Eu sou o Hip Hop

Transcrição

Eu sou o Hip Hop
Conteudo
A NOSSA CAPA
16 Kool Kleva ”Eu sou o Hip-Hop”
10
“Num País tão rico,
é injusto morrer a fome”
MUKANDAS
4 Editorial
DESTAQUES
8 Papetchulo
10 Mr. K
CULTURA
6 Hip-Hop
ALÉM FRONTEIRAS
23 Side Hill
Asrafo Records
Eavesdrop
5
De simples realizadores
de espectáculos
à musicos de sucesso
27 Racionais mc´s
valete
Dj Madkutz
Public Enemy
Side Hill
EXCLUSIVO
12 Tribo Sul“Quem sabe o que quer,
não aceita o que não quer”
ENTREVISTAS
14 Carbono & Honório”O estado actual do
Hip-Hop angolano é triste”
15 CF Kappa “No início era apenas curiosidade”
Amak-Yeve “A Vida é um desafio”
18 Flagelo Urbano “Samplier não é roubar,
é homenagear”
20 Marinela “É na dança onde encontro
a minha paz”
25
23
“Se os homens são
Mc´s, Nós somos
as M´sas”
22 Velas raio X
O regresso
do arte
“O Graffiti
é uma
Tubarão
Branco
Espontânea”
26 Lukeny “A primeira vez que tive contacto
com aquela forma de recitar poesia,
mudou a minha vida”
NAS RUAS
4 Feedback
11
24 Zoom zooms
28 Zwelarazzi
30 Reviews
Meu ponto de vista
PERFÍL
6 Melo K
21
“Considero-me um
produtor profissional,
porque vivo disto”
24 Página Kontrário
ZWELANDO
5 De simples realizadores de espectáculos à
musicos de sucesso
“Eu sou o Hip-Hop”
6 Mandambela
7 Filho de peixe é peixe
11 O Graffiti é uma arte Espontânea
19 Shorty Bang e Soloba
21 O pai do Sample
25 Se os homens são Mc´s Nós somos as M´sas
8
“Sempre tive a missão
de chegar longe”
16
EQUIPA EDITORIAL
Director Geral
C.M. Faztudo
Editor
João Meia
Carta do Editor
Editor Adjunto
Domingos Bernardo
Numa sociedade que se distancia cada
vez mais da verdade em prol de uma
postura comprometida e silenciosa face
ao Presente, de forma desleal e
aniquiladora do Amanhã, esta pretende
ser uma revista, de encontros, diálogos,
divulgações e reflexões, entre membros e
simpatizantes do movimento Hip Hop. Nele
esperamos partilhar um pouco do dia-a-dia
da comunidade Hip Hop nacional, com
algumas passagens além fronteiras. Aqui,
procuraremos divulgar a vida dentro e fora do
movimento, nas suas pequenas grandes
complexidades e, acima de tudo, falar da sua
relação com o mundo e com o transcendente na
profunda certeza da sua grandeza.
Há, agora de certeza, com a publicação desta
revista, um lugar para várias visões, expressão
cultural, coerente e construtiva que pode não
encontrar ouvidos noutro lado.
Sinta-se em casa!
Director Comercial
Kennedy Neto
Redatores
Conceição José Balanga
Sebastião Nogueira
Amaral M. Faztudo
Kombaniklotiko
Pipocas
Silvino João
Dj Cavera
Correspondentes
Telma - Portugal
Nelson Debrava - Cabo Verde
Monisha Schoeman - Africa do Sul
Jean Makhadi - Congo Brazzaville
Ricardo de Sousa - Brazil
Colunista
Paulo Oscar
Kudibanguela
Colaboradores
Flagelo Urbano
Elizeu
Tiago Mc.
Fotógrafia
Dj Cavera
Masta Joy
Graficos / Paginação
Faztudo Media
Alliança Camponesa
Para a divulgação de suas ideias, álbum ou evento, contacta: [email protected]
Feedbacks
N
os últimos anos o Hip-Hop tem vindo a crescer de forma positiva muito embora seja um
crescimento quantitativo e menos qualitativo, mas a que se louvar os esforços que muitos
tem feito em prol desta cultura, e para não esquecer louvamos também as massas que têm
apoiado o movimento. Por esta razão a Zwela oferece a rubrica ” nas ruas “, onde o pessoal, quer
seja activista ou não, elege desde a melhor música, álbum, ao melhor e pior MC no momento.
Officio
Angola
Rua da Enana
Bairro do Rocha Pinto
Maianga - Luanda
Nome: Dj B.F.
Idade: 18
Ocupação: Estudante
Melhor Mc: Flagelo Urbano
Melhor Música: Mentalidade “Afroman”
Melhor Álbum: Mentalidade “Afroman”
Pior Mc: Megga Fofo
Pior Álbum: Warrant B - Batalha
Nome: Irene Domingos
Idade: 20
Ocupação: Estudante
Melhor Mc: Sandocan
Melhor Música: Angolan “Wonderfull One”
Melhor Álbum: Tubarão Branco “Sandocan”
Pior Mc: Vladimiro Cardoso
Pior Album: Não têm
Africa do Sul
18 Barrington Street, Observatory 7925
Cape Town 8001
Africa do Sul
[email protected]
www.alliancacamponesa.com
Nome: Kem J.
Idade: 28
Ocupação: Musico/Realizador
Melhor Mc: Kool Klever
Melhor Música: Ser negro “Guto”
Melhor Álbum: Odyssea “SSP”
Pior Mc: Big Nelo
Pior Álbum: Warrant B - Batalha
Nome: Ciclone aka 1 Maka
Idade: 22
Ocupação: Estudante
Melhor Mc: Mc K
Melhor Música: O silencio também fala “Mc K”
Melhor Álbum: Mentalidade “Afroman”
Pior Mc: Mc Matita
Pior Álbum: Não existe
Nome: Yolanda M. B. Gonçalves
Idade: 28
Ocupação: Estudante de Direito/Actriz
Melhor Mc: Big Nelo
Melhor Música: karga “Big Nelo”
Melhor Album: “Big Nelo”
Pior Mc: Father Mack
Pior Álbum: Sangue, suor e lagrimas “Father Mack”
Nome: Afele
Idade: 22
Ocupação: Estudante
Melhor Mc: Dr Romeu
Melhor Música: Atrás do prejuízo “Mc K”
Melhor Álbum: 99% de amor “SSP”
Pior Mc: Shak Shura
Pior Álbum: Álbum dos Beautfull
Nome: Nelson Faztudo
Idade: 23
Ocupação: Estudante
Melhor Mc: Yanik
Melhor Música: Mentalidade “Afroman”
Melhor Álbum: Mentalidade “Afroman”
Pior Mc: Megga Fofo
Pior Álbum: Cartas na mesa “kalibrados”
Nome: Kinilson
Idade: 20
Ocupação: Estudante
Melhor Mc: Brigadeiro 10 Pacotes
Melhor Música: Folha Branca “Mc K”
Melhor Álbum: Mentalidade “Afroman”
Pior Mc: Vladimiro Cardoso
Pior Álbum: Ainda não ouvi
Nome: Aida P. Domingos
Idade: 20
Ocupação: Estudante
Melhor Mc: Yanik
Melhor Música: Reeducação “Kid Mc”
Melhor Album: Kooltivar “Kool kleva”
Pior Mc: Cage One
Pior Album: Eu sou o (A) “Malef”
Nome: Fonseca
Idade: 24
Ocupação: Estudante de Programação
Melhor Mc: Kool kleva
Melhor Música: Realista “Afroman”
Melhor Álbum: kooltivar “Kool Kleva”
Pior Mc: São muitos
Pior Álbum: Ainda não ouvi
Nome: Amax
Idade: 20
Ocupação: Estudante/Professor
Melhor Mc: Kool Kleva
Melhor Música: Mentalidade “Afroman”
Melhor Album: Kooltivar “Kool kleva”
Pior Mc: Eddie Tussa
Pior Album: Megga Fofu
Nome: Elizeu
Idade: 23
Ocupação: Estudante de Economia
Melhor Mc: Mc K
Melhor Música: Valoriza-te Palanca “Mc K”
Melhor Álbum: Trincheiras de ideia “Mc K”
Pior Mc: Megga Fofo
Pior Álbum: Album de J.D.
Angola
+ 244 923 310 384
+ 244 922 318 256
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NUNES
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Angola - Kwanza Sul
Tel: 923 306 388
912 414 047
923 347 901
De simples realizadores de espectáculos
à músicos de sucesso
Fruto de um trabalho de mais de 10 anos, os rapazes maravilhosos de Cacuaco, continuam a ser apesar das polivalências e mistura de ritmos, dos
grupos de maior sucesso no mercado nacional.
Por: Kombaniklotiko
Em 1994 no bairro 4 de Fevereiro, Cacuaco, por Kaporal e Ikuma-full,
dois então realizadores de espectáculos juntando se depois a C.Lau,
D.Latoy e Hozone “que por motivos alheios deixou o grupo 4 anos
depois”, os jovens conquistaram a simpatia do público de Cacuaco,
com as suas maravilhosas actividades, daí o Wonderfull-one.
Em 1995 os jovens começam com apoio de Tarcísio Vilela (T.Jay), a
cantar temas da sua própria autoria, que viera a ser gravado no então
estúdio futuro, as músicas “Unir o município e diga não a droga”,
tornando notório nas ruas de Cacuaco, fortalecendo a ideia de levar
avante o projecto wonderfull-One.
Passado alguns anos a coisa ganha corpo e o grupo consegue passar
nas rádios as suas músicas como: “cigana”, “não a droga” e Metre
Beye “música dedicada ao malogrado mediador do processo de paz
angolano”
Em 1997, com o vídeo clip da música “cigana”, o grupo ruma para a
conquista Nacional e internacional, mas tudo isso, era só o começo de
4 sonhos maravilhosos que passavam por gravar um CD e converterse no grupo mais badalado do país, sonho que viera a ser concretizado
em 1999, com a publicação do álbum “Géneses” editado e marterizado
em Portugal pela Energy Records, trouxe o sucesso que nem mesmo
os jovens almejavam, com apenas oito (8) faixas musicais numa
mistura entre rap, ragga e kizomba, o álbum tocou por Angola a fora
com as música “rainha da beleza” e “Ela”, esta última levou o grupo a
conquista do Top R. Luanda, como grupo revelação 2000, 2º-lugar no
Top na RDP, 3º- lugar no top anual, em Moçambique.
No âmbito da pacificação dos espíritos, fruto da situação que o país
vivia na altura o grupo andou por várias províncias, prestando o seu
calor humano para com as FAA e a população, particularmente nas
províncias do Bié e Huambo.
Quatro anos depois, o grupo desloca-se para São Paulo, Brasil e aí,
concluem as gravações do disco “Polémica” com quinze (15) faixas
musicais, que viera a ser editado na África do Sul. O álbum torna-se
sucesso com a música “fim-de-semana”.
De lá para cá, o grupo passou por fases menos boas, uma vez que viuse obrigado a perder o titulo de quarteto, tudo devido a saída de Ikumafull, tornando se em trio.
Recentemente lancaram o 3º album “ 3 Dimensões “.
Fotos: gentilmente cedida pelo grupo Wonderfull One
ZWELA primeira revista de rap mwangole
5
Cultura
Melo.k aka Hem4tozin4h
Nascido
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-Hop...
HIP-HOP
A
cultura hip hop é formada pelos
seguintes elementos: O Rap (Mc
e Dj), o Graffiti e o break. Rap rhythm and poetry, ou seja, ritmo e
poesia, que é a expressão musicalverbal da cultura; Graffiti - que
representa a arte plástica, expressa por
desenhos coloridos feitos por
graffiteiros, nas ruas das cidades
espalhadas pelo mundo; Break dance que representa a dança.
Os três elementos juntos compõe a
cultura hip hop. Que muitos dizem que é
a "CNN da periferia", ou seja, que o hip
hop seria a única forma da periferia, dos
guetos expressarem suas dificuldades,
suas necessidades de todas classes
excluídas...
O termo hip hop, alguns dizem que foi
criado em meados de 1968 por Afrika
Bambaataa. Ele teria se inspirado em
dois movimentos cíclicos, ou seja, um
deles estava na forma pela qual se
transmitia a cultura dos guetos
americanos, a outra estava justamente
na forma de dançar popular na época,
que era saltar (hop) movimentando os
quadris (hip)...
Em meados dos anos 70 no Bronx ,
cidade de Nova Iorque, só existiam dois
bons deejays conhecidos que eram
Kool D.J. Herc e Kool Dee. Kool D.J.
Herc foi o maior e mais seguido de todos
os D.Js. do Bronx .
De qualquer modo em meado dos anos
70 outro jovem D.J. que foi inspirado por
kool D.J. Herc, Kool D.J. Dee, Disco
King Mario, começou aparecer e crescer
no cenário da música B.Beat chamado
Afrika Bambaataa.
Ele tinha algo de grandioso da música
B.Beat de Kool Herc, ele começou a
trazer novos discos e fazia as pessoas
dançarem como um trovão, e decidiu de
chamá-los de ZULU NATION. Nos
próximos anos Bambaataa seria o
responsável por várias gírias no
movimento.
Nesta mesma época apareceu outro
D.J. com o
nome de Grand Máster Flash, que
ajudou a reformular o jeito de rimar em
cima dos Break Beats. Não foram
Sugarhill Gang, D.J. Hollywood ou Eddie
Chebba e Kurts Blow que começaram a
rimar em cima dessas batidas, foram
realmente Grand Máster Flash, Mele
mel, Kid Creole e Keith Cowbow que
começaram o
fenômeno das rimas.
Se existe alguém responsável pela
criação da música Break Beat, foram
Kool D.J. Herc, Afrika Bambaataa e
Grand Master Flash, os que vieram
depois só ajudaram a construir o que
chamamos de HIP-HOP...
SABIAS QUE?...
A primeira música de rap a surgir no Brasil foi "Kátia Flávia", em 1987, de autoria de Fausto
Fawcett e Laufer?
O primeiro graffiwriter a ganhar fama em New York, foi Taki 183?
Em Portugal a primeira compilação de rap surgiu em 1994 com a designação de Rapública?
Os primeiros a aparecerem a rimar em cima dos Break Beats foram: Grand Master Flash, Mele
mel, Kid Creole e Keith Cowbow?
Nelboy Das Burthas, que em 1994 abriu o primeiro programa de Hip Hop na Rádio Nacional?
Tribo Sul foi o primeiro grupo africano de rap a participar do festival internacional Dance 4 Life?
Donna Kelly, é co-fundadora do grupo Warrant B?
Ali Bongo, presidente do Gabão, rappou ao longo dos discursos de campanha?
6
ZWELA primeira revista de rap mwangole
Nome: Melo.k aka hem4tozin4h
Idade: 24 anos
Signo: carneiro
Ídolo: Jesus Cristo
Líder politico: Nelson Mandela
Religião: Cristão
Ocupação: MC / Produtor
Crew: Tribo sul
Bairro: Calenba2
3 Produtores: DH, DJ Cavera C, Mad
kontrario
3 Mc´s: Eu, Sinik, Pipokhaz,
3 Grupos: …etc. …
Hobbies: Musica, Cinema
Pitéu: Feijoada
Bebida: Gasosa
Calçado: Ténis Adidas
Perfume: Wednesday
Grife: Diesel, Adidas
Dama: Negra
Cor: Azul e Vermelha
Carro dos sonhos: BMW 728
Viagem dos sonhos: França e China
Projectos: Edificar a Meia Records
Ambições: Viver Numa Angola Sem dor
Mandambela
Numa sociedade onde a juventude despreza os seus
valores culturais, Mandambela é talvez o único rapper
angolano que consegue nas suas músicas, dizer não a
língua de Camões. Após cerca de 10 anos como rapper o
nigga continua firme nas ideias, trazendo no rap a
sonoridade da língua Umbundo.
Actualmente na África do sul, cumprindo as fases finais
do seu álbum de estreia, que virá chamar-se
“Tetuatiukila” (Havemos de voltar).
Zwelando
Filho de Peixe é Peixe
Por: Pacarov
T
em se dito que filho de peixe é peixe, e Cavera
C. é uma prova deste ditado, uma vez que
sendo filho de Dj, quis o destino que o mesmo
também fosse. Com 10 anos de Turntablismo e
produção, Cavera C. é hoje dos Djs angolanos com
maior divulgação a nível internacional, tendo
representado Angola em mais de 20 Países, entre os
quais mais de 47 concertos e festivais de Hip Hop como:
OBS Fest, Hip-Hop Connected, Dance 4 Life,
Grahmstown National Arts Festival, Wynberg Chest
Carnival, The Coons Fest, Long Street Festival, etc.
Como produtor trabalhou com centenas de artistas
nacionais e internacionais espalhados por este mundo a
fora como são os casos de: Granster, Seeve (Italia),
Pluside, Tom D, Raphlex, Amoba, Kredit, Chris Judge,
Dante, Flurid, LDG, Mc Gang, Nabis (Hungria), Mateus
Pinguim, Dj Coringa, Mocambos (Brazil), Vandal, CK
2009 - Produziu o álbum do Garlic Brown – Friday the 13th (Rapper Sul
Africano), 2009 - Produziu o projecto STOP VIOLENCE (Projecto onde reuniu
rappers de varias nacionalidades em memoria as victimas dos ataques de
Xenofobia na Africa do Sul), 2009 - Produziu o álbum de Side Hill - Fort d´nos
peins (Grupo do Congo Brazzaville), 2008 - Produziu a Mixtape The underdog
vol.1 (Projecto com participaçao de varios rappers), 2007 - Produziu a Mixtape
Feel the beat vol.2, 2006 - Produziu a Mixtape Terror vision com Terror Mc
(Mc Sul Africano), 2005 - Produziu a Mixtape Feel the beat vol.1 (Album
instrumental), 2004 - Co- Produziu o álbum do Brown - Hanging in and
Hanging on (Rapper de USA), 2004 - Co-Produziu a
colectânea Parlamento de rua (Reppars
Angolanos em Cape Town), 2004 - CoProduziu o álbum da TRIBO SUL - Grito de
liberdade, 2003 - Co-Produziu single da
TRIBO SUL - Reflexao do Musseque, 2002
- Co-Produziu o segundo single da TRIBO
Flow (Canada), Bob (France), Anu D, Gekke C, Luna
SUL - Grava mensagem, 1999 -
Blix, Make Senze (Holanda), Mano (Japan), Tekupu
Co-Produziu o Primeiro
(Nova Zelandia), Telma Tvon e Makheda (Portugal),
single TRIBO SUL - Faz
Cosmic Crew (Republica Checca), Angel, Dan, Raffi,
again
Reedo, Sevi, Danny, Reimlifeissi e Michi (Suecia), Eklin,
Elom, Bricce (Togo), Rapperholic, Hajila (Zimbabwe),
512 Collectives, Big Mouth, Razor Tang Tang, Billy B,
Hustler Boys, Brown (USA), Bumble B, Oren (UK), Ben
Sharpa, Archtypes, Nhati, Garlic Brown, Bradlox, Endz
the otherness, Eavesdrop, Samuel, Criple Samaritan,
Cyche (Africa do Sul) Side Hill (Congo Brazzaville)
Intelektu, Denexl, etc...
Actualmente é Dj da African Hip-Hop Radio
(www.africanhiphopradio.com) e encontra-se a
trabalhar na com o Pagina Kontrária, a Mixt ape “o meu
lado esquerdo do peito”, o novo álbum da Tribo Sul, o
projecto o Velho e o Rapaz, e a mix tape THE
UNDERDOG VOL.2 (A LUTA CONTINUA...)
ZWELA primeira revista de rap mwangole
7
“Sempre tive a missão
de chegar longe”
Nascido em Luanda, António Domingos Da Costa, vulgarmente conhecido por
Papetchulo, 28 anos, desde puto que vem manifestando a sua veia artística,
tornando se num dos ícones da música moderna angolana.
Por: Kombaniklotiko
Ostentando o pseudónimo de Nuno G, juntou-se a alguns amigos do
bairro e formaram em 1992, o grupo de rap que viera a se chamar
Putos do BK (Putos do bairro Kassequel), sendo os primeiros passos,
os putos conseguiram por vários momentos erguer em bem alto o
nome do bairro, uma vez que rapidamente conquistaram o então
mercado complicadíssimo e discriminado do Hip Hop nacional.
Tempo depois abandona os Putos do BK, forma junto de um outro
amigo do bairro Mártires do Kifangondo, um outro grupo que em
quase nada deu certo, até que apresentado por um dos elementos do
Grupo Zona Kid, aos Warrant B, que na época chamavam-se Warrant
Niggas, constituído por; Meiv, Donna Kelly, Cannibas e Edy Tussa.
Como o grupo precisava de mais um elemento, propuseram testes a
Nuno G, que apresentou um resultado por eles inesperado, e logo
recebe o sim, tornando o grupo em quinteto, mas depois ficam sem a
Donna Kelly.
Rumando em busca de novos horizontes, Nuno G, imigra para as
terras de Camões, onde por iniciativa de Pedro NZagi, é atribuído o
nome de Papetchulo. Tempo depois reencontra os outros e juntos
batem portas de varias editoras, mas viam-se rejeitados, alegando
falta de qualidade, até que em 1999, são aceites pela Zé Orlando,
editando o álbum “Batalha”.
De regresso, a Luanda o grupo consagra-se como o segundo grupo
de rap a publicar uma obra discográfica. Alguns anos depois gravam o
álbum “Perfil adequado”. Álbum que traz o sucesso individual de
Papetchulo, tudo graças a sua forma inigualável de dançar e das
curtas passagens em algumas telenovelas da nossa televisão
publica, bem como da sua indiscutível aparecia com a estrela norte
americana do R&B “Usher”, recebe um carinho do povo,
principalmente das meninas, tornando-se a par de Big Nelo, no artista
mais cobiçado pelas fãs.
Por decisão dos colegas, Papetchulo vê-se afastado do grupo, e
parte logo com a edição do álbum “Papetchulo”, a uma carreira a solo.
Apesar do mesmo ser reeditado, o álbum não teve o feedback
esperado dos fãs, mas acima de tudo segundo o artista, o álbum
permitiu-lhe por os pés no chão, deu-lhe varias viagens e muitos
espectáculos.
Agora em 2009, sob direcção artística de Big Boss e Sandocam, e
edição da LS produções, lança o álbum “Te amo”, com 15 faixas
músicas e um bónus track, recheado de pop, gheto zuck, r&b e rap,
contou com participações de Eliei, Dji Tafinha, Dimensão, Neydi.
Fotos: gentilmente cedida por Papetchulo
Luanda, Kilamba Kiaxi, Golf, Subzona 10, Quarteirão Nº 48, Rua da Igreja Pentecostal, Contacto: 912 91 64 50 / 922 31 82 56 / 924 61 28 95
ZWELA primeira revista de rap mwangole
9
“Num País tão rico,
é injusto morrer a fome”
Após ter fechado os negócios em cartas na mesa, Mister K, leva em Bons Ventos a sua
carreira a solo e continua sendo uma das principais vozes no panorama Hip Hop nacional.
Por: Kombaniklotiko
Z -Quem é o Mister K?
MK- Mister k ou simplesmente Katila é o meu nome real apenas aumentei o Mister pra ser compativél
com as coisas que eu penso.
Z -Como te defines como Rapper?
MK- Sou um rapper polivalente.
Z -Como e quando foi os seus primeiros passos?
MK- Os meu primeiros passos foram como B.boy e fazendo play back dos Kris Kross e M.c Hammer.
Z -Quais foram as suas influencias?
MK- As minhas maiores influençias foram Kris Kross, Wu tang clan, Onix, KRS One, Flip Mod Squad e
como muitos angolanos S.S.P.
Z -Conta-nos como é que apareces nos Kalibrados?
MK- Não foi programado, aconteceu naturalmente.
Z -Qual é a sua opinião sobre o beef?
MK- O beef é salutar quando é bem feito e quando realmente existem razões para
acontecer mas infelizmente existem pessoas que fazem pra ganhar atenção.
Z -Como anda a sua relação em torno do grupo?
MK- Com os Kalibrados?... ahahahahahhhhhh…. Normal.
Z -Se tiveres que escolher entre o álbum Negócio Fechado e
Cartas na Mesa, qual deles escolherias?
MK- Negocio fechado.
Z -Porque?
MK- Porque estavamos sempre juntos, suavamos juntos, havia
poucos negocios e muito amor a música.
Z -Diz-se pelas ruas que saíste dos Kalibrados, porque o
Negócio não era Fechado na mesa (havia injustiças nas
divisões das receitas do grupo), qual é o seu comentário?
MK- Não foi pelo que as pessoas dizem mas sei que a
verdade um dia virá a tona, o que posso adiantar é que
ninguém saí de um sítio onde esta tudo bem.
Z -Qual é a sua ligação com a FIRMES?
MK- Eu a firmes somos compalheiros já a algum tempo,
o disco firmes foi um negócio que fechamos, o tempo
esgotou e cada um esta na sua mas a amizade
continua.
Z -Fala-se em álbum solo de Mister K, podes
descrever este álbum?
MK- O ábum está para breve. Será um álbum
versatíl com conteúdo forte e com uma
identidade própria, e sairá pela minha
Produtora, a Bons Ventos Produtora.
Z -Ouvindo as suas músicas, facilmente
identifica-se alguma violência nas
palavras. O termo Gangster, diz-lhe
alguma coisa?
MK- Diz-me muito. Tem graças que respeito
muito pessoas que fazem quase tudo pra
sobreviver porque num País tão rico como o
nosso, é injusto morrer a fome, claro que
não estou a falar de gangster que rouba
pobre e mata por prazer. Quando digo que
sou gangster o que tento transmitir é que eu
tenho atitude, sou homen com H, e faço muito
pra sobreviver, podia dizer hustler mas
gangster soa melhor.
Z -Sente-se realizado como Rapper?
MK- Sim, a evolução é notoria tipo B.I.G,
ahahahahahahhhhhhh… agora o que quero mesmo
é me tornar grande no mundo do negocio.
Z -Que conselho deixas a quem pretende ser Rapper?
MK- Ser rapper não é tao facil quanto parece é preciso
primeiro nos cultivar-mos, termos mente aberta, praticar,
respeitar, investigar, ser humilde e verdadeiro acima de tudo.
10
ZWELA primeira revista de rap mwangole
Zwelando
“O Graffiti é uma arte Espontânea”
Por: Sebastião Nogueira
A
25 anos, o mundo testemunhou o nascimento de
Lourenço Joaquim, no qual a arte de pintar o
baptizou de K7D.
Apaixonado pelo lápis no cheiro da tinta, aderiu Artes Plásticas
como formação académica no Instituto Médio de Artes Plásticas.
Mas foi no ano de 2003 que ingressou as fileiras do hip-hop,
abençoando as paredes com peças lindas de graffiti.
Em apenas 11 minutos em que se efectuou a entrevista, K7D,
enquanto respondia pintava a parede que no final resultou no
belíssimo graffiti com os dizeres "ZWELA". Assim como vocês
podem apreciar abaixo.
ZWELA primeira revista de rap mwangole
11
Quem sabe o que quer, não aceita o que não quer.
Para muitos chamados de angolan Public Enemy, muito devido aos seus conteúdos líricos e
a agressividade nas palavras. Tribo sul é dos poucos grupos de rap estrangeiro que nas
terras de Mandela vem se expressando, tornando num dos grupos angolano com maior
representação além fronteiras.
Exclusivo
Por: Abdul Faye, para a Concret jungle Magazine, gentilmente cedido para a Zwela.
Traduzido por: Pacarov.
Z - O que é a Tribo sul?
TS - É uma carruagem de sobreviventes unidos na luta.
Z - Que luta?
TS - A luta contra a desigual idade social, violência, drogas,
fome, epah… tu sabes.
Z - Quantos sobreviventes estão nesta luta?
TS - Como grupo começamos 3, fomos a 4, ficamos 3, agora
crew somos tipo uns 30 o que…, na realidade é apenas 1.
Z - Quanto tempo nesta luta?
TS - Começamos de forma individual e como é lógico cada
um ao seu tempo e lugar, o mais antigo é o Pipokahz que
aldraba ter começado após a carnificina de 77.
Z - Que tipo de arma usam?
TS - Tudo que seja possível, desde a caneta, papel,
microfone, etc.
Z - Como é que se uniram como grupo?
TS - Tudo começou em 1999, por First page, Cavera C. e
Checcovara. A quando da morte dos Soldados de rua (Mano
Merk e N.G. Rap) em Cape town..
Z - Que diferença existe entre Tribo sul grupo e Tribo sul
crew?
TS - O grupo é o Fist page, Cavera C. e Mata Joy. A crew é a
família toda.
Z - Quais são as vossas influencias?
TS - Varias, cada elemento provavelmente terá a sua
resposta. Mas acabamos sempre nos igualando em nomes
como Steve Biko, Nito Alves, Mandela, entre outros.
Z - É sabido que vocês não são sul-africanos. Qual é na
realidade a vossa origem?
TS - Ya, o grupo é composto por 3 Angolanos, mas a crew tem
2 Tanzanianos, 2 sul-africanos, 1 americano, 3 congoleses
de Brazaville 1 colombiano e uns tantos angolanos. Estamos
na Africa do sul, Brazaville, Tennese e Miami (USA) e
Tanzânia.
Z - Esta distancia não fere o vosso trabalho?
TS - Não, porque cada soldado tem sabido preencher as suas
trincheiras.
Z - Qual é a vossa ligação com Mizchief?
TS - Apenas amigos, o resto é só trabalho tipo… ele mais
recentemente faz props para o novo projecto do Cavera.
Z - Sendo angolanos o que vos trouxe cá?
TS - Como muitos angolanos negamos pegar em armas e
lutar por uma causa injusta, vimo-nos obrigados a violar
fronteira em busca de refúgio.
Z - Como foram recebidos?
TS - Será que algum estrangeiro é bem tratado aqui?
Z - Quais são as dificuldades que enfrentaram?
TS - É difícil ser refugiado, principalmente quando estas
distante da família e amigos, e quando este País é o País do
apartheid.
Z - Como é que vocês se definem como grupo?
TS - Guerreiros e verdadeiros.
Z - De onde surgi o nome angolan Public Enemy?
TS - Não sei, e das vezes que ouvi ser chamado assim julguei
ser desprezo.
Z - É verdade que vocês têm ligações políticas com a
oposição?
TS - Isto é que oiço dizer, mas não acredito que eles teriam a
coragem de no mínimo aceitar uma fatia de bolo vindo de nós.
Z - Quando no Grito de liberdade vocês solicitam um
novo presidente, qual era a intenção?
TS - Talvez é por nos sentirmos cansado com arroz branco
todos os dias, enquanto os outros comem o que apenas
vimos em revistas e televisão.
Z - Mas a oposição fez uso desta música na altura das
campanhas eleitoras?
TS - Felicidades para eles… ah,ah,ah,ah,ah… talvez por isso
perderão.
Z - Até quanto vocês vão conseguir manter este
radicalismo?
TS - Até se conseguir fazer os homens compreenderem que o
homem tem direito a vida, amor, pão, água, luz e liberdade
acima de tudo.
Z - O impacto que vocês fazem aqui “Africa do
sul” é o mesmo no vosso País?
TS - Não e acredito que nem sequer nos conhecem.
Z - A tempos foi publicado um artigo num dos
jornais criticando a vossa atitude a quando do
problema de xenofobia. O que aconteceu?
TS - Epah… não sei de que artigo te referes. A única
coisa que sei é que nem tu aceitarias ficar sentado a
espera que alguém viesse te matar, a malta só usou a
defesa.
Z - Como é que tudo acabou? Apercebe-me que
tiveram presos.
TS - O mundo acompanhou, dizem que tudo acabou
mas a luta contínua.
Z - Como é vossa relação com a comunidade
angolana?
TS - Infelizmente a comunidade esta dividida em
duas “a nossa dos refugiados e a outra dos famosos
estudantes”. Para os refugiados somos um orgulho,
Herois, e espelho, enquanto que muito dos
estudantes negam a nossa existência.
Z - E com artistas sul-africanos?
TS - Fixe, na medida do possível, principalmente com
aqueles que aceitam os nossos ideias.
Z - Para quando Tribo sul no awards do Kora, MTV
ou Channel O?
TS - Quando Deus quiser, mas nós nem sequer
temos vídeo por isso nem nos imaginamos na MTV
ou Channel O. Um dia destes quem sabe...
Z - Quando foi publicado o álbum Grito de
Liberdade? E para quando o próximo?
TS - Saiu em 2004, o próximo grito continua em forno
tudo porque ainda continua acesas as chamas do
Grito de Liberdade.
Z - Vários grupos já juraram tanta fidelidade e hoje
estão totalmente transformados. Já alguma vez
sonharam com tal possibilidade?
TS - Quem sabe o que quer, não aceita o que não
quer.
Z - Vocês continuam independentes ou são
assinados?
TS - Esta difícil combinar as ideias, mas existe um ou
outro pretendente, oferecendo o mundo nos tirando a
liberdade.
Z - Como é que vocês conseguem se manter na
luta durante todo este tempo sem novo disco?
TS - Nós não lutamos apenas com discos no
mercado. Alias provavelmente a malta tem estado,
tanto como grupo como crew em vários featurings e
mixtapes, dentro e fora do continente.
Z - Vocês têm no grupo o Dj Cavera C. que por
sinal é um nome sonante no que o Hip-Hop
Africano diz respeito. Qual é o beneficio que
vocês tiram disto?
TS - Há mais benefícios para o Hip- Hop Africanos.
Z - Como é que se sentiram quando foram
chamados para entrarem no palco do Festival
Dance 4 life?
TS - Foi apenas mais um show, embora não sermos
reconhecidos temos sido embaixadores da música
angolana em vários festivais internacionais.
Z - Conta-nos o incidente que vocês viveram na
Tanzânia?
TS - Eu não estive, mas segundo apercebe-me o
grupo foi invadido em palco, a quando um ligeiro
corte de energia. Felizmente foi feito justiça.
Z - Para quando um regresso definitivo a Angola?
Esta para breve, mas o Page vive praticamente em
Angola.
Z - Props?
TS - Mantêm firme. Para todos que acreditam no
poder da palavra vão enfrente e recordem que a
liberdade não se mendiga.
ZWELA primeira revista de rap mwangole
13
O estado actual
do Hip-Hop angolano é triste
E
m passagem numa das noites de Bahia, Zwela cruzou-se com Carbono e Honório, dois
Mc´s, produtores, gráfico designer, que preocupados com o rumo do Hip Hop nacional,
manifestaram ao Zwela os seus pontos de vista. Eis a entrevista.
Por: joão Meia
Z -Qual é o seu ponto de vista em relação ao que o Bahia nos
oferece?
Carbono - Não deixa de ser verdade que o Bahia é uma casa que de
certa forma promove a cultura Hip-hop, mais propriamente o Rap
que é a parte cantada da cultura Hip Hop, promove de certa forma
mas também com muita futilidade a mistura. Epah… vê-se bom Mc´s
mas também vê-se uma camada de Mc´s sem conteúdo mas epah…
em cômputo geral é o Hip Hop e pelo menos, já é alguma coisa que
se faz.
Honório - … É triste mais dá para se remediar.
Z -Qual é a apreciação em torno do Rap feito em Luanda?
Carbono - Ahahahahhhh…
Honório - Nos últimos tempos tem se notado mais uma certa
divulgação para o lado do Hip Hop mais dançante, mais realidade o
verdadeiro Hip Hop esta de certa forma parado. Tem o Kid Mc que
lançou recentemente um álbum real, mas epah… de momento não
se aponta alguém que esteja exactamente a fazer sucesso com o
verdadeiro Rap, tal como o Carbono disse há muita futilidade a ser
divulgada mas em contra partida têm um espaço e infelizmente o
fazem em nome do Hip Hop.
Z -Qual é a sua comparação do Rap feito hoje e o Rap feito a 10
anos atrás?
Carbono - Esta pergunta dá-me um gosto imenso em responder
porque sinceramente o que se viveu a anos atrás foi muito mais
fervoroso em relação ao que se vive hoje. Hoje o Hip Hop ganhou um
espaço de vazio muito grande, naquela altura se as pessoas
procuravam dinheiro para viver o Hip Hop ou para comprar
computador, microfone ou mesmo para gravar uma musica e fazer
do bom Rap, hoje as pessoas tem tudo isto com muito mais
facilidade e não se faz bom Rap. Acredito que isto é um bocado da
nossa cultura própria de angolano que esta muito misturada com a
falta de disciplina, falta de comunhão, falta de elevação espiritual, as
coisas estão muito mais ligadas aos valores físicos.
Honório - Quando não tínhamos condições tínhamos Mc´s, hoje
temos condições e não temos Mc´s.
Z - Soubemos que tu tens uma experiência de Rap vivida em
Cuba. Qual é a comparação com o Rap feito em Angola?
Carbono - Mano, se os angolanos tivessem a fazer aquele Rap que
se faz em Cuba, podes crer que Angola seria uma das maiores
potencialidades de Africa.
Z - Como é que tu defines o underground?
Honório -O underground acima de tudo é uma vivência é um estilo
de vida.
Z -Todo Mc tem que necessariamente ser underground?
Honório - Não necessariamente, até porque os critérios variam de
pessoa à pessoa, mas independentemente disto o estilo de música
tem a capacidade de definir o Mc.
Carbono - Acho que não depende totalmente do Mc, e podemos ter
como exemplo alguns rappers na USA, que são underground nas
suas ideologias, mas depois a media lhes pegou e lhes lançou nas
massas, ficando massificados e perdem o verdadeiro sentido do
termo underground.
Z -Props para quem quer ser Mc e pretende seguir os vossos
passos.
Carbono - Todo mundo tem direito de escolher uma arte, um modo
de vida, mas acho que quem quer ser rapper, deve primeiro ser
original, original, acima de tudo originalidade nos temas.
Honório - Deve necessariamente se impor porque apesar de tudo,
tem muito a ver com dedicação, é necessário muita força de vontade
e recordar sempre que não existe sucesso sem sacrifício.
Entrevista
A Vida é um desafio
No início
era apenas curiosidade
Enquanto homem aparece "vestido" de Cláudio Fernando Kiala, jovem de 17 anos, estudante de
Engenharia de Telecomunicações da Universidade Católica, membro da União dos Escritores
Angolanos, e conhecido nas lides do movimento Hip Hop por CFK. É por muito considerado o futuro do
Rap nacional e o mais jovem e talentoso Mc dos palcos do hiphopmwangole.
Por: kombaniklotiko
Z - Quanto tempo estas no Hip Hop?
C - Bem comecei com 14 anos e no passado
mês de Agosto fiz 17, epah… são agora três
anos.
Z -Quando entraste para o movimento já
tinhas noção dos passos ou acabaste por
conhecer já dentro dela?
C -No princípio só quis mesmo era fazer
Rap. Mas na verdade não compreendia
quase nada, foi já dentro dela que comecei a
dar conta do recado.
Z -Porque é que entre os 4 elementos do Hip
Hop, tu escolheste logo ser Mc?
C -Eu sempre conheci o graffity, o B. boy, o
Dj, mas não sabia que eles faziam parte do
movimento. Alias eu via o Hip Hop, apenas
como o Rap.
Z -Agora que compreendes, como defines a
cultura em 4 palavras?
C -Cultura e fonte de liberdade de
expressão.
Z -Determinado rapper assumiu ser o Hip
Hop em pessoa. Como é que justificas esta
afirmação?
C -Como já disse, o Hip Hop é liberdade de
expressão e cada artista tem o direito de
dizer o que sente. Aliás eu próprio tenho
uma música com o título “sou o Hip Hop”.
Z -Mas como é possível, uma pessoa ser o
Hip Hop?
C -Eu acho que quando a pessoa se entrega
de tal forma a cultura, a mesma passa a
fazer parte de ti e daí, tu não passas a fazer
nem viver o Hip Hop. Tu passas a ser o Hip
Hop.
Z -A crítica lhe considera como o futuro do
Rap nacional, como é que encaras esta
responsabilidade?
C -… Enfim, eu faço o meu trabalho apenas
por gostar e não para atingir alguma meta,
mas é bom saber que apesar de fazermos
por amor, as pessoas nos encaram com este
respeito. Só tenho mesmo é agradecer.
Z -Que opinião tens sobre o beef?
C -O Hip Hop é liberdade de expressão. Mas
como humano, acho que os rappers têm
muito para falar por cima dos beats, alias a
tantos problemas no mundo como é o caso
de pessoas a morrer de fome, crianças a
serem abordadas, etc… eu acho que em
vez de estarmos a nos beefar, devíamos
aproveitar para fazer músicas com temas
mais construtivas.
Z -Qual é a sua ligação com X da questão?
C -Eu e o X temos muito em comum, ele é
muito parecido comigo ou vice-versa, no
que se refere a ideias, pensamentos, etc.
Tudo começou em apenas uma música,
antes da mixtape que fizemos juntos em
2008 e logo nasceu uma ligação muito forte
que felizmente dura até hoje.
Z -Para quando um álbum de CFK?
C -Esta a caminho.
Z -Com quem estas a trabalhar?
C -Estou a trabalhar com pessoas com
quem sempre admirei, alias nunca esperei
que um dia eu viria a trabalhar com tais
pessoas tipo, Mad, DH, CMC, etc…,
moçambicanos como o Payol Sonoro e Soul
foul brothers, rappers angolanos tipo Edu
Zip, Kool Kleva, Lukeny, X da questão, Lil
Jorge, Kennedy e Da Buz, Azagaya, Bob tha
rage sense, Ikonoklasta, Valete, etc.
Z -Qual é a sua ligação com o movimento
fora de Angola?
C -De certa forma a mixtape abriu-me
muitas portas, ela não foi só ouvida no País,
como fora dela, as pessoas ouviram e foram
mandando props, como é caso de alguns
manos na Tuga e em Moçambique.
Z -O que é que achas do Rap feito na
Lusofónia?
C -É fixe, mas acho que me identifico muito
com o Rap moçambicano. Eles são puros e
bwé criativos.
Z -Props para quem quero seguir os seus
passos.
C -Não desistam, a vida é dura, vamos
encontrar obstáculos, vão nos obrigar a
desistir, mas peço para não desistirem.
Caso seja um sonho, que vá em frente e que
se for curiosidade, então que faça com
responsabilidade, acima de tudo,
continuem a ouvir os meus trabalhos.
I
ntroduzido pelo Prollema Sul, em 2000 no
Jornal da Periferia, Amak-Yeve transformou
numa das vozes Rap mais ouvida do Rocha
Pinto e com Desafio projecta a sua carreira solo.
Por: Amaral
Z - Quem é Amak-Yeve?
A – sou um peregrino, músico, Hip Hop activista,
filho de um reverendo.
Z – Onde foi que roubaste este nome?
A - Abrevie Adriano Mendes Afonso Kanga.
YEVE vem de Mendelieve, que o people na
escola costumava chamar me em vez de
Mendes, gostei e passei apenas a usar Yeve que
posteriormente descobri que em Kikongo
significa Bênção.
Z – Quando é que te incorporaste nas fileiras
do Hip-Hop?
A – finais de 1996.
Z - Quais são os maiores problemas que
afectam o desenvolvimento do hip-hop
Angolano?
A - Acredito ser o boicote por parte da media, as
facadas por parte dos Mc´s, produtores,
gravadoras e muito mais, sou de opinião que se
não haver união entre os homens que defendem
a bandeira do hip-hop então não teremos
desenvolvimentos.
Z - Qual é o teu ponto de vista com relação ao
beef?
A - Os beefs devem existir, desde que não se diz
"vai para aquilo, a tua v###a é assado ou cozido",
pois quanto bem feito deixa muitos a reflectirem,
lembro me ter ouvido um beef contra um outro Mc,
mas senti que também me afectava embora não
tivera sido direccionado a mim mas conforme
disse um bom beef apenas ajuda o movimento a
crescer.
Z - Já alguma vez tiveste envolvido em beef?
A – Sim, já tive em beefs com o Xtigma e o Kussi.
Z – Ouve se nos bastidores que estas a
trabalhar no teu primeiro álbum a solo?
A - O meu álbum chamar se a " O DESAFIO",
conta com produções de DH, Mad Contrario,
Level Kronico, Cavera C. e Condutor, muito
embora solicitei ainda muitos outros e terá
participações de rappers como DNXEL, Edu ZP,
Spike e Back, Kinganda, Introspectivo, Kennedy
e o Da Bull(Muralha), Djamila Miranda, Male F e a
Vani, será clássico, espécie de um casamento
entre Hi-Tech e Talib Kwally.
Z - Mensagem para aqueles que o seguem e
admiram.
A – Paz, amor para todos e sucessos nos afazer
diários, para os Mc´s peço humildade e
simplicidade acima de tudo.
ZWELA primeira revista de rap mwangole
15
A nossa capa
Em term
mas em teos de vendas está
bem
rmos de c
poder líric
onsciência
o não esta
e
assim... tão bem
Z- Quem é o Kool Kleva dentro do movimento hip-hop?
KK- Não deverias ter feito esta pergunta, hahahahahah... bem, sou alguém que ajudou a
começar o hip-hop em Angola, para melhor dizer sou dos pioneiros do movimento, em
particular do Rap.
Z- Quando é que o Kleva surgi no movimento hip-hop?
KK- Escrevi a minha primeira letra em 1989, na altura estudava no Ngola Kiluange. Mas
antes já eu estava no Break Dance.
Z- Qual é a diferença entre o Hip-Hop e o Rap?
KK- Hip-Hop é cultura. Rap é apenas um dos elementos desta cultura.
Z- Sendo o pioneiro do Movimento, o que dizes a respeito da afirmação “o hip-hop
começou aqui” SSP?
KK- Se calhar eles pensaram que quando começaram estavam sozinhos, ou que o hip-hop
começou com disco, eu sou contra esta opinião.
Z- Qual é a comparação entre o tempo antes e depois do ´99% de Amor?
KK- Antes havia bom Rap e depois durante um tempo tudo era ´99% de Amor, mas anos
mas tarde e até agora já é algo completamente diferente.
Z- Numa das tuas músicas dizes ser o Hip Hop em pessoa. Como é que justificas esta
afirmação?
KK- Eu disse isto porque eu represento todos os elementos da cultura hip-hop, por isso
considero-me Hip-Hop em pessoa.
Z- Algumas pessoas dizem que o Rap está a perder as suas identidades?
KK- Eu acho que é como tudo, o tempo passa e as coisas evoluem.
Z- Que apreciação fazes do movimento actualmente?
KK- Em termos de vendas está bem mas em termos de consciência e poder lírico não esta
tão bem assim.
Z- Se tiveres que dividir o Hip-Hop em três etapas diferentes de acordo ao tempo
como será?
KK- Ouve fase que o Rap era muito pop, depois ouve outra faze que era muito pro
nacionalista e agora parece muito americanizado.
Z- Será que já é possível falarmos de nova e velha escola do Hip Hop em Angola?
Ante
durant s havia bom
R
e um t
empo ap e depo
de Am tudo era ´9 is
9%
or...
KK- Eu pertenço a Velha Escola, e a muitos putos por aí que se inspiram em mim, de
certeza que são da nova escola.
Z- Quem são os elementos do movimento que já mais devem ser esquecidos?
KK- Eu não deveria ser esquecido, o Nel Boy, Mc K, SSP, etc.
Z- Quem é o melhor Mc de momentos?
KK- Eu sou o melhor Mc do momento, hahahahahaa… fora de brincadeiras, acredito ser o
X da Questão.
Z-A palavra Kooltivar diz-lhe alguma coisa?
KK- Kooltivar? É título do meu álbum.
Z- Faz uma resenha desta obra discografica Kooltivar?
KK- Fiz o álbum de formas a exprimir o que sentia na altura, transmitindo as minhas
emoções e ao mesmo tempo uma Autobiografia.
Z- Qual é a sua relação com a LS produções?
KK- Pertenço a Cérebro Records, a LS Producoes apenas editou o meu álbum, visto que
naquela altura eu não tinha dinheiro suficiente para levar o álbum a industria, então surgiu
assim a LS.
Z- Últimas palavras para seus admiradores e aos nossos leitores, e para aqueles que
pretendem ser rapper?
KK- Isto faz mal, mas se gostam muito, então procurem ler mas ler mesmo muito, e
informar-se, e não importa a língua em estiveres a cantar devem conhecer bem a língua.
16
ZWELA primeira revista de rap mwangole
“ Eu sou o Hip Hop”
Nelson Rosa Fernando Bernardo, 36 anos de idade, pai de Rashid e
Ricardo, formado em História e linguística, tradutor e interprete,
radialista e promotor de eventos. É para muitos pioneiro do
Movimento que lhe apradrinhou de Kool Kleva.
A Zwela, teve a oportunidade de com ele conversar.
Por: Kombaniklotiko
o cresceu
O Rap angolan
tidade e perdeu
muito em quan
alidade...
bastante em qu
BANO
FLAGELO UR
“Samplier não é roubar, é homenagear”
Eu não optei pelo Rap, o rap é que optou por mim, tal como a vida nos escolhe para sermos
mensageiros da verdade e lutar pelos direitos dos mais fracos e oprimidos.
Por: Silvino João
Z - Quem é Flagelo Urbano?
FU - Flagelo Urbano aka Mein Sana in Corpore Sano aka Saint
Offici aka O Eremita Urbano aka Sawallia é um Mc e produtor que
está no movimento desde a segunda metade 1994. Fui na
província de Benguela onde comecei a dar os primeiros passos
como B - boy, e só em 1996 aventurou-me na elaboração dos
primeiros versos que acabariam por ser gravados já após a minha
mudança para Luanda.
Z - Porque optaste pelo rap e não um outro estilo?
FU - Eu não optei pelo Rap, o rap é que optou por mim, tal como a
vida nos escolhe para sermos mensageiros da verdade e lutar
pelos direitos dos mais fracos e oprimidos.
Z - Um dos elementos fundamentais da música é o
instrumental e na maior parte das vezes os produtores não
recebem o crédito que na realidade merecem, no teu ponto de
vista qual será o motivo?
FU - O Motivo reside na ausência de senso de profissionalismo e
respeito pelo trabalho dos produtores. O instrumental é um dos
elementos mais importantes na música rap, tens razão. Há álbuns
que vendem muitas cópias devido aos beats que o compõe, há
beats que fazem verdadeiros clássicos mesmo que o artista que
sentou neles não seja tão bom assim. Mas a verdade é que
muitos artistas e principalmente na banda o pessoal não tem
noção destes factos e reduz o produtor num mero elaborador de
beats que não merece promoção. Lamento que seja assim!
Z - Quem são as tuas fontes de inspiração no que diz respeito
a produção? Porque?
FU - já gostei muito do RZA, mas ultimamente tenho me
decepcionado muito com as cenas dele. Ultimamente inspirar me
em Kev Brown, Ill Mind, Nikolay, 9th wonder, oddisee, M-Phases,
e outros. Porque na minha opinião são bons produtores.
Z - Que diferença existe entre plágio e sample?
FU - Ao contrário do que um tal radialista tenta fazer transparecer,
existe sim uma diferença apesar de algumas vezes criar alguma
confusão ao ponto de levar os menos atentos a não saber
exactamente qual é a diferença. Sample é uma frase do vocábulo
Inglês que quer dizer “amostra”. Samples são arquivos de sons,
vozes, batidas e instrumentos muito usados pelos Djs e
Produtores na composição de músicas electrónicas. Estes
18
arquivos são na sua maioria pedaços de músicas de outros artistas.
Plágio é o acto de assinar, fazer parecer ou apresentar uma obra
intelectual de qualquer natureza em que contenha extractos,
elementos ou outras situações que pertençam a uma qualquer outra
pessoa sem com isso colocar os devidos créditos para o autor original
da mesma obra.
Z - Muitos dizem que os sampliadores são frutos da falta de
originalidade. O que tem a dizer com relação a isto?
FU - Acho burrice pensar que samplier é falta de originalidade. Rap é
ritimo musical de um movimento cultural e qualquer movimento
cultural tem suas particularidades, características que o torna
diferente de outros movimentos culturais. E o uso de sample
(Extractos de outras músicas) é uma dessas particularidades. O rap
nasceu com os sound sistems, repetições ininterruptas (loops) de
outras músicas e isso é Rap.
Z - Que musico sonhas um dia produzir? E porque?
FU - Na banda já realizei o meu sonho que é de trabalhar com os
melhores Mc´s do circuito underground. Agora fora do país gostaria
de ver o Common sense sentar num beat meu. Um dia quem sabe!
Z – Qual dos beats produzidos por ti, pode ser facilmente
identificado pelo povo?
FU - Vitima do sensacionalismo e Atrás do prejuízo, que fizeram parte
do álbum do Mc K.
Z - O que tens a dizer a respeito do rap Angolano?
FU - O Rap angolano cresceu muito em quantidade e perdeu
bastante em qualidade. Hoje os Mc´s estão mais preocupados com
noites, fama, mulheres e dinheiro. A maior parte só deseja aparecer
no Tchilar, Flash e hora quente. Artistas que ontem defendiam ideais
de mudança, de igualdade e o discurso consciente, hoje são os
maiores representantes do bling. Poucos Mc´s conseguem
surpreender pela positiva com seus versos e skills. Mas apesar de
todos estes factos negativos devo dizer que os produtores
melhoraram muito, Hoje não podemos nos queixar das produções
nem dos produtores, esses têm feito um trabalho digno de aplausos.
Z – Ultimas dicas para o pessoal?
FU - É Preciso levar o Hip Hop a sério. E ter noção de que os nossos
actos podem se reflectir em alguém de forma positiva ou negativa.
ZWELA primeira revista de rap mwangole
Zwelando
Shorty Bang e Soloba
Por: C.M. F.
Há 16 anos atrás Solaba e Short Bang,
conheceram-se no estúdio Futuro do Mr
Paul, um dos poucos estúdios que produzia
música Rap nos meados da década 90.
Alguns anos depois, em busca de novos
horizontes, ambos reencontram-se em
Cape Town – Africa, e traçaram planos para
a estruturar o que é hoje chamado de
Mabuala Produções. Uma produtora com
raízes acentuada no hip-hop, Reggae e
Ragga, mas com capacidade versátil.
ZWELA primeira revista de rap mwangole
19
Entrevista
É na dança onde encontro a minha paz
Acompanhando o irmão que na altura era instrutor de Capoeira, Marinela António Chiqueque
do Nascimento, 17 anos de idade, natural de Benguela, aproveitando se dos movimentos da
Capoeira, desenvolveu o amor pela dança mas foi ano de 2001, 2002 que se afirma como BGirl. Eis a entrevista:
Por: C. M. F.
Z - Fale nos da sua trajectória?
M - O meu amor pela dance nasceu de pequenina, na altura o meu irmão era instrutor de Capoeira,
imitando os movimentos, comecei a dar os meu primeiros toques e inocentemente casei-la com o Hip Hop.
Uma vez que era vitima e apaixonada dos vídeo clipes americanos que passavam nos programas televisivo.
Z - Como é que os teus pais encaram tudo isto?
M - Graças a Deus os meus pais apoiam-me bastante, eles dão me o maior apoio possível.
Z - Quais são as dificuldades que tens encarado?
M - Acredito que não são tantas.
Z - O Hip-Hop tem sido mais representado na vertente rap, a que se deve no seu ponto de vista a
escassez de Break dancers e de outros elementos?
M - Acredito que não é fácil ser Break Dancer, uma vez que quase nada temos como escola e nem
sequer existem incentivos, embora haja muita gente disposta a aprender, mas a falta de infraestruturas, torna as coisas mas difíceis.
Z - Fala um pouco do estado actual do Break Dance em Angola?
M - Já tivemos tempos melhores, mas acredito que aos poucos estamos a desenvolver, visto que já
existe muitos grupos e muitos B-boys e B-girls, apesar de continuarem escondidos por falta de
actividade.
Z – O que é que achas do Bounce?
M - É uma mais valia, pois só vem para incentivar e valorizar os dançarinos. Mais programas do
género deveriam existir.
Z – Porque é que não concorreu ao concurso?
M - Escreve-me, mas infelizmente a hora marcada para o casting coincidiu com as provas no
Colégio. Da próxima lá estarei.
Z - Mensagem para o pessoal.
M - Lutem e não desistam, para a frente e o caminho.
22
ZWELA primeira revista de rap mwangole
Zwelando
O PAI DO SAMPLE
“Considero-me um produtor profissional, porque vivo disto”
Por: Conceição José Balanga
C
láudio Van-Dúnem aka Raiva o Pai do Sample,
23 anos, rapper e produtor, começou a sua
trajectória, quando estudava no IMIL
(Makarenko) em 2001, conheceu um colega, de nome
Vlady Producer que o ensinou a produzir. Notando
que ele tinha mesmo gosto que o raiva o gosto pelo
underground e formaram um grupo. Nesta altura
Raiva ainda não produzia apenas cantava, então
decidiram fazer um CD, com o Vlady na produçao e o
Raiva no Microfone que nem Gangstarr, Guru e Dj
Premier que eram as suas maiores inspirações.
O Vlady deu-lhe algumas dicas (uma tecnicas), e
assim Raiva começou a fazer beats e mostrava-lhe, já
que ele o tinha dado o programa, sendo um jovem
inteligente aperfeiçou a técnica. Deste modo, foi
produzindo e depois conheçeu um amigo que se
tornou irmão (Boni), a quem mostrou os beats e ele
tinha um Grupo na altura (Supremo Regimento) e
fizeram um CD, com poucas condições, mas o fizeram
com muito amor e dai, foram surgindo outras
propostas para produzir para outros grupos como
rappers e outros Mc's undergrounds por ai fora, foi tornandose conhecido pela sua característica de produzir beats
pesados com especialidade em sample dai o nome Pai do
Sample, gravou uma colectanea mais tarde chamada 3 visão
na qual participaram Wima Nayobe, Mc K, Boni, DC, Black
Sam, Mestre Samanhonga, Mr Al...etc... Foi conhecendo e
ajudando trocando experiências com outros produtores
muitos na qual ajudou a montar os estúdios, Lançou a
mixtape com o j killa e nessa mixtape participaram varios
artistas como. Vui Vui, Edu Zp, Legião, Mr K.... como produtor
já trabalhou com Supremo Regimento, Kid MC, Raf Tag, Big
Nelo, Papetchulo, Mc K, Supremos, Spike e Beq, Wonderfull
1, Malefuck, Luzidios, CMC, Zona 5, Firmes, Kill Point,
R e p t i l e , D j i Ta f i n h a e m u i t o s o u t r o s .
2007 Lançou o seu primeiro album Kamikaze, onde produziu
a maioria das músicas excepto uma que foi produzida por
Boni, e na mesma obra trabalhou com varios artistas tais
como: Reptile, Eliei, Kadaff, Erick Shyne. Lil Kiss, Paulo
C a b o n d a
e n t r e
o u t r o s .
Actualmente ocupado a trabalhar na produção do seu
segundo álbum a solo e no disco dos Wonderfull one.
Fotos: gentilmente cedida pelo Raiva
ZWELA primeira revista de rap mwangole
21
Entrevista
VELAS RAIO-X
Z - Que diferença existe entre o rap e o
hip-hop?
V - A diferença é que o hip-hop é cultura, e o rap é
apenas um estilo musical, que representa a
cultura hip-hop.
Z - Sera que as radios tenhem promovido o
hip-hop de forma eficaz?
V - As radios em particular os programas de hiphop e seus radialistas não tenhem feito o seu
trabalho quando fala-se de promoção do hip-hop
nacional. Tudo por causa da corrupção e
descriminação dos radialistas, quero com isto
dizer se não fores da city e não tiveres dinheiro
para pagar os apresentadores dos tais programas
então ninguem passa a tua musica, se és do
guetto e não tens um certo prestigio no
movimento ninguem passa a tua musica.
A media não respeita a voz do guetto.
Z - No teu ponto de vista qual é o melhor
programa de hip-hop em Angola e porque?
V - O melhor programa de hip-hop é o "BIG SHOW
CIDADE". Apesar das suas falias mas numa
escala de 10 dou-lhes 8, porque eles tenhem
tentado promover o rap de todas as áreas e
vertentes, muito embora tambem eles tenhem os
seus favoritos que acabam sempre por ser os
multi-plays.
Z - Nos ultimos anos o hip-hop tem sido
assolado com uma ser de conflitos(beefs),
que muita das vezes acabam em violência, o
que tens a dizer com respeito aos beefs?
V - Condeno a violência, pois hip-hop é amor mas
sou de acordo com o beef desde que seje
construtivo. e acredito que eles ajudam os mc's a
dispertarem e irem alem, pois cada um teu o seu
ponto de visto.
Z - Para ti qual é a melhor musica rap de todos
os tempos, e porque?
V - Sem sombra de duvidas a melhor musíca de
todos os tempos é o son "DEMOCRACIA" da
"TRIBO SUL". Democrácia é uma musica
completa, desda a produção ao conteúdo lirico, e
o flow, se tu sentares e ouvires a musíca veras
que não estou a exagerar, os manos nesta musíca
mostraram muita consciência, e um grande nivel
intelectual, acima de tudo muita inteligência, algo
que esta a faltar no nosso hip-hop.
Z - Sera que o hip-hop em Angola é bem
representado?
V - O nosso hip-hop não esta completo, so temos
mc's não temos dj's, b-boys nem graffiteiros.
22
ZWELA primeira revista de rap mwangole
Além fronteira
Side Hill Crew
Por: Jaak Makhadi
B
razzaville congoleses, Stomeph, K-Loy Stress e
Dj Leym, inspirados por Patrice Lumumba,
Jomo Kenyata, Public Enemy, Krs One, Martin
Luther King, Malcolm X, e muitos outros
revolucionários, decidiram por meios do rap soltar a
voz em protesto e formaram o grupo Side Hill.
Apesar de não ter ainda álbum no mercado, o grupo
firma-se no underground, expressa-se musicalmente
com conteúdos político, sócio cultural e educativa, e
têm vindo a divulgar as suas músicas por meios de
shows e mixtapes.
Em 2008 participaram no Wynberg Carnaval Fest na
Africa do Sul, festival que contou com a participação de
rappers provenientes de vários países de Africa,
Europa e dos Norte americanos, The Roots, Talib
Kwali, Mos Def, Geru tha Demager e Dead prés, o trio
fui considerado grupo promessa e teve a oportunidade
de conhecer o Dj Cavera C, produtor angolano que
viera um ano depois ter a responsabilidade de produzir
o ˝ Fort dans nos peines ˝, primeiro álbum do grupo que
será lançado brevemente, pela 9Km Concept Records.
Os angolanos estão no caminho certo
Eavesdrop é uma rapper sul-africana que vive atrás do microfone desde o
final da década 90, mas foi apenas descoberta nos palcos do Natinal Arts
Festival e em seguida uma das poucas raparigas do estilo rap a fazer
parte do curso Red Bull Music Academy em 2005. Encontrando no Hip
Hop a ferramenta para se expressar artisticamente e encontrar o seu lugar
na sociedade.
Por: Silvino João
Z - Quanto tempo estas na cultura Hip-Hop?
E - Desde o principio da década de 90
Z - O que é que aprendeste com o Hip-Hop?
E - Aprendi a identificar o meu lugar na sociedade.
Z - O que achas do conflito entre comercias e undergrounds?
E - Acredito que é devido o poder lírico de um e o modo de vida do outro,
mas acredito que quanto mas conflitos, mas barreiras criamos entre nós e
cada vez tornaremos tudo mas complicado.
Z - Existe separação entre rap feito por negros, o rap feito por mestiços,
rap feito por brancos e o rap feito por estrangeiros, o que tem causado
tais separações?
E - Acredito que estas separações dão se devido a ignorância por parte de
tais pessoas que praticam estas cenas, e acredito que se fossemos mais
reais isto não existiria. Se calhar são frutos do apartheid.
Z - O que tens a dizer a respeito do rap angolano?
E - Os Angolanos são muito fortes embora a maior parte das vezes não
entendo as líricas devido o português, mas grupos como Tribo Sul que a
maior parte das vezes aparece em inglês sei que estão no caminho certo.
Mas também gost de ouvir Kalibrados, Big Nelo e Intelektu.
Z – Ouvi que foste convidada a trabalhar com as 3 Flows (grupo
feminino de rap angolano), qual é a verdade nisto?
E - Acredito que trabalharemos juntos num projecto do Dj Cavera C. mas
não sei na realidade quem são as meninas.
Z - Para quando uma visita a Angola ?
E - Futuramente irei para lá visto que conheci muito boa gente
provenientes daquela terra.
Z – Então até la…?
E – Não tem makas o tempo vai chegar.
Z – Últimas palavras.
E – Espero que a tradução transmite tudo o que acabei de dizer. Paz e
amor para todos os angolanos.
Asrafo Records:
Sciencia e Consciência
Por: ELOM 20ce
O
rap togoles está no seu ponto mas alto, após o
surgimento do grupo Asraf Tribe que apesar de
ter já mais de 10 anos de caminhada e não ter
álbum no mercado, e viver apenas de projectos e
mixtapes, criou em 2007 a Asrafo Record, e publicou a
mixtape "Rock the mic Vol.1" com presenças de CK
One, Easy Mo, Eklin, Elom 20ce e muitos outros
rappers togoles, Asraf Tribe tem como pilotos Eklin,
Eazy Mo, Bricca, Elom 20ce, Trez e Gomo Gomo,
identificado por uma linguagem revolucionária, Asrafo,
traz nas suas músicas aquilo que não é divulgado nas
rádios, jornais, revistas e TVs, recentemente
atribuídos o titulo de embaixadores do projecto da
criação de um Estados Unidos da América e foram
recentemente convidados como representantes de
Africa, a participar no festival Real Hip-Hop em Nova
York.
Actualmente tem nos Estúdios os projectos Rock the
Mic Vol.2, Bricce – Profisionel Vol.1, e o Álbum Thomas
Sankara, em memoria do grande activista Africano.
ZWELA primeira revista de rap mwangole
23
Zoom Zooms
Azagaia candidato a deputado
Celder procura Gatunos de Flow
O rapper Azagaia, autor de Babalaze, um dos
álbuns mais polémico em Moçambique nos
últimos tempos, que inclui hits como As mentiras
da Verdade, Povo no Poder e Combatentes da
Fortuna, aparece em primeiro lugar na lista dos
candidatos á Assembleia da República pelo
MDM, para a província de Maputo.
Celder manifesta-se insatisfeito por não
conseguir agarrar os gatunos de flow no show de
apresentação do álbum kooltivar, apois o sinal de
Mc k, Kool Klever teve de receber o mic a Celder.
Pagina Kontraria
GATUNOS DE FLOW, GATUNOS DE FLOW...
Signo: Capricórnio
Idolo: Yokenny (meu filho)
Líder politico: Nelson Mandela
Religião: Cristão
Ocupação: MC / Import and Export
Manager
Crew: FL Gang
Bairro: Golf 1 / Golf 2
Mr K voando a solo no Boeng 27
Mr K voando a solo em Boeng 27.
Hobbies: Musica, Cinema e Basketbal
A quando show de apresentação
do albom kooltivar que contou
entre vários convidados, e
participação especial de Valete,
emocionado Kleva decretou
o 4 de Outubro de 2009
c o m o d i a d a
independência do Hip
Hop em Angola.
Será que isto pega?
Zangado com o estado actual do movimento,
Carbono o C.E.O, da CCC, sai as ruas Guns
Blazing “disparando forte e feio contra todos
Mc´s”.
3 Mc´s: Eu, Commom sense, Reptile
3 Grupos: Tribo Sul, Racionais Mc´s,
Dealema
Kleva decreta Independência
do Hip Hop Angolano
Carbono beefa tudo e todos
3 Produtores: Premier, DJ Cavera C,
PZ
Pitéu: Calulu
Bebida: Água
Calçado: Ténis Nike
Perfume: Prada
Kalahari rompe Mc Buchecha
Kalahari na foto, rompe Mc Buchecha, apos um
debate em torno das diferenças entre Lionel Messi
e o Cristiano Ronaldos.
Grife: DKNY
Dama: Negra
Cor: Preto e Branco
Carro dos sonhos: Bentley
Viagem dos sonhos: Canada
Projectos: Meu lado esquerdo do
Peito (Mix tape Vol 1. PJ e Dj Cavera)
Ambições: Make lot of Money
Até que enfim…
Após saída de Mr Kapa, Laton larga Fruit Loops,
Reason, MPC e pega os Mics para abrir a música.
“I am sorry Boy”. Uma das novas musicas dos
Kalibrados.
CF Kappa aprova nos teste
No show de apresentação do álbum Kooltivar, CF
kappa aprova nos testes de Valete
“Agora sim és um Mc”.
Kid Mc vs Djitafinha
Kid Mc & Djitafinha em beefs grandes, muito
embora em alguns corridores alguns dizem ser
uma cena combinada , se é combina ou não o
Zwela garante ter os dois na proxima edição.
Para a divulgação de suas ideias, álbum ou evento, contacta: [email protected]
24
ZWELA primeira revista de rap mwangole
“Se os homens são Mc´s
Nós somos as M´sas”
S
weet girl, Capapinha e
D e l s a y, s ã o 3
meninas entre os 19 e
21 anos de idade,
estudantes, descobertas
pela Nova Tela na mão do
produtor Jenny Boss, que no
passado ano levou a cabo
um casting com a
participação de 75
concorrentes todas
raparigas, com 3 fases
eliminatórias, na qual
apurou-se 3, que formam
hoje as 3 Flows.
Desde então, no suporte de
amigos, colegas, família e
principalmente do produtor
Jenny Boss, as meninas têm
feito do estúdio a segunda
casa, aproveitando para
produzir e compor as
músicas do single “medalha
de ouro”, extracto do álbum
“entrega de troféus”, que a
principio será o primeiro
álbum do grupo. Após
experiências adquiridas com
o projecto Igual á 3, mixtape
lançado pelo grupo nos
meados do ano, com a
participação de Red Neutro,
Divino Magno, Soloba,
Samuel e o radialista Eurico
José.
Fruto do sucesso
conquistado nos corredores
Hip Hop, as meninas têm
feito aparições em vários
programas de Rádios,
Televisão, Shows e como
maior destaque,
participaram do álbum “RC
15 anos” projecto de Miguel
Neto, em comemoração aos
15 anos de RC, na grelha de
programação da LAC.
“A primeira vez que tive contacto com aquela
forma de recitar poesia, mudou a minha vida”
A cerca de 6 anos que na companhia de Kleva, Lukeny têm estado a ser o coração do movimento Hip Hop em Luanda, com produção de eventos.
Zwela foi ao encontro dele e teve o prazer de o entrevistar.
Por: joão Meia
“ Z - Quem é o Lukeny dentro do Movimento Hip Hop?
L - Eu sou apenas mais um impulsionador da Cultura que esta a dar o
seu contributo desde os últimos 6 anos, com o Artes ao vivo que e o
primeiro evento de spoken word em Angola, e com o Eclectismo
Poetico que é o maior evento de rap nos últimos 5 anos em Angola
uma vez que acontece todas as sextas do ano.
Z - Qual tem sido o seu contributo em torno do Movimento?
L - O meu contributo em torno do movimento primeiro foi acabar com o
playback em Luanda com os meus dois eventos (Artes ao vivo e
Eclectismo Poético), o nosso Hip Hop foi vítima de play back durante
muito tempo.
Z - Em tuas palavras como defines o Hip Hop?
L - É a nossa cultura, a nossa forma de viver, falar, andar, vestir, e
também a nossa maneira de responder all the bull shits we are facing
in this world today.
Z - A palavra Artes ao vivo, diz-lhe alguma coisa?
L - Meu primeiro filho, foi o primeiro evento que criei em Luanda, é um
evento Microfone aberto spoken Word. Fiz parte de um evento do
género em Louisiana e a primeira vez que tive contacto com aquela
forma de recitar poesia, mudou a minha vida, e hoje vamos a caminho
de 6 anos.
Z - Qual é na realidade o objectivo deste evento?
L - Incentivar os jovens a se expressarem artisticamente, e observar
mais uma vez que um bom poeta é um bom observador.
Z - A quanto tempo vens levando a cabo este evento?
L -Artes ao vivo a caminho de 6 anos, o Eclectismo poético a caminho
de 5 anos.
26
Z -Das poucas vezes que consegui assistir o evento, senti apenas
a presença de MC´s, porque? Porque não os outros elementos do
Hip Hop?
L - Temos mais MC´s porque o Espaço Bahia pequeno e seria
complicado, fazer graffitti ai dentro, e por os B. boys a saltarem
naquele palco de madeira, mas durante esses 5 anos nos fizemos um
dos melhores eventos de Hip Hop intitulado Hip Hop Luanda, no Chá
de Caxinde, com os melhores graf writters, e b-boys, e foi altamente,
só que depois saímos e fomos parar no Bahia, onde infelizmente o
espaço não ajuda.
Z - Que opinião tens do rap feito antes e depois Eclectismo
Poético?
L - Sempre foi bom mais agora com tem tido mais divulgação.
Z - Diz-se que o Eclectismo Poético, é um espaço apenas para
underground. Qual é o seu comentário?
L - Estão enganados, o Eclectismo poético e o Artes ao vivo já agora
são eventos que valorizam a arte da palavra, valorizamos a boa
música com boa poesia.
Z - O que é que falta para um maior desenvolvimento do Hip Hop
Angolano.
L - Investimento irmão.
Z - Que conselho deixas a quem nunca teve a oportunidade de
assistir o evento?
L - Vêm nos ver com olhos de ver, e não vêm só numa sexta ou numa
terça, vêm sempre.
ZWELA primeira revista de rap mwangole
Além fronteiras
Public Enemy
Racionais MC's
Grupo brasileiro, Formado por Mano Brown, Ice Blue, Edy Rock e KL Jay, surgiu no final
da década 80, cuja ideologia é divulgar a desigualdade social brasileira. Usando
linguagem periférica, com expressões típicas das comunidades pobres com o objectivo
de comunicar-se de forma mais eficaz com o público de baixa renda.
As letras do grupo fazem um discurso contra a opressão à população marginalizada,
crime, pobreza, preconceito social e racial, drogas, consciência política, etc., e
procuram passar uma postura contra a submissão e a miséria.
Apesar de actuar essencialmente na periferia paulista, de adoptar uma postura antimedia e se recusar a participar de grandes festivais, o grupo vendeu durante a carreira
cerca de 1 milhão de cópias de seus álbuns, somente com distribuição do próprio grupo
(nas bancas de jornal, bailes, clubes, quadras, shows e camelôs).
Num concerto realizado no final de 1994, o grupo foi preso pela polícia sob acusação de
incitação à violência, uma vez que teor como violência policial é frequente nas letras do
grupo.
Em cerimónia de premiação do Video Music Brasil, da MTV Brasil, Mano Brown
provocou a plateia presente no evento, dizendo que a mãe dele, já teria lavado roupa de
muitos dos presentes e ressaltou que o público dos Racionais MC's continuaria sendo o
da periferia.
Hoje com mais de 21 anos, o grupo conta com 6 álbum de originais, 2 ao vivo, 3
colectâneas e 1 DVD. Igual a si mesmo, continua a ser dos melhores grupos de Hip Hop.
Public Enemy, é um grupo conhecido pelas suas letras de temática
política, críticas à media e pelo seu activismo nas causas da
comunidade negra dos EUA.
Estudante de design gráfico e fã de Hip Hop, Chuck D (Carlton
Douglas Ridenhour), cria na companhia de (William Jonathan
Drayton Jr.), Professor Griff (Richard Griffin) que viera a ser afastado
em 1989, após supostas declarações anti-semitas dadas ao jornal
"The Washington Post", Terminator X (Norman Rogers) e Dj Lord
(Lord Aswod) o Public Enemy em 1982. Com objectivos de
modernizar as bases e batidas do rap e levar para o género as
discussões políticas e sociais dos EUA. A banda conta com
Terminator X. Em 1987, o grupo lança seu primeiro álbum, "Yo! Bum
Rush the Show". No ano seguinte, aparecem com "It Takes a Nation
of Millions to Hold Us Back". Com os sucessos "Don't Believe the
Hype" e "Rebel without a Pause", o disco é sucesso de crítica e faz do
Public Enemy uma mega banda além dos limites do Hip Hop com a
música "Fight de Power", que fez parte da trilha sonora do filme "Faça
a Coisa Certa" (89), realizado por Spike Lee e com "Fear of a Black
Planet" publicado em 1990 e "Apocalypse e The Enemy Strikes
Black" em 1991.
Em 1992, causam polémica com o clipe "By the Time I Get to
Arizona", que protestava contra o Arizona, um dos dois estados dos
EUA que não consideravam feriado a data de aniversário do líder
negro Martin Luther King. A partir daí, a banda levou alguns anos
para reaparecer no mercado de discos e só em 1998 lança o álbum
"He Got Game" e nos finais do ano passado o mais recente álbum.
Public Enemy é por muitos o pai dos textos políticos em música rap.
Dj Madkutz
Madkutz, DJ/Produtor, filho de Pai angolano e Mãe
portuguesa, nascido em Lisboa e criado na Margem Sul,
entrou no movimento pelas portas do "Graffiti". Poucos
anos depois, começou o seu percurso como DJ e logo
depois como produtor, estriando se no mercado nacional
no álbum "Portfólio" de Royalistick. Produzindo o tema
"Underground" com a participação de NGA & Valete.
Música considerado clássico pela critica.
Para além da produção, criou a "Madkutz TV", projecto da
inteira exclusividade do MySpace Portugal onde Mad kutz
mostra o seu ambiente profissional rodeado de nomes
como Pacman (Da Weasel), NGA, Tekilla, Sam The Kid,
Raptor, etc...
Valete
Português com descendência São-Tomense, Valete desde cedo criou as suas opiniões
políticas, chegando mesmo a pertencer à Juventude Comunista Portuguesa, mas acabou
por desistir pouco tempo depois. E começou a fazer Rap em 1997, junto de Sam the Kid e o
Vinagre, formaram o Projecto Secreto.
Tempo depois formou com Adamastor, O Canal 115 e mais tarde a Horizontal Records.
Manifestando essencialmente contra as correntes neo-liberais, mostrando um claro cariz
político de extrema-esquerda, Actuou com Canal 115 durante 2 anos, até que fez um
interregno para se dedicar mais aos estudos, licenciado-se em Ciências da Comunicação.
Para poder gerir e conduzir o álbum à sua maneira, rejeitando assim a submissão à
vontade das editoras que com ele se manifestaram interessadas em colaborar, em 2002,
lançou de forma independente o álbum Educação Visual. Valete, que antes deste álbum
era mais conhecido como um Freestyler e Battle Mc, mostrou uma linha de Rap de cariz
social que muitos não lhe reconheciam.
Em 2006 lançou o álbum Serviço Público. Actualmente divide o tempo entre a preparação
do álbum Homo Libero, “ a sair nos próximos tempos”, uma carreira profissional como
empregado no departamento comercial de uma empresa de recursos hídricos e a gestão
de uma panificadora, que em 2007 abriu em São Tomé e Príncipe e empenha-se em fazer
crescer o Bloco de Esquerda, acreditando que daqui a uns anos poderá ser um partido
importante.
ZWELA primeira revista de rap mwangole
27
Zwelarazzi
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Mad Kontr
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O rap feminino está no ar
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Masta K aproveita as
Dj Pelé nos pratos
Toni Graph e
Bitsun
Tá fixe!
Cypher
fora do
Sistas na casa
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Reais Cam
Jazzm
Guda
ática
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eso n
o Bah
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Elinga repleto
O mano continua Terrivel
Aprovei
te e adq
uira o s
eu...
k
efuc
Mal
O Mamb
o Húmid
o
Xtremo Signo, Bruno Kwest e Lil Jorge
show
vendas
Reviews
MONO STEREO
PROJECTO INOVAÇÃO.
Torres Gémeas Mix tape Vol.1
Tribo sul - Grito de Liberdade
S Triple S/FL ( lable )
Música e Consciência ( lable )
Inovação esta ideia parte desde o
principio da emergência excessiva
de insanidade musical logo artística
que ao longo dos tempos vem
ganhando um lote de terra,isto
devido a improductividade de certos
artistas e a falta de crença pelo
obvio dos mesmos.
Esta cd single foi gravado de forma
e independente e conta com a
produção de grandes nomes do
HipHop nacional como Flagelo
urbano,Tucho Millions e Levell
Khroniyko. Inovar é necessário
para que as sementes cresçam.
Pagina Kontraria e Morpheus,
Uma apresentação da S triple S e
FL, juntos mostram o Rap que
pouca gente conhece, o Rap do Golf
2 / Golf 1 Street, duro e puro.
Querendo mostrar apenas as
TORRES GEMEAS que são a mix
tape não teve participação de
nenhum outro Rapper.
Tiveram, todo o apoio dos nossos
niggas, como Red B, Killa crack,
PZ, Man G, First page, Dj Cavera
C, e o Genny Boss …Para saberem
como e de onde surgiu a ideia
escutem as track interludio I e II.
Produzido por Cavera C, com a
participação de artistas sulafricanos, zimbabueanos e
tanzanianos, publicado com 14
músicas entre os 22 dígitos em 2004.
Nos temas sente-se a presença de
líricas politicamente duras, onde
salta logo aos ouvidos temas como
“why? ”, “ensino, “próximo
presidente”, “look how we living”,
“peace and justice”, bem como “é
necessário” entre outros, que
independentemente de tudo,
serviram como escada para os
êxitos que o grupo tem tido nos
últimos 3 anos, no mercado sul
africano, como alem fronteiras. O
álbum faz-nos recordar nomes
como Dead Prés ou o lendário
Public Enemy. J.M
Meu ponto de vista
Por: Paulo Oscar
Produção
Produção
Produção
Conteúdo Lirico
Conteúdo Lirico
Conteúdo Lirico
Flow
Flow
Flow
Geral
Geral
Geral
Album do mês
Mentalidade
Nem tudo que bate na radio, bate na
rolote, nos becos, nos musseques,
nos taxis, nas janelas abertas, nas
chopas, nos caldos, nas esquinas,
e nas farras, segundo uma
pesquisa por efectuada ate ao
momento o album que encontra-se
a bater nas rollote e Mentalidade de
Yanick Afroman.
Este álbum espelha um
exemplo de persistência e
coragem, feito com muita
seriedade. Revela uma vida
distribuída em paginas
soltas.
No mentalidade Yanick
descreve e relato aquilo que
muito vivem e ignoram que
assim vivem, criando um
mundo ilusorio envolta deles,
iludindo-se com luxus que
não possuem, e muitas das
vezes acabando em
desilusão, bom album para
ouvir, por isso mereceu ser
eleito album do mês no nosso
top dos albums que estão a
bater nas rollotes e janela
abertas.
Produção
com grande prazer que me vou debruçar sobre os
gurus do Rap a nível do conteúdo em emitir a sua
mensagem. Eles, de quem falarei seus nomes e os
álbuns, que bem ouvidos mudam a perspectiva de encarar
a realidade que anda a volta de nós, dando-nos a perceber
que não se pode analisar um facto sob apenas um
quadrante e que a vida é muito bela para ser vista com
animosidade, dentre os tantos discos já lançados
destacarei trés para esta edição:
Keita Mayanda “O Homem e o Artista”, Kool kleva
“Kooltivar”, Afromen “ Mentalidade”.
Tenho pena que pouca gente consome os dois primeiros,
já que habitam no mundo da revolução profunda, tocando
o eu de cada um, nas líricas que no crepitar das sua vozes
entoam um sentido perfeito da ligação entre o espírito e o
matéria, que faz espécie aos ouvidos entupidos por
algumas banalizações de músicas comercias, embora eu
reconheça que dentro desta variante comercial, existe
quem canta bem, por isso compreendo ser uma questão
de opção de estilo.
Vale apena ouvir os poetas acima, porque eles alimentam
as consciências vazias e perdidas na candonga de vidas
baratas e fácil, ou seja rejuvenescem o espírito. Eis a
apreciação:
É
O Homem e o Artista
Despertar de um amanhã brilhante que não está apenas
para a geração já existente como a por existir. Neste
trabalho, Mayanda, espelha a sociologia no pragmatismo
da vida nas suas várias mutações. De um mundo
devassado pelo materialismo, ele e o seu álbum
apareceram num momento certo, por ser uma linda lição
de sentimento verdadeiro, sentimento que é aconselhado
a todos seres humanos e que nem todos são capazes, por
não conseguirem vencer as pequenas diferenças e os
pequenos orgulhos.
Conteúdo Lirico
Flow
Geral
Dope websites e blogs por visitar:
www.alliancacamponesa.com
www.africanhiphop.com
www.africanhiphopradio.com
www.club-k.net
30
www.madtapes.blogspot.com
www.lusohiphop.blogspot.com
www.geralhiphop.blogspot.com
www.hiphopangolano.blogspot.com
ZWELA primeira revista de rap mwangole
Kooltivar
Este álbum espelha um exemplo de persistência e
coragem, feito com muita seriedade. Revela uma vida
distribuída em paginas soltas.
É uma pena que este álbum não teve a distribuição muito
menos a divulgação que merecia.
Mentalidade
Este álbum descreve o dia-a-dia de cada angolano. É de
longe um dos melhores álbuns já publicados, uma vez que
ele traz o passado, presente e futuro de qualquer ouvinte.
Não é atoa que deste álbum saiu a maior enchente da
compra de discos assim como a maior enchente de um
show ao vivo já visto no pais.
BREVEMENTE
O FUTURO DO TEU FILHO
COMEÇA AQUI
Luanda, Kilamba Kiaxi, Golf, Subzona 10, Quarteirão Nº 48, Rua da Igreja Pentecostal,
Contacto: 912 91 64 50 / 922 31 82 56 / 924 61 28 95

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