Parte 3 (artigos)
Transcrição
Parte 3 (artigos)
“GREEN CHEMISTRY” – OS 12 PRINCÍPIOS DA QUÍMICA VERDE E SUA INSERÇÃO NAS ATIVIDADES DE ENSINO E PESQUISA Eder João Lenardão* Departamento de Química Analítica e Inorgânica, Instituto de Química e Geociências, Universidade Federal de Pelotas, Campus do Capão do Leão, CP 354, 96010-900 Pelotas - RS Rogério Antônio Freitag Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química e Geociências, Universidade Federal de Pelotas, Campus do Capão do Leão, CP 354, 96010-900 Pelotas - RS Miguel J. Dabdoub e Antônio C. Ferreira Batista Departamento de Química, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Av. Bandeirantes, 3900, 14049-901 Ribeirão Preto - SP Claudio da Cruz Silveira Departamento de Química, Universidade Federal de Santa Maria, CP 5001, 97105-900 Santa Maria - RS Divulgação Quim. Nova, Vol. 26, No. 1, 123-129, 2003 Recebido em 13/3/02; aceito em 21/6/02 GREEN CHEMISTRY – THE 12 PRINCIPLES OF GREEN CHEMISTRY AND IT INSERTION IN THE TEACH AND RESEARCH ACTIVITIES. Green chemistry – defined as the design, development, and application of chemical processes and products to reduce or eliminate the use and generation of substances hazardous to human health and the environment. This article summarizes the 12 principles of green chemistry, describing how they have been applied to the academic, industrial and research activities around the world. Keywords: green chemistry; sustentable chemistry; environmentally benign chemistry. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, questões ambientais têm merecido destaque na mídia nacional e internacional e praticamente todas as reuniões entre Chefes de Estado contêm em sua pauta temas envolvendo a redução de emissões ou o controle da degradação de reservas ambientais – o desenvolvimento auto-sustentável (DS). DS pode ser definido como o progresso industrial que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem às suas próprias necessidades1. Por outro lado, a atividade química é freqüentemente relacionada, direta ou indiretamente, à maioria dos chamados “desastres ambientais”, embora outras atividades humanas também exerçam papel importante na degradação e poluição ambientais. Uma das principais ações no sentido de minimizar o impacto ambiental causado por atividades industriais que geram algum tipo de resíduo é o tratamento adequado do mesmo – a remediação, que, embora apresente baixa vantagem ambiental relativa se comparada com técnicas de redução na fonte, tem colaborado bastante para diminuir a velocidade de contaminação do ambiente por muitas atividades industriais2. No início da década de 90, uma nova tendência na maneira como a questão dos resíduos químicos deve ser tratada começou a tomar forma. Esta nova visão do problema, com a proposição de novas e desafiadoras soluções, considera que, fundamentalmente, é preciso buscar uma alternativa que evite ou miniminize a produção de resíduos, em detrimento da preocupação exclusiva com o tratamento do resíduo no fim da linha de produção (“end of pipe”). Este novo direcionamento na questão da redução do impacto da atividade química ao ambiente vem sendo chamado de “green chemistry”, ou quí- *e-mail: [email protected] mica verde, química limpa, química ambientalmente benigna, ou ainda, química auto-sustentável3. Neste artigo serão apresentados e discutidos os fundamentos da química verde, além de um breve histórico sobre seu surgimento e desenvolvimento, mostrando ainda aplicações dos princípios da química verde na indústria, no ensino e na pesquisa básica em química. BREVE HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUÍMICA VERDE Alguns eventos recentes podem servir para ilustrar o desenvolvimento histórico e o enorme potencial da química verde. Há pouco mais de 10 anos, em 1991, a agência ambiental norteamericana EPA (“Environmental Protection Agency”)4, através de seu escritório para prevenção de poluição lançou seu programa “Rotas Sintéticas Alternativas para Prevenção de Poluição”, uma linha de financiamento para projetos de pesquisa que incluíssem a prevenção de poluição em suas rotas sintéticas, caracterizando o nascimento da química verde. Alguns anos depois, em 1995, o Governo dos EUA instituiu o programa de premiação “The Presidential Green Chemistry Challenge” (“PGCC”)5,6, com o objetivo de premiar inovações tecnológicas que possam vir a ser implementadas na indústria para a redução da produção de resíduos na fonte, em diferentes setores da produção. Anualmente são premiados trabalhos em cinco categorias: acadêmico, pequenos negócios, rotas sintéticas alternativas, condições alternativas de reação e desenho de produtos químicos mais seguros. Prêmios similares foram instituídos em vários países, como Inglaterra, Itália, Austrália e Alemanha7. Em 1993, na Itália, foi estabelecido o Consórcio Universitário Química para o Ambiente (INCA), com o objetivo de reunir grupos acadêmicos envolvidos com química e ambiente; uma de suas áreas de atuação é a prevenção de poluição através da pesquisa em reações, produtos e processos mais limpos. Anualmente, o INCA promove sua Escola Internacional de Verão em Quí- 124 Lenardão et al. mica Verde, que tem contado com a participação de jovens químicos de 20 países diferentes. Em 1997 foi criado o “Green Chemistry Institute” (GCI)8, que desde janeiro de 2001, atua em parceria com a Sociedade Americana de Química (“American Chemical Society, ACS”). Ainda em 1997, em setembro, a IUPAC (“International Union for Pure and Applied Chemistry”) organizou sua Primeira Conferência Internacional em “Green Chemistry”, em Veneza; em julho de 2001 aprovou a criação do Sub-Comitê Interdivisional de “Green Chemistry” e em setembro do mesmo ano foi realizado o Workshop sobre Educação em “Green Chemistry” da IUPAC9,10. Em 2001, ocorreu também a Conferência CHEMRAWN XIV (“The Chemical Research Applied To World Needs”), realizada na Universidade do Colorado (EUA), que teve como tema A Busca por Produtos e Processos Benignos ao Ambiente. Este evento, organizado pela IUPAC, ACS e GCI, contou com mais de 140 trabalhos relacionados ao tema11-13. A literatura relativa à química verde vem se expandindo vertiginosamente, através de livros14, periódicos e publicação direta na Internet. Em 2000 9 e 200113 a IUPAC publicou números especiais da revista Pure and Applied Chemistry dedicados à química verde. O número de artigos abordando o assunto ou envolvendo tecnologias mais limpas vem crescendo na literatura primária e esta tendência levou a Sociedade Real de Química Britânica (“UK Royal Society of Chemistry, RSC”) a lançar o periódico bimestral “Green Chemistry”15, que publica artigos descrevendo aspectos químicos de tecnologias limpas. Estes fatos recentes, somados ao número crescente de países que estão implantando políticas de incentivo a tecnologias verdes7, à realização de dezenas de eventos anuais abordando a química autosustentável16, além da tendência mundial em reduzir as emissões industriais, levam a crer que o Brasil não pode ficar atrás nesta corrida. Neste artigo, apresentaremos os 12 tópicos principais da química verde, discutindo brevemente, através de exemplos, como técnicas que utilizam reagentes e solventes clássicos ou, então, que consomem quantidades excessivas de energia para produção (e tratamento de seus resíduos), podem ser substituídas, de maneira rentável, por técnicas limpas, benignas ao ambiente. O CONCEITO DE QUÍMICA VERDE Química verde pode ser definida como o desenho, desenvolvimento e implementação de produtos químicos e processos para reduzir ou eliminar o uso ou geração de substâncias nocivas à saúde humana e ao ambiente13-15,17. Este conceito, que pode também ser atribuído à tecnologia limpa, já é relativamente comum em aplicações industriais, especialmente em países com indústria química bastante desenvolvida e que apresentam controle rigoroso na emissão de poluentes e vem, gradativamente, sendo incorporado ao meio acadêmico, no ensino e pesquisa18-22. Esta idéia, ética e politicamente poderosa, representa a suposição de que processos químicos que geram problemas ambientais possam ser substituídos por alternativas menos poluentes ou nãopoluentes. Tecnologia limpa, prevenção primária, redução na fonte, química ambientalmente benigna, ou ainda “green chemistry”, são termos que surgiram para definir esta importante idéia. “Green chemistry”, o termo mais utilizado atualmente, foi adotado pela IUPAC, talvez por ser o mais forte entre os demais, pois associa o desenvolvimento na química com o objetivo cada vez mais buscado pelo homem moderno: o desenvolvimento auto-sustentável19. Neste artigo, utilizaremos a tradução literal, química verde, para o termo em inglês “green chemistry”. Os produtos ou processos da química verde podem ser divididos em três grandes categorias: i) o uso de fontes renováveis ou recicladas de matéria-prima; ii) aumento da eficiência de energia, ou a utilização de menos ener- Quim. Nova gia para produzir a mesma ou maior quantidade de produto; iii) evitar o uso de substâncias persistentes, bioacumulativas e tóxicas. Alguns autores procuraram, em seus trabalhos, definir os principais pontos ou os princípios elementares da química verde. Basicamente, há doze tópicos que precisam ser perseguidos quando se pretende implementar a química verde em uma indústria ou instituição de ensino e/ou pesquisa na área de química19: 1. Prevenção. Evitar a produção do resíduo é melhor do que tratálo ou “limpá-lo” após sua geração. 2. Economia de Átomos. Deve-se procurar desenhar metodologias sintéticas que possam maximizar a incorporação de todos os materiais de partida no produto final23-25. 3. Síntese de Produtos Menos Perigosos. Sempre que praticável, a síntese de um produto químico deve utilizar e gerar substâncias que possuam pouca ou nenhuma toxicidade à saúde humana e ao ambiente. 4. Desenho de Produtos Seguros. Os produtos químicos devem ser desenhados de tal modo que realizem a função desejada e ao mesmo tempo não sejam tóxicos. 5. Solventes e Auxiliares mais Seguros. O uso de substâncias auxiliares (solventes, agentes de separação, secantes, etc.) precisa, sempre que possível, tornar-se desnecessário e, quando utilizadas, estas substâncias devem ser inócuas. 6. Busca pela Eficiência de Energia. A utilização de energia pelos processos químicos precisa ser reconhecida pelos seus impactos ambientais e econômicos e deve ser minimizada. Se possível, os processos químicos devem ser conduzidos à temperatura e pressão ambientes. 7. Uso de Fontes Renováveis de Matéria-Prima. Sempre que técnica- e economicamente viável, a utilização de matérias-primas renováveis deve ser escolhida em detrimento de fontes nãorenováveis. 8. Evitar a Formação de Derivados. A derivatização desnecessária (uso de grupos bloqueadores, proteção/desproteção, modificação temporária por processos físicos e químicos) deve ser minimizada ou, se possível, evitada, porque estas etapas requerem reagentes adicionais e podem gerar resíduos. 9. Catálise. Reagentes catalíticos (tão seletivos quanto possível) são melhores que reagentes estequiométricos23-25. 10. Desenho para a Degradação. Os produtos químicos precisam ser desenhados de tal modo que, ao final de sua função, se fragmentem em produtos de degradação inócuos e não persistam no ambiente. 11. Análise em Tempo Real para a Prevenção da Poluição. Será necessário o desenvolvimento futuro de metodologias analíticas que viabilizem um monitoramento e controle dentro do processo, em tempo real, antes da formação de substâncias nocivas. 12. Química Intrinsecamente Segura para a Prevenção de Acidentes. As substâncias, bem como a maneira pela qual uma substância é utilizada em um processo químico, devem ser escolhidas a fim de minimizar o potencial para acidentes químicos, incluindo vazamentos, explosões e incêndios26. OS PRINCÍPIOS DA QUÍMICA VERDE E ALGUMAS DE SUAS APLICAÇÕES: DO CEPTICISMO À REALIDADE DA QUÍMICA AUTO-SUSTENTÁVEL Discutiremos a seguir, mais detalhadamente, os tópicos principais da química verde, apresentados acima. A redução na fonte, de que trata o tópico # 1, é sem dúvida a maneira mais eficiente de Vol. 26, No. 1 “Green chemistry” – Os 12 Princípios da Química Verde e sua Inserção nas Atividades de Ensino e Pesquisa minimizar o impacto ambiental de uma atividade industrial2. Não é uma tarefa muito fácil para uma indústria alimentícia, por exemplo, mostrar a um consumidor da sua goma de mascar que o produto que ele adquiriu não contém resíduos do solvente orgânico utilizado na fabricação do corante presente na guloseima. Entretanto, é muito fácil mostrar que não há qualquer traço de um produto tóxico quando o processo de fabricação não envolve a utilização deste produto. Além disso, gasta-se atualmente muito dinheiro no tratamento de resíduos sólidos e líquidos, especialmente devido à legislação rigorosa que exige baixos níveis de emissão em atividades da indústria. A partir do momento em que se investe em tecnologias mais limpas de produção, não há necessidade de investimentos pesados no tratamento de resíduos, que nem sempre resolve satisfatoriamente o problema. O item # 2 destaca o conceito de economia de átomos ou eficiência atômica23-25, que é calculado dividindo-se o peso molecular do produto desejado pelo obtido da soma de todas as substâncias produzidas na(s) equação(ões) estequiométrica(s) envolvida(s) no processo. Ele constitui um dos pilares de sustentação dos fundamentos da química verde e foi introduzido por Trost em 199125. Por sua contribuição importante para o desenvolvimento da química verde, Trost foi premiado pelo governo americano (“PGCC” em 1998, categoria acadêmico)5. Em geral, nos cursos de graduação em química (e também na pesquisa), a eficiência de uma reação química é determinada pelo seu rendimento em percentagem27. Em um laboratório de síntese orgânica, por exemplo, os estudantes devem calcular o rendimento teórico, com base no reagente limitante e, então, calcular o rendimento experimental da sua reação através da razão entre o rendimento obtido/rendimento teórico X 100. Em geral, rendimentos de 90% são considerados excelentes, 60% um rendimento razoável e 20% ou menos, um rendimento baixo. Entretanto, este cálculo de eficiência, ou de rendimento, não considera todo o material (resíduo ou sub-produtos) obtido além daquele que se deseja, bem como os reagentes e auxiliares não incorporados no produto final. Em outras palavras, ele nos diz apenas parte do que realmente aconteceu durante o procedimento experimental. Tomemos como exemplo uma reação clássica de substituição nucleofílica, como a preparação de n-bromobutano a partir do nbutanol promovida por um ácido forte (Esquema 1, Tabelas 1 e 2). 125 Um procedimento típico para esta preparação28 envolve a dissolução de 30 g de KBr (2) em 50 mL de água, seguida pela adição de 25 mL (46,0 g) de H2SO4 concentrado, para obtenção de uma solução de HBr. Após filtração para remoção do KHSO4 (que é descartado), o filtrado é transferido para um recipiente onde se adicionam 14 mL de n-butanol (1) e 15 mL (27,6 g) de H2SO4 concentrado (3). Se considerarmos que na reação acima foram isolados 25,86 g de n-bromobutano e que, pela estequiometria da reação, 1 mol de reagente fornece 1 mol de produto (n-bromobutano), sendo que o reagente limitante é o n-butanol (0,233 mol), podemos aferir que o rendimento (em percentagem) da reação foi de 81% (um bom rendimento em síntese orgânica). Rend. Percentagem = (rendimento da reação/rendimento teórico) X 100 = (25,86 g / 31,93 g) X 100 = 81% Entretanto, se olharmos a reação acima, vemos que um total de 120,88 g de reagentes (17,28 g de n-butanol + 30 g de NaBr + 73,6 g de H2SO4) foram utilizados e que, na melhor das hipóteses (rendimento de 100%), a reação poderia fornecer apenas 31,93 g do produto desejado (n-bromobutano). Esta reação, portanto, pode apresentar no máximo, apenas 26,4% da massa dos reagentes incorporada ao produto desejado (31,93 g/120,88 g X 100 = 26,4%). Isto significa dizer que, do ponto de vista de aproveitamento de reagentes, esta reação é muito ruim, pois a maior parte dos átomos empregados na reação não é incorporada no produto final. Esta reação apresenta uma baixa eficiência atômica (EA = 26%). Entretanto, como a reação descrita na Equação 1 teve um rendimento de 81% (25,86 g), a Economia de Átomos Experimental, %EAexp é ainda menor: % EAexp = (rendimento da reação / massa total de todos os reagentes) X 100 = (25,86 g / 120,88 g) X 100 = 21,4% Outros exemplos de reações com baixa eficiência atômica são as reações de eliminação, acilação de Friedel-Crafts, além da reação de Wittig, que utiliza grande quantidade de reagentes não incorporados ao produto final (olefina)29. Por outro lado, reações de adição (DielsAlder, adição a olefinas) e rearranjos intramoleculares são altamente eficientes pois, em geral, todos os átomos dos reagentes são incor- Esquema 1. Equação da obtenção do n-bromobutano Tabela 1. Tabela dos reagentes Reagente PM Peso usado (g) No. de moles teórico necessário No. de moles utilizado 1 C4H9OH 2 KBr 3 H2SO4 74,12 119,01 98,08 17,28 30,0 73,6 0,233 0,233 0,233 0,233 0,252 0,75 densidade 0,810 p.e. (o C) 118 1,84 Tabela 2. Tabela do produto desejado Composto PM Rend. (moles) Rend. teórico (g) Rend. obtido (g) Rend. (%) densidade p.e. (o C) 4 C4H9Br 137,03 0,233 31,93 (100%) 25,86 81 1,275 101,6 126 Lenardão et al. porados ou permanecem no produto final29. Sínteses que envolvem reações com boa economia de átomos (adição, rearranjos, reações envolvendo catálise e biocatálise) são chamadas de síntese verde; quando reações com baixa incorporação de átomos no produto final estão envolvidas (substituição, eliminação, reações estequiométricas de uma maneira geral), temos uma síntese marrom21. Didaticamente, em uma equação química, têm-se utilizado a cor verde para descrever os átomos incorporados no produto final e a cor marrom para aqueles que não estão presentes no produto desejado21. Um conceito também introduzido recentemente para descrever a eficiência de uma reação de maneira semelhante à economia de átomos é chamado de fator E. Utilizado especialmente a nível industrial, o fator E considera a quantidade de resíduo gerado para cada quilograma de produto obtido23,30,31. Por resíduo, aqui, considera-se tudo o que é produzido além do produto desejado ao longo do processo de fabricação. A indústria farmacêutica e de química fina são as grandes vilãs na geração de resíduos, apresentando um elevado fator E especialmente porque, ao longo dos anos, suas plantas industriais foram projetadas para empregar reações estequiométricas clássicas, que geram uma quantidade enorme de sais inorgânicos como resíduos (Tabela 3). Tabela 3. O fator E de alguns segmentos industriais31 Segmento industrial Refinarias de petróleo Química Pesada Química Fina Indústria Farmacêutica Produção Anual (Toneladas) kg - subproduto/ kg –produto (Fator E) 106 - 108 104 - 106 102 - 104 10 - 102 <0,1 <1 - 5 5 → 50 25 → 100 Os princípios # 3 e # 4 podem ser considerados complementares, pois envolvem tanto a toxidade dos reagentes quanto dos produtos envolvidos em um processo. Várias empresas e pesquisadores se destacaram nos últimos anos por desenvolverem produtos e processos menos agressivos ao ambiente5,6. Dois exemplos ilustrativos, agraciados com o prêmio “PGCC”, do governo americano, envolvem o desenvolvimento de produtos menos tóxicos, mas que possuem a mesma eficácia que seus análogos no mercado. A multinacional Rohm and Haas desenvolveu o CONFIRMTM, um inseticida da família das diacil-hidrazinas, eficaz no controle de lagartas lepdópteras, que atacam diversas lavouras em todo o mundo. A “EPA” classificou o CONFIRMTM como um inseticida de risco reduzido, que não traz prejuízo a outras formas de vida além daquela para a qual foi desenvolvido. A mesma empresa desenvolveu o SEA-NINE®, um antilimo para emprego na proteção de cascos de navio, que substitui o óxido de tributilestanho, considerado mutagênico e persistente (meiavida superior a 6 meses na água do mar)32. Este novo produto tem como agente biocida a 4,5-dicloro-2-n-octil-4-isotiazolina-3-ona (DCOI), membro da família das isotiazolonas, que se degrada rapidamente em produtos não tóxicos à vida marinha (meia-vida inferior a 1 h na água do mar). O item # 5 leva em consideração substâncias auxiliares (solventes, agentes secantes, agentes de separação, etc.) que são empregadas na maioria das preparações industriais ou a nível acadêmico. Embora na reação descrita no Esquema 1 a água seja utilizada como solvente (o que sem dúvida representa um ganho ambiental), a extração do produto (n-bromobutano) após a destilação do bruto contido no balão reacional irá requerer 15 mL de HCl concentrado, 20 mL de solução de Na2CO3 a 10%, 50 mL de água e um agente secante anidro (CaCl2, por exemplo), tudo isso para isolar 25,86 g de n-bromobutano. Quim. Nova Figura 1. Alguns agentes biocidas É evidente que o resíduo gerado pela utilização destas substâncias auxiliares é significativo e ultrapassa a quantidade de resíduo (se avaliarmos em termos de massa) gerada diretamente na reação. Por outro lado, muitas reações utilizam grandes quantidades de solventes orgânicos, que são freqüentemente tóxicos e nem sempre sua reutilização é viável economicamente. Muitas vezes estes solventes são descartados na água, no ar e no solo, poluindo o ambiente. Entretanto, um grande esforço está sendo feito no sentido de substituir solventes orgânicos convencionais por solventes verdes, como fluidos super críticos33-35 (particularmente CO2, a 31,1 oC e 73,8 atm34), líquidos iônicos à temperatura ambiente23,36 (Figura 2), hidrocarbonetos perfluorados37 e água35,38 (a água próxima do estado super crítico possui características semelhantes às da acetona, em termos de capacidade de dissolução e solvatação35). Alternativamente, as reações também podem ser efetuadas na ausência de solvente, o que também é bastante desejável quando se busca a redução de resíduos39. Figura 2. Líquidos iônicos – solventes para uso à temperatura ambiente que possuem ânions inorgânicos e cátions orgânicos ajustáveis O princípio de # 6 considera a energia necessária para realização de determinada reação. Uma reação ideal, em termos de eficiência de energia, deve ocorrer à temperatura e pressão ambientes. Entretanto, muitos procedimentos requerem aquecimento prolongado ou resfriamento. Há ainda muitos casos que requerem pressões diferentes da ambiente. Em geral, o suprimento de energia para estas necessidades vem da queima de combustível fóssil, não renovável. No exemplo escolhido para exemplificar a economia de átomos, descrito na Equação 1, são necessários resfriamento, refluxo e duas desti- Vol. 26, No. 1 “Green chemistry” – Os 12 Princípios da Química Verde e sua Inserção nas Atividades de Ensino e Pesquisa lações para isolamento do n-bromobutano28. Um dos desafios para os químicos e engenheiros químicos é o desenvolvimento de novas reações que possam ser efetuadas de maneira a minimizar o consumo de energia23-25,31,40. O sétimo princípio da química verde nos alerta para a necessidade de utilização de fontes renováveis de matéria-prima (biomassa). Materiais derivados de plantas e outras fontes biológicas renováveis ou reciclados devem ser utilizados, sempre que possível. Embora não sejam efetivamente biomassas, CO2 e metano são considerados renováveis, porque podem ser obtidos tanto por métodos sintéticos como naturais. Por outro lado, o n-butanol, utilizado na síntese descrita na Equação 1, é obtido normalmente a partir do petróleo ou outras fontes não-renováveis. O recente avanço no interesse pelo biodiesel41 (um biocombustível, obtido através da alcoólise de óleos vegetais) pode ser considerado como um ganho ao ambiente, pois muitos geradores de energia hoje movidos a óleo derivado do petróleo poderão ser substituídos por esse combustível verde42. Idealmente, uma síntese deve levar à molécula desejada a partir de materiais de partida de baixo custo, facilmente obtidos, de fonte renovável, em uma única etapa, simples e ambientalmente aceitável, que se processe rapidamente e em rendimento quantitativo. Além disso, o produto precisa ser separado da mistura da reação com 100% de pureza23,40,43. Obviamente, esta situação ainda é muito difícil de se conseguir. Entretanto, deve-se buscar esta situação ideal, evitando etapas desnecessárias, como a derivatização excessiva, como descreve o oitavo princípio da química verde. O princípio # 9 mostra que reações catalíticas são superiores às reações estequiométricas. O desenvolvimento, nos últimos anos, de catalisadores altamente seletivos e efetivos em transformações complexas e difíceis de serem previstas até então, nos aproximou um pouco mais da chamada “síntese ideal”23-25,43,44. Os trabalhos de K. Barry Sharpless, Ryoji Noyori e William S. Knowles, agraciados com o Prêmio Nobel de Química em 200145 são excelentes exemplos deste avanço. Na literatura, atualmente, há muitos exemplos descrevendo as vantagens em substituir metodologias clássicas de obtenção de fármacos, ou outras matérias-primas para indústria química, por técnicas catalíticas23-25,43,44,46. Em geral, reações que utilizam catalisadores heterogêneos são mais limpas, mais seletivas e, como há possibilidade de reciclar e reutilizar o catalisador por várias vezes, há, invariavelmente, vantagens econômicas. Além disso, grandes quantidades de resíduos são evitadas, pois há redução na formação de sais inorgânicos. Além do uso da catálise, a biocatálise31,43,47, a fotoquímica e a síntese biomimética43 também se enquadram na tecnologia limpa de processos químicos. Na Figura 3 são mostradas duas alternativas verdes para a preparação do ácido adípico46,48. O ácido adípico é um produto químico importante, utilizado na fabricação do nylon-6,6, presente em fibras de carpete, tapeçaria, reforço de pneus, partes de automóveis, etc. A produção mundial de ácido adípico gira em torno de 2,2 milhões de toneladas e utiliza, em geral, ácido nítrico como agente oxidante em uma de suas etapas49. Estes processos industriais são responsáveis pelo lançamento na atmosfera de 5 a 8% de todo N2O antropogênico, considerado um dos principais contribuintes para o efeito estufa e a destruição da camada de ozônio50. Atuando em duas frentes diferentes, porém com o mesmo objetivo (desenvolver um procedimento verde para a oxidação de hidrocarbonetos), Thomas e Noyori eliminaram a utilização de ácido nítrico na produção do ácido adípico. Mais importante, tornaram o processo de produção mais eficiente e economicamente mais atraente. Thomas et al.46 utilizaram catálise heterogênea e ar como agente oxidante, enquanto que Noyori et al.48 empregaram condições de catálise de transferência de fase (CTF) e água oxigenada aquosa como agente oxidante. Em ambos os casos, a necessidade de solventes e a produção de resíduos tóxicos foi eliminada. 127 A síntese verde do ácido adípico pode ser considerada como um excelente exemplo onde os princípios da química verde foram alcançados, quase integralmente. Exceto pelo fato de que a matéria-prima utilizada (cicloexano e cicloexeno) não é de fonte renovável, os ganhos ambientais com as novas metodologias são enormes. Tanto do ponto de vista energético como da eficiência atômica (ou fator E) há um ganho bastante importante em relação aos métodos industriais atualmente em uso para a obtenção do ácido adípico. Um método alternativo, inspirado no trabalho de Noyori, foi desenvolvido para aplicação em um curso de química orgânica experimental a nível de graduação na Universidade de Oregon (EUA). Esta iniciativa pode ser considerada um marco na inserção de tópicos de química verde no currículo de cursos de química51. Figura 3. Métodos de obtenção do ácido adípico: processo industrial clássico e duas alternativas de síntese verde CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS Passados cerca de dez anos do surgimento da química verde, muito pouco ou quase nada tem sido discutido sobre o assunto no país. Espera-se, porém, que este artigo possa contribuir para instigar pesquisadores e educadores brasileiros a buscar o desenvolvimento de práticas de química verde, ou iniciar estudos no sentido de implantar tecnologias verdes em suas atividades de pesquisa e ensino. Embora no Brasil não exista atualmente uma política de incentivo ao desenvolvimento e implantação da química verde, um grande avanço foi obtido nos últimos anos com a iniciativa de algumas agências de fomento, que lançaram editais (graças a pressões da comunidade científica) para o financiamento de programas de gerenciamento e tratamento de resíduos. Algumas instituições de ensino e pesquisa já têm programas bem estruturados para gerenciamento de seus resíduos químicos provenientes da pesquisa e do ensino52. Entretanto, faz-se necessária uma revisão na forma como é vista a questão dos resíduos químicos no Brasil. Embora já se note uma mobilização por parte de alguns setores da sociedade, é preciso que se discuta a criação de linhas de investimento para o desenvolvimento de tecnologias limpas e a implementação de políticas de redução na fonte, tanto no segmento industrial como acadêmico53. Esta política, 128 Lenardão et al. entretanto, precisa ser desenvolvida simultaneamente com a que se iniciou recentemente (a de remediar e/ou reciclar), que também é de grande importância, haja visto a enorme quantidade de resíduos passivos existente por todo o país. O primeiro princípio da química verde resume de maneira precisa, embora simplista, o caminho a ser seguido: prevenir é melhor do que remediar. Aplicar os princípios da química verde pode parecer, em um primeiro momento, algo muito distante da realidade atual observada na maioria dos laboratórios de pesquisa em química e no parque industrial brasileiro. Entretanto, procurou-se mostrar aqui que há alternativas verdes viáveis e que, com investimento em pesquisa, é possível, talvez a médio prazo, eliminar o estigma que a química possui de estar relacionada à poluição e degradação ambiental (pesquisa recentemente publicada54 revelou que 76% da população brasileira considera a indústriaa química e petroquímica responsáveis pelos maiores problemas de poluição no país), esquecendo-se todas as contribuições para melhoria da qualidade de vida humana conseguidas pela química. Um profissional formado dentro dos princípios da química verde estará muito mais preparado para o desafio que a indústria e o meio acadêmico passaram a impor nos últimos anos: a busca pela química auto-sustentável. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Profa. D. C. R. de Oliveira, pela leitura do texto e sugestões apresentadas; à FAPERGS, FAPESP e CNPq. 22. REFERÊNCIAS 23. 1. World Comission on Environment and Development, Our Common Future, Oxford University Press: New York, 1987. 2. Mais informações sobre redução na fonte e vantagem ambiental relativa podem ser obtidas na página da CETESB: http://www.cetesb.sp.gov.br/ Ambiente/prevencao_poluicao/conceitos.htm, acessada em Fevereiro 2002. 3. Tundo, P.; Anastas, P.; Black, D.S.; Breen, J.; Collins, T.; Memoli, S.; Miyamoto, J.; Polyakoff, M.; Tumas, W.; Pure Appl. Chem. 2000, 72, 1207; Sanseverino, A. M.; Quim. Nova 2000, 23, 102; Sanseverino, A. M.; Ciência Hoje 2002, 31, 20. 4. U.S. Environmental Protection Agency. Um grande número de informações pode ser conseguido no site http://www.epa.gov/greenchemistry, acessada em Fevereiro 2002. 5. Presidencial Green Chemistry Challenge (PGCC) Awards Program. A página da EPA apresenta uma relação completa dos projetos premiados desde 1996, juntamente com um resumo do trabalho premiado: http:// www.epa.gov/greenchemistry/past.html, acessada em Fevereiro 2002. 6. Ryan, M.A.; Chem. Matters 1999, 17, 9. 7. Uma lista dos principais prêmios concedidos a iniciativas de química verde pode ser obtida na página da Rede Química Verde (Green Chemistry Network), iniciativa da Sociedade Real de Química (Royal Society of Chemistry) para divulgação da química verde: http://www.chemsoc.org/ networks/gcn/ awards.htm, acessada em Fevereiro 2002. 8. Dados sobre a história do GCI, além de um grande número de informções sobre química verde podem ser obtidos em: http://chemistry.org/portal/ Chemistry?PID=acsdisplay.html&DOC= greenchemistryinstitute\index.html, acessada em Fevereiro 2002. 9. Uma edição especial da Pure and Applied Chemistry (Symposium-in-Print) tratando da química verde foi publicada em 2000: Pure Appl. Chem. 2000, 72, 1207. 10. Para saber mais sobre a inserção da química verde na IUPAC, visite a página http://www.iupac.org/ divisions/III/320_21_98/, acessada em Janeiro 2002. 11. Informações sobre a programação da CHEMRAWN XIV, bem como todos os resumos dos trabalhos apresentados podem ser obtidos na página do evento: http://cires.colorado.edu/env_prog /chemrawn/, acessada em Janeiro 2002. 12. Para uma matéria completa sobre o evento, veja: Ritter, S. K.; Chem. Eng. News 2001, 79, 27. 13. A edição de agosto/2001 da revista Pure and Applied Chemistry traz alguns trabalhos selecionados apresentados no CHEMRAWN XIV: Pure Appl. Chem. 2001, 73, 1243. 14. Benign by Design: Alternative Synthetic Design for Pollution Prevention; 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. Quim. Nova Anastas, P. T.; Farris, C. A., eds.; ACS Symp. Ser. n. 577; American Chemical Society: Washington, 1994; Green Chemistry: Frontiers in Benign Chemical Synthesis and Processes; Anastas, P.T.; Williamson, T.C., eds.; Oxford University Press: Oxford, 1998; Green Chemistry: Challenging and Perspectives; Tundo, P.; Anastas, P.T., eds.; Oxford University Press: Oxford, 2000. Os abstracts dos artigos publicados na Green Chemistry, além de vários artigos na íntegra, estão disponíveis on-line e podem ser acessados gratuitamente na página da revista: http://www.rsc.org/is/ journals/current/ green/greenpub.htm, acessada em Fevereiro 2002. Informações sobre eventos realizados desde 1996, bem como eventos futuros sobre química verde podem ser obtidos, por exemplo, em : http:// www.epa.gov/greenchemistry/calendar.htm, http://www.chemsoc.org/ networks/gcn/events.htm e http://chemistry.org/portal/Chemistry?PID= acsdisplay.html&DOC=greenchemistryinstitute\meetings.html, acessadas em Fevereiro 2002. Green Chemistry: Designing Chemistry for the Environment; Anastas, P. T.; Williamson, T. C., eds.; ACS Symp. Ser. n. 626; American Chemical Society: Washington, 1996; Design Safer Chemicals: Green Chemistry for Pollution Prevention; DeVito, S. C.; Garret, R. L., eds.; ACS Symp. Ser. n. 640; American Chemical Society: Washington, 1996. Collins, T.; Science 2001, 291, 48. Anastas, P. T.; Warner, J.; Green Chemistry: Theory and Practice, Oxford University Press: Oxford, 1998. Collins, T. J.; J. Chem. Educ. 1995, 72, 965. Cann, M. C.; Connelly, M. E.; Real World Cases in Green Chemistry, American Chemical Society: Washington, DC, 2000; parte deste livro pode ser acessada em http://chemistry.org/portal/Chemistry?PID= acsdisplay.html&DOC=education%5Cgreenchem%5Ccases.html, acessada em Fevereiro 2002. Singh, M. M.; Szafran, Z.; Pike, R. M.; J. Chem. Educ. 1999, 76, 1684; Cann, M. C.; J. Chem. Educ. 1999, 76, 1639; Matlack, A.; Green Chemistry 1999, 1, G19. Para saber mais sobre economia de átomos e catálise veja: Dupont, J.; Quim. Nova 2000, 23, 825 e referências citadas. Trost, B. M.; Angew. Chem., Int. Ed.; 1995, 34, 259. Trost, B. M.; Science 1991, 254, 1471. Para técnicas alternativas que reduzem o risco em síntese em escala comercial, veja: McCreedy, T.; Chem. Ind. 1999, 588. Ver, por exemplo: Bettelheim, F. A.; Landesberg, J. A. K.; Experiments for Introduction to Organic Chemistry – A Miniscale Approach, Saunders College Publishing: New York, 1997; Zubrick, J.W.; The Organic Chem Lab Survival Manual, 4th ed., John Wiley & Sons: New York, 1997. Vogel, A. I.; Química Orgânica, 3a ed., Ao Livro Técnico S/A: Rio de Janeiro, 1980, vol. 1. March, J.; Advanced Organic Chemistry, 4th ed., Wiley: New York, 1992. Sheldon, R. A.; J. Mol. Catal. A: Chem. 1996, 107, 75. Sheldon, R. A.; Chem. Ind. 1997, 12. Pesticide News no. 46. Disponível no endereço: http://www.pan-uk.org/ pestnews/pn46/ pn46p21b.htm, acessada em Fevereiro 2002. Oakes, R. S.; Clifford, A. A.; Rayner, C. M.; J. Chem. Soc., Perkin Trans. I 2001, 917. Para uma revisão sobre a utilização de CO2 super crítico como solvente “verde” veja: Wells, S. L.; DeSimone, J.; Angew. Chem., Int. Ed. 2001, 40, 518. Para informações sobre a utilização de água próxima do estado super crítico como solvente em reações orgânicas, veja: Eckert, C.A.; Liotta, C.L.; Brown, J. S.; Chem. Ind. 2000, 94. Para exemplos de síntese empregando líquidos iônicos como solventes veja: Earle, M. J.; McCormac, P.B.; Seddon, K. R.; Green Chemistry 1999, 1, 23; Adams, C. J.; Earle, M. J.; Roberts, G; Seddon, K. R.; J. Chem. Soc., Chem. Commun. 1998, 2097; Chauvin, Y. L.; Musmann, L.; Olivier, H.; Angew. Chem., Int. Ed. 1996, 34, 2698. Para exemplos da utilização de fluidos perfluorados como solvente, veja, por exemplo: Horváth, I. T.; Jábai, J.; Science 1994, 266, 72; Halida, S.; Curran, D. P.; J. Am. Chem. Soc. 1996, 118, 2531; Hoshino, M.; Degenkolb, P.; Curran, D. P.; J. Org. Chem. 1997, 62, 8341. Lubineau, A.; Chem. Ind. 1996, 123. Varma, R. S.; Green Chemistry 1999, 1, 43 e referências citadas; Metzer, J. O.; Angew. Chem., Int. Ed. 1998, 37, 2975; Miyamoto, H.; Yasaka, S.; Tanaka, K.; Bull. Chem. Soc. Jpn. 2001, 74, 185. Clark, J. H.; Green Chemistry 1999, 1, 1. Costa Neto, P. R.; Rossi, L.F.S.; Zagonel, G. F.; Ramos, L.P.; Quim. Nova 2000, 23, 531 e referências citadas. No Brasil, o Ministério da Ciência e Tecnologia, juntamente com a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva e representantes de segmentos industriais (setor automotivo e oleígeno) promoveram o Vol. 26, No. 1 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. “Green chemistry” – Os 12 Princípios da Química Verde e sua Inserção nas Atividades de Ensino e Pesquisa Seminário Biodiesel, no dia 4 de dezembro de 2001, no Auditório da AEA em São Paulo/SP. O objetivo do Seminário foi identificar o potencial do País para a produção e comercialização do biodiesel e criar um grupo que possa desenvolver um programa nacional para o setor. Wender, P. A.; Handy, S. T.; Wright, D. L.; Chem. Ind. 1997, 765 e referências citadas. Lerner, B. A.; Chem. Ind. 1997, 16. Informações sobre os ganhadores de 2001 e de anos anteriores podem ser obtidas no Nobel e-Museum: http://www.nobel.se/chemistry/laureates/2001/ index.html, acessada em Fevereiro 2002. Thomas, J. M.; Raja, R.; Sankar, G.; Bell, R. G.; Lewis, D. W.; Pure Appl. Chem. 2001, 73, 1087. Para uma revisão sobre a aplicação de biocatalisadores em processos industriais veja: Sime, J. T.; J. Chem. Educ. 1999, 76, 1658. Sato, K.; Aoki, M.; Noyori, R.; Science 1998, 281, 1646. Scott, A.; Chem. Week 1998, 160 (no. 6), 37. 129 50. Dickinson, R.E. Cicerone, R.J.; Nature 1986, 319, 109. 51. Reed, S.M.; Hutchison, J.E.; J. Chem. Educ. 2000, 77, 1627. 52. Jardim, W.F.; Quim. Nova 1998, 21, 671; Amaral, S.T.; Machado, P.F.L.; Peralba, M.C.R.; Camara, M.R.; Santos, T.dos; Berleze, A.L.; Falcão, H.L.; Martinelli, M.; Gonçalves, R.S.; Oliveira, E.R.de; Brasil, J.L.; Araújo, M.A.de; Borges, A.C.; Quim. Nova 2001, 24, 419. Cunha, C.J.da; Quím. Nova 2001, 24, 424. 53. A CETESB (Companhia Estadual de Tecnologia e Saneamento Básico e de Defesa do Meio Ambiente do Estado de São Paulo) possui, desde 1998, um programa de tecnologias limpas, no qual a química verde é fortemente recomendada para as atividades industriais naquele Estado. Um resumo do Programa de Prevenção à Poluição da CETESB pode ser encontrado em h t t p : / / w w w. c e t e s b. s p . g ov. b r / A m b i e n t e / p r eve n c a o _ p o l u i c a o / documentos.htm, acessada em Janeiro 2002. 54. Furtado, M.; Química e Derivados 2001, agosto, 12. Quim. Nova, Vol. 35, No. 6, 1250-1259, 2012 Educação DOS PRIMEIROS AOS SEGUNDOS DOZE PRINCÍPIOS DA QUÍMICA VERDE Adélio A. S. C. Machado Departamento de Química, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto, R. Campo Alegre, 687, Porto 4169-007, Portugal Recebido em 29/7/11; aceito em 21/12/11; publicado na web em 23/3/12 FROM THE FIRST TO THE SECOND TWELVE PRINCIPLES OF GREEN CHEMISTRY. The second 12 principles of Green Chemistry (Winterton, 2001) are presented and discussed to show how they press academic chemists to focus the invention of synthetic pathways more directly on industrial process development, allowing a quicker progress along the greenness chain and a softer implementation of Green Chemistry in the industrial practice of chemistry. The relationships between the two sets of principles are tentatively established and discussed to make easier their joint use. The net of connections shows the systemic nature of Green Chemistry. Keywords: Green Chemistry; second 12 principles; greenness chain. INTRODUÇÃO O desenvolvimento da Química Verde (QV) para substituição da Química Industrial vigente passa pela identificação prioritária dos problemas mais críticos para o ambiente e saúde humana cuja resolução seja exequível por reformatação da Química – e por um esforço persistente de invenção de novas moléculas e respetivos processos de fabrico industrial, no âmbito da QV, que possam ir substituindo com a “vantagem verde” os usados atualmente. Esta mudança exige, por parte dos químicos e engenheiros químicos, em geral, e dos químicos laboratoriais que desenvolvem novos métodos de síntese e produzem novas moléculas, em particular, não apenas conhecimentos sólidos no domínio da química tradicional, mas também consciencialização, ideias claras e pragmatismo sobre como inovar a química para concretizar a QV. Neste contexto, os 12 princípios da QV, introduzidos por Anastas e Warner1 e amplamente divulgados (por exemplo, nesta revista já foram publicitados pelo menos quatro vezes,2 o que comprova o interesse que despertam – porque são simples, mas também motivadores), têm servido para a consciencialização dos químicos sobre variados aspetos da Química que requerem revisão com vista a reduzir os seus impactos negativos sobre a saúde humana e ecológica. Os referidos princípios proporcionam prescrições genéricas para concretizar a transição da Química atual para a QV e têm sido usados com êxito – embora sejam frequentemente invocados pelos investigadores da QV para justificar o seu trabalho sem quantificação, ou mesmo escrutinação semiquantitativa, realizadas com métricas adequadas, do grau de verdura efetivamente alcançado. Posteriormente, foi proposto por Winterton,3 no âmbito de uma análise mais ampla das relações da Química com a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável,4 um segundo conjunto de princípios, os chamados segundos 12 princípios da QV, dirigidos especialmente aos profissionais da Química Académica que divisam novas vias de sínteses – já que se focam no escalamento destas, requerido para implementar processos de fabrico para a respetiva concretização industrial, o campo onde realmente interessa obter verdura. Estes segundos 12 princípios não têm sido objeto de tanta atenção como os primeiros, não sendo ainda abordados mesmo nos mais recentes livros de texto de QV,5,6 mas merecem ser divulgados, quer por poderem contribuir para a consciencialização referida atrás e a adoção de uma mentalidade mais proativamente e-mail: [email protected] dirigida à verdura pelos químicos laboratoriais, quer porque, se usados com intencionalidade por estes, podem facilitar aos químicos industriais e engenheiros químicos o trabalho de desenvolvimento do processo, tornando-o mais expedito e eficaz. O primeiro e principal objetivo deste artigo foi proporcionar a desejável divulgação deste segundo conjunto de princípios da QV em língua portuguesa, com vista a incentivar o seu uso; um segundo objetivo foi estabelecer tentativamente a rede de interligações entre os dois conjuntos de princípios, cujo reconhecimento é importante para facilitar a sua aplicação sistémica por parte dos químicos. OBJETIVOS E ALCANCE DOS SEGUNDOS DOZE PRINCÍPIOS No Quadro 1 apresentam-se, mediante breves formulações, os segundos 12 princípios,3 que são numerados a partir de treze, na sequência dos primeiros 12, para evitar confusões. Em termos globais, este segundo conjunto de princípios apela aos químicos académicos que realizam investigação de laboratório sobre síntese de compostos para incluírem na sua atividade uma atitude proativa de atenção às caraterísticas de verdura (ou sua falta) das reações químicas que desenvolverem e/ou usarem nas vias de síntese. Tal atitude passa fundamentalmente pela prática de dois procedimentos: procurar realizar intencionalmente planeamento de trabalho laboratorial de base mais globalmente dirigido para a QV; depois, no desenvolvimento deste, implementar a obtenção de informações relativas à verdura das reações químicas que utilizarem nas sínteses que inventarem. Mais concretamente, pede-se aos químicos laboratoriais, primeiro, que privilegiem o estudo e desenvolvimento de química básica inovatória, dirigida à obtenção de vias de síntese mais verdes; segundo, a colheita e publicação de dados adicionais que permitam avaliar precocemente as caraterísticas de verdura das novas vias de síntese estabelecidas. A adoção desta atitude poderá contribuir decisivamente para a consolidação do desenvolvimento verde de produtos e processos, porque a disponibilidade de informação do tipo indicado, à partida do trabalho de desenvolvimento, facilitará a avaliação do potencial das reações químicas estudadas no laboratório para serem escaladas com boas soluções técnicas e sem perda das suas caraterísticas verdes – e, por exemplo, permitirá aos profissionais do desenvolvimento do processo (engenheiros químicos e químicos de processo) obter com mais facilidade bons níveis de minimização de resíduos e de consumo de energia, quando as mesmas reações forem realizadas a Vol. 35, No. 6 Dos primeiros aos segundos doze princípios da Química Verde Quadro 1. Os segundos 12 princípios da QV 13 – Identificação e quantificação dos coprodutos (subprodutos eventuais e resíduos) Identificar os coprodutos e determinar as suas quantidades relativamente à do produto principal 14 – Obtenção de conversões, seletividades, produtividades, etc. Para além do rendimento químico das reações de síntese, determinar métricas relevantes para a QV: seletividades, produtividades (eficiência atómica e similares), etc. 15 – Estabelecimento de balanços materiais completos para o processo Especificar, quantificar e contabilizar todos os materiais usados na obtenção do produto final, incluindo os auxiliares, nomeadamente os solventes 16 – Determinação das perdas de catalisadores e solventes nos efluentes Determinar as quantidades ou caudais dos fluxos de efluentes líquidos, sólidos, e gasosos e as concentrações de reagentes auxiliares neles 1251 impostos por considerações técnicas, económicas ou comerciais (e não apenas químicas), a adoção do segundo conjunto de princípios da QV pelos investigadores laboratoriais simplificará a avaliação e comparação da verdura potencial das diversas alternativas de processos químicos, logo desde as primeiras atividades do desenvolvimento do processo, incluindo a fase preliminar de seleção do próprio produto; e potenciará a manutenção da verdura ao longo da “cadeia de verdura” da Química, esquematizada na Figura 1, essencial para a montagem de uma nova Indústria Química Verde, adequada para suportar o desenvolvimento sustentável, a partir da QV de laboratório. A cadeia de verdura deve ser percorrida de modo a não se perder verdura ao longo do percurso, pelo contrário, aumentando a verdura quando se notam lacunas nesta – por exemplo, procurando soluções técnicas no equipamento que permitam colmatar deficiências de verdura a nível de reagentes, de condições de realização das reações, etc. 17 – Investigação da energética básica do processo Avaliar e relatar as variações de entalpia das reações exotérmicas com o fim de alertar para eventuais problemas de libertação de calor com a mudança de escala 18 – Identificação de limitações quanto às transferências de calor e de massa Identificar fatores que afetem as transferências de calor e de massa no escalamento (velocidades de agitação ou de dispersão de gases, áreas de contacto gás-líquido, etc.) 19 – Visualização das reações sob a perspetiva dos engenheiros químicos Identificar e analisar pontos de constrição para o escalamento no desenvolvimento do processo industrial por estudo das alternativas de tecnologia disponíveis para o implementar e por meio de contactos com engenheiros químicos 20 – Consideração da globalidade do processo industrial ao seleccionar a química de base Avaliar o impacto das alternativas possíveis de todas as variáveis de processo (matérias primas, natureza do reator, operações de separação, etc.) nas oções possíveis para a química de base; e realizar experiências com os reagentes comerciais que vão ser utilizados no fabrico 21 – Procura (desenvolvimento e aplicação) de medidas de sustentabilidade do processo Avaliar quantitativamente, na extensão possível, o grau de sustentabilidade do processo industrial 22 – Quantificação e minimização do uso de “utilidades” Dar atenção ao uso e minimização das “utilidades”, e proporcionar informação que permita avaliar as respetivas necessidades, logo no início do desenvolvimento do processo, ao longo do escalamento 23 – Identificação de situações de incompatibilidade entre a segurança do processo e a minimização de resíduos Dar atenção à segurança do processo a desenvolver com base na síntese laboratorial e alertar para eventuais restrições de segurança que limitem as condições da implementação desta à escala industrial 24 – Monitorização, registo e minimização dos resíduos produzidos na síntese laboratorial Dar atenção pormenorizada e quantitativa aos resíduos produzidos na realização laboratorial da síntese, registando as suas quantidades e adotando procedimentos que conduzam à sua minimização escala maior do que no laboratório. A disponibilidade precoce destes dados é importante para simplificar e agilizar as sucessivas etapas do escalamento da síntese, até à versão final adequada ao fabrico industrial, com manutenção da verdura – já que a verdura de uma via de síntese só pode ser cabalmente avaliada no contexto da sua utilização na prática industrial. Embora a obtenção da verdura à escala industrial envolva frequentemente compromissos entre fatores contraditórios, Figura 1. A cadeia de verdura da Química BREVE DISCUSSÃO DOS SEGUNDOS DOZE PRINCÍPIOS A seguir apresenta-se alguma informação sobre cada um dos segundos 12 princípios, complementar à inserida no Quadro 1, com o objetivo fundamental de promover a sua melhor compreensão e facilitar o seu embutimento na mente dos químicos laboratoriais de síntese – particularmente quando os princípios envolvem fatores mais ligados à engenharia química e química industrial, cujo conhecimento por eles pode ser mais superficial. Esta informação é relevante porque genericamente estes princípios adicionais são mais dirigidos ao processo industrial do que os de Anastas e Warner1 – e a avaliação da verdura no escalamento de uma síntese é muito mais fidedigna quanto ao nível final de verdura que se pode obter no processo industrial do que a realizada sobre a química de base. Princípio 13 – Identificar e, se possível, quantificar os coprodutos (subprodutos eventuais e resíduos) Este princípio, bem como os dois seguintes (e também o terceiro a seguir, embora de outro modo), apela aos químicos académicos para que sejam muito mais minuciosos quanto ao destino dos átomos dos reagentes que não são englobados no produto e a recolher informação sobre o que sucede com eles. Os processos químicos raramente originam apenas o produto desejado, por mais que se aperfeiçoe a sua implementação, porque a especificidade das reações quase nunca é perfeita – em paralelo com o produto principal são quase invariavelmente obtidos produtos não desejados, os chamados coprodutos: eventuais subprodutos e/ou resíduos. A diferença entre subproduto e resíduo é ténue: os subprodutos são os compostos que encontram aplicação noutro processo, sendo, portanto, vendáveis ou utilizáveis; os resíduos não são aproveitáveis 1252 Machado e têm de ser depostos no ambiente, podendo exigir tratamento prévio para os tornar inócuos – só dão prejuízos! Na realidade, a separação do produto e deposição no ambiente dos coprodutos de um processo químico pode exigir recursos especiais e ser muito dispendiosa, inclusive pode impedir a viabilidade económica do processo e, portanto, do produto - mesmo quando os resíduos se formam em quantidades pequenas. Mais concretamente, em química académica tem-se o hábito de traduzir as reações por equações estequiométricas que evidenciem a formação do produto alvo, ignorando outras reações que podem ocorrer conjuntamente. Esta atitude implica que as equações estequiométricas sejam quase sempre uma aproximação, já que à escala industrial as reações secundárias ganham importância – e esta “imprecisão estequiométrica” provoca diminuição da eficiência de colocação dos átomos aportados pelos reagentes no produto (perdem-se em resíduos!). Na Figura 2, um químico de síntese, quando obtém um produto P a partir de reagentes R1 e R2, traduz tradicionalmente a preparação pela equação estequiométrica na parte superior da figura (CP1 representa um coproduto), quando o processo real pode ser algo mais complexo, por exemplo, o representado na parte inferior – em que se forma não só um segundo coproduto por decomposição do reagente R1, mas também um terceiro, o intermediário, I, que não se converte completamente no produto, já que a segunda reação é de equilíbrio. Na prática industrial, a formação de estes outros coprodutos significa aumento da perda de átomos disponibilizados pelos reagentes, a não ser que aqueles possam ser separados e reciclados; também, a qualidade requerida ao produto pode exigir a sua separação para purificação deste. Estas operações de separação exigem equipamento e têm custos – se a pureza exigida ao produto for muito elevada, pode suceder que a síntese laboratorial seja industrialmente inviável, por razões técnicas (inexistência ou inexequibilidade de operação unitária adequada à separação) e/ou económicas (custos proibitivos). Figura 2. Exemplo da diferença entre a equação estequiométrica e o processo real O caso anterior mostra que, a nível laboratorial, é importante identificar os subprodutos eventuais e resíduos e, se possível, determinar as suas quantidades relativamente à quantidade obtida do produto principal. Por outro lado, a ocorrência de vestígios dos coprodutos no produto pode ter variadas consequências negativas – por exemplo, pôr em causa a sua utilização quando os requisitos de qualidade são estritos (nomeadamente em produtos farmacêuticos), afetar a respetiva estabilidade, etc. A principal barreira quanto ao cumprimento deste princípio pelos químicos académicos de síntese é provavelmente a postura reducionista com que a química de laboratório é presentemente praticada e ensinada – em particular, a cinética e a termodinâmica são tratadas como ramos distintos, não se dando suficiente atenção às implicações das respetivas interrelações. Por exemplo, muitas reações são incompletas e não dão origem a um produto puro e, portanto, facilmente isolável; quando se força o deslocamento do equilíbrio para se aumentar a eficiência da reação, podem-se estimular reações laterais por via termodinâmica (por Quim. Nova exemplo, variação de temperatura) ou cinética (por exemplo, aumento de concentração de reagente), incentivar a formação de coprodutos e frustrar, afinal, o aumento de eficiência atómica. Outro exemplo: quando o produto for obtido sob controlo cinético (por uma reação lenta), mas se puder formar um coproduto por uma reação secundária (paralela) favorecida termodinamicamente, o prolongamento do tempo de reação para aumentar a eficiência da síntese pode acarretar a formação de mais coproduto (o mesmo pode suceder quando o produto possa intervir numa reação consecutiva). Em todos estes casos, as operações de isolamento e purificação do produto são mais complexas e podem ter impactos negativos sobre o processo, nomeadamente económicos. Normalmente, o químico de síntese procura otimizar o rendimento da síntese por ajuste das condições experimentais, sem se deter muito nestes efeitos laterais: concentra a sua atenção no produto, esquecendo a natureza não linear da química7 (a seta usada nas equações químicas é desde logo um incentivo mental à linearização da visão sobre as reações químicas!). Esta atitude mental reducionista tem de ser revista para induzir a aplicação deste princípio, que faz um apelo aos químicos para “olharem para o lado” das reações químicas, e não apenas “para a frente” – para o produto. Princípio 14 – Obtenção de conversões, seletividades, produtividades, etc. Este princípio apela aos químicos académicos para que completem o prescrito no anterior com a obtenção de dados quantitativos sobre métricas de incorporação no produto dos átomos aportados pelos reagentes, bem como sobre grandezas cinéticas importantes para a realização industrial das reações. A importância do primeiro aspeto resulta de o produto, mesmo que seja formado com rendimento elevado, poder ser produzido por meio de um processo globalmente ineficiente quanto à produtividade atómica – por dar origem a grande quantidade de resíduos. Esta situação é frequente, nomeadamente, se a via de síntese utiliza reagentes estequiométricos, isto é, reagentes usados em passos da via em que se introduzem alterações na molécula em construção, mas que não (ou quase não) aportam átomos para o produto, perdendo-se a maioria em resíduos (por exemplo, dióxido de manganês usado numa oxidação, que produz invariavelmente um sal de manganês(II) como resíduo). Os passos deste tipo são chamados estequiométricos (designação a contrastar com a de passos catalíticos, os prescritos preferencialmente pela QV – por exemplo, oxidações realizadas com oxigénio, por meio de um catalisador adequado). Os reagentes/ passos estequiométricos originam invariavelmente coprodutos, que podem ser variados mas que são sempre produzidos em quantidades elevadas (estequiométricas!) e requerem frequentemente separação e tratamento posterior para poderem ser reciclados ou depostos no ambiente. Por estas razões, para ajudar ao desenho do processo industrial, é desejável utilizar métricas mais informativas da “qualidade atómica” da via de síntese que o clássico rendimento químico, logo na descrição das vias laboratoriais – conversões, seletividades, produtividades (eficiência atómica e similares), etc.8 – e obter e incluir os seus valores no respetivo relato em artigos. No mesmo contexto, interessa também obter e relatar as velocidades das reações, porque têm um papel essencial na “velocidade” de produção que pode ser atingida no processo industrial – esta grandeza, a chamada produtividade por unidade de tempo ou rendimento espaço-tempo, é o fator mais importante entre os que determinam o custo de produção.9 Por exemplo, no design de reatores define-se o rendimento espaço-tempo do reator em termos volúmicos, como a quantidade de produto obtida por unidade de tempo e por unidade de volume do reator. Esta grandeza é fulcral na conceção do reator quando a reação é lenta e obter um valor elevado para a velocidade Vol. 35, No. 6 Dos primeiros aos segundos doze princípios da Química Verde 1253 de produção implica usar reatores de grande volume – o que significa maior tamanho e maior custo; ou na avaliação da performance que pode ser obtida com um reator já disponível, quanto ao tempo de utilização necessário para obter a quantidade de produto requerida – que tem implicações nos custos (trabalho e “utilidades” de suporte – energia, água, luz). Em suma, os dados sobre velocidades de reação são essenciais para lidar com o fator tempo, crucial na atividade industrial, mas quase sempre esquecido na síntese académica.9 químicas nas condições industriais, algo sistematicamente ignorado no laboratório, na química a pequena escala. Por exemplo, transferir uns gramas de um reagente do respetivo frasco para o balão onde se vai realizar uma reação no laboratório é uma operação física que geralmente não levanta qualquer problema logístico – mas carregar um grande reator industrial com centenas de quilos de reagentes é um problema físico (mecânico) que requer equipamento, energia e trabalho, demora tempo, etc. Princípio 15 – Estabelecimento de balanços materiais completos para o processo Princípio 17 – Investigação da energética básica do processo para identificar reações exotérmicas potencialmente perigosas Este princípio prescreve a utilização pelos químicos de síntese laboratorial de uma ferramenta tradicional da engenharia química, os balanços materiais (BM), para verificarem de modo global a manipulação e destino dos materiais em jogo numa via de síntese. Todos os materiais usados numa reação de síntese e nas operações de purificação e isolamento do produto desejado devem ser identificados, quantificados e utilizados ao realizar o BM do processo laboratorial de síntese. A descrição deste deve incluir também a quantificação de todos os materiais auxiliares, usados na obtenção do produto final no estado de pureza que se pretenda atingir, nomeadamente os solventes. Se possível, o BM global do processo deve ser decomposto em duas componentes: BM da reação e BM das operações de separação e isolamento (work-up). O estabelecimento de BM é importante para verificar que todos os materiais entrados foram contabilizados à saída – ou, se não foram, escrutinar porquê (por exemplo, porque se formaram compostos não identificados ou ocorreram perdas físicas na manipulação, que à escala industrial podem ter impactos negativos na saúde dos trabalhadores e até no ambiente). Os BM são muito usados pelos engenheiros químicos ao longo do desenvolvimento do processo e o seu fornecimento pelos químicos de síntese poupará o trabalho de obter a sua primeira versão – que tradicionalmente começa quase sempre pela recolha preliminar de dados em falta. Em suma, no contexto da avaliação e melhoria da verdura atómica, os dados fornecidos por BM completos são importantes para aferir a eficiência da reação quanto ao aproveitamento dos átomos e minimizar a sua perda em resíduos. A manipulação da energia (e seus custos) é realizada pelos químicos laboratoriais com total esquecimento do seu significado na prática industrial: por exemplo, quando precisam de aquecer o meio da reação, nomeadamente para aumentar a velocidade de reação, usam equipamento adequado disponível no laboratório (bico de gás, manta elétrica, etc.), não se preocupando em saber quanta energia gastam; se precisam de arrefecer, usam, por exemplo, água (nomeadamente nos condensadores empregues nas destilações), esquecendo o respetivo volume eliminado pelo esgoto (perdido!). Em ambos os casos, o custo é esquecido – quem paga as contas é o diretor do departamento ou faculdade! Em contraste, na Indústria Química é prestada cada vez mais atenção ao consumo, poupança e conservação de energia – já que esta indústria é um consumidor voraz deste importante fator de produção,10 o que implica fortes impactos negativos sobre o ambiente11 (uma situação semelhante também ocorre com a água). Por outro lado, salvo raras exceções, a realização de reações químicas no laboratório, feita em pequena escala, não envolve grandes problemas de segurança decorrentes da libertação de calor, pelo que esta questão é também frequentemente ignorada – apenas nos casos de certas reações fortemente exotérmicas é que se presta atenção à necessidade de se proceder ao arrefecimento do meio de reação, após o período de indução inicial, para não se perder o controlo da situação. No entanto, a dissipação de calor depende fortemente da escala, pelo que as situações laboratorial e industrial podem ser completamente diferentes – este é outro aspeto frequentemente ignorado no ensino da química académica, pelo que se inclui uma abordagem sumária do assunto12 no material suplementar. Como o calor gerado num reator (QR) depende do volume (V), mas a capacidade de transferir calor para o exterior (QT) depende da área (A), o aumento de dimensão dificulta a transferência de calor – e favorece o aquecimento, o que pode afetar as métricas de massa da reação (conversões, seletividades, etc., em suma, a produtividade). Outro aspecto deste problema diz respeito à segurança. Quando a capacidade para transferir o calor para o exterior for inferior ao calor libertado pela reação química, QT /QR < 1, o calor que se mantém no recipiente vai aquecendo o meio, a temperatura sobe, o que acelera a reação e liberta mais calor, e assim sucessivamente: estabelece-se um ciclo de retroação positiva, podendo perder-se facilmente o controlo da situação – e ocorrer uma expulsão violenta do meio de reação para o exterior ou uma explosão. Uma fração apreciável dos desastres industriais com reatores envolve situações deste tipo, que ocorrem principalmente em reações de polimerização (em que se formam muitas ligações químicas) e reações de nitração, sulfonação, etc. (em que se formam ligações químicas fortes) – em ambos os tipos, a formação de ligações é responsável pela libertação de quantidades elevadas de calor.13 Em suma, ao aumentar a escala do laboratório para a indústria, a razão “área superficial/volume” dos reatores aumenta segundo (A/V), ou seja (1/L), isto é, a área aumenta menos que o correspondente volume e, por isso, na prática industrial, podem surgir limitações significativas quanto à transferência do calor libertado nas reações exotérmicas para o exterior que não são sentidas no laboratório. Por Princípio 16 – Determinação das perdas de catalisadores e solventes nos efluentes líquidos, sólidos ou gasosos Uma situação frequente é os BM revelarem perdas inesperadas, isto é, a ocorrência de materiais que não foram contabilizados, o que vulgarmente se deve à menor atenção prestada ao destino de materiais secundários, em especial solventes e catalisadores. Consegue-se obter uma avaliação mais completa e precisa das perdas destes nas reações por determinação direta das respetivas quantidades nos fluxos de efluentes líquidos, sólidos e, eventualmente, gasosos, libertados para ou a depor no ambiente, que fornece valores de maior confiança do que a simples pesagem dos solventes e catalisadores usados inicialmente e recuperados no fim do processo. Para isso têm também de ser determinadas as quantidades (volumes ou massas) dos referidos fluxos ou os seus caudais. Este princípio é o último de um conjunto de quatro que globalmente visa obter, por parte dos químicos de síntese, uma visão muito mais pormenorizada do que a tradicional do que sucede aos átomos intervenientes nas reações químicas (ou que as suportam em substâncias auxiliares) – com vista a maximizar a produtividade atómica. Assim, estes quatro princípios têm como objetivo a Química – em contraste, os dois seguintes dirigem-se à Física: apelam aos químicos para dar atenção à importância da física na realização das reações 1254 Machado isso, se o químico fornecer dados sobre a energética de uma reação exotérmica, os profissionais que realizam o escalamento do processo ficam alertados sobre eventuais problemas de libertação de calor e podem desde logo dirigir a conceção do reator para modelos com razão (A/V) elevada para evitar os impactos negativos de um aquecimento excessivo, não só na segurança, mas também na eficiência da formação do produto, através da deterioração das métricas de massa. Princípio 18 – Identificação de limitações quanto às transferências de calor e de massa Além da libertação de calor intrínseca nas reações de síntese, pode haver outros fatores que afetem as transferências de calor e de massa e influenciem o decurso da reação e a qualidade do produto obtido quando do aumento de escala, por exemplo, a velocidade de agitação, a rapidez de dispersão de gases, a extensão da área de uma superfície de contacto gás-líquido (tamanho das bolhas de gás), etc. Esses fatores devem ser identificados e relatados, para que a sua influência na exequibilidade e eficácia do aumento de escala possa ser avaliada – para impedir eventuais efeitos nocivos na segurança do processo, qualidade do produto, etc. Este princípio e o anterior visam consciencializar os químicos para o papel da Física na realização das reações químicas à escala industrial, que implica frequentemente barreiras a vencer que não se fazem sentir no laboratório – mas que têm de ser consideradas em conjunto com a Química, que foi objeto dos quatro primeiros princípios. Os três princípios seguintes envolvem facetas de natureza diferente: prescrevem atenção a factos que dizem respeito à mudança de postura mental em jogo quando se passa do laboratório para a execução do processo químico na atividade industrial. Princípio 19 – Visualização das reações sob a perspetiva dos engenheiros químicos ou de processo Embora o fabrico de um composto tenha como componente fundamental a reação de síntese e o reator constitua o cerne do respetivo processo industrial, este envolve geralmente outras operações, quer a montante (aquecimento de reagentes, eliminação de impurezas que envenenam catalisadores, etc.), quer a juzante (separações, purificação do produto, etc.) – estas operações são tão importantes para o processo como as reações químicas e envolvem custos significativos. No entanto, os químicos de laboratório não lhes dão grande importância, já que tendem a restringir a sua atenção ao produto que visam obter e às respetivas reações de síntese. Também, outro aspeto geralmente esquecido é a economia do processo (diminuição dos custos para otimizar o lucro!), que tem de ser aferida repetitivamente ao longo do seu desenvolvimento – presentemente, a diminuição de custos envolve facetas que ainda não são objeto de suficiente atenção nos cursos de Química, por exemplo, a minimização da energia e dos resíduos. A implementação da Química a nível industrial é muito mais complexa do que no laboratório, o que acarreta não só desvantagens mas também oportunidades. Em face da enorme complexidade da Química Industrial, na prática, não é possível avançar para o desenvolvimento eficaz da QV sem preparar os químicos de laboratório para uma colaboração apertada com os engenheiros químicos – o que passa também por uma maior abertura da Química, ensinada nos cursos de Química, a processos e técnicas usados na Química Industrial. Por exemplo, a realização industrial de uma reação química pode ser feita de modos muito mais versáteis do que os habitualmente usados no laboratório; estes utilizam, quase sempre, apenas reatores de carga ou partida (balões, etc.) e, quando pretendem sintetizar um composto, se uma reação em que usam um determinado conjunto de reagentes não ocorre satisfatoriamente, em geral passam a outra com Quim. Nova outros reagentes – não investigam processos alternativos de realizar a reação em outro tipo de equipamento, mais semelhante ao usado à escala industrial, por exemplo, reatores de fluxo com reciclagem de reagentes para operar em regime contínuo. Os modos de realizar as reações químicas na indústria são variados, em resultado, por exemplo, da diversidade da natureza, configuração e estrutura dos reatores e das alternativas de tratamento dos produtos na mistura produzida (separações, reciclagem de reagentes, etc.). Esta variedade de fatores tem influência no resultado final da reação ou via de síntese, traduzido pela quantidade e caraterísticas do produto obtido – e alguns destes fatores podem ser importantes para a verdura do processo industrial. Estes factos tendem a ser esquecidos pelos químicos académicos, que, em geral, não prestam atenção a vários aspetos de grande importância para os engenheiros químicos, por exemplo, o regime do processo (cargas, fluxo contínuo, etc.), o desenho do reator, os modos de mistura de reagentes, as transferências de massa entre fases e de energia (ver princípio 18), etc. Se estes aspetos não forem devidamente considerados, podem ocasionar dificuldades e ineficiências no desenvolvimento do processo industrial. Por isso, os químicos, quando estudam as reações químicas para servir de base a um processo industrial, devem tentar obter a perspetiva dos engenheiros quando procedem ao aumento de escala das operações – no mínimo, devem analisar a literatura técnica referente a casos semelhantes ou, mais desejavelmente, entrar em contacto com engenheiros químicos com experiência no campo e discutir com eles a via de síntese que têm em mente. Este esforço de “saltar” para a realidade da Química Industrial é importante para que os químicos adquiram capacidades para, por exemplo, identificar e analisar eventuais pontos de constrição que possam surgir no escalamento das reações químicas ao desenvolver o processo – mais concretamente para tentar caraterizá-los cabalmente e, na medida do possível, resolvê-los ainda na própria investigação laboratorial. Para isso, é importante que os químicos procurem adquirir conhecimentos sobre a natureza e problemas do escalamento (decorrentes da “grandeza do salto” entre preparar umas dezenas de gramas de composto num trabalho de laboratório que dura algumas horas e fabricar, de forma consistente, uns milhares de toneladas de composto por ano numa instalação industrial), as várias alternativas de tecnologia disponíveis, os aspetos benéficos e maléficos que determinam a respetiva verdura relativa, etc. – para obter a perspetiva dos engenheiros químicos sobre as reações químicas a usar no processo industrial. Princípio 20 – Consideração da globalidade do processo industrial ao seleccionar a química de base Os químicos de laboratório procuram estabelecer novas vias de síntese com maior eficiência, aferida pelos critérios habitualmente usados pela química académica, por exemplo, procuram maior seletividade e conversão; no entanto, o escalamento permite novas oportunidades – o que pode implicar critérios de avaliação adicionais. Na montagem de um processo químico há quase sempre diversas possibilidades alternativas para variáveis diversas: matérias-primas de base, reagentes usados na alimentação do reator, natureza deste, operações de separação do produto e coprodutos, operações complementares necessárias para obter o produto com o grau de pureza requerido, utilização da energia e das “utilidades”, processos de recuperação de catalisadores e/ou solventes, tratamento e deposição de resíduos, etc. Quando no laboratório se investiga uma via de síntese para usar num novo processo, as alternativas possíveis de todas estas variáveis devem ser consideradas pragmaticamente com vista a determinar o seu impacto nas opções possíveis para a química de base. Também não se pode esquecer que a inovação introduzida na via laboratorial tem de ser escalada, o que na prática, se implicar um Vol. 35, No. 6 Dos primeiros aos segundos doze princípios da Química Verde grande afastamento das condições vigentes na atividade industrial, pode exigir um esforço proibitivo em termos de tempo, custos, incerteza quanto à performance (por exemplo, no escalamento de um novo tipo de reator), etc. – o que tende a “travar” a inovação. Esta interação, de natureza complexa por envolver fatores económicos, logísticos, humanos, etc., condiciona fortemente a exequibilidade da inovação, um facto que o químico académico deve ter sempre em mente. Quando se pretende inovar um processo bem estabelecido, isto é, mudar a respetiva química para melhorar a verdura, vale a pena analisar globalmente a tecnologia em uso com vista a introduzir modificações. Por exemplo, considerar a redução do número de passos usados para obter um reagente de alimentação do reator principal a partir de matérias-primas de base; ou, quando é usado um álcool na alimentação, que pode ser obtido por hidratação de uma olefina, que, por sua vez, pode ser obtida por cracking ou desidrogenação de um hidrocarboneto saturado proveniente do petróleo, considerar a possibilidade de usar como reagente de alimentação o próprio hidrocarboneto saturado. No entanto, não se deve esquecer que a substituição de matérias-primas levanta numerosas questões, por exemplo, quanto aos resíduos, forma-se um novo fluxo de resíduos ao longo da cadeia de passos que constituem o novo processo? Que problemas de tratamento e utilização ou deposição levanta esse fluxo? Quanto ao processo, qual é o efeito da pureza do reagente de alimentação no desenvolvimento do processo – se é requerido um grau elevado de pureza, o processo tem viabilidade económica? Se tem, pode pôr-se a questão de ser acompanhada por boa performance ambiental: o que sucede quando se raciocina em ciclo de vida, isto é, quando se considera o dispêndio adicional de recursos (solventes, energia, etc.) incorridos na purificação pelo fornecedor do reagente purificado? Por outro lado, a química laboratorial é frequentemente realizada com reagentes de pureza elevada, enquanto os processos industriais usam reagentes comerciais de menor qualidade. Por isso, quando se estuda no laboratório a química de base de um processo industrial é conveniente incluir experiências com os reagentes comerciais mais impuros que vão ser utilizados no fabrico em grande escala, para investigar até que ponto os resultados são válidos em regime industrial. Em suma, este princípio complementa o anterior: este último pressiona os químicos académicos a “olhar para a frente”, para o escalamento da síntese e desenvolvimento do processo, o presente a voltarem a “olhar para trás”, reavaliando a química de base do ponto de vista industrial – em suma, apelam à prática do raciocínio circular caraterístico da postura sistémica. Princípio 21 – Procura (desenvolvimento e aplicação) de medidas de sustentabilidade do processo Deve-se tentar avaliar o melhor possível, quantitativamente, mediante métodos tanto quanto possível padronizados, o grau de sustentabilidade que possa ser obtido no processo industrial, após escalamento. Esta atividade é ainda incipiente no âmbito da QV, mas é de prever que adquira interesse crescente no futuro – o que passa por desenvolver e aplicar métricas de processo com abrangência lata (de verdura química e ambiental, de sustentabilidade, etc.), mas preferivelmente de implementação mais simples do que aquelas que são já usadas pelos engenheiros químicos.14 Neste contexto, deve merecer atenção o desenvolvimento de métricas holísticas.15 Princípio 22 – Quantificação e minimização do uso de “utilidades” O uso das “utilidades” (água, eletricidade, vapor, etc.) é quase sempre completamente ignorado nos estudos laboratoriais, mas os 1255 químicos devem começar a pensar nas suas implicações. Por exemplo, o uso de água (para lavagem, arrefecimento, etc.) e de gases para obter atmosfera inerte (azoto, etc.) pode provocar o seu aparecimento em quantidades significativas nos efluentes. Outro exemplo: embora o uso como solvente de dióxido de carbono na forma de fluído supercrítico permita a substituição de solventes problemáticos, a sua compressão e manejamento consome quantidades elevadas de energia e pode significar custos proibitivos. Os químicos laboratoriais devem passar a dar atenção ao uso das “utilidades” e sua minimização e, na medida do possível, proporcionar informação que permita avaliar as respetivas necessidades e custos ao longo do escalamento da síntese. Princípio 23 – Identificação de situações de incompatibilidade entre a segurança do processo e a minimização de resíduos Os objetivos da QV são múltiplos e, por isso, na prática, quando se procura aumentar a verdura dos processos, tem de se adotar frequentemente soluções de compromisso. Uma destas situações, previsivelmente vulgares, é a de não se poder trabalhar em condições ótimas para impedir a formação de resíduos e incorporar os átomos dos reagentes no produto, porque elas envolvem um acréscimo da insegurança do processo – podem conduzir a desastres, afectar o ambiente ocupacional, etc. Por exemplo, a oxidação parcial de hidrocarbonetos com oxigénio molecular (em vez de oxidantes clássicos, que são frequentemente problemáticos, ver o princípio 14) é muito apelativa sob o ponto de vista de melhorar a verdura da oxidação – mas exige cuidado para evitar composições de misturas de oxigénio com hidrocarboneto e condições que possam originar explosões. Os químicos laboratoriais, no desenho da via de síntese a nível laboratorial, devem dar atenção à segurança do processo escalado e alertar para potenciais problemas, com vista à inclusão de medidas preventivas logo no início do desenvolvimento (segurança embutida, monitorização, etc.). Por outro lado, quando é necessário satisfazer dois critérios com efeitos opostos, ambos necessários para obter um processo adequado, o compromisso passa pela análise dos respetivos custos relativos – e a decisão, sendo de natureza económica, pode ser difícil, porque elusiva. Princípio 24 – Monitorização, registo e minimização dos resíduos produzidos na realização laboratorial da síntese O químico laboratorial deve dar atenção pormenorizada e quantitativa aos resíduos produzidos na síntese laboratorial e lutar pela sua minimização logo a esta escala. Mais precisamente, deve analisar o conjunto dos fluxos de resíduos libertados para o ar e a água, bem como aos sólidos, quer em experiências relativas a reações individuais, quer no que respeita à totalidade de reações da via de síntese, para o que é importante visualizar como um todo a química de base a usar num processo industrial. Discussão intercalar Segundo o seu proponente, a prática dos segundos 12 princípios da QV será o suprassumo da “demonstração direta e real da mentalidade verde do químico” – a prova cabal da sua atitude a favor da QV.3 Estes princípios, tal como os primeiros 12, por si sós, não são suficientes para garantir a montagem de processos verdes e implementar uma Indústria Química Verde – porque o bom cumprimento da cadeia de verdura (Figura 1) envolve fatores tecnológicos exteriores à Química, bem como outros (económicos, etc.), não contemplados nos princípios. No entanto, este segundo conjunto de princípios de QV merece atenção – porque permite um aumento da consciencialização 1256 Machado dos químicos laboratoriais quer para os problemas de concretização de verdura à escala industrial, quer para a necessidade de definir áreas de investigação académica previsivelmente mais produtivas para este fim. RELAÇÕES ENTRE OS DOIS CONJUNTOS DE PRINCÍPIOS Para se conseguir verdura química com eficácia, é necessário que os princípios da QV sejam aplicados em conjunto, com atitude holística. Os princípios de cada um dos grupos têm intraligações entre si, havendo também interligações entre os princípios dos dois grupos, que devem ser consideradas na utilização. Nomeadamente, para se melhorar a verdura de uma síntese, não se podem aplicar os princípios um a um, isoladamente, sob pena de, quando se melhora a verdura quanto a um, se piorar quanto a outros – é preciso atender a eles como um todo, para o que se aconselha percursos de análise dos seus efeitos em ciclos iterativos, dentro de cada grupo e entre os dois, como ilustra graficamente a Figura 3. Quim. Nova aqui, porque alongaria muito o artigo – tanto mais que deve ser considerado em conjunto com outras questões relevantes sobre os princípios e sua utilização, por exemplo, a respetiva hierarquização e os aspetos importantes na prática da Química que não são contemplados neles. No entanto, vai caraterizar-se sumariamente as interrelações entre os dois conjuntos de princípios, para esclarecer as diferenças de postura que lhes servem de base. A análise sobre as interligações que se segue foi feita dos primeiros para os segundos 12 princípios, por estes últimos serem mais particularizantes. Ao estabelecer as interligações, foram encontradas algumas dificuldades, nomeadamente: em primeiro lugar, as relações não são necessariamente simétricas – em certos casos, um princípio dos primeiros 12 “empurra” outro dos segundos 12, noutros casos um princípio deste último grupo “puxa” outro do primeiro; em segundo, como definir relações depende da formação e experiência pessoal de quem realiza a tarefa, podem aqui não ter sido identificadas todas – assim, a análise não é garantidamente exaustiva. Para facilitar a identificação das interligações, começou-se por agrupar os princípios de cada um dos conjuntos quanto à componente sistémica (matéria, energia e informação) a que estavam mais ligados, sendo os resultados apresentados na Tabela 1 (não foi possível classificar dois dos princípios – 12 e 20 – seguindo este critério, pois têm alcance abrangente). A tabela mostra que a grande maioria dos primeiros 12 princípios dizem respeito à matéria – à Química; nos segundos 12, os princípios “espalham-se” mais para a energia e informação, comprovando o facto de serem mais dirigidos ao sistema industrial – ao processo químico. Tabela 1. Distribuição dos dois conjuntos de 12 princípios segundo as componentes sistémicas* Primeiros 12 Segundos 12 1-5, 7-10 13-16, 22-24 Energia 6 17-18, 22 Informação 11 19, 21 S/ classificação 12 20 Matéria *O princípio 22 (quantificação e minimização do uso de “utilidades”) diz respeito quer às “utilidades” materiais (água, etc.), quer à energia, pelo que a sua entrada aparece duplicada. Figura 3. Para atender às interligações entre todos os princípios e concretizar a sua aplicação cabal e eficaz é necessário proceder a iterações (percursos indicados por setas) quer dentro dos dois grupos, quer entre eles O problema global das interligações entre os 24 princípios é muito complexo, dada a variedade de situações encontradas na Química e a diferente natureza e alcance dos princípios, e não vai ser abordado A Tabela 1 serviu de ponto de partida para identificar as conexões por análise individual dos pares de princípios (cada princípio dos primeiros 12 foi sucessivamente emparelhado com os do segundo grupo). As interrelações foram classificadas em dois níveis, fortes (F, as que foram identificadas imediatamente a partir das definições dos dois princípios emparelhados) e fracas (f, as que requereram análise mais aprofundada), mas esta classificação pode depender da experiência pessoal do agente classificador, ramo da Química que pratica, etc. Além disso, hierarquizar as “forças” das relações de cada princípio é mais fácil do que fazê-lo entre princípios diferentes, nomeadamente quando a natureza e alcance destes são diversos. Os resultados deste exercício são apresentados na Figura 4, listando-se no Quadro 2 as interligações fortes, correspondentes às setas grossas na Figura (no Quadro S1, material suplementar, apresenta-se uma lista de todas as interligações encontradas). No Quadro 2, antes de descrever cada interligação, apresenta-se a respetiva justificação (em itálico). A Figura 4 mostra como a rede de interconexões é intrincada, evidenciando que cumprir simultaneamente todos os princípios da QV pode ser uma tarefa espinhosa – e espelhando quão complexa é a verdura química. A figura confirma o espalhamento das componentes sugerido pela Tabela 1 – evidenciado por um maior emaranhamento das linhas no lado dos segundos 12 princípios. Este acentua-se nos Vol. 35, No. 6 Dos primeiros aos segundos doze princípios da Química Verde princípios 19 (visualizar as reações sob a perspetiva dos engenheiros químicos) e 21 (desenvolver medidas para a sustentabilidade do processo), o que tem a ver com o alcance mais vasto e difuso destes. Foram identificadas 17 interligações fortes e 22 fracas, num total de 39, para um máximo possível de 144 (= 12 x 12), sendo portanto a conetividade global de 27% (no entanto, a Figura 4 mostra que a conetividade é bastante heterogénea). Figura 4. Interligações entre os primeiros e os segundos 12 princípios (Fortes, setas grossas; fracas, setas finas) 1257 DISCUSSÃO FINAL Os primeiros 12 princípios da QV têm sido muito úteis na divulgação desta e proporcionam um enquadramento para uma primeira avaliação simples da verdura de reações, vias de síntese, etc., e comparação de verdura de alternativas possíveis para cumprir um dado objetivo, com vista a escolher a mais aceitável quanto a impactos ambientais. No entanto, traduzem fundamentalmente a atitude sensata e louvável de químicos bem intencionados que pretendem reformatar a Química para eliminar os seus impactos negativos (a QV chegou a ser apresentada como um “imperativo moral”15), enquanto a atividade da Química real é muito mais complexa. Em consequência, a utilização destes princípios tem limitações diversas, por exemplo, por um lado, são algo genéricos e distantes da realidade industrial – ignoram ou, pelo menos, não explicitam, caraterísticas importantes da Química do mundo real, por exemplo, a necessidade de usar ferramentas de avaliação de largo alcance (ciclo de vida), de garantir viabilidade económica, de proporcionar uma adequada inserção societal da Química, etc.; por outro, são prescrições qualitativas – e a avaliação cabal da verdura exige o cálculo de métricas quantitativas de verdura,8 preferivelmente holísticas.16 Em consequência, as respetivas prescrições podem ser equívocas – por exemplo, o princípio 7 prescreve o uso de matérias-primas renováveis em termos gerais, mas quando se considera o ciclo de vida de obtenção de biomassa por via agrícola, a sua avaliação por métricas é muito complexa e o princípio torna-se problemático. Também, a preferência por reações catalíticas prescrita pelo princípio 9 tem de ser pesada pelos impactos da preparação do catalisador e da sua deposição final – o ciclo de vida do catalisador pode ser suficientemente problemático para subverter a escolha da via catalítica. Aliás, algo de semelhante vale para outras substâncias auxiliares, solventes, etc. – por isso é que a aplicação da análise de ciclo de vida aos compostos e processos químicos é tão espinhosa: envolve quase sempre vários ciclos de vida laterais emaranhados com o principal, o que implica muitas dificuldades na elaboração deste (mais uma consequência inevitável da complexidade intrínseca da Química!). Os segundos 12 princípios têm por base uma atitude mais pragmática, são mais dirigidos à implementação industrial da Química, Quadro 2. Interligações fortes entre os primeiros 12 e os segundos 12 princípios da QV* 1. PREVENÇÃO DE RESÍDUOS ◄► … …◄► 13. Identificação e quantificação de coprodutos Para se poder prevenir a formação de resíduos é necessário o seu reconhecimento A prevenção de coprodutos das reações de síntese…exige atenção à sua formação, nomeadamente para permitir prever, à partida do escalamento, a quantidade destes resíduos, inevitáveis porque estequiométricos, e procurar a sua minimização por alteração da via de síntese …◄► 20. Consideração da globalidade do processo industrial Os resíduos formados dependem da química de base adotada para o processo A prevenção de resíduos…passa por considerar o processo industrial em globo para procurar uma via de síntese (reações requeridas, condições de realização, etc.) adequada à sua minimização …◄► 24. Monitorização, registo e minimização do resíduos Ambos os princípios têm como objetivo a prevenção da formação de resíduos A minimização dos resíduos no processo industrial…é facilitada pela aquisição de conhecimento sobre eles no laboratório e seu registro, com esforço simultâneo para conseguir a respetiva minimização 2. ECONOMIA ATÓMICA ◄► … …◄► 13. Identificação e quantificação de coprodutos A economia atómica diminui quando aumenta o número de átomos perdidos nos coprodutos A maximização da economia atómica…exige a minimização da perda de átomos, o que passa por dar atenção aos coprodutos … ◄► 14. Obtenção de seletividades, produtividades, etc. A economia atómica depende dos valores das métricas de massa A maximização da economia atómica…passa por obter valores de variadas métricas, informativas sobre o destino dos átomos aportados pelos reagentes …◄► 15. Estabelecimento de balanços materiais (BM) completos A inclusão preferencial no produto dos átomos aportados pelos reagentes é confirmada pelos BM A avaliação da precisão (e confiança no valor) da economia atómica…é proporcionada por BM completos realizados a partir dos caudais e composições das entradas e saídas 1258 Machado Quim. Nova Quadro 2. continuação 3. SÍNTESES MENOS PERIGOSAS ◄► … …◄► 20. Consideração da globalidade do processo industrial A perigosidade (toxicidade, etc.) depende da química de base adotada para o processo A obtenção de benignidade…passa por considerar o processo industrial em globo para procurar uma via de síntese adequada para concretizar a minimização da perigosidade 5. SOLVENTES E SUBSTÂNCIAS AUXILIARES MAIS SEGURAS ◄► … …◄► 20. Consideração da globalidade do processo industrial O uso e escolha de solventes, etc., dependem da química de base adotada para o processo A minimização do uso dos solventes e substâncias auxiliares e a maximização da respetiva segurança… passam por escrutinar o processo industrial em globo 6. PLANIFICAÇÃO PARA A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ◄► … …◄► 17. Investigação da energética básica do processo Ambos os princípios têm como preocupação a energética do processo A obtenção de eficiência energética…exige o conhecimento da energética básica (entalpia) das reações para permitir a planificação do processo com vista à recuperação de calor e minimização do dispêndio de energia …◄► 20. Consideração da globalidade do processo industrial Uma fração apreciável do calor gasto nos processos químicos ocorre em operações unitárias A maximização da eficiência energética…passa por considerar o processo industrial em globo para explorar oportunidades de minimizar o dispêndio e maximizar a recuperação de calor 7. USO DE MATÉRIAS-PRIMAS RENOVÁVEIS ◄► … …◄► 20. Consideração da globalidade do processo industrial As matérias-primas que podem ser usadas nos processos dependem da natureza destes A escolha de matérias-primas renováveis…passa por considerar o processo industrial em globo para explorar oportunidades de este ser montado com reagentes de origem renovável 9. PREFERÊNCIA POR REAÇÕES CATALÍTICAS ◄► … … ◄► 14. Obtenção de seletividades, produtividades, etc A exequabilidade da preferência por reações catalíticas exige a existência de catalisadores eficazes A avaliação da eficiência de reações catalíticas…tem de ser comprovada por valores da seletividades e métricas de produtividade … ◄► 16. Determinação das perdas de catalisadores e solventes A eficácia do uso de catalisadores passa pela minimização das suas perdas A performance de reações catalíticas…tem de ser comprovada pela determinação das perdas de catalisadores 11. ANÁLISE PARA A PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO EM TEMPO REAL ◄► … …◄► 19. Visualização das reações sob a perspetiva dos engenheiros químicos A análise em tempo real permite melhorar o controlo do processo A análise para a prevenção da poluição em tempo real…está envolvida no controlo do processo industrial, uma das tarefas da responsabilidade dos engenheiros químicos …◄► 24. Monitorização, registo e minimização do resíduos Ambos os princípios têm como preocupação a minimização de poluentes e resíduos A análise para a prevenção da poluição em tempo real…é facilitada pela aquisição de conhecimento e seu registo, no laboratório, sobre os poluentes e resíduos 12. MAIS SEGURANÇA INERENTE QUANTO A ACIDENTES ◄► … …◄► 17. Investigação da energética básica do processo A segurança exige um controlo eficaz da libertação de calor nas reações exotérmicas A segurança inerente …usa o conhecimento da energética básica das reações da via de síntese para prevenir acidentes decorrentes da libertação de calor …◄► 23. Identificar incompatibilidades entre segurança e minimização de resíduos Ambos os princípios têm como preocupação a segurança A obtenção de segurança inerente…pode significar a necessidade de operar fora das condições ótimas e exigir sacrifícios quanto à minimização de resíduos * Os princípios 4, 8 e 10 não foram incluídos por não se terem identificado interligações fortes (apenas fracas) incorporam conhecimentos aprendidos e usados trivialmente pelos engenheiros químicos ao longo do século XX17 – e procuram colmatar algumas das limitações dos primeiros 12 princípios, embora só parcialmente o consigam (nomeadamente, por exemplo, mantêm-se as referidas no parágrafo anterior). Quando se consideram as interligações entre os dois conjuntos de princípios da QV, verifica-se que estas são numerosas e constituem uma rede densa e intricada, o que faz sentir bem a complexidade da verdura química – e as dificuldades que se deparam ao avanço da química para a QV. CONCLUSÕES A aplicação dos segundos 12 princípios pelos químicos laboratoriais, só por si, não garante desde logo o desenvolvimento posterior, à escala industrial, de processos químicos verdes e o cumprimento completo da cadeia de verdura. No entanto, eles ajudarão os químicos laboratoriais a fazer incidir a sua atenção em áreas de investigação mais produtivas quanto à QV e a seleccioná-las precocemente como merecedores de atividade prioritária – isto é, favorecem uma atitude proativa dos químicos com respeito à QV. Além disso, o seguimento destes princípios pode proporcionar muita informação útil aos químicos e engenheiros químicos que procedem à escolha dos produtos (isto é, dos compostos a fabricar) e se ocupam do desenvolvimento dos processos industriais para a sua preparação em grande escala – já que o alargamento de conhecimento no início do seu trabalho facilita a maximização da verdura ao longo dele. No entanto, não se pode esquecer que as decisões de se adotarem, ou não, novos Vol. 35, No. 6 Dos primeiros aos segundos doze princípios da Química Verde processos químicos industriais resultantes da investigação dirigida à QV, envolvem componentes de natureza tecnológica e económica que caem fora do domínio da química de base, mas que também são importantes para a eficiência global da Indústria Química e das suas caraterísticas como suporte da sustentabilidade. Tais fatores são considerados no âmbito da Engenharia Química Verde, que tem de ser usada conjugadamente com a QV para se implementar processos industriais verdes – e se progredir incrementalmente ao longo da cadeia de verdura para se chegar a uma Indústria Química Verde (Figura 1). A ligação da QV como a Ecologia Industrial também não pode ser esquecida.18 Em suma, a integração da Química com a tecnologia química é muito importante para a prossecução e desenvolvimento da QV e da sustentabilidade, e embora se continue a apelar aos primeiros 12 princípios para a fundamentar,19 pode ser melhor concretizada se se atender também ao segundo conjunto de princípios. A terminar, deve-se ainda recordar, mesmo incorrendo em repetição,9 que o uso dos princípios da QV deve ser feito com postura sistémica, em que eles são atendidos e aplicados globalmente, como um todo, mas este requisito contrasta com a formação tradicionalmente reducionista dos químicos académicos – sendo esta, possivelmente, a maior barreira à conceção da síntese verde (e à prática da QV em geral). Por isso, é importante que o ensino da Química passe a incluir formação em ciência sistémica. MATERIAL SUPLEMENTAR Está disponível em http://www.quimicqnova.sbq.org.br, na forma de arquivo PDF e com acesso livre, o seguinte material: texto com detalhes sobre a influência da escala na dissipação de calor em reactores e Quadro 1S com lista completa das interações entre os dois conjuntos de 12 princípios da QV incluídas na Figura 4. REFERÊNCIAS 1. Anastas, P. T.; Warner, J. C.; Green Chemistry – Theory and Practice, Oxford UP: Oxford, 1998, p. 30. 2. Lenardão, E. J.; Freitag, R. A.; Dabdoub, M. J.; Batista, A. C. F.; Silveira, C. C.; Quim. Nova 2003, 26, 123; Prado, A. G. S.; Quim. Nova 1259 2003, 26, 738; Vichi, F. M.; Mansor, M. T. C.; Quim. Nova 2009, 32, 757; Farias, L. A.; Fávaro, D. I. T.; Quim. Nova 2011, 34, 1089. 3. Winterton, N.;, Green Chem. 2001, 3, G73. 4. Winterton, N.; Clean Techn. Environ. Policy 2001, 3, 62; 2003, 5, 8; 2003, 5, 154. 5. São ignorados, por exemplo, nos textos de: Ahluwalia, V. K.; Green Chemistry – Environmentally Benign Reactions, CRC Press: Boca Raton, 2008; Lancaster, M.; Green Chemistry – An Introductory Text, 2nd ed., RSC Publishing: Cambridge, 2010. 6. O seguinte texto limita-se a referi-los no prefácio: Matlack, A. S.; Introduction to Green Chemistry, 2nd ed., CRC Press: Boca Raton, 2010, p. vii. 7. A química da síntese do carbarilo, que esteve na base do desastre de Bhopal (1984), proporciona um exemplo incisivo da natureza não linear da Química, ver Machado, A. A. S. C.; Química – Bol. S. P. Q. 2010, 118, 41. 8. Lapkin, A.; Constable, D., eds.; Green Chemistry Metrics; Wiley: Chichester, 2008. 9. Machado, A. A. S. C.; Quim. Nova 2011, 34, 1291 e 1862. 10. Kim, S.; Overcash, M.; J. Chem. Technol. Biotechnol. 2003, 78, 995. 11. Wernet, G.; Mutel, C.; Hellweg, S.; Hungerbuhler, K.; J. Ind. Ecol. 2011, 15, 96. 12. Clausen III, C. A.; Mattson, G.; Principles of Industrial Chemistry, Wiley-Interscience: Nova Iorque, 1978, p. 135. 13. Starkie, A; Rowe, S.; Chem. Brit. 1966, 32, 34. 14. Allen, D. T.; Shonnard, D. R.; Green Engineering – Environmental Conscious Design of Chemical Processes, Prentice Hall: Upper Sadddle River, 2002. 15. Hancock K. G.; Cavanaugh, M. A. Em Bening by Design – Alternative Synthetic Design for Pollution Prevention; Anastas, P. T.; Farris, C. A., eds.; ACS Symposion Series 577, ACS: Washington, 1994, chap. 2. 16. Ribeiro, M. G. T. C.; Costa, D. A.; Machado, A. A. S. C.; Quim. Nova 2010, 33, 759; Ribeiro, M. G. T. C.; Machado, A. A. S. C.; J. Chem. Educ. 2011, 88, 947. 17. Lange, J. P.; ChemSustChem 2009, 2, 587. 18. Machado, A. A. S. C.; Quim. Nova 2011, 34, 535. 19. Anastas, P. T.; ChemSustChem 2009, 2, 391. INSERÇÃO DO CONCEITO DE ECONOMIA ATÔMICA NO PROGRAMA DE UMA DISCIPLINA DE QUÍMICA ORGÂNICA EXPERIMENTAL Leila Maria Oliveira Coelho Merat# e Rosane Aguiar da Silva San Gil* Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Bl. A, Ilha do Fundão, 21949-900 Rio de Janeiro - RJ Recebido em 30/9/02; aceito em 13/12/02 Educação Quim. Nova, Vol. 26, No. 5, 779-781, 2003 INCLUSION OF ATOM ECONOMY CONCEPT IN AN EXPERIMENTAL ORGANIC CHEMISTRY UNDERGRADUATE COURSE. In this paper, the atom economy concepts are applied in a series of experiments during an experimental organic chemistry class, to implement “green chemistry” in an undergraduate course. Keywords: atom economy; E factor; undergraduate course. INTRODUÇÃO Por razões tanto econômicas quanto ambientais a Química tem a obrigação de otimizar os seus métodos de síntese, de forma a obterse o produto desejado com o máximo de conversão e seletividade e com geração do mínimo de subprodutos e rejeito1. Esse conceito, denominado “economia atômica” foi formulado na década de 90 por Trost2 e Sheldon3, e evidencia a importância de uma química limpa, dentro do conceito de mínima agressão ao meio ambiente (“green chemistry”). O uso de água como solvente em algumas reações orgânicas tradicionalmente executadas na presença de solventes orgânicos é um exemplo prático da aplicação do conceito de “química limpa” na minimização do custo e do impacto ambiental4. Nos Estados Unidos a indústria química é a maior fonte de poluição tóxica, e essa situação não é diferente em nosso país. Atualmente o conceito de química ambientalmente aceitável já é tema em disciplinas de graduação voltadas para o estudo da implementação de tecnologia de prevenção de poluição5, além de base para grandes modificações nos processos industriais, de forma que seu conhecimento e aplicação é hoje imprescindível para os profissionais da área. A execução de experimentos programados nas disciplinas experimentais das várias áreas da Química é a grande oportunidade que os alunos dos cursos de graduação têm para consolidar o aprendizado de conceitos teóricos e o desenvolvimento de temas ainda pouco explorados em sala de aula. O Departamento de Química Orgânica do Instituto de Química da UFRJ possui um elenco de disciplinas experimentais, que são oferecidas para os cursos de Química e também para os cursos de Engenharia Química e Farmácia. Os conteúdos programáticos encontram-se em contínua avaliação e adequação, visando manter uma atualização constante com os rumos da química no contexto mundial. Este trabalho foi desenvolvido na disciplina Química Orgânica Experimental II, que tem como objetivos gerais6: desenvolver a capacidade do aluno de reconhecer e selecionar utensílios de laboratório a serem empregados nas sínteses propostas, executar com desembaraço os procedimentos utilizados na preparação de vários compostos orgânicos, reconhecer as características gerais das reações realizadas, assim como os ensaios de confir- *e-mail: [email protected] # endereço atual: Nucat/PEQ/COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Bl. G, 21945-970 Rio de Janeiro - RJ mação dos produtos e o cálculo do rendimento do produto obtido em cada reação. O aluno executa uma série de sínteses, preparando e caracterizando intermediários para um produto final (um corante), e também sínteses de produtos em uma única etapa. A preparação de corantes é um dos temas propostos que envolve uma seqüência de sínteses partindo da anilina, enquanto a preparação da acetona é uma das sínteses executadas em uma única aula. As práticas propostas foram selecionadas principalmente dos livros texto sobre experimentos de química orgânica de Mano e Seabra7 e Vogel8. O objetivo deste trabalho foi fazer com que os alunos pudessem vivenciar no laboratório o conceito de economia atômica durante a síntese de alguns produtos por duas rotas distintas, através do cálculo da porcentagem de utilização atômica (%A), do rendimento obtido e do fator E. O parâmetro economia atômica ou porcentagem de utilização atômica (representado nesta comunicação como %A) exprime quanto dos reagentes foi incorporado ao produto, segundo a equação estequiométrica da reação. É portanto um parâmetro de natureza teórica, que não leva em consideração o rendimento da reação ou a presença de outras substâncias além dos reagentes, tanto durante a reação (por exemplo solvente) quanto na etapa de purificação do produto. Entretanto é uma ferramenta bastante útil para uma avaliação rápida da quantidade de rejeitos que serão gerados pela reação em pauta. %A = P.M. do produto desejado/Σ P.M. das substâncias produzidas O fator E, definido como a razão entre a soma das massas dos produtos secundários e a massa do produto desejado, leva em consideração todas as substâncias utilizadas na reação, incluindo-se os solventes (exceto água) e a parcela de reagentes não convertidos. Quanto maior o valor do fator E, maior a massa de rejeito gerada e menos aceitável o processo, do ponto de vista ambiental. fator E = Σ massas dos produtos secundários/massa do produto desejado Recentemente foi definido o parâmetro EQ, denominado quociente ambiental9, que é calculado conhecendo-se o valor de Q, um fator arbitrário que define a toxidez (“unfriendliness quotient”) dos subprodutos obtidos9. O parâmetro EQ exprime a aceitabilidade de um determinado processo do ponto de vista ambiental, e baseia-se 780 Merat e San Gil no fato de que, mais importante do que a quantidade de rejeito gerado é o seu impacto sobre o ambiente. Por exemplo, o fator Q do cloreto de sódio é 1, enquanto sais de metais pesados (como o cromo por exemplo) tem fator Q na faixa de 100 a 1000. Neste trabalho os parâmetros %A e fator E foram calculados, tanto para as rotas tradicionais7,8 quanto para os procedimentos alternativos10,11. Devido à dificuldade em inferir o fator Q de alguns dos subprodutos gerados durante as sínteses executadas, o produto EQ não foi determinado. Foram feitas algumas alterações nas quantidades de reagentes indicadas originalmente, de forma a empregar a mesma quantidade do reagente principal nas duas rotas experimentadas em cada síntese, para fins de comparação das eficiências dos processos propostos. RESULTADOS Inicialmente foi estudada a preparação da acetanilida a partir da acetilação da anilina. No procedimento indicado tanto por Mano e Seabra7 quanto por Vogel8 (Esquema 1, rota A), o anidrido acético é o reagente acilante e o tampão ácido acético/acetato de sódio é utilizado para minimizar a diacetilação da anilina. Quim. Nova Esquema 2. Preparação de p-nitro acetanilida A p-nitro acetanilida é usada para preparar p-nitro anilina, que em uma aula posterior será o reagente da síntese de um corante (via geração do sal de diazônio correspondente, seguido de reação com β-naftol). A hidrólise da p-nitro acetanilida com ácido sulfúrico 70% gera o sulfato ácido correspondente como produto intermediário, que numa etapa posterior é hidrolisado com emprego de base. A literatura sugere que essa hidrólise pode ser conduzida tanto com solução de hidróxido de sódio (rota A) quanto com hidróxido de amônio concentrado (rota B)7,8,10 (Esquema 3). Esquema 3. Preparação de p-nitroanilina Esquema 1. Preparação da acetanilida Por outro lado é sabido que o produto de diacetilação da anilina sofre decomposição em presença de água, fornecendo acetanilida e ácido acético. Essa é a base do procedimento proposto por Bell e colaboradores10: o tampão ácido acético/acetato de sódio é substituido por água (Esquema 1, rota B). A acetilação inicial da anilina gera ácido acético, que vai manter o pH da mistura reacional na faixa ácida, protonando parcialmente a anilina; por outro lado, qualquer diacetil anilina porventura formada será decomposta pela água presente no meio reacional. Os rendimentos alcançados na rota B (Tabela 1) foram comparáveis aos obtidos na rota A, na presença do tampão, no mesmo tempo de reação. A economia atômica (%A) não foi alterada, porém o fator E foi menor, evidenciando ser a rota B preferencial (Tabela 2): há economia de reagentes (ácido acético glacial e acetato de sódio) e minimização de compostos no rejeito, constituído prioritariamente pelo ácido acético formado estequiometricamente. Como a purificação do produto desejado envolve apenas lavagens com água destilada gelada, não há incorporação de solventes que devam ser incluídos no cálculo do fator E. A acetanilida é reagente de partida para a preparação de p-nitro acetanilida, através da nitração da acetanilida. A nitração da acetanilida é normalmente feita com ácido nítrico, em presença da mistura ácido acético glacial/ácido sulfúrico, de forma a manter no meio uma mistura do agente nitrante com força média7,8 (Esquema 2, rota A). O procedimento alternativo10 não utilizou o ácido acético glacial, e foi acompanhado do controle rigoroso do tempo de reação (Esquema 2, rota B). A modificação do procedimento, excluindo o ácido acético e controlando a adição de ácido sulfúrico e do tempo de nitração, propiciou a formação do produto nitrado de interesse em rendimentos comparáveis aos obtidos utilizando ácido acético glacial (diminuição do fator E). Além disso, o tempo de reação pode ser diminuido de 60 para 20 min (Tabela 1). A necessidade de conduzir a hidrólise com NH4OH em capela pode ser um fator limitante para o uso desse reagente em laboratório. O fator E, por outro lado, poderia ser favorecido, porém os rendimentos alcançados não foram comparáveis (Tabela 1) com consequente aumento no fator E com o uso do NH4OH. Dessa forma, a substituição de hidróxido de sódio pelo hidróxido de amônio não se mostrou vantajosa. Uma das sínteses em uma única etapa proposta na disciplina é a preparação de acetona a partir de 2-propanol. Reações de oxidação de álcoois são executadas usualmente com emprego da mistura de dicromato de sódio ou de potássio e ácido sulfúrico7 (Esquema 4, rota A). Esse experimento gera soluções ácidas contendo sais de cromo para descarte, o que torna desejável sua substituição por agentes oxidantes menos agressivos ao meio ambiente. Esquema 4. Preparação de acetona Hipoclorito de sódio em solução aquosa a 5% apresentou boa atividade na reação de oxidação de cicloexanol a cicloexanona, em meio de ácido acético glacial10, com formação de cloreto de sódio como subproduto. Resultados similares foram obtidos por Mirafzal e Lozeva11, em presença de um agente de transferência de fase. Com base nesses bons resultados, a oxidação do 2-propanol foi tentativamente executada substituindo-se a mistura dicromato de sódio/ ácido sulfúrico por hipoclorito de sódio 4-6% (Esquema 4, rota B). O resultado obtido evidenciou a necessidade de otimização do procedimento, já que os rendimentos foram inferiores a 10% (Tabela 1). Por outro lado a substituição do agente de oxidação é prioridade na disciplina, na medida em que a porcentagem de economia atômica Vol. 26, No. 5 Inserção do Conceito de Economia Atômica 781 Tabela 1. Condições experimentais e rendimentos obtidos nas rotas testadas ROTA A Produtos reagentes quant. acetanilida anilina anidrido acético ácido acético glacial acetato de sódio 7,75 g 9,15 g 8,4 g 2,1 g acetanilida ácido nítrico ácido sulfúrico conc. ácido acético glacial 5g 3,8 g 26,2 g 6,25 g p-nitro acetanilida ácido sulfúrico 70% NaOH-20% 3,75 g 20 mL 20 mL isopropanol dicromato de potássio ácido sulfúrico conc. água 6g 11,6 g 18 g 90 mL p-nitro acetanilida p-nitro anilina acetona ROTA B tempo reação (min) 10 rend.* (%) 90 reagentes quant. tempo reação (min) rend.* (%) anilina anidrido acético ácido acético glacial acetato de sódio água 7,75 g 9,7 g 60 mL 10 85 acetanilida ácido nítrico ácido sulfúrico conc. ácido acético glacial 5g 3,9 g 31,3 g - 20 90 60 84 20 80 p-nitro acetanilida ácido sulfúrico 70% NH4OH conc. 3,75 g 20 mL 20 mL 20 50 53 isopropanol 7 mL dicromato de potássio ácido sulfúrico conc. água hipoclorito de sódio 4-6% 150 mL 30 <10 30 (*) média de pelo menos três experimentos independentes. (Tabela 2) e o fator Q (impacto ambiental) favorecem sobremaneira a substituição da mistura oxidante contendo sal de cromo (que gera descarte com fator Q entre 100 e 1000) pelo hipoclorito de sódio (que gera descarte com fator Q igual a 1), ou por outros agentes oxidantes menos agressivos ao meio ambiente. Tabela 2. Resultados de rendimento atômico (%A) e fator E das rotas estudadas Produtos acetanilida p-nitro acetanilida p-nitro anilina acetona %A Rota A Rota B 69 91 70 20 69 91 70 43 fator E Rota A Rota B 1,7 6,3 12,7 10,6 0,7 5,6 21,6 >30 CONCLUSÃO Os resultados evidenciaram ser possível introduzir o conceito de economia atômica durante as aulas práticas de química orgânica, em experimentos de rotina, de forma a incentivar os alunos a compararem as rotas de síntese existentes na literatura e os rendimentos dos processos empregando esse conceito. Essa nos parece ser uma metodologia vantajosa, porque permite que os alunos vivenciem durante a graduação a necessidade de minimizar ao máximo a geração de subprodutos durante um processo químico e o descarte de subprodutos poluentes, de forma que possam aplicar estes conceitos no futuro, como profissionais conscientes das vantagens e da necessidade de preservação do meio ambiente. AGRADECIMENTOS As autoras agradecem à Profa E. R. Lachter, pioneira na divulgação do conceito de economia atômica no âmbito do IQ/UFRJ e ao Prof. J. A. P. Bonapace, pela cessão de amostras do reagente hipoclorito de sódio 4-6%; aos funcionários E. C. Cruz e L. S. Benevides pelo apoio técnico e aos alunos A. C. Carelli, A. L. M. Oliveira, A. R. Oliveira Filho, C. B. Conceição, C. N. Santana, D. G. Polck, D. T. Tavares e F. R. Neves, da Escola de Química da UFRJ, que cursaram a disciplina Química Orgânica Experimental II durante o primeiro semestre de 2002 e participaram ativamente na execução dos experimentos descritos nessa comunicação. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. Dupont, J.; Quim. Nova 2000, 23, 825. Trost, B. M.; Science 1991, 254, 1471. Sheldon, R. A.; Chem. Ind. 1992, 23, 903. Silva, F. M. da; Jones Jr., J.; Quim. Nova 2001, 24, 646. Brennecke, J. F.; Stadtherr, M. A.; Comput. Chem. Eng. 2002, 26, 307. Faria, H. E. S. V. T.; Apostila de Práticas da Disciplina de Química Orgânica Experimental II, Departamento de Química Orgânica, Instituto de Química da UFRJ, 1998. Mano, E. B.; Seabra, A. P.; Práticas de Química Orgânica, 3a ed., Ed. Edgard Blücher Ltda, 1987. Vogel, A. I.; Química Orgânica. Análise Orgânica Qualitativa, Ed. Ao Livro Técnico S. A., 1982. Sheldon, R. A.; C. R. Acad. Sci., Ser. IIc: Chim. 2000, 3, 541. Bell, C. E.; Clark, A. K.; Taber, D. F.; Rodig, O. R.; Organic Chemistry Laboratory, Saunders College Publishing, 1997. Mirafzal, G. A.; Lozeva, A. M.; Tetrahedron Lett. 1998, 39, 7263. View Online / Journal Homepage / Table of Contents for this issue Green Chemistry Dynamic Article Links Cite this: Green Chem., 2011, 13, 3333 www.rsc.org/greenchem COMMUNICATION Fast, mild, eco-friendly synthesis of polyfunctionalized pyrroles from b-nitroacrylates and b-enaminones† Downloaded by UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA on 29 November 2011 Published on 19 October 2011 on http://pubs.rsc.org | doi:10.1039/C1GC16012E Alessandro Palmieri,* Serena Gabrielli, Cristina Cimarelli and Roberto Ballini* Received 17th August 2011, Accepted 26th September 2011 DOI: 10.1039/c1gc16012e The reaction of b-nitroacrylates with b-enaminones, at room temperature and under solvent- and promoter-free conditions, affords the one-pot synthesis of polyfunctionalized pyrroles in high yields. Pyrroles are important N-heterocyclic compounds which are present in many natural products.1 Moreover, they are employed as important skeletons in organic synthesis2 and are also utilized in other important fields such as material science,3 medicinal chemistry and pharmacology.4 In addition, it has been reported that half of the small molecule drugs that received FDA approval in 2005–2007 contain at least one azole or azine ring.5 Although the most frequently used methods for their preparation are the classic Hantzsch,6 Knorr,7 and Paal–Knorr8 procedures, a variety of alternative syntheses have been developed in the past decade.9–13 Many of these approaches are based on the transition-metal catalyzed cyclizations10,11 and multicomponent coupling reactions,12,13 however, the high catalyst loading in some of the above procedures causes important drawbacks such as higher cost and potential contamination of the products that is particularly significant in the pharmaceutical industry.14 In this context, an interesting metal free alternative is represented by the use of conjugated nitroalkenes, excellent Michael acceptors,15 as key starting reagents in combination with methyl acetoacetate,16 isocyanoacetates,17 or, mainly, with enaminoesters.18 Even the latter procedures have non-negligible drawbacks because they require: (i) the presence of a solvent, (ii) an excess of either starting materials, (iii) the use of a promoter (mainly Lewis or Brønsted acid), (iv) the help of high temperatures (reflux conditions), and (v) long reaction times. Thus, more eco-friendly methodologies are desirable, mainly considering that in the recent years, the employment of solventfree reactions19 and the reduction of the energy consumption, by performing the reactions at room temperature,20 have exhibited great advantages and potential in modern organic synthesis, especially from the eco-sustainable point of view.21 Green Chemistry Group, School of Science and Technology, Chemistry Division, University of Camerino, Via S. Agostino 1, 62032, Camerino, Italy. E-mail: [email protected], [email protected]; Fax: +39 0737 402297; Tel: +39 0737 402270 † Electronic supplementary information (ESI) available: See DOI: 10.1039/c1gc16012e This journal is © The Royal Society of Chemistry 2011 In the last few years, we have demonstrated that bnitroacrylates are an emerging, more reactive class of functionalized nitroalkenes by which, a variety of important targets can be obtained under easier and more efficient methodologies.22 On the basis of these experiences, we have now found that the reaction of b-nitroacrylates 1 with b-enaminones 2 gives a highly improved, one-pot synthesis of pyrroles 3 (Scheme 1). In fact, on the contrary to the use of standard nitroalkenes, b-nitroacrylates work well under solvent- and promoter-free conditions, using just stoichiometric amount of the compounds 1 and 2, avoiding the need of high temperature and under short reaction times. Scheme 1 As summarized in Table 1, the reaction affords good yields (60–91%) of the title compounds, with a variety of bnitroacrylates 1 and b-enaminones 2. It is important to point out that the mildness of our method allows to introduce powerful functionalities, such as tetrahydropyranyl (3da), chlorine (3hb), C,C double bond (3gc), ketones (3if, 3lg) and esters (3aa–le), giving access to a class of polyfunctionalized pyrroles that can be easily manipulated for further chemical transformations. An important class of pyrroles, of pharmaceutical interest, are those reported in Fig. 1 because of their antitumor activity.23 In this context, our method is particularly suitable for the preparation of these structures, in fact by the appropriate selection of the starting materials, it’s possible to introduce both the (i) appropriate substituents (2- and 5-positions) and (ii) ester functionalities (3- and 4-positions) which play a key role to the access, through an easy manipulation, of the corresponding carbamates. Fig. 1 Green Chem., 2011, 13, 3333–3336 | 3333 View Online Table 1 Eco-friendly preparation of polyfunctionalized pyrroles 3 Downloaded by UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA on 29 November 2011 Published on 19 October 2011 on http://pubs.rsc.org | doi:10.1039/C1GC16012E b-Nitroacrylates 1 1a 1b 1c 1d 1e 1f 1g 1h 1g 1c 1i 1l 1i 1l a b-Enaminones 2 1 R R Et Et n-C5 H11 CH3 (OTHP)CH(CH2 )2 n-Bu Ph(CH2 )2 Me Cl(CH2 )3 Me n-C5 H11 n-Pr Me n-Pr Me Et Me Et Et Et Et Me Et Me Et Bu Et Bu Et 2a 2a 2a 2a 2b 2b 2b 2b 2c 2d 2d 2e 2f 2g R2 R3 R4 Yield (%)a of 3 Me Me Me Me Me Me Me Me n-Pr Me Me Me Et Me n-C5 H11 n-C5 H11 n-C5 H11 n-C5 H11 PhCH2 PhCH2 PhCH2 PhCH2 CH2 CHCH2 Ph Ph Me Me Me OEt OEt OEt OEt OEt OEt OEt OEt OEt OMe OMe OEt Et Ph 3aa 3ba 3ca 3da 3eb 3fb 3gb 3hb 3gc 3cd 3id 3le 3if 3lg Time (t1 , h) 90 88 84 86 89 78 76 70 91 60b 65b 70 66 78 3 2 2 4 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 6 7 3 7 3 Yield of pure isolated product. b The reaction was not cooled at 0 ◦ C, but directly performed at room temperature. In this sense, as a representative use of our procedure, we synthesized the pyrrole 3gd (Scheme 2), key intermediate for the preparation of the anti-leukemic compound 4.23a formation of the five member ring C. Finally, the elimination of water and nitroxyl (which probably dimerizes into hyponitrous acid H2 N2 O2 ) molecules, lead to the formation of the target pyrroles 3. Moreover, in order to test the eco-sustainability of our procedure, we calculate the environmental factor (E-factor) process testing the reaction of 1a with 2a (10 mmol scale), developing two different protocols (Scheme 4). Scheme 2 From a mechanistic point of view, the process can be rationalized as reported by Revial et al. (Scheme 3).18a In fact, the process starts from the conjugate addition of the b-enaminones 2 to the b-nitroacrylates 1, giving the Michael adduct A. Then, A tautomerizes into the reactive species B (aci-nitro tautomer), which is promptly attacked by the nitrogen atom, with the Scheme 4 Scheme 3 3334 | Green Chem., 2011, 13, 3333–3336 The way a can be extended to all products 3, and consists in a classic flash chromatography column, in which the eluent mixture was recovered by distillation (40 ◦ C/135 torr) and reused. In this context, the closeness of the boiling points of the This journal is © The Royal Society of Chemistry 2011 Downloaded by UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA on 29 November 2011 Published on 19 October 2011 on http://pubs.rsc.org | doi:10.1039/C1GC16012E View Online selected solvents, permits to maintain, practically unchanged, the polarity of the eluent mixture. Way b can be applied to the products obtained in high yields, such as 3ba, 3ca, 3da, 3eb, 3gc and 3gd. In these cases, the high purity of products (3aa GC ≥ 94%), gives the opportunity to involve, directly, the pyrroles for further reactions. The E-factor for the testing reaction, was calculated considering all the used materials (way a: silica and the eluent mixture; way b: florisilR , MgSO4 and EtOAc). The amount (grams) of byproducts was calculated by the difference between the amount of starting materials (3.720 g for 1a + 2a) and amount of the obtained product 3aa (2.997 g way a and 3.173 g way b, considered pure). On the basis on these considerations we obtain the following E-factors: E-factorway a = 166.723 g (waste)/2.997 g = 55.63; waste = silica + eluent mix + by products (HNO + H2 O + others) Large scale synthesis of compound 3aa To a stirred b-nitroacrylate 1a (10 mmol) maintained a 0 ◦ C (ice/water bath), the b-enaminone 2 (10 mmol) was slowly added over 30 min, then the reaction was stirred at room temperature for 3.5 h. After the reaction was completed (TLC), the crude product 3aa was subjected to the way a or the way b. Way a: the product was directly purified by flash chromatography column, using 25 g of silica (60 Å, 40–63 mm) and 180 ml of eluent mixture (cyclohexane : EtOAc = 95 : 5). The eluate was continuously monitored by TLC and, the eluent mixture was recovered by distillation (40 ◦ C/135 torr) and reused. The pure product 3aa was obtained in 93% yield. Way b: 3.5 mL (~3 g) of EtOAc and 2 g of dry MgSO4 were added to the crude 3aa, then the mixture was stirred 15 min and filtered through a pad of florisilR (1.5 g, 100–200mesh) which was washed with fresh EtOAc (12 ml, ~10.5 g). The product 3aa was obtained in 98% yield (GC purity ≥ 94%). Acknowledgements E-factorway b = 17.547 g (waste)/3.173 g = 5.53; R waste = florisil + MgSO4 + EtOAc + by products (HNO + H2 O + others) As reported above, the E-factor of the way a can be considered acceptable24 while, much more effective is the E-factor obtained by the way b. The authors thank the University of Camerino and MIUR-Italy (FIRB National Project “Metodologie di nuova generazione nella formazione di legami carbonio-carbonio e carbonioeteroatomo in condizioni eco-sostenibili”, e PRIN National Project “Sintesi organiche ecosostenibili mediate da nuovi sistemi catalitici”) for financial support. Notes and references Conclusions In conclusion, we have reported a highly improved procedure for the synthesis of polyfunctionalized pyrroles under environmentally benign manner showing acceptable to good E-factor. In fact, this method is general, affords good to excellent yields of the products, tolerates the presence of a variety of functionalities and is performed under solvent- and promoter-free conditions, avoiding the need of high temperature and of any excess of the reagents. Experimental Compounds 3gb,9e 3gd,23a 3le,25 are known, and their spectroscopic data are in agreement with those reported in literature. bNitroacrylate 1a–l were synthesized according to our previously reported procedure,22a the b-enaminoester 2a–e were synthesized by Dong et al. methodology26 and the b-enaminoketones 2f–g were prepared by Stefani et al. procedure.27 General procedure for the synthesis of compound 3 The b-nitroacrylate 1 (1 mmol) and b-enaminone 2 (1 mmol) were slowly mixed at 0 ◦ C (ice/water bath). The reaction was stirred for 15 min at the same temperature, after that, the bath was removed, and temperature was left up increase to room temperature, then reaction was stirred for the needed time (monitored by TLC, see Table 1). After the reaction was completed, the crude product 3 was directly purified by flash chromatography column (hexanes : EtOAc = 80 : 20). This journal is © The Royal Society of Chemistry 2011 1 (a) R. J. Sundberg, in Comprehensive Heterocyclic Chemistry II, ed., A. R. Katritzki, C. W. Rees and E. F. V. Scriven, Pergamon Press, Oxford, 1996, Vol. 2, p. 1119; (b) H. Fan, J. Peng, M. T. Hamann and J.-F. Hu, Chem. Rev., 2008, 108, 264. 2 (a) Pyrroles, the Synthesis, Reactivity, and Physical Properties of Substituted Pyrroles, Part II, ed., R. A. Jones, Wiley, New York, 1992; (b) D. S. C. Black, in Comprehensive Heterocyclic Chemistry II, A. R. Katritzki, C. W. Rees and E. F. V. Scriven, ed., Pergamon Press, Oxford, 1996, Vol. 2, p 39. 3 (a) S. J. Higgins, Chem. Soc. Rev., 1997, 26, 247; (b) L. Groenendaal, E.-W. Meijer and J. A. J. M. Vekemans, in Electronic Materials: The Oligomer Approach, ed., K. Müller and G. Vegner, Wiley-VCH, Weinheim, 1997; (c) P. Novak, K. Müller, S. V. Santhanam and O. Hass, Chem. Rev., 1997, 97, 207; (d) S. Gabriel, M. Cecius, K. FleuryFrenette, D. Cossement, M. Hecq, N. Ruth, R. Jerome and C. Jerome, Chem. Mater., 2007, 19, 2364. 4 (a) C. Rochais, V. Lisowski, P. Dallemagne and S. Rault, Bioorg. Med. Chem., 2006, 14, 8162; (b) R. Di Santo, R. Costi, M. Artico, G. Liele, A. Lavecchia, E. Novellino, A. Bergamini, R. Cancio and G. Maga, ChemMedChem, 2006, 1, 1367; (c) L. Zeng, E. W. Miller, A. Palle, E. Y. Isacoff and C. J. Chang, J. Am. Chem. Soc., 2006, 128, 10; (d) B. R. Clark, R. J. Capon, E. Lacey, S. Tennant and J. H. Gill, Org. Lett., 2006, 8, 701; (e) G. La Regina, R. Silvestri, M. Artico, A. Lavecchia, E. Novellino, O. Befani, P. Turini and E. Agostinelli, J. Med. Chem., 2007, 50, 922. 5 http://www.centrewatch.com/patient/drugs/drugdirectories.html. 6 A. Hantzsch, Ber. Dtsch. Chem. Ges., 1890, 23, 1474. 7 L. Knorr, Ber. Dtsch. Chem. Ges., 1884, 17, 1635. 8 C. Pall, Ber. Dtsch. Chem. Ges., 1885, 18, 367. 9 (a) X. Fu, J. Chen, G. Li and Y. Liu, Angew. Chem., Int. Ed., 2009, 48, 5500; (b) B. A. Trofimov, E. Y. Schimdt, A. I. Mikhaeleva, C. Pozo-Gonzalo, J. A. Pomposo, M. Salsamendi, N. I. Protzuk, N. V. Zorina, A. V. Afonin, A. V. Vashchenko, E. P. Levanova and G. G. Levkovskaya, Chem.–Eur. J., 2009, 15, 6435; (c) M. Fujjiwara, M. Kawatsura, S. Hayase, M. Nanjo and T. Itoh, Adv. Synth. Catal., 2009, 351, 123; (d) R.-L. Yan, J. Luo, C.-X. Wang, C.-W. Ma, G.-S. Huang and Y. M. Liang, J. Org. Chem., 2010, 75, 5395; (e) O. A. Green Chem., 2011, 13, 3333–3336 | 3335 View Online 10 Downloaded by UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA on 29 November 2011 Published on 19 October 2011 on http://pubs.rsc.org | doi:10.1039/C1GC16012E 11 12 13 14 15 16 17 18 Attanasi, G. Favi, F. Mantellini, G. Moscatelli and S. Santeusanio, J. Org. Chem., 2011, 76, 2860. (a) D. J. Gorin, N. R. Davis and D. Toste, J. Am. Chem. Soc., 2005, 127, 11260; (b) Z. Zhang, C. Liu, R. E. Kinder, X. Han, H. Quian and R. A. Windenhoefer, J. Am. Chem. Soc., 2006, 128, 9066; (c) L. Peng, X. Zhang, J. Ma, Z. Zhong and J. Wang, Org. Lett., 2007, 9, 1445; (d) M. D. Mihovilovic and P. Stanetty, Angew. Chem., Int. Ed., 2007, 46, 3612; (e) V. Cadierno, J. Gimerno and N. Nebra, Chem.–Eur. J., 2007, 13, 9973; (f) Y.-J. Bian, X.-Y. Liu, K.-G. Ji, X.-Z. Shu, L.-N. Gou and Y. M. Liang, Tetrahedron, 2009, 65, 1424. (a) R.-L. Yan, J. Luo, C.-X. Wang, C.-W. Ma, G. S. Huang and Y.-M. Liang, J. Org. Chem., 2010, 75, 5395; (b) A. Saito, T. Konishi and Y. Hanzawa, Org. Lett., 2010, 12, 372; (c) A. Takahashi, S. Kawai, I. Hachiya and M. Shimizu, Eur. J. Org. Chem., 2010, 1, 191; (d) Q. Li, A. Fan, Z. Lu, Y. Cui, W. Lin and Y. Jia, Org. Lett., 2010, 12, 4066; (e) E. Benedetti, G. Lemière, L. L. Chapellet, A. Penoni, G. Palmisano, M. Malacria, J. P. Goddard and L. Fensterbank, Org. Lett., 2010, 12, 4396. (a) D. J. Cyr and B. A. Arndtsen, J. Am. Chem. Soc., 2007, 129, 12366; (b) M. S. T. Morin, D. J. Cyr and B. A. Arndsen, Org. Lett., 2010, 12, 4916; (c) Y. Yamamoto, H. Hayashi, T. Saigoku and H. Nishiyama, J. Am. Chem. Soc., 2005, 127, 10804; (d) X. Liu, L. Huang, F. Zheng and Z. Zhan, Adv. Synth. Catal., 2008, 350, 2778; (e) D. Tejedor, D. Gonzales-Cruz, F. Garcia-Tellado, J. J. Marrero-Tellado and M. L. Rodriguez, J. Am. Chem. Soc., 2004, 126, 8390. (a) Y. Lu and B. A. Arndtsen, Angew. Chem., Int. Ed., 2008, 47, 5430; (b) S. Lamande-Langle, M. Abarbri, J. Thibonnet, A. Duchene and J.-L. Parrain, Chem. Commun., 2010, 46, 5157. (a) F.-X. Felpin, T. Ayad and S. Mitra, Eur. J. Org. Chem., 2006, 2679; (b) J. Mao, Q. Hua, G. Xie, J. Guo, Z. Yao, D. Shi and S. Jia, Adv. Synth. Catal., 2009, 351, 635; (c) C.-L. Sun, H. Li, D.-G. Yu, M. Yu, X. Zhou, X.-Y. Lu, K. Huang, S.-F. Zheng, B.-J. Li and Z.-J. Shi, Nat. Chem., 2010, 2, 1044; (d) W. Liu, H. Cao, H. Zhang, K. H. Chung, C. He, H. Wang, F. Y. Kwong and A. Lei, J. Am. Chem. Soc., 2010, 132, 16737. (a) A. G. M. Barrett and G. G. Graboski, Chem. Rev., 1986, 86, 751; (b) A. G. M. Barrett, Chem. Soc. Rev., 1991, 20, 95; (c) G. Rosini and R. Ballini, Synthesis, 1988, 833. M. S. Akhtar, V. L. Sharma and A. P. Bhaduri, J. Heterocycl. Chem., 1987, 24, 23. J. Boëlle, R. Schneider, P. Gérardin and B. Loubinoux, Synthesis, 1997, 1451. (a) G. Revial, S. Lim, B. Viossat, P. Lemoine, A. Tomas, A. F. Duprat and M. Pfau, J. Org. Chem., 2000, 65, 4593; (b) C. Baldoli, G. Cremonesi, P. Dalla Croce, C. La Rosa and E. Licandro, Heterocycles, 3336 | Green Chem., 2011, 13, 3333–3336 19 20 21 22 23 24 25 26 27 2004, 64, 491; (c) M. Rueping and A. Parra, Org. Lett., 2010, 12, 5281; (d) Z.-H. Guan, L. Li, Z.-H. Ren, J. Li and M.-N. Zhao, Green Chem., 2011, 13, 1664. (a) K. Tanaka and F. Toda, Chem. Rev., 2000, 100, 1025; (b) M. A. P. Martins, C. P. Frizzo, D. N. Moreira, L. Buriol and P. Machado, Chem. Rev., 2009, 109, 4140; (c) K. Tanaka, in Solvent-Free Organic Synthesis, Wiley-VCH, Weinheim, 2003. (a) P. T. Anastas and M. M. Kirchhoff, Acc. Chem. Res., 2002, 35, 686; (b) Green Chemistry, Theory and Practice, P. T. Anastas and J. C. Warner, ed., Oxford University Press, Oxford, 1998. (a) I. Horváth and P. T. Anastas, Green Chem., 2007, 107, 2167; (b) Green Chemistry for Environmental Sustainability, S. K. Sharma and A. Mudhoo, ed., CRC Press, Boca Raton, Florida, 2010; (c) EcoFriendly Synthesis of Fine Chemicals, ed., R. Ballini, RSC Publishing, Cambridge, 2009; (d) Methods and Reagents for Green Chemistry, ed., P. Tundo, A. Perosa and F. Zecchini, Wiley & Sons, Hoboken, New Jersey, 2007. See for example: (a) R. Ballini, D. Fiorini and A. Palmieri, Tetrahedron Lett., 2004, 45, 7027; (b) A. Palmieri, S. V. Ley, A. Polyzos, M. Ladlow and I. R. Baxendale, Beilstein J. Org. Chem., 2009, 5, 23; (c) R. Ballini, D. Fiorini and A. Palmieri, Tetrahedron Lett., 2005, 46, 1245; (d) R. Ballini, A. N. Bazan, G. Bosica and A. Palmieri, Tetrahedron Lett., 2008, 49, 3865; (e) R. Ballini, S. Gabrielli and A. Palmieri, Synlett, 2009, 965; (f) A. Palmieri, S. Gabrielli and R. Ballini, Adv. Synth. Catal., 2010, 352, 1485; (g) R. Ballini, S. Gabrielli, A. Palmieri and M. Petrini, Tetrahedron, 2008, 64, 5435; (h) R. Ballini, G. Bosica, A. Palmieri and K. Bakhtiari, Synlett, 2009, 268; (i) R. Ballini, G. Bosica, S. Gabrielli and A. Palmieri, Tetrahedron, 2009, 65, 2916; (j) R. Ballini, A. Palmieri, M. A.-K. Talaq and S. Gabrielli, Adv. Synth. Catal., 2009, 351, 2611; (k) R. Ballini, S. Gabrielli and A. Palmieri, Synlett, 2010, 2468; (l) A. Palmieri, S. Gabrielli, D. Lanari, L. Vaccaro and R. Ballini, Adv. Synth. Catal., 2011, 353, 1425. (a) W. K. Anderson and P. F. Corey, J. Med. Chem., 1977, 20, 1691; (b) Z. M. Abdulla, R. P. Iyer, K. G. Akamanchi, M. S. Degani and E. C. Coutinho, J. Heterocycl. Chem., 2011, 48, 38; (c) R. Chaiyara, N. Kapuriya, H. Dong, P.-C. Lee, S. Suman, B. Marvania, T.-C. Chou, T.-C. Lee, R. Kakadiya, A. Shah and T.-L. Su, Bioorg. Med. Chem., 2011, 19, 275. R. A. Sheldon, CHEMTECH, 1994, 24, 38. (a) P.-F. Zhang and Z.-C. Chen, Synth. Commun., 2011, 31, 1619; (b) M. A. Sukari and J. M. Vernon, Tetrahedron, 1983, 39, 793. J. Huang, Y. Liang, W. Pan, Y. Yang and D. Dong, Org. Lett., 2007, 26, 5345. H. A. Stefani, I. M. Costa and D. de O. Silva, Synthesis, 2000, 1526. This journal is © The Royal Society of Chemistry 2011 SÍNTESE DO ISOBUTILENO E SEU EMPREGO EM REAÇÕES DE ESTERIFICAÇÃO: PROPOSTAS DE AULAS PRÁTICAS DE QUÍMICA ORGÂNICA PARA A GRADUAÇÃO Silvio Cunha*, Luciano M. Lião, Ricardo R. Bonfim, Rodrigo M. Bastos, Ana Paula M. Monteiro e Kelly S. Alencar Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, CP 131, 74001-970 Goiânia - GO Recebido em 7/6/02; aceito em 12/8/02 Educação Quim. Nova, Vol. 26, No. 3, 425-427, 2003 SYNTHESIS AND ESTERIFICATION REACTIONS OF ISOBUTYLENE: AN UNDERGRATUATE ORGANIC CHEMISTRY EXPERIMENT. An experiment for the synthesis of isobutylene from tert-butanol dehydratation using oxalic acid as catalyst, followed by preparations of tert-butyl benzoate and tert-butyl cinnamate is described. The synthesis are simple, requiring two periods of 4 hours and are suitable for undergraduate organic chemistry experimental courses. Keywords: chemical education; isobutylene; tert-butyl benzoate; tert-butyl cinnamate. Nos cursos de química orgânica experimental da graduação o aluno é introduzido às técnicas básicas de laboratório, bem como à síntese de moléculas orgânicas simples, mediante a interconversão de grupos funcionais e/ou a formação de ligação carbono-carbono e carbono-heteroátomo. Durante quase todo o treinamento laboratorial em química orgânica o graduando manipula substâncias nos estados líquido e sólido. O contato com substâncias gasosas limita-se, em geral, à observação do desprendimento de gás numa reação, na maioria das vezes de natureza inorgânica. Dessa forma, o aluno tende a incorporar a noção de que substâncias orgânicas gasosas não são muito utilizadas em síntese orgânica, a não ser como combustíveis no bico de Bunsen. Esta situação está em franco contraste com os inúmeros exemplos de reações recursivamente empregados nos cursos teóricos, em que o substrato orgânico encontra-se no estado gasoso no ambiente do laboratório (como os hidrocarbonetos e os haloalcanos de massa molecular pequena), e também com a síntese orgânica industrial, onde vários gases orgânicos são empregados1. Motivados por estes fatos, por relatos recentes de inovações no ensino de química orgânica experimental2, e pela inexistência, nos livros textos tradicionalmente adotados3, de práticas envolvendo gases orgânicos como reagentes, decidimos elaborar um experimento para o curso de graduação da nossa instituição, onde o gás isobutileno (metil-propeno) foi sintetizado, submetido a teste químico de caracterização funcional e empregado em reações de esterificação, englobando mecanismos de reações de eliminação e de adição. Estratégia das aulas: o experimento compreende duas aulas de 4 h e aborda uma diversidade de técnicas de laboratório bem como de métodos de caracterização do produto, de acordo com o Quadro 1. Na primeira aula, o gás isobutileno é gerado e inicia-se uma reação específica (vide infra), cujo tratamento, isolamento e caracterização do produto é realizado na aula semanal seguinte. Dependendo da disponibilidade dos ácidos carboxílicos, metade da turma pode preparar o benzoato de terc-butila e a outra metade o cinamato de terc-butila. Síntese do gás isobutileno: o isobutileno é preparado através da desidratação do terc-butanol utilizando a aparelhagem apresentada na Figura 1. Emprega-se o ácido oxálico como catalisador desta reação, e o mesmo é facilmente recuperado por meio de uma recristalização em água. Outro diferencial é o fato deste promotor ser um ácido orgânico, não gerando, assim, resíduo inorgânico como Figura 1. Equipamento para geração do gás isobutileno Quadro 1 Aula Experimento Tipo de reação Tipo de mecanismo Técnicas experimentais Técnicas de identificação 1e2 Síntese do benzoato ou do cinamato de terc-butila Desidratação Esterificação Eliminação Adição Refluxo Extração Recristalização Análise funcional Infra-vermelho * e-mail: [email protected]/endereço atual: Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia, Campus de Ondina, 40170-290 Salvador - BA 426 Cunha et al. descarte, em contraste com os experimentos clássicos descritos nos livros textos, que empregam ácidos minerais, como o H2SO4 e H3PO43. Uma vez iniciada a formação do gás isobutileno, percebe-se um fluxo constante de bolhas no frasco de reação onde a pipeta de Pasteur encontra-se submersa. Para certificar que o borbulhamento observado é devido à formação do alceno e não à expansão do ar do interior da aparelhagem, deixa-se, inicialmente, que o borbulhamento se dê num tubo de ensaio contendo 2-3 mL de solução 1% de KMnO4 (teste de Bayer). Tão logo se observe a mudança da coloração de violeta para castanha, troca-se o tubo de ensaio pelo frasco de reação. Para garantir o fluxo regular do gás isobutileno na etapa de borbulhamento é necessário aquecer o banho de óleo de forma que a taxa de refluxo seja de 1-2 gotas por segundo (~90 °C), e também manter a solução do ácido oxálico em terc-butanol sob forte agitação magnética. Nestas condições é desnecessário o uso de um frasco de segurança (“trap”) entre o condensador e o frasco de reação. Ao contrário, a presença do frasco de segurança prolonga excessivamente o início e a velocidade do borbulhamento. Se porventura ocorrer extinção do borbulhamento regular e inversão de pressão, isto é convenientemente contornado removendo-se rapidamente a pipeta de Pasteur do seio da solução, deixando o líquido contido na pipeta retornar para o frasco de reação (a pipeta deve medir não menos que 15 cm, e não se deve deixar o líquido do frasco de reação subir mais que um terço do comprimento da mesma). O borbulhamento é, então, reiniciado. Vale notar que, das várias vezes que o sistema de geração do isobutileno foi empregado, apenas numa única foi preciso lançar mão deste artifício. O isobutileno é considerado não tóxico5,6 e seu cheiro é bem menos penetrante e irritante que o do cicloexeno (que é o alceno classicamente sintetizado para exemplificar a reação de eliminação envolvendo álcoois3) sendo, portanto, uma alternativa mais agradável de procedimento de síntese de alcenos por meio da desidratação do álcool. Todavia, como se trata de um hidrocarboneto gasoso, devese evitar chama e reforçar a proibição de não fumar no laboratório. Reação de esterificação: o ácido benzóico e o cinâmico são convertidos no benzoato e cinamato de terc-butila em 52 e 55% de rendimento, respectivamente, através do borbulhamento do isobutileno numa solução dos ácidos carboxílicos em diclorometano contendo H2SO4 catalítico (Esquema 1). Estas reações exemplificam o comportamento nucleofílico do ácido carboxílico, diferindo do comportamento eletrofílico destes nas esterificações de Fischer descritas nos livros textos de química orgânica experimental3. Adicionalmente, as sínteses dos ésteres aqui apresentadas envolvem a adição do nucleófilo ácido carboxílico à dupla ligação, catalisada por ácido. A comparação dos espectros na região do infra-vermelho dos reagentes e dos produtos (Figura 2) permite avaliar as mudanças estruturais. Quim. Nova CONCLUSÃO O experimento proposto, inexistente nos livros textos destinados à graduação, contempla o treinamento do graduando em diversas técnicas de laboratório, bem como na síntese, manuseio e reatividade de substância orgânica gasosa, e envolve os mecanismos iônicos de eliminação e adição. Entretanto, não se limita ao mero treinamento laboratorial pois incorpora elementos que proporcionam: a) inter-relação com aspectos teóricos e também com a síntese orgânica industrial, onde gases orgânicos são usados como reagentes; b) discussão da estabilidade de carbocátions; c) reutilização do catalisador da desidratação, gerando menor quantidade de resíduo, introduzindo a temática de impacto ambiental. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Geração do gás isobutileno: num balão de fundo redondo de 100 mL com barra magnética coloque 15 g de ácido oxálico diidratado e 40 mL de terc-butanol. Conecte um condensador de refluxo e adapte uma rolha de borracha com tubo de vidro conectado a uma mangueira contendo uma pipeta de Pasteur de aproximadamente 15 cm na outra extremidade, de acordo com a Figura 1. Aqueça o balão em banho de óleo (~90 °C) mantendo uma taxa de refluxo de 1-2 gotas por segundo, sob forte agitação magnética. Mantenha a ponta da pipeta submersa em 2-3 mL de solução 1% de KMnO4 até que descore. Remova a pipeta, limpe-a com papel absorvente e a introduza no frasco de reação previamente preparado. Reação de esterificação: em um erlenmeyer de 125 mL pese 1,392 g de ácido benzóico (ou 1,630 g de ácido cinâmico), adicione 50 mL de diclorometano e 0,10 mL de ácido sulfúrico concentrado, e homogeneize. Introduza a ponta da pipeta de Pasteur do equipamento de geração do isobutileno (Figura 1) e deixe o gás borbulhar nesta solução por 3 h (o volume aumenta), resfriada em banho de gelo. Tampe o erlenmeyer com uma rolha de borracha e deixe em repouso à temperatura ambiente por 7 dias. Após este período de repouso, resfrie a solução em banho de gelo para, só então, abrir o erlenmeyer. Em seguida, transfira a solução para um funil de separação e extraia sucessivamente com 30 mL de solução 10% de Na2CO3 (duas vezes) e 50 mL de água destilada. Seque a camada orgânica com Na2SO4 anidro, filtre e evapore o solvente em um rotaevaporador. Obtém-se o éster na forma de óleo amarelo pouco viscoso suficientemente puro, que é caracterizado por espectroscopia na região do infra-vermelho (Figura 2). O ácido carboxílico que não reagiu pode ser facilmente recuperado da fase aquosa da etapa de extração, acidificando-se o meio. Recuperação do ácido oxálico por meio da recristalização: deixe o balão contendo o resíduo de ácido oxálico esfriar e, então, Esquema 1 Vol. 26, No. 3 Síntese do Isobutileno e seu Emprego em Reações de Esterificação 427 Figura 2. Espectros na região do IV dos ácidos carboxílicos e dos ésteres fragmente a massa sólida com o auxílio de uma espátula. Adicione 15 mL de água, agite o balão e verta a mistura para um erlenmeyer de 125 mL. Repita esta operação 2 vezes, somando um volume de 45 mL de água. Aqueça o erlenmeyer numa chapa de aquecimento até completa solubilização, deixe esfriar para cristalização do ácido. Filtre o sólido em um funil de Buchner e deixe secando ao ar durante uma semana. Recuperam-se 80% da massa do ácido empregado, que pode ser reutilizado na síntese do isobutileno. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos alunos dos cursos de química orgânica experimental I (1998) e II (2001) do IQ-UFG, que realizaram os experimentos propostos nas suas versões preliminares, aprimorando-os. Alguns deles se envolveram tanto que se tornaram co-autores deste trabalho (R. R. Bonfim, R. M. Bastos, A. P. M. Monteiro e K. S. Alencar). REFERÊNCIAS 1. Weissermel, K.; Arpe, H.-J.; Industrial Organic Chemistry, 2nd. ed., VCH Verlagsgesellschaft mbH: Weinhein, 1993. 2. Ferreira, V. F.; Silva, F. C.; Perrone, C. C.; Quim. Nova 2001, 24, 905; Imamura, P. M.; Baptistella, L. H. B.; Quim. Nova 2000, 23, 270; Bieber, L. W.; Quim. Nova 1999, 22, 605. 3. Soares, B. G.; Souza, N. A.; Pires, D. X.; Química Orgânica: Teoria e Técnicas de Preparação, Purificação e Identificação de Compostos Orgânicos, Ed. Guanabara S.A.: Rio de Janeiro, 1988; Pavia, D. L.; Lampman, G. M.; Kriz, G. S.; Organic Laboratory Techniques, 2nd ed., Saunders C. Publishing: Phyladelphia, 1982; Furniss, B. S.; Hannaford, A. J.; Smith, P. W. G.; Tactchell, A. R.; Vogel’s Textbook of Pratical Organic Chemistry, 5th ed., Longman Scientific & Technical: Singapore, 1989; Harwood, L. M.; Moody, C. J.; Experimental Organic Chemistry: Principles and Practice, Blackwell Science: Great Britain, 1989; Pavia, D. L.; Lampman, G. M.; Kriz, G. S.; Engel, R. G.; Introduction to Organic Laboratory Techniques: a Small Scale Approach, Saunders College Publishing: Phyladelphia, 1998; Roberts, M. R.; Gilbert, J. C.; Martin, S. F.; Experimental Organic Chemistry: a Miniscale Approach, Saunders College Publishing: Phyladelphia, 1994. 4. Hund, C.; Spence, L. U.; J. Am. Chem. Soc. 1929, 51, 3561. 5. Luxon, S. G.; Hazards in the Chemical Laboratory, 5th ed., Royal Society of Chemistry: Great Britain, 1992. 6. É recomendável que se trabalhe em capela, mas temos usado estes experimentos em turmas de 12-14 alunos trabalhando em duplas, empregando 6-7 montagens simultâneas em bancadas sem capelas, em laboratório com ventilação adequada, e nunca foi registrado incômodo por nenhum dos alunos. Educação Quim. Nova, Vol. 35, No. 3, 638-641, 2012 BIOMASSA EM AULA PRÁTICA DE QUÍMICA ORGÂNICA VERDE: CRAVO-DA-ÍNDIA COMO FONTE SIMULTÂNEA DE ÓLEO ESSENCIAL E DE FURFURAL Silvio Cunha*, Danilo Machado Lustosa e Nathan Dias Conceição Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia, Campus de Ondina, 40170-290 Salvador – BA / Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - INCT em Energia e Ambiente, Universidade Federal da Bahia, Campus de Ondina, 40170-290 Salvador - BA, Brasil Miguel Fascio e Vinícius Magalhães União Metropolitana para o Desenvolvimento da Educação e Cultura, Av. Luis Tarquinio Pontes, 600, 42700-000 Lauro de Freitas - BA, Brasil Recebido em 6/6/11; aceito em 22/8/11; publicado na web em 26/9/11 BIOMASS IN UNDERGRADUATE GREEN ORGANIC CHEMISTRY EXPERIMENT: ESSENTIAL OIL AND FURFURAL FROM CLOVE BUD. This work presents an optimized integrated experiment for isolation of clove bud essential oil, rich in eugenol, and subsequent utilization of the solid residue for furfural synthesis. The operationally simple laboratory protocols and utilization of water as a solvent in both operations, plus the use of biomass as the starting material for preparation of versatile intermediates in organic synthesis, make the experiments attractive for undergraduate experimental organic chemistry courses in the context of green chemistry. In addition, this is the first description of the use of biomass (clove bud) in the simultaneous preparation of two chemical feedstocks, eugenol and furfural, on experimental organic chemistry courses. Keywords: green chemistry; undergraduate organic chemistry experiment; clove bud. INTRODUÇÃO “Pensar como Cientista e Atuar como Professor”1 é, para os da academia, o paradigma do nosso século que deve permear todas as ações do professor-pesquisador. Transpô-lo para atividades didáticas que impactem na formação das novas gerações de profissionais da Química, mais que desafiador, é necessário para formar os profissionais aptos à compreensão das demandas sociais relativas à energia, ao ambiente e à saúde, fomentando estes profissionais a atuarem no contexto da interdisciplinaridade, sustentabilidade e inovação.2-5 O ensino em torno de um tema, mais que na disciplina, ainda que contido em um arcabouço disciplinar, é que melhor formará as novas gerações.2 Nesse contexto, o tema biomassa é um bom exemplo que pode ser explorado na formação experimental dos profissionais da Química. Existem vários relatos neste sentido, e não é novo o emprego de biomassa como matéria-prima para aulas de Química Orgânica. Todavia, a maioria das abordagens é estanque, sendo a biomassa empregada para produzir um único produto, quer seja um óleo essencial, quer seja um intermediário químico.6,7 Experimentos desta natureza, demonstrando o aproveitamento de biomassa, cumpriram relativamente bem seu papel até o século passado, mas insistir em propostas centradas apenas na obtenção de um único produto a partir de uma dada biomassa é de pouco valor pedagógico, pois subestimam o potencial desta importante fonte renovável de insumos químicos valiosos e não proporcionam o aprendizado pleno dos princípios da Química Verde, essenciais à formação das novas gerações de profissionais.8-10 Em função dos cenários acima e do nosso envolvimento com o desenvolvimento de experimentos e estratégias para o ensino de Química Orgânica na graduação,11 descrevemos aqui uma contribuição que revisita o procedimento de obtenção do óleo essencial do cravoda-índia (Syzygium aromaticum), rico em eugenol - valioso tanto in natura quanto como fonte de intermediários químicos, Figura 1.12 As modificações consistem na otimização da etapa de hidrodestilação para que ocorra em tempo adequado a uma aula experimental de 2-3 *e-mail: [email protected] h e ainda guarde relação adequada entre quantidade de óleo essencial obtido versus energia empregada e, mais importante, aproveitamos o resíduo sólido da hidrodestilação do cravo-da-índia para a preparação de mais um insumo químico, o furfural, que é um intermediário químico muito versátil em síntese orgânica, Figura 2.13 Figura 1. Intermediários preparados a partir do eugenol Revisitando o procedimento de obtenção do óleo essencial do cravo-da-índia A obtenção do óleo essencial do cravo-da-índia em aulas experimentais de química orgânica é bem conhecida, e alguns procedimentos clássicos estão disponíveis em livro texto e apostilas de cursos práticos disponíveis na internet.6,7 Estes procedimentos diferem na massa inicial de cravo e no tempo total do experimento. Todavia, as Vol. 35, No. 3 Biomassa em aula prática de Química Orgânica Verde 639 Tabela 1. Massa de óleo essencial do cravo-da-índia em função da amostra (10 g) e volume de destilado coletado Figura 2. Intermediários preparados a partir do furfural propostas de aproveitamento do cravo-da-índia envolvem apenas a obtenção do óleo essencial, sendo descartado o resíduo sólido final. Como a aula aqui proposta engloba a utilização do cravo-da-índia para a preparação do óleo essencial e, em seguida, do furfuraldeído, foi necessário reavaliar a massa inicial de biomassa a ser empregada e o tempo de experimento, adequando o tempo total dos dois experimentos, Figura 3. Na Tabela 1 encontra-se a variação da massa de óleo essencial obtida em função do volume de destilado extraído para diferentes amostras do cravo-da-índia adquiridas em mercado popular local. Assim, pode-se avaliar a influência da amostra na exequibilidade dos experimentos propostos. Destilação Volume coletado (mL) Massa obtida (g) 1 400 1,4774 2 400 1,6120 3 400 1,1458 4 100 1,0500 5 100 0,9303 6 100 1,0221 O emprego de massa superior a 10 g mostrou-se inviável para a realização dos experimentos sequenciais em apenas um período de aula. Dessa forma, fixando a massa do cravo-da-índia em 10 g, pode-se tanto recolher 400 mL de destilado em aproximadamente 3 h de experimento, quanto cerca de 100 mL em 1 h, sendo obtido sempre mais que 1 g do óleo essencial rico em eugenol, Tabela 1.14 A vantagem em recolher apenas os primeiros 100 mL consiste em empregar um volume de solvente orgânico extrator quatro vezes menor e a massa de óleo essencial obtida não é seriamente comprometida para os fins de uma aula experimental, como indicado na Tabela 1. Neste ponto, cabe ao instrutor adotar a melhor estratégia em função da natureza do curso, bem como incentivar a discussão sobre os princípios da química verde, como o cálculo do Fator E, para que os alunos discutam as implicações dos dois procedimentos.8,10 O óleo essencial foi analisado através das técnicas espectroscopia na região do infravermelho (IV) e cromatografia gasosa (CG). O espectro de IV obtido (Figura 1S, material suplementar) foi comparado com o espectro de amostra original do eugenol. Na cromatografia gasosa identificaram-se dois picos (Figura 2S, material suplementar), um mais intenso com tempo de retenção 5,4 min e outro com aproximadamente um décimo da intensidade do primeiro, com tempo de retenção de 7,5 min (este pico pode ser relacionado ao β-cariofileno ou ao acetato de eugenila, que são os dois outros componentes minoritários mais comuns, cerca de 7%, do óleo essencial do cravo-daíndia).12 Comparando este cromatograma com os dados disponíveis na literatura,12 e em concordância com a análise do espectro de IV, atribuiu-se ao eugenol o pico de maior intensidade, comprovando que este é o componente majoritário, confirmado por coinjeção. Com o procedimento otimizado aqui descrito é possível associar a obtenção do óleo essencial com a síntese do furfural, pois o estudante pode preparar a próxima etapa do aproveitamento do resíduo sólido do cravo-da-índia na mesma aula. Durante o período de maceração deste resíduo (ver abaixo) é feita a caracterização do óleo essencial, como descrito no parágrafo anterior. Preparação de furfural a partir do resíduo sólido da hidrodestilação do cravo-da-índia Figura 3. Representação esquemática da preparação dos intermediários químicos Nos procedimentos de obtenção do furfural destinados a aulas experimentais de química orgânica na graduação, a biomassa empregada é sempre o sabugo de milho.6 Dessa forma, reforça-se no estudante a noção limitada de aproveitamento da diversidade de biomassa, bem como sua utilidade na preparação de apenas um intermediário químico. Ao empregarmos o cravo-da-índia, adotamos a estratégia de aproveitar o resíduo sólido, que seria normalmente descartado, desenvolvendo um procedimento adequado para a síntese de furfural. Assim, utilizando a mesma biomassa de partida, dois intermediários passam a ser produzidos, Figura 3. Foram desenvolvidos dois procedimentos para a síntese do furfural, que podem ser aplicados em aulas experimentais de curto ou longo pe- 640 Cunha et al. ríodos, de forma que a obtenção do óleo essencial e do furfural podem ser realizados na mesma aula ou em aulas consecutivas. Em ambos os procedimentos é necessário lavar o resíduo sólido da primeira etapa sucessivamente com água (ver Parte Experimental), caso contrário o furfural é obtido contaminado com o óleo essencial. Em seguida, o resíduo do cravo-da-índia é tratado com solução de ácido clorídrico 4 mol L-1, podendo ser empregado dois tempos diferentes de maceração. No primeiro método deixa-se o resíduo macerar por 30 min na solução de HCl antes de iniciar a destilação para obter a solução aquosa do furfural. Este é o procedimento indicado para aulas experimentais de maior duração, onde a obtenção do óleo essencial e a preparação do furfural podem ser realizadas no mesmo dia. Para aula de menor duração a maceração ocorre por uma semana na solução de HCl. Para extrair o furfural do destilado, dois solventes foram avaliados para os dois tempos de maceração, Tabela 2. O emprego de éter etílico mostrou-se mais eficiente que diclorometano para o tempo de maceração maior, enquanto o uso de diclorometano proporcionou a obtenção de maior massa de furfural para o tempo de maceração menor. Todavia, cabe ao professor decidir qual solvente extrator empregar, levando em conta a disponibilidade do mesmo e a infraestrutura do laboratório, uma vez que ambos os solventes se mostraram adequados aos objetivos do experimento de aula de graduação e a variação da massa obtida é função da destreza do estudante e da natureza da amostra de biomassa empregada, pois amostras adquiridas de diferentes fornecedores renderam massas também diferentes. Quim. Nova orgânica, tais como destilação, extração, filtração, cromatografia em camada delgada e determinação de ponto de fusão, contemplado ainda elucidação estrutural por teste químico de caracterização de grupo funcional, preparação de derivado e espectroscopia na região do infravermelho, bem como quantificação de analito orgânico por cromatografia gasosa e/ou absorção molecular. A flexibilidade de execução permite adotar a preparação dos dois intermediários numa mesma aula ou em duas aulas consecutivas. Dessa forma, dependendo dos objetivos específicos da disciplina, o professor pode adaptar o experimento para atender a diversos aspectos pedagógicos, mesmo que disponha de aulas experimentais de 2-3 h de duração. Tão importante quanto as características acima mencionadas, os experimentos associados de produção sequencial de mais que um insumo químico a partir da mesma biomassa com rendimentos satisfatórios (no experimento aqui desenvolvido, o furfural e o óleo essencial rico em eugenol, Figura 4), integrando os conhecimentos teóricos desenvolvidos na sala de aula, contribuem para inserir os princípios da química verde na formação experimental dos graduandos. Esta abordagem é, até onde sabemos, inédita em nossos cursos experimentais, o que reforça a necessidade de se desenvolver novos experimentos com este aspecto. Tabela 2. Massa de furfural em função de diferentes amostras de cravo (10 g), tempo de maceração e solvente de extração Amostra Tempo de maceração Solvente Massa obtida (mg) 1 30 min Et2O 343,4 2 30 min Et2O 100,0 3 30 min CH2Cl2 728,7 4 30 min CH2Cl2 547,1 5 7 dias Et2O 356,0 6 7 dias Et2O 100,2 7 7 dias CH2Cl2 189,6 8 7 dias CH2Cl2 81 Figura 4. Óleo essencial e furfural obtidos da mesma amostra (10 g) do cravo-da-índia MATERIAL SUPLEMENTAR A presença do furfural no destilado foi comprovada através do teste com a 2,4-dinitrofenil-hidrazina, cujo produto foi isolado e caracterizado por comparação do espectro na região do infravermelho (Figura 4S, material suplementar) e determinação do ponto de fusão com os dados da 2,4-dinitrofenil-hidrazona preparada de amostra autêntica de furfural. Adicionalmente, a partir do furfural isolado, foram obtidos os espectros na região do infravermelho (Figura 3S, material suplementar) e de absorção molecular na região do UV-Vis (absorções máximas em 226 e 276, Figura 5S, material suplementar) e comparados com aqueles obtidos de uma amostra autêntica. É necessário destacar que esta é a primeira descrição de obtenção de furfural empregando cravo-da-índia. Com a proposta de ampliar o escopo do experimento desenvolvido, o professor pode optar por quantificar o teor de furfural presente no destilado medindo a absorção de uma amostra na região do UV-Vis, empregando a equação da reta obtida da curva analítica construída com furfural padrão (Figura 6S, material suplementar). CONCLUSÃO Os experimentos aqui propostos abrangem diversas técnicas experimentais abordadas em disciplina experimental de química Cromatogramas e espectros nas regiões do infravermelho e do UV-Vis do óleo essencial e do furfural padrão, e curva analítica para o furfural encontram-se disponíveis gratuitamente em http://quimicanova.sbq.org.br, na forma de arquivo PDF. PARTE EXPERIMENTAL Os pontos de fusão foram determinados em um aparelho placa aquecida Microquímica MQAPF 301 e não foram corrigidos. Os espectros na região do infravermelho foram obtidos em disco de KBr ou filme, em um aparelho Shimadzu IR Affinity-1 ou FT-IR Bomem MB100. Os cromatogramas foram obtidos em aparelho GC-HP-5890, coluna DB-5, 30 m x 0,25 mm x 0,25 µm, detetor de ionização de chama (temperatura 250 °C, H2 30 mL/min, N2 30 mL/min, ar sintético 300 mL/min). Condições da análise: temperatura do injetor 250 °C, detetor 270 °C, inicial da coluna 120 °C, final 250 °C, gradiente 10 °C/min – 120 °C, 2’/10° C’/250 °C, 5’. Tempo total de análise de 20 min. Gás de arraste H2 1 mL por min. Amostras injetadas com divisor 1:100. Os espectros de absorção molecular na região do ultravioleta foram determinados em solução aquosa, em aparelho Shimadzu UV Mini 1240. A 2,4-dinitrofenil-hidrazona do furfural foi preparada Vol. 35, No. 3 Biomassa em aula prática de Química Orgânica Verde através do procedimento conhecido e suas propriedades comparadas com os dados da literatura.6,15 Obtenção do óleo essencial do cravo-da-índia Em um balão monotubular de 250 mL adicionar 10 g de cravoda-índia e 100 mL de água destilada. Conectar ao balão um adaptador de Claisen e um condensador de tubo reto e aquecer a mistura até iniciar a destilação simples, recolhendo o líquido que destila a 99 °C. Para cada 50 mL de líquido recolhido na destilação adicionar, pelo adaptador de Claisen, 50 mL de água destilada ao balão contendo a mistura cravo/água. Alternativamente, a reposição de água ao balão de destilação pode ser feita à medida que ocorre a destilação, através de um funil de adição com água previamente conectado ao adaptador de Claisen7. Interromper o experimento quando forem recolhidos 400 mL do líquido destilado e extrair com éter etílico (3 x 90 mL). Alternativamente, reservar os primeiros 100 mL, deixando prosseguir a destilação até coletar mais 300 mL de líquido; os 100 primeiros mL recolhidos são extraídos com éter etílico (3 x 30 mL). Reunir as fases orgânicas e secar o éter com sulfato de magnésio anidro, filtrar e eliminar o solvente em evaporador rotatório. Recolher e pesar a fração orgânica obtida. Alternativamente, pode-se pesar o balão que irá para a evaporação e, assim, determinar a massa obtida por diferença das massas do balão antes e depois da evaporação do éter. Caracterizar o óleo essencial. Obtenção do furfural empregando o resíduo do cravo-da-índia da hidrodestilação Após recolher 400 mL do hidrodestilado, lavar o resíduo do balão contendo o cravo-da-índia cinco vezes com 30 mL de água destilada e adicionar 50 mL de solução de HCl 4 mol L-1. Deixar a mistura fechada, em repouso, à temperatura ambiente por 30 min ou 7 dias (este tempo deve ser previamente definido pelo professor). Após este período, conectar ao balão um adaptador de Claisen e um condensador de tubo reto e aquecer a mistura até iniciar a destilação simples. Quando forem recolhidos 20 e 70 mL de líquido destilado, adicionar, pelo adaptador de Claisen, 50 mL de água destilada. Alternativamente, a reposição de água ao balão de destilação pode ser feita à medida que ocorre a destilação, através de um funil de adição com água previamente conectado ao adaptador de Claisen. Interromper a destilação quando 100 mL de líquido forem destilados. Submeter o líquido recolhido à extração com éter etílico ou diclorometano, empregando 3 extrações de 30 mL do solvente selecionado. Secar a fase orgânica com sulfato de magnésio anidro, filtrar e eliminar o solvente em evaporador rotatório. Recolher e pesar a fração orgânica obtida. Alternativamente, pode-se pesar o balão que irá para a evaporação e, assim, determinar a massa obtida por diferença das massas do balão antes e depois da evaporação do solvente. Caracterizar o furfural e preparar como derivado a 2,4-dinitrofenil-hidrazona e caracterizar (PF 226-228 °C. Lit.15 229 °C). AGRADECIMENTOS Ao suporte financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento 641 Científico e Tecnológico – CNPq, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB. Agradecemos ao CNPq pelas bolsas de PIBIC de D. M. Lustosa e N. D. Conceição e à bolsa de produtividade em pesquisa de S. Cunha. REFERÊNCIAS E NOTAS 1. de Andrade, J. B.; J. Braz. Chem. Soc. 2009, 20, 575. 2. Pinto, A. C.; Zucco, C.; de Andrade, J. B.; Vieira, P. C.; Quim. Nova 2009, 32, 567. 3. Galembeck, F.; Barbosa, C. A. S.; Sousa, R. A.; Quim. Nova 2009, 32, 571. 4. Ferreira, V. F.; Rocha, D. R.; Silva, F. C.; Quim. Nova 2009, 32, 623. 5. Mota, C. J. A.; Silva, C. X. A.; Gonçalves, V. L. C.; Quim. Nova 2009, 32, 639. 6.Soares, B. G.; Souza, N. A.; Pires, D. X.; Química Orgânica: Teoria e Técnicas de Preparação, Purificação e Identificação de Compostos Orgânicos, Ed. Guanabara S.A.: Rio de Janeiro, 1988; Pavia, D. L.; Lampman, G. M.; Kriz, G. S.; Engel, R. G.; Organic Laboratory Techniques Small-Scale Approach, Saunders College Publishing: New York, 1988. 7.Berci Filho, P.; Porto, A. L. M.; Berlinck, R. G. S.; Laboratório de Química Orgânica II. Normas de Segurança e Práticas de Laboratório, disponível em graduacao.iqsc.usp.br/files/atualizaopraticaslabqumicaor ganicaII.pdf, acessada em Junho 2011. 8. Corrêa, A. G.; Zuin, V. G.; Química Verde: Fundamentos e Aplicações, EdUFSCar: São Carlos, 2009. 9.Centro de Gestão em Estudos Estratégicos, Brasília, 2010; Química Verde no Brasil 2010-2030, disponível em http://www.cgee.org.br, acessada em Junho 2011. 10.Lenardão, E. J.; Freitag, R. A.; Dabdoub. M. J.; Batista, A. C. F.; Silveira, C. C.; Quim. Nova 2003, 26, 123; Dupont, J.; Quim. Nova 2000, 23, 825; Prado, A. G. S.; Quim. Nova 2003, 26, 738; Merat, L. M. O. C.; Gil, R. A. S.; Quim. Nova 2003, 26, 779. 11. Cunha, S.; Quim Nova 2008, 31, 906; Cunha, S.; Beretta, M.; Fascio, M.; Santos, A. O.; Rodrigues Jr., M. T.; Bastos, R. M.; Quim. Nova 2005, 28, 364; Cunha, S.; Lião, L. M.; Bonfim, R. R.; Bastos, R. M.; Monteiro A. P. M.; Alencar, K. S.; Quim. Nova 2003, 26, 425; Cunha, S.; Quim Nova 2003, 26, 948; Lopes, W. A.; Fascio M.; Quim. Nova 2004, 27, 670. 12. Arenas, D. R. M.; Ruíz, F. A. R.; Kouznetsov, V. V.; Tetrahedron Lett. 2011, 52, 1388; Bizzo, H. R.; Hovell, A. M. C.; Rezende, C. M.; Quim. Nova 2009, 32, 588; Craveiro, A. A.; de Queroz, D. C.; Quim. Nova 1993, 16, 224. 13. Corma, A.; Iborra, S.; Velt, A.; Chem. Rev. 2007, 107, 2411. 14.Se o professor optar por recolher os 100 mL iniciais da etapa da hidrodestilação é necessário deixar a destilação continuar até recolher mais 300 mL, para que o resíduo do cravo-da-índia possa ser empregado na próxima etapa de síntese do furfural. Este procedimento proporciona a obtenção do furfural não contaminado com eugenol. 15. Shriner, R. L.; Fuson, R. C.; Curtin, D. Y.; Morrill, T. C.; Identificação Sistemática dos Compostos Orgânicos, 6ª ed., Editora Guanabara Dois S.A.: Rio de Janeiro, 1983. Educação Quim. Nova, Vol. 35, No. 3, 642-647, 2012 CONDENSAÇÃO DE KNOEVENAGEL DE ALDEÍDOS AROMÁTICOS COM O ÁCIDO DE MELDRUM EM ÁGUA: UMA AULA EXPERIMENTAL DE QUÍMICA ORGÂNICA VERDE Silvio Cunha* e Lourenço Luis Botelho de Santana Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia, Campus de Ondina, 40170-290 Salvador - BA / Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - INCT em Energia e Ambiente, Universidade Federal da Bahia, Campus de Ondina, 40170-290 Salvador - BA, Brasil Recebido em 13/6/11; aceito em 30/8/11; publicado na web em 30/9/11 KNOEVENAGEL CONDENSATION OF AROMATIC ALDEHYDES WITH MELDRUM’S ACID IN WATER: AN EXPERIMENTAL CLASS ON GREEN ORGANIC CHEMISTRY. This work describes an undergraduate experiment for the synthesis of Knoevenagel adduct of Meldrum’s acid with nine aromatic aldehydes, using water as the solvent, in an adaptation of a previously reported synthetic protocol. The synthesis was straightforward, requiring a period of two hours, and is suitable for undergraduate experimental courses on green chemistry. In addition, quantitative analyses of the relative reactivity of p-nitrobenzaldehyde and p-metoxi-benzaldehyde was evaluated through the competitive reaction of equimolar amounts of these aldehydes with one equivalent of Meldrum’s acid, using gas chromatography to quantify the composition of the reaction mixture. Keywords: arylidene Meldrum’s acid; undergraduate organic chemistry experiment; green chemistry. INTRODUÇÃO Tabela 1. Panorama da Química Verde no Brasila O advento da Química Verde (QV) influenciou a estratégia de pesquisa dos químicos orgânicos sintéticos, e o desempenho do Brasil é promissor, pois quando pesquisamos o cenário mundial da QV na web of science verificamos que a contribuição do Brasil está entre 2-3% da participação total (dependendo da forma como se faz a entrada da palavra-chave green chemistry - Tabela 1) com participação significativa da área de química orgânica.1 O cenário é de destaque quando comparado com a participação da Química do Brasil na produção científica mundial (1,95%),2 ainda mais se tratando de uma área de pesquisa relativamente jovem. Dessa forma, a pesquisa em QV no Brasil representa uma janela de oportunidade que não pode ser desconsiderada.3-6 Todavia, para o seu aprofundamento, é necessário intensificar a adesão de mais químicos brasileiros à QV, principalmente em ações voltadas ao seu ensino. São contribuições recentes a publicação do primeiro livro didático dedicado ao tema, editado por Correa e Zuin,7 do livro editado pelo Centro de Gestão em Estudos Estratégicos - CGEE,8 bem como o pioneirismo de Lenardão e colaboradores na difusão da QV entre nós,9 inclusive com a manutenção da única página brasileira na internet dedicada inteiramente ao assunto.10 A publicação de artigos na primeira década deste século, principalmente em Química Nova, representa os esforços dos nossos cientistas na difusão e ensino da QV.11- 13 Apesar do cenário otimista, ainda são escassos os relatos de aulas desenvolvidas ou adaptadas para o ensino experimental de QV na graduação.14-17 Em função da nossa preocupação com o ensino de química orgânica,18-21 descrevemos aqui uma aula prática de química orgânica verde onde são explorados aspectos sintéticos e mecanísticos da condensação de Knoevenagel de aldeídos aromáticos com o ácido de Meldrum, adaptando um procedimento já descrito que emprega água como solvente desta reação, reforçando os aspectos teóricos dos cursos básicos de química orgânica, bem como os princípios de química verde. Parâmetro A CONDENSAÇÃO DE KNOEVENAGEL Esta transformação consiste na reação entre um composto carbonílico e outro contendo o grupo metileno ativado, resultando *e-mail: [email protected] Ocorrênciasb Pesquisa com a palavra-chave green chemistry 6063 - - 3050 186 111 Ocorrências das áreas com a palavra chemistry 132 97 Citações em Química: Multidisciplinar 55 46 Citações em Química Orgânica 27 24 Citações em Química Analítica 26 15 Citações em Físico-Química 15 9 Citações em Química Aplicada 5 3 Citações em Química Inorgânica 2 - Pesquisa com a palavra-chave green chemistry c Refinamento da pesquisa por país - Brazil d Citações em Química Medicinal 1 - Citações de Química Orgânica em Multidisciplinare 30 28 Total da participação Química Orgânica na QV-Brasil 57 52 Participação da Química na QV-mundo 2,2% 3,2% Participação da Química Orgânica na QV-mundo 0,9% 1,7% Participação da Química Orgânica na QV-Brasil 43% 55% De acordo com pesquisa realizada no web of science. Ver detalhes no Material Suplementar. bA primeira coluna corresponde à pesquisa com green chemistry e a segunda com ‘green chemistry’ .cAs aspas limitam a pesquisa a ocorrências das palavras/temas juntas no web of science. dExceto engenharia química. eDe acordo com o julgamento dos autores. a na formação do aduto com uma ligação dupla carbono-carbono, Equação 1 do Esquema 1, podendo formar ácidos acrílicos betasubstituídos quando o ácido malônico é o componente dicarboxílico, Equação 2.22 A formação da olefina contida no aduto de Knoevenagel é uma transformação comumente ensinada nos cursos básicos de química orgânica teórica,23-32 mas raramente realizada em aulas experimentais,33 em franco contraste com a sua aplicação em síntese orgânica.34-36 Quando empregada em aulas práticas é, geralmente, limitada à reação do benzaldeído com o ácido malônico para preparar o ácido cinâmico.37 Vol. 35, No. 3 Condensação de Knoevenagel de aldeídos aromáticos com o ácido de Meldrum 643 Esquema 1. Exemplos de condensações de Knoevenagel O ácido de Meldrum é um derivado cíclico do ácido malônico, muito empregado em síntese orgânica, que é disponível comercialmente e também objeto de aula experimental de química orgânica.38,39 Há relatos da condensação de Knoevenagel entre aldeídos e o ácido de Meldrum formando os respectivos arilidenos, catalisada por bases como piridina,40 amônia ou etóxido de sódio em solventes orgânicos, ou mistura de piperidina e acido acético glacial em benzeno com remoção de água.41 São recorrentes as descrições de aperfeiçoamentos na síntese destes intermediários sintéticos, pois a versatilidade dos arilidenos do ácido de Meldrum inclui a aplicação como aceptores de Michael e em reações de cicloadição, atuando tanto como dienófilos quanto como heterodienos.34-36 Dessa forma, o método que emprega água como solvente é o mais adequado para o ensino de QV, pois não necessita de catálise, solvente orgânico ou outros aditivos, contemplando diversos princípios da QV, Esquema 2. Para a aula aqui proposta, duas etapas independentes foram desenvolvidas, sendo a primeira a síntese dos adutos de Knoevenagel empregando vários aldeídos aromáticos e, na segunda etapa, é avaliada a reatividade relativa de dois aldeídos aromáticos na reação em questão, para que o estudante correlacione quantitativamente o efeito do substituinte do anel aromático na distribuição dos produtos. As duas etapas podem ser executadas em uma única aula de 4 h de duração, iniciando com a investigação da reatividade relativa, seguida da síntese dos arilidenos. Para aulas de menor duração (2-3 h), recomenda-se a execução de uma das etapas, ficando a decisão de qual a ser executada dependente da natureza do curso experimental. Entretanto, a etapa de síntese é mais simples com relação à infraestrutura e tem maior caráter pedagógico no que diz respeito aos princípios da QV. SÍNTESE DE ALQUILIDENOS DO ÁCIDO DE MELDRUM A síntese dos alquilidenos foi adaptada do procedimento descrito por Bigi e colaboradores,34 sendo preparados os adutos 3a-f já descritos. Para proporcionar maior versatilidade e ampliar o escopo do método, os produtos 3g-i derivados dos aldeídos 2g-i foram aqui sintetizados pelo mesmo procedimento, Esquema 2. Assim, o professor pode optar pelo aldeído que for mais conveniente à sua realidade, dentre os exemplos aqui apresentados, levando-se em conta a sua disponibilidade para a aula, pois o tempo de reação é o mesmo para todos os aldeídos investigados e os rendimentos obtidos são excelentes, exceto para o aduto 3i derivado do orto-anisaldeído, não sendo, portanto, adequado o emprego deste aldeído para a realização do experimento. Outros aldeídos orto substituídos também não são adequados, pois verificamos a formação de mistura complexa com o orto-nitro-benzaldeído. Com o benzaldeído o produto da reação não é o aduto de Knoevenagel e sim o bis-aduto resultante da reação de Michael entre o ácido de Meldrum e o arilideno inicialmente formado, mesmo empregando-se quantidades equimolares do ácido de Meldrum e do benzaldeído.34,36 Diversos princípios da química verde podem ser discutidos na aula, tais como economia atômica, cálculo do fator E, natureza do Esquema 2. Síntese dos adutos de Knoevenagel solvente, etc., sendo indicada a leitura da bibliografia pertinente, e aqui sugerimos o livro de Corrêa e Zuin, os artigos de Lenardão e colaboradores e de Merat e Gil.7,9,13 AVALIAÇÃO DA REATIVIDADE RELATIVA DE ALDEÍDOS AROMÁTICOS Nos cursos teóricos de química orgânica ministrados na graduação, um dos temas mais ricos é a química das substâncias carboniladas, onde os aldeídos e cetonas ocupam lugar de destaque. A relação entre a estrutura e a reatividade é recursivamente empregada 644 Cunha e Santana para avaliar a reatividade entre os membros de uma mesma família de compostos. Quando a variação na estrutura envolve a modificação do substituinte do anel aromático, por exemplo, o estudante é treinado a correlacionar o efeito eletrônico com a variação da reatividade. Todavia, raros são os experimentos executados por nossos estudantes onde a influência do substituinte é avaliada. Os motivos são diversos, podendo ser aventados, entre outros, a valorização das aulas experimentais com enfoque preparativo, necessária ao treinamento nas técnicas clássicas de laboratório de química orgânica; a disponibilidade de infraestrutura para realizar as medidas necessárias à correlação entre a estrutura e a reatividade e, mesmo, a carga horária da aula experimental, que impõe um balanço delicado entre a duração da aula e a seleção do experimento a ser realizado. Aldeídos reagem principalmente por adição nucleofílica à carbonila, e tanto a velocidade quanto a posição de equilíbrio das reações são fortemente afetadas pelos substituintes, seja por efeitos estéricos ou por efeitos eletrônicos.22 As condensações de Knoevenagel entre os aldeídos aromáticos e o ácido de Meldrum, descritas no Esquema 2, representam uma boa oportunidade para investigar a reatividade relativa de aldeídos aromáticos, pois as reações são rápidas e seletivas, uma vez que na etapa das sínteses os produtos foram obtidos em altos rendimentos. Entretanto, não é adequado o emprego dos rendimentos da etapa de síntese descritos no Esquema 2, para verificar a diferença de reatividade dos aldeídos estudados, já que a quantificação da massa obtida resulta de diferenças na solubilidade dos produtos, entre outros fatores, sendo influenciada também pelas operações unitárias inerentes às etapas de separação e purificação. Motivados pela simplicidade experimental do método de síntese e pelas características das reações acima mencionadas, desenvolvemos um experimento onde a reatividade relativa entre o paranitro-benzaldeído 2a e o para-metóxi-benzaldeído 2b foi avaliada através de uma reação de competição entre estes aldeídos e o ácido de Meldrum (Esquema 3). Assim, quantidades equimolares destas três substâncias são reagidas em água nas mesmas condições das reações de síntese, mas a escala da reação é reduzida em 50 vezes em relação às massas empregadas, e 4 vezes em relação à concentração dos reagentes. Ao final, a quantidade de cada componente presente na mistura reacional é medida através de cromatografia a gás (CG), e a proporção entre os componentes da mistura é empregada como indicativo da reatividade relativa. Para que a amostra analisada por CG fosse representativa, desenvolvemos uma composição de solventes que solubiliza a mistura heterogênea bifásica formada (ver Parte Experimental), tornando uma solução esta dispersão/ suspensão obtida ao término da reação de competição. O cromatograma típico da reação de competição está apresentado na Figura 1 (ver Figuras 8S a 10S, material suplementar, para as análises em triplicata), bem como o cromatograma da mistura padrão contendo os aldeídos 2a-2b e os produtos 3a-3b, cuja determinação do tempo de retenção (tr) de cada componente foi realizada separadamente (Figuras 1S a 4S, material suplementar). Na condição de análise aqui investigada, a ordem de eluição é para-metóxi-benzaldeído, para-nitro-benzaldeído e seus respectivos adutos (sequência de eluição do menor para o maior tempo de retenção: 2b, 2a, 3b, 3a; Figuras 5S a 7S, material suplementar). Adicionalmente, para avaliar a proporção dos componentes na mistura reacional, o fator de resposta relativa de cada constituinte foi determinado através da análise cromatográfica em triplicata (Figuras 5S a 7S, material suplementar) de uma solução padrão (0,1 M) contendo quantidades equimolares de 2a-2b e 3a-3b. Assim, a relação entre as áreas (A) dos aldeídos resulta que a área de 2b é 1,3 vezes a área do aldeído 2a (A2b = 1,3A2a), enquanto a relação entre as áreas dos adutos de Knoevenagel resulta que a área de 3b Quim. Nova é 3,5 vezes a área do aduto 3a (A3b = 3,5A3a, dados para os cálculos nas Tabelas 1S a 3S, material suplementar). Estas relações são empregadas na análise do cromatograma da reação de competição para corrigir as áreas medidas e calcular a quantidade molar relativa dos adutos presentes ao término da reação. Figura 1. Cromatogramas (acima) da mistura padrão com tempos de retenção (min) em ordem crescente para 2b, 2a, 3b, 3a; e (abaixo) da reação de competição dos aldeídos com o ácido de Meldrum 1 De posse dos dados acima, é possível aplicá-los ao cromatograma da reação de competição da Figura 1. O sinal referente ao para-nitro-benzaldeído é muito próximo da linha base, não sendo assinalado com precisão, e o sinal referente ao ácido de Meldrum não foi detectado (tr 2,222 min), o que indica que foi praticamente consumido na totalidade. Como foram reagidas quantidades equimolares dos aldeídos 2a, 2b e do ácido de Meldrum 1, a não detecção de 2a já indica a sua maior reatividade. Para avaliar quão mais reativo 2a é em relação a 2b na reação com 1, faz-se necessário corrigir as áreas medidas referentes aos picos dos produtos 3b-3a, aplicando a correção dos fatores de resposta relativas. Dessa forma, a relação 3,5A3a/A3b indica a reatividade relativa, o que leva a concluir que, nas condições investigadas, o para-nitro-benzaldeído é cerca de 4 vezes mais reativo que o para-metóxi-benzaldeído. Se o professor empregar outros aldeídos é necessário determinar o fator de resposta dos correspondentes adutos de Knoevenagel para corrigir as áreas relativas e determinar a reatividade relativa (Esquema 3). Vol. 35, No. 3 Condensação de Knoevenagel de aldeídos aromáticos com o ácido de Meldrum 645 Esquema 3. Reação de competição entre aldeídos aromáticos na condensação de Knoevenagel CONSIDERAÇÕES MECANÍSTICAS No mecanismo da condensação de Knoevenagel estão envolvidas as etapas de adição nucleofílica à carbonila seguida da etapa de eliminação de uma molécula de água, formando a ligação dupla carbono-carbono. Nos procedimentos clássicos que empregam catálise básica, este mecanismo está bem estabelecido.22-32 Nas reações de condensação de Knoevenagel do ácido de Meldrum em água, o ânion resultante da sua ionização é o nucleófilo, uma vez que o ácido de Meldrum se encontra parcialmente ionizado em água, pois seu pKa é 4,83 neste solvente (comparável ao do ácido acético, pKa 4,75).42 Adicionalmente, o aldeído e sua forma protonada também devem ser levados em consideração, Esquema 4. Os dados da reação de competição indicam que o efeito retirador de elétrons do substituinte NO2 do aldeído 2a o faz mais reativo que o aldeído 2b, com o substituinte OCH3 doador de elétrons. Dessa forma, pro- vavelmente a etapa de adição do nucleófilo à carbonila deve ocorrer nos aldeídos neutros, e não nas suas formas protonadas, pois se estas últimas participassem da etapa lenta, seria esperado que a adição à carbonila fosse mais rápida para a forma protonada do aldeído substituído por OCH3, que poderia estabilizar melhor a carga positiva em função da presença do grupo doador de elétrons. Apesar da reversibilidade da reação de Knoevenagel e do aparente desfavorecimento à reação de condensação realizada em água como solvente onde água é um dos produtos, as razões para os altos rendimentos da síntese e do deslocamento do equilíbrio para os produtos residem na insolubilidade em água dos produtos da condensação, que precipitam à medida que são formados, deslocando o equilíbrio. CONCLUSÃO A aula proposta é passível de aplicação imediata como parte integrante de disciplinas experimentais de química orgânica, uma vez que emprega procedimentos rápidos, simples e de fácil execução, vidrarias e equipamentos rotineiros, possibilitando, assim, o ensino da Química Verde logo nos estágios iniciais da formação dos futuros profissionais. As implicações sintéticas e mecanísticas da reação de Knoevenagel podem ser discutidas de forma integrada, mesmo que a parte referente à investigação da reatividade dos aldeídos não seja executada, o que contribui para a consolidação dos ensinamentos dos cursos teóricos. Tão importantes quanto os aspectos acima, a execução deste experimento contribui para a formação de novas gerações de químicos treinados na forma moderna de fazer Química. Para o professorpesquisador, tal atitude está em consonância com o paradigma de Pensar como Cientista e Atuar como Professor.43 MATERIAL SUPLEMENTAR Cromatogramas e tabelas com áreas relativas dos aldeídos e dos adutos de Knoevenagel, de soluções padrões e da reação de competição encontram-se disponíveis gratuitamente em http://quimicanova. sbq.org.br, na forma de arquivo PDF. PARTE EXPERIMENTAL Os aldeídos sólidos foram empregados nas reações sem tratamento prévio, e os aldeídos líquidos foram destilados antes do uso. Os pontos de fusão foram determinados em um aparelho de placa aquecida Microquímica MQAPF 301 e não foram corrigidos. Os espectros na região do infravermelho foram de obtidos na forma de discos de KBr em um aparelho Shimadzu IR Affinity-1. Análise cromatográfica Esquema 4. Proposta mecanística para a condensação de Knoevenagel entre aldeídos aromáticos e o ácido de Meldrum Os cromatogramas foram obtidos em aparelho GC-HP-5890. Empregou-se coluna DB-5, 30 m x 0,25 mm x 0,25 µm, detector de ionização de chama (temperatura 250 °C, H2 30 mL/min, N2 30 mL/ min, ar sintético 300 mL/min). Condições da análise: temperatura do 646 Cunha e Santana injetor 250 °C, detector 270 °C, inicial da coluna 120 °C, final 250 °C, gradiente 10 °C/min – 120 °C, 2´/10 °C´/250 °C, 5´. Tempo total de análise - 20 min. Gás de arraste H2 1 mL por minuto. Amostras injetadas conforme descrito anteriormente (divisor 1:100). Para a realização da aula, pode ser empregada uma coluna cromatográfica equivalente, que é uma das mais comumente usadas em rotinas de laboratório de química orgânica e a que geralmente é adquirida para laboratórios de graduação. No aparelho de CG em que desenvolvemos o experimento, o detetor selecionado foi o de ionização de chamas, que é também um dos mais comuns. Dependendo da duração da aula, os parâmetros cromatográficos podem ser previamente ajustados, ou fazerem parte do próprio experimento. As medidas dos tempos de retenção e dos fatores de respostas relativos acima indicados (ver material suplementar) também podem ser previamente determinadas ou serem parte integrante do experimento. Para turmas numerosas, a determinação prévia é a estratégia recomendada. Se o professor empregar um aparelho de CG com as configurações semelhantes às aqui descritas, os dados de tempos de retenção e fatores de respostas relativos aqui apresentados podem ser utilizados na aula, sem prejuízo para a análise dos dados da reação de competição. Procedimento geral para a síntese dos arilidenos do ácido de Meldrum Em um balão de fundo redondo monotubular de 50 mL adicionar sequencialmente 5,0 mmol do aldeído, 10 mL de água destilada e 5,0 mmol do ácido de Meldrum. Introduzir uma barra de agitação magnética e conectar o balão a um condensador de refluxo e aquecer a mistura reacional heterogênea a 75 °C por 2 h, com forte agitação magnética. O progresso da reação é percebido pelo aumento da quantidade de sólido em suspensão (para todos os aldeídos) e mudança de cor da solução (apenas para os aldeídos 2b, 2f, 2h e 2i). Após este período, resfriar o balão até alcançar a temperatura ambiente e o sólido formado deve ser filtrado a vácuo num funil de Buchner e lavado com água destilada. Secar o sólido ao ar, determinar o ponto de fusão e obter o espectro na região do infravermelho. 3a: 2,2-Dimetil-5-(4-nitro-benzilideno)-1,3-dioxano-4,6-diona: sólido amarelo. Pf 213,5-214,5 °C (Lit44 203-204 °C). IV (KBr) 2988, 1761, 1729, 1601, 1367, 1232, 832 cm-1 (Lit.44 3000, 1758, 1728, 1600, 1367, 1231, 830 cm-1). 3b: 2,2-Dimetil-5-(4-metóxi-benzilideno)-1,3-dioxano-4,6-diona: sólido amarelo. Pf 122-123 °C (Lit.44 125-127 °C). IV (KBr) 2997, 1746, 1714, 1575, 1389, 1284, 836 cm-1 (Lit.35 3000, 1747, 1714, 1574, 1389, 1234, 836 cm-1). 3c: 2,2-Dimetil-5-(4-hidróxi-benzilideno)-1,3-dioxano-4,6diona: sólido marrom. Pf 193-194 °C (Lit.44 192-193 °C). IV (KBr) 3273, 1747, 1695, 1586, 1450, 1278, 1198, 841 cm-1 (Lit.44 3270, 1750, 1690, 1590, 1450, 1270, 1200, 840 cm-1). 3d: 2,2-Dimetil-5-(4-cloro-benzilideno)-1,3-dioxano-4,6-diona: sólido branco. Pf 159,1-160,0 °C (Lit.44 160-161 °C). IV (KBr) 2863, 1770, 1737, 1746, 1714, 1575, 1389, 1284, 836 cm-1 (Lit.44 3000, 1770, 1740, 1380, 1320, 1200, 1020, 820 cm-1). 3e: 2,2-Dimetil-5-(3-fenil-2-propen-1-ilideno)-1,3-dioxano-4,6diona: sólido amarelo Pf 105,6-105,7 °C (Lit.44 108-109 °C). IV (KBr) 1709, 1573, 1374, 1286, 924 cm-1 (Lit.44 1709, 1570, 1375, 1286, 924 cm-1). 3f: 2,2-Dimetil-5-(furil-metileno)-1,3-dioxano-4,6-diona: sólido Quim. Nova verde. Pf 91,7-93,2 °C (Lit.44 93-95 °C). IV (KBr) 3117, 1743, 1706, 1584, 1362, 784 (Lit.44 3020, 1770, 1720, 1620, 1390, 770 cm-1). 3g: 2,2-Dimetil-5-(4-dimetil-benzilideno)-1,3-dioxano-4,6diona: sólido laranja. Pf 165,1-165,2 °C (Lit.44 166-168 °C). IV (KBr) 1730, 1700, 1611, 1506, 1371, 1290, 1161, 1130, 819 cm-1 (Lit.44 1730, 1700, 1620, 1510, 1370, 1290, 1160, 1130, 820 cm-1). 3h: 2,2-Dimetil-5-(dioximetileno-benzilideno)-1,3-dioxano-4,6diona: sólido amarelo. Pf 158,9-162,6 °C (Lit.44 168-169 °C). IV (KBr) 3126, 1743, 1706, 1584, 1457, 1262, 1171, 887 cm-1 (Lit.44 3125, 1740, 1710, 1560, 1450, 1265, 1180, 836 cm-1). 3i: 2,2-Dimetil-5-(2-metóxi-benzilideno)-1,3-dioxano-4,6-diona: sólido amarelo. Pf 101,1-101,7 °C (Lit.45 98-100 °C). IV (KBr) 1763, 1728, 1612, 1598, 1290, 1192, 1162, 1027, 922, 800, 754 cm-1 (Lit.45 1765, 1728, 1610, 1573, 1290, 1192, 1163, 1027, 925, 801, 754 cm-1). Procedimento para avaliação da reatividade relativa dos aldeídos Em um balão de fundo redondo monotubular de 20 mL adicionar sequencialmente 0,1 mmol do para-nitro-benzaldeído e 0,1 mmol do para-metóxi-benzaldeído, 2 mL de água destilada e 0,1 mmol do ácido de Meldrum. Introduzir uma barra de agitação magnética e conectar o balão a um condensador de refluxo e aquecer a mistura reacional heterogênea a 75 °C por 2 h, com forte agitação magnética. Após este período, resfriar o balão até alcançar a temperatura ambiente e adicionar 10 mL de uma solução 1:1 de CHCl3 e CH3CN previamente preparada, agitando para que a mistura heterogênea se torne uma solução. Efetuar a análise cromatográfica tomando uma alíquota de 2 mL desta mistura e aplicar no cromatográfo a gás com detector de ionização de chama. Realizar a análise em duplicata ou triplicata. AGRADECIMENTOS Ao suporte financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB. Também agradecemos à CAPES pela bolsa de doutorado de L. L. B. de Santana e ao CNPq pela bolsa de produtividade em pesquisa de S. Cunha. REFERÊNCIAS 1.Web of Science; http://apps.isiknowledge.com/WOS, acessada em Março 2011. 2.http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/5709.html, acessada em Março 2011. Tabela 5.4: Percentual de artigos brasileiros publicados em periódicos científicos indexados pela Thomson/ISI, em relação ao mundo, por área do conhecimento. 3. Pinto, A. C.; Zucco, C.; de Andrade, J. B.; Vieira, P. C.; Quim. Nova 2009, 32, 567. 4. Galembeck, F.; Barbosa, C. A. S.; Sousa, R. A.; Quim. Nova 2009, 32, 571. 5. Ferreira, V. F.; Rocha, D. R.; Silva, F. C.; Quim. Nova 2009, 32, 623. 6. Mota, C. J. A.; Silva, C. X. A.; Gonçalves, V. L. C.; Quim. Nova 2009, 32, 639. 7. Corrêa, A. G.; Zuin, V. G.; Química Verde: Fundamentos e Aplicações, EdUFSCar: São Carlos, 2009. 8. Centro de Gestão em Estudos Estratégicos (CGEE); Química Verde no Brasil 2010-2030, Brasília, 2010, disponível na versão pdf em http:// www.cgee.org.br, acessada em Março 2011. Vol. 35, No. 3 Condensação de Knoevenagel de aldeídos aromáticos com o ácido de Meldrum 9.Lenardão, E. J.; Freitag, R. A.; Dabdoub. M. J.; Batista, A. C. F.; Silveira, C. C.; Quim. Nova 2003, 26, 123. 10. http://www.ufpel.tche.br/iqg/wwverde/, acessada em Março 2011. 11. Dupont, J.; Quim. Nova 2000, 23, 825; Sanseverino, A. M.; Quim. Nova 2000, 23, 102; Sanseverino, A. M.; Ciência Hoje 2002, 31, 20. 12. Prado, A. G. S.; Quim. Nova 2003, 26, 738. 13. Merat, L. M. O. C.; Gil, R. A. S.; Quim. Nova 2003, 26, 779. 14. Ferreira, V. F.; Silva, F. C.; Perrone, C. C.; Quim. Nova 2001, 24, 905. 15.Santos, A. P. B.; Gonçalves, I. R. C.; Pais, K. C.; Martinez, S. T.; Lachter, E. R.; Pinto, A. C.; Quim. Nova 2009, 32, 1667. 16. Alves, P. B.; Victor, M. M.; Quim. Nova 2010, 33, 2274. 17. Santos, G. L. G.; Silva, C. S.; Cardoso, L. A. M.; Quim. Nova 2010, 33, 57. 18. Cunha, S.; Quim Nova 2008, 31, 906. 19. Cunha, S.; Beretta, M.; Fascio, M.; Santos, A. O.; Rodrigues Jr, M. T.; Bastos, R. M.; Quim. Nova 2005, 28, 364. 20. Cunha, S.; Lião, L. M.; Bonfim, R. R.; Bastos, R. M.; Monteiro A. P. M.; Alencar, K. S.; Quim. Nova 2003, 26, 425. 21. Cunha, S.; Quim Nova 2003, 26, 948. 22.Costa, P. R. R.; Pilli, R. A.; Pinheiro, S.; Vasconcelos, M. L. A. A.; Substâncias Carboniladas e seus Derivados, Bookman: Porto Alegre, 2003. 23. McMurry, J.; Quimica Orgânica, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.; Rio de Janeiro, 4a ed., 1997, vols. 1 e 2. 24. Bruice, P. Y.; Organic Chemistry, 2nd ed., Prentice Hall: New Jersey, 1998. 25.Barbosa, L. C. de A. B.; Introdução à Química Orgânica, 2a ed., Pearson Education: São Paulo, 2010. 26. Allinger, N. L.; Cava, M. P.; Jongh, D. C. de; Jonhson, C. R.; Lebel, N. A.; Stevens, C. L.; Química Orgânica, Guanabara Dois: Rio de Jameiro, 1978. 27. Morrison, R. T.; Boyd, R. N.; Organic Chemistry, 6th ed, Prentice Hall International, Inc.: New Jersey, 1992. 28. Volhardt, K. P. C.; Schore, N. E.; Organic Chemistry, W. H. Freeman and Company: New York, 1999. 647 29. Carey, F. A.; Organic Chemistry, 2nd ed., McGraw-Hill International Edition: New York, 1992. 30.Solomons, T. W. G.; Fryhle, C. B.; Organic Chemistry, 7th ed., John Wiley & Sons, Inc.: New York, 2000. 31. Pine, S. H.; Organic Chemistry, 5th ed., McGraw-Hill International Edition: Singapore, 1987. 32. Streitwiser, A.; Heathcock, C. H.; Kosower, E. M.; Introduction to Organic Chemistry, 4th ed., Macmillan Publishing Company: Singapore, 1992. 33. Roesky, H. W.; Kennepohl, D. K.; Experiments in Green and Sustainable Chemistry, Wiley-VCH: Weinheim, 2009. 34. Bigi, F.; Carloni, S.; Ferrari, L.; Maggi, R.; Mazzacani, A.; Sartori, G.; Tetrahedron Lett. 2001, 42, 5203. 35. Ren, Z.; Cao, W.; Tong, W.; Jing, X.; Synth. Commun. 2002, 32, 1947. 36. Dumas, A. M.; Seed, A.; Zorzitto, A. K.; Fillion, E.; Tetrahedron Lett. 2007, 48, 7072. 37. Soares, B. G.; Souza, N. A.; Pires, D. X.; Química Orgânica: Teoria e Técnicas de Preparação, Purificação e Identificação de Compostos Orgânicos, Ed. Guanabara S.A.: Rio de Janeiro, 1988. 38.Berci Filho, P.; Porto, A. L. M.; Berlinck, R. G. S.; Laboratório de Química Orgânica II. Normas de Segurança e Práticas de Laboratório, disponível na versão pdf em graduacao.iqsc.usp.br/files/atualizaopratic aslabqumicaorganicaII.pdf, acessada em Junho 2011. 39. Tietze, L.-F.; Eicher, T.; Reactions and Syntheses in the Organic Chemistry Laboratory, University Science Books: Mill Valley, 1989. 40. Habibi, A.; Lori, E.; Shockravi, A.; Tetrahedron Lett. 2009, 50, 1075. 41. Wei, P.; Zhang, X.; Tu, S.; Yan, S.; Ying, H.; Ouyang, P.; Bioorg. Med. Chem. Lett. 2009, 19, 828. 42. Para uma discussão sobre a acidez do ácido de Meldrum ver: Arnett, E. M.; Harrelson Jr., J. A.; J. Am. Chem. Soc. 1987, 109, 809. 43. de Andrade, J. B.; J. Braz. Chem. Soc. 2009, 20, 575. 44. Li, T.; Zhao, Y.; Li, M.; Zhao, R.; Jin, T.; ARKIVOK 2006, xiv, 53. 45.Andreev, G. N.; Shul’ts, E. E.; Volkov, A. A.; Shakirov, M. M.; Bagryanskaya, I. Y.; Gatilov, Y. V.; Tolstikov, G. A.; Russ. J. Org. Chem. 2004, 40, 854. Reviews R. V. A. Orru et al. Multicomponent Reactions DOI: 10.1002/anie.201006515 Multicomponent Reaction Design in the Quest for Molecular Complexity and Diversity Eelco Ruijter, Rachel Scheffelaar, and Romano V. A. Orru* Keywords: chemoselectivity · molecular complexity · molecular diversity · multicomponent reaction · synthesis design Angewandte Chemie 6234 www.angewandte.org 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 Multicomponent Reactions Multicomponent reactions have become increasingly popular as tools for the rapid generation of small-molecule libraries. However, to ensure sufficient molecular diversity and complexity, there is a continuous need for novel reactions. Although serendipity has always played an important role in the discovery of novel (multicomponent) reactions, rational design strategies have become much more important over the past decade. In this Review, we present an overview of general strategies that allow the design of novel multicomponent reactions. The challenges and opportunities for the future will be discussed. 1. Introduction The importance of small organic molecules in contemporary chemical biology and medicinal research is undisputed. Studying the interaction of such small molecules with biological systems and the perturbation of a certain biological ground state they may cause is crucial for understanding all the fundamental processes in health and disease. Synthetic organic chemists provide access to structurally complex and functionally diverse sets of compounds and thus supply the feedstock for advanced research in chemical biology. The goal is to identify potent and selective molecular modulators of all cellular processes, including the growing number of nonclassical biological targets considered “undruggable”—that is, cannot be addressed with medication.[1] It is, however, an arduous task to find even a single one of these modulators in the vastness of chemical space. Chemical space can be described as a representation of all (small) molecules in a multidimensional space in which the descriptors can be any property other than the molecular structure.[2] These can include for example, molecular weight, polarity, solubility, membrane permeability, binding constants, hydrogen-bonding properties, etc. The molecular diversity within a set of compounds is consequently reflected in the dispersion in chemical space. Estimates of the total number of small molecules (MW < 500) that can in theory be prepared from a handful of elements (C, H, N, O, S) range from 1060 to 10200— numbers that vastly exceed our comprehension.[3] Fortunately, compounds with biological activity are not spread out evenly throughout chemical space, but rather concentrated in a confined section (“biological activity space”).[4] However, finding compounds with novel biological activity in this vast space is like finding a needle in a haystack. To increase the Figure 1. The three fundamental levels of molecular diversity: appendage, stereochemical, and scaffold diversity Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 From the Contents 1. Introduction 6235 2. Rational Design Strategies for MCRs 6237 3. Towards stereoselective MCRs 6243 4. Summary and Outlook 6244 odds, the molecular diversity between the library members should be as great as possible within the boundaries of biological activity space. To break down the complex notion of molecular diversity we can distinguish three fundamental levels of diversity: a) appendage diversity (combinatorial chemistry), b) stereochemical diversity, and c) scaffold diversity (Figure 1). Appendage diversity (Figure 1 a) involves the introduction of different appendages to a common molecular skeleton (scaffold). However, since all the compounds have the same molecular skeleton, they have very similar molecular shapes and display relevant chemical information in a narrow range of 3D space (same molecular shape). This results in limited overall diversity. Stereochemical diversity (Figure 1 b) involves the selective generation of as many stereoisomers of the same molecule as possible. For this, stereospecific reactions are required. Different stereoisomers are selectively accessible, for example, by changing the stereochemistry of the catalyst and/or chiral starting materials. Scaffold diversity (Figure 1 c) is probably the most important element of diversity; it involves the generation of a collection of compounds with different molecular skeletons (scaffolds). This can be realized by changing the reagents added to a common substrate (reagent-based approach) or by transforming a collection of substrates having suitable pre-encoded skeletal information under similar reaction conditions (substrate-based approach). Unlike molecular diversity, which can be readily quantified on the basis of structural and physicochemical properties, molecular complexity is a less tangible property that is hard to quantify. It involves not only the number and types of atoms in the molecule, but also their connectivity. A prominent factor in molecular complexity is stereochemical (3D) structural information. Classical combinatorial chemistry products are flat, aromatic heterocyclic compounds, which contain no 3D structural information. In contrast, compounds isolated from natural sources (natural products) have more macro- [*] Dr. E. Ruijter, Dr. R. Scheffelaar, Prof. Dr. R. V. A. Orru Department of Chemistry & Pharmaceutical Sciences and Amsterdam Institute for Molecules, Medicines and Systems VU University Amsterdam De Boelelaan 1083, 1081 HV Amsterdam (The Netherlands) Fax: (+ 31) 20-598-7488 E-mail: [email protected] 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim 6235 Reviews 6236 R. V. A. Orru et al. cyclic and diverse polycyclic ring systems, as well as a wealth of 3D structural information. Interestingly, increasing the molecular complexity in an array of compounds inherently leads to higher diversity. This observation has inspired two concepts that advocate the importance of molecular complexity: DOS and BIOS. In 2000, Schreiber introduced the concept of diversityoriented synthesis (DOS).[5] This basic concept involves short reaction sequences (3–5 steps) combined with a forward planning strategy (rather than a retrosynthetic analysis). In DOS, natural product likeness refers to the molecular complexity in terms of, for example, the number and type of rings and stereocenters rather than actual resemblance to naturally occurring compounds. In fact, Schreiber argues that, to address “undruggable” targets, compounds should not be too similar to natural products, since most of these act on the same “classical” biological targets.[1] Several years later, Waldmann and co-workers introduced the concept of biology-oriented synthesis (BIOS).[6] The rationale behind BIOS is that typical natural product fragments have a high probability of binding to protein domains. Since proteins are built up in a modular fashion from a limited number of domains and fold types, similar (natural product) small molecules can be expected to bind to evolutionarily (but not functionally) related proteins.[7] Both concepts have proven useful strategies for the discovery of novel biological activity. Their success rates in the future will greatly depend on the availability of synthetic methods that allow the straightforward realization of DOS and BIOS concepts by addressing all the fundamental levels of molecular diversity. A sufficiently large collection of compounds with considerable molecular diversity and complexity is required to fulfill the requirements of potency and selectivity. For DOS and BIOS to be successful, the number of synthetic steps is limited for practical reasons and highly efficient synthetic methods with a strong focus on bond construction and functional group compatibility are required. Particularly useful reactions are those that involve multiple bond formation, such as tandem and multicomponent reactions. In this Review we will discuss strategies for the rational design of new multicomponent reactions[8–13] as powerful tools for the realization of DOS and BIOS. A multicomponent reaction (or MCR) is defined as a reaction in which three or more compounds react in a single operation to form a single product that contains essentially all of the atoms of the starting materials (with the exception of condensation products, such as H2O, HCl, or MeOH). Since the collision of three or more independent molecules is highly unlikely, MCRs typically involve a number of subreactions. In many cases, most of the intermediate steps are equilibrium reactions and only the final step is an irreversible process, such as a CC bond formation or a rearrangement. The oldest multicomponent reaction according to current standards is the Strecker reaction of amines, aldehydes, and cyanide to give a-aminonitriles.[14] Other MCRs that were discovered long ago, such as the Biginelli[15, 16] and Ugi[17–19] reactions, saw a true renaissance during the age of combinatorial chemistry. It has since been increasingly recognized that such applications of MCRs suffer from the classical pitfall of combinatorial chemistry: the focus on appendage diversity. Consequently, the design and discovery of new MCRs is vital to address scaffold diversity in compound collections. Currently, the major issues concerning the use of MCRs as tools in chemical biology are: 1) limited scaffold diversity, and 2) poor stereocontrol. The former is addressed by the continuous discovery of novel MCRs. Although serendipity has always played an important role in the discovery of new MCRs, the emergence of a more rational design approach in recent years is reflected in the number of scientific publications in the past two decades that deal with MCRs (Figure 2). Eelco Ruijter studied chemistry at the Vrije Universiteit Amsterdam, the Netherlands. He obtained his PhD in the group of L. A. Wessjohann at the Vrije Universiteit Amsterdam and the Institute of Plant Biochemistry in Halle, Germany. In 2004, he joined the group of R. M. J. Liskamp at Utrecht University as a postdoctoral fellow working on chemical proteomics. In 2006 he was appointed assistant professor in the group of R. V. A. Orru at the VU University Amsterdam. His research interests include the efficient construction of complex and diverse natural product like compounds. Rachel Scheffelaar obtained her MSc from the University of Amsterdam under the supervision of Prof. H. Hiemstra in 2005. In 2010 she obtained her PhD under the supervision of Prof. R. V. A. Orru on the multicomponent synthesis and application as turn mimetics of isocyano dihydropyridones. www.angewandte.org Figure 2. Number of publications dealing with MCRs in the period 1990–2009 (results are derived from a Web of Knowledge query on “component reaction”). 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 Multicomponent Reactions A very effective strategy to increase scaffold diversity without developing new MCRs is the combination of existing MCRs with complexity-generating reactions, in particular cyclization reactions.[20] To achieve significant variation of the resulting scaffolds, the so-called build/couple/pair strategy (Figure 3) has been used.[21] Figure 3. The generation of scaffold diversity by combining MCRs with cyclization reactions according to the build/couple/pair strategy.[20, 21] As an example of the efficiency of this approach, Scheme 1 summarizes the use of the Ugi four-component reaction (U-4CR)[17–19] as the coupling phase to afford compounds 1–6, after which a number of cyclization reactions (including cycloadditions and palladium-catalyzed cross-coupling reactions) are used in the pairing phase to afford an impressive range of nitrogen heterocycles (7–14). Another elegant example of the use of MCRs in the build/ couple/pair strategy was described by Schreiber and coworkers, who used the Petasis 3CR[22] for the construction of a single cyclization precursor.[23] This compound could undergo seven distinctly different cyclization types (based on the addition of certain reagents or catalysts), followed by a series of further scaffold modification reactions to afford a total of 15 different scaffolds. Interestingly, the highly diastereoselective Petasis 3CR also allows control over the absolute configuration, so that this approach can also address stereochemical diversity. Romano V. A. Orru studied molecular sciences at the Agricultural University in Wageningen, the Netherlands, where he obtained his PhD in 1994. From 1996 to 2000 he worked in the group of K. Faber at the Technical and Karl-Franzens Universities (Graz, Austria). In 2000 he was appointed assistant professor and later associate professor at the VU University Amsterdam. Since 2007 he has been professor of synthetic and bioorganic chemistry. His current research focuses on the development of novel diversity-oriented synthetic methods for the synthesis of pharmaceutically relevant compounds and natural products. Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 Scheme 1. The introduction of scaffold diversity by the Ugi-4CR (coupling) and follow-up cyclization reactions (pairing). New bonds formed in the pairing reactions are indicated in red. binap = 2,2’bis(diphenylphosphanyl)-1,1’-binaphthyl, dba = trans,trans-dibenzylideneacetone, dppf = 1,1’-bis(diphenylphosphanyl)ferrocene, n.d. = not determined. 2. Rational Design Strategies for MCRs Although the above examples demonstrate the potential of post-MCR cyclization strategies to increase molecular diversity and complexity, the most straightforward approach to address the issue of limited scaffold diversity is the rational design of novel (multicomponent) reactions. Four strategies for the design of novel multicomponent reactions are represented schematically in Figure 4: a) Single reactant replacement (SRR); b) modular reaction sequences (MRS); c) conditions-based divergence (CBD), and d) combination of MCRs (MCR2). 2.1. Single Reactant Replacement The phrase “single reactant replacement” (SRR, Figure 4 a) was first coined by Ganem[24] and involves the development of new MCRs by systematic assessment of the mechanistic or functional role of each component in a known MCR. It involves the replacement of one reactant (C) with a different reactant (D-X) that displays the same essential reactivity mode required for the multicomponent condensa- 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 6237 Reviews R. V. A. Orru et al. Figure 4. Design strategies for the development of novel multicomponent reactions. a) Single reactant replacement; b) modular reaction sequences; c) divergent MCRs through changing the conditions; d) combination of MCRs. tion with A and B. By incorporating additional reactivity or functionality into D, the resulting MCR may be directed to a different product scaffold. Probably one of the first examples of SRR was reported by Ugi, who replaced the carbonyl component used in the Passerini 3CR[25, 26] by an imine, which resulted in the wellknown Ugi reaction (Scheme 2).[17–19] Ugi also replaced the carboxylic acid input of the Ugi reaction by different acidic components to afford various different scaffolds.[18] The mechanism of the Ugi reaction is generally believed to involve protonation of the imine by a weak acid (e.g. a carboxylic acid) followed by nucleophilic addition of the isocyanide to the iminium ion. The resulting nitrilium ion is subsequently attacked by the conjugate base of the weak acid (e.g. a carboxylate), which only needs to be weakly nucleo- Scheme 2. Sequential SRR from the Passerini to the Ugi reaction (SRR1) to Ugi variations (SRR2). 6238 www.angewandte.org philic. Thus, the carboxylic acid in the classical Ugi reaction may be replaced by a variety of weak inorganic acids. For example, HOCN and HSCN could be used to afford (thio)hydantoinimides 17 a and 17 b, respectively. These are formed from the corresponding a adducts by cyclization of the intermediate b-amino iso(thio)cyanates. The use of HN3 resulted in the formation of tetrazoles 18 by spontaneous cyclization of the a adduct. When water or hydrogen selenide is used, the corresponding a adducts undergo tautomerization to afford amides 19 a and selenoamides 19 b, respectively. In a related approach, Xia and Ganem changed the carboxylic acid in the Passerini reaction to a Lewis acid (TMSOTf) to activate the carbonyl component.[27] The reaction of several aldehydes and ketones, morpholinoethyl isocyanide (20), and Zn(OTf)2/TMSCl (which forms TMSOTf in situ) resulted in the formation of a-hydroxyamides 23 (Scheme 3). A neighboring stabilizing group (such as the morpholine ring in this example) was shown to be required to stabilize the intermediate nitrilium ion 21, since the use of simple isocyanides did not afford products 23.[27] The involvement of cyclic intermediate 22 suggested that cyclic products may be generated when a nucleophile (e.g. a carbonyl oxygen atom) is present in the isocyanide component. Indeed, the use of isocyano esters or amides (24) led to the formation of ethoxy- and morpholinooxazoles 27.[27] Further SRR could be achieved by replacing the aldehyde or ketone with an imine (e.g. Passerini!Ugi reaction), which resulted in the formation of diaminooxazoles 31 (by Brønsted acid catalysis).[27] It should be noted that this reaction was reported earlier by Zhu and co-workers.[28] Finally, our research group serendipitously discovered that the use of primary a-isocyano amides 32 as reactants led to the formation of N-(cyanomethyl)amides 35 (Scheme 3, SRR4).[29] Another example of SRR is depicted in Scheme 4. The reaction of isoquinoline with two equivalents of dimethyl acetylenedicarboxylate (DMAD) was originally developed by Diels and Harms in 1936. The reaction proceeds through zwitterionic intermediate 36, which then undergoes a Michael addition/Mannich reaction domino sequence with a second equivalent of DMAD to afford benzoquinolizine 37.[30] It is hardly surprising that many other dipolarophiles react with intermediate 36 in a similar fashion. In 1967, Huisgen et al. reported three multicomponent variations of this reaction, in which intermediate 36 is trapped with several different dipolarophiles, such as dimethyl azodicarboxylate, diethyl mesoxalate, and phenyl isocyanate to form tricyclic scaffolds 38, 39, and 40, respectively.[31] Other examples were reported by Nair et al., who used 2,5-dimethyl-1,4-benzoquinone to obtain spiro[1,3]oxazino[2,3-a]isoquinoline derivative 41, Ntosylimines to afford 2H-pyrimido[2,1-a]isoquinolines 42, and arylidinemalononitriles to yield tetrahydrobenzoquinolizine derivatives 43.[32–34] Recently, Yavari et al. reported a new 3CR by trapping intermediate 36 with aroylnitromethanes to give benzoindolizines 44.[35] Adamo et al. also used the SRR approach based on the reactivity of 3,5-dimethyl-4-nitroisoxazole (45) to develop a family of MCRs. This heterocycle readily reacts with aromatic aldehydes to give the corresponding condensation products 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 Multicomponent Reactions Scheme 3. Four successive single reactant replacements resulting in four new scaffolds. Newly formed bonds in each reaction are indicated in red. OTf = trifluoromethanesulfonate, TMS = trimethylsilyl. Scheme 5. MCRs developed by SRR of the C-nucleophile through condensation of 3,5-dimethyl-4-nitroisoxazole (45) and aromatic aldehydes. The differentiating component in each reaction is indicated in red. Scheme 4. Replacement of DMAD in the original reaction by 37, with different third components used to yield several new isoquinolinebased MCRs. The differentiating component in each reaction is indicated in red. 46 (Scheme 5), which can react with doubly enolizable ketones in a double Michael addition to give the spiroisoxazolines 47.[36] The third component can be substituted by a variety of other carbon nucleophiles such as (aza)indoles (leading to 48).[37] When the reaction is perfomed with Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 acetylacetone as the nucleophile in the presence of hydroxylamine or hydrazine, the products are diheterocycles 49.[38] Finally, ethyl 2-chloroacetoacetate can be used as the nucleophile in a domino conjugate addition/SN2 reaction to give cyclopropanes 50.[39] Interestingly, Adamo et al. showed that it was possible with 48 and 49 to hydrolyze the nitroisoxazole during the workup to the corresponding carboxylic acids 51 and 52. In these cases, the reactivity of 45 in these 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 6239 Reviews R. V. A. Orru et al. MCRs can be regarded as that of an acetate dianion equivalent.[37, 38] In summary, the SRR strategy has already proven to be great value and has evolved into a reliable approach for the design and rational development of novel MCRs.[40, 41] 2.2. Modular Reaction Sequences A second strategy for the discovery of novel MCRs involves modular reaction sequences (MRSs, Figure 4 b). This approach is related to SRR, but involves a versatile reactive intermediate that is generated from substrates A, B, and C by an initial MCR.[12] This reactive intermediate is then treated in situ with a range of final differentiating components (D, E, and F) to yield a diverse set of scaffolds. One striking example is the use of 1-azadiene 54 as the intermediate to achieve scaffold diversity.[42] The 1-azadiene is generated in situ from a phosphonate, a nitrile, and an aldehyde by a 3CR involving a Horner–Wadsworth– Emmons (HWE) reaction (Scheme 6).[43, 44] In 1995, Kiselyov Scheme 6. Modular reaction sequence involving the 1-azadiene 3CR as the initial MCR, to which several fourth components were added. The differentiating component in each reaction is indicated in red. EWG = electron-withdrawing group. reported the first MCR involving this 1-azadiene through its reaction with sodium or potassium salts of a-arylacetonitriles to afford 2-aminopyridines 55 (3 examples, 61–72 % yield; R1 = H, R2 = R3 = Ar).[45] The 1-azadiene was also treated with sodium enolates of methyl aryl ketones to afford 2,4,6substituted pyridines 56 (3 examples, 63–67 % yield; R1 = H, R2 = R3 = Ar).[45] Ten years later, Kiselyov reported an extension of this work, when he treated 1-azadiene 54 with amidines (R4 = alkyl, aryl) and guanidines (R4 = NHR) to afford polysubstituted pyrimidines 57 in 22–73 % yield. This MCR proved to have a rather high substrate scope, since all the components could be varied to some extent (19 examples; R1 = H, alkyl, Ph, R2 = R3 = Ar).[46] Furthermore, the one-pot reaction of 54 with 5-aminopyrazoles (58, X = N, Y = C) and 6240 www.angewandte.org 2-aminoimidazoles (58, X = C, Y = N) resulted in the formation of bicyclic compounds 59 and 60 (12 examples, 52–77 % yield; R1 = H, R2 = R3 = Ar).[47] In another one-pot procedure, Kiselyov treated 54 with the dianion of methyl imidazolyl acetates 61 to yield imidazo[1,2-a]pyridines 62 (12 examples, 54–75 % yield; R1 = H, R2 = R3 = Ar).[48] Our research group has also contributed to these 1azadiene-based MCRs by treating 54 with isocyanates to selectively afford functionalized 3,4-dihydropyrimidine-2ones 63 (29 examples, 15–90 % yield)[49, 50] and triazinane diones 64 (17 examples, 25–91 % yield)[51, 52] depending on the nature of the isocyanate (Scheme 6). The use of isocyanates with strongly electron-withdrawing groups (R4 = Ts, pNO2Ph, CO2Me, Bz) resulted in the exclusive formation of the dihydropyrimidones 63, thus establishing a useful and versatile alternative to the well-known Biginelli 3CR.[15, 16] On the other hand, isocyanates with less electron-withdrawing (R4 = Ph, p-methoxyphenyl (PMP)) or electron-donating substituents (R4 = Et, Bn) resulted in the formation of triazinane diones 64. Dihydropyrimidones 63 are most likely formed by nucleophilic attack of the 1-azadiene nitrogen atom on the isocyanate (with electron-withdrawing substituents), followed by cyclization. On the other hand, when isocyanates with less electron-withdrawing or electron-donating substituents are used, the initial condensation product of the 1-azadiene to the isocyanate is sufficiently nucleophilic to react with a second equivalent of isocyanate. This secondary condensation product then cyclizes to afford the triazinane diones. Interestingly, the use of isothiocyanates as the fourth component resulted in the formation of 2-aminothiazines 65, which undergo Dimroth rearrangement upon microwave heating to give dihydropyrimidine-2-thiones 66.[53] Perhaps the most intriguing reaction in this family is the reaction of azadiene 54 with a-isocyano esters to give isocyano-substituted dihydropyridones 67.[54, 55] The retained isocyanide function allows combination with isocyanide-based MCRs for further scaffold differentiation.[56–58] A second MCR discovery approach that uses modular reaction sequences was reported by Zhu and co-workers. They combined the diaminooxazole 68 MCR with primary amines (see also Scheme 3) with a subsequent N-acylation using a,b-unsaturated acid chlorides 69 (fourth component) to afford polysubstituted pyrrolopyridinones 73 (Scheme 7).[28, 59] After acylation and heating, the formation of 73 can be explained by an intramolecular Diels–Alder reaction that affords the bridged tricyclic intermediate 71. A subsequent base-catalyzed retro-Michael cycloreversion with loss of morpholine and aromatization gives 73. A variation of this reaction involving the same intermediate oxazole MCR product 68 makes use of activated alkynoic acids 74 as the fourth component.[60] The resulting intermediate undergoes an intramolecular Diels–Alder reaction followed by a retro-Diels–Alder reaction with loss of a nitrile to furnish dihydrofuropyrrolones 77. The furan moiety in this product is a diene that can react with a fifth component (a dienophile) in a second Diels–Alder reaction to give hexasubstituted benzenes 79 after loss of water. Since all the reactions occur in one pot, this MCR has evolved from a three- to a five-component reaction through application of a 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 Multicomponent Reactions Scheme 8. Tuning a 3CR to three different scaffolds by adapting the reaction conditions.[61] Newly formed bonds in each reaction are indicated in red. MW = microwave irradiation. Scheme 7. Modular reaction sequences reported by Zhu and co-workers involving an initial diaminooxazole MCR. The first differentiating components are indicated in red, the second in blue. very elegant modular reaction sequence. This approach has resulted in three different highly functionalized scaffolds originating from a single 3CR. In summary, modular reaction sequences have proven to be extremely useful for the rapid generation of scaffold diversity. This strategy can be regarded as a subtype of SRR, but the unique feature of MRSs is the involvement of a single type of versatile reactive intermediate that displays divergent reactivity modes. Since the generation of the reactive intermediate is a constant, several MCRs that afford different scaffold structures can be achieved using the same experimental setup. This is an especially attractive feature of this strategy in regard to parallel synthesis and library generation: ingenious planning of modular reaction sequences allow the straightforward generation of diverse scaffold libraries. 2.3. Divergence through Changing the Reaction Conditions Conditions-based divergence in MCRs (CBD, Figure 4 c) generates multiple molecular scaffolds from the same starting materials by merely applying different conditions. Intuitively, it is not very surprising that several different potential reaction pathways leading to different products are possible for reactions involving simultaneous molecular interactions of three or more components. For example, the use of specific catalysts, solvents, or additives may direct the course of the reaction along different pathways that produce distinct scaffolds. This is certainly not possible for all MCRs. Consequently, optimizing CBD is not straightforward, which is reflected in the limited number of reported examples. In 2008, Chebanov et al. reported an excellent example of a conditions-based divergence by the multicomponent reaction of 5-aminopyrazole 80, cyclic 1,3-diketones 81, and aromatic aldehydes (Scheme 8).[61] 5-Aminopyrazole 80 has at least three non-equivalent nucleophilic centers (N1, C4, Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 NH2), but the authors were able to direct the reaction to three distinct scaffolds (82, 86, and 88) by changing the reaction conditions. A mixture of 82 and 88 was obtained under conventional heating (reflux in ethanol), but heating to 150 8C in a sealed vessel (microwave irradiation or conventional heating) in the presence of NEt3 led to the exclusive formation of Hantzsch product[62] 82 (8 examples, 70–91 % yield). This finding indicates that the Hantzsch product is most likely the thermodynamically favored product in this transformation. Although a thorough mechanistic study was not performed, the reaction likely proceeds via intermediate 83, which upon loss of water affords Hantzsch product 82. When a nucleophilic base such as sodium ethoxide or potassium tert-butoxide was used instead of NEt3 (under otherwise identical conditions), a different reaction product was produced (86; 9 examples, 38–75 % yield). The formation of 86 can be explained by a nucleophilic attack of the alkoxide on intermediate 83 followed by ring opening/recyclization. Neutral and ambient conditions lead to the formation of the kinetically controlled Biginelli product 88 (8 examples, 51– 70 %). The authors found that sonication was required to obtain the final product, since simply stirring the three components at room temperature did not result in any desired reaction. Recently, our research group has used the CBD concept to develop MCRs as a tool for DOS. By judicious selection of the reaction conditions, the 3CR between a-acidic isocyanides 89 (isocyano amides or esters), aldehydes or ketones, and primary amines could be directed towards either 2-imidazolines 90 or trisubstituted oxazoles 91 (Scheme 9).[63] By applying 2 mol % AgOAc as a catalyst, 2-imidazolines 90 were obtained selectively, while the use of a Brønsted acid (for X = NR2) or a polar aprotic solvent (for X = OR) provided the corresponding oxazoles 91 selectively. The formation of 2-imidazolines 90 can be mechanistically explained by coordination of the isocyanide carbon atom to Ag+, which enhances the a acidity of the isocyanide (Pathway A), and reduces the nucleophilicity of the isocyanide carbon atom (preventing pathway B). Upon loss of a proton, 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 6241 Reviews R. V. A. Orru et al. diverse (and complex) scaffolds available, thus making this strategy excellent for application in DOS. The combination of MCRs in one pot was first introduced by Dmling and Ugi who developed a seven-component reaction (7CR) by the one-pot combination of a modified Asinger 4CR[65] and the Ugi 4CR.[66] In this 7CR, an a- or bhalo aldehyde, NaSH/NaOH, NH3, another aldehyde, an isocyanide, CO2, and a primary alcohol (solvent) are combined to afford complex thiazolidines efficiently (e.g. 96, Scheme 10). However, NaSH/NaOH, NH3, and CO2 are Scheme 9. Directing the MCR of a-acidic isocyanides, carbonyl components, and primary amines towards 2-imidazolines 90 and trisubstituted oxazoles 91. Newly formed bonds in each reaction are indicated in red. the isocyanide a-anion 92 can undergo a Mannich-type addition to the iminium ion followed by cyclization to give 2-imidazoline 90. In contrast, addition of a Brønsted acid (Pathway B) will lower the concentration of the isocyanide aanion, thereby making pathway A less favorable. Since the imine is activated by the Brønsted acid, the isocyanide carbon atom of 89 can attack the iminium ion, thereby leading to intermediate 94. After proton abstraction and cyclization, oxazole 91 is formed. Similar CBD approaches are possible for the related 3CR of primary a-isocyano amides, aldehydes, or ketones and primary amines to give N-(cyanomethyl)amides 35 (see also Scheme 3). This reaction follows a similar course as the formation of oxazoles (Scheme 8). Consequently, the use of a Brønsted acid leads to selective formation of N-(cyanomethyl)amides 35, while the addition of 2 mol % AgOAc leads to the exclusive formation of the corresponding 2-imidazolines.[29] Many examples of CBD are based on serendipitous discovery. The enormous potential of CBD to generate diverse sets of scaffolds from a very small set of inputs, therefore advocates the need for explorative experimentation. However, careful consideration of the decisive factors of different reactivity modes can allow the rational design of CBD. 2.4. Combination of MCRs The combination of MCRs (MCR2, Figure 4 d) is a fourth strategy for the rational design of novel MCRs that combine two (or more) different types of MCRs in a one-pot process. The presence of orthogonal reactive groups in the product of the primary MCR, which is either formed during the primary MCR or present in one of the inputs allows the combination with the secondary MCR.[13, 64] Varying the successive MCR (for example, by addition of inputs E/F or G/H) will make 6242 www.angewandte.org Scheme 10. Combination of the modified Asinger 4CR and an Ugi-type MCR to afford thiazolidines. invariable components in this reaction, which significantly limits the appendage diversity and thus the scope of the MCR. Another example was also reported by Ugi et al., namely the combination of a Ugi five-center four-component reaction (U-5C-4CR) with a Passerini 3CR.[67] This one-pot procedure uses l-aspartic acid as a two-center one-component input. Since the a adduct of an a-amino acid, an aldehyde, and an isocyanide cannot undergo the Mumm rearrangement, the solvent MeOH acts as a competing nucleophile, thereby resulting in a U-5C-4CR that leads to a methyl a-amido ester. The d-carboxylic acid can only participate in the (much slower) Passerini 3CR. The same aldehyde and isocyanide are used in both MCRs, which limits the variability of the products. In 2003, Portlock et al. reported the combination of the Petasis 3CR and the Ugi 4CR.[67–70] However, an intermediate solvent change was required, which limits the practicality of this approach. In 2007, we showed that the 4CR for the preparation of isocyano dihydropyridones 67 (see Scheme 6) can be combined in one pot with the Passerini 3CR to give constrained depsipeptides 97 (Scheme 11).[56] The yield of the one-pot procedure is comparable with the combined yield of the separate reactions. In 2009, our research group demonstrated that a combination of MCRs can be used to achieve complexity as well as scaffold diversity (Scheme 12).[71] The strategy is based on the 3CRs of isocyano esters or amides, aldehydes or ketones, and amines to give 2-imidazolines[72] or N-(cyanomethyl)amides.[29] Both reactions show extraordinary functional group and solvent compatibility. By incorporation of a Scheme 11. Combination of the 4CR for isocyanodihydropyridones and the P-3CR. The primary MCR scaffold structure is shown in red and the secondary scaffold in blue. 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 Multicomponent Reactions Scheme 12. Combination of MCRs based on 2-imidazoline and N-(cyanomethyl)amide MCRs. The primary MCR scaffold structures are shown in red, the secondary scaffolds in blue, and the tertiary scaffold in green. Primary MCR intermediates are in red boxes, double MCR (MCR2) products in blue boxes, and the triple MCR (MCR3) product in the green box. second orthogonally reactive group in one of the starting materials, these MCRs can be coupled to various secondary MCRs. For example, sodium glycinate can be used in the 2imidazoline 3CR to afford carboxylate-functionalized imidazoline intermediate 98, which can participate in a U-4CR after protonation to give 99. A more versatile approach involves the use of diisocyanides 100. The two isocyanide functionalities show intrinsically different reactivities. The a-isocyanide is a acidic and more reactive, which results in the chemoselective formation of the intermediate 2-imidazoline 101 and N-(cyanomethyl)amide 106. The d-isocyanide provides a handle for subsequent isocyanide-based MCRs. Since the 2-imidazoline MCR can be performed in a wide range of solvents, the optimal solvent for the secondary MCR can be used in each case. Consequently, intermediate isocyanoimidazoline 101 can undergo a variety of secondary MCRs, including a Passerini 3CR to give 102, a Ugi 4CR to give 103, an intramolecular Ugi variant[73] with levulinic acid to give 105, and a recently reported 3CR for the preparation of 1,6-dihydropyrazine-2,3-dicarbonitrile derivatives[74] such as 104. Similarly, intermediate isocyano-N(cyanomethyl)amide 106 can undergo a Passerini 3CR to give 107, a Ugi 4CR to give 108, and a Ugi–Smiles[75, 76] 4CR to give 109. Finally, it even proved possible to combine three MCRs in one pot by connecting intermediates 98 and 106 (generated by two sequential, orthogonal MCRs) through a Ugi 4CR to result in the formation of 110 through a unique eight-component reaction.[71] Westermann and co-workers recently reported the onepot combination of the Ugi and Ugi–Smiles 4CRs through the use of a reactant that contains both a carboxylic acid and a 2nitrophenol or 2-hydroxypyridine moiety.[77] Although the Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 Ugi 4CR was found to be relatively fast with respect to the Ugi–Smiles reaction, a sequential Ugi/Ugi–Smiles one-pot 7CR (using a different combination of isocyanide, aldehyde, and amine in the Ugi reaction than in the Ugi–Smiles reaction) afforded the desired products in relatively low yield compared to the pseudo-7CR approach where the same isocyanide, aldehyde, and amine input were used for both reactions. Al-Tel et al. combined the Groebke–Bienaym–Blackburn 3CR[78–80] with Ugi or Passerini MCRs to arrive at a series of 5- and 6CRs with highly complex products.[81] An interesting feature of the Groebke–Bienaym–Blackburn 3CR of aminoheteroaromatic compounds, aldehydes, and isocyanides is that it directly affords pharmaceutically relevant heterocyclic products (e.g. 105, Scheme 13). 3. Towards stereoselective MCRs One of the main limitations of MCRs as synthetic tools is the typical lack of stereocontrol. For example, a generally applicable catalytic asymmetric Ugi reaction is considered a holy grail in MCR chemistry. In practice, however, the stereoselectivity of many (isocyanide-based) MCRs is notoriously poor. Although there are some examples of catalytic asymmetric Passerini(-type) three-component reactions (P3CR),[82–86] the enantioselectivities are generally modest and only good in specific cases, with aluminum–salen complexes being the most promising catalysts.[86] Zhu and co-workers have recently reported very promising results for their isocyanide-based MCRs for the synthesis of oxazoles.[87, 88] The general problem is that many MCRs, including the U- 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 6243 Reviews R. V. A. Orru et al. Scheme 13. Combination of Groebke–Bienaym–Blackburn 3CR and Ugi 4CR. The primary MCR scaffold structures are shown in red and the secondary scaffolds in blue.[81] 4CR, are essentially uncatalyzed. The discovery of a catalyst for a certain MCR is the important first step in the development of a (catalytic) asymmetric version.[89] For example, acid-catalyzed classical MCRs such as the Hantzsch,[62] Biginelli,[15] Povarov,[90] and Mannich[91] reactions have greatly benefited from the recent rise of chiral Brønsted acid catalysis (Scheme 14).[92–95] Other recent developments in organocatalysis have led to the development of a number of very elegant asymmetric cascade processes.[96] Several classical MCRs have also benefitted from other developments in asymmetric organocatalysis.[97] Barbas and co-workers described how careful selection of pyrrolidinetype organocatalysts allows full control of the stereochemical diversity in the Mannich reaction.[98, 99] The nature of the organocatalyst determines the stereochemical outcome of the reaction. The use of l-proline and (3R,5R)-5-methyl-3pyrrolidinecarboxylic acid as catalysts leads to the formation of (2S,3S)-syn and (2S,3R)-anti diastereomers, respectively, in high diastereo- and enantioselectivity. The difference in the stereochemical outcome of the two reactions can be rationalized by the difference in the preferred conformation of the intermediate enamines. The facial selectivity (the re face of the enamine reacts with the si face of the imine) is controlled by the carboxylic acid, which activates the imine. Evidently, the enantiomeric products are accessible by using the opposite enantiomers of the organocatalysts, thus providing access to all four possible stereoisomers. Exploiting the intrinsic diastereoselectivity of certain MCRs is another attractive strategy for the development of stereoselective MCRs.[11] Since the availability of chiral pool materials is limited, straightforward and reliable methods for the generation of optically pure MCR inputs are required. The (one-pot) combination of such methods with MCRs opens up exciting opportunities to address stereochemical diversity in DOS/BIOS-based library design. In this context, biocatalysis is a promising, yet virtually unexplored method. Recently, we used a monoamine oxidase to desymmetrize meso-pyrrolidines to the corresponding 1-pyrrolines, which then react in a highly diastereoselective Ugi-type MCR (Scheme 15).[100] Moreover, we were able to exploit this Scheme 15. Oxidative desymmetrization of meso-pyrrolidines by monoamine oxidase N (MAO-N) from Aspergillus niger and subsequent Ugitype MCR in the synthesis of organocatalysts (e.g. 125),[100] synthetic alkaloids (e.g. 126),[103] and the hepatitis C drug candidate telaprevir (124).[101] Newly formed bonds in the MCR are indicated in red. method in a short and efficient asymmetric synthesis of the important hepatitis C drug candidate (HCV NS3 protease inhibitor) telaprevir (124),[101] as well as a Wennemers-type organocatalyst for asymmetric Henry reactions (125)[100, 102] and polycyclic alkaloid-type compounds (e.g. 126).[103] 4. Summary and Outlook Scheme 14. a) Organocatalytic asymmetric Biginelli 3CR using chiral phosphoric acid 118.[93] b) Organocatalytic asymmetric Hantzsch 4CR using chiral phosphoric acid 119.[92] c) Organocatalytic asymmetric Povarov 3CR using chiral phosphoric acid 120.[94] d) Organocatalytic asymmetric Mannich 3CR using chiral phosphoric acid 120.[95] Newly formed bonds are indicated in red. Cbz = benzyloxycarbonyl, Ts = 4toluenesulfonate. 6244 www.angewandte.org Many classical MCRs involve 1) the unique reactivities of isocyanides[8] (e.g. Passerini, Ugi), or 2) the combination of bdicarbonyl compounds, amines, and aldehydes (e.g. Hantzsch, Biginelli).[104–106] Variations on these themes have led to the discovery of many interesting MCRs. However, options for further expansion of this repertoire are limited. Future 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 Multicomponent Reactions strategies for the development of new MCRs will most likely focus more on the one-pot combination of sequential, orthogonal reactions. For example, (multicomponent) reactions with high functional group and solvent compatibility allow their straightforward one-pot combination with other reactions, thereby leading to highly atom- and step-economical procedures. Furthermore, modular reaction sequences allow stepwise expansion of scaffold diversity. Some MCR purists may claim such sequential one-pot reactions are not true multicomponent reactions, since the reagents can not all be added simultaneously. In our opinion, it is more practical to consider what we wish to achieve with an MCR, that is, a practical, atom-economic, one-pot procedure that delivers complex products with high variability. For this purpose, a true MCR must: 1) involve a true one-pot procedure without intermediate workup or solvent change; 2) incorporate essentially all of the atoms of the reactants into the product, with the exception of small condensation by-products, and 3) involve only inputs that can be independently varied. In addition, the variability of each of the components should be sufficient to ensure a high overall appendage diversity. Recent advances in homogeneous catalysis (and especially organocatalysis) offer a bright future for the development of novel catalytic (asymmetric) MCRs. Our growing insights in the fundamental (and conditional) reactivity of functional groups will lead to the development of many chemo-, regio-, and stereoselective MCRs in years to come. It should, however, be noted that this fundamental understanding is based on many decades of curiosity-driven research, which will continue to be required for future innovation in synthetic strategies. Moreover, it will lead to the serendipitous discovery of many more new reactions—for as much as we may know, chemistry always has new and intriguing surprises in store. This work was supported financially by a Vici grant of the Netherlands Organization for Scientific Research (NWO) to R.V.A.O.. Received: October 17, 2010 [1] S. L. Schreiber, Nature 2009, 457, 153. [2] C. M. Dobson, Nature 2004, 432, 824. [3] C. A. Lipinski, F. Lombardo, B. W. Dominy, P. J. Feeney, Adv. Drug Delivery Rev. 2001, 46, 3. [4] C. Lipinski, A. Hopkins, Nature 2004, 432, 855. [5] S. L. Schreiber, Science 2000, 287, 1964. [6] A. Nren-Mller, J. Ivan Reis-CorrÞa, H. Prinz, C. Rosenbaum, K. Saxena, H. J. Schwalbe, D. Vestweber, G. Cagna, S. Schunk, O. Schwarz, H. Schiewe, H. Waldmann, Proc. Natl. Acad. Sci. USA 2006, 103, 10 606. [7] R. Breinbauer, I. R. Vetter, H. Waldmann, Angew. Chem. 2002, 114, 3002; Angew. Chem. Int. Ed. 2002, 41, 2878. [8] A. Dmling, Chem. Rev. 2006, 106, 17. [9] A. Dmling, I. Ugi, Angew. Chem. 2000, 112, 3300; Angew. Chem. Int. Ed. 2000, 39, 3168. [10] R. V. A. Orru, M. de Greef, Synthesis 2003, 1471. [11] D. J. Ramn, M. Yus, Angew. Chem. 2005, 117, 1628; Angew. Chem. Int. Ed. 2005, 44, 1602. [12] J. Zhu, Eur. J. Org. Chem. 2003, 7, 1133. Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 [13] J. Zhu, H. Bienaym, Multicomponent Reactions, Wiley-VCH, Weinheim, 2005. [14] A. Strecker, Justus Liebigs Ann. Chem. 1850, 75, 27. [15] P. Biginelli, Gazz. Chim. Ital. 1893, 23, 360. [16] C. O. Kappe, Tetrahedron 1993, 49, 6937. [17] I. Ugi, R. Meyr, U. Fetzer, C. Steinbrcker, Angew. Chem. 1959, 71, 386. [18] I. Ugi, Angew. Chem. 1962, 74, 9; Angew. Chem. Int. Ed. 1962, 1, 8. [19] S. Marcaccini, T. Torroba, Nat. Protoc. 2007, 2, 632. [20] J. D. Sunderhaus, S. F. Martin, Chem. Eur. J. 2009, 15, 1300. [21] T. E. Nielsen, S. L. Schreiber, Angew. Chem. 2008, 120, 52; Angew. Chem. Int. Ed. 2008, 47, 48. [22] N. A. Petasis, A. Goodman, I. A. Zavialov, Tetrahedron 1997, 53, 16463. [23] N. Kumagai, G. Muncipinto, S. L. Schreiber, Angew. Chem. 2006, 118, 3717; Angew. Chem. Int. Ed. 2006, 45, 3635. [24] B. Ganem, Acc. Chem. Res. 2009, 42, 463. [25] M. Passerini, L. Simone, Gazz. Chim. Ital. 1921, 51, 126. [26] L. Banfi, R. Riva, Org. React. 2005, 65, 1. [27] Q. Xia, B. Ganem, Org. Lett. 2002, 4, 1631. [28] X. Sun, P. Janvier, G. Zhao, H. Bienaym, J. Zhu, Org. Lett. 2001, 3, 877. [29] N. Elders, E. Ruijter, F. J. J. De Kanter, E. Janssen, M. Lutz, A. L. Spek, R. V. A. Orru, Chem. Eur. J. 2009, 15, 6096. [30] O. Diels, J. Harms, Justus Liebigs Ann. Chem. 1936, 525, 73. [31] R. Huisgen, M. Morikawa, K. Herbig, E. Brunn, Chem. Ber. 1967, 100, 1094. [32] V. Nair, B. R. Devi, L. R. Varma, Tetrahedron Lett. 2005, 46, 5333. [33] V. Nair, A. R. Sreekanth, N. Abhilash, M. M. Bhadbhade, R. C. Gonnade, Org. Lett. 2002, 4, 3575. [34] V. Nair, A. R. Sreekanth, A. T. Biju, N. P. Rath, Tetrahedron Lett. 2003, 44, 729. [35] I. Yavari, M. Piltan, L. Moradi, Tetrahedron 2009, 65, 2067. [36] M. F. A. Adamo, D. Donati, E. F. Duffy, P. Sarti-Fantoni, J. Org. Chem. 2005, 70, 8395. [37] M. F. A. Adamo, V. R. Konda, Org. Lett. 2007, 9, 303. [38] M. F. A. Adamo, E. F. Duffy, Org. Lett. 2006, 8, 5157. [39] M. F. A. Adamo, V. R. Konda, Tetrahedron Lett. 2008, 49, 6224. [40] M. A. Mironov, QSAR Comb. Sci. 2006, 25, 423. [41] L. Weber in Multicomponent Reactions (Eds.: J. Zhu, H. Bienaym), Wiley-VCH, Weinheim, 2005. [42] B. Groenendaal, E. Ruijter, R. V. A. Orru, Chem. Commun. 2008, 5474. [43] K. Lee, D. Y. Oh, Synthesis 1991, 213. [44] W. S. Shin, K. Lee, D. Y. Oh, Tetrahedron Lett. 1995, 36, 281. [45] A. S. Kiselyov, Tetrahedron Lett. 1995, 36, 9297. [46] A. S. Kiselyov, Tetrahedron Lett. 2005, 46, 1663. [47] A. S. Kiselyov, L. Smith II, Tetrahedron Lett. 2006, 47, 2611. [48] A. S. Kiselyov, Tetrahedron Lett. 2006, 47, 2941. [49] D. J. Vugts, H. Jansen, R. F. Schmitz, F. J. J. De Kanter, R. V. A. Orru, Chem. Commun. 2003, 2594. [50] D. J. Vugts, M. M. Koningstein, R. F. Schmitz, F. J. J. De Kanter, M. B. Groen, R. V. A. Orru, Chem. Eur. J. 2006, 12, 7178. [51] B. Groenendaal, E. Ruijter, F. J. J. De Kanter, M. Lutz, A. L. Spek, R. V. A. Orru, Org. Biomol. Chem. 2008, 6, 3158. [52] B. Groenendaal, D. J. Vugts, R. F. Schmitz, F. J. J. De Kanter, E. Ruijter, M. B. Groen, R. V. A. Orru, J. Org. Chem. 2008, 73, 719. [53] T. N. Glasnov, D. J. Vugts, M. M. Koningstein, B. Desai, W. M. F. Fabian, R. V. A. Orru, C. O. Kappe, QSAR Comb. Sci. 2006, 25, 509. [54] M. Paravidino, R. S. Bon, R. Scheffelaar, D. J. Vugts, A. Znabet, F. J. J. de Kanter, M. Lutz, A. L. Spek, M. B. Groen, R. V. A. Orru, Org. Lett. 2006, 8, 5369. 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 6245 Reviews R. V. A. Orru et al. [55] R. Scheffelaar, M. Paravidino, A. Znabet, R. F. Schmitz, F. J. J. de Kanter, M. Lutz, A. L. Spek, C. F. Guerra, F. M. Bickelhaupt, M. B. Groen, E. Ruijter, R. V. A. Orru, J. Org. Chem. 2010, 75, 1723. [56] M. Paravidino, R. Scheffelaar, R. F. Schmitz, F. J. J. de Kanter, M. B. Groen, E. Ruijter, R. V. A. Orru, J. Org. Chem. 2007, 72, 10239. [57] R. Scheffelaar, R. A. Klein Nijenhuis, M. Paravidino, M. Lutz, A. L. Spek, A. W. Ehlers, F. J. J. de Kanter, M. B. Groen, R. V. A. Orru, E. Ruijter, J. Org. Chem. 2009, 74, 660. [58] R. Scheffelaar, M. Paravidino, D. Muilwijk, M. Lutz, A. L. Spek, F. J. J. de Kanter, R. V. A. Orru, E. Ruijter, Org. Lett. 2009, 11, 125. [59] P. Janvier, X. Sun, H. Bienaym, J. Zhu, J. Am. Chem. Soc. 2002, 124, 2560. [60] P. Janvier, H. Bienaym, J. Zhu, Angew. Chem. 2002, 114, 4467; Angew. Chem. Int. Ed. 2002, 41, 4291. [61] V. A. Chebanov, V. E. Saraev, S. M. Desenko, V. N. Chernenko, I. V. Knyazeva, U. Groth, T. N. Glasnov, C. O. Kappe, J. Org. Chem. 2008, 73, 5110. [62] A. Hantzsch, Justus Liebigs Ann. Chem. 1882, 215, 1. [63] N. Elders, E. Ruijter, F. J. J. De Kanter, M. B. Groen, R. V. A. Orru, Chem. Eur. J. 2008, 14, 4961. [64] A. Dmling, Curr. Opin. Chem. Biol. 2000, 4, 318. [65] F. Asinger, M. Thiel, Angew. Chem. 1958, 70, 667. [66] A. Dmling, I. Ugi, Angew. Chem. 1993, 105, 634; Angew. Chem. Int. Ed. Engl. 1993, 32, 563. [67] I. Ugi, A. Demharter, W. Hrl, T. Schmid, Tetrahedron 1996, 52, 11657. [68] D. Naskar, A. Roy, W. L. Seibel, L. West, D. E. Portlock, Tetrahedron Lett. 2003, 44, 6297. [69] D. E. Portlock, D. Naskar, L. West, R. Ostaszewski, J. J. Chen, Tetrahedron Lett. 2003, 44, 5121. [70] D. E. Portlock, R. Ostaszewski, D. Naskar, L. West, Tetrahedron Lett. 2003, 44, 603. [71] N. Elders, D. Van der Born, L. J. D. Hendrickx, B. J. J. Timmer, A. Krause, E. Janssen, F. J. J. De Kanter, E. Ruijter, R. V. A. Orru, Angew. Chem. 2009, 121, 5970; Angew. Chem. Int. Ed. 2009, 48, 5856. [72] N. Elders, R. F. Schmitz, F. J. J. De Kanter, E. Ruijter, M. B. Groen, R. V. A. Orru, J. Org. Chem. 2007, 72, 6135. [73] G. C. B. Harriman, Tetrahedron Lett. 1997, 38, 5591. [74] A. Shaabani, A. Maleki, J. Moghimi-Rad, J. Org. Chem. 2007, 72, 6309. [75] L. El Kam, M. Gizolme, L. Grimaud, J. Oble, J. Org. Chem. 2007, 72, 4169. [76] L. El Kam, L. Grimaud, J. Oble, Angew. Chem. 2005, 117, 8175; Angew. Chem. Int. Ed. 2005, 44, 7961. [77] S. Brauch, L. Gabriel, B. Westermann, Chem. Commun. 2010, 46, 3387. [78] H. Bienaym, K. Bouzid, Angew. Chem. 1998, 110, 2349; Angew. Chem. Int. Ed. 1998, 37, 2234. 6246 www.angewandte.org [79] C. Blackburn, B. Guan, P. Fleming, K. Shiosaki, S. Tsai, Tetrahedron Lett. 1998, 39, 3635. [80] K. Groebke, L. Weber, F. Mehlin, Synlett 1998, 661. [81] T. H. Al-Tel, R. A. Al-Qawasmeh, W. Voelter, Eur. J. Org. Chem. 2010, 5586. [82] P. R. Andreana, C. C. Liu, S. L. Schreiber, Org. Lett. 2004, 6, 4231. [83] S. Denmark, Y. Fan, J. Am. Chem. Soc. 2003, 125, 7825. [84] S. Denmark, Y. Fan, J. Org. Chem. 2005, 70, 9667. [85] U. Kusebauch, B. Beck, K. Messer, E. Herdtweck, A. Dmling, Org. Lett. 2003, 5, 4021. [86] S.-X. Wang, M.-X. Wang, D.-X. Wang, J. Zhu, Angew. Chem. 2008, 120, 394; Angew. Chem. Int. Ed. 2008, 47, 388. [87] T. Yue, M.-X. Wang, D.-X. Wang, G. Masson, J. Zhu, J. Org. Chem. 2009, 74, 8396. [88] T. Yue, M.-X. Wang, D.-X. Wang, G. Masson, J. Zhu, Angew. Chem. 2009, 121, 6845; Angew. Chem. Int. Ed. 2009, 48, 6717. [89] J. E. Biggs-Houck, A. Younai, J. T. Shaw, Curr. Opin. Chem. Biol. 2010, 14, 371. [90] L. S. Povarov, Russ. Chem. Rev. 1967, 36, 656. [91] C. Mannich, I. Krsche, Arch. Pharm. 1912, 250, 647. [92] C. G. Evans, J. E. Gestwicki, Org. Lett. 2009, 11, 2957. [93] L.-Z. Gong, X.-H. Chen, X.-Y. Xu, Chem. Eur. J. 2007, 13, 8920. [94] H. Liu, G. Dagousset, G. Masson, P. Retailleau, J. Zhu, J. Am. Chem. Soc. 2009, 131, 4598. [95] G. Dagousset, F. Drouet, G. Masson, J. Zhu, Org. Lett. 2009, 11, 5546. [96] C. Grondal, M. Jeanty, D. Enders, Nat. Chem. 2010, 2, 167. [97] G. Guillena, D. J. Ramn, M. Yus, Tetrahedron: Asymmetry 2007, 18, 693. [98] A. Crdova, S. Watanabe, F. Tanaka, W. Notz, C. F. Barbas III, J. Am. Chem. Soc. 2002, 124, 1866. [99] S. Mitsumori, H. Zhang, P. H.-Y. Cheong, K. N. Houk, F. Tanaka, C. F. Barbas III, J. Am. Chem. Soc. 2006, 128, 1040. [100] A. Znabet, E. Ruijter, F. J. J. de Kanter, M. Helliwell, N. J. Turner, R. V. A. Orru, Angew. Chem. 2010, 122, 5417; Angew. Chem. Int. Ed. 2010, 49, 5289. [101] A. Znabet, M. M. Polak, E. Janssen, F. J. J. de Kanter, N. J. Turner, R. V. A. Orru, E. Ruijter, Chem. Commun. 2010, 46, 7918. [102] M. Wiesner, J. D. Revell, H. Wennemers, Angew. Chem. 2008, 120, 1897; Angew. Chem. Int. Ed. 2008, 47, 1871. [103] A. Znabet, J. Zonneveld, F. J. J. de Kanter, M. Helliwell, N. J. Turner, E. Ruijter, R. V. A. Orru, Chem. Commun. 2010, 46, 7706. [104] C. Simon, T. Constantieux, J. Rodriguez, Eur. J. Org. Chem. 2004, 4957. [105] F. Liby-Muller, C. Simon, T. Constantieux, J. Rodriguez, QSAR Comb. Sci. 2006, 25, 432. [106] D. Bonne, Y. Coquerel, T. Constantieux, J. Rodriguez, Tetrahedron: Asymmetry 2010, 21, 1085. 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 6234 – 6246 Minireviews K. A. Jørgensen et al. DOI: 10.1002/anie.201102522 One-Pot Reactions A Simple Recipe for Sophisticated Cocktails: Organocatalytic One-Pot Reactions—Concept, Nomenclature, and Future Perspectives Łukasz Albrecht, Hao Jiang, and Karl Anker Jørgensen* asymmetric synthesis · classification · nomenclature · one-pot reactions · organocatalysis Asymmetric organocatalysis has been successfully incorporated in many multistep one-pot sequences to provide simple access to structurally complex target molecules in a highly stereoselective fashion. The key feature behind this success is the ability of organocatalyzed reactions to proceed efficiently in the presence of large amounts of spectator reagents. Additionally, owing to their organic nature and substoichiometric presence, organocatalysts are also expected to become innocent bystanders in subsequent transformations. In this Minireview, an easy-to-use classification and nomenclatural system that is capable of systematically and informatively describing each one-pot reaction is introduced, and selected important contributions within the field of organocatalytic one-pot reactions are reviewed according to this new system. Finally, future developments and perspectives in the field are discussed. 1. Introduction Purification processes are probably the most time- and cost-demanding and waste-producing manual operations in modern organic syntheses. However, to avoid various compatibility issues and thus ensure that consecutive reactions proceed smoothly, intermediate purification steps often seem obligatory in synthetic routes (Figure 1, top). As a rival to this traditional “stop-and-go” [1] approach to synthesis with its obvious drawbacks stands the “one-pot” strategy,[2] in which multiple chemical transformations are performed sequentially in a single reaction vessel without intermediary purification steps (Figure 1, bottom). In industrial processes, the one-pot approach has long been adapted as an effective means of reducing time, costs, and waste generation, whereas in smallscale laboratory synthesis the “stop-and-go” tactic still seems to prevail. Especially in the case of asymmetric synthesis, in which reliability and reproducibility with respect to yield and stereoselectivity are key issues, the underlying uncertainties [*] Dr. Ł. Albrecht, H. Jiang, Prof. Dr. K. A. Jørgensen Center for Catalysis, Department of Chemistry Aarhus University Langelandsgade 140, DK-8000 Aarhus C (Denmark) E-mail: [email protected] 8492 regarding compatibility and outcome often discourage the use of one-pot approaches. Although the economic benefits resulting from the use of fewer purification steps compensate the time and effort devoted to the optimization and finetuning of industrial processes, similar advantages are much less predominant in laboratory synthesis.[3] To make it easier and more attractive to replace traditional purification-dependent step-by-step synthesis with much more step- and atomeconomical one-pot strategies even on a small scale, two crucial bottlenecks, namely, the issues of compatibility and reliability, must be circumvented. As one of the major hot topics in organic chemistry throughout the past decade, asymmetric organocatalysis[4] has introduced new perspectives with regard to the design and application of one-pot processes in enantioselective transformations.[5] Marked by its robust nature, organocatalysis is probably the most condition-tolerant method within the modern toolbox of asymmetric catalysis.[6] The fact that organocatalysis is insensitive to air and moisture as well as many metal or organic contaminants is believed to provide a higher degree of compatibility and reliability, hence setting the necessary foundation for successful and facile enantioselective one-pot syntheses. A basic keyword search in SciFinder reveals a clear picture of the historical development of one-pot reactions.[7] The number of scientific reports contain- 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Organocatalytic One-Pot Reactions Łukasz Albrecht, born in Łdź, Poland, received his MSc in chemistry in 2004 from the Technical University of Lodz. In 2008, he spent four months in the research group of Prof. Karl Anker Jørgensen. In 2009, he obtained his PhD from the Technical University of Lodz under the guidance of Professor Henryk Krawczyk. Currently he is a postdoctoral fellow at the Center for Catalysis, Aarhus University, Denmark, where he is investigating new applications of asymmetric organocatalysis under the supervision of Prof. Karl Anker Jørgensen. Hao Jiang was born in Shanghai, P. R. China in 1984. He studied chemistry at Aarhus University and received his MSc in 2009. He is currently persuing his PhD studies under the supervision of Prof. Karl Anker Jørgensen at the Center for Catalysis, Aarhus University. His research involves the development of new methodologies in asymmetric organocatalysis. Karl Anker Jørgensen received his PhD from Aarhus University in 1984. He was a postdoctoral student with Prof. Roald Hoffmann, Cornell University in 1985. In the same year, he became an assistant professor at Aarhus University, and in 1992 he was promoted to full professor. His research interests include the development, understanding, and application of asymmetric catalysis. Figure 1. Stop-and-go versus one-pot synthesis. ing the keyword “one-pot reaction” that appeared each year increased significantly during the period 1980–2010 (Figure 2). Prior to 1980, the number of reports on this subject was almost negligible. Although the number of articles containing the concept of a “one-pot reaction” rose steadily from 1980 to the turn of the millennium, it was during the last decade (2000–2010) that the one-pot reaction truly gained its current popularity. Significantly, the articles published in 2010 alone outnumbered the sum of reports published prior to 2000. The Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Figure 2. Number of references containing the keyword “one-pot reaction” from 1980 to 2010. (Data were obtained from a keyword search with SciFinder.) renaissance experienced around the year 2000 by organocatalysis, which quickly became a gold mine for organic chemists in the following years, does not necessarily provide a direct link to the escalation of one-pot reactions in the same 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 8493 Minireviews K. A. Jørgensen et al. period; however, judging from the enormous popularity of organocatalytic one-pot reactions today, a symbiotic interaction between the two hot topics might have occurred. The compatibility of organocatalysis with various catalytic systems based on bio-, metal, and photoredox catalysts, as well as many name reactions, has enabled facile access to complex and structurally diverse chiral compounds with minimal manual effort.[8] Field-specific readers are referred to several excellent and highly detailed reviews on related topics (e.g. the merging of organo- and metal catalysis).[9] A full overview of the enormous and rapidly expanding topic of organocatalytic one-pot reactions is outside the scope of this Minireview; instead, key success criteria and future perspectives are discussed. Moreover, a new method for the systematic classification and naming of one-pot reactions is introduced. 2. Classification and Nomenclature of One-Pot Reactions: Type, Order, Fingerprint Traditionally, asymmetric organocatalytic one-pot reactions have been differentiated by their respective mode of activation (e.g. aminocatalysis) and reactivity (e.g. the first reaction step proceeds via enamine or iminium-ion intermediates). Although this approach is highly logical, it occasionally suffers from the drawback that the actual classification of each reaction is made subjectively by the individual author. In most cases, there is universal agreement; however, when dealing with certain special reaction sequences, a “gray zone” may appear. Another disadvantage (which sometimes may be an advantage) may be that the division by reactivity is too specific, and a new subgroup must be introduced each time a new activation mode or reactivity pathway is invented. These concerns led us to attempt to produce a simple yet informative complementary instrument which would enable the systematic classification and description of each specific one-pot reaction on the basis of a set of universal rules. The proposed system relies on three parameters: type, order, and fingerprint (Figure 3). The reason for this division is discussed in the following. One-pot reactions have the ultimate goal of reducing time demands and waste production, and they have a clear link to industrial processes, for which economic and ecological profitability are the main issues of concern.[3c] Therefore, we propose that instead of focusing on the activation mode, a classification based on “manual operations” (number and position) may be more suitable. The total number of manual operations in a one-pot sequence is easily counted and may provide an indication of the complexity of the overall reaction and the required manual effort. With respect to asymmetric organocatalytic one-pot reactions, which are the main focus of this Minireview, different design plans could be selected depending on the nature of the final target and the availability of the starting materials. On the other hand, because of differences in reaction design, distinct success criteria apply for each specific type of one-pot sequence. A good differentiator for the various “types” of one-pot reaction is the position of the enantiodifferentiating operation in the entire reaction sequence. This operation could occur at the start, at the end, or in the middle of the whole sequence. By combining the “type” (position of enantiodifferentiation) and “order” (total number of manual operations) of the reaction, every organocatalytic one-pot sequence may be categorized in a simple and clear way. The two suggested indicators (type and order) also carry important information regarding the design, purpose, complexity, and success criteria of the overall transformation, and are therefore highly informative. Besides the two proposed levels of classification (18: position of the enantiodifferentiating manual operation; 28: total number of manual operations), it may be desirable to provide each specific reaction sequence with a “fingerprint” parameter (comparable to the nature of a molecular formula of a given structure). However, there are two main criteria that such a “fingerprint” should fulfill. First, it should be informative and capable of summarizing the overall transformation of the reaction sequence. Second, it should be universally applicable to every reaction and as simple as possible to use so as to ensure wide applicability. Among possible fingerprint parameters, we chose to use “bond formation” as the final indicator (mCnX, in which m is the number of CC bonds formed, and n is the number of CX bonds formed). Finally, by merging the two classification terms (position of the enantiodifferentiating manual operation; total number of manual operations) and the fingerprint, we could establish a general nomenclature that classifies and describes asymmetric one-pot reaction cascades. The three parameters and their purpose are summarized in Figure 3. In this section, each of the parameters is described in detail. We discuss the purpose and success criteria of each “type” of reaction, define a manual operation, and establish a universal set of rules for counting bonds formed. Figure 3. General nomenclature for one-pot reaction cascades. 8494 www.angewandte.org 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Organocatalytic One-Pot Reactions 2.1. Type (18 Classification): Position of the Enantiodifferentiating Manual Operation Organocatalytic one-pot synthetic strategies may serve many different purposes and have distinct success criteria. With the aim of achieving the highest degree of simplicity and rationality, we proposed to differentiate the different types one-pot reactions by the relative position of the enantiodifferentiating manual operation, which could be at the start (TypeA), in the middle (TypeB), or at the end (TypeC) of the whole sequence. The chemical purposes of the different reaction types are distinct, and as a result of the differences in reaction setup and positioning of the sensitive asymmetric catalytic step, the success criteria of TypeA/B/C reactions are also different. An overview of the chemical purpose and the success criteria of the three types of organocatalytic one-pot approaches is outlined in Table 1. TypeA reactions (with asymmetric catalysis as the first manual operation) serve the chemical purpose of the rapid assembly of structurally diverse chiral frameworks, which upon in situ modification may lead to highly complex target molecules that are often difficult to obtain by conventional methods. Catalyst deactivation is not an issue of concern owing to the early-stage catalysis step; instead, racemization and decomposition of the assembled chiral framework must be avoided. In contrast, TypeC reactions (with asymmetric catalysis at the end of the sequence) are valuable when complex and difficult-to-handle starting materials are involved. The common issues of concern, such as substrate lability and volatility or purification problems, are elegantly avoided by employing a one-pot strategy. However, as a consequence of the late-stage asymmetric catalytic reaction, relatively large amounts of contaminants and leftover chemicals coexist in the reaction mixture. These compounds could potentially inhibit the catalyst or erode stereoselectivity. Thus, the key success criterion in TypeC sequences is the use of a noninterfering catalytic system that is not sensitive to the reaction conditions. TypeB reactions combine the advantages of both TypeA and TypeC reactions and thereby provide a shortcut to the target molecules with minimal manual effort and waste generation. However, the success criteria of TypeB reactions will also be the sum of all previously mentioned issues, which makes reaction design a highly tedious process. 2.2. Order (28 Classification): Total Number of Manual Operations A second degree of classification may be provided by the total number of manual operations in the reaction sequence (nmo). This number gives a rough estimation of the complexity of the overall reaction and the manual effort required. However, it should not be used as a way of ranking reactions. For the purpose of simplicity, the number of manual operations (nmo) is counted as the sum of operations prior to the final purification step (which is not included in the factor nmo). A manual operation can be defined as any interruption of the cascade by the addition of reagents or the removal of the solvent. If removal of the solvent is followed by the addition of a reagent, and no time interval occurs between those two operations, solvent removal and reagent addition count as one manual operation. The first manual operation, which initiates the overall cascade, contributes to this parameter as one operation. The factor nmo (28 classification) serves as a parameter for the fine division of reactions within each main type (18 classification) of sequence. 2.3. Fingerprint: Bond Formation (mCnX) To complete the classification system, each overall onepot transformation is also given a fingerprint parameter in the form of “number of bonds formed”. This parameter summarizes the one-pot reaction cascade by relating it to the number of bonds formed in the overall transTable 1: The three main types of one-pot reaction, as distinguished by the relative position of the formation. To make this parameter enantiodifferentiating operation. more informative, we make a disType Position of Purpose Success criteria tinction between the formation of enantiodifferCC and CX bonds. The fingerentiation print parameter is defined by the TypeA[a] first manual construction of chiral frameworks, which avoid racemization/decomposiexpression mCnX, in which C refers operation are transformed into more valuable motifs tion of the chiral framework to CC bonds, and m is the number through in situ modifications of CC bonds created in the onepot reaction cascade. Similarly, X avoid racemization/decomposiTypeB in the middle assembly of labile starting materials, followed by the in situ construction of chiral tion as well as catalyst of the refers to CX bonds (in which X is frameworks; final modifications transform inhibition sequence any element other than carbon), the crude intermediates into the target and n is the number of CX bonds motifs in one reaction vessel formed in the one-pot reaction cascade. When calculating the numTypeC last manual in situ assembly of labile starting materials, avoid catalyst inhibition by the ber of bonds, the following rules operation followed by asymmetric catalysis relatively large amounts of leftover chemicals apply: I) The number of bonds formed in the reaction cascade is [a] “TypeA-1” describes a special class of one-pot reactions commonly known as domino/tandem defined by simple comparison of reactions. The success criteria of these reactions often include the necessity to ensure the “sequence the starting materials and the final specificity” of the reactions in the whole cascade. Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 8495 Minireviews K. A. Jørgensen et al. product; it does not depend on bond multiplicities. Newly formed single, double, and triple bonds are therefore treated in the same manner and contribute as one bond to the overall number of bonds formed. II) The formation of XX bonds (in which X is any element other than carbon) is neglected for simplicity. III) For reasons of simplicity, bond-breaking processes or bonds formed in one of the intermediates but destroyed at a later stage are not taken into consideration. IV) In oxidative (or formally oxidative) transformations, in which a double/triple bond is created from an existing single/ double bond, the formation of one bond is noted. V) For the corresponding reduction of unsaturated systems (from triple/ double bonds to double/single bonds), the simultaneous formation of a CX or CC bond in the reduction reaction (e.g. hydride addition, Grignard addition) is counted. Throughout the manuscript, the formed CC and CX bonds are colored red and blue, respectively, to provide a simpler overview for the reader. 2.4. Nomenclature Flowchart and Manual-Operation Toolbox To ease the usage of the proposed classification and nomenclature system, we have designed a simple step-by-step flowchart. All important information and the necessary tutorial guidance has been included (see Figure 4). Moreover, since many one-pot processes do not include an enantiodifferentiating step, for example, diastereoselective synthesis or the synthesis of racemic or achiral compounds, we have added three additional types, TypeDia, TypeRac, and TypeAch, to the 18 classification to incorporate these sequences in the present system. In the same way as this flowchart may ease nomenclatural assignment, it is also desirable to be able to graphically visualize the individual steps in a one-pot sequence to obtain a simple and descriptive overview of an otherwise complex reaction cascade. We have chosen to depict each manual operation as a gear wheel; thus, the overall one-pot process can be represented as a chain of connected gears. The most commonly encountered manual operations, categorized according to their chemical purpose, are listed in Table 2. Each individual one-pot reaction may then be readily depicted schematically on the basis of its composition of manual operations. This method of illustration is used throughout this Minireview. 3. Quantification Methods Besides a classification and nomenclature system, it is also desirable to have measures to quantify the efficiency of the one-pot reaction cascade. The classical yield expression is not very informative or accurate in these instances, since it does not reflect the fact that several bonds are formed and a number of manual operations are performed in a given onepot reaction cascade. Furthermore, such operations benefit from the omission of all intermediary purification or isolation procedures when the reaction sequence is performed in a onepot fashion. Therefore, we propose the use of expressions such as yield per bond formed (YPBF), yield per manual operation (YPMO), and purification factor (Pf) to improve the overview of the one-pot cascade performed.[10] 3.1. Yield per Bond Formed (YPBF) The expression YPBF defines the efficiency of the one-pot reaction by relating its yield to the number of bonds formed (b) in the overall cascade. The b factor is determined by simple comparison of the starting materials and the products. Similarly to the fingerprint parameter used in the nomenclature introduced, only bonds formed that are present in the final product are taken into consideration. However, in this case CC and CX bonds are treated the same. Each multiple bond formed contributes as one bond to the b factor. The expression YPBF is defined by Equation (1): YPBF www.angewandte.org ð1Þ in which YPBF is the yield per bond formed [%], Y is classical yield of the one-pot reaction cascade, and b is the number of bonds formed in the one-pot reaction cascade (b = m + n; see Figure 3 and Section 2.3). Figure 4. Nomenclature flowchart. 8496 rffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffi Y b 100% ¼ 100% 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Organocatalytic One-Pot Reactions Table 2: Manual-operation toolbox. Manual operation Abbre- Illustration Details viation asymmetric AOC organocatalysis describes all asymmetric organocatalytic transformations addition reaction ADN describes various addition reactions, e.g. 1,2- and 1,4-additions elimination reaction ELN describes E1, E2, and E1cb reactions substitution reaction SBN describes all nucleophilic and electrophilic substitution reactions rearrangement REA describes all rearrangement reactions metal catalysis MEC describes all metal-catalyzed reactions redox reaction ROX describes all transformations involving redox manipulations operations, such as the addition of a reagent, cannot have a yield. Instead, they initiate chemical reactions, which result in a product with a particular yield. However, it is often simpler to count the number of manual operations than to count the number of distinct reaction steps, and given the correlation between the manual operations and the reactions, the term YPMO should serve as a good indicator of the efficiency of the overall process. The value of YPMO can be calculated from Equation (2): YPMO ¼ rffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffiffi Y 100% 100% nmo ð2Þ in which YPMO is the yield per manual operation [%], Y is the classical yield of the one-pot reaction cascade, and nmo is the number of manual operations performed in the one-pot reaction cascade. 3.3. Purification Factor (Pf ) protection/ deprotection PDN describes all protection and deprotection reactions condensation CDN describes all condensation reactions annulations ANN describes all ring-closure reactions chain elongation CEN describes all chain elongations, e.g. Wittig, Corey–Fuchs reactions inactivation/ neutralization/ isolation INI describes all manual operations designed to neutralize or inactivate contaminants or reagents from previous reaction steps or the isolation of the final product by crystallization or precipitation isomerization ISM describes all isomerization reactions other reactions OTH describes all other reactions 3.2. Yield per Manual Operation (YPMO) In contrast to YPBF, YPMO relates the yield of the one-pot cascade to the simple manual operation. In this respect, YPMO is more similar to classical yield and indicates the average yield of each single manual operation performed in the onepot reaction cascade (for the definition of a single manual operation, see Section 2.2). The expression YPMO is an average intended as an alternative way of quantifying the overall process. Therefore, it does not have a “physical meaning” as in the case of the traditional reaction yield. Clearly, manual Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 The parameter Pf indicates how many isolation or purification protocols are omitted when a given reaction sequence is carried out in a one-pot fashion with respect to a classical stop-and-go sequence (assuming that isolation or purification is necessary after each step in the classical sequence). This parameter thus underlines the practical aspects of the developed methodology. It is defined by Equation (3): Pf ¼ nmo1nðINIÞ þ x ð3Þ in which Pf is the purification factor, nmo is the number of manual operations performed in the one-pot reaction cascade, and n(INI) is the number of inactivation/neutralization/ isolation (INI) operations. These operations only serve the purpose of purification and should therefore not account for any contribution to the factor Pf. For sequences that do not require a final purification, x = 1; for sequences that require a final purification, x = 0. Except for filtration or evaporation, all isolation/purification procedures, such as flash chromatography, distillation, extraction, and combinations of these processes, count as the final purification step. To illustrate the use of Equation (3), we can consider a one-pot reaction including four manual operations, the last step of which is an INI operation to precipitate the product from solution. Since no final purification (see above definition) is needed (the products just need to be filtered from the liquid), x = 1. Therefore, Pf = 411 + 1 = 3. In Sections 4–6 important and representative examples of recently developed organocatalytic one-pot reaction cascades are discussed. These cascades are classified according to the proposed nomenclature. The efficiency and practicality of the cascades included are evaluated on the basis of the expressions YPBF, YPMO, and Pf. When possible, we compare the developed one-pot cascades with classical “stop-and-go” approaches. 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 8497 Minireviews K. A. Jørgensen et al. 4. TypeA One-Pot Sequences 4.1. TypeA-1 Reactions Organocatalytic cascades consisting of more than one bond-forming process and involving only one manual operation may be categorized as a “TypeA-1” reactions, in which “TypeA” indicates the position of the enantiodifferentiating manual operation (first manual operation), and the number “1” refers to the total number of manual operations. These reactions, also named domino or tandem reactions,[11] are highly special one-pot reactions, since no additional manual operation (prior to final purification) is required. In “TypeA1” reactions, compatibility-related problems also prevail owing to the relatively large amounts of reagents present in the mixture from the start. Moreover, it is crucial that the respective steps in the cascade reaction are sequence-specific to minimize the amount of by-products formed. Nevertheless, if successful, domino reactions are effective tools for the rapid synthesis of enantiomerically enriched compound libraries with rich possibilities in terms of structural variation. Multicomponent reactions constitute a specific subgroup of domino reactions in which three or more reagents react in a domino fashion to form a single product.[11c–e] Therefore, catalytic enantioselective versions of such reactions should also be classified as “TypeA-1” sequences. A classification system of well-known multicomponent reactions has been developed previously (e.g. U-4CR for four-component Ugi reactions), and such systems may appear more relevant to some practitioners in certain cases. However, these systems do not take into account the influence of a chiral catalyst. Neither would such systems be universally applicable to any given reaction (beyond the well-established “name reactions”). A different perspective is therefore provided within the current nomenclature, which may complement the existing classification of multicomponent reactions. In a seminal report in 2005, MacMillan and co-workers described an elegant tandem consecutive a and b functionalization of enals 3 in the presence of the imidazolidinonebased catalyst 4 a (Scheme 1).[12] The conjugate addition of electron-rich aromatic compounds to enals 3 is facilitated by the intermediacy of an iminium-ion species formed by the condensation of aminocatalyst 4 a with 3. The resulting enamine intermediate acts in the following step as a carbanion equivalent and reacts with the electrophilic chlorination reagent 1. Subsequent hydrolysis separated the catalyst from the product 5, which was obtained in 67–97 % yield with d.r. 9:1 to > 25:1 and 99 % ee. In the overall reaction, one C C bond and one CX bond are formed. Therefore, according to the nomenclature system proposed in Figure 3, it may be categorized as a TypeA-1-1C1X reaction. Moreover, to roughly quantify the efficiency of the reaction sequence, the yield per bond formed (YPBF) and yield per number of manual operations (YPMO) were 82–98 and 67–97 %, respectively. A very interesting TypeA-1-2C1X sequence was developed by Lathrop and Rovis in 2009. In this multicatalytic cascade, cyclopentanones 11 containing three stereogenic centers, including a quaternary stereogenic center, can be accessed efficiently by merging aminocatalysis with catalysis 8498 www.angewandte.org Scheme 1. Organocatalytic domino a,b functionalization of enals. Bn = benzyl, TFA = trifluoroacetic acid. by N-heterocyclic carbenes (NHCs; Scheme 2).[13] The authors show that the symbiotic cooperation between the amine and NHC catalysts 9 a and 10 is responsible for the excellent enantioselectivity observed for the overall process leading to the cyclopentanone framework. The cascade consists of the iminium-ion-mediated Michael addition of 1,3-dicarbonyl Scheme 2. Multicatalytic approach to cyclopentanones. TMS = trimethylsilyl. 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Organocatalytic One-Pot Reactions compounds 8 to a,b-unsaturated aldehydes 3, followed by an NHC-catalyzed intramolecular benzoin condensation. The one-pot cascade outperformed the classical “stop-and-go” approach. Cyclopentanone 11 a was obtained in significantly lower yield (46 versus 93 %) when synthesized through separate sequential reactions. Furthermore, the ee value of 11 a synthesized in a one-pot reaction was superior to that observed for the corresponding sequential approach (86 versus 58 % ee). These results show that a symbiotic cooperation of the two catalysts 9 a and 10 is crucial for the success of the overall process, whereby the presence of the NHC catalyst 10 enables instant consumption of the initially formed enantiomerically enriched Michael adduct 12. In 2006, Enders et al. reported an elegant multicomponent TypeA-1-3C reaction cascade for the formation of pentasubstituted cyclohexenes 15 containing four consecutive stereogenic centers (Scheme 3).[14] This domino reaction proceeds through a sequence consisting of three catalytic steps: enamine-mediated Michael addition/iminium-ion- applicability in target-directed organic synthesis. In this respect, the development of higher-order sequences involving additional manual operations seems to be a necessity. The “TypeA-2” sequences described and exemplified in this section form the mainstream of advances in recent years in organocatalytic one-pot reactions: highly enantiomerically enriched molecular frameworks initially assembled by asymmetric organocatalysis (AOC) are coupled to a second manual operation (see Table 2). For example, TypeA-2 sequences have been used to construct highly valuable organic building blocks, such as enantiomerically enriched vicinal diols. These substrates are traditionally synthesized by cis-dihydroxylation[15] or an epoxidation/regioselective-ring-opening sequence[16] from stereochemically pure olefins (Scheme 4). Although these methods involve highly efficient catalytic systems, the toxicity of the metal catalysts applied and the requirement of stereochemically defined olefin starting materials may be issues of concern. Scheme 3. Multicomponent domino synthesis of cyclohexenes. mediated Michael addition/enamine-mediated aldol condensation. The involvement of the TMS-protected prolinol catalyst 9 b in each step of the cascade ensures particularly high enantioselectivities. However, the yields of this domino one-pot reaction cascade are not spectacular at first glance (the yields given are the yields of the isolated main diastereoisomer). A much more precise evaluation of this one-pot cascade can be made when the complexity of the cascade is taken into consideration with respect to the number of bonds formed throughout the cascade. Thus, the expression YPBF is very useful in this case. Three new CC bonds are formed in this domino cascade; therefore, the YPBF parameter for the reaction sequence is high (YPBF = 63–83 %), which indicates that the efficiency of the one-pot process is much higher than it seems to be when only the classical yield is considered. 4.2. TypeA-2 Reactions Despite their elegance, domino reactions that can be classified as “TypeA-1” are limited to relatively few wellengineered multicomponent systems with fairly restricted Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Scheme 4. Organocatalytic one-pot synthesis of vicinal diols. DME = dimethoxyethane, HMPA = hexamethylphosphoramide. 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 8499 Minireviews K. A. Jørgensen et al. In 2009, Yamamoto et al. reported a facile organocatalytic approach towards syn diols 19[17a] in which they exploited an a-oxyamination reaction of enolizable aldehydes 13 initially developed, independently, by MacMillan and co-workers[17b] and Zhong.[17c] Upon completion of the a-functionalization step with nitrosobenzene (16) as the O electrophile and tetrazole 17 a (or proline (17 b)) as the catalyst, the addition of a Grignard reagent to the reaction vessel afforded the vicinal syn diol 19 as the product (Scheme 4). The organometallic reagent not only undergoes the desired 1,2-addition to the aldehyde, but also simultaneously cleaves the labile ON bond to provide the free alcohol functionality. The formation of one CC bond and one CX bond in the reaction sequence results in a TypeA-2-1C1X transformation. The yield per manual operation for this one-pot sequence is 63 %, which could be further improved if an additional extraction step was added between the transformations. If instead the antisubstituted vicinal diols are the desired products, a different two-manual-operation organocatalytic procedure may be followed.[18] Starting from aliphatic a,b-unsaturated aldehydes 3, an epoxidation/rearrangement sequence (TypeA-24X) enables a formal trans-dihydroxylation of the olefin with in situ aldehyde protection. Owing to the volatility of the intermediate 2,3-epoxyaldehydes 20, a one-pot approach is in this case greatly favored over the stepwise strategy, not only because of the avoided purification step, but also in terms of the yields of the isolated products. A highly challenging task in asymmetric organic synthesis lies in the development of alternative and de novo syntheses of carbohydrates and derivatives, preferably with the possibility of structural variation and minimal use of protective groups. Recently, Barbas and co-workers reported two closely related TypeA-2-2C1X procedures targeting sugar and iminosugar derivatives (Scheme 5).[19] Both procedures are based on an initial anti-selective conjugate addition of the silylprotected hydroxyacetaldehyde 13 b to nitroalkenes 14 in the presence of a bifunctional amino–thiourea organocatalyst 22. From the resulting common nitroalkane intermediate 23, two divergent approaches, a Henry and an aza-Henry reaction, may be applied for the stereoselective formation of 3,4-deoxy sugar 24 and iminosugar 26 derivatives, respectively. Remarkably, the two initial stereogenic centers fully govern the diastereoselectivity of the consecutive Henry/aza-Henry– annulation sequence to enable construction of the five contiguous stereocenters with nearly perfect stereoselectivity. The merging of organo- and metal catalysis has proven to be one of the most successful strategies for designing new and synthetically useful one-pot reaction cascades.[8a–d, 9] This combination has two main advantages: I) the activation modes of metal and organocatalysts are often complementary; II) stoichiometric waste generation is minimized, since both steps are catalytic. In 2009, Krause, Alexakis, and coworkers showed that amino-[4] and gold catalysis,[20] two current hot topics in the field of catalysis, could be combined effectively in a two-step reaction sequence consisting of an initial organocatalyzed syn-selective conjugate addition to nitroenynes 27, followed by a gold-catalyzed acetalization– cyclization of 29 to give highly enantiomerically enriched tetrahydrofuranyl ethers 28 (Scheme 6).[21] When the two 8500 www.angewandte.org Scheme 5. Organocatalytic one-pot synthesis of sugar and iminosugar derivatives. DBU = 1,8-diazabicyclo[5.4.0]undec-7-ene, TBS = tert-butyldimethylsilyl, TMG = 1,1,3,3-tetramethylguanidine, Ts = p-toluenesulfonyl. Scheme 6. Reaction sequence combining amino- and gold catalysis. reactions were performed as separate steps, excellent stereoselectivities were observed, and the yields reached 64–76 % for the overall transformation. However, it was later discov- 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Organocatalytic One-Pot Reactions ered that it was not only possible to omit the intermediate purification procedure, but also highly profitable. The yields of purified products were typically more than 10 % higher for the one-pot approach (TypeA-2-1C3X) than for the stepwise synthesis. Although stereoselective versions of gold-catalyzed cyclizations have been well explored, the synthesis of the corresponding cyclization precursors is often tedious and complicated. In contrast, this combined organo-/gold-catalyzed approach elegantly circumvents the complex startingmaterial synthesis through the rapid in situ assembly of the chiral cyclization precursor from readily available substrates by asymmetric aminocatalysis. The development of new organocatalytic one-pot processes has shortened the synthesis of many valuable chiral building blocks. For example, through a TypeA-2-2C1X sequence involving an aminocatalyzed conjugate addition, decarboxylation, and aldol condensation, highly useful 2,5disubstituted cyclohexenones 31 can be assembled in a straightforward manner with wide substituent variation from simple enals 3 and b-ketoesters 30 (Scheme 7).[22] This methodology was later implemented as the key enantiodifferentiating step in several total syntheses,[23] for example, of fawcettimine, lycoflexine, and mirabilin B. In comparison with traditional methods, which often require four or five steps from known or commercially available reagents, this procedure effectively shortens the synthetic route to only two manual operations and a single purification step, and hence significantly reduces time demands and waste generation. As well as for the synthesis of chiral intermediates, organocatalytic one-pot reactions have also been applied as key reaction steps in synthetic routes toward the assembly of complex natural and pharmaceutical products.[5] By introducing new bond-connectivity possibilities through the use of organocatalytic one-pot reactions, otherwise quite lengthy and “purification-heavy” routes may be replaced by much shorter and simpler alternatives. In 2009, Michrowska and List described an elegant synthesis of (+)-ricciocarpin A (34) in three steps from commercially available starting materials (Scheme 8).[24] The crucial and final transformation involved a TypeA-2-1C4X sequence consisting of an aminocatalyzed reductive Michael reaction followed by a Sm(OiPr)3-mediated epimerization/Tischenko reaction to form the enantioand diastereomerically pure product 34 in 48 % yield. This reaction sequence is more step- and atom-economical than existing routes, which typically contain more than nine linear purification-demanding steps, as well as being free from the use of protective groups.[25] Scheme 8. Synthesis of ricciocarpin A. 4.3. Higher-Order TypeA Reactions Scheme 7. Synthesis of 2,5-disubstituted cyclohexenones. TSA = toluenesulfonic acid. Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Several higher-order TypeA sequences were also developed and described in the last few years. Owing to the high complexity of these one-pot protocols and the large amount of reagents that accumulate after each step, the compatibility of the particular processes becomes an important issue. Therefore, the use of additional manual operations to neutralize or inactivate reagents introduced in previous steps is very often inevitable. Moreover, maintaining the enantiomeric purity introduced in the first enantiodifferentiating step throughout a reaction sequence consisting of three or more manual operations is an additional challenge that is very often encountered when dealing with cascades of this type. Organocatalytic higher-order TypeA sequences have been successfully applied for the formal alkenylation and alkynylation of electron-deficient olefins. In 2009, two similar procedures for the formal alkenylation and alkynylation of a,b-unsaturated aldehydes 3 and ketones 35 were developed 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 8501 Minireviews K. A. Jørgensen et al. (Scheme 9).[26] In both reaction sequences, highly enantiomerically enriched Michael adducts 37 were used as common intermediates. These products were generated readily by the organocatalytic Michael addition of b-keto heterocyclic sulfones 36 to a,b-unsaturated aldehydes 3 and ketones 35. Different aminocatalysts 9 a (for enals) and 40 (for enones) had to be employed to control the stereochemical outcome of the addition reactions. The subsequent treatment of enantiomerically enriched Michael adducts 37 with sodium borohydride initiated a Smiles rearrangement and resulted in the introduction of an alkenyl moiety to give the target molecule 38. On the other hand, a TypeA-4-2C1X one-pot reaction cascade enabled the formal alkynylation of a,b-unsaturated carbonyl compounds 3 and 35. In this case, the carbonyl group derived from 3 or 35 was protected as the corresponding acetal or ketal prior to the formation of the enolate, which underwent the desired Smiles rearrangement. Subsequent deprotection of the aldehyde or ketone functionality afforded alkynylated products 39 in good overall yield with excellent enantioselectivity. Recently, an alternative strategy for the alkenylation of a,b-unsaturated aldehydes 3 was developed on the basis of an iminium-ion-mediated Michael addition of nitroalkanes 41 containing an electron-withdrawing group in the b position to enals 3 (Scheme 10).[27] The Michael addition was fully Scheme 10. Formal conjugate alkenylation of a,b-unsaturated aldehydes. Scheme 9. Formal conjugate alkenylation and alkynylation of a,bunsaturated aldehydes and ketones. EWG = electron-withdrawing group, TBAI = tetrabutylammonium iodide. 8502 www.angewandte.org chemoselective and occurred at the more acidic methylene position next to the nitro substituent in the donor. Removal of the nitro group was possible under basic, eliminative conditions after protection of the aldehyde functionality as the corresponding dimethyl acetal. Depending on the nature of the substituent at the b position of the starting a,b-unsaturated aldehyde 3, different bases were employed in the nitrous acid elimination step. For Michael adducts 42 derived from aliphatic enals (R = alkyl) the best results were obtained with DBU as the base. On the other hand, a different base, such as Mg(OMe)2, had to be employed for adducts derived from aromatic enals (R = aryl). In contrast to the TypeA-22C2X alkenylation protocol described above, the TypeA-32C3X strategy enables the incorporation of electron-deficient double bonds with a stereogenic center in the a position in the product. Furthermore, as a result of the protection of the aldehyde moiety as the corresponding acetal, the oxidation state of the carbonyl carbon atom remains unchanged. The total synthesis of ()-oseltamivir phosphate, an antiviral influenza drug (marketed as Tamiflu), has been a subject of thorough investigation.[28] Recently, Hayashi and co-workers reported an elegant and straightforward total synthesis of ()-oseltamivir (52) in two one-pot operations (Scheme 11).[29] The first enantioselective one-pot operation was initiated by the Michael addition of aldehyde 13 c to nitroolefin 14 a. This reaction proceeded in a highly enantioselective fashion, and its stereochemical outcome was controlled by the chirality of the prolinol catalyst ent-9 b. 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Organocatalytic One-Pot Reactions Scheme 11. Total synthesis of ()-oseltamivir. DMF = N,Ndimethylformamide, tol = tolyl. Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Importantly, only 1 mol % of ent-9 b was required to promote this transformation. Subsequent Michael addition to 45 a, followed by an intramolecular Horner–Wadsworth–Emmons olefination and the Michael addition of a thiol to the Michael acceptor 46, furnished the key intermediate 47, which was purified by flash chromatography. An additional manual operation had to be performed within the Horner–Wadsworth–Emmons reaction step. Detailed optimization studies on that reaction revealed that the addition of ethanol is crucial for the efficiency of this particular step. It was found that in this reaction the desired product 46 is formed in only 30 % yield and is accompanied by two main by-products, which were identified as: 1) the adduct resulting from a Michael reaction between 46 (at the a position to the nitro group) and the vinyl phosphonate 45 a and 2) the cyclic bhydroxy phosphonate initially formed in the Horner–Wadsworth–Emmons reaction (most likely, the anti arrangement of the diethoxyphosphoryl and hydroxy substituents prevents this compound from collapsing to the final product). Ethanol was found to promote both the retro-Michael and retroHorner–Wadsworth–Emmons reaction and thus enabled the smooth conversion of these unwanted by-products into 46. The stereoselectivity of this process is another important issue. Enantioselectivity is induced in the first Michael addition step, and the use of the R-configured catalyst ent9 b ensures the correct absolute configuration of the final product. Notably, the undesired 5R diastereoisomer 46 was formed as the major product of the Horner–Wadsworth– Emmons reaction. Fortunately, it epimerized to the thermodynamically stable 5S isomer during the Michael reaction with the thiol nucleophile in the last step of the cascade. In this manner, the cyclohexane framework of ()-oseltamivir with correctly configured C3, C4, and C5 stereogenic centers was constructed in a TypeA-4-3C2X one-pot reaction sequence. A second one-pot cascade, a diastereoselective TypeDia7-1C2X sequence to afford the target ()-oseltamivir (52), started out with the conversion of tert-butyl ester 47 into the corresponding azide 49 in a three-step sequence involving cleavage of the tert-butyl ester, transformation of the acid 48 into its acid chloride, and the reaction of this intermediate with TMSN3 to give azide 49. A subsequent Curtius rearrangement of 49 proceeded with concomitant protection of the amino group as the acetamide 50. The second amino moiety was created by reduction of the nitro group with Zn/ TMSCl/EtOH. Importantly, quenching of the interfering ZnII species with NH3 was necessary prior to the base-promoted retro-Michael reaction performed in the last step to afford target product 52 in 82 % overall yield. Both one-pot reaction cascades are characterized by their high efficiency. Despite the complexity of the reaction sequence, the final product 52 was obtained in high yield by fine-tuning of the reaction conditions applied in each step. Thus, the total synthesis of ()-oseltamivir (52) was performed in two reaction vessels in excellent overall yield (61 %). This result stands in marked contrast to classical approaches to ()-oseltamivir (52). For comparison, summaries of selected total syntheses of 52 are also given in Scheme 11.[28] 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 8503 Minireviews K. A. Jørgensen et al. A similar methodology was applied by the same research group for the synthesis of structurally related ABT-341 (Scheme 12).[30a] This TypeA-9-3C1X one-pot reaction sequence was initiated by a highly enantioselective enaminemediated Michael addition of acetaldehyde (13 d) to nitroolefin 14 b. A subsequent nitro-Michael addition of 53 to vinyl phosphonate 45 b, followed by an intramolecular Horner– Wadsworth–Emmons reaction, led to the assembly of the cyclohexene framework. Notably, this initial three-reaction sequence involved five manual operations. As in the synthesis of oseltamivir, ethanol was added in an extra manual operation as part of the Horner–Wadsworth–Emmons reaction step. Furthermore, the addition of TMSCl prior to the following isomerization step to inactivate Cs2CO3 present in the reaction mixture turned out to be of importance for the success of the one-pot strategy. The iPr2EtN-induced isomerization of 54 to thermodynamically stable 55 and TFAmediated hydrolysis of the tert-butyl ester group afforded the free carboxylic acid 56. Coupling of 56 with the secondary Scheme 12. Total synthesis of ABT-341. TBTU = O-(benzotriazol-1-yl)N,N,N’,N’-tetramethyluronium tetrafluoroborate. 8504 www.angewandte.org amine 57 to give 58 was followed by the reduction of the nitro group to form the target ABT-341 (59) in 63 % overall yield. The most striking feature of the overall one-pot cascade is the fact that it consists of six consecutive reactions and nine manual operations. Furthermore, exceptionally high values of YPBF and YPMO indicate that each step in this synthesis proceeded in nearly quantitative yield. The very high value of the purification factor is also remarkable. For comparison, enantiomerically enriched ABT-341 was synthesized previously in 11 steps from 14 b.[30b] This huge difference in the number of steps required underlines the extraordinary efficiency and simplicity offered by asymmetric organocatalytic one-pot cascades. 5. TypeB and TypeC One-Pot Sequences One-pot sequences categorized as “TypeB” and “TypeC” reactions serve the purpose of assembling one or more of the reactants in situ; a late-stage asymmetric organocatalytic functionalization step follows. As a result, one purification step may be omitted, which effectively reduces time demands and waste production and improves the step economy of the overall process. These methods have especially proven useful in scenarios in which the initial reactants are not readily isolable owing to stability or volatility issues. In fact, in rare cases, these one-pot approaches become the only possible solution. An excellent example of a TypeB reaction (enantiodifferentiating step in the middle of the sequence) was provided by MacMillan and co-workers, who generated a labile polyfunctionalized a,b-unsaturated aldehyde in situ through crossmetathesis with the Grubbs second-generation catalyst 63 (Scheme 13).[31a] To the assembled enal was then added catalyst ent-4 b, which promoted the enantioselective conjugate addition of the furanyl nucleophile 64 to the enal through activation of the enal as an iminium ion. In a third and final manual operation, a second aminocatalyst, proline (17 b), was added to activate the resulting intermediate as an enamine and thus promote the final annulation through a diastereoselective intramolecular aldol reaction. The TypeB-3-4C1X one-pot sequence consisting of three catalytic reactions furnished the aromadendranediol precursor 61 in 64 % overall yield with d.r. 5:1 and 95 % ee. Subsequently, eight linear (purification-requiring) steps completed the total synthesis of the natural product 62 as a single isomer in 40 % overall yield (for the eight steps from 61). In comparison, a previous synthetic route based on transformations of an enantiomerically pure natural isolate of spathulenol provided aromadendranediol (62) in 13 % yield in three steps.[31b] In 2007, Crdova and co-workers reported an aminocatalyzed TypeC-2-2C1X one-pot transformation for the synthesis of fully substituted pyrrolidines through a 1,3dipolar cycloaddition of an azomethine ylide (Scheme 14).[32] The azomethine ylide, generated by the in situ condensation of diethyl aminomalonate (65) and aromatic aldehydes 66 in the presence of Et3N, smoothly reacted with an activated, electron-deficient olefin 3 to furnish the desired products 68 in moderate to high yields and with excellent enantioselec- 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Organocatalytic One-Pot Reactions Scheme 13. Synthesis of ()-aromadendranediol. Cy = cyclohexyl, Mes = mesityl (2,4,6-trimethylphenyl). Scheme 14. Access to fully substituted pyrrolidines. relative to those observed by Crdova and co-workers; however, when the yields per bond formed and the yields per manual operation are compared, the differences between these strategies are relatively small. An interesting advance in the area of organocatalytic TypeC one-pot sequences was reported in 2008 by Gaunt and co-workers, who developed an elegant TypeC-2-1C3X cascade consisting of the oxidative dearomatization of phenols, followed by organocatalytic desymmetrization (Scheme 15).[34] Crucial to the success of this late-stage organocatalytic one-pot protocol was the careful choice of the oxidant. The ideal reagent should promote the oxidative dearomatization of phenols and not interfere with the organocatalytic desymmetrization process performed afterwards. The appropriate choice of an aminocatalyst was another important issue. The chiral amine employed should ensure high levels of enantioselectivity without being very susceptible to N-oxidation by leftover oxidant, which could lead to its deactivation by possible hydroxylamine formation. These two criteria were successfully fulfilled by the use of PhI(OAc)2 as the oxidant and the bulky TMS-protected prolinol 9 d as the aminocatalyst. Phenols 71 underwent oxidative dearomatization in the presence of methanol as a cosolvent, which acted as a nucleophile and enabled the generation of a quaternary oxygenated carbon atom. Subsequent desymmetrization of 72 by an enamine-mediated intramolecular Michael addition efficiently assembled the decaline framework 73 with three new stereogenic centers in a highly enantio- and diastereoselective manner. Nitrogen- and oxygen-containing heterocycles could also be prepared by this one-pot approach. Furthermore, when the oxidation was carried out in the presence of other nucleophilic species, such as the HFIPA–MeCN system (with CN acting as the nucleophile in a Ritter-type reaction) or the pyridine–HF complex (with F acting as the nucleophile), nitrogen- or fluorine-containing quaternary stereogenic centers could be introduced. A similar oxidative dearomatization/Michael addition strategy was recently used for the synthesis of enantiomerically enriched meta-substituted aniline derivatives.[35] Iodobenzene diacetate was again applied as the oxidant. The oxidation of N-tosyl-4-aminophenols and naphthols 74 led to the formation of electrophilic intermediates 75, which in turn acted as Michael acceptors. The intermolecular Michael addition of various enamines generated catalytically from enolizable aldehydes 13 and the prolinol catalyst 9 b, followed by aromatization, afforded meta-substituted aniline derivatives in a highly enantioselective manner. Importantly, the overall TypeC-2-1C1X reaction sequence could be efficiently performed in a one-pot, domino fashion (TypeA-1-1C1X sequence) by the use of electrochemical oxidation. These reactions again demonstrate the very high tolerance of asymmetric organocatalysis towards a range of reaction conditions. tivity. Independently, Vicario et al. developed a similar reaction with a preformed imine reactant 69 by using the diaryl prolinol catalyst 70.[33] The yields and diastereoselectivities were slightly improved in this TypeA-1-2C sequence Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 8505 Minireviews K. A. Jørgensen et al. one-pot reactions remain relatively few and elusive. The short time span of development is undeniably one of the main reasons for this tendency, as initial investigations are often curiosity-driven and serve only as a proof of concept. However, given the current rate of progress, the concept of organocatalytic one-pot reactions is rapidly transitioning from a hot topic to a reliable strategy in contemporary organic synthesis. As the field approaches maturity, it is believed that “target-directed” organocatalytic one-pot reactions involving higher-order and “very late-stage” strategies will play a much more dominant role in future developments. In this respect, seminal studies were reported by researchers at Merck Research Laboratories, who presented an impressive TypeB-6-3C1X reaction sequence to furnish a crucial intermediate 86 in their synthesis of telcagepant, a CGRP-receptor antagonist for the treatment of migraine (Scheme 16).[36a] The overall yield of this transformation reached 48 %, which corresponds to 88 % yield per manual operation. In three steps from 1,2-difluorobenzene (77), the reaction sequence afforded an a,b-unsaturated aldehyde 3 c that reacted with nitromethane in the presence of the aminocatalyst 9 b. The optically active Michael adduct 80 was subsequently homologated and isolated as the corresponding tributylammonium salt 86. To make the synthesis cost-effective, only cheap and readily available reagents were used. More impressively, in this “very late stage” reaction sequence, even the crucial aminocatalyst 9 b was prepared in situ from 70 and added to the reaction vessel as a crude Scheme 15. Sequences involving oxidative dearomatization as the key step. HFIPA = 1,1,1,3,3,3-hexafluoro-2-propanol, Py = pyridine. 6. Future Perspectives: Higher-Order Reactions and Industrial Organocatalysis To date, by far the majority of organocatalytic one-pot reactions are sequences involving two or three manual operations, whereas the number of higher-order and “very late stage” (in which the enantiodifferentiating step is performed in a late manual operation: the fourth or higher) 8506 www.angewandte.org Scheme 16. Industrial organocatalysis. TEMPO = 2,2,6,6-tetramethylpiperidine-1-oxyl. 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Organocatalytic One-Pot Reactions solution, without affecting the yield and stereoselectivity of the asymmetric conjugate addition. Upon the successful assembly of the core chiral framework 86, a diastereoselective TypeDia-5-4X one-pot sequence was applied to form the e-lactam ring structure 91 containing two stereogenic centers in 73 % overall yield (Scheme 17). Scheme 17. Final stages of the synthesis of telcagepant. DMAP = 4dimethylaminopyridine, DMSO = dimethyl sulfoxide, Tf = trifluoromethanesulfonyl. compounds by catalytic methods and “stereoselective reaction sequences in which a few steps suffice to generate surprisingly complex molecules”. Standing where we are today, 20 years later, we are delighted as organic chemists to have witnessed the great advances made within these research areas over the past two decades. Arguably, the topic of this Minireview, asymmetric organocatalytic one-pot reactions, has also been a positive contributor to these developments. It is not within our capacity to follow in Seebachs footsteps and take on the impossible challenge of predicting future developments, even in a relatively small subarea of research in organic chemistry, such as organocatalytic one-pot reactions. However, on the basis of historical analogies and current progress, some developing tendencies may be summarized. Organocatalytic one-pot reactions may serve two main purposes: the synthesis of chiral building blocks and intermediates, and industrial applications. A common feature is that the future development of these reactions will be more target-oriented and mainly focus on compounds or compound libraries with high synthetic value. Moreover, we believe that different types of one-pot sequences will serve complementary purposes: I) one-pot sequences (TypeA–C) of lower order (typically, nmo = 2 or 3) may primarily be used as effective methods for the construction of chiral building blocks or intermediates in total synthesis that are difficult to obtain by conventional methods; II) higher-order (nmo 4) and “very late stage” sequences may serve as an important link between academic developments and industrial applications. Despite the popularity of organocatalysis, industrial processes based on organocatalysis beyond the Hajos–Parrish reaction[38] are, as yet, almost non-existent. Higher-order and “very late stage” sequences, in which readily available starting materials can be used, make organocatalysis a more affordable and attractive choice for the design of industrial syntheses. The environmentally friendly and nontoxic nature of these reaction sequences should also contribute to their expected popularity within the industrial community. 7. Limitations and Pitfalls The diastereoselectivity of the generation of the new stereogenic center is controlled by a dynamic epimerization/ crystallization process. Finally, the synthesis of the therapeutic agent 92 was completed in a one-pot two-step reaction sequence in 79 % yield according to known procedures. Remarkably, throughout the entire synthetic route, only three intermediates were isolated, and no chromatographic purification was necessary. By this environmentally friendly process, telcagepant could be prepared on an industrial scale with the high quality demanded in pharmaceutical production. The prediction of future developments is highly challenging, if not impossible. In 1990, Seebach wrote a highly insightful review article entitled “Organic Synthesis—Where Now?”, in which he sketched the past developments in organic synthesis and projected these into future perspectives.[37] Two of the subjects outlined were the future challenges within the synthesis of enantiomerically enriched Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Clearly, each system that aims to comprehensively evaluate or categorize a given problem has its limitations and pitfalls, as in the case of the introduced classification and nomenclature of one-pot reactions. For example, the number of stereocenters introduced, the number of reactants, and the type of catalysis are important issues that are not reflected in this relatively simple system. During the preparation of the manuscript, the discussion of many possibilities led to the final choice of parameters, which, we believe at the present time, provide the best balance between simplicity (easy to remember and use) and generality (fewer pitfalls and “gray zones”). Many other parameters that could have been chosen as indicators might seem more informative; however, such parameters might also require more effort to learn and use. Although we have attempted to provide a system that is universal and can be applied to any given reaction sequence, some disadvantages still exist. One of the most debatable issues is the counting of bonds formed. The fact that only CC 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 8507 Minireviews K. A. Jørgensen et al. and CX bonds are counted will presumably result in the undercounting of some bonds (e.g. XX, C/Xmetal, and metal–metal bonds). Important bond formations may also be neglected, for example, if a particular bond is broken at a later stage of the reaction sequence. On the other hand, in some cases the number of bonds formed may be overestimated. A good example is the protonation step following a 1,4-addition step (see, for example, Schemes 2, 6, 8, and 10). According to the general set of rules given in Figure 4, this protonation is regarded as the formation of one CX bond, which clearly overestimates the synthetic relevance of this elemental step. One solution to this problem would be to ignore CH bonds (as in the case of XX bonds); however, in this case, important transformations, such as reduction processes, would also be neglected. Although another specialized rule could certainly be added to avoid this “pitfall”, we decided to keep the set of rules as simple and “memorable” as possible. Another issue relates to systems in which two different chiral catalysts are employed to generate stereochemical complexity in the molecule. In such instances, the first enantiodifferentiating step should be taken into consideration when the type of cascade is assigned. Furthermore, not all synthetic protocols are compatible and can be merged into a one-pot procedure. Therefore, the development of one-pot cascades should not become the preeminent goal of the synthetic chemist. The design and development of new onepot reactions serve the sole purpose of simplifying organic synthesis. It should therefore not be a competition to develop the longest linear one-pot sequence or to form the highest number of bonds. Instead, the usefulness of the reaction should be the most crucial parameter for the comparison of different approaches. In this light, we believe that the aforementioned pitfalls in the over- and undercounting of bonds are bearable, especially since the aim of this system is to name and classify reactions, not to rank them! We are grateful to the specialized referees for their comments, which have helped to improve the quality of this Minireview. Furthermore, we welcome any suggestions from readers for the further development of the applicability and usefulness of the current classification system. 8. Conclusion In conclusion, we have presented a classification and nomenclatural system that is capable of systematically and informatively describing any one-pot reaction. Reaction sequences were differentiated on the basis of the relative position of the enantiodifferentiating step, the total number of manual operations, and the overall number of bonds formed. We have reviewed selected important contributions within the field of organocatalytic one-pot reactions according to this classification system and discussed possible future developments and perspectives in this field. We are truly grateful to Professor Dieter Seebach for careful proof-reading of the manuscript and for providing many insightful comments, which have certainly improved the quality of this manuscript. We acknowledge financial support from the 8508 www.angewandte.org Carlsberg Foundation, the FNU, and OChem Graduate School. Ł.A. thanks the Foundation for Polish Science (Kolumb Program) for financial support. Received: April 12, 2011 Published online: August 8, 2011 [1] a) A. M. Walji, D. W. C. MacMillan, Synlett 2007, 1477; b) T. Hudlický, J. W. Reed, The Way of Synthesis, Wiley-VCH, Weinheim, 2007. [2] a) G. H. Posner, Chem. Rev. 1986, 86, 831; b) P. A. Dalby, G. J. Lye, J. M. Woodley in Handbook of Chiral Chemicals (Ed.: D. Ager), CRC, Boca Raton, 2005, pp. 419 – 428. [3] a) Asymmetric Catalysis on Industrial Scale: Challenges, Approaches and Solutions (Eds.: H. U. Blaser, E. Schmidt), WileyVCH, Weinheim, 2010; b) M. M. Green, H. A. Wittcoff, Organic Chemistry Principles and Industrial Practice, Wiley-VCH, Weinheim, 2003; for a semiquantitative tool for the selection of organic syntheses on the basis of economic and ecological factors, see: c) K. Van Aken, L. Strekowski, L. Patiny, Beilstein J. Org. Chem. 2006, DOI: 10.1186/1860-5397-2-3. [4] For reviews on organocatalysis, see, for example: a) M. J. Gaunt, C. C. C. Johansson, A. McNally, N. T. Vo, Drug Discovery Today 2007, 12, 8; b) Chem. Rev. 2007, 107, 5413 – 5883 (special issue on organocatalysis); c) A. Dondoni, A. Massi, Angew. Chem. 2008, 120, 4716; Angew. Chem. Int. Ed. 2008, 47, 4638; d) D. W. C. MacMillan, Nature 2008, 455, 304; e) S. Bertelsen, K. A. Jørgensen, Chem. Soc. Rev. 2009, 38, 2178; f) M. Nielsen, D. Worgull, T. Zweifel, B. Gschwend, S. Bertelsen, K. A. Jørgensen, Chem. Commun. 2011, 47, 632; g) A. Berkessel, H. Grçger, Asymmetric Organocatalysis, Wiley-VCH, Weinheim, 2004; h) Enantioselective Organocatalysis (Ed.: P. I. Dalko), WileyVCH, Weinheim, 2007; i) P. Melchiorre, M. Marigo, A. Carlone, G. Bartoli, Angew. Chem. 2008, 120, 6232; Angew. Chem. Int. Ed. 2008, 47, 6138; j) B. List, J.-W. Yang, Science 2006, 313, 1584; k) M. S. Taylor, E. N. Jacobsen, Angew. Chem. 2006, 118, 1550; Angew. Chem. Int. Ed. 2006, 45, 1520; l) Asymmetric Phase Transfer Catalysis (Ed.: K. Maruoka), Wiley-VCH, Weinheim, 2008; m) T. Akiyama, Chem. Rev. 2007, 107, 5744. [5] For recent reviews on one-pot cascades in the synthesis of natural and pharmaceutical products, see: a) C. Grondal, M. Jeanty, D. Enders, Nat. Chem. 2010, 2, 167; b) C. Vaxelaire, P. Winter, M. Christmann, Angew. Chem. 2011, 123, 3685; Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 3605. [6] a) Comprehensive Asymmetric Catalysis III (Eds.: E. N. Jacobsen, A. Pfaltz, H. Yamamoto), Springer, Heidelberg, 1999; b) New Frontiers in Asymmetric Catalysis (Eds.: K. Mikami, M. Lautens), Wiley-Interscience, New York, 2007. [7] Scifinder available at: https://scifinder.cas.org. [8] For selected examples of combined metal, bio-, or photoredox catalysis with asymmetric organocatalysis, see: a) T. Yang, A. Ferrali, L. Campbell, D. J. Dixon, Chem. Commun. 2008, 2923; b) J. T. Binder, B. Crone, T. T. Haug, H. Menz, S. F. Kirsch, Org. Lett. 2008, 10, 1025; c) G.-L. Zhao, F. Ullah, L. Deiana, S. Lin, Q. Zhang, J. Sun, I. Ibrahem, P. Dziedzic, A. Crdova, Chem. Eur. J. 2010, 16, 1585; d) K. L. Jensen, P. T. Franke, C. Arrniz, S. Kobbelgaard K. A. Jørgensen, Chem. Eur. J. 2010, 16, 1750; e) D. Nicewicz, D. W. C. MacMillan, Science 2008, 322, 77; f) D. A. Nagib, M. E. Scott, D. W. C. MacMillan, J. Am. Chem. Soc. 2009, 131, 10875; g) E. Wingstrand, A. Laurell, L. Fransson, K. Hult, C. Moberg, Chem. Eur. J. 2009, 15, 12107; h) M. Edin, J.-E. Bckvall, A. Crdova, Tetrahedron Lett. 2004, 45, 7697. [9] a) Z.-H. Shao, H.-B. Zhang, Chem. Soc. Rev. 2009, 38, 2745; b) C. Zhong, X.-D. Shi, Eur. J. Org. Chem. 2010, 2999; c) M. Rueping, R. M. Koenigs, L. Atodiresei, Chem. Eur. J. 2010, 16, 9350. 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 Organocatalytic One-Pot Reactions [10] a) P. L. Fuchs, Tetrahedron 2001, 57, 6855; b) M. Wernerova, T. Hudlicky, Synlett 2010, 2701; for the use of the expression “yield per bond formed”, see, for example: c) S. Rendler, D. W. C. MacMillan, J. Am. Chem. Soc. 2010, 132, 5027. [11] a) D. Enders, M. R. M. Httl, J. Runsink, G. Raabe, B. Wendt, Angew. Chem. 2007, 119, 471; Angew. Chem. Int. Ed. 2007, 46, 467; for a classification and definition of domino reactions, see: b) L. F. Tietze, Chem. Rev. 1996, 96, 115; for a review on organocatalytic multicomponent reactions, see: c) G. Guillena, D. J. Ramn, M. Yus, Tetrahedron: Asymmetry 2007, 18, 693; d) J. Zhu, H. Bienaym, Multicomponent Reactions, WileyVCH, Weinheim, 2005; e) A. Dçmling, I. Ugi, Angew. Chem. 2000, 112, 3300; Angew. Chem. Int. Ed. 2000, 39, 3168. [12] a) Y. Huang, A. M. Walji, C. H. Larsen, D. W. C. MacMillan, J. Am. Chem. Soc. 2005, 127, 15051; for an alternative synthesis of 6, see: b) J. Raczko, Tetrahedron 2003, 59, 10181. [13] S. P. Lathrop, T. Rovis, J. Am. Chem. Soc. 2009, 131, 13628. [14] D. Enders, M. R. M. Httl, C. Grondal, G. Raabe, Nature 2006, 441, 861. [15] H. C. Kolb, M. S. Vannieuwenhze, K. B. Sharpless, Chem. Rev. 1994, 94, 2483. [16] E. N. Jacobsen, Acc. Chem. Res. 2000, 33, 421. [17] a) P. Jiao, M. Kawasaki, H. Yamamoto, Angew. Chem. 2009, 121, 3383; Angew. Chem. Int. Ed. 2009, 48, 3333; b) S. P. Brown, M. P. Brochu, C. J. Sinz, D. W. C. MacMillan, J. Am. Chem. Soc. 2003, 125, 10808; c) G. Zhong, Angew. Chem. 2003, 115, 4379; Angew. Chem. Int. Ed. 2003, 42, 4247. [18] Ł. Albrecht, H. Jiang, G. Dickmeiss, B. Gschwend, S. G. Hansen, K. A. Jørgensen, J. Am. Chem. Soc. 2010, 132, 9188. [19] a) H. Uehara, R. Imashiro, G. Hernndez-Torres, C. F. Barbas III, Proc. Natl. Acad. Sci. USA 2010, 107, 20672; b) R. Imashiro, H. Uehara, C. F. Barbas III, Org. Lett. 2010, 12, 5250; for related studies, see: c) T. Urushima, D. Sakamoto, H. Ishikawa, Y. Hayashi, Org. Lett. 2010, 12, 4588; d) H. Ishikawa, S. Sawano, Y. Yasui, Y. Shibata, Y. Hayashi, Angew. Chem. 2011, 123, 3858; Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 3774. [20] a) A. S. K. Hashmi, M. Rudolph, Chem. Soc. Rev. 2008, 37, 1766; b) T. C. Boorman, I. Larrosa, Chem. Soc. Rev. 2011, 40, 1910. [21] S. Belot, K. A. Vogt, C. Besnard, N. Krause, A. Alexakis, Angew. Chem. 2009, 121, 9085; Angew. Chem. Int. Ed. 2009, 48, 8923. [22] A. Carlone, M. Marigo, C. North, A. Landa, K. A. Jørgensen, Chem. Commun. 2006, 4928. [23] a) X. Linghu, J. J. Kennedy-Smith, F. D. Toste, Angew. Chem. 2007, 119, 7815; Angew. Chem. Int. Ed. 2007, 46, 7671; b) J. Ramharter, H. Weinstabl, J. Mulzer, J. Am. Chem. Soc. 2010, 132, 14338; c) M. Yu, S. S. Pochapsky, B. B. Snider, J. Org. Chem. 2008, 73, 9065; d) B. M. Stoltz, T. Kano, E. J. Corey, J. Am. Chem. Soc. 2000, 122, 9044; e) P. Bolze, G. Dickmeiss, K. A. Jørgensen, Org. Lett. 2008, 10, 3753; f) G. Franck, K. Brçdner, G. Helmchen, Org. Lett. 2010, 12, 3886. [24] A. Michrowska, B. List, Nat. Chem. 2009, 1, 225. [25] a) C. Held, R. Frçhlich, P. Metz, Angew. Chem. 2001, 113, 1091; Angew. Chem. Int. Ed. 2001, 40, 1058; b) M. P. Sibi, L. He, Org. Lett. 2004, 6, 1749; c) N.-W. Jan, H.-J. Liu, Org. Lett. 2006, 8, 151; d) E. Palombo, G. Audran, H. Monti, Synlett 2005, 2104. Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 8492 – 8509 [26] a) M. Nielsen, C. B. Jacobsen, M. W. Paix¼o, N. Holub, K. A. Jørgensen, J. Am. Chem. Soc. 2009, 131, 10581; b) M. W. Paix¼o, N. Holub, C. Vila, M. Nielsen, K. A. Jørgensen, Angew. Chem. 2009, 121, 7474; Angew. Chem. Int. Ed. 2009, 48, 7338. [27] R. Lpez, M. Zalacain, C. Palomo, Chem. Eur. J. 2011, 17, 2450. [28] For reviews on the total synthesis of Tamiflu, see: a) M. Shibasaki, M. Kanai, Eur. J. Org. Chem. 2008, 1839; b) J. Magano, Chem. Rev. 2009, 109, 4398; for selected examples, see: c) C. U. Kim, W. Lew, M. A. Williams, H. Liu, L. Zhang, S. Swaminathan, N. Bischofberger, M. S. Chen, D. B. Mendel, C. Y. Tai, W. G. Laver, R. C. Stevens, J. Am. Chem. Soc. 1997, 119, 681; d) Y.-Y. Yeung, S. Hong, E. J. Corey, J. Am. Chem. Soc. 2006, 128, 6310; e) B. M. Trost, T. Zhang, Angew. Chem. 2008, 120, 3819; Angew. Chem. Int. Ed. 2008, 47, 3759; f) K. Yamatsugu, L. Yin, S. Kamijo, Y. Kimura, M. Kanai, M. Shibasaki, Angew. Chem. 2009, 121, 1090; Angew. Chem. Int. Ed. 2009, 48, 1070. [29] a) H. Ishikawa, T. Suzuki, H. Orita, T. Uchimaru, Y. Hayashi, Chem. Eur. J. 2010, 16, 12616; b) H. Ishikawa, T. Suzuki, Y. Hayashi, Angew. Chem. 2009, 121, 1330; Angew. Chem. Int. Ed. 2009, 48, 1304. [30] a) H. Ishikawa, M. Honma, Y. Hayashi, Angew. Chem. 2011, 123, 2876; Angew. Chem. Int. Ed. 2011, 50, 2824; b) Z. Pei, X. Li, T. W. von Geldern, D. J. Madar, K. Longenecker, H. Yong, T. H. Lubben, K. D. Stewart, B. A. Zinker, B. J. Backes, A. S. Judd, M. Mulhern, S. J. Ballaron, M. A. Stashko, A. M. Mika, D. W. A. Beno, G. A. Reinhart, R. M. Fryer, L. C. Preusser, A. J. KempfGrote, H. L. Sham, J. M. Trevillyan, J. Med. Chem. 2006, 49, 6439. [31] a) B. Simmons, A. Walji, D. W. C. MacMillan, Angew. Chem. 2009, 121, 4413; Angew. Chem. Int. Ed. 2009, 48, 4349; b) C. M. Beechan, C. Djerassi, H. Eggert, Tetrahedron 1978, 34, 2503. [32] R. Rios, I. Ibrahem, J. Vesely, H. Sundn, A. Crdova, Tetrahedron Lett. 2007, 48, 8695. [33] J. L. Vicario, S. Reboredo, D. Bada, L. Carrillo, Angew. Chem. 2007, 119, 5260; Angew. Chem. Int. Ed. 2007, 46, 5168. [34] N. T. Vo, R. D. M. Pace, F. OHara, M. J. Gaunt, J. Am. Chem. Soc. 2008, 130, 404. [35] K. L. Jensen, P. T. Franke, L. T. Nielsen, K. Daasbjerg, K. A. Jørgensen, Angew. Chem. 2010, 122, 133; Angew. Chem. Int. Ed. 2010, 49, 129. [36] a) F. Xu, M. Zacuto, N. Yoshikawa, R. Desmond, S. Hoerrner, T. Itoh, M. Journet, G. R. Humphrey, C. Cowden, N. Strotman, P. Devine, J. Org. Chem. 2010, 75, 7829. For this industrial process, simple purification processes, such as extractions, were performed within each “one-pot” sequence to meet the high quality standards demanded in pharmaceutical production. For a review discussing different factors important for industrial processes, see: b) M. Eissen, J. O. Metzger, E. Schmidt, U. Schneidewind, Angew. Chem. 2002, 114, 402; Angew. Chem. Int. Ed. 2002, 41, 414. [37] D. Seebach, Angew. Chem. 1990, 102, 1363; Angew. Chem. Int. Ed. Engl. 1990, 29, 1320. [38] a) Z. G. Hajos, D. R. Parrish, J. Org. Chem. 1974, 39, 1615; b) U. Eder, G. Sauer, R. Wiechert, Angew. Chem. 1971, 83, 492; Angew. Chem. Int. Ed. Engl. 1971, 10, 496. 2011 Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA, Weinheim www.angewandte.org 8509