sinopses - duplacena
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O cinema à volta de cinco artes, cinco artes à volta do cinema - 3 | Coreografia – Cinematografia (2) SEGUNDA-FEIRA | 3 de Novembro 21h30 | Sessão de Abertura Com a presença de André S.Labarthe e Jean-André Fieschi CAROLYN CARLSON SOLO de A.S.LABARTHE 1985 – 52’ Si vous aimez Venise et si vous aimez qu'on déchire devant vous ce que vous avez le plus aimé, Si vous aimez les chapeaux noirs et les robes bleues, et si vous aimez la frustration lorsqu'elle est bien faite, Bref, si vous préférez le 16mm au 35mm, le super 8 au 16 mm, et Carolyn de Venise à Caroline de Monaco, Alors bienvenue à bord. La Carlson vous y attend. ELLE SERA SEULE. André S.Labarthe PAS DE DEUX de Norman McLAREN 1968 -13’ Pas de Deux faz parte de uma trilogia de filmes com Ballet Adagio, 1972, e Narcissus, 1983. Estes são exercícios fílmicos nos quais a expressão de uma forma muito específica e codificada de acção, o ballet, é abordada. McLaren há-de declarar muitas vezes a sua devoção à dança sublinhando nela a dimensão do movimento: “Every film for me is a kind of dance, because the most important thing in film is motion, movement. No matter what it is you’re moving, wether it’s people or objects or drawings; and in what way it’s done, it’s a form of dance.” Marina Estela Graça TERÇA-FEIRA | 4 de Novembro | 19h30 Com a presença de João Botelho DIE PUPPE (A Boneca) de E.LUBITSCH 1919-58’ A genialidade de Die Puppe vem-lhe de uma aliança muito feliz entre a exploração das tendências primitivas do cinema, o uso e abuso das potencialidades técnicas dos códigos do mudo, a veia burlesca e a influência pictórica, e, last but not least, os elementos próprios do universo Lubisch. Assim se explicam Festival Temps d’Images2008 1 O cinema à volta de cinco artes, cinco artes à volta do cinema - 3 | Coreografia – Cinematografia (2) as referências a este filme quase sempre combinando termos não necessariamente compatíveis, “um conto de fadas expressionista”, “um fantástico burlesco”, um filme onde coexistem “o caligarismo, Méliès e o desenho animado”, onde “se sentem os ecos da Alemanha romântica”, e onde “as sombras demoníacas do cinema alemão servem de motivo de riso”. Maria João Madeira CARABOSSE de Lawrence JORDAN 1980-5’ TERÇA-FEIRA | 4 de Novembro | 22h00 Com as presenças de João Botelho e Maria João Madeira O VENTO / THE WIND De V.SJOSTROM 1928 – 79’ Algumas passagens deste filme aparecem como outros tantos «acontecimentos coreográficos». Criadores de beleza, eles atingem uma intensidade particular capaz de transmitir a «virtualidade dançante» do filme. Não há, nesta obra, «execução» de uma dança mas nascimento de um corpo dançante, dado que «[…] o espectáculo da dança é o corpo subtraído a saber tudo de um corpo, o corpo como eclosão». De cada vez, a eclosão desses momentos singulares provém da inconsciência da dança por Lillian Gish: a dançarina não é dançarina, mas sim um corpo compelido ao movimento dançado. Fabienne Costa BLACK ICE de Stan BRAKHAGE 1994-3’ WATER MOTOR de Babette MANGOLTE 1978-7’ QUARTA-FEIRA | 5 de Novembro | 19h30 Com as presenças de António Rodrigues e Nuno Amorim A TRINDADE MALDITA / THE UNHOLY THREE de Tod BROWNING 1925-86’ Festival Temps d’Images2008 2 O cinema à volta de cinco artes, cinco artes à volta do cinema - 3 | Coreografia – Cinematografia (2) CAPRICES DE NOËL de Norman McLAREN 1962- 9’ QUARTA-FEIRA | 5 de Novembro | 22h00 Com a presença de Jean-André Fieschi A FORÇA DO SEXO FRACO de Ingmar BERGMAN 1964-80’ Il y a bien longtemps, un jeune scribe intrépide écrivait, après avoir loué la franchise et l’insolence du film, « être surtout sensible à une sorte d’élégance chorégraphique dont le charme semble précisément se jouer des règles habituelles de la danse » (4), avant d’évoquer quelques hypothèses plus ou moins périlleuses. Jean-André Fieschi A Força do Sexo Fraco de comédia tem apenas a forma, a estrutura "fárcica" e farsante, como sublinhado absoluto da representação e do artificialismo. E o abismo que aí se desenha, no espaço entre, por um lado, a euforia e movimento constante do que é da ordem da farsa, e por outro a viagem labirintíca às memórias (memórias "vivas": a sua casa, e "todas as suas mulheres") de um homem morto é de molde a suscitar vários tipos de perturbação que pouco ou nada têm que ver com o riso. Luís Miguel Oliveira CANON de Norman McLAREN 1964 – 10’ McLaren é um jogador, e joga sempre a vários níveis, sendo pioneiro exímio e inovador no que toca à representação e distorção da dimensão temporal ou à encenação espacial e temporal das acções, em que além da coreografia visual e cénica, se acrescenta a dimensão temporal, ligada á musicalidade própria da linguagem cinematográfica no seu estado mais puro, bem como á utilização (por vezes demasiado obvia) da musica como suporte da “narração” visual. Nuno Amorim Festival Temps d’Images2008 3 O cinema à volta de cinco artes, cinco artes à volta do cinema - 3 | Coreografia – Cinematografia (2) QUINTA-FEIRA | 5 de Novembro | 19h30 Com a presença de Cyril Neyrat e Cyril Béghin CARNIVAL OF SOUL de Herk HAREY 1962 – 84’ Pour qu’un film promis à l’oubli devienne culte, il lui suffit d’être vu par les bonnes personnes au bon moment. George Romero a vu Carnival of souls dans un drive-in. Il y a trouvé l’héroïne banale et frigide, les zombies maquillés à la truelle et les paysages désolés de sa Nuit des morts-vivants. Cyril Neyrat NECROLOGY de S.LAWDER 1971- 11’ Uma longa fila de corpos anónimos desfilam lentamente, às arrecuas, de baixo para cima do ecrã, onde são absorvidos pela obscuridade. Como se resvalassem para trás ou fossem descritas por uma interminável panorâmica vertical, as silhuetas deslizam e desaparecem sem nunca regressarem, engolidas por um negro fúnebre. Não se trata de uma cadeia, cada corpo é diferente dos outros, mas da vista parcial de uma sombria escada de Jacob: o filme chama-se Necrology Cyril Béghin QUINTA-FEIRA |5 de Novembro | 22h00 Com a presença de Alberto Seixas Santos e Cyril Béghin O CARTEIRISTA / PICKPOCKET de Robert BRESSON 1959 – 75’ De Pickpocket tanto se pode falar em termos de “tratado de moral” (e avançar em domínios aflorados, como o das relações entre o roubo e a homossexualidade, a propósito da relação Michel-Jacques ou Michel com os outros carteiristas, o tema da mãe, cuja ligação com o filho passa também pelo roubo mas principalmente pela morte) como em termos estritamente “materiais”, na medida em que se pode sustentar, igualmente, que é um filme sobre mãos, olhares, sem outra “metafísica” que não essa. João Benard da Costa Festival Temps d’Images2008 4 O cinema à volta de cinco artes, cinco artes à volta do cinema - 3 | Coreografia – Cinematografia (2) LE HORLA de Jean-Daniel POLLET 1966-38’ Peu d’œuvres cinématographiques sont placées comme celle de Pollet sous le signe de la danse, qu’elle soit apparente ou latente, enjeu narratif (le tango dans L’Acrobate) ou principe esthétique (la chorégraphie du monde dans Dieu sait quoi). Le Horla appartient à la seconde catégorie : pas de danse en acte, mais une puissance chorégraphique qui conduit souverainement le récit et la mise en scène. Cyril Neyrat SCHWECHATER de Peter KUBELKA 1957-58’ 35 mm, couleur, 2mn SEXTA-FEIRA | 7 de Novembro | 19h30 Com a presença de Fernando Lopes, Jean-André Fieschi e Cyril Neyrat BELARMINO de Fernando LOPES 1963-80’ O Fernando [Lopes] só fica certo em movimento. Para mim foi sempre uma espécie de Mercúrio lisboeta, deus mensageiro de sandálias aladas, voando de mesa em mesa, de grupo em grupo, de pai em pai, num afã incansável e sem fim. De Mercúrio vem o “mercurial” que o define. Alberto Seixas Santos UN JEU SI SIMPLE de Gilles GROULX 1963-28’ Cette même année 64, Gilles Groulx réalise (et monte) Le Chat dans le sac et Un jeu si simple (tourné avant, montré après). C'est l'avènement du cinéma québécois dans ce qu'il a de plus neuf, de plus frais, de plus proche des vibrations de la vie même. Le cinéma direct autorise alors chez quelques rares poètes de la caméra (Rouch !) (…) Il savait bien la possibilité du montage de créér du rythme et du sens, indissociablement, de répartir et d'organiser le chaos initial des sensations en forme musicale, progressive, évolutive : Gilles avait débuté comme monteur à Radio-Canada et monteur il est resté, c'était fondamentalement un réalisateur- monteur. Comme Vertov, comme Resnais, comme Godard, chacun à leur façon. Jean-André Fieschi Festival Temps d’Images2008 5 O cinema à volta de cinco artes, cinco artes à volta do cinema - 3 | Coreografia – Cinematografia (2) SEXTA-FEIRA | 7 de Novembro | 22h00 Com a presença de Margarida Gil, Zepe, Luís Henriques ERA UMA VEZ UM MELRO CANTOR de Otar IOSSELIANI 1970-85’ Guia [a personagem principal do filme] é alguém que não sabe estar quieto, não sabe estar senão em todo o lado e em lado nenhum, não tem a capacidade de se fixar e está sempre aparentemente disponível para todas as solicitações que apareçam por incompatíveis que sejam, nem que seja por coincidirem no tempo. Maria João Madeira STUART de ZEPE 2006-11’ O filme Stuart é uma experiência quase musical ou, como sugere o seu autor, «coreográfica». A imagem a preto e branco intensifica as possibilidades de modulação do espaço em signos, «como uma escrita corrida ou uma caligrafia em movimento» Luís Henriques SÁBADO | 8 de Novembro | 19h30 Com a presença de Cyril Béghin e Cyril Neyrat SALOMÉ de Carmelo BENE 1972 – 80’ Salomé torna-se a incarnação inquietante de um desejo que afunda Herodes, lhe faz perder o pé, se lhe cola à pele, à retina, à boca – o faz gaguejar, gemer e delirar. O doentio cume erótico que se supõe advindo da dança dos sete véus deve então ser disperso por todo o lado e já de seguida: Salomé fica simultaneamente nua, lasciva e escultural. Em lugar da cena da dança, já não se trata de ver dançar Salomé, mas de colocar Herodes no mais agudo de uma tortura libidinosa que já existe, desde a primeira sequência. O desfolhar dos sete véus torna-se portanto na decepagem do rei numa espécie de deserto canicular, no enervamento generalizado do seu corpo e no momento em que Salomé, debruçada sobre ele como um grande e cruel insecto colado à sua pele, que ela descasca lentamente, possui inteiramente o campo do seu olhar, pressionada sobre os seus olhos como um sal sobre uma ferida. Cyril Béghin Festival Temps d’Images2008 6 O cinema à volta de cinco artes, cinco artes à volta do cinema - 3 | Coreografia – Cinematografia (2) SÁBADO | 8 de Novembro | 22h00 Com a presença de Cyril Béghin, Alberto Seixas Santos e Cyril Neyrat MURIEL de Alain RESNAIS 1963 – 115’ «Arquejantes» e inquietos são a maior parte dos gestos, seja porque testemunham de uma imprecisão ou de uma contradição, seja, pelo contrário, porque a sua precisão demasiado grande, apoiada pela brevidade dos planos e motivos musicais, parece absurda: panorâmica que segue a mão de Alphonse segurando um cigarro, dedo de Bernard raspando o cano da sua pistola depois de ter atirado sobre Robert, etc. Difícil de revelar lapsos ou impulsos a esse propósito, ou de aí ver de cada vez que tal acontece testemunhos de memória ou convites à perseguição: é o turbilhão dos raccords que acelera o seu ritmo e, encadeando as histórias individuais, trama a intimidade histórica sobre as indecisões e um sentimento de desorientação (divagação, delírio) – «Onde é o centro?», «Quem tem a hora certa?», «Onde estão as minhas chaves?» – «Ah, se eu tivesse feito o que devia…». Cyril Béghin HOME STORIES de Matthias MÜLLER 1990-10’ SÁBADO | 8 de Novembro | 15h30 Com a presença de Maria Andresen e Cyril Neyrat MÉDITERRANÉE de Jean-Daniel POLLET 1963-45’ (,,,) Os mesmos movimentos dominam uma montagem cuja lucidez parece movida por uma espécie de cegueira.. que, seleccionando muito poucos objectos, sobrepõe ao carácter obsessivo dos travellings de aproximação, assim os ampliando, um alinhamento de recorrência e repetição que cria um ritmo muito semelhante ao que existe na poesia. A recorrência é, como se sabe, o que coreografa a poesia, em rimas, ritmos sonoros e medidas dos versos. E o ritmo da recorrência é o que faz emergir as coisas, na sua mudez espessa, no seu poder encantatório, na sua face cega: cego é o olhar das cabeças de estátua, o olhar de medusa, o olhar esfíngico, de pedra. Cega e silenciosa é a mais transparente imagem. (…) Maria Andresen Festival Temps d’Images2008 7 O cinema à volta de cinco artes, cinco artes à volta do cinema - 3 | Coreografia – Cinematografia (2) FIM e VIDA de Artavazd PELECHIAN SÁBADO | 8 de Novembro | 19h00 Com a presença de Cyril Neyrat AS NOITES BRANCAS / LE NOTTI BIANCHE de Luchino VISCONTI 1957-97’ La mise en scène s’appuie principalement sur la lumière et les travellings : les contrastes lumineux, qui utilisent toutes les nuances du noir-et-blanc – clair-obscur très sombre pour les moments oniriques, grisaille pour les scènes réalistes, blanc irréel de certains flashbacks – sont unifiés par l’agencement chorégraphique des travellings et des plans fixes. Comme deux ans plus tard dans Hiroshima mon amour, c’est l’agencement chorégraphique des mouvements, des durées et des rythmes qui distribue le jeu des passages entre niveaux de réalité et temporalités. Une séquence vient trouer le tissu continu et feutré de ces passages en perçant la bulle onirique et affective dans laquelle évoluaient aussi bien Mario que Natalia. La danse n’y est plus simplement le principe virtuel de la mise en scène, elle devient réalité explosive et charnelle. Cyril Neyrat SÁBADO | 8 de Novembro | 21h30 Com a presença de Cyril Neyrat LAÇOS ETERNOS / UN SOIR, UN TRAIN de André DELVAUX 1986 -97’ Après un accident de train, un homme se retrouve mystérieusement en pleine campagne, accompagné de deux voyageurs qu’il ne connaît pas. Dans leur esprit, le train s’est simplement arrêté, puis est reparti les abandonnant dans un paysage inconnu. Leur errance les conduit dans une ville dont les habitants parlent une langue inconnue. Dans un dancing, l’un d’eux est attiré par une serveuse. Il se plante devant elle, l’orchestre commence à jouer, eux à danser face-à-face, les yeux dans les yeux, vite rejoints par une foule de danseurs surgis comme par enchantement, appelés par la musique. L’hypnose produit un paradoxal retour à la réalité, au présent… (…) Cyril Neyrat Festival Temps d’Images2008 8