Caranguejo - Grupo de Estudos Pesqueiros

Transcrição

Caranguejo - Grupo de Estudos Pesqueiros
ANÁLISE DA PESCARIA DOS CARANGUEJOSDE-PROFUNDIDADE NO SUL DO BRASIL – ANOS
2001-2002
Paulo Ricardo Pezzuto
José Angel Alvarez Perez
Roberto Wahrlich
Willian Guimarães Vale
Fábio Rodrigo de Alcântara Lopes
Ações Prioritárias ao Desenvolvimento da Pesca e
Aqüicultura no Sul do Brasil
Convênio
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
(MAPA)
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
MAPA/SARC/DPA/03/2001
MAPA/SARC/DENACOOP/176/2002
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS, DA
TERRA E DO MAR - CTTMar
REITOR
José Roberto Provesi
VICE-REITOR
Antônio Scatolin Pinheiro
SECRETARIA EXECUTIVA
Rubens Ulber
PRÓ-REITORIA DE ENSINO
Amândia Maria de Borba
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E
CULTURA
Valdir Cechinel Filho
DIRETOR CTTMar
Fernando Luiz Diehl
COORDENADOR GERAL DO CONVÊNIO
José Angel Alvarez Perez
ANÁLISE DA PESCARIA DOS CARANGUEJOSDE-PROFUNDIDADE NO SUL DO BRASIL – ANOS
2001-2002
Paulo Ricardo Pezzuto
José Angel Alvarez Perez
Roberto Wahrlich
Willian Guimarães Vale
Fábio Rodrigo de Alcântara Lopes
Ações Prioritárias ao Desenvolvimento da Pesca e
Aqüicultura no Sul do Brasil
Convênio
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA)
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI)
MAPA/SARC/DPA/03/2001
MAPA/SARC/DENACOOP/176/2002
RELATÓRIO FINAL
Itajaí, dezembro de 2002
APRESENTAÇÃO
O Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) da
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) chega ao final de seu terceiro
convênio celebrado com o Departamento de Pesca e Aquicultura (DPA),
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, cumprindo mais uma
importante etapa no processo de acúmulo e transferência de conhecimento ao
setor pesqueiro. A exemplo da análise da pescaria profunda do peixe-sapo
(Lophius gastrophysus), a qual tem sido o fundamento do manejo de uma nova
pescaria dirigida no Sudeste e Sul do Brasil, apresenta-se agora a análise dos
aspectos tecnológicos, biológicos e pesqueiros de mais dois recursos
pesqueiros valiosos de mar profundo, os caranguejos vermelho (Chaceon
notialis) e real (Chaceon ramosae).
Baseado na oportunidade de se observar e monitorar intensamente as
atividades de pesca comercial realizada por embarcações estrangeiras
arrendadas, o trabalho consiste não só de uma detalhada descrição da
atividade como também de uma criteriosa análise das perspectivas de
sustentação dessa atividade extrativa em nosso país.
Apresentamos este estudo como mais um exemplo de parceria entre o
setor governamental, setor produtivo e universidade, que tem promovido um
pacote de ações coordenadas capazes de gerar em tempo record uma
infinidade dados, análises objetivas e produtos rapidamente utilizáveis tanto
para fins de manejo quanto para a atividade produtiva. Traduz um modelo de
operação ágil, competente e responsável, que acreditamos ser o ideal para o
desenvolvimento de um futuro pesqueiro nacional e esperamos que essas
informações e recomendações balizem o estabelecimento de medidas
objetivas de ordenamento para uma pescaria valiosa, seletiva e sustentável.
José Angel Alvarez Perez, PhD
CTTMar-UNIVALI
Coordenador da Meta 05 -Análise da pescaria e avaliação dos recursos pesqueiros de
profundidade no sudeste e sul do Brasil
Coordenador Técnico do Convênio CTTMar-UNIVALI – DPA/MAPA
(MAPA/SARC/DENACOOP/176/2002)
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a toda equipe de observadores de bordo e de
processamento de dados do Programa de Observadores de Bordo na Frota
Arrendada (PROA) pelo empenho na coleta e sistematização das informações
necessárias a esse trabalho. Da mesma forma, agradecemos às equipes do
Programa de Estatística Pesqueira Industrial de Santa Catarina e do Programa
de
Rastreamento
de
Embarcações
Arrendadas
(PREA)
pelo
suporte
necessário em várias fases do projeto. À administração do CTTMar e da
UNIVALI como um todo, o nosso reconhecimento pelo total apoio institucional
sem o qual não teria sido possível a realização deste trabalho. Por fim
agradecemos a todos os empresários, mestres, tripulantes das embarcações e
demais membros do setor produtivo pela colaboração e confiança em nosso
trabalho.
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
1. INTRODUÇÃO
Os caranguejos da família Geryonidae são amplamente distribuídos em todo o
mundo. Até meados da década de 1990 esta família era constituída por apenas um
gênero, Geryon, que agrupava várias espécies. Em 1989, Manning e Holthuis
apresentaram uma nova estrutura sistemática para a família, a qual passou a ter então
três gêneros e 24 espécies: Geryon, com duas espécies; Chaceon, um novo gênero com
vinte uma espécies; e Zariquieyon, outro novo gênero com apenas uma espécie.
O gênero Chaceon é representado por todas as espécies que possuem 5 dentes
anterolaterais e largura de carapaça variando entre 7,5 a mais de 20 cm, e incluiu 11
espécies anteriormente registradas como pertencentes ao gênero Geryon, o qual se
diferencia por apresentar apenas três dentes anterolaterais na carapaça. O terceiro
gênero desta família, Zariquieyon, também apresenta 5 dentes anterolaterais na
carapaça, porém difere dos demais gêneros por possuir as margens posterolaterais
convexas e a região branquial fortemente inflada. É representado por apenas uma
espécie com pequena largura de carapaça e que ocorre a 2800 m no oeste do
Mediterrâneo (Manning et al., 1989).
Os três gêneros ocorrem em todos os oceanos com exceção do Pacífico Leste, e
são encontrados em profundidades variáveis entre 100 e 2800 m, aproximadamente
(Manning, 1990). No Brasil, os primeiros registros de caranguejos gerionídeos foram
efetuados por Scelzo & Valentini (1974), os quais identificaram indivíduos provenientes
de expedições oceanográficas realizadas na plataforma continental e no talude do Brasil,
Uruguai e Argentina como Geryon quinquedens. Entretanto, os referidos autores
mencionaram pequenas variações morfológicas e de coloração no material biológico
examinado, havendo, basicamente, indivíduos provenientes do talude brasileiro com
coloração creme e uma relação comprimento/altura do própodo da quinta pata de 4,3 a
4,5, e indivíduos provenientes do sul do Brasil, Uruguai e Argentina com coloração
avermelhada. Estes últimos foram atribuídos à nova espécie C. notialis por Manning &
Holthuis (1989), ficando Chaceon quinquedens (ex-Geryon quinquedens) restrito ao
noroeste do Atlântico, enquanto o morfotipo creme foi atribuído por Manning et al.
(1989) a C. ramosae, a segunda espécie da família conhecida para o Brasil (Fig. 1).
1
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
O ciclo de vida destes caranguejos é típico da maioria dos braquiúros, com os
machos copulando com as fêmeas maturas durante a ecdise. Os ovos fertilizados ficam
aderidos aos pleópodos das fêmeas por um longo período que pode atingir até nove
meses (Erdman et al., 1991). Assim que ocorre a eclosão, as larvas são dispersas na
coluna d’água e passam por uma série de estágios larvais até tornarem-se juvenis e
assentarem no fundo oceânico onde viverão o resto do seu ciclo de vida (Hastie, 1995).
Dados obtidos para C. quinquedens indicam que a duração do desenvolvimento larval é
largamente dependente da temperatura da água, podendo variar de 23 a 125 dias (Kelly
et al., 1982), o que sugere um elevado potencial de dispersão.
Embora sejam escassas as informações sobre o crescimento e a longevidade dos
caranguejos da família Geryonidae, os trabalhos existentes indicam que as espécies
possuem um lento crescimento e elevada longevidade. Melville-Smith (1989) sugere
que C. maritae estaria completamente recrutado à pescaria em seu nono ano de idade e
que poderia atingir uma longevidade de até 25 anos. Já C. quinquedens atingiria 114
mm de largura da carapaça com 5 a 6 anos e levaria de 7 a 8 anos para chegar ao
tamanho máximo de 140 mm (Van Heukelem et al., 1983). Segundo Haefner (1977) e
Van Heukelem et al. (1983) alguns caranguejos gerionídeos necessitam de 18 a 20
mudas até alcançarem a largura máxima, que pode chegar a cerca de 180 mm de
carapaça em algumas espécies. A cada muda o incremento no tamanho varia de 7 a 12%
e em peso pode alcançar até 33% (Serchuk e Wigley, 1982). De forma geral, estima-se
que caranguejos gerionídeos estariam sexualmente maturos entre 5 e 15 anos de idade
(Hines, 1990b).
Devido ao longo período de intermuda das fêmeas, que pode em alguns casos
atingir de 5 a 7 anos em indivíduos adultos, e assumindo que a fertilização nestes
caranguejos ocorre somente durante a ecdise como nos outros braquiúros, especula-se
que a desova não seja anual (Lux et al., 1982; Hines, 1990a; Hines 1990b ; Erdman et
al., 1991; Biesiot e Perry, 1995). De acordo com Hines (1990a), crustáceos de águas
profundas tendem a ter ovos maiores que as espécies de águas mais rasas. De fato, C.
quinquedes possui os maiores ovos de todos os braquiúros com larvas planctônicas até
hoje conhecidos. A fecundidade estimada para fêmeas de caranguejos-de-profundidade
2
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
varia entre 36.000 e 400.000 ovos, dependendo do tamanho da fêmea (Hines, 1988,
1990a, 1990b; Hastie, 1995).
Pescarias dirigidas aos caranguejos-de-profundidade da família Geryonidae têm
ocorrido em ambos os lados do Oceano Atlântico. Na sua porção leste, C. maritae tem
sido alvo de uma pescaria na Namíbia e no Sudoeste da África (Melville-Smith 1988a;
Melville-Smith
&
Bailey,
1989;
Beyers,
1994).
Além
disso,
quantidades
comercialmente explotáveis da espécie foram encontradas também na Costa do Marfim,
Congo e Angola (Beyers e Wilke, 1980).
No lado oeste do Atlântico, mais especificamente no nordeste dos Estados
Unidos (Ganz e Herrmann, 1975), iniciou-se em 1973 uma pescaria de C. quinquedens,
cuja captura atingiu cerca de 2500 t em 1980 (Lux et al., 1982). Para os anos seguintes
as estatísticas registram uma captura média de 1800 t entre os anos de 1982 e 1998, com
picos de captura ocorrendo nos anos de 1984 e 1988. Com o incremento dos
desembarques da espécie e do número de embarcações interessadas na explotação do
recurso, a partir de março de 2002 a pescaria passou a ser regulamentada de acordo com
um plano de manejo específico (NEFMC, 2002). Uma pescaria de menor escala e de
caráter mais intermitente de C. quinquedens têm ocorrido também na costa canadense
do Atlântico, com sinais claros de plena explotação dos fundos de pesca principais
(Lawton & Duggan, 1998). Outras espécies de Chaceon do Atlântico norte ocidental
suportam pescarias comerciais de menor escala, incluindo C. inghami em Bermudas
(Luckhurst, 1986; Manning e Holthuis, 1986) e C. fenneri em Fort Lauderdale, Flórida
(Erdman e Blake, 1988).
Em 1976 o Instituto Nacional de Pesca Uruguaio deu início a uma série de
campanhas de prospecção para identificar e localizar potenciais recursos pesqueiros da
Zona Comum de Pesca Argentino-Uruguaia (ZCPAU). Nestas campanhas identificou-se
um estoque potencial de C. notialis, o qual passou a ser melhor investigado nos anos
subsequentes (Defeo et al., 1992). Avaliações realizadas entre a primavera de 1985 e o
verão de 1986 com o barco de pesca japonês Koyo Maru nº8 propiciaram o
levantamento de informações de ordem quantitativa que permitiram dimensionar o
estoque do caranguejo no Uruguai em aproximadamente 22.000 t, sendo estabelecido
um rendimento máximo potencial de 2700 t/ano, e a possibilidade de abertura de uma
3
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
pescaria dirigida com até 2 embarcações (Defeo et al., 1991). Uma vez estabelecida a
pescaria, as estimativas anuais de captura, efetuadas por duas embarcações
caranguejeiras alcançaram 2600 t, 100 t abaixo do estabelecido como máximo
permissível (Defeo & Masello 2000a, 2000b).
No Brasil, a explotação de Chaceon spp. ocorreu inicialmente de uma forma
incipente ao longo dos anos de 1984 e 1985, através do arrendamento de duas
embarcações japonesas sediadas nos portos de Itajaí (SC) e Rio Grande (RS). Embora as
embarcações tenham atuado desde o paralelo 25o S em direção ao sul, a área de maior
concentração de captura foi compreendida entre os 100 e os 1000 m de profundidade e
entre as latitudes 34o e 35o S (Lima & Lima Branco, 1991). Durante os sete meses de
operação destas embarcações foram produzidas mais de 1.470 t de caranguejo.
Entretanto, após este período a pescaria foi abandonada supostamente devido a uma
redução nos valores de captura por unidade de esforço.
Desde setembro de 1999 iniciou-se uma nova etapa de explotação do
caranguejo-de-profundidade na costa brasileira, impulsionada por um programa de
arrendamento de embarcações estrangeiras induzido pelo Departamento de Pesca e
Aqüicultura (DPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Realizada inicialmente por uma única embarcação, atualmente a pescaria conta com
cinco barcos caranguejeiros e, até outubro de 2002, com dez embarcações de emalhe de
fundo, voltadas à captura do peixe-sapo Lophius gastrophysus no Sudeste e Sul do
Brasil, as quais tiveram, no entanto, o caranguejo como principal componente da sua
captura incidental (Perez et al., 2002b).
Desta forma, diante da necessidade de elaborar pautas iniciais para o
ordenamento da pescaria, este relatório apresenta os primeiros resultados relativos a
tecnologia de captura e processamento da frota caranguejera, composição e distribuição
espaço-temporal das capturas, rendimentos e esforços de pesca, e uma avaliação da
abundância absoluta e relativa dos estoques de C. ramosae e de C. notialis no Sul do
Brasil. Finalmente, é apresentado um diagnóstico das pescarias e das suas tendências
futuras e definidas recomendações para o manejo das espécies a partir de 2003.
4
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1.
Fontes de informação
Os dados considerados para a análise da pescaria de caranguejo-de-profundidade
no sul do Brasil são provenientes do Programa de Observadores de Bordo na Frota
Arrendada (PROA) e do Programa de Rastreamento de Embarcações Arrendadas
(PREA), executados pelo Grupo de Estudos Pesqueiros (CTTMar – UNIVALI) no
âmbito
dos
convênios
UNIVALI
MAPA/SARC/DENACOOP/176/2002).
–
MAPA
Estes
(MAPA/SARC/DPA/03/2001
programas
reúnem
e
informações
pesqueiras e biológicas provenientes das operações de pesca de todas as embarcações
arrendadas que atuaram na pescaria do caranguejo-de-profundidade no período janeiro
de 2001 a outubro de 2002, seja de armadilhas ou emalhe de fundo, e que operaram nos
portos de Itajaí/Navegantes, Santos e Rio Grande.
Foram analisadas as informações provenientes de 21 viagens de pesca de
embarcações caranguejeiras monitoradas por observadores, além de dados constantes de
Mapas de Bordo de quatro outras viagens da embarcação Kinpo Maru 58 realizadas em
período anterior ao início das atividades do PROA. Adicionalmente, foram utilizados
dados de captura incidental e/ou dirigida ao caranguejo obtidos em 63 viagens de pesca
da frota arrendada de emalhe de fundo dirigida à captura do peixe-sapo (Lophius
gastrophysus), a qual também foi monitorada pelo PROA.
2.2.
Dados disponíveis
Além da informação sobre a tecnologia de captura e processamento, os dados
coletados pelos observadores de bordo incluem todas as atividades realizadas
diariamente por cada embarcação e abrangem informações referentes a cada lance
efetuado pela embarcação tais como: número do lance, data e hora do lançamento e do
recolhimento do lance, número de covos utilizados, coordenadas geográficas e
profundidades dos locais de lançamento e de recolhimento do lance, produção em quilos
5
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
dos diversos produtos originados de cada lance (caranguejo processado) e tipo de isca
utilizada.
Além disso, pelo menos um lance foi amostrado a cada dois dias no máximo,
variando entre dia e noite e abrangendo todas as faixas batimétricas exploradas durante
a viagem, considerando intervalos de 100 m de profundidade. Durante a amostragem,
cada lance foi dividido em três partes iguais (início, meio e fim), sendo realizada a
contagem dos caranguejos capturados em cerca de 15 a 20% dos covos recolhidos em
cada parte. Nessa amostragem, além da contagem dos caranguejos, a partir de 2002 os
indivíduos foram discriminados por espécie, sexo e estágios de maturação e de ciclo de
muda.
Nas embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist, as quais encontram-se há mais
tempo na pescaria, o número de covos amostrados por mês variou entre
aproximadamente 600 e 1800 e entre cerca de 1000 e 3000, respectivamente (Fig. 2),
totalizando, até julho/agosto de 2002, 11984 covos amostrados e 424518 caranguejos
contabilizados na primeira embarcação e 24219 covos e 102818 caranguejos na segunda
(Tabela 1).
Seguindo a mesma metodologia da amostragem da captura, foram retirados
aleatoriamente cerca de 60 a 100 indivíduos de cada espécie por lance para registro dos
seguintes dados: sexo, estágio de maturação dos ovos (seguindo a escala proposta por
Defeo et al., 1992), largura da carapaça (medida entre as extremidades do quinto
espinho antero-lateral), comprimento e altura do própodo da quinta pata, comprimento
do mero da mesma pata e peso total, os quais serão utilizados futuramente para uma
descrição mais detalhada da estrutura populacional e dos aspectos reprodutivos de
ambas as espécies.
Sempre que possível, foram coletados 20 indivíduos de cada espécie de ambos
foi é devidamente etiquetado, acondicionado em saco plástico e colocado em caixa de
papelão para congelamento e posterior análise em laboratório.
6
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
2.3.
Análise dos dados
2.3.1. Captura total por embarcação e modalidade de pesca
2.3.1.1. Embarcações caranguejeiras
Todas as embarcações caranguejeiras processam a captura a bordo para posterior
exportação. Entretanto, a forma de processamento e os tipos de produtos armazenados
variam entre embarcações (Tabela 2). Uma vez que por questões operacionais das
próprias embarcações não há como estimar precisamente o peso total capturado em cada
lance, foi necessário calcular um fator de conversão específico por barco, a ser aplicado
sobre os pesos dos produtos processados por lance, os quais foram registrados pelos
observadores a bordo. Para a embarcação Royalist, cujo processamento envolve apenas
a retirada da carapaça e das vísceras (Tabela 2), foi efetuada uma análise direta pelo
observador a bordo, a partir de uma amostra com peso conhecido. Nessa análise foram
pesados vinte indivíduos inteiros e as partes destes resultantes após o processamento.
Através deste procedimento, foi estimado um percentual de aproveitamento de 57%
para essa embarcação.
Entretanto, em função da forma de processamento realizado pela embarcação
Kinpo Maru 58, não foi possível estimar o seu percentual de aproveitamento
diretamente a bordo. Dessa forma, tal percentual foi estimado indiretamente através de
informações obtidas pela embarcação Royalist durante o segundo trimestre de 2001,
época em que esta embarcação operou simultaneamente ao Kinpo Maru 58 nas mesmas
áreas de pesca.
A partir do monitoramento do número médio de caranguejos capturados por
covo nas duas embarcações e do registro do volume (em kg) de produto processado por
lance, foram calculadas as razões entre o número médio de caranguejos capturados por
covo nas embarcações Royalist e Kinpo Maru 58, e entre o peso médio processado por
covo por ambas as embarcações. Quaisquer diferenças nessas razões poderiam então ser
atribuídas a um nível diferenciado de rendimento no processamento. Dessa forma, a
estimativa do % de aproveitamento na embarcação Kinpo Maru 58 foi calculada como:
7
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
PKimpo =
Rnúmero / covo × PRoyalist
RKgprocessado / covo
onde PKinpo é o percentual de aproveitamento na embarcação Kinpo Maru 58, Rnúmero/covo
é a razão entre o número médio de caranguejos capturados pelas duas embarcações,
RKgprocessado/covo é a razão entre a quantidade (em kg) de produto processado por lance
pelas mesmas e PRoyalist é o percentual de aproveitamento estimado diretamente a bordo
da embarcação Royalist. A partir deste procedimento, estimou-se para a embarcação
Kinpo Maru 58 um percentual de aproveitamento de 53%.
A Tabela 3 apresenta os dados utilizados e as respectivas estimativas de
aproveitamento. De maneira a aferir a qualidade da estimativa indireta efetuada para a
embarcação Kinpo Maru 58, foram estimados os pesos médios individuais dos
caranguejos capturados nas mesmas áreas e épocas por ambas as embarcações,
dividindo-se, em cada lance, o peso total capturado (já convertido com os respectivos
fatores de conversão) pelo número total de caranguejos capturados nos mesmos (Tabela
3). Um teste t aplicado às duas médias não detectou qualquer diferença significativa
entre elas (t= 0,156; 60 G.L.; p=0,876).
Para conversão do volume processado pelas embarcações Mar Salada e Vichialo
foi aplicado um percentual de 50%, obtido a partir de estimativas efetuadas pelos
próprios mestres das embarcações. Por fim, na embarcação Diomedes, os fatores
utilizados foram de 59% para a primeira viagem e de 54% para a segunda viagem,
conforme estimativas obtidas a bordo pelo observador, através da razão entre o peso dos
indivíduos capturados obtido após a despeça e o peso dos mesmos após o
processamento.
2.3.1.2. Captura pela frota de emalhe dirigida ao peixe-sapo Lophius
gastrophysus
Considerando o elevado nível de rejeição do caranguejo-de-profundidade
observado na frota de emalhe, sobretudo no início de 2001 (Perez et al., 2002b), o
volume em quilos de caranguejo capturado mensalmente pela frota de emalhe foi
8
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
estimado com base nas estimativas do número total de caranguejos mortos pela frota em
2001, estimados na análise do bycatch desta pescaria (Perez et al., 2002b). Para tanto, o
número total de caranguejos mortos em 2001 foi multiplicado pelo peso médio
individual estimado para os caranguejos capturados pela embarcação Royalist (cuja área
de atuação foi mais coincidente com aquela da frota de emalhe). Desta forma, foi
estimada a quantidade anual (em quilos) de caranguejo capturado no ano de 2001.
Posteriormente foi calculada a razão entre o volume total de peixe-sapo capturado e do
volume estimado de caranguejos. Tal razão (9,006 kg peixe-sapo : 1 kg caranguejo) foi
utilizada então para se obter uma estimativa da distribuição mensal das capturas do
caranguejo efetuadas pela frota de emalhe nos anos de 2001 e 2002, dividindo-se as
respectivas capturas de peixe-sapo pelo fator correspondente.
2.3.2. Distribuição espaço-temporal das capturas, esforço e rendimentos
Com o objetivo de determinar as principais áreas de pesca do caranguejo, foram
utilizadas as posições dos lances da embarcação Kinpo Maru 58 registradas pelos
observadores a bordo e, para as demais embarcações, as posições enviadas pelos
respectivos sistemas de rastreamento por satélite e recebidas pela central de controle do
PREA. Além disso, com base nas informações dos lances e respectivas capturas, foram
analisadas as distribuições latitudinais e batimétricas dos lances de cada embarcação,
separadamente para cada um dos trimestres do ano. Para tanto, foram estabelecidos
estratos latitudinais de meio ou um grau de amplitude (dependendo da análise) e estratos
batimétricos de 100 em 100 m de profundidade, desde a isóbata de 150 m até a isóbata
de 1050 m.
Para cálculo dos rendimentos (CPUE – captura por unidade de esforço), foram
utilizados como medidas de esforço o número total de covos por lance, a duração do
lance (em horas) e o produto do número de covos pela duração do lance. A partir daí,
foram calculadas as médias trimestrais ponderadas da CPUE para os estratos de latitude
e profundidade em termos de kg/covo; kg/lance; kg/covo.hora e também em termos de
kg de produto processado em relação às três medidas de esforço. Adicionalmente, para
os lances amostrados pelos observadores de bordo em que foram efetuadas as contagens
9
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
de indivíduos por covo, foi estimado o número médio de caranguejos capturados por
lance e por covo.
Na análise das variações batimétricas e latitudinais dos rendimentos, foram
utilizadas as informações provenientes apenas das embarcações Kinpo Maru 58 e
Royalist, em função do seu maior tempo de operação na região. No caso da primeira
embarcação foram selecionados os lances executados entre janeiro e dezembro de 2001
e, no caso do Royalist, entre julho de 2001 e junho de 2002.
2.3.3. Avaliação da abundância dos estoques
As análises da composição da captura das embarcações Royalist e Kinpo Maru
58 permitiram identificar claramente áreas distintas de ocorrência do caranguejo-real C.
ramosae e do caranguejo-vermelho, C. notialis. Desta forma, as avaliações foram
efetuadas separadamente por espécie e área, considerando os respectivos intervalos de
latitude e profundidade identificados na análise da distribuição das capturas e
rendimentos de ambas as espécies. Além disso, a avaliação dos respectivos estoques foi
realizada através de dois métodos distintos, com o objetivo de aumentar a confiabilidade
das estimativas e a segurança nas medidas de manejo propostas.
2.3.3.1. Avaliação da abundância relativa: Modelo Log-Linear Generalizado
(MLG)
A variação espaço-temporal da abundância relativa dos caranguejos-deprofundidade observada ao longo do desenvolvimento da pescaria no Sul do Brasil foi
avaliada entre janeiro de 2001 e junho de 2002 através da análise de índices
padronizados de abundância relativa, calculados a partir do ajuste de Modelos logLinear Generalizado (MLG) à variação dos rendimentos médios (CPUEs) obtidos pela
frota arrendada de pesca com covos. Esse procedimento foi proposto por Gavaris (1980)
e tem sido considerado como a forma mais realista de se avaliar a abundância relativa
de um estoque explorado comercialmente e de se calcular CPUEs padronizadas (i.e. que
eliminem os efeitos introduzidos pelo poder de pesca das embarcações, Hilborn e
Walters, 1992; Quinn II e Deriso, 1999). Sua utilização tem sido ampla na avaliação de
10
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
estoques de peixes e invertebrados demersais (Kimura, 1982; Large, 1992; Hvingel et
al., 2000; Lorance e Dupoy, 2001 e outros) tendo sido aplicada também para outro
estoque demersal de áreas profundas no Sudeste e Sul do Brasil, o peixe-sapo (Lophius
gastrophysus) (Perez et al., 2002a).
.
Caranguejo-vermelho (Chaceon notialis)
A análise dos padrões de variação espacial e temporal do caranguejo-vermelho
incluiu as CPUEs (kg de caranguejo vivo/covo) obtidas em todos os lances realizados
pela embarcação Kinpo Maru 58 durante o ano de 2001. Considerou-se a variação
dessas taxas de captura em função dos fatores: Estrato Latitudinal (A), Trimestre (T) e
Estrato de Profundidade (P). No fator Estrato Latitudinal foram considerados dois níveis
(i): 33-34o S (I) e sul de 34o S (II). No fator Trimestre foram considerados quatro níveis
(j): Janeiro-Março/2001 (I), Abril-Junho/2001 (II), Julho-Setembro/2001 (III), OutubroDezembro/2001 (IV) e no fator Estrato de Profundidade foram considerados três níveis
(z) <550m (I), 550-650m (II) e >650m (III). Dentro de cada combinação Estrato
Latitudinal (i) - Trimestre (j) - Estrato de Profundidade (z) (ou cada “célula”) foram
calculadas as CPUEs médias agrupando-se todos os lances disponíveis.
A seguir foram considerados quatro modelos multiplicativos onde foram
incluídos os fatores relacionados acima e suas interações.
Modelo I
Considerou-se que a CPUE média obtida em cada Estrato Longitudinal (i),
Trimestre (j) e Estrato de Profundidade (z) foi proporcional a abundância do caranguejovermelho de forma que
U ijz = Ai ⋅ T j ⋅ Pz
(1)
onde Uijz é a CPUE média dos lances realizados no i-ésimo Estrato Latitudinal, no jésimo Trimestre e no z-ésimo Estrato de Profundidade; Ai é a abundância do
caranguejo-vermelho no i-ésimo Estrato Latitudinal; Tj a abundância do caranguejo-
11
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
vermelho no j-ésimo trimestre; e Pz é a abundância do caranguejo-vermelho no z-ésimo
Estrato de Profundidade. A seguir essa relação foi escrita como um modelo estatístico:
U ijz = U 111 ⋅ α i ⋅ τ j ⋅ ρ z ⋅ ε ijz
(2)
onde U111 é a CPUE média referencial, ou seja, aquela obtida entre 33o S-34o S entre
Janeiro e Março de 2001 e a menos de 550 m de profundidade; αi é um coeficiente que
representa o efeito do Estrato latitudinal i em relação ao Estrato entre 33o S-34o S; τj é
um coeficiente que representa o efeito do Trimestre j em relação ao trimestre JaneiroMarço e ρz é o coeficiente que representa o efeito do Estrato de Profundidade z em
relação ao Estrato <550m. εijz é o coeficiente que representa o desvio entre as taxas de
captura Uijz observadas e os valores estimados pelo modelo para cada Estrato
Latitudinal i, Trimestre j e Estrato de Profundidade z. Quando o modelo é linearizado
através da transformação logarítmica, a expressão (2) passa à forma
ln U ijz = ln (U 111 ) + ln (α i ) + ln (τ j ) + ln ( ρ z ) + ε ijz
(3)
a partir da qual puderam ser estimados Uijz, α, τ e ρ através do Modelo Linear
Generalizado (MLG) (Hilborn e Walters, 1992; Quinn II e Deriso, 1999). O modelo foi
ajustado pelo método dos mínimos quadrados e o erro estimado foi uma variável
aleatória proveniente de uma distribuição normal de média 0 e variância δ2.
Modelo II
O segundo modelo ajustado incluiu os mesmos fatores e níveis considerados no
Modelo I, porém incluiu o possível efeito da interação entre os fatores Estrato
Latitudinal (Ai) e Trimestre (Tj). Esta interação se baseia na hipótese que os possíveis
efeitos sazonais sobre a abundância do caranguejo-vermelho estejam condicionados à
faixa latitudinal da área de pesca. O Modelo II linearizado, tomando-se os mesmos
passos conceituais apresentados para o Modelo I, foi:
ln U ijz = ln (U111 ) + ln (α i ) + ln (τ j ) + ln ( ρ z ) + ln (α i ⋅ τ j ) + ε ijz
(4)
12
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
onde αi.τj é um coeficiente que representa o efeito da interação entre os Estratos
Latitudinais e os Trimestres na abundância esperada para o Estrato Latitudinal i durante
o Trimestre j num cenário onde a referida interação inexistisse.
Modelo III
O terceiro modelo testado incluiu os mesmos fatores e níveis considerados no
Modelo I, porém incluiu o possível efeito da interação entre os fatores Estrato de
Profundidade (Pz) e Trimestre (Tj). Esta interação se baseia na hipótese que os possíveis
efeitos sazonais sobre a abundância do caranguejo-vermelho estejam condicionados à
faixa batimétrica da atividade de pesca. O Modelo III linearizado, tomando-se os
mesmos passos conceituais apresentados para o Modelo I, foi:
ln U ijz = ln (U111 ) + ln (α i ) + ln (τ j ) + ln (ρ z ) + ln (τ j ⋅ ρ z ) + ε ijz
(5)
onde τj.ρz é um coeficiente que representa o efeito da interação entre os Trimestres e os
Estratos de Profundidade na abundância esperada para o Estrato de Profundidade z
durante o Trimestre j num cenário onde a referida interação inexistisse.
Modelo IV
O quarto modelo testado incluiu os mesmos fatores e níveis considerados no
Modelo I, porém incluiu o possível efeito da interação entre os fatores Estrato de
Profundidade (Pz) e os Estratos Latitudinais (Ai). Esta interação se baseia na hipótese
que os possíveis efeitos latitudinais sobre a abundância do caranguejo-vermelho estejam
condicionados à faixa batimétrica da atividade de pesca. O Modelo IV linearizado,
tomando-se os mesmos passos conceituais apresentados para o Modelo I, foi:
ln U ijz = ln (U111 ) + ln (α i ) + ln (τ j ) + ln ( ρ z ) + ln ( ρ z ⋅α i ) + ε ijz
(6)
onde ρzαi. é um coeficiente que representa o efeito da interação entre os Estratos de
Profundidade e os Estratos Latitudinais na abundância esperada para o Estrato de
13
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Profundidade z no Estrato Latitudinal i num cenário onde a referida interação
inexistisse.
Caranguejo-real (Chaceon ramosae)
A análise dos padrões de variação espacial e temporal do caranguejo-real através
dos dados gerados pela frota arrendada de pesca de covos incluiu as CPUE (kg de
caranguejo vivo/covo) obtidas em todos os lances realizados pela embarcação Royalist
entre julho de 2001 e junho de 2002. Considerou-se a variação dessas taxas de captura
em função dos fatores: Estrato Latitudinal (A), Trimestre (T) e Estrato de Profundidade
(P). No fator Estrato Latitudinal foram considerados dois níveis (i): 28-29o S (I) e 2930o S (II). No fator Trimestre foram considerados quatro níveis (j): JulhoSetembro/2001 (I), Outubro-Dezembro/2001 (II), Janeiro-Março/2002 (III), AbrilJunho/2002 (IV) e no fator Estrato de Profundidade foram considerados três níveis (z)
<650m (I), 650-750m (II) e >750m (III). Dentro de cada combinação Estrato Latitudinal
(i) - Trimestre (j) - Estrato de Profundidade (z) (ou cada “célula”) foram calculadas as
CPUEs médias de captura agrupando-se todos os lances disponíveis. As análises
incluíram o ajuste dos mesmos quatro modelos multiplicativos considerados para a
análise da abundância relativa do caranguejo-vermelho.
2.3.3.2. Avaliação da abundância absoluta: Área Efetiva de Pesca (AEP)
Para a estimativa da biomassa absoluta dos estoques utilizou-se o método da
Área Efetiva de Pesca (EFA) (Miller, 1975), aplicado às capturas médias observadas por
covo nos lances amostrados pelos observadores. Para efeito de comparação, o método
utilizado baseou-se naquele aplicado por Defeo et al. (1991, 1992) para C. notialis no
Uruguai, seguindo Arena et al. (1988).
Para cada lance de pesca, calculou-se a área total coberta por cada linha de covos
como:
at = N × ai − ( N − 1) × L
14
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
onde at é a área coberta por cada linha, N é o número de covos na linha, ai é a área de
influência de cada covo e L é a área da zona de sobreposição das áreas de influência de
covos adjacentes, estimada através da equação:
L=
( d ) × πr
cos −1 s
90
2
− s×
(d + s) × (d − s )
2
onde s é a distância entre dois covos adjacentes, r é o raio de influência (atração) de
cada covo (assumindo-se uma área circular) e d é o seu diâm (=2r).
Em princípio, a determinação da área de influência dos covos deve ser feita
experimentalmente, comparando-se os rendimentos (captura/covo) obtidos em séries de
linhas com diferentes espaçamentos de covos. Assumindo-se uma área de influência de
formato circular, em linhas com espaçamento menor que o dobro do raio de influência
dos covos, estes “competirão” na atração dos caranguejos em função da sobreposição
parcial das suas áreas de atração, reduzindo os rendimentos médios da linha. Desta
forma, uma estimativa do raio de influência pode ser obtida verificando-se a partir de
qual espaçamento os rendimentos em termos de captura por covo atingiram os valores
máximos (Eggers et al., 1982; Arena et al., 1988). Outros métodos incluem a calibração
das áreas de atração mediante técnicas de fotografia e marca-recaptura, dentre outros
(Miller, 1975; Melville-Smith, 1986, 1988b).
Infelizmente, neste estudo não foi possível realizar experimentos específicos
para determinação da área de influência dos covos. Desta forma, as estimativas de
biomassa para ambas as espécies foram realizadas para os mesmos três raios de
influência utilizados por Defeo et al. (1991, 1992) na avaliação do estoque de Chaceon
notialis no Uruguai (25, 30 e 35 m), e que abrangem as distâncias geralmente assumidas
para outros estoques de gerionídeos do Atlântico (LeLoeuff et al., 1978; Stone &
Bailey, 1980; McElman & Elner, 1982; Melville-Smith, 1986; Waller et al., 1995).
As biomassas médias por hectare foram então calculadas dividindo-se as
capturas totais de cada lance pelas respectivas áreas de influência das linhas, calculadas
para os três raios acima. Médias ponderadas destas biomassas foram calculadas para
cada estrato de latitude considerando o intervalo principal de profundidade identificado
para cada espécie. Biomassas médias por hectare para toda a área de cada um dos
15
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
fundos de pesca foram estimadas através do cálculo de médias estratificadas segundo
Krebs (1989), ponderando-se os valores de biomassa obtidos segundo as áreas e as
biomassas calculadas para os diversos estratos latitudinais.
Neste sentido, para efeito de estimativa das biomassas totais disponíveis, foi
necessário calcular as áreas respectivas de cada fundo de pesca. Para tanto, cartas base
contendo a batimetria dos dois fundos de pesca foram extraídas do Atlas Digital
GEBCO 97

(British Oceanographic Data Centre, Intergovernamental Oceanographic
Comission, International Hydrographic Organization, Natural Environment Research
Council) e adicionadas com as coordenadas e profundidades dos pontos iniciais e finais
de cada um dos lances de pesca monitorados pelos observadores. Todas as coordenadas
geodésicas foram transformadas para UTM (Universal Transverse Mercator),
convertendo-se assim os graus de latitude e longitude em unidades métricas.
Poteriormente, a batimetria foi novamente interpolada com o auxílio do software Surfer
– Surface Mapping System – versão 7.0 (Copyright 1993-96, Golden Software, Inc.)
usando o método de interpolação de kriging. A partir de então, as áreas disponíveis nos
vários estratos de profundidade e latitude para os quais as respectivas biomassas foram
estimadas foram calculadas diretamente com o auxílio do mesmo software, permitindo a
posterior integração dos valores de kg/ha para biomassa total (t) nos fundos de pesca.
Nesta análise, foram utilizados os lances executados durante os mesmos
períodos selecionados na aplicação do Modelo Log-Linear Generalizado.
3. RESULTADOS
3.1.
Frota atuante
As informações reunidas por Lima & Lima Branco (1991) mostram que a
pescaria do caranguejo-de-profundidade no sul do Brasil foi iniciada ainda em 1984
com o arrendamento de duas embarcações japonesas (Hoshin Maru 2 e Koyo Maru 8)
por empresas de Itajaí (SC) e Rio Grande (RS), as quais operaram na região até junho
16
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
de 1985. As embarcações possuíam 47,6 m e 49,3 m de comprimento total e realizaram
em média, o lançamento de 654 e 560 covos por dia, respectivamente. Os petrechos
utilizados por ambas as embarcações eram covos tronco-cônicos. No Hoshin Maru 2, as
dimensões do aparelho eram de 130 cm de diâm na base, 70 cm de diâm no topo e 66
cm de altura. Segundo os mesmos autores, no Koyo Maru 8 os covos eram similares
porém, apresentavam um tamanho maior que os do Hoshin Maru 2. A mesma
embarcação (Koyo Maru 8) passou a operar em 1985 no Uruguai, utilizando covos com
dimensões de 135 cm na base, 105 cm no topo e 60 cm de altura (Defeo et al., 1992).
No Brasil, o distanciamento dos covos em cada linha era diferente nas duas
embarcações, sendo de 50 m no Hoshin Maru 2 e de 20 m no Koyo Maru 8 (Lima &
Lima Branco, 1991), o mesmo distanciamento utilizado nas suas operações no talude
uruguaio em 1985 e 1986. Nesta última embarcação, os covos eram recobertos por
malha de rede com 120 mm entre nós opostos (Defeo et al., 1992).
Após este período de pesca experimental, não houve qualquer nova iniciativa de
explotação do caranguejo na região até o ano de 1998, quando a embarcação japonesa
Kinpo Maru 58 foi arrendada por uma empresa de Santos (SP), ainda sob autorização do
IBAMA. A embarcação Kinpo Maru 58 é originária do Japão, sendo construída em
1986 como um espinheleiro e posteriormente adaptado para operação com covos para
caranguejos. Após operar nas regiões do Golfo do México de 1991 a 1993 e Namíbia de
meados de 1993 até 1997, esta embarcação iniciou suas operações na ZEE brasileira em
1998. Apresenta 63 m de comprimento total, 349 t de arqueação bruta, motor principal
de 2.000 HP, capacidade de carga de 340 t, autonomia de 90 dias de mar e lotação de 32
tripulantes (Tabela 2), sendo o passadiço localizado à meia-nau. No convés superior
entre o passadiço e a proa localiza-se a área de despesca e os tanques de cozimento.
Abaixo, no convés inferior entre a meia-nau e a proa, localiza-se a fábrica de
processamento e congelamento e no convés de popa está localizada a área de
armazenamento e lançamento dos covos.
A embarcação Diomedes é originária da Rússia e vinha atuando na pesca de
caranguejo no Alasca (EUA) antes de iniciar sua as operações no Brasil em julho de
2002. Apresenta 54 m de comprimento total, 808 t de arqueação bruta, motor principal
de 1.125 HP, capacidade de carga de 260 t, autonomia de 40 dias de mar e lotação de 31
17
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
tripulantes (Tabela 2). Nesta embarcação o passadiço localiza-se próximo da proa,
estando a área de despesca situada à meia-nau no convés inferior. A fábrica de
processamento e congelamento situa-se junto à área de despesca. Mais à popa, localizase a área de armazenamento e lançamento dos covos em um único convés descoberto.
A embarcação Royalist apresenta bandeira do Reino Unido, porém pertence a
uma empresa espanhola. Foi adaptada à pesca de covos para iniciar sua operação na
ZEE brasileira em maio de 2001, sendo que a primeira autorização de arrendamento
desta embarcação se destinava à pesca dirigida ao peixe-sapo com rede de emalhe.
Apresenta 37 m de comprimento total, 290 t de arqueação bruta, motor principal de 650
HP, capacidade de carga de 79,3 t, autonomia de 60 dias de mar e lotação de 20
tripulantes (Tabela 2). Esta embarcação apresenta o passadiço localizado à meia-nau.
Em direção à proa, no convés inferior, encontram-se a área de despesca, processamento
e congelamento, enquanto que o convés superior é utilizado para armazenamento de
covos e como área de lançamento na popa.
As embarcações Mar Salada e Vichialo são originárias da Espanha e foram
convertidas para pesca de caranguejo com covos para iniciar as operações na ZEE
brasileira em julho de 2002. Apresentam, respectivamente, 28 e 27 m de comprimento
total, 159 e 97 t de arqueação bruta, motores principais de 485 e 340 HP, capacidade de
carga de 40 e 35 t e lotação de 17 e 16 tripulantes (Tabela 2). Estas embarcações
apresentam uma disposição da superestrutura e das áreas de lançamento e despesca
semelhante ao Royalist, porém distinguem-se das demais por realizar o recolhimento
dos covos pelo bombordo.
3.2.
Petrecho e operação de pesca
O petrecho de pesca empregado pelas cinco embarcações consiste em uma linha
principal de cabo sintético na qual é fixado um número variável de covos através de
linhas secundárias. As extremidades de cada linha principal são fundeadas por âncoras
ou outros tipos de lastros, de onde partem os cabos arinques na proporção aproximada
de 1,5 vezes da profundidade local. Na outra extremidade dos arinques fixam-se as
bóias sinalizadoras.
18
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
A embarcação Kinpo Maru 58 utiliza covos tronco-cônicos, com armação de
ferro, revestimento de panagem de rede com malhas de 100 mm medidas entre nós
opostos, boca plástica localizada na base superior e peso em torno de 17 kg. (Tabela 2).
Em cada extremidade da linha principal (PP, φ 28 mm) é utilizado um covo mais
pesado, de aproximadamente 60 kg e denominado “anca”, que serve como lastro para
fundeio do petrecho de pesca. A embarcação japonesa operou linhas de até 450 covos,
sendo o espaçamento entre covos de 18 a 20 m e linhas secundárias (PP, φ 12 mm)
medindo de 2,5 a 4 m. As principais iscas utilizadas até o momento foram cabeças de
bonito e de sardinha, colocadas no interior de pequenas bolsas confeccionadas com
panagem de rede.
A embarcação Diomedes empregou covos do tipo tronco-cônico, com
características e dimensões semelhantes aos utilizados pelo Kinpo Maru 58, porém com
tamanho de malha inferior (76 mm entre nós opostos) (Tabela 2). O barco russo também
utilizou até 450 covos por linha principal, com linhas secundárias de 3 m fixadas a cada
15 m. Como isca, foram utilizadas cabeças de atum, de galinha e de sardinha,
acondicionadas em recipientes plásticos vazados ou presos a ganchos metálicos.
A embarcação Royalist empregou covos de formato trapezoidal, construídos a
partir de vergalhões de ferro (φ 5-8 mm) e apresentando como revestimento uma grade
com o lado das aberturas medindo entre 45 e 50 mm, boca plástica localizada na base
superior e pesando cerca de 25 kg. (Tabela 2). Esta embarcação utilizou linhas
principais (PE, φ 24 mm) de até 300 covos, com linhas secundárias (PP φ 19 mm) de 12
m que são fixadas a cada 25 m. As iscas foram variadas, incluindo cabeças de atum e de
galinha, sardinhas, alas (carrilheiras) de peixe-sapo, cavalinha e xixarro.
As embarcações Mar Salada e Vichialo utilizam covos semelhantes aos do barco
Royalist. O número de covos por linha principal (PE φ 24mm) é de até 265 unidades no
Mar Salada e de até 252 unidades no Vichialo. A distância entre covos é de 35 m para
ambos os barcos, sendo que o comprimento da linha secundária (PE φ 12mm) foi de 13
e 11 m respectivamente. As iscas utilizadas foram barriga de bonito, cabeça de corvina,
cabeça e pescoço de galinha e fígado bovino.
A operação de pesca nas cinco embarcações seguiu o mesmo padrão,
diferenciando-se quanto ao número de tripulantes envolvidos e a quantidade de linhas
19
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
de covos operadas simultaneamente (Tabela 2). O lançamento do petrecho de pesca é
realizado pela popa, à velocidade de cerca de 6 nós, geralmente seguindo uma
profundidade constante. Os covos, previamente iscados, vão sendo atados às linhas
secundárias à medida que progride o lançamento da linha principal. O recolhimento de
cada linha ocorre 24 a 36 horas após o lançamento, sendo realizado com auxílio de um
guincho que traciona a linha principal. Uma vez embarcados, os covos são desatados
das linhas secundárias para então serem abertos para a retirada da captura. Após a
despesca, os covos são levados para a popa, onde são preparados para um novo
lançamento, que geralmente é realizado logo após o recolhimento de uma linha de
covos.
Foi observado que as embarcações, quando retornam ao porto para descarga,
mantém linhas de covos nas áreas de pesca.
3.3.
Processamento da captura
A frota caranguejeira apresentou três sistemas distintos de processamento
(Tabela 2). Na embarcação Kinpo Maru 58, a captura é colocada em um compartimento
de recepção. Abaixo deste compartimento, uma equipe de tripulantes inicia a
manipulação dos caranguejos retirando as carapaças e as vísceras com a utilização de
lâminas e escovas mecânicas. Em seguida, inicia-se a etapa de corte dos cefalotórax e
separação de patas e garras dos indivíduos de maior tamanho. Após o corte, as partes
são classificadas por tipo e tamanho e levadas para o cozimento em água do mar a
100oC. Após cerca de 20 minutos na água fervente, as partes dos caranguejos são
imersas em um tanque com água do mar à temperatura ambiente, onde também
permanecem por cerca de 20 minutos, para então serem levadas ao convés inferior. Na
fábrica, as partes de caranguejos pequenos passam por uma primeira máquina extrusora,
que separa a carne do exoesqueleto. Esta carne passa por uma prensagem, dando origem
à carne desfiada prensada (FE) e ao caldo fino (DR), que é o subproduto da prensagem.
Os resíduos que saem da primeira máquina extrusora passam para a segunda máquina
extrusora, resultando no caldo grosso (FC). As patas retiradas dos caranguejos maiores
são processadas manualmente com auxílio de cilindros rotativos, que retiram a carne
das patas em partes inteiras no formato de pequenos bastões. Deste processo obtém-se
20
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
os produtos FF (bastões selecionados de 1a qualidade), AM (bastões não selecionados
por tamanho) e FY (bastões que se partem na extração). Garras e cefalotórax dos
caranguejos de maior porte podem ser embalados inteiros (KS), dependendo do volume
produzido ao longo da viagem de pesca. O produto FE é acondicionado em um saco
plástico e colocado em caixas de 13 kg, da mesma forma que FC e DR são embalados
em caixas de 12 kg. Os produtos FF, AM e FY são embalados em caixas plásticas de
800g, onde são dispostos em camadas divididas por filme plástico. Dez destas caixas
pequenas são acondicionadas em caixas de papelão, pesando 8 kg. O congelamento de
todos os produtos é realizado em túneis de ar forçado a –50oC.
Na embarcação Diomedes, a captura é armazenada em 3 tanques de 5000 litros
de água do mar (life tanks) logo após a despesca, onde pode permanecer por até 7 dias.
O processamento inicia-se com o corte do cefalotórax ao meio, retirada da carapaça e
escovação para retirada das vísceras e brânquias, que é realizada com auxílio de escovas
mecânicas. Em seguida, os caranguejos passam por uma esteira de pré-lavagem onde
são classificados por peso: tipo M (de 98 a 140g), tipo L (maior que 140g), tipo 2L (de
130 a 235g) e tipo 3L (mais do que 235g). As classificações 2L e 3L foram usadas
somente para Chaceon ramosae. Após a classificação, os caranguejos são
acondicionados em 4 caixas metálicas vazadas, que têm as mesmas dimensões que as
caixas de papelão usadas na embalagem final. Nas caixas metálicas, o produto é imerso
em tanques de cozimento por 23 minutos para então serem transferido para tanques com
água do mar em temperatura ambiente, onde permanecem por mais 20 minutos. Em
seguida, as caixas metálicas são colocadas em água refrigerada (0oC) por 20 minutos e
depois são transferidas para outros tanques com água refrigerada a -20oC com alta
concentração de sal (NaCl), onde permanecem por cerca de uma hora. Após o
congelamento, os caranguejos passam rapidamente por um grande tanque com água a
temperatura ambiente, ficando cobertos por uma fina camada de gelo. Por fim, os
caranguejos são transferidos das caixas metálicas para caixas de papelão de 20 kg
revestidas internamente por um filme plástico e depois levadas para estocagem no porão
a –20oC. Todo o deslocamento das caixas metálicas entre as diversas etapas do
processamento é realizado mecanicamente, atreves de guinchos hidráulicos e trilhos
dispostos no teto da fábrica.
21
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Nas embarcações Royalist, Mar Salada e Vichialo a captura é processada logo
após a despesca com a separação manual das garras, corte do cefalotórax ao meio,
retirada da carapaça, raspagem das brânquias e vísceras e por fim, escovação e lavagem
com água do mar. O pescado é classificação por tamanho (4 subdivisões) e por cor
(branco ou negro) dos produtos resultantes: garras (bocas) e as metades de cefalotórax
com as patas (pechos ou peitos). As únicas ferramentas utilizadas neste processo são
facas de diversos tamanhos. Após a lavagem, os produtos são imersos por 15 minutos
em um tanque de 300-400 litros com uma solução anti-oxidante, constituída por água do
mar resfriada (0oC - 7oC) e um pó químico composto de metabissulfito de sódio (70%),
ácido cítrico, bicarbonato de sódio, carbonato de magnésio e ácido ascórbico, na
proporção aproximada de 1 kg para 50 litros de água. Após o tratamento químico, os
produtos são embalados em caixas de papelão e levados ao túnel de congelamento,
ficando de 6 a 12 horas a –30oC.
Na embarcação Royalist foi registrado o descarte de indivíduos que
apresentavam largura de carapaça inferior a 90 mm e também que se encontravam em
ecdise (muda do exoesqueleto).
Características das embarcações, petrechos e formas de processamento podem
ser observadas através das figuras do ANEXO I.
3.4.
Captura total por embarcação e arte de pesca
Desde 1999, quando a pescaria passou ao controle do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, a produção do caranguejo-de-profundidade tem apresentado
um aumento expressivo em bases anuais, variando de 468 t no primeiro ano, para mais
de 1770 em 2001. Entre janeiro e agosto de 2002, a produção registrada já atingiu 1264
t (Fig. 3). Considerando o início das operações das embarcações Vichialo, Mar Salada e
Diomedes entre os meses de junho e julho, e da operação simultânea de 9 a 10
embarcações de emalhe de fundo até outubro do mesmo ano, espera-se que a produção
total de 2002 venha a superar substancialmente aquela observada no ano anterior. Entre
setembro de 1999 e junho de 2002, a captura total de caranguejo na região atingiu 4683
t, sendo 10% desta produção desembarcada em 1999, 25,2% em 2000, 37,8% em 2001 e
27% entre janeiro e agosto de 2002. Estatísticas do Ministério do Desenvolvimento,
22
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Indústria e Comercio Exterior apontam exportações brasileiras de caranguejo-deprofundidade da ordem de 721,2 t em 2000, 870,1 t em 2001 e 999,6 t de janeiro a
outubro de 2002. Considerando um preço médio de comercialização do produto no
mercado americano de US$ 7,00 por quilo, as estimativas de exportação do produto
atingiriam cerca de US$5.048.400,00 no ano de 2000, US$6.090.700,00 no ano de 2001
e US$6.997.200,00 entre janeiro e outubro de 2002.
Através da Figura 4, observa-se que a embarcação Kinpo Maru 58 é responsável
pela maior parte da produção mensal do caranguejo. Em média, esta embarcação tem
capturado 117,4 (± 23,8 IC 95%) t por mês. Já a captura mensal do Royalist tem
oscilado em torno de 35,2 (± 8,2 I.C 95%) t, enquanto as embarcações de emalhe
somadas apresentam capturas mensais médias da ordem de 30,0 (6,4 ± I.C. 95%) t.
Informações preliminares referentes às primeiras viagens das embarcações Vichialo,
Mar Salada e Diomedes apontam capturas médias da ordem de 26, 30 e 57 t por mês.
3.5.
Distribuição espacial das operações de pesca
As cinco embarcações caranguejeiras em operação no sul do Brasil apresentaram
padrões distintos nas respectivas estratégias de ocupação de áreas de pesca, tanto em
termos latitudinais como batimétricos.
A partir das informações coletadas pelos observadores de bordo, verifica-se que
o Kinpo Maru 58 apresentou uma estratégia praticamente estacionária no período
analisado, operando no extremo sul do Brasil quase sempre em latitudes maiores que
33o S, chegando até o limite com o Uruguai (Fig. 5).
Já a embarcação Royalist adotou uma estratégia de prospecção do recurso ao
longo do talude da região sul, operando em fundos localizados desde latitudes próximas
àquelas ocupadas pelo Kinpo Maru 58 (ao redor dos 33o S), até aquelas correspondentes
à região do Cabo de Santa Marta (cerca de 28o 40’S). Após esta viagem exploratória, a
embarcação centralizou suas operações basicamente na área compreendida entre os
paralelos 27 e 30o S (Fig. 6).
A análise preliminar dos dados obtidos sobre a composição das capturas indica
um largo predomínio do caranguejo-real C. ramosae (94%) nas operações de pesca da
23
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
embarcação Royalist, o mesmo ocorrendo em relação ao caranguejo-vermelho Chaceon
notialis para a embarcação Kinpo Maru 58. Através das amostragens já realizadas
(Pezzuto, em preparação) e do próprio direcionamento das viagens de pesca por parte
dos mestres, é evidente a existência de um predomínio de C. ramosae nas áreas ao norte
do paralelo 30o S e de C. notialis ao sul de 33o S.
A figura 7 apresenta uma sobreposição das informações de posicionamento das
quatro embarcações rastreadas pelo PREA (Royalist, Vichialo, Mar Salada e
Diomedes), desde o início das operações do Royalist. Através desta figura, pode-se
observar mais claramente a estratégia exploratória adotada por esta embarcação na sua
primeira viagem e sua posterior concentração nas áreas localizadas no litoral sul de
Santa Catarina. Entre os paralelos 27 e 30o S, esta embarcação tem mostrado uma
exploração seqüencial em termos latitudinais, aumentando e depois diminuindo sua
latitude de operação ao longo de viagens sucessivas. Por outro lado, desde sua primeira
viagem, as embarcações Vichialo e Mar Salada fixaram-se diretamente e em conjunto
nos fundos de pesca já ocupados pelo Royalist, além de terem explorando também áreas
mais ao norte, entre os paralelos 26 e 27o S. Por fim, a embarcação Diomedes tem
apresentado um comportamento mais irregular, explorando ora as áreas ocupadas pelo
Kinpo Maru 58, ora as áreas ocupadas pelas demais embarcações no sul de Santa
Catarina.
Deve-se ressaltar que as duas áreas de pesca principais ocupadas pelas
embarcações correspondem aproximadamente às mesmas áreas onde ocorreram as
principais capturas das embarcações caranguejeiras Hoshin Maru 2 e Koyo Maru 8 na
década de 1980 (Lima & Lima Branco, 1991). Estas áreas também correspondem aos
locais onde foram obtidas as melhores capturas de caranguejo-de-profundidade durante
os cruzeiros científicos de prospecção pesqueira realizados no Sudeste e Sul do Brasil
entre 1996 e 1998 no âmbito do Programa REVIZEE (MMA, 1999), sugerindo a
delimitação destes fundos de pesca.
Em termos batimétricos, também foram observadas diferenças marcadas entre as
cinco embarcações. Enquanto o Kinpo Maru 58 tem operado em torno dos 600 m de
profundidade, a embarcação Royalist tem apresentado uma tendência de exploração de
áreas mais profundas, ao redor dos 700 m de profundidade (Tabela 4, Fig. 8). Em sua
24
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
primeira viagem, tanto a embarcação Vichialo como a embarcação Mar Salada
operaram em áreas ainda mais profundas que o Royalist, ao contrário da embarcação
Diomedes, que em média, atuou sobre fundos mais rasos que todo o restante da frota.
Ainda pela tabela 4 pode-se verificar que as operações de pesca do caranguejo-deprofundidade no sul do Brasil têm ocorrido aproximadamente entre 200 e 1100 m de
profundidade.
Examinando-se em maior detalhe o padrão batimétrico de operação das duas
embarcações engajadas há mais tempo na pescaria (Kinpo Maru 58), observa-se uma
variação relativamente pequena das profundidades médias de operação dentro de cada
trimestre para ambas as embarcações (Fig. 9). Entretanto, foram observadas tendências
de variação nas profundidades médias de pesca entre os trimestres. No caso do Kinpo
Maru 58, as operações tenderam a ser realizadas em profundidades ligeiramente
menores nos verões de 2001 e 2002 em relação ao observado no inverno e primavera de
2001. No caso do Royalist, mais uma vez pôde ser observado um padrão de operação
completamente distinto daquele adotado durante a sua primeira viagem realizada no
segundo trimestre de 2001 quando, além de ter operado em áreas mais ao sul, sua
profundidade média de operação esteve ao redor dos 560 m de profundidade. Em todos
os outros trimestres, na média, a embarcação tendeu a operar em áreas além dos 700 m
de profundidade, chegando, no primeiro trimestre de 2002, a operar principalmente em
torno dos 760 m. A figura 9 sugere ainda que esta última embarcação buscou
constantemente áreas progressivamente mais profundas ao longo do tempo,
estabilizando depois sua profundidade média de pesca entre os 700 e 750 m nos dois
primeiros trimestres de 2002.
As diferenças nas estratégias de operação destas duas embarcações se tornam
ainda mais evidentes através da figura 10, onde se tem uma visão tridimensional dos
principais fundos de pesca de C. ramosae e de C. notialis no sul do Brasil. Observa-se
que enquanto o Kinpo Maru 58 operou no extremo sul em geral mais próximo ao bordo
superior do talude adotando um desenho sistemático de disposição dos lances de pesca,
a embarcação Royalist operou em áreas mais profundas do sul de Santa Catarina, e com
uma disposição mais linear dos lances, inclusive, em linhas dispostas regularmente nas
maiores profundidades.
25
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
3.6.
Distribuição temporal do esforço e da CPUE
A tabela 5 apresenta as variações trimestrais observadas no esforço de pesca de
cada embarcação. De modo geral, não foram observadas variações temporais
significativas no esforço empregado pela embarcação Kinpo Maru 58. Excetuando-se
dois trimestres em que a embarcação atuou em apenas uma parte do tempo, o número de
lances efetuados tem oscilado ao redor de 173 por trimestre enquanto o número de
covos lançados tem se mantido entre 76.000 e 80.000. Da mesma forma, não foram
observadas variações expressivas nem no número médio de covos lançados por linha,
nem na duração dos lances ou mesmo no produto do número médio de covos por linha
pelo tempo de duração do lance, a não ser no quarto trimestre de 2001, quando os dois
últimos parâm foram significativamente maiores que nos demais períodos.
Por outro lado, observou-se um aumento expressivo do esforço empregado pela
embarcação Royalist ao longo do tempo, principalmente em termos do número de
lances e do número total de covos lançados por trimestre, e também no número de covos
por linha, o qual passou de 250 no segundo trimestre de 2001 para 300 covos no início
de 2002. Por outro lado, assim como observado no Kinpo Maru 58, o tempo médio de
duração do lance não demonstrou variações expressivas entre os trimestres, oscilando ao
redor das 46 horas, valor superior àquele empregado pela primeira embarcação (Tabela
5).
A análise do esforço empregado pelas três outras embarcações em termos de
número total de lances e de covos por trimestre deve ser efetuada com cautela, pois as
informações constantes na tabela 5 estão limitadas apenas à primeira viagem destes
barcos, a qual foi realizada pelo Vichialo e pelo Mar Salada entre junho e agosto de
2002, portanto, subestimando o nível potencial de esforço desempenhado pelas mesmas
tanto no segundo como no terceiro trimestre de 2002. Pelo mesmo motivo, as
informações referentes às embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist devem ser
consideradas parciais no último trimestre considerado, uma vez que abrangem
informações obtidas somente até o mês de agosto.
As capturas médias em termos de número de indivíduos por covos foram
bastante distintas entre as embarcações (Tabela 6). Considerando o total de covos
examinados nas diversas embarcações, os rendimentos médios ficaram em torno de 35,8
26
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
indivíduos por covo para o Kinpo Maru 58, e 4,9 indivíduos por covo para o Royalist.
Para ambas as embarcações analisadas o número máximo de indivíduos registrados num
único covo superou 210 unidades (Tabela 1).
A análise da tabela 6 revela também que as CPUEs da embarcação Kinpo Maru
58 foram sempre superiores às do restante da frota, atingindo em média 4,59 kg/covo
em todo o período analisado. Este rendimento foi 1,7 vezes maior que a média obtida
pelo Royalist ao longo de todas as suas viagens. Embora contemplem dados de uma
única viagem, os rendimentos em quilos por covo obtidos pelas embarcações Vichialo e
Mar Salada foram relativamente próximos aos do Royalist, enquanto os da embarcação
Diomedes estiveram mais próximos aos rendimentos observados no Kinpo Maru 58.
Entretanto, devido ao número diferenciado de covos utilizados por linha nas
embarcações (especialmente na primeira viagem do Vichialo, Mar Salada e Diomedes,
Tabela 5), os rendimentos totais por lance foram muito mais discrepantes, atingindo, em
média, 2070 kg/lance no Kinpo Maru 58, 763 kg/lance no Royalist, 283 e 379 kg/lance
no Vichialo e Mar Salada, respectivamente, e 633 kg/lance no Diomedes.
De maneira geral, dentro de cada embarcação analisada, as diversas medidas de
rendimento utilizadas apresentaram padrões similares de variação ao longo do tempo,
revelando uma boa consistência entre as unidades de CPUE selecionadas (Tabela 6).
Ainda assim, comparando-se as médias observadas para todas as medidas de rendimento
do Kinpo Maru 58 e do Royalist, verifica-se que a primeira embarcação sempre obteve
CPUEs superiores às da segunda (Tabela 6), fato que parece estar relacionado não só às
potenciais diferenças nas características operacionais dos barcos, mas, principalmente,
devido à atuação sobre áreas e estoques distintos.
3.7.
Distribuição
espaço-temporal
das
capturas
por
espécie
No sentido de melhor evidenciar o efeito das espécies-alvo sobre as CPUEs
calculadas para as embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist, foram analisadas as
variações temporais e espaciais dos rendimentos destas embarcações por espécie,
selecionando-se para a embarcação Royalist, apenas os lances realizados em latitudes
27
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
menores que 30o S, onde houve o predomínio de C. ramosae nas capturas e, para o
Kinpo Maru 58, os lances realizados mais ao sul, onde C. notialis é a espécie
predominante.
Caranguejo-vermelho Chaceon notialis
As capturas do caranguejo-vermelho C. notialis revelam um padrão de variação
marcadamente sazonal, com valores mínimos sendo observados durante o inverno, e
máximos durante os meses de verão. Comparando-se o primeiro trimestre de 2001 com
o primeiro trimestre de 2002, observa-se uma redução da CPUE média para a espécie da
ordem de 9,3% (5,37 kg/covo e 4,87 kg/covo, respectivamente), mas que foi
compensada no terceiro trimestre de 2002, em que a CPUE média observada (4,05
kg/covo) foi 9,8% maior que no terceiro trimestre do ano anterior (Fig. 11, Tabela 6).
Em relação à profundidade, os rendimentos médios obtidos para C. notialis
apresentaram um aumento marcado desde os estratos mais rasos (200 m) até atingir os
maiores valores entre os 500 e 600 m de profundidade, sugerindo uma distribuição
preferencial da espécie nestas faixas de profundidade. Em direção às áreas mais
profundas, os rendimentos apresentaram uma tendência de redução nos seus valores,
porém, de maneira menos acentuada do que aquela observada em profundidades mais
rasas (Fig. 12).
Latitudinalmente, os rendimentos de C. notialis demonstram um aumento
pronunciado em direção ao extremo sul da ZEE brasileira e às águas uruguaias, onde se
encontra parte do estoque da espécie no Atlântico Sul-Ocidental (Defeo et al., 1991,
1992). No sul do Brasil, os rendimentos variaram de cerca de 0,5 kg/covo na latitude de
32o S, para cerca de 4,5 kg/covo em áreas ao sul do paralelo 33o S, denotando
justamente a continuidade da sua distribuição em direção ao Uruguai.
Apesar dos padrões observados acima, os rendimentos mostraram variações
sazonais significativas tanto entre as faixas de profundidade como de latitude.
Examinando-se a figura 14, que apresenta as variações batimétricas no rendimento
médio de C. notialis nas quatro estações do ano, pode-se verificar: a) rendimentos
relativamente estáveis, entre 5 e 6 kg/covo nas diversas faixas de profundidade durante
28
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
o verão, b) uma redução geral para valores entre 4 e 5 kg/covo em todas as faixas
durante o outono, exceto nos 300 m, onde verificou-se rendimentos ainda elevados, c)
reduções globais ainda mais marcadas no inverno e, d) uma recuperação nos
rendimentos na primavera, sobretudo em profundidades menores que 600 m.
Em relação à latitude, a figura 15 demonstra igualmente a presença de variações
importantes na distribuição sazonal dos rendimentos obtidos para C. notialis no sul do
Brasil. Durante o verão, os rendimentos foram maiores próximo ao limite com o
Uruguai. No outono, embora também tenham sido obtidos rendimentos importantes
nesta mesma região, observou-se um incremento na CPUE também ao norte de 33,5o S,
o qual foi seguido no inverno por uma redução geral dos rendimentos em toda área de
pesca. Na primavera, contudo, verificou-se um claro e progressivo aumento dos
rendimentos médios em direção ao norte, atingindo, entre as latitudes 33o S e 33,5o S, os
maiores valores observados durante todo o ano de 2001.
Caranguejo-real Chaceon ramosae
Ao contrário do caráter sazonal e aparentemente estável de variação dos
rendimentos exibidos por C. notialis, as CPUEs do caranguejo-real C. ramosae
declinaram continuamente desde o segundo trimestre de 2001, no início da sua
explotação, até o quarto trimestre do mesmo ano (Fig. 11). Em comparação com este
último período, o primeiro trimestre de 2002 foi caracterizado por um incremento
substancial na CPUE média observada (2,69 para 3,24 kg/covo, respectivamente) o
qual, porém, não se manteve nos trimestres subseqüentes, quando foram registradas as
menores CPUEs de todo o período. Comparando-se a CPUE média do terceiro trimestre
de 2001 com aquela observada no terceiro trimestre de 2002, o nível de redução na
captura por covo para esta espécie atingiu cerca de 43% (Fig. 11, Tabela 6).
Seu padrão geral de distribuição batimétrica também exibiu um comportamento
completamente diferente ao do caranguejo-vermelho, e foi caracterizado por valores
similares entre 500 e 700 m, e valores maiores tanto em direção a áreas mais rasas como
mais profundas. (Fig. 12).
29
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Em termos latitudinais os melhores rendimentos médios para o caranguejo-real
foram obtidos entre os 28 e os 29o de latitude sul (3,3 kg/covo), havendo um declínio
mais acentuado dos rendimentos em direção ao norte, onde os valores situaram-se entre
1,6 e 2,0 kg/covo (Fig. 13).
Comparado a C. notialis, as variações sazonais na distribuição batimétrica dos
rendimentos foram muito menos marcadas para C. ramosae. No verão, os rendimentos
se apresentaram relativamente estáveis nas diversas profundidades investigadas, exceto
por uma pequena tendência de aumento nos valores médios entre os 600 e os 700 m de
profundidade. Esta estabilidade se acentua no outono, quando também foram
verificados os menores rendimentos médios de todo o período. Tal situação é
modificada no inverno, quando os rendimentos mostram um pequeno incremento nos
extremos da faixa batimétrica investigada, permanecendo o estrato de 600 m com
valores similares aos observados no outono. É na primavera, contudo, que se acentua o
incremento dos rendimentos com a profundidade, observando-se os valores máximos
anuais entre os 900 e os 1000 m de profundidade. (Fig. 16).
Latitudinalmente, as principais variações sazonais observadas nos rendimentos
médios consistiram num incremento dos valores da CPUE em direção ao sul no inverno
e na primavera, e um padrão contrário, porém menos marcado, durante o verão e o
outono quando as maiores CPUEs concentraram-se entre 28,5o e 29o S (Fig. 17).
3.8. Avaliação da abundância dos estoques
3.8.1. Avaliação da abundância relativa: Modelo log-Linear Generalizado
Caranguejo-vermelho Chaceon notialis
O procedimento de modelagem das CPUEs obtidas pela embarcação Kinpo
Maru 58 incluiu um total de 583 lances de pesca realizados entre janeiro e dezembro de
2001, dos quais 37,2, 23,8 e 39,0% dos lances foram realizados em profundidades
menores que 550 m, entre 550m e 650m e maiores que 650 m respectivamente; 25,6 e
74,4% dos lances foram realizados nos estratos latitudinais 33-34o S e Sul de 34o S
30
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
respectivamente; 30,9, 30,0, 9,9 e 29,2% dos lances foram realizados no primeiro,
segundo, terceiro e quarto trimestres de 2001 respectivamente. Os valores médios de
CPUE não foram calculados para células com menos de dez lances. Assim os modelos
foram ajustados a um conjunto de 24 células das quais duas ficaram vazias.
Os MLGs ajustados à variação das CPUEs médias logaritmizadas do
caranguejo-vermelho apresentaram, em geral, ajustes satisfatórios sendo que o Modelo
II apresentou o melhor ajuste (R2 = 87,0%) e os Modelos I e IV os piores ajustes (R2 =
43,5 e 43,7%, respectivamente). As estimativas dos coeficientes da regressão e o
sumário das demais estatísticas estão apresentadas na Tabela 7.
A partir da análise das estimativas dos coeficientes trimestrais de abundância,
nota-se que a biomassa do caranguejo-vermelho tendeu a diminuir entre o verão e o
inverno subindo novamente nos meses de primavera (Fig. 18). Esse padrão, no entanto
foi profundamente influenciado pelo estrato latitudinal, sendo que ao norte dos 34o S
reduções da abundância foram evidentes no verão e principalmente no inverno, com um
acentuado aumento de abundância na primavera. Por outro lado, ao sul dessa latitude o
decréscimo da abundância foi contínuo até o terceiro trimestre, quando a biomassa
atingiu cerca de 70% da biomassa do primeiro trimestre, observando-se um aumento no
quarto trimestre que permaneceu em torno dos 75% da biomassa do primeiro trimestre
(Fig. 18). O padrão trimestral de variação de abundância manteve-se em todos os
estratos de profundidade, mostrando-se, porém, mais significativo em profundidades
menores que 550 m (Fig. 18).
A variação dos coeficientes batimétricos da abundância indicou que a biomassa
do caranguejo-vermelho tendeu a ser maior entre 550 e 650 m de profundidade, padrão
esse que foi consistente nos dois estratos latitudinais considerados (Tabela 7, Fig. 19).
No entanto, quando são consideradas as interações com os coeficientes trimestrais,
evidenciou-se que a abundância entre 550 e 650 m de profundidade aumenta no
segundo e terceiro trimestres quando se apresenta cerca de 17% mais abundante que o
estrato mais raso (Fig. 19). Na primavera há uma tendência de espalhamento da
abundância entre os estratos de profundidade e no verão a abundância se concentra no
estrato mais raso (Fig. 19).
31
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Em termos latitudinais, observou-se que o estrato ao sul de 34o S foi
ligeiramente mais abundante que o estrato ao norte dessa latitude (Tabela 7, Figura 20).
Porém esse padrão é fortemente influenciado pelo efeito sazonal de forma que a maior
abundância no estrato sul ocorreu no terceiro e principalmente no primeiro trimestre de
2001 (Fig. 20). No outono (segundo trimestre) a abundância tende a ser semelhante nos
dois estratos latitudinais e na primavera há uma clara concentração nas áreas de pesca
ao norte de 34o S.
Conclui-se que, assim como já observado no Uruguai (Defeo et al., 1992; Defeo
& Masello, 2000b), a espécie apresenta padrões complexos de deslocamento batimétrico
e latitudinal no sul do Brasil que afetam de forma significativa a disponibilidade do
recurso para a pesca. Em geral, durante o verão (trimestre I) o estoque parece distribuirse principalmente sobre os estratos mais rasos ao sul de 34oS. No outono (trimestre II)
inicia-se um deslocamento para latitudes ao norte de 34o S sobre profundidades entre
550 e 650 m. No inverno (trimestre III) o estoque parece recuar novamente para o sul e
para profundidades maiores que 550 m retornando novamente para o norte e distribuído
de forma relativamente homogênea nas diferentes profundidades na primavera
(trimestre IV).
Caranguejo-real Chaceon ramosae
O procedimento de modelagem das CPUEs obtidas pela embarcação Royalist
incluiu um total de 535 lances de pesca realizados entre julho de 2001 e junho de 2002,
dos quais 28,7, 21,9 e 48,5% dos lances foram realizados em profundidades menores
que 650 m, entre 650m e 750m e maiores que 750 m respectivamente; 48,6 e 51,4% dos
lances foram realizados nos estratos latitudinais 28-29o S e 29-30o S respectivamente;
23,6; 16,3; 30,6 e 29,5% dos lances foram realizados no terceiro e quarto trimestres de
2001, primeiro e segundo trimestres de 2002 respectivamente. Os valores médios de
CPUE não foram calculados para células com menos de dez lances. Assim os modelos
foram ajustados a um conjunto de 24 células das quais duas ficaram vazias.
Os MLGs ajustados à variação das CPUEs médias logaritmizadas do
caranguejo-real apresentaram, em geral, ajustes satisfatórios sendo que os Modelos II e
32
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
IV apresentaram os melhores ajustes (R2 = 80,0 e 83,0%, respectivamente) e o Modelos
I e III os piores ajustes (ambos R2 = 77,0%). As estimativas dos coeficientes da
regressão e o sumário das demais estatísticas estão apresentadas na tabela 8.
A partir da análise das estimativas dos coeficientes trimestrais de abundância,
nota-se que a biomassa do caranguejo-real sofreu um pequeno decréscimo no quarto
trimestre de 2001, um acréscimo no primeiro trimestre de 2002 e uma pronunciada
redução no trimestre seguinte. A abundância neste trimestre atingiu 73% da abundância
do terceiro trimestre de 2001 (Tabela 8, Fig. 21). Esse padrão foi mais pronunciado ao
sul de 29o S e em profundidades menores que 650 m (Fig. 21).
A variação geral dos coeficientes batimétricos da abundância do caranguejo-real
foi pequena, embora apresentando uma tendência de aumento na abundância em
profundidades maiores que 650 m (Tabela 2; Fig. 22). Este padrão, no entanto
apresentou forte influencia sazonal nos dois intervalos de latitude, havendo uma
distribuição relativamente homogênea da abundância nos três estratos batimétricos no
verão, um aumento expressivo da abundância em profundidades maiores que 650 m no
outono, concentração entre 650 e 750 m no inverno e forte aumento de abundância nas
maiores profundidades na primavera (Fig. 22).
Em termos latitudinais, a abundância ao norte de 29oS foi em geral cerca de 20%
maior que ao sul dessa latitude. Apenas no inverno foram observadas abundâncias
similares em ambos estratos latitudinais (Tabela 8; Fig. 23).
Conclui-se que a espécie também apresenta padrões complexos de deslocamento
batimétrico e latitudinal no sul do Brasil, como observado para o caranguejo-vermelho
C. notialis. Em geral durante o inverno, o estoque parece distribuir-se de maneira
relativamente homogênea entre 28-29o S e entre 29-30o S, concentrando-se em
profundidades entre 650 e 750 m. Na primavera parte do estoque se retrai para o norte
de 29o S e para áreas mais profundas que 750 m, espalhando-se no verão em todas as
faixas de profundidade e, no outono, em áreas com profundidades maiores que 650 m.
A importante queda de abundância observada neste último trimestre, da ordem de 30%,
não parece ter ligação com deslocamentos latitudinais ou batimétricos, já que foi
observada em todos os estratos de latitude e de profundidade, podendo ser conseqüência
de uma redução geral na abundância do estoque.
33
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
3.8.2. Avaliação da abundância absoluta: Área Efetiva de Pesca
As avaliações da abundância absoluta dos caranguejos-de-profundidade no sul
do Brasil foram efetuadas pelo método da Área Efetiva de Pesca, utilizando-se três
medidas para os raios de influência dos covos comumente encontradas na literatura
referente à avaliação de estoques de caranguejos gerionídeos, no caso, 25, 30 e 35 m.
Assim, para C. maritae no litoral africano, Le Loeuff et al. (1978) estimaram raios de
influência dos covos variáveis entre 27 e 36 m, valor ligeiramente superior ao estimado
por Melville-Smith (1986) para a mesma espécie em outros fundos de pesca. Para C.
quinquedens, no noroeste do Atlântico, as estimativas de raio de influência dos covos
têm variado entre 27 e 31 m (Stone & Bailey, 1980; McElman & Elner, 1982; Waller et
al., 1995). Por fim, Defeo et al., (1992) sugerem que o raio de influência dos covos
utilizados na captura de C. notialis no Uruguai deva se situar em torno de 30 a 33 m.
Desta forma, apesar da impossibilidade de se testar neste momento as áreas de
influência dos covos atualmente em uso na ZEE brasileira, as estimativas efetuadas
abaixo para os respectivos estoques de caranguejo-de-profundidade representam as
melhores evidências disponíveis para a quantificação da biomassa existente, e seguem
os procedimentos utilizados na avaliação de outros estoques de gerionídeos do
Atlântico.
Caranguejo-vermelho Chaceon notialis
Considerando-se os três diferentes raios de influência dos covos, estimou-se para
a espécie no ano de 2001 biomassas médias variáveis entre 36,8 e 51,8 kg/ha (Tabela 9).
Deve-se destacar, contudo, que a estimativa de biomassa média efetuada assumindo-se
um raio de influência dos covos correspondente a 30 m (43,6 kg/ha) foi extremamente
próxima à biomassa estimada por Defeo et al. (1991, 1992) para a mesma espécie no
Uruguai, considerando áreas localizadas entre as latitudes 35o e 36o 40’ S.
Ao longo dos trimestres, as estimativas de biomassa média por hectare seguiram
os mesmos padrões identificados nos rendimentos médios calculados em kg/covo para a
embarcação Kinpo Maru 58 (Figs. 11 e 24). De forma geral, verifica-se uma oscilação
34
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
sazonal na biomassa média de C. notialis, com os menores valores de biomassa
ocorrendo no inverno e os maiores no verão. Comparando-se as estimativas efetuadas
para o primeiro trimestre de 2001 utilizando-se um raio de influência de 30 m (50,86
kg/ha) com as do primeiro trimestre de 2002 (46,00 kg/ha), observou-se uma redução
média de 9% na biomassa do estoque entre os dois períodos. Entretanto, a comparação
entre os terceiros trimestres de 2001 e de 2002 indicou uma elevação de 14,5% na
biomassa entre os dois períodos, sugerindo uma aparente estabilidade na abundância
geral do estoque. A mesma comparação efetuada com base no rendimento médio
expresso em kg/covo resultou num declínio de 9,3% entre o verão dos dois anos, e um
incremento de 9,8% no rendimento do inverno de 2002 quando comparado ao de 2001,
reforçando a aparente condição de estabilidade do estoque (Fig. 11.; Tabela 6).
Os valores de biomassa expressos por hectare foram integrados para a área
compreendida entre a latitude 33o S e o paralelo 34o40’ S e as isóbatas de 200 e 900 m.
Principalmente em decorrência da maior área disponível, o estrato localizado entre 33 e
34o S apresentou os maiores valores de biomassa total apesar do estrato situado ao sul
de 34o S ter demonstrado biomassas por hectare sempre superiores (Tabela 9).
Considerando-se os três raios de influência dos covos, as estimativas de biomassa total
para C. notialis variaram de 14.418,0 a 20.340,5 t, com um valor de 17.117,8 t para um
raio de influência de 30 m. Destaca-se mais uma vez que tais estimativas encontram-se
dentro dos limites observados para C. notialis no Uruguai, as quais variaram entre
14.000 e 22.220 t, dependendo da estação do ano (Defeo et al., 1991, 1992). Em função
de no momento não haver qualquer evidência que sugira a existência de raios de
influência dos covos diferentes no Brasil e no Uruguai para a mesma espécie, considerase neste trabalho como mais prováveis as estimativas de biomassa efetuadas assumindose um raio de influência de 30 m, mesmo valor adotado para a pesca da espécie no
Uruguai.
Caranguejo-real Chaceon ramosae
Para C. ramosae as estimativas de biomassa média foram sempre inferiores às
estimadas para o caranguejo-vermelho, e variaram entre 14,86 e 21,31 kg/ha para raios
de influência de 35 e 25 m, respectivamente (Tabela 9).
35
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
As variações trimestrais nos valores de biomassa média estimados para C.
ramosae seguem o mesmo padrão de declínio temporal já identificado nos rendimentos
em kg/covo. Considerando um raio de influência dos covos de 35 m, as biomassas
médias estimadas variaram de 16,89 kg/ha no terceiro trimestre de 2001 para 10,05
kg/ha no mesmo trimestre de 2002, representando um declínio de cerca de 40% na
biomassa média entre os dois períodos (Fig. 24). A mesma análise efetuada com base na
variação trimestral dos rendimentos em kg/covo indicaram uma queda de 43% entre os
mesmos trimestres.
A integração dos valores de biomassa média por hectare para os diversos
estratos latitudinais indicou uma maior biomassa total no estrato localizado entre os
paralelos 28 e 29o S, com valores variáveis entre 4.930,5 e 7.073,9 t, dependendo do
raio de influência dos covos. Considerando todo o fundo de pesca explotado até o
momento, a biomassa total do estoque do caranguejo-real C. ramosae foi estimada entre
11.636,4 e 16.695,7 t, valores significativamente inferiores aos estimados para C.
notialis.
Segundo Gage & Tyler (1991), a megafauna de carnívoros e necrófagos em
áreas profundas apresenta um padrão marcado de aumento não só no tamanho, como
também na mobilidade, como uma estratégia adaptativa visando aumentar as chances de
encontro de presas e alimentos em potencial. Comparativamente a C. notialis, C.
ramosae apresenta um tamanho e um peso médio muito superior (Lima & Lima Branco,
1991; Defeo et al., 1992; Pezzuto em preparação), o que poderia trazer como
conseqüência, uma maior mobilidade e/ou uma capacidade ligeiramente maior de
percepção das iscas, o que, em última análise, poderia levar a um aumento no raio de
influência dos covos. Desta forma, recomenda-se a adoção do valor de 11.636,4 t como
estimativa mais provável da biomassa de C. ramosae no sul do Brasil, valor obtido com
base em um raio de influência dos covos de 35 m, mantendo-se para C. notialis, as
estimativas efetuadas a partir do raio de influência de 30 m.
As estimativas de biomassa por hectare e biomassa total obtidas para C. notialis
e para C. ramosae encontram-se dentro dos intervalos estimados para fundos de pesca
de áreas similares identificados para espécies de gerionídeos do Atlântico, como C.
36
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
maritae do litoral Africano, C. quinquedens do Atlântico norte e C. notialis, do Uruguai
(Tabela 10).
4. ESTADO DA PESCARIA E RECOMENDAÇÕES PARA
O ORDENAMENTO
4.1.
Diagnóstico do Estado das Pescarias
A pescaria de caranguejos de profundidade no sul do Brasil entre 1999 e 2002
foi baseada em dois estoques pesqueiros, disponíveis principalmente em duas áreas
geográficas distintas, e compostos por duas espécies diferentes de caranguejos
gerionídeos. Chaceon notialis (caranguejo-vermelho) foi explotado principalmente ao
sul de 33o S e entre as isóbatas de 200 e 900 m. Chaceon ramosae (caraguejo-real) foi
explotado, sobretudo entre os paralelos 27o S e 30o S e entre as isóbatas de 500 e 900 m.
Ambas espécies foram capturadas por embarcações arrendadas operando com covos,
embora principalmente C. ramosae tenha recebido um impacto adicional por parte da
frota arrendada de pesca de emalhe direcionada ao peixe-sapo (Lophius gastrophysus),
onde a espécie representou uma parcela significativa da captura incidental retida ou
mesmo rejeitada (Perez et al., 2002b).
A pescaria de C. notialis iniciou em 1998 através das operações de uma
embarcação de bandeira japonesa (Kinpo Maru 58) a qual segue operando
exclusivamente sobre esse estoque desde então. Esse estoque foi alvo de algumas
operações ocasionais da embarcação Royalist a qual, no entanto, devido ao tipo de
processamento a bordo e às exigências do mercado suprido pela mesma, concentrou sua
atividade sobre o estoque de C. ramosae, espécie de tamanho médio bastante superior a
C. notialis (Lima & Lima Branco, 1991; Pezzuto, em preparação). Mais recentemente
uma terceira embarcação, Diomedes, tem operado sobre os dois estoques de forma
alternada, sugerindo uma falta de preferência por um ou outro recurso e a capacidade de
processar a bordo ambas espécies. Considerando o período setembro de 1999 (início das
37
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
operações do Kinpo Maru 58 sob jurisdição do DPA-MAPA) a agosto de 2002, a
captura total da espécie no sul do Brasil somou 3.529,1 t.
Tendo como base as operações de pesca da embarcação Kinpo Maru 58 entre
2001 e 2002, observou-se que as capturas de C. notialis apresentam um padrão de
variação marcadamente sazonal com valores mínimos durante o inverno e máximos
durante o verão. Em relação à profundidade, os melhores rendimentos foram obtidos,
em média, entre 500 e 700 m de profundidade. De maneira geral, o estoque apresenta
um aumento de abundância relativa em direção ao Uruguai, porém apresentando
profundas variações sazonais tanto em termos latitudinais quanto batimétricos. Assim,
durante o verão, o estoque parece distribuir-se principalmente sobre os estratos mais
rasos ao sul de 34o S. No outono, a espécie inicia um deslocamento para latitudes ao
norte de 34o S sobre profundidades entre 550 e 650 m. No inverno, o estoque parece
recuar novamente para o sul e para profundidades maiores que 550 m, retornando
novamente para o norte e de forma relativamente homogênea nas diferentes
profundidades na primavera.Tais padrões foram relativamente similares aos observados
por Defeo & Masello (2000b) no Uruguai. Nesta região, os maiores rendimentos
também ocorreram em direção ao sul e em menores profundidades durante os meses de
verão e em direção ao norte no outono, embora nesta estação os rendimentos médios
tenham se mantido mais elevados em menores profundidades, ainda que com valores
inferiores aos da estação anterior. No inverno, rendimentos elevados foram observados
tanto no extremo norte como no sul da ZEE uruguaia e principalmente entre os 500 e os
600 m de profundidade, o mesmo ocorrendo na primavera, apesar de nesta estação
rendimentos elevados terem sido encontrados numa faixa batimétrica mais ampla,
compreendida entre 400 e 800 m de profundidade.
Os padrões coincidentes nas variações latitudinais dos rendimentos observadas
tanto no Brasil (este trabalho) como no Uruguai (Defeo et al., 1992; Defeo & Masello,
2000b), sugerem que uma parcela do estoque de C. notialis move-se sazonalmente entre
as ZEEs dos dois países, fundamentalmente, em direção ao Brasil no outono e na
primavera e ao Uruguai no inverno e no verão. Desta forma, o caranguejo-vermelho
deve ser considerado como um estoque compartilhado entre os dois países, demandando
medidas de ordenamento bilaterais que assegurem a sustentabilidade da sua explotação
38
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
nas respectivas áreas de pesca. Nesse sentido, e desconsiderando-se os períodos de
explotação já decorridos tanto no Uruguai como no Brasil e as eventuais diferenças nas
seletividades dos aparelhos de pesca utilizados nas respectivas avaliações de biomassa,
deve-se considerar o estoque global de C. notialis no Atlântico sul-ocidental menor que
a simples soma das biomassas estimadas para a espécie por Defeo et al. (1992) e por
este trabalho (22.220 t e 17.117,8 t, respectivamente), haja vista o compartilhamento,
através de movimentos migratórios, de uma parte não dimensionada da biomassa entre
os dois países.
A pescaria direcionada a C. ramosae, iniciou-se de forma incipiente ao longo de
2001, com capturas incidentais da emergente pesca de emalhe direcionada ao peixesapo, e de forma dirigida a partir de maio daquele ano, quando entrou em operação a
embarcação Royalist. Apesar dessa embarcação ter sido a única a operar com covos de
forma dirigida sobre esse estoque por pouco mais de um ano, a mesma representou
apenas parte do impacto exercido sobre o recurso, uma vez que as capturas realizadas
pelo conjunto da frota de emalhe no mesmo período foram praticamente equivalentes às
registradas para o Royalist. Adicionalmente, ao contrário do observado nas operações
do Kinpo Maru 58, essa embarcação exibiu um aumento significativo no esforço de
pesca em suas sucessivas viagens, empregando não só um maior número de covos por
linha, como também um maior número total de covos lançados por viagem. Tais fatos
associados a um comportamento relativamente estacionário de operação nas áreas de
pesca, podem ter sido responsáveis pelas expressivas quedas nos rendimentos médios
observados para essa espécie ao longo do período. A partir de junho de 2002, as
embarcações de menor porte Vichialo e Mar Salada ingressaram na pescaria dirigida a
C. ramosae e posteriormente a embarcação Diomedes iniciou suas operações de forma
alternada sobre as duas espécies, perfazendo uma frota atual de quatro embarcações
caranguejeiras
de
diferentes
capacidades
operando
sobre
o
caranguejo-real.
Considerando o período janeiro de 2001 a agosto de 2002, o desembarque total da
espécie no sul do Brasil somou 1.153,8 t, do qual 46,8% correspondeu à captura
realizada pela frota de emalhe.
Tendo como base os padrões pesqueiros apresentados pela embarcação Royalist,
observou-se que as capturas de C. ramosae também exibem um padrão sazonal de
39
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
variação com maiores valores durante o inverno e verão e menores na primavera e
principalmente no outono. Em relação à profundidade, de maneira geral, os melhores
rendimentos foram obtidos em profundidades maiores que 650 m. O estoque encontrouse concentrado principalmente entre 27o S e 30o S embora as maiores concentrações
estiveram situadas ao norte de 29o S onde a biomassa relativa foi cerca de 20% maior do
que nas áreas ao sul desta latitude. Assim como C. notialis e a maior parte dos
caranguejos gerionídeos conhecidos (Hastie, 1995), C. ramosae também exibe padrões
complexos de deslocamento batimétrico e latitudinal no sul do Brasil. Assim, durante o
inverno, o estoque parece distribuir-se de maneira relativamente homogênea nos vários
estratos latitudinais embora se concentrando principalmente em profundidades entre 650
e 750 m. Na primavera, parte do estoque se desloca para o norte de 29o S e para áreas
mais profundas que 750 m espalhando-se, no verão em todos estratos batimétricos. Por
fim, no outono, parte do estoque se mantém ao norte de 29o S concentrando-se, porém,
novamente em áreas mais profundas, além dos 750 m de profundidade. Para C.
ramosae, as estimativas de biomassa média foram sempre inferiores às estimadas para
C. notialis. Em termos globais, o estrato latitudinal compreendido pelos paralelos 28o S
e 29o S apresentou aos maiores níveis absolutos de biomassa (4.930,5 t) e o estoque
como um todo foi avaliado em 11.636,4 t, o que confere a essa espécie uma biomassa
total 32% inferior à estimada para C. notialis no sul do Brasil.
Concluindo, os padrões pesqueiros observados para a nova pescaria de
caranguejos-de-profundidade no sul do Brasil apontam para a necessidade do
estabelecimento de planos de manejo diferenciados para os dois estoques pesqueiros em
suas respectivas áreas de pesca. A seguir são apresentados os planos de manejo
propostos para esses recursos.
4.2.
Planos para o Manejo das Pescarias
4.2.1. Objetivos de manejo
A elaboração das bases para medidas de ordenamento das pescarias dos
caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil para o período 2003 foi fundamentada no
40
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
diagnóstico do estado da pesca sumarizado acima e foi norteada pelos objetivos básicos
de utilização sustentável dos recursos pesqueiros explicitados na Constituição Brasileira
de 1988 em seu Capítulo VI “Do meio ambiente”:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
§ 1o – Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público ...
preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas;
Também foram considerados essenciais os princípios estabelecidos por
organizações e acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário ou membro
permanente, como por exemplo:
•
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – Nova Iorque, 1982
Art. 61. Os Estados “...levando em consideração os dados científicos mais
fidedignos disponíveis [...] assegurarão, mediante medidas adequadas de
conservação e ordenamento, que a peservação dos recursos vivos de sua ZEE
não se veja ameaçada por um excesso de explotação”.
•
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento
(UNCED) – Rio de Janeiro, 1992
41
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Agenda 21
Cap. 17. Sobre os Oceanos: Os Estados devem “... desenvolver e incrementar o
potencial dos recursos marinhos vivos para satisfazer as necessidades
nutricionais do homem, assim como as metas sócio-econômicas de
desenvolvimento”
[...]
“...promover
o
ordenamento
integrado
e
o
desenvolvimento sustentável das áreas costeiras e do ambiente marinho...”
•
Código de Conduta para a Pesca Responsável – Roma, 1994 (FAO, 1995):
Art. 6 – Princípios Gerais do Código:
6.1. Os estados e os usuários dos recursos aquáticos vivos deveriam conservar
os ecossistemas aquáticos. O direito de pescar leva consigo a obrigação de
fazê-lo de forma responsável a fim de assegurar a conservação e a gestão
efetiva dos recursos aquáticos vivos.
6.2. A ordenação da pesca deveria fomentar a manutenção da qualidade, da
diversidade e disponibilidade dos recursos pesqueiros em quantidade suficiente
para as gerações presentes e futuras, no contexto de segurança alimentar, o
alívio da pobreza e o desenvolvimento sustentável. As medidas de ordenamento
deveriam assegurar a conservação não apenas de espécies-alvo, mas também
daquelas espécies pertencentes ao mesmo ecossistema ou dependentes delas ou
que estejam associadas a elas.
6.3. Os Estados deveriam evitar a sobrexplotação e o excesso de capacidade de
pesca e deveriam aplicar medidas de ordenamento com o fim de assegurar que
o esforço de pesca seja proporcional à capacidade de produção dos recursos
pesqueiros e ao aproveitamento sustentável dos mesmos.
6.4. As decisões sobre conservação e ordenamento em matéria de pescarias
deveriam estar baseadas nos dados científicos mais fidedignos disponíveis,
levando em conta também conhecimentos tradicionais acerca dos recursos e seu
hábitat, assim como os fatores ambientais, econômicos e sociais pertinentes.
42
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
6.5. Os Estados e as organizações subregionais e regionais de ordenamento
pesqueiro deveriam aplicar amplamente o critério de precaução na
conservação, no ordenamento e na explotação dos recursos aquáticos vivos com
o fim de protegê-los e de preservar o meio-ambiente aquático, tomando em
consideração os dados científicos mais fidedignos disponíveis. A falta de
informação científica adequada não deveria ser utilizada como razão para
adiar ou deixar de tomar medidas para conservar as espécies que são objeto da
pesca, espécies associadas ou dependentes destas e aquelas que não são objeto
da pesca, assim como o meio ambiente.
6.6. ... Os Estados e os usuários dos ecossistemas aquáticos deveriam reduzir ao
mínimo o desperdício das capturas tanto das espécies que são objeto da pesca
com as que não são.
•
Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável – Johannesburg,
2002
Plano de Implementação
Art. 29. “Oceanos, mares, ilhas e áreas costeiras formam um componente
integrado e essencial do ecossistema da Terra e são críticos para a segurança
alimentar global e para a sustentação da prosperidade econômica e o bem-estar
de muitas economias nacionais, particularmente de países em desenvolvimento.
Garantir o desenvolvimento sustentável dos oceanos requer coordenação efetiva
e cooperação, mesmo em níveis globais e regionais” [...] “e ações relevantes
para: “(a) ...implementar a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do
Mar (b) Promover a implementação do Capítulo 17 da Agenda 21...”
Art. 30. “Para atingir a pesca sustentável, as seguintes ações são necessárias
em todos os níveis: (a) Manter ou recuperar os estoques a níveis que possam
produzir o rendimento máximo sustentável com o objetivo de atingir essas metas
para estoques depletados de forma urgencial e onde possível não depois de
43
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
2015” [...] “(c) Implementar o Código de Conduta da Pesca Responsável de
1995...”
4.2.2. Princípio da Precaução
O uso da precaução no manejo dos recursos naturais foi um dos principais
elementos de mudança propostos pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do
Mar de 1982 e pela UNCED de 1992 para se atingir mais eficientemente as metas de
sustentabilidade. A UNCED declarou que:
“Para proteger o ambiente, a abordagem de precaução deve ser amplamente
aplicada pelos Estados de acordo com sua capacidade. Onde existirem ameaças
de danos sérios ou irreversíveis, a falta de completa certeza científica não deve
ser utilizada como uma razão para protelar medidas para prevenir a
degradação ambiental”.
As implicações para o manejo pesqueiro foram examinadas pela FAO (1996) e
essencialmente se baseiam na necessidade de se reduzir o risco de danos a um estoque
pesqueiro através da adoção de medidas que levem em consideração as incertezas do
sistema-pesca. Deriva fundamentalmente da necessidade de serem tomadas ações de
ordenamento mesmo que o conhecimento científico seja incompleto. Esse conceito foi
explicitamente utilizado na elaboração da proposta para o plano de manejo do peixesapo (Lophius gastrophysus) (Perez et al., 2002) e novamente serve como um
fundamental elemento de suporte para as propostas de manejo para as pescarias de
caranguejos no sul do Brasil.
4.3.
Pontos de Referência
A utilização sustentável dos recursos pesqueiros, tomada como objetivo básico
para o desenvolvimento das pescarias de caranguejos do sul do Brasil, permite a
44
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
definição de critérios conceituais de referência para o manejo dessas pescarias. Para a
implementação de um plano de manejo, no entanto, deve ser possível converter esses
critérios conceituais em Pontos técnicos de Referência, os quais podem ser calculados
levando-se em consideração características biológicas ou econômicas da pescaria
(Caddy & Mahon, 1996).
Em muitas pescarias emergentes, onde as informações populacionais são
insuficientes para a determinação de políticas que otimizem a explotação do recurso,
esses Pontos de Referência (PRs), podem representar alvos a serem atingidos através da
pescaria (Pontos Objetivos de Referência, POR) ou “zonas de perigo” que deveriam ser
evitadas pela mesma (Pontos Limites de Referência, PLR) (Caddy & Mahon, 1996;
Quinn II & Deriso, 1999). O Rendimento Máximo Sustentável (RMS) é um ponto de
referência amplamente utilizado para atender às considerações sobre o objetivo do
manejo das pescarias globais estabelecidas na Convenção das Nações Unidas Sobre o
Direito do Mar de 1982. Sua estimativa mais básica deriva da aplicação de modelos de
dinâmica de biomassa do tipo Graham-Schaefer (Garcia et al., 1989; Caddy & Mahon,
1996; Caddy, 1999; Quinn II & Deriso, 1999) e sua utilização mais conservativa tem
sido como patamar de “segurança biológica” o qual define a biomassa da população
acima da qual seria desejável manter os níveis de biomassa do estoque explotado
(Caddy & Mahon, 1996). Em pescarias recentes o RMS tem sido estimado pela
“Fórmula de Gulland” (Gulland, 1971) onde o RMS seria o rendimento obtido através
de uma mortalidade por pesca (Fm) que seria aproximadamente igual à mortalidade
natural M atuante no estoque explotado numa situação de equilíbrio. Em termos
analíticos o PR proposto para um determinado ano i seria definido como:
RMSt = Fm ⋅ Bt
(1)
e
RMS = X ⋅ M ⋅ B0 = M ⋅ Bm
(2)
45
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
onde B0 é a biomassa virginal e X é um fator de correção. Assumindo o modelo
clássico de crescimento populacional logístico, X seria equivalente a 0,5 (Fig. 25).
Além dos pressupostos tradicionais de que a população é denso-dependente e o
recrutamento é constante (Woodby et al., 1993; Quinn II & DeRiso, 1999), vários
autores têm indicado que Fm é de fato menor que M e, portanto, a equação (1)
sobreestima RMS quando X = 0,5 (Fig. 25). Assim, recomenda-se que o fator X deve
ser utilizado de uma forma conservativa representando, no máximo, o limite superior
de Fm (Garcia et al., 1989; Woodby et al., 1993; Quinn II & Deriso, 1999).
O RMS estimado pela fórmula de Gulland tem servido como PR para pescarias
relativamente recentes de caranguejos Gerionídeos como a de C. quinquedens no
Atlântico NW (NEFMC, 2002) e do próprio caranguejo-vermelho C. notialis no
Uruguai (Defeo et al., 1991; 1992). Esse PR será utilizado para a avaliação do estado e
das tendências dos estoques recentemente explotados de C. notialis e C. ramosae no sul
do Brasil, tomando o mesmo como um referencial máximo para a explotação desses
recursos. Esse procedimento proporcionará certa flexibilidade para escolher outros PR
mais cautelosos e que poderão ser utilizados como Pontos de Referência Objetivos
(PROs) ou zonas de alerta para a pescaria (Caddy & Mahon, 1996; NEFMC, 2002).
Abaixo são sumarizados os critérios utilizados para diagnosticar o estado das pescarias e
dos estoques de caranguejo-vermelho e de caranguejo-real, os pontos limites de
referência e as ações recomendadas (Fig. 25).
46
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Estado
Critério
Ponto de Referência
Ação
Zona Segura
Biomassa (B)
B>110%BRMS
Monitoramento
CPUE
CPUE
> 1,10
CPUERMS
Biomassa (B)
BRMS<B<110%BRMS
Zona de Alerta
CPUE
Zona Não-segura
1<
Reduzir F
CPUE
< 1,10
CPUERMS
Biomassa (B)
B<BRMS
CPUE
CPUE
<1
CPUERMS
Plano de Recuperação
Os critérios apresentados para diagnosticar o estado das pescarias poderão ser
anualmente acessados através das estimativas anuais de biomassa pelo Método da Área
Efetiva de Pesca e do estabelecimento (a) da biomassa estimada neste trabalho como a
biomassa virginal, Bo; e (b) da metade de Bo como biomassa que produziria o RMS
(BRMS), segundo um modelo logístico de produção de biomassa. Adicionalmente serão
utilizados os índices de abundância produzidos anualmente pelo Modelo Linear
Generalizado (MLG) e pela variação anual da CPUE média. A CPUE referente à
biomassa da população que produz o RMS (CPUERMS) será estimada tomando em conta
a relação:
CPUERMS = q ⋅ BRMS
onde q é o coeficiente de capturabilidade.
Como ressaltado por Arena et al. (1988), a determinação do coeficiente de
capturabilidade (q) real de armadilhas (covos) é difícil, pois o mesmo é largamente
influenciado dentre outros aspectos, pelo tempo de permanência do covo na água, tipo e
quantidade de isca, intensidade e direção de correntes e mobilidade dos organismos.
Desta forma, o conceito de Área de Influência é um conceito operacional e que
47
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
representa a área média dentro da qual qualquer organismo presente seria efetivamente
capturado (Eggers et al., 1982). Sendo assim e com tal premissa em mente, considerouse como uma medida aproximada de q a razão entre a área média de atração do covo
(descartadas as áreas de sobreposição entre covos adjacentes) e a área total de
distribuição do estoque.
A seguir serão descritos os planos de manejo propostos para o caranguejovemelho e o caranguejo-real, incluindo medidas administrativas a serem implementadas
a partir de 2003. Essas propostas, que se acreditam, seriam as mais apropriadas para a
sustentação das pescarias a curto e médio prazo, levam em conta as informações geradas
durante 1999-2002 da pesca da frota arrendada, os aspectos teóricos e práticos das
experiências de manejo de pescarias de caranguejos, particularmente de espécies do
gênero Chaceon no Atlântico, os objetivos de sustentabilidade, os pontos de referência
biológicos destes derivados e a abordagem de precaução.
Os planos abaixo consideram os estoques de caranguejo-vermelho e de
caranguejo-real identificados até o momento nos dois principais fundos de pesca
trabalhados pelas embarcações no sul do Brasil. Desta forma, as análises e
recomendações propostas a seguir não excluem a necessidade de realização de
prospecções em outras áreas mais ao norte da região considerada, no intuito de
identificar possíveis extensões dos fundos de pesca ou mesmo localizar novos estoques,
os quais deverão ser posteriormente contemplados na revisão ou na ampliação dos
planos de manejo sugeridos abaixo.
4.4.
Plano de Manejo do Caranguejo-vermelho Chaceon
notialis
4.4.1. Unidade de Manejo
O recurso caranguejo-vermelho refere-se exclusivamente ao estoque da espécie
Chaceon notialis disponível para a pesca com covos na área de 392.127 ha delimitada
ao norte pela latitude de 33o S, à oeste pela isóbata de 200 m, a leste pela isóbata de
900 m, e ao sul pelo limite sul da ZEE Brasileira (Fig. 26). Esse estoque é considerado
uma extensão setentrional daquele explotado comercialmente nas águas uruguaias
48
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
caracterizando uma situação de estoque compartilhado entre Brasil e Uruguai. O
presente plano, a priori, está direcionado ao manejo da parcela do estoque total
disponível em águas brasileiras, porém ressalta-se a relevância de considerar no futuro
uma unidade de manejo mais ampla em colaboração com setores administrativos da
pesca do Uruguai (Fig. 26).
4.4.2. Temporada de pesca
Propõe-se o estabelecimento da data de 1o de janeiro para o início da temporada
anual de pesca do caranguejo-vermelho, a partir da qual deverão entrar em vigor as
normas para a explotação do recurso a cada ano.
4.4.3. Pontos de Referência
O RMS estimado para o caranguejo-vermelho dentro da área de manejo foi de
1.027 t t. A estimativa foi realizada através da fórmula de Gulland utilizando-se uma
Bo calculada com base num raio de influência dos covos de 30 m (17.117,8 t), uma
taxa instantânea de mortalidade natural (M) de 0,15 e um X = 0,40 os quais são os
mesmos valores adotados para a espécie no Uruguai (Defeo et al., 1991; 1992).
Considerando-se três opções de taxas de mortalidade sugeridas para os caranguejos
gerionídeos na literatura (M=0,1; 0,15 e 0,20) e os três raios de influência dos covos, as
estimativas de RMS para o X=0,4 variaram desde um mínimo de 576,7 t até 1.627,2 t
(Fig. 27).
4.4.4. Estado do Estoque e Tendências
Através dos coeficientes produzidos pelo MLG (Tabela 7) estimou-se que a
biomassa disponível do estoque no início de 2002 estava situada em 98,5% da Bo e
197% da BRMS. Utilizando-se as medidas de CPUE médio em kg/covo do primeiro e
quarto trimestres monitorados, as mesmas estimativas situariam a biomassa do estoque
em torno de 80,1% de Bo e 185% da BRMS (Tabela 11). Desta forma pode-se inferir que
49
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
até o momento o estoque se encontra dentro da Zona Segura cabendo uma ação de
monitoração permanente do estoque.
Entretanto, deve-se destacar que mesmo considerando unicamente a
embarcação Kinpo Maru 58, as capturas anuais do recurso têm se situado acima do
RMS, situação que, se não revertida, deverá levar o estoque à Zona de Alerta em curto
ou médio prazo. Tal fato é ainda mais relevante na medida em que se considera a
entrada da embarcação Diomedes na pescaria, elevando ainda mais o potencial de
remoção anual da biomassa do estoque, e apontando para uma superação em muito
maior escala dos níveis recomendados do RMS (Tabela 12). Com o atual poder de
pesca demonstrado pela embarcação Kinpo Maru 58 e considerando um cenário em que
a pesca seja exercida exclusivamente por esta embarcação, verifica-se que o RMS já é
alcançado, em média, com 263 dias de mar, ou seja, pouco menos que nove meses de
atuação. Considerando a atuação conjunta desta embarcação e do Diomedes, tais
prazos reduzem-se para 177 dias, ou praticamente seis meses (Tabela 12). Sendo assim,
torna-se evidente que o estoque não suportará nem uma eventual entrada de novas
embarcações na pescaria, nem a manutenção dos atuais cenários de explotação,
considerando-se ser uma opção melhor manter uma pescaria equilibrada em 12 meses
do ano, do que privilegiar uma concentração excessiva de esforço em curto prazo sobre
o recurso. As mesmas considerações têm sido utilizadas no manejo de C. quinquedens
no NW dos EUA (NEFMC, 2002) e deveriam ser observadas na ZEE brasileira.
Sendo assim, as perspectivas de explotação de C. notialis deveriam ser
consideradas com base em potenciais combinações de no máximo duas embarcações de
menor capacidade, como aquelas atuantes sobre C. ramosae (Tabela 12). Deve-se
considerar, contudo, que as previsões de dias de mar necessários para alcançar o RMS
do caranguejo-vermelho com estas embarcações encontram-se subestimadas na Tabela
12, uma vez que foram baseadas em taxas de captura obtidas sobre o estoque de C.
ramosae, as quais são sempre inferiores às do caranguejo-vermelho.
Por fim, a necessidade de adequação dos níveis de captura aos valores
recomendados de RMS também deve ser considerada diante do caráter compartilhado
do estoque, haja vista que o mesmo já apresenta sinais de sobreexplotação no Uruguai
50
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
(Defeo & Masello, 2000a), o que pode fazer com que o mesmo atinja mais rapidamente
a Zona de Alerta na área de pesca do sul do Brasil.
4.4.5. Considerações Biológicas
Até o presente momento os padrões biológicos e populacionais de C. notialis no
sul do Brasil ainda se encontram em fase de análise e deverão ser disponibilizados
ainda em 2003, visando a incorporação de critérios biológicos mais específicos nas
medidas de ordenamento para 2004. Dentre eles, cabe destacar a possibilidade de
definição de medidas visando a proteção de fêmeas ovígeras e a consideração de
aspectos relacionados ao tamanho mínimo de captura/seletividade dos covos. De fato,
as informações disponíveis sobre a espécie no Uruguai apontam para a existência de
uma área de concentração de fêmeas ovígeras próximo à divisa com o Brasil e em
profundidades menores que 400 m (Defeo et al., 1992), motivando a recomendação
explícita naquele país, de que fosse proibida a pesca em áreas com profundidades
menores que 400 m (Defeo & Masello, 2000b). A possível existência de padrões
similares no Brasil será investigada com base nos dados levantados através das
extensivas amostragens biológicas realizadas a bordo pela equipe de observadores nos
anos de 2001 e 2002.
Além disso, merece destaque o fato dos pesos médios individuais identificados
para C. notialis no Uruguai (Defeo et al., 1992; Defeo & Masello, 200b) e no extremo
sul do Brasil, durante a pesca exploratória ocorrida na década de 1980 (Lima & Lima
Branco, 1991) serem significativamente maiores do que os observados nas capturas
atuais do Kinpo Maru 58 (Pezzuto, em preparação), o que aponta para possíveis
questões relacionadas à seletividade dos covos, e uma conseqüente atuação sobre
estratos populacionais distintos nos dois países e épocas. Nesse sentido, merece
destaque o fato desta embarcação e do Diomedes estarem utilizando covos com malhas
de 100 e 76 mm entre nós opostos, respectivamente, enquanto aquelas utilizadas no
Brasil na década de 1980 e no Uruguai no mesmo período serem da ordem de 120 mm.
Considerando o menor tamanho das fêmeas em relação aos machos (Defeo et al.,
1992), espera-se uma participação muito maior destas nas capturas realizadas
atualmente em águas brasileiras do que no Uruguai, fato que deverá ser considerado na
51
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
revisão das medidas de ordenamento durante o ano de 2003. Quaisquer que sejam as
eventuais modificações nos níveis de seletividade a serem adotados no futuro deve ser
considerado que as mesmas afetarão as estimativas de biomassa explotável disponível
e, conseqüentemente, deverão demandar revisões nos limites estabelecidos para a
captura máxima permissível nos anos subseqüentes.
4.4.6. Considerações Ecológicas
Até o momento, praticamente inexistem informações ecológicas sobre a espécie
que permitam determinar em maior detalhe sua associação a tipos particulares de fundos
ou outras características do habitat bentônico, e suas interações com outras espécies no
ecossistema de talude. Entretanto, merece destaque o fato das capturas do caranguejode-profundidade obtidas durante os cruzeiros de prospecção realizados no âmbito do
Programa REVIZEE terem ocorrido principalmente em fundos irregulares com
depressões, elevações e acumulações de material biogênico (corais) e, em menor escala,
também em fundos menos irregulares, porém com presença de blocos rochosos (MMA,
1999).
Em relação aos impactos da pescaria no ecossistema, é evidente que a arte de
pesca utilizada é muito mais seletiva se comparada às demais modalidades utilizadas no
talude da região sul do Brasil, como o emalhe de fundo, arrasto, e espinhel de fundo.
Capturas incidentais na pesca com covos geralmente incluem um número limitado de
crustáceos, peixes e cnidários, geralmente capturados em baixas quantidades. No sul do
Brasil, a captura incidental da frota caranguejeira tem incluído principalmente o isópodo
Bathynomus spp., os caranguejos anomuros Lithodes sp. e Paralomis sp.; um
caranguejo majídeo, a abrótea Urophycis cirrata, o congrio-rosa Genypterus
brasiliensis, o sarrão
Helicolenus dactylopterus e espécies não identificadas de
gorgônias, alcionáceos, corais escleractíneos e antipatários (Perez et al., 2001a; Pezzuto
em preparação). Capturas incidentais pouco variadas também foram observadas em
pescarias de Chaceon sp. no Golfo do México (Perry et al., 1995) e, como um todo, as
pescarias de caranguejos gerionídeos com covos são consideradas como de pouco
impacto sobre outras espécies e comunidades do fundo (NEFMC, 2001).
52
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Neste sentido, a proibição do direcionamento das frotas de emalhe e de arrasto à
captura do caranguejo deve ser considerada como uma alternativa importante para o
manejo do recurso, não só em função da limitação do esforço de pesca incidente sobre o
mesmo, mas também como uma estratégia para minimizar impactos negativos sobre os
habitats e comunidades aos quais a espécie se encontra relacionada.
4.4.7. Considerações Tecnológicas
Considerando toda a frota caranguejeira atualmente em operação no sul do
Brasil, a embarcação Kinpo Maru 58, dedicada exclusivamente à captura de C. notialis,
é a única unidade a apresentar o processamento total dos caranguejos a bordo, o qual
inclui a obtenção de uma série de “carnes” e “caldos” resultantes da separação mecânica
destes produtos das frações não aproveitadas dos animais, como o exoesqueleto e as
vísceras. Ao contrário das demais embarcações que privilegiam a comercialização de
“garras” e “peitos”, cujo valor do produto está diretamente relacionado ao tamanho dos
indivíduos, a forma de processamento do Kinpo Maru 58 também permite o
aproveitamento de caranguejos de pequeno porte. Considerando-se as possibilidades de
adoção futura de medidas como tamanho mínimo, proporção de sexos na captura e
outras similares, tal forma de processamento certamente acarretará dificuldades
extremas de implementação e fiscalização, e poderá tornar tais medidas absolutamente
inócuas na região.
Neste sentido, e a exemplo do proposto no Plano de Manejo de C. quinquedens
no nordeste dos EUA (NEFMC, 2001), considera-se importante assegurar que a forma
de processamento da captura no sul do Brasil envolva: a) a proibição total de mutilação
dos caranguejos na forma de retirada das quelas e/ou outros apêndices e posterior
devolução dos indivíduos ao mar e; b) que o processamento, se realizado, seja limitado
ao esquartejamento e acondicionamento dos caranguejos limpos (desprovidos de
carapaça e vísceras) em metades, com ou sem as patas e quelas aderidas às porções do
cefalotórax (as quais podem ser embaladas separadamente), permitindo-se ainda o
cozimento, congelamento e “glazing” dos produtos para sua conservação e
comercialização.
53
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Embora ocorra em muito menor escala do que se observa para o caranguejo-real,
C. notialis também apresenta capturas importantes na frota de emalhe dirigida ao peixesapo, as quais deverão ser restringidas seguindo-se os mesmos critérios adotados para C.
ramosae (vide abaixo).
4.4.8. Medidas de Manejo
4.4.8.1. Do licenciamento para a atividade
Recomendação 1.
Recomenda-se que a captura dirigida do caranguejo-vermelho Chaceon
notialis seja efetuada apenas por embarcações licenciadas exclusivamente
para este recurso.
Recomendação 2.
Recomenda-se que, durante o ano de 2003, a captura do caranguejovermelho por estas embarcações seja limitada à área de pesca
compreendida ao norte pelo paralelo 33o S, a oeste pela isóbata de 200 m, a
leste pela isóbata de 900 m e ao sul pelo limite da ZEE brasileira com a ZEE
uruguaia
4.4.8.2. Da tecnologia, das operações de pesca e do processamento da
captura
Recomendação 3.
Recomenda-se que a captura do caranguejo-vermelho pelas embarcações
licenciadas seja efetuada exclusivamente através da modalidade de pesca
com armadilhas, sendo vedado o uso concomitante ou não de outros tipos de
artefatos de pesca para este ou para outros recursos.
Recomendação 4.
Recomenda-se que seja proibida a manutenção das armadilhas no mar
(iscadas ou não) durante intervalos de viagens sucessivas, sendo obrigatório
54
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
o seu recolhimento e a sua manutenção a bordo para realização da
descarga do produto da viagem.
Recomendação 5.
Recomenda-se que no manuseio da captura as embarcações licenciadas
para a pesca do caranguejo-vermelho obedeçam estritamente aos seguintes
critérios: a) proibição total de mutilação dos caranguejos na forma de
retirada das quelas e/ou outros apêndices e posterior devolução dos
indivíduos ao mar e; b) processamento, se existente, limitado ao
esquartejamento e acondicionamento dos caranguejos limpos (desprovidos
de carapaça e vísceras) em metades, com ou sem patas e quelas aderidas às
porções do cefalotórax (as quais podem ser embaladas separadamente),
permitindo-se ainda o cozimento, congelamento e “glazing” dos produtos
para sua conservação e comercialização.
Recomendação 6.
Considerando-se a legislação nacional e internacional e os evidentes efeitos
negativos ocasionados pela liberação de resíduos de bordo e de artefatos de
pesca danificados ou em desuso sobre o ecossistema marinho (incluindo a
possibilidade de pesca-fantasma), recomenda-se que seja implementada, em
toda a frota licenciada para a pesca de caranguejo-vermelho, a
obrigatoriedade de armazenamento dos resíduos sólidos não biodegradáveis
a bordo para posterior destinação adequada em terra.
4.4.8.3. Da captura máxima permissível.
Recomendação 7.
Recomenda-se que em 2003 a captura máxima permissível do caranguejovermelho seja de 1027 t, consideradas em termos de peso vivo, e
abrangendo as capturas originadas tanto da frota licenciada para o recurso,
como aquelas oriundas da captura incidental realizada por frotas
licenciadas para outros recursos.
55
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Recomendação 8.
Recomenda-se que sejam adotadas quotas máximas mensais de captura
permissível para as embarcações licenciadas para a captura do caranguejovermelho no ano de 2003, cujo número e respectivas quotas são
discriminadas abaixo. As quotas não poderão ser compradas, vendidas,
trocadas ou transferidas de uma embarcação licenciada para outra.
Qualquer quota não utilizada por uma embarcação durante a temporada de
pesca de 2003 não deverá ser adicionada à quota eventualmente alocada
para esta embarcação em 2004. Da mesma maneira, qualquer desembarque
realizado por uma embarcação que ultrapasse a quota estabelecida deverá
ser deduzido da quota alocada para essa embarcação em 2004.
Recomendação 9.
Recomenda-se
que
o
desembarque
total
de
caranguejo-vermelho,
considerado em termos de peso vivo, e realizado por embarcações não
licenciadas para este recurso seja limitado a 5% do total desembarcado por
viagem, sendo vedado o descarte a bordo.
4.4.8.4. Do esforço de pesca
Recomendação 10.
Recomenda-se que o número de embarcações licenciadas para a captura do
caranguejo-vermelho seja limitado a uma única unidade com quota máxima
mensal de captura estipulada em 75 t ou a duas unidades com quota máxima
mensal de 40 t.
4.4.8.5. Do monitoramento da pesca e fornecimento de informações.
Recomendação 11.
56
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Recomenda-se que as embarcações licenciadas para a captura do
caranguejo-vermelho mantenham observadores a bordo durante todas as
suas viagens e operações de pesca, independentemente e sem prejuízo da
manutenção de outros sistemas de coleta de informações como Mapas de
Bordo e controle de desembarque.
Recomendação 12.
Recomenda-se que as embarcações licenciadas para a captura do
caranguejo-vermelho sejam continuamente monitoradas através de sistemas
de rastreamento via satélite, que permitam o acompanhamento contínuo das
posições e profundidades de pesca, mediante sua conexão direta com
equipamentos de posicionamento e ecossondas de bordo.
4.5.
Plano de Manejo do Caranguejo-real Chaceon
ramosae
4.5.1. Unidade de Manejo
Neste plano, o recurso caranguejo-real refere-se exclusivamente ao estoque da
espécie Chaceon ramosae disponível para a pesca com covos na área de 783.285 ha
delimitada ao norte pela latitude de 27o S, à oeste pela isóbata de 500 m, a leste pela
isóbata de 900 m e ao sul pela latitude de 30o S (Fig. 26). Ao contrário do observado
com C. notialis, o estoque C. ramosae pode ser considerado como exclusivamente
pertencente à ZEE brasileira e, portanto, demanda medidas de manejo de caráter
unilateral.
4.5.2. Temporada de pesca
Propõe-se o estabelecimento da data de 1o de janeiro para o início da temporada
anual de pesca do caranguejo-real, a partir da qual deverão entrar em vigor as normas
para a explotação do recurso a cada ano.
57
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
4.5.3. Pontos de Referência
O RMS estimado para o caranguejo-vermelho dentro da área de manejo foi de
593,5 t (574,8 – 612,4 t 95% IC). A estimativa foi realizada através da fórmula de
Gulland utilizando-se uma Bo calculada com base num raio de influência dos covos de
35 m (11.636,4 t), uma taxa instantânea de mortalidade natural (M) de 0,15 e um X =
0,34. Adotou-se o mesmo nível de M já utilizado para C. notialis e outros gerionídeos.
A escolha do X, por outro lado, levou em consideração a razão dos dois possíveis
cenários de sustentação, identificados através da taxa global de remoção (9,16%) (total
capturado até junho de 2002, expresso como percentual da biomassa total) e da taxa de
remoção estimada pelos coeficientes de abundância analisados (27%) (coeficiente
MLG, CPUE), resultando em 0,34 (ver discussão no item 4.4). Considerando-se as três
opções de taxas de mortalidade sugeridas para os caranguejos gerionídeos na literatura
e os três raios de influência dos covos, as estimativas de RMS para o X=0,34 variaram
desde um mínimo de 395,6 t até 1.135,3 t (Fig. 28).
4.5.4. Estado do Estoque e Tendências
Através dos coeficientes produzidos pelo MLG (Tabela 8) estimou-se que a
biomassa disponível do estoque em julho de 2002 estava situada em 73,2% da Bo e
146% da BRMS. Utilizando-se as medidas de CPUE médio em kg/covo do primeiro e
quarto trimestres monitorados, as mesmas estimativas situariam a biomassa do estoque
em torno de 73,0% de Bo e 169% da BRMS (Tabela 11). Desta forma pode-se inferir que
até aquele momento, o estoque se encontraria dentro da Zona Segura cabendo uma
ação de monitoração permanente do estoque. Esse diagnóstico, no entanto, requer
ainda uma interpretação cautelosa fundamentada em importantes elementos descritos a
seguir.
Primeiramente deve-se notar que o estado do estoque diagnosticado acima
implicaria numa remoção efetiva de cerca de 27% da biomassa virginal (Bo) o que
equivaleria a uma captura total de 3.141 t até julho de 2002. A captura total
efetivamente registrada nesse período, considerando-se aquelas realizadas pela pesca de
58
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
covos e de emalhe, no entanto, foi de 1.066 t o que implicaria numa taxa de remoção
real de 9,16%. Embora incertezas nas estimativas originadas, por exemplo, a partir de
diferenças nas áreas de influência dos covos, poderiam explicar parte dessas
discrepâncias, parece mais provável que as mesmas sejam o fruto de cenários de
depleção estabelecidos sobre concentrações localizadas de C. ramosae. Esses cenários
já foram observados na pescaria do peixe-sapo no Sudeste e Sul do Brasil (Perez et al.,
2002a) e, em última estância, tenderiam a gerar, em áreas limitadas, taxas de remoção
maiores que aquelas observadas para a área total de pesca do recurso.
O esforço pesqueiro persistente sobre áreas limitadas de pesca, como produto de
padrões estacionários de muitas operações da frota arrendada de covos, foi evidenciado
com freqüência tanto através dos mapas de rastreamento via-satélite quanto pelos
registros realizados por observadores a bordo dessas embarcações. Esse padrão
representa uma forte evidência em favor dos cenários de depleção hipotetizados acima,
e sugere que a explotação do estoque de caranguejo-real no Sul do Brasil entre 2001 e
2002 poderia ser abordada da mesma forma que do estoque do peixe-sapo no Sudeste e
Sul, isto é sob dois cenários distintos de sustentação (Perez et al., 2002a).
Num primeiro cenário global poder-se-ia assumir um estoque total, distribuído
homogeneamente sobre toda a área de pesca que continha cerca de 11.636,4 t, das quais
em torno de 9,16% foi efetivamente removida até julho de 2002. Outro cenário, mais
localizado, consideraria que a mesma captura total proveio de áreas localizadas do
talude, onde a atividade teria efetivamente removido 27% da biomassa disponível
nessas áreas. Embora existam possivelmente outras áreas em diferentes estratos de
profundidade e/ou sobre diferentes tipos de substrato passíveis de ocupação pela frota,
parece evidente que essas áreas de pesca ocupadas em 2001-2002 mereceriam uma
atenção prioritária no sentido de manter-se, dentro delas, uma produção sustentada. As
justificativas centrais para essa opção incluiriam (a) a incerteza da existência de fundos
de pesca por descobrir dentro da área de distribuição do estoque com densidades
rentáveis do recurso e, principalmente, (b) a possibilidade de que as áreas de
concentração do recurso já identificadas no primeiro ano da pescaria possam ter
importância significativa em algum processo do ciclo de vida da espécie como, por
exemplo, acasalamento, desova e outros. Esta última justificativa está embasada nos
59
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
complexos padrões biológicos, espaciais e comportamentais exibidos pelo grupo e que,
embora possam ser variáveis de espécie para espécie, muitas vezes incluem: a)
recrutamento em áreas mais profundas do talude, com posterior migração ontogenética
para setores mais rasos; b) concentrações de fêmeas (inclusive ovígeras) em
profundidades menores, c) incubação dos ovos pelas fêmeas por vários meses e,
provavelmente, ciclos reprodutivos individuais em intervalos somente de dois em dois
anos ou mais e, d) concentrações e migrações reprodutivas dos machos e fêmeas nas
épocas de acasalamento (vide revisões em Lindberg & Wenner, 1990 e Hastie, 1995).
Neste momento é difícil se estabelecer se a concentração e a persistência do
esforço de pesca sobre fundos localizados de concentração do recurso poderiam ser
resultado de uma exploração prévia da área ou simplesmente refletem o
desenvolvimento de uma estratégia de aprendizado adotada pela frota de covos. No
entanto, caso os padrões acima sejam evidenciados mesmo que parcialmente para C.
ramosae, os riscos de se permitir rápidas depleções em setores localizados dos fundos
de pesca podem significar um aumento desproporcional da mortalidade por pesca sobre
estratos populacionais vulneráveis do recurso e/ou resultar na perturbação de eventos
importantes do ciclo de vida da espécie, como possíveis concentrações e/ou migrações
de acasalamento. Partindo-se do pressuposto básico do RMS, que considera um
recrutamento constante no tempo, impactos desta natureza poderiam implicar em
modificações nos padrões biológicos do recrutamento gerados pela própria pescaria,
invalidando assim, as próprias estimativas de Rendimento Máximo Sustentável.
Desta forma, seguindo-se o Princípio da Precaução e até que se tenha melhores
evidências sobre os padrões biológicos e populacionais do recurso, considera-se
recomendável a adoção do segundo cenário explicitado acima, ou seja, o potencial
elevado de remoção de biomassa nas áreas de maior concentração e/ou operação dentro
dos fundos de pesca como um todo.
O segundo aspecto relevante em relação ao estado diagnosticado do estoque de
C. ramosae refere-se ao fato do mesmo derivar das operações exclusivas da embarcação
Royalist e das embarcações de pesca de emalhe até julho de 2002. Deve-se notar, no
entanto, que a partir de junho outras três embarcações compartilharam o estoque de
caranguejo-real o que sugere que esse cenário já tenha sido alterado. Adicionalmente, da
60
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
mesma forma que o observado para C. notialis, a captura realizada de C. ramosae até
julho de 2002, ultrapassou em cerca de 80% o RMS calculado para esse estoque. Isso
também sugere que apesar da situação segura identificada para essa pescaria, tal quadro
tende a progredir para a Zona de Alerta em curto prazo, mantidos os níveis atuais de
captura e considerando a capacidade instalada de operação das quatro embarcações
caranguejeiras potencialmente operantes em 2003 sobre o recurso.
De fato, pela tabela 12, observa-se que estas embarcações em conjunto podem
atingir o RMS estipulado para o caranguejo-real em pouco mais de quatro meses de
pescaria, sendo evidentemente a pior das opções possíveis de alocação do esforço de
pesca sobre este recurso. A análise das projeções disponíveis aponta para um cenário de
sustentação de pesca continuada nos 12 meses do ano a partir da operação de, no
máximo, duas embarcações com capacidade de pesca similar à apresentada até o
momento pelas embarcações Royalist, Vichialo e Mar Salada (Tabela 12). Mais uma
vez, torna-se evidente que o estoque não suportará nem uma eventual entrada de novas
embarcações na pescaria, nem a manutenção dos atuais cenários de explotação,
considerando-se novamente ser uma opção melhor manter uma pescaria equilibrada em
12 meses do ano, do que privilegiar uma concentração excessiva de esforço em curto
prazo sobre o recurso.
4.5.5. Considerações Biológicas
Até o momento inexistem resultados concretos sobre os principais aspectos
biológicos e populacionais da espécie, o que impede a realização de recomendações
práticas neste sentido. Entretanto, informações detalhadas coletadas a bordo pelos
observadores embarcados na frota de covos e de emalhe deverão proporcionar, ainda em
2003, o conhecimento necessário para a eventual adaptação das medidas de manejo do
recurso com base em informações biológicas sobre a espécie. Assim como para C.
notialis, tais medidas poderão incluir, dentre outras, o estabelecimento de áreas e/ou
épocas restritas à pesca para proteção dos eventos reprodutivos e adaptações
tecnológicas e/ou operacionais na pescaria, visando adequá-la aos melhores indicadores
de seletividade para o recurso.
61
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
4.5.6. Considerações Ecológicas
Para efeito do estoque de C. ramosae são igualmente válidas as mesmas
considerações ecológicas efetuadas para C. notialis.
4.5.7. Considerações Tecnológicas
Ao contrário do observado para C. notialis, todas as embarcações caranguejeiras
atuantes sobre o estoque de C. ramosae utilizam um método de processamento que
privilegia a captura e o aproveitamento de indivíduos de maior porte. Mesmo assim,
considera-se relevante a adoção explícita das mesmas exigências quanto à forma de
processamento da captura já citadas para o caranguejo-vermelho.
Por outro lado, principalmente o caranguejo-real foi alvo de capturas incidentais
(e em alguns casos dirigidas) da frota de emalhe de fundo direcionada à captura do
peixe-sapo, na qual foram observados níveis expressivos de mutilação e/ou descarte a
bordo (Perez et al., 2002b), dependendo do maior ou menor interesse da tripulação pelo
aproveitamento da espécie em cada lance. Levando-se em conta a menor biomassa do
estoque de caranguejo quando comparada à do peixe-sapo (Perez et al., 2002c), a
distribuição restrita dos fundos de pesca de C. ramosae, e o caráter muito mais seletivo
da sua captura através de armadilhas, é indispensável que sejam adotados limites
restritos de captura do caranguejo-real pela pesca de emalhe e que a captura, quando
houver, seja submetida aos mesmos critérios de processamento acima estabelecidos.
4.5.8. Medidas de Manejo
4.5.8.1. Do licenciamento para a atividade
Recomendação 1.
Recomenda-se que a captura dirigida do caranguejo-real Chaceon ramosae
seja efetuada apenas por embarcações licenciadas exclusivamente para este
recurso.
62
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Recomendação 2.
Recomenda-se que, durante o ano de 2003, a captura do caranguejo-real
realizada por estas embarcações seja limitada à área de pesca
compreendida ao norte pelo paralelo de 27o S, a oeste pela isóbata de 500
m, a leste pela isóbata de 900 m e ao sul pelo paralelo de 30o S.
4.5.8.2. Da tecnologia, das operações de pesca e do processamento da
captura
Recomendação 3.
Recomenda-se que a captura do caranguejo-vermelho pelas embarcações
licenciadas seja efetuada exclusivamente através da modalidade de pesca
com armadilhas, sendo vedado o uso concomitante ou não de outros tipos de
artefatos de pesca para este ou para outros recursos.
Recomendação 4.
Recomenda-se que seja proibida a manutenção das armadilhas no mar
(iscadas ou não) durante intervalos de viagens sucessivas, sendo obrigatório
o seu recolhimento e a sua manutenção a bordo para realização da
descarga do produto da viagem.
Recomendação 5.
Recomenda-se que no manuseio da captura as embarcações licenciadas
para a pesca do caranguejo-real obedeçam estritamente aos seguintes
critérios: a) proibição total de mutilação dos caranguejos na forma de
retirada das quelas e/ou outros apêndices e posterior devolução dos
indivíduos ao mar e; b) processamento, se existente, limitado ao
esquartejamento e acondicionamento dos caranguejos limpos (desprovidos
de carapaça e vísceras) em metades, com ou sem patas e quelas aderidas às
porções do cefalotórax (as quais podem ser embaladas separadamente),
permitindo-se ainda o cozimento, congelamento e “glazing” dos produtos
para sua conservação e comercialização.
63
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Recomendação 6.
Considerando-se a legislação nacional e internacional e os evidentes efeitos
negativos ocasionados pela liberação de resíduos de bordo e de artefatos de
pesca danificados ou em desuso sobre o ecossistema marinho (incluindo a
possibilidade de pesca-fantasma), recomenda-se que seja implementada, em
toda a frota licenciada para a pesca de caranguejo-real, a obrigatoriedade
de armazenamento dos resíduos sólidos não biodegradáveis a bordo para
posterior destinação adequada em terra.
4.5.8.3. Da captura máxima permissível.
Recomendação 7.
Recomenda-se que em 2003 a captura máxima permissível do caranguejoreal seja de 593 t, consideradas em termos de peso vivo, e abrangendo as
capturas originadas tanto da frota licenciada para o recurso, como aquelas
oriundas da captura incidental realizada por frotas licenciadas para outros
recursos.
Recomendação 8.
Recomenda-se que sejam adotadas quotas máximas mensais de captura
permissível para as embarcações licenciadas para a captura do caranguejoreal no ano de 2003, cujo número e respectivas quotas são discriminadas
abaixo. As quotas não poderão ser compradas, vendidas, trocadas ou
transferidas de uma embarcação licenciada para outra. Qualquer quota não
utlizada por uma embarcação durante a temporada de pesca de 2003 não
deverá ser adicionada à quota eventualmente alocada para esta embarcação
em 2004. Da mesma maneira, qualquer desembarque realizado por uma
embarcação que ultrapasse a quota estabelecida deverá ser deduzido da
quota alocada para essa embarcação em 2004.
64
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Recomendação 9.
Recomenda-se que o desembarque total de caranguejo-real, considerado em
termos de peso vivo, e realizado por embarcações não licenciadas para este
recurso seja limitado a 5% do total desembarcado por viagem, sendo
vedado o descarte a bordo.
4.5.8.4. Do esforço de pesca.
Recomendação 10.
Recomenda-se que o número de embarcações licenciadas para a captura do
caranguejo-real seja limitado a uma única unidade com quota máxima
mensal de captura estipulada em 45 t ou a duas unidades com quota máxima
mensal de 25 t.
4.5.8.5. Do monitoramento da pesca e fornecimento de informações.
Recomendação 11.
Recomenda-se que as embarcações licenciadas para a captura do
caranguejo-real mantenham observadores a bordo durante todas as suas
viagens e operações de pesca, independentemente e sem prejuízo da
manutenção de outros sistemas de coleta de informações como Mapas de
Bordo e controle de desembarque.
Recomendação 12.
Recomenda-se que as embarcações licenciadas para a captura do
caranguejo-real sejam continuamente monitoradas através de sistemas de
rastreamento via satélite, que permitam o acompanhamento contínuo das
posições e profundidades de pesca, mediante sua conexão direta com
equipamentos de posicionamento e ecossondas de bordo.
65
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Arena, G; Barea, L. & Defeo, O. 1988. Desarrollo de una metodología de evaluación
mediante o uso de nasas. Fr. Mar., 4:55-66.
Beyers, C. J. B. 1994. Population size and density of the deep-sea red crab Chaceon
maritae (Manning and Holthuis) off Namibia determined from tag-recapture. S.
Afr. J. mar. Sci., 14:1-9.
Beyers, C. J. & Wilke, G. G. 1980. Quantitative stock survey and some biological and
morphometric characteristics of the deep-sea red crab Geryon quinquedens off
southwest Africa. Fish Bull S. Afr. 13: 9-19.
Biesot, P. M. & Perry, H. M. 1995. Biochemical composition of the deep-sea red crab
Chaceon quinquedens (Geryonidae): organic reserves of developing embryos and
adults. Mar. Biol., 124:407-416.
Caddy, J.F. 1999. Deciding on precautionary management measures for stock based on
a suite of Limit Reference Points (LRPs) as a basis for a Multi-LRP harvest law.
NAFO Sci. Coun. Studies, 32:55-68.
Caddy, J.F. & R. Mahon, 1996. Puntos de referencia para la ordenación pesquera. FAO
Documento Técnico de Pesca, 347.
Defeo, O.; Barea, L.; Niggemeyer, F. & Little, V. 1992. Abundancia, distribución y
dimensionamiento de la pesqueria del cangrejo rojo Geryon quinquedens Smith,
1879 en el Atlantico sudoccidental. Instituto Nacional de Pesca, Uruguay, Informe
Técnico No. 38, 72 p.
Defeo, O.; Little, V. & Barea, L. 1991. Stock assessment of the deep-sea red crab
Chaceon notialis in the Argentinian-Uruguayan common fishing zone. Fish. Res.,
11: 25-39.
Defeo, O. & Masello, A. 2000a. La pesquería de cangrejo rojo Chaceon notialis en el
Uruguay: un enfoque de manejo precautorio (1995 y 1996). In: Rey, M. (Ed.).
66
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Recursos pesqueiro no tradicionales: moluscos, crustaceos y peces bentónicos
marinos. Proyecto URU/92/003. INAPE/PNUD. p. 7-21.
Defeo, O. & Masello, A. 2000b. Análisis espacio-temporal de la pesquería de cangrejo
rojo Chaceon notialis en el Uruguay: año 1996. In: Rey, M. (Ed.). Recursos
pesqueiro no tradicionales: moluscos, crustaceos y peces bentónicos marinos.
Proyecto URU/92/003. INAPE/PNUD. p.23-37.
Eggers, D. M.;
Rickard, N. A.; Chapman, D. G. & Whitney, R. R. 1982. A
methodology for estimating area fished for baited hoks and traps along a ground
line. Can. J. Fish. Aquat. Sci., 39: 448-453.
Erdman, R. B.; Blake, N. J.; Lockhart, F. D.; Lindberg, W. J.; Perry, H. M. & Waller, R.
S. 1991. Comparative reproduction of the deep-sea crabs Chaceon fenneri and C.
quinquedens (Brachyura: Geryonidae) from northeast gulf of Mexico. Invertebr.
Reprod. Dev. 19:175-184..
Erdman, R. B. & Blake, N. J. 1988. The golden crab (Geryon fenneri) fishery of
southeast Florida. Proc. 12th Ann trop. Subtrop. Fish. Conf. Amer. Fla. Sea Grant
Coll. Rep., 92:95-106.
FAO, 1995. Código de conducta para la pesca responsable. FAO, Roma, 45p.
FAO, 1996. Precautionary approach to fisheries. Part 2: Scientific papers. FAO
Fisheries Techincal Papers 350/2.
Gage, J. D. & Tyler, P. 1991. Deep-sea biology. Cambridge University Press,
Cambridge, 504 p.
Ganz, A. R. & Herrmann. 1975. Investigations into the southern New England red crab
fishery. Rhode Island Department of Natural resources, Division of Fish and
Wildlife, Marine Fishery Section, p. 78.
Garcia, S.; Sparre, P. & Csirke, J. 1989. Estimating surplus production of maximum
sustainable yield from biomass data when effort time series are not available. Fish.
Res. 8:13-23.
Gavaris, S. 1980. Use of a multiplicative model to estimate catch rate and effort form
commercial data. Can. J. Fish. Aquat. Sci., vol. 37:2272-2275.
67
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Gulland, J.A. 1971. The fish resources of the ocean. Fishing News (Books) Limited
Publishers, West Byfleet, Surrey.
Haefner Jr., P. A. 1977. Reproductive biology of the female deep-sea red crab, Geryon
quinquedens, from Chesapeake Bight. Fish. Bull. 75: 91-102.
Hastie, L. C. 1995. Deep-water geryonid crabs: a continental slope resource. In A. D.
Ansell, R. N. Gibson e M. Barnes eds. Oceanogr. Mar. Biol. Ann. Rev., 33:665.
Hilborn, R. & Walters, C. J. 1992. Quantitative Fisheries Stock Assessment: Choice,
Dynamics & Uncertainty. Chapman & Hall, New York, 570 p.
Hines, A. H. 1988. Fecundity and reproductive output of two species of deep-sea crabs,
Geryon fenneri and Geryon quinquedens (Decapoda, Brachyura). J. Crust. Biol.,
8: 557-562.
Hines, A. H. 1990a. Fecundity and reproductive output in Chaceon fenneri and C.
quinquedens. In: Lindberg, W. J. & Wenner, E. L. (Eds.) Geryonid crabs and
associated continental slope fauna: a research workshop report. Florida Sea Grant
College, Techincal paper 58, p. 12-13.
Hines, A. H. 1990b. Rapporteur’s comments: commentary on life history and ecology of
deep-sea crabs of the family Geryonidae. In: Lindberg, W. J. & Wenner, E. L.
(Eds.) Geryonid crabs and associated continental slope fauna: a research workshop
report. Florida Sea Grant College, Techincal paper 58, p. 30-38.
Hvingel, C.; Lassen, H. & Parsons, D. G. 2000. A biomass index for northern shrimp
(Pandalus borealis) in Davis Strait based on multiplicative modeling of
commercial catch-per-unit-effort data (1976-97). J. Northw. Atl. Fish. Sci.,
Vol.26:25-36.
Kelly, P.; Sulkin, S. D. & Van Heukelen, W. F. 1982. A dispersal model for larvae of
the deep-sea red crab Geryon quinquedens based upon behavioural regulation of
vertical migration in the hatching stage. Mar. Biol., 72: 33-43.
Kimura, D. K. 1982. Standardized measures of relative abundance based on modeling
log (C.P.U.E.), and their application to Pacific ocean perch (Sebastes alutus). J.
Cons. Int. Explor. Mer, 39:211-218.
68
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Krebs, C. J. 1989. Ecological methodology. Harper & Row, Publishers, New York, 654
p.
Large, P.A. 1992. Use of a multiplicative model to estimate relative abundance from
commercial CPUE data. ICES J. mar. Sci. , 49:253-261.
Lawton, P. & Duggan, D. 1998. Scotian red crab. [Canadian] Maritimes Region. DFO
Sci. Stock Status Rep. C3-11. 6p.
LeLoeuff, P.; Cayré, P. & Intes, A. 1978. Etude du crab rouge profond Geryon
quinquedens em Cote d’Ivory. II – Eléments de biologie et d’écologie avec
référence aux résultats obtenus au Congo. Doc. Scient. Centre Rech.
Océanogr.Abidjan, 9(2): 17-65.
Lima, J. H. M., & Lima Branco, R. 1991.
Análise das operações de pesca do
caranguejo de profundidade (Geryon quinquedens Smith 1879) por barcos
japoneses arrendados na região sul do Brasil – 1984/85. Atlântica, 1(13):179-187.
Lindberg, W.G. & Wenner, E.L. (Eds.) 1990. Geryonid crabs and associated continental
slope fauna: A research workshop report. Florida Sea Grant Technical Paper, 58,
61p.
Lindberg, W. J.; Lockhart, F. D.; Blake, N. J.; Erdman, R. B.; Perry, H. M. & Waller, R.
S. 1990. Patterns of population structure and abundance for golden and red crabs
in the eastern Gulf of Mexico. In Willian J. Lindberg e Elizabeth L. Wernner Ed.
(Geryonid crabs a associated continental slope fauna – A research workshop
report). Florida Sea Grant Technical Paper, 58:8-9.
Lorance, P. & Dupoy, H. 2001. CPUE abundance indices of the main target species of
the French deep-water fishery in ICES Sub-areas V-VII. Fish. Res. 51:137-149.
Lux, F. E., A. R. Ganz & Rathjen, W. F. 1982. Marking studies on the red crab Geryon
quinquedens Smith off southern New England. J. Shellfish Res., 2(1):71-80.
Luckhurst, B. 1986. Discovery of deep-water crabs (Geryon spp) at Bermuda – a new
potential fishery resource. Proc. 37th Ann. Gulf Carib Fish Instit.:209-211.
69
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Manning, R. B. 1990. Studies on systematics of geryonid crabs. In Willian J. Lindberg e
Elizabeth L. Wernner Ed. (Geryonid crabs a associated continental slope fauna –
A research workshop report). Florida Sea Grant Technical Paper, 58:1-2.
Manning, R. B. & Holthuis L. B. 1986. Notes on Geryon from Bermuda, with the
description of Geryon inghami, new species (Crustacea: Decapoda: Geryonidae).
Proc. Biol. Soc. Wash, 99(2): 366-373.
Manning, R. B. & Holthuis L. B. 1989. Two new genera and nine new species of
geryonid crabs (Crustacea, Decapoda, Geryonidae). Proc. Biol. Soc. Wash,.
102(1): 50-77.
Manning, R. B., Tavares, M. S. & Albuquerque, E. F. 1989. Chaceon ramosae, a new
deep-water crab from Brazil (Crustacea, Decapoda, Geryonidae). Proc. Biol. Soc.
Wash, 102(3): 646-650.
McElman, J. F. & Elner, R. W. 1982. Red crab (Geryon quinquedens) trap survey along
the edge of the Scotian shelf, September 1980. Can. Tech. Rep. Fish. Aquat. Sci.
1084: 12 p.
Melville-Smith, R. 1983. Abundance of deep-sea crab Geryon maritae in South West
African waters from photography. S. Afr. J. mar. Sci., 1: 123-131.
Melville-Smith, R. 1986. Red crab (Geryon maritae density in 1985 by the technique of
effective area fished per trap on the northern fishing grounds off South West
Africa. S. Afr. J. mar. Sci., 4: 257-263.
Melville-Smith, R. 1987a. Movements of deep-sea red crab (Geryon maritae) off South
West Africa/Namibia. S. Afr. J. Zool., 22(2): 143-152.
Melville-Smith, R. 1987b. Tagging study reveals interesting red crab (Geryon maritae)
movements off Namibia (South West Africa). J. Cons. Int. Explor. Mer. 43: 294295.
Melville-Smith, R. 1988a. The commercial fishery for and population dynamics of red
crab Geryon maritae off South West Africa, 1976-1986. S. Afr. J. mar. Sci., 6:7995.
70
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Melville-Smith, R. 1988b. Comparative population size estimates for a portion of the
red crab Geryon maritae stock off the South West African coast. S. Afr.
J.mar.Sci.,6: 23-31.
Melville-Smith, R. 1989. A growth model for the deep-sea red crab (Geryon maritae) of
South West Africa/Namibia. Crustaceana, 56:279-292.
Melville-Smith, R. & Bailey, G. W. 1989. A preliminary investigation into the possible
causes of depth zonation by red crab (Geryon maritae), off Namibia. Sel. Pap.
ICSEAF int. Comm SE. Atl. Fish., 1:23-34.
Miller, R. J. 1975. Density of the commercial spider crab, Chionoecetes opilio, and
calibration of effective area fished per trap using bottom phoography. J. Fish. Res.
Board Can., 32(6): 761-768.
MMA. 1999. Prospecção pesqueira de recursos demersais com armadilhas e pargueiras
a Zona Econômica Exclusiva – Programa REVIZEE – SCORE SUL. Ministério
do Meio Ambiente, Brasília – DF. Relatório Final.
NEFMC. 2001. Public Hearing Document for the Proposed Deep-sea Red Crab Fishery
Management Plan. November 2001. Prepared by New England Fishery
Management Council, Massachusetts, EUA, 41 p.
NEFMC. 2002. Fishery Management Plan for Deep-sea Red Crab (Chaceon
quinquedens). Including an Environmental Impact Statement, an Initial Regulatory
Flexibility Act Analysis, and a Regulatory Impact Review. Volume 1. March
2002. Prepared by New England Fishery Management Council, Massachusetts,
EUA, 446 p.
Perez, J. A. A.; Wahrlich, R.; Pezzuto, P. R.; Schwingel, P. R.; Lopes, F. R. A. &
Rodrigues-Ribeiro, M. 2001. Deep-sea fishery off southern Brazil: recent trends of
the Brazilian fishing industry. NAFO SCR Doc. 01/117, Serial No. N4505.
Perez, J. A. A.; Pezzuto, P. R. & Andrade, H. A. 2002a. Avaliação do estoque. Capítulo
IV. Análise da pescaria do peixe-sapo no sudeste e sul do Brasil – ano 2001.
Relatório Final. Convênio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –
Universidade do Vale do Itajaí (MAPA/SARC/DPA/03/2001). Itajaí, Abril de
2002.
71
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Perez, J. A. A.; Wahrlich, R.; Rodrigues-Ribeiro, M. & Pezzuto, P. R. 2002b. Estrutura
e dinâmica da pescaria de peixe-sapo. Capítulo II. Análise da pescaria do peixesapo no sudeste e sul do Brasil – ano 2001. Convênio Ministério da Agricultura,
Pecuária
e
Abastecimento
–
Universidade
do
Vale
do
Itajaí
(MAPA/SARC/DPA/03/2001).
Perry, H.; Waller, R.; Trigg, C.; McBee, J.; Erdman, R. & Blake, N. 1995. A note on
bycatch associated with deepwater trapping of Chaceon in the northcentral Gulf of
Mexico. Gulf Res. Rep. 9(2): 139-142.
Quinn II, T. J., Ii & Deriso, R. B. 1999. Quantitative Fish Dynamics. Oxford University
Press, New York. 542 pp.
Scelzo, M. A. & Valentini A. 1974. Presencia de Geryon quinquedens Smith en aguas
del Oceano Atlantico sudoccidental (Decapoda, Brachyura, Geryonidae). Physis,
Buenos Aires, 33(87):557-567.
Serchuk, F. M.; & Wigley, R. L. 1982. Deep-sea red crab, Geryon quinquedens. In M.
D. Grosslein & T. R. Azarovitz eds. Fish distribution. MESA New York Bigth
Atlas Monograph 15. N. Y. Sea Grant Institute, Albany, N.Y., p. 125-129.
Stone, H. & Bailey, R. F. J. 1980. A survey of the red crab resource on the continental
slope, N. E. Georges Bank and Western Scotian shelf. Can. Tech. Rep. Fish.
Aquat. Sci. 977: 9 p.
Van Heukelem, W.; Christman, M. C.; Epifanio, C. E. & Sulkin, S. D. 1983. Growth of
Geryon quinquedens (Brachyura: Geryonidae) juveniles in the laboratory. Fish.
Bull, 81:903-905.
Waller, R.; Perry, H.; Trigg, C.; McBee, J.; Erdman, R. & Blake, N. 1995. Estimates of
harvest potential and distribution of the deep-sea crab, Chaceon quinquedens, in
the northcentral Gulf of Mexico. Gulf Res. Reports, 9(2): 75-84.
Wigley, R. L.; Theroux, R. B. & Murray, H. E. 1975. Deep-sea red crab, Geryon
quinquedens, survey off Northeastern United States. Mar. Fish.Rev., 37(8): 1-21.
Woodby, D.A.; Gordon, H.K. & Larson, R.C. 1993. A conservative application of a
surplus production model to the sea-cucumber fishery in southeast Alaska. In
72
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Proceedings of the International Symposium on Management Strategies for
Exploited Fish Populations. Kruse, G.; Eggers, D.M.; Marasco, R.J.; Pautzke, C.
& Quinn II, T.J. (Eds.) . Lowell Wakefield Fisheries Symposium series. Alaska
Sea Grant College Program Report, No. 93-2. p: 191-201.
73
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
6. TABELAS
Tabela 1. Estatísticas gerais de captura em número médio de indivíduos por covo (Ind./covo) e esforço de
amostragem nas embarcações Royalist e Kinpo Maru 58. Total = todos os caranguejos Chaceon
considerados independentemente da espécie. Estão indicados os covos em que os caranguejos foram
separados apenas por espécies (Chaceon sp total) e, destes, os covos em que foi efetuada a discriminação
por sexo (Chaceon sp. machos ou fêmeas).
Embarcação
Caranguejo
No Covos
Caranguejos
Ind./covo
Mínimo Máximo
amostrados
contados
(± IC 95%)
Total
Royalist
Kinpo Maru 58
24.219
102.818
4,24 (0,05)
0
240
C. ramosae total
C. ramosae machos
C. ramosae fêmeas
7.925
2.051
2.051
27.130
6.520
1.295
3,42 (0,06)
3,18 (0,11)
0,63 (0,06)
0
0
0
25
18
17
C. notialis total
C. notialis machos
C. notialis fêmeas
7.925
2.051
2.051
1.618
326
73
0,20 (0,01)
0,16 (0,02)
0,03 (0,01)
0
0
0
8
4
3
11.984
424.518
35,93 (0,52)
0
215
Total
74
20/09/1999
27/12/2000 *
7*
439*
56,96
349
2.000
4.000
340
45
90
32
4
Início das operações
Número de viagens
(até 5/12/2002)
Dias de mar
(até 5/12/2002)
Comprimento (m)
T.A.B. (Ton)
Motor principal (HP)
Consumo de combustível
(litros/dia)
Capacidade de Carga
(Ton)
Capacidade de
Congelamento (Ton/dia)
Autonomia (dias de mar)
Lotação (tripulantes)
No de Linhas Operando
Simultaneamente
6
31
40
10
260
6.000
1.125
808
54,1
127
3
08/07/2002
4
20
60
4
79
2.300
650
270
35,66
478
12
23/05/2001
4
17
45
2
40
1.000
485
159
27,3
155
4
10/06/2002
4a5
16
45
2
35
1.000
340
183
27,30
158
4
10/06/2002
75
Tabela 2. Características básicas das embarcações, petrechos e forma de processamento da captura das várias embarcações caranguejeiras atuantes no Sul do Brasil. A
embarcação Kinpo Maru 58 iniciou sua operação em 1998, mas somente a partir de 1999 esteve sob controle do MAPA. * Refere-se ao início do acompanhamento desta
embarcação pelo PROA. Todas as demais embarcações foram monitoradas constantemente por este programa.
Kinpo Maru 58
Diomedes
Royalist
Mar Salada
Vichialo
Características das embarcações
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Cônico, com armação de aço e
cobertura de panagem de rede
Base (φ): 140 cm
Topo (φ): 73 cm
Lado: 65 cm
Boca (φ):49 cm
17 kg
60 kg (ancas)
18
450
100mm (entre nós opostos)
Tipo de Covos
Dimensão dos Covos
Peso dos covos
Distância entre os
Covos (m)
No de Covos por
Linha
Tamanho de Malha
dos Covos
Tabela 2. Continuação...
Características do petrecho
76mm (entre nós opostos)
450
25
22 kg
Cônico, com armação de
aço e cobertura de
panagem de rede
Base (φ): 150 cm
Topo (φ): 75 cm
Lado: 75 cm
Boca (φ): 55 cm
45 mm (dimensão do lado
da grade, que é quadrada)
250 – 288
35
30 kg
Trapezoidal, com toda a
estrutura em ferro
(revestimento com grades)
Base: 85x45 cm;
Topo: 65x45 cm;
Lado: 55 cm
Boca (φ): 30 cm
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
50 mm (dimensão do lado
da grade, que é quadrada)
250 – 280
36
25 kg
Trapezoidal, com toda a
estrutura em ferro
(revestimento com grades)
Base: 75x50 cm;
Topo: 65x50 cm;
Lado: 50 cm
Boca (φ): 30 cm
76
50 mm (dimensão do lado
da grade, que é quadrada)
300
36
25 kg
Trapezoidal, com toda a
estrutura em ferro
(revestimento com grades)
Base: 75x50 cm;
Topo: 65x50 cm;
Altura: 50 cm
Boca (φ): 30 cm
Retirada das garras;
Corte do cefalotórax;
Lavagem com retirada da
carapaça e vísceras;
Imersão em solução de
metabissulfito de sódio
Peitos e Garras
classificadas por tamanho
Produtos congelados Carne desfiada e prensada (FE); Caranguejos eviscerados
Caldo grosso (FC); Caldo fino
Tipos: M 98-140g; L
(DR); Bastões (FF, AM, FY), >140g; 2L 130-235g; 3L >
garras e cefalotórax inteiros
235g.
(KS).
Limpeza da carapaça;
Corte do cefalotórax;
cozimento; separação da carne
do exoesqueleto;
aproveitamento dos líquidos.
Classificação por peso e
corte do cefalotórax;
evisceração com escova;
cozimento, congelamento
em salmoura (brine),
Glazing.
Tipo de
Processamento
Tabela 2. Continuação...
Características do processamento
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Peitos e Garras classificadas
por tamanho
Retirada das garras;
Corte do cefalotórax;
Lavagem com retirada da
carapaça e vísceras;
Imersão em solução de
metabissulfito de sódio;
77
Peitos e Garras
classificadas por tamanho
Retirada das garras;
Corte do cefalotórax;
Lavagem com retirada da
carapaça e vísceras;
Imersão em solução de
metabissulfito de sódio.
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Tabela 3. Estatísticas utilizadas na estimativa do percentual de aproveitamento da embarcação Kinpo
Maru 58, a partir das informações obtidas pela embarcação Royalist nas mesmas áreas e períodos.
Valores são médias e respectivos desvios-padrão entre parênteses. O percentual da embarcação Royalist
foi estimado diretamente a bordo.
Número/covo
Kg processado/covo
Peso médio individual
estimado (g)
% aproveitamento
Royalist
Kinpo Maru 58
Razão Royalist/Kinpo
18,85 (14,07)
1,45 (0,90)
0,186 (0,117)
34,2 (16,3)
2,43 (0,91)
0,194 (0,211)
0,551
0,597
-
57%
53%
-
Tabela 4. Profundidades de operação das embarcações caranguejeiras em operação no sul do Brasil.
Profundidade média do lance representa a profundidade média (± I.C.95%) entre o ponto inicial e o final
de lançamento de cada linha de covos. Profundidades mínimas e máximas referem-se às menores e
maiores profundidades absolutas registradas nos lances de cada embarcação. Valores em m.
Embarcação
Royalist
Kinpo Maru 58
Vichialo
Mar Salada
Diomedes
Viagens Lances
11
7
1
1
1
747
908
116
104
119
Profundidade média do lance
Média
700,8 (8,3)
602,5 (8,7)
726,8 (17,5)
778,9 (14,3)
553,4 (17,6)
Mínima-Máxima
409-992
197-949
451-955
467-919
240-816
Profundidades mínimas e
máximas
Mínima
Máxima
290
1103
182
970
441
976
450
951
230
865
78
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Tabela 5. Valores médios trimestrais do esforço de pesca das embarcações caranguejeiras em operação no
sul do Brasil. No. lances e No. covos correspondem ao número total de lances executados e número total
de covos lançados no trimestre, respectivamente. Os demais valores correspondem a médias trimestrais
com os respectivos desvios-padrão entre parênteses.
Embarcação
Esforço
01/2001
172
76.816
447
(26,5)
36,8
(18,6)
16477
(8412)
02/2001
173
78.010
451
(2,9)
35,2
(18,7)
15908
(8486)
Trimestre/Ano
03/2001 04/2001
01/2002
58
176
176
26.250
79.220
80.699
453
450
459
(4,5)
(1,1)
(20,3)
35,7
45,2
39,5
(21,7)
(93,0)
(43,4)
16133
20334
18182
(9761)
(41869)
(20198)
02/2002 03/2002
147
64.974
442
(22,9)
32,6
(14,6)
14422
(6458)
902
405.969
450
(18,1)
37,9
(47,6)
17096
(21529)
No. lances
No. covos
Covos/linha
-
Duração do
lance (h)
Covos.horas
-
43
11.000
256
(68,3)
49,4
(9,1)
12679
(4241)
129
34.884
270
(13,4)
45,6
(17,3)
12351
(4756)
145
40.716
281
(20,9)
46,5
(17,9)
12987
(4884)
164
48.770
297
(4,4)
46,2
(21,9)
13719
(6477)
172
51.606
300
(0,4)
46,4
(25,9)
13938
(7773)
94
28.500
303
(17,7)
41,9
(8,6)
12656
(2873)
747
215.476
288
(25,0)
45,9
(19,8)
13204
(5843)
No. lances
No. covos
Covos/linha
-
-
-
-
-
Duração do
lance (h)
Covos.horas
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
46
6.808
148
(5,8)
50,0
(26,3)
7459
(3989)
70
10.500
150
(0,0)
50,4
(21,7)
7560
(3254)
116
17.308
149
(3,7)
50,3
(23,6)
7517
(3566)
No. lances
No. covos
Mar Salada Covos/linha
-
-
-
-
-
Duração do
lance (h)
Covos.horas
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
46
6.900
150
(0,0)
38,4
(8,1)
5769
(1220)
58
9.140
157
(25,5)
35,9
(6,2)
5418
(938)
104
16.040
154
(19,3)
37,1
(7,2)
5579
(1086)
No. lances
No. covos
Covos/linha
-
-
-
-
-
-
Duração do
lance (h)
Covos.horas
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
118
19.745
167
(84,7)
47
(43,5)
7675
(7255)
118
19.745
167
(84,7)
47
(43,5)
7675
(7255)
No. lances
No. covos
Kinpo Maru Covos/linha
58
Duração do
lance (h)
Covos.horas
Royalist
Vichialo
Diomedes
-
Total
79
80
Tabela 6. Valores médios trimestrais da CPUE (captura por unidade de esforço) das embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist. Os valores correspondem a médias com os
respectivos desvios-padrão entre parênteses.
Embarcação
Trimestre/Ano
Total
01/2001
02/2001
03/2001
04/2001
01/2002
02/2002
03/2002
N/covo
40,0
33,8
37,6
38,3
34,8
31,6
35,8
(12,7)
(16,4)
(4,9)
(17,0)
(18,4)
(14,9)
(16,4)
Kinpo Maru
N/lance
18013
15275
17136
17264
15891
13823
16078
58
(5723)
(7400)
(2404)
(7673)
(8555)
(6443)
(7412)
Kg /lance
2396
2079
1670
1939
2246
1789
2070
(850)
(772)
(491)
(727)
(1056)
(726)
(854)
Kg /covo
5,37
4,61
3,69
4,30
4,87
4,05
4,59
(1,98)
(1,71)
(1,08)
(1,61)
(2,24)
(1,65)
(1,89)
Kg /covo.hora
0,18
0,17
0,14
0,15
0,17
0,14
0,16
(0,11)
(0,19)
(0,07)
(0,09)
(0,11)
(0,07)
(0,12)
Kg processado/lance
1270,2
1102,1
885,5
1027,9
1190,4
948,2
1097,2
(450,6)
(409,4)
(260,3)
(385,3)
(559,5)
(384,9)
(452,7)
Kg processado/covo
2,76
2,35
1,95
2,27
2,58
2,15
2,40
(1,14)
(0,99)
(0,57)
(0,87)
(1,18)
(0,87)
(1,03)
Kg
0,09
0,09
0,07
0,08
0,09
0,07
0,08
processado/covo.hora
(0,06)
(0,06)
(0,04)
(0,04)
(0,06)
(0,04)
(0,06)
N/covo
8,7
4,5
3,6
3,7
4,3
4,6
4,9
(10,7)
(1,7)
(1,3)
(1,0)
(2,1)
(2,4)
(5,0)
Royalist
N/lance
2243
1216
1016
1102
1303
1409
1321
(741)
(121)
(116)
(70)
(201)
(724)
(1016)
Kg /lance
853
802
765
964
648
514
763
(494)
(247)
(268)
(241)
(203)
(197)
(293)
Kg /covo
3,12
2,96
2,69
3,24
2,16
1,70
2,64
(1,64)
(0,92)
(0,89)
(0,83)
(0,67)
(0,66)
(1,02)
Kg /covo.hora
0,06
0,07
0,06
0,07
0,05
0,04
0,06
(0,03)
(0,02)
(0,02)
(0,02)
(0,02)
(0,02)
(0,03)
Kg processado/lance
486
457
436
549
369
293
435
(281)
(140)
(152)
(137)
(116)
(112)
(167)
Kg processado/covo
1,78
1,69
1,54
1,85
1,23
0,97
1,50
(0,94)
(0,53)
(0,51)
(0,47)
(0,38)
(0,38)
(0,03)
Kg
0,04
0,04
0,035
0,04
0,03
0,02
0,03
processado/covo.hora
(0,02)
(0,01)
(0,01)
(0,01)
(0,01)
(0,01)
(0,01)
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Mar Salada
Vichialo
-
-
Kg /covo
Kg /covo.hora
Kg processado/lance
Kg processado/covo
Kg
processado/covo.hora
N/covo
N/lance
Kg /lance
Kg /covo
Kg /covo.hora
Kg processado/lance
Kg processado/covo
Kg
processado/covo.hora
-
-
-
-
-
-
-
-
N/covo
N/lance
Kg /lance
02/2001
-
01/2001
-
Tabela 6. Continuação...
Embarcação
-
-
-
-
-
-
-
-
-
03/2001
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Trimestre/Ano
04/2001
01/2002
-
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
282
(101)
1,88
(0,67)
0,05
(0,02)
140
(50)
0,94
(0,33)
0,02
(0,01)
02/2002
263
(100)
1,76
(0,65)
0,04
(0,02)
453
(170)
2,80
(0,95)
0,08
(0,03)
226
(85)
1,40
(0,47)
0,04
(0,02)
03/2002
297
(162)
1,98
(1,08)
0,05
(0,03)
-
81
379
(168)
2,40
(0,95)
0,07
(0,03)
190
(84)
1,20
(0,48)
0,03
(0,01)
283
(142)
1,89
(0,94)
0,04
(0,02)
-
Total
Diomedes
01/2001
-
N/covo
N/lance
Kg /lance
Kg /covo
Kg /covo.hora
Kg processado/lance
Kg processado/covo
Kg
processado/covo.hora
Tabela 6. Continuação...
Embarcação
-
-
-
-
-
02/2001
-
-
-
-
-
-
03/2001
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Trimestre/Ano
04/2001
01/2002
-
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
-
-
-
-
-
02/2002
-
03/2002
633
(357)
3,30
(1,96)
0,10
(0,13)
374
(211)
1,95
(1,16)
0,06
(0,07)
82
633
(357)
3,30
(1,96)
0,10
(0,13)
374
(211)
1,95
(1,16)
0,06
(0,07)
Total
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Tabela 7. Estimativa dos coeficientes da regressão, no Modelo Linear Generalizado aplicado às taxas de captura
(kg/covo, variável dependente) obtidas pela pesca de covos da frota arrendada direcionada ao caranguejovermelho Chaceon notialis no Sul do Brasil entre janeiro e dezembro de 2001, Modelos I, II, III, IV. EP, erro
padrão; p, probabilidade; ICi, intervalo de confiança inferior; ICs, intervalo de confiança superior.
Nível do fator
Coeficiente
Modelo I
Ln U11I
Est. Prof. II
Est. Prof. III
Est. Lat. II
Trim. II
Trim. III
Trim. IV
ρ2
ρ3
α2
τ2
τ3
τ4
Modelo II
Ln U11I
Est. Prof. II
Est. Prof. III
Est. Lat. II
Trim. II
Trim. III
Trim. IV
Est.Lat.II x Trim.II
Est.Lat.II x Trim.III
Est.Lat.II x Trim.IV
ρ2
ρ3
α2
τ2
τ3
τ4
α2τ2
α2τ3
α2τ4
Modelo III
Ln U11I
Est. Prof. II
Est. Prof. III
Est. Lat. II
Trim. II
Trim. III
Trim. IV
Est.Prof..II x Trim.II
Est.Prof..II x Trim.III
Est.Prof..II x Trim.IV
Est.Prof..III x Trim.II
Est.Prof..III x Trim.III
Est.Prof..III x Trim.IV
ρ2
ρ3
α2
τ2
τ3
τ4
ρ2τ2
ρ2τ3
ρ2τ4
ρ3τ2
ρ3τ3
ρ3τ4
Modelo IV
Ln U11I
Est. Prof. II
Est. Prof. III
Est. Lat. II
Trim. II
Trim. III
Trim. IV
Est.Prof..II x Est.Lat..II
Est.Prof.III x Est.Lat.II
ρ2
ρ3
α2
τ2
τ3
τ4
ρ2α2
ρ3α3
Ln da
EP
estimativa
R2 = 43,5
1,494
0,076
0,053
0,061
0,064
0,073
0,018
0,074
-0,091
0,081
-0,266
0,082
-0,015
0,081
2
R = 87,0
1,371
0,049
0,054
0,040
0,008
0,040
0,313
0,061
0,055
0,061
-0,214
0,090
0,254
0,061
-0,292
0,087
-0,158
0,109
-0,538
0,087
p
Ics
F = 1,943
<0,001
1,653
0,404
0,182
0,395
0,218
0,810
0,173
0,849
0,080
0,011
-0,071
0,854
0,155
F = 8,945
<0,001
1,476
0,205
0,140
0,853
0,094
<0,001
0,445
0,385
0,187
0,337
-0,022
0,001
0,385
0,006
-0,107
0,172
0,075
<0,001 -0,352
Ici
Estimativa
p = 0,142
1,335
4,455
-0,077
1,054
-0,090
1,066
-0,137
1,018
-0,261
0,913
-0,461
0,766
-0,186
0,985
p < 0,001
1,265
3,937
-0,032
1,055
-0,078
1,008
0,182
1,368
-0,076
1,057
-0,407
0,807
0,123
1,289
-0,478
0,747
-0,390
0,854
-0,723
0,584
R2 = 50,6
F = 0,767
1,574
0,125 <0,001
1,850 1,299
-0,037
0,169
0,831
0,335 -0,409
-0,112
0,169
0,522
0,259 -0,484
0,046
0,076
0,547
0,213 -0,120
-0,224
0,169
0,217
0,148 -0,596
-0,375
0,169
0,054
-0,003 -0,747
-0,082
0,169
0,640
0,290 -0,454
0,186
0,239
0,455
0,712 -0,340
0,190
0,270
0,499
0,784 -0,404
0,058
0,239
0,813
0,584 -0,468
0,213
0,239
0,395
0,739 -0,313
0,174
0,270
0,536
0,767 -0,420
0,142
0,239
0,567
0,668 -0,384
R2 = 43,7
F = 1,262
1,496
0,093 <0,001
1,694 1,298
0,051
0,117
0,668
0,230 -0,197
0,025
0,117
0,835
0,273 -0,224
0,049
0,106
0,651
0,275 -0,177
-0,091
0,087
0,313
0,094 -0,276
-0,267
0,100
0,019
-0,054 -0,480
-0,015
0,087
0,864
0,169 -0,120
0,023
0,158
0,887
0,359 -0,313
-0,012
0,158
0,942
0,324 -0,348
p = 0,673
4,823
0,964
0,894
1,047
0,799
0,687
0,921
1,205
1,209
1,060
1,238
1,190
1,153
p = 0,341
4,463
1,052
1,025
1,050
0,913
0,766
0,985
1,023
0,988
Ics
ICi
n = 24
5,225
1,200
1,244
1,189
1,083
0,931
0,168
n = 24
4,374
1,150
1,098
1,560
1,205
0,978
1,470
0,899
1,078
0,703
n = 24
6,631
1,398
1,296
1,237
1,159
0,997
1,337
2,039
2,190
1,793
2,095
2,154
1,950
n=24
5,439
1,349
1,313
1,317
1,098
0,948
1,185
1,432
1,383
83
3,798
0,926
0,914
0,872
0,770
0,631
0,831
3,544
0,968
0,925
1,200
0,927
0,666
1,130
0,620
0,678
0,485
3,664
0,664
0,616
0,887
0,551
0,474
0,635
0,712
0,668
0,626
0,732
0,657
0,681
3,663
0,821
0,800
0,838
0,759
0,619
0,819
0,731
0,706
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Tabela 8. Estimativa dos coeficientes da regressão, no Modelo Linear Generalizado aplicado às taxas de captura
(kg/covo, variável dependente) obtidas pela pesca de covos da frota arrendada direcionada ao caranguejo-real
Chaceon ramosae no Sul do Brasil entre julho de 2001 e junho de 2002, Modelos I, II, III, IV. EP, erro padrão;
p, probabilidade; ICi, intervalo de confiança inferior; ICs, intervalo de confiança superior.
Nível do fator
Coeficiente
Modelo I
Ln U11I
Est. Prof. II
Est. Prof. III
Est. Lat. II
Trim. II
Trim. III
Trim. IV
ρ2
ρ3
α2
τ2
τ3
τ4
Modelo II
Ln U11I
Est. Prof. II
Est. Prof. III
Est. Lat. II
Trim. II
Trim. III
Trim. IV
Est.Lat.II x Trim.II
Est.Lat.II x Trim.III
Est.Lat.II x Trim.IV
ρ2
ρ3
α2
τ2
τ3
τ4
α2τ2
α2τ3
α2τ4
Modelo III
Ln U11I
Est. Prof. II
Est. Prof. III
Est. Lat. II
Trim. II
Trim. III
Trim. IV
Est.Prof..II x Trim.II
Est.Prof..II x Trim.III
Est.Prof..II x Trim.IV
Est.Prof..III x Trim.II
Est.Prof..III x Trim.III
Est.Prof..III x Trim.IV
ρ2
ρ3
α2
τ2
τ3
τ4
ρ2τ2
ρ2τ3
ρ2τ4
ρ3τ2
ρ3τ3
ρ3τ4
Modelo IV
Ln U11I
Est. Prof. II
Est. Prof. III
Est. Lat. II
Trim. II
Trim. III
Trim. IV
Est.Prof..II x Est.Lat..II
Est.Prof.III x Est.Lat.II
ρ2
ρ3
α2
τ2
τ3
τ4
ρ2α2
ρ3α3
Ln da
EP
estimativa
R2 = 77,2
1,171
0,069
0,076
0,068
0,068
0,062
-0,159
0,054
-0,061
0,078
0,123
0,076
-0,312
0,076
2
R = 82,6
1,099
0,079
0,083
0,068
0,068
0,061
0,018
0,112
0,047
0,099
0,190
0,099
-0,209
0,099
-0,270
0,156
-0,171
0,150
-0,244
0,150
p
Ics
F = 8,468
<0,000
1,312
0,285
0,220
0,290
0,199
0,010
-0,044
0,447
0,104
0,125
0,283
0,001
-0,152
F = 6,326
<0,001
1,268
0,241
0,229
0,284
0,198
0,878
0,259
0,646
0,259
0,079
0,402
0,056
0,003
0,011
0,066
0,276
0,150
0,129
0,077
Ici
Estimativa
p < 0,001
1,026
3,225
-0,068
1,079
-0,063
1,070
-0,273
0,853
-0,227
0,941
-0,037
1,131
-0,472
0,732
p = 0,002
0,930
3,001
-0,062
1,087
-0,062
1,070
-0,223
1,018
-0,165
1,048
-0,022
1,209
-0,421
0,812
-0,605
0,764
-0,492
0,843
-0,565
0,783
R2 = 79,7
F = 2,941
1,205
0,112 <0,001
1,452 0,959
0,063
0,188
0,746
0,477 -0,351
-0,008
0,151
0,958
0,324 -0,341
-0,162
0,068
0,040
-0,013 -0,310
-0,127
0,151
0,424
0,206 -0,459
0,122
0,151
0,440
0,455 -0,210
-0,377
0,151
0,034
-0,044 -0,709
-0,006
0,262
0,982
0,570 -0,582
-0,038
0,241
0,879
0,493 -0,569
0,078
0,241
0,754
0,609 -0,453
0,166
0,214
0,456
0,637 -0,304
0,032
0,214
0,886
0,502 -0,439
0,106
0,214
0,631
0,577 -0,364
R2 = 77,5
F = 5,597
1,181
0,084 <0,001
1,359 1,003
0,055
0,094
0,566
0,254 -0,144
0,067
0,094
0,489
0,266 -0,133
-0,173
0,094
0,087
0,026 -0,373
-0,061
0,084
0,048
0,117 -0,239
0,118
0,082
0,174
0,292 -0,057
-0,317
0,082
0,002
-0,143 -0,492
0,057
0,151
0,716
0,378 -0,264
0,003
0,132
0,983
0,285 -0,279
p = 0,057
3,337
1,065
0,992
0,851
0,881
1,130
0,686
0,994
0,963
1,081
1,181
1,032
1,112
p = 0,003
3,257
1,057
1,069
0,841
0,941
1,125
0,728
1,059
1,003
Ics
Ici
n = 24
3,729
1,246
1,220
0,956
1,110
1,327
0,859
N = 24
3,553
1,257
1,219
1,295
1,295
1,495
1,003
1,068
1,162
1,080
n = 24
4,270
1,611
1,383
0,987
1,229
1,576
0,957
1,768
1,637
1,838
1,890
1,652
1,780
n=24
3,893
1,290
1,305
1,026
1,124
1,340
0,867
1,460
1,329
84
2,789
0,934
0,939
0,761
0,797
0,964
0,624
2,534
0,940
0,940
0,800
0,848
0,978
0,657
0,546
0,611
0,568
2,608
0,704
0,711
0,733
0,632
0,810
0,492
0,559
0,566
0,636
0,738
0,645
0,695
2,726
0,866
0,876
0,689
0,787
0,945
0,611
0,768
0,756
Chaceon
notialis
Chaceon
ramosae
200-900
200-900
Total
500-900
Total
34-34o40’
500-900
29-30
200-900
500-900
28-29
33-34
500-900
27-28
553
416
137
534
247
226
61
392.127
151.935
240.192
783.285
220.275
278.720
284.290
51,30
(48,17-54,43)
52,78
(50,77-54,78)
51,87
(49,86-53,88)
16,93
(15,41-18,46)
25,38
(24,37-26,38)
21,83
(21,02-22,65)
21,31
(20,63-21,99)
13,90
(12,64-15,15)
20,83
(20,01-21,65)
17,92
(17,25-18,59)
17,49
(16,93-18,05)
12.321,8
43,17
(11.570,0-13.073,6) (40,54-45,80)
8.019,1
44,41
(7.713.7-8.322.9) (42,73-46,10)
20.340,5
43,65
(19.551,4-21.127,8) (41,96-45,34)
4.812,8
(4.380,7-5.247,8)
7.073,9
(6.792,4-7.352,6)
4.808,6
(4.630,2-4.989,2)
16.695,7
(16.159,2-17.224,4)
10.369,1
(9.737,4-11.000,8)
6.747,4
(6.492,2-7.004,2)
17.117,8
(16.453,6-17.779,0)
3.951,5
(3.593,3-4.306,8)
5.805,7
(5.577,2-6.034,3)
3.947,3
(3.799,7-4.094,9)
13.703,1
(13.261,0-14.138,3)
36,36
(34,15-38,58)
37,41
(35,99-38,83)
36,77
(35,35-38,19)
11,80
(10,74-12,87)
17,69
(16,99-18,38)
15,22
(14,65-15,78)
14,86
(14,39-15,33)
85
8.733,4
(8.202,5-9.266.6)
5.683,9
(5.468,1-5.899,6)
14.418,0
(13.861,7-14.975,3)
3.354,5
(3.053,2-3.658,7)
4.930,5
(4.735,4-5.122,9)
3.352,6
(3.227,0-3.475,9)
11.636,4
(11.271,5-12.007,7)
Tabela 9. Estimativas de biomassa total dos caranguejos-de-profundidade C. notialis e C. ramosae disponível à pesca nos fundos de pesca localizados no sul do Brasil. N
= número de lances utilizados na estimativa de biomassa dentro de cada estrato latitudinal. Os valores entre parênteses correspondem aos limites de confiança de 95%.
Espécie
Latitude Profundidade N
Área
Raio 25 m
Raio 30 m
Raio 35 m
(oS)
(m)
(ha)
Biomassa
Biomassa total
Biomassa
Biomassa total
Biomassa
Biomassa total
(Kg/ha)
(t)
(Kg/ha)
(t)
(Kg/ha)
(t)
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
302.000
470.000
2.086.000
1.098.000
92.000
732.000
499.200
392.127
453.000
253.000
439.000
418.000
276.700
218.600
783.285
C. maritae
Costa do Marfim
Congo
Angola
SW Africa
SW Africa
SW África
SW Africa
Namibia
C. notialis
Uruguai
Brasil
C. quinquedens
USA
USA
USA
USA
Canada
Canada
C. ramosae
Brasil
500-900
230-1650
230-1650
230-1650
230-1650
180-900
183-732
300-900
200-900
400-800
300-700
400-800
400-800
295-849
295-849
350-1000
500-800
14,9
<82,2
<79,7
<157,3
<114,0
0,9-14,6
99
44,4
43,6
12,3-23,6
22,1-40,8
8,6-16,6
43,3-83,4
<6,9
<14,4
<55,5
-
11.636
3.736
2.614
12.196
8.154
1.136
4.970
22.220
17.118
3.700-7.100
10.500-19.400
18.000-34.600
47.600-91.600
17.648
Armadilhas/EFA
Fotografia
Fotografia
Fotografia
Fotografia
Armadilhas/EFA
Armadilhas/EFA
Armadilhas/EFA
Armadilhas/EFA
Armadilhas
Armadilhas
Armadilhas
Armadilhas
Arrasto
Fotografia
Fotografia
Marca-e-recaptura
Este trabalho
Wigley et al. (1975)
Wigley et al. (1975)
Wigley et al. (1975)
Wigley et al. (1975)
Stone & Bailey (1980)
McElman & Elner (1982)
Defeo et al. (1992)
Este trabalho
Cayre et al. (1979)
Cayre et al. (1979)
Cayre et al. (1979)
Cayre et al. (1979)
Beyers & Wilke (1980)
Melville-Smith (1983)
Melville-Smith (1985)
Beyers (1994)
Tabela 10. Estimativas de biomassa para caranguejos gerionídeos do Atlântico. Adaptado de Hastie (1995). EFA: Método da Área Efetiva de Pesca.
Espécie/Área
Área investigada
Profundidade
Estimativas de Biomassa
Método de
Fonte
(ha)
(m)
Kg/ha
Biomassa total (t)
avaliação
Chaceon fenneri
USA
348-787
6.160
Observação direta
Lindberg et al. (1990)
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
86
Área do estoque
(m2)
3.921.270.000
7.832.850.000
Espécie
C. notialis
C. ramosae
1.719,5
1.067,5
Área de
atração do
covo (m2)
0,000000220
0,000000272
q
11.636,4
17.117,8
Bo
(t)
5.818,2
8.558,9
BRMS
(t)
1,277
2,328
CPUERMS
Kg/covo
1,689
(1,684-1,694)
(2,151-2,163)
(1,846-1,856)
(4,298-4,321)
2,157
1,851
CPUE
CPUERMS
4,309
CPUE
Kg/covo
0,730
0,801
CPUET 2
CPUET 1
0,732
0,985
Coef.
GLM
T1-T4
87
Tabela 11. Indicadores do estado dos estoques do caranguejo-vermelho (Chaceon notialis) e caranguejo-real (Chaceon ramosae) explotados pela frota arrendada
de covos no sul do Brasil entre 1999 e 2002.
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Tabela 12. Estimativas do número médio (mínimo-máximo) de dias de mar necessários para se atingir o
Rendimento Máximo Sustentável (RMS) do caranguejo-vermelho C. notialis e do caranguejo-real C.
ramosae nas respectivas áreas de pesca, assumindo-se diferentes cenários de operação das embarcações já
existentes e as respectivas capturas médias registradas por dia de mar. Valores em negrito representam
situações compatíveis com os RMS estimados e que poderiam ser consideradas no manejo em 2003.
Células sombreadas representam cenários atuais de operação da frota.
Espécie
RMS
Kinpo Maru 58
Diomedes
Kinpo Maru 58 + Diomedes
C. notialis
1.027,0 t
263
(219–330)
>365
>365
>365
>365
>365
Royalist + Mar Salada
>365
Royalist + Diomedes
Vichialo + Mar Salada
345
(283->365)
>365
Vichialo + Diomedes
>365
Royalist+Vichialo+Mar Salada
Royalist+Vichialo+Diomedes
Royalist+Mar Salada+Diomedes
Vichialo+Mar Salada+Diomedes
Royalist+Vichialo+Mar
Salada+Diomedes
313
(260 - >365)
177
(147–222)
Royalist
Vichialo
Mar Salada
Royalist + Vichialo
Mar Salada + Diomedes
C. ramosae
593,5 t
355
(295->365)
348
(285->360)
267
(220-341)
258
(212-329)
273
(227-342)
212
(175-269)
>365
>365
>365
305
(248->365)
285
(232->365)
199
(163-256)
318
(264->365)
215
(179-269)
205
(170-257)
201
(165-258)
154
(127-197)
149
(123-190)
158
(131-198)
123
(101-156)
88
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
7. FIGURAS
A
B
Figura 1. Caranguejos-de-profundidade capturados no litoral sul do Brasil. A. Caranguejo-vermelho
Chaceon notialis. B. Caranguejo-real Chaceon ramosae.
89
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Kimpo Maru 58
80000
2000
Covos
Caranguejos
1750
60000
1500
50000
1250
40000
1000
30000
750
20000
500
10000
250
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Covos
Caranguejos
70000
0
Mês
Covos
Caranguejos
Caranguejos
18000
3000
2700
16000
2400
14000
2100
12000
1800
10000
1500
8000
1200
6000
900
4000
600
2000
300
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Covos
Royalist
20000
0
Mês
Figura 2. Número de covos amostrados e número de caranguejos contabilizados por mês nas embarcações
Kinpo Maru 58 e Royalist para as estimativas de rendimento (CPUE).
90
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
2000
Toneladas
1800
Emalhe
Diomedes
1600
Vichialo
1400
Mar Salada
1200
Royalist
Kimpo Maru 58
1000
800
600
400
200
0
1999
2000
2001
2002
Ano
Figura 3. Captura anual do caranguejo-de-profundidade (Chaceon notialis e C. ramosae) no sul do Brasil,
realizada pelas embarcações caranguejeiras Diomedes, Vichialo, Mar Salada, Royalist e Kinpo Maru 58,
e pelas embarcações de emalhe de fundo voltadas a captura do peixe-sapo Lophius gastrophysus. As
capturas de 2002 referem-se apenas ao período janeiro-agosto. As capturas do Kinpo Maru 58 referentes
ao ano de 1999 contemplam apenas as viagens efetuadas sob controle do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
280
240
Toneladas
200
160
120
80
40
Emalhe
Diomedes
Mar Salada
0
Vichialo
S/99 N J/00 M M J S N J/01 M M J S N J/02 M M J
O D F A J A O D F A J A O D F A J A
Royalist
Kimpo Maru 58
Mês/Ano
Figura 4. Captura mensal do caranguejo-de-profundidade (Chaceon notialis e C. ramosae) no sul do
Brasil, realizada pelas embarcações caranguejeiras Diomedes, Vichialo, Mar Salada, Royalist e Kinpo
Maru 58, e pelas embarcações de emalhe de fundo voltadas a captura do peixe-sapo Lophius
gastrophysus. As produções de julho e agosto de 2002 são subestimadas, pois ainda não contemplam a
produção da frota de emalhe.
91
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
21
22
Rio de Janeiro
23
Santos
24
200 m
100 m
25
500 m
Paranaguá
26
Itajaí
Latitude S
27
Florianópolis
28
Cabo de
Santa Marta
29
30
31
32
Rio Grande
33
Kimpo Maru 58
CPUE (kg/covo)
34
0 - 5
5 - 10
10 - 15
15 - 20
35
36
54
53
52
51
50
49
48
47
46
45
44
43
42
41
Longitude W
Figura 5. Distribuição dos lances de pesca e respectivas CPUEs (capturas por unidade de esforço) em
kg/covo para a embarcação Kinpo Maru 58 entre janeiro de 2001 e agosto de 2002.
92
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
22
Rio de Janeiro
23
Santos
24
200 m
100 m
25
500 m
Paranaguá
26
Itajaí
Latitude S
27
Florianópolis
28
Cabo de
Santa Marta
29
30
31
32
Rio Grande
33
Royalist
CPUE (kg/covo)
34
0 1.7
3.4
5.1
35
36
54
53
52
51
50
49
48
47
46
45
44
43
42
1.7
- 3.4
- 5.1
- 6.8
41
Longitude W
Figura 6. Distribuição dos lances de pesca e respectivas CPUEs (capturas por unidade de esforço) em
kg/covo para a embarcação Royalist entre maio de 2001 e junho de 2002.
93
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
22
23
24
25
Latitude S
26
27
28
29
30
31
32
33
Diomedes
Mar Salada
34
Royalist
35
36
Vichialo
50
100
150
200
250
300
Dias
350
400
450
500
550
Figura 7. Latitudes de operação das embarcações caranguejeiras Diomedes, Mar Salada, Royalist e Vichialo
no sul do Brasil, obtidas a partir dos posicionamentos recebidos pelo sistema de rastreamento por satélite
controlado pelo PREA. Os dias referem-se a dias corridos contados a partir de 23 de maio de 2001, data de
início das operações do Royalist.
94
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
820
Profundidade média (m)
780
740
I.C. 95%
E. P.
Média
700
660
620
580
540
500
Kimpo Maru 58
Royalist
Vichialo
Diomedes
Mar Salada
Embarcação
Figura 8. Profundidades médias de operação das embarcações caranguejeiras atuantes no sul do Brasil.
95
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Kimpo Maru 58
850
Profundidade média (m)
800
750
700
650
600
550
500
1/2001
2/2001
3/2001
4/2001
1/2002
2/2002
3/2002
1/2002
2/2002
3/2002
Trimestre/Ano
Royalist
850
Profundidade média (m)
800
750
700
650
600
550
500
1/2001
2/2001
3/2001
4/2001
Trimestre/Ano
Figura 9. Profundidades médias de operação (± E.P.) das embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist,
discriminadas por trimestre e ano.
96
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Chaceon ramosae
Chaceon notialis
Figura 10. Representação tridimensional dos principais fundos de pesca do caranguejo-real Chaceon
ramosae e do caranguejo-vermelho C. notialis no sul do Brasil, obtida a partir das capturas efetuadas
pelas embarcações Royalist e Kinpo Maru 58, respectivamente. Os pontos referem-se às posições dos
lances de pesca executados pelas referidas embarcações.
97
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Chaceon notialis
5.5
5.0
4.5
Kg/covo
4.0
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1/2001
2/2001
3/2001
4/2001
1/2002
2/2002
3/2002
2/2002
3/2002
Trimestre/Ano
Chaceon ramosae
5.5
5.0
4.5
Kg/covo
4.0
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1/2001
2/2001
3/2001
4/2001
1/2002
Trimestre/Ano
Figura 11. Rendimentos médios (Kg/covo) (± E.P.) obtidos pelas embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist
na captura do caranguejo-vermelho Chaceon notialis e do caranguejo-real C. ramosae respectivamente,
discriminados por trimestre e ano.
98
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Chaceon notialis
5.5
5.0
Kg/covo
4.5
4.0
3.5
3.0
2.5
2.0
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
800
900
1000
Profundidade (m)
Chaceon ramosae
5.5
5.0
Kg/covo
4.5
4.0
3.5
3.0
2.5
2.0
200
300
400
500
600
700
Profundidade (m)
Figura 12. Rendimentos médios (Kg/covo) (± E.P.) obtidos pelas embarcações Kinpo Maru 58 e Royalist
na captura do caranguejo-vermelho Chaceon notialis e do caranguejo-real C. ramosae respectivamente,
discriminados por intervalo de profundidade.
99
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Chaceon notialis
5.0
4.5
4.0
Kg/covo
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
-34
-33
-32
-31
-30
-29
-28
-27
-26
-28
-27
-26
o
Latitude ( S)
Chaceon ramosae
5.0
4.5
4.0
Kg/covo
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
-34
-33
-32
-31
-30
-29
o
Latitude ( S)
Figura 13. Distribuição latitudinal dos rendimentos médios (Kg/covo) (± E.P.) obtidos pelas embarcações
Kinpo Maru 58 e Royalist na captura do caranguejo-vermelho Chaceon notialis e do caranguejo-real C.
ramosae respectivamente.
100
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Chaceon notialis - Inverno
7
6
6
5
5
4
4
Kg/covo
Kg/covo
Chaceon notialis - Verão
7
3
3
2
2
1
1
0
200
300
400
500
600
700
800
900
0
1000
200
300
400
Profundidade (m)
6
6
5
5
4
4
3
2
1
1
400
500
600
700
Profundidade (m)
800
900
1000
900
1000
3
2
300
700
Chaceon notialis - Primavera
7
Kg/covo
Kg/covo
Chaceon notialis - Outono
200
600
Profundidade (m)
7
0
500
800
900
1000
0
200
300
400
500
600
700
800
Profundidade (m)
Figura 14. Rendimentos médios (Kg/covo) (± E. P.) obtidos pela embarcação Kinpo Maru 58 na captura
do caranguejo-vermelho Chaceon notialis discriminados por intervalo de profundidade e estação do ano.
101
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Chaceon notialis - Inverno
9
8
8
7
7
6
6
5
5
Kg/covo
Kg/covo
Chaceon notialis - Verão
9
4
3
4
3
2
2
1
1
0
0
-34.5 -33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 28.5 -27.5 -26.5
-34
-33
-32
-31
-30
-29
-28
-27
-26
o
o
Latitude ( S)
Latitude ( S)
Chaceon notialis - Primavera
9
8
8
7
7
6
6
5
5
Kg/covo
Kg/covo
Chaceon notialis - Outono
9
4
3
4
3
2
2
1
1
0
-34.5 -33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 -27.5 -26.5
-34
-33
-32
-31
-30
-29
-28
-27
-26
o
Latitude ( S)
-34.5 -33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 -27.5 -26.5
-34
-33
-32
-31
-30
-29
-28
-27
-26
0
-34.5 -33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 27.5 -26.5
-34
-33
-32
-31
-30
-29
-28
-27
-26
o
Latitude ( S)
Figura 15. Rendimentos médios (Kg/covo) (± E. P.) obtidos pela embarcação Kinpo Maru 58 na captura
do caranguejo-vermelho Chaceon notialis discriminados por latitude e estação do ano.
102
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Chaceon ramosae - Inverno
Kg/covo
Kg/covo
Chaceon ramosae - Verão
6.0
5.5
5.0
4.5
4.0
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
6.0
5.5
5.0
4.5
4.0
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
200
300
400
Profundidade (m)
200
300
400
500
600
700
Profundidade (m)
600
700
800
900
1000
900
1000
Chaceon ramosae - Primavera
Kg/covo
Kg/covo
Chaceon ramosae - Outono
6.0
5.5
5.0
4.5
4.0
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
500
Profundidade (m)
800
900
1000
6.0
5.5
5.0
4.5
4.0
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
200
300
400
500
600
700
800
Profundidade (m)
Figura 16. Rendimentos médios (Kg/covo) (± E. P.) obtidos pela embarcação Royalist na captura do
caranguejo-real Chaceon ramosae discriminados por intervalo de profundidade e estação do ano.
103
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Chaceon ramosae - Inverno
5.5
5.0
5.0
4.5
4.5
4.0
4.0
3.5
3.5
Kg/covo
Kg/covo
Chaceon ramosae - Verão
5.5
3.0
2.5
2.0
3.0
2.5
2.0
1.5
1.5
1.0
1.0
0.5
0.5
-34
-33
-32
-31
-30
-29
-28
-27
-26
-33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 -27.5 -26.5
o
o
Latitude ( S)
Latitude ( S)
Chaceon ramosae - Primavera
5.5
5.0
5.0
4.5
4.5
4.0
4.0
3.5
3.5
Kg/covo
Kg/covo
Chaceon ramosae - Outono
5.5
3.0
2.5
2.0
3.0
2.5
2.0
1.5
1.5
1.0
1.0
0.5
-34
-33
-32
-31
-30
-29
-28
-27
-26
-33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 -27.5 -26.5
o
Latitude ( S)
-34
-33
-32
-31
-30
-29
-28
-27
-26
-33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 -27.5 -26.5
0.5
-34
-33
-32
-31
-30
-29
-28
-27
-26
-33.5 -32.5 -31.5 -30.5 -29.5 -28.5 -27.5 -26.5
o
Latitude ( S)
Figura 17. Rendimentos médios (Kg/covo) (± E. P.) obtidos pela embarcação Royalist na captura do
caranguejo-real Chaceon ramosae discriminados por latitude e estação do ano.s
104
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
A1
Coeficientes
0.8
0.6
0.4
0.2
0
B
I/2001
III/2001
II/2001
Trimestres
IV/2001
I/2001
III/2001
II/2001
Estratos de profundidade
IV/2001
1.4
Coeficientes
1.2
1
0.8
0.6
L33
1.2
Coeficientes
C
L34
1
0.8
0.6
I/2001
III/2001
II/2001
Estratos de profundidade
<550m
550-650m
IV/2001
>650m
Figura 18. Variação dos coeficientes trimestrais de abundância estimados a partir do ajuste de um Modelo
Linear Generalizado às taxas médias logaritmizadas de captura do caranguejo-vermelho Chaceon notialis
obtidas pela frota arrendada de pesca de covos no Sul do Brasil em 2001. A, Modelo I; B, Modelo II
(trimestres x estratos latitudinais); C, Modelo III (trimestres x estratos batimétricos).
105
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
A
1.2
1
Coeficientes
0.8
0.6
0.4
0.2
0
B
<550m
550-650m
Estratos de profundidade
>650m
<550
550-650
Estratos de profundidade
>650
1.2
Coeficientes
1.1
1
0.9
0.8
I/2001
C
II/2001
III/2001
IV/2001
1.08
Coeficientes
1.06
1.04
1.02
1
0.98
<550M
550-650
Estratos Latitudinais
L33
>650
L34
Figura 19. Variação dos coeficientes batimétricos de abundância estimados a partir do ajuste de um
Modelo Linear Generalizado às taxas médias logaritmizadas de captura do caranguejo-vermelho Chaceon
notialis obtidas pela frota arrendada de pesca de covos no Sul do Brasil em 2001. A, Modelo I; B, Modelo
III (estratos batimétricos x trimestres); C, Modelo IV (estratos batimétricos x estratos latitudinais).
106
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
A
1.2
1
Coeficientes
0.8
0.6
0.4
0.2
0
B
L33
Estratos latitudinais
L34
1.4
Coeficientes
1.2
1
0.8
0.6
L33
I/2001
Estratos Latitudinais
II/2001
III/2001
L34
IV/2001
Figura 20. Variação dos coeficientes latitudinais de abundância estimados a partir do ajuste de um
Modelo Linear Generalizado às taxas médias logaritmizadas de captura do caranguejo-vermelho Chaceon
notialis obtidas pela frota arrendada de pesca de covos no Sul do Brasil em 2001. A, Modelo I; B, Modelo
II (estratos latitudinais x trimestres).
107
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
A
1.2
1
Coeficientes
0.8
0.6
0.4
0.2
0
B
III/2001
IV/2001
Trimestres
I/2002
II/2002
1.4
1.2
Coeficientes
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0
III/2001
IV/2001
Trimestres
Lat 28
C
I/2002
II/2002
Lat 29
1.2
Coeficiente
1
0.8
0.6
0.4
III/2001
IV/2001
<650m
Trimestres
I/2002
650-750m
II/2002
>750m
Figura 21. Variação dos coeficientes trimestrais de abundância estimados a partir do ajuste de um Modelo
Linear Generalizado às taxas médias logaritmizadas de captura do caranguejo-real Chaceon ramosae
obtidas pela frota arrendada de pesca de covos no Sul do Brasil entre julho de 2001 e junho de 2002. A,
Modelo I; B, Modelo II (trimestres x estratos latitudinais); C, Modelo III (trimestres x estratos
batimétricos).
108
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
A
1.2
1
Coeficientes
0.8
0.6
0.4
0.2
0
B
<650
650-750m
Estratos de profundidade
>750m
650-750m
>750m
1.2
Coeficiente
1.1
1
0.9
0.8
<650
Estratos de Profundidade
III/2001
C
IV/2001
I/2002
II/2002
1.2
1
Coeficientes
0.8
0.6
0.4
0.2
0
<650
650-750m
Estratos de profundidade
Lat 28
>750m
Lat 29
Figura 22. Variação dos coeficientes batimétricos de abundância estimados a partir do ajuste de um
Modelo Linear Generalizado às taxas médias logaritmizadas de captura do caranguejo-real Chaceon
ramosae obtidas pela frota arrendada de pesca de covos no Sudeste e Sul do Brasil entre julho de 2001 e
junho de 2002. A, Modelo I; B, Modelo III (estratos batimétricos x trimestres); C, Modelo IV (estratos
batimétricos x estratos latitudinais).
109
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
A
1.2
1
Coeficientes
0.8
0.6
0.4
0.2
0
L28
L29
Latitude
B
1.2
1
Coeficientes
0.8
0.6
0.4
0.2
0
L28
Estratos de profundidade
III/2001
IV/2001
I/2002
L29
II/2002
Figura 23. Variação dos coeficientes latitudinais de abundância estimados a partir do ajuste de um
Modelo Linear Generalizado às taxas médias logaritmizadas de captura do caranguejo-real Chaceon
ramosae obtidas pela frota arrendada de pesca de covos no Sudeste e Sul do Brasil entre julho de 2001 e
junho de 2002. A, Modelo I; B, Modelo II (estratos latitudinais x trimestres).
110
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
Chaceon notialis
70
25 m
30 m
35 m
65
60
Kg/ha
55
50
45
40
35
30
25
1/2001
2/2001
3/2001
4/2001
1/2002
2/2002
3/2002
Trimestre/Ano
Chaceon ramosae
45
25 m
30 m
35 m
40
35
Kg/ha
30
25
20
15
10
5
1/2001
2/2001
3/2001
4/2001
1/2002
2/2002
3/2002
Trimestre/Ano
Figura 24. Biomassas médias (Kg/ha) (± E.P.) do caranguejo-vermelho Chaceon notialis e do caranguejoreal C. ramosae por trimeste e ano, estimadas a partir das capturas efetuadas pelas embarcações Kinpo
Maru 58 Royalist, respectivamente. As linhas refletem estimativas efetuadas para os três diferentes raios
de ação das armadilhas utilizados neste estudo.
111
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
RMS = BO.M.X
Rendimento (t)
RMS
Zona
de
Alerta
Zona
Não -Segura
BRMS
95%BRMS
Zona
Segura
Bo
Biomassa do Estoque (t)
Figura 25. Representação esquemática da relação entre o rendimento em equilíbrio de uma pescaria Ye e a
biomassa do estoque B, segundo o Modelo de Dinâmica da Biomassa de Graham-Schaefer. O modelo propõe que
o Rendimento Máximo Sustentável (RMS) de uma pescaria é obtido quando a biomassa do estoque (Bm) é
aproximadamente a metade da biomassa do estoque virginal Bo. (fator de correção X = 0,5). De acordo com os
pressupostos clássicos do modelo de crescimento populacional assumido (logístico) a taxa de mortalidade por
pesca que produzirá RMS (Fm) é igual à mortalidade natural M.
112
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
22
Rio de Janeiro
23
Santos
24
25
Paranaguá
100 m
Latitude S
26
200 m
27
Itajaí
28
Florianópolis
Cabo de
Santa Marta
29
500 m
Caranguejo-real
30
31
32
Rio Grande
33
34
Caranguejo-vermelho
35
54
53
52
51
50
49
48
47
46
45
44
43
42
41
40
39
38
Longitude W
Figura 26. Delimitação dos estoques de caranguejo-real Chaceon ramosae e caranguejo-vermelho C. notialis
no Sul do Brasil. Neste último caso, encontra-se indicada em cor mais clara, a extensão do estoque em águas
uruguaias.
113
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
A
2.200,0
2.000,0
Raio de atração = 25m
1.800,0
M=0,20
1.600,0
RMS (t)
1.400,0
1.200,0
M=0,15
1.000,0
800,0
M=0,10
600,0
400,0
200,0
0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50
X
B
2.200,0
2.000,0
Raio de atração = 30m
1.800,0
1.600,0
RMS (t)
1.400,0
1.200,0
PR
1.000,0
800,0
600,0
400,0
200,0
0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50
X
C
2.200,0
2.000,0
Raio de atração = 35m
1.800,0
1.600,0
RMS (t)
1.400,0
1.200,0
1.000,0
800,0
600,0
400,0
200,0
0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50
X
Figura 27. Variação da estimativa do Rendimento Máximo Sustentável (RMS) do caranguejovermelho Chaceon notialis no Sul do Brasil a partir do modelo de Graham-Schaefer e a relação RMS
= X.M.Bo, onde se considerou que a mortalidade natural M variou entre 0,10 (A), 0,15 (B) e 0,20 (C).
Bo corresponde à Biomassa Virginal.
114
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
A
2.200,0
2.000,0
Raio de atração = 25m
1.800,0
M=0,20
1.600,0
RMS (t)
1.400,0
M=0,15
1.200,0
1.000,0
M=0,10
800,0
600,0
400,0
200,0
0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50
X
B
2.200,0
2.000,0
Raio de atração = 30m
1.800,0
1.600,0
RMS (t)
1.400,0
M=0,20
1.200,0
M=0,15
1.000,0
800,0
M=0,10
600,0
400,0
200,0
0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50
X
C
2.200,0
2.000,0
Raio de atração = 35m
1.800,0
1.600,0
RMS (t)
1.400,0
M=0,20
1.200,0
1.000,0
800,0
600,0
M=0,15
PR
M=0,10
400,0
200,0
0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50
X
Figura 28. Variação da estimativa do Rendimento Máximo Sustentável (RMS) do caranguejo-real
Chaceon ramosae no Sul do Brasil a partir do modelo de Graham-Schaefer e a relação RMS =
X.M.Bo, onde se considerou que a mortalidade natural M variou entre 0,10 (A), 0,15 (B) e 0,20 (C).
Bo corresponde à Biomassa Virginal.
115
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
ANEXO I
Embarcações, petrechos e características de processamento das
embarcações caranguejeiras arrendadas em operação no Sul do Brasil
116
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
1. Embarcação arrendada de covos (B/P Mar Salada)
2. Embarcação arrendada de covos (B/P Kinpo Maru Nº58)
3. Embarcação arrendada de covos (B/P Vichialo)
4. Lançamento da linha de covos (B/P Diomedes)
5. Lançamento da linha de covos (B/P Kinpo Maru Nº 58)
6. Lançamento da linha de covos (B/P Mar Salada)
117
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
7. Recolhimento da linha de covos (B/P Kinpo Maru Nº58) 8. Recolhimento e despesca dos covos (B/P Diomedes)
9. Recolhimento da linha de covos (B/P Royalist)
10. Despesca dos covos (B/P Kinpo Maru Nº58)
11. Despesca dos covos (B/P Royalist)
12. Iscagem dos covos
118
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
13. Ponte de comando da embarcação Kinpo Maru Nº58
14. Ponte de comando da embarcação Royalist
15. Armadilha utilizada pela embarcação Royalist
16. Armadilha utilizada pela embarcação Royalist
17. Local de armazenamento dos covos, proa do B/P
Royalist
18. Armadilha utilizada pela embarcação Kinpo Maru Nº58
119
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
19. Parque de processamento da embarcação Kinpo Maru
20. Parque de processamento da embarcação Mar Salada
Nº58
21. Processo de retirada da carne das patas B/P Kinpo Maru
Nº58
22. Escovação e lavagem, processamento B/P Mar Salada
23. Embalagem das garras, produto denominado de “Bocas”
24. Embalagem do corpo e patas, produto denominado de
“Peitos”
120
Análise da Pescaria dos Caranguejos-de-profundidade no Sul do Brasil – Anos2001-2002
Convênio UNIVALI – MAPA
25. Mesa onde são classificados e embalados os produtos
26. Produto preparado para ir ao tanque
de cozimento
27. Tanque de cozimento e resfriamento B/P Kinpo Maru
Nº58
28. Produto denominado de “KS” (garras
e cefalotórax)
29. Produto retirado das patas (FF, AM, FY) sendo embalado.
121