TTC Fabiana Pelinson

Transcrição

TTC Fabiana Pelinson
TCC I – Trabalho de Conclusão de Curso I
CESNORS
Centro de Educação Superior Norte
-
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Educação Superior Norte – RS
Departamento de Ciências da Comunicação
Curso de Comunicação Social – Jornalismo
08 de outubro a 20 de outubro de 2012
METAFORIZAÇÃO EM DISCURSOS JORNALÍSTICOS:
UMA ANÁLISE DO JORNAL TRIBUNA DO PARANÁ
FABIANA PELINSON
Artigo científico apresentado ao Curso de Comunicação Social – Jornalismo como
requisito para aprovação na Disciplina de TCC I, sob orientação do Prof. Elias José
Mengarda e avaliação dos seguintes docentes:
Prof. Elias José Mengarda
Universidade Federal de Santa Maria
Orientador
Prof. José Antonio Meira da Rocha
Universidade Federal de Santa Maria
Prof. Andréa Weber
Universidade Federal de Santa Maria
Prof. Janaína Gomes
Universidade Federal de Santa Maria
(Suplente)
Frederico Westphalen, 08 de outubro de 2012.
Metaforização em discursos jornalísticos: uma análise do jornal Tribuna do
Paraná1
Fabiana Pelinson2
Elias José Mengarda3
RESUMO
Este artigo dialoga sobre a utilização de metáforas em discursos jornalísticos nas
páginas do jornal impresso Tribuna do Paraná. Para tanto, optou-se por compor um
corpus das edições no período de 26 a 31 de março de 2012. Assim, foi verificada se as
metáforas são utilizadas em discursos, como o jornalístico, e investigada a incidência de
metáforas em manchetes, chamadas, aberturas e títulos. Foram utilizados os conceitos
propostos por Lakoff e Johnson (2002), partindo da Teoria da Metáfora Conceptual
(TMC). Os resultados comprovam a TMC e confirmam que a visão tradicional é
reducionista. As metáforas são utilizadas neste discurso jornalístico e constituem um
recurso linguístico. Além disso, representaram um uso expressivo, pois foram
encontradas em todas as edições, editorias e divisões que nos propusemos analisar.
PALAVRAS-CHAVE: jornalismo impresso; Teoria da Metáfora Conceptual;
jornalismo literário; Tribuna do Paraná; linguística
INTRODUÇÃO
A maioria dos jornalistas busca uma prática jornalística que revele um mundo
subjacente àquele que encontramos todos os dias nas páginas dos jornais. Um
jornalismo que fuja da superficialidade e que humanize os fatos objetivos que por eles
são contados. Informações fragmentadas e objetivas fazem parte do atual jornalismo
convencional, características que são justificadas pelo pouco tempo que os leitores
destinam ao exercício da leitura. Assim, os jornalistas devem despertar a curiosidade do
leitor num primeiro momento, fazendo com que ele se interesse e se identifique com a
experiência do outro. O diferente, o novo, o não usual é o que chama a atenção e aguça
o interesse do leitor.
Muitas são as formas pelas quais os jornalistas procuram despertar o interesse de
seus leitores e fugir da mesmice dos meios de comunicação. O texto é um dos recursos
1
Artigo científico apresentado ao Curso de Comunicação Social – Jornalismo como requisito para aprovação na
Disciplina de TCC I do Centro de Educação Superior Norte do RS da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
2
Acadêmica do 7º semestre do curso de Comunicação Social – habilitação Jornalismo da UFSM/FW
3
Orientador desta pesquisa e professor do curso de Comunicação Social – habilitação Jornalismo da UFSM/FW
1
mais utilizados, principalmente quando falamos em mídia impressa. Textos que
exploram o lado criativo de cada jornalista e a procura pela subjetividade por trás de
acontecimentos objetivos são os mais almejados por profissionais que buscam romper
com o jornalismo engessado atual. Características, estas, que fazem parte da prática do
texto jornalístico mesclado com elementos da literatura. Além da profunda observação e
fartura de detalhes, o jornalismo literário também faz uso das metáforas. No jornalismo
atual, ainda vicejam algumas características desta modalidade jornalística.
Propomo-nos romper com a visão tradicional da metáfora e o seu uso a partir da
tese de Lakoff e Johnson (2002), onde a metáfora representa uma figura de pensamento,
que subjaz nossa linguagem e também nossas ações. Dessa forma, as metáforas
representam um fenômeno central da linguagem e do pensamento, constituindo assim
um processo de criação cognitiva do redator.
Com esta pesquisa pretende-se constatar a utilização das metáforas, como forma
de estruturar o discurso nos meios de comunicação, mais especificamente no jornal
impresso, refletindo sobre o que essas metáforas indicam e qual a incidência em que
foram utilizadas. Assim, a presente pesquisa tem por objetivo geral verificar se as
metáforas, conforme Lakoff e Johnson (2002) são utilizadas em discursos, como o
jornalístico e se constituem um recurso linguístico utilizado no meio impresso. Para
tanto, analisou-se a incidência de metaforização das manchetes, chamadas, aberturas e
títulos no jornal Tribuna do Paraná.
A pesquisa justifica-se por se tratar de um assunto abordado, em sua maioria,
pela visão tradicional. Assim, torna-se necessário explorar as metáforas sob outro
aspecto. Até porque, hoje o uso da metaforização tornou-se tão corriqueiro que, durante
a leitura, não percebemos as construções metafóricas, de que forma e com que efeitos
são utilizadas.
Optou-se pelo jornal Tribuna do Paraná por este se tratar de um veículo de
circulação diária que atua em Curitiba e Região Metropolitana, com triagem e
circulação nesta região. Os temas veiculados são de cunho popular, com foco principal
em segurança pública, variedades e esporte. O periódico apresenta-se como um jornal
diferenciado, interpretativo e crítico que faz uso de uma linguagem informal e popular.
Diante disso, as questões que queremos refletir é a seguinte: a metáfora é um
recurso utilizado neste jornal impresso? Qual a incidência de utilização de metáforas
nas manchetes, chamadas, aberturas e/ou títulos no jornal Tribuna do Paraná? As
2
metáforas são exclusivas de somente uma editoria? Somente uma categoria de metáfora
é utilizada? E diante dessa utilização, o que essas metáforas indicam?
Os primeiros estudos deram-se por meio da leitura de materiais que
compartilham de ideias que nos levam à hipótese de que, hoje, os meios de
comunicação utilizam naturalmente as metáforas. Assim, as metáforas conceituais
encontram-se em diversas formas de discurso, pois estão presentes no processo de
comunicação humana. Parte-se da suposição de que esse recurso linguístico não é
privilégio de somente uma editoria ou de apenas algum elemento do jornalismo, como
as manchetes, por exemplo.
A criatividade e o estilo dos textos jornalísticos mudam conforme o tempo e
algumas técnicas literárias são utilizadas nas construções narrativas. No entanto, há que
se estudar, em que medida, essa ampliação de uso é utilizada e se beneficia ou prejudica
o mais interessado no resultado final de todo esse processo, no caso, o leitor.
1 CONCEPÇÕES DE LÍNGUA E LINGUAGEM
A língua é um conjunto organizado e estruturado das nossas vivências. Exterior
aos indivíduos, individualmente não se pode criá-la ou modificá-la, pois a língua só
existe em decorrência de um contato coletivo e evolui de geração em geração. Dessa
forma, língua e sociedade se inter-relacionam de maneira tão incisiva que não existem
separadamente, conforme Bakhtin (1988).
Parte social da linguagem, a língua é, como afirma Saussure (2002), um sistema
de signos. Saussure (2002) defendeu que a linguagem é um sistema social e não
individual e que quando falamos uma língua estamos ativando a ampla gama de
significados que já estão inclusos em nossos sistemas cultural e linguístico. Conforme
explica Alvarez (2008), para Saussure os significados das palavras não estão fixos em
uma relação fechada com objetos ou eventos do mundo exterior à linguagem. Os
significados surgem nas relações de similaridade e diferenças que as palavras mantêm
com outras palavras.
Segundo Bakhtin (1988), a relação do homem com o mundo só pode ocorrer
através do signo. Como atividade essencialmente humana, a linguagem perpassa todas
as fases da vida e se faz presente em quase todas as atividades, sejam elas individuais ou
coletivas. Desse modo, os significados de uma língua não são estáticos e se
transformam dependendo do contexto do seu uso.
3
A linguística cognitiva vê a linguagem como interagindo com outras faculdades
mentais, como percepção, visão, memória e habilidades sensório-motoras. A linguagem
é um instrumento de transmissão, ação e interação que possibilita a prática de diversos
tipos de atos e que reflete no pensamento e no conhecimento dos interlocutores, como
afirmam Passos e Fonseca (2011).
Para a visão cognitivista, a comunicação é entendida como uma atividade que
compartilha e integra os fenômenos ocorridos na linguagem, o que alude a uma série de
atividades praticadas em conjunto que levam a uma compreensão mútua entre os
interlocutores. Nesse processo, a significação é ajustada em situação de contextos
específicos que possibilitam a adaptação dos elementos linguísticos em diferentes
intenções comunicativas favorecendo a flutuação de sentidos, como as construções
metafóricas (PASSOS e FONSECA, 2011).
1.1 Linguagem literária e linguagem não literária
A fala ou discurso é um instrumento de informação e ação e quase não exige, no
uso cotidiano, interpretação. Assim, a significação das palavras tem por base o jogo de
relações configuradoras do idioma que falamos, segundo Filho (1986). Conforme o
autor, a fala comum se configura pela transferência, e o mesmo não acontece com o
discurso literário, que se caracteriza pela criação artística. Segundo Filho (1986), o
código em que se pauta o discurso literário guarda íntima relação com o código do
discurso comum, mas apresenta uma série de caracteres distintivos.
1.1.1 Complexidade
Conforme Filho (1986), a primeira diferença singularizadora entre o discurso
literário e o discurso comum seria a complexidade. O discurso não literário caracterizase pela significação singular dos signos, marcado pela transparência. Ou seja, o sentido
denotativo das palavras remete aquele retratado pelo dicionário. Já o texto literário
ultrapassa os limites da simples reprodução. Em certo sentido, a linguagem literária
produz, e a não literária reproduz. Logo, a linguagem literária está relacionada às
múltiplas interpretações a uma dada expressão, tendo em vista nosso instinto subjetivo,
o qual está intrinsecamente ligado às nossas percepções individuais.
1.1.2 Multissignificação
Os signos linguísticos no texto literário assumem significados múltiplos. Nesse
sentido, Filho (1986) situa o distanciamento que a linguagem literária assume em
4
relação ao chamado grau zero da escritura. Filho (1986, p. 38) explica que o grau zero é
entendido como “o discurso preocupado, sobretudo com a plena clareza da
comunicação nele veiculada e com a obediência às normas usuais da língua”. Dessa
forma, a linguagem literária apresenta seus próprios meios de expressão.
1.1.3 Predomínio da conotação
Segundo Filho (1986), a linguagem literária é eminentemente conotativa,
resultante de uma criação feita de palavras. O arranjo das palavras faz surgir os sentidos
múltiplos que caracterizam o texto literário. Conforme o autor, os signos verbais,
produzidos pelo processo criativo do escritor, “revelam-se carregados de traços
significativos que a eles se agregam a partir do processo sociocultural complexo a que a
língua se veicula” (Filho, 1986, p. 40).
1.1.4 Liberdade na criação
As utilizações da linguagem literária podem envolver adesão, transformação ou
ruptura em relação às tradições linguísticas, conforme afirma Filho (1986). Essa
modalidade de linguagem se caracteriza pela invenção de novas expressões ou novas
utilizações de recursos linguísticos. Oposto a isso, o texto não literário obedece algumas
normas reguladoras sob pena de ruídos na comunicação. Filho (1986, p. 42) diz que “no
texto literário a criação estética autoriza qualquer transgressão nesse sentido”.
1.1.5 Variabilidade
O texto literário, assim como propõe Filho (1986), se vincula a um universo
sociocultural e a dimensões ideológicas. Logo, sua natureza envolve mutações no tempo
e no espaço, tem uma língua como ponto de partida e de chegada e essa língua
acompanha as mudanças culturais.
2 JORNALISMO E LINGUAGEM LITERÁRIA
Conforme Necchi (2007), as influências da literatura no jornalismo provêm dos
séculos XVIII e XIX, justamente quando os jornais passam a aderir às características
que conhecemos hoje. Nesse período, alguns escritores passaram a participar ativamente
na rotina dos jornais. Esses escritores além de comandar as redações dos jornais,
passaram a determinar a linguagem e o conteúdo que seria veiculado. Essa influência
dos escritores no jornalismo propiciou a modificação do jornal que se tornou mais
variado, e passou a apresentar um olhar mais sutil sobre a sociedade.
5
Como afirma Pena (2006), o jornalismo literário não rompe definitivamente com
o jornalismo diário, ele apenas proporciona outras visões, ultrapassando os limites dos
acontecimentos cotidianos. Os conceitos sobre jornalismo literário são muito amplos.
Para Pena (2006), essa modalidade não apenas potencializa os recursos do jornalismo,
ela dá criatividade, elegância e estilo, aplicando técnicas literárias de construção
narrativa.
Assim, defino Jornalismo Literário como linguagem musical de
transformação expressiva e informacional. Ao juntar os elementos presentes
em dois gêneros diferentes, transformo-os permanentemente em seus
domínios específicos, além de formar um terceiro gênero, que também segue
pelo inevitável caminho da infinita metamorfose. Não se trata da dicotomia
ficção ou verdade, mas sim de uma verossimilhança possível. Não se trata da
oposição entre informar ou entreter, mas sim de uma atitude narrativa em que
ambos estão misturados. Não se trata nem de Jornalismo, nem de Literatura,
mas sim de melodia (PENA, 2006, p. 21).
Necchi (2007) aponta alguns recursos característicos do jornalismo literário,
como a profunda observação, imersão na história a ser contada, fartura de detalhes e
descrições, textos com traços autorais, reprodução de diálogos e uso de metáforas,
digressões e fluxo de consciência. Em função da padronização, os recursos utilizados no
jornalismo literário vêm combater a monotonia do texto jornalístico, tornando o texto
sedutor e agradável.
As composições textuais e as modalidades da língua que podem ser utilizadas
são aspectos determinantes na produção do texto em jornal impresso. Lage (1997)
afirma que a linguagem jornalística ideal deve conciliar comunicação eficiente com
aceitação social. Conforme o autor, no jornalismo impresso a linguagem utilizada deve
ser um denominador comum para que todos os leitores possam compreender o que o
jornalista diz. Tanto o menos letrado quanto o mais culto deve compreender a
linguagem utilizada e é crucial que a notícia seja entendida pelo leitor. Como o jornal é
direcionando para pessoas de todas as classes sociais e de todos os níveis de
escolaridade, sua escolha de palavras deve ser criteriosa e se aproximar do popular.
Necchi (2007) afirma que os recursos típicos da literatura estão presentes
principalmente em revistas. No entanto, alguns recursos como a reprodução de diálogos,
o uso de metáforas, digressões e o fluxo de consciência são comuns em textos
jornalísticos no impresso. O autor analisa ainda que o lead e a impessoalidade são uma
espécie de camisa de força porque tiram a criatividade do redator.
2.1 Componentes do texto jornalístico no impresso
6
A estrutura das notícias e reportagens obedece algumas regras jornalísticas.
Além do lead, podem estar presentes os títulos, manchetes, aberturas e chamadas.
Segundo Rabaça e Barbosa (2001), manchete é o título principal, de maior destaque, no
alto da primeira página de jornal ou revista, que indica o fato jornalístico de maior
importância entre as notícias contidas na edição. Cada edição possui apenas uma
manchete, que é o título com maior destaque. Na primeira página, ainda consta as
chamadas que são definidas por Rabaça e Barbosa (2001), como um pequeno título e/ou
resumo de uma matéria, com o objetivo de atrair o leitor e remetê-lo para a matéria
completa, apresentada no interior do jornal.
Nas páginas internas, o título mais destacado recebe o nome de abertura. E os
títulos, segundo Rabaça e Barbosa (2001), definem, geralmente, o assunto ou o teor da
obra, e a distingue das demais palavras ou frase, geralmente composta em corpo maior
do que o utilizado no texto, e situada com destaque no alto da notícia para indicar
resumidamente o assunto da matéria e chamar a atenção do leitor para o texto.
3 METÁFORA COMO FIGURA DE LINGUAGEM
As figuras de linguagem, segundo Bastos (1997), são recursos expressivos
usados para imprimir mais força, vivacidade e colorido ao pensamento. Ou seja,
representam recursos não convencionais que o falante ou escritor cria para dar maior
expressividade à sua mensagem.
As figuras de palavras consistem na substituição de uma palavra por outra, isto
é, no emprego figurado, seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por
uma associação ou comparação. Segundo Bastos (1997), esses dois conceitos básicos –
contiguidade e similaridade – permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de
palavras: a metáfora e a metonímia.
A metáfora, conforme Martins (1989) consiste em utilizar uma palavra no lugar
de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude de que o indivíduo se associa e
depreende entre elas, semelhanças.
Garcia (2006) define a metáfora como a figura de significação que consiste em
dizer que uma coisa (A) é outra (B), em virtude de qualquer semelhança percebida pelo
espírito entre um traço característico de A e o atributo predominante, atributo por
excelência, de B. Assim, a metáfora é, em essência, uma comparação implícita. Ainda
7
segunda a visão tradicional, as metáforas estão presentes apenas em romances, contos,
crônicas, textos literários e poesias.
4 TEORIA DA METÁFORA CONCEPTUAL
O uso repetitivo de metáforas na veiculação de notícias e, principalmente, na
fala cotidiana, desfaz a perspectiva de existência da metáfora somente em textos
literários. Esta ideia é movida pelos estudos de Lakoff e Johnson (2002), em que a
metáfora está infiltrada na vida cotidiana, não somente na linguagem, mas também no
pensamento e na ação.
4.1 Processo de metaforização
Tradicionalmente, as metáforas são consideradas um recurso linguístico
utilizadas apenas em textos literários e poemas. Assim, as metáforas são utilizadas para
expressar ideias que seriam difíceis de serem explicadas de forma literal.
Ao contrário da perspectiva tradicional, Lakoff e Jonhson (2002) acreditam que
as metáforas estão presentes na linguagem cotidiana e, por vezes, estão tão enraizadas
em nossa cultura, que passam despercebidas aos nossos olhos. Essa visão tradicional,
por anos, tem sido alvo de crítica por parte de muitos pesquisadores contemporâneos,
que veem a teoria como simplista e redutora, por ser baseada exclusivamente na lógica.
Pollio, Smith e Pollio (1990) explicitam os pressupostos do modelo tradicional
por mediação dos seguintes postulados que se referem à linguagem figurada, em
especial à metáfora:
a) figuras de linguagem como a metáfora, metonímia símile, oxímoro,
ironia etc. – elementos linguísticos especiais – não ocorrem
frequentemente quando falamos, escrevemos ou pensamos;
b) o uso figurado não é conceitualmente útil, porque é utilizado para
enganar o pensamento racional e embelezar ideias comuns ou
vulgares;
c) a linguagem figurada, anomalia, nonsense e uso literal são
categorias de linguagem psicologicamente distintas;
d) a linguagem figurada depende ou é derivada da linguagem literal
(POLLIO, SMITH e POLLIO, 1990, p. 03).
A ruptura com o paradigma tradicional deu-se em 1980, a partir da publicação
do livro Metaphors we live by, desenvolvida por Lakoff e Johnson. Com esse estudo, os
autores comprovaram a onipresença das metáforas no discurso cotidiano e introduzem
8
sua tese de que as metáforas não seriam uma mera figura de linguagem e sim uma
figura de pensamento.
A metáfora é, para a maioria das pessoas, um recurso da imaginação
poética e um ornamento retórico – é mais uma questão de linguagem
extraordinária do que de linguagem ordinária. Mais do que isso, a
metáfora é usualmente vista como uma característica restrita à
linguagem, uma questão mais de palavras do que de pensamento ou
ação. Por essa razão, a maioria das pessoas acha que pode viver
perfeitamente bem sem a metáfora. Nós descobrimos, ao contrário,
que a metáfora está infiltrada na vida cotidiana, não somente na
linguagem, mas também no pensamento e na ação. Nosso sistema
conceptual ordinário, em termos do qual não só pensamos, mas
também agimos, é fundamentalmente metafórico por natureza
(LAKOFF e JOHNSON, 1980, p. 45).
Assim, conforme os pesquisadores, sem a atuação constante da metáfora o
pensamento seria impossível. Essa teoria ficou conhecida como a Teoria da Metáfora
Conceptual (TMC).
Desenvolvida por Lakoff e Johnson em 1980, a Teoria da Metáfora Conceptual
transfere o local da metáfora da linguagem para o pensamento. Desse modo, a metáfora
tem por função estruturar a relação e a percepção de mundo dos falantes. Como explica
Alvarez (2008), a metáfora linguística está na linguagem conceptual que, por sua vez, é
gerada a partir das vivências do homem com seu próprio corpo com relação ao ambiente
em que vive. O papel fundamental da linguagem seria, então, a estruturação do
pensamento sobre o que se estrutura a comunicação.
De acordo com Lakoff e Johnson (2002), os sujeitos pensam conceitos
metaforicamente estruturados, baseados nas suas interações com o meio social. Ou seja,
o sistema conceitual de cada um é compreendido em termos de outros conceitos. Passos
e Fonseca (2011) partem dessa compreensão e afirmam que o conhecimento da
realidade é tido como uma construção mental, resultado de uma ação individual que
depende da interação com o contexto sociocultural e também do conhecimento do
indivíduo.
Interligada à vida humana, a metáfora faz com que as experiências sejam
organizadas e uma operação cognitiva seja sistematizada, pois perpassa do simples
anunciado para compreender uma coisa em termos de outra. (PASSOS e FONSECA,
2011). Os conceitos abstratos são metafóricos e estabelecem conexões entre domínios
cognitivos, isso é convencionado pelos cognitivistas como projeção entre domínios.
As metáforas funcionam, segundo Lakoff e Johnson (2002), pela “exportação”
de um domínio-fonte, em geral mais concreto, para um domínio-alvo, em geral mais
9
abstrato. Assim, a Teoria da Metáfora Conceptual une a razão e a imaginação de modo
que corpo e mente não são separados, permitindo que muitos conceitos sejam
compreendidos a partir de metáforas construídas com base na experiência corporal.
Portanto, o experiencialismo resgata a imaginação e o corpo.
O pensamento é concebido, segundo a semântica cognitiva, como esquemas
imagéticos mapeados por diferentes domínios conceptuais que numa relação metafórica
favorece a extensão de conceitos de tempo e espaço para outros campos semânticos.
Dentro desse processo, surge a categorização e a projeção de informações entre
domínios cognitivos (PASSOS e FONSECA, 2011).
Segundo os autores, a categorização constitui uma das capacidades cognitivas do
processo mental, “uma das condições de possibilidade da linguagem em classificar,
identificar e agrupar diferentes entidades em uma mesma categoria” (Passos e Fonseca,
2011, p. 03).
Essa categorização se organiza em torno de um núcleo prototípico, no qual se
agrupam diferentes membros ou propriedades marcados por similaridades parciais ou
"parecenças-de-família" assim os limites entre si, bem como entre as diferentes
categorias são, frequentemente, imprecisos (PASSOS e FONSECA, 2011).
Com base no que afirma Lakoff e Johnson (2002), os esquemas imagéticos são
estruturas conceituais abstratas surgidas da experiência física e social de cada um que
moldam as experiências perceptuais e influenciam o processamento da informação.
Passos e Fonseca (2011) acrescentam que essas estruturas organizam o nosso
pensamento projetando-se aos usos diários da linguagem.
4.4 Categorias de metáforas
Na Teoria da Metáfora Conceptual, Lakoff e Johnson (2002) postulam três tipos
de metáforas: Metáforas Estruturais, Orientacionais e Ontológicas.
2.4.1 Metáforas estruturais
Para Lakoff e Johnson (2002), as metáforas estruturais inserem-se no grupo em
que um conceito é estruturado metaforicamente em termos de outro. Desse modo, a
metáfora parte de um domínio fonte, mais concreto, para um domínio alvo, mais
abstrato.
10
Um exemplo descrito pelos autores explica o funcionalismo das metáforas
estruturais. Na metáfora TEMPO É DINHEIRO, estruturada por Lakoff e Johnson
(2002), podemos perceber como os conceitos dinheiro, trabalho e tempo estão
associados à determinada cultura. De acordo com os autores,
Essas práticas são relativamente novas na história da humanidade e não
existem em todas as culturas. Elas surgiram nas modernas sociedades
industrializadas e estruturam profundamente nossas atividades cotidianas
básicas. Pelo fato de que agimos como se o tempo fosse um bem valioso –
um recurso limitado, como o dinheiro – nós o concebemos dessa forma.
Logo, compreendemos e experienciamos o tempo como algo que pode ser
gasto, desperdiçado, orçado, bem ou mal investido, poupado ou liquidado
(LAKOFF e JOHNSON, 2002, p. 51).
Outro exemplo é a metáfora DISCUSSÃO É GUERRA. Conforme Lakoff e
Johnson (2002), quando estamos em meio a uma discussão racional, a experienciamos
como se ela fosse uma guerra e a partir disso, proferimos enunciados, como: Seus
argumentos são indefensáveis e Ele atacou todos os pontos fracos da minha
argumentação (Lakoff e Johnson, 2002, p. 46).
Utilizamos essas expressões provenientes do vocabulário bélico porque agimos e
pensamos assim: há uma disputa com vencidos e vencedores, como em uma batalha.
Logo, nesse tipo de estruturação existe um domínio alvo, abstrato – a discussão – e um
domínio fonte, concreto – a guerra. Passos e Fonseca (2011) afirmam que esse processo
de estruturação de um domínio pelo outro ocorre por meio do mapeamento de algumas
características do domínio fonte (nesse caso, guerra) que ajuda a compreender o
conceito relativo ao domínio mais abstrato (nesse caso, discussão). O domínio alvo
parece ocupar o nível abstrato, enquanto que o domínio fonte encontra-se na forma
concreta. Como explicam Lakoff e Johnson (2002), são coisas completamente
diferentes – discurso verbal e conflito armado – mas, o conceito, a atividade e a
linguagem são metaforicamente estruturados.
4.4.2 Metáforas Orientacionais
As orientacionais são aquelas que organizam todo um sistema de conceitos em
relação a outro sistema de conceitos e têm a ver com a Orientação Espacial (LAKOFF e
JOHNSON, 2002). Ou seja, esse tipo de metáfora envolve direção. O sistema de
conceitos é organizado a partir de outro sistema, que “tem como origem a noção de
orientação espacial que os indivíduos desenvolvem a partir da observação do
11
funcionamento do corpo humano e do meio em que vivem” (Passos e Fonseca, 2011, p.
05).
As orientações espaciais decorrem do funcionamento do corpo humano e do
ambiente que o rodeia. São mobilizados esquemas imagéticos que se organizam a partir
de oposições espaciais, como: Para cima/para baixo, dentro/fora, frente/trás, em cima
de/fora de, fundo/raso e central/periférico.
Passos e Fonseca (2011) asseguram que conceitos associados a sentimentos bons
e agradáveis normalmente estão associados às orientações espaciais: para cima, para o
alto, para frente; as orientações temporais, para o futuro; Já os sentimentos negativos e
desagradáveis estão relacionados às orientações: para trás, baixo, dentro, fora e passado.
Conforme afirmam os autores, as orientações não são arbitrárias, “pois surgem
diretamente das experiências físicas e culturais do indivíduo, ou seja, as metáforas
variam culturalmente” (Passos e Fonseca, 2011, p. 05).
De acordo com Lakoff e Johnson (2002, p. 67), “nossa experiência física e
cultural proporciona muitas bases possíveis para as metáforas de espacialização e, por
essa razão, sua escolha e sua importância relativa podem variar de cultura para cultura”.
Para eles, projetamos metaforicamente nossa experiência concreta de deslocamento
espacial para a nossa experiência mais abstrata, que seria a vida emocional, por
exemplo.
4.4.3 Metáforas Ontológicas
A base para as metáforas ontológicas são as experiências com objetos físicos e
com o corpo humano. Essas experiências fornecem segundo Lakoff e Johnson (2002) e
Passos e Fonseca (2011), formas de conceber eventos, atividades, emoções, ideias,
como entidades e substâncias. Baseadas nas experiências físicas das pessoas, os
conceitos ocorrem em termos de direções espaço-temporal.
Da mesma forma que as experiências básicas das orientações espaciais
humanas dão origem a metáforas orientacionais, as nossas experiências com
objetos físicos (especialmente com nossos corpos) fornecem a base para uma
variedade ampla de metáforas ontológicas, isto é, formas de se conceber
eventos, atividades, emoções, ideias etc. como entidades e substâncias
(LAKOFF e JOHNSON, 2002, p. 76).
Para a Teoria da Metáfora Conceptual, o uso da metaforização tem o intuito de
facilitar a compreensão de conceitos abstratos ou complexos, que são mais bem
compreendidos em termos de domínios concretos. Os estados emocionais são um
12
exemplo, expressões como A tristeza está sufocando você expressam bem o porquê da
utilização das metáforas ontológicas.
Ainda para os autores, outro tipo específico de metáfora ontológica é concebida
em termos de características e atividades humanas. “O domínio de origem é PESSOA,
trata-se aqui não de coisificação, mas de personificação” (Lakoff e Johnson, 2002, p.
75-89). A metáfora ontológica específica é classificada como personificação. A
metáfora ontológica INFLAÇÃO É UMA ENTIDADE nos faz pensar na inflação como
uma “pessoa” e proferir, por exemplo, a sentença: A inflação roubou minhas economias.
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para realização desta pesquisa, será analisada a ocorrência de metáforas na
criação de manchetes, chamadas, aberturas e títulos no jornal Tribuna do Paraná. A
metodologia consistiu em duas etapas. Primeiramente, foram identificadas e analisadas
as metáforas conceptuais presentes nas manchetes, chamadas, títulos e aberturas
jornalísticas do jornal paranaense. Nesta primeira etapa, realizou-se a contagem das
manchetes, chamadas, títulos e aberturas metafóricas, separando-as por editoria e
classificando-as de acordo com a tipologia proposta por Lakoff e Johnson (2002). Os
resultados foram analisados conforme incidência metafórica em todo objeto analisado e
editorias, além das ocorrências das categorias metafóricas. Foram analisadas seis
edições do jornal Tribuna do Paraná, no período de 26 a 31 de março de 2012.
Na segunda etapa, foram selecionadas, considerando as diferentes características
entre elas, as manchetes e duas chamadas, aberturas e/ou títulos de cada edição do
jornal que faziam uso de metáforas, contabilizando assim um corpus de 17 ocorrências
metafóricas. A partir desta seleção, as expressões foram categorizadas e analisadas
conforme as realizações metafóricas que lhe estão associadas, com base na Teoria da
Metáfora Conceptual proposta por Lakoff e Johnson (2002).
A análise dos dados (metáforas) do jornal Tribuna do Paraná visa responder se
as metáforas são utilizadas neste discurso jornalístico, se constituem um recurso
linguístico utilizado no jornal impresso e qual a incidência de uso metafórico nas
manchetes, chamadas, títulos e aberturas jornalísticas do periódico. Serão analisados,
ainda, qual tipologia é mais utilizada, em qual editoria esse uso é mais frequente e o que
essas metáforas indicam.
13
Para tanto, utilizamos as categorias metafóricas desenvolvidas por Lakoff e
Johnson (2002), que postulam três tipos de metáforas: as estruturais, as orientacionais e
as ontológicas, além de estudos de Passos e Fonseca (2011).
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A seguir, serão analisados os dados obtidos a fim de verificar qual a utilização
das metáforas nas manchetes, chamadas, títulos e aberturas do jornal Tribuna do Paraná.
De acordo com a tipologia descrita por Lakoff e Johnson (2002), apresentaremos
quadros demonstrativos das ocorrências metafóricas.
6.1 Análise de ocorrências metafóricas
Apresentamos no Apêndice R a totalidade de manchetes, chamadas, aberturas e
títulos encontrados no jornal Tribuna do Paraná no período de 26 a 31 de março de
2012, a fim de comparar qual a incidência do uso metafórico nestes espaços.
O Apêndice S apresenta as ocorrências metafóricas encontradas nas manchetes,
chamadas, aberturas e títulos do jornal no período considerado. Analisando o quadro,
constatamos que as metáforas não são exclusivas de um só item que nos propormos
analisar, estando presente, em maior ou menor quantidade, em todos eles. Logo,
comprova-se que o uso metafórico não está presente somente em locais de maior
destaque no jornal, como a capa, por exemplo, mas que também ocupam outros espaços,
como é o caso dos títulos nas páginas internas. Ainda que, a maior incidência
metafórica encontrada tenha sido nas manchetes e aberturas, com 83,3% e 37,9%,
respectivamente, o uso também se faz presente nas chamadas e nos títulos, com 20,8% e
10,6%. Em todas as edições analisadas, as aberturas foram as que apresentaram maior
incidência metafórica, assim como as manchetes. De seis capas analisadas, apenas uma
edição não apresentou manchete com metaforização.
Conforme Rabaça e Barbosa (2001), a manchete é o título de maior destaque na
capa e a abertura é o que recebe maior destaque nas páginas internas. Assim, conclui-se
que, apesar do uso metafórico também estar presente nas chamadas e títulos, foram os
títulos de mais destaque no jornal impresso – manchete e aberturas – que apresentaram
maior incidência. Por meio desses dados, conclui-se que o redator utiliza as metáforas
como recurso linguístico para chamar a atenção do leitor. Logo, pode-se concluir,
14
conforme afirma Abreu (1995), que as metáforas são utilizadas no intuito de chamar a
atenção do leitor, instigando-o a descobrir sobre o que se trata determinada matéria e/ou
reportagem. Para Coimbra (1999), a metáfora destaca-se no que diz respeito à
linguagem dos títulos, como as manchetes, pela sua versatilidade e facilidade em
transmitir ideias complexas associando-as às vivências, conhecimentos e imagens
previamente adquiridos e interiorizados.
De acordo com Apêndice T, as metáforas estiveram presentes em todas as
editorias do jornal impresso analisado. Assim, os dados comprovam que o uso
metafórico não é exclusivo de somente uma editoria, mas que estão presentes em todas
elas. Para Queiroz (2007), a metaforização é utilizada no esporte principalmente para
descrever algumas jogadas, pois a maioria não dispõe de uma palavra técnica, de modo
que sua descrição se faz através do uso metafórico. A editora de Esporte foi a que
apresentou maior incidência metafórica, seguida da editoria Segurança Pública.
Na editoria de Esporte, as metáforas mais utilizadas foram as estruturais,
conforme Apêndice BB e na Segurança Pública, as mais utilizadas foram as metáforas
ontológicas de personificação (vide Apêndice CC).
Queiroz (2007) afirma que os esportes de massa, como o futebol, recebem uma
abordagem entusiasta por profissionais de imprensa. Nos Apêndices HH e II, pode-se
notar a presença de metáforas estruturais na editoria esportiva, em que FUTEBOL É
GUERRA. Segundo Queiroz (2007), é comum o uso de metáforas bélicas na linguagem
esportiva, pois, historicamente, existe uma estreita relação entre a prática do futebol e a
guerra. Ainda conforme o autor, a imprensa emprega de forma indiscriminada um
vocabulário repleto de designações bélicas, enfatizando o conceito de que o jogo de
futebol é uma guerra, como a abertura encontrada na editoria de Esporte no jornal
Tribuna do Paraná do dia 28/03, “Batalha no Paraguai”.
Todas as categorias de metáforas propostas por Lakoff e Johnson (2002) foram
encontradas no objeto de estudo. Conclui-se que, o uso de expressões metafóricas, não é
exclusivo de apenas uma tipologia. No entanto, as que mais se destacaram foram as
metáforas estruturais e as ontológicas de personificação (vide Apêndice U). Isso ocorre,
pois segundo Aldrigue e Espíndola (2011), o ser humano tem a necessidade de se fazer
compreender utilizando conceitos concretos. Ou seja, é mais fácil falar das nossas
ideias, tratando-as como algo concreto, do que abstrato, como analisado na metáfora
“Troca de ideias”, presente no Caderno especial Curitiba 319 anos, na edição do dia
15
26/03. Já a utilização das metáforas ontológicas de personificação, segundo Passos e
Fonseca (2011), permite que o redator aproxime do receptor o que é dito,
personificando objetos e/ou eventos de qualquer natureza. Com isso, o receptor se
identifica com a informação, pois aquilo também é humano. Como exemplo, podemos
citar a metáfora “Cigarro mata”, utilizada na editoria de Segurança pública, no dia
27/03. Aqui, o cigarro assume a capacidade de matar, aguçando a curiosidade do leitor e
fazendo com que ele queira descobrir, de que modo, um objeto adquire a capacidade de
realizar uma ação humana.
Em todas as categorias dos jornais analisados foram utilizadas 23,1% de
metáforas no período considerado, conforme Apêndice S. A utilização do uso
metafórico nos permite afirmar que as metáforas constituem um recurso linguístico
utilizado no jornal impresso. Embora o percentual seja modesto, a utilização é
expressiva, já que na presente análise foram consideradas só as manchetes, chamadas,
aberturas e títulos, sem levar em consideração a linha de apoio, lide e o corpo do texto.
Além do mais, a percentagem se mostra significativa, quando se leva em consideração
que, pela visão tradicional, a metáfora, como figura de linguagem, só é utilizada em
poemas e textos literários. Logo, os 23,1% de metáforas utilizadas nas edições
analisadas vêm comprovar a Teoria de Lakoff e Johnson (2002), de que com maior ou
menor proeminência, as metáforas são encontradas no discurso cotidiano e no discurso
jornalístico. Assim, segundo a teoria de Lakoff e Johnson (2002), as metáforas fazem
parte do dia a dia e estão presente em uma série de discursos.
Aqui, o uso metafórico em todas as editorias e em todos os itens que nos
propomos analisar comprova que a visão tradicional da metáfora é reducionista. Além
disso, as análises nos permitem concluir que as metáforas são formas de estruturar o
discurso no meio impresso, constituindo assim, um recurso linguístico do jornalismo.
6.2 Categorização e análise das metáforas
Foram selecionadas todas as manchetes e duas aberturas, chamadas e/ou títulos
para categorização e análise, com o intuito de demonstrar o que a utilização metafórica
representa em determinada construção narrativa.
Na edição de segunda-feira, 26 de março, encontramos a abertura metafórica na
editoria de esporte “Em alta, em baixa, na espera” (Apêndice A). As aberturas referemse aos times Londrina, Coritiba e Atlético Paranaense, respectivamente. Trata-se da
16
liderança isolada do Londrina no returno do Estadual, a perda da invencibilidade de 48
jogos do Coritiba e a esperança do Atlético-PR em ganhar o returno e ser campeão
direto do Campeonato Paranaense.
A abertura tem como recurso a metáfora orientacional que organiza um sistema
de conceitos com relação a outro e tem como base nossas experiências culturais e
físicas, como explicam Lakoff e Johnson (2002).
Assim, em alta significa bom e em baixa significa ruim. Conforme Lakoff e
Johnson (2002), os conceitos associados a sentimentos bons e agradáveis estão
associados às orientações espaciais: para cima, para o alto e para frente. Os sentimentos
desagradáveis e negativos estão relacionados às orientações: para trás, baixo e fora.
Assim, feliz para cima; triste para baixo. Nesse caso em específico, em alta é positivo e
em baixa é negativo.
Portanto, o time Londrina é avaliado positivamente, pois está em alta, é líder
isolado no returno do Campeonato Estadual. Já o Coritiba é avaliado negativamente,
pois está em baixa, perdeu a invencibilidade e se complicou na disputa pelo returno. E o
Atlético-PR encontra-se estático, em espera, já que não alimenta muitas perspectivas
sobre a vitória no returno.
Na edição de segunda-feira, 26 de março, encontramos a abertura metafórica na
editoria de esporte “Cruzeiro atropela o Bangu” (Apêndice B). A expressão refere-se à
vitória do time Cruzeiro contra o Bangu, pela Copa Tamandaré. O redator utiliza a
metáfora orientacional, associando sensações e orientações espaciais e temporais. Como
já explicitado anteriormente, orientações espaciais como para cima e para frente estão
associadas a sentimentos ou situações boas. Ou seja, a metáfora orientacional atropela
refere-se à orientação espacial de seguir em frente, avançar, associado, assim, a algo
positivo, que é a vitória do Cruzeiro e a continuidade do time na Copa.
Ainda na segunda-feira, 26 de março, encontramos a manchete metafórica na
editoria de esporte “Olho gordo” (Apêndice C). A metáfora refere-se ao time de futebol
Atlético Paranaense que, após vencer o Cianorte, não desistiu do título do returno do
Campeonato Paranaense e outros times, como o Coritiba e o Londrina, estão atentos a
trajetória da equipe no Campeonato. Aqui, a expressão olho gordo significa inveja, a
vontade dos atleticanos de que os outros times percam os próximos jogos. A metáfora
constitui uma ontológica de personificação, já que o olho assume característica de
17
pessoa. Um olho não é gordo, um olho não tem a capacidade de invejar, nem de torcer
pelo fracasso alheio.
Na edição de terça-feira, 27 de março, encontramos a abertura metafórica na
editoria de dia-a-dia “Nas mãos da Urbs”(Apêndice D). A abertura refere-se à
aprovação da regulamentação dos táxis em Curitiba. A decisão de diversos pontos
polêmicos da regulamentação ficou a cargo da Urbs, empresa de economia mista
vinculada à administração municipal. Aqui, a metáfora é classificada como ontológica
de personificação, pois a empresa passa a ser uma pessoa. E como pessoa, a Urbs possui
qualidade personificada, como mãos. A metáfora refere-se ao fato da empresa poder
tomar decisões, e assim, a entidade passa a ter qualidades humanas e passa a exercer
atividades humanas.
Na terça-feira, 27 de março, encontramos o título metafórico na editoria de
segurança pública “Cana pro cabeça quente”(Apêndice E). O título refere-se a um
guarda municipal detido após atirar para o chão durante discussão em um posto de
combustíveis. O guarda foi preso por disparo de arma de fogo. O recurso aqui utilizado
é uma metáfora ontológica, a mente é concebida como um recipiente, o quente
representa preocupação, a contrapor-se ao frescor que representa tranquilidade. Assim,
temos a metáfora ontológica MENTE É RECIPIENTE.
Ainda na edição de terça-feira, 27 de março, encontramos a manchete metafórica
na editoria de segurança pública “Cigarro mata”(Apêndice F). A manchete refere-se a
um freguês que se negou a apagar o cigarro dentro de uma lanchonete em Pinhais e por
conta disto foi morto a pancadas pelo garçom. A manchete tem como recurso a metáfora
ontológica de personificação, quando objetos ganham características de seres humanos.
Aqui, o cigarro adquire a capacidade de matar, passando de objeto a ser humano. A
motivação, nesse caso, foi o cigarro, mas quem de fato matou o freguês foi o garçom.
No entanto, a manchete nos sugere que o cigarro passou a ter a capacidade de tirar a
vida de outra pessoa, assumindo assim as características e atividades de um ser humano.
Na edição de quarta-feira, 28 de março, encontramos a abertura metafórica na
editoria de esporte “Batalha no Paraguai”(Apêndice G). Refere-se ao ambiente hostil
que espera o Flamengo em Assunção/Paraguai no jogo contra o Olímpia. A vitória do
time brasileiro vale a liderança do Grupo 2 na Libertadores. A metáfora utilizada é uma
estrutural. A Teoria da Metáfora Conceptual identifica nesse tipo de estruturação um
domínio fonte – o futebol e um domínio alvo – a guerra. Assim, a metáfora estrutural
18
desta abertura é FUTEBOL É GUERRA. Na linguagem bélica, batalha significa um
combate entre exércitos inimigos, no entanto, relacionado com a frase esportiva, a
expressão passa a significar a partida de futebol.
Na edição quarta-feira, 28 de março, encontramos a abertura metafórica na
editoria de dia a dia “8 kms de amargar”(Apêndice H). Refere-se às obras de duplicação
da BR-116, entre Curitiba e Fazenda Rio Grande que estão congestionando o trajeto de
8 kms. A metáfora utilizada é uma ontológica, o amargar é entendido como oposto ao
doce e que provoca uma sensação desagradável. Assim, o amargar é visto pelo redator
como metafórico, pois se entende como algo que provoca sensações opostas ao doce, ao
gostoso e ao agradável. Segundo Lakoff e Johnson (2002), algumas das experiências
fornecem a base para uma variedade ampla de metáforas ontológicas, isto é, formas de
conceber atividades, emoções e ideias concebidas por atividades ou por outras emoções.
Ainda na quarta-feira, 28 de março, encontramos a manchete metafórica na
editoria de segurança pública “Lição de manguaça”(Apêndice I). A manchete refere-se a
uma mulher bêbada que colidiu o carro com três motos e dois carros e fugiu correndo
do local. A metáfora é classificada com uma ontológica de personificação, pois aqui a
manguaça, que se refere à bebida alcoólica, assume a condição de pessoa. Assim, a
bebida alcoólica pode dar lição em alguém. Nesse caso, o fato da mulher ter colidido o
carro representa a consequência por ter bebido. Logo, a bebida foi quem a fez aprender
a lição de que não se deve dirigir após ingerir bebida alcoólica.
Na edição de quinta-feira, 29 de março, encontramos a abertura metafórica no
caderno especial Curitiba 319 anos “Troca de ideias”(Apêndice J). A abertura refere-se
a uma reportagem especial no qual os moradores de Curitiba abordam diversos temas,
como educação, saúde, transporte público e trânsito. A metáfora aqui utilizada é uma
estrutural, que surge na base de mapeamentos entre dois domínios, o fonte e o alvo.
Neste caso, a metáfora é IDEIA É MERCADORIA, sendo o domínio alvo, as
ideias, e o domínio fonte, a mercadoria. Analisando a utilização da metáfora nesta
abertura podemos afirmar que as ideias são mercadorias, justamente porque há uma
troca entre elas, como se um curitibano realizasse uma troca de ideias com outro. Neste
caso, o conceito de mercadoria ajuda a entender as diversas ideias expostas por
diferentes pessoas sobre um mesmo assunto que é Curitiba, mesmo que estas pessoas
abordem esse assunto sob diversos aspectos, como a saúde em Curitiba ou então a
19
educação em Curitiba. Ou seja, o domínio mais concreto que é a mercadoria, ajuda
entender o domínio mais abstrato que são as ideias.
Na edição de quinta-feira, 29 de março, encontramos a abertura metafórica na
editoria automóvel “Gol perde liderança”(Apêndice K). A abertura refere-se à perda da
liderança do carro mais vendido do país. O Gol, modelo da Volkswagen, perdeu a
liderança para o Fiat Uno. Neste caso, a metáfora aqui presente é uma ontológica de
personificação. O carro Gol é transformado, pelo redator, em uma pessoa que tem a
capacidade de perder alguma coisa ou a liderança de algo.
Ainda na edição de quinta-feira, 29 de março, encontramos a manchete
metafórica no caderno especial Curitiba 319 anos “Nas ondas do povão”(Apêndice L).
A manchete refere-se à opinião de oito personagens curitibanos que sugerem soluções
para alguns problemas da Capital. As matérias fazem parte de um caderno especial
sobre os 319 anos de Curitiba. Nesse caso, a metáfora estrutural é ONDA É OPINIÃO.
Como os personagens das matérias especiais expressam suas opiniões sobre a cidade, a
palavra ondas vem significar opinião, como se Curitiba estivesse na boca e nas palavras
do povo. As metáforas surgem de uma experiência concreta que temos com a realidade.
Na edição de sexta-feira, 30 de março, encontramos a abertura metafórica na
editoria de esporte “Sete já dançaram” (Apêndice M). Refere-se à troca de técnicos de
sete clubes que fazem parte do Campeonato Paranaense. A metáfora estrutural na
presente abertura esportiva é DANÇA É DEMISSÃO. Assim, o redator recorreu ao
conceito de dança para falar de outro, a demissão dos técnicos. O redator utiliza o
substantivo dança no intuito de fazer com que o leitor compreenda as sucessivas trocas
de comando de alguns clubes de futebol.
Na sexta-feira, 30 de março, encontramos a abertura metafórica na editoria de
esporte “Mago de molho” (Apêndice N). A abertura refere-se ao jogador palmeirense
Valdívia que sofreu uma nova lesão muscular e desfalcará o time durante 30 dias. A
metáfora estrutural aqui presente é MOLHO É ESPERA. Neste caso, molho é o
domínio fonte, mais concreto, e espera é o domínio alvo, mais abstrato. O conceito de
molho é utilizado para falar da espera, do tempo de pausa do jogador. As estruturais
permitem usar um conceito de detalhamento estruturado e delineado de maneira clara,
para estruturar outro a partir de correlações sistemáticas encontradas em nossa
experiência.
20
Ainda na edição de sexta-feira, 30 de março, encontramos a manchete
metafórica na editoria de segurança pública “Sexo marginal” (Apêndice O). Refere-se a
uma quadrilha que atraía clientes para um Motel e os assaltavam. Nota-se aqui a
presença de uma metáfora ontológica de personificação, em que o sexo é considerado
um ser humano e possui a característica humana de ser marginal. O uso da metáfora
refere-se às atividades praticadas pela quadrilha, no entanto o sexo aqui é classificado
como algo que possui características humanas.
Na edição de sábado, 31 de março, encontramos o título metafórico na editoria
dia a dia “Caem 13 quadrilhas ligadas ao tráfico” (Apêndice P). O título refere-se à
apreensão de 77 pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico de drogas, em São
Borja. A metáfora orientacional está presente devido à utilização do caem na frase. O
caem nesta frase representa que as quadrilhas foram desarticuladas e extintas. Assim, o
redator utiliza uma orientação espacial que é o cair, para baixo, para se referir ao
acontecimento com as quadrilhas. As orientacionais não se estabelecem entre dois
concretos, mas entre os modos de organização de dois sistemas de conceitos.
Na edição de sábado, 31 de março, encontramos o título metafórico na editoria
dia a dia “Decisão do STJ preocupa entidades” (Apêndice Q). O título refere-se a uma
decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de inocentar um acusado de estupro.
Entidades que zelam pelos direitos de crianças e adolescentes repudiaram a decisão do
órgão público. Aqui, essas entidades ganham característica de ser humano, exercendo
atividades próprias do ser humano, como se preocupar. Segundo Lakoff e Johnson
(2002), a metáfora orientacional de personificação baseia-se na delimitação artificial de
ideias e eventos representando-as à imagem do ser humano.
6.3 Metaforização em discursos jornalísticos
A utilização das metáforas na fala cotidiana é um fato que se constata também
em jornais, como observado nesta análise, e pode ser considerado uma maneira de dar
mais vida ao que se fala e chamar a atenção do receptor, conforme afirma Abreu (1995).
Embora o estilo jornalístico não tenha um compromisso com a estética, ele
precisa chamar a atenção do receptor e para isso vale-se de mecanismos como as
metáforas. Como comprovado durante a análise, as metáforas tiveram maior incidência
nas manchetes e aberturas, títulos que recebem maior destaque no jornal impresso.
21
Comprova-se, portanto, com esta análise, a existência de metáforas linguísticas para
além do universo poético e literário, podendo se manifestar na produção escrita
jornalística.
A metáfora, conforme Passos e Fonseca (2011) constitui uma ferramenta
eficiente para a transmissão de informações e para a codificação do conhecimento
cultural. Nesse sentido, as metáforas possibilitam a compreensão da informação
extraída por complexos processos de experiências partilhadas culturalmente, uma forma
da mídia ampliar semanticamente o ato comunicativo e fazer valer seu discurso.
Categorizando e desconstruindo as metáforas encontradas, confirmou-se a TMC.
O redator utiliza uma ideia e a conecta com outra, facilitando o entendimento de algo.
Em diversas construções metafóricas, um conteúdo de origem mais abstrata é tratado
como se fosse outro, real, tornando a mensagem mais confiável.
Como vemos, as metáforas conceptuais permeiam nossa comunicação, nosso
pensamento e nossa ação. O uso das metáforas conceptuais no meio jornalístico
comprova isso. Se o jornalismo tem o objetivo de fazer com que o leitor compreenda a
informação por ele escrita, presume-se que os leitores do periódico pensariam do
mesmo modo que o autor, no momento da construção metafórica. Logo, o uso
metafórico não se limita apenas à comunicação, mas sim a encadeamentos lógicos e a
associações que a mente faz. Notadamente, para que os indivíduos possam compreender
determinado conteúdo é imprescindível que ambos, leitor e redator, compartilhem o
mesmo background social e linguístico.
Conforme Lage (1997), as metáforas têm lugar cativo na linguagem jornalística,
pois desempenham o papel importante de transformar assuntos de cunho científico em
uma linguagem simples e acessível. Nesse sentido, Coimbra (1999) afirma que as
restrições de tempo e espaço levam o redator à necessidade de utilizar uma linguagem
acessível ao público para comunicar ideias complexas. Com base nessas afirmações e
nos resultados obtidos, é possível, então, concluir que o trabalho jornalístico, em seu
fazer, tem a preocupação de conceituar metaforicamente a vida cotidiana, nos textos
direcionados a seu público.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
22
Decorre da tradição escolar, acreditar que as metáforas fazem parte de
ferramentas sofisticadas utilizadas somente em poesias e textos literários. No entanto,
pesquisadores como Lakoff e Johnson (2002), sugerem que a sua utilização vai além do
universo poético, fazendo parte do discurso cotidiano e também do jornalístico.
Assim, o presente estudo vem comprovar a Teoria proposta por Lakoff e
Johnson (2002) de que a metáfora é utilizada no discurso jornalístico. Os resultados do
estudo comprovaram que as metáforas não são utilizadas somente em textos literários
e/ou poemas, podendo se manifestar na produção escrita jornalística, assim, a
metaforização constitui um recurso linguístico no meio impresso.
A análise do corpus demonstrou que a ocorrência metafórica no jornalismo é
significativa e que tem como principal funcionalidade estruturar um conceito em termos
de outro, ou seja, recorrer a um conceito para falar de outro, muitas vezes, com o intuito
de facilitar a compreensão do leitor. Essa funcionalidade justifica-se pelo expressivo
uso das metáforas estruturais no objeto de análise. Assim, as metáforas utilizadas na
prática jornalística possibilitariam a compreensão da informação extraída por
complexos processos de experiências partilhadas culturalmente.
Com a utilização das metáforas, o redator cria em seu público o clima necessário
para causar o efeito pretendido. As metáforas permitem que o redator alcance a
conotação ou a transferência de sentido. Utilizada como recurso linguístico, elas
refletem determinados valores socioculturais e para que tenha eficácia é necessária a
compreensão do enunciado pelo receptor. Essa compreensão pressupõe uma operação
lógica de inferência pelo leitor, a partir de sua cultura e de seu conhecimento de mundo.
A metaforização, então, é um processo de captar e produzir conhecimento, a metáfora
não pode ser considerada uma mera figura de linguagem, mas também um recurso
linguístico de imaginação com grande influência no pensamento e raciocínio do ser
humano, como nos sugere Lakoff e Johnson (2002).
Os objetivos estabelecidos foram alcançados. Comprovou-se a utilização de
metáforas para além do universo poético e literário, como nos sugere a visão tradicional,
e a utilização das metáforas como recurso no jornalismo impresso.
Nota-se que o uso das metáforas no discurso jornalístico é expressivo, utilizado
em todas as editorias do produto e em todas as divisões em que se propôs analisar. Com
relação ao que indicam essas metáforas, cada uma delas tem uma relação específica com
o conteúdo exposto na matéria da qual foi retirada, como do contexto daquela
23
informação. A respeito da incidência em que foram utilizadas, as metáforas estiveram
presentes em todas as edições analisadas, o que nos permite concluir que a
metaforização representa um recurso recorrente e comum no jornal Tribuna do Paraná.
Como exposto nas análises, nas manchetes o uso foi mais expressivo, assim como na
editoria de Esporte. A abordagem adotada durante a pesquisa, que busca romper com a
visão tradicional que considera a metáfora somente um ornamento da linguagem,
permitiu a descrição metafórica e dos conceitos presentes nas entrelinhas dos textos
jornalísticos. A partir da leitura das notícias publicadas, foi possível identificar as
metáforas utilizadas, remetendo a grande maioria delas ao uso linguístico comum no dia
a dia. A hipótese foi confirmada durante as análises, já que se comprovou o uso
metafórico no discurso jornalístico, o que nos permite afirmar que as metáforas
constituem um recurso de linguagem.
A quantidade de usos metafóricos encontrados demonstrou que as metáforas são
conhecidas popularmente. Como afirma Lage (1997), a função da linguagem
jornalística é ser clara, fazer com que o leitor compreenda a informação na primeira vez
em que a ler. Assim, conclui-se que o jornalista utiliza as metáforas com o intuito de
facilitar o entendimento de determinado conteúdo. Dessa forma, acredita-se que o leitor
já tenha conhecimento sobre o que o redator escreve, conhecendo e interpretando
corretamente as metáforas, pois ele compreende aqueles valores socioculturais e faz
parte daquele contexto. As metáforas estão tão inseridas no discurso que as expressões
são lidas como um todo e o leitor não interrompe a leitura para pensar na composição
daquela expressão.
A abordagem das metáforas sob o aspecto da visão cognitivista nos mais
variados discursos ainda é recente e pouco explorada. Portanto, a pesquisa permitiu
entender conceitos e o processo metafórico, ainda pouco abordado, como recurso
linguístico no jornalismo.
Esta análise específica não pode, isoladamente, representar a utilização
metafórica nos discursos jornalísticos. Para descobrir se esse processo ocorre na maioria
dos jornais impressos ou em outros meios de comunicação, o estudo requer um
aprofundamento. Além disso, há que reiterar que a formulação de uma metáfora
conceitual pode ser expressa de diversas formas, mas o mais importante é que o analista
respeite o coração de sua estrutura.
24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU, M. Leituras do Brasil. Porto Alegre: Mercado Aberto/ALB, 1995.
ALDRIGUE, N. S.; ESPÍNDOLA, L. Expressões lingüísticas metafóricas como recurso
argumentativo em folderes turísticos. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2011/05/artigo-152.pdf>. Acesso em: 14 mar. 2012.
ALVAREZ, M. L. O. A linguagem metafórica nos textos jornalísticos. Disponível em:
<http://www.let.unb.br/mlortiz/images/stories/professores/documentos/artigos/artigos_pdf/traba
lho_para_apresentar_no_congresso_metafora.pdf>. Acesso em: 14 mar 2012.
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1988.
BASTOS, J. L. Meu rico Português: para cursos & concursos. Porto Alegre: Ed. Age, 1997.
COIMBRA, R. L. Estudo Linguístico dos Títulos de Imprensa em Portugal: A Linguagem
Metafórica. 1999. 610 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Linguística Portuguesa Doutorado) - Universidade de Aveiro, Portugal, 1999. Disponível em: <
http://sweet.ua.pt/~f711/tese.htm>. Acesso em: 23 jun. 2012.
FILHO, D. P. A linguagem literária. São Paulo: Ática, 1986.
GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2006.
LAGE, N. A linguagem jornalística. São Paulo: Ática, 1997.
LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Metáforas da vida cotidiana. São Paulo: Educ, 2002.
MARTINEZ, M. Jornalismo literário: a realidade de forma autoral e humanizada. Disponível
em: <http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/jornalismo/article/view/10948>. Acesso em: 08
de abr. 2012.
MARTINS, N. S. Introdução à estilística. São Paulo: Edusp, 1989.
NECCHI, V. A impertinência da denominação “jornalismo literário”. Disponível em:
<http://www.adtevento.com.br/intercom/2007/resumos/R0527-1.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2012.
PASSOS, E. S. R.; FONSECA, F. F. Metáfora conceptual: uma análise da ampliação de
sentidos nas edições online de jornais. Disponível em: <www.cienciasdalinguagem.net/enelin>.
Acesso em: 10 abr. 2012.
PENA, F. Jornalismo literário. São Paulo: Contexto, 2006.
POLLIO, H. P.; SMITH, M. K.; POLLIO, M. R. Figurative language and cognitive
psychology. Language and cognitive processes, 1990.
QUEIROZ, J. M. Emprego de metáforas bélicas na linguagem de futebol. Disponível em:
<http://br.monografias.com/trabalhos2/metaforas-linguagem-futebol/metaforas-linguagemfutebol.shtml>. Acesso em: 18 abr. 2012.
RABAÇA. C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. Rio de Janeiro: Campus,
2001.
SAUSSURE, F. Curso de lingüística geral. São Paulo: Cultrix, 2002.
25
APÊNDICES
APÊNDICE A – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Segunda-feira
(26/03/2012)
Em alta. Em baixa. Na
espera
Metáfora orientacional
Abertura/Esporte
Quadro 1 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (26 de março de 2012)
26
APÊNDICE B – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Segunda-feira
(26/03/2012)
Cruzeiro atropela o
Bangu
Metáfora orientacional
Abertura/Esporte
Quadro 2 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (26 de março de 2012)
27
APÊNDICE C – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Segunda-feira
(26/03/2012)
Olho gordo
Metáfora ontológica de
personificação
Manchete/Esporte
Quadro 3 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (26 de março de 2012)
28
APÊNDICE D – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Terça-feira
(27/03/2012)
Nas mãos da Urbs
Metáfora ontológica de
personificação
Abertura/Dia a dia
Quadro 4 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (27 de março de 2012)
29
APÊNDICE E – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Terça-feira
(27/03/2012)
Cana pro cabeça quente
Metáfora ontológica
Título/Segurança
Pública
Quadro 5 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (27 de março de 2012)
30
APÊNDICE F – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Terça-feira
(27/03/2012)
Cigarro mata
Metáfora ontológica de
personificação
Manchete/Segurança
Pública
Quadro 6 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (27 de março de 2012)
31
APÊNDICE G – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Quarta-feira
(28/03/2012)
Batalha no Paraguai
Metáfora estrutural
Abertura/Esporte
Quadro 7 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (28 de março de 2012)
32
APÊNDICE H – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Quarta-feira
(28/03/2012)
8 kms de amargar
Metáfora ontológica
Abertura/Dia a dia
Quadro 8 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (28 de março de 2012)
33
APÊNDICE I – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Quarta-feira
(28/03/2012)
Lição de manguaça
Metáfora ontológica de
personificação
Manchete/Segurança
Pública
Quadro 9 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (28 de março de 2012)
34
APÊNDICE J – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Quinta-feira
(29/03/2012)
Troca de ideias
Metáfora estrutural
Abertura/Especial
Curitiba 319 anos
Quadro 10 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (29 de março de 2012)
35
APÊNDICE K – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Quinta-feira
(29/03/2012)
Gol perde liderança
Metáfora ontológica de
personificação
Abertura/Automóvel
Quadro 11 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (29 de março de 2012)
36
APÊNDICE L – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Quinta-feira
(29/03/2012)
Nas ondas do povão
Metáfora estrutural
Manchete/Especial
Curitiba 319 anos
Quadro 12 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (29 de março de 2012)
37
APÊNDICE M – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Sexta-feira
(30/03/2012)
Sete já dançaram
Metáfora estrutural
Abertura/Esporte
Quadro 13 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (30 de março de 2012)
38
APÊNDICE N – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Sexta-feira
(30/03/2012)
Mago de molho
Metáfora estrutural
Abertura/Esporte
Quadro 14 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (30 de março de 2012)
39
APÊNDICE O – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Sexta-feira
(30/03/2012)
Sexo marginal
Metáfora ontológica de
personificação
Manchete/Segurança
Pública
Quadro 15 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (30 de março de 2012)
40
APÊNDICE P – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Sábado (31/03/2012)
Caem 13 quadrilhas
ligadas ao tráfico
Metáfora orientacional
Título/Dia a dia
Quadro 16 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (31 de março de 2012)
41
APÊNDICE Q – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná
Sábado (31/03/2012)
Decisão do STJ preocupa
entidades
Metáfora ontológica de
personificação
Título/Dia a dia
Quadro 17 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (31 de março de 2012)
42
APÊNDICE R – Ocorrências do jornal Tribuna do Paraná
Ocorrências do jornal Tribuna do Paraná
Manchetes
Chamadas
Aberturas
Títulos
Total
06
24
129
178
337
Quadro 18 - Totalidade de manchetes, chamadas, aberturas e títulos presentes no Tribuna do
Paraná (26 a 31 de março de 2012)
43
APÊNDICE S – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná
Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná
Manchete
Chamadas
Aberturas
Títulos
Total
05
05
49
19
78
83,3%
20,8%
37,9%
10,6%
23,1%
Quadro 19 – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná (26 a 31 de março de 2012)
44
APÊNDICE T – Quantidade de metáforas em cada editoria
Quantidade de metáforas utilizadas em cada editoria
Dia a dia
Segurança
Pública
Pop
Esporte
Automóvel
Curitiba
319 anos
Total
14
20
02
36
03
03
78
Quadro 20 – Quantidade de metáforas utilizadas por editoria
45
APÊNDICE U – Quantidade da tipologia de metáforas
Quantidade dos tipos de metáforas utilizadas
Metáfora
estrutural
Metáfora
orientacional
Metáfora
ontológica
Metáfora
ontológica de
personificação
Total
33
16
06
23
78
Quadro 21 – Quantidade da tipologia de metáforas utilizadas
46
APÊNDICE V – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná no dia
26/03/2012
Ocorrências metafóricas (Segunda – 26/03)
Manchete
Chamadas
Aberturas
Títulos
01
04
25
36
01
02
12
03
100%
50%
48%
8,3%
Total
Presença de
metáforas
% de
ocorrências
metafóricas
Quadro 22 – Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná no dia 26/03
47
APÊNDICE W – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná no dia
27/03/2012
Ocorrências metafóricas (Terça – 27/03)
Manchete
Chamadas
Aberturas
Títulos
01
06
17
26
01
01
07
03
100%
16,6%
41,1%
11,5%
Total
Presença de
metáforas
% de
ocorrências
metafóricas
Quadro 23 – Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná no dia 27/03
48
APÊNDICE X – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná no dia
28/03/2012
Ocorrências metafóricas (Quarta – 28/03)
Manchete
Chamadas
Aberturas
Títulos
01
05
19
25
01
0
06
02
100%
-
31,5%
8%
Total
Presença de
metáforas
% de
ocorrências
metafóricas
Quadro 24 – Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná no dia 28/03
49
APÊNDICE Y – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná no dia
29/03/2012
Ocorrências metafóricas (Quinta – 29/03)
Manchete
Chamadas
Aberturas
Títulos
01
02
32
33
01
01
11
03
100%
50%
34,3%
9%
Total
Presença de
metáforas
% de
ocorrências
metafóricas
Quadro 25 – Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná no dia 29/03
50
APÊNDICE Z – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná no dia
30/03/2012
Ocorrências metafóricas (Sexta – 30/03)
Manchete
Chamadas
Aberturas
Títulos
01
03
20
27
01
01
08
02
100%
33,3%
40%
7,4%
Total
Presença de
metáforas
% de
ocorrências
metafóricas
Quadro 26 – Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná no dia 30/03
51
APÊNDICE AA – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná no dia
31/03/2012
Ocorrências metafóricas (Sábado – 31/03)
Manchete
Chamadas
Aberturas
Títulos
01
04
16
31
0
0
05
05
-
-
31,2%
16,1%
Total
Presença de
metáforas
% de
ocorrências
metafóricas
Quadro 27 – Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná no dia 31/03
52
APÊNDICE BB – Ocorrências metafóricas na editoria Esporte
Tipos de metáforas utilizadas na editoria Esporte
Metáfora
estrutural
Metáfora
orientacional
Metáfora
ontológica
Metáfora
ontológica de
personificação
Total
17
07
02
10
36
Quadro 28 – Metáforas utilizadas na editoria de Esporte
53
APÊNDICE CC – Ocorrências metafóricas na editoria Segurança Pública
Tipos de metáforas utilizadas na editoria Segurança Pública
Metáfora
estrutural
Metáfora
orientacional
Metáfora
ontológica
Metáfora
ontológica de
personificação
Total
07
03
02
08
20
Quadro 29 – Metáforas utilizadas na editoria de Segurança Pública
54
APÊNDICE DD – Ocorrências metafóricas na editoria Dia a dia
Tipos de metáforas utilizadas na editoria Dia a dia
Metáfora
estrutural
Metáfora
orientacional
Metáfora
ontológica
Metáfora
ontológica de
personificação
Total
04
04
02
04
14
Quadro 30 – Metáforas utilizadas na editoria de Dia a dia
55
APÊNDICE EE – Ocorrências metafóricas na editoria Automóvel
Tipos de metáforas utilizadas na editoria Automóvel
Metáfora
estrutural
Metáfora
orientacional
Metáfora
ontológica
Metáfora
ontológica de
personificação
Total
01
01
-
01
03
Quadro 31 – Metáforas utilizadas na editoria de Automóvel
56
APÊNDICE FF – Ocorrências metafóricas na editoria Especial Curitiba 319 anos
Tipos de metáforas utilizadas na editoria Especial Curitiba 319 anos
Metáfora
estrutural
Metáfora
orientacional
Metáfora
ontológica
Metáfora
ontológica de
personificação
Total
03
-
-
-
03
Quadro 32 – Metáforas utilizadas na editoria Especial Curitiba 319 anos
57
APÊNDICE GG – Ocorrências metafóricas na editoria Pop
Tipos de metáforas utilizadas na editoria Pop
Metáfora
estrutural
Metáfora
orientacional
Metáfora
ontológica
Metáfora
ontológica de
personificação
Total
01
01
-
-
02
Quadro 33 – Metáforas utilizadas na editoria de Pop
58
APÊNDICE HH – Categorização das metáforas no dia 26/03
Segunda-feira (26/03/2012)
Metáfora
Tipologia
Olho Gordo
Metáfora ontológica de
personificação
Manchete/Esporte
De braços cruzados (p.02)
Metáfora estrutural
(BRAÇOS CRUZADOS É
PARALISAÇÃO)
Abertura/Dia a dia
Parado com “olé”
Metáfora ontológica de
personificação
Chamada/Esporte
Nem rezando (p. 08)
Metáfora estrutural (REZAR
É ABSOLVIÇÃO)
Chamada/Segurança
Pública
De cara no poste (p. 07)
Metáfora orientacional
Abertura/Segurança
Pública
Roupa suja acumulada (p.
08)
Metáfora estrutural (ROUPA
SUJA É PROBLEMA)
Abertura/Esporte
59
Sangue fraterno (p. 09)
Metáfora ontológica de
personificação
Abertura/Segurança
Pública
De virada é melhor (p. 12)
Metáfora estrutural
(VIRADA É VITÓRIA)
Abertura/ Esporte
Uberlândia vira-vira (p.
17)
Metáfora estrutural
(VIRADA É VITÓRIA)
Abertura/Esporte
Seminário também recebe
“visita” (p. 08)
Metáfora ontológica de
personificação
Título/Segurança
Pública
Em alta. Em baixa. Na
espera
Metáfora orientacional
Abertura/Esporte
Tubarão imbatível (p. 05)
Metáfora estrutural (Jogo é
guerra)
Abertura/Esporte
Time “seca” os adversários Metáfora ontológica (Secar:
diminuir, acabar. Exemplo:
(p. 10 – Esporte de Letra)
Secou o pranto dos olhos;)
Ainda na espreita (p.
Título/Esporte
Metáfora estrutural (Jogo é
60
10/11)
guerra. Espreita = de vigia, à
espera)
Abertura/Esporte
Vasco empata e deixa a
ponta (p. 12)
Metáfora orientacional (Ponta Título/Esporte
= liderança = para cima =
bom)
Cacá de ponta a ponta (p.
14)
Metáfora orientacional (Ponta Abertura/Esporte
= liderança = para cima =
bom)
Chegou a hora pra rapaz
ameaçado (p. 13)
Metáfora estrutural
(CHEGAR A HORA É
MORTE)
Cruzeiro atropela o Bangu
(p. 19)
Metáfora orientacional
(Atropelar = deixar para trás,
seguir em frente)
Bola cheia (p. 20)
Metáfora orientacional
(Cheio = bom; Vazio = ruim)
Título/Segurança
Pública
Abertura/Esporte
Abertura/Pop
Tabela 1: Ocorrências metafóricas na edição do dia 26/03 do jornal Tribuna do Paraná
61
APÊNDICE II – Categorização das metáforas no dia 26/03
Terça-feira (27/03/2012)
Metáfora
Tipologia
Trem vira tormento
Metáfora ontológica
(Tormento = sofrimento,
aflição)
Chamada/Dia a dia
Cigarro mata
Metáfora ontológica de
personificação
Manchete/Segurança
Pública
Nas mãos da Urbs (p. 02)
Metáfora ontológica de
personificação
Abertura/ Dia a dia
Pega leve! (p. 05)
Metáfora orientacional (Pegar
leve = com calma, ir devagar)
Abertura/Dia a dia
Disfarce não “cola” (p. 06)
Metáfora estrutural (COLAR
É DAR CERTO)
Título/Segurança
Pública
Cana pro cabeça quente
Metáfora ontológica (Quente
representa preocupação.
Título/ Segurança
62
(p. 07)
Frescor é tranqüilidade. =
Mente é um recipiente)
Pública
Perigo mora ao lado (p.
08)
Metáfora ontológica de
personificação
Abertura/Segurança
Pública
Furacão dos vovôs-garotos
(p. 13)
Metáfora ontológica de
personificação
Abertura/Esporte
Carro a preço de banana
(p. 08)
Metáfora estrutural (PREÇO
É FRUTA)
Título/ Segurança
Pública
Fim da lua de mel (p. 09)
Metáfora estrutural
(FUTEBOL É
CELEBRAÇÃO)
Abertura/ Esporte
Vaga no braço (p. 14)
Metáfora estrutural
(ELIMINATÓRIA É LUTA)
Abertura/ Esporte
Mengão, Lindóia e
Tanguá, os mais positivos
(p. 15)
Metáfora ontológica de
personificação
Abertura/ Esporte
Tabela 2: Ocorrências metafóricas na edição do dia 27/03 do jornal Tribuna do Paraná
63
APÊNDICE JJ – Categorização das metáforas no dia 26/03
Quarta-feira (28/03/2012)
Metáfora
Tipologia
Lição de manguaça
Metáfora ontológica de
personificação
Manchete/Segurança
Pública
Peixes em baixa (p. 05)
Metáfora orientacional
Abertura/Dia a dia
8 kms de amargar (p. 06)
Metáfora ontológica (Oposto
ao doce, oposto ao gostoso,
sensação desagradável)
Abertura/Dia a dia
Braços cruzados (p. 02)
Metáfora estrutural
(BRAÇOS CRUZADOS É
GREVE)
Abertura/Dia a dia
Virou do avesso (p. 08)
Metáfora orientacional
Abertura/ Segurança
Pública
Caiu a ficha na Federeca
(p. 15)
Metáfora ontológica
(Sentimentos com relação à
ideias que apenas ficaram
claras depois de longos
momentos; hora de procurar
saídas)
Abertura/Esporte
Animado, Paranavaí quer
Metáfora ontológica de
Título/Esporte
64
se livrar da ZR (p. 16)
personificação
Batalha no Paraguai (p.
17)
Metáfora estrutural (JOGO É
GUERRA)
Abertura/Esporte
Fantasma desafia a
sensação do 1º turno (p.
17)
Metáfora estrutural
(FUTEBOL É DESAFIO)
Título/Esporte
Tabela 3: Ocorrências metafóricas na edição do dia 28/03 do jornal Tribuna do Paraná
65
APÊNDICE KK – Categorização das metáforas no dia 26/03
Quinta-feira (29/03/2012)
Metáfora
Tipologia
Nas ondas do povão
Metáfora estrutural
(ONDA É OPINIÃO)
Atletiba esquenta o segundo turno
Metáfora estrutural
(JOGO É GUERRA)
Manchete/Especial
Curitiba 319 anos
Chamada/Esporte
Em um conflito bélico,
uma das maneiras de se
atacar um alvo e destruir o
inimigo é a utilização do
fogo. A linguagem verbal
funciona
como
instrumento capaz de
“incendiar” os ânimos,
esquentando a situação.
Estrago na boca (p. 17)
Metáfora estrutural
Abertura/Segurança
(ESTRAGO É
Pública
DESMANTELAMENTO;
BOCA É GANGUE)
Foco nas pessoas (p. 06)
Metáfora estrutural
(FOCO É DESTAQUE)
Abertura/Especial
Curitiba 319 anos
Troca de ideias (p. 05)
Metáfora estrutural
(IDEIA É
MERCADORIA)
Abertura/ Especial
Curitiba 319 anos
66
Negociações não avançam (p. 04)
Metáfora orientacional
Título/Dia a dia
Lei Seca perde força (p. 03)
Metáfora ontológica de
personificação. (Perder
força = capacidade física)
Abertura/Dia a dia
Cassino “desligado” (p. 18)
Metáfora ontológica
Título/Segurança
Pública
Gol perde liderança (p. 02)
Metáfora ontológica de
personificação
Abertura/Automóvel
Siena cresce e vira Grand Siene (p.
02)
Metáfora orientacional
(Crescer = evoluir,
avançar, aumentar)
Título/Automóvel
A família cresceu (p. 08)
Metáfora estrutural
(PRODUTORA DE
AUTOMÓVEIS É
FAMÍLIA)
Abertura/Automóvel
Lanternas se abraçam (p. 28)
Metáfora ontológica de
personificação
Abertura/Esporte
Em cima da hora (p. 18)
Metáfora orientacional
Abertura/Segurança
Pública
Em branco (p. 29)
Metáfora estrutural (COR
É RESULTADO)
Abertura/Esporte
Metáfora ontológica de
67
Com as calças na mão (p. 21)
personificação
Abertura/Esporte
Desandou a maionese (p. 30)
Metáfora orientacional
Abertura/Esporte
Tabela 4: Ocorrências metafóricas na edição do dia 29/03 do jornal Tribuna do Paraná
68
APÊNDICE LL – Categorização das metáforas no dia 26/03
Sexta-feira (30/03/2012)
Metáfora
Tipologia
Sexo marginal
Metáfora ontológica de
personificação
Manchete/Segurança
Pública
É um entra-e-sai (p. 11)
Metáfora orientacional
Abertura/Esporte
Tolerância zero (p. 02)
Metáfora estrutural
(NÚMERO É ACEITAÇÃO)
Abertura/Dia a dia
Milionário. De lavada
Metáfora estrutural
Chamada/Pop
(LAVADA É VANTAGEM);
Vitória com vantagem
significativa sobre o
adversário.
Piada de mau gosto (p. 03)
Metáfora estrutural (PIADA
É ESNOBAR)
Abertura/Dia a dia
Mau gosto: esnobar,
humilhar.
Multas valem carro
importado (p. 08)
Metáfora estrutural (MULTA
É VALOR)
Título/Segurança
Pública
Atração perigosa (p. 09)
Metáfora ontológica de
personificação
Abertura/Segurança
Pública
69
Sete já dançaram (p. 12)
Metáfora estrutural (DANÇA
É DEMISSÃO)
Abertura/Esporte
Mago de molho (p. 16)
Metáfora estrutural (MOLHO Abertura/Esporte
É ESPERA)
Grupos mais fortes (p. 20)
Metáfora estrutural (PESSOA Abertura/Esporte
É FORÇA)
Sub-17 no “tapetão” (p.
19)
Metáfora estrutural (Tapetão
é processo judicial)
Abertura/Esporte
Golfistas do Alphaville
colhem bons resultados (p.
21)
Metáfora orientacional
(Colher = aumentar, reunir)
Título/Esporte
Tabela 5: Ocorrências metafóricas na edição do dia 30/03 do jornal Tribuna do Paraná
70
APÊNDICE MM – Categorização das metáforas no dia 26/03
Sábado (31/03/2012)
Metáfora
Tipologia
Caem 13 quadrilhas
ligadas ao tráfico (p. 03)
Metáfora orientacional
Título/Dia a dia
Obras superatrasadas (p.
04)
Metáfora ontológica de
personificação
Abertura/Dia a dia
Decisão do STJ preocupa
entidades (p. 04)
Metáfora ontológica de
personificação
Título/Dia a dia
Pau pra toda obra (p. 11)
Metáfora ontológica de
personificação
Abertura/Esporte
Queima de arquivo (p. 06)
Metáfora estrutural
(QUEIMAR É SUMIR)
Abertura/Segurança
Pública
Câmeras flagram
pichadores (p. 06)
Metáfora ontológica de
personificação. (Flagrar =
surpreender)
Título/Segurança
Pública
Overdose de futebol (p. 12)
Metáfora estrutural (JOGOS É
SUPERDOSAGEM)
Abertura/Esporte
Londres 2012 prioriza
torcedores frustrados (p.
Metáfora ontológica de
Título/Esporte
71
15)
personificação
Caminhada Orientada faz
10 anos com vigor (p. 16)
Metáfora ontológica de
personificação
Título/Esporte
Bola volta a rolar (p. 17)
Metáfora estrutural (BOLA
ROLANDO É INÍCIO DE
CAMPEONATO
Abertura/Esporte
Tabela 6: Ocorrências metafóricas na edição do dia 31/03 do jornal Tribuna do Paraná
72

Documentos relacionados

Metáforas: aproximações entre o Surrealismo e o Design

Metáforas: aproximações entre o Surrealismo e o Design Metáforas: aproximações entre o Surrealismo e o Design de Hipermídia Metaphors: proximities between Surrealism and Hypermedia Design

Leia mais