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Barroco Por Douglas Machert Razão Final séc. XV Início XVI Renascimento Neo- Classicismo Classicismo Cenário cultural: Contra - Reforma Romantismo Barroco Seiscentismo 2ª met séc. XVI até 2ª met séc. XVIII David Michelangelo X Bernini David Michelangelo David - Bernini Ruptura com o Classicismo Complexo e multiforme, o Barroco diferencia-se do Classicismo (anterior) pela exuberância de imaginação, pela efervescência de imagens sinuosas e assimétricas. Transgredindo o princípio da harmonia universal, buscado pelos clássicos , o Barroco se caracteriza pela contorção das formas e pela instabilidade. Pérolas barrocas Seiscentismo (Século l7) • Cenário cultural: Contra – Reforma Movimento da Igreja Católica iniciado com o Concílio de Trento para barrar o avanço do protestantismo • Marcas existenciais - Conflito, dúvida, angústia... Noção de que o homem é um pecador e está condenado ao inferno • Homem em desequilíbrio oscilação entre o mundo espiritual e o mundo terreno (teocentrismo X antropocentrismo) • Marcas estilísticas Predomínio da emoção Exagero Sinuosidade Detalhismo Artes plásticas: pintura e escultura Imagens Exagero Imagens Detalhismo Imagens Sinuosidade Imagens Predomínio da emoção Imagens Exuberância e sofrimento Arquitetura Claro e escuro O termo barroco foi incorporado à arte porque privilegia a riqueza de detalhes de ornatos. Na pintura, caracteriza-se como a a arte do chiaroscuro. Há predominância de linhas curvas, com forte sugestão de movimento com muitas filigranas na ornamentação. Caravaggio A deposição de Cristo det. Detalhismo A incredulidade de São Tomé Literatura Portugal Marcos cronológicos De 1580, com a morte de Camões e o início da União Ibérica Até 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana Pe. ANTÔNIO VIEIRA (Lisboa, 1608 - Salvador 1697) Foi orador, professor, “economista”, político, diplomata. Um dos maiores prosadores da língua portuguesa com cerca de 200 sermões, que falam de economia, de política, dos costumes, da literatura e das guerras. Falam também do amor, da justiça e da caridade. • Prosa • Sermões • Conceptismo – jogo de idéias – Antíteses Sermões Famosos • Sermão da Sexagésima (1625). • Sermão do Bom Sucesso pelas armas de Portugal (1640) • Sermão dos Bons Anos (1642) • Sermão de Santo António aos Peixes (1654) • Sermão do Bom Ladrão (1655) Biografia Nasce em 1608, em Lisboa. Com apenas seis anos (1614), parte com os pais para o Brasil. Com 15 anos, entra para o Colégio Jesuíta. Mais tarde, irá ensinar Retórica no Colégio de Olinda. Em 1634 é ordenado presbítero, já então com alguns sermões pregados. Em 1641, parte para Lisboa. Retrato de Maurício de Nassau A presença holandesa no Nordeste: é o cenário histórico da atuação de Vieira no Brasil. Em Portugal Após sua chegada, encontra-se pela primeira vez com D. João IV, tornando-se seu conselheiro. Inicia, também, sua carreira de diplomata com missões, sobretudo, em Paris e Holanda. Sua ação se desenvolve no período em que Portugal restabelece sua autonomia frente a Espanha (1640). Problemas com a Inquisição Acaba por conseguir a criação das companhias de comércio em 1649 com capitais dos judeus, o que lhe acarretou sérios incômodos para com a Inquisição. Tomás de Torquemada, à direita do crucifixo, observa expulsão dos judeus. Gravura de 1880 No Brasil Perseguido, parte para o Brasil, onde atuará com missionário. O espírito de defesa dos indígenas aumentava em Vieira na mesma proporção em aumentavam os conflitos com os colonos, que o levará a um segundo regresso a Portugal. Neste retorno à Lisboa, com a sua pregação, reforça ódios antigos com a Inquisição. Regresso ao Brasil Regressa ao Brasil (1652) e passa desenvolver importantes ações em defesa dos indígenas. Os ódios, no entanto, não cessam e tudo se agravará com a morte de D. João IV. Em 1661, é expulso, com os outros jesuítas, do Maranhão. Já no Porto, em pleno reinado de D. Afonso VI, tudo o que tinha defendido é revogado, e é impedido de regressar ao Brasil. A Inquisição, que não o tinha esquecido, começa-o a perseguir. O processo leva cinco anos e meio de atribulados interrogatórios. Em Roma Em 1669, embarca para Roma com o objetivo de fugir da Inquisição. Lá terá proteção. Também será nomeado pregador oficial da Corte da Rainha Cristina da Suécia. Em 1675, consegue o documento papal que o livrará definitivamente do Santo Ofício. Retornou a Lisboa e visitou o rei que o recebeu friamente. Decide voltar ao Brasil com novas intenções missionárias. Desilusão Chegou na Bahia em Maio de 1681. A desilusão que levava de Portugal levam-no a procurar descanso na Quinta do Tanque. Nos anos seguintes enviará regularmente os seu sermões para serem publicados. Em 1688, é nomeado, por Roma, Visitador da Província do Brasil o que o obrigou a regressar ao Colégio. Sua saúde vai se agravando e em julho de 1697 morre. voltar Sermão do Bom Ladrão Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia: e como fosse trazido a sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mal oficio : porém ele (o pirata), que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca , sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza : o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres... Anitíteses Lisboa, 1655 Jogo de idéias contrárias Conceptismo Pirata Alexandre Pouco poder Muito poder Culpa Ladrão Rouba Barca Pescadores X Grandeza Imperador Conquista Armada Índias Brasil Marcos cronológicos De 1601, com a publicação Prosopopéia de Bento Teixeira Até 1768, com a publicação de Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa GREGÓRIO de MATOS e GUERRA (1636-1695) Autor de composições satíricas e improvisos repletos de críticas pessoais, sociais e políticas, Gregório de Matos acabou envolvido em intrigas e perseguições, pela irreverência de suas sátiras. Poesia LÍRICA - amorosa / religiosa / reflexiva SATÍRICA – (Boca do Inferno) crítica aos costumes / fescinina GREGÓRIO de MATOS e GUERRA (1636-1695) Seus poemas circulavam em manuscritos ou eram transmitidos oralmente (o poeta não publicou livros em vida). A identificação dos poemas de autoria do poeta baiano constitui até hoje grave problema para os estudiosos Vieira X Gregorio Ao contrário de Vieira, Gregório não se envolveu com questões magnas, ligadas à condução da política em curso: • não lhe interessavam os índios, mas as mulatas; • não o aborreciam os holandeses, mas os portugueses; • não cultivou a política, mas a boêmia; • não "fixou a sintaxe vernácula", mas engordou o léxico; • não transitou pelas cortes europeias, mas vagabundeou pelo Recôncavo da Bahia. Lírica Reflexiva Moraliza o poeta, nos Ocidentes do Sol, a Inconstância dos Bens do Mundo Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Através de um jogo Depois da Luz se segue a noite escura, de antíteses, o poeta Em tristes sombras morre a formosura, propõe a tese de que tudo muda para pior Em contínuas tristezas a alegria. Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza. O poeta questiona a existência: se tudo acaba, por que surgiu? Conclui que não podemos confiar em nada, pois tudo é efêmero diante do tempo. Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância. E que tudo é inconstante no mundo. Lírica Reflexiva fugacidade do tempo efemeridade das coisas angústia existencial: vida e morte Moraliza o poeta, nos Ocidentes do Sol, a Inconstância dos Bens do Mundo Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza. Fortuna (Destino) Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância. sua futura Esposa A Maria de Povos, . Discreta e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo a qualquer hora, Em tuas faces a rosada Aurora, Em teus olhos e boca, o Sol e dia: O poeta elogia a beleza de sua amada através de metáforas: no rosto, a rosada aurora; em seus olhos, o sol; e o dia em sua boca. Enquanto, com gentil descortesia, O ar, que fresco Adônis te namora, Te espalha rica trança voadora, Quando vem passear-te pela fria: Admira o vento da manhã batendo no rosto da amada e passando por seus cabelos Goza, goza da flor da mocidade, Que o tempo trota, a toda ligeireza, E imprime em toda flor sua pisada. Pede que sua amada aproveite a flor de sua mocidade pois o tempo é implacável. Repete o tema da estrofe anterior: é o Oh não aguardes, que a madura idade carpe diem barroco. Te converta essa flor, essa beleza, Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. Lírica Amorosa elogio a beleza feminina carpe diem fugacidade do tempo efemeridade das coisas A Maria de Povos, sua futura Esposa. Discreta e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo a qualquer hora, Em tuas faces a rosada Aurora, Metáforas que elogiam Em teus olhos e boca, o Sol e dia: a beleza da mulher Enquanto, com gentil descortesia, O ar, que fresco Adônis te namora, brisa Te espalha rica trança voadora, metonímias Quando vem passear-te pela fria: Goza, goza da flor da mocidade, Que o tempo trota, a toda ligeireza, E imprime em toda flor sua pisada. Aproveite a juventude, pois o tempo e implacável Oh não aguardes, que a madura idade Carpe diem Te converta essa flor, essa beleza, Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. Lírica Amorosa 2 •elogio a beleza feminina •tensão entre o sagrado e o profano •angústia sentimental: paixão e medo do pecado A D. Ângela Anjo no nome, Angélica na cara, Isso é ser flor, e Anjo juntamente, Ser Angélica flor, e Anjo florente, Em quem, senão em vós se uniformara? Jogo de palavras com o nome Ângela Quem veria uma flor, que a não cortara De verde pé, de rama florescente? Quem não cortaria uma flor tão bela de seu ramo? E quem um Anjo vira tão luzente, Que por seu Deus, o não idolatrara? Quem não adoraria por seu Deus um anjo tão brilhante? Angélica Bernini - A beata Ludovica Albertoni Se como Anjo sois dos meus altares, Fôreis o meu custódio, e minha guarda, Livrara eu de diabólicos azares. Como meu anjo de guarda, deveria me livrar das tentações Mas vejo, que tão bela, e tão galharda, Gentil Posto que Anjos nunca dão pesares, Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda. Lirica religiosa Fugacidade do tempo Efemeridade das coisas Angústia metafísica: conflito entre perdição e salvação Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa piedade me despido, Porque quanto mais tenho delinqüido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Através de um jogo de antíteses, o poeta argumenta que quanto mais ele peca mais Deus se empenha em perdoá-lo. Se basta a vos irar um pecado, Basta um só gemido A abrandar-vos sobeja um só gemido, de arrependimento. Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Novamente há um jogo de antíteses. Para que haja o perdão é necessário o pecado. Se uma ovelha perdida, e já cobrada O poeta retoma a Glória tal, e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História: parábola da ovelha perdida Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada. Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. Através de uma sutileza de pensamento argumenta que Deus também é responsável em perdoar os pecadores, pois sem eles não teria a glória do perdão. Lirica religiosa Fugacidade do tempo Efemeridade das coisas Angústia metafísica: conflito entre perdição e salvação Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa piedade me despido, Porque quanto mais tenho delinguido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar um pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido, Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida, e já cobrada Glória tal, e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História: Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada. Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. A DESPEDIDA DO MAO GOVERNO QUE FEZ ESTE GOVERNADOR. . Apesar de investido em funções religiosas, não perdoa o clero nem o governador-geral (apelidado "Braço de Prata" por causa de sua prótese) com seu sarcasmo. Senhor Antão de Sousa de Meneses, Quem sobe a alto lugar, que não merece, Homem sobe, asno vai, burro parece, Que o subir é desgraça muitas vezes. A fortunilha autora de entremezes Transpõe em burro o Herói, que indigno cresce Desanda a roda, e logo o homem desce, Que é discreta a fortuna em seus reveses. Homem (sei eu) que foi Vossa Senhoria, Quando o pisava da fortuna a Roda, Burro foi ao subir tão alto clima. Pois vá descendo do alto, onde jazia, Verá, quanto melhor se lhe acomoda Ser homem em baixo, do que burro em cima. SONETO Mulherengo, boêmio, irreverente, iconoclasta e possuidor de um legendário entusiasmo pelas mulatas, pôs muita autoridade civil e religiosa em má situação, ridicularizando-as de forma impiedosa. As inimizades vão crescendo em relação direta com os poemas que vai concebendo. Em 1694, acusado por vários lados e correndo o risco de ser assassinado, é deportado para Angola. Neste mundo é mais rico, o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa: Com sua língua ao nobre o vil decepa: O Velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa: Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. A flor baixa se inculca por Tulipa; Bengala hoje na mão, ontem garlopa: Mas isento se mostra, o que mais chupa. Para a tropa do trapo vazo a tripa, E mais não digo, porque a Musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa. Poesia satírica Neste mundo é mais rico, o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa: Com sua língua ao nobre o vil decepa: O Velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa: Quem dinheiro tiver, pode ser Papa. Neste mundo o mais rico é o que mais rouba. O mais sujo se diz mais limpo. O vil decepa o nobre com sua língua. O velhaco tem costa quente. O patife mostra o mapa da nobreza: Sua origem. Rouba rápido. O que menos pode falar mais causa confusão. O dinheiro pode tudo. A flor baixa se inculca por Tulipa; O medíocre se acha o máximo. Hoje usa bengala, ontem puxava enxada. Bengala hoje na mão, ontem garlopa: Mas isento se mostra, o que mais chupa. O mais inocente é o que mais tem culpa. Para a tropa do trapo vazo a tripa, Para esse tipo de gente, estou pouco me preocupando. E mais não digo pois... E mais não digo, porque a Musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa. ...acabaram as minhas rimas.
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