Caranguejo - Grupo de Estudos Pesqueiros
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Caranguejo - Grupo de Estudos Pesqueiros
ANÁLISE DA PESCARIA DOS CARANGUEJOSDE-PROFUNDIDADE NO SUL DO BRASIL – ANOS 2001-2002 Paulo Ricardo Pezzuto José Angel Alvarez Perez Roberto Wahrlich Willian Guimarães Vale Fábio Rodrigo de Alcântara Lopes Ações Prioritárias ao Desenvolvimento da Pesca e Aqüicultura no Sul do Brasil Convênio Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) MAPA/SARC/DPA/03/2001 MAPA/SARC/DENACOOP/176/2002 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS, DA TERRA E DO MAR - CTTMar REITOR José Roberto Provesi VICE-REITOR Antônio Scatolin Pinheiro SECRETARIA EXECUTIVA Rubens Ulber PRÓ-REITORIA DE ENSINO Amândia Maria de Borba PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA Valdir Cechinel Filho DIRETOR CTTMar Fernando Luiz Diehl COORDENADOR GERAL DO CONVÊNIO José Angel Alvarez Perez ANÁLISE DA PESCARIA DOS CARANGUEJOSDE-PROFUNDIDADE NO SUL DO BRASIL – ANOS 2001-2002 Paulo Ricardo Pezzuto José Angel Alvarez Perez Roberto Wahrlich Willian Guimarães Vale Fábio Rodrigo de Alcântara Lopes Ações Prioritárias ao Desenvolvimento da Pesca e Aqüicultura no Sul do Brasil Convênio Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) MAPA/SARC/DPA/03/2001 MAPA/SARC/DENACOOP/176/2002 RELATÓRIO FINAL Itajaí, dezembro de 2002 APRESENTAÇÃO O Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) chega ao final de seu terceiro convênio celebrado com o Departamento de Pesca e Aquicultura (DPA), Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, cumprindo mais uma importante etapa no processo de acúmulo e transferência de conhecimento ao setor pesqueiro. A exemplo da análise da pescaria profunda do peixe-sapo (Lophius gastrophysus), a qual tem sido o fundamento do manejo de uma nova pescaria dirigida no Sudeste e Sul do Brasil, apresenta-se agora a análise dos aspectos tecnológicos, biológicos e pesqueiros de mais dois recursos pesqueiros valiosos de mar profundo, os caranguejos vermelho (Chaceon notialis) e real (Chaceon ramosae). Baseado na oportunidade de se observar e monitorar intensamente as atividades de pesca comercial realizada por embarcações estrangeiras arrendadas, o trabalho consiste não só de uma detalhada descrição da atividade como também de uma criteriosa análise das perspectivas de sustentação dessa atividade extrativa em nosso país. Apresentamos este estudo como mais um exemplo de parceria entre o setor governamental, setor produtivo e universidade, que tem promovido um pacote de ações coordenadas capazes de gerar em tempo record uma infinidade dados, análises objetivas e produtos rapidamente utilizáveis tanto para fins de manejo quanto para a atividade produtiva. Traduz um modelo de operação ágil, competente e responsável, que acreditamos ser o ideal para o desenvolvimento de um futuro pesqueiro nacional e esperamos que essas informações e recomendações balizem o estabelecimento de medidas objetivas de ordenamento para uma pescaria valiosa, seletiva e sustentável. José Angel Alvarez Perez, PhD CTTMar-UNIVALI Coordenador da Meta 05 -Análise da pescaria e avaliação dos recursos pesqueiros de profundidade no sudeste e sul do Brasil Coordenador Técnico do Convênio CTTMar-UNIVALI – DPA/MAPA (MAPA/SARC/DENACOOP/176/2002) AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a toda equipe de observadores de bordo e de processamento de dados do Programa de Observadores de Bordo na Frota Arrendada (PROA) pelo empenho na coleta e sistematização das informações necessárias a esse trabalho. Da mesma forma, agradecemos às equipes do Programa de Estatística Pesqueira Industrial de Santa Catarina e do Programa de Rastreamento de Embarcações Arrendadas (PREA) pelo suporte necessário em várias fases do projeto. À administração do CTTMar e da UNIVALI como um todo, o nosso reconhecimento pelo total apoio institucional sem o qual não teria sido possível a realização deste trabalho. Por fim agradecemos a todos os empresários, mestres, tripulantes das embarcações e demais membros do setor produtivo pela colaboração e confiança em nosso trabalho. Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 1. INTRODUÇÃO Os caranguejos da família Geryonidae são amplamente distribuídos em todo o mundo. Até meados da década de 1990 esta família era constituída por apenas um gênero, Geryon, que agrupava várias espécies. Em 1989, Manning e Holthuis apresentaram uma nova estrutura sistemática para a família, a qual passou a ter então três gêneros e 24 espécies: Geryon, com duas espécies; Chaceon, um novo gênero com vinte uma espécies; e Zariquieyon, outro novo gênero com apenas uma espécie. O gênero Chaceon é representado por todas as espécies que possuem 5 dentes anterolaterais e largura de carapaça variando entre 7,5 a mais de 20 cm, e incluiu 11 espécies anteriormente registradas como pertencentes ao gênero Geryon, o qual se diferencia por apresentar apenas três dentes anterolaterais na carapaça. O terceiro gênero desta família, Zariquieyon, também apresenta 5 dentes anterolaterais na carapaça, porém difere dos demais gêneros por possuir as margens posterolaterais convexas e a região branquial fortemente inflada. É representado por apenas uma espécie com pequena largura de carapaça e que ocorre a 2800 m no oeste do Mediterrâneo (Manning et al., 1989). Os três gêneros ocorrem em todos os oceanos com exceção do Pacífico Leste, e são encontrados em profundidades variáveis entre 100 e 2800 m, aproximadamente (Manning, 1990). No Brasil, os primeiros registros de caranguejos gerionídeos foram efetuados por Scelzo & Valentini (1974), os quais identificaram indivíduos provenientes de expedições oceanográficas realizadas na plataforma continental e no talude do Brasil, Uruguai e Argentina como Geryon quinquedens. Entretanto, os referidos autores mencionaram pequenas variações morfológicas e de coloração no material biológico examinado, havendo, basicamente, indivíduos provenientes do talude brasileiro com coloração creme e uma relação comprimento/altura do própodo da quinta pata de 4,3 a 4,5, e indivíduos provenientes do sul do Brasil, Uruguai e Argentina com coloração avermelhada. Estes últimos foram atribuídos à nova espécie C. notialis por Manning & Holthuis (1989), ficando Chaceon quinquedens (ex-Geryon quinquedens) restrito ao noroeste do Atlântico, enquanto o morfotipo creme foi atribuído por Manning et al. (1989) a C. ramosae, a segunda espécie da família conhecida para o Brasil (Fig. 1). 1 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA O ciclo de vida destes caranguejos é típico da maioria dos braquiúros, com os machos copulando com as fêmeas maturas durante a ecdise. Os ovos fertilizados ficam aderidos aos pleópodos das fêmeas por um longo período que pode atingir até nove meses (Erdman et al., 1991). Assim que ocorre a eclosão, as larvas são dispersas na coluna d’água e passam por uma série de estágios larvais até tornarem-se juvenis e assentarem no fundo oceânico onde viverão o resto do seu ciclo de vida (Hastie, 1995). Dados obtidos para C. quinquedens indicam que a duração do desenvolvimento larval é largamente dependente da temperatura da água, podendo variar de 23 a 125 dias (Kelly et al., 1982), o que sugere um elevado potencial de dispersão. Embora sejam escassas as informações sobre o crescimento e a longevidade dos caranguejos da família Geryonidae, os trabalhos existentes indicam que as espécies possuem um lento crescimento e elevada longevidade. Melville-Smith (1989) sugere que C. maritae estaria completamente recrutado à pescaria em seu nono ano de idade e que poderia atingir uma longevidade de até 25 anos. Já C. quinquedens atingiria 114 mm de largura da carapaça com 5 a 6 anos e levaria de 7 a 8 anos para chegar ao tamanho máximo de 140 mm (Van Heukelem et al., 1983). Segundo Haefner (1977) e Van Heukelem et al. (1983) alguns caranguejos gerionídeos necessitam de 18 a 20 mudas até alcançarem a largura máxima, que pode chegar a cerca de 180 mm de carapaça em algumas espécies. A cada muda o incremento no tamanho varia de 7 a 12% e em peso pode alcançar até 33% (Serchuk e Wigley, 1982). De forma geral, estima-se que caranguejos gerionídeos estariam sexualmente maturos entre 5 e 15 anos de idade (Hines, 1990b). Devido ao longo período de intermuda das fêmeas, que pode em alguns casos atingir de 5 a 7 anos em indivíduos adultos, e assumindo que a fertilização nestes caranguejos ocorre somente durante a ecdise como nos outros braquiúros, especula-se que a desova não seja anual (Lux et al., 1982; Hines, 1990a; Hines 1990b ; Erdman et al., 1991; Biesiot e Perry, 1995). De acordo com Hines (1990a), crustáceos de águas profundas tendem a ter ovos maiores que as espécies de águas mais rasas. De fato, C. quinquedes possui os maiores ovos de todos os braquiúros com larvas planctônicas até hoje conhecidos. A fecundidade estimada para fêmeas de caranguejos-de-profundidade 2 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA varia entre 36.000 e 400.000 ovos, dependendo do tamanho da fêmea (Hines, 1988, 1990a, 1990b; Hastie, 1995). Pescarias dirigidas aos caranguejos-de-profundidade da família Geryonidae têm ocorrido em ambos os lados do Oceano Atlântico. Na sua porção leste, C. maritae tem sido alvo de uma pescaria na Namíbia e no Sudoeste da África (Melville-Smith 1988a; Melville-Smith & Bailey, 1989; Beyers, 1994). Além disso, quantidades comercialmente explotáveis da espécie foram encontradas também na Costa do Marfim, Congo e Angola (Beyers e Wilke, 1980). No lado oeste do Atlântico, mais especificamente no nordeste dos Estados Unidos (Ganz e Herrmann, 1975), iniciou-se em 1973 uma pescaria de C. quinquedens, cuja captura atingiu cerca de 2500 t em 1980 (Lux et al., 1982). Para os anos seguintes as estatísticas registram uma captura média de 1800 t entre os anos de 1982 e 1998, com picos de captura ocorrendo nos anos de 1984 e 1988. Com o incremento dos desembarques da espécie e do número de embarcações interessadas na explotação do recurso, a partir de março de 2002 a pescaria passou a ser regulamentada de acordo com um plano de manejo específico (NEFMC, 2002). Uma pescaria de menor escala e de caráter mais intermitente de C. quinquedens têm ocorrido também na costa canadense do Atlântico, com sinais claros de plena explotação dos fundos de pesca principais (Lawton & Duggan, 1998). Outras espécies de Chaceon do Atlântico norte ocidental suportam pescarias comerciais de menor escala, incluindo C. inghami em Bermudas (Luckhurst, 1986; Manning e Holthuis, 1986) e C. fenneri em Fort Lauderdale, Flórida (Erdman e Blake, 1988). Em 1976 o Instituto Nacional de Pesca Uruguaio deu início a uma série de campanhas de prospecção para identificar e localizar potenciais recursos pesqueiros da Zona Comum de Pesca Argentino-Uruguaia (ZCPAU). Nestas campanhas identificou-se um estoque potencial de C. notialis, o qual passou a ser melhor investigado nos anos subsequentes (Defeo et al., 1992). Avaliações realizadas entre a primavera de 1985 e o verão de 1986 com o barco de pesca japonês Koyo Maru nº8 propiciaram o levantamento de informações de ordem quantitativa que permitiram dimensionar o estoque do caranguejo no Uruguai em aproximadamente 22.000 t, sendo estabelecido um rendimento máximo potencial de 2700 t/ano, e a possibilidade de abertura de uma 3 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA pescaria dirigida com até 2 embarcações (Defeo et al., 1991). Uma vez estabelecida a pescaria, as estimativas anuais de captura, efetuadas por duas embarcações caranguejeiras alcançaram 2600 t, 100 t abaixo do estabelecido como máximo permissível (Defeo & Masello 2000a, 2000b). No Brasil, a explotação de Chaceon spp. ocorreu inicialmente de uma forma incipente ao longo dos anos de 1984 e 1985, através do arrendamento de duas embarcações japonesas sediadas nos portos de Itajaí (SC) e Rio Grande (RS). Embora as embarcações tenham atuado desde o paralelo 25o S em direção ao sul, a área de maior concentração de captura foi compreendida entre os 100 e os 1000 m de profundidade e entre as latitudes 34o e 35o S (Lima & Lima Branco, 1991). Durante os sete meses de operação destas embarcações foram produzidas mais de 1.470 t de caranguejo. Entretanto, após este período a pescaria foi abandonada supostamente devido a uma redução nos valores de captura por unidade de esforço. Desde setembro de 1999 iniciou-se uma nova etapa de explotação do caranguejo-de-profundidade na costa brasileira, impulsionada por um programa de arrendamento de embarcações estrangeiras induzido pelo Departamento de Pesca e Aqüicultura (DPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Realizada inicialmente por uma única embarcação, atualmente a pescaria conta com cinco barcos caranguejeiros e, até outubro de 2002, com dez embarcações de emalhe de fundo, voltadas à captura do peixe-sapo Lophius gastrophysus no Sudeste e Sul do Brasil, as quais tiveram, no entanto, o caranguejo como principal componente da sua captura incidental (Perez et al., 2002b). Desta forma, diante da necessidade de elaborar pautas iniciais para o ordenamento da pescaria, este relatório apresenta os primeiros resultados relativos a tecnologia de captura e processamento da frota caranguejera, composição e distribuição espaço-temporal das capturas, rendimentos e esforços de pesca, e uma avaliação da abundância absoluta e relativa dos estoques de C. ramosae e de C. notialis no Sul do Brasil. Finalmente, é apresentado um diagnóstico das pescarias e das suas tendências futuras e definidas recomendações para o manejo das espécies a partir de 2003. 4 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Fontes de informação Os dados considerados para a análise da pescaria de caranguejo-de-profundidade no sul do Brasil são provenientes do Programa de Observadores de Bordo na Frota Arrendada (PROA) e do Programa de Rastreamento de Embarcações Arrendadas (PREA), executados pelo Grupo de Estudos Pesqueiros (CTTMar – UNIVALI) no âmbito dos convênios UNIVALI MAPA/SARC/DENACOOP/176/2002). – MAPA Estes (MAPA/SARC/DPA/03/2001 programas reúnem e informações pesqueiras e biológicas provenientes das operações de pesca de todas as embarcações arrendadas que atuaram na pescaria do caranguejo-de-profundidade no período janeiro de 2001 a outubro de 2002, seja de armadilhas ou emalhe de fundo, e que operaram nos portos de Itajaí/Navegantes, Santos e Rio Grande. Foram analisadas as informações provenientes de 21 viagens de pesca de embarcações caranguejeiras monitoradas por observadores, além de dados constantes de Mapas de Bordo de quatro outras viagens da embarcação Kinpo Maru 58 realizadas em período anterior ao início das atividades do PROA. Adicionalmente, foram utilizados dados de captura incidental e/ou dirigida ao caranguejo obtidos em 63 viagens de pesca da frota arrendada de emalhe de fundo dirigida à captura do peixe-sapo (Lophius gastrophysus), a qual também foi monitorada pelo PROA. 2.2. Dados disponíveis Além da informação sobre a tecnologia de captura e processamento, os dados coletados pelos observadores de bordo incluem todas as atividades realizadas diariamente por cada embarcação e abrangem informações referentes a cada lance efetuado pela embarcação tais como: número do lance, data e hora do lançamento e do recolhimento do lance, número de covos utilizados, coordenadas geográficas e profundidades dos locais de lançamento e de recolhimento do lance, produção em quilos 5 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA dos diversos produtos originados de cada lance (caranguejo processado) e tipo de isca utilizada. Além disso, pelo menos um lance foi amostrado a cada dois dias no máximo, variando entre dia e noite e abrangendo todas as faixas batimétricas exploradas durante a viagem, considerando intervalos de 100 m de profundidade. Durante a amostragem, cada lance foi dividido em três partes iguais (início, meio e fim), sendo realizada a contagem dos caranguejos capturados em cerca de 15 a 20% dos covos recolhidos em cada parte. Nessa amostragem, além da contagem dos caranguejos, a partir de 2002 os indivíduos foram discriminados por espécie, sexo e estágios de maturação e de ciclo de muda. Nas embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist, as quais encontram-se há mais tempo na pescaria, o número de covos amostrados por mês variou entre aproximadamente 600 e 1800 e entre cerca de 1000 e 3000, respectivamente (Fig. 2), totalizando, até julho/agosto de 2002, 11984 covos amostrados e 424518 caranguejos contabilizados na primeira embarcação e 24219 covos e 102818 caranguejos na segunda (Tabela 1). Seguindo a mesma metodologia da amostragem da captura, foram retirados aleatoriamente cerca de 60 a 100 indivíduos de cada espécie por lance para registro dos seguintes dados: sexo, estágio de maturação dos ovos (seguindo a escala proposta por Defeo et al., 1992), largura da carapaça (medida entre as extremidades do quinto espinho antero-lateral), comprimento e altura do própodo da quinta pata, comprimento do mero da mesma pata e peso total, os quais serão utilizados futuramente para uma descrição mais detalhada da estrutura populacional e dos aspectos reprodutivos de ambas as espécies. Sempre que possível, foram coletados 20 indivíduos de cada espécie de ambos foi é devidamente etiquetado, acondicionado em saco plástico e colocado em caixa de papelão para congelamento e posterior análise em laboratório. 6 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 2.3. Análise dos dados 2.3.1. Captura total por embarcação e modalidade de pesca 2.3.1.1. Embarcações caranguejeiras Todas as embarcações caranguejeiras processam a captura a bordo para posterior exportação. Entretanto, a forma de processamento e os tipos de produtos armazenados variam entre embarcações (Tabela 2). Uma vez que por questões operacionais das próprias embarcações não há como estimar precisamente o peso total capturado em cada lance, foi necessário calcular um fator de conversão específico por barco, a ser aplicado sobre os pesos dos produtos processados por lance, os quais foram registrados pelos observadores a bordo. Para a embarcação Royalist, cujo processamento envolve apenas a retirada da carapaça e das vísceras (Tabela 2), foi efetuada uma análise direta pelo observador a bordo, a partir de uma amostra com peso conhecido. Nessa análise foram pesados vinte indivíduos inteiros e as partes destes resultantes após o processamento. Através deste procedimento, foi estimado um percentual de aproveitamento de 57% para essa embarcação. Entretanto, em função da forma de processamento realizado pela embarcação Kinpo Maru 58, não foi possível estimar o seu percentual de aproveitamento diretamente a bordo. Dessa forma, tal percentual foi estimado indiretamente através de informações obtidas pela embarcação Royalist durante o segundo trimestre de 2001, época em que esta embarcação operou simultaneamente ao Kinpo Maru 58 nas mesmas áreas de pesca. A partir do monitoramento do número médio de caranguejos capturados por covo nas duas embarcações e do registro do volume (em kg) de produto processado por lance, foram calculadas as razões entre o número médio de caranguejos capturados por covo nas embarcações Royalist e Kinpo Maru 58, e entre o peso médio processado por covo por ambas as embarcações. Quaisquer diferenças nessas razões poderiam então ser atribuídas a um nível diferenciado de rendimento no processamento. Dessa forma, a estimativa do % de aproveitamento na embarcação Kinpo Maru 58 foi calculada como: 7 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA PKimpo = Rnúmero / covo × PRoyalist RKgprocessado / covo onde PKinpo é o percentual de aproveitamento na embarcação Kinpo Maru 58, Rnúmero/covo é a razão entre o número médio de caranguejos capturados pelas duas embarcações, RKgprocessado/covo é a razão entre a quantidade (em kg) de produto processado por lance pelas mesmas e PRoyalist é o percentual de aproveitamento estimado diretamente a bordo da embarcação Royalist. A partir deste procedimento, estimou-se para a embarcação Kinpo Maru 58 um percentual de aproveitamento de 53%. A Tabela 3 apresenta os dados utilizados e as respectivas estimativas de aproveitamento. De maneira a aferir a qualidade da estimativa indireta efetuada para a embarcação Kinpo Maru 58, foram estimados os pesos médios individuais dos caranguejos capturados nas mesmas áreas e épocas por ambas as embarcações, dividindo-se, em cada lance, o peso total capturado (já convertido com os respectivos fatores de conversão) pelo número total de caranguejos capturados nos mesmos (Tabela 3). Um teste t aplicado às duas médias não detectou qualquer diferença significativa entre elas (t= 0,156; 60 G.L.; p=0,876). Para conversão do volume processado pelas embarcações Mar Salada e Vichialo foi aplicado um percentual de 50%, obtido a partir de estimativas efetuadas pelos próprios mestres das embarcações. Por fim, na embarcação Diomedes, os fatores utilizados foram de 59% para a primeira viagem e de 54% para a segunda viagem, conforme estimativas obtidas a bordo pelo observador, através da razão entre o peso dos indivíduos capturados obtido após a despeça e o peso dos mesmos após o processamento. 2.3.1.2. Captura pela frota de emalhe dirigida ao peixe-sapo Lophius gastrophysus Considerando o elevado nível de rejeição do caranguejo-de-profundidade observado na frota de emalhe, sobretudo no início de 2001 (Perez et al., 2002b), o volume em quilos de caranguejo capturado mensalmente pela frota de emalhe foi 8 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA estimado com base nas estimativas do número total de caranguejos mortos pela frota em 2001, estimados na análise do bycatch desta pescaria (Perez et al., 2002b). Para tanto, o número total de caranguejos mortos em 2001 foi multiplicado pelo peso médio individual estimado para os caranguejos capturados pela embarcação Royalist (cuja área de atuação foi mais coincidente com aquela da frota de emalhe). Desta forma, foi estimada a quantidade anual (em quilos) de caranguejo capturado no ano de 2001. Posteriormente foi calculada a razão entre o volume total de peixe-sapo capturado e do volume estimado de caranguejos. Tal razão (9,006 kg peixe-sapo : 1 kg caranguejo) foi utilizada então para se obter uma estimativa da distribuição mensal das capturas do caranguejo efetuadas pela frota de emalhe nos anos de 2001 e 2002, dividindo-se as respectivas capturas de peixe-sapo pelo fator correspondente. 2.3.2. Distribuição espaço-temporal das capturas, esforço e rendimentos Com o objetivo de determinar as principais áreas de pesca do caranguejo, foram utilizadas as posições dos lances da embarcação Kinpo Maru 58 registradas pelos observadores a bordo e, para as demais embarcações, as posições enviadas pelos respectivos sistemas de rastreamento por satélite e recebidas pela central de controle do PREA. Além disso, com base nas informações dos lances e respectivas capturas, foram analisadas as distribuições latitudinais e batimétricas dos lances de cada embarcação, separadamente para cada um dos trimestres do ano. Para tanto, foram estabelecidos estratos latitudinais de meio ou um grau de amplitude (dependendo da análise) e estratos batimétricos de 100 em 100 m de profundidade, desde a isóbata de 150 m até a isóbata de 1050 m. Para cálculo dos rendimentos (CPUE – captura por unidade de esforço), foram utilizados como medidas de esforço o número total de covos por lance, a duração do lance (em horas) e o produto do número de covos pela duração do lance. A partir daí, foram calculadas as médias trimestrais ponderadas da CPUE para os estratos de latitude e profundidade em termos de kg/covo; kg/lance; kg/covo.hora e também em termos de kg de produto processado em relação às três medidas de esforço. Adicionalmente, para os lances amostrados pelos observadores de bordo em que foram efetuadas as contagens 9 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA de indivíduos por covo, foi estimado o número médio de caranguejos capturados por lance e por covo. Na análise das variações batimétricas e latitudinais dos rendimentos, foram utilizadas as informações provenientes apenas das embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist, em função do seu maior tempo de operação na região. No caso da primeira embarcação foram selecionados os lances executados entre janeiro e dezembro de 2001 e, no caso do Royalist, entre julho de 2001 e junho de 2002. 2.3.3. Avaliação da abundância dos estoques As análises da composição da captura das embarcações Royalist e Kinpo Maru 58 permitiram identificar claramente áreas distintas de ocorrência do caranguejo-real C. ramosae e do caranguejo-vermelho, C. notialis. Desta forma, as avaliações foram efetuadas separadamente por espécie e área, considerando os respectivos intervalos de latitude e profundidade identificados na análise da distribuição das capturas e rendimentos de ambas as espécies. Além disso, a avaliação dos respectivos estoques foi realizada através de dois métodos distintos, com o objetivo de aumentar a confiabilidade das estimativas e a segurança nas medidas de manejo propostas. 2.3.3.1. Avaliação da abundância relativa: Modelo Log-Linear Generalizado (MLG) A variação espaço-temporal da abundância relativa dos caranguejos-deprofundidade observada ao longo do desenvolvimento da pescaria no Sul do Brasil foi avaliada entre janeiro de 2001 e junho de 2002 através da análise de índices padronizados de abundância relativa, calculados a partir do ajuste de Modelos logLinear Generalizado (MLG) à variação dos rendimentos médios (CPUEs) obtidos pela frota arrendada de pesca com covos. Esse procedimento foi proposto por Gavaris (1980) e tem sido considerado como a forma mais realista de se avaliar a abundância relativa de um estoque explorado comercialmente e de se calcular CPUEs padronizadas (i.e. que eliminem os efeitos introduzidos pelo poder de pesca das embarcações, Hilborn e Walters, 1992; Quinn II e Deriso, 1999). Sua utilização tem sido ampla na avaliação de 10 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA estoques de peixes e invertebrados demersais (Kimura, 1982; Large, 1992; Hvingel et al., 2000; Lorance e Dupoy, 2001 e outros) tendo sido aplicada também para outro estoque demersal de áreas profundas no Sudeste e Sul do Brasil, o peixe-sapo (Lophius gastrophysus) (Perez et al., 2002a). . Caranguejo-vermelho (Chaceon notialis) A análise dos padrões de variação espacial e temporal do caranguejo-vermelho incluiu as CPUEs (kg de caranguejo vivo/covo) obtidas em todos os lances realizados pela embarcação Kinpo Maru 58 durante o ano de 2001. Considerou-se a variação dessas taxas de captura em função dos fatores: Estrato Latitudinal (A), Trimestre (T) e Estrato de Profundidade (P). No fator Estrato Latitudinal foram considerados dois níveis (i): 33-34o S (I) e sul de 34o S (II). No fator Trimestre foram considerados quatro níveis (j): Janeiro-Março/2001 (I), Abril-Junho/2001 (II), Julho-Setembro/2001 (III), OutubroDezembro/2001 (IV) e no fator Estrato de Profundidade foram considerados três níveis (z) <550m (I), 550-650m (II) e >650m (III). Dentro de cada combinação Estrato Latitudinal (i) - Trimestre (j) - Estrato de Profundidade (z) (ou cada “célula”) foram calculadas as CPUEs médias agrupando-se todos os lances disponíveis. A seguir foram considerados quatro modelos multiplicativos onde foram incluídos os fatores relacionados acima e suas interações. Modelo I Considerou-se que a CPUE média obtida em cada Estrato Longitudinal (i), Trimestre (j) e Estrato de Profundidade (z) foi proporcional a abundância do caranguejovermelho de forma que U ijz = Ai ⋅ T j ⋅ Pz (1) onde Uijz é a CPUE média dos lances realizados no i-ésimo Estrato Latitudinal, no jésimo Trimestre e no z-ésimo Estrato de Profundidade; Ai é a abundância do caranguejo-vermelho no i-ésimo Estrato Latitudinal; Tj a abundância do caranguejo- 11 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA vermelho no j-ésimo trimestre; e Pz é a abundância do caranguejo-vermelho no z-ésimo Estrato de Profundidade. A seguir essa relação foi escrita como um modelo estatístico: U ijz = U 111 ⋅ α i ⋅ τ j ⋅ ρ z ⋅ ε ijz (2) onde U111 é a CPUE média referencial, ou seja, aquela obtida entre 33o S-34o S entre Janeiro e Março de 2001 e a menos de 550 m de profundidade; αi é um coeficiente que representa o efeito do Estrato latitudinal i em relação ao Estrato entre 33o S-34o S; τj é um coeficiente que representa o efeito do Trimestre j em relação ao trimestre JaneiroMarço e ρz é o coeficiente que representa o efeito do Estrato de Profundidade z em relação ao Estrato <550m. εijz é o coeficiente que representa o desvio entre as taxas de captura Uijz observadas e os valores estimados pelo modelo para cada Estrato Latitudinal i, Trimestre j e Estrato de Profundidade z. Quando o modelo é linearizado através da transformação logarítmica, a expressão (2) passa à forma ln U ijz = ln (U 111 ) + ln (α i ) + ln (τ j ) + ln ( ρ z ) + ε ijz (3) a partir da qual puderam ser estimados Uijz, α, τ e ρ através do Modelo Linear Generalizado (MLG) (Hilborn e Walters, 1992; Quinn II e Deriso, 1999). O modelo foi ajustado pelo método dos mínimos quadrados e o erro estimado foi uma variável aleatória proveniente de uma distribuição normal de média 0 e variância δ2. Modelo II O segundo modelo ajustado incluiu os mesmos fatores e níveis considerados no Modelo I, porém incluiu o possível efeito da interação entre os fatores Estrato Latitudinal (Ai) e Trimestre (Tj). Esta interação se baseia na hipótese que os possíveis efeitos sazonais sobre a abundância do caranguejo-vermelho estejam condicionados à faixa latitudinal da área de pesca. O Modelo II linearizado, tomando-se os mesmos passos conceituais apresentados para o Modelo I, foi: ln U ijz = ln (U111 ) + ln (α i ) + ln (τ j ) + ln ( ρ z ) + ln (α i ⋅ τ j ) + ε ijz (4) 12 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA onde αi.τj é um coeficiente que representa o efeito da interação entre os Estratos Latitudinais e os Trimestres na abundância esperada para o Estrato Latitudinal i durante o Trimestre j num cenário onde a referida interação inexistisse. Modelo III O terceiro modelo testado incluiu os mesmos fatores e níveis considerados no Modelo I, porém incluiu o possível efeito da interação entre os fatores Estrato de Profundidade (Pz) e Trimestre (Tj). Esta interação se baseia na hipótese que os possíveis efeitos sazonais sobre a abundância do caranguejo-vermelho estejam condicionados à faixa batimétrica da atividade de pesca. O Modelo III linearizado, tomando-se os mesmos passos conceituais apresentados para o Modelo I, foi: ln U ijz = ln (U111 ) + ln (α i ) + ln (τ j ) + ln (ρ z ) + ln (τ j ⋅ ρ z ) + ε ijz (5) onde τj.ρz é um coeficiente que representa o efeito da interação entre os Trimestres e os Estratos de Profundidade na abundância esperada para o Estrato de Profundidade z durante o Trimestre j num cenário onde a referida interação inexistisse. Modelo IV O quarto modelo testado incluiu os mesmos fatores e níveis considerados no Modelo I, porém incluiu o possível efeito da interação entre os fatores Estrato de Profundidade (Pz) e os Estratos Latitudinais (Ai). Esta interação se baseia na hipótese que os possíveis efeitos latitudinais sobre a abundância do caranguejo-vermelho estejam condicionados à faixa batimétrica da atividade de pesca. O Modelo IV linearizado, tomando-se os mesmos passos conceituais apresentados para o Modelo I, foi: ln U ijz = ln (U111 ) + ln (α i ) + ln (τ j ) + ln ( ρ z ) + ln ( ρ z ⋅α i ) + ε ijz (6) onde ρzαi. é um coeficiente que representa o efeito da interação entre os Estratos de Profundidade e os Estratos Latitudinais na abundância esperada para o Estrato de 13 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Profundidade z no Estrato Latitudinal i num cenário onde a referida interação inexistisse. Caranguejo-real (Chaceon ramosae) A análise dos padrões de variação espacial e temporal do caranguejo-real através dos dados gerados pela frota arrendada de pesca de covos incluiu as CPUE (kg de caranguejo vivo/covo) obtidas em todos os lances realizados pela embarcação Royalist entre julho de 2001 e junho de 2002. Considerou-se a variação dessas taxas de captura em função dos fatores: Estrato Latitudinal (A), Trimestre (T) e Estrato de Profundidade (P). No fator Estrato Latitudinal foram considerados dois níveis (i): 28-29o S (I) e 2930o S (II). No fator Trimestre foram considerados quatro níveis (j): JulhoSetembro/2001 (I), Outubro-Dezembro/2001 (II), Janeiro-Março/2002 (III), AbrilJunho/2002 (IV) e no fator Estrato de Profundidade foram considerados três níveis (z) <650m (I), 650-750m (II) e >750m (III). Dentro de cada combinação Estrato Latitudinal (i) - Trimestre (j) - Estrato de Profundidade (z) (ou cada “célula”) foram calculadas as CPUEs médias de captura agrupando-se todos os lances disponíveis. As análises incluíram o ajuste dos mesmos quatro modelos multiplicativos considerados para a análise da abundância relativa do caranguejo-vermelho. 2.3.3.2. Avaliação da abundância absoluta: Área Efetiva de Pesca (AEP) Para a estimativa da biomassa absoluta dos estoques utilizou-se o método da Área Efetiva de Pesca (EFA) (Miller, 1975), aplicado às capturas médias observadas por covo nos lances amostrados pelos observadores. Para efeito de comparação, o método utilizado baseou-se naquele aplicado por Defeo et al. (1991, 1992) para C. notialis no Uruguai, seguindo Arena et al. (1988). Para cada lance de pesca, calculou-se a área total coberta por cada linha de covos como: at = N × ai − ( N − 1) × L 14 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA onde at é a área coberta por cada linha, N é o número de covos na linha, ai é a área de influência de cada covo e L é a área da zona de sobreposição das áreas de influência de covos adjacentes, estimada através da equação: L= ( d ) × πr cos −1 s 90 2 − s× (d + s) × (d − s ) 2 onde s é a distância entre dois covos adjacentes, r é o raio de influência (atração) de cada covo (assumindo-se uma área circular) e d é o seu diâm (=2r). Em princípio, a determinação da área de influência dos covos deve ser feita experimentalmente, comparando-se os rendimentos (captura/covo) obtidos em séries de linhas com diferentes espaçamentos de covos. Assumindo-se uma área de influência de formato circular, em linhas com espaçamento menor que o dobro do raio de influência dos covos, estes “competirão” na atração dos caranguejos em função da sobreposição parcial das suas áreas de atração, reduzindo os rendimentos médios da linha. Desta forma, uma estimativa do raio de influência pode ser obtida verificando-se a partir de qual espaçamento os rendimentos em termos de captura por covo atingiram os valores máximos (Eggers et al., 1982; Arena et al., 1988). Outros métodos incluem a calibração das áreas de atração mediante técnicas de fotografia e marca-recaptura, dentre outros (Miller, 1975; Melville-Smith, 1986, 1988b). Infelizmente, neste estudo não foi possível realizar experimentos específicos para determinação da área de influência dos covos. Desta forma, as estimativas de biomassa para ambas as espécies foram realizadas para os mesmos três raios de influência utilizados por Defeo et al. (1991, 1992) na avaliação do estoque de Chaceon notialis no Uruguai (25, 30 e 35 m), e que abrangem as distâncias geralmente assumidas para outros estoques de gerionídeos do Atlântico (LeLoeuff et al., 1978; Stone & Bailey, 1980; McElman & Elner, 1982; Melville-Smith, 1986; Waller et al., 1995). As biomassas médias por hectare foram então calculadas dividindo-se as capturas totais de cada lance pelas respectivas áreas de influência das linhas, calculadas para os três raios acima. Médias ponderadas destas biomassas foram calculadas para cada estrato de latitude considerando o intervalo principal de profundidade identificado para cada espécie. Biomassas médias por hectare para toda a área de cada um dos 15 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA fundos de pesca foram estimadas através do cálculo de médias estratificadas segundo Krebs (1989), ponderando-se os valores de biomassa obtidos segundo as áreas e as biomassas calculadas para os diversos estratos latitudinais. Neste sentido, para efeito de estimativa das biomassas totais disponíveis, foi necessário calcular as áreas respectivas de cada fundo de pesca. Para tanto, cartas base contendo a batimetria dos dois fundos de pesca foram extraídas do Atlas Digital GEBCO 97 (British Oceanographic Data Centre, Intergovernamental Oceanographic Comission, International Hydrographic Organization, Natural Environment Research Council) e adicionadas com as coordenadas e profundidades dos pontos iniciais e finais de cada um dos lances de pesca monitorados pelos observadores. Todas as coordenadas geodésicas foram transformadas para UTM (Universal Transverse Mercator), convertendo-se assim os graus de latitude e longitude em unidades métricas. Poteriormente, a batimetria foi novamente interpolada com o auxílio do software Surfer – Surface Mapping System – versão 7.0 (Copyright 1993-96, Golden Software, Inc.) usando o método de interpolação de kriging. A partir de então, as áreas disponíveis nos vários estratos de profundidade e latitude para os quais as respectivas biomassas foram estimadas foram calculadas diretamente com o auxílio do mesmo software, permitindo a posterior integração dos valores de kg/ha para biomassa total (t) nos fundos de pesca. Nesta análise, foram utilizados os lances executados durante os mesmos períodos selecionados na aplicação do Modelo Log-Linear Generalizado. 3. RESULTADOS 3.1. Frota atuante As informações reunidas por Lima & Lima Branco (1991) mostram que a pescaria do caranguejo-de-profundidade no sul do Brasil foi iniciada ainda em 1984 com o arrendamento de duas embarcações japonesas (Hoshin Maru 2 e Koyo Maru 8) por empresas de Itajaí (SC) e Rio Grande (RS), as quais operaram na região até junho 16 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA de 1985. As embarcações possuíam 47,6 m e 49,3 m de comprimento total e realizaram em média, o lançamento de 654 e 560 covos por dia, respectivamente. Os petrechos utilizados por ambas as embarcações eram covos tronco-cônicos. No Hoshin Maru 2, as dimensões do aparelho eram de 130 cm de diâm na base, 70 cm de diâm no topo e 66 cm de altura. Segundo os mesmos autores, no Koyo Maru 8 os covos eram similares porém, apresentavam um tamanho maior que os do Hoshin Maru 2. A mesma embarcação (Koyo Maru 8) passou a operar em 1985 no Uruguai, utilizando covos com dimensões de 135 cm na base, 105 cm no topo e 60 cm de altura (Defeo et al., 1992). No Brasil, o distanciamento dos covos em cada linha era diferente nas duas embarcações, sendo de 50 m no Hoshin Maru 2 e de 20 m no Koyo Maru 8 (Lima & Lima Branco, 1991), o mesmo distanciamento utilizado nas suas operações no talude uruguaio em 1985 e 1986. Nesta última embarcação, os covos eram recobertos por malha de rede com 120 mm entre nós opostos (Defeo et al., 1992). Após este período de pesca experimental, não houve qualquer nova iniciativa de explotação do caranguejo na região até o ano de 1998, quando a embarcação japonesa Kinpo Maru 58 foi arrendada por uma empresa de Santos (SP), ainda sob autorização do IBAMA. A embarcação Kinpo Maru 58 é originária do Japão, sendo construída em 1986 como um espinheleiro e posteriormente adaptado para operação com covos para caranguejos. Após operar nas regiões do Golfo do México de 1991 a 1993 e Namíbia de meados de 1993 até 1997, esta embarcação iniciou suas operações na ZEE brasileira em 1998. Apresenta 63 m de comprimento total, 349 t de arqueação bruta, motor principal de 2.000 HP, capacidade de carga de 340 t, autonomia de 90 dias de mar e lotação de 32 tripulantes (Tabela 2), sendo o passadiço localizado à meia-nau. No convés superior entre o passadiço e a proa localiza-se a área de despesca e os tanques de cozimento. Abaixo, no convés inferior entre a meia-nau e a proa, localiza-se a fábrica de processamento e congelamento e no convés de popa está localizada a área de armazenamento e lançamento dos covos. A embarcação Diomedes é originária da Rússia e vinha atuando na pesca de caranguejo no Alasca (EUA) antes de iniciar sua as operações no Brasil em julho de 2002. Apresenta 54 m de comprimento total, 808 t de arqueação bruta, motor principal de 1.125 HP, capacidade de carga de 260 t, autonomia de 40 dias de mar e lotação de 31 17 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA tripulantes (Tabela 2). Nesta embarcação o passadiço localiza-se próximo da proa, estando a área de despesca situada à meia-nau no convés inferior. A fábrica de processamento e congelamento situa-se junto à área de despesca. Mais à popa, localizase a área de armazenamento e lançamento dos covos em um único convés descoberto. A embarcação Royalist apresenta bandeira do Reino Unido, porém pertence a uma empresa espanhola. Foi adaptada à pesca de covos para iniciar sua operação na ZEE brasileira em maio de 2001, sendo que a primeira autorização de arrendamento desta embarcação se destinava à pesca dirigida ao peixe-sapo com rede de emalhe. Apresenta 37 m de comprimento total, 290 t de arqueação bruta, motor principal de 650 HP, capacidade de carga de 79,3 t, autonomia de 60 dias de mar e lotação de 20 tripulantes (Tabela 2). Esta embarcação apresenta o passadiço localizado à meia-nau. Em direção à proa, no convés inferior, encontram-se a área de despesca, processamento e congelamento, enquanto que o convés superior é utilizado para armazenamento de covos e como área de lançamento na popa. As embarcações Mar Salada e Vichialo são originárias da Espanha e foram convertidas para pesca de caranguejo com covos para iniciar as operações na ZEE brasileira em julho de 2002. Apresentam, respectivamente, 28 e 27 m de comprimento total, 159 e 97 t de arqueação bruta, motores principais de 485 e 340 HP, capacidade de carga de 40 e 35 t e lotação de 17 e 16 tripulantes (Tabela 2). Estas embarcações apresentam uma disposição da superestrutura e das áreas de lançamento e despesca semelhante ao Royalist, porém distinguem-se das demais por realizar o recolhimento dos covos pelo bombordo. 3.2. Petrecho e operação de pesca O petrecho de pesca empregado pelas cinco embarcações consiste em uma linha principal de cabo sintético na qual é fixado um número variável de covos através de linhas secundárias. As extremidades de cada linha principal são fundeadas por âncoras ou outros tipos de lastros, de onde partem os cabos arinques na proporção aproximada de 1,5 vezes da profundidade local. Na outra extremidade dos arinques fixam-se as bóias sinalizadoras. 18 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA A embarcação Kinpo Maru 58 utiliza covos tronco-cônicos, com armação de ferro, revestimento de panagem de rede com malhas de 100 mm medidas entre nós opostos, boca plástica localizada na base superior e peso em torno de 17 kg. (Tabela 2). Em cada extremidade da linha principal (PP, φ 28 mm) é utilizado um covo mais pesado, de aproximadamente 60 kg e denominado “anca”, que serve como lastro para fundeio do petrecho de pesca. A embarcação japonesa operou linhas de até 450 covos, sendo o espaçamento entre covos de 18 a 20 m e linhas secundárias (PP, φ 12 mm) medindo de 2,5 a 4 m. As principais iscas utilizadas até o momento foram cabeças de bonito e de sardinha, colocadas no interior de pequenas bolsas confeccionadas com panagem de rede. A embarcação Diomedes empregou covos do tipo tronco-cônico, com características e dimensões semelhantes aos utilizados pelo Kinpo Maru 58, porém com tamanho de malha inferior (76 mm entre nós opostos) (Tabela 2). O barco russo também utilizou até 450 covos por linha principal, com linhas secundárias de 3 m fixadas a cada 15 m. Como isca, foram utilizadas cabeças de atum, de galinha e de sardinha, acondicionadas em recipientes plásticos vazados ou presos a ganchos metálicos. A embarcação Royalist empregou covos de formato trapezoidal, construídos a partir de vergalhões de ferro (φ 5-8 mm) e apresentando como revestimento uma grade com o lado das aberturas medindo entre 45 e 50 mm, boca plástica localizada na base superior e pesando cerca de 25 kg. (Tabela 2). Esta embarcação utilizou linhas principais (PE, φ 24 mm) de até 300 covos, com linhas secundárias (PP φ 19 mm) de 12 m que são fixadas a cada 25 m. As iscas foram variadas, incluindo cabeças de atum e de galinha, sardinhas, alas (carrilheiras) de peixe-sapo, cavalinha e xixarro. As embarcações Mar Salada e Vichialo utilizam covos semelhantes aos do barco Royalist. O número de covos por linha principal (PE φ 24mm) é de até 265 unidades no Mar Salada e de até 252 unidades no Vichialo. A distância entre covos é de 35 m para ambos os barcos, sendo que o comprimento da linha secundária (PE φ 12mm) foi de 13 e 11 m respectivamente. As iscas utilizadas foram barriga de bonito, cabeça de corvina, cabeça e pescoço de galinha e fígado bovino. A operação de pesca nas cinco embarcações seguiu o mesmo padrão, diferenciando-se quanto ao número de tripulantes envolvidos e a quantidade de linhas 19 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA de covos operadas simultaneamente (Tabela 2). O lançamento do petrecho de pesca é realizado pela popa, à velocidade de cerca de 6 nós, geralmente seguindo uma profundidade constante. Os covos, previamente iscados, vão sendo atados às linhas secundárias à medida que progride o lançamento da linha principal. O recolhimento de cada linha ocorre 24 a 36 horas após o lançamento, sendo realizado com auxílio de um guincho que traciona a linha principal. Uma vez embarcados, os covos são desatados das linhas secundárias para então serem abertos para a retirada da captura. Após a despesca, os covos são levados para a popa, onde são preparados para um novo lançamento, que geralmente é realizado logo após o recolhimento de uma linha de covos. Foi observado que as embarcações, quando retornam ao porto para descarga, mantém linhas de covos nas áreas de pesca. 3.3. Processamento da captura A frota caranguejeira apresentou três sistemas distintos de processamento (Tabela 2). Na embarcação Kinpo Maru 58, a captura é colocada em um compartimento de recepção. Abaixo deste compartimento, uma equipe de tripulantes inicia a manipulação dos caranguejos retirando as carapaças e as vísceras com a utilização de lâminas e escovas mecânicas. Em seguida, inicia-se a etapa de corte dos cefalotórax e separação de patas e garras dos indivíduos de maior tamanho. Após o corte, as partes são classificadas por tipo e tamanho e levadas para o cozimento em água do mar a 100oC. Após cerca de 20 minutos na água fervente, as partes dos caranguejos são imersas em um tanque com água do mar à temperatura ambiente, onde também permanecem por cerca de 20 minutos, para então serem levadas ao convés inferior. Na fábrica, as partes de caranguejos pequenos passam por uma primeira máquina extrusora, que separa a carne do exoesqueleto. Esta carne passa por uma prensagem, dando origem à carne desfiada prensada (FE) e ao caldo fino (DR), que é o subproduto da prensagem. Os resíduos que saem da primeira máquina extrusora passam para a segunda máquina extrusora, resultando no caldo grosso (FC). As patas retiradas dos caranguejos maiores são processadas manualmente com auxílio de cilindros rotativos, que retiram a carne das patas em partes inteiras no formato de pequenos bastões. Deste processo obtém-se 20 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA os produtos FF (bastões selecionados de 1a qualidade), AM (bastões não selecionados por tamanho) e FY (bastões que se partem na extração). Garras e cefalotórax dos caranguejos de maior porte podem ser embalados inteiros (KS), dependendo do volume produzido ao longo da viagem de pesca. O produto FE é acondicionado em um saco plástico e colocado em caixas de 13 kg, da mesma forma que FC e DR são embalados em caixas de 12 kg. Os produtos FF, AM e FY são embalados em caixas plásticas de 800g, onde são dispostos em camadas divididas por filme plástico. Dez destas caixas pequenas são acondicionadas em caixas de papelão, pesando 8 kg. O congelamento de todos os produtos é realizado em túneis de ar forçado a –50oC. Na embarcação Diomedes, a captura é armazenada em 3 tanques de 5000 litros de água do mar (life tanks) logo após a despesca, onde pode permanecer por até 7 dias. O processamento inicia-se com o corte do cefalotórax ao meio, retirada da carapaça e escovação para retirada das vísceras e brânquias, que é realizada com auxílio de escovas mecânicas. Em seguida, os caranguejos passam por uma esteira de pré-lavagem onde são classificados por peso: tipo M (de 98 a 140g), tipo L (maior que 140g), tipo 2L (de 130 a 235g) e tipo 3L (mais do que 235g). As classificações 2L e 3L foram usadas somente para Chaceon ramosae. Após a classificação, os caranguejos são acondicionados em 4 caixas metálicas vazadas, que têm as mesmas dimensões que as caixas de papelão usadas na embalagem final. Nas caixas metálicas, o produto é imerso em tanques de cozimento por 23 minutos para então serem transferido para tanques com água do mar em temperatura ambiente, onde permanecem por mais 20 minutos. Em seguida, as caixas metálicas são colocadas em água refrigerada (0oC) por 20 minutos e depois são transferidas para outros tanques com água refrigerada a -20oC com alta concentração de sal (NaCl), onde permanecem por cerca de uma hora. Após o congelamento, os caranguejos passam rapidamente por um grande tanque com água a temperatura ambiente, ficando cobertos por uma fina camada de gelo. Por fim, os caranguejos são transferidos das caixas metálicas para caixas de papelão de 20 kg revestidas internamente por um filme plástico e depois levadas para estocagem no porão a –20oC. Todo o deslocamento das caixas metálicas entre as diversas etapas do processamento é realizado mecanicamente, atreves de guinchos hidráulicos e trilhos dispostos no teto da fábrica. 21 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Nas embarcações Royalist, Mar Salada e Vichialo a captura é processada logo após a despesca com a separação manual das garras, corte do cefalotórax ao meio, retirada da carapaça, raspagem das brânquias e vísceras e por fim, escovação e lavagem com água do mar. O pescado é classificação por tamanho (4 subdivisões) e por cor (branco ou negro) dos produtos resultantes: garras (bocas) e as metades de cefalotórax com as patas (pechos ou peitos). As únicas ferramentas utilizadas neste processo são facas de diversos tamanhos. Após a lavagem, os produtos são imersos por 15 minutos em um tanque de 300-400 litros com uma solução anti-oxidante, constituída por água do mar resfriada (0oC - 7oC) e um pó químico composto de metabissulfito de sódio (70%), ácido cítrico, bicarbonato de sódio, carbonato de magnésio e ácido ascórbico, na proporção aproximada de 1 kg para 50 litros de água. Após o tratamento químico, os produtos são embalados em caixas de papelão e levados ao túnel de congelamento, ficando de 6 a 12 horas a –30oC. Na embarcação Royalist foi registrado o descarte de indivíduos que apresentavam largura de carapaça inferior a 90 mm e também que se encontravam em ecdise (muda do exoesqueleto). Características das embarcações, petrechos e formas de processamento podem ser observadas através das figuras do ANEXO I. 3.4. Captura total por embarcação e arte de pesca Desde 1999, quando a pescaria passou ao controle do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a produção do caranguejo-de-profundidade tem apresentado um aumento expressivo em bases anuais, variando de 468 t no primeiro ano, para mais de 1770 em 2001. Entre janeiro e agosto de 2002, a produção registrada já atingiu 1264 t (Fig. 3). Considerando o início das operações das embarcações Vichialo, Mar Salada e Diomedes entre os meses de junho e julho, e da operação simultânea de 9 a 10 embarcações de emalhe de fundo até outubro do mesmo ano, espera-se que a produção total de 2002 venha a superar substancialmente aquela observada no ano anterior. Entre setembro de 1999 e junho de 2002, a captura total de caranguejo na região atingiu 4683 t, sendo 10% desta produção desembarcada em 1999, 25,2% em 2000, 37,8% em 2001 e 27% entre janeiro e agosto de 2002. Estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, 22 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Indústria e Comercio Exterior apontam exportações brasileiras de caranguejo-deprofundidade da ordem de 721,2 t em 2000, 870,1 t em 2001 e 999,6 t de janeiro a outubro de 2002. Considerando um preço médio de comercialização do produto no mercado americano de US$ 7,00 por quilo, as estimativas de exportação do produto atingiriam cerca de US$5.048.400,00 no ano de 2000, US$6.090.700,00 no ano de 2001 e US$6.997.200,00 entre janeiro e outubro de 2002. Através da Figura 4, observa-se que a embarcação Kinpo Maru 58 é responsável pela maior parte da produção mensal do caranguejo. Em média, esta embarcação tem capturado 117,4 (± 23,8 IC 95%) t por mês. Já a captura mensal do Royalist tem oscilado em torno de 35,2 (± 8,2 I.C 95%) t, enquanto as embarcações de emalhe somadas apresentam capturas mensais médias da ordem de 30,0 (6,4 ± I.C. 95%) t. Informações preliminares referentes às primeiras viagens das embarcações Vichialo, Mar Salada e Diomedes apontam capturas médias da ordem de 26, 30 e 57 t por mês. 3.5. Distribuição espacial das operações de pesca As cinco embarcações caranguejeiras em operação no sul do Brasil apresentaram padrões distintos nas respectivas estratégias de ocupação de áreas de pesca, tanto em termos latitudinais como batimétricos. A partir das informações coletadas pelos observadores de bordo, verifica-se que o Kinpo Maru 58 apresentou uma estratégia praticamente estacionária no período analisado, operando no extremo sul do Brasil quase sempre em latitudes maiores que 33o S, chegando até o limite com o Uruguai (Fig. 5). Já a embarcação Royalist adotou uma estratégia de prospecção do recurso ao longo do talude da região sul, operando em fundos localizados desde latitudes próximas àquelas ocupadas pelo Kinpo Maru 58 (ao redor dos 33o S), até aquelas correspondentes à região do Cabo de Santa Marta (cerca de 28o 40’S). Após esta viagem exploratória, a embarcação centralizou suas operações basicamente na área compreendida entre os paralelos 27 e 30o S (Fig. 6). A análise preliminar dos dados obtidos sobre a composição das capturas indica um largo predomínio do caranguejo-real C. ramosae (94%) nas operações de pesca da 23 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA embarcação Royalist, o mesmo ocorrendo em relação ao caranguejo-vermelho Chaceon notialis para a embarcação Kinpo Maru 58. Através das amostragens já realizadas (Pezzuto, em preparação) e do próprio direcionamento das viagens de pesca por parte dos mestres, é evidente a existência de um predomínio de C. ramosae nas áreas ao norte do paralelo 30o S e de C. notialis ao sul de 33o S. A figura 7 apresenta uma sobreposição das informações de posicionamento das quatro embarcações rastreadas pelo PREA (Royalist, Vichialo, Mar Salada e Diomedes), desde o início das operações do Royalist. Através desta figura, pode-se observar mais claramente a estratégia exploratória adotada por esta embarcação na sua primeira viagem e sua posterior concentração nas áreas localizadas no litoral sul de Santa Catarina. Entre os paralelos 27 e 30o S, esta embarcação tem mostrado uma exploração seqüencial em termos latitudinais, aumentando e depois diminuindo sua latitude de operação ao longo de viagens sucessivas. Por outro lado, desde sua primeira viagem, as embarcações Vichialo e Mar Salada fixaram-se diretamente e em conjunto nos fundos de pesca já ocupados pelo Royalist, além de terem explorando também áreas mais ao norte, entre os paralelos 26 e 27o S. Por fim, a embarcação Diomedes tem apresentado um comportamento mais irregular, explorando ora as áreas ocupadas pelo Kinpo Maru 58, ora as áreas ocupadas pelas demais embarcações no sul de Santa Catarina. Deve-se ressaltar que as duas áreas de pesca principais ocupadas pelas embarcações correspondem aproximadamente às mesmas áreas onde ocorreram as principais capturas das embarcações caranguejeiras Hoshin Maru 2 e Koyo Maru 8 na década de 1980 (Lima & Lima Branco, 1991). Estas áreas também correspondem aos locais onde foram obtidas as melhores capturas de caranguejo-de-profundidade durante os cruzeiros científicos de prospecção pesqueira realizados no Sudeste e Sul do Brasil entre 1996 e 1998 no âmbito do Programa REVIZEE (MMA, 1999), sugerindo a delimitação destes fundos de pesca. Em termos batimétricos, também foram observadas diferenças marcadas entre as cinco embarcações. Enquanto o Kinpo Maru 58 tem operado em torno dos 600 m de profundidade, a embarcação Royalist tem apresentado uma tendência de exploração de áreas mais profundas, ao redor dos 700 m de profundidade (Tabela 4, Fig. 8). Em sua 24 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA primeira viagem, tanto a embarcação Vichialo como a embarcação Mar Salada operaram em áreas ainda mais profundas que o Royalist, ao contrário da embarcação Diomedes, que em média, atuou sobre fundos mais rasos que todo o restante da frota. Ainda pela tabela 4 pode-se verificar que as operações de pesca do caranguejo-deprofundidade no sul do Brasil têm ocorrido aproximadamente entre 200 e 1100 m de profundidade. Examinando-se em maior detalhe o padrão batimétrico de operação das duas embarcações engajadas há mais tempo na pescaria (Kinpo Maru 58), observa-se uma variação relativamente pequena das profundidades médias de operação dentro de cada trimestre para ambas as embarcações (Fig. 9). Entretanto, foram observadas tendências de variação nas profundidades médias de pesca entre os trimestres. No caso do Kinpo Maru 58, as operações tenderam a ser realizadas em profundidades ligeiramente menores nos verões de 2001 e 2002 em relação ao observado no inverno e primavera de 2001. No caso do Royalist, mais uma vez pôde ser observado um padrão de operação completamente distinto daquele adotado durante a sua primeira viagem realizada no segundo trimestre de 2001 quando, além de ter operado em áreas mais ao sul, sua profundidade média de operação esteve ao redor dos 560 m de profundidade. Em todos os outros trimestres, na média, a embarcação tendeu a operar em áreas além dos 700 m de profundidade, chegando, no primeiro trimestre de 2002, a operar principalmente em torno dos 760 m. A figura 9 sugere ainda que esta última embarcação buscou constantemente áreas progressivamente mais profundas ao longo do tempo, estabilizando depois sua profundidade média de pesca entre os 700 e 750 m nos dois primeiros trimestres de 2002. As diferenças nas estratégias de operação destas duas embarcações se tornam ainda mais evidentes através da figura 10, onde se tem uma visão tridimensional dos principais fundos de pesca de C. ramosae e de C. notialis no sul do Brasil. Observa-se que enquanto o Kinpo Maru 58 operou no extremo sul em geral mais próximo ao bordo superior do talude adotando um desenho sistemático de disposição dos lances de pesca, a embarcação Royalist operou em áreas mais profundas do sul de Santa Catarina, e com uma disposição mais linear dos lances, inclusive, em linhas dispostas regularmente nas maiores profundidades. 25 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 3.6. Distribuição temporal do esforço e da CPUE A tabela 5 apresenta as variações trimestrais observadas no esforço de pesca de cada embarcação. De modo geral, não foram observadas variações temporais significativas no esforço empregado pela embarcação Kinpo Maru 58. Excetuando-se dois trimestres em que a embarcação atuou em apenas uma parte do tempo, o número de lances efetuados tem oscilado ao redor de 173 por trimestre enquanto o número de covos lançados tem se mantido entre 76.000 e 80.000. Da mesma forma, não foram observadas variações expressivas nem no número médio de covos lançados por linha, nem na duração dos lances ou mesmo no produto do número médio de covos por linha pelo tempo de duração do lance, a não ser no quarto trimestre de 2001, quando os dois últimos parâm foram significativamente maiores que nos demais períodos. Por outro lado, observou-se um aumento expressivo do esforço empregado pela embarcação Royalist ao longo do tempo, principalmente em termos do número de lances e do número total de covos lançados por trimestre, e também no número de covos por linha, o qual passou de 250 no segundo trimestre de 2001 para 300 covos no início de 2002. Por outro lado, assim como observado no Kinpo Maru 58, o tempo médio de duração do lance não demonstrou variações expressivas entre os trimestres, oscilando ao redor das 46 horas, valor superior àquele empregado pela primeira embarcação (Tabela 5). A análise do esforço empregado pelas três outras embarcações em termos de número total de lances e de covos por trimestre deve ser efetuada com cautela, pois as informações constantes na tabela 5 estão limitadas apenas à primeira viagem destes barcos, a qual foi realizada pelo Vichialo e pelo Mar Salada entre junho e agosto de 2002, portanto, subestimando o nível potencial de esforço desempenhado pelas mesmas tanto no segundo como no terceiro trimestre de 2002. Pelo mesmo motivo, as informações referentes às embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist devem ser consideradas parciais no último trimestre considerado, uma vez que abrangem informações obtidas somente até o mês de agosto. As capturas médias em termos de número de indivíduos por covos foram bastante distintas entre as embarcações (Tabela 6). Considerando o total de covos examinados nas diversas embarcações, os rendimentos médios ficaram em torno de 35,8 26 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA indivíduos por covo para o Kinpo Maru 58, e 4,9 indivíduos por covo para o Royalist. Para ambas as embarcações analisadas o número máximo de indivíduos registrados num único covo superou 210 unidades (Tabela 1). A análise da tabela 6 revela também que as CPUEs da embarcação Kinpo Maru 58 foram sempre superiores às do restante da frota, atingindo em média 4,59 kg/covo em todo o período analisado. Este rendimento foi 1,7 vezes maior que a média obtida pelo Royalist ao longo de todas as suas viagens. Embora contemplem dados de uma única viagem, os rendimentos em quilos por covo obtidos pelas embarcações Vichialo e Mar Salada foram relativamente próximos aos do Royalist, enquanto os da embarcação Diomedes estiveram mais próximos aos rendimentos observados no Kinpo Maru 58. Entretanto, devido ao número diferenciado de covos utilizados por linha nas embarcações (especialmente na primeira viagem do Vichialo, Mar Salada e Diomedes, Tabela 5), os rendimentos totais por lance foram muito mais discrepantes, atingindo, em média, 2070 kg/lance no Kinpo Maru 58, 763 kg/lance no Royalist, 283 e 379 kg/lance no Vichialo e Mar Salada, respectivamente, e 633 kg/lance no Diomedes. De maneira geral, dentro de cada embarcação analisada, as diversas medidas de rendimento utilizadas apresentaram padrões similares de variação ao longo do tempo, revelando uma boa consistência entre as unidades de CPUE selecionadas (Tabela 6). Ainda assim, comparando-se as médias observadas para todas as medidas de rendimento do Kinpo Maru 58 e do Royalist, verifica-se que a primeira embarcação sempre obteve CPUEs superiores às da segunda (Tabela 6), fato que parece estar relacionado não só às potenciais diferenças nas características operacionais dos barcos, mas, principalmente, devido à atuação sobre áreas e estoques distintos. 3.7. Distribuição espaço-temporal das capturas por espécie No sentido de melhor evidenciar o efeito das espécies-alvo sobre as CPUEs calculadas para as embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist, foram analisadas as variações temporais e espaciais dos rendimentos destas embarcações por espécie, selecionando-se para a embarcação Royalist, apenas os lances realizados em latitudes 27 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA menores que 30o S, onde houve o predomínio de C. ramosae nas capturas e, para o Kinpo Maru 58, os lances realizados mais ao sul, onde C. notialis é a espécie predominante. Caranguejo-vermelho Chaceon notialis As capturas do caranguejo-vermelho C. notialis revelam um padrão de variação marcadamente sazonal, com valores mínimos sendo observados durante o inverno, e máximos durante os meses de verão. Comparando-se o primeiro trimestre de 2001 com o primeiro trimestre de 2002, observa-se uma redução da CPUE média para a espécie da ordem de 9,3% (5,37 kg/covo e 4,87 kg/covo, respectivamente), mas que foi compensada no terceiro trimestre de 2002, em que a CPUE média observada (4,05 kg/covo) foi 9,8% maior que no terceiro trimestre do ano anterior (Fig. 11, Tabela 6). Em relação à profundidade, os rendimentos médios obtidos para C. notialis apresentaram um aumento marcado desde os estratos mais rasos (200 m) até atingir os maiores valores entre os 500 e 600 m de profundidade, sugerindo uma distribuição preferencial da espécie nestas faixas de profundidade. Em direção às áreas mais profundas, os rendimentos apresentaram uma tendência de redução nos seus valores, porém, de maneira menos acentuada do que aquela observada em profundidades mais rasas (Fig. 12). Latitudinalmente, os rendimentos de C. notialis demonstram um aumento pronunciado em direção ao extremo sul da ZEE brasileira e às águas uruguaias, onde se encontra parte do estoque da espécie no Atlântico Sul-Ocidental (Defeo et al., 1991, 1992). No sul do Brasil, os rendimentos variaram de cerca de 0,5 kg/covo na latitude de 32o S, para cerca de 4,5 kg/covo em áreas ao sul do paralelo 33o S, denotando justamente a continuidade da sua distribuição em direção ao Uruguai. Apesar dos padrões observados acima, os rendimentos mostraram variações sazonais significativas tanto entre as faixas de profundidade como de latitude. Examinando-se a figura 14, que apresenta as variações batimétricas no rendimento médio de C. notialis nas quatro estações do ano, pode-se verificar: a) rendimentos relativamente estáveis, entre 5 e 6 kg/covo nas diversas faixas de profundidade durante 28 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA o verão, b) uma redução geral para valores entre 4 e 5 kg/covo em todas as faixas durante o outono, exceto nos 300 m, onde verificou-se rendimentos ainda elevados, c) reduções globais ainda mais marcadas no inverno e, d) uma recuperação nos rendimentos na primavera, sobretudo em profundidades menores que 600 m. Em relação à latitude, a figura 15 demonstra igualmente a presença de variações importantes na distribuição sazonal dos rendimentos obtidos para C. notialis no sul do Brasil. Durante o verão, os rendimentos foram maiores próximo ao limite com o Uruguai. No outono, embora também tenham sido obtidos rendimentos importantes nesta mesma região, observou-se um incremento na CPUE também ao norte de 33,5o S, o qual foi seguido no inverno por uma redução geral dos rendimentos em toda área de pesca. Na primavera, contudo, verificou-se um claro e progressivo aumento dos rendimentos médios em direção ao norte, atingindo, entre as latitudes 33o S e 33,5o S, os maiores valores observados durante todo o ano de 2001. Caranguejo-real Chaceon ramosae Ao contrário do caráter sazonal e aparentemente estável de variação dos rendimentos exibidos por C. notialis, as CPUEs do caranguejo-real C. ramosae declinaram continuamente desde o segundo trimestre de 2001, no início da sua explotação, até o quarto trimestre do mesmo ano (Fig. 11). Em comparação com este último período, o primeiro trimestre de 2002 foi caracterizado por um incremento substancial na CPUE média observada (2,69 para 3,24 kg/covo, respectivamente) o qual, porém, não se manteve nos trimestres subseqüentes, quando foram registradas as menores CPUEs de todo o período. Comparando-se a CPUE média do terceiro trimestre de 2001 com aquela observada no terceiro trimestre de 2002, o nível de redução na captura por covo para esta espécie atingiu cerca de 43% (Fig. 11, Tabela 6). Seu padrão geral de distribuição batimétrica também exibiu um comportamento completamente diferente ao do caranguejo-vermelho, e foi caracterizado por valores similares entre 500 e 700 m, e valores maiores tanto em direção a áreas mais rasas como mais profundas. (Fig. 12). 29 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Em termos latitudinais os melhores rendimentos médios para o caranguejo-real foram obtidos entre os 28 e os 29o de latitude sul (3,3 kg/covo), havendo um declínio mais acentuado dos rendimentos em direção ao norte, onde os valores situaram-se entre 1,6 e 2,0 kg/covo (Fig. 13). Comparado a C. notialis, as variações sazonais na distribuição batimétrica dos rendimentos foram muito menos marcadas para C. ramosae. No verão, os rendimentos se apresentaram relativamente estáveis nas diversas profundidades investigadas, exceto por uma pequena tendência de aumento nos valores médios entre os 600 e os 700 m de profundidade. Esta estabilidade se acentua no outono, quando também foram verificados os menores rendimentos médios de todo o período. Tal situação é modificada no inverno, quando os rendimentos mostram um pequeno incremento nos extremos da faixa batimétrica investigada, permanecendo o estrato de 600 m com valores similares aos observados no outono. É na primavera, contudo, que se acentua o incremento dos rendimentos com a profundidade, observando-se os valores máximos anuais entre os 900 e os 1000 m de profundidade. (Fig. 16). Latitudinalmente, as principais variações sazonais observadas nos rendimentos médios consistiram num incremento dos valores da CPUE em direção ao sul no inverno e na primavera, e um padrão contrário, porém menos marcado, durante o verão e o outono quando as maiores CPUEs concentraram-se entre 28,5o e 29o S (Fig. 17). 3.8. Avaliação da abundância dos estoques 3.8.1. Avaliação da abundância relativa: Modelo log-Linear Generalizado Caranguejo-vermelho Chaceon notialis O procedimento de modelagem das CPUEs obtidas pela embarcação Kinpo Maru 58 incluiu um total de 583 lances de pesca realizados entre janeiro e dezembro de 2001, dos quais 37,2, 23,8 e 39,0% dos lances foram realizados em profundidades menores que 550 m, entre 550m e 650m e maiores que 650 m respectivamente; 25,6 e 74,4% dos lances foram realizados nos estratos latitudinais 33-34o S e Sul de 34o S 30 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA respectivamente; 30,9, 30,0, 9,9 e 29,2% dos lances foram realizados no primeiro, segundo, terceiro e quarto trimestres de 2001 respectivamente. Os valores médios de CPUE não foram calculados para células com menos de dez lances. Assim os modelos foram ajustados a um conjunto de 24 células das quais duas ficaram vazias. Os MLGs ajustados à variação das CPUEs médias logaritmizadas do caranguejo-vermelho apresentaram, em geral, ajustes satisfatórios sendo que o Modelo II apresentou o melhor ajuste (R2 = 87,0%) e os Modelos I e IV os piores ajustes (R2 = 43,5 e 43,7%, respectivamente). As estimativas dos coeficientes da regressão e o sumário das demais estatísticas estão apresentadas na Tabela 7. A partir da análise das estimativas dos coeficientes trimestrais de abundância, nota-se que a biomassa do caranguejo-vermelho tendeu a diminuir entre o verão e o inverno subindo novamente nos meses de primavera (Fig. 18). Esse padrão, no entanto foi profundamente influenciado pelo estrato latitudinal, sendo que ao norte dos 34o S reduções da abundância foram evidentes no verão e principalmente no inverno, com um acentuado aumento de abundância na primavera. Por outro lado, ao sul dessa latitude o decréscimo da abundância foi contínuo até o terceiro trimestre, quando a biomassa atingiu cerca de 70% da biomassa do primeiro trimestre, observando-se um aumento no quarto trimestre que permaneceu em torno dos 75% da biomassa do primeiro trimestre (Fig. 18). O padrão trimestral de variação de abundância manteve-se em todos os estratos de profundidade, mostrando-se, porém, mais significativo em profundidades menores que 550 m (Fig. 18). A variação dos coeficientes batimétricos da abundância indicou que a biomassa do caranguejo-vermelho tendeu a ser maior entre 550 e 650 m de profundidade, padrão esse que foi consistente nos dois estratos latitudinais considerados (Tabela 7, Fig. 19). No entanto, quando são consideradas as interações com os coeficientes trimestrais, evidenciou-se que a abundância entre 550 e 650 m de profundidade aumenta no segundo e terceiro trimestres quando se apresenta cerca de 17% mais abundante que o estrato mais raso (Fig. 19). Na primavera há uma tendência de espalhamento da abundância entre os estratos de profundidade e no verão a abundância se concentra no estrato mais raso (Fig. 19). 31 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Em termos latitudinais, observou-se que o estrato ao sul de 34o S foi ligeiramente mais abundante que o estrato ao norte dessa latitude (Tabela 7, Figura 20). Porém esse padrão é fortemente influenciado pelo efeito sazonal de forma que a maior abundância no estrato sul ocorreu no terceiro e principalmente no primeiro trimestre de 2001 (Fig. 20). No outono (segundo trimestre) a abundância tende a ser semelhante nos dois estratos latitudinais e na primavera há uma clara concentração nas áreas de pesca ao norte de 34o S. Conclui-se que, assim como já observado no Uruguai (Defeo et al., 1992; Defeo & Masello, 2000b), a espécie apresenta padrões complexos de deslocamento batimétrico e latitudinal no sul do Brasil que afetam de forma significativa a disponibilidade do recurso para a pesca. Em geral, durante o verão (trimestre I) o estoque parece distribuirse principalmente sobre os estratos mais rasos ao sul de 34oS. No outono (trimestre II) inicia-se um deslocamento para latitudes ao norte de 34o S sobre profundidades entre 550 e 650 m. No inverno (trimestre III) o estoque parece recuar novamente para o sul e para profundidades maiores que 550 m retornando novamente para o norte e distribuído de forma relativamente homogênea nas diferentes profundidades na primavera (trimestre IV). Caranguejo-real Chaceon ramosae O procedimento de modelagem das CPUEs obtidas pela embarcação Royalist incluiu um total de 535 lances de pesca realizados entre julho de 2001 e junho de 2002, dos quais 28,7, 21,9 e 48,5% dos lances foram realizados em profundidades menores que 650 m, entre 650m e 750m e maiores que 750 m respectivamente; 48,6 e 51,4% dos lances foram realizados nos estratos latitudinais 28-29o S e 29-30o S respectivamente; 23,6; 16,3; 30,6 e 29,5% dos lances foram realizados no terceiro e quarto trimestres de 2001, primeiro e segundo trimestres de 2002 respectivamente. Os valores médios de CPUE não foram calculados para células com menos de dez lances. Assim os modelos foram ajustados a um conjunto de 24 células das quais duas ficaram vazias. Os MLGs ajustados à variação das CPUEs médias logaritmizadas do caranguejo-real apresentaram, em geral, ajustes satisfatórios sendo que os Modelos II e 32 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA IV apresentaram os melhores ajustes (R2 = 80,0 e 83,0%, respectivamente) e o Modelos I e III os piores ajustes (ambos R2 = 77,0%). As estimativas dos coeficientes da regressão e o sumário das demais estatísticas estão apresentadas na tabela 8. A partir da análise das estimativas dos coeficientes trimestrais de abundância, nota-se que a biomassa do caranguejo-real sofreu um pequeno decréscimo no quarto trimestre de 2001, um acréscimo no primeiro trimestre de 2002 e uma pronunciada redução no trimestre seguinte. A abundância neste trimestre atingiu 73% da abundância do terceiro trimestre de 2001 (Tabela 8, Fig. 21). Esse padrão foi mais pronunciado ao sul de 29o S e em profundidades menores que 650 m (Fig. 21). A variação geral dos coeficientes batimétricos da abundância do caranguejo-real foi pequena, embora apresentando uma tendência de aumento na abundância em profundidades maiores que 650 m (Tabela 2; Fig. 22). Este padrão, no entanto apresentou forte influencia sazonal nos dois intervalos de latitude, havendo uma distribuição relativamente homogênea da abundância nos três estratos batimétricos no verão, um aumento expressivo da abundância em profundidades maiores que 650 m no outono, concentração entre 650 e 750 m no inverno e forte aumento de abundância nas maiores profundidades na primavera (Fig. 22). Em termos latitudinais, a abundância ao norte de 29oS foi em geral cerca de 20% maior que ao sul dessa latitude. Apenas no inverno foram observadas abundâncias similares em ambos estratos latitudinais (Tabela 8; Fig. 23). Conclui-se que a espécie também apresenta padrões complexos de deslocamento batimétrico e latitudinal no sul do Brasil, como observado para o caranguejo-vermelho C. notialis. Em geral durante o inverno, o estoque parece distribuir-se de maneira relativamente homogênea entre 28-29o S e entre 29-30o S, concentrando-se em profundidades entre 650 e 750 m. Na primavera parte do estoque se retrai para o norte de 29o S e para áreas mais profundas que 750 m, espalhando-se no verão em todas as faixas de profundidade e, no outono, em áreas com profundidades maiores que 650 m. A importante queda de abundância observada neste último trimestre, da ordem de 30%, não parece ter ligação com deslocamentos latitudinais ou batimétricos, já que foi observada em todos os estratos de latitude e de profundidade, podendo ser conseqüência de uma redução geral na abundância do estoque. 33 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 3.8.2. Avaliação da abundância absoluta: Área Efetiva de Pesca As avaliações da abundância absoluta dos caranguejos-de-profundidade no sul do Brasil foram efetuadas pelo método da Área Efetiva de Pesca, utilizando-se três medidas para os raios de influência dos covos comumente encontradas na literatura referente à avaliação de estoques de caranguejos gerionídeos, no caso, 25, 30 e 35 m. Assim, para C. maritae no litoral africano, Le Loeuff et al. (1978) estimaram raios de influência dos covos variáveis entre 27 e 36 m, valor ligeiramente superior ao estimado por Melville-Smith (1986) para a mesma espécie em outros fundos de pesca. Para C. quinquedens, no noroeste do Atlântico, as estimativas de raio de influência dos covos têm variado entre 27 e 31 m (Stone & Bailey, 1980; McElman & Elner, 1982; Waller et al., 1995). Por fim, Defeo et al., (1992) sugerem que o raio de influência dos covos utilizados na captura de C. notialis no Uruguai deva se situar em torno de 30 a 33 m. Desta forma, apesar da impossibilidade de se testar neste momento as áreas de influência dos covos atualmente em uso na ZEE brasileira, as estimativas efetuadas abaixo para os respectivos estoques de caranguejo-de-profundidade representam as melhores evidências disponíveis para a quantificação da biomassa existente, e seguem os procedimentos utilizados na avaliação de outros estoques de gerionídeos do Atlântico. Caranguejo-vermelho Chaceon notialis Considerando-se os três diferentes raios de influência dos covos, estimou-se para a espécie no ano de 2001 biomassas médias variáveis entre 36,8 e 51,8 kg/ha (Tabela 9). Deve-se destacar, contudo, que a estimativa de biomassa média efetuada assumindo-se um raio de influência dos covos correspondente a 30 m (43,6 kg/ha) foi extremamente próxima à biomassa estimada por Defeo et al. (1991, 1992) para a mesma espécie no Uruguai, considerando áreas localizadas entre as latitudes 35o e 36o 40’ S. Ao longo dos trimestres, as estimativas de biomassa média por hectare seguiram os mesmos padrões identificados nos rendimentos médios calculados em kg/covo para a embarcação Kinpo Maru 58 (Figs. 11 e 24). De forma geral, verifica-se uma oscilação 34 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA sazonal na biomassa média de C. notialis, com os menores valores de biomassa ocorrendo no inverno e os maiores no verão. Comparando-se as estimativas efetuadas para o primeiro trimestre de 2001 utilizando-se um raio de influência de 30 m (50,86 kg/ha) com as do primeiro trimestre de 2002 (46,00 kg/ha), observou-se uma redução média de 9% na biomassa do estoque entre os dois períodos. Entretanto, a comparação entre os terceiros trimestres de 2001 e de 2002 indicou uma elevação de 14,5% na biomassa entre os dois períodos, sugerindo uma aparente estabilidade na abundância geral do estoque. A mesma comparação efetuada com base no rendimento médio expresso em kg/covo resultou num declínio de 9,3% entre o verão dos dois anos, e um incremento de 9,8% no rendimento do inverno de 2002 quando comparado ao de 2001, reforçando a aparente condição de estabilidade do estoque (Fig. 11.; Tabela 6). Os valores de biomassa expressos por hectare foram integrados para a área compreendida entre a latitude 33o S e o paralelo 34o40’ S e as isóbatas de 200 e 900 m. Principalmente em decorrência da maior área disponível, o estrato localizado entre 33 e 34o S apresentou os maiores valores de biomassa total apesar do estrato situado ao sul de 34o S ter demonstrado biomassas por hectare sempre superiores (Tabela 9). Considerando-se os três raios de influência dos covos, as estimativas de biomassa total para C. notialis variaram de 14.418,0 a 20.340,5 t, com um valor de 17.117,8 t para um raio de influência de 30 m. Destaca-se mais uma vez que tais estimativas encontram-se dentro dos limites observados para C. notialis no Uruguai, as quais variaram entre 14.000 e 22.220 t, dependendo da estação do ano (Defeo et al., 1991, 1992). Em função de no momento não haver qualquer evidência que sugira a existência de raios de influência dos covos diferentes no Brasil e no Uruguai para a mesma espécie, considerase neste trabalho como mais prováveis as estimativas de biomassa efetuadas assumindose um raio de influência de 30 m, mesmo valor adotado para a pesca da espécie no Uruguai. Caranguejo-real Chaceon ramosae Para C. ramosae as estimativas de biomassa média foram sempre inferiores às estimadas para o caranguejo-vermelho, e variaram entre 14,86 e 21,31 kg/ha para raios de influência de 35 e 25 m, respectivamente (Tabela 9). 35 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA As variações trimestrais nos valores de biomassa média estimados para C. ramosae seguem o mesmo padrão de declínio temporal já identificado nos rendimentos em kg/covo. Considerando um raio de influência dos covos de 35 m, as biomassas médias estimadas variaram de 16,89 kg/ha no terceiro trimestre de 2001 para 10,05 kg/ha no mesmo trimestre de 2002, representando um declínio de cerca de 40% na biomassa média entre os dois períodos (Fig. 24). A mesma análise efetuada com base na variação trimestral dos rendimentos em kg/covo indicaram uma queda de 43% entre os mesmos trimestres. A integração dos valores de biomassa média por hectare para os diversos estratos latitudinais indicou uma maior biomassa total no estrato localizado entre os paralelos 28 e 29o S, com valores variáveis entre 4.930,5 e 7.073,9 t, dependendo do raio de influência dos covos. Considerando todo o fundo de pesca explotado até o momento, a biomassa total do estoque do caranguejo-real C. ramosae foi estimada entre 11.636,4 e 16.695,7 t, valores significativamente inferiores aos estimados para C. notialis. Segundo Gage & Tyler (1991), a megafauna de carnívoros e necrófagos em áreas profundas apresenta um padrão marcado de aumento não só no tamanho, como também na mobilidade, como uma estratégia adaptativa visando aumentar as chances de encontro de presas e alimentos em potencial. Comparativamente a C. notialis, C. ramosae apresenta um tamanho e um peso médio muito superior (Lima & Lima Branco, 1991; Defeo et al., 1992; Pezzuto em preparação), o que poderia trazer como conseqüência, uma maior mobilidade e/ou uma capacidade ligeiramente maior de percepção das iscas, o que, em última análise, poderia levar a um aumento no raio de influência dos covos. Desta forma, recomenda-se a adoção do valor de 11.636,4 t como estimativa mais provável da biomassa de C. ramosae no sul do Brasil, valor obtido com base em um raio de influência dos covos de 35 m, mantendo-se para C. notialis, as estimativas efetuadas a partir do raio de influência de 30 m. As estimativas de biomassa por hectare e biomassa total obtidas para C. notialis e para C. ramosae encontram-se dentro dos intervalos estimados para fundos de pesca de áreas similares identificados para espécies de gerionídeos do Atlântico, como C. 36 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA maritae do litoral Africano, C. quinquedens do Atlântico norte e C. notialis, do Uruguai (Tabela 10). 4. ESTADO DA PESCARIA E RECOMENDAÇÕES PARA O ORDENAMENTO 4.1. Diagnóstico do Estado das Pescarias A pescaria de caranguejos de profundidade no sul do Brasil entre 1999 e 2002 foi baseada em dois estoques pesqueiros, disponíveis principalmente em duas áreas geográficas distintas, e compostos por duas espécies diferentes de caranguejos gerionídeos. Chaceon notialis (caranguejo-vermelho) foi explotado principalmente ao sul de 33o S e entre as isóbatas de 200 e 900 m. Chaceon ramosae (caraguejo-real) foi explotado, sobretudo entre os paralelos 27o S e 30o S e entre as isóbatas de 500 e 900 m. Ambas espécies foram capturadas por embarcações arrendadas operando com covos, embora principalmente C. ramosae tenha recebido um impacto adicional por parte da frota arrendada de pesca de emalhe direcionada ao peixe-sapo (Lophius gastrophysus), onde a espécie representou uma parcela significativa da captura incidental retida ou mesmo rejeitada (Perez et al., 2002b). A pescaria de C. notialis iniciou em 1998 através das operações de uma embarcação de bandeira japonesa (Kinpo Maru 58) a qual segue operando exclusivamente sobre esse estoque desde então. Esse estoque foi alvo de algumas operações ocasionais da embarcação Royalist a qual, no entanto, devido ao tipo de processamento a bordo e às exigências do mercado suprido pela mesma, concentrou sua atividade sobre o estoque de C. ramosae, espécie de tamanho médio bastante superior a C. notialis (Lima & Lima Branco, 1991; Pezzuto, em preparação). Mais recentemente uma terceira embarcação, Diomedes, tem operado sobre os dois estoques de forma alternada, sugerindo uma falta de preferência por um ou outro recurso e a capacidade de processar a bordo ambas espécies. Considerando o período setembro de 1999 (início das 37 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA operações do Kinpo Maru 58 sob jurisdição do DPA-MAPA) a agosto de 2002, a captura total da espécie no sul do Brasil somou 3.529,1 t. Tendo como base as operações de pesca da embarcação Kinpo Maru 58 entre 2001 e 2002, observou-se que as capturas de C. notialis apresentam um padrão de variação marcadamente sazonal com valores mínimos durante o inverno e máximos durante o verão. Em relação à profundidade, os melhores rendimentos foram obtidos, em média, entre 500 e 700 m de profundidade. De maneira geral, o estoque apresenta um aumento de abundância relativa em direção ao Uruguai, porém apresentando profundas variações sazonais tanto em termos latitudinais quanto batimétricos. Assim, durante o verão, o estoque parece distribuir-se principalmente sobre os estratos mais rasos ao sul de 34o S. No outono, a espécie inicia um deslocamento para latitudes ao norte de 34o S sobre profundidades entre 550 e 650 m. No inverno, o estoque parece recuar novamente para o sul e para profundidades maiores que 550 m, retornando novamente para o norte e de forma relativamente homogênea nas diferentes profundidades na primavera.Tais padrões foram relativamente similares aos observados por Defeo & Masello (2000b) no Uruguai. Nesta região, os maiores rendimentos também ocorreram em direção ao sul e em menores profundidades durante os meses de verão e em direção ao norte no outono, embora nesta estação os rendimentos médios tenham se mantido mais elevados em menores profundidades, ainda que com valores inferiores aos da estação anterior. No inverno, rendimentos elevados foram observados tanto no extremo norte como no sul da ZEE uruguaia e principalmente entre os 500 e os 600 m de profundidade, o mesmo ocorrendo na primavera, apesar de nesta estação rendimentos elevados terem sido encontrados numa faixa batimétrica mais ampla, compreendida entre 400 e 800 m de profundidade. Os padrões coincidentes nas variações latitudinais dos rendimentos observadas tanto no Brasil (este trabalho) como no Uruguai (Defeo et al., 1992; Defeo & Masello, 2000b), sugerem que uma parcela do estoque de C. notialis move-se sazonalmente entre as ZEEs dos dois países, fundamentalmente, em direção ao Brasil no outono e na primavera e ao Uruguai no inverno e no verão. Desta forma, o caranguejo-vermelho deve ser considerado como um estoque compartilhado entre os dois países, demandando medidas de ordenamento bilaterais que assegurem a sustentabilidade da sua explotação 38 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA nas respectivas áreas de pesca. Nesse sentido, e desconsiderando-se os períodos de explotação já decorridos tanto no Uruguai como no Brasil e as eventuais diferenças nas seletividades dos aparelhos de pesca utilizados nas respectivas avaliações de biomassa, deve-se considerar o estoque global de C. notialis no Atlântico sul-ocidental menor que a simples soma das biomassas estimadas para a espécie por Defeo et al. (1992) e por este trabalho (22.220 t e 17.117,8 t, respectivamente), haja vista o compartilhamento, através de movimentos migratórios, de uma parte não dimensionada da biomassa entre os dois países. A pescaria direcionada a C. ramosae, iniciou-se de forma incipiente ao longo de 2001, com capturas incidentais da emergente pesca de emalhe direcionada ao peixesapo, e de forma dirigida a partir de maio daquele ano, quando entrou em operação a embarcação Royalist. Apesar dessa embarcação ter sido a única a operar com covos de forma dirigida sobre esse estoque por pouco mais de um ano, a mesma representou apenas parte do impacto exercido sobre o recurso, uma vez que as capturas realizadas pelo conjunto da frota de emalhe no mesmo período foram praticamente equivalentes às registradas para o Royalist. Adicionalmente, ao contrário do observado nas operações do Kinpo Maru 58, essa embarcação exibiu um aumento significativo no esforço de pesca em suas sucessivas viagens, empregando não só um maior número de covos por linha, como também um maior número total de covos lançados por viagem. Tais fatos associados a um comportamento relativamente estacionário de operação nas áreas de pesca, podem ter sido responsáveis pelas expressivas quedas nos rendimentos médios observados para essa espécie ao longo do período. A partir de junho de 2002, as embarcações de menor porte Vichialo e Mar Salada ingressaram na pescaria dirigida a C. ramosae e posteriormente a embarcação Diomedes iniciou suas operações de forma alternada sobre as duas espécies, perfazendo uma frota atual de quatro embarcações caranguejeiras de diferentes capacidades operando sobre o caranguejo-real. Considerando o período janeiro de 2001 a agosto de 2002, o desembarque total da espécie no sul do Brasil somou 1.153,8 t, do qual 46,8% correspondeu à captura realizada pela frota de emalhe. Tendo como base os padrões pesqueiros apresentados pela embarcação Royalist, observou-se que as capturas de C. ramosae também exibem um padrão sazonal de 39 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA variação com maiores valores durante o inverno e verão e menores na primavera e principalmente no outono. Em relação à profundidade, de maneira geral, os melhores rendimentos foram obtidos em profundidades maiores que 650 m. O estoque encontrouse concentrado principalmente entre 27o S e 30o S embora as maiores concentrações estiveram situadas ao norte de 29o S onde a biomassa relativa foi cerca de 20% maior do que nas áreas ao sul desta latitude. Assim como C. notialis e a maior parte dos caranguejos gerionídeos conhecidos (Hastie, 1995), C. ramosae também exibe padrões complexos de deslocamento batimétrico e latitudinal no sul do Brasil. Assim, durante o inverno, o estoque parece distribuir-se de maneira relativamente homogênea nos vários estratos latitudinais embora se concentrando principalmente em profundidades entre 650 e 750 m. Na primavera, parte do estoque se desloca para o norte de 29o S e para áreas mais profundas que 750 m espalhando-se, no verão em todos estratos batimétricos. Por fim, no outono, parte do estoque se mantém ao norte de 29o S concentrando-se, porém, novamente em áreas mais profundas, além dos 750 m de profundidade. Para C. ramosae, as estimativas de biomassa média foram sempre inferiores às estimadas para C. notialis. Em termos globais, o estrato latitudinal compreendido pelos paralelos 28o S e 29o S apresentou aos maiores níveis absolutos de biomassa (4.930,5 t) e o estoque como um todo foi avaliado em 11.636,4 t, o que confere a essa espécie uma biomassa total 32% inferior à estimada para C. notialis no sul do Brasil. Concluindo, os padrões pesqueiros observados para a nova pescaria de caranguejos-de-profundidade no sul do Brasil apontam para a necessidade do estabelecimento de planos de manejo diferenciados para os dois estoques pesqueiros em suas respectivas áreas de pesca. A seguir são apresentados os planos de manejo propostos para esses recursos. 4.2. Planos para o Manejo das Pescarias 4.2.1. Objetivos de manejo A elaboração das bases para medidas de ordenamento das pescarias dos caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil para o período 2003 foi fundamentada no 40 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA diagnóstico do estado da pesca sumarizado acima e foi norteada pelos objetivos básicos de utilização sustentável dos recursos pesqueiros explicitados na Constituição Brasileira de 1988 em seu Capítulo VI “Do meio ambiente”: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1o – Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público ... preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; Também foram considerados essenciais os princípios estabelecidos por organizações e acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário ou membro permanente, como por exemplo: • Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – Nova Iorque, 1982 Art. 61. Os Estados “...levando em consideração os dados científicos mais fidedignos disponíveis [...] assegurarão, mediante medidas adequadas de conservação e ordenamento, que a peservação dos recursos vivos de sua ZEE não se veja ameaçada por um excesso de explotação”. • Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento (UNCED) – Rio de Janeiro, 1992 41 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Agenda 21 Cap. 17. Sobre os Oceanos: Os Estados devem “... desenvolver e incrementar o potencial dos recursos marinhos vivos para satisfazer as necessidades nutricionais do homem, assim como as metas sócio-econômicas de desenvolvimento” [...] “...promover o ordenamento integrado e o desenvolvimento sustentável das áreas costeiras e do ambiente marinho...” • Código de Conduta para a Pesca Responsável – Roma, 1994 (FAO, 1995): Art. 6 – Princípios Gerais do Código: 6.1. Os estados e os usuários dos recursos aquáticos vivos deveriam conservar os ecossistemas aquáticos. O direito de pescar leva consigo a obrigação de fazê-lo de forma responsável a fim de assegurar a conservação e a gestão efetiva dos recursos aquáticos vivos. 6.2. A ordenação da pesca deveria fomentar a manutenção da qualidade, da diversidade e disponibilidade dos recursos pesqueiros em quantidade suficiente para as gerações presentes e futuras, no contexto de segurança alimentar, o alívio da pobreza e o desenvolvimento sustentável. As medidas de ordenamento deveriam assegurar a conservação não apenas de espécies-alvo, mas também daquelas espécies pertencentes ao mesmo ecossistema ou dependentes delas ou que estejam associadas a elas. 6.3. Os Estados deveriam evitar a sobrexplotação e o excesso de capacidade de pesca e deveriam aplicar medidas de ordenamento com o fim de assegurar que o esforço de pesca seja proporcional à capacidade de produção dos recursos pesqueiros e ao aproveitamento sustentável dos mesmos. 6.4. As decisões sobre conservação e ordenamento em matéria de pescarias deveriam estar baseadas nos dados científicos mais fidedignos disponíveis, levando em conta também conhecimentos tradicionais acerca dos recursos e seu hábitat, assim como os fatores ambientais, econômicos e sociais pertinentes. 42 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 6.5. Os Estados e as organizações subregionais e regionais de ordenamento pesqueiro deveriam aplicar amplamente o critério de precaução na conservação, no ordenamento e na explotação dos recursos aquáticos vivos com o fim de protegê-los e de preservar o meio-ambiente aquático, tomando em consideração os dados científicos mais fidedignos disponíveis. A falta de informação científica adequada não deveria ser utilizada como razão para adiar ou deixar de tomar medidas para conservar as espécies que são objeto da pesca, espécies associadas ou dependentes destas e aquelas que não são objeto da pesca, assim como o meio ambiente. 6.6. ... Os Estados e os usuários dos ecossistemas aquáticos deveriam reduzir ao mínimo o desperdício das capturas tanto das espécies que são objeto da pesca com as que não são. • Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável – Johannesburg, 2002 Plano de Implementação Art. 29. “Oceanos, mares, ilhas e áreas costeiras formam um componente integrado e essencial do ecossistema da Terra e são críticos para a segurança alimentar global e para a sustentação da prosperidade econômica e o bem-estar de muitas economias nacionais, particularmente de países em desenvolvimento. Garantir o desenvolvimento sustentável dos oceanos requer coordenação efetiva e cooperação, mesmo em níveis globais e regionais” [...] “e ações relevantes para: “(a) ...implementar a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (b) Promover a implementação do Capítulo 17 da Agenda 21...” Art. 30. “Para atingir a pesca sustentável, as seguintes ações são necessárias em todos os níveis: (a) Manter ou recuperar os estoques a níveis que possam produzir o rendimento máximo sustentável com o objetivo de atingir essas metas para estoques depletados de forma urgencial e onde possível não depois de 43 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 2015” [...] “(c) Implementar o Código de Conduta da Pesca Responsável de 1995...” 4.2.2. Princípio da Precaução O uso da precaução no manejo dos recursos naturais foi um dos principais elementos de mudança propostos pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982 e pela UNCED de 1992 para se atingir mais eficientemente as metas de sustentabilidade. A UNCED declarou que: “Para proteger o ambiente, a abordagem de precaução deve ser amplamente aplicada pelos Estados de acordo com sua capacidade. Onde existirem ameaças de danos sérios ou irreversíveis, a falta de completa certeza científica não deve ser utilizada como uma razão para protelar medidas para prevenir a degradação ambiental”. As implicações para o manejo pesqueiro foram examinadas pela FAO (1996) e essencialmente se baseiam na necessidade de se reduzir o risco de danos a um estoque pesqueiro através da adoção de medidas que levem em consideração as incertezas do sistema-pesca. Deriva fundamentalmente da necessidade de serem tomadas ações de ordenamento mesmo que o conhecimento científico seja incompleto. Esse conceito foi explicitamente utilizado na elaboração da proposta para o plano de manejo do peixesapo (Lophius gastrophysus) (Perez et al., 2002) e novamente serve como um fundamental elemento de suporte para as propostas de manejo para as pescarias de caranguejos no sul do Brasil. 4.3. Pontos de Referência A utilização sustentável dos recursos pesqueiros, tomada como objetivo básico para o desenvolvimento das pescarias de caranguejos do sul do Brasil, permite a 44 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA definição de critérios conceituais de referência para o manejo dessas pescarias. Para a implementação de um plano de manejo, no entanto, deve ser possível converter esses critérios conceituais em Pontos técnicos de Referência, os quais podem ser calculados levando-se em consideração características biológicas ou econômicas da pescaria (Caddy & Mahon, 1996). Em muitas pescarias emergentes, onde as informações populacionais são insuficientes para a determinação de políticas que otimizem a explotação do recurso, esses Pontos de Referência (PRs), podem representar alvos a serem atingidos através da pescaria (Pontos Objetivos de Referência, POR) ou “zonas de perigo” que deveriam ser evitadas pela mesma (Pontos Limites de Referência, PLR) (Caddy & Mahon, 1996; Quinn II & Deriso, 1999). O Rendimento Máximo Sustentável (RMS) é um ponto de referência amplamente utilizado para atender às considerações sobre o objetivo do manejo das pescarias globais estabelecidas na Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito do Mar de 1982. Sua estimativa mais básica deriva da aplicação de modelos de dinâmica de biomassa do tipo Graham-Schaefer (Garcia et al., 1989; Caddy & Mahon, 1996; Caddy, 1999; Quinn II & Deriso, 1999) e sua utilização mais conservativa tem sido como patamar de “segurança biológica” o qual define a biomassa da população acima da qual seria desejável manter os níveis de biomassa do estoque explotado (Caddy & Mahon, 1996). Em pescarias recentes o RMS tem sido estimado pela “Fórmula de Gulland” (Gulland, 1971) onde o RMS seria o rendimento obtido através de uma mortalidade por pesca (Fm) que seria aproximadamente igual à mortalidade natural M atuante no estoque explotado numa situação de equilíbrio. Em termos analíticos o PR proposto para um determinado ano i seria definido como: RMSt = Fm ⋅ Bt (1) e RMS = X ⋅ M ⋅ B0 = M ⋅ Bm (2) 45 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA onde B0 é a biomassa virginal e X é um fator de correção. Assumindo o modelo clássico de crescimento populacional logístico, X seria equivalente a 0,5 (Fig. 25). Além dos pressupostos tradicionais de que a população é denso-dependente e o recrutamento é constante (Woodby et al., 1993; Quinn II & DeRiso, 1999), vários autores têm indicado que Fm é de fato menor que M e, portanto, a equação (1) sobreestima RMS quando X = 0,5 (Fig. 25). Assim, recomenda-se que o fator X deve ser utilizado de uma forma conservativa representando, no máximo, o limite superior de Fm (Garcia et al., 1989; Woodby et al., 1993; Quinn II & Deriso, 1999). O RMS estimado pela fórmula de Gulland tem servido como PR para pescarias relativamente recentes de caranguejos Gerionídeos como a de C. quinquedens no Atlântico NW (NEFMC, 2002) e do próprio caranguejo-vermelho C. notialis no Uruguai (Defeo et al., 1991; 1992). Esse PR será utilizado para a avaliação do estado e das tendências dos estoques recentemente explotados de C. notialis e C. ramosae no sul do Brasil, tomando o mesmo como um referencial máximo para a explotação desses recursos. Esse procedimento proporcionará certa flexibilidade para escolher outros PR mais cautelosos e que poderão ser utilizados como Pontos de Referência Objetivos (PROs) ou zonas de alerta para a pescaria (Caddy & Mahon, 1996; NEFMC, 2002). Abaixo são sumarizados os critérios utilizados para diagnosticar o estado das pescarias e dos estoques de caranguejo-vermelho e de caranguejo-real, os pontos limites de referência e as ações recomendadas (Fig. 25). 46 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Estado Critério Ponto de Referência Ação Zona Segura Biomassa (B) B>110%BRMS Monitoramento CPUE CPUE > 1,10 CPUERMS Biomassa (B) BRMS<B<110%BRMS Zona de Alerta CPUE Zona Não-segura 1< Reduzir F CPUE < 1,10 CPUERMS Biomassa (B) B<BRMS CPUE CPUE <1 CPUERMS Plano de Recuperação Os critérios apresentados para diagnosticar o estado das pescarias poderão ser anualmente acessados através das estimativas anuais de biomassa pelo Método da Área Efetiva de Pesca e do estabelecimento (a) da biomassa estimada neste trabalho como a biomassa virginal, Bo; e (b) da metade de Bo como biomassa que produziria o RMS (BRMS), segundo um modelo logístico de produção de biomassa. Adicionalmente serão utilizados os índices de abundância produzidos anualmente pelo Modelo Linear Generalizado (MLG) e pela variação anual da CPUE média. A CPUE referente à biomassa da população que produz o RMS (CPUERMS) será estimada tomando em conta a relação: CPUERMS = q ⋅ BRMS onde q é o coeficiente de capturabilidade. Como ressaltado por Arena et al. (1988), a determinação do coeficiente de capturabilidade (q) real de armadilhas (covos) é difícil, pois o mesmo é largamente influenciado dentre outros aspectos, pelo tempo de permanência do covo na água, tipo e quantidade de isca, intensidade e direção de correntes e mobilidade dos organismos. Desta forma, o conceito de Área de Influência é um conceito operacional e que 47 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA representa a área média dentro da qual qualquer organismo presente seria efetivamente capturado (Eggers et al., 1982). Sendo assim e com tal premissa em mente, considerouse como uma medida aproximada de q a razão entre a área média de atração do covo (descartadas as áreas de sobreposição entre covos adjacentes) e a área total de distribuição do estoque. A seguir serão descritos os planos de manejo propostos para o caranguejovemelho e o caranguejo-real, incluindo medidas administrativas a serem implementadas a partir de 2003. Essas propostas, que se acreditam, seriam as mais apropriadas para a sustentação das pescarias a curto e médio prazo, levam em conta as informações geradas durante 1999-2002 da pesca da frota arrendada, os aspectos teóricos e práticos das experiências de manejo de pescarias de caranguejos, particularmente de espécies do gênero Chaceon no Atlântico, os objetivos de sustentabilidade, os pontos de referência biológicos destes derivados e a abordagem de precaução. Os planos abaixo consideram os estoques de caranguejo-vermelho e de caranguejo-real identificados até o momento nos dois principais fundos de pesca trabalhados pelas embarcações no sul do Brasil. Desta forma, as análises e recomendações propostas a seguir não excluem a necessidade de realização de prospecções em outras áreas mais ao norte da região considerada, no intuito de identificar possíveis extensões dos fundos de pesca ou mesmo localizar novos estoques, os quais deverão ser posteriormente contemplados na revisão ou na ampliação dos planos de manejo sugeridos abaixo. 4.4. Plano de Manejo do Caranguejo-vermelho Chaceon notialis 4.4.1. Unidade de Manejo O recurso caranguejo-vermelho refere-se exclusivamente ao estoque da espécie Chaceon notialis disponível para a pesca com covos na área de 392.127 ha delimitada ao norte pela latitude de 33o S, à oeste pela isóbata de 200 m, a leste pela isóbata de 900 m, e ao sul pelo limite sul da ZEE Brasileira (Fig. 26). Esse estoque é considerado uma extensão setentrional daquele explotado comercialmente nas águas uruguaias 48 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA caracterizando uma situação de estoque compartilhado entre Brasil e Uruguai. O presente plano, a priori, está direcionado ao manejo da parcela do estoque total disponível em águas brasileiras, porém ressalta-se a relevância de considerar no futuro uma unidade de manejo mais ampla em colaboração com setores administrativos da pesca do Uruguai (Fig. 26). 4.4.2. Temporada de pesca Propõe-se o estabelecimento da data de 1o de janeiro para o início da temporada anual de pesca do caranguejo-vermelho, a partir da qual deverão entrar em vigor as normas para a explotação do recurso a cada ano. 4.4.3. Pontos de Referência O RMS estimado para o caranguejo-vermelho dentro da área de manejo foi de 1.027 t t. A estimativa foi realizada através da fórmula de Gulland utilizando-se uma Bo calculada com base num raio de influência dos covos de 30 m (17.117,8 t), uma taxa instantânea de mortalidade natural (M) de 0,15 e um X = 0,40 os quais são os mesmos valores adotados para a espécie no Uruguai (Defeo et al., 1991; 1992). Considerando-se três opções de taxas de mortalidade sugeridas para os caranguejos gerionídeos na literatura (M=0,1; 0,15 e 0,20) e os três raios de influência dos covos, as estimativas de RMS para o X=0,4 variaram desde um mínimo de 576,7 t até 1.627,2 t (Fig. 27). 4.4.4. Estado do Estoque e Tendências Através dos coeficientes produzidos pelo MLG (Tabela 7) estimou-se que a biomassa disponível do estoque no início de 2002 estava situada em 98,5% da Bo e 197% da BRMS. Utilizando-se as medidas de CPUE médio em kg/covo do primeiro e quarto trimestres monitorados, as mesmas estimativas situariam a biomassa do estoque em torno de 80,1% de Bo e 185% da BRMS (Tabela 11). Desta forma pode-se inferir que 49 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA até o momento o estoque se encontra dentro da Zona Segura cabendo uma ação de monitoração permanente do estoque. Entretanto, deve-se destacar que mesmo considerando unicamente a embarcação Kinpo Maru 58, as capturas anuais do recurso têm se situado acima do RMS, situação que, se não revertida, deverá levar o estoque à Zona de Alerta em curto ou médio prazo. Tal fato é ainda mais relevante na medida em que se considera a entrada da embarcação Diomedes na pescaria, elevando ainda mais o potencial de remoção anual da biomassa do estoque, e apontando para uma superação em muito maior escala dos níveis recomendados do RMS (Tabela 12). Com o atual poder de pesca demonstrado pela embarcação Kinpo Maru 58 e considerando um cenário em que a pesca seja exercida exclusivamente por esta embarcação, verifica-se que o RMS já é alcançado, em média, com 263 dias de mar, ou seja, pouco menos que nove meses de atuação. Considerando a atuação conjunta desta embarcação e do Diomedes, tais prazos reduzem-se para 177 dias, ou praticamente seis meses (Tabela 12). Sendo assim, torna-se evidente que o estoque não suportará nem uma eventual entrada de novas embarcações na pescaria, nem a manutenção dos atuais cenários de explotação, considerando-se ser uma opção melhor manter uma pescaria equilibrada em 12 meses do ano, do que privilegiar uma concentração excessiva de esforço em curto prazo sobre o recurso. As mesmas considerações têm sido utilizadas no manejo de C. quinquedens no NW dos EUA (NEFMC, 2002) e deveriam ser observadas na ZEE brasileira. Sendo assim, as perspectivas de explotação de C. notialis deveriam ser consideradas com base em potenciais combinações de no máximo duas embarcações de menor capacidade, como aquelas atuantes sobre C. ramosae (Tabela 12). Deve-se considerar, contudo, que as previsões de dias de mar necessários para alcançar o RMS do caranguejo-vermelho com estas embarcações encontram-se subestimadas na Tabela 12, uma vez que foram baseadas em taxas de captura obtidas sobre o estoque de C. ramosae, as quais são sempre inferiores às do caranguejo-vermelho. Por fim, a necessidade de adequação dos níveis de captura aos valores recomendados de RMS também deve ser considerada diante do caráter compartilhado do estoque, haja vista que o mesmo já apresenta sinais de sobreexplotação no Uruguai 50 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA (Defeo & Masello, 2000a), o que pode fazer com que o mesmo atinja mais rapidamente a Zona de Alerta na área de pesca do sul do Brasil. 4.4.5. Considerações Biológicas Até o presente momento os padrões biológicos e populacionais de C. notialis no sul do Brasil ainda se encontram em fase de análise e deverão ser disponibilizados ainda em 2003, visando a incorporação de critérios biológicos mais específicos nas medidas de ordenamento para 2004. Dentre eles, cabe destacar a possibilidade de definição de medidas visando a proteção de fêmeas ovígeras e a consideração de aspectos relacionados ao tamanho mínimo de captura/seletividade dos covos. De fato, as informações disponíveis sobre a espécie no Uruguai apontam para a existência de uma área de concentração de fêmeas ovígeras próximo à divisa com o Brasil e em profundidades menores que 400 m (Defeo et al., 1992), motivando a recomendação explícita naquele país, de que fosse proibida a pesca em áreas com profundidades menores que 400 m (Defeo & Masello, 2000b). A possível existência de padrões similares no Brasil será investigada com base nos dados levantados através das extensivas amostragens biológicas realizadas a bordo pela equipe de observadores nos anos de 2001 e 2002. Além disso, merece destaque o fato dos pesos médios individuais identificados para C. notialis no Uruguai (Defeo et al., 1992; Defeo & Masello, 200b) e no extremo sul do Brasil, durante a pesca exploratória ocorrida na década de 1980 (Lima & Lima Branco, 1991) serem significativamente maiores do que os observados nas capturas atuais do Kinpo Maru 58 (Pezzuto, em preparação), o que aponta para possíveis questões relacionadas à seletividade dos covos, e uma conseqüente atuação sobre estratos populacionais distintos nos dois países e épocas. Nesse sentido, merece destaque o fato desta embarcação e do Diomedes estarem utilizando covos com malhas de 100 e 76 mm entre nós opostos, respectivamente, enquanto aquelas utilizadas no Brasil na década de 1980 e no Uruguai no mesmo período serem da ordem de 120 mm. Considerando o menor tamanho das fêmeas em relação aos machos (Defeo et al., 1992), espera-se uma participação muito maior destas nas capturas realizadas atualmente em águas brasileiras do que no Uruguai, fato que deverá ser considerado na 51 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA revisão das medidas de ordenamento durante o ano de 2003. Quaisquer que sejam as eventuais modificações nos níveis de seletividade a serem adotados no futuro deve ser considerado que as mesmas afetarão as estimativas de biomassa explotável disponível e, conseqüentemente, deverão demandar revisões nos limites estabelecidos para a captura máxima permissível nos anos subseqüentes. 4.4.6. Considerações Ecológicas Até o momento, praticamente inexistem informações ecológicas sobre a espécie que permitam determinar em maior detalhe sua associação a tipos particulares de fundos ou outras características do habitat bentônico, e suas interações com outras espécies no ecossistema de talude. Entretanto, merece destaque o fato das capturas do caranguejode-profundidade obtidas durante os cruzeiros de prospecção realizados no âmbito do Programa REVIZEE terem ocorrido principalmente em fundos irregulares com depressões, elevações e acumulações de material biogênico (corais) e, em menor escala, também em fundos menos irregulares, porém com presença de blocos rochosos (MMA, 1999). Em relação aos impactos da pescaria no ecossistema, é evidente que a arte de pesca utilizada é muito mais seletiva se comparada às demais modalidades utilizadas no talude da região sul do Brasil, como o emalhe de fundo, arrasto, e espinhel de fundo. Capturas incidentais na pesca com covos geralmente incluem um número limitado de crustáceos, peixes e cnidários, geralmente capturados em baixas quantidades. No sul do Brasil, a captura incidental da frota caranguejeira tem incluído principalmente o isópodo Bathynomus spp., os caranguejos anomuros Lithodes sp. e Paralomis sp.; um caranguejo majídeo, a abrótea Urophycis cirrata, o congrio-rosa Genypterus brasiliensis, o sarrão Helicolenus dactylopterus e espécies não identificadas de gorgônias, alcionáceos, corais escleractíneos e antipatários (Perez et al., 2001a; Pezzuto em preparação). Capturas incidentais pouco variadas também foram observadas em pescarias de Chaceon sp. no Golfo do México (Perry et al., 1995) e, como um todo, as pescarias de caranguejos gerionídeos com covos são consideradas como de pouco impacto sobre outras espécies e comunidades do fundo (NEFMC, 2001). 52 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Neste sentido, a proibição do direcionamento das frotas de emalhe e de arrasto à captura do caranguejo deve ser considerada como uma alternativa importante para o manejo do recurso, não só em função da limitação do esforço de pesca incidente sobre o mesmo, mas também como uma estratégia para minimizar impactos negativos sobre os habitats e comunidades aos quais a espécie se encontra relacionada. 4.4.7. Considerações Tecnológicas Considerando toda a frota caranguejeira atualmente em operação no sul do Brasil, a embarcação Kinpo Maru 58, dedicada exclusivamente à captura de C. notialis, é a única unidade a apresentar o processamento total dos caranguejos a bordo, o qual inclui a obtenção de uma série de “carnes” e “caldos” resultantes da separação mecânica destes produtos das frações não aproveitadas dos animais, como o exoesqueleto e as vísceras. Ao contrário das demais embarcações que privilegiam a comercialização de “garras” e “peitos”, cujo valor do produto está diretamente relacionado ao tamanho dos indivíduos, a forma de processamento do Kinpo Maru 58 também permite o aproveitamento de caranguejos de pequeno porte. Considerando-se as possibilidades de adoção futura de medidas como tamanho mínimo, proporção de sexos na captura e outras similares, tal forma de processamento certamente acarretará dificuldades extremas de implementação e fiscalização, e poderá tornar tais medidas absolutamente inócuas na região. Neste sentido, e a exemplo do proposto no Plano de Manejo de C. quinquedens no nordeste dos EUA (NEFMC, 2001), considera-se importante assegurar que a forma de processamento da captura no sul do Brasil envolva: a) a proibição total de mutilação dos caranguejos na forma de retirada das quelas e/ou outros apêndices e posterior devolução dos indivíduos ao mar e; b) que o processamento, se realizado, seja limitado ao esquartejamento e acondicionamento dos caranguejos limpos (desprovidos de carapaça e vísceras) em metades, com ou sem as patas e quelas aderidas às porções do cefalotórax (as quais podem ser embaladas separadamente), permitindo-se ainda o cozimento, congelamento e “glazing” dos produtos para sua conservação e comercialização. 53 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Embora ocorra em muito menor escala do que se observa para o caranguejo-real, C. notialis também apresenta capturas importantes na frota de emalhe dirigida ao peixesapo, as quais deverão ser restringidas seguindo-se os mesmos critérios adotados para C. ramosae (vide abaixo). 4.4.8. Medidas de Manejo 4.4.8.1. Do licenciamento para a atividade Recomendação 1. Recomenda-se que a captura dirigida do caranguejo-vermelho Chaceon notialis seja efetuada apenas por embarcações licenciadas exclusivamente para este recurso. Recomendação 2. Recomenda-se que, durante o ano de 2003, a captura do caranguejovermelho por estas embarcações seja limitada à área de pesca compreendida ao norte pelo paralelo 33o S, a oeste pela isóbata de 200 m, a leste pela isóbata de 900 m e ao sul pelo limite da ZEE brasileira com a ZEE uruguaia 4.4.8.2. Da tecnologia, das operações de pesca e do processamento da captura Recomendação 3. Recomenda-se que a captura do caranguejo-vermelho pelas embarcações licenciadas seja efetuada exclusivamente através da modalidade de pesca com armadilhas, sendo vedado o uso concomitante ou não de outros tipos de artefatos de pesca para este ou para outros recursos. Recomendação 4. Recomenda-se que seja proibida a manutenção das armadilhas no mar (iscadas ou não) durante intervalos de viagens sucessivas, sendo obrigatório 54 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA o seu recolhimento e a sua manutenção a bordo para realização da descarga do produto da viagem. Recomendação 5. Recomenda-se que no manuseio da captura as embarcações licenciadas para a pesca do caranguejo-vermelho obedeçam estritamente aos seguintes critérios: a) proibição total de mutilação dos caranguejos na forma de retirada das quelas e/ou outros apêndices e posterior devolução dos indivíduos ao mar e; b) processamento, se existente, limitado ao esquartejamento e acondicionamento dos caranguejos limpos (desprovidos de carapaça e vísceras) em metades, com ou sem patas e quelas aderidas às porções do cefalotórax (as quais podem ser embaladas separadamente), permitindo-se ainda o cozimento, congelamento e “glazing” dos produtos para sua conservação e comercialização. Recomendação 6. Considerando-se a legislação nacional e internacional e os evidentes efeitos negativos ocasionados pela liberação de resíduos de bordo e de artefatos de pesca danificados ou em desuso sobre o ecossistema marinho (incluindo a possibilidade de pesca-fantasma), recomenda-se que seja implementada, em toda a frota licenciada para a pesca de caranguejo-vermelho, a obrigatoriedade de armazenamento dos resíduos sólidos não biodegradáveis a bordo para posterior destinação adequada em terra. 4.4.8.3. Da captura máxima permissível. Recomendação 7. Recomenda-se que em 2003 a captura máxima permissível do caranguejovermelho seja de 1027 t, consideradas em termos de peso vivo, e abrangendo as capturas originadas tanto da frota licenciada para o recurso, como aquelas oriundas da captura incidental realizada por frotas licenciadas para outros recursos. 55 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Recomendação 8. Recomenda-se que sejam adotadas quotas máximas mensais de captura permissível para as embarcações licenciadas para a captura do caranguejovermelho no ano de 2003, cujo número e respectivas quotas são discriminadas abaixo. As quotas não poderão ser compradas, vendidas, trocadas ou transferidas de uma embarcação licenciada para outra. Qualquer quota não utilizada por uma embarcação durante a temporada de pesca de 2003 não deverá ser adicionada à quota eventualmente alocada para esta embarcação em 2004. Da mesma maneira, qualquer desembarque realizado por uma embarcação que ultrapasse a quota estabelecida deverá ser deduzido da quota alocada para essa embarcação em 2004. Recomendação 9. Recomenda-se que o desembarque total de caranguejo-vermelho, considerado em termos de peso vivo, e realizado por embarcações não licenciadas para este recurso seja limitado a 5% do total desembarcado por viagem, sendo vedado o descarte a bordo. 4.4.8.4. Do esforço de pesca Recomendação 10. Recomenda-se que o número de embarcações licenciadas para a captura do caranguejo-vermelho seja limitado a uma única unidade com quota máxima mensal de captura estipulada em 75 t ou a duas unidades com quota máxima mensal de 40 t. 4.4.8.5. Do monitoramento da pesca e fornecimento de informações. Recomendação 11. 56 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Recomenda-se que as embarcações licenciadas para a captura do caranguejo-vermelho mantenham observadores a bordo durante todas as suas viagens e operações de pesca, independentemente e sem prejuízo da manutenção de outros sistemas de coleta de informações como Mapas de Bordo e controle de desembarque. Recomendação 12. Recomenda-se que as embarcações licenciadas para a captura do caranguejo-vermelho sejam continuamente monitoradas através de sistemas de rastreamento via satélite, que permitam o acompanhamento contínuo das posições e profundidades de pesca, mediante sua conexão direta com equipamentos de posicionamento e ecossondas de bordo. 4.5. Plano de Manejo do Caranguejo-real Chaceon ramosae 4.5.1. Unidade de Manejo Neste plano, o recurso caranguejo-real refere-se exclusivamente ao estoque da espécie Chaceon ramosae disponível para a pesca com covos na área de 783.285 ha delimitada ao norte pela latitude de 27o S, à oeste pela isóbata de 500 m, a leste pela isóbata de 900 m e ao sul pela latitude de 30o S (Fig. 26). Ao contrário do observado com C. notialis, o estoque C. ramosae pode ser considerado como exclusivamente pertencente à ZEE brasileira e, portanto, demanda medidas de manejo de caráter unilateral. 4.5.2. Temporada de pesca Propõe-se o estabelecimento da data de 1o de janeiro para o início da temporada anual de pesca do caranguejo-real, a partir da qual deverão entrar em vigor as normas para a explotação do recurso a cada ano. 57 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 4.5.3. Pontos de Referência O RMS estimado para o caranguejo-vermelho dentro da área de manejo foi de 593,5 t (574,8 – 612,4 t 95% IC). A estimativa foi realizada através da fórmula de Gulland utilizando-se uma Bo calculada com base num raio de influência dos covos de 35 m (11.636,4 t), uma taxa instantânea de mortalidade natural (M) de 0,15 e um X = 0,34. Adotou-se o mesmo nível de M já utilizado para C. notialis e outros gerionídeos. A escolha do X, por outro lado, levou em consideração a razão dos dois possíveis cenários de sustentação, identificados através da taxa global de remoção (9,16%) (total capturado até junho de 2002, expresso como percentual da biomassa total) e da taxa de remoção estimada pelos coeficientes de abundância analisados (27%) (coeficiente MLG, CPUE), resultando em 0,34 (ver discussão no item 4.4). Considerando-se as três opções de taxas de mortalidade sugeridas para os caranguejos gerionídeos na literatura e os três raios de influência dos covos, as estimativas de RMS para o X=0,34 variaram desde um mínimo de 395,6 t até 1.135,3 t (Fig. 28). 4.5.4. Estado do Estoque e Tendências Através dos coeficientes produzidos pelo MLG (Tabela 8) estimou-se que a biomassa disponível do estoque em julho de 2002 estava situada em 73,2% da Bo e 146% da BRMS. Utilizando-se as medidas de CPUE médio em kg/covo do primeiro e quarto trimestres monitorados, as mesmas estimativas situariam a biomassa do estoque em torno de 73,0% de Bo e 169% da BRMS (Tabela 11). Desta forma pode-se inferir que até aquele momento, o estoque se encontraria dentro da Zona Segura cabendo uma ação de monitoração permanente do estoque. Esse diagnóstico, no entanto, requer ainda uma interpretação cautelosa fundamentada em importantes elementos descritos a seguir. Primeiramente deve-se notar que o estado do estoque diagnosticado acima implicaria numa remoção efetiva de cerca de 27% da biomassa virginal (Bo) o que equivaleria a uma captura total de 3.141 t até julho de 2002. A captura total efetivamente registrada nesse período, considerando-se aquelas realizadas pela pesca de 58 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA covos e de emalhe, no entanto, foi de 1.066 t o que implicaria numa taxa de remoção real de 9,16%. Embora incertezas nas estimativas originadas, por exemplo, a partir de diferenças nas áreas de influência dos covos, poderiam explicar parte dessas discrepâncias, parece mais provável que as mesmas sejam o fruto de cenários de depleção estabelecidos sobre concentrações localizadas de C. ramosae. Esses cenários já foram observados na pescaria do peixe-sapo no Sudeste e Sul do Brasil (Perez et al., 2002a) e, em última estância, tenderiam a gerar, em áreas limitadas, taxas de remoção maiores que aquelas observadas para a área total de pesca do recurso. O esforço pesqueiro persistente sobre áreas limitadas de pesca, como produto de padrões estacionários de muitas operações da frota arrendada de covos, foi evidenciado com freqüência tanto através dos mapas de rastreamento via-satélite quanto pelos registros realizados por observadores a bordo dessas embarcações. Esse padrão representa uma forte evidência em favor dos cenários de depleção hipotetizados acima, e sugere que a explotação do estoque de caranguejo-real no Sul do Brasil entre 2001 e 2002 poderia ser abordada da mesma forma que do estoque do peixe-sapo no Sudeste e Sul, isto é sob dois cenários distintos de sustentação (Perez et al., 2002a). Num primeiro cenário global poder-se-ia assumir um estoque total, distribuído homogeneamente sobre toda a área de pesca que continha cerca de 11.636,4 t, das quais em torno de 9,16% foi efetivamente removida até julho de 2002. Outro cenário, mais localizado, consideraria que a mesma captura total proveio de áreas localizadas do talude, onde a atividade teria efetivamente removido 27% da biomassa disponível nessas áreas. Embora existam possivelmente outras áreas em diferentes estratos de profundidade e/ou sobre diferentes tipos de substrato passíveis de ocupação pela frota, parece evidente que essas áreas de pesca ocupadas em 2001-2002 mereceriam uma atenção prioritária no sentido de manter-se, dentro delas, uma produção sustentada. As justificativas centrais para essa opção incluiriam (a) a incerteza da existência de fundos de pesca por descobrir dentro da área de distribuição do estoque com densidades rentáveis do recurso e, principalmente, (b) a possibilidade de que as áreas de concentração do recurso já identificadas no primeiro ano da pescaria possam ter importância significativa em algum processo do ciclo de vida da espécie como, por exemplo, acasalamento, desova e outros. Esta última justificativa está embasada nos 59 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA complexos padrões biológicos, espaciais e comportamentais exibidos pelo grupo e que, embora possam ser variáveis de espécie para espécie, muitas vezes incluem: a) recrutamento em áreas mais profundas do talude, com posterior migração ontogenética para setores mais rasos; b) concentrações de fêmeas (inclusive ovígeras) em profundidades menores, c) incubação dos ovos pelas fêmeas por vários meses e, provavelmente, ciclos reprodutivos individuais em intervalos somente de dois em dois anos ou mais e, d) concentrações e migrações reprodutivas dos machos e fêmeas nas épocas de acasalamento (vide revisões em Lindberg & Wenner, 1990 e Hastie, 1995). Neste momento é difícil se estabelecer se a concentração e a persistência do esforço de pesca sobre fundos localizados de concentração do recurso poderiam ser resultado de uma exploração prévia da área ou simplesmente refletem o desenvolvimento de uma estratégia de aprendizado adotada pela frota de covos. No entanto, caso os padrões acima sejam evidenciados mesmo que parcialmente para C. ramosae, os riscos de se permitir rápidas depleções em setores localizados dos fundos de pesca podem significar um aumento desproporcional da mortalidade por pesca sobre estratos populacionais vulneráveis do recurso e/ou resultar na perturbação de eventos importantes do ciclo de vida da espécie, como possíveis concentrações e/ou migrações de acasalamento. Partindo-se do pressuposto básico do RMS, que considera um recrutamento constante no tempo, impactos desta natureza poderiam implicar em modificações nos padrões biológicos do recrutamento gerados pela própria pescaria, invalidando assim, as próprias estimativas de Rendimento Máximo Sustentável. Desta forma, seguindo-se o Princípio da Precaução e até que se tenha melhores evidências sobre os padrões biológicos e populacionais do recurso, considera-se recomendável a adoção do segundo cenário explicitado acima, ou seja, o potencial elevado de remoção de biomassa nas áreas de maior concentração e/ou operação dentro dos fundos de pesca como um todo. O segundo aspecto relevante em relação ao estado diagnosticado do estoque de C. ramosae refere-se ao fato do mesmo derivar das operações exclusivas da embarcação Royalist e das embarcações de pesca de emalhe até julho de 2002. Deve-se notar, no entanto, que a partir de junho outras três embarcações compartilharam o estoque de caranguejo-real o que sugere que esse cenário já tenha sido alterado. Adicionalmente, da 60 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA mesma forma que o observado para C. notialis, a captura realizada de C. ramosae até julho de 2002, ultrapassou em cerca de 80% o RMS calculado para esse estoque. Isso também sugere que apesar da situação segura identificada para essa pescaria, tal quadro tende a progredir para a Zona de Alerta em curto prazo, mantidos os níveis atuais de captura e considerando a capacidade instalada de operação das quatro embarcações caranguejeiras potencialmente operantes em 2003 sobre o recurso. De fato, pela tabela 12, observa-se que estas embarcações em conjunto podem atingir o RMS estipulado para o caranguejo-real em pouco mais de quatro meses de pescaria, sendo evidentemente a pior das opções possíveis de alocação do esforço de pesca sobre este recurso. A análise das projeções disponíveis aponta para um cenário de sustentação de pesca continuada nos 12 meses do ano a partir da operação de, no máximo, duas embarcações com capacidade de pesca similar à apresentada até o momento pelas embarcações Royalist, Vichialo e Mar Salada (Tabela 12). Mais uma vez, torna-se evidente que o estoque não suportará nem uma eventual entrada de novas embarcações na pescaria, nem a manutenção dos atuais cenários de explotação, considerando-se novamente ser uma opção melhor manter uma pescaria equilibrada em 12 meses do ano, do que privilegiar uma concentração excessiva de esforço em curto prazo sobre o recurso. 4.5.5. Considerações Biológicas Até o momento inexistem resultados concretos sobre os principais aspectos biológicos e populacionais da espécie, o que impede a realização de recomendações práticas neste sentido. Entretanto, informações detalhadas coletadas a bordo pelos observadores embarcados na frota de covos e de emalhe deverão proporcionar, ainda em 2003, o conhecimento necessário para a eventual adaptação das medidas de manejo do recurso com base em informações biológicas sobre a espécie. Assim como para C. notialis, tais medidas poderão incluir, dentre outras, o estabelecimento de áreas e/ou épocas restritas à pesca para proteção dos eventos reprodutivos e adaptações tecnológicas e/ou operacionais na pescaria, visando adequá-la aos melhores indicadores de seletividade para o recurso. 61 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 4.5.6. Considerações Ecológicas Para efeito do estoque de C. ramosae são igualmente válidas as mesmas considerações ecológicas efetuadas para C. notialis. 4.5.7. Considerações Tecnológicas Ao contrário do observado para C. notialis, todas as embarcações caranguejeiras atuantes sobre o estoque de C. ramosae utilizam um método de processamento que privilegia a captura e o aproveitamento de indivíduos de maior porte. Mesmo assim, considera-se relevante a adoção explícita das mesmas exigências quanto à forma de processamento da captura já citadas para o caranguejo-vermelho. Por outro lado, principalmente o caranguejo-real foi alvo de capturas incidentais (e em alguns casos dirigidas) da frota de emalhe de fundo direcionada à captura do peixe-sapo, na qual foram observados níveis expressivos de mutilação e/ou descarte a bordo (Perez et al., 2002b), dependendo do maior ou menor interesse da tripulação pelo aproveitamento da espécie em cada lance. Levando-se em conta a menor biomassa do estoque de caranguejo quando comparada à do peixe-sapo (Perez et al., 2002c), a distribuição restrita dos fundos de pesca de C. ramosae, e o caráter muito mais seletivo da sua captura através de armadilhas, é indispensável que sejam adotados limites restritos de captura do caranguejo-real pela pesca de emalhe e que a captura, quando houver, seja submetida aos mesmos critérios de processamento acima estabelecidos. 4.5.8. Medidas de Manejo 4.5.8.1. Do licenciamento para a atividade Recomendação 1. Recomenda-se que a captura dirigida do caranguejo-real Chaceon ramosae seja efetuada apenas por embarcações licenciadas exclusivamente para este recurso. 62 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Recomendação 2. Recomenda-se que, durante o ano de 2003, a captura do caranguejo-real realizada por estas embarcações seja limitada à área de pesca compreendida ao norte pelo paralelo de 27o S, a oeste pela isóbata de 500 m, a leste pela isóbata de 900 m e ao sul pelo paralelo de 30o S. 4.5.8.2. Da tecnologia, das operações de pesca e do processamento da captura Recomendação 3. Recomenda-se que a captura do caranguejo-vermelho pelas embarcações licenciadas seja efetuada exclusivamente através da modalidade de pesca com armadilhas, sendo vedado o uso concomitante ou não de outros tipos de artefatos de pesca para este ou para outros recursos. Recomendação 4. Recomenda-se que seja proibida a manutenção das armadilhas no mar (iscadas ou não) durante intervalos de viagens sucessivas, sendo obrigatório o seu recolhimento e a sua manutenção a bordo para realização da descarga do produto da viagem. Recomendação 5. Recomenda-se que no manuseio da captura as embarcações licenciadas para a pesca do caranguejo-real obedeçam estritamente aos seguintes critérios: a) proibição total de mutilação dos caranguejos na forma de retirada das quelas e/ou outros apêndices e posterior devolução dos indivíduos ao mar e; b) processamento, se existente, limitado ao esquartejamento e acondicionamento dos caranguejos limpos (desprovidos de carapaça e vísceras) em metades, com ou sem patas e quelas aderidas às porções do cefalotórax (as quais podem ser embaladas separadamente), permitindo-se ainda o cozimento, congelamento e “glazing” dos produtos para sua conservação e comercialização. 63 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Recomendação 6. Considerando-se a legislação nacional e internacional e os evidentes efeitos negativos ocasionados pela liberação de resíduos de bordo e de artefatos de pesca danificados ou em desuso sobre o ecossistema marinho (incluindo a possibilidade de pesca-fantasma), recomenda-se que seja implementada, em toda a frota licenciada para a pesca de caranguejo-real, a obrigatoriedade de armazenamento dos resíduos sólidos não biodegradáveis a bordo para posterior destinação adequada em terra. 4.5.8.3. Da captura máxima permissível. Recomendação 7. Recomenda-se que em 2003 a captura máxima permissível do caranguejoreal seja de 593 t, consideradas em termos de peso vivo, e abrangendo as capturas originadas tanto da frota licenciada para o recurso, como aquelas oriundas da captura incidental realizada por frotas licenciadas para outros recursos. Recomendação 8. Recomenda-se que sejam adotadas quotas máximas mensais de captura permissível para as embarcações licenciadas para a captura do caranguejoreal no ano de 2003, cujo número e respectivas quotas são discriminadas abaixo. As quotas não poderão ser compradas, vendidas, trocadas ou transferidas de uma embarcação licenciada para outra. Qualquer quota não utlizada por uma embarcação durante a temporada de pesca de 2003 não deverá ser adicionada à quota eventualmente alocada para esta embarcação em 2004. Da mesma maneira, qualquer desembarque realizado por uma embarcação que ultrapasse a quota estabelecida deverá ser deduzido da quota alocada para essa embarcação em 2004. 64 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Recomendação 9. Recomenda-se que o desembarque total de caranguejo-real, considerado em termos de peso vivo, e realizado por embarcações não licenciadas para este recurso seja limitado a 5% do total desembarcado por viagem, sendo vedado o descarte a bordo. 4.5.8.4. Do esforço de pesca. Recomendação 10. Recomenda-se que o número de embarcações licenciadas para a captura do caranguejo-real seja limitado a uma única unidade com quota máxima mensal de captura estipulada em 45 t ou a duas unidades com quota máxima mensal de 25 t. 4.5.8.5. Do monitoramento da pesca e fornecimento de informações. Recomendação 11. Recomenda-se que as embarcações licenciadas para a captura do caranguejo-real mantenham observadores a bordo durante todas as suas viagens e operações de pesca, independentemente e sem prejuízo da manutenção de outros sistemas de coleta de informações como Mapas de Bordo e controle de desembarque. Recomendação 12. Recomenda-se que as embarcações licenciadas para a captura do caranguejo-real sejam continuamente monitoradas através de sistemas de rastreamento via satélite, que permitam o acompanhamento contínuo das posições e profundidades de pesca, mediante sua conexão direta com equipamentos de posicionamento e ecossondas de bordo. 65 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Arena, G; Barea, L. & Defeo, O. 1988. Desarrollo de una metodología de evaluación mediante o uso de nasas. Fr. Mar., 4:55-66. Beyers, C. J. B. 1994. Population size and density of the deep-sea red crab Chaceon maritae (Manning and Holthuis) off Namibia determined from tag-recapture. S. Afr. J. mar. Sci., 14:1-9. Beyers, C. J. & Wilke, G. G. 1980. Quantitative stock survey and some biological and morphometric characteristics of the deep-sea red crab Geryon quinquedens off southwest Africa. Fish Bull S. Afr. 13: 9-19. Biesot, P. 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Embarcação Caranguejo No Covos Caranguejos Ind./covo Mínimo Máximo amostrados contados (± IC 95%) Total Royalist Kinpo Maru 58 24.219 102.818 4,24 (0,05) 0 240 C. ramosae total C. ramosae machos C. ramosae fêmeas 7.925 2.051 2.051 27.130 6.520 1.295 3,42 (0,06) 3,18 (0,11) 0,63 (0,06) 0 0 0 25 18 17 C. notialis total C. notialis machos C. notialis fêmeas 7.925 2.051 2.051 1.618 326 73 0,20 (0,01) 0,16 (0,02) 0,03 (0,01) 0 0 0 8 4 3 11.984 424.518 35,93 (0,52) 0 215 Total 74 20/09/1999 27/12/2000 * 7* 439* 56,96 349 2.000 4.000 340 45 90 32 4 Início das operações Número de viagens (até 5/12/2002) Dias de mar (até 5/12/2002) Comprimento (m) T.A.B. (Ton) Motor principal (HP) Consumo de combustível (litros/dia) Capacidade de Carga (Ton) Capacidade de Congelamento (Ton/dia) Autonomia (dias de mar) Lotação (tripulantes) No de Linhas Operando Simultaneamente 6 31 40 10 260 6.000 1.125 808 54,1 127 3 08/07/2002 4 20 60 4 79 2.300 650 270 35,66 478 12 23/05/2001 4 17 45 2 40 1.000 485 159 27,3 155 4 10/06/2002 4a5 16 45 2 35 1.000 340 183 27,30 158 4 10/06/2002 75 Tabela 2. Características básicas das embarcações, petrechos e forma de processamento da captura das várias embarcações caranguejeiras atuantes no Sul do Brasil. A embarcação Kinpo Maru 58 iniciou sua operação em 1998, mas somente a partir de 1999 esteve sob controle do MAPA. * Refere-se ao início do acompanhamento desta embarcação pelo PROA. Todas as demais embarcações foram monitoradas constantemente por este programa. Kinpo Maru 58 Diomedes Royalist Mar Salada Vichialo Características das embarcações Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Cônico, com armação de aço e cobertura de panagem de rede Base (φ): 140 cm Topo (φ): 73 cm Lado: 65 cm Boca (φ):49 cm 17 kg 60 kg (ancas) 18 450 100mm (entre nós opostos) Tipo de Covos Dimensão dos Covos Peso dos covos Distância entre os Covos (m) No de Covos por Linha Tamanho de Malha dos Covos Tabela 2. Continuação... Características do petrecho 76mm (entre nós opostos) 450 25 22 kg Cônico, com armação de aço e cobertura de panagem de rede Base (φ): 150 cm Topo (φ): 75 cm Lado: 75 cm Boca (φ): 55 cm 45 mm (dimensão do lado da grade, que é quadrada) 250 – 288 35 30 kg Trapezoidal, com toda a estrutura em ferro (revestimento com grades) Base: 85x45 cm; Topo: 65x45 cm; Lado: 55 cm Boca (φ): 30 cm Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 50 mm (dimensão do lado da grade, que é quadrada) 250 – 280 36 25 kg Trapezoidal, com toda a estrutura em ferro (revestimento com grades) Base: 75x50 cm; Topo: 65x50 cm; Lado: 50 cm Boca (φ): 30 cm 76 50 mm (dimensão do lado da grade, que é quadrada) 300 36 25 kg Trapezoidal, com toda a estrutura em ferro (revestimento com grades) Base: 75x50 cm; Topo: 65x50 cm; Altura: 50 cm Boca (φ): 30 cm Retirada das garras; Corte do cefalotórax; Lavagem com retirada da carapaça e vísceras; Imersão em solução de metabissulfito de sódio Peitos e Garras classificadas por tamanho Produtos congelados Carne desfiada e prensada (FE); Caranguejos eviscerados Caldo grosso (FC); Caldo fino Tipos: M 98-140g; L (DR); Bastões (FF, AM, FY), >140g; 2L 130-235g; 3L > garras e cefalotórax inteiros 235g. (KS). Limpeza da carapaça; Corte do cefalotórax; cozimento; separação da carne do exoesqueleto; aproveitamento dos líquidos. Classificação por peso e corte do cefalotórax; evisceração com escova; cozimento, congelamento em salmoura (brine), Glazing. Tipo de Processamento Tabela 2. Continuação... Características do processamento Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Peitos e Garras classificadas por tamanho Retirada das garras; Corte do cefalotórax; Lavagem com retirada da carapaça e vísceras; Imersão em solução de metabissulfito de sódio; 77 Peitos e Garras classificadas por tamanho Retirada das garras; Corte do cefalotórax; Lavagem com retirada da carapaça e vísceras; Imersão em solução de metabissulfito de sódio. Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Tabela 3. Estatísticas utilizadas na estimativa do percentual de aproveitamento da embarcação Kinpo Maru 58, a partir das informações obtidas pela embarcação Royalist nas mesmas áreas e períodos. Valores são médias e respectivos desvios-padrão entre parênteses. O percentual da embarcação Royalist foi estimado diretamente a bordo. Número/covo Kg processado/covo Peso médio individual estimado (g) % aproveitamento Royalist Kinpo Maru 58 Razão Royalist/Kinpo 18,85 (14,07) 1,45 (0,90) 0,186 (0,117) 34,2 (16,3) 2,43 (0,91) 0,194 (0,211) 0,551 0,597 - 57% 53% - Tabela 4. Profundidades de operação das embarcações caranguejeiras em operação no sul do Brasil. Profundidade média do lance representa a profundidade média (± I.C.95%) entre o ponto inicial e o final de lançamento de cada linha de covos. Profundidades mínimas e máximas referem-se às menores e maiores profundidades absolutas registradas nos lances de cada embarcação. Valores em m. Embarcação Royalist Kinpo Maru 58 Vichialo Mar Salada Diomedes Viagens Lances 11 7 1 1 1 747 908 116 104 119 Profundidade média do lance Média 700,8 (8,3) 602,5 (8,7) 726,8 (17,5) 778,9 (14,3) 553,4 (17,6) Mínima-Máxima 409-992 197-949 451-955 467-919 240-816 Profundidades mínimas e máximas Mínima Máxima 290 1103 182 970 441 976 450 951 230 865 78 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Tabela 5. Valores médios trimestrais do esforço de pesca das embarcações caranguejeiras em operação no sul do Brasil. No. lances e No. covos correspondem ao número total de lances executados e número total de covos lançados no trimestre, respectivamente. Os demais valores correspondem a médias trimestrais com os respectivos desvios-padrão entre parênteses. Embarcação Esforço 01/2001 172 76.816 447 (26,5) 36,8 (18,6) 16477 (8412) 02/2001 173 78.010 451 (2,9) 35,2 (18,7) 15908 (8486) Trimestre/Ano 03/2001 04/2001 01/2002 58 176 176 26.250 79.220 80.699 453 450 459 (4,5) (1,1) (20,3) 35,7 45,2 39,5 (21,7) (93,0) (43,4) 16133 20334 18182 (9761) (41869) (20198) 02/2002 03/2002 147 64.974 442 (22,9) 32,6 (14,6) 14422 (6458) 902 405.969 450 (18,1) 37,9 (47,6) 17096 (21529) No. lances No. covos Covos/linha - Duração do lance (h) Covos.horas - 43 11.000 256 (68,3) 49,4 (9,1) 12679 (4241) 129 34.884 270 (13,4) 45,6 (17,3) 12351 (4756) 145 40.716 281 (20,9) 46,5 (17,9) 12987 (4884) 164 48.770 297 (4,4) 46,2 (21,9) 13719 (6477) 172 51.606 300 (0,4) 46,4 (25,9) 13938 (7773) 94 28.500 303 (17,7) 41,9 (8,6) 12656 (2873) 747 215.476 288 (25,0) 45,9 (19,8) 13204 (5843) No. lances No. covos Covos/linha - - - - - Duração do lance (h) Covos.horas - - - - - - - - - - 46 6.808 148 (5,8) 50,0 (26,3) 7459 (3989) 70 10.500 150 (0,0) 50,4 (21,7) 7560 (3254) 116 17.308 149 (3,7) 50,3 (23,6) 7517 (3566) No. lances No. covos Mar Salada Covos/linha - - - - - Duração do lance (h) Covos.horas - - - - - - - - - - 46 6.900 150 (0,0) 38,4 (8,1) 5769 (1220) 58 9.140 157 (25,5) 35,9 (6,2) 5418 (938) 104 16.040 154 (19,3) 37,1 (7,2) 5579 (1086) No. lances No. covos Covos/linha - - - - - - Duração do lance (h) Covos.horas - - - - - - - - - - - - 118 19.745 167 (84,7) 47 (43,5) 7675 (7255) 118 19.745 167 (84,7) 47 (43,5) 7675 (7255) No. lances No. covos Kinpo Maru Covos/linha 58 Duração do lance (h) Covos.horas Royalist Vichialo Diomedes - Total 79 80 Tabela 6. Valores médios trimestrais da CPUE (captura por unidade de esforço) das embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist. Os valores correspondem a médias com os respectivos desvios-padrão entre parênteses. Embarcação Trimestre/Ano Total 01/2001 02/2001 03/2001 04/2001 01/2002 02/2002 03/2002 N/covo 40,0 33,8 37,6 38,3 34,8 31,6 35,8 (12,7) (16,4) (4,9) (17,0) (18,4) (14,9) (16,4) Kinpo Maru N/lance 18013 15275 17136 17264 15891 13823 16078 58 (5723) (7400) (2404) (7673) (8555) (6443) (7412) Kg /lance 2396 2079 1670 1939 2246 1789 2070 (850) (772) (491) (727) (1056) (726) (854) Kg /covo 5,37 4,61 3,69 4,30 4,87 4,05 4,59 (1,98) (1,71) (1,08) (1,61) (2,24) (1,65) (1,89) Kg /covo.hora 0,18 0,17 0,14 0,15 0,17 0,14 0,16 (0,11) (0,19) (0,07) (0,09) (0,11) (0,07) (0,12) Kg processado/lance 1270,2 1102,1 885,5 1027,9 1190,4 948,2 1097,2 (450,6) (409,4) (260,3) (385,3) (559,5) (384,9) (452,7) Kg processado/covo 2,76 2,35 1,95 2,27 2,58 2,15 2,40 (1,14) (0,99) (0,57) (0,87) (1,18) (0,87) (1,03) Kg 0,09 0,09 0,07 0,08 0,09 0,07 0,08 processado/covo.hora (0,06) (0,06) (0,04) (0,04) (0,06) (0,04) (0,06) N/covo 8,7 4,5 3,6 3,7 4,3 4,6 4,9 (10,7) (1,7) (1,3) (1,0) (2,1) (2,4) (5,0) Royalist N/lance 2243 1216 1016 1102 1303 1409 1321 (741) (121) (116) (70) (201) (724) (1016) Kg /lance 853 802 765 964 648 514 763 (494) (247) (268) (241) (203) (197) (293) Kg /covo 3,12 2,96 2,69 3,24 2,16 1,70 2,64 (1,64) (0,92) (0,89) (0,83) (0,67) (0,66) (1,02) Kg /covo.hora 0,06 0,07 0,06 0,07 0,05 0,04 0,06 (0,03) (0,02) (0,02) (0,02) (0,02) (0,02) (0,03) Kg processado/lance 486 457 436 549 369 293 435 (281) (140) (152) (137) (116) (112) (167) Kg processado/covo 1,78 1,69 1,54 1,85 1,23 0,97 1,50 (0,94) (0,53) (0,51) (0,47) (0,38) (0,38) (0,03) Kg 0,04 0,04 0,035 0,04 0,03 0,02 0,03 processado/covo.hora (0,02) (0,01) (0,01) (0,01) (0,01) (0,01) (0,01) Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Mar Salada Vichialo - - Kg /covo Kg /covo.hora Kg processado/lance Kg processado/covo Kg processado/covo.hora N/covo N/lance Kg /lance Kg /covo Kg /covo.hora Kg processado/lance Kg processado/covo Kg processado/covo.hora - - - - - - - - N/covo N/lance Kg /lance 02/2001 - 01/2001 - Tabela 6. Continuação... Embarcação - - - - - - - - - 03/2001 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Trimestre/Ano 04/2001 01/2002 - Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 282 (101) 1,88 (0,67) 0,05 (0,02) 140 (50) 0,94 (0,33) 0,02 (0,01) 02/2002 263 (100) 1,76 (0,65) 0,04 (0,02) 453 (170) 2,80 (0,95) 0,08 (0,03) 226 (85) 1,40 (0,47) 0,04 (0,02) 03/2002 297 (162) 1,98 (1,08) 0,05 (0,03) - 81 379 (168) 2,40 (0,95) 0,07 (0,03) 190 (84) 1,20 (0,48) 0,03 (0,01) 283 (142) 1,89 (0,94) 0,04 (0,02) - Total Diomedes 01/2001 - N/covo N/lance Kg /lance Kg /covo Kg /covo.hora Kg processado/lance Kg processado/covo Kg processado/covo.hora Tabela 6. Continuação... Embarcação - - - - - 02/2001 - - - - - - 03/2001 - - - - - - - - - - - Trimestre/Ano 04/2001 01/2002 - Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA - - - - - 02/2002 - 03/2002 633 (357) 3,30 (1,96) 0,10 (0,13) 374 (211) 1,95 (1,16) 0,06 (0,07) 82 633 (357) 3,30 (1,96) 0,10 (0,13) 374 (211) 1,95 (1,16) 0,06 (0,07) Total Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Tabela 7. Estimativa dos coeficientes da regressão, no Modelo Linear Generalizado aplicado às taxas de captura (kg/covo, variável dependente) obtidas pela pesca de covos da frota arrendada direcionada ao caranguejovermelho Chaceon notialis no Sul do Brasil entre janeiro e dezembro de 2001, Modelos I, II, III, IV. EP, erro padrão; p, probabilidade; ICi, intervalo de confiança inferior; ICs, intervalo de confiança superior. Nível do fator Coeficiente Modelo I Ln U11I Est. Prof. II Est. Prof. III Est. Lat. II Trim. II Trim. III Trim. IV ρ2 ρ3 α2 τ2 τ3 τ4 Modelo II Ln U11I Est. Prof. II Est. Prof. III Est. Lat. II Trim. II Trim. III Trim. IV Est.Lat.II x Trim.II Est.Lat.II x Trim.III Est.Lat.II x Trim.IV ρ2 ρ3 α2 τ2 τ3 τ4 α2τ2 α2τ3 α2τ4 Modelo III Ln U11I Est. Prof. II Est. Prof. III Est. Lat. II Trim. II Trim. III Trim. IV Est.Prof..II x Trim.II Est.Prof..II x Trim.III Est.Prof..II x Trim.IV Est.Prof..III x Trim.II Est.Prof..III x Trim.III Est.Prof..III x Trim.IV ρ2 ρ3 α2 τ2 τ3 τ4 ρ2τ2 ρ2τ3 ρ2τ4 ρ3τ2 ρ3τ3 ρ3τ4 Modelo IV Ln U11I Est. Prof. II Est. Prof. III Est. Lat. II Trim. II Trim. III Trim. IV Est.Prof..II x Est.Lat..II Est.Prof.III x Est.Lat.II ρ2 ρ3 α2 τ2 τ3 τ4 ρ2α2 ρ3α3 Ln da EP estimativa R2 = 43,5 1,494 0,076 0,053 0,061 0,064 0,073 0,018 0,074 -0,091 0,081 -0,266 0,082 -0,015 0,081 2 R = 87,0 1,371 0,049 0,054 0,040 0,008 0,040 0,313 0,061 0,055 0,061 -0,214 0,090 0,254 0,061 -0,292 0,087 -0,158 0,109 -0,538 0,087 p Ics F = 1,943 <0,001 1,653 0,404 0,182 0,395 0,218 0,810 0,173 0,849 0,080 0,011 -0,071 0,854 0,155 F = 8,945 <0,001 1,476 0,205 0,140 0,853 0,094 <0,001 0,445 0,385 0,187 0,337 -0,022 0,001 0,385 0,006 -0,107 0,172 0,075 <0,001 -0,352 Ici Estimativa p = 0,142 1,335 4,455 -0,077 1,054 -0,090 1,066 -0,137 1,018 -0,261 0,913 -0,461 0,766 -0,186 0,985 p < 0,001 1,265 3,937 -0,032 1,055 -0,078 1,008 0,182 1,368 -0,076 1,057 -0,407 0,807 0,123 1,289 -0,478 0,747 -0,390 0,854 -0,723 0,584 R2 = 50,6 F = 0,767 1,574 0,125 <0,001 1,850 1,299 -0,037 0,169 0,831 0,335 -0,409 -0,112 0,169 0,522 0,259 -0,484 0,046 0,076 0,547 0,213 -0,120 -0,224 0,169 0,217 0,148 -0,596 -0,375 0,169 0,054 -0,003 -0,747 -0,082 0,169 0,640 0,290 -0,454 0,186 0,239 0,455 0,712 -0,340 0,190 0,270 0,499 0,784 -0,404 0,058 0,239 0,813 0,584 -0,468 0,213 0,239 0,395 0,739 -0,313 0,174 0,270 0,536 0,767 -0,420 0,142 0,239 0,567 0,668 -0,384 R2 = 43,7 F = 1,262 1,496 0,093 <0,001 1,694 1,298 0,051 0,117 0,668 0,230 -0,197 0,025 0,117 0,835 0,273 -0,224 0,049 0,106 0,651 0,275 -0,177 -0,091 0,087 0,313 0,094 -0,276 -0,267 0,100 0,019 -0,054 -0,480 -0,015 0,087 0,864 0,169 -0,120 0,023 0,158 0,887 0,359 -0,313 -0,012 0,158 0,942 0,324 -0,348 p = 0,673 4,823 0,964 0,894 1,047 0,799 0,687 0,921 1,205 1,209 1,060 1,238 1,190 1,153 p = 0,341 4,463 1,052 1,025 1,050 0,913 0,766 0,985 1,023 0,988 Ics ICi n = 24 5,225 1,200 1,244 1,189 1,083 0,931 0,168 n = 24 4,374 1,150 1,098 1,560 1,205 0,978 1,470 0,899 1,078 0,703 n = 24 6,631 1,398 1,296 1,237 1,159 0,997 1,337 2,039 2,190 1,793 2,095 2,154 1,950 n=24 5,439 1,349 1,313 1,317 1,098 0,948 1,185 1,432 1,383 83 3,798 0,926 0,914 0,872 0,770 0,631 0,831 3,544 0,968 0,925 1,200 0,927 0,666 1,130 0,620 0,678 0,485 3,664 0,664 0,616 0,887 0,551 0,474 0,635 0,712 0,668 0,626 0,732 0,657 0,681 3,663 0,821 0,800 0,838 0,759 0,619 0,819 0,731 0,706 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Tabela 8. Estimativa dos coeficientes da regressão, no Modelo Linear Generalizado aplicado às taxas de captura (kg/covo, variável dependente) obtidas pela pesca de covos da frota arrendada direcionada ao caranguejo-real Chaceon ramosae no Sul do Brasil entre julho de 2001 e junho de 2002, Modelos I, II, III, IV. EP, erro padrão; p, probabilidade; ICi, intervalo de confiança inferior; ICs, intervalo de confiança superior. Nível do fator Coeficiente Modelo I Ln U11I Est. Prof. II Est. Prof. III Est. Lat. II Trim. II Trim. III Trim. IV ρ2 ρ3 α2 τ2 τ3 τ4 Modelo II Ln U11I Est. Prof. II Est. Prof. III Est. Lat. II Trim. II Trim. III Trim. IV Est.Lat.II x Trim.II Est.Lat.II x Trim.III Est.Lat.II x Trim.IV ρ2 ρ3 α2 τ2 τ3 τ4 α2τ2 α2τ3 α2τ4 Modelo III Ln U11I Est. Prof. II Est. Prof. III Est. Lat. II Trim. II Trim. III Trim. IV Est.Prof..II x Trim.II Est.Prof..II x Trim.III Est.Prof..II x Trim.IV Est.Prof..III x Trim.II Est.Prof..III x Trim.III Est.Prof..III x Trim.IV ρ2 ρ3 α2 τ2 τ3 τ4 ρ2τ2 ρ2τ3 ρ2τ4 ρ3τ2 ρ3τ3 ρ3τ4 Modelo IV Ln U11I Est. Prof. II Est. Prof. III Est. Lat. II Trim. II Trim. III Trim. IV Est.Prof..II x Est.Lat..II Est.Prof.III x Est.Lat.II ρ2 ρ3 α2 τ2 τ3 τ4 ρ2α2 ρ3α3 Ln da EP estimativa R2 = 77,2 1,171 0,069 0,076 0,068 0,068 0,062 -0,159 0,054 -0,061 0,078 0,123 0,076 -0,312 0,076 2 R = 82,6 1,099 0,079 0,083 0,068 0,068 0,061 0,018 0,112 0,047 0,099 0,190 0,099 -0,209 0,099 -0,270 0,156 -0,171 0,150 -0,244 0,150 p Ics F = 8,468 <0,000 1,312 0,285 0,220 0,290 0,199 0,010 -0,044 0,447 0,104 0,125 0,283 0,001 -0,152 F = 6,326 <0,001 1,268 0,241 0,229 0,284 0,198 0,878 0,259 0,646 0,259 0,079 0,402 0,056 0,003 0,011 0,066 0,276 0,150 0,129 0,077 Ici Estimativa p < 0,001 1,026 3,225 -0,068 1,079 -0,063 1,070 -0,273 0,853 -0,227 0,941 -0,037 1,131 -0,472 0,732 p = 0,002 0,930 3,001 -0,062 1,087 -0,062 1,070 -0,223 1,018 -0,165 1,048 -0,022 1,209 -0,421 0,812 -0,605 0,764 -0,492 0,843 -0,565 0,783 R2 = 79,7 F = 2,941 1,205 0,112 <0,001 1,452 0,959 0,063 0,188 0,746 0,477 -0,351 -0,008 0,151 0,958 0,324 -0,341 -0,162 0,068 0,040 -0,013 -0,310 -0,127 0,151 0,424 0,206 -0,459 0,122 0,151 0,440 0,455 -0,210 -0,377 0,151 0,034 -0,044 -0,709 -0,006 0,262 0,982 0,570 -0,582 -0,038 0,241 0,879 0,493 -0,569 0,078 0,241 0,754 0,609 -0,453 0,166 0,214 0,456 0,637 -0,304 0,032 0,214 0,886 0,502 -0,439 0,106 0,214 0,631 0,577 -0,364 R2 = 77,5 F = 5,597 1,181 0,084 <0,001 1,359 1,003 0,055 0,094 0,566 0,254 -0,144 0,067 0,094 0,489 0,266 -0,133 -0,173 0,094 0,087 0,026 -0,373 -0,061 0,084 0,048 0,117 -0,239 0,118 0,082 0,174 0,292 -0,057 -0,317 0,082 0,002 -0,143 -0,492 0,057 0,151 0,716 0,378 -0,264 0,003 0,132 0,983 0,285 -0,279 p = 0,057 3,337 1,065 0,992 0,851 0,881 1,130 0,686 0,994 0,963 1,081 1,181 1,032 1,112 p = 0,003 3,257 1,057 1,069 0,841 0,941 1,125 0,728 1,059 1,003 Ics Ici n = 24 3,729 1,246 1,220 0,956 1,110 1,327 0,859 N = 24 3,553 1,257 1,219 1,295 1,295 1,495 1,003 1,068 1,162 1,080 n = 24 4,270 1,611 1,383 0,987 1,229 1,576 0,957 1,768 1,637 1,838 1,890 1,652 1,780 n=24 3,893 1,290 1,305 1,026 1,124 1,340 0,867 1,460 1,329 84 2,789 0,934 0,939 0,761 0,797 0,964 0,624 2,534 0,940 0,940 0,800 0,848 0,978 0,657 0,546 0,611 0,568 2,608 0,704 0,711 0,733 0,632 0,810 0,492 0,559 0,566 0,636 0,738 0,645 0,695 2,726 0,866 0,876 0,689 0,787 0,945 0,611 0,768 0,756 Chaceon notialis Chaceon ramosae 200-900 200-900 Total 500-900 Total 34-34o40’ 500-900 29-30 200-900 500-900 28-29 33-34 500-900 27-28 553 416 137 534 247 226 61 392.127 151.935 240.192 783.285 220.275 278.720 284.290 51,30 (48,17-54,43) 52,78 (50,77-54,78) 51,87 (49,86-53,88) 16,93 (15,41-18,46) 25,38 (24,37-26,38) 21,83 (21,02-22,65) 21,31 (20,63-21,99) 13,90 (12,64-15,15) 20,83 (20,01-21,65) 17,92 (17,25-18,59) 17,49 (16,93-18,05) 12.321,8 43,17 (11.570,0-13.073,6) (40,54-45,80) 8.019,1 44,41 (7.713.7-8.322.9) (42,73-46,10) 20.340,5 43,65 (19.551,4-21.127,8) (41,96-45,34) 4.812,8 (4.380,7-5.247,8) 7.073,9 (6.792,4-7.352,6) 4.808,6 (4.630,2-4.989,2) 16.695,7 (16.159,2-17.224,4) 10.369,1 (9.737,4-11.000,8) 6.747,4 (6.492,2-7.004,2) 17.117,8 (16.453,6-17.779,0) 3.951,5 (3.593,3-4.306,8) 5.805,7 (5.577,2-6.034,3) 3.947,3 (3.799,7-4.094,9) 13.703,1 (13.261,0-14.138,3) 36,36 (34,15-38,58) 37,41 (35,99-38,83) 36,77 (35,35-38,19) 11,80 (10,74-12,87) 17,69 (16,99-18,38) 15,22 (14,65-15,78) 14,86 (14,39-15,33) 85 8.733,4 (8.202,5-9.266.6) 5.683,9 (5.468,1-5.899,6) 14.418,0 (13.861,7-14.975,3) 3.354,5 (3.053,2-3.658,7) 4.930,5 (4.735,4-5.122,9) 3.352,6 (3.227,0-3.475,9) 11.636,4 (11.271,5-12.007,7) Tabela 9. Estimativas de biomassa total dos caranguejos-de-profundidade C. notialis e C. ramosae disponível à pesca nos fundos de pesca localizados no sul do Brasil. N = número de lances utilizados na estimativa de biomassa dentro de cada estrato latitudinal. Os valores entre parênteses correspondem aos limites de confiança de 95%. Espécie Latitude Profundidade N Área Raio 25 m Raio 30 m Raio 35 m (oS) (m) (ha) Biomassa Biomassa total Biomassa Biomassa total Biomassa Biomassa total (Kg/ha) (t) (Kg/ha) (t) (Kg/ha) (t) Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 302.000 470.000 2.086.000 1.098.000 92.000 732.000 499.200 392.127 453.000 253.000 439.000 418.000 276.700 218.600 783.285 C. maritae Costa do Marfim Congo Angola SW Africa SW Africa SW África SW Africa Namibia C. notialis Uruguai Brasil C. quinquedens USA USA USA USA Canada Canada C. ramosae Brasil 500-900 230-1650 230-1650 230-1650 230-1650 180-900 183-732 300-900 200-900 400-800 300-700 400-800 400-800 295-849 295-849 350-1000 500-800 14,9 <82,2 <79,7 <157,3 <114,0 0,9-14,6 99 44,4 43,6 12,3-23,6 22,1-40,8 8,6-16,6 43,3-83,4 <6,9 <14,4 <55,5 - 11.636 3.736 2.614 12.196 8.154 1.136 4.970 22.220 17.118 3.700-7.100 10.500-19.400 18.000-34.600 47.600-91.600 17.648 Armadilhas/EFA Fotografia Fotografia Fotografia Fotografia Armadilhas/EFA Armadilhas/EFA Armadilhas/EFA Armadilhas/EFA Armadilhas Armadilhas Armadilhas Armadilhas Arrasto Fotografia Fotografia Marca-e-recaptura Este trabalho Wigley et al. (1975) Wigley et al. (1975) Wigley et al. (1975) Wigley et al. (1975) Stone & Bailey (1980) McElman & Elner (1982) Defeo et al. (1992) Este trabalho Cayre et al. (1979) Cayre et al. (1979) Cayre et al. (1979) Cayre et al. (1979) Beyers & Wilke (1980) Melville-Smith (1983) Melville-Smith (1985) Beyers (1994) Tabela 10. Estimativas de biomassa para caranguejos gerionídeos do Atlântico. Adaptado de Hastie (1995). EFA: Método da Área Efetiva de Pesca. Espécie/Área Área investigada Profundidade Estimativas de Biomassa Método de Fonte (ha) (m) Kg/ha Biomassa total (t) avaliação Chaceon fenneri USA 348-787 6.160 Observação direta Lindberg et al. (1990) Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 86 Área do estoque (m2) 3.921.270.000 7.832.850.000 Espécie C. notialis C. ramosae 1.719,5 1.067,5 Área de atração do covo (m2) 0,000000220 0,000000272 q 11.636,4 17.117,8 Bo (t) 5.818,2 8.558,9 BRMS (t) 1,277 2,328 CPUERMS Kg/covo 1,689 (1,684-1,694) (2,151-2,163) (1,846-1,856) (4,298-4,321) 2,157 1,851 CPUE CPUERMS 4,309 CPUE Kg/covo 0,730 0,801 CPUET 2 CPUET 1 0,732 0,985 Coef. GLM T1-T4 87 Tabela 11. Indicadores do estado dos estoques do caranguejo-vermelho (Chaceon notialis) e caranguejo-real (Chaceon ramosae) explotados pela frota arrendada de covos no sul do Brasil entre 1999 e 2002. Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Tabela 12. Estimativas do número médio (mínimo-máximo) de dias de mar necessários para se atingir o Rendimento Máximo Sustentável (RMS) do caranguejo-vermelho C. notialis e do caranguejo-real C. ramosae nas respectivas áreas de pesca, assumindo-se diferentes cenários de operação das embarcações já existentes e as respectivas capturas médias registradas por dia de mar. Valores em negrito representam situações compatíveis com os RMS estimados e que poderiam ser consideradas no manejo em 2003. Células sombreadas representam cenários atuais de operação da frota. Espécie RMS Kinpo Maru 58 Diomedes Kinpo Maru 58 + Diomedes C. notialis 1.027,0 t 263 (219–330) >365 >365 >365 >365 >365 Royalist + Mar Salada >365 Royalist + Diomedes Vichialo + Mar Salada 345 (283->365) >365 Vichialo + Diomedes >365 Royalist+Vichialo+Mar Salada Royalist+Vichialo+Diomedes Royalist+Mar Salada+Diomedes Vichialo+Mar Salada+Diomedes Royalist+Vichialo+Mar Salada+Diomedes 313 (260 - >365) 177 (147–222) Royalist Vichialo Mar Salada Royalist + Vichialo Mar Salada + Diomedes C. ramosae 593,5 t 355 (295->365) 348 (285->360) 267 (220-341) 258 (212-329) 273 (227-342) 212 (175-269) >365 >365 >365 305 (248->365) 285 (232->365) 199 (163-256) 318 (264->365) 215 (179-269) 205 (170-257) 201 (165-258) 154 (127-197) 149 (123-190) 158 (131-198) 123 (101-156) 88 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 7. FIGURAS A B Figura 1. Caranguejos-de-profundidade capturados no litoral sul do Brasil. A. Caranguejo-vermelho Chaceon notialis. B. Caranguejo-real Chaceon ramosae. 89 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Kimpo Maru 58 80000 2000 Covos Caranguejos 1750 60000 1500 50000 1250 40000 1000 30000 750 20000 500 10000 250 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Covos Caranguejos 70000 0 Mês Covos Caranguejos Caranguejos 18000 3000 2700 16000 2400 14000 2100 12000 1800 10000 1500 8000 1200 6000 900 4000 600 2000 300 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Covos Royalist 20000 0 Mês Figura 2. Número de covos amostrados e número de caranguejos contabilizados por mês nas embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist para as estimativas de rendimento (CPUE). 90 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 2000 Toneladas 1800 Emalhe Diomedes 1600 Vichialo 1400 Mar Salada 1200 Royalist Kimpo Maru 58 1000 800 600 400 200 0 1999 2000 2001 2002 Ano Figura 3. Captura anual do caranguejo-de-profundidade (Chaceon notialis e C. ramosae) no sul do Brasil, realizada pelas embarcações caranguejeiras Diomedes, Vichialo, Mar Salada, Royalist e Kinpo Maru 58, e pelas embarcações de emalhe de fundo voltadas a captura do peixe-sapo Lophius gastrophysus. As capturas de 2002 referem-se apenas ao período janeiro-agosto. As capturas do Kinpo Maru 58 referentes ao ano de 1999 contemplam apenas as viagens efetuadas sob controle do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 280 240 Toneladas 200 160 120 80 40 Emalhe Diomedes Mar Salada 0 Vichialo S/99 N J/00 M M J S N J/01 M M J S N J/02 M M J O D F A J A O D F A J A O D F A J A Royalist Kimpo Maru 58 Mês/Ano Figura 4. Captura mensal do caranguejo-de-profundidade (Chaceon notialis e C. ramosae) no sul do Brasil, realizada pelas embarcações caranguejeiras Diomedes, Vichialo, Mar Salada, Royalist e Kinpo Maru 58, e pelas embarcações de emalhe de fundo voltadas a captura do peixe-sapo Lophius gastrophysus. As produções de julho e agosto de 2002 são subestimadas, pois ainda não contemplam a produção da frota de emalhe. 91 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 21 22 Rio de Janeiro 23 Santos 24 200 m 100 m 25 500 m Paranaguá 26 Itajaí Latitude S 27 Florianópolis 28 Cabo de Santa Marta 29 30 31 32 Rio Grande 33 Kimpo Maru 58 CPUE (kg/covo) 34 0 - 5 5 - 10 10 - 15 15 - 20 35 36 54 53 52 51 50 49 48 47 46 45 44 43 42 41 Longitude W Figura 5. Distribuição dos lances de pesca e respectivas CPUEs (capturas por unidade de esforço) em kg/covo para a embarcação Kinpo Maru 58 entre janeiro de 2001 e agosto de 2002. 92 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 22 Rio de Janeiro 23 Santos 24 200 m 100 m 25 500 m Paranaguá 26 Itajaí Latitude S 27 Florianópolis 28 Cabo de Santa Marta 29 30 31 32 Rio Grande 33 Royalist CPUE (kg/covo) 34 0 1.7 3.4 5.1 35 36 54 53 52 51 50 49 48 47 46 45 44 43 42 1.7 - 3.4 - 5.1 - 6.8 41 Longitude W Figura 6. Distribuição dos lances de pesca e respectivas CPUEs (capturas por unidade de esforço) em kg/covo para a embarcação Royalist entre maio de 2001 e junho de 2002. 93 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 22 23 24 25 Latitude S 26 27 28 29 30 31 32 33 Diomedes Mar Salada 34 Royalist 35 36 Vichialo 50 100 150 200 250 300 Dias 350 400 450 500 550 Figura 7. Latitudes de operação das embarcações caranguejeiras Diomedes, Mar Salada, Royalist e Vichialo no sul do Brasil, obtidas a partir dos posicionamentos recebidos pelo sistema de rastreamento por satélite controlado pelo PREA. Os dias referem-se a dias corridos contados a partir de 23 de maio de 2001, data de início das operações do Royalist. 94 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 820 Profundidade média (m) 780 740 I.C. 95% E. P. Média 700 660 620 580 540 500 Kimpo Maru 58 Royalist Vichialo Diomedes Mar Salada Embarcação Figura 8. Profundidades médias de operação das embarcações caranguejeiras atuantes no sul do Brasil. 95 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Kimpo Maru 58 850 Profundidade média (m) 800 750 700 650 600 550 500 1/2001 2/2001 3/2001 4/2001 1/2002 2/2002 3/2002 1/2002 2/2002 3/2002 Trimestre/Ano Royalist 850 Profundidade média (m) 800 750 700 650 600 550 500 1/2001 2/2001 3/2001 4/2001 Trimestre/Ano Figura 9. Profundidades médias de operação (± E.P.) das embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist, discriminadas por trimestre e ano. 96 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Chaceon ramosae Chaceon notialis Figura 10. Representação tridimensional dos principais fundos de pesca do caranguejo-real Chaceon ramosae e do caranguejo-vermelho C. notialis no sul do Brasil, obtida a partir das capturas efetuadas pelas embarcações Royalist e Kinpo Maru 58, respectivamente. Os pontos referem-se às posições dos lances de pesca executados pelas referidas embarcações. 97 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Chaceon notialis 5.5 5.0 4.5 Kg/covo 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1/2001 2/2001 3/2001 4/2001 1/2002 2/2002 3/2002 2/2002 3/2002 Trimestre/Ano Chaceon ramosae 5.5 5.0 4.5 Kg/covo 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1/2001 2/2001 3/2001 4/2001 1/2002 Trimestre/Ano Figura 11. Rendimentos médios (Kg/covo) (± E.P.) obtidos pelas embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist na captura do caranguejo-vermelho Chaceon notialis e do caranguejo-real C. ramosae respectivamente, discriminados por trimestre e ano. 98 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Chaceon notialis 5.5 5.0 Kg/covo 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 800 900 1000 Profundidade (m) Chaceon ramosae 5.5 5.0 Kg/covo 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 200 300 400 500 600 700 Profundidade (m) Figura 12. Rendimentos médios (Kg/covo) (± E.P.) obtidos pelas embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist na captura do caranguejo-vermelho Chaceon notialis e do caranguejo-real C. ramosae respectivamente, discriminados por intervalo de profundidade. 99 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Chaceon notialis 5.0 4.5 4.0 Kg/covo 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 -34 -33 -32 -31 -30 -29 -28 -27 -26 -28 -27 -26 o Latitude ( S) Chaceon ramosae 5.0 4.5 4.0 Kg/covo 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 -34 -33 -32 -31 -30 -29 o Latitude ( S) Figura 13. Distribuição latitudinal dos rendimentos médios (Kg/covo) (± E.P.) obtidos pelas embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist na captura do caranguejo-vermelho Chaceon notialis e do caranguejo-real C. ramosae respectivamente. 100 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Chaceon notialis - Inverno 7 6 6 5 5 4 4 Kg/covo Kg/covo Chaceon notialis - Verão 7 3 3 2 2 1 1 0 200 300 400 500 600 700 800 900 0 1000 200 300 400 Profundidade (m) 6 6 5 5 4 4 3 2 1 1 400 500 600 700 Profundidade (m) 800 900 1000 900 1000 3 2 300 700 Chaceon notialis - Primavera 7 Kg/covo Kg/covo Chaceon notialis - Outono 200 600 Profundidade (m) 7 0 500 800 900 1000 0 200 300 400 500 600 700 800 Profundidade (m) Figura 14. Rendimentos médios (Kg/covo) (± E. P.) obtidos pela embarcação Kinpo Maru 58 na captura do caranguejo-vermelho Chaceon notialis discriminados por intervalo de profundidade e estação do ano. 101 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Chaceon notialis - Inverno 9 8 8 7 7 6 6 5 5 Kg/covo Kg/covo Chaceon notialis - Verão 9 4 3 4 3 2 2 1 1 0 0 -34.5 -33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 28.5 -27.5 -26.5 -34 -33 -32 -31 -30 -29 -28 -27 -26 o o Latitude ( S) Latitude ( S) Chaceon notialis - Primavera 9 8 8 7 7 6 6 5 5 Kg/covo Kg/covo Chaceon notialis - Outono 9 4 3 4 3 2 2 1 1 0 -34.5 -33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 -27.5 -26.5 -34 -33 -32 -31 -30 -29 -28 -27 -26 o Latitude ( S) -34.5 -33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 -27.5 -26.5 -34 -33 -32 -31 -30 -29 -28 -27 -26 0 -34.5 -33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 27.5 -26.5 -34 -33 -32 -31 -30 -29 -28 -27 -26 o Latitude ( S) Figura 15. Rendimentos médios (Kg/covo) (± E. P.) obtidos pela embarcação Kinpo Maru 58 na captura do caranguejo-vermelho Chaceon notialis discriminados por latitude e estação do ano. 102 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Chaceon ramosae - Inverno Kg/covo Kg/covo Chaceon ramosae - Verão 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 200 300 400 Profundidade (m) 200 300 400 500 600 700 Profundidade (m) 600 700 800 900 1000 900 1000 Chaceon ramosae - Primavera Kg/covo Kg/covo Chaceon ramosae - Outono 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 500 Profundidade (m) 800 900 1000 6.0 5.5 5.0 4.5 4.0 3.5 3.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 200 300 400 500 600 700 800 Profundidade (m) Figura 16. Rendimentos médios (Kg/covo) (± E. P.) obtidos pela embarcação Royalist na captura do caranguejo-real Chaceon ramosae discriminados por intervalo de profundidade e estação do ano. 103 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Chaceon ramosae - Inverno 5.5 5.0 5.0 4.5 4.5 4.0 4.0 3.5 3.5 Kg/covo Kg/covo Chaceon ramosae - Verão 5.5 3.0 2.5 2.0 3.0 2.5 2.0 1.5 1.5 1.0 1.0 0.5 0.5 -34 -33 -32 -31 -30 -29 -28 -27 -26 -33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 -27.5 -26.5 o o Latitude ( S) Latitude ( S) Chaceon ramosae - Primavera 5.5 5.0 5.0 4.5 4.5 4.0 4.0 3.5 3.5 Kg/covo Kg/covo Chaceon ramosae - Outono 5.5 3.0 2.5 2.0 3.0 2.5 2.0 1.5 1.5 1.0 1.0 0.5 -34 -33 -32 -31 -30 -29 -28 -27 -26 -33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 -27.5 -26.5 o Latitude ( S) -34 -33 -32 -31 -30 -29 -28 -27 -26 -33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 -27.5 -26.5 0.5 -34 -33 -32 -31 -30 -29 -28 -27 -26 -33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 -27.5 -26.5 o Latitude ( S) Figura 17. Rendimentos médios (Kg/covo) (± E. P.) obtidos pela embarcação Royalist na captura do caranguejo-real Chaceon ramosae discriminados por latitude e estação do ano.s 104 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA A1 Coeficientes 0.8 0.6 0.4 0.2 0 B I/2001 III/2001 II/2001 Trimestres IV/2001 I/2001 III/2001 II/2001 Estratos de profundidade IV/2001 1.4 Coeficientes 1.2 1 0.8 0.6 L33 1.2 Coeficientes C L34 1 0.8 0.6 I/2001 III/2001 II/2001 Estratos de profundidade <550m 550-650m IV/2001 >650m Figura 18. Variação dos coeficientes trimestrais de abundância estimados a partir do ajuste de um Modelo Linear Generalizado às taxas médias logaritmizadas de captura do caranguejo-vermelho Chaceon notialis obtidas pela frota arrendada de pesca de covos no Sul do Brasil em 2001. A, Modelo I; B, Modelo II (trimestres x estratos latitudinais); C, Modelo III (trimestres x estratos batimétricos). 105 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA A 1.2 1 Coeficientes 0.8 0.6 0.4 0.2 0 B <550m 550-650m Estratos de profundidade >650m <550 550-650 Estratos de profundidade >650 1.2 Coeficientes 1.1 1 0.9 0.8 I/2001 C II/2001 III/2001 IV/2001 1.08 Coeficientes 1.06 1.04 1.02 1 0.98 <550M 550-650 Estratos Latitudinais L33 >650 L34 Figura 19. Variação dos coeficientes batimétricos de abundância estimados a partir do ajuste de um Modelo Linear Generalizado às taxas médias logaritmizadas de captura do caranguejo-vermelho Chaceon notialis obtidas pela frota arrendada de pesca de covos no Sul do Brasil em 2001. A, Modelo I; B, Modelo III (estratos batimétricos x trimestres); C, Modelo IV (estratos batimétricos x estratos latitudinais). 106 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA A 1.2 1 Coeficientes 0.8 0.6 0.4 0.2 0 B L33 Estratos latitudinais L34 1.4 Coeficientes 1.2 1 0.8 0.6 L33 I/2001 Estratos Latitudinais II/2001 III/2001 L34 IV/2001 Figura 20. Variação dos coeficientes latitudinais de abundância estimados a partir do ajuste de um Modelo Linear Generalizado às taxas médias logaritmizadas de captura do caranguejo-vermelho Chaceon notialis obtidas pela frota arrendada de pesca de covos no Sul do Brasil em 2001. A, Modelo I; B, Modelo II (estratos latitudinais x trimestres). 107 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA A 1.2 1 Coeficientes 0.8 0.6 0.4 0.2 0 B III/2001 IV/2001 Trimestres I/2002 II/2002 1.4 1.2 Coeficientes 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 III/2001 IV/2001 Trimestres Lat 28 C I/2002 II/2002 Lat 29 1.2 Coeficiente 1 0.8 0.6 0.4 III/2001 IV/2001 <650m Trimestres I/2002 650-750m II/2002 >750m Figura 21. Variação dos coeficientes trimestrais de abundância estimados a partir do ajuste de um Modelo Linear Generalizado às taxas médias logaritmizadas de captura do caranguejo-real Chaceon ramosae obtidas pela frota arrendada de pesca de covos no Sul do Brasil entre julho de 2001 e junho de 2002. A, Modelo I; B, Modelo II (trimestres x estratos latitudinais); C, Modelo III (trimestres x estratos batimétricos). 108 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA A 1.2 1 Coeficientes 0.8 0.6 0.4 0.2 0 B <650 650-750m Estratos de profundidade >750m 650-750m >750m 1.2 Coeficiente 1.1 1 0.9 0.8 <650 Estratos de Profundidade III/2001 C IV/2001 I/2002 II/2002 1.2 1 Coeficientes 0.8 0.6 0.4 0.2 0 <650 650-750m Estratos de profundidade Lat 28 >750m Lat 29 Figura 22. Variação dos coeficientes batimétricos de abundância estimados a partir do ajuste de um Modelo Linear Generalizado às taxas médias logaritmizadas de captura do caranguejo-real Chaceon ramosae obtidas pela frota arrendada de pesca de covos no Sudeste e Sul do Brasil entre julho de 2001 e junho de 2002. A, Modelo I; B, Modelo III (estratos batimétricos x trimestres); C, Modelo IV (estratos batimétricos x estratos latitudinais). 109 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA A 1.2 1 Coeficientes 0.8 0.6 0.4 0.2 0 L28 L29 Latitude B 1.2 1 Coeficientes 0.8 0.6 0.4 0.2 0 L28 Estratos de profundidade III/2001 IV/2001 I/2002 L29 II/2002 Figura 23. Variação dos coeficientes latitudinais de abundância estimados a partir do ajuste de um Modelo Linear Generalizado às taxas médias logaritmizadas de captura do caranguejo-real Chaceon ramosae obtidas pela frota arrendada de pesca de covos no Sudeste e Sul do Brasil entre julho de 2001 e junho de 2002. A, Modelo I; B, Modelo II (estratos latitudinais x trimestres). 110 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA Chaceon notialis 70 25 m 30 m 35 m 65 60 Kg/ha 55 50 45 40 35 30 25 1/2001 2/2001 3/2001 4/2001 1/2002 2/2002 3/2002 Trimestre/Ano Chaceon ramosae 45 25 m 30 m 35 m 40 35 Kg/ha 30 25 20 15 10 5 1/2001 2/2001 3/2001 4/2001 1/2002 2/2002 3/2002 Trimestre/Ano Figura 24. Biomassas médias (Kg/ha) (± E.P.) do caranguejo-vermelho Chaceon notialis e do caranguejoreal C. ramosae por trimeste e ano, estimadas a partir das capturas efetuadas pelas embarcações Kinpo Maru 58 Royalist, respectivamente. As linhas refletem estimativas efetuadas para os três diferentes raios de ação das armadilhas utilizados neste estudo. 111 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA RMS = BO.M.X Rendimento (t) RMS Zona de Alerta Zona Não -Segura BRMS 95%BRMS Zona Segura Bo Biomassa do Estoque (t) Figura 25. Representação esquemática da relação entre o rendimento em equilíbrio de uma pescaria Ye e a biomassa do estoque B, segundo o Modelo de Dinâmica da Biomassa de Graham-Schaefer. O modelo propõe que o Rendimento Máximo Sustentável (RMS) de uma pescaria é obtido quando a biomassa do estoque (Bm) é aproximadamente a metade da biomassa do estoque virginal Bo. (fator de correção X = 0,5). De acordo com os pressupostos clássicos do modelo de crescimento populacional assumido (logístico) a taxa de mortalidade por pesca que produzirá RMS (Fm) é igual à mortalidade natural M. 112 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 22 Rio de Janeiro 23 Santos 24 25 Paranaguá 100 m Latitude S 26 200 m 27 Itajaí 28 Florianópolis Cabo de Santa Marta 29 500 m Caranguejo-real 30 31 32 Rio Grande 33 34 Caranguejo-vermelho 35 54 53 52 51 50 49 48 47 46 45 44 43 42 41 40 39 38 Longitude W Figura 26. Delimitação dos estoques de caranguejo-real Chaceon ramosae e caranguejo-vermelho C. notialis no Sul do Brasil. Neste último caso, encontra-se indicada em cor mais clara, a extensão do estoque em águas uruguaias. 113 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA A 2.200,0 2.000,0 Raio de atração = 25m 1.800,0 M=0,20 1.600,0 RMS (t) 1.400,0 1.200,0 M=0,15 1.000,0 800,0 M=0,10 600,0 400,0 200,0 0,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 X B 2.200,0 2.000,0 Raio de atração = 30m 1.800,0 1.600,0 RMS (t) 1.400,0 1.200,0 PR 1.000,0 800,0 600,0 400,0 200,0 0,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 X C 2.200,0 2.000,0 Raio de atração = 35m 1.800,0 1.600,0 RMS (t) 1.400,0 1.200,0 1.000,0 800,0 600,0 400,0 200,0 0,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 X Figura 27. Variação da estimativa do Rendimento Máximo Sustentável (RMS) do caranguejovermelho Chaceon notialis no Sul do Brasil a partir do modelo de Graham-Schaefer e a relação RMS = X.M.Bo, onde se considerou que a mortalidade natural M variou entre 0,10 (A), 0,15 (B) e 0,20 (C). Bo corresponde à Biomassa Virginal. 114 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA A 2.200,0 2.000,0 Raio de atração = 25m 1.800,0 M=0,20 1.600,0 RMS (t) 1.400,0 M=0,15 1.200,0 1.000,0 M=0,10 800,0 600,0 400,0 200,0 0,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 X B 2.200,0 2.000,0 Raio de atração = 30m 1.800,0 1.600,0 RMS (t) 1.400,0 M=0,20 1.200,0 M=0,15 1.000,0 800,0 M=0,10 600,0 400,0 200,0 0,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 X C 2.200,0 2.000,0 Raio de atração = 35m 1.800,0 1.600,0 RMS (t) 1.400,0 M=0,20 1.200,0 1.000,0 800,0 600,0 M=0,15 PR M=0,10 400,0 200,0 0,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 X Figura 28. Variação da estimativa do Rendimento Máximo Sustentável (RMS) do caranguejo-real Chaceon ramosae no Sul do Brasil a partir do modelo de Graham-Schaefer e a relação RMS = X.M.Bo, onde se considerou que a mortalidade natural M variou entre 0,10 (A), 0,15 (B) e 0,20 (C). Bo corresponde à Biomassa Virginal. 115 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA ANEXO I Embarcações, petrechos e características de processamento das embarcações caranguejeiras arrendadas em operação no Sul do Brasil 116 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 1. Embarcação arrendada de covos (B/P Mar Salada) 2. Embarcação arrendada de covos (B/P Kinpo Maru Nº58) 3. Embarcação arrendada de covos (B/P Vichialo) 4. Lançamento da linha de covos (B/P Diomedes) 5. Lançamento da linha de covos (B/P Kinpo Maru Nº 58) 6. Lançamento da linha de covos (B/P Mar Salada) 117 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 7. Recolhimento da linha de covos (B/P Kinpo Maru Nº58) 8. Recolhimento e despesca dos covos (B/P Diomedes) 9. Recolhimento da linha de covos (B/P Royalist) 10. Despesca dos covos (B/P Kinpo Maru Nº58) 11. Despesca dos covos (B/P Royalist) 12. Iscagem dos covos 118 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 13. Ponte de comando da embarcação Kinpo Maru Nº58 14. Ponte de comando da embarcação Royalist 15. Armadilha utilizada pela embarcação Royalist 16. Armadilha utilizada pela embarcação Royalist 17. Local de armazenamento dos covos, proa do B/P Royalist 18. Armadilha utilizada pela embarcação Kinpo Maru Nº58 119 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 19. Parque de processamento da embarcação Kinpo Maru 20. Parque de processamento da embarcação Mar Salada Nº58 21. Processo de retirada da carne das patas B/P Kinpo Maru Nº58 22. Escovação e lavagem, processamento B/P Mar Salada 23. Embalagem das garras, produto denominado de “Bocas” 24. Embalagem do corpo e patas, produto denominado de “Peitos” 120 Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002 Convênio UNIVALI – MAPA 25. Mesa onde são classificados e embalados os produtos 26. Produto preparado para ir ao tanque de cozimento 27. Tanque de cozimento e resfriamento B/P Kinpo Maru Nº58 28. Produto denominado de “KS” (garras e cefalotórax) 29. Produto retirado das patas (FF, AM, FY) sendo embalado. 121