Laudo Pericial UFRJ - Ministério Público Federal
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Laudo Pericial UFRJ - Ministério Público Federal
UERJ FOLHA DE INFORMAÇÃO FL.N0 À Direção do IFCS 0 Departamento de Antropologia Cultural/IFCS encaminha laudo pericial refente ao Processo: 0017911-80.2005.4.02.5101, parte autora MPF, parte réu Teve Globo LTDA. Em anexo o Laudo Pericial para providências. Em, 28 de fevereiro de 2012. Atenciosamente Karina Kuschmr Chefe de Departamento de Antropoloqla Cultural IFCS/UFRJ • Slape 1546599 Laudo pericial referente ao processo 0017911-80.2005.4.02.5101 (2005.51.01.017911-9) Parte Autora: Ministério Público Federal Parte Ré: TV Globo LTDA Perito: Professor Doutor Luiz Antonio Uno da Silva Costa (D epartam ento de Antropologia Cultural do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais / Universidade Federal do Rio de Janeiro). 1 de dezem bro de 2011 Rio de Janeiro - RJ. Perante uma análise de cenas da telenovela A Lua m e Disse da TV Globo LTDA, e com base em uma análise do processo 2005.51.01.017911-9 (Ministério Público Federal x TV Globo LTDA) - doravante, para efeitos deste ofício, denom inado 'o processo' - reitero que a personagem 'índia', tal como retratada na telenovela, subm ete as populações indígenas a tratam en to desum ano e degradante, vinculando uma imagem de incapacidade e de ignorância a uma personagem em função de sua origem étnica. No que m e com pete, chamo atenção a três pontos: 1. Sobre o uso do term o Índia': A personagem cuja caracterização está sob análise é chamada pelos demais personagens da tram a de 'índia', nom e por qual ela tam bém se auto refere. Diversas facetas da personagem são elaborações estereotipadas desta condição: índia é clarividente e lê a sorte em pedras (p. 4); as personagens a chamam de 'aborígene e selvagem, que nem fala a nossa língua direito' (p. 9); índia e tratad a como sendo excluída do 'm undo dos brancos', e lem brada que as pessoas para as quais ela trabalha 'não dança[m] que nem na sua ta b a' (p. 4). É evidente que estes estereótipos são elem entos fundam entais da 1 caracterização da personagem: sem sua condição étnica, tais elem entos não poderiam ser incluídos nos diálogos da telenovelas sem sua condição étnica, muitas das situações retratadas na transcrição incluída no processo careceriam de sentido. D e sta tu to subalterno da personagem índia é, na tram a da telenovela, inseparável de sua origem étnica. Desta fo rm a ,édifícil concordar c o m a c o n te sta ç ã o da ré, anexada ao p rocesso,de que "as vilãs tratam com desprezo n ã o a ín d ia em s i,m a s a c o p e ira de sua casa, fazendo provocações que chegam a ser infantis em face da ausência de um significado re a l" .G ra ,a p a rtir dos símbolos mobilizados pelos autores da tram a em reiação àp erso n ag em de índia, não há dúvida q u e é 'a índia em s i'q u e está sendo tratada com desprezo (sem prejuízo da possibilidade de ser, tom hém , a sua c o n d iç ã o d e c o p e ira q u e a le v a a s e ra s s im tra ta d a ) .A p a r tird o u s o d e u m a 'lín g u a n ativa',de re fe rê n c ia s ã 'ta b a 'e d a oposição e n tre o m u n d o da personagem ín d iae o 'm u n d o dos b ra n c o s',d o uso de referentes c o m o 'a b o ríg e n e 'e ^ se lv a g e m '(e ste ú itim o p ejo rativ am e n te asso c ia d o á sp o p u ia ç õ esin d ig e n as^ ta n to h isto ric a m en te quanto no contexto da fala transcrita no processo),éim possível concordar c o m a contestação da ré de que as provocações ocorrem n a'au sên cia de um significado re a lç a s provocações têm , ao con trário ,u m referente muito específico, iigado ao imaginário nacionai acerca das populações indígenas. Domo é lem brado no processo, em trecho da Nota Técnica eiaborada pela antropóloga da Procuradoria da República no Rio de Janeiro (D G D .15),'índio'não é uma categoria n e u tra .F u m term o genérico elaborado ao iongo do processo de colonização das américas para abarcar uma enorm e variação de populações nativas, u m te rm o fo rja d o n o p ro c e s s o d e s u b ju g a ç ã o d e s ta s p o p u la ç õ e s p e io s coionizadoresepeia população m ajoritáriados países das américas. Não obstante, pode-se argum entar que o term o, hoje, tal como usado nos mais diversos contextos, n ã o te m , necessariam ente, uma conotação p ejo rativ a^em b o ra sem pre te n h a u m a c o n o ta ç ã o g e n é ric a e e stiliz a d a .N o Rrasil,por e x e m p io ,o te rm o 'ín d io ' é utilizado para s e re fe rir ao órgão fe d e ra iq u e c u id a d a tu te ia d a s p o p u la ç õ e s nativas,aF undação Nacional do índio. 2 N o e n ta n to , n ã o h á d ú v id a acerca de quais aspossíveis conotações da palavra 'ín d io ^ a 'q u e a p e r s o n a g e m 'ín d ia 'tra z à to n a . Para efeitos deste ofício, podem os identificardois polos extrem os de um contínuo d e o p in iõ e s e orientações do imaginário nacional acerca das populações n ativ a s^ o rien taç õ es essas que, ionge de serem estanques, sãom obilizadas de forma diferenciada por segm entos da população nacional em diferentes m om entos da história e que, longe de representarem a realidade das populações indígenas, respondem à interesses e x te rio re s a e la s . Por um lado, as populações indígenas servem como imagem idílica da natureza humana, como exem plares da hum anidade não corrompida pelo estado ou pela rápida m odernização do o c id en te :o 'n o b re se lv a g e m ','a m a n te s da natureza'. P o ro u tro lado, as populações indígenas s ã o tid a como exemplo do a tra so ,d a p re g u iç a,d a ignorância, d a q u ilo q u e é u ltra p a ssa d o :o se lv a g e m b ru to ,o primitivo. Não faltam, n a h istó ria do nosso país, exemplos de políticas públicas, obras literárias ou artísticaseafirm açõ es categóricas que te n d e m a u m ou outro polo do contínuo cujos limites são os extrem os caracterizados acima. Não bá dúvida de q u e é e m d íre ç õ o o o poio de o tro so ,p re g u íç o eig n o rd n cío q u e a caracterizaçãoda p e rs o n a g e m é e la b o ra d a n o c o n te x to d a tram a. ín d ia ê u m a m u ih e rta ra d a,ig n o ra n te,d e in te lig ê n cia lim itad a ,su b altern a ,o b je to d e d eb o c b e e d e c b a c o ta . Dtuaiquer ambiguidade em relação ao uso da paiavra 'índia' que poderia ser suscitada na recepção dos telespectadores ê assim eliminada ao a s s o c iá -la a e ss a s c a ra c te rls tic a s .N ã o re s ta d ú v id a d e q u e ,n a te le n o v e ia A lu o m e Disse, 'índia' é s in ô n im o d e primitivo condição que é ainda reforçada pelos pontos que elaborarelaseguir. 2. ^ o ô m o u s o do te rm o 'N o m h iq u o ro ':'ín d ia 'se cham a tam bém 'N am biquara'. 5 sten o m e,'N am b iq u ara ',re fe re-se à o rig e m étnica da personagem índia: ela seria u m a ín d ia d a 'e tn ia 'n a m b iq u a ra ,ra z ã o peia q u a ié c h a m a d a d e 'ín d ia 'o u d e'ín d ia N am biquara'.Fnquanto designação é tn ic a,o n o m e 'N a m b iq u a ra '(ta m b ém grafado 'N am biL ^vara')refere-seaum a série de povos indígenas que h a b ita m a re g iã o do Mato Grosso e do sui de Rondônia, designando tan to uma família iinguística quanto os diferentes povos que faiam iínguas da família n a m b i^ a ra . Gostaria de reaiçar dois pontos s o b re o u s o do te rm o 'n am b iq u ara'p e lo s autores d e A lu o m e 3 Disse: os efeitos do uso do te rm o 'n a m b iq u a ra 'n a tram a da telenovela (ite m 'a '):e os efeitos do uso do te rm o 'n a m b iq u a ra 'n a telenovela para as populações que se identificam com esse etnõnim o (item 'b '). (a) 5 difícil com preender c o m o o u s o do te rm o 'n a m b iq u a ra 'se rv e os propósitos da tram a da telenovela: d e q u e f o r m a a e sp e c ific id a d e d o sn a m b iq u a ra se articula c o m a tra m a ^ P o rq u e o u s o do term o nam biquara^Porque essa e tn ia e não outras A despeito da possibilidade do nom e ser uma escolha aiheatória por parte dos autores da telenovela,parece-nos q u e o n o m e serve, no contexto da tram a, )ustam ente para afu n ilaro p reco n celto dos demais personagens da telenovela para efeitos da recepção da personagem por p a rte d o ste le sp e c ta d o re s . Ao utilizar o term o 'nam biquara', cujo conhecim ento por parte da população n acio n a lé m u ito mais restrito do q u e o te rm o 'ín d io ^ a ',o s autores inserem na caracterização da p e rso n a g e m 'ín d ia 'u m referente sem conteúdo semântico e sp e c ífic o ,e q u e portanto se apresenta como mais m aieãvelpara abarcar os preconceitos de suas antagonistas. Fm outras palavras, o uso do nom e 'N am b iq u ara',asso ciad o àp alav ra'ín d io ',serv e para d esp ro v erap alav ra'ín d io ' de sua possível ambiguidade na recepção dos telespectadores, potencializando odesprezo dos demais personagens da novela em re la ç ã o à 'ín d ia '.F ia é 'ín d ia ', m a sta m b é m 'N a m b iq u a ra ',e ta ra d a , risível, portadora de uma cultura inferior. N ã o h á m a is c o m o a b a rc á -la e m u m a c a te g o ria g e n é ric a e c o m conotações paradoxais o u m e sm o contraditórias uma vez que e l a é u m outro específico designada por um nome pouco conhecido, e que portanto atua como um refe re n te'v a zio ', capaz de ser p r e e n c h id o p e la im a g e m d e s e lv a g e ria q u e a tram a exige.'N am biquara'se torna sinônimo de todas as conotações negativas que a paiavra 'índio^a' carrega e de nenhum a de suas conotações ostensivam ente positivas, uma vez q u e a p e rso n a g e m 'ín d ia N am b iq u ara'éu m artefato do periférico, uma figura do subalterno, do atraso, da ignorância. 4 Mesmo tendo uma difusão restrita,apalavra"N am biquara" não é,certam en te, to ta lm e n te d e s c o n h e c id a d e to d o s o s s e g m e n to s d a p o p u la ç ã o b ra s ile ira .D s Nambiquara são descritos no livro Rondónío, do General D ãndidoR ondon^um livro b a sta n te p o p u la re d e fá c ila c e ss o D e fo to s d o sN a m b iq u a ra d a década de 1930 foram recentem ente publicadas nos livros 5oudodes do Rrosíí, de Dlaude L é v i-5 tra u ss,e D m D u tro D íb o r,d e L u ísd e D a stro F a ria .F m to d o se sse sliv ro s, os Nambiquara operam uma espécie de contraste em re la ç ã o a o u tro s povos, co m o o s8 o roro,osD aduveo eo sT u p i-^a^v ab ib ,m o stran d o um povo de cultura m aterialsim ples, agricultura in c ip ie n tee c o m alto grau de nom adism o.5endo assim, m e s m o p a ra a q u e la s p e s s o a s q u e e v e n tu a lm e n te c o n h e ç a m o te rm o 'Nambiquara', seu u so c o m o n o m e d e uma p e r s o n a g e m d e n o v e la c o m a s características primitivistas da personagem 'índia' reforça a imagem de a rc a ís m o e a tra s o que osN am biquara doinício do s é c u l o ^ p o d e m suscitar para aqueles que desconhecem os debates antropológicos acerca de sua etnografia. 5eja como referente vazio, seja como referente de primitivismo, o term o N a m b iq u ara,n o c o n te x to d a tra m a da telenovela em q u e stã o ,d e slo c a o te rm o T n d lo 'claraeeflcien tem en teem d ireção àselv ag erla. (b) Da mesm a forma q u e é d ifíc il com preender p o rq u e o n o m e 'n a m b iq u a ra 'fo i e s c o lh id o p a ra d e s ig n a ra o rig e m é tn ic a d a p e rs o n a g e m ,é d ifíc ild e im a g in a r que os autores da telenovela não tenbam levado em conta as consequências nocivas do uso que fazem deste term o para as populações que são reconhecidas, e s e reconhecem , com o'N am biquara'. D desprezo d e fe rid o à personagem 'índia Nambiquara' não poderia não ofender os povos que se reconhecem c o m o 'N a m b iq u a ra '(N a m b i^ a ra ),c o n fo rm e a te s ta a m e n s a g e m enviadaàFUNAi por p ro fesso resev eread o resn am b iq u ara(p . 10^ 14-15). Desta forma, q u e s tio n o a c o n te s ta ç ã o d a r é , vinculada a o p r o c e s s o ,d e q u e " . não houve, por parte d a r é , qualquer conduta desabonadora da culturaindígeoa, muito menos praticou qualquer ato d is c rim in a tó rio a se u p o v o e su a s origens, tendo apenas inserido em uma tram a d e fic ç ã o personagem indígena em 5 contexto urbano, como se pode observar cotidianam ente em to d o o p a ís , nos mais diversos segm entos sociais".N ão s ó a p e rs o n a g e m ín d ia é u m a a p a n b a d o de estereótipos e banaiidades do imaginário popuiar sobre as culturas in d íg e n a s ,a ré desabona u m o c u ltu ra in d íg e n a específica ao v in c u ia r a e la a personagem índia. F s s a o p ç ã o te m e fe ito se c o n se q u ê n cia s para uma cuitura v iv a e u m povo que interage regularm ente c o m ap o p u lação não-indígena,que tem uma lo n g a ec o n flitu o sa história de relações com esta p o p u la ç ã o ,e q u e tem certos direitos o rig in ário sein allen áv eisso b reasu a cultura,Inclusive sobre o n o m e 'n a m b iq u a ra '.N ã o re s ta d ú v id a d e q u e a q u a lific a ç ã o d a p e rs o n a g e m 'índia' como sendo tam bém 'nam biquara' visa especificamente dar à sua ^indianidade'contornos concretos, consequentem ente vincuiando uma figura ridícuia a um segm ento da população brasileira. F no mínimo um ato irresponsávelque ignora as consequências nefastas que u m "b e iste ro i"so b re uma índia nam biquara pode te r ta n to no nívei local no qual as relações interétnicas dos povos nam biquara se desenrola, quanto no nível nacional na qual sua cultura e suas tr a d iç õ e s ^ q u e são ao mesmo tem po absolutam ente tangenciais à tram a e apropriadas d e fo rm a a lb e a tó r la ^ s ã o reconhecidos constitucionalmente. R essalto,a in d a ,q u e o s tr e c b o s d a carta dos p ro fesso rese v ere a d o re s nambiquara transcrita nas páginas 1 4 e l 5 do processo deixam claro esse tem o r em relação ao uso indevido do n o m e 'N a m b iq u a ra 'e d o s efeitos que esse uso podem te r p a ra a autoestim a dos índios e para a s s u a s relaçõ esco m a população não-indígena. Dbservo, tam bém , que na carta dos professores e vereadores nam biquara é justam ente a m uíber nombípuoro que é vista como sendo mais passivei de preco n ceito erep resálias pela caracterização da p erso n ag em 'in d ia'.N ão bá nada de genérico ou inofensivo nisso. Ao dar nome, género e endereço a uma personagem q u e é u m reduto de p reco n ceito s,o s autores da teienovela podem coiocar em risco a sem pre difícii relação dos Nambiquara com a população envolvente. 3. Sobre o cultura e a língua - Sendo o term o 'nam biquara' utilizado como um nom e desprovido de um conteúdo sem ântico preciso, não é de se surpreender 6 que a cultura indígena manifestada por meio da personagem 'índia^N am biquara'seja um apanhado de estereótipos. Se, por um lado, não se deve exigir de um trabalho de ficção uma fidelidade etnográfica, tam bém , por outro lado, não lhe cabe em brulhar uma série de inverdades em um p e rso n a g e m q u e re p re se n ta , p o rs e u n o m e , u m acu ltu ra viva. Mais uma vez questiono: Porque vincular a personagem a uma cultura específica se não h o u v en en h u m esfo rço d een g ajarco m aesp ecificid ad e desta cultural Domo não tive acesso à cenas em que a 'língua nativa' é falada pela personagem , nada p o sso c o m e n taso b re isso.N o e n tan to ,o p o rtu g u ê s caricato por ela f a la d o é u m a a f r o n ta a u m a população q u e é b a s ic a m e n te b iiín g u e ,e que form a alunos de primeiro grau, professores, vereadores, agentes de saúde e a s s im p o rd ia n te .A in te n ç ã o p o rtrá s d e s s e p o rtu g u ê s c a ric a to não pode te r sido dar v e ro ssim ilb a n ç a à p e rso n a g e m ,p o iso re su lta d o não reflete nenhum tipo de estudo s o b re o u s o do português por indivíduos indígenas que fa le m o português como segunda línguas de fato ,co m o a d m ite ap ró p ria ré,p o u ca coisa é verossímil nesta comédia que ela julga, em sua contestação, ser n o n sen se (sicj(em bora esteja claro q u e a p e rs o n a g e m em questão tem um sense muito específico). Tampouco,parece-me,oportuguês de índia serve para criar qualquer tipo de v ín c u io m a isd u ra d o u ro o u em otivo entre te le sp e c ta d o re p e rso n a g e m , uma vez que as cenas na qual índia fala em português são cenas cômicas, chanchadas, na q u a la in g e n u id a d e da p e rso n a g e m é re fie tid a na sua falado português de índia visa qualificála como ignorante, exoticizá-laetorná-ia ainda mais incapaz no mundo que a circunda. A personagem é um artefato do rÍdiculo,esua fala refiete essa condição. Fm su m a,n ã o há nada de inocente na construção da p e rso n a g e m 'in d ia 'n a n o v e ia A tu o m e Disse. 5 u a f u n ç ã o é s e r um repositório de estigm asem arginálias: analfabeta, mulher tarada, de raciocínio lento, subjugada e subalterna, serva... e índia, e 7 n a m b iq u a ra.5ua origem é tn ic a é p a r te de sua p eriferilização ,éu m com ponente de sua pessoa por meio do qual elaéd im in u id a p e la s'p e ru a s'(n o s term os da ré) que são suas patroas. D^ue a s 'p e r u a s 's ã o v ilã s ,q u e a p e rs o n a g e m é fo c o d e uma reviravolta em sua fortuna, isso não muda nada. A "...alegra e surpreendente mudança na trajetória da personagem índia... Fm decorrência de uma virada na tram a, a personagem p a s s a r a a te r outra posição social, diferente situação fin a n c eirae n o v a s amizades" (p. 5), se reveia, em última instancia, como uma virada ao avesso na trajetória das vilãs: são os valores caros às vilãs que sustentam o desfecho da personagem índia, sem q u e o d e s p re z o por conta de sua origem étn ica,seu s atributos c a ric a to se s e u sm a n e iris m o s p rim itiv o s s e ja m o b je to d e n e n h u m a c o n te m p la ç ã o ,d e nenhum repúdio. Atenciosamente ( n Z>D ' —O Z> Prof. Dr. Luiz Antonio Costa D epartam ento de Antropologia Cultural Instituto de Filosofia e Ciências Sociais - UFRJ 8