S.leucotricha final

Transcrição

S.leucotricha final
Sociedade Brasileira de Química (SBQ)
Glicosídeos fenólicos de Sinningia leucotricha (Gesneriaceae).
1
1
1
Maria Helena Verdan (PG)*, Andersson Barison (PQ), Maria Élida Alves Stefanello (PQ).
1
Universidade Federal do Paraná, Departamento de Química, Caixa Postal 19081, CEP 81531-990, Curitiba – PR
([email protected]).
Palavras Chave: Gesneriaceae, Sinningia, glicosídeos fenólicos.
Introdução
Sinningia leucotricha (Hoehne) Moore, conhecida
como rainha-do-abismo, é uma espécie herbácea
endêmica do estado do Paraná. É uma planta de
rara beleza, com folhas prateadas e flores
vermelhas, que está atualmente em risco de
extinção, devido à degradação do seu habitat e à
coleta indiscriminada. De porte pequeno (até 20
cm), possui um tubérculo perene e apresenta um
ciclo anual de desenvolvimento. Cresce e floresce
no período de primavera/verão e fenece no
outono/inverno, deixando as gemas dormentes nos
1
tubérculos . Nesta situação, os tubérculos podem
ser removidos da terra, cortados e replantados,
permitindo a retirada de material para estudo sem
danos às populações naturais. Em um estudo
anterior foi relatado o isolamento de naftoquinonas e
sesquiterpenos a partir dos extratos hexânico e
2
diclorometânico dos tubérculos de S. leucotricha . O
trabalho atual teve como objetivo dar continuidade
ao estudo fitoquímico desta planta, isolando os
metabólitos secundários dos extratos mais polares.
Tubérculos de S. leucotricha, secos e moídos (60,9
g), foram extraídos com hexano, diclorometano,
acetato de etila e etanol. O extrato em acetato de
etila (0,34 g) foi submetido à cromatografia clássica
em coluna de gel de sílica, eluída com gradiente de
metanol em acetato de etila. As frações obtidas
foram analisadas por CCDA e purificadas por
CCDP. Este procedimento rendeu a substância 1
(9,8 mg) e uma mistura inseparável de 2 e 3 (10,2
mg), que foram identificadas por análise dos
espectros de RMN (1D e 2D) e comparação com
dados da literatura.
Resultados e Discussão
destes foram observados diversos multipletos na
região de δ 4,54-3,40, sugerindo um glicosídeo. O
13
1
espectro de RMN de C{ H} apresentou 23 sinais,
sendo 14 na região de δ 114,9–149,7, um em δ
169,3, sete entre δ 64,8–77,9 e um em δ 36,8. A
análise dos espectros de correlação direta (HSQC) e
a longa distância (HMBC) levaram à estrutura 1, que
pertence
ao
composto
conhecido
como
3
calceolariosideo B (Figura 1). O espectro de RMN
1
de H da mistura de 2 e 3 foi muito similar ao de 1,
apresentando sinais correspondentes aos mesmos
grupos encontrados em 1, mas com deslocamentos
químicos ligeiramente diferentes. Além disso, alguns
sinais estavam duplicados, enquanto outros se
apresentavam como multipletos, integrando para
dois hidrogênios. Essas informações sugeriram uma
mistura de dois isômeros constitucionais da
substância 1. Através da análise dos espectros
HSQC e HMBC foi possível propor as estruturas das
substâncias 2 e 3, que foram identificadas como
calceolariosideo
A
e
plantainosideo
A,
3
respectivamente (Figura 1).
R1O
R2O
R3O
O
36a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química
R2
R3
H
H
SL1 Caff
HO
Caff
OH
O
OH
R1
HO
SL2 H
Caff
H
SL3 H
H
Caff
OH
Figura 1. Estruturas dos compostos isolados.
Conclusões
Três glicosídeos fenólicos conhecidos foram
isolados pela primeira vez no gênero Sinningia, a
partir dos tubérculos de S. leucotricha.
Agradecimentos
1
O espectro de RMN de H de 1 apresentou sinais de
diversos hidrogênios na região de aromáticos. A
presença de um grupo cafeoíla foi determinada
pelos sinais em δ 7,04 (d, J=1.9 Hz), 6,88 (dd,
J=8.2:1.9 Hz), 6,77 (d, J=8.2 Hz), 6.28 (d, J=15,9
Hz) e 7.56 (d, J=15,9 Hz), enquanto que o grupo
feniletanóide foi detectado pelos sinais em δ 6,68 (d,
J=1.9 Hz), 6,64 (d, J=8.0 Hz), 6,53 (dd, J=8.0:1.9
Hz), 3,96 e 3,70 (m) e 2,78 (t, J=7.6 Hz). Além
O
Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio
financeiro.
___________________
1
Unemoto, L. K.; Faria, R. T.; Meneguce, B. e Assis, A. M. Acta Sic.
Agron. 2006, 28, 503.
2
Verdan, M. H.; Barison, A.; Unemoto, L. K.; Faria, R. T.; Salvador,
M. J.; Stefanello, M. E. A. Abstracts of the 3rd Brazilian Conference on
Natural Products, Ouro Preto, 2011.
3
Damtoft, S.; Jensen, S. R. Phytochemistry 1994, 37, 441.