Vereadores sobem o tom das cobranças ao prefeito em

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Vereadores sobem o tom das cobranças ao prefeito em
Vereadores sobem o tom das cobranças ao prefeito em sessão de quase 3 horas
Sáb, 21 de Março de 2009 21:23
Vereadores sobem o tom das cobranças ao prefeito em sessão de
quase 3 horas
O clima de harmonia com o qual vinha transcorrendo as sessões da Câmara de São Sebastião
foi quebrado na última terça-feira. Pela primeira vez o prefeito Ernane Primazzi (PSC) foi
duramente cobrado pelo Legislativo, o que gerou até mesmo um desentendimento entre
vereadores da base governista. Durante a sessão, foram lidas cerca de 120 indicações e
votados 28 requerimentos.
Tudo começou com Solange Ramos (PPS) que criticou a falta de atrativos para comemorar o
aniversário da cidade. “Todos os anos tiveram shows. Nem que colocasse o Maurício e o
Coringa tocando. Como vereadora achei uma vergonha”, disse Solange.
O líder do governo na Câmara, Marcos Tenório (PMDB), saiu em defesa do prefeito. “Não
podemos esquecer que viemos de shows na Rua da Praia durante a temporada. Deve ter
alguma explicação e será dada. Talvez por ter caído numa segunda-feira, talvez pelo preço já
que estamos em crise”, arriscou Tenório.
Mas o tema que provocou a maior discussão foi quanto às respostas dos requerimentos
aprovados pelos parlamentares. “Tenho recebido respostas que são uma vergonha, não dizem
nada com nada, tirando os vereadores de trouxa”, reclamou Artur Balut (PSDC). “Diga sim ou
não, mas não fica que nem bagre ensaboado sem responder claramente”, completou.
Foi aí que Ernaninho (PSC) repreendeu Artur. “Como vice-líder do governo, o Artur tinha que
ter o capricho de ir na prefeitura e questionar o prefeito”, declarou Ernaninho, que se mostrou
preocupado em não tornar pública a insatisfação dos vereadores. “Não entendo porque vocês
usam palavras como bagre ensaboado. A Administração tem que ser cobrada, mas com
coerência. Não podemos pegar o microfone e ficar mostrando para as pessoas que estamos
contra uma situação”, acrescenta.
O vereador quis deixar claro que não recebe nenhum privilégio por ser filho do prefeito. “Tenho
um monte de requerimento que não foi respondido. As pessoas falam ‘pô Ernaninho, tu é filho
do prefeito e não consegue calçar uma rua?’. Mas não é assim que as coisas funcionam”,
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finalizou.
Depois, Artur recuou e disse que estava reclamando das respostas de requerimentos enviados
a empresas. Mas Amilton Pacheco (PSB) questiona a prefeitura. “Determinadas ações não tem
sido bem explicadas. Admiro o prefeito, mas muitos dos requerimentos não têm vindo com
respostas satisfatórias”.
Na tribuna, novamente Solange voltou a criticar a Administração. “A promessa de campanha
era 26 médicos. Até agora, nenhum. Não conseguem médicos porque ganham uma mixaria. Já
tem posto de saúde sem médico. Pega mal para o prefeito”, apontou a vereadora.
“Não podemos cobrar da Administração passada. Nós devemos cobrar a atual.
O prefeito fica no gabinete e não sabe o que os secretários estão fazendo. Um tubo na rua já
não era para ter comprado? Uma bica corrida já não era para ter no meio da rua? A cidade
passou o dia de São Sebastião sem uma guia pintada. Isso não é uma coisa tão cara”, concluiu
Solange.
Já o vereador Mauricio Silva (PPS) contestou a pintura que está sendo realizada nos pontos de
ônibus, a qual definiu como um gasto desnecessário. Ele garante que irá apresentar um projeto
padronizando as cores do município. Artur concorda: “Não tem cabimento algumas vaidades.
Sempre que muda uma Administração, pinta as cores da maneira que se gosta”.
José Reis (PSB) seguiu na mesma linha de cobrança dos colegas. “A falta de professores e
médicos está sendo muito desgastante. Tive também muitas reclamações sobre a merenda
servida em escolas da Costa Sul”, afirmou o vereador.
“É muito lamentável a gente ver a Administração pintar os prédios públicos. Uma lata de tinta
custa o mesmo valor de alguns tubos que podem ser colocadas em ruas para conter
alagamentos”, acrescentou Reis, que pediu uma “resposta rápida” da prefeitura para os
problemas. “Precisamos agilizar o quanto antes”.
“Palhaçada”
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Ernaninho, por sua vez, defendeu o governo lembrando da queda de arrecadação, falta de
transição e as condições que foi encontrada a prefeitura, faltando documentos e arquivos.
Dirigindo-se ao secretário de Governo, Paulo Henrique Santana (PDT), presente na sessão,
Ernaninho enfatizou: “Vou perguntar, em requerimento, como ficou a prefeitura quando vocês
pegaram porque as pessoas falam que é desculpa. Quero que saibam a palhaçada que fizeram
e o que vocês estão passando”.
Na sequência, Marcos Tenório também cumpriu seu papel de líder do governo. O vereador
considera excessiva a carga de requerimentos enviados ao prefeito. “Estamos com 45 dias de
mandato, 32 dias úteis, e chegamos a 210 requerimentos. Muitos poderiam ser indicações ou
ofícios”, entende.
Tenório ainda ensina o atalho aos vereadores: “Fiz vários ofícios direto aos secretários e fui
atendido na maioria das vezes. Quanto mais prestígio você tiver com secretário, menos
requerimentos precisa fazer”. Porém, ao defender sua independência como vereador, Tenório
se atrapalhou nas palavras: “Mesmo sendo o líder do prefeito, não o defenderei na hora
que precisar. Meu compromisso é com o povo”.
(H.R.)
Fonte: Imprensa Livre
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