Maio - Junho - Igreja Metodista

Transcrição

Maio - Junho - Igreja Metodista
Sumário
Revista da Igreja Metodista no Estado do Rio de Janeiro
Wesley plantou e Deus deu o crescimento
4
Nº 28 – maio-junho/2010
Carta aos leitores
Pentecostes – Tempo de Colheita
5
Estudo e Reflexão
Corações inflamados
que impactaram o mundo
8
Metodismo
O coração Aquecido de João Wesley
11
Metodismo
Não se constrói com violência
um relacionamento saudável
15
Contexto
Parte I – Antigo Testamento
17
19
Documento
Reverendo Juracy:
patriarca do metodismo brasileiro
Bispo da Primeira Região Eclesiástica
Paulo Lockmann
Conselho Editorial
Ronan Boechat de Amorim – coordenador,
Selma Antunes da Costa, Deise Marques,
José Milson Fabiano, Clóvis Paradela,
Nádia Mello, Marcelo Carneiro
e Paula Damas Vieira.
Editora e jornalista responsável
Nádia Mello (MT 19.333)
Assistente de redação
Paula Damas
Revisão
Evandro Costa
Curso de Bíblia
Desafios para Testemunhar os Sinais
da Graça na Unidade do Corpo de Cristo
Expediente
Capa e Editoração Eletrônica
Renato Ormond
21
Homenagem
Somos todos Pentecostais
24
Espaço Aberto
É necessário investir na família?
27
Circulação: 10 mil exemplares
Esta publicação circula como suplemento
do Jornal Avante, não sendo, portanto,
distribuída separadamente.
Família
Calendário Litúrgico
Abril - Maio
Junho - Julho - Agosto
Páscoa (5ª estação)
Período: 50 dias a contar do domingo da Ressurreição,
quando tem início o período de Pentecostes.
Cor litúrgica: branca
Temas básicos: Semana Santa – última ceia e paixão
de Cristo; Ressurreição – ascenção de Jesus.
Símbolos litúrgicos: peixe, círio pascal, trigo, pão,
cálice de vinho, cruz e túmulo vazios.
Leituras bíblicas: Jo 14 a 16, At 1.
Pentecostes (6ª estação)
Período: 50 dias após a Ressurreição, até o primeiro
domingo de setembro.
Cor litúrgica: vermelho – cor associada à alegria,
ao amor, ao poder do Espírito.
Temas básicos: Deus Pai, Filho e Espírito Santo
manifesto na Igreja. Capacitação para a missão.
Símbolos litúrgicos: tudo o que lembra ar/vento,
fogo, pomba.
Leituras bíblicas: Dt 16.1-7, At 2, At 20.26, I Co 16.8.
C
Wesley plantou e Deus deu o crescimento
ARTA AOS LEITORES
R
ecordamos este mês a experiência do coração aqueci-
Bárbara Heck, a “mãe do metodismo norte-americano”.
do vivida por João Wesley. Em 24 de maio de 1738, o
Não podemos deixar de citar o reverendo Juracy José
metodismo dá seu primeiro passo. Os princípios da Igreja
Sias Monteiro, o patriarca do metodismo brasileiro. Nesta
Metodista nasceram em meio a uma Inglaterra degradada.
edição, fazemos uma homenagem a esse homem de Deus
Ao longo dos anos, vários personagens, como Pedro Bolher,
que testemunhou as principais mudanças ocorridas no Bra-
ajudaram a escrever a história metodista revivendo a expe-
sil, dentro e fora da Igreja. Ele morreu aos 94 anos, dos
riência de Wesley na Rua Aldersgate. No entanto, segundo
quais 72 foram dedicados ao pastorado e ao metodismo.
o pastor Ronan Boechat, que assina o artigo de capa desta
Fé e Nexo também traz um Curso de Bíblia orientado
edição, devemos, entre outras coisas, inspirados em Wesley,
por Zélia Constantino. Neste número, o assunto é o Antigo
viver nossas próprias experiências.
Testamento. “Toda a Escritura divinamente inspirada é pro-
Já o pastor Odilon Massolar, no artigo da página 8,
veitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para ins-
relembra a importante missão dos primeiros metodistas.
truir em justiça” ( 2 Tm 3.16). Com esse texto bíblico, a
“Tendo por fundamento que o metodismo havia sido cha-
articulista insere o leitor no estudo bíblico.
mado por Deus para transformar a nação, a Igreja, e es-
São mais de 200 anos de história do metodismo. A se-
palhar a santidade bíblica por toda a Terra, os primeiros
mente lançada por Wesley foi regada por seus sucessores.
metodistas cumpriram fielmente essa missão”, declara
O que vemos hoje é o crescimento dado por Deus. A seme-
o reverendo, acrescentando a informação de que, no
lhança do texto bíblico, Paulo plantou, Silas regou, mas o
mundo, a família metodista tem hoje cerca de 70 mi-
Senhor deu o crescimento.
Em homenagem ao mês do Metodismo, esta edição cir-
lhões de membros em mais de 130 países. Entre os
cula com um número maior de páginas.
metodistas que regaram a semente lançada por Wesley,
Boa leitura!
constam nomes como Francis Asbury, Fountain E. Pitts,
Nádia Mello, Editora
primeiro missionário metodista no Brasil, e mulheres como
B
OA DICA
O Poder da Gratidão
A mensagem deste livro o confronta e desafia a sair da mediocridade, da vida comum e entrar no
nível da excelência, do melhor de Deus para sua vida! De autoria do pastor metodista Inácio Leal,
a publicação motiva a descoberta da relação entre a gratidão e a felicidade, a gratidão e o
reconhecimento e a gratidão e o elogio, entre outros.
Mãe na Massa
Um livro da metodista Poliana Corrêa Leal que fala sobre a importância da mãe na arte de
educar. O título da publicação é uma paródia do termo “mão na massa”, sendo a massa (filho/
s) a herança recebida por Deus, da qual se deve cuidar suprindo as necessidades básicas ao
seu desenvolvimento, doando-se de forma prazerosa e intransferível.
Contatos e informações pelos telefones (11) 4035-7575 e (22) 2762-1818; e pelo e-mail [email protected].
4
Fé&Nexo
E
STUDO E
REFLEXÃO
Pentecostes:
Tempo de Colheita
Êx 23.16, Nm 28.26 e At 2.1-14
Bispo Paulo Tarso de Oliveira Lockmann
A ORIGEM DA FESTA
peregrinação ao lugar do culto. Esta era
Alguns estudiosos acreditam que
A
expressão: “Ao cumprir-se o dia
uma festa de grande júbilo, pois recor-
essas tradições bíblicas desempenha-
de Pentecostes...” (At 2.1) intro-
dava a gratidão de se ter uma terra onde
ram um papel fundamental na forma-
duz o relato da descida do Espírito San-
plantar, e a bênção do fruto dessa terra.
ção da narrativa de Atos 2.1-13. 2
to sobre os 120 discípulos, mas, na ver-
Sim, o Pentecostes, como a segun-
Jacques Dupont3, em seu estudo sobre
dade, nos detemos no ocorrido sem
da grande festa do calendário judaico,
Atos dos Apóstolos, crê que hoje é di-
meditarmos no porquê de isso ocorrer
era a do tempo da colheita, quando as
fícil identificar todas as tradições em
no Dia de Pentecostes. Qual o propósi-
primícias da ceifa do trigo eram ofere-
torno da festa do Pentecostes, e seus tra-
to de Deus com isso?
cidas ao Senhor. Celebrava-se sete se-
ços no relato de Atos 2. A verdade é
Quando retornamos ao Antigo Tes-
manas após o início da ceifa da ceva-
que somente uma grande tradição já se
tamento, ao relato do Êxodo 23.13-16,
da. “Também guardarás a Festa das
consolidara no Judaísmo contemporâ-
que fala das festas, em prosseguimento
Semanas, que é a das primícias da sega
neo a Jesus, na festa e celebração do
às leis da aliança entre Deus e o seu
do trigo, e a Festa da Colheita no fim
Pentecostes. Esta era o Pentecostes,
povo, são ali previstas três festas, den-
do ano” (Êx 34.22). (Ver também Lv
como renovação da Aliança. Nela, o
tre elas, a festa das semanas, no
23.15-21; Nm 28. 26-31; Dt 16. 9-12).
tema Aliança com Deus vinha acom-
hebraico hag sabuôt1. O nome Pente-
No desenvolvimento da festa, ela
panhada do conceito Promessa e Cum-
costes é uma versão posterior usada no
tornou-se a festa da renovação da Ali-
primento, núcleo teológico decisivo
período da dominação grega, a qual sig-
ança com Deus.
para a narrativa do Pentecostes Cristão
nifica quinquagésimo, ou seja, após sete
em Atos 2. O testemunho da Aliança é
semanas da Páscoa. Neste dia, o quin-
AS ORIGENS DA NARRATIVA DO
claro em vincular a promessa e o cum-
quagésimo, se celebrava a festa de gra-
PENTECOSTES EM ATOS 2
primento: “Agora, pois, se diligente-
tidão a Deus pela colheita. Sem dúvi-
Lucas coloca o Pentecostes como a
mente ouvirdes a minha voz e
da, como sugere o nome, era uma festa
data do derramamento do Espírito San-
guardardes a minha aliança, então,
rural judaica, com natureza mais comu-
to sobre a comunidade dos discípulos
sereis a minha propriedade peculiar
nitária que a Páscoa, por ser esta reali-
de Jesus. Isso põe diante de nós a per-
dentre todos os povos; porque toda a
zada no recôndito da família, enquanto
gunta: Quais tradições bíblicas acerca
terra é minha” (Êx 19.5).
o Pentecostes começava com a colhei-
do Pentecostes teriam influenciado a
ta simbólica (Dt 16.9), seguida de uma
narrativa de Lucas?
5
Fé&Nexo
Tal conceito está presente no
Evangelho de Lucas e em Atos dos
Apóstolos, relacionando-o à Aliança
Espírito sobre toda a carne; vossos fi-
Foi naquele momento que, através de
com Deus e o Pentecostes. “A seguir,
lhos e vossas filhas profetizarão, vos-
João Batista (um profeta no estilo do
Jesus lhes disse: São estas as palavras
sos velhos sonharão, e vossos jovens
Antigo Testamento), o Pentecostes
que eu vos falei, estando ainda
terão visões.” (Jl 2.28). A chuva foi do
Cristão é anunciado pela primeira vez
convosco: importava se cumprisse
Espírito Santo, e a terra foram as vi-
nos Evangelhos. O que diz João Batis-
tudo o que de mim está escrito na Lei
das dos discípulos. Desse modo, a Pa-
ta nos quatro Evangelhos? “Disse João
de Moisés, nos Profetas e nos Sal-
lavra de Deus, suas promessas, na un-
a todos: Eu, na verdade, vos batizo com
mos” (Lc 24.44). “Eis que envio so-
ção do Espírito Santo, lançada em vi-
água, mas vem o que é mais poderoso
bre vós a promessa de meu Pai;
das, se multiplica, e a colheita foram
do que eu do qual não sou digno de
permanecei, pois, na cidade, até que
desatar-lhe as correias das sandálias; ele
do alto sejais revestidos de poder” (Lc
vos batizará com o Espírito Santo e com
24.49); mas também “E, comendo
fogo.” (Lc 3.16). (Ver também Mt 3.11,
com eles, determinou-lhes que não se
Mc 1.7-8, Lc 3.16, Jo 1.33). Sim, Jesus
ausentassem de Jerusalém, mas espe-
é o que batiza com o Espírito Santo e
rassem a promessa do Pai, a qual, dis-
com fogo. E esta tradição é repetida
se ele, de mim ouvistes” (At 1.4).
pelo próprio Senhor Jesus no início de
Atos dos Apóstolos (1.5 e 8).
Desse modo, fica claro que Lucas
e a Igreja Primitiva entenderam que o
derramamento do Espírito Santo, no
IMPLICAÇÕES PASTORAIS
dia da festa do Pentecostes, devia ser
E
entendido como uma renovação da
A. O Pentecostes é o ponto de partida,
Aliança de Deus com o seu povo (a
juntamente com a Paixão e a Ressur-
Igreja), tendo em Jesus o mediador,
reição, da missão da Igreja Primitiva e
fato claramente sublinhado por Pedro
Contemporânea; pois a Ressurreição
em seu sermão, no âmbito da festa (At
reuniu-os novamente (Lc 24.33), o Pen-
2.22 e 32).
tecostes tirou-os do Cenáculo e capa-
MISSIONÁRIAS
DO
PENTECOSTES
citou-os para a marcha da evangeO PENTECOSTES CRISTÃO COMO FESTA
lização, com vistas a uma grande co-
COLHEITA
lheita de vidas curadas, libertas, trans-
De que maneira o Pentecostes Cris-
formadas pela graça de Deus: Atos 1.15
tão se torna uma festa da colheita? Pri-
– 120 discípulos; At 2.41 – Havendo
DA
meira, fica claro não haver colheita
outras vidas, um sermão posto por
um acréscimo de 3.000 pessoas; At 2.47
sem chuva, e esta veio como cumpri-
Deus nos lábios de um pescador ge-
– “...acrescentava-lhes o Senhor, dia a
mento da promessa. Pedro começou
rou uma grande colheita; de início, três
dia, os que iam sendo salvos.”; At. 3.8
seu sermão mencionando que o ocor-
mil pessoas foram alcançadas.
– De um salto se pôs em pé, etc.
rido naquele dia não era embriaguez,
Este relato do Pentecostes nos mos-
mas sim o cumprimento da promessa
tra uma relação com o momento do ba-
B. A mensagem da Igreja fica clara-
profetizada pelo profeta Joel: “E acon-
tismo de Jesus e uma antecipação des-
mente definida. Ver Atos 2.22-24 e 32-
tecerá, depois, que derramarei o meu
te tempo de promessa e cumprimento.
33. O Jesus ressuscitado é o Messias e
6
Fé&Nexo
o Senhor. Isso fica claro nos sermões
2.42-47). Junto a isso, a expectativa es-
dias o que fizeste em Jerusalém, com
pregado por Pedro, Estevão e Paulo;
catológica da iminente vinda do Senhor
Pedro e a Igreja Primitiva, e mesmo nos
há em todos eles uma mensagem cen-
nutria a comunidade (At 7.55-56), tor-
dias de João Wesley e os metodistas pri-
tral: o Jesus morto e ressuscitado é o
nando-os ativos na missão. Agrega-se
mitivos. Inflama, Senhor, os nossos co-
Messias, esperança de Israel e de to-
a isso que o Senhor ia confirmando no
rações com graça, amor e santidade.”
das as nações. Cabe a nós restabelecer
poder do Espírito Santo, com sinais e
E.3. O desejo de que o Espírito nos
este fundamento em nossa pregação.
prodígios, sua aprovação à vida da Igre-
dê um coração inflamado e solidário
Sim! Qual tem sido o centro da nossa
ja. Amor, misericórdia, graça e poder
com os pobres e miseráveis desta na-
pregação?
eram visíveis no dia a dia da Igreja.
ção brasileira; pois, cremos que Deus
Devemos nos sentir questionados por
deseja que, hoje, também, haja um só
C. Uma mensagem que denunciava e
isso; pois, cremos na segunda vinda,
coração e uma só alma, e que nenhum
anunciava o nome de Jesus e a fé n´Ele.
mas vivemos, compramos, construímos
necessitado haja entre nós. É difícil?
“Arrependei-vos, e cada um de vós seja
como se fôssemos habitar aqui para
Sim, é! É impossível? Não! Isto, se ras-
batizado em nome de Jesus...” (At
sempre. Cremos na urgência da missão,
garmos as nossas vestes e o nosso co-
2.38). À semelhança da mensagem de
mas nos falta esta urgência na hora de
ração na presença do Senhor, e humil-
Jesus e de João Batista, há um convite
investir nossos recursos.
des assumirmos o propósito de sermos,
nesta nação, um sinal de amor, justiça
ao arrependimento, que é a mudança de
mente, de vida. Tal mensagem foi co-
E. O que a celebração do Pentecostes
e esperança. Deus se compadecerá de
locada para as autoridades judaicas e
deve suscitar em nós hoje?
nós, e nos abençoará. Amém, Amém e
Amém!!!
para o povo. Todos eram instados a se
arrepender, a mudar de vida. Precisa-
E.1.O desejo de uma nova visitação
mos restabelecer este caráter incisivo,
do Espírito em minha vida e em minha
direto da mensagem de Jesus e da Igre-
igreja local. Buscando isso, o mês de
ja. Chega de pessoas somente afetadas,
maio será dedicado à consagração a
emocionadas; precisamos de pessoas
Deus, em jejum e oração. E a Semana
arrependidas dos pecados e transforma-
do Metodismo, 24 a 30 de maio, será
das pelo poder de Jesus.
dedicada à oração pela paz, pela justi-
NOTAS DO AUTOR
1
2
3
ça, pelo Brasil, por uma grande colheiD. Uma mensagem que carregava um
ta de vidas para Deus.
claro sentido escatológico: “...a fim de
E.2. O desejo de ver em nosso meio
que, da presença do Senhor, venham
uma grande colheita de vidas, como
tempos de refrigério.” (At 3.20). A Igre-
uma legítima festa de Pentecostes. Para
ja Primitiva anunciava, com clareza e
isso, estaremos realizando a Campanha
domínio do Senhor, o Reino de Deus,
Nacional de Evangelização, tendo, no
demarcado e iniciado entre eles por Je-
final de semana, dias 29 e 30 de maio,
sus. (Lc 11.20; 2.36). A experiência da
a festa de Pentecostes com duas confe-
construção de um novo tempo, susci-
rências evangelísticas, no sábado 29 e
tado pelo Espírito Santo, era visível na
no domingo 30. Durante todo mês nos-
pregação e na vida da comunidade (At
sa oração será: “Senhor faz em nossos
7
Fé&Nexo
Siqueira, Tércio M. – A Festa do Pentecostes no Antigo Tesamento – Ed. Faculdade de Teologia - Material de Apoio
– Site Fateo.
Zeller, Ernst – The Contents and Origin
of the Acts of the Apostles Critically
Examined 1875. P 202ss
Dupont, Jacques – Estudos sobre ATÓIS
dos Apóstolos, Paulinas, São Paulo.
1974. P 34.
Paulo Tarso de
Oliveira Lockmann
bispo da Igreja
Metodista na
Primeira Região
Eclesiástica
M
ETODISMO
Corações inflamados
que impactaram o mundo
Pr. Odilon Massolar Chaves*
T
endo por fundamento que o
sus Cristo, e hoje nos inspiram e des-
tosa capacidade prática, um senso de or-
metodismo havia sido chamado
pertam para a necessidade da ação
ganização, consumidora devoção à
por Deus para transformar a nação, a
missionária. A seguir, um breve histó-
extensão do evangelho, coragem e
Igreja, e espalhar a santidade bíblica por
rico do metodismo em alguns países.
energia infindáveis, que contribuíram para esta realização.
toda a Terra, os primeiros metodistas
cumpriram fielmente essa missão. No
CUMPRINDO NA AMÉRICA A VOCAÇÃO
Quando Asbury chegou aos Estados
mundo, a família metodista tem hoje
Houve um metodista que fez a di-
Unidos, em 1771, somente quatro mis-
cerca de 70 milhões de membros em
ferença na América, Francis Asbury
sionários metodistas davam assistência
1
(1745-1816). Após a Guerra da In-
a cerca de 300 pessoas. Quando ele fa-
Homens como Stanley Jones, mis-
dependência, em 1784, Wesley o no-
leceu, havia 2 mil pastores e mais de
sionário na Índia, e Walter Lambuth,
meou, juntamente com Thomas
200 mil metodistas no país.
missionário na China, Brasil e Japão,
Cock, como cossuperitendentes do
além de países da África e Europa, e
metodismo na América.
mais de 130 países .
No Brasil, o primeiro missionário
metodista, reverendo Fountain E. Pitts,
mulheres como Bárbara Heck, consi-
Francis Asbury pregou cerca de
chegou em 1835. Mas só em 1867 che-
derada a “mãe do metodismo norte-
16.500 sermões e expandiu o metodismo
gou definitivamente o pastor metodista
americano”, entenderam que o mundo
para Tennessee e Kentucky. De acordo
Junius Newman. Ele organizou a pri-
é a nossa paróquia. Eles impactaram
com o livro Linha de esplendor sem fim,
meira Igreja Metodista no Brasil, em
nações por meio do Evangelho de Je-
era muito organizado. Tinha uma espan-
1871, em Saltinho (SP).
AS DIFICULDADES NA EUROPA
O metodismo começou na Inglaterra, no século 18, através do avivamen-
8
Fé&Nexo
to que impactou toda Grã-Bretanha
desde 1870, mas a denominação foi
de 1885, um Domingo de Páscoa, o
com Wesley e uma linha de esplendor
oficialmente reconhecida pelo Esta-
reverendo H. G. Appenzeller, com um
sem fim de homens e mulheres. A Igre-
do austríaco somente em 1951.
missionário presbiteriano chamado H.
G. Underwood, chegou à Coréia
ja Metodista na Irlanda deve a sua ori-
A Igreja Metodista Unida na
gem em grande parte a John e Charles
Croácia só tem uma congregação,
Wesley, que visitaram a Irlanda em
um pastor nomeado e 30 membros,
A IDENTIFICAÇÃO COM O
muitas ocasiões, começando com a his-
apesar de as iniciativas missionárias
POVO NA
tórica visita de John Wesley, em 1747.
terem começando em 1923. Na
O metodismo cresce grandemente
Thomas Coke foi nomeado por
Lituânia, o primeiro culto metodista
na África como conseqüência da sua
Wesley superintendente do Distrito de
foi realizado em 30 de agosto de
identificação com o povo africa-
Londres, em 1780, e presidente da
1995. Em 1923, 50 anos atrás, ha-
no. São diversas as universidades,
Igreja Metodista na Irlanda, em 1782.
via sido negada aos metodistas
hospitais e escolas nos países afri-
Em 1803, Coke foi para Paris e pre-
lituanos a sua existência como or-
canos. O metodismo começou em
gou em francês. Ele estabeleceu uma
ganização religiosa com direito a
Ghana, em 1835. Hoje são 584.969
missão em Gibraltar no mesmo ano.
locais para culto.
membros. Na Costa do Marfim,
chegou depois de 1914. A Igreja
Em seguida, passou cinco anos viajando em missões metodistas, incluindo
ÁFRICA
O METODISMO NO ORIENTE
tem hoje 1.018.402 membros.
a visita a Serra Leoa. No Canadá e
Na China, o metodismo chegou há
O metodismo é a mais antiga deno-
Escócia, estabeleceu outros campos de
mais de 140 anos. Na Índia, em 1856.
minação cristã da Nigéria. Desde 1962
missões. Em 1813, morreu depois de
Nas Filipinas, em 1898. Na Coréia,
se tornou autônoma. São 2 milhões de
quatro meses no mar, a caminho do
chegou em 1884. O primeiro missio-
membros. O metodismo chegou à Áfri-
Ceilão (Sri Lanka).
nário metodista em solo coreano foi
ca do Sul com os soldados britânicos,
Na França, o primeiro missioná-
R. S. Maclay. Ele visitou a Coréia em
em 1806. Mas a missão começou em
rio inglês wesleyano chegou em
24 de Junho de 1884 e obteve permis-
1816. São 1,7 milhão de metodistas
1791. Na Itália, em 1816, um merca-
são do Rei Kojong para fazer o traba-
representando 2,7% da população.
dor inglês iniciou a pregação. Mas foi
lho de Deus no domínio da “educação
Com o linguista negro John Wesley
o pastor Heary James Piggott (1831-
e tratamento médico”. Em 5 de abril
Gilbert, da Igreja Metodista Episcopal,
1917) que deu início ao metodismo,
em 1861. O metodismo existe oficialmente na Albânia desde 2007. Na
Áustria, havia uma Igreja Metodista
9
Fé&Nexo
o bispo Walter Lambuth, em 1911,
batismo de George, em homenagem
Hoxton, em 1835. Com sua esposa,
viajou 4.100 milhas através do Congo
ao rei da Inglaterra. Seu povo seguiu-
Hanna Summers, partiu da Inglaterra
Belga e abriu a missão metodista na
o imediatamente e, em 1845, ele se
em 1838. Ele trabalhou na tradução da
África Central. Em 1918, o bispo John
tornou
Tui
Bíblia para a língua nativa, completan-
M. Springer estabeleceu a missão Me-
Kanokupolu, coroando-se sob o tí-
do o Novo Testamento e iniciando a tra-
todista na estação de Mulungwishi, na
tulo ocidental de “Sua Majestade
dução do Antigo Testamento. Seu tra-
província de Katanga, República De-
George Tupou I, Rei de Tonga”.
balho foi bem-sucedido e ele foi fun-
mocrática do Congo.
o
décimo
nono
Em 3 de julho de 1834, um milagre aconteceu em Utui que teria um
damental na conversão do guerreiro
Varani, em 1845.
impacto em todo o Pacífico Sul. Um
Mas John Hunt morreu aos 33 anos
Em 1750, Francis Guilbert se con-
grupo de fiéis cristãos metodistas reu-
de disenteria, em 1848. Ele havia tra-
verteu na Inglaterra por meio de uma
niu-se num campo perto da vila para
balhado com zelo apostólico e, antes de
das pregações de João Wesley. Francis
jejuar e orar. Durante essa reunião de
morrer, fez fervorosamente a seguinte
era um jovem “playboy”, filho de um
oração, as pessoas experimentaram
oração: “Deus, no amor de Cristo, aben-
rico colono. Seu pai possuía proprie-
uma visitação pentecostal. O Espírito
çoe Fiji, salve Fiji.”
dades nas Ilhas Ocidentais, entre elas
Santo desceu sobre as pessoas com tal
Hoje a Igreja Metodista de Fiji e
Antígua. Seu irmão Nathanael mora-
poder que toda a comunidade foi trans-
Vanuatu é a maior denominação cris-
va na Ilha e recebeu de Francis livros
formada. As pessoas sentiram-se abra-
tã nas Ilhas Fiji, com 36,2% do total
de Wesley. Posteriormente, Nathanael
sadas neste “Pentecostes Tonganiano”
da população (incluindo a 66,6% da
foi à Inglaterra e se converteu junta-
a espalhar o evangelho através de todo
etnia indígena), segundo o censo de
mente com outros três escravos que
o Reino de Tonga. A Igreja cresceu
1996. Das 280.628 pessoas identifi-
havia levado consigo.
com uma rapidez impressionante. No-
cando-se como metodistas, 261.972
vas congregações foram estabelecidas
são etnias indígenas, 5.432 Indo-
em todo o reino.
fijianos (1,6% de todos os índios ét-
O IMPACTO NO CARIBE E OCEANIA
Quando voltaram à Antígua, passaram a pregar o Evangelho aos outros es-
nicos) e 13.224 são provenientes de
cravos. Mais tarde, o pregador leigo
Em 1835, tonganianos subiram em
metodista e marinheiro John Baxter che-
suas canoas, e o poder do Pentecostes
outras comunidades étnicas.
garam à Ilha, que estava sem pastor.
os empurrou 800 quilômetros a oeste
FONTES:
Com a morte de Nathanael, John pas-
para compartilhar o evangelho com
sou a pastorear a Ilha e construiu o
seus vizinhos nas ilhas Fiji. Um ano
primeiro templo metodista em 1883.
depois, eles viajaram pelo mar 540 qui-
Em percentagem, temos o seguinte
lômetros ao norte até Samoa para tes-
número de metodistas: Barbados:
temunhar o evangelho com seus anti-
12%; Jamaica: 2,7%; Bahamas: 6%;
gos e ferrenhos inimigos. Este é um dos
Anguilla: 33%; e Saint Vincent e
mais notáveis fatos na história da ativi-
Grenadine: 28%. Nas Ilhas Virgens
dade missionária.
• www.worldmethodist.org
• LUCCOCK, Haldord E. Linha de Esplendor sem fim. Junta Geral de Educação
Cristã da Igreja Metodista do Brasil, p.39.
Op.cit.,p.39.
• FOX, Eddie - MORRIS, George - Anunciemos o Senhor. São Paulo, Imprensa
Metodista, 1994, p. 184.
• www.crate.gotdns.com
• www.fijilive.com
• ETCHEGOYEN, Aldo M. La fascinante historia del metodismo caribeno,
Buenos Aires, Argentina.
• http:/pt.wikipedia.org
Britânicas são cerca de 45%.
Em 1831, o príncipe guerreiro
O APOSTOLADO DE JOHN HUNT
Taufaahau de Tonga converteu-se ao
Jonh Hunt (1812-1848) estudou no
cristianismo, recebendo o nome de
Wesleyan Theological Institution, em
10
Fé&Nexo
* Pastor da Igreja Metodista em Casimiro
de Abreu
M
ETODISMO
0 coração aquecido de
João Wesley
Pr. Ronan Boechat de Amorim*
A
o falarmos da experiência do
distinguindo-se do que era “normal em
profundamente humilhado. Ele fugiu de
coração aquecido de João
sua época”.
um processo judicial em que era acu-
Wesley naquele 24 de maio de 1738,
Vemos que João Wesley, apesar de
naturalmente nos recordamos do prin-
todo ensino recebido zelosa e apaixo-
cípio do metodismo na Inglaterra na-
nadamente por sua mãe, Suzana, come-
Em Londres, procura relacionar-se
quele já distante século XVIII. E nos
ça uma busca pessoal pela própria ex-
com cristãos alemães chamados de
lembramos da degradação moral, so-
periência com Deus. Não queria ser um
“moravianos”, que eram liderados por
cial, política e religiosa em que vivia
cristão cujas experiências com Deus
um conde chamado Zinzendorf. Ele fi-
a Inglaterra de então. E como, em meio
fossem limitadas às vividas e recebi-
cara impressionado com a fé dos
àquela situação, uma família se desta-
das da senhora sua mãe. Ele buscava
moravianos durante sua viagem de ida
cava em levar a sério a religião, a es-
intensamente ter uma vivência pessoal
para a Geórgia. Quando o navio era sa-
piritualidade e o desejo de fidelidade
e de fé com Deus.
cudido de um lado para o outro, um gru-
sado de supostas práticas pastorais inadequadas.
a Deus. Suzana Wesley, aquela mãe e
Foi em busca dessa experiência que
po moraviano seguia calmo e confian-
cristã tão vigorosa, ética, sensível e
aceitou ir como missionário para a en-
te. “Nós confiamos em Deus e nossas
cheia de fibra, foi perseverante em
tão colônia inglesa na América do Nor-
vidas estão salvas em suas mãos”, diri-
educar seus filhos no temor do Senhor,
te, de onde volta algum tempo depois
am mais tarde. Em Londres torna-se
amigo de um pregador moraviano que
estava naquela cidade preparando-se
para seguir viagem para a América.
Wesley e Pedro Bolher conversam por
vários dias sobre a fé, a doutrina, a salvação e a certeza de ser salvo por Deus,
entre outros assuntos. Wesley percebe
que criam exatamente na mesma doutrina, mas que lhe faltava, sem dúvida,
aquilo que ele se ressentia de não ter
tido ainda: uma forte experiência com
Deus. Tal fato acontece numa pequena
reunião dos moravianos na noite de 24
de maio de 1738, quando o pregador
lia um comentário escrito quase 200
11
Fé&Nexo
anos antes por Martinho Lutero sobre
canos, Wesley disse: “O mundo é a
Igreja. É preciso buscar nossa própria
o livro de Romanos. Por volta das
minha paróquia”. Sobre as razões de
experiência de fé com Deus. Não po-
20h45, quando o pregador falava so-
Deus haver levantado os metodistas, ele
demos ser cristãos alimentados apenas
bre as mudanças realizadas por Deus
afirmou: “Para reformar a nação, parti-
pela fé de nossos pais e pela tradição
na vida dos salvos, ele sentiu seu cora-
cularmente a igreja, e para espalhar a
dos que nos antecederam nessa fé. É
ção estranhamente aquecido pelo po-
santidade bíblica por toda a terra”. Sua
fundamental que tenhamos nossa pró-
der de Deus e sentiu que seus pecados
grande prioridade: “Nada a fazer senão
pria experiência de fé (e pessoal) com
estavam perdoados, que ele confiava
salvar almas”.
Deus. O Senhor tem mais para nós do
em Deus... um grande peso saiu de so-
Seu “entusiasmo” não foi nem irra-
que aquilo que nossos pais podem com-
bre seus ombros e ele deixou de ser ape-
cional nem alienante. Levou Wesley a
partilhar conosco, repassar para nós,
nas um servo, passando a experimen-
compreender que, além de salvar a alma
por mais leais a Deus e à tarefa do tes-
tar a maravilhosa experiência de ser fi-
da pessoa do inferno, antes era neces-
temunho e do ensino cristão que eles
lho de Deus.
sário salvar a vida delas da morte, ti-
sejam. Não podemos nos satisfazer com
Daquele 24 de maio em diante, João
rando-as de sob o poder da pobreza, do
relações superficiais, medíocres, ritua-
Wesley nunca mais foi a mesma pes-
analfabetismo, do trabalho escravo, da
listas e mecânicas com o Pai. É neces-
soa ou o mesmo pregador. Começou
injustiça e de todo tipo de valores e prá-
sário que o Espírito Santo testifique em
um movimento de discipulado de cren-
ticas que não tivessem em conformi-
nosso próprio coração que somos filhos
tes dentro da Igreja Anglicana que vi-
dade com a vontade de Deus. O aviva-
e filhas de Deus. E a partir daí cons-
sava à vida de oração, estudo da Pala-
mento de Wesley não era apenas no
truir uma vida de intimidade e de ex-
vra de Deus, desejo por santidade e de-
culto, mas, sobretudo, no dia a dia. E
periências pessoais contínuas com o
dicação à evangelização e a missões.
sua teologia do que podemos chamar
Deus vivo e presente.
Ao morrer, em 1792, aos 89 anos de
hoje de “salvação integral” levou-o
idade, calcula-se que havia 70 mil
também a lutar contra a escravidão, os
DEVEMOS VIVER DE ACORDO
metodistas na Grã-Bretanha (Inglater-
vícios, as leis e sistema prisional desu-
COM A VONTADE DE DEUS
ra, Escócia e Irlanda) e que pelo menos
mano da Inglaterra de então.
O meio social, político, cultural,
outros 70 mil já haviam morrido du-
Olhando para a história desse ho-
eclesiástico e teológico, com certeza,
rante sua vida. Apesar de ser perseguido
mem que teve seu coração “estra-
influem poderosamente no tipo de pes-
pelas autoridades da Igreja Anglicana
nhamente aquecido” pelo poder do Es-
soas que somos ou seremos, nos valo-
por causa de seu “entusiasmo” (fervor),
pírito Santo, não temos como não re-
res que temos ou teremos e também no
deixando-o não apenas sem a designa-
conhecer que foi um homem tremen-
tipo de espiritualidade (relação com
ção para uma paróquia, mas proibin-
damente usado por Deus e que ele é um
Deus) que temos. Mas nossa maior re-
do-o de pregar em qualquer templo
testemunho explícito e vivo de que:
ferência e influência têm de ser o Evangelho e o Espírito Santo.
anglicano, Wesley e todos os metodistas, enquanto ele viveu, não deixa-
NÃO PODEMOS NOS
O meio ambiente, cultural e social
ram de ser nem anglicanos nem
SATISFAZER COM
e religioso forma, deforma, conforma,
metodistas. O metodismo era um mo-
EXPERIÊNCIAS ALHEIAS
reforma, formata as pessoas. Mas elas
vimento de santidade e evangelização
Não devemos nos satisfazer com
podem questionar a formação, superar
dentro da Igreja Anglicana. Quando
aquilo que generosa e amorosamente
a conformação e experimentar reforma
proibido de pregar em templos angli-
recebemos de nossos pais e de nossa
e transformação; particularmente se
12
Fé&Nexo
forem despertadas para a situação em
que foi aceso por intermédio da
fé nas mãos do único e suficiente Sal-
que estão e encorajadas a uma mudan-
instrumentalidade de Pedro Bolher pelo
vador, o Senhor Jesus.
ça significativa através e por causa do
“fogo” do Espírito Santo. Depois de um
Um homem sozinho não pode mu-
amor de Deus.
tempo em Londres, onde esperava para
dar ninguém (ao menos para melhor!!),
Pessoas genuinamente cristãs têm o
ir como missionário para as Américas,
não pode mudar um país inteiro, não
Evangelho de Jesus como “lâmpada
não se ouviu mais esse nome. Mas as-
pode mudar o mundo, transformando-
para os pés e luz para o caminho” (Sl
sim como o muito sem Deus é sempre
o num lugar melhor e mais justo para
119.105). De modo que têm por natu-
pouco, o pouco com Ele é muito, e o
todos, mas pode, sob o poder de Deus,
reza o discernimento que nos faz ser-
que se faz é sempre o suficiente.
vislumbrar e profetizar mudanças, proclamar e promover mudanças, animar
mos críticos diante das coisas, das tradições, das inovações, das repressões,
O CAIR É DO HOMEM, MAS A
e reunir pessoas que desejam mudan-
dos rolos compressores dos modismos
SALVAÇÃO PERTENCE AO
ças e liderar pessoas para que mudan-
de qualquer espécie, inclusive, os mo-
SENHOR
ças, de fato, aconteçam.
dismos teológicos.
João Wesley, um homem que con-
Deus tem o poder de mudar as pes-
fiava em seus próprios méritos, na sua
TUDO QUE É GRANDE HOJE
soas e o meio cultural onde as pessoas
sabedoria e conhecimen tos, na segu-
COMEÇOU PEQUENO
vivem. Para provocar mudanças, exis-
rança dos ritos e do tradicionalismo,
Foi assim com o movimento dos
tem também o testemunho pessoal, a
foi levado por Deus à colônia inglesa,
metodistas e posteriormente com a Igre-
evangelização (que deve ser integral cu-
na Geórgia. Ali, foi quebrado como um
ja Metodista. Começou com um, depois
rando o caráter da pessoa, seus relacio-
vaso nas mãos do oleiro. Foi reduzido
dois, depois dez, depois cem. Mas gra-
namentos e os valores e estruturas da
a alguém que não tinha mais como
ças a Deus por aqueles que viram quan-
comunidade onde vive) e, sobretudo o
confiar em si mesmo. Reconheceu que
do nada ainda havia para ver, a não ser
poder do Espírito Santo que convence
precisava desesperadamente do socor-
através da fé. “Paulo plantou, Apolo
do pecado, guia à verdade e faz tudo
ro do Senhor. Quando clamou este afli-
regou, mas é Deus quem dá o cresci-
novo. Os grandes e genuínos avivamen-
to, Deus o ouviu, o ergueu e o tornou
mento”. Aleluia!
tos, inclusive, têm essa finalidade: mu-
um instrumento de graça e salvação
dam as pessoas e enchem a história hu-
confiável. Não porque era grande, mas
NÃO DEVEMOS TEMER AS
mana de mais graça de Deus.
porque sua grandeza estava em depen-
ESTRUTURAS, PERSEGUIÇÕES
der e em obedecer a Deus em todas as
E PERDA DE PRIVILÉGIOS
PODEMOS SER CANAIS DE
João Wesley, de posse da tarefa que
coisas.
Deus lhe deu, enfrentou as tradições
GRAÇA E INSTRUMENTOS DE
PESSOAS PODEM LIDERAR
doentias, o clero corrompido e sem vi-
Pessoas simples, como o missioná-
PESSOAS E AJUDÁ-LAS A
são missionária, a cultura da frouxidão
rio moraviano Pedro Bolher, podem ser
SEREM TRASFORMADAS
ética, a antipatia dos governantes, a
tremendos canais da graça e instrumen-
POR DEUS
perda de uma designação para uma
DEUS PARA MUDANÇAS
tos do agir de Deus, e das mudanças e
João Wesley nunca teve o poder de
igreja local e até mesmo a humilhação
operações do Senhor em pessoas, e nas
transformar as pessoas, mas, nas mãos
de ser proibido de pregar na igreja da
histórias dessas pessoas e da comuni-
de Deus, foi um grande líder, que le-
qual era pastor, que seu pai, avôs e bi-
dade. Wesley foi, digamos, o estopim
vou pessoas a colocarem suas vidas e a
savôs eram pastores. Ele certamente
13
Fé&Nexo
sofreu, mas preferiu tomar sobre si a
É PRECISO CONTINUAR,
do legado que deixava, apenas disse:
cruz de Cristo, não se deixou apequenar
SENDO CRIATIVO E REMINDO
“O melhor de tudo é que Deus está
diante dos poderes das estruturas ecle-
O TEMPO
conosco”.
siásticas, não se deixou corromper pe-
João Wesley nunca se satisfez com
Ainda sobre o legado que deixa-
las dádivas de uma teologia e uma ação
o trabalho feito e os resultados obti-
va, sentenciou: “Não tenho medo de
pastoral e missionária domesticada,
dos. Não podia descansar enquanto
que o Metodismo deixe de existir.
mas se ressentiu de perder o papel de
houvesse pessoas a serem alcançadas
Tenho medo de que ele se torne insí-
comensal na mesa das autoridades e os
e almas a serem aliviadas, perdoadas
pido”. João Wesley foi profundamen-
privilégios daí advindos. Ele preferiu
e salvas. Morreu aos 88 anos de ida-
te impactado pela experiência de 24
ser fiel a Deus, ao seu chamado, a sua
de, trabalhando, mesmo depois de ter
de maio de 1738, mas nunca tornou-
fé e a sua consciência. Como Daniel,
exercido um ministério pastoral e
se prisioneiro dela. Ou melhor, nun-
ele preferiu estar com Deus na cova dos
evangelístico no qual pregou mais de
ca foi homem de apenas uma única
leões do que estar sem Ele na mesa do
40 mil vezes, escrito mais de 30 li-
experiência com Deus. Na medida em
rei e nas louvações do palácio real.
vros, visitado missionariamente a Ir-
que os anos passaram daquele 1738,
landa 11 vezes e a Escócia 22 vezes,
cada vez ele falava menos daquela ex-
PARA SER UMA AUTORIDADE
viajado a cavalo mais de 4.500 mi-
periência. Tinha outras experiências
NÃO É PRECISO ABRIR MÃO
lhas por ano até os seus 60 anos de
a viver e a testificar.
DO PODER, MAS EXERCÊ-LO
idade (totalizando mais de 375.000
Como dois séculos mais tarde di-
NO TEMOR DO SENHOR
quilômetros), pregado e visitado.
ria o bispo metodista Francis Ensley
Depois que teve sua experiência
Wesley e os primeiros metodistas
sobre aquele 24 de maio, a experiên-
com Deus naquele 24 de maio, Wesley
apoiaram a reforma do ensino que era
cia do coração aquecido acontecida
tornou-se crescentemente uma referên-
fraco e para apenas alguns poucos pri-
na Rua Aldersgate “não livrou Wesley
cia e uma autoridade espiritual e pasto-
vilegiados; criaram escolas para os
da luxúria, da bebedeira ou da crimi-
ral em seu país. Mas foi um homem que
pobres e casas de acolhida para as vi-
nalidade. Não representa a conversão
ouvia e que mudava de opinião, mes-
úvas e órfãos pobres; apoiaram as mu-
aos preceitos de Cristo, ou um retor-
mo que isso doesse tanto quanto ter de
danças nas leis e a reforma das pri-
no
arrancar o próprio fígado. Foi assim
sões; lutaram pela libertação dos es-
Aldersgate marca uma onda contrá-
com a pregação de leigos, com a pre-
cravos; contra o trabalho das crian-
ria aos inimigos espirituais que o
gação de mulheres, com a ordenação
ças nas minas de carvão; e por uma
flagelavam. Um deles era a concep-
de pregadores para ministrar a Ceia aos
reforma ampla e geral das leis e cos-
ção legalista da religião que ele pro-
metodistas dos EUA quando não havia
tumes da decaída Inglaterra do Sécu-
fessava. (...) O outro inimigo espiri-
lá sacerdotes anglicanos para fazê-lo.
lo XVIII.
tual foi a indiferença emocional. (...)
da
indiferença
religiosa.
Também aceitou a autonomia dos
No leito, bem pouco antes de mor-
Sua religião era antes um peso do que
metodistas norte-americanos em rela-
rer, escreveu ao primeiro ministro in-
algo que trouxesse alívio. (...) E para
ção à Igreja Anglicana. Era contra tudo
glês de então, Wilbeforce, igualmen-
uma coisa ela o inflamou: para a ta-
isso, mas Deus, através de sua mãe
te um metodista, para que não cessas-
refa evangelística”.
Suzana, de seu amigo Maxfield e de
se de lutar contra a escravidão, o mais
outros próximos, o quebrava e remo-
vil pecado sobre a face da terra. E,
delava sempre que necessário.
em vez de, vangloriar-se do que fez e
14
Fé&Nexo
*Pastor da Igreja Metodista em Vila Isabel e coordenador do Conselho Editorial
do Jornal Avante
C
Não se constrói com violência
ONTEXTO
um relacionamento saudável
Pr. Roberto Rocha*
Q
uando um marido decide agre-
já que para os homens é mais humilhan-
dem rebater, pois precisam ser amados
dir sua esposa, ele escolhe o ca-
te reportar-se agredido pela esposa.
e não querem correr o risco de perder
minho mais fácil. É mais fácil impor
No campo do relacionamento com
sua fonte vital de amor. Isso gera uma
suas ideias pela força do que pelo diá-
os filhos, também encontramos facil-
grande confusão, dificuldade de rela-
logo na construção do relacionamento.
mente a força como meio impositivo
cionamentos e até neuroses. São os fu-
A força física do esposo – via de regra
de regras de conduta e afirmação de
turos clientes das clínicas e consultóri-
superior à da esposa – se impõe. Resta
opiniões. As crianças são o elo mais
os psiquiátricos, cada vez mais procu-
à companheira ferida a dor e a humi-
fraco na vida doméstica. Não somente
rados. Ou, na outra ponta, são os futu-
lhação. Algumas buscam ajuda polici-
porque são pequenos em estatura e for-
ros clientes do sistema que se aprovei-
al, mas, estatisticamente, são poucas e
ça, mas pelas dificuldades que possu-
ta da desorganização emocional que
com resultados duvidosos.
em em entender e expressar suas emo-
carregam e os escraviza. O ser humano
A violência física não é a única
ções. A confusão se instaura na cabeça
é usado sem saber que é apenas mais
ameaça presente nos relacionamentos
da criança que sofre mazelas impostas
uma peça da engrenagem que faz os
conjugais. Há também a econômica,
pelos pais. A mãe ou pai, que lhe são a
outros terem a vida que almejam e ele
em que o marido, como provedor, lem-
primeira e maior fonte de amor, são
nunca terá. Em outra ponta ainda, vira
bra sempre quem coloca comida na
também o objeto de seu maior medo e
o drogado, o viciado, aquele que se en-
casa. Existe ainda a possibilidade de
muitas vezes o destino de seu ódio, sen-
trega a qualquer paixão ou sopro de
ele tomar os filhos, além de bater ne-
timento que precisa ficar contido; pois,
vida, na boate, na festa, no sexo. Um
les se a questão não for resolvida do
se colocado para fora, pode bloquear o
insaciável por qualquer coisa que o tire
seu jeito. Filhos que apanham de pais,
amor transmitido pela mãe. Esses pe-
da tristeza de uma vida partida entre
que, assim, subjugam suas esposas. Há
quenos sofrem agressões que não po-
amar, temer e odiar.
ainda a ameaça pura e simples do divórcio. A esposa que não sabe onde
conseguirá se manter está presa. Ruim
com ele, pior (será?) sem ele. É o casamento que virou prisão. O castelo
de fadas que se transformou em tortura medieval.
Encontramos esposas que também
regem seus relacionamentos a partir da
força. Força sexual, agressividade constante, agressões domésticas. Fatos menos citados nos relatórios estatísticos,
15
Fé&Nexo
O SER HUMANO FOI CRIADO POR DEUS
seus desejos. É, eu casei, perdi mi-
COM A NECESSIDADE DE COMUNHÃO,
nha plenitude.
vence. Ao fraco, resta a resignação.
O forte se esquece, no entanto, que
Dá-se então o dilema que muitos
a semente que plantamos um dia nas-
A comunhão é uma necessidade bá-
enfrentam regularmente: viver livre
ce. Que a sujeira debaixo do tapete um
sica do ser humano. A solidão é um dos
das restrições impostas pela presen-
dia aparece. Que água mole em pedra
maiores castigos. A solitária dos presí-
ça do outro, sofrendo, no entanto, a
dura tanto bate até que fura. Que, com
dios não apenas separa o indivíduo do
solidão. Ou ter a oportunidade da tro-
o tempo, o fraco não conseguirá mais
convívio com outros para que o impe-
ca que alivia e supre meus instintos
perdoar. O fraco não conseguirá mais
ça de continuar a cometer delitos na ca-
mais profundos, porém com a perda
deixar pra lá. Uma dia a semente da
deia, mas o castiga ao não relaciona-
do eu mais pleno.
desunião brota em distanciamento, ou
COMUNICAÇÃO E TROCA
mento, a conviver sem a troca. Muitos
Penso que na vida em comunhão
raiva, ou apatia, ou inimizade. A rela-
acabam falando sozinhos o tempo todo.
vale a pena a perda da plenitude do eu.
ção enfraquece ou acaba. O castelo que
Se prestarmos atenção, também vere-
O problema é o quanto estou disposto
desmorona não o faz somente no lado
mos aqueles que moram sozinhos pe-
a perder de minha liberdade na proxi-
da esposa ou filho, mas desmorona por
las ruas da cidade falando o tempo todo.
midade do outro. O problema é saber
completo. O sonho vira pesadelo para
Há um amigo virtual, às vezes o inimi-
colocar os limites que sejam firmes e
todos os envolvidos. Não há como uma
go virtual, mas há alguém. Via de re-
claros, mas ao mesmo tempo acolhe-
relação ser – de fato – boa para um só.
gra, o mendigo fala sozinho. A solidão
dores e que não afugentem o outro.
O fraco, ao não se envolver mais com
é uma dor tremenda.
Alguns são abertos demais aos outros
a mesma alegria na relação, a estraga
Viver em comunhão não é fácil.
e não se sentem felizes pelo que passa-
para os dois, querendo ou não.
O viver em sociedade é prazeroso,
ram a ser; outros se fecham tanto em
Já ouvi maridos reclamando da
mas tem seu custo. Lembro-me das
suas próprias vidas tentando manter-se
pouca atenção que a esposa lhe dá.
vezes que chego em casa cansado e
íntegros em seu ser que, rodeados de
Ou da relação sexual na qual ela não
quero apenas um banho e cama. Po-
pessoas, ainda são solitários.
participa ativamente. Ou do filho que
rém, por vontade própria, sou pai e
O marido que bate na esposa ou
não lhe ouve ou não lhe conta – es-
marido. Meus “outros” mais próxi-
aquele pai (ou mãe) que espanca o fi-
pontaneamente – o que aconteceu na
mos querem sair. Há uma festa de
lho não levou em conta a possíbilidade
escola. Converse com os filhos e a
aniversário de criança. Vou passar
de diálogo. É mais fácil assim do que
esposa, eu digo, e verá que motivo
quatro horas sentado numa mesa na
ter que lidar com o relacionamento.
deve ter. O marido que chama a es-
festa da escola em que não conheço
Poderia acontecer de ele descobrir que
posa disso ou daquilo, ofende e agri-
ninguém a não ser minha esposa.
estava errado. Poderia descobrir que
de durante o dia todo, não pode espe-
Mas o local não é adequado a con-
precisava mudar em alguma coisa. Me-
rar que à noite ela seja o poço de amor
versar ou trocar olhares. É cheia de
lhor encerrar o assunto com a agres-
que deseja, que corresponda à sua ex-
barulho dos brinquedos e crianças
são: “não quero mudar ou não quero
pectativa sexual.
correndo e gritando. Salgadinhos
me adaptar à relação”.
A solução mais fácil nem sempre é
gordurosos e palhaços insistindo que
A agressão (em qualquer área, não só
a melhor. Difícil é lembrar disso quan-
eu coloque a peruca rosa. Para mim,
física) oculta a dificuldade no relacion-
do o que queremos é acabar com a dis-
não é o melhor fim de dia. Preciso
amento mais humano. Volta-se ao ins-
cussão logo e encerrar o assunto.
decidir: eu e meus desejos ou eles e
tinto natural. O mais forte – no que for –
*Pastor da Igreja Metodista do Vidigal
16
Fé&Nexo
C
URSO DE
BÍBLIA
Antigo Testamento
(Parte I)
Zélia Constantino
“TODA A ESCRITURA DIVINAMENTE
Contém 66 livros: 39 no Antigo
A Bíblia da Igreja Católica Apostó-
INSPIRADA É PROVEITOSA PARA ENSINAR,
Testamento (AT) e 27 no Novo Testa-
lica Romana tem mais 7 livros, chama-
PARA REDARGUIR, PARA CORRIGIR, PARA
mento (NT). “Testamento” é uma pa-
dos os “Deuterocanônicos”. São pen-
INSTRUIR EM JUSTIÇA”
lavra grega e significa “Aliança” cujo
samentos, histórias, profecias e cânticos
conteúdo é: “serei o vosso Deus e vós
do povo de Israel contidos na “Septua-
sereis o meu povo” (Lv 26.12).
ginta” ou “dos Setenta”, cuja tradução
A
(2TM 3.16).
Bíblia foi escrita por vários autores e grupos de autores (Es-
O AT foi escrito na língua hebraica,
foi seguida pela Igreja Católica. São
colas), sob a inspiração de Deus, du-
em couro, papiro ou pergaminho, e sua
eles: Tobias, Judite, 1º e 2º Macabeus,
rante 1.600 anos aproximadamente.
primeira tradução foi para o grego, cerca
Sabedoria, Eclesiástico e Baruc.
Deus fala conosco pela Bíblia. Ela nar-
de 300 a.C. (a Septuaginta). A mais céle-
•
ra a história da salvação, testemunhan-
bre tradução para o latim foi a vulgata
novelas que mostram como os ju-
do o falar e o agir de Deus na trajetória
que serviu de base para as principais ver-
deus enfrentaram situações típicas
vivida por seu povo.
sões saxônicas, inglesas e portuguesas.
em um momento de sua história.
17
Fé&Nexo
Tobias e Judite são romances ou
•
Os livros de Macabeus apresentam
fetas Maiores (ou Anteriores) e os Pro-
uma linguagem com intermediadores
acontecimentos entre os anos 175 e
fetas Menores (ou os 12 Profetas).
como profetas e anjos.
134 antes de Cristo: a luta pela in-
Fazem parte do NT: os Evangelhos,
c) Deuteronomista (a fonte D - séc.
dependência política e religiosa di-
um Livro Histórico, as Epístolas de
VII a.C.). É restrito praticamente ao li-
ante da opressão helenista e da ali-
Paulo, as Epístolas Pastorais e o
vro de Deuteronômio e quando foi com-
enação religiosa.
Apocalipse (livro profético).
pilado já existia o templo de Jerusalém.
Sua linguagem é a do culto e da lei.
.• “Sabedoria” é uma obra de um judeu de Alexandria do ano 50 a.C.
ANTIGO TESTAMENTO - PENTATEUCO
d) Escrito Sacerdotal (tempo do
Ele identifica a sabedoria como jus-
A palavra PENTATEUCO signifi-
exílio ou pós-exílio). Está presente prin-
tiça: sábia é a pessoa que pratica a
ca cinco livros. São os primeiros cinco
cipalmente nos livros de Levítico e
justiça.
livros da Bíblia:
Números. Enfatiza a transcendência de
Deus e se interessa pelo santuário e o
.• O “Eclesiático de Jesus bem Sirac”
(190 a 180 a.C.), procura reforçar a
1 - OS LIVROS DO PENTATEUCO
templo com suas festas, sacrifícios e
identidade judaica, preservar a fé e
O Pentateuco é o testemunho da
rituais. Sua linguagem é repetitiva e
a fidelidade de Israel. Ele compara
ação do Deus que elege um povo, faz
monótona, pois tratam de números, cro-
a sabedoria com a Lei contida nos
aliança com ele e caminha junto, cum-
nologias e genealogias.
livros do Pentateuco.
prindo suas promessas, mesmo quan-
A composição do Pentateuco deve
do esse povo lhe é infiel. Os livros que
ter ocorrido o mais tardar por volta de
BARUC (SÉC. LL A.C.). É UMA CONFISSÃO
o compõem foram escritos por 500 anos
300 a.C., já que, neste tempo, ocorre o
DE PECADOS E UMA EXORTAÇÃO.
mais ou menos, por autores desconhe-
cisma dos samaritanos, que também
cidos, mas que foram usados por Deus
possuem o Pentateuco. Assim, o pro-
para que chegassem até nós.
cesso literário de tradução do Penta-
Esses livros são chamados também
de “apócrifos” e, na reforma protestante, não foram considerados como ins-
São quatro as fontes de informação
pirados por Deus como os demais, acei-
ou tradições que formaram o Penta-
Os pontos principais da narração do
tos sem restrições. Eles são parte de
teuco (também chamado de TORÁ ou
Pentateuco são: os Patriarcas, o Êxodo,
importante fonte para a compreensão
LIVROS DA LEI):
o Sinai, a Tradição do Deserto e a To-
da época entre os dois testamentos. São
testemunhos do judaísmo entre 200 a.C
teuco teve sete séculos de duração.
mada da Terra.
a) Javista (cerca de 950 a.C. - tem-
O que permitiu que as diversas
po davídico). Esta tradição usa o nome
tradições formassem um quadro uni-
O NT foi escrito em grego. O pri-
“Javé” para designar Deus. Conta a his-
forme da história da salvação foi o
meiro livro escrito foi 1 Tessalonice-
tória da criação, do início de Israel, dos
antigo culto israelita. Elas eram
nses. A princípio, o Evangelho era
patriarcas, o êxodo do Egito e a pere-
transmitidas separadamente em di-
transmitido oralmente. Depois os após-
grinação no deserto. A linguagem é
versas ocasiões cultuais e só mais
tolos começaram a escrever pequenos
imaginativa e bastante compreensível.
tarde foram inter-relacionadas. Tam-
trechos chamados “logia” que forma-
b) Eloísta (cerca de 850 a 800 a.C.).
bém as festas israelitas perpetuavam
ram os elementos básicos dos três pri-
Chama Deus de “Elohim”. Narra par-
meiros Evangelhos.
tes das histórias dos patriarcas e do
e fazem conexão entre o AT e o NT.
Fazem parte do AT: o Pentateuco,
êxodo, mas enfatiza mais a teofania
os livros Históricos, os Poéticos, os Pro-
(manifestação de Deus) do Sinai. Usa
18
Fé&Nexo
as tradições.
*Professora da Escola Dominical e membro da Catedral Metodista do Rio de Janeiro
D
OCUMENTO
Desafios para Testemunhar os Sinais da Graça na
Unidade do Corpo de Cristo
Carta Pastoral – Colégio Episcopal – Parte IV
A
Primeira Carta de Paulo aos
fissão de fé dos cristãos; são, também,
pelo Espírito Santo, solidariedade, un-
Coríntios contém lições pasto-
sinais certos da graça e boa vontade de
ção, culto, discipulado, pastoreio.
rais importantíssimas, à luz do tema
Deus para conosco, pelos quais Ele in-
O metodismo afirma que a vivência
para o biênio 2010-2011 – “Testemu-
visivelmente, opera em nós, e não só
e a fé do cristão e da Igreja se fundamen-
nhar os sinais da graça na unidade do
desperta como fortalece e confirma
tam na revelação e ação da graça divina.
Corpo de Cristo”. Desejamos fazer al-
nossa fé Nele. Dois somente são os sa-
A graça divina é o fundamento de toda a
gumas aplicações para o nosso povo
cramentos instituídos por Cristo, nos-
revelação e ação histórica de Deus e se
metodista, no exercício dos dons e
so Senhor, nos Evangelhos, a saber: o
manifesta de forma preveniente,
ministérios, a fim de sermos uma Igre-
Batismo e a Ceia do Senhor [...]. Os
justificadora e santificadora, na vida do
ja com forte mística missionária.
sacramentos não foram instituídos por
crente e da Igreja, pela fé pessoal e co-
Cristo para servirem de espetáculo,
munitária (Tt 2.11-15). A vivência cristã
SINAIS DA GRAÇA NA UNIDADE DO
mas serem recebidos dignamente. E
se fundamenta na fé (Rm 1.16-17). Fé
CORPO
somente nos que participam deles dig-
obediente, amorosa e ativa, centralizada
Paulo menciona muitos meios de
namente é que produzem efeito salu-
na ação histórica de Deus, na pessoa, vida
graça do Senhor Jesus na vida da comu-
tar, mas aqueles que recebem indig-
e obra de Cristo e na ação atualizadora
nidade dos coríntios, a fim de alimentá-
namente recebem, para si mesmos a
do Espírito Santo (Hb 1.1-3; 12.1-2). A
la no crescimento da fé e do conheci-
condenação, como diz o Apóstolo
Palavra de Deus é o elemento básico para
mento dos ensinos do Evangelho.
Paulo (1 Coríntios 11.29).
o despertamento e a nutrição da fé (2Tm
DE
CRISTO
3.15; Lc 24.25-27; Gl 3.22).1
Sacramentos: tradicionalmente, a
Meios de graça: embora conside-
Igreja tem definido que “Sacramentos
remos que, na teologia protestante, os
Palavra de Deus: a presença da Pa-
são meios de graça instituídos por nos-
Sacramentos são apenas dois (Batismo
lavra no ensino de Paulo à Igreja em
so Senhor Jesus Cristo, sinais visíveis
e Santa Ceia), nós, os metodistas, te-
Corinto foi um maravilhoso meio de
da graça do Espírito Santo na vida dos
mos consciência de que os meios de
graça. Ela foi a bússola, ou ainda, o ins-
crentes”. Sinais visíveis da graça invi-
graça são amplos e inesgotáveis – e isso
trumento para determinar os conflitos
sível, conforme conceituação de Agos-
também pregamos – considerando a
existentes. Paulo busca o discernimento
tinho: “Sigmum visibile, invisibilis
dinâmica atualizadora do Espírito Santo
da Palavra a partir de uma pregação
gratiae”. Nesse ponto, é bom ressaltar
na vida e no ministério total da Igreja
cravada nos ensinos de Jesus Cristo:
que estão juntos: o sinal e a graça. Os
na comunidade. Na comunidade em
“Eu, irmãos, quando fui ter convosco,
Cânones da Igreja Metodista, no capí-
Corinto, podemos detectar os seguin-
anunciando-vos o testemunho de Deus,
tulo denominado “Das Doutrinas”, fa-
tes meios de graça: Batismo, Santa
não fiz com ostentação de linguagem
zem as seguintes afirmações:
Ceia, oração, jejum, matrimônio, pre-
ou de sabedoria. Porque decidi nada
Os sacramentos instituídos por Cris-
gação da palavra, perdão, confissão,
saber entre vós, senão a Jesus Cristo e
to não são somente distintivos da pro-
família, dons e ministérios concedidos
este crucificado [...] A minha palavra e
19
Fé&Nexo
“O que é o batismo? É o sacramen-
pregação não consistiram em lingua-
Palavra de Deus nos conduzindo às se-
gem persuasivas de sabedoria, mas de
guintes questões:
to que nos faz entrar na aliança de
demonstração do Espírito e de poder,
1. Há, aqui, um exemplo que eu
Deus. Foi instituído por Cristo o úni-
para que a vossa fé não se apoiasse em
sabedoria humana, e sim no poder de
Deus” (1Co 2.1-5).
Steve Harper nos inspira trazendo
as seguintes informações sobre a prática de John Wesley:
Wesley sabia que era necessário ter
um padrão objetivo para uma espiritualidade genuína. Para ele, o padrão era
a Bíblia. Ele estava comprometido com
a centralidade e autoridade das Escrituras. Apesar de ter lido centenas de li-
deva seguir?
2. Há algum pecado que eu preci-
co que tem poder para instituir um sacramento adequado, um sinal, um selo,
garantia e meio de graça, perpetua-
se evitar?
3. Há algum mandamento que eu
deva obedecer?
4. Há alguma promessa que eu deva
mente obrigatório para todos os cristãos. Não sabemos realmente o tempo
exato de sua instituição, mas sabemos
que foi muito antes da ascensão do
reivindicar?
5. O que esta passagem me ensina sobre Deus e Jesus Cristo?
6. Há alguma dificuldade que eu
deva explorar?
7. Há alguma coisa nesta passagem
Senhor. Foi instituído na sala da circuncisão, pois, como aquele era um sinal e um selo da aliança, assim é este.
O elemento deste sacramento é a água
que é o mais próprio para este uso sim-
vros sobre vários assuntos, Wesley con-
sobre a qual deva orar hoje?
bólico, dado o seu poder natural de
tinuamente referia-se a si mesmo como
A centralidade da Palavra de Deus,
limpar. O batismo é realizado pela la-
um homo unis libri – homem de único
como meio de graça, é de extrema im-
vagem, pela imersão ou pela aspersão
livro. Embora tivesse publicado apro-
portância para que a Igreja possa flo-
da pessoa em nome do Pai, do Filho e
ximadamente seiscentas obras sobre
rescer e, consequentemente, gerar fru-
do Espírito Santo, e, por este meio, a
vários temas, ele resolutamente man-
tos “dignos de arrependimento”.
pessoa é entregue à Bendita Trindade”
tinha a posição de não permitir qual-
Batismo: Paulo ressalta que o ba-
(BURTNER, R.W. e CHILES, R.E.
quer regra, fosse ela de fé ou de práti-
tismo é o sinal daquelas pessoas que
Coletânea da Teologia de Wesley. Rio
ca, que não fosse a Escritura Sagrada.
confessam o Senhor Jesus Cristo como
de Janeiro, Setor de Publicações da
No prefácio de seu livro Sermões Prin-
Salvador e Senhor. Nesse horizonte, o
Pastoral do Instituto Metodista
cipais, Wesley exclama: “Oh, dai-me
batizado leva o selo do ingresso na fa-
Bennett, p.255-256)
esse livro! A qualquer preço, dá-me o
mília de Deus: “pois, fomos batizados
O Colégio Episcopal em sua ação
livro de Deus!...Eis nele sabedoria su-
num só Espírito para ser um só corpo,
docente considera que cada metodista
ficiente para mim.
judeus e gregos, escravos; e todos be-
precisa viver continuamente este ex-
Nós, bispa e bispos da Igreja Meto-
bemos de um só Espírito” (1Co 12.13).
traordinário sinal da graça de Deus.
dista, consideramos de real importân-
Ao mesmo tempo, o batismo segundo
Ou ainda, vivendo e testemunhando
cia uma profunda revitalização da Pa-
o posicionamento da Igreja Metodista:
que no Corpo de Cristo que: “somos
lavra de Deus na vida pessoal e comu-
“é o sinal visível da graça de nosso Se-
integrados em Cristo, no batismo,
nitária. Com certeza, as crises que se
nhor Jesus Cristo, pela qual nos torna-
através da fé, e recebemos nova vida
evidenciam em nosso meio são fruto da
mos participantes da comunhão do Es-
espiritual desta nova raiz pelo seu
nossa desobediência à Palavra que gera
pírito Santo e herdeiros da vida eterna”
Espírito, que nos torna semelhantes a
vida e vida em abundância.
(Art. 9º, Cânones da Igreja Metodista).
Ele, especialmente com referência à
Paul Little nos oferece uma pauta
São de grande profundidade as palavras
sua morte e ressurreição” (Romanos
importante para a leitura devocional da
de John Wesley sobre este sacramento:
6.3, Notas de John Wesley).
20
Fé&Nexo
H
OMENAGEM
Reverendo Juracy:
patriarca do metodismo brasileiro
Pastor Marcelo Carneiro
A
Igreja Metodista perdeu um
Castelo com a família. Foi batizado
Nessa ocasião, já existiam cerca de 40
bastião do metodismo brasilei-
com poucos meses de idade pelo reve-
ou 50 metodistas e foi organizada a
ro. Testemunha das principais mudan-
rendo Antônio José Rodrigues, que era
Igreja Metodista de Remanço, fora da
ças que ocorreram no Brasil, seja no
o pastor da Igreja frequentada pelos pais
cidade de Castelo, recorda Juracy.
âmbito secular, seja na vida da Igreja,
no Rio de Janeiro (Metodista em
o reverendo Juracy José Sias Monteiro
Vargem Grande). O reverendo Ro-
deixa a história, fazendo história e tor-
drigues, morando em Miracema (RJ),
Foi no pastorado do reverendo João
nando-se parte dela. Morreu aos 94
visitava a família Monteiro, em Caste-
do Couto, em 1929, que Juracy sentiu-
anos, no dia 31 de março deste ano, por
lo, anualmente ou a cada dois anos. “A
se chamado para o ministério e foi re-
complicações decorrentes de problemas
viagem levava três dias de trem”, con-
comendado aspirante. Ele teve de es-
cardiovasculares. Mesmo no leito do
tou certa vez reverendo Juracy.
perar quatro anos para ir para o
CHAMADO
MINISTERIAL
O trabalho Metodista em Castelo
Granbery (MG), já que o irmão Jurandi
(ES) começou na casa do reverendo, na
já estava estudando lá naquela ocasião.
Ele foi um homem ativo e de gran-
ocasião situada no Córrego do
Seria preciso melhorar a situação finan-
de valor na obra de Deus. Só de
Mamona, onde seus pais moraram mais
ceira para seguir seu propósito. Passa-
pastorado alcançou 72 anos. Nascido
tarde. Naquela ocasião, Antônio Bar-
do esse tempo, cursou por cinco anos o
e criado na Igreja Metodista, teve em
bosa, metodista de Caparão (ES), mu-
Ginásio. Concluída essa fase escolar,
seus pais, Francisco José Monteiro e
dou-se para Castelo e morava na sua
em janeiro de 1938, foi provisionado.
Brasilina Sias Monteiro, as suas mai-
propriedade rural no Alto do Chapéu.
Ainda no início do mesmo ano, o bis-
ores escolas para a permanência na fé
A partir de sua aproximação com a fa-
po César Dacorso Filho fez sua primei-
ainda nos tempos atuais. “Do Meto-
mília Monteiro, por volta de 1916, foi
ra nomeação como pastor do Distrito
dismo nunca saí “, afirmava com sin-
organizada a congregação metodista.
de Juiz de Fora para a paróquia de
cera alegria.
Tempos depois, a família de Juracy ad-
Matias Barbosa e Chácara, onde este-
Seus pais se converteram por volta
quiriu uma propriedade em Remanço
ve à frente por dois anos. Na época, ele
de 1911, em Vargem Alegre (RJ). Em
(Fazenda da Crimeia), e nessa casa,
estava iniciando na Faculdade de Teo-
1914, eles se mudaram para o Castelo,
mais tarde, criou-se a Igreja Metodista
logia do Granbery.
no Espírito Santo, onde nasceu Juracy.
de Castelo, por volta de 1925. Nessa
Em julho de 1938, o Concílio Ge-
Passaram a morar na Fazenda das Flo-
época, algumas famílias metodistas de
ral criou a Faculdade de Teologia da
res, do coronel Martins. O pai era
Patrocínio (MG) mudaram-se para a
Igreja Metodista, por meio da fusão das
meeiro de café, lavrador. Durante 10
Fazenda da Crimeia e se estabeleceram
Faculdades do Granbery e de Porto Ale-
anos, frequentou a Igreja Batista de
como colonos no Córrego dos Monos.
gre. Permaneceu até o final de 1938 no
hospital foi um guerreiro inconformado
com este século.
21
Fé&Nexo
Granbery, já como Faculdade de Teo-
Mas a educação teológica sempre
experiência. A idade avançada nunca o
logia, quando houve a mudança para
esteve no caminho ministerial do re-
deixou inativo e não o impediu de con-
São Paulo. A pedido de Mister Paul
verendo Juracy. Em 1958, durante o
tribuir para a causa do Senhor. Esteve
Bayer, que nesse período substituiu
Concílio Distrital Suburbano do Rio
sempre se revelando atuante e nos pas-
Barbieri na reitoria da Faculdade de Te-
e do Rio de Janeiro, ele propôs a cri-
sando a sabedoria e o conhecimento
ologia, reverendo Juracy foi o respon-
ação do Instituto Asbury, de onde
acumulados no decorrer dos anos. Tan-
sável pela mudança, em 1939, para São
nasceu o Seminário César Dacorso
to é assim que até os últimos meses de
Paulo. “A empresa da família de
Filho e, posteriormente, a Faculda-
sua vida atuou como deão da Faculda-
Custodio Laje, metodista, residente na
de de Teologia.
de de Teologia do Centro Universitá-
cidade de Três Rios, foi quem levou a
mudança. Foram umas três viagens e
rio Bennett, curso que ele idealizou e
PASSOS
esteve à frente muitas vezes.
PASTORAIS
eu fui na primeira viagem. Durante es-
Os passos para o pastorado ainda
“Tive a grata felicidade de convi-
sas férias, de dezembro a janeiro, eu fi-
são recordações bem vivas e alegres.
ver mais de perto com ele, ouvi-lo pre-
quei com mister Bayer instalando, na
Em 30 de novembro de 1940, a sua tur-
gar e conhecer o reverendo Juracy me-
Rua do Cubatão, em Vila Mariana, a
ma fez o curso de formatura dos ba-
lhor. E digo que ali estava um verda-
nova residência da Faculdade de Teo-
charéis de teologia e teve como prega-
deiro cristão e homem de Deus”, tes-
logia, onde ficamos dois anos até a
dor o reverendo Afonso Romano Filho.
temunha o reverendo Marcelo Carnei-
construção do primeiro edifício em
O reverendo Juracy pastoreou as
ro, coordenador do curso de Teologia
Rudge Ramos”, deixou relatado. In-
igrejas Matias Barbosa e Chácara, Luz,
do Bennett. “Era humilde, alegre, fir-
vestigou vários terrenos na capital
Tucuruvi, Manhuaçu, Campos e
me em suas convicções, e lutou até fim
paulista para instalar definitivamente a
Macaé, Muriaé e Eugenópolis, São
o bom combate, completando a carrei-
Faculdade até encontrar uma rica pro-
Mateus, Realengo, Bangu e Magalhães
ra que lhe estava proposta. Dorme no
priedade, no bairro dos Meninos, atu-
Bastos, Penha, Irajá, Jardim Botânico,
Senhor, para a ressurreição dos ven-
almente, Rudge Ramos, onde a insti-
Campo Grande, Nilópolis, Pilares,
cedores”, completa. No segundo se-
tuição metodista está até hoje.
Grande Rio, Baixada Fluminense,
mestre do ano passado, o reverendo
Catete e Méier.
Juracy coordenava, junto com o reve-
No velório, os testemunhos mais
rendo Carneiro, a atividade devocional
emocionantes foram de leigas e leigos
dos seminaristas na capela, nos encon-
que o tiveram como pastor pela vida
tros semanais.
toda. Batizou muitas pessoas, fez seus
A dor da perda será sentida, especi-
casamentos, batizando depois os filhos
almente pela família, mas, junto com
e até netos delas. Essa marca é indelé-
ela, a gratidão a Deus por uma vida tão
vel e deve servir de exemplo para to-
generosa e de testemunho tão eficaz.
dos nós. Da parte dos colegas pastores
Fica para nós seu exemplo de abnega-
e pastoras, respeito, carinho e amiza-
ção e desejo de que continuemos o tra-
de. Foi orientador da maioria dos pas-
balho na Seara.
tores mais antigos da Região, e mesmo
das novas gerações.
O tempo trouxe forte bagagem e
22
Fé&Nexo
Colaborou Pr. Marcelo Carneiro, coordenador do curso de Teologia do Bennett.
Depoimentos
de professores e colegas
“
Reverendo Juracy, para o
metodismo, foi um um obreiro incansável no reino de Deus e, para o
Bennett, um exemplo de alguém que
nunca deixou de estudar. Sua presença
nos corredores da Teologia e sua frase
“aprendi muito hoje” nas aulas de grego me emocionavam e me serão como
estímulo sempre!
”
Professora Alessandra Viegas
“
O texto de Jeremias 4.23-26 fala
da expectativa da aterrorizante invasão
de povos do Norte, comparável aos momentos de dor que passamos diante da
passagem de um príncipe do metodismo
brasileiro. Parece que os céus estão desabando, pois restam poucos homens e
mulheres desta magnitude, que têm a
verdade como troféu e a justiça como
bandeira.
Viemos de longe, de um continente chamado África, lugar que usou o
Atlântico como um rio, originários de
um povo que zelou pela natureza e
amou a vida. Nossos antepassados foram reis e rainhas, sábios e sábias, artífices e guerreiros. Fomos trazidos
contra nossa vontade, dispersos pelo
mundo, ignorados em nossa cultura,
aviltados em nosso caráter, desprezados em nossa dignidade. Mesmo assim, no Brasil formamos poetas, políticos e conselheiros, médicos, professores e engenheiros, torneiros, pedreiros e empregadas domésticas, mas
muitas de nossas crianças desconhe-
cem nossa ascendência nobre.
Empobrecidas pela opressão de classe, raça e etnia, vagueiam pelas ruas
sem esperança, sem saber que seus
antepassados eram valorosos, de cabeça erguida, esbeltos, lindos e lindas pessoas que o mundo teima em
esquecer.
Pois bem, reverendo Juracy foi
um príncipe de Israel. Pai, esposo,
avô, amigo, pastor, advogado, mestre. Que com elegância dominou as
palavras, numa homilética sem igual.
Venceu o preconceito se fazendo
exemplo de gerações. Criou o Seminário César Dacorso Filho, construiu
templos, modelou vidas, sempre com
a perspectiva do Reino de Deus. Agora descansa em paz, alheio ao burburinho das movimentadas metrópoles,
sua atenção está voltada para o Rei
dos Reis. Digo a este gigante da fé,
até breve e obrigado pela sua vida e
seu exemplo.
”
Reverendo José Magalhães Furtado
“
No segundo semestre de 2009,
pude estar mais próximo do reverendo
e aprendi muito com ele, pois sua postura e ética eram exemplos a serem seguidos. Ao pensar na pessoa e na história dele, não posso deixar de pensar
em Abraão e sua caminhada de fé e obediência. A expressão “morreu em ditosa velhice” ganha vida e força na pessoa do nosso querido deão, que até os
últimos meses, antes que as forças der-
23
Fé&Nexo
“
radeiramente lhe faltassem, ia à faculdade, interessado nos acontecimentos,
acompanhando o dia a dia da instituição, sempre com disposição, bom humor e alegria. Até breve, nosso amado
patriarca.
“”
”
Reverendo Marcelo Carneiro
“
Há pessoas neste mundo que se
esforçam para serem boas. Eu mesmo
me incluo entre estas. Mas há pessoas
que são boas naturalmente, sem esforço algum. A bondade exala de seus corpos. Como se nelas a imagem divina
brilhasse sem nenhuma opacidade. Assim foi e será Jesus de Nazaré. Assim
foi Barnabé, companheiro de Paulo em
tantas jornadas. Assim foi o reverendo
Juracy para todos nós que tivemos a
graça de com ele conviver. Um homem
bom. Uma bondade simples e casta,
desprovida de quaisquer vaidades! A
Deus toda a glória!
”
Professor Edson Fernando
E
SPAÇO
ABERTO
Somos todos
Pentecostais
Pr. Gerson Lourenço Pereira*
G
eralmente, quando falamos em
mesmo da Páscoa, importantes datas
segunda festa (digamos assim) obri-
Pentecostes, associamos ime-
no Calendário Litúrgico Cristão, o
gatória para os israelitas.
diatamente ao adjetivo “pentecostal”.
Pentecostes não foi apropriado pelo
Era também chamada de Festa da
Se perguntássemos a alguém proce-
Mercado, podendo ter preservada a sua
Colheita ou das Semanas, em que dedi-
dente de uma igreja assim denomina-
alteridade, ou seja, a essência do que
cavam as primícias das colheitas como
da o que significa ser pentecostal, pro-
realmente importa e é transmitido para
gesto de ação de graças a Deus cinquenta
vavelmente obteríamos uma série de
todo o Povo de Deus.
dias após a Páscoa (Êx 34. 23; Êx 23.16;
respostas, tais como: “é ser avivado”;
Lv 23. 9-14; Dt 16.9). Com o passar do
ou “significa crer no derramamento do
DISTINGUINDO ALGUNS
tempo, adquiriu o significado de come-
Espírito Santo”; ainda “receber o dom
CONCEITOS E TERMOS
moração à promulgação da Lei de
de línguas”. Entretanto, essas respos-
Gostaria de iniciar fazendo algumas
Moisés no Monte Sinai como a afirma-
tas encerrariam o significado do Pen-
distinções que ajudarão a compreender
ção da Aliança de Deus com seu povo,
tecostes ou refletiria tão somente al-
conceitos e termos que, se não tiver-
bem como a constituição desse Povo.
guns aspectos?
mos muita familiaridade, pelo menos
Acredito que seja relevante enten-
já ouvimos falar.
te e ascensão de Jesus, o Espírito Santo
dermos o sentido e a atualidade do
Pentecostes para o Cristianismo em
No dia de Pentecostes, após a morse manifestou com as línguas de fogo.
O que é o Pentecostes?
Desde então o Pentecostes é entendido
geral, bem como para as nossas igre-
Pentecostes não é uma palavra
por nós Cristãos como a reconstituição
jas em particular. Sobretudo se consi-
exclusiva do Cristianismo. Ela tem
do povo de Deus pela efusão do Espí-
derarmos que, diferente do Natal e até
origem no Judaísmo, tratando-se da
rito Santo (At 2).
24
Fé&Nexo
O que é o Movimento Pentecostal?
Chamamos de Movimento Pente-
cidos pela sinalização dessa ação atra-
mesmo lugar (At 2.1). Quem eram es-
vés do dom de línguas.
ses que estavam reunidos e por quê?
costal aquele iniciado no início do sé-
Eram as mesmas pessoas que ouviram
culo XX, em 1906, liderado pelo pre-
PRINCÍPIOS CONTIDOS NA
gador de origem metodista Willian
MANIFESTAÇÃO DO
Seymour, na Rua Azusa em Chicago,
PENTECOSTES
ESPÍRITO NO DIA DE
de Jesus, antes de sua ascensão, que
deveriam aguardar o poder do Espírito
(At 1. 7-8). Essas pessoas persevera-
EUA. As reuniões promovidas por ele
O entendimento cristão a respeito
e sua liderança eram marcadas por ma-
do Pentecostes, uma vez considerando
nifestações espirituais: a glossolalia
o registro em Atos dos Apóstolos, ca-
Quando se manifestou, o Espírito
(dom de falar em outras línguas); a par-
pítulo 2, apontam para pelo menos três
suscitou línguas de fogo e todos passa-
ticipação leiga, tanto de homens como
princípios fundamentais para a Igreja,
ram a falar em outros idiomas. O que
de mulheres; e a preocupação com a ex-
a saber: presença e ação do Espírito
isso significou? O contrário do que
pansão missionária. Essas manifesta-
Santo, unidade e missão.
aconteceu na Torre de Babel. Lá, o Es-
poder não se manifestava (At 1. 14).
pírito suscitou idiomas para a desunião
ções eram entendidas como sinais que
resgatavam a manifestação do Espírito
vam unidas em oração enquanto esse
Presença e Ação do Espírito Santo
dos povos. Aqui, no dia de Pentecos-
Santo derramado no dia de Pentecos-
Atentando para o capítulo men-
tes, o mesmo Espírito suscita idiomas
tes, de acordo com a interpretação par-
cionado de Atos dos Apóstolos, po-
diferentes a fim de que todos pudessem
ticular feita do registro de Atos dos
demos observar que o texto não diz
ouvir das grandezas de Deus, indepen-
Apóstolos.
que a partir do dia de Pentecostes os
dente da nacionalidade (At 2. 5-11).
Quatro anos mais tarde, provenien-
seguidore de Jesus passaram a con-
No final do capítulo, o autor de Atos
tes diretamente do Movimento da Rua
tar com a presença do Espírito San-
dos Apóstolos ainda menciona que ha-
Azuza, estabeleceram-se no Brasil as
to. O que diz é que um vento impe-
via uma atmosfera constante de perse-
duas
denominações
tuoso encheu o ambiente, aparece-
verança, solidariedade, unanimidade e
pentecostais: a Igreja Evangélica Con-
ram línguas de fogo sobre cada pes-
comunhão entre os primeiros converti-
gregação Cristã do Brasil e a Assem-
soa, todos ficaram cheios do Espíri-
dos (At 2. 42-27). Em outras palavras,
bléia de Deus.
to e passaram a falar em outros idio-
a unidade foi necessária para o acolhi-
mas (At 2. 2-4). A presença do Espí-
mento da ação do Espírito, confirmada
rito sempre fora uma realidade no
durante a sua manifestação e persistida
Hoje em dia se convencionou cha-
meio do povo de Deus desde o Anti-
pela Igreja consolidada.
mar de “pentecostais” as pessoas mem-
go Testamento. No entanto, todos, no
bros das igrejas, bem como as próprias
dia de Pentecostes, sentiram tal pre-
igrejas que são herdeiras do Movimen-
sença e receberam seu poder.
primeiras
Quem são os Pentecostais?
Missão
Atos 2 demonstra a ação do Espírito
to Pentecostal, como as igrejas Assem-
O Pentecostes traz a convicção
e imediata reação da Igreja através de
bléia de Deus, Congregação Cristã do
de que o Espírito Santo atua sobre todo
Pedro. Sua pregação contextualizada,
Brasil e Brasil para Cristo.
o povo de Deus.
objetiva e clara que resultou na conver-
Os fiéis pentecostais são irmãos
cristãos que enfatizam a ação do Espí-
são de 3.000 pessoas (At 2.14-41) foi o
Unidade
pontapé inicial, o impulso que a comu-
rito Santo e o testemunho do mesmo
Diz também o texto que no dia de
nidade de discípulos de Jesus recebeu
Espírito sobre as suas vidas, reconhe-
Pentecostes estavam todos reunidos no
para anunciar o Evangelho em Jerusa-
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Fé&Nexo
lém, na Judéia, em Samaria e até aos
dade, altruísta (contrário de egoísta),
a Igreja sai de si mesma, envolve-se
confins da terra (At 1. 8).
mansa e não rancorosa (1 Co 13. 4-5).
com a comunidade e se torna instru-
A presença e ação do Espírito San-
O ambiente onde a gente congrega
mento da novidade do Reino de
to, manifestada no dia de Pentecostes,
é ambiente de alegria, paz, tolerância e
Deus”; será que as motivações
geraram unidade e ímpeto missionário.
de pessoas que dominam suas atitudes
missionárias hoje giram em torno da
Pentecostes é, pois, o dia em que a Igre-
com sensatez (Gl 5. 22-23)?
preservação das instituições religio-
ja sai das “quatro paredes” e se direciona
ao testemunho do Reino de Deus.
ATUALIZANDO OS
PRINCÍPIOS.
ALGUMAS CONCLUSÕES
sas ou correspondem à preocupação
A unidade da Igreja é tarefa fácil
com a expansão do Evangelho de
ou um grande desafio?
Cristo?
A Carta Pastoral “Para Que Todos
Sejam Um” afirma:
Presença e ação do Espírito geram ardor missionário no meio do
Se a presença e ação do Espírito
“A unidade cristã faz parte da es-
seu povo, ou seja, vontade de sair das
Santo, a unidade e a missão do Reino
sência da Igreja e é uma condição para
“quatro paredes”. Lembremos que o
são princípios contidos e ressaltados a
a credibilidade do testemunho, da
poder que nos reveste é poder para
partir do Pentecostes, podemos chegar
missão e do serviço. Ela é um dom
testemunhar em Jerusalém, Judéia,
a uma “surpreendente” conclusão: to-
de Deus. Portanto, não somos nós que
Samaria e até aos confins da Terra.
das as igrejas são pentecostais! Melhor:
a construímos, mas somos chamados
Não é poder para inchar, e sim para
a Igreja de Cristo, se resgatado o con-
a preservá-la com amor, humildade e
expandir!
teúdo bíblico de Atos 2, é pentecostal.
mansidão como reconhecimento de
Cabe, então, indagarmos a respeito
que há um só corpo e um só Espírito,
da realidade desses princípios nas nos-
um só Senhor, uma só fé, um só ba-
sas igrejas.
tismo, um só Deus e Pai de todos, o
NOTAS
1
qual é sobre todos, age por meio de
Há expressões da presença do
Espírito Santo nas igrejas?
todos e está em todos.”.
Uma igreja de fato herdeira do Pen-
A evidência fundamental da presen-
tecostes é igreja que vive, transpira,
ça e ação do Espírito Santo é o amor
luta, chora e que se esforça para que
(1Co 13; Gl 5. 22). Antes de se falar
todos estejam unidos no Espírito pelo
em outras línguas (sejam elas outros
vínculo da paz (Ef 4. 3). Será que di-
idiomas conhecidos ou celestiais), o
visões provocadas, inclusive sob uma
Espírito gera verdadeiro e sincero amor
alegada vontade de Deus, são proce-
manifestado concretamente nas rela-
dentes da ação-presença do Espírito
ções fraternais entre os irmãos da fé.
Santo na Igreja?
2
3
4
5
O Espírito Santo não é propriedade
de uma única Igreja, seja ela denomina-
A Igreja se sente enviada ao mundo
da de pentecostal ou não. O que torna
em nome do Reino ou das
uma Igreja de fato portadora do Espírito
instituições que a tornam visível?
é o fato de ela ser um lugar de gente pa-
Considerando que, para nós me-
ciente, benigna, sem orgulho, sem vai-
todistas, “a missão acontece quando
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Fé&Nexo
6
DO
AUTOR
Antes do Pentecostes se celebrava
a Páscoa, como referência e memória do êxodo do Egito; e depois a
Festa dos Tabernáculos ou Dia da
Expiação. Cf. AMSLER, S. Festas.
In: VON ALLMEN, J.J. Vocabulário Bíblico. São Paulo: ASTE, 2 ed.,
1972. P. 145-149.
B O R N , V. D . P e n t e c o s t e s . I n :
BORN, A. V. D., Dicionário Enciclopédico da Bíblia. Petrópolis: Vozes.
1992. P. 1180-1181.
ALLMEN. P.151.
A respeito da história desse movimento,
recomendo o site: http://www.
azusastreet.org/William JSey mou r. htm
In: COLÉGIO EPISCOPAL DA IGREJA METODISTA. Para Que Todos Sejam Um: a perspectiva metodista para a
unidade cristã. São Paulo: Sede Nacional da Igreja Metodista, 2009 (versão eletrônica). P. 29-30
Definição contida no Plano para a Vida
e Missão da Igreja Metodista.
*Secretário-executivo Regional de Educação Cristã e pastor da Igreja Metodista
no Méier
F
AMÍLIA
É necessário
investir na família?
E
stamos vivendo numa socieda-
os nossos filhos, esposa e familiares?
ciosos momentos com a sua família.
de que deseja apenas o pronto e
Temos tido um tempo de qualidade
Pare tudo o que estiver fazendo, reflita
não o que dá trabalho. Vivemos comen-
com eles? Temos o prazer de, sem-
e pergunte hoje mesmo ao seu filho(a)
do o mais rápido e prático e não mais
pre que possível, preparar aquela co-
e esposo(a) o que está faltando para a
aquela comida caseira bem feita. Vive-
midinha caseira e almoçar todos jun-
sua família ser muito mais feliz do que
mos dormindo mal, pois temos que es-
tos? Temos orado com a nossa famí-
já é. Não se assuste se você ouvir coi-
tudar e trabalhar muito. Muitas vezes
lia? Sabemos de tudo o que acontece
sas que nunca esperava, pois, com toda
temos pouco tempo para o Senhor. Não
com os nossos filhos? Sabemos o que
essa correria, faltava tempo para saber
temos tempo de lazer, pois mesmo tra-
está faltando na dispensa? Sabemos
de coisas simples, mas que fazem uma
balhando muito ainda não ganhamos o
da gripe dos filhos, de como vão no
grande diferença nos relacionamentos
suficiente (1 Tm 6.10).
colégio? Sabemos do cansaço do côn-
de família.
E a nossa família? Quanto tempo
temos gasto com ela? Em que lugar
juge, dos seus sonhos, dos seus projetos não realizados?
estamos colocando nossas famílias?
Enfim, se você não tem tempo de
Estamos dando a devida atenção para
saber dessas coisas, está perdendo pre-
Reflita sobre essas perguntas:
Qual foi a última vez que você
orou com a sua família?
•
Qual foi a última vez que você dis•
se “eu te amo para sua esposa (o)”?
•
Qual foi a última vez que você disse “eu te amo para o seu filho (a)”?
•
Qual foi a última vez que você separou um tempo de qualidade para
a sua família?
•
Será que estamos esquecendo de
amar e estamos apenas vivendo
como podemos?
Entendemos que famílias fortes,
tratadas, restauradas e curadas formam uma igreja saudável e forte.
Edwilson e Patrícia Alves são coordenadores do Ministério Regional da Família
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