edição do Ano 10 - O guia para o dia a dia com vinho

Transcrição

edição do Ano 10 - O guia para o dia a dia com vinho
guia
Vinho&Cia
Ano 10 - Número 71 - R$ 15,00
ConVisão
Ano
10
0 vinhos e locais favoritos dos colunistas
10 tintos e 10 brancos do Encontro Mistral
10 lugares onde beber em Buenos Aires
Com a maior
equipe especializada
em vinhos no país
ISSN 1982-8381
00071
O Guia para o Dia a Dia com Vinho
Conteúdo Líquido
Nas páginas desta edição...
04- Dicas do Editor
10- O Que Ler
12- O Que Acontece
18- Vinhos de Farroupilha
22- Encontro Mistral
24- 10 Vinhos Favoritos
28- 10 Locais Favoritos
34- Buenos Aires
40- Euclides Penedo
42- Walter Tommasi
44- João Lombardo
46- Denise Cavalcante
48- Álvaro C. Galvão
50- Sérgio Inglez de Souza
51- Gilvan Passos
52- Carlos Arruda
54- Adriana Bonilha
56- Maria Amélia
58- Aguinaldo Záckia
60- Andréa Pio
62- Jairo Monson
64- Didú Russo
66- Custódio
12
Vinho&Cia
Ano 10 - Número 71
www.jornalvinhoecia.com.br
Editor
Regis Gehlen Oliveira
Publicação
18
ConVisão
R. Irmã Pia, 422, cj. 504
Jaguaré
05335-050, São Paulo, SP
Colaboradores
28
Adriana Bonilha / Aguinaldo Záckia
Álvaro C. Galvão / Andréa Pio /
Beto Acherboim / Carlos Arruda
Custódio / Denise Cavalcante
Didú Russo / Euclides Penedo Borges
Gilvan Passos / Jairo Monson
João Lombardo / Maria Amélia
Sérgio Inglez / Walter Tommasi
Assinaturas e
Propaganda
(11) 4192-2120
[email protected]
Associado à
Vinho & Cia é publicação da ConVisão referente ao mercado de vinhos e suas companhias naturais, como gastronomia, restaurantes, prazer, conhecimento, viagens e
outras. Circula principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio
Grande do Sul, nos principais restaurantes e lojas especializadas. Pode ser adquirido
por assinaturas ou em bancas selecionadas.
Os artigos e comentários assinados não refletem necessariamente a opinião da editoria.
A menção de qualquer nome neste veículo não significa relação trabalhista ou vínculo
contratual remunerado.
No. 71
3
Dicas do Editor
www.mistral.com.br
Mais sobre Vinho,
e mais Beleza
4
gravata do vinho e que une o nosso fenomenal corpo de colunistas. A maior equipe especializada
em vinhos no país vai continuar
com os textos inteligentes, objetivos e bem humorados.
Vamos permanecer independentes de interesses comerciais.
Não é porque alguém patrocina
uma edição ou uma ação do
guia que daremos uma opinião
favorável se não concordamos.
Profissionais, sommeliers, críti-
cos e leitores que já participaram
de degustações nossas sabem
disso.
Vamos seguir distantes de
grupos específicos de influência
e de opiniões pré concebidas, referentes a rótulos, países, locais
ou ideias. Vamos manter nossa
metamorfose ambulante, aberta
ou às cegas, democrática.
Vamos, sim, em frente, pelo
mundo do vinho! Esperamos que
a edição agrade! Tim-tim!
Vinho&Cia
Os melhores
vinhos
APRECIE COM MODERAÇÃO
Q
uando começamos o
nosso Ano 10 de publicações e num momento no mundo em que se dá
mais valor à forma do que ao
conteúdo, resolvemos alterar a
impressão do guia Vinho&Cia
para um padrão de revista de
luxo. Agora procuramos juntar
o lado cult que sempre tivemos
com a beleza plástica.
Não vamos fugir ao padrão
que nos caracterizou de tirar a
Dicas do Editor
No Wine Bar da Prestíssimo
Francês com o Verdadeiro Terroir
O Paul Mas Carignan Vieilles Vignes 2010 é um excelente vinho do Languedoc, sul da França, Vale de Hérault, que expressa
verdadeiramente o terroir da região e da uva Carignan, com leve
passagem por madeira. É ótimo para pratos consistentes com
toques de especiarias e pimentas. R$ 71 nas lojas da importadora
Decanter e R$ 100 na mesa do restaurante francês La Casserole,
em São Paulo.
Decanter: www.decanter.com.br
3
Vinhos
que Valem a Pena
Espanhol da Rioja
Vale a pena provar esse vinho bem equilibrado, sem excessos, típico
de uma das regiões mais tradicionais do planeta. O Conde de Valdemar Rioja Crianza 2006 é feito com as uvas Tempranillo (85%) e
15% Mazuelo (15%), oriundas de vinhedos das sub-regiões de Rioja
Alta e Rioja Alavessa. Ideal para pratos não muito condimentados e
queijos duros. R$97 na importadora.
Mistral: (11) 3372-3400
Argentino de Cabernet
A vinícola argentina Nieto Senetiner tem uma vasta linha de
produtos e o Don Nicanor Cabernet Sauvignon 2011 destacase bem na faixa intermediária. Tem uma certa pegada na boca e
teor alcoólico elevado, mas que não se percebe em razão do balanço adequado. Vai bem com pratos de carnes mais encorpados.
R$85 na média em lojas.
Porto a Porto: (41) 3018-7393
Casa Flora: (11) 2842-5199
6
Vinho&Cia
Tudo Acaba em Pizza!
Al. Joaquim Eugênio de Lima, 1135, (11) 3885-4356, Jardins, São Paulo
PROFISSIONAL DO VINHO, INSCREVA-SE JÁ NA
Dicas do Editor
1a CONFERÊNCIA INTERNACIONAL
Vinhos do Uruguai
Em Montevidéu tivemos durante duas horas um ótimo bate-papo com
Javier Carrau, que nos contou sobre a sua importante atuação para
o mundo do vinho hoje como presidente da Câmara das Indústrias
do país. Na agradável sede da Bodegas Carrau, ele disse que teria um
um importante encontro com o Ministro das Indústrias do Uruguai,
para os preparativos da visita do presidente José Mujica ao presidente
norte-americano Barak Obama. Ele faz parte da comitiva.
3
30
Vamos aumentar o nosso poder de marketing e
vendas e contribuir para que a venda responsável de
vinhos finos no Brasil atinja 1 bilhão de garrafas
por ano, equivalente a 5 litros por habitante-ano!
PAINÉIS
DE
DEBATES
Vamos evoluir a nossa capacitação comercial
e de comunicação para vender mais e melhor!
Revelações
em Entrevista
As Novas Invenções
A Bodegas Carrau, que sempre liderou avanços na produção dos
vinhos uruguaios, agora ataca novos horizontes. Quem pensa que o
país vizinho só faz bem tintos com a uva Tannat, em geral bastante
tânicos, precisa conhecer melhor a produção. O branco da linha top
da Carrau 1752 de Petit Manseng e Sauvignon Gris está de tomar de
joelhos. O pouco conhecimento em boa parte é por falta de divulgação
adequada dos uruguaios no Brasil. Javier Carrau revelou, contudo,
que as vinícolas uruguaias não estão totalmente satisfeitas com a sua
participação no nosso mercado.
Carrau mais Forte no Brasil
Javier Carrau fala com muito orgulho da sua produção na vinícola
de Las Violetas em Montevidéu, na moderna de Cerro Chapéu, em
Rivera, e, agora também em território brasileiro, fazendo divisa com
a do Uruguai. Ele disse que quer voltar a fazer aqui o melhor vinho
brasileiro, como já produziu há alguns anos o Velho do Museu, um
marco. Ele está plantando e testando as uvas, mas já conhece bem o
solo. Talvez venha algo diferente dos excelentes Tannat de Reserva
e Amat, que trazem fama no mundo à vinícola.
8
PARA EVOLUÇÃO DO MERCADO DE VINHOS
Vinho&Cia
Não deixe de participar e interagir com os debatedores já confirmados: Adão Morellatto (consultor
internacional), Alexandre Levy (sócio da Pizzaria Prestissimo), André Cavalcante (sommelier da rede
Ráscal), Anselmo Endlich (diretor executivo da Wine.com), Bruno Airaghi (ex diretor de planejamento
da Interfood), Carlos Cabral (consultor do grupo Pão de Açúcar), Gabriela Monteleone (sommelier do
D.O.M.), Gilvan Passos (consultor de vinhos em Natal), Gugu Barbosa (presidente da ABS de Santos),
Lamberto Percussi (sócio da Vinheria Percussi), Luciana Salton (diretora executiva da Salton), Ramatis
Russo (sócio da enoteca Saint Vin Saint) e Tom (sommelier do La Casserole). E terão mais!
COORDENAÇÃO TÉCNICA: DIDÚ RUSSO E SÉRGIO INGLEZ DE SOUZA
Veja a programação completa dos painéis em: www.jornalvinhoecia.com.br
INGRESSOS SUBSIDIADOS!
APENAS R$350,00
Com direito a 10 painéis
(Painel adicional: R$50,00)
[email protected]
(11) 4192-2120
REALIZAÇÃO
Vinho&Cia
DIAS 10 E 2 DE SETEMBRO DE 2014, DAS 9H30 ÀS 21H
CLUBE PINHEIROS, EM SÃO PAULO
O Que Ler
O Que Ler
Gourmandises Catarinenses
Vinho para o Sucesso Profissional
João Lombardo
Ed. Lagoas - 210 págs., R$250,00
O livro do jornalista e colunista do Vinho & Cia é um verdadeiro show
de conteúdo e de produção gráfica. Reúne o melhor da culinária e dos
produtos premium de Santa Catarina. Mostra que o estado – que já era
famoso por tainha, camarão, pinhão, marreco, carne suína e farinha bem
fina – hoje tem gastronomia de qualidade em crescimento. Estão em
destaque os vinhos de altitude. Acompanha em encartes, menores, um
guia de vinhos e de restaurantes da região.
Regis Gehlen Oliveira e Didú Russo
Ed. Vinho&Cia - 128 págs, R$50,00
Traz dicas de como usar a bebida da moda no mundo dos negócios,
na carreira e na política. É uma ferramenta indispensável para empresários, funcionários e executivos de todos os setores da economia.
Explica de modo fácil como agir em coquetéis e eventos, receber em
casa, escolher e dar vinhos de presente, entre outros assuntos do dia
a dia. Pedidos: (11) 4192-2120 / [email protected]
6
Livros
Vinho Tinto: O Prazer é todo Seu
Prato Fácil - 10 Anos
Sérgio Inglez de Souza
Ed. Marco Zero
168 págs., R$50,00
É uma das principais referências para os iniciantes aprenderem a
apreciar o vinho em toda a sua plenitude. O colunista do Vinho&Cia
traz neste livro as características das principais uvas, os vinhos representativos, os conceitos fundamentais de serviço e estocagem, além
de 100 fichas e roteiros para degustação pessoal.
Fernando Kassab
Ed. Terra da Gente - 366 págs
A obra, que comemora os 10 anos do programa Prato Fácil com Fernando Kassab, produção da EPTV, rede de emissoras afiliadas da Rede
Globo, oferece uma resenha culinária de sabores e de história. O autor
entrou nas cozinhas comuns da região da Serra da Mantiqueira, urbanas e rurais, para ver (e comer) o que nelas faz a sua gente simples,
guardiã da memória culinária regional. E que deliciosas tradições...
(Andréa Pio)
Expedição Brasil Gastronômico
Delizia! A história dos italianos e sua comida
Guta Chaves, Rodrigo Ferraz e Dolores Freixa
Ed. Melhoramentos - 320 págs., R$98,00
A bem dizer, essa obra é a versão literária de parte das temáticas do
legendário Festival de Gastronomia deTiradentes - o mais glamouroso evento gastro-cultural que acontece na bucólica cidade da região
do Campo das Vertentes. A obra registra a diversidade de diversos
produtos ao longo de quase 20 mil km e expressa a dedicação e a sabedoria de produtores, exemplos de convivência harmoniosa entre ser
humano e natureza, em MG, RJ, PE, RN, CE e AM. (Andréa Pio)
John Dickie
Companhia Editora Nacional - 238 págs., R$40,00
Nada escapa da pena de Dickie, o mesmo do best seller Cosa
Nostra. O autor mergulha e destrincha cinco séculos e revela
como a culinária do país da bota foi fundamental na formação
da identidade do povo italiano. O mergulho inclui, claro, os processos históricos e políticos responsáveis por sua gastronomia se
tornar referência mundial. Não tem fotos. Aliás, nem precisa. Delízia é um mergulho delicioso nas tradições das regiões da Itália.
(Andréa Pio)
10
Vinho&Cia
No. 71
11
O Que Acontece
A caixa de três décadas
de Don Melchor
12
Fatos
Degustações com o irreverente
Jean-Luc Thunevin no Bardega
12
Apenas 50 caixas para privilegiados no mundo foram feitas com 6
safras do ícone tinto chileno Don
Melchor. Para o Brasil vieram
apenas 12, ao custo de R$5.000.
Reúne garrafas dos anos de 1988,
1993, 1999, 2001, 2005 e 2007,
feitas só com Cabernet Sauvignon ou com menos de 6% de
outra uva. Estão impressionantes
as três safras mais antigas. A de
1993, após 21 anos, está espetacular, muito viva. A de 1988 tem
ainda incrivelmente boa pegada
de taninos. A de 1999 está mais
frutada, com mais corpo, porém
muito elegante.
Pena que poucos poderão desfrutar essa experiência.
www.donmelchor.com
Um dos enólogos mais irreverentes e engraçados do mundo,
Jean-Luc Thunevin, proprietário em Bordeaux do Château
Valandraud, esteve no wine bar
Bardega, no Itaim Bibi, em São
Paulo, que tem a maior variedade
no Brasil de vinhos em máquinas
Enomatic.
Ele foi rotulado pelo crítico
norte-americano Robert Parker
como “Bad Boy”, por produzir
de forma diferente da maioria
das vinícolas da região. Seus vinhos têm mais cara de Borgonha
do que de Bordeaux, com muito
mais leveza.
www.bardega.com.br
www.thunevin.com
Vinho&Cia
Mais Wine Encontro
no Bourbon Atibaia
Vinho e gastronomia
nas costas francesas
No. 71
O grande hotel em forma de
pirâmide na intersecção das rodovias Fernão Dias e Dom Pedro
I, abre mais ou menos a cada três
meses as portas do seu bonito e
aconchegante Cave Bistrô para o
Wine Encontro, com quatro pratos, cuidadosamente preparados
por Jérôme Dardillac. O chef
francês da região de Cognac capricha na apresentação em receitas inventivas. Os vinhos ficam a
cargo do simpático Robson Vital,
prata da casa, que seleciona os
rótulos e vem de mesa em mesa
comentar cada harmonização.
Além do jantar harmonizado,
vale a pena no hotel provar outros
vinhos, a preços muito bons.
www.bourbon.com.br
A França diz que o maior fluxo
de turistas de todo o mundo é
para as suas Costas: do Canal
(onde está o incrível Mont Saint
Michel), Atlântica (com o ponto
alto Biarritz), Mediterrânea (do
jet set de Saint Tropez entre outros locais badalados) e da ilha
de Córsega (um paraíso de litoral
recortado com mar belíssimo).
Nas costas os amantes do vinho e
da gastronomia podem se divertir
com os queijos e as manteigas da
Normandia, com os brancos de
Muscadet no litoral atlântico, na
Riviera com os rosés da Provence
e os rótulos de Languedoc-Roussillon, a maior região plantada de
vinhedos da França, e os raros por
aqui vinhos da Córsega.
13
O Que Acontece
Já estão há um tempinho nas
lojas as adegas compactas, de
até 33 garrafas, da Midea, entre
elas uma com duas zonas de
refrigeração. Agora estão aportando no Brasil os novos fornos
de micro-ondas da marca, uma
joint venture da empresa chinesa
com a norte-americana Carrier. É
mais um passo da Midea no país,
que pretende nos próximos cinco
anos colocar aqui gradativamente novos eletrodomésticos. A sua
proposta é ter produtos com a
cara do consumidor brasileiro.
Entre os lançamentos estão versões de diversos tamanhos, com
ou sem grill.
www.mideadobrasil.com.br
A Villaggio Grando, uma das
melhores e mais bonitas vinícolas do Brasil, de Caçador, em
Santa Catarina, vai lançar no
segundo semestre um vinho já
vendido na própria taça. Será
de plástico e descartável, e, segundo a empresa, produzida de
modo a não alterar a qualidade
do produto.
Iniciativas nesse sentido já há
na França e na Itália, e no Brasil
a ideia é pioneira. A intenção é
ser muito prática para eventos,
piqueniques, jogos de futebol,
passeios e outros momentos em
que as garrafas de vidro não são
adequadas.
www.villaggiogrando.com.br
14
Adegas e novos fornos
de micro-ondas
Mais um evento de portugueses aconteceu em São Paulo: a
Grande Prova Anual de Vinhos
do Tejo. Dez produtores, quase
todos já com rótulos no mercado
brasileiro, estiveram presentes
para mostrar ao público profissional os seus atuais destaques.
Muito boa iniciativa foi a realização de 3 painéis de integração
dos vinhos com a comida (nomeados em inglês de Master Class).
Foram chamados de “1001 Maneiras de Harmonizar um Vinho”
e abrangeram a gastronomia
Japonesa, Francesa e Ibérica.
www.cvrtejo.com
Vem aí o vinho vendido na
A Grande Prova
de Vinhos do Tejo
Nome em inglês, no Brasil,
mas vinhos de Portugal
própria taça descartável
A Vinhos de Portugal e a Exponor promoveram no Consulado
de Portugal em São Paulo o
Find Importer Day. Em busca de
importadores, vinte produtores
trouxeram rótulos que contaram
com seleção do crítico brasileiro
Luiz Horta.
O que chamou a atenção foram
os brancos feitos com as castas
portuguesas que os diferenciam
no mundo, especialmente de
Alvarinho, Arinto, Encruzado e
Fernão Pires. Todas com nomes
bem portugueses.
Vinho&Cia
No. 71
15
O Que Acontece
União no Chile para fazer
um vinho de 100 barricas
Francês, residente há mais de 15
anos no Chile, apaixonado pelo
terroir desse país, o enólogo da
Viña Requingua veio ao Brasil
para mostrar seus vinhos e especialmente para lançar aqui o
ícone Laku. Benoit Fitte enxerga
que o futuro da produção chilena
é aproveitar a sua diversidade de
uvas e criar rótulos diferentes,
possíveis de serem feitos no
país, graças ao seu clima privilegiado, melhor do que o europeu
e do Novo Mundo, segundo
ele. O Laku 2008 (R$335) foi
produzido nessa linha, com as 7
melhores barricas de vinhos-base
da safra da vinícola, escolhidas
às cegas.
www.norimport.com.br
16
Organizado pelo Top Winemakers, o Seminário Chilean
Wine Ambassador em São Paulo
trouxe ao público profissional
uma bela amostra da nova produção do país líder em vendas
no Brasil. De norte a sul, todas
as regiões foram apresentadas,
incluindo várias amostras de
rótulos. Destaque para o vinho
do projeto 100 Barricas, em que
na sua produção foram utilizados 100 diferentes vinhos-base
de distintas vinícolas e vales,
predominantemente de Cabernet
Sauvignon da safra 2011, em que
cada um contribuiu com 1% da
mescla final, feita por um conjunto de enólogos.
www.topwinemakers.cl
Enólogo da Requingua: futuro
do Chile é o vinho com misturas
Brotas não é só feita de esportes de
aventura. Escondido no meio da
mata, próximo a uma cachoeira e
implantado numa antiga e singela
casinha de colonos, redecorada
para criar um espaço de puro prazer, está o Brotas Zen Bistrô. Dos
proprietários da Pousada Frangipani e sob o comando da jovem
chef Mônica Alberconi, traz uma
comida elaborada. Em formato de
degustação, a cada final de semana
o menu é alterado, buscando o
aproveitamento dos ingredientes
de época. Aberto somente para
os jantares de sexta e sábado
mediante reserva. É um destino
imperdível que deixa saudades.
Aventura e Alta Gastronomia
em Brotas
www.brotaszen.com.br/bistro.php
(Adriana Bonilha)
Bordeaux,
sempre Bordeaux
O Sindicato de DOP Bordeaux,
e Bordeaux Supérieur organizaram degustações no sempre
simpático Bar des Arts e em um
stand na feira Expovinis, esta
comandada pelo colunista do
Vinho&Cia Aguinaldo Záckia
Albert. É sempre prazeiroso
tomar bons vinhos de Bordeaux,
confirmando a qualidade de seus
tintos e seus sempre supreendentes brancos, que tão bem combinam com o clima brasileiro. Os
favoritos, sem importadores no
Brasil, foram: Grand Classique
du Château de L’Orangerie 2013,
Château Senailhac 2006, Château L’Hoste Vieilles Vignes 2009
e Château Trocard 2010.
(Walter Tommasi)
Vinho&Cia
No. 71
17
O Que Beber
R$
10
Vinhos de
Farroupilha
27
10o
R$
24
Cave del Veneto
Moscatel
Antonio Colombo
Moscatel
Tipo:
Espumante Doce
Fornecedor / Produtor:
Adega Chesini
Uva:
Moscatíes
Safra:
Origem / Região:
Brasil / Farroupilha
Tipo:
Espumante Doce
Fornecedor / Produtor:
Colombo
Uva:
Moscatéis
Safra:
Origem / Região:
Brasil / Farroupilha
R$
24
8o
R$
37
Tonini
Moscatel
Cave Antiga
Chardonnay
*Os vinhos colocados às cegas para comparação foram:
Espumante Salton Brut (Brasil), Toro Salvaje Sauvignon Blanc (Chile), Santa Carolina Reservado Merlot
(Chile) e Trapiche Cabernet Sauvignon (Argentina)
Tipo:
Espumante Doce
Fornecedor / Produtor:
Tonini
Uva:
Moscatéis
Safra:
Origem / Região:
Brasil / Farroupilha
Tipo:
Espumante Brut
Fornecedor / Produtor:
Cave Antiga
Uva:
Chardonnay
Safra:
Origem / Região:
Brasil / Farroupilha
18
No. 71
Eles foram provados às cegas, sem que os degustadores soubessem
de onde eram. Só conheciam os preços aproximados. Na mesa foram
colocados 33 rótulos, sendo 4 de outras regiões da Argentina, do
Chile e do Brasil. Nenhum desses 4* superou os 10 aqui selecionados.
Ganham Medalha de Ouro 7 deles, dos quais a maioria dos
degustadores compraria uma garrafa. Os outros 3 ganham Prata.
Participaram 8 brancos, 7 espumantes brut, 11 tintos e 7 moscatéis.
Vinho&Cia
9o
7o
19
O Que Beber
R$
27
R$
6o
24
R$
5o
24
R$
2o
95
Monte Paschoal
Brut
Monte Paschoal
Moscatel
Castellamare
Moscatel
Perini 4
2009
Tipo:
Espumante Brut
Fornecedor / Produtor:
Basso
Uva:
Safra:
Origem / Região:
Brasil / Farroupilha
Tipo:
Espumante Doce
Fornecedor / Produtor:
Basso
Uva:
Moscatéis
Safra:
Origem / Região:
Brasil / Farroupilha
Tipo:
Espumante Doce
Fornecedor / Produtor:
Cooperativa São João
Uva:
Moscatéis
Safra:
Origem / Região:
Brasil / Farroupilha
Tipo:
Tinto
Fornecedor / Produtor:
Perini
Uvas:
Cabernet Sauvignon
Merlot, Tannat, Ancellota
Safra:
2009
Origem / Região:
Brasil / Farroupilha
R$
29
R$
4o
85
Casa Perini
Aquarela
Chesini
Grand Vin
Tipo:
Espumante Rosé Doce
Fornecedor / Produtor:
Perini
Uva:
Moscatéis
Safra:
Origem / Região:
Brasil / Farroupilha
Tipo:
Tinto
Fornecedor / Produtor:
Adega Chesini
Uva:
Cabernet Sauvignon
Safra:
2005
Origem / Região:
Brasil / Farroupilha
20
1o
3o
Participaram da degustação Alexandre Levy, Álvaro Cézar Galvão e Regis Gehlen Oliveira, como organizadores, que tinham conhecimento da origem dos vinhos, mas não da sequência dos rótulos servidos.
Além deles, Beto Acherboim, Denise Cavalcante, Eliete Fernandes, Jani Levy e Walter Tommasi.
Vinho&Cia agradece à associação Afavin pelo encaminhamento das garrafas para prova.
Vinho&Cia
No. 71
21
O Que Beber
10
10
Brancos e Tintos
do Encontro Mistral
Mais uma vez a importadora Mistral deu um verdadeiro show, agora
com a 7ª edição do seu encontro bienal, realizado no Hotel Grand
Hyatt em São Paulo e no Hotel Sofitel Copacabana no Rio de Janeiro.
Brancos do Encontro Mistral
Produtor
Vinho
Origem
De Wetshof
Lesca Chardonnay 11
África do S.
44
Força sul-africana
Ànima Negra
Quibia 09
Espanha
44
Redondaço
Isabel Vineyard
Isabel Estate Dry Riesling 08
N. Zelândia
50
Que vinho classudo!
Tokaji Oremus
Tokaji Furmint Mandolás 10
Hungria
52
Ninguém fica indiferente com ele
Vasse Felix
Vasse Felix Chardonnay 12
Austrália
60
Com a categoria australiana
Robert Weil
Rheingau Riesling QbA Charta 05
Alemanha
60
Com o toque docinho alemão
Tasca D’Almerita
Nozze d’Oro 10
Itália
70
Itália também faz bons brancos
Herdade dos Coelheiros
Tapada de Coelheiros Chardonnay 09
Portugal
74
Um passito português
Faiveley
Chablis 12
França
77
Chablis mais “acessível”
Joseph Drouhin
Chablis Montmains Premier Cru 10
França
111
Toda a expressão de Chablis
Comentário
10
Comentário
Tintos do Encontro Mistral
Produtor
Vinho
Origem
US$
Luis Pato
Luis Pato Baga e Touriga 10
Portugal
31
Montes
Montes Alpha Syrah 10
Chile
49
Chile não é só Cabernet
Vallontano
Oriundi
Brasil
58*
Show de vinho junto com a Masi
Catena Zapata
Angelica Zapata Malbec 09
Argentina
70
Herói do vinho argentino
Tenuta di Capezzana
Trefiano Carmignano 05
Itália
90
Com história e com conteúdo
Badia a Coltibuono
Chianti Classico Riserva Bio 07
Itália
98
A classe de Chianti Classico
Viña Salceda
Conde de la Salceda Reserva 05
Espanha
120
Olé espanhol!
Alión
Alión 09
Espanha
195
Um ícone que não tem erro
Masi
Riserva Costasera Amarone 07
Itália
210
Masi é Masi
Pesquera
Pesquera Janus Gran Reserva 03
Espanha
385
Dá para querer mais de um tinto?
Para o Brasil trouxe mais de 60 vinícolas das principais regiões produtoras de 15 países, representadas
principalmente pelos proprietários, enólogos ou diretores, que serviram pessoalmente o público com
vários dos melhores rótulos. Além da oportunidade de conversar com os produtores, o evento proporcionou a prova de vários vinhos em lançamento. Nos quadros apresentamos uma seleção de 10 brancos
e 10 tintos que chamaram a atenção.
(Regis Gehlen Oliveira)
* Valor convertido para dólares. Preço: R$ 127 reais.
22
No. 71
Vinho&Cia
US$
Do rebelde que dominou a Baga
23
O Que Beber
10
10
Vinhos Favoritos
Para comemorar o Ano 10 de edições do Vinho&Cia,
pedimos a 5 colunistas do guia para indicar 10 vinhos favoritos,
entre os milhares que há no mercado, independente da faixa de preço,
rótulos que tragam boas lembranças, que marquem por algum motivo.
Tarefa difícil, muitos e muitos vinhos ficam fora da lista.
Mas a missão da equipe é essa: provar antes para você beber melhor!
24
Vinho&Cia
Favoritos do Aguinaldo Záckia Albert
Vinho
Origem
Fornecedor
Rippon Pinot Noir
Nova Zelândia
Premium
Casa Marin Sauvignon Blanc
Chile
Zahil
Allain Graillot Crozes-Hermitage La Guiraude
França
Mistral
De Martino Cabernet Sauvignon Gran Reserva Legado
Chile
Decanter
Pio Cesare Barolo
Itália
Decanter
Champagne Maxime Blin Carte Blanche
França
Vinea
Elio Grasso Barolo Ginestra
Itália
Interfood
Louis Latour Bourgogne Cuvée Latour Blanc
França
Inovini
Hacienda del Plata Malbec
Argentina
Wine To Go
Quinta do Crasto Vinha da Ponte
Portugal
Qualimpor
10
Favoritos da Andréa Pio
Vinho
Origem
Fornecedor
Comentário
Rippon Vineyards Gewürztraminer 2011
Nova Zelândia
Premium
Exuberante do início ao fim
Amayna Sauvignon Blanc 2009
Chile
Mistral
Brisa fresca do novo mundo
Amontillado Sherry Fernando de Castilla
Espanha
Casa Flora
Vai bem com várias comidas e sozinho
Tukma Gran Torrontes 2010
Argentina
Verdemar
Surpreendemente agradável
Schidione IGT 2000 (Castello di Montepò)
Itália
Mistral
Supertoscano elegantérrimo
Espumante Pericó Demi-Sec
Brasil
Pericó
Ótimo, como outros brasileiros
Ponte das Canas Tinto 2009
Portugal
Adega Alentejana
Exótico e complexo
Short Rhow Shiraz 2008
Austrália
Decanter
Marcante, equilibrado. Não deve faltar
Justino’s Madeira Tinta Negra 3 ou 10 Anos
Portugal
Porto a Porto
Especial e mais que bem-vindo
Viento Norte Pinot Noir Reserva 2012
Chile
Verdemar
Tinto para todo dia, e noite
No. 71
25
O Que Beber
10
10
Favoritos da Maria Amélia
Favoritos do editor, Regis Gehlen Oliveira
Vinho
Origem
Fornecedor
Comentário
Vinho
Origem
Fornecedor
Comentário
Tons de Duorum Tinto
Portugal
Flora / Porto a Porto
Não tem nada igual pelo preço
Virtude Chardonnay
Brasil
Salton
Acessível e competindo com os chilenos
Secreto Viu Manent Malbec
Chile
Hannover
Arte, história e paixão. Este vinho é demais
Leopoldina Gran Chardonnay Branco
Brasil
Casa Valduga
O negócio do Brasil é espumante?
Filipa Pato Branco FP
Portugal
Flora / Porto a Porto
A genialidade da minha amiga Filipa
Núbio Rosé
Brasil
Sanjo
O maior coringa para a gastronomia
Bodega Lagarde Malbec
Argentina
Devinum
Patrimônio da historia do vinho mendocino
Innominabile
Brasil
Villaggio Grando
Um marco da vinicultura de altitude
Dunamis Pinot Noir
Brasil
Dunamis
A revelação do Rio Grande do Sul em 2014
Pericó Espumante Nature
Brasil
Pericó
A essência de um grande espumante
Almaden Gewürztraminer
Brasil
Aurora
Refrescante, baratinho, fácil de encontrar
Barbaresco Livio Pavese
Itália
Flora / Porto a Porto
Todo o prazer do Velho Mundo
Planeta La Segreta Tinto
Itália
Interfood
Uma região mítica, um vinho único
Marqués de Riscal Reserva Rioja
Espanha
Interfood
Clássico é sempre clássico
Susana Balbo Crios Torrontés
Argentina
Cantu
O terroir e o trabalho desta grande mulher
Esporão Reserva
Portugal
Qualimpor
Passam-se os anos e sempre ótimo
Peterlongo Privillege Rosé Espumante
Brasil
Peterlongo
O potencial de Encruzilhada aliado a cem anos
De Martino Carignan El León
Chile
Decanter
Se todo chileno fosse elegante assim...
Garibaldi Espumante Moscatel
Brasil
Vinícola Garibaldi
Omelhor potencial do Vinho Brasileiro
Faveley Puligny-Montrachet
França
Mistral
Tomo de joelhos ou ouvindo Debussy?
10
Favoritos do Walter Tommasi
Vinho
Origem
Fornecedor
Comentário
Ferrari Perle 2005 Espumante
Itália
Decanter
Ao nível das boas Brut francesas
Franck Bonville Millésime Grand Cru 2005
França
Hedoniste
Champagne rico, com mousse densa
Egon Muller Scharzhof 2010 Branco
Alemanha
Ravin
Elegante, com muita mineralidade
Portal do Fidalgo Alvarinho 2008
Português
Flora / Porto
Ótimo balanço de boca, com alta acidez
Señorio Daregas Albariño 2011
Espanha
Cult Vinho
Seu nome devia ser elegância
Batassiolo Sovrana Barbera D’Alba 2008
Itália
Max Brands
Estilo Velho Mundo, gastronômico
M Lapierre Morgon 2011 Tinto
França
World Wine
Muito harmônico, promete envelhecer
Willobrook 2008 Tinto
EUA
Wine Lovers
Redondo, taninos doces, prontíssimo
Aster Crianza 2003 Tinto
Espanha
Zahil
Muito elegante, em seu auge
Les Coteaux 2006 Tinto
África do Sul
KMM
Em seu auge, equilibradíssimo
26
Vinho&Cia
No. 71
27
Onde Beber
Bar do Hotel Frontenac, Campos do Jordão, SP
10
10
Locais Favoritos
Onde Beber
Também para comemorar o Ano 10 de edições do Vinho&Cia,
pedimos a 7 colunistas do guia para indicar 10 Locais favoritos
onde beber. São restaurantes ou bares aprazíveis, com ofertas,
simples, transados, sofisticados, para negócios ou para namorar.
As listas estão aí. Confira, descubra e... Tim-tim!
28
Vinho&Cia
Favoritos da Adriana Bonilha
Restaurante / Bar
Local
Figo Restaurante
Moema, São Paulo, SP
Bendito Cacau
Aldeia da Serra, Barueri, SP
Quilombo
São Bento do Sapucaí, SP
Davos
Campos do Jordão, SP
Marupiara
Souzas, Campinas, SP
Brotas Zen Bistrô
Brotas, SP
Sawasdee
Búzios, RJ
Porcini Trattoria
Batel, Curitiba, PR
Peppo
Rio Branco, Porto Alegre, RS
La Table D’Or
Gramado, RS
10
Favoritos do Agnaldo Záckia Albert
Restaurante / Bar
Local
Vinheria Percussi
Pinheiros, São Paulo, SP
Rosmarino
Pinheiros, São Paulo, SP
Le Jazz
Pinheiros, São Paulo, SP
Le Marais
Itaim Bibi, São Paulo, SP
Varanda Grill
Itaim Bibi, São Paulo, SP
Maní
Jardim Paulistano, São Paulo, SP
North Grill Jacques Félix
Vila Nova Conceição, São Paulo, SP
Sushi Kiyo
Vila Mariana, São Paulo, SP
Sushi Lika
Liberdade, São Paulo, SP
Esquina Mocotó
Jaçanã, São Paulo, SP
No. 71
29
Onde Beber
10
10
Favoritos da Andréa Pio
Favoritos do Gilvan Passos
Restaurante / Bar
Local
Comentário
Restaurante / Bar
Local
Comentário
Cantina Piacenza
Lourdes, Belo Horizonte, MG
Chef Américo e a mãe d. Mirtes são craques
Abade Ponta Negra
Ponta Negra, Natal, RN
Fino com serviço 10. A carta é boa e diversificada
Trindade
Lourdes, Belo Horizonte, MG
Comida mineira de autor
A Cozinha
Ponta Negra, Natal, RN
Mix de gastronomia, carta exclusiva da Grand Cru
Gluton
Lourdes, Belo Horizonte, MG
Sucessão de surpresas agradáveis
Camarões Potiguar
Ponta Negra, Natal, RN
Rústico-sofisticado com carta bastante eclética
Fogo de Chão
Savassi, Belo Horizonte, MG
Carnes e serviços excepcionais
Dolce Vita Bistrô
Petrópolis, Natal, RN
Comida excelente, aconchegante, boa carta
Cozinha de autor, só abre com reserva, menu confiança
Pizzaria Pommodori
Funcionários, Belo Horizonte, MG
Redondas honestíssimas e saborosas
Dois Vinho & Gastronomia
Tirol, Natal, RN
Sushi Naka
Funcionários, Belo Horizonte, MG
Japa tradicionalíssimo.Certeza de boa comida
Gulliver
Tambaú, João Pessoa, PB
Tradicional, internacional, carta enxuta interessante
Paradiso
Santo Antônio, Belo Horizonte, MG
Despojamento aconchegante cuidadoso
Nau Frutos do Mar
Manaíra, João Pessoa, PB
Proposta náutica, frutos do mar, carta eclética
Vecchio Sogno
Santo Agostinho, Belo Horizonte, MG
União perfeita de clássicos e contemporâneos
Restaurante Leite
Santo Antônio, Recife, PE
O mais antigo do Brasil (1882), com carta eclética
Bar do Baiano
Pompéia, Belo Horizonte, MG
Autêntico, não se rendeu aos modismos e festivais
Spettus Steak House
Derby, Recife, PE
O melhor lugar para os prazeres da carne no Recife
Au Bon Vivant
Cruzeiro, Belo Horizonte, MG
Típico francês, excelentes opções de vinhos em taças
Rara Avis
Centro, Montevidéu, Uruguai
Anexo ao Teatro Solis, sofisticado, boa comida/carta
Baco Vino y Bistro, Santiago, Chile
10
Favoritos do Euclides Penedo Borges
Restaurante / Bar
Local
Comentário
Artigiano
Jardim de Alá, Rio de Janeiro, RJ
Carta de vinhos adequada, bons preços
Capricciosa Pizzaria
Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ
Pizza e comida italiana honestas, carta de acordo
CT Brasserie Fashion Mall
São Conrado, Rio de Janeiro, RJ
Carnes excelentes, sempre cheio, ótimos vinhos
Damici
Copacabana, Rio de Janeiro, RJ
Serviço atencioso, carta com muitas opções
Ícaro Shopping Rio Sul
Botafogo, Rio de Janeiro, RJ
A modernidade a serviço da comida e do vinho
Oui Oui
Botafogo, Rio de Janeiro, RJ
Comidinhas adequadas à sequência de vinhos
Pomodorino
Lagoa, Rio de Janeiro, RJ
Vista privilegiada com menu e carta de primeira
Satyricon
Ipanema, Rio de Janeiro, RJ
Entre os melhores em frutos do mar, vasta carta
Vieira Souto
Ipanema, Rio de Janeiro, RJ
A carta mais detalhada da cidade
Garden
Ipanema, Rio de Janeiro, RJ
Vinho/comida de ótima relação qualidade-preço
30
Vinho&Cia
No. 71
31
Onde Beber
10
Favoritos da Maria Amélia
Restaurante / Bar
Local
Atelier de Massas
Centro, Porto Alegre, RS
Vinum Enoteca
Moinhos de Vento, Porto Alegre, RS
Bah
Cristal, Porto Alegre, RS
Peppo
Rio Branco, Porto Alegre, RS
Pampulhinha
São João, Porto Alegre, RS
Vinho e Arte Casa
Menino Deus, Porto Alegre, RS
Casacurta
Garibaldi, RS
Trattoria Primo Camilo
Garibaldi, RS
Bardega
Itaim Bibi, São Paulo, SP
Paris 6
Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ
10
Favoritos do editor, Regis Gehlen Oliveira
Restaurante / Bar
Local
Comentário
Pizzaria Prestíssimo
Jardins, São Paulo, SP
Ô, loco! Wine Bar sede de degustações do Vinho&Cia
Charpentier Hotel Frontenac
Capivari, Campos do Jordão, SP
Que charme! Carta bem feita, boa comida, bons preços
Empório Santa Fé
Flamengo, Rio de Janeiro, RJ
Saliva o clima de bar com vinho para todo lado
Taste-Vin
Lourdes, Belo Horizonte, MG
Uai! Francês com vinhos de quem tem importadora
Atelier de Massas
Centro, Porto Alegre, RS
Bah, tchê! Cercado de garrafas, no clima do centrão
Baco Vino y Bistro
Providencia, Santiago, Chile
Transado, despojado com carta e serviço espetaculares
Bar do Hotel Alvear
Recoleta, Buenos Aires, Argentina
O mais classudo da cidade e preços bons de vinhos
Panini’s
Buceo, Montevidéu, Uruguai
Verticais de uruguaios, mais de 300 rótulos, adega...
Saint Tropez Hotel Conrad
Playa Mansa, Punta del Este, Uruguai
Sofisticação, boa comida, excelente carta
MAP Café
Centro, Cusco, Peru
De tirar o fôlego! Cozinha 3 estrelas a 3400m de altitude
32
Vinho&Cia
Onde Beber
10
Unik
Está no topo do ranking entre
os lugares onde beber vinho em
Buenos Aires pelo seu conjunto.
Começa pela sua ótima cozinha
contemporânea, no nível de um
duas estrelas Michelin. É muito
boa em pescados, totalmente
aberta. O salão guarda uma
platinada adega climatizada em
forma de balcão. Os cerca de 200
rótulos exclusivamente argentinos são organizados por estilo e
por uva, separando os herbáceos,
os tostados, os concentrados,
os elegantes... Tem verticais de
ícones. As taças são de cristal, e
o ambiente é todo modernoso,
com música alta.
Soler, 5132
Palermo Soho, Buenos Aires
Continua sendo o lugar mais
classudo de Buenos Aires, com
luxo e decoração similares aos
do Ritz de Londres e de Madri.
No hotel tem o bom e moderno
restaurante La Borgogne, porém
o gostoso mesmo é degustar o
clima clássico do bar, com seus
maravilhosos balcão de madeira
de lei, máquina de café de latão
e espelhos de cristal. Nos sofás e
poltronas Belle Époque se pode
petiscar, comer um prato mais
descontraído e pedir a carta do
restaurante, com 150 rótulos,
sendo mais de 100 argentinos,
a preços muito bons pelo luxo
do lugar.
Alvear, 1891
Recoleta, Buenos Aires
Bar do Hotel Alvear
Buenos Aires
Lugares Onde Beber
Para conferir bons lugares onde beber, Vinho&Cia foi à capital
da Argentina atrás de restaurantes e bares falados, na moda,
clássicos, despojados ou em destaque em algum guia.
Analisamos 10 lugares sob o ponto de vista do vinho.
Deixamos de lado três lugares óbvios (Cabaña Las Lilas, La
Cabaña e Cafè Tortoni), bem turísticos, onde todo mundo vai, e
nos concentramos em lugares diferenciados. Veja!
(por Regis Gehlen Oliveira)
34
Legenda
Classificação Onde Beber
a
a
quantidade
vinhos baratos
vinhos ícones
variedade
taças de boa qualidade
adega no salão
com sommelier
carta orientativa
algo especial
sobrepreço dos vinhos
a
a
ambiente
cozinha
Vinho&Cia
No. 71
35
Onde Beber
Tomo I (Primero)
Helena, Hotel Four Seasons
36
Um dos mais famosos restaurantes de Buenos Aires, no hotel
Panamericano, tem carta com
menos de 100 rótulos, só de
argentinos. Tem verticais de
Felipe Ruttini e de Catena Estiba
Reservada, com várias safras.
Na ponta de baixo, apesar de
ser um restaurante luxuoso, dá
várias opções de bons vinhos
baratos na faixa de 15 dólares,
algo que não se vê no Brasil. A
boa cozinha é contemporânea,
mas não inventiva, com certo
acento italiano, como a maioria
da capital argentina. O salão tem
classe. Só as taças poderiam ser
mais finas.
Carlos Pelegrini, 521
Microcentro, Buenos Aires
Um dos lugares mais agradáveis
para beber na capital argentina,
onde quase toda a decoração
remete ao vinho, com toques rústicos e certa sofisticação, como
as barricas de vinho de aparador,
os discos de vinil na parede e os
vitrais desenhados nas janelas.
A carta é bem interessante,
abrangendo cerca de 200 rótulos
locais, que vão do barato a ícones, com verticais dos principais
argentinos. As taças são boas, de
cristal. Para comer, oferece desde
entradas com caráter de petiscos,
em receitas trabalhadas, até pratos bem elaborados da cozinha
italiana.
Jorge Luis Borges, 1757
Palermo Soho, Buenos Aires
Cabernet
Passando pela estravagante recepção do moderninho hotel
Four Seasons de Buenos Aires,
com ambientes que vão do pop
ao brega, chega-se ao aconchegante e bonito salão do Helena,
com luz natural durante o dia e
meia luz à noite. A boa comida
contemporânea, focada em grelhados e em pratos italianos, faz
par adequado com a boa carta,
composta por mais de 100 rótulos argentinos, organizada por
uvas. O serviço tem boas taças
e a atenção de sommelier. Este
restaurante, sim, na lista dos top
50 da América Latina merece ser
conhecido.
Posadas, 1086
Recoleta, Buenos Aires
Um dos locais mais clássicos
e charmosos de Buenos Aires,
no final da outrora chic Calle
Florida. O bar é o espaço mais
aconchegante do hotel, totalmente reformado e agora na rede
Marriot. No ambiente no subsolo
com lambris e teto de madeira de
lei, além de cadeiras e poltronas
confortáveis é possível apreciar
a carta de aproximadamente 200
rótulos, sobretudo argentinos,
com serviço da antiga e preços
nada fora do normal. Os aromas
do vinho podem ser sentidos
enquanto se observa a belíssima
pintura com motivo equestre ao
fundo do salão.
Florida, 1005
Retiro, Buenos Aires
Bar do Hotel Plaza
Vinho&Cia
No. 71
37
Onde Beber
Entre os diversos restaurantes em
Puerto Madero ao longo do rio da
Prata, seria uma opção de cozinha de pescados e italiana para
quem quer dar uma escapadinha
das carnes, porém é provável
que chame mesmo a atenção
pelas porções gigantescas de
massas, peixes e frutos do mar.
Bem melhor é a boa carta, com
cerca de 100 rótulos argentinos,
vários baratos. Tem uma pequena seleção de vinhos de safras
antigas, boa para apreciar à meia
luz na varanda em taças de vidro
grosso, olhando a paisagem reurbanizada do rio, com a Puente de
La Mujer visível ao fundo.
Alicia Moreau de Justo, 410
Puerto Madero, Buenos Aires
La Cabrera
38
Sorrento
Está na lista dos 50 Best Restaurants da América Latina sabe-se
lá por que, talvez por ser todo
marketeiro. Na churrascaria com
cara de "cantina paulistana em
estilo portenho", pode-se apreciar a carta com menos de 100
rótulos, toda de argentinos, para
acompanhar a cozinha de grelhados quase sem sal, que vêm junto
com panelinhas de guarnições (o
que fez a fama da casa), como o
purê de batata com consistência
de mingau. Tem várias opções
de vinhos baratos e alguns mais
tops. As taças são de vidro patrocinadas por vinícolas locais e as
garrafas ficam em geladeira.
José Antonio Cabrera, 5099
Palermo, Buenos Aires
Vinho&Cia
Sucre
Entra na lista não propriamente
pelo lugar, mas por se tratar de
onde beber vinho acompanhado
da especialidade típica argentina. Fica cheio, brasileiros e
portenhos vão, muitos dizem que
faz as melhores empanadas de
Buenos Aires, mas gosto é gosto.
A decoração é de boteco mesmo,
bem rústica, com um certo ar
de mofo de porão. O lugar e o
atendimento são divertidos, para
quem gosta de bastante barulho.
A carta traz aproximadamente 50
rótulos argentinos, a maioria bem
baratos, organizados por produtor e servidos em grossas taças de
vidro ao calor do ambiente.
Posadas, 1515
Recoleta, Buenos Aires
No. 71
Está entre os restaurantes da
moda em Buenos Aires e é
mais um na lista dos top 50
da América Latina que não se
sabe por qual motivo figura lá.
O ambiente é todo moderno, à
meia luz, com música lounge em
som mais elevado e um enorme
e belo bar na lateral, onde hoje
se pode curtir uma carta muito
enxuta para estar numa lista de
bam-bam-bans, com cerca de 30
rótulos, só argentinos. Na mesa
não vem toalha, nem jogo americano. Da cozinha contemporânea
com acento italiano o bom é o
cheesecake de queijo de cabra
como sobremesa.
Antonio José de Sucre, 676
Belgrano, Buenos Aires
El Sanjuanino
+
39
Novo e Velho Mundo
As videiras e os vinhedos
X Velho Mundo
Novo Mundo
A
o colaborar com esta edição do Ano 10 do
Vinho & Cia, completo 8 anos de presença
no mesmo, com 60 artigos publicados
contando com este. Ufa!
Muitos deles, com adaptações, fazem parte de
meu livro “O Fantástico Mundo dos Vinhos”.
No início minhas contribuições diziam respeito à enologia em geral e ao Velho Mundo. No
meio do caminho, com as adaptações editoriais,
concentrei-me no título Conhecendo o Novo
Mundo.
Pareceu-me, portanto justificável a essa altura
fazer uma comparação retrospectiva das diferenças da vinicultura entre o Novo (NM) e o Velho
Mundo (VM).
Estamos acostumados a verificar diferenças
entre vinhos provenientes da Europa e os do Hemisfério Sul e dos EUA, por exemplo, entre um Syrah
australiano e um Hermitage, entre um late harvest
chileno e um passito italiano, entre um espumante
da Serra Gaúcha e um Prosecco italiano ou um
Cava espanhol...
40
Por isso mesmo, nos meus cursos e degustações
de vinhos do NM costumo começar com um quadro
comparativo entre as condições da vitivinicultura
da região em pauta e a europeia, que considero útil
para facilitar o entendimento do estilo diferenciado
entre essas duas origens.
Brindando a equipe editorial e os leitores deste
Guia no seu primeiro decênio, separei os comentários a seguir, constantes desse quadro, esperando
que lhes sejam úteis também. Saúde!
Euclides Penedo Borges
Diretor da ABS-Rio
[email protected]
Rio de Janeiro
Vinho&Cia
Do ponta de vista do vinhedo uma nítida diferença entre NM e VM se verifica na área plantada. As
pequenas áreas das vinícolas européias (Romanée
Conti não passa de 1,2 hectares, Clos de Vougeot
tem 50 ha) contrastam com vinhedos no NM em
geral muito extensos, sendo comum encontrar em
Mendoza, South Austrália e África do Sul vinhas
com 500 a 1500 ha, ou mais.
Vinhedos em uma área pequena têm uvas mais
homogêneas, com cada videira refletindo aproximada
mente todas as videiras do conjunto. Isso faz a grandeza bourguignon e médocain. Quando o vinhedo é
excessivamente extenso, com distâncias de mais de
um quilômetro entre fileiras, o resultado é médio, pois
as uvas da videira de um vértice podem ser significativamente diferentes daquelas da videira do vértice
oposto. Uma possível conseqüência é a procura de
sutileza em vinhos do VM e a robustez do NM.
A expressão
Particularmente importante em várias regiões
do VM é a perseguição pela “expressão do terroir”,
juntando nisso as condições de solo, tamanho e
inclinação do terreno, do micro clima e da exposição solar. A conquista da expressão do terroir leva
a sutilezas que contrastam com o aroma e sabor
pronunciados de vinhos ao estilo NM, resultantes
da procura pela “expressão da fruta”, preferidos
por muitos em todo o mundo.
A elaboração
A tendência no VM é para os métodos tradicionais,
passados de geração a geração, em que a elaboração
é tratada quase que como arte, ainda que com algo de
ciência. Com um mínimo de intervenções, se o vinho
sai superlativo e longevo, o mérito é do terroir.
Isso se contrapõe à inclinação do NM para a
tecnologia e para as intervenções no processo de
acordo com o produto que se deseja obter, com a
vinificação tratada como ciência, ainda que com
alguma arte. Se o vinho sai superlativo e longevo,
o mérito é do enólogo.
No. 71
O uso inicialmente de chips e agora de aduelas
para dar ao vinho certa nuance amadeirada, iniciado na
Austrália, é hoje universal, inclusive porque é utilizado agora no mosto e não mais com o vinho pronto.
A longevidade
Os VM tendem a ser melhores quando maduros
ou envelhecidos, enquanto que os demais se mostram jovens em condições sensoriais favoráveis.
Um grande Bordeaux é jovem aos 10 ou 12
anos, e Barolos e Brunellos tradicionais necessitam
de pelo menos uns 8 anos para se expressar plenamente. Já os australianos e sul-americanos estão
prontos com 3 a 4 anos, e no auge com 6 a 8 anos
após a safra. Os malbecs argentinos, de taninos
suaves e sedosos, não precisam mais do que 2 ou
3 anos após a safra, ainda que melhorem por igual
tempo depois.
As safras
O mérito dos melhores vinhos europeus tende
a ser do vinhedo, com pouca intervenção durante a
elaboração, o que justifica a sensível diferença entre
as safras e, em conseqüência, entre os preços de
um ano para o outro. No NM, além das condições
naturais favoráveis, boa parte do mérito é atribuída
ao trabalho do enólogo, que procura exercer tanto
controle no processo quanto seja permissível, colocando seus conhecimentos e talento para obtenção
de um produto final impecável. As diferentes safras,
ainda que influenciem, é claro, não têm o mesmo
grau de importância que se verifica no VM.
A homogeneização
Da troca de informações entre produtores, do
trabalho dos “flying winemakers” e com o trabalho
de avaliadores renomados, como Parker e Jancis
Robinson, além de revistas como a americana Wine
Spectator e a inglesa Decanter, acentuou-se certa
tendência à homogeneização, reduzindo diferenças
entre VM e NM. Isso está bem longe, porém, de
desmantelar as características diferenciadas de cada
região, para gáudio de nós, consumidores.
41
Velho Mundo
Walter Tommasi
Consultor e Palestrante
[email protected]
São Paulo
12 Tops de Sangiovese Provados
D
Tops de Sangiovese
entro da programação dos “Anteprimas
Toscanos 2014”, que será o tema de minha
próxima matéria, tive a oportunidade de
participar de algumas degustações paralelas. Entre
elas a que mais me agradou foi a organizada pela
Azienda Logonovo, de propriedade de Carlo Keller,
um apaixonado por vinhos que decidiu tornar um
hobby mais um de seus negócios.
Carlo adquiriu 200 hectares. Por ser área nova
e fora da região demarcada, não lhe foi permitido
produzir Brunellos, e, assim, decidiu elaborar seus
vinhos fora das denominações DOC e DOCG. Selecionou as variedade que em estudo da região se
deram melhor e partiu para o plantio dos parreirais
e a construção de sua vinícola.
A Logonovo concentrou seus esforços na
produção de vinhos com as seguintes varietais:
Sangiovese, Merlot, Sagrantino, Syrah, Malbec e
Petit Verdot. Hoje a sua linha de vinhos é composta
por Logonovo Annata, um corte de Sangiovese,
42
Merlot , Petit Verdot , Syrah e Sagrantino; e pelos
monovarietais Merlot da safra 2008, Sangiovese
2010, e Syrah 2011.
Carlo é definitivamente uma pessoa muito
tranquila e que humildemente busca oferecer vinhos top que possam ser comparados aos melhores
exemplares de cada varietal ou corte que decide
elaborar. Ele não tem medo de colocar seus vinhos
frente a frente com as badaladas marcas do mercado
em degustações feitas com os rótulos expostos. Ele
explica que estes eventos não têm como objetivo
fazer uma competição entre os rótulos, mas apenas
mostrar que seus vinhos são equivalentes em termos de qualidade aos grandes ícones. Foi em uma
destas degustações que tive o prazer de participar,
onde 12 exemplares, todos da mesma safra, foram
comparados por um importante grupo de jornalistas
do mundo inteiro.
No quadro estão os vinhos provados, com comentários para os acima de 90 pontos.
Vinho&Cia
Fontodi Flacianello della Pieve IGT - 15% de
álcool, 18 meses em barricas francesas - Rubi,
intenso, brilhante, sem halo. Olfativamente
limpo, austero, mineral, floral e violetas. Na
boca acidez cortante, taninos muito finos, bom
corpo, álcool ok, retrogosto frutado, com toque
ligeiramente mentolado. Incrível a qualidade
deste vinho, mesmo jovem já tem um balanço
de boca sensacional, e tudo para envelhecer
muito bem. Eu tomaria este vinho daqui a 10
anos. Nota 93
Montevertine Pergole Torte IGT - 13,5% de
álcool, 18 meses em bottes da Eslavônia, 6 meses de barricas francesas, e 6 meses de garrafa.
Violáceo ralo, sem halo. Austero, frutas negras
frescas, floral intenso, flores murchas, feno e sottobosco. Na boca acidez marcada, taninos muito
finos, corpo médio, retrogosto frutado com toque
de feno. Este vinho nunca decepciona, sempre
elegante, e muito gastronômico. Nota 93
Bibi Graetz Testamatta IGT - 14% de álcool,
18 meses de barrica francesa e 6 de garrafa.
Violáceo, média concentração, sem halo. Frutas
negras frescas, pimenta, borracha, ervas escuras,
terroso, e ligeiro tostado. Na boca, ótima acidez,
taninos finos já resolvidos, corpo médio, leve
ponta de álcool por conta de sua juventude, retrogosto trazendo cereja no licor e ligeira baunilha.
Um vinho sensacional. Nota 92
No. 71
Isole Olena Ceparello IGT - 14,5% Rubi,
violáceo, média concentração, sem halo. Frutas
vermelhas maduras, couro, terroso, sottobosco
e madeira. Na boca, ótima acidez, taninos finos
ainda não prontos, corpo delicado, elegante
retrogosto frutado com framboesa. Precisa de
mais descanso em garrafa. Nota 91/2
Felsina Fontalloro IGT - 14% de álcool, 20 meses em barricas e 10 meses de garrafa. Rubi indo
para granada. Olfativamente, floral, violetas,
terroso, mineral. Na boca ótima acidez, taninos
presentes, corpo médio, retrogosto ligeiramente
herbáceo. Grande vinho, mas já tomei safras
mais interessantes. Nota 91
Logonovo Centopercento IGT - 15%, violáceo,
alta concentração, sem halo. Frutas vermelhas
maduras e frescas, violetas, leve toque de feno,
limpo. Na boca, ótima acidez, taninos finos
ainda verdes, corpo médio, sedoso, elegante,
retrogosto frutado. Um vinho com conceito mais
moderno, mas muito agradável e quase pronto
para o consumo. Nota 91
La Fiorita Brunello di Montalcino - Nota 89
Podere Forte Petrucci Orcia - Nota 89
San Giusto Rentenanno Percarlo IGT - Nota 89
Le Casalte Quercetonda
Nobile di Montepulciano - Nota 88
Poggio Scalette Il Carbonaione IGT - Nota 88
Seghesio Venom Sonoma - Nota 87
43
Velho Mundo
O
Piemonte é uma grande referência de
qualidade, quando o assunto é vitivinicultura. A região produz o Barolo, tinto
de grande fama e longevidade. Um vinho cuja
estrutura combina perfeitamente com preparos da
culinária regional piemontesa, ricos em calorias,
aromaticidade e sabor. Pratos que sustentam uma
enogastronomia marcante, exercida e multiplicada
mundo afora.
A palavra diversidade é, seguramente, a que
melhor sintetiza o perfil da vitivinicultura italiana.
Num território com superfície de 301.263 km2, área
ligeiramente maior que a do estado do Rio Grande
do Sul, em 2012 o país cultivou 769 mil hectares
de videiras, segundo números ainda provisórios,
consultados em março deste ano, da Organização
Internacional da Uva e do Vinho – OIV. Nessa
superfície estavam plantadas, também no ano retrasado, 472 diferentes variedades de uvas, entre
autóctones e internacionais, segundo dados do
Registro Nazionale delle Varietà di Vite, elaborado
pelo Ministerio delle Politiche Agricole Alimentari
e Forestali italiano.
No Piemonte estão 16, das 73, Denominazione
di Origine Controllate e Garantite - DOCG da
Itália. E 42, das 330, Denominazione di Origine
Controllate - DOC. As informações são do site
quattrocalici. Barolo é uma DOCG. Assim como
Barbaresco e Asti, esta última, onde se produz o
famoso espumante doce elaborado com uva Moscatel. Tintos de Barbera, o vinho cotidiano dos
piemonteses, também figuram nas DOCGs e DOCs
locais. Assim como de Dolcetto, outra uva típica
local. No departamento dos vinhos brancos, Gavi
ou Cortese di Gavi é uma importante DOCG.
Localizado no noroeste italiano, o Piemonte
muitas vezes é comparado à Borgonha. Os vinhos
são basicamente monovarietais, a exemplo da
região francesa. E há vinhedos de qualidade comprovada nos séculos, como Cannubi, Sarmassa e
Brunate, para citar alguns. São verdadeiros crus. As
44
Barolo
Por essas características, o Barolo é chamado
de vinho de meditação. É inadmissível bebê-lo em
goles grandes e contínuos. Um Barolo se bebe aos
poucos, tirando o máximo que ele pode oferecer. É
como fumar um grande charuto. O tempo de consumo de um Barolo é dividido com o pensamento,
um exercício de relaxamento e prazer.
João Lombardo
Jornalista e sommelier
[email protected]
Florianópolis
O Barolo à mesa
castas, claro, são diferentes. A Nebbiolo é a rainha
do Piemonte, uva tinta que gera o chamado “Rei dos
Vinhos e Vinho dos Reis”, o grande Barolo.
O Barolo não é um vinho fácil. Seu estilo tradicional é austero, com acidez e taninos marcantes.
Um Barolo tradicional precisa dos anos para aparar
suas arestas. Deve-se esperar pelo menos de oito
a dez anos de envelhecimento a partir do ano da
colheita para abri-lo. A partir daí, o que se encontra
é um vinho intenso, marcante, um ícone italiano.
Ao nariz, os grandes Barolos, maduros, apresentam aromas de frutas negras e especiarias, que
remetem muitas vezes à noz moscada, pimenta e
à canela. Notas terrosas, de cogumelos, e florais
de violetas secas também se apresentam ao olfato.
Toques balsâmicos e de alcaçuz são outros descritores encontrados nas camadas aromáticas do vinho.
Além de couro, tabaco, cacau. Em boca, o Barolo
mostra porque é longevo. A acidez é plena, os taninos, ainda que macios, estão sempre presentes. O
volume de boca é amplo, o final, longo. Um vinho
que fica pedindo outro gole.
Vinho&Cia
O Barolo é um vinho também para a mesa. Ele
é perfeito na companhia dos grandes pratos piemonteses. A culinária local é consideravelmente
diferente da culinária de outras regiões italianas.
Nela há entradas como Vitello Tonnato (rosbife
coberto com uma maionese à base de atum), Batuta di Vitello al Coltello (carne de bovino jovem
picada à faca, servida crua) e Bagna Cauda, uma
espécie de fondue local feito com azeite, manteiga, alho e anchovas. Os tartufi Bianchi ou trufas
brancas são a grande iguaria piemontesa. Elas
enriquecem pratos à base ovos, arroz, carne e o
delicioso tajarin. As carnes cozidas longamente
em vinho e os miúdos fazem parte dos pratos
de resistência. Entre as sobremesas se destaca
a cremosa panna cotta, um doce feito à base de
creme de leite fresco cozido.
O Brasato al Barolo é um prato preparado
com o vinho que lhe empresta o nome. Um corte
de carne é marinado em Barolo, com cebola,
cenoura, salsão, ervas aromáticas e especiarias,
como o cravo, a canela e a pimenta negra. Esse
corte é cozido por horas, na marinada. Depois a
carne é fatiada e regada com o molho resultante
do cozimento. Um par perfeito com o rei dos
vinhos.
O risoto de queijo Fontina com trufas brancas também encontra parceria com o vinho dos
No. 71
reis. Os piemonteses comem muito arroz e
pouco massa. Nesse risoto, as trufas brancas de
Alba acrescentam seu sabor mineral ao Fontina
(utilizado para fazer a fonduta, outra espécie de
fondue do norte da Itália) e ao cremoso arroz.
O resultado é outro prato de personalidade, que
pede um vinho com igual perfil.
La Finanziera, um prato exótico e muito diferente, pode ser acompanhada pelo Barolo. Ela
é preparada com miúdos bovinos, como fígado,
rins e timo. Leva também crista de galo, cogumelos frescos e vinho. Um preparo encorpado,
de sabor intenso, criado na Idade Média e que
se encontra apenas nos restaurantes tradicionais
piemonteses.
45
Novo Mundo
O terroir da Virginia
Denise Cavalcante
Jornalista
[email protected]
São Paulo
A região vinícola da Virginia
Q
uem vai visitar os Estados Unidos pode
incluir uma linda região vinícola em seu
roteiro, há duas horas de distância de carro
de Washington, ou há sete de Nova York. O estado
da Virginia tem mais de 250 vinícolas, em uma
área geográfica muito bonita, algumas produzindo
vinhos interessantes, embora a maioria seja muito
simples. A maior parte da sua produção é consumida no próprio estado, mas é considerada uma
região em ascensão neste país.
A produção vinícola na Virginia começou há
400 anos na região chamada Jamestown, quando
imaginavam que os Estados Unidos poderiam ser
um bom fornecedor de vinhos para o império britânico. Na época da colonização, em 1619, uma lei
determinava que cada homem que se estabelecesse
no local deveria plantar e cuidar de ao menos 10
vinhas. Apesar de ser um plano interessante, não
foi muito longe.
Dois séculos mais tarde, na esperança de realizar
a promessa dos vinhos da Virginia, o ex-presidente
norte-americano Thomas Jefferson, grande apreciador de vinhos europeus, se esmerou no cultivo de
uvas viníferas europeias nos vinhedos de Monticello, sem no entanto conseguir produzir nenhuma
garrafa. Todos os esforços de plantar vinífereas
europeias em terras norte-americanas foram em vão
ao se depararem com a Phylloxera e outras doenças
no novo meio ambiente. Os norte-americanos então
46
perderam o interesse neste cultivo e se concentraram
na produção de cerveja e whisky.
No final do século 19, rótulos produzidos com
algumas de suas uvas nativas se destacaram em
feiras de vinho na Europa. Um exemplar feito com
uma uva nativa da Virginia, a Norton, foi nomeado
“o melhor vinho tinto de todas as nações” na feira
internacional de Viena, em 1873. Foi dada também
uma medalha de ouro para outro vinho feito com a
Norton na feira internacional de Paris em 1889. A
constatação de que viníferas estavam se revelando
produtivas na região deu impulso à indústria vinícola, logo destruída pela Lei Seca nos anos 20.
Hoje essa indústria está voltando. Nos últimos
40 anos o número de vinícolas no estado aumentou
de 5 para 275. Nos anos 70, seis importantes novas
vinícolas se estabeleceram na região, e a indústria
recomeçou a florescer. Em 1976, o viticultor pioneiro Gianni Zonin começou a produzir na região
de Charlottsville e ajudou vários outros nesta
atividade. Em 1995 o estado já tinha 46 vinícolas.
Atualmente a Virginia Viognier já se tornou um
termo aceito entre especialistas, devido à sua qualidade, sendo considerada a uva ícone da região,
assim como a Cabernet Franc e a Norton.
“Não podemos ser como a Califórnia, mas
podemos ser a capital na Costa Leste dos Estados
Unidos para vinho e turismo vinícola”, comentou
um secretário da agricultura do Estado.
Vinho&Cia
O clima e paisagem da Virginia criaram
cinco regiões vinícolas principais: Appalachian
Plateu; Appalachian Ridge; Valley Region; Blue
Ridge; Piedmont and Atlantic Costal Plains. O
clima não é nem muito frio nem muito quente,
mas o problema na região são as ventanias e
tempestades, que em geral começam em agosto,
época de início da colheita, obrigando alguns
viticultores a colher suas uvas antes do tempo.
A Virginia permite, por isso, a chaptalização dos
vinhos para alcançarem a graduação alcoólica
desejada. Os verões quentes ajudam a amadurecer variedades tardias como Petit Verdot e
Norton, na maioria das safras. Nas safras quentes, os vinhos podem ser ricos e amadurecidos,
mas lhes falta acidez, estrutura e personalidade.
Recentemente o crítico Steven Spurrier afirmou
que “a Virginia é uma região vinícola emergente
e está melhorando com o tempo”.
O solo da Costa Leste parece que é mais
apropriado para a produção de vinhos frescos,
leves e bem frutados: Chardonnay, Pinot Grigio
e Merlot obtêm bons resultados por lá, apesar
de algumas vinícolas estarem se surpreendendo
com a Petit Verdot. A oeste do estado, a cadeia
de montanhas Blue Ridge ajuda a bloquear a
alta umidade, resultando em um clima mais
frio e mais seco, adequado ao cultivo de uvas.
As brancas desta área têm mais acidez e frescor
em comparação com as de outras regiões. As
uvas clássicas de clima frio, como Riesling,
Chardonnay, Cabernet Franc e mesmo Pinot
Noir, mostram um bom equilíbrio entre fruta
fresca e acidez.
Amostra de 5 vinhos
White Hall Reserve Chardonnay 2008
Monticello – vinho leve, com a untuosidade de
Chardonnay mas com algo que lembra Riesling.
Delicado, pouca estrutura, mas redondo.
White Hall Cuvée de Champs 2009 Monticello
– Petit Verdot, Merlot, Cabernet Sauvignon,
Cabernet Franc e Malbec – interessante corte,
produziu um vinho estruturado
Malbec Horton Orange County 2011 – fraquíssimo. Ninguém pode imaginar Malbec tão
sem conteúdo, parecendo Gamay!
Rockbridge Meritage 2008 Dechiel Reserve –
Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot e Malbec. Um tanto desequilibrado.
Jefferson Vineyards Cabernet Franc Monticello
– Ótimo vinho, mostrando que o potencial de
tintos da região está no uso da Franc.
No. 71
47
Novo Mundo
Vinhos da Terranoble
Vinhos pensados para o
consumidor, do vinhedo à taça
A
moderna vitivinicultura chilena a cada
dia se aprimora, versátil e exploradora de
novos terroirs. O Chile vem se projetando
como um país que prima pela qualidade de seus
vinhos.
Agora está mais segmentado e didático, depois
que foram criadas as três D.O.s para expressar as
características marcantes de terroirs dentro de uma
mesmo vale: Costa, Andes e Entre Cordilheiras.
O título deste texto é o lema da Terranoble,
vinícola que tem se expandido fortemente no Chile.
Teve no ano de 1993, no Maule, seu nascedouro, e
hoje com cerca de 360 ha têm vinhas também em
Casablanca e Colchagua. Ela mesma já caracterizava seus vinhos provindos destes vales, como
os ótimos Carmenères CA1 e CA2, em que nos
próprios rótulos havia desenhos específicos, com
o primeiro Andes e o segundo Costa.
Estive em vista a seus vinhedos de Casablanca,
em Algarrobo, a convite da Brandabout, da qual já
48
falei em outros textos, e que tem feito excelente trabalho, mostrando todo o potencial do agronegócio
aos jornalistas da área.
Com 70ha, a Terranoble planta Pinot Noir em
solos vermelhos antigos, um verdadeiro desafio,
além de Sauvignon Blanc, Chardonay e Riesling.
Estes solos existem em todos os vales, mas em
Casablanca expressam muito bem o terroir.
Algarrobo é uma das zonas mais frias de Casablanca, onde o terroir aparece firme, com frutados
e frescor. Pude ver também o cuidado com a preservação e sustentabilidade que norteia a vinícola
em seus procedimentos, não apenas neste vale,
mas em todos.
Disseram-me Ignácio Conca, seu enólogo chefe, e Gonzalo Badilla, export manager, que estão
se preparando para em breve terem o melhor Carmenère do Chile, este proveniente do Maule.
Com relação à sustentabilidade e ao respeito
ao meio ambiente, a Terranoble em parceria com o
Vinho&Cia
Degustei toda a linha de produtos, desde
os de entrada, os Terranoble Classic, passando
pelos Terranoble Reserva, Reserva Terroir e os
Gran Reserva, estes bastante conhecidos aqui no
Brasil. Foi uma jornada longa, creiam-me.
Os Carmenères típicos de cada terroir, os
CA1 e CA2, ambos do Colchagua, passam por
barricas francesas por 12 meses e neles nota-se
nitidamente a diferença entre os mais próximos
da montanha e do mar.
Sua linha designada Ultra Premium, aliás
fantástica, é um projeto somente para anos com
safras especiais: são os Lahuen Red e Blue Label, além do Kaikun. Lahuen é o nome de uma
árvore milenar e autóctone do sul do Chile;
o Red, corte de Carmenère, Syrah, Cabernet
Sauvignon e Malbec, com uvas do Maule, com
uma maciez e equilíbrio únicos, que passam por
barricas por 12 meses; o Blue Label, é corte de
Cabernet Sauvignon em sua maioria e Syrah,
forte e expressivo, com uvas de Colchagua, e
também passa por barricas novas francesas por
12 meses.Também nesta linha Ultra Premium
degustei o Pinot Noir de Casablanca Kaykun,
com toda a delicadeza que o terroir frio transmite para esta casta.
Os meus preferidos foram os CA1; CA2 e
Lahuen Red.
governo regional do Maule, a universidade do Chile
em Talca e um criatório, o Chicureo, protege e ajuda
a reproduzir a espécie de papagaio Loro Tricaue
(Cyanoliseus patagonus), em risco de extinção.
Belo trabalho este.
A Terranoble exporta para o Brasil, inclusive
um Late Harvest, que não cheguei a degustar
quando da visita. É aqui representada e distribuída
pela Decanter. Vale a pena conferir sua linha. Até
o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão
Colunista
[email protected]
São Paulo
No. 71
49
O Que Harmoniza
Todo o Vinho
Sérgio Inglez de Souza
Gilvan Passos
Escritor e consultor
Consultor e colunista
[email protected]
Natal
[email protected]
São Paulo
E
ram tempos imemoriais. As videiras cresciam livres na natureza e trepavam nas
árvores das florestas primevas em busca de
mais sol e, na época da produção, frutificavam em
muitos cachos ao longo das suas ramagens. O calor
do verão havia trabalhado na maturação das uvas,
que agora estavam exuberantes e chamativas.
Dos aldeamentos, os homens primitivos penetravam nas florestas para encontrar as videiras,
e dela faziam a coleta de frutos trazendo cestos
repletos de cachos de uva madura, que eram armazenados em ânforas cerâmicas.
Para consumir, com a peculiar rudeza da época,
as pessoas apanhavam bruscamente os cachos de
cima da pilha dentro da ânfora, sempre amassando
bagas dos cachos inferiores, cujo suco escorria para
o fundo, formando um mosto primitivo de caldo
e restos de uvas. Terminados os cachos de uva de
uma ânfora, uma mulher despejava fora o suco e
os detritos restantes e, depois de lavá-la, deixava-a
preparada para receber nova coleta de uvas.
Certa vez, não mais que certa vez, estando
a tal mulher menos ágil ou mais contemplativa,
antes de derramar aquele restolho acumulado no
50
A raiz histórica
do vinho
fundo, chegou seu rosto à boca da ânfora para
verificar o volume, quando – qual não foi a sua
surpresa – subiram aromas muito atraentes que
marcaram decididamente a sua cacidade olfativa.
Ocorre que o caldo de uva esmagada na presença
de cascas, onde estavam alojados os fermentos
naturais, com a ajuda da temperatura, sofreu
processo de fermentação de seus açúcares e se
tornou vinho.
O líquido do fundo da ânfora exalava buquê
muito perfumado, ora lembrando flores, ora frutos... Enfim, um conjunto de aromas complexo e
extremamente agradável.
Olhou para um lado, olhou para o outro e, como
não tinha ninguém espionando, deitou a ânfora e
sorveu um pequeno gole do líquido. Deliciada e
animada, sorveu mais, e mais. As demais pessoas
foram chamadas e, também, sorveram seus goles.
Todo aldeamento bebeu do líquido da ânfora, experimentando uma sensação nova de alegria, uma
euforia muito diferente.
Uma nova bebida estava descoberta – o vinho
– que seria o grande companheiro da alegria da
humanidade para o resto dos tempos!
Vinho&Cia
N
essa imensa vitrine de rótulos que é o
gigantesco mercado global de vinhos,
existem apenas dois fins para esta tão diversificada bebida. Há vinhos para impressionar e
vinhos para harmonizar, sendo a segunda, a razão
maior de existência do fermentado de Baco. Se o
mesmo vinho cumpre essas duas funções, tanto
melhor, porque, seja apreciado solo, ou com seu
prato cara-metade, resultará grandioso para o nosso
bel prazer. Mas, se sua força demasiado alcoólica,
taninos doces (sobre-maduros) e baixo frescor
tornam-no um vinho anabolizado, inadequado à
mesa, é uma lástima.
Não por acaso, os vinhos surgiram originalmente em locais muito particulares da Europa, para sintetizar e atender uma demanda cultural local, com
especial ênfase para a gastronomia. É exatamente
com base nessa verdade inconteste que se dão por
certas e seguras as harmonizações regionais, nas
quais pratos e vinhos de uma determinada região
combinam-se como feitos um para o outro.
Os vinhos mais notáveis do Novo Mundo
surgiram no encalço dos grandes vinhos europeus, trazendo, em alguns casos, excentricidades
No. 71
Para que servem
os vinhos
organolépticas para os tornarem perceptíveis num
universo de iguais, notabilizando-se pela força, que,
desmedida, gera falta de elegância. Vinho que se
preze, faz bonito aos sentidos, quer esteja só, quer
esteja acompanhado de um prato, porque, como
dizia o genial professor Émile Peynaud (19122004), um dos mestres da vitivinicultura moderna,
“se existem vinhos ruins, é porque existem maus
bebedores”.
Tão indissociáveis são os alimentos e os vinhos que quando adequadamente harmonizados
fundem-se com tal grandeza de sabor, de modo
que não mais os concebemos separadamente, mas
como unidade. É exatamente essa combinação
que transforma, muitas vezes, vinhos simples em
vinhos especiais e pratos comuns em pratos únicos.
Mas o contrário também é verdade. Achar que só
porque é especial o vinho beneficiará qualquer
prato é um dos erros mais comuns, porque não é o
vinho nem o prato que engrandece o conjunto da
obra, mas a sinergia entre ambos, a combinação de
suas características, que quando juntas equilibram
distorções e fortalecem valores. Eis porque é tão
difícil chegar à harmonização perfeita.
51
Vinho na Academia
Carlos Arruda
Academia do Vinho
[email protected]
Belo Horizonte
São Pedro
e os preço$
N
as últimas safras, os vinicultores franceses
vêm sofrendo com os caprichos do clima.
Em 2012 e 2013 São Pedro castigou os
vinhedos com geada e granizo na fase de brotação,
depois com seca e calor na maturação das uvas.
Inesperadas tempestades de frio e gelo atingiram
as plantas recém brotadas, dizimando os futuros
cachos de uvas.
As perdas em Chablis foram de 50% a 100%,
bolas de gelo do tamanho de limões despencaram
52
como em um bombardeio. Há quem diga 150%,
porque uma parte das plantas foi tão agredida que
se torna impossível sua recuperação completa para
a próxima safra. Somente em 2015 a produção voltará ao normal. Os preços dos vinhos da Borgonha
subiram entre 25% e 40% por motivos similares.
Na garrafa, os Chablis 2012 não têm a qualidade
das safras anteriores, e a produção foi bem menor.
Resultado: Preços altos e poucas garrafas no mercado. Um dos maiores produtores de Petit Chablis
me disse estar com estoque zero, não houve safra
2013. Para os pequenos produtores, os artistas, é
uma situação muito difícil, pois não têm faturamento suficiente para financiar a próxima safra. Com a
palavra os bancos...
O ano de 2013 foi particularmente terrível. Em
Bordeaux, as chuvas do inverno se prolongaram
por 30 dias além do normal, atrasando a brotação.
Seguiram-se calor e seca, o volume de produção
foi menor e a qualidade despencou.
Vinho&Cia
Muito bem, e o que nós consumidores podemos
esperar de tudo isso? Vejamos o que ocorre por trás
dos bastidores.
Do nosso lado, os importadores brasileiros, já
acostumados com a pesada carga tributária brasileira, estão digerindo o aumento do câmbio ocorrido
entre agosto e setembro de 2013, da ordem de 20 a
22%, resultado tardio de queda em nossa economia.
Esse momento coincidiu com um grande volume
de importações: tradicionalmente os pedidos para
as vendas de fim de ano acontecem após as férias
de julho na Europa. As importações já chegaram
com um aumento que inevitavelmente teve de ser
repassado para as garrafas à venda no segundo
semestre em nosso mercado.
Ok, absorvemos isso, tivemos nosso Natal enológico e seguimos em frente, certo? E será que...
As coisas vão piorar?
Sim, e explico exatamente por quê. Com o
volume reduzido de produção entre 2012 e 2013,
os negociantes e atacadistas franceses já subiram
os preços dos vinhos em estoque, das safras 2010 e
2011, para compensar a perda futura de faturamento
pelas vendas menores das safras 2012 e 2013. Os
importadores então têm de comprar os mesmos
vinhos mais caros, para não ficar sem estoques
para venda em 2014.
No. 71
Deu para entender? O Euro subiu, agora o
vinho subiu, então os preços em Reais dos vinhos franceses, particularmente da Borgonha e
Bordeaux, ficarão por volta de 50% acima dos
de junho de 2013. A situação é irreversível, e
em 2014 temos de comprar vinhos um pouco
mais simples para pagar os preços a que estamos
acostumados.
Além disso, ainda pairam duas nuvens negras:
1- Dedos cruzados para as condições e o resultado da safra 2014. Em Bordeaux, após as ótimas
safras de 2009 e 2010, a de 2011 já não foi tão
boa, seguida por 2012 fraca e 2013 ruim. Fala-se
em um “triênio terrível”, comparado aos anos 91,
92 e 93 de péssimas safras na França.Com todas as
alterações climáticas dos últimos tempos, mesmo
a estatística não pode garantir boa safra em 2014.
Rezemos.
2- Do nosso lado, os fatos e boatos sobre
corrupção e maquiagem de números na economia
brasileira apontam para um aumento inevitável na
inflação, que afetará o câmbio, que incidirá mais
ainda nos preços de importação.
A conclusão é temerosa e a prece, quase desesperada: São Pedro, dai-nos boas safras, Santa Urna,
dai-nos melhores administradores!
53
Viajando com Vinho
O Borgo San Felice na região de Chianti Clássico,
na Itália, é digno de lembrança. O local parece
uma aldeia medieval, mas com o glamour da atualidade: vinhas, adega e restaurante de culinária
mediterrânea.
Viagem de Rainha
(ou de Rei)
O
s amantes da uma bela viagem podem
escolher seus destinos e roteiros pelas paisagens, pelos museus, pelos vinhos, pelos
restaurantes, pelos hotéis... e Hotéis! Isto mesmo,
hotéis com H maiúsculo!
Nessa linha, há 60 anos um grupo formalizou
um “conceito” de hospedagem ao redor do mundo
e criou uma grife de hotéis e restaurantes de charme: Relais & Châteaux. Hoje são 560 unidades em
60 países, desde os tradicionais na Europa até os
exóticos na Ásia e Índia.
Todos os hotéis mantêm seu estilo, seu charme,
cada um com sua característica, seu apelo, sua
graça... e administração própria.
No Velho Mundo, a França conta com o maior
número de associados. Alguns são literalmente
castelos. O Château de Curzay, em Curzay-surVonne, e o Château de Locguénolé, em Kervignac,
nos remetem diretamente aos contos de fadas com
Rainhas e Reis.
Alguns dão especial tratamento ao vinho, ou
têm vinícolas agregadas ao empreendimento, ou
são belos apêndices dos vinhedos, ou ainda têm
restaurantes de alta cozinha, como podemos ver
na página ao lado.
54
O Brasil conta com quatro hotéis associados à
marca: o Santa Tereza, no Rio de Janeiro, o Ponta
dos Ganchos Resort, em Governador Celso Ramos
(SC), o Saint Andrews, em Gramado (RS) e o Txai
Resort, em Itacaré (BA).
Para ajudar na sua escolha, consulte o Guia da
Edição 2014 “Relais & Châteaux – All around de
world, unique in the world – 60 years of history”,
ou, se for internauta, navegue pelo site:
http://www.relaischateaux.com/pt
Boa estadia!
Nos Estados Unidos, o Auberge du Soleil, no
Napa Valley, está encravado num bosque de oliveiras e parreiras. Para relaxar, conta com um spa,
onde o enfoque é tratamentos com produtos da
própria terra, como uva, azeitonas, ervas, flores,
lama e minerais. Depois... nada melhor do que um
jantar mediterrêneo com vinhos da sua adega, que
conta com 15 mil garrafas.
Já no Cone Sul, o Chile tem três associados. Ao sul
de Santiago, no Vale do Colchagua, em Santa Cruz,
encontramos o Lapostolle Residence, que propõe
uma imersão na natureza com passeios por trilhas
entre as vinhas, e, para nos conquistar, degustação
na adega privada.
Na Argentina, em Mendoza, ao pé da inesquecível
Cordilheira dos Andes, está o Cavas Wine Lodge.
Como o próprio nome diz, busca agradar os mais
exigentes amantes de nosso bebida de Baco, tanto
pelos passeios na região como pela bela paisagem
local.
Adriana Bonilha
Colunista
[email protected]
São Paulo
Vinho&Cia
No. 71
55
Vinho é Arte
Rumo à
África do Sul
S
ão dez anos de Vinho & Cia e Vinho & Arte,
e vinte anos de Porto Brasil Viagens. Como
um presente (cheio de trabalho), escolhemos
um destino para celebrar as conquistas com nossos
clientes, que representa bem os nossos conceitos,
de descobertas, de wine experience, natureza, surpresa, sonho... Então: África do Sul!
E assim começamos o projeto do Tour Premium,
cuja viagem acontecerá de 15 a 27 de agosto.
Com a tarefa de escolher hotéis, vinícolas,
restaurantes, e preparar muitas das surpresas que
Paarl
Maria Amélia Flores
Enóloga
[email protected]
Porto Alegre
acontecerão na viagem, embarquei há pouco para
um “bate-volta” a essa bela terra! E o magnífico é
se surpreender não só com as paisagens, mas com
a gastronomia e a extrema cordialidade de um
povo que já sofreu tanto e hoje o que quer é viver,
trabalhar e ser muito feliz!
Com base nessa viagem, apresento aqui na
sequência algumas regiões de vinho sul-africano
que vale a pena conhecer.
Escreva para mais informações:
[email protected]
Histórica e famosa pelos vinhos de colheita
tardia (como da pioneira Nederburg), assim como
pelos míticos Syrah e pela prática biodinâmica
(como a Avondale), a pacata Paarl é visita obrigatória para os apaixonados por vinhos. As paisagens são lindíssimas, e as vinícolas marcam pela
arquitetura de influência alemã e holandesa. Lá o
turismo é bastante enogastronômico. Prepare-se
para beber e comer bastante, apreciando a natureza:
você prova muitos queijos na Fairview e depois se
delicia na Spice Route. Nesta, um complexo com
chocolateria, cervejaria, pizzaria e até degustação
de vinho com chocolate esperam por você.
Stellenbosch
Sem dúvida, talvez uma das mais belas paisagens do mundo do vinho. São montanhas, vales,
um festival de cores, jardins perfeitamente organizados e um atendimento impecável: assim é o
enoturismo em Stellenbosch. Com marcas clássicas, como Delaire Graff, Rust en Vrede (talvez um
dos melhores vinhos que degustei no país) e Neil
Ellis, é um vale para visitar com bastante tempo.
Mesmo considerando a Pinotage, a mítica e mais
conhecida uva nacional, o destaque fica com vinhos
elaborados com as uvas Cabernet Sauvignon, Syrah
e Sauvignon Blanc.
Regiões da África do Sul
Constantia
Localizada próxima ao centro da Cidade do
Cabo, é uma das mais importantes regiões vitivinícolas da África do Sul. É a terra do mítico "Vin de
Constance" (bebido até por Napoleão Bonaparte)
e também dos modernos Sauvignon Blanc (com
destaque para a fabulosa vinícola Steenberg).
Muito arborizada, tranquila, Constantia reúne
bons hotéis e muitas opções de atividades – inclusive o tradicional jogo de cricket. Fiquei hospedada
no Hotel Le Vineyard, cuja vista para a Table
Mountain, a decoração e o conforto das acomodações, além da alta gastronomia, o tornam um ponto
de partida perfeito para desfrutar a região.
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Franschhoek
Este vilarejo charmoso e romântico assim
tornou-se por ter sido colonizado por franceses.
"Le Quartier Français" e "Le Grand Provence" são
alguns exemplos dos nomes de hotéis e vinícolas.
Suas ruas lembram o centrinho de Campos do Jordão e Gramado, com suas lojas cheias de charme
e presentinhos. Os vinhos têm a mesma influência
francesa, principalmente Rhône. Franschhoek é
ótimo ponto de hospedagem para visitar Paarls e
Stellenbosch, mas também não deixe de ir a Boekenhoutskloof, que elabora os clássicos Porcupine,
The Chocolate Bloch e The Wolftrad.
Vinho&Cia
No. 71
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Vinho sem Fronteiras
No centro do Piemonte
Aguinaldo Záckia Albert
Degustadores sem Fronteiras
[email protected]
São Paulo
Para uma refeição leve acompanhada de um
bom Barbera, num ambiente jovial e com mesinhas
na calçada, o Vincafé (www.vincafe.com) é uma
boa pedida.
A posição geográfica de Alba facilita a visita
aos melhores produtores piemonteses. Algumas
sugestões: Ceretto, Marchesi di Barolo, Batasiolo,
Pio Cesare e Montezemolo.
G
randes vinhos e ótima comida andam de
mãos dadas pela Itália, cuja única rival nesse aspecto é a França. A região do Piemonte foi abençoada com alguns dos melhores vinhos
da “bota” além de uma gastronomia invejável. Um
tour por essa bela região montanhosa, que abrange
Barolo e Barbaresco, situada na porção mais ocidental do país, que faz fronteira com a França e a
Suíça, é uma verdadeira festa para os amantes da
boa mesa, e é o que nosso grupo “Degustadores sem
Fronteiras” tem realizado regularmente.
A capital da região é Torino, mas quando o
assunto é vinho e gastronomia, a cidade chave
é Alba. É uma pequena cidade na qual se pode
caminhar calmamente por suas ruas de pedestres
desfrutando de um comércio sofisticado, pleno
de lojas de alimentos finos, vinhos, restaurantes,
praças agradáveis e monumentos históricos.
Os meses de outubro e novembro – época da
“caça” ao tartufo – são os ideais para visitá-la.
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Nesse período acontece a Fiera Internazionale del
Tartufo Bianco D’Alba, que atrai gourmets de todo
o mundo. A feira é sensacional e os restaurantes
oferecem pratos deliciosos feitos com essa rara (e
cara) iguaria.
Come-se muito bem em Alba e arredores, e
há restaurantes para todos os bolsos. O Ristorante
Trifula Bianca fica em Vezza D´Alba, a uns 10 km
de Alba. É um restaurante grande e simples, mas
com comida e atendimento formidáveis. Nosso
jantar lá foi memorável: Carpaccio com Tartufo
Bianco, de entrada, e uma deliciosa Tagliatelli com
Formaggio Fonduta e Tartufo Bianco. Acompanhados, respectivamente, de um Arneis Langhe DOC
e de um Barbaresco Asij 2005, ambos do produtor
Ceretto. De lamber os beiços.
Já no centro histórico de Alba, indo e voltando
a pé do hotel sem nenhum “grilo” de ser multado,
há vários outros. O Enoclub Ristorante (www.
caffeumberto.it) fica na Piazza Savona, a mais
Vinho&Cia
central e importante da zona turística, escondido
num porão amplo e muito bem decorado. Ótima
comida, atendimento de primeira e excelente
carta de vinhos. No andar térreo se situa o Caffè
Umberto, do mesmo dono, um simpático bar a vin
que serve refeições muito boas, mas sem a pompa
do ristorante do porão. Vinhos em taça ou em garrafa. Muito bons também, com ótimos “piatti del
territorio”, são os restaurantes La Libera (www.
lalibera.com) e o simpático Osteria dell’Arco
(www.osteriadellarco.it).
Se você for um amante do vinho, certamente
irá visitar produtores em Barolo e Barbaresco.
Nesse caso, em Barbaresco, terra do grande Angelo
Gaja, entre uma e outra visita, encare uma refeição
farta e saborosa na Trattoria Antica Torre. Mas
se estiver em Alba, ande alguns quilômetros e
vá ao espetacular La Ciau del Tornavento (www.
laciaudeltornavento.it/ita), em Treiso. Muitos
preferem ir à hora do almoço, para melhor apreciar
a deslumbrante paisagem, mas é também uma boa
pedida jantar lá.
No. 71
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O Que Há de Novo
Kiwi por
excelência
T
udo começou com um container. No interior
daquele box, mil caixas de vinhos sortidos
(12 garrafas em cada): 1/3 de Pinot Noir e
2/3 de Sauvignon Blanc, que acabavam de chegar
vindos do outro lado do mundo, da longínqua Nova
Zelândia (NZ). Eram meados de 1999, nascia a Premium Importadora de Vinhos, dos sócios Orlando
Pinto Rodrigues e Rodrigo Assunção Fonseca. Foi
um Deus nos acuda para acomodar as 12 mil garrafas que se juntavam às outras tantas preciosidades
naquele modesto espaço, frio, mas deliciosamente
encantador, do bairro Anchieta e que todo mundo
queria conhecer.
60
A Premium surgiu como muitas outras: união
de dois amantes do vinho que resolveram transformar a paixão pela bebida em profissão. Tirante os
predicados de cada sócio, até aí nada de novo. Um,
administrador que militou no setor de construção
até 1999, Orlando; o outro, engenheiro eletricista
até 1996, chef-sommelier-proprietário do TasteVin, cuja carta ostenta o “Best of Award of Excellence” pela revista Wine Spectator há vários anos
e aspirante ao Masters of Wine, Rodrigo.
Nem bem havia chegado, o container já causava
um reboliço. Quais outros trunfos teria a Nova Zelândia, além do pássaro Kiwi, o cordeiro e sua lã, a
vitela, o bungee jumpe, os lagos multicoloridos, a
exuberante voz da soprano Kiri Te Kanawa entoando ‘O Mio Bambino Caro’ (Ó meu querido papai),
uma das mais belas obras de Giacomo Puccini? Ah,
os extraordinários Sauvignon Blanc, claro! São vinhos cheios de bossa, plenos de tipicidade: citrinos
vibrantes, frutados e persistentes. Eis a razão de ter
se tornado um Cult entre os apreciadores, sobretudo para os que estão acima da linha do equador.
Aqueles que estão abaixo dela, sedentos por vinhos
frescos, frutados e com boa acidez, encontram nos
brancos neozelandeses uma inesgotável fonte de
prazeres. Eles suprem a lacuna dos escassos ou
proibitivos brancos do Loire em terras tupiniquins.
“Não quer dizer que o Sauvignon Blanc da Nova
Zelândia é melhor que o de Sancerre; é diferente!”,
ressalta Rodrigo.
Mas nem só as obras-primas feitas com Sauvignon Blanc fazem a fama da NZ. Riesling, Gewürztraminer e Chardonnay são extremamente elegantes, e junto com os espumantes, complementam o
padrão de excelência. Os tintos como os Syrah e
Pinot Noir (reconhecidos como os melhores fora
da Borgonha), pode-se dizer que são igualmente
surpreendentes. Além de boas apostas no Merlot
e Cabernet Sauvignon.
O que será que esses dois visionários, aparentemente ‘malucos’ viram de tão valioso na terra do
maori (o primitivo habitante), formada por duas ilhas
Vinho&Cia
(ao norte e ao sul), para apostar suas fichas naquela
isola região produtora de vinhos e ainda tão recente
que teve sua rápida ascensão, diga-se, a partir de
1970? Nada que fosse mega: descobrir opções menos
convencionais e trazer exemplares de pequenas vinícolas e familiares, os “lifestyle winery”, aliás, onde
são produzidos os grandes vinhos. Simples assim.
Hoje, Premium Wines; e para brindar seu debut,
uma nova sede no Bairro Serra, em casa tombada
pelo Patrimônio Histórico, com tudo que tem direito,
e um depósito climatizado para acomodar as milhares de garrafas dos 600 rótulos de vinhos provenientes do Chile, França, Argentina, Uruguai, Itália,
Portugal e Espanha que se juntaram aos da NZ.
Andréa Pio
Jornalista
[email protected]
Belo Horizonte
A Premium foi a pioneira ao trazer vinhos
neozelandeses de alta qualidade e em volumes
significativos e por dar uma devida importância ao
realizar um trabalho criterioso há 15 anos: escolher
vinhos com caráter de origem a preços competitivos. É tudo que o brasileiro sempre desejou.
Orlando Pinto Rodrigues e Rodrigo Assunção Fonseca da Premium, fazem moldura para Nick Mills,
enólogo e proprietário da Rippon Vineyards, vinícola que está há 15 anos com a Premium.
No. 71
61
Vinho é Saúde
É verdade que...
James Bond é alcoólatra
S
im. Esta foi a intrigante conclusão a que chegaram o Dr. Graham Johnson, Dr. Indra Neil
Guha e Dr. Patrick Davies da Universidade
de Nottingham, no Reino Unido. Eles estudaram os
14 livros do Mr. Ian Lancaster Fleming que tratam
das aventuras do famoso agente da rainha e publicaram o seu estudo em final de 2013 na conceituada
revista médica British Medical Journal.
Mr. Ian Lancaster Fleming nasceu em Londres
em 28 de maio de 1908 e faleceu precocemente de
ataque cardíaco em 12 de agosto de 1964 em Caterbury. Ele foi oficial da inteligência naval do Reino
Unido e jornalista, o que favoreceu muito a criação
do personagem que obteve tanto sucesso. Fleming
62
?
teve uma vida que se notabilizou pelos excessos de
cigarros e bebidas alcoólicas. Exatamente como o
seu personagem mais famoso.
James Bond foi criado na década de 50, aparece
em 14 livros que venderam mais de 100 milhões
de exemplares e gerou 23 filmes oficiais que arrecadaram U$ 5.089.726.104 em bilheterias. Isso o
torna a segunda franquia mais lucrativa de todos
os tempos do cinema. Perde apenas para a série de
Harry Potter. Por tudo isso é que os pesquisadores
da Universidade de Nottingham acharam interessante empreender e publicar este estudo, para
chamar a atenção sobre os perigos do consumo
abusivo do álcool.
Vinho&Cia
Cada um dos 14 livros de Ian Fleming sobre
o Agente 007 foi lido por dois dos pesquisadores
com o objetivo específico de avaliar a quantidade
de álcool consumida. Depois disso eles realisaram
uma análise sobre este consumo e suas prováveis
consequências. Chegaram a conclusões muito
interessantes.
As estórias de James Bond ocorrem em 100
dias. Em 87,5 dias ele consumiu bebidas alcoólicas.
Nos 12,5 dias que ele não bebeu foi porque estava
encarcerado, hospitalizado ou em recuperação. Ao
todo consumiu 9.200 g de álcool, o que dá uma
média de 736 g de álcool por semana e mais de
100 g de álcool por dia (o equivalente a mais de 1
L de vinho a 12,5 ºGL diários). Chegou a consumir
400 g de álcool em um só dia. Isso equivaleria a 4
litros de um vinho a 12,5 ºGL de álcool.
A UKNHS (United Kingdom National Health
Service) classifica as pessoas que consomem mais
do que 60 g de álcool por dia como “bebedores de
categoria 3”, que são aqueles que têm um risco elevado para cânceres, depressão, hipertensão arterial,
cirrose hepática e impotência sexual. A UKNHS
recomenda que homens bebam menos que 170 g de
álcool por semana; consumam no máximo 32 g de
álcool em um único dia e que fiquem pelo menos
dois dias na semana sem beber. James Bond excede
todas as três recomendações.
Os autores constataram que o consumo alcoólico do agente secreto do Reino Unido diminuiu no
No. 71
Jairo Monson
Médico e Escritor
[email protected]
Garibaldi, RS
meio de sua carreira. Esse padrão é típico de quem
tem doença hepática pelo álcool.
Eles observaram também que o pico de consumo se deu em 1964 e que a esposa de James Bond
faleceu em 1963, conforme o livro “A serviço de
sua majestade”. A morte do cônjuge é um forte
estímulo para o consumo abusivo de álcool.
Os autores concluíram que com tão alto consumo de bebidas alcoólicas o Agente 007 teria um
risco relativo 1,74 de ter uma morte precoce por
qualquer causa; 2,33 de ter um AVC; 3,72 de ter
doenças pelo álcool e quatro vezes a chance de
ter tremor essencial. Considere que o risco de um
abstêmio para cada uma dessas situações é 1,0.
Como se pode depreender o consumo tão
elevado de bebidas alcoólicas pelo agente secreto
do Reino Unido é inconsistente com o seu comportamento físico, mental e sexual. O fascinante
desempenho físico, mental e sexual do James Bond
nos livros e filmes é pura obra de ficção do Mr.
Ian Lancaster Fleming. Perdoem-me se desfiz o
encanto pelo sedutor personagem.
63
Nos Velhos Tempos
As velhas madrugadas
A
minha cidade de São Paulo, que guardo na
memória em bom lugar, tinha uma madrugada mais segura, relativamente mais limpa
e certamente mais elegante. Havia uma série de
roteiros da madrugada na década de 70, uma delas
para mim – aliás programa ideal – era jantar no La
Casserole, sair de lá bem tarde, entrar no Stardust,
que ficava ao lado, e curtir a noite com jazz e shows
de primeira qualidade embalada pelos copos long
drink com gelo e whisky.
Quando saíamos de lá passávamos, a pé mesmo,
no La Gratinée, na rua Bento Freitas, para tomar
uma bem feita sopa de cebolas. O La Gratinée era
64
pequeníssimo, ocupava um imóvel que deveria
ser uma garagem, mas tinha charme, um tecido
na parede, como no Silvio’s da av. Angélica. Era
bem frequentado.
Dormir antes de começar a clarear o dia era um
desaforo. Outro caminho era o do café horroroso
que serviam no aeroporto de Congonhas, o único
que existia em São Paulo, e onde se encontrava toda
a sociedade paulistana. Nessa época, quando bebia
um pouquinho a mais, costumava escrever recados
para a gerente do banco onde tinha conta, Dona
Dirza. Eu não tinha dúvidas, preenchia o cheque
com uma letra que nem imagino, assinava e no
Vinho&Cia
verso escrevia: “Dona Dirza, saúde. Sou eu mesmo
que fiz e assinei o cheque. Mas como me excedi um
pouco hoje, talvez minha letra não esteja boa. Mas
sou eu mesmo. Tenha certeza. Um bacio…”.
Até que num belo dia entro no banco e sou chamado pela dona Dirza. Era uma gordota baixinha,
e tinha postura autoritária. Naquela época gerente
de banco era um cargo de bom nível cultural. Ele
me disse apenas: “Sr. Eduardo, peço que não me
escreva mais bilhetes nos versos de seus cheques.
Não fica bem, e eu já estou ficando falada aqui
nesta agência…”.
Outra incrível de cheques foi quando tinha uns
dezesseis anos, por aí, e meu pai me abriu uma conta no Banco Noroeste. Era uma conta como cartão
de dependente. Você recebia um talão, tinha uma
conta, mas ela era vinculada à do seu pai, porque eu
era menor de idade. Acho que não existe isso mais
hoje. Bem, o fato é que eu estudava no Rio Branco
e meus amigos eram todos filhos de fazendeiros,
industriais, banqueiros. Mas papai me levava em
rédea curta e minha mesada dava apenas para a
primeira noite que saía com meus amigos. Então,
quando ganhei o talão de cheques, achei o máximo,
pois o papai depositava minha mesada na conta
para me incentivar a me organizar e para que eu
começasse a sentir a responsabilidade…
No. 71
Então, para não passar vergonha na frente de
meus amigos, eu escrevia um valor maior no saldo
do canhoto do talão. Por exemplo, eu ganhava 70
cruzeiros, mas escrevia 2.070,00. Assim quem visse
meu saldo enquanto preenchia o cheque achava que
eu tinha um bom saldo… Um perfeito “Salame”…
Num belo dia bebi demais e veio a conta. Disse
logo: quanto deu aí? Alguém falou: 350,00! E eu
não tive dúvidas: olhei o saldo do talão e paguei
a conta pra todos… Já podem imaginar como foi
para explicar isso para meu pai, não?
Didú Russo
Confraria dos Sommeliers
[email protected]
São Paulo
65
Vinho Tinta
Clube...
Custódio Rosa
Cartunista
[email protected]
São Paulo
66
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