esse tipo de
educação o foco da pesquisa realizada.
2.4
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR BILÍNGUE
A formação dos professores, em especial dos professores de língua inglesa, deve seguir
o mesmo padrão de formação dos outros professores, nas diferentes áreas do conhecimento. É
preciso ser formado em Letras- Inglês e se deve procurar fazer atualizações no currículo,
seguindo um modelo de formação continuada proposto pela instituição na qual se trabalha.
Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais Brasil (2013, p. 78), está definido no
artigo 58: “A formação inicial, nos cursos de licenciatura, não esgota o desenvolvimento dos
conhecimentos, saberes e habilidades referidas, razão pela qual um programa de formação
continuada dos profissionais da educação será contemplado no projeto político-pedagógico”.
Outro documento oficial que também cita a formação do professor é o dos Parâmetros
Curriculares Nacionais Brasil (2013, p. 25), que assim diz:
Além de uma formação inicial consistente, é preciso considerar um investimento
educativo contínuo e sistemático para que o professor se desenvolva como
profissional de educação. O conteúdo e a metodologia para essa formação precisam
ser revistos para que haja possibilidade de melhoria do ensino. A formação não pode
ser tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um processo
reflexivo e crítico sobre a prática educativa. Investir no desenvolvimento profissional
dos professores é também intervir em suas reais condições de trabalho.
Mas no caso do professor com a formação específica da língua inglesa, os desafios e
as exigências são maiores, conforme Rodrigues (2003, p.143): “O cenário em que se insere a
atuação dos profissionais na área de educação em geral e, em particular os da língua inglesa
impões desafios e exigências para os quais grande parte dos professores, dada a sua formação
inicial não se vê preparada para enfrentar. ”
Para tanto, o professor precisa ultrapassar os limites de sua formação inicial, ir além
das políticas públicas que indicam o caminho que ele deve percorrer; precisa buscar novas
24
posturas de ensino-aprendizagem, procurar aprender novas estratégias, descobrir novas
abordagens para ensinar seus alunos.
Como relata Antonieta Celani, em uma entrevista à Revista Nova Escola, Almeida
(2015, p.1): "Já baseamos as aulas em tradução e em gramática, mas hoje sabemos que cabe
ao professor analisar a turma para atuar bem." E ao se referir ao ensino de línguas, Celani faz
a seguinte pergunta: “O que a formação continuada pode oferecer ao docente da área”? E ela
mesma responde:
Ele precisa estar preparado para se enxergar e atuar como um pesquisador da própria
prática. A reflexão proporciona isso a ele. Um dos grandes problemas do professor é
a solidão. Muitas vezes, ele não tem colegas com quem trocar experiências na escola.
Por isso, é importante estar sempre alerta para oportunidades em centros de recursos
e usar a internet para pesquisar e travar contato com o idioma. (CELANI, 2015, p.1).
Nesse contexto, de formação inicial ideal para professores do ensino de idioma inglês,
em que ele pode sentir a solidão, como citado, o profissional dever procurar metodologias
diferenciadas através de pesquisas, como o método utilizado na Universidade de São Paulo,
descrito a seguir:
[...], constata, em seu estudo sobre a formação inicial do professor de Inglês, na
Universidade de São Paulo, a adesão de um modelo de formação profissional
idealizado. Diz a autora que esse tipo de formação, tal como se apresenta, parece
“prestar-se à manutenção de formas burocráticas e rotineiras, nas quais impera o
‘ensinar’ para o ‘saber– fazer’ e nas quais nenhum dos polos (formador e aprendiz)
interage para o seu desenvolvimento profissional” (FERRO, 1998, p.160, apud
RODRIGUES, 2004, p.144).
Esse modelo de formação continuada foi criado pela Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP, 1996), juntamente com Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa São
Paulo (SBCI-SP,1996). Juntas, essas organizações criaram um modelo de formação continuada
para os professores do ensino da língua inglesa, sendo que seu objetivo era:
[...] preparar professores, com conteúdo teórico e prático, para identificar as reais
necessidades dos alunos e adequar as aulas ao perfil de cada turma, partindo da
construção mútua do conhecimento. Com isso, o ensino do idioma passa a ser uma
atividade mais dinâmica, inclusive com o uso de diversos outros recursos além do
livro didático. (SBCI-SP, 2010, p.1).
A finalidade desse programa é cooperar para a formação continuada dos professores
de inglês, tornando-os profissionais críticos, conscientes, dinâmicos em suas aulas,
encorajando-os a irem além do livro didático.
25
Freire também compartilhava da ideia de que a formação do professor deve ir além do
curso de graduação. Segundo ele, “ensinar exige pesquisa”:
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino**. Esses que-fazeres encontraram
um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, procurando. Ensino
porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar,
constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que
ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (FREIRE, 1996, p.23).
O professor é uma peça fundamental no processo de ensino aprendizagem, ele é o
mediador, é ele quem faz a medicação entre o aluno e a cultura, que ensina o modo como o
aluno vai se apropriar do conhecimento e, assim, promover a sua autonomia.
Dessa forma, o profissional que trabalha com o ensino bilíngue deve ter seu currículo
sempre atualizado, buscando novos conhecimentos que são oferecidos em diversas instituições
de ensino.
Dando continuidade ao estudo, se faz necessário saber qual a importância da Educação
Bilíngue para as crianças, conforme será apresentado a seguir.
2.5
CRIANÇA BILÍNGUE E OS PROCESSO COGNITIVOS
As pessoas vivem em constante busca de novos conhecimentos, novas descobertas. A
partir de um contexto em que é importante desenvolver novas competências para facilitar a
vida, quanto mais cedo aprendem, melhor para o desenvolvimento das crianças, que vão ter
acesso a uma cultura diferente com o domínio de mais uma língua e, assim, criar novas relações
como o mundo.
As pesquisas apontam que nos primeiros anos, a área do cérebro humano responsável
pela linguagem está mais ativa, portanto, no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes
que possuem mais facilidades para aprender, estar em contato com mais uma nova língua, além
da língua nativa, contribui para o seu desenvolvimento cognitivo.
Muitas são as vantagens de se conhecer uma segunda língua. Como apontam a
psicóloga Elizabete Flory, doutora em bilinguismo pelo Instituto de Psicologia da USP, e Selma
Moura, em publicação de agosto de 2011, na revista eletrônica: Guerreiro (2011, p.1): “[...] a
primeira é uma certa antecipação da consciência metalinguística, eles se dão conta de que o
objeto tem palavras diferentes para representá-lo e diferenciam com qual língua falar com cada
pessoa” Elas dizem também que outro benefício é uma possível antecipação de pensamento
26
cognitivo em cálculos. E que está ligada à ampliação da lógica, já que as crianças bilíngues
apressam essa forma de pensar. Elizabete aponta, no entanto, que não é sempre que o
bilinguismo é acompanhado de vantagens cognitivas. Não dá para falar que ele aumenta a
inteligência. Mas crescer falando duas línguas pode ter influências positivas em alguns aspectos
do desenvolvimento cognitivo das crianças.
Nas crianças, as estruturas cognitivas são mais abertas para a aprendizagem de línguas,
o que torna ainda mais interessante este processo de Educação Bilíngue. Selma Moura (2011,
p.1), doutoranda em Linguística Aplicada pela Unicamp e mestre em Educação pela USP
defende a ideia de que:
[…] a criança faz a transferência da alfabetização em uma língua para a outra, mas
crê que este é um processo bilíngue, e não simultâneo. Não são duas alfabetizações, é
uma só. Quando a criança entende o código da língua, só vai fazer uma mudança, uma
transposição de som, observa. Elisabete ressalta que a transferência de conhecimentos
entre línguas a partir de apenas um processo de alfabetização depende do segundo
idioma. Quanto mais próximas as línguas, mais existe a transferência do aprendizado.
Se for português e japonês, ou russo, ou árabe, a criança vai ter de construir também
um outro sistema. (MOURA, 2011, p.1).
Outra publicação envolvendo pesquisas sobre a Educação Bilíngue, que vai ao
encontro das afirmações de Elizabete Flory e Selma Moura, é a dos institutos: Concordia
University, York University e Université de Provence, publicada em fevereiro de 2013, no
periódico acadêmico Journal of Experimental Child Psychology. Segundo a pesquisa, é
perceptível que as crianças que aprendem uma nova língua além da língua materna não
confundem os dois idiomas que aprenderam e tendem a focar mais em tarefas e a desenvolver
uma atenção melhor do que as crianças que dominam apenas uma língua.
Segundo os pesquisadores e os institutos citados, a criança bilíngue consegue se
desenvolver melhor cognitivamente e também é capaz de diferenciar os códigos das duas
línguas. No entendimento de Megale (2005, p. 4):
[...] a idade de aquisição das línguas é considerada de extrema importância, pois afeta
diversos aspectos do desenvolvimento do indivíduo bilíngue, como por exemplo: o
desenvolvimento linguístico, neuro-psicológico, cognitivo e sócio-cultural. De acordo
com a idade de aquisição da segunda língua, dá-se o bilinguismo infantil, adolescente
ou adulto. No infantil, o desenvolvimento do bilinguismo ocorre simultaneamente ao
desenvolvimento cognitivo, podendo consequentemente influenciá-lo. O bilinguismo
infantil subdivide-se: em bilinguismo simultâneo e bilinguismo consecutivo. No
bilinguismo simultâneo, a criança adquire as duas línguas ao mesmo tempo, sendo
expostas as mesmas desde o nascimento.
27
No entanto, a aprendizagem deve acontecer de forma significativa, pois é importante
não apenas aprender uma nova língua, mas também compreender o significado dela bem como
o da língua materna.
O professor tem a tarefa de intervir para que a criança adquira o conhecimento que
Vygotsky chamou de “Zona do Desenvolvimento Proximal”. Para Silva (2007, p.13): “A Zona
de Desenvolvimento Proximal é a distância entre aquilo que o ser humano consegue fazer
sozinho e o que ele consegue desenvolver com a mediação do outro”. Portanto, para a criança
aprender a segunda língua é necessária a exploração da zona de desenvolvimento proximal,
para potencializar o seu conhecimento.
Por isso é que professores e alunos são peças importantes no mecanismo de ensino e
aprendizagem, também levando em consideração que, para a construção desse conhecimento,
é necessária uma proposta pedagógica planejada, com o foco no desenvolvimento da
competência linguística, criando estratégias didáticas para a aprendizagem da segunda língua.
Nesse sentido, o tema que será apresentado a seguir relata a importância do processo
didático de planejar para o ensino bilíngue.
2.6
PROPOSTA PEDAGÓGICA BILÍNGUE E O PLANEJAMENTO
Para melhor compreender como deve ser elaborado o planejamento, criando ações
pedagógicas para a Educação Bilíngue nas escolas, entende-se que, primeiramente, se devem
buscar as informações contidas nos documentos oficiais, especialmente elaborados para a
educação de língua estrangeira, iniciando com os Parâmetros Curriculares Nacionais Brasil,
(1998) e dando continuidade com a Proposta Curricular de Santa Catarina (2015), conforme
será descrito nos próximos parágrafos.
No documento dos PCN (BRASIL, 1998), voltado para o ensino de línguas
estrangeiras, relata-se que, ao ensinar uma língua estrangeira, a escola deve levar em conta os
seguintes fatores: fatores históricos, fatores relativos às comunidades locais e fatores relativos
à tradição.
Aprender uma língua estrangeira possibilita ao aluno um melhor nível de
conhecimento de sua cultura, e à medida que vai conhecendo esta nova cultura, poderá entender
toda a diversidade e complexidade existente no mundo.
Nessa perspectiva, vale ressaltar que a língua inglesa possibilita ter uma visão ampla
de mundo, pois é, no momento, a mais falada no mundo, e desse modo, privar o estudante desse
28
conhecimento significa tirar dele a oportunidade de se comunicar e conhecer novas culturas.
Na realidade, o fato de aprender uma língua estrangeira:
[...] contribui para o processo educacional como um todo, indo muito além da
aquisição de um conjunto de habilidades linguísticas. Leva a uma nova percepção da
natureza da linguagem, aumenta a compreensão de como a linguagem funciona e
desenvolve maior consciência do funcionamento da própria língua materna. Ao
mesmo tempo, ao promover uma apreciação dos costumes e valores de outras culturas,
contribui para desenvolver a percepção da própria cultura por meio da compreensão
da(s) cultura(s) estrangeira(s). O desenvolvimento da habilidade de entender/dizer o
que outras pessoas, em outros países, diriam em determinadas situações leva, portanto,
à compreensão tanto das culturas estrangeiras quanto da cultura materna. (BRASIL,
1998, p. 37).
A proposta curricular de Santa Catarina vem ao encontro do pensamento de Vygotsky
(1989), numa perspectiva sócio-histórica, e segundo os autores Irene Aparecida Affolter e
Ademir Paulo Girardello (2014, p.110), da Universidade do Oeste de Santa Catarina:
Os seres humanos se constituem em situações significativas, nas (e por meio das)
práticas sociais. Para Bakhtin (1988, p. 113), “A palavra é uma espécie de ponte
lançada entre mim e os outros.” Assim, põe-se à tona a principal categorização da
concepção de linguagem do viés bakhtiniano – a interação verbal, no fenômeno
dialógico. Nesse aspecto, a aprendizagem efetivamente significativa ocorre da relação
de um sujeito com outrem. Na proposição de Vygotsky (1989), as funções superiores
da mente se formam da ideação inter à intrapsí- quica. Destarte, a evolução humana
de biológico a sócio-histórico está em detrimento das relações dialéticas que se
mantêm com o outro, por meio da mediação da linguagem. (2014, p.110).
Assim, a Proposta Curricular de Santa Catarina (1998, p. 95) relata a importância da
aprendizagem da língua estrangeira, confirmando a relevância que tem o fato de oferecer para
as crianças a possibilidade de ensino de uma nova língua. Conforme se apresenta na Tabela 3 a
seguir, a Proposta Curricular de Santa Catarina descreve, em vários momentos, os aspectos
positivos deste ensino.
Tabela 3 - Proposta curricular de Santa Catarina
Números
1
2
Descrição da Proposta Curricular de SC.
O domínio de uma LE [Língua Estrangeira] se constitui em mais uma possibilidade
de ampliação do universo cultural do aluno, possibilitando-lhe o acesso e a
apropriação de conhecimentos de outras culturas [...];
Esse pr O processo de aprendizagem desenvolve no aluno estratégias importantes
para o desenvolvimento do pensamento e aquisição do conhecimento
sistematizado. Para discutir essa questão, vamos refletir sobre a relação entre a
aprendizagem dos conceitos cotidianos e dos conceitos científicos feita por
Vygotsky. [...];
29
3
4
[...] quanto mais línguas o sujeito dominar tanto maiores serão as oportunidades de
apropriação dos conhecimentos de outras culturas, para melhor compreender a sua
e interagir com o seu meio A aprendizagem de uma LE se constitui, assim, na
possibilidade de questionar a própria identidade (entendida como unidade e
estabilidade), [...];
Num mundo em que os avanços tecnológicos aproximam povos, instituições e
indivíduos, o estudo de uma língua estrangeira moderna torna-se fundamental.
Fonte: Adaptado de Santa Catarina (1998, p.96).
Ainda de acordo com a proposta apresentada, que reafirma a importância do ensino de
línguas na educação formal de Santa Catarina, existem outros aspectos relevantes. Segundo
Lindholm (1990), um dos principais pesquisadores da área de Educação Bilíngue, que nas suas
pesquisas apresenta a solução para se desenvolver um programa com estrutura sólida e bemsucedida, é necessário levar em conta determinados critérios, conforme a Tabela 4 mostra a
seguir.
Tabela 4 - Critérios para ter sucesso na Educação Bilíngue.
Critério da Educação Bilíngue
1 - Os programas devem fornecer aos alunos um 2 - O foco da educação deve ser o mesmo
tempo mínimo de 4-6 anos de educação bilíngue.
currículo geral de que os estudantes
seguem em outros programas.
3 - Eles devem proporcionar aos alunos a exposição 4 - A língua minoritária (diferente do Inglês)
ideal para o idioma (ou seja, a linguagem é deve ser utilizada, pelo menos, 50% do
compreensível e relevante para eles), em que os tempo de instrução (até 90% do tempo em
alunos têm várias oportunidades para se comunicar graus mais baixos), e Inglês pelo menos
no idioma de forma oral e escrita, incluindo um 10% do tempo.
língua da qualidade de educação nas duas línguas.
5 - O programa deve fornecer um ambiente bilíngue 6 - As salas de aula devem incluir um saldo
aditivo onde todos os alunos têm a oportunidade de alunos de língua minoritária e
de aprender uma outra língua, enquanto continua estudantes que participam de atividades
a desenvolver a sua língua materna.
educativas junto de língua Inglês.
7 - Interações positivas entre os alunos deve ser 8 - Deve ser incorporada a estes programas
facilitada pela utilização de estratégias como a características eficazes que têm algumas
aprendizagem cooperativa (em que os alunos escolas, como pessoal qualificado e
trabalham em pares ou em grupos para atingir um colaboração entre casa e escola.
objetivo comum acadêmico).
Fonte: traduzido e adaptado de (Lindholm,1990, p.1).
Seguindo o modelo apresentado por Lindholm (1990), trata-se de uma proposta que
pode ser aplicada em escolas que se propõem a ter um sistema de ensino com qualidade. Na
opinião do pesquisador Lindholm (1990), a idade para oferecer o ensino deveria ser em torno
de 4 a 6 anos, sendo que a Educação Bilíngue deve ter o mesmo foco que a educação formal.
Isto significa que se deve ensinar com linguagem compreensível, tanto na escrita como na
oralidade, em um ambiente que favoreça o aprendizado do aluno, com a ajuda de professores
30
fluentes na língua mãe, sendo que o tempo de aula deve ser de, no mínimo, 50% do tempo e,
no caso dos iniciantes, o tempo deve ser de 90%. Deve-se também valorizar o trabalho em
grupos e criar uma comunicação saudável entre escola e a família.
Nesse sentido, a instituição de educação que se propõe a oferecer a Educação Bilíngue
deve entender que a língua não é apenas um instrumento transmissor de conhecimento, mas
também deve fazer com que seus alunos entendam o conhecimento adquirido e, a partir dele,
construam novos conceitos de mundo e de sociedade.
Para que um programa de Educação Bilíngue tenha sucesso, como apresenta Mello
(2002, p.131): “é necessário que se saiba como ele se relaciona com os múltiplos níveis do
contexto em que está situado incluindo a sociedade maior, a comunidade local, a escola e a sala
de aula. ”
Dessa forma, a Educação Bilíngue deveria ser uma opção, nas escolas públicas, que
pode contribuir para uma melhor formação do indivíduo, preparando seus estudantes para serem
cidadãos do mundo.
Dando sequência ao desenvolvimento do estudo, a seguir, será relatada a metodologia
que deu norte ao desenvolvimento da pesquisa.
31
3
METODOLOGIA
Este trabalho teve como base para seu desenvolvimento, primeiramente, a pesquisa
bibliográfica, com leitura das mais variadas obras e de artigos científicos; num segundo
momento, realizou-se a pesquisa de campo para coleta dos dados em uma escola da rede
particular de educação, tipo de pesquisa
A metodologia utilizada no desenvolvimento deste trabalho contemplou a pesquisa
descritiva. A pesquisa descritiva pode ocorrer na pesquisa documental, pesquisa de campo,
levantamento etc. Esse tipo de pesquisa estuda os fenômenos naturais que são investigados sem
a interferência do investigador, levando em consideração que a contribuição das pesquisas
descritivas é possibilitar novas versões sobre uma realidade já socializada. Para Cervo (1983,
p. 55): “a pesquisa procura descobrir com a (máxima) precisão possível, a frequência com que
um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características. A
pesquisa descritiva se caracteriza como qualitativa e quantitativa. ”
Também se utilizou o método de estudo de caso porque representa um contexto
específico, como é o caso da instituição estudada, que representa uma única amostra no
município de São José. De acordo com Chizzotti (2006, p. 135), o estudo de caso “objetiva
reunir os dados relevantes sobre o objeto de estudo e, desse modo, alcançar um conhecimento
mais amplo sobre esse objeto, dissipando as dúvidas, esclarecendo questões pertinentes, e,
sobretudo, instruindo ações posteriores”.
Foi definido como instrumento de pesquisa o questionário, que ofereceu ao públicoalvo perguntas fechadas, de acordo com a característica de pesquisa quantitativa, e perguntas
abertas, dando o enfoque também de pesquisa qualitativa. As questões foram criadas a partir da
pergunta a ser respondida, levando em consideração o objetivo geral e os específicos propostos
no estudo. Com relação às perguntas do questionário:
[...] podem ser de três tipos, das quais para este estudos nos apropriamos de apenas
duas: a) abertas (qual é sua opinião?); b) Fechadas (escolhas pré-definidas); na questão
C, descrita pelo autor não houve a necessidade de usar só para ilustrar vamos
apresentar a seguir: c) De múltipla escolha (fechada com uma série de respostas
possíveis, em que o respondente pode assinalar mais de uma resposta). (SILVA;
MENESES, 2001, p.1).
Compreende-se que a pesquisa qualitativa requer do pesquisador uma atenção muito
maior para as ideias das pessoas, dando sentido à organização das ideias apresentadas, a fim de
32
entender e interpretar os dados do discurso, mesmo quando envolve grupos de participantes e
ficando claro que ela (a pesquisa quantitativa) depende de relação entre o observador e o
observado. (D`AMBROSIO, 2004, p.11).
A pesquisa quantitativa é aquela que, utilizando instrumentos de coleta de informações
numéricas, pode ser medida ou contada, aplicada a uma amostra representativa de um universo
a ser pesquisado; ele fornece resultados numéricos, probabilísticos e estatísticos, o que facilita
a visualização através da apresentação em gráficos. (ALMEIDA; RIBES, 2000, p. 98).
No desenvolvimento e na aplicação da pesquisa, visou-se buscar informações para
melhor familiarizar a pesquisadora com o tema proposto. Para a realização deste trabalho
seguiu-se uma proposta metodológica que englobou algumas etapas:
a) Recapitulação da fundamentação teórica, em que se aplica as vozes dos autores
que amparam as ideias da pesquisadora;
b) Definição da escola para a realização do estudo, sendo uma escola privada,
localizada no município de São José;
c) Levantamento e análise dos dados coletados.
Dando continuidade à descrição da metodologia, julga-se importante descrever
também o cenário da pesquisa.
3.1
CENÁRIO DE PESQUISA
O estudo foi realizado em uma escola da rede particular de ensino, situada no
município de São José, Santa Catarina. A escola foi fundada em 1992, começou atendendo o
Ensino Médio e, no ano de 1995, passou a atender o Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano). No
ano de 2012, a escola se expandiu, ampliando o atendimento para o Ensino Fundamental I (1º
ao 5º ano). Neste mesmo ano, começou a oferecer a Educação Bilíngue, sendo a primeira escola
bilíngue do município de São José, SC. A escola funciona em dois períodos: matutino e
vespertino.
A escolha da escola surgiu porque a pesquisadora tinha conhecimento de que a mesma
ofertava a Educação Bilíngue e porque seus filhos estudaram nesta escola, na etapa de educação
regular, quando crianças.
A instituição pesquisada oferece a Educação Bilíngue a partir do último ano da
Educação Infantil. As aulas acontecem diariamente, das 9h às 12h, com carga horária de 9
33
horas semanais como aula regular e 6 horas de atividades extraclasse.
Quando a criança ingressa no ensino bilíngue, é feito um teste de nivelamento, para
que os professores possam verificar o conhecimento de cada aluno. O material didático
utilizado aborda gramática, conversação, leitura, escrita e fonética. Portanto, os quatro
fundamentos do aprendizado de idiomas são abordados: listening, speaking, writing and
Reading (informações obtidas no site da escola - 2015).
Este foi o espaço onde se realizou a coleta de dados, conforme se apresenta a seguir.
3.2
A REALIZAÇÃO DA PESQUISA
O primeiro contato com a escola, para realizar a pesquisa, foi através de e-mail enviado
à coordenadora geral da instituição, a qual prontamente respondeu, dizendo que seria um prazer
receber a pesquisadora, explicando que as aulas bilíngues eram oferecidas no período matutino
e deixando a pesquisadora à vontade para escolher o dia para realizar a coleta de dados.
A chegada à Instituição, para realizar a pesquisa, foi muito tranquila e cordial.
Primeiramente, a pesquisadora foi recebida pela secretária, que a conduziu até a sala da
coordenadora do Ensino Bilíngue, à qual foi entregue o termo de apresentação da Acadêmica
no campo de pesquisa, com as assinaturas da coordenação do curso de Pedagogia e da
professora orientadora, ambas do Centro Universitário Municipal de São José – USJ.
A conversa com a coordenadora foi informal, e se pode sentir a tranquilidade e o prazer
em ceder o espaço para a pesquisa, porque logo se apresentou a pesquisadora às professoras do
ensino bilíngue, que prontamente se dispuseram a colaborar para a pesquisa, o que tornou
dinâmico o processo de coleta de dados, pela rapidez de acesso ao instrumento de pesquisa
respondido.
O público alvo desse estudo foi composto pela coordenação da escola bilíngue e pelos
professores que compõem o corpo docente de ensino bilíngue na instituição.
3.3
ANÁLISE DE DADOS
Para melhor conhecer e identificar a proposta pedagógica da instituição elaborou-se
34
um questionário, composto de 11 questões iguais e específicas para os professores; para a
coordenação foram aplicadas as 11 questões dos professores e mais 02 questões diferentes, que
serviram de suporte para melhor compreender a proposta pedagógica da escola bilíngue. As
perguntas de questionário foram 09 questões fechadas e 02 questões abertas.
Para a leitura dos gráficos, optou-se pelo modelo “de barras”. Esta escolha se deu por
possibilitar uma apresentação de todas as informações coletadas, de forma clara e objetiva.
Através dos gráficos, buscou-se analisar a participação dos docentes que compõem a Educação
Bilíngue, a fim de identificar a proposta pedagógica inserida no espaço pedagógico. Os gráficos
são uma ferramenta que amplia a capacidade humana de ler as informações. Segundo Monteiro
(2009, p.1-5):
Os gráficos se apresentam como uma ferramenta cultural que pode ampliar a
capacidade humana de tratamento de informações quantitativas e de estabelecimento
de relações entre as mesmas [...]. Os instrumentos tecnológicos, assim como os
sistemas semióticos, são criados socialmente ao longo do curso da história humana.
Sua produção estaria vinculada a determinados objetivos de uso que favoreceriam a
ampliação e especialização das possibilidades humanas de interação e transformação.
Dessa forma, de acordo com os procedimentos metodológicos que envolvem a análise
dos dados, foram colocadas, nos gráficos, as perguntas que podiam ser analisadas
quantitativamente; já nas respostas de múltiplas escolhas e nas dissertativas foram destacadas
as respostas, estabelecendo critérios de importância a partir da questão de pesquisa, procurando
identificar a proposta pedagógica, conforme se apresenta no tópico a seguir.
3.4
RESULTADO DA PESQUISA
Primeiramente, procurou-se saber qual a formação inicial dos docentes que trabalham
na escola bilíngue. Como se visualiza no Gráfico 1, três dos professores responderam que têm
formação acadêmica inicial em Letras-Inglês; os outros 3 têm outra formação acadêmica. E
nenhum desses professores tem formação inicial em Pedagogia.
35
Gráfico 1 - Formação acadêmica
Qual é a sua formação acadêmica?
4
3
Pedagogia
2
Letra-Inglês
Outra
1
0
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Ser professor na área da educação bilíngue é um grande desafio, e o fato de não possuir
uma formação acadêmica em Letras-Inglês amplia este desfio, por ser um ensino específico da
área de Letras.
De acordo com Rodrigues (2003, p.143): “O cenário em que se insere a atuação de
profissionais da área de educação em geral e, em particular os professores da língua inglesa
impõe desafios e exigências para os quais grande parte dos profissionais não se vê preparada
para enfrentar”. Por isso, esses profissionais devem investir em uma formação continuada,
não somente para obter títulos, mas também para desenvolver a reflexão contínua sobre a
prática docente.
Gráfico 2 - Participação de Formação Continuada
Você participa de cursos de formação continuada?
4
3
2
2
Sim
Não
1
0
1
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
36
De acordo com o Gráfico 2, no momento da pesquisa, 3 dos professores da escola
bilíngue participavam de cursos, manifestando a preocupação de dar continuidade a sua
formação, e os outros 2 não participavam. É importante ressaltar que para ser um bom
profissional da Educação Bilíngue, a formação continuada é um elemento fundamental na
carreira, pois as mudanças no âmbito da educação vão acontecendo de forma acelerada e hoje
é quase uma necessidade estar sempre atento às mudanças.
Também a Proposta Curricular de Santa Catarina (2015, p.103) diz ser necessário o
professor investir na sua formação continuada:
Todos sabemos, para dizer em poucas palavras, que a valorização do professorado
passa pelo investimento na qualidade de sua formação profissional. Mesmo supondo
que os professores saiam da universidade com formação razoável, ainda é necessário
garantir a formação continuada. Um dos requisitos para tal é dar-lhe possibilidade de
acesso às pesquisas aplicadas. E isso se faz através de encontros regulares, com algum
tipo de acompanhamento e coordenação, que permitam o contato constante com o que
está sendo discutido e feito.
A formação continuada é um investimento pessoal, o professor, como em qualquer
outra área do conhecimento, deve estar sempre em busca de novas atualizações, pois, hoje, o
conhecimento se renova constantemente.
No Gráfico 3, apresenta-se a proposta pedagógica da escola, a partir das perguntas
respondidas.
Gráfico 3 - Proposta pedagógica de alfabetização da segunda língua na escola
Como é a proposta pedagógica de alfabetização da segunda língua
na sua escola?
6
5
4
3
2
1
0
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Um processo natural que vai
ao encontro do interesse das
crianças
Alfabetização da Língua
estrangeira é desenvolvida
após os alunos terem
sistematizado a língua
materna
É um processo curricular que
é pré-definido
37
Ao analisar o gráfico apresentado, verificou-se que 5 dos professores disseram que a
proposta pedagógica da escola vai ao encontro do interesse dos alunos, e apenas 1 respondeu
que a proposta pedagógica é um processo pré-definido. O que se pode perceber neste gráfico é
que, segundo a proposta pedagógica dessa escola, o aluno é o centro da atenção.
Com base em Kramer (1997), considera-se que algumas questões são importantes para
a elaboração de propostas pedagógicas:
[...] Uma proposta pedagógica expressa sempre os valores que a constituem, e precisa
estar intimamente ligada à realidade a que se dirige, explicitando seus objetivos de
pensar criticamente esta realidade, enfrentando seus mais agudos problemas. Uma
proposta pedagógica precisa ser construída com a participação efetiva de todos os
sujeitos – crianças e adultos, alunos, professores e profissionais não docentes, famílias
e população em geral [...]. (KRAMER, 1997, p. 21).
Considerando que organizar uma proposta pedagógica é uma necessidade que deva ir
ao encontro das necessidades das crianças, bem como das acomodações legais, alguns aspectos
são fundamentais para realizar efetivamente uma boa proposta pedagógica.
No Gráfico 4, apresenta-se a participação dos professores na elaboração do Projeto
Político Pedagógico (PPP) da escola.
Gráfico 4 - Elaboração do PPP da Educação Bilíngue.
Você partifica da elaboração da PPP do Ensino Bilíngue?
5
4
3
SIM
2
NÃO
1
0
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
O gráfico mostra que 4 dos professores pesquisados responderam que não participam
da elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola bilíngue e apenas 2 confirmaram que
ajudam na elaboração do PPP da escola.
38
Segundo Brasil (1998, p.103), nos PCN se declara que é altamente positivo o professor
participar da elaboração da proposta pedagógica em consonância com o PPP da escola onde ele
leciona:
Consideramos altamente positivo tratar assim o ensino-aprendizagem de LE, por
permitir ao professor a construção de sua proposta pedagógica em consonância com
o projeto político-pedagógico de sua unidade escolar. Isto significa fazer a experiência
de observar nossa própria construção, em conformidade com os pressupostos
psicológicos e filosóficos da Proposta Curricular, construindo-nos também como
sujeitos dessa história. (BRASIL, 1998, p.103).
Portanto, deve-se ter uma atenção maior ao criar o projeto político pedagógico da
escola, envolvendo todos da comunidade escolar na elaboração deste documento que é tão
importante para a comunidade escolar.
Na leitura do Gráfico 5, percebeu-se como é a elaboração do plano de aula de acordo
com o planejamento da instituição de ensino bilíngue.
Gráfico 5 - Elaborar o plano de aula para o ensino bilíngue.
Você sente dificuldades em elaborar um plano de aula no Ensino
Bilingue?
5
4
3
SIM
2
NÃO
1
0
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Analisando o gráfico, verificou-se que todos os professores disseram que não sentem
dificuldades em elaborar os planos de aula que dão suporte à prática pedagógica na sala de aula.
Cabe ressaltar aqui que uma boa aula depende de um bom planejamento, e que este vai desde a
escolha do tema, dos objetivos, dos materiais disponíveis para a elaboração. Se a escola onde o
professor trabalha oferece essas e outras condições, realmente, não é difícil planejar e executar
um plano de aula.
39
Conforme Brasil (1998, p. 22), no PCN lê-se que é papel do professor planejar,
implementar e dirigir as atividades didáticas:
Cabe ao professor planejar, implementar e dirigir as atividades didáticas, com o
objetivo de desencadear, apoiar e orientar o esforço de ação e reflexão do aluno,
procurando garantir a aprendizagem efetiva. Cabe também assumir o papel de
informante e interlocutor privilegiado, que tematiza aspectos prioritários em função
das necessidades dos alunos e de suas possibilidades de aprendizagem.
Quando uma aula é bem planejada, isso faz com que os professores se sintam seguros
para pôr em prática o seu conteúdo programático.
Os Gráficos 6 e 7 trazem dados sobre o projeto interdisciplinar desenvolvido na
Educação Bilíngue e ainda sobre o modo como o professor intercala os conteúdos de outras
disciplinas, contextualizando com o Ensino Regular da escola, já que os alunos frequentam os
dois modelos de ensino, que são a Educação Bilíngue e o Ensino Regular, na mesma instituição.
Gráfico 6 - Projeto interdisciplinar.
Há um projeto interdisciplinar?
6
5
4
3
2
1
0
SIM
NÃO
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Como se pode perceber no gráfico, 100% dos professores afirmaram que a Educação
Bilíngue tem base pedagógica em um projeto interdisciplinar. O projeto interdisciplinar ocorre
quando várias disciplinas são trabalhadas em conjunto e uma completa e contextualiza a outra,
dando um maior significado aos conteúdos trabalhados na sala de aula.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (DCN, 2013) referem-se
à interdisciplinaridade da seguinte forma:
40
A interdisciplinaridade pressupõe a transferência de métodos de uma disciplina para
outra. Ultrapassa-as, mas sua finalidade inscreve-se no estudo disciplinar. Pela
abordagem interdisciplinar ocorre a transversalidade do conhecimento constitutivo de
diferentes disciplinas, por meio da ação didático-pedagógica mediada pela pedagogia
dos projetos temáticos. [...]. (BRAIL 2013, p.28).
Os PCN para a Língua Estrangeira (1998, p. 37) afirmam o seguinte:
Há ainda outro aspecto a ser considerado, do ponto de vista educacional. É a função
interdisciplinar que a aprendizagem de Língua Estrangeira pode desempenhar no
currículo. O benefício resultante é mútuo. O estudo das outras disciplinas,
notadamente de História, Geografia, Ciências Naturais, Arte, passa a ter outro
significado se em certos momentos forem proporcionadas atividades conjugadas com
o educação de Língua Estrangeira, levando-se em consideração, é claro, o projeto
educacional da escola.
Entende-se que trabalhar com um projeto interdisciplinar consiste em desenvolver a
prática pedagógica direcionando para a aprendizagem significativa, por isso, a proposta deve
ser interessante, tanto para os alunos como para os professores.
Gráfico 7 - Conteúdos abordados de outras disciplinas e ensinados nas aulas bilíngues
A professora(or) de língua estrangeira passa algum conteúdo de
outras disciplinas em língua estrangeiras?
7
6
5
4
3
SIM
2
NÃO
1
0
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Este gráfico mostra que 100% dos entrevistados confirmaram que os professores de
língua estrangeira passam conteúdo das outras disciplinas nos momentos de ensino bilíngue.
Como já citado, os alunos do Ensino Regular da escola praticamente são os mesmos da
Educação Bilíngue, pois este ensino é oferecido no contra turno da Educação Regular.
41
O processo interdisciplinar significa trabalhar diversas disciplinas em torno de uma
determinada temática, ou seja, é a integração de conteúdos entre as disciplinas favorecendo,
assim, o aprendizado dos alunos. Os PCN (1999) descrevem como pode ser a
interdisciplinaridade:
A interdisciplinaridade não dilui as disciplinas, ao contrário, mantém sua
individualidade. Mas integra as disciplinas a partir da compreensão das múltiplas
causas ou fatores que intervêm sobre a realidade e trabalha todas as linguagens
necessárias para a constituição de conhecimentos, comunicação e negociação de
significados e registro sistemático dos resultados. (BRASIL, 1999, p. 89).
Quando a escola promove a interdisciplinaridade de conteúdo, ela promove a união
entre disciplinas, favorecendo o aprendizado do educando.
No Gráfico 8, percebe-se como é a metodologia utilizada pelo docente na sala de aula
para os momentos de Educação Bilíngue.
Gráfico 8 - A metodologia utilizada na Educação Bilíngue.
Como é a metodologia utilizada pelo docente na sala de aula para o
Ensino Bilingue?
7
6
5
4
3
Trabalho em Grupos
2
Individual
1
Diversidade de Trabalho
0
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Como se pode observar neste gráfico, todos os 6 entrevistados disseram que utilizaram
métodos com diversidade de trabalho. Entretanto 2 deles marcaram que também utilizam
técnicas individuais e 2 deles também utilizam trabalhos em grupo com os alunos.
Oferecer diferentes metodologias de trabalho é importante para o desenvolvimento da
aprendizagem das crianças. O trabalho em grupo ajuda a criança a aprender com a interação
com o outro. Vygotsky (1896 -1934, p1), percebeu que as interações sociais instigam as
42
crianças a buscar e desenvolver o conhecimento e só tem significado e internalizado quando é
intermediado por outra pessoa. A intermediação pode ser o pai, a mãe, o professor, um colega.
Gráfico 9 - Material didático usado nas aulas bilíngues.
Qual material didático é usado nas aulas bilíngue?
7
6
5
Jogos
Brincadeiras
4
Música
3
Apenas livro didático
Todas as opções
2
1
0
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
O Gráfico 9 mostra a diversidade de materiais utilizados pelos professores, sendo que
5 dos entrevistados marcaram que utilizam todas as alternativas propostas na pesquisa para
educação bilíngue, igualmente desses cinco, três também tiveram a oportunidade de discorrer
sobre os outros métodos que são utilizados, obtendo-se as respostas:
Professor A: Big Book, Picture cards, atividades extras, aulas no laboratório de
informática.
Professor B: Caderno de vocabulário, livros de histórias e livros de trabalhos extras.
Professor C: Teatro, livros de histórias e livro de trabalhos extra.
Além disso, apenas um entrevistado marcou como opção que usa apenas o livro
didático para o ensino bilíngue.
Oferecer aos alunos diferentes linguagens, no formato de estratégias didáticas, é
importante, pois aulas se tornam divertidas, os alunos não se cansam, se sentem estimulados a
aprender a língua de forma prazerosa, o que facilita o processo de aprendizagem, motivando a
criança a falar o segundo idioma.
Segundo os autores Bécher e Jones (1998), citados por Moura (2009), uma forma
eficaz de ensinar uma segunda língua é:
[...] usar essa língua com as crianças na vida diária, enquanto está comendo, bebendo,
brincando com brinquedos, contando, histórias, pintando, fazendo jardinagem,
43
culinária, compras e assim por diante. Motivação não é um problema por que essas
atividades interessantes são intrinsecamente motivadoras. (BAKER E JONES (1998,
p.491) apud MOURA 2009, p.104).
Usar diferentes tipos de materiais como estratégia de ensino é criar novas
possibilidades com as múltiplas linguagens que estão disponíveis, hoje, para o ensino de
línguas, e isso contribui para um bom desempenho na aquisição de uma segunda língua.
Dando continuidade, apresentam-se as questões abertas, em que os professores
participantes da pesquisa são denominados pelas letras: A-B-C-D-E, reservando-se a letra F
para coordenadora.
1) No caso de docentes multidisciplinar, quais são as disciplinas que compõe esse
processo?
Professor A- “Artes, Ciências, Matemática (simples), Geografia, Música, História dos
Estados Unidos e Reino Unidos”.
Professor B- “Ciências, Matemática, Biologia (experiências com plantas, Astronomia,
mistura de cores)”.
Professor C- “Ciências, Biologias. Matemática, Artes, Música, Geografia”.
Professor D- Não respondeu.
Coordenadora F – Não respondeu.
Ser professor interdisciplinar requer competências e domínio teórico e prático da sua
disciplina, passando-se de uma visão fragmentada para uma concepção igualitária:
Em sala de aula, o professor interdisciplinar deve ser capaz de estimular a curiosidade
dos alunos, criar oportunidades de aprendizagem integrativa, possibilitar descobertas
e novas experiências. Ele também exerce a reflexão crítica sobre suas práticas e busca
melhorar suas estratégias de ensino e as relações com os alunos. Além disso, este
professor é capaz de proporcionar uma ampliação na visão de mundo dos estudantes,
de compreendê-los e aprender com eles. (GARCIA, 2003, p.06).
Nesta perspectiva de ensino, os professores fazem troca de conhecimentos e vivências
entre si e com isso vão compartilhando e ampliando sua visão de mundo.
2)
Na sua concepção como é uma criança bilíngue? Quais as principais
características?
Professor A – “Uma crianças bilíngue tem um interesse e uma curiosidade grande de
aprender coisas conhecidas na língua materna, mas agora, na língua inglesa, quer aprender
44
novidades da língua inglesa e passar essas novidades para a língua materna. O aprendizado
nessa fase é um diálogo entre ambas as língua”.
Professor B – “Crianças conectadas com o mundo atual, globalizado, e mais abertas
para uma consciência universal. Preparação para práticas multidisciplinares e desenvolvem
raciocínio rápido e desenvolvem rápido a socialização”.
Professor C – “Crianças conectadas com o mundo atual, globalizado, e mais abertas
para uma consciência universal. Preparação para as práticas multidisciplinares”.
Professor D – “São crianças mais criativas, capazes de responder aos desafios e
problemas mais rapidamente. Possuem uma bagagem cultural bastante ampla, correlacionando
os conteúdos já adquiridos cotidianamente com os aprendidos em sala”.
Professor E – “É uma criança dinâmica, que tem acesso a culturas e informações, o
que apenas quem fala uma segunda língua pode experimentar plenamente”.
Coordenadora F – “A criança bilíngue apresenta uma capacidade ampliada de
aquisição de conteúdo. O ensino de um segundo idioma proporciona amplitude da capacidade
cognitiva. Forma crianças mais preparadas, inclusive, para um futuro mercado de trabalho;
importante frisar que, quanto mais cedo inicia esse processo, melhores os resultados, isso não
influencia ou atrapalha o aprendizado da língua materna”.
De acordo com as respostas dadas, os professores e a coordenadora concordam que as
crianças que estão na Educação Bilíngue realmente são mais ativas, respondem facilmente aos
desafios propostos em sala, são crianças dinâmicas, conectadas com as culturas de outros países.
Segundo Flory, (2008, p. 442): “Nosso intuito nesse trabalho foi o de explicar possíveis
influências do bilinguismo infantil sobre o desenvolvimento cognitivo a partir da teoria da
equilibrarão”. Com esta citação apresentada na sua pesquisa de doutorado o autor revelou que
as crianças bilíngues realmente têm vantagem no cognitivo em relação às crianças monolíngues.
Para MEGALE, (2005, p. 04): “Aquisição de novas línguas é considerada de extrema
importância, pois afeta diversos aspectos do desenvolvimento do indivíduo bilíngue, como por
exemplo: o desenvolvimento linguístico, neuro -psicológico, cognitivo e sócio - cultural. ”
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para língua Estrangeira (BRASIL, 1998, p.56)
dizem que:
Na visão cognitivista desloca-se o foco do ensino para o aluno ou para as estratégias
que ele utiliza na construção de sua aprendizagem de línguas. Ao ser exposto a língua
estrangeira, o aluno, com base no que sabe sobre as regras da língua materna, elabora
hipótese sobre a nova língua e as testa no ato comunicativo em sala de aula ou fora
dela.
45
A fala destes autores e os pronunciamentos dos PCN vêm ao encontro das descrições
que os professores apresentaram ao responderem às perguntas, deixando claro que a criança
bilíngue é vista por eles como mais criativa e que seu processo cognitivo é muito ativo.
3.5
CONCLUSÃO DE DADOS
Partindo da metodologia da pesquisa e seguindo para a compreensão dos resultados
coletados, percebeu-se que a proposta da Educação Bilíngue tem aspectos diferenciados,
tratando da metodologia que explicitamente aborda trabalhos onde há a contextualização da
teoria e da prática vivenciada no dia-a-dia das crianças, o que tornou o trabalho significativo
também no processo interdisciplinar.
Dessa forma, percebeu-se um contexto de educação que segue princípios
metodológicos centrados no aluno, com a aprendizagem significativa.
O programa de Educação Bilíngue que a escola oferece segue uma mão dupla - os
alunos são falantes nas duas línguas. A segunda língua é enriquecida, o que torna seus alunos
fluentes tanto na escrita quanto na fala do idioma inglês.
46
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a finalização deste trabalho, chegou-se à conclusão de que os objetivos foram
alcançados e se respondeu à problemática quanto às diferentes abordagens que envolvem a
Educação Bilíngue.
O modelo pedagógico da Escola Bilíngue pesquisada é construído com a participação
do corpo docente da escola e o aluno é elemento importante na construção do modelo
pedagógico. Na pesquisa realizada, verificou-se que todos os professores foram unânimes em
afirmar que o modelo pedagógico da escola é sempre voltado para o aluno, com utilização de
materiais didáticos diferentes e específicos.
O perfil dos professores que trabalham na Escola Bilíngue mostra que eles são
professores com curso superior em Letras - Inglês e também em outras áreas do conhecimento,
sempre participando de cursos para manter uma formação atualizada. Os professores trabalham
de forma interdisciplinar, o que facilita a comunicação e a visão de mundo entre eles,
professores, os alunos e a escola.
Para entender o modelo pedagógico da escola, buscou-se compreender como é o
desenvolvimento cognitivo das crianças bilíngues na visão dos professores e da coordenação.
Todos disseram que falar dois idiomas traz benefícios para as crianças, descrevendo-as como
ágeis, dinâmicas, criativas, com mais consciência de mundo, facilidade de raciocínio, entre
outros benefícios. Entende-se que a Educação Bilíngue, além favorecer as crianças em muitos
aspectos, será benéfica no futuro, quando forem para o mercado de trabalho.
Com este estudo, chegou-se à conclusão de que a Educação Bilíngue voltada para o
ensino da língua inglesa é pertinente e contempla o que foi questionado no início do trabalho,
pois o interesse em pesquisar esse tipo de ensino envolveu uma inquietação pessoal. Entender
como funciona esse sistema de ensino levou a pesquisadora a compreender que, apesar do
ensino bilíngue estar presente desde os tempos da colonização do Brasil, houve poucas
pesquisas relacionadas a ele e as legislações e normas que envolvem a Educação Bilíngue
também são recentes.
No Brasil, há duas línguas oficiais: o Português e a Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS), mas devido à globalização, foi necessário implantar novas diretrizes para as escolas
que se propõem a ensinar os idiomas, além das consideradas línguas oficiais, como as escolas
Indígenas de Fronteira, as escolas internacionais e as consideradas de prestígio, que oferecem
outros idiomas como, por exemplo, o inglês.
47
O ensino da língua inglesa se tornou importante devido à globalização econômica, ao
aumento da competitividade no mercado de trabalho, às tecnologias de comunicação que
oferecem tantas outras modalidades de informação à população mundial. O inglês é uma língua
usada em quase todas as nações do mundo, por isso a importância de se aprender a dominar
este idioma desde pequenos.
Já é de conhecimento de todos que saber falar e escrever duas ou mais línguas é
importante, mas a língua inglesa se destaca por ser uma língua falada praticamente em todo o
globo terrestre. Portanto, aprender a falar inglês cria uma série de vantagens profissionais e
também pessoais em relação a quem é monolíngue. Essas vantagens ocorrem principalmente
no campo trabalho, que cada vez está mais seletivo e competitivo. Quem domina a língua
inglesa tem prioridade.
Em relação à escola bilíngue onde a pesquisa de campo foi realizada, deve-se
primeiramente parabenizar pela iniciativa em oferecer esse sistema de educação, pois é a
primeira na cidade a ter esse diferencial, com profissionais qualificados e uma metodologia que
garante o aprendizado da criança. Para propor uma Educação Bilíngue não há técnicas nem
métodos prontos, a escola tem o papel de ajudar seus alunos a se tornarem cidadãos conscientes,
que aprendam a lidar com culturas diferentes da sua.
Como tema para futuras pesquisas, sugere-se uma comparação entre a educação de língua inglesa oferecida nas escolas públicas e a das escolas da rede particular de ensino
48
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51
APENDICE A – Questionário 1
REFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
Cara Participante,
Sou a Marlete Renosto Sperandio, acadêmica da 8ª fase do Curso de Pedagogia do Centro
Universitário Municipal de São José (USJ) e estou realizando uma pesquisa (TCC) com o
Título: Educação Bilíngue: uma proposta pedagógica, orientada pela profª. Msc. Marinez
Chiquetti Zambon. Gostaria de contar com sua colaboração respondendo a esta pesquisa,
lembrando que sua identidade será mantida em sigilo e que todas as respostas são apenas para
fins acadêmicos. Ressalto que nas questões abaixo, não existem respostas certas ou erradas,
mas sim, o que você pensa. Fique a vontade para expressar sua opinião
Pesquisa
1. Você acredita que o educação bilíngue favorece a aprendizagem da criança?
A: ( ) sim;
B: ( ) Não.
2. Qual o nível de educaçãoem que a criança começa a participar do educaçãobilíngue na
escola?
A: ( ) Educação Infantil;
B: ( ) Anos Iniciais; Anos Finais;
C: ( ) EducaçãoMédio.
3. Como é considerada A proposta pedagógica de alfabetização da segunda língua na sua
escola?
A: ( ) Um processo natural que vai de encontro do interesse das crianças;
52
B: ( ) Alfabetização da Língua Estrangeira é desenvolvida após os alunos terem sistematizado
a língua materna;
C: ( ) É um processo curricular pré-definido.
4.O docente que ministra a língua estrangeira é:
A:( ) O mesmo que ministra a Língua materna;
B:( ) Para o educaçãoda segunda língua é outro docente;
C:( ) O corpo docente e multidisciplinar.
5: No caso de docentes multidisciplinar quais são as disciplinas que compõe esse processo?
R:____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
6.Como é a metodologia utilizada pelo docente na sala de aula para o educaçãobilíngue?
A: ( ) Trabalhos em grupo;
B: ( ) Individual;
C: (
) Diversidade de trabalho.
D: Outra metodologia. Qual? _______________________________________________
7.Que material didático é mais usado nas aulas bilíngue?
A:( ) Jogos;
B:( ) Brincadeiras;
C:( ) Música;
D:( ) livro didático.
Existem outros materiais? Qual_____________________________________________
______________________________________________________________________
8. Há uma proposta pedagógica interdisciplinar?
A:( ) Sim;
B:( ) Não.
Em caso afirmativo descreva como é a proposta________________________________
53
______________________________________________________________________
9. A professora de Língua Estrangeira passa algum conteúdo de outras disciplinas em Língua
Estrangeira?
A:( ) Sim;
B:( ) Não.
10.A escola oferece aos docentes do educaçãobilíngue formação continuada?
A:( ) Sim;
B:( ) Não.
11.Na sua percepção como é um criança bilíngue? Quais as suas principais características?
R:_________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________
Muito Obrigada!
54
APÊNDICE B – Questionário 2
REFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
Cara Participante,
Sou a Marlete Renosto Sperandio, acadêmica da 8ª fase do Curso de Pedagogia do Centro
Universitário Municipal de São José (USJ) e estou realizando uma pesquisa (TCC) com o
Título: Educação Bilíngue: uma proposta pedagógica, orientada pela profª. Msc. Marinez
Chiquetti Zambon. Gostaria de contar com sua colaboração respondendo a esta pesquisa,
lembrando que sua identidade será mantida em sigilo e que todas as respostas são apenas para
fins acadêmicos. Ressalto que nas questões abaixo, não existem respostas certas ou erradas,
mas sim, o que você pensa. Fique a vontade para expressar sua opinião.
Pesquisa
1.Qual é a sua formação inicial?
A: ( ) Pedagogia;
B: ( ) Letras Inglês;
C: Outra formação qual? __________________________________________________
2.Você participa de cursos de formação continuada?
A: ( ) Sim;
B: ( ) Não.
3. Como é a proposta pedagógica de alfabetização da segunda língua na sua escola?
A: ( ) Um processo natural que vai de encontro do interesse das crianças;
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B: ( ) Alfabetização da Língua estrangeira é desenvolvida após os alunos terem sistematizado
a língua materna.
C: ( ) É um processo curricular que é pré-definido.
4. Você participa da elaboração da PPP do EducaçãoBilíngue?
A: ( ) Sim;
B: (
) Não.
5. Você sente dificuldades em elaborar um plano do aula no EducaçãoBilíngue?
A: ( ) Sim;
B: ( ) Não;
C: ( ) O plano de educaçãojá definido pela escola.
6. Há um projeto interdisciplinar?
A: ( ) Sim;
B: ( ) Não.
7. A professora de Língua Estrangeira passa algum conteúdo de outras disciplinas em Língua
Estrangeira?
A: (
) Sim;
B: (
) Não;
Encaso afirmativo descreva como é esse trabalho_______________________________
______________________________________________________________________
7: No caso de docentes multidisciplinar quais são as disciplinas que compõe esse processo?
R:____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
8.Como é a metodologia utilizada pelo docente na sala de aula para o EducaçãoBilíngue?
A: ( ) Trabalhos em grupo;
B: ( ) Individual;
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C: ( ) Diversidade de trabalho.
D: Outra metodologia. Qual? _____________________________________________
9. Que material didático é usado nas aulas bilíngue?
A:( ) Jogos:
B:( ) Brincadeiras;
C:( ) Música;
D:( ) livro didático.
Existe outro material? Qual________________________________________________
______________________________________________________________________
10.Na sua concepção como é um criança bilíngue? Quais as suas principais características?
R: ____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Muito Obrigada!

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