Alterações assintomáticas de o
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Alterações assintomáticas de o
Carolina Fanaro da Costa Damato Alterações assintomáticas de orelha média e sua relação com o desempenho escolar de crianças da 1ª série do ensino fundamental de uma escola da região sul do município de São Paulo, segundo a percepção de mães e professores. Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade Santo Amaro para a obtenção do título de Mestre em Saúde Materno-Infantil. São Paulo 2005 Carolina Fanaro da Costa Damato Alterações assintomáticas de orelha média e sua relação com o desempenho escolar de crianças da 1ª série do ensino fundamental de uma escola da região sul do município de São Paulo, segundo a percepção de mães e professores. Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade Santo Amaro para a obtenção do título de Mestre em Saúde Materno-Infantil, sob orientação do Prof. Dr. Miguel Bogossian e co-orientação da Dra Maria Rosa Carvalho de Souza Machado. São Paulo 2005 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Dr. Milton Soldani Afonso Campus I D162a Damato, Carolina Fanaro da Costa Alterações assintomáticas de orelha média e sua relação com o desempenho escolar de crianças da 1a série do ensino fundamental de uma escola da região sul do município de São Paulo / Carolina Fanaro da Costa Damato. Orientação do Prof. Dr. Miguel Bogossian e coOrientação da Dra. Maria Rosa Carvalho de Souza Machado. --São Paulo:2005. 114p. Dissertação (Mestrado). Área de Concentração em Saúde Materno - Infantil. Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro. . 1. Fonoaudiologia 2. Audição 3. Aprendizagem 4. Audiologia 5. Transtornos de aprendizagem I. Título LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Orelhas de crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo os resultados da otoscopia ..................................................................................................43 Tabela 2 – Orelhas de crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo os tipos de curva timpanométrica ................................................................................................44 Tabela 3 – Orelhas de crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo limiares auditivo detectados na audiometria.................................................................................44 Tabela 4 – Crianças da 1ª série do ensino fundamental com audiometria alterada, segundo a presença (+) ou ausência (-) de queixas auditivas por parte da mãe; professor e alteração dos exames timpanométrico e otoscópico ...................................45 Tabela 5 – Crianças da 1ª série do ensino fundamental com audiometria normal, segundo a presença (+) ou ausência (-) de queixas auditivas por parte da mãe; professor e alteração dos exames timpanométrico e otoscópico....................................46 Tabela 6 – Crianças da 1ª série do ensino fundamental com dificuldade escolar referida pelos professores, segundo a presença (+) ou ausência (-) de queixas auditivas por parte da mãe; professor e alteração dos exames audiométrico, timpanométrico e otoscópico.......................................................................................................................47 Tabela 7 – Crianças da 1ª série do ensino fundamental sem dificuldade escolar referida pelos professores, segundo a presença (+) ou ausência (-) de queixas auditivas por parte da mãe; professor e alteração dos exames audiométrico, timpanométrico e otoscópico.......................................................................................................................48 Tabela 8 – Crianças da 1ª série do ensino fundamental com audiometria alterada, segundo a presença (+) ou ausência (-) de queixas de comportamento por parte do professor..........................................................................................................................49 Tabela 9 – Crianças da 1ª série do ensino fundamental com audiometria normal, segundo a presença (+) ou ausência (-) de queixas de comportamento por parte do professor .........................................................................................................................50 Tabela 10 - Crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo os resultados (concordantes ou discordantes) obtidos pela audiometria (audio), timpanometria (timp) e otoscopia alteradas (ALT) ou normais (NL). (Teste de Mc Nemar (P) utilizado para calcular as associações entre as variáveis)....................................................................51 Tabela 11 – Crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo os resultados (concordantes ou discordantes) obtidos pela audiometria e timpanometria...................52 Tabela 12 - Crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo os resultados (concordantes ou discordantes), de dificuldade auditiva referida pelo professor e exames otoscopia, timpanometria (timp) e audiometria (audio), alterados (ALT) ou normais (NL).(Teste de Mc Nemar (P) utilizado para verificar as discordâncias )..........53 Tabela 13 – Crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo o resultado (concordantes ou discordantes), dos exames otoscopia, timpanometria (timp) e audiometria (audio) alterados (ALT) ou normais (NL) audição da criança. (Teste de Mc Nemar (P) e a opinião da mãe sobre a utilizado para calcular as discordâncias)................................................................................................................ 54 Tabela 14 - Crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo as opiniões(concordantes ou discordantes), da mãe e do professor ( profº) sobre a audição da criança........................................................................................................................55 Tabela 15 - Crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo o desempenho e dificuldade escolar referidos pelo professor e a opinião da mãe e do professor (prf) ABSTRACT This study intends to study the relationship between non-symptomatic alterations of the middle ear and school performance of first grade children, according to the perception of their mothers and teachers in a public school in the South Region of São Paulo. It also intends to describe the level of knowledge of the teachers regarding the subject of hearing and health. The study was observational. The subjects studied were made up of 123 children: 47 males and 76 females ranging from 6 to 7 years of age, their mothers or primary caretakers and 6 teachers – 3 males and 3 females. A questionnaire about the children’s early development was given to the parents. To the teachers, it was given a questionnaire about the children’s class behavior and open-ended questions about hearing health. In addition to clinical otorrinolaringological exam, audiometric and tympanometry exams were also conducted. Despite having on the average 8,5 years of teaching experience, the teachers had difficulty detecting hearing alterations in their students due to mainly their lack of knowledge on the subject. The mothers had less difficulty than the teachers to notice hearing alterations in their children. The nonsymptomatic alterations in the middle ear played no significant role in the children’s school performance or learning impairment. 15 1 - INTRODUÇÃO 16 1 - INTRODUÇÃO A criança desenvolve-se durante a vida num processo cumulativo de experiências. Na infância várias habilidades são constituídas, dentre elas, a habilidade auditiva, que fornece importantes subsídios para o desenvolvimento da linguagem oral e posteriormente da escrita. A privação total ou parcial da audição de uma criança pode trazer conseqüências danosas, pois é através da audição que ela constrói seu referencial de comunicação. (1) O processo da comunicação realiza-se a medida em que a interação criançameio se aprofunda e que a linguagem se desenvolve(2) . Através da integridade das vias auditivas podemos garantir o desenvolvimento adequado das habilidades de fala. Pensando nas crianças com idade escolar, as habilidades auditivas fornecem importantes subsídios para a aquisição da linguagem escrita. Para entendermos melhor dessa habilidade trataremos sobre fisiologia da audição e os mecanismos de condução sonora. Didaticamente, há uma separação da audição em via aérea e via óssea. A audição aérea é representada pela condução do som através do pavilhão auricular e conduto auditivo externo (orelha externa), membrana timpânica e cadeia ossicular (orelha média). Neste momento ainda, o tipo de informação auditiva é de pressão sonora. Após a entrada dessa informação, ela será convertida em impulso nervoso onde existe a compreensão de parte dela. Esse fenômeno pode ser avaliado através da vibração óssea, que representa a parte neurossensorial da audição. É importante salientar que a orelha média tem o papel de um transformador mecânico, pois converte a energia vibratória aérea em energia vibratória no meio líquido, sem que as 22 Piatto e Maniglia (20) realizaram audiometria em campo livre em 103 crianças de creches e pré-escolas do município de São José do Rio Preto, com idades entre 3 e 6 anos. Destas, 25 foram encaminhadas para avaliação audiológica completa, tendo sido encontrado 0,97% de prevalência de alterações condutivas de grau leve. Foi observada relação causal entre otite média secretora e deficiência auditiva associada ou não a distúrbios de fala e aprendizado. Há na literatura controvérsias acerca da repercussão negativa das doenças assintomáticas da orelha média e a queda do rendimento escolar. Rapin (21) , realizou uma revisão dos estudos que investigaram a relação entre a perda auditiva condutiva com a aquisição de linguagem e a performance acadêmica. Constatou que apesar das evidências mostrarem que as perdas auditivas leves, especialmente as ocorridas desde o período da infância, têm efeitos danosos na linguagem da maioria das crianças nenhum dos estudos apresentava um padrão rigoroso necessário para responder definitivamente a questão destacando a ausência de critérios diagnósticos documentados, contendo informações acerca da severidade, idade de ocorrência e duração da otite média secretora, que segundo a autora, seriam informações importantes a serem relacionadas com a linguagem e desenvolvimento escolar. Destaca ainda que poucos estudos levaram em consideração o contexto sóciocultural da criança e sua perda auditiva. Assim, enfatiza a necessidade de estudos multidisciplinares que possam avaliar o real impacto desse problema pediátrico tão comum. Há estudos que relacionam a alta incidência de doenças da orelha média em crianças consideradas com dificuldade de aprendizagem. Estudo que pesquisou dois grupos de crianças com idades entre 7 e 12 anos, o subúrbio de Seattle,EUA, a saber, com e sem dificuldade de aprendizagem. Observou que 23% das crianças com dificuldade de aprendizagem apresentavam antecedentes 23 otológicos com audiometria alterada em 38% e timpanometria alterada em 49% dos casos. Houve diferença estatisticamente significante quando comparado ao grupo de criança sem dificuldade de aprendizagem, em que 9% tinham antecedentes otológicos, 16% apresentaram alteração na audiometria e 21 % apresentaram alteração na timpanometria. Os autores concluíram que as doenças de orelha média, na população estudada, podem ser a causa etiológica de algumas das dificuldades escolares. (22) Outros autores sugerem, após revisão da literatura, que há uma relação causal entre otite média secretora e dificuldades de linguagem e aprendizagem, enfatizando a necessidade de estudos futuros para a confirmação da hipótese. Nesse artigo, os autores consideram que a extensão precisa dessa relação ainda está longe de ser clara.(23) DiSarno e Beringuer,(24),pesquisaram o rendimento acadêmico de dois grupos de estudantes esquimós, do último ano do ensino fundamental. Um grupo apresentava história de doença otológica, com perda auditiva condutiva, com alguns dos sujeitos tendo sido submetidos a timpanoplastia. O grupo controle, foi rigorosamente selecionado, composto por estudantes com avaliação audiológica normal, sem antecedentes otológicos. Os grupos eram similares, tanto no que se refere ao nível sócio-econômico, quanto à etnia. Os critérios rigorosos para a seleção dos sujeitos e uso de medidas padronizadas de rendimento acadêmico fortalecem os achados que confirmam que crianças com doenças de orelha média, timpanoplastia e perda auditiva subseqüente durante o ano, mostraram pior rendimento acadêmico do que crianças do grupo controle. Os autores destacam ainda que crianças com doenças otológicas mais leves podem não apresentar dificuldades no rendimento acadêmico. Pesquisa realizada em 1988 comparou um grupo de crianças na faixa etária compreendida entre 7 e 11 anos de idade, com história de otite média secretora com um grupo de crianças da mesma faixa etária sem os mesmos antecedentes. Observaram aspectos referentes a audição, medidas educacionais e pscicológicas. Os resultados indicam poucas diferenças entre os dois grupos, mas os autores salientam 24 que as diferenças encontradas, ainda que poucas, são bem distintas entre os grupos, com melhores resultados no grupo de crianças que não apresentaram história de otite média secretora.(25) Sebastião(26) avaliou a audição de escolares do ensino do primeiro grau com e sem história de retenção escolar. Estudou também o passado otológico dessas crianças, buscando possíveis associações entre a otite média e a dificuldade no desempenho acadêmico. A autora pôde constatar que as crianças com história de retenção escolar , apresentaram piores resultados nos exames audiométricos , sendo que as mesmas apresentaram passado de doenças otológicas. Foi possível também estabelecer relação estatisticamente significante entre passado otológico, alterações audiométricas e retenção escolar. Em contrapartida, há estudos que rejeitam a hipótese da repercussão negativa da doença assintomática de orelha média em relação ao desempenho escolar. Brooks (27) acompanhou desde 1968, 80 crianças com aproximadamente 5 anos de idade, para avaliar a função da orelha média. Realizou medidas de impedância acústica constantemente desde o primeiro ano do período escolar, espaçando os intervalos entre uma medida e outra durante 10 anos. Em 1985 avaliou o nível de aprendizado desses sujeitos por meio de questionário e notas escolares. Foi possível observar em 64 sujeitos que foram acompanhados de forma completa, sendo que as correlações entre as notas acadêmicas e as medidas da função da orelha média durante o 1º e 2º anos escolares, não apoiaram a hipótese de que a disfunção de orelha média durante os primeiros anos escolares está relacionada ao baixo rendimento escolar. O autor destaca que as expectativas dos pais acerca do desempenho escolar dos filhos refletiram nos resultados, sendo fator importante no processo de aprendizagem. Roberts e col (28) pesquisou a relação entre otite média secretora durante o 3 primeiros anos de vida e o subseqüente rendimento acadêmico e verbal dessas 25 crianças. As crianças pertenciam a uma classe social economicamente desfavorecida da Carolina do Norte. O número e duração dos episódios de otite média secretora foi acompanhado prospectivamente desde o primeiro ano de vida, sendo seu pico de incidência durante os dois primeiros anos de vida. Testes padronizados de inteligência e performance acadêmica foram realizados desde os 3 anos e 6 meses até os 6 anos de idade. Os autores concluíram que na população estudada, não houve relação entre a ocorrência da otite média secretora e o rendimento acadêmico e verbal. Estudo prospectivo realizado no município de Hjorrig no Dinamarca, com 463 crianças. 3 anos de idade que foram acompanhadas até os 8 anos também não encontrou diferenças no desempenho escolar entre os grupos com e sem otite média secretora.(29) Outra pesquisa importante realizada por acerca do mesmo tema, não observou relação significante entre a ocorrência da otite média na primeira infância e performances em testes de inteligência verbal ou rendimento acadêmico medido no 3º ano do ensino fundamental. A relação encontrada neste estudo diz respeito ao comportamento da criança em termos de atenção na sala de aula. Os autores relatam que as crianças com dificuldades de atenção haviam apresentado com mais freqüência episódios de otite média secretora antes dos três anos de idade. Apesar de problemas de atenção e comportamento estarem relacionados com problemas de aprendizagem, neste estudo, a relação entre otite média secretora e dificuldade de atenção não foi especificamente estudada.(30) Em outro estudo realizado com 56 crianças economicamente desfavorecidas, a otite média secretora foi documentada desde o nascimento até os 3 anos de idade. Testes padronizados de inteligência, rendimento acadêmico e medidas de comportamento foram administrados quando as crianças completaram 12 anos de idade. A presença de otite média secretora na primeira infância não foi relacionada com a performance acadêmica, desenvolvimento intelectual, comportamento e atenção. Os resultados encontrados não apóiam a relação entre otite média secretora na primeira 26 infância e desenvolvimento em longo prazo. Os autores alertam que a generalização destes achados em outras populações deve ser cautelosa. (31) Augustsson e England (32) em pesquisa semelhante com 2156 crianças concluíram que nenhum efeito danoso em longo prazo pôde ser mostrado, mesmo em amostras maiores, no que se refere a história de otite média e aprendizagem. Alguns autores atentam para o fato de que a doença de orelha média pode ser um fator adicional nos casos de crianças que já apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizagem e destacam que essas doenças podem não ser o fator causal, mas podem ser consideradas fator de risco para dificuldades de fala e aprendizagem. Lous (34) (33) . revisou dezenove estudos sobre a relação entre otite média e otite média secretora e desempenho de leitura. Os resultados demonstraram que as crianças durante o período em que a audição encontrava-se normal, recuperaram os possíveis atrasos ocasionados pela alteração da função da orelha média. Segundo os estudos revisados, o desempenho na leitura está mais relacionados com cognição, linguagem, fatores sócio - ambientais, e condições da sala de aula. Entretanto, mostram a alta incidência de otite média secretora resultando em perda auditiva condutiva de longa duração e a alta freqüência de crianças com tendência a otite média. Ressaltam a necessidade de mais estudos sobre o tema. Estudo realizado por Wallace et al (35) verificou que crianças com história de otite média recorrente e otite média secretora no primeiro ano de vida e com pouca estimulação dos pais apresentaram maior dificuldade de concentração na sala de aula na época da alfabetização, mesmo com limiares auditivos normais, diferente das crianças com os mesmos antecedentes, porém com estimulação da família. Luotonen (36) et al estudaram 1708 escolares de 9 anos de idade na Finlândia, com antecedentes de otite média até os três anos de idade, constatando que as 27 meninas apresentavam maior dificuldade em matemática e concentração e os meninos em atividades orais e leituras. Roberts et al (37) avaliaram a otite média secretora associada a perda auditiva durante os quatro primeiros anos de vida e relacionaram a desenvolvimento de linguagem e desempenho acadêmico dessas crianças desde os 4 anos de idade até o segundo grau escolar. A população estudada era de baixa renda. Concluíram que não houve evidências significantes entre a relação de história de otite média secretora ou perda auditiva e o nível acadêmico posterior. As crianças com maior incidência de otite média secretora e perda auditiva, apresentaram-se piores em matemática e linguagem expressiva, mas na idade jovem recuperaram - se tanto em matemática, quanto na expressão da linguagem no segundo grau. Além disso, o ambiente familiar estimulante se mostrou mais significante do que a otite média secretora no desempenho acadêmico final dessas crianças. Foi realizada uma revisão de literatura acerca do mesmo tema e pôde-se chegar à conclusão de que apesar dos avanços significativos no entendimento da relação entre doença de orelha média e desenvolvimento de comunicação e educacional, estudos subseqüentes ainda são necessários para estudar outras variáveis, além das auditivas, que estão relacionadas aos processos de aquisição de fala e linguagem, bem como no processo educacional. (38) Em 1986 foi realizada uma conferência no National Institute of Child Helth and Human Development (NICHD), na qual foi abordada a questão da relação entre otite média durante o período de 3 a 5 anos de idade, como fatores de risco para problemas de linguagem e aprendizagem. Destacaram a alta incidência de otite média entre os esquimós e índios americanos, causadas, provavelmente devido a diferença genética existente na tuba auditiva dessas populações, além da importância da realização de cuidadosa avaliação do desenvolvimento da linguagem de crianças com otite média. Os conferencistas concordaram ainda, que programas de intervenção precoce deveriam ser implantados até que medidas preventivas estivessem disponíveis para a população 28 infantil. Atentaram também para a importância do exame de rotina nas crianças de risco, a fim de minimizar as conseqüências. (39) Há também que se levar em consideração as pesquisas que relacionam a presença das doenças assintomáticas da orelha média com o desenvolvimento das habilidades auditivas necessárias para garantir o processamento auditivo central da informação acústica de maneira adequada. Alguns autores, (40,41,42) acreditam que há uma grande relação entre aprendizagem e o processamento dos estímulos acústicos, o que demonstra a grande necessidade da investigação acerca de como o sistema auditivo periféricos e central de uma criança recebe, analisa e organiza as informações acústicas do ambiente. . Um dos principais fatores para o aprendizado da leitura e da escrita é a percepção auditiva, pois a criança desenvolve percepção auditiva enquanto aprende e aprende enquanto desenvolve percepção auditiva. (43,44). A percepção auditiva envolve as seguintes habilidades: atenção (que tipo de som me interessa?);detecção (existiu som?);discriminação (o que se modificou?);localização (de onde veio o som?);reconhecimento (o que causou o som?);compreensão (por que razão o som ocorreu?);memória (o que ficou retido e pode ser evocado daquele som?). (12) Para garantir o desenvolvimento dessas habilidades auditivas, desenvolvidas pelo sistema nervoso central, é necessário que a audição periférica esteja em perfeitas condições.(41,43) Fonseca (45) refere que crianças com dificuldade de aprendizagem parecem ter dificuldade para lidar com informações auditivas, sendo que essas crianças apresentam inclusive problemas emocionais, cognitivos, de memória, de linguagem, motores, 29 perceptivos tanto auditivos, como visuais, entre eles atenção, discriminação, análise e síntese, figura – fundo e memória. Gravel et al (46) encontraram crianças com história de doenças de orelha média que demonstraram dificuldade de comportamento e atenção na sala de aula, bem como desenvolvimento acadêmico pobre. Os mesmo autores, em estudo subseqüente demonstram que as crianças com história de otite média no primeiro ano de vida apresentam, a longo prazo, dificuldades em alguns aspectos relacionados ao processamento auditivo central, o que para eles, é condição imprescindível para um bom desempenho escolar.(40) Hasenstab (47) observou dificuldade no processamento auditivo de crianças com história de otite média em atividades que envolviam relação temporal, memória imediata, estratégias de resolução de problemas para padrões visuais e auditivos. O autor destaca que apesar de muitos estudos pesquisarem as relações entre otite média secretora com perda de audição e o processamento auditivo, não é surpresa que as relações sejam ainda controversas, devido ao fato dessa não ser entidade única que pode afetar uma criança em idade escolar. Já em 1979, pesquisadores referiam o ruído no ambiente escolar como fator contribuinte para a dificuldade de processamento dos estímulos acústicos, atentando para o fato de que o ruído na sala de aula acaba por não ser considerado. Assim, crianças com dificuldades auditivas, ainda que leves, podem ter a recepção da fala ainda mais prejudicada, contribuindo para o agravo das dificuldades de aprendizagem.(14) É importante considerar a relação de intensidade entre a voz do professor e o ruído ambiental que chega aos ouvidos das crianças. Sabe-se atualmente, que o ruído competitivo em sala de aula é maior do que o desejável, o que pode favorecer o 34 2- OBJETIVOS Objetivo principal: verificar a relação existente entre as doenças de instalação silenciosa de orelha média e desempenho escolar nas crianças da 1ª série do ensino fundamental de uma escola municipal da região sul do município de São Paulo. Objetivos específicos: verificar a percepção das mães e professores dessas crianças, em relação a comportamentos e queixas relacionados a alterações de orelha média; descrever como são os conhecimentos dos professores nos aspectos referentes a audição e saúde auditiva. 35 3 - CASUÍSTICA E MÉTODO 36 3 - CASUÍSTICA E MÉTODO 3.1 - Desenho de estudo Estudo realizado pode ser classificado como observacional, caracterizado pela observação de resultados obtidos numa situação na qual o investigador não controla nem a exposição, nem a alocação dos indivíduos.(59). A estratégia de observação da população foi a do tipo seccional, isto é, observação direta de determinada quantidade planejada de indivíduos em uma única oportunidade. A unidade de observação utilizada foi a individual. Foram coletadas várias informações do mesmo indivíduo, com o intuito de estabelecer relações de associações entre as características investigadas.(60) 3.2 - População estudada Participaram deste estudo 123 crianças com idades entre 6 e 7 anos, matriculadas na 1ª série do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vargem Grande, sendo 47 do gênero masculino e 76 do gênero feminino. As crianças estavam organizadas em 6 classes, cada uma com um professor responsável sendo 3 do gênero masculino e 3 do gênero feminino, com idades variando de 26 a 44 anos, com média de 33,5.O tempo de magistério variou de 5 a 13 anos, com média de 8,5 anos. A escola escolhida para realização da pesquisa está localizada no bairro Vargem Grande, região sul do município de São Paulo. As salas de aula utilizadas apresentavam pouca ventilação, temperaturas elevadas e ruído intenso do ponto de vista perceptivo, visto que não foi realizada a medição do ruído das salas. Fator que pode contribuir para essas condições ambientais, diz respeito ao material utilizado na 37 construção dessas salas, a saber, painel metálico com chapa de aço galvanizada com proteção acústica e térmica em polietileno, popularmente conhecidas como “escolas de latinha”. O município de São Paulo foi dividido administrativamente em subprefeituras compostas por Distritos Administrativos (DA). O equipamento escolar estudado pertence à subprefeitura de Parelheiros que por sua vez é composta pelos Distritos Administrativos (DA) Parelheiros e Marcilac, com sua população estimada em 130.000 habitantes. Esta parte do município é caracterizada por sua grande área de zona rural, sendo inclusive área de preservação de mananciais. Existem duas aldeias indígenas (Tupi-Guarani) localizadas neste espaço, a saber, Morro da Saudade e Krucutu , somando aproximadamente 650 índios. (52) De acordo co o Mapa da Vulnerabilidade Social, que identifica as regiões de maior carência social os Distritos Administrativos de Parelheiros e Marcilac considerados os mais carentes da cidade, necessitando de muitas ações sociais. foram (55) A renda familiar da população estudada variou de 1 a 2 salários mínimos em 77,3% das famílias, sendo que apenas 7% referiram renda maior do que 2 salários mínimos. Foi observado também baixo índice de escolaridade tanto materna, quanto paterna. Os tempos médio, mediano e modal dos anos de estudo materno resultaram em 4 anos Já os pais referiram estudar em média 5 anos, tendo a mediana sido igual a 4 e a moda se igualando em 1 e 8 anos. A pesquisa foi realizada com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Santo Amaro. (anexo1) 43 4 - RESULTADOS Por razões técnicas nem todas as 123 crianças submetidas à otoscopia puderam realizar a timpanometria e a audiometria. Por este motivo, os totais das tabelas diferem para cada caso. Ao focalizar as dificuldades auditivas referidas pelas mães e pelos professores novamente foram observados diferentes totais, tendo em vista que nem todos os pais e professores responderam completamente as questões propostas pelo trabalho. Isso ocorreu inclusive com as questões respondidas pelos professores acerca do comportamento da criança, sendo observados também nessas tabelas diferentes totais. As tabelas 1,2, e 3 estão relacionadas às orelhas das crianças e pelo fato de apenas 4 delas apresentarem diferenças entre as orelhas, optou-se por trabalhar com o número de crianças nas demais tabelas. Tabela 1 – Orelhas de crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo os resultados da otoscopia Otoscopias Freqüência Porcentagem Normais 137 55% Alteradas 100 41% Cerume 9 4% Total 246 100% 44 Tabela 2 – Orelhas de crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo os tipos de curva timpanométrica Tipo de curva Freqüência Porcentagem A 150 68% B 32 15% C 36 17% Total 218 100% Tabela 3 – Orelhas de crianças da 1ª. Série do ensino fundamental, segundo limiares auditivos detectados na audiometria. Limiares auditivos Freqüência Porcentagem Normais 42 60,00% Perda leve 26 37,14% Perda moderada 2 2,86% Total 70 100% 45 Tabela 4 – Crianças da 1ª série do ensino fundamental com audiometria alterada, segundo a presença (+) ou ausência (-) de queixas auditivas por parte da mãe; professor e alteração dos exames timpanométrico e otoscópico. Crianças 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Total + %+ Queixa da Queixa da mãe professora + + + + + + - 0 0,00 6 50,00 Timpanometria Otoscopia + + + + + + + + + + + + 12 100,00 + + + + + + + + 8 66,70 Teste G de Cochran G calculado = 32,14 * G crítico = 7,82 ( P< 0,001) 46 Tabela 5 – Crianças da 1ª série do ensino fundamental com audiometria normal, segundo a presença (+) ou ausência (-) de queixas auditivas por parte da mãe; professor e alteração dos exames timpanométrico e otoscópico. Crianças Queixa da mãe 1 2 3 4 5 6 7 8 + 9 10 + 11 12 13 14 15 16 Total + 2 %+ 13,3 Queixa da professora 0 0,00 Timpanometria + + + + + + 6 40,00 Teste G de Cochran G calculado = 18,46 * G crítico = 7,82 ( P<0,001) Otoscopia + + + + + + + + + + + 11 73,73 51 Tabela 10 - Crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo os resultados (concordantes ou discordantes) obtidos pela audiometria (audio), timpanometria (timp) e otoscopia alteradas (ALT) ou normais (NL). (Teste de Mc Nemar (P) utilizado para calcular as discordâncias entre as variáveis). Exames Otoscopia Audio Total ALT NL ALT 10 4 14 NL 15 6 21 Total 25 10 35 Audiometria alterada com otoscopia normal: 4/35 = 0,1142 ou 11,42% Audiometria normal com otoscopia alterada:15/35 =0,4285 ou 42,85% P = 0,0096* Timp Total Otoscopia ALT ALT 27 NL 13 46 NL 19 50 63 Total 40 69 109 Timpanometria alterada com otoscopia normal: 13/109 = 0,1192 ou 11,92% Timpanometria normal com otoscopia alterada: 19/109 = 0,1743 ou 17,43% P = 0,18(NS) 52 Tabela 11 – Crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo os resultados (concordantes ou discordantes) obtidos pela audiometria e timpanometria. Audiometria Timpanometria Total Alterada Normal alterada 14 0 14 normal 12 9 21 Total 26 9 35 Audiometria alterada com timpanometria normal:0/35 = 0,00 ou 0,00% Audiometria normal com timpanometria alterada :12/35 = 0,3428 ou 34,28% Teste de Mc Nemar P = 0,0005* 53 Tabela 12 - Crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo os resultados (concordantes ou discordantes), de dificuldade auditiva referida pelo professor e exames otoscopia, timpanometria (timp) e audiometria (audio), alterados (ALT) ou normais (NL). (Teste de Mc Nemar (P)utilizado para verificar as discordâncias ) Exames Dificuldade Auditiva Otoscopia Sim ( + ) Total Não ( - ) ALT 1 38 39 NL 2 45 47 Total 3 83 86 Dificuldade auditiva (-) com otoscopia alterada : 38/86 = 0,4418 ou 44,18% Dificuldade auditiva (+) com otoscopia normal : 2/86 = 0,0233 ou 2,33% P = 0,0000* Timp Dificuldade Auditiva Sim ( + ) Total Não ( - ) ALT 0 26 26 NL 3 46 49 Total 3 72 75 Dificuldade auditiva (-) com timpanometria alterada: 26/75 =0,3466 ou 34,66% Dificuldade auditiva (+) com timpanometria normal: 3/75 = 0,04 ou 4,00% P = 0,0000* Audio Dificuldade auditiva Sim ( + ) Total Não ( - ) ALT 0 10 10 NL 0 15 15 Total 0 25 25 Dificuldade auditiva (-) com audiometria alterada 10/25 = 0,4 ou 40,00% Dificuldade auditiva (+) com audiometria normal: 0/25 = 0,00 ou 0,00% P = 0,0010* 54 Tabela 13 – Crianças da 1ª série do ensino fundamental, segundo o resultado (concordantes ou discordantes), dos exames otoscopia, timpanometria (timp) e audiometria (audio) alterados (ALT) ou normais (NL) e a opinião da mãe sobre a audição da criança. (Teste de Mc Nemar (P) utilizado para calcular as discordâncias) Otoscopia Ouve bem Total Não(-) Sim(+) ALT 17 37 54 NL 18 48 66 Total 35 85 120 Otoscopia alterada com opinião (+) da mãe: 37/120 =30,83% Otoscopia normal com opinião (-)da mãe:18/120 =15,00% P < 0,02* Timp Ouve bem Total Não(-) Sim(+) ALT 14 25 39 NL 17 50 67 Total 31 75 106 Timpanometria alterada com opinião (+) da mãe:25/106 =23,58% Timpanometria normal com opinião (-) da mãe :17/106 =16,03% P = 0,1400 (NS) Audio Ouve bem Total Não(-) Sim(+) ALT 8 6 14 NL 3 18 21 Total 11 24 35 Audiometria alterada com opinião (+) da mãe: 6/35 =17,14% Audiometria normal com opinião (-) da mãe: 3/35 =8,57% P = 0,2539 (NS) 64 Assim, compreende-se que apesar dos temas desenvolvidos neste estudo fazerem parte do cotidiano escolar, não fazem parte da formação básica do professor. Tal fato sugere a falta de preparo dos educadores para a identificação do problema, verificando-se assim a ausência de orientações precisas e sistematizadas sob forma de programa de saúde auditiva. Os próprios professores têm consciência desta carência e da necessidade de ações de promoção de saúde no ambiente escolar, visto que este é o espaço de ensino, aprendizagem, desenvolvimento, interação e convivência, ou melhor, um espaço social. Interessante destacar que o despreparo e desconhecimento dos educadores não estão concentrados apenas na questão da saúde auditiva. O mesmo foi encontrado no âmbito da saúde ocular, em pesquisa realizada na mesma região por Armond. (52) Tanto as queixas auditivas de pais e professores, como os quadros otológicos e audiológicos das crianças estudadas, não estão relacionados com o desempenho e dificuldade escolar das mesmas.(Tabelas 15,16) A literatura demonstra através de pesquisas realizadas em várias partes do mundo(8,10,22,23,24,26,39), controvérsias entre a relação entre alteração de orelha média e dificuldade no rendimento acadêmico. Alguns autores acreditam que a função da orelha média é fator primordial para o bom rendimento escolar, demonstrando diferenças entre grupos de crianças com e sem doenças de orelha média.(14,22,23,24,25,26,35) Outros(21) fazem a mesma observação, mas destacam a importância de estudos subseqüentes, com clareza de informações, no sentido de esclarecer as questões levantadas acerca do tema. Há ainda aqueles que não relacionam as doenças de orelha média de instalação silenciosa com o rendimento escolar das crianças. (27,28,,29,30,31,32) 65 Foi significantemente mais freqüente os alunos com desempenho escolar ruim e dificuldade escolar apresentarem comportamentos de agitação e desatenção, do que o inverso. (Tabela 17). As crianças que apresentaram dificuldade escolar em leitura e escrita (LE), apresentaram comportamentos de agitação e desatenção significantemente mais freqüentes dos que as que não têm dificuldade ou as que têm em leitura e escrita e operações matemáticas (LEOM). Uma criança apresentou dificuldade apenas em operações matemáticas e não foram observados nela os comportamentos de agitação e desatenção. Devido a essa criança fugir a média das outras , esta foi excluída da análise estatística para esse parâmetro. (Tabela 18) Os comportamentos mais relacionados com o fracasso escolar foram agitação e desatenção. Interessante destacar que estes foram comportamentos citados pelos professores acerca da criança com dificuldade auditiva, sendo que esta última quase não foi observada por eles.(8,26,36,48,50) A maioria das crianças com dificuldade escolar e comportamento agitado e desatento, apresentaram dificuldades nas atividades de leitura e escrita, o que pode estar relacionado à percepção auditiva, como destacam alguns autores.(36,41,42, ,43,44,45,47, 48) Os dados sugerem que não só as alterações auditivas periféricas, como também as centrais devem ser pesquisadas,(41,42,44,45,47) o que não foi objetivo deste estudo. Segundo a literatura crianças com história otológica podem apresentar alterações de alguns parâmetros do processamento auditivo central, gerando dificuldades específicas de aprendizagem. Há, contudo, autores que discordam dessa afirmação, acreditando que o processamento auditivo central não sofre influência das condições da orelha média das crianças, não prejudicando, portanto, o desenvolvimento de suas funções.(31,32,37,40,41) 66 Um fator que deve ser levado em consideração, está relacionado ao nível sócio econômico e cultural da população estudada. Há na literatura, pesquisas que demonstram que a estimulação realizada na criança, mesmo durante um comprometimento de orelha média com alterações da audição, pode ser fator diferencial para o desempeno acadêmico delas.(19,21,46,49) A expectativa dos pais em relação ao rendimento acadêmico da criança é outro fator que exerce importante influência, segundo Brooks (27) , podendo ser outro importante fator no desenvolvimento integral da mesma. Além disso, há também que se pensar na alta incidência de doenças de orelha média em crianças pertencentes a uma população economicamente desfavorecida, como é o caso da população estudada. (17,18,19,26,49,55) Os estudos.(34,35,37,38) mostram ainda que crianças que recebem estimulação da família apresentam melhor rendimento acadêmico do que as que não recebem. De acordo com os dados descritos no capítulo de casuística e método sobre as condições sócio – econômicas e culturais da população estudada e com os fatores de risco para doenças de orelha média encontrados por Carlesse(55) na mesma população, o fracasso escolar das crianças pode ser explicado pelo baixo nível de escolaridade dos pais, da baixa média salarial e ainda pelo difícil acesso das famílias à saúde e educação básicas. É importante ressaltar ainda, que, apesar do ruído e da temperatura da sala de aula não terem sido formalmente medidos, as condições ambientais observadas durante a coleta dos dados, não nos pareceu favorável ao aprendizado. Esse aspecto necessita de pesquisas subseqüentes e vem sendo abordado desde 1979 por Freeman e Parkins (15) , e outros autores que correlacionam a questão do ruído com dificuldades no processamento auditivo central e conseqüente dificuldade de aprendizado. (15,43) De acordo com as tendências encontradas em nosso estudo na questão sinal-ruído (levantadas apenas com observações e percepções da pesquisadora no momento da 67 coleta dos dados, sem medidas formais), vale ressaltar a importância da atuação conjunta de professores, fonoaudiólogos, engenheiros, arquitetos e demais profissionais envolvidos com a escola de maneira tanto direta quanto indireta, no planejamento, construção e modificação do ambiente escolar em favor de melhores condições acústicas. Dessa forma, alguns problemas poderiam ser resolvidos, como por exemplo garantir que o ruído não atrapalhe ou impeça que o sinal sonoro da voz do professor alcance o aluno, mesmo que este esteja no fundo da sala. (43). Infelizmente, o sistema educacional vigente no município de São Paulo, parece não estar preocupado com as questões acima assinaladas. Talvez, isso se justifique devido ao fato da demanda ser maior do que a capacidade oferecida pelo município, o que leva a tomada de decisões emergenciais, como as popularmente conhecidas “ escolas de latinha”. Entendemos que tal medida tem como objetivo resolver rapidamente um grande problema da educação pública municipal, mas há que se considerar que no sentido da qualidade do ensino, oferecer vagas, principalmente em condições desfavoráveis, não garante educação, direito básico da população. Em resumo, pode-se dizer que a questão auditiva das crianças estudadas não pode ser analisada isoladamente. Apesar da audição ser um dos principais sentidos para o desenvolvimento da leitura e escrita, é apenas um fator dentre tantos outros levantados nesta população, que necessita de um olhar global. (1,2) É possível destacar fatores sócio-culturais, econômicos e ambientais, que envolvem desde o número de crianças por sala de aula, até o nível de ruído tanto da sala quanto da escola como um todo, como sendo prejudiciais ao processo de aprendizagem. Outro fator não menos importante que deve ser levado em consideração diz respeito aos educadores, que além de trabalharem em condições insatisfatórias, não tiveram a formação adequada para desempenhar a árdua e maravilhosa tarefa de ensinar. Os avanços ocorridos no campo da Fonoaudiologia (53,54) tanto na área escolar, quanto clínica podem e devem ser aproveitados neste contexto, a fim de minimizar as 72 7 RECOMENDAÇÕES Tendo em vista os resultados apresentados e as conclusões do presente estudo, oferecem-se algumas sugestões: 1 Criar programas de educação em saúde, visando a promoção da saúde auditiva nas escolas, abertas aos professores e à comunidade; 2 Criar programas de capacitação dos educadores para que eles possam realizar algumas ações básicas de saúde auditiva, no sentido de informação à população, já que as triagens devem ser realizadas por fonoaudiólogos; 3 Elaboração de materiais educativos sobre saúde auditiva, de fácil acesso e entendimento aos professores e à população; 4 Implantação de programa de saúde auditiva, com a realização de triagens auditivas nas escolas, tendo como meta a detecção e principalmente a prevenção de distúrbios da audição. 73 8 - REFERÊNCIAS 74 8 - REFERÊNCIAS 1 – Lewis DR. 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ANEXO 3 AVALIAÇÃO DE PATOLOGIAS OTORRINOLARINGOLOGICAS EM CRIANÇAS DA 1º SERIE DO ENSINO FUNDAMENTAL Identificação: Nome: __________________________________________________________________ Sexo: ( ) F ( ) M Cor: ( ) Escolaridade: ( ) Repetência ( Nascimento: ( ) Parto Normal ) ( ) Cesariana ( ) outras___________________________ Antecedentes Pessoais: Otalgia ( dor de ouvido ) ( ) SIm ( ) Não nº de vezes ao ano ( ) Outras_____________________ Saída de secreção: ( ) Sim ( ) Não Perda auditiva familiar: ( ) Sim ( ) Não Tontura: ( ) Sim ( ) Não Barulho no ouvido: ( ) Sim ( ) Não Acha que seu filho ouve bem: ( ) Sim ( ) Não Nota alguma diferença entre essa criança e os irmãos:( ) Sim ( ) Não Mãe fumante: ( ) Sim ( ) Não Há quanto tempo: ( ) Fumou durante a gravidez: ( ) Sim ( ) Não Pai fumante: ( ) Sim ( ) Não Mãe alérgica: ( ) Sim ( ) Não Nº de irmãos: ( ) Doenças associadas / Internações Asma / Bronquite: ( ) Sim ( ) Não Resfriados constantes: ( ) Sim ( ) Não Espirros constantes: ( ) Sim ( ) Não Coceira no nariz: ( ) Sim ( ) Não Baba à noite: ( ) Sim ( ) Não Sono agitado: ( ) Sim ( ) Não Internações: ( ) Sim ( ) Não Nº vezes:__________ Motivo:____________________________ Roncos noturnos: ( ) Sim ( ) Não Apnéia: ( ) Sim ( ) Não Condições sócio-econômicas: Moradia: Bairro ( X ) Proximidade:Industria ( Casa: em construção ( ) Madeira ( ) Alvenaria ( Ventilada ( Mofo ( )Sim ( )Sim ( ) Represa ( ) Barulho ( Construída ( ) ) )Não )Não Escolaridade dos pais: Mãe cursou até que série?______________ Pai: cursou até que série? ______________ Renda Familiar: ( ) 1 salário mínimo ( ) 1 a 2 salários mínimos ( ) acima de 2 salários mínimos ANEXO 4 ANEXO 6 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu _______________________________________declaro estar ciente da pesquisa realizada pela fonoaudióloga Carolina Fanaro da Costa, CRFa 9548-SP, para obtenção do título de mestre em Ciências da Saúde, com área de concentração em Saúde Materno – Infantil, pela Universidade Santo Amaro. Declaro ainda ter sido orientado (a) quanto aos procedimento a serem realizados, abaixo descritos: 1- Responder ao questionário referente ao desempenho escolar de cada aluno, com veracidade 2- Responder às perguntas abertas a respeito da audição de escolares. Estou ciente de que meu nome será mantido em sigilo e de que caso resolva, por minha própria vontade, a qualquer momento, não mais participar da referida pesquisa, não sofrerei prejuízo em relação à mesma. São Paulo, ____ de ___________ de 2003. ______________________________________ Assinatura ANEXO 7 Universidade Santo Amaro -Departamento de pós graduação Mestrado em saúde materno-infantil Questionário sobre comportamento escolar Nome da criança: Idade: Série: Turma : Professora: 1- O desempenho escolar da criança é: ( ) muito ruim ( ) ruim ( ) bom ( ) excelente 2- A criança possui alguma dificuldade escolar? ( ) sim ( ) não Se SIM, em qual atividade apresenta MAIOR dificuldade? ( ) leitura ( ) escrita ( ) operações matemáticas ( ) outras ____________ 3- Você percebe alguma dificuldade de fala na criança? Se SIM, qual? ( ) fala alto ( ) Sim ( ) troca sons 3- Você percebe alguma dificuldade auditiva na criança? 5- A criança é agitada? ( ) sim ( ) não 6-A criança é desatenta? ( ) sim ( ) não ( ) sim 7- A criança apresenta alguma dificuldade de relacionamento? 8- A criança isola-se do grupo? 9- O que você acha da criança? ( ) não ( ) sim ( ) não ( ) não ( ) sim ( ) não Questão 2 Quais as dificuldades que você percebe em uma criança com dificuldade de audição? P1: -se na aula, pois copiam facilmente mas com dificuldades de compreen P2: P3 P4 P5 P6 Questão 3 Para qual profissional você encaminharia uma criança com suspeita de deficiência auditiva? P1 P2:“ P3 P4 P5: P6 Questão 4 Você conhece os exames realizados para detecção e diagnóstico da deficiência auditiva? P2: P3: P4 P5: P6 Questão 5 Qual a sua conduta na sala de aula com uma criança com deficiência / dificuldade auditiva? P1: P2 P3 P5 P6