pontifcia universidade catlica de minas gerais
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Faculdade de Odontologia ESTUDO COMPARATIVO DA TELERRADIOGRAFIA EM NORMA LATERAL DA FACE E DA FIBRONASOENDOSCOPIA NA AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE OBSTRUÇÃO ADENOIDEANA EM PACIENTES RESPIRADORES BUCAIS. Marcelo Quiroga Souki Belo Horizonte - MG Dezembro 2006 MARCELO QUIROGA SOUKI ESTUDO COMPARATIVO DA TELERRADIOGRAFIA EM NORMA LATERAL DA FACE E DA FIBRONASOENDOSCOPIA NA AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE OBSTRUÇÃO ADENOIDEANA EM PACIENTES RESPIRADORES BUCAIS. Dissertação apresentada a Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Odontologia. Área de concentração: Ortodontia. Orientador: Prof. Eustáquio Afonso Araújo Belo Horizonte - MG Dezembro 2006 FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais S721e Souki, Marcelo Quiroga Estudo comparativo da telerradiografia em norma lateral da face e da fibronasoendoscopia na avaliação dos níveis de obstrução adenoideana em pacientes respiradores bucais. – Belo Horizonte, 2006. 107f. Orientador: Eustáquio Afonso Araújo Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Odontologia Bibliografia. 1. Telerradiografia. 2. Adenóides. 3. Obstrução nasal – Diagnóstico. 4. Endoscopia. I. Araújo, Eustáquio Afonso. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. III. Título. CDU: 616.314-073 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar gostaria de agradecer aos meus pais, Omar e Carmen, pelo amor incondicional e o constante estímulo na minha formação; À Taciana, pelo amor, amizade e cumplicidade em todos os estágios desse projeto de vida; Ao Bernardo, pelo companheirismo e disponibilidade no desenvolvimento do trabalho; À Ju e ao Gu pelo apoio e torcida, sempre presentes; Ao Prof. Eustáquio Araújo, grande incentivador pessoal, sempre confiou na minha capacidade “abrindo portas” para minha formação. Mesmo com as suas diversas atividades, esteve disponível nos momentos em que foi necessário. Aos pacientes do Projeto Respirador Oral, sem vocês seria impossível a realização desse estudo. Às otorrinolaringologistas Helena Becker e Letícia Franco, pela disponibilidade e interesse em avaliar os exames endoscópicos, fundamentais ao trabalho. Aos Residentes e Funcionários do Projeto Respirador Oral pela participação na fase de coleta dos dados do exame endoscópico. Aos Professores do Curso de Mestrado, pelos ensinamentos. Aos Colegas de turma (Barbra, Christiane, Irene, Luciana, Mariana, Mônica, Murilo e Silvana) pela convivência harmoniosa e a troca de experiências. RESUMO O papel da respiração bucal no desenvolvimento das más oclusões vem sendo avaliado há mais de um século. Dentre os diversos fatores que levam o indivíduo a desenvolver essa alteração funcional, a hiperplasia adenoideana é considerada de grande interesse na área médica e odontológica. Por se tratar de um tecido linfóide que a visão direta é impossibilitada, vários métodos são descritos para o seu o diagnóstico. Na Ortodontia, a telerradiografia em norma lateral da face (TLF) tem sido utilizada como rotina no exame desses quadros obstrutivos. Contudo, alguns estudos vêm demonstrando a incapacidade desse método em avaliá-los de forma confiável. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar a capacidade da TLF em diagnosticar alterações no tecido adenoideano em comparação à fibronasoendoscopia (FN), que é, atualmente, considerada como padrão-ouro nesse tipo de avaliação. A amostra foi composta por 88 indivíduos com queixa de respiração bucal, com idade variando de 3 a 13 anos, sendo todos submetidos aos exames radiográfico e endoscópico com um intervalo entre eles de no máximo uma semana. Para a medição pela FN foi utilizado o tórus da tuba auditiva como referência, enquanto que a avaliação radiográfica foi realizada a partir de seis medidas estabelecidas na literatura. O tecido adenoideano foi classificado através de duas escala distintas, uma ordinal (Pequena, Moderada ou Grande) e outra dicotômica (Obstrutiva ou Não obstrutiva). As análises de concordância demonstram que as medidas radiográficas apresentam um índice Kappa mais significativo quando é utilizada a escala dicotômica. Através da avaliação da acuidade dessas medidas, foi observado que o método radiográfico apresentou elevados percentuais de especificidade e valor preditivo positivo, enquanto que a sensibilidade e o valor preditivo negativo tiveram resultados moderados. Os achados do estudo demonstraram que a TLF, apesar de apresentar algumas limitações, especialmente quanto à freqüência de resultados falso-negativos, é um valioso recurso para o ortodontista no diagnóstico das obstruções nasofaríngeas dos pacientes com sinais e sintomas de respiração bucal. Descritores: Telerradiografia, Adenóides, Obstrução nasal, Diagnóstico ABSTRACT The influence of mouth breathing in some malocclusion development has been described for more than a century. Among many etiologic factors, adenoidal hyperplasia holds a special interest for medicine and dentistry. Cephalometric radiography analysis are used for diagnosis of nasopharyngeal obstruction by adenoids, but its validity for this purpose remains controversial. The aim of this study was to compare the capacity of using cephalometric X-ray to diagnose adenoidal impairment in comparison with using nasal endoscopy. For this, 88 children, aging 3 to 13 years who have mouth breath complaints, were selected. Six different radiographic measurements described in the literature were used. The adenoidal tissue was first classified as Small, Moderate or Large and, subsequently, as Obstrutive or Non-obstrutive. The results were analyzed by concurrence/correlation tests and validity (sensitivity, specificity, accuracy positive and negative prediction). By using the Kappa index, a substantial concurrence between endoscopic and radiographic findings when using Obstrutive or Non-obstrutive scale was found. In validity analyses, the results showed a high specificity and positive prediction accuracy, whereas sensitivity and negative prediction accuracy had moderate values. The study findings demonstrated that cephalometric radiography has some limitations, especially regarding a high frequency of false-negative results, but it is nevertheless a valuable device for the orthodontic diagnostics. Key words: Adenoid, Cephalometric radiography, Nasal endoscopy, Nasopharyngeal obstruction. LISTA DE FIGURAS 1. Visualização da nasofaringe através da rinoscopia posterior..........................26 2. Método de medição da adenóide descrito por Johannesson (1968)...............28 3. Método de medição da adenóide descrito por Fujioka (1979).........................28 4. Método de medição da adenóide descrito por Cohen e Konak(1985)............29 5. Fotografia do cefalostato que padroniza a posição da cabeça na tomada radiográfica .....................................................................................................31 6. Método de medição da adenóide descrito por Handelman e Osborne (1976)...............................................................................................................33 7. Método de medição da adenóide descrito por Holmberg e Linder-Aronson (1979)...............................................................................................................34 8. Método de medição da adenóide descrito por McNamara (1984)...............................................................................................................36 9. Proporções Adenóide–Nasofaringe (ANR’s) descritas por Kemaloglu et al. (1999)...............................................................................................................38 10. Classificação da adenóide pela fibronasoendoscopia....................................50 11. Método de medição da adenóide descrito por Kemaloglu et al. (1999)...............................................................................................................55 LISTA DE TABELAS 1. Matriz de decisão.............................................................................................22 2. Valores referenciais para a medida AIRWAY apresentados por Schulhof (1978)...............................................................................................................33 3. Valores referenciais para as medidas ANR – U2............................................55 4. Valores referenciais para as medidas ANR – Ba............................................56 5. Interpretação dos valores referenciais para a medida AIRWAY.....................57 6. Análise de erro para as medidas radiográficas...............................................64 7. Comparação da classificação do tamanho da adenóide: Padrão ouro (FN) X medida HOLMBERG........................................................................................66 8. Concordância Kappa: Padrão ouro X medida HOLMBERG............................67 9. Comparação da classificação do tamanho da adenóide: Padrão ouro (FN) X medida McNAMARA modificada......................................................................67 10. Concordância Kappa: Padrão ouro X medida McNAMARA modificada.........68 11. Comparação da classificação do tamanho da adenóide: Padrão ouro (FN) X medida COHEN.............................................................................................. 68 12. Concordância Kappa: Padrão ouro X medida COHEN.................................. 68 13. Nível de concordância global e Kappa entre FN e as medidas radiográficas....................................................................................................69 14. Coeficiente de correlação de Spearman entre FN e as medidas radiográficas....................................................................................................69 15. Avaliação de diferenças entre os exames pelo teste de McNemar.................71 16. Comparação da classificação da adenóide: Padrão ouro (FN) X medida HOLMBERG....................................................................................................72 17. Comparação da classificação da adenóide: Padrão ouro (FN) X medida McNAMARA ....................................................................................................72 18. Comparação da classificação da adenóide: Padrão ouro (FN) X medida COHEN............................................................................................................73 19. Comparação da classificação da adenóide: Padrão ouro (FN) X ANRU2....................................................................................................................73 20. Comparação da classificação da adenóide: Padrão ouro (FN) X ANRBa.....................................................................................................................73 21. Comparação da classificação da adenóide: Padrão ouro (FN) X AIRWAY...........................................................................................................74 22. Nível de concordância Kappa entre FN e as medidas radiográficas...............74 23. Coeficiente de correlação de Kendall entre FN e as medidas radiográficas....................................................................................................75 24. Avaliação da acuidade das medidas radiográficas em comparação ao padrão ouro (FN)..........................................................................................................77 25. Avaliação da acuidade das medidas utilizadas por vários autores.................87 26. Dados obtidos para FN e as seis medidas radiográficas..............................104 LISTA DE QUADROS 1. Critérios de Inclusão e Exclusão adotados no estudo.....................................47 2. Resumo dos métodos de análise utilizados.....................................................61 LISTA DE GRÁFICOS 1. Distribuição da amostra por gênero.................................................................62 2. Distribuição da amostra por faixas etárias.......................................................63 3. Distribuição percentual da amostra segundo a classificação adenoideana em Pequena, Moderada ou Grande, nas diferentes medidas...............................65 4. Distribuição percentual da amostra segundo a classificação da adenóide em Obstrutiva e Não obstrutiva.............................................................................70 LISTA DE ABREVIATURAS AA Ponto mais anterior do atlas AAL Linha perpendicular ao plano palatino que passa sobre o ponto mais anterior do atlas AD2 Ponto mais anterior do contorno da adenóide Ad-Area Área nasofaríngea ocupada pela adenóide AIRWAY Espaço livre nasofaríngeo ANR Proporção adenóide-nasofarínge ANR-U2 Proporção adenóide-nasofarínge utilizando o ponto U2 como referência ANR-Ba Proporção adenóide-nasofarínge utilizando o ponto Ba como referência ANR-Sy Proporção adenóide-nasofarínge utilizando o ponto Sy como referência Ba Básio COHEN Medida radiográfica descrita por Cohen e Konak (1985) COEP Comitê de Ética em Pesquisa CNOS Índice de pontuação da obstrução nasal clínica e Especificidade ENA Espinha nasal anterior ENP Espinha nasal posterior FIG Figura FN Fibronasoendoscopia fn Falso-negativo fp Falso-positivo GRAF Gráfico H0 Hipótese nula H1 Hipótese de pesquisa HOLMBERG Medida radiográfica descrita por Holmberg e Linder-Aronson (1979) HC Hospital das Clínicas K Índice de concordância Kappa McNAMARA Medida radiográfica descrita por McNamara (1984) n amostra NS Não Significativo p Nível de significância PL Linha que passa sobre o plano palatino PML Linha perpendicular a PL que se inicia em ENP PUC-Minas Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pro-RO Projeto Respirador Oral do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais r Coeficiente de correlação RB Respiração bucal s Sensibilidade S Significativo SEO Ponto mais anterior da sincondrose esfeno-occipital SPL Linha tangente ao contorno inferior do esfenóide Sy Ponto mais posterior da sincondrose esfeno-occipital TAB Tabela TF Tubérculo faríngeo TLF Telerradiografia em norma lateral da face U2 Ponto de interseção do contorno anterior do tecido adenoideano com uma linha que cruza esse tecido na menor distância a partir de ENP U2’ Ponto de interseção com o osso esfenóide da continuação da linha que une ENP e U2 U3 Ponto de interseção do contorno anterior do tecido adenoideano com a linha que une ENP e Ba UFMG Universidade Federal de Minas Gerais SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................18 2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................21 2.1 Características de um teste diagnóstico..............................................................21 2.2 Aspectos anátomo-funcionais da adenóide.........................................................24 2.3 Métodos de estudo e avaliação do tamanho da adenóide..................................25 2.3.1 Rinoscopia posterior.........................................................................................25 2.3.2 Avaliação radiográfica......................................................................................26 2.3.2.1 Radiografia lateral do Cavum........................................................................27 2.3.2.2 Telerradiografia em norma lateral da face (TLF)...........................................28 2..3.3 Avaliação da nasofaringe por fibronasoendoscopia.......................................39 3 OBJETIVOS............................................................................................................44 3.1 Objetivos Gerais...................................................................................................44 3.2 Objetivos Específicos...........................................................................................44 4 HIPÓTESES............................................................................................................45 4.1 Hipótese Nula (H0)................................................................................................45 4.2 Hipótese de Pesquisa (H1)...................................................................................45 5 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................46 5.1 Amostra................................................................................................................46 5.2 Métodos de Registro...........................................................................................48 5.3 Métodos de Medida.............................................................................................49 5.3.1 Medida 1 – Avaliação pelo método subjetivo de Holmberg e Linder-Aronson (1979)...................................................................................51 5.3.2 Medida 2 – Avaliação pelo método de McNamara (1984)................................52 5.3.3 Medida 3 – Avaliação pelo método de Cohen e Konak (1985)....................................................................................................53 5.3.4 Medidas 4 e 5 – Avaliação pelas medidas de proporção Adenóide-Nasofaringe (ANR) descritas por Kemaloglu et al. (1999)..................................................54 5.3.5 Medida 6 – Avaliação pelo método de Handelman e Osborne (1976) – Espaço Livre Nasofaríngeo (AIRWAY)..........................................................................56 5.4 Método de Análise................................................................................................58 5.4.1 Análise de erro do método de medida..............................................................58 5.4.2 Análise dos dados.............................................................................................59 6 RESULTADOS........................................................................................................62 6.1 Amostragem........................................................................................................62 6.2 Análise de Erro de Medida...................................................................................64 6.3 Comparação dos resultados entre FN e as medidas radiográficas, utilizando-se a classificação de adenóide: Pequena, Moderada ou Grande................................65 6.3.1 Análise do nível de concordância entre FN e as medidas radiográficas utilizando-se a classificação: adenóide Pequena, Moderada ou Grande........66 6.3.2 Análise do grau de correlação entre FN e as medidas radiográficas, utilizandose a classificação: adenóide Pequena, Moderada ou Grande........................69 6.4 Comparação dos resultados entre FN e as medidas radiográficas, utilizando-se a classificação: adenóide Obstrutiva e Não obstrutiva............................................70 6.4.1 Análise do nível de concordância entre FN e as medidas radiográficas utilizando-se a classificação: adenóide Obstrutiva e Não obstrutiva...............72 6.4.2 Análise do grau de correlação entre FN e as medidas radiográficas utilizandose a classificação: adenóide Obstrutiva e Não obstrutiva...............................75 6.4.3 Análise da acuidade das medidas radiográficas como métodos de diagnóstico......................................................................................................76 7 DISCUSSÃO...........................................................................................................78 7.1 Comparação do tamanho adenoideano entre a FN e as medidas radiográficas (classificação adenóide Pequena, Moderada ou Grande)................................ 81 7.2 Comparação do tamanho adenoideano entre a FN e as medidas radiográficas (classificação adenóide Obstrutiva e Não obstrutiva)........................................83 8 CONCLUSÕES.......................................................................................................90 9 REFERÊNCIAS.......................................................................................................92 10 APÊNDICES..........................................................................................................97 11 ANEXO................................................................................................................105 1 - INTRODUÇÃO A respiração desempenha um papel vital nos seres vivos já que, a partir dela, renovam-se as taxas de oxigênio sangüineo, essenciais a vida. O processo respiratório adequado baseia-se na passagem do ar pelas cavidades nasais, seguindo posteriormente pela naso-oro-laringo-faringe em direção aos pulmões. Contudo, em alguns indivíduos, esse trajeto torna-se dificultado ou, até mesmo, impossibilitado, devido a alguma obstrução retentiva à passagem do ar (HUNGRIA, 2000). Nessas situações, os indivíduos podem adquirir um mecanismo compensatório de respiração bucal. A respiração bucal (RB) tem sido, desde o final do século XIX, correlacionada a um crescimento e desenvolvimento anormal do complexo maxilo-mandibular, sendo, portanto, considerada como um importante fator etiológico das más oclusões. (GOLDSMITH e STOOL, 1994) A associação entre o hábito de respirar pela boca e o desenvolvimento de alterações dento-esqueléticas é, basicamente, explicada pela disfunção dos tecidos musculares associados ao esqueleto maxilar e mandibular. De acordo com a teoria da Matriz Funcional de Moss, o tecido ósseo tem sua forma e disposição determinadas pelos tecidos moles adjacentes. Sendo assim, funções musculares alteradas predispõem à displasia óssea, dependendo da tipologia facial do indivíduo (ENLOW, 1993). As alterações faciais mais frequentemente descritas nos portadores da RB são o olhar cansado, olheiras, hipofuncionalidade da musculatura facial, ausência de selamento labial passivo, lábios ressecados, entre outras. Além disso, o posicionamento inadequado da língua, que fica anteriorizada e em repouso no soalho da mandíbula, é também um achado comum. Como consequência desse somatório de forças musculares alteradas, a maxila tende a ficar atrésica com o palato profundo, podendo levar ao aparecimento de mordida cruzada posterior, mordida aberta anterior, incisivos superiores vestibularizados, apinhamento dentário e a um giro posterior da mandíbula, tornando a face alongada (PAUL e NANDA, 1981; BRESOLIN et al., 1983; UNG et al.; 1990; WOODSIDE et al.,1991; OULIS, 1994) Na maioria dos casos de RB, as características faciais e dento-esqueletais são bastante semelhantes entre si, o que levou diversos autores, ao longo dos anos, a diferentes denominações desse quadro patológico, tais como: fácies adenoideana (TOMES, 1872), síndrome da obstrução respiratória (RICKETTS, 1968), síndrome da face longa e síndrome do respirador bucal. As principais causas obstrutivas do trato nasal e faríngeo que desencadeiam o processo de RB são a hiperplasia de adenóide e tonsilas palatinas, desvio de septo nasal, rinite alérgica e hipertrofia de cornetos (RICKETTS,1968). De acordo com Hungria (2000), a adenóide, também chamada de tonsila faríngea, localiza-se na parede posterior da nasofarínge, sendo um dos componentes do anel linfático de Waldeyer. Trata-se de um tecido linfóide responsável pela produção de anticorpos, sendo a primeira barreira do organismo humano contra os microorganismos presentes no ar inspirado (CAUWENBERGE et al. 1995). Devido à grande frequência e importância na obstrução nasal associada à RB, a hiperplasia adenoideana tem sido alvo de vários estudos na literatura ortodôntica nas últimas décadas (RICKETTS,1968; LINDER-ARONSON,1970; HOLMBERG e LINDER-ARONSON, 1979 ; McNAMARA, 1984; OULIS et al., 1994; IANNI-FILHO et al. 2005), sugerindo que o ortodontista exerce um papel relevante no diagnóstico e encaminhamento de pacientes com essas alterações a um tratamento médico adequado. Os mecanismos de avaliação adenoideana utilizados pelos profissionais da Ortodontia baseiam-se, na maioria das vezes, em observações da região da nasofaringe através de radiografias cefalométricas. Essa prática, apesar de ser sustentada por alguns trabalhos (RICKETTS,1968; STEELE, 1968; HOLMBERG e LINDER-ARONSON, 1979; KEMALOGLU et al. 1999) tem sua capacidade diagnóstica questionada em estudos recentes (VIG, 1991; SOUZA, HENNEMANN e ANSELMO-LIMA, 2000). O tema é de grande importância para a Ortodontia, não apenas pelo aspecto clínico, mas também da responsabilidade civil. O profissional da área pode ser considerado negligente caso não perceba, através dos mecanismos de diagnóstico ortodôntico, um quadro respiratório obstrutivo e oriente o paciente a procurar um tratamento médico adequado. Sendo assim, torna-se fundamental um estudo minucioso da real capacidade dos exames complementares utilizados na rotina ortodôntica em diagnosticar as obstruções nasofaríngeas que podem levar à RB. 2 – REVISÃO DE LITERATURA 2.1 – Características de um teste diagnóstico Um mecanismo para ser utilizado como meio de diagnóstico deve apresentar algumas características específicas que dão a ele a capacidade apontar a presença ou a ausência da patologia estudada. Segundo Soares e Siqueira (2001), na verdade, não existe um teste que seja perfeito ou infalível, sendo este processo resultante mais de probabilidades que de certezas. A avaliação do desempenho de um teste, ou a sua acuidade, depende da maneira como se sabe se a doença está verdadeiramente presente ou ausente. Para isto é necessário selecionar um exame que seja considerado como um padrão de referência da verdade no diagnóstico de uma determinada patologia – o chamado "Padrão-ouro". Na maioria das situações ele é um método vulnerável e susceptível a falhas, mas apresenta características específicas que o tornam a primeira escolha no diagnóstico em questão. As relações matemáticas entre as características dos testes e o diagnóstico clínico “real” (estabelecido pelo padrão-ouro) são representadas graficamente em uma tabela 2X2, chamada matriz de decisão (SEABRA, 2004). (TAB.1) TABELA 1 Matriz de decisão Teste positivo Teste negativo Doença TOTAL Presente Ausente (a) Verdadeiro positivo (c) Falso positivo a+c (d) Falso negativo (b) Verdadeiro negativo d+b a+d c +b a+b+c+d Fonte: Soares e Siqueira, 2001, p. - Verdadeiro positivo (a) – número de indivíduos que apresentam a doença e o teste é positivo. - Verdadeiro negativo (b) – número de indivíduos que não apresentam a doença e o teste é negativo. - Falso positivo (c) – número de indivíduos que não apresentam a doença e o teste é positivo. - Falso negativo (d) – número de indivíduos que apresentam a doença e o teste é negativo. Diante da análise da tabela 2X2 (TAB.1), alguns conceitos importantes sobre os testes diagnósticos são estabelecidos: a) Sensibilidade (s) – é a probabilidade do teste ser positivo quando o indivíduo apresenta a doença (s = a / a + c); b) Especificidade (e) – é a probabilidade do teste ser negativo quando o indivíduo não apresenta a doença (e = d / b + d); c) Valor preditivo positivo (vpp) – a probabilidade do indivíduo estar doente quando o resultado do teste é positivo (vpp= a / a + b). Quanto maior for este valor, menor será o número de Falsopositivos; d) Valor preditivo negativo (vpn) – a probabilidade do indivíduo não estar doente quando o resultado do teste é negativo (vpn= d / c + d). Quanto maior for este valor, menor será o número de Falsonegativos. Um método que apresenta alta sensibilidade é necessário nos casos em que um diagnóstico falso-negativo leva o indivíduo a não receber o tratamento adequado, podendo o levar a morte (p.ex. AIDS). Já um exame com alta especificidade é desejável quando um falso-positivo pode determinar uma terapia intensiva em um paciente sadio (p.ex. tratamento de tumores). Por outro lado, quanto mais sensível for o teste, maior a chance de haver resultados falso-positivos, enquanto o aumento da especificidade pode levar a um grande número de falsonegativos (LANG e BRÄGGER, 1991). O ideal seria um método que apresentasse alta sensibilidade e especificidade ao mesmo tempo. Do ponto de vista prático, isso é pouco provável, já que estas características se relacionam de maneira inversa. A determinação de níveis mais adequados para esses parâmetros pode ser realizada por meio de gráficos que estabelecem as melhores relações para o teste, variando-se o ponto de corte no diagnóstico (PEREIRA, 1995). As medidas de valor preditivo positivo e negativo são tão ou mais importantes que os valores de sensibilidade e especificidade, já que se relacionam diretamente à freqüência de resultados falso-positivos e falso-negativos. Assim, valores preditivos altos demonstram que o teste apresenta um pequeno número de resultados equivocados, apresentando uma validade adequada no diagnóstico do problema em questão (PEREIRA, 1995; ALMEIDA-FILHO e ROUQUAYROL, 2002). 2.2 – Aspectos anátomo-funcionais da adenóide A faringe é um conduto musculomembranoso localizado posteriormente às cavidades nasal e bucal, terminando, inferiormente, na entrada da laringe e boca do esôfago. Divide-se em três porções (HUNGRIA, 2000): a) porção superior: chamado de nasofaringe, rinofaringe, epifaringe ou cavum; b) porção média: chamada bucal ou orofaringe c) porção inferior: chamada de laríngea ou laringofaringe A nasofaringe apresenta como limites anatômicos, na porção anterior, as coanas; na porção lateral, os óstios das tubas auditivas, também denominadas Trompa de Eustáquio, que são a comunicação do trato nasorespiratório e o orelha média; e na porção superior, as adenóides, também conhecidas como tonsilas faríngeas, vegetações adenoideanas ou amígdalas faríngeas. A adenóide é um massa de tecido linfóide, responsável pela produção de anticorpos, especialmente IgA, IgG e IgM. Juntamente com as tonsilas palatinas (amígdalas), as tubárias e as linguais formam o chamado Anel Linfático de Waldeyer que é a primeira barreira imunológica do organismo à entrada de agentes antigênicos por via respiratória. Apesar de apresentar um papel de defesa sistêmica, tem seu volume excessivamente aumentado em alguns casos, causando quadros respiratórios obstrutivos. 2.3 – Métodos de estudo e avaliação do tamanho da adenóide Por se localizar na porção posterior da cavidade nasal, especificamente na nasofaringe, as vegetações adenoideanas apresentam uma observação direta impossibilitada. Sendo assim, torna-se necessária a utilização de mecanismos para auxiliar o diagnóstico desses tecidos (HUNGRIA, 2000). Diante disso, serão descritos os métodos mais usados para a visualização dessa região. 2.3.1 – Rinoscopia posterior A rinoscopia posterior é a forma mais tradicional de observação da nasofaringe. Este método baseia-se na visualização da região através de um pequeno espelho angulado que é introduzido na cavidade bucal sendo direcionado abaixo e atrás da úvula (ALBERNAZ, 1981). Na maioria dos casos, necessita-se de um abaixamento da língua associado ou não com levantamento do véu palatino com instrumento próprio (HUNGRIA, 2000). (FIG.1) FIGURA 1 – Visualização da nasofaringe através da rinoscopia posterior Fonte: Hungria, 2000, p.14 e 15 Através da rinoscopia posterior, podem ser observadas as seguintes estruturas: palato mole, coanas, margem posterior do septo nasal, parte dos cornetos nasais e do tecido adenoideano (HILDING, 1964). Contudo, apesar de apresentar, na maioria dos casos, boas possibilidades de diagnóstico, a sua realização é dificultada pelo reflexo nauseoso exagerado ou por contrações musculares linguais intensas, especialmente em crianças (STEELE, 1968; HOLMBERG e LINDER-ARONSON, 1979). 2.3.2 – Avaliação radiográfica O descobrimento da radiografia foi uma revolução na área médica e odontológica, já que até então, todo o estudo do caso baseava-se no aspecto clínico, o que limitava o diagnóstico profissional. A descoberta da radiografia deu-se quando Röentgen, em 1895, ao estudar o efeito de descargas elétricas em tubos de gás, percebeu um tipo diferente de radiação que era capaz de sensibilizar filmes fotográficos. Por desconhecer tal radiação, denominou-a de raio X. 2.3.2.1 – Radiografia lateral do cavum A utilização das radiografias para observação da nasofaringe foi primeiramente descrita por Bernfeld (1927) e, posteriormente, por Schuller (1929) (citados por STEELE, 1968) que fizeram avaliações das dimensões faríngeas relacionando os achados com os ossos da base do crânio e com a idade dos indivíduos. Já Khoo e Nalpon (1967) recomendaram a radiografia lateral da face para ajudar a determinar o tamanho, forma e posição de tecidos adenoideanos hipertrofiados. Contudo, foi Johannesson (1968) o primeiro a propor um método de avaliação da adenóide através de uma radiografia lateral do cavum. Para isso, a tomada era realizada durante a inspiração pelo nariz, com o indivíduo em posição ereta e com a boca fechada. O tamanho adenoideano foi avaliado pela distância linear entre uma linha perpendicular ao tubérculo faríngeo (TF) na base do crânio até o ponto de maior convexidade do tecido adenoideano (AD2). (Fig.2) FIGURA 2 – Método de medição da adenóide descrito por JOHANNESSON (1968) Fonte: Wormald et al. (1992), p.343 Posteriormente, Fujioka et al. (1979) descreveram outro método de avaliação, através do qual estabeleceram uma proporção entre a espessura do tecido linfóide e o espaço nasofaríngeo, sendo denominada de Razão Adenóide-Nasofaringe. Sua medição baseava-se na distância entre o tubérculo faríngeo (TF) e o ponto de maior convexidade da adenóide (AD2) dividido pela medida linear entre a espinha nasal posterior (ENP) e a sincondrose esfeno-occipital (SEO). (Fig. 3) FIGURA 3 – Método de medição da adenóide descrito por FUJIOKA (1979) Fonte: Wormald et al. (1992), p.343 Cohen e Konak (1985) relataram um modo diferente de avaliação pela radiografia de cavum, fazendo uma comparação entre a medida da espessura do palato mole (um centímetro abaixo da espinha nasal posterior ou meio centímetro em crianças menores de três anos) e a largura da coluna aérea medida pela distância entre o contorno posterior do palato mole e a curvatura anterior da imagem adenoideana (FIG.4). Essa deve ser considerada: pequena, quando o espaço nasofaríngeo não for mais estreito que a espessura do palato; média, quando esse espaço for mais estreito que o normal, mas maior que a metade da largura do palato e grande, quando a coluna aérea é mais estreita que a metade da espessura do palato. FIGURA 4 – Método de medição da adenóide descrito por COHEN & KONAK (1985) Fonte: Wormald et al. (1992), p.343 Paradise et al. (1998) avaliaram a obstrução adenoideana em crianças comparando os sinais clínicos e os achados pela radiografia, considerando esta como padrão-ouro por ser de fácil acesso à população, objetivo e não-invasivo. Concluíram que, devido à grande variedade de fatores que levam à obstrução respiratória, os casos com indicação cirúrgica da adenóide pelo exame clínico devem ser sempre confirmados com o exame radiográfico. Apaydin et al. (2003) compararam a capacidade diagnóstica da radiografia de cavum com boca fechada e aberta em 53 crianças que possuíam sintomatologia de obstrução respiratória compatível com hipertrofia adenoideana. Usando o método descrito por Cohen e Konak (1985), concluíram que a tomada feita com a boca fechada teve uma maior correlação com a história clínica, sendo, por isso, a mais indicada. Araújo-Neto et al. (2004) revisaram os principais métodos e parâmetros de normalidade do estudo radiográfico da nasofaringe pela radiografia de cavum. Consideraram que esse método apresenta limitações por ser uma técnica bidimensional e estática de uma região anatômica dinâmica e complexa. Além disso, destacaram que a falta de padronização desse tipo de tomada radiográfica, em que a posição da cabeça do paciente é variável, já que não é usado um posicionador, favorece a variabilidade nos resultados. 2.3.2.2 – Telerradiografia em norma lateral da face (TLF) Na área ortodôntica, os primeiros estudos realizados usando esse método ocorreram após o desenvolvimento do cefalostato e a padronização da TLF (BROADBENT, 1931). Com o desenvolvimento desse dispositivo em que a cabeça do indivíduo é estabilizada em uma posição determinada (FIG.5), aumentou-se a reprodutibilidade das tomadas radiográficas de perfil da face, possibilitando o uso das mesmas no estudo do crescimento crânio-facial e na avaliação cefalométrica dos pacientes. FIGURA 5 – Fotografia do cefalostato que padroniza a posição da cabeça na tomada radiográfica Fonte: Broadbent, 1931 p.58 A utilização dessas tomadas radiográficas na avaliação da nasofaringe foi inicialmente descrita por Todd (1936) e posteriormente por Subtelny (1954). Este último publicou um trabalho intitulado “O significado do tecido adenoideano em Ortodontia” em que relatou: localização e configuração da adenóide; crescimento da adenóide e tecidos adjacentes; mudanças após adenoidectomia e implicações ortodônticas do seu crescimento e remoção. Para isso, analisou 20 indivíduos com uma série de TLF padronizadas em norma lateral, concluindo que as hipertrofias desse tecido linfóide estão diretamente relacionadas a uma alteração nas funções musculares lingual, labial e jugal. Como consequência, o crescimento dos arcos dentários acontece de forma anormal, desenvolvendo as más oclusões. No mesmo ano, estudando os pacientes portadores de fissuras palatinas avaliados através de TLF, Ricketts (1954) postulou que “o tamanho real da adenóide tem menor importância que o espaço que ela ocupa”. Em outro estudo, Ricketts (1968) relatou que, com um aumento dos tecidos adenoideanos, o palato mole tende a posicionar-se de forma verticalizada pressionando a língua para baixo e anteriormente; a musculatura jugal e labial apresentam-se alteradas, devido à respiração pela cavidade bucal, o que potencializa o desenvolvimento das más oclusões. Devido às características faciais, esqueletais e oclusais serem frequentemente semelhantes entre os indivíduos que apresentam RB, o autor denominou essa condição de Síndrome da Obstrução Respiratória. Handelman e Osborne (1976) descreveram um estudo longitudinal amplo, em que o crescimento e o desenvolvimento da nasofaringe e do tecido adenoideano de 12 indivíduos foram avaliados anualmente, dos nove meses até 18 anos de idade, por meio de radiografias cefalométricas. Para isso, utilizaram várias medidas cefalométricas angulares e lineares, além de propor a avaliação da área da nasofaringe ocupada pela adenóide a partir de um trapézio formado pelas seguintes linhas: PL – linha que passa sobre plano palatino formado pelos pontos ENP e ENA (espinha nasal anterior); PML – linha perpendicular a PL que se inicia em ENP; AAL – linha perpendicular a PL que passa sobre AA (ponto mais anterior do atlas) e SpL – linha tangente ao contorno inferior do esfenóide. Definiu-se a área ocupada pela adenóide como Ad – área e o espaço livre nasofaringeano como AIRWAY (FIG.6). FIGURA 6 – Método de medição da adenóide descrito por Handelman e Osborne (1976) Fonte: Handelman e Osborne (1976) modificado, P.246 Posteriormente, Shulhof (1978), utilizando o método estabelecido por Handelman e Osborne (1976) (FIG.6), analisou traçados cefalométricos de 50 indivíduos, descrevendo valores normativos para essa medida para o gênero masculino e feminino, na idade de seis e 16 anos (TAB.2). Considerou que esses dados possibilitam ao clínico determinar se o paciente apresenta ou não uma obstrução nasofaríngea pela adenóide. TABELA 2 Valores referenciais para medida AIRWAY apresentados por Schulhof (1978) AIRWAY Média Desvio-padrão Masculino 6 anos 16 anos 50,55 63,96 15,85 12,86 Feminino 6 anos 16 anos 50,99 62,68 13,49 16,09 Fonte: Schulhof (1978), p.446. Já Holmberg e Linder-Aronson (1979) descreveram um método de avaliação adenoideana pela TLF, correlacionando os achados com os exames clínicos da nasofaringe e pela medição do fluxo de ar nasal medido. A amostra utilizada, composta por 162 crianças de 6 a 12 anos, foi submetida ao exame da nasofaringe através da rinoscopia posterior utilizando a seguinte escala: 0 – sem adenóide, 1 – pequena, 2 – moderada e 3 – grande. Pelo exame radiográfico procedeu-se inicialmente uma avaliação subjetiva usando-se o seguinte índice: 1 - sem adenóide, 2 – pequena, 3 – moderada, 4 - grande e 5 – muito grande. (FIG.7) A seguir foi adotada uma medida objetiva em que a adenóide, medida através de paquímetro, tinha sua área calculada utilizando-se um planímetro. Os indivíduos foram ainda submetidos a avaliação do fluxo nasal pelo método descrito por Linder-Aronson (1970). Como resultado, foi observada uma correlação significativa (r=0,71) do tamanho adenoideano entre a avaliação subjetiva pela radiografia e o exame clínico (rinoscopia posterior); baixa correlação entre o tamanho da adenóide pela radiografia e o fluxo de ar nasal. Diante dos achados descritos, os autores concluíram que as radiografias cefalométricas, através do método subjetivo, fornecem uma capacidade satisfatória de avaliação da nasofaringe. FIGURA 7 – Método de medição da adenóide descrito por HOLMBERG & LINDER-ARONSON (1979) Fonte: Holmgerg e Linder-Aronson (1979), p.481 Poole, Engel e Chaconas (1980) avaliaram as medidas cefalométricas descritas por Linder-Aronson (1973) e Handelman e Osborne (1976) em 30 indivíduos, sendo 22 considerados como portadores de obstrução nasofaríngea e oito como respiradores nasais a partir de exame clínico otorrinolaringológico e/ou ortodôntico. Destacaram que das oito medidas avaliadas, quatro apresentaram diferenças significantes entre os dois grupos estudados. Diante desses resultados, propuseram um método de se determinar o grau de obstrução adenoideana a partir dos dados normativos descritos por Schuhof (1978). Para tal, deve-se avaliar o número de medidas do indivíduo que apresentam valores menores que um desviopadrão e classificá-lo como: 1 – sem problema adenoideano; 2 - problema adenoideano possível; 3 - problema adenoideano provável e 4 - problema adenoideano definido. Ao propor um método de avaliação cefalométrica, McNamara (1984) descreveu uma medida para se avaliar o espaço nasofaríngeo dos pacientes, através da menor distância entre o contorno posterior do palato mole e a convexidade anterior das vegetações adenoideanas (FIG.8). Considerou que indivíduos que têm esta medida com valores iguais ou menores a 5mm apresentam um quadro respiratório obstrutivo, além de destacar como valores de normalidade para dentadura mista (12mm) e para a permanente (17,4mm). FIGURA 8 – Método de medição da adenóide descrito por McNAMARA (1984) Fonte: VIG et al. (1991), p.356 Solow, Siersbaek-Nielsen e Greve (1984), buscando correlacionar as características crânio-faciais com obstruções respiratórias, avaliaram 24 indivíduos através de TLF e rinomanometria. A avaliação radiográfica foi realizada por diversas medidas cefalométricas, destacando-se a distância entre a espinha nasal posterior e o ponto de maior convexidade da imagem adenoideana que objetiva analisar o nível de obstrução nasofaríngeo. Como resultado, encontraram que a medição radiográfica apresentou maior correlação com as características crânio-faciais em comparação com a rinomanometria. Buscando avaliar o grau de sensibilidade e de especificidade de dois métodos de avaliação de obstruções respiratórias, Vig et al. (1991) compararam os dados encontrados na avaliação nasofaríngea pela TLF através das medidas descritas por McNamara (1984) e Shulhof (1978) com os achados de resistência nasal através de rinomanometria posterior (exame que mede a pressão do fluxo de ar na cavidade nasal). Como resultados observaram que a medida proposta por McNamara (1984) apresentou uma sensibilidade (31,8%) e especificidade de (83,3%), enquanto que para o método de Shulhof (1978) foram encontrados os valores de 18,2% e 66,6%, respectivamente. Concluíram que ambas as medidas apresentam valores muito baixos para serem utilizados como meio de diagnóstico de obstruções nasais. Em uma segunda parte do estudo, avaliaram a capacidade diagnóstica da rinomanometria posterior quando comparada ao exame SNORT - Medição simultânea da respiração bucal e nasal (considerado pelos autores como padrãoouro). Encontraram uma sensibilidade e especificidade média de 64,7% e 60,0%, respectivamente, sendo consideradas baixas para avaliação das obstruções respiratórias. Concluíram, assim, que ambos os métodos são insatisfatórios no diagnóstico da resistência respiratória. Kemaloglu et al. (1999) avaliaram comparativamente os achados do exame clínico otorrinolaringológico com os dados obtidos através de radiografias cefalométricas de 150 indivíduos. A avaliação clínica baseava inicialmente nos relatos dos responsáveis quanto a presença de: ronco, corrimento nasal, apnéia do sono e respiração bucal. Posteriormente, adotou-se o índice CNOS (pontuação de obstrução nasal clínica) que classificava a adenóide como: 0 – sem massa adenoideana, 1 – leve ou duvidosa massa adenoideana, 2 – massa adenoideana moderada e 3 – massa adenoideana acentuada. Já as medições cefalométricas foram realizadas através de três diferentes medidas de proporção AdenóideNasofaringe (ANR – Sy; ANR - U2; ANR – Ba) (FIG.9). Como resultado, encontraram uma correlação significativa (r = 0,68, 0,67 e 0,54, respectivamente) entre as medidas de ANR e os achados clínicos determinados pela escala CNOS. FIGURA 9 – Proporções Adenóide–Nasofaringe (ANR’s) descritas por KEMALOGLU et al. (1999) ANR-Sy = U1-Sy / ENP-Sy ANR-U2 = U2-U2’ / ENP-U2’ ANR-Ba = U3-Ba / ENP-Ba Fonte: Kemaloglu et al. (1999) modificado, p.68 Através de TLF’s, Imamura et al. (2002) compararam o tamanho do tecido adenoideano e da nasofaringe em indivíduos com e sem fissuras lábio-palatinas. Para isso, utilizaram várias medidas cefalométricas lineares, o percentual de ocupação do espaço livre respiratório pela adenóide, descrito por Handelman e Osborne (1976) e medidas de proporção ANR (ANR-U2 e ANR-Ba) propostas por Kemaloglu et al. (1999). Os autores observaram que indivíduos fissurados apresentam na infância tecidos adenoideanos maiores que os não portadores, existindo, contudo, uma tendência de se igualarem na idade adulta. Recentemente, Ravanmehr et al. (2005) compararam indivíduos com e sem respiração bucal através de medidas cefalométricas para a adenóide e nasofaringe propostas por Handelman e Osborne (1976) e McNamara (1984). A amostra foi dividida em grupos (com RB/sem RB) com 46 indivíduos em cada, sendo a idade média de 11,26 anos. Contudo, não foram mencionados no trabalho os critérios utilizados para a classificação do padrão respiratório dos participantes. Como resultado, os autores encontraram diferenças estatisiticamente significantes entre os grupos em praticamente todas as medidas avaliadas no estudo. 2.3.3 – Avaliação da nasofaringe por fibronasoendoscopia De acordo com Lancer (1986), o desenvolvimento do exame endoscópico no início dos anos 80 revolucionou as possibilidades de estudo do trato digestivo e respiratório. A possibilidade de visão direta e dinâmica das estruturas desses sistemas, através de um monitor de vídeo, associada à facilidade de gravar as imagens, propicia uma capacidade diagnóstica, até então, inexistente. Diante dessa nova perspectiva, Wang et al. (1992) realizaram um estudo com 180 crianças, de 26 dias a 14 anos de idade, com queixa de obstrução nasal com sinais clínicos compatíveis com hiperplasia adenoideana. Para isso, os indivíduos foram submetidos a vários exames, dentre eles, o radiográfico padrão para nasofaringe (radiografia de cavum) e por fibronasolaringoscopia (FN). Através desse mecanismo endoscópico, mediu-se a distância entre a coana e as vegetações adenoideanas, sendo classificadas como: pequena – espaço > 1,0 cm; média – 0,5 a 1,0 cm e grande - <0,5 cm. Além disso, relacionaram o tamanho do tecido linfóide com óstio da tuba auditiva, classificando este último como: aberto – sem contato com a adenóide; estreito – abertura reduzida pela adenóide e bloqueado – espaço fechado pela adenóide. Como resultado, observaram que o tamanho adenoideano na FN correlacionou-se de forma estatisticamente significante com as queixas clínicas. Comparativamente aos achados radiográficos, a FN encontrou dados bastante semelhantes, principalmente nos casos de hipertrofias significativas (concordância de 88%). Concluíram que, apesar de apresentar dificuldades técnicas, principalmente em crianças pequenas pelo desconforto, a FN é um método bastante confiável por estudar o indivíduo de forma dinâmica, diferentemente do radiográfico que é estático e susceptível a erro por um simples movimento de cabeça do paciente. Em outro relato, Wang et al. (1995) estudaram 375 crianças com obstrução nasal crônica através da FN, com intuito de avaliar a anatomia da cavidade nasal e nasofaringe desses indivíduos, buscando encontrar os fatores etiológicos da disfunção. Encontraram uma alta correlação entre o tamanho adenoideano e a intensidade dos quadros obstrutivos, considerando ainda que, quando a hiperplasia é diagnosticada e a adenoidectomia é realizada, o alívio na obstrução nasal é eficaz. Posteriormente, Monteiro, Pilon & Dall’Oglio (2000) avaliaram comparativamente 100 crianças, com idade entre dois e 10 anos, com suspeita de obstrução adenoideana através de radiografia de cavum e FN. Pelo exame radiográfico foi analisada a medida descrita por Cohen e Konak (1985) e pela endoscopia foi utilizado um método em que se traçava uma linha imaginária vertical a partir do ponto médio do rebordo superior da coana até o ponto médio do palato mole, dividindo-se a hemi-cavidade nasal em duas metades, verticalmente. Linhas perpendiculares a esta determinam porcentagens de ocupação do espaço respiratório posterior da nasofaringe pela adenóide, sendo avaliada em relação ao tórus tubário e o palato mole. Como resultados encontraram maior variabilidade nos dados obtidos pelas radiografias, contudo, apresentando grande concordância (86%) nos casos em que o tecido adenoideano apresenta-se aumentado. Como justificativa, consideram que a utilização de diferentes aparelhos de raio X, com diferentes padronizações podem ter interferido nos resultados. Já Souza, Hennemann & Anselmo-Lima (2000), com o objetivo de demonstrar a importância da combinação do exame radiológico e endoscópico, visando a reduzir o número de resultados falso-negativos no diagnóstico da nasofaringe, analisaram 45 crianças (4 a 12 anos) com queixa de obstrução respiratória. A análise radiográfica foi realizada pelo método de Cohen & Konak (1985) através da radiografia de cavum, contudo, sem mencionar se com a boca fechada ou aberta. O parâmetro de avaliação utilizado na FN foi a distância entre o vômer e o tecido adenoideano. Concluíram que a endoscopia é fundamental para um correto diagnóstico e que a radiografia deve ser solicitada nos casos de crianças pouco cooperativas. Wormald et al. (2002) buscaram comparar diversas medidas de avaliação radiográfica da nasofaringe descritas na literatura com os achados da FN e a sintomatologia em 48 crianças respiradoras bucais. Como resultados, encontraram alta correlação entre os relatos clínicos e o tamanho da adenóide. Por outro lado, os dados radiográficos apresentaram sensibilidade e especificidade variada, sendo que o método avaliativo de Cohen & Konak (1985) apresentou maior correlação com os achados pela FN. Assim, os autores concluíram que a observação clínica e o exame endoscópico devem ser usados como primeira escolha no estudo nasofaríngeo. Recentemente, Ianni-Filho et al. (2005) destacaram a direta correlação entre o padrão respiratório e o crescimento facial dos indivíduos, considerando a fundamental importância do profissional da Ortodontia no diagnóstico de possíveis quadros obstrutivos que podem induzir uma má oclusão. Frente ao interesse da especialidade no tema, os autores buscaram avaliar as reais possibilidades da TLF no diagnóstico adenoideano em comparação à FN. Para isso, estudaram 30 pacientes ortodônticos de 7 à 12 anos, respiradores bucais com diferentes tipos de obstrução. A tomada radiográfica e o exame endoscópico foram realizados com o menor intervalo de tempo possível, visando evitar possíveis alterações. A quantificação da obstrução pela adenóide na radiografia foi feita a partir da de uma modificação à medida descrita por McNamara (1984), sendo utilizada a seguinte escala: maior que 6mm – obstrução não significativa; 4,1 / 6mm – obstrução moderada; 2,1 / 4mm – grande obstrução e 0 / 2mm – obstrução total. Já pela endoscopia, a classificação avaliou a sua relação com a coana em: 1 – adenóide normal ou pequena, 2 - hiperplasia moderada, 3 – hiperplasia grande e 4 – adenóide obstrutiva. Como resultado, foi observada uma boa concordância entre os métodos, segundo o índice Kappa (k=0,67). Desse modo, os autores concluíram que a radiografia cefalométrica é um método confiável para avaliação adenoideana pelos ortodontistas. Lourenço et al. (2005) analisaram 20 crianças (3 aos 10 anos) com queixa de respiração bucal sendo submetidas a radiografia de cavum e FN. Os métodos de medida utilizados foram o de Cohen & Konak (1985) para o exame radiográfico, enquanto pela endoscopia avaliou-se o tamanho que a adenóide ocupava na coana, sendo considerada obstrução média - de 50 a 75% e grande – superior a 75%. Observaram que os achados radiográficos tendem a subestimar o tamanho adenoideano, quando comparados a FN. Consideraram, contudo, que a falta de padronização da técnica radiográfica pode ser uma fonte de erro. À luz do que foi mencionado, o presente estudo propõe-se a avaliar comparativamente o grau de associação do diagnóstico das obstruções adenoideanas realizado através da avaliação cefalométrica por telerradiografias em norma lateral da face e o estudo anatômico-visual através de imagem pela fibronasoendoscopia. 3 - OBJETIVOS 3.1 – Objetivo geral Avaliar comparativamente o grau de associação do diagnóstico das obstruções adenoideanas entre a avaliação cefalométrica realizada em TLF e o estudo anatômico visual através de imagem pela FN. 3.2 – Objetivos específicos - Determinar o grau de acuidade do exame radiográfico pela TLF no diagnóstico do nível de obstrução nasofaríngea pela adenóide. - Demonstrar a capacidade diagnóstica de diferentes medidas descritas para avaliação adenoideana na TLF, comparando-as entre si. - Determinar quais as reais possibilidades desse exame no diagnóstico ortodôntico. 4 – HIPÓTESES 4.1 – Hipótese Nula: H0 A telerradiografia em norma lateral da face não apresenta uma capacidade satisfatória em diagnosticar obstruções da nasofaringe pela adenóide. 4.2 – Hipótese de Pesquisa: H1 A telerradiografia em norma lateral da face apresenta uma capacidade satisfatória em diagnosticar obstruções da nasofaringe pela adenóide. 5 – MATERIAIS E MÉTODOS 5.1 – Amostra O estudo foi realizado a partir de informações coletadas de pacientes do Projeto Respirador Oral1 (ProRO) do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Do universo de indivíduos avaliados, foram selecionadas 90 crianças, na faixa etária de três a 13 anos de idade, baseado nos critérios de inclusão e exclusão do presente estudo (QUADRO 1). Todos eles apresentavam queixa de RB, sendo, por isso, avaliados por uma equipe interdisciplinar, composta por otorrinolaringologistas, alergologistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e ortodontistas buscando estabelecer um diagnóstico minucioso e integrado de suas necessidades de tratamento nas diversas áreas. Esse trabalho foi submetido à aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG – COEP, tendo em vista que a sua realização ocorreu nas dependências dessa instituição. Foi aprovado pelo parecer ETIC 291/03, em 18 de fevereiro de 2004, sob o titulo “Estudo das alterações otorrinolaringológicas, fonoaudiológicas, alergológicas, ortodônticas e posturais do respirador oral”. Posteriormente, foi também analisado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUC-MG, entidade na qual o pesquisador está relacionado, sendo aprovado com o título “Estudo comparativo da telerradiografia e da nasofibroscopia na avaliação dos níveis de obstrução 1 Na área médica, utiliza-se a nomenclatura oral, enquanto na odontológica, por convenção, o termo utilizado é bucal. Segundo o Dicionário de Termos Técnicos de Medicina e Saúde (REY, 2003), eles são considerados sinônimos. adenoideana em pacientes respiradores bucais”, com o parecer 0077021300006, em 20 de junho de 2006. (ANEXO A) QUADRO 1 Critérios de Inclusão e Exclusão adotados no estudo I – Critérios de Inclusão Para serem incluídos neste estudo, todos os pacientes deverão: a) ter a idade entre 3 e 13 anos b) estar vinculados formalmente ao ProRO do HC da UFMG; c) apresentar queixa de respiração bucal, independentemente de sua causa; d) ter o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelo responsável (APÊNDICE A); e) possuir o exame fibronasoendoscopia gravado em fita cassete (VHS); f) possuir uma telerradiografia em norma lateral da face com intervalo não superior a uma semana após a realização do exame endoscópico II – Critérios de Exclusão Os pacientes que apresentarem as seguintes características ou situações ao exame inicial serão excluídos da amostra deste estudo: a) ter idade inferior a três ou superior a 13 anos; b) serem portadores de alterações de ordem neurológica ou emocional que impossibilitem a realização ou prejudiquem a qualidade dos exames; c) Estar em um quadro agudo que interfira no resultado dos exames (febre, corrimento nasal excessivo, bronquite, otite, etc.); d) ter a telerradiografia possuindo distorções ou impossibilidade de definição dos pontos de referência; e) não se disponha a participar deste estudo. CAAE 5.2 – Métodos de Registro A telerradiografia em norma lateral da face foi obtida utilizando-se um aparelho de Raio-X, da marca Siemens (Orthophos CD), com fatores de exposição regulados para 77 kvp e 14 mA e o tempo de exposição variando entre 0.32 a 0.64 segundos. O filme radiográfico foi de tamanho 18 cm X 24 cm, marca Kodak, montado em um chassi provido de Ecran Lanex. Todos os exames foram realizados no mesmo aparelho, visando-se reduzir possíveis variações que pudessem influenciar nos resultados da pesquisa. A revelação foi realizada através de uma processadora DENT-X 900, Corporation e os produtos químicos utilizados foram os da Kodak com 6 minutos no processamento. Com o objetivo de se evitar o reconhecimento pelo examinador, a identificação dos pacientes nas tomadas radiográficas foi vedada por uma pessoa não participante da coleta dos dados do trabalho. Para isso, utilizou-se uma fita adesiva de cor preta, com uma numeração correspondente para cada indivíduo. Para a realização dos traçados cefalométricos, que foram feitos em uma sala escura para facilitar a visualização das estruturas, foram utilizados: Negatoscópio; Folha de acetato tipo “Ultraflan” transparente, de tamanho 17,5cm x 17,5cm; Lapiseira 0.3 pentel, borracha, régua, esquadro, compasso, transferidor e fita adesiva; Paquímetro digital marca Fowler-NSK com precisão de 0,01mm para as medições. Já a fibronasoendoscopia foi realizada utilizando-se nasolaringoscópio flexível, 3.2mm, marca Machida ENT-30PIII associado ao endocoupler Machida com o objetivo de se avaliar todas as estruturas da cavidade do nariz, nasofaringe, orofaringe, hipofaringe e laringe. Previamente ao exame, era aplicado na cavidade nasal dos pacientes um anestésico tópico local para redução do desconforto. Todos os exames foram gravados em fitas de vídeo (VHS) e, posteriormente, copiados para o sistema digital através do software Windows Movie Maker (Microsoft), tendo o cuidado de se manter a qualidade das imagens. Com o objetivo de se excluir partes desnecessárias para o presente estudo, assim como detalhes que facilitariam a identificação do indivíduo, o vídeo foi editado em pequenos clips, identificados por números, em que somente a filmagem da nasofaringe foi mantida. Desta forma, ao analisar as imagens, os examinadores não tinham a possibilidade de reconhecimento dos pacientes. 5.3 – Métodos de Medida As medições do tamanho adenoideano através do exame endoscópico foram realizadas por dois otorrinolaringologistas experientes, separadamente, utilizando-se como parâmetro a relação entre o tecido linfóide e o tórus da tuba auditiva (MONTEIRO, PILON e DALL’OGLIO, 2000). Em um primeiro momento, a adenóide foi classificada como: 1 - Pequena (menor ou igual a 50% do espaço nasofaríngeo); 2 - Moderada (entre 50 e 75%) e 3 – Grande (maior ou igual a 75%). Posteriormente, ela foi re-classificada utilizando-se o critério de avaliação de severidade clínica, sendo considerada: 1- Não obstrutiva (menor que 75%) e 2 – Obstrutiva (maior ou igual 75% de obstrução). Por se tratar do método de escolha para diagnóstico das obstruções nasofaríngeas, a fibronasoendoscopia será considerada no presente estudo como o “padrão-ouro”. 1- Pequena 2 - Moderada 3 - Grande FIGURA 10 – Classificação da adenóide pela fibronasoendoscopia Fonte: dados de pesquisa Para se realizar a avaliação pela radiografia, a interpretação das medidas estabelecidas por Handelman e Osborne (1976), Holmberg e Linder-Aronson (1979), McNamara (1984), Cohen & Konak (1985) e Kemaloglu et al. (1999) foi adequada para a mesma escala, para que a análise dos dados fosse realizada de maneira compatível ao exame endoscópico. A precisão adotada nas medições foi de 0,5mm. A seguir serão descritas as seis medidas radiográficas utilizadas e a forma como elas foram classificadas.2 2 Com o objetivo de facilitar a leitura e a compreensão da metodologia, serão apresentadas novamente as figuras presentes na revisão de literatura e que foram utilizadas no presente estudo. 5.3.1 – Medida 1 – Avaliação pelo método subjetivo de Holmberg e Linder-Aronson (1979). Os autores descrevem que a adenóide deve ser classificada subjetivamente como: 1 - sem adenóide, 2 – pequena, 3 – moderada, 4 - grande e 5 – muito grande (FIG.7). Para o presente trabalho, ela foi denominada “Medida HOLMBERG”, sendo subdividida inicialmente em: 1 – Pequena (referente a 1 e 2 da original), 2 – Moderada (referente a 3 da original) e 3 – Grande (referente a 4 e 5 da original). Para a segunda avaliação, foi considerada como: 1 – Não obstrutiva (1 a 3 da original) e 2 – Obstrutiva (4 e 5 da original). FIGURA 7 – Método de medição da adenóide descrito por HOLMBERG & LINDER-ARONSON (1979) Fonte: Holmberg e Linder-Aronson (1979), p.481 5.3.2 – Medida 2 – Avaliação pelo método de McNamara (1984). A medição da nasofaringe proposta por esse autor baseia-se na avaliação da menor distância linear entre o palato mole (na sua porção anterior) e o contorno do tecido adenoideano (FIG.8). Para ele, valores menores ou iguais a 5mm são indicativos que um quadro de obstrução respiratória. Recentemente, Ianni-Filho et al. (2005) utilizaram uma modificação para essa medida, classificando-a em uma escala de 1 a 4 (obstrução não significativa até obstrução total). Inicialmente, o presente estudo, utilizando-se dos princípios dessa modificação descrita, classificou o tecido adenoideano como apresentando: 1 – Pequena obstrução (distância maior que 6mm), 2 – Moderada obstrução (de 4,1 a 6mm) e 3 – Grande obstrução (de 0 a 4mm). Em seguida, considerou os valores referenciais descritos originalmente por McNamara (1984), classificando a adenóide como: 1 – Não obstrutiva (maior que 5 mm) e 2 – Obstrutiva (menor ou igual a 5mm). Como legenda, a primeira medição foi denominada “medida McNAMARA modificada”, enquanto a segunda foi considerada somente como “medida McNAMARA”. FIGURA 8 – Método de medição da adenóide descrito por McNAMARA (1984) Fonte: Vig et al. (1991) modificada, p.356 5.3.3 – Medida 3 – Avaliação pelo método de Cohen e Konak (1985). De acordo com os autores, a análise do espaço nasofaringeo deve ser feita comparando-se a medida da espessura do palato mole (um centímetro abaixo da espinha nasal posterior ou meio centímetro em crianças menores de três anos) e a largura da coluna aérea medida pela distância entre o contorno posterior do palato mole e a curvatura anterior da imagem adenoideana (FIG.4). Para esse método, foi utilizada a denominação “medida COHEN”, sendo mantida a escala de classificação original proposta pelos autores na primeira comparação, considerando a adenóide como: 1- Pequena, quando o espaço nasofaríngeo não for mais estreito que a espessura do palato; 2- Moderada, quando esse espaço for mais estreito que o normal, mas maior que a metade da largura do palato e 3 - Grande, quando a coluna aérea é mais estreita que a metade da espessura do palato. Já para a segunda avaliação, o tecido adenoideano foi agrupado como: 1 – Não obstrutivo (pequena e média) e 2 – Obstrutivo (grande). FIGURA 4 – Método de medição da adenóide descrito por COHEN & KONAK (1985) Fonte: Wormald et al. (1992), p.343 5.3.4 – Medidas 4 e 5 – Avaliação pelas medidas de proporção AdenóideNasofaringe (ANR) descritas por Kemaloglu et al. (1999). Comparando várias formas de avaliação adenoideana através da proporção ANR, os autores observaram que duas medidas apresentavam maior confiabilidade nos resultados. A primeira utiliza como pontos de referência: ENP (espinha nasal posterior), U2 (ponto de interseção do contorno anterior do tecido adenoideano com uma linha que cruza esse tecido na menor distância a partir de ENP) e U2’ (ponto de interseção com o osso esfenóide da continuação da linha que une ENP e U2). Para a realização da proporção, doravante denominada ANR – U2, deve-se dividir a distância entre U2 e U2’ pela medida de ENP a U2’. Já a segunda, utiliza os pontos: ENP, Ba (básio) e U3 (ponto de interseção do contorno anterior do tecido adenoideano com a linha que une ENP e Ba). O cálculo dessa proporção, chamada de ANR – Ba, deve ser realizado dividindo-se o valor encontrado para a distância Ba - U3 por ENP – Ba (FIG. 11). Para se quantificar o tamanho adenoideano pelas ANR’s utilizou-se os valores referenciais descritos nas tabelas 3 e 4. FIGURA 11 – Método de medição da adenóide descrito por KEMALOGLU et al. (1999) Fonte: Imamura et al. (2002) modificada TABELA 3 Valores referenciais para as medidas ANR – U2 Não Obstrutivo 1 Até 6 anos 0,44 – 0,67 6a 1m – 8 anos 0,39 – 0,59 Maior que 8 anos 0,37 – 0,59 Fonte: Kemaloglu et al. (1999), p.69 Obstrutivo 2 0,68 – 0,81 0,60 – 0,83 0,60 – 0,85 TABELA 4 Valores referenciais para as medidas ANR – Ba Não Obstrutivo 1 Até 6 anos 0,54 – 0,69 6a 1m – 8 anos 0,44 – 0,59 Maior que 8 anos 0,43 – 0,62 Fonte: Kemaloglu et al. (1999), p.69 Obstrutivo 2 0,70 – 0,84 0,60 – 0,86 0,63 – 0,81 5.3.5 – Medida 6 – Avaliação pelo método de Handelman e Osborne (1976) – Espaço Livre Nasofaríngeo (AIRWAY). Esse método baseia-se na proporção da área ocupada pelo tecido adenoideano (Ad area) em relação à área total da nasofaringe, que é obtida a partir de um trapézio formado pelas seguintes linhas: PL – linha que passa sobre plano palatino formado pelos pontos ENP e ENA (espinha nasal anterior); PML – linha perpendicular a PL que se inicia em ENP; AAL – linha perpendicular a PL que passa sobre AA (ponto mais anterior do atlas) e SpL – linha tangente ao contorno inferior do esfenóide (FIG. 6). Para se calcular o espaço do quadrilátero ocupado pela adenóide, é necessário o uso de um dispositivo que tenha a capacidade de medir de forma exata áreas irregulares. Por isso, no presente estudo foi utilizado o software Autocad (Autodesk, Inc.), que tem sido largamente utilizado por profissionais da Engenharia e Arquitetura em substituição ao planímetro, descrito pelos autores. Para se obter o cálculo da medida do espaço respiratório livre (AIRWAY), subtrai-se o espaço ocupado pelo tecido adenoideano (Ad área) da área total do trapézio. FIGURA 6 – Método de medição da adenóide descrito por HANDELMAN & OSBORNE (1976) Fonte: Handelman e Osborne, 1976, p.246 Na determinação do tamanho adenoideano, foram utilizados os valores de referência descritos por Schulhof (1978) para a idade de 6 anos, já que é a faixa de valores que mais se aproxima da idade média das crianças analisadas no presente estudo. (TAB. 5) TABELA 5 Interpretação dos valores referenciais para a medida AIRWAY Não Obstrutivo 1 Gênero Masculino Maior que 35mm Feminino Maior que 37 Fonte: Schulhof (1978) modificado, p.446 Obstrutivo 2 Menor ou igual a 35mm Menor ou igual a 37mm Os dados obtidos para cada uma das diferentes medidas foram anotados em um formulário próprio (APÊNDICE B) e transferidos para o software EXCEL e SPSS 11.5 para análise dos resultados (APÊNDICE C) . 5.4 – Métodos de Análise 5.4.1 - Análise de erro do método de medida Como análise de erro para as medidas radiográficas, foi selecionada, de forma aleatória, 10% da amostra, sendo refeito os traçados e as medições após um período de quinze dias. Os dados obtidos foram avaliados através do teste de Wilcoxon para amostras pareadas. Este é um teste estatístico não paramétrico que tem como objetivo comparar duas medidas realizadas em um mesmo indivíduo, avaliando se elas diferem estatisticamente entre si. Já para a FN, o diagnóstico otorrinolaringológico foi realizado através de dois profissionais experientes que analisaram, separadamente, os exames de cada paciente. Os dados obtidos foram avaliados pelo teste de Wilcoxon e através do coeficiente de correlação de Spearman. 5.4.2 – Análise dos dados A seleção dos testes estatísticos a serem adotados na análise dos dados categóricos baseou-se no fato destes serem de natureza ordinal ou dicotômica. Além disso, as variáveis contínuas presente no estudo (ANR – U2, ANR – Ba e AIRWAY) não apresentam características de normalidade nas distribuições. Assim, a escolha natural para avaliar as hipóteses do trabalho recorreu para os testes não paramétricos. Inicialmente, buscou-se avaliar se os resultados fornecidos pelas várias medidas apresentavam diferenças estatísticas. Para isso, foram utilizados os testes de Friedman e Wilcoxon para os dados ordinais (classificação pequena, moderada e grande) e os testes Q de Cochran e de McNemar para os dicotômicos (classificação obstrutiva e não obstrutiva) (MATTAR, 2001; PESTANA e GAGEIRO, 2000). Em seguida, analisou-se o nível de concordância global observada entre as diferentes medidas de avaliação do tamanho adenoideano. Esse dado determina o percentual de vezes que as diferentes avaliações produziram os mesmos resultados. Além disto, foi adotada a medida Kappa que avalia o grau que os exames produzem resultados similares além do que seria esperado ao acaso, sendo considerada, por isso, mais precisa. Ela utiliza a seguinte escala de classificação para o nível de concordância: leve (0,00 – 0,20), razoável (0,21 – 0,40), moderada (0,41 – 0,60), substancial (0,61 – 0,80) e quase perfeita (0,81 – 1,00) (LANDIS e KOCH, 1977). Para a avaliação dos níveis de correlação entre os diversos métodos, foi utilizado o coeficiente de correlação de postos de Spearman. Sua aplicação é a mais indicada quando se têm variáveis de nível ordinal e quando não se observa o pressuposto de normalidade (PESTANA e GAGEIRO, 2000). Esse coeficiente indica a força de associação (dependência) entre variáveis ordinais, estando limitado ao intervalo de +1 a -1. Nas situações em que a variável era nominal, foi empregado o coeficiente de correlação de Kendall, que tem aplicações similares ao de Spearman, mas é mais indicado no caso de variáveis dicotômicas (MORGAN e GRIEGO, 1998). Para se avaliar a acuidade das medidas radiográficas em relação aos achados da fibronasoendoscopia, foram determinados aos valores de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo, falso-positivo e falsonegativo utilizando-se os pontos de corte estabelecidos pelos autores de cada uma das medidas. O nível de significância adotado neste estudo foi de 5%. Desta forma, resultados com p>0,05 determinam que os grupos analisados são estatisticamente semelhantes, enquanto que p≤0,05, demonstra que existem diferenças entre eles. Os métodos de análise utilizados no estudo estão resumidos a seguir no Quadro 2. QUADRO 2 Resumo dos métodos de análise utilizados I – Avaliação da semelhança estatística entre as medidas. a) Diferença na classificação de todos os testes juntos. Teste de Friedman – escala ordinal Teste Q de Cochram – escala dicotômica b) Diferença entre pares de medidas. Teste de Wilcoxon – escala ordinal Teste de McNemar – escala dicotômica II – Análise do nível de concordância entre as medidas. a) Concordância global – número de vezes que o resultado é semelhante entre duas medidas. b) Concordância Kappa - número de vezes que o resultado é semelhante entre duas medidas além do esperado pelo acaso. III – Análise do grau de correlação entre as medidas. a) Escala Ordinal – coeficiente de correlação de Spearman. b) Escala Dicotômica – coeficiente de correlação de Kendall. IV – Avaliação da acuidade das medidas radiográficas. a) Sensibilidade – capacidade do teste ser positivo quando a doença está presente. b) Especificidade - capacidade do teste ser negativo quando a doença está ausente. c) Valor Preditivo Positivo – probabilidade do indivíduo estar doente quando o teste é positivo. d) Valor Preditivo Negativo – probabilidade do indivíduo não estar doente quando o teste é negativo. e) Falso-positivo – resultado positivo pelo teste quando a doença está ausente. f) Falso-negativo – resultado negativo pelo teste quando a doença está presente. 6 - RESULTADOS 6.1 - Amostragem Após a avaliação dos registros, dois pacientes foram eliminados do estudo devido à qualidade insatisfatória de suas tomadas radiográficas, que se apresentavam distorcidas. Assim, um total de 88 conjuntos de exames foi submetido à avaliação pelos examinadores. O gráfico 1 caracteriza a amostra do estudo por gênero. Pode ser observado que existe um equilíbrio na distribuição, sendo que o masculino apresenta ligeira maioria. Feminino 45% Masculino 55% GRÁFICO 1 - Distribuição da amostra por gênero. Fonte: Dados da pesquisa Maior ou igual a 12 anos Maior ou igual a 11 e menor que 12 anos 2% 2% 8% Maior ou igual a 10 e menor que 11 anos 10% Maior ou igual a 9 e menor que 10 anos 14% Maior ou igual a 8 e menor que 9 anos 10% Maior ou igual a 7 e menor que 8 anos 20% Maior ou igual a 6 e menor que 7 anos 17% Maior ou igual a 5 e menor que 6 anos Maior ou igual a 4 e menor que 5 anos 7% 9% Menos de 4 anos 0% 10% 20% 30% 40% 50% GRÁFICO 2 - Distribuição da amostra por faixas etárias. Fonte: Dados da pesquisa. A idade média das crianças foi de sete anos e um mês, com um desvio padrão de dois anos e três meses. O gráfico 2 mostra a freqüência percentual da amostra por faixa etária. Pode ser observado que a idade predominante dos indivíduos concentra-se entre os cinco e os nove anos, sendo que 88% dos participantes têm menos de dez anos. 6.2 - Análise de Erro de Medida Para 10% da amostra, foram realizadas duas avaliações das seis medidas radiográficas, com um intervalo de 15 dias entre elas. Os dados foram submetidos ao teste de Wilcoxon para amostras pareadas que não encontrou diferença estatisticamente significante entre as duas avaliações. (TAB. 6) TABELA 6 Análise de erro para as medidas radiográficas Medidas HOLMBERG McNAMARA COHEN ANR – U2 ANR - Ba AIRWAY Valor de p 0,317 0,216 0,157 0,445 0,108 0,346 Nível de significância p<0,05 - Teste de Wilcoxon FONTE: dados de pesquisa Para a análise de erro da fibronasoendoscopia, os achados encontrados pelos dois otorrinolaringologistas foram avaliados também através do teste de Wilcoxon e pelo coeficiente de correlação de Spearman. Como resultado, não foi encontrada diferença com significância estatística entre as duas avaliações (p=0,705) e um elevado grau de correlação entre as duas medições (r=0,94). 6.3 – Comparação dos resultados entre FN e as medidas radiográficas, utilizando-se a classificação de adenóide: Pequena, Moderada ou Grande. O Gráfico 3 mostra os valores percentuais para a classificação do tamanho adenoideano em Pequena, Moderada ou Grande, tanto para o exame endoscópico (FN) quanto para as medidas radiográficas. 100% 90% 80% 70% 60% 49% 47% 48% 60% 50% 12% 40% 30% 24% 41% 20% 10% 26% 28% 16% 28% 23% 0% FN adenóide Pequena HOLMBERG McNAMARA modificada adenóide Moderada COHEN adenóide Grande GRÁFICO 3 - Distribuição percentual da amostra segundo a classificação adenoideana em Pequena, Moderada ou Grande, nas diferentes medidas Fonte: Dados da pesquisa. Pode ser verificado que FN é o método que mais classifica os casos como sendo adenóide Grande (60%), enquanto as medidas radiográficas apresentaram valores próximos a 48%. Quando observamos o número de casos classificados na categoria de adenóide Moderada, FN, HOLMBERG e COHEN apresentam valores percentuais próximos, enquanto que a medida McNAMARA modificada tende a classificar um menor número de casos nesta categoria. Por outro lado, quando se observa a classificação de adenóide Pequena, essa medida ocorre com maior freqüência, seguida por COHEN, HOLMBERG e FN, respectivamente. Através do teste não paramétrico de Friedman, foi observado que existem diferenças significantes estatisticamente entre as classificações estabelecidas pelos diferentes métodos (χ2=33,47; P<0,001). Posteriormente, foi aplicado o teste de Wilcoxon para analisar cada par de exames, detectando-se que existem diferenças significativas entre todos os exames, com exceção das medidas COHEN e HOLMBERG (p=0,134). 6.3.1 – Análise do nível de concordância entre FN e as medidas radiográficas utilizando-se a classificação: adenóide Pequena, Moderada ou Grande. A tabela 7 mostra os dados obtidos pela medida proposta por Holmberg e Linder-Aronson (1979) em comparação à FN (padrão-ouro), sendo observada uma concordância global de 75,6% ([12+14+39]/86). TABELA 7 Comparação da classificação do tamanho da adenóide: Padrão ouro (FN) X Medida HOLMBERG HOLMBERG PEQUENA MODERADA GRANDE TOTAL Concordância global – 75,6% Fonte: Dados da pesquisa PEQUENA PADRÃO OURO (FN) MODERADA GRANDE 12 1 1 14 5 14 2 21 3 9 39 51 TOTAL 20 24 42 86 Assumindo que tais posicionamentos podem ser afetados pela freqüência relativa da classificação dos exames, a tabela 8 apresenta o valor da concordância Kappa entre elas, sendo considerada como moderada (0,60) segundo os padrões estabelecidos de Landis e Koch (1977). TABELA 8 Concordância Kappa: Padrão ouro X Medida HOLMBERG ESTATÍSTICAS Medida de concordância Kappa K 0,60 ERRO PADRÃO VALOR T. 0,074 7,697 p 0,000 Fonte: Dados da pesquisa. As tabelas 9 e 10 apresentam os resultados da comparação entre a medida McNAMARA modificada, em comparação à FN. A concordância global observada entre os exames é de 62,8% ([13+3+38]/86), enquanto o índice de Kappa apresentou uma concordância de 0,40, considerada como apenas razoável. Pode ser observado que esse método tende a polarizar os resultados, classificando predominantemente o tamanho adenoideano como Pequeno ou Grande. TABELA 9 Comparação da classificação do tamanho da adenóide: Padrão ouro (FN) X Medida McNAMARA modificada McNAMARA modificada PEQUENA MODERADA GRANDE TOTAL Concordância global – 62,8% Fonte: Dados da pesquisa PEQUENA 13 1 0 14 PADRÃO OURO (FN) MODERADA 15 3 3 21 GRANDE 7 6 38 51 TOTAL 35 10 41 86 TABELA 10 Concordância Kappa: Padrão ouro X Medida McNAMARA modificada ESTATÍSTICAS Medida de concordância Kappa Fonte: Dados da pesquisa. K ERRO PADRÃO VALOR T. 0,40 0,067 p 5,646 0,000 As tabelas 11 e 12 apresentam os achados da comparação entre a medida proposta por Cohen e Konak (1985) e FN. Foi observado um grau de concordância global de 72,1% ([13+12+37]/86) e Kappa moderada (0,55) em relação ao padrão ouro. TABELA 11 Comparação da classificação do tamanho da adenóide: Padrão ouro (FN) X Medida COHEN COHEN PEQUENA 13 0 1 14 PEQUENA MODERADA GRANDE TOTAL PADRÃO OURO (FN) MODERADA 7 12 2 21 GRANDE 4 10 37 51 TOTAL 24 22 40 86 Concordância global – 72,1% Fonte: Dados da pesquisa TABELA 12 Concordância Kappa: Padrão ouro X Medida COHEN ESTATÍSTICAS Medida de concordância Kappa K 0,55 ERRO PADRÃO VALOR T. 0,075 7,216 p 0,000 Fonte: Dados da pesquisa. A tabela 13 resume a análise de concordância global e Kappa entre os métodos radiográficos e o padrão-ouro, considerando a classificação de adenóide Pequena, Moderada ou Grande. TABELA 13 Nível de concordância global e Kappa entre FN e as medidas Radiográficas MEDIDAS HOLMBERG McNAMARA mod COHEN CONCORDÂNCIA 75,6% 62,8% 72,1% KAPPA 0,60 0,40 0,55 CLASSIFICAÇÃO Moderada Razoável Moderada Fonte: Dados da pesquisa. 6.3.2 – Análise do grau de correlação entre FN e as medidas radiográficas, utilizando-se a classificação: adenóide Pequena, Moderada ou Grande. A avaliação do grau de associação entre os diferentes métodos foi realizada pelo coeficiente de correlação de Spearman ( r ). Através da tabela 14, pode ser observado que as três medidas radiográficas apresentaram um valor de, aproximadamente, r=0,70 em relação a fibronasoendoscopia. Por outro lado, a correlação entre elas isoladamente mostrou-se mais elevada (r=0,87 a r=0,90), destacando que esses métodos analisados apresentam uma grande semelhança no diagnóstico do tamanho adenoideano. TABELA 14 Coeficiente de correlação de Spearman entre FN e as medidas radiográficas EXAMES FN ESTATÍSTICAS r FN HOLMBERG McNAMARA mod COHEN 1,000 0,71(**) 0,70(**) 0,69(**) HOLMBERG r 0,71(**) 1,00 0,90(**) 0,87(**) McNAMARA modificada COHEN r 0,70(**) 0,90(**) 1,00 0,87(**) 0,69 (**) 0,87(**) 0,87(**) 1,00 r Fonte: dados da pesquisa Obs: ** Coeficiente de correlação (r) de Spearman significativo ao nível de 1% (p,0,01). 6.4 – Comparação dos resultados entre FN e as medidas radiográficas, utilizando-se a classificação: adenóide Obstrutiva e Não obstrutiva. O Gráfico 4 apresenta os valores percentuais da classificação da adenóide em Obstrutiva e Não obstrutiva. 100% 90% 80% 70% 42% 46% 48% 55% 60% 44% 55% 60% Adenóide Obstrutiva 50% Adenóide Não obstrutiva 40% 30% 54% 52% 20% 45% 40% 58% 56% ANR-Ba AIRWAY 45% 10% 0% FN HOLMBERG McNAMARA COHEN ANR-U2 medidas GRÁFICO 4 - Distribuição percentual da amostra segundo a classificação da adenóide em Obstrutiva e Não obstrutiva. Fonte: Dados da pesquisa. O método endoscópico (FN) apresenta um maior número de indivíduos sendo classificados como adenóide Obstrutiva, sendo seguido pelas medidas McNAMARA e ANR-U2. Por outro lado, as medidas HOLMBERG, COHEN, ANR-Ba e AIRWAY apresentam a maioria dos pacientes diagnosticados como adenóide Não obstrutiva. O teste de Q de Cochran indicou que existem diferenças estatisticamente significantes nas classificações de todas as variáveis dicotômicas selecionadas (χ2=22,37; P<0,001). Para analisar cada par de medidas, foi utilizado o teste de Mc Nemar. (TAB.15) Em comparação à FN, somente as medidas McNAMARA e ANRU2 não apresentam diferenças significantes. Por outro lado, a maioria dos métodos radiográficos não difere estatisticamente entre si. TABELA 15 Avaliação de diferenças entre as medidas pelo teste de McNemar Medida A Medida B FN HOLMBERG FN McNAMARA FN COHEN FN ANR-U2 FN ANR-BA FN AIRWAY HOLMBERG McNAMARA HOLMBERG COHEN HOLMBERG ANR-U2 HOLMBERG ANR-BA HOLMBERG AIRWAY McNAMARA COHEN McNAMARA ANR-U2 McNAMARA ANR-BA McNAMARA AIRWAY COHEN ANR-U2 COHEN ANR-BA COHEN AIRWAY ANR-U2 ANR-Ba ANR-U2 AIRWAY ANR-Ba AIRWAY Nível de significância p<0,05 Fonte: dados da pesquisa. p 0,04* 0,61 0,01* 0,45 0,00* 0,00* 0,07 0,73 0,23 0,23 0,39 0,02* 1,00 0,01* 0,03* 0,09 0,55 0,81 0,00* 0,02* 0,75 6.4.1 – Análise do nível de concordância entre FN e as medidas radiográficas utilizando-se a classificação: adenóide Obstrutiva e Não obstrutiva. As tabelas 16 a 21 apresentam a comparação entre FN e cada uma das medidas radiográficas, o índice de concordância global entre elas, considerando a classificação de adenóide Obstrutiva e Não obstrutiva. TABELA 16 Comparação da classificação da adenóide: Padrão ouro (FN) X medida HOLMBERG PADRÃO OURO (FN) OBSTRUTIVO NÃO OBSTRUTIVO 39 3 12 33 51 36 HOLMBERG OBSTRUTIVO NÃO OBSTRUTIVO TOTAL TOTAL 42 45 87 Concordância global = 83% Fonte: Dados da pesquisa TABELA 17 Comparação da classificação da adenóide: Padrão ouro (FN) X medida McNAMARA McNAMARA OBSTRUTIVO NÃO OBSTRUTIVO TOTAL Concordância global = 83% Fonte: Dados da pesquisa PADRÃO OURO (FN) OBSTRUTIVO NÃO OBSTRUTIVO 42 9 51 6 30 36 TOTAL 48 39 87 TABELA 18 Comparação da classificação da adenóide: Padrão ouro (FN) X medida COHEN PADRÃO OURO (FN) OBSTRUTIVO NÃO OBSTRUTIVO COHEN 37 14 51 OBSTRUTIVO NÃO OBSTRUTIVO TOTAL 3 33 36 TOTAL 40 47 87 Concordância global = 80% Fonte: Dados da pesquisa TABELA 19 Comparação da classificação da adenóide: Padrão ouro (FN) X medida ANR – U2 PADRÃO OURO (FN) OBSTRUTIVO NÃO OBSTRUTIVO ANR-U2 42 10 52 OBSTRUTIVO NÃO OBSTRUTIVO TOTAL 6 30 36 TOTAL 48 40 88 Concordância global = 82% Fonte: Dados da pesquisa TABELA 20 Comparação da classificação da adenóide: Padrão ouro (FN) X medida ANR – Ba ANR-Ba OBSTRUTIVO NÃO OBSTRUTIVO TOTAL Concordância global = 81% Fonte: Dados da pesquisa PADRÃO OURO (FN) OBSTRUTIVO NÃO OBSTRUTIVO 36 16 52 1 35 36 TOTAL 37 51 88 TABELA 21 Comparação da classificação da adenóide: Padrão ouro (FN) X medida AIRWAY AIRWAY OBSTRUTIVO NÃO OBSTRUTIVO TOTAL PADRÃO OURO (FN) OBSTRUTIVO NÃO OBSTRUTIVO 37 2 15 34 52 36 TOTAL 39 49 88 Concordância global = 81% Fonte: Dados da pesquisa A partir desses dados foi avaliado o nível de concordância Kappa entre o padrão-ouro e as medidas radiográficas, estando os resultados agrupados na tabela 22. Pode ser percebido que todas elas apresentam um índice de concordância Kappa considerado substancial. TABELA 22 Nível de concordância Kappa entre FN e as medidas radiográficas MEDIDAS RADIOGRÁFICAS HOLMBERG McNAMARA COHEN CONCORDÂNCIA GLOBAL KAPPA 83% 0,66 83% 0,65 80% 0,62 NÍVEL CONCORDÂNCIA Substancial ERRO PADRÃO p 0,079 0,082 0,000 0,000 0,081 0,000 Substancial Substancial ANR – U2 82% 0,63 0,083 0,000 Substancial ANR - Ba 81% 0,62 0,077 0,000 Substancial AIRWAY 81% 0,62 0,079 0,000 Substancial Fonte: Dados da pesquisa. 6.4.2 – Análise do grau de correlação entre FN e as medidas radiográficas utilizando-se a classificação: adenóide Obstrutiva e Não obstrutiva. Por se tratar de variáveis dicotômicas (adenóide Obstrutiva ou Não obstrutiva), o teste de correlação utilizado foi o não paramétrico de Kendall. (TAB. 23) TABELA 23 Coeficiente de correlação de Kendall entre FN e as medidas radiográficas EXAMES FN HOLMBERG MCNAMARA COHEN ANR-U2 ANR-Ba AIRWAY FN 1,000 0,67 0,65 0,64 0,63 0,66 0,65 HOLMBERG 0,67 1,000 0,83 0,82 0,75 0,751 0,73 MCNAMARA 0,65 0,83 1,000 0,79 0,70 0,682 0,61 COHEN 0,64 0,82 0,79 1,000 0,71 0,746 0,58 ANR-U2 0,63 0,75 0,70 0,71 1,000 0,73 0,72 ANR-Ba 0,66 0,75 0,68 0,75 0,73 1,000 0,77 AIRWAY 0,65 0,73 0,61 0,58 0,72 0,77 1,000 Fonte: dados da pesquisa Pode ser observado que as medidas radiográficas demonstraram uma moderada semelhança nos coeficientes de correlação em comparação à FN (r = 0,63 - 0,67), enquanto que na análise entre elas existe uma variabilidade maior (r = 0,58 - 0,83). De maneira geral, os resultados indicam que os métodos radiográficos correlacionam entre si de forma mais significativa que quando comparados ao exame endoscópico. 6.4.3 – Análise da acuidade das medidas radiográficas como métodos de diagnóstico. Assumindo o diagnóstico do tamanho adenoideano determinado pela fibronasoendoscopia como sendo a verdade (padrão-ouro), estabeleceu-se o grau de sensibilidade (s), especificidade (e), valor preditivo positivo (vpp) e negativo (vpn), percentual de falso-positivo (fp) e falso-negativo (fn) das medidas radiográficas, a partir dos dados apresentados anteriormente pelas tabelas 16, 17, 18, 19, 20 e 21. De acordo com a tabela 24, pode ser observado que as medidas HOLMBERG, COHEN, ANR-Ba e AIRWAY apresentaram os graus mais elevados para a especificidade e menores para a sensibilidade. Esses achados denotam que essas medidas têm uma melhor capacidade de determinar a ausência do que pela presença da doença. Já a McNAMARA e ANR-U2 demonstraram maior equilíbrio entre essas duas características. Ao se analisar a capacidade preditiva, percebe-se que as medidas radiográficas apresentam uma maior capacidade predição positiva (vpp= 87 - 97%) do que negativa (vpp= 69 – 77%) para o diagnóstico da adenóide obstrutiva. Este achado reflete uma maior probabilidade de se ter indivíduos como falso-negativo do que falso-positivo. TABELA 24 Avaliação da acuidade das medidas radiográficas em comparação ao padrão ouro (FN) EXAMES s HOLMBERG 76% McNAMARA 82% COHEN 76% ANR-U2 80% ANR-Ba 69% AIRWAY 71% Fonte: Dados da pesquisa. e 92% 83% 92% 83% 97% 94% vpp 93% 88% 93% 87% 97% 95% vpn 73% 77% 73% 75% 69% 69% fp 7% 12% 7% 13% 3% 5% fn 27% 23% 27% 25% 31% 31% 7 – DISCUSSÃO A direta relação entre a RB e as alterações no crescimento crânio-facial fez com que o estudo das características naso-respiratórias se tornasse um aspecto relevante no diagnóstico dos pacientes ortodônticos. Dentre as diversas causas obstrutivas que podem levar os indivíduos a desenvolver um quadro de RB, as hiperplasias adenoideanas têm sido consideradas como uma das mais comuns, especialmente em crianças (WHITE e FORTE, 1989). Por se tratar de um tecido linfóide presente na parede posterior da nasofaringe, a adenóide tem sua visualização direta impossibilitada, tanto pela cavidade nasal quanto pela bucal (HUNGRIA, 2000). Apesar de ser possível dimensioná-la pela avaliação clínica através da rinoscopia posterior, a utilização de exames complementares normalmente ocorre devido ao grande desconforto desse método para o paciente (STEELE, 1968; HOLMBERG e LINDER-ARONSON, 1979). A utilização da radiografia para o diagnótico nasofaríngeo, mesmo sendo descrita há anos pela literatura médica e ortodôntica (SUBTELNY, 1954; RICKETTS, 1968; LINDER-ARONSON, 1970; HANDELMAN e OSBORNE, 1976; HOLMBERGLINDER-ARONSON, 1979; McNAMARA, 1984; COHEN e KONAK, 1985; KEMALOGLU et al., 1999), tem sido alvo de várias críticas em estudos realizados nos últimos anos. As principais limitações apresentadas referem-se ao grande número de resultados falso-negativos (VIG et al. 1991; SOUZA HENNEMANN e ANSELMO-LIMA, 2000) e a uma visualização bidimensional de uma área complexa e dinâmica (ARAÚJO-NETO et al., 2004). Contudo, as observações desses trabalhos são também questionáveis por se basear em amostras reduzidas (IANNI- FILHO et al., 2005 e LOURENÇO et al. 2005), técnicas radiográficas de difícil padronização (radiografia de cavum), utilização de medidas isoladas (MONTEIRO, PILON E DALL’OGLIO, 2000; SOUZA, HENNEMANN e ANSELMO-LIMA, 2000 e LOURENÇO et al. 2005) ou métodos de comparação com pouco respaldo científico (VIG et al. 1991). Tendo em vista o interesse do tema para a especialidade e sabendo-se que a TLF é utilizada rotineiramente na clínica ortodôntica, uma avaliação mais minuciosa da capacidade desse exame no diagnóstico adenoideano torna-se fundamental. Para isso, deve ser analisada uma amostragem significativa, utilizando-se uma técnica radiográfica padronizada, em que várias medidas de avaliação possam ser analisadas em comparação a um exame confiável. De acordo com vários autores (LANCER, 1986; WANG et al., 1995; MONTEIRO, PILON E DALL’OGLIO, 2000; SOUZA, HENNEMANN e ANSELMOLIMA, 2000; WORMALD et al., 2002 e LOURENÇO et al. 2005), a FN é, atualmente, o exame de escolha no diagnóstico das obstruções nasofaríngeas, por permitir a visualização das estruturas de forma dinâmica e funcional. Por isso, foi utilizada no presente estudo como parâmetro de referência, sendo considerada como o padrãoouro na avaliação da adenóide. Para a avaliação desse tecido pela TLF, foram utilizadas as cinco medidas cefalométricas mais presentes na literatura ortodôntica e o método descrito por Cohen e Konak (1985) para avaliação em radiografias de cavum. Esta, apesar de ter sido proposta para uma técnica radiográfica diferente, foi incluída por ser largamente utilizada no meio otorrinolaringológico. A comparação dos métodos radiográfico e endoscópico foi realizada utilizando-se dois parâmetros distintos para determinação do tamanho adenoideano. Primeiramente, utilizou-se uma escala ordinal em que o tecido foi classificado em Pequeno, Moderado ou Grande. Para isso, as medidas necessitaram ser adaptadas visando a interpretação dos achados de maneira semelhante. Contudo, apenas os métodos propostos por Holmberg e Linder-Aronson (1979), McNamara (1984) e Cohen e Konak (1985) permitiram essa adequação, já que as demais medidas foram descritas na literatura em uma escala dicotômica, não apresentando dados normativos para faixas de classificação intermediária. Em seguida, foi utilizada uma escala nominal, em que adenóide era classificada somente como Obstrutiva ou Não obstrutiva, permitindo, assim, a avaliação por todas as medidas radiográficas. A amostra estudada foi composta por um total de 88 crianças, com a idade média de sete anos e um mês, variando de três a 13 anos, sendo 55% do gênero masculino e 45% do feminino. Em comparação a outros trabalhos que avaliaram o exame radiográfico em relação à FN, essa amostra apresenta um número de indivíduos bastante superior às utilizadas por Souza, Hennemann e Anselmo-Lima (2000), Wormald et al. (2002), Ianni-Filho et al. (2005) e Lourenço et al. (2005) e ligeiramente inferior a de Monteiro, Pilon & Dall’Oglio (2000), que analisaram 100 crianças. Os dados no presente estudo foram submetidos a diferentes análises estatísticas com o objetivo de se avaliar a semelhança no diagnóstico do tamanho adenoideano, o nível de concordância e o grau de correlação entre os métodos radiográfico e endoscópico, além de determinar a acuidade da radiografia na avaliação das obstruções nasofaríngeas. Os achados obtidos na comparação serão discutidos a seguir, sendo ordenados na mesma seqüência apresentada na seção Resultados. 7.1 – Comparação do tamanho adenoideano entre a FN e as medidas radiográficas (classificação adenóide Pequena, Moderada ou Grande). De acordo com o gráfico 3, pode ser observado que a FN apresenta um maior número de indivíduos considerados como adenóide Grande, enquanto que a classificação Pequena ocorreu com uma freqüência menor. Em relação às medidas radiográficas, percebe-se que elas classificam a adenóide como Grande menos frequentemente que o exame endoscópico. Esse achado está de acordo com Lourenço et al. (2005), que observaram que a radiografia tende a subestimar o tamanho do tecido avaliado. Através dos testes de Friedman e Wilcoxon, os grupos foram comparados buscando se estabelecer a semelhança estatística entre eles na determinação do tamanho adenoideano. Foram observadas diferenças significantes entre todas as medidas analisadas, excetuando-se HOLMBERG e COHEN que, entre si, apresentaram um valor de p=0,134. O resultado demonstra haver semelhança estatística no diagnóstico somente entre estas duas medidas radiográficas. Através da análise de concordância global encontrou-se o número de vezes que o diagnóstico entre o exame endoscópico e radiográfico foi semelhante. Contudo, esse parâmetro não desconsidera o que seria esperado pelo acaso. Já a avaliação pelo índice Kappa desconsidera os acertos ocorridos pela coincidência, apresentando, portanto, valores mais fidedignos a realidade (PEREIRA, et al. 2000). Para as medidas HOLMBERG e COHEN foi observada uma concordância Kappa considerada moderada (k=0,60 e 0,55, respectivamente) em relação à FN. Já a McNAMARA modificada, obteve um menor número de indivíduos com um diagnóstico semelhante, apresentando uma concordância apenas razoável (k=0,40). Este achado difere daquele encontrado por Ianni-Filho et al. (2005), que observaram um valor de Kappa mais elevado (k=0,67) para a medida McNAMARA modificada em comparação ao exame endoscópico. Essa diferença está provavelmente relacionada à forma de classificação adenoideana adotada por estes autores, em que uma escala com quatro subdivisões (obstrução não significativa, obstrução moderada, grande obstrução e obstrução total) foi utilizada. Além disso, a amostra pesquisada foi composta por apenas 30 indivíduos, sendo a maioria absoluta deles (89%) diagnosticados como portadores de grande obstrução ou de obstrução total, o que pode ter levado a um viés no nível de concordância encontrado por aqueles autores. Um outro aspecto considerado relevante a ser pesquisado é o grau de correlação entre as diferentes avaliações realizadas. Esta análise determina o nível de dependência e associação entre as variáveis estudadas (VIEIRA, 2003). Pela tabela 14, observa-se que os coeficientes de correlação (r) de Spearman encontrados entre FN e as diferentes medidas radiográficas são muito semelhantes, variando de 0,69 a 0,71. Para a medida HOLMBERG, foi encontrado um valor de r=0,71, que é, curiosamente, idêntico ao observado por Holmberg e Linder-Aronson (1979). Contudo, esses autores correlacionaram essa medida com a avaliação clínica realizada pela rinoscopia posterior e não pela FN. Já para a medida COHEN, o presente estudo obteve um grau de correlação r=0,69. Este resultado é semelhante ao de Wormald et al. (2002) que, comparando os achados da FN com a radiografia de cavum, encontraram um valor de r=0,66. 7.2 – Comparação do tamanho adenoideano entre a FN e as medidas radiográficas (classificação adenóide Obstrutiva e Não obstrutiva). Através do gráfico 4, pode ser verificado que o exame endoscópico obteve, em relação ao radiográfico, um maior percentual de indivíduos com adenóide considerada Obstrutiva. Para seis medidas pesquisadas, observou-se que a McNAMARA e ANR-U2 foram as que apresentaram valores mais próximos ao padrão-ouro. Ao se analisar a semelhança dos grupos pelos testes Q de Cochram e de McNemar, foi observado que somente as medidas McNAMARA e ANR-U2 não diferem estatisticamente de FN, enquanto que as maiores diferenças são para ANRU2 e AIRWAY. Por outro lado, quando comparados entre si, a maioria dos métodos radiográficos tende a ter resultados semelhantes. Na avaliação do nível de concordância, pode ser observado que a utilização da escala dicotômica resultou em valores mais elevados (TAB. 16 a 21) quando comparada a ordinal. Todas as medidas radiográficas apresentaram uma concordância Kappa considerada substancial (LANDIS e KOCH, 1977) em relação à FN quando o tecido adenoideano foi considerado apenas como Obstrutivo / Não obstrutivo (TAB.22). Já a análise do grau de correlação foi realizada pelo teste de Kendall, que é normalmente indicado quando as variáveis pesquisadas são dicotômicas. Os valores encontrados foram muito semelhantes entre as diferentes medidas radiográficas e FN. O coeficiente mais elevado foi o da medida HOLMBERG (r=0,67), enquanto que o mais baixo foi observado para ANR-U2 (r=0,63). Avaliando-se os diferentes métodos radiográficos entre si, foi encontrada uma maior variação, sendo que as medidas HOLMBERG e McNAMARA apresentaram uma maior correlação (r= 0,83), enquanto para Cohen e AIRWAY encontrou-se um valor r=0,58. Pode-se perceber que, comparativamente, o método radiográfico apresentou um grau de correlação com FN ligeiramente mais elevado quando foi utilizada a escala de classificação ordinal. Essa dissonância dos resultados em relação aos níveis de concordância destacados acima talvez seja explicada pelo fato de diferentes coeficientes (Spearman e Kendall) terem sido aplicados para as duas análises de correlação. Segundo Vieira (2003), em pesquisas na área biomédica em que são avaliados dois métodos distintos de diagnóstico para uma determinada enfermidade, o nível de concordância tem maior importância que o grau de correlação. Isto porque, mais que a dependência entre eles, espera-se que seja grande o número de vezes que os dois exames forneçam o mesmo resultado. Sendo assim, os achados desse trabalho demonstram que a radiografia tem uma capacidade mais elevada de diagnosticar as obstruções nasofaríngeas quando é utilizado o critério de classificação adenóide Obstrutiva / Não obstrutiva. A utilização dessa escala dicotômica permitiu também a avaliação da validade da TLF na avaliação nasofaríngea. Esse parâmetro mede o grau que um exame é apropriado para determinar o verdadeiro valor daquilo que é medido, observado ou interpretado, informando se os resultados representam a “verdade” ou se afastam dela (PEREIRA, 1995). Dentre os vários aspectos que determinam a validade de um teste diagnóstico, o conhecimento de sua acuidade é essencial. A partir das tabelas 17 a 21 pôde-se estabelecer a precisão do método radiográfico na avaliação adenoideana. Inicialmente, foram analisadas a sensibilidade (s) e a especificidade (e) de cada uma das medidas, buscando-se determinar, respectivamente, a capacidade delas em diagnosticar a presença ou a ausência da obstrução quando estas realmente existem ou não. Na avaliação da s, a medida McNAMARA apresentou um melhor resultado (82%), enquanto que ANR-Ba obteve o pior (69%). Já para a e, foram encontrados valores mais elevados, com variação de 97% (ANR-Ba) a 83% (McNAMARA). De acordo com Almeida-Filho e Rouquayrol (2002), esses dois parâmetros relacionamse de forma inversa. Assim, métodos muito sensíveis tendem a ser menos específicos e vice-versa. Vig et al. (1991) analisaram a acuidade das medidas McNAMARA e AIRWAY no diagnostico das obstruções naso-respiratórias. Para a primeira, encontraram valores bastante inferiores aos achados do presente estudo para a s (31,8%), enquanto que a e se mostrou semelhante (83,3%). Já para a segunda, foram obtidos resultados muito inferiores, tanto para s e quanto para a e (18,2% e 66,6%, respectivamente). As diferenças nos resultados entre os dois trabalhos estão provavelmente relacionadas ao exame utilizado por eles como padrão-ouro (Rinomanometria), além de um modo de interpretação distinto para medida AIRWAY. Por outro lado, Wormald et al. 2002, comparando a interpretação radiográfica da adenóide através da medida COHEN com os achados do exame endoscópico, observaram para a s e e (66% e 96, respectivamente) valores próximos aos obtidos nesse estudo. Na interpretação desses parâmetros, não existem critérios ou limites arbitrários para indicar que um instrumento é melhor para ser aplicado em um ou outro caso. Em situações em que um diagnóstico falso-positivo pode levar o indivíduo a receber um tratamento radical, necessita-se de um mecanismo que seja altamente específico (ALMEIDA-FILHO e ROUQUAYROL, 2002). Tendo em vista que as obstruções adenoideanas são, normalmente, tratadas através de procedimentos cirúrgicos (adenoidectomia), que envolvem os riscos inerentes a qualquer cirurgia, a elevada e apresentada por todas as medidas parece ser um aspecto favorável ao método radiográfico. Por outro lado, exames com baixa s podem deixar de diagnosticar a doença, impedindo que os portadores recebam a terapia adequada. O TLF obteve valores moderados para esse critério, sendo que a medida McNAMARA obteve o melhor resultado. Na avaliação da acuidade, embora os índices de sensibilidade e especificidade sintetizem bem a qualidade de um teste, do ponto de vista clínico, muitas vezes eles podem ser insuficientes, pois são provenientes de uma situação em que já existe a certeza do diagnóstico (NOGUEIRA et al., 1997). Para o profissional, o que importa é qual a probabilidade do resultado do exame ser positivo quando o indivíduo apresenta a doença ou negativo quando ela está ausente (VIEIRA, 2003). Essa habilidade está presente nas medidas do valor preditivo positivo (vpp) e negativo (vpn), que também determinam o percentual de indivíduos falso-positivos (fp) e negativos (fn) do método. A partir da tabela 24, observa-se que todas as medidas radiográficas avaliadas demonstraram vpp’s elevados, sendo que o maior valor foi a de ANR-Ba (97%) e o menor de ANR-U2 (87%), refletindo em um reduzido percentual de fp (3% a 13%). Para vpn, os valores mostraram-se menores variando de 77% (McNAMARA) a 69% (ANR-Ba e AIRWAY), com um conseqüente aumento na freqüência do diagnóstico fn (23 a 31%). Através desses dados e da tabela 25, pode-se perceber que, independente da técnica e da medida utilizada por diferentes autores, os percentuais de vpp são sempre mais elevados que os de vpn. Consequentemente, a freqüência de resultados falso-positivos sempre tende a ser inferior a de falso-negativos. Essa característica demonstra que a radiografia tem uma grande capacidade de acerto quando o diagnóstico dado por ela é positivo (adenóide Obstrutiva). Contudo, nas situações em que o resultado é negativo (adenóide Não obstrutiva), existe um risco relativamente alto (23 a 31%, de acordo com os dados do presente estudo) de se ter um resultado negativo equivocado. TABELA 25 Avaliação da acuidade das medidas utilizadas por vários autores RX fp fn AUTORES vpp vpn TLF 30% 50% VIG et al. 1991 – medida McNAMARA 70% 50% TLF 60% 60% VIG et al. 1991 – medida AIRWAY 40% 40% 12% 26% cavum WANG et al. 1992 – medida visual 88% 74% 4% 40% cavum WORMALD et al. 2002 – medida COHEN 96% 60% 0% 40% cavum LOURENÇO et al. 2005 - medida COHEN 100% 60% Fonte: VIG et al. 1991; WANG et al. 1992; WORMALD et al. 2002 e LOURENÇO et al. 2005 Observações: RX – técnica radiográfica; s – sensibilidade; e. – especificidade; vpp - valor preditivo positivo; vpn - valor preditivo negativo; fp – falso positivo e fn – falso negativo. De acordo com Pereira (1995), através de gráficos de desempenho (curva ROC) pode ser obtido o ponto de corte que apresenta a melhor capacidade diagnóstica para uma determinada patologia. Contudo, no presente estudo, foram utilizados somente os valores referenciais apresentados pela literatura para cada método, já que o objetivo foi apenas avaliar as diferentes medidas existentes. Em um outro trabalho, podem ser estabelecidas mudanças nos pontos de corte visando se determinar os parâmetros ideais para cada medida. Um outro aspecto relevante a ser considerado a partir desses dados é a influência do alto percentual de vpp sobre estudos com amostras reduzidas. Nestes casos, quando se tem um elevado número de indivíduos classificados como adenóide Obstrutiva, o nível de concordância com FN tende a ser mais expressivo já que a radiografia tem uma capacidade preditiva positiva mais significativa. Nestas situações, ocorre um viés nos resultados devido a um erro na distribuição amostral, já que o método não estará sendo avaliado de forma proporcional nos diferentes graus de obstrução. Do ponto de vista clínico, uma adequada interpretação desses resultados faz com que a utilização da TLF seja um importante mecanismo de diagnóstico para o ortodontista. Naqueles casos em que o paciente apresentar, pelo método radiográfico, uma adenóide indicando ser obstrutiva, existe uma grande possibilidade de que ela realmente seja. Por outro lado, nas situações em que a imagem não sugerir que esse tecido está aumentado podem ser, mais freqüentemente, enganosas. Assim, caso o paciente apresente outras características clínicas que levem a crer que se esteja diante de um respirador bucal, uma avaliação mais minuciosa com o otorrinolaringologista deverá ser indicada mesmo que o resultado pela TLF seja negativo. O profissional da Ortodontia deve estar atento ao diagnóstico das obstruções respiratórias, tanto pelo aspecto clínico, como pelo de responsabilidade civil. O tratamento das más oclusões que têm a RB como fator etiológico é bastante limitado quando a causa não é adequadamente tratada. Do ponto de vista legal, a Ortodontia dispõe, na maioria das vezes, de subsídios clínicos e exames complementares que permitem, no mínimo, suspeitar da presença de um quadro respiratório obstrutivo. Nessas situações, é dever do ortodontista orientar o paciente, ou seus responsáveis, a procurar um tratamento adequado para o problema. Através dessa conduta, se estará buscando o melhor para o paciente, além de evitar ser responsabilizado por ter sido negligente no diagnóstico. 8 – CONCLUSÕES A partir dos resultados deste estudo pode ser concluído que: a. Os resultados do presente estudo demonstram que, apesar das limitações apresentadas, a TLF pode ser útil no diagnóstico adenoideano, devendo ser rejeitada H0 e aceitar H1. b. Pela análise do índice Kappa, observou-se que todas as seis medidas pesquisadas apresentaram um valor de K considerado substancial, demonstrando um considerável nível de concordância; c. A acuidade da radiografia foi avaliada através da análise de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo para cada uma das seis medidas estudadas. Foi observado que o método proposto por McNamara (1984) apresentou uma maior harmonia entre todos esses parâmetros, que a proporção ANR-Ba, descrita por Kemaloglu et al. (1999), demonstrou uma maior capacidade preditiva positiva (97%). Por outro lado, a medida AIRWAY teve um grande número de indivíduos classificados como adenóide Não obstrutiva de forma equivocada, apresentando, por isso, um valor preditivo negativo mais baixo (69%); d. A partir da avliação da acuidade, pode-se perceber que a TLF é um valioso instrumento de diagnóstico para o ortodontista. Do ponto de vista clínico, a presença de um tecido adenoideano aumentado no exame radiográfico é indicativo que ele, muito provavelmente, exista no indivíduo. Por outro lado, quando o resultado da radiografia for negativo, mas o paciente apresentar sinais ou sintomas compatíveis com a RB, uma avaliação mais detalhada deverá também ser indicada, tendo em vista o significativo número de resultados falso-negativos fornecidos por esse método; e. Diante dos recursos de diagnóstico que o profissional da Ortodontia usualmente dispõe, é seu dever, não somente pelo aspecto clínico, mas também de responsabilidade civil, estar atento a possíveis obstruções respiratórias que podem levar o indivíduo a um quadro de RB; 9 – REFERÊNCIAS ALBERNAZ, P.M. Otorrinolaringologia Prática, 10ed., São Paulo: Ed. Savier, 1981. ALMEIDA-FILHO, N.; ROUQUAYROL, M.Z. Introdução à Epidemiologia, 3ªed., Rio de Janeiro: Medsi ed., 2002, 293p. APAYDIN, F.D. et al. 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Riscos e desconfortos: O menor sob a sua responsabilidade será exposto a algum desconforto na realização dos exames, contudo apresentando um risco muito baixo de adquirir alguma doença. A criança deverá seguir a rotina de consultas e exames indicados pelo médico e/ou dentista assistente. Benefícios: A realização deste estudo vai ajudar na compreensão das reais capacidades dos métodos descritos no diagnóstico das obstruções adenoideanas. Além disso, o paciente participante do Projeto recebe atendimento para tratamento de suas patologias nas diversas áreas. Na área ortodôntica, quando apresentam necessidade de terapia, são indicados para Clínica de Ortodontia Interceptativa da PUC-Minas para a realização do tratamento. Possíveis dúvidas sobre o estudo: Este consentimento explica o estudo. Por favor, leia-o cuidadosamente. Pergunte sobre qualquer ponto que não tenha entendido. Se não tiver dúvidas agora, pode perguntar mais tarde. Durante o estudo, você será informado sobre qualquer fato novo que possa influenciar seu desejo de continuar participando. Se você desejar falar com alguém sobre este estudo por julgar que não recebeu um tratamento adequado ou que foi prejudicado ao participar, ou se tiver qualquer outra questão relativa ao estudo, você deve telefonar para os pesquisadores: Dr. Marcelo Quiroga Souki (xx-31) 34114870, Dra. Helena Becker (xx-31)3248-9583 ou Dr. Eustáquio Araújo (xx-31) 33194555, ou para o Comitê de Ética da PUC Minas A/C Prof. Heloísio de Rezende Leite (xx-31) 33194517. Confidencialidade das informações: As informações obtidas serão mantidas nos limites de confidencialidade garantidos pela lei. Entretanto, a legislação obriga a notificação de doenças infecciosas e maus tratos infantis. Em certas situações, pessoas responsáveis por assegurar que o estudo foi conduzido apropriadamente poderão rever os seus dados. Estas pessoas manterão seus dados confidenciais. Pessoas não envolvidas no estudo não terão acesso a nenhuma de suas informações pessoais a não ser que você dê permissão. Participação voluntária no estudo: Você (o menor sob a sua responsabilidade) não é obrigado a participar deste estudo e pode desistir a qualquer momento. Se decidir não participar, sua relação com os médicos e dentistas não será modificada de nenhuma forma. O que significa a sua assinatura: Ao assinar este documento, você demonstra ter entendido as informações sobre o estudo e estar disposto a participar do projeto descrito na página anterior. VOCÊ RECEBERÁ UMA CÓPIA DESTE CONSENTIMENTO ________________________________________ Assinatura da criança (se aplicável) __/___/___ Data ________________________________________ Assinatura do pai/mãe ou responsável legal __/___/___ Data ________________________________________ Assinatura do pesquisador __/___/___ Data ________________________________________ Assinatura da testemunha __/___/___ Data Observação: Cópias assinadas deste consentimento deverão ser a) arquivadas pelo pesquisador principal, b) anexadas ao prontuário do paciente e c) fornecidas ao paciente. APÊNDICE B Formulário para coleta de dados Nº paciente FN HOLMBERG McNAMARA COHEN ANR-U2 ANR-Ba AIRWAY APÊNDICE C Dados obtidos pelo estudo TABELA 26 Dados obtidos para FN e as seis medidas radiográficas nº paciente FN HOLMBERG McNAMARA COHEN ANR-U2 ANR-Ba AIRWAY 1 3 2 5 3 0,57 0,72 0,38 2 2 1 8 1 0,60 0,43 0,44 3 3 3 3,5 3 0,72 0,65 0,28 4 1 1 16,5 1 0,33 0,43 0,56 5 3 3 1 3 0,75 0,78 0,21 6 3 3 3 3 0,80 0,80 0,21 7 1 1 9 1 0,47 0,53 0,44 8 3 3 2 3 0,80 0,79 0,27 9 1 1 16 1 0,35 0,47 0,49 10 2 2 6,5 1 0,66 0,58 0,44 11 2 2 8 1 0,56 0,50 0,43 12 1 1 13 1 0,41 0,37 0,60 13 2 2 6,5 2 0,56 0,63 0,37 14 1 1 10 1 0,57 0,56 0,37 15 3 3 2 3 0,77 0,80 0,17 16 3 3 1,5 3 0,82 0,83 0,17 17 3 3 2 3 0,75 0,80 0,28 18 1 1 10 1 0,42 0,44 0,58 19 2 1 10 1 0,54 0,56 0,43 20 1 1 9 1 0,56 0,56 0,55 21 1 1 11 1 0,49 0,50 0,56 22 2 2 4 2 0,70 0,66 0,37 23 3 3 4 3 0,77 0,75 0,23 24 3 2 8 1 0,56 0,44 0,49 25 2 2 4 2 0,64 0,68 0,38 26 3 3 3,5 3 0,67 0,58 0,38 27 3 3 4 3 0,63 0,62 0,43 28 1 2 7 1 0,58 0,56 0,48 29 3 3 2 3 0,82 0,79 0,28 31 3 3 2 3 0,80 0,76 0,23 32 3 3 3 3 0,76 0,74 0,36 33 3 2 5 3 0,61 0,67 0,40 34 3 3 1 3 0,84 0,85 0,15 35 3 3 2 3 0,76 0,71 0,25 36 2 1 9 2 0,61 0,57 0,41 37 3 3 4 3 0,62 0,70 0,27 38 3 2 8 2 0,61 0,67 0,43 39 3 1 9 1 0,60 0,57 0,50 40 3 2 6 2 0,73 0,67 0,15 41 3 3 0 3 0,80 0,68 0,30 42 3 3 2 3 0,67 0,61 0,34 43 3 3 2 3 0,73 0,79 0,30 44 3 3 1 3 0,79 0,78 0,14 45 3 3 3 2 0,76 0,68 0,25 46 3 2 5 2 0,65 0,60 0,37 47 2 2 6,5 2 0,59 0,63 0,44 48 3 3 1 3 0,79 0,80 0,17 30 49 2 2 7 2 0,55 0,62 0,48 50 3 3 2 3 0,76 0,78 0,26 51 3 3 2 3 0,63 0,67 0,32 52 2 3 4,5 2 0,54 0,59 0,40 53 1 1 12 1 0,51 0,59 0,45 54 3 2 8 2 0,66 0,56 0,41 55 3 2 5 2 0,66 0,67 0,40 56 3 3 2,5 3 0,70 0,73 0,37 57 3 3 1,5 3 0,71 0,78 0,24 58 2 1 8 1 0,51 0,58 0,45 59 3 3 3 2 0,74 0,66 0,34 60 3 3 2 3 0,82 0,87 0,15 61 1 1 12 1 0,50 0,48 0,55 62 3 3 3 3 0,72 0,72 0,19 63 3 3 2 2 0,76 0,64 0,28 64 1 1 11,5 1 0,50 0,56 0,50 65 2 2 4,5 3 0,63 0,60 0,43 67 1 1 10 1 0,51 0,49 0,47 68 3 1 10,5 1 0,55 0,46 0,52 69 3 3 4 3 0,69 0,66 0,23 70 1 3 4,5 3 0,63 0,65 0,40 71 2 2 8 2 0,61 0,62 0,32 72 3 3 5 2 0,72 0,70 0,30 73 2 2 8 1 0,56 0,48 0,56 74 3 3 0 3 0,72 0,85 0,21 75 3 3 2,5 3 0,80 0,82 0,17 76 2 2 8 2 0,62 0,55 0,40 77 3 3 3 3 0,74 0,84 0,31 78 3 3 4 3 0,66 0,66 0,38 79 3 3 1,5 3 0,76 0,78 0,18 80 3 3 2,5 3 0,75 0,78 0,25 81 2 1 10 1 0,62 0,67 0,36 82 3 3 2 3 0,79 0,81 0,19 83 2 2 6 2 0,59 0,63 0,42 84 1 1 15 1 0,44 0,48 0,58 85 3 2 8,5 1 0,58 0,55 0,35 86 3 1 7 2 0,44 0,49 0,58 87 2 2 7 2 0,59 0,57 0,43 88 2 3 3,5 3 0,64 0,55 0,37 89 2 2 8 2 0,50 0,59 0,43 90 3 3 2,5 3 0,78 0,80 0,23 66 FONTE: Dados do estudo OBS: pacientes de número 30 e 66 foram excluídos do estudo por apresentar a TLF Insatisfatória. ANEXO A Parecer dos Comitês de Ética da UFMG e PUC-Minas