análise e proposta
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análise e proposta
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES CAES ”CEL PM NELSON FREIRE TERRA” CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS – CAO-I/09 GESTÃO DE CRISES NO ATENDIMENTO INICIAL A EMERGÊNCIAS COM RUPTURA DE BARRAGENS: ANÁLISE E PROPOSTA Capitão PM Rogério Gago Orientador: Tenente Coronel PM Antônio Marcos da Silva São Paulo 2009 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES CAES ”CEL PM NELSON FREIRE TERRA” CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS – CAO-I/09 GESTÃO DE CRISES NO ATENDIMENTO INICIAL A EMERGÊNCIAS COM RUPTURA DE BARRAGENS: ANÁLISE E PROPOSTA Capitão PM Rogério Gago Monografia apresentada ao Centro de Aperfeiçoamento e Estudos Superiores, como parte dos requisitos para a aprovação no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, sob orientação do Ten Cel PM Antônio Marcos da Silva – Diretor de Defesa Civil do Estado de São Paulo. São Paulo 2009 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES CAES ”CEL PM NELSON FREIRE TERRA” CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS – CAO-I/09 Capitão PM Rogério Gago GESTÃO DE CRISES NO ATENDIMENTO INICIAL A EMERGÊNCIAS COM RUPTURA DE BARRAGENS: ANÁLISE E PROPOSTA. Data de Aprovação: ___/___/___ Nota:_____________ Banca Examinadora: ______________________________________ Tenente Coronel PM Antônio Marcos da Silva Orientador Polícia Militar do Estado de São Paulo ______________________________________ Tenente Coronel PM José Guerxis de Aguiar Polícia Militar do Estado de São Paulo ______________________________________ Doutor Ronaldo Luís dos Santos Izzo Universidade Federal do Rio de Janeiro Este trabalho é dedicado: A minha esposa, Marisete, companheira, amiga e parceira de todas as horas, pelo incentivo, apoio e inestimável presença em minha vida. Aos meus filhos, João Victor e Ana Júlia, pelo carinho e compreensão da minha ausência, conseqüência da dedicação profissional. A meus pais, pelo amor, dedicação e incentivo nos momentos mais difíceis, possibilitando mais uma etapa no meu aperfeiçoamento. AGRADECIMENTOS Ao Grande Arquiteto do Universo, pela saúde e força em todos os momentos de minha vida; Ao meu orientador Tenente Coronel PM Antônio Marcos da Silva pela orientação segura e, ainda, pelas importantes contribuições para o desenvolvimento da pesquisa; Ao Tenente Coronel PM José Guerxis de Aguiar, pelo apoio no início desta jornada de estudos que culminou na presente dissertação, bem como por ter me dado a oportunidade de retornar ao Corpo de Bombeiros e, acima de tudo, de permitir que trabalhasse ao seu lado; Ao engenheiro Dr. Ronaldo Luís dos Santos Izzo, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela disponibilidade das informações técnicas necessárias ao bom desenvolvimento do trabalho; Ao engenheiro Dr. Rogério de Abreu Menescal, Gerente Executivo da Agência Nacional da Água (ANA), pela transmissão de suas experiências e, ainda, pela sua abnegação na luta por uma mentalidade de segurança para as barragens brasileiras, meus agradecimentos; Um agradecimento especial ao amigo e irmão, de todas as horas, Capitão PM Américo Massaki Higuti, pelo companheirismo, incentivo e compreensão; Aos Oficiais, Praças e Funcionários Civis do Corpo de Bombeiros, pelo apoio na elaboração desta obra. Ao Comando do CAES, Instrutores, Professores e demais integrantes dessa digna casa de ensino, em especial ao Sr Coronel PM Luiz Eduardo Pesce de Arruda, pelos conhecimentos que foram transmitidos e pelo tratamento dispensado aos Oficiais Alunos. RESUMO Gestão de Crises no Atendimento Inicial a Emergências com Ruptura de Barragens: Análise e Proposta, por meio de pesquisa bibliográfica e levantamento de campo, dentro do método hipotético-dedutivo, traz um compêndio técnico contendo os procedimentos operacionais para a gestão de crises pelo Corpo de Bombeiros, como uma das primeiras instituições a ser empregada oficialmente no atendimento inicial de grandes emergências envolvendo ruptura de barragens, de modo que haja padronização das atividades preventivas e de socorro às comunidades afetadas. Trata-se de uma fonte de consulta onde se agrupou as diversas normas e estudos sobre o assunto, criando facilidades para o desempenho das funções de comando e gerenciamento das emergências, uma vez que a complexidade desses atendimentos e a necessidade das forças de respostas locais trabalharem de forma harmônica e perfeitamente integradas, proporcionam um aumento do potencial operacional e, conseqüentemente, a redução dos efeitos danosos de um desastre junto às comunidades à jusante. Tem ainda, a pretensão de que se torne algo realmente útil e de fácil consulta, possibilitando a melhor preparação dos Oficiais e praças do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo ao desempenho das suas atividades, proporcionando as condições técnicas ideais à consecução das suas missões institucionais. Por fim, este trabalho abordou um conjunto de princípios que servirão de base científica para a formulação de planos de emergência, planos de contingência e planos particulares de intervenção. Palavras-chave: Segurança de Barragem. Ruptura de Barragens. Gerenciamento de Desastres Naturais. ABSTRACT Management of Crises in Initial Emergencies Attendance to Dams Failure: Analysis and Proposal, by means of bibliographical research and field survey, inside of the hypothetical-deductive method, it brings a technical compendium containing the operational procedures for crises management by the Fire Department, since it is the first institution to be used officially in the initial care of major emergencies involving dams rupture, so there is standardization of the preventive activities and assistance to affected communities. It is a source of consultation that brings together many standards and studies on the subject of this work, creating facilities for the functions of emergencies command and management, since the complexity of this cases and the need of the local response forces working in harmony and perfectly integrated, provides a increase in the operational potential and, consequently, reducing the harmful effects of a disaster in the communities downstream. This work also has the intention of becoming something really useful and easy to consult, allowing the better preparation of the Fire Brigade Officers and soldiers of Military Police from São Paulo State to carry out its activities, providing the ideal technical conditions to perform their institutional mission. Finally, this study broached a set of principles that provide the scientific basis for the formulation of emergency plans, contingency plans and particular plans of intervention. Key-words: Dam Safety. Dams Failure. Natural Disaster Management. LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Países com maior número de barragens. ............................................28 Figura 02 - Seção típica de barragem de terra.......................................................34 Figura 03 - Barragem de Terra...............................................................................35 Figura 04 - Seção transversal típica da Barragem de Enrocamento......................37 Figura 05 - Vista geral da Barragem de Enrocamento. ..........................................37 Figura 06 - Vista lateral de um reservatório – Barragem Concreto. .......................38 Figura 07 - Barragem de Concreto.........................................................................38 Figura 08 - Barragem de Concreto - Arco. .............................................................39 Figura 09 - Barragem de Concreto – Contraforte...................................................40 Figura 10 - Esquema vertedouro em barragem. ....................................................42 Figura 11 - Vertedouro. ..........................................................................................42 Figura 12 - Aquecimento Global entre 2020 e 2029...............................................44 Figura 13 - Aquecimento Global entre 2090 e 2099...............................................45 Figura 14 - Mapa retratando os tipos de acidentes naturais por região do globo no ano de 2008. ......................................................................................................57 Figura 15 - Mapa retratando o número de desastres naturais por país: 1976 - 2005.......... .........................................................................................................57 Figura 16 - Gráfico de análise do número de desastres naturais no mundo 1987 – 2006....... ............................................................................................................58 Figura 17 - Mapa retratando o número de vítimas por desastres naturais por 100.000 habitantes: 1976 - 2005........................................................................58 Figura 18 - Gráfico de análise do número de vítimas por desastres naturais no mundo 1987 - 2006 ............................................................................................59 Figura 19 - Mapa retratando o número de pessoas afetadas por desastres naturais em 2007................................................................................................60 Figura 20 - Localização do município de Paraguaçu Paulista................................66 Figura 21 - Município de Paraguaçu Paulista.........................................................67 Figura 22 - Localização da barragem.....................................................................68 Figura 23 - Parque Aquático “Benedicto Benício”. .................................................68 Figura 24 - Local da ruptura da barragem – vertedouro.........................................70 8 Figura 25 - Rompimento da barragem. ..................................................................71 Figura 26 - Perfil de ruptura da barragem. .............................................................71 Figura 27 - Distância entre Paraguaçu Paulista e Maracaí. ...................................72 Figura 28 - Danos e interrupção de rodovias. ........................................................73 Figura 29 - Destruição de pontes. ..........................................................................73 Figura 30 - Danos nas cabeceiras das pontes. ......................................................73 Figura 31 - Alagamento da área rural.....................................................................74 Figura 32 - Alagamento da cidade de Maracaí. .....................................................75 Figura 33 - Residência atingida pelo alagamento. .................................................75 Figura 34 - Danos causados pelo alagamento.......................................................75 Figura 35 - Residência atingida pelo alagamento. .................................................76 Figura 36 - Comprometimento do meio ambiente. .................................................76 Figura 37 - Apoio policial aos moradores. ..............................................................77 Figura 38 - Operação limpeza. ...............................................................................78 Figura 39 - Cadastramento de vítimas e prejuízos.................................................78 Figura 40 - Reunião do gabinete de crise. .............................................................79 Figura 41 - Instabilidade de Barragem por Percolação. .........................................85 Figura 42 - Ruptura de Barragem por Piping. ........................................................86 Figura 43 - Instabilidade da Barragem por trincas. ................................................87 Figura 44 - Ruptura de Barragem por Galgamento................................................88 Figura 45 - Causas de ruptura de barragens. ........................................................89 Figura 46 - Deslizamentos e erosões.....................................................................92 Figura 47 - Flutuação de entulhos e resíduos. .......................................................93 Figura 48 - Erosão por sulcos ao longo da crista. ..................................................94 Figura 49 - Fissuras longitudinais na crista. ...........................................................94 Figura 50 - Fissuras transversais na crista.............................................................95 Figura 51 - Assentamento da crista........................................................................96 Figura 52 - Orifício na crista. ..................................................................................97 Figura 53 - Erosão no paramento de montante......................................................98 Figura 54 - Deslocamento do Rip-rap ou enrocamento proteção...........................99 Figura 55 - Grandes fissuras no paramento de montante. .....................................99 Figura 56 - Deslizamentos ou colapsos no paramento de montante....................100 Figura 57 - Infiltração a montante. .......................................................................101 Figura 58 - Fissuras longitudinais no paramento de jusante. ...............................102 9 Figura 59 - Deslizamento ou colapso no paramento de jusante. .........................103 Figura 60 - Infiltração no paramento a jusante.....................................................103 Figura 61 - Formação de cavidades ou colapsos no paramento de jusante. .......104 Figura 62 - Erosão no paramento de jusante. ......................................................105 Figura 63 - Infiltração de água no sopé a jusante. ...............................................106 Figura 64 - Água parada no sopé a jusante. ........................................................106 Figura 65 - Áreas úmidas ou surgimento de água no paramento de jusante. ......107 Figura 66 - Vegetação excessiva nos taludes......................................................108 Figura 67 - Atividade animal.................................................................................109 Figura 68 - Mapa da sismicidade natural brasileira..............................................116 Figura 69 - Mecanismo de formação dos sismos induzidos por reservatório.......117 Figura 70 - Visita a Secretaria Nacional de Defesa Civil por ocasião da I Jornada Nacional de Polícia Comparada.......................................................................120 Figura 71 - Estrutura da Defesa Civil Brasileira ...................................................122 Figura 72 - Segurança Global da População. ......................................................124 Figura 73 - Fases da Defesa Civil. .......................................................................128 Figura 74 - Organograma funcionamento do SICOE. ..........................................139 Figura 75 - Áreas de trabalho para o SICOE. ......................................................140 Figura 76 - Posto de Comando para o SICOE. ....................................................141 Figura 77 - Linhas de ação para emergências com ruptura de barragens ...........164 LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Desastres naturais no Brasil (1970 - 2005) ............................................63 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Quantidade de vezes que a região sob jurisdição do SGB enfrentou problemas com chuvas intensas no período chuvoso......................................151 Gráfico 2 - Problemas registrados durante os períodos chuvosos na região sob jurisdição do SGB.............................................................................................151 Gráfico 3 - As causas dos problemas registrados durante os períodos chuvosos na região sob jurisdição do SGB...........................................................................152 Gráfico 4 - Local onde ocorrem os problemas registrados durante os períodos chuvosos na região sob jurisdição do SGB......................................................153 Gráfico 5 - Existência de registros estatísticos de atendimento a emergências com ruptura de barragens na região sob jurisdição do SGB....................................153 Gráfico 6 - Existência de mapeamento das barragens na região sob jurisdição do SGB..................................................................................................................154 Gráfico 7 - Existência de Plano de Gerenciamento de Emergência Local (PGEL) na região sob jurisdição do SGB. .....................................................................155 Gráfico 8 - Facilidade de mobilização e disponibilização de recursos para atendimento de emergência com barragens na região sob jurisdição do SGB..................................................................................................................155 Gráfico 9 - Existência de órgãos ou entidades em condições de fornecer apoio técnico para atendimento de emergência com barragens na região sob jurisdição do SGB.............................................................................................156 LISTA DE QUADROS Quadro 01 - Registro das primeiras barragens brasileiras ...................................29 Quadro 02 - Relação dos integrantes da Defesa Civil municipal (COMDEC) de Paraguaçu Paulista, participantes do gerenciamento da crise...........................79 Quadro 03 - Número de mortos causados em acidentes com ruptura de barragens.. .........................................................................................................83 Quadro 04 - Classificação da potencial consequência da ruptura de barragens..84 Quadro 05 - Categoria e causas de falhas em barragens ..................................110 Quadro 06 - Principais causas de comportamento insatisfatório de barragens e sistemas usuais de observação .......................................................................111 Quadro 07 - Roteiro para construção de cenários de riscos ..............................132 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS NOME SIGNIFICADO ANA AGÊNCIA NACIONAL DA ÁGUA APELL AWRENESS AND PREPARADNESS FOR EMERGENCY AT LOCAL LEVEL AVADAN RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE DANOS BB BASE DE BOMBEIRO BTL BATALHÃO CB CORPO DE BOMBEIROS CCB COMANDO DO CORPO DE BOMBEIROS CEDEC COORDENADORIA ESTADUAL DE DEFESA CIVIL CGE CENTRO DE GERENCIAMENTO DE EMERGÊNCIAS CESP COMPANHIA ENERGÉTICA DE SÃO PAULO CIA COMPANHIA CMT COMANDANTE COMDEC COORDENADORIA MUNICIPAL DE DEFESA CIVIL CORDEC COORDENADORIA REGIONAL DE DEFESA CIVIL CREA CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E ARQUITETURA DAEE DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA DO ESTADO DE SÃO PAULO EPI EQUPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ETA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA ETE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO FEMA FEDERAL EMERGENCY MANAGEMENT ASSOCIATION FT FORÇA TAREFA GB GRUPAMENTO DE BOMBEIROS GEE GASES DE EFEITO ESTUFA GRPAe GRUPAMENTO DE RADIOPATRULHAMENTO AÉREO IBGE INSTITUTO BRASIKEIRO DE GEOGRADIA E ESTATÍSTICA ICOLD INTERNATIONAL COMMISSION ON LARGE DAMS IMPE INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS INMET INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA IPCC INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE IPT INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS MIN MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL MO MATRIZ ORGANIZACIONAL NOB NORMA OPERACIONAL DE BOMBEIROS NUDEC NÚCLEO DE DEFESA CIVIL OBSI OBSERVATÓRIO SISMOLÓGICO ONU ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS OPM ORGANIZAÇÃO POLICIAL-MILITAR PAM PLANO DE AUXÍLIO MÚTUO PAP PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO-PADRÃO PB POSTO DE BOMBEIROS PCDC PLANO DE CONTINGÊNCIA DE DEFESA CIVIL PEL PLANO DE EMERGÊNCIAS LOCAL PGEL PLANO DE GERENCIAMENTO DE EMERGÊNCIAS LOCAL PMESP POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO PNDC POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA CIVIL PNUD PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO POP PROCEDIMENTO OPERACIONAL-PADRÃO PPDC PLANO PREVENTIVO DE DEFESA CIVIL PPI PLANO PARTICULAR DE INTERVENÇÃO QPO QUADRO PARTICULAR DE ORGANIZAÇÃO RDH RELATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO REDEC COORDENADORIA REGIONAL DE DEFESA CIVIL RINEM REDE INTEGRADA DE EMERGÊNCIAS SABESP COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO SEDEC SECRETARIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL SGB SUBGRUPAMENTO DE BOMBEIROS SICOE SISTEMA DE COMANDO E OPERAÇÕES EMERGÊNCIAS SINDEC SISTEMA NACIONAL DE DEFESA CIVIL UnB UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UOp UNIDADE OPERACIONAL WCD WORLD COMMISSION ON DAMS EM SUMÁRIO RESUMO ...................................................................................................5 ABSTRACT ...............................................................................................6 INTRODUÇÃO.........................................................................................20 1 ASPECTOS TÉCNICOS E CONSTRUTIVOS DE BARRAGENS NO BRASIL ..............................................................................................26 1.1 Histórico ........................................................................................27 1.2 Conceituação de barragens..........................................................30 1.3 Finalidade......................................................................................32 1.4 Tipos de barragens .......................................................................32 1.4.1 Barragens de terra ........................................................................33 1.4.1.1 Barragens homogêneas de terra ................................................34 1.4.1.2 Barragens zonadas.....................................................................35 1.4.2 Barragens de enrocamento ..........................................................36 1.4.3 Barragem de Concreto .................................................................37 1.4.3.1 Barragens de concreto gravidade...............................................37 1.4.3.2 Barragens de concreto - Arcos ...................................................38 1.4.3.3 Barragem de concreto estrutural com contraforte......................39 1.5 Vertedouros ..................................................................................40 2 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AS REPERCUSSÕES DOS DESASTRES NATURAIS NO MEIO URBANO ................................43 2.1 Mudanças climáticas.....................................................................43 2.1.1 No mundo......................................................................................43 2.1.2 O futuro climático do Brasil...........................................................46 2.2 Desastres ......................................................................................48 2.3 Classificação dos Desastres.........................................................52 2.3.1 Quanto à intensidade....................................................................53 2.3.1.1 Desastres de nível I ....................................................................53 2.3.1.2 Desastres de nível II ...................................................................53 2.3.1.3 Desastres de nível III ..................................................................53 2.3.1.4 Desastres de nível IV ..................................................................54 2.3.2 Quanto à origem ...........................................................................54 2.3.2.1 Desastres naturais ......................................................................54 2.3.2.2 Desastres humanos ou antropogênicos .....................................55 2.3.2.3 Desastres mistos.........................................................................56 2.4 Desastres no mundo.....................................................................56 2.5 Desastres no Brasil.......................................................................61 3 ESTUDO DE CASO ...........................................................................64 3.1 O Rompimento da Barragem do Balneário da Estância Turística de Paraguaçu Paulista..................................................................64 3.1.1 Aspectos históricos e características do município......................64 3.1.2 Descrição do Desastre .................................................................67 3.1.3 Lições aprendidas.........................................................................80 4 FUNDAMENTOS PARA AUXILIAR O PLANO DA GESTÃO DE CRISES EM EMERGÊNCIAS COM RUPTURA DE BARRAGENS.82 4.1 Análise de risco e segurança da barragem ..................................82 4.1.1 Causas e conseqüências das anomalias em barragens..............92 4.1.2 Instrumentos para monitoração de barragens ...........................111 4.1.2.1 Medidores de Vazão .................................................................112 4.1.2.2 Medidores de Deslocamento ....................................................113 4.1.2.3 Piezômetros ..............................................................................113 4.1.2.4 Célula de Tensão Total.............................................................114 4.1.2.5 Medidores de Nível d’água .......................................................114 4.1.3 Segurança sísmica de barragens...............................................115 4.2 Proteção comunitária ..................................................................117 4.2.1 Aspectos gerais da Defesa Civil.................................................119 4.2.1.1 Sistema Nacional de Defesa Civil.............................................120 4.2.1.2 Sistema Estadual de Defesa Civil.............................................122 4.2.1.3 Segurança global da população ...............................................124 4.2.2 Fases do atendimento aos desastres.........................................125 4.2.2.1 Preventiva .................................................................................125 4.2.2.2 Socorro......................................................................................125 4.2.2.3 Assistencial ...............................................................................126 4.2.2.4 Recuperativa .............................................................................126 4.2.3 Plano de Emergência .................................................................128 4.3 Estrutura Operacional de Atendimento Emergencial do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo...........................................132 4.4 Aspectos legais para atuação do CB no local de crise ..............134 4.4.1 O Posto e a Base de Bombeiros frente às Emergências...........134 4.4.2 Sistema de Comando e Operações em Emergências (SICOE) 137 4.4.3 Força-Tarefa ...............................................................................141 4.4.4 Participação de outros órgãos no local de Emergência.............142 4.4.5 Capacidade de resposta da região frente ao desastre ..............144 4.4.6 Tomada de decisão pelo Cmt do UOp/CB. ................................145 5 AVALIAÇÃO DA PESQUISA ..........................................................150 5.1 Questionários enviados aos Comandantes de Subgrupamentos de Bombeiros..............................................................................150 5.2 Observações gerais ....................................................................159 6 PROPOSTA DE GESTÃO DE CRISES PELO CORPO DE BOMBEIROS EM EMERGÊNCIAS COM RUPTURA DE BARRAGENS ..................................................................................161 6.1 Generalidades.............................................................................161 6.2 Características essenciais da crise e seu gerenciamento .........162 6.2.1 Processo decisório......................................................................164 6.2.2 Gestão de crises .........................................................................165 6.2.3 Ações operacionais.....................................................................167 6.2.3.1 Fase preventiva.........................................................................168 6.2.3.2 Evacuação das populações ribeirinhas ....................................171 6.2.3.3 Operações de salvamento ........................................................172 6.3 Formulário de segurança de barragens .....................................174 CONCLUSÕES......................................................................................175 REFERÊNCIAS .....................................................................................182 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO COMANDANTES DE SGB ............190 APÊNDICE B – FICHA CADASTRO DE BARRAGENS .....................196 ANEXO A – LISTA DE ACIDENTES COM BARRAGENS NO BRASIL – ANOS DE 2007 E 2008....................................................................198 20 INTRODUÇÃO As barragens são obras de engenharia que existem desde a Antigüidade e que acompanharam o desenvolvimento do homem, permitindo sua fixação a terra através do fornecimento de água para o consumo humano e animal, o desenvolvimento da agricultura através da irrigação e o avanço da industrialização por meio do fornecimento de energia elétrica. Estão intrinsecamente associadas ao desenvolvimento e, em muitos países, foram utilizadas como fomentadoras do crescimento. Entretanto, estas obras de engenharia também podem ser a causa de grandes catástrofes. Acidentes envolvendo a ruptura de barragens podem implicar no alagamento de vastas áreas à jusante e causar danos imensuráveis, gerando perdas humanas, patrimoniais e ambientais, criando sérios prejuízos e transtornos para o dia-a-dia das populações atingidas, bem como para os órgãos responsáveis pelo atendimento emergencial, especialmente os órgãos locais. Diversas são as causas de desastres e catástrofes desta natureza, sendo mais constantes em umas do que em outras regiões, diversificando-se nas intensidades e nas conseqüências geradas, porém, invariavelmente, resultando situações bastante inconvenientes e indesejáveis para quem as enfrentam. O Estado de São Paulo possui centenas de médias barragens e milhares de represas pequenas ou particulares que não recebem nenhuma fiscalização das esferas de governo, que podem romper por falta de manutenção, durante o período das enchentes de final/início de ano, inimigas naturais que ajudam a potencializar o perigo. Foram vários acidentes com barragens ocorridos no Brasil nos dois últimos anos. Foi constatada em pesquisa informal a vários Corpos de Bombeiros Militares e junto a Defesa Civil das várias regiões do Estado de São Paulo, a inexistência de um procedimento operacional padronizado, dificultando o trabalho daqueles que assumem tão importante missão de gerenciar as crises envolvendo rupturas de 21 barragens, pois na maioria das vezes são surpreendidos com a emergência, momento em que contam, a princípio ou tão somente, com a boa vontade e solidariedade dos órgãos públicos e da comunidade daquela localidade, que geralmente não está preparada para situações que ultrapassam sua capacidade de resposta, ocasionando perda de tempo em momentos em que cada minuto é precioso e o, conseqüente, aumento das probabilidades de se cometer erros, expondo a figura das autoridades constituídas de forma desnecessária, podendo inclusive gerar crises políticas ou institucionais. O objetivo do presente trabalho foi demonstrar que os desastres e as catástrofes com rupturas de barragens não têm hora nem lugar para ocorrer, este trabalho tem por objetivo geral a elaboração de um compêndio técnico, contendo os procedimentos operacionais para a gestão de crises pelo Corpo de Bombeiros no atendimento inicial a emergências com ruptura de barragens, de modo que haja padronização das atividades preventivas e de socorro às comunidades afetadas. Será uma fonte de consulta onde se pretende agrupar as diversas normas e estudos sobre o assunto, criando facilidades para o desempenho das funções de comando e gerenciamento das emergências, com a pretensão de que se torne algo realmente útil e de fácil consulta. Possibilitará uma melhor preparação dos Oficiais e praças do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo ao desempenho das suas atividades, proporcionando as condições técnicas ideais à consecução das suas missões. Como objetivo específico visou-se reunir e analisar as normas e práticas conhecidas sobre o tema, além de pesquisar a existência ou não de manuais, publicações ou trabalhos semelhantes em todo o Brasil, junto aos órgãos públicos e privados de reconhecida capacidade técnica, com o objetivo de elaborar procedimentos de atuação, bem como desencadear um processo de reflexão e debate sobre esta temática, onde poderão surgir novas propostas e medidas visando sempre diminuir o impacto causado por fenômenos naturais mais severos. Procurou, ainda, otimizar procedimentos operacionais visando suprir uma carência de informações técnicas e de pessoal especializado e treinado, os quais estão muitas vezes fisicamente distantes, aos profissionais policiais militares, bombeiros ou não, e a outros envolvidos no sistema de defesa comunitária, evitando assim que 22 desastres repentinos dessa natureza, despidos de qualquer possibilidade de antecipação e portadores de situações de “caos social”, possam deixar as organizações locais, de apoio ao desastre, em pânico, desprovidas da capacidade de resposta. A metodologia adotada consistiu em uma ampla abordagem dos documentos existentes, buscando associar, de forma sistêmica e integrada, as características construtivas básicas dos diversos tipos de barragens, com as probabilidades de acidentes, bem como a atuação do profissional policial militar bombeiro neste tipo de emergência. Em uma etapa preliminar estabeleceu como hipótese que o presente trabalho é necessário, pois a Constituição da República, no capitulo da "Segurança Pública" artigo 144, § 5° determina: "- aos corpos de bombeiros militares [...] incumbe a execução de atividades de defesa civil", portanto, claro está que durante um desastre, todos os esforços devem convergir para que o profissional policial militar bombeiro saiba identificar o perigo iminente e aplicar os procedimentos emergenciais para o socorro das comunidades atingidas, estando amparado tecnicamente para a tomada de decisão, exercendo desta forma papel fundamental na solução do evento desastroso. Como hipótese aglutinante, verificou-se a necessidade da padronização de procedimentos ser um meio para alcançar melhores resultados no esforço operacional de atendimentos a desastres, conseqüente, pressuposto para o sucesso da missão, onde o profissional policial militar bombeiro deverá conhecer os padrões assegurando que a execução esteja de acordo como foi estabelecido. Em grandes desastres caracterizados pelo grande número de vítimas, o emprego de grande quantidade de meios humanos e materiais, a mobilização de diversos setores da sociedade, sendo que Institucionalmente no Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo estabeleceu-se a padronização dos procedimentos com base em uma ferramenta gerencial para organização mais eficiente e eficaz das grandes emergências estruturada no SISTEMA DE COMANDO E OPERAÇÕES EM EMERGÊNCIAS (SICOE). 23 E como última hipótese, os acidentes com barragens são uma preocupação permanente, tanto por sua importância econômica específica como pelo risco potencial que representa a possibilidade de ruptura ou outro evento grave, em termos de vidas humanas, impacto ao meio ambiente, prejuízos materiais e o reflexo econômico financeiros. Os acidentes com barragens no Brasil têm se agravado nos últimos anos; os eventos meteorológicos adversos, combinados com a falta de manutenção de infra-estrutura hídrica, resultaram na ruptura de centenas barragens de diversos tamanhos e tipos, causando diversas mortes e os mais variados danos materiais, ambientais e sociais. Os maiores problemas advêm das pequenas e médias barragens que num “efeito dominó”, podem vir a comprometer obras maiores. Esta monografia apresenta-se dividida em seis capítulos, um anexo e dois apêndices. Na Introdução são expostas as bases e a motivação para os estudos desenvolvidos no que tange as emergências envolvendo rupturas de barragens. O Capítulo 1 relata os aspectos técnicos e construtivos de barragens no Brasil, abordando historicamente a concepção da construção de barragens no Brasil e suas principais finalidades sócio-econômicas. Apresenta os conceitos técnicos e principais tipos de barragens e aborda a importância dos vertedouros. Este capítulo tem como objetivo principal introduzir os princípios construtivos e geotécnicos aplicados às barragens e relatar alguns aspectos interessantes referentes a construção de barragens e que geralmente são abordados de forma dispersa na literatura técnica relativa ao assunto. No Capítulo 2, são apresentados os cenários provocados pelas mudanças climáticas, uma vez que esta questão é inequívoca, demonstrado sobretudo pelo aquecimento global ocasionado pela industrialização desordenada e emissão de gases para a atmosfera, provocando avanço dos oceanos e derretimento das geleiras, processos degenerativos que estão se acelerando e são irreversíveis. As repercussões são imediatas, pois impactam regiões que estão todas interconectadas, havendo sérios riscos sistêmicos que não podem ser separados das questões de proteção civil e sócio-econômicas. Traz também em seu escopo 24 conceitos relacionados aos desastres e as repercussões dos desastres naturais no meio urbano. O Capítulo 3, relata o acidente ocorrido no município de Paraguaçu Paulista/SP, quando chuvas constantes e de alta pluviometria provocaram a ruptura da barragem do Balneário “Parque Aquático Benedicto Benício”, ocorrendo o extravasamento completo do lago de forma repentina e violenta à jusante da represa, provocando grandes danos em pontes, estradas, estações de tratamento de águas e esgotos, bem como alagamento de residências ribeirinhas, imóveis e vias públicas, principalmente no município de Maracaí/SP, comprometendo de forma impiedosa o meio ambiente. O Capítulo 4, contempla os fundamentos para auxiliar o plano da gestão de crises em emergências com rupturas de barragens pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, onde o sucesso do atendimento às situações que envolvam tais ocorrências estará ligado ao preparo técnico do profissional policial militar bombeiro e da relação com a comunidade local, adotando procedimentos padronizados para uma resposta eficiente e rápida, dotando-se de maior grau de suportabilidade e de mobilização de recursos para a mitigação dos desastres. No Capítulo 5, visando a materialização do trabalho e respaldo das hipóteses, são apresentados os resultados das entrevistas e questionários com profissionais da área de concentração do tema proposto, bem como aos Comandantes dos Subgrupamentos de Bombeiros de todo o Estado de São Paulo e de outros estados do Brasil. O Capítulo 6, cuidadosamente será apresentado proposta do atendimento operacional, na fase inicial, de emergências com ruptura de barragens, observandose entre outros aspectos, um adequado mapeamento dos riscos específicos, retirada das pessoas de locais de risco, levantamento dos recursos disponíveis, bem como a sua mobilização, acionamento e emprego. 25 Nas conclusões, serão delineadas as etapas deste trabalho, onde se pretende, após a apresentação das propostas, atingir as hipóteses apresentadas, verificando viabilidades e sugestões para o desenvolvimento de pesquisas futuras na área de concentração do tema estudado. O Anexo “A” traz a relação dos principais acidentes e incidentes com barragens ocorridos no Brasil nos dois últimos anos. O Apêndice “A” faz juntar ao trabalho o questionário encaminhado a todos os comandantes de Subgrupamentos de Bombeiros do Estado de São Paulo, importante ferramenta que deu credibilidade e sustentação às hipóteses elencadas. Finalmente, o Apêndice “B” apresenta uma proposta de formulário de cadastro das barragens, constando dados importantes para uma análise de risco e vulnerabilidade, que possibilitará ao comandante do Posto ou Base de Bombeiro local antever possíveis emergências e suas conseqüências. 26 Capítulo 1 1 ASPECTOS TÉCNICOS E CONSTRUTIVOS DE BARRAGENS NO BRASIL A segurança em barragens deve constituir como objetivo primordial à concepção do projeto, os aspectos construtivos e, principalmente, a fase de operação dos sistemas de barragens, onde deverão seguir parâmetros específicos de engenharia e de qualidade das técnicas empregadas na construção e manutenção desses barramentos. As conseqüências de um acidente com barragens, qualquer que seja seu tipo construtivo ou utilização, podem ter conseqüências imensuráveis em termos de impactos sócio-econômicos e ambientais, sendo que são registradas inúmeras rupturas de barragens no mundo e no Brasil. Relacionam-se alguns dados relativos a rupturas de barragens que foram obtidos do Boletim 99 (ICOLD, 1995): 1. 2.2% (117 de um total de 5.268) das barragens construídas antes de 1950 romperam, sendo que a partir desta data o percentual caiu para menos de 0,5% (59 de um total de 12.138), (excluída a China); 2. Em termos absolutos, a maioria das rupturas ocorre nas barragens pequenas, as quais se constituem na maioria das barragens construídas, de forma que a razão entre barragens rompidas e barragens construídas, de uma determinada altura H, varia muito pouco com a altura [...]; 3. A maioria das rupturas se dá em barragens recém construídas. A maior proporção (70%) das rupturas ocorre mais freqüentemente nos 10 primeiros anos e mais especialmente no primeiro ano de operação [...] (FONTENELLE, 2007, p.27). Conhecendo, portanto, a existência de probabilidade, ainda que pequena, de ruptura de uma barragem e do alto impacto que este evento teria a jusante, e como esta emergência poderá ser reduzida, faz-se necessário o estudo de alguns conceitos específicos sobre os aspectos históricos, técnicos e construtivos das barragens. 27 1.1 Histórico Desde os tempos mais remotos o homem sente a necessidade de represar água, principalmente as das chuvas, para suprir sua falta durante a época de estiagem, portanto fator primordial para a sua sobrevivência. Com essa crescente necessidade, o homem desenvolveu a percepção de que a maioria dos rios também não conseguiam manter suas vazões durante todo o ano, sendo então criado um sistema, a princípio rústico e arcaico, de represamento de água, o que mais tarde deu origem as barragens. Segundo Jansen1 (1983, p. 01, tradução nossa), “A engenharia de barragens é uma parte vital da história da civilização. Reservatórios de abastecimento de água foram, sem dúvida, entre as primeiras estruturas concebidas pela humanidade”. Demonstrando ainda que as barragens foram intimamente ligadas à ascensão e declínio das civilizações, especialmente para as culturas altamente dependente da irrigação. A história não registra exatamente quando sistemas de irrigação e barragens foram construídas primeiro, porém em Costa (2001), a primeira barragem que se tem notícia foi a de Saad El-Kafara, no Egito, construída aproximadamente em 4.800 a.C, destruída pelo transbordamento ocorrido no rio Tigre; a segunda mais antiga, datada de 500 a.C, está localizada no Ceilão, sendo que a partir do ano 100 a.C foram construídas as barragens Romanas. Com a crescente demanda pela água durante o século XX, o mundo recorreu às obras de barramento, pois a essas construções estavam relacionadas o desenvolvimento e o progresso econômico. Assim sendo, entre as décadas 30 e 70 foi registrado um aumento significativo no número de construções de barragens a nível mundial, conforme cita Bastos (2007). 1 Informação disponível em <http://crunch.tec.army.mil/nidpublic/webpages/USSD_Water_Dams/Media/ damsfrombegin.doc>. Acesso em 10 de dez. 2008. 28 Segundo Word Commission on Dams2 (2000) Os cinco países onde mais se construíram barragens são responsáveis por mais de três quartos de todas as grandes barragens em todo o mundo, sendo que cerca de dois terços de todas as grandes barragens do mundo estão localizadas em países em desenvolvimento. A energia hidrelétrica é responsável por mais de 90% da produção total de eletricidade em 24 países, entre eles o Brasil e a Noruega. Metade das grandes barragens do mundo foi construída exclusivamente para irrigação e estima-se que as barragens contribuam com 12% a 16% da produção mundial de alimentos. Além disso, em pelo menos 75 países, grandes barragens foram construídas para controlar inundações e em muitas nações barragens continuam como os maiores projetos individuais em termos de investimento. […] Hoje quase metade dos rios do mundo tem ao menos uma grande barragem. Na figura 01, percebe-se a divisão dos países com maior número de barragens, onde o Brasil ocupa a sétima posição. Fonte: World Commission on Dams (2000). Figura 01 - Países com maior número de barragens. A primeira barragem construída e que se tem registro, no Brasil, foi a barragem de Ribeirão do Inferno, no ano de 1883, no Estado de Minas Gerais, utilizada para o aproveitamento hidroelétrico (MINISTÉRIO DO INTERIOR, 1982). O quadro 01 reproduz as informações dessas primeiras barragens, entretanto ressaltase que outras podem ter sido construídas e não registradas pela fonte citada. 2 World Commission on Dams (WCD) – Coalizão internacional reunindo operadores de barragens, governos, ONGs e o Banco Mundial. 29 Quadro 01 - Registro das primeiras barragens brasileiras ANO DE CONCLUSÃO LOCALIZAÇÃO FINALIDADE TIPO Ribeirão do Inferno 1883 MG Hidrelétrica Terra Salão 1918 CE Rio do Peixe 1922 BA 1927 MG Hidrelétrica 1928 SP Hidrelétrica Rio Novo 1932 SP Hidrelétrica Rio do Cobre 1933 BA Saco I 1936 PE Bugres/Salto 1951 RS Hidrelétrica Salto 1952 RS Hidrelétrica Salto Grande 1957 MG Hidrelétrica Rio Bonito 1958 ES Hidrelétrica Sabugi 1965 RN Irrigação BARRAGEM Rio das Pedras Rio Grande Combate às secas Abastecimento d’água Abastecimento d’água Abastecimento d’água Terra Terra Arcos Múltiplos Terra Concreto Gravidade Concreto Gravidade Alvenaria de Pedra Concretos Gravidade Concreto Gravidade Concreto Gravidade Concreto Gravidade Terra Fonte: modificado do Ministério do Interior, (1982, p. 279). Desde o longínquo começo da história humana, a engenharia de barragens tem evoluído a partir de primitivos processos de tentativa e erro para empreendimentos cada vez mais sofisticados em abordagens analíticas. Com o passar dos séculos e experiências acumuladas, a arte foi gradualmente difundida como ciência. Onde a aplicação de modelos matemáticos, de mecânica e resistência dos materiais têm se tornado cada vez mais eficazes no desenvolvimento de projetos técnicos mais específicos e obras mais seguras. Conforme explana Jansen (1983, p. 51, tradução nossa), “[...] análise teórica combinada com a prática do experiente engenheiro irá fornecer melhor segurança para a pesquisa d’água, movendo-se para novos horizontes”. 30 1.2 Conceituação de barragens Vários autores definem o termo “Barragem” observando os critérios construtivos e utilizações, onde se pode verificar que há vários entendimentos sobre o termo em estudo, sendo que para a clareza de comunicação cabe estabelecer a aplicação dos conceitos segundo os autores abaixo: Para o Ministério da Integração Nacional, constando no Manual de Preenchimento da Ficha de Inspeção de Barragens (2005, p. 5), conceitua-se barragem como sendo “qualquer obstrução em um curso permanente ou temporário de água, ou talvegue, para fins de retenção ou acumulação de substâncias líquidas ou misturas de líquidos e sólidos, compreendendo a estrutura do barramento, suas estruturas associadas e o reservatório formado pela acumulação”. Diques para proteção contra enchentes e aterros-barragem de estradas também se incluem nesta definição; No dicionário Aurélio3, temos: Estrutura construída num vale e que o fecha transversalmente, proporcionando um represamento de água; represa. A que se destina a represar água para utilização no abastecimento de cidades, em irrigação, ou em produção de energia. A que se destina a evitar grandes variações do nível de um curso de água, para controle de inundações, ou para melhoria das condições de navegabilidade (FERREIRA, 2004). Alberta Environmental Protection4 em “Inspection of Small Dams” (1998, p. 1, tradução nossa), conceitua-se barragem como sendo: [...] uma barreira construída para o efeito de armazenamento de água ou rejeitos, sendo que o termo “barragem” pode ser usado não apenas para descrever o aterro, mas pode também incluir todas as estruturas associadas, tais como: vertedouros, diques, mecanismos de controle de fluxo, descarregador de fundo e o canal. 3 Utilizado para pesquisa o dicionário Aurélio eletrônico – século XXI. Alberta Environment, órgão federal do Canadá com responsabilidade de preservar e valorizar a qualidade do ambiente natural; conservação dos recursos renováveis; conservação e proteção dos recursos hídricos; previsões meteorológicas e as alterações ambientais, bem como aplicação de regras relativas à utilização das águas e coordenação das políticas ambientais e programas para o governo do Canadá. Informação disponível em < http://environment.gov.ab.ca/info/library/6209.pdf >. Acesso em 10 de dez 2008. 4 31 Marangon (2004, p. 1), define barragem como: “[...] um elemento estrutural, construído transversalmente à direção de escoamento de um curso d’água, destinado a criação de um reservatório artificial de acumulação de água”. O Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo DAEE (2006, p. 35), esclarece que as barragens, também, são conhecidas como barramentos ou paramentos: São estruturas construídas transversalmente aos cursos d’água, com o objetivo de modificar o fluxo, pela necessidade de elevação do nível e/ou para acumular volumes com a finalidade como derivação das águas, controle de cheias, geração de energia, navegação, lazer, etc. É todo maciço cujo eixo vertical esteja num plano que intercepte um curso d`água e respectivos terrenos marginais, alterando suas condições de escoamento natural, formando reservatório de água a montante, o qual tem finalidade única ou múltipla (Portaria. DAEE 717/96). Segundo Menescal et al (2004, p. 935), barragem é: [...] qualquer obstrução em um curso permanente ou temporário de água, talvegue, para fins de contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou misturas de líquidos e sólidos, compreendendo a estrutura do barramento, suas estruturas associadas e o reservatório formado pela acumulação. Esta mesma definição está sendo utilizada pela Câmara dos Deputados no Projeto de Lei nº 1181/20035 em trâmite naquela Casa. A definição de barragens aqui adotada será a mais abrangente possível, incluindo aquelas para acumulação permanente ou temporária de água e misturas de águas com partículas sólidas, abrangendo, portanto, além das convencionais para usos múltiplos de recursos hídricos (hidrelétricas, irrigação, abastecimento, recreação, piscicultura etc.), as barragens de rejeito de mineração, diques de contenção de enchentes, barragens para contenção de resíduos industriais, aterrosbarragem de estradas, etc. 5 Projeto de Lei de autoria do Deputado Federal Leonardo Monteiro que está em trâmite no Congresso Nacional desde 2003. Estabelecem diretrizes para verificação da segurança de barragens de cursos de água para quaisquer fins e para aterros de contenção de resíduos líquidos Industriais. 32 1.3 Finalidade Existem vários motivos para a construção de uma barragem, como ensinam Costa e Lança (2001): a) Controle de cheias - devido à ocupação humana e à degradação da bacia há necessidade de reter temporariamente grandes volumes de água de modo a evitarem-se inundações; b) Rejeitos ou minerações - Comuns em áreas mineiras, essas barragens destinam-se a conter as águas provenientes das minerações e dos processos fabris, com a finalidade de evitar que as substâncias químicas invadam os mananciais a jusante; c) Correção torrencial - Embora de pequeno porte destinam-se a mudar o regime do rio, diminuindo-lhe a velocidade causadora de erosões e sedimentações nocivas à jusante; d) Conservação da água - Destina-se a armazenar as águas pluviais ficando-se com uma reserva apta para qualquer período de carência de água, provendo: geração de energia hidrelétrica, irrigação, abastecimento humano e animal, abastecimento industrial, piscicultura, recuperação de terras inundadas, turismo e lazer, e navegação. 1.4 Tipos de barragens Continuam Costa e Lança (2001, p. 5), “As barragens podem classificar-se segundo o seu uso, arquitectura e materiais”. Geralmente a arquitetura da barragem está relacionada com o tipo de vale e de fundação (características geológicas, geotécnicas, topográficas) e, 33 conseqüentemente, do material empregado na construção. Cabe ao corpo da barragem a função de contenção do volume de água represada, sendo considerado que a construção desse elemento pode ocorrer em locais com características topográficas e geotécnicas bastante diversificadas e com o uso de diferentes tipos de materiais. A partir desses materiais empregados na construção pode-se classificar o barramento. Dentre as principais estruturas se destacam: concreto, terra, enrocamento e mistas. Na construção civil brasileira encontram-se as barragens homogêneas de terra, as zonadas de terra-enrocamento, as de enrocamento com face de concreto e as barragens de concreto. 1.4.1 Barragens de terra Segundo Marangon (2004): [...]“as barragens de terra são as mais elementares obras de barramento e normalmente se prestam para qualquer tipo de fundação, desde a rocha compacta, até terrenos construídos de materiais incosolidados. Esses últimos, aliás, é seu campo típico de aplicação”. As barragens de terra são constituídas de solos de jazidas ou obtidos das escavações obrigatórias, as quais são compactadas por equipamentos mecânicos em camadas de espessura determinada. Antigamente todas as barragens de terra eram projetadas por métodos empíricos e a literatura de engenharia está repleta de registros de ruptura e acidentes dessas barragens. Somente a partir de 1.907, surgiram os primeiros procedimentos racionais para projeto dessas obras. Atualmente tais procedimentos permitem a construção de barragens de terra com mais de 150 m de altura. No Estado de São Paulo, a barragem de Xavantes no Rio Paranapanema, atinge 90 m de altura. 34 Na figura 2, tem-se a seção típica de uma barragem constando as nomenclaturas técnicas a serem utilizadas, pelos policiais militares bombeiros, quando do atendimento de ocorrências emergenciais envolvendo este tipo de estrutura. Fonte: DAEE. (2006, p. 37). Figura 02 - Seção típica de barragem de terra. Existe certa variabilidade no tipo de barragem de terra, que poderá ser dividida em duas classes. 1.4.1.1 Barragens homogêneas de terra Para Lança (1997), barragens homogêneas de terra são constituídas de um único material, excluindo-se a proteção dos taludes, necessitando ser suficientemente impermeáveis, para impedir a passagem da água, devendo ser em taludes relativamente suaves para manter uma estabilidade adequada. As barragens de terra têm boa aceitação técnica se houver disponibilidade de solos em abundância e com propriedades geotécnicas adequadas que facilitam a adaptação perfeita aos terrenos de fundação. 35 A principal desvantagem desta construção está no fato de que ela se danifica ou pode ser destruída sob ação erosiva de ondas de cheia, caso a capacidade do vertedouro não seja suficientemente dimensionada. 6 Fonte: Jornal do CREA/RS (2008, p. 08). Figura 03 - Barragem de Terra Devido ao seu baixo custo em relação aos outros tipos de barragens, torna seu uso bastante freqüente no Brasil, sobretudo para pequenos empreendimentos voltados ao armazenamento de água e de irrigação. 1.4.1.2 Barragens zonadas Para Marangon (2004), barragem zonada “é representado por um núcleo central impermeável, envolvido por zonas de materiais consideravelmente mais permeáveis, zonas essa que protegem o núcleo”. Constituída por um solo impermeável entre zonas de solo permeável 6 Informação disponível em <http://www.crea-rs.org.br/jornal/33/jornal33pg8.htm>. Acesso em 10 de dez 2008. 36 Estas barragens permitem muitas combinações de aterros disponíveis no canteiro de obra e com características geotécnicas diversas. Geralmente, estas barragens são construídas em locais onde existam rochas sãs, sem muito recobrimento de solo. As zonas permeáveis são constituídas de areia, fragmentos de rochas ou cascalho, ou uma mistura desses materiais. De forma análoga às barragens homogêneas de terra, estas obras estão sujeitas a danos ou destruição decorrentes das grandes cheias e, assim, devem ter uma capacidade adequada de escoamento. 1.4.2 Barragens de enrocamento Cita Marangon (2004, p. 5): Esse tipo de barragem é aquele em que são utilizados blocos de rocha de tamanho variável e uma membrana impermeável na face de montante. Devemos lembrar que a rocha de fundação adequada para uma barragem de enrocamento pode não ser aceitável para uma de concreto. A rocha que deve preencher a maior parte da barragem precisa ser inalterada pelo intemperismo, não sendo facilmente desintegrada ou quebrada. Rochas que, quando sujeitas à ação de explosivos, fragmentamse facilmente em pedaços muito pequenos, com elevada porcentagem de lascas e pó, são igualmente inadequadas. As rochas para essas barragens, devendo ter resistência ao intemperismo físico e químico, gnaisse, diabásio, etc. Os blocos de rocha são colocados de modo a se obter o maior contato entre suas superfícies e os vazios entre elas, que são preenchidos por material de menor tamanho. Será constituída por um maciço de blocos de rocha de todos os tamanhos cuja vedação poderá ser obtida através de uma membrana impermeável. A membrana pode ser colocada à montante ou no centro da barragem, verticalmente. 37 Fonte: Fusaro (2007, P. 90). Figura 04 - Seção transversal típica da Barragem de Enrocamento. Fonte: Fusaro (2007, p. 89). Figura 05 - Vista geral da Barragem de Enrocamento. 1.4.3 Barragem de Concreto 1.4.3.1 Barragens de concreto gravidade Este tipo de barragens constitui-se de estruturas rígidas e maciças de concreto, e funciona com seu próprio peso. Em geral requer de uma fundação constituída por rochas sãs ou por características geotécnicas favoráveis. É o tipo de barragem mais resistente e de menor custo de manutenção. 38 Fonte: SALES (2006, apud FRANCO, 2008, p.23). Figura 06 - Vista lateral de um reservatório – Barragem Concreto. 7 Fonte: CBA - Cia Brasileira de Alumínio (2009) . Figura 07 - Barragem de Concreto. 1.4.3.2 Barragens de concreto - Arcos Conforme Massad (2003), a formação do corpo da barragem com arco de dupla curvatura faz com que o concreto trabalhe em compressão, sendo a sua 7 Informação disponível em <http://www.ibieco.com.br/index.cfm?abre=ibiuna>Acesso em 20 de jan 2009. 39 construção somente possível quando a estrutura é engastada em vales fechados, conforme figura 08. São mais raras, uma vez que o comprimento dessas barragens deve ser pequeno em relação à sua altura, o que exige a presença, nas encostas do vale, de material rochoso adequado e de grande resistência, capaz de suportar os esforços a elas transmitidos. Essas barragens não são comuns no Brasil, pois dependem de vales profundos e fechados. Fonte: HCB – Hidrelétrica Cahora Bassa (2009)8 Figura 08 - Barragem de Concreto - Arco. 1.4.3.3 Barragem de concreto estrutural com contraforte Segundo Massad (2003) as barragens de concreto são constituídas de lajes ou abóbadas múltiplas inclinadas e apoiadas em contrafortes. A estabilidade quanto ao deslizamento é favorecida pela inclinação da resultante do empuxo hidrostático, isto é, existe um efeito benéfico do peso da água, que se adiciona ao peso próprio da barragem, garantindo a estabilidade. Este tipo de obra requer cuidados com as fundações, pois a sua base, em contato com o maciço rochoso, é relativamente pequeno, havendo em contrapartida, vantagens quanto as suas sub-pressões (pressões hidráulicas de baixo para cima) (CARBAJO, 2005, p. 23). 8 Informação disponível em <http://www.hcb.co.mz/por/content/view/full/431>Acesso em 20 de jan 2009. 40 Fonte: US – Reclamation Boreau (2001)9 Figura 09 - Barragem de Concreto – Contraforte. 1.5 Vertedouros O vertedouro é uma das partes mais importantes de uma barragem, seja ela de abastecimento, irrigação, navegação, usina hidrelétrica, mineradora ou outras. É uma obra de engenharia hidráulica, que possui um canal construído artificialmente, com a finalidade de conduzir a água de forma segura através de um barramento, servindo como sistema de vazão, impedindo a passagem da água por cima da barragem quando ocorrem chuvas ou aumento da vazão. Segundo Franco (2008), os vertedouros podem ser definidos como: [...] estruturas hidráulicas construídas para permitir a passagem de determinado volume de água para jusante da barragem sem nenhum tipo de dano à estrutura da mesma. As exigências para a construção de um vertedouro são ditadas, principalmente, pelas características do escoamento superficial e vazões de cheia que chegam ao barramento. Continua Franco (2008, p. 26): [...] da mesma forma que para o corpo da barragem, os vertedouros também se classificam segundo critérios geotécnicos e topográficos do local da obra, dentre eles: localização, materiais constituintes, condições de operação, concepção da barragem e vazões de projeto. Podem ser implantados junto 9 Informação disponível em <http://www.usbr.gov/dataweb/dams/az10308.htm >Acesso em 20 de jan 2009. 41 à barragem ou de forma totalmente independente. Quanto à forma de operação, os vertedouros podem ser classificados como principal (de serviço) ou de emergência. O vertedouro principal é aquele destinado a descarregar as vazões mais freqüentes no dia-a-dia do funcionamento da barragem e o de emergência, as vazões de cheia devidas às precipitações intensas ou outros eventos externos e não usuais. Convém ressaltar que os vertedouros podem ter, ou não, dispositivos de controle de vazão (comportas). Um vertedouro deve possuir as seguintes características: a. resistências adequadas à erosão e à cavitação, bem como uma altura adequada dos muros laterais para a passagem segura das cheias ocasionadas pelo período chuvoso; b. adequada dissipação de energia, a fim de prevenir solapamentos e/ou erosões que poderiam pôr em risco o vertedouro ou a barragem; c. capacidade para suportar a passagem de entulho flutuante durante as cheias, ou provisão de uma barreira efetiva contra entulhos; d. confiabilidade nos mecanismos de abertura das comportas durante grandes cheias, incluindo o fornecimento de energia, controle e comunicações; e. deve existir processo alternativo para sua abertura; f. segurança adequada quanto a deslizamentos de terra, entulhos acumulados no canal de aproximação, rampas e canais de saída, que poderiam restringir sua capacidade de descarga; e g. acesso assegurado sob quaisquer condições para o caso das comportas do vertedouro serem operadas no local. 42 10 Fonte: Universidade Federal de Goiás (2003, p.25) . Figura 10 - Esquema vertedouro em barragem. Fonte: Pinheiro (2008). Figura 11 - Vertedouro. 10 Informação disponível em <http://www.eee.ufg.br/~cassio/documents/Cap2-TeseCicogna.2003.pdf> Acesso em 20 de jan 2009. 43 Capítulo 2 2.1 2 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AS REPERCUSSÕES DOS DESASTRES NATURAIS NO MEIO URBANO Mudanças climáticas 2.1.1 No mundo A humanidade vem enfrentando, nos dias de hoje, graves ameaças ocasionadas pelas alterações climáticas, sendo que a mais grave é a possibilidade do aquecimento global. As conseqüências estarão relacionadas às alterações drásticas dos padrões climáticos, com repercussões significativas na maneira como vivem os seres humanos, provocando desastres naturais que causarão sérios prejuízos às atividades econômicas e comprometimento da integridade física e da vida das pessoas. Manfrinato11 (2000), nos mostra que as alterações climáticas sentidas nos dias de hoje pelo aumento da temperatura e aumento dos desastres naturais se agravarão provocando impactos significativos no nosso modo de vida atual. Acredita-se que a temperatura atmosférica esteve num equilíbrio dinâmico até recentemente, e o aumento da concentração dos GEE provocam um acúmulo maior do calor solar. [...] As variações climáticas são ocorrências naturais. Sabemos que as enchentes dos rios ocorrem em períodos cíclicos, assim como certos anos são naturalmente mais quentes e outros mais frios. O conhecimento meteorológico tem avançado muito e temos hoje a 11 Escritor da WWI-Worldwatch Institute, sediado em Washington, destaca-se na promoção de uma sociedade ambientalmente sustentável, onde as necessidades humanas sejam atendidas sem ameaças à saúde da natureza. Informação disponível em <http://www.worldwatch.org.br> Acesso em 20 de jan 2009. 44 capacidade tanto de prever, como de entender os processos climáticos, a exemplo dos efeitos El Nino e La Nina. [...] Através dessas informações, foi possível conhecer a seqüência de concentrações de GEE na atmosfera de cerca de 500 mil anos. Sabemos que a concentração de CO2 na atmosfera nos últimos 200 anos aumentou em cerca de um terço. Para o período considerado, nunca essa variação ocorreu tão rapidamente. Ao mesmo tempo, a concentração atual equivale a um recorde de 160.000 anos e, além disso, o ano de 1998 foi o ano mais quente registrado até hoje. [...] Essa alteração deverá provocar um aumento da temperatura media no 0 planeta entre 3 e 5 C nos próximos 100 anos, o que irá provocar impactos significativos no nosso modo de vida atual. O Relatório de Desenvolvimento Humano12 (RDH) 2006, lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), já apontava, conforme podemos visualizar nos mapas constantes das figuras 12 e 13, que as alterações climáticas decorrentes do aquecimento global deveriam atingir o Ártico, sendo esta área a mais afetada do planeta, podendo sofrer um aumento de temperatura superior a 7,5 ºC entre 2090 e 2099. Na América do Norte, a região dos grandes lagos deve concentrar as maiores elevações na temperatura. Na África, o Saara e os países próximos à África do Sul serão os mais afetados. Fonte: ONU (2007). Figura 12 - Aquecimento Global entre 2020 e 2029. 12 O RDH divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas trata-se de um estudo, elaborado por 600 especialistas de 40 países, traz mapas com projeções de mudanças no clima para o globo terrestre até 2090. Informação disponível em <http://www.mapa vivo.com.br/index.php/imagens-satelite/20-aquecimento-global/57-rota-mapa-rotas-mapas-america % 20do%20sul-rotas%20e%20mapas-Mapa%20do%20aquecimento%20global%20-%20ONU> Acesso em 20 de jan 2009. 45 Fonte: ONU (2007). Figura 13 - Aquecimento Global entre 2090 e 2099. Portanto os efeitos desse aumento tem o potencial de serem desastrosos. Além disso, o estudo prevê que tendem a ser mais freqüentes desastres naturais como ondas de forte calor, secas, inundações, ciclones e furacões, como se pode verificar na matéria jornalística13 que segue: A tendência de longo prazo que observamos continua: a mudança climática já começou, e muito provavelmente contribui para estas catástrofes naturais", comentou Torsten Jeworrek, membro do diretório da Munich Re, em comunicado. A próxima cúpula da ONU sobre o clima, prevista para dezembro de 2009 em Copenhague, "deve definir claramente o caminho para chegar a uma redução de pelo menos 50% das emissões de gases de efeito estufa daqui a 2050", acrescentou Jeworrek, avisando: "não podemos esperar, para não prejudicar as futuras gerações". [...] De acordo com estimativas provisórias da Organização Mundial de Meteorologia (WMO, sigla em inglês), 2008 foi o décimo ano mais quente desde o início das medidas regulares de temperatura. Os dez anos mais quentes foram todos registrados nos 12 últimos anos, destacou a Munich Re. "É muito provável que o aquecimento global seja provocado pelos gases de efeito estufa emitidos pela atividade humana. A máquina climática está funcionando a todo vapor, causando graves desastres naturais que têm conseqüências em termos de danos", explicou o professor Peter Hoppe, diretor de pesquisa dos riscos de catástrofes naturais do grupo alemão (“O Globo”, 2008). 13 Publicada na Globo.com on-line, portal G-1 em 29/12/08 - Catástrofes naturais mataram cerca de 220 mil em 2008 Informação disponível em < http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL938202-5602,00.html >. Acesso em 20 de jan 2009. 46 2.1.2 O futuro climático do Brasil Podemos notar ainda nos mapas das figuras 12 e 13 que, as estimativas prevêem, uma área que abrange o norte da Bahia, todo o sertão nordestino, boa parte dos Estados do Pará, do Amazonas e do Mato Grosso, regiões que podem sofrer um acréscimo de até 1,5 ºC na temperatura média entre 2020 e 2029 e de até 3,5 ºC entre 2090 e 2099. Muitos pesquisadores estão procurando prever o que poderá acontecer com o clima do Brasil daqui a alguns anos. Pela análise dos resultados encontrados pode-se verificar o consenso de que está havendo alterações importantes no clima e principalmente no que se refere ao aumento da temperatura média das regiões do país. Este aquecimento poderá gerar diversas conseqüências, sendo que uma delas é o aumento dos eventos atmosféricos extremos, como as tempestades severas e concentradas em determinadas regiões. Apesar, de não haver ainda um panorama sobre a relação direta entre as instabilidades atmosféricas e as mudanças climáticas globais, verifica-se que também houve um aumento das tempestades nas últimas décadas, principalmente em escala regional. Vários modelos de previsão climática têm apontado para um aumento de ocorrências de tempestades severas para as regiões Sul e Sudeste do Brasil. No sul e sudeste do Brasil e em pelo menos da metade da Argentina a pluviosidade tenderia a aumentar, embora com uma menor contribuição vinda da Amazônia. As primeiras projeções de clima futuro no Brasil usando modelos climáticos regionais sugerem a possibilidade de eventos climáticos extremos mais freqüentes, já indicados pelos modelos globais, embora não com tantos detalhes. Na prática: chuvas mais fortes e curtas que resultariam em temporais mais intensos que os de hoje [...]. Os cenários e os possíveis impactos das mudanças de clima no Brasil na segunda metade do século XXI – Região Sudeste - Cenário otimista: De 2º a 3º C mais quente. Extremos de chuvas, de enchentes e de temperaturas mais intensas [...]. Cenário pessimista: De 3º a 6º C mais quente. Chuvas e enchentes mais fortes (FIORAVANTE, 2006, p. 32 - 33). 47 Vinculado ao aquecimento global, como uma das conseqüências diretas das mudanças climáticas, nas últimas décadas, as pesquisas têm demonstrado que houve um aumento considerável não só na freqüência dos desastres naturais, mas também na intensidade destes desastres, o que resultou em sérios danos e prejuízos sócio-econômicos. Diversas áreas do globo já estão sendo seriamente impactadas pelos desastres naturais, principalmente aqueles desencadeados por fenômenos atmosféricos extremos, causados em sua maioria pelas tempestades severas, sendo que nos últimos relatórios do Intergovernmental Panel on Climate Change14 - IPCC (2006), apontam um aumento das precipitações nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. A tendência é que essas precipitações fiquem a cada ano mais intensas, concentradas e mal distribuídas, podendo desencadear sérios desastres naturais, como as inundações e os escorregamentos. Esses fenômenos são praticamente impossíveis de serem erradicados. Os esforços humanos devem ser direcionados para a elaboração e adoção de medidas preventivas e mitigadoras que possam amenizar o impacto causado pelos desastres naturais. No estudo realizado por Alves e Ojima (2008), concluíram que: [...] vimos que em muitos municípios do Estado de São Paulo, que possuem baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) e, portanto, maior susceptibilidade a situações de risco ambiental, está ocorrendo um aumento dos níveis médios de precipitação pluviométrica (chuvas), nas últimas décadas, aumentando assim os níveis de exposição a situações de risco ambiental, tais como enchentes, deslizamentos e contato com doenças de veiculação hídrica. Assim, a vulnerabilidade social, presente em muitos municípios do estado, está sendo agravada por uma maior exposição ao risco ambiental, o que revela a existência de regiões críticas, onde ocorre uma forte concentração de problemas e riscos sociais e ambientais. Além disso, os resultados também revelam que existe um conjunto significativo de municípios onde está havendo uma elevação do volume de chuvas máximas em regiões mais densamente urbanizadas. Assim, podemos encontrar muitas áreas com alto grau de urbanização e com maiores densidades demográficas, onde a população está tendo uma maior exposição a riscos, devido às chuvas que atingem maior intensidade em um 14 Órgão das Nações Unidas que tem por objetivo a promoção do desenvolvimento humano e fornecer aos gestores públicos e outros interessados, estudos científicos sobre as alterações climáticas no mundo. 48 único dia, o que também agrava a vulnerabilidade social, principalmente nas áreas mais pobres. Neste contexto, serão abordados na próxima sessão alguns temas sobre desastres, com o objetivo de fornecer uma base conceitual sólida, sem esgotar o assunto, que permita estabelecer um relacionamento entre as mudanças climáticas e os desastres. 2.2 Desastres Segundo Silva (1999), ao termo desastre associa-se uma multiplicidade de definições e analogias. Em linguagem corrente desastre surge como sinônimo de desgraça, de infortúnio e de má sorte. Este é usualmente entendido como algo de natureza ruinosa e desoladora que se traduz numa situação de emergência, para a qual é imprescindível uma intervenção imediata. Para que se possam entender as circunstâncias que dizem respeito aos desastres, torna-se necessária a padronização de alguns conceitos específicos, retirados do Glossário de Defesa Civil15 : a. Alerta: Situação em que o perigo ou o risco é previsível em curto prazo. Dispositivo de vigilância. b. Ameaça: Risco imediato de desastre. Estimativa de probabilidade de ocorrência e da magnitude de um evento adverso, expressa em termos de probabilidade estatística de concretização (ou ocorrência) do evento potencial e da provável magnitude de sua manifestação. 15 Ministério da Integração Nacional - Secretaria Nacional de Defesa Civil. Glossário de Defesa Civil, 2008. 49 c. Calamidade: Desgraça pública, flagelo, catástrofe, infortúnio muito grande. d. Calamidade pública: Situação anormal que provoca intensos e sérios comprometimentos a rotina diária da comunidade afetada, ocasionando prejuízos à incolumidade e à vida das pessoas. e. Dano: Medida que define a severidade ou intensidade da lesão resultante de um acidente ou evento adverso. Perda humana, material ou ambiental, física ou funcional, que pode resultar, caso seja perdido o controle sobre o risco. Intensidade das perdas humanas, materiais e ambientais induzidas às pessoas, comunidades, instituições, instalações, plantas industriais e/ou ecossistemas, como conseqüência de um desastre. f. Danos sérios: Danos humanos, materiais e/ou ambientais muito importantes, intensos e significativos, muitas vezes de caráter irreversível ou de recuperação muito difícil. Em conseqüência destes danos muito intensos e graves, resultam prejuízos econômicos e sociais vultosos, os quais são dificilmente suportáveis e superáveis pelas comunidades afetadas. Nestas condições, os recursos humanos, institucionais, materiais e financeiros necessários para o restabelecimento da situação de normalidade são 50 muito superiores às possibilidades locais, exigindo a intervenção coordenada dos três níveis do Sistema Nacional de Defesa Civil (SEDEC). g. Danos suportáveis ou superáveis: Danos humanos, materiais e/ou ambientais menos importantes, intensos e significativos, normalmente de caráter reversível ou de recuperação menos difícil. Em conseqüência destes danos menos intensos e menos graves, resultam prejuízos econômicos e sociais menos vultosos e mais facilmente suportáveis e superáveis pelas comunidades afetadas. Nessas condições, os recursos humanos, institucionais, materiais e financeiros, necessários ao restabelecimento da situação de normalidade, mesmo quando superiores às possibilidades locais, podem ser facilmente reforçados com recursos estaduais e federais já disponíveis. h. Desastre: Resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais e ambientais e conseqüentes prejuízos econômicos e sociais. A intensidade de um desastre depende da interação entre a magnitude do evento adverso e o grau de vulnerabilidade do sistema receptor afetado. Os desastres classificam-se em função dos danos e dos prejuízos. A grandeza de um desastre é medida em termos de intensidade, que estabelece a grandeza do evento; evolução, velocidade com que o evento evolui e origem, provocado pela natureza, ou pela omissão humana ou, ainda, misto, quando as omissões humanas contribuem para intensificar, complicar e/ou agravar os desastres naturais. i. Estado de Calamidade Pública: 51 Reconhecimento legal pelo Poder Público de situação anormal, provocada por desastre, causando sérios danos à comunidade afetada, inclusive à incolumidade e à vida de seus integrantes. j. Percepção do risco: Impressão ou juízo intuitivo sobre a natureza e a grandeza de um risco determinado. Percepção sobre a importância ou gravidade de um risco determinado, com base no repertório de conhecimentos que os indivíduos acumulou durante seu desenvolvimento cultural e no juízo político e moral de sua significação. k. Prejuízo: Medida de perda relacionada com o valor econômico, social e patrimonial de um determinado bem, em circunstâncias de desastres. l. Risco: Medida de danos ou prejuízos potenciais expressa em termos de probabilidade estatística de ocorrência e de intensidade ou grandeza das conseqüências previsíveis. Relação existente entre a probabilidade de que uma ameaça de evento adverso ou acidente determinado se concretize e o grau de vulnerabilidade do sistema receptor e seus efeitos. m. Segurança: Estado de confiança, individual ou coletiva, baseado no conhecimento e no emprego de normas de proteção e na convicção de que os riscos de desastres foram reduzidos, em virtude de terem sido adotadas medidas minimizadoras. 52 n. Sismo: É um fenômeno de vibração brusca e passageira da superfície da terra, resultante de movimentos subterrâneos de placa de rochas, de atividade vulcânica, ou por deslocamento (migração) de gases no interior da terra, principalmente metano. O movimento é causado pela liberação rápida de grandes quantidades de energia sob a forma de ondas sísmicas. Entre os efeitos dos terremotos estão as vibrações do solo, abertura de valas, deslizamentos de terras, tsunamis, além de efeitos deletérios em construções feitas pelo homem. o. Situação de Emergência: Reconhecimento legal pelo Poder Público de situação anormal provocada por desastres, causando danos suportáveis e superáveis pela comunidade afetada. p. Vulnerabilidade: Condição intrínseca do corpo ou sistema receptor que, em interação com a magnitude do evento adverso, determina a intensidade dos danos prováveis. Relação existente entre a magnitude de uma ameaça, caso ela se concretize, e a intensidade do dano conseqüente. 2.3 Classificação dos Desastres16 Os desastres, para fins de estudos, podem ser classificados quanto a sua intensidade, evolução e origem, como descritos a seguir: 16 Ministério da Integração Nacional - Secretaria Nacional de Defesa Civil. Manual para a Decretação de Situação de Emergência ou de Estado de Calamidade Pública, Volume I. Brasília. 2007. 53 2.3.1 2.3.1.1 Quanto à intensidade Desastres de nível I Os desastres de pequena intensidade ou acidentes são caracterizados quando os danos causados são pouco importantes e os prejuízos pouco vultosos e, por estes motivos, são mais facilmente suportáveis e superáveis pelas comunidades afetadas. Nestas condições, a situação de normalidade é facilmente restabelecida com os recursos existentes e disponíveis na área (município) afetada e sem necessidade de grandes mobilizações. 2.3.1.2 Desastres de nível II Os desastres de médio porte ou de intensidade média são caracterizados quando os danos causados são de alguma importância e os prejuízos, embora não sejam vultosos, são significativos. Apesar disto, estes desastres são suportáveis e superáveis por comunidades bem informadas, preparadas, participativas e facilmente mobilizáveis. Nessas condições, a situação de normalidade pode ser restabelecida com os recursos existentes e disponíveis na área (município), desde que sejam racionalmente mobilizados e judiciosamente utilizados. 2.3.1.3 Desastres de nível III Os desastres de grande porte ou intensidade são caracterizados quando os danos causados são importantes e os prejuízos são vultosos. Apesar disto, esses desastres são superáveis e suportáveis por comunidades bem informadas, 54 preparadas, participativas e facilmente mobilizáveis. Nessas condições, a situação de normalidade pode ser restabelecida, desde que os recursos mobilizados na área (município) afetada sejam reforçados com o aporte de recursos estaduais e federais já disponíveis. 2.3.1.4 Desastres de nível IV Os desastres de muito grande porte ou intensidade são caracterizados quando os danos causados são muito importantes, graves e os prejuízos são muito vultosos e consideráveis. Nessas condições, estes desastres não são superáveis e suportáveis pelas comunidades, mesmo que bem informadas, preparadas, participativas e facilmente mobilizáveis, a menos que recebam ajuda (meios humanos, materiais e financeiros) de fora da área afetada. Nessas condições, o restabelecimento da situação de normalidade depende da mobilização e da ação coordenada dos três níveis do Sistema Nacional de Defesa Civil e, em alguns casos, de ajuda internacional. 2.3.2 Quanto à origem 2.3.2.1 Desastres naturais São aqueles provocados por fenômenos ou desequilíbrios da natureza. São produzidos por fenômenos independentemente da ação humana. de origem externa que atuam 55 2.3.2.2 Desastres humanos ou antropogênicos São aqueles provocados por ações ou omissões humanas. Relaciona-se com o próprio homem, enquanto agente e autor. Por isso são produzidos por fatores de origem interna. Podem produzir situações capazes de gerar grandes danos à natureza, aos habitats humanos e ao próprio homem. Normalmente, estes desastres são conseqüências de: ações desajustadas geradoras de desequilíbrios sócio-econômicos e políticos entre os homens; profundas e prejudiciais alterações de seu ambiente ecológico. Esses desastres podem ser classificados em desastres humanos de natureza: a. Tecnológica: conseqüências indesejáveis do desenvolvimento tecnológico e industrial, sem preocupações com a segurança contra sinistros. Também se relacionam com o intenso incremento demográfico das cidades, sem o correspondente desenvolvimento de uma infra-estrutura compatível de serviços básicos e essenciais, como desastres com meios de transporte, com produtos perigosos, incêndios e explosões; b. Social: conseqüências de desequilíbrios no inter-relacionamento humano e de um relacionamento desarmônico com os ecossistemas naturais e os modificados pelo homem, como fome e desnutrição; e c. Biológica: conseqüências de deficiências nos órgãos promotores da saúde pública, muitas vezes agravadas pelo subdesenvolvimento, como malária, cólera, AIDS e outras. pauperismo e pelo 56 2.3.2.3 Desastres mistos Ocorrem quando as ações e omissões humanas contribuem para intensificar, complicar e/ou agravar fenômenos naturais. Caracterizam-se, também, quando fenômenos adversos de origem natural provocam desastres, por atuarem em ambientes alterados e degradados pelo homem. 2.4 Desastres no mundo O panorama mundial vem demonstrando o aumento considerável dos desastres, abrangendo uma variedade de ocorrências de diversas naturezas e intensidades, uma vez que as diferenças regionais fazem com que existam cenários diferenciados quanto à vulnerabilidade e complexidade do evento, o que sem dúvida irá refletir em menor ou maior impacto nas comunidades afetadas. Primeiramente, os desastres tinham suas causas em fenômenos naturais, tais como os terremotos, enchentes, vulcões, furacões, maremotos, geadas, nevascas, chuvas fortes, vendavais, dentre outros. Com o progresso da sociedade e o aumento das populações, principalmente após a revolução industrial e o crescimento rápido e desordenado das cidades, aliaram-se, aos fenômenos naturais, as causas humanas como fontes geradoras de desastres, figurando-se, nesse sentido, as guerras, poluições, acidentes biológicos, derramamentos de produtos químicos, grandes acidentes nos meios de transportes e outros. Normalmente se afirma que os desastres e catástrofes não têm hora e nem lugar para ocorrer, afetando a todos indistintamente, contudo, é verossímil afirmar que, modernamente, existem meios de fazer algumas previsões desses eventos e que as conseqüências são imensamente mais graves nas comunidades menos preparadas para enfrentá-las. Somando-se a este cenário, os fenômenos naturais, que podem ser traduzidos em inundações, abalos sísmicos, erosões, deslizamentos, incêndios florestais, tempestades, ciclones, entre outros, têm apontado para um aumento na intensidade e freqüência de fenômenos extremos ou intensos sobre um sistema social, causando sérios danos e prejuízos que excedem a capacidade dos afetados (Repulho, 2005, p. 27). 57 Para melhor ilustrar o cenário mundial, as figuras 14 e 15 mostram a distribuição dos acidentes causados por fontes naturais no mundo e suas conseqüências com relação às comunidades afetadas. 17 Fonte: Munich Re Group (2008) Figura 14 - Mapa retratando os tipos de acidentes naturais por região do globo no ano de 2008. Fonte: Université Catholique de Louvain – Belgium (2008). Figura 15 - Mapa retratando o número de desastres naturais por país: 1976 2005. Na figura 16 é possível distinguir dois períodos: 1987 - 1997, com o número de catástrofes variando entre 200 e 250, e 2000 - 2006 com o número crescente de desastres, chegando a quase o dobro de ocorrências. Um incremento desta 17 Informação disponível em < http://www.munichre.com/app_resources/pdf/press/press_releases/ 2008/2008_12_29_app2_en.pdf>. Acesso em 20 de jan 2009. 58 magnitude pode ser parcialmente explicado pelo aumento da notificação de desastres e especialmente pelas alterações climáticas. Verificamos, também na figura 17, o número de vítimas entre os anos de 1976 e 2005, onde o Brasil encontra-se com registros entre 1 e 4,9 vítimas por 100.000 habitantes. Fonte: Université Catholique de Louvain – Belgium (2007, p. 18). Figura 16 - Gráfico de análise do número de desastres naturais no mundo 1987 – 2006. Fonte: Université Catholique de Louvain – Belgium (2008) Figura 17 - Mapa retratando o número de vítimas por desastres naturais por 100.000 habitantes: 1976 - 2005. 59 Na figura 18 são apresentados os números de vítimas (mortos mais pessoas afetadas), em vez de separar números de mortos e de pessoas afetadas, sendo que esta opção deve-se porque países desenvolvidos e em desenvolvimento variam significativamente estes números. Por exemplo, o número de mortes causadas por terremotos são geralmente mais elevadas nos países em desenvolvimento e menor nos países desenvolvidos, sendo que o inverso é verdadeiro para o número de afetados. Desta maneira, pode-se compreender o impacto humano mundial nas catástrofes naturais. Durante o período analisado, o número de vítimas variava entre 100.000 e 300.000 pessoas em quase todos os anos. Fonte: Université Catholique de Louvain – Belgium (2007, p. 19). Figura 18 - Gráfico de análise do número de vítimas por desastres naturais no mundo 1987 2006 Na figura 19, retrata a número de pessoas afetadas por desastres naturais em 2007, onde verifica-se que a América do Sul apresentou um número de vítimas superior a 100.000 pessoas, demonstrando que é uma área do globo onde a probabilidade de ocorrência de desastres naturais é grande incidência. 60 Fonte: Université Catholique de Louvain – Belgium (2008) Figura 19 - Mapa retratando o número de pessoas afetadas por desastres naturais em 2007. Segundo Scheuren et al., (2008, p. X), em 2007, foram notificadas 414 catástrofes naturais no mundo. Os desastres naturais mataram 16.847 pessoas, afetando mais de 211 milhões de outras e U$ 74,9 bilhões de prejuízos econômicos. No ano passado, o número de catástrofes mundiais confirmou a tendência ascendente na ocorrência de desastres naturais. Esta tendência foi impulsionada principalmente pelo aumento do número de inundações (fenômenos hidrológicos) e tempestades (fenômenos meteorológicos). Na última década, o número de catástrofes hidrológicas aumentou 7,4% por ano em média. Conforme “O Globo”18 (2008), [...] “as catástrofes naturais deixaram 220 mil mortos em 2008, um dos anos mais devastadores da História, confirmando a urgência da conclusão de um acordo sobre o clima”. Apesar do número de catástrofes naturais ter recuado em relação ao ano de 2007, o ano de 2008 foi "um dos mais devastadores" desde 1900, ponto de partida do banco de dados sobre os desastres naturais, segundo um relatório anual do grupo alemão da Munich Re Group (2008), segunda maior empresa de resseguros do mundo. 18 Publicada na Globo.com on-line, portal G-1 em 29/12/08 - Catástrofes naturais mataram cerca de 220 mil em 2008 Informação disponível em <http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL938202-5602,00 .html>. Acesso em 20 de jan 2009. 61 Continua “O Globo”, enfocando sua matéria jornalística sobre as causas dos desastres naturais e os prejuízos causados a economia mundial: A totalidade dos danos econômicos, avaliados em US$ 200 bilhões, foi duas vezes e meia maior que em 2007 (US$ 82 bilhões), mas ficou abaixo do recorde de US$ 232 bilhões registrado em 2005. Os danos assegurados aumentaram 50% em relação a 2007, atingindo US$ 45 bilhões. "A tendência de longo prazo que observamos continua: a mudança climática já começou, e muito provavelmente contribui para estas catástrofes naturais", comentou Torsten Jeworrek, membro do diretório da Munich Re, em comunicado. A próxima cúpula da ONU sobre o clima, prevista para dezembro de 2009 em Copenhague, "deve definir claramente o caminho para chegar a uma redução de pelo menos 50% das emissões de gases de efeito estufa daqui a 2050", acrescentou Jeworrek, avisando: "não podemos esperar, para não prejudicar as futuras gerações". Os números mostram que os desastres naturais no mundo continuam a crescer e o grande desafio é estar preparado para superar os impactos dessas emergências, minimizando-os ao máximo, fomentando a adoção de medidas globais de conscientização desse tema. 2.5 Desastres no Brasil Para Repulho (2005, p. 34), “o Brasil devido ao seu tamanho geográfico, às condições climáticas e fisiográficas e ao grau de desenvolvimento, está sujeito, diariamente, a um número elevado de desastres e situações de emergências”, situações que provocam prejuízos a vida, a integridade física das pessoas e o comprometimento das propriedades e do meio ambiente. Continua comentando Repulho (2005, p. 36); Vale a pena chamar a atenção para o fato de que o Brasil não apresenta, afortunadamente, grandes e graves desastres súbitos de evolução aguda, como terremotos, furacões, erupções vulcânicas, tsunamis e outros, mas, em contrapartida, o país sofre, de norte a sul e de leste a oeste, com inúmeros outros tipos de desastres súbitos, como os vendavais, chuvas, chuvas de granizo, enxurradas e até tornados. [...] Na região sudeste, todos os estados são afetados por enchentes nos seguintes rios: Paraná, em Minas Gerais e São Paulo; o rio Tietê, em São Paulo; o Paraibuna, em Minas Gerais; o rio Doce, no Espírito Santo, e muitos outros, causando danos à população. Mas há que chamar a atenção para dois tipos de 62 problemas bem caracterizados nesta região: as enxurradas, que alagam em minutos as cidades de São Paulo, do Rio de Janeiro e outras, com mortos, pânico e danos econômicos, e também os grandes e sérios alagamentos dos municípios da Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro. A “BBC Brasil”19 (2003), em matéria jornalística informa que “O Brasil é o país do continente americano com o maior número de pessoas afetadas por desastres naturais, segundo estudo divulgado pela Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho”. Alega que cerca de 12 milhões de brasileiros foram afetados por diferentes desastres, como enchentes ou secas entre 1993 e 2002, sendo que nesse mesmo período, 2.056 pessoas morreram no país em conseqüência dessas mesmas causas. Esses números são explicados pela grande população e pela extensão territorial do Brasil, porém é agravada pelas desigualdades sociais. Os números derrubam o mito de que o Brasil é um país protegido, pois mesmo não tendo desastres naturais de grande repercussão como terremotos ou furacões, a população esta sujeita a inúmeras outras ocorrências provocadas pela natureza. A tabela 01 mostra a quantidade e tipo de eventos naturais, bem como o de pessoas afetadas por desastres naturais no Brasil. Nesta, verifica-se que o Brasil se destaca entre os países que mais possuem população afetada por desastres naturais no mundo, corroborando com a figura 19, página 60, sendo que as secas e as inundações são os principais causadores dos desastres naturais, afetando aproximadamente 60 milhões de pessoas no Brasil, comprovando com isso a necessidade do grande número barragens existentes no território brasileiro e, conseqüentemente, devido as chuvas torrenciais e concentradas em algumas regiões, ocasionando inundações e enxurradas, provocando com isso ruptura de barramentos. 19 Matéria jornalística da BBC Brasil on-line: Brasil é o país das Américas mais afetado por desastres de 17Jul2003. Disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2003/07/030717 _cruzvermlashtml. Acesso em 20 de jan de 2009. 63 Tabela 01 - Desastres naturais no Brasil (1970 - 2005) Tipo do desastre Quantidade de eventos Vendaval 15 Escorregamento 21 /Deslizamento Seca 16 Terremoto 1 Temperatura 7 extrema Inundação/ 85 Enchente Epidemia 10 Infestação de 1 insetos Incêndio 3 florestal Total 159 20 Fonte: EM-DAT: (2005) . 20 Número de mortes 343 Número de feridos 1.588 Número de afetados Número de desabrigados Número total de afetados 154.800 7.740 164.128 1.615 214 4.085.000 147.100 4.232.314 20 1 0 0 47.252.000 15.000 0 8.000 47.252.000 23.000 323 600 0 0 600 5.814 11.910 11.897.096 1.206.138 13.115.144 2.029 0 532.664 0 532.664 0 0 2.000 0 2.000 0 0 12.000 0 12.000 10.145 14.312 63.950.560 1.368.978 65.333.850 The OFDA/CRED International Disaster Database. Université Catholique de Louvain - Brussels Bélgica (2005). Informação disponível em <http://www.em-dat.net>. Acesso em 20 de jan 2009. 64 Capítulo 3 3.1 3 ESTUDO DE CASO O Rompimento da Barragem do Balneário da Estância Turística de Paraguaçu Paulista O presente estudo de caso foi em decorrência da experiência pessoal deste autor na citada emergência, tem como objetivo passar aos leitores uma pequena parcela das situações e preocupações vivenciadas na gestão deste desastre que foi considerado pela Defesa Civil do Estado o maior acidente envolvendo barragens do Estado de São Paulo. Todo o capítulo foi baseado nos relatórios confeccionados pela Polícia Militar na presente ocorrência. 3.1.1 Aspectos históricos e características do município A Estância Turística de Paraguaçu Paulista tem suas raízes históricas no Distrito de Conceição de Monte Alegre, fundado por José Teodoro de Souza, que em 1873 fez a doação de área de 193 hectares para a fundação de um novo patrimônio, marcando assim a chegada dos primeiros povoadores. Em 1891, Conceição de Monte Alegre, foi elevada à categoria de Distrito, cujo território se estendia entre os rios Paranapanema e Peixe, até as margens do rio Paraná. A ocupação não foi pacífica; choques, alguns deles violentos, ocorreram entre os pioneiros vindos de Minas Gerais e os habitantes da região, os índios 65 Caigangs. Domingos Paulino Vieira realizou nos primeiros anos da década de 1910, o loteamento das terras no entorno da estação ferroviária denominada "Estação de Monte Alegre", que se instalava na região, dando origem ao povoado que ficou conhecido como "Moita Bonita", distante 6 Km de Conceição de Monte Alegre. O trafego ferroviário foi aberto em 1916 o que possibilitou o desenvolvimento da agricultura, expandindo as áreas cultivadas, atraiu povoadores, provocando o crescimento demográfico e econômico do novo povoado. Em 18 de dezembro de 1923 foi criada a Vila Paraguaçu, elevada a categoria de Distrito de Conceição de Monte Alegre. Em 30 de dezembro de 1924, tornou-se unidade políticoadministrativa independente, com a sua elevação à categoria de município, tendo sido instalado em 12 de março de 1925. Em 1948, teve a sua organização políticoadministrativa definida com o Distrito Sede de Paraguaçu Paulista e os Distritos de Borá, Conceição de Monte Alegre e Sapezal. A origem de "Paraguaçu" refere-se a índia Tupinambá, esposa de Diogo Álvares, o Caramuru, tendo em vista que a região era habitada por indígenas silvícolas da tribo Caigangues. Paraguaçu Paulista é transformada em estância turística em 5 de março de 1997, sendo um dos 29 municípios paulistas considerados estâncias turísticas pelo Estado de São Paulo, por cumprirem determinados pré-requisitos definidos em Lei Estadual. Situada na Mesorregião do Sudoeste Paulista, região administrativa de Marília e na Microrregião da Alta Sorocabana de Assis, Paraguaçu Paulista possui uma área total de 1.001 Km², sendo 9,0 Km² de área urbana. Limita-se ao norte com os municípios de Quatá e Borá, ao sul com Maracaí, a leste com os municípios de Lutécia e Assis e a oeste com Quatá e Rancharia. Tem uma população de 42.117 habitantes, conforme estimativa de 2007 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2008), e uma densidade demográfica de 39,57 hab/km². As figuras 20 e 21 ilustram a localização do município. 66 O Município é servido pelas rodovias estaduais: SP 270, SP 421, SP 284, todas asfaltadas e por rodovias municipais, sendo algumas asfaltadas e outras de cascalho ou terra, sendo que está distante 462 Km por rodovia e a 588 Km por ferrovia da capital do Estado. A temperatura anual oscila em torno de 22 ºC e não há variação ao longo do ano. Sua hidrografia firma-se no Rio Capivara e Ribeirão do Alegre. 21 Fonte: Câmara Municipal de Paraguaçu Paulista . Figura 20 - Localização do município de Paraguaçu Paulista. 21 Informação disponível em <http://www.camaraparaguacu.sp.gov.br/index2.php?pag=verifica& idmenu=74>. Acesso em 02 de fev 2009. 67 PARAGUAÇU PAULISTA Fonte: Google Earth (2009). Figura 21 - Município de Paraguaçu Paulista. 3.1.2 Descrição do Desastre Utilizando o enorme potencial aquático de Paraguaçu, o represamento do Ribeirão Água das Mortes, Cachoeira e Alegre deu ao local um grande centro de lazer e recreação – o Balneário Público Municipal inaugurado em 1963, com mais de 70 alqueires de espelho d’água. Antes do rompimento em 2007 o Grande Lago oferecia a mais completa diversidade de atrativos, sendo o principal deles a praia com areia branca natural com mais de 800 metros e uma marina para apoio aos esportes náuticos. Com as figuras 22 e 23 verifica-se a localização da barragem e a infra-estrutura do balneário. 68 Espelho d’água BARRAGEM PARAGUAÇU PAULISTA Fonte: Google Earth (2009). Figura 22 - Localização da barragem. 22 Fonte: Fundação Gammon de Ensino (2009). Figura 23 - Parque Aquático “Benedicto Benício”. Por volta das 18h05min do dia 05 de janeiro de 2007, as chuvas constantes e de intensidade alta que atingiram o município de Paraguaçu Paulista, desde o 22 Entidade particular de ensino superior de Paraguaçu Paulista. Informação disponível em < http://www.funge.com.br/conheca_paraguacu.php>. Acesso em 02 de fev 2009. 69 primeiro dia do ano, provocaram no município da Estância Turística de Paraguaçu Paulista inúmeras ocorrências de danos causados em conseqüência dos eventos naturais que se sucederam. Várias represas situadas nos municípios de João Ramalho e Borá vieram a se romper, desaguando no lago artificial (Grande Lago) do Balneário “Parque Aquático Benedicto Benício”, situado na Rodovia de Acesso a Paraguaçu Paulista, área rural do município. Onde pelo acúmulo das águas provenientes dessas outras represas, incluindo as das chuvas, houve o comprometimento do vertedouro, iniciando-se o alerta da possibilidade de ruptura da referida barragem. Foi necessário o emprego da Defesa Civil municipal e regional, prefeituras municipais e outros órgãos públicos e privados para ações em conjunto de contenção da emergência e de socorro às populações atingidas. Diante da situação crítica, o Comandante da Primeira Companhia do 32º Batalhão de Polícia Militar do Interior que também era Coordenador da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (COMDEC), respondendo naquele momento pela Regional de Defesa Civil do Interior 11 (REDEC/I-11), uma vez que seu titular estava de férias, bem como se somando a condição de formação acadêmica na área de Engenharia Civil do citado Oficial, pois era o único engenheiro presente ao evento, juntamente com vários voluntários, foi efetuado em primeiro momento, já no dia 05 de janeiro de 2007, às 18h05min, abertura de valas em parte da represa, servindo de novas vazantes, dando vazão às águas para locais seguros, com o intuito de diminuir a pressão das águas nos taludes da barragem e no vertedouro. Graças aos trabalhos de abertura de novas vazantes, uma vez que a represa já estava transbordando pelo alto nível das águas, comprometendo assim o dique da barragem, foi possível reunir equipes compostas por funcionários municipais, policiais militares da 2ª Cia PM do 32º BPM/I, que foram acionados através do Plano de Chamada, e voluntários, tanto do município de Paraguaçu Paulista como do município de Maracaí, a fim de que fossem adotadas medidas para retirada de pessoas das áreas ribeirinhas, pois foi detectado pelo Comandante da 70 Companhia da Polícia Militar que o vertedouro estava comprometido e entraria em colapso em poucas horas. Apesar dos esforços em aumentar vazantes adicionais, para manter o nível da represa, diminuindo assim a referida pressão no dique de contenção (barragem), o vertedouro, conforme apresentação nas figuras 24, 25 e 26, não suportou a pressão das águas e veio a romper-se em 06 de janeiro de 2007, por volta das 10h00min, provocando o extravasamento completo do lago. Local de Ruptura da Barragem Vertedouro Fonte: Google Earth (2009). Figura 24 - Local da ruptura da barragem – vertedouro. Foram estabelecidas áreas para abrigo de pessoas desalojadas e acionamento de transportes, hospitais da Região e Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Estado de São Paulo (CEDEC). 71 Fonte: Acervo do Grupamento de Rádio Patrulha Aérea da PMESP, Base da cidade de Bauru (2007). Figura 25 - Rompimento da barragem. Figura 26 - Perfil de ruptura da barragem. Com o rompimento do vertedouro ocorreu o extravasamento de forma repentina e violenta à jusante da represa, provocando danos de grande monta em pontes e estradas, bem como alagamento de residências ribeirinhas, imóveis e vias públicas, principalmente no município de Maracaí, cidade que ficou na rota da enxurrada acerca de 26 Km da barragem, conforme ilustração da figura 27, não havendo registro de vítimas pelo motivo dos moradores terem sido removidos preventivamente para escolas, casas de parentes e amigos. 72 Fonte: Google Earth (2009). Figura 27 - Distância entre Paraguaçu Paulista e Maracaí. As estradas locais como a Rodovia Raposo Tavares (SP-270), no Km 485, no cruzamento sobre o Ribeirão São Mateus, foi interditada nos dois sentidos devido a cheia do rio; na Rodovia Prefeito Jorge Bassil Dower (SP-421), Km 61 + 350m, cederam as cabeceiras de uma das pontes (20 metros de comprimento) em ambos os lados, interrompendo o trânsito de veículos e pessoas. Nessa mesma rodovia, Km 47 + 200 m, cederam as cabeceiras de ambos os lados de outra ponte, desta vez, a que liga a cidade de Paraguaçu Paulista ao município de Borá, interrompendo o trânsito de veículos e pessoas. Também se verificou erosão na rodovia que liga Paraguaçu Paulista a Lutécia no KM 40; erosão na vicinal que liga Paraguaçu Paulista a Borá no KM 8, causando interrupção do tráfego; queda de ponte em estrada rural no Distrito de Conceição de Monte Alegre e comprometimento da via férrea entre Assis e Paraguaçu Paulista, totalizando danos a 18 obras de arte (pontes) na região e comprometimento de inúmeras estradas rurais. Nas figuras 28, 29 e 30 verifica-se a extensão dos danos à infra-estrutura da região. 73 Fonte: Acervo do Grupamento de Rádio Patrulha Aérea da PMESP, Base da cidade de Bauru (2007). Figura 28 - Danos e interrupção de rodovias. Fonte: Acervo do Grupamento de Rádio Patrulha. Aérea da PMESP, Base da cidade de Bauru (2007). Figura 29 - Destruição de pontes. Figura 30 - Danos nas cabeceiras das pontes. 74 Também, foram comprometidos o sistema de abastecimento de água de Paraguaçu Paulista, com a paralisação da estação de tratamento de água (ETA) afetando aproximadamente quarenta mil pessoas, bem como a estação de tratamento de esgoto (ETE) do município de Maracaí, que ficou totalmente inundada, afetando aproximadamente treze mil pessoas. Foram contabilizados no município de Paraguaçu Paulista o cadastramento de trezentas e cinqüenta e três pessoas desalojadas que foram encaminhadas para residências de parentes e amigos e sete pessoas desabrigadas, removidas à Escola Municipal Alexandrina Penna, sendo que no município de Maracaí foram cadastradas 261 pessoas desalojadas que foram encaminhadas para residências de parentes e amigos e 48 pessoas desabrigadas, removidas ao Ginásio de Esporte Municipal, sendo necessário a disponibilização do estoque estratégico do Estado pela CEDEC, onde foram encaminhados aos municípios atingidos cestas básicas, colchões, lençóis, cobertores, produtos de higiene pessoal e de limpeza, Kits de agasalhos. As figuras de 31 a 36 dão mostras dos danos causados pela ruptura da barragem, onde além da inundação de áreas rurais, a área urbana, principalmente da cidade de Maracaí foi drasticamente afetada pelo alagamento. Fonte: Acervo do Grupamento de Rádio Patrulha Aérea da PMESP, Base da cidade de Bauru (2007). Figura 31 - Alagamento da área rural. 75 Fonte: Acervo do Grupamento de Rádio Patrulha Aérea da PMESP, Base da cidade de Bauru (2007). Figura 32 - Alagamento da cidade de Maracaí. Figura 33 - Residência atingida pelo alagamento. Figura 34 - Danos causados pelo alagamento. 76 Figura 35 - Residência atingida pelo alagamento. Figura 36 - Comprometimento do meio ambiente. Ambos os municípios preencheram o Relatório de 1º Atendimento e o Relatório de Avaliação de Danos (AVADAN), bem como decretaram “Situação de Emergência”, ato que foi homologado pelo Governo do Estado e reconhecido pelo Governo Federal. Compareceram ao local técnicos da Defesa Civil do Estado (CEDEC), que efetuaram vistorias técnicas em parte dos estragos provocados pelas torrenciais chuvas na Região, bem como a guarnição do Grupamento Aéreo da Base Bauru, que apoiou nos trabalhos emergenciais de localização de possíveis vítimas nas margens dos rios transbordados até seu deságüe no Rio Paranapanema. 77 O Sistema Municipal de Defesa Civil teve papel preponderante no assessoramento e fornecimento de informações aos Prefeitos, aos Secretários Municipais e para a Casa Militar do Palácio dos Bandeirantes sobre o gerenciamento da emergência, na elaboração e coordenação dos planos contingenciais, na coordenação e supervisão das ações, assim como na capacitação dos recursos humanos para as ações de enfrentamento ao evento. A atuação da Polícia Militar, como visto na figura 37, foi imprescindível para as ações de alerta e retirada de pessoas de áreas de risco, interdição dos locais que seriam rota da enxurrada provocada pelo rompimento da represa, apoio aos Departamentos Municipais de Assistência Social de ambos os municípios, levantamento e transmissão de dados aos órgãos de gerenciamento de desastres do Estado, contabilização de estragos e registro de ocorrências de danos e suporte de logística aos técnicos da Defesa Civil do Gabinete do Governador, provando com estas atitudes que a presença da Corporação, através de seus profissionais, é a garantia de eficácia e qualidade nos serviços prestados à sociedade. Figura 37 - Apoio policial aos moradores. Os Prefeitos Municipais de Paraguaçu Paulista e de Maracaí, deixaram a disposição não só todos os aparatos necessários para o atendimento do Desastre, incluindo alojamentos para as pessoas desabrigadas, equipamentos e máquinas para obras de sustentação da barragem e extravasamento do nível das águas, mas também toda a retaguarda administrativa e de suprimento financeiro para manter os 78 voluntários alimentados e em condição de manter o trabalho de ajuda humanitária (figuras 38 e 39). Figura 38 - Operação limpeza. Figura 39 - Cadastramento de vítimas e prejuízos. Cabe salientar que o Comandante da Companhia local foi nomeado pelas autoridades municipais o Coordenador das ações de Socorro e “Porta Voz” da emergência. Foi o maior evento de rompimento de barragem ocorrido no Estado de São Paulo, conforme informação da CEDEC. A figura 40 apresenta detalhes do gabinete de crises; foi instalado no início da emergência, encerrando os trabalhos após o levantamento de todos os danos e elaboração dos relatórios e documentações pertinentes para a decretação da “Situação de Emergência”. 79 Figura 40 - Reunião do gabinete de crise. No quadro 02 constam pessoas que fizeram parte do atendimento ao desastre de ruptura de barragens, onde se somou a presente estrutura mais 46 policiais militares, 11 bombeiros, 13 guardas municipais, 19 funcionários municipais e 02 voluntários da comunidade. Quadro 02 - Relação dos Integrantes da Defesa Civil Municipal (COMDEC) de Paraguaçu Paulista, participantes do gerenciamento da crise. continua NOME CARGO FUNÇÃO NA DEFESA CIVIL DO MUNICÍPIO Prefeito Municipal de Paraguaçu Paulista Capitão PM Comandante da 2ª Companhia PM de Paraguaçu Paulista Diretor Departamento Saúde Coordenador Geral Jurandi Mantovani Júnior Subtenente Comandante da Base de Bombeiro de Paraguaçu Paulista Coordenador de Operações Onório Francisco Anhensim Diretor Departamento Obras Coordenador Acidentes Naturais Oswald Henschel Assistente Gabinete Coordenador Transportes/Veículos Carlos Arruda Garms Rogério Gago Vivaldo Antonio Francischetti Secretário Executivo 80 Conclusão NOME CARGO FUNÇÃO NA DEFESA CIVIL DO MUNICÍPIO Sub-Coordenador I Mauro Godin Assistente Gabinete Nilson Carlos Itelvino Assistente Gabinete Sub-Coordenador II Transportes/Veículos Maria Ângela Cenci Queiroz Diretora Departamento Assistência Social Coordenadora Alojamentos e Serviços Sociais Walquíria Donizete Vieira de Souza Assistente Social Sub-Coordenadora II – Serviço Social Dalva Aparecida do Rio Gonçalves Assistente Social Sub-Coordenadora III – Alojamentos 2º Tenente Comandante Ronny Emerson Gomes do 1º Pelotão PM de Paraguaçu Paulista Transportes/Veículos Coordenador de Segurança Pública Emílio Carlos Crystal Júnior 2º Sargento do 1º Pelotão Sub-Coordenador I de PM de Paraguaçu Paulista Segurança Pública José Alexandre Santos Dias Antunes Comandante Guarda Municipal Coordenador Vigilância Municipal Patrimonial Fonte: COMDEC – Paraguaçu Paulista. 3.1.3 Lições aprendidas Diante do exposto, fica patente que a Polícia Militar, através dos seus vários escalões, enfrenta situações de emergências de grande perigo, estando em jogo valores extremamente importantes: a vida, o meio ambiente e o patrimônio. Também ficou comprovado que apesar da Polícia Militar exercer um papel imprescindível nos atendimentos de emergência, não atua e não pode atuar de forma isolada no atendimento operacional; um grupo de pessoas abnegadas, incansavelmente lutou para que os prejuízos em Paraguaçu Paulista e Maracaí 81 fossem amenizados e atuaram na linha da prevenção, buscando, com eficiência, a retirada da população vulnerável, ou seja, a população ribeirinha, culminando para que não houvesse vítimas. Através das ações de Defesa Civil e do emprego do Sistema de Comando e Operações em Grandes Emergências (SICOE), foi possível coordenar as operações no desastre, tendo como principal objetivo o de garantir a segurança e preservação de vidas humanas, desenvolvendo atividades para amenizar os estragos provocados pelas chuvas e garantir condições para socorro de vítimas. Como pôde ser constatado no estudo do caso apresentado, foram detectados dificuldades para a gestão da crise, uma vez que o coordenador das ações de emergência se viu muitas vezes isolado por falta da atuação de representantes de alguns órgãos de emergências, fato este ocorrido talvez pela falta de entrosamento entre as equipes, tendo que atuar pessoalmente nos diversos cenários operacionais de desastres na região, inclusive como “porta-voz”; o sistema de comunicações apresentou falhas, dificultando a delegação e transmissão de tarefas e recepção de informações; houve falta de um plano de emergência que abordasse acidentes com barragens, informando as características técnicas das partes construtivas e de sustentação da barragem, procedimentos de avaliação da estabilidade estrutural, bem como procedimentos para situações de emergência, o que tornou ainda mais difícil à tomada de decisão. No entanto, enfrentando as dificuldades e improvisando com criatividade, a Instituição cumpriu sua missão de maneira a ser elogiada pela comunidade paulista. Outro fator importante de se observar é que geralmente as organizações de atendimento às emergências não estão preparadas para situações que ultrapassam sua capacidade de resposta, ocasionando perda de tempo em momentos em que cada minuto é precioso e, conseqüentemente, há um aumento das probabilidades de se cometerem erros, expondo a figura das autoridades constituídas de forma desnecessária, podendo inclusive gerar crises políticas ou institucionais. 82 4 Capítulo 4 FUNDAMENTOS PARA AUXILIAR O PLANO DA GESTÃO DE CRISES EM EMERGÊNCIAS COM RUPTURA DE BARRAGENS. 4.1 Análise de risco e segurança da barragem Para Silva (1999), [...] “Ruptura de barragens está entre o conjunto de riscos classificados como de baixa probabilidade de ocorrência e com um potencial catastrófico elevado”. As barragens são geralmente associadas a um elevado potencial de risco devido à possibilidade de um eventual incidente ou acidente, com conseqüências significativas para as suas próprias estruturas e, ao meio sócioeconômico-ambiental inserido em sua região de influência. Devido a inúmeros incidentes relatados ao redor do mundo, ao aumento nas dimensões das novas barragens e ao envelhecimento de uma grande quantidade de outras, o ICOLD (International Commission on Large Dams), organismo responsável pela política de desenvolvimento tecnológico sobre segurança da engenharia de barragens decidiu, no final da década de 70, investir fortemente em um Programa de Segurança de Barragens em nível mundial. (FURNAS..., 2003, p. 16). Entende-se por ruptura de uma barragem qualquer ocorrência associada ao comportamento da barragem, dos respectivos sistemas de segurança e de exploração, susceptível de originar uma onda de inundação. As cheias violentas, súbitas ou inesperadas, provocadas por eventos naturais permanecem como sendo as circunstâncias mais temidas, perigosas e catastróficas, potencializando os acidentes com barragens e tornando os habitantes dos vales a jusante vulneráveis. Salienta-se, no caso extremo, o esvaziamento do reservatório da barragem por efeito da ruptura, total ou parcial. Assim, cada barragem introduz no vale a jusante um fator de incerteza relacionado com a 83 possibilidade, mesmo que remota, de ser, em resultado de um acidente, a causa de tragédias provocadas por cheias súbitas. Alguns acidentes que ocorreram no mundo e que mereceram destaque pelo número de vítimas fatais, na segunda metade do século XX, obrigaram a comunidade técnica a refletir no risco nos vales a jusante e na prevenção contra os potenciais efeitos de rupturas de barragens. Citam-se, a título de exemplo, as mais importantes: Quadro 03 - Número de mortos causados em acidentes com ruptura de barragens Barragens País e ano Altura (m) Número de mortos estimado South Fork USA (1889) 22 4.000 Saint Francis USA (1928) 55 2.000 Veja de Terra Espanha (1959) 34 400 Malpasset França (1959) 66 700 Orós Brasil (1960) 54 1000 Baldwin Hills USA (1963) 18 3 Teton USA (1979) 83 6 Hirakud Índia (1980) 61 118 Fonte: ICOLD (1997) A maioria das vítimas mortais de todos os acidentes em barragens que entram em colapso e sofrem ruptura envolvem barragens com uma altura inferior a 30 metros, constituindo este tipo de estrutura o de maior risco no futuro próximo ICOLD23 (1997), principalmente pelo motivo de envelhecimento dos barramentos, que são submetidos a uma potencial deterioração de materiais e perda de capacidade de resistência estrutural ou, ainda, a alterações hidrológicas, prejudicando sobremaneira a sua segurança. Os danos e prejuízos da onda de cheia (enxurrada) à jusante da barragem 23 International Commission on Large Dams (ICOLD), organismo responsável pela política de desenvolvimento tecnológico sobre segurança da engenharia de barragens. Qualquer país independente, pode se tornar um "paísmembro" e constituir um Comitê Nacional para assuntos relacionados com as barragens. 84 dependem das características do reservatório e do tipo do barramento e, fundamentalmente, das características da ocupação para jusante das margens do rio. A existência de represas em cascata ao longo de um rio pode agravar, significativamente, os danos causados pela ruptura de uma das barragens localizadas mais a montante. Com efeito, as barragens a jusante podem ir sendo destruídas pela passagem da onda de cheia, sobrepondo-se, assim, os efeitos de sucessivas rupturas em cadeia. Para Menescal et al. (2001, p.65), ”Os maiores problemas observados advêm dos pequenos barramentos que, num ‘efeito dominó’, podem vir a comprometer obras maiores e até causar mortes e grandes prejuízos econômicos”. O Ministério da Integração Nacional (2002 c), em seu manual de Segurança e Inspeção de Barragens, utilizado obrigatoriamente para barragens destinadas a reter e/ou represar águas ou rejeitos, com altura superior a 15 (quinze) metros, do ponto mais baixo da fundação à crista; ou capacidade total de acumulação do reservatório igual ou maior que 1 (um) milhão de metros cúbicos, faz a seguinte classificação, conforme tabela 04, de acordo com as conseqüências de sua ruptura, baseando-se no potencial de perdas de vidas e nos danos econômicos: Quadro 04 - Classificação da Conseqüência de Ruptura de Barragens Potencial conseqüência incremental da Ruptura (a) Conseqüência de Ruptura Muito Alta Alta Baixa Muito Baixa Perdas de Vidas Significativa Alguma Nenhuma Nenhuma (a) Econômico, Social e Danos Ambientais Dano excessivo Dano substancial Dano moderado Dano mínimo Os critérios de classificação de categorias de danos econômicos e ambientais devem ser baseados nas conseqüências das perdas em relação à região afetada. Fonte: MI – Secretaria de Infra-Estrutura Hídrica (2002 c, p. 20). Apesar do Ministério da Integração Nacional estabelecer critérios para o enquadramento das barragens quanto a sua segurança, os procedimentos constantes no citado manual podem também ser aplicados em barragens que não 85 se enquadrem na definição acima, mas que possam provocar danos em caso de ruptura ou acidente. Para o entendimento das anomalias que podem provocar emergências com rupturas de barragens, necessita-se que os profissionais policiais militares bombeiros saibam os seguintes conceitos: a. Percolação: Passagem da água pelo maciço e fundação, conforme visto na figura 41, sendo que se torna problema quando o solo do maciço ou da fundação é carreado pelo fluxo de água, ou quando ocorre um aumento de pressão na barragem ou na fundação. O aumento de poropressões e saturação no maciço e na fundação causam perda de resistência. Fonte: Menescal (2008). Figura 41 - Instabilidade de Barragem por Percolação. b. Piping: Ocorre quando a erosão começa a remover material no ponto de saída, ela progride para a direção do reservatório, dando origem ao piping que resulta da passagem da água através das paredes da barragem. A água que se movimenta através da barragem, ou de suas fundações, pode resultar na formação de uma brecha, se os volumes de água e material sólido superam determinados limites de segurança. A brecha inicia como um poro em um ponto qualquer da 86 barragem e este poro cresce, por erosão, para todos os lados, até ocorrer o colapso (ver figura 42). Fonte: MENESCAL (2008). Figura 42 - Ruptura de Barragem por Piping. c. Depressões: Podem ser causadas por recalque no maciço ou fundação. Tais recalques podem resultar na redução da borda livre (folga) e representa um potencial para o transbordamento da barragem durante o período das cheias. A ação das ondas no talude de montante pode remover o material fino do maciço ou da camada de apoio (transição) do rip-rap24, descalçando-o e formando uma depressão quando o rip-rap recalca sobre o espaço vazio, resultando em erosão regressiva ou piping com o subseqüente colapso do material sobrejacente. d. Trincas: Enquadram-se em três categorias a seguir: 1) Trincas de ressecamento: Devido ao ressecamento e contração do solo (crista ou talude jusante); 2) Trincas transversais: Perigosas, se prosseguem até o nível abaixo da cota de reservação, podem criar um caminho de percolação 24 Proteção de talude de montante, podendo ser de enrocamento ou solo cimento. 87 concentrado. Indicam a presença de recalques diferenciais dentro do aterro ou da fundação; e 3) Trincas longitudinais: Ocorrem na direção paralela ao comprimento da barragem. Podem indicar: começo de instabilidade do talude, permitindo a penetração de água no maciço. Quando a água penetra no maciço, a resistência do material junto à trinca é diminuída. A redução da resistência pode acelerar o processo da ruptura do talude. Fonte: MENESCAL (2008). Figura 43 - Instabilidade da Barragem por trincas. e. Instabilidade de taludes: É referida aos vários deslizamentos, deslocamentos e podem ser agrupadas em duas categorias: 1) Ruptura superficial: Talude de montante: Rebaixamento rápido com deslizamentos superficiais. Não causam ameaça à integridade da barragem, mas podem causar obstrução da tomada de água e deslizamentos progressivos mais profundos. Talude de jusante: Deslizamentos rasos provocam aumento na declividade do talude e podem indicar perda de resistência do 88 maciço, por saturação do talude, por percolação ou pelo fluxo superficial. 2) Ruptura profunda: É séria ameaça à integridade da barragem. As rupturas profundas, tanto no talude de montante como de jusante, podem ser indicações de sérios problemas estruturais. Na maioria dos casos, irá requerer o rebaixamento ou drenagem do reservatório para prevenir possíveis aberturas do maciço. f. Galgamento: O galgamento (overtopping), visto na figura 44, é a passagem da água sobre a barragem. O galgamento pode ser causado pelo mau dimensionamento do descarregador de superfície, ocorre quando entra no reservatório um grande volume de água originado por uma forte precipitação ou pela formação de uma onda dentro do reservatório, de origem sísmica ou provocada pelo deslizamento de uma grande quantidade de terra das encostas. Fonte: Menescal (2008). Figura 44 - Ruptura de Barragem por Galgamento. Se o tempo e a intensidade do galgamento são suficientes, inicia-se uma brecha em um ponto qualquer mais fraco na crista da barragem, e esta brecha 89 cresce com o tempo, por erosão, numa velocidade que depende do material da barragem e das características do reservatório. Entende-se por brecha a abertura formada na barragem, pela qual a água do reservatório passa, alargando e aprofundando a abertura. Rodrigues (2006), especifica que diversas são as causas que podem levar à ruptura de uma barragem podendo um acidente resultar de diversas causas naturais ou ser provocadas pela ação humana. Estas últimas incluem, entre outras, as rupturas decorrentes de atos de guerra ou sabotagem, de erros de projeto ou de construção, atuações incorretas na exploração da represa ou de deficientes condições de manutenção ou de exploração dos equipamentos hidráulicos. Veltrop (1991) sintetizou a distribuição estatística das principais causas de rupturas em barragens, onde são apresentadas resumidamente na figura 45: Fonte: modificado de Veltrop (1991). Figura 45 - Causas de ruptura de barragens. Para Almeida (2006), as características da brecha dependem, basicamente: a. do tipo de barragem; e b. da causa do acidente e da ruptura. Continua Almeida (2006), a ponderar que: 1.) Em geral, considera-se que as barragens em concreto tipo arco abóbada rompem totalmente e muito rapidamente, em particular no caso de um 90 acidente nos encontros, contudo resistem, em geral, muito bem ao galgamento; 2.) Da mesma forma, nas barragens em concreto do tipo gravidade poderá ocorrer um colapso geral, no caso de uma situação de instabilidade provocada por cargas hidrostáticas e deficiência na capacidade de equilíbrio global, situação resultante de erro ou deficiência no projeto ou, ainda, um problema generalizado nas respectivas fundações; admite-se, contudo, que o cenário mais provável é o da abertura da brecha por remoção sucessiva de blocos ou a ruptura da zona superior do perfil da barragem no caso de exceder as tensões limites numa zona menos espessa do perfil da barragem, para a situação de galgamento, admite-se, em geral, uma ruptura parcial e gradual; 3.) Já nas barragens em concreto com contrafortes admite-se, como cenário típico, o colapso de um contraforte ou a ruptura da zona entre dois contrafortes; considera-se, assim, uma ruptura parcial e relativamente rápida. 4.) Em barragens de concreto, os problemas de fundação são a maior causa de ruptura, sendo que erosão interna e resistência ao cisalhamento insuficiente da fundação respondem por 21% das causas de ruptura cada um. Esclarece ainda Almeida (2006), que para as barragens de aterro a ruptura é, em geral, gradual e parcial; é o tipo de barragem onde a brecha iniciada por erosão interna por percolação ou por galgamento, leva mais tempo a evoluir, sendo que em regra geral, o processo tem duas fases, a barragem começa por sofrer um processo de erosão na zona mais fraca com uma elevada taxa de erosão na vertical, onde após inicia-se a erosão lateral e a brecha alarga até se atingir uma situação de equilíbrio. Corrobora Rodrigues (2006), no sentido que as barragens de aterro são as mais vulneráveis a ruptura. As barragens de aterro são as mais susceptíveis à rotura pela maior susceptibilidade dos materiais à erosão (solos e enrocamentos) e pelo menor controlo de qualidade dos mesmos (grande heterogeneidade do material). Para uma barragem de betão o galgamento pode não constituir 91 um perigo para a respectiva integridade estrutural, enquanto que para barragens de aterro esta ocorrência significa provavelmente a sua rotura, parcial ou total. (RODRIGUES, 2006, p. 7). Para Zuffo (2005), após ter analisado os principais acidentes com barragens no mundo, desde 1860 e que mataram mais de 10 pessoas, pode deduzir estatisticamente que as barragens que mais sofreram falhas foram, de longe, as que têm altura entre 11 e 20 metros (27 % do total), seguidas pelas com altura entre 21 e 30 metros (12% do total) e das com altura entre 31 e 40 metros (10% do total). As barragens acima de 81 metros de altura correspondem à menor porcentagem de acidentes (cerca de 4%). Portanto concluindo que as barragens de menor porte oferecem um risco maior a população visto que os empreendedores deste tipo de estrutura não se atentam a uma construção obedecendo as boas práticas da construção civil, não definem padrões de utilização e regras de funcionamento, e não se preocupam com a manutenção física das partes do barramento. No Brasil, os proprietários de pequenos barramentos acreditam que caso haja um acidente com seus empreendimentos, este não acarretará em grandes perdas, o que não fica comprovado com a ajuda das estatísticas apresentadas por Zuffo (2005), servindo de alerta aos órgãos públicos encarregados de aprovar e fiscalizar tais obras. Pensando neste fato, em 1998, a ALBERTA ENVIRONMENTAL PROTECTION, órgão governamental da Província de Alberta, Canadá, lançou o manual denominado Inspection of Small Dams – Inspeção de Pequenas Barragens. O manual fornece informações e diretrizes para a execução de inspeções visuais em pequenas barragens; é destinado aos proprietários destas estruturas a fim de auxiliá-los a identificar se a mesmas estão oferecendo algum risco de rompimento ou falha, podendo estes preceitos servir de guia aos profissionais de emergência quando em situações que há probabilidade da ruptura de uma barragem, uma vez que possibilita reconhecer problemas em estágios iniciais e eliminá-los antes de se tornarem complexos, minimizando riscos de perda de vida e bens materiais a jusante. 92 4.1.1 Causas e conseqüências das anomalias em barragens Segue ilustrações que auxiliam na identificação dos problemas encontrados em barragens, as causas e conseqüências das anomalias. As informações ora apresentadas foram traduzidas do manual “Inspection of Small Dams” pelo autor e readaptada conforme Zuffo (2005). a. Deslizamento e erosões na área do reservatório: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 46 - Deslizamentos e erosões. Causas: 1.) Ação de erosão causada pelas enxurradas criando inclinações acentuadas. 2.) Saturação do pé do talude causado pela água do reservatório. Conseqüências: 1.) O lamaçal do deslizamento pode bloquear o vertedor ou impedir o acionamento das comportas. 93 2.) Ondas causadas pelo deslizamento podem provocar o galgamento (ultrapassa o aterro). b. Flutuação de entulhos e/ou resíduos no reservatório: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 47 - Flutuação de entulhos e resíduos. Causas: 1.) Ação de roedores na bacia de drenagem. 2.) Corte de árvores. 3.) Forte enxurrada. Conseqüências: Detritos podem bloquear o vertedor ou comportas, provocando a elevação do nível da água e transbordamento pelo barramento. c. Erosão por sulcos ao longo da crista: 94 Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 48 - Erosão por sulcos ao longo da crista. Causas: 1.) A principal causa é a falta de drenagem na crista, permitindo-se a permanência da água. 2.) Passagem de veículos quando a crista está úmida. Conseqüências: 1.) Permanência da água e saturação do solo da crista. 2.) Veículos que circulam pela crista podem ficar atolados, causando maiores danos. d. Fissuras longitudinais na crista: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 49 - Fissuras longitudinais na crista. 95 Causas: 1.) Compactação desigual do aterro ou assentamento da fundação. 2.) Instabilidade do talude. Conseqüências: 1.) Fornece um ponto de entrada para as águas superficiais o que poderá causar movimento de terra. 2.) Pode reduzir a eficácia da crista pela diminuição efetiva da sua largura. e. Fissuras transversais na crista: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 50 - Fissuras transversais na crista. Causas: 1.) Movimento desigual entre dois segmentos adjacentes do aterro. 2.) Instabilidade do aterro ou fundação. Conseqüências: 96 1.) Fornece um ponto de entrada para as águas superficiais. 2.) Pode criar um caminho para infiltração de água do reservatório e uma potencial falha e, conseqüente, ruptura nas tubulações. f. Assentamento da crista: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 51 - Assentamento da crista. Causas: 1.) Excesso na compactação do aterro que compõem os taludes ou fundação. 2.) Erosão interna do aterro dos taludes. 3.) Erosão prolongada provocada pelo vento ou água. 4.) Aspectos construtivos apresentando deficiência. Conseqüências: 97 1.) Redução da borda livre. 2.) Concentração do fluxo de água em uma área se a barragem sofrer galgamento. g. Surgimento de orifícios na crista: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 52 - Orifício na crista. Causas: 1.) Erosão interna devido a infiltrações, como por exemplo, vazamento nas tubulações. 2.) A desagregação da argila que se encontra dispersa por meio de vazamentos. Conseqüências: 1.) Erosão ou aumento do tamanho do orifício, levando à instabilidade nos taludes, provocando assentamentos. 2.) Fornece um ponto de entrada para águas superficiais. 98 3.) Dependendo do tamanho e profundidade, pode conduzir a uma falha no barramento. h. Erosão no paramento de montante: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 53 - Erosão no paramento de montante. Causas: 1.) Ação de ondas. 2.) Assentamento local. 3.) Inadequada proteção contra erosão. Conseqüências: 1.) Erosão continuada pode reduzir a largura da crista, levando a um possível galgamento. 2.) Pode causar aumento da infiltração. g. Deslocamento do Rip-rap ou enrocamento de proteção: 99 Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 54 - Deslocamento do Rip-rap ou enrocamento proteção. Causas: 1.) Ação de ondas. 2.) Enrocamento (Rip-rap) de má qualidade. 3.) Pedras do mesmo tamanho deixando lacunas entre as mesmas, permitindo que as ondas retirem os materiais que estão abaixo da camada de proteção. Conseqüências: Permite o aumento da erosão que pode reduzir a largura e altura do aterro. h. Grandes fissuras no paramento de montante: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 55 - Grandes fissuras no paramento de montante. 100 Causas: 1.) Instabilidade do talude. 2.) Assentamento diferencial. Conseqüências: Quase sempre precede uma grande falha ou desnivelamento no talude, podendo ocasionar seu desmoronamento ou, até mesmo, sua ruptura. i. Deslizamentos ou colapsos no paramento de montante: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 56 - Deslizamentos ou colapsos no paramento de montante. Causas: 1.) Falha na fundação. 2.) Taludes muito íngremes. 3.) Diminuição rápida do nível d’água do reservatório. 101 Conseqüências: 1.) Pode levar a uma falha da barragem. 2.) Resíduos provenientes de deslizamentos podem bloquear as saídas d’água localizadas no nível mais baixo. j. Infiltração a montante: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 57 - Infiltração a montante. Causas: Erosão interna e piping com carregamento de materiais finos através da barragem, formação de espaços vazios internos. Conseqüências: Normalmente resulta em Ruptura interna. k. Fissuras longitudinais no paramento de jusante: 102 Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 58 - Fissuras longitudinais no paramento de jusante. Causas: 1.) Material do talude muito seco, retração. 2.) Assentamento do talude ou fundação. 3.) Instabilidade do talude. Conseqüências: 1.) Fornece um ponto de entrada às águas superficiais. 2.) Pode ser um alerta que o talude está para romper, deslizar ou erodir. l. Deslizamento ou colapso no paramento de jusante: 103 Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 59 - Deslizamento ou colapso no paramento de jusante. Causas: 1.) Talude muito íngreme. 2.) Perda de resistência do material do talude devido à infiltração excessiva. Conseqüências: 1.) Pode causar desmoronamento. 2.) Pode levar à insuficiência da estrutura. m. Infiltrações no paramento de jusante: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 60 - Infiltração no paramento a jusante. 104 Causas: 1.) Infiltração através do aterro ou sob a fundação. 2.) Água superficial entra através de fissuras ou cavidades originadas por atividade animal. Conseqüências: 1.) Cria instabilidade no talude o que pode causar uma falha da estrutura. 2.) Indica a possibilidade de falha na tubulação de drenagem. n. Formação de cavidades ou colapso no paramento de jusante: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 61 - Formação de cavidades ou colapsos no paramento de jusante. Causas: 1.) Compactação insuficiente durante a construção. 2.) Erosão interna / percursos d’água através do talude ou fundação. 3.) Atividade animal. 105 Conseqüências: 1.) Pode causar aumento da infiltração. 2.) Indica uma potencial falha da estrutura. o. Erosão no paramento de jusante: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 62 - Erosão no paramento de jusante. Causas: 1.) Passagem de animais (área de pecuária). 2.) Escoamento superficial d’água. Conseqüências: Propicia locais de maior erosão. p. Infiltração de água no sopé a jusante: 106 Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 63 - Infiltração de água no sopé a jusante. Causas: 1.) Um vazamento localizado ou um piping, desenvolveu-se através da fundação. 2.) Infiltração a partir do reservatório por meio da camada de areia ou cascalho na fundação. Conseqüências: Pode resultar na falha da tubulação existente na fundação e/ou no talude. q. Água parada no sopé a jusante: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 64 - Água parada no sopé a jusante. 107 Causas: 1.) Infiltração excessiva. 2.) Escoamento superficial d’água. 3.) Drenagem deficiente. Conseqüências: 1.) Taxas de fluxo difíceis de se estimar. 2.) Saturação e desestabilização do talude de jusante. 3.) Pode resultar na falha ou rompimento da estrutura. r. Áreas úmidas ou surgimento de água no paramento de jusante: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 65 - Áreas úmidas ou surgimento de água no paramento de jusante. Causas: 108 Um vazamento ou caminho d’água passando através do talude pelo material da interface. Conseqüências: Pode resultar o rompimento na tubulação localizado na interface. s. Vegetação excessiva presente nos taludes: Fonte: Alberta Environmental Protection (1998). Figura 66 - Vegetação excessiva nos taludes. Causas: Falta de manutenção. Conseqüências: 1.) Impede uma inspeção minuciosa. 2.) Com a morte da vegetação, o sistema radicular das plantas pode criar caminhos de infiltração. 109 3.) Se as árvores/vegetação forem movimentadas pelo vento, o bulbo da raiz pode deixar buracos. 4.) Impede fácil acesso. 5.) Proporciona habitat para os animais que fazem tocas. t. Atividade animal: Fonte: Inspection of Small Dams (1998). Figura 67 - Atividade animal. Causas: Animais que fazem tocas. Conseqüências: 1.) Pode enfraquecer as estruturas do talude. 2.) Pode causar uma falha na tubulação. Registram-se nos quadros 05 e 06, um resumo dos problemas mais comuns observados em pequenas barragens, relacionando as causas e, que durante um 110 evento natural, de grandes proporções e /ou durabilidade, poderão deixar vulneráveis as estruturas das barragens, ocasionando a sua ruptura. Quadro 05 - Categoria e causas de falhas em barragens DECORREM OU ESTÃO ASSOCIADOS Qualidade e/ou tratamento das Deterioração fundações. Apresentam da Fundação rachaduras visíveis, afundamento localizado, retirada de materiais. Materiais solúveis; xistos Instabilidade argilosos ou argilas dispersivas da Fundação que reagem com água. Cheia de projeto: adequação do vertedouro; histórico de operação do vertedouro e do descarregador; obstruções; Vertedouros condições a jusante; crescimento defeituosos da vegetação; fissuras e/ou rachaduras nas estruturas de concreto; equipamentos em má condição de uso. Materiais defeituosos; agregados Deterioração reativos; agregados de baixa do Concreto resistência. FALHA Defeitos de Barragens de Concreto Defeitos de Barragens de Terra e/ou de Enrocamento Estabilidade e sanidade das rochas do enrocamento; fraturamento hidráulico; rachaduras no solo; solos de baixa densidade. Defeitos das margens do Reservatório Erosões, deslocamento de falhas; Rupturas. CAUSA Remoção de matérias sólidas e solúveis; retirada de rochas e erosão. Liquefação; deslizamentos; afundamentos e deslocamentos de falhas. Obstruções; revestimentos fraturados; evidência de sobrecarga da capacidade disponível e comportas e guinchos disponíveis. Reação Álcalis/Agregados; Congelamento, degelo e lixiviação. Alta subpressão; Distribuição imprevista de subpressão; Deslocamento e deflexões diferenciais; e Sobrecargas. Potencial de Liquefação; Instabilidade dos taludes; vazamento excessivo; Remoção dos materiais sólidos e solúveis e erosão do talude. Permeabilidade; Instabilidade e fragilidade inerentes das barreiras naturais. Fonte: Ministério da Integração Nacional (2002, p. 60)25. 25 Informações contidas no Manual de Segurança e Inspeção de Barragens. 111 Quadro 06 - Principais causas de comportamento insatisfatório de barragens e sistemas usuais de observação. Comportamento Erosão Interna Sistema de Observação Causa Taludes e áreas de jusante Chuva Intensa Galgamento de ondas de montante Transbordamento Batimentos de ondas de jusante Velocidade tangencial da água de jusante Talude de Montante Batimentos de ondas Inspeção visual Inspeção visual Batimetria Trincas/canalículos Deficiência de compactação/interfaces Deterioração da fundação ou do maciço; Sismos; Pressões neutras; e Recalques diferenciais Ressecamento Erosão Interna Cisalhamento Trincas Rupturas hidráulicas Inspeção visual Instrumentação Instrumentação Topografia Inspeção visual Inspeção visual Inspeção visual Instrumentação Fonte: Cruz (1996, p. 609) 4.1.2 Instrumentos para monitoração de barragens Por se tratar de assunto muito específico, onde o policial militar bombeiro acionado para a emergência de possível ruptura de barragens poderá recorrer através de profissionais habilitados, no sentido de avaliar o grau de comprometimento do barramento. Será feita menção muito rápida de equipamentos utilizados no sistema de observação por instrumentação, dando se ênfase para a avaliação de barragens de terra e enrocamento, que sem dúvida são as que mais apresentam comportamento insatisfatório durante eventos naturais. Conforme Cruz (1996, p. 541), [...] “a instrumentação visa avaliar o comportamento das estruturas nas fases de construção, de enchimento do reservatório e de operação ao longo da sua vida útil”. Verificando ainda, seu comportamento com relação a segurança quanto a sua estabilidade. 112 Os vários tipos de instrumentos podem ser classificados conforme parâmetros específicos de análise das barragens, observando o objetivo dos resultados que o operador queira registrar ou as condições de segurança esperadas, sendo os equipamentos abaixo os mais utilizados: 4.1.2.1 Medidores de Vazão Medidas de vazões constituem um dos parâmetros de correlação direta com a análise do desempenho de uma barragem. Com efeito, as características de locação, quantidade e qualidade da água de percolação ao longo da barragem ou da sua fundação e, particularmente, variações bruscas destas características, podem indicar problemas associados à obstrução dos drenos, erosão interna e aumento de poropressões, Fonseca (2003). Esclarece ainda que as variações repentinas da turbidez da água podem ser sinais de “piping” na barragem ou na fundação ou, ainda, indicarem lixiviação de materiais solúveis ou de preenchimento ao longo das descontinuidades geológicas. “Objetivam determinar vazões individuais de drenos ou somatórios ao longo de trechos ou da totalidade da estrutura, e determinar vazões de percolação por maciços de terra ou rocha” (CRUZ, 1996, p. 621). Os medidores mais utilizados são os vertedouros triangulares e retangulares, que podem ser lidos de forma simples e precisa, possuindo dispositivo elétrico utilizado para registrar as leituras, sendo a medida avaliada através do paquímetro26; os Vertedouros Parshall, equipamento de alta durabilidade e confiabilidade que requer menor nível entre montante e jusante para determinar as vazões. 26 Instrumento de precisão para medição de espessuras, diâmetros e pequenas distâncias. 113 4.1.2.2 Medidores de Deslocamento Objetivam a medição de deslocamentos verticais (recalques), quer da fundação, quer do maciço compactado. Devem ter suas referências afixadas em locais que possam ser considerados como sendo indeslocáveis do ponto de vista de engenharia (CRUZ, 1999 p. 615). São classificados em medidores de recalque, medidores de deslocamento horizontais – inclinômetro, extensômetros e medidores de deslocamento em interface. Em Fonseca (2003), os objetivos dos medidores de deslocamento são complementados como sendo utilizado para: O monitoramento dos deslocamentos ocorridos ao longo de seções críticas do conjunto barragem/fundação é particularmente importante em termos da quantificação e distinção dos recalques oriundos do próprio maciço compactado e da fundação (principalmente no caso de estruturas assentes em solos compressíveis), da locação de superfícies críticas de ruptura em profundidade e da avaliação do potencial de desenvolvimento de trincas de tração na barragem por recalques diferenciais ou de trincas de cisalhamento induzidas por deslocamentos horizontais diferenciais. Os deslocamentos verticais são comumente verificados ao longo de uma seção paralela ou longitudinal ao eixo da barragem, uma vez que a variação da forma destas curvas de recalques, após a construção da barragem, permite a extrapolação do comportamento observado, em termos da definição da magnitude dos recalques finais e dos respectivos tempos de estabilização (FONSECA, 2003, p. 15). 4.1.2.3 Piezômetros Para Cruz (1999 p. 611), [...] “sua instalação objetiva determinar pressões neutras em maciços de terra ou rocha, ou subpressões em contatos com estruturas de concreto”. Existem vários tipos de piezômetros disponíveis no mercado, podendo citar os de tubo aberto, os hidráulicos, os pneumáticos, os elétricos de resistência e os elétricos de corda vibrante. “A avaliação das condições de segurança das barragens de terra e enrocamento depende principalmente do conhecimento da magnitude e da evolução 114 das pressões intersticiais que se desenvolvem nos maciços compactados e nos solos de fundação [...]” (FONSECA, 2003, p. 34). Tal avaliação deve ocorrer durante as fases construtiva, de operação da barragem e, principalmente, no caso de um rebaixamento do nível do reservatório. Deve-se ainda, controlar e monitorar os registros das poropressões nas zonas dos contatos com estruturas de concreto e ao longo do sistema de drenagem interna da barragem de forma a avaliar o desempenho das funções drenantes e filtrantes dos materiais utilizados. Em barragens de terra é ainda mais importante, pois identifica inúmeros outros problemas. 4.1.2.4 Célula de Tensão Total Utilizado para a determinação dos esforços que os maciços de terra ou o enrocamento exercem sobre as estruturas de concreto, ou em cut-offs, visando a avaliação das tensões efetivas. É constituída de uma “almofada” metálica de formato retangular ou circular, saturada com óleo, conectada a um piezômetro pneumático que permite a medida da pressão do óleo. A tensão aplicada pelo solo à almofada é transmitida de forma quase integral ao óleo de preenchimento da célula, e sentida pelo piezômetro [...] (CRUZ, 1996, p. 615). 4.1.2.5 Medidores de Nível d’água Para Cruz (1996), trata-se do instrumento mais simples, com o objetivo de determinar a posição da linha freática em maciços de terra ou rocha. O procedimento para a leitura consiste na realização de um poço ou furo de sondagem e a determinação da cota do nível d’água através de qualquer procedimento. A determinação do posicionamento exato do lençol freático é de suma importância nas análises de estabilidade das barragens ou na interpretação dos 115 resultados apresentados pelo equipamento piezômetro, demonstrando assim os potenciais de riscos de saturação, com conseqüente redução das condições de estabilidade do talude de jusante. 4.1.3 Segurança sísmica de barragens A avaliação da segurança sísmica de barragens é uma preocupação constante nos países onde muitas barragens foram construídas em áreas de atividade sísmica. Para a Secretaria Nacional de Defesa Civil (2007), o Brasil está localizado na área central da Placa Continental Sul-americana, onde o nível de sismicidade natural no território brasileiro é muito baixo. Por se tratar de um assunto pouco divulgado, pelo fato do Brasil ter sido considerado assísmico até há cerca de duas décadas, Pedroso et al. (2003) faz menção da existência de estações localizadas no território brasileiro que registram a ocorrência diária de sismos de pequenas e médias magnitudes. Os dados apresentados no mapa da figura 68 são provenientes do banco de dados do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB), o qual foi formado a partir da compilação dos registros históricos e instrumentais dos sismos com epicentro no Brasil e regiões vizinhas, desde a colonização até o ano de 1981. A partir de então, ele vem sendo atualizado com os dados do Boletim Sísmico Brasileiro, publicado periodicamente na Revista Brasileira de Geofísica. Observandose o mapa, nota-se a ausência de sismicidade em algumas áreas, especialmente nas regiões norte e centro-oeste, que não está necessariamente relacionada com a ausência de sismos, podendo depender inclusive do processo de ocupação territorial brasileira e da tardia instalação de estações sismográficas. O meio e o sul da Bacia do Paraná parece ser a parte mais assísmica, enquanto que em suas bordas a sismicidade já é mais expressiva, tanto natural quanto induzida por reservatório, com vários casos comprovados, UnB (2009). 116 27 Fonte: OBSIS UnB (2009). Figura 68 - Mapa da sismicidade natural brasileira. A construção de grandes reservatórios, em função do represamento de grandes volumes de água, que alteram profundamente a topografia do terreno, nas proximidades de áreas com falhas tectônicas superficiais, pode induzir o aparecimento de sismos, com epicentros pouco profundos, desta forma, o efeito da sobrecarga e o aumento da pressão hidrostática nos poros e fraturas da rocha, conforme figura 69, fazem com que haja a diminuição da resistência ao cisalhamento dos materiais, atuando como dissipadores na liberação de esforços nas proximidades destas obras Assumpção e Neto (2000). Embora os sismos induzidos sejam de pouca intensidade, podem aumentar a falha geológica preexistente, atingindo magnitudes comparáveis aos sismos de origem natural, provocando pequenos terremotos. 27 Informação disponível em <http://www.obsis.unb.br/index.php?option=com_content&view=article &id= 59&Itemid=71>. Acesso em 25 de fev 2009. 117 Fonte: Observatório Sismológico – UnB (2005). Figura 69 - Mecanismo de formação dos sismos induzidos por reservatório. É muito importante registrar que as literaturas não mencionam nenhum sismo natural ou induzido que tenha provocado danos importantes nas obras civis de barragens no Brasil, bem como não há registro, até o momento, de sismo induzido no Brasil, cuja intensidade tenha ultrapassado o grau IV da Escala de Mercalli Modificada. De acordo com a Escala de Mercalli Modificada, os sismos de grau IV são considerados como medíocres e são caracterizados como abalos sísmicos que podem ser percebidos dentro e fora das habitações, podendo acordar as pessoas, quando ocorrem durante a noite. Nestes sismos, as louças, lustres, portas e janelas trepidam, as paredes e os assoalhos podem ranger e os veículos estacionados podem oscilar fracamente (SNDC, 2007, p.52). 4.2 Proteção comunitária A proteção comunitária é a atividade desenvolvida pelo Estado e pelos cidadãos com a finalidade de prevenir riscos coletivos inerentes a situações de catástrofe ou calamidade, de origem natural ou tecnológica, e de atenuar os seus efeitos e socorrer as pessoas em perigo, quando essas situações ocorram. 118 O Sistema Nacional de Proteção Comunitária encontra-se organizado em três níveis: Federal, Estadual e Municipal. Todas as atividades relacionadas a Proteção Comunitária, nomeadamente o planejamento e as operações de emergência, devem atender ao princípio da subsidiariedade, ao princípio da prevenção, ao princípio da precaução, ao princípio da participação e ao princípio da responsabilização. Dada uma situação de emergência localizada em qualquer município do Estado de São Paulo, a estrutura de emergência mais adequada para intervir será a de nível municipal, devido à proximidade dos meios de socorro, da capacidade de analisar prontamente a situação e a realidade dos fatos. As demais estruturas, Estadual e Federal, deverão apenas intervir quando a situação de emergência ultrapassar os limites do município ou os meios locais se mostrem insuficientes para a solução da situação emergencial instalada. A avaliação das situações deve sempre permitir uma previsão dos riscos e as medidas que forem tomadas devem constituir uma antecipação aos problemas, quer sejam relacionados com a alteração do estado de prontidão dos meios disponíveis de controle da emergência, quer da sua disposição no terreno, quer de reforço dos meios de apoio logístico. Deve-se atentar para a importância da avaliação por parte das autoridades locais, pois devem estar sempre pautadas em informações precisas e realistas, pois caso haja a minoração dos problemas podem pôr em risco vidas e bens e a sua majoração levar a um alarmismo, culminando com a disponibilização de meios e recursos em excesso. Para o sucesso das ações a serem desenvolvidas em emergências com ruptura de barragens, os gerentes da crise, que na maioria das vezes serão policiais militares bombeiros, deverão conhecer conceitos abrangidos pela Defesa Civil, órgão responsável pelo planejamento das ações de Proteção Comunitária em grandes desastres. 119 4.2.1 Aspectos gerais da Defesa Civil Como definição de Defesa Civil28, temos como: “Conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas destinadas a evitar ou minimizar desastres, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social” (SNDC, 2007, p. 17). A Política Nacional de Defesa Civil29 - PNDC (2008), referência para todos os Órgãos de Defesa Civil, apresenta condicionantes gerais que servem de parâmetros para qualquer trabalho que seja desenvolvido na área de Proteção Comunitária, onde se procura atuar na prevenção, no gerenciamento dos riscos e minimização dos efeitos de desastres, contribuindo para o processo de melhoria da qualidade de vida das comunidades, garantindo assim o desenvolvimento sustentável, a redução dos desastres, a proteção ambiental e o bem-estar social. A Política Nacional de Defesa Civil constitui o conjunto de objetivos que orientam e dão forma à ação de Defesa Civil pelos governos Federal, Estadual e Municipal, condicionando a sua execução. Atende aos seguintes preceitos constitucionais: Art.21. Compete à União: ............................................. XVIII – planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; ............................................. Art.22. Compete privativamente à União legislar sobre: ............................................. XXVIII – defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional; Em visita a Secretaria Nacional de Defesa Civil, por ocasião da I Jornada Nacional de Polícia Comparada, ilustrada na figura 70, foi possível verificar a organização sistêmica da Defesa Civil no Brasil, atendendo o dispositivo 28 Ministério da Integração Nacional, Secretaria de Nacional de Defesa Civil, Segurança Global da População, 2007. Política Nacional de Defesa Civil, 2008, tem por finalidade garantir o direito natural à vida e à incolumidade, em circunstância de desastres. 29 120 constitucional previsto no art. 21, inciso XVIII, da Constituição Federal de 1988, ou seja, planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, integrando a atuação dos órgãos e entidades de planejamento, coordenação e execução das medidas de assistência às populações atingidas por fatores adversos. Fonte: Higuti (2009). Figura 70 - Visita a Secretaria Nacional de Defesa Civil por ocasião da I Jornada Nacional de Polícia Comparada. A União, ao entender que a garantia da segurança global da população, em circunstâncias de desastres, é dever do Estado, instituiu o Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC), sob a coordenação da Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional. 4.2.1.1 Sistema Nacional de Defesa Civil Constituem o Sistema Nacional de Defesa Civil os órgãos e entidades da administração Pública Federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, as entidades privadas e a comunidade. As ações de defesa civil são articuladas pelos órgãos do Sistema Nacional de Defesa Civil e objetivam, fundamentalmente, a redução dos desastres com ações 121 de prevenção, preparação para emergências e desastres, resposta aos desastres e reconstrução e recuperação. O Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC) foi instituído com a seguinte estrutura: 1. Órgão Superior: Conselho Nacional de Defesa Civil (CONDEC), responsável pela formulação e deliberação de políticas e diretrizes do Sistema; 2. Órgão Central: Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC), responsável pela articulação, coordenação e supervisão técnica do Sistema; 3. Órgãos Regionais: Coordenadorias Regionais de Defesa Civil (CORDEC), ou órgãos correspondentes, localizadas nas macrorregiões geográficas do Brasil e responsáveis pela articulação e coordenação do Sistema em nível regional; 4. Órgãos Estaduais: Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil (CEDEC) ou Coordenadoria de Defesa Civil do Distrito Federal, inclusive as suas regionais, responsáveis pela articulação e coordenação do Sistema em nível estadual; 5. Órgãos Municipais: Comissões Municipais de Defesa Civil (COMDEC) ou órgãos correspondentes e Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDEC) ou entidades correspondentes, responsáveis pela articulação e coordenação do Sistema em nível municipal; 6. Órgãos Setoriais: os órgãos da administração pública federal, estadual, municipal e do Distrito Federal, que se articulam com os órgãos de coordenação, com o objetivo de garantir atuação sistêmica; e 7. Órgãos de Apoio: órgãos públicos e entidades privadas, associações de voluntários, clubes de serviços, organizações não-governamentais e 122 associações de classe e comunitárias, que apóiam os demais órgãos integrantes do Sistema. Fonte: Filho (2007). Figura 71 - Estrutura da Defesa Civil Brasileira 4.2.1.2 Sistema Estadual de Defesa Civil O Sistema Estadual de Defesa Civil, previsto pelo Decreto Estadual n.º 40.151 de 16 de junho de 1995, é constituído por órgãos e entidades da Administração Pública Estadual e dos municípios, entidades privadas e pela comunidade, possui uma Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC) subordinada diretamente ao Governador do Estado e dirigida pelo Secretário-Chefe da Casa Militar, que é o Coordenador Estadual de Defesa Civil. Incumbe-se de planejar as medidas preventivas de Defesa Civil e, na ocorrência de evento desastroso, tomar as providências requeridas pelo caso, inclusive requisitar funcionários de outros órgãos estaduais, coordenar a ação de qualquer desses órgãos e solicitar, em nome do Governador, todos os meios que forem necessários para enfrentar a situação. A direção do Sistema cabe ao Governador do Estado, por intermédio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, sob a chefia do Secretario-Chefe da Casa Militar do Gabinete do Governador, que dispõe de condições adequadas para ativar, 123 de maneira permanente, as medidas de defesa e de articular as ações governamentais e os recursos comunitários. As Coordenadorias Regionais de Defesa Civil (REDEC) atuam no interior e na região metropolitana do Estado de São Paulo. Criadas por ato do Governador, sua missão principal é a coordenação dos órgãos regionais do governo e da comunidade, no apoio aos trabalhos das Coordenadorias Municipais de Defesa Civil (COMDEC). As Coordenadorias Municipais de Defesa Civil (COMDEC), coordenam em todo território municipal as ações de Defesa Civil. É a primeira linha de defesa da comunidade ameaçada por desastres. Os Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDEC), tem como finalidade desenvolver um processo de orientação permanente junto à população, objetivando a prevenção e minimização dos riscos e desastres nas áreas de maior vulnerabilidade nos municípios. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil dispõe de um Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), com plantão 24 horas, para receber as informações e acionar os meios necessários e os órgãos competentes para um pronto atendimento às regiões afetadas por desastres. O CGE conta com pessoal altamente qualificado e com vasta experiência na área de Defesa Civil. Além disso, em situações específicas, como por exemplo, quando da vigência dos Planos Preventivos de Defesa Civil (PPDC), o CGE conta com apoio de técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e Instituto Geológico (IG), que saem a campo para vistoriar locais de risco e, se for o caso, fazer a remoção de pessoas, interditar a área, tudo visando à preservação de vidas humanas. Outro instrumento importante à disposição do CGE é a meteorologia, onde através de informações recebidas dos radares meteorológicos instalados nos municípios de Bauru/SP, Salesópolis/SP (Ponte Nova), de órgãos como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), meteorologistas elaboram boletins que são repassados às REDEC’s, bem como às COMDEC’s nas prefeituras e até mesmo para algumas Secretarias de Estado. 124 4.2.1.3 Segurança global da população Castro (2000, p. 10), nos ensina que “A segurança global da população fundamenta-se no direito natural à vida, à saúde, à segurança, à propriedade e à incolumidade das pessoas e do patrimônio, em todas as condições, especialmente em circunstâncias de desastres”. A partir deste conceito, procuramos relacioná-lo aos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, definidos no artigo terceiro da Constituição Federal de 1988: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III-erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; e IV-promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Assim sendo, conclui-se que a segurança global da população é dever dos Estados, conforme apresentado na figura 72, e também direito e responsabilidade da cidadania. O conceito de segurança global da população caracteriza a redução dos desastres como um importante objetivo nacional. Fonte: Filho (2007). Figura 72 - Segurança Global da População. 125 4.2.2 Fases do atendimento aos desastres O atendimento das emergências que ocorrem periodicamente nas áreas de jurisdição da federação, do estado e do município, faz com que as autoridades desempenhem não só ações de socorro das vítimas do evento desastroso, mas sim as ações devem iniciar muito antes mesmo da ocorrência dos acidentes, sendo necessário atuar em quatro fases distintas a saber: preventiva, socorro, assistencial e recuperativa. 4.2.2.1 Preventiva É a fase mais importante, pois é desenvolvida nos períodos de normalidade. Consiste na elaboração de planos de emergências, levantamento de subsídios para planejamentos estratégicos, revisão de operações anteriores, exercícios simulados, organização da comunidade para o enfrentamento das emergências, visando o desenvolvimento e aperfeiçoamento do sistema de autodefesa, conforme os riscos de cada região ou município. Nesta fase a principal atividade é a observação ininterrupta que possibilite a captação do sinal inicial de uma catástrofe, de modo que todos, em estado de alerta, possam providenciar a mobilização dos recursos indispensáveis. 4.2.2.2 Socorro Os trabalhos desta fase incorporam às operações relativas ao salvamento, à segurança policial e os trabalhos das equipes de socorristas e médicas, onde as atividades gerais de controle do evento e de socorro às populações em risco desenvolvem-se com maior intensidade nas imediações dos epicentros ou focos de 126 desastres. Atuam nessas áreas profissionais de atendimento emergencial e da Defesa Civil. Conforme Repulho (2005, p. 63), “O objetivo fundamental é salvar vidas, reduzir o sofrimento e proteger bens”. Especifica ainda que nesta fase é importante estabelecer ações para controle e coordenação das atividades interinstitucionais previstas nos planos de emergência e contingência, para que haja um perfeito entrosamento dos órgãos e entidades responsáveis pelo atendimento dos desastres. Genericamente, essas atividades gerais compreendem ações relacionadas com operações de controle do desastre, busca e salvamento, isolamento das áreas de riscos ou áreas críticas, evacuação das populações em risco, controle de trânsito, atendimento pré-hospitalar, atendimento médico-cirúrgico de urgência e manutenção da ordem pública. 4.2.2.3 Assistencial A assistência inicial ocorre concomitantemente, ou logo após, a ocorrência do desastre. As atividades gerais de assistência às populações afetadas por desastres, compreendem ações relacionadas com atividades logísticas, assistência e promoção social, proteção e recuperação da saúde. As principais atividades durante a assistência são, especialmente, as referentes à triagem e ao atendimento dos flagelados. 4.2.2.4 Recuperativa Enquanto a assistencial é a fase dedicada ao ser humano, a recuperativa é a fase assistencial da área flagelada, a fim de permitir o retorno progressivo dos 127 habitantes. A reabilitação dos cenários compreende uma série de ações de resposta aos desastres, de caráter emergencial, que tem por objetivo iniciar o processo de restauração das áreas afetadas pelos desastres e permitir o retorno das populações desalojadas, após o restabelecimento das condições mínimas de segurança e de habitabilidade. A reabilitação é seguida pelos projetos de reconstrução, desenvolvidos a médio e longo prazo, para garantir a total recuperação dos cenários dos desastres e o retorno às condições de normalidade. Essa fase compreende uma série de atividades destinadas a preparar a área atingida para o recebimento e retorno de seus moradores. Dentre os serviços essenciais que devem ser reabilitados prioritariamente, em circunstâncias de desastres, destacam-se os de suprimento e distribuição de energia elétrica, abastecimento de água potável, esgoto sanitário, limpeza urbana, recolhimento e destinação do lixo, saneamento básico, esgotamento das águas pluviais, transportes coletivos e comunicações. Dentre as fases, a recuperativa é a mais longa e onerosa. Novamente o assunto é abordado por Repulho (2005, p. 64), onde relata que: Antigamente, estas fases eram representadas de forma linear, dando a idéia de que eram independentes, porém, hoje, mudou-se este enfoque e as fases são representadas em forma de um ciclo, indicando que as atividades de atendimento às catástrofes nunca terminam, ou seja, deve-se ter em conta, constantemente, a mentalidade prevencionista e usar as experiências obtidas em favor da melhoria dos atendimentos futuros, inclusive na fase recuperativa. Assim podemos visualizar o diagrama demonstrado na figura 73, verificando a inter-relação das fases da Defesa Civil e a necessidade de manter uma correspondência cíclica do sistema, uma vez que nos dá oportunidade de extrair ensinamentos de fatos registrados anteriormente para desenvolver o planejamento de eventos semelhantes. 128 Fonte: CEDEC (2008). Figura 73 - Fases da Defesa Civil. 4.2.3 Plano de Emergência Para a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de São Paulo (1991, p. 5), podemos definir Plano de Emergência como: [...] o mecanismo que determina a estrutura hierárquica e funcional das autoridades e organismos acionados a intervir. Estabelece o sistema de Coordenação dos recursos e meios públicos, bem como os privados. Todo elo adequadamente integrado para a prevenção e atuação frente às situações de grave risco, catástrofe e calamidade pública. Diante da definição acima apresentada e verificando o constante da Norma Operacional de Bombeiros30 (NOB) 31 – Desastres e Catástrofes, uma abordagem mais completa sobre o Plano de Emergência, verifica-se que o plano deve possuir as seguintes características: Deve ser um instrumento prático, que propicie respostas rápidas e eficazes em situações de emergência; Deve ser o mais sucinto possível, contemplando, de forma clara e objetiva, as atribuições e responsabilidades dos envolvidos; 30 As NOB’s estão contidas nas Normas para o Sistema Operacional de Bombeiros – PMESP (NORSOB), documento que traz um conjunto de normas que estabelecem os princípios básicos para a elaboração de um mapa estratégico que conduz à normalização do serviço operacional do Corpo de Bombeiros, através de uma metodologia de qualidade. 129 Deve, obrigatoriamente, ser escrito para materializar as ações necessárias, podendo ser consultado e avaliado periodicamente; Deve contemplar todas as ações necessárias para evitar que situações internas ou externas, envolvidas no acidente, contribuam para seu agravamento; Deve possibilitar a fácil integração com outros planos no mesmo nível operacional ou em níveis operacionais distintos; Deve ser flexível o suficiente para se adaptar à dinâmica real do atendimento e suas variáveis operacionais, bem como características de evolução dos sinistros; Deve ser um instrumento que permita a participação de todos os envolvidos num possível atendimento operacional de emergência, sendo aberto a sugestões para sua elaboração e revisão; e Deve ser dinâmico, possibilitando sua atualização de forma simples, sempre que se fizer necessário, tendo em vista nova ótica operacional adotada, alterações de riscos locais, alterações de recursos disponíveis, inovações tecnológicas ou outras hipóteses que assim o requeira para mantê-lo eficiente (NOB – 31, 2004, p. 06). Corroborando com os ensinamentos ora mencionados e objetivando complementar a análise para a necessidade da elaboração de eficiente Plano de Emergência, Júnior (1996, p. 15) ressalta seis boas razões para a existência de um plano escrito para a mobilização de recursos no Corpo de Bombeiros: Diminuição no tempo para a chegada do reforço ao local da emergência; Evitar desperdício de homens e equipamentos; Dar suporte e facilitar o trabalho do Comandante das Operações; Possibilitar o envio de reforços a longa distância; Possibilitar o controle do apoio enviado ao local da emergência; e Evitar o aparecimento de “homem show”, ou seja, aquele que tem toda a operação em sua cabeça e sem ele nada funciona. Cabe salientar que o plano deve contemplar os dispositivos necessários para otimizar as atividades de resposta às emergências e ser elaborado a partir de uma determina hipótese de desastre. Para Repulho (2005, p. 191) o processo de elaboração “Começa antes da ocorrência, é operado durante o acontecimento do desastre, e após o mesmo é realizada a avaliação dos resultados para melhoria do ciclo operacional de atendimento”. Não é propósito deste trabalho contemplar critérios para elaboração de planos de emergência, uma vez que não existe um formato padronizado a ser seguido, devendo atender às necessidades regionais, portanto de maneira personalizada, porém Repulho (2005, p. 257 - 261), após várias pesquisas para seu trabalho científico, deixa uma estrutura básica para servir de roteiro aos profissionais 130 de emergência, esclarecendo que apesar de ser uma descrição dos pontos importantes a serem abordados, não é necessário a sua limitação apenas neste rol. A. Introdução; B. Finalidade; C. Situação; D. Objetivos (gerais e específicos) E. Definições básicas F. Delimitação de área ou região de abrangência; G. Estrutura organizacional; H. Formação do Grupo de Planejamento das Emergências e participantes; I. Previsões legais, regulamentares e procedimentais; J. Identificação e avaliação preliminar dos riscos; K. Recursos para o atendimento das emergências; L. Mapeamento de riscos e recursos; M. Missões e atribuições dos órgãos e entidades participantes (gerais e específicas); N. Sistema de intervenção operacional geral Sistema de alerta e alarme; Acionamento do sistema operacional; Coordenação e responsabilidade operacional – SICOE; Procedimentos Operacionais Padrão (POP); Sistema de comunicação operacional integrado; Coordenação de esforços operacionais e mobilização de recursos; Regras de acesso ao atendimento operacional (posto de comando; préestacionamento; itinerários; fluxo de trânsito interno; etc.); Apoios externos de outras regiões e Força-Tarefa; Procedimentos de rotina operacional; Procedimentos e medidas de segurança; Planos de evacuação local, setorial, regional ou geral; Outros. O. Atuação operacional para os riscos, os locais e os eventos específicos. Devem ser listadas as providências e responsabilidades de todos os órgãos, antes, durante e depois, para cada caso específico. Deverão ser elaborados os PPI para os casos que forem necessários. É importante que se faça a conjugação dos itens que seguem: Riscos específicos: observar os principais riscos levantados na Análise Preliminar de Riscos, tais como enchentes, deslizamentos, incêndios, acidentes com elevado número de vítimas, ocorrências com produtos perigosos, explosões, acidentes rodoviários, acidentes aeronáuticos, acidentes ferroviários etc. Locais específicos: observar as características e vulnerabilidades da região, tais como a existência e as condições de favelas, hospitais, locais com grande depressão topográfica, encostas, serras, lagos, rios, praias, mar, indústrias de produtos perigosos, locais de reunião de grande público, escolas, hotéis, prédios elevados, rodovias de alto risco, pontes, túneis, região de alta densidade demográfica, depósitos, usinas, refinarias, torres e linhas de transmissão de energia, oleodutos, gasodutos, galerias subterrâneas etc. Eventos específicos: observar o calendário operacional estabelecido na região onde devem ser registrados todos os eventos, sejam permanentes ou temporários, tais como feiras, congressos, rodeios, competições esportivas, operação-verão, operação-enchente, operação-mata fogo, eventos públicos, comícios etc. P. Política de comunicações (interna, externa e com a mídia); 131 Q. Metodologia empregada para a elaboração, aprovação, teste, implantação, emprego, avaliação e adequação do plano; R. Agenda operacional e administrativa; S. Capacitação, treinamento e aperfeiçoamento dos recursos humanos; T. Exercícios simulados integrados; U. Disposições gerais; V. Anexos: Mapas detalhados da região; Mapas de riscos (gerais e específicos); Mapas de recursos; Inventário de riscos e recursos; Quadro de distribuição de tarefas; Modelos de relatórios; Fluxogramas; Modelo de APR; Modelos de gráficos; Modelos de quadros estatísticos; Relações de materiais, equipamentos e efetivos (mapa força operacional mínimo); Listas de nomes com telefones e e-mails das pessoas-chave do sistema; Lista de sites de interesse para pesquisas e consultas; Plano de acionamento operacional; Plano de atuação em emergências; Normas do SICOE; Relação e folha de rosto dos POP e PAP em vigor; Lista e resumos do PPI e outros planos em vigor; etc. Estabelece como pré-requisito para elaboração do plano de emergência um estudo detalhado com a construção de cenários de risco, ou seja, é importante prever as possíveis ameaças e avaliar se essas podem afetar áreas específicas de uma região, assim como identificar eventos adversos já ocorridos e que poderiam voltar a provocar perdas ou danos. Para a construção de cenários de risco, são dados ênfase à análise das ameaças, às vulnerabilidades e à estimação de cenários de riscos. O Programa da Agência dos Estados Unidos da América para o Desenvolvimento Internacional – Escritório de Assistência a Desastres no Exterior Capacitação e Assistência Técnica - USAID/OFDA (2008), divide a construção do cenário de risco, didaticamente, em atividades, tarefas e passos, roteiro que pode ser verificado analisando o quadro 07. Conforme Pimentel (2008), aplicando o plano de emergência com as definições dos vários cenários prováveis de risco, e não conseguindo minimizar os riscos e as vulnerabilidades, para melhorar a resposta das ações prevencionistas e emergenciais, há a necessidade de elaborar planos de contingência específicos, 132 para aqueles eventos, fenômenos ou acidentes, que se pode concretizar ou não, durante um período de tempo determinado. O plano de contingência é o planejamento tático que é elaborado a partir de uma determinada hipótese de desastre. Quadro 07 - Roteiro para construção de cenários de risco Atividade I: Análise das Ameaças (A) Tarefa A: Enumerar ameaças reais e potenciais Passo 1 – Pesquisar registros históricos Passo 2 – Estabelecer prováveis magnitudes Produto: Ameaça identificada com três prováveis magnitudes Tarefa B: Priorizar ameaças Passo 1 – Definir freqüência e período de retorno Passo 2 – Delimitar área de impacto Produto: Lista de ameaças segundo as prioridades Atividade II: Análise da Vulnerabilidade (V) Tarefa V1: Identificar elementos expostos Tarefa V2: determinar características da população exposta Tarefa V3: Reconhecer o nível organizacional Tarefa V4: Estabelecer a capacidade de resposta comunitária Produto: Vulnerabilidade expressa ante uma ameaça identificada, Descrita em termos dos elementos expostos, características da População exposta e sua capacidade institucional e comunitária Atividade III: Estimação do Cenário de Risco (CR) Passo CR1 – Decidir sobre o nível de manifestação do evento Passo CR2 – Descrever o evento detonador – ameaça Passo CR3 – Detalhar o impacto esperado Produto: Cenário de Risco. Descrição detalhada das características do evento detonador específico (ameaça) e os conseqüentes efeitos diretos e indiretos esperados Fonte: USAID/OFDA (2008). 4.3 Estrutura Operacional de Atendimento Emergencial do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo O Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo está estruturado operacionalmente para dar atendimento aos seiscentos e quarenta e cinco 133 municípios do Estado, apesar de estar presente fisicamente em apenas cento e trinta e três municípios, durante as vinte e quatro horas do dia, ininterruptamente, atendendo aos chamados das emergências pelo telefone 193. Para atender à demanda gerada por mais de quarenta milhões de habitantes, em duzentos e quarenta e oito mil e seiscentos quilômetros quadrados de área, o Corpo de Bombeiros conta com aproximadamente dez mil homens, distribuídos em vinte Unidades Operacionais, que dão o atendimento regionalizado em todo o Estado. A estrutura organizacional do Corpo de Bombeiros adequou-se à sua missão, atividades e atribuições, tendo por base às Matrizes Organizacionais (MO) e ao Quadro Particular de Organização (QPO), definidos pelo Comando Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, bem como, respeitando limites geográficos e políticos para a distribuição do seu efetivo. Essa divisão, contempla vinte Unidades Operacionais (Grupamento de Bombeiros) que está subdividida em Subgrupamentos de Bombeiros (SGB) e estes, por sua vez, se dividem em Postos de Bombeiros (PB) e Bases de Bombeiros (BB), somando atualmente 231 postos em todo o Estado, que prestam os serviços de bombeiros, constituindo-se o primeiro contato da comunidade com a Corporação. Entende-se por serviços de bombeiros aqueles cuja missão principal tenha por finalidade a proteção da vida, ao meio ambiente e ao patrimônio, e são desempenhados por bombeiros estaduais e municipais. É missão básica do Corpo de Bombeiros oferecer serviços emergenciais de salvamento e combate a incêndios, com qualidade, à população do Estado de São Paulo, atuando no menor tempo possível nas ocorrências quando acionado, visando proporcionar a proteção da vida, do meio ambiente e do patrimônio, desenvolvendo também ações preventivas e orientativas para evitar a tendência do comprometimento de vidas, da integridade humana e de perdas quando da eclosão de sinistros (NOB - 04, 2004, p. 01). 134 4.4 Aspectos legais para atuação do CB no local de crise O Corpo de Bombeiros foi oficialmente instituído no Estado de São Paulo, com a publicação da Lei nº. 06, datada de 10 de março de 1880, materializada através da criação da Seção de Bombeiros, composta de vinte homens. Aos Corpos de Bombeiros, conforme preceituam as Constituições Federal e Estadual, em seus artigos 144, § 5º e 142, respectivamente, tem a incumbência da execução de atividades de defesa civil, além das atribuições definidas em lei. A Lei Estadual nº. 616, de 17 de dezembro de 1974, que dispõe sobre a Organização Básica da Polícia Militar do Estado de São Paulo, ao tratar da competência desse órgão, no inciso V do art. 2º, estabelece: Compete à Polícia Militar realizar serviços de prevenção e de extinção de incêndios, simultaneamente como os de proteção e salvamento de vidas humanas e material no local do sinistro, bem como o de busca e salvamento, prestando socorros em casos de afogamento, inundações, desabamentos, acidentes em geral, catástrofes e calamidades públicas. No seu artigo 39, estabelece: O comando do Corpo de Bombeiros é o órgão responsável perante o Comando Geral pelo planejamento, comando, execução, coordenação, fiscalização e controle de todas as atividades de prevenção, extinção de incêndios e de busca e salvamentos, bem como das atividades técnicas a elas relacionadas, no território estadual. Ressalta-se portanto, que o Corpo de Bombeiros tem competência para atuar em local de crise, na área de execução das atividades de defesa civil, sendo necessário, para isso, integrar-se ao Sistema Estadual de Defesa Civil implantado no Estado de São Paulo. 4.4.1 O Posto e a Base de Bombeiros frente às Emergências O Corpo de Bombeiros tem suas atividades operacionais divididas nas áreas 135 de prevenção de incêndios; combate a incêndios; atividades de busca e salvamentos (envolvendo o salvamento terrestre, salvamento aquático e o salvamento em altura); atendimentos a emergências com produtos perigosos; resgate de acidentados e vistorias técnicas, sendo acionado desde simples ocorrências, até as mais diversificadas e complicadas, que exigem preparação de seus homens para melhor tratar e solucionar a emergência. Para o atendimento a sinistros quer sejam eles de rotina, quer situações de anormalidade, o Posto e a Base de Bombeiros devem estar estrategicamente preparados, uma vez que serão os primeiros a atuarem em solicitação ao clamor da comunidade. Sua eficaz e competente resposta estará fundamentada na preparação antecipadamente e em um minucioso e estratégico planejamento preventivo para o enfrentamento das emergências, tendo em mente que nesses atendimentos deve-se levar em conta as ações que antecedem e precedem a ocorrência e, ainda, aquelas fundamentais para solucioná-la. Para Repulho (2005, p. 95): O Corpo de Bombeiros, como órgão de atendimento de emergências, tem sua principal atuação na etapa de resposta aos desastres, e como estabelece a Política Nacional de Defesa Civil (PNDC), está muito claro que esta etapa deve considerar as três fases da evolução dos desastres, ou seja, pré-impacto, impacto e pós-impacto (atenuação ou limitação dos danos). [...] A resposta do Corpo de Bombeiros não deve ser vista de maneira isolada, pois, dependendo da atuação de outros órgãos, de emergências ou não, será mais fácil ou mais difícil à atuação dos bombeiros no local e no momento do desastre. Por isso é que, para o Corpo de Bombeiros, o ciclo de atendimento dos desastres também começa muito antes da fase de impacto. Conforme especificado na NOB - 31: Os desastres e catástrofes são realidades imprevisíveis e, por este motivo, é necessário que o Corpo de Bombeiros esteja apto a atender, gerenciar e auxiliar nestas situações de crises, de forma eficiente, estando permanentemente preparado e se antecipando, de maneira organizada e padronizada, aos inúmeros eventos, que não têm hora ou local para acontecerem (NOB – 31, 2004, p. 01). Os Postos e Bases de Bombeiros devem manter permanentemente operacionalizado um sistema de atendimento de desastres e catástrofes, que lhe 136 permita controlar, mobilizar, articular e coordenar os recursos, humanos e materiais, disponíveis, em seus níveis operacionais para os casos de emergências, observando a intensidade e a gravidade que o sinistro oferece. Os Comandantes de Postos e Bases de Bombeiros devem manter estreito contato com a Defesa Civil local, no sentido de propiciar sua melhor adequação para o atendimento operacional em casos de desastres e catástrofes, procurando agir de forma preventiva, planejando e preparando-se de forma eficiente para responder adequadamente aos sinistros, sendo que no atendimento operacional de emergências deve empregar o Sistema de Comando e Operações em Emergências (SICOE). Como primeira resposta às emergências devem ser empregados os efetivos locais que compõem as guarnições de atendimento operacional do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, sendo que o Oficial ou Praça mais antigo no local deve dimensionar o sinistro em andamento e acionar, gradualmente, os apoios necessários, observando o disposto nos procedimentos operacionais padrão. Para reforço no atendimento operacional de grandes emergências, poderá ser acionado efetivo operacional do Corpo de Bombeiros em horário de folga através de plano de chamada ou, no caso de ultrapassar a capacidade de atendimento pelo efetivo regionalizado, poderá por solicitação do Comandante do PB ou BB, através do canal hierárquico, ao Comando do Corpo de Bombeiros, para emprego imediato, uma força extraordinária de recursos e pessoal, de rápido acionamento e mobilização, denominada “Força Tarefa”. O Comandante de PB e BB devem ter consciência que um eficiente sistema de atendimento a desastres e catástrofes, principalmente pela complexidade envolvida, é notória a necessidade da elaboração de planos preventivos de emergências e intervenções, bem como planos especiais de operações, não podendo relegar a resolução de tais situações meramente aos sistemas normais de atendimentos que são empregados no dia-a-dia. 137 4.4.2 Sistema de Comando e Operações em Emergências (SICOE)31 O Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, após estudos realizados pelo então Tenente-Coronel de Polícia Militar Jair Paca de Lima, em seu trabalho monográfico, elaborado quando da realização do Curso Superior de Polícia em 1998, atualizou o Sistema de Comando e Operações em Emergências (SICOE). Repulho (2005, p. 86) descreve que: Esta filosofia de trabalho destina-se a otimizar e potencializar a resposta frente às emergências atendidas pelo Corpo de Bombeiros em todo o Estado, principalmente em grandes ocorrências que envolvam um elevado número de agentes colaboradores. Tal sistema, por conta da multidisciplinariedade das ações operacionais do atendimento das emergências, visa coordenar e racionalizar todos os recursos disponíveis, dando completa organização no cenário dos desastres, bem como determinando toda estrutura operacional do atendimento, deixando claras e precisas às funções de cada órgão participante do sistema. O SICOE foi implantado no Corpo de Bombeiros inicialmente de maneira informal, tendo sido formalizado no final do ano de 2004 com a publicação da DIRETRIZ Nº CCB-003/213/04, definindo as atribuições das autoridades e fixando responsabilidades, permitindo a organização e coordenação do pessoal, material e estratégia a ser empregada na emergência, desenvolvendo esforços para rápida resolução das táticas e buscando uma eficiência e eficácia no emprego de homens, viaturas e equipamentos. A organização da cena de emergência se inicia com a chegada das primeiras guarnições. Para evitar comandos múltiplos ou ações independentes, deverá existir uma única pessoa responsável pelo gerenciamento das ações, a qual será denominada de Comandante da Emergência. Esse sistema servirá para indicar o responsável pela operação, estabelecer uma hierarquia de comando, e, apresentar uma lista de pessoas chaves e suas 31 Diretriz DvODC-003/31/92, de 01 de dezembro 2002. 138 respectivas funções. Utilizando este sistema de comando único o Comando da Emergência adapta um organograma básico e inicial, de acordo com suas necessidades administrativas e operacionais, para controlar a situação emergencial. A magnitude da ocorrência determinará o tamanho e a complexidade do organograma necessário. O SICOE será composto: Comandante da Emergência: Responsável por todas as atividades no local da emergência, sendo a mais alta patente do Corpo de Bombeiros. Todas as suas observações e determinações serão necessariamente dirigidas ao Cmt das Operações que é o responsável operacional da emergência. Comandante das Operações: É o responsável pela coordenação de toda a operação, interligando o Estado Maior da Emergência ao Cmt da Emergência. Chefe Operacional: É o encarregado do Comando das frentes propriamente ditas, tendo por missão controlar, e organizar as atividades nos setores envolvidos na emergência, exercendo um Comando móvel. Estado Maior da Emergência: Responsáveis pelas atividades desempenhadas em apoio ao Chefe Operacional e/ou Cmt de Operação durante o estabelecimento do SICOE, como: Comunicações, Logística, Informações e Assessoria Técnica. A figura 74 traz o organograma de funcionamento do SICOE com suas respectivas funções. 139 Fonte: Lima (1998, p. 71). Figura 74 - Organograma funcionamento do SICOE. Normalmente, uma emergência de grandes proporções e gravidade, envolvendo ou podendo envolver múltiplas vítimas, no sistema SICOE a área de abrangência da ocorrência é dividida em zonas ou setores de trabalho para melhor organização da estrutura de resposta e melhor distribuição dos recursos disponíveis. O emprego da divisão da cena de emergência em zonas também facilita o gerenciamento da crise por parte do Comando. Em geral, no local da emergência são definidas as seguintes áreas: a. Zona Quente: Áreas imediatamente circunvizinhas ao incidente, que se estende até um limite que previna os efeitos da ocorrência às pessoas e/ou equipamentos fora desta área. b. Zona Morna: Nesta área deverão estar locados os equipamentos e pessoal para o suporte da Zona Quente. Deve ser um local imediatamente anexo à Zona Quente, e deve possibilitar a comunicação, e sempre que possível a observação da Zona Quente. 140 c. Zona Fria: Nesta área estará o Posto de Comando, como também todos os suportes necessários para controle do incidente. Não se permite acesso ao público, somente às pessoas e autoridades que tem relação com a ocorrência, porém não estarão atuando diretamente na intervenção. Equipamentos de reserva e apoio médico de triagem, estarão presentes nesta área. O SICOE apresenta o quadro tático de operações conforme figura 75. Discorrendo sobre os aspectos gerenciais do SICOE, REPULHO (2005, p. 87) complementa: [...] que a implementação do SICOE não gera, necessariamente, gastos adicionais ao sistema operacional do Corpo de Bombeiros ou aos seus participantes; ao contrário, resulta em melhoria das condições e economia nas aplicações dos recursos já existentes, não sendo obrigatório para o seu funcionamento nenhum tipo de viatura ou equipamento especial, pois, como foi dito, trata-se de uma filosofia de trabalho que requer, antes de recursos, posturas e procedimentos adequados, dentro de uma estrutura organizacional, visando ao sincronismo das ações emergenciais para um melhor atendimento da população. Fonte: CBPMESP (2008). Figura 75 - Áreas de trabalho para o SICOE. Entende-se como Posto de Comando (figura 76), local destinado à reunião do Comando das Operações para se determinar o número de pessoas, equipamentos e viaturas que serão empregados no socorro. Planeja-se com base 141 nas informações obtidas, na análise da situação, nos recursos disponíveis e na melhor estratégia para controlar a emergência. Fonte: CBPMESP (2008). Figura 76 - Posto de Comando para o SICOE. 4.4.3 Força-Tarefa32 A Força-Tarefa constitui-se de um grupo de bombeiros altamente capacitados, treinados e coordenados, que dispõe de um conjunto de equipamentos operacionais previamente definidos, facilmente e rapidamente mobilizáveis, para atuar em qualquer ponto do Estado de São Paulo ou do Brasil, em caso de ocorrência de uma grande emergência, que supere a capacidade de resolução das autoridades locais, em virtude dos recursos humanos e materiais de que dispõem, bem como para atuar em caso de ocorrência de bombeiros, que necessite o emprego muito particular de especialista com treinamento atualizado. Constitui uma retaguarda que possa suplantar e até mesmo apoiar a continuidade das operações, pois, muitas vezes o atendimento operacional acaba prolongando-se por várias horas e, em alguns casos, chegam a perdurar por dias. 32 Criada pela Diretriz nº CCB-002/213/02, atualizada em 12 de maio de 2005. 142 Conforme item 4 da Diretriz nº CCB-002/213/02 (2002) do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo a autorização para a mobilização deverá ser: 1) A mobilização na área da Região Metropolitana de São Paulo depende de autorização do Cmt ou do Chefe do EM do CBM; 2) A autorização para a mobilização dos recursos dentro do Estado de São Paulo será do Comandante ou do Sub Cmt do Corpo de Bombeiros; e 3) A mobilização para fora do Estado dependerá de autorização da Secretaria de Segurança Pública. b. Ordem seqüencial a ser empregada na mobilização: 1) A autoridade no local da emergência (Comandante de Operações no Local), verificando que a situação é grave, deve solicitar o apoio diretamente ao Comando de Bombeiros Metropolitano ou ao Comando do Corpo de Bombeiros, através do COBOM da Capital; 2) De posse das informações, o comando respectivo, que foi acionado, decide pelo atendimento ou não e pelo tipo de socorro a ser enviado; 3) Tomada a decisão de atender e o nível do atendimento, a equipe será ativada através do COBOM da Capital; 4) As Unidades Operacionais realizam a mobilização dos Recursos Humanos, encaminhando-os para o Ponto de Reunião predeterminado ou diretamente para o local da ocorrência, conforme a situação apresentada, segundo o acionamento realizado; 5) À medida que os recursos humanos estejam chegando ao ponto de reunião, um grupo precursor, composto por Oficiais e Praças, assessoram o respectivo Cmdo que acionou a Força Tarefa, verificando a real necessidade do deslocamento de todo o contingente até o local da ocorrência (o Grupo Precursor é composto por um Capitão, um Tenente e um Sargento que deverão deslocar-se previamente até o local da emergência); e 6) O deslocamento definitivo de toda equipe mobilizada será a partir do Ponto de Reunião ao local da emergência. Conforme Repulho (2005, p. 89), “A Força-Tarefa também deve estar enquadrada na filosofia do SICOE [...]”, sendo o tempo para a intervenção na ocorrência dentro das primeiras setenta e duas horas, que é o período em que ocorre o maior número de salvamentos de vítimas com vida. 4.4.4 Participação de outros órgãos no local de Emergência A participação de outros órgãos no local de grandes emergências, como colaborador no assessoramento técnico estratégico e de suporte de suprimentos é imprescindível, uma vez que os PB e BB possuem efetivo e equipamentos limitados 143 ao atendimento de ocorrências rotineiras, onde sua capacidade de atuação não foge ao planejamento operacional, sendo solucionadas com total facilidade apenas pela observância dos Procedimentos Operacionais Padrão (POP). Como nem todos os tipos de ocorrências são de menor complexidade e cada região apresenta características e peculiaridades de forma individualizada que, podem ou não, aliado a alguns fatores gerarem eventos desastrosos, é muito importante que haja uma articulação política entre os órgãos responsáveis pelo atendimento das emergências e comunidade local, pois só assim será possível conseguir adotar medidas que levem à redução de perdas de vidas humanas, de fatores econômicos e comprometimento ao meio ambiente. Como nos ensina Repulho (2005, p. 104): Para um adequado atendimento das emergências locais, o Comandante do Posto de Bombeiros deverá analisar quais as forças amigas disponíveis e como elas poderão ajudar nas intervenções operacionais, pois, como foi visto, o Corpo de Bombeiros local, via de regra, não consegue, isoladamente dispor de todos os materiais, recursos e serviços para dar o total atendimento às suas necessidades, sendo primordial o estabelecimento de relações com outros órgãos e entidades no sentido de canalizar os esforços e recursos adicionais necessários ao completo atendimento da demanda das emergências. Vários são os colaboradores operacionais do Corpo de Bombeiros que podem, de alguma forma, oferecer ajuda, dependendo da disponibilidade local e da necessidade operacional, porém é muito importante, em qualquer planejamento, a participação das concessionários de serviços públicos, serviços essenciais do município, serviços médicos, segurança, institutos tecnológicos, institutos de previsões meteorológicas, empresas privadas, organizações não-governamentais, representantes da comunidade, conselhos de segurança, clubes de serviços e outros. Considerando a necessidade e regularização do emprego de apoio operacional externo, visando um perfeito e oportuno aproveitamento dos recursos, deve-se fomentar planos preventivos e operacionais de emergências, em que sejam antecipadamente definidos como, onde e quando tais recursos serão empregados, sendo ainda de vital importância o estabelecimento de Planos de Auxílio Mútuo (PAM) e/ou Rede Integrada de Emergência (RINEM). Como além do Corpo de Bombeiros, vários outros órgãos e instituições devem integrar de forma decisiva o sistema de atendimento a desastres e 144 catástrofes no Estado de São Paulo; para que haja uma perfeita integração entre todos no local da ocorrência, será empregado o Sistema de Comando e Operações em Emergências (SICOE) e os Procedimentos Operacionais Padrões (POP) em vigor. 4.4.5 Capacidade de resposta da região frente ao desastre A capacidade de resposta da região frente aos desastres está intimamente ligada a um conjunto de respostas das organizações e dos indivíduos expostos, no sentido do fortalecimento das comunidades locais em termos organizacionais, humanos e de equipamentos, orientados por uma filosofia de gestão centrada em casos de ameaças ou acidentes, onde as ações de socorro deverão estar primeiramente nas mãos de organismos locais, sendo a intervenção externa necessária apenas em caso de solicitação de apoio. Se pelo contrário, os desastres forem entendidos como acontecimentos não rotineiros que provocam situações de comoção social, onde as autoridades não estão preparadas e possuem como estratégia única e exclusivamente as direcionadas para as ações de socorro, tenderá a situação a agravar-se, perdendose o controle da emergência, aumentando assim os prejuízos decorrentes e o número de vítimas do sinistro, ultrapassando assim as condições de atendimento pela falta de planejamento e utilização inadequada dos meios materiais e humanos disponibilizados. A estratégia de promoção de prevenção e segurança a desastres, alicerçase na preparação da comunidade para o seu enfrentamento, pois em muitas situações podem ser evitados e previstos com alguma antecedência. O município deverá desenvolver ações de planejamento das emergências assentes em práticas várias de gestão de riscos, em programas de prevenção e mitigação de situações de desastres e até mesmo na elaboração de consórcios de auxílio mútuo em caso de ações calamitosas. 145 Para Luz (1998, p. 90), “Uma sociedade é forte quando se autoconscientiza que deve agir no sentido de somar esforços com os do governo, em busca do desenvolvimento e bem-estar social”. Além disso, esclarece Repulho (2005, p. 96): Como preparação para o desastre, entende-se o conjunto de ações desenvolvidas pela comunidade e pelas instituições governamentais e nãogovernamentais, para minimizar os seus efeitos, através da difusão de conhecimento científico e tecnológico e da formação e capacitação de recursos humanos para garantir a minimização de riscos e a otimização das ações de respostas e de reconstrução frente aos desastres. 4.4.6 Tomada de decisão pelo Cmt do UOp/CB. Para a tomada de decisão há vários aspectos que um comandante de PB ou BB necessita atentar, quando Comandante da Emergência no atendimento de grandes desastres, uma vez que ninguém pode lembrar-se de todos os detalhes necessários, concorrendo a agir com o improviso ou instinto. Essa atitude sempre provoca a alteração de procedimentos e sujeita o atendimento à possibilidade de incorrer em falhas que comprometem as ações de socorro, aumentando o tempo para a solução do sinistro, podendo colocar em risco vidas humanas e comprometer o patrimônio e o meio ambiente. As decisões abrangem diversas áreas e algumas requerem o exercício da autoridade, ao passo que outras podem ser asseguradas através da delegação da responsabilidade de comando. Conforme Armani 33 (2007), As decisões podem ser agrupadas em sete Funções de Comando: a. Planejamento da emergência; 33 Tradução e adaptação de apostilas dos cursos realizados pelas escolas de bombeiros “THE FIRE SERVICE COLLEGE”, Inglaterra e THE OUTREACH ORGANISATION, País de Gales. 146 b. Logística; c. Segurança das equipes; d. Organização; e. Ligação; f. Avaliação pós-emergência; e g. Comunicações. Apesar de aparentemente fácil a estrutura apresentada, sua aplicação em grandes desastres torna-se difícil principalmente na fase inicial da emergência, momento em que o Comandante ou Chefe de Equipe não conta com o apoio necessário e, ainda, desconhece os aspectos técnicos que envolvem a ocorrência a ser atendida. Armani (2007), continua sua explanação discorrendo que na fase de planejamento o Comandante da Emergência deve criar, adequar e manter um plano, onde será avaliada a emergência, estabelecido os objetivos e prioridades, definindo os recursos. Cabe salientar, que é primordial manter informadas as equipes de socorro sobre as ações desenvolvidas, bem como delegar funções aos seus subordinados e colaboradores, solicitando sempre que necessário recursos adicionais. Os planos elaborados devem ser verificados periodicamente quanto ao seu performance e atendimento aos objetivos propostos, sendo revisados sempre que necessário. O planejamento evolui à medida que a emergência progride. Em logística, o Comandante da Emergência deve assegurar que os recursos adequados (viaturas, pessoal, equipamentos, materiais de consumo, combustível, alimentação, energia elétrica, etc) estejam disponíveis. Devendo esta ação ser delegada para outros policiais militares bombeiros que atuam na emergência. 147 Na parte de segurança das equipes, o comandante deve estar constantemente atento, garantindo assim o bem-estar do grupo. Devem-se considerar alguns aspectos como: estabelecimento do isolamento de área, isolamento externo, sistema de abandono de área, designação de Oficial de segurança, estabelecer práticas de segurança do trabalho, estabelecer ações de atendimento pré-hospitalar para as equipes de socorro, prever provisão de alimentação e descanso e desenvolver ações para a minoração do estresse das equipes durante os trabalhos. Em organização Armani (2007) nos ensina que o Comandante da Emergência deve estabelecer uma organização efetiva para controlar todas as atividades no sentido de manter a Unidade de Comando, criar uma estrutura organizacional e estabelecer um Posto de Comando. Devem-se estabelecer meios para manter contato com outros serviços, sendo esse realizado através das ações de ligação, onde podemos destacar o interrelacionamento com as equipes de apoio de outros serviços de emergências, apoio de especialistas, contatos com ocupantes das áreas atingidas, contato como público e relacionamento com a imprensa. O Comandante da Emergência deve iniciar as ações de avaliação pósdesastre, logo após os trabalhos de atendimento. A conclusão dos trabalhos deve relacionar todas as informações sobre vítimas fatais e feridas, trabalhos da Polícia Técnico Científica, pesquisa de sinistro, informações do público (testemunhas), medidas legais necessárias, levantamento de equipamentos danificados e discussão com as equipes de socorro e avaliação dos trabalhos. A Comunicação é o mais valioso componente em um local de emergência, portanto estabelecer um sistema de comunicação eficiente, onde se possa conversar com todas e equipes de socorro e órgãos envolvidos no local da emergência, bem como comunicação externa com órgãos e entidades que possam estar fornecendo suporte técnico e/ou logístico, definindo ainda uma disciplina de comunicação capaz de garantir a eficiência do sistema, facilitará muito à gestão de crises por parte do Comandante da Emergência. 148 Tão importante quanto ajustar e cumprir as metas estabelecidas neste capítulo, referentes ao atendimento operacional, é gerir a situação para distribuição das populações atingidas em acampamentos e abrigos provisórios, organizar a comunidade para suprir as necessidades de água e de saneamento básico, providenciar provisão de alimentos para os atingidos, prevenir as doenças e providenciar socorro, manter a ordem pública, etc., mas também o Comandante da Emergência deve ter principalmente a preocupação com estado emocional próprio e das pessoas sob sua responsabilidade. Destaca-se no estado emocional uma determinante qualitativa que é a tensão, ou seja, o desejo maior ou menor de se chegar a uma meta e o grau de proximidade desta. Quando o homem atua sob esta condição, dizemos que a ação está no campo tenso ou relaxado. Campo tenso, portanto, é aquele em que o indivíduo, em geral, reage de maneira tal que há estreitamento do campo perceptual e os únicos estímulos que consegue selecionar, são os diretamente ligados à meta. Este é o momento em que o individuo empobrece o campo e acaba não percebendo ou considerando fatores que muitas vezes solucionariam o problema. Sant’ana Filho (1989, p. 19), desenvolveu este tema com muita propriedade e nos mostra que o exemplo mais forte do campo tenso é o pânico. Vejamos ainda mais alguns ensinamentos do citado autor: O campo relaxado, ao contrário, é aquele em que o indivíduo atua com muito mais espontaneidade, percebendo, muito mais seus elementos componentes, pelo fato do emocional não intervir reduzindo a percepção. Neste campo sobra espaço para a manifestação da espontaneidade e criatividade, pois o comportamento da pessoa é menos rígido e estereotipado. Em uma situação crítica de desastre, quando ainda as ações estão no calor da emoção, é evidente que dificuldades ou obstáculos sempre surgem fazendo com que o indivíduo se detenha momentaneamente, sendo que a essa atitude chamamos de Titubeio. Para Sant’ana Filho (1989) e Bally (1979), esclarecem que: “Todo obstáculo 149 que obstrui o caminho direto que leva à meta requer certa atenção para vencê-lo, não resta dúvida, que deste modo, o campo se enriquece com os objetos do meio ambiente”. Conforme Espósito (2008, p. 155), o titubeio pode acontecer por causas internas e externas, como especificado a seguir: O titubeio provocado por causas externas ocorre em geral de forma imprevista e ocasional não podendo ser controlado, é o caso de um indivíduo em pânico tentando fugir da casa que pega fogo, e ouve o bebê chorando, ou uma porta emperrada e aí pára e pensa. Este acontecimento é muito importante, pois ao ocorrer, permite que o campo se ilumine e o indivíduo encontre uma solução para o problema, por exemplo, salvar-se ou salvar outros. O processo interno que provoca o titubeio é característico de cada pessoa e pode ser conseguido através do treinamento específico ou desenvolvimento da capacidade de não entrar em pânico, quando submetido às situações de emergência. Este é um aspecto interessante, pois é muito importante o desenvolvimento da capacidade do indivíduo de não entrar em pânico, isto é, provocar o surgimento do titubeio interno diante de situações do campo tenso. Em virtude da magnitude dos eventos desastrosos, o Cmt de UOp/CB, quando respondendo por funções de Comandante de Emergência, para a tomada de decisão, não pode ser levado unicamente pela sua capacidade profissional, deverá estar preparado sobretudo emocionalmente, uma vez que nas primeiras horas estará agindo em campo extremamente tenso, onde se perde a capacidade de discernimento e o senso crítico. Segundo Sant’ana Filho (1989, p. 31) “[...] notamos o surgimento de líderes, que ao conseguirem controlar seu pânico e tendo um papel de líder bem desenvolvido conseguem com fibra e energia levar a efeito, as várias operações, minorando o sofrimento da população [...]”. 150 Capítulo 5 5.1 5 AVALIAÇÃO DA PESQUISA Questionários enviados aos Comandantes de Subgrupamentos de Bombeiros Com a finalidade de coletar informações para subsidiar o presente trabalho, foi realizada esta pesquisa junto aos oficiais do Corpo de Bombeiros. Para tanto, foi elaborado um questionário, conforme modelo constante no apêndice “A”, sendo o mesmo encaminhado a todos os Comandantes de Subgrupamento de Bombeiros. Foi escolhido como público-alvo a figura do Comandante de Subgrupamento de Bombeiros, pois, operacionalmente, é ele o articulador operacional local, bem como pelo gerenciamento dos recursos para tal, reunindo grande experiência profissional ao longo dos seus anos de serviço, bem como pela sua destacada função operacional no atendimento de desastres e catástrofes. Foram enviados 48 (quarenta e oito) questionários a todos os Subgrupamentos de Bombeiros do Estado e retornaram, respondidos, 29 (vinte e nove), sendo que houve representatividade de todos os Grupamentos de Bombeiros, bem como de todas as regiões administrativas do Estado, apresentando um diagnóstico qualitativo imprescindível para o enriquecimento e fundamentação deste trabalho. Nos gráficos de 01 a 04 existiu a possibilidade do entrevistado anotar mais de uma resposta, portantos seguem os resultados das pesquisas: 151 45% 41% 40% 35% 30% 28% Várias Vezes Pelo menos uma vez Eventualmente Raramente Nunca 25% 20% 17% 15% 10% 7% 5% 0% 0% Gráfico 1 - Quantidade de vezes que a região sob jurisdição do SGB enfrentou problemas com chuvas intensas no período chuvoso. Nesta questão, gráfico 1, procurou-se verificar a periodicidade dos eventos naturais, sendo que a maioria, cerca de 41%, alegaram que enfrentam problemas relacionados a chuvas intensas durante o período chuvoso, demonstrando com isso que as alterações climáticas estão propiciando chuvas mais intensas e localizadas, gerando assim emergências relacionadas a enchentes, alagamentos e cheias em rios, lagoas, represas, etc. Os períodos chuvosos exigem maior atenção por parte das Unidades Operacionais do Corpo de Bombeiros, inclusive impondo necessidades de aumento de efetivo para as atividades de salvamento e equipamentos específicos para o atendimento das ocorrências relacionadas as chuvas, tais requisitos visam obter melhor articulação operacional. 70% Inundações de áreas urbanas por rios Inundações de áreas urbanas por córregos Comunidades ilhadas devido ao transbordamento de rios/córregos Destruição de estradas por exurradas Interrupção de estradas por deslizamento de encostas Destruição de pontes 60% 50% 40% 30% Destruição de moradias por deslizamentos de encostas Desabamento de edificações 20% Ruptura de Barragens 10% Outros 0% Gráfico 2 - Problemas registrados durante os períodos chuvosos na região sob jurisdição do SGB. 152 Esta questão, gráfico 2, procurou verificar os problemas registrados durante o período chuvoso nas áreas de jurisdição do Subgrupamento de Bombeiros. Notase que os maiores problemas advém de inundações provocadas por rios e córregos, 48% e 66% respectivamente; percebe-se também o baixo índice de acidentes relacionados a barragens, quer sejam elas para a produção de energia elétrica, quer para irrigação, bebedouro de animais ou para criação de peixes, cerca de 10% das ocorrências no período chuvoso. Tal situação não quer dizer que não haja preocupação com tal tipo de ocorrência, porém deve ser entendido que os acidentes são poucos, mas revestidos de grande complexidade de atendimento e de alto risco de vitimação das populações ribeirinhas. 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% Chuvas Intensas / Tromba d'água Elevação do nível dos rios provocada por chuvas nas cabeceiras Elevação do nível dos córregos provocada por chuvas nas cabeceiras Transbordamento de represas, lagos e balneários. Outros 10% 0% Gráfico 3 - As causas dos problemas registrados durante os períodos chuvosos na região sob jurisdição do SGB. Verifica-se, nos dados apresentados no gráfico 3, a ocorrência com freqüência, cerca de 83%, de chuvas intensas e “trombas d’água” nas regiões do Estado de São Paulo, sendo o fator de causa das emergências ocorridas na área dos SGB; como causas coadjuvantes têm as elevações dos níveis dos rios e córregos, porém, também, provocados por chuvas nas cabeceiras dos mesmos. 153 100% 90% Na área urbana 80% 70% Nos distritos 60% Na área rural 50% 40% 30% Nas estradas de acesso ao município 20% Outros 10% 0% Gráfico 4 - Local onde ocorrem os problemas registrados durante os períodos chuvosos na região sob jurisdição do SGB. Pelas respostas obtidas, gráfico 4, nota-se que, em média, 90% dos avaliados alegam que os transtornos provocados por chuvas intensas ocorrem na área urbana, muito embora percebe-se, ainda, que na área rural a porcentagem é considerável, uma vez que os rios e córregos quando com seus níveis elevados, provocam enchentes e destruição de pontes e estradas pela velocidade de suas águas, sem mencionarmos as erosões e voçorocas que são comprometendo áreas de plantações e de pastagem animal. 3% 14% Sim Não Não respondeu 83% Gráfico 5 - Existência de registros estatísticos de atendimento a emergências com ruptura de barragens na região sob jurisdição do SGB. abertas, 154 Pela análise desta questão, gráfico 5, pode-se verificar que para aproximadamente 83% dos entrevistados, não sabem da existência de atendimentos operacionais, na região sob jurisdição do SGB, envolvendo emergências com barragens. Talvez este desconhecimento decorre do simples fato de não ter ocorrido, mas há de se considerar que muitos acidentes ocorrem em área rural, não provocando vítimas e nem destruição das propriedades, porém representam danos sérios ao meio ambiente. Muitos proprietários que possuem suas barragens destruídas pelas chuvas intensas não comunicam o fato às autoridades, pois estas represas, lagoas e, até mesmo, barramentos em rios e córregos são clandestinos e estão em desacordo com as leis de outorga expedidas, no caso do Estado de São Paulo, pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). 3% 7% Sim Não Não Respondeu 90% Gráfico 6 - Existência de mapeamento das barragens na região sob jurisdição do SGB. Nota-se no gráfico 6, também, que aproximadamente 90% disseram que não existe mapeamento ou cadastro das barragens existentes na área de jurisdição do SGB. Isso contribui para o resultado demonstrado no Gráfico 5; tal representação gráfica faz um alerta no sentido de que os Comandantes de SGB, PB e BB, não dispõem de uma análise de risco de suas áreas, onde a antecipação de situações de ameaça de ruptura de barragens, haja vista o potencial destrutivo que este tipo de risco acarreta e a escassez de tempo de resposta que estas situações exigem, é uma peça fundamental no contexto do desencadeamento das operações de socorro e de evacuação das áreas de risco. Quanto mais cedo é detectada uma irregularidade que ameace a estabilidade da barragem, maior é o tempo disponível para controlar aquele risco e evitar uma situação de desastre ou minimização dos danos materiais e humanos a jusante. 155 3% 3% Sim Não Não respondeu 94% Gráfico 7 - Existência de Plano de Gerenciamento de Emergência Local (PGEL) na região sob jurisdição do SGB. É interessante observar no gráfico 7, que 94% dos entrevistados não dispõem de planejamento ou um levantamento de riscos, sendo que para aquelas emergências que estão contempladas nos Planos de Gerenciamento de Emergência Local (PGEL), as Unidades Operacionais do Corpo de Bombeiros mostraram maiores facilidades em mobilizar recursos para o atendimento operacional, o que vem reafirmar a necessidade de medidas preparatórias para aumentar a eficiência. 4% 4% Muito difícil 29% Difícil Facilmente 63% Extremamente fácil Gráfico 8 - Facilidade de mobilização e disponibilização de recursos para atendimento de emergência com barragens na região sob jurisdição do SGB. Analisando-se a questão de número 8, gráfico 8, pode-se concluir que cerca de 63% dos entrevistados acham difícil a mobilização e disponibilizacão dos recursos dos PB/BB de forma a atender as necessidades reais no momento do atendimento operacional em emergências envolvendo ruptura de barragens, isso 156 ocorre, pois muitas vezes as barragens estão situadas em áreas rurais afastadas, de difícil acesso e a área de risco é muito extensa, prejudicando a agilização do atendimento operacional nas grandes emergências. 10% 28% Sim Não Não respondeu 62% Gráfico 9 - Existência de órgãos ou entidades em condições de fornecer apoio técnico para atendimento de emergência com barragens na região sob jurisdição do SGB. Para a questão apresentada no gráfico 9, por conta das características específicas de acidentes envolvendo barragens, 63% dos entrevistados responderam negativamente sobre a existência de órgão em condições de fornecer informações técnicas sobre barragens, bem como materiais e equipamentos essenciais para o atendimento da emergência. Apesar de que para outros tipos de ocorrências o apoio é mais expressivo por parte de determinados órgãos ou empresas, neste caso em específico se faz necessário contatos por parte dos Comandantes de Unidades Operacionais do Corpo de Bombeiros na busca de apoio técnico e de suprimentos específicos para o atendimento a emergências com ruptura de barragens, uma vez que no momento do alerta há a necessidade de iniciar prontamente a resposta à crise, caso contrário estaria-se predestinado ao fracasso. Nas respostas de 28% dos entrevistados, conforme demonstrado no gráfico 9, e em resposta a questão 10 do questionário, foram citados órgãos e entidades que têm condições de fornecer informações técnicas sobre barragens, bem como materiais e equipamentos essenciais para o atendimento das emergências, podendo-se destacar com maior incidência os seguintes: Defesa Civil Municipal 157 (COMDEC), Concessionárias das Barragens, Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado São Paulo (DAEE), Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), Prefeituras Municipais, Companhia Energética de São Paulo (CESP). Na questão 11, onde foi questionado sobre quais seriam as principais dificuldades enfrentadas pelas Frações sob Comando do SGB, caso houvessem emergências envolvendo ruptura de barragens próxima a área urbana ou em área rural com populações ribeirinhas, obtevesse como resposta a esta questão: a insuficiência de efetivo e de materiais específicos, falta de responsáveis pelas barragens no local da emergência; dificuldades de comunicação; procedimentos de alerta, retirada e socorro da população exposta ao risco potencial; dificiculdade de acesso ao local com viaturas e barcos; falta de especialização do efetivo neste tipo de ocorrência e falta de um plano de intervenção. Porém o que chamou mais a atenção foi a preocupação dos Comandantes dos SGB no sentido de que os órgãos que apoiam o CB nas ocorrências de desastres carecem de estruturas e organização.para o emprego nas situações de crise, citando como exemplo os órgãos de Defesa Civil municipais. Com relação a questão 12, com a pergunta sobre a realização no âmbito do SGB, de algum treinamento envolvendo emergências em barragens, percebeu-se pelas circunstâncias apresentadas nas respostas da questão 11, não poderia ser outra a resposta a esta questão, onde 100% dos entrevistados alegaram que na área do SGB em referência nunca foi realizado qualquer tipo de treinamento ou simulacro envolvendo emergências com ruptura de barragens. Na questão 13, onde solicitou aos entrevistados sugestões que poderiam ser dadas para a elaboração de um procedimento operacional padrão para o atendimento inicial de emergências envolvendo ruptura de barragens, houve nas respostas uma concentração de alguns itens com maior freqüência, sendo as sugestões alicerçadas nas características construtivas das barragens, na necessidade de contato com técnicos e responsáveis pela barragem e/ou órgãos de 158 apoio em situações de emergência, verificação da situação das estruturas e do nível de transbordamento, retirada das populações ribeirinhas, interdição de estradas de acesso a pontes em risco, estacionamento de viaturas em regiões acima das áreas de inundação; utilização de um PPI para cada técnica a ser empregada (ex: socorro com embarcações, vítimas ilhadas com correnteza, locais para pessoas evacuadas, acesso do Corpo de Bombeiros até os locais em risco, etc.), utilização do mesmo Equipamento de Proteção Individual (EPI) da Operação Enchente. Constou também nas respostas à presente questão a necessidade de treinamento específico para o efetivo do Corpo de Bombeiros em conjunto com órgãos e entidades responsáveis pela gestão de crises, inclusive treinar e capacitar os órgãos e entidades civis a operacionalizar o SICOE, bem como orientações através de campanhas educativas preventivas às populações a serem impactadas. Foi mencionado a importância de constar no POP o acionamento da Defesa Civil Municipal e Estadual, pois são elas as responsáveis pelo mapeamento dos risco e meios necessários para o atendimento às emergências, que apresentam normalmente a necessidade de tratores, caminhões basculante, retroescavadeiras e outros que não fazem parte do acervo do Corpo de Bombeiros. Também o acionamento imediato do GPAer da PMESP foi citado para monitoração das áreas atingidas e orientação das equipes de busca e salvamento. Para a questão 14, deixado de forma livre para as observações gerais, foram acrescentadas mais algumas sugestões de ordem geral referente as necessidades para que haja uma gestão de crises a contento nas emergências com ruptura de barragens, onde ficou claro a importância de ter um cadastro e mapeamento das barragens, com classificações por níveis de estruturas construtivas das barragens e aspectos críticos de ruptura, ano da construção, máximo volume relativo acumulado de água, sistema de abertura das comportas, sistema alternativo, meses de maior nível de volume d’água, locais de maior risco no curso à jusante, estabelecimento de níveis de alerta, definição clara do momento de retirada de populações ribeirinhas, 159 fechamentos de estradas, interdição de pontes, proibição de embarcações considerando a altura pluviométrica. Uma importante sugestão colhida foi o cadastramento de órgãos e entidades que poderiam trabalhar em tal ocorrência com a fixação de níveis de alerta para acionamento, constando obrigatoriedade o nome das pessoas que seriam os contatos, com os respectivos telefones e endereços, bem como a disponibilização de materiais e equipamentos a serem alocados em caso de urgência; onde tal medida visaria suplementar as deficiências desses materiais e equipamentos para as citadas operação, principalmente para os PB e BB do interior, tornando mais fácil o acionamento de pessoas e meios. 5.2 Observações gerais Em entrevistas realizadas com dez coordenadores de Defesa Civil (REDEC e COMDEC) sobre as questões encaminhadas aos Comandantes de Subgrupamentos, as respostas seguiram a mesma tendência dos Comandantes de Subgrupamento de Bombeiros, apenas criticaram os COMDEC’s não atuantes o que dificulta a estruturação de uma rede de comunicação para mobilização e enfrentamento de eventuais desastres, prejudicando a gestão de crises para os casos em questão, portanto seria difícil a mobilização e atuação. A maioria dos municípios do interior, sem histórico de ocorrências do tipo, não tem Defesa Civil estruturada. Outra sugestão importante refere-se a estratificação dos desastres com barragens, ou seja, a criação de níveis de gravidade em caso de ruptura, sendo que conforme o nível de gravidade seria estabelecido o grau de monitoramento por parte dos responsáveis. Em contato com vários Corpos de Bombeiros do Brasil (Mato Grosso, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Paraná, Rio Grande do Sul, Brasília, Tocantins e Amazonas), foram unânimes em corroborar com as respostas aos questionários respondidos pelos Comandantes de Subgrupamentos do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo; parece coerente, uma vez que no Brasil 160 não existem procedimentos operacionais e nem literaturas específicas que dão conta da gestão de crises em emergência com ruptura de barragens, o que encontramos são manuais de inspeção e manutenção, auscultação e prevenção em barragens, que apesar de grande importância, não trazem em seu escopo as operações de salvamento (terrestre e aquático), evacuação das comunidades afetadas, socorro às vítimas e gerenciamento do desastre. Por derradeiro, também, foram entrevistados profissionais da Agência Nacional da Água (ANA), Companhia Energética de São Paulo (CESP), ITAIPÚ Binacional, Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), Ministério da Integração Nacional (MIN) e Secretaria Nacional de Defesa Civil (SEDEC), onde foi comprovada a carência de manuais, regulamentos e diretrizes para o atendimento emergencial em casos específicos de ruptura de barragens, sendo utilizado para este tipo de emergência os manuais de desastres elaborados pelo Ministério da Integração Nacional, através da Secretaria Nacional de Defesa Civil. Percebe-se ainda a falta de uma legislação federal de gestão da segurança de barragens no Brasil, onde aguarda tramitação e aprovação no Congresso Nacional, desde 2003, do Projeto de Lei Nº 1181/03 que estabelece diretrizes para verificação da segurança de barragens de cursos de água para quaisquer fins e para aterros de contenção de resíduos líquidos industriais, portanto abrangendo todos os tipos de barramento, inclusive as de rejeitos de mineração, lagoas de tratamento de esgoto e, até mesmo, aterros de resíduos sólidos urbanos. 161 Capítulo 6 6 PROPOSTA DE GESTÃO DE CRISES PELO CORPO DE BOMBEIROS EM EMERGÊNCIAS COM RUPTURA DE BARRAGENS 6.1 Generalidades Como foi visto nos capítulos anteriores, as alterações ambientais e as ameaças em novas formas que caracterizam a atualidade mundial trazem constantemente efeitos multiplicadores que podem propiciar e gerar situações de crise tornando cada vez mais notório e urgente o desenvolvimento nos órgãos públicos e entidades assistências a desastres de um sistema de gestão de crises que lhes permita, com elevada prontidão e eficácia e de uma forma decisiva, fazer em face de diferentes cenários com distintos graus de gravidade. O Estado de São Paulo está sujeito a uma série de cenários de riscos que podem, a qualquer momento, transformar-se em graves desastres. Para Espósito (2008), “Quanto maior o despreparo ou a vulnerabilidade local, maior e mais graves serão as conseqüências para a comunidade”. Para o Corpo de Bombeiros, via de regra, um dos primeiros órgãos oficiais de emergência a atuar no momento do início da ocorrência de grandes desastres, independentemente do tipo e dimensão da crise, é imprescindível estar equipado de um mecanismo interno de apoio à tomada de decisões e a execução de ações imediatas que levem à aplicação dos meios adequados de resposta, no sentido do restabelecimento da situação anterior, e salvaguarda das pessoas, dos bens e/ou da preservação do meio ambiente, portanto o Comandante do PB ou BB deverão estar sempre atentos e preparados para dar a melhor resposta aos possíveis eventos desastrosos que podem ocorrer em suas áreas. 162 Neste sentido, deverá haver um perfeito entrosamento entre todos os órgãos locais de atendimento de emergência, no sentido de otimização das informações dos riscos e ameaças, bem como dos recursos necessários e dos disponíveis, devendo ainda saber a sua exata localização e forma de acionamento operacional. No entanto, há que se ressaltar que não existe registro no Ministério da Integração Nacional de rompimento de barragens de grande porte, destinadas à instalação de Usinas Hidroelétricas, ou construídas para fins de irrigação no Brasil, uma vez que são permanentemente monitorizadas, porém existem inúmeros acidentes e rupturas de pequenas e médias barragens, mal planejadas e mal gerenciadas, que se desfazem, quando submetidas a altas taxas pluviométricas e/ou enxurradas repentinas. Para melhor esclarecer as propostas apresentadas, a seguir, serão detalhados os seus principais itens. 6.2 Características essenciais da crise e seu gerenciamento Como definição de crise, conforme ensinamentos de Souza (2000, p. 31): “[...] é uma situação inusitada, que ameaça metas de alta prioridade no nível decisório e que restringe o tempo de resposta disponível antes da tomada de decisão. Quando ela ocorre, surpreende não apenas as comunidades que não estão devidamente preparadas para enfrentá-las, mas também os membros envolvidos na administração da crise". Para fins de gerenciamento de crise em emergências com ruptura de barragens, deve-se levar em conta: a. Imprevisibilidade (pode acontecer a qualquer momento); b. Urgências (requer respostas imediatas - compressão do tempo); 163 c. Ameaça a vida (quase sempre carrega um potencial de ameaça às vidas humanas); d. Requer aplicação de múltiplos recursos especializados, em tarefas simultâneas; e e. Ambiente carregado de estresse. Deve-se levar em conta, também, o tempo provável da ruptura da barragem, sendo que Menescal et al. (2005), classifica da seguinte forma: a. Ruptura em Desenvolvimento Lento: ocorre quando existe um desenvolvimento lento de ações imprevisíveis (natural ou tecnológica), onde a ruptura da barragem não seja iminente, mas possa ocorrer se nenhuma ação for efetivada. b. Ruptura em Progressão: ocorre quando existe um desenvolvimento progressivo de ações imprevisíveis (natural ou tecnológica), onde a ruptura ocorrerá num período próximo caso nenhuma ação for efetivada, devendo ser iniciada imediatamente a evacuação da área de inundação a jusante. c. Ruptura Iminente: ocorre quando a ruptura seja inevitável, devendo ser iniciada imediatamente a evacuação da área de inundação e esforços para reduzir a onda de cheia a jusante. As avaliações de risco e, conseqüente, previsão de ruptura de uma barragem ou de várias barragens sucessivas, devem prever o pior cenário possível. Muitas atividades nas emergências com ruptura de barragens devem ser desenvolvidas de forma simultânea, entretanto podem ser organizadas em três áreas distintas: a) Processo Decisório; b) Gestão de Crises e c) Ações Operacionais. Essas três linhas de ação, atuando de forma interativa, permitem o desenvolvimento de proposta de um modelo de procedimentos operacionais padronizados para o 164 Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, de forma a dotar a Instituição com um Sistema de Gestão de Crises no Atendimento Inicial a Emergências com Ruptura de Barragens, que seja eficiente, eficaz, integrado, participativo e exeqüível. A figura 77 apresenta um desenho esquemático das três linhas de atuação e a forma de interação entre os mesmos. Figura 77 - Linhas de ação para emergências com ruptura de barragens 6.2.1 Processo decisório Seguindo os itens proposto abaixo, pode-se aumentar a eficiência e eficácia do processo decisório na gestão de crises em grandes desastres com barragens: a. O desenvolvimento de uma estratégia de gestão de crises para garantir uma resposta rápida, eficaz e decisiva aos desastres; b. O estudo e conhecimento dos possíveis cenários de crise, identificando os aspectos operacionais e táticos; c. A identificação e análise de riscos de desastres; 165 d. A elaboração de um Plano de Gerenciamento de Emergência Local (PGEL) detalhado, Planos Particulares de Intervenção (PPI), assim como de planos de contingências individualizados com descrição dos processos de gestão de crise; e. A preparação de manuais de gestão de crises para atender às necessidades regionais, contemplando órgãos de atendimento às emergências sediados nas áreas de jurisdição dos PB’s e BB’s; f. Planejamento e realização de exercícios de simulação para testar, treinar e adequar, os planos de gestão de crises e outros planos de contingência a desastres; e g. Manter a comunidade informada das áreas de riscos, dos aspectos de prevenção às emergências e ações de socorro e evacuação às populações atingidas por desastres. 6.2.2 Gestão de crises Este talvez seja o aspecto mais importante da análise do Comandante de Bombeiros local, pois se a gestão atender às necessidades da demanda, a resposta ao desastre será tecnicamente eficiente e eficaz; caso isto não ocorra, é necessário que o Comandante local procure adequar-se ao contexto operacional que a situação emergencial exige, pois, caso não consiga, poderá incorrer com situações que não estará preparado para suportar, podendo gerar reflexos extremamente graves. Assim sendo, procurou se traçar aspectos básicos da gestão de crises para casos de emergência envolvendo ruptura de barragens, estando delimitado no período inicial, pois sem dúvida reveste-se em momento crítico de gestão e de suportabilidade psicológica, portanto estão relacionados a seguir os passos propostos mais importantes às atividades de bombeiros para esse tipo de acidente, onde a referida proposta está readequada à estrutura apresentada por Espósito (2008): 166 a. Assumir todas as funções do Comandante da Emergência, estabelecendo o SICOE e o posto de comando; b. Estabelecer e manter contato com outros órgãos e entidades com atuação em emergências, definindo as funções das autoridades e organismos que participam do socorro, bem como de cooperação intermunicipal e de assistência; c. Desenvolver ações de proteção da vida, do meio ambiente e do patrimônio; d. Estruturar um plano de alerta e desencadear ações prioritárias para evacuação das áreas de risco e de comunidades ribeirinhas; e. Coletar e analisar os dados sobre a emergência; f. Comunicar a ocorrência aos escalões superiores, às autoridades civis e Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC); g. Controlar os recursos humanos, de materiais e de suprimentos; h. Delimitar as áreas em zonas de trabalho, isolando e interditando logradouros públicos que afetam o desenvolvimento das atividades do Corpo de Bombeiros; i. Manter em boas condições, a circulação no interior do sistema hidráulico da barragem; j. Analisar a evolução da emergência; verificando as partes construtivas e de sustentação da barragem sob o ponto de vista de seu colapso, convocando profissionais habilitados para a avaliação das condições de segurança; k. Desenvolver ações de apoio às comunidades afetadas, auxiliando na salvatagem de objetos e móveis das residências atingidas pelo alagamento; 167 l. Desenvolver ações para restabelecimento da luz, água e de acesso às localidades inundadas, devendo manter iluminação de todas as zonas do sistema hidráulico que estão relacionados com a segurança; m. Garantir e sustentar sistema de comunicações com todas as frações militares e de apoio a emergência; n. Solicitar reforço e apoio de aeronaves do GRPAe; o. Acompanhar as condições meteorológicas do tempo e as condições de escoamento de água pela barragem e pelo canal. p. Coordenar e controlar as atividades delegadas, supervisionando os comandos subordinados e equipes civis de emergência; q. Manter os dados atualizados e preparar relatórios informativos aos escalões superiores; r. Providenciar condições para acondicionamento de vítimas fatais e de locais para conservação de corpos (ex. caminhão frigorífico); s. Autorizar a divulgação de informações à imprensa, através de um portavoz; t. Convocar o proprietário ou a empresa responsável pela barragem para providências no sentido de contenção da emergência e auxílio às vítimas e desabrigados. 6.2.3 Ações operacionais As ações operacionais para efeito de emergências envolvendo barragens está dividida em três fases: 168 a.) Preventiva; b.) Evacuação das populações ribeirinhas; e c.) Operações de salvamento. 6.2.3.1 Fase preventiva Segundo Menescal et al. (2008), em função da situação emergencial, algumas medidas podem ser tomadas, a fim de prevenir ou retardar a ruptura, sendo que para esta proposta foram adequadas às atividades de gestão de bombeiros: a. Providenciar junto aos responsáveis pela barragem a abertura dos dispositivos de descarga até o seu limite máximo de segurança, informando aos órgãos de Defesa Civil; b. Providenciar junto aos responsáveis pela barragem e/ou órgãos públicos específicos da área de obras públicas, sacos de areia, aterro ou enrocamento para serem depositados ao longo da crista da barragem para aumentar a borda livre e forçar um maior fluxo pelo sangradouro e dispositivos de descarga; c. Providenciar equipamentos de terraplenagem, mão de obra, etc, que podem ser necessários em um curto espaço de tempo; d. Providenciar proteção no talude de jusante, instalando lonas plásticas ou outros materiais resistentes a erosão no caso de galgamento; e. Providenciar junto aos responsáveis pela barragem e profissionais habilitados, a descarga de sangria, efetuando, em último caso, aberturas em pequenos aterros, diques ou barragens auxiliares, onde os materiais 169 de fundação forem mais resistentes à erosão, notificando às pessoas residentes a jusante sobre o aumento de vazão; f. Visualizar as áreas constantes da barragem, principalmente as áreas afetadas, observando sinais de deslizamentos, trincamentos ou percolação concentrada; g. Providenciar para que os responsáveis pela barragem, façam o rebaixamento do nível da água no reservatório até uma cota considerada segura, dadas as condições da ruptura. Caso os dispositivos de descargas estejam danificados, bloqueados ou com vazão insuficiente, a instalação de moto-bombas ou a abertura controlada do aterro podem ser necessárias; h. Verificar o pé da barragem e ombreiras a jusante procurando por infiltrações ou percolações anormais no dreno do pé, sendo que caso exista alguma indicação de fluxo com carreamento de argila ou silte ou aumento das vazões, implementar os procedimentos de Ruptura Iminente; i. Estabilizar deslizamentos no talude de jusante acrescentando material (ex. solo, enrocamento, pedregulho etc.) no pé da superfície de ruptura; j. Estancar o fluxo de erosões regressivas com qualquer material disponível (ex.: lona plástica etc.); k. Implementar medidas temporárias para proteger estruturas danificadas; l. Reduzir o fluxo ou providenciar uma proteção temporária nos pontos de erosão no sangradouro, como a colocação de sacos de areia, enrocamentos ou lonas plásticas presas por sacos de areia, etc.; e m. Tentar impedir o fluxo d’água através de trincas em uma barragem de concreto, instalando lonas plásticas na face de montante. 170 n. Acompanhar constantemente a taxa de elevação do nível do reservatório em especial a sua borda livre; o. Acompanhar as condições climáticas - passado, presente e previsão, estando atento para as influências das descargas dos riachos e rios a montante. Cabe salientar, que o Comandante da Emergência deve verificar se há registros de regras escritas de operação para comportas e das válvulas de operação do reservatório. Deve ainda atentar para a remoção de vegetação ou qualquer material que possa causar a obstrução do fluxo d’água e/ou esconder anomalias na barragem. Em caso da necessidade de descarga súbita de água, planejadas ou não, pelo sangradouro ou dispositivos de tomada d’água (abertura de comportas e válvulas etc.), as populações residentes a jusante devem ser notificadas juntamente com os órgãos de manutenção da ordem pública, de emergência e de defesa civil, sobre o aumento do fluxo. É oportuno lembrar que esta fase é de vital importância para o êxito do planejamento, pois caso não seja adequado o levantamento e análise dos riscos, o planejamento, com certeza, não irá atender às necessidades operacionais, levando o Comandante da Emergência a incorrer em erros graves. Com a análise de risco será possível ao Comandante de PB e BB, na função de Comandante da Emergência, dimensionar quais os serviços essenciais e sistemas que podem ser afetados no caso da ruptura da barragem, tais como sistema de transporte, alimentação, fornecimento de energia ou água, etc. Essas informações serão muito importantes, pois refletem mais diretamente nas ações de emergência, reduzindo o potencial de resposta local. 171 6.2.3.2 Evacuação das populações ribeirinhas O sucesso de uma evacuação depende em grande parte da eficiência do processo de alerta e aviso. Se as pessoas não estão convencidas sobre a realidade do perigo, a evacuação se torna mais difícil. Ao planejar a evacuação, deverá dar prioridade aos planos de emergência da barragem, dos órgãos de emergência ou, ainda, da Defesa Civil, inclusive possível comportamento da população. Uma avaliação de técnicos habilitados pode mostrar, que o nível das águas subirá rapidamente em algumas áreas. A parte essencial do aviso de alerta é fazer com que a população tome as medidas necessárias para a saída das áreas de risco e encaminhamento para os locais de cadastro e abrigos temporários. As pessoas devem estar convencidas da realidade do perigo e devem ser orientadas a agir de acordo com as instruções de salvamento das autoridades. Uma simples advertência, freqüentemente, não é suficiente, as pessoas em perigo necessitam de instruções sobre como se salvar de uma situação ameaçadora. O fator mais importante que poderá afetar o aviso, a evacuação e o salvamento das populações ribeirinhas é o período entre a constatação da emergência e possível ruptura da barragem com a notificação de alerta e início da operação de retirada das comunidades em risco. Se a emergência instalada na barragem for comunicada ou constatada tardiamente, as condições de fazer reparos de emergência, visando prolongar sua estabilidade são menores, aumentando a probabilidade de baixas humanas, ou seja, a velocidade da notificação da possível emergência envolvendo a barragem tem uma correlação direta com a perda de vidas. A credibilidade do aviso de alerta está nos meios utilizados para alcançar as comunidades em risco. Alarmes e/ou avisos sonoros instalados em veículos de unidades de salvamento, boletins de emergência em emissoras de rádio e televisão, 172 contatos pessoais de equipes de emergência, são os meios mais eficientes e eficazes para alcançar o maior número possível de pessoas. Como regra geral as pessoas acreditam que o ambiente onde residem é seguro e não conseguem reagir ao sinal de alerta. Antes de agir, as pessoas procuram avaliar a realidade da ameaça e do perigo para si próprios em face de uma emergência e tendem a buscar informações para confirmar a sua avaliação. As equipes de socorro utilizadas para a evacuação devem ser alertadas sobre os locais de risco e/ou pontos de encontro determinados pela equipe de gestão da emergência, onde deverão ser levadas para alojamentos temporários. Estes alojamentos são organizados por fundos de solidariedade, serviços sociais e de saúde ou, ainda, através de serviço voluntário de apoio, sendo a localização desses alojamentos em áreas que não possam ser atingidas por ondas de cheia provocadas pela ruptura da barragem, bem como por interrupção de água potável, saneamento básico e energia elétrica. Deverá ser dada especial atenção às pessoas idosas, crianças e portadoras de necessidades especiais, uma vez que o discernimento sobre a emergência e a locomoção desse público é limitado, dificultando o trabalho de evacuação por parte das equipes de socorro. 6.2.3.3 Operações de salvamento Emergências em Barragens, principalmente aquelas que resultam na sua ruptura, é uma situação extremamente exigente para todos os envolvidos. Uma forte onda de inundação, variando em profundidade e largura, detritos flutuantes, comprometendo sistemas viários e de distribuição de água e energia elétrica, torna a situação particularmente difícil para as operações de salvamento. Uma das regras de ouro para operações de salvamento é o controle da maior ameaça em primeiro lugar. O início de uma operação de salvamento neste 173 caso, em específico, deve ser o de alerta e evacuação da população de modo que ações de salvamento de vítimas tornam-se desnecessária. O maior esforço de intervenção de salvamento deve estar concentrado dentro das primeiras setenta e duas horas, após ter sido deflagrada a emergência, pois é o período em que a possibilidade de salvamento de vítimas com vida torna-se maior (NOB 31, 2004). O Sistema de Comando e Operações em Emergências (SICOE) adotado pelo Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo é a ferramenta operacional nas ações de salvamento a ser executada em grandes desastres, devendo em complementação aos planos específicos de emergência para barragens e todos os planos operativos implementados na região, serem observados os POP’s e PPI’s. Múltiplos processos de gestão da emergência falham por dificuldades de comunicação às entidades com responsabilidades no processo. Tais falhas evidenciam-se essencialmente em “demoras” de equipes especializadas ou de equipamentos, momento em que cada minuto é precioso e o seu não aproveitamento pode revelar-se fatal. As ações de socorro devem incluir a capacidade de efetuar salvamento aquático, pois se assemelha a ocorrências atendidas durante as enchentes. O principal complicador em salvamento aquático em emergências de ruptura de barragens reside na profundidade e velocidade do fluxo d’água (enxurrada), onde restos de detritos, arbustos, galhos e escombros afetam operações de resgate e representam ameaças para salva-vidas e motores de barcos. As operações de mergulho são consideradas de muito alto risco, não devendo ser realizadas em situações em que a barragem ameaça se romper. Em situações de salvamento de pessoas ilhadas ou flutuando em meio as águas, o melhor método é salvá-las usando um helicóptero. Um puçá no helicóptero é essencial para resgatar pessoas em perigo. Helicópteros sem o citado equipamento podem ser utilizados para localizar pessoas, bem como para ajudar na gestão e operações de transporte de feridos. 174 6.3 Formulário de segurança de barragens O Gerenciamento de Riscos nas emergências com rupturas de barragens visa identificar os riscos e propor ações mitigadoras ou de se evitar os acontecimentos trágicos, os quais se têm presenciado com uma freqüência crescente no Brasil, conforme demonstrado no anexo “A”, relação encaminhada por Menescal34 (2008). Também é de suma importância que o comandante de Posto ou Base de Bombeiro conheça os espelhos d’água com barragens em sua área de jurisdição, portanto neste trabalho, também, apresenta-se como proposta uma planilha de cadastro de barragens (Apêndice “B”), onde serão conhecidos os aspectos construtivos, de manutenção e segurança de cada um dos barramentos. Este formulário abrange tópicos como: identificação do proprietário e do empreendimento, informações hidrológicas, informações sobre a barragem principal e sobre eventuais barragens a montante, detalhes das estruturas, como vertedouro, tomada d’água, aspectos de gestão dos recursos hídricos, identificação dos responsáveis pelo projeto, operação do empreendimento e apresentação de um indicativo da situação da segurança da barragem. O citado formulário deverá ser preenchido pelo representante do Corpo de Bombeiros da área de onde esta localizado o referido barramento e, posteriormente, anexado ao plano de gerenciamento de emergências local (PGEL) com ênfase para desastres envolvendo barragens, sendo que vislumbrado pelo vistoriante qualquer indício de possível ruptura deverá ser encaminhado relatório circunstanciado às autoridades judiciárias, de licenciamento ambiental e da outorga de direito de uso dos recursos hídricos. 34 Rogério de Abreu Menescal, Gerente Executivo da Agência Nacional da Água (ANA) 175 CONCLUSÕES O conjunto de conhecimentos em gestão de crises em emergências provocadas por ruptura de barragens que ao longo deste trabalho se procurou expor, alicerça-se no entendimento de que os riscos inerentes a este tipo de ocorrência são passíveis de serem mitigados, baseando-se ainda, na convicção de que eventuais situações de ameaça real poderão ser, em muitos casos, antecipadas e solucionadas com reparos emergenciais e/ou manutenções preventivas, bem como os efeitos do desastre minimizados. Os desastres, neste trabalho particularizado em acidentes provocados por ruptura de barragens, causados por desastres naturais ou tecnológicos, ou ainda desastres mistos, não são causadores apenas de grande número de mortes e feridos, mas também interferem no conceito de ordem pública pelos danos às estruturas públicas e privadas locais. A paralisação dos serviços de distribuição de energia elétrica, de água potável, de comunicações e saneamento básico, além do comprometimento dos aspectos econômicos, políticos, de tranqüilidade e paz social, exigem, de forma incondicional, a imediata atuação das forças de segurança do Estado, especialmente do Corpo de Bombeiros, órgão integrante do Sistema de Atendimentos às Emergências destinado a proteção da vida, do meio ambiente e do patrimônio. Ruptura de barragens está entre o conjunto de riscos classificados como de baixa probabilidade de ocorrência e com um potencial catastrófico elevado. A eficácia de um processo de gestão de crise será tanto maior se as comunidades existentes a jusante e os órgãos responsáveis pelos atendimentos emergenciais primarem pelas suas capacidades de vigilância e de resposta em caso de ameaça, pois quanto maior a preparação, maior a chance de minimizar os efeitos do desastre. Daí a necessidade do levantamento dos espelhos d’águas com barramentos, onde poderá ser plenamente executado com a vistoria das barragens existentes na região e por meio do preenchimento do Formulário de Segurança de Barragens (Apêndice B), pelo Corpo de Bombeiros. 176 Procurou-se demonstrar que a humanidade vem enfrentando, nos dias de hoje, graves ameaças ocasionadas pelas alterações climáticas, sendo que a mais grave é a possibilidade do aquecimento global. As conseqüências estarão relacionadas às alterações drásticas dos padrões climáticos, com repercussões significativas na maneira como vivem os seres humanos, provocando desastres naturais que causarão sérios prejuízos às atividades econômicas e comprometimento da integridade física e da vida das pessoas. As chuvas serão freqüentes, intensas e pontualmente localizadas, onde associadas ao mau planejamento e gerenciamento das bacias hidrográficas e da infra-estrutura hídrica, especialmente pela urbanização desordenada e falta de manutenção dos barramentos, representarão uma séria ameaça as barragens, principalmente aquelas de pequeno e médio porte em áreas rurais, construídas sem especificações técnicas que em um “efeito dominó”, podem vir a comprometer obras maiores. Essas alterações climáticas e seus efeitos já podem ser sentidas como foi visto na apresentação dos gráficos no Capítulo 5, demonstrado pelas respostas dos entrevistados que alegaram o enfrentamento de inúmeros problemas relacionados a chuvas mais intensas e localizadas, aumentando com isso as atividades de salvamento, decorrentes do atendimento e enchentes, deslizamento de terras e comprometimento da infra-estrutura urbana. Os acidentes com barragens no Brasil têm se agravado, conforme informações do Engenheiro Dr. Rogério de Abreu Menescal, Gerente Executivo de Cadastro da Agência Nacional da Água – ANA (2008), onde nos últimos cinco anos foram registradas mais de 800 rupturas de barragens, sendo que somente em 2004 estima-se que mais de 400 barragens, de diversos tamanhos e tipos, tenham se rompido em todo o Brasil, muitas delas pela incapacidade de suportar os eventos hidrológicos ocorridos. Foi constatado através de pesquisas e entrevistas as Unidades Operacionais do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Corpos de Bombeiros do Brasil, Coordenadorias Municipais e Regionais de Defesa Civil do Estado de São Paulo e Órgãos Técnicos responsáveis pelo controle e fiscalização das barragens, a inexistência de um procedimento operacional padronizado para emergências envolvendo ruptura de barragens, dificultando o trabalho daqueles que 177 assumem tão importante missão de gerenciar este tipo de crise, pois na maioria das vezes são surpreendidos com a emergência, momento em que contará, a princípio ou tão somente, com a boa vontade e solidariedade dos órgãos públicos e da comunidade daquela localidade, que geralmente não está preparada para situações que ultrapassam sua capacidade de resposta, ocasionando perda de tempo em momentos em que cada minuto é precioso e o, conseqüente, aumento das probabilidades de se cometer erros, expondo a figura das autoridades. constituídas de forma desnecessária, podendo inclusive gerar crises políticas ou institucionais. Chama, também, a atenção às respostas dos questionários enviados às Unidades Operacionais do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, o fato de que apesar de reconhecerem que suas regiões sofrem com os desastres naturais, não mencionam, com raras exceções, acidentes com barragens, sendo que há inúmeros acidentes deste tipo registrados no Estado de São Paulo. Como pôde ser constatado no estudo de caso apresentado neste trabalho, onde analisou o rompimento da barragem do balneário da Estância Turística de Paraguaçu Paulista, detectamos dificuldades para a gestão da crise, uma vez que o coordenador das ações de emergência se viu muitas vezes isolado por falta da atuação de representantes de alguns órgãos de emergências, tendo que atuar pessoalmente nos diversos cenários operacionais de desastres na região; o sistema de comunicações apresentou falhas, dificultando a delegação e transmissão de tarefas e recepção de informações; houve falta de um plano de emergência que abordasse acidentes com barragens, informando as características técnicas das partes construtivas e de sustentação da barragem, procedimentos de avaliação da estabilidade estrutural, bem como procedimentos para situações de emergência, o que tornou ainda mais difícil à tomada de decisão. No entanto, enfrentando as dificuldades e improvisando com criatividade, a Instituição cumpriu sua missão de maneira a ser elogiada pela comunidade paulista. Apesar da quase totalidade dos Comandantes dos Subgrupamentos de Bombeiros entrevistados concordarem que é importante e necessária, para a obtenção de melhores resultados operacionais, a padronização das ações neste tipo de ocorrência, mantendo vetores de interatividade com outras organizações e 178 entidades que irão operar no desastre, a maioria não possui qualquer estratégia de planejamento preventivo e operacional adequado, atualizado e integrado de gerenciamento de emergências local ou, pelo menos, um mapeamento de riscos de sua área, desconhecendo inclusive a existência de barramentos susceptíveis a ruptura em sua região de comando, e consideram difícil a mobilização de recursos para o atendimento às emergências com barragens. Em contrapartida, caso tivessem planos de emergência preventivo e integrado, com estudos específicos nessa área, encontrariam maior facilidade nessas mobilizações. A antecipação de situações de ameaça de ruptura de barragens, haja vista o potencial destrutivo que este tipo de risco acarreta e a escassez de tempo de resposta que estas situações exigem, é uma peça fundamental no contexto do desencadeamento das operações de socorro e de evacuação das áreas de risco. Quanto mais cedo é detectada uma irregularidade que ameace a estabilidade da barragem, maior é o tempo disponível para controlar aquele risco e evitar uma situação de desastre ou minimização dos danos materiais e humanos a jusante. Assim, como foi dito anteriormente, um dos primeiros passos para se resolver um problema é tentar identificá-lo melhor, o que poderá ser viabilizado pela implantação do Formulário de Segurança de Barragens (Apêndice B), pois só assim se pode avaliar com precisão o número de barragens na área de atuação do PB e BB e ter uma melhor noção dos riscos inerentes a cada um dos barramentos, criando ainda um pseudo caráter de “fiscalização”, fazendo criar uma mentalidade prevencionista e de responsabilidade por parte dos proprietários e/ou usuários dessas estruras. Diante do cenário apresentado somado aos incidentes e acidentes com barragens brasileiras, que evidencia a iminência de uma situação crítica com riscos crescentes de acidentes com conseqüências que podem ser de alta gravidade, bem como que a maior responsabilidade ainda, como foi visto, recai sobre o Posto e Base de Bombeiros, que são os encarregados de dar as primeiras respostas em âmbito local, devendo estar preparados para atuar e interagir com todas as forças regionais. Tornou-se claro que a elaboração de um documento técnico que contivessem o conhecimento básico, mas necessário, para que qualquer policial militar bombeiro designado para assumir o gerenciamento de emergências com ruptura de barragem, tivessem um embasamento teórico e técnico ao desenvolvimento de suas missões 179 na busca de soluções para os procedimentos de suporte humano, de materiais e de equipamentos necessários ao socorro das comunidades afetadas. Sendo assim, para o problema que foi apresentado, por meio do atendimento das hipóteses propostas, onde utilizando pesquisas bibliográficas e levantamento de campo, dentro do método hipotético-dedutivo, trouxe um compêndio técnico contendo os procedimentos operacionais para a gestão de crises pelo Corpo de Bombeiros para o atendimento inicial às emergências envolvendo ruptura de barragens, de modo que houvesse padronização das atividades preventivas e de socorro às comunidades afetadas. É uma fonte de consulta onde se agrupou as diversas normas e estudos sobre o assunto, criando facilidades para o desempenho das funções de comando e gerenciamento das emergências, uma vez que a complexidade desses atendimentos e a necessidade das forças de respostas locais trabalharem de forma harmônica e perfeitamente integradas, proporciona um aumento do potencial operacional e, conseqüentemente, a redução dos efeitos danosos de um desastre junto às comunidades à jusante. Acredita-se que o presente estudo é útil, necessário e de interesse da Instituição, haja vista que constantemente nossos bombeiros, que atuam nos mais longínquos municípios do Estado de São Paulo, nem sempre contam com aparato operacional e de informações técnicas das grandes cidades, razão pela qual apresenta-se esta importante fonte de consulta, que proporcionará a padronização e a conseqüente melhoria na qualidade do serviço prestado, aumentando ainda mais o conceito da Polícia Militar junto à comunidade. Procurou-se indicar ações operacionais que o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, através dos Comandos de PB e BB, necessitam desenvolver para a gestão: comando, coordenação e controle das ações de preservação da ordem pública, ou seja, proteção da vida, do meio ambiente e da propriedade, nos locais de emergências envolvendo ruptura de barragens. As ações operacionais propostas não têm a pretensão de esgotar o assunto ou definir um rígido rol de atuação para o policial militar bombeiro na função de comandante da emergência num evento de desastre, mas servem para desencadear 180 um processo de reflexão e debate sobre esta temática, onde poderão surgir novas propostas e medidas visando sempre diminuir o impacto causado por fenômenos naturais mais severos. Em última análise o que se pretendeu analisar e discutir nesta dissertação monográfica, alicerça-se na assunção de que os desastres com barragens não são fatalidades incontornáveis. Devem pelo contrário, ser entendidos como acontecimentos não rotineiros cuja ocorrência pode, em alguns casos, ter seus efeitos minimizados pela gestão de crises no período inicial da emergência. Entretanto, há um amplo campo de pesquisa nesta área, ainda muito incipiente, e muitos aspectos podem ser mais detalhadamente avaliados, contribuindo para o estabelecimento de sistemas de atendimento operacional mais eficazes. Desta forma, são sugeridos a seguir os seguintes tópicos para pesquisas futuras: 1) Estabelecimento de referenciais de segurança para avaliação de risco em barragens, relacionando evidências de anomalias e o grau de risco que representa para a ruptura da barragem. 2) Estudo de metodologia aplicável à construção de cenários de riscos para casos de acidentes com barragens. 3) Estabelecer o desenvolvimento de sistemas eficientes de monitorização, alerta e alarme, que funcionem em tempo real, com a finalidade de otimizar a previsão da ruptura da barragem e, reduzir a margem de surpresa provocada pela ocorrência extemporânea da onda de inundação. 4) Desenvolvimento de um fluxograma lógico de emissão de alertas para as populações ribeirinhas à jusante da barragem em caso de anomalias de operação. 181 5) Elaboração do Manual Técnico de Bombeiro específico para Emergências com Ruptura de Barragens. 6) Desenvolver metodologia para a viabilização por parte da Defesa Civil Estadual do levantamento dos espelhos d’água com barramentos no Estado de São Paulo, utilizando programas computacionais para análise preliminar de risco das estruturas das barragens e por meio do georeferenciamento identificar a localização das mesmas e plotar no Mapa de Ameaças Múltiplas. 182 REFERÊNCIAS ALBERTA ENVIRONMENTAL PROTECTION. 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Campinas, 2005. 190 AP ÊND ICE A – Q UEST IONÁRIO C OM AND AN TES DE SGB 191 SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DA SEGURANÇA PÚBLICA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CENTRO DE APERFEIÇOAMENTO E ESTUDOS SUPERIORES “CEL PM NELSON FREIRE TERRA” CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS – I / 09 QUESTIONÁRIO TEMA MONOGRÁFICO: “GESTÃO DE CRISES NO ATENDIMENTO INICIAL À EMERGÊNCIAS COM RUPTURA DE BARRAGENS: ANÁLISE E PROPOSTA”. AUTOR: Cap PM Rogério Gago / 12º Grupamento de Bombeiros da PMESP Prezado Comandante SGB, Venho solicitar a Vossa Senhoria, com a finalidade de fundamentar pesquisa para minha proposta Monográfica do CAO, o inestimável apoio no sentido de fornecer valiosas informações a respeito do tema de minha pesquisa – “Gestão de Crises no Atendimento Inicial a Emergências com Ruptura de Barragens”, por meio do questionário abaixo. Certo da compreensão e incentivo para o presente estudo, apresento abaixo algumas questões de interesse deste autor, agradecendo desde já. Sobre o tema: O que se pretende analisar e discutir nesta dissertação monográfica, alicerça-se na assunção de que os desastres com barragens não são fatalidades incontornáveis. Devem pelo contrário, ser entendidos como acontecimentos não rotineiros cuja ocorrência pode, em alguns casos, ter seus efeitos minimizados pela gestão de crises no período inicial da emergência. Esperamos com este trabalho suprir uma lacuna de carência de informações técnicas e de pessoal especializado e treinado, os quais estão muitas vezes 192 fisicamente distantes, aos profissionais policiais militares, bombeiros ou não, e a outros envolvidos no sistema de defesa comunitária, evitando assim que desastres repentinos dessa natureza, despidos de qualquer possibilidade de antecipação e portadores de situações de “caos social”, possam deixar as organizações locais de apoio ao desastre em pânico, desprovidas da capacidade de resposta. Há a necessidade para o embasamento e aprimoramento da pesquisa, de se realizar um diagnóstico de tal atividade nos Corpos de Bombeiros do Estado de São Paulo, conhecendo sua atuação nessa área, entre outros fatores de interesse que possam enriquecer a pesquisa. Desde já, este autor agradece pelo apoio a esta monografia e ressalta que as informações enviadas serão um suporte imprescindível para o enriquecimento da mesma. Após responder o questionário abaixo, solicito enviar o arquivo aos seguintes emails: [email protected] com cópia para: [email protected] Caso haja alguma dúvida a respeito de alguma questão deste questionário, por favor, utilize também os e-mails acima e as questões serão dirimidas o mais rápido possível. Solicito responder mesmo que negativamente ou em branco. DEFINIÇÃO DE RUPTURA DE BARRAGEM: Em termos de integridade estrutural, uma liberação incontrolável do conteúdo de um reservatório (represas, lagos, contenção de rejeitos, usinas hidrelétricas, etc...) ocasionado pelo colapso da barragem ou alguma parte dela. Em termos de desempenho, é a incapacidade de uma barragem em desempenhar suas funções de barramento da água armazenada. UNIDADE: QUESTIONÁRIO PREENCHIDO POR: NOME: CARGO / FUNÇÃO: 193 MUNICÍPIOS ABRANGIDOS POR ESSE SGB: 1. Os municípios sob seu Comando enfrentam problemas relacionados a chuvas intensas: ( ) várias vezes durante o período chuvoso ( ) pelo menos uma vez durante o período chuvoso ( ) eventualmente durante o período chuvoso ( ) raramente durante o período chuvoso ( ) nunca 2. Os problemas registrados durante o período chuvoso nos municípios sob seu Comando podem ser caracterizados: ( ) Inundações de áreas urbanas por rios ( ) Inundações de áreas urbanas por córregos ( ) Comunidades ilhadas devido ao transbordamento de rios/córregos ( ) Destruição de estradas por enxurrada ( ) Interrupção de estradas por deslizamento de encostas ( ) Destruição de pontes ( ) Destruição de moradias por deslizamento de encostas ( ) Desabamento de edificações ( ) Ruptura de barragens (represas rurais, lagos, represas de rejeitos, etc) ( ) Outros. Especificar: 3. Qual foi a causa destes problemas: ( ) Chuvas Intensas/Tromba d’água ( ) Elevação do nível dos rios provocada por chuvas nas cabeceiras ( ) Elevação do nível dos córregos provocada por chuvas nas cabeceiras ( ) Transbordamento de represas, lagos, balneários, etc. ( ) Outros. Especificar: 194 4. Os problemas ocorrem: ( ) Na área urbana ( ) Nos Distritos ( ) Na área rural ( ) Nas estradas de acesso ao município ( ) Outros. Especificar: 5. Existem nos registros estatísticos ou históricos na área desse SGB atendimentos operacionais em emergências com ruptura de barragens? ( ) SIM ( ) NÃO 6. Existe um mapeamento das barragens na área abrangida por esse SGB? ( ) SIM ( ) NÃO 7. Existe em algum dos PB’s / BB’s desse SGB, Plano de Gerenciamento de Emergências devidamente implantado, difundido e atualizado para as emergências envolvendo ruptura de barragens? ( ) SIM ( ) NÃO 8. Com relação a facilidade de mobilização e disponibilização de recursos dos PB’s / BB’s de forma a atender as necessidades reais no momento do atendimento operacional em emergências envolvendo ruptura de barragens, VSª classifica como: ( ) Muito difícil mobilizar os recursos necessários para o local da emergência no tempo adequado. ( ) Difícil de mobilizá-los. ( ) Facilmente mobilizá-los para o emprego operacional. ( ) Extremamente fácil, nunca houve nenhum problema quanto a isso. 195 9. Com foco no atendimento às emergências com ruptura de barragens, existe algum órgão na área desse SGB em condições de fornecer apoio técnico (informações técnicas sobre barragens, fornecimento de materiais e equipamentos) para que se possa dar resposta ao desastre? ( ) SIM ( ) NÃO 10. Em caso afirmativo, favor citar quais órgãos seriam. Resposta: 11. Diante do que foi respondido neste questionário, quais são as principais dificuldades enfrentadas pelas Frações sob seu Comando, caso haja emergências envolvendo ruptura de barragens próxima a área urbana ou em área rural com populações ribeirinhas? Resposta: 12. Já foi realizado no âmbito desse SGB, algum treinamento ou simulacro envolvendo emergências em barragens. Resposta: 13. Quais sugestões VSª daria para a elaboração de um procedimento operacional padrão para o atendimento inicial de emergências envolvendo ruptura de barragens? Resposta: 14. Observações gerais: 15. Telefone do SGB: Obrigado pela atenção e permanecerei à disposição para esclarecimentos: Cap PM Rogério Gago. E-mail: [email protected] ou [email protected] Telefone: (14) 3879-8355 ou (14) 9797-2698 196 APÊN DIC E B – FICH A C AD AST RO DE B ARR AGENS 197 Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública POLICIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO CORPO DE BOMBEIROS FORMULÁRIO - SEGURANÇA DE BARRAGENS 1. IDENTIFICAÇÃO DA BARRAGEM Data da vistoria: Cadastro N°.: Rubrica do Cmt do PB/BB: Localização: Município: UF: Bacia/Sub-bacia: Curso d’água barrado: Proprietário: Responsável pelo uso: Responsável Técnico: Espelho d’água: Tipo de uso: Barragem: comprimento: Fone: Fone: Data da construção: Área do Reservatório: Largura da Crista: m Altura: CREA: Artificial Natural m Documentação Técnica Existente: Não possui m 2 m Projeto Básico Projeto Executivo 2. ELEMENTOS ESTRUTURAIS Tipo: Em caso de “outros” especificar: Terra Enrocamento Concreto Canal escavado em solo natural Canal escavado em rocha Tipo do Vertedouro Outros Canal Revestido Inexistente Características do vertedouro: 3. ANÁLISE DE RISCO Situação da área a Montante do Sim Reservatório – Existência de outros barramentos: Quantos? Situação da Reservatório: área a Jusante do Não Cidades / população Infra-estruturas estradas) Perímetros irrigados Barragens. (pontes, ferrovias, Situação do Reservatório e Entorno: Eutrofização no reservatório: Alteração do uso e ocupação do solo: Eliminação da vegetação natural ou implantada: Não Pouco Mediano Muito Significante Alguma Insignificante ND Não Sim Parcial Situação da Drenagem e Taludes: Presença de Vazamento: Inexistente Pouco Razoável Muito Presença de Deformações: Inexistente Pouco Razoável Muito Deterioração em aspectos gerais e taludes: Inexistente Pouco Razoável Muito Evidências de erosão a jusante: Inexistente Pouco Razoável Muito Situação de Segurança: Situação de Manutenção: Inexistente Insuficiente Suficiente Possui Regras Operacionais de Segurança: Vertedouro Barragem Tomada d’água Condições de Segurança: Ass. Do Proprietário/ Resp./uso: Boa Regular Ass. Vistoriante CB: * Observações no verso. * Anexar ao presente formulário mapa de localização da barragem. Ruim Péssim a 198 198 AN EXO A – LIST A DE AC IDENT ES COM B AR R AGENS NO BR AS IL – AN OS D E 2007 E 2008 199 199 ACIDENTES E INCIDENTES COM BARRAGENS EM 2007 LOCAL MUNICÍPIO USO OCORRÊNCIA MOTIVO CONSEQUÊNCIAS galgamento e ruptura de barragens a destruição e inundação de imóveis e vias públicas; em conseqüente montante em seqüência várias fazendas plantações foram varridas, bovinos ruptura superior à capacidade do arrastados e casas ficaram submersas FUNCIONAMENTO DATA cheia ocasionada por Balneário Paraguaçu Paraguaçu Paulista - SP Uso múltiplo operação jan/07 operação jan/07 operação jan/07 operação jan/07 operação jan/07 operação jan/07 operação jan/07 vertedouro das seis comportas existentes, apenas duas funcionam Bacanga São Luís- MA Uso múltiplo degeneração da falta de manutenção e estrutura conservação por causa do acúmulo de pedras em suas bases, parte do muro de contenção do canal vertedor desmoronou e a estrutura de contenção de d'água está funcionado precariamente Rio Pomba Mineração galgamento e Miraí - MG Mineração Ltda Tanque Novo conseqüente ruptura Piranga - MG Uso múltiplo am eaça de ruptura cheia superior à capacidade cerca de 2 milhões de m3 de lama (água e argila) foram do vertedouro associado derramados no rio Fubá, afluente do rio Muriaé; de 3 a 5 com erro no nivelamento da mil pessoas ficaram desabrigadas e ocasionou danos crista ambientais presença de um a grande esvaziamento do reservatório por meio da construção de fissura no maciço um canal do lado esquerdo da barragem precipitação intensa e vizinhas, falta de energia elétrica e destruição de duas infiltrações pequenas pontes. Três mil moradores da zona rural Destruição da mata ciliar, erosão nas propriedades Mineração Bom Retiro Leme - SP Mineração ruptura ficaram sem energia elétrica. Diversos (2) São Sebastião da Grama - SP Uso múltiplo Maquiné - RS devido a onda de cheia da ruptura de duas barragens a conseqüente montante, mas não chegou a romper. Com a cheia do rio ruptura galgamento e Maquiné A barragem de abastecimento da cidade foi galgada galgamento e Uso múltiplo conseqüente ruptura Anhumas, cinco famílias ficaram desabrigadas cheia superior à capacidade Destruição de casas, deixando 20 famílias desabrigadas e do vertedouro inundação de estradas 200 Um vazamento de resíduos de minério de ferro causou transtornos em Congonhas. O fato aconteceu na primeira semana de fevereiro, quando o material transbordou da barragem Baixo João Pereira, caindo no rio Santo Antônio, que forma uma piscina natural no Parque da Baixo João Pereira Congonhas Uso múltiplo vazamento de Cachoeira. Foram cerca de 100 toneladas de resíduos, rejeito de provenientes de uma barragem da empresa Vale do Rio mineração Doce. De acordo com a Feam (agência ambiental operação fev/07 operação fev/07 mineira), o material não é tóxico. Para a Prefeitura de Congonhas e a Vale do Rio Doce, o transbordam ento ocorreu por causa das chuvas constantes. A Feam já determinou a fiscalização nas barragens da bacia do rio Santo Antônio, para apurar as causas do acidente. A Represa de Hedberg, a primeira do Brasil, construída em 1811 para movimentar as máquinas da antiga Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema, em Iperó, na região de Sorocaba e outras construções do conjunto, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), estão ameaçadas pelas águas. No local, hoje transformado na Floresta Nacional de Ipanema (Flona), funcionou a primeira siderúrgica o Brasil. A Represa de Hedberg Iperó - SP Hidrelétrica ruptura da comporta falhas de manutenção estrutura de madeira que sustentava a comporta de ferro da barragem estourou. A água inundou a Casa da Guarda, também construída em 1811, e a Fábrica de Armas Brancas, inaugurada em 1886 pelo imperador D. Pedro II. O nível da água atingiu ainda o sítio arqueológico onde se encontram os altos-fornos de Varnhagen, de 1816, os primeiros do Brasil, e o forno de Mursa, de 1885, restaurados recentemente. A água da represa é usada na usina de enriquecimento de urânio do Centro Experimental Aramar, instalado na mesma área. 201 A falta de energia ocorrida na última terça-feira dia 20, que atingiu alguns municípios da região de Picos, foi Poço do Marruá Marruá - PI Uso múltiplo Inundação de linha de transmissão provocada pelas águas represadas da barragem de Poço falha de projeto de Marruás, construída no município de Patos do Piauí, 1o. Enchimento fev/07 operação fev/07 operação mar/07 operação mar/07 que encobriram aproximadamente 1.000 metros da linha de transmissão da Cepisa de 34,5 KV PICOS/JAICÓS/PAULISTANA Boato dando conta de que a Barragem do Rio São Bento estaria com sinais de rompimento, com sérios riscos de vir a alagar a cidade de Criciúma. Foi desmentido pelo Engenheiro da Casan, Paulo Costa, responsável pela operação da barragem. O Engenheiro disse à Rádio São Bento Siderópolis Uso múltiplo boato sobre risco Criciúma que esta informação é totalmente infundada, já de ruptura que tudo está dentro da normalidade e que as chuvas que caíram nos últimos dias estavam até abaixo da média para este período do ano, quando já houve registros de precipitações pluviométricas de mais de 220mm, e as chuvas dos últimos dias estavam na média de apenas 44mm. Jacinto Mampituba Machado/Praia galgamento e Uso múltiplo Grande conseqüente ruptura cheia superior à capacidade alagamentos e muitos estragos nas lavouras de arroz; do vertedouro uma criança de seis anos morreu afogada Situadas às margens da Diversas (2) rodovia Transbrasiliana (BR-153) galgamento e Uso múltiplo conseqüente ruptura surgimento de uma fenda em uma das barragens danos materiais e financeiros aos proprietários do estabelecimento, cerca de 10 toneladas de peixes, estimados em R$ 40 mil, foram perdidos 202 As fissuras e rachaduras no paredão da Barragem do Prata, localizada no município de São Joaquim do Monte, no Agreste, preocupam o deputado Barreto (PMN). "A obra não recebe manutenção há oito anos e pode romper, provocando uma tragédia, talvez sem precedentes na região. O desastre atingiria as cidades de Catende, Palmares, Água Preta e Barreiros, além dos distritos de Prata Joaquim do Monte Uso múltiplo fissuras manutenção deficiente Laje Grande e Batateiras", comentou, solicitando operação abr/07 construção abr/07 operação abr/07 operação jun/07 providências ao Governo do Estado. De acordo com o parlamentar, o manancial abastece a população de municípios como Agrestina, Caruaru e Belém de Maria. "O reservatório é muito importante para a região. Possui 425 metros de largura e uma profundidade de 27 metros. O espelho d'água se espalha por mais de 15 quilômetros, armazenando 42 milhões de metros cúbicos", informou. A explicação do Governo do Estado vem depois de que o galgamento e Araruna Araruna Uso múltiplo conseqüente ruptura Prefeito de Araruna, Availdo Azevedo, denunciou o cheia superior à capacidade rompimento da barragem a uma rádio de João Pessoa. do vertedouro Ele disse que uma tragédia só não aconteceu no sábado, data do suposto rompimento, porque existia pouca água armazenada. Fazenda Cocal galgamento e Canarana Uso múltiplo conseqüente ruptura cheia superior à capacidade o acidente causou prejuízos à comunidade indígena do vertedouro Kalapalo, que habita o Parque Indígena do Xingu O caulim é um minério argiloso usado na fabricação de papéis, tinta, cerâmicas e na indústria farmacêutica. A empresa calcula que cerca de 20 mil metros cúbicos do Barragem mineradora Imerys Rio Capim Caulim Barcarena - PA Mineração derram amento de rejeitos químicos Falha no sistema de bombeamento dos rejeitos de benefiamento de caulim produto tenham vazado. Os ribeirinhos estão assustados. Dezoito famílias tiveram de ser remanejadas para uma escola como medida de segurança. Peritos fizeram um sobrevôo na área para avaliar a extensão do problema. A empresa diz que o material não é tóxico, mas admite que pode causar mortandade de peixes. "A alteração de ph da água, de temperatura, tudo isso pode provocar morte de 203 peixes. Mas essas alterações não serão permanentes", afirma Waldemir Queiroz, gerente da empresa. O tremor de terra que atingiu a cidade de Tucuruí (PA) na noite de quarta-feira (20) foi o segundo registrado em Tucuruí Tucuruí - PA Hidrelétrica Tremor de terra nove anos na região. Em 1998, outro abalo que alcançou operação jun/07 operação jul/07 operação set/07 operação out/07 operação nov/07 3,5 graus na escala Richter foi sentido nos arredores da hidrelétrica localizada na cidade. O abalo sísmico, de 2,3 graus na escala Richter, Castanhão Jaguaribara - CE Uso múltiplo aconteceu no início da manhã de ontem. Os moradores Tremor de terra estão com medo de que o tremor tenha afetado a parede do açude. Os cerca de 80 mil habitantes do município ficaram dois dias sem água após o rompimento de uma das comportas Gurutuba Janaúba - MG Uso múltiplo falha na comporta manutenção deficiente da barragem de Gurutuba. Hospitais, cadeia e delegacia do município tiveram de ser abastecidos por caminhões pipas. As escolas tiveram as aulas suspensas Mineração em Corumbá - MS Mineração ruptura Danos em balneário a jusante Corumbá A barragem foi aberta para tentar salvar os peixes de um Porto da Borge Casa Nova - BA Uso múltiplo ruptura provocada desastre ambiental. Só que essa providência deixou muitos agricultores sem água para os animais e a irrigação. Fonte: Dr. Rogério de A. Menescal - Diretor Executivo de Cadastro da Agência Nacional da Água - ANA (2008) 204 ACIDENTES E INCIDENTES COM BARRAGENS EM 2008 LOCAL MUNICÍPIO USO OCORRÊNCIA Itueta Itueta - MG Uso múltiplo ruptura Uso múltiplo ruptura Hidrelétrica ruptura MOTIVO CONSEQUÊNCIAS FUNCIONAMENTO DATA inundação de várias casas 1º. enchimento jan/08 operação jan/08 1º. enchimento jan/08 operação jan/08 operação fev/08 operação mar/08 operação mar/08 operação mar/08 operação mar/08 1º. enchimento mar/08 Aracruz e Diversas (70) outros na regão Norte - cheia superior à capacidade Uma morte e desalojamento de diversas famílias. Destruição do vertedouro de casas e danos na BR 101. piping na região do vertedouro Danos ambientais, perda de geração. ES Apertadinho Vilhena - RO Inundou plantações e danificou casas no sul do Estado. Pelo piping no contato de maciço Espora Aporé - GO Hidrelétrica ruptura de terra com a estrutura de concreto do vertedouro menos oito casas próximas à usina foram danificadas. Instalações de controle da hidrelétrica também foram atingidas. A força da água derrubou árvores e afetou lavouras nas proximidades. "Do local [da barragem] tem uns três ou quatro quilômetros [de margens do rio] todos alagados Água e lama invadiram as casas das pessoas. Pelo menos Condessa Cabo Verde MG Uso múltiplo ruptura cheia superior à capacidade do vertedouro duas famílias estão desabrigadas. A correnteza arrastou animais. A estrada que dá acesso ao bairro está intransitável. As famílias foram levadas para casas de parentes. Comprometimento estrutural de uma ponte. A força da água provocou o desabamento de uma casa e outras oito ficaram alagadas, além da destruição de pelo Fazenda Aracaju Iguatu - CE Uso múltiplo ruptura cheia superior à capacidade menos 20 hectares de plantio de milho, feijão e arroz, no Vale do vertedouro da Carnaúba. A barragem tem capacidade para um milhão metros cúbicos e cedeu por causa da chuva de 130mm, na madrugada de ontem. São João I e II Esmeraldas Ponta Porã MS Esmeraldas MG Mineração Congonhas - Casa de Pedra MG Cabixi II Vilhena - RO Hidrelétrica ruptura Uso múltiplo ameaça de ruptura Mineração ruptura Hidrelétrica ruptura cheia superior à capacidade Suspensão da produção de energia, esvaziam ento da do vertedouro barragem, danos ambientais. cheia superior à capacidade do vertedouro Temor de 50 famílias que residem a jusante. piping no contato do A inundação que atingiu nove bairros e deixou 40 famílias vertedouro e maciço desalojadas foi agravada pela ruptura da barragem. piping Suspensão da produção de energia, esvaziam ento da 205 barragem, danos ambientais. As famílias residentes nas proximidades foram retiradas da área para evitar um incidente de maiores proporções. São Gonçalo Cubati - PB Uso múltiplo Segundo o diretor-técnico da Agência Executiva das Águas falha estrutural da Paraíba, não há relatos de danos aos moradores. "Foi operação mar/08 operação mar/08 operação abr/08 operação abr/08 operação abr/08 apenas o susto e o prejuízo da água, que escoou. Era uma barragem pequena", Problem as no sistema hidromecânico e rachaduras na barragem do Açude Cajazeiras na cidade de Pio IX (a 453 km Cajazeiras Pio IX - PI Uso múltiplo ameaça de ruptura falhas de manutenção de Teresina) estão preocupando a população da cidade, que teme o rompimento do paredão e conseqüente transbordamento da barragem. Namorados São João do Cariri - PB galgamento e Uso múltiplo conseqüente ruptura Inundação da zona rural. O reservatório foi construído em cheia superior à capacidade 1932 com capacidade de 2 milhões e 116 mil m³ e sangrou do vertedouro pela última vez em 1985. Aproximadamente 100 famílias tiveram que deixar as suas casas preventivamente. Quatro casas destruídas, parte do muro da Escola de Ensino Médio Maria de Lurdes Lima desabou, e um buraco de quatro metros de largura por três de profundidade aberto na via Hospital Saboeiro Uso múltiplo vertimento ocupação desordenada da região a jusnte pública, na madrugada de ontem, neste município, no bairro Irmã Lúcia. Esse foi o resultado da sangria de uma barragem pública, de pequeno porte, localizada próximo à Unidade Mista de Saúde, conhecido por Açude do Hospital. A destruição ocorreu após uma chuva de 140 milímetros que deixou os moradores do local assustados. galgamento e Diversos (294) PB Uso múltiplo conseqüente ruptura Mais de 17 mil desabrigados e desalojados. Ao todo, 26 cheia superior à capacidade pessoas morreram afogadas no estado, 294 açudes do vertedouro romperam, seis estradas foram interditadas e outras 30 estão em situação precária. Dez pontes desabaram. 206 Moradores de seis comunidades próximas à Vila de Balbina (a 170 quilômetros de Manaus) foram apanhados de surpresa e tiveram de deixar suas casas para não serem levados pelas Presidente Balbina Figueiredo - Hidrelétrica AM vazão excessiva a regra operacional das jusante comportas águas. A abertura das comportas haveria inundado uma área de, aproximadamente, 20 quilômetros tendo desabrigado 30 operação jun/08 operação jun/08 operação jun/08 operação jul/08 operação ago/08 famílias. O MP oficiou o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil para realização de inspeção e avaliação técnica e formulou à Manaus Energia um pedido de informação e a elaboração de relatório técnico preliminar. Após o alto volume de chuvas ocorrido na madrugada do dia Universidade do Rio Verde FESURV Rio Verde MG galgamento e Uso múltiplo conseqüente ruptura 5, a represa localizada no campus Universitário da Fesurv cheia superior à capacidade teve sua barragem rompida e após descer mais de 3 km em do vertedouro linha reta, a tromba d'água formou um a grande erosão na estrada, indo se infiltrar nos córregos próximos ao local. Outras duas barragens ficaram comprometidas também. Boqueirão das Cabaceiras 2 Barragens particulares no Agreste PE Temor da população sobre a segurança da barragem levou o Souza - PB Uso múltiplo Ministério Público Federal a solicitar perícias na barragem ameaça de ruptura para verificar a segurança e as medidas necessárias Pelo menos 50 imóveis foram inundados e 75 pessoas estão São Vicente Férrer - PE Uso múltiplo ruptura galgamento desalojadas. Além de casas, as águas invadiram uma escola e o prédio da Secretaria Municipal de Educação. A Prefeitura de São Vicente Férrer decretou estado de em ergência. Um açude rompeu e atingiu com água e lama pelo menos São Vicente São Vicente Ferrer Ferrer - PE galgamento e Uso múltiplo conseqüente ruptura cem casas em São Vicente Ferrer (PE), no interior de cheia superior à capacidade Pernambuco. Equipes da Defesa Civil e do Corpo de do vertedouro Bombeiros foram até o local e estão avaliando os estragos. Não há informações sobre vítimas. Parte da cidade teve a energia elétrica desligada. O município tem 17 mil habitantes. 207 Laudo indica que a estrutura está fragilizada e pode romper. A barragem do Rio Jacuí que se localiza na cidade, a cerca de 200km de Porto Alegre, é da década de 50. Segundo a Defesa Civil do estado, a estrutura já apresenta falhas e Ernestina Ernestina - RS Hidrelétrica ameaça de ruptura Suspeita de falha estrutural problemas há 15 anos. Um relatório apresentado pela Companhia Estadual de Energia Elétrica indica que o operação out/08 operação nov/08 operação nov/08 aumento das chuvas pode provocar vibrações na estrutura da barragem. CEEE e Defesa Civil estão preparados para a necessidade de evacuação das cerca de 20 famílias do local e já trabalham para a recuperação dabarragem. A água desceu a serra do Mar e atingiu localidades rurais, mas o estrago maior foi nas ruas Roberto Seidel, João Tozini e Germano Mahnke, no Centro, porque o nível do rio Novo alcançou a marca de 4,5 metros de altura. Casas e estabelecimentos comerciais foram atingidos pela enxurrada. O trânsito ficou interrompido na rua Roberto Seidel e quem estava Cabeça do Tigre galgamento e Corupá - SC Uso múltiplo conseqüente ruptura em casa ficou ilhado. Os moradores Lana Romanovicz e Márcio Varela, mesmo em uma casa mais alta cheia superior à capacidade que o nível da rua, ficaram preocupados. Eles tiveram mais do vertedouro sorte que outros vizinhos e conseguiram salvar os móveis. "A enchente pegou todo mundo de surpresa, a rua encheu de uma hora para outra", contou. O sargento Maurício Marcarini, da Polícia Militar, disse que a situação foi grave, mas que no fim da manhã estava tudo sob controle. O comentário era de que há pelo menos 15 anos não acontecia uma cheia como essa na cidade. Bem perto dali, o nível do rio Humboldt também subiu. Uma das pontes que liga a rua Prefeito Willy Gessenger com o Centro da cidade ficou tomada pela água. galgamento e Morro do Baú Ilhota - SC Uso múltiplo conseqüente ruptura Morro do Baú, nos arredores de Ilhota (SC), pode romper cheia superior à capacidade devido às chuvas. Segundo o Corpo de Bombeiros, a zona do vertedouro rural do município deve ser imediatamente evacuada, pois, caso ocorra a ruptura, mais de 50 casas ficaram soterradas. Fonte: Dr. Rogério de A. Menescal - Diretor Executivo de Cadastro da Agência Nacional da Água - ANA (2008)