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Edição de Vídeo com Software Livre para Educação a Distância Video Editing with Free Software for distance education Silma Cortes da Costa Battezzati, Doutora em Comunicação Social Universidade Federal do Paraná [email protected] Resumo: A tecnologização que a sociedade experimenta nas últimas décadas trouxe a profusão de máquinas informatizadas e softwares. Neste período, a indústria desenvolveu sofisticados e caros softwares aplicativos proprietários para uso destas máquinas, o que colocou parte do mercado nas mãos de poucas empresas multinacionais. Nos processos de produções audiovisuais o crescimento do uso da tecnologia de software está relacionado com a unificação dos modos de produção da informação nos meios de comunicação e na educação. Nas últimas décadas do século XX, o espírito libertário de alguns membros das comunidades científicas e hackers promoveu o desenvolvimento do software livre e aberto, que pode ser usado como bem social mais amplo e, principalmente, evoluir no melhor do espírito colaborativo. Um software livre é distribuído com código aberto – Open Source –, pode ser gratuito e permite que os usuários saibam como foi construído e que possam modificá-lo ou redistribuí-lo livremente. Este tipo de tecnologia, desenvolvida sob as regras da licença GPL – General Public License ou Licença Pública Geral, idealizada por Richard Stallman no final da década de 1980, começou a se apresentar como alternativa natural de mercado ao software proprietário e a despertar a atenção da comunidade técnica, acadêmica e de negócios em todo o mundo. Considerando a importância de os docentes que atuam na educação a distância serem preparados para utilizar novas tecnologias de software, este artigo apresenta algumas características gerais do software livre e as possibilidades de uso para criação de conteúdos audiovisuais na Educação a Distância. Palavras-chave: Software Livre. Audiovisual. Educação a Distância. Abstract The intense use of technology experimented by society on the last decades brought a profusion of computer and software. During that period, a new industry developed sophisticated and expensive proprietary software to the use of these machines and placed great part of software market on the hands of multinational companies. On audio and video production the increase of software technology use is related to the unification of the production mode of information by media companies. During the last decades of the 20th Century, the Libertarian Spirit of a few scientific community members and hackers have alerted to the importance of considering free and open software as a social wealth and their development as a collaborative effort. Free software is distributed with open code – Open Source – many times priceless and with rights for the user to modify, copy and distribute freely. This type of technology, developed and distributed under GPL- General Public License, idealized by Richard Stallman at the end of the nineteen-eighties, started to represent an alternative to the proprietary software and called the attention of technical, academic and business communities all over the world. Considering the importance and need of teachers who work with distance education to acquire the ability to use professional software, this article presents a few general characteristics of free software and possibilities to use it for creating audio and video content for distance education. Palavras-chave: Free Software. Audiovisual. Distance Education. 1 A Educação a Distância e o Software Livre Este artigo relata a comparação sobre as funcionalidades dos softwares proprietários e livres para produção de conteúdos para a educação a distância - EaD. O estudo é parte da pesquisa apresentada na tese de doutoramento em Comunicação Social sobre as possibilidades de uso de softwares livres nos processos de ensino e aprendizado em duas instituições de ensino. Na época em que a pesquisa foi realizada, uma das instituições, localizada em São Paulo, utilizava apenas softwares proprietários. A outra, localizada em Curitiba, apenas softwares livres. Embora nosso objetivo seja apresentar as funcionalidades de alguns softwares que podem ser utilizados na produção de conteúdos para a EaD, é importante lembrar que a complexa e bem sucedida indústria de software tornou-se um negócio lucrativo e estratégico para o desenvolvimento econômico de muitas nações. No segmento de software proprietário pré-empacotado para microcomputadores pessoais, PCs, um pequeno número de grandes empresas praticamente monopoliza a produção e distribuição de softwares tais como sistemas operacionais, automação de escritórios, computação gráfica etc. A Microsoft é um ícone nestes segmentos e praticamente monopoliza os mercados de sistemas para microcomputadores pessoais. De forma geral podemos conceituar software proprietário como aquele protegido por direito autoral; com código fechado; que não pode ser modificado; e que é comercializado mediante o pagamento de licença. As licenças que os acompanham definem as regras estabelecidas pelos fabricantes para seu uso. Do ponto de vista econômico, na maioria das vezes, os usuários deste tipo de software além de arcarem com pagamentos de licenças, assistência e manutenção, são obrigados a realizar investimentos contínuos para atualizar versões anteriores destes produtos, pois a utilização de cópias não licenciadas de softwares proprietários é considerada crime de pirataria. No final da década de 1990, uma nova alternativa de tecnologia de software começou a despertar a atenção da comunidade técnica, acadêmica e de negócios em todo o mundo – o software livre. O modelo de negócio do software livre se espalhou pela aldeia global como alternativa natural de mercado para confrontar monopólios privados. Taurion (2004, p. 4) contextualiza essa afirmação: […] vemos extensa cobertura da mídia; um crescente número de softwares livres disponíveis às organizações, como o Linux e o Apache; a entrada de pesos-pesados da indústria como a IBM no negócio de softwares livres; e as discussões políticas e comerciais, muitas vezes movidas por ideologias e não pela racionalidade, do impacto deste novo modelo de negócios nas empresas usuárias e na própria indústria de software. O software livre já não é mais apenas um brinquedo nas mãos de hackers, mas já faz parte da agenda política e estratégica de empresas privadas e 2 públicas. É um negócio sério e profissional. [...] Já existem hoje dezenas de milhares de projetos de softwares livres em desenvolvimento no mundo inteiro. Alguns já são nomes representativos como o sistema operacional Linux, o servidor Web Apache, o correio eletrônico Sendmail e a suíte OpenOffice (similar ao Office da Microsoft). O crescimento da opção pelo Open Source está, entre outros motivos, relacionado ao fato de este tipo de tecnologia permitir que qualquer pessoa possa ter acesso ao código fonte do programa e, assim, ler, entender ou modificar o software. Ter acesso ao código fonte é, portanto, a chave para abrir e modificar qualquer programa, bem como para adaptá-lo a realidades específicas de países, empresas e pessoas. Ademais, com o código aberto, o conhecimento sobre como os softwares funcionam deixa de ser uma propriedade econômica de algumas pessoas e empresas e passa a ser um conhecimento que pode ser compartilhado universalmente. Portanto, além de encampar o conceito de Open Source, a tecnologia de software livre pode representar uma nova opção para a produção de conteúdos no contexto da Educação a Distância – EaD, pois não envolve a cobrança pelas licenças de uso dos softwares, embora, contrariamente ao senso comum, muitos não sejam necessariamente gratuitos, como explicado mais adiante. Em outras palavras, as licenças de uso dos softwares livres explicitam os direitos dos usuários para: a) acesso ao código fonte do software; b) permissão para utilização de quantas cópias o usuário desejar ou precisar e; c) permissão para qualquer usuário fazer modificações no código. As condições para o estabelecimento desse paradigma de produção e distribuição de software com código aberto decorreram de muitos acontecimentos diferentes que envolveram pessoas, instituições de ensino e empresas cujas atitudes permitiram que as tecnologias geradas se tornassem um bem público, e não um produto proprietário a mais. Em alguns casos, tais condições resultaram de altruísmo e tiveram por objetivo simplesmente beneficiar certas comunidades; em outros, estão relacionadas com a ideia libertária de se dar maior importância aos indivíduos e de protegê-los contra o controle e excessos do mercado, estados e governos. Enfim, existem casos em que tais atitudes fizeram parte de estratégias voltadas à promoção da educação e da formação de pessoas, como é o caso da educação a distância, que a cada dia passa a utilizar mais e mais softwares especializados nos processos de produção de aulas, de conteúdos audiovisuais. Modelo de Desenvolvimento do Software Livre As facilidades decorrentes da popularização da Internet e de acesso à informação têm favorecido a constante formação de comunidades virtuais colaborativas de trabalho neste 3 início do século XXI. Muitas das pessoas que fazem parte de comunidades estão envolvidas com o desenvolvimento de free software, embora nem sempre os conceitos de free softwares sejam por elas totalmente compreendidos. Ou seja, esse conceito costuma causar confusão especialmente entre brasileiros, pois a palavra inglesa free – que é utilizada com o significado de livre – é por vezes confundida com a palavra ‘grátis’. Como nos explica Taurion (2004, p. 17): O software livre é diferente das modalidades tradicionais de comercialização e distribuição de software, no sentido de que é também distribuído em formato fonte, portanto legível e passível de ser alterado e redistribuído pelos usuários. Além disso, seu autor outorga a todos direitos de usar, copiar, alterar e redistribuir o programa. De maneira geral são gratuitos quando copiados a partir de um site na web. Para Augusto Campos (2006, p.1 apud BATTEZZATI, 2009, p.81) o software é livre quando sua distribuição segue critérios de licenciamento estabelecidos pela Free Software Foundation, ou seja: A forma usual de um software ser distribuído livremente é sendo acompanhado por uma licença de software livre (como a GPL ou a BSD), e com a disponibilização do seu código-fonte. Software livre é diferente de software de domínio público. O primeiro, quando utilizado em combinação com licenças típicas (como as licenças GPL e BSD), garante os direitos autorais do programador/organização. O segundo caso acontece quando o autor do software renuncia à propriedade do programa (e todos os direitos associados) e este se torna bem comum. Outras denominações podem confundir free software com outros tipos de software, a exemplo dos Freeware e Shareware. Freeware é um tipo de programa que pode ser redistribuído sem, necessariamente, se pagar para utilizá-los, pois são disponibilizados na Internet, mas este tipo de software não pode ser modificado porque o código fonte não é disponibilizado aos usuários. Os Shareware também são disponibilizados na Internet com permissão para que sejam redistribuídos, mas sua utilização implica pagamento de licença, embora os custos sejam menores do que os cobrados por tradicionais indústrias de software. O desenvolvedor pode cobrar pelo Shareware, pode ainda vendê-lo para uma empresa e esta não é obrigada a distribuí-lo. Geralmente o código fonte deste software também não é disponibilizado para os usuários, portanto, não é possível fazer modificações nos softwares shareware. Os softwares de domínio público ou sem direito autoral – sem copyright – também podem apresentar alguns tipos ou versões que não são livres. No Brasil, em muitas instituições de educação superior que ofertam cursos a distância alguns docentes ainda ignoram as possibilidades que as tecnologias de softwares 4 podem trazer para facilitar a transmissão de conteúdos de aprendizagem. Neste recorte, completa Squirra (2007, p.2) [...] é possível afirmar que em muitas cabeças com forte influência na academia encontra-se arraigada a crença de que a tecnologia é para os seres 'menos sensíveis e mais frios', justamente aqueles profissionais 'desprovidos de preocupação filosóficohumanista-poética' ao encarar os dilemas do conhecimento. Alguns admitem claramente (outros nem tanto) que 'tecnologia' é coisa para engenheiro, que só sabe construir pontes e fazer cálculos. Outros olham enviesados para o pessoal que se graduou com 'um pé na profissão', tendo por isso, a compreensão tecnológica que lhes falta. Embora os Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância (2007, p.2) tenham definido os princípios, diretrizes e critérios de qualidade para a oferta de cursos na modalidade a distância em muitas entidades, ou em muitas cabeças, como coloca Squirra (2007, p.4), a atuação dos docentes continua a ser fundamentada estritamente na oralidade ou na postagem de textos e slides nos supostos “ambientes virtuais de aprendizagem”. Com exceção das tentativas do governo federal, ainda não há na área educacional brasileira, notadamente na área de EaD, muitos projetos desenvolvidos com software livre – S.L. Para Sérgio Amadeu da Silveira1 (informação verbal), a tentativa de implantação preferencial do software livre nos projetos do governo federal não se justifica apenas pela redução de custos, sobretudo com pagamento de licenças, e sim porque o Brasil tem mais que o direito, tem a necessidade de utilizar tecnologias que permitam aumentar a sua autonomia tecnológica, a sua participação como ‘desenvolvedor’ de soluções na sociedade da informação. Comunidades de Open Source sempre procuram aumentar sua autonomia tecnológica adaptando produtos desenvolvidos às reais necessidades dos projetos para, assim, desenvolver novas soluções que podem ser melhoradas e adaptadas à realidade dos projetos. Assim, a comunicação pela rede entre membros de comunidades de desenvolvedores de software livre se caracteriza como um novo paradigma denominado por Eric Raymond, na obra The Cathedral and the Bazaar (1998, p. 1), de bazar, pois é um paradigma diferente daquele praticado pela indústria tradicional: Eu fui um dos primeiros contribuintes para o projeto GNU nos meados de 1980. [...] Eu pensei que eu sabia como isso era feito. [...] Eu estava pregando o modo Unix de uso de pequenas ferramentas, de prototipagem rápida e de programação evolucionária por anos. Mas eu acreditei também que havia alguma complexidade crítica, acima da qual uma aproximação mais centralizada, mais a priori era requerida. Eu acreditava que os softwares mais importantes (sistemas operacionais e ferramentas realmente grandes como o Emac) necessitavam ser construídos como as 1 Silveira (2006) postula que o software livre representa avanço na sociedade democrática (informação verbal). 5 catedrais, habilmente criados com cuidado por mágicos ou pequenos grupos de magos trabalhando em esplêndido isolamento, com nenhum beta para ser liberado antes de seu tempo. O estilo de Linus Torvalds de desenvolvimento - libere cedo e freqüentemente, delegue tudo que você possa, esteja aberto ao ponto da promiscuidade - veio como uma surpresa. Nenhuma catedral calma e respeitosa aqui - ao invés, a comunidade Linux pareceu assemelhar-se a um grande e barulhento bazar de diferentes agendas e aproximações (adequadamente simbolizada pelos repositórios do Linux, que aceitaria submissões de qualquer pessoa) de onde um sistema coerente e estável poderia aparentemente emergir somente por uma sucessão de milagres. O fato de que este estilo bazar pareceu funcionar, e funcionar bem, veio como um distinto choque. O mundo do Linux não somente não se dividiu em confusão, mas parecia aumentar a sua força a uma velocidade quase inacreditável para os construtores de catedrais. “De fato, eu penso”, continua Raymond (idem), “que a engenhosidade do Linus e a maior parte do que desenvolveu não foram a construção do kernel do Linux em si, mas sim a sua invenção do modelo de desenvolvimento do Linux”. Linus estava diretamente direcionado a maximizar o número de pessoas-hora dedicadas à depuração e ao desenvolvimento do kernel do Linux, mesmo com o possível custo da instabilidade no código e extinção da base de usuários se qualquer erro sério provasse ser intratável. Linus estava se comportando como se acreditasse em algo como isto: Dada uma base grande o suficiente de beta-testers e co-desenvolvedores, praticamente todo problema será caracterizado rapidamente e a solução será óbvia para alguém. Ou, menos formalmente, ‘Dados olhos suficientes, todos os erros são triviais’. Eu chamo isso de: ‘Lei de Linus’. Minha formulação original foi que todo problema 'será transparente para alguém'. Linus objetou que a pessoa que entende e conserta o problema não é necessariamente ou mesmo frequentemente a pessoa que primeiro o caracterizou. ‘Alguém acha o problema’ ele diz, ‘e uma outra pessoa o entende. E eu deixo registrado que achar isto é o grande desafio.’ Mas o ponto é que ambas as coisas tendem a acontecer rapidamente. (RAYMOND, 1998, p. 2). A resposta que deve ser dada às organizações que duvidam das possibilidades de se utilizar a plataforma de softwares livres em entidades escolares, empresas, etc, a iniciar com o Linux, com receio de terem problemas com bugs que jamais serão solucionados ou levarão tempo demasiadamente longo para ser reparados, é apresentada por Raymond (1998, p. 2) a seguir: Na visão catedral de programação, erros e problemas de desenvolvimento são difíceis, insidiosos, um fenômeno profundo. Leva meses de exame minucioso por poucas pessoas dedicadas para desenvolver confiança de que você se livrou de todos eles. Por conseguinte os longos intervalos de liberação, e o inevitável desapontamento quando as liberações por tanto tempo esperadas não são perfeitas. Na visão bazar, por outro lado, você assume que erros são geralmente fenômenos triviais – ou, pelo menos, eles se tornam triviais muito rapidamente quando expostos para centenas de ávidos co-desenvolvedores triturando cada nova liberação. Consequentemente você libera frequentemente para ter mais correções, e como um benéfico efeito colateral você tem menos a perder se um erro ocasional aparece. E é isto. É o suficiente. Se a ‘Lei de Linus’ é falsa, então qualquer sistema tão complexo como o kernel do Linux, sendo programado por tantas mãos quantas programam o kernel do Linux, deveria a um certo ponto ter tido um colapso sob o peso de 6 interações imprevisíveis e erros ‘profundos’ não descobertos. Considerando as palavras de Raymond (idem), podemos concluir que o novo e revolucionário paradigma de desenvolvimento do software livre pode ser uma interessante alternativa para o processamento de vídeos para os cursos de EaD no Brasil. Comparação entre Softwares Proprietários e Livres para produção de conteúdos audiovisuais no contexto da EaD O constante desenvolvimento de novas tecnologias digitais, especialmente para criação de conteúdos para veiculação no rádio e na televisão, impulsionou o crescimento da tecnologia de software livre e proprietário. Portanto, programas de formação de professores para a EaD devem privilegiar o aprendizado para uso de softwares que podem ser utilizados na produção de conteúdos audiovisuais para EaD. Neste estudo, a comparação entre os softwares proprietários e livres que podem ser usados na produção de conteúdos para a EaD foi feita com base no modelo de um quadro comparativo elaborado por Benoît Saint-Moulin, fundador e administrador do site TD T3D The Dream Team, que apresenta as conclusões das pesquisas comparativas que realizou sobre softwares de computação gráfica. No processo de comparação consideramos um modelo com três macro-funções denominadas – Entrada => Processamento => Saída – que permitiram comparar os recursos disponíveis em alguns dos softwares para importar (digitalizar) conteúdos para dentro do computador; para tratá-los digitalmente; e, para exportar os resultados em formatos e resoluções de arquivos e dispositivos de representação adequados. Para aqui descrever com brevidade os resultados da análise comparativa, apresentamos apenas as quatro tabelas que explicam as variáveis funcionais ou categorias dos softwares proprietários e livres empregados em atividades de edição de vídeo para conteúdos de EaD. A primeira categoria – denominada Dados Gerais – descreve as características gerais dos softwares e pode ser útil para orientar a escolha de produtores iniciantes. A segunda variável ou categoria – Plataformas de Operação – indica as plataformas de sistemas operacionais nas quais os softwares podem ser operados. A terceira – Formatos de Alta Definição para Importação de Vídeo – diz respeito aos formatos de arquivos a partir dos quais os softwares são capazes de importar (digitalizar) os conteúdos. A quarta – Formatos de Arquivos de Trabalho e Saída – se refere aos formatos de arquivos nos quais os softwares podem gravar os resultados dos seus trabalhos. 7 Tabela 1. Categoria 1. Dados Gerais SOFTWARE TIPO DE LICENÇA FABRICANTE OU DESENVOLVEDOR Final Cut Pro Proprietário Apple Edição e Montagem de Vídeo 6 (2007) R$ 2.663,24 ou R$ 3.699,00 Sony Vegas Proprietário Sony Edição de vídeo .0c (2007) U$ 549,95 After Effects Proprietário Adobe Editor de efeitos visuais 2D – 3D. C 5.4 (9.0) (2008) R$ 1.620,00 Cinelerra Livre Heroine Virtual Editor de vídeo. 4.0 (2008) Livre Jahshaka Livre The Jahshaka Project Editor de efeitos visuais 2D - 3D 2.0 RC3 (2006) Livre MODALIDADE ANO E VERSÃO ANALISADA CUSTO2 Tabela 2. Categoria 1. Plataformas de Operação SOFTWARE WINDOWS MAC OS X UNIX Final Cut Studio Não Sim Não Sony Vegas Sim Não Não After Effects Sim Sim Não Cinelerra Não Sim Sim Jahshaka Sim Sim Sim Tabela 3. Categoria 1. Formatos de Alta Definição para Importação de Vídeo SOFTWARE DV Standard HDV 720p 1080i DVC IMX AVC XD AVCI RAW DNx REDPRO HD CAM HD HD CODE Final Cut Pro Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim ? Sim Sim Sony Vegas Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim ? After Effects Sim Sim Sim ? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Cinelerra Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Jahshaka Sim Sim Sim ? Sim Sim ? Sim Sim Sim Sim Alguns formatos sinalizados com (?), ainda não podem ser considerados adequados pois as pesquisas não permitem considerá-los confiáveis e, assim, recomendá-los. 2 Os valores apresentados na coluna Custo (em dólar – US$ ou real U$) foram, no período de realização da pesquisa, divulgados nos websites de cada fabricante e distribuidores e confirmados nas lojas que comercializam os produtos na cidade Curitiba, a exemplo da Fenac. 8 Tabela 4. Categoria 1. Formatos de Arquivos de Trabalho e Saída SOFTWARE DVD HDV OPEN-EXR QUICKTIME WINDOWS MEDIA MPEG4 Final-Cut Pro Sim Sim Não Sim Sim Sim Sony Vegas Sim Sim (Blu-ray) Não Sim Sim Sim After Effects Sim Sim Sim Sim Sim Sim Cinelerra Sim Sim Sim Sim Sim Sim Jahshaka Sim Sim Sim Sim Sim Sim Os dados da tabela 4 nos mostram que tanto os softwares proprietários e livres são capazes de trabalhar com quase todos os formatos comparados. Uma exceção é que os editores Final-Cut Pro e Sony Vegas não trabalham com o formato Open EXR, apesar de sua importância para o vídeo e o cinema. Considerações Finais Neste estudo, os resultados da análise comparativa entre os especializados softwares editores de audiovisual nos permitiram constatar que os softwares livres analisados dispunham de recursos similares aos dos proprietários para entrada, processamento e saída de conteúdo, ou seja, importação de material bruto, processamento e exportação de resultados. Isso significa dizer os softwares livres estudados podem ser utilizados na criação de conteúdos audiovisuais para a EaD, pois apresentam o mesmo nível de qualidade que os softwares proprietários com os quais foram comparados. Interessante vantagem dos softwares livres em relação aos proprietários está no fato de permitirem que conhecimentos sobre suas funcionalidades deixem de ser propriedade econômica de algumas pessoas ou empresas para serem compartilhados universalmente. Um exemplo é a possibilidade de um usuário poder escolher a língua que o software deve adotar na interface de comunicação com as pessoas, isso pode ser feito por todos os softwares livres que analisamos e significa que uma mesma cópia instalada pode rodar 'falando' português, francês ou outras dezenas de línguas. O fato de poderem ser instalados em qualquer quantidade de computadores sem custos com licenças também é uma vantagem, pois os valores praticados pela indústria de software proprietário para a cessão de licenças podem representar um alto investimento para as entidades educacionais. A constatação de que a quase totalidade dos softwares estudados funciona em 9 diferentes plataformas de hardware e sistemas operacionais - PC/Windows, MAC OS X ou PC/Linux - também pode ser considerada um benefício para os usuários deste tipo de tecnologia, assim como a existência de inúmeras comunidades de desenvolvedores, compostas por um universo fascinante de voluntários que prestam suportes técnicos e orientações genéricas sobre atualizações, reparos de bug (acertos de erros) e demais serviços é outro ponto positivo do software livre. Por fim, os resultados deste estudo podem contribuir para estimular o uso de softwares livres pelas instituições de ensino nos cursos de EaD; o desenvolvimento de novas pesquisas e formação de comunidades interessadas em compartilhar conhecimentos sobre inovações tecnológicas, desenvolvimento e interpretação de conteúdos audiovisuais. Nota da autora Doutora em Comunicação Social pela UMESP; Mestre em Educação pela PUCPR; Especialista em Magistério Superior e Pedagoga pela UTP. Docente na UFPR – Setor Litoral. Referências BATTEZZATI, Silma Cortes da Costa. Comunicação Social com Software Livre. 2009. 237 f. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Programa de Pós-graduação em Comunicação, Universidade Metodista de São Paulo. São Bernanrdo do Campo, SP, 2009. BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação a Distância. Referenciais de qualidade para educação superior a distância. Brasília: MEC-SEED, 2007. Disponível em: http://www.unirio.br/cead/pdf/Referencias_Qualidade_EAD.pdf. Acesso em 10 out. 2009. CAMPOS, Augusto. O que é software livre. BR-Linux. Florianópolis, março de 2006. Disponível em: <http://projetoacaodigital.com.br/vs2/material/alunos/SOFTWARE_LIVRE.p df>. Acesso em: 15 jun 2007 . RAYMOND. Eric S. A Catedral e o Bazar. Tradução Erik Kohler (2004). Cópia e redistribuição permitida - livre. Disponível em: The Linux Logic Home <http://www.geocities .com/CollegePark/Union/3590/pt-cathedral-bazaar.html>. Acesso em: 18 set. 2006. SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Introdução de Comunicação Digital e a Construção dos Commons: redes virais, espectro aberto e as novas possibilidades de regulação. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2007. SQUIRRA, Sebastião Carlos de Morais. A tecnologia, a sociedade do conhecimento e os comunicadores (mimeo). Intercom. SP. Santos 2007. TAURION. Cezar. Software Livre: Potencialidades e Modelos de Negócios. Rio de Janeiro: Brasport, 2004.